Edição 1121

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ANO XXII - Nº 1121 - 05 A 11 DE JUNHO DE 2021 - R$ 4,00

CASO MALAQUIAS

TJ julgará habeas corpus para matadores de empresário Relator do processo será o desembargador Washington Luiz, citado como um dos possíveis mandantes do assassinato de Kleber Malaquias, ocorrido há 10 meses em Rio Largo. 2

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

TORTURA VIRA ROTINA NOS PRESÍDIOS DE ALAGOAS

Casos de violência são investigados pela OAB e corregedoria do sistema prisional 3

CASO PINHEIRO

JOGO DO PODER

DÍVIDA E PANDEMIA ACENDEM SINAL VERMELHO NA GESTÃO JHC 7

DEMORA NAS INDENIZAÇÕES PODE QUEBRAR PEQUENOS NEGÓCIOS

Caixa não garante financiamento de imóveis na região vizinha à atingida pelo afundamento de solo 8 a 12

CPI DA COVID

TC ENVIA LISTA DE MUNICÍPIOS INVESTIGADOS POR SUSPEITA DE IRREGULARIDADES 14


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Governador-tampão 1

- Faltando 10 meses para Renan Filho definir se fica no governo ou sai para concorrer ao Senado, a pergunta que todos fazem é quem vai substituí-lo a partir de 2 de abril de 2022, prazo final para o governador renunciar ao cargo se for disputar eleição. Nesse caso cabe ao presidente da Assembleia assumir o cargo e em 30 dias fazer eleição para escolha do governador-tampão.

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- Ao comandar o processo, o Poder Legislativo pode indicar um deputado ou um nome de fora apoiado por Renan Filho, desde que haja uma aliança entre as partes. Até agora os dois lados não chegaram a um acordo, mas as conversas continuam em busca de um entendimento.

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- Quem assumir o governo a partir de 2 de abril do próximo ano terá direito a candidatar-se à reeleição, mas ficará inelegível para eleições proporcionais. Essa exigência legal tira do páreo não só o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, como outros deputados que pretendem disputar uma cadeira na Câmara Federal ou mesmo a reeleição.

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- Na hipótese de Renan Filhar disputar o Senado sem uma aliança com o grupo de Arthur Lira, a Assembleia Legislativa deve indicar o deputado Davi Davino Filho para governador-tampão com direito a concorrer à reeleição no pleito de outubro do próximo ano.

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- Considerando essa possibilidade, Davi Filho terá como principais adversários em 2022 o candidato do governador – ainda indefinido – e o nome apoiado pelo prefeito JHC, que deverá ser o senador Rodrigo Cunha, além de outros candidatos menos competitivos.

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- Caso tenha êxito na empreitada, o deputado Davi Filho será o primeiro tampão a se eleger governador de Alagoas pelo voto popular.

Viva a ideologia

Fernando Collor, que namora o PP de Arthur Lira, pode ir também para o Patriota, partido que inve$te pesado na filiação da famíglia Bolsonaro. O senador deixará o Pros, que passou para o comando de Adeilson Bezerra, aliado de Renan, que apoiará Lula na eleição do próximo ano. Outra opção de Collor é o PL de Valdemar Co$ta Neto, que pode apoiar Bolsonaro em 2022.

Pedra no caminho

Sem um acordo com os deputados, Renan Filho pode encontrar dificuldade para administrar o Estado em 2022, último ano de seu governo, caso decida concluir o mandato. Com poderes para fiscalizar os gastos do Poder Executivo, a Assembleia Legislativa pode travar o orçamento e criar obstáculos administrativos para o governo.

Procura-se o procurador

Nomeado procurador de Estado sem nunca ter sido, Raimundo Tavares foi removido da Procuradoria de Controle Técnico dos Serviços Jurídicos da Administração Indireta (PAI) para a Procuradoria Judicial da PGE. Quase dois anos depois de ganhar de presente o cargo de procurador de Estado, Raimundo Tavares até hoje não deu um só dia de trabalho na Procuradoria, apesar de embolsar todo mês um salário de R$ 33 mil. A unidade em que estava lotado tem a sigla de PAI, mas como ninguém trabalha por lá, ganhou o cognome de MÃE. Para alguns políticos ligados ao governo, este Estado é mesmo uma mãe.

Sinuca de bico

O julgamento de um pedido de habeas corpus para dois dos quatro acusados como autores materiais do assassinato do empresário Kleber Malaquias, em Rio Largo, sobrou para o desembargador Washington Luiz. Citado como um dos possíveis mandantes do crime, o magistrado deve se considerar impedido de atuar nesse processo. Do contrário, ficará numa sinuca de bico; se soltar os réus ou negar o pedido. Em qualquer dos casos, sua ação sempre vai levantar suspeita.

Precipitação

Até agora é desconhecido o propósito do prefeito do Pilar, Renato Filho, de lançar sua candidatura a governador 18 meses antes das eleições do próximo ano. Também não se sabe se foi incentivado pelo governador ou se o objetivo é forçar uma declaração de apoio de Renan Filho. Qualquer que seja a intenção do prefeito, a atividade política recomenda muita prudência e pouco açodamento. Sem falar na falta de estrutura e pouca densidade eleitoral do candidato.

Aval eleitoreiro

O engenheiro agrônomo Hibernon Cavalcante está sobrando no cargo de secretário de Agricultura de Arapiraca. Com alta qualificação técnica e profissional respeitado em Alagoas, Hibernon não deveria se submeter aos propósitos eleitoreiros do presidente da Câmara de Vereadores, que o usa como avalista de suas atividades nada republicanas.

Cadáver político

O taturana Cícero Almeida, que ainda não conseguiu escapar dos processos por corrupção, quer se candidatar a uma vaga na Assembleia Legislativa. Sem credibilidade e sem votos, deverá ser sua última disputa eleitoral antes da aposentadoria compulsória que o espera.

Vara da Saúde

O Pleno do TJ-AL aprovou anteprojeto de lei de autoria do desembargador Klever Loureiro que acaba com a 30ª Vara da Saúde Pública Estadual. Após quase dois anos de existência, a jurisdição acumulou uma montanha de processos que agora serão redistribuídos para as demais varas da Fazenda Estadual.


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SISTEMA PRISIONAL

Denúncias de torturas em presídios tornam-se comuns em Alagoas Histórico revela violência em unidades que deveriam servir para ressocialização DA REDAÇÃO

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m vídeo obrigando um detento a dançar. Ao fundo, um homem gritando “Dança, porra!”. Com medo, o presidiário responde “Estou dançando, senhor”. O vídeo é antigo, já circulou muito nas redes sociais e aconteceu dentro de um presídio em Alagoas. A cena retrata uma tortura psicológica. Agora em 2021, outro caso de possível tortura foi registrado e acabou em morte. Em maio, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) acionou a Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) para prestar esclarecimentos sobre a morte de um detento dentro do sistema prisional. Ao ser noticiado na imprensa, segundo a OAB, outros advogados procuraram a Comissão de Direitos Humanos para relatar novas denúncias de agressões. Conforme Anne Caroline Fidelis, presidente da comissão, está em investigação um caso que ocorreu dentro do Núcleo Ressocializador que deixou o reeducando com marcas de agressão nos olhos, nos braços e nas costas. Outro caso é referente a um idoso de 69 anos que teria morrido, após agressão, dentro do sistema prisional em decorrência de ferimentos. Casos de torturas não são

novidade. Em 2014, a empresa Reviver Administração Prisional Privada Ltda, que gerencia o Presídio Desembargador Luiz de Oliveira Souza, em Girau do Ponciano, demitiu 12 agentes após denúncia de maus-tratos contra um presidiário. Acusado de estuprar uma menina de quatro anos em Palmeira dos Índios, Paulo Moisés da Silva, 28, na época, relatou ter sido agredido e torturado dentro da cela. Já em agosto do ano passado, cerca de 200 mulheres familiares de detentos se manifestaram em frente ao Polo Industrial de Alagoas exigindo o retorno das visitas e da entrega de alimentos. Elas denunciaram a ocorrência de torturas em unidades prisionais do estado. Segundo relato de uma manifestante à imprensa, os presos estavam sendo obrigados a beber a própria urina, não recebiam alimentação e não tinham direito a banho de sol. Também em 2020, em setembro, um vídeo publicado pela Agenda Nacional pelo Desencarceramento mostrou seis reeducandos do Presídio Cyridião Durval de Oliveira e Silva, em Maceió, agonizando no chão sem ar. “Tiramos para atendimento na enfermagem por falta de oxigênio circulando”, diz a pessoa que grava

Alagoas possui uma alta taxa de superlotação prisional as imagens. Ainda segundo ela, a insuficiência respiratória teria se dado pela superlotação das celas somada com a falta de circulação de ar na unidade carcerária. As denúncias se estenderiam para relatos de maus tratos, superlotação, tortura, falta d’água, comida estragada, falta de materiais

de higiene e proteção dentro dos presídios. Em outubro de 2007, um caso de tortura também ganhou as páginas da imprensa nacional. “Laudo feito por peritos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República aponta que um detento morreu, após ser torturado, em um presídio de Alagoas. Antô-

OUTRO LADO

o direito ao contraditório e ampla defesa”. “Quanto à denúncia sobre suposto óbito de reeducando em decorrência de agressão que teria sofrido no complexo penitenciário, o custodiado, na verdade, foi agredido por populares antes de ser preso e encaminhado à unidade do sistema prisional, o que teria sido comprovado por exame de corpo de delito remetido, inclusive, ao Poder Judiciário. “Cabe esclarecer também que, ao sentir-

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or meio de nota, a Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris) afirmou que “as denúncias apresentadas pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB -AL) já são de conhecimento da corregedoria do sistema prisional, que abriu processos administrativos disciplinares (PADs) para apurar cada episódio relatado, garantindo aos servidores denunciados

nio Marcos da Silva foi encontrado morto no Presídio Baldomero Cavalcante, em Maceió, com uma corda de náilon no pescoço. O caso foi divulgado como suicídio. Os peritos identificaram marcas de estrangulamento em Silva - preso acusado de sequestro - provocado no dia em que foi encontrado morto”, informou reportagem da Folha de S.Paulo. Sobre as denúncias recentes, a advogada Anne Caroline Fidelis declarou que os relatos que chegam à OAB estão sendo checados e os devidos encaminhamentos serão dados para que as providências sejam tomadas e os responsáveis sejam identificados, resguardando sempre o direito de defesa. “Acreditamos que a advocacia perdeu o receio de denunciar por medo de re-

se mal, o reeducando em questão foi prontamente socorrido por equipe de policiais penais e, ressalte-se, não evoluiu para óbito”, diz a nota. “Certa de que tudo será esclarecido, a Seris reafirma a legalidade e transparência da gestão prisional em Alagoas, ratificando o respeito a princípios como o da dignidade da pessoa humana e renovando seu compromisso com a ordem e disciplina do sistema prisional”, concluiu a pasta.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

A vontade de Lessa

Na estrada

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os bastidores da política tupiniquim já circulam as informações de que o vice-prefeito Ronaldo Lessa, caso JHC não venha a admitir uma candidatura ao governo do Estado, estaria disposto a disputar o Senado da República. Mas sua vontade não fica só nisso. Insatisfeito

Desconforto

Além de Ronaldo Lessa, que não tem tido a devida atenção no seu quinhão na Prefeitura de Maceió, alguns vereadores da base aliada ainda esperam sentados a nomeação dos seus apadrinhados, o que tem ocasionado problemas no relacionamento junto ao prefeito JHC.

Outro partido

O senador Fernando Collor não tem dado pistas, mas se prepara para pular do barco do PROS com a ascensão a presidente da legenda pelo amigo de infância da família Calheiros, Adeilson Bezerra. Como não vai apostar em prováveis desacertos, Collor analisa convites e aguarda a decisão do presidente Jair Bolsonaro para saber para onde vai.

Crescendo

A aparição de Fernando Collor em contato direto com os internautas respondendo perguntas consideradas até mesmo desagradáveis, tem oxigenado a vida política do senador. Collor tem sido hilário em algumas oportunidades e isso tem levado seus seguidores ao delírio. Aos poucos o senador vai ganhando adeptos e eleitores.

Preferência

Em algumas pesquisas realizadas até agora, Fernando Collor tem demonstrado que sua candidatura à reeleição cresce a cada dia, o que parecia até pouco tempo atrás improvável, se considerar que Renan Filho seria também candidato. Agora a situação muda de figura e Collor sai na frente, com tendência de crescer muito mais.

Vantagem

O Instituto Falpe, que divulgou para alguns comentaristas políticos alguns cenários políticos, prevê que, no momento, o ex-presidente Lula teria 36% da preferência do eleitorado, seguido do presidente Jair Bolsonaro na cola com 30%. Esse placar, momentaneamente, favoreceria a aliança Collor/Bolsonaro.

com o tratamento que vem recebendo do próprio companheiro de chapa, no caso JHC, Ronaldo contabiliza a conta-gotas as nomeações a que tem direito, fato que tem desagrado ao próprio Lessa e aos amigos que deram sustentação na sua candidatura.

Sem entender

Investigação

Os órgãos de fiscalização devem iniciar uma série de procedimentos para descobrirem as gordas emendas destinadas por alguns vereadores de Maceió para várias instituições. A bagatela chega a R$ 11 milhões, segundo denúncias públicas, mas a diretoria da Casa não tem se manifestado a respeito, assim como sobre outras demandas que ainda não foram devidamente esclarecidas.

Pronto pra luta

Baseado em algumas pesquisas, o prefeito do Pilar, Renato Resende, já tem mesmo admitido sua candidatura a governador. Como primeira providência, escalou como o número 1 da campanha o conhecido Paulo dos Santos, o Paulão, que já brigou com familiares do próprio prefeito, além de ter sido assessor de Renan Calheiros, João de Paula e João Lyra. Com o grande reforço, Renatinho espera chegar lá.

Calo

A chegada de um marqueteiro de renome e que deve custar os olhos da cara para a pré-campanha de Renato Resende ao governo do Estado pode ocasionar sérios problemas de disputa de espaço na turma do prefeito do Pilar. É esperar pra ver.

Os três disputam a preferência de Renan Filho e têm nos últimos dias viajado para o interior para conhecer melhor os municípios alagoanos e, naturalmente, as suas peculiaridades. Mas somente o aval da família Calheiros não será suficiente para chegar ao Palácio República dos Palmares. Em plena pandemia o governo do Estado aplaudiu a realização de jogos do campeonato alagoano de futebol, da Copa do Nordeste, do Brasil e o início da série B. Mas foi contra a proposta da realização da Copa América.

Em alta

Referência pitalar

hos-

Em um patamar diferenciado, a Santa Casa de Misericórdia tem demonstrado eficiência, estrutura e competência para lidar com casos complexos, principalmente nesta época de pandemia. Com protocolos rígidos e um atendimento digno dos maiores centros do país, a instituição dirigida pelo provedor Humberto Gomes de Melo passa a ser referência nacional, inclusive no tratamento de pessoas com covid-19. Que o diga quem precisou passar pela terrível experiência de ter contraído o vírus. Aos médicos Felipe Resende e Anne Danielle, grupo de enfermagem, pessoal de apoio e à direção da Santa Casa, os sinceros agradecimentos deste colunista.

Preferência

Muito embora o governador Renan Filho ainda não tenha emplacado um nome para seu sucessor se for mesmo candidato ao Senado, o prefeito do Pilar briga para ter a preferência do chefe do Executivo, embora corram na mesma raia Alexandre Ayres, da Saúde, e Rafael Brito, da Educação.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, é hoje disparado o maior nome político com condições de formar um grupo imbatível para disputar as eleições para o governo no próximo ano, numa dobradinha com o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. Esforçado, humilde e competente, Victor tem se revelado grande articulador e respeitado pelos deputados com assento na Casa de Tavares Bastos. Será o diferencial na escolha do futuro candidato ao Palácio República dos Palmares.

No páreo

Depois de idas e vindas, o nome do secretário de Segurança, Alfredo Gaspar, volta a ser cogitado para disputar o governo do Estado caso Renan Filho decida se candidatar ao Senado Federal. Assim, ele, Alexandre Ayres e Rafael Brito formam o trio com desejo de chegar ao Palácio República dos Palmares.

Tá difícil

Em outros anos, a esta altura do campeonato, os grupos da situação e oposição praticamente já haviam definido quem seriam os candidatos ao governo do Estado. Mas parece que a coisa não anda tão fácil para se encontrar um candidato que realmente tenha poder de fogo para substituir Renan Filho. Nem do próprio grupo dele.


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JOGO DO PODER

Renan Filho se apega a números da economia alagoana para atrair eleitores

Resultados positivos em plena pandemia foram mostrados pelo secretário George Santoro ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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desempenho da economia brasileira em tempos de pandemia será um dos pilares na busca por eleitores, tanto pelo governador Renan Filho (MDB) quanto pelo senador Fernando Collor (PROS). Ambos disputam a única vaga ao Senado que será aberta em 2021. Renan Filho se apega ao secretário da Fazenda, George Santoro, que esta semana mostrou os resultados positivos dos cofres estaduais no primeiro quadrimestre deste ano. Collor agrega sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro, que comemorou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB): 1,2% na comparação com o trimestre anterior. Mas o ânimo do mercado não chega aos mais pobres: 14 milhões de desempregados pelo Brasil, 6 milhões de desalentados, 7 milhões de subocupados. Ou seja: 27 milhões de brasileiros sem renda ou com renda parcial do trabalho. Quase o número de famílias inscritas no CadÚnico: 29,6 milhões. Além disso, 19 milhões passaram fome no final do ano passado e 116,8 milhões conviveram com alguma insegurança alimentar. CENÁRIO Na Assembleia Legislativa, o secretário Santoro mos-

trou, em audiência pública para discussão do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO/2022) que no primeiro quadrimestre deste ano Alagoas teve desempenho chamado por ele de muito bom na economia, com todos os setores crescendo bastante, formalizando a economia (mais carteiras assinadas) e o pagamento do auxílio emergencial (feito pelo governo federal), concedido ano passado e reeditado este ano ajudando a alavancar estes números. A volta da atividade plena do setor químico e plástico registrou crescimento acima de 70%, puxando uma cadeia produtiva de mais de 100 empresas no estado. Atividades econômicas de atacado, varejo e indústria tiveram crescimento de 45% em março, comparando ao mesmo mês do ano passado. Também no receituário adotado por Santoro houve prorrogação do pagamento do ICMS das empresas do Simples Nacional; prorrogação de prazos processuais e cumprimento de obrigações tributárias junto à Secretaria da Fazenda; prorrogação do pagamento dos parcelamentos dos débitos fiscais, suspensão de cobrança de imposto, multa e acréscimos legais nos postos fiscais de fronteira; antecipação do pagamento do 13° dos aposentados e pensionistas da primeira faixa salarial; linha de crédito pela agência de

Santoro em audiência pública na Assembleia Legislativa fomento estadual (Desenvolve); medidas tributárias e de crédito para hotéis e similares no valor estimado de R$ 35 milhões; manutenção do ICMS em 5% para todas as companhias aéreas e publicação de decreto para redução de despesas com custeio e investimentos, além da suspensão de novos contratos, no período de abril a junho de 2020, de todos os órgãos do Estado - com exceção para as atividades e ações de combate à covid-19. Mas, no contraponto, como o próprio secretário lembrou, o turismo foi afetado pela pandemia, além de bares e restaurantes. Projetos de lei tramitam na Assembleia para ajudar estes setores. Bares e restaurantes empregam mais de 100 mil pessoas em Alagoas. Na sua análise, o Brasil precisa efetivar as reformas para sanar os efeitos da co-

vid-19 nos cofres públicos, que devem se estender pelos próximos 30 anos. A dívida pública consome 90% do PIB no país. O desafio dos próximos gestores é propor alternativas para diminuir o endividamento. O câmbio brasileiro cresceu nos últimos anos e puxou a inflação, aumentando preços. O endividamento do Estado está em trajetória declinante: bateu o mais baixo nível dos últimos 30 anos. “Isso mostra uma estratégia acertada de responsabilidade fiscal desde 2015”, disse. Por outro lado, o endividamento brasileiro vem crescendo. Em 2020, Alagoas atingiu R$ 1 bilhão em investimentos públicos, tendo sido o segundo estado que mais investiu em relação à sua receita corrente líquida, ficando atrás do Ceará e provavelmente em 2021 será o de maior investimento públi-

co em relação à sua receita corrente líquida em todo o Brasil. Cenário, disse o secretário, possível por conta do equilíbrio fiscal e agenda de reformas contínuas aprovada pela Assembleia. Pelos números apresentados por Santoro, a reestimativa da receita alagoana, em 2021, é de R$ 11,1 bilhões e, em 2022, R$ 10,7 bilhões. “Estamos vivendo uma pandemia pelo segundo ano, mas agora, com a expectativa boa da vacina avançando e da economia reagindo bem à situação. O Estado está se preparando para receber investimentos, com uma infraestrutura que atraia novos negócios e, com isso, gere mais empregos para a população”, comentou o secretário, em audiência com poucos parlamentares presentes e sem a oposição, bastante crítica ao governo. Ao mesmo tempo, os gestores alagoanos são criticados pelo desconto de 14% dos aposentados e pensionistas que recebem a partir de um salário mínimo, dinheiro encaminhado para o Alagoas Previdência. E também pela falta de estratégias para o combate à pobreza, mesmo Alagoas tendo um Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep), com caixa estimado de R$ 500 milhões. Como paliativo, o governador Renan Filho anunciou o Cria, um bolsa família estadual de R$ 100 para 9 mil famílias cadastradas.


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JOGO DO PODER Bolsonaro ter popularidade suficiente para derrotar o ex -presidente Lula, que lidera as pesquisas ao Palácio do Planalto. O presidente, porém, já disse que quem quiser mais auxílio “vá no banco fazer empréstimo”. VOZ

Senador postou em seu Facebook imagens da visita que fez no domingo ao Litoral Norte

Collor surfa no PIB e vira líder do Senador forma nova de choque bolsonarismo e tropa quer presidente em Alagoas mais vezes no estado

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crescimento do PIB nos três primeiros meses de 2021- 1,2%mesmo sem alcançar empregos de menor qualificação, como os do mercado informal - foi um alívio e uma surpresa para os bolsonaristas. O senador Fernando Collor (PROS) aproveitou para mostrar sua fidelidade ao presidente Jair Bolsonaro, escrevendo um “post dedicado aos pessimistas e aos que torcem contra o Brasil. Vamos juntos”. No depoimento da médica imunologista e oncologista Nise Yamaguchi à CPI da

Covid, Collor seguiu Bolsonaro, com mensagens de solidariedade. “Solidarizo-me com a médica Nise Yamaguchi, que foi à CPI e lamentavelmente foi alvo de ataques que não fazem parte de nenhuma metodologia de investigação. A CPI pode ter um papel importante ao seguir o caminho da apuração e discrição. Não é preciso destratar para investigar”. Nise é uma das principais defensoras do uso da cloroquina e bastante ligada ao presidente da República. Collor também ironizou as manifestações contra o presidente, registradas no último sábado: “Gostaria de parabenizar os participantes

das manifestações de hoje contra o governo. As imagens mostram que foi obedecido cirurgicamente o distanciamento social de 5km entre cada membro”. Ao mesmo tempo, de olho na popularidade em queda de Bolsonaro - sem citá-la faz a defesa pelo pagamento, por mais dois meses, do auxílio emergencial “O Congresso Nacional deve estender por mais 2 meses o auxílio emergencial. Mas é preciso ir além! Ao retomar o debate, é importante colocar em discussão o reajuste dos valores que são distribuídos aos brasileiros mais vulneráveis”. O Centrão sugere que sejam pagos R$ 400 para

A estratégia de Collor é ser uma das vozes do bolsonarismo, principalmente em Alagoas, onde concede generosos espaços em seus meios de comunicação para os deputados estaduais Cabo Bebeto e Davi Maia, o vereador Leonardo Dias e o policial federal Flávio Moreno - os braços de Bolsonaro em Alagoas, já que o cérebro é o senador. Com livre circulação no gabinete presidencial e ministérios, Collor foi rápido, telefonou para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e, ao lado de Fabrício Galvão, superintendente do DNIT em Alagoas, anunciou a rápida recuperação de trecho da BR-101, em São Miguel dos Canpos, que cedeu com as chuvas dos últimos dias. “Ali tinha uma erosão antiga, que não suportou o grande volume de chuvas do município de São Miguel dos Campos. Foi feito o desvio do tráfego, e a nossa ideia é recuperar o mais rápido possível a drenagem naquele trecho e liberar o fluxo de veículos”, prometeu o superintendente do DNIT. O senador, aliás, planeja trazer mais vezes Bolsonaro ao estado para incrementar sua campanha à reeleição. Bolsonaristas sugerem um desfile de motos, como aconteceu em Brasília e Rio, pelas ruas de Maceió, com o presidente à frente, debochando do senador Renan Calheiros (MDB) e falando em investigações contra o governador Renan Filho (MDB). Calhei-

ros é relator da CPI da Covid. A dificuldade de fazer ecoar as críticas em Alagoas está na resistência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em querer evitar o confronto com os Calheiros, ao menos em público. O próprio Collor adia o início da campanha de rua e seu conhecido tratamento impiedoso, nos palanques, a seus rivais. Já Arthur Lira, seguindo a pressão do mercado, não vai colocar em pauta o impeachment de Bolsonaro após as manifestações registradas na semana passada, em que se pedia a saída dele do poder. “Não é uma caminhada de um grupo numa semana ou a caminhada de outra parcela na outra que vai fazer com que isso ande nesta Casa”, disse. Os protestos reuniram 420 mil pessoas em 213 cidades brasileiras e 14 no exterior. 110 pedidos de impeachment tramitam na Câmara: “O Brasil não tem essa instabilidade política. Há apoio para o presidente em todas as matérias, principalmente na Câmara e no Senado, sobre o tema das reformas estruturantes, as reformas que tramitam nesta Casa”, afirmou. E a respeito da CPI da Covid, marcando posição ao lado do presidente, mas sem partir para o confronto com o relator da comissão, Renan Calheiros, defendeu que as investigações cheguem aos governadores e prefeitos. Enquanto isso, grupos de esquerda querem promover mais manifestações de rua, unindo movimentos sociais, estudantes e sindicatos. Além do impeachment, devem insistir na vacinação mais rápida, auxílio emergencial de R$ 600, além da não-privatização de estatais como a Eletrobras e os Correios.


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JOGO DO PODER

Dívida e pandemia geram alarme na era JHC Resultados do primeiro ano de mandato do prefeito são fundamentais para construção da 3ª via eleitoral

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prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), ligou o alerta vermelho na condução das contas públicas e projeta “postura prudencial” em 2021 e 2022, por conta do passivo de R$ 332 milhões herdados do ex-prefeito Rui Palmeira (Podemos) e dos efeitos da pandemia. A inflação de 4,52% e a queda de 4,5% do PIB em 2020 fazem parte do que JHC chama de “conjunto de condicionantes” para um cenário econômico com “meta fiscal flexível para o exercício de 2022”. JHC lidera na disputa ao governo do Estado, segundo o Instituto Paraná Pesquisas, em levantamento publicado no final de abril. Mas a avaliação interna é que ele não deve deixar o comando do Executivo Municipal. Por isso, o senador Rodrigo Cunha (PSDB), aliado de Jota, é quem deve disputar o governo. PROJEÇÕES Em 2021, a Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê receitas de R$ 2,1 bilhões,

8% menor que o ano passado. Para 2022, projetamse R$ 2,5 bilhões. Se este número se confirmar, será o melhor resultado desde 2019. Previsões também nada otimistas para a arrecadação de impostos e taxas para 2021: queda de 5,4% em relação ao ano passado. Este ano, projetam-se R$ 513 milhões. A dívida deve atingir R$ 514,8 milhões, recuo de 6,9% comparado ao ano passado. Para 2022, as previsões indicam R$ 476,4 milhões. A dívida menor significa mais cortes de gastos no Executivo, que já negou repor a inflação nos salários defasados do funcionalismo. Por isso servidores ameaçam deflagrar uma greve geral Todos estes resultados são determinantes para o grupo político de JHC, que agrega pouquíssimos prefeitos, dois deputados estaduais e depende quase completamente das redes sociais, em busca de eleitores principalmente mais jovens, além de aprovação do eleitor na capital, que tem o maior número de votantes no estado. Um bom resultado no

JHC em entrega de residencial acompanhada por Collor primeiro ano da gestão JHC dará condições para que o grupo possa construir uma terceira via na disputa ao governo e ao Senado em 2022. Um dos nomes é o pai do prefeito, João Caldas. Ele é cotado a disputar uma das nove cadeiras de deputado federal. Outra ideia é investir na reeleição de Arthur Lira (PP), hoje presidente da Câmara. O presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD), deve ser o próximo governador eleito pelo Legislativo para um mandato-tampão, já que Renan Filho (MDB) pode renunciar para disputar a vaga ao Senado, hoje de Fernando Collor (PROS). Aliado de Arthur Lira, Victor não deve subir no palanque com JHC. Deve estar mais próximo do governador. Além de evitar entrevistas com a imprensa - para elas não serem mal interpretadas por Renan nem Lira o presidente da Assembleia não endossa críticas ao governador nem apareceu ao lado do presidente Bolsonaro, quando ele esteve em

Alagoas, para evitar se indispor com os Calheiros. O Democratas mira a filiação de Marcelo Victor, mas ele mantem silêncio. Já Lira é útil ao grupo de JHC. Sua proximidade com Bolsonaro pode facilitar a abertura de portas em Brasília para que Maceió consiga recursos federais e empréstimos. Na visão do grupo, empréstimos significam mais obras tocadas na capital. Obras alimentam empreiteiras, mas também atraem milhares de empregos diretos e indiretos, melhorando a aprovação popular e agregando mais partidos (tempo de TV no guia eleitoral) e nomes de destaque. Na Assembleia, JHC tem apoios dos deputados Davi Maia (DEM) e Cabo Bebeto (PTC). Eles disputam a reeleição e surfarão nas ondas dos resultados deste primeiro ano de mandato do prefeito. Ao Senado, a proposta de apoio à reeleição de Collor não é consenso. Rodrigo Cunha, por exemplo, não sobe no palanque de Collor. JHC não teria problemas se a alternativa do grupo for mesmo esta. Na Câmara de Vereadores, JHC investe pesado em

busca de fidelidade e votos. Além da distribuição de cargos na máquina pública municipal, o prefeito aceitou a manobra do Legislativo mirim, que diminuiu o poder de remanejamento do prefeito no orçamento deste ano. Jota vai operar com o mínimo: 5%. Se quiser mais, terá de recorrer à Câmara. Estava previsto 25%. O prefeito anterior, Rui Palmeira, tinha margem de remanejamento de 25% a 30%. Os 5% são o menor percentual possível, segundo previsão legal. Isso significa que JHC depende ainda mais da Câmara para aprovar remanejamento de valores entre pastas municipais, em busca de fidelidade de sua bancada para o próximo ano. O remanejamento de recursos faz parte do dia a dia da gestão municipal. Existem secretarias que precisam de manutenção, aquisição de materiais, custeio de pessoal, etc. A emenda que diminui o poder de remanejamento do prefeito foi do vereador João Catunda, que é da bancada do prefeito, com consentimento do presidente da Câmara, Galba Neto.


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CASO PINHEIRO

Empreendedores cobram agilidade em pagamento de indenizações Associação diz que incerteza está matando os negócios dos bairros afetados pela mineração da Braskem MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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presidente da Associação dos Empreendedores no Bairro do Pinheiro e região afetada pela mineração da Braskem, Alexandre Sampaio, diz que a demora nas indenizações e a incerteza dos critérios estão matando os negócios dos quatro bairros de Maceió. Para ele, é preciso pressionar a Braskem e os órgãos de controle que assinaram o acordo pra agilizar o pagamento das Indenizações. Segundo ele, são 4 mil empresas, 60 mil moradores e 30 mil trabalhadores afetados pela mineradora. Porém, diz, embora a Braskem já tenha os documentos de mais de 50 empresas da Associação dos Empreendedores, não fez sequer uma proposta de acordo. O empresário faz um comparativo ao dizer que entre os meses de setembro e novembro as empresas estão planejando os investimentos e prioridades para o próximo ano. Segundo ele, a preocupação é maior com alguns segmentos, como por exemplo as escolas. É que entre outubro e novembro os pais decidem onde os filhos vão estudar e naquela região os donos das escolas estão paralisados.

“Perderam todos os alunos para 2021, sem indenização não podem investir numa nova sede em outro bairro e, por isso, não podem sequer fazer campanha de matrícula para o ano que vem. Isso é um crime com a educação”, criticou Sampaio. Ele alerta que a situação dos empreendedores é grave e ainda mais para as duas maiores escolas que, mesmo tendo perdido 90% dos alunos, estão fora da área do mapa de riscos da Defesa Civil e Braskem. “Até agora nem a Defesa Civil, nem a Braskem reconheceram essa obviedade: que negócios podem sobreviver num bairro totalmente evacuado?”, questiona o empresário. “Sem prazo pra receber, sem qualquer certeza pela ausência de critérios, não previstos no acordo, vivemos dias de aflição, angústia e revolta”. Sampaio aponta as principais reinvindicações como a de que seja definitivamente reconhecido pela Braskem e autoridades que todos os quatro bairros são área de Risco Econômico, independente do Risco Geológico. Pois, o esvaziamento, a insegurança e a incerteza tornaram esses ambientes impossível para negócios. Além do que se pague o

Milhares de moradiasa hoje estão reduzidas a escombros em ruas desertas valor necessário para as empresas serem evacuadas, conforme as necessidades individuais. “Oferecer R$ 10 mil é uma piada de mal gosto, um insulto e uma pá de cal”, criticou. Ao afirmar que a saída pra um local provisório gera inúmeros custos que não podem ser descontados da indenização, a exemplo de aluguel, reformas, marketing, capital de giro para bancar os custos fixos enquanto está reformando e não alcança o ponto de equilíbrio, entre outros. A categoria pede, ainda, que sejam pagos lucros cessantes de acordo com o tempo de existência de cada empresa. Segundo o representante, não faz sentido o que a Braskem propôs de nivelar

todas as empresas em míseros dois anos. “Pergunte se a Braskem, com mais de 40 anos aqui, aceitaria sair de Alagoas com apenas dois anos de lucros cessantes”, comparou. Sampaio desabafa que as empresas já sofrem graves prejuízos desde o desabamento das minas que gerou o terremoto de março/2018. Para ele, é premente que, além dos lucros cessantes, a Braskem pague todos os danos materiais sofridos até agora (indenizações trabalhistas, investimentos frustrados, perda do faturamento, perda do ponto comercial). E ainda, danos morais proporcionais aos danos materiais, com um piso mínimo de R$ 100 mil por empresa.

Ele reclama que todos os bairros já estão inabitáveis, sem segurança, sem serviços públicos de limpeza, sem energia, com fios sendo roubados por vândalos. “Impossível permanecer lá. Mas sair como, sem receber indenizações justas? Futuramente devem virar o maior bairro planejado de Alagoas, e será um ativo da Braskem. Mas ela precisa primeiro estabilizar as minas, o que pode levar décadas”. Sampaio lamenta que o Caso Pinheiro está caindo no esquecimento. “São tantos problemas novos, como a pandemia, que parece que não vivemos o maior desastre tecnológico e ambiental do mundo, em curso bem aqui sob nossos pés.”


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Sampaio mostra rachadura em uma das edificações

Ato no dia 15 N o próximo dia 15 acontece um ato para chamar a atenção da sociedade e pedir uma nova postura do Ministério Público (Estadual e Federal) e Defensoria (do Estado e da União) em relação a Braskem e os bairros afetados. Todos podem participar. “Queremos chamar a atenção da sociedade e pedir uma nova postura dos MPs e Defensorias. Que, neste caso, não estão cumprindo seu papel público. Foram privatizados pelos interesses da Braskem”. Alexandre Sampaio afirma que os MPs e Defensorias fizeram o acordo a portas fechadas com a Braskem e por isso precisam sair da armadilha que eles mesmo criaram. “Ao fazer uma negociação danosa para moradores, sobretudo empreendedores, que perderam seu ganha pão sem nenhuma garantia, agora estão sem coragem e hombridade para reconhecer o erro e refazer os pontos críticos do acordo no que diz respeito aos critérios e prazos”, disse.

E acrescentou que “infelizmente, justamente os MPs, Imóveis abandonados pelos moradores tiveram os acessos fechados que têm a função constitucional de defender a ordem jurídica, a democracia e os direitos individuais e sociais indisponíveis, são os órgãos que chancelaram as injustiA associação, com base em consultas a especialistas na área, reivindica para as 4 mil ças da Braskem”. E aponta que é uma traempresas da região: gédia também para a educa1) Reposição dos prejuízos e perdas no faturamento desde março/18, quando houção. Segundo ele, o Colégio ve o terremoto, até maio/21. Para calcular, é só ver a média do faturamento de 2015 a Santa Amélia, no Pinheiro, perdeu todos os alunos, 2017/2018, antes do desastre mesmo estando na borda da 2) Pagamento de lucros cessantes por no mínimo 2 anos a partir de agora (com base Área de risco. Outros colénesta mesma média acima), mais um ano a cada 5 anos de existência do CNPJ gios menores também. Pelo menos 10 escolas públicas 3) Indenização do fundo de comércio: a construção de clientela de bairro é única e municipais e estaduais foexclusiva dali. Fruto do investimento em marketing, conhecimento do ponto comercial, ram diretamente atingidas. marca, etc. Isso foi perdido com o esvaziamento dos bairros “As autoridades precisam 4) Indenizações trabalhistas são de responsabilidade da Braskem, já que ela desesver esse problema de modo mais responsável, célere e truturou os negócios para além dos danos geoló5) Reformas e investimentos para adaptar pontos comerciais alugados devem ser resgicos”. sarcidos De acordo com ele, a Braskem está pagando 24 6) Danos morais proporcionais ao tempo de espera, ao sofrimento e responsabilidade meses de lucro cessante, de cada negócio. Ela não está pagando danos morais a todos. com base no faturamento de 7) Tudo isso deve ser corrigido a valor presente, já que a base dos cálculos data de 2017. Mais nada. “Absurdamente injusto, ferindo todos 2015 a 2018 - e já estamos em 2021. Isso pode passar de 50% de defasagem a partir de os princípios do direito em2015. presarial”.

REIVINDICAÇÕES


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OUTRO LADO

Braskem garante que cumpre rigorosamente acordo firmado A

Braskem, através de sua assessoria, disse que desconhece o levantamento apresentado pelo. presidente da Associação dos Empreendedores, Alexandre Sampaio, e que cumpre rigorosamente o acordo firmado em janeiro de 2020 com o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública da União e Defensoria Pública Estadual, que foi embasado no mapa de risco definido pela Defesa Civil. A empresa disse, ainda, que apresenta relatório mensal de acompanhamento dos resultados do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF) às autoridades signatárias do Termo de Acordo e que os prazos pactuados com as autoridades públicas vêm sendo rigorosamente cumpridos. O PCF já apresentou 6.749 propostas de compensação financeira desde a sua criação, há aproximadamente um ano e meio, e o índice de aprovação das propostas é de 99,8%. “É natural que algumas pessoas não concordem com a proposta e, nesses casos, a Braskem avalia os pleitos e, se comprovada a necessidade de uma nova análise, é feita a revisão. É importante destacar que a Braskem buscou utilizar critérios que assegurassem aos moradores ter os mesmos direitos que teriam se buscassem a discussão nas vias judiciais. A intenção foi fazer o programa mais adequado à

realidade das pessoas e, por isso, a empresa está aberta aos pleitos da comunidade, sendo que os pleitos respaldados em critérios legítimos são incorporados ao PCF”. E garante que os critérios utilizados pela empresa são apresentados ao morador, que sempre é acompanhado nas reuniões por um advogado ou defensor público. Ao final do processo de compensação, os acordos são homologados pela justiça. Quanto a imóveis que não estão localizados na área afetada pelo fenômeno geológico, a exemplo de colégios, não estão no escopo de atuação da empresa. É que a Braskem atua na área delimitada pela Defesa Civil como zona de criticidade 00 – que exige realocação imediata – e zona de criticidade 01, que determina monitoramento e não exige mudança imediata. Mas garante que a empresa mantém diálogo permanente com as autoridades, na busca das melhores soluções para os moradores e comerciantes atendidos pelo PCF. Em dezembro de 2020, a Braskem assinou um acordo que prevê recursos e tratativas nos aspectos sociais, ambientais e de mobilidade. Outro ponto relevante é que os processos de realocação e de compensação financeira são distintos. A realocação é mais célere, pois garante a retirada das famílias de áreas identificadas como de risco no mapa da Defesa Civil de Maceió.

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Pintura de protesto em bloco residencial de conjunto abandonado É, portanto, uma questão de segurança. Vale esclarecer que mais de 90% das áreas já estão desocupadas, sendo que a área de resguardo e as zonas A, B e C estão 100% desocupadas desde abril de 2020. Já a compensação financeira exige um rito de análise documental, que envolve realização de reuniões, avaliação dos pleitos trazidos pelos moradores, homologação judicial, entre outras medidas que atestam a transparência e a equidade do processo. Justamente por isso, Braskem e auto-

ridades públicas pactuaram um acordo que, dentre outras medidas, prevê um cronograma de ingresso dos moradores no fluxo de compensação, conforme as zonas do mapa. Enquanto a família aguarda a indenização, a Braskem paga a mudança, o auxílio para despesas extras da realocação e aluguel mensal. Paralelamente, a Braskem desenvolve diversas ações nos bairros para apoiar a atuação dos órgãos públicos. Entre elas estão o tamponamento dos imóveis vazios, controle de pragas,

limpeza e remoção de entulho e apoio à segurança patrimonial com 256 vigilantes que se revezam 24 horas por dia, sete dias por semana, 150 câmeras e 60 centrais de alarmes com cinco sensores cada, todos ligados à Central de Monitoramento. As informações são compartilhadas com a Polícia Militar, que é acionada via rádio em caso de irregularidades como furto, invasão ou roubo. Todas as ocorrências relacionadas à segurança pública devem ser comunicadas pela população às autoridades competentes.


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OUTRO LADO A Braskem também afirma que se comprometeu com as autoridades públicas a não edificar nas áreas desocupadas, para fins comerciais ou habitacionais, salvo se, após a estabilização do fenômeno de subsidência, isso seja permitido pelo Plano Diretor de Maceió, que é instrumento amplamente debatido pela sociedade civil. “A prioridade da Braskem é a segurança dos moradores dos bairros afetados pelo fenômeno de subsidência, propondo e executando as ações necessárias para isso. É importante destacar que especulações desse tipo podem criar pânico e, eventualmente, estimular pessoas a permanecerem na área de risco, cuja desocupação foi determinada pelas autoridades competentes”. Em relação ao fato de que o Caso Pinheiro está caindo no esquecimento, a Braskem informa que mantém diálogo constante com a sociedade, seja atualizando os dados do PCF por meio de informações divulgadas mensalmente à imprensa e às autoridades ou por outras diversas ações de comunicação. “A empresa prioriza o atendimento aos moradores e, para isso, aperfeiçoou processos e contratou equipes. Hoje, 1.200 profissionais atuam em toda a operação do PCF”. Mais de 2 mil propostas de indenização foram apresentadas nos últimos três meses. Dos 14.319 imóveis identificados, 13.108 já foram realocados. Além disso, a Braskem concluiu a instalação da rede de monitoramento da área dos poços de sal, com 27 equipamentos de alta tecnologia que acompanham a estabilidade do terreno. A em-

NOTA DO MPF

Estabelecimento comercial lacrado presa também já tem instalados e em operação dez sismógrafos na área dos bairros e está concluindo a colocação de outros seis, que formam uma rede de monitoramento que será doada à Defesa Civil. A Braskem continua executando o plano de fecha-

mento e preenchimento de poços aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Em dezembro último, a empresa também assinou um acordo com as autoridades que prevê recursos e tratativas nos aspectos sociais, ambientais e de mobilidade.

Procurado pelo EXTRA, o Ministério Público Federal afirmou, por meio de nota, que os questionamentos apresentados por Sampaio “já foram apresentados pela Associação dos Empreendedores aos Ministérios Públicos Federal e Estadual e às Defensorias Públicas da União e do Estado de Alagoas, bem como à empresa Braskem. Inclusive a associação tem se reunido com a empresa e tem levado diretamente suas demandas e a de seus associados. Quanto às instituições, as demandas apontadas estão sendo objeto de análise para que sejam encontradas soluções junto à empresa, de modo a manter a boa condução do Termo de Acordo que vem contemplando moradores e comerciantes, abreviando em muitos anos a discussão judicial quanto à responsabilização da empresa pelos danos causados às vítimas. Sem, contudo, limitar-lhes o acesso à Justiça, caso não seja possível entendimento com a empresa quanto ao valor da indenização individual”. Afirma, ainda, “que um ponto que vem sendo alegado pela empresa sobre a demora para apresentação das propostas é a dificuldade de apresentação de documentação adequada por parte dos empreendimentos, o que tem sido objeto de debate e buscado equacionar, entre outras providências, com a contratação de empresa de consultoria específica para a realização desses cálculos”. “Ressalte-se ainda que, o Segundo Aditivo, firmado em dezembro de 2020, modificando a previsão anterior, dispõe que a Braskem pagará, a título de adiantamento dos valores de indenização, auxílio temporário, em parcela única, no valor de R$ 10 mil aos microempreendedores individuais e àqueles que desenvolviam atividades econômicas de modo informal em imóveis localizados nas áreas abrangidas pelo termo de acordo. Em decorrência dessa modificação, também no Segundo termo Aditivo, foi previsto que as microempresas, empresas de pequeno, médio e grande porte podem apresentar as suas necessidades de valores adicionais de antecipação, conforme informações e suporte probatório apresentado. Tal possibilidade também foi estendida, excepcionalmente, aos microempreendedores individuais, no caso de comprovação dessa necessidade adicional. As instituições atuam diuturnamente na defesa dos interesses da coletividade e entendem que as reclamações apresentadas são importantes para que o Programa de Compensação Financeira passe por melhorias e redirecionamentos, como vem ocorrendo desde sua implantação em janeiro de 2020”, conclui a nota.


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CASO PINHEIRO

Clientes processam construtora para rescindir contrato sem multa AFRÂNIO BASTOS

Financiamento da Caixa tornou-se incerto com instabilidade no solo que afeta cinco bairros da capital JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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sonho da casa própria acabou com processo na justiça para o preparador físico Emanuel Costa. Após investir cerca de R$ 7 mil na entrada em um apartamento junto com a namorada no condomínio residencial Vitali Parque, Costa se deparou com notícias veiculadas na imprensa que poderiam colocar em xeque seu financiamento com a Caixa Econômica Federal (CEF). Situado na Avenida Gustavo Lages, no Farol, o empreendimento estaria dentro da lista de CEPs com restrição para financiamento em Maceió por conta do afundamento do solo nos bairros de Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol. “Quando fiquei sabendo desse fato, procurei a construtora que garantiu que estava tudo certo e que a construção seguiria normalmente. Também disseram que a Caixa iria financiar o apartamento sem nenhum problema. Mas quando passei pelo local da obra, vi que o andamento estava quase parado. Fiquei preocupado e decidi desistir da compra do imóvel. Conversei com a empresa, que colocou empecilhos para desfazer o contrato. Outras pessoas que ficaram inseguras a respeito do futuro do imóvel também decidiram fazer o mesmo”,

contou ao EXTRA. Segundo o advogado Vinícius de Faria, a VDPI Empreendimentos, mais conhecida como Livecon, estaria usando a hipótese da não cobertura de financiamento pela CEF para rescindir contratos. “A empresa está obrigando que os clientes arquem com as multas e a devolução de parte do valor investimento”, revelou. A ação já tramita no Tribunal de Justiça. Conforme os autos do processo, “o autor adimpliu de outubro de 2020 até março de 2021, o valor equivalente a R$ 7.516,76, quando fora informada que em razão da localização do imóvel, por estar inserido no bairro do Farol e de certa forma, próximo ao bairro do Pinheiro, cuja área foi afetada pelo risco de afundamento em virtude da extração da sal-gema pela empresa Braskem/SA, há impossibilidade de financiamento, bem como cobertura securitária para a região do empreendimento, cuja alegação fora pautada na dúvida e medo sobre a realização do negócio jurídico”. “Ocorre que, conforme consta no Instrumento Particular de Distrato de Contrato de Promessa de Compra e Venda, datado em 21 de maio de 2021, Cláusula 2.2, a empresa comprometeu-se a restituir, apenas, o valor de R$ 4.050,00 quando na verdade, fora adimplido o montante de R$ 7.516,76”,

A despeito de as obras não terem avançado, construtora se nega a devolver valores pagos acrescentou o advogado em documento encaminhado ao Judiciário. Mesmo o empreendimento não estando situado no bairro do Pinheiro, o condomínio encontra-se localizado nas proximidades da instabilidade do solo, fato que daria “ensejo à resolução do contrato por impossibilidade superveniente da prestação”. “Deste modo, a Construtora se recusou a resolver o contrato e restituir à parte Autora o valor pago de forma integral, cuja prática consiste em abuso”, argumentou a defesa do preparador físico. Emanuel Costa não está sozinho. Outro processo também tramita no Tribunal de Justiça, desde fevereiro, pedindo a rescisão do contrato sem o pagamento de multa. A Livecon foi procurada pelo EXTRA, mas não respondeu

aos questionamentos até o fechamento desta edição. INCERTEZAS Em março, a Superintendência Nacional de Habitação e a Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal (CEF) se comprometeu a reavaliar o número de CEPs com restrição para financiamento em Maceió. “Nós começamos a ter problemas com essas seguradoras. É por isso que queremos sentar com elas, e isso tem que ser feito através da Caixa Seguridade, que é quem faz esse contato. A gente precisa sentar com elas para entender, porque acreditamos que é preciso ter uma visão única do segmento. Para gente isso é novo também; esse assunto veio à tona esta semana e estamos buscando uma reunião para

conduzir essa situação”, explicou à época Elaine Coelho, superintendente Nacional de Habitação. No mesmo mês, a Defensoria Pública do Estado e da União e os Ministérios Públicos Estadual e Federal encaminharam ofício ao superintendente da Caixa Econômica Federal em Alagoas, Sander Farias, informando que um procedimento de assistência jurídica foi instituído para acompanhar e adotar medidas quanto aos direitos dos consumidores de usufruírem do legítimo acesso à cobertura securitária e ao financiamento de imóveis situados fora da área de risco dos bairros afetados pela mineração da Braskem e financiados pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH).


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CASO PINHEIRO

Eficácia de preenchimento de poços só será confirmada em 2023 Técnica utilizada pela Braskem em minas de sal-gema desativadas não impede surgimento de crateras

A ESTRATÉGIA DE PREENCHIMENTO DA CAVIDADE COM AREIA NÃO É ADEQUADA PARA TODAS AS CAVIDADES. NAS DEMAIS MINAS, OS POÇOS QUE PODERIAM LEVAR A AREIA ATÉ A CAVIDADE ESTÃO DANIFICADOS OU PERMANECEM EM CONSTANTE MOVIMENTO, O QUE IMPOSSIBILITA O DEPÓSITO DE AREIA.

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Defesa Civil de Maceió ainda não possui certeza se as medidas adotadas pela Braskem para preencher os poços de sal-gema de fato surtirão efeito e não descarta a possibilidade do surgimento de novas crateras em regiões dos bairros afetados pelo afundamento do solo causado pela mineração da petroquímica. Ao EXTRA, o coordenador da Defesa Civil Municipal de Maceió, Abelardo Nobre, informou que apenas no final de 2023 é que se poderá ter uma resposta efetiva sobre as técnicas usadas pela empresa no preenchimento dos poços utilizando areia. Ele negou que o afundamento do solo possa atingir outros bairros, mas não descartou a possibilidade do surgimento de novas áreas de subsidência dentro dos já afetados. A técnica de preenchimento com areia está sendo utilizada em apenas 4 das 11 minas aptas a serem preenchidas. “Poderemos ter novas áreas dentro do Farol, Bebedouro, Bom

Parto, Mutange e Pinheiro, mas de chegar a outros bairros não tem possibilidade de forma alguma. Todos os dados atuais, técnicos e científicos, além dos estudos do que já ocorreu em outros bairros do mundo, apontam que esse problema não consegue ter um raio maior do que já chegou hoje, mas poderá sim atingir outras áreas dentro dos que já foram atingidos”, explicou Nobre. Ainda segundo o coordenador, a velocidade com que a subsidência vai ser interrompida ainda é uma incógnita, pois é um problema que, segundo estudos, começou ainda no começo deste século além de ser possível comparar com o que aconteceu em outros países. “Esse afundamento pode levar 20 anos ou 50, a gente não tem como precisar isso, pois vai depender da velocidade com que o problema está evoluindo”.

“Hoje a gente sabe como ele evolui, mas existem muitas variáveis e uma delas é a questão do tempo. Então quando vai se estabilizar, hoje isso não pode ser dito pois não há nenhuma consultoria, técnico ou pesquisador capaz de estabelecer isso [...] O resultado final das cavidades nas quais a empresa hoje está utilizando a técnica de preenchimento com areia nós só poderemos constatar no final deste processo, que é em 2023”, esclareceu. O final de 2023 é considerado a data limite para que tanto prefeitura, quanto órgãos fiscalizadores e técnicos tenham uma resposta efetiva sobre se o problema está sendo resolvido ou não. “Só neste período é que teremos dados que poderão mostrar uma regressão ou uma estabilização deste processo. Até lá, a gente vai avaliando e acompanhando o processo”.

A estratégia de preenchimento da cavidade com areia não é adequada para todas as cavidades. Nas demais minas, os poços que poderiam levar a areia até a cavidade estão danificados ou permanecem em constante movimento, o que impossibilita o depósito de areia. “Algumas podem se preencher por elas mesmas. O teto delas vai colapsando e vai aumentando o volume pois ele não será compactado e ela acaba se fechando sozinha, só que a superfície vai refletir isso, podendo surgir deformações e não o skinhole, que é o surgimento dessas crateras na superfície. Mas trabalhamos sempre com a possibilidade do surgimento de cavidades na superfície a qualquer momento, pois em outros lugares do mundo aconteceu isso, é só questão de tempo”, alerta.

Lagoa Mundaú pode avançar 30 metros Ao contrário do que foi divulgado ao longo da semana, Abelardo Nobre negou que a Lagoa Mundaú tenha avançado 30 metros nos últimos três anos, desde que o tremor atingiu algumas regiões dos bairros que hoje estão evacuados. De acordo com a Defesa Civil, os avanços decorrentes da subsidência não acontecem de forma uniforme em toda a área afetada. “Tem sim áreas que já se observa que a Lagoa Mundaú avançou mais de forma horizontal e outros locais onde a subsidência avançou mais de forma vertical e isso poderá mais à frente levar a um distanciamento do que era antes para o que é hoje de 30 metros ou mais, mas por enquanto isto não aconteceu”, garantiu Abelardo Nobre.


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CPI DA COVID

MPC e TCE investigam atuação de 35 municípios alagoanos na pandemia Relatório foi enviado ao Senado atendendo pedido do senador Ciro Nogueira

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ocumentos encaminhados pelo Tribunal de Contas do Estado de Alagoas e pelo Ministério Público de Contas à CPI da Pandemia, que investiga a atuação de gestores diante da crise sanitária da covid-19 revelam investigações em pelo menos 35 municípios alagoanos por supostas irregularidades no uso de recursos entre outras praticadas durante a vigência do estado de calamidade pública. O relatório foi elaborado a pedido do senador Ciro Nogueira (PP-PI), autor da proposta que incluiu governadores e prefeitos no âmbito das investigações da CPI e um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. O chefe do Executivo também tem defendido a inclusão de governadores e prefeitos na investigação do Senado sobre a omissão do governo federal na pandemia do novo coronavírus. O documento revela que os municípios de Branquinha, Ibateguara, Piranhas, Água Branca, Inhapi, Poço

Aquisição de insumos pelas prefeituras é fiscalizada das Trincheiras, Senador Rui Palmeira, Canapi, Capela, Santana do Mundaú e Carneiros estão sendo investigados por falta de informações no Portal da Transparência, particularmente nos itens referentes aos gastos, contratações e receitas relacionados ao combate do Coronavírus em âmbito local. “Entre os diversos espectros de atuação desta Procuradoria, destacam-se o acompanhamento das licitações de insumos médicos e hospitalares, medicamentos, aquisição de máscaras e outros Equipamentos de Proteção Individual, álcool em gel e aparelhos hospitalares (respiradores, oxímetros etc.); contratação de pessoal para lidar com o qua-

dro pandêmico; construção/ reestruturação de unidades de saúde e nosocômios locais para receber infectados”, diz trecho do relatório enviado no último dia 20 e referente à atuação do Ministério Público de Contas (MPC). Vale ressaltar que desde o início da pandemia a 3ª Procuradoria de Contas abriu 24 procedimentos ordinários, ingressou com 24 representações e editou 9 recomendações, todos relacionados às implicações da covid-19 na gestão pública dos jurisdicionados. O objeto comum de todos os instrumentos circundou orientações para contenção de despesas, divulgação das ações dos jurisdicionados nos respectivos portais de transpa-

rência relacionadas ao enfrentamento da pandemia, alocação dos recursos para a saúde e combate à covid-19, dentre outros. Em relação a 5ª Procuradoria de Contas, foi realizado o monitoramento das publicações oficiais e dos portais da transparência dos municípios, especialmente no tocante às licitações e contratos firmados durante a pandemia, economicidade quanto às despesas realizadas, razoabilidade das despesas sem correlação com a pandemia, e, ainda, fiscalizações quanto à idoneidade das empresas contratadas. Com o resultado das vistorias promovidas, foram constatadas irregularidades, seja quanto à ausência de publicações no Portal da Transparência específico para a covid-19, gastos sem relação direta com o enfrentamento da doença, dentre outros que permaneceram sem qualquer justificativa pelos entes notificados. Ao todo, foram realizadas representações em face dos municípios de Campo Grande, Arapiraca, Taquarana, Olho d´Água Grande, São Miguel dos Milagres, São Brás, Porto Real do Colégio, Passo de Camaragibe, Novo Lino, Campo Grande, Limoeiro de Anadia, Lagoa da Canoa, Jacuípe, São Sebastião, Maragogi, Porto Calvo, Porto de Pedras, Matriz de Camaragibe, Jundiá, Feira Grande, Coité do Nóia, Campestre, Barra de São Miguel e Igreja Nova.

Maceió também é investigado

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om a criação do Grupo de Trabalho especial em conjunto com o Ministério Público Estadual, foram abertos dois procedimentos fiscalizatórios (PO nº 066/2020 e 067/2020), nos quais buscava-se a verificação do Portal da Transparência COVID do Município de Maceió, bem como a legitimidade das despesas públicas realizadas e ali elencadas. Realizadas diligências, não foram detectadas irregularidades que ensejasse atuação por intermédio de representações ao TCE/AL através do Ministério Público de Contas, porém, de acordo com o órgão fiscalizador, apesar de não terem sido detectadas irregularidades, a Secretaria Municipal de Economia, na contratação de uma empresa de recuperação de tributos em contexto pandêmico, foi encontrada uma potencial irregularidade. A potencial irregularidade foi declinada à 4ª Procuradoria de Contas para análise e deliberação, já que o município de Maceió integra o Grupo de Fiscalização.


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DESVIO DE RECURSOS

Operação Palude deflagrada em maio apura irregularidades no enfrentamento à covid-19

Empresa de Boca da Mata na mira da Polícia Federal de Sergipe Optima Soluções firmou contratos com dispensa de licitações com prefeituras sergipanas JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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peração Palude e Operação Estroinas, duas ações da Polícia Federal em Sergipe realizadas no espaço de tempo de nove meses mas com mesmo alvos. Entre eles, dois em Alagoas, localizados mais precisamente em Maceió e Boca da Mata. As investigações envolvem contratações de serviços relacionados ao combate à covid-19 com suspeita de fraudes em proces-

sos licitatórios. Em agosto do ano passado, na Operação Estroinas, agentes da PF e servidores da Controladoria Geral da União (CGU) cumpriram mandados de busca e apreensão no estado vizinho e também em Alagoas. À época, foi divulgado que empresas estariam sendo contratadas ilegalmente para receber recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Já em maio deste ano, a Operação Palude veio a Alagoas visitar as mesmas cidades, além de Satuba e União dos

Palmares, mas desta vez com um discurso mais agressivo: identificar possível atuação de organização criminosa, responsável por desvio de recursos públicos destinados ao enfrentamento do coronavírus. Se a primeira ação investigava o município de Carmópolis, o alvo de agora é Pacatuba, ambos municípios sergipanos. Segundo levantamento da CGU, as contratações suspeitas e a execução dos serviços chegam a R$ 1,07 milhão. O EXTRA pesquisou

a lista de licitações firmadas pelos dois municípios a fim de encontrar as empresas de Alagoas que estariam sendo investigadas. Foi encontrada a contratação sem licitação pela Prefeitura de Carmópolis, no mês de maio do ano passado, da Optima Soluções e Serviços Eireli, no valor de R$ 45.185. Sediada em Boca da Mata, de acordo com a inscrição de CNPJ de número 32.743.869/0001-12, ela teria capital social de R$ 110 mil e tem como proprietária Claudiene Magalhães dos Santos, que é sergipana. A Optima Soluções e Serviços Eireli foi fundada no dia 12 de janeiro de 2019 e estaria localizada na Avenida Joventino P. Dama, 626, embora a única via pública com nome similar em Boca da Mata seja Joventino Pinto Damaso. A contratação, segundo a Prefeitura de Carmópolis, foi de “caráter de emergência” para aquisição e fornecimento de Álcool Etílico líquido 70% e recipientes plásticos, para atender às necessidades do Fundo Municipal de Saúde, no que concerne a medidas de prevenção, contenção e combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus”. Um mês antes, a mesma empresa firmou contrato no valor de R$ 145.888,98 com a Prefeitura de Aquidabã, também em Sergipe. Todos com dispensa de licitação. Vale lembrar que alguns dos investigados na Operação Estroinas também estão envolvidos na investigação da Operação Palude. A informação é da própria Polícia Federal. No caso da Operação Estroinas, deflagrada no ano passado, agentes federais cumpriram 32 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Na investigação que motivou a

expedição dos mandados, apurou-se que aproximadamente R$ 2,3 milhões provenientes do SUS foram gastos para a contratação direta de nove empresas. No decorrer dos trabalhos, identificou-se a existência de indícios de que algumas dessas empresas são “fantasmas” e os sócios de algumas delas são “laranjas”. Já no caso da Operação Palude, de maio último, segundo o superintendente da CGU/SE, Cláudio Canuto dos Santos, as principais irregularidades encontradas foram a inexistência de um projeto básico, termo de referência com detalhamento e especificação da contratação, sobreposição de objetos e inexistência de pesquisa prévia de preço nos processos licitatórios. Em entrevista à imprensa sergipana, o superintendente destacou ainda outras irregularidades que chamaram a atenção durante o monitoramento. “Documentos sem numeração ou com numeração repetida, datas inexistentes, consultas a empresas que possuem vínculos entre sócios, incompatibilidade com atividade econômica da empresa e serviço da contratação, além da ausência de documentos importantes dentro do processo licitatório e contratação de empresas do interesse dos investigados”, relatou. A operação teve o objetivo de coletar provas para investigação que apura possível atuação de organização criminosa, responsável por desvio de recursos públicos. Os envolvidos podem responder pela prática de crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, dispensa indevida de licitação, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro.


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CRIME AMBIENTAL

IMA flagra caminhões despejando chorume no mar de Maceió

Empresa pernambucana é multada em R$ 34 mil por transporte de resíduos acima do permitidos

Auto de infração contra empresa pernambucana

Vereador Fábio Costa acompanha fiscalização do IMA Da Redação

M

ais uma vez o aterro sanitário de Maceió ganhou as manchetes pelo descuido com o tratamento de chorume, substância altamente poluente. Esta semana, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) iniciou a investigação de descarte irregular de chorume no mar da capital, principal

ponto turístico de Maceió que gera lucro e empregos para todo o estado. A denúncia de que o chorume estaria sendo descartado - via emissário submarino sem nenhum tratamento chegou na Câmara Municipal. Chorume é o nome dado a um líquido escuro que contém alta carga poluidora e é proveniente de matérias orgânicas em putrefação. Essa substância é

encontrada em aterros sanitários, lixões e também em cemitérios, nesse caso, conhecido como necrochorume. De acordo com o vereador Fábio Costa, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, para investigar foi realizado sobrevoo por meio de um drone nas lagoas de chorume do aterro sanitário. “Constatamos que o material que estava sendo retirado pelos cami-

nhões tanque era in natura. Conversamos com os motoristas e confirmamos a informação”, declarou o parlamentar. Alguns motoristas foram questionados, que acabaram confirmando o descarte irregular. Após análise do material coletado, o IMA constatou que ele não passou por tratamento antes de ser jogado no mar pelas tubulações. Segundo João Renato Valentim Bastos, fiscal do instituto, existem duas formas dessa contaminação. “A primeira é feita em solo exposto, que não é a desse caso, mas cuja contaminação pode poluir os lençóis freáticos que são usados para abastecimento hu-

mano. A outra forma é a que está acontecendo aqui, que é a jogada no mar e pode contaminar a vida marinha”, destacou. E outra irregularidade foi flagrada pelos fiscais. “In loco a gente constatou que a empresa que está fazendo esse transporte está atuando sem a autorização porque ela violou o volume permitido para transporte dos resíduos”, informou. O IMA autuou a empresa de transporte de material, a Paulo Ricardo Sales Assunção Transportes Eireli, a Transpaulo, sediada na capital pernambucana, Recife. “A multa é grave e ela inicia em R$ 34 mil”, completou o fiscal.


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Chorume é retirado de caminhão para análise

tro da área do emissário submarino de Maceió, na Praia do Sobral, no momento em que estavam prontos para jogar no mar o rejeito. O vereador Fábio Costa também avaliou como grave o fato de que o emissário é de responsabilidade da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), que receberia este resíduo sem realizar qualquer tipo de análise para aferir ou verificar os limites permitidos pela Resolução 430/2022 Conama. Costa informou ainda que vai formalizar, junto aos Ministérios Público Estadual e Federal, a denúncia de crime ambiental para que os autores sejam responsabilizados. O vereador disse ainda que vai oficiar a Prefeitura de Maceió para que tome ciência do que está ocorrendo.

CHORUME, NOVELA ANTIGA

Emissário submarino é de responsabilidade da Casal Quanto à falta de tratamento do chorume, o IMA ressaltou que fez várias coletas e que, se for comprovado que o material despejado está sem tratamento, a empresa V2, que administra o aterro, será autuada. O crime é considerado atividade potencialmente poluidora. Os caminhões foram apreendidos den-

Vista áerea do aterro sanitário

Em 2019, a Polícia Federal (PF) apurou denúncia de contaminação com metais pesados em percentuais acima do permitido pelo Aterro Sanitário de Maceió em praias da capital. De número 0207/20124 SR/PF/AL, o inquérito foi instaurado a partir de denúncia recebida pelo MPF em 2012 de chorume descartado no local sob administração à época da empresa Estre Ambiental e que, enviado ao emissário submarino nas praias do Sobral, Avenida e Pontal da Barra, estaria causando ou se teria causado danos ao meio ambiente. Também em

2019 veículos foram flagrados descartando o material orgânico em canavial de Maceió. Em maio último, o EXTRA denunciou que lagoas de chorume no aterro estariam prestes a transbordar. O aterro sanitário da capital, ou melhor, Centro de Tratamento de Resíduos de Maceió, localizado em zona rural próxima ao Benedito Bentes e ao Conjunto Carminha, não estaria contendo um possível vazamento em lagoas de chorume. O temor de moradores da região é que com as chuvas haja um transbordo do chorume chegando às praias de Riacho Doce, Garça Torta e Guaxuma, além de condomínios como Atlantis e Morada da Garça. “Temos um indicativo que a empresa que está fazendo a gestão do aterro sanitário vem descumprindo o Plano de Recuperação de Área Degradada, o Prad, uma das condicionantes no contrato com o aterro”, informou o advogado Paulo Faria Almeida Neto. Em abril, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) autuou a empresa V2, que também administra a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Cruz das Almas por infração ambiental. Equipes de fiscalização estiveram no local e constataram um vazamento de água que escorre do aterro para as galerias pluviais da região. O lançamento de efluente foi identificado a partir de uma denúncia da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Maceió.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Normal?

Síndrome do Hulk?

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uem não já teve uma explosão de fúria em algum momento da vida que atire a primeira pedra. Pois é, mas esse comportamento, dependendo das circunstâncias, pode ser extremamente natural, mas se ele for com frequência e muito intenso a pessoa pode estar sofrendo do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), ou como é mais conhecido: Síndrome do Hulk. A síndrome surge quando o indivíduo não é capaz de gerenciar seus impulsos agressivos verbais e físicos; tem comportamentos explosivos e ataques de fúria. O mais importante: são comportamentos completamente desproporcionais à relevância do fato. Ou seja, a pessoa apresenta uma agressividade “sem um sentido lógico”. Para que, realmente, seja caracterizada a Síndrome do Hulk, é preciso que qualquer que seja a natureza da agressão, a pessoa sinta arrependimento, vergonha, culpa ou tristeza após o comportamento. São sinais intensos quando a pessoa apresenta ataques e excesso de raiva sem controle e fúria repentina. A Síndrome de Hulk é considerada um transtorno psicológico em que a pessoa tem um descontrole de raiva, podendo apresentar, também, agressões físicas e verbais, que podem prejudicar a própria pessoa ou pessoas de seu convívio, seja na família, no trabalho ou com amigos.

Mais sinais

Para que a Síndrome de Hulk seja realmente caracterizada, é preciso que a pessoa apresente o comportamento pelo menos três vezes por semana e num período mínimo de três meses durante um ano ou em alguns anos. Esse parâmetro pode oscilar um pouco para mais, ou um pouco para menos, dependendo da vivência de cada pessoa com o agravo. Os principais sintomas e sinais são: comportamento reativo; ataques de raiva; agressões físicas e verbais; irritabilidade e impaciência; reações descontroladas causando a destruição de objetos; aumento dos batimentos cardíacos; impulsividade e tensão muscular.

Origem

Estudos indicam que o comportamento explosivo pode ser devido à presença de toxoplasmose no cérebro, ou seja, a toxoplasmose é considerada uma doença causada por um parasita, o protozoário gongii bastante comum em países tropicais e de clima quente. Ou seja, se a infecção for no cérebro a pessoa pode desenvolver a Síndrome do Hulk.

Muita gente deve estar se perguntando: como saber se o comportamento/explosão é normal ou é a Síndrome do Hulk? Sentir raiva, estresse e ter um comportamento de fúria são normais até determinado limite. Para que seja caracterizado como normal, é preciso que a pessoa tenha consciência e controle sobre o comportamento mesmo sendo de fúria. A partir do momento em que não haja nenhum controle do comportamento e a pessoa, depois, sofre com sentimentos de culpa e vergonha pelo que fez, pode ser sinal de que a Síndrome do Hulk possa estar instalada.

Desproporcional

Para que o agravo seja, realmente, caracterizado, a agressividade verbal ou física que a pessoa apresenta é desproporcional à situação que desencadeou a raiva ou a fúria.

Características síndrome

da

A pessoa apresenta uma falta de controle sobre o impulso agressivo, seja ele verbal ou físico. Na agressividade a pessoa pode quebrar eletrodoméstico ou qualquer objeto que esteja próximo.

Sintomas

A pessoa também pode apresentar sudorese, ou seja, o transpirar intenso, tremores e formigamentos musculares, além de taquicardia, fúria, raiva ou agressão na hora que o fato ocorrer. Depois do fato ocorrido, a pessoa apresenta forte sentimento de culpa e vergonha.

IMPLIQUE-SE Implique-se no amor e na justiça! (Arnaldo Santtos, psicólogo)

e hostilidade, além de serem instáveis emocionalmente. Uma das características mais presentes no agravo é que a pessoa não premeditou o fato agressivo, ou seja, foi espontâneo.

Diagnóstico

O diagnóstico do agravo é feito por psiquiatra e psicólogo depois de uma intensa investigação emocional da vida da pessoa.

Causas

As causas que levam a pessoa a apresentar a Síndrome do Hulk são: características biogenética e hereditária, além de fatores ambientais e sociais. O ambiente familiar pode ser um desencadeador do comportamento, ou seja, ao ver o pai ou mãe ter o comportamento, a criança pode se “espelhar” no “modelo” dos pais. Estudos indicam também que o nível de serotonina é baixo nas pessoas que têm o agravo.

Tratamento

À pessoa que apresenta os sinais e sintomas em excesso, comportamentos frequentes e intensos, além de perder totalmente o controle das atitudes num momento de fúria, é recomendável psicoterapia para o autoconhecimento. A observação dos familiares e o convencimento da pessoa para procurar um profissional é fundamental para que ela possa tratar e superar a síndrome.

Espontâneo

Além de o comportamento ser recorrente, o impulso é algo sem pensar. O sentimento de arrependimento está presente. São pessoas que apresentam “pavio curto”, ou seja, têm dificuldade para controlar a agressividade, a raiva e também choram bastante; tem baixa tolerância à frustração e incapacidade para gerenciar a raiva

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Se o presidente da República não parar com essa pulsão de morte, cada vez mais as pessoas irão às ruas, pelo desespero e pelo agravamento da doença”. (Senador Renan Calheiros)

O tom e o compasso

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governador Renan Filho está de olho voltado para a pandemia com o objetivo que Alagoas continue no protagonismo da vacinação e cuidados sanitários, porém a pauta política não está colocada de lado. Tem conversado com aliados visando construir uma frente eleitoral robusta para as eleições do próximo ano. Tem ampla vantagem nas pesquisas para o Senado, mas ainda não bateu o martelo e só no início de 2022 revelará o seu destino. Para a disputa de seu sucessor só o tempo dirá o tom e o compasso, tudo dependendo do que lhe der mais segurança para seu projeto político. O candidato pode vir da Assembleia ou de sua base governista, que tem bons nomes.

Caça aos ratos Em operação contra desvios de recursos para o combate à covid-19, a Polícia Federal cumpriu, esta semana, 25 mandados judiciais em Manaus e em Porto Alegre, incluindo busca e apreensão na casa do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e a prisão temporária do secretário Estadual de Saúde, Marcellus Campêlo, que aconteceu no mesmo dia, no aeroporto da capital. “Há indícios de que funcionários do alto escalão da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas realizaram contratação fraudulenta para favorecer grupo de empresários locais, sob orientação da cúpula do governo do Estado, de um hospital de campanha que, de acordo com os elementos de prova, não atende às necessidades básicas de assistência à população atingida pela pandemia”, afirma a PF. Os crimes em investigação são de fraude à licitação, peculato e pertencimento a organização criminosa. Se condenados, poderão cumprir pena de até 24 anos de reclusão, afirma a PF. Nos próximos dias há previsão de novas operações mirando governadores e prefeitos que supostamente usaram indevidamente recursos para ações no combate ao coronavírus.

Capacitando servidores A Prefeitura de Palmeira dos Índios vai realizar um programa continuado de capacitação de seus servidores com vistas a modernizar, oferecer serviços públicos de qualidade e valorizar todo o seu pessoal. O início do programa vai contemplar a Secretaria Municipal de Educação com uma plataforma de treinamentos para gestores, professores e pessoal administrativo, como parte de uma ampla modernização de conceitos e acessibilidade a modernas práticas, com atualização pedagógica e princípios

Se o “ungido” for do entorno palaciano dois nomes se sobressaem: Maurício Quintella, secretário de Infraestrutura, com enorme visibilidade política, inclusive como ministro dos Transportes, ou Alexandre Ayres, secretário de Saúde, jovem e promissor quadro que se revelou o destaque da equipe por sua atuação aplaudida na condução da política de combate à pandemia e sua gestão firme e empreendedora na pasta. Agindo com cautela e ao seu modo, o governador pode surpreender com uma chapa imbatível, embora saibamos que essa será uma das eleições mais disputadas dos últimos tempos. É jogo de profissionais e esse ele sabe jogar.

fundamentais, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Cientista alagoana A Rede Brasileira de Mulheres Cientistas passa a contar com a participação da professora Luciana Santana, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade Federal de Alagoas em seu Comitê Executivo. Criada para promover debate público sob a condição das mulheres brasileiras na pandemia da covid-19, a Rede nasceu a partir da mobilização de mais de três mil cientistas do país que assinaram um documento denominado de Carta de Lançamento, contendo, principalmente, propostas para debate público em torno de seis grandes temas visando à implementação de políticas públicas. Mestre e doutora em Ciência Política, atualmente a professora Luciana coordena o Projeto Governos Estaduais e ações de enfrentamento da pandemia de covid-19, que reúne mais de 40 pesquisadoras.

Liberdade de expressão A tenente-coronel Camila Paiva está tendo a sua conduta investigada pelo Conselho Estadual de Segurança Pública de Alagoas depois de sua participação em ato contra o presidente do Jair Bolsonaro. O procedimento foi aberto para apurar possíveis transgressões disciplinares. Nas redes sociais, Camila Paiva havia se posicionado e colocou sua opinião como cidadã diante das tomadas de decisões de Bolsonaro que vêm afetando o país com a crise da pandemia. O que diz o Conseg: “Fatos noticiados dão conta de que a Tenente-Coronel Camila Paiva, integrante do Corpo de Bombeiros Militar, participou de manifestações político-partidário, bem como promoveu manifestação no interior do Colégio da Polícia Militar de Alagoas, portanto Organização Policial Militar, nascendo a necessidade de apuração de possível prática de transgressão disciplinar por parte da Tenente-Coronel”, diz trecho da portaria do Conseg. O que diz a militar: “Que ainda não foi comunicada sobre o procedimento e que outros militares já participaram de diversos atos políticos e não foram alvos do mesmo procedimento investigató-

rio”. O que diz a coluna: O Conseg teria coisas mais importantes a fazer, a exemplo de apuração de espancamentos, prisões arbitrárias e constrangimento por parte de maus militares. Deixa a Camila, uma policial exemplar e atuante, se manifestar!

O troco ao genocida Em resposta ao patético e deplorável “discurso” do presidente genocida na quarta-feira, por rede nacional, a maioria dos membros da CPI da Covid fez publicar uma nota forte e merecida, na qual destaca: “A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’”. As lideranças da CPI, por seu presidente, senador Omar Aziz (PSD-AM), vice Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), ainda ressal-

PÍLULAS DO PEDRO A miséria se alastra e ninguém faz nada. Canteiros das avenidas e marquises de prédios abrigam, a cada dia, maior número de pedintes, famílias famintas e sem teto. Eles prometem tudo em campanha e quando eleitos esquecem quem os ajudou. Sorte que o eleitor tem também memória curta.


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Nenhuma luz no final do túnel

ELIAS FRAGOSO n Economista

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PIB brasileiro cresceu no último trimestre 1,2% e voltou ao nível pré-pandemia. Com isso, o ministro Guedes já voltou às costumeiras bazófias superlativas de sempre sobre a economia brasileira: “O Brasil será a maior fronteira de investimentos do mundo” (sic!). Quem dera! O tal “crescimento” de 1,2% se deu basicamente em

cima do aumento da arrecadação por conta do recrudescimento da inflação (algo inusitado num país com um desemprego gigante e gritante), pela redução relativa da dívida/PIB por força do aumento do PIB nominal decorrente da alta da inflação, pela forte queda das importações do país diante da brutal crise econômica que vivenciamos, melhorando nosso saldo comercial e, pelo aumento combinado dos preços internacionais das nossas commodities e do volume exportado pelo agronegócio. À exceção do desempenho do agronegócio, a rigor um setor que pouco depende do governo para crescer, todas as demais variáveis assinaladas são pouco alvissareiras para o desempenho

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da economia real em 2021 e anos futuros. Nunca é demais lembrar que não se pode apartar a análise de crescimento do país do mundo real, aquele que afeta de forma direta a sociedade como um todo e, em especial, os mais pobres. No Brasil, apesar de toda a pirotecnia em cima dos 1,2% de crescimento deste trimestre (que a rigor poderia nos levar a 5% até o final do ano, zerando as perdas do PIB de 2020), convive-se atualmente com um nível de desemprego (e todas as demais denominações eufemísticas para classificar desempregados) de 27 milhões de pessoas da nossa força de trabalho. O setor se serviços, o grande empregador do país de pessoas menos

qualificadas, convive com uma queda acumulada em 4 trimestres de 13% contra uma perda do PIB no mesmo período de 3,8%. A inflação, inimiga direta do pobre e do assalariado, está corroendo a renda daqueles que conseguiram manter uma ocupação. A economia ameaça voltar a crescer, mas a que preço para os mais pobres e assalariados? Não há respostas deste governo para essa ingente questão. Exceto as tonitruantes projeções escalafobéticas do ministro da Economia para o Brasil particular criado por ele. Estamos trafegando por um dos períodos mais trêfegos deste país, e sem perspectiva de qualquer luz no final do túnel. Muito pelo contrário...

A economia ameaça voltar a crescer, mas a que preço para os mais pobres e assalariados? Não há respostas deste governo para essa ingente questão.


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Um problema social

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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asso sempre pela Praça D. Pedro II, onde ficam os prédios da Assembleia Legislativa, a Biblioteca Pública, a Igreja da Catedral e vários órgãos públicos e particulares. É impressionante o que acontece por lá: várias famílias moram na praça, lavam roupa, tomam banho, fazem sexo ao ar livre, fazem xixi e cocô, além de usarem drogas. Fica difícil passar por lá durante o dia. Imagine de noite. Incomodei-me vendo mulheres e crianças deitadas ao lado da banca de revistas, logo cedinho. Procurei, então, conversar com pessoas que lidam com moradores de rua para sa-

ber de quem é a responsabilidade. A grande maioria me respondeu que era da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Saúde e de Assistência Social. O meu amigo me adiantou que a Prefeitura já faz um bom trabalho, levando parte dos moradores de rua para os albergues. Assim, já conseguiu minimizar o problema em várias partes da cidade. Mas não tem sido suficiente, pois na Praça da Catedral nada foi resolvido. Fico pensando com meus botões: por que a Igreja Católica não se envolve um pouco e alivia o sofrimento dos moradores de rua? Lembro-me que nos degraus da Igreja da Catedral foram colocadas grades pois havia gente morando por lá. Uma solução simples para algo tão grave. A Assembleia Legislativa usa a praça para seu estacionamento e, apesar de o local ser público, só estacionam ali pessoas indicadas pela Mesa Diretora. Diante disto, o Legislativo tem certa responsabilidade sobre a segurança da área que fica em frente ao belo prédio da Casa de Tavares Bastos. Outro fato digno de nota: o Poder Legislativo tem à sua disposição uma equipe da Polícia Militar

Inquirições em CPI CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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pós sete CPIs realizadas pelo Parlamento brasileiro nos últimos trinta anos, era de se esperar de deputados e senadores a aprendizagem de alguma coisa, principalmente no tocante à inquirição de testemunhas e de investigados. Não conseguiram assimilar quase nada, ou não levam bastante a sério a atividade de inquiridores, talvez porque apenas pretendam jogar para a plateia,

conforme o jargão político. As CPIs, como todo procedimento judicial – e CPI o é, malgrado a fundamentação política – devem buscar a verdade sobre os fatos investigados. A CPI da Pandemia, como é denominada, e de resto todas as outras de sua espécie, na perseguição dessa verdade esperada pela nação e por ser atividade republicana, deve agir com sobriedade. Não ocorre, pois a investigação que ora corre nas salas do Senado Federal apresenta duas vertentes na procura do que verdadeiramente ocorreu e vem ocorrendo em relação à pandemia. Por um lado, a oposição tem apenas um fito: implicar o presidente Bolsonaro e seu governo no resultado macabro do descaso do governo. Já os governistas, estes apenas visam a defesa do seu líder, assim como daqueles que o cercam, tentando ainda desviar a visão de fundo da Comissão com uma inconstitucional convocação de governadores.

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de Alagoas. O papel dos militares, que ganham além do salário uma gratificação, é fazer a segurança da Assembleia. Por que os policiais não fiscalizam a praça? A segurança seria só interna? Existe, também por lá, a Biblioteca Pública, pertencente ao Poder Executivo. A calçada desse prédio é cheia de lixo! Mal podemos passar por lá! Vejam bem, leitores: uma praça famosa, no centro da cidade, pode virar uma pequena cracolândia. Não se assustem, mas é a verdade. Os problemas sociais crescem, quando não são cuidados desde o início. E por falar em cracolândia, eterno problema da cidade de São Paulo, tornou-se um caso crônico. Vários prefeitos tentaram resolver o caso e não conseguiram. Os drogados e traficantes voltam sempre para o mesmo lugar. Se as autoridades não olharem para os diversos locais na cidade de Maceió, dentro em pouco não haverá solução e os traficantes tomarão conta dos espaços públicos. Voltando à Praça da Catedral: já aconteceram vários assaltos durante a noite, nos feriados. As sedes dos sindicatos

De comum, apenas os longos discursos com sabor de palanque, mormente quando as eleições gerais estão bem vizinhas. A verdade? Essa é posta em segundo plano, enquanto o País amarga mortes muitas pela covid-19. Ao par disso, as inquirições são risíveis pela sua mais absoluta atecnia. As perguntas, que deveriam ser objetivas e diretas, são alongadas, permitindo aos interrogados prepararem-se para mentir, segundo a conveniência do lado em que está, à exceção de alguns poucos que agem com sinceridade. Esses últimos são fáceis de se identificar: são breves e objetivos em suas respostas. Ademais, testemunhas – as únicas que devem prestar compromisso da verdade – respondem sobre os fatos investigados, não sobre suas vidas privadas e mesmo públicas se não interessarem ao objetivo republicano da CPI. Invadidas suas vidas em desconformidade com

que funcionam nas proximidades já sofreram arrombamentos e roubos. Os idosos, como eu, têm medo de saltar de um táxi e atravessar a praça. Existem pessoas desconhecidas ali residindo. Lembro-me que íamos à missa na Igreja da Catedral, ou a casamentos que lá aconteciam e deixávamos o carro no estacionamento da Assembleia, como é chamado. Atualmente é impossível fazer isso. Semana passada, um amigo nosso foi fumar na porta do estacionamento ao lado da Biblioteca Pública e um traficante veio gritar com ele, pois pensava que o moço estava fotografando seu local de trabalho! Independente da responsabilidade da praça ser da Prefeitura, sugiro aos órgãos que têm seus prédios por lá: juntem-se e tentem resolver tão grave problema. Dentro em pouco, teremos uma nova cracolândia no centro de Maceió e a situação vai crescendo até ficar insolúvel. Que tal as autoridades passarem pela Praça D. Pedro II nos fins de semana e durante a noite? Terão gratas surpresas!

os fatos investigados, não serão mais testemunhas, mas acusados. Nesse caso, irrelevante os habeas corpus, pois constitucionalmente ninguém pode ser forçado a se incriminar. As ameaças de prisão, nessas circunstâncias, são puro jogo de cena que maculam a seriedade das comissões parlamentares de inquérito. Exemplo dos desvios argumentativos dessa CPI da Pandemia, a teimosia da oposição ao governo em perquirir sobre eventual ministério paralelo a aconselhar e guiar as decisões presidenciais. Quando se pensa que o presidente pode ter os conselheiros que quiser, como muitos outros os tiveram, é preocupação inócua dos governistas negarem o fato. Afinal, o importante não são os conselhos que o presidente recebe, seja de quem for, mas as suas próprias decisões que, como no caso de Bolsonaro, são ou podem ser danosas ao País.

Se as autoridades não olharem para os diversos locais na cidade de Maceió, dentro em pouco não haverá solução e os traficantes tomarão conta dos espaços públicos.

A verdade? Essa é posta em segundo plano, enquanto o País amarga mortes muitas pela covid-19. Ao par disso, as inquirições são risíveis pela sua mais absoluta atecnia.


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Noaldo Dantas, o jornalista

GERALDO MAGELA n Procurador de Justiça aposentado e cronista

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oaldo Dantas era um jornalista discreto, de falar pouco e ouvir bastante, de olhar suave, sempre sereno e reflexivo. Conheci este criador de jornais em casa de Joarez Ferreira, onde aos sábados, sempre aos sábados, tomávamos umas cervejas e conversávamos sobre tudo. Não havia confronto de ideias, e sim convergir de opiniões. Não existia, ainda, os embates ideológicos, nem o debate vazio. Havia, sim, o bate papo agradável de jornalistas, Noaldo e Joarez que, mesmo divergindo, transmitia aprendizado e cultura, experiência e amizade. Naquele lugar, naquela residência, na

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Rua Senador Rui Palmeira, Noaldo sentava no mesmo lugar. Ouvia com a mesma atenção e se expressava com a grandeza humilde de quem, ainda, desejava aprender. Tinha uma enorme sensibilidade e um extraordinário talento. Era esteticamente perfeito quando escrevia. Frases curtas e assertivas, de grande beleza poética. Tenho guardado, de 6 de abril de 1997, um recorte do jornal Opinião, onde Noaldo, na coluna “Porque hoje é domingo” escreveu: “Saudade da minha fé antiga; do meu pai inteligente e autoritário; da minha mãe dócil e santa...” No poema, que não canso de ler, de beleza indescritível, de sensibilidade extraordinária, onde o autor superou a si próprio pela exuberância do conteúdo, que erudito e simples homem do povo, vê nele, no poema, a inspiração humana e a criação de Deus: O dia em que Deus criou Alagoas. Era um frasista, também, de excelência. Escreveu: “Não existe mulher ideal; existe, sim, mulher com dias ideais. Homens também. Nunca deixe uma noite amadurecer uma mágoa”. Arrematou, em seguida: “Não

tenho dúvida de que algumas frases, aqui divulgadas, não sejam da minha autoria. Os autores verdadeiros irão reconhecê-las. Aliás, são poucas. Alguém pensou igual a mim”. Este paraibano de Campina Grande, onde foi vice -prefeito e vereador, secretário de Estado e candidato a deputado, aportou em Alagoas em 13 de agosto de 1975, vindo dirigir o Jornal de Alagoas. Fundou jornais, fez amizades, amou Alagoas com intensidade. Noaldo tinha uma imensa amizade por Joarez Ferreira, jornalista de escol e promotor honrado. Os dois se entendiam. Eram jornalistas sem medo. Tenho saudade das manhãs que se alongavam nos sábados regados a cerveja e a bons tira-gostos. Eram ambos rochedos que enfrentaram tempestades. Admirava a cultura de ambos, a humildade, a lealdade que tinham um pelo outro. Eu, à época um promotor ainda jovem, absorvendo, naquele terraço da casa de Joarez, a experiência da cultura e da vida destes jornalistas exemplos de profissionais.

Este paraibano de Campina Grande, onde foi vice-prefeito e vereador, secretário de Estado e candidato a deputado, aportou em Alagoas em 13 de agosto de 1975, vindo dirigir o Jornal de Alagoas. Fundou jornais, fez amizades, amou Alagoas com intensidade.


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NOVA MACEIÓ

Obras da Ecovia Norte seguem em ritmo acelerado Postes antigos estavam atrapalhando evolução mais rápida dos trabalhos ASSESSORIA

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Prefeitura de Maceió entende que a Ecovia Norte é uma importante rota de ligação entre a parte alta da capital e o Litoral Norte maceioense. Por conta disso, desde janeiro o ritmo das obras está sendo outro e não para. A Ecovia vai levar qualidade de vida a mais de 100 mil morado-

res da parte alta da capital, sobretudo a residente do Complexo Habitacional do Benedito Bentes. No total, já foram executadas 70% das obras que facilitarão a mobilidade urbana e desafogará as principais avenidas de Maceió. Com a previsão de finalização para o mês de outubro, restam cerca de 2 quilômetros na faixa da via que fica no lado

Trabalhadores estão em ritmo acelerado para conclusão da nova pista

Poste realocado nanova pista

Máquinas fazem a pavimentação da via esquerdo e 860 metros do lado direito a serem pavimentados. Ao todo, 25 funcionários trabalham em ritmo acelerado para concluir a Ecovia. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), juntamente com a Superintendência Municipal de Energia e Iluminação Pública (Sima), garantiu

iluminação na via, que não constava no projeto inicial. O secretário de Infraestrutura, Nemer Ibrahim, acompanhou a realocação de alguns postes de energia da região, por parte da Equatorial, que estavam localizados no meio da via, impedindo que a obra naquele trecho pudesse avançar.

“Essa ação de realocação dos postes vai garantir que a obra possa correr com o mesmo vapor que estava no início do ano. Em breve, iremos emendar esse corredor de transporte e entregar mais um importante trecho da mobilidade urbana do nosso município”, disse Nemer. A via já está sendo utilizada por condutores, moradores da região, e também já se tornou oficialmente um corredor de ônibus, com o anúncio feito em março, pelo prefeito JHC, da nova linha de ônibus, 601 – Terminal Benedito Bentes/Jatiúca (Ecovia Norte), que beneficiou a população local com a redução em 30 minutos da locomoção do bairro da parte alta ao Parque Shopping. Vale lembrar que as obras da Ecovia Norte começaram em 2010. Após sucessivas interrupções, desde sua última retomada em janeiro de 2021 seu avanço não teve descontinuidade.


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DESPERDÍCIO

Alagoas perde 30% do volume total de água tratada e distribuída para consumo Perda diária do produto chega a 282 litros por ligação residencial, revela estudo feito pelo Trata Brasil TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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s recursos naturais são finitos, podem desaparecer do meio ambiente. A urbanização, o crescimento populacional, desigualdade social, pobreza e a falta de conscientização, de educação e trabalho são as principais causas da escassez de água potável no mundo. No Brasil, no entanto, dois fatores juntam-se aos demais para agravar o quadro crítico: o desperdício no consumo e a perda na distribuição do produto. Na semana dedicada ao meio ambiente, cujo Dia Mundial é comemorado neste sábado (5), um alerta é dado aos brasileiros. Quase 40% (39,2%) de toda água potável captada não chega às residências do país. O percentual representa um volume de 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada e perdida diariamente com vazamentos e outros problemas na rede de abastecimento e também nas ligações nas residências. É água que daria para abastecer mais de 63 milhões de pessoas por um ano, segundo informações do Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Os números estão no estudo “Perdas de Água Potável (2021, ano base 2019): Desafios para a Disponibilidade Hídrica e ao Avanço da Deficiência do Saneamento Básico”. Em Alagoas, as perdas na distribuição de água representam 30% de todo volume tratado para consumo. O percentual é elevado, mas, ainda assim, é o 2º menor registrado no país. O estado com mais baixo Índice

de Perda de água Distribuída (IPD) é Goiás, com 29% do produto distribuído às residências. No Brasil, a média de perda é de 39%, um volume que seria suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que até hoje não possuem acesso nem para lavar as mãos em plena pandemia. Segundo o Instituto, “o volume de água perdido durante a distribuição também poderia atender, por quase três anos, aos mais de 13 milhões de brasileiros que habitam em favelas”. Em relação ao volume, ou índice de Perda por Ligação (IPL), Alagoas ocupa o 9º lugar entre os estados, com 282 litros/ligação por dia. O melhor desempenho desse indicador é novamente em Goiás, com perda de 152 litros/ligação/dia, seguindo por Tocantins (201), Mato Grosso do Sul (216), Paraná (236), Minas Gerais (254), Paraíba (255), Bahia (269) e Ceará (275). O presidente executivo do Trata Brasil, Édison Carlos, lembra que o instituto já há alguns anos estuda a situação das perdas de água potável no país e os números só pioram. “Ao não atacar o problema, as empresas operadoras de água e esgotos precisam buscar mais água na natureza, não para atender mais pessoas, mas para compensar a ineficiência. Em momentos de pandemia e pouca chuva, isso cobra um preço altíssimo à sociedade”, afirma. Os indicadores de perdas de água não diferem de outros [indicadores] de acesso ao saneamento quando olhamos regionalmente, aponta o Trata

Água desperdiçada prejudica quem ainda não tem acesso ao líquido nas residências Brasil. A região Norte do país, detentora dos piores índices de saneamento, também registra o maior IPD, com 55,2%, isto é, a região perde mais da metade da água potável produzida. Não muito atrás, a região Nordeste também aponta indicador alto, com 45,7%.

CRISE HÍDRICA

Há uma semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico anunciou que a precipitação de chuvas deste ano pode ser a menor dos últimos 91 anos, colocando em risco os reservatórios de água para abastecimento e também os voltados à geração de energia elétrica. Por conta da crise hídrica já instalada no país, a conta de energia elétrica chegará ao consumidor brasileiro mais cara. Na sexta-feira da semana passada (28 de maio), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para este mês de junho será vermelha, patamar 2, com custo de R$ 6,243 para cada 100kWh consumidos. Segundo a agência, maio foi o primeiro mês da estação seca nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacio-

nal (SIN), levando ao registro de “condições hidrológicas desfavoráveis. “Junho, portanto, começa com os principais reservatórios do SIN em níveis mais baixos para essa época do ano, o que indica menos geração hidrelétrica e mais produção termelétrica, que afeta diretamente o bolso do consumidor. O volume de água perdida nos sistemas de distribuição poderia ser economizado da natureza, avalia o Trata Brasil, e isso certamente ajudaria a manter mais cheios os rios e reservatórios. “Uma redução dos atuais 40% de Índice Perdas de Faturamento Total para índices próximos a 25%, meta prevista pela Portaria Nº 490 do Ministério do Desenvolvimento Regional, permitiria a economia de um volume da ordem de 2,2 bilhões de m³. Significa que, mesmo se conseguirmos uma redução não tão ambiciosa nas perdas de água, já seria volume suficiente para atender a aproximadamente 39 milhões de brasileiros num ano”, informa o instituto.

NOVO OPERADOR

A partir de 1º de julho, o sistema e abastecimento da Região

Metropolitana de Maceió, que envolve 13 municípios, passará à responsabilidade da empresa BRK Ambiental, substituindo a Companhia de Água e Saneamento de Alagoas (Casal) nos serviços de distribuição de água potável, atendimento aos clientes, retirada de vazamentos nas ruas, reposição de pavimento, mudança de titularidade e todos os demais serviços comerciais, faturamento, arrecadação e esgotamento sanitário. A captação e tratamento da água continuam realizados pela Casal. A BRK Ambiental se instala em Alagoas anunciando metas ambiciosas e urgentes, com foco na redução das perdas de água na execução do serviço. “Tem uma engenharia por trás do programa que objetiva garantir a pressão para que a população consiga receber a água em quantidade e qualidade e, sobretudo, a gente consiga reduzir números de rupturas e vazamentos”, explicou Herbert Dantas, executivo da empresa, durante coletiva à empresa na última terça-feira (1º). Outra meta é levar o esgotamento sanitário “adequado” para 90% da população da região atendida.


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ECONOMIA EM PAUTA Dinheiro esquecido

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Banco Central informou esta semana que em dezembro deve entrar em operação o Sistema de Informações de Valores a Receber (SVR), que permitirá às pessoas em geral e às empresas consultar saldos eventualmente “esquecidos” em instituições financeiras. De acordo com o BC, os clientes de instituições financeiras poderão verificar, por meio do sistema, se há saldos disponíveis ligados a contas encerradas, parcelas de empréstimos e tarifas cobradas indevidamente, recursos não procurados após o encerramento de consórcios e cotas de capital de cooperativas de crédito, entre outros.

Mineração em Alagoas A Mineração Vale Verde (MVV) concluiu na terça-feira, 1, a construção da mina Serrote de cobre-ouro, na cidade de Craíbas, em Alagoas. Em plena capacidade, a mina produzirá em média 22.000 toneladas por ano ao longo de uma vida útil inicial de 14 anos. O plano de mina inicial é sustentado por reservas minerais totais de 52,7 milhões de toneladas, classificando 0,6% de cobre e 0,1 gramas por tonelada de ouro.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Reajuste nos Correios O Ministério das Comunicações reajustou esta semana a tarifa dos serviços postais e telegráficos nacionais e internacionais prestados exclusivamente pelos Correios. A correção média autorizada para este ano é de 4,2915% para serviços nacionais e internacionais. O valor corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período de janeiro a dezembro de 2020. O reajuste também criou uma tabela de preços com base no peso do produto e de acordo com o país e localização do envio e destino que pode ser conferida no site dos

Prova de vida A prova de vida para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que moram no Brasil voltou a ser obrigatória a partir desta semana. A exigência estava suspensa desde maio de 2020 por causa da pandemia de covid-19 e não causava a suspensão do benefício. Com o retorno da obrigatoriedade, os aposentados e pensionistas que não realizarem a confirmação do cadastro terão o benefício suspenso.


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Codevasf vai pavimentar 79 Km de vias em 12 municípios de Alagoas Investimento de R$ 6,5 milhões é oriundo de emendas parlamentares garantidas no Orçamento Geral da União

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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Alagoas vai pavimentar 79,1 mil metros quadrados de vias urbanas e rurais em 12 municípios alagoanos. Os recursos, da ordem de R$ 6,5 milhões, são de emendas parlamentares previstas no Orçamento Geral da União. A pavimentação das vias será levada aos municípios de Batalha, Craíbas, Inhapi, Jequiá da Praia, Major Isidoro, Minador do Negrão, Olho d’Água das Flores, Olha d´Água Grande, Ouro Branco, Satuba, União dos Palmares e Viçosa. “Além de melhorar a locomoção de pessoas e veículos as obras vão facilitar o escoamento de produção e de mercadorias nessas cidades, bem como a oferta dos serviços públicos”, avalia o superintendente da Codevasf no estado, Joãozinho Pereira. O projeto prevê a aplicação de pavimentação asfáltica em paralelepípedo, que contará com terraplanagem e estrutura de pavimento, incluindo a base da rua e o revestimento. As intervenções, segundo o superintendente, vão beneficiar cerca de 240 mil pessoas. As obras de pavimentação de pequenas vias pela Codevasf foram aprovadas em sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) na qual os ministros deram aval para contratação de serviços de 29 projetos nos municípios atendidos pela companhia. Os investimentos associados aos pregões que estavam sob análise do TCU podem chegar a R$ 533 milhões. A decisão da

Corte de Contas foi tomada por unanimidade. Na avaliação do ministro relator, Augusto Sherman, a execução correta desses contratos pode resultar em solução melhor do que soluções anteriores. “Antes, para poder pavimentar essas pequenas vias públicas, vias já existentes — são todas elas pequenas vias —, o dinheiro era pulverizado em vários municípios, pulverizado em vários convites, e muitos deles [contratos] terminavam por não ser executados, e alguns terminavam em Tomadas de Contas Especiais (TCEs) aqui no TCU, como nós vemos em todas as Câmaras deste Tribunal todas as semanas”, disse. A pavimentação nos 12 municípios alagoanos é a primeira obra de grande porte na gestão de Joãozinho Pereira, que assumiu a superintendência da Companhia em abril deste ano. Pereira foi prefeito do município de Teotônio Vilela por três mandatos e deputado estadual entre 2011 e 2014. O ministro do TCU Benjamin Zymler afirmou que as contratações da Codevasf podem promover economia de recursos. “É uma chance que se dá à Codevasf de realizar — de forma legal, de forma legítima e econômica — esses calçamentos em diversas cidades, de uma forma uniforme, a partir de uma licitação, eventualmente com economia de recursos quando comparado com as contratações que são feitas isoladamente pelos municípios, cujos resultados são terríveis, como observamos nas sessões de Câmara em diversas TCEs”, afirmou na sessão de julgamento dos pregões.

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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Taos desafia Compass e promete incomodar O mercado de SUVs médios terá a concorrência acirrada com a estreia do VW Taos que chega às concessionárias no fim do mês. Até agora o Jeep Compass não tomou conhecimento dos modelos disponíveis no mercado por seu preço competitivo, duas possibilidades de motores (flex e diesel) e trações 4x2 e 4x4. O Corolla Cross, por exemplo, visa ao público mais urbano e a versão híbrida destaca-se pelo baixo consumo de combustível. O Ford Territory, importado da China, tem preço menos atraente. O Taos vem da Argentina sem imposto de importação e sobressai pelo estilo moderno. A frente inova com um filete de LED aplicado na grade, além dos faróis de LED e tecnologia IQ. Light de última geração. Perfil e traseira são bem elegantes. Compass precisaria ter mudado mais, externamente, na linha 2022. Neste aspecto ficou para trás. Distância entre eixos (2,68 m) e porta-malas (498 litros) também superam o modelo da Jeep. O espaço interno, em especial no banco

traseiro, é maior no Taos. Este oferece de série rodas de 18 pol., quadro de instrumentos digital (10,25 pol.) e multimídia (10,1 pol.). Porém, ao contrário do rival, não tem internet dedicada a bordo. Motor de 1,33 L, turbo flex, 185 cv (E)/180 cv (G) do Compass entrega 35 cv a mais que o de 1,4 L do Taos. Este também perde em torque (25,5 kgf.m contra 27,5 kgf.m). Entretanto, o SUV da Jeep tem diferença de peso em ordem de marcha de até 80 kg, no caso da de tração 4x4. VW informa aceleração de 0 a

Pulse é o nome do primeiro SUV da Fiat

Tiggo 3x tem renovação mecânica e estética

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onforme havia previsto aqui, Fiat confirmou que seu primeiro SUV compacto se chamará Pulse. As linhas externas tinham sido reveladas anteriormente. Semana passada apresentou desenhos e pormenores técnicos da plataforma modular MLA que exigiu dois anos de trabalho no seu centro de desenvolvimento em Betim (MG), além de mais de dois milhões de quilômetros rodados em estradas e simuladores de chassi. Essa arquitetura permite variar distância entre eixos, bitolas dianteira e traseira, balanços dianteiro e traseiro e também o comprimento. Portanto, vai gerar também um segundo SUV, de porte médio, da

100 km em 9,3 s e o rival entre 9,4 s e 8,8 s, dependendo da versão. Quanto ao tanque de combustível, de 51 litros no Taos contra 60 litros do Compass. Há pequena diferença nos consumos urbano e rodoviário entre os dois concorrentes, mas o alcance sempre é maior no Jeep. O Taos avançou no pacote de assistência ao motorista: frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestre e controle adaptativo de cruzeiro acrescido à função para-e-anda automática em até três segundos de imobilização. Quanto ao preço o Compass oferece um leque de oferta maior, pois o motor a diesel encarece. Mas há semelhanças entre os dois modelos. Taos Highline com teto solar por R$ 187.310 e Compass S R$ 187.990. Na Comfortline, o Taos parte de R$ 154.990. As três primeiras revisões são gratuitas. O novo SUV da VW vai incomodar o líder do segmento, porém não dá para cravar se conseguirá superá-lo em médio prazo.

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marca italiana, além dos sucessores de Argo e Cronos (se houver). Terá capacidade 25% maior de absorção de energia em colisões, promoverá maior conforto acústico e regulagem da coluna de direção em distância e não apenas em altura como hoje. Especial atenção foi dada ao controle de inclinação de carroceria que ocorre quando se aumenta a altura de rodagem que faz parte do “kit aventureiro” tão em moda. O Pulse vai estrear o motor 1-litro, turbo flex, 3-cilindros da família GSE, além de câmbio automático CVT.

s dimensões externas e internas não mudaram em relação ao Tiggo 2x. Mas a nova frente do Tiggo 3x, grade bem estilizada na versão de topo PRO, faróis de LED e DRL, melhor acabamento interno e central multimídia moderna dão fôlego extra ao modelo da Caoa Chery. Fabricado em Jacareí (SP), o carro é o que europeus chamam de pseudo-SUV por se tratar de um hatch de suspensão elevada, rack de teto, molduras nas caixas de rodas e outros apliques típicos na carroceria. O novo motor, um 3-cilindros, de 1 litro, turbo flex, sem injeção direta e desenvolvido no Brasil a partir do motor chinês, entrega apenas 102 cv (E)/98 cv (G). Mas o torque de 17,1 kgf.m (E)/16,8 kgf.m (G) supera o do atual 1,5-L, 4-cilindros aspirado, que continua no Tiggo 2x. O câmbio de série é automático CVT de nove marchas com seleção manual pela alavanca apenas. A Caoa Chery indica aceleração de 0 a 100 km/h em 14,2 s, melhor que os 15 s do motor de maior cilindrada e câmbio automático de quatro marchas. Na avaliação, por estradas sinuosas, destaque para o comportamento em curvas, direção precisa e respostas ao acelerador razoáveis. Freios muito bons, a disco nas quatro rodas.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

COM PANDEMIA DESCONTROLADA, BRASIL SEDIARÁ A COPA AMÉRICA O governo brasileiro confirmou a Copa América como sede, mas alguns políticos, entidades de saúde e o público não concordaram com a decisão. Com a confirmação da realização da Copa América, os responsáveis governamentais informaram também que a competição esportiva terá, pelo menos, quatro sedes estaduais, num momento em que especialistas preveem uma terceira onda da pandemia de covid-19 no Brasil. Os jogos irão acontecer no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás e não contarão com torcida. Jair Bolsonaro aproveitou a presença da imprensa para declarar que o Brasil está em “condição de realizar a Copa

É reta final na Libertadores!

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Conmebol já definiu, através de sorteio, os confrontos das oitavas de final da Libertadores de 2021. O Palmeiras, atual campeão, irá enfrentar a Universidad Católica, do Chile. As bolinhas marcaram ainda três duelos entre brasileiros e argentinos: Flamengo contra Defensa y Justicia, Atlético-MG contra o Boca Juniors e São Paulo contra Racing. Os outros brasileiros, Fluminense e Internacional, têm vida mais fácil na competição, enfrentando Cerro

América”, num momento em que o país ultrapassou as 465 mil mortes devido ao novo coronavírus. Parece piada, mas não é. Antes do início da Copa América, o Brasil receberá o Equador e cinco dias depois visitará o Paraguai para as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo no Catar em 2022.

EX-CRB OLÍVIO ACERTA COM ASA PARA SÉRIE D

Porteño e Olimpia, respectivamente. Os duelos das oitavas de final acontecerão em julho: os jogos de ida estão marcados para a semana do dia 13, e os de volta, para a semana do dia 21. As quartas de finais desta edição da Libertadores prometem ter vários duelos de peso. Caso avance, o Verdão poderá ter um clássico com o São Paulo pela frente, se o Tricolor levar a melhor sobre o Racing, reeditando o duelo que já ocorreu na fase de grupos desta edição. Outro confronto que pode acontecer é Atlético Mineiro e

A diretoria executiva da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) acertou a contratação do meio campista Olívio, de 33 anos, ex-CRB, para a disputa da Série D. O atleta já havia usado seu Instagram para comunicar seu desligamento do Galo da Praia. Na postagem, o jogador destacou o tempo que vestiu a camisa regatiana e agradeceu o apoio da torcida. Olívio estreou pelo Regatas em 2014. Muita raça dentro de campo era sinônimo do futebol do atleta. Com boas atuações, logo se tornou querido pela torcida alvirrubra. Em 2016 um fato inusitado tirou Olívio dos gramados. Na ocasião foi pego no exame antidoping e precisou cumprir quatro anos de suspensão. Voltou em dezembro do ano passado, contra o América-MG, pela 31ª rodada do Brasileiro. O jogador foi um dos pedidos do técnico Ademir Fonseca para a continuidade dos trabalhos do restante da temporada.

DAVID LUIZ PODE SER NOME IDEAL PARA SUBSTITUIR GERSON NO FLA Uma publicação nos stories do zagueiro David Luiz agitou a torcida do Flamengo nas redes sociais. De férias no Rio de Janeiro, o atleta, que pertence ao Arsenal, mas ficará livre no mercado no fim deste mês, postou a foto de uma paisagem carioca com a seguinte trilha sonora de fundo: “O Rio de Janeiro, continua lindo”. Música de Gilberto Gil que possui o famoso refrão:

“Alô torcida do Flamengo, aquele abraço”. Coincidentemente, David Luiz começou a seguir diversos atletas do Mengão em seu perfil no Instagram. Entre eles os zagueiros Gustavo Henrique e David Luiz, os meias Diego Ribas e Everton Ribeiro e o goleiro Diego Alves, além dos laterais Filipe Luís e Rodinei, e do novo dirigente e ex-atleta Juan. Em relação ao futebol do atleta, David Luiz seria uma ótima peça para compor um plantel com experiência, qualidade e rodagem europeia. Formaria boa dupla de zaga com Rodrigo Caio.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Voltou para a UTI

PELO INTERIOR

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preocupante o estado de saúde do cantor e sanfoneiro arapiraquense Afrísio Acácio. De acordo com a família, ele precisou retornar para a internação na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Universitário (HU), localizado na parte alta de Maceió. Recuperado há pouco tempo da covid-19, o artista está com sequelas. Ele ficou internado no Hospital Regional de Arapiraca por mais de 30 dias. Afrísio foi transferido para o HU no último dia 20, e seguiu realizando exames, mas no sábado, 30, precisou ser transferido para a UTI.

Alterações no fígado

De acordo com um dos seus filhos, após ser curado da covid-19, o artista apresentou alguns problemas de saúde, entre eles uma úlcera, icterícia e alterações no fígado. “Após a alta hospitalar da covid-19 continuamos realizando o tratamento dessas sequelas em casa de acordo com a orientação médica. Mas como ele não estava evoluindo bem, retornamos para a Unidade de Emergência do Agreste no dia 12 de maio”, contou o filho de Afrísio.

Recursos da Codevasf

Cerca de R$ 6,5 milhões serão aplicados pelo governo federal, por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em obras de pavimentação asfáltica em doze municípios alagoanos. As intervenções beneficiarão 240 mil pessoas. Os recursos são oriundos do Orçamento Geral da União destinados à Codevasf por meio de emendas parlamentares.

Melhoria da locomoção

“Além da melhoria da locomoção de pessoas e de veículos de modo geral, essas ações contribuirão para facilitar o escoamento de produção e de mercadorias nessas cidades, bem como a oferta dos serviços públicos”, afirma o superintendente Regional da Codevasf em Alagoas, Joãozinho Pereira.

Pavimentação

Serão pavimentados 79,1 mil metros quadrados de vias urbanas e rurais da sede e dos distritos dos municípios de Batalha, Craíbas, Inhapi, Jequiá da Praia, Major Isidoro, Minador do Negrão, Olho d’Água das Flores, Olha d´Água Grande, Ouro Branco, Satuba, União dos Palmares e Viçosa.

Vacinação

Na quarta-feira, 2, em Arapiraca, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Saúde, informou que deu continuidade à vacinação contra a covid-19 em pessoas com 58 e 57 anos sem comorbidade.

Documentos exigidos

Em nota enviada a imprensa, a administração municipal informou que “é muito importante lembrar que para receber o imunizante, o usuário precisa levar documento oficial com foto, CPF, comprovante de residência e o Cartão Nacional de Saúde, que deve estar atualizado com endereço de Arapiraca”.

Comorbidade

Arapiraca conta com três postos de vacinação, localizados no Sesc Arapiraca, no Ginásio da Escola Pedro Reis, e no drive thru do Arapiraca Garden Shopping, e que estão funcionando em horário unificado desde terça-feira (1º), das 9h às 16h. A população que pertence aos grupos prioritários é que ainda não recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19 ainda pode se dirigir aos postos de vacinação.

Participou de evento

Na tarde de segunda-feira, 31, o prefeito Luciano Barbosa participou do webinar “Como a Agenda Convergente Mobilidade Sustentável e Saúde Pode Contribuir para a Segurança Viária”, realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), Centro de Documentação em Cidades Sustentáveis (Cepedoc) e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).

. ... Os conselhos municipais têm papel importante no fortalecimento da participação democrática da população na formulação e implementação de políticas públicas. ... Na segunda-feira (31), o novo Conselho Municipal de Turismo tomou posse em Arapiraca e passa a ter, como presidente, a secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rosa Lira.

Foi online

O evento, que também foi transmitido pelo canal da USP no YouTube, teve como objetivo debater a nova forma de pensar os deslocamentos dentro e fora das cidades, sobretudo nesse momento da pandemia da covid-19, e o desafio de repensar as relações entre ambiente, sociedade e saúde.

Juízo Proativo

Com 106 pontos, a 10ª Vara Cível de Arapiraca (Família) obteve a melhor pontuação da aferição Juízo Proativo referente ao ano de 2020. Esta é a quinta vez consecutiva que a unidade alcança esta marca, e a sexta em toda a história da premiação, iniciada em 2014.

Padrão Excelência

A Vara atingiu o “Padrão Excelência” do Juízo Proativo, e destacou-se ainda por ter sido a única a julgar todos os processos da Meta 2 do CNJ (ações antigas) e registrar a menor taxa de congestionamento do estado, com 32%. O número é calculado levando em conta os casos novos, processos baixados e o estoque pendente ao final do período anterior. Quanto maior a celeridade processual, menor a taxa. (Com assessoria) do para a efetiva vacinação da população.

... O novo grupo terá a tarefa de, em parceria com o poder público municipal, impulsionar o nome de Arapiraca como destino turístico, dando protagonismo no setor para a Capital do Agreste alagoano. ... “O turismo é, sem dúvida, um dos maiores vetores do desenvolvimento econômico, pois envolve 52 subáreas, impulsionando a geração de emprego e renda de boa parte da população”, disse Rosa Lira. ... A secretária diz ter certeza que a parceria entre prefeitura e conselho vai gerar grandes frutos para que Arapiraca possa avançar cada vez mais nos trilhos do desenvolvimento”, disse a secretária. ... A Vigilância Sanitária Municipal, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Penedo, juntamente com o apoio da Polícia Militar, encerrou mais uma festa clandestina em que diversas pessoas estavam aglomeradas em um bar, situado no Povoado Marituba do Peixe, em Penedo. ... Além de não seguir as recomendações vigentes para o funcionamento de bares e restaurantes, o que é permitido somente de terça à quinta-feira, o estabelecimento infringiu as normas sanitárias ao permitir a realização da festa, que ainda contava com um paredão de som. ... O Decreto Estadual e Portaria do GGC- Gabinete de Gerenciamento de Crise em Penedo proíbem a realização de qualquer tipo de evento, inclusive festas em residências, chácaras ou bares e restaurantes. ... E a pandemia continua assustando a população arapiraquense. Só essa semana três pessoas que residiam no Alto do Cruzeiro não resistiram às complicações da covi-19 e faleceram. ...Aos nossos leitores desejamos paz e muita saúde. E vamos continuar seguindo os protocolos e orientação dos especialistas para evitar esse vírus terrível que tem tirado vidas e o sono da população. Até a próxima edição!


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SAÚDE

Realizado primeiro implante de marcapasso no His em Alagoas Santa Casa de Maceió acompanha nova tendência para ressincronização cardíaca A estimulação cardíaca artificial tem evoluído bastante nos últimos anos, tornando-se mais fisiológica e harmônica possível. Recentemente, um novo conceito surgiu com a estimulação seletiva do feixe de His, um grupo de fibras que conduz os impulsos elétricos a partir do nódulo atrioventricular e que dividese em outros dois ramos: o ramo esquerdo conduz os impulsos ao ventrículo esquerdo, e o ramo direito conduz os impulsos ao ventrículo direito. No dia 26 de abril deste ano, o Serviço de Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca da Santa Casa de Maceió fez o primeiro implante de um marcapasso hisiano. O paciente de 46 anos, passa bem e já teve alta hospitalar. Para os especialistas, a tendência natural é a de que, em alguns casos, este marca-

Momento do implante dos eletrodos no paciente; impulsos elétricos são conduzidos a partir do nódulo atrioventricular

passo possa substituir a ressincronização cardíaca tradicional, trazendo os mesmos benefícios da estimulação multissítio. A ressincronização ainda é a terapia padrão para pacientes com insuficiência cardíaca e outros casos. Contudo, nos pacientes com dificuldade em posicionar eletrodo no

ventrículo esquerdo (VE) e naqueles com indicação de marcapasso tradicional, a estimulação do feixe de His pode ser uma opção viável e eficaz. “Essa alternativa de estimulação monossítica é bem mais promissora do que a estimulação do ventrículo direito (VD), pois a estimulação do VD, sa-

bidamente, gera um bloqueio de ramo esquerdo (BRE) eletromecânico, o que pode causar prejuízo ao paciente com a diminuição da fração de ejeção, piora da insuficiência cardíaca e qualidade de vida em pacientes que já tenham alguma disfunção ventricular”, explicou o eletrofisiologista Edvaldo

Xavier. A principal manifestação no eletrocardiograma (ECG) pós implante do marcapasso no feixe de His, é o estreitamento da duração do complexo QRS. “Em breve, esse novo tratamento também se estenderá aos usuários do SUS”, finalizou o especialista.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE JUNHO DE 2021


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