Edição 1142

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CNBB

ANO XXII - Nº 1142 - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2021 - R$ 4,00

CONTO DO VIGÁRIO

Dom Muniz pune pároco que embolsou recursos da igreja

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MACEIÓ - ALAGOAS

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1998 - 2020

ARQUIVO

O padre Augusto Jorge não pode mais comandar nenhu-ma paróquia por desviar dinheiro da igreja. O religioso teve duas chances para se redimir, mas não resistiu às tentações do vil metal. 2 GIL FERREIRA/CNJ

CNJ faz devassa no Tribunal de Justiça Corregedora Nacional de Justiça e equipe interrogam desembargadores para fechar investigação sobre falência da Laginha, irregularidades em cartórios e outras denúncias 6 e 7 ELEIÇÕES 2022

CHACINA DA GRUTA

TALVANE PASSA POR EXAME PARA SABER SE HÁ RISCOS DE CRIMES NO FUTURO 8 e 9

CLIMATE CENTRAL

RENAN FILHO ABRE COFRES PARA DEPUTADOS EM BUSCA DE APOIO 3

BANCADA FEDERAL ALAGOANA TENTA RESISTIR AOS ENCANTO$ DO PLANALTO 5 RIO LARGO TEM MAIOR TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA DO PAÍS 12

CIDADES DE ALAGOAS PODERÃO SER SUBMERSAS POR MUDANÇA CLIMÁTICA 16 e 17


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Devassa na Justiça

- A chegada inesperada de vários 1inspeção integrantes do CNJ para uma extraordinária no Tribu-

nal de Justiça de Alagoas pegou todo mundo de surpresa, inclusive o presidente da Corte, que só tomou conhecimento do fato quando a equipe entrou na sede do tribunal.

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- Chefiado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora Nacional de Justiça, o grupo chegou sem aviso prévio, aumentando o clima de tensão já existente entre os desembargadores desde a posse de Fábio Bittencourt no cargo de corregedor-geral de Justiça.

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- A devassa durou dois dias e vários desembargadores foram interrogados sobre denúncias de irregularidades em diversos processos que hoje tramitam na justiça alagoana. Entre eles, a falência do Grupo João Lyra que envolve invasões de terras, desvio de recursos da Massa Falida e litígio entre grupos de credores.

- Outro caso que despertou a 4Justiça atenção do Conselho Nacional de (CNJ) diz respeito à disputa

entre desembargadores pelo controle de cartórios, substituições irregulares de tabeliães e até denúncia de grilagem contra desembargador. O clima, que já era ruim, azedou de vez com acusações mútuas entre membros do tribunal durante os interrogatórios.

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- Após receber um caminhão de denúncias contra desembargadores, uma autoridade do CNJ disse recentemente que o tribunal de Alagoas é o mais enrolado do País. Mas uma fonte do TJ informou à coluna que os auditores foram “envenenados” por pessoas sem escrúpulos com interesses escusos nesses processos e que o CNJ veio a Alagoas com a predisposição de “ferrar” desembargadores”.

Esses fatos serão todos conheci6do -dos do público após a divulgação relatório do CNJ. Até lá, cada um dos envolvidos na lambança vende sua versão, e os leitores que tirem suas conclusões.

Novo golpe

Após ser expulso do PTB sob acusação de tentativa de golpe contra Roberto Jefferson, o deputado Antônio Albuquerque volta a liderar um movimento para assumir o comando nacional do partido, com objetivos eleitoreiros. Com a queda de Roberto Jefferson, que caiu em desgraça após ser preso por ameaçar ministros do STF, Albuquerque tentará eleger a nova direção nacional do partido, caso a justiça destitua o time de Jefferson. A pretensão do deputado de Limoeiro é se aposentar no fim do atual mandato, mas antes quer disputar o cargo de governador e eleger seus dois filhos nas eleições proporcionais de 2022. Mesmo sem qualquer chance de suceder Renan Filho, Albuquerque quer lustrar sua biografia com os diplomas de deputado e candidato a governador.

Conto do vigário

FACEBOOK

1 - O ex-pároco do Vergel do Lago, padre Augusto Jorge, foi desligado da Catedral Metropolitana de Maceió pelo arcebispo Dom Antônio Muniz por falta de prestação de contas das doações que recebia como vigário paroquial. Após quase um ano rezando missa na catedral, Dom Muniz foi informado de que o padre recolhia os donativos e depositava a grana no bolso, sem prestar contas ao chefe da igreja. 2 - A tentação de padre Augusto pelo vil metal começou quando ele foi nomeado para comandar a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Vergel do Lago. Durante anos o pároco não só embolsava o dinheiro das contribuições dos fiéis como se apropriava de doações maiores destinadas a obras da igreja. 3 - Após ser apanhado com a mão no óbolo, Dom Muniz “puniu’’ o infiel com um curso de especialização religiosa em Roma. Ao concluir o mestrado, padre Augusto ganhou uma segunda chance e Dom Muniz o nomeou vigário paroquial da catedral metropolitana da capital. 4 - O religioso, no entanto, foi flagrado de novo com a boca na botija e afastado pelo arcebispo, que não caiu mais no conto do vigário. Desta vez a punição foi definitiva e padre Augusto não pode mais comandar nenhuma paróquia, e ficará na geladeira da Santa Sé até se aposentar pelo INSS. Só participará de missa, casamento, batizado ou outros atos religiosos se for convidado por algum pároco desavisado. 5 - Se acreditar na existência do “Inferno de Dante”, padre Augusto pode até escolher entre o quinto e o sexto fosso do oitavo círculo do inferno para expiar seus pecados na terra.

Nova moda

Virou moda em Maceió vereador apresentar projetos de lei instituindo gratuidade em serviços públicos e até privados para estudantes, idosos, carentes, minorias e outras denominações sociais, étnicas e de gênero. Nada contra a boa intenção dos legisladores, mas alguém vai ter que pagar a conta, e certamente não serão os vereadores.

Zé do Caixão

O Ministério Público divulgou mais uma capetagem do ex-prefeito de Atalaia com o dinheiro do contribuinte. Francisco Luiz de Albuquerque, mais conhecido pela alcunha de Chico Vigário, teria comprado R$ 2 milhões em “caixões” em 2020, quando ainda não havia sinais da pandemia de covid. O ex-prefeito está com as contas bloqueadas para garantir o ressarcimento de recursos surrupiados do povo de Atalaia.

Fórum da Corrupção Com foco no combate à corrupção, ao desperdício e aos desvios dos recursos públicos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instalou o 1º Fórum Permanente de Auditoria do Poder Judiciário. Na abertura do evento, o presidente do CNJ, ministro Luiz Fux, destacou que a corrupção ocorre

na intersecção entre o público e o privado, que é “combatida com auditoria perene e permanente, a fim de diminuir as despesas, os gastos e os desvios que causam tanto mal ao Brasil”. O ministro destacou que não há a percepção de que a “corrupção significa uma falta de leito no hospital, uma merenda na escola e a falta de saneamento, que levou essa população carente abandonada a morrer em números alarmantes em decorrência da covid, porque onde não há saneamento não há saúde e se não há saúde, não há imunidade e chegamos a esse número absurdo de mortes – não números, mas pais, avós, filhos, enfim. Tanta tristeza que este país passou decorrente da corrupção”.


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JOGO DO PODER

Em busca de apoio, Renan Filho diz sim a orçamento impositivo Governador busca fidelidade de Marcelo Victor, presidente da Assembleia

MÁRCIO FERREIRA/AGÊNCIA ALAGOAS

ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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governador Renan Filho (MDB) investe pesado para conseguir a fidelidade do presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SD), quando deixar o comando do Executivo, o que deve acontecer até abril de 2022. Ele disputará a vaga ao Senado, hoje ocupada por Fernando Collor (PROS), e Victor será ou indicará o próximo governador-tampão, com mandato até dezembro. Apesar dos movimentos do Palácio República dos Palmares ainda gerarem desconfianças e as feridas da disputa pelo comando do Legislativo continuarem vivas entre os parlamentares, é notório o esforço do governador em buscar um consenso, para não ser vítima da nau da trairagem pelos parlamentares capitaneados por Victor quando deixar para a Assembleia o comando do Estado. O orçamento impositivo, por exemplo, já está valendo e o governo pagou 80% das emendas parlamentares sem queixas. A vaga de conselheiro do Tribunal de Contas não deve ser indicada pelo governador, mas pela Assembleia, assim como a criação de 3 novas vagas de desembargador para o Tribunal de Justiça, cujo projeto ainda não chegou ao Legislativo para Marcelo Victor ser o protagonista das tratativas internas. Victor recompensa o governador não aparecendo, por exemplo, em eventos puxados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), rival dos Calheiros. Mas isso não significa que Lira e Vic-

Governador Renan Filho e Marcelo Victor durante abertura dos trabalhos legislativos em 2019

tor estejam rompidos. O presidente da Assembleia, aliás, é considerado ponto de equilíbrio entre os Calheiros e o presidente da Câmara. São inimigos cordiais. A condução do senador Renan Calheiros (MDB) na relatoria da CPI da Covid também não arranhou suas relações políticas com o presidente da Câmara, que deve arquivar o relatório cujo principal alvo é o presidente Jair Bolsonaro. Lira, por sua vez, não endossa os ataques do mandachuva do Palácio do Planalto aos Calheiros e continua engavetando a tramitação de 130 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Lira e os Calheiros já dividem o poder na Associação dos Municípios Alagoanos (AMA). Hugo Wanderley, ligado aos Calheiros, é presidente da entidade que representa os prefeitos alagoanos pelos próximos dois anos.

Rosiana Beltrão, do grupo lirista, assume a AMA por dois anos, logo após o mandato de Wanderley. IMPOSITIVO A Mesa Diretora da Assembleia promulgou recentemente a Emenda Constitucional número 42/2019, que institui o orçamento impositivo. O projeto foi aprovado em 2019, mesmo com forte resistência do governador. A PEC garantiu R$ 3 milhões a cada deputado, deixando os parlamentares mais livres de qualquer retaliação por parte do governo. Ao receber o projeto, Renan Filho poderia vetar, aprovar ou não sancionar a lei. Optou pelo último caminho. Assim, a emenda voltou ao Legislativo e a Mesa Diretora da Casa de Tavares Bastos sancionou a matéria. Agora, é lei. A promulgação seguiu

para o governador que poderia autorizar a Procuradoria Geral do Estado a ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, levando a briga para os tribunais. Renan Filho optou pelo arquivamento. E colocou um fim a uma disputa que começou durante as conversas para definir o nome do presidente da Assembleia. O governador queria emplacar o tio, o deputado Olavo Calheiros (MDB), por não confiar em Marcelo Victor. A ideia era que Renan, ao deixar o governo, entregasse ao tio o comando do Estado. Em revide, chegou a exonerar os indicados pelos deputados da máquina estadual. A estratégia foi um fiasco. Vinte e seis dos 27 deputados estaduais votaram em Marcelo Victor para a presidência da Casa. Intuindo a derrota, Olavo retirou sua candidatura e deixou o plenário no dia da eleição, para não

votar em Victor. Em setembro do ano passado, nova derrota para o governador: 25 dos 27 deputados disseram sim ao orçamento impositivo. E no início do ano, Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara, apesar da campanha de Renan Calheiros em Brasília contra o rival. Renan Filho ficou enfraquecido no Legislativo, mas ainda tem plenos poderes na Assembleia. O pedido de CPI na Saúde do deputado Davi Maia (DEM) não recebeu apoio dos parlamentares. Em compensação, eles aprovaram requerimento pedindo a retirada de Alagoas do Consórcio Nordeste, do mesmo Davi Maia. A decisão final cabe ao governador, que deve vetar a iniciativa. Ano passado e via Consórcio Nordeste, Alagoas pagou R$ 4.488.750,00 antecipadamente por respiradores, mas eles nunca foram entregues. O pagamento foi feito em 8 de abril e a promessa era a entrega de dois lotes: o primeiro no dia 18 e o segundo, 23 de abril, ambos em 2020. Segundo o governo, a empresa começou a justificar que o atraso existiu por faltar aprovação dos respiradores pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Consórcio Nordeste fez a compra de 300 ventiladores pulmonares, que seriam distribuídos assim: a Bahia receberia 60; Ceará, 30; Sergipe, 30; Piauí, 30; Maranhão, 30; Rio Grande do Norte, 30; Pernambuco, 30; Alagoas, 30; e, Paraíba, 30, totalizando R$ 48.748.572,82. Alagoas e outros estados entraram com uma ação na Justiça baiana para a devolução do dinheiro com juros e correções monetárias. O caso também tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corre em segredo.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Futuro incerto

Efeito colateral

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inda sem bater o martelo sobre sua candidatura ao Senado, o governador Renan Filho sabe que a missão de tentar emplacar o cargo de vice numa provável chapa com o ex-presidente Lula é missão quase impossível. Depois de ser descartado por nomes que

Dificuldade Embora esteja projetando uma candidatura ao Senado e naturalmente formar uma chapa de governo que lhe dê palanque, o governador vê de muito longe a possibilidade de algumas alianças, para não dizer quase impossíveis. Com o deputado Arthur Lira o assunto até agora não vingou e com o prefeito JHC o buraco é mais embaixo.

Para construir Para construir uma forte aliança, e é assim que Renan Filho projeta, é necessário ter nas mãos o novo governador-tampão caso ele se desincompatibilize do cargo, mas o projeto não é nada fácil a não ser com uma grande composição política, muito difícil nos dias de hoje.

Do outro lado Como as conversas migram para o lado do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, somente com a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, alguma relação seria construída e, a princípio, não há nada que leve a essa complicada aliança.

Sozinho Como não vê muitas possibilidades de avançar em composições, Renan Filho aposta no taco e corre para atender prefeitos e lideranças na capital e no interior para garantir apoio nas próximas eleições, mas, sem a caneta na mão a partir de abril de 2022, a situação fica indefinida.

figuram na vitrine política brasileira, como o presidente do Senado Rodrigo Pacheco e Flávio Dino, governador do Maranhão, Renan Filho sabe que o jeito é se arrumar por aqui. Mas também não encontrará facilidades nessa nova aventura política, já que as alianças não aparecem do dia para a noite.

Indicação

EXTRA ALAGOAS

Como a Assembleia Legislativa será a protagonista dessa substituição em abril próximo, o nome mais provável para governador-tampão seria o do deputado Paulo Dantas, que começa, estrategicamente, a se movimentar nos bastidores e a aparecer mais na mídia alagoana. Esta composição também visualizaria as eleições de outubro onde Arthur Lira e Marcelo Victor seriam os comandantes da nave que começa a decolar.

Projeto audacioso 2 Uma das dificuldades que o governador Renan Filho teria na campanha eleitoral seria explicar porque a Família Calheiros ambiciona mais uma vaga no Senado. E certamente isso será explorado a partir do início de janeiro próximo.

Collor cresce Ocupando espaços na nas redes sociais, o que faz com muita competência, o senador Fernando Collor deu novo tom ao seu mandato, onde aparece ao lado de personagens nacionais, inclusive do presidente Jair Bolsonaro, trazendo obras para Alagoas. O senador, candidatíssimo à reeleição, não será fácil de ser batido nas urnas, mesmo que os inquilinos palacianos achem que Renan Filho tem tomado a dianteira. Com a caneta na mão é uma coisa, sem ela é outra.

Sem empolgação Mesmo com muita boa intenção, o senador Rodrigo Cunha ainda não conseguiu se destacar durante o seu mandato. Há até quem diga de que é senador por um mandato só e sua candidatura ao governo não indica até agora que tenha empolgado o eleitorado.

Criticando

Projeto audacioso Para observadores políticos, esta seria a grande oportunidade de grupos antagônicos ao governador Renan Filho crescerem nas próximas eleições e tirarem, naturalmente, a hegemonia da Família Calheiros na política alagoana, o que pode parecer muito provável.

O senador Rodrigo Cunha tem liderado uma frente nacional para estudar o aumento de carros elétricos no Brasil em face dos constantes aumentos dos combustíveis, mas é de se perguntar se a energia também não está tendo reajustes nos últimos meses? É o velho ditado: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

Devagar A Câmara de Vereadores de Maceió não vive um momento tão bom quanto antigamente. Com vereadores insatisfeitos com a administração municipal, o sentimento no momento é de desprestígio por parte do prefeito JHC e, em consequência, o trabalho esperado não apareceu até agora, embora passados dez meses da posse dos senhores vereadores.

Sem importância O que se tem observado até o momento, são alguns poucos projetos de cunho eminentemente eleitoreiro, enquanto outros da maior importância para os maceioenses não chegam à Casa de Mário Guimarães. Se alguns vereadores estão em rota de colisão com a Prefeitura de Maceió pela falta de nomeação de seus protegidos, outros fazem restrições ao comando do presidente Galba Neto.

Demorou muito pouco para a família de Ceci Cunha criticar a decisão da justiça de conceder o regime semiaberto para o ex-deputado Talvane Albuquerque, condenado que foi a 103 anos de prisão. O senador Rodrigo Cunha utilizou as redes sociais e reagiu contra impunidade.

Estratégia política O prefeito JHC sabe que para eleger seu pai, João Caldas, deputado federal, precisa ter uma cabeça de chapa forte e alianças com outros partidos. Sozinho, dificilmente alcançará seus objetivos.

Guerra no PTB Os deputados Antônio Albuquerque e Nivaldo Albuquerque, pai e filho, entraram mesmo numa guerra contra a direção nacional do PTB, que ainda é comandada pelo ex-deputado Roberto Jefferson, que abriu as baterias contra os dois parlamentares. Com agressões verbais, Jefferson, que está preso por decisão do STF, balançou o coreto contra Antônio e Nivaldo.

Arrastão Se depender dos deputados Antônio e Nivaldo Albuquerque, Roberto Jefferson e sua diretoria vão demorar muito pouco tempo no comando do partido. Entre várias denúncias, está a utilização indevida do fundo partidário, um dos mais generosos entre tanto outros.


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FUNCIONALISMO PÚBLICO

Reforma administrativa vira desafio para deputados federais de Alagoas No balcão dos negócios, governo oferta R$ 20 milhões por cabeça e servidores prometem desconto nas eleições ODILON RIOS

Especial para o EXTRA

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em por cento dos deputados federais alagoanos disputam a reeleição em 2022. E nas próximas semanas eles serão confrontados com os funcionários públicos nas discussões sobre a reforma administrativa, prioridade do governo federal, do mercado e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). O texto deve ir a plenário pelas mãos de Lira. Precisa de 308 votos para passar na Câmara e seguir para o Senado, onde a matéria enfrenta vasta resistência. A oposição não crê que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prospere. A lógica está nas urnas: os congressistas que as buscam não querem se desgastar com o funcionalismo. Alagoas tem mais de 170 mil funcionários públicos. No país, eles são mais de 12 milhões. Lira tem em mãos as chaves do cofre do orçamento secreto. O poder das emendas é gigantesco: o presidente da Câmara destina dinheiro a redutos eleitorais de parlamentares usando critérios político-eleitorais. O Tribunal de Contas da União (TCU) questiona a gastança por entender que o modelo não é transparente e fere a Constituição. O governo sabe que existem matérias polêmicas, como a reforma administrativa. Para isso, a estimativa

é que os deputados que disserem “sim” recebam, cada um, R$ 20 milhões. Entre as questões em pauta na reforma administrativa estão o fim da estabilidade (o servidor pode ser demitido por baixa produtividade, por exemplo) e a contratação de trabalho temporário (incrementando as indicações políticas, driblando o concurso público). “A garantia de estabilidade do servidor público não é mero capricho ou privilégio, é base para a execução republicana da atividade estatal. A vulnerabilidade institucional de servidores não interfere apenas na qualidade do serviço público, como também abre novas frentes para corrupção, tão denunciada como principal ralo do dinheiro público e a nomeação de afilhados políticos dos governantes do momento”, diz Ricardo Lodi Ribeiro, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e advogado. O que se sabe é que membros do poder Judiciário e do Ministério Público estão de fora da proposta que limita em 30 dias as férias. Os policiais terão melhorias nas regras de aposentadorias e pensões. A manobra, porém, é arriscada. Rogério Marinho, atual ministro de Bolsonaro, perdeu a reeleição a deputado federal no Rio Grande do Norte porque foi fiador da reforma trabalhista na era Michel Temer. Ele era ministro do Trabalho. A refor-

NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Paulão é o único voto definido como contrário à reforma

ma não diminuiu o desemprego no país, hoje atingindo 14 milhões de pessoas. “No estado de Alagoas, o número de pessoas fora da força de trabalho é 46,5% superior ao número de pessoas ocupadas. Considerando que a renda média do trabalho principal está pouco acima de 50% da renda média nacional, dá pra dimensionar a gravidade do problema social desse estado. Para completar, o número de desempregados já atinge 240

mil pessoas de 14 anos+, não contabilizadas entre os que estão fora da força de trabalho. Isso corresponde à população de Arapiraca”, explica a economista Luciana Caetano, em postagem no Facebook, ao mostrar a situação atual. Arthur Lira, Pedro Vilela (PSDB) e Nivaldo Albuquerque (PTB) votaram a favor da reforma trabalhista em 2017. Apenas Vilela não se reelegeu, mas voltou ano passado à Câmara porque

era suplente de JHC, que venceu as eleições à Prefeitura de Maceió. Até a definição do dia para aprovação da reforma administrativa, o voto é considerado secreto. Mas é possível saber o comportamento dos nove deputados federais alagoanos em matérias de interesse do presidente da República, além do comportamento deles, quando ligamos aos funcionários públicos. Em agosto, na aprovação do texto-base para a privatização dos Correios, votaram a favor o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr, Nivaldo Albuquerque, Pedro Vilela e Sérgio Toledo (PL). Em março, nas discussões sobre a PEC Emergencial que congelava os salários dos servidores públicos, apenas Paulão (PT) e Tereza Nelma (PSDB) foram contrários. Para Nelma, a PEC “castiga o serviço público, corta recursos de áreas prioritárias e quer reduzir o teto do auxílio emergencial. Não compactuo em jogar o peso nas costas do servidor, com a proibição de aumento salarial proposta na PEC”. Em julho de 2019, Arthur Lira, Marx Beltrão (PSD), Nivaldo Albuquerque, Severino Pessoa (sem partido), Sérgio Toledo e Isnaldo Bulhões Jr. disseram sim à Reforma da Previdência, pauta caríssima aos servidores públicos no futuro. A Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União) projeta que, dos nove deputados federais alagoanos, Paulão é o único totalmente contrário à reforma administrativa. Quatro são a favor: Arthur Lira, Nivaldo Albuquerque, Sérgio Toledo e Severino Pessoa. Quatro são a favor, mas com ressalvas: Isnaldo Bulhões Jr, Marx Beltrão, Pedro Vilela e Tereza Nelma.


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GUERRA DAS TOGAS RAFAEL LUZ/STJ

Corregedora Nacional de Justiça, Maria Thereza trouxe uma equipe de 13 pessoas

CNJ faz devassa no Tribunal de Justiça de Alagoas Correições extraordinárias atingem desembargadores, juízes e cartórios

VERA ALVES

Especial para o EXTRA

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á anos a justiça estadual de Alagoas não vivia dias tão conturbados como os atuais. Magistrados e até servidores vivenciam nos últimos meses um clima de tensão crescente, cuja temperatura se elevou na terça e quarta-feira desta semana durante duas correições extraordinárias da Corregedoria Nacional de Justiça. O colegiado vinculado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) exerce desde 2005 o controle sobre a conduta dos membros e das atividades do judiciário brasileiro e das

serventias extrajudiciais, os conhecidos cartórios. As duas correições pegaram a todos em Alagoas de surpresa e trouxeram ao estado dois desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo e um do TJ do Rio Grande do Sul, três juízes do tribunal gaúcho e sete servidores da Corregedoria Nacional de Justiça, todos capitaneados pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Maria Thereza de Assis Moura, a magistrada paulista de 65 anos que em outubro do ano passado assumiu o cargo de corregedora Nacional de Justiça. Os alvos das correições

foram especificados de forma oficial em duas portarias baixadas pela ministra e publicadas no portal do TJ de Alagoas na terça-feira, 26. Um deles se refere ao processo de falência do Grupo João Lyra, o conglomerado de empresas fundadas pelo ex-deputado federal João Lyra, falecido em agosto deste ano, e marcado nos últimos dois anos por uma verdadeira guerra de bastidores envolvendo desembargadores e a sucessiva troca de administradores judiciais e de juízes na condução do processo falimentar que tramita na 1ª Vara de Coruripe. Em outra frente, a Corregedoria Nacional de Justiça também veio apurar in loco mais detalhes das denúncias que envolvem a tramitação suspeita de processos na 1ª Vara Cível de Maceió e ir-

regularidades nos cartórios do estado. No caso das serventias extrajudiciais, estas irregularidades envolvem desde a substituição de tabeliães interinos e o não recolhimento de recursos devidos pelos cartórios de registro de imóveis à retenção irregular de valores de títulos pagos em cartórios do estado. O CASO DA LAGINHA O Conselho Nacional de Justiça passou a acompanhar o processo da Massa Falida da Laginha (a holding que reunia as empresas do Grupo JL) no ano passado a partir de uma provocação de 43 advogados de credores insatisfeitos com as decisões do desembargador Klever Loureiro, hoje presidente do TJ alagoano, no Mandado de Segurança 080103215.2019.8.02.0000. O grupo ingressou com representação acusando o então integrante da 2ª Câmara Cível de desrespeito ao juiz natural do processo, ao substituir o administrador judicial quando esta atribuição é da comissão de juízes que comandam a ação de falência. Na mesma decisão liminar que substituiu o então administrador judicial (José Lindoso) em agosto de 2019, o desembargador anulou os leilões de duas usinas de Minas Gerais (Triálcool e Vale do Paranaíba), realizados em dezembro de 2017, com a consequente paralisação dos pagamentos que vinham sendo feitos a credores trabalhistas com os recursos obtidos pela Massa Falida nos leilões. Tais decisões foram a gota d’água que ensejou a representação dos advogdos relatada pelo conselheiro do CNJ André Godinho, designado inicialmente para acompanhar o caso e que, em seu parecer, sugeriu a realização de uma inspeção in loco. A inspeção somente foi definida pela corregedora Nacional de Justiça após receber do Tribunal de Justiça os arquivos de todas as ações

envolvendo a falência na esfera de 1º e 2º graus, um calhamaço de milhares de páginas e documentos que remontam a 2014 – quando a falência do Grupo João Lyra foi decretada – e que vinham sendo analisados pela ministra Maria Thereza e sua equipe desde fevereiro deste ano. O desembargador Klever Loureiro, que já havia prestado esclarecimentos à Corregedoria Nacional no âmbito do Pedido de Providências (PP) 000914172.2020.2.00.0000, instaurado após a análise da reclamação do grupo de advogados, foi ouvido pessoalmente na terça-feira pela equipe designada para a correição, os desembargadores Carlos Vieira von Adamek (TJ-SP) e Jorge Luiz Lopes do Canto (TJ-RS), e os juízes Carl Olav Smith e Giovana Farenzena, ambos do TJ gaúcho. Além dele, também foram ouvidos os desembargadores Tutmés Airan, Elisabeth Carvalho Nascimento, Otávio Praxedes e Fábio Bittencourt (corregedor-geral de Justiça), embora nem todos, conforme apurou o EXTRA, sobre fatos relacionados ao processo da Massa Falida. Ao longo destes sete anos de falência, além de Loureiro, atuaram no processo Tutmés Airan quando presidente do TJ, e mais recentemente Elisabeth Carvalho. A desembargadora sucedeu Loureiro na relatoria do mandado de segurança no qual, em decisão liminar, o desembargador anulou os leilões da usinas de Minas e substituiu o administrador judicial da Massa Falida. Em setembro último, dois anos após a polêmica decisão de Loureiro, Elisabeth Carvalho levou a julgamento e teve aprovado na Seção Especializada Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas seu parecer pela manutenção dos leilões.


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Cartórios vagos são alvo de embate com corregedor A substituição de tabeliães interinos nos cartórios vagos se tornou um dos maiores embates já vistos nos últimos anos dentro do TJ alagoano. E o que deveria estar restrito ao cenário local terminou indo parar no CNJ depois que o corregedor-ge-ral de Justiça, Fábio Bittencourt, ingressou com representação contra o presidente da Corte, Klever Loureiro, que também preside o Conselho Estadual da Magistratura (CEM), acusando-o de ingerência em decisões de competência da Corregedoria Geral de Justiça (CGJ). É atribuição da CGJ a fiscalização e ordenamento das serventias extrajudiciais, a instauração de procedimentos administrativos e substituição de interinos nos casos em que os responsáveis pelos cartórios vagos (aqueles cujo preenchimento efetivo ainda dependa de concurso público e que no caso de Alagoas são a grande maioria) tenham confirmadas eventuais irregularidades. A questão é que a troca maciça de interinos provocou uma onda de descontentamento dentro do próprio TJ e de críticas ao corregedor Fábio Bittencourt, acusado de efetuar tais substituições em desacordo com o Provimento 77/2018 do CNJ, baixado pela Corregedoria Nacional de Justiça e que regulamenta o assunto. Bittencourt chegou a ter aprovados pelo CEM, contra si, pedidos de suspeição apresentados pelas defesas dos delegatários interinos sob o argumento de que um irmão do corregedor integra a sociedade do escritório de Advocacia Acioli Araújo, Cajueiro Almeida & Cavalcante Melo Advogados, contratado para defender os afastados. A ministra Maria Thereza de Assis Moura, contudo, acatou os argumentos de Bittencourt, segundo o qual a contratação se dera após ele ser investido no cargo de corregedor e poderia abrir o

CAIO LOUREIRO

Marcelo Berthe e Klever Loureiro em encontro no dia 23 de setembro

ADEILDO LOBO

sério precedente de todos os contrariados com decisões suas recorrerem ao escritório com o intuito de arguir sua suspeição. Decidiu, assim, pela cassação dos excipientes de suspeição. Mas a troca dos interinos não é o único entrave da justiça estadual no que diz respeito aos cartórios alagoanos e que ensejou a correição extraordinária desta semana que teve à frente o desembargador do TJ de São Paulo Marcelo Berthe e o juiz do TJ gaúcho Olav Smith, com assessoria de seis servidores

PESAM SOBRE OS CARTÓRIOS DE REGISTRO DE IMÓVEIS ACUSAÇÕES DE NÃO RECOLHIMENTO MENSAL DO FUNDO PARA IMPLEMENTAÇÃO E CUSTEIO DO SERVIÇO DE REGISTRO ELETRÔNICO DE IMÓVEIS (FIC/SREI) E A RETENÇÃO DE VALORES DE TÍTULOS PAGOS NOS CARTÓRIOS MAS NÃO RECOLHIDOS AOS BANCOS. NÃO EXISTEM DETALHES COM RELAÇÃO A ESTES DOIS TÓPICOS.

Corregedor Fábio Bittencourt

da Corregedoria Nacional de Justiça. Pesam sobre os cartórios de registro de imóveis acusações de não recolhimento mensal do Fundo para Implementação e Custeio do Serviço de Registro Eletrônico de Imóveis (FIC/SREI) e sobre outras serventias, a retenção de valores de títulos pagos nos cartórios mas não recolhidos aos bancos. Não existem detalhes com relação a estes dois tópicos. A mesma equipe que realizou a inspeção envolvendo as serventias extrajudiciais, foi encarregada de apurar a

denúncia de “eventual irregularidade na distribuição de processos à 1ª Vara Cível da Comarca de Maceió”. Com base no número do Pedido de Providências nº 0000038-26.2021.2.00.0802 que tramita na Corregedoria Geral de Justiça de Alagoas, o EXTRA apurou tratar-se de uma sindicância que envolve o polêmico processo em que a construtora Prime Construções e Incorporações Ltda teria se apoderado de parte de um terreno da Marinha. O PP, contudo, tramita sob segredo de Justiça na

CGJ .OUTROS... O EXTRA não conseguiu confirmar se as equipes da Corregedoria Nacional de Justiça também investigaram, nos dois dias de correições, outras denúncias envolvendo desembargadores e juízes e que tramitam no CNJ, a exemplo da reclamação formulada contra o desembargador Otávio Praxedes, acusado de grilagem pelo advogado de uma construtora suspeita de invasão de terras no Litoral Norte. Também não se conseguiu descobrir se a mi-nistra Maria Thereza foi informada do processo movido pelo desembargador Fábio Bittencourt contra a Yamaha Motor do Brasil Ltda (072968295.2018.8.02.0001) no qual pleiteia a substituição do jet-ski adquirido por ele à empresa em 2012. O caso foi citado pela desembargadora Elisabeth Carvalho na reunião do dia 5 de outubro do Conselho Estadual da Magistratura, quando ela anunciou estar renunciando ao colegiado por divergências com o corregedor e ameaçou levar a polêmica do jet-ski ao CNJ.


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CHACINA DA GRUTA

Justiça coleta DNA e faz teste criminológico em Talvane Albuquerque Ex-deputado que mandou matar Ceci Cunha foi beneficiado com regime semiaberto JOSÉ FERNANDO MARTINS

josefernandomartins@gmail.com

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m 16 de dezembro de 1998 Maceió presenciou um crime que iria chocar a política nacional: a Chacina da Gruta. Entre as vítimas, a deputada federal Ceci Cunha, mãe do senador Rodrigo Cunha (PSDB), que junto a outros três parentes, foi assassinada a tiros em uma reunião de família que comemorava a diplomação dela, poucas horas antes, para mais um mandato. Esse passado sangrento de crime de mando em Alagoas voltou às manchetes esta semana com a soltura do médico Pedro Talvane Luís Gama de Albuquerque Neto, então suplente da deputada. Ele, que chegou a representar o estado em Brasília até ser cassado após comprovação de ser o mandante dos assassinatos, foi condenado en 2012 a 103 anos e 4 meses de prisão, mas uma decisão de abril deste ano da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça reduziu a pena para 92 anos, 9 meses e 27 dias. Para conseguir sair da cadeia, a defesa de Talvane precisou se dedicar a um trabalho praticamente braçal para montar uma pilha de justificativas. Não faltaram argumentos: cursos, trabalho na prisão, estado de saúde delicado, período em que ficou preso antes da condenação e idade próxima aos

70 anos (no próximo dia 12 ele completa 65). E o esforço deu resultado. No dia 25, Talvane Albuquerque ganhou a liberdade - com monitoramento eletrônico - a partir da assinatura do juiz Diego Araújo Dantas, da 16ª Vara Criminal da Capital. A trajetória até a porta de saída do sistema prisional foi bem traçada. Mesmo sendo formado em Medicina, resolveu voltar a estudar. É uma tática bem utilizada pelos políticos. Em 2017, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral conseguiu autorização para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com o objetivo de cursar História. Isso porque a cada 3 dias de estudo há 1 dia a menos de cumprimento de pena. Ironicamente foi o mesmo curso optado pelo alagoano. Talvane também conseguiu a autorização, em maio deste ano, para realizar curso à

UM FATO INTERESSANTE É QUE EM ABRIL DESTE ANO, DECISÃO JUDICIAL ALEGOU QUE TALVANE SÓ TERIA DIREITO AO SEMIABERTO A PARTIR DO DIA 30 DE MARÇO DE 2028, NEGANDO O PEDIDO DA DEFESA DO EX-PARLAMENTAR.

ARQUIVO DE FAMÍLIA

Ceci foi morta no dia em que foi diplomada para segundo mandato

distância dentro do sistema carcerário. Na calculadora da liberdade isso resultou em 800 horas abatidas. Também atuou como médico de detentos, auxiliando a equipe de saúde prisional, a fim de reduzir a pena e ser beneficiado pela legislação que permite que, com cumprimento de um terço da pena, o réu seja beneficiado com a progressão de regime ao semiaberto. PERFIL GENÉTICO Condenado por crime de violência de natureza grave, vale salientar que Talvane foi obrigado, em março, a deixar seu DNA no banco nacional de perfil genético, que visa trazer à investiga-

ção criminal técnicas científicas avançadas para identificação e resolução de crimes que porventura ele possa novamente cometer. Já no mês de setembro, o médico, que vinha pleiteando a soltura, precisou passar por exame criminológico. Os juízes da 16ª Vara Criminal da Capital/Execuções Penais entenderam que, devido ao comportamento periculoso do reeducando à época dos assassinatos, bem como a gravidade concreta dos delitos praticados, faziase necessário a realização do exame como condição para a progressão de regime de cumprimento da pena. “Haja vista que a perícia é capaz de fornecer ao

julgador elementos e dados mais seguros para uma decisão correta, sobretudo se considerada a insuficiência de informações contidas nos atestados de comportamento carcerário dos apenados emitidos pelas Diretorias dos Estabelecimentos Prisionais”, justificaram. O EXTRA teve acesso a cada etapa das decisões. Talvane - com seus feitos de estudante e médico dentro da prisão - conseguiu 2.015 dias de remição, o equivalente a 5 anos anos e 5 meses. Um fato interessante é que em abril deste ano, a justiça alegou que ele só teria direito ao semiaberto a partir de 30 de março de 2028, enquanto até agosto último teria direito a apenas 1.028 dias de remição da pena. Ainda como argumentação para o benefício foi informado que ele possui mais de 60 anos de idade e seria portador de diversas doenças, dentre elas diabetes mellitus 2, doença pulmonar, hipertensão arterial e obesidade. Situação que levou a Justiça a voltar atrás, o beneficiando com a prisão domiciliar. Outro ponto que ajudou a diminuir a pena foi o período que ele ficou preso antes de ser julgado - de 22 de abril de 1999 a 4 de fevereiro de 2000. Conseguiu 202 dias de remição com os trabalhos prestados à saúde entre março de 2013 e setembro de 2014 e pelo curso de história teve abatidos mais 66 dias


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A NOVA ROTINA DE TALVANE O ex-deputado terá uma vida regrada caso queira manter-se fora do sistema prisional. Para concessão do semiaberto, a Justiça elencou uma série de normativas: permanecer em sua própria residência durante o repouso noturno e nos dias de domingo e feriados; sair para o trabalho a partir das 5hs e retornar até às 20 conseguiu hs, mediante autorização judicial; não praticar fato definido como crime doloso; não frequentar bares, boates, botequins, prostíbulos ou casas de reputação duvidosa; não se ausentar da cidade sem prévia autorização do Juízo; não frequentar as dependências de quaisquer unidades do sistema prisional do estado, salvo com autorização judicial; não mudar de endereço sem prévia comunicação ao Juízo; comparecer mensalmente perante o Juízo para informar e justificar suas atividades; fiscalização mediante monitoramento ele-

REPRODUÇÃO

Condenado em 2012, Talvane conseguiu reduzir a

trônico, com raio de abrangência zero, condicionado ao comparecimento mensal ao CMEP para manutenção do equipamento; comparecimento no sistema prisional para coleta de material para identificação do perfil genético; e, comparecimento em audiência admonitória, a primeira marcada para 22 de novembro. RODRIGO CUNHA DESABAFA Tão logo a notícia da soltura de Talvane se es-

palhou, o senador Rodrigo Cunha emitiu nota à imprensa. “Libertar o assassino da minha mãe Ceci Cunha, do meu pai Juvenal e de mais dois familiares representa mais um capítulo na história da impunidade em nosso estado e em nosso país. O criminoso Talvane Albuquerque, condenado a mais de 103 anos de prisão, está solto. Como pode? Eu e minha família repudiamos esta soltura e não temos palavras capazes de expressar nosso lamento e nossa agonia. Hoje, mais uma vez, revivemos dolorosamente o luto que nos fere há mais de duas décadas diante de um crime brutal e que parecia ter tido um desfecho, com a condenação de seus autores intelectuais e materiais. Seguiremos lutando e não vamos perder a fé na Justiça! A vida humana não pode ser tratada com tamanho menosprezo e quem causou tanto mal merece punição. Vamos novamente acionar o Judiciário buscando fazer

FACEBOOK

Rodrigo Cunha manifestou sua revolta com a soltura

com que Talvane Albuquerque pague pelo crime cometido”, divulgou o parlamentar. A CHACINA Na noite do dia 16 de dezembro de 1998, pouco depois de ser diplomada deputada federal pelo PSDB de Alagoas, a médica Ceci Cunha estava na varanda da casa da irmã Claudinete e do cunhado Iran Carlos Maranhão, no bairro Gruta de Lourdes, em Maceió, em compa-

nhia do marido, Juvenal Cunha, e da mãe de Iran, Ítala Maranhão, com os quais comemorava o segundo mandato, quando foi morta a tiros por pistoleiros que invadiram a residência fortemente armados. Claudinete conseguiu fugir para dentro de casa, mas chegou a ver a sogra, Ítala, ser atingida pelos disparos. Ceci Cunha foi atingida na nuca e morreu instantaneamente. Juvenal e Iran também foram executados. De acordo com a Justiça, o crime foi encomendado por Talvane Albuquerque, na época filiado ao PTN e suplente de Ceci na Câmara. Talvane queria o cargo e a imunidade parlamentar que dele adviria. Os assessores e seguranças de Albuquerque, Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva, foram condenados como autores materiais do crime.


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HOMENAGEM

Ex-prefeita Pauline Pereira é a mais nova cidadã de Campo Alegre Título foi entregue em sessão solene na Câmara dos Vereadores em reconhecimento ao trabalho da ex-prefeita para o desenvolvimento da cidade

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ex-prefeita Pauline Pereira foi adotada como Cidadã Honorária de Campo Alegre, município do Agreste de Alagoas. A honraria concedida pela Câmara Municipal dos Vereadores é um reconhecimento pelo trabalho realizado para o desenvolvimento da cidade durante os oito anos que Pauline comandou o Executivo. Filha natural de Junqueiro, a ex-prefeita agradeceu e atribuiu o título ao carinho das pessoas que a acolheram. “Foi aqui que decidi viver pelo restante da minha vida”, disse. Em discurso emocionado, a também expresidente da Associação dos Municípios Alagoas (AMA) comentou sobre o título nas redes sociais. “Agradeço a presença de todos que deixaram seus compromissos e o merecido descanso para estarem comigo, tanto de forma presencial quanto de forma on-line, nos meios de comunicações. Sinto-me honrada, abençoada e profundamente emocionada por receber o título de Cidadã Campo-alegrense. Considero este momento um dos mais importantes,

marcantes e inesquecíveis de minha trajetória, disse. “Família não é apenas de sangue. Família a vida também nos dá com o tempo, através de amizades, e Deus tem me dado muitas famílias em Campo Alegre. O sentimento que tenho agora em meu coração é gratidão. É o melhor sentimento que podemos ter, pelo abraço na hora certa, acolhimento, conforto e palavra de coragem no momento certo. Então, quero agradecer a todos vocês, pois em vários momentos vocês que estiveram comigo na última sexta-feira, deram esse abraço, esse aconchego e me disseram ‘não desista; persista nos seus sonhos’. A cerimônia de concessão do título de cidadã honorária foi realizada na sessão solene de sextafeira na Câmara, sob o comando do vereador Gilberto Correia dos Santos, presidente da Casa. Também foram agraciados com o título o marido de Pauline Pereira, Dudu Albuquerque, a pastora Jane Nascimento, o padre Genival Vicente, o secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de

Mendonça Neto, o tenente Samuel de Jesus Teles, o ex-secretário Manoel Romão da Silva Júnior e a professora Josefa Correia Ferreira (Dona Mocinha). O evento foi prestigiado pela deputada estadual Jó Pereira, pelo prefeito de Campo Alegre, Nicolas Pereira, e vários convidados.


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CRIME NO CARTÓRIO

Assassino de ex-sogra já tinha condenação pela Lei Maria da Penha

Elvison Vilela atirou na ex-namorada e na mãe dela porque não aceitava o fim do relacionamento FACEBOOK

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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tragédia familiar que levou ao túmulo a dona de casa Damiana Roberto Correia Mélo, de 45 anos, no município alagoano de Olivença, expõe a dura realidade à qual as mulheres estão submetidas há anos. O feminicídio não é apenas um termo usado por militantes de causas sociais nem um modismo. A palavra agrega o peso de atos de violência e morte, tortura física e também psicológica, muitas vezes presentes na vida de mulheres desde que elas nascem, mesmo que desconheçam o termo. Damiana conviveu com esse tipo de violência por muito tempo. Havia saído de um relacionamento abusivo com o marido, que chegou a ser condenado em 2018 por descumprimento de medidas protetivas e a ameaçava de morte por não aceitar o fim de um casamento de 23 anos, no qual a tratava com violência, segundo autos da ação penal n° 0700549-11.2016.8.02.0055. Morreu pelas mãos do ex-namorado da filha na última segunda-feira (25), que também não aceitou o fim do relacionamento com a garota. O crime cometido por Elvison Silva Vilela Ferreira, de 39 anos, além de revoltar familiares e amigos, mostrou à sociedade que mulheres permanecem vítimas de parceiros motivados por ódio em função do sentimento de perda do controle da propriedade sobre elas. Pior, revelam fragilidades no cumprimento da legislação. Elvison é funcionário terceirizado no cargo de auditor de transportes na Prefeitura

Em 2016, Elvison agrediu outra ex-namorada

de Olivença. Ele atirou contra a cabeça da ex-sogra, que morreu no local, e em seguida mirou a ex-namorada de 21 anos e efetuou cinco disparos em direção a ela. Fugiu do local do crime numa motocicleta sem placa anotada pelas testemunhas, mas que já foi apreendida pela Polícia. Conhecido pelo apelido de “Tripinha”, o assassino de Damiana já foi réu numa ação penal por crime de violência à mulher e também numa ação judicial. Chegou a ser preso no ano passado por porte ilegal de arma, após uma abordagem que o flagrou com um revólver calibre 38 e com munição, no Povoado Fazenda Nova. Neste caso, foi realizado um Acordo de Persecução Penal, entre Elvison e o Ministério Público, em que o réu não seria processado pelo porte ilegal de arma. A sentença foi convertida em pagamento pecuniário de R$ 4 mil e que será destinado ao Lar São Vicente de Paula, além da prestação de serviços comunitários a serem definidos. A homologação do acordo,

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Dayrla levou cinco tiros

foi publicada pelo juiz Araújo Massoud, da 3ª Vara Criminal de Santana do Ipanema, no mesmo dia em que Elvison matou Damiana Melo e deixou ferida a filha dela e ex-namorada Dayrla Roberto Correia Mélo, de 21 anos, dentro do cartório onde ela trabalhava, no município. Maria da Penha O assassino de Damiana Mélo não era réu primário. Na Ação Penal n° 070033957.2016.8.02.0055, Elvison

FACEBOOK

Damiana tinha 45 anos

Vilela foi condenado em abril de 2019 por agressão a uma ex-namorada, também no local de trabalho. No dia 4 de maio de 2016, por volta das 11 horas e 7 minutos, no Setor de licitações da Prefeitura de Olivença, o réu agrediu fisicamente com socos e pontapés a ex-companheira, Karine Silva Lourenço, causando-lhe lesões. O motivo apontado foi o fato da vítima se recusar a retomar o relacionamento com ele. Os crimes de lesão cor-

poral qualificada e ameaças, na forma da Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, levaram o juiz Leandro de Castro Folly, da 3ª Vara Criminal de Santana do Ipanema, a condenar Elvison Vilela. A pena aplicada foi de 11 meses de detenção, mas em regime aberto. Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e quase sempre elas são vítimas de companheiros ou familiares. Consta nos autos da ação que “Elvison Vilela entrou no local de trabalho de Karine querendo conversar. Quando ela respondeu que não tinha nada para falar com ele, Elvison lhe deu um soco no rosto que a levou ao chão. No mesmo instante, aproveitando-se que a vítima ainda estava caída, lhe deu vários pontapés até ser contido por um guarda municipal e um funcionário do setor”. Os dois homens teriam expulsado o agressor do local, enquanto a vítima foi procurar atendimento no Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo em Santana do Ipanema. No dia 27 de maio de 2016, Karine registrou a ocorrência e pediu medidas protetivas contra o autor na delegacia regional, o que foi deferido pelo magistrado, após representação da Autoridade Policial. Ao ser ouvida na delegacia, a vítima relatou que conviveu durante três anos e meio com o autor, e há quatro meses estariam separados. Até o fechamento desta edição (na quinta à tarde), Elvison Vilela continua foragido e sendo procurado pela Polícia.


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POLÊMICA

Rio Largo entre as cidades brasileiras com iluminação pública mais cara Cobrança é realizada com base no consumo de energia elétrica das residências e não prevê isenção de famílias vulneráveis

01.2018.00000135-8, documento no qual denunPrefeitura de Rio ciou o fato ao Ministério Largo cobra uma Público do Estado de Aladas maiores ta- goas, há três anos. xas do país para custear O consumo de energia o serviço de iluminação elétrica, afirma o acapública do município. Os dêmico no processo, não recursos saem do bolso tem relação alguma com do cidadão consumidor iluminação pública. Alex e a taxa está embutida Santos participa do momensalmente na conta de vimento local de combate energia elétrica. É prerro- à corrupção no município. gativa dos municípios im- Ele continua afirmando plantarem a cobrança da que existe na referida taxa (Contribuição para lei abusos e ilegalidade o Custeio do Serviço de a dispositivos constituIluminação Pública - Co- cionais. A Cosip também sip) e todo recurso finan- é cobrada a proprietários ceiro oriundo dela deve de terrenos, áreas sem ser repassado à conta da existência de edificação. Prefeitura. Ocorre que Por conceito, iluminaem Rio Largo a cobran- ção pública é um serviço ça instituída pela Lei nº essencial destinado, en1.769/2017, criada no pri- tre outros objetivos, a aumeiro mandato do atual mentar a segurança das prefeito Gilberto Gon- pessoas e facilitar a visiçalves (PP), em 2017, é bilidade geográfica, uma realizada tendo por base forma de garantir o direio consumo de energia elé- to de ir e vir aos cidadãos. trica nas residências, o É utilizada por qualquer que gera polêmicas. pessoa que circule nas “É como se o cidadão, ruas, logradouros e depor ter mais eletrodomés- mais bens públicos, porticos em casa e consumir tanto, não haveria como mais energia elétrica, mensurar o seu consumo, usasse mais o serviço de segundo argumentação iluminação pública do do autor do processo. que os demais”, questiona No documento, Alex o acadêmico de políticas Fernandes argumenta públicas Alex Fernandes que iluminação pública dos Santos no processo nº “é um serviço prestado de

Prefeito Gilberto Gonçalves

DA REDAÇÃO

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Tabela de cobrança da Cosip em Rio Largo

forma geral para todos que circulam pela cidade e que esse serviço tem quantidade específica de luminárias a serem mantidas. Sendo assim, é possível haver planejamento orçamentário de despesas anuais para ele, tendo em vista que é conhecido o patrimônio físico da iluminação pública”. Portanto, teoricamente, a cobrança pela iluminação pública deveria ter valor fixo, observado os equipamentos, a quantidade de moradias e serviços inerentes ao fornecimento, segundo o processo. Em julho de 2018, o promotor público de justiça Magno Alexandre Ferreira Moura converteu o processo de Alex Ferreira em Inquérito Civil Público, com o fim de “apurar as circunstâncias que possam autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do Ministério Público, servindo como preparação para o exercício das atribuições específicas às suas funções institucionais”. Não há decisão nova nem parecer sobre o novo processo e as polêmicas continuam.


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Dados do Portal da Transparência da Prefeitura

EQUATORIAL No contrato que possui com a concessionária Equatorial Energia, a Prefeitura de Rio Largo paga um valor fixo pela iluminação pública e que tem por base a quantidade de luminárias que ficam acesas diariamente das 18 horas às 6 da manhã do dia seguinte. O valor é de R$ 145 mil por mês, segundo os dados do Portal da Transparência do município. A cidade tem atualmente cerca de 4.150 postes, informa Alex Fernandes, e, neste caso, cada poste com luminária custa à prefeitura R$ 35/mês. Entretanto, com a metodologia aplicada para cobrança da Cosip, a arrecadação pelo serviço de iluminação pública gera à Prefeitura de Rio Largo uma receita média de R$ 625 mil mensais ou R$ 7,5 milhões por ano. “É como se cada poste com luminária em Rio Largo correspondesse a um custo de R$ 150 mensais”. Curioso é que a taxa de iluminação pública do município alagoano é mais alta que a praticada na cidade do Rio de Janeiro, que também adotou a aplicação da alíquota com base no consumo de energia nas residências. Mas, na cidade do Cristo Redentor o consumidor cobrado por faixa de consumo paga menos que os riolarguenses. A Cosip não é cobrada para o carioca que consome de 80 a 100 Kwh de energia elétrica. Na faixa entre 100 e 140 kwh a taxa é de R$ 6,76; de 200 a 300 kwh, R$

Detalhes dos empenhos de outubro

Receita auferida com cobrança da taxa

14,15; de 600 a 1000 kwh, R$ 34,64 e superior a 1000 a 2000 kwh R$ 64,98. Em Rio Largo, o consumo de 0 a 30 Kwh tem alíquota R$ 24,485; de 31 a100 Kwh, R$ 35,485, de 101 a 200

Kwh, R$ 58,453 e assim por diante. Além da iluminação pública mais cara, Rio Largo registra outro dado preocupante em relação à iluminação pública, segundo

denúncia de Alex Fernandes, que é o gasto com a substituição de luminárias e equipamentos por LED (dispositivo capaz de emitir luz de forma eficiente e econômica). Em média, mais de R$ 970 mil foram pagos por mês neste quesito. Segundo o Portal da Transparência, a compra dos produtos consumiu em 2021 mais de R$ 8,5 milhões. “Seria para toda a cidade estar totalmente iluminada em LED, tendo em vista que estamos falando apenas nas compras realizadas em 2021, pois se formos contabilizar desde 2018, quando se iniciou a cobrança da Cosip pelo cálculo atual, então já teria dado para iluminar mais de duas cidades do tamanho de

Rio Largo”, considerou Alex Santos. A iluminação em LED gera uma economia de 60% na despesa com pagamento da iluminação à operadora de energia elétrica, e as lâmpadas e equipamentos têm durabilidade de 10 anos. “A cidade de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, com 58 mil habitantes e mais de 10.966 postes diminuiu pela metade seu custo com iluminação pública e manutenção ao substituir as luminárias pela nova tecnologia”, diz Santos. O EXTRA entrou em contato com assessores da Prefeitura de Rio Largo em busca de informações sobre a Cosip, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.


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CRIME AMBIENTAL

Pastor é acusado de falsificar documento de ave rara CLÁUDIO LOPES

MP apura denúncia contra criador de Capela após infração ter sido confirmada pelo IMA e Ibama

ANSELMO D’ FONSECA

ARTHUR FONTES

Estagiário sob supervisão

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ristino dos Santos Maciel, criador de aves de Capela, e que se identifica como pastor, foi denunciado em fevereiro deste ano por um crime ambiental: falsificação de documentos de aves contra órgãos públicos. Na ocasião, ele falsificou a nota fiscal de aquisição da espécie Sporophila nigricollis, pássaro raro que é popularmente conhecido no Brasil como baiano e que em território alagoano é conhecido como bico-de-prata ou chupinha. O crime ambiental foi inicialmente detectado pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), que após investigação preliminar, comunicou o fato ao Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e este, após uma fiscalização in loco, acionou o Ministério Público Federal (MPF). A ação de fiscalização foi deflagrada após comunicação pelo IMA da tentativa de inclusão de ave em plantel utilizando nota fiscal falsificada. Cristino dos Santos apresentou ao órgão ambiental estadual uma nota fiscal de compra de um

Sporophila nigricollis é uma espécie rara de ave conhecida como bico-de-prata ou chupinha

Pastor alegou que a ave fugiu da gaiola

espécime de baiano de uma empresa sediada em São Bernardo do Campo (SP), a Avicultura T.M.S. EireliME, com data de 27 de novembro de 2015 e pelo qual teria pago R$ 350. Ocorre que, em contato com o órgão ambiental paulista, descobriu-se que a nota era falsa bem como comprador de São Paulo. O IMA realizou consulta ao órgão estadual competente no estado paulista, local de registro do referido criador comercial, que atestou que a nota fiscal era falsa, bem

como que a anilha (marcador individual de aves) descrita por Cristiano, TMS SP 2,2 0239, não correspondia à ave que ele detinha. No dia 30 de janeiro do ano passado, uma equipe do Ibama se deslocou ao endereço do criador Cristino, no intuito de realizar vistoria do plantel, para confirmar a autenticidade da anilha do animal objeto da referida nota fiscal e os números não batiam, assim notando que o documento não era verdadeiro. Durante a fiscalização, o

pastor alegou que a ave teria fugido da gaiola no dia 12 de dezembro de 2019, embora somente tenha aberto Boletim de Ocorrência (BO) do desaparecimento a 5 de fevereiro do ano passado, poucos dias após a visita da equipe do Ibama. O caso foi remetido pelo MPF ao Ministério Público Estadual, tendo em vista a descoberta do crime ter se dado no âmbito de um órgão estadual, no caso o IMA. O crime ambiental pode custar caro ao bolso do pastor. Segundo o Decreto nº 6.514 de 22 de julho de 2008, o Art. 82. ‘’Elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso, seja nos sistemas oficiais de controle, seja no licenciamento, na concessão florestal ou em qualquer outro procedimento administrativo ambiental: Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).’’ O Ibama, ao emitir auto de infração contra o criador de Capela, considerou a

adulteração de documentos como infração grave, bem como a manutenção de espécimes da fauna sem origem legal. “Em caso de comprovação de ilegalidade grave, que configure a manutenção em cativeiro de espécimes da fauna silvestre sem origem legal comprovada ou a adulteração e falsificação de documentos, informações ou anilhas, as atividades de todo o Criadouro serão embargadas cautelarmente, suspendendo-se o acesso ao Sistema de controle e a movimentação, a qualquer título, de todo o plantel, sem prejuízo das demais sanções previstas. Constatada a infração a multa será aplicada considerando a totalidade do objeto da fiscalização, procedendo-se a apreensão de todos os espécimes irregulares e a indisponibilidade do restante do plantel, que não apresentar irregularidade, do qual o Criador ficará como Fiel Depositário até o julgamento do processo administrativo’’. SOBRE O BICO-DE-PRATA O macho possui um capuz preto na cabeça, contrastando com as partes superiores e com as partes inferiores amareladas. Ocorrem também espécies com as partes inferiores brancas. As fêmeas possuem cor parda, a mesma cor dos filhotes. Os filhotes machos adquirem a plumagem de adultos com cerca de 18 meses de idade. Esta ave está presente em grande parte do Brasil, em direção sul até o Paraná, excetuando-se a região Amazônica entre o oeste do Mato Grosso e Rondônia e, em direção nordeste, até o Amapá. Nos três estados já foi comprovada fotograficamente a sua presença. Fora do Brasil, também já foi encontrado da Costa Rica ao Panamá e na Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Argentina.


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AQUECIMENTO GLOBAL

Aumento de temperatura pode deixar bairros de Maceió submersos

Estudo aponta para risco de invasão do mar no Jacintinho e desaparecimento de algumas cidades alagoanas JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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onsegue imaginar o bairro do Jacintinho à beira mar? Bem, com o aquecimento global é facilmente possível. Para que isso aconteça basta o clima da Terra aumentar 3º C já nas próximas décadas. E mais: se o aumento for de apenas 1,5º C por conta de medidas de prevenção ambiental, como a redução da emissão de gases do efeito estufa, ainda assim causaria estragos na capital alagoana. É o suficiente para deixar bairros como o Vergel do Lago (que se transformaria em Vergel do Mar), Ponta Grossa, Pontal da Barra e Levada debaixo d’água. A estimativa é de uma pesquisa conduzida pelo Climate Central, organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade Princeton, também nos EUA, e o Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto do Clima, na Alemanha. O trabalho, que foi publicado na revista científica Environmental Research Letters, identificou as regiões do mundo que podem sofrer inundações “sem precedentes”, caso as políticas para combater as mudanças climáticas não sejam colocadas em prática agora pelos países. Maceió é uma delas. Conforme o estudo, centenas de áreas costeiras, que abrigam atualmente mais de 1 bilhão de pessoas, estão sob risco. Um momento oportuno para discutir o tema se inicia nesse 31 de outubro. É quando a cidade de Glasgow, na Escócia, sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26. O encontro acontece até 12 de novembro. De acordo com o cientista

Benjamin Strauss, líder da Climate Central e autor principal do artigo, é nesta conferência que “os líderes mundiais têm a oportunidade de ajudar ou trair o futuro da humanidade com suas decisões atuais sobre as mudanças climáticas”. “Nossa pesquisa, e as imagens criadas a partir dela, ilustram o que está por trás das negociações sobre o clima em Glasgow. Medidas robustas e imediatas para uma economia mundial limpa e segura para o clima podem ajudar bilhões de pessoas e preservar cidades e nações inteiras para o futuro. As escolhas de hoje definirão nosso caminho”, completou. O aquecimento global é um assunto em voga, mas que não é discutido de forma mais direta com a população. A Terra sofre hoje as consequências de um processo que o ser humano começou séculos atrás. Desde a invenção das grandes máquinas a vapor, a Revolução Industrial fez com que a sociedade aumentasse a capacidade de produzir diversos produtos, acarretando uma exploração exacerbada de recursos naturais e gerando uma produção abusiva de lixo e resíduos poluentes. A fumaça lançada pelas caldeiras e chaminés das grandes fábricas, as queimadas realizadas em grandes pedaços de terra e outras atividades fizeram o nível de gases de efeito estufa aumentar de forma preocupante. Efeito estufa trata-se de um processo natural do planeta, que mantém a temperatura mais alta do que seria se não existisse atmosfera – exatamente da mesma forma que uma estufa de plantas é aquecida quando o Sol bate em suas vidraças. Esse efeito garante a vida de todos os seres vivos, sem ele a Terra

Áreas passíveis de inundação em Maceió em simulações feitas pelo Climate Center seria fria demais. Alguns gases do nosso ar são responsáveis por esse efeito, sendo o principal deles o gás carbônico. O problema é que, desde a Revolução Industrial estão sendo lançadas no ar quantidades excessivas desse gás. Esse aumento na atmosfera faz aumentar também a temperatura da Terra, gerando o aquecimento global, que modifica o clima e acelera o descongelamento de icebergs, geleiras e dos polos. Tal fato aumenta o nível da água nos oceanos que começa a invadir os continentes.

MAPA DO ALAGAMENTO

O estudo mostra que há uma diferença considerável no que pode acontecer com regiões litorâneas de acordo com o aumento da temperatura: se ocorrer uma elevação de até 3°C nas próximas décadas (em comparação com a média pré-industrial), o risco de danos é prati-

camente o dobro do que seria observado numa subida ligeiramente menor, entre 1,5°C e 2°C. Em cenário mais otimista, o aumento de 1,5°C aconteceria se diminuíssemos aos poucos a emissão de gases do efeito estufa, até alcançarmos zero emissões em 2050. Já a elevação de 3°C será realidade caso o ritmo atual continue como está ou até piore nas próximas décadas. O Climate Central montou uma sequência de imagens com o auxílio de programas de edição e fotos de satélites, que revelam como podem ficar cerca de 100 cidades costeiras de 39 países, incluindo o Brasil. Os locais mais atingidos estão na Ásia: China, Índia, Indonésia e Vietnã teriam partes de seu território afetados onde milhões de pessoas vivem atualmente. Maceió não se encontra nesse material, mas a vizinha Recife (PE) sim. Porém é possível ver o quanto o mar vai avançar em

Alagoas em mapa interativo disponível no site https://coastal.climatecentral.org/. O primeiro exemplo da lista do estudo em relação às cidades brasileiras é Salvador, capital da Bahia. O aumento de 1,5°C já faria o mar avançar sobre parte do centro e outros bairros da Cidade Baixa. Agora, caso a elevação da temperatura chegue a 3°C, a imagem mostra que toda a área onde fica o Mercado Modelo até a frente do Elevador Lacerda seria tomada pelas águas. Um cenário parecido pode ser observado no bairro de Casa Amarela, na região Norte de Recife. Com 1,5°C, é possível observar um possível aumento do nível do Rio Capibaribe. Com 3°C, boa parte das ruas e das avenidas ficariam submersas. Em Alagoas, outra cidade que sofreria bastante com o aumento da água é Marechal Deodoro. Localidades como Barra


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Maragogi

Penedo

Recife

Salvador

Nova, Massagueira e Praia do Francês ficariam submersas. Isso com a perspectiva do aumento de 3°C. Ainda no Litoral Sul, Feliz Deserto desapareceria debaixo d’água. E Piaçabuçu iria perder o cartão postal da foz do Rio São Francisco. O município que contemplaria a chegada do mar ao Velho Chico seria Penedo. Já no Litoral Norte, Paripueira seria mais mar que cidade e as águas chegariam até São Luís do Quitunde. Porto Calvo teria suas próprias “piscinas naturais”, enquanto boa parte de Japaratinga estaria abaixo do nível do mar. Maragogi estaria praticamente ilhada. No mundo, Havana, em Cuba, Dhaka, em Bangladesh, e Lagos, capital da Nigéria, as projeções do Climate Central mostram um cenário drástico. O aumento de 3°C poderia submergir parcialmente ou totalmente edifícios e praças no coração dessas cidades. Países

desenvolvidos sofreriam igualmente as consequências drásticas do aumento do nível do mar. Na capital britânica, Londres, o cenário de aumento de 1,5°C já é suficiente para inundar parte da entrada e dos jardins do Palácio de Buckingham, residência da rainha Elizabeth 2ª. Com a temperatura 3°C acima da atual, o palácio fica inacessível.

COMO EVITAR?

Em julho deste ano, o site Clima Tempo elencou cinco formas de como a população pode ajudar na diminuição do aquecimento global. As medidas foram sugeridas pela Embalixo, empresa brasileira fabricante de sacos para lixo. Ela foi a pioneira em colocar no mercado o primeiro saco para lixo carbono zero, composto por matéria-prima feita de plantas e com tecnologia que captura a emissão de gás carbônico. São elas: evitar o uso de carro – dando preferência

São Luis ao transporte público ou bicicletas; consumir produtos comprovadamente carbono zero; desligar a luz ao sair de um ambiente; evitar lixo digital, excluindo arquivos e e-mails desnecessários, já que o armazenamento em nuvem é pro-

cessado por servidores potentes que precisam ser refrigerados; e não desperdiçar alimentos. Humberto Barbosa, meteorologista e líder do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Ala-

goas (Ufal), compara o aquecimento global com a febre no corpo humano. “Quando estamos com febre, dependendo da temperatura, podemos sofrer com alterações cerebrais e cardíacas. O aquecimento global é a febre do planeta. Sim, a Terra está em estado febril”, disse ao EXTRA. O especialista dá outra dica de como ajudar na preservação do clima: valorizando empresas que se importam com o meio ambiente. “Esses produtos podem ser até mais caros, mas incentivar essas empresas é essencial. É uma das formas que podemos fazer a nossa parte”, declarou. Sobre o clima, de acordo com Barbosa, a população não precisará esperar décadas para ser afetada. “Já vivemos em um país com um clima diferente. Antes de 2005 achávamos que entendíamos as secas na Amazônia. O dogma era o seguinte: as secas afetaram apenas algumas áreas, como as partes relativamente secas do leste e do sul da bacia e ocorreram apenas durante os anos de El Niño. Mas, em 2005, testemunhamos algo que ninguém em memória viva jamais tinha visto antes. Aparentemente, devido a uma combinação de aquecimento global e variabilidade climática natural, a superfície do mar no Oceano Atlântico tropical se tornou excepcionalmente quente”. Em tempos de negacionismo não é raro ver postagens questionando a veracidade do aquecimento global. Um dos argumentos é que o clima da Terra sempre esteve em mudanças (mesmo sem os seres humanos) e que o aquecimento é causado pelo Sol. As falácias compartilhadas expõem até um suposto benefício: “O aquecimento global será bom para a humanidade. Menos mortes devido ao frio, regiões mais habitáveis, benefícios para agricultura. Isso é bom. O aquecimento ajuda os pobres”. “O aquecimento global é real, independentemente do que se acha, em quem se vota ou em que se acredita”, finalizou Barbosa.


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SAÚDE MENTAL A inveja patológica, quase invisível Uma pequena fábula Um homem invejoso recebeu a visita de uma fada. Ela, que sabia da inveja de um vizinho, ofereceu a chance dele realizar um único desejo: “Você pode pedir o que quiser, desde que seu vizinho receba o mesmo e em dobro”. O invejoso respondeu que queria que ela lhe arrancasse um olho. Moral da história: o prazer de ver o outro se prejudicar prevaleceu sobre qualquer anseio de benefício pessoal. Essa fábula foi usada pela psicanalista Melanie Klein (1882-1960) em sua obra Inveja e gratidão (1947), um dos principais trabalhos sobre o tema. O trabalho serve para ilustrar o funcionamento psíquico de quem vive um sentimento de inveja.

Pecado O sentimento de inveja existe em todas as camadas sociais. É destrutivo, mas pode ser controlado, tratável. Ele pode ser até positivo, quando visualizado em alguém bem sucedido ou como referência para se atingir o que a outra pessoa conseguiu, rumo ao sucesso. É instigado em “romances” nas telenovelas e é um dos pecados capitais.

Destrutivo Esse sentimento pode ser destrutivo, mas a pessoa pode atribuir um novo significado, através de seu comportamento, de sua visão de mundo. Pode ser um sentimento que leva a pessoa a ser melhor, se o sentimento for ressignificado, reelaborado e for analisado numa psicoterapia. É destrutivo se a pessoa não tiver podendo controlá-lo. Às vezes nem ela percebe que está tendo o sentimento. Daí a importância de se buscar ajuda de um profissional, caso o sentimento, já consciente, esteja incomodando.

Origem Sua origem está na infância, ainda quando bebê. As pesquisas indicam que quanto mais precários forem os cuidados (afeto, segurança, alimentação, etc) com o bebê, mais ele pode desenvolver, futuramente, o sentimento de inveja. Lembrando que Psicologia não é matemática. Resumindo, a inveja é um sentimento de ódio que a pessoa apresenta por não ter o que a outra pessoa tem e não é, necessariamente, um objeto material, pode ser um sorriso, uma maneira de ser ou mesmo a simpatia de alguém.

Acontece ... Nos relacionamentos entre casados/namorados, tipo: - Você está dando muito do seu tempo para esse trabalho! Na verdade, a pessoa queria estar no lugar dela. No ambiente de trabalho: A pessoa torce para que o trabalho do outro dê errado. Fica satisfeita quando isso acontece. No ambiente familiar: uma pessoa tem um pouco mais de conhecimento. E um determinado membro da família procura, sempre, os defeitos dessa pessoa. Num grupo de amigos: alguém do grupo compra um carro/moto novo e um membro do grupo acha um monte de defeitos. Nos três primeiros casos a pessoa queria estar no lugar da outra; no outro a pessoa queria ter aquele bem e como não tem, coloca defeito.

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Destruir o outro

A inveja é um impulso que causa destruição do outro. A pessoa se entristece com a felicidade do outro; ela se alegra com o mal do outro. Ela torce para que o trabalho do outro dê errado. O que ela sente é que destruindo o outro/a ela tem a ilusão de se acalmar. É uma infelicidade interna, intensa. Por isso pode destruir o outro.

Fantasia patológica

A pessoa sente culpa por ser inferior e por isso fantasia com aquilo que pensa fazer-lhe falta. Ela acredita ser merecedora daquilo que fantasia e quando a realidade aparece ela sente ódio, além de humilhação.

Não tem prazer

A inveja é uma pulsão (processo que faz o organismo suprimir o estado de tensão) de morte, de destruição. É o inverso do que deve ser, ou seja, ela deveria ter pulsão de vida, de prazer, mas não consegue.

Consciente

Ela sente insegurança de sua existência de vida, de viver plenamente; ela não consegue viver bem e quer destruir a vida do/a outro/a. Isso ocorre num processo inconsciente. Daí, mais uma vez, a importância de se submeter a um processo psicoterápico para se descobrir as origens. A pessoa invejosa é vingativa. É patológica quando ela está consciente das atitudes de destruição.

Inferioridade

A inveja é um sentimento de cobiça, de vingança, causado pelo sentimento de inferioridade em relação aos outros ou a uma determinada pessoa (geralmente é a uma pessoa específica) que tanto “a atormenta”, sem uma razão específica, difusa. É uma pessoa fragilizada; de sentimento negativo. Ela se sente desqualificada para gerir sua própria vida.

“Poderosa”

Um exemplo claro é quando uma pessoa vê os bens (ou o bem) de outra pessoa e não consegue possuir, obter; seja um bem (material) ou um bem imaterial (exemplo: ter um bom humor). Aí surge o sentimento de impotência e de baixa autoestima, podendo projetar ódio para essa pessoa (vítima) ou pelo objeto que a outra pessoa tem. Daí querer destruir ou a pessoa ou o objeto, para “se sentir bem; poderosa”.

PIOR A inveja e a falsidade andam juntas e revelam o pior das pessoas!

(Marianna Moreno)

Denegrir Devido ao complexo de inferioridade que a pessoa apresenta, o sentimento de inveja se intensifica. Um exemplo é denegrir uma pessoa, seja inferiorizando-a, ou inferiorizando o que a outra tem. A inveja é paradoxal.

Transtorno A inveja é considerada um transtorno afetivo (da afetividade) que está presente em alguns processos psicóticos, a exemplo do Borderline (dependência); Antissocial (frio, calculista); histeria (sedução) e também nos transtornos narcisistas (a pessoa é o centro do Universo). A inveja pode levar à psicopatia e, quando identificada em suas origens, pode ser tratável. A inveja apresenta um complexo de sentimentos que estão presentes em alguns transtornos neuróticos (sinais) e em alguns processos psicóticos (o sentimento é intenso).

Características Várias são as características, entre elas, insatisfação profunda (vazio); sentimento de tristeza perante o que a outra pessoa tem e ela não tem; nunca elogia; tem boa lábia (discurso bonito); tem ego inflado (acha-se a pessoa mais importante do mundo). Apresenta também o comportamento de mitomania (a mentira é uma constante na vida dela); tem sede de adrenalina (se arrisca em atividades perigosas, drogas e até em crimes); não tolera regras; tem impulsividade (mesmo racional, não perde tempo pensando nos prós e contras antes de agir); é incapaz de sentir culpa.

Como age A pessoa deseja destruir a outra, nocauteá-la e até ri da condição de miséria e insucesso da outra. A pessoa invejosa é capaz de boicotar, de fofocar, de fazer armadilhas, a fim de destruir a outra. Ela quer provar, ao menos para si mesma, que é melhor. A inveja surge por uma insatisfação profunda (vazio) e acontece porque ela deseja os bens ou as virtudes da outra pessoa e é incapaz de alcançá-los, seja por incompetência, por limitação física ou por limitação intelectual.

Tratamento A inveja é uma psicopatia que pode ter controle com psicoterapia. A ansiedade em querer ter o que não pode ter ou o que deseja ter, dependendo da intensidade, pode ser tratada com medicamento ministrado por psiquiatra para amenizar esse sintoma. Psicoterapia é recomendado nos primeiros momentos de percepção de que o comportamento existe.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Ele tem muita preocupação com o que pode vir de investigação sobre emendas secretas que ele coordena e isso vai causar, talvez, o maior escândalo do Brasil”. (Renan Calheiros em resposta a Arthur Lira)

Agora é com Aras. Vai denunciar? Um grupo de senadores, integrantes da CPI da Covid, fez entrega ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de cópias do relatório final, de autoria do senador Renan Calheiros. Cabe agora a Aras decidir se oferece denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro e outros agentes públicos com foro privilegiado citados no documento, aprovado na terça-feira (26) pela comissão. O presidente, o relator e o vice-presidente da CPI participaram da entrega do relatório. Além de Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), integraram a comitiva os senadores Humberto Costa (PT-PE), Otto Alencar (PSD-BA), Simone Tebet (MDB-MS), Fabiano Contarato (Rede-ES),

Arthur Lira, fendendo os iguais

de-

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, criticou o relatório da CPI da Pandemia do Senado e subiu o tom: “Para mim, é motivo de grande indignação como presidente da Câmara e como cidadão brasileiro tomar conhecimento das conclusões encaminhadas pelo relator da CPI da Covid do Senado Federal. É inaceitável, repito, inaceitável a proposta de indiciamento de deputados desta Casa no relatório daquela comissão parlamentar de inquérito”, disse. O relatório propõe o indiciamento de cerca de 80 pessoas, entre elas o presidente da República, Jair Bolsonaro, e os deputados Eduardo Bolsonaro, Carlos Jordy, Ricardo Barros e Osmar Terra. A proposta, segundo Lira, “fere de morte os direitos e garantias fundamentais”, porque os deputados e senadores são, pela Constituição, invioláveis civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Lira afirmou que vai analisar o teor do relatório final de forma minuciosa para garantir a liberdade de expressão e imunidade parlamentar e a dignidade do exercício do mandato. Aí está explícito, Arthur Lira sendo Arthur Lira. Para os que o conhecem, nada de novo e para o país um comportamento muito próprio de sua tortuosa caminhada pela política do submundo. Defendendo os iguais.

Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE). Após o encontro, Augusto Aras afirmou que o relatório final pode contribuir em investigações já conduzidas pelo Ministério Público. “Esta CPI já produziu resultados. Temos denúncias, ações penais, autoridades afastadas e muitas investigações em andamento. Agora, com essas novas informações, poderemos avançar na apuração em relação a autoridades com prerrogativa do foro nos tribunais superiores”, escreveu Aras em uma rede social. Quero ver agora Aras peitar o presidente Bolsonaro, mais enrolado do que carretel, indiciado pela CPI, com provas suficientes para levar um pé na bunda e expulso do cargo que ocupa, sem a dignidade de merecê-lo.

Alexandre Ayres

Quando Alexandre Ayres assumiu a Secretaria de Saúde, algumas pessoas duvidaram de sua gestão e profissionais do setor médico entroncharam a cara, fazendo pouco caso, como se não fosse possível obter sucesso. Eu não duvidei um minuto, até porque conhecia o secretário de outros carnavais e sabia de sua capacidade de fazer acontecer. Pois bem, aí está a antes desastrada saúde alagoana sendo exemplo para o país, com o enfrentamento à pandemia vitorioso e destacado pela imprensa nacional. Sob o comando de um governador empreendedor, que lhe dá todo o apoio, construiu hospitais, UPAs de qualidade nos bairros e municípios, levou avanços para o interior e regionalizou saúde de excelência por todo o estado. Prefeitos, lideranças políticas e o povo têm enaltecido o trabalho eficiente de Ayres, que tem deixado realizações fincadas em cada canto. Quem planta, colhe.

De olho nos gastos

O prefeito JHC precisa alertar seu Controle Interno com relação a gastos que extrapolam o racional na realização de determinados eventos patrocinados ou bancados pelo tesouro municipal. Que fique claro que nem sempre o legal é moral e ético. Fazer eventos de luxo para um grupo seleto e reduzido de servidores e dizer que está prestigiando a classe não é minimamente aceitável. Mais tarde, quando o Tribunal de Contas passar e detectar ações de improbidade, vai ter gente a dizer: “eu não sabia”. Contas públicas devem ser publicadas, justificadas e auditadas.

Fecomércio prevê consumo

O início do quarto trimestre do ano pode ser marcado pela recuperação na tendência de consumo. É que a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) aponta que, em Maceió, este indicador teve crescimento de 2,9% em outubro, chegando a patamares registrados no início deste ano. O levantamento foi realizado pelo Instituto Fecomércio-AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Embora ainda fique abaixo de 100 pontos, o que ainda caracteriza pessimismo, o ICF registrou 92,2 pontos este mês, o que representa um aumento de 3,2% comparado a agosto passado, quando foi registrado o pior desempenho com 89,3 pontos. Essa trajetória recoloca a intenção de consumo no ritmo do crescimento.

A voz da periência

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Sem saber que estava sendo gravado durante o intervalo de uma entrevista para a estreia do canal Jovem Pan News, o presidente (sem partido) foi flagrado descrevendo a assessores como receber propina e ainda pergunta quanto valeria uma vaga no STF. “Para mim é fácil. Manda um sapato número 43, meu número aqui, tá? Um beijo. Pronto, resolveu o problema. Chega um

sapato 43 cheio de notinha de 100 verdinha dentro”, explicou o presidente Bolsonaro ao descrever como proceder para receber propina. Em seguida, o presidente da República se dirige à sua equipe e pergunta quanto eles acham que vale uma vaga no STF. Aparentemente, ele é avisado de que estava sendo gravado e encerra o assunto.

PÍLULAS DO PEDRO Fazer eventos com dinheiro público apenas para os “escolhidos” não é honesto. Cibele Moura é uma gratíssima surpresa na Assembleia Legislava. Articulada, com presença ativa no plenário, nas comissões e onde chega agrada. Está no


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Bandalha generalizada

ELIAS FRAGOSO n Economista

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ste (des) governo que aí está já contratou para 2021 a estagflação (já estamos com um pé dentro). Isso num contexto muitas vezes pior do que a que vivemos durante outro (des) governo, o do Sr. José Sarney, o dono da capitania hereditária do Maranhão e percursor de toda a bandalha federal que aí está. A bandalha bolsonarista, portanto, tem percussores tão incompetentes quanto ele. E tão ladravazes como todos. É este país, que cresce 1% em média há 40 anos, e que a OCDE acaba de indicar que vai passar outros 40 no mesmo diapasão do seu eter-

no voo de galinha, que assiste bovinamente calado o que esta legislatura federal atual apronta. Enquanto a imprensa cuida de desmascarar a cada dia o que este país está vivendo nas mãos do miliciano genocida, ali ao lado, o Congresso Nacional, liderado pela Câmara dos Deputados que já se lambuzava em corrupções, agora envereda numa nova velha etapa. A mesmíssima do governo Sarney que transformou aquela casa legislativa num lupanar de beira de estrada. Vem de lá a corrupta “emendas do relator”, o “orçamento secreto”, os anões do orçamento e outras canalhices destinadas a roubar o dinheiro do povo, a roubar o orçamento da Nação. Vivenciamos outro período nefasto, de corrupção à luz do dia praticados por parlamentares. Que trouxeram de volta as práticas mais nefastas do governo Sarney que levou o país à estagflação e a Nação a penar por mais de uma década até seus efeitos deletérios serem dissipados. Os “gigantes do Orçamento” atuais, nada mais são que os “anões do Orçamento” daquela época.

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Eram chamados de anões pela baixa estatura física e moral. Os atuais bandoleiros gigantes o são pelo tamanho transatlântico dos malfeitos que praticam para se apossarem do dinheiro do povo, desviando-o para a vala funda da corrupção. As emendas do relator (RP9, no linguajar formal), o que de pior pode haver em termos de gestão orçamentária, voltou com tudo. Na prática, ela torna “secreto” e sem controle o que era para ser transparente e controlado: a liberação dos recursos do Orçamento da União. Vejam o tamanho da festa desses caras com o dinheiro do povo: as emendas do relator em 2019 alcançaram 2,9 bilhão de reais. Para 2021, o montante é de “apenas” 34 bilhões de reais. E eles agora acabam de dar outro golpe ao aprovar (sic!) a prorrogação do auxílio emergencial: querem mais 16 bilhões de reais a serem retirados do dinheiro destinado aos miseráveis!!! Tem outro mecanismo ainda pior. As chamadas Transferências Especiais, que vão dire-

to para o caixa de governadores e prefeitos para serem gastos no que eles quiserem sem precisar prestar contas ao Tribunal de Contas da União. É a oficialização da licença para roubar. A esculhambação é tal que os parlamentares apelidaram a modalidade de PIX orçamentário. Pouca vergonha é o que é. As “transferências” limitam a “apenas” 16 milhões de reais a verba por parlamentar, mas eles acabam de “articular” mais 5,7 bilhões de reais para elas (e para eles, claro). A “ordem” é aumentar o que for possível em termos dos recursos sob o controle dessas figuras e tornar maximamente cinzentos os “controles” sobre os mesmos e as mesmas. Estamos tentando nos livrar do pesadelo Bolsonaro e a saída encontrada por ele foi abrir as burras do tesouro para suas excrescências se lambuzarem de tanta corrupção. Mas, em contrapartida, não se vota seu impeachment. E o país? Que se lasque! Cadê todos os responsáveis por darem um basta nestas safadezas?!!!

As emendas do relator (RP9, no linguajar formal), o que de pior pode haver em termos de gestão orçamentária, voltou com tudo. Na prática, ela torna “secreto” e sem controle o que era para ser transparente e controlado: a liberação dos recursos do Orçamento da União.

Arapiraca, ponte para o futuro (II)

MAGELA PIRAUÁ

n Escritor e cronista

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Lago do Perucaba, em Arapiraca, dentro de um futuro não distante, usando a moderna tecnologia, será despoluído, passando a ser local de entretenimento de esportes náuticos. O setor industrial, disperso e ainda não bem visível, será expandido, contando para isso com local próprio, já existente,

nele se instalando e se agrupando novas indústrias, absorvendo a mão de obra farta e disponível. O Senac, Serviço Nacional do Comércio, como instituição que capacita mão de obra, está prestes a inaugurar um moderno equipamento de dimensões ideais, servindo, por óbvio, como ponte para o futuro que já chegou. O comércio, imenso e diversificado, é uma amostra real do progresso existente. Novas lojas, num repente, surgem situadas em espaços outrora ocupados por armazéns de fumo. É a cidade que, em plena travessia de uma pandemia que ainda impõe medo, mais emprega no estado. Arapiraca, se faz grande e operosa. A infraestrutura, como energia e saneamento, é preocupação constante, e objeto da agenda de nossos líderes e gestores

O setor saúde se reinventa e se moderniza. A educação, preocupação perene, em todos os níveis busca atender o instante presente, ofertando modernidade e qualidade. A cultura se faz avançar com a Academia Arapiraquense de Letras e Artes em atividade febril, buscando valores e os apresentando à sociedade. A cidade é movimento, trabalho, busca, superação. Lazer e cultura e entretenimento se misturam. Um moderno centro de convenções está sendo construído, e por certo atrairá à nossa cidade grandes encontros em todos os segmentos da atividade humana. O ASA, orgulho de um povo e símbolo da emoção de todos, se reerguerá. É no estádio onde todas as classes sociais esquecem as desigualdades e

sentem a mesma emoção no grito preso na garganta com o gol sofrido fazendo a alegria e o êxtase da existência humana, que o povo se encontra. Os parques e o bosque apresentam uma nova urbe que orgulha e envaidece. O centro, outrora local residencial, é ocupado por lojas de todos os ramos, atraindo consumidores das cidades circunvizinhas e Sertão. No local onde se situa o centro administrativo, outrora ermo, encontram-se vários equipamentos públicos, além de um moderno shopping facilitando a vida da população. A metrópole se verticaliza e adquire uma nova plástica. Está bonita e acolhedora. Seus moradores sentem orgulho do lugar. O alcaide a gerencia com olhar estético e pensando no bem estar de todos. O futuro já se faz presente.

Os parques e o bosque apresentam uma nova urbe que orgulha e envaidece. O centro, outrora local residencial, é ocupado por lojas de todos os ramos, atraindo consumidores das cidades circunvizinhas e Sertão.


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A robustez do relatório

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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final a CPI da Covid chegou a um final e a muitos resultados. Resultados até demais, penso. Foram seis meses, segundo apregoam com vaidoso orgulho os componentes da direção da CPI, e não só esses, os vogais também, inclusive aqueles que se esmeraram na defesa de um presidente da República indefensável. Vi na mídia o relatório conclusivo ser entregue ao procurador Aras e

ao ministro Moraes, do STF. A volumosa peça parecia, ao longe, um tratado de Filosofia ou de Política, ao nível de páginas igual, talvez maior, que a Paidéia, de W. Jaeger, Direito e Razão, de Ferrajoli, O Espírito das Leis, de Monstequieu, e a História Crítica da Filosofia Moral e Política, de A. Caillé, C. Lazzeri e M. Senelart, para citar alguns que habitam minha estante. A parecença do relatório com essas preciosas obras é apenas isso: aparente. A robustez da peça da lavra do senador Renan Calheiros é em páginas, embora devamos reconhecer-lhe alguma proficuidade. Durante os seis meses contados e cantados pelos senadores, a CPI produziu muito em achados criminosos de vários, mas não de todos, políticos e acólitos desses. Foi, todavia, quase uma tortura para quem, por profissão, atividade, ou

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curiosidade política, dedicava tempo a assistir as longas sessões. Os interrogatórios laborados pelos senadores foram, em sua quase totalidade, atos de exibição política, tão atécnicos que os inquiridos muitas vezes não sabiam o que lhes havia sido indagado. As discussões paralelas entre uma empenhada oposição e os denodados governistas eram espetáculos à parte. Ficava a me perquirir se estava vendo investigação de fatos delituosos, como se espera de uma CPI, ou debates entre acusação e defesa em um tribunal do júri, que me perdoem os colegas criminalistas. Quando assisto a CPIs, sempre chego à decepcionante conclusão de que ali não se buscam verdades. Tudo é apenas uma extensão dos debates de plenário, um confronto para eleitor ver, pincipalmente agora que se avizinham as eleições. Foram essas digressões que cria-

ram o popular conceito de que CPI termina sempre em pizza, não importando se descobriram-se as verdades procuradas ou não. No caso desta CPI da Covid, muitas foram as descobertas ou constatações de delitos, o presidente Bolsonaro à frente dos delinquentes. E ele não deixava sequer os acusadores respirarem, ou seus defensores prepararem-se. A cada dia, fosse manhã, tarde ou noite, nos cercadinhos ou nos salões, produzia novas idiotices, fornecendo combustível ao fogo acusatório. A pergunta que a nós mortais aqui da planície perturba é se tantos achados, bem ou mal capitulados pelo relatório, vão levar o País a algum lugar. Naturalmente esperamos que sim, que as autoridades judiciais consigam extrair a realidade do robusto (em páginas) relatório, mesmo que seja procurar agulha em palheiro.

A pergunta que a nós mortais aqui da planície perturba é se tantos achados, bem ou mal capitulados pelo relatório, vão levar o País a algum lugar.

Para onde vamos nós?

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

gasolina aumentou novamente. A carne está caríssima. A inflação vai pouco a pouco crescendo. Os juros sobem assustadoramente! Estamos vivendo uma época difícil, com crises sucessivas em vários setores. O Congresso Nacional tenta baixar o preço da gasolina e não consegue. Os Estados cobram impostos altos sobre os derivados de petróleo. Os governadores não querem diminuir os impostos. E o povo é que sofre! Está aparecendo, com muito vagar, a retomada dos empregos, pois os casos de covid-19 estão diminuindo, mas as famílias estão

endividadas. Os órfãos da pandemia estão soltos no meio da crise. Morreram pais e avós, e os pequenos foram entregues a irmãos, irmãs e tios. As famílias se desarrumaram. Ainda persiste o medo nos mínimos contatos. Estava no centro da cidade e toquei no ombro de uma moça, pedindo para passar. Ela tomou um susto e saiu da calçada. Parecia ter visto um fantasma! Um amigo ou um parente adoece e não podemos visitá-lo. Nos hospitais, se alguém está internado, só uma pessoa pode permanecer no quarto. Ficamos sabendo notícias através de outros amigos. O elo fraternal está morrendo! O Auxílio Emergencial é uma “faca de dois gumes”. Quem o recebe está se acostumando com uma pequena quantia que cai todos os meses em sua conta e vai se acomodando. Uma grande maioria engana o governo para receber tal ajuda. E aqueles que têm realmente direito ao pingado valor nada recebem. Já ouvi falar até em Auxílio Gás! Hoje, poucas famílias conseguem ter uma empregada doméstica que compareça diariamente ao trabalho. Elas, as auxiliares do lar, não querem mais receber o salário mínimo. Além disso, há outros auxílios que

tornam o salário bruto muito caro para as patroas. Outro caso sério: a grande maioria ao sair do emprego coloca os patrões na Justiça do Trabalho e mente demais. Resultado: as diaristas ganharam espaço no mercado e, assim mesmo, por dois dias durante a semana. Se passar disso, vira vínculo empregatício. A classe média é quem mais sofre com o preço pago para ter em casa luz elétrica. É um susto receber a conta de energia todo mês. Nunca vem o mesmo valor e a quantia sempre aumenta. Com a chuva caindo pouco nas áreas onde correm os rios para as grandes represas, o governo cobra mais do consumidor. Virou mania apagar as luzes de dentro de casa. Os salários não acompanham a inflação e a vida vai se tornando mais difícil, até porque toda economia dos dirigentes passa pelos trabalhadores. Até a pensão da viúva ficou menor! Segundo uma lei federal, quando morre o chefe da família, a viúva só recebe cinquenta por cento do salário do marido. Imaginemos um cidadão com mulher e filhos que receba mensalmente um salário mínimo. Dificilmente conseguirá sobreviver. Não vai poder pagar energia, gás, comer

carne. Precisará da ajuda de outras pessoas da família e não sei se sobreviverá. Viver no Brasil está cada dia mais difícil, pois as autoridades só pensam nelas. O povo que sofra! Vejamos a discrepância que existe entre o que percebe um parlamentar na área municipal, estadual ou federal e um professor ou um trabalhador da área técnica. Enquanto um deputado estadual, vamos dar um exemplo, além do alto salário, recebe verba de gabinete, auxílio paletó e outras coisas, aquele que trabalha, como o professor, precisa ensinar em dois, três colégios para sobreviver. O Brasil é um país de contradições: uns vivem nababescamente e outros lutam para ter uma vida simples e digna. Nas periferias habitam pessoas amontoadas sendo exploradas por traficantes e milicianos. Alagoas é um dos estados mais pobres do Nordeste. Os servidores públicos sofrem com pequenos reajustes, enquanto a classe política vive muito bem. O trabalhador comum está cozinhando em fogo de lenha, não pode ter carro e dentro em pouco, não poderá pagar luz elétrica! Dessa maneira, para onde vamos nós?

O Brasil é um país de contradições: uns vivem nababescamente e outros lutam para ter uma vida simples e digna. Nas periferias habitam pessoas amontoadas sendo exploradas por traficantes e milicianos.


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MACEIÓ

Asfalto alcança novos pontos da Rota do Mar

FOTOS DE EDVAN FERREIRA/SECOM MACEIÓ

Antiga Ecovia Norte ganha novo nome para otimizar o dia a dia do maceioense

ASSESSORIA

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asfalto na Rota do Mar (antiga Ecovia Norte) avança e as máquinas trabalham de modo mais acelerado para encurtar o tempo de viagem da parte alta para os bairros mais baixos da capital alagoana. A rodovia possui 5,9 km de extensão e liga o Residencial Freitas Neto, no Benedito Bentes, até o entroncamento da AL-101 Norte, em Guaxuma. A Prefeitura de Maceió pretende inaugurar o corredor principal no mês de dezembro, dando fim a uma obra que se arrasta por anos. O prefeito JHC acompanhou o andamento dos trabalhos e conferiu a instalação de asfalto em 400 metros da via, nos arredores do Conjunto Residencial Aprígio Vilela. “É uma obra muito desejada, mas infelizmente o ritmo dela angustiava as pessoas, e agora estamos dando celeridade”, explicou JHC. Ele lembra que o novo corredor de transporte deve ganhar sinalização nos próximos dias: “Aqui também terá sinalização para garantir a segurança viária. Será mais uma conquista de to-

dos os maceioenses”. De acordo com o cronograma da Secretaria Municipal de Infraestrutura, o corredor principal da Rota do Mar deve ser concluído até dezembro próximo. Alexandre Pereira, diretor de Obras da pasta, vai além e informa que já foram concluídos os serviços de drenagem e mais 600 metros de terraplenagem. Pereira ressalta ainda que outros 500 metros de base para recebimento de mais asfalto foram terminados nos últimos dias. Além da estrutura do corredor principal, “já estão prontos 900 metros de asfalto em dois trechos diferentes da via. A construção de linha d’água para drenagem de águas pluviais e a colocação de meio fio no trecho também estão prontos”, disse o engenheiro. Outros detalhes técnicos como a regularização do canteiro central da Rota do Mar, com um aterro, está pronto e diariamente as máquinas avançam para aplicar mais asfalto. “É desta celeridade que precisamos para melhorar a vida daqueles que mais precisam desta via. É muito importante”, completou

Prefeitura acelera obras da nova rodovia, que terá quatro corredores secundários

o prefeito JHC. A Rota do Mar será formada por quatro corredores secundários. O primeiro possui pouco mais de 2 km de extensão e faz a ligação até o Antares, na parte alta de Maceió. O segundo corredor tem quase 4 km e leva até o Conjunto José Tenório, na Serraria. Já o terceiro conta com 3,5 km, chegando até o bairro São Jorge. Por fim, o último corredor

viário terá 1,5 km e vai até o aterro sanitário. O investimento da obra é de R$ 26 milhões, com recursos da Prefeitura de Maceió e do governo federal, por meio dos ministérios do Turismo e do Desenvolvimento Regional. Quase 100 mil pessoas serão beneficiadas com a nova via que oferecerá uma alternativa rápida e segura de deslocamento aos maceioenses.

Segundo a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), o novo trajeto economiza em, até duas horas, o deslocamento de ônibus do Benedito Bentes para a parte baixa de Maceió, assim como para as praias de Guaxuma, Garça Torta e Ipioca. Em seis meses de funcionamento deste trecho, 650 mil maceioenses já utilizaram a Rota do Mar.


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INFLAÇÃO AGÊNCIA BRASIL

Disparada do preço dos alimentos dificulta vida da população

Alagoanos terão mais dívidas e menos poder de consumo em 2022 Economista também alerta para o aumento de famílias na extrema pobreza BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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om a inflação de janeiro a setembro de 2021 chegando na casa dos 6,90%, quase o dobro da registrada durante 2019, o primeiro ano de Paulo Guedes como ministro da Economia, que foi de 4,31%, a expectativa do alagoano para o próximo ano é de mais dívidas e menos poder de consumo, alerta o economista e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas Cícero Péricles de Carvalho. Para o especialista, o processo inflacionário deve continuar como nos meses anterio-

res, principalmente porque a taxa de desemprego não tem expectativa de diminuir e a tendência é que continue aumentando. Além disso, os reajustes de preços no final de ano também são esperados. “A inflação reduz o poder de compra da renda salarial, das aposentadorias e dos auxílios governamentais; por outro lado, o desemprego corta a renda e a possibilidade de consumo dos que estão sem trabalho. Como ocorre todos os anos, a pressão dos gastos de final de ano é sempre maior que nos outros meses, e o aumento de preços

também”, explica. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em setembro também alertam para o nível da renda dos alagoanos, considerada baixa e com um nível de desemprego alto, uma combinação cujo resultado é considerado ruim pelo próprio instituto. Atualmente Alagoas tem a renda média mais baixa da região Nordeste, um indicativo problemático; somado a isso, a taxa de desemprego de 18% representa em números absolutos 250 mil alagoanos sem trabalho, além de outros 260 mil desalentados, pes-

soas que desistiram de buscar emprego, e 140 mil trabalhando em tempo parcial. As consequências da pandemia, diz o economista, agravaram um quadro já em deterioração. “Esse conjunto de 650 mil trabalhadores subutilizados pressionam o mercado de trabalho, dispostos a maiores concessões trabalhistas e salariais, barateando a força de trabalho, prejudicando o conjunto dos assalariados empregados. Com rendas menores, a maioria da população terá consumo menor e mais possibilidade de endividamento”. FIM DO AUXÍLIO EMERGENCIAL No último dia 20 o governo federal decretou o fim do auxílio emergencial e informou que, a partir de novembro vai começar a pagar, pelo menos, R$ 400 para as famílias cadastradas no Bolsa Família. Jair Bolsonaro (sem partido) garantiu ainda que vai acabar com a fila no programa até o fim do ano, quando pretende passar dos atuais 14,7 milhões de cadastrados para quase 17 milhões. Apesar da expectativa pelo fim do auxílio já ser esperada há alguns meses, o número de endividamento dos maceioenses cresceu mais 3,48%, chegando a 71,2% em setembro, na comparação com o mês de agosto, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), que foi realizada pelo Instituto Fecomércio-AL. Esse é o maior percentual de endividamento dos últimos 16 meses e, consequentemente, de 2021. Um dos motivos, segundo Cícero Péricles, para o endividamento continuar em alta, são alguns gastos pessoais e familiares, além de algumas contas permanentes serem inadiáveis, que não há como driblar, a exemplo do aluguel,

água, luz, telefone, internet, planos de saúde, alimentação, transporte e remédios. “Como todos os itens aumentaram de preços, e o consumidor não teve o aumento equivalente e renda, a saída é, primeiro, a redução de cada item, com consumo menor dos produtos básicos; segundo, a substituição por produtos de qualidade a preços menores; e, no caso extremo, o corte de itens menos prioritários. É isso que vem ocorrendo”. ALAGOANOS NA EXTREMA POBREZA O último relatório do Ministério da Cidadania, divulgado em agosto, revelou que 38 mil alagoanos foram empurrados para a situação de extrema pobreza no último ano. Com o aumento do preço do gás, da carne e de outros produtos básicos, também está sendo esperado um crescimento nesse número. Os alagoanos que vivem na extrema pobreza formam um conjunto de 1,2 milhão de pessoas, um terço da população, conjunto que depende fortemente das políticas sociais, como a Previdência Social, o Bolsa Família e o Auxílio Emergencial. Sem uma política de crescimento econômico, de criação de emprego e melhoria salarial, de ampliação das políticas de renda, a tendência, na avaliação do pesquisador da Ufal, é de crescimento do número de pessoas na extrema pobreza. “Nos quatro primeiros meses do ano, o auxílio foi suspenso prejudicando esse conjunto grande da população. Há uma expectativa de como será o Auxilio Brasil, o novo Bolsa Família, que ajuda a minorar, mas não resolve essa questão. A conjuntura de inflação mais a perda de renda afeta diretamente as pessoas mais vulneráveis’, enfatiza.


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ECONOMIA EM PAUTA VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Shoppings em alta

Abertura de empresa

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tempo médio para a abertura de uma empresa no País é três vezes menor do que no início de 2019, ficando em menos de dois dias, segundo dados que constam da plataforma Governo Digital, ligada ao Ministério da Economia. Segundo a plataforma, em 2019 o prazo médio era de cinco dias e nove horas e atualmente está em 47 horas. A redução, de acordo com a plataforma, deve-se a medidas de simplificação, à integração digital entre as 27 juntas comerciais e a adesão à plataforma Gov.BR.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

DIVULGAÇÃO/PARQUE SHOPPING

O WhatsApp vai passar a exigir documentos para liberar a função de pagamentos no aplicativo. Esse tipo de verificação ainda não existe nos dois países em que a plataforma opera: Brasil (que exige somente a confirmação do cartão e funciona via Facebook Pay) e Índia (que só faz o processo de acordo com o número do telefone). Por enquanto, a adesão à plataforma tem sido baixa em território nacional e a implementação ainda não foi anunciada oficialmente pelo WhatsApp, mas deve ser ativada aos poucos no mensageiro.

As vendas nos shopping centers de Alagoas registraram o segundo maior crescimento do Nordeste segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Shopping Centers. O aumento registrado entre o mês de setembro de 2020 e 2021 foi de 19%. Segundo a Abrasce, Alagoas ficou atrás apenas de Sergipe, que registrou alta de 53%. MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Segurança no WhatsApp

ALLAN WHITE/ FOTOS PÚBLICAS

Mercado imobiliário Após vários meses consecutivos de alta, o mercado imobiliário começou a mostrar queda. Os relatórios operacionais preliminares divulgados pelas maiores incorporadoras do País na última semana mostram que o setor ampliou os lançamentos no terceiro trimestre, mas as vendas não acompanharam. Os lançamentos cresceram 19,2% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2020, chegando a R$ 9,023 bilhões. Mas as vendas líquidas não cresceram na mesma proporção: a alta foi de apenas 1,7%, alcançando R$ 7,090 bilhões.


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FERNANDO CALMON Otimismo em 2022 predomina mas primeiras projeções

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stá difícil fazer previsões para o próximo ano sobre mercado interno e produção total da indústria (inclui exportações). Isso ficou claro durante o Congresso Autodata Perspectivas 2022 que, tradicionalmente em outubro, procura lançar uma visão sobre o ano seguinte. Os vários executivos dos fabricantes de veículos, seus fornecedores e concessionárias foram unânimes em apontar as incertezas em razão dos problemas de fornecimento de componentes, taxas de juros, inflação, preços do petróleo e agitação de um ano eleitoral nos três níveis de governo. Na realidade, até estimar o que vai acontecer neste último trimestre fica difícil. A Anfavea prevê o mercado interno total (veículos leves e pesados) em 2021 em um intervalo de menos 1% a mais 3% sobre 2020: 2.038 milhões a 2.118 milhões de unidades. Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, tem olhar otimista com moderação. Sua primeira previsão aponta para 2022 um volume de 2,28 a 2,6 milhões de unidades vendidas. E só em 2025 se alcançaria o patamar de 3 milhões de veículos. A escassez no fornecimento de semicondutores é um dilema de toda a indústria mundial de veículos. Investimentos neste setor são bastante elevados e demoram a maturar. “Custo de perder clientes pode ser maior do que investir em chips”, comentou Moraes. Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, mostrou cautela. “No próximo ano juros altos afetarão o consumidor. Mas só teremos como analisar melhor o cenário quando a produção puder atender toda a demanda”, indicou. O setor espera aumento de 10% no faturamento. Pablo Di Si, presidente da VW

América Latina e Caribe, acredita que a procura continuará forte nos próximos meses. As pessoas não puderam viajar e estão querendo trocar de carro. Porém, inflação e juros podem atrapalhar. Equilíbrio entre oferta e procura deve se alcançar em meados de 2022. Em sua visão, crescimento de 5% a 10% parece garantido. Entre os otimistas está o presidente da Renault, Ricardo Gondo. Ele prevê o mercado crescer de 15% a 20%. As locadoras, que não puderam ser atendidas este ano, precisarão renovar suas frotas. A produção deve melhorar só no segundo semestre, se a tendência de maior suprimento de semicondutores se consolidar. Na próxima semana, o presidente mundial da Renault, Luca de Meo, virá ao Brasil. Novo plano de investimentos deve ser anunciado. Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, somando os pontos positivos e negativos, acredita que, se superados os problemas de componentes, a produção em 2022 dará um bom salto. Contando com exportações aquecidas, o País poderá fabricar entre 2,6 e 2,8 milhões de veículos leves e pesados. O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, também se alinha entre os que acreditam que 2,6 milhões de veículos serão comercializados no próximo ano. Taxa de câmbio elevada levará a marca japonesa a incrementar a localização de peças e exportar, o que está no âmago da empresa. Sua fábrica de Sorocaba começará a trabalhar em três turnos. Segmentos de modelos importados e de preços mais altos, representados por BMW e Volvo no Congresso, estimam crescer até 20%. A BMW, além de 20 lançamentos, deve fabricar outro modelo no Brasil. Anúncio será feito em novembro.

n JORNALISTA

ALTA RODA n ARQUITETURA modular MLA da Fiat, que estreou

no novo SUV Pulse, será a base do novo modelo para o segmento C, em 2022. As dimensões serão outras com mudanças que incluem largura, entre-eixos, balanços dianteiro e traseiro, comprimento, altura, reposicionamento dos bancos dianteiro e traseiro, além do porta-malas. Ainda haverá um terceiro produto, de sete lugares, para completar a gama. n PICAPE média Chevrolet S10 aumentou para cinco as

opções na gama. A nova Z71 está, no meio do portfólio, por R$ 260.490. Tem pegada mais “aventureira”, decoração bem elaborada e um acessório muito útil: defletor entre estribo e soleira das portas para evitar acúmulo de barro. Arco de segurança (santatônio) também é novo. Pneus aro 18 com reforços laterais e mais borracha, da Michelin, são de série.

DIVULGAÇÃO

n SEDÃ-CUPÊ elétrico Porsche Taycan Turbo S

permite acelerações de tirar o fôlego, em especial com controle de largada. Potência de até 761 cv (momentânea) permite acelerar de 0 a 100 km/h, em 2,8 s e de 80 a 120 km/h, em incrível 1,7 s. Perfil e traseira são seus melhores ângulos. Banco do motorista inclui 18 vias de ajuste. Amplo espaço para as pernas (2,90 m entre eixos). Bem baixo (1,38 m), acesso ao interior não é tão fácil. Manter altas médias em estrada exige planejamento, com queda rápida no alcance. n PIRELLI lançou, simultaneamente, três famílias de

pneus. Cinturato P7 tem características melhoradas em piso molhado, frenagem e resistência ao rolamento (4% menos de consumo de combustível). Scorpion indicado para SUVs em asfalto e Scorpion HT para SUVS e picapes on e off-road. Introduziu ainda o Seal Inside, proteção contra perfurações por objetos de até 4 mm de diâmetro. Agora fabricado no Brasil, acrescenta 10% a 15% ao preço do pneu.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Praia de Patacho será sede de torneio de Beach Tennis DIVULGAÇÃO

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paradisíaca Praia de Patacho, em Porto de Pedras, será sede do Pure Beach, torneio de Beach Tennis mais sustentável do mundo, que será realizado entre os dias 3 e 7 de fevereiro de 2022. A competição faz parte do Brazil Beach Tennis Tour. O Pure Beach tênis faz parte dos eventos do festival “Em Porto é Mais Verão” que acontecerá nos meses de janeiro a março de 2022. As premiações serão de R$ 60

ASCOM /ATLÉTICO MG

mil para o torneio profissional e ainda contará com torneio amador nas categorias A, B, C e D. Na segunda-feira, dia 7, haverá uma novidade, um torneio Pro-AM com profissionais e amadores e mais disputas de duas categorias juntas, A/B, B/C e C/D. A competição é uma realização da promotora 2BE Sports, a mesma que realizou com sucesso o Macena Open de Beach Tennis em agosto passado na capital alagoana.

ATACANTES DO GALO E A FALTA DE PONTARIA

ASCOM /CRB

O trio de ataque do CRB tem dificuldade para balançar a rede. Titulares com Allan Aal, Jajá, Pablo Dyego e Nicolas Careca respondem apenas por oito dos 41 gols da equipe na Série B e isso tem impactado nos jogos dessa reta final do campeonato. A última vez que um deles marcou foi há cinco jogos, contra o Náutico. Pablo Dyego fez dois gols na vitória por 3 a 1, na Arena Pernambuco, dia 28 de setembro, e depois caiu da produção. E essa foi justamente a última vitória da equipe na Série B. Pablo e Jajá têm três gols cada, e Careca apenas dois. No total, o trio ofensivo marcou oito vezes. O Galo depende do meia Diego Torres para marcar gols, tanto é que na última partida precisou da ajuda de um zagueiro para abrir o placar contra o Coritiba. O defensor Gum foi quem anotou o único gol do Galo no duelo.

LUTO: PAI DE AYRTON SENNA MORRE AOS 94 ANOS DECISÃO DA COPA DO BRASIL TEM ADVERSÁRIOS DEFINIDOS Com uma atuação impressionante do sistema defensivo, principalmente do goleiro Santos, o Athletico-PR derrotou o Flamengo, por 3 a 0, no Maracanã, e garantiu vaga na final da Copa do Brasil pela terceira vez em sua história. No primeiro duelo, em Curitiba, os times empataram por 2 a 2. O Furacão vai enfrentar na decisão o Atlético-MG, que eliminou o Fortaleza, ao vencer por 4 a 0 e 2 a 1. A disputa ficou ainda mais intensa no primeiro ataque do Athletico. Em uma roubada de bola no meio de campo, o time paranaense atacou rapidamente e Renato Kayzer foi derrubado por Filipe Luis. O VAR entrou em ação e após quatro minutos o pênalti foi marcado e convertido com categoria por Nikão, aos nove minutos. O outro gol do jogo saiu no fim da primeira etapa, com Nikão mais uma vez, o meia chutou forte e o goleiro Diego Alves falhou.

REPRODUÇÃO /INSTAGRAM

Milton da Silva, pai do piloto Ayrton Senna, morreu em São Paulo, aos 94 anos. A informação foi divulgada pelo perfil oficial da família do ídolo brasileiro no Instagram, que rendeu suas homenagens a Miltão, como era carinhosamente chamado. Ele era casado com Neyde Joanna Senna, e deixa dois filhos, Viviane e Leonardo. O outro filho do casal, Ayrton, foi tricampeão mundial de F1 e morreu na pista, em 1994, em acidente no circuito de Ímola, na Itália. “Causas naturais’’ foram a causa da morte de Milton, uma figura presente em boa parte da carreira da Ayrton desde o início, no kart. Ele dividia sua atenção entre a família, as corridas do piloto e a empresa metalúrgica que fundou.


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ABCDOINTERIOR DIVULGAÇÃO

Está indignado

É candidato sim

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assessoria do deputado federal Severino Pessoa tratou de desfazer o boato de que ele desistiria da Câmara Federal para disputar mandato de deputado estadual no próximo pleito. “Ele é candidato à reeleição sim e está trabalhando intensamente com objetivo de continuar defendendo os interesses dos alagoanos, em especial dos arapiraquenses, em Brasília”, informou um assessor de Pessoa em contato com este colunista pelo aplicativo WhatsApp.

Livre, leve e solto

Meio que “acanhado”, o senador Rodrigo Cunha esperneou, mas de nada adiantou. O ex-deputado federal Talvane Albuquerque está livre, leve e solto para continuar a sua vida, interrompida com a sua condenação a 103 anos de prisão pelos assassinatos da então deputada federal Ceci Cunha e o marido Juvenal da Silva, mãe e pai do senador, além do casal Iran Carlos Maranhão Pureza e Ítala Neyde Maranhão Pureza, fato ocorrido no dia 16 de novembro de 1998.

Nove anos preso

A decisão judicial foi 16ª Vara Criminal da Capital. O médico arapiraquense foi solto na tarde de segunda-feira, 25. Talvane foi condenado em 2012 pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Alagoas e passou nove anos encarcerado. Durante esse período, sempre que tentava sair do presídio, o senador sempre procurava os meios legais para mantê-lo atrás das grades.

Tornozeleira eletrônica

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Alagoas, Vitor Leite, Talvane Albuquerque deixou o sistema prisional com tornozeleira eletrônica, devido à progressão de regime. O réu deverá comparecer mensalmente perante a Justiça para informar e justificar suas atividades. Caso o ex-deputado, que é médico, queira trabalhar, deverá solicitar autorização à Justiça.

E como era de se esperar, Cunha se mostrou indignado com a soltura de Talvane Albuquerque. Nas redes sociais, o senador disse que “não há palavras para expressar o lamento e agonia”. E completou “A soltura é a representação de mais um capítulo na história da impunidade em nosso estado e em nosso país”. Bom, Rodrigo é senador e deve entender de lei. Talvane está na rua por determinação judicial. Se não concorda, deve mudar a lei.

“Prisão vitalícia”

Rodrigo Cunha decidiu não deixar barato e em nota disse que ele e a família repudiam a soltura de Talvane. “Hoje, mais uma vez, revivemos dolorosamente o luto que nos fere há mais de duas décadas diante de um crime brutal e que parecia ter tido um desfecho, com a condenação de seus autores intelectuais e materiais. Seguiremos lutando e não vamos perder a fé na Justiça! A vida humana não pode ser tratada com tamanho menosprezo e quem causou tanto mal merece punição. Vamos novamente acionar o Judiciário buscando fazer com que Talvane Albuquerque pague pelo crime cometido”. Pelo jeito, não bastou os nove anos de prisão. Rodrigo Cunha deixa transparecer que quer prisão vitalícia, o confinamento eterno no cárcere, proibido em nosso ordenamento jurídico.

Caso Roberta Dias

Durante audiência realizada na terça-feira, 26, o juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins, titular da 4ª Vara Criminal de Penedo, autorizou que o Instituto Médico Legal (IML) disponibilizasse à família de Roberta Costa Dias os restos mortais identificados como sendo da jovem que foi assassinada em abril de 2012.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Audiência suspensa

A audiência para interrogatório de Karlo Bruno Pereira Tavares e Mary Jane Araújo Santos, réus do caso Roberto Dias, que seria realizada na terça, 26, foi suspensa pela Justiça.

Adiamento da denúncia

De acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), a suspensão foi motivada após adiamento da denúncia formalizada pelo Ministério Público, que acrescentou a qualificadora de feminicídio na acusação. Com a alteração do teor da denúncia, será novamente oportunizada à defesa a indicação de testemunhas. O depoimento dos réus apenas pode ocorrer após a oitiva de todas as testemunhas.

CRAS Mangabeiras

Aconteceu na manhã de terçafeira, 26, a entrega da reforma do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Mangabeiras com a presença do prefeito Luciano Barbosa, secretária de Desenvolvimento Social, Fabrícia Galindo, deputado estadual Ricardo Nezinho, vereadores Vicente do Remédio, Márcio do Canaã e Edvânio do Cangandu, publicitário Daniel Barbosa, além de secretários municipais e moradores.

Não era reformado

O prédio não recebia melhorias há vários anos e funcionava em condições muito limitadas para atender mais de cinco mil famílias das localidades de Mangabeiras e de mais seis localidades para assistência social e fortalecimento de vínculos. Na abertura da cerimônia, Maxwell do Acordeon e trio tocaram os hinos do Brasil e de Arapiraca com o acompanhamento do público.

PELO INTERIOR ... Dentro da programação comemorativa aos 97 de Emancipação de Arapiraca, o prefeito Luciano Barbosa entregou, no início da tarde de terçafeira, mais uma unidade de ensino reformada e ampliada: a Escola Municipal Djalma Mateus Santana, no bairro Primavera. ... O prédio foi totalmente revitalizado, com obras em sua estrutura física e a construção de mais uma sala de aula, destinada à Educação Especial, totalizando 13 salas de aula e mais duas salas para o setor administrativo para atender toda a comunidade escolar. ... Foram iniciadas na segunda-feira, 25, as inscrições para o processo seletivo de admissão de novos alunos para o Colégio Tiradentes da Polícia Militar (CPM-AL). ... Estão sendo disponibilizadas 270 vagas para o ano letivo de 2022. As inscrições seguem até o dia 8 de novembro e podem ser realizadas no site da Secretaria de Estado da Educação. ... Estão sendo ofertadas vagas para os 6º ano, sendo 120 para a unidade de Maceió e 150 para Arapiraca, no Agreste de Alagoas. ... É estável o estado de saúde da jovem Dayrla Roberto, de 21 anos, atingida com cinco tiros pelo ex-namorado, na tarde de segunda-feira, 25, dentro do cartório de Olivença. ... Ela está consciente, orientada e não precisou passar por procedimento cirúrgico. A informação é da assessoria de comunicação da Unidade de Emergência do Agreste, para onde Dayrla foi transferida na tarde de terça-feira, 26. ... O município de Feira Grande deu início ao Campeonato Feiragrandense de Futebol no domingo, 24. ... O campeonato se estende até fevereiro e a cada domingo oito times se enfrentam em quatro jogos. A disputa conta com 11 times divididos em dois grupos, de 5 e 6 times. ... Um excelente final de semana para todos, com paz e saúde. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE MARCELLO CASAL JR /AGÊNCIA BRASIL

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Economia verde

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ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse na quarta-feira, 27, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, que buscará consenso internacional em temas climáticos com todos os grandes blocos econômicos. Segundo o ministro, a saída para questões climáticas que assolam o mundo é a transição completa para o que chamou de economia verde - que deve ser negociada entre todos os países e que terá o Brasil como expoente até 2050, ano em que, segundo o planejamento da pasta, o país deverá atingir zero emissões de gases do efeito estufa. “O Brasil vai buscar consenso em temas relevantes, como o financiamento climático. Esse problema tem que ser reconhecido. Encontrada a solução, nada melhor que um crescimento verde, para que a gente faça uma transição para uma economia verde - neutra em emissões até 2050, como é a meta brasileira”, afirmou Joaquim Leite. “Somos um país que com certeza vai chegar à economia verde antes dos outros. Temos uma pressão internacional, mas não é verdade. O Brasil cuida sim das suas florestas, em especial os recursos naturais. Temos a maior biodiversidade, uma das maiores áreas oceânicas do mundo e de florestas nativas. Isso são vantagens competitivas no mercado mundial”, complementou.

Qualidade de vida

PIXABAY

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Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou dados que sinalizam uma piora na qualidade de vida dos brasileiros durante a pandemia de covid-19, sobretudo nos meses seguintes ao início das medidas de isolamento social. O estudo registrou uma percepção negativa dos entrevistados sobre mudanças de hábito na fase mais aguda de restrições, incluindo relatos de exposição excessiva a telas de eletrônicos, sedentarismo e consumo mais frequente de bebida alcoólica. A rotina alimentar também foi prejudicada por um consumo maior de alimentos

Mundo plástico

Extinção PIXABAY

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, divulgou um relatório prevendo que a poluição causada por plásticos duplique até 2030, causando péssimas consequências para saúde, economia, biodiversidade e clima. O Pnuma afirma ser crucial tratar da crise de poluição global como um todo e lança o documento cerca de 10 dias antes do início da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP-26. Para reduzir a poluição por plásticos, a agência da ONU propõe o fim dos subsídios e que os combustíveis fósseis sejam substituídos por fontes de energia renovável. O Pnuma acredita ser possível reverter essa crise, desde que haja vontade política e ação urgente. O relatório mostra que em 2015, as emissões de gases de efeito estufa causadas por plásticos eram equivalentes a 1,7 gigatoneladas de CO2. Mas até 2050, a projeção é de que as emissões aumentem para 6,5 gigatoneladas.

Um dos principais motores para a extinção de espécies são as mudanças climáticas. Atualmente, muitos animais encontram-se ameaçados graças ao aquecimento global intensificado pela ação humana. Mas há 34 milhões de anos, a Terra vivia uma transição climática contrária: estava passando de um período quente (chamado greenhouse) para um clima mais frio, o qual vivemos até hoje (chamado icehouse). Foi uma mudança e tanto: ao longo de milhares de anos, a temperatura caiu cerca de 8ºC, o nível do mar diminuiu, e a Antártica ficou coberta de gelo. Dois terços dos animais da Europa e Ásia foram extintos no processo. Essa mudança climática marcou a transição do Eoceno (de 56 milhões a 34 milhões de anos) para o Oligoceno (de 34 a 23 milhões de anos atrás). Os cientistas acreditavam que a África tivesse passado ilesa. Afinal, sua posição próxima ao equador poderia ter amenizado o frio. No entanto, um estudo realizado pela Universidade Duke, nos Estados Unidos, mostrou um declínio de 63% nas populações de primatas, roedores e carnívoros. (Superinteressante)


MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2021

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