Edição 1143

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ANO XXII - Nº 1143 - 06 A 12 DE NOVEMBRO DE 2021 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2022

Reeleição de Arthur Lira na Câmara é ‘favas contadas’

O mercado de apostas da política não tem qualquer dúvida de que o líder do Centrão vai se reeleger no próximo ano. 6 DICOM/TJAL

VENDA DE SENTENÇA

Desembargador é investigado por favorecer faculdade que deve mais de R$ 500 mil

1998 - 2020

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Operação deflagrada pela PF mira esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro 10 DICOM/TJAL

DIREITO DE RESPOSTA

PADRE AFIRMA ESTAR SENDO VÍTIMA DE CALÚNIA E FAKE NEWS 2

MP DE CONTAS DIZ QUE SERVIDOR ESTÁVEL QUE SE APOSENTAR DEVE IR PARA O INSS 14 e 15

CONSIGNADOS

CNJ INVESTIGA JUIZ ALAGOANO E DE MAIS TRÊS ESTADOS 8 e 9


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COLUNA

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

O nó do governador

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- Renan Filho disse em entrevista à revista Veja ter boas chances de se eleger senador no pleito do próximo ano, mas deixou em aberto a possibilidade de concluir o mandato para fazer o sucessor e apoiar um candidato ao Senado, também com chances de vitória. O raciocínio faz sentido, afinal, a gestão do governador tem alto índice de aprovação popular e, de burra cheia, ainda pode fazer muita coisa pelo estado.

2 1998 - 2020

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- Mas nem tudo são flores no caminho de Renan Filho rumo ao Senado. Sem um vice para chamar de seu, o governador corre o risco de renunciar ao cargo e ter como sucessor um governador interino de oposição, que herdará cofres cheios e pode até desmontar os acordos políticos costurados por Renan Filho. Sem esquecer que o governador não construiu uma única liderança capaz de lhe suceder após dois mandatos.

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- Para desatar esse nó dado pelo próprio governador ao romper uma antiga aliança com seu vice Luciano Barbosa, Renan Filho precisa do apoio da Assembleia Legislativa, que passa por Marcelo Victor, com aval de Arthur Lira, seu maior adversário em Alagoas. Não chega a ser um nó górdio, mas precisará de muito jogo político para botar gregos e troianos no mesmo barco.

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- Em raro contato com a coluna, Marcelo Victor lembrou que Renan Filho é um político centralizador, mas admitiu a ideia de uma aliança no pleito do próximo ano. “Em política nada é impossível”, disse o deputado, que fala pouco e pensa muito. No entanto, alguns de seus aliados na Assembleia só aceitam fazer acordo se Renan Filho renunciar antes de 2 de abril, último prazo para deixar o governo.

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- O recado é claro: O Legislativo – que elegerá o governador-tampão – quer pelo menos um ano de mandato, o que implica em Renan Filho deixar o governo ainda este ano. Se achar alto demais o preço cobrado pelos deputados, o governador tem a opção de concluir o governo até o último dia de seu mandato, mesmo que tenha de passar quatro anos fora do poder, possibilidade que nem seus aliados acreditam.

Inimigos hoje, amigos amanhã

“Apesar da rivalidade nacional, ninguém descarta a possibilidade de Renan pai e Arthur Lira chegarem a um nome de consenso para assumir o governo, e assim impedir que o estado caia nas mãos de outros políticos em ascensão, como o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB) — ambos cotados para disputar o governo.” (Veja)

Quebra-pau no TJ

A correição no Tribunal de Justiça de Alagoas acabou, mas continua o clima de desconfiança mútua entre os desembargadores, muitos deles alvo da inspeção feita semana passada por membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Do presidente ao corregedor-geral todos foram ouvidos pela equipe do CNJ para conclusão do relatório final sobre denúncias de irregularidade no judiciário alagoano.

Massa falida

A expectativa agora é com relação às medidas a serem adotadas pelo CNJ, sobretudo com relação ao polêmico processo de falência do Grupo João Lyra e seu conglomerado de empresas. Outra questão que despertou o interesse dos conselheiros do CNJ é o caso dos cartórios de Alagoas e a substituição de dezenas de tabeliães pelo corregedor-geral Fábio Bittencourt.

Bafafá

Esse processo já rendeu momentos de grande tensão no tribunal com acusações mútuas, provocou o afastamento da desembargadora Elisabeth Carvalho do Conselho Estadual da Magistratura e ameaças de parte a parte. O caso foi parar no CNJ e deve ter um desfecho no relatório final da correição no TJ. No auge do bate-boca, o corregedor-geral de Justiça foi acusado de fazer negócios com os cartórios.

Caso do jet ski

Outro processo que já deu muito que falar e está corroendo a credibilidade do corregedor-geral de Justiça é uma ação de danos morais ajuizada pelo desembargador Fábio Bittencourt contra a Yamaha do Brasil. Após usar uma moto aquática por mais de 10 anos, a máquina deu problemas e o magistrado exigiu do fabricante um jet ski novo e indenização por danos morais.

Abuso de poder

Após examinar o caso, a Yamaha do Brasil concluiu que o proprietário não fez as devidas revisões exigidas pelo fabricante. Ainda assim prometeu repor as peças

com defeito e entregar a máquina em perfeitas condições de uso, sem cobrar nada pelo conserto. Mas o doutor recusou o acordo, perdeu a causa no juízo de primeiro grau e não ficou nada satisfeito. À época, o orçamento do conserto passou de R$ 15 mil.

À sorrelfa

Através de expediente sorrateiro o magistrado conseguiu anular a decisão e ainda representou o juiz da causa junto à Corregedoria-Geral de Justiça, comandada por ele próprio. A Yamaha recorreu da decisão junto ao TJ-AL, mas até agora nenhum desembargador se atreveu a julgar o recurso para não agravar ainda mais o clima de guerra no tribunal. Afinal, ninguém quer dizer NÃO ao poderoso corregedor-geral.

Indecência

Esse caso é escabroso e tem potencial para acabar com o que resta de credibilidade da justiça alagoana. Tanto que no final da inspeção no tribunal um integrante do CNJ abordou a desembargadora Elisabeth Carvalho com a seguinte indagação: “Doutora, vou fazer uma pergunta que todo mundo quer saber: como está o caso do jet ski?”. Durante a tumultuada reunião do Conselho da Magistratura Elizabeth tornou esse processo público e ameaçou levá-lo ao Conselho Nacional de Justiça. DIREITO DE RESPOSTA

Padre afirma ser vítima de calúnia

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O padre Augusto Jorge afirma que a sua remoção como vigário da Catedral de Maceió ocorreu por vontade pessoal de seus superiores e nunca exerceu função que coubesse o recebimento de doações, ao contrário de nota publicada neste jornal. O sacerdote diz estar sendo vítima de calúnia, boatos e fake news, ferindo sua honra. Ele explica que sua função na Catedral era apenas celebrar o ministério sacramental. Disse, ainda, que o caso está sendo apurado pelas autoridades policiais e será levado à Justiça, para que autores e disseminadores da calúnia sejam identificados e devidamente punidos. E acrescenta que, pela vida cristã e de conduta ilibada que possui, tem milhares de fiéis que o acompanham há 15 anos, desde o início do seu sacerdócio. Ele afirma que enquanto pároco da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro nunca esteve envolvido em atos ilícitos. O padre Augusto Jorge reforça que está em pleno uso das ordens sacerdotais e que não existe procedimento na Arquidiocese contra seu nome e que, por escolha, foi estudar em Roma, onde cursou mestrado para aprofundamento como sacerdote. Precursor da Missão da Misericórdia em Alagoas, acrescentou que mantém em funcionamento a Capela Virtual da Misericórdia, com o Terço da Misericórdia, às 15h, a Santa Missa Dominical, às 10h, e outras celebrações católicas. Elas ocorrem pelo YouTube, no canal Padre Augusto Jorge, e pelo Instagram @peaugustojorge.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo sujo

A hora é essa

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deputado Paulo Dantas, 1º secretário da Assembleia Legislativa, passou definitivamente a incomodar seus adversários políticos, recebendo, na sua maioria, comentários apócrifos, agressões covardes pelas redes sociais que mostram qual o tipo de expediente que começa a ser utilizado no processo sucessório de Alagoas. Os episódios, que são narrados em matérias pobres e mal feitas, jamais chegariam a atingir

Fora de tempo Durante o final de semana e o Dia de Finados, Paulo Dantas passou a ser o alvo político dos escalados para a missão. Os adversários sequer respeitaram o momento atual, em que o pai do deputado, Luiz Dantas, foi transferido para São Paulo em situação de saúde bastante preocupante.

No bolso Nos bastidores, circularam as informações de que muitos dos denunciantes fazem parte de um esquema sujo de denegrir as imagens das pessoas e são regiamente recompensados por isso, principalmente daquelas que possam a chegar no Palácio República dos Palmares.

A quem interessa? Mesmo que tentem despistar e atribuir a Paulo Dantas críticas ao governo de Alagoas, se entende que o jogo é miúdo e que o 1º secretário da Assembleia Legislativa continua com bom relacionamento com Renan Filho e consequentemente com o grupo dos deputados Arthur Lira e Marcelo Victor.

Esclarecendo A coluna aproveita para esclarecer que os comentários feitos acima estão longe de qualquer interesse em candidaturas de quem quer que seja para o governo de Alagoas e sequer seu titular conhece pessoalmente o deputado Paulo Dantas.

o deputado, mesmo porque, à época dos conflitos em Batalha, onde foi prefeito com grandes conquistas para o município, sequer havia nascido. Mais uma vez os supostos adversários de Dantas, que se escondem no anonimato e bancam profissionais inescrupulosos para a missão de desgastar a imagem do parlamentar, que sequer disse que será candidato a governador-tampão, por certo estão receosos da força política desse sertanejo de Batalha.

União Brasil

AGENCIA ALAGOAS. AL.GOV.BR

O novo partido que deverá ainda ser oficializado pela Justiça Eleitoral, o União Brasil, formado por uma fusão do PSL, Democratas e outros, poderá ter como seu presidente no estado o deputado Paulo Dantas. Pelo menos essas são as conversas de bastidores.

Referência mentar

Amplo acordo Sobra a vice

Com rara habilidade política e demonstrando competência para discutir os problemas de Alagoas, a deputada não é carta fora do baralho, muita embora a Assembleia aposte no nome do deputado Paulo Dantas.

Preferência

Debandada

Se a decisão da escolha do nome do governador-tampão fosse de Renan Filho, certamente Jó Pereira, já cortejada pelo Palácio República dos Palmares, seria escolhida. Mesmo negando uma candidatura neste momento, Jó está sendo sempre lembrada nas conversas de bastidores.

Além do candidato a governador-tampão, Arthur Lira e Marcelo Victor acertaram os ponteiros e devem indicar o candidato ao Palácio República dos Palmares nas eleições do próximo ano. Afastam, desde já, qualquer composição política com os adversários, no caso a Família Calheiros, pelo menos até o momento.

Sem os poderes de governador a partir de abril e sem a convicção de que influenciará na escolha do governador-tampão, Renan Filho sabe que a parada é dura, mesmo que venha tentando demonstrar o contrário.

Pelo andar da carruagem e pelos acertos de bastidores, caso Renan Filho se desincompatibilize em 2 de abril do próximo ano para concorrer ao Senado da República, o deputado Paulo Dantas deve ser o escolhido pela Assembleia Legislativa. Pelo menos já tem o apoio do presidente Marcelo Victor que está à frente da sucessão governamental aliado com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Força política

Jogo definido

Carreira solo

parla-

O nome da deputada estadual Jó Pereira tem sido especulado com frequência para a composição de uma chapa para governador-tampão ou vice, mas encontra algumas resistências na própria Assembleia Legislativa. Independentemente de seu grupo político, tem mostrado serviço no parlamento alagoano e assumido posições que muitas vezes não têm agradado ao governo.

Sabedores de que Renan Filho fica sem a caneta na mão a partir do dia 2 de abril, lideranças políticas estudam mudar de lado e começam uma verdadeira peregrinação para se aproximar do grupo de Arthur Lira e Marcelo Victor.

Depois de ser agraciado com muitas obras do governo do Estado, o prefeito do Pilar, Renatinho Resende, ensaia cair fora da barca do governador Renan Filho. Dá demonstrações que, ali, não tem muitas chances de consolidar uma candidatura ao governo do Estado.

A sucessão de Renan Filho, que será decidida pela Assembleia Legislativa, poderá passar por uma ampla composição política, incluindo aí os candidatos ao Senado. As tratativas vão de vento em popa.

Desvio de rota Vereadores, principalmente de Maceió, devem ficar antenados para não apresentarem projetos que venham a onerar os cofres da prefeitura, o que tem ocorrido rotineiramente.

Faltando empenho Mesmo com o aumento da tarifa de água, a BRK não tem cumprido o cronograma de manter permanente o fornecimento de água em muitas localidades na capital e no interior. Além disso, as línguas sujas, principalmente na orla marítima, continuam sem solução.


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ELEIÇÕES 2022

Isolado, Collor se apega a Bolsonaro em busca da reeleição Senador mantem fidelidade em alta com presidente, rejeitado nas pesquisas

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cenário é dos piores para Jair Bolsonaro (sem partido). Hostilizado pelo mundo, esnobado por presidentes da maioria das nações, em queda nas pesquisas e com chances reais de não ser reeleito, o presidente da República está com a fidelidade em alta quando falamos do senador Fernando Collor (PROS) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Confiança que contrasta com muitas incertezas. A maior delas é a sobrevivência, para além das eleições do próximo ano, do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família. Quase meio milhão de famílias em Alagoas depende exclusivamente do Bolsa, que atende a um público abaixo da linha de pobreza, os antigos descamisados que Collor tanto falava nas eleições presidenciais de 1989, o mesmo público que mora à beira da Lagoa Mundaú em Maceió, onde o senador costuma dar os pontapés iniciais de suas campanhas eleitorais. Hoje, pelo país, 1 milhão de famílias estão na fila de espera do Bolsa. Além disso, o país acumula mais de 20 milhões de desempregados e desalentados. Para

Collor esteve em Campo Alegre, reduto do presidente da Câmara e também apoiador de Bolsonaro os endividados, o cenário também é difícil. 30% das empresas operam no prejuízo. Com a alta da Selic, o acesso ao crédito está mais caro e isso no final do ano, quando o 13º anima quem lucra nesta época com as compras de Natal e Ano Novo. Mas Fernando Collor, que disputa a reeleição, sabe que o governo oferta crédito imobiliário de olho em votos mais populares. Dinheiro que irriga os cofres das construtoras em tempos de pandemia, com seis meses de carência. Uma operação arriscada – acredita-se que as pessoas terão dinheiro para pagar, apesar da inflação, do aumento do desemprego e a retomada lentíssima no pós-pandemia. Mesmo assim, no dia 13 de maio, lá estavam Bolso-

naro, Collor e Lira juntos, em Maceió, na entrega de 500 casas populares do Residencial Oiticica I, no Benedito Bentes: 1.500 pessoas beneficiadas, segundo a assessoria presidencial. Em 28 de setembro, nova entrega de casas, agora em Teotônio Vilela, também com Bolsonaro, Collor e Lira, na cidade-celeiro de votos do presidente da Câmara. “Precisamos [a população brasileira] nesse momento, minha gente, é de estarmos unidos ao nosso presidente eleito democraticamente em 1998 para cumprir o seu mandato de quatro anos”, disse Collor, num ato falho. Em 1998, o presidente era Fernando Henrique Cardoso. Ministros de Bolsonaro também desfilam status, prestígio e falam em cifras

nos palanques, sempre com Collor e Lira por perto. “Estamos aqui no estado de Alagoas em um dia muito importante, onde a gente dá a ordem de serviço para a BR-416, que vai ligar Colônia Leopoldina a Ibateguara e também discutindo bastante a obra da BR-101. Há muito tempo a gente vem trabalhando isso com o nosso senador Fernando Collor e ele vem mostrando essa preocupação com o trecho de Joaquim Gomes e os trechos do Sul do estado também, e a gente vem garantindo que os esforços dele vão ser recompensados e vamos conseguir manter essas obras em andamento. O governo Bolsonaro está olhando com bastante atenção as obras aqui no estado de Alagoas”, disse o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, em 18 de

outubro. E mais discurso e anúncios de dinheiro nesta sexta, 5, com os ministros da Educação, Milton Ribeiro, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Milton Ribeiro é mesmo ministro que defendeu a universidade brasileira para poucos, com elogios aos “filhinhos de papai”, mais preparados, segundo ele: “Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados”, disse Ribeiro, em agosto. Collor, ignorando as declarações, apresentou ao Senado projeto que facilita o ingresso de estudantes ao Prouni. “A nossa proposta assegura que a cada 9,5 estudantes matriculados, as instituições de Ensino Superior assegurem uma bolsa integral a um jovem carente. É uma justa medida e de grande alcance social”. Isolado politicamente, Collor tem como única alternativa apoiar Bolsonaro. O ex-presidente Lula marcha com os Calheiros. O senador Renan (MDB) discute com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), uma composição onde ele seja o vice de Lula. Já Collor precisa apegar sua imagem à de Bolsonaro e ministros tanto nas redes sociais quanto nas ruas, além de buscar apoio em lugares mais liristas. Fez isso recentemente em Campo Alegre, na entrega de uma retroescavadeira e de um respirador. Em Arapiraca, sem a presença do prefeito Luciano Barbosa (MDB), entregou 4 respiradores.


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De olho no eleitorado, Arthur Lira participa de entrega de cestas básicas em Arapiraca

Mercado do voto aposta em reeleição fácil de Arthur Lira Projeção é de 170 mil votos; presidente da Câmara é favorito também em Brasília

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mercado eleitoral aposta alto: Arthur Lira (PP) será facilmente reeleito em 2022 e pode chegar a 170 mil votos nas projeções dos estrategistas de campanhas. Números que não são dados ao acaso. Além de ser o quociente eleitoral para 2022, a quantidade é maior que os 140.180 votos que elegeram o hoje governador Renan Filho (MDB) a deputado federal em 2010. Lira quer superar isso. Os

Calheiros e o presidente da Câmara se tratam como inimigos cordiais, porém estão em lados opostos no próximo ano, pelo menos é o jogo que hoje está sendo jogado pelos quatro cantos do estado. Eles podem se unir ano que vem? Sim e existem cenários onde essa possibilidade é ventilada. Se Renan Filho não disputar a vaga, hoje de Fernando Collor (PROS), ao Senado, Lira e os Calheiros podem fazer uma composição. Porém, na situação atual, os dois lados não se misturam. Tanto que, nos municípios, a estratégia é que candidatos à reeleição a deputado

estadual peçam votos para si e Arthur Lira. Daí a Assembleia Legislativa, onde o presidente da Câmara fez escola, ser bastante assediada por ele. Cibele Moura (PSDB), por exemplo, disputa a reeleição na Assembleia Legislativa. E, na região norte alagoana, onde a parlamentar tem sua principal base eleitoral, adesivos com o nome dela e de Lira circulam grudados nos vidros dos carros. Cibele obteve 37.824 votos em 2018, 47% deles em Paripueira, administrada pelo pai dela, Abrahão Moura. O jogo se repete com o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD), principal aliado de Lira no legislativo estadual. Ele obteve 39.422 votos. A família Canuto está prestes a fechar um acordo

para a reeleição de Lira. Isso significa os votos da deputada Fátima Canuto (PRTB), do filho dela, Renato (PSC), que é prefeito do Pilar, e da nora, Ceci, prefeita de Atalaia. Os primos na família Pereira também ajudam na engorda eleitoral do parente mais famoso. Fidelidade reconhecida a peso de ouro na indicação de Joãozinho Pereira para a coordenação alagoana da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf), com obras milionárias espalhadas em cada município do estado. Além de votos nas cidades de Campo Alegre, Teotônio Vilela e Junqueiro, onde parentes comandam as prefeituras. Jó Pereira (MDB), irmã de Joãozinho, foi a mais votada na Assembleia: 53.707 votos. Ela é cotada a disputar uma vaga de federal ou ser vice em uma composição com o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que quer concorrer ao governo. Davi Davino, que permanece no PP, ficou em terceiro lugar ao concorrer ano passado à Prefeitura de Maceió. Obteve 97.409 votos. Ele não será candidato à reeleição, mas a federal. “Estou à disposição do PP”, disse ao EXTRA. Sua mãe, Rose, disputa a vaga na Assembleia. O pai, Davi Davino, continua como vereador na capital. Todos unidos pela reeleição de Arthur Lira. Aliás, na capital, ele e o prefeito JHC (PSB) são tratados como aliados, apesar de estarem em lados opostos na eleição municipal. As pesquisas mostram que Jota é bem avaliado neste início de mandato e o próprio prefeito se movimenta no cenário como potencial candidato ao governo, o que não deve acontecer, mas tem a tendência de atrair mais gente seja qual for o palanque que ele escolher subir - e não deve ser o dos Calheiros.

MOTIVOS Lira também tem a seu favor as emendas bilionárias no orçamento, codificadas como R-9 e chamadas de escândalo pelo senador Renan Calheiros (MDB). Dos R$ 16,8 bilhões deste dinheiro, R$ 11 bilhões são gerenciados pelo parlamentar alagoano. Além do trânsito livre no Palácio do Planalto, é um dos principais articuladores do Centrão. As emendas ainda são mais facilmente liberadas porque o ministro da Casa Civil é Ciro Nogueira, outro articulador do Centrão. Com um caminhão abarrotado de dinheiro, Lira garante fidelidade de muita gente. E sua influência é tão grande na Câmara que a reeleição à presidência na Casa é também considerada garantida, mesmo que o próximo presidente da República seja Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como mostram os institutos de pesquisa. Hoje, Lira é fiador do presidente Jair Bolsonaro, que movimentou o orçamento federal para a ascensão do deputado à cadeira mais almejada do legislativo federal. Além de segurar a tramitação dos mais de 130 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, Lira garante que as pautas do governo federal passem na Câmara sem grandes dificuldades. Duas delas são extremamente impopulares e mesmo assim são levadas adiante: a PEC dos Precatórios, que permite um calote bilionário dado aos estados e municípios para que o dinheiro subsidie o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, e a PEC da Reforma Administrativa, que altera direitos e mexe com a estabilidade no cargo de milhares de servidores públicos pelo país. A aposta da oposição é que esta PEC não passa. Mas, nem o céu é o limite quando quem está jogando é Arthur Lira.


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Renan Filho lança programa em São José da Tapera; dia 18 leva ações do governo para Maragogi

Governo retoma aglomerações de olho nas urnas Renan Filho aposta em popularidade do pai para anúncios em ninho bolsonarista ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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governo do Estado retoma oficialmente as aglomerações no próximo dia 18. Será a volta do Governo Presente, em sua 21ª edição, que vai até o dia 20, nas cidades de Maragogi e Japaratinga. Eventos deste tipo foram suspensos por causa da pandemia. Números da Secretaria de Saúde mostram que, até a quarta-feira (4), 65,7% dos alagoanos foram vacinados ao

menos com a primeira dose da vacina e 42,8% com a segunda. A ideia é aproximar ações da administração pública das pessoas, principalmente os mais pobres ou aqueles com maior dificuldade de deslocamento para a capital, onde se concentra a maior parte dos serviços oferecidos pelo Estado. Secretarias e órgãos ligados ao governo deslocam estrutura para emissão de carteiras de identidade até autorização de captação de

água, além de financiamento bancário a produtores rurais. A 11 meses das eleições, secretários e governador também testam sua popularidade atraindo prefeitos, vereadores e outras lideranças políticas da região. Renan Filho é cotado para disputar o Senado e mantem ritmo intenso de visita a municípios, rotina que se estende pelo final de semana. Com R$ 5 bilhões em caixa, lançou uma bolsa família estadual (o Cria, destinado a 180 mil famílias) pagando R$ 100, além de obras nos municípios (Alagoas de Ponta a Ponta e Mi-

A MAIOR OBRA DO GOVERNO ALAGOANO NO MUNICÍPIO É O AEROPORTO COSTA DOS CORAIS, COM PROJEÇÃO DE FICAR PRONTO EM DOIS ANOS E COM CAPACIDADE DE RECEBER ATÉ 15 VOOS POR SEMANA. SERÃO INVESTIDOS R$ 120 MILHÕES.

nha Cidade Linda). Outros secretários também são candidatos. Alfredo Gaspar de Mendonça (Segurança Pública), Maurício Quintella Lessa (Infraestrutura), Rafael Brito (Educação) e Alexandre Ayres (Saúde) estão de olho em vagas nas proporcionais: Câmara Federal ou Assembleia Legislativa. Maykon Beltrão (Agricultura), Fabiana Pessoa (Assistência e Desenvolvimento Social), George Santoro (Fazenda) e Kelmann Vieira (Prevenção à Violência) também estão no páreo eleitoral. A escolha de Maragogi parece ser um aceno positivo para a família do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), mas também uma forma de atrair as atenções do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O prefeito, Sérgio Lira (PP), primo de Arthur, é vice-presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), numa chapa formada da união do grupo dos Calheiros e dos Lira. A presidência da Associação, pelo acordo costurado em janeiro, fica por dois anos com o calheirista Hugo Wanderley (MDB) e, no biênio seguinte, com Rosiana Beltrão, do grupo de Arthur. Em 2018, o atual presi-

dente da República venceu em 7 cidades do interior alagoano, duas no litoral norte, Paripueira e Maragogi, que têm rádios vinculadas ao ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, repetindo os discursos pró-Bolsonaro. É em Maragogi que Renan Filho, ao voltar às edições do Governo Presente, quer navegar na boa imagem, espalhada na mídia, do senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Covid, cujo resultado foi bem recebido pela oposição e atacado pelo presidente Bolsonaro. O governador também marca território. Fernando Collor anunciou, em janeiro, R$ 3,5 milhões em investimentos para a cidade praieira. E visitou o município em março. A maior obra do governo alagoano no município é o aeroporto Costa dos Corais, com projeção de ficar pronto em dois anos e com capacidade de receber até 15 voos por semana. Serão investidos R$ 120 milhões. Também há a construção de uma estação de tratamento de água e esgoto, com financiamento externo. O governo projeta, em 13 de dezembro, fazer o segundo leilão de privatização das concessões de abastecimento de água e esgotamento sanitário, que também inclui Maragogi. Serão investidos R$ 2,9 bilhões em 35 anos. A proposta é cobertura de 100% do esgotamento numa cidade cada vez mais disputada por turistas e empreendimentos de luxo. R$ 94 milhões do Minha Cidade Linda também serão usados no projeto. Em setembro, o governador anunciou operação de crédito junto ao CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina): R$ 570 milhões, distribuídos em 5 cidades do norte alagoano, incluindo Maragogi. Dinheiro para esgotamento sanitário e abastecimento de água.


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CIRANDA DOS CONSIGNADOS

Juízes de Alagoas e mais três estados são suspeitos de participarem de esquema Golpe identificado pela Câmara dos Deputados foi parar no CNJ JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Q

uem dera que a farra dos empréstimos para funcionários públicos, os chamados consignados, só atingissem o Executivo, com seus calotes às instituições financeiras. Agora, há fortes indícios de que esse esquema, mais conhecido como Ciranda dos Consignados, tem participação mais do que direta do Judiciário. O Conselho Nacional de Justiça investiga denúncias que envolvem magistrados de Alagoas e dos estados de Goiás, Amazonas e Bahia e que foram encaminhadas ao CNJ pela Advocacia-Geral da União (AGU), uma vez que as decisões arbitrárias atingem em cheio os cofres públicos. Entre as tramoias, estariam sentenças similares e padronizadas a fim de beneficiar entidades desconhecidas que representam servidores da Câmara dos Deputados, em Brasília. O suposto esquema está sendo apurado após parecer da corregedora Nacional de Justiça, Maria Thereza Rocha de Assis Moura. Em relatório no qual o EXTRA teve acesso, a ministra relata que o caso chegou ao CNJ por meio da desconfiança da Câmara, que acionou a AGU. No pente fino da corregedora estão: a 8ª Vara Cível da Comarca de Maceió, a 3ª Vara da Comarca de Palmeira dos Índios, a 2ª Vara Cível da Comarca de Corumbá de Goiás, a 2ª Vara de Feitos de Relações de Consumo Cíveis e Comerciais da Comarca de Lauro

de Freitas (BA), a 5ª Vara de Feitos de Relação de Consumo, Cíveis e Comerciais de Mata de São João (BA) e a 7ª Vara Cível e de Acidentes do Trabalho da Comarca de Manaus (AM). Os juízes teriam concedendo liminares a favor de entidades que representam servidores do órgão legislativo federal para determinar a desaverbação de consignações de empréstimos bancários dos contracheques dos funcionários. O fato que causou estranheza é que, embora situada em Brasília, a entidade acionava a justiça de estados distantes do Distrito Federal, como é o caso de Alagoas, Bahia e Amazonas. Nas decisões, outra pista: o famoso “copia, mas não faz igual”. De acordo com relatório, o que chamou a atenção é que nas seis ações examinadas, havia textos “com formatações muitos similares, a indicar probabilidade de terem sido editadas pela mesma pessoa”. “Conforme observado nos excertos das decisões colacionadas, cinco delas têm trechos idênticos sem que haja qualquer referência ou citação, nada obstante provenientes de comarcas diferentes. [...] Registre-se que as decisões originadas nas comarcas de Lauro de Freitas/BA e Mata de São João/BA foram exaradas pelo mesmo Juiz Auxiliar, Sr. Adriano de Lemos Moura”, pontuou a corregedora. E um código de rastreio dos Correios nunca foi tão útil para colocar em xeque os envolvidos. Isso porque, embo-

ASCOM TSE

Maria Thereza pesquisou sentenças dos quatro magistrados ra as decisões fossem expedidas em outros estados, os malotes com os documentos judiciais eram postados em Brasília. Nesse “flagrante” também está a 3ª Vara da Comarca de Palmeira dos Índios. Mediante as evidências, foi determinada a apuração pelas Corregedorias-Gerais de Justiça dos quatro estados, cujo entendimento foi de que não teriam havido irregularidades e as sindicâncias foram arquivadas. “As ações objeto desta reclamação foram propostas em quatro estados, o que

causaria certa perplexidade. No entanto, a Câmara dos Deputados tem escritórios e servidores nos estados, o que talvez explique em parte a dispersão territorial. (...). Assim, a dispersão não é, por si só, um fator decisivo para produzir suspeita em torno da propositura dessas ações ou da conduta dos magistrados. Mas há elementos que indicam responsabilidade disciplinar dos magistrados”, destacou Maria Thereza. Todos os casos envolveram decisões que, em ações movidas por associações de

consumidores em favor dos servidores públicos, determinaram, liminarmente, a suspensão de consignações em folha de pagamento e a liberação das margens consignáveis. No entanto, nos casos levados ao CNJ haveria vários elementos que causaram estranheza, “indicando prática não acobertada pela inviolabilidade”. “As decisões não parecem ter argumentos hábeis a, logicamente, afastar a consignação, indicando uma violação do dever de prudência na justificação racional das decisões. Em todas as ações, o pedido envolve mais de uma dezena de contratos não padronizados, entretidos pelos servidores com diferentes instituições financeiras”, afirmou a corregedora. Em alguns dos casos foram identificadas considerações sobre a abusividade geral de taxas de juros bancários – sem análise dos juros dos empréstimos em questão e sem levar em conta que esse tipo de contrato costuma contar com remuneração mais modesta. Há também considerações sobre decisões administrativas que suspendem o desconto, quando se alega que o servidor não contratou o empréstimo. Contudo, as petições iniciais confirmam os contratos. “Além disso, em ao menos dois dos casos, há indicativos de violação da independência, em razão de indevidas influências externas, visto que fundamentações de decisões apresentam trechos idênticos, a indicar que não foram lavradas pelos prolatores”, informou.


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E acrescentou: “As decisões têm trechos inteiros idênticos ou muito semelhantes entre si, os quais não poderiam ter sido desenvolvidos de forma independente. Há dois grupos de decisões. A decisão do Levine Raja Gabaglia Artiaga, de Goiás, é semelhante àquelas do juiz Adriano de Lemos Moura, da Bahia, e a decisão do juiz Luciano Andrade de Souza, de Alagoas, àquela do juiz Rosselberto Hímenes, de Manaus. Trata-se de juízos vinculados a tribunais diversos que, ao que se sabe, não compartilham banco de documentos judiciais. Até o momento, não se tem uma explicação para essa semelhança. Apenas a decisão do juiz Jairo Xavier Costa não parece conter trechos semelhantes com as demais”. Vale salientar que o juiz Jairo Xavier Costa, que atuava na 3ª Vara da Comarca de Palmeira dos Índios, foi punido, em 2020, com a aposentadoria compulsória

DICOM TJAL

juiz Luciano Andrade de Souza é um dos investigados por atos contrários à ética da Magistratura. Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado (MPE) realizou

a Operação Causa Nostra, cujo objetivo era desbaratar uma possível organização criminosa (Orcrim) que se-

ria especializada em crimes contra a administração pública e a Justiça. O magistrado era um dos suspeitos. No caso dos consignados, Jairo Xavier foi alvo de um procedimento em separado pela CGJ de Alagoas que lhe rendeu mais uma pena de aposentadoria compulsória, o que levou a corregedora Maria Thereza a arquivar a representação contra ele, já que já havia sido punido pelo TJ de Alagoas. Quanto ao magistrado Luciano Andrade de Souza, da 8ª Vara Cível de Maceió, ele é investigado por decisões a favor do Instituto de Defesa dos Consumidores do Estado de Alagoas (Idecon), agindo contra várias instituições financeiras. E amparou tais decisões com o relato de fraudes e inclusões indevidas de cobrança apuradas em investigações policiais para sustentar a possível prática de abusividade. Mas chamou a atenção

da Corregedoria Nacional de Justiça o fato de seu fraseado ser coincidente com o do juiz Rosselberto Hímenes, da 7ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho, de Manaus. Os advogados de defesa dos juízes, incluindo Luciano Andrade, alegaram que os textos foram escritos por seus assessores, com informações pesquisadas na internet, que as liminares estavam de acordo com os pedidos das causas, e que não havia nada em desacordo com a jurisprudência do tema. Mas uma pesquisa feita pessoalmente pela ministra Maria Thereza provou que isto não correspondia à verdade. Diante das evidências e com base no parecer da corregedora Nacional, o CNJ votou pela instauração de processo administrativo contra os quatro magistrados. A decisão se deu na sessão do colegiado do dia 19 de outubro último.


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VENDA DE SENTENÇA

Faculdade acusada de corrupção deve R$ 500 mil a credores Desembargador Celyrio Adamastor foi alvo de operação da PF DA REDAÇÃO

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Faculdade Raimundo Marinho, que ganhou destaque esta semana ao ser citada como uma das envolvidas em escândalo de corrupção no Judiciário alagoano, amarga uma dívida de R$ 500 mil com credores. Desde dezembro do ano passado a instituição está em recuperação judicial buscando voltar à saúde financeira. Com unidades em Maceió e Penedo, a empresa de ensino estaria se beneficiando de decisões favoráveis em troca de “bancar” gastos de magistrados do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) por meio da influência de um dos sócios. Pelo menos é o que investiga a Polícia Federal a partir da Operação Pecunia non olet (o dinheiro não tem cheiro), deflagrada na quinta-feira, 4. O inquérito tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Policiais federais cumpriram cerca de 15 mandados de busca e apreensão em Maceió, capital alagoana, e também em Curitiba, no Paraná. Entre os locais de busca estão dois condomínios localizados na Ponta Verde, na orla. Segundo informações da PF, as investigações dão conta de que agentes públicos

e advogados estariam intermediando julgamentos apenas para atender os anseios e as necessidades da empresa do ramo da educação. O esquema envolveria o desembargador Celyrio Adamastor, um juiz, dois advogados e um tabelião interino de um cartório do litoral Norte, cujos nomes não foram confirmados oficialmente pela Polícia Federal. Inscrita sob o CNPJ 12.432.605/0001-30, a Fundação Educacional do Baixo São Francisco Dr. Raimundo Marinho foi fundada no dia 23 de dezembro de 1994. No site do Ministério da Educação, também há a informação que a instituição está em fase de recredenciamento e que os cursos de Pedagogia e Administração estão sob análise desde o ano passado. “Caso comprovada a ilegalidade, os envolvidos, incluindo o desembargador, poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de advocacia administrativa, situação em que agentes públicos promovem interesses ilegítimos, solicitando retardamento, ação ou omissão de atos de ofício, em contrariedade aos preceitos e princípios legais”, informou a PF, em nota. À imprensa, o Tribu-

ASSESSORIA

Raimundo Marinho teria sido beneficiada pela justiça ASSESSORIA/TJ

Gabinete de Celyrio Adamastor foi vasculhado pelos agentes nal de Justiça (TJ) confirmou a “visita” dos federais dentro da instituição. De acordo com pronunciamento bem genérico, informou que recebeu uma comissão de delegados da Polícia Federal que cumpriam mandados de busca e apreensão relacionados a inquérito que tramita no STJ, órgão sediado em Brasília. “Como parte do sistema de Justiça, a Corte estadual colaborou com a missão dos agentes públicos e viabilizou o acesso aos locais, aos setores e aos documentos

necessários à apuração de todas as informações solicitadas”, destacou. Já a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), também por meio de nota, informou apenas que a Diretoria de Prerrogativas foi acionada para acompanhar a operação da PF, com o objetivo de resguardar as prerrogativas de advogados alvos de mandados de busca e apreensão. Único a ter o nome divulgado pela mídia local e nacional, o desembarga-

dor Accioly ingressou na magistratura em 1986, tendo atuado em diversas comarcas do interior de Alagoas e também na Justiça Eleitoral, antes de ser nomeado desembargador, em 2016, pelo critério de antiguidade. Atuou como vice-presidente do Judiciário alagoano no biênio 20172018, durante o qual tomou a polêmica decisão de suspender as condenações de deputados e ex-deputados condenados pelo esquema dos taturanas, garantindo, assim, que eles possam continuar participando de eleições. O caso dos taturanas envolve o desvio de R$ 253 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas no período de 2003 a 2007, tendo resultado na condenação – em primeira e segunda instâncias – de oito deputados e ex-deputados que, pela Lei da Ficha Limpa, em virtude de terem tido seus direitos políticos suspensos, somente poderiam voltar a disputar as urnas em 2028. Até o fechamento desta edição (quinta-feira, às 20h) a Polícia Federal de Alagoas e a sede em Brasília não haviam divulgado oficialmente os nomes dos investigados no esquema que, de acordo com informações extraoficiais, também inclui sonegação fiscal e lavagem de dinheiro por parte de alguns dos envolvidos.


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MINOTAURO

Esporte e Educação de Maceió podem ganhar reforço de peso Gestão municipal inicia parceria com o ex-lutador de MMA para transformar a vida de jovens de comunidades carentes da capital alagoana

ASCOM/MINOTAURO

ASSESSORIA

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Prefeitura de Maceió quer tornar as práticas esportivas caminhos de oportunidades. Por isso, o prefeito JHC se reuniu com o campeão mundial de MMA Rodrigo Minotauro para discutir a implantação de um projeto pioneiro, que envolve Esporte e Educação nas escolas públicas da capital alagoana. A parceria pretende estimular a cultura do esporte no ambiente escolar, visando o desenvolvimento das comunidades carentes. De acordo com o prefeito JHC, a ideia é promover a prática esportiva para além da atividade recreativa, tornando-a elemento chave na construção de políticas públicas. “Com esse projeto, que envolve esporte e educação, a gente fecha um ciclo para combater a violência, trazer autoconfiança, os valores e a disciplina que o esporte traz. Já deixei o convite para que o Minotauro volte para que a gente lance, conjuntamen-

Projeto já é desenvolvido em comunidades carentes do Rio de Janeiro SECOM/MACEIÓ

te esse projeto pioneiro em Maceió. Com essa parceria, vamos desenvolver ainda mais a educação na nossa cidade”, destacou JHC. Uma iniciativa parecida foi desenvolvida na cidade do Rio de Janeiro, com a participação de mais de 1.000 crianças e jovens de diversas comunidades carentes. Lá, eles aprendiam artes marciais e praticavam valores que melhoravam a cidadania de suas localidades. A prioridade do projeto eram os moradores de bairros pobres e que estivessem frequentando a escola. Eles poderiam escolher a modalidade de sua preferência e contavam com o apoio de pais e responsáveis como partícipes no processo de ensino e aprendizagem. O projeto foi idealizado pelo Instituto Irmãos

O PROJETO FOI IDEALIZADO PELO INSTITUTO IRMÃOS NOGUEIRA DOS LUTADORES DE MMA RODRIGO NOGUEIRA (MINOTAURO) E ROGÉRIO NOGUEIRA (MINOTOURO), DOIS CAMPEÕES DO OCTÓGONO, QUE AINDA CRIANÇAS INICIARAM NAS ARTES MARCIAIS, CONHECENDO OS BENEFÍCIOS QUE ELAS PODEM PROPORCIONAR, COMO DISCIPLINA E RESILIÊNNogueira dos lutadores de MMA Rodrigo Nogueira (Minotauro) e Rogério Nogueira (Minotouro), dois campeões do octógono que, ainda crianças, iniciaram nas artes marciais, conhecendo os benefícios que elas podem proporcionar, como disciplina e resiliência. De acordo com eles, a ideia dos trabalhos sociais surgiu após viagem a Cuba, que sempre teve uma atuação de destaque em jogos mundiais, fruto de políticas públicas. Na visita a Maceió, Rodrigo Minotauro conversou com o prefeito JHC sobre os programas implantados no Município e lhe garantiu que irá voltar para fechar a parceria e anunciar o projeto para os maceioenses. “Fico feliz com a visita e já virei seu fã. Voltaremos com boas notícias”, contou o medalhista mundial. Na oportunidade, o prefeito ainda fez um destaque para a coragem do lutador em enfrentar gigantes no octógono. “A sua coragem e determinação para enfrentar gigantes é o que a gente precisa aqui para Maceió”, finalizou o prefeito JHC.


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SAÚDE

Modernas técnicas cirúrgicas auxiliam no combate aos tumores cerebrais

Hospital alagoano trabalha com todas as linhas de tratamento

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bordagens complexas para tumor de base de crânio, microcirurgia, e cirurgias endoscópicas para o tratamento de tumores hipofisários e da região selar são alguns dos procedimentos utilizados pelo Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da Santa Casa de Maceió para o tratamento de tumores cerebrais. Com equipes integradas, a terapêutica e o acompanhamento dos pacientes SUS, conveniados e particulares são feitos com o apoio do neurointensivismo, endocrinologia, radioterapia e oncologia. “Tumores cerebrais podem atingir desde os recém-nascidos até pessoas depois da sétima década; já os metastáticos são

mais frequentes a partir da quinta e sexta década. Temos pacientes com assistência médica regular e que chegam precocemente, mais orientados, o que facilita o tratamento. Mas alguns casos, infelizmente, por dificuldade de acesso ao atendimento médico, chegam em um estágio muito avançado da doença. Felizmente, agora, tem aumentado cada vez mais o número de diagnósticos precoces”, destacou o coordenador do Serviço, o neurocirurgião Aldo Calaça. Mesmo benignos, os tumores cerebrais podem acometer áreas muito nobres do cérebro. A escolha do procedimento vai depender de inúmeros fatores, como a localização

do tumor: quanto mais profundo ou mais “colado” em áreas nobres, a ressecção completa pode ser mais difícil. “De modo geral, todos as cirurgias neurológicas são complexas, pois, por menor que seja a lesão, existe um risco de dano permanente para o paciente. Atualmente, contamos com técnicas que vieram para reduzir os riscos de déficit neurológico. Com a monitorização eletrofisiológica, por exemplo, conseguimos, mesmo com o paciente sedado, monitorizar a ação da medula, e dosar a força do braço, pernas e nervos do paciente, embora isso não exclua a possibilidade de sequela neurológica durante um ato da

cirurgia. Outros tipos de tratamento vieram para nos ajudar, como a radiocirurgia, em que nós conseguimos diminuir o tumor com radiação focada apenas na lesão, não no cérebro todo”, disse o neurocirurgião João Paulo da Matta Silvestre. O hospital alagoano trabalha com todas as linhas de tratamento e realiza cirurgias vasculares, da coluna, e de tumores. “Dentro das de tumores, também é feita a Awake, com o paciente acordado. Mas a indicação para esse tipo de procedimento tem que ser muito precisa. Para fazê-la, temos que ter a certeza de que vai trazer mais benefícios do que com o paciente sedado”, disse o especialista.

SINAIS

Os principais sintomas neurológicos para que se possa pensar em tumor cerebral são cefaleia, alteração da fala, da marcha, e, em alguns casos, crises convulsivas. Segundo o especialista, normalmente é comum sentir dor de cabeça e tontura, mas são sintomas inespecíficos, pois nem sempre estão relacionados aos tumores. “Quando os sintomas são mais fortes e persistentes temos que pensar em tumor cerebral. O neurocirurgião vai solicitar todos os exames para confirmar ou excluir a doença”, finalizou Silvestre.


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APOSENTADORIA

MP de Contas de Alagoas defende migração de servidor estável para o INSS Entidades vão se mobilizar pela manutenção do regime próprio de previdência

ARQUIVO

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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m parecer do Ministério Público de Contas do Estado de Alagoas (MPC/AL) publicado no Diário Oficial Eletrônico, no dia 27 do mês passado, caiu como uma bomba nas cabeças dos servidores públicos. Segundo o documento, o servidor contratado antes da Constituição Federal (CF) de 1988 não teria direito à aposentadoria pelo Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), concedida apenas nos casos dos servidores efetivos, que são aqueles que ingressaram na administração pública através de concurso. A decisão afeta todos os servidores dos poderes constituídos considerados estáveis (mas não efetivos) que já se aposentaram ou tenham requisitos para aposentação, incluindo também os beneficiários de pensões concedidas anteriormente. A presidente do Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, Ana Maria Gusmão, afirma que a decisão é grave e que não obedece à jurisprudência. A Previdência Social brasileira é dividida em três

Ministério Público de Contas quer retirar servidor estável do AL Previdência regimes: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), de filiação obrigatória pelos trabalhadores regidos pela CLT e cujos benefícios são pagos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), de filiação obrigatória pelos servidores públicos de cargos efetivos da União, estados, Distrito Federal e municípios; e Regime de Previdência Complementar (RPC), que é um regime privado, de filiação facultativa, cujo intuito é complementar a renda oficial do trabalhador. Ana Maria explica que o servidor estabilizado é aquele que antes da promulgação da Constituição de 1988 prestava serviços para a administração pública há pelo menos cinco anos. Estes servidores, ainda que tivessem ingressado no serviço público sem concurso, pois não havia a obrigatoriedade, foram estabilizados, nos termos do art. 19 do Ato das

Parecer do MP publicado no final de outubro e decisão do TCE da Paraíba Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT/CF/88). Sobre essa distinção, o Supremo Tribunal Federal já se posicionou no sentido de que “independentemente da estabilidade, a efetividade no cargo será obtida pela imprescindível observância do art. 37, II, da Constituição da República”. Apesar

do entendimento, servidores públicos estabilizados e não efetivos em vários estados e municípios do país contribuem para o RPPS. Em Alagoas, a contribuição desses servidores é direcionada ao AL Previdência, que é a instituição gestora do RPPS. O AL Previdência é regido pela lei 7.751, de 9 de

novembro de 2015. A instituição deve garantir os benefícios previdenciários dos servidores efetivos sendo ativos, inativos e pensionistas da Administração Direta, Autárquica e Fundacional, do Executivo, do Legislativo, Judiciário, do Ministério Público, Tribunal de Contas e da Defensoria Pública.


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APOSENTADORIA

QUESTIONAMENTOS

Diante do parecer do Ministério Público de Contas de Alagoas em processos requerendo aposentadoria e nos quais os conselheiros consideram ilegal a concessão do benefício pelo regime próprio, Ana Maria abre um rosário de questionamentos que devem estar martelando na cabeça dos servidores e precisam ser respondidos. “Como ficam os servidores estabilizados que contribuíram durante toda vida para o regime próprio? Ainda que possa haver compensação entre os regimes geral e próprio das contribuições dos servidores, como fica a situação daqueles que contribuíram acima do teto do regime geral? O INSS vai conceder o benefício a estes servidores, mesmo sem contribuição para o regime geral? Será que o INSS vai pagar aposentadorias acima do teto do regime geral para os servidores? Será que o Instituto Próprio devolverá essas contribuições? O governo teria aporte financeiro para pagar o complemento da aposentadoria quando os valores das aposentadorias e pensões do regime próprio forem mais altos que o teto? Ana Maria vai consultar outros sindicatos para discussão do tema e, juntos, adotarem as medidas cabíveis no sentido de preservar a permanência dos servidores no RPPS. Ela teme que a impossibilidade da permanência do servidor no regime próprio e a migração para o INSS achatem os vencimentos de quem se aposentou ou já tenha direito à aposentadoria e pensões. “O corte [dos benefícios] seria desastroso, drástico e de consequências imprevistas. O servidor que entrou na administração pública sem concurso, corre o risco de ter sua situação de aposentadoria modificada por ressalvas do MP de Contas de Alagoas”, considera. Hoje, o teto da aposentadoria no INSS é de R$ 6.433,57. Talvez por isso, visando diminuir os prejuízos aos servidores estabilizados, o Supremo Tribunal Federal modulou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade (ADI 5111/RR) ressalvando os servidores que

Ana Maria Gusmão vai mobilizar demais sindicatos até o dia 20/09/2018 já estavam aposentados ou preenchiam os requisitos para a aposentadoria. Ou seja, estes funcionários, mesmo não efetivos, poderiam se aposentar pelo RPPS. No parecer, o Ministério Público de Contas de Alagoas enfatiza que “havendo alteração no entendimento da Corte de Contas para conformá-lo à Constituição Federal e à jurisprudência do STF, faz necessária a modulação de efeitos de novo posicionamento de modo a resguardar a situação dos servidores públicos que já estejam aposentados”. A corte também lembra que esses servidores terão resguardados os direitos de aposentadoria e pensão pelo INSS, com a contagem recíproca do tempo de contribuição realizado tanto no RPPS e no RGPS. Um caso apresentado pela sindicalista com decisão favorável aos servidores, ocorreu no estado da Paraíba. No processo de nº 14450/19, o Pleno do Tribunal de Contas daquele estado decidiu em sessão realizada em abril do ano passado que os “servidores não efetivos” aposentados ou com direito à aposentadoria e que estejam vinculados ao RPPS devem nele permanecer”. O entendimento do TC/PB responde à consulta realizada pelos presidentes dos Institutos de Previdência dos servidores municipais das cidades de Lucena, Taperoá e Mari.

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ECONOMIA

Pão de Açúcar e Santa Luzia do Norte têm a situação fiscal mais crítica de Alagoas Pesquisa da Firjan traça a saúde financeira dos municípios brasileiros JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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estão fiscal, termo com duas palavras que faz muitos prefeitos suarem frio quando se trata de balancear as contas municipais. E um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) evidencia uma realidade amarga: 88,3% das prefeituras brasileiras estão em situação de regular a crítica. Em Alagoas, não é diferente. O estudo, divulgado em outubro deste ano, leva em consideração o ano de 2020 e os impactos causados pela covid-19 no país. Para traçar o chamado Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), quatro pontos são analisados: a autonomia financeira do município, gastos com servidores, investimento e liquidez. Mediante esses cálculos, a Firjan pontua cada prefeitura de 0 a 1. Quanto mais próxima a nota do número inteiro, melhor é a condição das contas do Executivo. Por exemplo, Maceió, tendo como base o balanço da Firjan, conquistou a nota 0,6520 - a média nacional é 0,5456. Considerando a análise da pesquisa, mesmo com os impasses econômicos devido à pandemia, 2020 foi um ano positivo para a capital alagoana. Conforme o levantamento, a pontuação se caracteriza como “Boa Gestão”, entrando na segunda melhor

categoria do ranking, ilustrada pela cor verde. O “calcanhar de Aquiles” de Maceió, no entanto, foi o quesito investimentos, que atingiu o nível vermelho, ou seja, crítico. Embora com uma pontuação de 0,2600, revelando um baixo desempenho, esse foi o melhor ano se comparado desde 2013 (com 0,0875 ponto). Já quando o assunto é gasto com servidores, Maceió deu exemplo atingindo a cor azul, com 0,9261 ponto, faltando pouco para atingir a nota máxima (1). Contudo, a capital alagoana tem muito que evoluir. O município vitrine do estado não recebeu a melhor nota de Alagoas, ficando em oitavo lugar. No ranking nacional, vai de ladeira abaixo e assume a 1.761ª posição. Mas quem assume o topo de Alagoas? Qual a cidade é tida como modelo no estado, de acordo com o estudo da Firjan? Com 0,8092 de pontuação, Coruripe encabeça a lista, seguida por Barra de São Miguel (0,7940), Ouro Branco (0,7290), Inhapi (0,7159), Marechal Deodoro (0,6953), Messias (0,6861), Igaci (0,6742) e, enfim, Maceió (0,6520). Mesmo no topo, Coruripe também tem uma parte crítica: a autonomia financeira (0,2868), que levou ao alerta vermelho. Os demais pontos ganharam a cor azul representando excelência. Primeiro lugar em Alagoas, mas na 553ª posição em nível

nacional. Já Marechal Deodoro conquistou excelência em investimentos e liquidez, boa gestão em economia, mas nota vermelha na gestão com pessoal (0,0956). A situação revela uma possível crise na prefeitura, uma vez que em 2014 a mesma pesquisa considerou que Marechal fazia uma boa gestão com as folhas de pagamento. Em 2018, recebeu alerta amarelo evidenciando dificuldades. E de 2019 a 2020, o município permaneceu na zona de criticidade vermelha. Em vigésima posição, Arapiraca encontra-se com a nota 0,5280, recebendo nota vermelha em autonomia e investimentos e levando elogio de boa gestão em gastos com pessoal e liquidez. A pesquisa deste ano não atualizou os dados de Rio Largo e manteve as informações de 2019. Na ocasião, a cidade vizinha de Maceió ganhou nota vermelha em autonomia, gastos com pessoal e investimentos. Quanto à liquidez, o balanço considerou na zona amarela: com dificuldades. Outras cidades de Alagoas também não entraram no ranking devido à falta de informações. São elas: Palestina, Passo de Camaragibe, Olho d´Água Grande, Novo Lino, Monteirópolis, Ibateguara, Flexeiras, Limoeiro de Anadia, Major Isidoro, Matriz de Camaragibe, Boca da Mata, Branquinha, Belém, Atalaia, Chã Preta, Campestre, Campo Alegre, Campo Grande, Japaratinga, Jaramataia, Jequiá da Praia, Joaquim Gomes, Jundiá, Feira Grande, São Luís do Quitun-

de, Piaçabuçu, Satuba, Senador Rui Palmeira, São Miguel dos Milagres e a já citada Rio Largo. Já no Top 10 do pior para o menos pior, estão os municípios (esses contabilizados): Pão de Açúcar (0,0229), Santa Luzia do Norte (0,0367), Santana do Mundaú (0,326), Junqueiro (0,1444), União dos Palmares (0,1672), Traipu (0,1898), Porto Real do Colégio (0,1967), Porto Calvo (0,2006), São Brás (0,2179) e São José da Tapera (0,2217). O estudo da Firjan 2020 analisou um total de 72 municípios alagoanos. Apesar do doce no nome, Pão de Açúcar foi considerada a cidade com as contas mais críticas do estado. Com informações pendentes, o município recebeu nota vermelha quando se trata de investimentos. Dados como autonomia, gastos com pessoal e liquidez não foram revelados. Se em Alagoas assumiu a 72ª posição no ranking nacional, ficou em 5232º lugar. Foram avaliadas no IFGF 2021 as cidades que declararam suas contas de 2020 de forma consistente até 10 de agosto de 2021, já que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que até 30 de abril de cada ano as prefeituras devem encaminhar suas declarações referentes ao ano anterior à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). BRASIL O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) revela que 3.024 cidades brasileiras têm situação fiscal difícil ou crítica. No estudo foram avalia-

dos 5.239 municípios que, na média, atingiram 0,5456 ponto. De acordo com a análise, o quadro é preocupante e a dificuldade de geração de receita pelos municípios é o principal entrave para a melhora das contas públicas. Conforme o presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano, reformas do federalismo fiscal brasileiro


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são fundamentais. “O equilíbrio sustentável das contas públicas municipais é essencial para o bem-estar da população e a melhoria do ambiente de negócios. E isso só será possível com a concretização de reformas estruturais que incluam as cidades”, destacou Caetano. O gerente de Estudos Eco-

nômicos da Firjan, Jonathas Goulart, explicou que, entre as cidades avaliadas, 1.704 (32,5%) não são capazes de gerar localmente, no mínimo, recursos suficientes para arcar com os custos da Câmara de Vereadores e da estrutura administrativa da prefeitura. “Além disso, 1.818 municípios (34,7%) gastam mais de 54% da receita com despesa de pessoal, 2.181 (41,6%) têm planejamento financeiro ineficiente e 2.672 (51%) investem, em média, apenas 4,6% do orçamento”, ressaltou Goulart. Nesta edição do estudo, 30,6% dos municípios tiveram boa gestão fiscal e apenas 11,7% registraram gestão de excelência, entre elas nove capitais: Salvador (0,9401 ponto), Manaus (0,9140 ponto), Vitória (0,8827 ponto), Boa Vista (0,8650 ponto), Rio Branco (0,8336 ponto), Goiânia (0,8293 ponto), São Paulo (0,8206 ponto), Curitiba (0,8176 ponto) e Fortaleza (0,8109 ponto). No ano de 2020, na média, as capitais brasileiras apresentaram boa gestão fiscal dos recursos públicos. De fato, as questões em torno do orçamento das capitais diferem da grande maioria dos municípios: elas apresentaram boa geração de receita local frente ao custo com a estrutura administrativa (IFGF Autonomia médio de 0,8874), menor rigidez orçamentária (IFGF Gastos com Pessoal médio de 0,7623) e boa capacidade de planejamento orçamentário (IFGF Liquidez médio de 0,6673). Em contrapartida, nas capitais menos recursos foram destinados para investimentos, o IFGF Investimentos ficou abaixo do patamar nacional: 0,5448 ponto, frente a 0,6134, e representou nível baixo de investimentos. Entre os destaques positivos, as capitais do Norte e Nordeste ocupam seis colocações entre as 10 melhores. No caso do Nordeste, estão no Top 10: Salvador (BA), Fortaleza (CE) e São Luís (MA). Maceió e Recife (PE) - com 0,7228 ficaram coladas em 18ª e 17ª

posição. A última capital do Nordeste do ranking é Natal (RN). E o último lugar dentre todas as capitais brasileiras ficou com o Rio de Janeiro (RJ).

COVID-19

O estudo destacou que o cenário de pandemia – que exigiu ações extraordinárias para que os impactos sobre a saúde e a economia fossem minimizados – e as eleições municipais – que historicamente levam a um esforço maior para planejamento financeiro e investimentos – contribuíram para a melhora do quadro fiscal dos municípios brasileiros. No entanto, a Firjan ressalta que o cenário ainda é preocupante e que o equilíbrio sustentável das contas públicas depende principalmente de reformas do federalismo fiscal brasileiro. Para a entidade, o planejamento financeiro eficiente (IFGF Liquidez) e o alto nível de investimentos (IFGF Investimentos), de forma perene, dependem de reformas que contribuam para o aumento da capacidade de sustento das prefeituras (IFGF Autonomia) e para a flexibilidade orçamentária (IFGF Gastos com Pessoal). Entre as mudanças estruturais necessárias, a Firjan destaca a reforma tributária, com a inclusão do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); a revisão das regras de distribuição de receitas, entre elas o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); a reforma administrativa abrangendo os municípios; a reforma da previdência das cidades com regimes próprios; e a revisão das regras de criação e fusão de municípios, após a concretização das demais reformas. De acordo com o estudo, também é fundamental a aplicação das penalidades para o não cumprimento de regras fiscais, conforme determina a legislação.


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SAÚDE EM FOCO

Escolha descriteriosa do profissional é maior causa de riscos na cirurgia plástica Pacientes buscam milagres e perfeição escolhendo “especialistas” nas redes sociais

ASSESSORIA

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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Brasil é referência mundial em cirurgia plástica. Contribui efetivamente para essa liderança no cenário global a qualidade profissional, pois são necessários ao menos 11 anos de estudos para a formação do especialista na área. Entretanto, é muito comum as pessoas não levarem em consideração esse requisito quando vão escolher o profissional para um procedimento curúrgico ou não, estético ou reparador. Impressionado com as ofertas de milagre e perfeição divulgadas nas mídias sociais, o paciente costuma decidir quem vai fazer a intervenção que ele deseja. A falta de cuidado na escolha do profissional e a ilusão que as postagens de fotos pré e pós-cirurgia provoca – mesmo havendo proibição jurídica para esse tipo de propaganda – levam ao maior erro na tomada de decisões. Essa é a principal causa dos procedimentos estéticos e reparadores que causaram danos à autoestima ou saúde do paciente. Quem alerta é o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) em Alagoas, André de Mendonça Costa. O médico explica que assim como em qualquer área da medicina, pode ha-

Congresso mundial se encerra hoje em Maceió; Mendonça orienta paciente na escolha do especialista ver complicações e intercorrências na cirurgia plástica, mas a maioria desses casos é resultado da escolha de profissionais não capacitados, não-médicos e não-cirurgiões plásticos. “Vemos verdadeiras catástrofes, como pacientes sem conseguir respirar após uma rinoplastia, que hoje eles chamam de rinomodelação definitiva. Vemos a morte de pessoas pós lipoaspiração realizada por profissionais não médicos, infelizmente”, comenta. Além disso, o médico alerta que é fundamental ter indicação médica para se submeter a um procedimento. Não basta o paciente querer fazer. Assim como em qualquer outra área, nos procedimentos cirúrgicos ou não, estéticos ou reparadores há indicação e contraindicação. “Só com a avaliação médica é seguro se submeter a um procedimento. O paciente pode dizer o que deseja, mas quem vai decidir se é viável é o médico, após a avalição cuidadosa”. De acordo com dados do censo mais recente da SBCP, em 2018 mais de 60% das cirurgias plásticas realizadas no país foram estéticas, enquanto quase 40% foram

cirurgias reparadoras. Já os procedimentos cirúrgicos (como aumento de mama, lipoaspiração, rinoplastia, plástica vaginal etc.) e não cirúrgicos (como uso de toxina botulínica, preenchimento facial, peeling etc.) foram cerca de 50% cada. A cirurgia de harmonização facial, que virou o sonho de consumo dos brasileiros, também tem gerado terríveis pesadelos. Uma das causas recorrentes também é a escolha do profissional sem critério. O procedimento é considerado seguro, mas quando não é realizado por um profissional capacitado ou quando a técnica não é realizada corretamente, pode estar associado com alguns riscos, como obstrução do fluxo sanguíneo no local e necrose, que corresponde à morte do tecido, deformação no rosto, embolias e tantas outras sequelas. Aliás, procedimentos estéticos invasivos devem e só podem ser realizados por médicos pela Lei do Ato Médico. É necessário conhecimento aprofundado sobre pele e tecidos, pois preenchimentos faciais são atos com riscos possíveis. Como saber se um profissional é competente, capaci-

tado, especialista? O paciente deve investigar se o cirurgião plástico tem título de especialista. Existe uma padronização de certificados do cirurgião plástico com título de especialista que valida a habilitação de um bom profissional. Para saber se o médico tem título de especialista, a pessoa pode recorrer ao site da SBCP e fazer a consulta pelo nome do cirurgião. Além disso, a pessoa deve: - Obter referências sobre a clínica e o cirurgião – Se você tem amigos ou amigas que já realizaram um implante de silicone nas mamas, nos glúteos ou passaram por outros procedimentos de cirurgia plástica, peça a indicação da clínica e do cirurgião, dessa forma você se sentirá menos insegura para se decidir. - Observar certificados – Clínicas confiáveis colocam seus certificados a mostra. Certificações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), diplomas médicos, costumam ser comuns nestes espaços. As licenças de funcionamento das clínicas devem estar afixadas em locais facilmente observáveis pelos pacientes. Vale lembrar que um cirurgião plástico não para seus

estudos apenas na faculdade de medicina. Cirurgia plástica é uma coisa muito séria e requer especializações, como a pós-graduação (residência médica) em cirurgia geral, seguida da residência em cirurgia plástica. O processo atual de especialização leva onze anos (seis anos de faculdade de medicina, dois anos de residência de cirurgia geral e três anos de residência de cirurgia plástica). - Conversar antes da decisão – Não tome sua decisão já na primeira consulta. Converse com o especialista, veja se ele tem experiência no que diz, se passa segurança, se tirou todas as suas dúvidas e só depois tome a sua decisão de optar pela sua cirurgia plástica naquele local e com aquele profissional.

EVENTO MUNDIAL Situações atuais envolvendo procedimentos de cirurgia plástica trouxeram a Maceió especialistas da área no Brasil e exterior. Eles participam do 57º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, que será encerrado neste sábado. Foram discutidos temas como segurança do paciente, harmonização facial, lipoaspiração, implante de silicone, cirurgia íntima e cirurgia reconstrutora, entre outros. O evento foi organizado pelo Departamento de Eventos Científicos da SBCP, em parceria com a Regional Alagoas. “A realização desse congresso, com especialistas de diversas nacionalidades, propicia unir conhecimentos e contribui para que a cirurgia plástica brasileira se torne ainda mais visível na sociedade médica nacional e internacional. Também, perante a sociedade em geral, debatendo esses temas importantes do dia a dia”, explica Dênis Calazans, presidente da SBCP.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - A corrupção política é apenas uma consequência das escolhas do povo.

Procura-se um governador

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ão são poucos os políticos que desejam governar o estado de Alagoas, alguns até com candidaturas próprias, se lançando ou se oferecendo como candidatos ao cargo. Dos muitos, poucos serão os escolhidos. E estes estariam prontos para fazer um bom governo? Afirmo, sem medo de errar, que quase nenhum dos que se colocam na lista preferencial. Qualquer um que assumir terá imensa dificuldade de superar o atual mandatário Renan Filho, o que mais realizou nas últimas décadas à frente do Palácio, que marca

Qual o melhor nome?

Dos pretendentes atuais ao governo, qual estaria mais preparado para disputar o cargo de governador? Mais uma vez assistimos um pecado cometido durante nossa história política. Não conheço um governador sequer que tenha se preocupado em preparar alguém para lhe suceder. Ai quando chegam as eleições é aquele desespero à procura de um nome, que termina descambando em alguém bem avaliado, mas que sempre enfrenta dificuldade diante dos adversários. Como não se investe em determinado nome, ninguém com densidade suficiente surge entre os prováveis candidatos. Outro fator é a “maldição do vice”, que sempre atrapalha por se achar o natural sucessor, quando na verdade geralmente não possui estatura suficiente aí joga lama no ventilador.

Para ser governador

Dos que se apresentam como candidatos ao governo quem reúne mais estatura para ser eleito? Alagoas amadureceu com o passar dos tempos em relação às eleições de tempos passados. Na cadeira de governador precisa sentar alguém com responsabilidade e preparo, além de história digna. Já não cabe na cadeira alguém com envolvimento com violência, com crimes ou com passado ligado a qualquer tipo de conduta criminosa. Para governar o estado não é suficiente ter desempenhado cargo de deputado ou mesmo senador. Tem que ter experiência e competência suficiente para gerir o estado e fazer com que consigamos continuar essa caminhada de administração exitosa com a qual nos deparamos. Haveria alguém capaz? O eleitor vai dizer.

uma revolução da administração pública deixando uma marca numérica difícil de se bater. O estado totalmente interligado por boas estradas, uma rede hospitalar dotada de quase uma dezena de novos hospitais, a educação com investimentos nunca antes alocados, além de ajuda substancial a todos os municípios, independente de ideologia ou cor partidária. Com muito dinheiro em caixa, fruto de uma política tributária eficiente, Alagoas se coloca no protagonismo nacional em setores antes nunca alcançados.

Abrindo as pernas

Ameaçado de perder a votação da PEC dos Precatórios, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, perdendo o controle sobre os parlamentares da base aliada e o Palácio do Planalto apavorado, o governo foi ao extremo da negociação em busca de votos suficientes para aprovar. As tratativas nas alcovas do poder chegaram ao limite da pauta suja, onde se compra deputados com “mimos” do dinheiro do povo, que vive na miséria e morrendo de fome. Mesmo assim a aprovação mostra um grande número de bravos resistentes, que não se dobraram aos encantos do poder, capaz de negociar, corromper e roubar para atingir suas metas. Com a aprovação da PEC dos Precatórios, sai perdendo o Brasil e a vergonha nacional.

Concurso anulado Não vejo nenhuma necessidade em convidar o secretário de Planejamento, Gestão e Patrimônio, Fabrício Marques, para comparecer à Assembleia Legislativa, e falar sobre “possíveis falhas nas estratégias de segurança adotadas pelo Governo de Alagoas na realização dos concursos mais recentes da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), que foram cancelados. São eles: Polícias Civil (PC) e Militar (PM) e Corpo de Bombeiros (CBM)”, como propôs o deputado Davi Maia, que tem se mostrado atuante em sua missão parlamentar. O governo do Estado fez o que deveria ser feito. Cancelou o concurso e instaurou investigação para apurar os fatos. É lamentável que muitas pessoas tenham sido prejudicadas, mas não havia outro caminho para buscar a lisura do concurso. A Secretaria de Planejamento e Gestão deve ter consigo as justificativas da anulação, onde o deputado poderia ir buscar “in loco”, com o secretário Fabrício Marques, para não perder tempo.

Cabo cientista

Observamos que alguns deputados, eleitos geralmente por fenômeno eleitoral momentâneo, buscam, a todo custo aparecer na tribuna da Assembleia Legislativa para ressaltar temas sem a menor importância, apenas para buscar visibilidade midiática. Esta semana foi o caso do Cabo Bebeto que protocolou um projeto de lei propondo “uso facultativo de máscaras de proteção em ambientes públicos não confinados”. A justificativa seria que a pandemia tem sofrido uma redução expressiva, devido a vacinação em todo o país. Gostaria de saber o que esse rapaz entende de ciência ou mesmo medicina, para fazer tal proposição?

Tem que denunciar O procurador-geral da República, Augusto Aras, está na mira da CPI da Covid e de senadores que deram suporte às investigações. Com um histórico de decisões favoráveis a Jair Bolsonaro, Aras recebeu o relatório final da comissão com o pedido de indiciamento do presidente, por nove crimes, e de outras autoridades responsabilizadas pelo colegiado. O futuro de Bolsonaro passa pelas mãos do procurador-geral da República. Mas o futuro de Aras também está em jogo. Uma das protagonistas das investigações, mesmo não fazendo parte da CPI, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), aprovou o discurso feito pelo chefe do Ministério Público Federal ao receber o relatório. Mas faz uma advertência: “O procurador-geral foi muito firme em relação à noção que ele tem do dever constitucional e da responsabilidade que tem. Ele sabe o que tem de fazer e sabe as consequências de sua omissão”.

PÍLULAS DO PEDRO Judiciário alagoano na mira da corrupção. Outras operações estão por vir. A eleição começou com duelos entre governo e Prefeitura de Maceió. Esperase não descambe para a baixaria.


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2021: um mundo caótico. Pior aqui

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

sistema de transporte marítimo, fundamental para assegurar as trocas comerciais no mundo, entrou em parafuso em plena pandemia com a surpreendente reação da demanda global. Com a normalização das atividades nas principais economias do mundo, o sistema literalmente travou. O problema pode perdurar até 2023. A ruptura nas cadeias globais de fornecimento já é sentida nos principais países do mundo que representam 70% do movimento global das cargas marítimas. O que já se reflete no au-

mento dos preços dos produtos manufaturados mundo afora. A primeira consequência foi o enorme aumento dos preços dos fretes. O preço de locação do container que girava em torno de 2 mil a 3 mil dólares, saltou para até 20 mil dólares (valores em queda). No momento o valor médio está em torno de 11 mil dólares, 5 vezes mais altos que 1 ½ anos. Não mais voltam aos preços pré-pandemia. O colapso teve outros gatilhos. Um deles foi que a retomada da normalidade econômica mais rápida dos países ricos gerou alta demanda por contêineres que estavam espalhados nos mais diversos portos do mundo (30% em países pobres que não reativaram de imediato suas atividades econômicas “retendo” parte significativa dos contêineres, vez que os navios não têm como acessá-los por não haver carga suficiente para levar ou buscar naqueles destinos). Outro ponto: portos de países com alta movimentação de car-

gas estão “engarrafados”, com navios esperando mais de um mês para atracar. Que é consequência de um terceiro ponto, a falta de portuários e caminhoneiros para fazer o transporte na fase mais grave da covid “travando” a velocidade da ida e vinda dos contêineres aos navios e agora, o enorme aumento da demanda por transporte terrestre que não está dando conta de atender o volume de cargas que chega aos portos. E aí está a tempestade perfeita no transporte de cargas mundial. Um bom exemplo das consequências disso é o do mercado de automóveis no Brasil com filas de espera em torno de 3 meses para se adquirir um carro novo, com adicional de preço de 20% por falta de peças que não chegam a tempo (existe outra crise, a do fornecimento de peças pelas indústrias por falta de insumos), e que já afetou o preço dos usados, em média 30% mais caros em relação a janeiro. Executivos do setor de trans-

portes marítimos projetam um 2021 caótico. Tradução: preços dos produtos manufaturados importados mais caros. Quando juntamos a isso a aberração dos aumentos criminosos da gasolina, energia elétrica, gás, carne, óleo de cozinha, etc. (todos, produtos em que o Brasil é/era autossuficiente...), inflação acima de 12%, juros idem, dólar beirando os 6 reais, IGP-M dos aluguéis crescendo mais de 35%, 14 milhões de desempregados, 30 milhões de miseráveis sem renda, 50 milhões com salário mínimo de 1.100 reais e nenhuma solução para isso pela frente pela incapacidade dos dois principais candidatos a presidente para resolver o problema e, o atavismo de uma terceira via que não saiu do lugar até agora, há de se perguntar: alguém aí já parou pra pensar o que pode estar sendo gestado – de baixo para cima – numa sociedade com tamanho nível de pressão?

Executivos do setor de transportes marítimos projetam um 2021 caótico. Tradução: preços dos produtos manufaturados importados mais caros.


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Aonde levam os extremismos

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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Revolução Francesa, sobre ser revolta popular contra os abusos da monarquia, foi profícua inovação política, o divisor de águas entre as Idades Média e Moderna, ensinam-nos os livros de História. Aquele cadinho de criações políticas novas – ou repaginações das antigas, pois a vida é sequência de fatos e acontecimentos, que ora progridem, ora regridem – fez surgir a ideia de

esquerda e direita, ou seja, o Conservadores e os Liberais na Assembleia Nacional da França daqueles idos. Adiante viriam a surgir as “extremas” dessa dicotomia política. Se esquerda e direita se digladiavam desde a origem, imaginemos os seus extremos surgidos na sequência. Esquerda e direita desde sempre se opõem, até pela posse do progressismo, quando uns e outros podem ser progressistas ou retrógrados. Ambas têm seus extremos que, por isso mesmo, são perniciosos à política. Os exemplos desses excessos são muitos, mas alguns são emblemáticos: Hitler, a intolerância da extrema direita; Stalin, a face medonha da extrema esquerda. Interessante que, apesar do repúdio universal a ambos, aqui-acolá algum extremista põe a cabeça de fora. O Brasil hoje está sofrendo a extrema direita. Agressões à imprensa livre (in-

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clusive físicas), o uso criminoso da mídia paralela; as mentiras dos próceres da política nacional, o desprezo pela palavra empenhada; a intolerância às opiniões contrárias; as ameaças às instituições. São tantas as manifestações de extremismos da direita brasileira que se torna até maçante relacioná-las, quando estão à vista de todos. A extrema esquerda também não fica atrás, pois, embora no momento atual se arvore em defensora da liberdade de expressão, as outras práticas extremo-direitistas acima referidas também estão presentes no seu cardápio político. A inquietante expectativa é perquirir aonde esses extremismos vão nos levar. Em passado recente havia o “exército de Stédile” a ser invocado como garantia da intolerância extremo-esquerdista; hoje é um desvairado “gabinete do ódio”, e os “cercadinhos” bolsonaristas.

Outro interessante fato político tipicamente brasileiro é o Centrão, uma corruptela da atuação do Centro, ou seja, nem esquerda nem direita, mas aqueles que procuram agir com independência dos lados em conflito. Esse aleijão não tem efetivamente uma ideologia, ou coisa que o valha. Muda de opinião e de lado ao movimento das ondas do Poder. Malgrado sejam execrados, assenhoramse de cargos e protagonismos sem os pudores que se espera de dignitários. Retornando à referência do título, é de se entender que esses extremismos levam ao que a Nação já vem experimentando: intolerância, desrespeito, ameaças, de um lado; do outro, inflação, perda do poder aquisitivo, inquietação com o amanhã. Não é pouco para quem voltou a respirar liberdade e progresso há pouco mais de trinta anos.

O Brasil hoje está sofrendo a extrema direita. Agressões à imprensa livre (inclusive físicas), o uso criminoso da mídia paralela; as mentiras dos próceres da política nacional, o desprezo pela palavra empenhada; a intolerância às opiniões contrárias; as ameaças às instituições.

Diário de uma oitentona (I)

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

stamos chegando ao fim da linha. No Brasil, poucos vão até os noventa e nossa esperança de viver mais dez anos é muito pouca. Com sabedoria, tentamos curtir a velhice, aproveitando parte da família que ainda nos ama. A base de uma vida plena é ter passado uma infância feliz, com pais inteligentes que nos ensinaram o caminho do bem. Queremos passar aos mais jovens experiências saudáveis, que nos permitiram chegar nesta fase com tranquilidade e vontade de lutar sempre. O bairro do Farol, cheio de ruas arborizadas, era um lugar

calmo, sem as maldades atuais, por onde andávamos de bicicleta e brincávamos com amigos, conservados até hoje. Frei Egídio e frei Cassiano foram duas criaturas cultas que ensinavam aos meninos e meninas de uma comunidade chamada Cordígera o lado bom da vida. O Convento dos Capuchinhos era o local onde nos reuníamos para jogar, cantar e rezar. Dos 9 aos 16 anos vivi tudo isso com intensidade. Era bom demais! Falar no bonde do Farol que até 1952 conduzia os estudantes do bairro, dá saudades. Desse transporte coletivo saíram médicos, governadores, servidores públicos, juízes, engenheiros, empresários e muita gente importante. Sábado era dia de feira na Santa Rita. Depois das quatro da tarde íamos conversar e paquerar na Praça do Centenário, comprando bugigangas na feirinha. Tudo muito saudável e respeitoso. Os namoros de então era menos avançados do que os atuais. As mocinhas eram mais recatadas e os rapazes mais pacientes. Fomos ficando adultos e procurando novas direções profissionais. Como havia poucas faculdades em Maceió, muita gente saía para estudar em Recife, Salvador, Rio ou São Paulo. Alguns não voltavam e casavam por lá. Outros regressavam à

terra natal procurando a namoradinha de infância. Nossa família era numerosa, o pai servidor público e a mãe dona de casa. Os filhos foram crescendo, as dificuldades aumentando e o casal procurando bem orientar os oito filhos. Maceió possuía dois bairros mais frequentados: o Farol na parte alta e a orla marítima na parte baixa, começando em Jaraguá e indo até Ponta da Terra, nas imediações da hoje Praça Lions. Os clubes sociais ficavam na parte baixa, mas a parte alta era muito frequentada pela existência de vários colégios. Vivíamos numa boa cidade que se desenvolvia rapidamente. Um grande problema era a política. Havia muita violência e funcionava o Sindicato do Crime, dividindo os políticos em lados opostos. Não havia, contudo, tanta corrupção. As eleições não funcionavam, com votos comprados. Existiam grupos políticos de várias regiões e ai daquele que invadisse o território do outro em busca de votos. Houve várias mortes! As classes sociais eram bem distintas e funcionavam pela seleção dos colégios, dos bairros e pela profissão dos pais. O ensino público era valorizado e os professores cate-

dráticos. De repente, os governantes deixaram de investir nos bons colégios do Estado e do Município e o ensino particular cresceu. Para o jovem fazer vestibular na década de 50, não precisava de cursinho. No máximo o pai contratava dois professores particulares, sendo os mais conhecidos o professor Benedito Morais em matemática e o professor Donizeti Calheiros em português; e os jovens passavam para o ensino superior. Cresci ouvindo o conselho paterno: “Herança de pobre é o estudo”! Havia concursos e empregos públicos bem remunerados. Valia a pena ser funcionário do Banco do Brasil ou Banco do Nordeste No lar aprendíamos a respeitar pai, mãe e os idosos. Os filhos mais velhos cuidavam dos mais novos. Como fomos casando e saindo de casa, os últimos tiveram uma vida melhor, fato um pouco prejudicial na educação familiar. Com a chegada dos agregados, tudo mudou. Eram novas famílias que se juntavam à nossa e foi necessária muita adaptação. Mas aprendemos bastante com eles. Sofremos um pouco com atitudes fortes de um lado e descobrimos que nem tudo são flores! Vida que segue...

As classes sociais eram bem distintas e funcionavam pela seleção dos colégios, dos bairros e pela profissão dos pais. O ensino público era valorizado e os professores catedráticos. De repente, os governantes deixaram de investir nos bons colégios do Estado e do Município e o ensino particular cresceu.


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NOBEL DA EDUCAÇÃO

Alagoana na disputa de melhor do mundo Ana Júlia competiu com 3,5 mil estudantes de 94 países; resultado do Global Student Prize acontece dia 10 de novembro

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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lagoas, o Brasil e a América Latina estão na torcida pela estudante alagoana Ana Júlia Monteiro de Carvalho, que concorre ao Global Student Prize – premiação que homenageia um aluno ao redor do mundo que cause impacto em sua comunidade, ao meio ambiente, saúde, justiça e amenize a pobreza. Aos 18 anos e no 3º ano do ensino médio, ela é a única da América Latina no top 10, considerado o Nobel da Educação. O anúncio do vencedor que vai lEvar o prêmio de US $100.000 acontece de forma remota na próxima quarta-feira, 10 de novembro. Até lá, a torcida é pela Ana Júlia que segue vida de celebridade. Entrevistas, encontros, conselhos e uma infinidade de vibrações positivas povoam seu universo nos últimos dias. Embora todos os holofotes estejam voltados para ela, quando questionada como é se tornar um fenômeno tão

de repente, disse que não esperava que teria esse tipo de repercussão “por ser algo educacional”, pois geralmente não há interesse nesse tipo de causa. “Fiquei muito feliz com a atenção que as pessoas deram à esse prêmio e a esperança que isso trouxe a elas”, agradeceu. A alagoana competiu com mais de 3,5 mil estudantes de 94 países para chegar à fase final do prêmio criado pela Fundação Varkey em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Com tanto sucesso, ela confessa que não imaginava que estaria na disputa e muito menos que chegaria ao top 10. “Acredito que a importância de ser uma Top 10 finalista é representar não o Brasil, mas também toda a América Latina. Assim, mostrando à minha comunidade que somos todos capazes”, comparou. Modesta, a estudante da Escola Industrial Abelardo Lopes, do Serviço Social da Indústria (Sesi)-Maceió, afirmou que nem acredita-

DIVULGAÇÃO

Ana Júlia invesntou uma telha à base de cascas de sururu va que estaria no Top 50. “Quando recebi a notícia fiquei muito feliz. Já estava satisfeita, mas quando alcancei o Top 10 me emocionei, imaginei que a América Latina é uma região enorme e aqui tem um pontinho nessa competição, que sou eu”, comparou. Ana esclarece que não submeteu um único projeto à competição. “O Global Student Prize é um prêmio de liderança, eu submeti a mim mesma, minha jornada, meus projetos, minhas experiências”, completou. Garota prodígio, confessa que não tem ideia de com quantos anos aprendeu a ler e escrever- acredita que no tempo certo- mas foi aos 12 anos que Ana sentiu que poderia fazer mais, ir além do ensino convencional. E assim, surgiu o interesse pela pesquisa científica. De princípio, tentou participar das equipes de robótica, mas a idade não permitiu. Não se deixou por vencida, criou um projeto e apresentou à coordenação e aos professores. No ano seguinte, lá estava ela fazendo parte da equipe. A felicidade foi total e começou a desenvolver um projeto que tinha objetivo de elevar a qualidade da produção de

caprinos e ovinos em países em desenvolvimento. A família foi peça fundamental. Estava ao seu lado durante as competições, permitia que viajasse com a escola, sempre apoiando para que ela alcançasse seus objetivos. Ana Júlia sempre teve vontade de fazer as coisas de um jeito diferente, até para se comunicar. Na verdade, Ana é diferente. E foi lá por volta dos 12 anos que surgiu o interesse pela robótica. Fez a seletiva várias vezes e posteriormente passou para a FIRST LEGO League, uma competição internacional de robótica. Nestes anos, já viajou com a equipe para competições internacionais de robótica no EUA e Uruguai, onde conquistou o 1st Place Gracious Professionalism e o 3rd Place Overral Core Values Award. Recentemente, participou da International Avicenna Science Fair, onde conquistou uma medalha de ouro em engenharia. Mente brilhante, a candidata a top 10 mundial deixa um recado de otimismo. “Minha mensagem seria que 50% de todo sucesso é confiança. Confie em si mesmo e em sua capacidade, o resto são só tropeços. Outra coisa, não ache que só existe um

caminho para a vitória, não é porque eu segui na área de robótica e me dei bem que isso será verdade para todos. Cada um possui sua própria área. Faça o que te fizer feliz”, aconselhou. Com sede do saber, ela argumenta que se você quiser mudar uma realidade tem que sair de sua caixinha e visualizar como o resto do mundo está funcionando. “Eu quero saber como o resto do mundo funciona para ter um conhecimento adequado pra isso. Vou fazer universidade no exterior, provavelmente engenharia, não sei ainda. Uma mensagem que deixaria para os estudantes é que tudo é possível. Você não tem menos capacidade que ninguém”, incentivou. PROJETOS Ana Júlia não sabe ao certo quantos projetos já desenvolveu, mas dois se destacam: o aerador sustentável e a telha ecosururu. Este último utiliza a casca do sururu, um molusco bastante apreciado em Alagoas e em outros estados da região Nordeste. Porém, após a pesca do sururu, a casca é jogada fora. E foi pensando em sua reutilização que a equipe de Ana Julia resolveu recolher e triturar o material e misturar com o cimento para fabricar telha sustentável. O aerador sustentável é um mecanismo eólico desenvolvido para melhorar a qualidade da água dos animais de rebanho, principalmente de caprinos e ovinos, e também a qualidade do leite. Com a força do vento, hélices movimentam um aerador, que ajuda a evitar a proliferação de bactérias e micro-organismos na água, garantindo consequentemente uma melhor saúde para os animais e impactando no leite que produzem.


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RECONHECIMENTO

Prêmio Selma Bandeira contempla mulheres dos diversos segmentos da sociedade Premiação da 11ª edição acontece na terça-feira na Federação das Indústrias

Simone Tebet

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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11ª edição do Prêmio Selma Bandeira acontece na terça-feira, 9, a partir das 20 horas, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, em Maceió. Criado em 2004, de lá prá cá, já foram homenageadas mais de 250 personalidades femininas dos diversos segmentos da sociedade brasileira. Este ano, 25 mulheres receberão o troféu. O evento, que faz parte do calendário cultural de Alagoas, é uma iniciativa dos produtores culturais Marcus Assunção e Fafá Rocha, da Eventurs/ltda. A meta dos idealizadores do prêmio é torná-lo internacional. A cada edição, o troféu busca reviver a postura ética e combativa da médica e deputada Selma Bandeira, defensora da cidadania e de melhores condições de vida para os alagoanos, dos direitos e da igualdade para as mulheres. Assim, como a homenageada que dá nome ao troféu, sua idealizadora, a produtora cultural, técnica em turismo e executiva em eventos Maria Francineide de Araújo Rocha, a Fafá Rocha, também é uma mulher forte e competente. O que fortalece ainda mais sua escolha. “O prêmio já tem uma projeção nacional. Queremos dar uma projeção maior sempre. Nosso objetivo é torná-lo internacional. A Selma merece”, afirmou Fafá Rocha A sertaneja do município de Mata Grande, no Sertão alagoano, Fafá Rocha, disse

Cláudia Pires Hilza Torres

Maria Zuleide

Renata Santos

Rosa Buarque

Rosa Tenório

Zélia Cavalcante

que quando pensou em criar um prêmio para homenagear expressivas mulheres em segmentos diferentes da sociedade alagoana e brasileira, logo surgiu o nome da também sertaneja Selma Bandeira. E assim, após ouvir o esposo Marcus Assunção e os filhos Marina e Leonardo Fortes, ficou decidido que seria realizado durante o mês de março, em alusão ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Este ano, devido à pandemia da covid-19, acontece agora em novembro e obedecendo todos os protocolos exigidos. Na época da criação do prêmio, Marcus Assunção relembra que procurou o ex-deputado estadual e irmão da

homenageada, Petrúcio Bandeira, para pedir autorização para realização do prêmio que logo foi autorizado. “Se a Selma fosse viva, seria uma senadora ou governadora de Alagoas. Era uma líder nata, mulher de fibra, competente, respeitada, e de um sorriso encantador”, declarou Marcus Assunção. Nestes 11 anos de existência, mulheres de todos os segmentos foram homenageadas. Vindas do campo ou da cidade. Mulheres das letras, professoras, médicas, prefeitas, deputadas, empresárias, advogadas, funcionárias públicas, jornalistas, secretárias e até a primeiradama do estado de alagoas. A emoção tem tomado conta

em casa edição. Mas um dos momentos mais marcantes do prêmio foi a homenagem feita há dois anos à mãe de Selma Bandeira, dona Alexandrina, com 101 anos. “Um dos maiores motivos deste prêmio é preservar a memória desta alagoana ao mesmo tempo em que destacamos a atuação de mulheres, como ela: destemida, perseverante e fiel a sua luta”, diz Fafá. O Prêmio Selma Bandeira tornou-se nacional há mais de cinco anos. Em 2021, as homenagens vão para a senadora Simone Tebet (MS), a empresária Cláudia Pires (SP) do projeto Soma, Ismaelita (assessora parlamentar em Brasília) e, pela primeira vez um reconhe-

cimento internacional, com a embaixatriz de Camarões Laura Mbeng. Entre as destacadas mulheres alagoanas vencedoras do prêmio este ano aparecem a engenheira Rosa Tenório –primeira mulher assumir a presidência do Crea em Alagoas; Renata Santos– secretária do tesouro estadual de Alagoas; Zélia Cavalcante – assessora da AMA; Patrícia Mourão –secretária de Turismo de Maceió; deputada Cibele Moura; prefeita de Belém, Paula Santa Rosa; advogada Amarides Kummer; procuradora de Estado Claudia Amaral; professora e folclorista Josefina Medeiros Novaes; industriária Josefina Medeiros Novaes; industriária Edny Mesquita; neuropsicóloga Elma Liliane; secretária da presidência do Sebrae Maria Zuleide; soldada da PM/AL Elisama Viana; promotora de Justiça Hilza Torres; empresária Rosa Maria Buarque; professora e designer Cristina Gomes; prefeita de Barra de Santo Antônio, Lívia Carla; primeira dama de Maragogi Márcia Fidelis; funcionária pública Maria de Lourdes Teófilo; vereadora por Delmiro Gouveia Henriqueta Cardeal; e, a executiva de marketing Rejane Rodas.


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CULTURA

Lançamento reuniu amigos, como os jornalistas Mauro Lobo e Ana Maria Rocha, e autoridades como o almirante da Marinha portuguesa Nuno Chaves

Máfia das Caatingas é lançado em Portugal com muito sucesso

Além de lançar sua obra, jornalista e cineasta Jorge Oliveira dirige entrevista com Leonardo Padura, autor cubano, um dos mais consagrados pela crítica internacional, para a RTP2 ASSESSORIA

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mês de outubro foi especial para o jornalista e cineasta Jorge Oliveira. Ele lançou com grande sucesso seu livro Máfia das Caatingas, no Estoril, em Cascais, e concluiu a entrevista que dirigiu com Leonardo Padura, o escritor cubano, autor, entre outras obras aclamadas mundialmente, do “Homem que amava os cachorros”. O trabalho foi realizado a convite da RTP2, de Portugal. Máfia das Caatingas foi lançado na Churrascaria Estoril e contou com a presença de personalidades portugue-

sas e brasileiras ligadas à literatura e artes em geral. Cercado por amigos, a festa entrou madrugada adentro com a venda de todos os livros. Muito bem recebido pela crítica, Máfia, que conta a história de famílias que se mataram durante mais de meio século no interior de Alagoas, está sendo muito elogiado pela crítica, com edição já esgotada em algumas livrarias. Ainda disponível em alguns pontos de venda em Maceió, como a Nova Livraria, ao lado do Cesmac, Máfia das Caatingas conta a historia do pistoleiro Floro Gomes Novais e a vingança

que procedeu no interior de Alagoas para vingar a morte do pai, incentivado pela mãe, dona Guiomar, entrevistada à época pelo jornalista em Arapiraca. EIS A SINOPSE DO MÁFIA DAS CAATINGAS: O livro conta a história fascinante sobre duas famílias que se mataram no sertão de Alagoas por mais de 50 anos e revela o poder do famigerado Sindicato do Crime que dominou a política do estado à base da pistola durante um século. O autor revela como as famílias de Floro Gomes Novais e os Oliveiras tra-

Jorge Oliveira conversa com Leonardo Padura sobre seu livro varam uma batalha sangrenta e cruel em Olivença. Conta também como o Sindicato do Crime se organizou para permanecer no poder político do estado durante muito tempo, ceifando a vida daqueles que tentassem interromper sua trajetória de morte por encomenda. Máfia das Caatingas faz parte da trilogia do escritor que começou com “Curral da Morte” e “Muito prazer, eu sou a morte” que conta a história da sua própria morte pelo Sindicato do Crime. SOBRE O AUTOR Jorge Oliveira, jornalista e cineasta, trabalhou em grandes redações de jornais no país depois que deixou Alagoas, em 1969. Vencedor de dois Esso de Jornalismo,

além de outros prêmios, este é o seu quarto livro. Hoje dedica-se também à produção de documentários e ao marketing político. Seu filme Perdão, Mister Fiel ganhou 14 prêmios em festivais no Brasil e no exterior. Em 2013, foi homenageado no Brazilian Endowment for the arts em Nova York com a exibição dos seus documentários. A entrevista que Jorge Oliveira dirigiu para a RTP2 com Leonardo Padura foi concluída e deve ser exibida simultaneamente na TV portuguesa e na TV Cultura de São Paulo. Foi uma entrevista de 50 minutos conduzida pela jornalista Silvia Caetano, brasileira, que mora em Portugal há quinze anos.


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ECONOMIA EM PAUTA MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Aniversário do Pix

A Black Friday acontece em 26 de novembro. Mas quem quiser garantir boas compras deve começar a se preparar agora. Com um cenário econômico ainda difícil, as ofertas continuarão limitadas neste ano, segundo especialistas em varejo. E para o consumidor, ficam as dicas: listar desejos, procurar os produtos pela internet e usar ferramentas de monitoramento de preços. Os passos podem ajudar até mesmo a tomar uma decisão de compra antecipada (já que os estoques dos lojistas estão baixos) e a não cair em ciladas.

O Pix, sistema de pagamento instantâneo lançado pelo Banco Central, completa o primeiro ano de operação no próximo dia 16 com um crescimento de 639% em quantidade de usuários, indo de 13,7 milhões de pessoas físicas em novembro de 2020 para 101,3 milhões em setembro deste ano, segundo dados divulgados pelo BC.

Gasolina em Alagoas

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preço do litro da gasolina em Alagoas subiu 2,99% em outubro na comparação com setembro, segundo levantamento da ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas. Após um ano e cinco meses de altas consecutivas, o valor do combustível acumula um aumento de 63,6% desde maio do ano passado, dois meses após o começo da pandemia. Na média, a gasolina no País subiu 3,98% em outubro na comparação com setembro.

De olho na Black Friday

AGÊNCIA BRASIL AGÊNCIA BRASIL

Agropecuária em Alagoas A agropecuária foi responsável pela criação de 1.105 novos postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a setembro deste ano em Alagoas, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A informação foi divulgada esta semana com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho. No País, 194.990 carteiras foram assinadas, um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado.


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SEGURANÇA

Cresce número de golpes envolvendo bancos, e-mails e cartões de crédito CORTESIA

Fraudes contra instituições financeiras crescem 165% em menos de um ano BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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s golpes de “engenharia social”, onde clientes de bancos são manipulados e levados a fazer ações em benefício dos criminosos cresceram 165% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020, segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) publicado na última semana. O crescimento ocorre, entretanto, em um contexto em que o celular já responde por mais da metade das transações bancárias. Segundo a Febraban, os aplicativos para telefone móvel foram usados em 51% das transações em 2020. Em 2016, o percentual era de 28%. De acordo com a federação, a pandemia aumentou a importância desses aparelhos, que passaram a ser usados por pessoas que antes sequer tinham conta em banco. “Criminosos também usam o telefone, a internet, os meios digitais para aplicar os golpes e quanto menos letrado o cliente for no

Dicas da Febraban mundo digital, mais oportuno é para o fraudador realizar seu ataque”, explica Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban. Apesar do foco dos criminosos, por enquanto, ser nos equipamentos, o diretor da comissão acredita que no futuro, o poder de convencimento será a arma utilizada pelos fraudadores. “Temos a expectativa de que o foco direto na pessoa e o foco direto no nível de convencimento ainda maior deve ser a tônica dos fraudadores no futuro”. OS GOLPES MAIS COMUNS Entre os golpes mais comuns está o da troca do cartão e o recebimento de

links maliciosos no e-mail. No primeiro caso, golpistas que trabalham como vendedores prestam atenção quando a senha é digitada na máquina de compra e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo. O mesmo pode acontecer com desconhecidos oferecendo ajuda no caixa eletrônico. Para evitar este golpe em específico, é necessário conferir ao realizar a compra se é mesmo o seu nome impresso no cartão devolvido e, se possível, passe você mesmo o cartão na maquininha em vez de entregá -lo para outra pessoa. Nos caixas eletrônicos, procure funcionários do banco devidamente uniformizados, não aceite ajuda de desconhecidos. Em relação ao recebi-

mento de e-mails falsos, com ofertas atrativas, a Febraban alerta que tudo não passa de iscas para que os usuários informem seus dados como número de CPF, conta, cartões e senhas. Essas mensagens também podem instalar vírus e aplicativos que roubam seus dados por meio de links maliciosos, permitindo aos golpistas acessarem todas as suas contas. Ao receber mensagens assim, é necessário ficar atento ao e-mail do remetente, empresas de grande porte não utilizam contas privadas como @gmail, @ hotmail ou @terra e entidades públicas sempre usam @gov.br ou @org.br. Em caso de links, confira se o endereço da página corresponde ao correto. Em caso

de dúvida, não clique. Há ainda as fraudes com empréstimos e venda de produtos com condições aparentemente muito vantajosas. Os criminosos, então, induzem o senso de urgência nas vítimas para que façam depósitos sob o pretexto de não perderem a oportunidade das ofertas. A Febraban alerta que nenhuma modalidade de empréstimo solicita pagamentos antecipados. No caso de compras, é importante fazer em páginas seguras e certificadas. SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE PREVALECE “A alta sensação de impunidade contra fraudadores acaba sendo um fator que impulsiona novos entrantes no mundo da fraude. Acham que a chance de punição é muito pequena e por isso acham que será mais fácil cometer tais crimes”, explica o diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban sobre o motivo dos golpes terem crescido tanto nos últimos meses e alerta: “Muitos dos nossos dados já estão disponíveis na internet sem nem mesmo sabermos, então não dá mais para confiar quando alguém liga se passando pelo banco e confirmando os dados”. De acordo com a Federação, durante operações da Polícia Federal contra centrais de fraudadores, foram descobertos equipamentos utilizados pelos golpistas que emulam o contato da central de atendimento do banco, por isso é preciso ter cuidado ao receber as ligações e em caso de suspeita retornar a ligação para o banco a partir de outro aparelho para confirmar que foi realmente a instituição que fez o contato.


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FERNANDO CALMON Em busca da melhor rota para zerar emissões de CO2

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mundo precisará de todas as rotas tecnológicas para alcançar a meta de diminuir fortemente as emissões de CO2, o principal (mas não único) gás de efeito estufa, até 2050. Há ainda alguma confusão sobre fontes emitentes. Se considerado o conceito correto de poço-à-roda, em que se avalia não só o que sai pelo escapamento (zero, no caso de veículo 100% elétrico), mas também a fonte de geração da energia primária, calculase em torno de 30% a responsabilidade do transporte terrestre por mudanças climáticas e aumento da temperatura média do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas, entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow (Escócia), objetiva combater ao máximo o aquecimento global, incluindo o metano que tem maior origem na pecuária. Os países querem estimular a eletrificação acelerada da frota de veículos leves como forma de restringir a dependência mundial de combustíveis fósseis. China, Rússia e Índia, porém, nem estão em Glasgow. Fala-se em US$ 4 trilhões de investimentos em energia elétrica solar e eólica para substituir petróleo e gás, globalmente, mas falta saber de onde virá o dinheiro. A Agência Internacional de Energia preconiza uma redução de 75% na demanda por petróleo até 2050, em referência a 2019. Porém, outras fontes acreditam que se a demanda for a mesma ao final destes 31 anos já se teria um resultado a comemorar. O segundo cenário parece mais provável, pois países de média e baixa renda não dispõem de recursos a investir. Para adoção em massa de carros elétricos é preciso superar o gargalo do número de pontos de recarga. Além disso, estudo recente da consultoria Anderson Economic Group apontou custos, nos EUA, até 50% superiores

para recarregar um elétrico em postos públicos em relação a um veículo com motor a combustão. E ninguém arrisca estimar qual será o preço da eletricidade em 2050. No Brasil, foi criado na semana passada o movimento Mobilidade Sustentável de Baixo Carbono (MSBC), iniciativa da AEA, Anfavea, SAE, Sindipeças e Unica (associação da indústria de cana-de-açúcar). Objetivo é ampliar os esforços do País para reduzir emissões de gás carbônico e apoiar a integração de três programas federais que têm, como objetivo central ou acessório, estimular a diminuição do consumo de combustíveis: Proconve, RenovaBio e Rota 2030. O MSBC apoia o conceito de poço-à-roda para as iniciativas governamentais, adoção rápida de soluções de baixo carbono, colaboração brasileira com outros países que perseguem os mesmos objetivos e desenvolver um plano de implementação. Ao lançar o movimento, houve o cuidado de não estabelecer uma rota tecnológica específica. Mesmo porque no cenário mais provável para 2035, no estudo da consultoria BCG, 78% da frota circulante brasileira de automóveis e comerciais leves teria motores flex, 2% a gasolina e 2% a diesel. O restante seria de híbridos leves, convencionais e recarregáveis (13%) e de elétricos a bateria (5%). No entanto, sabe-se que carros híbridos flex mostram um caminho mais interessante, se abastecidos com etanol de segunda geração capaz de neutralizar 100% de emissões de gás carbônico, do poço-à-roda. Está aí uma boa rota. A Volkswagen, por exemplo, acaba de anunciar parceria com Shell e Raízen. Pode ser o impulso para o novo etanol. A fabricante está desenvolvendo híbridos flex no Brasil. Não se limitará, portanto, a apenas importar modelos elétricos como os ID.3 e ID.4.

n JORNALISTA

ALTA RODA n APESAR de previsão de breve fim de linha, Voyage ganhou sobrevida de um ano: continuará em produção até dezembro de 2022. Já a picape Saveiro, asseguro, vai até dezembro de 2024 (no ano seguinte, virá da Argentina a picape médiacompacta Tarok de quatro portas). Lista dos que já se despediram ou se despedirão do mercado até dezembro de 2021 é longa. EcoSport e Ka hatch/ sedã; up!, e Fox; Montana; Etios hatch/sedã e Prius; Uno, Doblò e Grand Siena; Sentra e Versa V-drive; Fit e Civic; A3 sedã. DIVULGAÇÃO

n TIGGO 3X recebeu nova frente para se diferenciar do Tiggo 2. Porém, trata-se mais de um hatch “aventureiro” do que um SUV. Ganhou fôlego com o novo motor 1-litro turbo, 3-cilindros. Se o torque é bom (17,1 kgf.m/etanol) e bem aproveitado pelo câmbio automático CVT de 9 marchas, a potência baixa (102 cv) limita seu desempenho, quando carregado e em ultrapassagens na estrada. O interior ficou bem melhor, incluindo tela multimídia de 9 pol. de boa resolução e espelhamento do celular (com fio). Direção tem assistência elétrica, porém falta regulagem de distância do volante. Bom porta -malas para seu porte. n UMICORE, empresa de origem belga bicentenária, completou 30 anos de instalação de sua fábrica em Americana (SP), onde já produziu mais de 55 milhões de catalisadores de três vias. Estes só se tornaram obrigatórios a partir de 1997, apesar de o Proconve no Brasil ter sido criado em 1986. A partir de 1º de janeiro próximo, fase 7 do programa, catalisadores terão durabilidade mínima de 160.000 km, o dobro da atual.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

STJD determina que Grêmio jogue sem torcida até julgamento LUCAS/UEBEL

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presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Otávio Noronha, aceitou nesta quarta-feira a liminar que determina que o Grêmio jogue com os portões fechados e não receba carga de ingressos em partidas como visitante. O pedido foi feito pela Procuradoria da Justiça Desportiva após a invasão de gramado protagonizada por torcedores gremistas no último domingo, quando o time foi derrotado por 3 a 1 pelo Palmeiras na Arena do clube porto-ale-

CESAR GRECO

grense. Na decisão, Noronha avalia que o episódio do último domingo foi “uma verdadeira guerra traduzida na medieval transformação da Praça Desportiva em palco de uma verdadeira batalha campal”. As imagens transmitidas pela televisão no dia mostraram torcedores dentro do campo praticando atos de vandalismo, como quebrar a cabine do VAR e equipamentos de fotógrafos. Além disso, houve agressão a profissionais de diversas áreas que trabalhavam no estádio.

CSA ENTRA NA BRIGA DO G4 APÓS DUAS VITÓRIAS SEGUIDAS

PIETRO CARPI /ECV

O CSA entrou de vez na briga pelo acesso e o torcedor agora volta a ter esperança de ver o time de novo na Série A. Foi com uma grande atuação de Thiago Rodrigues que o CSA bateu o Vitória no Barradão, pela 33ª rodada da Série B. O time alagoano soube envolver o rubro-negro, que não conseguiu chegar com eficiência ao ataque. Quando chegou, encontrou o goleiro adversário atento; tanto que ele defendeu o pênalti cobrado por Roberto no início do segundo tempo. O Vitória ainda ficou com um a mais em campo aos 20, mas isso não foi o suficiente para que conseguisse o empate. O gol do clube marujo foi de Iury Castilho, decisivo no ataque e que agora divide a artilharia do CSA na Série B com Dellatorre.

ABEL FERREIRA VAI GANHANDO OPÇÕES NO PALMEIRAS PARA A FINAL DA LIBERTADORES O técnico Abel Ferreira não se cansa de dizer, após os jogos, que o Palmeiras completo é muito forte. O português sofreu quando jogou com desfalques e, faltando pouco mais de três semanas para a final da Copa Libertadores, contra o Flamengo, em Montevidéu, vai ganhando opções a cada dia. No jogo do dia 27 de novembro, contra os cariocas, no estádio Centenário, Marcos Rocha será desfalque por suspensão. Nos últimos dias, Abel Ferreira viu Gabriel Menino retornar e virar opção. Nos últimos dois trabalhos, Mayke aumentou o leque para a ala direita ao treinar forte e em tempo integral. É o favorito para a decisão da Libertadores caso esteja bem. Piquerez vem atuando na lateral -esquerda, mas em breve será desfalque para servir o Uruguai nas Eliminatórias Sul-Americanas.

MCLAREN ANUNCIA PRIMEIRA MULHER PILOTO NA HISTÓRIA DA EQUIPE PARA A EXTREME E

INSTAGRAM

A McLaren anunciou oficialmente a primeira mulher piloto da história da equipe. Trata-se de Emma Gilmour, que será responsável por representar a escuderia na Extreme E em 2022. Será a estreia dos britânicos na categoria. O anúncio foi feito durante a COP26, a conferência da ONU para debater medidas de proteção ambiental. A McLaren é a última equipe a abraçar a modalidade, que tem como foco promover tecnologias limpas, usando carros elétricos para competir em alguns dos locais mais remotos do planeta. Nascida na Nova Zelândia, Emma é conhecida pela vasta experiência em competições off-road, cross-country e rally.


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ABCDOINTERIOR DIVULGAÇÃO

Envolvimento da população

Perdeu votos

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deputado estadual Tarcizo Freire comemorou a conquista do título do Cruzeiro de Arapiraca do Campeonato Alagoano da segunda divisão. Eufórico com a vitória, Tarcizo acabou cometendo um deslize ao atacar a torcida do ASA, quando afirmou que “espera o confronto entre as duas equipes e que e que o Cruzeiro vença para ‘baixar o fogo’ da torcida alvinegra”.

Reação nas redes sociais

A declaração de Freire deixou os torcedores do clube alvinegro revoltados em um momento um tanto delicado, quando ele precisa do voto dos amantes do futebol arapiraquense e isso inclui, é claro, o time do ASA, que já trouxe inúmeros campeonatos e alegrias para a torcida arapiraquense.

Abandonou o ASA

E nas redes sociais, os torcedores não deixaram por menos e desceram a lenha no deputado do PP. Alguns, mais exaltados, chamaram o político de ‘vira casaca’, por ter abandonado o ASA num dos momentos de dificuldade. O deputado Tarcizo não se fez de rogado e em um comentário disse que o Cruzeiro está de volta “à elite do futebol alagoano após 25 anos, depois de vencer o Zumbi dentro e fora de casa na decisão do certame”.

Pediu respeito

Revoltado com a atitude do deputado arapiraquense, o ex-jogador Fuscão pediu respeito ao parlamentar, lamentando o comentário feito no “calor da emoção após o título do azulino arapiraquense”.

Durante evento em Arapiraca no último sábado, 30, a deputada estadual Jó Pereira (MDB) reforçou a importância do envolvimento da população no debate sobre a concessão do sistema de água e esgoto dos municípios, que estão até o momento sob responsabilidade da Casal. A discussão será o ponto central de uma reunião que deve ocorrer na semana que vem, em Arapiraca, com prefeitos das regiões impactadas pela concessão.

Necessidade de inclusão

Jó alertou que é necessário que cada prefeito avalie junto com as câmaras de vereadores a necessidade de inclusão do seu município na concessão, bem como reforce a necessidade de uma tarifa social ampla, para não penalizar os usuários com aumento da conta como já vem acontecendo na região metropolitana de Maceió, onde a concessão já foi feita e a BRK Ambiental opera o sistema.

Sistema de abastecimento

“São municípios que têm realidades diferentes, alguns com sistema de abastecimento de água e esgoto próprios, outros onde as pessoas nem pagam água, e municípios que são administrados pela Casal”, disse a deputada. “Teotônio Vilela, por exemplo, tem 82% da cidade saneada, não faz sentido uma demanda que a cidade não tem. Cada município tem que analisar a sua realidade”, enfatizou.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Tarifas sociais

Jó também disse que sua ação na Assembleia e os questionamentos do deputado Arthur Lira foram importantes para mudar para melhor os novos editais de concessão no interior do estado. “Esse debate foi fruto de provocações minhas, do deputado Arthur Lira e do prefeito de Arapiraca, e por conta disso o Estado já melhorou as condições da concessão. A tarifa social dos blocos B e C já é maior do que na região metropolitana”, afirmou. (Com blog Bastidores)

Eleições 2022

O vereador e presidente da Câmara Municipal de Arapiraca, Thiago ML, confirmou que disputará uma cadeira no Congresso Nacional nas eleições do ano que vem. Thiago pretende ser deputado federal em 2022. A informação foi divulgada durante o programa do radialista Ailton Avlis, na Líder FM (antiga Pajuçara 101,9 MHz).

Trabalho em Arapiraca

Thiago Severino Lopes dos Santos, mais conhecido como Thiago ML, tem 38 anos e é empresário em Arapiraca. Em 2020 ganhou o seu segundo mandato como vereador na cidade. Seu trabalho é conhecido pela sua atuação na zona rural arapiraquense. Este ano, o vereador assumiu a presidência da Câmara dos Vereadores e vem ganhando apoio para o próximo desafio.

PELO INTERIOR ... Um grave acidente na tarde do último domingo, 31, resultou na morte de um casal arapiraquense, Elisângela e Egmar Barbosa. ... Os filhos do casal de 3 e 7 anos, e um jovem, que seria irmão de Elisângela, também estavam dentro do veículo no momento da colisão e estão em recuperação no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. ... O acidente foi causado por uma colisão entre dois veículos em um trecho da rodovia AL-101. ... A população de Arapiraca comemorou, neste mês de outubro, os 97 anos de emancipação política do município. ... Mas desde o início do ano que a gestão do prefeito Luciano Barbosa vem executando uma série de intervenções urbanísticas para melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem na área urbana e, também, nas comunidades rurais de Arapiraca. ... Nesse curto período, 23 obras já foram entregues aos moradores, segundo revela o secretário municipal de Infraestrutura, engenheiro Roany Izidoro. ... O secretário cita a inauguração do Complexo Multiprofissional Rogério Teófilo, no bairro Baixa Grande; a Unidade Básica de Saúde Iza Castro, no Residencial Nossa Senhora Aparecida; a Unidade Básica de Saúde José Clóvis Barbosa, no bairro Canafístula; a Escola de Ensino Fundamental Professor José Clebson. ... Roany Izidoro também destaca a inauguração da Unidade Básica de Saúde Dona Paula, no bairro Arnon de Mello; construção e inauguração da quadra poliesportiva na comunidade quilombola de Pau d’Arco; revitalização da Praça Valfrido de Oliveira. ... Um dos maiores fenômenos da música cristã no Brasil, o cantor Leandro Borges e banda serão as principais atrações do evento gospel de aniversário de dois anos do projeto Conexão Cristã, em Arapiraca. ... O encontro de fé cristã para todas as famílias de Arapiraca e região está marcado para o próximo dia 13, deste mês de novembro, e ainda terá a participação da cantora revelação do momento Thais Helena e Duda Dantas, a partir das 18 horas, no Levinos Hall. ... Os ingressos estão à venda na Central do Iphone, Quiosque dos Óculos Stillis e Faculdade Anhanguera, no shopping. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE AGÊNCIA BRASIL

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Construção e preservação

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presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, fez na quarta-feira, 3, uma apresentação sobre as ações ambientais do banco no estande brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26). Ele afirmou que a principal linha de atuação da Caixa, o financiamento de casas populares, ajuda a preservar a natureza. “Hoje, é comum as pessoas morarem em casas que vieram da destruição de algum bioma. Então, quando você financia essas casas bem construídas, você tira essa população carente e reduz a destruição”, disse Guimarães, que participou da COP26 diretamente de Brasília, em estúdio montado pelo Ministério do Meio Ambiente. Ele destacou que o banco financia atualmente a construção anual de 600 mil casas para as faixas de baixa renda, e que a carteira de crédito do banco estatal reduz o risco ambiental provocado pela falta de habitação e renda. “Essas casas vieram a substituir casas, muitas vezes, em encostas em que se havia desmatado tudo”, disse.

DIVULGAÇÃO PIXABAY

Debate sobre o clima

A Cúpula do Clima trouxe novidades. A mais recente é a volta dos Estados Unidos à High Ambition Coalition, grupo informal da ONU que fez da meta de 1,5 grau elemento chave do Acordo de Paris. Agora, essa coligação quer garantir que a COP26 não seja em vão e que os participantes tomem medidas reais e concretas para conter as alterações climáticas. “A High Ambition Coalition foi instrumental ao assegurar que a elevada ambição dos 1,5 grau integraria o Acordo de Paris, e será agora instrumental em Glasgow [onde decorre a Cimeira do Clima], ao assegurar que será cumprida”, declarou um membro do governo norte-americano. Aquela que pode ser traduzida por “Coligação da Elevada Ambição” é constituída por mais de 60 países desenvolvidos e em desenvolvimento, comprometidos a introduzir metas ambiciosas para combater as alterações climáticas. O regresso dos Estados Unidos a esta coligação pode tornar mais viável o objetivo de limitar o aumento das temper-

Preservação

PIXABAY

Os líderes mundiais comprometeram-se, na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP26) a conter o desflorestamento até 2030. O acordo foi anunciado antecipadamente pelo governo britânico, anfitrião do encontro. Os ambientalistas consideram que lhe falta a urgência necessária. Uma declaração conjunta será adotada por mais de 100 países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre elas a floresta boreal do Canadá, a Floresta Amazônica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo. A iniciativa, que se beneficiará de um financiamento público e privado de US$ 19,2 bilhões, é essencial para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. “Esses formidáveis ecossistemas abundantes - essas catedrais da natureza, os pulmões do nosso planeta - estão no centro da vida de comunidades ao absorver grande parte do carbono liberado na atmosfera”, defendeu Johnson. As florestas estão recuando ao “ritmo alarmante” de 27 estádios de futebol por minuto. O primeiro-ministro considera o acordo histórico para a proteção e recuperação das

Pandemia

Os testes clínicos de um medicamento contra a covid-19 começaram a ser feitos no Brasil. A pesquisa desenvolvida pela Pfizer utiliza a molécula PF-07321332, um antiviral da classe dos inibidores de protease. Segundo a farmacêutica, o remédio, administrado via oral, já mostrou potencial para ser utilizado contra o novo coronavírus. Fazem parte dos estudos clínicos de FaseS 2 e 3, 29 centros de pesquisa. Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo têm instituições que farão os testes. Para participar do estudo é necessário ter mais de 18 anos. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é uma das que realiza os testes. Segundo a instituição, o tratamento é feito com duas doses diárias do composto PF-07321332 associado ao ritonavir por cinco dias seguidos. O ritonavir é usado para aumentar o nível da droga ativa. O acompanhamento terá duração de 24 semanas, com três visitas presenciais no primeiro mês e as demais consultas feitas por telefone.


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