Edição 1125

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MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

1998 - 2020

ANO XXII - Nº 1125 - 03 A 09 DE JULHO DE 2021 - R$ 4,00

ELEIÇÕES

Calote em aposentados pode custar caro ao governo O acordo político para o Estado não devolver os 14% dos aposentados deve custar mais caro ao governo do que os R$ 10 milhões mensais descontados dos inativos desde abril de 2020. 2

GRUPO JOÃO LYRA

JUSTIÇA INVESTIGA INVASÕES DE TERRAS E INCÊNDIO EM USINAS

Magistrados rejeitam acusações de credores da Massa Falida contra Lourdinha Lyra 8 e 9

Imagem captada por drone mostra caminhão da Usina Coruripe transportando cana de terra da Usina Guaxuma

CRATERAS PANDEMIA

WHITE MARTINS ALERTA: PODE FALTAR OXIGÊNIO HOSPITALAR EM ALAGOAS 14

DEFESA CIVIL DIZ QUE SOLO DA LAGOA MUNDAÚ ESTÁ AFUNDANDO 12 e 13 FALTA DE PERITOS TRAVA AÇÃO DE 37 ANOS CONTRA ÁLVARO VASCONCELOS 23

CPI DA COVID DIVIDE LIDERANÇAS E DEVE POLARIZAR ELEIÇÃO EM ALAGOAS 6 e 7


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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MACEIÓ, ALAGOAS - 03 A 09 DE JULHO DE 2021

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COLUNA

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Cadê meu dinheiro? 1

- O acordo negociado com os deputados para o Estado não devolver os 14% surrupiados dos aposentados pode custar mais caro ao governo do que os R$ 10 milhões mensais descontados dos inativos desde abril de 2020. Esta é a conclusão de alguns deputados aliados de Renan Filho, que aprovaram a negociação em prejuízo dos servidores.

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- Como esta coluna advertiu na edição passada, sacrificar 34 mil famílias de aposentados tem altos custos eleitorais, e os parlamentares sabem desse risco. Mas optaram por defender interesses pessoais em detrimento desse exército de inativos.

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- O custo maior, no entanto, será debitado na conta do governador na eleição do próximo ano caso Renan Filho deixe o governo para disputar a única vaga de senador. O governador já provou dessa vindita no último pleito municipal, com a derrota de seu candidato a prefeito de Maceió.

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- Negar a devolução dos 14% a que os inativos têm direito é abrir espaço para a oposição defender a bandeira dos aposentados e conquistar o voto desse eleitorado. Mexer no bolso do eleitor é a pior opção para um governante, sobretudo em ano pré-eleitoral.

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- Mais grave ainda se o governador-tampão a ser escolhido pelos deputados em abril do próximo ano não for aliado do governo. Nesse caso, o substituto de Renan Filho terá nove meses para desconstruir a obra do governador e usar o mandato em favor da oposição.

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- Mas tudo isso pode ser mera especulação, e como em política tudo é possível, até o final do ano governo e oposição podem se unir em um acordo de cavalheiros e todos serão felizes por mais quatro anos. Menos o eleitor.

Sucessão de Renan

Aliados de Marcelo Victor estão convictos de que o deputado irá disputar o governo de Alagoas no pleito do próximo ano, com ou sem o apoio de Renan Filho. Além de contar com Arthur Lira, o presidente da Assembleia negocia com os deputados a indicação de um nome para governador-tampão, que abrirá as portas do governo em apoio à sua eleição. Nessas circunstâncias, Renan Filho, ainda sem candidato à sucessão, deve formar chapa majoritária independente para disputar a vaga de senador, enquanto Fernando Collor deve se aliar ao grupo de Arthur Lira. Será uma briga de cachorro grande e com poucas chances de vitória para os demais candidatos ao Senado.

Meio de campo

O médico Fábio Farias, secretário do Gabinete Civil, seria o nome ideal para o cargo de governador-tampão. Sem arestas e com trânsito livre no meio político, Farias desempenharia bem o papel de meio de campo entre Legislativo e Executivo, mas isso depende de uma aliança entre os dois poderes.

Processo longo

A falência do Grupo João Lyra, que tramita há sete anos, ganhou novos capítulos para engordar o processo que já tem mais de 105 mil páginas. Após trocar vários juízes e administradores judiciais, a massa falida entrou em litígio com a cooperativa que arrendou a Usina Uruba, em Atalaia. A curadora do falido grupo industrial alega que a Coopervale não vem cumprindo o repasse de 4% do faturamento da usina, como determina o contrato de arrendamento por prazo de 10 anos.

Invasões de terra

Em outra briga interminável a massa falida acusa as usinas Seresta e Coruripe de invadirem fazendas pertencentes à Usina Guaxuma, em Coruripe. Também denuncia membros da família Beltrão pelo mesmo crime. Sem falar no suposto incêndio criminoso em 2020, que teria destruído o que sobrou da Usina Laginha, em União dos Palmares. No meio desse imbróglio jurídico que deve atravessar décadas, estão milhares de trabalhadores, além de plantadores de cana, fornecedores de serviços, bancos e centenas de outros credores da massa falida.

Traição

A corregedora Nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, concedeu o prazo de cinco dias para que o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Klever Loureiro, se pronuncie sobre um pedido de providências feito pelo desembargador Fábio José Bittencourt Araújo, que teve suas decisões em processo em curso indeferidas pela presidência. Nos bastidores, alguns desembargadores criticaram o posicionamento do corregedor-Geral de Justiça, que supostamente teria incentivado sua juíza auxiliar, Renata Malafaia, a ingressar com uma representação contra a desembargadora Elizabeth Nascimento, cuja ação foi indeferida pelo CNJ. Nos corredores do TJ há perplexidade quanto ao fato, principalmente porque Klever Loureiro foi fundamental na indicação de Fábio Bittencourt para se tornar desembargador.

Maragogi na foto

Maragogi entrou definitivamente no roteiro turístico nacional, disputando a preferência dos brasileiros com tradicionais polos turísticos do país. É a segunda cidade do interior do Brasil – depois de Gramado (RS) – a entrar na lista dos destinos mais procurados nas férias de julho deste ano. Segundo levantamento da plataforma de viagens Decolar, a cidade gaúcha de Gramado aparece em primeiro lugar, seguida do Rio de Janeiro e Maceió. Maragogi aparece como quarto destino mais procurado pelos brasileiros nessas férias de julho.


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PINDOBA

TRE de Alagoas retoma investigações que podem cassar mandato de prefeito Cícero Cardoso é acusado de propagar fake news e de transferência ilegal de eleitores TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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epois de seis meses no cargo de prefeito do município alagoano de Pindoba, o produtor agropecuário José Cícero Cardoso Costa (PTB) corre o risco de ser afastado do cargo. Eleito com apenas três votos de diferença do seu oponente, o então candidato Moisés Cerqueira (PSB), o atual prefeito voltou a responder a dois processos que o acusam de fraude eleitoral: uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral e uma Ação de Impugnação de Mandado Eletivo, ambas movidas pelo candidato derrotado nas urnas com a diferença desprezível, insignificante de votos. A continuidade dos processos que têm o prefeito Cícero Cardoso como alvo foi determinada pelo desembargador eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral Felini de Oliveira Wanderley. Esta semana o desembargador expediu duas liminares, proferidas monocraticamente em Mandados de Segurança, para que a juíza eleitoral da Comarca de Viçosa (AL), Juliana Batistela Guimarães de Alencar, adote medidas para a imediata continui-

dade das ações que haviam sido suspensas no dia 13 de abril deste ano. O desembargador enfatizou nas liminares a necessidade de considerar a Lei 9.504/97 que, em seu artigo Art. 97-A, defende como duração razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral. Cícero Cardoso é acusado por representantes da coligação de Moisés Cerqueira, “Eu acredito na força do bem”, de promover

APÓS O TÉRMINO DA CONTAGEM DOS VOTOS, CÍCERO CARDOSO FOI DADO COMO ELEITO COM 50,07% DOS VOTOS ENQUANTO MOISÉS CERQUEIRA RECEBEU 49,93% DELES. TROCANDO EM MIÚDOS, O ATUAL PREFEITO FOI ELEITO COM 1.074 VOTOS CONTRA 1.071 DO SEU OPONENTE. A DIFERENÇA É DE TRÊS (3) VOTOS APENAS.

Moisés obteve decisão favorável à continuidade de ações

fraude eleitoral através da transferência ilegal de eleitores e divulgação de fake news espalhadas na cidade na véspera da eleição com intuito de prejudicar os candidatos opositores no pleito de 2020. Cerqueira busca a punição do prefeito e do seu vice, João Marçal Lopes Beltrão (PTB), pela cassação do mandato e a inelegibilidade. Em Pindoba votaram no pleito passado 2.244 eleitores, sendo que os votos válidos foram de 2.145 deles. Cícero Cardoso foi dado como eleito com 50,07% dos votos enquanto Moisés Cerqueira recebeu 49,93% deles. Trocando em miúdos, o atual prefeito foi eleito com 1.074 votos contra 1.071 do seu oponente. A diferença é de três (3) votos apenas. As “fraudes” das quais é acusado teriam interferido no resultado da eleição, de acordo com o advogado do candidato derrotado, Anderson Bruno Barros. “As provas da fraude eleitoral são robustas, inclusive com denúncia de transferências ilegais de títulos eleitorais já recebida pela justiça eleitoral. O mais grave é que o candidato Cícero Cardoso liderou as transferências fraudulentas que, somadas às fake news, modificou o resultado eleitoral”, declarou o advogado. O EXTRA não obteve retorno do advogao do prefeito.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Opção palaciana

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epois de tentar de várias formas encontrar um candidato que possa lhe substituir no Palácio República dos Palmares, a família Calheiros parece disposta a trabalhar pelo secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, já que nem Alexandre Ayres nem Rafael Brito têm avançado na preferência das lideranças políticas.

Perdendo forças

Como ainda não emplacou os prováveis candidatos a candidatos ao governo de Alagoas, Renan Filho vê com reserva a possibilidade de realizar uma grande composição, para que não leve prejuízos nas eleições do próximo ano. Ir para o confronto com os grupos de Arthur Lira e Marcelo Victor parece não ser a solução mais inteligente.

Mais longe

Se com Alexandre Ayres e Rafael Brito a situação não deu certo até agora, não seria com Renatinho, do Pilar, que os Calheiros encontrariam um candidato de peso para disputar as eleições majoritárias. Essas opções, parece, foram arquivadas pelo Palácio República dos Palmares.

Conta alta

Ninguém sabe como Renatinho, prefeito do Pilar, vai resolver a situação financeira do guru que foi contratado a peso de ouro para tocar sua campanha ao governo de Alagoas. Como o cara é internacional, a conta naturalmente deve ser alta. Com pouquíssimas chances de ameaçar qualquer candidato ao governo do Estado pela sua limitação política, é melhor o prefeito pensar numa outra alternativa enquanto é tempo.

Outro rumo

O vice-prefeito Ronaldo Lessa já deve ter entendido que não terá muitas chances no governo de JHC e, se não quiser se acomodar, vai ter que encontrar novas alternativas políticas. Nas eleições do próximo ano, para continuar em evidência, pode se candidatar a senador, governador e até mesmo a um mandato de deputado estadual ou federal. Na prefeitura não terá grandes chances de evoluir, pois nem suas nomeações são atendidas por JHC.

Terá reforço? Investir em Farias talvez seja a única alternativa viável da cúpula do governo para enfrentar as eleições majoritárias do próximo ano. Fábio tem jogo de cintura, não possui adversários e naturalmente pode encontrar um caminho para uma grande composição com as maiores forças políticas do estado.

Prioridade

O ex-deputado João Caldas, pai do prefeito JHC, é habilidoso, constrói alianças e será, sim, um candidato de peso a deputado federal. Ele trabalha nos bastidores, tem influência na administração do filho e projeta ser um dos mais votados nas próximas eleições, pelo menos em Maceió. E JHC sabe disso.

“O Bem Amado”

O prefeito Cacau, de Marechal Deodoro, está sendo chamado na região da Praia do Francês de o prefeito “Odorico Paraguassu”, da conhecida novela O Bem Amado, ao insistir na construção de dois cemitérios às margens da AL-101 Sul, exatamente na rodovia que dá acesso ao complexo turístico da região. Moradores e pequenos proprietários já fizeram manifestações contra os empreendimentos macabros na região e esperam que as autoridades investiguem o caso.

Questão de consciência

Com o nome no bolso da algibeira de Renan Filho para ser um dos prováveis candidatos ao governo do Estado, o deputado federal Isnaldo Bulhões vai decidir entre a oportunidade e a gratidão. Afinal de contas ele sabe que Renan Filho pode ser candidato ao Senado, suposto adversário de Fernando Collor que tem sua mãe como primeira suplente e que lhe deu espaço durante alguns meses no Congresso Nacional.

Quem tomou a vacina Coronavac e em alguns casos foram parar nos hospitais e até mesmo no cemitério, querem uma explicação do Ministério da Saúde sobre a eficácia do imunizante. A expectativa é muito grande e ansiedade atingiu limites inimagináveis.

Ingratidão

Sem efeito

Formando no time da família Calheiros, Isnaldo Bulhões sacramenta sua definição de adversário de Fernando Collor, o que parece ser antagônica da posição política de sua própria mãe. O deputado demonstra, assim, cuspir no prato que comeu.

O protesto feito na última terça-feira em frente à Câmara Municipal contra a concessão do título de Cidadão Maceioense ao presidente Jair Bolsonaro não representou praticamente nada. Pouca gente, discursos um pouco inflamados e só.

Fazendo verão

Alianças

O governo do Estado não está nada tranquilo com sua bancada na Assembleia Legislativa. Alguns deputados não rezam fielmente pela cartilha do governador Renan Filho e estão trazendo sucessivos problemas, como foi no caso do Alagoas Previdência.

Reação

Mesmo que ainda falte mais de um ano para as próximas eleições, os grupos se movimentam para encontrar candidatos para definir as candidaturas majoritárias e proporcionais. Nomes, tem. Mas é preciso saber quem realmente tem musculatura política para chegar ao Palácio República dos Palmares.

Mesmo alguns deputados fazendo parte da bancada, algumas posições soam como uma rebeldia no Palácio República dos Palmares. Foi o caso da devolução dos descontos do Alagoas Previdência, onde deputados se manifestaram contra a decisão do governo. Pode ter sido eventual, mas o sinal de alerta chegou ao governo.

Na mira

Perigo à vista

Questionamento

Os relatórios das autoridades médicas nos últimos dias não dão qualquer alento para que a economia seja flexibilizada ainda mais. O número de mortes, de infectados e a descrença em algumas vacinas contribuem para a incerteza.

O médico alagoano Adeilson Loureiro vai ter que prestar alguns esclarecimentos na CPI da Pandemia. Profissional de alta qualificação, ele está sendo convocado por ter sido secretário-geral do Ministério da Saúde na gestão do hoje deputado e líder do governo, Ricardo Barros.

A CPI tornou-se parada obrigatória dos expectadores pelos lances que tem protagonizado. Além de grandes discussões, figuram também denúncias e suposto envolvimento de integrantes da CPI em casos suspeitos.


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RETROCESSO

Câmara aprova projeto que ‘afrouxa’ Lei da Ficha Limpa Mudança permite que gestores com contas irregulares se candidatem às eleições JOSÉ FERNANDO MARTINS

josefernandomartins@gmail.com

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trabalho da Justiça Eleitoral vai ser facilitado pela classe política. Claro que não por posturas adequadas por parte dela, diminuindo escândalos de falcatruas e corrupção. A tática é diferente. No dia 24 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou, por 345 votos a 98, um projeto de lei que permite a candidatura de quem teve contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas julgadas irregulares. O texto, que foi apoiado em peso pela bancada federal alagoana, ainda terá que passar no Senado. Conforme placar disponibilizado pelo site da Câmara Federal, os deputados Isnaldo Bulhões (MDB), Marx Beltrão (PSD), Paulão (PT), Pedro Vilela (PSDB), Sérgio Toledo (PL), Severino Pessoa (Republicanos) e Tereza Nelma (PSDB) foram a favor das modificações. Dentre eles, o único considerado “ficha-suja” é Paulão, julgado e condenado por participação da Máfia das Taturanas.

A reeleição do petista só foi possível com um empurrãozinho do Judiciário. Uma decisão do desembargador Celyrio Adamastor suspendeu os efeitos da condenação dos “taturanas” no Tribunal de Justiça (TJ). O único que votou contra as alterações foi, de acordo com a Câmara, o deputado Nivaldo Albuquerque (PTB). Vale lembrar que Nivaldinho é filho do deputado Antônio Albuquerque (PTB), que também foi acusado de participação na Máfia das Taturanas, esquema de desviou milhões dos cofres da Assembleia Legislativa. Com o projeto aprovado, seria o fim de parte das exigências da Lei da Ficha Limpa. Porém, há uma ressalva. A isenção valerá só para os casos que tenham sido sancionados exclusivamente com pagamento de multa. Atualmente, a Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis cidadãos que tiverem contas relacionadas a exercícios de cargos públicos rejeitadas por “irregularidade insanável” e que configurem “ato doloso de improbidade administrativa”.

Nivaldo Albuquerque, o único alagoano a votar contra

O prazo de inelegibilidade é de oito anos, contados a partir de decisão, irrecorrível, de órgão competente. Segundo o relator da proposta, deputado Enrico Misasi (PV-SP), a consequência jurídica da declaração de inelegibilidade é equivalente a “suspender parcela dos direitos políticos de um candidato”. Para ele, os direitos políticos são preceitos fundamentais, e a limitação deles não pode ser banalizada. “Ao analisarem as contas, os tribunais veem que a pena é desproporcional. São casos de omissão parcial na prestação de contas, divergência com Tribunal de Contas acerca de dispensa de licitação para a realização de algum show, situações de baixíssimo potencial ofensivo em que não há dano ao erário”, disse. Autor da proposta, o deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO) destacou que a inelegibilidade para o político é “a pena de morte”. “A pena máxima é a inelegibilidade para quem

faz da política uma militância. E esse projeto tira a inelegibilidade apenas para aqueles que não cometeram ato doloso, não tem dano ao erário, não tem enriquecimento ilícito e tem apenas uma sanção de multa”, defendeu. Ele disse que a lei atual aplica a pena máxima de forma muito genérica. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, o deputado federal por Minas Gerais André Janones (Avante) comentou o projeto. “Liberaram a candi-

datura de fichas-sujas”, disse. “Políticos que roubaram dinheiro público, a Câmara libera esses candidatos para disputar as eleições. A Câmara na calada do dia aprovou esse projeto. É um retrocesso no combate à corrupção”. A proposta também sofreu críticas do deputado Bibo Nunes (PSL-RS). “É inconcebível aprovarmos esse projeto de lei que torna elegível administrador público que teve contas rejeitadas, mas só teve pena de multa”, criticou.


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JOGO DO PODER

De olho nas eleições de 2022, Renan Filho intensifica agenda de inaugurações; em Brasília, Arthur Lira evita colocar em pauta o impeachment de Bolsonaro

Pressão por impeachment e vacinas marcam posições dos Calheiros e Lira Polarização vai para as urnas no próximo ano, mas os dois lados ainda se comportam como ‘inimigos cordiais’ governo. Os secretários Alfredo Gaspar de Mendonça escândalo das va- (Segurança Pública) e cinas e o acirra- Alexandre Ayres (Saúde) mento da polariza- são testados em aparição das eleições de 2022 ções públicas com e sem serviram para consolidar o governador Renan Filho a posição das principais (MDB); o presidente da lideranças políticas em Assembleia, Marcelo VicAlagoas. O senador Re- tor (SDD), e a deputada nan Calheiros (MDB) e Jó Pereira (MDB) estão o presidente da Câmara, nas cotações do grupo de Arthur Lira (PP), estão Lira. Victor é o substituem trincheiras opostas, to direto do governador com interesses diferentes se ele renunciar para dise ainda sem candidatos putar a vaga ao Senado, de peso para a disputa ao hoje ocupada por FernanODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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NO GRUPO DO PREFEITO DE MACEIÓ, JHC (PSB), O SENADOR RODRIGO CUNHA (PSDB) SE DESAPEGA DO PRESIDENTE BOLSONARO MAS BUSCA FORMAS DE MANTER APROXIMAÇÃO COM O BOLSONARISMO NUM TOM MAIS MODERADO, DE OLHO NO ELEITOR E UMA PROVÁVEL DISPUTA AO GOVERNO.

do Collor (PROS). Outro caminho é que ele seja o escolhido para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas. Nestes dois casos, há acordos de aproximação com o governador e discurso mais moderado e diplomático do presidente da Assembleia com os Calheiros. Com o irmão Joãozinho no comando da Codevasf alagoana, indicado por Arthur Lira, Jó Pereira põe dedos na ferida da administração Renan Filho: a falta de um plano de combate à pobreza usando recursos do Fundo de Combate à Pobreza (Fecoep). E a devolução dos 14% dos aposentados

e pensionistas retidos todos os meses pelo governo. Essa retenção prejudicou os mais pobres, aqueles que recebem acima do salário mínimo e os deputados buscam se livrar do desgaste político, transferindo para o governador a cota de responsabilidade pela aprovação do corte previdenciário. Ponto de inflexão esta semana foi a opinião do ex-ministro do Transportes, Maurício Quintella, atual secretário de Infraestrutura em Alagoas. É o primeiro integrante do Governo Renan Filho a, diretamente, falar a Arthur Lira sobre impeachment, pelas redes sociais.


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“A Tempestade Perfeita para por um fim ao pesadelo Bolsonaro está por um fio, chamado Arthur Lira. Temos corrupção, prevaricação, crime de responsabilidade, CPI, Povo na rua e nas redes. Falta apenas um ato de vontade!”. No grupo do prefeito de Maceió, JHC (PSB), o senador Rodrigo Cunha (PSDB) se desapega do presidente Bolsonaro mas busca formas de manter aproximação com o bolsonarismo num tom mais moderado, de olho no eleitor e uma provável disputa ao governo. A esquerda surfa na rejeição de Bolsonaro e protestou esta semana em frente à Câmara de Vereadores da

capital, que concedeu título de cidadão honorário ao presidente da República. A jornalista Lenilda Luna e o professor Magno são cotados pela Unidade Popular para disputarem cargos nas proporcionais. SEM ATAQUES Apesar dos lados opostos, Lira e Renan não se atacam nem trocam indiretas. As relações são de inimigos cordiais. O PP, de Lira, mostrou na semana passada que é oposição aos Calheiros ao entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação direta de inconstitucionalidade que põe em xeque o Sistema Gestor da Região Metropolitana de Maceió,

uma das exigências que terminou no leilão dos serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário em 13 cidades, incluindo a capital. O presidente da Câmara disputa, em 2022, a reeleição em uma das nove vagas para deputado federal. Considerado o homem mais poderoso da República, Lira controla a Câmara, a forma de gastar o orçamento federal e o destino de Bolsonaro, um presidente desgastado politicamente e apegado aos votos do Centrão para evitar o impeachment. Fechado com prefeitos, Lira sai em defesa de Bolsonaro e agrega suas indicações a cargos federais em troca de votos, pouco

preocupado com a opinião do eleitor e das críticas nacionais ao esticar a corda sobre a abertura do processo de impedimento contra o presidente da República. Esta semana, Lira começou a ser tratado com desconfiança pelo Palácio do Planalto na crise da vacina. Afinal, qual a participação dele no depoimento de Luís Miranda, o “homem -bomba” do bolsonarismo, e que detonou o contrato entre Brasil e Índia para aquisição da Covaxin? Tudo isso é um presente para a CPI da Covid, que constrói o argumento (mais um) para o impeachment. Miranda desafia o presidente da República a dizer que todas as denúncias são

mentirosas. E Bolsonaro não topou o desafio. Recuou e determinou a suspensão da negociação da vacina indiana, intermediada pela farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos. Já dava sinais antes, ao mostrar não ter o controle sobre todos os contratos nos ministérios. Estranho argumento de quem sempre se disse honesto. E uma duríssima derrota porque no final de semana passado o rebanho bolsonarista usava as redes sociais para tentar virar o jogo, colocando o deputado federal Renildo Calheiros (PC do B), irmão de Renan Calheiros, na mira da CPI. Não deu certo. Agora a desconfiança vai para Arthur Lira.

Casal investe R$ 500 milhões para dobrar esgotamento sanitário de Maceió Duas grandes obras já em andamento implantam mais de 300 quilômetros de redes coletoras pela cidade e devem beneficiar 360 mil pessoas

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Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) está investindo, em Maceió, cerca de R$ 500 milhões, por meio de duas grandes obras já em andamento, para levar rede coletora e tratamento de esgoto para mais de 360 mil pessoas. O objetivo é dobrar o serviço de esgotamento sanitário até 2022, cobrindo 70% da cidade. Para isso, foram firmadas duas parcerias com a iniciativa privada. Uma delas é a Parceria PúblicoPrivada (PPP) entre Casal e Sanama, cujas obras atendem Benedito Bentes, Tabuleiro dos Martins e bairros vizinhos. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) desse sistema foi inaugurada em 2019 e já está em operação. Ela pode tratar até 180 litros por segundo, mas em outra etapa chegará a 360 litros. O sistema conta ainda com 15 estações elevatórias de esgoto, cujas obras seguem em andamento, e cerca de 200 quilômetros de redes e coletores-tronco. Já na região do Farol e bairros do entorno, as obras são executadas por meio de um contrato de Locação de Ativos entre Casal e empresa Sanema. A ETE fica em uma área por trás do quartel do Exército, está em fase final de instalação de equipamentos e terá capacidade para tratar, de início, 238 litros por segundo, podendo

chegar, em outra etapa, a 400 litros. Esse sistema contará, ao todo, com 20 estações elevatórias de esgoto. A implantação de redes segue por várias ruas em diversos bairros e vai totalizar, ao final, mais de 100 quilômetros de redes e de coletores-tronco. “São obras complexas e que muitas vezes a população desconhece. O esgoto é bombeado apenas para gerar altura, sendo transportado por gravidade e, por isso, muitas redes possuem até 6 ou 7 metros de profundidade. Implantar uma rede nessa profundidade leva tempo, exige todos os cuidados com a segurança dos trabalhadores, o escoramento da vala, entre outras medidas”, detalhou o presidente da Casal, Clécio Falcão. Outra complexidade dessas obras, ainda segundo o presidente, é na hora de fazer o reaterro da vala que foi escavada para implantar a tubulação. Segundo ele, esse processo é feito por camadas, ou seja, aos poucos e de modo a evitar o recalque do solo. “A cada camada colocada na vala, é feita a compactação e ao final é dado um tempo para que possa ocorrer alguma acomodação até atingir o nível para receber o pavimento, que é composto por base em brita corrida, pintura de ligação e revestimento asfáltico. Devido a essa complexidade técnica e ao volume de obras, com mais de 300 quilômetros pela cidade, em algum momento há desconforto para os moradores. Mas sabemos que é um desconforto temporário para um benefício permanente”, apontou, novamente, o presidente da Casal. “Essas duas obras que seguem em execução na capital vão elevar a cobertura de esgotamento sanitário de 35% para 70%. Como algumas localidades já foram

Estação de Tratamento de Esgoto situada no Benedito Bentes já está em operação desde 2019 e atende bairros da parte alta da capital

Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) situada no Farol está em fase final de instalação de equipamentos para entrar em operação nos próximos meses

interligadas, a cobertura atual chega a 42%, e assim vai seguir gradativamente até atingir os 70% em 2022. O governo de Renan Filho está fazendo mais pelo esgotamento sanitário e, consequentemente, defesa do meio ambiente do que já foi feito nas últimas décadas em Maceió”, salientou. “Além de benefícios para a saúde, conforto e qualidade de vida, a coleta e o tratamento de esgoto beneficiam o meio ambiente, evitando a contaminação do solo, do lençol freático, das áreas de vegetação, de rios e do mar”, argumentou Clécio Falcão.


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MASSA FALIDA

Herdeiros de JL denunciaram que caminhões da Usina Coruripé estavam retirando a cana de fazendas pertencentes à Usina Guaxuma

Justiça decide investigar incêndio e invasões de terras Denúncia sobre influência de Lourdinha Lyra nos rumos do processo falimentar é desconsiderada por nova comissão de juízes JOSÉ FERNANDO MARTINS

josefernandomartins@gmail.com

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nvestigação de incêndios, invasão de áreas e até supostos abusos de usinas de cana-de-açúcar. O processo da Massa Falida da Laginha está prestes a se tornar uma “CPI” a fim de apurar estranhas situações que envolvem a ação. Hoje, a falência está sendo administrada pela Laspro Consultores e conta com uma nova comissão de juízes formada pelos magistrados: André Luis Parízio Maia Paiva, Diogo de Mendonça Furtado, Emanuela Bianca de Oliveira Porangaba e Luciano Andrade De

Souza. Conforme consta nos autos do processo, de número 0000707-30.2008.8.02.0042, a Justiça, no dia 22 de junho, publicou uma série de providências para assuntos pendentes de resolução sobre o Caso Laginha. Um deles diz respeito às supostas invasões de terras da Usina Guaxuma por parte da Usina Coruripe e da Usina Seresta, essa de propriedade da família do ex-governador Téo Vilela. No caso da Coruripe, o administrador do empreendimento, o ex-prefeito Joaquim Beltrão, foi intimado para prestar depoimento. Já a Seresta recebeu intimação judicial cobrando

esclarecimentos sobre a denúncia. O caso chegou ao Ministério Público do Estado (MPE), que após analisar as manifestações das usinas acusadas, entendeu que não haveria indícios de que as terras tenham sido invadidas. No entanto, o administrador judicial discordou do ponto de vista do MP e requereu à Justiça a instauração de incidente de produção de provas para delimitar as terras da Massa Falida, verificar invasões porventura existentes e fixar eventuais danos causados. O pedido foi acatado pelo Judiciário. “Tendo em vista a gra-

vidade das alegações feitas pelo falido, acerca da suposta invasão e exploração nas terras da massa falida pelas Usinas Coruripe e Seresta e por se tratar de questão complexa que comporta dilação probatória para a melhor apuração dos fatos, deferimos o requerimento do Administrador Judicial, no sentido de determinar que a discussão a respeito das possíveis invasões nas propriedades da massa falida sejam processadas em autos apartados, visando sobretudo a eficiência e evitando o tumulto nos autos principais”, destacaram os magistrados. Que complementaram: “com efeito, é necessário que as alegadas invasões sejam cabalmente demonstradas nos autos, inclusive com a limitação da área invadida para que se possa cogitar em eventual providência judicial. (...) Por fim, deferimos o pleito do Ministério Público e determinamos novamente a intimação do Sr. Joaquim Beltrão para responder às imputações que lhe foram atribuídas pelo falido e pelo próprio MP, prestando os esclarecimentos necessários”. Também entrou na investigação suposto incêndio na Usina Laginha, localizada

em União dos Palmares, que atingiu a área industrial e agrícola do local, fato que aconteceu no dia 8 de novembro do ano passado, por volta das 15h. O Comitê de Credores se manifestou pela instauração de inquérito policial para averiguar o ocorrido. Na mesma linha, membros do Ministério Público opinaram pela instauração de inquérito policial para verificar a suspeita de possível ato criminoso. O Administrador Judicial igualmente requereu a intimação da autoridade policial para se manifestar em juízo quanto ao andamento e conclusão das investigações. Nem Lourdinha Lyra escapou das denúncias. Um grupo de credores levou à Justiça a informação que a filha do falido, que representa o exdeputado João Lyra no processo falimentar, atrapalha propositalmente o andamento processual. Porém, esse fato não foi endossado pela administração judicial, que “opinou pelo não conhecimento da irresignação do requerente, alegando que este juízo deve decidir sobre a pertinência ou não dos pleitos formulados pelo Falido, oportunamente”.


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PRECATÓRIOS

No dia 28 de junho, a 9ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal solicitou a atualização dos cálculos do dinheiro do precatório milionário da Laginha, proveniente do ressarcimento de danos patrimoniais em virtude dos preços praticados pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool para comercialização desses itens que estavam em desacordo com a legislação vigente a partir da safra de 1983/1984. O valor inicial da ação é de R$ 690 milhões, que serão encaminhados para o juízo falimentar. O dinheiro possibilitará a liquidação de débitos dos chamados credores extraconcursais. A quantia necessária para quitar as pendências com esses credores é de cerca de R$ 337 milhões. A fim de garantir o pagamento, expediram ofício à Justiça Federal requerendo a remessa do montante de 55% (cinquenta e cinco por cento) dos precatórios relativos à ação. Conforme os autos do processo da massa falida, o administrador judicial concordou com o pleito. Porém, os magistrados decidiram que os recursos requisitados “vão permanecer à disposição da Justiça, em conta judicial vinculada ao processo falimentar, com o objetivo de que o crédito seja liberado diretamente em favor do seu

cebida será possível pagar os credores extraconcursais, que inclui o restante dos trabalhadores, como uma parcela de advogados. Também entram na lista de pagamento os fornecedores de cana e as empresas prestadoras de serviço. Em tese, será possível o pagamento de todo pessoal que tem crédito a partir da recuperação judicial, que ocorreu em 2008. Mas, para o juiz Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Federal Cível de Brasília, os valores devem ser remetidos, em sua integralidade, para que o próprio Juízo que decidiu as questões controvertidas e homologou a tabela de divisão promova a liberação das quantias para os respectivos credores.

O CASO

Juiz federal Renato Borelli mandou atualizar precatório

legítimo titular, mediante alvará ou meio equivalente quando do julgamento final acerca da validade e eficácia dos contratos de cessão de crédito e da operação de integralização de quotas realizadas pela falida”. A decisão, que não agradou a todos, pegou os credores de surpresa.

Ao EXTRA, um deles questionou: “Ficamos sem entender como essa comissão de juízes que assumiu recentemente um processo tão longo (mais de 100 mil páginas) sabe detalhes de uma tal de integralização de quotas realizada pela falida?” Com a quantia a ser re-

A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1° Região (TRF-1) negou, no dia 7 de junho, recurso da União que questionava o pagamento de precatório à Usina Laginha Agroindustrial Ltda, do Grupo João Lyra, propriedade do exdeputado federal alagoano, empresário e usineiro João Lyra. Por dois votos a um, os desembargadores determinaram a transferência dos mais de R$ 690 milhões para o juízo falimentar, dando esperança de recebi-

mento aos credores da Massa Falida da Usina Laginha. Somado ao período de recuperação judicial e de falência, os credores, formados por trabalhadores, fornecedores, empresas e bancos, esperam há mais de doze anos por reparação financeira. Parado em conta judicial desde junho de 2020, o crédito é referente a uma ação impetrada nos anos 1990 contra a União com base na Lei 4.870, que estipula ressarcimento de danos patrimoniais em virtude dos preços praticados pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para comercialização do açúcar e do álcool que estavam em desacordo com a legislação vigente a partir da safra de 1983/1984. A Laginha é uma das maiores falências do país com 19.373 credores. O passivo atual é de aproximadamente R$ 2 bilhões. Em números, o procedimento falimentar possui 357 processos em andamento, além de 2.058 processos já baixados e de 2.897 processos arquivados. Só de impugnações, foram julgadas 1.157 ações, havendo 29 em andamento. Os autos contam com 102.823 mil páginas. Mais de 50% dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas (8 dos 15 desembargadores) declararam-se suspeitos para julgar o caso Laginha.


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TRANSPARÊNCIA BRASIL

TC de Alagoas é reprovado nos critérios ligados ao trabalho de sua funcionalidade Corte alagoana sequer respondeu aos questionamentos a ela encaminhados em dezembro TÂMARA ALBUQUERQUE

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tamarajornalista@gmail.com esquisa realizada pela Transparência Brasil em todos os 32 Tribunais de Contas (TCs) no país mostra o quanto é preocupante o desempenho ineficiente dessas instituições no combate e prevenção à corrupção na administração pública. Tomando para estudo a contratação de fornecedores para alimentação escolar, o trabalho revelou que a transparência e a qualidade dos dados disponíveis nos Tribunais evidenciam a urgente necessidade de melhoria na gestão de informações sobre contratos. Alagoas aparece no levantamento como uma das mais deficientes cortes de Contas nos quesitos pesquisados. Os contratos de alimentação escolar representam um conjunto importante dos contratos feitos pelos estados e municípios. A oferta de alimentação para os estudantes da rede pública de ensino é uma política pública que movimenta bilhões de reais e é frequentemente alvo de acusações de fraudes e corrupção. Neste contexto descentralizado, portanto, o papel dos tribunais de Contas em promover transparência e o controle social é fundamental. No entanto, “apesar desse alto potencial de contribuição ao controle social e da obrigatoriedade de transparência, os resultados da busca pelas informações mostram que os TCs são opacos”, conclui a pesquisa. Em um universo de 32 TCs subnacionais (26 TCs de estados, 3 de municípios, 2 de capitais e um do Distrito Federal), foram encontrados obstáculos variados para obtenção dos dados de contratações públicas.

Além de apontar para a necessidade de aumentar os níveis de transparência e a capacidade de controle social como um fator para melhoria da gestão, a ausência de dados estruturados em contratações públicas revela fraquezas na capacidade técnica dos TCs em realizar eficientemente suas funções de controle externo. É o que ocorre no Tribunal de Contas de Alagoas. Para critérios de avaliação tomando por base as respostas fornecidas à pesquisa, a Transparência Brasil informa que construiu dois índices: o primeiro avalia as condições gerais de transparência de cada TC, englobando aspectos tanto de transparência ativa quanto passiva. O segundo índice avalia a completude e qualidade de informações em duas dimensões: (I) referente aos dados de licitações e eventuais dispensas e (II) referente aos dados fornecidos sobre os contratos públicos e sua execução. O cenário descrito pelo Índice de Transparência é preocupante: de um universo de 32 TCs avaliados, apenas cinco deles – aproximadamente 15% – foram capazes de atender a todas as condições básicas de transparência. O TC de Alagoas ficou em última colocação neste ponto. A corte alagoana foi incapaz de atender ao critério mais básico, que é a disponibilidade de meio para envio de solicitação de acesso a informação. Em relação ao Índice de Qualidade das Informações, o TC de Alagoas ficou, novamente, em último lugar no ranking. “Não disponibilizou nenhuma das informações solicitadas de maneira organizada”, diz a pesquisa, cujos questionamen-

tos foram enviados ao TC no começo do ano passado. Por se tratar de um índice de avaliação mais detalhada, é possível traçar os principais problemas encontrados em relação à qualidade de informações fornecidas pelos TCs: 1. Inconsistência no preenchimento dos dados nos sistemas; 2. Ausência de informações de grande parte dos jurisdicionados; 3. Falta de estruturação dos dados em transparência ativa; 4. Predominância de formatos fechados; e, 5. Impossibilidade de processamento por máquina. Por fim, a Transparência Brasil dá um puxão de orelha nos TCs com desempenho ruim. Segundo o estudo, “é inaceitável que Tribunais de Contas se recusem a fornecer informações que coletam e custodiam. Órgãos de controle devem ser os mais interessados em promover transparência e para isso cumprir a legislação nacional é o mínimo da obrigação que se espera. O não-fornecimento dos dados macula a imagem do órgão público e joga dúvidas a respeito do que pretendem esconder. É fundamental, portanto, a adesão estrita ao que preconiza a LAI”.

PANDEMIA

O Tribunal de Contas do Estado de Alagoas usou a pandemia do novo coronavírus para justificar falhas na disponibilização de dados e demais quesitos avaliados.

Segundo o órgão, “com o advento da pandemia do Coronavírus, foi instituído o Comitê Técnico para Acompanhamento da Covid-19, encarregado de analisar, avaliar e orientar a Presidência da Corte sobre as medidas necessárias, com o objetivo de preservar a saúde de todos os integrantes deste Tribunal, e prestadores de serviços terceirizados, tendo em vista que a grande maioria dos funcionários estão com idade avançada, classificados no grupo de risco da Covid-19, portadores de comorbidades etc, tendo ocorrido, infelizmente, óbitos de servidores. No segundo semestre de 2020, em plena pandemia, o TCE implantou o processo eletrônico para dar mais agilidade e eficiência aos processos das áreas meio e fim, com o fito de permitir maior facilidade na busca das informações solicitadas pelos órgãos de controle, e demais interessados. Não há que negar que o nosso corpo técnico encontra-se reduzido, e com o objetivo de suprir essa circunstância, o Tribunal encaminhou à Assembleia Legislativa Estadual – ALE ¬– pedido de autorização para a criação de 60 (sessenta) cargos de Auditor de Controle Externo, técnicos de carreira, com posterior realização de concurso público, o que propiciará uma melhor prestação de serviços à sociedade como um todo”. Ainda segundo o TC de Alagoas, “nessa linha de atuação o

Índice de Qualidade de Informações dos TCs TCE firmou parceria com a Fundação Universitária de Pesquisa e Extensão - FUNDEPES, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, com a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Alagoas, com o Conselho Regional de Contabilidade – CRC/ AL, e com o Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia de Alagoas – CREA/AL, para o desenvolvimento de ações e atividades relacionadas à atuação finalística da Corte. Por fim, ressaltamos que este órgão de controle sempre buscou atender às informações que lhes são solicitadas, ou requisitadas, oriundas de qualquer órgão ou entidade, e a Presidência já determinou a realização de mutirão para identificar todos os pedidos de informações porventura pendentes de instruções, com o objetivo de encaminhar as respostas a quem de direito.”


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AVANÇOS

Crea defende importância de projeto que assegura direito dos engenheiros de Segurança do Trabalho Mudança de artigo garantirá a emissão de laudos periciais de insalubridade e periculosidade de servidores públicos municipais ASSESSORIA

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presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea -AL), Rosa Tenório, acompanhada de conselheiros da entidade, recebeu no último dia 22 o presidente da Câmara Municipal de Maceió, Galba Netto, e o vereador Eduardo Canuto para discutir o Projeto de Lei Nº 151 de 2019 que altera a legislação municipal 4.973/2000, garantindo ao engenheiro de Segurança do Trabalho a competência para emissão de laudos periciais de insalubridade e periculosidade dos servidores públicos municipais da capital. Diante da demanda e dos argumentos apresentados pela categoria, Galba Netto se comprometeu a acompanhar as discussões na Casa, que contará com o empenho do vereador Eduardo Canuto. Conforme lembrou o presidente, a matéria é

Dirigentes do Crea e da Câmara de Vereadores se encontraram no último dia 22

Rosa Tenório, Galba Netto e Eduardo Canuto durante discussão das mudanças na lei

um pleito justo pois faz uma correção na legislação sem criar conflitos ou prejuízo a nenhuma outra categoria. “É um pleito justo e que irá apenas regulamentar o que já existe

com base na legislação federal. Iremos acompanhar o andamento da matéria de maneira digital, uma vez que todos os projetos não são mais físicos. A partir daí seguirá sua tramitação natural nas

comissões até chegar em plenário”, disse Galba. O encontro também serviu para os profissionais explanarem o dia a dia das atividades executadas pela profissão. Segundo a presiden-

te do Crea-AL, Rosa Tenório, a contribuição da categoria para esta área será muito importante para dar dinâmica na gestão pública, além de garantir o reconhecimento dos profissionais que ao longo dos anos buscaram se pós-graduar para essa atividade. “Acreditamos que com esses esclarecimentos e o compromisso do Legislativo solucionaremos essa demanda antiga da categoria”, concluiu Rosa. O vereador Eduardo Canuto lembrou que a reivindicação não criará nenhum tipo de conflito, por exemplo, com os médicos do trabalho que continuarão tendo sua atuação garantida. “O que a categoria precisa é apenas corrigir o artigo 86 da legislação municipal que os impede de atuar no âmbito do município. Inclusive é um tema que a própria controladoria do poder Executivo já deu parecer favorável”, enfatizou Canuto. Ele garantiu ainda que fará todo o trabalho de articulação política na Câmara para que os demais vereadores compreendam que o que está em pauta é algo que tornará a legislação moderna e adequada à lei federal. “Foi muito bom ouvir tantas explanações dos engenheiros relatando o dia a dia da atividade porque irá fortalecer a nossa defesa do projeto”, enfatizou Canuto. Também estiveram presentes na reunião os engenheiros de Segurança do Trabalho do Crea-AL Roberto Jorge, Bruno Talles, Raul Patriota Cota, Carlos Umberto e Edmar de Lima Gusmão.


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CRATERAS NA MUNDAÚ Salinização das águas da lagoa tem potecial para acabar com o sururu

Cavidades geradas por minas da Braskem podem causar grave desequilíbrio ecológico Afundamento do solo que atinge cinco bairros de Maceió também se manifesta sob a lagoa

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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tragédia sem precedentes resultante da extração do salgema na capital alagoana, praticada por 40 anos pela petroquímica Braskem, não se restringe aos bairros do Mutange, Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro e Farol. Essas localidades tiveram de ser evacuadas para não colocar em risco a vida de mais de 40 mil pessoas que residiam sob um solo que está afundando. A tragédia, porém, também se estende por mais de 4Km de solo submerso da Lagoa Mundaú e que pode ceder literalmente, causando mais um grave desastre ecológico

no País. Ainda é prematuro falar sobre os efeitos da abertura de crateras (dolinas) na Lagoa Mundaú, geradas pelo rebaixamento topográfico nas minas de sal-gema. Entretanto, o fenômeno já tem tirado o sono e merecido tempo de estudos do atual coordenador da Defesa Civil de Maceió, Aberlado Nobre. Ele considera que o efeito da mineração com maior criticidade na área da Lagoa Mundaú será o dolinamento, quando as cavidades, que são os espaços vazios que surgiram após a extração do sal-gema, chegarem até a superfície da lagoa. A

subsidiência ou afundamento do solo provocado pela queda do teto das minas está ocorrendo não só nos bairros condenados, onde rachaduras engolem parte de vias e imóveis.

A VERDADE É QUE O CHÃO DE PARTE DA CAPITAL DE ALAGOAS ESTÁ CEDENDO DEVIDO AO COLAPSO DE CAVERNAS SUBTERRÂNEAS CRIADAS PELA EXTRAÇÃO DE SAL-GEMA SOB A RESPONSABILIDADE DA BRASKEM. ABERLADO NOBRE coordenador da Defesa Civil de Maceió

Na Lagoa Mundaú o fenômeno não é fácil de ser visualizado, mas segue o mesmo princípio. SUCÇÃO DAS ÁGUAS O fato é que, com a ocorrência das dolinas, parte do volume das águas da Mundaú serão sugadas para as crateras. Ao final do preenchimento dessas cavidades, os fluídos existentes nelas subirão à superfície, se misturando às águas e com grande potencial para alterar o equilíbrio ambiental, explica Nobre. Vale lembrar que mudanças na salinização das águas, por exemplo, podem matar o sururu e outras espécies que ga-

rantem a sobrevivência de pescadores e marisqueiras e a existência da vegetação de mangue. Abelardo Nobre explica que somente no final de 2023 será possível ter um diagnóstico seguro e amplo sobre o comportamento dessas cavidades nas 35 minas abertas pela Braskem em áreas urbanas de Maceió e na lagoa. O diagnóstico acontecerá pela comparação de dados fornecidos por sismógrafos e outros equipamentos instalados para monitoramento do solo. Entretanto, alerta o técnico, não é possível prever quando as dolinas devem surgir.


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TREMORES DIÁRIOS Os equipamentos disponíveis atualmente para o caso registram tremores diários de terra, o que comprova a movimentação do solo nos bairros e lagunar. Entretanto, até o momento eles aparecem negativos na Escala Richter, criada exatamente para medir a magnitude de terremotos. “Haverá, infelizmente, o momento em que esses tremores vão aumentar de frequência e intensidade, chegando perto da superfície”, alerta Nobre. A boa notícia é que a tecnologia dá uma previsibilidade da ocorrência entre 3 dias a 12 horas antes que aconteça, o que pode ser suficiente para evitar um desastre. Não há outra notícia alentadora para o caso. A verdade é que o chão de parte da capital de Alagoas está cedendo devido ao colapso de cavernas subterrâneas criadas pela extração de sal-gema sob a responsabilidade da Braskem. Estudos do Serviço Geológico Brasileiro mostraram que o solo vinha cedendo mesmo antes do tremor. Não há estabilidade no solo nesses locais e, além disso, a área de segurança em torno dos pontos críticos já foi ampliada, levando a quatro revisões do mapa de remoção de moradores desde 2019. Atendendo a um apelo de moradores desesperados, no fim de 2019 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se engajou na busca por uma saída negociada e conseguiu mediar um acordo firmado entre os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Defensorias Públicas Estadual e da União e a petroquímica Braskem. SINALIZAÇÃO NA LAGOA Na semana passada, Abelardo Nobre e represen-

Defesa Civil e Capitania dos Portos planejam ampliar a sinalização da lagoa para segurança do tráfego lacustre

tantes da Capitania dos Portos discutiram a necessidade de ampliar e reforçar a sinalização na Lagoa Mundaú para garantir que o tráfego aquaviário ocorra de forma mais segura. Se houver ocorrência de dolinas, embarcações próximas ao fenômeno poderiam ser sugadas. Existe uma sinalização na Lagoa Mundaú, mas a mesma não estaria atendendo toda a área recomendada. “Discutimos sobre a viabilização de uma melhor sinalização de segurança na extensão da área lagunar dos bairros de Bebedouro, Bom Parto e Mutange. Sentimos, por exemplo, falta de boias de sinalização maiores. A intenção é preservar a integridade das pessoas que utilizam a Lagoa Mundaú para tráfego”, explicou o coordenador da Defesa Civil.


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PANDEMIA

White Martins alerta para possível falta de oxigênio hospitalar em Alagoas Empresa questiona autoridades sobre estoque de cilindros e teme não atender demanda em caso de terceira onda JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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emendo que a falta de oxigênio hospitalar transforme os estados brasileiros em novos Amazonas, que enfrentou situação calamitosa vitimando pacientes com o novo coronavírus, a White Martins, empresa multinacional brasileira que atua no mercado de fabricação de gases industriais e medicinais, encaminhou ofício para prefeitos e governadores. Trata-se de um alerta fantasiado de solicitação. A empresa questiona as autoridades sobre quais formas cada unidade federativa vem combatendo a covid-19 sob a alegação de que talvez não conseguiria suprir a demanda de cilindros de oxigênios para hospitais. O ofício da White Martins chegou nas mãos do governador Renan Filho e do prefeito de Maceió JHC no dia 10 de junho. O documento, encaminhado por e-mail, também foi endereçado ao ministro da Saúde Marcelo Queiroga, ao assessor especial do ministério Ridauto Fernandes, ao chefe do Ministério Público de Alagoas, Márcio Roberto Tenório, e ao procuradorchefe do Ministério Público Federal em Alagoas Marcial Duarte Coêlho. Com o assunto “Solicita informação sobre previsão de demanda de oxigênio e medidas para enfrentamento futuro da covid”, a empresa destaca que

“o Brasil tem observado nas últimas semanas uma intensificação dos alertas de especialistas médicos e de cientistas sobre o risco de agravamento da pandemia, revertendo o leve declínio que se observara em muitas regiões no mês de abril e no início de maio último”. O documento também cita o risco de uma terceira onda da covid-19 que poderá ceifar mais vidas de brasileiros. “A inquietação é compartilhada inclusive pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que em audiência pública na Câmara dos Deputados, em 26 de maio, confirmou sua preocupação com a eclosão de uma possível terceira onda, em decorrência das medidas de relaxamento social e de uma possível disseminação local da variante do vírus de origem indiana”, destacou a White Martins. Ainda conforme o ofício encaminhado às autoridades alagoanas, ao qual o EXTRA teve acesso, a nova variante indiana circulou livremente pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 22 de maio, por meio de um brasileiro assintomático vindo em voo da Índia. De São Paulo, o paciente embarcou para o Rio de Janeiro. No entanto, a empresa foi enfática: especialistas mostram que o quadro no Brasil já é suficientemente preocupante sem a inclusão de fatores externos, como

OUTRO LADO De acordo com a Secretaria de Saúde de

Gases de uso hospitalar podem não atender à demanda

variantes de outros lugares do mundo. Como base a esse argumento, a White Martins utilizou o Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, segundo o qual houve aumento das taxas de incidência de casos novos de 16 a 22 de maio. O estudo sinalizou ainda uma nova elevação do número médio de mortes: em torno de 2.200 por dia. “Nesse contexto, a White Martins, respeitosamente, solicita ao governo estadual o fornecimento de suas projeções de demanda de oxigênio medicinal diária para o sistema de saúde no próximo mês, [no caso, julho], levando em conta o novo cenário, suas análises epidemiológicas e os impactos previstos para a rede hospitalar”, frisou a empresa. A previsão de demanda é para que a White Martins possa, em tempo hábil, adequar sua estrutura de

produção e de logística para verificar a possibilidade de atender um eventual crescimento de demanda, sobretudo nos casos em que ela supere os volumes e fluxos já previstos em contrato. “Reiteremos que a White Martins não tem como projetar a demanda futura pelo oxigênio medicinal, tendo condições de informar unicamente o consumo atual e passado dos seus clientes. A realização de projeções é de responsabilidade das redes pública e privada, com base em estudos e análises internas”, destacou. Também informou que é imprescindível que as autoridades de saúde “mantenham monitoramento da sua demanda sinalizando qualquer aumento de demanda de oxigênio em suas unidades de saúde”, finaliza Paulo César Gomes Barauna, diretor-executivo da White Martins e que assina o ofício.

Maceió, o abastecimento e fornecimento de oxigênio na capital está normalizado e não há previsão de falta do insumo. “Vale ressaltar que, no Município, o oxigênio é utilizado nas Unidades de Referência em Síndromes Gripais e pelo Serviço de Atenção Domiciliar, em alguns casos específicos de pacientes acamados atendidos”, informou a assessoria de comunicação da pasta. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) encaminhou ao semanário resposta semelhante: “A Secretaria esclarece que tem mantido contato com a empresa White Martins e encaminhado semanalmente o relatório de consumo de oxigênio das unidades mantidas pelo Estado. Ressalta que não há, por hora, risco de desabastecimento na Rede Estadual de Saúde destinada ao tratamento de pacientes com a covid-19”.


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TEOTÔNIO VILELA É O MELHOR MUNICÍPIO EM ATENÇÃO BÁSICA DE ACORDO COM O PROGRAMA PREVINE BRASIL

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saúde do município de Teotônio Vilela voltou a ser destaque nacional. Conforme o Programa Previne Brasil, a cidade teve o melhor desempenho entre os 102 municípios de Alagoas e o 4º melhor nos índices da atenção primária à saúde. O Programa avaliou o primeiro quadrimestre de 2021. Para a secretária Izabelle Pereira, o resultado positivo só foi possível com o suporte da Administração Municipal e o empenho de todos os colaboradores da Secretaria. Em reconhecimento, a Gestão Municipal recebeu, na tarde do último dia 24, o prêmio em certificação pelos melhores indicadores e à maior cobertura da Atenção Primária em Saúde de Alagoas. “É um misto de alegria, emoção, dever cumprido e superação. Esse prêmio é de Teotônio Vilela e de todos os profissionais que fazem a Saúde do Município. Em um momento como este, de enfrentamento à pandemia da Covid-19, ele sintetiza os esforços, às estratégias, os planejamentos, os investimentos, às noites de sono e os dias de atendimento em cada unidade e repartição da nossa rede de saúde. Esse reconhecimento nacional, além de uma honra imensurável, é a resposta de uma gestão comprometida com sua gente” afirmou Izabelle. A secretária lembrou ainda que as melhorias e os avanços na saúde da região começaram em 2017, no

início da gestão do Prefeito Joãozinho Pereira. Para ela, os resultados se deram devido ao planejamento e aos investimentos feitos pelo gestor. Os investimentos na saúde para as famílias vilelenses passaram de R$ 25 milhões em 2017 para R$ 43 milhões em 2020, e segue na ampliação dos serviços e ações de saúde, na atual gestão do Prefeito Peu Pereira. Para Izabelle elaborar planejamento, identificar prioridades, estabelecer metas, monitorar e constituir indicadores a partir dos preconizados pelo Ministério da Saúdes são fundamentais para as melhoras. “São estratégias preponderantes para ampliar acesso, aumentar a resolutividade dos serviços e obter bons resultados. É desafiador e requer muita dedicação construir uma Atenção Básica de qualidade e resolutiva”. Por fim, a Secretária parabenizou o Conasems e o Ministério da Saúde pela iniciativa e afirmou que os municípios avançam em suas ações e estratégias, mas isso também não seria possível sem o aporte do Ministério da Saúde. “A soma desses esforços, gestão municipal, profissionais, parceiros políticos e população; faz o nosso município; do interior de Alagoas, ser estrela radiosa nos mais altos postos da gestão pública nacional de Saúde. Parabéns aos profissionais de saúde da atenção básica. Essa conquista é nossa”, agradeceu Izabelle Pereira.


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CONJUNTURA

Pandemia, ritmo da vacina e chuvas Estudo da Ufal mostra que a economia alagoana ainda se arrasta Tendência, porém, é de revés antes do final do ano, segundo a análise feita pelo professor Cícero Péricles ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

C

om a quinta maior taxa de desempregados no país, Alagoas terá pelos próximos três meses um ritmo mais lento na economia, pela baixa estação do turismo também ligada ao período de chuvas; ritmo menor da construção civil, que

se prepara para seus lançamentos no final do ano; entressafra da agricultura de alimentos e atividades de plantio na área canavieira, antes da retomada da safra em setembro e vendas menores do comércio e do setor de serviços, depois de passado o período natalino, o começo de ano e o carnaval. De janeiro a abril, co-

mércio e serviços ainda operaram no vermelho. Em janeiro, as vendas do setor de comércio mantiveram-se em retração (-3,9%), recuperando um pouco as vendas em fevereiro (0,9%) para voltar a cairem em março (-1,7%) e abril (- 1,1%); e o setor de serviços piorou o desempenho nos meses de janeiro (-9,6%), com ligei-

ra recuperação em fevereiro (3,2%) e março (0,3%), voltando a cair em abril (-2,8%). Ou seja, os setores de comércio e serviços, influenciados pela maioria de seus segmentos, estão entrando no terceiro ano de resultados negativos, o que significa menor volume de receita e de investimentos e mais desemprego. A avaliação é do estudo Os impactos da Pandemia na Economia Alagoana, do professor Cícero Péricles,

da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Nestas condições, o PIB de Alagoas, que retrocedeu -1,56%, em 2020, deverá alcançar, em 2021 uma taxa positiva, como a apontada no levantamento da consultoria MB Associados, que prevê um crescimento para a economia alagoana de 2,67%, ante 3,17% da economia nacional. Mas estes fatores ainda estão ligados à pandemia e à velocidade da vacinação. Quanto mais rápido o ritmo de imunização, as


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previsões para a retomada das atividades econômicas ficam mais claras. Ao mesmo tempo, o setor produtivo alagoano, como bares e restaurantes, pressiona pela reabertura dos seus estabelecimentos enquanto o Estado registra ocupação dos leitos de UTI destinados à covid-19 acima dos 90%.

Para todos os estados nordestinos, o terceiro quadrimestre (setembrodezembro) depende, em termos econômicos, deste cenário (vacinação mais rápida e menor ritmo da pandemia), em busca de indicadores melhores que os períodos anteriores, também incluindo a continuidade dos programas

de estímulo às atividades econômicas e do desempenho alcançado pela economia brasileira no segundo semestre. INVESTIMENTOS A abertura e a duplicação de estradas; um aeroporto em Maragogi; obras de saneamento nos municípios do Litoral Norte e o

programa “Minha Cidade Linda” sinalizam o aumento dos investimentos na infraestrutura. A construção de novos hospitais, UPAs e escolas refletem a ampliação das redes de saúde e de educação públicas, que vão se somando aos programas com impacto no futuro, como o Criança Alagoana (CRIA) e o Vida Nova nas Grotas. No plano administrativo, a abertura de concurso para a contratação de milhares de novos funcionários e uma reposição salarial em plena pandemia sinalizam, também, essa nova condição financeira do Estado. Essas iniciativas geram expectativas e impulsionam a geração de emprego e renda, influenciando a conjuntura econômica local, sinalizando, apesar do período de pandemia, a retomada do papel do Estado de Alagoas como ator necessário na criação de um ambiente favorável ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, reflete o professor. Só que a pequena estrutura produtiva voltada para atender ao mercado alagoano, principalmente no setor industrial e na agricultura de alimentos, além da limitada competitividade do setor de comércio e serviços, penalizam a economia estadual na relação com seus vizinhos nordestinos, portadores de redes de produção e comercialização presentes num raio de, no máximo, 500km distante de Maceió. Comparativamente aos estados ricos do Sudeste/Sul, essas unidades nordestinas próximas têm uma estrutura industrial e agrícola (e agroindustrial) menos desenvolvidas e, portanto, praticam um comércio inter-regional baseado num grande

percentual de produtos agrícolas e de setores industriais tradicionais (alimentos, têxteis, movelaria, cerâmica, material de limpeza). Segundo Péricles, com uma política de apoio à produção de bens populares, parte dessas mercadorias poderia sofrer a pressão competitiva de uma produção local, sobretudo vinculada à agricultura de alimentos, agroindústria e indústria de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, que o mercado alagoano importa massivamente. Estes dois casos de dependência e comércio desfavorável revelam a necessidade de fortalecer as cadeias produtivas locais e seus canais de comercialização, voltados para o mercado estadual. No que pese a melhoria dos indicadores da dívida estadual e dos investimentos, mas refletindo uma base econômica ainda pobre e pequena, o aspecto dominante nas finanças estaduais continua sendo a dependência das transferências correntes, cuja parte mais importante é originada nas verbas da União. Ainda que as despesas com dívida tenham sido reduzidas e as finanças públicas tenham melhorado, o somatório entre o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e as demais rubricas das transferências constitucionais resulta sempre em valores mais altos do que a receita tributária estadual. Por outro lado, as despesas com pessoal, o principal item de gastos orçamentários do Estado, continuam superando a receita tributária alcançada. A pandemia e nossa herança sócio-histórica são desafios conjugados.


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NOVA MACEIÓ

Parte alta da capital ganhará novo Mercado Público Atendendo a demandas, projeto está sendo elaborado para estruturar feira do Graciliano Ramos ASSESSORIA

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feira livre do Graciliano Ramos se transformará em um novo Mercado Público. Isso porque a Prefeitura de Maceió está desenvolvendo um projeto para estruturar o comércio da parte alta e estabelecer um ordenamento na feira de rua. A mudança irá impactar aproximadamente 350 comerciantes, que serão regulamentados pela Secretaria Municipal de Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes). O mercado será construído no bairro Cidade Universitária, na Av. Alice Carolina, ao lado do terminal de ônibus do Village Campestre. A estrutura terá mais de 100m² e contemplará 348 boxes e barracas, em que serão comercializados produtos alimentícios, roupas e utensílios em geral. Com a mudança, os feirantes passarão a ser permissionários do espaço e poderão funcionar todos os dias da semana. Para o secretário Municipal de Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária,

Carlos Ronalsa, um dos méritos deste projeto é entregar aos feirantes um espaço com uma estrutura moderna e padronizada para todos. “Hoje a feira acontece na rua, sem nenhum tipo de organização e controle. Com esta proposta, nós atendemos um pleito antigo dos moradores e devolvemos a área pública e ainda garantimos aos feirantes um espaço com melhor infraestrutura e padronização, facilitando a vida deles e dos consumidores”, disse o secretário Carlos Ronalsa. O local será devidamente coberto, terá banheiros privativos, sala para a administração, sala de apoio da equipe de limpeza e para a Associação dos Comerciantes. A estrutura terá ainda quatro açougues e quatro tarimbas para o comércio de mariscos e peixes. Todas as barracas e boxes terão tamanho padrão, evitando disparidades entre os feirantes. A Prefeitura está finalizando o cadastro dos comerciantes que serão contemplados com o novo espaço, o que inclui feirantes de ou-

Proposta é transformar a atual feira livre em um mercado coberto e estruturado

Mudança garantirá produtos mais higienizados ao público

tras localidades, a exemplo do Conjunto Eustáquio Gomes. A escolha do endereço foi aprovada pelos feirantes ao serem consultados pela Semtabes durante as visitas técnicas. A feirante Luzia Ferreira sustenta três filhas com o comércio informal. Uma das dificuldades que ela enfrenta é o fluxo que faz da sua casa até o local da feira, levando as mercadorias. Situação que é agravada em dias de chuva. “Quando chove é muito difícil, pois fica a maior lama. Este espaço que a

Prefeitura está fazendo será muito bom, nós aprovamos e esperamos que ele melhore as nossas vendas”, informou entusiasmada. Atualmente, a feira acontece aos sábados e domingos na avenida Julia Camelo de Freitas, entre os conjuntos Graciliano Ramos e o Village Campestre. As bancas são instaladas na rua e na calçada, causando transtorno para quem passa no local. A desobstrução da via pública é uma reivindicação antiga dos moradores. “A feira na rua causa

muitos problemas. Os maiores prejudicados são as pessoas que moram em frente a feira pois ficam impossibilitadas de tirarem seus carros da garagem. Nós ficamos felizes pelos feirantes terem um lugar digno para trabalhar e parabenizamos o trabalho da prefeitura”, comentou Edvaldo Aurélio, presidente da Associação dos Moradores do Graciliano Ramos. O projeto do novo Mercado Público está em fase de elaboração. A Prefeitura de Maceió está desenvolvendo um trabalho integrado entre a Secretaria de Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes), junto com a Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) para melhor acomodar os permissionários e oferecer um ambiente de qualidade para a população da parte alta, oxigenando assim a economia local. A expectativa inicial é gerar aproximadamente 350 unidades de trabalho, podendo ser ampliada no decorrer do processo.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “O presidente da República, que é um contumaz veiculador de fake news, ele agora está com amnésia”. (Renan Calheiros, relator da CPI da Pandemia)

Brasil, o país dos “vivaldinos”

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amentavelmente somos um país no qual se dá melhor o “vivaldino”, o malandro, o mau caráter. Literalmente em nossa história o mocinho é derrotado pelo vilão. Vejamos, por exemplo, a situação de alguns políticos safados, investigados, processados e alguns até presos por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, estelionato, evasão de divisas, peculato e outros tantos. Um Brasil ingênuo e esperançoso começou a acreditar que tudo tinha mudado ao assistir a prisão de ministros, governadores e até ex-presidentes, além de grandes e milionários empresários, na deflagração da Operação Lava Jato (a maior caça aos corruptos da história da política do país). Não levou muito tempo e a própria operação foi desmoralizada pelo Poder Judiciário, escancarando à nação sua fantasiosa história de mentiras, parcialidade e partidarismo político. Seu líder maior, antes transformado em herói, o juiz Sérgio Moro, movido pela vaidade e desejo de poder, teve

sua vida virada pelo avesso e descobriu-se que não passava de um interesseiro, em defesa de um lado, igualzinho aos que condenou e perseguiu. Teve suas principais decisões anuladas pelo STF, que também se mostra uma corte de faz de contas, com ministros denunciados por corrupção, vendas de sentenças e outros crimes jamais imaginados se perpetrarem em um tribunal superior, onde se supõe ser cenário de altas e republicanas decisões. E os bandidos como estão? Livres, leves e muitos soltos. As investigações provaram o roubo de bilhões dos cofres públicos, dinheiro destinado a programas sociais, merenda escolar e hospitais para salvar a vida de miseráveis. Em uma visão humanística cometeram “crimes hediondos”. De uma coisa se tem certeza: os soltos e os presos, todos e suas famílias estão ricos. Fica aqui então uma dica para os que querem entrar para a política: aqui o crime compensa e vale a pena roubar.

O povo contra

A manifestação de grupos ligados aos movimentos LGBT e da população de Maceió na frente da Câmara de Vereadores, esta semana, mostrou a insatisfação da sociedade contra a concessão do título de cidadão honorário de Maceió para o presidente Jair Bolsonaro. Os vereadores que se atreveram a aprovar a aberração receberam em troca a indignação pelo deplorável ato e já foram ameaçados de ter seus nomes lembrados em próximas eleições. Um dos principais defensores da indecente aprovação, vereador Leonardo Dias (sempre ele), foi vaiado ao chegar à Câmara, pateticamente, com uma bandeira nacional nos ombros. Os vereadores contrários à homenagem foram aplaudidos pela população.

Fazendo cultura

Quem falou que Maceió não teria São João? Teve sim e dos bons. A criatividade, solidariedade e consciência de que pra tudo se dá um jeito, levaram a Prefeitura da capital, através da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), a realizar uma programação virtual entre os dias 23 e 29 com apresentações de grupos quadrilhas, trios e bandas de forró. A festa, produzida com esmero e profissionalismo fez com que fosse considerado um dos mais animados festejos juninos do Nordeste. As atrações se apresentaram em lives transmitidas por canais virtuais e assistidas por numeroso público. Em tempos de pandemia e com restrições de aglomeração os músicos e grupos culturais alagoanos tiveram a oportunidade de se apresentar para o público que improvisou em casa as festas de São João. Parabéns à secretária Mirian Monte e sua competente equipe pelo profissio-

nalismo e brilhantismo da realização.

Tempos nebulosos

Perguntado sobre a possibilidade de haver clima para um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, respondi que não faço a mínima ideia do que poderá acontecer, mas alguma coisa haverá de acontecer diante desse caos absoluto, abalando muito a estabilização institucional do país. O assunto faz-me lembrar uma palestra que assisti, em Brasília, proferida por uma procuradora da PGR e eu lhe perguntava: o Brasil tem jeito? E ela me respondia: “Tem que ter, mas terá que chegar a uma grande e extremosa convulsão, para aí então renascer”. Percebo que esse tempo pode estar chegando. Isso é muito ruim para o país. Nosso foco deveria ser a pandemia, o combate ao desemprego. Temos uma nação de desempregados. Se percebe, claramente, uma antecipação do calendário eleitoral. Há uma incerteza muito grande. Particularmente não acredito em impeachment. Não podemos brincar de botar e tirar presidente. Não creio que haja mudanças bruscas. Mas consequências para o ano que vem, virão sim, muitas. O governo Bolsonaro acabou, sua popularidade vai definhar. Se o que faltava era a indicação de corrupção, temos aí uma fartura de acusações, suspeitas e provas, como uma bomba no colo de um presidente irresponsável, tosco

e negacionista. É aguardar para conferir.

Alagoas derando

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Para se somar às boas notícias conquistadas pelo governo do Estado, mais uma para comemorar. Alagoas liderou a criação de novas empresas na região Nordeste e figura em quinto lugar no ranking nacional. Somente entre janeiro e abril de 2021, foram abertos 14.125 novos empreendimentos no estado. O número registrado no último boletim do Mapa de Empresas do Brasil representa um aumento de 51,2% na taxa em relação ao mesmo período do ano passado. A estatística alagoana tanto lidera como supera a média regional, que ficou em 39%, de acordo com painel divulgado no último sábado (26) pelo Ministério da Economia por meio do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração. Todas essas conquistas são frutos do trabalho e da capacidade de fazer acontecer do governador Renan

PÍLULAS DO PEDRO Patrícia Mourão com certeza tem muito a contribuir para o turismo de Maceió. Tem capacidade e experiência. Senador Marcos Rogério (DEM/RO) se transformou em mero ventríloquo do Planalto nas sessões da CPI. Um ridículo. Prefeito JHC não abre mão. Todos os dias visita os postos de vacinação para checar o trabalho. Sempre cumprimentado com euforia pela população.


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Fora Bolsonaro

ELIAS FRAGOSO n Economista

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s votos da extrema direita (não confundir com o liberalismo, coisas distintas e distantes) no Brasil não passam de 5% (da mesma forma que a extrema esquerda). Há um ano afirmei que nas próximas eleições presidenciais Bolsonaro, por suas atitudes, sofreria enorme desgaste e não alcançaria mais que 25% dos votos do eleitor brasileiro (os 5% da extrema direita e 20% de simpatizantes). E olhe que não considerei o cavalo de pau que o Supremo viria a dar para liberar Lula, mesmo con-

denado nas três instâncias da justiça, na mais vergonhosa manobra de que tenho conhecimento desde a sua existência. E que muda radicalmente o quadro eleitoral para 2022. Na semana passada, pesquisa do IDEC indicou que, passados pouco mais de 2 anos de governo, a aprovação do governo do capitão aloprado entrou em parafuso, caiu de 67% do início da sua gestão para os atuais 23%, muito próximo do que estimava ser a sua votação. Estimava porque minha projeção foi feita antes do mega escândalo da compra da vacina indiana Covaxin que a CPI acaba de descobrir. É quase certo que na próxima pesquisa sua aprovação despenque ainda mais. E aí, não custa lembrar que o poste do condenado liberado pelo Supremo tinha 10% de aprovação quando foi impichada... Pelo que se vê, o cambalacho da vacina indiana é apenas a ponta do novelo do mar de corrupção praticado neste governo na área da saúde e que a CPI, parece, estar na senda de desvendar. Vem mais coisa pela frente.

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O capitão cloroquina na ânsia de se livrar do impeachment que, agora volta à tona com força, foi buscar no Centrão o “refúgio” para se proteger. Todos os analistas políticos deste país alertaram para o que ia acontecer. E não deu outra. O que está ocorrendo não é nenhuma novidade, afinal o modelo do Centrão é recorrente em falcatruas desde o governo Sarney. Ou seja, negociou com Bolsonaro a nomeação de apaniguados para os principais postos onde exista muita grana, estruturou com a conivência do governo o maior assalto já visto ao Orçamento da União e na Câmara vem desmontando toda a estrutura legal penosamente criada ao longo dos últimos 20 anos para promover o “liberou geral” para seus criminosos, parlamentares ou não. O presidente cloroquina com 500 mil mortes lhe corroendo o capital político e acuado por suas ações irresponsáveis que vão lhe valer um caminhão de processos, até internacionais, fica cada vez

mais preso ao Centrão. Que a cada dia aumenta o preço do seu “apoio” (sic!). O capitão é um mentiroso contumaz, um Pinóquio humano. Sua rasa capacidade intelectual o torna incapaz de entender as complexidades de uma das maiores economias do mundo. Seu comportamento canhestro e mal educado nos envergonha perante as demais nações do mundo. A belicosidade animalesca no trato com as pessoas e a pior gestão governamental desde a proclamação da República o fazem persona non grata para a maioria da Nação que quer vê-lo longe da presidência. O impeachment é o caminho para isso, já que ele não quer largar o bem bom da presidência. Sua saída abriria espaço para o centro democrático construir uma candidatura palatável ao eleitor (não as que aí estão) para enfrentar e vencer o corrupto candidato do PT. No momento o tabuleiro do xadrez político nacional ainda está bastante indefinido. A ver.

O presidente cloroquina com 500 mil mortes lhe corroendo o capital político e acuado por suas ações irresponsáveis que vão lhe valer um caminhão de processos, até internacionais, fica cada vez mais preso ao Centrão. Que a cada dia aumenta o preço do seu “apoio” (sic!).


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Nó de marinheiro

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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ma pessoa de classe média ou pobre que vive no Brasil passa por situações incríveis, sem solução, que a deixam revoltada. Se ela for funcionária do Poder Legislativo de Alagoas, precisa ter tranquilidade para resolver determinados problemas. O primeiro susto que passei, no início da década de 1960, foi um concurso público. Algumas colegas eram interinas e precisavam fazer as provas para se efetivarem nos cargos. Houve a convocação em Diário Oficial e centenas de candidatos se inscreveram. Eu trabalhava na biblioteca e não deveria concorrer ao cargo de escriturária. Mas resolvi fazer a tal prova. Assustada, via o diretor da

Casa chamar as interinas e entregar a prova pronta. Olhava para mim e dizia: “Não é o seu caso”! Foi um escândalo, várias pessoas entraram na Justiça, mas não deu em nada. Todo ano, no Legislativo, havia uma reclassificação elaborada aleatoriamente por gestores da Casa. A Mesa Diretora coordenava as injustiças: cada deputado possuía uma cota; os apadrinhados subiam e os pagãos não saíam do lugar ou eram rebaixados. Foi uma época em que eles nomeavam seus familiares para os quadros da Assembleia Começamos a reagir quando formamos o nosso sindicato. Assim mesmo, os donos do poder pressionados pela entidade, tinham que fazer acordos, fingindo estar agindo certo. Um deles chegou a colocar na folha da instituição uma filha de menor idade. O tempo foi passando e o Poder Legislativo chegou a ter cinco mil servidores. Impossível continuar de tal maneira! Veio o PDV – Plano de Demissão Voluntária – e mais de setecentos companheiros foram afastados. Não pensem os leitores que as Mesas Diretoras passaram a agir corretamente. Surgiu o tal do “enxerto”: as pessoas eram introduzidas na folha de pagamento misteriosamente

Irreverente garoto treloso

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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criatividade literária conta histórias de garotos trelosos, naturalmente irreverentes. Ambos os adjetivos certamente são complementares, uma vez que os meninos – ou meninas – que podem ser qualificados por um, invariavelmente também o são pelo outro. As nossas letras têm os seus: “menino

maluquinho”, “cascão”, no folclore o saci-pererê, na literatura universal, Pinóquio, e muitos outros mais que à memória não me ocorrem. O que o Brasil jamais havia visto, no entanto, foi um menino treloso presidindo o País. De fato, em 130 anos de República jamais algum tomara assento na curul de presidente. As eleições de 2018 mudaram esse fato. O escolhido naquele pleito desde então tem dado sobejas demonstrações de sua irreverência e trelosidade, o que não deveria ser surpresa para ninguém. De fato, desde o pífio desempenho na Câmara Federal, quando adquiriu exposição nacional por suas diatribes como deputado do “baixo clero”, já estava anunciando ao que viria. Eleito presidente, durante alguns poucos meses, certamente ainda na ressaca da vitória, impressionou o Brasil por sua seriedade. Passado o lapso temporal, a vocação para irreverencia e trelosidade ressurgiu, associada a comportamento

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e nada era publicado. Até a data de ingresso era alterada. Publicavam, vez em quando, uma folha fictícia cheia de “fantasmas”. Os escândalos se sucediam, a Mesa foi afastada e nossas esperanças renovadas. Tudo vai melhorar, pensávamos. Que nada! Já existia um método de transformar comissionados em efetivos, fato que durou até outro escândalo. A Mesa contratou uma auditoria, ameaçou os servidores, pagou uma fortuna a empresas de fora, que não entendiam o sistema administrativo do Poder Legislativo. Nada foi feito porque o resultado atingiria parentes dos deputados. Aí surgiu um mecanismo que beneficiaria os deputados: nomear comissionados com salários dobrados. Seriam pessoas da confiança dos parlamentares que dividiriam o salário com outros “assessores” ou com os patrões. Era a “rachadinha”, hoje nacionalmente conhecida. Novo escândalo: um jovem deputado denunciou o fato ao Ministério Público. Foram chamados vários assessores, devidamente acompanhados de advogados da Assembleia. Chegavam às audiências e nada diziam, amparados por lei. O fato é que eles, os comissionados, também são culpados, pois re-

arrogante, beirando a ditadura ao menos como cantador de vantagens, ou “bocão”, como na gíria popular. Muitos dos que nele haviam votado, crentes em real mudança no comportamento dos políticos brasileiros, paulatinamente foram dele distanciando-se, escandalizados com a falta de seriedade do seu governo, as atitudes erráticas, achincalhadoras da denominada liturgia do cargo. Outros, porém, por estranho fenômeno, talvez causado pela teimosia, ou pela pouca politização, fecharam os olhos até mesmo quando Bolsonaro acoitou o que havia de pior na política e na politicagem brasileiras. O ápice da trelosidade presidencial vem sendo evidenciado durante a pandemia que vivemos. Bolsonaro a cada dia põe pás de cal na saúde brasileira. Os exemplos que vem dando têm encontrado bom eco em parcela da população, não importando para esses o

cebiam ou recebem seus salários de maneira errada. Isso ainda existe! Em compensação, os ativos e inativos da Casa passaram a ter seus rendimentos congelados, com reajustes ridículos. Falar em consertar o caso dos assessores é irritar o atual presidente. Não se fala nisso! Fizeram uma malvadeza com os inativos em 2015: da noite para o dia foram colocados no Alagoas Previdência, sem que a devida documentação fosse enviada. Hoje, em 2021, os pobres velhinhos continuam com um pé na Assembleia e outro na Previdência. Essa enxurrada de injustiças durante mais de vinte anos deixa ativos e inativos recorrendo à Justiça, para que seus mínimos direitos sejam respeitados. Nossa Justiça é lenta e agora descobriu que os servidores do Legislativo são estáveis e não efetivos. Outro nó que precisa ser desatado! E nós, funcionários da Assembleia Legislativa de Alagoas, choramos nossas mágoas com os representantes sindicais, que tentam, mas nem sempre conseguem, desatar o nó de marinheiro dado pelos senhores deputados. Deus no comando!

grande número de brasileiros que perderam a luta e a vida para essa tal de covid, inclusive amigos e até parentes seus. São esses que, vítimas de lavagem cerebral, ainda o aplaudem e o consideram “mito”. A paciência nacional foi mais uma vez afrontada quando o menino irreverente e treloso determinou a crianças a retirada da máscara protetora, ele mesmo invadindo a privacidade dos pequenos, e de suas famílias, retirando os apetrechos com suas próprias mãos, em mais um ato de irresponsabilidade infanto-adolescente, imperdoável para quem preside este imenso País. O pior de tudo é que as eleições gerais aproximam-se, e aqueles eleitores que aspiram seriedade e mudanças na condução do País talvez sejam novamente decepcionados, à falta de candidatos voltados para os reais interesses da República.

A Mesa contratou uma auditoria, ameaçou os servidores, pagou uma fortuna a empresas de fora, que não entendiam o sistema administrativo do Poder Legislativo. Nada foi feito porque o resultado atingiria parentes dos deputados.

O pior de tudo é que as eleições gerais aproximam-se, e aqueles eleitores que aspiram seriedade e mudanças na condução do País talvez sejam novamente decepcionados, à falta de candidatos voltados para os reais interesses da República.


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Sentido da vida

GERALDO MAGELA

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n Procirador de Justiça aposentado e cronista

duardo Giannetti, em sua notável obra Trópicos Utópicos, esclarece, de forma sábia, “que o mundo moderno nasceu e evoluiu embalado por três ilusões poderosas: a de que o pensamento científico permitiria gradualmente banir o mistério do mundo e assim elucidar a condição humana e o sentido da vida”. Descoberto o mistério do mundo, teríamos, assim, também, elucidado o sentido da vida.

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O mistério do mundo continuará sendo mistério, em que pese todo avanço científico e o sentido da vida, ainda continua sem elucidação, assim como, conclui o filósofo, que o avanço do processo civilizatório não traz o aprimoramento ético e intelectual para tornar os seres humanos mais felizes. Apesar de todo o progresso científico, e o aprimoramento ético, continuamos infelizes. Nietzsche, filósofo alemão, 1844/1900, um pensador notável, quando trata do eterno retorno, nos faz entender que não existe passado, nem futuro, o eterno é o presente que deve ser vivido de forma intensa, realizando a vontade de poder, naquilo que nos satisfaz, sendo irrelevante aquilo que chamamos de passado, ficção, pois só existente na memória. Às vezes me pergunto se ser estoico, neste mundo indiferente e hostil, seria dar um significado à existência? Ou, por outro lado, ser um incontido, buscando em ideias doutrinárias revolucionar o mundo do ponto de vista sócio-político? Ou, quem sabe, ser as-

cético, buscando na espiritualidade, na contemplação, o significado que procura? Ou, no mundo corporativo, de grandes empresas, não estaria aí o sentido que busca? Ou, apenas viver, sem maldade, sem ambição, cada instante, não estaria, também, aí, uma razão plausível? Todas me parecem acertadas e de boa compreensão. No entanto, não consigo entender os que se desviam em comportamentos aéticos, completamente nocivos, como para eles é o sentido da vida se é que para eles a vida tem algum sentido. A vida, enquanto busca de um sentido, é explicada sob vários ângulos, quer do ponto de vista filosófico, psicológico, religioso, aceitáveis ou não, constituindo-se na angústia perene do humano existir. Como a questão é transcendente, fugindo, por óbvio, a racionalidade, resta-nos, contudo, respeitando as ideias contrárias, cada um de nós realizar a sua própria busca, encontrando seu próprio significado do sentido da existência.

No entanto, não consigo entender os que se desviam em comportamentos aéticos, completamente nocivos, como para eles é o sentido da vida se é que para eles a vida tem algum sentido.


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FAZENDA DUAS BOCAS

Falta perito para demarcar terras invadidas por Álvaro Vasconcelos

Após 37 anos de espera, novo entrave preocupa herdeiros do agricultor Antônio Cândido MARIA SALÉSIA

sallesiaramos18@gmail.com

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imbróglio envolvendo a Fazenda Duas Bocas, no complexo Benedito Bentes, em Maceió, e Álvaro Vasconcelos, parece que está longe de chegar ao fim. Desta vez, procura-se perito para demarcar as terras invadidas pelo empresário. Caso seja encontrado, este será o sétimo profissional nomeado para realizar os serviços. O novo entrave preocupa os herdeiros do agricultor Antônio Cândido da Silva, morto em 2001 sem conseguir resgatar sua propriedade rural. Nestes quase 40 anos de disputa, vários foram os problemas. A última movimentação no demorado processo, de 22/06/2021, aponta que “em 07 de junho de 2021 decorreu o prazo de cinco dias, assinalado no r.despacho de fls 798, sem manifestação do perito judicial que fora intimado”. Com a destituição do perito Lucas Araújo Bezerra, de Propriá, Sergipe, cabe ao juiz José Cícero Alves da Silva intimar outro especialista para o caso. O processo 000576313.1984 vem com “tramitação prioritária” - já que a esposa de Antônio Cândido tem 80 anos de idade e muitos problemas de saúde - mas não passa de mero detalhe. Dessa vez, o problema é mesmo perito. Não é à toa que já passaram José Arnaldo Lisboa, Cláudio Amaral, Amílcar Sarmento, Roberto Meneses, Gabriela Paiva de Andrade e Lucas Araújo. Este último, foi intimado duas vezes para manifestar-se sobre o despacho, mas silenciou. Na verdade, nenhum realizou a perícia. Uns se averbam suspeitos, outros

Terras adquiridas por agricultor em 1984 foram invadidas por Álvaro Vasconcelos

dizem que é questão de fóro íntimo ou pedem valor de honorário muito alto. A mudança de juízes nesta ação também tem chamado a atenção e intrigado os familiares de Antônio Cândido, que acreditam que esse jogo de empurra-empurra é para atrasar o processo. De fato, o histórico do caso é bastante emblemático. Com a aposentadoria do juiz Ayrton Tenório o problema se agravou, pois mesmo decretando que caberia a Álvaro Vasconcelos as despesas com perito que faria levantamento topográfico das terras e apresentação de laudo pericial com a nova linha demarcatória, a decisão do magistrado não foi cumprida. Como se não bastasse, o juiz substituto Henrique Gomes de Barros mudou a decisão do juiz titular e determinou que o pagamento dos honorários da perícia deveria ser feito pelo autor da ação. Em seguida, o juiz titular da 4ª Vara, Cícero Alves da Silva, assume a questão, mas

devido à Lei estadual nº 8176 se julgou incompetente e enviou o processo para 29ª Vara Cível da Capital. Porém, o juiz também se julgou incompetente, encaminhando o caso para o Tribunal de Justiça tomar as providências. O TJ, por sua vez, manda o caso de volta para o juiz Cícero Alves da Silva. Agora, é torcer pela nomeação do novo perito e acreditar que a espera de quase quatro décadas chegue ao fim. Até lá, a procura por perito para fazer a perícia da Fazenda Duas Bocas continua. “O Álvaro não quer fazer acordo porque confia na morosidade da justiça. Ele está no conforto usufruindo das terras sem pagar um centavo por elas há quase 40 anos”, disse um herdeiro de Antônio Cândido ao acrescentar que acredita na Justiça. “Um dia vamos ter nossa terra de volta. A Justiça será feita”, completou.

ESCLARECIMENTOS DO TJ

“O juiz José Cícero da Silva explicou que desde que assumiu

a 4ª Vara Cível da Capital, em 2019, tem dado andamento ao processo. Em janeiro de 2020, o processo foi remetido à 29ª Vara Cível da Capital, após o magistrado entender que a Lei Estadual nº 8.176, de outubro de 2019, teria aumentado a competência da Vara Agrária para processar e julgar as ações como a deste processo. Após o levantamento de conflito de competência, o TJAL julgou que a 4ª Vara Cível era a unidade competente para julgar o determinado processo. Em fevereiro de 2021, o processo retornou para a 4ª Vara Cível da Capital, a qual desde então vem apreciando os pedidos das partes. A última movimentação ocorreu antes do início do recesso do Judiciário, no dia 22 de junho, quando o juiz José Cícero destituiu o perito nomeado que não se manifestou para realizar os trabalhos até a data estipulada. A previsão é que mais um novo perito seja nomeado em breve. O magistrado José Cíce-

ro também esclareceu que os peritos podem ou não aceitar participar do processo. Caso o perito não se manifeste, o Poder Judiciário pode destituí-lo do processo e convocar outro. Por fim, o juiz destacou que seguirá atento aos prazos concedidos para evitar mais atrasos na conclusão do processo.”

ENTENDA O CASO Em 1984 o agricultor Antônio Candido José da Silva teve as terras da fazenda Duas Bocas, no complexo Benedito Bentes, em Maceió, invadidas pelo empresário Álvaro Vasconcelos. Este, porém, se defende ao dizer que é o verdadeiro dono do imóvel rural. O processo 000576313.1984 é um dos casos mais emblemáticos da Justiça alagoana. Em 37 anos de conflito, até sentença foi proferida - mesmo com o autor da ação morto - dando ganho de causa para o empresário. Porém, o juiz Ayrton de Luna Tenório anulou tal decisão. O ano era 2006 e Antônio Cândido acreditou que dessa vez a justiça seria feita. Mas o processo não chegou ao fim. Tenório se aposentou e a troca de juízes, a falta de perito, acusações de ambos os lados e a falta de interesse em julgar um caso que deveria ter prioridade de julgamento continua preocupando a família de Antônio Cândido. O que tem intrigado os herdeiros do agricultor é que logo após a invasão dos 150 hectares de suas terras, Antônio Candido ajuizou uma ação contra o empresário Álvaro Vasconcelos denunciando a grilagem das terras e pedindo reintegração de posse. Na ocasião, apresentou documento que comprova ser o dono das terras. O registro diz que Antônio Cândido adquiriu parte das terras, “na propriedade Barra do Pratagy, antigo engenho Duas Bocas”, apresentando ainda extensão da propriedade, limites, data e valor da compra, além de assinaturas dos antigos donos afirmando no ato da venda terem recebido o dinheiro das mãos do agricultor Antônio Cândido.


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ECONOMIA EM PAUTA Concurso IBGE

Novo reajuste elétrico

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om o agravamento da crise hídrica e o pior cenário dos últimos 91 anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) poderá aumentar ainda mais a bandeira vermelha nível dois nas contas de luz nos próximos meses. O órgão regulador irá receber contribuições sobre a proposta de 1º a 30 de julho. A proposta em discussão prevê que a bandeira possa ser elevada para até R$ 11,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos a partir de agosto. Esta semana a agência reguladora aprovou um reajuste de 52%, passando a taxa adicional de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 9,49 a partir de julho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou esta semana que se prepara para conseguir levar a campo a coleta do Censo Demográfico a partir de 1º de junho de 2022. Em cronograma divulgado pela Coordenação Operacional dos Censos do IBGE aos trabalhadores envolvidos no planejamento da operação censitária, o órgão abrirá inscrições para um novo concurso de funcionários temporários de 1º a 23 de dezembro deste ano, com provas previstas em 23 e 30 e janeiro de 2022.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Braskem à venda As ações da Braskem foram destaque no início desta semana ao registrarem alta de mais de 5%. De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o prazo para recebimento das propostas iniciais de compra da Braskem, que se encerraria na última quarta-feira, foi estendido até o dia 9 de julho a pedido de potenciais compradores da petroquímica controlada pela Novonor (antiga Odebrecht). O novo prazo foi comunicado na segunda-feira aos participantes do processo. Pelo menos dois interessados pediram mais tempo para elaborar uma oferta não vinculativa, afirmou o jornal.

Pagamentos pelo WhatsApp O WhatsApp Pay anunciou esta semana que o recurso atingiu 100% dos brasileiros em menos de dois meses após o lançamento, que aconteceu no início de maio. O recurso de pagamentos do WhatsApp pode ser utilizado para transferências usando cartões pré-pagos, de débito ou múltiplos com a função de débito sem pagar taxas. Vale ressaltar que o cartão deve ser emitido por um dos bancos ou parceiros participantes (Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, Mercado Pago, Next, Nubank, Sicredi e Woop).


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SAÚDE

Mais de 7 milhões de brasileiras sofrem com as complicações da endometriose Doença é uma das causas de infertilidade e seu tratamento pode ser clínico ou cirúrgico

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ealidade para cerca de 10% das mulheres que menstruam, a endometriose causa dores e incertezas, podendo influenciar na fertilidade de 30 a 50% delas. A Santa Casa de Maceió buscou o auxílio do ginecologista Felipe Albuquerque e do cirurgião oncológico Claudemiro Neto para esclarecer dúvidas sobre um problema que afeta mais de 7 milhões de brasileiras e interfere de maneira drástica na qualidade de vida. Em algumas mulheres, a endometriose pode se mostrar assintomática, mas, na maioria dos casos, a sintomatologia envolve dor e inchaço na região pélvica, comumente relacionados ao período menstrual; dor durante a relação sexual; dor ao urinar; alterações nos hábitos intestinais; e, frequentemente, infertilidade. No entanto, a apresentação clínica é muito variável e nenhum desses sintomas é específico para a doença, dificultando o diagnóstico. “É uma doença considerada benigna, mas, em raras ocasiões, pode estar acompanhada por tumores malignos, especialmente tumores que se originam no tecido endometrial (revestimento interno do útero) e ovários, dependendo do nível de progressão e órgãos adjacentes afetados. O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio da dor e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim o controle do

quadro clínico”, disse o ginecologista Felipe Albuquerque. Na endometriose, fragmentos do tecido endometrial surgem em outras partes do corpo, principalmente na região pélvica. Os ovários e os ligamentos que sustentam o útero são locais onde o tecido endometrial ectópico costuma se desenvolver e, com menos frequência, ele pode aparecer nas trompas de Falópio. Porém, às vezes o tecido endometrial ectópico também surge em outras regiões da pelve (por exemplo, a bexiga) e do abdômen (por exemplo, o intestino) ou, em casos raros, ele pode ser encontrado nas membranas que revestem os pulmões ou o coração. A escolha do tratamento dependerá da gravidade dos sintomas, da extensão e localização da doença, do desejo de engravidar e da idade da paciente. Pode ser medicamentoso, cirúrgico ou, ainda, a combinação de ambos. “O uso de progestagênios de forma contínua resulta em bloqueio do ciclo menstrual e tem efetividade no tratamento da dor pélvica decorrente da endometriose. São medicações orais que podem ser utilizadas de forma contínua e, se utilizadas de forma isolada, não aumentam o risco de trombose. Existem outras opções de tratamentos clínicos e a escolha deve ser individualizada de acordo com a necessidade de cada paciente”, explicou o especialista.

Claudemiro Neto e Felipe Albuquerque falam sobre as opções de tratamento


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FERNANDO CALMON Anjo da guarda digital para ciclistas e pedestres Usuários vulneráveis no trânsito, como pedestres e ciclistas, poderão contar com o auxílio da tecnologia para que fiquem menos expostos a acidentes. Pelas diferenças de dimensões, peso e velocidade dos veículos motorizados, os índices de fatalidade são elevados no caso de intercorrência, às vezes mesmo sem colisão direta pois um ciclista pode se desequilibrar até por deslocamento do ar. Por isso os códigos de trânsito tanto no Brasil quanto no exterior exigem manter um distanciamento mínimo de 1,5 metro entre carros e bicicletas. O Conselho Europeu de Segurança Viária calcula em 80% os casos de morte quando um acidente ocorre em estradas entre veículos e usuários vulneráveis. Bicicletas que contam com assistência elétrica ao pedalar são rápidas e cansam menos os ciclistas, tornando-se assim populares. Na Alemanha a fabricante de autopeças e pneus Continental se uniu à empresa de telecomunicações Deutsche Telekom para criar um sistema que possa dar maior segurança e evitar acidentes. A ideia surgiu do alto nível de conectividade possibilitado por smartphones. Na Europa, por exemplo, 85% da população utiliza esse tipo de telefone celular inteligente (estima-se em torno de 70% no Brasil). A solução desenvolvida pelos parceiros foi monitorar as trajetórias dos veículos, dos ciclistas e numa segunda etapa também dos pedestres. A base para o desenvolvimento reúne o serviço de posicionamento por satélite (GPS), sensores de aceleração, comunicação móvel e computação em nuvem. O carro transmite informações de posição e aceleração por meio de telefonia celular. O ciclista também emite esses parâmetros via smartphone. Executam-se cálculos para prever as trajetórias dos próximos cinco segundos. No caso de colisão iminente, um aviso é enviado tanto ao motorista quanto ao ciclista. Para garantir que as informações cheguem a ambos os usuários da via ou estrada de forma quase instantânea, sempre se utiliza o computador em nuvem mais próximo da rede móvel do local do possível acidente. Tudo em tempo real e ainda com maior eficiência quando a telefonia 5G (quinta geração) estiver disseminada, embora funcione também no atual padrão 4G. Os testes de estrada iniciais foram bem-sucedidos. Neblina espessa associada à diminuição de visibilidade poderá representar um perigo a menos na circulação rodoviária. Porém essa tecnologia deverá receber investimentos adicionais para ser útil também em trânsito urbano. Os dois parceiros desenvolvem esse anjo da guarda digital de ciclistas e pedestres para uso internacional e na vida cotidiana. Financiamento é do Ministério Federal de Transporte e Infraestrutura Digital da Alemanha. Haverá apresentação dos resultados do projeto no Congresso Mundial de Transportes Inteligentes, em Hamburgo, de 11 a 15 de outubro próximos.

n JORNALISTA

ALTA RODA n CONFIRMADO que a nova picape intermediária Chevrolet receberá o nome Montana. Suas dimensões serão bem semelhantes às da Toro, até hoje sem nenhum concorrente direto pelo menos até a chegada da Ford Maverick, do México, no segundo semestre. A nova Montana exigirá investimentos, agora iniciados, na fábrica de São Caetano do Sul (SP). GM não divulgou data para o lançamento. Minha previsão é início de produção em janeiro de 2023 e de vendas 30 a 45 dias depois. n FRAUDES nas bombas de abastecimento de combustível, quando donos de postos desonestos adulteram o volume real vendido aos motoristas, começarão a ser eliminadas a partir de 1º de julho do próximo ano. O controle se dará por meio de assinatura digital das medições e o usuário poderá checar a autenticidade por meio de aplicativo no telefone celular. Não haverá, no entanto, substituição imediata das bombas atuais. A mudança será gradual à medida que forem repostas. Espera-se que a pressão dos consumidores acelere o processo. n FORD BRONCO SPORT apresenta bom desempenho em uso fora de estrada graças à tração nas quatro rodas sob demanda (inclui bloqueio para tração 4x4 e diferencial traseiro) e ao mesmo tempo se comporta de forma “civilizada” no dia a dia do asfalto, em ruas e rodovias. Não é excessivamente duro, a suspensão independente nas quatro rodas transmite confiança em curvas, a direção mostra precisão e o motor apresenta respostas vigorosas. Bom espaço interno para cinco passageiros adultos, mas o porta-malas tem volume inferior aos concorrentes até a altura do encosto do banco traseiro. n REVISTA inglesa Autocar, mais antiga do mundo, pois circula desde 1895, elegeu os melhores motores dos últimos 120 anos separados por décadas. Eis a lista: 1900, Mercedes Simplex 60 hp; 1910, Bentley 3 Litre; 1920, Bugatti Type 35; 1930, Duesenberg SJ; 1940, Ferrari 160 Inter; 1950, Chevrolet Corvette (V-8 Small Block); 1960, Porsche 911 (Flat Six); 1970, Lamborghini Countach; 1980, Ferrari F40; 1990, McLaren F1 (BMW V-12); 2000, Lexus LF-A (Yamaha V-10); 2010, Porsche 911 GT3 RS (Flat Six). Só Ferrari e Porsche tiveram duas indicações cada. Com essa autoridade centenária, quem pode discordar?


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

APÓS FIM DE CONTRATO DE MESSI, PRESIDENTE DO BARCELONA TRANQUILIZA A TORCIDA Após duas derrotas consecutivas, o Galo da Praia voltou a vencer e conseguiu afastar uma pequena crise. O CRB venceu o Brasil de Pelotas por 2 a 1 em partida válida pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, disputada no Estádio Rei Pelé, em Maceió. Com o resultado, a equipe passou a ocupar a sexta colocação na tabela, com 10 pontos conquistados. Os gols que deram a vitória para a equipe alagoana foram marcados por Diego Torres, de pênalti, aos 41 minutos do primeiro tempo e por Erik, aos 24 da segunda etapa, enquanto o volante Rômulo, do Xavante, descontou para o Brasil, aos 18 minutos do segundo tempo. A primeira etapa não teve grandes chances para os dois lados, mas perto do fim do primeiro tempo, Hyuri foi derruba-

CSA segue sem pontuar fora de casa na Série B

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esta edição da Série B o Azulão disputou três jogos fora de casa, não pontuou sequer uma vez. Rendimento bem abaixo do esperado do atual campeão alagoano. O CSA foi derrotado pela Ponte Preta por 2 a 1 na partida válida pela oitava rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, disputada no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas (SP). Os gols do jogo foram marcados por Moisés e Thales, para a equipe de Campinas. Delatorre descontou para o clube marujo.

O CSA foi para os vestiários atrás do placar, tentando reverter o prejuízo, voltou com várias mudanças para o segundo tempo, incluindo o meia Renato Cajá, estreante, que tem forte identificação com a Ponte Preta. Ele entrou bem, mudou o meio-campo do time azulino e, além de bom chute no começo, criou a jogada e deu assistência para o gol de empate. Agora, o CSA tem mais um duelo complicado, fará o clássico das multidões com o CRB no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

do na área e o juiz assinalou pênalti, na cobrança, Diego Torres marcou para o Galo. Na volta para a segunda etapa, o Brasil de Pelotas conseguiu empatar o duelo em mais uma falha defensiva do CRB, um dos pontos fracos da equipe na Segundona. Porém, o atacante Erik entrou no segundo tempo e desempatou o confronto finalizando de fora da área.

EM BUSCA DE REFORÇOS, FLAMENGO ACOMPANHA SITUAÇÃO DE RENATO AUGUSTO O Flamengo e todos os outros clubes do Brasil vem sofrendo com a pandemia da covid-19. O time carioca precisou negociar jogadores e pouco contratou para esta temporada. Só que os dirigentes rubro-negros estão atentos ao mercado. Por isso, reforços de peso podem aparecer ainda em 2021, como o do meia Renato Augusto. O nome do jogador vem sendo ventilado no Flamengo em meio ao de outros jogadores. Cria da base rubro -negra, ele está atualmente no Beijing Guoan, da China, mas há rumores de uma possível saída do time. Renato Augusto já afirmou que gostaria de voltar ao ex-clube. O interesse dos dirigentes é mútuo. O meia chegaria para ocupar a posição de Gerson, que foi para o Olympique de Marselha. Fora Renato, outros dois nomes são comentados na Gávea. O volante Thiago Mendes e o meio campista Kennedy são atletas especulados pela diretoria do Fla.

MANCHESTER UNITED CHEGA A ACORDO COM BORUSSIA POR SANCHO O Manchester United está cada vez mais perto de anunciar a contratação de Jadon Sancho, do Borussia Dortmund. De acordo com a emissora inglesa Sky Sports, os dois clubes já teriam acertado os valores da negociação e o atacante inglês deve se juntar aos Red Devils logo após a participação da Inglaterra na Eurocopa. O jogador de 21 anos é alvo do clube inglês há algumas temporadas e, desta vez, houve um acordo entre as partes sobre o valor da negociação. A primeira pedida dos alemães, na abertura da janela, era de 85 milhões de libras (584 milhões de reais na cotação atual), mas, após novas conversas esta semana, o valor final da contratação ficou em 73 milhões de libras (pouco mais de 500 milhões de reais). O anúncio da contratação será feito após a participação da Inglaterra na Eurocopa, quando o atleta chegará em Manchester para passar por exames médicos e assinar o contrato.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Sem salários

PELO INTERIOR

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om dois meses de salários atrasados, professores da rede municipal de ensino da cidade de Campo Grande denunciam que estão passando por dificuldades. Diante da situação que estão vivendo, eles procuraram ontem veículos de comunicação de Arapiraca onde relataram que a Prefeitura não possui sequer um calendário para colocar a folha em dia e que já levaram o caso para o Ministério Público Estadual (MP). Relatam que estão com contas atrasadas e sem ter dinheiro sequer para comprar comida e alimentar suas famílias. Em tempo: no próximo dia 12 de setembro, serão realizada novas eleições no município. O TSE no dia 17 de dezembro de 2020 cassou a chapa do prefeito eleito na cidade, Arnaldo Higino, por improbidade. Téo Higino, Cícero Pinheiro e Inês Corrêa disputarão o pleito.

... Cada cidade recebe doses de vacinas para serem aplicadas exclusivamente em sua população.

Descaso e humilhação

“Percebemos que muitas pessoas de outras cidades estavam apresentando comprovantes de residência de terceiros e atualizando seus Cartões do SUS para endereço de Arapiraca”, disse a coordenadora de Doenças Imunopreveníveis de Arapiraca, enfermeira Mônica Suzy.

Revoltados com o atraso de seus salários, trabalhadores da Educação de Campo Grande denunciam o descaso e humilhação da administração municipal a que estão sendo submetidos. Essa situação porém não atinge os funcionários contratados que estão com os salários em dia. “O último salário recebido pelos efetivos foi referente ao mês de abril. Como estamos no final do mês de junho, já são quase dois meses de salários atrasados”, disse, na quarta (30) uma professora que pediu para não ter seu nome revelado com medo de represália.

Comprando “fiado”

O site de notícia 7Segundos informou que aproximadamente 300 servidores públicos estão passando por dificuldades. Todos os funcionários da Educação e concursados. E as consequências disso já são sentidas no comércio do município, com o aumento da inadimplência e os comerciantes se recusando a vender “fiado” para os servidores, por não haver uma previsão de quando irão receber. Enquanto isso, os alunos da rede municipal de ensino estão abandonados, uma vez que até mesmo as aulas on-line foram interrompidas.

Perdeu recursos

“A responsabilidade é da gestão municipal. Em 2021, o município perdeu um grande volume de recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), provocado por uma série de erros administrativos”, contou a professora.

Não resolve nada

“A dona Zefinha, que é a prefeita interina, não resolve nada. Quem está à frente de tudo é o secretário de Administração, que é o ex-prefeito Arnaldo Higino. E quando a gente procura alguma informação, ele só manda dizer que não tem dinheiro, que a verba diminuiu. Mas a queda do recurso do Fundeb não dá o direito de deixar de pagar os professores”, ressaltou, se referindo à vereadora Josefa Barbosa (Republicanos), que passou a atuar como prefeita-tampão após a eleição que daria vitória a Arnaldo Higino ser anulada.

Morte de Itamar

E a covid-19 segue fazendo vítimas em Arapiraca. O policial da reserva Itamar de Oliveira Ferreira, de 55 anos, perdeu a batalha contra o vírus. Ele estava internado em um hospital de Arapiraca e faleceu na tarde de terça-feira (29). O militar trabalhou durante toda a vida no 3º Batalhão de Polícia Militar de Arapiraca, onde atuou no Pelotão de Operações Especiais (Pelopes).

Os números

Arapiraca registra 516 mortes provocadas pela doença desde o início da pandemia, em março do ano passado. Nesse período, 30.887 pessoas foram infectadas pelo coronavírus e 28.873 pacientes cumpriram isolamento de 14 dias e, por não apresentarem sintomas, são considerados curados da doença.

Dados preocupantes

Até a terça, 29, Arapiraca registrou 1.498 casos ativos da doença. Destes, 68 estão hospitalizados. Ou seja, 1.430 moradores estão com covid-19, com a recomendação para fazer isolamento domiciliar para evitar que a infecção seja transmitida a outras pessoas. Na segunda-feira, 28, outros 133 moradores de Arapiraca testaram positivo para a doença na Central de Triagem Iza Castro e no Complexo Multidisciplinar Rogério Teófilo.

... Infelizmente, técnicos da vacinação têm percebido uma grande quantidade de pessoas de cidades vizinhas a Arapiraca que estão saindo de seus respectivos endereços para poder receber o imunizante na Capital do Agreste. ... Para evitar esse tipo de irregularidade, a Secretaria Municipal de Saúde modificou, a partir da quarta-feira (30), o processo de atualização do Cartão Nacional de Saúde, que antes poderia ser feito momentos antes da aplicação da dose.

... Segundo ela, diariamente, mais de 80 atualizações estavam sendo feitas nos postos de imunização, o que não é normal, explicou a coordenadora de Doenças Imunopreveníveis de Arapiraca, enfermeira Mônica Suzy. ... A partir de agora, os postos de vacinação vão atualizar os cartões SUS apenas dos usuários que apresentarem comprovante de residência em seus nomes. Quem não tem comprovante em seu nome, deverá atualizar o Cartão SUS na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. ... A enfermeira disse que encaminhou, na tarde de terça-feira, 29, um comunicado para os coordenadores de imunização das outras cidades da região, para o PNI Estadual e para o Conselho de Secretarias Municipais de Alagoas (Cosems) sobre o problema enfrentado em Arapiraca. ... O prefeito Luciano Barbosa usou suas redes sociais para informar que o Centro de Medicina Física e Reabilitação de Arapiraca – o Cemfra – está passando por uma grande revitalização em sua estrutura desde o início do ano. ... De acordo com o gestor municipal, o trabalho começou com uma série de recuperações no setor de fisioterapia, que estava com atendimento escasso e passou a funcionar todos os dias. ... A sala da terapia ocupacional, que estava fechada, assim como o Trate – o primeiro espaço público ao tratamento de autismo do país – foram reativados. ... “Novos ortopedistas e neurologistas chegaram. Com isso, aumentamos o trabalho de reabilitação. Já são mais de 100 pacientes sendo atendidos semanalmente, além dos que procuram o Reabilitar, que ajuda no tratamento pós-covid”, disse o prefeito arapiraquense, em sua conta do Instagram. ... Saúde e paz para todos. Até a próxima edição!


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VIA WHATSAPP

Jornalista da Bahia denuncia venda de CNH e notas falsas por alagoano Vendedor garante que documentação é verdadeira e esquema tem se popularizado BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Ministério Público Estadual de Alagoas vai investigar a denúncia de venda de CNH para inabilitados. Além do documento, o homem, que é alagoano, também teria oferecido o serviço de venda de cédulas de dinheiro falsificadas a um jornalista de Salvador, que levou o caso ao conhecimento do Ministério Público Federal da Bahia, que por sua vez o encaminhou para a Procuradoria da República de Alagoas. De acordo com própria Procuradoria, “o que existe é a venda entre particulares, por meio da internet, de cartões de crédito, CNHs e moedas falsas”, apesar disso, o crime não foi comprovado até o momento e em teoria não lesa bens, serviços ou interesses da União, a justificar a competência da Justiça Federal. “E sendo isto certo, a atribuição para atuar nestes autos é do Ministério Público Estadual em Alagoas, sobretudo em razão dos teores dos seguintes Enunciados nº 50 e 35 da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF”, diz trecho do Notícia de Fato encaminhada

ao MP estadual. Embora a investigação ainda não tenha sido iniciada, o EXTRA entrou em contato com o suspeito de comercializar a documentação e as cédulas através do número com DDD 82 de final 0115, que confirmou, de fato, oferecer este tipo de serviço e deu detalhes de como funciona o trâmite da negociação com os interessados. De acordo com o homem, que não teve o nome revelado, as CNHs são originais e para emiti-las só é necessária a assinatura do comprador em um papel em branco, uma foto 3x4, cópia da identidade frente e verso, além de um comprovante de residência. Com esses dados, a emissão da documentação é feita em até 15 dias e enviada através dos correios. O vendedor garante que o documento é original e que é emitido pelo próprio órgão de trânsito do estado, o que pode significar a atuação de servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas no esquema. O valor para a emissão do documento para carro e moto pode chegar até R$ 1500. “A entrada é de R$ 500. O cliente vai pagar

Prints da conversa com o vendedor de CNHs

mais R$ 500 quando o documento estiver pronto e outros R$ 500 quando estiver com a documentação em mãos e confirmar que é verdadeiro”, disse o vendedor à reportagem, que não prosseguiu com a negociação. O jornalista que realizou a denúncia ao MPE da Bahia foi procurado para dar detalhes de como os serviços foram oferecidos, mas preferiu não se pronunciar. VENDA É COMUM NA INTERNET Essa não é a primeira vez que o EXTRA revela

este tipo de esquema. Em janeiro deste ano, um perfil no Twitter que não terá o nome de usuário revelado, estava oferecendo os mais variados produtos falsos e até “prestação de serviços”. Nele era possível comprar dinheiro, cartões de crédito em nome de terceiros e carteiras de motorista: tudo falso e com entrega em todo o País. O EXTRA também investigou a página tendo acesso a várias postagens em que os criminosos ofereceram as mercadorias ilegais e entrou em

contato com os falsários também por meio do WhatsApp e negociou a compra de uma CNH. Porém, o que impressionou não foi a facilidade para conseguir a documentação ou o dinheiro falso, mas sim a publicidade ousada que incluía até vídeos apresentando algum serviço e o sistema de entrega. Uma das postagens revelava, inclusive, as características das notas enviadas através dos correios para possíveis compradores: teste da caneta, áspera, alto relevo, fita holográfica. A página, no entanto, foi desativada pouco tempo depois. Vale salientar que o motorista flagrado com CNH falsa estará desrespeitando diversas leis, entre elas o Decreto Lei nº 2.848 e artigo 297 do Código Penal 297, que se refere a falsificar, de modo completo, um documento público, gerando pena de reclusão de dois a seis anos e pagamento de multa. O artigo 298 também pode ser relacionado ao tratar da falsificação de um documento particular, gerando punição com prisão de 1 a 5 anos e multa. Em relação a fabricar ou alterar moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou no estrangeiro é crime previsto no artigo 289 do Código Penal. A pena varia de três a 12 anos de prisão e multa.


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RADAR LITERÁRIO Imprensa Oficial prepara lançamento de obras contempladas pela Lei Aldir Blanc

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Lei Aldir Blanc injetou cerca de R$ 57 milhões em recursos emergenciais na cultura alagoana em 2020. No segundo semestre do ano passado, foram realizados editais pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e prefeituras que visavam selecionar os projetos, de diversas áreas artísticas, que receberiam financiamento público. E a Literatura também foi uma das áreas contempladas com a liberação de verba. Como era de se esperar, a disputa foi bem acirrada, tendo em vista que Alagoas reúne um grande número de escritores e

escritoras de alto nível de excelência, tanto na prosa quanto na poesia. Sem surpresas também, vários autores da Imprensa Oficial Graciliano Ramos tiveram suas obras premiadas por esses editais literários. Atualmente, a gráfica e editora do governo do Estado vem trabalhando na edição de parte dos livros premiados pela Lei Aldir Blanc que serão lançados em um grande evento previsto para a segunda quinzena deste mês. Nesta coluna, vamos dar destaque para duas obras poéticas que se encontram em fase final de produção: Da amplidão das sombras alheias ou outras histórias de amores suspeitos, de

HUMANO, DEMASIADAMENTE HUMANO

ENTRE O ORDINÁRIO E O EXTRAORDINÁRIO

Da amplidão das sombras alheias ou outras histórias de amores suspeitos é a mais recente obra do poeta Adalberto Souza. Neste livro, o autor nos brinda com uma salutar união entre música e poesia e faz isso transitando entre música erudita e a mais completa expressão da música popular. Somente Souza misturaria Mozart e Odair José, Madonna e Nora Nei, fazendo dessa mistura o casamento ideal para seus versos. “Em Da amplidão das sombras alheias ou outras histórias de amores suspeitos brota sempre a pessoa humana no seu limiar de exasperação ou passividade, polos opostos. São as pessoas acossadas pelas paixões, pelas desilusões amorosas amantes atormentados pelo rancor. É a personagem solitária que perde os passos que deixou na areia. São os desenganados das coisas de Cupido. Mas percebe-se que, no fundo, são criaturas esperançosas que uma relação amorosa termine num final feliz, final que nunca chega, nem no fim do último poema deste livro”, descreve o autor. Em seu novo livro, Adalberto Souza constrói cuidadosamente seus versos observando o que está a seu redor. Sua lírica é aquela dos que estão abandonados, dos traídos e dos encontrados na noite. Seus poemas são observações daqueles que ficam por último, que esperam o bar fechar.

A Tarde Caindo, livro de estreia de Claudemir Calixto, busca provocar a reflexão sobre as idiossincrasias da vida. Discorre sobre acontecimentos ordinários que, por momentos, escondem aspectos extraordinários e existenciais. Para o autor, em seus versos um acontecimento pode ser uma mensagem, às vezes irônica ou provocativa do ato de viver. “O texto entoa verbos em todos os tempos. É que a tarde passa despercebida, assim como as pessoas em si mesmas, porque elas são o tempo em curso, enquanto elemento e energia – eletricidade. Sendo mais fácil nos compreendermos como centro do mundo, ficamos desatentos a essas partículas da vida. Mas o senhor de tudo mesmo é o tempo. Isso pode ser esperado do livro, dito de modo sutil, simples, e, talvez, de modo profundo”. A temática de A Tarde Caindo trata de sentimentos, nostalgias e impermanência. Um texto existencial que expressa dores plurais provocadas pela existência. “O tempo também faz parte do eixo temático dos versos do livro. O tempo é o regente da obra, assim como é de tudo. Essa busca por entender o tempo passa pela busca da essência do sentir. Como o tempo atravessa a todos e supera a tudo, determinando quem permanece e quem vai embora, tudo de maneira sutil e silenciosa, inesperada. O tempo muda sua rota em todos os lugares, distrai a tudo e a todos: os lugares, os seres, e a sua própria natureza – por isso, talvez, ele não se questione”, explica Calixto. Se uma das missões do poeta é refletir sobre o tempo, Claudemir Calixto desempenha seu papel com maestria nesta obra poética que, acima de tudo, é uma ode à contemplação.

violentas, são os


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