Edição 1124

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1124 - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2021 - R$ 4,00

ELEIÇÕES

João Caldas quer voltar à Câmara para ajudar JHC O ex-deputado federal por três legislaturas João Caldas pretende voltar à Câmara para ajudar no projeto político de JHC. “O prefeito de Maceió não pode prescindir de um representante em Brasília”, disse Caldas ao EXTRA. 2

APOSENTADORIA EM RISCO

MP VAI APURAR IRREGULARIDADES NA PREVIDÊNCIA DE ALAGOAS Promotoria da Fazenda deve investigar presidente do órgão e falhas na aplicação dos recursos 11 MAIS UMA

CONSTRUÇÃO

BRASKEM E PANDEMIA AQUECEM MERCADO DE IMÓVEIS EM ALAGOAS 23

Márcio Roberto Tenório, chefe do Ministério Público

XADREZ POLÍTICO RENAN FILHO E ARTHUR LIRA PODEM INVIABILIZAR 3ª VIA AO GOVERNO 5

STJ ACATA DENÚNCIA CONTRA CÍCERO ALMEIDA NA MÁFIA DO LIXO 9


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Entre o mar e o rochedo

Corrida ao TJ

Mais um candidato a desembargador começa a se movimentar na corrida por uma vaga no Tribunal de Justiça de Alagoas pelo quinto constitucional da OAB. Trata-se do advogado Fábio Farrário, com marcante atuação nas áreas cível, penal e eleitoral. Será, sem dúvida, um forte candidato a disputar o voto dos 13 mil advogados alagoanos inscritos na OAB-AL.

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– Deputados e Secretaria da Fazenda chegaram a um acordo para o Estado não devolver os 14% descontados dos servidores aposentados, de abril de 2020 até agora. Mais que uma derrota para os inativos, o pacto sinaliza um gesto de boa vontade da Assembleia Legislativa com o governo estadual.

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- Sacrificar os aposentados têm custos eleitorais e os parlamentares sabem disso, mas preferem correr esse risco calculado em nome de uma possível aliança com o governador para o pleito de 2022. É a velha história da briga entre o mar e o rochedo, que sempre sobra para o marisco.

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- Desde o início do ano Renan Filho e Marcelo Victor, chefes dos dois poderes, tentam se acertar em torno de uma aliança que atenda aos interesses de ambos os lados nas eleições do ano que vem. Mas, até agora, o governador e o presidente da Assembleia não conseguiram resolver as divergências; que não são poucas.

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- O pacto político exige renúncias, mas ninguém quer perder poderes e possibilidades de novas conquistas no pleito de 2022, sobretudo na disputa majoritária. Os deputados querem sinal verde do Palácio para eleger o próximo governador em troca de apoio à candidatura de Renan Filho ao Senado.

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- Com uma gestão aprovada pelo povo e os cofres cheios, Renan faz corpo mole e vai empurrando com a barriga qualquer acordo político para as próximas eleições. Segundo alguns de seus aliados, essa possível aliança não sairá antes de abril próximo, quando o governador deverá se afastar para disputar as eleições.

Rolo compressor

João Caldas vem aí

O ex-deputado João Caldas pretende voltar à Câmara Federal no pleito de 2022 para ajudar na consolidação do projeto político do prefeito JHC. Caldas disse à coluna que é candidato, mas vai aguardar a reforma política - que deve ser aprovada até setembro - para botar o bloco nas ruas e no campo. Assessor informal do filho-prefeito, Caldas lembra que as composições para o pleito do próximo ano dependem dessa reforma, que dará o norte da campanha eleitoral de 2022. “JHC não pode prescindir de um representante em Brasília para agilizar os projetos de interesse do Estado; quero voltar à Câmara Federal com esse objetivo”, disse. Deputado federal em três legislaturas, João Caldas dedicou parte de sua atuação política em Brasília abrindo espaços para Alagoas no relacionamento com o poder central. Mesmo com a mudança de governos, até hoje mantém abertas as portas dos Ministérios e demais órgãos da União.

De volta ao passado

A eleição do prefeito JHC trouxe de volta ao poder o ex-governador Ronaldo Lessa, que agora traz Patrícia Mourão para a secretaria de Turismo. Quem sabe, Kátia Born e outros aliados também passem a integrar o time “socialista” outrora banido pelas urnas Para quem não se lembra, Kátia Born é a ex-prefeita que mergulhou nas águas podres do Salgadinho para mostrar que o riacho estava despoluído. A então prefeita correu risco de vida, mas renovou o mandato.

O ministro Humberto Martins, do STJ, aumentou as pressões junto ao Tribunal de Justiça de Alagoas para indicar dois desembargadores: a vaga por mérito, para o lugar de Pedro Augusto - que se aposentou – e a outra da OAB, pelo quinto constitucional. Para alguns dos atuais membros do TJ vale a expressão popular do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Atualizando a máxima para o general Pazuello ficaria assim: “Ele manda, nós obedecemos”, mas nenhum dos desembargadores veste a carapuça em público. A continuar nesse diapasão, o ministro Martins logo, logo vai indicar, também, o presidente do tribunal. Deve estar com saudade dos tempos em que foi desembargador, onde construiu as bases para desembarcar no STJ.

Impunidade

Ao entregar ao MP o inquérito sobre o assassinato do empresário Kleber Malaquias, a Polícia, na prática, encerra o caso sem apontar o mandante do crime. A continuação das investigações depende agora da promotoria do caso, que pode pedir novas diligências, ou não; no que pode ser mais um crime de mando sem mandante. A história mostra que esse crime não seria o primeiro nem o último a garantir a impunidade do autor intelectual. Sobretudo quando se trata do envolvimento de políticos e gente do poder econômico.

Promoção na PM

As promoções de militares da PM, adiadas de 2021 para este ano devido à pandemia, deverão desembocar no Tribunal de Justiça, por interesses atropelados. Com poucas vagas e muitos concorrentes, sobretudo na patente de major a tenentecoronel, a disputa envolve forte interesse político-eleitoral.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

JHC e a demissão do secretário

A

demissão do então secretário de Turismo do município, Ricardo Santa Ritta, por JHC, pelo Twitter, não pegou bem para o prefeito de Maceió, uma vez que, além de ser deselegante com um auxiliar, o exonerado foi um cabo eleitoral de primeira hora durante toda a campanha política.

Demitir Santa Ritta pelas redes sociais sem sequer ouvi-lo sobre o besteirol da suástica foi no mínimo precipitado, sem levar em consideração que ele se filiou ao PDT para robustecer a chapa majoritária com o compromisso de assumir cargo relevante na administração municipal, o que aconteceu.

Sem forças

Ônus da oposição

O que ficou bastante claro nesse imbróglio todo foi que o PDT de Ronaldo Lessa não teve forças suficientes para opinar sobre a demissão do filiado pelo prefeito de Maceió, levando, no caso, Santa Ritta à rua da amargura sem qualquer chance de explicação.

O ex-ministro dos Transportes do governo Temer, Maurício Quintella e atualmente ligado à família Calheiros, sentiu o peso esta semana de ser oposição ao governo federal. Seu irmão Juliano Quintella foi defenestrado da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, para dar lugar ao também alagoano Ivan Anderson Barbosa Chagas, que já atuava em Alagoas na mesma instituição.

Longe de Maceió Há mais de dez anos fora de Maceió e com residência fixa no Rio de Janeiro, Patrícia Mourão, indicada para a Secretaria de Turismo da lista tríplice apresentada pelo PDT, vai ter que se adaptar à nova realidade da capital.

Insatisfação A nomeação de Patrícia Mourão para a Secretaria de Turismo de Maceió em detrimento a Judson Cabral, não agradou a todos os filiados do PDT. O vice-prefeito Ronaldo Lessa tem sido alvo de duras críticas nas redes sociais por não ter prestigiado quem tanto fez pelo partido nos últimos anos.

Ingratidão Já o prefeito JHC ao escolher Patrícia Mourão para o Turismo, demonstrou que o esforço feito por Judson Cabral durante a campanha política não merecia ser recompensado, mesmo que esteja exercendo um pequeno cargo de assessoria na administração municipal.

Cariocando A nova secretária Patrícia Mourão que há mais de dez anos está fora de Maceió e que mora no Rio de Janeiro, ganhou a preferência do prefeito JHC e de Ronaldo Lessa, ninguém sabe por quê. Como faz tempo que não vem a capital alagoana, vai ser necessário aprender como transitar pela cidade que tanto tem atraído turistas de outros estados.

Provocação Além de fazer ácidas críticas ao presidente Jair Bolsonaro de quem é adversário político, Maurício Quintella vinha mantendo no comando da PRF o seu irmão Juliano. Como a notícia corre com rapidez, o governo federal entendeu que não deveria prestigiar quem está contra ele.

Desprestígio Ao assinar o contrato para a construção da estrada Barra de Santo Antônio-Barra do Camaragibe, o governo demonstrou de uma vez por todas a inutilidade da Secretaria de Infraestrutura dirigida pelo ex-ministro dos Transportes e exdeputado federal, Maurício Quintella. Para variar, quem faz a obra, aliás como todas as outras, é o engenheiro Mosart Amaral, o auxiliar preferido do governador Renan Filho.

Os beneficiados Mesmo que outras obras sejam mais importantes para oferecer melhores condições à população, a rodovia de Barra de Santo Antônio-Barra do Camaragibe irá beneficiar, de cara, empresários que já compraram grande volume de terras na região e ainda continuam comprando.

Insaciável Um empresário do ramo do turismo bem conhecido em Alagoas e com bastante trânsito junto às autoridades, iniciou uma verdadeira peregrinação na região onde será construída a rodovia da Rota dos Milagres. Estaria tentando adquirir, por preços reduzidos, áreas de pequenos proprietários para revendê-las depois à preço de ouro.

Esvaziada A Secretaria de Infraestrutura, que a princípio seria para tocar os grandes projetos de engenharia, tornou-se um peso morto no governo, com Maurício Quintella sendo colocado de escanteio na administração de Renan Filho.

Constrangimento O desprezo da Secretaria de Infraestrutura pelo governo é tão grande, que ninguém entende como Maurício Quintella, com tantos serviços prestados ao estado, além de ex-deputado federal e ministro de Estado, se submete a dirigir uma secretaria que não representa absolutamente nada na estrutura governamental.

No radar Esquecido durante algum tempo e desesperançado de ser o candidato ao governo do estado, o deputado Isnaldinho Bulhões volta ao radar de Renan Filho que não tem acreditado no desempenho de Rafael Brito nem tampouco de Alexandre Ayres.

Arriscando Com uma reeleição praticamente garantida, Bulhões sabe que a parada será dura, se levar em consideração uma oposição com a participação de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa.

Ilusão O prefeito Renatinho, do Pilar, que tem se sobressaído em algumas ações no município que dirige, botou na cabeça que pode ser, sim, o futuro governador de Alagoas. É como se Renatinho não soubesse que a parada é indigesta e que sua musculatura política ainda está muito longe de acontecer. Mas, se depender do seu conselheiro especial e primeiro ministro do Pilar, Paulo dos Santos, o Paulão, ele vai em frente. Resta saber se sua disponibilidade financeira será suficiente para encarar essa empreitada.


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SENADO EM JOGO

Os trilhões de Bolsonaro contra bilhões de Renan Collor aposta na guerra das máquinas federal e estadual, em busca da reeleição ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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as redes sociais, o senador Fernando Collor (PROS) faz questão de mostrar selfies com o presidente Jair Bolsonaro ou com ministros. O impacto no eleitor é previsível: elle agrega poder e prestígio junto aos gabinetes em Brasília, o que significa mais dinheiro público dos cofres federais a obras do interesse do ex-presidente da República. O senador também faz a defesa de Bolsonaro, usando bom humor e irreverência ao atacar os críticos do presidente. Na última terça, debochou de youtubers e influenciadores digitais que lamentavam as 500 mil mortes no Brasil, por causa da pandemia, e miravam Bolsonaro. “Gente, quem é essa gente que tá protestando? Vai ser de 3 em 3 agora?”. Em resposta a outro que falava do “barco do bolsonarismo” estar afundando, respondeu com um louvor evangélico: “No barco que ele viaja, tempestade não afunda/ Cidade que ele habita, tsunami não inunda/ Deixa

o barco balançar/ Pois quem está dormindo nele/ É Jesus de Nazaré”. Sem atacar o ex-presidente Lula, de quem já foi aliado, e descartando a formação de uma terceira via nas eleições presidenciais em 2022, Collor reafirmou esta semana seu apoio à reeleição de Bolsonaro, o que significa portas abertas em Brasília para conseguir o que precisa para derrotar o governador Renan Filho (MDB), que deve disputar a vaga a única vaga ao Senado (hoje com Collor) aberta próximo ano. É uma guerra que envolve o trilionário orçamento federal contra os R$ 5 bilhões anunciados pelo governador para obras que se espalham pelo Estado. De olho nos eleitores mais pobres, os antigos descamisados, Collor tenta mostrar seu apoio ao pagamento de mais parcelas do auxílio emergencial. Também fala em crescimento econômico com qualidade. Não é um discurso à toa. Terceiro lugar mais pobre do Brasil, Alagoas assistiu à queda das atividades econômicas com a pandemia, o

Senador Fernando Collor utiliza redes sociais para conquistar eleitores aumento do desemprego e a redução do consumo. E ano passado o auxílio emergencial rendeu, a 1,2 milhão de alagoanos, R$ 5,4 bilhões. Ou seis anos de repasses do Bolsa Família. “Sabemos todos, entretanto, que - mais do que simplesmente crescer -, é preciso crescer com qualidade, e crescer com propósito. É imperativo converter o dinamismo produtivo em convergência socioeconômica, viabilizando a equidade no acesso a oportunidades, sobretudo em regiões que registram, comparativamente, indicadores econômicos insatisfatórios. Nessas localidades, é preciso forjar caminhos que levem, cumulativamente, ao crescimento econômico, à geração de renda e à melhoria da qualidade de vida da população”, diz o senador. Do outro lado da corda, e interessado nos empregos e votos que as obras ajudam a agregar, o governador anunciou que até o final do ano que vem investirá R$ 1 bilhão na duplicação de ro-

dovias. São 597 quilômetros, extensão de 1.890% da atual malha viária estadual. A intenção do Governo é “explodir” o turismo para o interior, principalmente o Sertão. Forma de compensar o setor, bastante atingido pela pandemia. Também anunciou R$ 1 bilhão em investimentos para a educação, em um pacote de 10 programas, incluindo 300 novos ônibus escolares, 200 creches, compra de equipamentos para reestruturação das 310 escolas da rede, compra de computadores para professores, além de 3 mil vagas preenchidas por concurso público. E buscar cancelar os cortes do Alagoas Previdência nos vencimentos de aposentados e pensionistas. Enquanto isso, a esquerda alagoana busca atrair mais gente para as ruas, embalada pelo sucesso das manifestações em todo o Brasil, no último final de semana, contra Jair Bolsonaro, que rendeu ataques à Globo e à CNN via presidente da República. A maior dificuldade dos protestos é que nem to-

dos os críticos de Bolsonaro são petistas. Daí, a tarefa de organizar uma terceira manifestação, atraindo mais gente ao centro do debate político. Este é um dos principais desafios. Lula não apareceu nos protestos, posição diferente de Guilherme Boulos, cotado para disputar o Governo de São Paulo. Em Maceió, o vice-prefeito Ronaldo Lessa (PDT), também não foi às ruas, assim como Ciro Gomes (PDT). A Unidade Popular (UP), o PSOL e o PCB se juntaram ao PT na avenida Fernandes Lima, principal trecho dos protestos. Além do impeachment de Bolsonaro, os protestos pressionaram por uma vacinação mais rápida, auxílio emergencial de R$ 600, não-privatização de estatais como a Eletrobrás e os Correios. A manifestação também ajudou a inflar o coro das investigações da CPI da Covid, responsabilizando Bolsonaro pelas mortes na pandemia, com histórias de colapso no serviço público e no atendimento aos doentes.


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ELEIÇÕES

Renan Filho, que não conseguiu “fabricar” sucessor ao governo estadual, estuda maneiras de dificultar possível candidatura de Rodrigo Cunha ao Executivo

Renan e Lira querem descartar terceira via com JHC e Cunha

Governador e presidente da Câmara querem evitar ‘surpresas’, neutralizando prefeito e senador ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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governador Renan Filho (MDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), buscam polarizar o cenário eleitoral alagoano, estratégia para descartar a construção de uma terceira via, proposta do prefeito de Maceió JHC (PSB) e do senador Rodrigo Cunha (PSDB), com o tucano abrindo caminhos e tentando atrair prefeitos para seu projeto político: disputar o governo estadual. Ao mesmo tempo,

ARTHUR LIRA, TAMBÉM DE OLHO NAS COMPOSIÇÕES ALAGOANAS, LIDERA AQUELA QUE, SE FOR COLOCADA EM PRÁTICA, SERÁ A MAIOR REFORMA ELEITORAL DESDE A APROVAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988.

Lira e Renan não têm, hoje, candidatos com densidade eleitoral para a sucessão estadual, um quadro provisório porque todos esperam as definições nas “cabeças” dos partidos -nos mais importantes colégios eleitorais pelo país- para, assim, providenciarem as chapas locais ao Executivo. Cenário totalmente diferente quando se fala da votação proporcional. A disputa pelas 27 vagas na Assembleia e 9 para a Câmara Federal estão aceleradas. Porém, ainda assim, indefinidas. Arthur Lira, também

de olho nas composições alagoanas, lidera aquela que, se for colocada em prática, será a maior reforma eleitoral desde a aprovação da Constituição de 1988. Será decidido se o voto no Brasil voltará a ser impresso saindo da urna eletrônica; o “distritão” (ganha as eleições para o legislativo os mais votados. Pelo modelo atual, os votos que sobram na contagem “puxam” candidatos menos votados); flexibilizar ou não a cláusula de barreira (que impede ou restringe o funcionamento de uma legenda

que não alcançar 2% dos votos válidos em 2022 ou eleger 11 deputados em 1/3 dos estados); retorno do financiamento empresarial para as campanhas (hoje o dinheiro do financiamento é público. Em 2018, foram R$ 3,8 bilhões da União para custear as campanhas). Nunca uma reforma eleitoral pode ser tão profunda. E nunca a sociedade esteve tão de fora dessas discussões. Estamos numa pandemia, em meio a uma crise social e econômica sem precedentes e no pior colapso sanitário em 100 anos.


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Aliança com JHC não é de interesse do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que hoje é um dos principais aliados de Jair Bolsonaro

VIAGENS O ex-presidente Lula prepara viagens pelo Nordeste no próximo mês, tentando atrair lideranças do MDB e do PSB. Significa que ele deve ter conversas com o governador, o senador Renan Calheiros e possivelmente JHC. Diferentemente de Pernambuco, onde PSB e PT buscam construir um consenso e caminham juntos nas urnas, em Alagoas, os petistas estão ligados ao MDB; os socialistas, guiados por JHC, são mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, mas nem tanto. Como a popularidade presidencial está em queda e

o protesto do último final de semana agregou mais gente nas ruas em apoio ao impeachment, o prefeito de Maceió prefere uma posição mais neutra, à espera da recuperação da popularidade de Bolsonaro ou disposto a pular o barco, voltando a levantar as bandeiras mais à esquerda do PSB, acionando, para isso, seu vice, Ronaldo Lessa, chefe do PDT alagoano. Porém, segundo lideranças locais, a união entre os Calheiros, JHC e Rodrigo Cunha é bastante remota. “É mais fácil colocar na mesma mesa para conversar Renan Calheiros e Arthur Lira, o que aliás já acontece”,

diz uma fonte bastante experiente nas costuras eleitorais. “Pode anotar: nem JHC nem Rodrigo Cunha interessam a Renan e Arthur Lira. E se eles perceberem que existe possibilidade de derrota para os dois, no mesmo momento os Calheiros e o presidente da Câmara anunciam uma aliança do “bem” contra o “mal’”, disse outro experimentado analista do “chão de fábrica” das legendas. Exemplo disso é uma das pontes entre os Calheiros e Arthur Lira. Cotado para substituir o governador, se ele renunciar no próximo ano para disputar o Senado, o presidente da Assembleia,

Marcelo Victor (SDD), fez este ensaio mais para o lulismo, ao defender o ex-presidente na sessão do legislativo estadual na última terça, 22. Após discussão entre os deputados Ronaldo Medeiros (MDB) e cabo Bebeto (PTC), a respeito da absolvição de Lula, via Justiça Federal, nas denúncias de corrupção passiva na Zelotes, Victor disse: “Chamar atenção do plenário que nós enquanto instituição e a Assembleia Legislativa temos que deferir palavras respeitosas aos outros poderes. O judiciário brasileiro merece o respeito e se o seu Luiz Inácio Lula da Silva foi absolvido devido processo legal, foi

absolvido no devido processo legal. É assim que funciona, como também se culpado seria culpado no processo legal. Enquanto membros de um poder temos que respeitar a decisão de um poder colega-irmão em virtude da harmonia da independência dos poderes”. Mês passado, quando Bolsonaro esteve em Alagoas, o presidente da Assembleia não apareceu. Um aceno para os Calheiros, atacados pelo mandachuva do Palácio do Planalto, em especial Renan Calheiros, que é relator da CPI da Covid. As investigações desgastam ainda mais o mandato de Bolsonaro.


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PRIVATIZAÇÃO NA BERLINDA

Governador Renan Filho durante venda da Casal à BRK Ambiental

PP, de Arthur Lira, vai ao STF de olho nos R$ 2 bi da Casal Ministro Fachin dá 10 dias para governador e Assembleia explicarem leilão de estatal ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), quer que o governador Renan Filho (MDB) e a Assembleia Legislativa expliquem, em dez dias, os critérios que instituíram o Sistema Gestor da Região Metropolitana de Maceió, uma das exigências que terminou no leilão dos serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário em 13 cidades, incluindo a capital.

O despacho de Fachin tem quatro páginas e foi publicado no Diário de Justiça no dia 22. O ministro assumiu a relatoria da ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido Progressista, o PP, em 16 de junho. A legenda é comandada em Alagoas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que é do grupo de oposição ao governador. Segundo o PP, a composição do Sistema Gestor da Região Metropolitana dá mais poder aos órgãos vinculados ao Governo de Alagoas que aos prefeitos

das cidades onde os serviços de água e esgotamento sanitário foram leiloados. De acordo com o partido, 60% dos votos são do Governo ou órgãos ligados ao Executivo e 40% para os chefes do executivo nas cidades. Além disso, o sistema confere competências executivas para a Assembleia, com três representantes neste órgão colegiado, ferindo o princípio da separação de poderes “uma vez que a norma trazida ao exame deste Supremo Tribunal Federal autoriza à Assembleia Legislativa Estadual integrar os

órgãos deliberativos da Região Metropolitana, entidade administrativa de função exclusivamente executiva” Isso acaba “gerando concentração de poder político nas mãos do Estado de Alagoas”, correspondendo “a uma violação do princípio constitucional do federalismo, nomeadamente em sua proteção à autonomia do ente municipal.” O partido pede ainda a suspensão, em caráter cautelar, dos efeitos do artigo 14, da lei complementar 50/2019, que criou o Sistema Gestor da Região Metropolitana e dividiu o peso dos votos para cada um dos integrantes deste conselho. O principal objetivo do Partido Progressista é impedir que o governador de Alagoas administre, nas condições atuais, os R$ 2,009 bilhões pagos pelo leilão da Companhia de Saneamento de Alagoas, a Casal. A vencedora foi a empresa canadense BRK Ambiental e o contrato dura 35 anos. Para isso, o PP pediu ao ministro Fachin que o artigo 14 da lei 50/2019 seja declarado inconstitucional e os R$ 2,009 bilhões sejam depositado em uma conta judicial ou o Estado “seja proibido de utilizar os referidos recursos, até que seja editada Lei estadual que discipline a distribuição do recurso arrecadado de forma proporcional aos municípios integrantes da Região Metropolitana de Maceió – RMM”. Ouvida, a Procuradoria Geral do Estado, que defende o Governo nesta ação, disse: “O Estado ainda não foi intimado sobre esta ação do PP. Vale ressaltar que ela é idêntica a uma ingressada pelo PT, a qual o Estado também vai se pronunciar apresentando seus argumentos sobre a legalidade da Lei Complementar 50/19. Além disso, o Estado de Alagoas já teve sua tese vitoriosa em uma ADI de igual teor no Tribunal de Justiça de Alagoas”.

NA BOLSA

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leilão de serviços da Casal aconteceu em 30 de setembro do ano passado na Bolsa de Valores B3, em São Paulo. O valor estipulado foi de R$ 15,1 milhões e superou as expectativas: saiu por R$ 2,009 bilhões. Foram leiloados os serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário em 13 cidades: Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Messias, Murici, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte, Satuba e Maceió. “O dinheiro [do leilão] vai para escolas em tempo integral, hospitais, rodovias, programa de creches. A outorga vai sustentar este conjunto de investimentos, Minha Cidade Linda. Vai pavimentar ruas nas 90 menores cidades do Estado”, disse o governador. Em 35 anos, BRK, a empresa vencedora do leilão, terá de investir R$ 2,6 bilhõesR$ 2 bilhões em até 8 anos, divididos assim: universalizar o abastecimento de água em seis anos e rede de esgoto para 90% da área leiloada até o 16º ano do contrato. 1,5 milhão de pessoas devem ser atendidas. Alagoas tem 3,3 milhões de habitantes. O passivo de R$ 800 milhões da empresa foi incorporado à dívida pública alagoana. A transição de um serviço antes público e agora dirigido por uma empresa privada acontece em um momento histórico: a estatal registrou lucro recorde ano passado, R$ 243 milhões. Nos anos anteriores, a Casal teve superávit de R$ 65,8 milhões em 2019; R$ 12,4 milhões em 2018; R$ 7,5 milhões em 2017; e R$ 7,5 milhões em 2016. Mesmo com os bons resultados da companhia, os serviços operados pela Casal continuarão sendo leiloados. Renan Filho tem pressa: quer leiloar o que resta dos serviços da Casal pelo interior até o final do ano, ou seja, antes de deixar o governo.


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JUSTIÇA

STJ reacende escândalo de ex-prefeito com a Máfia do Lixo Esquema licitatório causou rombo de R$ 200 milhões aos cofres da capital REDAÇÃO

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ecisão tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) promete reacender o escândalo protagonizado, em 2005, pelo ex-prefeito de Maceió, José Cícero Soares de Almeida, e que ficou conhecido como a Máfia do Lixo. Depois de 16 anos, a 2° Turma do STJ julgou procedentes os argumentos do Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) apresentados em recurso especial (n° 1.817894-AL) e determinou a apuração de todos os fatos descritos na petição inicial, que tramitou na 14ª Vara Cível da Capital/Fazenda Municipal, sob o número 007852516.2010.8.02.0001 e em segredo de justiça. A decisão dos ministros no julgamento realizado em 23 de fevereiro deste ano, divulgado somente agora, implica investigação dos atos de Cícero Almeida e do casal Norma Lilian Nascimento M. R. Freitas e Heber Ramos de Freitas, sócio em empresa de consultoria. Almeida é acusado em ação por Improbidade Administrativa devido à dispensa de licitação em contrato de serviços de limpeza urbana, através de coleta de lixo, celebrado entre o Município de Maceió e a empresa Viva Ambiental e Serviços Ltda. O ex-prefeito é acusado pelo MP de ter “fabricado” a contratação emergencial. No recurso especial, Almeida também é acusado de omis-

são por não ter apurado os prejuízos aos cofres públicos quando a Construtora Marquise S/A decidiu abandonar o serviço de coleta de resíduos de Maceió, em abril de 2005. O Ministério Público afirma que o ex-prefeito, além de não apurar os prejuízos ao erário, converteu o distrato amigável feito pela Construtora Marquise em “rescisão por abandono”, concedendo-lhe, em contrapartida, um reajuste retroativo ao mês de janeiro de 2005 no valor de mais de R$ 2 milhões à época. O esquema conhecido como Máfia do Lixo teria causado um rombo de mais de R$ 200 milhões aos cofres públicos da prefeitura durante as gestões de Cícero Almeida na capital (2004/2008 e 2009-2012). Segundo o MP, Almeida teria deixado extrapolar o prazo legal com intuito de

NO RECURSO ESPECIAL, ALMEIDA TAMBÉM É ACUSADO DE OMISSÃO POR NÃO TER APURADO OS PREJUÍZOS AOS COFRES PÚBLICOS QUANDO A CONSTRUTORA MARQUISE S/A DECIDIU ABANDONAR O SERVIÇO DE COLETA DE RESÍDUOS DE MACEIÓ, EM ABRIL DE 2005

Cícero Almeida e sócios de consultoria são investigados

haver dispensa de licitação, o que justificaria o caráter emergencial da contratação de nova empresa para continuidade do serviço. O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ), no entanto, não recebeu a petição inicial em relação ao ex-prefeito quanto à acusação de se omitir em cobrar a apuração dos prejuízos causados pela Construtora Marquise S/A, com o fundamento de que “robustas são as evidências de que [o ex-prefeito] envidou esforços para a preservação do patrimônio público”. No posicionamento do Tribunal de origem foi ressaltado que “a petição inicial será recebida, [apenas no] que se refere a acusação específica, com o fim de analisar a regularidade da rescisão do contrato e se houve lesão ao erário, apenas se afastando a hipótese de omissão do ex-prefeito.” Mas segundo o STJ, a apuração desse fato [omis-

são] é considerada “imprescindível” para a correta solução do caso. “Havendo indícios da prática de ato de improbidade administrativa [por força do princípio in dubio pro societate] a ação deve ter regular processamento”, decidiram os ministros. A decisão do Tribunal de origem diverge da orientação que se consolidou no Superior Tribunal de Justiça, segundo afirmou o ministro relator Herman Benjamin. O ministro também registrou no voto que “não se exige a prova cabal do ato de improbidade no momento da propositura da ação, mas de indícios suficientes a demonstrar a necessidade de seu processamento para permitir a sua apuração e prova efetiva e completa’’. Nos termos da Lei nº 8.429/1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilí-

cito, a ação de improbidade administrativa só deve ser rejeitada de plano se o órgão julgador se convencer da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, de tal sorte que a presença de indícios da prática de atos ímprobos é suficiente ao recebimento e processamento da ação. Segundo o voto do relator, seguido por demais ministros, tais fatos precisam ser apurados na instrução, pois, “presentes indícios suficientes de cometimento de ato ímprobo, afigura-se devido o recebimento da ação de improbidade, em franca homenagem ao princípio do in dubio pro societate, vigente nesse momento processual, sendo certo que apenas as ações evidentemente temerárias devem ser rechaçadas”. Em relação aos sócios da empresa de consultoria contratada à época para elaborar o edital da licitação, o Judiciário alagoano afirmou que “foram demandados, tão somente, por figurarem no quadro societário da empresa”, considerando correta a decisão de primeira instância, que “recebeu a exordial tão somente em desfavor da pessoa jurídica (EBR Consultoria Ltda).” Contudo, segundo o relator do STJ, se houve indícios suficientes para receber a Ação quanto à pessoa jurídica, torna-se relevante a alegação feita pelo Ministério Público: “Não se trata de pedido de desconsideração da personalidade jurídica, mas de atentar para o fato de que, sendo uma personalidade jurídica de direito privado, destituída do elemento anímico da vontade, e considerando-se que, neste caso, não havia empregados, senão dois sócios, marido e mulher, a vontade da pessoa jurídica se confunde com a de seus prepostos.”


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RIO LARGO

Prefeitura mantém contratados e deixa concursados à mercê da sorte

Portal da Transparência revela 410 servidores contratados em cargos de aprovados em concursos BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Município de Rio Largo está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) pela suposta prática ilegal de contratação de pessoas para o desempenho de funções que deveriam ser preenchidas pelos aprovados no edital do concurso realizado em 2019, que disponibilizou 253 vagas para cargos variados. De acordo com a denúncia recebida pelo órgão fiscalizador realizada pelos próprios aprovados no concurso público, no Portal da Transparência do Município de Rio Largo foram encontrados 410 nomes de servidores lotados em cargos de assessoria e que estariam desempenhando a mesma função dos aprovados no certame. A investigação, iniciada no dia 26 de maio deste ano, deu um prazo de 15 dias para o Município responder aos questionamentos, mas a Prefeitura solicitou mais 15 a fim de encaminhar a documentação necessária. “O procedimento está sob investigação mesmo o Município tendo pedido mais 15 dias para apresentar a documentação que foi exigida pelo Ministério Público para proceder às análises”, informou o promotor Magno Alexandre Ferreira, da 61ª Promotoria de Justiça da Capital, à reportagem do EXTRA. “Os contratados estão

exercendo funções que são dos concursados e, por isso, eles não estão sendo chamados. Nós solicitamos a lista de todos os aprovados dentro do número de vagas, de todos os cargos ofertados no certame e também das respectivas funções desempenhadas pelos contratados”, explicou o promotor sobre os procedimentos adotados até o momento. Ainda segundo Magno Alexandre, caso a ilegalidade se comprove, o Ministério Público irá ingressar com ação civil pública para obrigar o Município a cumprir e chamar os aprovados no concurso para aqueles cargos que estão sendo ocupados por contratados e que foram ofertados no certame. “Logo, não pode existir esse contrato com pessoas aprovadas para aquele cargo”. No entender do MPE, o Município deve respeitar os aprovados dentro do número de vagas ofertados no concurso público, pois a adoção de outra postura, terá como finalidade a burla ao concurso público, mesmo que o nome do cargo seja colocado de forma diversa do que consta no referido edital. Logo, a classificação deve ser respeitada sob pena de responder por preterição dos candidatos aprovados “A contratação precária efetivada pela Administração Pública demonstra necessidade do serviço, implicando a vedada ilegalidade

Caso é investigado pelo Ministério Público; comissionados devem ser exonerados

dessas contratações, e burla ao princípio do concurso público por parte do município de Rio Largo, pois estão desempenhando a função dos cargos ofertados no certame e com aprovados para esse exercício. Solicitamos a lista de aprovação e convocação de todos os aprovados dentro do número de vagas e todos os cargos ofertados no concurso público 01/2019 e a relação dos contratados e as respectivas funções desempenhadas”, detalhou o promotor. Ao ver do Supremo Tribunal Federal (STF), é dever da Administração Municipal nomear, dentro do prazo de validade do concurso, todos os candidatos aprovados que estejam dentro do número de vagas previsto no edital.

Ainda de acordo com o colegiado, a Administração poderá até escolher o momento mais propício no qual realizará a nomeação do servidor (se de uma vez só ou em várias etapas), mas não

poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, conforme o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao Poder Público.

OUTRO LADO Por meio de nota, a Prefeitura de Rio Largo informou que vem chamando gradativamente os aprovados no concurso público de 2019 e que o Executivo está trabalhando para dar celeridade aos procedimentos legais para que todos os aprovados sejam convocados. “Vale destacar que recentemente o Tribunal de Contas do Estado de Alagoas decidiu, por meio do acórdão nº21/2020, que em decorrência da Lei Complementar Federal nº 173/2020, está proibida a convocação de candidatos aprovados em concurso público até 31/12/2021, salvo em caso de vacância, nos termos do Estatuto dos Servidores Públicos ou para combate à pandemia da covid-19”.


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APOSENTADORIA

MP vai apurar irregularidades na previdência de Alagoas Desde a criação do regime próprio, há mais de 13 anos, Estado ainda não tem certificado previdenciário DA REDAÇÃO

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Ministério Público do Estado (MPE) deve investigar as irregularidades que ocorrem no Alagoas Previdência desde a criação do regime próprio, no governo Téo Vilela, até agora, incluindo as acusações contra o atual presidente da autarquia, Roberto Moisés. Criado no governo de Téo Vilela, que transformou o antigo Ipaseal em autarquia para gerir as aposentadorias dos servidores estaduais, o órgão até hoje tem pendências na aplicação e investimentos dos recursos previdenciários, descumprindo exigências da legislação federal que disciplina os regimes próprios no país. Em decorrência dessas irregularidades a autarquia ainda não recebeu o Certificado de Regularidade Previdenciário (CRP), emitido pelo Ministério da Economia. Sem esse documento, o governo estadual fica impedido de receber recursos federais, com risco de paralisia financeira. Para não parar suas ati-

Presidente do Sindpol, Ricardo Nazário pede exoneração de Roberto Moisés

vidades, o Estado tem recorrido ao STF para obter um certificado provisório, que pode ser cancelado em qualquer momento. No início do ano, o presidente do Alagoas Previdência, Roberto Moisés, anunciou que o Estado teria conquistado a certificação previdenciária, mas tratava-se apenas de mais uma liminar concedendo o CRP provisório. A finalidade do certificado é fiscalizar as transferências voluntárias de recursos pela União, além dos acordos, contratos, convênios, empréstimos, financiamentos, subvenções e outras atividades. A fiscalização cabe à Se-

Márcio Tenório, chefe do MP, informa que denúncias serão investigadas

cretaria de Previdência do Ministério da Economia, como determina a lei federal 9.717. Consultado pelo EXTRA, o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório, informou que o Ministério Público vai investigar as irregularidades, inclusive as denúncias que pesam contra Roberto Moisés. “A questão está sendo tratada pela promotoria junto à Vara da Fazenda Estadual, que deve investigar todas as irregularidades”, disse o chefe do Ministério Público. O presidente da autarquia foi acusado pela

CPI da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que investigou um rombo bilionário na Rioprevidência. Roberto Moisés dos Santos era o diretor de Seguridade Social da previdência carioca nos governos de Sérgio Cabral e Luiz Pezão. O relatório final da CPI revela um rombo superior a R$ 14 bilhões. REPERCUSSÃO O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), Ricardo Nazário, protocolou na terça-feira, 22, ofício ao governador Renan Filho, solicitando a exoneração do presidente da Alagoas

Previdência, Roberto Moisés Santos, tendo em vista a denúncia da imprensa sobre a conclusão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), realizada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que concluiu que ele é um dos responsáveis pela má gestão da Previdência dos servidores do Rio de Janeiro. O presidente da Alagoas Previdência, quando diretor de Seguridade Social do Rioprevidência, foi apontado como um dos 18 responsáveis por rombo bilionário nos cofres da instituição. No relatório, cita a antecipação de receitas de petróleo a fim de aliviar o caixa estadual; realização de operação de crédito sem autorização legal; antecipação de receitas de petróleo que ultrapassam o prazo do mandato do governador; utilização de ativos do RP para cobertura da insuficiência financeira; grave inconsistência da lei de segregação de massas; e não elaboração de estudo técnico atuarial para subsídio à proposta de segregação de massas. “Acreditamos que o governador do Estado de Alagoas vá exonerar o presidente da Alagoas Previdência para prevenir qualquer problema na saúde financeira da previdência de todos os servidores públicos de Alagoas”, revelou o presidente do Sindpol.


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DINHEIRO

Câmara Federal quer explicação do BB sobre fechamento de agências Comissão realizará visita técnica em municípios do interior de Alagoas REDAÇÃO

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pós ampla divulgação sobre os prejuízos que o fechamento de várias agências do Banco do Brasil vão provocar, o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, deputado federal Hildo Rocha virá pessoalmente a Alagoas nesta segundafeira, dia 28. Acompanhado do presidente da AMA, Hugo Wanderley, prefeitos e representantes da bancada federal alagoana, CNM , entidades de classe e sindicato dos Bancários, o parlamentar fará visita técnica às agências do Banco do Brasil que foram fechadas em Alagoas. A comissão, com subscrição dos deputados Jorge Solla, Elias Vaz e Leo de Brito também aprovou a realização de audiência pública para debater o fechamento de agências do Banco, que acontecerá,

logo após a visita a cidade de Maribondo, dia 28, às 12 horas, na cidade de Dois Riachos, no Sertão. Esse debate importante começou após reivindicação do presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) à Confederação Nacional dos Municípios ao Congresso, através da ban-

SEGUNDO O PRESIDENTE DA AMA, HUGO WANDERLEY, O FECHAMENTO É UM RETROCESSO. “O BANCO DEVE CUMPRIR O SEU PAPEL SOCIAL O FECHAMENTO DAS AGÊNCIAS E POSTOS É RUIM PARA ECONOMIA LOCAL E DURANTE A PANDEMIA ESTIMULA AINDA MAIS A AGLOMERAÇÃO E A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS ENTRE OS MUNICÍPIOS, QUANDO NO MOMENTO O ISOLAMENTO SOCIAL É PEÇA FUNDAMENTAL

Reformulações deixaram população sem agências bancárias

cada federal do Estado, levando em consideração o prejuízo para as comunidades afetadas. Além da AMA, o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, deputado federal Hildo Rocha convidou a Superintendência do Banco do Brasil em Alagoas, Associação Comercial, Federação do Comércio, Câmara de Lojistas locais, Sistema

S e sindicato dos Bancários Segundo o presidente da AMA, Hugo Wanderley, o fechamento é um retrocesso. “O banco deve cumprir o seu papel social. O fechamento das agências e postos é ruim para economia local e durante a pandemia estimula ainda mais a aglomeração e a circulação de pessoas entre os municípios, quando no momen-

to o isolamento social é peça fundamental para evitar o contágio”, disse o gestor que também se preocupa com a segurança do cidadão. Segundo mapeamento preliminar feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), serão pelo menos 160 unidades em todo país, sendo o Nordeste a região mais afetada. (Com AMA)


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extra ITAWI ALBUQUERQUE

SERVIÇO

Cidade Universitária ganha atenção especial da Prefeitura de Maceió Nova avenida, ruas pavimentadas, com saneamento e sinalizadas fazem parte do cenário atual ASSESSORIA

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Prefeitura de Maceió vem transformando o bairro da Cidade Universitária, executando projetos antes esquecidos e parados. Na região, 71 mil habitantes serão contemplados com as obras tocadas por lá: 50 ruas pavimentadas, saneadas e com drenagem devidamente concluídas. Mais de R$ 35 milhões em recursos foram captados pela prefeitura através da Corporação Andina de Fomento (CAF), gerenciados atualmente pela Unidade de Gerenciamento do Programa (UGP). Hoje, os moradores da Cidade Universitária têm apenas uma opção de deslocamento, através da Durval de Góes Monteiro. Mas em breve, o bairro vai ganhar a Av. Alice Carolina, uma nova opção para quem quer chegar ou sair da região. Uma das moradoras do local, Isabella Santiago, que além de morar também trabalha no local, conta que a obra permitiu que os moradores transitem na via com mais segurança.

“Antes aqui era um local muito perigoso, de muita lama e buracos. Mas com a obra da avenida, facilitou meu tráfego por aqui, porque eu trabalho e treino na academia aqui perto e agora consigo ir até lá mais tranquila”, disse Isabella. A Av. Alice Carolina fará conexão direta através da via Expressa, dando mais uma alternativa de trajeto. Uma alegria para os moradores, condutores e uma folga para o trânsito. A nova avenida terá mais de 25 quilômetros de extensão. Isso equivale à distância entre a ponte do Divaldo Suruagy, no antigo Detran, até a Barra de São Miguel. “Antes eu tinha que passar pelo Gama Lins,

onde já fui até assaltado, e mesmo assim continuava circulando por lá, porque não tinha outra opção. E agora, com as ruas sendo pavimentadas, o meu caminho ficou mais curto. E a tendência é só melhorar com a conclusão da Av Alice Carolina”, ressaltou Wellington Santiago. Além da pavimentação, ruas da região têm recebido periodicamente as operações Tapa Buraco, gerenciadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura; e de sinalização, por parte da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), à exemplo do Jardim Royal, que já conta com vias com nova marcação.


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PANDEMIA

População questiona diferenças no avanço da vacinação entre municípios

Densidade populacional pode fazer com que jovens se vacinem mais rápido TÂMARA ALBUQUERQUE

A PESQUISA TAMBÉM REVELOU QUE NESTA SEMANA, 562 MUNICÍPIOS (16%) FICARAM SEM VACINAS PARA DAR CONTINUIDADE AO PLANO DE IMUNIZAÇÃO. DESSE PERCENTUAL, 73% AFIRMARAM TEREM FICADO SEM VACINAS PARA A PRIMEIRA DOSE E 43% SEM A SEGUNDA, O QUE INDICA QUE ALGUMAS LOCALIDADES FICARAM SEM NENHUMA VACINA NO ESTOQUE.

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a segunda-feira, 28, completa um mês que o Ministério da Saúde autorizou a vacinação contra o coronavírus na população em geral, dos 18 aos 59 anos, simultaneamente com os grupos prioritários apontados no Programa Nacional de Imunização (PNI). Nesse período, 80% dos municípios conseguiram imunizar pessoas não idosas (abaixo dos 60 anos) sem comorbidades. Desse total, apenas 6% estão vacinando a população na faixa etária abaixo de 45 anos. Os dados são da pesquisa semanal mais recente realizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que tem o objetivo de entender a realidade dos gestores no combate à pandemia de coronavírus. Foram ouvidos 64,5% dos municípios brasileiros e, apesar de não ser a totalidade das unidades federativas, o cenário revela que entre as cidades existem fatores que fazem a fila andar mais rápido. A ausência de uniformidade é vista como normal pelos gestores. Entre os motivos podem estar a diferença na logística de distribuição das doses, a variação no número de pessoas por faixa etária e até a falta de coordenação federal da campanha. É dessa forma que pessoas com idades iguais são vacinadas antes ou depois, dependendo de qual cidade reside, o que gera ansiedade

Imunização contra a covid-19 é realizada a partir de programa do governo federal

e questionamentos sobre a vacinação. A diferença é observada até entre municípios de um mesmo estado. Quem mora em Maceió, por exemplo, já podia se vacinar na quarta-feira (23) se tivesse 48 anos. Entretanto, em União dos Palmares, a vacina já chegou para quem tem 40 anos. A falta de um coordenador para a campanha de vacinação contra o coronavírus também é apontada pelos gestores como causa das discrepâncias que são observadas. O Ministério da Saúde definiu quais eram os grupos prioritários para receber a vacina, definiu até algumas categorias dentre esses grupos, mas não chegou a determinar um calendário nacional por

idade. Isso teria gerado as diferenças no acesso à vacina. É por conta de diversos fatores que Maceió e Aracaju, por exemplo, dentro de 11 dias registram diferença de quase 10 anos na faixa etária que está sendo vacinada. Os dados das duas cidades mostram que Aracaju tem uma população estimada em 664.908 mil, aplicou mais de 246 mil doses de vacinas, e a faixa etária atual é de 40 anos. Na cidade, as vacinas são distribuídas em 17 unidades básicas, mais sete pontos fixos e um drive thru. Maceió tem população estimada em mais de 1 milhão, aplicou mais de 464 mil doses de vacinas, a faixa etária atual é de 48 anos e os pontos de vacinação são 2 drive thru, mais seis pontos

fixos. Não é possível saber se o que fez a fila andar foi maior número de pontos de vacinação ou menor população, mas quanto mais cedo se avança na estratégia, mais perto de frear a transmissão do vírus e evitar as formas graves da doença. CASOS A pesquisa da CNM também traz dado preocupante: 34% dos municípios apontaram para o aumento no número de casos confirmados de covid-19 na última semana. Outros 31% afirmaram que o cenário está estável e 17% ter havido diminuição do número. Em relação aos óbitos pela doença, 18% apontaram aumento; 45% estabilidade; e 20% queda. Ao serem analisados os dados

por porte de Municípios, observa-se que o maior aumento se deu nos municípios pequenos e médios (34%). Nas grandes cidades esse percentual ficou em 27%. Medidas restritivas de circulação de pessoas ou atividades econômicas estão sendo adotadas por 66% das prefeituras. A pesquisa também revelou que nesta semana, 562 municípios (16%) ficaram sem vacinas para dar continuidade ao plano de imunização. Desse percentual, 73% afirmaram terem ficado sem vacinas para a primeira dose e 43% sem a segunda, o que indica que algumas localidades ficaram sem nenhuma vacina no estoque. Na edição anterior da pesquisa, realizada entre os dias 7 e 10 de junho, 15% dos municípios responderam que ficaram sem imunizante.


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DELMIRO GOUVEIA

Ziane Costa inaugura hospital que vai revolucionar área da saúde Governo Renan investiu R$ 35 milhões na construção do hospital terciário

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emoção dominou a prefeita Ziane Costa na inauguração do Hospital Regional do Alto Sertão (HRAS), em Delmiro Gouveia. Agradecendo ao governador Renan Filho e seu secretariado, a prefeita entregou a unidade aos sertanejos, afirmando que representa o fim da saga histórica daquela população pela busca de tratamento médico em outras cidades alagoanas e estados. A inauguração do hospital aconteceu na última segundafeira, 21. Foram investidos R$ 35 milhões na construção do equipamento que contará, inicialmente, com 60 leitos, sendo 50 clínicos e 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), exclusivos para atender pacientes acometidos pela covid-19. A entrega estava prevista para dezembro. “Estamos abrindo o hospital agora, nesse momento, pelo senso de urgência que essa pandemia impõe a todos. Agora teremos leitos de UTI e clínicos para tratar covid no Sertão, bem como todos os exames disponíveis, especialmente o mais complexo deles: a tomografia computadorizada, que também será feita aqui nesta unidade”, assegurou o governador. Com

o funcionamento do HRAS, Alagoas soma atualmente 400 leitos de UTI e 1.100 clínicos, exclusivos para covid-19. Ziane Costa lembrou que o hospital será “porta aberta” para o atendimento à população e vai ofertar várias especialidades. “Teremos na unidade serviços de ortopedia, nefrologia, cardiologia, urologia, cirurgia geral e obstetrícia, além de exames por imagem, como tomografia”, informou aos presentes. Renan Filho lembrou que HRAS vai beneficiar mais de 160 mil moradores residentes em Delmiro Gouveia, Piranhas, Inhapi, Canapi, Água Branca, Olho D’Água do Casado, Mata Grande e Pariconha. “Para os delmirenses e para todos do Alto Sertão, hoje é um dia de alegria e de gratidão”, destacou Ziane Costa. O hospital terá capacidade para realizar 7.763 consultas e 7 mil exames de diagnóstico por mês e, com isso, reduzir o fluxo de sertanejos que procuram assistência no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, e no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió.

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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

O único ou, únicos “produtos feitos por um único Ser é a Natureza, através de Deus. Ninguém consegue produzir uma manga, um abacaxi ou uma fruta qualquer, ninguém”. Não somos um, somos um todo, um conjunto, uma comunidade, somos um comum da espécie animal, somos seres humanos racionais? Somos um grupo de indivíduos, embora cada um esteja num grupo social determinado pelo sistema econômico, mas isso não deixa de sermos um conjunto de seres humanos. Uns com mais condições do que outros.

Ubuntu?

Ubuntu a todos/as

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população do mundo inteiro está vivendo um novo momento, um pensar do que seja viver. A pandemia da covid está fazendo (ou deveria fazer) as pessoas refletirem sobre o que significa estar vivo. O que é e para que serve estar vivo? Quantos têm espírito coletivo? Quantos têm espírito individual? Para que serve um e para que serve o outro? Alguém pode ser considerado um ser individual? Em que sentido? Tem sentido ser um ser individual? Talvez, apenas por ser singular, subjetivo, mas, jamais individual no sentido amplo da palavra.

Coletivo? Individual? O que é isso?

Embora muitos, mas muitos mesmo se achem que é um ser individual, me parece ser um engano filosófico-antropológico-social-biológico-espiritual. Sim, um engano. Engano? Sim, engano. Ninguém é um ser individual. Ninguém foi formado, formatado, criado sozinho; do nada. Todos nós somos a junção de pelo menos mais duas pessoas ou de, pelo menos, duas “partículas”: espermatozóide e óvulo. A junção das duas se forma uma terceira “partícula”; pessoa. Tudo que sabemos; tudo que falamos; tudo que nós somos representa as experiências que vivemos com outras pessoas: pais, irmãos, professores, amigos, colegas, enfim. Ninguém escapa dessa constatação, ninguém. Isso não é algo individual.

E o que isso tem a ver com Ubuntu, capitalismo e o mal do século?

Pois é, o capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada; no sistema produtivo vinculado à propriedade individual, na produção individual, embora nenhuma produção (de qualquer que seja o produto) seja, totalmente, individual. Impossível. Nenhum produto fabricado, formatado, criado é de propriedade de uma única pessoa, porque o produto é o que representa dezenas, centenas de outras pessoas que “colaboraram” para que o produto fosse produzido, seja ele qual for.

A palavra tem origem nos países africanos e possui diversos significados, todos eles com o foco no humanístico, no humano, no comum a todos ou para todos; ou, humanidade para os outros. Ubuntu também significa que uma pessoa só é uma pessoa devido à existência de outras pessoas. Também apresenta significados humanísticos como: solidariedade, cooperação, respeito, acolhimento, generosidade, ou seja, representa atitude humana, sentimento humano, alma humana. Em outras palavras, o significado tem a ver com o bem-estar individual e o de todos que estejam à nossa volta: a humanidade. Tem a ver com o que é viver como humano, com o ser interno; alma, sentimento humano, o que nos diferencia dos outros animais, enfim.

Justo? O que? Quem?

A pergunta agora é: eu sou um grupo, um sujeito, um indivíduo; quem? Eu sou só eu? Ou eu sou nós? De que grupo eu pertenço? Eu sou eu? Ou eu sou nós? Faço parte de um grupo; que grupo? Eu sou eu. Ou eu sou nós? Eu sou justo? Sou verdadeiro? Com quem? Comigo? Com o grupo? Com o grupo que pertenço? Com quem? Com quem sou justo? Que grupos? Estes grupos estão agrupados ou separados? Estão agrupados, gripados, doentes; quem? Quem é o grupo? Grupo: eu e eu? Ou eu sou o grupo? Eu sou nós? Sou grupo? Eu sou grupo? Que grupo eu pertenço? É preciso perguntar, pensar. Penso eu. Eu penso? Penso em nós? Penso no nos? Ou penso só nos do nosso grupo? Nós quem? Que nos?

Amado? Armado?

OUTRAS A nossa vida só tem sentido para outras vidas. (Arnaldo santtos, psicólogo)

Ou desalmado?

Que grupo é amado? Quem é amado? Quem é odiado? Amamos o grupo? Amamos quem? Quem amamos? Quem é amado? Quem é odiado? Que grupo ama? Que grupo odeia? Ou odeia e diz que ama. Quem? Que grupo eu pertenço? Pertenço a quem? Que grupo? Quem? Bom, diante dessas indagações, vem outra pergunta: qual é o maior dilema hoje da humanidade? É ser um ser individual ou ser um ser coletivo? Qual o maior mal do século? É ser capitalista (em ser um indivíduo narcísico, individualista?). É ser socialista (ser um indivíduo social? Querer que todos possam ter tudo, e, do bom e do melhor?) Isso é socialismo ou comunismo?

Viver; estar vivo

Assim, Ubuntu é, nada mais ou nada menos, do que um espírito coletivo, de humanidade, de comportamento que leve ao bem comum, a todos sem distinção de raça, cor ou classe social. Não existe, ainda, um país comunista na essência da palavra como expressa o termo Ubuntu. Quando vai ter? Ninguém sabe. Será que vai ter? Por que não? Mas sabe-se que a pandemia está fazendo as pessoas refletirem sobre o que é o viver; o que significa ou estar vivo. Só sei que é preciso ser amado e amar; não precisa ser armado e muito menos desalmado porque a certeza que temos é que a filosofia, a antropologia, a sociologia, a biologia e a teologia nos fez ter alma de natureza. Ubuntu a todos/as!

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Talvez tenhamos errado ao pedir ao presidente para usar máscara. O certo mesmo seria focinheira ou bridão de argola”. (Senador Renan Calheiros)

Nosso primeiro corrupto

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m 1549, desembarcou no Brasil o primeiro funcionário público ficha-suja de nossa história. Pero Borges foi nomeado ouvidor-geral, cargo equivalente ao de ministro da Justiça, apesar da mácula em seu currículo: seis anos antes, fora condenado em Portugal por desvio de verba para construir um aqueduto - o roubo inviabilizou a obra. Ele chegou a ser julgado e afastado do serviço público por ter embolsado metade do custo do aqueduto - ou um ano de seu salário. Veio para o Brasil como parte de sua punição, mas com poder (o ouvidor-geral podia até condenar índios e escravos à morte), gordo salário e pensão para a mulher se manter em Lisboa. Ai já a justiça da corte ensinava ao Brasil a maneira correta de julgar políticos e pessoas influentes. O nepotismo e o tráfico de influência também têm origem nessa época. As nomeações estavam “quase que exclusivamente” ligadas ao fato de “ter ou não o progenitor (do pretendente) servido à Coroa” e eram

A morte dos Seresteiros A cultura de Maceió, não bastasse o marasmo que a domina permanentemente, leva um baque de extrema gravidade com o fim das atividades de um de seus principais incentivadores, o grupo conhecido como “Seresteiros da Pitanguinha”. Responsável pela animação de grandes carnavais e muitas atividades festivas em nossa capital e ponto de reunião dos amantes da boa música, contribuiu imensamente para o brilhantismo das nossas atividades culturais de qualidade. Sua diretoria fez publicar uma nota oficial, onde entre outras coisas diz: “enfim, sai de cena a Seresta da Pitanguinha, sem violões, cavaquinhos e percussão. Apenas seu estandarte faz evoluções provocadas pelo vento frio e forte da última caminhada. Pelas ruas da Pitanguinha, seus cantores acompanham o cortejo, mudos, em respeito aos milhares de mortos, vítimas deste mal tão devastador, que sufocou e matou também nossos sonhos”. As consequências da pandemia e o roubo de todos os seus instrumentos musicais, em sua sede, foram o golpe mortal para os Seresteiros da Pitanguinha. A coluna lamenta e presta uma homenagem aos dois ícones, que durante anos conduziram, com amor e muita dedicação o grupo cultural, os seresteiros chefes Emmanuel Fortes e Alfredo Gazzaneo, aos quais Alagoas muito deve.

vinculadas a casamentos e ligações familiares. As pessoas compravam os cargos ou recebiam do rei como forma de premiação por algum serviço, então acabava-se criando a ideia de que se podia usá-los a seu dispor”. Vemos então que a corrupção nasceu quando o Brasil também nascia e daí por diante foi apenas aperfeiçoando. Os mensalões, o roubo por parte de agentes públicos e principalmente por políticos são práticas mais que centenárias e que vão seguindo no princípio da hereditariedade. Aqui é assim: o avô roubava, foi sucedido pelo pai e depois pelos filhos se locupletando. Não importa de onde venha a grana podre eles roubam. Dos hospitais, das escolas, dos miseráveis famintos e mais recentemente da pandemia que matou mais de 500 mil e prefeitos, governadores, ministros e outras autoridades são suspeitas de se apropriar.

Além de queda, coice

Não bastasse as dores de cabeça que a CPI da pandemia, no Senado, tem causado ao presidente da República, aparece a real possibilidade da instalação de uma outra, desta vez na Câmara dos Deputados. As denúncias de possíveis irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana Covaxin começaram a movimentar também a oposição na Câmara dos Deputados, que já fala em tentar protocolar também ali uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, que estão chamando de CPI da Corrupção na Saúde. O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), informou que os partidos contrários ao governo Jair Bolsonaro irão representar ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União para que sejam apuradas as denúncias. Os líderes de oposição na Câmara dizem também que irão convocar o ministro da Justiça, Anderson Torres, para apurar se o presidente Bolsonaro levou o caso até o ministério e se a Polícia Federal abriu inquérito para investigar tais irregularidades. O deputado Luiz Miranda (DEM-DF), irmão do servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, afirmou que alertou o presidente sobre irregularidades no processo de compra e que o presidente lhe dissera na ocasião que acionaria a Polícia Federal. “As denúncias de corrupção na importação da Covaxin são gravíssimas. É preciso esclarecer quais medidas foram tomadas após a comunicação dos fatos ao presidente da República e quem são os envolvidos no esquema. Por isso, vamos representar ao MPF, ao TCU, convocar os ministros da Justiça e da Saúde e coletar assinaturas pra CPI da Corrupção na Saúde”, afirma Alessandro Molon.

Alagoas ganha novo hospital O Hospital Regional do Alto Sertão (HRAS), em Delmiro Gouveia, foi entregue esta semana pelo governador Renan e pelo secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres. “A entrega desse hospital coloca um ponto final na saga que sempre foi a vida da população sertaneja, que era tratada em outras regiões de Alagoas e até em outros Estados brasileiros, que fazem divisa com essa parte de Alagoas”, lembrou Renan Filho. Prevista para dezembro, a entrega do HRAS foi antecipada em razão da pandemia da covid-19 e começa a funcionar nesta terça-feira (22). “Estamos abrindo o hospital agora, nesse momento, pelo senso de urgência que essa pandemia impõe a todos. Agora teremos leitos de UTI e clínicos para tratar Covid no Sertão, bem como todos os exames disponíveis, especialmente o mais complexo deles: a tomografia computadorizada, que também será feita aqui no Hospital do Alto Sertão”, assegurou o governador. Mais uma ação louvável, do governador Renan Filho que assume o protagonismo nacional como o estado que mais tem feito durante o período de combate a pandemia

Aguardando o seu

Prefeito Júlio Cézar, de Palmeira dos Índios, compareceu à inauguração do Hospital, em Delmiro Gouveia e fez questão de anunciar ao lado do governador Renan Filho: “O próximo será o nosso”. As obras do Hospital Regional do Médio Sertão estão sendo iniciadas, na terra palmeirense.

PÍLULAS DO PEDRO Cuidar muito da tecnologia digital e relegar o humano, não é apenas burrice, mas também criminoso. Há quem aposte que Bolsonaro agora cai. Eu acho que não, mas fica podre. Se os servidores estaduais não receberem este mês com as regras de previdência mudadas os culpados serão os deputados.


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Cidade sitiada III

ELIAS FRAGOSO n Economista

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Lei de Murphy cabe como uma luva na história da exploração do sal-gema, a maior riqueza mineral de Alagoas: “Se alguma coisa pode dar errado, dará”. Ao que acrescemos: da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior dano possível. Senão vejamos: A escolha à época de área habitada (Pontal da Barra) próxima do Centro de Maceió e de importantes equipamentos urbanos como o HGE, estádio Rei Pelé e Fac. de Ciências Médicas e outros para implantar in-

dústria química de grande porte, foi erro crasso nunca consertado que potencializa o perigo que planta deste tipo encerra operando próxima ao aglomerado urbano. O nunca resolvido problema da incapacidade técnica do IMA – Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, órgão responsável por autorizar bianualmente a renovação do licenciamento ambiental para a Braskem continuar a explorar as minas de sal-gema e fiscalizar a operação do seu complexo industrial do Pontal da Barra; e a anomia da Agência Nacional de Mineração (antes DNPM) responsável por autorizar as escavações das minas em cavidades localizadas sobre antigas falhas geológicas preexistentes foram falhas brutais que culminaram no engolfamento de 5 bairros da cidade, num dos crimes ambientais da maior gravidade do Brasil. A Lei de Murphy também se fez valer na frustração do sonho de Maceió se torna um polo cloroquímico importante com presença de indústrias de segunda, terceira e quarta geração que levaria o Estado a dar um salto

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quântico no seu desenvolvimento econômico e social. Frustação que se deve imputar à incompetente e frouxa atuação de políticos e autoridades (de propósito ou não?) do Estado ao não pressionar adequadamente a Braskem pela consolidação do polo de Maceió, que resultou por tornar a operação de Alagoas mera fornecedora de matéria prima para empresas de outros polos. Esvaziada como polo cloroquímico, com uma indústria química em sua área urbana ameaçando diretamente aqui residentes, com seu subsolo explorado de forma irresponsável, com 5 bairros hoje fantasmas fruto do irreversível processo de subsidência de suas áreas urbanas, com milhares de famílias desalojadas e insatisfeitas com a forma e valores aviltantes com que a empresa tem negociado a indenização dos seus imóveis e com um enorme passivo não resolvido, o sonho do polo cloroquímico virou pesadelo para Alagoas Com políticos e autoridades prevaricando das suas responsabilida-

des no enfrentamento da empresa pelo gigante problema criado em Maceió e, com a sociedade organizada fazendo cara de paisagem, a Capital está à deriva em mar revolto no momento crucial da provável troca de comando acionário da empresa até o final deste ano. De fora das negociações,corre-se o risco – se de novo nada for feito - de vermos o que já está terrivelmente ruim, ficar ainda pior com a troca de “donos” da Braskem. Afinal, afora um documento formalizado com o ministério público federal que trata de forma geral do problema, mas deixa de fora importantes temas como uma avaliação rigorosa dos prejuízos materiais e imateriais provocados ao município e ao Estado, ou a ingente questão da transferência da indústria para local adequado distante do centro urbano da cidade, dentre outros temas (no espaço não cabe listá-los) o risco de Alagoas continuar a ver navios é grande. Alerta dado. Hora de fazer as coisas direito, gente. Ou vamos continuar a sorrelfa da indústria?

Com políticos e autoridades prevaricando das suas responsabilidades no enfrentamento da empresa pelo gigante problema criado em Maceió e, com a sociedade organizada fazendo cara de paisagem, a Capital está à deriva em mar revolto no momento crucial


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Chance para os nativos

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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esde a época de Divaldo Suruagy acompanho a irreverência dos gestores querendo trazer gente de fora para assessorar o governador. Em sua última administração, veio do Rio de Janeiro um técnico para ser secretário da Fazenda. Um homem pequeno no tamanho, grande no cartaz. Vaidoso, de difícil trato. O moço se deu mal. Levou meu amigo Suruagy a tentar um empréstimo internacional para um estado falido deixado pelo governo anterior com os cofres vazios. Ficamos sete meses sem receber salário, os servidores endividados. Foi instalado o tal PDV – Plano de

Demissão Voluntária – tentando amenizar a situação. Mantive contatos com o então secretário da Fazenda e pude entender sua personalidade. Não deu certo em Alagoas e terminou indiciado numa Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa. Os deputados que tentavam conseguir liberação de verbas na Secretaria viraram seus algozes. Voltou para a terra natal, onde não deveria ter saído. Anos depois, veio um militar, também carioca, para controlar as finanças do Estado. Sério demais, não soube lidar com políticos. Igualmente não deu certo. Agora, o Renanzinho resolveu trazer novamente do Rio de Janeiro, um técnico para dirigir o Alagoas Previdência. Não sei por qual motivo nosso dirigente estadual resolveu afastar o moço que estava na presidência. Desde que chegou, pouco fez; nem aparecia. Semana passada deu uma entrevista a respeito dos 14% retirados dos aposentados em pleno período eleitoral. Não soube explicar o objeto da entrevista e passou a imagem de que o governador havia prejudicado 95% do pessoal da educação e 80% do funcionalismo. Terminou sem explicar que o governador es-

Dr. Everaldo Damião

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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nviou-me, o Dr. Everaldo Damião, exemplar da sua primorosa obra QUANTO CUSTA UM ADVOGADO (Revista dos Tribunais), escrita juntamente com o Dr. Helder Vasconcelos Jr. O Dr. Everaldo é Advogado deveras conhecido, escritor, professor e jornalista.

Amigo, desde quando servimos como conselheiros da OAB, Seccional de Alagoas, é dessas pessoas que cultivam as letras sem alarde, empáfia ou arrogância, sendo profissional respeitado pela nossa Classe. É certo que o Dr. Everaldo Damião dispensa apresentação; todavia, fi-lo acima para homenagear a nossa sólida amizade, assim como esse seu mais recente livro, cuja importância para a Advocacia é de tamanha envergadura que nenhum Advogado, ou estudante, ou operador do Direito, deverá deixar de tê-lo em sua estante e, naturalmente, lê-lo com a mente de aprender ou rememorar sobre a ética e a responsabilidade no exercício do múnus público do advogar. O texto acima escrevi-o há alguns meses, agradecendo a gentileza do Dr. Everaldo Damião brindando-me com o seu último

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tava corrigindo o erro. Logo após o fiasco da entrevista, estoura a notícia nos jornais: o presidente do Alagoas Previdência saiu do Rio de Janeiro porque se envolveu num escândalo de bilhões de reais. Pergunta que incomoda: O que veio fazer o tecnocrata em Alagoas? Nosso Estado possui muita gente boa em todas as áreas. Não precisamos ir buscar gente lá fora. Nossos economistas, advogados, administradores, são competentes. Os alagoanos saem daqui e vão vencer em outras terras. Dentro da minha própria família, tenho pessoas que foram trabalhar fora daqui, pois não valorizamos a prata da casa. Na hora em que o governador é eleito e escolhe seus assessores, usa sempre o critério político. Muitas vezes são selecionadas pessoas incapazes para o cargo. Depois, vem a escolha dos amigos e os dirigentes indicam pessoas de fora. Aqui chegando, se acham os maiorais e querem mandar mais que o governador. Não consigo lembrar de um técnico forasteiro que tenha sido bom para Alagoas. O atual secretário da Fazenda também veio de fora.

livro, basicamente sobre ética na Advocacia. O texto sóbrio é bem ao estilo do ilustre Amigo, sem esquecer a participação do co-autor, Dr. Helder Vasconcelos Jr., na feitura da primorosa obra. Pouco tempo passou, e o meu Amigo Everaldo sucumbiu ao Coronavírus, deixando triste lacuna em sua família e, naturalmente, entre os seus amigos. Quando servimos no Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, debatemos e discordamos nos argumentos, todavia muitas vezes estivemos juntos na concordância com teses debatidas naquele sinédrio de Advogados. Mesmo que os debates ocasionalmente tenham sido bastante acirrados, quando tínhamos opiniões opostas, sempre nutrimos grande respeito pessoal e intelectual. Everaldo Damião, sempre cavalheiro, cumpriu o seu tempo no Conse-

Tem conseguido manter o pagamento dos servidores em dia e, aparentemente, faz uma boa administração. Não o conheço pessoalmente, mas sei que conta com uma boa equipe técnica, de alagoanos, integrando uma excelente assessoria. Outra pergunta que incomoda: Por que um desses nativos não pode ser secretário da Fazenda? Já na Previdência, a situação é outra: o presidente não aparece. Todo trabalho é realizado pelo ex-presidente e sua equipe. Eu não entendia por que o carioca vivia escondido. Só agora entendi. E os erros se sucedem. O povo elege os gestores, que se transformam em donos da casa e trazem pessoas de fora para dirigir nossos destinos. Precisamos dar oportunidade aos nossos nativos. Conhecem nossa realidade, sabem lidar com os políticos. Importante também é escolher um professor para a educação, uma pessoa da área da saúde para sua secretaria. Vamos dar oportunidade aos nossos técnicos e esquecer os tecnocratas forasteiros. Assim, evitaremos erros iguais aos dos 14%.

lho da OAB/AL com a firmeza de suas opiniões, e respeitando as opiniões divergentes. Ficamos Amigos, amizade sempre cultivada. Infelizmente o tempo do Dr. Everaldo entre nós foi subitamente encurtado. O vírus que tirou mais de 500 mil vidas brasileiras, e muitas mais em todo o mundo, não o poupou infelizmente. Palmeira dos Índios perdeu um seu filho ilustre no último dia 17. A Advocacia ressente-se da perda de um grande Advogado. A Cultura apequenou-se mais com a cadeira vazia. Restou-nos a saudade do Amigo, a lembrança dos seus discursos na defesa de suas opiniões, os cumprimentos respeitosos, mesmo após as posições divergentes, quando ambos defendíamos, cada qual as suas. Que Deus o receba em Sua Casa!

Já na Previdência, a situação é outra: o presidente não aparece. Todo trabalho é realizado pelo ex-presidente e sua equipe. Eu não entendia por que o carioca vivia escondido. Só agora entendi.

Infelizmente o tempo do Dr. Everaldo entre nós foi subitamente encurtado. O vírus que tirou mais de 500 mil vidas brasileiras, e muitas mais em todo o mundo, não o poupou infelizmente.


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ECONOMIA

Efeito Braskem e pandemia aquecem mercado imobiliário em Alagoas Construtoras desovam estoques de imóveis e pode haver carência por casa pronta à venda TÂMARA ALBUQUERQUE

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mercado imobiliário está aquecido no país. No primeiro trimestre deste ano foi registrada alta de 39% nos lançamentos e 21% nas vendas de imóveis novos, em comparação com igual período de 2020. Financiamentos com juros mais baixos e disponibilidade de crédito imobiliário são fatores que contribuem para o quadro. Em Alagoas, no entanto, dois eventos trágicos influenciaram na oxigenação do setor: a pandemia, que colocou famílias de quarentena em suas residências, levando muitas a buscarem imóveis mais amplos para a convivência ampliada ou para instalação do home office; e a migração de moradores dos bairros Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto que foram evacuados em decorrência da instabilidade do solo provocado pela atividade de mineração da Braskem. Essa movimentação intensa elevou em 14,02% os preços dos imóveis na capital alagoana em 12 meses. Foi a maior alta no país. Curitiba, por exemplo, teve elevação de 10,03% e Brasília, 9,55%. São Paulo e Rio de Janeiro tiveram altas acumuladas no período de 4,31% e 2,06%, respectivamente. Os dados são apontados pelo Índice FipeZap, que acompanha os preços de anúncios de imóveis na internet em 50 cidades brasileiras.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi), Marcelo Saldanha, informa que o mercado esperava uma retração forte com a chegada da pandemia, mas aconteceu o contrário. “O número de lançamentos diminuiu muito a partir de 2014 e continuaram baixos quando a pandemia começou. Mas, as taxas dos financiamentos bancários acompanharam a queda, o que aumentou a base de potenciais compradores”, disse. Com o aquecimento do mercado, as construtoras de Alagoas desovaram seus estoques, hoje mensurados em 800 unidades apenas. “Essas empresas estão investindo em projetos, mas podemos registrar uma escassez de imóvel pronto para venda no mercado. Houve um descasamento entre oferta e procura”, avalia Marcelo Saldanha. No mês de janeiro deste ano, o preço dos imóveis residenciais subiu 1,82% em Maceió, a maior alta nacional. Saldanha explica que existe demanda por imóveis em todos os bairros da cidade e que a capital alagoana cresce em três direções. “Uma vertente na parte alta da cidade, com famílias de renda mais baixa; outra vertente no Stella Maris, Ponta Verde, para famílias com renda média. Para quem tem muitos recursos, a procura é pelos condomínios fechados nos litorais do estado”.

Financiamentos com juros mais baixos também alavancaram o setor da construção

FEIRÃO

NO MÊS DE JANEIRO DESTE ANO, O PREÇO DOS IMÓVEIS RESIDENCIAIS SUBIU 1,82% EM MACEIÓ, A MAIOR ALTA NACIONAL.

O presidente da Ademi, Marcelo Saldanha

O aquecimento nas vendas de imóveis tende a aumentar até o final deste ano. De olho nos resultados, a Caixa anunciou que vai promover o 1º Feirão Digital Caixa da Casa Própria de 25 de junho a 4 de julho. Serão ofertados cerca de 180 mil imóveis em todo o país, com a participação de mais de 600 construtoras. A iniciativa colocará mais de 6 mil imóveis com condições especiais de financiamento. Segundo o banco, o evento vai permitir que o cliente faça a escolha do imóvel na plataforma www.caixa.gov.br/ feirao (disponível desde sexta, 25), realize a simulação do financiamento e seja atendido por correspondentes do banco via chat. O novo modelo de formato totalmente virtual atende às novas necessidades do cliente e do mercado.


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DOR NO BOLSO

Preço do gás ficou 162% mais caro nos últimos 10 anos em Alagoas Na parte alta de Maceió, botijão já é vendido por R$ 100 BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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notícia de que a partir deste mês o gás de cozinha passaria a ficar mais caro não pegou o alagoano de surpresa. Os recorrentes reajustes realizados pela política de preço da Petrobras apenas apenas neste ano, somados à inflação dos últimos 10 contabilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), fizeram com que o valor do botijão crescesse 162% em uma década, em Alagoas. No último dia 11, por exemplo, o preço médio do botijão GLP sofreu reajuste de 5,9% nas distribuidoras, passando para R$ 3,40 por quilograma (kg), o que representa aumento médio de R$ 0,19 por kg. O reajuste já está sendo repassado ao consumidor em Maceió e, segundo site de pesquisa da Secretaria da Fazenda de Alagoas (Sefaz), em alguns bairros da parte alta da capital o botijão já é vendido por R$ 100. Ao comparar com o ano de 2011, cenário em que o insumo custava R$38,16, é possível observar a diferença. Em 2020, por exemplo, o gás chegou a passar por um reajuste de 9,24%, representando o dobro dos 4,25% da inflação de 2020. Como justificativa para os reajustes, a Petrobras diz que os preços

seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo. De acordo com especialistas e com a própria Petrobras, existem além dos motivos citados anteriormente, pelo menos duas razões que podem explicar este fenômeno no preço do gás: a desvalorização do real, e a mudança no sistema de cálculo no preço do botijão durante o governo de Michel Temer. Desde 2019, a Petrobras praticava reajustes mensais para o GLP, mas, a partir da posse do general Joaquim Silva e Luna, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro em abril deste ano, interrompeu o processo e no mês de maio não houve reajuste. Segundo dados da própria Petrobras, aproximadamente 39% do valor do botijão se refere ao custo de produção. O cálculo de outros analistas independentes diz que esse gasto seria um pouco maior, em torno de 47% do preço, se considerar os custos de produção da própria Petrobras. Outros 18% são tributos e os 35% restantes dizem respeito a distribuição e revenda. Além disso, o Brasil tem como base o mercado nacional e, com as alterações no preço do gás, somado às variações cambiais do dólar,

Alta do gás tem causado impacto no orçamento da família brasileira

o preço do insumo cresceu de forma gradual. Apenas no ano passado, foram cinco reajustes negativos e nove positivos, com alta total de 21,9%.

PROMESSA DE CAMPANHA O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou repetidas vezes durante o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro que o preço do botijão de gás poderia cair pela metade. Tal declaração também foi promessa de campanha do chefe do Executivo Federal durante o ano de 2018, porém, o ministro da Economia nunca citou um preço específico, apenas o percentual.

O REAJUSTE JÁ ESTÁ SENDO REPASSADO AO CONSUMIDOR EM MACEIÓ E, SEGUNDO SITE DE PESQUISA DA SECRETARIA DA FAZENDA DE ALAGOAS (SEFAZ), EM ALGUNS BAIRROS DA PARTE ALTA DA CAPITAL O BOTIJÃO JÁ É VENDIDO POR R$ 100. Apesar das repetidas promessas, o reajuste ainda não ocorreu, e o gás de cozinha já é vendido por quase o dobro de quanto as campanhas eleitorais iniciaram, em 2018, quando o valor médio chegava a R$ 69,24, segundo dados

da ANP. Guedes declarou que a redução de preço do botijão seria possível com mais concorrência no setor e, no ano passado, a Petrobras vendeu a Liquigás, uma subsidiária que atuava no engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. Entretanto, nesse caso, a privatização não garantiu mais concorrência porque mudaram apenas os controladores da empresa, sem a entrada de novos participantes no mercado. Além disso, o governo não tomou medidas adicionais para estimular a competição no setor, com a entrada de mais companhias.


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ECONOMIA EM PAUTA Segurança em Alagoas

Magalu Delivery

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Magazine Luiza informou nesta semana que entrou oficialmente no ramo de aplicativos de delivery. A entrada acontece devido a conclusão da compra da plataforma de entrega de refeições por aplicativo Plus Delivery. Segundo comunicado, a Plus Delivery é uma plataforma completa especializada no delivery de diversos tipos de comida, recebendo e gerenciando pedidos por meio de um aplicativo rápido, prático e seguro. Com foco no sudeste, a expectativa é que o aplicativo passe a operar em âmbito nacional e a concorrer com Ifood e Uber Eats.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) autorizou o desbloqueio de R$ 24.661.952 para investimento na área da Segurança Pública em Alagoas. Os valores são oriundos do Fundo Nacional de Segurança Pública, na modalidade fundo a fundo, e referentes aos eixos de Enfrentamento à Criminalidade Violenta e Valorização dos Profissionais de Segurança Pública. Entre os investimentos, os recursos poderão contribuir, ainda, para aquisição de equipamentos modernos, novas tecnologias, viaturas mais seguras e capacitação do profissional de Segurança Pública.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Correção do FGTS Quando se trata de empreendedorismo, Alagoas se encontra na 7ª posição dentre as 23 unidades da federação pesquisadas pelo Índice Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual (IMLEE) 2020. Em relação ao Nordeste, o estado foi o melhor colocado na avaliação, seguido de perto pelo Ceará, em segundo lugar. O IMLEE varia de zero (menos liberdade econômica) a dez (mais liberdade) e é uma medida relativa de desempenho dos estados, com foco em avaliar as condições para empreender em cada unidade federativa brasileira e o grau de interferência governamental.

Cruzeiros em Maceió De olho na retomada dos cruzeiros, o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas (Sedetur), Marcius Beltrão, informou nesta semana, durante uma reunião virtual com representantes do setor que, com o retorno das atividades desse segmento, está prevista a escala de 16 navios em Maceió e a passagem de 80 mil cruzeiristas pela cidade. Com a geração de cerca U$$ 154,5 bilhões de receita em 2019, o setor de cruzeiros empregou 1,17 milhão de pessoas no mundo. No Brasil, na temporada 2019/2020, 470 mil cruzeiristas foram embarcados, gerando um impacto econômico médio por cruzeirista nas cidades na escala de R$ 557,32.


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SAÚDE

Mal súbito pode acometer pessoas com hábitos saudáveis de vida Estatísticas mostram que a prevalência de casos em atletas varia de 0,28 a 1 por 100 mil por ano

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xercício físico é sinônimo de saúde ou de risco para morte? O questionamento ficou mais forte no último dia 12, quando o atacante dinamarquês Christian Eriksen sofreu um mal súbito em campo e ficou desacordado. Atendido pela equipe médica do time, o jogador foi reanimado, se recupera bem no hospital, e terá implantado um desfibrilador cardíaco conhecido como CDI, aparelho que é acionado após uma crise cardíaca por problemas no ritmo do coração. O cardiologista da Santa Casa de Maceió, Marcelo Malta, esclarece que o exercício físico representa saúde quando praticado de forma regular, respeitando a individualidade de intensidade de esforço adequada para cada pessoa, porém, representa risco quando praticado erroneamente por atletas com doenças cardíacas previamente estabelecidas. “A morte súbita é um evento raro, porém, cau-

Cardiologista Marcelo Malta fala sobre um dos problemas no ritmo do coração

sa comoção principalmente quando ocorre em atletas profissionais devido sua ampla divulgação na mídia, pois estes são vistos como símbolos do segmento mais saudável da sociedade, aonde se acredita que suas qualidades atléticas são reflexos de seu estado de saúde, o que torna difícil de acreditar que possam morrer durante ou após a prática de atividades físicas. A morte súbita em atleta pode ser definida como aquela que ocorre durante ou até duas horas após a prática de exercícios físicos, individuais ou coletivos, competitivos ou não”, explica o especialista.

Estudos mostram que a maioria das pessoas que evoluem com morte súbita durante exercício físico apresenta doença cardíaca subjacente, uma vez que é extremamente difícil o desencadeamento de morte súbita em atleta com o coração sadio. É necessário que, além de problemas cardíacos estruturais, haja também a incidência de fatores fisiopatológicos, os chamados “gatilhos”, que são capazes de ativar mecanismos que podem levar a instabilidade elétrica do coração e, consequentemente, a uma arritmia fatal. O especialista alagoa-

no alerta que a maioria das mortes ocorre fora do ambiente hospitalar, sendo que 86% das paradas cardíacas acontecem nos próprios lares das vítimas e 50% são assistidas por um adolescente ou por uma criança, sem nenhum adulto por perto. Considerada de alta incidência, 14% das paradas cardíacas ocorrem em vias públicas ou em lugares de grande concentração de pessoas, como em aeroportos, dentro de aeronaves, shopping centers, estádios desportivos, cadeias públicas. Em todos os casos, o atendimento rápido é fundamental para que se evite

a morte súbita ou sequelas decorrentes de uma parada cardíaca não recuperada. A principal medida preventiva para diminuir o risco de morte súbita em atletas, sejam eles profissionais ou não, é a avaliação médica prévia. “Essa avaliação deve ser feita todos os anos e tem como objetivo diagnosticar a presença de doenças já instaladas, além de fazer um rastreio de possíveis doenças que possam vir a se desenvolver e que tenham na atividade físico-esportiva o “gatilho” necessário para a ocorrência de um evento fatal”, destacou.


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FERNANDO CALMON Índia segue o Brasil e investe em etanol

n JORNALISTA

ALTA RODA

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entro de poucos dias, como informou o site inglês Just-auto nesta terça-feira, 22, o segundo país mais populoso do mundo (em cinco anos deve ultrapassar a China), a Índia, anunciará novas metas para etanol. Objetivo é reduzir emissões de CO2, importações de petróleo e preço dos combustíveis, segundo o analista Bakar Agwan, da consultoria GlobalData. “A Índia dispõe de excedente de matéria-prima necessária para obter etanol, garantindo abastecimento adequado à produção deste combustível”, acrescentou ele. Em poucos anos a Índia deve alcançar o posto de terceiro maior mercado de veículos do mundo, atrás apenas da China e Estados Unidos. O país asiático já havia aprovado 10% de etanol à gasolina até 2022 e 20% até 2025, acima dos 8,5% atualmente (no Brasil, 27%). Agwan delineia a intenção do governo de implantar motores flex numa segunda etapa. Essa tecnologia está amplamente dominada e aceita no Brasil: quase 90% dos automóveis e comerciais leves vendidos atualmente são flex. Exportar esse conhecimento deve se transformar em receitas para o País. Usinas de produção de etanol poderão ser exportadas, pois a Índia também é grande produtor de açúcar a partir da cana. No recente seminário da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), voltou-se ao debate sobre diversas formas de diminuir as emissões de CO2 e o efeito estufa responsável por mudanças climáticas. O conceito do ciclo de carbono emitido do berço ao túmulo, ou seja, desde quando se fabrica o veículo, obtém-se o combustível ou a eletricidade e até chegar à reciclagem do produto e das baterias, ainda carece de análises profundas e isentas na maioria dos países. Ricardo Abreu, da Bright Consulting, destacou o que realmente interessa à sociedade brasileira: menor poluição, mobilidade acessível, geração de empregos, segurança energética, atrair investimentos e alcançar protagonismo internacional. Todos esses objetivos não podem ser atingidos por meio de apenas uma solução e, assim, defende alternativas. É o caso de um automóvel híbrido ou híbrido plugável com motor a combustão abastecido a etanol. Seu preço continuará por muito tempo bem menor do que um carro 100% elétrico, poderá usar a atual infraestrutura de abastecimento, emissões de ciclo de CO2 extremamente baixas e não estressará a geração atual e futura de energia. A transição aos veículos elétricos pode ser rápida e com prováveis tropeços financeiro e técnico, ou bem planejada assumindo riscos menores, sem um deletério efeito manada e atingir o mesmo objetivo. O Brasil e agora a Índia sabem que o etanol está aí para ajudar.

n BMW M3 Competition Track é um dos automóveis mais surpreendentes e desafiadores que já avaliei. Tudo no superlativo (inclusive preço de R$ 849.950), a começar pelo motor 6-cilindros em linha, 3-litros, 510 cv e 66,3 kgf.m. Ganhou, em relação à versão anterior, o equivalente a um motor convencional 1-litro (mais 79 cv e quase 10 kgf.m). Controle de largada está ali para fazer esquecer que se trata de simples sedã de quatro portas. Potência dos freios (discos carbocerâmicos), exatidão de direção e comportamento em curvas são irrepreensíveis. Ronco encorpado aguça os sentidos e o câmbio automático é muito rápido nas trocas ascendentes e descendentes das oito marchas. Compósito de fibra de carbono está no teto, extrator e defletor traseiro, bancos-concha dianteiros e acabamentos internos. Acelera de 0 a 100 km/h em 3,9s; velocidade máxima, 290 km/h. n HONDA CR-V recebeu leve revitalização de meia geração. Por R$ 264.900 está numa faixa muito elevada de preço, apesar de bem equipado: teto solar panorâmico, seis airbags e os dois bancos dianteiros elétricos, além de bom pacote de assistência ativa ao motorista. Central multimídia deveria ter tela maior que a de 7 pol. Destaques para espaço interno e porta -malas de expressivos 522 litros. Motor turbo (gasolina) de 190 cv/24,5 kgfm mostra desempenho limitado pela caixa CVT de oito marchas, calibrada para menor consumo. Tração 4x4 é por demanda. Suspensão poderia ser um pouco menos dura. Ainda assim CR-V vende muito bem (segundo colocado) nos EUA, onde maciez ao rodar impera. n PEUGEOT 3008, SUV médio francês que já se destacava pelo estilo atraente (Carro do Ano na Europa, em 2017), recebeu reestilização dianteira. São novos a grade, para-choque, faróis de LED (os de neblina integrados aos fachos baixos) e luzes de rodagem diurna de LED no estilo dentes de sabre como no 208. Internamente, destacam-se bancos dianteiros forrados com Alcantara e massageador nas costas, nova alavanca de câmbio automático (seis marchas) e tela multimídia de 10 pol. Manteve teto solar panorâmico e ótimos 520 litros no porta-malas. Controle de cruzeiro adaptativo tem função para-e-avança automática (até 3 segundos de espera) e ajuste de velocidade conforme leituras das placas de sinalização. São duas versões de R$ 229.990 e 249.990, considerados preços de lançamento.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

CRB VOLTA A VENCER E FICA PERTO DO G4

Reforço: volante Yuri retorna ao CSA para Série B

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CSA informou nesta semana a contratação do volante Yuri, que já é conhecido pelos torcedores azulinos. Ele foi anunciado oficialmente depois dos exames médicos e de ter o nome inscrito na CBF. O meio campista deve estrear contra o Cruzeiro, pela sétima rodada da Série B, mas ainda faz um trabalho físico especial, até porque não atua desde o dia 14 de maio, quando defendeu a Ferroviária contra o São Paulo, pelo Campeonato Paulista. O carioca Yuri, de 27 anos, volta ao CSA depois

de ter se destacado em 2018. Foi um dos destaques entre os jogadores do time na campanha do acesso para a Série A. Depois, passou por Bahia, Tochigi-JAP, Oeste e, por último, Ferroviária. Nesta temporada, o volante disputou apenas dez partidas pelo time paulista e fez somente um gol. Fora Yuri, o Azulão apresentou outros reforços, porém ainda não foram regularizados. O atacante Dudu Beberibe (ex-4 de Julho), o goleiro Lucas Frigeri (ex-Avaí) e o lateral-direito/ atacante Ewerthon (ex-Sport) são os nomes.

Após duas derrotas consecutivas, o Galo da Praia voltou a vencer e conseguiu afastar uma pequena crise. O CRB venceu o Brasil de Pelotas por 2 a 1 em partida válida pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, disputada no Estádio Rei Pelé, em Maceió. Com o resultado, a equipe passou a ocupar a sexta colocação na tabela, com 10 pontos conquistados. Os gols que deram a vitória para a equipe alagoana foram marcados por Diego Torres, de pênalti, aos 41 minutos do primeiro tempo e por Erik, aos 24 da segunda etapa, enquanto o volante Rômulo, do Xavante, descontou para o Brasil, aos 18 minutos do segundo tempo. A primeira etapa não teve grandes chances para os dois lados, mas perto do fim do primeiro tempo, Hyuri foi derrubado na área e o juiz assinalou pênalti, na cobrança, Diego Torres marcou para o Galo.

Na volta para a segunda etapa, o Brasil de Pelotas conseguiu empatar o duelo em mais uma falha defensiva do CRB, um dos pontos fracos da equipe na Segundona. Porém, o atacante Erik entrou no segundo tempo e desempatou o confronto finalizando de fora da área.

MATA-MATA DA EUROCOPA PROMETE GRANDES JOGOS Os principais clubes brasileiros de futebol que têm a intenção de criar uma liga independente para comandar o campeonato nacional do país, com 19 dos 20 clubes da Série A apoiando a decisão de formar uma liga que possa lhes garantir mais controle do esporte. Diferentemente de países como Inglaterra, Espanha e Alemanha, onde a liga é comandada por um órgão separado da associação nacional de futebol, as ligas profissionais no Brasil são controladas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Os 19 clubes brasileiros (o único que não assinou o documento foi o Sport Recife, que está sem presidente) entregaram uma carta à CBF expressando sua decisão pela “criação imediata de uma Liga de Futebol do Brasil” que será fundada assim que possível. A decisão acontece em um momento de insatisfação generalizada com a CBF, que em 31 de maio aceitou sediar no Brasil a Copa América de 2021 com duas semanas de antecedência, enquanto o Campeonato Brasileiro está acontecendo.

PRESENÇA DE STEPHEN CURRY É INCERTA NAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO Ainda há dúvidas sobre quem serão os escolhidos para o time de basquete dos Estados Unidos para as Olimpíadas de Tóquio. Ninguém ainda sabe ao certo se Stephen Curry estará nos Jogos Olímpicos deste ano com o time de basquete masculino dos Estados Unidos, mas a tendência é que o astro da NBA não vá a Tóquio. Stephen Curry é bicampeão mundial de basquete com os Estados Unidos (2010 e 2014), mas nunca disputou as Olimpíadas. Em 2016, ele avisou que não poderia disputar a edição no Rio de Janeiro por problemas no tornozelo e no joelho. Mesmo que não tenha Stephen Curry, o treinador Gregg Popovich deve poder contar com estrelas do porte de Kevin Durant, Damian Lillard, Devin Booker, Jayson Tatum e James Harden, segundo a ESPN norte-americana. Ao todo, são 57 nomes na lista preliminar, e o elenco será anunciado em breve. Os treinos começam em duas semanas, e o Dream Team estreia em Tóquio-2022 em 27 de julho.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

De olho na Assembleia

PELO INTERIOR

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urgem novos nomes na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa, fato que complica a situação dos deputados estaduais que tentam se reeleger em 2022. Arapiraca possui três representantes no Poder Legislativo, dentre eles, está o deputado estadual Ricardo Nezinho, que é reconhecidamente um nome forte e que tem trabalho realizado no Agreste. Sem dúvida, é o parlamentar que reúne mais condições de garantir uma vaga na próxima legislatura.

Saiu enfraquecido Tarcizo Freire e Breno Albuquerque também estão no páreo e em plena campanha para garantir o voto do eleitor e continuar como deputado estadual. Freire, no entanto, saiu enfraquecido nas eleições municipais, quando disputou mandato de prefeito. Ele foi o terceiro colocado, com 16.376 votos, bem distante do prefeito eleito Luciano Barbosa, que obteve 59.249 votos.

Novos nomes Dentre os novos nomes que surgem no cenário político de olho na Assembleia Legislativa estão o ex-deputado estadual Cícero Valentim, vereadores Pablo Fenix, Fabiano Leão e Thiago ML e o advogado Claudio Canuto.

Auxílio musical A Prefeitura de Campo Alegre realizou na manhã de quarta-feira, 16, o pagamento da primeira parcela do Auxílio Musical e Cultura Popular, que foi instituído através da Lei Municipal 1013.2021, de autoria do Poder Executivo Municipal e aprovada pela Câmara de Vereadores. O benefício é concedido aos artistas que se enquadram nos pré-requisitos previstos na Lei durante três meses, onde receberão mensalmente o valor de 500 reais cada.

Apoio aos artistas Após a aprovação da Lei foi lançado um edital que beneficiou 31 artistas, sendo 27 da música e 04 da cultura popular. Desde o início da pandemia que a administração municipal vem apoiando os artistas com diversas ações de apoio e amparo à classe pela impossibilidade de realização de seus shows e apresentações públicas.

... A vacinação contra a covid-19 em Arapiraca segue em ritmo acelerado. Desde quarta-feira (23), os arapiraquenses com idade de 45 anos ou mais já podem procurar um dos nossos três postos de imunização para receber a primeira dose da vacina. ... Sesc Arapiraca, Ginásio da Escola Pedro Reis e Drive Thru do Arapiraca Garden Shopping funcionarão das 9h às 16h. ... E a campanha Vacinação Solidária segue arrecadando alimentos em Arapiraca, com o objetivo de levar esperança para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Lei Aldir Blanc Campo Alegre também lançará nos próximos dias um novo edital de chamada pública para utilização das sobras dos recursos da Lei Aldir Blanc, em que parte dos recursos foram utilizadas no ano passado, e aguardava aprovação para utilização das sobras o que foi sancionado recentemente pelo Presidente da República para contemplar mais artistas com apoio e incentivo ao desenvolvimento de suas atividades.

Duplicação da AL-220 Dentre as obras de mobilidade urbana executadas pelo Governo de Alagoas, a duplicação da rodovia AL-220, que liga Arapiraca a São Miguel dos Campos, é uma das que mais se destaca, dando mais segurança a quem trafega. Entretanto, um trecho específico da rodovia, que margeia a Usina Porto Rico, na zona rural da cidade de Campo Alegre, tem causado ansiedade para motoristas. É que, até o momento, ele ainda não passou pelas intervenções urbanísticas.

Problemas geológicos Segundo o secretário de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand), Mosart Amaral, a obra no trecho deve acontecer até o final do ano, tendo em vista se tratar de uma área complexa e que sofre há muitos anos com problemas geológicos de águas subterrâneas, que provocam deslizamentos recorrentes.

... Sendo assim, a Prefeitura de Arapiraca reforça que os postos de vacinação contra a covid-19 também estão funcionando como pontos de arrecadação de alimentos e itens de higiene pessoal, que serão utilizados para a montagem de cestas básicas. ... Apesar de a vacinação estar sendo direcionada, agora, para a população que não faz parte dos grupos prioritários, os arapiraquenses remanescentes que fazem parte de algum dos grupos e que ainda não tomaram a primeira dose da vacina contra a covid, podem procurar um dos postos de vacinação. ... A propósito, tomar a segunda dose das vacinas contra a covid-19 é fundamental para completar a imunização e ficar protegido, de fato, contra a doença, que já vitimou mais de 500 arapiraquenses. ... O município deixa claro também que os arapiraquenses que tomaram a vacina AstraZeneca há mais de 84 dias precisam completar a dose e procurar um dos três postos de vacinação. ... Especialistas apontam que além de aumentar a proteção contra a Covid-19, a aplicação da segunda dose também ajuda a prolongar o período de imunização. ... Prefeitos de 15 municípios do Litoral e Zona da Mata alagoanos assinaram, na tarde de segunda-feira (21), o Convênio de Cooperação com o Governo do Estado para a regionalização do planejamento, organização, gestão, fiscalização e regulação dos serviços de fornecimento de água e esgotamento sanitário. ... A proposta, orçada em cerca de R$ 1.350 bilhão, conta com a intermediação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal). ... Desejamos saúde e paz para os nossos leitores nestes tempos difíceis dessa pandemia terrível. É continuar seguindo as orientações de especialistas para evitar a contaminação desse vírus terrível que já matou mais de 500 mil brasileiros. Vamos nos proteger. Até a próxima edição.


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SERESTA DA PITANGUINHA

População se comove com fim de atividades e pede volta dos seresteiros Grupo ficou surpreso com a sensibilidade e acolhimento de admiradores

solidariedade, acolhimento, reconhecimento e renascimento.

SERESTA DA PITANGUINHA TEM HISTÓRIA

MARIA SALÉSIA

sallesiaramos18@gmail.com

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nfim, sai de cena a Seresta da Pitanguinha, sem violões, cavaquinhos e percussão. Apenas seu estandarte faz evoluções provocadas pelo vento frio e forte da última caminhada”. Com estas palavras e tantas outras, o grupo Seresteiros da Pitanguinha anunciava o fim de suas atividades. A caminhada, com cantoria, alegria, parceria, música e muita diversão não poderia ser apenas saudade. O mundo cultural, o povo alagoano e de outros lugares não queriam e nem deixariam as cortinas se fecharem. O show não poderia acabar. Uma história vitoriosa de 28 anos não iria se perder no tempo. A comoção foi geral e de todos os lados surgiram solidariedade, apoio e acolhimento. O apelo deu certo. O presidente da agremiação, Emmanuel Fortes, garantiu que os seresteiros não deram adeus e sim, um até logo. Emocionado, Fortes disse que a mobilização das pessoas, neste momento, foi importante. Na verdade, afirmou, o grupo que conta com cerca de 40 componentes fixos, ficou sensibilizado, foi pego de surpresa. Não esperava tamanha comoção. “Centenas de mensagens

Seresteiros animavam o público com música e poesia; interrupção deve ser temporária

de solidariedade foram enviadas. Alguns perguntavam o que vocês precisam para continuar. Isso não tem preço, só demonstra o carinho pela história que a serenata construiu em 28 anos”, agradeceu o presidente. Fortes relembra que quando resolveram fazer a interrupção, fechar a sede e desativar a pessoa jurídica, foi porque não tinha como começar do zero. Um patrimônio conquistado em quase três décadas desapareceu. A sede da agremiação foi invadida por arrombadores, jovens do bairro, que deixaram vazias as salas e os espaços que estavam recheados de bens materiais e de lembranças, conquistadas ao longo do tempo. “Foi chocante. O fato nos deixou constrangidos por saber que são pessoas da própria Pitanguinha”, comentou Fortes. Mas, enquanto existir o espírito do seresteiro a agremiação não vai acabar. A notícia boa é que quando a pandemia de covid-19 passar e puder aglomerar, os seresteiros vão para às ruas. Fazer o que mais gostam .“A gente vai voltar sim. Vamos agradecer todo o carinho com nossa

seresta”, promessa de presidente.

CANTANDO NA CHUVA

O mundo cultural foi pego de surpresa com o anúncio do fim de um grupo tão importante para Alagoas. A mobilização foi geral. Algumas instituições, fundações, secretarias de cultura e movimentos organizados já se mostraram sensíveis à causa. Os seresteiros conquistam corações, fazem poesias, cantam e encantam desde 2004. “No início, a gente saia de algum lugar, não tinha um pouso. Muitas vezes com chuva torrencial e a gente nas biqueiras das casas cantando”, relembrou Fortes. Literalmente cantando na chuva ou sob a benção das estrelas e da lua, assim seguiam os seresteiros pelas ruas da Pitanguinha, arrastando multidões. E em um desses encontros aconteceu algo inusitado. Fortes contou que um grupo foi convidado para participar da seresta. Como chegou atrasado, seguiu em busca dos seresteiros. De repente, avista aquela multidão e deduz que era uma procissão. Como não queria atrapalhar, seguiu em outra

direção. Ledo engano. Aquela “procissão” era a seresta passando e conquistando seguidores. Muitas histórias surgiram em função da agremiação. O sucesso foi tanto que ultrapassou fronteiras. Os seresteiros voaram alto, conquistaram espaço e novos públicos. “A gente rodou Alagoas e outros lugares. E por onde passava, arrastava multidão”, comemorou o presidente. Fortes relembra de quando os Seresteiros da Pitanguinha foram ao município de Paulo Jacinto, há 105 KM de Maceió, para cantar pelas ruas da Terra do Baile da Chita, aproveitou para gravar uma música e enviar o presente a amiga e colega do curso de Medicina, Stela Holanda Barbosa. Embora seja paulo-jacintense, a médica reside em Brasília e foi lá no DF que pode matar saudade do amigo e de sua terra natal. E assim, os seresteiros têm cumprido seu papel como fomentadores de cultura e disseminadores da arte e da alegria dentro e fora de Alagoas. Por conta disso, ainda, não “é chegada a hora”. De fato, “a vida não é feita só de alegria e felicidade”, mas é feita também de

Inspirado na seresta caminhante de Olinda, um grupo de amigos -cerca de duas dezenas- começou a se reunir no bairro da Pitanguinha, em Maceió, para tocar e cantar algumas músicas pelas ruas daquele bucólico bairro onde as pessoas simples se aglomeravam nas calçadas acompanhando a seresta que atravessava a noite com músicas românticas e sonhadoras. É assim, em 4 de outubro de 1994, surgia o grupo Seresteiros da Pitanguinha. A seresta se repetia toda primeira sexta-feira de cada mês e logo se transformou num amplo movimento cultural e social, o que levou seus dirigentes, em 9 de setembro de 2003, a registrarem a Organização Cultural Serenata da Pitanguinha. Entre 2000 e 2003, os Seresteiros também se constituíram enquanto bloco carnavalesco. A partir de 2004, optaram por organizar o Baile de Máscaras dos Seresteiros da Pitanguinha, que passou a ser o maior evento carnavalesco de Alagoas em ambiente fechado. Em 2010 surgiu também o Bailinho dos Seresteiros da Pitanguinha. O grupo cultural não realiza eventos desde o início da pandemia de covid-19. Em 14 de julho de 2021, o comunicado, assinado por Alfredo Gazzaneo Brandão, anunciava o fim das atividades do tradicional grupo cultural Seresteiros da Pitanguinha.


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