Edição 1137

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

HANDERSON VIEIRA

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ANO XXII - Nº 1137 - 25 DE SETEMBRO A 01 DE OUTUBRO - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2022

Renan Filho lidera maratona pelo apoio dos prefeitos

A disputa para conquistar os prefeitos está acirrada, sobretudo nas cidades-polo do estado. Os principais maratonistas são Renan Filho, Collor – candidatos a uma única vaga no Senado – e Arthur Lira. 2

GRUPO JOÃO LYRA

MASSA FALIDA TROCA DE ADMINISTRADOR MAIS UMA VEZ 10

INSTAGRAM

DEUSA DAS LAGOAS

ALAGOANA VENCE DISPUTA DE MELHOR TRAJE TÍPICO DO MISS BRASIL 2021 26

Igor Telino e Guilherme Barros, sócios do escritório que vai administrar a Massa Falida

BOCA DA MATA

PREFEITO ACUMULA SALÁRIO COM CARGO DE SERVIDOR FEDERAL 8

ATÉ LEILÃO DE SANEAMENTO ENTRA NA DISPUTA ELEITORAL EM ALAGOAS Prefeituras ligadas ao deputado Arthur Lira ficam de fora do certame. 7

GOVERNADOR MUDA DISCURSO DE OLHO NA VAGA DE VICE NA CHAPA DE LULA 6

MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA GOLPE DO PIX PELAS REDES SOCIAIS 14 INSTAGRAM


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Corrida eleitoral 1

- Os municípios alagoanos nunca receberam tanta atenção política e recursos públicos quanto agora, graças às eleições do próximo ano e a disputa acirrada pelas vagas de governador e senador. Conquistar o apoio dos prefeitos virou uma maratona de candidatos em busca de alianças para fortalecer seus projetos políticos.

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- Até agora a corrida está sendo liderada pelo governador, que investe pesado em rodovias, infraestrutura de saúde e outras obras e serviços públicos em diversos municípios, inclusive na capital. Com os cofres cheios e um governo bem avaliado, Renan Filho é um forte candidato ao Senado, caso renuncie ao cargo para disputar o pleito do próximo ano.

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- Arthur Lira aparece em segundo lugar na maratona municipalista pela conquista do eleitorado do interior. O deputado não poupa esforços na luta pela liberação de emendas parlamentares e outros recursos federais para os municípios em troca de apoio político.

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- Na condição de presidente da Câmara Federal e aliado do Planalto, Arthur Lira busca consolidar seu projeto de suceder aos Calheiros na liderança política do estado. Com o apoio irrestrito de Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa, Lira pretende superar Renan Filho e fazer o governador e o senador.

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- Logo atrás vem o senador Fernando Collor, candidato à reeleição, e também aliado do presidente Jair Bolsonaro. Aos 72 anos, Collor diz ter muito gás ainda para vencer essa maratona e emplacar mais uma vitória, no que seria seu terceiro e, provavelmente, último mandato de senador.

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- Por último, correndo em raia própria para disputar a única vaga de senador em 2022, vêm o vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, o empresário Edgard Pedrosa e outros pré-candidatos menos conhecidos do eleitorado.

Indefinições Mesmo com um provável sucessor de oposição, o governador Renan Filho deve renunciar ao cargo até dia 2 de abril para disputar o Senado. A tentação de ficar no governo até o fim do mandato para administrar o gordo orçamento do Estado não deve prevalecer sobre a ideia de passar quatro anos fora do poder. Um acordo com o grupo de Arthur Lira também está praticamente descartado. No Palácio dos Martírios diz-se que a fatura exigida pela oposição para apoiar Renan Filho é alta demais, e que o governador estaria disposto a assumir os riscos de uma candidatura solo.

Escassez de líderes Faltando pouco menos de um ano para as eleições de 2022 ainda não apareceu um nome para suceder Renan Filho no governo do Estado. Pré-candidatos têm vários, mas nenhum deles com densidade eleitoral o suficiente para chegar lá. A escassez de líderes tem se repetido ao longo dos últimos governos por não se preocuparem em construir candidaturas sólidas para a sucessão. De Suruagy a Renan Filho, a preocupação tem sido afastar aliados que possam fazer sombra ou ameaçar a liderança desses chefes políticos.

Fogo baixo Após a tensão criada por acusações de fraude no processo para escolha de novo desembargador, e suspeição de irregularidade na nomeação de dirigentes de cartórios, a normalidade voltou ao Tribunal de Justiça. Para fontes do próprio TJ-AL, o aparente clima de paz deve permanecer até que o CNJ julgue esses casos.

Fim da sinecura Está marcado para 5 de novembro mais cinco leilões portuários incluindo o porto de Maceió, que historicamente tem servido de sinecura para acomodar aliados políticos do Planalto. Vinculado à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), o Porto de Jaraguá há anos está entregue às baratas, e praticamente toda sua receita é remetida para a Codern. Com a privatização, há expectativa de novos investimentos na sua modernização e do fim das gestões desastrosas que marcaram a história do terminal marítimo de Maceió nas últimas décadas.

Desgraça pouca Os usuários da água da Casal em Arapiraca, sobretudo os moradores da parte alta da cidade, não estão nada satisfeitos com os serviços da empresa Agreste Saneamento (PPP), que presta serviços de abastecimento para outros 10 municípios do Agreste. Ainda assim, Arapiraca ficou fora do segundo leilão para novas concessões de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Segundo o edital, todo dinheiro arrecadado com a outorga será dividido entre os municípios, diferente do primeiro leilão da Região Metropolitana, que gerou uma briga judicial pelo rateio dos R$ 2 bilhões arrecadados. Para os moradores da segunda maior cidade de Alagoas que sofrem com a eterna falta d’água, “qualquer desgraça é melhor que a Casal”.

Morte de abelhas Apicultores da Barra de São Miguel denunciam a matança de abelhas pela aplicação de agrotóxicos nos canaviais de usinas e destilarias da região. Alegam que em alguns locais a produção de mel caiu à metade, mesmo nessa época de floradas. A denúncia é grave e merece ser investigada pelos órgãos ambientais.

Fim das coligações O Senado rejeitou a volta das coligações partidárias nas eleições proporcionais. “A distorção do voto do eleitor decorrente da livre coligação partidária atenta contra duas das quatro cláusulas pétreas da Constituição: o voto direto, secreto, universal e periódico e, na medida em que o voto é um dos direitos políticos fundamentais do cidadão, os direitos e garantias individuais”, destacou a senadora Simone Tebet ao emitir parecer sobre a matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Cartada final

Bola da vez

Pra baixo

Mesmo que o time principal ainda não tenha entrado em campo para decidir quem será o candidato a governador do grupo, o nome do deputado Paulo Dantas é citado pela maioria dos colegas na Assembleia Legislativa. Com reduto político na região da Bacia Leiteira, Dantas tem o apoio de outras lideranças e pode, sim, além de ser o governador-tampão, disputar a continuação do mandato em outubro de 2022, caso Renan Filho se desincompatibilize do cargo.

Degola

Se depender da maioria dos deputados da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor seria o candidato ideal para disputar a vaga de Renan Filho caso ele deixe o governo para se candidatar ao Senado. O presidente da ALE é praticamente consenso entre os deputados.

O

prefeito JHC tem poucas alternativas para dar a volta por cima e carimbar sua gestão de trabalho no tempo estabelecido a mudar Maceió, como prometeu durante a campanha política. Até agora, apenas com algumas ações populistas, o prefeito não tem correspondido aos anseios da

Sem alternativa

Ao reunir o secretariado e exigir mais empenho, demonstra que seus auxiliares não têm cumprido as regras do jogo, ou seja, não estão alinhados com a política de quem comanda a Prefeitura de Maceió. As deficiências na cidade saltam a olhos vistos. São buracos, sujeira, negligência na coleta do lixo, praças abandonadas, ciclovia inacabada e, naturalmente, falta de comando.

Limpeza geral

Na reunião que teve com seus auxiliares no final da última semana, JHC mostrou que não está satisfeito com o desempenho de toda a tropa e pode modificar sua equipe caso seja absolutamente necessário. Ele já demonstrou que quer mudar a vida do maceioense. Afastou os secretários da Saúde e Infraestrutura e pode fazer o mesmo com muitos outros. É apenas uma questão de tempo.

Ineficiência

O que se tem observado ao longo do tempo, é que a Prefeitura de Maceió não tem resolvido os problemas mais emergentes como a população precisa. As obras estão paradas, os serviços essenciais estão interrompidos e a perspectiva de avanço em obras é próximo a zero.

Sem auê

O prefeito sabe perfeitamente que, para almejar uma possibilidade de se candidatar ao governo de Alagoas, tem que mostrar serviço. E isso é o que tem faltado na administração municipal. JHC reduziu o preço das passagens de ônibus, melhorou a situação dos estudantes e só. Não avançou nas obras que precisam ser realizadas.

população e embarca na mesmice de outros administradores, que pouco ou nada fizeram pelos maceioenses. JHC apostou nas redes sociais, prometeu até agora o que não conseguiu cumprir e viaja na esperança de que pode revolucionar a administração pública. PDT

A população tem observado que a prefeitura da capital tem negligenciado nos serviços essenciais do município. A coleta de lixo é precária, a recomposição do asfalto em ruas degradadas é cada vez pior e os logradouros públicos estão abandonados. Vai demorar pouco tempo para a metade dos secretários dos municípios de Maceió serem defenestrados dos cargos. A resposta de atenção às necessidades da população é a pior possível. E o prefeito JHC sabe disso. Principalmente por que se aproximam as eleições de 2022. E o prefeito deve ser protagonista, depois de ganhar uma eleição cujo principal adversário foi o governador Renan Filho.

Ineficiente

Para pessoas ligadas ao prefeito JHC, o desempenho da equipe tem sido pífio, inadequado para um compromisso assumido durante a campanha política. Ou seja, ineficiente para os projetos de JHC, que se revelou um político comprometido com a modernidade e trabalho.

Ameaça

Se o prefeito de Maceió não apertar sua equipe de governo, que parece não estar nem aí para os problemas que a cidade enfrenta, pode tirar o cavalinho da chuva e abandonar qualquer projeto que passe pelas eleições do próximo ano. Em jogo, sua provável candidatura ao governo de Alagoas e a dificuldade de eleger seu pai, João Caldas, deputado federal.

Na frente

Em baixa

Apelação

O vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, deseja ser o protagonista das eleições majoritárias do próximo ano. Tem insistido numa candidatura ao Senado Federal, mas sabe que a pretensão é muito difícil. Talvez queira se cacifar para outros embates, já que, provavelmente, o de 2022 não será o momento ideal.

Disparado

Em plena campanha e com relevantes serviços prestados a Alagoas, o ex-presidente Fernando Collor é a bola da vez para renovar o mandato para o Senado da República. Com apoio de lideranças municipais e do próprio presidente Jair Bolsonaro, Collor carimba seu passaporte para continuar mais oito anos em Brasília.

As denúncias nas redes sociais contra a Câmara Municipal de Maceió têm evoluído nas últimas semanas. São vereadores acusados de utilizar o dinheiro público para benefícios pessoais e que podem ser alvos de investigações do Ministério Público.

Corrupção

As últimas operações da Polícia Federal em Alagoas demonstram que muita coisa ainda está por vir nas instituições públicas. Além do uso indevido de dinheiro público, pelo que alguns municípios já foram alvos de operações policiais, agora nova investigação leva ao desvio de pelo menos R$ 20 milhões, num esquema que favorecia empresas e que provocaram, pela falta de medicamentos especiais, a morte de cerca de 14 pessoas. Essa turma parece que não tem jeito mesmo.

Disputa na OAB

No início da semana a oposição lançou o nome do candidato Vagner Paes como pré-candidato à presidência da OAB, tendo como vice Natália França. A dupla vai enfrentar o candidato Ednaldo Maiorano, apoiado pela situação.


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JOGO DO PODER

Renan Filho muda discurso de olho em vaga a vice de Lula Governador critica Bolsonaro, cita ex-presidente e o pai e afaga aliados com bilhões de reais ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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especulada indicação de Renan Filho (MDB) à vaga de vice de Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições mudou os discursos do governador, que aproveita inaugurações ou assinatura de ordens de serviço para nacionalizar suas declarações, citando o ex-presidente da República, o senador Renan Calheiros (MDB) e criticando Jair Bolsonaro (sem partido). A estratégia serve para atrair maior simpatia do QG de Lula, além de marcar território contra Fernando Collor (PROS), apoiador de Bolsonaro, transferindo a impopularidade do presidente da República ao senador, que é candidato à reeleição. Renan Filho também se prepara para disputar a cadeira, hoje ocupada por Collor em Brasília. Renan tem a seu favor a máquina estadual e os cofres públicos. O governo tem mais de R$ 5 bilhões em caixa para gastar em obras e projetos, uma fortuna que atrai prefeitos e vereadores e, claro, vo-

tos, através de projetos como Minha Cidade Linda, Alagoas de Ponta a Ponta e Cria. E é pensando em 2022 que o Palácio República dos Palmares monta palanques, seleciona públicos com capacidade de atrair mais gente e chama entusiastas que repetem “Renan senador”, sem descuidar da vice-presidência. Foi assim em Cacimbinhas, no último final de semana, ao lado do prefeito Hugo Wanderley (MDB) e do ex-vice-governador José Wanderley Neto (MDB). Era aniversário de 63 anos de emancipação política do município. Eventos assim servem para manter entendimentos com os prefeitos da região, mostrando a quantidade de apoios. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, atraiu mais gente. Nas eleições de 2018, ele foi o mais votado em Cacimbinhas: 54,87% ou 3.076 votos. Para se ter uma ideia do que isso representa, o segundo colocado, Sérgio Toledo, obteve na cidade 16,98% (952 votos). Na gestão de Renan, R$ 20 milhões foram investidos em Cacimbinhas. Mais R$ 10 milhões anunciados apenas

AGÊNCIA ALAGOAS

Renan Filho em Cacimbinhas: mais um município contemplado com programas do governo no dia da emancipação do município. Nos discursos do governador, culpas a Bolsonaro por ele ter paralisado as obras do Canal do Sertão, o preço do botijão de gás, inflação, fim do Bolsa Família. “Estarei entrincheirado para discutir estes problemas”, afirmou o governador. Não foi diferente em Maceió, um dia depois. Nas críticas, Renan não citava Bolsonaro, substituído pelo termo “governo federal”. A alteração manhosa não é por acaso: em 2018, Bolsonaro venceu Fernando Haddad (PT) na capital. Apesar das ditas trincheiras, Renan Filho é cobrado por duas dívidas sociais gigantescas: a não devolução dos 14% dos aposentados, descontados mensalmente para cobrir o deficit previdenciário estadual e; a falta de projetos para aplicação do Fundo Estadual Contra a Pobreza (Fecoep) aos mais atingidos pela falta de emprego, comida e assistência na pandemia. Dois projetos tramitam na Assembleia Legislativa, exigindo que as parcelas mensais do desconto sejam devolvidas aos aposentados. Somente em junho deste ano os deputados estaduais suspenderam este

desconto, mas o governador não anunciou a devolução do dinheiro. Quanto ao Fecoep, as críticas são levadas adiante pela aliada, a deputada Jó Pereira, que é do MDB mas mais próxima do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que indicou o irmão de Jó, Joãozinho, para a direção alagoana da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). “É inadmissível que, em plena pandemia, quando milhares de famílias alagoanas que vivem em extrema pobreza ficaram ainda mais vulneráveis, o Fecoep tenha guardado em caixa, no primeiro trimestre, cerca de R$ 88 milhões, provenientes de arrecadação, sem considerar o saldo remanescente”, disse Jó Pereira. “Ele não foi criado para perpetuar tal drama, fazendo apenas o apoio alimentar dos nossos irmãos alagoanos. Fecoep cabe melhorar os indicadores da extrema pobreza, com foco, planejamento, com ações multissetoriais que precisam ser simultâneas para que surtam os efeitos necessários. São ações que visam resgatar e assistir as pessoas em momentos como estes”, afirmou a deputada.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apresentou, em março, um plano emergencial de enfrentamento à pandemia. Um dos pontos é pagar R$ 150 a 40 mil famílias durante 1 ano. Em 13 de julho, 50 entidades que comemoravam os 31 anos da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em frente ao Palácio República dos Palmares entregaram pedido ao governo para a convocação extraordinária do Conselho Integrado de Políticas de Inclusão Social para a discussão imediata de um plano contra os efeitos da pandemia entre os mais pobres. Renan Filho ignorou os apelos. “Isto demonstra que não há efetividade e nem planejamento das ações, que nem são executadas. Há reclamações de alguns conselheiros dando conta de que algumas secretarias não conseguem cumprir os prazos dos programas postos para deliberação do Fecoep. As ações são sem coordenação, desorganizadas, não têm foco, planejamento e, por isso, não se atinge o objetivo para o qual o fundo foi criado. Enquanto isso, o número de famílias vulneráveis só aumenta”, afirma Jó Pereira.


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JOGO DO PODER ASCOM ARTHUR LIRA

Reunião de Arthur Lira com 45 prefeitos alagoanos, realizada em julho, na qual ele desaconselhou adesão ao leilão

Lira interfere e leilão do saneamento tem menos cidades Presidente da Câmara prometeu investimentos federais; governador amarga derrota ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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pós meses de negociações, o governo do Estado publicou o edital do leilão de concessão dos serviços de água e esgoto para 61 cidades do interior, hoje atendidas pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). O leilão está programado para 13 de dezembro. Apesar do clima de festa do Palácio República dos Palmares, o governo chega a esta segunda etapa do leilão derrotado pela influência política do presidente

da Câmara, Arthur Lira (PP). É que a previsão inicial era atrair o interesse de 89 municípios. Operação encabeçada por ele e o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB), afastou os prefeitos, como os de Canapi e Olho d’Água das Flores, ambos filiados ao PP de Lira. As cidades que não aderiram a esta etapa do leilão têm um prazo de alguns anos para organizar uma licitação individual para o mercado privado, mesmo quem tem um contrato válido com a Casal. Do contrário a Prefeitura tem de comprovar capacidade de fazer por conta própria o saneamento até 2033, obedecendo o novo Marco Legal do Saneamento. É onde entra Arthur Lira, hoje guardião das chaves do orçamento secreto além de R$ 16 bilhões a serem encaminhados aos prefeitos aliados.

BLOCOS O governo, nesta segunda fase, quer incluir cidades em dois blocos: B (Agreste e Sertão, no valor mínimo de R$ 3,3 milhões) e C (Litoral e Zona da Mata, com valor mínimo de R$ 32,4 milhões). O bloco A, com 13 cidades e a capital, foi leiloado em 30 de setembro do ano passado. O valor da outorga do 1° leilão, de R$ 2,009 bilhões, foi pago integralmente ao Estado. Neste 2° certame, será diferente: 80% do valor será repartido para as prefeituras e 20% serão pagos proporcionalmente aos municípios pelo número de habitantes. Quem vencer terá de levar abastecimento de água em até 5 anos para a população e a rede de esgoto deve alcançar 90% dos moradores em até 11 anos. Os investimentos serão de R$ 2,9 bilhões, R$ 1,6 bilhão nos primeiros cinco

anos, com a meta de reduzir de 48% para 25% a perda de água, em 12 anos. Os leilões fazem parte de um conjunto de investimentos, marcando posições eleitorais, atraindo prefeitos e abrindo a carteira de investimentos públicos aos gestores municipais. Porém, a junção de forças eleitorais interferiu nos planos do governo. Em 23 de julho, Arthur Lira reuniu 45 prefeitos e os estimulou a não aderirem ao edital do governo. “Não sou contra fazer (concessão), acho até que pode ser feito, mas é necessário observar critérios técnicos e debater questões como maior outorga, menor tarifa, tarifa social, qual a contrapartida do Estado, qual a contrapartida da União, qual a transição”, disse, completando: “Porque amanhã quando este sistema operar e a empresa chegar e for cobrar a tarifa de água e de saneamento e a população não conseguir pagar, vai cair nas costas de quem?”. Dias após este encontro, os prefeitos de Arapiraca (Luciano Barbosa), São Miguel dos Campos (George Clemente) e a deputada Jó Pereira (MDB) viajaram a Brasília para reunião com técnicos do Ministério da Economia e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco estatal participou das

etapas de preparação do edital do leilão. A proposta era construir um caminho alternativo para não aderir ao projeto do governo. Em Arapiraca, Luciano Barbosa publicou, no Diário Oficial, autorização para empresas formularem estudos para o desenvolvimento e adequação do Sistema de Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário e Gestão Comercial do município. Via Partido Progressista, o PP, Lira tentou, mas não conseguiu, suspender o 1° leilão. A estratégia jurídica através do Supremo Tribunal Federal (STF) não funcionou e a Corte manteve a operação. O embate movimentou também o gabinete do prefeito de Maceió, JHC (PSB), mas as derrotas judiciais são acachapantes. A ação judicial em torno dos R$ 2 bilhões - o valor da outorga da BRK Ambiental sobre os serviços de água e esgoto na capital - deve tramitar em Maceió, por ordem do desembargador federal Jamil Rosa de Jesus Oliveira, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília. A 8ª Vara Federal do Distrito Federal rejeitou a estratégia dos advogados da Prefeitura de incluir o BNDES no polo passivo da relação processual, atraindo o processo para a Justiça Federal. Entendeu que os atos foram realizados pelo Estado, os 13 municípios da Região Metropolitana de Maceió, a Assembleia Metropolitana e o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano, instâncias compostas exclusivamente por agentes locais, como prefeitos, integrantes do Executivo, deputados estaduais e a sociedade civil. O banco nem tem participação nem apresentou interesse jurídico nestas composições.


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BOCA DA MATA

Prefeito engorda renda com acúmulo ilegal de cargos

Bruno Feijó ignora Constituição ao receber salário do cargo de técnico da Agência Nacional de Mineração TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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prefeito do município de Boca da Mata, Bruno Feijó Teixeira (MDB), acumula dois salários que somam R$ 23.532,38 sendo R$ 18 mil no exercício do mandato político e R$ 5.532,38 no cargo de técnico administrativo da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão do Ministério de Minas e Energia. Conforme a Constituição brasileira, o prefeito, eleito no ano passado com 50,16% dos votos, deveria fazer a opção por apenas uma das remunerações, já que não é permitida a acumulação dos cargos, conforme o inciso II do artigo 38: “Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (...) investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração”. O servidor efetivo que assume cargo eletivo está impedido de exercer as duas funções e, consequentemente, não pode receber as duas remunerações. A Constituição Federal contempla uma única exceção: o exercício concomitante de cargo efetivo e de cargo eletivo de vereador, se existir compatibilidade de

horários, estando autorizada, nessa hipótese, a percepção simultânea das duas remunerações. Quando o cargo eletivo é o de prefeito, o constituinte facultou ao servidor, apenas, a opção pela remuneração a ser recebida. Para os demais cargos eletivos, nem essa alternativa existe. O descumprimento da norma pode resultar em crime por improbidade administrativa. Bruno Feijó assumiu a prefeitura em janeiro com o salário reajustado pelo tio, o polêmico ex-prefeito e cartola Gustavo Dantas Feijó (MDB). O reajuste foi aprovado no ano passado por sete dos onze vereadores da Câmara Municipal. Além do salário do prefeito, que era de R$ 15 mil e passou a R$ 18 mil, receberam reajustes no apagar das luzes daquela gestão o vice-prefeito e os secretários municipais. Gustavo Feijó foi afastado do cargo de prefeito antes do término do mandato, por 180 dias, a pedido do Ministério Público de Alagoas por suspeita de participar de um esquema que teria desviado R$ 28 milhões dos cofres do município desde 2013. De acordo com a denúncia acatada pelo Judiciário em 2019, o grupo, que contava com outras 11 pessoas, contratava, por meio de licitação fraudada, serviços que nunca foram prestados. O esquema envol-

BRUNO FERNANDES

Em junho, Bruno Feijó recebeu até 13º, como prova portal do governo federal

via uma locadora de veículos e dois postos de gasolina. Os salários dos prefeitos são definidos pela Câmara Municipal, de acordo com orçamento geral do município. Em cidades grandes ou mais prósperas, é normal que os salários sejam mais altos. Nas menores, o salário acompanha as necessidades locais, pelo menos em tese. Por lei, nenhum prefeito pode ganhar acima do teto estabelecido pela Constituição Federal, que é o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal, atualmente fixado em R$ 39,2 mil. Bruno Feijó, de 37 anos completados em junho, entrou no serviço público fe-

deral em caráter efetivo em maio de 2008 para cargo de 40 horas semanais, segundo seu histórico de vínculos com o poder Executivo federal. Na ficha eleitoral, o prefeito declarou ter formação superior como analista de sistemas e um patrimônio de R$ 100 mil. No cargo de servidor federal, tem remuneração básica de R$ 5.532,38, mas com as deduções do Imposto de Renda e Previdência chega a receber em valor líquido R$ 4.747,71. Nos comprovantes de pagamento (contracheques), consta ainda uma verba indenizatória no valor de R$ 1.221,21. Em junho deste ano, o prefeito recebeu do órgão a gratificação natalina

(equivalente ao 13º salário) no valor de R$ 2.549,89. Questionado sobre o acúmulo de cargos e salários, o prefeito Bruno Feijó, através da assessoria, ficou de enviar ao EXTRA suas considerações e argumentos, mas a resposta veio em formato de uma cópia assinada pela Superintendência de Gestão de Pessoas da ANM e datada de 29 de julho de 2021. No documento, a superintendente substituta do órgão, Regina Carvalho de Oliveira, atesta que está autorizado o afastamento do servidor para o exercício de mandato eletivo. A superintendente também afirma que a portaria sobre afastamento de Bruno Feijó teria sido publicada em boletim interno eletrônico em julho último. O documento, no entanto, não explica por qual motivo o nome do prefeito aparece no portal da transparência em contracheques nos meses de março, abril, maio, junho e julho deste ano (https://www.portaltransparencia.gov.br/servidores/ consulta?paginacaoSimples=true&tamanhoPagina=&offset=&direcaoOrdenacao=asc&nome=BRUNO+FEIJ%C3%93+TEIXEIRA), quando já não mais poderia fazer jus aos vencimentos como servidor federal por ter assumido a prefeitura a 1º de janeiro.


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LAGINHA

Massa Falida tem quarto administrador judicial em um ano Novo convocado por juízes atua em processo da prestação de contas de ex-administrador JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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o período de um ano, a Massa Falida da Laginha vai ter passado pelas mãos de pelo menos quatro administradores judiciais. Na quarta-feira, 22, os juízes Diogo de Mendonça Furtado, Emanuela Bianca de Oliveira Porangaba e Luciano Andrade De Souza, da Vara de Coruripe, decidiram pela destituição da Laspro Consultores, representada por Orestes Nestor de Souza Lastro, dando lugar a Telino e Barros Advogados Associados, sob direção do sócio-administrador Igor da Rocha Telino de Lacerda. Para rememorar, em setembro do ano passado, foi a vez da Lindoso e Araújo Consultoria Empresarial Ltda deixar o cargo, isso após a Justiça alagoana acatar agravo de instrumento interposto pela filha do ex-usineiro falecido João Lyra, Lourdinha Lyra. Com a saída de Lindoso entrou Julius César Lopes de Vasconcelos Santos, que mal aqueceu a cadeira como administrador judicial e foi trocado pela Laspro, a cortada da vez. A novela da Laginha chegou a ser destaque nacional, além do montante da dívida bilionária, por outra peculiaridade. O processo teria tantas páginas (cerca de 103.500 folhas) e arquivos que é necessário ter um servidor próprio (nuvem) de hospedagem para não congestionar o sistema da Jus-

tiça estadual. Só em termos de comparação, segundo site do Supremo Tribunal Federal, a Ação Penal 470, o Mensalão, teve 315 volumes, 72.234 páginas e 501 apensos, que, somados, se aproximam das 100 mil páginas da Massa Falida da Laginha. A troca deve fazer com que os pagamentos dos credores engatinhem ainda mais, já que o novo administrador precisará de tempo para analisar pelo menos parte do processo. Se os credores comemoraram há duas semanas a decisão do Judiciário de manter a venda dos leilões das duas usinas de Minas Gerais, agora vão ter que torcer o Tribunal de Justiça de Alagoas receber logo o pagamento do precatório de quase R$ 700 milhões por parte da Justiça Federal e pela celeridade na destreza dos trabalhos da nova administração. Conforme os magistrados, a troca foi mera tática burocrática: “Apesar de não ter sido identificada nenhuma irregularidade, tampouco ocorrido qualquer ato contrário ao bom andamento da falência, que na maioria das vezes corrobora para os afastamentos ou substituições, este Juízo decidiu determinar a substituição do referido auxiliar por entender necessária nesse momento processual”. Telino e Barros Advogados Associados é situada no bairro Casa Forte, em Recife, capital pernambucana.

TELINO&BARROS

NO CNJ

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Igor Telino vai comandar o polêmico processo de falência

Escritório do novo administrador representa Julius César O sócio-administrador Igor da Rocha Telino de Lacerda, segundo site da empresa, cursou mestrado em Ciências Jurídico-Políticas, com menção em Direito Administrativo e ênfase em Direito Ambiental e Responsabilidade Civil na Universidade de Coimbra (Portugal). É pós-graduado em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e membro da Comissão de Direito Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Pernambuco. Ainda portal da empresa, se diz especia-

lizada em insolvência empresarial, que engloba falências, recuperação judicial e reestruturação societária. Vale ressaltar que Igor Telino da Rocha, junto ao sócio Guilherme Silveira de Barros, assinaram no ano passado a prestação de contas do ex-administrador judicial Julius César Lopes. Ou seja, a Telino e Barros não estaria “tão por fora” do que se passa dentro do processo falimentar da Laginha. Julius César Lopes esteve no cargo entre os dias 23/09/2020 e 30/09/2020.

epresentantes de ex-trabalhadores e de credores da Massa Falida da Usina Laginha entraram com pedido de providências, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), solicitando que o juiz federal Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), acelere o envio do dinheiro do precatório à Comarca de Coruripe para que ocorram os pagamentos dos credores da falência. Cerca de R$ 690 milhões estão parados na conta da justiça federal há mais de um ano, esperando a remessa do dinheiro por parte do magistrado. O valor é suficiente para o pagamento de praticamente todos os 19 mil credores, tanto os extraconcursais – que têm prioridade de pagamento segundo a Lei de Falências – quanto de parte dos concursais. Em junho deste ano, a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) negou recurso da União e determinou a transferência do dinheiro para o juízo falimentar. Enquanto o dinheiro não chega, os credores, em sua maioria ex-funcionários que trabalharam boa parte da vida para o Grupo João Lyra, aguardam a completa reparação financeira há mais de 10 anos. Parte do valor do precatório pertence a fundos de investimentos que, recentemente, entraram com pedido de embargo para receber o dinheiro por Brasília e não por Alagoas. No dia 18 deste mês, a justiça federal de Brasília suspendeu, pelo prazo de 10 dias, a emissão de qualquer ofício até que se resolvam os embargos. Ou seja, levará ainda mais tempo para cumprir a decisão de destinar o dinheiro à Massa Falida da Laginha.


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RADAR FEBRABAN

Cresce a falta de esperança sobre futuro econômico do País

Confiança em bancos foi o único fator positivo na pesquisa realizada no início de setembro BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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brasileiro não tem mais perspectivas econômicas auspiciosas para o País pelos próximos seis meses, revela a terceira edição da pesquisa Radar Febraban (Federação Brasileira de Bancos), sobre o otimismo da população quanto à recuperação econômica. Segundo a pesquisa, a maior parte da população só enxerga no horizonte dos próximos meses nuvens de apreensão com desemprego, inflação e perda do poder de compra, com juros mais elevados. A pesquisa foi realizada entre 2 e 7 de setembro, com 3 mil entrevistados em todas as cinco regiões do País e publicada esta semana. A primeira edição foi feita em março e a segunda, em junho. Apesar da falta de esperança, 68% dos consultados têm fé de que sinais de recuperação econômica aparecerão no ano que vem. Depois de uma breve recuperação na segunda edição da pesquisa, o grupo dos que perderam as esperanças de recuperar suas finanças ainda este ano foi a 55%. Apenas 18% ainda acreditam na melhora de sua situação financeira até o Natal, com um recuo de 5 pontos porcentuais em relação à edição anterior do Radar Febraban. Embora não tenha participado da pesquisa, Kleber Oliveira, de 23 anos, é um dos jovens brasileiros que também não tem esperança de uma recuperação econômica tão cedo. Desempregado

desde o mês de março deste ano, tem se virado como pode fazendo alguns trabalhos como servente de pedreiro e aos fins de semana vendendo bebidas na porta das poucas casas de shows que já estão funcionando em Maceió. “Eu trabalhava em um posto de gasolina no Benedito Bentes, mas não sei o que aconteceu ao certo, acho que foi a pandemia desse vírus aí. As coisas foram apertando no final do ano passado e em fevereiro deste ano meu chefe disse que não ia poder me manter trabalhando depois de março”, contou ao EXTRA. Ainda segundo ele, embora tenha tentado outros empregos e participado de

algumas entrevistas, não consegue se ver recebendo um bom salário tão cedo. “As coisas estão ruins pra todo mundo, eu recebia relativamente bem, mas com essa crise que a gente tá vivendo, dos mercadinhos vendendo até osso para a gente comer, não sei como vai ser nosso futuro não”, lamenta. A expectativa de Kleber para o futuro também se reflete na pesquisa da Febraban, segundo a qual pouco mais da metade dos consultados (51%) acredita que o poder de compra do brasileiro é declinante. Em junho, esse percentual havia cedido a 48% dos entrevistados, mas o pessimismo quanto a

esse aspecto havia sido bem maior em março, quando 64% temiam pela perda de poder aquisitivo. Em parte, o consumo tende a perder embalo com o enfraquecimento de um de seus principais estímulos. Para 76%, os juros vão subir, uma proporção igual à de março, quando o Banco Central iniciava a trajetória de alta da taxa básica, e acima dos 72% verificados em junho. Também era bem maior no início da série o percentual dos que acreditam no aumento do desemprego (70%). Mas essa parcela ainda é relevante, com 54% do total, e maior que os 52%

apurados em junho. Se a esperança de uma recuperação econômica é mínima e com tendência a cair mais, a credibilidade no setor bancário alcançou os patamares mais elevados de opinião positiva desde o início da série histórica do estudo. A confiança dos moradores do Nordeste nos bancos é de 62%. A população considera positiva a contribuição dos bancos para o desenvolvimento da economia (66%), geração de empregos (52%), qualidade de vida (54%) e enfrentamento da crise do novo coronavírus (59%). A satisfação com o atendimento dos bancos alcança 72%.


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CUMBRE VIEJA GOVERNO DAS ILHAS CANÁRIAS

GOVERNO DAS ILHAS CANÁRIAS

Erupção do Cumbre Vieja trouxe temor entre brasileiros residentes no litoral de serem atingidos por tsunami

Tsunami causado por vulcão demoraria seis horas para chegar ao Brasil

Possibilidade de onda gigante é remota e perigo por enquanto é local, tranquiliza especialista BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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esmo que a possibilidade seja remota, um tsunami causado pelo vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias, na Espanha, demoraria aproximadamente seis horas para chegar ao Brasil. Desde o dia 11 de setembro, porém, a atividade sísmica intensa na região tem preocupado principalmente os nordestinos por conta da possibilidade, mesmo que baixíssima, do fenômeno. De acordo com a imprensa espanhola, uma grande explosão foi registrada na área antes da erupção em si, seguida por uma enorme coluna de fumaça e a expulsão de piroclastos (fragmentos de rocha sólida expelidos durante a erupção de um vulcão). É

a primeira vez que se registra atividade vulcânica em La Palma desde a erupção do Teneguía em 1971, que deixou dois mortos, milhares de desabrigados e danos às plantações. “Possibilidade existe, mas são possibilidades remotas e não quer dizer que não possa acontecer. O problema é que a gente pega a possibilidade e amplifica. Existe a possibilidade, mas para isso seriam necessárias determinadas condições, como a elevação extremada na base do vulcão a ponto de o magma não conseguir aliviar a pressão na hora que é expulso, assim como acontece com uma panela de pressão”, explica o professor Gabriel Lecapion, especialista em Oceanografia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A possibilidade em torno

do fenômeno é majoritariamente baseada em análises científicas de um estudo feito em 2002 pelo Instituto de Geofísica e Física Planetária da Universidade da Califórnia (EUA). O documento, assinado pelos pesquisadores Steven N. Ward e Simon Day, projetou que uma explosão de grande proporção capaz de causar um colapso lateral nas paredes do Cumbre Vieja poderia causar uma sequência de ondas de até 25 metros de altura nas costas da América do Norte e do Sul, o que afetaria o Brasil. De acordo com o professor Gabriel Lecapion, as condições da costa brasileira até favorecem um tsunami, mas tudo não passa de hipóteses, destacando que todo perigo por enquanto é apenas local. “Pelo que tudo indica não terá tsunami violento a pon-

to de atravessar o Atlântico, só se a ilha e o vulcão explodirem ao mesmo tempo; aí sim teremos um tsunami. Por enquanto o perigo é apenas local, com a emissão de gases e bolas de fogo projetadas, mas isso é local”. Em um trecho do estudo publicado em 2002, os pesquisadores afirmam que “dezenas” de colapsos de vulcões ocorreram no último milhão de anos, tornando a possibilidade de uma ocorrência do tipo raríssima. Atualmente o vulcão se encontra com o nível de alerta amarelo, o último nível de alerta local é o vermelho, que denuncia riscos aos humanos, casas locais e ao meio ambiente. Se o perigo se tornar vermelho, o governo das Ilhas Canárias deve iniciar a evacuação total dos milhares de moradores da região e aí sim, avisar aos

países da região. “Mesmo que o vulcão venha a explodir, um tsunami como projetado pelo estudo para acontecer aqui levaria no mínimo seis horas para atravessar o oceano. A vibração causada por ele, e que consequentemente forma uma série de ondas, viaja numa velocidade entre 650 km e 800 km por hora para chegar na base rasa da nossa costa”, tranquiliza o professor sobre a necessidade de se buscar ajuda caso o pior venha a acontecer. Cientistas que atuam no local e que medem as atividades sísmicas afirmam que mais de 4.200 pequenos tremores foram registrados e que as intensidades são crescentes. Cerca de 400 tremores mais fortes foram registrados na região apenas durante o último final de semana, antes da erupção.


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CIBERCRIMINOSOS

Alagoanos são vítimas de golpe de estelionato virtual Dramas são as armas usadas por estelionatários nas redes sociais

REPRODUÇÃO/TWITTER

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Ministério Público de Alagoas começou a apurar na última semana a conduta de uma usuária do Twitter, supostamente de Arapiraca, que está praticando estelionato na rede social usando um nome falso e contando uma história comovente para extorquir dinheiro de pessoas através do PIX. A apuração da notícia de fato está sendo comandada pelo promotor Elício Angelo de Amorim Murta, titular da 56° Promotoria de Justiça Residual Criminal. A denunciante, que pediu para não ter o nome revelado por medo de sofrer represálias, foi uma das vítimas da estelionatária que desativou o perfil ao tomar conhecimento da denúncia, numa tentativa de despistar futuras investigações. Segundo ela, só tomou conhecimento que caiu em um golpe depois que enviou dinheiro e conferiu o histórico de transferências da estelionatária. Segundo a denúncia encaminhada inicialmente à

Postagem através da qual muher conseguiu receber dinheiro pelo PIX Ouvidoria do MP Estadual, a usuária identificada apenas como Gabriela Loures está fazendo isso há mais de uma semana com o pretexto de que teria sido expulsa de casa após os pais descobrirem que ela é lésbica. “Meu pai descobriu que sou lésbica e olhou meu celular junto da minha mãe. Ele me expulsou de casa e só tenho até quinta-feira para ir embora. Não sei o que fazer, por favor me ajudem, eu vou viajar para casa de alguém, mas preciso de dinheiro”, diz trecho de um twitter anexado à denúncia. De acordo com a denúncia, ao verificar o histórico

de envios de pagamento no PicPay, um aplicativo de envio e recebimento de dinheiro no qual qualquer pessoa pode acessar o histórico da outra mediante uma configuração, é possível perceber que a estelionatária recebeu doações uma semana antes de publicar o tweet, provando que já está dando esse golpe há mais tempo. O crime se encaixa em uma tendência que tem crescido nos últimos dois anos, os chamados scammers (ou fraudadores, em tradução livre). Scammers são perfis maliciosos usados para realizar golpes na internet e o número de es-

quemas tem crescido tanto no Twitter como também no Instagram, com pessoas afirmando estarem passando dificuldade seja por questões homofóbicas ou até mesmo dificuldade financeira por conta da pandemia do novo coronavírus. A história sobre a expulsão de casa não é a única contada por Gabriela Loures. Em outro twitter, ela afirma que o pai faleceu e que sua mãe está desempregada. “Tenho um irmão pequeno e uma irmã de 10 anos, se vocês puderem me ajudar eu ia agradecer”. A mensagem é datada de abril deste ano.

COMO EVITAR

O ambiente online acaba facilitando ações ilegais, por conta da dificuldade de rastrear o criminoso e a falta de informação dos internautas sobre como denunciar. Esses perfis são mais difíceis de identificar do que um fake comum, pois eles agem como se fossem reais — postam fotos, legendas, stories e informações que conferem legitimidade para o perfil, que pode ser pessoal ou institucional. Embora não possua dados de crimes de estelionato praticado em ambiente virtual, Alagoas teve um aumento de mais de 65% no número de crimes cibernéticos registrados no ano passado, quando comparado a 2019. Enquanto em 2020 foram registradas 151 ocorrências, em 2019 foram 99, segundo dados da Polícia Civil. Administrado pela seção de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Alagoas (PC-AL), o perfil @crimesciberneticospcal dá algumas dicas na rede social instagram para evitar que as pessoas sejam vítimas de golpe. Confira algumas: - sempre desconfie de solicitações de dinheiro por mensagens - procure entrar em contato com a pessoa que está solicitando o valor por outros meios, como ligação - desconfie de mensagens que informem mudança de número - informe aos seus familiares com idades mais avançadas dos cuidados que devem ter com os golpes


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DIREITOS HUMANOS

Morte de professor evidencia modus operandi de homofóbicos em Alagoas Vereador foi assassinado com o mesmo requinte de crueldade há três anos JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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etembro de 2018, dia 6, quinta-feira. Um dia trágico para a política maceioense. O vereador Silvânio Barbosa, de 45 anos, foi encontrado morto a facadas dentro do apartamento em que morava, no bairro Benedito Bentes. Três anos após a tragédia que ceifou o parlamentar, um novo crime viria a chocar novamente a capital. José Acioli da Silva Filho, de 59 anos, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi assassinado por estrangulamento em sua residência localizada no Poço. Ele foi encontrado por amigos e familiares que estavam

preocupados com seu sumiço. Conforme perícia, o assassino ainda usou uma arma cortante para mutilar o pênis da vítima. Ambos crimes têm algo em comum: a homofobia. Tanto Silvânio Barbosa quanto José Acioli eram homossexuais assumidos que se envolveram afetivamente com os próprios matadores. Barbosa conheceu Henrique Matheus da Silva Sousa, de 18 anos na época, que trabalhava como vendedor ambulante. Os dois trocaram telefones e marcaram um encontro. O vereador buscou o rapaz e o levou para o apartamento dele. No entanto, Henrique Matheus já tinha premeditado o crime levando uma faca escondida. Quando menos esperava, Silvânio Barbosa levou uma facada no pescoço. Outras viriam acontecer em diversas regiões do corpo. A vítima foi torturada por horas até falecer. Foi quando o criminoso pegou o carro do vereador e partiu para o estado da Paraíba. Apaixonado por carros, a satisfação de estar com o automóvel Honda Civic durou pouco. Dois dias depois estava sendo encaminhado para o Sistema

Prisional de Alagoas. E no dia 28 de maio de 2019, Henrique Mateus foi condenado a 24 anos de prisão. Quem proferiu a sentença foi o magistrado Rodolfo Osório Gatto Hermann. O carro também teria sido o principal objeto de desejo do acusado de matar o professor da Ufal. Marciel Silva, de 23 anos, desempregado que fazia bicos de garçom, é casado e pai de dois filhos. De acordo com a Polícia Civil, o professor estava arcando com o tratamento dentário de Marciel. Enquanto José Acioli enxergava o jovem como um interesse amoroso, o acusado estaria atrás do carro da vítima, outra similaridade com o Caso Silvânio. Tanto é que já tinha até negociado o veículo para um possível comprador. Durante coletiva de imprensa, na segunda, 20, o delegado que apura o caso, Ronilson Medeiros, mencionou a palavra “crime de homofobia”, atitude elogiada pelo ativista do movimento gay de Maceió Messias Mendonça. O fato de o acusado ter matado para consumar o roubo é, sim, considerado latrocínio. Contudo, nessa situação tem um agravante: o requinte de cruelda-

de. É aqui que mora a homofobia. São facadas em abundância, por volta de 26, como aconteceu com Silvânio Barbosa. Já na morte do professor, após o estrangulamento, o assassino não se contentou até mutilar o pênis da vítima. A partir dessas características é que Ronilson Medeiros apontou que José Acioli foi mais um alvo de ataque homofóbico. MANUAL Ao EXTRA, Messias Mendonça explicou que a Aliança Nacional LGBTI+ publicou um manual para integrantes da comunidade gay com orientações para não serem vítimas da violência. A primeira dica é: não andar sozinho. “Os grupos de ódio preferem as vítimas mais vulneráveis. Pessoas alcoolizadas ou sob efeito de drogas, pessoas com aparência mais fraca, que estão andando sozinhas durante a noite em lugares com pouco ou nenhum movimento, portanto evite se colocar nestas situações”, frisa o manual. Outra tática seria evitar reagir a ofensas: “Uma das táticas dos grupos skinheads (extremistas) é promover

um confronto e depois espancar a vítima. Eles podem passar e xingar, dar um esbarrão, derrubar a sua bebida, ou fazer algo infantil que lembra o bullying nas escolas. Se alguém te xingar gratuitamente ou provocar, procure uma autoridade policial e denuncie. Quando detidos/as, eles/as alegam que ocorreu uma briga comum, com trocas de ofensas”. E uma das mais importantes, que Messias Mendonça faz questão de ressaltar: ter cuidados com falsos gays ou garotos de programa, que podem ser criminosos disfarçados. “Tenha cuidado com quem você leva na sua casa. Muitas vezes, pode-se acabar dormindo com o inimigo”, destacou o ativista. O manual também alerta sobre o fato: “Se você conheceu alguém através de aplicativos de encontro e acertou ter relação, peça uma foto do rosto da pessoa, faça um

Maria A na e Me Mendon


aria Alcia e Messias endonça

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ARQUIVO PESSOAL

CÂMARA DE MACEIÓ/DIVULGAÇÃO

MAIS DICAS Não confie no anonimato dos aplicativos. Investigue se a pessoa é real ou fake. Tem redes sociais? Algum amigo seu conhece? De preferência, marque o primeiro encontro em lugar público. Informe um amigo sobre seus encontros, compartilhe localização/endereço. Se identificar na portaria, sem máscara, para câmeras de segurança. José Acioli e Silvânio Barbosa foram vítimas de golpistas homofóbicos JOSÉ FERNANDO MARTINS/EXTRA

O DELEGADO ENTENDER QUE O CRIME FOI HOMOFOBIA É UM GRANDE AVANÇO POLÍTICO. MAS, E AGORA, O QUE TEMOS QUE FAZER? A HOMOFOBIA TEM QUE SER COMBATIDA COM POLÍTICAS MACRO E COM COMPREENSÃO PARA RESPONDER AOS ANSEIOS DA SOCIEDADE, QUE É DE JUSTIÇA”. MARIA ALCINA RAMOS, assessora técnica da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas

print e mande para duas ou três pessoas amigas. Peça também um número de telefone e/ou whatsapp, por fora do aplicativo, para maior segurança”. E os conselhos não valem apenas para a comunidade gay. Maria Alcina Ramos, assessora técnica da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas, destaca que a sociedade tem a imagem de que o homossexual é promíscuo, sendo assim, mais fácil de ser vítima de criminosos. No entanto, ela frisa que qualquer um pode ser alvo de pessoas sem boas intenções. “O delegado entender que o crime foi homofobia é um grande avanço político. Mas, e agora, o que temos que fazer? A homofobia tem que ser combatida com políticas macro e com compreensão para responder aos anseios da sociedade, que é de justiça”.

Caso você perceba que está em situação de risco, corra para um local movimentado e iluminado, grite alto por socorro. Esta tática inibe as agressões, pois chama a atenção de outras pessoas que podem ajudar você. Não tente lutar contra eles/as. Além de treinados/ as para a violência, eles contam com estratégias para cometer esses crimes, conhecem o terreno onde atuam e estão em maior número. Grande parte dos assassinatos gayfóbicos ocorrem quando a vítima leva desconhecidos/as mal intencionados/as para casa. Prefira pessoas indicadas por amigos e só faça programa depois de ter certeza que a pessoa é de confiança. Prefira motéis, hotéis, cinemões, vídeo-locadoras especializadas, locais com câmeras de segurança e não aceite convites para lugares desconhecidos. Se acontecer de levar para casa, não o/a esconda do porteiro ou de vizinhos, eles podem ajudá-lo na hora do perigo.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Boreout

Nas empresas ou em repartições públicas, a Síndrome de Boreout pode acontecer quando o colaborador enfrenta uma situação de baixo volume de tarefas. A síndrome também pode ser relacionada a funções que exigem do colaborador/funcionário alguns dias de atuação intensa, fazendo com que no restante da semana ele fique ocioso.

Pandemia da covid-19

A nova falta? Síndrome de Boreout

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s pesquisadores sempre souberam que os extremos, quaisquer que sejam eles: comportamentos, pensamentos ou crenças, precisam ser investigados para que a pessoa possa se livrar desses sofrimentos. Se na Síndrome do Burnout o excesso de trabalho pode levar a pessoa a ter sérios problemas de saúde mental e físico, inclusive alguns transtornos mentais agudos, até depressão, a falta de trabalho também é prejudicial, é a agora conhecida Síndrome do Boreout. De acordo com a pesquisa, a falta de demandas no ambiente laboral pode causar tédio, ansiedade e frustração nos profissionais e afeta, diretamente, a saúde mental da pessoa. O termo, Boreout, vem do verbo em inglês “bore”, que significa entediar. Pois é, excesso de trabalho e pandemia – geralmente as pessoas estão trabalhando mais devido a crise econômica – podem desencadear a Síndrome de Burnout Existem quatro indícios de que um ambiente de trabalho pode ser tóxico, ainda que as tarefas sejam feitas à distância ou em home office.

O diretor-geral da empresa Michael Page, Ricardo Basaglia, destacou que “com as pessoas trabalhando de casa, sem o convívio social com os demais colegas e fora do ambiente da empresa, é possível que surjam questionamentos sobre a produtividade e relevância de sua função dentro da organização. Ter dias menos corridos é normal. O perigo está na sensação de tédio constante”, argumentou. Ricardo Basaglia é o titular da empresa e é o responsável por recrutamento especializado de executivos de alta e média gerência. De acordo com o diretor, muitos associam essa condição de tédio à preguiça ou má vontade. Mas para o especialista em recrutamento, nem sempre a falta de demanda está relacionada com a dedicação do funcionário. “Há situações em que chefes centralizadores não delegam responsabilidades, por exemplo. A falta de planejamento e de organização das tarefas da equipe também pode contribuir para esse cenário”, destacou.

GOZAR Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos. (William Shakespeare)

Colaboradores

Para Basaglia, mais do que apenas pensar nos resultados da empresa/repartição pública, é importante que empresas e lideranças se preocupem também com o desenvolvimento de seus colaboradores. “Uma condição de tédio constante pode levar o profissional à frustração, fazendo com que ele desista de seu emprego e da carreira à qual tanto se dedicou. Como líderes, precisamos olhar para essas situações com empatia, a fim de ajudar quem está ao nosso redor”, concluiu.

A falta ...

Para Lacan, principal discípulo de Freud, a falta, seja ela qual for, nos proporciona angústia. Somos sujeitos que sempre achamos que falta algo, daí a aflição e pode, também, desencadear ansiedade e até depressão. Pois é, a nossa falta de cada dia pode nos levar a ter a Síndrome de Boreout. Portanto, é bom ficar atento e procurar um psicólogo para nomear qualquer que seja uma falta. Só assim é possível investigar a origem dela, seja ela qual for, para que se possa minimizar um sofrimento, seja por pensamentos, comportamentos ou crenças. (Texto baseado no link: https:// epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2021/09/esqueca-o-burnout-preocupacao-dos-chefes-agora-e-com-sindromede-boreout.html) Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Nós temos um elenco de provas e, a cada dia, chegam mais provas de que essa coisa infelizmente, lamentavelmente, existiu” - (Renan Calheiros sobre o gabinete paralelo no Palácio do Planalto)

Eleições milionárias

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e aproxima o ano eleitoral (2022) que promete ser de disputas acirradas nos campos majoritário e proporcional. Pelo andar da carruagem, pra começo de conversa, será uma das eleições mais caras e para conquistar o pódio só há vagas para candidatos ricos (quase todos são) ou aqueles fenômenos eleitorais, que dificilmente surgirão, pelo momento eleitoral muito conturbado e polarizado eleitoralmente. Um outro problema se apresenta para os candi-

Os caciques da eleição Sabemos que na teoria eleição representa a vontade do povo, mas na prática não é bem assim. Os eleitores recebem o “cardápio” pronto para escolher em quem votar e na lista só constam os “ungidos” pelos que têm o poder, pelas conveniências políticas e pelo dinheiro, que muitas vezes é tirado do próprio povo. E no mais toda eleição é feita por “caciques” e os “índios” apenas seguem a ordem dada. Os que sabem votar e os “fora da tribo” são geralmente minoria e não fazem diferença no resultado. Temos um exemplo muito evidente nas eleições de 2018, quando foram eleitos ou reeleitos exatamente os atores citados anteriormente.

Nem sempre é o melhor Muitas vezes, saindo da bolha do voto negociado, há também o voto equivocado, o que é tão maléfico quanto o primeiro. No pleito de 2018, montado em um marketing caboclo, mas eficiente, o então deputado Rodrigo Cunha, que teve um mandato razoável na Assembleia Legislativa, ganhou uma cadeira no Senado, derrotando o deputado federal Maurício Quintella, recém-saído do Ministério dos Transportes, com atuação protagonista no Congresso Nacional e com grandes serviços prestados ao estado. Alagoas saiu perdendo com a opção equivocada. Rodrigo Cunha é um senador de “segunda classe”, com um mandato pífio e quase que um desconhecido no Senado. Não são poucos os colegas que me indagam em Brasília quem é o terceiro senador de Alagoas (fora Renan Calheiros e Fernando Collor) e eu prontamente respondo: “Ninguém”.

datos, principalmente dos partidos pequenos, com as novas regras eleitorais proibindo as coligações nas eleições proporcionais, mesmo assim continuarão servindo de “legendas de aluguel” nas composições majoritárias e no tempo de televisão gratuito. Negócios milionários serão feitos em nome da unidade eleitoral espúria. Aqui entre nós, o quadro começa a se definir somente no início do próximo ano, embora as tratativas já estejam rolando nos bastidores.

Mentindo na CPI

Durante seu depoimento na quarta-feira, o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, passou da condição de testemunha para a de investigado pela CPI da Pandemia. Tendo jurado dizer a verdade, Batista Júnior foi acusado por senadores de mentir e de ter trabalhado em conjunto com o chamado gabinete paralelo, que atuaria no Ministério da Saúde. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), mostrou vídeos em que Batista Junior tratava de protocolos de combate à covid-19 com integrantes do grupo que atuava junto ao governo Bolsonaro. O problema é saber se a CPI terá tempo para ouvir um seu novo depoimento, uma vez que já são 35 testemunhas transformadas em investigadas e a comissão está caminhando para o fim de seus trabalhos.

Ofensa irrita senadores

Na reunião da CPI esta semana os senadores se solidarizaram com Simone Tebet (MDB-MS). A senadora foi vítima de um ataque machista por parte do ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Wagner Rosário. Para os membros da CPI, a atitude do controlador foi uma agressão às mulheres de todo o Brasil e ao Senado Federal como instituição. “A agressão que nós vimos – e já vimos aqui a manifestação de vários senadores e senadoras – não só atinge todas as mulheres, mas atinge esta Casa, porque se tentou, de uma maneira chula, de uma maneira ordinária, de uma maneira canalha até, atingir a imagem da nossa grande e inspiradora amiga Simone Tebet”, afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Durante o seu depoimento, após discordar da senadora, o ministro usou o termo “descontrolada” e sugeriu que a parlamentar “lesse de novo” todo processo referente à vacina indiana Covaxin. Segundo ele, ela teria dito “inverdades” sobre o caso.

Renan Calheiros, missão cumprida Não foi sem razão que os componentes da CPI da Covid escolheram o senador Renan Calheiros para ser seu relator. Sabiam de antemão as reações desleais do Palácio do Planalto, as tramas e ameaças que circundam o gabinete do presidente e a interferência maléfica dos seus filhos e a sanha criminosa de seus seguidores. Não era tarefa para um senador qualquer. Foram buscar o mais astuto, o que mais entende de regimento do Congresso Nacional e com coragem suficiente para enfrentar o lado podre do bolsonarismo. Odiado por muitos e amado por alguns, Renan cumpriu fielmente o seu papel, fazendo tremer as bases do Palácio do Planalto e impondo noite insones a Bolsonaro. O relator está finalizando o aguardado veredito, que certamente irá incriminar além de políticos, destacadas figuras públicas e empresários, com o presidente da República encabeçando a lista. A montanha não vai parir um rato.

PÍLULAS DO PEDRO VAGNER PAES caminha para obter vitória nas eleições da OAB. Há uma onda de adesões importantes à sua candidatura. MACEIÓ É A ÚNICA CAPITAL que não tem uma política pública voltada para a causa animal.


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O febeapá do crioulo doido

ELIAS FRAGOSO n Economista

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ão leitor, você não leu errado. A intenção foi essa mesma, chamar a sua atenção para coisa séria com a “brincadeira” de juntar dois títulos de livros do Stanislau Ponte Preta, alcunha do escritor, compositor, jornalista e, em especial, um grande satírico, Sérgio Porto. Foi a forma encontrada para realçar o que este país está sofrendo nos últimos 19 anos, por conta da sucessão de figuras malsãs que estiveram à frente do Brasil e arrebentaram o país. Nos dois governos petistas, sucessor do governo FHC que legou

à Nação o Plano Real, dois analfabetos funcionais, um corrupto e ladravaz na acepção da palavra, arrebentaram com a vida de toda a classe média e de roldão, também os pobres, ao celeradamente roubar tudo que pode do país (e não apenas a Petrobras) junto com comparsas de quase todos partidos. A outra, aparvalhada, mentirosa, incapaz, por desqualificada, para a chefia da Nação, presente do chefe do bando petista para continuar mandando, não só manteve a bandalha ladravaz a funcionar de vento em popa como, achando pouco, promoveu a maior barbeiragem da história das gestões da economia do país afundando de vez navio que fazia água a bom tempo. Ela e seu mentor – candidato de novo, e vocês sabem para quê – legaram ao país a maior crise econômica dos últimos 50 anos. Só para relembrar os “esquecidos”: o roubo ultrapassou os 100 bilhões de reais. Sem esquecer que o PIB, na lona, ficou negativo por intermináveis 3 anos de sofrimento

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para a Nação, exceto para petistas que se lambuzaram com tanta corrupção. Em seguida, após escaramuça por ele articulada assume pós-impeachment, uma figura menor da política neste país. Capacitado, inteligente, sagaz e hábil articulador de bastidores, sempre operou na sombra dos barões da roubalheira do seu partido, o PMDB, hoje MDB, em conjunto com “batedores de carteira” sobejamente conhecidos tal a proximidade com o chefete. Não teve tempo para roubar. Foi pego nos primeiros dias do seu governo, com o flagra dado no deputado saltitante que foi receber uma mala com 500 mil reais roubados para lhe entregar e, logo em seguida, aconselhando o presidente da JBS a manter pagamentos escusos para outro ladravaz, o ex-presidente da Câmara (que à época estava preso). Brecado, findou por promover (com ótima equipe econômica que havia formado) as bases para a recuperação econômica do país, a partir do próximo governo.

Mas, eis que surge Bolsonaro e seu discurso raivoso-radical para inglês ver, cujo intento desde sempre foi se proteger e proteger os filhos, ex-mulheres, milicianos e outros bandidos do seu entorno das falcatruas e desvios que ele bem sabia viriam à tona. O Brasil? Que se lasque! Aliás, sua premonitória frase de posse foi emblemática: “Eu não vim para criar, vim para destruir tudo”. Está conseguindo. Não vamos relembrar as canalhices, atrocidades com o povo brasileiro ou tentativas golpistas. O País já as conhece sobejamente, como sua vileza, covardia e incompetência. Este texto é uma chamada à razão. Estamos com 19 anos e iremos a 20 anos perdidos. Duas décadas. Reeleger Bolsonaro ou Lula só vai fazer as coisas piorarem. Politica não é futebol, embora desperte paixões. Não se deixem enganar por esses que aí estão. Hora de gente honesta. Elas são raras nesse meio, mas existem. É preciso resgatá-las do meio do joio.

Não vamos relembrar as canalhices, atrocidades com o povo brasileiro ou tentativas golpistas. O País já as conhece sobejamente, como sua vileza, covardia e incompetência.


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Convescote em NY

CLÁUDIO VIEIRA

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n Advogado e escritor

bsurdo! Forçar o presidente a comer nas ruas de Nova York? Estão dizendo os bolsonaristas. É verdade, mas não absurdo: Bolsonaro não foi forçado. Comeu na rua porque quis, em canhestro populismo. Mesmo não estando vacinado, poderia comer em qualquer restaurante, desde que nas mesas exteriores do estabelecimento, o que é comum em Nova York. Po-

deria degustar nas ruas nova-iorquinas o melhor cachorro quente do mundo, servido em food trucks, ou carrocinhas. Preferiu, no entanto, uma pizza, e poderia apreciá-la, como aqui referido, na parte externa da pizzaria. Exercia o que pensou ser uma tosca jogada de marketing. Optou, também, por não ser vacinado contra a covid-19. Assumiu, então, o ônus da sua teimosia, e não poderia ser diferente. Aqui no Brasil, arrogante ele se sente à vontade para dar o mau exemplo: não se vacina, não usa máscaras, e muito mais. Não deveria, mas é da natureza dele. Acontece que não é dono do mundo, e, portanto, está sujeito às leis dos países que visita. A atualidade de vários estados e cidades dos Estados Unidos, inclusive Nova York, é que no ambiente externo as pessoas podem circular sem o apetrecho protetor. No interior dos estabelecimentos, sejam comerciais,

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particulares ou públicos, o uso da máscara é obrigatório, a menos quando se está imunizado. E Bolsonaro, por opção, não estava. Não foi esse, porém, o único vexame que o presidente e a comitiva brasileira produziram nessa curta viagem à ONU. No país dos livres, um deslumbrado ministro da Saúde se permite a grosseria de gestos obscenos na direção de manifestantes, opositores de Bolsonaro e da presença do mesmo em NY. Esse hiato escatológico foi o prelúdio do que viria com o discurso do presidente do Brasil no plenário da 75ª Assembleia Anual das Nações Unidas. Bolsonaro ocupou o seu espaço para castigar o mundo e envergonhar os brasileiros com tantas inverdades; tantas ideias desconformes com a realidade; tanta manifestação de estultice teimosa; tanta arrogância. Repetiu para uma pla-

teia de líderes mundiais, presentes pessoal ou virtualmente, suas convicções retrógradas sobre o tratamento precoce, hoje desautorizado pelo melhor da ciência internacional. Para alguém que não sabe, o representante do Brasil recebe a honra de ser o primeiro a discursar nas Assembleias Gerais da ONU desde 1947, a 1ª Assembleia, quando Oswaldo Aranha, em nome do nosso país, abriu os trabalhos com inesquecível discurso, em defesa da criação do Estado de Israel. Não há lei escrita sobre isso, mas desde então o Brasil, anualmente, é homenageado com o discurso de abertura das Assembleias Gerais da ONU. O que se espera, então, do presidente brasileiro, é um discurso para o mundo, não para o cercadinho do Planalto, como aconteceu. Vexame mais danoso que comer pizza no meio da rua em Nova York.

No interior dos estabelecimentos, sejam comerciais, particulares ou públicos, o uso da máscara é obrigatório, a menos quando se está imunizado. E Bolsonaro, por opção, não estava.

E lá se foi Tia Nelba!

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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que o idoso tem de mais valioso em sua vida é um baú de recordações. Umas boas, outras ruins. Mas servem de julgamento às pessoas que com ele conviveram. Nos idos de 1950, as jovens alagoanas que estudaram no velho Instituto de Educação eram selecionadas através de exames rigorosos e instruídas por professores catedráticos. Havia uma certa rixa com as meninas de colégios particulares, mas naquela época o ensino público era de boa qualidade. Duas mocinhas de classe média estudavam na velha instituição do centro da cidade que,

em 1957, foi transferida para o bairro do Farol e transformada em Colégio Estadual Moreira e Silva, passando a fazer parte do Cepa. Coincidentemente, as duas jovens começaram a namorar dois irmãos e com eles se casaram. Por conta da profissão dos maridos, militares, viveram em vários lugares e terminaram se estabelecendo em Recife. A vida foi seguindo, os filhos aparecendo e os problemas surgindo. As duas jovens se tornaram senhoras, foram convivendo uma com a outra, desenvolvendo um bom relacionamento. Os filhos foram crescendo e tendo uma criação interessante, porque as mães eram completamente diferentes. Todavia, como os pais das crianças eram muito unidos, foram passando o exemplo para os filhos, que se tornaram amigos de uma vida toda. A distância não separou as duas mulheres. Elas se encontravam em diversas ocasiões e recebiam os sobrinhos com muito carinho. No Recife, meus filhos tinham uma pessoa querida, que sempre os recebia muito bem. Por outro lado, em qualquer estado do Brasil, os filhos da Tia Nelba

tinham em nossa casa um lugar repleto de amor. Já madura, ela resolveu cursar Psicologia na Universidade Católica de Pernambuco e passou a trabalhar com crianças especiais em Casa Amarela, no Recife. Lá ficou durante mais de vinte anos e adquiriu vasta experiência. Os anos foram passando, os netos chegando e o amor crescendo. Como Nelba não possuía filhas mulheres, se apegou às minhas duas meninas, sempre as tratando com carinho, gentileza e muito cuidado. Entretanto, não há só coisas boas na vida e os problemas foram aparecendo. Platão, marido de Nelba, militar e excelente professor de matemática da Universidade Católica de Pernambuco, adoeceu gravemente, falecendo aos 71 anos. Foi um choque terrível. A família sentiu uma grande lacuna com a ausência de um marido, pai, avô, irmão e cunhado da melhor qualidade. Lembro-me que na missa de sétimo dia, foi elogiado pelo reitor da PUC: “O professor Platão fundou o Curso de Administração de nossa universidade, ensinando Matemáti-

ca Financeira, durante quarenta anos. Nunca faltou um dia, nem chegou atrasado às aulas”. Aproveitei a ocasião para mostrar aos filhos e netos o exemplo do meu cunhado querido. Durante a doença do Platão que durou um ano, íamos ao Recife toda semana, prestar assistência ao casal. Ficou viúva a Tia Nelba, virando uma mulher triste. O companheiro fazia falta demais e ela foi se trancando e administrando a perda do marido com apatia e muita dor. Os três filhos de nossa cunhada cuidaram dela com muita dedicação. Seu filho mais novo morou com ela nesses últimos onze anos de viuvez. De repente, nossa amiga adoeceu com um problema de apendicite, que infeccionou e a deixou vinte e tantos dias na UTI. Em 17 de setembro recebemos a notícia do seu falecimento. A tristeza tomou conta de nossa família. Deus levou uma pessoa querida, que amparou nossos filhos, sendo para mim uma cunhada-irmã. Que Ele a tenha em bom lugar!

Os filhos foram crescendo e tendo uma criação interessante, porque as mães eram completamente diferentes. Todavia, como os pais das crianças eram muito unidos, foram passando o exemplo para os filhos, que se tornaram amigos de uma vida toda.


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TRÂNSITO

Detran identifica fraude em transferência de veículo em Alagoas Após confirmar denúncia de condutor, órgão acionou o Ministério Público Estadual

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ma suspeita de fraude dentro do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran) está sendo investigada pela Coordenadoria das Promotorias Criminais Residuais do Ministério Público do Estado (MPE). Trata-se de uma denúncia de um representante comercial envolvendo um veículo Golf 2.0, de cor branca, matriculado em Juazeiro, estado baiano. No relatório disponível no site do MP, a vítima conta que, em meados de 2017, negociou a venda do automóvel com um empresário de Recife, porém, em razão de ausência de pagamento, o negócio acabou desfeito. No entanto, o veículo em questão não estava mais nas mãos do então empresário pernambucano, porque, segundo ele, já teria sido vendido para uma pessoa de Alagoas. Sendo assim, por mais de um ano, o denunciante tentou encontrar o paradeiro do carro até que, em diligência com o Detran/AL, constatou que o automóvel estava ainda matriculado em seu nome, mas com endereço e placas de Maceió. A informação lhe causou surpresa, a primeira no caso, uma vez que o veículo estava transferido de estado sem permissão e sem as devidas e regulares assinaturas documentais para o trâmite. Foi quando, identificado o endereço do “dono” do automóvel, uma diligência se deparou com uma loja de carros localizada na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol. Lá, descobriu que o veículo já tinha sido vendido novamente. No início do mês de maio foram iniciados os procedimentos para bloqueio administrativo do veículo a partir do pagamento de uma guia exigida para o serviço. Foi quando o denunciante topou com a segunda surpresa. O veículo havia sido trans-

ferido de nome. “O que causa uma enorme, porque não descomunal, estranheza, haja vista que, pelo que se sabe, para que a transferência de titularidade de veículo seja efetivada, é necessário que sejam preenchidos vários requisitos, dentre os quais, a assinatura do DUT (Documento Único de Transferência), sendo exigido reconhecimento de firma da forma presencial, o que não ocorreu”, consta em trecho do processo que tramita no MPE. O suposto reconhecimento de firma, conforme termo de declaração do denunciante, ocorreu no 2º Cartório de Ofício de Notas da Cidade de Maceió. No entanto, ele insiste em afirmar não ter firma registrada em nenhum cartório de Alagoas. Também disse no processo que não reconhece como seu o endereço constante no processo de transferência e nem como sua a assinatura no documento expedido pelo Detran para solicitação do serviço de transferência do automóvel. Acionado pelo MP, o Detran encaminhou um ofício à promotoria responsável pelo caso. “A chefia de correição, realizada a oitiva e diante dos fatos e provas constante dos presentes autos, não vislumbrou a participação de servidor do Detran/AL nas fraudes porventura verificadas no presente processo, notadamente em razão de que a assinatura do vendedor presente no documento de compra e venda do veículo está com firma reconhecida pelo cartório”, destacou o departamento de trânsito. O Detran também explicou que acionou o cartório, que informou por meio de certidão que o denunciante não possui firma aberta na serventia. Por essa razão, o processo administrativo que corria no Departamento acabou sendo encaminhado ao órgão fiscalizador. “Nesse diapasão, encaminhamos cópia integral do processo administrativo eletrônico objetivando a

ASCOM/DETRAN-AL

Adrualdo Catão encaminhou ao MP resultado da apuração no órgão

apuração de eventual crime diante dos fatos e provas”, solicitou o diretor presidente do Detran Alagoas, Adrualdo Catão. A última movimentação do processo do MPE de número 02.2021.00005431-0 ocorreu no dia 20 deste mês para encaminhamento ao setor responsável pela investigação. EXIGÊNCIAS Entre as solicitações ao Detran, a vítima pede o imediato bloqueio do veículo para que a pessoa que está de posse não aliene o automóvel, adotar as medidas cabíveis para identificar as pessoas envolvidas na transferência ilegal, pedir para que batalhões de Trânsito sejam avisados sobre a ilegalidade do carro e a transferência de titularidade de volta à pessoa lesada.

Requerimento de Autorização Ambiental Clean Sea Coleta de Resíduos e Transporte LTDA, CNPJ 28.100.976/0001-41, localizada à Rua Desembargador Almeida Guimarães, 175, Sala A, Pajuçara, CEP 57.030-160, torna público que requereu à Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente - SEDET a Autorização Ambiental para Regularização Operacional, para atividade econômica de coleta e transporte de resíduos no município de Maceió.

Requerimento de Regularização de Licença de Operação Lamara - Laboratório de Análises Médicas de Arapiraca LTDA - EPP portadora do CNPJ 12.439.212/0003-10 localizada na Avenida Wanderley, 465, Santa Luzia - Penedo / Alagoas, torna público que requereu ao IMA/AL a Regularização de Licença de Operação para a atividade de Laboratório de Anatomia Patológica e Citologia. Foi determinado estudo de impacto ambiental.


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BARRA DE SANTO ANTÔNIO se prepara para viver a melhor alta temporada turística da sua história

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aniversário de 204 anos de Emancipação Política de Alagoas foi comemorado com a entrega de obras à população da Barra de Santo Antônio pela prefeita Lívia Carla (PTB). A data histórica foi acompanhada em clima de festa no município, que tem passado por momentos de profunda mudança na gestão pública, agora comprometida com as prioridades dos habitantes e visitantes. Junto com o secretariado, vereadores e convidados, a prefeita devolveu aos moradores a Praça Padre Cícero, um equipamento revitalizado e com estrutura adequada para proporcionar lazer. A praça é um símbolo da vida interiorana, onde a socialização é desenvolvida desde a infância. A cidade também ganhou o totem “Eu Amo Barra de Santo Antônio”, um novo ponto turístico, além de iluminação na ponte e uma ambulância, adquirida com recursos de emendas dos deputados estadual Antônio Albuquerque e deputado federal Nivaldo Albuquerque, que têm contribuído para melhoria da infraestrutura da cidade. “Dois parceiros da nossa gestão e do povo barrense”, afirma a prefeita. Aliás, as atrações turísticas levaram o município a conquistar o primeiro lugar no 1º Prêmio de Turismo que será entregue pela Revista Class Magazine no próximo dia 27 deste mês, quando se comemora o Dia do Turismo. “Enquanto prefeita for da Barra de Santo Antônio, não medirei esforços para que o turismo cresça e, com ele, novas oportunidades de geração de emprego e renda para o nosso povo”, enfatiza a prefeita. O turismo é um dos pilares da economia da Barra de Santo Antônio e as expectativas para esta alta temporada são grandes. A prefeita anuncia uma série de eventos, como o Verão na Ilha e o carnaval, que promete colocar o município no patamar da melhor festa no Litoral Norte de Alagoas. Lívia Carla lembra que todos os eventos póspandemia serão realizados para dar oportunidade aos moradores da cidade, os pequenos empreendedores, e para mostrar a exuberância do município ao mundo.

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PROCON EM AÇÃO

Mais de 6 mil maceioenses estão com o nome limpo após força-tarefa da Prefeitura

Grande maioria não conseguia saldar dívidas junto à concessionária de energia elétrica ASSESSORIA

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m pouco mais de um mês, desde que foi inaugurado o Núcleo de Apoio ao Superendividado (NAS) e realizado o Feirão do Nome Limpo, cerca de 6 mil negociações de dívidas foram concluídas com a mediação do Procon Maceió. A maior parte dos acordos firmados se refere a pendências com a concessionária de energia elétrica e com empresas de operações de crédito. Somente na feira, no calçadão do comércio da capital, foram mais de 5 mil aberturas de negociações. Outras 1.110 foram registradas na sede e nos núcleos que fazem parte do órgão de defesa do consumidor da capital. A procura pelo serviço foi feita, geralmente, por pessoas que têm acúmulo de dívidas contraídas nos últimos três anos e que, por algum motivo, não conseguiram pagá-las. Os fatores que provocaram esta situação passam pelo descontrole do orçamento familiar e perda da rentabilidade recente, sobretudo no período da pandemia de covid-19. “São pessoas que compraram muito e não conseguiram honrar com os compromissos, ficando com o nome sujo na praça. O Feirão do Nome Limpo foi a primeira ação presencial voltada para negociação de dívidas nesta pandemia. O evento tinha um diferencial pelo compromisso dos bancos e das empresas em oferecer uma oportunidade melhor de negociação dos débitos. E isto acabou facilitando, e muito, nos acordos firmados”, destacou o diretor-executivo do Procon Maceió, Leandro Almeida.

Segundo ele, uma das empresas convidadas para a feira negociou quase R$ 6 milhões em parcelas e conseguiu receber R$ 1 milhão em pagamentos imediatos de dívidas. E salienta que um mesmo consumidor pode figurar com mais de uma negociação registrada, pelo fato deste ter firmado acordo com mais de uma empresa. Na oportunidade, 80% dos consumidores de Maceió saíram com acordos fechados e suas dívidas negociadas, garantindo o nome limpo e CPFs sem restrições nos órgãos de proteção ao crédito. Almeida salienta que a atuação do Procon Maceió tem sido na mediação destas soluções. É uma porta que não vai se fechar mais, segundo ele, diante da inauguração do NAS, que funciona no posto de atendimento do órgão, no Centro Universitário Mário Pontes Jucá (UMJ), no Barro Duro. “Muita gente não conseguiu negociar a dívida porque não restabeleceu a vida financeira. Ainda não conseguiu trabalho e não tem como firmar um acordo com a empresa para pagar. Para estes consumidores, temos o NAS e o próprio Procon, que podem orientá-los e ajudá-los a encontrar uma maneira de se livrar destes débitos no tempo oportuno”, destacou o diretor-executivo do Procon Maceió. Há casos mais simples, segundo ele cita, que apenas com uma ligação telefônica é possível fechar um acordo razoável para o consumidor. Nos demais, o Procon busca uma audiência com a empresa, solicita cópias contratuais e documentos que comprovariam as

FOTOS DE EDVAN FERREIRA/SECOM MACEIÓ

Feirão do Nome Limpo, promovido pelo NAS, ajuda maceioenses a se livrarem de dívidas despesas e os rendimentos dos superendividados. Os técnicos do órgão podem, até, auxiliar na elaboração de uma planilha financeira visando à recuperação do devedor. As negociações são feitas, diretamente, por profissionais capacitados. O processo envolve psicólogos e conciliadores habilitados pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). O Núcleo de Apoio aos Superendividados promove um atendimento individual de consumidores que estão em situação complicada devido ao alto grau de endividamento. Lá, eles são orientados para o desenvolvimento de medidas

preventivas e corretivas, como realizar seu planejamento financeiro, a melhor forma de saldar suas dívidas, além da instauração de processos administrativos conciliatórios e sancionatórios.

OUTROS ATENDIMENTOS

Para os outros serviços e atendimentos do Procon Maceió, o consumidor pode entrar em contato pelos telefones 0800 082 4567 ou no WhatsApp (82) 98882-8326. Quem prefere atendimento de forma presencial, pode se dirigir em qualquer uma das unidades do Procon Maceió: no Centro

Universitário Uninassau, no bairro Farol; na sede da antiga FAT, atual Centro Universitário Mário Pontes Jucá (UMJ), no Barro Duro; e na sede do Procon Maceió, na Rua Dr. Pedro Monteiro, 47, no centro de Maceió. O horário de funcionamento é das 8h às 14h. Os núcleos da UMJ e Uninassau estão abertos ao público de 8h às 13h, de segunda a sexta-feira. Para formalizar as denúncias, é necessário entregar as cópias do RG, CPF, comprovante de residência e demais documentos que forem necessários para embasar as reclamações de abuso aos direitos do consumidor.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

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AFRÂNIO BASTOS/EXTRA

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lagoas deixou de movimentar aproximadamente R$ 200 milhões durante o período de pandemia no setor de eventos de grande porte, revelou a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) durante reunião ocorrida esta semana para apresentar o protocolo de retorno para o segmento. Segundo Alexandre Ayres, secretário da Saúde de Alagoas, a previsão é que os shows de grande porte retornem já no mês de outubro com 50% da capacidade e apenas para vacinados com as duas doses. MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

DIVULGAÇÃO/CELEBRATION

PIX em alta A utilização do PIX no segmento de pagamentos digitais do comércio varejista, tanto físico quanto online, quase dobrou entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano. É o que aponta o Estudo PIX Gmattos, divulgado recentemente pela consultoria Gmattos. O levantamento indica que a modalidade lançada no ano passado representava 1,16% do volume total de transações nos três primeiros meses de 2021. Já ao final do segundo trimestre, o número saltou para 2,16%, podendo fechar o ano com 3,4% se os vetores de crescimento forem mantidos.

Braskem à venda A Novonor ainda não tem ideia de como vai se desfazer de sua participação na Braskem, informou a empresa à petroquímica em comunicado aos investidores publicado esta semana sobre a falta de uma decisão sobre a forma pela qual vai vender participação de controle na companhia. O texto foi produzido depois que a B3 e CVM pediram esclarecimentos à petroquímica sobre notícias publicadas na imprensa a respeito de apresentação de “modelo para venda da Braskem”.

Apps em queda O pacote de medidas criado para minimizar as perdas financeiras dos motoristas que transportam passageiros via aplicativo ainda não se refletiu na melhoria da qualidade do serviço prestado. Relatos de aumento abrupto das tarifas, cancelamentos das corridas e de debandada de motoristas das ferramentas ainda persistem. Na sexta-feira, 24, completou duas semanas que Uber e 99 anunciaram aumento no repasse do valor dado aos seus motoristas para amenizar os impactos gerados pela pandemia de covid-19, que há 18 meses vem interferindo negativamente na atividade. MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL


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DEUSA DAS LAGOAS

Alagoana vence disputa de melhor traje típico no Miss Brasil 2021

Carolina Borsatto encantou o público com a renda filé e o sururu em traje batizado como Deusa das Lagoas MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

HANDERSON VIEIRA

GABRIEL NASCIMENTO

GABRIEL NASCICMENTO

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ratidão. É com este sentimento que a Miss Alagoas 2021, Carolina Lindoso Borsatto, agradece a confiança depositada em seu talento e beleza para representar o estado em mais um certame nacional. Com sensação de dever cumprido, Carolina brilhou muito e fez bonito no concurso Miss Brasil Globo 2021, encantando o público ao vencer a prova do melhor traje típico, batizado como Deusa das Lagoas, levando a nossa renda filé e o sururu ao mais alto lugar do pódio. Natural de Viçosa (AL), a nutricionista de 26 anos e 1,72m, esbanja charme e beleza por onde passa, reafirmando o “orgulho de ser alagoana”. Desenvoltura, carisma, charme, beleza, coragem e determinação são qualidades que mostram o diferencial da menina que nasceu no interior de Alagoas e que desde cedo tem se destacado em tudo que se propõe a fazer. Prova disso é que aos 8 anos de idade participou do primeiro concurso e não parou mais. De lá para cá, conquistou muitos títulos de beleza, seis ao total, sendo o mais importante o Miss Brasil Teenager Model 2015. Confiante, o próximo passo da miss Alagoas é se preparar para que em breve consiga representar novamente o estado em outro concurso de beleza. Predestinada ao sucesso, Carolina sonhou como seria seu traje típico no concurso nacional e assim apostou na premonição. A ideia foi colocada em prática e não teria como não dar certo. De fato, o

Carolina Borsatto com o traje vencedor do concurso e suas apresentações com vestido de gala e de maiô espetáculo da mulher alagoana ficou evidente na arte em forma de traje, o qual refletiu alguns dos patrimônios culturais e imateriais de Alagoas. O sonho foi tão real que além de ser concretizado, ainda saiu vencedor. “Eu mesma catei as conchas contidas nessa obra de arte e isso faz parte da minha história. Não é apenas um traje típico, é o meu traje típico”, afirma, ao falar do trabalho impecável. A miss Alagoas mostrou a satisfação em participar do concurso nacional. “Tenho a sensação de dever cumprido, muita gratidão em levantar a bandeira da mulher nordestina e representar Alagoas. Me propus a colocar o nome do meu estado em evidência e foi o que eu fiz”, disse ela. E acrescentou que recebeu inúmeras mensagens de reconhecimento dos amigos, fami-

liares, e de muitos alagoanos que nem a conhecem, mas que dizem ter orgulho de sua participação e desempenho no concurso. Carolina Borsatto sempre se encantou com esse universo. No início, quando criança, sonhava com os vestidos, a coroa e tudo que esse mundo de princesa poderia lhe proporcionar. Hoje, com 26 anos, entende que como miss precisa se posicionar sobre as causas que quer defender e lutar. “Um título de beleza não apenas irá me tornar a mulher mais linda do meu estado ou país, mas sim porta-voz de muitas pessoas, inclusive das mulheres nordestinas, que muitas vezes são silenciadas perante a sociedade”, afirmou. O concurso Miss Brasil Globo 2021 aconteceu em Brasília (DF) nos dias 16,17 e 18 de setembro. Para participar

do evento, a miss Alagoas contou com parceria de alguns amigos e incentivadores. Foi o caso de Leonardo Fortes, representante da empresa Eventur’s LTDA, que a acompanhou assessorando no concurso. Na verdade, foi também responsável pela articulação com o Sindicato do Vestuário das Indústrias do Estado de Alagoas (Sindivest)-patrocinador e apoiador da cultura alagoana. “Você está de parabéns, pela determinação e o profissionalismo de exercer um trabalho tão difícil que só tem noção quem vivencia de perto”, parabenizou Leonardo Fortes na rede social da miss. Agradecida, Carolina relembra o apoio de muitos parceiros para chegar preparada e concorrer ao título de Miss Brasil Globo. “Sinto-me imensamente grata pelo trabalho que consegui realizar lá (DF),

pude mostrar a força e a garra da mulher nordestina alagoana. Venci a prova do melhor traje típico, levei a nossa renda filé e o sururu, batizando o meu traje de Deusa das Lagoas”, comemorou.

BELEZA GLOBAL

O Miss Brasil Globo é um concurso de beleza feminino realizado anualmente em Brasília. O evento visa eleger, entre as enviadas de cada estado, uma que represente a beleza da mulher brasileira e que possa disputar o título de mulher mais bela do planeta no Miss Globo Internacional, concorrendo com representantes de diversos países. O certame internacional foi criado em 1988, com participação do Brasil a partir de 1994. Vale ressaltar que até chegarem à grande final, as candidatas passam por várias etapas.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Novo C3 estará entre os SUVs compactos

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crescente procura pelos SUV vem impulsionando as vendas e o avanço de participação de mercado. Mesmo quando se trata de apenas um hatch com a “decoração” externa típica (incluindo indefectíveis barras de teto) e altura de rodagem elevada, as fabricantes preferem enquadrá-lo como SUV. Houve, porém, um posicionamento diferente por parte da Citroën, ao mostrar por videoconferência o novo C3. O modelo exibe estilo típico de SUV, inclusive um interessante e incomum efeito visual (vincos largos e côncavos), na parte superior dos quatro para-lamas, que deixa a impressão de ser ainda mais alto. A marca francesa, no entanto, preferiu pré-apresentá-lo como hatch compacto (segmento B). Há uma razão, obviamente não revelada. Tudo indica que se trata de um posicionamen-

to de mercado da Stellantis para suavizar a “concorrência” interna. Nos filmes revelados até agora do Pulse, aparece o termo “SUV Fiat”. O lançamento deste modelo está previsto até o próximo mês de novembro. Já o novo C3, com mais aspecto de SUV do que o C4 Cactus, só chega em março de 2022. Embora apresentado de corpo inteiro, inclusive a parte interna, nenhuma dimensão e motorização do novo “hatch” foi antecipada pela Citroën. Mas como o modelo também será fabricado na Índia, já se sabe que o carro tem entre-eixos de 2,54 m e comprimento de 3,99 m. O C3 hatch parou de ser fabricado aqui em julho do ano passado e vendido até o começo deste ano, porém era bem menor por dentro (2,46 de entre-eixos) e pouco menor por fora (3,94 m). O motor será o mesmo já conhecido

de 1,6 L, 118 cv (E)/115 cv (G), porém oferecerá, até um ano depois, o turbo flex de 1 litro que estreará no Pulse. Além de espaçoso internamente, oferece tela multimídia de 10,1 pol. e, ao seu lado, um útil suporte no painel para encaixar o telefone celular. A conexão pode ser feita sem fio, mas o carregamento não. Há dois pequenos ganchos no centro do painel em que se pode fixar o fio para não ficar solto. Solução simples e efetiva. O projeto batizado de C-Cubed inclui outros dois lançamentos, em 2023 e 2024, todos produzidos em Porto Real (RJ). A expectativa é por um sedã e outro SUV, de maior porte, provavelmente de dimensões entre Renegade e T-Cross.

Oferta de 100% elétricos avança: Volvo e JAC Por preços competitivos no Brasil, a Volvo passou a dar ênfase total aos modelos híbridos recarregáveis em tomada. O resultado reflete-se em vendas crescentes. Agora a empresa entra no mercado de elétricos com o XC40 Recharge, que apresenta visual praticamente igual ao híbrido plugável homônimo, salvo a grade dianteira sem entrada de ar. O elétrico custa R$ 389.950, valor 45% superior ao do híbrido plugável. A linha atual da marca sueca fica assim totalmente concentrada em modelos parcial ou totalmente elétricos. Uma estratégia diferenciada frente aos concorrentes diretos e indiretos. Só do elétrico pretende entregar 450 unidades e assim assumiria a liderança desse nicho de mercado. Apesar dos 2.118 kg de massa (500 kg só de baterias), o SUV é bastante ágil. Há um motor em cada eixo. Juntos entregam 408 cv e nada menos de 67,3 kgf.m de torque. Isso garante aceleração de 0 a 100 km/h em 4,9 s,

de acordo com o fabricante. Alcance declarado (norma WLTP) é de até 418 km, mas na estrada é difícil de conseguir. Durante a apresentação no Rio Grande do Sul, depois de rodar em rodovias por cerca de 200 km, restavam só 33% de carga restante. Em circuito urbano, com a forte regeneração automática durante as frenagens, o alcance referido é possível. No tráfego em cidade raramente se usa o pedal de freio. O pacote de assistência de segurança ao motorista é completo, como todo Volvo. Os faróis de LED, no entanto, não dispõem de comutação automática alto/baixo como o Jeep Commander fabricado aqui, por exemplo. No outro extremo da escala de preço está o subcompacto chinês JAC e-JS1, elétrico mais barato à venda por R$ 149.900. O modelo é o primeiro desenvolvido depois que a VW comprou 50% da empresa chinesa. Seu desenho mostra um hatch de linhas ousadas, teto alto pintado em cor contrastante à carro-

ceria e apenas 3,65 m de comprimento. No interior de aspecto minimalista destacamse tela do multimídia de 10,25 pol., console amplo (inclui botão para freio de imobilização elétrico, bom espaço para recarregar o celular por indução) e uma pequena alavanca na coluna de direção para controlar avanço e ré. O motor entrega só 62 cv, mas os 15,3 kgf.m de torque garantem agilidade em uso urbano. Suspensões bem firmes e precisão ao volante indicam a “mão” da VW no projeto. A bateria tem apenas 30 kWh e alcance declarado de até 300 km. Essa distância é 50% menor em rodovias. Em estrada, apesar de limitado a 110 km/h, dá para guiar sem sustos. Porém, a sensação de pisar um pouco mais no acelerador para uma ultrapassagem rápida e o motor não responder é desagradável. Porta-malas não carrega estepe (há bolsa com kit de reparo) e oferece apenas 121 litros de capacidade.


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RESENHA ESPORTIVA ASCOM ATLÉTICO MINEIRO

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s semifinais da Libertadores começaram e prometem emoção até o fim. No primeiro duelo, Hulk teve nos pés a chance de dar vantagem ao Atlético-MG na partida de ida das semifinais da Copa Libertadores, diante do Palmeiras, no Allianz Parque. O atacante, contudo, perdeu o pênalti que poderia ter dado a vitória para

TORCIDAS NO REI PELÉ ESTÃO DE VOLTA A Justiça liberou o retorno de público ao Estádio Rei Pelé, em Maceió. Com aval da Secretaria do Esporte Lazer e Juventude (SELAJ), o público está liberado desde que siga os procedimentos sanitários. FAF, CSA e CRB pediram a liberação sustentando que o cenário atual da pandemia é diferente de quando foi determinada a interdição do estádio. Os torcedores só poderão ocupar as grandes arquibancadas (setor 3), cujo acesso deverá ser feito exclusivamente pela parte lateral inferior, e as cadeiras especiais inferiores e superiores (setor 2). Ainda segundo a decisão, deverão ser observadas as normas sanitárias e de distanciamento social determinadas pelo Estado de Alagoas. Além disso, a volta gra-

Dada a largada da reta final da Libertadores os mineiros ao carimbar a trave na cobrança. Mesmo falhando, o astro do time elogiou a postura dos visitantes, em sua visão dominante nos 90 minutos. E é verdade, pois ficou claro que o Palmeiras abdicou de jogar futebol. O outro brasileiro semifinalista, o Flamengo, colocou um pé na final, venceu o Barcelona de Guayaquil por 2 a 0 no Maracanã.

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

CRB E AS CHANCES DE ACESSO

AGÊNCIA ALAGOAS

dativa se dará à medida que as intervenções no estádio sejam realizadas. Isso porque o Trapichão ainda passa por reparos em alguns setores, reparos esses que não foram concluídos pelo governo do Estado, mesmo com a paralisação dos jogos, anteriormente, no início da pandemia, em 2020, e, posteriormente, com a volta das partidas (competições), mas sem a presença da torcida.

ASCOM BRASIL DE PELOTAS

Não há quem diga que o CRB é um dos fortes favoritos ao acesso à Série A. De acordo com o site de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as chances de acesso do time alagoano são de 60,4%. As chances voltaram a aumentar após a vitória por 1 a 0 sobre o Brasil de Pelotas, na última terça-feira (23). Antes o Regatas tinha 51,7% de chances até o término da 22ª rodada, após derrotar o Confiança por 2 a 1, em Aracaju. Porém, a derrota para o Goiás por 1 a 0 e o empate com o Vasco, 1 a 1, em casa, nas rodadas seguintes, fizeram a probabilidade diminuir. Dentre os concorrentes do Galo na briga pelo acesso à elite, quem tem mais chances de classificação no momento, é o líder Coritiba (48 pontos), com 96%. Em seguida vem o Botafogo (3º colocado, com 41), chegando aos 83%, e o Goiás (vice-líder, com 45) com 78%.

ASCOM CRB

DIEGO TORRES SEGUE SENDO O DESTAQUE DO GALO O duelo contra o Brasil de Pelotas foi complicado e acirrado, teve até torcida adversária no estádio, mas o desfecho foi ótimo para o CRB. No Bento Freitas, o argentino Diego Torres marcou aos 25’ do segundo tempo, e aumentou seus números na artilharia do time na Série B e ainda foi decisivo na parada contra o Xavante em 1 a 0. Este foi o oitavo gol do camisa 10 nesta edição da Série B, o 12º na temporada. No lance capital, Diego pressionou o adversário no campo de defesa, Wesley roubou de Gabriel Terra e acionou o atacante Jajá. Ele esperou a chegada do argentino e deu o toque na passada, no ponto para o argentino tirar do goleiro do Brasil e marcar de canhota. O argentino com esse gol igualou a marca de Léo Gamalho na última edição da Série B, que na ocasião foi o artilheiro do Galo na Segundona de 2020.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Polêmica em Arapiraca

DIVULGAÇÃO

PELO INTERIOR

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... Na terça-feira, 21, a Dona Maria de Lourdes Melo, a conhecida Maria do Cartório, comemorou seus 87 anos de vida.

obre a polêmica envolvendo a permuta do tradicional Clube dos Fumicultores, o jornalista Eli Mário Magalhães, que é sócio proprietário do clube social, esclareceu que esteve com o prefeito Luciano Barbosa na terça-feira, 21, para tratar de outros assuntos, dentre eles o centenário de Arapiraca, que será comemorado no dia 30 de outubro de 2024, para o qual juntamente com este colunista e o historiador Manoel Lira estão produzindo matérias sobre a história da cidade de Manoel André e o seu povo.

Reunião com o prefeito

Durante o diálogo, que contou com a presença do secretário de Articulação Política da Prefeitura de Arapiraca, José de Macedo, dentre outros assessores, foi abordada a situação do clube arapiraquense, que se encontra fechado. Eli Mário revelou que durante a conversa com o gestor ele disse que pretende, com anuência dos sócios-proprietários, preservar o prédio e transformá-lo em um instituto histórico, cultural e geográfico, que será administrado por uma diretoria indicada pelos sócios.

Verdadeiro trimônio

pa-

Eli Mário adiantou que outra pretensão do prefeito é oferecer aos arapiraquenses e visitantes um espaço que conte um pouco da história local, em um prédio que é um verdadeiro patrimônio. “Esse local serviria para abrigar outras instituições, a exemplo do Museu Zezito Guedes, Memorial da Mulher e um museu que conte a história do fumo em corda, que foi um marco na economia da cidade durante longos anos”, observou.

Bem intencionado

“O prefeito está bem intencionado e se comprometeu em solucionar as pendências para que o Clube dos Fumicultores continue sendo um cartão postal da cidade, a exemplo da Igreja de São Sebastião e a Matriz Nossa Senhora do Bom Conselho”, completou o jornalista.

... Há várias décadas ela é responsável pelo Cartório do 3° Ofício, localizado na Rua Estudante José de Oliveira Lima, no centro da Capital do Agreste.

Redes sociais

Ainda sobre a polêmica, na terça-feira, 21, o prefeito de Arapiraca publicou no Instagram uma foto da reunião com representantes da Secretaria de Cultura e com sócios-proprietários do Clube dos Fumicultores. De acordo com o prefeito, o clube possui uma dívida milionária e para evitar que a sede fosse leiloada abaixo do valor praticado pelo mercado, os responsáveis consideraram a permuta do local e que um edital chegou a ser publicado, mas não apareceram pretendentes.

Preservação cultura

da

Ainda em sua postagem, Luciano Barbosa disse que a ideia é preservar a cultura e a arte de Arapiraca e que poderia servir até mesmo à educação. “Muito me agradaria ter esse patrimônio que traz uma parte da memória de nossa cidade para ser patrimônio permanente e a serviço de toda a comunidade”, explica Luciano.

MP em Craíbas

O Ministério Público de Alagoas (MPAL) instaurou procedimentos administrativos para apurar denúncias de irregularidades cometidas pela Prefeitura de Craíbas, município da região Agreste. Os relatos dão conta de aumento ilegal de salário dos gestores, a seleção de novos prestadores de serviços e a utilização de diplomas falsos. As investigações foram publicadas na edição de terça-feira, 21, do Diário Oficial Eletrônico do MP, e estão assinadas pelo promotor de Justiça Rogério Paranhos Gonçalves.

Calamidade blica

pú-

O órgão instaurou uma notícia de fato, quando tomou conhecimento de um possível reajuste dos subsídios do prefeito e dos vereadores do município em 2021. O prazo expirou, sendo necessário complementar a apuração. Pela legislação em vigor, até o dia 31 de dezembro deste ano estão proibidas as concessões de aumento dos salários dos servidores públicos, em decorrência da situação de calamidade pública em saúde, provocada pela pandemia de coronavírus.

Investigação

Esta situação já está sendo acompanhada pelo Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) e pelo Ministério Público de Contas (MPC). Ambos expediram uma recomendação, no começo deste ano, para que os prefeitos e vereadores se abstenham de aplicar os reajustes.

Homenagem

O juiz de Penedo, Dr. Claudemiro Avelino de Souza, foi homenageado pela Academia Palmeirense de Letras por sua contribuição na constituição e fortalecimento da entidade, bem como sua dedicação ao resgate e preservação da história da Justiça em Alagoas.

Solenidade virtual

Durante a solenidade, realizada de forma virtual e presencial na sede acadêmica, situada na Rua Major Cícero de Góes Monteiro, no Centro de Palmeira dos Índios, o magistrado declarou se sentir lisonjeado com a homenagem e agradeceu aos acadêmicos.

... Dona Maria é viúva do deputado estadual Claudenor Albuquerque Lima, filho do ex-prefeito Luiz Pereira Lima – um dos pioneiros no ramo de lojas em Arapiraca e um dos prefeitos que marcou a história de Arapiraca. ... Dona Maria é avó do ex-deputado estadual Dudu Albuquerque e bisavó do deputado estadual Breno Albuquerque. .... Na manhã de terça-feira, 21, a Prefeitura Municipal de Feira Grande, através da Secretaria de Agricultura, realizou a apresentação do programa de desenvolvimento territorial – PRODATER. Com a presença do Prefeito Flávio do Chico da Granja, da primeira-dama e secretária Patrícia Medeiros, secretário Dorgival Aristides, da Superintendência do Banco do Nordeste do Brasil e outras autoridades, o projeto foi lançado no município visando o melhoramento da mandiocultura. ... Quando há união entre o poder público e setores organizados da sociedade, a população é sempre a maior beneficiada. Um exemplo recente do resultado positivo é a continuidade do funcionamento da UTI de Penedo, trabalho alinhado entre os governos estadual e municipal com a Santa Casa de Misericórdia. ... Inaugurada em junho de 2020, a primeira Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) foi instalada para atender exclusivamente pacientes de covid-19, inclusive para pessoas de outros municípios alagoanos. ...O investimento em saúde pública reservava os sete leitos da UTI e mais 18 leitos clínicos instalados no Hospital Regional da Santa Casa de Penedo apenas para atender as vítimas da pandemia que já matou quase 600 mil pessoas no Brasil. ... Na terça-feira, 21, o prefeito Luciano Barbosa recebeu, no Centro Administrativo Municipal, o presidente do Rotary Club de Arapiraca, Kleber Ernesto, e demais integrantes da diretoria da instituição. ... Durante o encontro, o representante do Rotary Club revelou a intenção de construir uma creche para atender crianças no município. ... Saúde e paz para os nossos leitores. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Viva a Mata Atlântica

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Operação Mata Atlântica em Pé, que abriu sua quarta edição na segunda-feira (20), deve ampliar o número de fiscalizações e autuações usando, para isso, meios remotos, como as imagens por satélites. A iniciativa, voltada para o combate ao desmatamento e a recuperação de áreas degradadas, envolve ações do Ministério Público em 17 estados, incluindo Alagoas, ao longo de dez dias. A coordenação nacional é do Ministério Público do Paraná (MPPR). As fiscalizações ocorrerão tanto de modo presencial quanto remoto. Além de interromper o desmatamento ilícito em áreas identificadas, os infratores serão responsabilizados nas esferas administrativa, civil e criminal. Conforme balanço nacional, a Mata Atlântica ocupa área equivalente a 13% do território nacional e é um dos biomas mais devastados pela ação humana. Na última operação, foram aplicados R$ 32,5 milhões em multas aos infratores. O montante é 29% superior ao registrado em 2019. O planejamento da operação é feito com base em dados do Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido desde 1989 pela organização não governamental (ONG) Fundação SOS Pro-Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entidade vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Área degradada

CLIMA TEMPO

ARQUIVO/VALE

Animais silvestres afugentados pelos rejeitos que vazaram da barragem B1, em Brumadinho (MG), estão retornando à região, seu habitat original. De acordo com a Vale, registros de 50 dispositivos de captura de imagens e calor já identificam diversos animais como jaguatiricas, tamanduás-bandeiras, pacas, tucanos e uma onça-parda transitando novamente pela área. Ao todo, mais de 12 hectares de áreas diretamente impactadas e áreas protegidas (Reserva Legal e Área de Preservação Permanente/ APP) já foram reflorestados. Além disso, foram instalados em uma área de 3,33 hectares 11 poleiros artificiais, 8 abrigos artificiais e 36 bebedouros para uso animal no entorno da região impactada. Segundo a analista ambiental da Vale e doutora em comportamento animal Cristiane Cäsar, desde o rompimento da barragem estão sendo realizadas várias atividades na região. Assim que são liberadas pelo Corpo de Bombeiros, são iniciadas as atividades de manejo e reflorestamento do local. Para conseguir imagens dos animais foram CLIMA TEMPO

Jatobá ameaçado

Um jatobá de seis metros de altura, espécie ameaçada de extinção, teve seu pedido de refúgio aceito na manhã de terça-feira (21) na Embaixada da Noruega. A iniciativa da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e do Grupo de Trabalho Infraestrutura e Justiça Social busca chamar a atenção pública mundial para a destruição em curso acelerado dos biomas brasileiros, em especial da Floresta Amazônica. A árvore foi levada à entrada da embaixada, onde Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Apib, leu uma carta com um pedido de socorro. O apelo foi aceito e o jatobá foi transportado para dentro do espaço da representação norueguesa.Trata-se de um acolhimento simbólico para repre-

Nordeste na ciência

Uma estudante de apenas 19 anos descobriu uma solução para a poluição causada por polímeros. A descoberta feita por Myllena da Silva aconteceu após um acidente em um laboratório do Instituto Federal do Ceará. A pesquisadora estava utilizando uma estufa durante um estudo sobre a cristalização de polímeros, que pegou fogo em um momento de desatenção. Ao levar o material para resfriar debaixo de uma torneira de água, Myllena percebeu que a amostra de isopor havia se transformado em uma superfície lisa resistente à água, devido ao choque térmico. Foi aí que a estudante teve uma ideia de como aproveitar a descoberta. Como o material é impermeável, Myllena teve a ideia de usá-lo para evitar que navios poluam os oceanos ao deixar resquícios de óleo na água. Mas não foi a única descoberta dela. Em outro procedimento, a jovem conseguiu encontrar uma maneira de acelerar a degradação do isopor. Ao testar o polímero em forma de cristal poroso com uma bactéria, Myllena conseguiu descobrir que o resultado da decomposição era muito mais rápido que no caso do isopor sem ser cristalizado, levando somente 7 meses.


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RADAR LITERÁRIO

As narrativas sombrias de Breno Accioly no contexto solar da literatura brasileira POR CACÁ DIÉGUES Cineasta brasileiro, nascido em Maceió, diretor de filmes premiados como Bye Bye Brasil e Xica da Silva

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tradição da ficção brasileira, popular ou erudita, sempre foi solar. Tivemos alguns excelentes poetas sombrios, como os simbolistas Augusto dos Anjos e Cruz e Souza, mas eles serviram apenas para confirmar a regra, como sempre acontece. No Nordeste, então, o horizonte dos sonhos brasileiros, da nossa fantasia como país, sempre foi iluminado. Podíamos admitir a fome, a miséria, o horror social, como está em tantos autores locais, mas sempre como um estágio pelo qual somos obrigados a passar para chegarmos ao país com que sonhamos e que fatalmente seremos um dia. A cultura popular brasileira nunca abrigou bruxas más ou pérfidos feiticeiros. Nenhum folclorista jamais encontrou ou encontrará um conto de permanente assombração, uma narrativa que não desmonte o terror antes que ele se instale na moral da obra. Simples ou sofisticado, o autor brasileiro de ficção, na prosa ou no verso, mesmo que tenha ideias sombrias, está sempre

comprometido com o sol que há de brilhar nas palmeiras onde canta o sabiá. Por tudo isso, será sempre um autor de exceção, entre nós, o alagoano Breno Accioly, do qual está sendo lançada a obra completa pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, inclusive Cogumelos, seu segundo livro de contos, uma obra prima. Breno Accioly não viveu uma vida longa, nem levezinha. Nascido em Santana do Ipanema, no interior de Alagoas, em 1921, logo na sua adolescência foi diagnosticada nele uma esquizofrenia, da qual nunca se livrou. A esquizofrenia era a causa de sua permanente depressão, sua dificuldade em viver em sociedade, de viver com os outros uma vida que não durou muito. Em 1966, a uma semana de celebrar 45 anos de idade, Breno Accioly morreu no Rio de Janeiro, para onde havia se mudado poucos anos antes, vindo do Recife, onde se formara em medicina. Ali, enquanto estudava, havia se tornado amigo próximo de Gilberto Freyre e João Cabral de Melo Neto, admiradores de sua obra. Breno começou sua vida de escritor publicando o livro de contos

Cacá Diegues discorre sobre legado de Breno Accioly João Urso, em 1944, com o qual ganhou, no mesmo ano, dois prêmios de grande repercussão – o Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, e o da Fundação Graça Aranha. Em seguida, até o ano de sua morte, publicou mais três livros de contos: Cogumelos (1949), Maria Pudim (1955) e Os Cata-ventos (1962); e um romance: Dunas (1955). Mário de Andrade, líder do movimento modernista em São Paulo, declarou que “de um nada, Breno Accioly fazia um conto e acendia numa vela a chama da angústia humana”. Mas não acho que o interesse de Breno Accioly fosse propriamente pela angústia humana, que era seu tema permanente. Na verdade, o escritor se interessava mesmo era em utilizar a aparente angústia de seus personagens (muitas vezes verdadeira) para revelar o que havia de mais humano nas reações perversas de seus leitores, em muitos casos representados por outros personagens, nem sempre ligados à trama corrente. Esse era um poderoso vezo de Breno em seus contos, o que fazia do autor um original escritor de temas sombrios, muito menos preocupado com o que pensavam e como agiam seus personagens heterodoxos, mas o que nós, seus leitores, pensávamos sobre o comportamento deles. Apesar de tudo, não tem aqui nada de parecido com a literatura

de sombras de língua inglesa, por exemplo. Breno se diverte sozinho com sua narrativa. Ele cria personagens que não vieram ao mundo, o seu mundo, para se comparar com a nossa miséria, para inventar corvos que nos seguirão pela vida afora, como invenção exemplar. Para contar suas histórias, o autor apenas constrói personagens para que os julguemos e para que sejamos julgados pelo modo que eles agem. Breno Accioly está sempre voltado para o que fazem e pensam seus personagens, mas usa as palavras como um construtor usa tijolos para se exprimir. E elas valem e servem para alguma coisa a mais. Em vez de criticar o comportamento final dos principais personagens, a obra de Breno Accioly nos ensina a amarmos a nós mesmos, mas no outro. Como se a imagem do outro fosse desenhada por nós mesmos. No fundo, estamos buscando o que somos. Como não acredito em mágicas artísticas, só posso imaginar que Breno Accioly não escreveu para esse nosso tempo, nem para tempo nenhum. Ele escreveu por uma necessidade pessoal, insuperável e necessária, para sua satisfação e grandeza. Se Breno Accioly não se tornar uma estrela de nossa ficção hoje, poderá sê-lo amanhã, por qualquer outro motivo. Ou nunca, tanto faz.


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