Edição 1153

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MACEIÓ - ALAGOAS

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ASCOM/PREFEITURA

ANO XXIII - Nº 1153- 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2022 - R$ 4,00

SUCESSÃO

Renan Filho tem dois meses para decidir data de sua renúncia

Pela legislação, governador tem até dia 31 de março para deixar a chefia do Executivo, mas poderá sair antes num acordo com Assembleia Legislativa, que vai eleger o governador-tampão. 2

GOVERNADOR-TAMPÃO

Deputados apostarão na reeleição de Paulo Dantas Candidato da Assembleia ao governo também terá apoio de Arthur Lira 5 e 6 FREE FIRE

JOAQUIM GOMES

PREFEITO É ACUSADO DE AGRESSÃO MORAL CONTRA DIRETORA DE ONG 3

PEDÓFILOS USAM JOGOS INFANTIS NA INTERNET PARA ASSEDIAR CRIANÇAS

CASO PINHEIRO AFRÂNIO BASTOS

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PRECATÓRIOS

PROFESSORES QUESTIONAM COBRANÇA DE HONORÁRIOS PARA RECEBEREM FUNDEF 10 e 11

INVESTIDORES DA BRASKEM SÃO ALERTADOS SOBRE DESASTRE AMBIENTAL EM MACEIÓ 16 e 17


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA

Renan sai, mas fica 1 - Que o governador de Alagoas vai disputar as eleições deste ano até as árvores do palácio já sabem. Na coletiva de despedida, Renan Filho admitiu sua candidatura ao Senado, mas não disse se fica no governo até 31 de março ou se sai antes para acomodar interesses político-eleitorais de seus aliados no Legislativo.

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- O desejo do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, é assumir o governo por ao menos 30 dias para tomar pé da situação e coordenar o processo da eleição indireta do governador-tampão. Mas Renan Filho anda tão empolgado com tantas obras em andamento que dificilmente sairá antes de 31 de março, prazo final para renunciar ao mandato. - Com a renúncia do governador o cargo passará para o presidente do Tribunal de Justiça, Klever Loureiro, que coordenará o processo de escolha do governador interino. A lei prevê 30 dias para a eleição indireta do tampão, mas o processo pode demandar bem mais tempo. Como diria Drummond, sempre há pedras no caminho.

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EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA

MACEIÓ, ALAGOAS - 29 DE JANEIRO A 04 DE FEVEREIRO DE 2022

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- Até lá, governador e presidente da Assembleia continuarão a série de conversas em busca de uma aliança política que atenda aos interesseis eleitorais dos dois lados. Marcelo Victor acredita no sucesso desse diálogo, mas Renan Filho tem confidenciado aos mais próximos que a fatura cobrada pelos deputados é alta demais.

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- A Assembleia quer o governo de porteiras fechadas e o apoio de Renan Filho para eleger seu candidato a governador no pleito de outubro, seja Paulo Dantas ou outro deputado. Em troca promete somar esforços para eleger Renan senador. É um acordo difícil de costurar, mas é o vale-tudo da política.

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- O deputado Paulo Dantas é o mais cotado para assumir o governo interino, mas como em política tudo pode mudar em poucas horas, outro nome pode surgir até final de março. Além do governador-tampão os deputados escolherão o vice, que poderá ser a deputada Jó Pereira ou alguém de fora do Legislativo.

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- Renan Filho tem dois meses para montar sua estratégia de campanha e tentar se eleger senador. Pode aliar-se aos deputados, ou não. Na segunda hipótese, lançará candidato próprio ao governo em oposição ao grupo de Marcelo Victor, mas a maior batalha a ser travada em campo aberto será com Fernando Collor na disputa pela única vaga de senador.

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- O governador chega ao fim de sete anos de mandato bem avaliado, e tem confidenciado para alguns aliados que ainda dispõe de balas na agulha suficientes para fazer o sucessor e se eleger senador. Parece que vai pagar pra ver; o jogo é pesado, mas está sendo jogado.

Paródia alagoana

Se dependesse da opinião pública, Renan Filho certamente ficaria no governo até o último dia de seu segundo mandato. Mas, lembrando o imperador Pedro I, o governador – se exigido fosse – diria: “Se é para o meu bem e felicidade da minha família, diga ao povo que saio”.

Dúvidas

Com a renúncia do governador para disputar as eleições, o presidente da Assembleia é quem deve assumir o governo até a eleição do governador-tampão. É o que diz a Constituição, mas se o deputado Marcelo Victor assumir o cargo em abril ficará inelegível para o pleito deste ano. A não ser que haja brechas na lei. O segundo na linha de sucessão é o presidente do Tribunal de Justiça, Klever Loureiro. Mas em Alagoas tudo pode acontecer, e entre uma dúvida e outra, os dois lados precisarão de bons escritórios de advocacia.

Olavo no TC

Na possibilidade de acordo com a Assembleia a única concessão dos deputados ao governador é ceder a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas para Olavo Calheiros, em fim de carreira política. Renan Filho e o primeiro-tio não se bicam, mas nesse caso o interesse é mútuo. Vago desde a aposentadoria do conselheiro Cícero Amélio, o cargo vitalício é da alçada do Legislativo, mas o Estado acionou a justiça e a disputa foi parar nos tribunais.

Rastro de sangue

Durante a entrevista de despedida, Renan Filho destacou os esforços de seu governo para tirar Alagoas da condição de um dos estados mais violentos do país. É verdade, mas o governador vai terminar seu mandato sem esclarecer três crimes de mando, cujos autores continuam soltos até hoje. Estão na impunidade os mandantes dos assassinatos de Rodrigo Alapenha, genro do ex-prefeito Lula Cabeleira, e do vereador Neguinho Boiadeiro, em Batalha – crimes que abalaram o Sertão – além da execução a tiros de pistola do empresário Kleber Malaquias, em Rio Largo. Com a palavra o secretário de Segurança Pública do Estado, Alfredo Gaspar de Mendonça.

Cavando votos

George Santoro, o mais destacado secretário do governo Renan Filho, anda mais empolgado com as redes sociais do que candidatos a cargos eletivos. Tanto empenho leva a acreditar que essa alma quer reza; ou melhor, quer votos.

Ex-esposas

O senador Rodrigo Cunha é mais um político a andar às turras com a ex-mulher, e sempre por disputa de grana, patrimônio e outros direitos alegados. Como dizia Nelson Rodrigues, problema com a ex é para sempre. Que o diga o também senador Fernando Collor, que há anos mede força com a ex-primeira dama do país, Rosane Malta, mais intensamente nos períodos eleitorais.

Sujeira

O Brasil caiu duas posições no Índice de Percepção de Corrupção, IPC, divulgado pela Transparência Internacional na terça, 25. O país agora está no 96º lugar, em um total de 180 países.


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JOAQUIM GOMES

Prefeito é acusado de agressão moral contra presidente de ONG Vítima diz que sofreu xingamentos e perseguição por parte de Adriano Barros

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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criação de uma ONG no município de Joaquim Gomes, zona da mata alagoana, tem dado o que falar e o caso foi parar na Justiça. A presidente e fundadora do Iasp, (Instituto de Assistência Social e Profissionalizante) Maria José Pessoa da Silva, diz que vem tentando oficializar a instituição, mas esbarra na falta de interesse do prefeito Adriano Barros, mesmo com aprovação por unanimidade da Câmara de Vereadores. O fato tomou maior proporção a ponto de a fundadora da entidade denunciar o gestor por agressão moral e outros crimes contra a mulher. A presidente da Iasp disse que é perseguida pelo prefeito por não fazer parte de seu grupo político e que vem sofrendo retaliações. Prova disso, diz, é que quando os vereadores aprovaram o projeto de criação do Iasp e encaminharam à Prefeitura, ele foi vetado. Na tentativa de agilizar, procurou o prefeito por várias vezes, mas não obteve êxito. Em busca de respostas, foi até a casa do gestor e lá foi destratada. “Ele me constrangeu da pior forma possível, me expulsou de sua casa na frente de várias pessoas. Ele não me deu o título de utilidade pública, sendo que eu faço trabalho social há três anos em Joaquim Gomes”, afirmou ao acrescentar que seu CNPJ tem um ano e cinco meses. A presidente do instituto disse que por esse motivo o colocou na justiça, pois o gestor aprovou um estatuto de outra associação que só tinha dois meses de criação e a sua com

Entidade fornece sopa a cerca de 800 pessoas carentes da cidade mais de um ano não foi contemplada. “Quero saber o porquê dessa discriminação. Se trata de perseguição política, injúria racial e ideologia de gênero”, reclamou ao afirmar que por falta do reconhecimento de utilidade pública deixou de receber várias ajudas no Natal. Maria Pessoa busca a legalização para expandir os serviços da instituição. “Através da ONG, toda semana é distribuído sopão para 800 pessoas, mas se estivesse regularizada pelo município teria condições de oferecer mais serviços à população carente de Joaquim Gomes”, diz. A presidente reclamou, também, da Câmara de Vereadores, ao questionar que os parlamentares municipais aprovaram o reconhecimento, mas não derrubaram o veto do

prefeito. “Eles me pediram para apresentar provas, levei fotos, fiz abaixo-assinado, e nada fizeram”, criticou. No veto 01/2021 do projeto de Lei 15/2021, o prefeito alega que o instituto presidido por Maria Pessoa não possui tempo suficiente para aprovação. “Veto total ao referido Projeto de Lei, em razão desse não atender aos critérios exigidos na Lei nº 13.01912014, considerando que este ente municipal não dispõe de lei específica que verse sobre a matéria. Compulsando o projeto de lei em questão, verifica-se que não foi juntado nenhum documento que ateste que o referido instituto promoveu serviços de utilidade pública e/ou que tenha pelo menos 1 (um) ano de sua fundação”, diz trecho do documento, que é questionado por ela, já que a

outra entidade tem menos tempo e teve aprovado o reconhecimento de utilidade pública. “Se eu deixar passar barato as pessoas que estão precisando serão prejudicadas e isso não é justo. Acredito que a Justiça vai agir”, disse Pessoa. A denúncia foi registrada através do disque 100/ligue 180, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 22 de outubro de 2021. Já em consulta Processual do MP a informação é que a última movimentação da ação aconteceu no dia 17 deste mês, quando os documentos foram enviados para aditamento. “Aguardando publicação no DOE- Fila de destino: Assessoria Técnica 5”. Segundo dados da Notícia de Fato, 01.2021.00003693-3 -, encaminhada à Procuradoria Geral de Justiça no dia 22 de outubro de 2021, a vítima sofreu xingamentos e perseguição por parte do prefeito, sendo injuriada, constrangida e humilhada em razão de ser mulher, “crimes previstos na Lei Maria da Penha”.

O OUTRO LADO “O Prefeito não foi notificado oficialmente sobre esta ação, desconhecendo assim o teor da mesma. O que você (EXTRA) me enviou é uma notícia de fato protocolada junto ao MP que sequer tornou-se uma ação propriamente dita. Vamos aguardar para nos posicionar com precisão sobre o assunto”, respondeu a assessoria do prefeito Adriano Barros ao ser procurado pelo semanário para falar sobre o caso.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo político

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Método antigo

om facilidade para transitar em todas as correntes políticas, o deputado Paulo Dantas vem robustecendo sua preferência para o Palácio República dos Palmares, tão logo seja definido se o governador Renan Filho vai se desincompatibilizar do cargo para disputar a única vaga no Senado, ou se fica.

Rotina

Sem iniciar campanha para o governo, mesmo porque ainda não se tem nada definido, o deputado Paulo Dantas executa com inteligência seu mandato. Visita setores os mais diversos no estado, conversa e discute com lideranças novas alternativas para Alagoas e espera, naturalmente, o quadro político evoluir.

Apoio

Mesmo transitando com facilidade junto ao governo do Estado, Paulo Dantas tem acordo fechado com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, e com o deputado Arthur Lira, dobradinha que tem dado certo para Alagoas.

Quadro sucessório

Pessoas ligadas ao deputado Paulo Dantas projetam que, sendo eleito governador-tampão na desincompatibilização de Renan Filho, certamente ele será candidato novamente em outubro, desta vez no cargo de governador que a legislação permite. As apostas são de que Paulo Dantas, no mínimo, chegará com tranquilidade em um segundo turno.

Apelação

Se por ventura o governador não acertar o passo em composições políticas até o dia 2 de abril, a perspectiva é de que ele bancará uma candidatura ao governo para viabilizar a sua própria eleição ao Senado. Terá, entretanto, alguns obstáculos pela frente durante a campanha.

Dantas tem circulado na capital e no interior e apresentado novas sugestões para garantir forte a economia. Ele tem defendido nas suas aparições públicas uma política consistente para o turismo ecológico e permitir que a iniciativa passe a gerar emprego e renda para, pelo menos, mais 15 mil alagoanos.

Sob controle

O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, tem demonstrado muita competência no comando da sucessão no estado. Ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, Victor costura alianças e amplia os apoios no interior. Discreto e humilde, o presidente da Assembleia se sobressai ao cumprir compromissos na Casa de Tavares Bastos, o que é recompensado pelo apoio da maioria dos deputados.

Rebuliço

Tentando salvar espaço no governo caso seja mesmo candidato ao Senado, Renan Filho negocia nos bastidores a possibilidade de fazer uma composição política incluindo aí Rafael Brito como candidato a vice. Mas como vice não influi muito, a não ser para substituir o titular em momentos especiais, talvez esta não seja a melhor solução.

Pagando pra ver

Alguns especialistas em saneamento estão pagando pra ver se as obras no Riacho do Salgadinho anunciadas pelo prefeito JHC resolverão mesmo a situação crítica naquela região que tem sido um péssimo cartão de visitas para os turistas que procuram Maceió. Preferindo o anonimato, os técnicos acreditam que a solução do Salgadinho vai muito além do que foi anunciado.

Fora de cogitação

Sem passar nos testes, circula nos bastidores do Palácio República dos Palmares que Alexandre Ayres e Rafael Brito estão fora de qualquer composição para um dos dois sair candidato a governador. O objetivo do governador Renan Filho, agora, é outro.

Afunilando

Pelas investidas que tem dado em todas as áreas do governo, Renan Filho projeta renunciar ao cargo talvez antes do prazo previsto, ou seja, 2 de abril. Avança nas composições para garantir apoio quando deixar o governo e se candidatar ao Senado.

Para assustar

Que a campanha política já começou, ninguém tem a menor dúvida, mas os expedientes utilizados por lideranças políticas parecem ser os mais violentos possíveis. É o caso de marginais atirarem no início da semana na casa do prefeito de Coité do Noia, Bueno Higino, que certamente já escolheu com quem vai marchar nas eleições de outubro.

Quem conhece a história política de Alagoas sabe que esses atentados contra residências são apenas para assustar os adversários e mandar um aviso de que o “buraco é mais embaixo”. Resta à Segurança Pública descobrir quem foram os autores e consequentemente os mandantes.

Distante

O senador Rodrigo Cunha bem que tem se empenhado, mas sua candidatura ao governo do Estado ainda não decolou. A situação pode mudar, de acordo com alguns observadores, quando o prefeito JHC entrar pra valer na campanha. Se é que vai entrar.

Prioridade

Mesmo todo mundo sabendo que o candidato de JHC a governador é Rodrigo Cunha, o objetivo maior do prefeito é eleger ou seu irmão João Antônio ou o pai João Caldas deputado federal.

Outro rumo

Dividida, a família Beltrão que já imperou na região sul do estado, deve enfrentar as próximas eleições em partidos diferentes. Enquanto Marx Beltrão comanda o PSD, Marcius Beltrão, que participou de uma reunião do MDB com a presença do governador Renan Filho, deve migrar para o União Brasil, que será dirigido pelo deputado Marcelo Victor.

Mergulhado

Parece que a ideia de sair candidato ao Senado da República não foi uma boa para o vice-prefeito Ronaldo Lessa. Depois de muito vai e vem, Lessa demonstra que terá dificuldades de montar as chapas majoritária e proporcional.

Meia volta

Depois de muita pressão, os governadores, inclusive o de Alagoas, resolveram manter o congelamento do reajuste do ICMS sobre os combustíveis por mais 60 dias. Esse, aliás, é um dos fatores para que o preço dos combustíveis dispare permanentemente.


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ELEIÇÕES

Assembleia se prepara, mais uma vez, para ter candidato próprio ao Executivo Última tentativa foi ano passado, com Davi Davino na disputa pela Prefeitura de Maceió ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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união de deputados estaduais para eleger Paulo Dantas tanto ao governo-tampão quanto viabilizá-lo para a reeleição em poucos meses não é uma tentativa nova dos parlamentares de colocar um representante deles mesmos no Executivo. Ano passado, o deputado Davi Davino (PP) foi o escolhido entre os parlamentares para disputar a Prefeitura de Maceió. Ficou em terceiro lugar, posição surpreendente a um estreante à chefia do Executivo do maior colégio eleitoral do estado. O pai, o vereador Davi Davino (PP), está há décadas na política em Maceió; a mãe, Rose será candidata este ano a deputada estadual. Ela é fundadora da Funbrasil, entidade não governamental que oferece serviços à população em parceria com o setor público. Davi Davino quer concorrer ao Senado, enfrentando o governador Renan Filho (MDB). Este quadro interessa ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), porque ele apoia a reeleição de Fernando Collor (PTC), o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto o cenário sofre muitas modificações até abril, prazo-limite determinado pela lei eleitoral para a desincompatibilização de candidatos que buscam cargos públicos, vamos voltar no tempo para mostrar como foram as outras tentativas da Assembleia na busca pelo Executivo. Uma delas foi em 1994. Os parlamentares estaduais e os usineiros apoiaram em peso Divaldo Suruagy ao governo que de fato foi consagrado com 79,39% dos votos. Alagoas estava sob derrocada financeira com salários atrasados e problemas nas contas. Em 17 de julho de 1997 ele en-

tregou o governo ao vice Manoel Gomes de Barros após levante popular na porta da Assembleia, capitaneado por servidores públicos que ameaçavam invadir o prédio do Legislativo. O cenário sócio-econômico havia piorado e o atraso nos salários dos servidores estava maior. Renunciou de vez em novembro daquele ano. Foi a chance de Ronaldo Lessa, antes prefeito de Maceió, se candidatar e vencer as eleições ao governo após derrotar o vice de Suruagy, Manoel Gomes de Barros. Foi a última vez que um prefeito de Maceió disputou e ganhou o governo do Estado. Em 2006, o presidente da Assembleia Celso Luiz, chefe do PMN e comandando 16 deputados estaduais, lançou-se como vice do usineiro João Lyra que disputou o governo com outro usineiro, o então senador Teotonio Vilela Filho. Venceu o tucano e a derrocada política de Celso Luiz foi impressionante: ficou sem mandato, sem a presidência da Assembleia e foi indiciado um ano depois nas investigações da Operação Taturana, mas conseguiu emplacar a esposa Maria Cleide como conselheira do Tribunal de Contas e o filho Luiz Pedro Brandão na presidência do Instituto de Metrologia e Qualidade de Alagoas (Inmeq/AL). PAULO DANTAS As chances de a Assembleia chegar ao governo são praticamente certas. O deputado Paulo Dantas já é antecipadamente o candidato apoiado pelo presidente da Casa, Marcelo Victor (Solidariedade), por Renan Filho e Arthur Lira. Para isso, a Assembleia fez um acordo com o Tribunal de Justiça. O presidente do Tribunal, desembargador Klever Loureiro, é quem vai sentar na cadeira de governador quando Renan Filho renunciar. Loureiro vai assinar

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Paulo Dantas deve disputar governo após assumir mandato-tampão a aprovação de licença-prêmio a magistrados, distribuindo R$ 66 milhões. Os servidores do TJ/AL não estão incluídos no benefício. Depois, senta o escolhido pela Casa de Tavares Bastos. Marcelo Victor ou qualquer outro deputado não pode assumir o governo após 2 de abril porque a lei eleitoral diz que, nestas condições, fica inelegível. Só pode concorrer à chefia do Executivo estadual, caso de Paulo Dantas, disposto a arriscar o mandato de deputado estadual. Para disputar a reeleição, há etapas bem difíceis pela frente. De 3 de março a 1º de abril acontece a janela partidária, período em que deputados podem trocar de partido sem perder o mandato. Paulo Dantas deve sair do MDB para o União Brasil. As federações terão de estar fechadas até 2 de abril. As convenções serão de 20 de julho a 5 de agosto (e Paulo Dantas deverá aparecer bem nas pesquisas inter-

nas para chegar neste caminho). Paulo Dantas é filho de Luiz Dantas e de dona Silvana Suruagy, prima do ex-governador Divaldo. Cresceu com Renan Filho entre Maceió e Brasília. Ambos tinham 13 anos quando Renan Calheiros ajudou nas articulações para o impeachment de Fernando Collor, então presidente da República. Luiz Dantas foi um dos 441 votos sim na Câmara pelo afastamento de Collor. Em 2005, os dois começaram a carreira política em cercanias eleitorais dominadas há décadas por suas famílias: Renan Filho foi eleito prefeito de Murici; Paulo Dantas, prefeito de Batalha. Renan e Paulo estiveram em lados opostos uma única vez: na eleição a presidente da Assembleia. O governador apoiava o tio Olavo; Paulo ficou com Marcelo Victor. A ideia: Renan, ao deixar o governo, entregaria ao tio o comando do Estado. Não deu certo.


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ELEIÇÕES

Lira investe em prefeitos e assume articulação para governo-tampão Presidente da Câmara está de olho nos cofres de Alagoas “abarrotados de tanta arrecadação”

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ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), assumiu pessoalmente as articulações para eleger o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) ao governo-tampão no próximo mês de abril, quando Renan Filho (MDB) deve deixar a chefia da administração estadual para disputar o Senado. Ao mesmo tempo investe nos prefeitos que orbitam sua reeleição a deputado federal também em busca de um plano B caso os Calheiros permaneçam no governo até o final do ano. O plano de Lira é exercer controle estadual sobre o União Brasil, partido resultado da fusão PSL-DEM e que será presidido por Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa. Também é aliado do prefeito de Pilar, Renato Filho (PSC) que se coloca no cenário político como candidato a governador. E primo da deputada Jó Pereira (MDB) cuja família comanda o escritório alagoano da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), todos ocupando postos públicos indicados pelo presidente da Câmara via administração Jair Bolsonaro. Ele busca ainda manter pontes com o prefeito de Maceió, JHC (PSB), cujo nome segue especulado para o governo, turbinado por pesquisas favorecendo esta condição. Nas eleições do ano passado, Lira apoiou o deputado estadual Davi Davino (PP) para prefeito de Maceió. Ele ficou em terceiro lugar Na semana em que o presidente da República anunciou corte de R$ 3,1 bilhões no orçamento (maioria dos recursos nos minis-

Arthur Lira reuniu prefeitos esta semana para assinatura de convênios via Codevasf térios do Trabalho e Previdência e Educação), Lira reuniu os prefeitos aliados anunciando asfalto, máquinas pesadas, espaços multieventos, mercado, tudo bancado via Codevasf alagoana, presidida pelo primo Joãozinho Pereira, ex -prefeito de Teotônio Vilela e exdeputado estadual. Além disso, parte dos recursos deste carrinho de compras vem dos R$ 16,5 bilhões do orçamento secreto, administrado pelo Centrão, ninho político de Arthur Lira em Brasília e cujo dinheiro não foi mexido, apesar nos cortes em outras áreas do governo, como as universidades. Toda esta ação tem objetivos definidos: Lira busca não apenas se reeleger deputado federal e presidente da Câmara, mas também passar a mandar diretamente no futuro Governo Paulo Dantas, indicando secretários, o vice e, caso a reeleição de Dantas fracassar, ter pontes com o futuro governador que pode ser o senador Rodrigo Cunha (PSDB) ou o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, que organiza os rumos do PSD de Gilberto Kassab em Alagoas e ainda Jó Pereira tratada como possível vice de Cunha. O plano posto em prática li-

vra Arthur Lira de depender exclusivamente de Marcelo Victor e amplia o raio de alcance nas administrações municipais. O grupo político dele tem 50 prefeitos e 15 deputados estaduais que podem chegar a 20. Além disso, em janeiro do ano que vem Lira é quem vai recepcionar o futuro presidente da República sendo ele Jair Bolsonaro ou Luiz Inácio Lula da Silva. O petista lidera as pesquisas. O Centrão sempre teve relação com todos os presidentes da República desde José Sarney passando por Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff e agora Bolsonaro. Mas é atualmente que este bloco de parlamentares também capitaneado pelo deputado alagoano possui mais poder e influência no orçamento federal. Tanto que as emendas de relator também são conhecidas como um bilionário orçamento paralelo de emendas, instituído para amarrar o apoio do Centrão. Esta semana Arthur Lira entrou em choque com os governadores. Eles suspenderam o congelamento do ICMS sobre o combustível. Nas redes sociais, Lira recla-

mou: “Agora, no início de um ano eleitoral, governadores, Wellington Dias à frente, cobram soluções do Congresso. Com os cofres dos Estados abarrotados de tanta arrecadação e mirando em outubro, decidiram que é hora de reduzir o preço”, disse. Dias é governador do Piauí, filiado ao PT e presidente do Consórcio Nordeste. Após o desentendimento, os governadores decidiram prorrogar o congelamento por mais 30 dias. A briga envolve não apenas uma nova política de combustíveis para barrar os reajustes finais aos consumidores, mas principalmente os cofres dos estados, “abarrotados de tanta arrecadação” como disse Lira. Quanto mais alto o valor dos combustíveis, maior a arrecadação do ICMS mesmo sem reajuste na alíquota. Com bastante dinheiro nos cofres, os governadores, principalmente os do Nordeste, ensaiam independência em relação à União o que dificulta a estratégia dos governistas de melhorar os índices de aprovação de Bolsonaro na região. Eles apoiam Lula e não acompanham Bolsonaro quando ele vem à região visitar ou inaugurar obras.


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SALAS DE CHAT

MP de Alagoas vai apurar crime de pedofilia por internauta de Maceió Denúncia foi encaminhada pelo Ministério Público Federal de São Paulo DIVULGAÇÃO/ PF DE ALAGOAS

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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prisão de dois homens suspeitos de armazenar e compartilhar conteúdo de pornografia infantil, realizada nesta semana pela Polícia Civil do Distrito Federal, acendeu novo alerta para a necessidade de pais e responsáveis acompanharem de perto as atividades dos menores na internet. Um dos suspeitos mantinha um banco de dados com 65 crianças de 9 e 10 anos de todo o país, obrigando as vítimas a enviarem conteúdos íntimos, sob ameaça de divulgar as imagens e vídeos na internet. Um dos suspeitos era técnico do Senado Federal. A prisão foi efetuada no âmbito da 2ª fase da Operação Downloader. Se condenados pela divulgação do conteúdo, esses criminosos podem ficar presos por quatro anos, sendo que cada compartilhamento permite somar até mais seis anos à pena. Num dos casos, o acusado atraia as vítimas usando o Free Fire, jogo online popularmente conhecido por crianças e jovens. Segundo a polícia, nas conversas, ele fazia vídeo-chamadas e propunha “desafios”. A partir do momento que a criança enviava uma foto ou vídeo, ele dava início a uma série de ameaças, dizendo que se a vítima não mandasse mais imagens, iria divulgar o conteúdo na internet e aos pais delas. Em Maceió, na última segunda-feira (24) o Ministério Público do Estado de Alagoas decidiu instaurar processo para investigar a denúncia de pedofilia contra um usuário da Universo Online S.A (UOL), residente na capital alagoana. A prática do suposto crime foi descoberta pelo provedor em sala de bate-papo, onde o usuário se identificava por nome pornográfico e conversava com outros. A denúncia foi encaminhada ao MP de Alagoas pela Procurado-

Registro da Operação Labatut deflagrada em dezembro ria da República de São Paulo, para onde o UOL havia enviado as evidências, cumprindo um Termo de Compromisso de Integração Operacional firmado em 2005. O provedor identificou o usuário através do nickname e da sala de bate-papo e, em cumprimento ao acordo, realizou a denúncia crime. Os dados cadastrais e registros da conexão não foram fornecidos pelo provedor em cumprimento ao que determina a Lei nº 12.965/2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil até que seja expedida ordem judicial permitindo sua disponibilização. Entretanto, a origem foi citada como de usuário de Maceió. Segundo o print da conversa que foi anexada na Notícia de Fato nº 1.34.001.011362/2021-15, o usuário estaria, em tese, cometendo crime de pedofilia, mas sem nenhuma identificação ou imagem/fotos. No bate-papo, ele perguntava ao interlocutor se “já pegou crianças” e dizia que tinha tesão pelo enteado: “percebi q ele anda me espiando quando estou no banheiro e que me alisa quando estou tirando um cochilo no sofá”.

EM 2019, O DISQUE DIREITOS HUMANOS REGISTROU

86,8 MIL

CASOS DE VIOLAÇÕES DE DIREITOS DE CRIANÇAS OU ADOLESCENTES NO BRASIL. DESSE TOTAL, MAIS DE

17 MIL

DENÚNCIAS TRATAVAM DE VIOLÊNCIA SEXUAL, SEGUNDO INFORMAÇÕES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS.

Como os diálogos ocorrem em tempo real nas salas de bate-papo não é possível realizar a coleta de informações sobre conversas que já ocorreram, de acordo com o Núcleo Técnico de Combate aos Cromes Cibernéticos da PR/SP. O caso foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório, para tomadas das providências, s pelo procurador federal José Lucas Perroni Kalil. Segundo o procurador, a denúncia somente poderia ser apurada pelo MPF sob o viés do artigo 217-A do Código Penal, já que o “simples fato de um delito ter sido praticado por meio da internet não é o suficiente para que a competência para o seu processamento e julgamento seja federal”.

PROJETO DE LEI

Crianças que sofrem violência sexual podem ter desestruturadas sua base de formação física e psíquica, mas no Brasil ainda não há um dispositivo específico para pedofilia no Código Penal (CP). A prática é enquadrada em outros artigos sobre crimes sexuais contra vulneráveis, dessa forma, há punição para o estupro de vulnerável; a indução de menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem; a satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescente; o favorecimento da prostituição; e, a divulgação de cenas de estupro de vulneráveis. Um projeto de lei (nº 4299/20) da deputada Rejane Dias (PT-PI) e que tramita na Câmara Federal busca acrescentar um artigo ao código classificando como pedofilia o ato de constranger criança ou adolescente, corromper, exibir o corpo apenas com roupas íntimas, ou tocar partes do corpo para satisfazer a lascívia, com ou sem conjunção carnal utilizando criança ou adolescente.

Em 2019, o Disque Direitos Humanos registrou 86,8 mil casos de violações de direitos de crianças ou adolescentes no Brasil. Desse total, mais de 17 mil denúncias tratavam de violência sexual, segundo informações da Câmara dos Deputados.

OPERAÇÃO LABATUT Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal em Alagoas cumpriu mandados de busca e apreensão na capital e no interior, nos municípios de Rio Largo, Igaci e Pariconha, numa operação sobre o armazenamento e a disseminação de vídeos com cenas de pornografia infantojuvenil pela Internet, bem como o assédio sexual de crianças e adolescentes por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. As investigações realizadas na Operação Labatut identificaram que os suspeitos usavam a Internet para praticar abusos sexuais contra crianças e adolescentes de diferentes formas. Havia duas pessoas suspeitas de participar de grupos de aplicativos de mensagens criados para a difusão, compartilhamento e possível produção de vídeos pornográficos envolvendo crianças e adolescentes e uma pessoa estava sendo investigada por utilizar programas de compartilhamento para baixar e compartilhar arquivos de pornografia infantil. Segundo a polícia, um terceiro indivíduo era suspeito de utilizar as redes sociais para compartilhar arquivos de pornografia infantil e assediar sexualmente menores, solicitando o envio de “nudes”. Equipamentos foram apreendidos. A PF não divulgou, desde então, nenhuma informação adicional sobre a operação.


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PANDEMIA

Casos de covid em Alagoas podem ser três vezes maior que o informado Pasta apura possível irregularidade na notificação da doença por farmácias e laboratórios

THIAGO DUARTE/AGÊNCIA ALAGOAS

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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quantidade de casos totais e diários de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em Alagoas pode ser três vezes maior do que o divulgado oficialmente todos os dias pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que passou a apurar esta semana o cometimento de irregularidades cometidas por farmácias e laboratórios particulares por não estarem notificando o Ministério da Saúde e à própria pasta o resultado dos exames realizados. A autorização da utilização dos testes rápidos em farmácias, por exemplo, ocorreu por meio da publicação da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa nº 377/2020, que entrou em vigor em 29 de abril de 2020 e cuja vigência cessará automaticamente a partir do reconhecimento pelo Ministério da Saúde de que não mais se configura a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional declarada pela Portaria GM/MS nº 188/2020. Segundo a Sesau, de acordo com a Lei 6259/75, os profissionais e serviços de saúde são obrigados a realizar a notificação compulsória de doenças. “A ausência desta notificação configura crime e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) está tomando as providências cabíveis para a apuração do cometimento das irregularidades”, informou a pasta após um alerta feito pela infectologista do Hospital Universitário de Alagoas, Raquel Guimarães, sobre subnotificações. “Estamos no pico da doença causada pela variante Ômicron.

Casos de covid podem ser superiores ao oficialmente registrados Temos muitos casos dentro dos laboratórios, consultórios, farmácias e esses casos não são notificados. Eles passam despercebidos do sistema público porque a notificação não se dá, embora exista uma obrigação. Os casos não são notificados porque não se tem esse costume ainda em farmácias de pequeno porte, por exemplo”, explica a infectologista ao EXTRA. Em Alagoas, apenas 96 estabelecimentos são conveniados à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e apenas estes possuem “obrigação” exigida também pela própria associação de realizar a notificação ao Ministério da Saúde por meio de um sistema interno, porém, assim como em todo o Brasil, qualquer farmácia em Alagoas está autorizada a realizar testes rápidos para a covid-19, o que pode ocasionar casos de subnotificação, explica a associação. Ainda segundo a Abrafarma, são vários os fatores que podem levar a subnotificações e a falta de notificações pelos estabelecimentos não conveniados à associação pode ser considerada uma das hipóteses. “Desde que as farmácias foram autorizadas a implementar

esse serviço de teste rápido, os estabelecimentos associados à Abrafarma enviam ao Ministério da Saúde o balanço sobre os casos detectados nas redes e que posteriormente são repassados às Secretarias de Saúde estaduais. A autorização não foi concedida à entidade em si e qualquer farmácia está apta a realizar os testes, mesmo que não esteja associada à Abrafarma”. Vale ressaltar que levantamento divulgado esta semana pela Abrafarma aponta que o índice de positivos para covid-19 subiu para 59% nos testes de farmácias realizados entre 10 a 16 de janeiro em Alagoas. Os números não apontam qual é a variante responsável pelas infecções: os testes são desenvolvidos para identificar o coronavírus, e não suas cepas. Apesar disso, outros dados apontam que a Ômicron já causa recordes pelo mundo e se tornou a cepa predominante no Brasil. O EXTRA tentou contato com a associação que representa os laboratórios privados de Alagoas, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. AUTOTESTE DE COVID-19 A possibilidade do aumen-

to de subnotificação é, inclusive, um dos fatores que levam o Ministério da Saúde a não autorizar a realização de testes aplicados em casa pelo próprio paciente, como já vem acontecendo em farmácias ou laboratórios de menor porte. Proibido no Brasil, mas comum nos EUA e na Europa, o teste é comprado em farmácias e vem com swab e uma base reagente. O resultado sai em 15 minutos. Com o aumento do número de casos e da busca por testes no país, cresce a pressão para que a Anvisa regularize seu uso.

PICO DA ÔMICRON EM ALAGOAS Sobre o que considera ser o pico da doença em Alagoas, a infectologista Raquel Guimarães afirma que dois fatores presentes em outros países, principalmente europeus, também estão ocorrendo no estado: a falta de vacinação e a simplicidade da doença causada pela nova variante. “As pessoas não estão se vacinando com a intensidade que precisava se fazer, não estão fazendo as doses de reforço e um outro fator é que hoje ela é uma doença muito simples e que pode facilmente ser confundida com uma gripe leve ou simplesmente não apresentar sintomas, facilitando ainda mais sua transmissão”, detalha a especialista. Raquel lembra que uma característica da variante é ser bastante transmissível e pouco invasiva no ponto de vista de produzir sintomas e afirma que essa nova onda deve passar a partir de março. “Não chega a ser a imunização de rebanho, mas vai acontecer o esgotamento de pessoas suscetíveis à doença em determinadas regiões, o que poderia ser resolvido mais rapidamente com vacinação em massa, que também combate a forma grave da doença”.


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PANDEMIA

Busca por seguro de vida aumenta 33% em Alagoas Estado teve o terceiro maior aumento proporcional do Nordeste no último ano

DADOS DA FEDERAÇÃO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E VIDA (FENAPREVI) APONTAM QUE MAIS DE

R$ 2 BILHÕES

FORAM PAGOS EM INDENIZAÇÕES REFERENTES À COVID-19 NO ÚLTIMO SEMESTRE DE 2021. APESAR DO CRESCIMENTO, APENAS

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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busca por seguros de vida em 2021, na comparação com o mesmo período de 2020, aumentou em 33,9% em Alagoas. O medo de deixar a família desamparada, ampliado pelo cenário de pandemia do novo coronavírus está por trás da alta, revelando que o alagoano está se preocupando mais com seus dependentes. O aumento considerado proporcionalmente alto durante o último ano fez Alagoas aparecer em terceiro lugar no ranking nordestino com o maior crescimento proporcional, ficando atrás apenas de Pernambuco, em primeiro, e de Salvador, em segundo, de acordo com levantamento realizado pela MAG Seguros encomendado pelo EXTRA. Embora o seguro de vida ainda esteja bastante associado ao falecimento de alguém, essa modalidade também pode ser usada durante a vida: há planos diferenciados que protegem em momentos de doença, desemprego ou acidente. E, hoje é possível contratar um seguro por valores pequenos, com coberturas básicas. Segundo Bethânia Ferraz, superintendente comercial da MAG Seguros em Maceió, a conscientização do que de fato pode acontecer e que a única coisa que vai acontecer um dia pra todo mundo é a morte fez gerar uma demanda pela blindagem patrimonial, financeira e familiar dos alagoanos. “Além do tradicional seguro de vida, eu posso fazer uma pensão para que em caso da minha morte minha mãe rece-

15%

DA POPULAÇÃO BRASILEIRA CONTA COM SEGURO DE VIDA.

ba uma pensão para pagar durante 10 anos o plano de saúde dela, por exemplo. A conscientização no Brasil foi geral, mas em Alagoas houve um crescimento maior. Diante de toda a sequela que a covid deixou e o que pode acontecer, fez crescer o número de contratos”, explica a superintendente. Atualmente, quase cinco mil pessoas possuem seguro de vida em Alagoas, representando menos de 1% da população estadual, sendo que a maioria dos contratos envolve médicos, advogados e empresários. “Os médicos são nossos clientes em potencial em Alagoas e para eles é recomendado o seguro que, além de um valor em caso de falecimento, cobre seu salário por até um ano em caso de doença, além de diária por incapacidade temporária e pecúlios por morte e invalidez”, explica. “Com o surgimento de novas variantes, os planos precisam se adaptar porque a demanda solicitada principalmente por

médicos acabou aumentando”, detalha Bethânia, ao afirmar que esse é o maior aumento proporcional dos últimos seis anos em Alagoas. “Nos últimos seis anos eu nunca vi essa mesma quantidade de pessoas que estão tomando ciência quanto a seguro de vida. As pessoas estão se prevenindo e por Alagoas ser um estado pequeno, a demanda está proporcional aos demais estados e de acordo com a população economicamente ativa”, destaca.

CENÁRIO NACIONAL

Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) apontam que mais de R$ 2 bilhões foram pagos em indenizações referentes à covid-19 no último semestre de 2021. Apesar do crescimento, apenas 15% da população brasileira conta com seguro de vida. Nos Estados Unidos, por exem-

plo, a porcentagem chega a 70% da população e, no Japão, esse índice chega a 90%. Embora ainda seja considerado um número baixo se comparado aos demais países, a pandemia provocou alta recorde na contratação de seguro de vida individual no País em 2021. Os dados da FenaPrevi mostram que a arrecadação de prêmios pelas seguradoras no segmento foi de R$ 8 bilhões de janeiro a setembro, 29% acima de igual período de 2020. Se cresceu a procura por seguros, a pandemia também aumentou a sinistralidade – além de mortes, o seguro costuma cobrir casos de invalidez provocados por doenças. Segundo a federação, houve alta de 77,5% no valor dos sinistros de janeiro a setembro, para R$ 8,9 bilhões, dos quais R$ 7,8 bilhões nos planos em grupo. O crescimento foi maior do que nos seguros de vida em grupo – planos feitos coletivamente por empresas. Esse segmento registrou alta de 9,2% de janeiro a setembro, chegando a R$ 11 bilhões.


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PRECATÓRIOS DO FUNDEF

Profissionais da Educação questionam honorários advocatícios ASCOM SINTEAL

Sinteal afirma que para ter direito ao rateio de R$ 180 milhões precisa constituir advogado TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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luta dos profissionais da rede municipal de ensino de Maceió para garantir o direito aos recursos dos precatórios do extinto Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) chega ao final dividindo a categoria e enfraquecendo a entidade que os representa em instâncias judiciais. O motivo é o pagamento dos honorários advocatícios, uma conta que chegou depois de sete anos de contratação da assessoria jurídica, assinada em 2015, e que muitos profissionais rejeitam. A categoria deve pagar pela assistência jurídica no processo o equivalente a 15% do valor do precatório, no caso de profissionais filiados ao Sinteal (Sindicado dos Trabalhadores da Educação), e 20% os não filiados. O valor é contestado e a discussão nos bastidores pode atrasar a liberação dos recursos. No total, serão rateados com os profissionais do magistério (professores) R$ 180 milhões em precatórios, que já estão disponíveis em conta judicial para o Município. Os juros gerados por esse montante serão direcionados a funcionários da Educação (em várias atividades), segundo acordo promovido com a Prefeitura de Maceió, que criou um grupo de trabalho para construir o cronograma e demais informações para o pagamento do precatório. Na fase atual, ainda não existe valor individual do rateio, segundo o

Pagamento dos precatórios discutido em reunião na Semge Sinteal, pois os critérios para pagamento estão sendo construídos. Também não é possível falar em quantitativo de pessoas com direito

NO TOTAL, SERÃO RATEADOS COM OS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO (PROFESSORES) R$ 180 MILHÕES EM PRECATÓRIOS, QUE JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS EM CONTA JUDICIAL PARA O MUNICÍPIO. OS JUROS GERADOS POR ESSE MONTANTE SERÃO DIRECIONADOS A FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO (EM VÁRIAS ATIVIDADES), SEGUNDO ACORDO PROMOVIDO COM A PREFEITURA DE MACEIÓ

aos precatórios, já que o levantamento ainda está inconcluso. A presidente do sindicato, Consuelo Correia, lembra que a adesão ao processo iniciado pelo sindicato nunca foi obrigatória, porém, o profissional – obrigatoriamente – terá de constituir um advogado para ter acesso aos recursos, o que implica iniciar o processo na Justiça. “Não há garantia de esses valores sejam depositados na conta do profissional, porque não é uma questão salarial. É uma dívida da União com os trabalhadores. É preciso a ação de um advogado nesse caso”, explica. PARA ENTENDER Precatórios são dívidas com sentença judicial definitiva, podendo ser em relação a questões

tributárias, salariais ou qualquer outra causa em que o poder público seja o derrotado. Nesse caso, o precatório decorre de uma parcela significativa de recursos que o governo federal deixou de repassar aos Estados e Municípios que receberam ou deveriam ter recebido a complementação federal ao Fundef entre os anos de 1998 a 2006. O governo federal editava a cada ano um decreto com valor mínimo para investimento nos estudantes do ensino fundamental, mas essa quantia per capita sempre ficou abaixo do que determinava a legislação. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, em dezembro de 1996 o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 14 e a Lei 9.424, instituindo e regulamentando, respectivamente, o Fundef. A partir de 2006 essas normas deram lugar à Emenda 53 e à Lei 11.494, que criaram o Fundo da Educação Básica – o Fundeb. O Fundef e agora o Fundeb reservaram parte dos impostos constitucionalmente vinculados à educação para os fundos públicos, devendo 60% do montante serem destinados ao pagamento dos profissionais do magistério e parte dos 40% restantes aos funcionários da educação. Porém, em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a aplicação de 100% das verbas dos Precatórios do Fundef na educação. Ficou pendente, no entanto, decidir a subvinculação desses recursos para os profissionais que atuam nas escolas públicas, tal como determinou a legislação do Fundef e agora a do Fundeb. Desde o final de 2015, o Sinteal propõe ações judiciais contra municípios alagoanos, com a finalidade de buscar o reconhecimento da vinculação dos precatórios do Fundef à valorização da educação e dos profissionais do magistério. Dessa forma, conseguiu obter medidas liminares, visando o bloqueio e o depósito de 60% dos valores em contas judiciais, o que resguardou o direito da categoria. Em Alagoas, o precatório do Fundef deveria pagar à categoria da Educação mais de R$ 500 milhões.


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AÇÃO JUDICIAL

Para fazer parte do rateio dos precatórios do Fundef Maceió, os profissionais ativos e inativos precisam aderir a ação do Sinteal ou constituir um advogado para dar entrada numa ação judicial e ter acesso aos recursos. O sindicato havia determinado o prazo final de adesão, através do preenchimento do formulário específico no site da instituição, até o dia 18 de janeiro. Com os esclarecimentos sobre a questão jurídica, a procura aumentou e o prazo foi esticado até o dia 24 passado. Para os profissionais de Maceió serão rateados R$ 180 milhões (dos R$ 300 milhões) de precatórios pagos pela União em maio de 2020. OS recursos estão em caixa à espera da finalização do processo na Justiça. Consuelo explica que o preenchimento do formulário de adesão não representou ainda a assina-

tura do termo de adesão ao escritório, que será feito em uma segunda etapa. “Os nossos advogados precisam dos dados das pessoas que pretendem aderir ao processo do Sinteal, para que possam preparar o termo de adesão e posteriormente entrar em contato para a assinatura de cada um”, explica. Após a conclusão dessa etapa será divulgada a lista de adesões para conhecimento da categoria e para que ninguém fique de fora. O Sinteal também está funcionando com o setor de filiação, que vai garantir um desconto menor para os honorários advocatícios. “Lembramos que só foi possível fazer essa luta de quase 7 anos com muitas idas e vindas por conta da estrutura sustentada pela contribuição dos nossos filiados”, enfatiza a presidente da entidade.

NOTA INFORMATIVA

Na semana passada, o Sinteal foi alvo de ataques e críticas nas redes por causa da cobrança dos honorários dos advogados no caso do Fundef de Maceió. Uma nota de esclarecimento foi publicada pela entidade, que estranhou os posicionamentos, já que o processo para garantir os direitos aos precatórios ocorre há pelo menos sete anos. “Não é estranho que, após o sucesso obtido em diversas demandas judiciais e diante do reconhecimento definitivo de um direito que, há cerca de uma década, vem sendo pleiteado nas instâncias judiciais e extrajudiciais, tenham surgido notícias e manifestações com o único intuito de diminuir os relevantes serviços prestados pelo Sinteal e, especialmente, por sua assessoria jurídica?”, questionou a entidade. O Sinteal pediu que a categoria não retire o mérito dos profissionais que desde 2015 prestam serviços à categoria. Dentre eles, o reconhecimento, nas esferas constitucional e infraconstitucional, do direito dos profissionais do magistério ao recebimento dos recursos oriundos dos precatórios do Fundef. “Vale lembrar que esses recursos vinham sendo mal utilizados e, até mesmo, dilapidados pelos gestores públicos”.


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AVANÇOS NA EDUCAÇÃO

Escola digital é mais um passo para transformação nas escolas de Maceió Já foram entregues 900 computadores; segunda fase conta com tablets para professores

FOTOS DE EDVAN FERREIRA E ITAWI ALBUQUERQUE

ASSESSORIA

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Prefeitura de Maceió investiu R$ 4,6 milhões para levar tecnologia digital para as escolas do ensino fundamental. Com o programa Escola Digital, o Município entregou 900 computadores a 92 unidades de ensino. A iniciativa vai democratizar o acesso de estudantes da rede pública à tecnologia. Alunos e professores veem nesta iniciativa uma transformação radical na relação ensino e aprendizagem. “A inclusão digital tem que estar presente na vida dos alunos e professores e no dia a dia das escolas. Antes, o que a gente via nas escolas de Maceió era um estado analógico, as crianças não tinham laboratório, nem acesso à tecnologia. E agora estamos trabalhando em cima da conectividade, disponibilizando esses dispositivos tecnológicos”, informou o prefeito JHC. A professora de língua portuguesa da Escola Pompeu Sarmento, Mitia Rifi, considera que o programa vai modernizar o ensino no Município e ajudar no processo pedagógico, de modo a rever a disparidade entre os estudantes da rede pública e privada de ensino. “Nesta nossa conjuntura, as tecnologias e as mídias digitais são formas de aprendizado, sob os quais não dá para ignorar. O trabalho com computadores, ligados a uma rede de internet, favorece os processos de ensino e aprendi-

Prefeito JHC afirma importância da inclusão digital no dia a dia

Escolas da rede municipal foram contempladas com 900 computadores

zagem e, neste sentido, os letramentos digitais têm sido de grande valia”, explicou a educadora. Para acompanhar a conjuntura sócio política e cultural de uma sociedade, de acordo com Mitia Rifi, “é importante que a educação esteja adequada a essas novas demandas, e por isso o laboratório de informática vai contribuir significativamente para as nossas atividades, nossas dinâmicas e nossos projetos”. A novidade já era bastante esperada pelos estudantes. A jovem Maria Rita, do 8º ano da Escola Pompeu Sarmento, não esconde a alegria de poder ter uma educação que reflita as demandas da contemporaneidade. “A chegada destes computadores vai melhorar muito a nossa aprendizagem, principalmente no que se refere às pesquisas. Antes nós tínhamos certa dificuldade, pois tínhamos que esperar chegar em casa e ter internet para pesquisar o assunto e muitos não têm computador em casa, então era difícil pra muita gente. Agora as chances serão iguais”, contou a estudante. “Ferramentas tecnológicas auxiliam o professor na preparação das atividades e estimulam nós, alunos, a socializarmos com os colegas, além de nos levar a buscar novos conhecimentos”, completou Ana Clara, aluna do 1º ano do ensino médio. Na segunda fase do programa, a Prefeitura vai destinar tablets aos professores da rede municipal de ensino.


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INVESTIMENTOS

SÃO MIGUEL DOS CAMPOS AVANÇA COM OBRAS DE INFRAESTRUTURA Prefeito George Clemente acompanha de perto serviços que vão beneficiar mais de 20 mil moradores

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s obras da 1ª etapa do saneamento básico do Loteamento Hélio Jatobá, em São Miguel dos Campos, seguem em ritmo avançado. Esta semana o prefeito George Clemente fez uma visita para acompanhar o andamento dos trabalhos. O bairro é um dos maiores da cidade, envolvendo três loteamentos com 20 mil moradores, aproximadamente, e não oferecia infraestrutura adequada em drenagem, saneamento e pavimentação. A empresa W&L é a responsável pelas obras e vem cumprindo a tarefa. Nas últimas semanas, segundo a equipe da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), foi iniciada a rede de drenagem, com a tubulação DN 450. O serviço será finalizado com a DN 1250, com o objetivo de coletar as águas das chuvas e direcioná-las para a lagoa de detenção pluvial existente no município. A primeira etapa das obras no conjunto está orçada em R$ 15 milhões. Porém, até o término dos trabalhos, com as etapas seguintes, terão sido empregados na localidade R$ 58 milhões de recursos viabilizados através de emenda parlamentar pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, segundo assessoria do deputado. Sobre o ritmo das obras, o prefeito George Clemente declarou: “Estamos fiscalizando e acompanhando de perto o trabalho que vem sendo realizado. A nossa equipe da Seinfra

tem participado e apoiado a empresa no que é preciso”, afirmou. “A partir da drenagem, pavimentação e do saneamento, garantiremos a saúde e a segurança dos miguelenses e moradores do Hélio. O compromisso da minha gestão e do Dr. Benildo é com cada cidadão do município”, enfatizou Clemente. “Mais uma vez, quero agradecer ao

deputado Arthur Lira pelos recursos que possibilitaram o início dessa obra, que deixou de ser um sonho e já é uma realidade”, finalizou. Nessa etapa, o conjunto receberá 1,2 Km de rede de drenagem, 7 Km de rede de esgoto e 1,5 Km de recalque de esgoto. O bairro também terá duas estações elevatórias e pavimentação de ruas.


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PESQUISA

Quase metade dos brasileiros passaram a comprar de pequenas e médias empresas DIVULGAÇÃO

Nordeste é a região que mais cresceu no último ano em oportunidade para o empreendedor MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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pandemia levou o pequeno e médio empreendedor a investir tempo e esforço na digitalização de seus negócios. Com isso, tecnologias e estratégias que antes eram utilizadas apenas por grandes varejistas, passaram a fazer parte do modelo de negócio das PMEs (Pequenas e Médias Empresas). Prova disso é que mais de 40% dos consumidores brasileiros passaram a comprar de PMEs no último ano. É o que aponta pesquisa desenvolvida pelo Grupo do Locaweb em parceria com a Opinion Box. O estudo mostra que, no geral, o perfil do consumidor da região Sudeste é mais maduro do que o consumidor das demais regiões do país. Isso se deve pela maior oferta, não apenas de produtos, como também de acesso ao frete. Outra questão está relacionada com o hábito do digital no dia a dia. Por outro lado, pensando no aumento de oportunidade para o empreendedor, o Nordeste é a região que mais cresceu no último ano, com o amadurecimento do perfil do consumidor, além do amadurecimento das pequenas e médias empresas locais. Segundo Raquel Dalastti, head de produtos na Locaweb, a pandemia movimentou esse formato de compras e a tendência chegou para ficar, mesmo com a volta das vendas físicas. “O consumidor se tornou mais dependente do e-commerce por conta do fechamento do comércio físico. Dessa forma, as pequenas e médias empresas que conseguiram um bom posicionamento nos meios digitais conseguiram capturar o aumento de demanda e trá-

Raquel Dalastti diz que é importante comparar preços e conferir avaliações fego digital gerado pelo lockdown”, afirma. Segundo ela, a retomada das vendas física acontece basicamente por conta da mudança de comportamento do consumidor gerado por alguns fatores como aumento da confiança no meio digital, maior comodidade e evolução de soluções de pagamento digital e logística. É que a partir do momento que o consumidor experimenta o meio digital e tem experiências positivas, a recompra por esses canais passa a ser consequência. Além de não sair de casa para adquirir um produto, o meio digital possibilita comparação de preços, qualidade, reputação, recomendação, além do acesso a produtos independente da localização do lojista. Além do que, a pandemia acelerou e tornou mais acessível uma série de ferramentas que tornam a experiência de e-commerce cada vez mais fluida. Entre eles: pagamento por outros meios, além de cartão de crédito, cobrança direta nos apps de conversação, além de diversidade de formas de entrega, que geram mais velocidade e redução no custo do frete. A especialista afirmou, ainda, que as grandes marcas no geral acabam tendo uma percepção de

qualidade maior. Por outro lado, através da possibilidade de comparação, acesso a comentários e avaliação, essa barreira vem perdendo força e deixando os pequenos e médios empreendedores mais acessíveis ao grande público. Outra questão, diz, é que, com a evolução dos marketplaces, os pequenos e médios empreendedores passam a usufruir do tráfego e demanda dos grandes varejistas, que têm buscado cada vez mais ampliar as ofertas de seus portfólios - sejam próprios ou através de parcerias. Raquel Dalastti dá dicas de como fazer uma boa e segura compra on-line. A princípio, compare preço, consuma informações de avaliação e recomendação, hoje disponível em todas as redes sociais e marketplaces. “Avalie a segurança digital do canal de venda: domínio próprio, dados cadastrais disponíveis, certificado digital do ambiente. Opte por empresas que utilizem intermediadores no meio de pagamento”, afirmou. E aconselha que desconfie de promoções absurdas. “Pesquise, pesquise e pesquise. Hoje a internet tem muita informação disponível que permite ao consumidor tomar a melhor decisão no momento da compra”, acrescentou.

Para quem quer investir na modalidade, já que com a aceleração digital dos últimos anos, além da evolução das tecnologias e ferramentas, empreender online se tornou muito mais acessível, também vale ficar atento. Sendo assim, avalie as possibilidades de negócio no seu entorno, na sua região. Conheça as ferramentas digitais disponíveis. “Empreender no digital pode ser um caminho de mudança ou ampliação de renda para todos e todas”, concluiu.

EM NÚMEROS

De acordo com a pesquisa, dos 2 mil entrevistados, 66% afirmaram que compram na internet porque os preços são melhores do que no varejo físico. Apenas no primeiro semestre de 2021, as vendas do e-commerce atingiram R$ 53,4 bilhões, um recorde. Já 32% dos entrevistados dizem comprar igualmente de PMEs e de grandes empresas. E quando se pensa no consumo exclusivo, as pequenas e médias empresas foram as mais beneficiadas, com 41% afirmando que passaram a comprar nelas em 2021, ante 30% que passaram a comprar nas grandes empresas.


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ALIMENTA MARECHAL

PREFEITURA AMPLIA INCLUSÃO DE FAMÍLIAS NO PROGRAMA DE COMPLEMENTAÇÃO DE RENDA Pequenos empresários também comemoram a movimentação da economia local com distribuição dos recursos aos deodorenses

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Prefeitura de Marechal Deodoro dá continuidade à meta de ampliar o programa Alimenta Marechal para 12 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social no município. Lançado em 2021, o programa, que pertence à Secretaria Municipal de Assistência Social, não só oferece complementação de renda à população nessas condições, como também fomenta a economia local, beneficiando pequenas empresas participantes. Na primeira quinzena deste mês foram cadastradas mais 240 famílias no Alimenta Marechal, que já possui no banco de dados 2.500 beneficiários. O programa distribui R$ 100 mensais de recursos próprios do município para que os moradores da cidade utilizem na compra de produtos de primeira necessidade no comércio local. É um auxílio idealizado pelo prefeito Cláudio Roberto Ayres da Costa (MDB), o Cacau, como é mais conhecido, e que faz diferença no cenário de crise agravado pela pandemia. A distribuição de renda ocorre, após o cadastro, por meio de um cartão com o qual as famílias

realizam a compra de produtos que fazem parte do segmento da alimentação, abrangendo desde o gás de cozinha até alimentos. O critério para ter acesso à renda complementar é de responsabilidade da Assistência Social, que utiliza os dados do CadÚnico. “O Alimenta Marechal é um dos maiores programas que a Prefeitura já realizou e uma das ações mais importantes para mim, como prefeito. Não somente

por seu investimento, como também pelo retorno e a mudança que proporciona à vida dos deodorenses”, enfatiza Cacau. Em dezembro, a Prefeitura antecipou o pagamento do benefício para as famílias, fazendo circular no comércio cerca de R$ 250 mil. “Como prefeito da cidade, não poderia ficar de braços cruzados em um momento tão difícil para tantas famílias. Estamos do lado de quem precisa, pensando no futuro de todos. Vamos seguir fomentando a economia e fortalecendo as famílias. O programa é um marco na história da cidade e, principalmente, na vida dos deodorenses” afirma o prefeito. A entrega dos cartões do Alimenta Marechal já se transformou em evento festivo na cidade, com a distribuição de prêmios por sorteios. Na última semana, os organizadores do evento também incluíram a comemoração dos aniversariantes do mês. A entrega contou com a presença de aliados políticos e incentivadores da iniciativa adotada pelo prefeito Cacau, como o deputado federal Sérgio Toledo e o secretário estadual da Saúde, Alexandre Ayres.


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CASO PINHEIRO

Maceió reage ao despautério da Braskem e a anomia dos governantes ARQUIVO PESSOAL

Documento será encaminhado às bolsas de valores de São Paulo e Nova Iorque, à CVM e à imprensa nacional e internacional JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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idadãos de Maceió revoltados com a anomia das autoridades e do descaso de sempre da Braskem para com a cidade se reuniram para denunciar que os controladores da empresa vão deixar um passivo gigante na capital. Nesse passivo, estão englobados o mega crime ambiental que “matou” quatro bairros e feriu gravemente um quinto, tornou 55 mil pessoas refugiadas ambientais da Braskem e deixou um rastro de destruição que levará muitas décadas para ser superado. Soma-se a isso a presença da planta industrial da empresa em plena área urbana de Maceió, a ameaçar 150 mil pessoas diuturnamente. Os valores podem superar os 12 bilhões de reais. Por isso eles, elaboraram uma carta aberta com a finalidade de alertar os investidores que possam se interessar em comprar a petroquímica. O EXTRA conseguiu ter acesso com exclusividade ao documento que terá diversos destinos, como a bolsa de valores de Nova Iorque. Isso porque as atuais controladoras da empresa Braskem, Novonor e Petrobras, encaminharam comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil e à Securies and Exchange Commission, órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, com o objetivo de informá-las da venda das suas ações preferenciais a partir de 31 de janeiro de 2022. O desejo de “passar” a Braskem adiante acendeu o

sinal vermelho entre os cidadãos de Maceió e os credores da petroquímica, famílias que ainda aguardam acordos judiciais reparatórios e indenizações. “Elas [controladoras] esperam obter com essa transação cerca de 8 bilhões de reais. Em seguida, em data a ser anunciada, iniciarão a venda das ações ordinárias em seu poder, finalizando suas participações na empresa cloroquímica. Diante dessa transação, é preciso alertar o público em geral e, particularmente, os investidores, quanto ao fato de que a Braskem tem um passivo não resolvido nem precificado em Alagoas, uma dívida que pode oscilar entre 7 e 12 bilhões de reais, conforme cálculo feito com base em dados fornecidos por associações de moradores e por empresas imobiliárias e da construção civil”, destaca trecho da carta. O documento ainda faz questão de denunciar que a “Braskem tem minimizado o megaproblema, classificando -o como ‘incidente’ ou ‘fenômeno’ geológico”. “Porém, o que ocorreu em Maceió foi o maior crime ambiental provocado por uma indústria cloroquímica no mundo. A tragédia, além de ter provocado dois terremotos, destroçou quatro bairros inteiros e impactou de forma significava um quinto bairro (Farol), expulsando de suas casas 6% da população da cidade (55 mil pessoas) e forçando o fechamento de cerca de 5 mil empresas e indústrias de diversos portes que funcionavam na região. Grande parte das pessoas atingidas ainda não foi indenizada pelos danos

Elias Fragoso afirma que população cansou de esperar por governantes materiais e imateriais sofridos. Essa realidade se repete com o município de Maceió, que, muito por anomia de seus administradores, sequer abriu negociações formais para as indenizações a que faz jus para reconstruir e urbanizar a cidade no entorno do desastre”, enfatiza o documento. O economista Elias Fragoso, um dos signatários da ação, considera a carta aberta uma possibilidade de dar voz à comunidade alagoana. “No documento, nós discutimos outro ponto importante: a Braskem sitiou Maceió. Também temos a questão da indústria localizada no Pontal da Barra, que também é grave, porque se algo acontecer de errado, pode prejudicar cerca de 150 mil pessoas. Vamos mandar a carta para todos os jornais, na internet e na bolsa de valores brasileira e a da Nova Iorque”,

acrescentou. “A iniciativa desta carta é de uma congregação de cidadãos e instituições que desejam o melhor para Maceió, cansados de esperar por iniciativas políticas (que nunca vieram) de proteção da cidade e da sua população contra a sanha da Braskem. Queremos que este documento chegue, especialmente, ao conhecimento da B3 e da bolsa de valores de Nova York, onde a empresa também atua, e à CVM e à ESC, controladoras do mercado de capitais no Brasil e nos EUA, respectivamente. Esperamos que os futuros controladores saibam dos problemas que irão enfrentar e que deverão resolver sem demora, pois o espaço para postergações exauriuse junto com nossa paciência”, disse. “Nunca duvidem que poucos cidadãos, comprometidos com seus semelhantes, possam mu


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dar o status quo indesejado”, finaliza o documento. Assinam a carta as seguintes entidades: Associação Cultural Joana Gajuru (bairro do Farol); Associação dos Empreendedores do Pinheiro (bairro do Pinheiro); Associação dos Moradores do Conjunto Professor Paulo Bandeira; Ateliê Ambrosina (bair-

ro do Pontal da Barra); Cacto Facto; Coletivo Popfuzz; Coletivo Urbano AquiFora; Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU); Grupo de Pesquisa Representações do Lugar – FAU/UFAL; Igreja Batista do Pinheiro (bairro do Pinheiro); Instituto Casa Viva; Instituto para o Desenvolvimento das Ala-

goas – IDEAL (bairro da Levada); Instituto Quintal Cultural (bairro do Bom Parto); Movimento dos Povos das Lagoas; Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Alagoas; MUVB – Movimento Unificado das Vítimas da Braskem; Núcleo Zero; Projeto Bairros Silenciados; Projeto Erê (bairro da Levada);

Projeto Histórias do Subsolo; Projeto Ruptura; Sindicato do Fisco de Alagoas; Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Estado de Alagoas (bairro do Prado). O documento é ainda subscrito por mais de uma centena de personalidades da vida alagoana e maceioense.

- Chico Elpídio, compositor e interprete; - Cícero Ferreira de Albuquerque, professor doutor da UFAL; - Cina Ribeiro, jornalista; - Cláudio F. Vieira, advogado, procurador aposentado do Estado de Alagoas; - Dethilda Gomes do Nascimento Filha, fotógrafa; - Dilma Marinho de carvalho, fotógrafa; - Dirceu Buarque de Freitas, ex-morador e empresário do Pinheiro; - Ducyana Maria Lima da Silva, fotógrafa; - Edgar Pedrosa, empresário; - Edson José de Gouveia Bezerra, sociólogo, professor da UNEAL; - Eliane Silva, coordenadora nacional do MTST, defensora em Direitos Humanos; - Elias Fragoso, economista e professor; - Emerson Ruan, ator; - Erikson Machado de Melo, ambientalista, membro voluntário do Instuto Salsa-de-praia; - Evelyn Gomes, Projeto Histórias do Subsolo; - Fáma Caroline Pereira de Almeida Ribeiro, relações públicas; - Felipe Hermann, Projeto Histórias do Subsolo; - Flávio Gomes de Barros, jornalista; - Fernando Onassis, ator; - Gabriela Araújo, Projeto Histórias do Subsolo; - Gabriel Campana, ex-diretor do Instuo do Meio Ambiente de Alagoas; - Gabriel Campana Filho, engenheiro químico; - Geraldo de Majella Fidelis de Moura Marques, historiador e escritor; - Gilda Verbênia, professora;

- Guilherme Cesar, realizador audiovisual; - Gustavo Félix Bezerra, professor; - Illan Delvia Vasconcelos Cerqueira de Souza, nutricionista; - Ilía Maria Vasconcelos Cerqueira, arquiteta e urbanista; - Irineu Torres, presidente do Sindfisco e Conselheiro da Fenafisco; - Isadora Padilha de Holanda Cavalcan, arquiteta e urbanista; - Itawiltanã Camelo de Macena Albuquerque, fotógrafo; - Ivana Iza, atriz; - Ivana Silvia de Vasconcelos Cerqueira, jornalista; - Ivo Regis Vasconcelos Cerqueira, contador; - João Pedro Alves Salvador, Projeto Histórias do Subsolo; - Joatam Fragoso, ex-gerente do BNB; - Jorge Fernando Vieira, fotógrafo; - José Edson da Silva, presidente do Instuto Casa Viva; - José Geraldo Marques, ex-morador do Pinheiro, doutor em Ecologia pela Unicamp; - Josian Paulino Barbosa, fotógrafo; - Karla Calheiros, arquiteta e urbanista; - Keka Rabelo, relações públicas e produtora cultural; - Luciano Gomes de Lima, professor de zootecnia na UFAL; - Lúcio Verçosa, professor doutor da UFAL; - Luzia Menezes, moradora do Pinheiro atriz; - Maclein Carneiro, músico, compositor, crítico musical e jornalista; - Maria Aliete Bezerra Lima Machado, professora de ciências biológicas na UFAL e presidente do Instuto Salsa-de-praia; - Mariayra Mirella Constanno de Lima, atriz; - Marcos Vinícius da Gama Santos, educador social formado em História; - Marília Dantas Tenório Leite, professora; - Marisa Beltrão Malta, arqueóloga; - Mauricio Sarmento da Silva, morador de Bebedouro e dos Flexais, advogado, coordenador do MUVB; - Nando Magalhães, mestre em sociologia, professor, arculador cultural e pesquisador de polícas culturais; - Neirevane Nunes, ex-moradora do Pinheiro, coordenadora do MUVB; - Nina Magalhães, produtora cultural; - Nilton Lins Buarque, administrador; - Nilton Rezende, professor da UNEAL; - Octávio Yuri, profissional de publicidade; - Odja Barros, pastora da Igreja Basta do Pinheiro; - Paulo Accioly, Projeto Histórias do Subsolo e Projeto A Gente Foi Feliz Aqui; - Raael Barbosa, realizador audiovisual; - Ramiro Ribeiro Neto, cozinheiro; - Reginaldo Menezes, morador do Pinheiro, ator; - Robertson Dorta, produtor cultural; - Rogério Dyaz, arsta e arculador cultural; - Ronald Silva, arsta; - Samuel Cabral, Projeto Histórias do Subsolo; - Sandra Neves, atriz; - Sandreana de Melo Silva, professora; - Sebasão Cadenas Cordeiro, médico; - Sofia Morales, atriz; - Synara Holanda, arquiteta e urbanista; - Tiago de Holanda, jornalista; - Ticiane Simões, atriz; - Thayse Melo, ex-moradora do Pinheiro, presidente da CUFA Pescaria; - Tom Ferreira, arquiteto e urbanista, criador do canal “Se Arquitete, Mininu”; - Veronica de Holanda Padilha, médica; - Vitor Satri, ator; - Waneska Pimentel, atriz e professora; - Weber Bage, arsta plásco; - Wellington Santos, pastor da Igreja Basta do Pinheiro; - Werner Salles Bage, realizador audiovisual.

ASSINAM ESTA CARTA: INSTUIÇÕES DIVERSAS - Associação Cultural Joana Gajuru ( bairro do Farol); - Associação dos Empreendedores do Pinheiro (bairro do Pinheiro); - Associação dos Moradores do Conjunto Professor Paulo Bandeira; - Ateliê Ambrosina (bairro do Pontal da Barra); - Cacto Facto; - Colevo Popfuzz; - Colevo Urbano AquiFora; - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas; - Grupo de Pesquisa Representações do Lugar – FAU/ UFAL; - Igreja Basta do Pinheiro (bairro do Pinheiro); - Instuto Casa Viva; - Instuto para o Desenvolvimento das Alagoas – IDEAL (bairro da Levada); - Instuto Quintal Cultural (bairro do Bom Parto); - Movimento dos Povos das Lagoas; - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Alagoas; - MUVB – Movimento Unificado das Vímas da Braskem; - Núcleo Zero; - Projeto Bairros Silenciados; - Projeto Erê (bairro da Levada); - Projeto Histórias do Subsolo; - Projeto Ruptura; - Sindicato do Fisco de Alagoas; - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Estado de Alagoas (bairro do Prado). CIDADÃOS DIVERSOS - Abel Galindo Marques, engenheiro geotécnico e professor aposentado pela UFAL;

- Aderval Viana, ex-vereador por Maceió; - Adolfo Hugo Silva, formado em ciências contábeis; - Adriana Capretz, arquiteta e urbanista, professora da UFAL; - Airton Rocha Omena Júnior, arquiteto e urbanista; - Alexandre Sampaio, ex-morador e empresário do bairro do Pinheiro; - Alex Walker, ator; - Alice Barros, produtora cultural; - Amanda Duarte, arsta, comunicadora e avista; Amaury Santana, ex-morador do bairro do Pinheiro, contador; - Ana Carla Moraes, arte educadora e arsta; - Ana Paula da Silva, ex-moradora de Bebedouro, fotógrafa do projeto Bairros Silenciados e do projeto Ruptura; - Andréa Guido Pereira, fotógrafa; - Ane Oliva, atriz; - Anna Alice Maria Santos, presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Professor Paulo Bandeira; - Arthur Celso de Amorim Bezerra, fotógrafo; - Basílio Seh, compositor e interprete; - Bernadete Gomes Arcanjo, paisagista; - Bruno Ribeiro, professor; - Carla Mendes, arquiteta e urbanista; - Carlito Lima, escritor e arculador cultural; - Carlos Pronzato, realizador audiovisual do documentário “A Braskem passou por aqui: a catástrofe de Maceió”; - Carmen Lúcia Dantas, museóloga, pesquisadora, escritora e críca de arte; - Cássio Araújo, ex-morador do Pinheiro, advogado, coordenador do MUVB; - Celso Brandão, cineasta e fotógrafo;


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SAÚDE MENTAL

Alienação parental; de novo

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Brasil foi o primeiro país do mundo a positivar, ou seja, regulamentar o conceito de ALIENAÇÃO PARENTAL como crime, através da Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. A lei é fundamental para assegurar, às crianças, o direito de ser educada com verdades sobre seus respectivos pais e ter equilíbrio emocional. De acordo com o artigo 2º da lei, “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.” O conceito de ALIENAÇÃO PARENTAL (AP) e posteriormente transformado em SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP) foi nomeado pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner em 1985. Os termos/conceitos - AlENAÇÃO PARENTAL / SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL - precisam ser discutidos em família.

AP: ato

A Alienação Parental (AP) surge num primeiro momento através dos atos de alienar, ou seja, induzir a criança a rejeitar o pai ou a mãe com esquivas, mensagens difamatórias, até ódio ou acusações de abuso sexual. A SAP, portanto, é o conjunto de sintomas que a criança pode vir a apresentar ou já apresenta, em quantidades variáveis, decorrente dos atos da Alienação Parental. No atendimento clínico, a maioria dos desequilíbrios mentais/neuroses que chegam para tratamento psicológico é relacionada a conflitos familiares. Daí a importância dos familiares e principalmente dos pais que têm filhos e que estão separados judicialmente para

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

que não pratiquem ALIENAÇÃO PARENTAL. Geralmente o ato/comportamento ocorre quando há ruptura da vida conjugal e surge, principalmente, um sentimento de vingança de um deles, geralmente é da mãe porque está com a guarda da criança. De acordo com o IBGE (2010), 80% dos filhos de pais separados sofrem com chantagens emocionais dos genitores. Isso representa em torno de 20 milhões de crianças e adolescentes.

C. Roger e família

Carls Roger dizia que família equilibrada, criança equilibrada; família desequilibrada, criança desequilibrada. Em parte, ele tem razão. Mas Psicologia não é matemática. O ser humano é subjetivo, tem sua própria vivência e experiência. Embora concorde com ele quando diz que todo ser humano é movido por uma tendência inerente para desenvolver todas as suas potencialidades. Se tivermos potencialidades, essas mesmas potencialidades podem ser aniquiladas se tivermos um parente que impeça de surgir esse desenvolvimento psíquico. Depende da estrutura psíquica de cada família, ou seja, consciência do papel ou da responsabilidade que deve ter para incentivar cada membro da família.

“Ah, se eu tivesse feito psicoterapia antes ...”,

episódio A IRMÃ PERVERSA Desde criança, Socorro (que era a irmã mais velha de três) sempre teve conflito com a irmã Isabel; a ponto de até achar que Socorro era “louca”.

A paz exige quatro condições essenciais: verdade, justiça, amor e liberdade”. (João Paulo II)

Nada que Isabel fazia era satisfatório ou agradava a Socorro, que sempre implicava com o estudo, com os amigos ou tudo que Maria fazia. Isabel se questionava o tempo todo porque sempre se sentia “menor”, tinha SENTIMENTO de baixa autoestima em quase todos os aspectos da vida. Socorro fazia de tudo para complicar a vida de Isabel, até implicar com os namorados que ela tinha. Isabel não entendia. Isabel dizia, na psicoterapia, que não entendia porque a irmã a desprezava e implicava tanto com ela. Socorro era evangélica e o esposo também. Os dois cantavam e pregavam, “com entusiasmo” sobre a bíblia. Muitas vezes Isabel acompanhava o culto com a irmã. “Ela era uma pessoa na Igreja e outra pessoa em casa”, dizia Isabel. Depois de quase um ano de psicoterapia, Isabel entendeu que a irmã não era “santa”, como ela tentava se apresentar. Isabel descobriu, realmente, quem era a irmã. Hoje, Isabel vive melhor, e, bem longe de Socorro. Socorro era perversa, patologicamente falando, ou seja, ela tinha prazer em ver a irmã Isabel com baixa autoestima. (Baseado em atendimento real; nomes e alguns fatos fictícios)

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”. (John Galbraith)

O legado do governador

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governador Renan Filho deixará o cargo em breve para disputar o mandato de senador, na casa onde seu pai, Renan Calheiros, já ocupa por vários mandatos, uma de suas mais destacadas lideranças. Se afasta no prazo definido pela legislação eleitoral e deixa o maior legado de realizações batendo todos os seus antecessores. Deverá ser reconhecido como aquele que mais construiu e duplicou rodovias, escolas, hospitais, além de altíssimos investimentos na educação e na saúde com programas

Randolfe com Lula

O ex-presidente Lula convidou formalmente o senador Randolfe Rodrigues, um dos maiores protagonistas da CPI da Covid, para ser um dos coordenadores de sua campanha. Em sua função, o senador poderia ajudar na composição do programa de governo e na articulação política, entre outras atribuições. Com isso, Randolfe deve desistir da disputa pelo governo do Amapá e começar a trabalhar no nome de um substituto. Lucas Abrahão (Rede), pastor evangélico suplente de deputado federal e assistente do senador, poderia ser escolhido. O senador lidera um grupo na Rede que defende que a eleição presidencial precisa ser definida no primeiro turno, devido aos riscos que Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores representam para o país.

Contra o discurso do ódio “Temos lideranças ambientalistas sendo mortas no campo pela sensação de impunidade que os criminosos têm, tivemos o crescimento de grupos violentos. Nunca na história do país houve tantas armas nas mãos de amadores. Discurso de ódio, um caldeirão objeto de reflexão não só da Rede, mas de todos os democratas. É uma reflexão que todo mundo tem que ter. Hoje, a maior possibilidade de fechar a eleição no primeiro turno está com Lula”, disse o senador Randolfe Rodrigues ao aceitar o convite para ser um dos coordenadores da campanha de Lula O convite a Randolfe faz parte de um movimento mais amplo que o ex-presidente vem fazendo para a construção da governabilidade para um possível novo mandato petista a partir de 2023.

voltados para a melhoria dos índices de qualidade que serviram para colocar o estado no pódio nacional da gestão de resultados. Há de se ressaltar um aspecto na atuação do governador: independente de corrente partidária todos os municípios, inclusive a capital, foram agraciados com os arrojados programas implantados. Os números de benefícios trouxeram satisfação para as cidades e a zona rural, comemorados pelas populações agraciadas com as mudanças de suas vidas no governo Renan Filho.

Cortando no social

Ao sancionar o Orçamento de 2022, o presidente Jair Bolsonaro promoveu um corte de R$ 3,2 bilhões nas contas do ano, afetando principalmente os ministérios do Trabalho e Previdência Social, Educação, Desenvolvimento Regional e Cidadania. A maior tesoura de recursos em relação ao Orçamento aprovado pelo Congresso foi feita no Ministério do Trabalho e Previdência Social, no valor de R$ 1 bilhão. Desse total, R$ 982 milhões referem-se a cortes no INSS, em recursos para administração do órgão e serviços de processamento de dados e reconhecimento de direitos de benefícios. A segunda maior redução foi feita no Ministério da Educação, totalizando R$ 740 milhões. Entre as áreas impactadas está o programa Educação Básica de Qualidade, com redução de aproximadamente R$ 400 milhões.

Acusações de irregularidades na Secretaria da Fazenda são falsas

Com um governo positivamente avaliado na capital e interior, a oposição tem dificuldade de construir pautas críticas para abordar em ataque a Renan Filho. Por conta disso, os opositores têm partido para “requentar” matérias antigas e a produzir “factoides” na tentativa de desestabilizar a imagem da administração estadual, que segue alcançando recordes nunca vistos em governos anteriores. A mais recente investida midiática teve como tema supostas irregularidades praticadas na Secretaria da Fazenda, que estaria concedendo a um grupo de servidores gratificações de alto valor, burlando a legislação que regula a matéria. Tudo não passa de lorota da oposição com a pauta de acusações esvaziada pelo governo.

Rodrigo e Dantas

Caso se confirme o nome de Paulo Dantas para governador-tampão e ele se credencie perante o grupo da Assembleia como o candidato nas eleições gerais e o nome do senador Rodrigo Cunha seja o preferido da oposição, é muito possível que se repita o resultado da eleição passada quando o candidato dos deputados ficou em terceiro lugar, com uma diferença. O então candidato Davi Davino tinha enorme capilaridade eleitoral e visibilidade, coisa que Dantas não tem. É possível que nem o grande legado de realizações que Renan Filho vai deixar ajude o seu candidato. Se os fatos se confirmarem, Cunha pode ir preparando o terno da posse.

Prefeito conversador

O prefeito Júlio Cezar, de Palmeira dos Índios, pode sofrer uma emblemática derrota nas próximas eleições. Contrariando todos os vereadores, faltando com a palavra assumida com a deputada Ângela Garrote e alguns outros candidatos, antes seus “preferidos”, resolveu lançar sua mulher para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, uma pessoa totalmente desconhecida na cidade, sem destino ou vocação política, tudo para manter o poder absoluto. Mesmo com seus cofres cheios de dinheiro, não terá folego para “negociar” votos suficientes para ganhar a eleição. Não passa de um conversador. O resultado tende a ser um fiasco.

PÍLULAS DO PEDRO O PT tentar emplacar uma segunda CPI da Covid é buscar palanque em ano eleitoral. Se o Projeto Paulo Dantas fosse viável, o candidato a governador seria Marcelo Victor. (De um estrategista político)


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Carta aberta à Braskem: Alagoas acordando? ficados os futuros controladores (a empresa está sendo vendida) dos megas compromissos financeiros de curto prazo que eles terão pela frente a curto prazo em Alagoas. Uma mudança e tanto no comportamento da comunidade local que sempre assistiu calada aos desmandos da empresa e das autoridades nas ultimas duas décadas. A carta é o retrato do que afirmamos. Em apenas dois dias, e sem levar a missiva para a web (o que centuplicaria os aderentes), mais de duas dúzias de instituições alagoanas e de uma centena de personalidades deixaram muito claro pontos que merecem a reflexão de todos: 1) Querem a saída dos atuais controladores da empresa; 2) Repudiam a anomia

prevaricante das autoridades que, passados 4 anos, nada de concreto, público e transparente fizeram para resgatar Maceió da enorme tragédia que ceifou a vida de 4 bairros e feriu com gravidade um quinto bairro, buscando as indenizações materiais e imateriais cabíveis que se estima, entre 7 a 12 bilhões de reais (fora os aportes já realizados pela empresa sem a interveniência do governo estadual e prefeitura). 3) Discordam das autoridades que se colocaram distantes dos “refugiados ambientais da Braskem”, 55 mil pessoas (6% da população de Maceió!!!) e 5 mil empresas. É preciso dizer (mesmo com a pesada artilharia de comunicação da Braskem edulcorando a realidade) que, quatro

anos após o acontecido, ainda existem milhares de pessoas sequer indenizadas... 4) Alertaram também para o gravíssimo problema da presença da indústria em plena área urbana de Maceió ameaçando a vida de 150 mil pessoas. 15% da nossa população. E exigem sua imediata relocalização. A Braskem – venho dizendo há muito tempo – sitiou Maceió. 21% da população está passando perrengues por isso e as autoridades, nem aí. A carta rasgou o véu do silêncio imposto por empresa e autoridades quando o tema é a Braskem. Espero que as pessoas “tomem gosto” e “rasguem” mais coisas engasgadas nas suas goelas há tanto tempo.

indícios do despreparo profissional, desconhecimento da realidade, falta de honestidade e uso contumaz da mentira por grande maioria dos nossos políticos. Thomas Sowell, economista e pensador americano, afirma que o fato de muitos políticos de sucesso serem mentirosos não é exclusivamente reflexo da classe política, mas n Jornalista também do eleitorado. Quando as pessoas queá muitos anos, meu rem o impossível somente pai me disse que o os mentirosos podem satisBrasil era um país fazê-las. Estamos vivendo que crescia à noite. Diante tempos de eleição que semdo meu espanto ele comple- pre trazem novas promestou: porque à noite os polí- sas com possibilidade de ticos estão dormindo. A ex- novas mentiras. Portanto, plicação levava à pergunta: é necessário estar atento. e durante o dia o que eles É provável que ouviremos fazem? A resposta veio de absurdos que jamais serão pronto: produzem pouco e cumpridos, mas não é immentem muito. possível que algo de novo Ao longo de mais de e factível chegue para nos meio século procuro en- impressionar. A democracontrar inconsistências na cia possibilita buscar novas afirmação de meu pai, mas, pessoas, novas ideias, novos o que encontro, são fortes políticos. Gente comprome-

tida com a verdade, que não deseja ser comparada com pinóquios vulgares. A eleição é uma grande porta giratória: por ela entra e sai gente de toda a qualidade. Gente que foi escolhida e votada por seus eleitores, pessoas que fizeram valer a norma constitucional segundo a qual todo o poder emana do povo. E fica a pergunta: dá para escolher um candidato que não minta? É difícil, muito difícil. Para o filósofo americano David Livingstone Smith é impossível. Para ele os políticos são mentirosos profissionais e vendedores de ilusões. São mestres em manipular nossos medos e esperanças. Gostam de apresentar imagens falsas e enganosas de si mesmos e garante que não há político de sucesso sem ser um mentiroso habilidoso. Nas eleições de outubro a mentira vai ganhar um novo status pela utilização de

informações falsas, as fake news, divulgadas de modo maciço pela internet. Teremos um festival de desinformação. O site PolitiFact, que checa a veracidade de notícias online, define as fake news da seguinte forma: “um esforço para inventar informações, coordenado por um site ou veículo de imprensa, com o objetivo de influenciar a opinião pública ou obter vantagem financeira”. É a mentira indo além do que imaginava meu pai, mas que pode ser derrotada pela vontade do eleitor em não se deixar enganar. É tempo de eleições e vale a pena votar e escolhermos a melhor entre as opções que se apresentarem. A Democracia é maior que a mentira e que todas as besteiras disseminadas nas redes sociais. A mentira é um grave problema, mas não maior do que a omissão do cidadão diante de suas

ELIAS FRAGOSO n Economista

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esta semana um grupo de instituições, movimentos e personalidades alagoanas publicaram uma carta aberta sinalizando uma mudança postural em relação aos despautérios em borbotões que ocorrem no estado – dia sim, outro também – ao acusarem as autoridades de não se envolverem na resolução dos problemas que a Braskem criou em Maceió e, de quebra, deixando noti-

Políticos e mentiras

NELSON FERREIRA

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A carta é o retrato do que afirmamos. Em apenas dois dias, e sem levar a missiva para a web (o que centuplicaria os aderentes), mais de duas dúzias de instituições alagoanas e de uma centena de personalidades deixaram muito claro pontos que merecem a reflexão de todos.

A democracia possibilita buscar novas pessoas, novas ideias, novos políticos. Gente comprometida com a verdade, que não deseja ser comparada com pinóquios vulgares. A eleição é uma grande porta giratória: por ela entra e sai gente de toda a qualidade.


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Lendo sinais

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ada acontece por acaso. Ao contrário, tudo tem uma causa. Foi assim com a origem do mundo, com o surgimento do homem sobre a Terra. E mesmo com as coisas mais corriqueiras, sempre há uma causa, seja ela natural ou não. Vejamos por exemplo, não fosse a decepção com o governo Sarney, um político nacionalmente desconhecido, saído de um estado pequeno como Alagoas, não teria empolgado a Nação com seu discurso anti -marajás do serviço público. A mesma sorte bafejou o seu vi-

ce-presidente, que herdou um mandato tampão e ensejou a eleição de Fernando Henrique Cardoso. A decepção com esses governos de direita ou sociaisliberais gestou a assunção da esquerda, até então sempre rejeitada. Mas a esquerda acabou por meter os pés pelas mãos, e isso permitiu que um deputado federal do baixo clero, sem a menor expressão, carente de traquejos e sutilezas políticas, sem qualquer preparo administrativo de alto nível, imaturo em política internacional, sem quaisquer lustros de educação e cultura, fosse guindado à mais alta posição política do Brasil. Fenômeno? Mito? Apenas esperto e seguido por um grupo de espertalhões que captaram a ojeriza do povo pela corrupção, e espalharam a enganação de que seu ídolo é pessoalmente honesto acima de tudo. A pandemia também tem emitido seus sinais. Quase contida no seu início brasileiro, quando a Ciência teve total protagonismo na contenção e cura, aos poucos foi se expandindo,

na medida em que o negativismo bolsonarista foi crescendo a proporções geométricas. A Ciência tornou ao protagonismo com o crescer dos casos de contaminação, internamentos (principalmente em UTI) e mortes, e então a sociedade, ao menos em maioria, apressou-se em fechar ouvidos às pregações do presidente da República e sua trupe. Mesmo muitos que seguem o seu canhestro credo político, em questões de vacina e proteção social fizeram ouvidos moucos ao negativismo, vacinaram-se, usam máscaras e evitam aglomerações. Afinal, o messianismo de Bolsonaro não é mais que uma manifestação histriônica. E se eles, os bolsonaristas rebeldes, seguem o credo político do pretenso líder, são movidos apenas contra um nome: LULA. Moro não conta, pois não tem sequer um “cercadinho”. As festas de final de ano emitiram também seus sinais. Antes das festas de Natal e Ano Novo já havia relaxamento com as aglomerações. Shoppings e lojas atraindo clientes. Parecia

que a covid tinha sido dominada. Aos poucos, porém, o número de infectados foi aumentando, bem sutilmente, mas firme. O bom senso acometeu prefeitos e governadores, que desmontaram as bombásticas festas, proibiram aglomerações, mesmo as particulares, etc, etc. Claro que a boiada já estava solta, e passando, como dizia infantil ex-ministro de Bolsonaro. As consequências estão aí. Tomemos como exemplo Alagoas. Antes das festividades natalinas o número de infectados esteve sob domínio, reduzido até à insignificância. Hoje, pouco após Natal e Ano Novo, mesmo com as proibições oficiais, estamos a nível de 800 ou mais infectados por dia. Leitos hospitalares, UTIs, que chegaram a um nível mínimo, principalmente nos hospitais particulares, atualmente estão com ocupação de mais de 50 por cento. Sinais! Quanta lição vem deles! E ainda há quem, contaminado pela pregação de Bolsonaro, combata a vacinação, inclusive das nossas crianças.

A pandemia também tem emitido seus sinais. Quase contida no seu início brasileiro, quando a Ciência teve total protagonismo na contenção e cura, aos poucos foi se expandindo, na medida em que o negativismo bolsonarista foi crescendo a proporções geométricas.

O fim da linha ALARI ROMARIZ TORRES* n Aposentada da Assembleia Legislativa

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vida é uma incessante demonstração de surpresas. Quando a pessoa nasce, não entende que aí começa sua passagem pela terra. Nos idos de 50, conheci uma menina e um menino de nove, dez anos. Ambos de classe média, morando bem, estudando em colégio público por opção dos pais. Naquela época, as escolas do Estado e do Município eram muito boas e o acesso ao curso secundário realizado com um rigoroso exame de admissão. As escolas particulares funcionavam bem, mas não chegavam perto das públicas. O tempo foi passando e os dois adolescentes terminaram o curso médio. Maceió de então

possuía poucas faculdades e os jovens, muitas vezes, saíam para estudar em outras capitais. O menino, já rapaz, foi para Fortaleza, ingressando no Exército. A menina tornou-se aluna do Instituto de Educação. Reencontraram-se nas baladas da vida, casaram, tiveram quatro filhos e moraram em vários estados. Deus foi orientando o jovem casal para que criasse seus filhos com dignidade, formando homens e mulheres de bem. Mas como disse no começo da história, a vida prega surpresas, outras famílias se unem à nossa e novos fatos acontecem. O velho avô vibrava com a chegada dos netos e procurava passar aos pequeninos sua história de vida. “Não desperdicem comida”, dizia. “Sei o que é passar fome; fui um menino pobre, filho de viúva, que vendia tapioca para ajudar nas despesas de casa”. Aos sábados, o escritório de contabilidade, na Rua Augusta, era cheio de amigos que dele precisavam. A menina ficava intrigada com a divisão da feira ou de dinheiro. “Eles não trabalham”? Perguntava ela. O velho respondia: “Sim, mas ganham pouco”. Ocorreu um fato interessante:

um amigo comunista separou-se da mulher após seis anos de casamento. Comprou uma máquina de costura e deu à ex-esposa, que não sabia costurar. Moral da história: ela foi devidamente indenizada! E assim a menina foi aprendendo com o pai a respeitar os mais velhos, ajudar os irmãos e, principalmente, não separar as pessoas em ricas e pobres. “Somos todos iguais”, ouvia sempre de seu guru. O menino, por sua vez, aprendeu conceitos militares rígidos, de hierarquia, respeito, irmandade e a pátria acima de tudo. Foi uma mistura interessante, que deu certo. Voltaram à terra natal, após vários anos de casados, já com os filhos devidamente orientados. Alagoas sempre foi um estado complicado, político, cheio de preconceitos. Com a Constituição de 1989, o povo passou a ter vez e voz; a jovem então se tornou sindicalista. A luta foi grande, pois os dirigentes não aceitavam a opinião dos oprimidos. Ameaças de morte, rebaixamento de cargo e salário, corte de verbas pra

os sindicatos. A Justiça pendia sempre para o lado dos gestores e, dificilmente, beneficiava os funcionários. Quando uma causa era ganha, havia dificuldade de corrigir o erro. Receber o que foi retirado era impossível! Os anos foram passando, os dirigentes ficando sabidos e os oprimidos sofrendo mais e mais. Na área política, então, a opressão era bem maior. E a menina de nove anos tornou-se a “Velhinha das Alagoas”, agora com oitenta. As forças vão diminuindo, a voz fica rouca, as pernas trôpegas. Como Deus é brasileiro, ainda lhe restam a caneta e a mídia. O menino tornou-se um oficial da Reserva, cheio de cursos, muito católico, respeitado pelos filhos, família e amigos. Chegou o inverno da vida, precisando ser vivido com dignidade. Caixinhas de remédios, corridas para o hospital, sustos noturnos. Mas os filhos continuam firmes ao lado do casal. É preciso agora rezar por dias melhores, confiar nos médicos. Ouvir os amigos, dormir juntinhos, pedindo a Deus que os leve juntos. Ele existe! Não duvidem!

O menino, por sua vez, aprendeu conceitos militares rígidos, de hierarquia, respeito, irmandade e a pátria acima de tudo. Foi uma mistura interessante, que deu certo. Voltaram à terra natal, após vários anos de casados, já com os filhos devidamente orientados. Alagoas sempre foi um estado complicado, político, cheio de preconceitos.


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Joana

MAGELA PIRAUÁ n Escritor e cronista

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agrinha, mirrada, preta. Ninguém sabia exatamente sua idade, nem ela mesma. Seu nome: Joana dos Santos. Provavelmente seus pais foram escravos libertos. Os avós, com certeza, escravos. Devem ter vindo, seus ancestrais, em algum navio negreiro, acorrentados, de algum país da África. Quem sabe de Angola. Sobreviveram e apenas representavam mercadoria e trabalhos forçados para um Brasil que, sob chibata, a ferro e fogo, produzia açúcar. Ninguém sabia informar como Joana, aquela preta mirrada, fizera pouso em nossa casa.

Minha mãe, quando casara com meu pai, que era viúvo, encontrara Joana já cuidando dos filhos de Joaquim e assim continuou. Figura aparentemente frágil. Joana cuidava de tudo na casa. Cozinhava, lavava roupa, passava o ferro. Aqueles ferros pesados, com brasa, e ainda cuidava das crianças do primeiro casamento do meu pai. Também praticamente criou os três filhos, oriundos do segundo casamento, onde me incluo, com muita dedicação. Pelo que me consta, era a dona da casa, respeitando, por óbvio, a senhora minha mãe. Nada recebia. Joana e minha mãe, que saia todas as tardes de casa, já viúva, enviuvara muito cedo, ainda com os filhos pequenos, às vezes se desentendiam, brigavam e, logo em seguida, faziam as pazes. Ela dizia, em sua sabedoria popular: “Quem roeu as carnes, que roa os ossos”. As duas, no entanto, se amavam, se queriam, e se completavam. Joana nunca teve namorado. Nunca conhecera, de forma íntima, um homem. E se quisessem tirá-la do sério arranjasse casamento para ela.

Se alguém falasse mal de minha mãe, Joana a defendia e não admitia. Ela, só ela, podia, neste caso, fazer reclamações e ninguém mais. Fidelidade canina. Quando os meninos iam crescendo, lembro-me muito bem, minha mãe, em homenagem àquela mulher, fazia com que déssemos a benção ao acordar e ao dormir. Ritual que durou até mesmo depois que casei. Àquela época, quando saía à noite, ainda solteiro, estava ali Joana a me esperar e a menor batida à porta abria de imediato e fazia, sem nenhuma reclamação, algum lanche antes de dormir. Nunca soube que tivesse parentes. Seus parentes, por laços fortes de afeto, éramos nós, os filhos de Joaquim, tanto os da primeira esposa, como os da segunda, senhora minha mãe. Gostava de fumar, sua única distração, o que lhe proporcionou um enfisema pulmonar, provocando sua morte. Quando morreu, ninguém sabe a idade ao certo, deixou uma lição de muito amor. Nunca a vi infeliz. Ela viveu, bus-

cando em Niethzch, filósofo alemão, sua vida e a viveu na intensidade que podia, pulsando em Joana a pureza do amor. Já velha, ou aparentemente idosa, gostava de ficar cochilando o tempo todo na cadeira. Porém tudo ouvia, parecia dormir, e, ao menor chamado, estava disponível. Era incansável na arte de servir. O pouco dinheiro que lhe chegava às mãos, os da aposentadoria em final de vida, estava sempre ao inteiro dispor de seus “filhos” criados com absoluto amor, que o diga o mais velho dos meus irmãos, ainda hoje doente. Joana, para mim, foi a irmã Dulce do meu lar, pela dedicação, pelo amor total e pelo exemplo de vida. Não sei porque, e às vezes me culpo, não coloquei em uma das minhas filhas, em sua homenagem, o nome de Joana, cujo apelido deixo para dizer no fim, tinha nome de “Caca”, cuja explicação nunca me deram, talvez seja porque era magrinha, preta e mirrada. No dia que morrer e não encontrar Joana, minha querida “Caca”, tenho certeza que não é o céu.

Quando morreu, ninguém sabe a idade ao certo, deixou uma lição de muito amor. Nunca a vi infeliz. Ela viveu, buscando em Niethzch, filósofo alemão, sua vida e a viveu na intensidade que podia, pulsando em Joana a pureza do amor.


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TEOTÔNIO VILELA TERÁ NOVA ADUTORA PARA GARANTIR ÁGUA DE QUALIDADE PARA POPULAÇÃO Os recursos foram garantidos por Arthur Lira através de articulação do presidente da Codevasf

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s obras para reforçar o abastecimento de água no município de Teotônio Vilela devem começar em breve.Isso porque no último dia 23, o prefeito Peu Pereira assinou o Convênio para construção de mais uma adutora na cidade junto a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF. Com orçamento de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais), os recursos para a obra foram garantidos pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, através da articulação do Superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF, Joãozinho Pereira. “A minha atuação e a do Progressistas em Alagoas

têm no DNA a defesa de ações para abastecimento de água por todo o Estado. Vou continuar dedicando meus esforços para que cada alagoano tenha água chegando em suas torneiras e que produtor tenha água para plantar, cuidar dos animais e da pesca. Assim, a gente leva qualidade de vida e permite que a renda seja gerada, de forma digna”, afirmou o deputado Arthur Lira. A nova adutora atuará com mais eficiência nos serviços de tratamento e distribuição de água no município. Dentro das ações de planejamento do Governo do prefeito Peu Pereira, está o aumento da capacidade de vazão do o sistema de abastecimento de água juntamente com a ampliação do sistema de esgotamento sanitário, tornando Teotônio Vilela um

município 100% saneado. “Este recurso é muito importante, vai para a construção de uma nova adutora na sede do município que vai trazer água direto da nascente da Rocheira. Isso vai beneficiar todos os moradores do nosso município com mais água e uma qualidade de vida ainda maior para a população. Não temos apenas compromisso, mas obrigação de levar água para todos garantindo o abastecimento eficiente”, afirmou Joãozinho Pereira, Superintendente da CODEVASF. O prefeito Peu Pereira determinou que as obras comecem ainda este ano, para assim acelerar o potencial de investimentos da cidade e tornar o município referência também em infraestrutura.


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ECONOMIAEM PAUTA KWID/RENAULT

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Sonho do carro 0km

MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

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quantidade média de salários mínimos para se comprar um carro novo subiu de 28 para 40 nos últimos quatro anos, segundo dados divulgados esta semana pela consultoria Jato Dynamics. Segundo o relatório, a diferença se dá pelo fato de o salário mínimo, com alta de 27%, não conseguir acompanhar o salto três vezes maior no período (83%) do preço do carro mais barato do mercado – hoje, o Kwid, da Renault, que custa em média R$ 48 mil. AGÊNCIA BRASIL

Etanol alagoano diesel já acumula alta de 70,8% Foi assinado esta semana pelo governador Renan Filho o decreto que vai permitir a venda direta do etanol da usina ao posto de combustível. O objetivo da ação, criada a partir de deliberação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e estudos realizados pela ANP, é aumentar a concorrência. Vale ressaltar que no Vale ressaltar que no preço final do produto, entram o custo de produção e a margem de lucro de quem vende o etanol.

Dinheiro esquecido

AGÊNCIA_BRASIL

Imposto de Renda

Mais de 240 mil contribuintes que caíram na malha fina nos últimos anos, por inconsistências nas declarações do Imposto de Renda (IR), mas que acertaram as pendências com a Receita, já podem consultar o lote residual de restituições do IR Pessoa Física (IRPF). O pagamento das restituições será depositado diretamente na conta bancária informada na Declaração do Imposto de Renda.

O Banco Central lançou um serviço em seu site oficial que permite aos cidadãos verificarem se têm dinheiro a receber de instituições financeiras. São recursos de cobranças indevidas ou remanescentes de contas antigas encerradas. Segundo o Banco Central, um levantamento feito em junho de 2021 mostrou que clientes tinham cerca de R$ 8 bilhões a receber dos bancos. Para saber mais acesse o site do BC (https://www. bcb.gov.br).


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RADAR LITERÁRIO Breno Accioly: derivações da solidão e da amargura EDILMA ACIOLI BOMFIM Escritora, autora de dez livros, entre eles Razão Mutilada: ficção e loucura em Breno Accioly, Dicionário Mulheres de Alagoas e Gonzaga Leão: o poeta e a praça. Nascida em Murici, é membro da Academia Alagoana de Letras e da Academia de Letras e Artes do Nordeste (Alane). Doutora em Letras e Linguística, atuou como professora na Ufal

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sempre gratificante voltar a falar das narrativas de Breno da Rocha Accioly, autor sobre o qual me debrucei por tantos anos de pesquisa, constituindo-se objeto de estudo da minha tese de doutoramento. A escolha pela produção de Breno se deve a duas questões fundamentais para mim. A primeira delas refere-se ao fato de ser um autor alagoano e, assim, fazer parte das leituras de meu interesse. Cultivo esse prazer – de ler alagoanos – já há um certo tempo, por considerar que a grande parte da produção de escritores locais é esquecida por seus próprios conterrâneos, mas também pela crítica nacional. Para mim, o esquecimento é a pior das mortes! O segundo motivo da minha escolha se deve às qualidades da escrita primorosa do contista, à espera de merecido reconhecimento e da construção de uma fortuna crítica sobre essa obra ainda pouco lida. Meu encontro com a obra de Breno foi amor à primeira vista. Na década de 70, cursando Letras, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), estranhava a ausência de estudos sobre escritores locais. Fui até a Biblioteca Pública estadual e lá me deparei com o livro João Urso do qual ouvira falar. Li o conto homônimo algumas vezes e ficava emocionada cada vez mais com a temática da desrazão e o suplício do menino João, sentado em um banco de madeira obrigado a ler poemas. Mergulhei naquela atmosfera triste, pesada, lúgubre, ao mesmo tempo em que entendia que se tratava de uma

Edilma Acioli Bomfim

Breno Accioly bela e perfeita narrativa. O texto é um poema escrito em prosa, cuja descrição e temática oscilam entre poesia e rudeza. Terminei a leitura da coletânea como um todo num crescente encantamento. Dirigi-me ao Arquivo Público e recebi uma bela aula de Moacir S’Antana sobre a obra de Breno Accioly. Guardei o nome do autor e da obra e imediatamente conversei com Heliônia Ceres, que preparava uma coleção sobre grandes nomes da cultura alagoana. O eco do riso tresloucado de João Urso não podia ser esquecido... Em 1984, Heliônia publica seu trabalho sobre Breno e, curiosamente, Ricardo Ramos lança Os melhores contos de Breno Accioly. No prefácio dessa bem preparada coletânea, o também contista Ricardo, filho

de Graciliano Ramos, diz que “É possível que Breno Accioly seja, na sua personalidade de contista, o mais representativo da postura de 45. Ele trazia uma forma nova, em escrita e estrutura, como uma coerente desordem”. A crítica, de um modo geral, é unânime em afirmar que a vocação nata de Breno sempre foi a narrativa, o conto, em especial. Também é confirmado pelo autor, em entrevistas concedidas a jornais de Pernambuco e no Rio de Janeiro, que a principal característica das suas narrativas são “contos todos eles trágicos”. Dessa forma, vocês que leram ou que ainda lerão seus livros vão observar que, das primeiras até as últimas publicações, o contista trabalha com questões sombrias, doloridas, insanas e tristes, ardilosamente marcadas por uma temática intimidante, bruta, sofrida, sem abrandamento da temática

proposta, visto que está no comportamento das personagens a dimensão do estado de alma de cada uma delas. Em março próximo o público leitor poderá ter acesso a novas e caprichadas edições dos clássicos João Urso, Cogumelos, Maria Pudim, Os CataVentos e Dunas, que há décadas se encontram fora do catálogo das grandes editoras nacionais, além de edições de dois livros que permaneceram inéditos desde a morte prematura do autor, em 13 de março de 1966, com apenas 45 anos de idade: a coletânea de contos Isabela e o romance Pedras. Em boa hora, o relançamento das obras completas – incluindo os inéditos –, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, constitui uma grande porta aberta para a valoração da escrita do grande contista.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Renault revitaliza o Kwid e o torna mais competitivo Lançado em 2017, o Kwid recebeu a primeira atualização agora. Chega ao mercado como ano-modelo 2023 com uma frente nova, mais equipado e melhorias no acabamento e no motor. Agora as três versões (Zen, Intense e Outsider) trazem de série controle de estabilidade que só será obrigatório em todos os carros a partir de 1º de janeiro de 2024. Além dos quatro airbags – dois frontais e dois laterais, já existentes – recebeu assistente de partida em rampa, bem útil em carros de câmbio manual, monitoramento de pressão dos pneus, aviso visual e sonoro se qualquer um dos ocupantes não usar o cinto de segurança e luzes de rodagem diurna (DRL) de LED. Rodas de liga leve, também de 14 polegadas, surgem pela primeira vez (só na versão mais cara), mas mantendo apenas três parafusos. As calotas foram redesenhadas. Internamente houve melhorias: revestimento dos bancos de melhor aspecto, velocímetro digital e a tela multimídia, de 7 para 8 pol. O volante não mudou. O motor foi atualizado para cumprir novas normas antipoluição. O três-cilindros de 1 litro entrega agora 71 cv (E)/68 cv (G), um ganho de 1 cv e 2 cv, respectivamente. O sistema auxiliar para partida em dias frios, quando com etanol, foi substituído por pré-aquecimento elétrico. Adotou ainda o sistema liga-religa o motor em marcha-lenta para poupar combustível (pode ser desligado). O consumo ficou um pouco

melhor na referência Inmetro cidade/estrada: etanol 10,8/11 km/l; gasolina 15,3/15,7 km/l. Em avaliação inicial, por circuito urbano em São Paulo (SP), a diferença nas respostas ao acelerador é difícil de perceber. No cronômetro a Renault informa que a aceleração de 0 a 100 km/h melhorou de 14,7 s para 13,2 s, quando abastecido com etanol. Está coerente para um automóvel de suas dimensões, que pesa apenas 825 kg (142 kg menos que o Mobi, rival direto). Porta-malas de 290 L é muito bom para seu porte. Mesmo com tanque de apenas de 38 litros, alcance declarado em estrada é de 597 km com gasolina e 418 km com etanol. Preços: R$ 59.890 (o menor hoje no Brasil) a R$ 67.650. Todas as versões têm direção eletroassistida, ar-condicionado e faróis de quatro parábolas. Muito diferente de quando surgiu o carro “popular” em 1993.

Mercedes-Benz Classe C, 6ª geração, boa evolução As primeiras unidades do novo Classe C começam a ser entregues, inicialmente, nas versões mais caras C200 e C300 AMG Line. Nessa mudança de geração o sedã clássico de tração traseira ficou 6,5 cm mais longo e ganhou 2,5 na distância entre eixos, o que melhorou o espaço para as pernas no banco traseiro. O estilo se mantém inconfundível. A grade inclui dezenas de miniestrelas de três pontas, símbolo da marca. Lanternas traseiras agora são bipartidas. Os faróis são de última geração e no C300 usam tecnologia digital capaz de iluminar até 600 m de distância sem ofuscar outros carros. Suspensões independentes nas quatro rodas também evoluíram tendo como base as do topo de linha Classe S. Houve ganho no diâmetro de giro – 11,1 m – que é ótimo para os 4,75 m de comprimento. O interior reserva boas novidades como o ar-

condicionado quadrizona. Os bancos dianteiros apresentam melhor suporte lateral. Mais impressionante é o sistema de navegação com realidade aumentada que mostra até se o semáforo mudou para verde. A nova tela multimídia verticalizada tem 11,9 pol. É possível programar cinco modos de condução. No C300 há controle ativo de evasão ou troca de faixa e de tráfego transversal. Motores são turbo de 4 cilindros, 1,5 L/204 cv (C 200) e 2 L/258 cv (C300). Ambos com sistema micro-híbrido, ou seja, alternador reversível em motor de partida sem geração de ruído. Isso acrescenta até cerca de 10% de potência (20 cv e 27 cv, respectivamente), caso a pequena bateria auxiliar de 48 V esteja com carga total. Preços dos topos de linha bem elevados: R$ 349.900 (C 200 AMG Line) e 399.900 (C 300 AMG Line). Outras versões serão oferecidas ao longo do ano.

JAC lança primeiro sedã elétrico: E-J7 O sedã chinês de porte médio-grande (4,77 m de comprimento) é oferecido por preço competitivo: R$ 264.900. Para se ter ideia, o modelo elétrico mais vendido em 2021 (apenas 439 unidades, a maioria corporativas), Nissan Leaf, é menor e custa R$ 297.140. Desenho do E-J7 é agradável com solução ousada para a coluna traseira. Vem muito bem equipado, incluindo tela multimídia vertical de 13 pol. Curiosamente a regulagem do banco dianteiro em altura é manual e não há ajuste do volante de direção. Espaço interno muito bom graças aos 2,76 m de entre -eixos. A JAC informa amplo porta-malas de 590 litros. Motor de 190 cv/34,7 kgf.m destacase pela aceleração: 0 a 100 km/h em apenas 5,9 s. Como todo elétrico, nenhuma surpresa nesse aspecto, embora a velocidade máxima limite-se a 150 km/h para poupar energia elétrica. Sua massa de 1.650 kg é relativamente baixa para um elétrico com bateria de 50 kWh. Consumo declarado de 8 km/kWh em ciclo urbano significa cerca de 400 km de alcance. Em estrada deve chegar no máximo a 300 km.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Bia Haddad reencontra japonesas na semifinal de duplas

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eatriz Haddad Maia voltou a fazer história no tênis brasileiro na noite da quarta-feira (26), manhã de quinta pelo horário australiano. Ela e a casaque Ana Danilina derrotaram as favoritas Shuko Aoyama e Ena Shibahara por 2 sets a 1, com parciais de 6/4, 5/7 e 6/4, e avançaram à final das duplas do Aberto da Austrália. As japonesas eram as cabeças de chave número dois. Jogando na Rod Laver Arena, a quadra central do

RIO OPEN

torneio, Bia e Danilina dominaram o set inicial, desperdiçaram um match point na segunda parcial e precisaram suar para se recuperar e fechar o confronto no terceiro set. O sofrimento vem fazendo parte da campanha da dupla, que conquistou três das quatro vitórias anteriores de virada, por 2 a 1. Embaladas, brasileira e casaque somam agora nove vitórias consecutivas, somando os triunfos obtidos no WTA 500 de Sydney, do qual foram campeões.

CÉSAR GRECO /ASCOM PALMEIRAS

ALAGOANOS DESAFIAM MELHORES DO MUNDO NO PURE BEACH, NA PRAIA DO PATACHO

DIVULGAÇÃO

Os atletas alagoanos prometem desafiar os melhores do planeta na disputa do Pure Beach, torneio de Beach Tennis mais sustentável do mundo, que será realizado entre os dias 3 e 7 de fevereiro de 2022 na praia do Patacho, no município de Porto das Pedras, em Alagoas. A competição é mais uma do importante circuito do Brazil Beach Tennis Tour. Serão mais de 1.100 atletas na disputa da competição no profissional e no amador com premiação total de R$ 120 mil para os profissionais, algo que atraiu os melhores do ranking da Professional Beach Tennis Ranking, a dupla do italiano Michelle Cappelletti e o espanhol Antomi Ramos, o italiano Alessandro Calbucci e o venezuelano Ramon Nacho Guedez e uma das maiores duplas do Brasil, formada pelo ex-top 10 Ralff Abreu, de Niterói, e o gaúcho Vinícius Chaparro. Entre as mulheres, as atuais campeãs, as italianas Giulia Gasparri e Ninny Valentini, são as favoritas.

ENDRICK, A NOVA JOIA DO PALMEIRAS Grande destaque da conquista inédita do Palmeiras na Copa São Paulo de Futebol Júnior, com a goleada sobre o Santos por 4 a 0 na terça-feira (25) no Allianz Parque, o atacante Endrick, de apenas 15 anos, afirma que não tem pressa para jogar entre os profissionais. Torcedores cogitaram a convocação do atleta para a disputa do Mundial de Clubes, no próximo mês. Ele poderia ser inscrito, mas o técnico Abel Ferreira descartou a possibilidade. A Fifa permite que jogadores da idade de Endrick sejam inscritos no Mundial. No Brasil, o garoto só pode assinar um contrato profissional quando fizer 16 anos, no dia 21 de julho. Além da questão contratual, outro fator já afastava Endrick do Mundial. Se decidisse levar a promessa, o Palmeiras precisaria cortar um jogador da lista de inscritos. Endrick foi o grande nome da primeira conquista do clube na Copinha, coroando um longo trabalho da base do clube, que soma cinco títulos estaduais seguidos.

GALO ESTREIA COM EMPATE NO CAMPEONATO ALAGOANO FRANCISCO CEDRIM /ASCOM CRB

O CRB sofreu bastante com os desfalques por covid-19 e não conseguiu estrear com vitória no Campeonato Alagoano, assim como na Copa do Nordeste. Ao todo, foram 10 atletas que testaram positivo para a doença: os goleiros Diogo Silva e Arthur, os zagueiros Gum e Gilvan, os laterais Bryan e Raul Prata, os meias Rafael Longuine e Douglas Takeda, do sub-23, o volante Claudinei e o atacante Nicolas Careca. O Galo abriu o placar no primeiro tempo com Marcinho, mas no segundo tempo viu o adversário crescer e empatar o jogo, e por pouco não virou, não fosse o goleiro Victor Caetano para defender o pênalti. A noite era de homenagem no Rei Pelé. Destaque do CRB, o meia Diego Torres completou 100 jogos vestindo a camisa regatiana, mas o resultado positivo não veio.


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ABCDOINTERIOR Crise no complexo

n robertobaiabarros@hotmail.com

Decisão

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deputado estadual Tarcizo Freire vive um momento difícil em virtude da “crise” que atravessa o Complexo Multidisciplinar de Equoterapia, batizado com o seu nome e que tem como uma de suas finalidades o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências ou necessidades especiais.

Para a decisão sobre a desistência, a companhia compradora avaliou o evento geotécnico em Santa Rita e seu efeito, concluindo que “é razoavelmente esperado que seja relevante e adverso aos negócios, situação financeira, resultados operacionais, propriedades, ativos, passivos ou operações da Santa Rita”.

Sem salários

Projeto aprovado

A “crise” que atormenta e tem tirado o sono do deputado arapiraquense, ocorreu por atrasos de repasses e suspensão de convênios com diversas prefeituras, dentre ela a de Arapiraca. Sem receber seus salários há seis meses, os funcionários estão na bronca e já fizeram protestos com o “aval” da direção da entidade.

Troféu Paulo Lourenço

A Secretaria de Cultura de Arapiraca realiza no dia 1º de fevereiro o Troféu Paulo Lourenço – Melhores do Ano na Cultura. De acordo com o secretário Wellington Magalhães, o evento acontece a partir das 19h30 no Planetário. Wellington também informou que a homenagem contempla diversos segmentos da sociedade, além de produtores culturais e artistas locais que contribuíram com a cultura do município e também ajudaram a Secretaria Municipal de Cultura a desenvolver um trabalho em favor desse importante setor.

100 anos de Arapiraca

Aconteceu na sexta-feira, 28, no Centro Administrativo Antônio Rocha, a assinatura de Decreto Municipal nomeando oficialmente a comissão responsável pelos trabalhos que contarão a história dos 100 anos de Arapiraca, em 2024. A solenidade contou com a presença do prefeito Luciano Barbosa, secretários municipais, vereadores, além de autoridades como o deputado estadual Ricardo Nezinho.

A comissão

A comissão é formada por sete membros da sociedade arapiraquense, que acompanham o desenvolvimento cultural e econômico do município. A comissão, que já começa a trabalhar a partir de segunda-feira, 31, é formada pelo secretário de Articulação Política, José Macedo, jornalistas Eli Mário Magalhães e Roberto Baía, historiador Manoel Lira, advogado Maurício Fernandes, ex-deputado estadual e artista plástico Ismael Pereira e a arquiteta e produtora cultural Rosangela Carvalho.

Venda cancelada

A compra bilionária da Mineração Vale Verde (MVV), situada no município de Craíbas, no Agreste de Alagoas, por parte da multinacional sul-africana Sibanye-Stillwater, foi cancelada após um “evento geotécnico” ocorrido na mina de níquel Santa Rita, da qual a Vale Verde dependia para que a transação tivesse andamento.

Acordo preliminar

De acordo com o site Gazetaweb e agências ligadas ao setor, a Sibanye-Stillwater já comunicou aos seus acionistas e ao mercado que encerrou o acordo preliminar de aquisição da mina de níquel Santa Rita (operada pela Atlantic Nickel) e mina de cobre Serrote (da Mineração Vale Verde), que eram controladas pela Appian Capital Advisory. O acordo de compra foi fechado em outubro de 2021 e previa o pagamento de US$ 1 bilhão e mais 5% de royalties pelo metal a ser produzido na futura mina subterrânea de Santa Rita.

Na noite de terça-feira, 25, a Câmara de Arapiraca aprovou o projeto de lei que garante o rateio do Fundeb aos profissionais da Educação. A rápida tramitação do projeto se deu após a devolução da proposta pela prefeitura. O presidente da Câmara, vereador Thiago ML, destacou o empenho e dedicação de todos os parlamentares para garantir o rápido trâmite da proposta na Casa Legislativa.

Audiência pública

De acordo com o presidente da Casa, a aprovação do projeto foi graças à atenção de todos integrantes do parlamento. “Nesta terça, realizamos a audiência pública sobre o rateio e, logo em seguida, à noite, aprovamos o projeto. Isso mostra que todos os vereadores estão empenhados em garantir o que há de melhor para os servidores da Educação. A tramitação poderia ter sido mais rápida se a prefeitura tivesse enviado as informações sobre a proposta assim que o projeto chegou no início de janeiro. Contudo, mais uma vez, enfrentamos as adversidades e aprovamos o projeto”, destacou o Thiago ML.

Dados financeiros Diante da ausência de informações no texto do projeto de lei, o procurador-geral do Município garantiu aos vereadores que enviará à Câmara os dados sobre o impacto financeiro e quanto cada servidor deve receber das sobras do Fundeb.

PELO INTERIOR ... A cidade do Coité do Nóia, agreste alagoano, passou por um susto na madrugada de terça-feira, 25. A residência do prefeito da cidade, Bueno Higino, foi alvo de tiros, deflagrados por elementos até agora não identificados. ... Os tiros atingiram apenas as paredes e janelas, além de dois carros, um Toyota Hilux e um Ford Fusion e felizmente ninguém se feriu. A Polícia Civil já iniciou a investigação sobre o caso para elucidá-lo e descobrir sua motivação. ... A escrivã da PC AL, Luana Paiva, esclarece que as câmaras de segurança da cidade podem ajudar na solução do caso. ... “Ao tomar conhecimento sobre os fatos, iniciamos as primeiras diligências investigativas, a Perícia Oficial foi acionada e imagens de câmeras de segurança da cidade foram coletadas para identificar o veículo utilizado no crime”, afirmou. (Com Lysanne Fero) ... A vacinação das crianças foi iniciada na quarta-feira, 26, e devido às particularidades do imunizante Pfizer Pediátrico, as doses serão aplicadas exclusivamente às quartas-feiras e aos sábados, no Ginásio João Paulo II, das 9h às 16h. ... Segundo a coordenadora de Doenças Imunopreveníveis de Arapiraca, enfermeira Mônica Suzy, o cuidado na vacinação das crianças se dá desde a acolhida a elas na sala de espera do posto de imunização. ... “A aplicação de qualquer vacina pode gerar desconforto e, muitas vezes, trauma nas crianças. Demos início hoje à vacinação desse público e tivemos o cuidado de tornar o ambiente de vacinação o mais agradável e lúdico possível, para deixá-las à vontade e gerar confiança”, explicou a coordenadora. ... Com a alta demanda na procura de testes de covid-19, o Procon Arapiraca realizou pesquisa de preços em alguns dos laboratórios e farmácias que realizam o exame para verificar os valores que estão sendo cobrados e eventuais disparidades. ... A pesquisa aferida em dez estabelecimentos aponta que os valores RT-PCR pode custar R$ 100,00 mais caro de laboratório para farmácia. ... Desejamos um excelente final de semana para os nossos leitores. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE PAULA FRÓES/RECICLOTECA

PIXABAY

Cavernas

Lixões no Brasil

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implificar e esclarecer oportunidades para exploração econômica de resíduos sólidos. Essa é, segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a razão do governo federal ter editado novo decreto que altera a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O ministro disse que o novo decreto traz “segurança jurídica e simplifica acordos setoriais na produção de lixo”, o que deve criar novas oportunidades comerciais de reciclagem e reaproveitamento de materiais usados no país. Sobre a meta de fechar todos os lixões do Brasil até 2024, Leite explicou que 20% do total de lixões já tiveram atividades encerradas e que, com a simplificação da PNRS, o andamento será mais fácil e ágil, já que o novo texto flexibiliza a participação da iniciativa privada na ação. Fica instituído, também com o novo decreto, o Programa Nacional de Logística Reversa - uma forma de devolver as embalagens aos fabricantes após usadas. IBAMA

Corte de verbas

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Ao sancionar o Orçamento de 2022, o presidente Jair Bolsonaro promoveu um corte de R$ 3,2 bilhões nas contas do ano, atingindo principalmente os ministérios de Trabalho e Previdência, Educação, Desenvolvimento Regional e Cidadania. Entre as áreas afetadas, foram barradas verbas para meio ambiente, assistência social, saúde, direitos humanos e obras públicas. A maior tesourada de recursos em relação ao Orçamento aprovado pelo Congresso foi feita no Ministério do Trabalho e Previdência, um montante de R$ 1 bilhão. Desse total, R$ 982 milhões dizem respeito a um corte no INSS, em verbas para administração do órgão e serviços de processamento de dados e reconhecimento de direitos de benefícios. Os cortes, no entanto, foram pulverizados em diversas áreas do governo. O presidente vetou, por exemplo, R$ 8,6 milhões em verbas para combate ao desmatamento que seriam utilizadas na prevenção e no controle de incêndios florestais em áreas federais prioritárias, conforme a lista de vetos que o chefe do Executivo fez ao Orçamento da União deste ano.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski suspendeu parte do Decreto 10.935/2022, editado pelo presidente Jair Bolsonaro, que trata da proteção de cavernas e grutas naturais. A norma alterou outros decretos que tratavam da mesma matéria. A decisão do ministro foi motivada por uma ação protocolada pelo partido Rede. De acordo com a legenda, parte do decreto permitiria a exploração econômica e a diminuição da proteção da biodiversidade. O partido alega que, pelas regras, a classificação da relevância da cavidade natural poderia ser alterada a pedido de um empreendedor ou pelo órgão licenciador a qualquer tempo. “As cavernas localizadas em áreas de licenciamento ambiental são classificadas em grau máximo, alto, médio ou baixo de relevância, o que determina regras específicas para exploração e impacto. Pela regra anterior, apenas as cavidades de relevância alta, média e baixa poderiam ser impactadas. As de máxima relevância estavam fora do alcance de empreendimentos e não poderiam ter nenhum tipo de impacto direto, nem mesmo no seu entorno imediato”, argumentou o partido.

Mexilhões

TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL

Os primeiros resultados práticos do projeto Futuro Próspero da Produção de Mexilhões: da Tradição ao Dinamismo em Niterói, na região metropolitana do Rio, devem ser apresentados em três meses. Desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), o projeto visa preservar o conhecimento e a cultura dessa atividade. A iniciativa é do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados, parceria da universidade com a prefeitura do município, com o apoio da Fundação Euclides da Cunha. Criado pela doutora em ciências biológicas e professora da UFF Eliana Mesquita, o projeto deveria ter sido iniciado no fim de 2019. Com a pandemia da covid-19, pesquisadores não tiveram acesso às comunidades de pescadores e enfrentaram outro problema – o fechamento dos laboratórios da universidade, principalmente de microbiologia e físico-químico. Entre as prioridades do programa, destaca-se o monitoramento da qualidade higiênico-sanitária dos mexilhões produzidos em Niterói, já que um dos entraves para a pesca artesanal é a poluição na Baía de Guanabara.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

O primeiro prédio escolar de Maceió não serviu para ser escola

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logiar e defender a educação é uma praxe dos governadores de Alagoas em todas as épocas. E muitas vezes a diferença entre a teoria e a prática é absurda. O discurso bonito, eufórico ou adjetivado não raro tenta separar a responsabilidade dos governos da situação de alunos, professores e a condição das salas de aula, a maioria improvisada ou alugada, cena bastante comum na Alagoas dos séculos 19 e 20. Havia o pagamento de uma gratificação ao professor que aceitasse ensinar e ceder a própria casa como escola. Pagava-se também um dinheiro para a compra do querosene para lampiões iluminando salas de aulas, não raro sem janelas ou ventilação, outras ainda com aspecto de prisões e sem higiene. A instrução primária era gratuita segundo a Constituição de 1825. Dois anos depois, a lei de 15/10/1827 determinava que o Estado teria a responsabilidade de regulamentar e difundir a instrução elementar. Em 9 de maio de 1844, o presidente da província (governador na época) Anselmo Francisco Peretti visitou escolas e, numa espécie de prova oral com os alunos, descobriu que eles não sabiam ler nem escrever e nem contas simples de matemática. Fez o mesmo teste com os professores. Eles também não sabiam as respostas porque eram analfabetos.

IBGE

GOOGLE STREET

Prédio abriga a Academia Alagoana de Letras desde os anos 60

Registro de 2019 O presidente tinha explicações, todas isentando, por óbvio, o governo: os professores não queriam aprender por conta própria a ler e escrever e tratavam a função com desleixo, negligência e falta de assiduidade. Além disso, as salas eram superlotadas e os alunos não tinham papel nem livros para aprender porque eram pobres. A situação ia de mal a pior. Não havia prioridade no orçamento nem para a construção de prédios escolares. Aliás, o primeiro deles erguido em Maceió só virou realidade após uma grande vaquinha, com doações de 300 pessoas, entre elas a do futuro presidente da República Deodoro da Fonseca. O edifício fica no Centro de Maceió. Abriga hoje a Academia Alagoana de Letras. E quando foi inaugurado logo se percebeu: não servia para ensinar ou aprender. Humberto Vilela, em seu livro A Primeira Casa Escolar de Maceió (Edufal, 1980), conta que em 1879 o presidente da província, Cincinato Pinto, teve a ideia de iniciar a vaquinha. Em 7 de setembro daquele ano foi lança-

Fachada com o letreiro que foi mantido da a pedra fundamental da obra. Houve banda, festa e a apresentação da pedra em mármore “O Povo À Infância”, que até hoje está exposta no topo do edifício. A arquitetura prometia ser em estilo jônico, simples, elegante e apropriada ao seu fim, com dois jardins laterais separando a entrada da escola para meninos e meninas. A inauguração das Escolas Práticas para Ambos os Sexos foi às onze da manhã, em 9 de junho de 1881. Menos de um ano depois, o mau cheiro dos banheiros inviabilizava o funcionamento daquele primeiro prédio escolar da capital. De fato, os alunos ficaram pouco tempo ali e parece que as coisas melhoraram

porque a primeira casa escolar abrigou o Senado Estadual, depois o Supremo Tribunal do Estado. No início do século 20, transformou-se na seção feminina da Escola Modelo. Em 2 de dezembro de 1925, no centenário do imperador, virou escola Dom Pedro II; um ano depois, foi construído o pavilhão infantil desta escola. Desde 4 de novembro de 1966 é a sede da Academia Alagoana de Letras. “O Povo À Infância” continua no topo do edifício, lembrando das nossas prioridades. A escola mesmo é só uma lembrança. Para os que lembram.


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