Edição 1131

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ANO XXII - Nº 1131 - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2021 - R$ 4,00 FACEBOOK

PÉ NA ESTRADA

Collor confirma candidatura à reeleição e antecipa campanha Enquanto Renan Filho – principal adversário de Collor – não decide se sai ou fica no governo, Fernando Collor descarta qualquer plano que não seja sua reeleição ao Senado no próximo ano. 2

ROBERTO MOISÉS SERÁ MULTADO POR ROMBO DE R$ 14 BI NA PREVIDÊNCIA DO RIO DE JANEIRO

MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

AGÊNCIA ALAGOAS

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MONTEIRÓPOLIS

PREFEITO É CONDENADO A DEVOLVER R$ 537 MIL DESVIADOS EM SUAS GESTÕES PASSADAS 3

Presidente do Alagoas Previdência comandou área de Seguridade Social da Previdência do Rio nos governos Sérgio Cabral e Pezão 8

A MORTE DE JOÃO LYRA E A FALÊNCIA DO MAIOR GRUPO EMPRESARIAL DE ALAGOAS Empresário morre aos 90 anos deixando milhares de credores da bilionária massa falida. 9 a 11 FACEBOOK

JOGO DO PODER RODRIGO CUNHA TROCA RECURSOS DE EMENDA POR APOIO DE ARTHUR LIRA 7 VENDA DO RESTO DA CASAL OPÕE INTERESSES DE RENAN FILHO E ARTHUR LIRA 5


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2021

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COLUNA

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Collor em campanha 1

- O senador Fernando Collor tem dedicado seu tempo livre ao universo das redes sociais como ferramenta imbatível na divulgação de sua atividade parlamentar, sem esquecer o velho telefone para falar com amigos e correligionários.

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- Faltando mais de um ano para as eleições de 2022, Collor já está em campanha pela reeleição e diz que vai gastar muita sola de sapatos na busca de um novo mandato de senador. Elle sabe que terá à frente uma de suas maiores batalhas eleitorais.

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- Mesmo grudado na internet o senador não descuidou do contato direto com eleitores e correligionários, consolidando seu carisma com a distribuição de abraços e sorrisos, e aparente vigor das primeiras disputas eleitorais.

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- A quem o indaga sobre um possível plano B para o pleito do próximo ano, Collor diz que trabalha pela reeleição e disso não vai abrir mão. Seu principal adversário será Renan Filho, cujo governo é bem avaliado pelos alagoanos e deixará as finanças do Estado em boa situação fiscal.

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- O primeiro embate dessa disputa ocorrerá nos bastidores, fora dos palanques eleitorais. Collor e Renan Filho atuam para selar uma aliança com o grupo de Arthur Lira e Marcelo Victor, o que não garante vitória, mas será meio caminho andado.

Ninguém perde O disputado cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – vago há anos – virou moeda de troca e entrará nas negociações políticas entre o governador e o presidente da Assembleia Legislativa. Renan Filho e Marcelo Victor devem fechar até final do ano uma aliança para as eleições majoritárias de 2022. Ao vencedor, as batatas; ao derrotado o cargo vitalício no TC. “É dando que se recebe”, como reza a citação bíblica, literalmente adotada pelos políticos.

Licença para matar O assassinato do empresário Rodrigo Alapenha, genro de Lula Cabeleira, ocorrido há quatro anos em Delmiro Gouveia, continua na impunidade. Da mesma forma, a execução do vereador Neguinho Boiadeiro – que faz quatro anos em novembro – não foi esclarecida até hoje. Outro crime que também deve entrar na lista da impunidade é o assassinato do empresário Kleber Malaquias, ocorrido há um ano em Rio Largo.

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Inquéritos vazios

Lessa na disputa

Crimes de mando

- Nos bastidores fala-se em provável acordão para Collor disputar o governo e Renan o Senado, com apoio de Lira. Mas pelo grau de animosidade da relação com os Calheiros nas últimas décadas, Collor dificilmente faria aliança com o clã de Murici, o que descarta qualquer possibilidade de acordo com o governador. Mesmo nessa disputa de vida ou morte (política) para o senador.

O grande embate na disputa por uma vaga no Senado em 2022 se dará entre Renan Filho e Fernando Collor, atual ocupante da cadeira e candidato à reeleição. Mas uma possível entrada de Ronaldo Lessa no páreo pode complicar o plano dos dois principais adversários. Se for candidato, o vice-prefeito de JHC pode reforçar seu discurso oposicionista com o fato de Alagoas já ter Renan-pai no Senado, enquanto o senador Fernando Collor exerce o cargo há dois mandatos.

Nos bastidores das investigações fala-se que Rodrigo Alapenha foi executado por motivos passionais ao se envolver com uma mulher casada. Já os assassinatos de Neguinho Boiadeiro e Kleber Malaquias têm raízes em questões políticas e por isso as investigações deram em nada.

Os três assassinatos têm em comum o fato de serem tipificados como crimes de mando, segundo os delegados responsáveis pelas investigações. Em Alagoas é comum a existência do crime de mando sem mandante, e os inquéritos acabam arquivados, geralmente por pressão política dos poderosos de plantão, que agem como se tivessem licença para matar.

Arapiraca O mais cortejado dos prefeitos de Alagoas tende a apoiar os candidatos de oposição no pleito majoritário do próximo ano. Pragmático, o prefeito de Arapiraca ainda não se manifestou oficialmente, mas nos bastidores prevalece a tese de que marchará com o grupo de Arthur Lira e Marcelo Victor. Até lá, Luciano Barbosa administra a questão com os olhos voltados para os interesses de Arapiraca, com um pé no governo e outro na oposição.

Preço do etanol O governo apresentou medida provisória autorizando a venda direta de etanol pelas usinas aos postos de combustíveis. A MP acaba com o cartel das distribuidoras, mas o consumidor não deve se iludir com queda significativa no preço desse combustível. Estudos revelam que a venda direta aos postos pode reduzir o preço do etanol em 20 centavos por litro.

Sem inventar a roda A Prefeitura de Maceió busca solucionar o eterno problema do tramite e liberação de licenças referentes ao setor imobiliário (habite-se, loteamentos, alvarás e outros). Ao invés de quebrar a cabeça, os gestores municipais deveriam buscar na fonte, ou seja, direto com seu autor, o professor Elias Fragoso, ex-secretário de Planejamento Urbano da Cidade, a solução para o problema. Na sua gestão foi aprovado projeto que passou a liberar um habite-se em 5 dias úteis (contra os 9 meses em média anteriores); um alvará de construção de loteamento (demorava 2 anos em média) foi reduzido para 45 dias. E assim por diante com relação às demais licenças. O projeto também atualizou os valores dos serviços tornando o órgão autossuficiente e ainda eliminou sinecuras e igrejinhas que campeavam na época.


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MONTEIRÓPOLIS

TCU condena prefeito a pagar R$ 537 mil ao erário

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Mailson Mendonça foi condenado por irregularidades nas prestações de contas de suas gestões anteriores TAMARA ALBUQUERQUE

tamarajornalista@gmail.com

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Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o prefeito de Monteirópolis, Mailson de Mendonça Lima (PL), por irregularidade e ausência de prestação de contas sobre o uso de recursos federais em suas gestões anteriores. As verba eram destinadas à Educação e para construção de cisternas. Ele será obrigado a ressarcir os cofres públicos em R$ 454.705,02, além de pagar multas no valor de R$ 83 mil, montante que vai ser corrigido monetariamente por ocasião do pagamento. As irregularidades são apontadas em três processos (nº TC002.699/20206, nº 008.656/2018-5 e nº 002.698/2020-0) de Tomada de Contas Especial referentes aos anos de 2018 e 2020 e relatadas pelos ministros Vital do Rêgo e Aroldo Cedraz. A decisão do TCU saiu no último mês de julho após julgamentos nos dias 20, 22

e 26. Mailson Mendonça, eleito no ano passado para um novo mandato com 46,08% do total de votos válidos, já ocupou a cadeira de chefe do Executivo de Monteirópolis e em todas, esteve envolvido em polêmicas sobre a destinação de recursos públicos. Em 2020, o político chegou a ser condenado pela Justiça por improbidade administrativa, após ação ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MP). Naquele caso, a condenação foi proferida após constatada a ausência de repasse das contribuições previdenciárias descontadas dos servidores ativos, inativos e pensionistas, bem como a ausência de repasse das contribuições patronais. À época, o processo foi conduzido inicialmente pelo promotor de Justiça Napoleão Amaral Franco, e posteriormente pelo promotor de Justiça Paulo Victor Zacarias, titular de Olho d’Água das Flores, com apoio do Núcleo de Defesa do Patrimônio (Nudepat).

Mailson Mendonça teve contas julgadas irregulares

O prefeito teve os direitos políticos suspensos por três anos. A ação afirmava que a justificativa dos réus (Mailson e o vice-prefeito Elmo Medeiros) era de que a ausência de repasse dos valores devidos ocorreu em razão da falta de recursos financeiros do Município, e que em face disto optaram por realizar os pagamentos dos servidores e serviços essenciais. Apesar da condenação, Mailson conseguiu ter a candidatura confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições e 2020. O colegiado manteve acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-AL), que julgou improcedente a Ação de Im-

pugnação de Registro de Candidatura (AIRC) do então candidato, apresentada na ocasião pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). O TRE entendeu que, apesar de ter sido condenado por ato doloso de improbidade administrativa, não ficou provado o enriquecimento ilícito por parte do político. Nos processos julgados pelo TCU, o prefeito foi considerado omisso na obrigação de prestar contas de verbas recebidas através do Programa Brasil Alfabetizado nos ciclos 2010 e 2011, no valor de R$ 27.960,63, R$ 11.983,12 e R$ 50.408,75. O programa é desenvolvido pelo Ministério da Educação em municípios com alto grau de analfabetismo. O dinheiro era enviado à conta

NOS PROCESSOS JULGADOS PELO TCU, O PREFEITO FOI CONSIDERADO OMISSO NA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS DE VERBAS RECEBIDAS ATRAVÉS DO PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO NOS CICLOS 2010 E 2011, NO VA -LOR DE R$ 27.960,63, R$ 11.983,12 E R$ 50.408,75. municipal pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação. Já no terceiro processo, os recursos foram repassados pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social na gestão de Mailson no período entre 2009 a 2012. O dinheiro era utilizado, segundo o acórdão do TCU, para construção de cisternas destinadas ao armazenamento de água das chuvas em comunidades pobres do município. Neste caso, foram duas parcelas do convênio no valor de R$ 182.176,26, cada. Monteirópolis é um município pobre, com 54,9% da população sobrevivendo com até meio salário mínimo. Em 2019, segundo o IBGE, a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 7.2%. O EXTRA tentou ouvir o prefeito sobre as recentes condenações pelo TCU através da assessoria ((82) 99396-****, mas até o fechamento desta edição não conseguiu o retorno. Também fez contato direto pelos celulares do prefeito (82)9****-6669 e 9****8483, que foram programados para não receber ligações.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo de profissionais

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esconde-esconde de quem será candidato ao governo de Alagoas é um brinquedinho que está sendo trabalhado com muito cuidado pelos protagonistas, todos naturalmente profissionais da política alagoana. Se por um lado o governador Renan Filho trabalha duramente para encontrar um candidato que lhe possa dar sustentação numa provável candi-

Estratégias montadas

Sem pressa, mas vidrado para encontrar um candidato com reais chances de chegar ao governo, a Família Calheiros trabalha dia e noite para descobrir quem possa fazer frente aos seus adversários. Se a situação assim perdurar, há quem diga que Renan Filho ficará até o fim do seu mandato.

Na Assembleia

Para quem frequenta os bastidores da política alagoana, o mais sensato por parte do grupo de oposição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é escolher o nome de um deputado para disputar as eleições de governador-tampão caso Renan Filho se afaste, com Marcelo Victor sendo o articulador dessa candidatura. Primeiro pela sua inconteste liderança na Casa de Tavares Bastos. Segundo porque Victor conhece bem como se movimentar no jogo político.

Outro rumo

Como o governador Renan Filho ainda não abraçou nenhuma candidatura para dizer que é sua, os secretários de Saúde, Alexandre Ayres, da Educação, Rafael Brito, e da Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, já se movimentam para se lançarem candidatos à Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal.

Movimentação

Tentando acertar o passo, o governador, sem alarde, procura um nome na Assembleia Legislativa para emplacar se decidir mesmo deixar o governo. Mas aí a história é outra. Precisa ser alguém alinhado com o deputado Marcelo Victor, ou não vai conseguir alcançar seu objetivo. Fala-se, até, numa grande composição política, o que muita gente não acredita.

Vale tudo datura ao Senado, por outro os deputados Arthur Lira e Marcelo Victor aguardam uma definição da situação para fazer girar o jogo de xadrez. Na outra ponta, o prefeito JHC, que aos poucos está sendo empurrado para disputar eleições baseado em recentes pesquisas eleitorais, mesmo que atrapalhe o plano de seu aliado, o senador Rodrigo Cunha.

Rota de colisão

Muito embora tenha indicado um interlocutor junto à Câmara de Vereadores para apagar alguns “incêndios” políticos, o prefeito JHC ainda terá que acenar para sua bancada para resolver algumas pendências, como por exemplo a nomeação de aliados para cargos vagos desde o início da sua administração. Se não o fizer, o que é bem provável, o prefeito vai remar contra a maré. Pelo menos é o sentimento de vereadores que se articulam por baixo dos panos.

Sem reconhecer

Muito embora já esteja nos seus sete meses de administração, o prefeito JHC, que ainda continua em alta nas pesquisas eleitorais, não tem um projeto definido para mudar de vez a cara de Maceió. Tem dado continuidade a algumas obras de Rui Palmeira, embora outras, como a EcoVia Norte, parecem não ser prioridade da atual administração, já que literalmente anda parada.

O negócio tá feio

A confusão no Diretório Municipal do PDT continua feia. Judson Cabral, que presidia a instituição na interinidade, já avisou que não sai só, o que provocou a renúncia e a eleição de um Diretório provisório pelo ex-deputado Jurandir Bóia. No meio da encrenca, o vice-prefeito Ronaldo Lessa, que prefere ficar afastado da pendenga.

GAMESBRAS.COM

Como já deu para se observar, a guerra política com vistas às eleições de 2022 já é o prato principal dos grupos que irão disputar mandatos no governo, Assembleia Legislativa e Congresso Nacional.

Era sabido

Não foi nenhuma novidade o arquivamento do voto impresso pela Câmara Federal. Agora é esperar quais os próximos capítulos oriundos do Palácio do Planalto. A aparente normalidade política depois da decisão da Câmara é apenas uma questão de momento. Chumbo grosso deverá vir por aí.

Sumiu Racha na família

Depois do falecimento do ex-deputado João Beltrão, o relacionamento da família na região sul do estado vai de mal a pior e o racha vai além de compromissos políticos. De um lado o deputado federal Marx Beltrão. Do outro, outros membros da família que descartam uma reaproximação. Para variar, recentemente Marx Beltrão denunciou ao Ministério Público Estadual e do Trabalho supostas fraudes no município de Coruripe na contratação de pessoal. Pelo visto, a querela ainda vai muito longe.

Laços estreitos

No programa Roda Viva, da TV Cultura no início da semana, o senador Renan Calheiros deixou bem claro que depois da conclusão da CPI pode, sim, ter um contato com o ex-presidente Lula. Certamente estará na pauta a participação do MDB na chapa que concorrerá à presidência da República. Correndo por fora, o nome de Renan Filho deverá também ser analisado no encontro.

Na mira

O secretário da Saúde, Alexandre Ayres, entrou na mira da oposição na Assembleia Legislativa. Ele é acusado pelo deputado Davi Maia, do DEM, de se utilizar do cargo para fazer campanha com vistas às eleições do próximo ano. Maia diz que Ayres está fazendo campanha antecipada, o que é proibido por lei, e de usar a máquina pública para contratação de pessoal.

Rapidamente, as reclamações feitas pela Associação dos Delegados contra o governo do Estado sumiram como num passe de mágica. O assunto não é mais comentado nas rodas policiais, e acredita-se que algum acordo tenha sido feito para resolver algumas pendências dos delegados, que se desdobram para dar conta do serviço.

Quebrando o gelo

Ronaldo Lessa discursou na Câmara de Vereadores na terça-feira e visivelmente deu a entender que é necessária uma união de forças ente o Legislativo e o Executivo para que encontrem soluções para os problemas enfrentados pela população. O vice-prefeito sabe, entretanto, que se as partes não cederem, o relacionamento continuará sendo impraticável.

Na rota

O ex-presidente Lula decidiu fazer um tour pelo Nordeste nos próximos dias e deverá passar por Alagoas. Afinal de contas tem na Família Calheiros os seus maiores aliados. Ainda sem data definida, Lula deverá passar por aqui tentando ampliar sua base de apoio para disputar as eleições do próximo ano.


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JOGO DO PODER

Lira escala Barbosa em 0 ofensiva contra 2 leilão da Casal Em Brasília, prefeito de Arapiraca e governo fazem caminhos distintos sobre futuro da estatal ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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liados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), mudaram os planos e, liderados pelo prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB), ameaçam esvaziar o leilão do 2º lote de serviços da Companhia de Saneamento de Alagoas, a Casal, ainda sem data prevista para acontecer. Via Partido Progressista, o PP, Lira tentou, mas não conseguiu, suspender o 1º leilão. A estratégia jurídica através do Supremo Tribunal Federal (STF) não funcionou e a Corte manteve a operação. Agora, a ideia é desestimular prefeitos a aderirem ao edital aberto pelo governo. As cidades que aceitarem as regras concordam com o leilão. O prefeito de Arapiraca esteve em Brasília com o prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente, e a deputada estadual Jó Pereira (MDB). Os três se aproximam politicamente mais do presidente da Câmara e a ofensiva marca o território da oposição aos Calheiros para 2022, além de buscar novos caminhos, fora das cordas do edital governista de saneamento básico. A viagem foi no início do mês. Barbosa se reuniu com o Ministério da Economia e

técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Há dois meses, a Prefeitura de Arapiraca publicou, no Diário Oficial, autorização para empresas formularem estudos para o desenvolvimento e adequação do Sistema de Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário e Gestão Comercial do município. Em Maceió, a pressão sobre a Casal via Prefeitura é constante. Semana passada, a estatal foi multada em R$ 2,5 milhões pela administração da capital pelos buracos deixados pela cidade, em obras mal executadas. O prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), faz oposição ao governador Renan Filho (MDB) e reclama que o leilão do 1º lote ainda não beneficiou a cidade. Há duas semanas, Arthur Lira, em Maceió, se reuniu com 45 prefeitos. Luciano Barbosa foi convidado tratado como destaque. E a proposta do encontro foi estimular os gestores municipais a não aceitarem a concessão privada de saneamento básico. O objetivo é derrotar ou adiar para o próximo ano a estratégia do governador, principal interessado no leilão dos serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário pelo interior. O governo, nesta segunda fase, quer incluir até 89 cidades em dois blocos: B e C.

Luciano e Arthur, cada vez mais entrosados

ASCOM-PREFEITURA DE ARAPIRACA

O bloco A, com 13 cidades e a capital, foi leiloado em 30 de setembro do ano passado. Os leilões fazem parte de um conjunto de investimentos do governador. Renan e Arthur Lira são opositores nas eleições do próximo ano e cada um busca marcar suas posições eleitorais, atraindo prefeitos, abrindo a carteira de investimentos públicos aos gestores municipais e ganhando vantagem na disputa eleitoral. Renan é candidato ao Senado e busca viabilizar o nome do secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, ao governo. Para a reação ao gesto de Luciano Barbosa, o governador escalou os secretários da Fazenda, George Santoro, e de Infraestrutura, Maurício Quintella. Esta semana, Santoro e Quintella estiveram em São Paulo para atrair investidores para o projeto de saneamento. O objetivo foi sanar dúvidas sobre a concessão dos Blocos B (Agreste e Ser-

tão) e C (Litoral e Zona da Mata). Nesta nova concessão, está prevista a inclusão de 49 municípios com 1,179 milhão de moradores no bloco B e 40 municípios com 758 mil pessoas no bloco C. O leilão de serviços da Casal aconteceu em 30 de setembro do ano passado na Bolsa de Valores B3, em São Paulo. O valor estipulado foi de R$ 15,1 milhões e superou as expectativas: saiu por R$ 2,009 bilhões. Foram leiloados os serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário em 13 cidades: Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Messias, Murici, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte, Satuba e Maceió. “O dinheiro [do leilão] vai para escolas em tempo integral, hospitais, rodovias, programa de creches. A outorga vai sustentar este conjunto de investimentos, Minha Cidade Linda. Vai pavimentar ruas nas 90 me-

nores cidades do estado”, disse o governador. Em 35 anos, a BRK, a empresa vencedora do leilão, terá de investir R$ 2,6 bilhões - R$ 2 bilhões em até 8 anos, divididos assim: universalizar o abastecimento de água em seis anos e rede de esgoto para 90% da área leiloada até o 16º ano do contrato, sendo que 1,5 milhão de pessoas devem ser atendidas. Alagoas tem 3,3 milhões de habitantes. O passivo de R$ 800 milhões da empresa foi incorporado à dívida pública alagoana. A transição de um serviço antes público e agora dirigido por uma empresa privada acontece em um momento histórico: a estatal registrou lucro recorde ano passado, R$ 243 milhões. Nos anos anteriores, a Casal teve superavit de R$ 65,8 milhões em 2019; R$ 12,4 milhões em 2018; R$ 7,5 milhões em 2017; e R$ 7,5 milhões em 2016.


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MADE IN PT ASCOM/CÂMARA DE MACEIÓ

Vice-prefeito Ronaldo Lessa foi à Câmara apresentar proposta de JHC

JHC quer implantar subprefeituras e dar mais poderes a vereadores Especialistas criticam modelo por oficializar ‘toma lá dá cá’ ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), busca um modelo de administração para chamar de seu. Para isso, quer copiar o implantado na cidade de São Paulo, dividindo Maceió em subprefeituras que funcionam como pequenos municípios, com subprefeitos com aval para gerenciar soluções para buracos em pistas, sujeira nas ruas, funcionamento do transporte urbano e até vigilância sanitária e epidemiológica. A ideia de reforma administrativa foi revelada pelo prefeito em exercício, Ronaldo Lessa (PDT), que assumiu a função porque JHC se ausentou do cargo (ele viajou

a Colômbia, com integrantes da Prefeitura). “O prefeito me disse que vai reorganizar a administração, mas vai ter de criar uma comissão que avalie, agora, o que está funcionando. Quais as secretarias que estão funcionando bem, as que não estão, as que estão com divergência”, disse Lessa. O modelo deve ser implantado em 2022. O atraso na votação do orçamento de 2021 adiou os planos de JHC. O legislativo mirim aprovou o orçamento em maio, após meses de impasse com o Executivo por causa do valor do duodécimo da Câmara. Sem acordo, o valor ficou em R$ 72 milhões, o que era exigido pelos edis. Hoje, os líderes comu-

nitários em Maceió atuam como subprefeitos informais. Ocupam cargos comissionados (ou seja, são indicados pelo prefeito) e ganham, em média, um salário mínimo. Líderes comunitários na capital, na maioria dos casos, têm ligações políticas com vereadores ou deputados e ajudam nas eleições e também nas articulações para a escolha de conselheiros tutelares. Alguns ainda são lançados a cargos públicos, servindo de escada eleitoral. Seus votos ajudam a eleger (ou reeleger) representantes do legislativo. MODELO DÁ MAIS PODER A VEREADORES O objetivo das subprefeituras é dar mais poderes aos vereadores, aumentando a

coalizão na administração. Eles é quem indicarão os subprefeitos. JHC é cotado para disputar as eleições ao governo. Seu aliado, o senador Rodrigo Cunha (PSDB), também mira a principal cadeira do Executivo estadual. As 32 subprefeituras em São Paulo foram implantadas em 2002, na gestão Marta Suplicy (PT), mas não garantiram a reeleição dela na capital paulista em 2005. O objetivo do PT era implantar um modelo de democracia participativa, atraindo a população para a administração pública, se opondo a uma gestão mais centralizadora. Na prática, as subprefeituras oficializaram o vereador como principal representante do prefeito em um bairro ou região da cidade. A escolha do subprefeito pode ser direta - o próprio prefeito indica - ou através de eleição, dividindo a cidade em distritos. Em São Paulo, o então prefeito Fernando Haddad propôs eleição direta para a escolha dos subprefeitos. A proposta não agradou aos vereadores. Haddad quis empoderar populações locais e provocar um movimento de descentralização orçamentária, transparência, governança, combate à corrupção, com mais participação popular. “Muitos na ocasião, até mesmo alguns da base do governo e mesmo do partido do prefeito, apontaram grandes preocupações com essa proposição. Mas o fato é que o atávico sistema de indicação dos administradores regionais, através de negociação com os vereadores, não tem revelado resultados exitosos e promissores, talvez pelo contrário”, explica o doutor em Ciência Política Rony Gleison da Silva Coelho, autor da tese de doutorado Os Desafios de Reconstrução de Pedaços da Cidade por Meio dos Conselhos Participativos Municipais das Subprefeituras de São Pau-

lo, apresentada em 2017 na Universidade Estadual de Campinas. “A participação dos vereadores nas Subprefeituras foi a tônica após 2003 [quando Marta Suplicy assumiu a Prefeitura de SP] e, apesar das diferenças nos modelos de partilha de poder em cada região, a forma como foram utilizadas para esse fim foi invariável”, explica o doutor em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas Eduardo José Grin, no artigo Construção e Desconstrução das Subprefeituras na Cidade de São Paulo no Governo Marta Suplicy. “Em vez do discurso da governabilidade suportada pela democracia participativa, prevaleceu o criticado ‘toma-lá-dá-cá’ da política, considerado pelo PT como fisiológico e malufista. A inovação proposta pelas Subprefeituras acabou gradativamente limitada pelas práticas políticas institucionalizadas na competição política municipal”, diz o pesquisador. Analisando o modelo de subprefeituras tanto em São Paulo quanto na cidade do Rio de Janeiro, Grin concorda que a proposta aumentou as prerrogativas das Câmaras. Porém, na busca da governabilidade: “A forma como a coalizão política dominante se organizou nos dois casos, centrada na liderança do prefeito nas negociações e dividindo espaços com um amplo espectro partidário, inclusive de antigos adversários políticos, mostra a relevância que assumiu a governabilidade junto às Câmaras Municipais após 1988. Não apenas os municípios ampliaram sua autonomia política e administrativa, mas também as Câmaras de Vereadores ampliaram suas prerrogativas de controle, fiscalização e mesmo como atores de veto em relação ao Poder Executivo”.


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JOGO DO PODER

Cunha agrada Lira ao indicar emendas para a Codevasf

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Estatal é comandada pelo presidente da Câmara; senador busca apoios ao governo ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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istantes na política e sem serem rivais, o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), sinalizam aproximação que pode ter consequências eleitorais. Cunha quer se viabilizar politicamente para disputar o Governo; Lira ainda não tem candidato, apesar da deputada Jó Pereira (MDB) querer ser a escolhida do grupo político e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD), estar nas apostas legislativas para ocupar, no próximo ano, mandato de governador se Renan Filho (MDB) renunciar para disputar o Senado. Lira e Cunha estão do mesmo lado quando se fala em oposição ao governador. Mas têm opiniões diferentes sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente da Câmara deve sua eleição à interferência do mandachuva do Palácio do Planalto; Cunha se beneficiou com a onda bolsonarista que varreu o país em 2018, apesar de explicitamente não criticar nem elogiar Bolsonaro. Nas últimas

semanas, porém, mostra não concordar com atitudes dele. O senador deve disputar com o secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, a principal cadeira no Palácio República dos Palmares. O tucano depende do prefeito JHC (PSB), que deve negar - essa é a expectativa - a intenção de concorrer ao governo. Cunha, por sua vez, busca agradar Lira. A regional alagoana da Codevasf, comandada por indicados do presidente da Câmara, recebeu R$ 115 milhões em emendas do senador, em conjunto com o deputado federal Pedro Vilela (PSDB). Esse é o maior aceno político-eleitoral de Cunha a Lira desde a eleição de 2018, que deu vitória ao tucano. Ele rejeitou o apoio de Lira naquela votação. Cunha enfrenta problemas para costurar alianças e tenta se aproximar de prefeitos. Durante muito tempo, os gestores municipais eram desprezados pelo senador, que buscava mais contato direto com o eleitor. Este ano ele já teve reuniões com o presidente da Associação dos Municípios, Hugo Wanderley, e o pre-

Rodrigo Cunha durante o Feirão do Nome Limpo em Maceió

feito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB). Em Maceió, tem participado de mais encontros presenciais e nas ruas com JHC. Também se reuniu com o vice-prefeito Ronaldo Lessa (PDT), a quem apoia para disputar o Senado, rejeitando aliança com Fernando Collor (PROS), que busca a reeleição. Lessa é ex-prefeito e um importante elo com setores da esquerda. Além disso, sua popularidade - herdada dos tempos em que era governador - pode permitir a transferência de votos numa possível dobradinha com o senador. E no QG de Collor o alerta vermelho foi ligado. Lessa, que é prefeito em exercício (JHC viajou a Colômbia), não aparece nos meios de comunicação do senador. O vice tem vantagem eleitoral sobre Collor na capital, é o que mostram as estatísticas dos votos. CUNHA EM ARAPIRACA Na próxima terça, o senador vai estar em Arapiraca abrindo o Feirão do

Nome Limpo, mesmo evento que aconteceu em Maceió há duas semanas. A Lei do Nome Limpo, aprovada pelo Congresso, foi de iniciativa de Cunha. E ele busca se tornar conhecido pelo estado através de algo que atinge 819 mil alagoanos com restrições de crédito junto a bancos, financeiras, lojas de varejo, operadores de cartão de crédito, telefonia. O feirão facilita as negociações entre devedor e endividado. Já Lessa, no exercício da Prefeitura, se reuniu com vereadores, visitou áreas em Maceió, quer discutir soluções para os mercados públicos e mostrou disposição para entrar nas eleições de 2022. Mas para ele ser candidato, precisa do aval do presidente nacional, Carlos Lupi, que terá de incentivar palanques em todos os estados se Ciro Gomes for mesmo disputar a presidência da República. Foi este interesse que tirou Lessa das eleições à Prefeitura ano passado. O PDT desistiu de lançar nome na capital alagoana

e indicar o vice numa composição com o PSB, elegendo João Henrique Caldas. A estratégia deu certo, mas a insatisfação no ninho pedetista cresceu. Na avaliação de uma fonte bastante ligada a Lessa, se o PDT nacional estiver disposto a bancar a candidatura do vice ao Senado não haverá problemas. “Ele pode sair até a governador”. Ano passado, o PDT nacional recusou verbas à base do partido em Alagoas, inviabilizando Lessa numa empreitada própria para a Prefeitura. A decisão sobre o fundão, o financiamento estatal nas eleições, coloca o presidente nacional de todos os partidos como os donos dos tabuleiros eleitorais nos estados. Assim, Lessa depende de uma decisão de Carlos Lupi e Ciro Gomes: Alagoas terá ou não um palanque para receber Gomes? Se sim, o vice-prefeito é candidato; se não, aguarda JHC, que terá de renunciar à Prefeitura para disputar o governo.


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FRAUDE NO RIO

Conselheira do TCE fluminense pede multa para presidente do Alagoas Previdência Roberto Moisés comandou área de Seguridade Social da Previdência do Rio nos governos Cabral e Pezão JOSÉ FERNANDO MARTINS

josefernandomartins@gmail.com

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presidente da Alagoas Previdência, Roberto Moisés dos Santos, está na iminência de ser condenado ao pagamento de multa pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. A Corte fluminense deve julgar, em breve, parecer da conselheira substituta Andrea Siqueira Martins, relatora do processo que investiga o rombo de cerca de R$ 14,2 bilhões no Fundo Único de Previdência do Estado do Rio de Janeiro, o Rioprevidência. Santos fazia parte do staff de gerenciamento do órgão, cuja administração acabou prejudicando a aposentadoria dos trabalhadores fluminenses. Segundo o parecer, o exdiretor de Seguridade dos governos Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão deverá pagar o valor de R$ 37.053. No relatório, ao qual o EXTRA teve acesso, Moisés é acusado de não ter elaborado estudo técnico atuarial para identificar a viabilidade da implantação da nova forma de gerenciamento do órgão previdenciário. Conforme o TC do Rio, ele teria apresentado documento de cunho atuarial sem a qualificação profissional adequada e necessária em questões que envolviam identificação, análise,

mensuração e gestão de riscos, financeiros ou não, com vistas a garantir a sustentabilidade de longo prazo do sistema previdenciário. O rombo no Rioprevidência foi alvo de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Encabeçada pelo deputado estadual Flávio Serafini (Psol), a CPI, que durou 21 meses, apontou irregularidades na gestão do Fundo Único de Previdência Social. A CPI elencou vários motivos para o desfalque dos recursos públicos iniciados em 2012 por meio de propostas de reforma que alteravam as bases do próprio sistema previdenciário. São eles: o não repasse da totalidade de créditos de dívida ativa, não recomposição do fluxo dos certificados financeiros do tesouro, não repasse dos créditos tributários parcelados, transferência de 13% do ativo de royalties do petróleo para o Tesouro e transferência de R$ 450 milhões ao Tesouro em troca de um terreno. Além de Roberto Moisés, também foram investigados os exgovernadores do Rio Sérgio Cabral e Luiz Pezão, o diretor-presidente do Rioprevidência à época dos fatos Gustavo de Oliveira Barbosa, o diretor-presidente do Rioprevidência Reges Moisés dos Santos, irmão de Roberto Moisés, que hoje atua na Alagoas

Previdência, entre outros integrantes da diretoria na ocasião do desfalque. Moisés Santos assumiu a previdência alagoana em maio de 2016. Em sua defesa ao TCE do Rio, disse que realizou nota técnica com intuito exclusivo de elucidar como seria realizada a segregação de massas no âmbito do RPPS do Estado do Rio de Janeiro, sem que houvesse necessidade da assinatura de um atuário para a sua elaboração. Alegou, ainda, que o Demonstrativo de Relatório de Avaliação Atuarial (DRAA), documento assinado por atuário responsável à época, foi analisado em conjunto com o ofício encaminhado pelo Rioprevidência ao Ministério da Previdência Social (MPS), pois, do contrário, aquele órgão federal não teria aprovado a segregação de massas. “Quanto ao dolo, não há grandes discussões a serem travadas sobre sua conceituação, estando caracterizado quando o agente quis o resultado ilícito ou assumiu o risco de produzi-lo. No que concerne ao erro grosseiro, o Tribunal de Contas da União firmou interpretação no sentido de que deve ser entendido como culpa grave, ou seja, uma desmedida inobservância do dever de cuidado por parte do responsável, ao atuar com inescusável imprudência, negligência ou imperícia”, destacou a conselheira An-

LAURA PEDROSA/AGÊNCIA ALAGOAS

Roberto Moisés

drea Siqueira Martins. O CASO Com a Lei Nº 6243/2012, do Estado do Rio de Janeiro, foi estabelecido um teto previdenciário e criada a previdência complementar do estado, o RJPrev, de gestão privada. E com a Lei Nº 6338/2012, foi realizada a segregação de massas no Rioprevidência. Este processo separou os servidores do Rioprevidência em dois fundos, cada um atendendo a uma lógica de previdência. Os novos servidores, aqueles que entrassem no serviço público após setembro de 2013, ingressariam no chamado Plano Previdenciário. Este plano funcionaria no regime de capitalização, com um fundo coletivo, ou seja, a contribuição dos servidores, somada à patronal, seria poupada e direcionada para aplicações financei-

ras, e deveria render para garantir a aposentadoria futura desses servidores. Por conta disso, as leis que regulamentavam este processo obrigavam que o Estado seria responsável por cobrir qualquer insuficiência financeira nesta massa. Qualquer deficit deveria ser bancado pelo Estado, como prevê o Artigo 15º da Lei Estadual Nº 6338/2012 ou a portaria do Ministério da Previdência que regulamentava o processo (Portaria MPS 403/08). Foi neste cenário que o Rioprevidência negociou com os investidores, num processo chamado de waiver. Essa negociação aumentou o custo das operações (a taxa de juros das operações subiu mais 1%), com um adicional que chega a quase R$ 1 bilhão. Todo este processo envolvia enorme risco, já que tornava ainda mais difícil para o Rioprevidência cumprir as cláusulas contratuais. Seis meses após o waiver, o Rioprevidência entra novamente em deficiência, incorrendo em novas penalidades que aceleram o fluxo de pagamentos de royalties e o montante devido. Ao final de 2017, o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro estimou os prejuízos totais dessas operações, após todas as quebras contratuais, em R$ 14,2 bilhões. Até então, já haviam sido realizadas seis renegociações (wai-


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FIM DE UMA ERA

O império de João Lyra e sua derrocada

FACEBOOK

Como chegou à falência um dos grupos econômicos que já foi o mais importante de Alagoas MARIA SALÉSIA

sallesiaramos18@gmail.com

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empresário e ex-deputado federal por dois mandatos, João Lyra, que faleceu na quinta, 12, aos 90 anos, era uma figura polêmica no cenário alagoano e nacional. O império que ele construiu, iniciado em 1958 com a fundação da Laginha Agroindustrial S/A, rendeu muitas histórias e até lendas foram criadas envolvendo seu nome e patrimônio. Cinquenta anos depois, o império do João Lyra ruiu, chegou ao declínio, e ele perdeu poder e prestígio. A falência de um dos grupos econômicos que já foi o mais importante do estado foi a peça principal para o agravamento dos problemas financeiros e pessoais daquele que um dia foi considerado o deputado mais rico do Brasil. Ao morrer, ele deixa uma dívida de quase R$ 3 bilhões e a maior parte do seu patrimônio sob a tutela da Justiça. A falência do Grupo JL foi decretada em 2014, após dois anos de recuperação judicial. O anúncio da recuperação judicial e, depois, a falência foi surpreendente,

devido a posição favorável que tinha. Os investimentos aparentavam normalidade, a ponto de o grupo obter empréstimos que precisou junto à rede bancária nacional e internacional. Para o professor e economista Cícero Perícles, “diante desse percurso, foi uma surpresa a recuperação judicial e, depois, a falência do Grupo João Lyra”. Segundo Pérícles, o desempenho do Grupo João Lyra se confunde com o do setor sucroalcooleiro em Alagoas nas últimas seis décadas. O economista diz que é importante lembrar o peso político desse setor, sua influência no governo estadual e nos programas federais,

POR DÉCADAS, SEU TRÂNSITO POLÍTICO JUNTO AOS VÁRIOS GOVERNOS ESTADUAIS E BANCADA ALAGOANA NO CONGRESSO NACIONAL ESTEVE MARCADO SEMPRE POR ESSA AGENDA DE INTERESSES EMPRESARIAIS.

João Lyra faleceu na última quinta-feira, aos 90 anos, vítima de complicações da covid-19

patrocinados pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool. Tal como todas empresas nordestinas, o Grupo JL foi beneficiado pelos imensos recursos dos programas federais de modernização nos anos 1960, quando incorporou a pequena usina Campo Verde à Laginha, transferindo a também pequena Usina Maria das Mercês, de Pernambuco, para Alagoas, rebatizada como Guaxuma. “Sem esses recursos públicos, é impossível compreender o crescimento desse grupo empresarial”, frisa. O especialista relata, ainda, que nos anos 1980, com recursos federais do Proálcool, o empresário construiu suas duas destilarias, a Guaxuma e a Laginha, ampliando capacidade da Usina Uruba. “Foi

um grande salto desse grupo. Se na safra de 1975 ele não produziu álcool, uma década depois tinha uma produção de 70 milhões de litros de etanol, triplicando a produção de açúcar, que alcança quase cinco milhões de sacos duas décadas depois. Aproveitando as condições favoráveis, foi o primeiro grupo alagoano a migrar parte de seu capital para Minas Gerais, em 1993, onde construiu mais duas usinas, a Triálcool e Vale do Paranaíba, que em 2008 estavam produzindo mais álcool, açúcar e energia que as suas três empresas em solo alagoano, firmando-se como um dos maiores grupos nacionais”. O economista destaca que nos anos de crescimento, JL diversificou seu grupo, investindo em vários outros setores, como a produção de fertilizantes, comercialização

de automóveis, pecuária e outros. “Diante desse percurso, foi uma surpresa a recuperação judicial e, depois, a falência do Grupo João Lyra”, disse. Além do que, afirmou, como empresário envolvido muito fortemente com o mundo político, João Lyra sempre soube aproveitar as facilidades proporcionadas pelos órgãos federais e pelas linhas de financiamento que viabilizaram os seus projetos de implantação, crescimento e modernização. Por décadas, seu trânsito político junto aos vários governos estaduais e bancada alagoana no Congresso Nacional esteve marcado sempre por essa agenda de interesses empresariais.


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FIM DE UMA ERA

Ex-deputado liderou ranking do trabalho escravo no País V

ez por outra, o empresário João Lyra aparecia na mídia local e nacional. Seja como pai de Tereza Collor, a musa do impeachment de Fernando Collor de Mello, seja como o deputado federal mais rico do Brasil, com fortuna declarada em 2010 de R$ 240,39 milhões, ou por envolvimento em acusações de assassinato, trabalho escravo e sociedade oculta com o senador Renan Calheiros (MDB). Ele também chegou a liderar o ranking de trabalho escravo no Brasil, se tornando em 2012 réu de processo do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Lyra foi acusado de ter submetido 53 trabalhadores a condições degradantes e jornada exaustiva em uma de suas usinas de cana-de-açúcar em Alagoas. O caso veio à tona em 2008 pelos integrantes do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, onde foram identificadas mais de 40 irregularidades trabalhistas nos canaviais e na sede da Laginha Agroindustrial, uma das empresas do Grupo João Lyra, localizada no município de União dos Palmares. Vale ressaltar que por muitas décadas, União dos Palmares, Branquinha e Murici tiveram como principal fonte de renda a Usina Laginha. Outros municípios alagoanos também foram

beneficiados pelos empreendimentos do empresário. Os investimentos deram tão certo que João Lyra resolveu estender o negócio indo investir no estado de Minas Gerais. Antes, porém, em 2007, o Ministério Público do Trabalho já havia firmado Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Usina Laginha, após trabalhadores protestarem e bloquearem rodovia. A empresa se comprometeu em obedecer os 20 itens acordados. Em 2010, foram liberados 207 trabalhadores que eram submetidos a condições de escravidão nos canaviais da Vale do Paranaíba, em Capinópolis (MG). Aliciados em estados do Nordeste, a empresa não oferecia abrigo. Além de pagar aluguel e arcar com os custos da viagem, as vítimas compravam e preparavam os alimentos sem contar com ajuda. Contas de água e energia também era da responsabilidade dos cortadores, que por falta de água filtrada tomavam o líquido diretamente das torneiras. Mesmo sem ser sindicalizados, a empresa descontava a contribuição sindical e até o seguro de vida era descontado diretamente da conta corrente dos trabalhadores. A usina não fornecia equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados

GRUPO JL/DIVULGAÇÃO

Usina Laginha, localizada em União dos Palmares FACEBOOK

Lyra em votação na Câmara, em dezembro de 2012

e os 13 ônibus que faziam o transporte dos empregados eram irregulares. Os trabalhadores comiam no meio do canavial e não havia banheiros ou água potável. Na ocasião, auditores fiscais lavraram 56 autos de infração pelas irregularidades e 13 termos de interdição.

Em nota, o então deputado contestou a acusação de que praticava trabalho escravo, tanto na denúncia de Alagoas, quanto na de Minas Gerais. O Grupo JL contava com cinco usinas de grande porte: Laginha, Uruba e Guaxuma em Alagoas, além da Triál-

cool e Vale do Paranaíba, em Minas Gerais. As duas unidades de MG foram vendidas em leilões realizados em 2017. A Vale foi arrematada pelo Grupo Japungu por R$ 212.548.740 e a Triálcool adquirida pela Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) pelo valor de R$ 133,83 milhões. Segundo informações em veículos de comunicação da época, problemas com pagamentos aconteciam desde 2008. No ano passado, o espaço que abrigava a antiga Usina Triálcool, e rebatizada der Canápolis, foi reinaugurado. Ao todo, foram investidos R$ 200 milhões de forma direta e R$ 500 milhões de forma indireta. A usina Vale do Paranaíba já havia sido autorizada pela ANP a produzir até 650 mil litros de hidratado e 400 mil litros de anidro diários. Mas o leilão acabou se transformando em outro problema para a Massa Falida da Laginha. Uma decisão do desembargador Kléver Loureiro (hoje presidente do Tribunal de Justiça) anulou os leilões, um impasse ainda não solucionado.


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Homem da mala preta - 90 anos de história F ilho do dono de engenho Salvador Lyra, João José Pereira de Lyra tinha um único irmão: Carlos Lyra (falecido em 2017). Em junho deste ano completou 90 anos e no último dia 23 havia sido internado, em Maceió, por complicações da covid-19. JL se tratava de uma broncoaspiração, que acontece quando o alimento entra pelas vias aéreas. Nascido em Recife, (PE) no dia 17 de junho de 1931, ele migrou logo cedo para Alagoas. A carreira empresarial começou em 1958, com a fundação da Usina Laginha Agroindustrial S/A, situada em União dos Palmares, na zona da mata alagoana. Em mais de 50 anos de vida empresarial, acumulou mais quatro usinas, inclusive em Minas Gerais. Além de empresa de táxi aéreo, adubo, jornal, rádio e concessionária de veículos. Em 1982, elegeu-se primeiro suplente de senador pelo PDS, na coligação de Guilherme Palmeira, que concorreu e ganhou a Prefeitura de Maceió. Lyra assumiu a vaga de Guilherme. Nesta época, João Lyra era apontado, pela esquerda alagoana, como o “homem da mala preta”, devido à sua força financeira. Ajudou na eleição do então governador alagoano Fernando Collor à Presidência da República. O impeachment nunca afastou Lyra dos Collor de Mello. A filha de João Lyra, Thereza, era casada com Pedro Collor, irmão do presidente da República. Rachada a família, João Lyra escolheu Fernando Collor, com quem man-

FACEBOOK

O ex-deputado o lado do então presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em 2011 FACEBOOK

João Lyra e Cícero Almeida em encontro de 2013

teve os laços até o final da vida. O ano de 2006 marca o início do inferno astral do então deputado federal, quando ele perdeu a eleição para o governo do Estado para o também usineiro Teotonio Vilela. Na época Lyra contraiu vários empréstimos para fazer face à campanha eleitoral, dívidas que não conseguiu honrar depois da derrota que ele questionou em todas as instâncias sem sucesso. Dois anos antes, ele participara ativamente da campanha de seu então pupilo, Cícero Almeida, para a Prefeitura de Maceió, inclusive com apoio financeiro e emplacara a filha, Maria de Lourdes Pereira de Lyra, a Lourdinha Lyra, como vice-prefeita. Ainda em 2006, durante a campanha eleitoral, JL teve seu nome diretamente

ligado à morte do chefe de Arrecadação da Secretaria da Fazenda, Silvio Vianna, crime ocorrido em 28 de outubro de 1997, em Maceió. O então usineiro, contudo, nunca foi oficialmente denunciado. Em 2007, no auge do escândalo do Senado envolvendo Renan Calheiros - acusado de ter contas pessoais pagas por um lobista - João Lyra confirmou sociedade oculta com o senador alagoano, que durou entre 1999 e 2005, incluindo um jornal e duas rádios. Político, empresário, bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ele foi presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar do Estado (1971-1974), conselheiro da Associação Comercial (1994) e presidente da Associação dos Produtores Independentes de Açúcar e Álcool. O grupo empresarial controlado por João Lyra chegou a empregar 17 mil pessoas no estado de Alagoas e um total de 26 mil, somando seus empregados em Minas Gerais. João Lyra conseguiu se eleger novamente deputado federal nas eleições de 2010. Em 2014, quando presidia o PSD, divergências com a cúpula nacional acabaram resultando no enfraquecimento de JL depois que ele decidiu apoiar Benedito de Lira (PP) ao governo do Estado, contrariando a decisão da Executiva Nacional de que o partido apoiasse Renan Filho (MDB). Sua derrocada final veio com a decretação da falência do Grupo JL pela Justiça.


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“A Federação das Indústrias do Estado de Alagoas se solidariza com familiares e amigos que tiveram o privilégio de participar da jornada de vida do empresário e político João Lyra, um empreendedor visionário que deixou sua marca na história da economia de Alagoas e no cenário político brasileiro. Que o empresário colha os justos frutos das boas iniciativas realizadas em prol do bem-estar social e econômico da população alagoana na pátria espiritual para onde seguiu. Nossas sinceras homenagens!”

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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Casos semelhantes de mortes por atropelamento tomam rumos diferentes em Alagoas REDES SOCIAIS

Bancário e ex-secretário de Saúde de Santana do Ipanema dirigiam sob efeito de álcool no momento dos acidentes BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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s desdobramentos na Justiça de Alagoas de dois casos semelhantes chamam a atenção dos alagoanos desde a última semana devido às recentes tomadas de decisões completamente diferentes sobre um assunto que, em tese, deveria ser tratado de forma parecida. Os casos em questão envolvem os motoristas Sérgio Praxedes dos Santos Filho, que é bancário, e o exsecretário de Saúde do município de Santana do Ipanema, Ricardo Medeiros Rosa. Praxedes, preso em flagrante no dia 23 do mês passado enquanto dirigia bêbado na Avenida Fernandes Lima, teve a denúncia de dois homicídios simples (com dolo eventual) e lesão corporal grave em concurso formal realizada pelo Ministério Público de Alagoas acatada pela juíza Luana Cavalcante de Freitas no último dia 9 e seus pedidos de liberdade durante a audiência de custódia e um posterior habeas corpus negados e continua na Casa de Custódia do Jacintinho, o mesmo, no entanto, não aconteceu ex-secretário Ricardo Medeiros Rosa. A Justiça de Alagoas concedeu liberdade provisória no dia 28 do último mês ao ex-secretário após atropelar e matar a servidora pública Jenilda Bento, no município de Dois Riachos. Ele foi sol-

to para responder fora das grades poucas horas antes do sepultamento de Jenilda. Pouco antes do atropelamento que resultou na morte da servidora, Ricardo Medeiros se envolveu em outro acidente na cidade de Palmeira dos Índios ao bater no veículo de uma empresa de internet local. O secretário fugiu e o responsável pela empresa confeccionou um Boletim de Ocorrência sobre o caso. Nos dois casos ficam evidentes duas coisas. A primeira é o fato de quem embora similares, um acusado irá responder em liberdade e o outro não. A segunda é a questão dos dois pesos, duas medidas praticadas pela Justiça de Alagoas no momento de tomar decisões. Influência política, regional ou até mesmo influência da mídia ou da opinião popular diferenciam um motorista do outro, ou apenas coincidência, ninguém sabe ao certo e apenas os magistrados poderiam responder por tais decisões. Para o presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de Alagoas (Acrimal), Diego Bulgarin, no entanto, o tema ainda é muito controvertido na sociedade e até dentro do ambiente jurídico e, na maioria dos casos, depende da postura de cada magistrado e em seus históricos de coerência para casos deste tipo. “O ponto central é a forma que o condutor vai ser

Carro que era conduzido por Sérgio e atingiu três pessoas

Veículo do ex-secretário Ricardo Medeiros Rosa

responsabilizado: homicídio doloso (pelo dolo eventual) ou culposo. O dolo eventual leva a pressupor que ao dirigir sob o efeito de álcool, o condutor assumiria o risco daquele trágico resultado. Temos nessa pressuposição um perigo. Todo condutor que infringir outra norma de segurança também assume esse risco? O condutor que dirigia acima da velocidade permitida para determinada via também assume esse risco? É uma questão a ser respondida por quem abraça essa tese”, exemplifica o especialista. Ainda segundo Bulgarin, entendimentos diversos entre os representantes da justiça são comuns e saudáveis e cada caso deve ser

avaliado com suas particularidades. “Obviamente temos que ter muito cuidado com o fator midiático nesses casos de grande repercussão. Cabe observar se as autoridades são sempre coerentes com seus entendimentos jurídicos. Em sendo fundamentado e coerente, os posicionamentos devem ser respeitados”. Apesar da diferença nas duas decisões, em casos anteriores, motoristas embriagados que provocaram acidentes que resultaram em mortes não permaneceram presos e puderam responder em liberdade. Praxedes, por exemplo, não fugiu, não ameaçou testemunhas e mesmo assim teve a prisão decretada a prisão, algo que não é comum em casos pare-

cidos. Em contrapartida, no caso de Ricardo Medeiros, que também envolve morte, embriaguez e veículo, é o caso do ponto de vista jurídico que é o normal, que é responder em liberdade e, se condenado, cumprir a pena.

UMA MORTE E UM FERIDO EM FORTALEZA No dia 27 de julho, alguns dias após os acidentes ocorridos em Alagoas, um motorista embriagado matou um motociclista e deixou o garupeiro gravemente ferido, em um acidente na Avenida Borges de Melo, em Fortaleza. Ele foi colocado em liberdade dois dias depois, com aplicação de tornozeleira eletrônica e apreensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Brenno Clares de Albuquerque, de 27 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Militar, assim como nos casos que aconteceram em Alagoas. O exame realizado pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) confirmou a ingestão de bebida alcoólica. Antônio Anselmo Oliveira da Silva, 36, morreu minutos depois do acidente. E um adolescente de 17 anos foi levado ao Instituto Doutor José Frota (IJF) em estado grave. Da mesma forma que aconteceu com Sérgio Praxedes dos Santos Filho e Ricardo Medeiros Rosa, Brenno Clares foi autuado em flagrante pelos crimes de homicídio culposo, lesão corporal culposa no trânsito e embriaguez ao volante.


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“A Cooperativa Pindorama presta homenagem ao empresário João Lyra pelo legado de trabalho, pioneirismo e empreendedorismo que fortaleceu a construção da história econômica de Alagoas, especialmente no setor sucroalcooleiro. Nossas condolências à família e amigos.”


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EM SETE MESES

Prefeitura de Maceió desobstrui mais de 10.500 metros de galerias pluviais Ações ocorrem de maneira diária e visam minimizar os problemas ocasionados pelas chuvas

ASCOM

ASSESSORIA

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os últimos sete meses, a Prefeitura de Maceió intensificou os serviços de limpeza e desobstrução das galerias que recebem águas pluviais. As ações ocorrem de maneira diária, garantem o funcionamento da rede de drenagem do município e reduzem os problemas ocasionados pelas chuvas. No total, 10.558 metros de galerias foram desobstruídas e 250 toneladas de lixo e materiais sólidos retirados destes equipamentos. O coordenador geral de Drenagem da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), Gabriel Rodas, destacou a importância de a população evitar jogar lixo nas ruas, já que a prática tem sido o maior inimigo da drenagem. “O serviço tem melhorado o sistema de drenagem na cidade e o escoamento voltou a funcionar em muitos lugares. É importante destacar que a população deve parar de jogar lixo nas ruas, pois, desta forma, podemos manter a limpeza e evitar o surgimento dos pontos de alagamento”, destacou Rodas. Além das galerias, 1.243 bocas de lobo, 355 caixas de drenagem e 250 poços de visita, que também compõem a rede de

Serviços estão sendo executados em diferentes pontos da cidade

drenagem, receberam as ações de limpeza e desobstrução. A dona de casa e moradora do bairro do Bom Parto, Nilza Lopes, aprovou a execução dos serviços na Rua Doutor Leite Júnior, onde mora. “Por conta da grande quantidade de lixo que a própria população descarta, as bocas de lobo entupiam e isso causava ala-

gamento quando chovia. Depois que a equipe da Prefeitura veio aqui e fez a limpeza na galeria, minha rua não ficou alagada como antes”, afirmou a moradora. O secretário de Infraestrutura, Nemer Ibrahim, destacou a importância de o serviço ser intensificado nos primeiros meses do ano, o que garantiu que a cidade não sofresse tanto

com alagamentos. “Vamos dar continuidade aos trabalhos de manutenção, limpeza e desobstrução das galerias pluviais da nossa cidade durante todo o ano, pois entendemos que uma rede de drenagem eficiente é tão importante quanto o asfalto, pois trata-se de um equipamento que minimiza os transtornos e alagamentos que ocorrem,

principalmente, no período chuvoso e traz mais tranquilidade a todos”, declarou Ibrahim. A Infraestrutura de Maceió segue atenta às demandas da população e, em caso de solicitação, o cidadão pode entrar em contato com a secretaria através do WhatsApp (82) 9 8714-1010, de segunda a sexta-feira, de 8h às 14h.


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DISPUTA DO PODER

Estado e Prefeitura de Maceió iniciam de multas por infrações em obras na c No último dia 4, a Prefeitura multou em R$ 2,5 milhões a Companhia de Abastecimento de Alagoas por abrir valas para serviço de saneamento básico; esta semana o IMA aplicou multa de R$ 500 mil ao Executivo DA REDAÇÃO Com assessorias

A

s disputas com vista às eleições de 2022 seguem, veladas, entre o governador Renan Filho e o prefeito de Maceió, JHC. Estado e Prefeitura de Maceió iniciaram na semana passada o que pode vir a ser uma verdadeira “guerra” de multas entre órgãos dos dois poderes Executivos. No dia 4 último, a Prefeitura de Maceió multou em R$ 2,5 milhões a Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal) por abrir valas para serviço de saneamento básico e deixar buracos abertos em diversos bairros da capital. De acordo com a Prefeitura, a Casal tem que deixar as vias, após os trabalhos de saneamento, em condição de tráfego para a população. Como uma espécie de “troco”, na última terça-feira (10), o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) autuou e multou a Prefeitura de Maceió em quase R$

500 mil por irregularidades em obras também de saneamento no litoral norte. Segundo o próprio IMA, apesar de o valor da multa ser o menor entre as três infrações aplicadas, R$ 14 mil, a prefeitura da capital foi flagrada descumprindo determinação estabelecida pelo próprio Executivo municipal, o que chamou bastante a atenção dos fiscais ambientais. “Ao serem abordados, os responsáveis pela obra não apresentaram uma autorização, válida, de supressão de vegetação, deixando de cumprir, dessa forma, condicionante da autorização ambiental de instalação emitida pela própria prefeitura. Isso chamou muita atenção dos fiscais do IMA”, diz trecho de release divulgado pela Assessoria de Comunicação do órgão. Ainda conforme o IMA, dentre as irregularidades encontradas na terça-feira, no bairro de Pescaria, nas obras de esgotamento sanitário, foram constatados

problemas desde a supressão da vegetação, já citada, até a disposição inadequada de resíduos sólidos. “No total, foram emitidos três autos de infração que, somados, resultaram em valor de R$ 472 mil, quase meio milhão, sendo a principal delas a de manejo irregular de resíduos sólidos cuja multa foi de R$ 317 mil”. Também conforme o IMA, o segundo auto imposto à Prefeitura de Maceió foi no valor de R$ 140.550 por armazenamento dos mesmos resíduos sólidos em desconformidade com o que indica o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) e a autorização ambiental. “Os fiscais constataram que não havia uma autorização de armazenamento temporário dos resíduos e nenhum cuidado com o material que estava sendo disposto no local”, afirma o órgão ambiental. Segundo a equipe da Gerência de Monitoramento e Fiscalização do


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am ‘guerra’ a capital

SEGUNDO O PRÓPRIO IMA, APESAR DE O VALOR DA MULTA SER O MENOR ENTRE AS TRÊS INFRAÇÕES APLICADAS, R$ 14 MIL, A PREFEITURA DA CAPITAL FOI FLAGRADA DESCUMPRINDO DETERMINAÇÃO ESTABELECIDA PELO PRÓPRIO EXECUTIVO MUNICIPAL, O QUE CHAMOU BASTANTE A ATENÇÃO DOS FISCAIS AMBIENTAIS.

IMA/AL

Imagens feitas durante a fiscalização

IMA, há ainda indícios de outras irregularidades que estão em fase de apuração. O QUE DISSE A PREFEITURA

Procurada pelo EXTRA, a Prefeitura de Maceió, por meio da Assessoria de Comunicação da Unidade Gestora do Programa Maceió tem

Pressa (UGP), responsável pelas obras autuadas pelo IMA, pronunciouse emitindo a seguinte nota: “A Secretaria Municipal de Infraestrutura esclarece que ainda não foi notificada oficialmente pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e que soube pela imprensa sobre a aplicação da

multa. Assim que a Infraestrutura receber o documento mencionado pelo IMA, irá analisar e ver as possíveis medidas que poderão ser adotadas. A secretaria ressalta ainda o compromisso em melhorar a qualidade de vida dos maceioenses com as obras de saneamento, drenagem e pavimentação”.

Casal teria descumprido cronograma Quando multou a Casal, em R$ 2,5 milhões, no dia 4 deste mês, a Prefeitura alegou que a estatal havia executado serviços de saneamento básico em pelo menos dois bairros da capital. Na ocasião, o secretário Nemer Ibrahim (Secretaria Municipal de Infraestrutura) afirmou que a empresa estava sendo punida por deixar de cumprir o cronograma de atividades repassado à capital. “Além de não cumprir a legislação municipal, os serviços não foram executados de forma correta, deixando de informar o que já foi feito e o que ainda faltava para ser realizado. E o pior: sem pedir a autorização da prefeitura”, disse Nemer Ibrahim. Mais inspeções com a mesma finalidade irão ocorrer e, se os problemas forem novamente constatados, a Prefeitura garante que tomará as medidas legais cabíveis, novamente, contra a Casal. “Outras irregularidades também foram identificadas, e essa fiscalização foi a primeira baseada na etapa da fiscalização”, disse Nemer Ibrahim.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

ANALFABETO O verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê. (Mário Quintana)

Aos leitores, colegas e amigos

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iversos assuntos foram abordados na coluna SAÚDE MENTAL durante quatro anos. Desse material produzi o E-BOOK: Saúde mental: pensar, agir e psicologia, referente ao período de maio de 2021 a maio de 2020. São 142 páginas. Para comprar o E-BOOK, basta enviar: PIX - 55 82 9 9351 5851 no valor de R$ 25,00 (VINTE E CINCO REAIS) ou, se preferir, depósito bancário: CAIXA ECÔMICA FEDERAL – CEF -CONTA-CORRENTE 001 1.658-1 / AGÊNCIA 840 / JOSÉ ARNALDO DOS SANTOS. Assim que enviar o PIX ou fizer o DEPÓSITO, mande o comprovante para o WHATSAPP 82 9 9351 5851 que enviarei o E-BOOK pelo WHATSAPP ou por E-MAIL, se preferir. Os temas têm o objetivo de fazer o leitor refletir sobre os diversos temas que envolvem a SAÚDE MENTAL.

Aqui está a parte II do Sumário do E-book

O exagero ao comer e a perda do controle A bulimia é um transtorno nervoso que leva a pessoa a ingerir alimentos exageradamente e sem controle. A pessoa apresenta um sentimento de culpa intenso. ............................. 72 Oniomania e capitalismo: tudo a ver - O transtorno mental é detectado quando a

pessoa compra por impulsos. O capitalismo desenvolve pessoas com o transtorno? A apologia ao crime e a Psicologia - Psicologia e Direito, tudo a ver. Quais nexos ajudam a decifrar um comportamento infrator? .. ....................................................... 79 Narcisismo entre outros comportamentos exagerados - Não é exagero. Todo comportamento, pensamento ou crença exagerada há sinais intensos da possibilidade de existir um determinado transtorno mental. ...............82 Você sabe o que é SAP? - Síndrome da Alienação Parental (SAP) é o termo designado pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner (descoberto em 1985). Quem pratica esse comportamento? A quem prejudica? ................... 87 A repetição de Möbius, o (des)prazer e o viver - Assim como a Fita de Möbius, é assim também os nossos pensamentos, nossa criatividade e nossas invenções, ou seja, infinitos, com prazer ou desprazer. ............ 91 O psicólogo e o milagre - É muito comum a pessoa/cliente chegar ao consultório e querer contar boa parte da sua história de vida, já numa primeira sessão. Psicólogo faz milagre? ............................................. 94 Mitos e verdades: sofrimento e suicídio - O sofrimento faz parte do comportamento humano, mas o suicídio pode ser evitado. .................. 97

É preciso agir de setembro a setembro - O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio. No dia 10 comemora-se o dia Mundial de Prevenção ao Suicídio...................................... 100 A águia, a pandemia e o autoconhecimento – A águia tem uma visão privilegiada: aprende muito com o próprio sofrimento e toma decisões minuciosas. No autoconhecimento e na pandemia também deve ser assim. ..................................... 102 PAAFS, o que é isso? - A prática do PAAF permite que a pessoa saia dum processo de sofrimento mais rápido. .... 105 Eu venci a COVID-19 ! – Que coisa boa vencer uma doença. Eu venci a COVID !? Dor? Que dor? - Que dor dói mais: física ou mental? ...............................................108 Frescobol e o Ego - Em comemoração ao Dia do Frescobol - 10 de julho – vou fazer uma breve análise do que representa esse esporte para a saúde mental. ................ 114 O que você quer pra você? – O que você quer decretar para a sua própria vida? ... 117 Alimento e o bem-estar físico e mental Alimento ativa a capacidade de memorizar e aprender para o bem-estar físico, e também mental. ................................................ 120 Perversão está aqui e ali; e daí? - Um dos comportamentos das pessoas que apresentam o transtorno da perversão é a negação da lei. ...................................... 123 Autoestima e pandemia - Sentimento que afeta a pessoa numa crise: financeira, moral, relacional; a pandemia que o diga. .... ............................................................ 126 Mentiras e vazios - É impossível alguém não ter dito alguma mentira durante a vida. Mas quando a mentira é um transtorno mental? ...................................................... 129 Implicar-se - “CULPAR aponta para o problema”, enquanto “RESPONSABILIZAR aponta para a solução.” Implicar-se é responsabilizar-se. ............. 133 Enxergar; além: im(perfeição) humana – É preciso enxergar além das im(perfeições) humanas; sempre. ........................ 136 Pandemia, tolerância, respeito e família – O que a pandemia está fazendo com a nossa saúde mental? ....................... 138


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PEDRO OLIVEIRA Braskem, crime sem castigo

TNH1

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ela primeira vez assisti ao documentário “A Braskem passou por aqui. A catástrofe de Maceió”. Recomendo a todos que assistam, mas previno que é chocante, impactante e com muita emoção e revolta do começo ao fim. O filme é o retrato vivo, bem contado e traz a verdadeira história da destruição de quatro bairros. O autor da obra é o cineasta e ativista Carlos Pronzato, premiado internacionalmente por várias obras e teve o apoio do Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica e Profissional no Estado de Alagoas, entidade representativa dos docentes e técnicos administrativos do Instituto Federal de Alagoas. A tragédia foi observada após um tremor de terra ocorrido em fevereiro de 2018 no bairro do Pinheiro, onde surgiram as primeiras rachadu-

Vítimas esquecidas, terra ferida

O desastre dos bairros de Maceió, já conhecido internacionalmente, maior que as barragens de Brumadinho e Mariana em desalojamento de famílias, danos ambientais e prejuízos a pequenos estabelecimentos, tem recebido quase nenhuma atenção dos poderes públicos, apáticos e inertes ao processo de indenizações das vítimas e negociações com a empresa responsável pelo bárbaro e hediondo crime.

Política e demagogia

Nunca os escombros dos bairros afetados foram tão visitados como na última eleição. Olhando para a imensidão de casas destruídas, usando de cenário para discursos demagógicos, cada candidato gravou para seu guia eleitoral, bradando fingida emoção, articulada por seus marqueteiros, na busca de angariar votos no desespero e na dor de milhares de pessoas. Passadas as eleições calaram-se as vozes, sumiram os palanques e carros de som, como haveria de ser, tratando-se

n pedrojornalista@uol.com.br

AFRÂNIO BASTOS

ras. Contudo, após um ano, outros bairros apresentaram o mesmo problema, como o Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Ao estudar as razões do problema, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) identificou que a extração de sal-gema, feita durante quatro décadas pela Braskem, sem a fiscalização das autoridades públicas, foi a causa do desastre

de políticos.

Quando os poderes de se calam

As queixas são unânimes entre as vítimas da tragédia, espalhadas pelos quatro cantos da cidade, alguns em casas de parentes, outros em imóveis alugados, comerciantes que perderam seus negócios, pessoas que deixaram suas vidas para trás, sonhos interrompidos cruelmente. Estão abandonados pelos políticos, pelo Ministério Público e Poder JuARQUIVO PESSOAL

diciário. E fazem a pergunta: que poder é esse da maldita Braskem, que roubou vidas e patrimônios e nada lhe acontece?

Uma imprensa cala

que

No documentário sobre o repugnante crime da Braskem o jornalista Joaldo Cavalcante, autor do livro “Salgema, do erro à Tragédia”, faz várias intervenções com as quais nos conduz à barbaridade e irresponsabilidade, com mais clareza. Ressalte-se, Joaldo é um dos poucos da imprensa alagoana, com coragem e o espírito voltado para o interesse público, a abordar com profundidade o tema e sair em defesa dos atingidos. Os veículos convencionais (jornais, televisões

e rádios), em sua maioria, se calam, junto com aqueles das redes sociais. As únicas “matérias” publicadas são as propagandas da Braskem. Aí dá pra imaginar os “negócios”.

No fim, a destruição

Toda essa destruição ocasionada pela ganância da Braskem está registrada sob a visão do cineasta. Ao longo da construção do documentário, Pronzato conta o quanto se impressionou ao ver inúmeros imóveis desocupados. “É impressionante. Conseguimos driblar os tapumes para entrar nos imóveis. Não conseguimos entrar nas minas. É impressionante. E à noite piora, porque não conseguimos fazer entrevistas. Durante os percursos encontramos uma cidade perdida. Apenas da compensação da Braskem, os moradores perdem sua história. Teve gente que nasceu no local e perdeu tudo, é muito triste. Isso por causa da negligência de uma empresa, pois tinham tudo para prever a tragédia. Nunca tinha visto algo do tipo”, afirmou o cineasta ao se deparar com uma “cidade perdida, um cenário de guerra”.

PÍLULAS DO PEDRO Enquanto os moradores expulsos dos bairros afetados choram suas dores, políticos frequentam a Braskem, para tomar cafezinho e se confraternizar. O que está acontecendo nos poderes que ninguém foi punido pelo hediondo crime da


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Cadê o Lula?

ELIAS FRAGOSO n Economista

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adê o Lula para falar da mega roubalheira em seu governo e no governo do poste? Cadê o Lula para falar contra a privatização da Eletrobras, aquela estatal que ele, seus asseclas e os políticos do Maranhão e do Norte do país comandados pelo Sarney quebraram? Cadê o Lula para ser contra a privatização de um monte de subsidiárias da Petrobras que ele e seus asseclas do PT (e de quase todos esses partidos que aí estão) quase levaram a lona, à bancar-

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rota de tanto roubo e desvio do dinheiro público? Cadê o Lula que comandou junto com seus asseclas de quase todos os partidos o maior assalto jamais visto a todos os fundos de pensão das estatais brasileiras quase os levando à quebradeira geral? E, aproveitando, cadê os “cumpanheiros” quotistas dos fundos roubados pelos salafrários que estão pagando caladinhos pelo roubo dos safados? Cadê o Lula que literalmente quebrou o país e agora quer se candidatar de novo a presidente da República graças a uma decisão pra lá de esquisita do Supremo? Cadê o Lula que não tem coragem de por a cara na rua com medo de ser execrado e “atrapalhar” sua estratégia de retornar ao poder e dilapidar o patrimônio público de novo? Cadê o Lula mentiroso patológico igual a Bolsonaro que se esconde do povo e da imprensa via notas plantadas, declarações falsas e opiniões escrotas, como a

defesa da ditadura cubana? Cadê o Lula condenado nas três instâncias da justiça e beneficiado por uma decisão marota do Supremo que suspendeu suas penas pelas falcatruas cometidas contra o Brasil e o dinheiro dos brasileiros, mas que anda dizendo que foi inocentado (mais uma patifaria mentirosa desse Pinóquio tabajara. Seus processos tramitam agora na justiça do DF, por decisão do Supremo)? Cadê as “propostas” do Lula para serem cotejadas com o que ele fez de ruim ao Brasil? Cadê lula para explicar – mesmo com a cara de pau maior que a de Bolsonaro – ao eleitor brasileiro que todas as promessas não são vãs, que não vai repetir o torvelinho de roubos, desvios e falcatruas dos seus governos anteriores? Que vai se desculpar pelo que fez? Cadê Lula para explicar para o Nordeste por que a região continua paupérrima, famélica, desempregada, sem nenhum in-

vestimento de porte de sua época que não tenha sido motivo de megas roubalheiras ou simplesmente não saíram do papel como as refinarias de petróleo já que a grana para tal foi desviada antes mesmo de se iniciar os estudos técnicos para tal? Cadê analistas e imprensa em geral que não desnudam o perfil criminoso desse sujeito para lembrar aos “esquecidos” quem ele é e o que representa de nefasto para todo o país? Cadê você Lula que não dá um pio diante do desastre a que esse país está submetido sob Bolsonaro, outro da sua mesma laia, só que do outro extremo partidário? Medo, covardia? Por que não dá as caras Lula? Tem medo de que, já que se diz “inocente” e que “não sabia de nada” que se passava sob suas vistas nos seus governos? Cadê você Lula? O país quer lhe recepcionar como você merece. Por que foges “cumpanheiro”?

Cadê o Lula que não tem coragem de por a cara na rua com medo de ser execrado e “atrapalhar” sua estratégia de retornar ao poder e dilapidar o patrimônio público de novo? Cadê o Lula mentiroso patológico igual a Bolsonaro que se esconde do povo e da imprensa via notas plantadas, declarações falsas e opiniões escrotas, como a defesa da ditadura cubana?


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Uma pobre mortal!

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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onvivi durante muitos anos com políticos alagoanos que se achavam famosos. Quando eles se elegem são mordidos pela “mosca azul” e ficam fora da realidade. Tentar falar com um deles é quase impossível. Só se houver um encontro casual no aeroporto ou em alguma festa. Assim mesmo, ele pode se trancar na sala VIP destinada às autoridades. Trabalhei durante quarenta anos no serviço público e sei bem o que é tratar com donos de mandato. Já ouvi um desses monstros da política dizer a um amigo meu: “Sou deputado e você apenas um funcionário”! Claro que tirou a diretoria do po-

bre coitado. No Judiciário não é diferente. Para conversar com um desembargador é preciso recorrer a alguém que o conheça. Mesmo assim, a espera pelo atendimento é longa. Alguns são velhos conhecidos nossos, mas se esquecem disso. Atender telefone é uma demorada novela. Dificilmente a criatura consegue a comunicação desejada. A salvação de um coitado qualquer são as redes sociais. No momento atual, as grandes autoridades do país querem dificultar o acesso ao Facebook, Instagram, WhatsApp e outras mais. Entretanto, sou Maria Teimosa, irmã do João Teimoso. Em 2019, fui vítima de um grande acidente de automóvel. O atendimento por parte de um bacharel em medicina foi péssimo, com direito até a tapas nas costas. Pois bem, coloquei o fato no Facebook e ele entrou na Justiça contra mim. A juíza não me ouviu, nem as testemunhas. Só agora soube que, apesar de ter sido mal atendida e levar tapas nas costas, fui condenada. Todos acharam estranho e recorri da injustiça. Pois bem, a juíza em tela era casada com uma pessoa, a quem eu há muito tempo havia feito críticas em um artigo. Nem me lembrava mais do

Celeiro de cultura

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

Sábado último, após o casamento de sobrinha da minha esposa, portanto minha também, participei de almoço restrito às famílias da noiva e do noivo e padrinhos. Tive, então, a grata satisfação de encontrar o ex-prefeito e ex-deputado Dilton Simões, um dos grandes políticos da nossa Alagoas. Lembrei-me de outros gran-

des nomes da política alagoana, como José Costa e João Sampaio, para citar dois mais daqueles com os quais convivi, sempre por mim admirados pelo compromisso com o povo, com a honestidade, com a seriedade que devem presidir a autoridade pública. Fiquei a me perguntar por que estou gastando o meu latim com Bolsonaro. Ele, os seus amigos da política, os seus seguidores mais vivazes são aquilo que se pode anotar de diferentes dos próceres citados no preâmbulo. Resolvi, pois, dar um tempo, e escrever sobre outras coisas mais proveitosas, e voltar à minha adolescência no Colégio Guido de Fontgalland, aqui mesmo em Maceió. Tive a ventura de participar de uma época de grandiosidade do Guido. Educação, esportes, atividades extracurriculares, movimentos culturais, etc. Grandes nomes da cultura alagoana e brasileira propiciaram-nos palestras engrandecedoras. Ib Gatto,

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fato. Eis aí o motivo real da condenação. E agora? O que a velhinha pode fazer? Um político que sempre me atendeu e ajudou o Sindicato da Assembleia foi Divaldo Suruagy. Eu era presidente da entidade e ele governador. O presidente do Legislativo naquela época ficava irritado quando me encontrava no Palácio dos Martírios, mas não evitou que eu recebesse ajuda do meu amigo. Deu o tenha em bom lugar. Outras grandes injustiças são cometidas pela Mesa Diretora do Poder Legislativo com os pobres velhinhos inativos da Assembleia. Vez em quando levamos boas pauladas e nem sabemos a causa. Se encontrar o dono da Casa de Tavares Bastos, nem saberei quem é, mas o sofrimento é grande e a Justiça é lenta. Lá de Brasília vêm tristes notícias para os servidores públicos. Os sindicatos se movimentam, o povo reclama, mas os gestores federais não escutam! Querem acabar com o concurso público e a estabilidade dos servidores. Consequentemente, aumentará o número de funcionários comissionados e se duvidarmos, oficializarão as “racha-

Aurélio Buarque de Holanda, Cipriano Jucá, Renira Lisboa Lima, Heloisa Ramos, viúva de Graciliano Ramos, e outros homens e mulheres de cultura periodicamente, a convite do diretor do Colégio, o cônego Teófanes Barros, ou da professora Teônia de Barros, compareciam a nos ministrar conhecimentos que levamos para toda a vida. Grêmios estudantis, murais e revista eram outras das nossas atividades extracurriculares. Aprendemos muito! História, Literatura e Filosofia, principalmente. Produzíamos a Revista Mocidade, da qual fui presidente, programas estudantis de rádio. Os debates e as discussões nos ensinavam a ética na política, para nós uma ciência da maior importância para o ser humano. Essas lembranças vêm bem a propósito, quando o Brasil de hoje é resultado da falta daquele humanismo que aprendi na

dinhas”. Não se assustem com nada que venha de lá de cima! Fui vítima de outra injustiça na Vara de Família. Consultei vários advogados que me dizem: “Se judicializar o caso, a pensão de seu familiar será suspensa, enquanto a ré estiver em julgamento”. Aí, o coração da “Velhinha das Alagoas” grita ansioso: Calma, deve haver outras soluções; pense bem. A vaidade de um amigo criou outro problema. Como uma simples moradora de condomínio pode conceder entrevista à TV Gazeta de Alagoas, denunciando ter sido vítima de uma construção ilegal ao lado de sua casa? Irritado, o gestor do condomínio reagiu aos gritos, deseducadamente, faltando com o devido respeito que caberia na análise do fato. Assim, meus amigos, vamos levando a vida, aproveitando os bons momentos, administrando os problemas, sem deixar de ser uma idosa de 80 anos lutando pelo que é correto e socialmente justo. Apenas não foi sabida o suficiente para ser uma grande autoridade. Viva o Facebook!

adolescência e juventude estudantis. Acho que a falta de algo assim deu-nos políticos menores, que não distinguem política da politicagem; republicanismo do partidarismo sem razão; democracia do voluntarismo pessoal. Correção de rumo na vida e no agir, descobrir ou redescobrir a ética, talvez seja algo difícil de esperar de políticos habituados ao trato privado da coisa pública, mas bem necessário à grandeza tão proclamada do Brasil. Ditado antigo diz-nos que o uso do cachimbo faz a boca torta. Acho que por isso voltei à crítica política, quando quero realmente falar daquela adolescência cultural de um grupo seleto de ginasianos, do qual fiz parte com Édson Alcântara, Edson Moreira, João Azevedo, João Vianey, Manoel Adauto, José Maurício Breda e Tobias Granja, este que denominou o Guido de Celeiro da Cultura. Isso vale mesmo a pena!

Outras grandes injustiças são cometidas pela Mesa Diretora do Poder Legislativo com os pobres velhinhos inativos da Assembleia. Vez em quando levamos boas pauladas e nem sabemos a causa. Se encontrar o dono da Casa de Tavares Bastos, nem saberei quem é, mas o sofrimento é grande e a Justiça é lenta.

Tive a ventura de participar de uma época de grandiosidade do Guido. Educação, esportes, atividades extracurriculares, movimentos culturais, etc. Grandes nomes da cultura alagoana e brasileira propiciaramnos palestras engrandecedoras. Ib Gatto, Aurélio Buarque de Holanda, Cipriano Jucá e outros.


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Os três patetas

JORGE OLIVEIRA

n Jornalista, cineasta e escritor narapiraca@yahoo.com Instagram: jorgeoliveira217

“Marcha soldado, cabeça de papel, se não marchar direito vai preso no quartel...” O desfile parecia brincadeira de criança, se não fosse a presença de marmanjos fardados querendo assustar a população. Cascais, Portugal - A repercussão do desfile militar atemporal na Esplanada de Brasília foi péssima aqui na democracia europeia. Os três patetas em vez de estarem ajudando o país a sair da pandemia, como têm feito militares em outros países, promovem um desfile com tanques

e carros de guerra obsoletos cheirando a naftalina. Do alto da rampa do Planalto, uns militares barrigudos, envergonhados, escondidos atrás de óculos escuros, acompanharam o maluco no desfile das sucatas. É a reedição da Chegança, a luta entre cristãos e mouros de antigamente. Para os mais novos, a Chegança era um navio cheio de marinheiros que se apresentava nas épocas natalinas nas festas folclóricas de Alagoas. Da proa um marinheiro mais graduado dava as ordens e um monte de marujos dançava batendo com as espadas no piso do navio de barro. O desfile na Esplanada de Brasília não tinha o navio de barro nem os inocentes marinheiros do folguedo nordestino, mas um monte de militares desocupados que amealham salários milionários dos cofres públicos para fazer papel de bobos da corte. Nunca as Forças Armadas brasileiras estiveram tão idiotizadas, alienadas e estupidamente desfiguradas sob o comando dos três patetas subservientes e omissos como agora, onde um capitão frustrado e retardado men-

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tal manda e desmanda nos generais que perdem a compostura diante dos brasileiros incrédulos com o que assistem de grotesco no dia a dia. Os comentários na imprensa europeia são de arrepiar. Os jornalistas mais céticos acreditam que o Brasil não se recupera nos próximos vinte anos depois dessa administração de terra arrasada do Bolsonaro. Outros não entendem porque ainda não surgiram as dissidências dentro da própria corporação para interromper esses atos arbitrários e truculentos do capitão que, fantasiado de presidente, continua a praticar seus gestos insanos. Assistir as cenas do desfile militar nas televisões na Europa e os comentários devastadores dos jornalistas sobre a maluquice no Brasil é desanimador, pois quem vive por aqui não consegue explicar como um presidente desqualificado como Bolsonaro ainda governa o país. É ainda mais assustador quando se sabe que a maioria dos políticos apoia essas suas ações nefastas e truculentas contra o povo brasileiro. “A gente não imaginava

que esse sujeito fosse tão desqualificado na fala, nas atitudes e no comportamento”, comentou um colega jornalista português depois de assistir ao desfile dos trambolhos que tentavam assustar a população. E dizia mais esse companheiro: “E pensar nos gatos pingados na plateia assistindo ao cortejo, aí é demais”. Se nesses últimos anos o Brasil já não era levado a sério pela corrupção desenfreada, agora mesmo é que ninguém por aqui aposta um tostão furado no futuro do país, dominado por uns milicos despreparados e hóspedes de um hospício que eles mesmo tentam agora atear fogo. Mas existe o outro lado bom da moeda que pode nos trazer felicidade no futuro. As trapalhadas desses militares, tanto os de pijamas como os da ativa, são tão bizarras que antecipam o que seria o poder nas mãos deles, a exemplo do que aconteceu na ditadura de 1964, quando eles mantavam e trucidavam a inteligência com medo de conviver com as ideias livres e democráticas. Felizmente ainda não inventaram fuzis para matar as ideias que vão sempre florescer diante das balas.

Assistir as cenas do desfile militar nas televisões na Europa e os comentários devastadores dos jornalistas sobre a maluquice no Brasil é desanimador, pois quem vive por aqui não consegue explicar como um presidente desqualificado como Bolsonaro ainda governa o país.


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JOVEM APRENDIZ

Legislação completa um ano garantindo aumento de vagas de primeiro emprego durante crise econômica

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ompletando um ano de sua sanção neste mês de agosto, a legislação do Jovem Aprendiz Alagoano, conjunto de três leis de autoria da deputada Jó Pereira, garantiu que, mesmo no período mais crítico da crise econômica gerada pela pandemia, Alagoas mantivesse e até ampliasse o número de contratações de jovens aprendizes. Dados do eSocial mostram que entre agosto de 2020 e janeiro deste ano foram fechadas 50.053 vagas de aprendizes no Brasil, passando de 393.397 para 343.324, uma redução de 12,73%, em praticamente todos os estados, a exemplo de Goiás, São Paulo e Amazonas, onde a redução chegou a 23,9%, 20,17% e 6,40%, respectivamente. Em Alagoas, no mesmo período houve um crescimento de 1,73% nas contratações. Com o processo de vacinação, os números foram recuperados e melhoraram em todo o país. Entre janeiro e junho deste ano, as vagas passaram de 343.324 para 416.601 no Brasil, que, além de recuperar os 50 mil postos perdidos, ainda abriu outros 23. 224. Em Alagoas a oferta de vagas manteve o ritmo crescente até agora, conforme dados de junho de 2021. “Em um estado pobre como o nosso, com tantas dívidas sociais, isso é de grande relevância histórica, mas apesar de continuar avançando, muito em razão das nossas leis, Alagoas precisa fazer um movimento de conscientização nas empresas que não são atingidas pela legislação da garantia de vagas”, avaliou Jó, acerca do levantamento realizado pelo auditor fiscal do trabalho, do Ministério da Economia, Leandro Carvalho, a pedido do gabinete da parlamentar. Em Alagoas, 2.376 empresas privadas se enquadram na obrigatoriedade da contratação de jovens aprendizes, chegando a 7.209 o total de vagas se todas as empresas listadas contratassem o número mínimo exigido por lei, no entanto, a ocupação hoje é de 3.782 aprendizes, o que significa apenas 52,46% das cotas preenchidas.

“É preciso avançar e isso depende de esforços de todos para que os jovens alagoanos não fiquem pra trás nessa estratégica política pública de Estado, com envolvimento do empresariado e que proporcione capacitação e motivação, tão necessárias para o desenvolvimento econômico e social de Alagoas, um dos estados que apresenta baixo cumprimento de vagas para jovens, como as estabelecidas pela lei federal da Aprendizagem”, completou a deputada. Jó Pereira citou ainda que a decisão do Brasil em não priorizar a retomada escolar durante a pandemia, na contramão do que ocorre em outros países, provoca um aprofundamento do abandono escolar entre os jovens, com impactos sérios projetados para o pós-pandemia. Ela defende que, no planejamento de volta às aulas em toda a rede pública de ensino, deve ser priorizada a Busca Ativa para garantir o retorno das crianças e adolescentes às salas de aulas. Segundo dados do Unicef, referentes a julho deste ano, durante a pandemia 124.106 crianças e adolescentes, de 6 a 16 anos, ficaram sem acesso às aulas (onlines e presenciais) em Alagoas. Divisor de águas e pioneirismo Conforme Leandro Carvalho, a Lei Estadual 8.269/2020, que vincula a concessão de benefícios fiscais pelo Estado ao cumprimento da Cota de Aprendizagem, e a Lei 8.287/2020, que determina a obrigatoriedade do cumprimento da mesma cota como pré-requisito para participação em processos licitatórios realizados pela administração púbica estadual direta e indireta, foram fundamentais para a manutenção das vagas de jovens aprendizes em Alagoas, diante da grave crise da economia. “Empresas reiteradamente descumpridoras das cotas passaram a cumpri-las por força da exigência da Declaração de Cumprimento da Cota de Aprendizagem (DCCA) nos processos de licitação”, explicou o auditor fiscal. Em relação a esse ponto, Jó Pereira ressaltou o empenho

e a sensibilidade da Agência de Modernização de Processos (Amgesp) de Alagoas, presidida por Wagner Morais, para garantir o cumprimento da nova legislação estadual. “Desde que o conjunto de leis foi sancionado, no ano passado, todos os editais de licitações elaborados pela Amgesp já saem com a obrigatoriedade da inserção, entre os documentos necessários para participar da concorrência, da DCCA”. Leandro Carvalho reforçou que as leis são fundamentais não só para a criação de vagas de trabalho, mas para a melhor gestão dos contratos por parte do poder público, que contratava empresas que não cumpriam as cotas mínimas da aprendizagem, um contrato de trabalho que provê direitos trabalhistas, diferentemente do estágio, por exemplo. O auditor exemplificou que, recentemente, pelo menos três empresas situadas em Alagoas foram obrigadas a cumprir a cota para participar de processos licitatórios do Estado. “Destaco que essas empresas nunca cumpriram a cota. A lei estadual foi realmente o divisor de águas”, afirmou ele, pontuando ainda que outra lei integrante da legislação do Jovem Aprendiz Alagoano é a única no Brasil que vincula a concessão de incentivo fiscal (Prodesin), ao efetivo cumprimento das cotas de aprendizagem: “Ou seja, é uma política de emprego vinculada a uma política de desenvolvimento econômico e social”, completou. Outro dado trazido pelo auditor é que, conforme levantamento feito pelo então Ministério do Trabalho em 2012, após o período de aprendizagem a chance de contratação do jovem aprendiz como empregado é de mais de 60%. Ele citou, por fim, que o potencial de contratação pelo Poder Público ainda é inexplorado: “A lei da contratação pelo Estado, que também integra a legislação do Jovem Aprendiz Alagoano, foi maravilhosa. O primeiro passo foi dado. Falta o necessário orçamento para a contratação desses aprendizes pelo Estado”. Retrocesso Em meio às comemorações referentes aos resultados positivos de um ano da legislação do Jovem Aprendiz Alagoano, a deputada Jó Pereira se une a entidades defensoras da Lei da Aprendizagem para chamar a atenção em relação à Medida Provisória 1045/2021, em tramitação no Congresso Nacional, cujas medidas impactarão negativamente na aprendizagem profissional, representando um retrocesso para a Lei da Aprendizagem ao precarizar totalmente as relações de trabalho envolvendo jovens aprendizes. Recentemente, as instituições que compõem o Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sest, Senat, Sebrae, Senar e Sescoop) e as confederações da Agricultura e Pecuária; do Comércio de Bens, Serviços e Turismo; da Indústria; das Cooperativas; e do Transporte, divulgaram uma nota pública conjunta em repúdio a MP, “que visa enfraquecer as principais instituições com tradição, experiência e capacidade para contribuir com os esforços de reduzir a informalidade e o desemprego, que hoje supera 29% entre os jovens de 18 a 24 anos, e condena uma parcela da população à pobreza”. Sobre o Jovem Aprendiz Alagoano A legislação do Jovem Aprendiz é um conjunto de três leis que incentivam contratações de jovens, fortalecendo as possibilidades de oferta do primeiro emprego. As leis são as seguintes: Lei 8.269/2020, estabelecendo que só serão concedidos benefícios fiscais, dentro do Prodesin, para empresas que cumpram a Cota de Aprendizagem estabelecida em legislação federal; Lei 8.280/2020, que autoriza o Estado a instituir o Programa Jovem Aprendiz de Alagoas e, entre outros pontos, permite que a administração pública empregue e matricule (em cursos de formação técnico-profissional) um número de aprendizes equivalente a no mínimo 2% e, no máximo, 5% dos servidores públicos estaduais efetivos, em atividade; e a Lei 8287/2020, que determina a obrigatoriedade do cumprimento da Cota de Aprendizagem estabelecida em lei federal como pré-requisito para que empresas participem de processos licitatórios realizados pelo governo de Alagoas.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

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DIVULGAÇÃO FLÁVIO PEREIRA/FOTOS PÚBLICAS

Book Friday

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s apaixonados por livros precisam ficar atentos para a 7ª edição brasileira da Book Friday, que acontecerá do dia 19 (às 18h) até o dia 22 de agosto (às 23h59). O evento, considerado a Black Friday dos livros, promete até 70% de desconto em milhares de obras vendidas pela Amazon, promoções para novos assinantes do Kindle Unlimited e ofertas exclusivas para membros Prime. Promoções antecipadas pelo app acontecerão por quatro horas antes do evento. A empresa também oferecerá um “esquenta” antes da Book Friday, com palestras literárias e eBooks gratuitos.

Prédios comerciais O Sindicato dos Lojistas de Alagoas e outras 20 entidades sindicais do Brasil ingressaram com uma ação no Supremo Tribunal Federal questionando a aplicação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) no reajuste dos preços de aluguéis em prédios comerciais e residências. A ideia é que o atual índice seja substituído pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cuja variação em um ano é menor do que a do IGP-M.

Nubank no débito O Nubank lançou uma função inédita no Brasil e passou a permitir o parcelamento no débito de compras com valor superior a R$ 30 direto pelo aplicativo. A opção está em fase de testes desde o dia 23 de julho e é restrita a alguns usuários que possuem valor disponível para empréstimo. Em breve, a fintech afirma que a função estará disponível para todos os clientes. A instituição financeira permite a divisão de compras em até 12 vezes. No entanto, é cobrada taxa de juros. Por esse motivo, a ferramenta deve ser utilizada apenas em casos de urgência e não pode ser usada para adiar o pagamento de qualquer compra.

Cartão de crédito

As compras realizadas por meio do sistema de cartões de crédito, débito e pré-pagos cresceram 52% no segundo trimestre de 2021 quando comparado ao mesmo período do ano passado. No total foram negociados R$ 609,2 bilhões no período, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento. Em quantidade de transações, foram registrados 7,1 bilhões de pagamentos com cartões nos meses de abril, maio e junho, o equivalente a 55 mil por minuto, 53,9% a mais do que no ano anterior. MARCOS SANTOS/USP IMAGENS


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió abre Laboratório de Função Pulmonar Serviço é o primeiro de Alagoas e auxilia de forma mais precisa no diagnóstico de doenças respiratórias

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e você tem tosse persistente e dificuldade para respirar ou sensação de opressão torácica, saiba que esses são os principais sintomas que podem levantar o alerta para procurar um médico. Recentemente, a Santa Casa de Maceió abriu o Laboratório de Função Pulmonar composto por vários especialistas que, por meio de modernos exames, avaliam a função respiratória de forma completa. De acordo com a pneumologista Fátima Alécio, até pouco tempo, Alagoas dispunha apenas do exame de espirometria ou prova de função pulmonar simples, que avaliava poucos parâmetros da função respiratória. Com a chegada do laboratório, os pacientes têm à disposição a pletismografia, ou prova de função pulmonar completa, um exame mais abrangente, que, além de fazer a parte da espirometria (prova de função simples), também mede os volumes pulmonares e parâmetros relacionados à oxigenação, e a ergoespirometria (teste cardiopulmonar), que alia o teste ergométrico com a análise dos gases expirados durante o exercício físico e é indicado para atletas profissionais e amadores. “Sem dúvida, esse Laboratório traz um ganho muito grande para a população alagoana. Antes, para termos um diagnóstico mais preciso, mandávamos o caso para um centro maior, como Recife ou Salvador. Pela primeira vez, de fato, poderemos dizer a

Pletismografia, ou prova de função pulmonar completa, avalia vários parâmetros da função pulmonar

um paciente se sua função respiratória está normal ou alterada, fazendo diagnósticos precoces. Também vamos avaliar a função respiratória no exercício. No início das doenças, o indivíduo perde capacidade respiratória no esforço. Quando se perde no repouso, mostra que o dano já foi grande. Então, é muito importante que no início dos sintomas, quando o paciente começou

a ter tosse e falta de ar, por exemplo, seja melhor avaliado para buscar o diagnóstico”, disse a especialista. O laboratório também oferece o teste de caminhada. Nele, o paciente é avaliado na caminhada no plano, importante para o controle de algumas doenças e para saber se a medicação indicada está fazendo o efeito esperado. Formada por fisioterapeuta, pneumologista

e cardiologista, a equipe do laboratório realiza a avaliação para o pré-operatório. De forma geral, o serviço é importante para pacientes idosos, com câncer, ou no pós-covid, doença que faz o paciente perder muito de sua capacidade aeróbica e muscular. “Em todas as idades falhas na função pulmonar podem acontecer. Chamo atenção para os indivíduos

que não têm patologias ou acham que a falta de ar faz parte do processo de envelhecimento e não dão muita importância. E isso não é verdade. Pode ser por uma patologia, ou mesmo questão de envelhecimento, mas é preciso investigar para correr atrás. Uma pessoa com 50 anos, no passado, era velha. Hoje está no auge da sua idade”, finalizou Fátima Alécio.


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FERNANDO CALMON Estudo aponta caminhos para eletrificação veicular

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omo o Brasil se integrará ao esforço mundial para limitar as emissões de gás carbônico (CO2) foi o objetivo de um grande estudo que Anfavea e Boston Consulting Group (BCG) acabam de apresentar. A eletrificação tornou-se a saída mais objetiva na qual os três grandes polos da indústria automobilística mundial, China, EUA e União Europeia, estão empenhados Estes três representam cerca de 60% das vendas mundiais de veículos leves e pesados. Acrescentado o Japão, os países centrais respondem por próximo a dois terços da frota mundial e das emissões de CO2. Obviamente, o País não pode e nem deve ficar de fora deste esforço global. Atender esses objetivos, no entanto, exigem ações de curto, médio e longo prazos, além de investimentos bastante elevados tanto do governo quanto da própria indústria. Dos três cenários montados pelo BCG para 2030 e 2035, o que me parece mais perto da realidade brasileira do ponto vista de veículos leves é o protagonismo de biocombustíveis no caminho da descarbonização. É viabilizado por regulações já existentes, frota predominante de automóveis flex e ampla infraestrutura de produção e distribuição de etanol. Há, entretanto, outra alternativa classificada de cenário de convergência global. Neste caso o Brasil alcançaria nível de eletrificação maior e as fabricantes aqui instaladas seguiriam estratégias globais. Para isso seria necessário instalar 150.000 carregadores espalhados pelo País ao custo hoje estimado de elevados R$ 14 bilhões. Ainda assim, em 2035, a frota circulante de veículos leves teria 82% com motores

só a combustão e o restante, elétricos e híbridos. Precisaria saber de onde viria o investimento nos carregadores: do governo, da iniciativa privada, da indústria automobilística ou do esforço coordenado. Do ponto de vista do consumidor não se trata apenas de localização fácil em ruas e estradas, mas do tempo de recarga. Já se observou, principalmente nos EUA, certo grau de rejeição. Não se sabe ainda o reflexo nas vendas futuras de elétricos pelo desconforto da espera mínima de 30 minutos, isso nos pontos de recarga de alta potência, para recuperar 80% do alcance declarado. O estudo reúne grandes méritos pois pode servir de referência para o governo federal implantar ações de estímulo que, já se sabe, serão tão necessárias quanto difíceis de enquadrar no apertado orçamento federal. As condições econômicas e sociais dificultam a criação de subsídio direto ao comprador de um veículo 100% elétrico ou híbrido recarregável em tomada, como acontece hoje e continuará nos próximos anos em países centrais. A cultura governamental de taxar veículos leves muito acima da média mundial atravessa mais de meio século. Seria aparentemente simples e faria sentido diminuir essa carga fiscal para combater o aquecimento global. Há também a alternativa de incentivar a renovação da frota atual, o que melhoraria muito as emissões de CO2. Mas, neste caso, deveria vir também a inspeção técnica veicular pelo menos nos principais centros urbanos do País. Coragem política para esta providência é difícil de acreditar.

n JORNALISTA

ALTA RODA n ESCASSEZ MUNDIAL de semicondutores permanece e há grande impacto na produção brasileira de veículos. Anfavea estima 120.000 unidades perdidas até agora. Isso explica os estoques totais de apenas 15 dias, menor volume desde 1999 quando começaram a ser calculados. As matrizes das fábricas continuam direcionando as peças para mercados mais rentáveis, que não parece ser o caso do Brasil. Cenário deve mudar no primeiro trimestre de 2022, mas há previsões de normalização só em meados do próximo ano. n BMW SÉRIE 3 domina com 70% de participação no segmento de sedãs médio-grandes. Uma das razões é a produção no Brasil (95% das vendas) e outra sua notável qualidade dinâmica: precisão de direção e atitude em curvas (50% de peso em cada eixo). Na linha 2022 adotou, finalmente, o Android Auto sem fio, mas o carregador por indução tem pouca potência. Para desempenho é melhor usar o modo de condução Sport porque os 184 cv do turbo flex têm que lidar com 1.460 kg em ordem de marcha. DIVULGAÇÃO

n VERSÃO ELÉTRICA DO SUV médio T60 Plus, o E-JS4 amplia a escalada da JAC nesse mercado de nicho. Preço: R$ 249.990 ou 50% mais que o modelo convencional. No entanto, o elétrico oferece equipamentos adicionais como câmeras traseira e de visão 360 graus, faróis de neblina, teto solar panorâmico e banco do motorista elétrico. Potência, 150 cv, torque 34,7 kgf.m e aceleração de 0 a 100 km/h em 7,5 s. n MOTOCICLETAS E ATÉ BICICLETAS já podem contar com chamada de emergência em acidentes. Anunciado agora pela Bosch, na Alemanha, o algoritmo inteligente de colisão e sensores de aceleração do controle de estabilidade permitem, por meio de smartphone, transmitir informações aos serviços de socorro. Se a moto não tiver um sistema de detecção de colisão ou queda instalado permanentemente, dados do sensor do smartphone são usados para iniciar a comunicação emergencial.


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RESENHA ESPORTIVA COB

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inte e uma medalhas, o maior número já obtido pelo Brasil em jogos olímpicos. Foi esse o saldo dos jogos de Tóquio que encerraram neste mês de agosto. E outra marca histórica foi alcançada: a conquista de três medalhas de ouro em um único dia, com as vitórias no boxe, canoagem e futebol masculino. Das 21 medalhas desta edição, sete foram de ouro, seis de prata e oito de bronze, o que garantiu ao Brasil a 12ª colocação no ranking de países. Elas foram alcançadas em 13 modalidades. Nos jogos anteriores, no Rio 2016, o Brasil

CLÁSSICO NA LIBERTADORES TERMINA COM PLACAR IGUALADO São Paulo e Palmeiras empataram por 1 a 1, no Morumbi, pela ida das oitavas de final da Libertadores. O gol do Tricolor foi marcado na segunda etapa pelo volante Luan, que já havia deixado sua marca contra o rival na final do Campeonato Paulista. Mas Patrick de Paula, em cobrança de falta, acabou empatando. Agora, um empate sem gols na volta classifica o Alviverde. Já o São Paulo pode até empatar por mais de um gol de diferença que se classifica. Um novo empate em 1 a 1 leva a decisão nos pênaltis. Quem vencer, irá às semifinais da Libertadores. Com as duas equipes usando estratégias diferentes, a partida foi caracterizada por muito estudo, com trocas de passes e bastante pegada no meio-campo. O duelo de

Brasil volta de Tóquio com recorde de medalhas somou 19 medalhas e ficou na 13ª colocação. O surfe e o skate tiveram uma estreia de peso nas Olimpíadas garantindo quatro medalhas para o Brasil. Do surfe veio o ouro com Ítalo Ferreira que recebeu o Bolsa Pódio e três pratas. Na maratona aquática, a baiana Ana Marcela Cunha, de 29 anos, conquistou o ouro. A outra medalhista é Rayssa Leal, de 13 anos, que conquistou medalha de prata no skate street. A passagem do Brasil pelos Jogos de Tóquio teve feitos inéditos. A ginasta Rebeca Andrade conquistou as duas primeiras medalhas da história na ginástica artística CORTESIA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

ASCOM PALMEIRAS

volta promete ser mais aberto, visto que o São Paulo precisa de gols para seguir vivo na competição mais importante do planeta.

REABILITAÇÃO DO CSA NA SÉRIE B

ASCOM CSA

O Azulão vinha de duas derrotas seguidas e a zona de rebaixamento já começava a assombrar o elenco marujo. Porém a última rodada deu um alívio para o Azulão do Mutange, o time conseguiu vencer fora de casa o rival nordestino, Confiança, por 2 a 0. A vitória manteve o CSA na 12ª colocação da Série B, agora com 22 pontos, e fez o time abrir 9 para a zona do rebaixamento e deu mais tranquilidade ao plantel. Sobre o confronto, o CSA só foi acordar na segunda etapa, os visitantes foram letais em dois lances e marcaram com Iury Castillo e Dellatorre, que deram os três pontos aos alagoanos.

CSA LANÇA CAMPANHA PARA INCENTIVAR EQUIPE FEMININA DE HANDEBOL O time feminino de handebol do CSA vai participar do Campeonato Brasileiro de Clubes Junior. A competição será no mês de setembro, em Sorocaba, no estado de São Paulo. As atletas seguem se preparando para o desafio, mas é preciso colaboração fora das quadras para o sucesso da equipe na etapa nacional. Pensando nisso, o clube lançou uma campanha para arrecadação de recursos para arcar com despesas de passagens e hospedagem. O valor arrecadado será para ajudar as atletas a minimizarem suas despesas, já que o clube tem apoiado em outras necessidades, local para os treinos, transferências de atletas, uniformes e outros quesitos. Para os interessados em contribuir e ajudar o CSA, o elenco está vendendo uma rifa no valor de R$10 valendo uma camisa oficial do clube, através do Pix (076.968.364- 98), o nome da favorecida é Mariana.


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ABCDOINTERIOR O caso

Ricardo Medeiros foi autuado por homicídio culposo pelo atropelamento e morte da servidora pública Genilda. Ele foi submetido a teste de alcoolemia e ficou constatado que ele estava embriagado. A vítima caminhava no acostamento quando foi atingida pelo carro que Ricardo Rosa dirigia. Ele fugiu do local, mas foi preso momentos depois. O caso aconteceu no dia 26 de julho último.

Abriu diálogo

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m seu segundo mandato, a deputada estadual Jó Pereira (MDB) abriu um importante diálogo com os eleitores arapiraquenses. Jó Pereira esteve durante a manhã e boa parte da tarde de quarta-feira, 11, visitando veículos de comunicação, onde falou sobre projetos em favor do estado e do seu futuro político, deixando claro que o seu nome está à disposição do partido, não descartando a possibilidade de alçar voos mais altos, podendo sim entrar na disputa pela sucessão do governador Renan Filho ou até mesmo ser candidata a deputada federal.

Depende do po político

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Ao ser indagada sobre a possiblidade de disputar mandato de deputada federal, Jó Pereira adiantou que não existe nada definido e que faz parte de um grupo político e que a decisão não cabe a ela. Correligionários da deputada estadual se mostram otimistas com o seu futuro político e nos bastidores afirmam que ela pretende continuar o diálogo com alagoanos para definir com o seu grupo político qual será a sua participação nas eleições do próximo ano.

Em liberdade Na segunda-feira, 9, a Justiça negou um recurso do Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL) contra a decisão que deu direito ao ex-secretário Municipal de Saúde de Santana de Ipanema de responder em liberdade. Ricardo Medeiros Rosa é suspeito de atropelar e matar a servidora pública Genilda Bento, de 39 anos, em trecho da rodovia BR316, em Dois Riachos, Sertão alagoano.

Decisão

“Reexaminando a decisão prolatada, estou convicto de que a mesma não deve ser modificada, cujos fundamentos bem resistem às razões do recurso, de tal forma que a mantenho”, diz trecho da decisão assinada pelo juiz Alfredo dos Santos Mesquita, da Vara do Único Ofício de Cacimbinhas. Ao negar o recurso do MP, o magistrado ainda remeteu a ação para análise do Tribunal de Justiça.

Variante Delta

O município de Palmeira dos Índios confirmou primeiro caso da variante Delta. A informação foi divulgada pelo prefeito Júlio César através de um vídeo em suas redes sociais na manhã de terça, 10. No vídeo, o prefeito informou que o paciente foi diagnosticado com a variante há 30 dias e que já tinha sido vacinado.

Combate à vid-19

co-

Uma nova remessa de vacinas contra a covid-19 chegou ao município e, desde a quarta-feira, 11, os arapiraquenses com 23 anos ou mais já puderam receber a primeira dose do imunizante. Os três postos de vacinação, localizados no Sesc Arapiraca, Drive Thru do Arapiraca Garden Shopping e Ginásio da Escola Pedro Reis, estarão funcionando das 9h às 16h.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Documentos em mãos

Para se vacinar, o arapiraquense precisa levar documento oficial com foto, CPF, comprovante de residência em seu nome, e o Cartão Nacional do SUS, que deverá estar atualizado. Caso o cidadão não tenha comprovante de residência em seu nome, deve procurar sua Unidade Básica de Saúde de referência para solicitar o cartão do posto.

Hospital Regional

E por falar em saúde, o Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, implantou como serviço a odontologia hospitalar. Os trabalhos foram iniciados na maternidade com o objetivo de informar e assistir as pacientes sobre os cuidados com a saúde bucal perinatal e infantil. Os bebês que nascem prematuros ou com baixo peso podem futuramente ter problemas no esmalte dos dentes, importante na resistência dentária e na proteção contra doenças.

Idealizador do projeto

O projeto foi idealizado pelo dentista Rodrigo Pirauá, que tem especialidade em odontologia hospitalar e que destacou a importância do serviço para os recém-nascidos durante palestra de apresentação. A maternidade foi escolhida para iniciar os trabalhos em virtude do Agosto Dourado, mês de conscientização sobre a amamentação.

Formas de higienização

“Os bebês internados, que necessitam de ventilação mecânica, ficam impedidos de fechar a boca e, em contato com o ar ambiente estão mais propícios a desenvolver algum tipo de problema. A partir da próxima semana faremos visitas para detectar freio lingual nos pequenos e ensinaremos as mães a melhor forma de higienização”, explicou.

PELO INTERIOR ... Arapiraca também segue aplicando a segunda dose nos arapiraquenses que já estão em tempo de recebê-la, e também em gestantes e puérperas. É importante lembrar que a apresentação de prescrição médica é obrigatória para esse grupo. ... Na terça-feira, 10, a Secretaria Municipal de Educação e Esporte e a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) realizaram um encontro no Planetário e Casa de Ciência, com o objetivo de orientar e capacitar os profissionais que atuam diretamente no transporte escolar. ... Pela manhã, a formação foi destinada aos cuidadores em trânsito, que são os profissionais responsáveis por zelar pela segurança dos alunos enquanto eles estão dentro dos ônibus escolares. ... O superintendente adjunto, Alberto Peixoto, ministrou uma palestra educativa sobre os cuidados que os profissionais devem ter com o veículo e o transporte de alunos. ... Pela tarde, o auditório do planetário foi preenchido pelos motoristas escolares, que puderam participar de palestras voltadas à segurança dos discentes e também sobre o abuso sexual infantil com a psicóloga, Marcela Braz, e a psicopedagoga, Betty Jane, ambas do Núcleo de Desenvolvimento Multidisciplinar da SMTT. ... Um homem de identidade não revelada, natural de Igreja Nova, ganhou liberdade na segunda, 9, depois de ser preso 20 anos após uma suposta tentativa de homicídio ser registrada. ... A soltura foi concedida após a Defensoria Pública constatar a inexistência de acusação contra o homem, conseguindo a anulação do processo com base no artigo 41 do Código de Processo Penal. ... Segundo a Defensoria, no dia 26 de julho um mandado de prisão foi expedido contra ele pelo suposto envolvimento na tentativa ocorrida no ano 2000. No entanto, ele nunca foi acusado formalmente do crime. ... De acordo com Daniela Protásio, defensora do município, o nome do assistido foi inserido no processo pela acusação ainda durante a fase de instrução, quando dois outros acusados foram impronunciados. (Com Aqui Acontece) ... Saúde e paz para todos. Até a próxima edição!


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CHEIRO DE MEMÓRIAS ARQUIVO PESSOAL

Novo livro de Olívia de Cássia reúne textos dos 10 anos de seu blog

Jornalista alagoana lança seu terceiro livro

Olívia de Cássia Cerqueira decidiu vender obra sem lançamento devido à pandemia MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA

sallesiaramos18@gmail.com

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terceiro livro da jornalista Olívia de Cássia Cerqueira, 61 anos, está superando as expectativas de procura, apesar da pandemia. A autora decidiu arriscar vender sem lançamento, para evitar aglomerações, assim como foi com Palavras sem Nexo, que é de poesias e lançado ano passado via internet.

Com edição, prefácio e revisão da também jornalista Fátima Almeida, Cheiro de Memórias é um apanhado de textos escritos nos blogs da autora e foi lançado em comemoração aos 10 anos completados ano passado, sem festas pelo mesmo motivo. Em resposta ao agradecimento da autora pela disponibilidade, Fátima Almeida foi só elogio. “Olívia, querida, é um prazer contribuir e sentir, em primeiro olfato, esse seu ‘Cheiro de memó-

rias’”. E realmente a obra exala cheiro, sabor, saudade, amor e uma infinidade de sentimentos que não se perderam no tempo. Olívia conta que o blog vem tendo acessos também no exterior e é dedicado a todos aqueles e aquelas que lutam por um mundo melhor e por justiça social. “Por oportuno, posso dizer que é uma compilação das crônicas e textos publicados nas páginas de Opinião do jornal Tribuna Independente, aos domingos,

de onde me afastei em 2015 por motivos de saúde e em meus blogs nos sites O Relâmpago, Primeiro Momento e Tribuna Hoje”, pontuou a jornalista e escritora. Com olhar observador, Olívia diz que em alguns capítulos de Cheiro de Memórias há uma semelhança com Mosaicos do Tempo, “meu primeiro livro impresso em gráfica, lançado em 3 em agosto de 2018, em Maceió, e em 23 de agosto do mesmo ano, em União dos Palmares”, destacou. Portadora de Ataxia Spinocerebelar, conhecida como Doença de Machado Joseph (DMJ) doença neurodegenerativa, a jornalista diz que percebe que nos seus escritos “tem uma verve mais memorialista, não fossem alguns relatos do cotidiano ou avaliações conjunturais que publiquei na internet, ou na coluna de Opinião, no jornal Tribuna Independente”.

Aposentada por invalidez ou incapacidade permanente, Olívia avalia que seu blog http://oliviadecassia.blogspot.com é o espaço para expressar sua opinião sobre alguns assuntos variados e também as redes sociais, agora publicados em forma de livro. Diante das limitações impostas pelo problema de saúde, Olívia de Cássia pode até se olhar no espelho e quase não reconhecer a menina que foi nos tempos em que viveu em União dos Palmares, mas continua a mesma sonhadora, competente e seguindo dia a dia com seu protesto nas redes sociais. Olívia, de fato, persegue um mundo melhor e mais justo e por uma sociedade igualitária. E é com suas inquietudes, desejos e lutas, que Olívia de Cássia Cerqueira completa: “Não pense o leitor que eu tenha alguma pretensão maior com minhas publicações; estes textos podem ser definidos como um diário de bordo de uma sexagenária dando asas à sua imaginação. Posso dizer que minhas memórias afetivas ficaram lá atrás, nas brincadeiras da infância, na saudosa Rua da Ponte, no pé da Serra da Barriga, ou nas aventuras da juventude, na terra natal, a Terra da Liberdade. Minhas raízes são de lá”.

SERVIÇO: O QUE: Livro Cheiro de Memorias AUTORA: Olívia de Cássia Correia de Cerqueira PREÇO: R$: 35 LOCAIS DE VENDA: Residência da autora (em Maceió), postagem nos Correios e em União dos Palmares com Paulo José, irmão de Olívia. Informações pelo (82) 99409-3306.


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