Edição 1116

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1116 - 30 DE ABRIL A 06 DE MAIO DE 2021 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2022

Davi Filho lidera pesquisa para governo e Renan para senador Pesquisa do Ibrape revela que se a eleição fosse hoje os eleitores de Maceió elegeriam o deputado Davi Filho para governador e Renan Filho para o Senado. 2

IMPROBIDADE

EX-PREFEITO É CONDENADO E PERDE CARGO DE PROMOTOR Carlos Eduardo Baltar Maia tem direitos políticos cassados pela Justiça 5

EFEITO LULA MEXE COM ELEIÇÕES EM ALAGOAS VELHO CHICO

ESGOTOS E DEJETOS INDUSTRIAIS POLUEM RIO SÃO FRANCISCO 23

RENAN FILHO, ARTHUR LIRA E COLLOR DISPUTAM ESPAÇO E APOIO POLÍTICO 3

CRIME DE MANDO

JUIZ SOLTA EX-MILITAR QUE TERIA EXECUTADO KLEBER MALAQUIAS 6


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1998 - 2020 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE ABRIL A 06 DE MAIO DE 2021

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COLUNA

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

CPI e distritão 1

Impunidade

- A CPI da Covid e a tramitação da PEC que muda o sistema eleitoral devem interromper as conversas sobre alianças políticas para o pleito majoritário de 2022 pelo menos até o final do ano. Os dois eventos podem influenciar a disputa eleitoral em Alagoas e no resto do Brasil.

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- A CPI da Covid vai investigar irregularidades na gestão dos recursos federais destinados ao combate da epidemia de coronavírus e pode pegar governadores, prefeitos e o próprio presidente da República. As investigações se concentrarão na compra de kits de intubação e gastos com os hospitais de campanha.

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- Como dizem os próprios parlamentares, CPI sabe-se como começa, mas não como termina, ainda mais em ano pré-eleitoral, quando tudo pode acontecer, inclusive nada. Mas até lá, todos os envolvidos em desvio de recursos públicos devem botar as barbas de molho.

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- Já o distritão estabelece voto majoritário para vereadores, deputados estaduais e federais, nivelandose ao sistema eleitoral de senadores, governadores e prefeitos. Se aprovado, esse sistema causará impacto direto na Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais de todo o país.

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- Segundo os analistas, o distritão mexe com todo sistema eleitoral do país e só beneficia os grandes partidos e seus caciques, além de políticos com mandato e muito dinheiro. Por isso, a PEC 376/2009 dificilmente passará no Congresso. Ainda assim ela assusta a velha estrutura partidária que domina o Brasil e dita as regras eleitorais desde que os portugueses invadiram Pindorama.

Frase da semana

Há culpados e eles serão responsabilizados”.

Senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid.

Crime de mando

O anúncio da prisão dos autores materiais do assassinato do empresário Kleber Malaquias pegou a população de surpresa, não pelos matadores, mas pela ausência do mandante e do intermediário da empreitada criminosa. Como se trata de crime de mando por motivação política, como disse a própria polícia, teme-se que o assassinato de Kleber Malaquias seja mais um homicídio sem autores intelectuais na história da violência em Alagoas.

Caso complicado

O caso mais emblemático foi o do estudante universitário Fábio Acioli, sequestrado e queimado vivo em agosto de 2009, crime que chocou a sociedade alagoana pela crueldade dos assassinos. Presos como autores materiais do homicídio, dois trabalhadores paulistas que integravam um grupo de vendedores de bugigangas em domicílio foram condenados a 26 anos de prisão, cada. Nem os pais da vítima acreditam na culpa dos acusados. A polícia apurou o homicídio como sendo crime de mando, mas até hoje não se conhece o nome do mandante. Além do arquivamento da maioria dos inquéritos por homicídios, temos em Alagoas a esdrúxula figura jurídica do crime de pistolagem sem mandante.

Entre tantos crimes de mando cujos inquéritos foram parar nos arquivos da Polícia Judiciária, destacam-se os assassinatos do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, conhecido como Neguinho Boiadeiro, e do empresário Rodrigo Alapenha, genro do ex-prefeito Lula Cabeleira. Boiadeiro foi executado a tiros em 2017 quando saia de uma sessão da Câmara Municipal de Batalha, enquanto Alapenha foi assassinado quando seguia para sua residência, em Delmiro Gouveia, também em 2017. Mais de três anos depois, muitos suspeitos foram presos e interrogados, mas ninguém foi condenado pelos crimes de pistolagem, muito menos os autores intelectuais das execuções. Nos bastidores da própria polícia diz-se que as investigações desses assassinatos se depararam com gente importante nos dois municípios do Sertão.

Incentivo ao crime

O deputado federal João Campos, de Goiás, quer incluir no relatório sobre a reforma do Código de Processo Penal um texto que proíbe o Ministério Público de fazer investigações criminais. O texto inclui ainda o “juiz de garantias” e cria o inquérito conduzido pela defesa dos réus. Só falta garantir a inocência dos acusados e condenar as vítimas.

Condenação

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso especial impetrado pela Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais (CARHP) e o Estado de Alagoas no caso de uma desapropriação ilegal de duas fazendas produtivas na área do Polo Industrial de Marechal Deodoro. Após mais de uma década de litígio, a Justiça de Alagoas reconheceu a ilegalidade do ato, devolveu ao legítimo posseiro o direito de propriedade e condenou o Estado a pagar indenizações por danos morais e lucro cessante. No meio desse imbróglio jurídico gerado pela CARHP e pela omissão do Estado estão seis grandes indústrias que se instalaram irregularmente na área com decisões liminares. A Cerâmica Portobello é uma dessas empresas prejudicadas pelo esbulho possessório.

Pesquisa

Se a eleição fosse hoje, 32% do eleitorado de Maceió votaria no deputado Davi Filho para governador. Já o senador Rodrigo Cunha ficaria em segundo lugar com 25% das intenções de votos.

A recente pesquisa do Ibrape revela ainda que 34% dos eleitores da capital votariam em Renan Filho para senador, seguido de Fernando Collor com 27% das intenções de voto. No quesito rejeição eleitoral Collor ganha de Renan Filho pelo placar de 23% a 13%.


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ELEIÇÕES 2022

Efeito Lula embaralha disputa em Alagoas e aproxima Renan e Lira Três grupos se embolam e temor de Collor é aliança entre Renan Filho e Marcelo Victor ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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presença do ex-presidente Lula nas eleições do próximo ano mexe cada vez mais no cenário político alagoano. No quebracabeças atual existem três grupos: o do governador Renan Filho (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB); o do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD) e; o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB). A questão é saber qual o grupo do senador Fernando Collor (PROS). Ora ele é citado como aliado de JHC, ora como aliado de Arthur Lira. Collor, aliás, tem livre trânsito no Governo Jair Bolsonaro, mas disse publicamente que Lula foi injustiçado pelo ex-juiz Sérgio Moro. Ou seja: pode mudar de lado se o barco governista der sinais de que vai afundar. Fato é que Renan Calheiros e Arthur Lira conversam entre si sobre a posição da Assembleia Legislativa que elege, em 2022, o governador-tampão para substituir Renan Filho. O mais cotado é Marcelo Victor, que tem repetido: aceita ir ao sacrifício desde que dispute a reeleição ao governo. Lula quer palanques, liderados ou não pelo PT, e com nomes fortíssimos em todos os estados para garantir a sua disputa presidencial. Se Renan Filho deixar o go-

COLLOR SABE: O ENTENDIMENTO ENTRE RENAN FILHO E MARCELO VICTOR JÁ COMEÇOU. MAS TAMBÉM SABE QUE NÃO PODE SE INDISPOR COM TODOS GRUPOS AO MESMO TEMPO. SEUS ALIADOS REPETEM: ELLE NÃO TEME FICAR SÓ NO PRÓXIMO ANO.

verno e Marcelo Victor virar governador, o grupo de Arthur Lira chega ao comando do Estado. E Lira é aliado de Jair Bolsonaro. Como fica? INIMIGOS CORDIAIS Fica como sempre foi. Arthur Lira, líder do Centrão, assim como Renan Calheiros, escorregam por todos os governos em Brasília. Lira chegou a interferir para evitar a escolha de Renan para a relatoria da CPI da Covid no Senado. Pouco adiantou. Presidente da Câmara, fez críticas à atuação do Senado nas investigações sobre a pandemia, um aceno ao Palácio do Planalto de demonstração de fidelidade ao presidente da República. Na prática, porém, Lira e Renan Calheiros se comportam como inimigos cordiais: mantêm conversas bem produtivas e não fazem ataques públicos entre si. Os resultados começam a surgir. Esta semana os deputados vão receber, cada um, R$ 2 milhões em emendas para a saúde. Já Marcelo Victor não vai abrir uma CPI para investigar os recursos públicos na pandemia no Governo Renan Filho. Sobram apenas as vozes isoladas de Davi Maia (DEM) e Cabo Bebeto (PTC). Maia deve subsidiar o senador Rodrigo Cunha (PSDB) com informações estaduais para a CPI da Covid. Cunha procura saber como andam as investigações para a compra, sem a entrega, de respiradores feita pelos governadores do Nordeste

Marcelo Victor cogita em ocupar lugar de Renan Filho via Consórcio Nordeste. Os olhos estão nos contratos assinados com a empresa Hempcare. Nas investigações da Polícia Civil da Bahia, na Operação Ragnarok, descobriu-se um esquema com fraudes de R$ 48 milhões. Este dinheiro foi pago com antecipação para a compra de 300 ventiladores clínicos para UTIs. Alagoas está na lista dos enganados. “Queremos saber onde foram parar estes recursos, porque que Alagoas não recebeu parte dos respiradores que adquiriu, quem foi punido por este alegado desvio e quais providências os agentes públicos do estado adotaram. Neste momento de pandemia e de crise, muitos se aproveitaram para praticar atos de corrupção em nome do falso combate à covid-19”, disse o senador. Em fase de reabilitação político-eleitoral, Rodrigo

Cunha é cotado para disputar o governo ano que vem, mas não quer subir no palanque de Fernando Collor, pedindo votos a ele para o Senado. JHC, por sua vez, prefere Cunha a Collor. E cozinha o ex-presidente da República, que, por enquanto, aceita estar em banho-maria. O pior cenário para Collor é: Renan Filho deixando o governo, disputando o Senado e Marcelo Victor assumindo o governo, indo para a reeleição. Collor sabe: o entendimento entre Renan Filho e Marcelo Victor já começou. Mas também sabe que não pode se indispor com todos grupos ao mesmo tempo. Seus aliados repetem: elle não teme ficar só no próximo ano. LESSA O prefeito também infla os bastidores ao dizer que aceita disputar o governo

para o vice, Ronaldo Lessa (PDT), assumir a Prefeitura. JHC busca atrair votos da esquerda com esta estratégia. Essa proposta deve inviabilizar nomes à esquerda nas eleições, com candidaturas apenas para ajudar palanques nacionais, porém com votos cheios divisões. Como o PSOL, que deve lançar Guilherme Boulos, mas que em Alagoas é uma legenda sem expressão; o PT, com chances quase nulas de um forte nome ao governo, agregando-se aos Calheiros em busca da sobrevivência local e uma minoria apostando em Lessa para prefeito; Rede, com Heloísa Helena como provável candidata a deputada federal, aliando-se a Marina Silva, cada vez mais próxima de Ciro Gomes, do PDT, cujo maior nome em Alagoas é Ronaldo Lessa.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Prioridade política

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lém do projeto de investimentos no estado para os quais estão reservados pelo menos R$ 5 bilhões, o governador Renan Filho trabalha como prioridade uma arrumação política para as eleições do próximo ano. Se tudo der certo e conseguir eleger um nome para substituí-lo no governo – isso em comum acordo com a Assem-

Pra trás

Nos bastidores, há quem diga de que o senador Renan Calheiros cansou de esperar e começa a dar início aos projetos para 2022. E que não seja novidade fazer composições que possam viabilizar a eleição para o MDB no próximo ano.

No comando

O presidente da Câmara, Arthur Lira, já decidiu que irá acompanhar de perto a reforma tributária e estabeleceu parâmetros para sua votação, que será fatiada e com amplo conhecimento público. Segundo Lira, o objetivo é discutir com a sociedade, fazer consultas públicas, receber as críticas e os aprimoramentos, com transparência e participação de todos. “Temos que enfrentar os problemas do Brasil”, destacou o presidente da Câmara, salientando que na próxima segunda-feira, dia 3 de maio, tornará pública a versão inicial do texto.

Dificuldade

Sabe Renan Filho que uma candidatura ao Senado Federal, já que tem o pai lá em Brasília, é difícil de ser compreendida pelo eleitorado alagoano que analisa da seguinte maneira: “Se já tem um lá, pra que ter dois, no caso pai e filho?”. Por isso e por outras coisas não é lá tão fácil resolver esses impasses.

Diferencial bleia Legislativa –, o projeto tem meio caminho andado. Esse, entretanto, é o grande problema do governador, que vê essa articulação longe de acontecer, a não ser que ajuste os ponteiros, flexibilize alguns desejos dos adversários e jogue na sorte para poder sair candidato ao Senado da República.

Governador-tampão

Nas avaliações do Palácio República dos Palmares o maior problema, todavia, é encontrar um nome que lhe substitua na sua desincompatibilização e que este sintonizado com a Assembleia Legislativa. Se conseguir este feito, que naturalmente não é lá tão fácil, parte do problema está resolvida.

Composição

Negociação

Para uma arrumação desta natureza, pode entrar em jogo até a vaga para o Tribunal de Contas do Estado, além das composições e compromissos políticos para as eleições do próximo ano. Se conseguir desatar o nó, o que não será nada fácil, o caminho está aberto para as futuras negociações.

Reforçando

Mesmo sabendo que tem muitas dificuldades para transpor, Renan Filho continua investindo numa base política sólida. Já levou Marx Beltrão, Sérgio Toledo e se aproxima com certa velocidade de Severino Pessoa. Mas no caminho tem o deputado Arthur Lira, que trabalha alinhado com o deputado estadual Marcelo Victor, ambos com cacifes suficientes para mudar o panorama político nas eleições de 2022.

Uma incógnita

Mesmo se aproximando um pouco do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, nas últimas semanas, o governador Renan Filho sabe que seu antigo aliado é uma dúvida para as eleições do próximo ano. E não faz nenhuma aposta, daí tentar atrair para seu lado o deputado federal Severino Pessoa, bem articulado na terra do fumo. Se vai dar certo, só tempo dirá.

O prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, que entrou em rota de colisão com a Família Calheiros no ano passado, é um dos que estão sendo assediados tanto pelo governador Renan Filho, em quem passou a não confiar, como pelo deputado federal Arthur Lira, que tem dado suporte à administração de Barbosa.

Sem perder tempo

Ocorre, porém, que Renan Filho não tem muito tempo para definir suas parcerias políticas com vistas às eleições do próximo ano. Por isso tem que resolver a parada até o segundo semestre deste ano. E até lá tem muitas pedras pelo caminho.

Três em um

Se depender da força da oposição, estarão reunidos em um só palanque em 2022 Fernando Collor, Arthur Lira e Marcelo Victor. O objetivo é inviabilizar os projetos da Família Calheiros e impedir que Renan Filho seja eleito senador da República. Mas como em política só não se viu até agora boi voar, é aguardar o desenrolar dos acontecimentos no segundo semestre deste ano, para saber como fica a composição política de situação e oposição.

Sem chances

Uma provável aliança entre o grupo de Arthur Lira e Renan Filho, a princípio, está plenamente descartada. Politicamente, não tem como juntar essas duas peças no xadrez, que já trabalham para as eleições do próximo ano.

O senador Fernando Collor, candidatíssimo à reeleição, tenta contar, para a próxima batalha política, com o apoio do prefeito JHC, a quem deu suporte durante a campanha do ano passado. Mas precisa quebrar a resistência de Rodrigo Cunha, cujo PSDB vai tentar emplacar um candidato ao governo.

Distante

Como Collor não tem lá essas aproximações políticas com o colega Rodrigo Cunha, será necessário um trabalho de aproximação o que, convenhamos, só em política pode acontecer. Se depender de JHC, entretanto, a aliança com Collor é muito fácil de ser consolidada.

Pesquisas à vista

Para qualquer composição política será necessário a realização de pesquisas eleitorais sobre as candidaturas que serão postas em 2022. Questão racional, onde só parte para uma eleição quem estiver bem com o eleitorado.

Reforço

Embora não diga ainda para onde irá, é quase certo que o grupo de JHC marche com Collor, Lira e Marcelo Victor, com um só objetivo de desarticular as manobras do Palácio República dos Palmares. Nesse jogo, a escolha do candidato a governador nas próximas eleições.


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IMPROBIDADE

Promotor de Justiça é condenado à perda do cargo

tos a manifestação do TCU reconhecendo qualquer irregularidade. Mas, de acordo com o magistrado, o TCU decidiu pela não aprovação das contas depois de o ex-prefeito haver juntado, como prova de prestação de contas, notas fiscais inidôneas da Coneq, à época INCEL- Incorporação e Engenharia Ltda e sobre a qual não havia nenhum registro de tributação de Santa Luzia do Norte – sua sede fiscal – nem da existência física da empresa no endereço constante das notas fiscais, o que foi constatado em diligência realizada pela corte. Foi também com base nas evidências coletadas pelo TCU que o juiz decidiu pela condenação do ex-prefeito, condenando-o à “suspensão dos direitos políticos por cinco anos, multa civil de 80 vezes a última remuneração recebida no exercício da função do prefeito de Branquinha”, e, “perda da atual função pública (cargo de promotor de justiça)”. O valor da ação é de R$ 247.625,29.

Ex-prefeito de Branquinha, Carlos Eduardo Baltar Maia ingressou com recurso contra sentença do juiz Eric Baracho JOSÉ FERNANDO MARTINS JOSEFERNANDOMARTINS@ GMAIL.COM

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promotor de Justiça Carlos Eduardo Baltar Maia foi condenado pela Justiça à perda do cargo público. Sua passagem como prefeito de Branquinha de 2005 a 2008 lhe rendeu um processo de improbidade administrativa, cuja sentença foi dada em março último. Atualmente, Maia - conhecido na cidade como Dadado, atua como titular da Promotoria de Justiça de São José da Laje, para a qual foi nomeado em maio de 2017. Pai do ex-prefeito de Branquinha Jairon Maia Fernandes Neto, o Jairinho Maia, ele ingressou no Ministério Público em novembro de 1987. A condenação, comunicada esta semana ao Ministério Público do Estado (MPE) por meio de ofício da Corregedoria Geral da Justiça de Alagoas, se deu no bojo da Ação Civil de Improbidade Administrativa n° 0000592-

58.2012.8.02.0045 que tramita na Vara do Único Ofício de Murici. Nela o ex-prefeito e hoje promotor de Justiça é acusado de não prestar contas de verbas federais referentes a um convênio firmado com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) durante sua gestão como prefeito. O dinheiro era destinado a obras de infraestrutura em cinco assentamentos: Nova Esperança, Zumbi dos Palmares, Santo Antônio da Boa Vista, Flor do Mundaú e Eldorado dos Carajás. Pelo convênio, foram disponibilizados R$ 199.500 por parte do governo federal e R$ 9.500 do próprio município. As obras de melhorias eram para acontecer entre dezembro de 2005 a março de 2007, sendo que os recursos federais foram liberados em única parcela. A omissão da prestação de contas pelo então prefeito prejudicou o Município que, na gestão posterior à de Carlos Eduardo Baltar Maia ficou impos-

Carlos Eduardo Maia teve direitos políticos suspensos por 5 anos

sibilitado de receber novas transferências da União o que a levou a ingressar com a ação. No curso do processo, chamado a opinar sobre o caso, o Ministério Público emitiu parecer pela improcedência da ação, apesar da omissão da prestação de contas, afirmando “categoricamente que as contas relativas àquele convênio teriam sido prestadas”. No entanto, o juiz Eric Baracho Dore Fernandes, na sentença expedida no dia 19 de março último, contestou a defesa do MP. “Através de uma simples consulta ao site do Tribunal

de Contas da União verifiquei que as contas relativas àquele convênio foram rejeitadas à unanimidade. Não só isso, as contas do réu, na gestão do município, foram julgadas irregulares, sendo condenado, em solidariedade com a empresa responsável pela obra [a Coneq - Construções e Equipamentos Ltda.], a restituir o prejuízo que causou aos cofres públicos e ao pagamento de multa no valor de R $30.000”, afirmou. À Justiça, o ex-prefeito alegou que não haveria provas do ato de improbidade porque não haveria nos au-

REINCIDENTE Em novembro de 2005, Carlos Eduardo Baltar Maia foi multado pelo Tribunal de Contas de Alagoas (TC-AL) em R$ 810,50, o equivalente a 50 Unidades Padrão Fiscal de Alagoas (UPFALs) por não enviar ao órgão cópia do convênio firmado entre a Prefeitura de Branquinha e o Banco do Brasil (BB), que havia sido publicado no Diário Oficial do Estado do dia 12 de abril daquele ano. Apesar de ter recebido a solicitação de envio, Dadado deixou de acatar o pedido do relator, o então conselheiro Roberto Torres (falecido em fevereiro último, vítima da covid-19), o que implicou na aplicação da multa.


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CRIME DE MANDO

Carro usado pelo sargento Marcelo (camisa vermelha) e Fredson, autor dos disparos que mataram Malaquias

Ex-militar acusado de atirar em Kleber Malaquias é solto Suspeitos de envolvimento no crime respondem por outros crimes na Justiça DA REDAÇÃO

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ítima de crime de mando com motivo político, a morte de Kleber Malaquias segue rodeada de mistérios. Na semana passada, a Polícia Civil deflagrou a Operação Sicários, que acabou prendendo quatro acusados que teriam participado da execução do empresário. Um deles já foi solto. O assassinato de Malaquias aconteceu no dia 15 de julho do ano passado, no Bar da Buchada, estabelecimento localizado na Mata do Rolo, em Rio Largo. Dos quatro acusados, três eram militares. Um dia após as prisões, ocorridas na quarta, 21, durante coletiva de imprensa, o delegado Lucimério Campos não divulgou o nome dos suspeitos, mas essa informação foi obtida e divulgada com exclusividade pelo site do EXTRA. São eles: Jefferson Roberto Serafim da Rocha, que chegou ao bar junto com a vítima; Marcos Maurício Francisco dos San-

tos, que também estava com Malaquias, que naquele dia comemorava o aniversário de 41 anos. Também teriam participado do homicídio, conforme registros das câmeras de segurança da região, o sargento PM Marcelo José Souza da Silva, que dirigiu o carro preto que conduziu o pistoleiro até o Bar da Buchada; e Fredson José dos Santos, ex-militar que, segundo a Polícia, efetuou os disparos com uma pistola de calibre 40, arma não encontrada até agora durante as investigações policiais. Fredson, aliás, foi preso em flagrante durante a operação da semana passada com uma pistola Glock, mas foi solto três dias depois em decisão do juiz Jamil Amil Albuquerque de Hollanda Ferreira, sob o argumento de não se tratar de crime com pena superior a 4 anos. Dos quatro, três já têm ou tiveram problemas com a Justiça, conforme apurou o EXTRA. Jefferson Roberto Se-

rafim da Rocha aparece em um processo contra uma importadora. A ação, no valor de R$ 14 mil, é de 2007. Rocha abriu em janeiro do ano passado a empresa JR & MM Serviços, na Serraria, em Maceió. Com um capital social de R$ 120 mil, trata-se de uma empresa de comércio varejista de artigos esportivos e que tem como atividade secundária a recuperação de sucatas de alumínio e comércio de tintas e alimentos. Conforme fontes do EXTRA, ele estaria ligado a um empresário no ramo de guinchos do município de Pilar. Sobre Marcos Maurício Francisco dos Santos, o site do Judiciário alagoano não traz nenhum processo em aberto, pelo menos não publicamente. Ele teria atuado no Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Estadual (Gecoc, hoje Gaceco), mas a informação foi negada pelo Ministério Público Estadual. Em dezembro do ano passado, seu nome já

havia sido citado nas investigações do assassinato de Malaquias, mas como motorista do vereador de Rio Largo Vanildo Rufino dos Santos, também investigado pela Polícia Civil e que, segundo o delegado Lucimério Campos, pode ser alvo das próximas operações sobre o caso. Marcos Maurício já foi réu numa ação judicial pelos crimes de cárcere e tortura, mas acabou escapando da punição porque o crime prescreveu. Em relação a Marcelo José Souza da Silva, ele já foi denunciado pelo Ministério Público de Alagoas (processo judicial de número 0720886-57.2014.8.02.0001) por crime de falsificação de documento. A última movimentação da ação aconteceu no dia 13 de abril desde ano. O caso se arrasta desde 2014 na 13ª Vara Criminal da Capital - Trânsito e Auditoria Militar - Foro de Maceió. Vale lembrar que a ação judicial envolvendo a morte de Kleber Malaquias corre

em segredo de justiça na 3ª Vara Criminal de Rio Largo. Marcelo é sargento da PM e já trabalhou no 8º Batalhão de Polícia Militar. Seu ciclo social seria da região de Pilar e já foi preso por outro crime. É acusado de matar um trabalhador, no Pilar, a mando de um comerciante, por questões trabalhistas. O nome de Marcelo José Souza da Silva é citado como “paciente” no processo sigiloso de número 0808999-77.2020.8.02.0000, que tramita na Vara do Único Ofício de Pilar e de relatoria do desembargador José Carlos Malta Marques. Em 10 de fevereiro deste ano, a Câmara Criminal do TJ analisou um pedido de habeas corpus para o militar. Ainda em relação a Fredson, há informações de que trabalharia como agente na unidade de internação para menores na capital, mas seu nome não consta do portal da transparência do governo do Estado. Também teria um cargo no Legislativo de Pilar. Marcos Maurício e Fredson José foram expulsos da Polícia Militar devido suas condutas passadas.


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REVITALIZA MACEIÓ

Obras de infraestrutura geram 2.500 empregos ASSESSORIA

A

s obras de drenagem e pavimentação da parte alta de Maceió geraram, até agora, 2.500 novas frentes de trabalho. São 2.500 trabalhadores que, em plena pandemia, conseguiram uma ocupação e por meio de seu ofício estão conseguindo levar dignidade onde não existia a presença do Município. O programa Revitaliza Maceió está realizando intervenções nos bairros da parte alta e no Litoral Norte da capital. Pelo menos mais 2 mil empregos diretos ainda devem ser gerados, pois há, pelo menos, mais um ano de obras desta natureza em aproximadamente 349 ruas, visto que as empresas que estão gerindo as obras têm a determinação de contratar pessoas nos bairros, onde as intervenções estão ocorrendo. Apenas no bairro do Clima Bom são 139 ruas passando por obras de drenagem, pavimentação e saneamento. Pessoas como o Eduardo Douglas dos Santos, de 30 anos, que atua na construção civil há pouco mais de 12 anos, está trabalhando. Ele tem a real noção de sua função nestas ações da prefeitura. “Estava desempregado e esse programa [Revitaliza] só trouxe melhorias pra mim e para todos aqui da região. Só tenho a agradecer a oportunidade de trabalho nessa pandemia. Melhorias também pra população também, né[sic]”, disse Eduardo Dou-

glas dos Santos. É o mesmo sentimento compartilhado pelo mais experiente Jonathan Simões, de 51 anos. As oportunidades de trabalho estão cada vez mais escassas, sobretudo para pessoas com mais experiência. “Eu era motoboy e hoje esse trabalho significa tudo pra mim e minha família principalmente. Foi uma grande oportunidade em meio a essa pandemia toda, pois está nos proporcionando uma melhoria de vida pra mim e para essas famílias que terão uma rua calçada, sem lama ou buraco”, comentou o senhor Jonathan Simões. O programa além de gerar empregos diretos vem trazendo mais calmaria e alegria para os moradores da parte alta capital. “Era muito feio, horrível. Muitos buracos. Quando chovia alagava tudo. Agora dá gosto de sair de casa e ver a nossa rua. Se tivesse que dar uma nota para o que estão fazendo em nossos bairros, daria 200”, relatou em tom de bom humor dona Maria Cícera, 49. Ela mora há 15 anos Rua Santa Luzia, no bairro do Clima bom. Os recursos aplicados para a transformação destas ruas através destas obras vêm do Banco de Desenvolvimento da América Latina – Companhia Andina de Fomento (CAF). O programa faz parte dos projetos anunciados por JHC ainda no período de campanha e consiste na drenagem, pavimentação,

Geração de renda fortalece economia local e muda a vida de moradores e trabalhadores

Atualmente as obras do programa estão concentradas no bairro do Clima Bom

esgotamento sanitário e, principalmente, saneamento básico. Segundo o coordenador da Unidade de Gerenciamento (UGP) do CAF, Marcelo Maia, estas obras têm um peso social muito grande por interferirem diretamente na transformação da vida das pessoas. “É muito impor-

tante sair em uma rua e tê-la em excelente estado, sem buracos ou esgoto correndo. Estamos mudando a vida e a história de cada morador que ganha este tipo de obra em sua rua”, descreveu Maia. O prefeito comemora os ganhos sociais e de infraestrutura que a parte alta e o Litoral Norte têm ganhado

com o Revitaliza Maceió. “A geração de emprego e renda sempre foi meu compromisso. Nossa gente precisa ter oportunidade. Essa é a mudança que estamos implementando”, ressaltou JHC. Segundo o prefeito, a proposta em contratar mão de obra local nas áreas de atuação do programa é uma medida que promove a economia local, deixando no comércio dos bairros a renda gerada com os empregos diretos. “Vamos valorizar a mão de obra local, fazer a economia circular dentro da nossa cidade”, explicou o prefeito. A expectativa é que o número de trabalhadores contratados aumente nos próximos meses com a execução do projeto de recuperação do Riacho Salgadinho, anunciado por JHC em suas redes sociais.


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CAMPANHA

SESC ALAGOAS LANÇA ‘A FOME É REAL – SEJA UM DOADOR DO MESA BRASIL’ Alimentos doados são repassados para instituições que cuidam de famílias em situação de vulnerabilidade

Mais de 116,8 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome no Brasil. O dado é da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), conforme levantamento realizado em dezembro de 2020. O número engloba pessoas que não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente. Em Alagoas, o Mesa Brasil Sesc há 17 anos repassa as doações dos parceiros para instituições cadastradas no programa e que atendem pessoas em condições de vulnerabilidade social. O momento delicado, principalmente em decorrência da pandemia da covid-19, levou o Sesc Alagoas a lançar a campanha A Fome é real – seja um doador do Mesa Brasil. Em 2020, o Mesa Brasil arrecadou 1.155.449 quilos de alimentos no estado. Acontece que essa quantidade já foi bem maior. Em 2018, por exemplo, chegou a 3.497.246 quilos de alimentos arrecadados, ou seja, houve uma redução de 67%. Atualmente, o programa tem cadastradas 399 instituições que atendem famílias em condições de insegurança alimentar. “O nosso pedido é que cada pessoa possa inserir na sua feira um quilo de alimento não perecível ou quanto for possível para que esses alimentos possam chegar a quem precisa. Se cada pessoa se dispuser a mobilizar a família, os amigos e os vizinhos, vamos alcançar o nosso propósito que é aumentar a arrecadação e ajudar a reduzir a fome”, afirma a gerente do Mesa Brasil Sesc Alagoas, Patrícia Nemézio. Com frequência, o programa é procurado por outras instituições que precisam receber doações, mas atualmente o Mesa Brasil não tem como ampliar o atendimento. A

procura parte inclusive de pessoas físicas. No entanto, a prerrogativa do programa é o atendimento a pessoas jurídicas a fim de atender os critérios de transparência do programa. O Mesa Brasil recebe doações dos parceiros que são atacadistas, varejistas, feirantes, panificadores, pequenos agricultores, centrais de distribuição e abastecimento, indústria de alimentos. Além disso, qualquer pessoa física pode doar e, inclusive, o programa pode buscar as doações. O Mesa Brasil é uma rede nacional de bancos de alimentos que tem o objetivo de reduzir a fome e o desperdício. Além de coletar e armazenar alimentos e outros produtos adequadamente, o programa realiza a distribuição de doações tanto na capital quanto em municípios do interior. Para fortalecer a gestão das entidades sociais assistidas e incentivar hábitos alimentares saudáveis, o Mesa Brasil também promove ações de cunho educativo, como palestras e oficinas sobre boas práticas e aproveitamento integral de alimentos. Para facilitar a logística das doações, a campanha colocará como pontos de arrecadação as entidades integrantes do Sistema Fecomércio, ou seja, a Fecomércio, o Sesc e o Senac (verificar os endereços abaixo). As pessoas vão poder doar alimentos não perecíveis e outros itens, como material de higiene pessoal, de limpeza, roupas, calçados.

PARCERIA

O Mesa Brasil também ganhou a parceria da Associação dos Tributaristas de Alagoas (Atrial) que lançou recentemente a campanha “Absorvente é item da cesta básica. Defenda essa ideia!”. Todos os absorventes doados nos pontos de arrecadação do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac serão repassados ao Mesa Brasil. A campanha foi lançada na periferia de Maceió e pretende sensibilizar a sociedade e, sobretudo, as autoridades tributárias para a necessidade, urgente, de inclusão do absorvente higiênico como item da cesta básica.

POSTOS DE ARRECADAÇÃO Fecomércio - Rua Professor Guedes de Mirante, 188 – Farol (8h às 17h) Unidades Sesc -Poço: Rua Pedro Paulino, nº 40 – Poço, Maceió (7h às 19h) -Jaraguá: Rua do Uruguai, 267/279 - Jaraguá, Maceió (7h às 19h) -Guaxuma: Rua Cel. Mário Saraiva, s/n – Guaxuma, Maceió (8h às 18h) -Centro: Rua Barão de Alagoas, nº 229 – Centro, Maceió (8h às 12h e 13h às 17h) -Arapiraca: Rua Manoel Francisco Cazuza, s/n Santa Edwiges, Arapiraca (8h às 19) -Sesc Ler Palmeira dos Índios: Rua Genésio Moreira, 1181 - São Francisco, Palmeira dos Índios (8h às 19h) -Sesc Ler Teotônio Vilela: Rua Pedro Pereira, Teotônio Vilela (8h às 19h) Banco de Alimentos: Rua Santo Antônio, nº 119, Levada – Maceió (8h às 17h) Senac - Avenida Pedro Paulino, nº 77 – Poço, Maceió (7h às 22h)


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SINCOR REVELA

Pandemia eleva venda do seguro de vida em Alagoas Crescimento está relacionado às sequelas deixadas pela covid-19 IGOR ALBUQUERQUE ESTAGIÁRIO SOB SUPERVISÃO

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lagoas registrou no primeiro trimestre

do ano um aumento de 9,88% nas vendas do seguro de vida. Nesse mesmo período, o Brasil teve um crescimento de 5,81%, o que significa que o estado ficou acima da média do mercado nacional. As vendas do seguro cresceram no período da pandemia, já que muita gente está preocupada com a covid-19

e suas sequelas. No ano passado, o estado já tinha notado um crescimento nas vendas dos contratos. Alagoas, registrou em 2020 alta de 17,8% em relação a 2019. De acordo com Edmilson Ribeiro, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (Sincor), o crescimento tem relação direta com o medo da população com a situação de pandemia. “O crescimento do seguro de vida tem relação direta com a pandemia. Tanto o

Edmilson Ribeiro revela que procura por seguro aumentou entre jovens de 20 a 25 anos

seguro individual quanto o empresarial registraram crescimento”, confirmou. Um levantamento feito pela FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) mostrou que em todo o país o número de contratos de seguros de vida individuais cresceu 26% em 2020. De acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro caso de pessoa infectada por covid-19 no Brasil foi registrado no dia 26 de fevereiro. Em março, houve um aumento de 136% nas vendas do produto quando comparado ao mês anterior. O seguro de vida não é relacionado somente com

a morte. Quando se fala em seguro de vida se trata também da cobertura diária de incapacidade temporária, que é extremamente importante para profissionais autônomos. O perfil de cliente que está buscando esse seguro vem mudando no estado. “O perfil mudou muito nos últimos 12 meses. Anteriormente tinha um perfil de clientes acima de 40 anos, mas com a covid-19 e o número diários de mortes, esse perfil mudou completamente. Hoje tem jovens entre 20 e 25 anos procurando o seguro de vida, justamente por conta desses benefícios que o seguro propõe”, analisou

Edmilson. Os seguros de automóveis também continuam em alta, mas com a redução dos movimentos nas ruas, a crise financeira e sanitária, o seguro de vida ultrapassou o número de vendas. Para quem deseja contratar um seguro não tem mistério. “Para se fazer um bom negócio e fechar um contrato de seguro dentro dos conformes, a orientação é que procure um corretor de seguros. Ele vai lhe oferecer a melhor companhia, os melhores preços e oportunidades e um produto para atender as necessidades individuais”, explicou o presidente do


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PREJUÍZO SOCIOECONÔMICO

AMA intensifica ações para evitar fechamento das agências do Banco do Brasil em Alagoas

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Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) está comprometida com o objetivo de reverter a decisão de encerramento das atividades das agências do Banco do Brasil em Alagoas, medida que vai prejudicar economicamente e socialmente grande parte dos municípios. O presidente da entidade, Hugo Wanderley, está em frequente contato com a instituição e com a bancada federal de Alagoas intensificando esforços para manter os serviços no estado. “Estamos no meio de uma pandemia e qualquer mudança requer adaptações. Sem falar que o Banco do Brasil tem um papel social muito importante, especialmente no Nordeste, onde existe um grande nível de vulnerabilidade e uma dificuldade de acesso à internet e outras tecnologias”, afirmou Wanderley. O fechamento das agências bancárias está previsto, até o momento, para os municípios de Anadia, Barra de São Miguel, Coité de Noia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Passo do Camaragibe, Pão de Açúcar, Paulo Jacinto, Porto Calvo, Porto de Real do Colégio e Maribondo. Além disso, a instituição anuncia que vai transformar agências do BB em postos de atendimento nos municípios de Batalha, Campo Alegre, Marechal Deodoro, Olivença e Pilar. Segundo mapeamento preliminar feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), serão fechadas pelo menos 160 unidades do Banco do Brasil em todo país, sendo o Nordeste a região mais afetada. No início do mês o presidente da AMA solicitou ao superintendente do Banco do Brasil, Rafael Alessi, a manutenção das agências no interior. A intenção da instituição financeira é fechar parceria com estabelecimentos comerciais nas cidades para que prestem serviços bancários aos clientes. Na avaliação de Hugo Wanderley, o projeto do banco é preocupante. O fechamento das agências, avalia, só precariza ainda mais o atendimento à população. Ele argumenta que o maior acionista do BB é o povo brasileiro e que o banco tem que continuar com o papel transformador nas cidades. “Me preocupa muito a justificativa do Banco do Brasil de que vai abrir lojas sociais para o atendimento. Sabemos que isso precariza ainda mais a situação. Reforçamos que este não é o momento adequado, estamos em uma pandemia. Caso fosse realmente necessário aproximar as pessoas [e o banco] por meio da tecnologia, deveríamos ter um tempo adequado para fazer essa transição. Quando um banco anuncia que vai fechar, a queda, só na autoestima da cidade, é gigantesca”, afirma.

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VETOS AO ORÇAMENTO

Construção de 14 mil imóveis populares em Alagoas pode não sair do papel Estado perde R$ 700 milhões previstos para o programa habitacional Casa Verde e Amarela

TAMARA ALBUQUERQUE TAMARAJORNALISTA@ GMAIL.COM

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s cortes no Orçamento 2021 promovidos pelo Governo Bolsonaro para sancionar a peça econômica reduziram em mais de 98% os recursos destinados ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que financia as obras da chamada Faixa 1 do antigo programa Minha Casa, Minha Vida, hoje batizado de Casa Verde e Amarela. Com isso, o orçamento previsto de R$ 1,540 bilhão encolheu para R$ 27 milhões, uma tesourada de R$ 1,514 bilhão que inviabiliza a continuidade do programa. O impacto da medida em Alagoas é a paralisação de 14 mil unidades (imóveis) em construção no estado, sendo cerca de 9,5 mil em Maceió, segundo calcula o empresário Alfredo Breda, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon-AL). Em recursos financeiros, o estado deve perder aproximadamente R$ 700 milhões com o corte promovido pelo governo federal no programa. “É um grande estrago”, define o empresário. A indústria da construção civil conseguiu atravessar o primeiro ano da pandemia do coronavírus sem precisar fechar um

‘Grande estrago’, diz Brêda sobre cortes que ameaçam construção de novas moradias como as de Campo Grande

número significativo de postos de trabalho, mas com os atuais cortes dos recursos, Breda estima que ocorra a demissão de 15% da mão de obra no setor, o que significa mais de 3 mil trabalhadores legalizados

O MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL TEVE O MAIOR CORTE DE DESPESAS NO ORÇAMENTO. DE UM TOTAL DE R$ 19,841 BILHÕES VETADOS PELO PRESIDENTE BOLSONARO, A PASTA COMANDADA PELO MINISTRO ROGÉRIO MARINHO FOI ALVO DE UM CORTE DE R$ 8,646 BILHÕES SEGUNDO O SENADO.

atuando nessas obras. Entretanto, desde que foi anunciado o corte orçamentário, o setor da construção civil no país se mobiliza para reverter o quadro. Segundo Alfredo Breda, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) está em contato com o Congresso em busca de uma solução para recompor o orçamento da área. A expectativa é de que até a próxima semana a pressão surta efeito. Após as manifestações de perplexidade do setor, o presidente Bolsonaro deu entrevista na segundafeira, 26, afirmando que o governo fará, por “vias legais”, a recomposição do Orçamento de 2021. Segundo o presidente, a redução nas verbas ocorreu por uma questão “técnica”. “Dizer àqueles que criticaram os cortes nos orça-

mentos, foi cortado sim por uma questão técnica. Mas, com toda certeza brevemente pelas vias legais, obviamente, nós faremos a devida recomposição do nosso Orçamento porque o Brasil não pode e não vai parar”, afirmou o presidente durante evento em Feira de Santana (BA) para entrega de trecho de duplicação da BR-101. O Ministério do Desenvolvimento Regional teve o maior corte de despesas no Orçamento de 2021. De um total de R$ 19,841 bilhões em gastos vetados pelo presidente Bolsonaro, a pasta comandada pelo ministro Rogério Marinho foi alvo de um corte de R$ 8,646 bilhões, segundo o Senado. Desafeto público do ministro da Economia, Paulo Guedes, por quem já foi chamado mais de uma vez de “fura-teto”, Marinho teve

vetadas ações de infraestrutura em fronteiras e áreas urbanas, programas de irrigação, contenção de encostas, drenagem e contenção de cheias, mobilidade urbana, regularização fundiária, construção de barragens e saneamento básico, entre outros programas. Na próxima segundafeira (3), a Comissão da Indústria Imobiliária (CII) do Sinduscon-AL realizará uma live para apresentar o “Panorama de Mercado”, relativo ao primeiro trimestre de 2021. Com essa ação, o sindicato espera munir empresários e profissionais do setor sobre as tendências e dinâmicas do segmento da construção, além de atualizar sobre o problema orçamentário. O evento começa às 16h e será transmitido pelo canal do Sinduscon no YouTube.


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VETOS AO ORÇAMENTO Bolsonaro cortou recursos dos programas sociais

Cortes em áreas sociais integram projeto de desmonte deliberado

Cientista política prevê aumento do desemprego e do deficit habitacional BRUNO FERNANDES BRUNO-FS@OUTLOOK.COM

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fome e a falta de moradia voltaram a assombrar os brasileiros mais pobres. Além da pandemia e do impacto com as quase 4 mil mortes diárias pela covid-19, há uma tempestade nesse caos que coloca em risco a maior parte da população: o corte nos programas sociais, a possibilidade da paralisação do programa habitacional na faixa mais acessível e o aumento no preço de itens essenciais do dia a dia. Um dos cortes mais recentes e que pegou até

os próprios ministros de surpresa foi o de 95% do orçamento que permitiria a conclusão de cerca de 250 mil obras do antigo Minha Casa, Minha Vida, rebatizado em 2020 para Casa Verde e Amarela pelo Governo Jair Bolsonaro. Recursos para saúde e educação também foram eliminados da lei orçamentária. Para a doutora em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Lorena Madruga Monteiro, os cortes não passam de um projeto de desmonte deliberado. “Os vetos efetuados pelo

presidente Bolsonaro na previsão orçamentária de 2021, em especial aqueles que ocasionaram cortes de recursos nas áreas sociais, revelam um projeto de desmonte deliberado e proposital das políticas públicas no Brasil’’, afirma a especialista. Ainda segundo Lorena Monteiro, no caso específico do Casa Verde e Amarela, os cortes substanciais de recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) que financia o programa habitacional inviabilizam sua continuidade. “O desmonte desse pro-

grama tem impactos imediatos e a longo prazo. De imediato, diante de uma crise econômica, crise sanitária e de saúde pública ocasionada pela pandemia do coronavírus, esses cortes nos recursos da política paralisam uma série de obras em andamento e afetam, num cenário de aumento do desemprego, empregos diretos e indiretos. A médio e longo prazos impactam o setor de construção, gerando novos entraves ao enfrentamento da crise econômica, e aumento progressivo do deficit habitacional no Brasil”, pontua a doutora.

Gás e alimentos disparam

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ão bastasse a falta de futuras moradias e um iminente aumento no número de desempregados nos próximos meses devido aos cortes no orçamento, o brasileiro também tem outra preocupação: o preço do gás de cozinha e de itens da cesta básica. Em relação ao gás, que chega a custar R$ 85 na capital alagoana, sua escalada ganhou força no fim de 2019, após o fim do subsídio cruzado dado pela Petrobras desde 2003. Há dois meses o preço médio do botijão ultrapassou pela primeira vez a barreira dos R$ 81. Na última semana, segundo a Agência Nacional do Petróleo, o produto era vendido a R$ 84, alta de 22% em relação ao valor vigente na semana em que o subsídio foi extinto, em 2019. Em relação ao valor da cesta básica, a pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou que, embora Alagoas não participe do levantamento, foi possível observar um aumento no preço dos 12 produtos que compõem a cesta de pelo menos cinco estados nordestinos, com uma média de R$ 517,05. De acordo com o Dieese, em seis meses a cesta básica aumentou 6,44% e 8,83% na comparação de março deste ano com mesmo mês em 2020. Isto significa que a alimentação básica em março de 2021 (R$ 517,05) está mais cara do que em setembro de 2020 (R$ 485,75) e em março de 2020 (R$ 475,11). Em seis meses, dos produtos que compõem a cesta básica, os únicos itens a apresentar redução no preço foram o tomate (-18,50%) e o leite (-3,34%). Os itens que apresentaram as maiores elevações foram a farinha (20,63%), o óleo (16,40%) e a carne (14,11%).


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UM ANO DE PANDEMIA

Reclamações contra instituições financeiras disparam Ocorrências envolvendo o crédito consignado ficaram em primeiro lugar, com aumento de 179% nos registros em relação a 2019 ASSESSORIA

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saldo do primeiro ano de pandemia de covid-19 não foi bom para o consumidor brasileiro, especialmente os clientes de bancos. Um levantamento inédito feito pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em dois canais que atendem consumidores – Consumidor.gov.br e Banco Central – mostra uma explosão de reclamações sobre os serviços financeiros. As ocorrências envolvendo o crédito consignado ficaram em primeiro lugar, com um aumento de 179% nos registros em relação a 2019. Na plataforma do Consumidor.gov.br o aumento foi de 441% sobre a ocorrência classificada como “Cobrança por serviço/produto não contratado/ não reconhecido/não solicitado”. No ranking do Banco Central houve aumento de 56% nos registros de reclamações sobre as operações classificadas como “Oferta ou prestação de informação sobre crédito consignado de forma inadequada”.

“Os abusos praticados durante a pandemia demonstram o desrespeito ao consumidor, principalmente no contexto da crise sanitária e econômica sem precedentes que nos assola. A população sofre com a crise, com a diminuição de renda e com o isolamento social. Nesse momento, torna-se mais necessária a atuação de instituições financeiras responsáveis”, critica a economista e coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim. O comparativo das reclamações registradas na plataforma Consumidor.gov.brsomente sobre os serviços financeiros classificados como “Bancos, Financeiras e Administradoras de Cartão” apresentou um crescimento de 69%: foram 320.887, em 2020, ante 189.849 registros, em 2019. Somente as cinco reclamações mais frequentes dessas instituições (124.457) respondem por 51% do total em 2020. Um terço do total dos registros correspondem a operações com crédito consignado (88.246 registros).

Plataforma consumidor.gov.br - Ranking de reclamações dos ban-

Falta de sigilo e segurança com cartões de crédito O ranking de reclamações do Banco Central, que concentra apenas queixas sobre instituições financeiras, apresentou um aumento de 72% com 84.825 registros, em 2020, ante 49.275, em 2019. Entre mais de 100 tipos de reclamações procedentes, as cinco ocorrências com mais registros responderam por 51% dos registros do

ano, um total de 43.483. As reclamações registradas no Banco Central evidenciam os principais desafios enfrentados por consumidores no ano passado. Além das ocorrências envolvendo o crédito consignado – 17% dos registros, houve reclamações de “irregularidades, sigilo e segurança envolvendo cartões de crédito”, com

11%; e “irregularidades, sigilo e segurança envolvendo operações de crédito”, com 10% dos registros. Neste último ponto, aliás, houve um aumento expressivo de registros em relação a 2019 (+132%), o que pode ser explicado pela falta de clareza nas medidas de renegociação de crédito anunciadas pelos bancos.

Banco Central - Ranking de reclamações procedentes dos bancos

Falta de comprometimento dos bancos O levantamento realizado nas plataformas Consumidor.gov.br e do Banco Central, confirmou uma tendência também registrada internamente no Idec. Mesmo com o aumento do valor dos planos de saúde e com a saúde como preocupação central durante o ano de 2020, pela primeira vez as reclamações de serviços financeiros superaram as de saúde (20,9%) e atingiram 22,6% das queixas. Em 2019, a saúde tinha 23,8% das reclamações de associados do Instituto e serviços financeiros ocupavam a segunda colocação com 18,5%. No Idec, a principal queixa contra bancos foi “dificuldade para

renegociar ou parcelar dívidas” (14,4%). Em seguida vieram “falta de informação” e “cálculo de juros ou saldo devedor de cartões de crédito’’, com 8,6% cada. A ausência de informações também aparece como preocupação dos estudos do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR), uma iniciativa internacional, liderada pelo Idec no Brasil. Os bancos, por exemplo, deixam de informar sobre a existência de contas bancárias sem tarifas e permanecem reajustando suas taxas de serviços para valores acima da inflação em sucessivos 10 anos, conforme analisa pesquisas do Idec.

Na última avaliação do GBR, divulgada em fevereiro deste ano, ficou evidenciado que, apesar de terem as políticas escritas sobre direitos do consumidor, percebe-se que na prática pouco se faz para garantir que elas saiam do papel. Associada a essa condição, a ausência de fiscalização contribui para a continuidade dos abusos praticados. Por exemplo, a pesquisa explicita que apesar de sete dos noves bancos avaliados objetivarem menos reclamações nas ouvidorias, apenas um deles de fato possui uma meta mensurável para alcançar isso.


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EXÉRCITO DE INVISÍVEIS

Maceió não contabiliza moradores de rua desde 2013 Vulneráveis afirmam ter perdido esperança no poder público BRUNO FERNANDES BRUNO-FS@OUTLOOK. COM

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ão existe ser humano que desconheça o amargor da rejeição. Mas para alguns essa sensação chega a ser rotina. Outros, nem lembram mais como é ser notado como um igual. Talvez por isso moradores de rua sejam tratados como seres invisíveis. Encará-los é dar de frente com um retrato da solidão, culpa, vergonha e do abandono. É uma combinação de sentimentos que todos querem evitar, até o próprio poder público, ao qual cabe as políticas de assistência social As ruas da cidade de Maceió, mesmo quando tomadas por turistas que vêm e vão todos os anos, não escondem seus habitantes permanentes das calçadas, praças e qualquer outro espaço que sirva de abrigo, seja porque não têm onde morar ou por opção. Nestes dias de crise econômica aliada a gestões na

esfera federal, estadual e municipal aquém da necessidade, devido à falta de políticas públicas e de programas sociais, o cenário mudou para os que vivem nas ruas e trouxe uma nova ameaça invisível: o coronavírus. Segundo o censo mais “recente” da Prefeitura de Maceió, realizado ainda em 2013, eram mais de 500 pessoas em situação de rua na capital alagoana, mas de lá para cá os números se perderam; ninguém se preocupou em contar e a quantidade atual é desconhecida. Hoje, quem vive na rua não pode afirmar sequer que é apenas estatística para os gestores. E, embora o último censo tenha mais de oito anos, é possível notar um aumento exponencial de pobres, já que em 2020 foram abordadas 1921 pessoas pelas equipes do Serviço de Abordagem Social da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Maceió. RELATOS Fugir da violência das ruas e da fome se tornou a única maneira de Henrique Alves da Silva, de 23 anos, sobreviver. Ambulante desde criança, viu sua renda cair mais da metade em pouco mais de um ano de pandemia e hoje sobrevive com apenas R$ 300 por mês. Fazendo da Praça Deodoro, no Centro de

Maceió, sua moradia provisória, como ele mesmo gosta de lembrar, não vê a hora das coisas melhorarem para ele e a namorada, Larissa Oliveira, de 18 anos e que espera um filho. “Eu trabalhava de ambulante aqui no Centro, aí começou isso de pandemia, as coisas começaram a fechar, o povo não comprava mais nada então comecei a fazer carrego em alguns mercadinhos, mas não dá pra pagar nem aluguel. Por isso estou aqui esperando para pegar sopa para a gente ter o que comer antes de dormir”, disse. “É muito bom ficar colocando decreto quando se tem o armário cheio de comida e vinho. Hoje eu só tomei café da manhã mesmo. Estou desde cedo sem comer, o governo só vai liberar minha parcela no final do mês e aí esperam que eu fique sem comer daqui pra lá?”, questiona Henrique. Esse é, aliás, o mesmo questionamento que outros moradores fazem. “Quanto vão se importar com a gente?”. Paulo Faustino da Silva tem 48 anos, mas já mora na rua há tanto tempo que nem se lembra mais quando e como foi parar nesta situação com a família. É humilde, mostra desconfiança de quem tenta o ajudar, pois, segundo ele, já perdeu a esperança no

poder público e na própria imprensa. “Para falar a verdade eu nem sei como cheguei nessa situação. Uma coisa foi levando a outra, quando fui ver eu estava na rua e montando minha família. Não me considero morador de rua por que rua não é moradia de ninguém. Isso é vida? Comer uma maçã pela manhã, passar o dia pedindo dinheiro na rua e esperar a boa vontade de alguém te doar comida à noite?”, lamenta. Para Faustino, embora não tenha números, é evidente o aumento na quantidade de moradores de rua que passaram a dividir a mesma praça com ele. “Tem muita gente aqui agora. Antes era uma família ou outra, agora toda semana chega alguém novo aqui. A maioria não tem casa de parente para ir e perdeu o emprego, aí não tem como pagar aluguel. Como que o sujeito vai pagar aluguel com R$ 150? Ou paga aluguel ou morre de fome”. “Outro dia a polícia parou e o policial me perguntou onde que estava minha máscara. Agora me diz, eu vou passar o dia todo pra conseguir R$ 7 ou R$8, pra dar R$ 4 em uma máscara? Não vou fazer isso, eu falei para o policial que se ele tivesse uma para me doar eu aceitaria, mas que eu não tinha como comprar e se eu roubasse ele ia me prender”, conta Paulo sobre uma situação recente.

SEMAS A Prefeitura de Maceió, como informado no início da reportagem, admite que não possui dados atuais do número de pessoas morando nas ruas de Maceió, e, embora seja refutada pelos próprios moradores, afirma que por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social mantém duas unidades de acolhimento voltadas para a população em situação de rua. “O Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) é um dos programas da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) que visa combater e diminuir a desigualdade social na cidade de Maceió. Divididos em equipes, eles são a ‘porta de entrada’ para que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos seus direitos”, disse por meio de nota. No Brasil, os dados são assustadores. De acordo com uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pessoas em situação de rua no Brasil cresceu 140% entre março de 2012 e março de 2020, chegando a quase 222 mil pessoas. Segundo a nota, as pessoas em situação de rua encontram-se desempregadas ou em trabalhos informais, atuando como guardadores de carros e vendedores ambulantes, por exemplo.

Praça Deodoro tomada famílias sem lar

Sopa do da, para alguns, a única refeição do dia


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Evangélicos tentam suprir a falta de amparo

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heguei aqui 18 horas e não sei que horas vou sair porque o pessoal não tem hora para passar né. A gente espera que passem antes das 21 horas, já que não pode ter ninguém na rua depois disso. Mas é todo dia assim, o pessoal não tem obrigação de entregar comida

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A espera por alimento dura horas

pra gente, então eles passam quando dá e ficamos aqui esperando”, detalha Henrique. Na última segunda, 26, eram 19h49 quando começaram a chegar alguns veículos já conhecidos na região. Os moradores de rua comemoram e a notícia se espalha pela Praça Deodoro, onde ironicamente fica a sede do Poder Judiciário de Alagoas.

“A sopa chegou, a sopa chegou”, repetem ao longo da praça. Em menos de um minuto, uma fila se forma em frente a um dos carros parados na pista. O que para alguns é a única refeição do dia, para outros, aquele alimento vai precisar durar o outro dia inteiro. Não existe a certeza de que aquele carro voltará no dia seguinte, por isso, é comum ver pessoas com vasilhas de sorvete e sem tampa. O grupo que chega para ajudar os moradores de rua é formado por evangélicos, a maioria neste tipo de ação. Além de sopa, outros se juntam e entregam marmitas de cuscuz e pacotes de bolacha. “Começamos esse projeto há alguns anos. A gente sai por várias praças que sabemos que vai ter gente lá. Distribuímos sopa uma vez por mês, às vezes a cada 15 dias e o que podemos perceber nesse último ano é que, o que antes sobrava, hoje falta. Chegamos com esse panelão aqui cheio e saímos com ele vazio”, conta o pastor Jonas da Conceição, líder da Igreja Evangélica Poço das Ovelhas. Ele trabalha na ação com dois outros membros da igreja, o pastor Ricardo Brito e o diácono Christian. “O que fazemos em vida é o que vai determinar nosso futuro nas mãos do Senhor”. Enquanto conversamos, fomos interrompidos por duas crianças com pouco mais de 3 anos. “Tio, tem pão ainda?”, e o sorri-

so se abre quando o pastor entrega mais dois e elas voltam para o meio da praça, junto com os demais. “A maioria do pessoal que está aqui é de alguma igreja, ou são grupos de estudantes universitários de serviço social. Mas sempre tem alguém aqui para ajudar. A gente sabe que não tem obrigação nenhuma em fazer isso, mas se a gente não fizer, quem vai fazer? O governador? Quando terminamos de distribuir a comida, chamamos alguns para fazer uma oração e sentimos que por uma noite conseguimos vencer”, afirma o pastor enquanto enche mais um copo de sopa para distribuir. FECOEP A realidade de milhares de alagoanos poderia ser diferente se os recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) chegassem até a ponta do problema. A definição do programa, presente no site oficial da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social afirma que ele “visa incluir socialmente todos os alagoanos que estão abaixo da linha da pobreza”, porém, a realidade é diferente e as políticas públicas ainda patinam no mundo das ideias. Dados do Portal da Transparência do governo de Alagoas revelam que de 1º de janeiro até 26 de abril o Fecoep já arrecadou pouco mais de R$ 94 milhões. A estimativa para o ano todo é de R$ 224,6 milhões. Deste total, quase R$ 6 milhões foram utilizados na perfuração de poços profundos e a outra parte foi distribuída entre recursos para o cartão Cria Alagoana, criado pelo governo estadual no começo do ano e para o programa Vida Nova Nas Grotas.

STF determina fixação de benefício de renda mínima AGÊNCIA BRASIL

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na segunda, 26, determinar ao governo federal a fixação do valor de um benefício de renda mínima para a população em situação de extrema pobreza, com renda per capita inferior a R$ 89,00 e R$ 178,00. Com a decisão, o benefício deverá ser incluído no Orçamento de 2022. Cabe recurso contra a decisão, que ocorreu por votação virtual. A decisão foi tomada a partir de uma ação protocolada no ano passado pela Defensoria Pública da União (DPU). O órgão defendeu a regulamentação Lei 10.835/2004, que criou o Programa Renda Básica de Cidadania. A maioria dos ministros seguiu voto proferido pelo ministro Gilmar Mendes. Para os ministros, os programas assistenciais são essenciais diante da economia desigual do país. “A essencialidade do sistema de proteção social brasileiro, contudo, não afasta o dever de consideração das possibilidades materiais e financeiras do Estado que, em geral, dificultam ou diferem o atendimento integral das necessidades do cidadão. A questão do custeio não pode, portanto, ser simplesmente ignorada pelo Judiciário a pretexto de se tratar de mero artifício retórico do gestor público”, escreveu o ministro. Até o fechamento desta edição a Advocacia-Geral da União (AGU) não havia se manifestado sobre a decisão.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

“Ferramenta”

Filho não é mobília

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ma campanha nacional está mobilizando neste mês de abril psicólogos, advogados, assistentes sociais, juízes, mães, pais, avôs, avós, madrastas e padrastos: Filho não é mobília. A mudança de endereço, mesmo que seja comunicada ao outro cônjuge, muitas vezes tem o objetivo de prejudicar a criança ou o adolescente. Essa prática caracteriza-se como Alienação Parental e é um ato covarde de quem tem a guarda da criança ou do adolescente. O Código Civil, no seu artigo 1.634, inciso V, proíbe essa prática. Ocorrendo essa prática (mudança para um bairro distante, cidade ou até mesmo outro país) e outras práticas, pode surgir a Síndrome da Alienação Parental (SAP). O que significa isso?

SAP SAP é o termo designado pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner (1985) para a situação em que a mãe ou o pai “treina” ou induz uma criança ou adolescente para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor. Enquanto não se instalou a síndrome, é possível reverter a situação, através de psicoterapia e o restabelecimento das relações com o(a) genitor(a) prejudicado(a). A SAP é o conjunto de sintomas que a criança/adolescente pode vir a apresentar decorrente dos atos de Alienação Parental.

AP A Alienação Parental (AP) é o ato de “treinar” ou induzir a criança a rejeitar o pai/mãe-alvo com esquivas, mensagens difamatórias, até o ódio ou acusações de abuso sexual. O termo alienação significa tornar o outro fora de si, ou seja, sem consciência e síndrome é um conjunto de sinais e comportamentos adquiridos com a alienação. Muitas vezes a Alienação Parental ocorre inconscientemente.

SAP e a lei O Brasil criou a Lei 12.318 com o intuito de preservar a integridade física e psicológica da criança e do adolescente, que pode ser detectado, através de laudos psicológicos (entrevistas: pai, mãe e criança – e aplicação de testes psicológicos), que está havendo a alienação parental. O artigo 2º da ei 12.318, de 26 de agosto de 2010 (que determina o que é a SAP) expressa: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”.

MULTIDÃO

Depois de separados judicialmente, um dos cônjuges pode desenvolver sentimentos de raiva, vingança e até mesmo de acabar com a vida do ex-cônjuge. Esses sentimentos prejudicam substancialmente a psique da criança ou do adolescente. Geralmente é a mãe que mais apresenta esse tipo de comportamento. E o ato da alienação parental é a “ferramenta” para atingir o ex-cônjuge. A síndrome está associada à situação de ruptura da vida conjugal, quando ocorre, principalmente, vingança de um deles.

ex-cônjuge. Por exemplo, a mãe vai viajar e diz que precisa da companhia do filho no período da viagem. Também transforma o(a) filho(a) em espião(ã) do ex-cônjuge. Por exemplo, se o pai está tendo outro relacionamento e aí pede para o(a) filho(a) dizer o que está acontecendo entre o casal.

Trabalho dos pais

Como ocorre? III

A mãe, faz algum tempo, deixou de ficar em casa para fazer as tarefas domésticas. Agora trabalha para melhorar as condições financeiras de vida da família. Isso pode ter provocado ao homem a participar mais intensamente das tarefas domésticas e assumir, também, o cuidado dos filhos. A mãe (geralmente é a mãe, mas pode ser o pai ou quem esteja com a guarda da criança/ adolescente) não elabora, adequadamente, a situação do luto da separação, e pode apresentar sentimentos e comportamentos de vingança (consciente ou inconscientemente) devido a separação judicial.

Os filhos apresentam...

Manipulação Uma vez caracterizada a SAP, o juiz tem que tomar uma decisão se a criança está sendo “treinada”, induzida ou manipulada e isso pode ser contra o pai, mãe ou quem esteja com a guarda.

A quem prejudica? Principalmente o(a) filho(a) que está entre um conflito entre os pais. O adolescente se torna alvo de disputa dos pais e isso é extremamente prejudicial para a saúde mental, não só do adolescente, mas também para os pais envolvidos na situação.

Como ocorre? Um dos cônjuges não comunica os fatos importantes da vida do(a) filho(a), ou seja, sobre notas da escola, doença, comemorações (aniversário). Pode ocorrer também um controle excessivo dos horários de encontros. E isso cria constrangimentos na criança e no adolescente. Ou seja, cria-se empecilho ou atividades no dia do encontro, tornando-o desinteressante para que não haja harmonia entre a criança ou o adolescente com o ex-cônjuge.

Como ocorre? II A mãe (pode ser o pai, também) relembra fatos desagradáveis com o outro genitor na frente do(a) filho(a). Obriga o(a) filho(a) a tomar uma decisão que conflita a situação do

A maior perda de um pai/mãe é perder um filho que ainda esteja vivo. (Arnaldo Santtos, psicólogo)

Insinua ao(a) filho(a) que o ex-cônjuge é uma pessoa perigosa, agressiva, doente, enfim. Emite falsas acusações até de que o pai abusou sexualmente da filha; que ele usa drogas; é alcoólatra, enfim. Denigre a imagem do ex-cônjuge. Quando está instalada a SAP os filhos podem apresentar sentimentos de raiva e ódio ao pai ou à mãe, ou seja, em quem está sendo impedido de ter uma vida familiar com o(a) filho(a). Os filhos podem apresentar vários comportamentos que poderão se tornar transtornos mentais no futuro.

Os transtornos Ansiedade, síndrome do pânico; depressão; transtornos de identidade e até cometer suicídio (9 vezes mais propenso). Também podem surgir doenças psicossomáticas, baixa autoestima, uso abusivo de álcool e drogas; dificuldade de adaptação (psicossocial); insegurança; sentimento de rejeição; agressividades; dificuldade nas relações interpessoais;

Sentimento de culpa Sentimentos e crenças negativas, como desequilíbrio emocional; insegurança; baixa autoestima; falta de organização mental; comportamento hostil; dificuldade nas relações interpessoais; sentimento de culpa (por ter sido cúmplice inconsciente das injustiças praticadas).

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Ninguém nos quer por perto, brasileiros são discriminados no mundo e corremos risco de boicote internacional”, (Senador Renan Calheiros)

Renan Calheiros: a agenda da morte O senador Renan Calheiros se mostrava tranquilo, mesmo quando provocado por “emissários” do Palácio do Planalto, na sessão de instalação oficial da CPI da Covid, eleição do presidente (Omar Aziz PSD/AM), vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede/AP) e o anúncio do seu nome como relator e principal figura do colegiado. Aliados do presidente Bolsonaro tudo fizeram para “dinamitar” a escolha do senador alagoano como relator, diante do temor (ou terror) que só a esperteza de Calheiros poderia provocar. Tentaram no convencimento, na cooptação e até na Justiça, através de um juiz despreparado e desqualificado, que atendeu ao pedido de uma deputada tresloucada, figura carimbada do “bunker” bolsonarista. Em seu primeiro discurso diante dos

membros da comissão, Renan disse que a cruzada da CPI “será contra a agenda da morte.” Foi um discurso duro, como esperado, e com alguns petardos diretamente dirigidos a figuras emblemáticas. “Não somos discípulos de Deltan Dallagnol nem de Sérgio Moro. Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou e estes devem ser punidos emblematicamente”. “O negacionismo em relação à pandemia ainda terá que ser investigado e provado, mas o negacionismo em relação à CPI da Covid já não resta a menor dúvida. Não estaremos investigando nomes ou instituições, mas fatos e os responsáveis por eles. Evidentemente que as gestões do Ministério da Saúde podem ser investigadas a fundo”, defendeu.

Intimidações não nos deterão O senador disse ainda que essa será a comissão “da celebração da vida, da sacralização da verdade”, e complementou: “Os brasileiros têm o direito de voltar a viver em paz. Dar um basta à mentira. Nossa cruzada será contra a agenda da morte. Os inimigos dessa relatoria são a pandemia e aqueles que colaboraram com esse morticínio”. Renan disse ainda que não devem perder tempo com “politiquices e chicanas”. “Tenho repugnância ao fascismo. Antecipo que intimidações não nos deterão. Há uma ameaça real de virarmos um apartheid sanitário mundial. Ninguém nos quer por perto, brasileiros são discriminados no mundo e corremos risco de boicote aos nossos produtos”, afirmou.

Pensam que podem tudo O Ministério Público ainda é uma das instituições que contribui para dar sustentação e segurança jurídica em tempos de descrédito da sociedade em seus poderes representativos, muito embora não deixe de “pisar na bola” com frequência, como temos observado (vide o escândalo da Lava Jato). Com a Constituição de 1988 o parquet ganhou amplos poderes, talvez até em excesso (no Congresso já existe movimento buscando uma maneira de reduzir algumas dessas prerrogativas). Conversando com um prefeito do interior, meu amigo pessoal, o encontrei literalmente apavorado. Falou-me da tentativa de intimidação do promotor da cidade, interferindo em sua administração. Não estranhei, pois já havia constatado casos semelhantes. O aconselhei começando por perguntar se o operador de justiça morava na cidade (sabia que ele não morava e nem dava expediente todos os dias) e que ao ouvir a resposta falasse: o senhor conhece que é obrigado a residir na Comarca e se algum chefe lhe autorizou está burlando a Constituição? Vou lhe

denunciar ao CNJ.

Pensam que podem tudo II Deve ficar evidenciado que o Ministério Público deve ser parceiro e não tutor do administrador público. Deve, ainda, entender que a instituição tem papel de extrema relevância na construção democrática, mas não detém o monopólio do corretamente justo e, sequer, a onipotência de dizer o que é certo e necessário ao cidadão. Por estes dias lia que um promotor de Justiça, em determinado município, havia “dado prazo ao prefeito para se justificar porque determinou a volta de aulas presenciais para os alunos da rede pública”. Comigo eu teria mandado ele para algum lugar, não muito agradável. Ainda bem que nem todos são assim, pois conheço e convivo com muitos promotores e procuradores de Justiça intolerantes com a irresponsabilidade pública, exigentes com o cumprir a lei, mas sem a arrogância dos que imaginam que podem tudo.

Vai, mas pode voltar Essa foi a decisão do governador Renan Filho, seguindo orientação do grupo de técnicos das secretarias de Saúde e Fazenda para liberar praias, bares e restaurantes nos finais de semana, nas operações de combate à pandemia. Por enquanto continuam proibidos eventos de qualquer natureza, pois caracteriza aglomeração imprópria para o momento. O governador Renan Filho concordou com a diminuição das restrições, mas pontuou: a qualquer “sinal vermelho”, volta tudo.

Rodando bolsinha Em Brasília chama a atenção os sinais de oferecimento do ministro Humberto Martins, presidente do STJ, na competição para ocupar a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposenta do Supremo Tribunal Federal. Criticado dentro da própria corte por seus colegas, pela maneira acintosa em busca do cargo, acusado de “rodar a bolsinha” para agradar o presidente Jair Bolsonaro, com decisões que agradam o palácio do Planalto.

Aqui dá Lula Já começam a aparecer as pesquisas avaliando os candidatos à próxima eleição que acontecerá em 2022, com a comprovação dos índices já esperados. Para presidente da República o petista Lula bate o atual ocupante do cargo Jair Bolsonaro, com quase 10 pontos de diferença (42% a 33%), com larga distância para o terceiro colocado, Ciro Gomes. As avaliações na região Nordeste são todas em desfavor de Bolsonaro.

Grave acusação O delegado da Polícia Federal e ex-superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, afirmou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “tornou legítima a ação dos criminosos, não do agente público” nas ações de fiscalização na Amazônia, fazendo uma “inversão”. No documento, Saraiva apontou que Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, agiram para dificultar ações de fiscalização ambiental do poder público. O delegado também aponta indícios de que o grupo tenha praticado crime de advocacia administrativa, que consiste em “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário”. Na quarta-feira a ministra Carmem Lúcia encaminhou

PÍLULAS DO PEDRO O presidente Jair Bolsonaro chamou uma jornalista de “idiota” (diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido). Quem está mais para idiota? Acabou a euforia de vacina, os memes e as exibições nas redes, ou o que acabou foi a vacina?


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Supremo escárnio

ELIAS FRAGOSO

N

N ECONOMISTA

ão tem jeito. Todas às vezes que me preparo para ter um olhar menos severo em relação às patranhas cometidas pelos poderosos deste país, logo surge mais uma, e são cada vez maiores. E piores. O brilhante Tom Jobim já dizia que o Brasil não é para principiantes. Não é mesmo. Mas Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda (governo FHC) e certamente um dos mais bem preparados quadros que este país lotado

de Macunaímas já produziu, foi definitivo: “No Brasil até o passado é incerto”. Seu vaticínio acaba de ser corroborado pelo Supremo e sua infame decisão de anular todos os processos do Luladrão na 13ª Vara Federal de Curitiba, deixando-o livre para voltar a infernizar a vida dos brasileiros e tentar finalizar sua “obra” de roubar tudo o que ainda restou ou tenha sobrado depois do tsunami petista. Nesse meio tempo, achando pouco, a maioria dos “supremos”, segundo auto nomeação do “ínclito” Gilmar Mendes, declarou suspeito o correto ex-juiz Moro. Um deboche inaudito com a Nação perpetrado em nome sabe-se lá de que interesses. É o famoso caso do solte o ladrão, e prenda o juiz. O supremo escárnio engendrado contra as leis brasileiras (por seus crimes, o meliante já

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havia sido julgado em alguns deles nas três instâncias da justiça) por suas “excelências”, contra qualquer dose de razoabilidade e utilizando-se (dizendo que não) de provas ilegais e de gincanas jurídicas para livrar o ladrão, certamente vai reverberar - infelizmente - logo, logo, nos demais instâncias da justiça brasileira. A já antiga fama de super lenta para os nababos e hiper-rápida para os três P, pretos, putas e pobres, só tende a crescer. Foi uma tapa na cara na Nação, disso não resta a menor dúvida. E seus efeitos deletérios já se fazem sentir. Todos os corruptos e ladrões pegos pela Lava Jato se preparam para pedir isonomia para seus casos. Logo, logo, podemos estar passando pelo supremo vexame mundial de ter que devolver os bilhões roubados para aquelas figuras malsãs, pelo “despautério e a

audácia” de tê-los colocado na cadeia (ou respondendo processos), a fina flor da ladroagem nacional. Na economia, o Brasil vai pagar um preço enorme pela malsinada decisão do Supremo. Interna e externamente. Ainda é muito cedo para avaliar os efeitos deletérios da mesma no tecido econômico nacional. Mas do ponto de vista externo, um país quebrado, governado por um incompetente que só pensa em dar um golpe e virar ditador e com uma insegurança jurídica dessas, certamente não é o local mais propício para se investir. Muito pelo contrário. A saída de capitais se acelera, crescem as taxas cobradas para o refinanciamento da dívida, multinacionais começam a deixar o país. E num cenário de deterioração da justiça e da economia, isso pode ficar ainda pior. A ver.

Todos os corruptos e ladrões pegos pela Lava Jato se preparam para pedir isonomia para seus casos.


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Liberdade

ALARI ROMARIZ TORRES

N APOSENTADA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

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os idos de 1960, a Faculdade de Filosofia de Alagoas funcionava no Colégio Guido, depois incorporada à Universidade Federal de Alagoas. Fiz vestibular, passei e, logo em seguida, me candidatei a um concurso para ganhar uma bolsa. Éramos duas mulheres e três homens. Fiquei em primeiro lugar e um colega em segundo. O assunto da redação foi a LIBERDADE. Quando crianças, somos supervisionadas pelos pais: aonde vamos, com quem andamos. Nos tempos atuais, a violência é tanta que as crianças não podem ir à es-

cola desacompanhadas. Lembro-me que, aos 9 anos, eu e meus irmãos vínhamos do Farol para a Rua do Sol sozinhos. Pegávamos o bonde ou ônibus perto de casa e saltávamos no centro da cidade. Aí começava nossa liberdade. Tomávamos conta uns dos outros. Na adolescência, as restrições eram menores, mas as mocinhas de família não iam às festas noturnas sem o devido acompanhamento dos pais. Quando comecei a namorar, meu irmão mais velho me acompanhava aos bailes, entretanto pouco me olhava; deixava-me no local e sumia. Se eu contasse ao meu pai, não sairia mais com ele. Então, eu controlava a minha liberdade. Os anos foram passando, o mundo foi mudando e na juventude de meus filhos íamos levá-los à escola, às festas. Depois íamos buscá -los. Testei filhos e filhas no conceito de serem livres. Com as meninas o resultado foi positivo. Com os meninos a dificuldade foi maior. Eles, os homens, não sabiam aproveitar a liberdade vigiada. No trabalho, foi preciso muito controle, principalmente numa casa política, onde há necessidade de um bom relacionamento com os

CPI – Mais uma CLÁUDIO VIEIRA

N ADVOGADO E ESCRITOR

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screvi, de outra feita, crônica sob o título “Quem teme medo de CPI”. Com a nova CPI recém-inaugurada no Senado, sobre o desempenho do governo federal na busca da cura da covid-19, chego à singela conclusão de que todo mundo teme esse inquérito parlamentar, mesmo aqueles que se apregoam intimoratos de formação e coisa

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e tal. De fato, há dias que o presidente, ministros, assessores e parlamentares governistas vêm manobrando desde que o ministro Barroso, do STF, determinou ao presidente do Senado que ele deveria cumprir os mandamentos da Constituição Federal, instalando a CPI referida, uma vez que preenchidos os requisitos formais para tanto. Logo os pressurosos assessores e simpatizantes bolsonaristas utilizaram-se dos canais de mídia sociais – tão bem manipulados por eles – para difundir que o STF invadia competência do Legislativo, ferindo de morte o dogma da separação dos poderes. Ao mesmo tempo, insuflavam à desobediência o presidente o Senado que, talvez já desejando mostrar ao governo a sua independência, fez-se moco. Vencidos os propagandistas do presidente, mudaram a manobra para, através de senadores simpáticos a sua

patrões. Uma mocinha de 18 anos precisa ter muito cuidado e se respeitar, pois iria conviver com pessoas diferentes num ambiente livre, leve e solto. Enveredei pelo mundo do sindicalismo, onde fiz boas amizades, conheci pessoas maravilhosas que se faziam respeitar e me tratavam com generosidade. Ali, a maioria é masculina e os pensamentos são variados. Nossos “inimigos” eram os patrões, que não se conformavam com a formação de sindicatos, onde nós, servidores com liberdade, passamos a ter vez e voz. Certa vez, fui chamada pelo vice-presidente da Assembleia, no exercício da presidência. Eu devia ter 50 anos. Ele me perguntou: “A senhora é solteira”? Respondi: Não, por que? Então, disse ele: “Nada, só pensei; pois tem muito tempo para cuidar dessas bobagens”. Saí rindo da reunião e agradecendo a Deus por ter administrado bem a minha liberdade. Durante anos lidei com políticos. Uns bons, decentes. Outros maldosos, ameaçadores até. Mas sempre me saí bem das lutas diárias. Hoje ando sem seguranças, entro na Assembleia cumprimen-

causa, criarem obstáculos ao início dos trabalhos da CPI. Quem se deu ao trabalho paciente de assistir à primeira sessão da CPI, teve que suportar os longos discursos bolsonaristas, pretendendo o impedimento de senador Renan Calheiros, desafeto declarado de Bolsonaro, para ser relator do inquérito. Tinham apoio relevante de liminar concedida por juiz de primeira instância federal do Rio de Janeiro, determinando a impossibilidade de o senador alagoano assumir tão incomodante posto. Foram mais uma vez derrotados, pois o TRF cassou o ato judicial impeditivo, e afinal a mesa dirigente da CPI foi instalada, até com ao menos um voto do lado bolsonarista. Mau augúrio esse! Antes, porém, da eleição, apressou-se a participar da sessão o senador Flávio Bolsonaro

tando os que passam por mim. Entretanto, a velhice chegou. Os passos são lentos, a visão é curta, os amigos são muitos. Não consigo trabalhar fora de casa, frequento um sindicato de idosos, apenas para ouvir queixas de companheiros inativos. Escrevo meus artigos semanais porque acompanho os acontecimentos desse Brasil sofrido. Se saio de casa pela manhã, fico ansiosa para voltar ao meu paraíso. Filhos e netos veem a velha senhora como uma idosa que lutou por eles e pela vida durante mais de cinquenta anos, contudo hoje não significa muita coisa. Escutam suas opiniões, mas não as seguem. O mundo mudou, pensam eles! Aí, chega a fase em que a liberdade cresce, mas fica difícil aproveitá-la. Nem correr livremente a velha senhora consegue; as pernas não deixam. Gritar é quase impossível: a voz é fraca. Pode, apenas, sonhar com dias melhores Só resta uma alternativa: tentar aproveitar o tempo restante e confiar em Deus. Ele existe. Não duvidem!

que, embora não seja membro da Comissão Parlamentar de Inquérito, tem o direito de comparecer a qualquer ato senatorial, podendo usar da palavra. Bem ao estilo do pai, Flávio Bolsonaro distribuiu bordoadas para tudo quanto foi lado, inclusive no presidente do Senado e no dirigente do seu próprio partido, o Podemos, e nas mulheres. Dei-me ao trabalho de relatar todas essas ocorrências para situar o texto e em uma demonstração de que todos tremem diante de uma CPI, pois sabe-se como ela começa, nunca como termina. O fato é que, de agora em diante, se os senadores da Comissão cumprirem o seu dever para com o País, iremos saber se realmente o Governo Bolsonaro negligenciou – ou não – no tratamento da população brasileira. Temos o direito de saber!

Durante anos lidei com políticos. Uns bons, decentes. Outros maldosos, ameaçadores até. Mas sempre me saí bem das lutas diárias. Hoje ando sem seguranças, entro na Assembleia cumprimentando os que passam por mim.

Quem se deu ao trabalho paciente de assistir à primeira sessão da CPI, teve que suportar os longos discursos bolsonaristas, pretendendo o impedimento de senador Renan Calheiros, desafeto declarado de Bolsonaro, para ser relator do inquérito.


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VELHO CHICO

Salinidade coloca em risco uso das águas para consumo humano

Estudo da Ufal mostra prejuízos das baixas vazões adotadas nas barragens de Três Marias e Sobradinho TAMARA ALBUQUERQUE TAMARA.JORNALISTA@ GMAIL.COM

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São Francisco é estratégico para o Nordeste, pois responde por 70% da disponibilidade hídrica superficial na região. Possui vazão média de 2.900 m3 /s, que se enquadra na tipologia de rio de médio a grande porte e apresenta relevância ecológica, econômica e social, sendo utilizado para a geração de energia elétrica, irrigação, navegação, abastecimento de água, aquicultura, pesca e lazer. Apesar de sustentar todas essas atividades, o rio continua ameaçado pela ação do homem, que polui e faz uso indiscriminado de suas águas. As represas são exemplos de iniciativas que provocam profundo impacto ambiental no São Francisco. Essas barragens instaladas na parte alta da bacia do rio, como Sobradinho, Xingó e Itaparica, geram praticamente 100% da energia utilizada no Nordeste, mas alteram as vazões e reduzem os fluxos mínimos, ameaçando a qualidade da água. Uma consequência dessa interferência no sistema de vazão do rio é o aumento da salinidade. Nos últimos anos, o avanço da cunha salina tem sido intenso e ameaça inviabilizar a utilização das águas do São Francisco para fins de irrigação e abastecimento humano, com prejuízos não restritos apenas aos municípios ribeirinhos, mas a todos que utilizam essas águas para consumo, como é o caso de 70% da população de Aracaju, em Sergipe. As águas do Rio São Fran-

Águas do São Francisco em Brejo Grande, Sergipe, foram classificadas como salobras

cisco nos municípios de Piaçabuçu, em Alagoas, e Brejo Grande, em Sergipe, já se encontram em processo de salinização. Essa mudança de água doce para água salobra tem interferido nas atividades socioeconômicas dos ribeirinhos e provoca mudanças também na biodiversidade, com impactos nos recursos pesqueiros. Essas informações estão contidas no livro “O Baixo São Francisco: características ambientais e sociais”, editado pela Universidade Federal de Alagoas, e que revela o trabalho das duas primeiras expedições científicas sobre a região do Baixo rio São Francisco, ocorridas nos anos de 2018 e 2019. Entre outros objetivos, as expedições buscaram contribuir para o entendimento da variação dos teores de sais nas águas do São Francisco, por meio de análises de amostras coletadas ao longo de pontos localizados em diferentes municípios sob a con-

dição de maré alta. O que se viu com os resultados é preocupante. A partir de 2012, dizem os organizadores da obra lançada em 2020, Emerson Carlos Soares, José Vieira Silva e Rafael Navas, sucessivos anos com chuvas abaixo da média anual levaram os órgãos gestores de recursos hídricos -, neste caso, a Agência Nacional de Águas (ANA) e de produção de eletricidade, Operador Nacional do Sistema (ONS)-, a aumentar a condição de armazenamento dos reservatórios, por meio da redução de vazões afluentes diárias máximas, principalmente nas barragens de Três Marias e Sobradinho, que determinam o funcionamento de todo o sistema. Ocorre que a manutenção das vazões em valores tão baixos durante períodos tão significativos (de 2012 a 2019) contribuiu para o aumento da capacidade de avanço das águas marinhas no leito do São Francisco e na sua foz,

em Piaçabuçu, bem como com a redução da condição diluidora e depurativa das águas, elevando as concentrações de sais e poluentes. A avaliação da salinidade da água do São Francisco ocorreu na região do Baixo São Francisco (BSF) entre os estados de Sergipe e Alagoas, cobrindo uma área de 25.500 quilômetros quadrados, onde vive uma população de cerca de 1,5 milhão de habitantes, dos quais 440.000 residem em áreas ao longo do rio. Foram visitados os municípios de Traipu, Porto Real do Colégio, Igreja Nova, Penedo, Neópolis e Piaçabuçu, usando o lado alagoano como referência. O trabalho mostrou que as águas coletadas em ambas as expedições, tanto em superfície quanto no fundo, na extensão do município de Traipu até o município de Penedo, foram enquadradas como “águas doces”, águas com salinidade igual ou inferior a 0,5‰, segundo a Resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005.

Nesse trecho do rio as águas foram consideradas adequadas para uso na irrigação e para consumo humano. “Apesar dos valores encontrados indicarem boa qualidade da água em relação ao parâmetro salinidade, é possível destacar que o uso não racional da água para fins de navegação e irrigação, por exemplo, além do despejo inadequado de efluentes domésticos, pode tornar esse corpo hídrico com águas impróprias para consumo”, afirmaram os cientistas. Segundo o livro, o uso da água para fins de irrigação e aquicultura na região do Baixo São Francisco apresenta potencial de provocar alterações nos recursos hídricos, devido ao uso em excesso de água na área irrigada. O excesso estaria provocando escoamento superficial e, também, pelo uso de sais solúveis, fertilizantes e agroquímicos, arrastando seus componentes para o corpo d’água, podendo favorecer o processo de degradação da qualidade da água do rio. Nos pontos de amostragem no Rio São Francisco em Piaçabuçu e Brejo Grande, as águas coletadas em superfície e em profundidade foram enquadradas como “águas salobras”. Na conclusão da avaliação das águas, os cientistas orientam sobre a necessidade de se estabelecer uma rede de monitoramento da qualidade das águas, relativa aos teores de sais, de forma a um melhor entendimento das relações entre as vazões do rio, regidas pelas liberações dos reservatórios, e o alcance da cunha salina ao longo de seu


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VELHO CHICO

Rio recebe grande carga poluente de esgotos e dejetos industriais Água está fora dos padrões de potabilidade para consumo humano

Pesquisadores regis-traram forte presença de coliformes fecais nas águas do rio

TAMARA ALBUQUERQUE TAMARAJORNALISTA@ GMAIL.COM

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os grandes rios do Brasil, com 100% da bacia hidrográfica no território nacional, o São Francisco é o que apresenta os maiores desafios e problemas de preservação, conservação e proteção do seu manancial ao longo de todo o seu percurso, da nascente à foz. Ao longo dos seus quase 2.800 km de extensão, mais de 500 municípios e com uma bacia hidrográfica de cerca de 640 mil km2, o rio recebe uma carga gigantesca de todos os tipos de materiais e sedimentos de diferentes origens e natureza dispersada e depositada ao longo da calha principal do rio e de seus reservatórios de barramento, sem que se tenha a real dimensão dos impactos ambientais e humanos causados, segundo enfatizam os autores do livro “O Baixo São Francisco: características ambientais e sociais”, publicado no ano passado pela Edufal. Com base nas análises microbiológicas realizadas durantes as duas expedições científicas realizadas sob a coordenação da Ufal, os resultados demonstraram que a água retirada de todos os pontos de coleta está fora dos padrões de potabilidade para consumo humano es-

tabelecidos e recomendados pelos órgãos ambientais e suas portarias vigentes. O trecho de Traipu a Propriá, conclui o trabalho, possuiu maiores níveis de coliformes totais; todavia, na região de coleta em Propriá, Penedo e Piaçabuçu, foram observados os maiores níveis de Escherichia coli. A bactéria pode provocar doenças como infecções urinárias, diarreias e a colite hemorrágica, entre outras. No Brasil, cerca de 33 milhões (16,7%) de pessoas, considerando a população estimada de 200 milhões de habitantes, não têm acesso a água tratada nem saneamento básico; menos da metade das pessoas que têm acesso a este serviço (41%) tem seu esgoto tratado. Isso significa que um grande volume é despejado in natura nos ambientes aquáticos, poluindo rios, mares e lagos, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2017). O trabalho científico desenvolvido no Rio São Francisco por ocasião das expedições informa que a qualidade da água dos rios é proveniente, principalmente, das ações antrópicas (resultante da ação do homem),

como “despejo de efluentes domésticos, dejetos industriais, grandes quantidades de poluentes derivados das áreas urbanas e agrícolas – esses são os principais responsáveis pelos maiores impactos nos ambientes aquáticos, uma vez que a água é considerada uma das substâncias mais presentes na natureza, havendo a necessidade do uso racional em relação a quantidade e qualidade”. Os autores avaliam que em virtude da abundância no planeta, pode haver a impressão de que a água é um recurso inesgotável, mas, na realidade, atualmente apenas 2,5% da Terra é composto por água doce e com potencial para o consumo humano. “Considerada um elemento essencial, a água é um composto inorgânico indispensável para todos os seres vivos. Quando não consumida de forma potável, torna-se o principal meio de contaminação, pois agentes patogênicos veiculados pela mesma são causadores de doenças infecciosas, como: febre tifoide, cólera, hepatite, poliomielite, gastroenterites e quadros diarreicos, entre outras”, aponta o trabalho.

O trabalho também conclui que é necessário o monitoramento da água, em que são investigados alguns indicadores biológicos específicos, tais como os coliformes, amplamente distribuídos na natureza e que se propagam com maior frequência na água, obtendo maior atenção da saúde pública, pois são suspeitos de causarem a maioria das infecções intestinais humanas. A presença de coliformes e Escherichia coli em corpos hídricos indica a existência de micro-organismos patogênicos. Esse grupo de bactérias atua como indicadores de poluição fecal, por estar naturalmente presente no trato intestinal de animais e ser eliminado nas fezes. O padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano é a ausência de coliformes e E. coli em 100 ml de água. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 80% das doenças detectadas em países em desenvolvimento são transmitidas através da água contaminada, que, uma vez tratada, deixa de ser um veículo transmissor de agentes patológicos, garantindo a saú-

COLETAS As coletas ocorreram em outubro de 2018 (I Expedição Científica) e, no período de 19 a 28 de novembro/2019 (II Expedição Científica do São Francisco) com o intuito de detectar a presença de coliformes totais e E.coli. De acordo com as análises microbiológicas realizadas, foi possível verificar, em todos os pontos de coleta, a presença de coliformes totais em valores acima do limite indicado pela Resolução Conama nº 357, de 17 de maio de 2005, e foi possível atestar a alta presença de E. coli nas regiões de Propriá (SE), Penedo, Igreja Nova e Piaçabuçu. Nestes municípios, segundo o trabalho, foram verificados problemas com efluentes e alta carência de saneamento básico, com despejo de esgotos in natura em vários pontos das margens do rio. O trabalho também mostrou que os níveis de coliformes totais foram significativos em Piranhas, onde foram encontradas concentrações mais baixas de coliformes totais em relação às outras localidades. “Dessa forma, este município pode ser considerado, com relação a este parâmetro, o de melhor qualidade ambiental no Baixo São Francisco. Quanto à E.coli, os pontos de coleta de Igreja Nova, Piranhas e Traipu apresentaram menores índices bacteriológicos”, aponta. Como conclusão, o trabalho de análise no rio enfatiza que “o crescimento populacional desordenado às margens dos rios causa o desmatamento da vegetação e o comprometimento da qualidade da água, em virtude do despejo de esgotos sanitários e do descarte de lixo impróprio, que contamina as águas com a presença de coliformes e contaminantes procedentes dos resíduos urbanos e industriais”. Destaca, ainda, que a “ausência de estações de tratamento de efluentes adequadas, políticas fiscalizatórias incipientes para coibir construções irregulares, políticas de educação ambiental frágeis e ausência de projetos com tratamento de efluentes e resíduos corroboram para o aumento dos níveis de coliformes totais e E. coli, acima dos índices preconizados, indicando um risco para a saúde pública dos ribeirinhos e para o ecossistema aquático”.


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TELEFONIA MÓVEL

Vivo lidera mercado nacional, mas Tim se sobressai em Alagoas Claro é a empresa que mais ganhou acessos em 2020 de acordo com relatório da Anatel

MARIA SALÉSIA SALLESIARAMOS18@GMAIL. COM

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m 2020, a operadora Vivo manteve a maior participação no mercado de telefonia móvel no Brasil, apresentando crescimento no número de acessos, mas em Alagoas foi a Tim que se sobressaiu, assumindo a liderança. No estado, foram 921,833 acessos para a prestadora Tim; 684.287 pela Claro, 736.493 da Oi, 427.380 da Vivo e 7.550 para outras operadoras. Os dados são do Relatório de Acompanhamento do Setor de Telecomunicações – Telefonia Móvel, divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na segunda-feira, 19. O documento apresenta dados nacionais e recortes por unidade da federação, prestadora, tecnologia, tipo de produto e modalidade de cobrança, destacando a variação entre 2019 e 2020 e os efeitos da pandemia de covid-19 nos números da telefonia móvel, entre outros. De acordo com o le-

vantamento, em Alagoas, 87,1% da população tem cobertura 4G. No setor rural, são 53,1% e no urbano o percentual de cobertura de rodovias federais com banda larga móvel atingiu 66,6%. Os dados apontam que em dezembro do ano passado, a Vivo possuía 33,55% do mercado de telefonia, seguido da Claro (25,72%), TIM (21,97%) e Oi (15,66%). Pequenos provedores somam 3,10% de participação no setor. A

Claro aumentou a vantagem em número de clientes no país em relação à Tim. É que durante a pandemia, a Claro pulou de 54,49 milhões de acessos em 2019 para 60,20 milhões em 2020. A TIM, por sua vez, fez caminho inverso. Caiu de 54,45 milhões para 51,43 milhões de usuários no mesmo período. No geral, a TIM foi a empresa que perdeu a maior quantidade de acessos, enquanto a Claro foi a que mais ganhou. Já a Vivo é líder

em acesso em 2.400 municípios brasileiros, a Claro em 1.286, TIM em 1.056 e a Oi em 777. Segundo o relatório da Anatel, uma das causas para a queda no número de acessos da TIM se deve à mudança na rotina dos brasileiros durante a pandemia. Com mais tempo dentro de casa, as pessoas passaram a utilizar ainda mais a internet fixa para estudar ou trabalhar. Como a TIM não tem oferta que inclua em um mesmo combo os serviços de telefonia celular, banda larga fixa e TV por assinatura, o número de acessos móveis da operadora recuou. A Oi também sofreu redução no número de acessos, variando 36,79 milhões para 36,65 milhões ao final dos anos de 2019 e 2020. “Mantendo a tendência dos anos anteriores a Claro é a única das grandes prestadoras a ter saldo positivo de portabilidade. O saldo anual da prestadora vem crescendo nos últimos quatro anos e fechou 2020 em 1,9 milhão de acessos”, diz o relatório. O documento contém também dados da empresa Opensignal sobre métricas de experiência em redes móveis que apontam a satisfação dos usuários durante o uso de serviços de streaming de vídeo, jo-

gos mobile multiplayer, aplicativos de voz (como WhatsApp e Skype), taxas de download e de upload e disponibilidade de 4G. Segundo o estudo, no final de 2020 o Brasil contava com 234,07 milhões de acessos móveis. Na comparação com dezembro de 2019, houve aumento de 7,39 milhões de acessos, o equivalente a 3,26%. Outro fator observado foi que o coronavírus influenciou também o ritmo de substituição dos acessos pré-pagos pelos pós-pagos. A expectativa da Anatel – baseada em tendência registrada nos últimos anos – era de que a maioria dos acessos fosse pós-paga já no início de 2020. Devido aos impactos econômicos da pandemia, consumidores preferiram acessos pré -pagos, que têm custo mais controlável. A densidade da telefonia móvel fechou o ano de 2020 em 97,20 acessos para cada grupo de 100 habitantes, aumento de 1,11% em relação ao exercício anterior. Vale ressaltar que apesar do aumento da base de assinantes, não houve degradação da qualidade do serviço prestado pelas quatro maiores empresas de telefonia móvel, que se manteve em torno de 80%. Além disso, em 2020 as operadoras conseguiram reduzir o


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Pagamento via Telegram

Planos de saúde

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omo adiantado pela coluna na última edição, o mensageiro Telegram recebeu uma atualização na plataforma com alterações tanto nos aplicativos para dispositivos móveis quanto nas versões web. A principal adição, divulgada esta semana, foi a chegada do recurso Pagamentos para qualquer chat. Comerciantes podem adotar até oito provedores de pagamentos parceiros do Telegram, que podem ser utilizados sem a cobrança de taxa pelo app. É possível também deixar gorjetas adicionais após a prestação de um serviço, como a entrega de uma pizza, por exemplo. Anteriormente era necessário utilizar um dos bots de pagamento da plataforma. Vale lembrar que o Telegram não guarda dados sobre pagamentos e libera a API para comerciantes interessados.

Transparência no crédito O Banco Central disponibilizou em seu site o Painel de Operações de Crédito, uma ferramenta que permite acessar dados do Sistema de Informações de Créditos (SCR) agrupados em diferentes dimensões. A nova página apresenta gráficos dinâmicos com informações sobre a evolução da carteira de crédito, da inadimplência e dos ativos problemáticos de acordo com o tipo de cliente (se pessoa física ou jurídica), a modalidade de crédito, a unidade da federação, a origem de recursos e o indexador das operações.

Imóveis com desconto A plataforma Seu Imóvel BB oferece imóveis com desconto de até 70% em Alagoas. A iniciativa é uma parceria do Banco do Brasil com o outlet de imóveis Resale. Além de Alagoas, também estão disponíveis imóveis em 24 estados e no Distrito Federal. As compras são online, podendo ser intermediadas pelo suporte comercial do site, imobiliárias parceiras ou ainda efetuadas por leilão. Ao todo, são 1.689 opções urbanas e 40 oportunidades rurais. Os valores variam entre R$ 15 mil e R$ 7,5 milhões – lotes de terra têm preços iniciais de R$ 5 mil.

O Procon ingressou com uma ação civil pública para questionar os aumentos de cinco operadoras de planos de saúde. O órgão de defesa do consumidor solicita que as empresas apresentem as informações que embasam os reajustes e os percentuais de aumento aplicados nos últimos três anos. Na ação, o Procon pede ainda que seja aplicada uma multa de R$ 10 milhões por danos morais coletivos contra as operadoras Amil Assistência Médica Internacional, Bradesco Seguros, Notre Dame Intermédica Saúde, Sul América Companhia de Seguro Saúde e Qualicorp Administradora de Benefícios.


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CARREIRA DE SUCESSO

Artista carioca conta sua trajetória como ator e bailarino em Nova York

Glauco Araújo coleciona prêmios e participações em dezenas de espetáculos de dança moderna

Glauco tem feito vários trabalhos nos EUA desde 2017

ARTHUR FONTES Estagiário sob Supervisão

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rofissional desde a adolescência, ser ator e dançarino não foi uma opção para Glauco Araújo. ‘’Eu não agi de acordo com minha verdadeira paixão pela dança até os 16 anos, mas todos os sinais de querer ser um artista sempre estiveram lá’’. O artista carioca de 28 anos é natural de Niterói e teve sua trajetória como ator e bailarino tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Araújo participou de vários curtas-metragens de sucesso, tendo sido premiado em festivais internacionalmente. Glauco foi atraído por Nova York no início de 2017 e recebeu uma bolsa de estudos no Alvin Ailey School de 2017 a 2018. Em 2018, foi dançarino destaque em Aria, dueto coreografado para ele por Pedro Ruiz, com acompanhamento ao vivo da Camerata NY Orquestra. O EXTRA entrevistou o ator para contar a trajetória internacional e como foi o processo de imigração nos EUA. Por que decidiu atuar

em Nova York? Quando cheguei a Nova Iorque, planejava ficar apenas duas semanas para ter aulas de dança e fazer um tour pela “Big Apple”. Durante minha segunda semana em Nova Iorque, me foi oferecido um estágio de verão em uma companhia de dança chamada Momenta em Chicago. Quando o estágio acabou, fui convidado para ser artista convidado da Momenta, que é uma companhia de dança moderna. Acho que fui abençoado em minha jornada como artista aqui nos EUA. Em Chicago, dancei papéis principais na companhia, incluindo clássicos do Ballet Russe, bem como no repertório de dança moderna, que era um sonho para mim. Além disso, nos primeiros meses ganhei uma bolsa de estudos na Alvin Ailey School e na minha estreia na dança em NY, pude dançar com a The Camerata New York Orchestra com uma coreografia criada para mim.

E depois, fiz parte de dois musicais Off-Broadway. Como descobriu sua vocação em atuar? Não foi exatamente uma decisão consciente, mas aconteceu muito naturalmente. E meu desejo de ser ator começou quando eu era criança. Lembrome de ser obcecado por TV e filmes. E acredito que não foi uma escolha. Se eu quiser ser “espiritual ou fatalista” sobre isso, posso dizer que era para ser. Há uma história muito engraçada que minha mãe me contou quando eu era muito jovem. Minha mãe diz que toda vez que uma novela em particular começava, eu corria na frente da televisão e dançava sem parar. Naquela época, as TVs eram preto e branco e eram superpesadas e eu fingia que era uma realidade alternativa, da qual eu poderia escapar. Enfim, a televisão naquela época era na casa da minha avó

e eu consegui colocar meu rosto na frente da TV para fingir que estava dentro dela. Quais as principais peças teatrais que você já trabalhou? Tenho trabalhado frequentemente com várias companhias de teatro em Manhattan: Triangle Theatre, The Snarks, ACC e EAG. Minha estreia em Nova York ocorreu em Forty Carats, de Pierre Barillet, no papel principal romântico de Peter Latham. Este papel cômico foi bem recebido e o que se seguiu foi outra parte cômica como o caduco Bob Lamb no Museu de Tina Howe. Foi muito divertido para mim interpretar e o público achou meu personagem hilário. E em uma série de apresentações pela cidade de Nova Iorque, consegui interpretar uma variedade de personagens diferentes: o papel impetuoso de Ken em Red de John Logan, o doce Cornelius em The Matchmaker de Thornton Wilder, o enganoso Morris Townsend em The Heiress, de Ruth and Au-

gustus Goetz, e o diabólico Adolf Eichmann, em Raul Wallenberg Saved Me. A covid-19 certamente afetou minha carreira de ator e dançarino, desde o início da pandemia em março de 2020. Quando a pandemia atingiu Nova Iorque, fui um dos primeiros casos de coronavírus da região. Tive a sorte de ter contraído um caso relativamente leve e, em um mês, voltei à atividade “normal” novamente. O teatro e o cinema ficaram paralisados por vários meses e o Zoom virou moda com as produções teatrais. Como foi sua experiência de imigração do Brasil para os Estados Unidos? Eu não falava inglês quando cheguei aqui em Nova York. Lembro que havia dias em que me sentia muito infeliz, porque não conseguia falar com as pessoas e dependia da ajuda de outros. É muito complicado e frustrante quando você não consegue expressar seus sentimentos. Tudo mudou quando comecei a trabalhar regularmente no teatro; e no trabalhar com o teatro consegui desenvolver melhor minhas habilidades na língua inglesa. Todo o trabalho de ensaio antes de um show, todo o trabalho de preparação para o desenvolvimento de um personagem, a interação com os outros atores e todas as pessoas envolvidas na produção me forçaram a me comunicar em inglês. Os ensaios me ajudaram não apenas artisticamente, mas me ajudaram a me tornar mais fluente e confiante em inglês. Com o passar do tempo, meu vocabulário cresceu e minhas interações tornaram-se mais naturais.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Compass e Toro: motor turbo 33% mais potente

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Stellantis abriu duas frentes de atualizações, quase simultâneas, em produtos que já têm participação de mercado bem forte. Em menos de uma semana apresentou as revitalizações da picape Fiat Toro e do SUV Jeep Compass. Em comum estreiam o motor GSE turbo flex mais potente e de maior torque já produzido no Brasil: 4-cilindros, 1,33 litro, 185/180 cv (etanol/gasolina) e 27,5 kgfm. Esse motor, fabricado em Betim (MG) desde março último, permitiu que o índice de conteúdo local do Compass passasse de 60% para 64%. O importado de 2 litros foi descontinuado. O Compass, lançado em setembro de 2016, ampliou o mercado de SUVs médios com preços bastante competitivos. Recebeu agora retoques externos e modificações no parachoque dianteiro da versão 4x2 para melhorar o ângulo de entrada (de 15,8 para 21,5 graus). O interior foi reformulado, incluindo quadro de

instrumentos digital, tela multimídia de 10,1 pol. e 30 litros de porta-objetos que realmente faziam falta. Novidade muito bem-vinda: freio de estacionamento eletromecânico com atuação automática devido ao avanço lento com câmbio automático quando engrenado. Carregador e conexão sem fio para celulares, entradas USB tipos A e C, sistema de frenagem automática capaz de detectar pedestres, bicicletas e motos e abertura/fechamento da tampa do porta-malas com movimento do pé estão entre as novidades. Aceleração de 0 a 100 km/h em 8,8 s, ou seja, 1,8 s mais rápida. Preços entre R$ 139.990 e R$ 216.990. Se já tinha estilo atraente, a picape Toro ficou melhor. Desde seu lançamento há cinco anos e 300.000 unidades produzidas foi a primeira mudança visual e na medida certa, sem exageros. Faróis LED agora estão em todas as versões, menos a de entrada que permanece com

antigo motor aspirado de 1,75 litro. Renovação do interior inclui nova tela multimídia de 10,1 pol. nas versões mais caras com pareamento de até oito dispositivos, internet com chip dedicado a bordo, navegador TomTom nativo, serviços de concierge e até aviso de recall, como no Jeep Renegade. A nova motorização muda bastante o comportamento da Toro, que sempre se ressentiu da falta de um motor flex adequado ao seu porte. Com até 46 cv e 8,2 kgfm adicionais (etanol) ganhou bastante em agilidade (0 a 100 km/h, 10,7 s). Capacidade de carga aumentou de 650 para 750 kg. O consumo Inmetro urbano com gasolina é ligeiramente melhor (2,1%), porém o motor mais fraco ganha em média 3,1% nos outros três ciclos em razão da metodologia. O tanque de combustível diminuiu de 60 litros para 55 litros com o novo motor, o que afeta o alcance. As novas versões vão de R$ 114.590 a R$ 187.490.

Bronco Sport estreia em 20 de maio A Ford aposta nos SUVs e terá o Bronco Sport que vem do México isento do imposto de importação de 35%. A versão Wildtrack deve se posicionar em preço entre o Territory e o Edge. O novo modelo tem 2,67 m de distância entre eixos e 4,39 m de comprimento, mas sua altura de 1,81 m o faz parecer ainda maior. Terá unicamente tração 4x4 e câmbio automático de oito marchas. Na Argentina, onde já está à venda, potência informada do motor 2-litros turbo a gasolina é de 240 cv e torque de 38 kgfm. A tampa do porta-malas per-

ALTA RODA n SEGUNDA geração do elétrico Renault Zoe, além da reestilização, recebeu bateria de 52 kWh com 25% a mais de alcance (até 385 km). Motor agora entrega 135 cv e 25 kgfm, o que permite acelerar de 0 a 100 km/g em ótimos 9,5 s. Altura de rodagem ganhou 2 cm. Freio de estacionamento eletromecânico é de série e o interior, inteiramente renovado. Em 30 minutos, um carregador rápido (50 kW CC) garante 150 km de alcance. Preços altos: R$ 204.990 a R$ 219.990. n SISTEMA de conectividade Bluelink, da Huyndai, estreia nos HB 20 hatch e sedã. O chip dedicado da Vivo é de série nas versões mais caras e custa R$ 1.400 nas outras. Assinatura mensal é grátis por seis meses e depois R$ 29,90 por mês. O sistema não oferece Wi-Fi roteável a bordo para ter preço mais acessível, porém assistência 24 horas e prevenção a furto/ roubo estão incluídas no Bluelink. n VERSÕES para sete passageiros têm evoluído na preferência dos compradores. Apesar de as minivans terem perdido muito espaço para os SUVs, na Chevrolet Spin a possibilidade de transportar mais dois passageiros representa agora 60% das vendas.

mite abrir o só vidro traseiro de forma independente, o que facilita guardar e apanhar mochilas e pequenos volumes. Também há uma plataforma para gerenciar

o volume de carga e até um abridor de garrafas. São sete modos de gerenciamento de tração, inclusive um específico para terreno pedregoso. Há nove airbags.

n RESSALVA: versão SUV do Fiat Argo será a primeira com o motor GSE turbo flex, 1-litro, 3-cilindros. Na coluna da semana passada houve um equívoco: motor de aspiração natural continuará, como hoje, com 1,33 litro e quatro cilindros.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

NEYMAR QUER VENCER LIGA DOS CAMPEÕES E MINIMIZA BOLA DE OURO

Técnico do CRB não comanda clássico devido à covid-19

O Paris Saint-Germain fez nta quarta-feira a partida de ida das semifinais da Liga dos Campeões da Europa contra o Manchester City, no estádio Parque dos Príncipes, em Paris. Na véspera do duelo, Neymar, que não é muito assíduo nesse tipo de situação, foi o escolhido pelo clube francês para estar ao lado do treinador argentino Mauricio Pochettino. O craque brasileiro destacou que seu foco agora é a conquista do título da Liga dos Campeões, que quase aconteceu na temporada passada - perdeu a final para o Bayern de Munique por 1 a 0, em Lisboa. Questionado sobre o sonho de ganhar a Bola de Ouro, o prêmio de melhor jogador do ano dado pela Fifa, o camisa 10 do Paris Saint-Germain afirmou que “não está nem aí” para essa premiação individual. “Estou muito feliz com a temporada que o PSG está fazendo. A questão da Bola de Ouro, já nem ligo para isso. Não é uma coisa que eu penso, para ser bem sincero eu não estou nem aí. Quero é ganhar a Champions League,

LUTO NO FUTEBOL ALAGOANO

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O técnico do Galo da Praia, Roberto Fernandes, testou para covid-19 e é mais um desfalque no CRB. A informação foi passada pela assessoria de imprensa do clube. O treinador iniciou o tratamento e cumpre o isolamento. O auxiliar Fernando Alves é quem vai comandar o time praiano e irá preparar o elenco para o clássico contra o CSA. Fernandes vai cumprir o protocolo adotado pela CBF e terá que ficar afastado por 10 dias. Assim, ele fica de fora nos próximos dois jogos. Fora Roberto Fernandes, o lateral esquerdo Guilherme Romão, o goleiro Edson Mardden, o volante Olívio e também são outros casos positivos no elenco regatiano. A partida contra o CSA é válida pela oitava rodada do Alagoano. O CRB lidera o estadual, com 13 pontos, já o Azulão é o segundo colocado com 12 pontos. Em caso de vitória dos alvirrubros o CRB dispara na liderança e não tem mais como ser alcançado na primeira fase.

quero vencer. Isso com certeza faz a diferença na minha vida, na minha carreira. Com certeza lá na frente vou olhar para trás e ver que ganhei uma, duas, três ou quatro Champions. Isso é o mais importante”, disse Neymar.

JORGE JESUS RELEMBRA TORCIDA DO FLAMENGO E LAMENTA FALTA DE PÚBLICO NOS ESTÁDIOS O técnico Jorge Jesus relembrou a torcida do Flamengo. O treinador comparou o impacto da Nação ao de torcidas de grandes clubes europeus, como Barcelona e Real Madrid. “Real Madrid, Barcelona, Flamengo, Benfica e outras equipes que têm torcidas muito grandes, são clubes de massa, sofrem com este tipo de problema. Mas é um fenômeno mundial e não temos muito a fazer”, disse ele. “Esses clubes estão acostumados a jogar para mais de sessenta mil pessoas pressionando, mas agora não têm mais isso”, completou o comandante. Jorge Jesus chegou ao Flamengo em 2019 com a missão de recolocar a equipe no caminho dos títulos e conseguiu com maestria. Com pouco mais de um ano de clube, conquistou o Campeonato Carioca, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, a Copa Libertadores e a Recopa Sul-Americana. Além disso, foi vice-campeão mundial, perdendo a final para o Liverpool.

O ex-presidente do CSE Luiz Fernando de Barros Júnior morreu esta semana em Alagoas, vítima da covid-19. Ele tinha 48 anos e comandou o clube tricolor do Sertão em 2010. Atualmente, exercia o cargo de chefe de gabinete da deputada Ângela Garrote (PP) na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Desportista, ele se destacou na juventude por sua habilidade e desenvoltura no futebol, chegando ao bicampeonato alagoano de futsal pelo Colégio Cristo Redentor. Era um craque da bola. Torcedor “doente” do Flamengo e do CSE, foi jogador profissional do tricolor e, depois, presidente do clube em 2010. Júnior já havia perdido a mãe, Maria Daguia Queiroz de Barros, em fevereiro, para a covid-19. Há pouco mais de dez dias, ele também contraiu a doença e vinha fazendo o tratamento em casa, sem apresentar sintomas graves e demonstrando sinais de melhora.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

A flexibilização da morte

PELO INTERIOR

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a nova etapa da flexibilização da Fase Vermelha do plano de distanciamento social com abertura diária do comércio e do Arapiraca Shopping trouxe alívio para o setor e preocupação para a população que está aflita com o número crescente de mortes provocadas por covid-19, um vírus maldito que já tirou a vida de cerca de 400 mil brasileiros. Para Wilton Malta, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Arapiraca, a decisão do governador Renan Filho “acalma um pouco a gente. E com a aproximação do Dia das Mães, traz alívio mesmo”.

Mortes nos hospitais Mas a alegria dos comerciantes com a reabertura total do comércio também é motivo de preocupação para a população e as autoridades sanitárias da segunda cidade mais importante de Alagoas, principalmente com o aumento do número de infectados, que têm abarrotado os leitos dos hospitais, e pelo número de mortos, que continua crescendo de forma assustadora.

Uso de máscaras As autoridades arapiraquenses precisam continuar com a campanha educativa, mostrando para os consumidores que circulam no comércio a importância de seguir os protocolos, como uso de máscaras e álcool 70. Com a flexibilização consentida pelo governo de Alagoas, a preocupação é com aumento do número de casos, já que hospitais como Chama, Unidade de Emergência do Agreste e Hospital Regional de Arapiraca estão no limite, com poucos leitos à disposição dos pacientes infectados pelo vírus.

Sem previsão E uma notícia boa em meio a tantas ruins em decorrência das mortes de profissionais de comunicação, como jornalistas Bernardino Souto Maior, Falcon Barros e o radialista Alisson Moura. O radialista Nelson Filho deixou a UTI e já está em uma enfermaria do Hospital de Emergência do Agreste, onde foi internado com covid-19. De acordo com informações da assessoria daquela unidade hospitalar, o profissional respira normalmente, mas ainda sem data para alta médica.

Oscilação na saturação

Pontos de vacinação

De acordo com a esposa de Nelson Filho, ele foi internado após ir buscar atendimento no Centro de Triagem Iza Castro, no Ginásio João Paulo II, momento em que foi notado que havia oscilação na saturação. Segundo familiares de Nelson Filho, o radialista apresentava sintomas leves, com uma pequena oscilação na saturação. Por isso, foi recomendado que ele fosse internado por precaução, para ter um reforço na oxigenação.

“No caso da Astrazeneca, nossas equipes colocam o prazo de 90 dias para aplicação, mas, de acordo com o próprio fabricante, depois de 84 dias a segunda dose já pode ser aplicada”, explicou a enfermeira. Dois pontos de vacinação seguem abertos. São eles: Sesc Arapiraca, que funciona das 8h às 17h, e drive thru do Arapiraca Garden Shopping, que funciona das 8h às 20h.

Vacinação Arapiraca

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Os idosos que receberam a primeira dose da vacina Astrazeneca no dia 1º de fevereiro já podem tomar a segunda dose do imunizante, fabricado pela Oxford/Fiocruz. A informação é da Secretaria Municipal de Saúde que explicou, por meio de sua assessoria, que o intervalo entre a primeira e a segunda dose para a vacina da Astrazeneca é de 84 dias. Sendo assim, os primeiros idosos que foram vacinados já estão aptos a receberem o complemento da imunização.

Segunda dose A coordenadora de Doenças Imunopreveníveis de Arapiraca, Mônica Suzy, adiantou que mesmo que a data estipulada no cartão de vacinação seja para os próximos dias, se o prazo de 84 dias tiver sido superado, a segunda dose pode ser aplicada.

Recebeu alta Ao som da sanfona, com muita alegria e gratidão, mestre Afrísio Acácio deixou o Hospital Regional de Arapiraca. O poeta e sanfoneiro, de 71 anos, recebeu alta hospitalar na segunda-feira, 26. Afrísio estava internado desde o dia 22 de março, com covid-19. Em um vídeo divulgado nas redes sociais por um de seus filhos, Afrísio agradeceu a toda equipe médica em forma de poesia.

Plano de vacinação Prefeitos e gestores de saúde voltam a se reunir com Sesau e Cosems para discussão de um plano para continuação da segunda dose diante da falta de vacinas, tendo em vista o não cumprimento da pactuação pelo governo federal.

Atraso no envio Com o atraso do envio para os estados de novas doses da Coronavac, que obrigou a muitos municípios prorrogarem de 21 para 28 dias a aplicação da segunda dose, os prefeitos querem evitar uma corrida vacinal. Gestores propuseram à Sesau e Cosems uma nota técnica oficial de um infectologista para acalmar a população sobre a eficácia da vacina.

... O presidente da AMA, Hugo Wanderley, reconhece que é muito difícil para o estado e os municípios cumprirem o que foi pactuado se o governo federal não dá transparência ao quantitativo existente no país. ... Diante da atual situação, Wanderley defende uma repactuação e um novo plano de vacinação para todos os municípios. (Com assessoria) ... Ainda sobre esse vírus terrível que tem tirado a tranquilidade da população: morreu na madrugada de terça-feira, 27, o chefe do gabinete da deputada Ângela Garrote, Luiz Fernando de Barros Júnior, 48 anos, em consequência das complicações causadas pela covid-19. ... Luiz Fernando estava internado no Hospital Santa Rita, em Palmeira dos Índios. ... O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Senac/Alagoas estão com matrículas abertas para os cursos de Informática Básica, em Arapiraca, e Depilador, em União dos Palmares. As inscrições podem ser realizadas até o dia 5 de maio, em qualquer central de atendimento. ... Ainda sobre as matrículas para os cursos em Arapiraca e União dos Palmares promovidos pelo MPT e Senac – Os interessados devem levar comprovante de residência e comprovante de escolaridade. ... Outros documentos: autodeclaração da situação de desemprego ou informalidade, Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), este último no caso de ser microempreendedor individual. (Com assessoria) ... Um lote específico da vacina Astrazeneca foi entregue no início de março e, diante do curto prazo de validade, os municípios foram orientados a utilizarem os imunizantes o quanto antes. ...Tal lote, de número 4120Z001, teve todas as suas doses aplicadas até o dia 24 de março, cinco dias antes do vencimento do prazo de validade, prevista para 29 de março, de acordo com informações contidas na remessa. ... Sendo assim, a Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Saúde, tranquiliza toda a população e ratifica que nenhuma dose da referida vacina foi aplicada fora do prazo de validade. (Com Ascom/ Arapiraca) ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, repleto de saúde e tranquilidade. Até a próxima edição!


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SAÚDE

Santa Casa investe em aparelho que detecta falha da coagulação Tromboelastograma auxiliará nas cirurgias de grande porte como o transplante hepático

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Santa Casa de Maceió é a única instituição do estado credenciada pelo Ministério da Saúde para a realização de transplante de fígado. Referência em cirurgias de grande porte, a instituição se prepara para iniciar as atividades do serviço e investe em equipamentos para garantir mais segurança durante os procedimentos. Recentemente, o hospital adquiriu um tromboelastograma, dispositivo que avalia a coagulação do paciente em tempo real. “Caso ele esteja sangrando sem um motivo aparente ou até mesmo por uma patologia muito complexa, inserimos o sangue no dispositivo que analisa, através de gráficos, a formação do trombo (coágulo). O exame usa vários reagentes que permitem analisar o que está faltando ao paciente (plaquetas, fator de coagulação ou fibrinogênio). Dessa forma, o

tratamento deixará de ser empírico, se tornando direcionado no ponto da coagulação que será tratado”, explicou a anestesista, Cira Queiroz. O aparelho consegue acompanhar a evolução do paciente ainda na mesa de cirurgia. “É a chamada abordagem point-of-care. Seu uso é indicado em pacientes que estejam com sangramento ativo, principalmente em cirurgias de transplante hepático, em cirurgias cardíacas ou qualquer outra cirurgia em que o paciente apresente um sangramento fora do normal. Ele tem se mostrado mais interessante do que usar exames convencionais (em laboratório) de coagulograma. Ganha-se tempo e mais precisão, já que o tromboelastograma mostra, ao vivo, várias facetas do que está acontecendo”, ressalta a especialista. Com a implantação do

Anestesista Cira Queiroz destaca os benefícios do novo equipamento

equipamento, a equipe da Santa Casa de Maceió terá ainda mais suporte para tratar o ponto alterado com a transfusão de hemocomponentes. “É um grande passo que a Santa Casa deu com a compra desse equipamento. Seremos os pioneiros no estado a realizar transplante hepático. Quando as atividades forem iniciadas, ele fará total diferença no tratamento, permitindo que o paciente saia da melhor forma possível. Foi realmente foi uma grande aquisição para o hospital”, finaliza Cira Queiroz.

Aparelho avalia a coagulação do paciente em tempo real


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RADAR LITERÁRIO Imprensa Oficial Graciliano Ramos reúne obras inspiradas no Sertão alagoano O Sertão alagoano é fonte inesgotável de inspiração para diversos escritores. Palco do cangaço e de parte da saga de vida de diversos personagens históricos, entre eles Lampião e Delmiro Gouveia, nosso semiárido é também a terra natal de grandes artistas como Breno Accioly e mestre Fernando Rodrigues, da Ilha do Ferro. Belo, complexo e marcado por atávicos conflitos sócio-políticos, o Sertão e suas inúmeras facetas são frequentemente abordados pela literatura ficcional e não ficcional, tanto em obras clássicas quanto contemporâneas. Um desses clássicos está sendo resgatado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos em parceria com a Eduneal: trata-se da terceira edição de O Cangaceiro Lampião e o IV Mandamento, de autoria do jornalista Valdemar de Souza Lima (1902 – 1987). O livro traz uma série de histórias reais que remontam à trajetória do herói-mito sertanejo Lampião, buscando narrar fatos trágicos e anedóticos do Capitão Virgulino e seu bando na caatinga nordestina. Nascido em São Sebastião, Valdemar de Souza Lima foi colaborador de vários jornais, incluindo a Gazeta de Alagoas e o Diário de Pernambuco. Viveu ainda em Viçosa, Santana do Ipanema e Maceió, até se estabelecer como tabelião em Palmeira dos Índios, onde conheceu e se tornou amigo de Graciliano Ramos na época em que o escritor exerceu o cargo de prefeito do município. Foi a partir dessa convivência amistosa que surgiu a ideia de publicar Graciliano Ramos em Palmeira dos Índios, obra biográfica, publicada em 1971, na qual jornalista mergulhou numa pesquisa profunda sobre a vida do Mestre Graça, trazendo informações sobre sua ascendência, sua infância, sua juventude e parte de sua vida adulta, a partir de depoimentos de amigos e conhecidos, revelando o meio que contribuiu para a formação intelectual e humana de Graciliano Ramos. Já em O Cangaceiro Lampião, Lima defende a tese de que a iniciação de Virgulino Ferreira no mundo do banditismo foi motivada pela vingança da morte do pai, vítima de uma ação direta da polícia alagoana. Ele relembra o primeiro assalto de importância praticado por Lampião na residência da Baronesa de Água Branca, entre outros causos pitorescos, apontando para o clima de terror gerado pela chegada de Lampião e seu bando nas localidades sertanejas e para uma certa omissão das autoridades da época em relação aos feitos dos cangaceiros.

UMA TRADIÇÃO NORDESTINA

Mantendo a tradição do romance regional, o escritor e historiador Benedito Ramos, imortal da Academia Alagoana de Letras, é o criador de uma saga sertaneja, repleta de personagens marcantes, que versa sobre diversos temas: a religiosidade, o coronelismo e as desigualdades sociais da região. Em Água de Chocalho, o autor descreve o drama da fome e da dominação política vivida pela família da personagem Deusdete, em um enredo que discute o abismo social provocado pelas disputas de terra e pelo latifúndio no município ficcional de Águas Claras, cidade fictícia submetida aos caprichos do coronel Honório Paes, um poderoso grileiro de terras, capaz de matar para atingir seus objetivos e manter sua autoridade. Já em Doce de Mamão Macho, Benedito Ramos aborda com humor, criatividade e leveza, temas difíceis, como sexualidade, questões de gênero, violência e a estrutura de poder coronelista do nordeste brasileiro, a partir dos dilemas e desventuras vividos pelo personagem Jesuíno Pereira que se casa com Maria Querência, uma mulher trans. Em Nadi, por sua vez, o autor discute o processo de transformação social decorrente

CORDEL SERTANEJO

Mantendo vivas as rimas e métricas da poesia popular, em Sertão e Cangaço, o cordelista Genivaldo Vieira da Silva – Geno – se dedica a dois temas fundamentais da região semiárida nordestina: a seca e o cangaço. Neste cordel, o poeta conta, em versos, como foi a vida do anti-herói sertanejo Lampião. No capítulo final da obra, Geno apresenta o ABC do Sertão, uma poesia que descreve o sofrimento vivido pelo povo sertanejo em época de estiagem.

do avanço das religiões evangélicas no Sertão alagoano, apontando para questões como intolerância e sincretismo religioso. O ponto de partida da narrativa se dá com a mudança de vida da rezadeira Chiquinha, que resiste à conversão ao protestantismo e deixa o município de Piranhas, no lombo de sua jumenta, para a cidade ficcional de Água de Chocalho. Sua chegada à cidade é permeada de acontecimentos miraculosos por conta de seu poder de curar as pessoas.

REDUTO DE ARTE E BELEZA

Ilha do Ferro, do fotógrafo Celso Brandão, reúne fotografias em preto e branco do mítico povoado sertanejo que dá título ao livro, situado à margem do rio São Francisco, famoso reduto da arte popular alagoana. As imagens revelam a religiosidade e a expressividade de sua gente e a paisagem rural do município de Pão de Açúcar. O livro traz ainda poemas assinados por Fernando Fiúza, sob o título Sertão Elegante.


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