EDIÇÃO 1155

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ANO XXIII - Nº 1155 - 12 A 18 DE FEVEREIRO DE 2022 - R$ 4,00

SUCESSÃO

Renan Filho mantém diálogo, mas não define acordo com deputados

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MACEIÓ - ALAGOAS

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CSA

A 50 dias do prazo final para deixar o governo, Renan Filho ainda não fechou acordo com a Assembleia Legislativa para o pleito deste ano. O diálogo continua, mas se optar por disputar as eleições o governador deve renunciar até 31 de março. 2

MARAJÁS FEDERAIS

PROCURADORES DO MPF RECEBEM SUPERSALÁRIOS Lista de privilegiados em Alagoas é liderada por Gino Sérvio Malta Lobo, com R$ 324 mil em dezembro; penduricalhos burlam o teto salarial 10 e 11

AGÊNCIA ALAGOAS

PANDEMIA

NOVA ONDA DE COVID PREJUDICA CONSTRUÇÃO CIVIL E AMEAÇA VOLTA DAS TORCIDAS AOS ESTÁDIOS 16 e 17

ELEIÇÕES COLLOR E ARTHUR LIRA TRABALHAM PARA FORTALECER CANDIDATURA DE BOLSONARO 6 SÉRGIO MORO PODE FICAR SEM PALANQUE EM ALAGOAS 7

TCU MANTÉM QUEIROZ GALVÃO FORA DO CANAL DO SERTÃO Projeto já tem 30 anos e mais um governo se encerra sem conclusão das obras 8 e 9


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

O xis da questão 1

- Tirando algum acidente de percurso, o projeto político de Renan Filho passa, necessariamente, pelo Senado já no pleito deste ano. Para isso precisa renunciar até 31 de março, último dia do prazo para deixar o governo. É aí que está o xis da questão.

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- Sem um vice para lhe suceder com certa tranquilidade, o governador precisa se acertar com o Legislativo e tentar reduzir o impacto de ficar fora do poder, caso decida disputar as eleições. “É pegar ou largar”, dizem alguns deputados.

3 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Mais que fazer o sucessor, Renan Filho quer ser senador, mas se entrar em rota de colisão com os deputados terá dificuldades na disputa ao Senado. Fora do governo Renan se fragiliza e nem mesmo uma aliança com a Assembleia Legislativa é garantia de vitória nas urnas.

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- A caminhada é longa e há pedras no caminho; muitas pedras. No entanto, ao fazer os cálculos do custo-benefício de um acordo com os deputados, Renan Filho possivelmente acabará nos braços do deputado Marcelo Victor que o tem como aliado. Unidos, podem chegar lá, mas em campos opostos a luta pela sobrevivência política pode ser fatal para os dois lados.

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- Resumo da ópera: Marcelo Victor quer comandar a escolha do governador-tampão e se reeleger deputado, enquanto Renan Filho quer ser senador e dar continuidade ao projeto de poder dos Calheiros. Sem esquecer Arthur Lira, que deseja derrotar o clã de Murici e conquistar o poder de mando em Alagoas.

Collor X Renan

Por mais credenciados que possam ser os pré-candidatos ao Senado por Alagoas, o consenso nas conversas de bares e restaurantes da capital é que a única vaga de senador deve ficar entre Collor e Renan Filho, e o fiel da balança seria Arthur Lira. Se apoiar algum outro candidato ao Senado, Lira pode derrotar Collor e favorecer Renan, mesmo que indiretamente. É o jogo dos caciques. E o povo? É só um detalhe.

Corrupção na Justiça

O Ministério Público deve recorrer das tentativas de membros do TJ-AL para livrar a cara do serventuário Jairo Aurélio Rocha Gonzaga, condenado a oito anos de prisão por corrupção passiva. A ação penal nº 0800003-35.2017.8.02.0020, com mais de 5 mil páginas, tramita há anos no Foro de Maravilha, mas os infindáveis recursos protelatórios impedem a execução da sentença. Com a palavra o corregedor-geral de Justiça, desembargador Fábio Bittencourt, e o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório.

Caso jet-ski

O juiz Bruno Araújo Massoud terá muito que se explicar ao CNJ sobre sua atuação no já famoso caso do jet-ski, envolvendo o desembargador Fábio Bittencourt. Em ofício à Corregedoria-Geral de Justiça e ao TJ-AL, a ministra Maria Thereza de Assis Moura pediu informações sobre todas as sentenças de mérito proferidas por Massoud no rumoroso processo.

Marajás federais

O Ministério Público Federal em Alagoas também tem seus marajás graças às artimanhas da PGR para burlar o teto salarial definido na Constituição. Com o pagamento de penduricalhos batizados de “verbas indenizatórias”, os procuradores da República acabam recebendo supersalários. O procurador Gino Sérvio Malta Lobo lidera a lista dos marajás com R$ 324 mil, seguido de Marcelo Jatobá Lobo, que recebeu R$ 250 mil. No Brasil, o marajá-mor do MPF é o procurador da República José Robalinho, de Brasília, que embolsou R$ 445 mil na folha de dezembro de 2021. É como diz o velho e sábio ditado: “Faça o que eu mando; não faça o que eu faço”.

Jogando parado

O prefeito JHC deve estar satisfeito com a abertura de processo da CVM – xerife do mercado de capitais – para investigar as alegações da carta aberta da sociedade alagoana sobre o passivo da Braskem em Maceió, de 6 a 12 bilhões de reais. O processo certamente vai dificultar a venda da petroquímica se não acelerar o passo para resolver o desastre ambiental e social na capital alagoana.

Barbas de molho

Com isso, o prefeito ganha a oportunidade de pôr a mão numa bolada gigante que pode mudar seu futuro político. Mas é bom pôr as barbas de molho, pois os organizadores da carta aberta estão atentos para isso. E irão enfrentar essa questão se não for conduzida com transparência, controle social da administração e combate à corrupção.

Omissão

Foi a omissão das autoridades alagoanas que levou os autores da carta aberta a enfrentaram a gigante Braskem e sua máquina de propaganda. E se dizem prontos para barrar o “jogo de cartas marcadas”, comum em Alagoas quando se trata da aplicação de recursos públicos.

Canal do Sertão

Mais um governador termina o mandato sem que as obras do Canal do Sertão sejam concluídas. Iniciado no final da gestão de Geraldo Bulhões, o projeto passou pelos governos Ronaldo Lessa, Téo Vilela e Renan Filho, e este ano completa três décadas. Até a conclusão das obras muita grana há de escorrer por entre as paredes do canal.

Banca forte

O ex-prefeito de Canapi, José Hermes, é dono da mais prestigiada banca de advocacia, recordista em ações previdenciárias em todo o Sertão. Tantas vitórias contra a Previdência têm chamado a atenção do MP e da própria concorrência.


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CRESCIMEN-

MUNICÍPIOS ALAGOANOS REGISTRAM SALDO POSITIVO DE EMPREGOS FORMAIS EM 2021 Cacimbinhas, Chã Preta e Branquinha foram as cidades que mais geraram postos de trabalho no Nordeste

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ganho de emprego em pequenos municípios do Nordeste tem grande efeito no bem-estar econômico. É o caso de Alagoas, que, com a privatização do saneamento e diversos investimentos públicos, aumentou a quantidade de empregos ofertada em todo o estado, sendo o que mais gerou empregos na região. Em primeiro lugar no ranking estadual, Cacimbinhas foi a cidade alagoana com maior avanço de vagas formais de empregos em 2021 e o 14º município de todo país. Só em 2021 houve um crescimento de 170% com um saldo positivo de mais de 343 novos postos formais de trabalho. O município, que é administrado pelo presidente da AMA, Hugo Wanderley, tem investido em bolsas para estudantes, transporte universitário/técnico e contratação de cursos profissionalizantes através do Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Absorvemos muitas pessoas que hoje têm tido oportunidade nas diversas áreas: na construção civil com pedreiros, serventes, técnicos de edificações. Na educação, pedagogos, professores. Na saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiros. São muitos jovens tendo sua primeira oportunidade de emprego em nossas creches, escolas, postos de saúde e novos serviços

oferecidos pelo município. Esses dados comprovam que investimentos em infraestrutura e educação são o caminho para se gerar desenvolvimento sustentável em nosso país”, disse Wanderley. O governo estadual, em 2021, executou mais do que o triplo de investimentos. Foram R$ 3,8 bilhões em 2021 perante uma média de R$ 1 bilhão nos anos anteriores. Muitas cidades pequenas estão com obras e contratando trabalhadores locais. “A privatização do saneamento rendeu R$ 2 bilhões e é responsável por R$ 500 milhões na alta de investimentos de 2021. O restante ficou no caixa do Estado e será utilizado para os investimentos neste

ano de 2022 e nos próximos”, frisou George Santoro, secretário de Fazenda de Alagoas. “A maior parte dos investimentos veio com arrecadação de impostos e limitação de despesas. Desde 2015 temos superavit nas contas”, acrescentou o secretário. Em Cacimbinhas não podia ser diferente. Por lá, há três grandes obras em execução que, juntas, estão gerando mais de 100 empregos diretos para a cidade. Estão em construção a Escola Estadual Muniz Falcão, o novo Centro de Saúde Professor Zerbini e a nova Escola Municipal José Calado Cavalcante. O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos e prefeito de Cacimbinhas ressalta os investimentos do Estado que estão sendo realizados no município de Cacimbinhas. “A área da construção civil gerou mais empregos formais disparadamente no município. Essa área foi impulsionada pelos investimentos do poder público estadual e municipal. E com a chegada dos recursos da concessão, vamos manter esse ritmo. Na construção civil, o objetivo é formar mais mão de obra especializada para demanda do município, com cursos de pedreiro e bolsas para estudantes em técnico de edificações”, frisou Wanderley.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Tentando ressuscitar

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ex-governador Téo Vilela, depois de um bom tempo mergulhado no anonimato, tem se entusiasmado com a candidatura do senador Rodrigo Cunha ao governo. E tem trabalhado duro nos últimos dias, ao tentar fazer composições para apoio

Revolta no Pinheiro

O prefeito JHC vai ter que explicar direitinho porque retirou o pé do acelerador na defesa dos moradores do bairro do Pinheiro, onde foi o candidato mais votado nas últimas eleições. Magoadas, muitas vítimas da Braskem acham que tem mais alguma coisa no ar do que os aviões de carreira.

Indenização da Braskem

ao tucano. Mesmo sem muita influência no mundo político, onde dava sinais de abandono do chove não molha em Alagoas, Vilela acha que pode colaborar com seu colega de partido, embora saiba que a parada não é nada fácil.

Incerteza

Fora de pauta

A escolha do vice-governador ainda é um assunto que não está na ordem do dia, pelo menos publicamente. Assunto reservado, nota-se, nos bastidores, movimentações para emplacar um nome de consenso, que pode sair às vésperas das eleições, logo depois da renúncia de Renan Filho do cargo de governador. AGENCIA ALAGOAS

Tomou gosto

A possibilidade do pagamento de uma grande indenização à Prefeitura de Maceió talvez seja um dos motivos para que JHC, pelo menos no momento, esqueça um pouco a campanha contra a empresa durante a campanha eleitoral. Pelo menos é o que acham alguns moradores que ainda não viram a cor do dinheiro de suas indenizações.

Sem retrocesso

A candidatura do deputado Paulo Dantas a governador do Estado é um fato consumado, sem retrocesso. Ele mesmo admite e revela que tem o apoio dos companheiros na Assembleia Legislativa, necessário para sua ascensão ao poder.

Consolidação

Mas Paulo Dantas não pensa só nisso. Vai mais além, ao assegurar que, eleito governador-tampão, empreitada bem mais fácil na conjuntura atual, partirá para a reeleição, acreditando na projeção do avanço da arrecadação para consolidar uma administração que lhe credenciará para as eleições de outubro.

Além do apoio a Rodrigo Cunha para o governo, em quem mesmo o prefeito de Maceió JHC vai declarar voto para o Senado nas eleições de outubro? Esta é uma pergunta que vem sendo feita nos bastidores, já que o prefeito tem sido reticente nessas conversas que certamente não lhe interessam no momento.

Afinado

Já não é segredo para ninguém que Paulo Dantas votará em Renan Filho para o Senado e, em contrapartida, acredita que o grupo do atual governador não será obstáculos para sua candidatura à reeleição.

Composição

Até agora, pelo menos, nenhuma reação sobre composições políticas que envolvam o grupo de Renan Calheiros no tocante às eleições de outubro, mas tudo pode acontecer, até mesmo nada.

A chegada do ex-prefeito Rui Palmeira como candidato ao governo tem mexido com a classe política. Mergulhado alguns meses e somente observando as pancadas que levou de JHC, Palmeira decidiu colocar seu nome à apreciação do eleitorado nas eleições de outubro. Pela sua conduta e comportamento durante dois mandatos na Prefeitura de Maceió, o ex-prefeito tem cacife para ir à luta.

Pegando carona

A maioria das obras realizadas na capital nos últimos doze meses foi deixada pelo ex-prefeito Rui Palmeira, mas ninguém tem comentado sobre isso. Construção de moradias, recuperação do Dique Estrada, pavimentação e drenagem na periferia da cidade foram algumas deixadas pela administração anterior e capitalizadas politicamente pelo atual prefeito.

Incomodando

O deputado Arthur Lira pouco está se incomodando com denúncias da oposição sobre supostas irregularidades em obras executadas no interior do estado. Sabe que isso somente vem a ocorrer em ano de eleições. Enquanto os adversários chiam, Lira promove meios para ajudar os municípios pobres de Alagoas.

Prova de fogo

A partir do próximo dia 15, quando os deputados retornam ao trabalho na Assembleia Legislativa, o governador Renan Filho vai pôr à prova seu prestígio junto ao parlamento alagoano. Com diversos vetos no Orçamento, sobretudo nas emendas parlamentares, é de se esperar um embate num ano eminentemente eleitoral. Se os vetos forem derrubados, certamente os deputados candidatos à reeleição respirarão aliviados.

Ordem do dia

A disputa por cargos no próximo governo já é um assunto que domina os bastidores da política em Alagoas, principalmente na perspectiva da eleição de governador-tampão do deputado Paulo Dantas. Se há compromissos, ninguém ainda sabe, mas entende que o jogo político é assim mesmo.

Resolvido

Com a aproximação de Paulo Dantas com o governador Renan Filho, se subentende que não haverá reação do Palácio República dos Palmares à sua candidatura ao governo, que deve assinar embaixo a indicação da Assembleia Legislativa. Em contrapartida, Paulo Dantas não faz segredo a ninguém de que votará em Renan Filho para o Senado.


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VIOLAÇÃO DE DIREITOS

CNJ cobra esclarecimentos sobre caso de idoso que morreu na porta de presídio Cícero Maurício não teve audiência de custódia e ficou isolado por 32 dias sem contato com advogado ou família

ARQUIVO TJAL

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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Conselho Nacional de Justiça (CNJ) cobra esclarecimentos e providências para apurar responsabilidades no caso da morte do idoso Cícero Maurício da Silva, logo após a Justiça reconhecer que a sua detenção era indevida. O idoso de 63 anos ficou 32 dias isolado numa das celas do Presídio de Segurança Máxima I, em Maceió, sem contato com a família nem com o advogado, em “decorrência de uma suposta existência de ordem de prisão por estelionato que começou a tramitar em 2010 e estava em aberto”, segundo documento expedido pelo CNJ. Ao ser libertado, Cícero Maurício teria sofrido um mal súbito que o levou a óbito na porta do presídio. O caso aconteceu em agosto de 2021 e ganhou repercussão nacional na mídia. O juiz auxiliar da presidência do CNJ, Antônio Carlos de Castro Neves Tavares, despachou ofício para o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), vinculado ao Tribunal de Justiça, bem como ao juízo responsável pela referida unidade prisional para ciência e tomada de providências. Também solicitou informações quanto às medidas adotadas. No documento, o juiz aponta para graves violações de direitos fundamentais de pessoas privadas de liberdade, supostamente praticadas por agentes estatais. Lembrou no texto que

Celyrio Adamastor determinou abertura de processo administrativo o Estado tem a obrigação de assegurar a preservação da integridade física e mental das pessoas privadas de liberdade e cobrou atuação do Departamento de Monitoração do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (MDF) no estado. O magistrado lembra que a Constituição Federal determina que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”, que “não haverá penas cruéis” e, ainda, que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. O juiz pontua informações divulgadas na mídia local e nacional sobre o caso, segundo as quais o advogado de defesa Gilmar Francisco Soares Júnior teria alegado inocência do idoso e alertado sobre o estado de saúde do cliente. Dois pedidos de habeas corpus foram negados pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e Superior Tribunal de Justiça. Somente após 32 dias de prisão foi expedido o alvará de

soltura em reconhecimento de prescrição do crime. O documento expedido pelo juiz auxiliar do CNJ reproduz a avaliação da defesa do idoso de que a prisão era um constrangimento ilegal porque, mesmo que tivesse sido condenado, Cícero Maurício deveria ter sido submetido ao regime aberto, devido aos bons antecedentes, ou regime semiaberto. A detenção de Cícero Maurício ocorreu no dia 23 de agosto quando ele foi tentar tirar um novo documento de identidade e a polícia anunciou que havia uma ordem de prisão contra ele por um processo de estelionato. A acusação era que ele teria vendido um mesmo terreno para mais de uma pessoa. Em habeas corpus, o advogado alegou inocência de Cícero Maurício. Seu argumento era que o cliente desconhecia a acusação, era analfabeto, não usava qualquer tipo de tecnologia e, por isso, não saberia pesquisar nos sites da justiça para saber que era processado.

A família de Cícero Maurício disse que ele passou mal devido à ansiedade para deixar a penitenciária. O idoso morreu antes de conseguir entrar no transporte chamado por aplicativo. Em resposta aos questionamentos do CNJ, o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, através do desembargador Celyrio Adamastor Tenório Accioly, supervisor do órgão, afirmou que não foi detectado no levantamento sobre o caso a realização de nenhuma audiência de custódia quando da prisão de Cícero Maurício, nem na Central de Audiência de Custódia da Capital nem na Vara com competência natural sobre o caso. A observação do desembargador foi confirmada em documento ao qual o EXTRA teve acesso, emitido pela Central de Audiências de Custódia da Capital. Celyrio Adamastor também enfatizou no processo que era preocupante o fato de que a prisão de Cícero Maurício tenha sido mantida por mais de 30 dias e lhe tenha sido negado o contato com o advogado de defesa e com a família e determinou abertura de processo administrativo junto ao Sistema Administrativo (SAI). Além disso, foi pedido à Seris (Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social) para que, num prazo de 10 dias, preste informações atinentes à custódia do idoso, os eventuais pedidos de atendimento de seu advogado e a visita de familiares. Em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça divulgou nota onde afirmava que a prisão de Cícero Maurício da Silva era legal, ao contrário do que afirmava a defesa. De acordo com a nota enviada à imprensa assinada pelo juiz Thiago Augusto Lopes de Morais, da 1ª Vara Cível e Criminal de Marechal Deodoro, a prisão do idoso era legal pois o prazo para a execução da ordem ainda estava em vigor.


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ELEIÇÕES

Collor e Lira montam plano para viabilizar Bolsonaro Proposta é reverter vantagem de Lula no Nordeste; CGU investiga orçamento secreto lirista

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ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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reação do presidente Jair Bolsonaro (PL) à desvantagem em todas as pesquisas eleitorais movimenta as suas lideranças no Nordeste. O objetivo é neutralizar os números favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com bom desempenho nos institutos e em todos os cenários. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o senador Fernando Collor (PROS) se esforçam para injetar Bolsonaro, mesmo indiretamente, no cenário alagoano. Semana passada, em Pilar, os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) entregaram 600 moradias construídas com recursos do Programa Casa Verde Amarela. Lira estava na entrega e Collor foi representado por Euclydes Mello, seu primo. Ocupando a função advogado de defesa do governo, Lira disse que a União “teve importante papel para amenizar o sofrimento do povo durante o pico da pandemia, ofertando o auxílio emergencial enquanto tudo estava fechado”. Falou em gravidade da crise econômica, inflação na casa dos dois dígitos e alta no preço dos combustíveis como problemas mundiais. E dos esforços para “derrubar a inflação”. O presidente da Câmara tem à sua disposição o orça-

Em Pilar, ministro Rogério Marinho e Arthur Lira entregam casas mento secreto, bastante criticado por lideranças políticas, mas que dificilmente será desfeito, mesmo com a troca de presidente da República. A distribuição de bondades, bancadas com dinheiro público e bilionário deste orçamento tido como paralelo parece ter um preço. A Controladoria Geral da União identificou contratos de obras de pavimentação, via Codevasf, com sobrepreço de R$ 4,3 milhões em 34 cidades alagoanas. Uma delas é Barra de São Miguel, administrada por Benediro de Lira, pai do presidente da Câmara. Na Barra, aliás, os técnicos da CGU descobriram, numa inspeção, que a empresa responsável pelas obras na cidade e em mais 28 municípios estava com os trabalhos paralisados e o escritório no local fechado. Ao jornal O Globo, a empresa negou sobrepreço e falou em subpreço nas obras. Os indicados à direção da Codevasf alagoana são do plantel lirista. Ano passado, assumiu o ex-deputado e primo de Lira Joãozinho Pereira. Ao mesmo tempo, a equipe

presidencial pressiona o Governo Renan Filho que acusa o Banco do Brasil de obstaculizar empréstimo de R$ 770 milhões a Alagoas, dinheiro para um banho de asfalto nas rodovias alagoanas. O senador Renan Calheiros (MDB) anunciou que vai convocar o presidente do banco para explicar o porquê da discriminação. O Tribunal de Contas da União abriu investigação para apurar a conduta da instituição financeira. O senador foi relator da CPI da Covid que pediu o indiciamento de Jair Bolsonaro em nove tipos penais, incluindo os tipificados pelo Código Penal, de responsabilidade e contra a humanidade. Também a comissão pediu o indiciamento de outras 10 pessoas por crimes contra a humanidade. Na quarta, 9, o Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), recebeu o relatório da CPI. DOBRADINHA Lira e Collor encabeçam o bolsonarismo em Alagoas, mesmo não sendo do movimento nem endossando discursos

radicais ou se esquivando da pauta de costumes, principal bandeira da extrema direita brasileira. Os dois seguem a lógica da política e do poder e neste momento Jair Bolsonaro é quem manda. O discurso de ambos é um código para que seguidores do presidente da República possam agir em Alagoas. Na Assembleia Legislativa, os deputados Davi Maia (DEM) e Cabo Bebeto (PTC) decodificam as mensagens e listam os problemas na administração dos Calheiros. O alvo esta semana foi a Secretaria de Comunicação. E pressionam, em manobras legais, que a verba da Secom seja repassada para outras áreas. A proposta é diminuir ações publicitárias do governo onde principalmente Renan Filho também aparece e ganha mais destaque. O governador deve renunciar até 2 de abril e disputar com Collor a vaga de senador. Davi Maia apresentou 11 emendas ao orçamento para remanejar R$ 9,1 milhões da “caixa preta” da Secom para desenvolvimento, meio ambiente, educação, saúde e economia. “Há um claro desequilíbrio de recursos em relação a outras pastas, por exemplo, a Setrand [Secretaria de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano], Seplag [Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio] e Gabinete Civil. O que a gente percebe é que existem áreas importantes do Estado com orçamento pífio, como é o caso de prevenção de enchentes, que não recebeu nenhuma dotação para 2022”, disse ao portal Gazetaweb. Cabo Bebeto (PTC) também critica as ações de promoção do governo via Secom: “Todos nós sabemos que o governo enche a Secretaria de Comunicação de verba para autopromoção do governador. Apresentei emendas, mas o governador vetou. A Assembleia pode derrubar ou manter este veto. Entendo que o dinheiro usado na Secom serviria melhor em outras áreas que efetivamente fazem a diferença na vida do alagoano”.


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ELEIÇÕES

Podemos de Moro esvazia em Alagoas; Nonô volta à ribalta com União Brasil PSD de Kassab pode fechar acordo com Lula e trazer Rui Palmeira a palanque de petista REPRODUÇÃO DE VÍDEO/FACEBOOK

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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Podemos, do ex-juiz Sérgio Moro, está em processo de esvaziamento, pelo menos em Alagoas. O deputado federal Severino Pessoa, “dono” da legenda no estado, negocia disputar a reeleição pelo PSD, liderado pelo ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, empossado no comando da legenda pelo presidente Gilberto Kassab. Seguindo este caminho, será menos um palanque para Moro que patina nas pesquisas presidenciais e ainda não conseguiu emplacar a prometida terceira via. Membro da República de Curitiba, Moro deve buscar uma vaga ao Senado ou ainda migrar para o União Brasil, resultado da fusão do DEM e do PSL, autorizada esta semana pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já o PSD discute apoiar o ex -presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno da disputa eleitoral e isso muda o eixo do partido em Alagoas. Rui Palmeira, ex-DEM e PSDB, deverá pedir votos para Lula; o presidente de honra do PSDB alagoano, Teotonio Vilela Filho, declarou seu voto a Lula antecipando o movimento dos tucanos que pressionam pela desistência do governador João Doria na disputa ao Palácio do Planalto. Sobre o União Brasil: em Alagoas, a nova legenda será comandada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, e pelo presidente da Assembleia, Marcelo Victor. Um dos articuladores é o ex-deputado federal José Thomáz Nonô que apoia a reeleição de Bolsonaro. Lira é um dos cabeças do presidente da República e Victor deve pedir votos a Lula. Portanto, se Sérgio Moro se filiar ao União Brasil, ao menos em Alagoas não poderá contar com um palanque que possa abrigá-lo. Alagoas deve ficar de fora dos roteiros do can-

Nonô ressurge no cenário político como articulador do novo partido

didato. O deputado federal Marx Beltrão, hoje no PSD, discute migrar para o PP de Lira. Se isso acontecer, vai dividir a legenda com outro Beltrão: o prefeito de Coruripe, Marcelo, que apoia o irmão Marcius para a Câmara Federal. Os Beltrão se mostram aos seus eleitores divididos. Na semana passada, em Coruripe, Marcius discursou ao lado do governador Renan Filho (MDB) reclamando dos 20 anos do domínio da cidade pelo ex-deputado João Beltrão, morto em 2019, sem citar nomes. “Não é fácil governar um município que vem com o mesmo projeto político durante 24 anos, deputado Paulo Dantas. E aí, dessa forma humilde, tranquila, serena, conversando com as pessoas, convencendo as pessoas que a política pública que tem que ser colocada à disposição do povo de Coruripe é a política do desenvolvimento e gerar emprego e renda da população e dar dignidade às pessoas”, disse Marcius que é

secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Ele deve deixar a função até 2 de abril para disputar uma das 9 vagas de deputado federal. O deputado Paulo Dantas (MDB) estava em Coruripe neste dia quando foi citado no discurso de Marcius. E também falou na posição de futuro governador-tampão, claro sem entregar o ouro para evitar problemas na legislação eleitoral. O governador Renan Filho (MDB) negocia a vaga de vice de Dantas, mas a filiação do prefeito de Pilar, Renato Filho, ao MDB foi vista como um recado para a Assembleia Legislativa e Arthur Lira: o prefeito pode virar o candidato do governador quebrando o pacto que tem como cláusula apoiar a reeleição de Dantas ao Palácio República dos Palmares. Os deputados não gostaram do gesto de Renan. Paulo Dantas, Rui Palmeira, o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o prefeito de Maceió JHC (PSB)

O MEIO POLÍTICO CRÊ QUE JHC NÃO VAI RENUNCIAR E O PRINCIPAL SINAL DISSO É A REAFIRMAÇÃO DO VICE RONALDO LESSA QUE INSISTE NUMA CANDIDATURA AO SENADO, APESAR DE O PDT NACIONAL ESTAR CAMBALEANDO NOS APOIOS A CIRO GOMES À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.

estão nas listas dos “governáveis”. Entre todos, Dantas é quem está em maior desvantagem: pouco conhecido, membro de uma família tradicional da política concentrada na bacia leiteira com passado marcado por assassinatos e falência da Camila, cooperativa leiteira da região, a aposta entre seus apoiadores é que, ao assumir o governo em 2 de abril, vai ganhar a projeção necessária para pontuar nas pesquisas e empurrar um segundo turno na disputa à chefia do Executivo. O meio político crê que JHC não vai renunciar e o principal sinal disso é a reafirmação do vice Ronaldo Lessa que insiste numa candidatura ao Senado, apesar de o PDT nacional estar cambaleando nos apoios a Ciro Gomes à Presidência da República. No ninho lulista, Renan Filho é embalado como futuro ministro. A foto nas redes sociais, com Lula, o senador Renan Calheiros e o governador foi um gesto de fidelidade e um engatilhado acordo mais para a frente. Hoje, Renan Filho é candidato ao Senado, mas disputa a vaga com Fernando Collor e suas décadas de experiência na política mais um impeachment. Com “couro grosso”, Collor sabe, desde 2018, que o governador é seu principal e único rival político. Renan Filho também.


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CANAL DO SERTÃO HIDROBR

Obra foi iniciada há 30 anos, no final da gestão de Geraldo Bulhões, e ainda não tem previsão de quando será efetivamente concluída

TCU rejeita recurso da Queiroz Galvão para manter contrato do trecho V Novo consórcio vencedor é formado pelas empresas OECI e TPF e deve iniciar obras ainda neste semestre MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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á 30 anos uma das obras mais polêmicas de Alagoas – o Canal do Sertão – vem acumulando problemas. Para uns é eficiente e vai matar a sede de muita gente, para outros, é dinheiro jogado fora. Diante de tanta incerteza, a construção do canal segue a passos lentos e vez por outra paralisa. O último episódio negativo foi o impasse entre a Construtora Queiroz Galvão, que passou a ser carta fora do baralho, e o Estado, por conta de irregularidades detectadas pelo Tribunal de Contas da União. Inconformada com a decisão do Estado em anular o contrato firmado em 2010, a empresa recorreu, mas em 15 de dezembro do ano passado recebeu o balde de água fria quando o TCU, em sessão telepresencial, negou provimento ao recurso da Queiroz Galvão que pretendia manter o contrato firmado em 2010 com o governo do Estado para as obras do trecho V. A continuidade de um empreendimento hídrico tão im-

portante para dezenas de municípios do Sertão e Agreste de Alagoas não está mais sob a responsabilidade da Queiroz Galvão. Seus argumentos não convenceram os auditores do TCU que viram falhas nas provas apresentadas pela construtora. “A auditoria realizada no bojo das fiscalizações que compuseram o Fiscobras/2015 constatou a possibilidade de que os quantitativos e os serviços da planilha orçamentária contratada para o Trecho V não estivessem adequados às reais necessidades de execução das obras, implicando a realização de significativas alterações de serviços e extrapolação do limite estabelecido no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993. Também foi apurado os preços contratuais reajustados não estavam coerentes com os preços correntes de mercado”, diz trecho da auditoria. E afirma: “Dessa forma, está plenamente caracterizada a nulidade do Contrato 58/2010, que foi derivado de licitação baseada em projeto incompleto, defeituoso ou obsoleto.” Diante da situação, foi realizada nova licitação pelo governo do Estado e o vencedor é

o consórcio formado pelas empresas OECI (responsável pela execução da obra) e TPF (responsável pelo projeto). Na verdade, o consórcio se deu porque o edital exigia que a empresa licitante tivesse experiência comprovada em obras e projetos. Com um orçamento de R$ 607 milhões, a licitação foi feita por meio de Regime Diferenciado de Contratações Integrado (RDCI) – formato onde a administração pública contrata projeto e obra em um único contrato –, permitindo que a empresa vencedora apresente uma solução tecnicamente e financeiramente mais viável. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), a previsão é que a assinatura da ordem de serviço para o trecho V do canal aconteça ainda neste mês de fevereiro e o início das obras no primeiro semestre de 2022. A estimativa é de que o empreendimento seja executado em 27 meses. A proposta é que neste trecho – do km 123,4 ao km 150 –, sejam beneficiados 57.387 habitantes dos municípios

de São José da Tapera, Monteirópolis e Olho d’Água das Flores. Em sua totalidade, a obra terá provavelmente oito trechos. “Os trechos VI, VII e VII não possuem divisão ainda, em virtude de que esta divisão acontecerá na ocasião da licitação dos trechos (Lotes) do Canal. Mas, considerando a média dos trechos anteriores, provavelmente os 100km restantes, do total de 250km, serão executados em três trechos de 33km aproximadamente”, afirmou a Seinfra. O que chama a atenção é que no contrato firmado em 2010, o valor atualizado da obra seria de mais de R$ 1 bilhão. Orientado pelos órgãos de controle, o Governo de Alagoas rescindiu o contrato com a Queiroz Galvão e teve ganho. É que o valor vencedor foi de R$ 429 milhões, 30% abaixo do orçamento e quase a metade do preço firmado em 2010. Além da redução do valor da obra, outro ponto positivo é que foi acrescentada ao objeto a execução do Plano de Recuperação das Áreas Degradadas, que consiste no replantio de árvores que serão desmatadas.


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HIDROBR

CONSÓRCIO

Em seu site, a OEC diz que foi contratada para elaborar os projetos executivos de engenharia, fornecer materiais, equipamentos e executar as obras civis para implantação de um trajeto de 26,6 quilômetros do trecho 5, entre o KM 123,4 e o KM 150, passando pelos municípios de São José da Tapera, Olho d’Água das Flores e Monteirópolis. “Mais de 800 empregos devem ser gerados no pico da obra, com aproveitamento da mão de obra majoritariamente local. Cerca de 130 equipamentos pesados deverão ser utilizados nos trabalhos. O prazo total previsto no contrato é de 40 meses, sendo 27 para execução da obra. Com a conclusão do quinto trecho, o Canal do Sertão Alagoano completará uma extensão de 150 quilômetros. Ao final do projeto, a maior obra de infraestrutura hídrica de Alagoas e uma das maiores do Brasil, terá 250 quilômetros de extensão, alcançando a cidade de Arapiraca e beneficiando mais de um milhão de pessoas em 46 cidades do sertão e agreste alagoano. A execução do novo trecho foi licitada por R$ 429,8 milhões”, afirma.

Obra completa 30 anos

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m 1992 o então governador de Alagoas, Geraldo Bulhões, decidiu construir um canal que cortaria o Sertão e parte do Agreste alagoano, levando água do Rio São Francisco para alguns municípios castigados pela seca. Tempos depois (2007), o Canal do Sertão, como ficou conhecido, foi integrado às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Considerada como a mais moderna e maior obra de infraestrutura hídrica do estado, no

governo de Divaldo Suruagy – 1995-1997– o projeto ficou paralisado, pois segundo entendimento do gestor, seria necessário um estudo mais aprofundado. Em 1998 este estudo foi realizado pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba). No governo de Ronaldo Lessa as obras foram retomadas (1999-2005), continuaram no período de Teotonio Vilela (2006-2014) e Renan Filho. Segundo Portaria nº 496/2016, quando a obra estiver concluída, a oferta de água do Canal do Sertão será de 32m3/s. O canal foi projetado para ter oito trechos que contará com 250 quilômetros de extensão, começando em Delmiro

Gouveia e se estendendo até Arapiraca. A proposta é beneficiar 46 municípios. Os trechos 1 (km 0 ao km 45), o 2 (km 45 ao km 64,7), 3 (km 64,7 ao km92,93) e 4 (92,93 ao km123,4) já foram concluídos. Segundo o Portal da Transparência, até 2016 foram gastos cerca de R$ 2,24 bilhões com a construção do Canal do Sertão, entre investimentos da União e do governo de Alagoas. Desde o pontapé inicial, a obra divide opiniões. Para uns, vai matar a sede dos sertanejos e ofertar melhor qualidade de vida. Para outros, o projeto é cheio de falhas, imprecisões, inconsistência e que é “coisa” para beneficiar latifundiários, um grande engodo.


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SUPERSALÁRIOS

Valores pagos aos 16 integrantes do Ministério Público Federal no mês de dezembro

Procuradores de Alagoas recebem extras que elevam ganhos a R$ 324 mil Pagamentos realizados em dezembro foram autorizados pela Procuradoria Geral da República TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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rocuradores do Ministério Público Federal (MPF) de Alagoas receberam em dezembro do ano passado R$ 1,038 milhão somente em verbas indenizatórias, recursos que aumentaram em 100% o valor da folha e produziram supersalários no órgão. Os pagamentos não são ilegais, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), sendo justificados como qui-

tação de dívidas da União para com os integrantes do MPF, mas permitiram rendimentos escandalosos, muito acima do teto salarial constitucional, que limita a remuneração do funcionalismo em R$ 39,3 mil. A remuneração atual de um procurador do MPF é de R$ 33.689,11, exceto do cargo regional, cujo vencimento é acrescido em R$ 1,7 mil. O valor pago aos 16 procuradores do MPF no estado chega a R$ 540.798,87 por mês, sem levar em contas pagamentos com auxílios, abonos e outros penduricalhos. Em dezembro de 2021, a folha gorda do órgão seria de R$ 1.104.664,63 com os acréscimos de férias, abono de permanência e gratificação natalina. Porém, após a liberação das indenizações autorizadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras,

o desembolso para os integrantes do MFP no estado foi elevado para R$ 2.141.773,13. As indenizações pagas em Alagoas tiveram variação entre R$ 1,8 mil e R$ 269 mil, sendo que nove procuradores viram cair na conta bancária uma verba extra superior à remuneração do cargo. A maior foi de R$ 269.681,75, destinada ao procurador Gino Sérvio Malta Lobo, que em dezembro recebeu um contracheque com rendimentos de R$ 324.182,93. O segundo maior valor da verba indenizatória no estado foi de R$ 196 mil, para o procurador Marcelo Jatobá Lobo, que ficou com rendimentos de R$ 250 mil na folha obesa de dezembro. No ponto oposto, o menor valor liberado de indenização + rendimentos foi da procuradora Juliana de Azevedo S. R. Câmara, um total de R$ 55.161,22.

CASCATA A cascata de dinheiro extra, um total de R$ 79 milhões para o quadro do MPF em âmbito nacional, que caiu nas contas dos procuradores foi viabilizada por duas decisões de Augusto Aras, que também recebeu R$ 70 mil em indenizações. A primeira foi a autorização do pagamento das licenças-prêmio, que são benefícios acumulados a cada cinco anos de serviço público, considerados o penduricalho mais esdrúxulo do funcionalismo. Já a segunda foi a medida assinada por Aras autorizando o adiantamento do abono de férias de 2022 e o pagamento dos atrasados da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE), outro penduricalho legal que torna o salário dos integrantes do MP equivalente ao dos juízes. Em tempos de pandemia e caos na área econômica, que deixaram o rastro de mais de 13 milhões de brasileiros desempregados, o pagamento com verbas indenizatórias no Ministério Público Federal atingiu R$ 123 milhões no ano passado, acima do valor liberado em 2020, que foi de R$ 110 milhões, e 2019, de R$ 109 milhões. No ranking nacional, o pagamento mais vultoso – realizado em dezembro passado – foi de R$ 446 mil para José Robalinho Cavalcanti, procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 1ª Região, em Brasília. Além da remuneração do cargo efetivo, os procuradores podem ter acesso a sete tipos de gratificações: verbas remuneratórias, função de cargo de confiança, férias, gratificação natalina, abono de permanência, remunerações temporárias e verbas indenizatórias, que representam os maiores valores no caso da folha paga no final de 2021.


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JUSTIFICATIVAS O escândalo dos supersalários foi denunciado pelo jornal O Estado de S.Paulo e gerou uma nota oficial da PGR sobre o caso. No documento, a Procuradoria disse que os valores faziam parte de dívidas antigas (algumas da década de 1990) e reconhecidas por decisões judiciais, que determinaram o respectivo pagamento. Também afirmou que a liberação dos valores atendia aos princípios da “legalidade e da transparência”, tanto que “estavam disponíveis para escrutínio de qualquer cidadão no referido Portal da Transparência do MPF”. A nota informa ainda que os valores foram pagos de forma excepcional na folha de dezembro, no cumprimento de decisões judiciais e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e que apresenta

valores maiores do que a média de outros meses em razão de pagamentos obrigatórios dessa época do ano, como parcela de 13º salário devida a membros e servidores. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também se manifestou e garantiu “a lisura, legalidade, transparência e oportunidade dos respectivos atos assinados pelo procurador-geral da República”, nesses pagamentos. A entidade disse que os pagamentos constituem direitos adquiridos, reconhecidos judicialmente e que, embora altos, os valores não confrontam o teto salarial do funcionalismo. Situação semelhante que alimenta os supersalários ocorreu também no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas, onde as verbas indenizatórias, ape-

sar de valores insignificantes em relação ao MPF, elevaram os já exorbitantes e privilegiados salários pagos em dezembro do ano passado. Segundo o Portal da Transparência do órgão, foram pagas aos 12 procuradores do Trabalho indenizações nos valores de R$ 1.829,16, R$ 2.539,78 e R$ 3.259,40. n n n n n

O que chama atenção na folha, no caso do MPT, são os vencimentos acrescidos das verbas eventuais ou temporárias que elevaram os salários para longe do teto constitucional, entre R$ 67 mil e R$ 104 mil. Os valores extras que constam nos contracheques dos procuradores do órgão são:

Gratificação natalina- R$ 383.362,74 Férias – R$ 80.330,64 Abono de permanência – R$ 23.924,92 Outras remunerações temporárias – R$ 601.030,27 Verba indenizatória – R$ 25.559,64 CONTRA OS PENDURICALHOS

Organizações suprapartidárias querem pressionar o Congresso pela aprovação do Projeto de Lei 449/2016, que proíbe gratificações acima do teto constitucional, os chamados “penduricalhos”. Após quatro anos de espera para ser votado na Câmara, o PL que barra “supersalários” no funcionalismo público foi aprovado pelos deputados em julho do ano passado, mas agora parou nas gavetas do Senado. A proposta foi encaminhada em agosto para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e até hoje sequer tem um relator definido.


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SÃO JOSÉ DA TAPERA

Ex-jogador Cleiton Xavier é acusado de agredir casal Desentendimento durante final da Libertadores teria motivado agressões no dia 27 de janeiro BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ex-jogador Cleiton Xavier está sendo acusado de agredir um casal dentro de um restaurante na cidade natal do ex-atleta, São José da Tapera, Sertão de Alagoas, local onde mantém suas raízes e conta de certa influência social por projetos realizados ao longo dos anos. Cleiton, que acumula passagens por CSA, CRB, Palmeiras e pela Seleção Brasileira, além de disputar 468 partidas, marcar 105 gols, e conquistar cinco estaduais, uma Copa do Brasil e um Brasileiro, segundo a auxiliar de serviços gerais Maria José da Silva e mãe de três crianças e seu marido, Jucilanio Silva do Nascimento, teria incentivado amigos e agredido ambos após um suposto desentendimento enquanto estavam embriagados. “Por ter bebido muito não lembro exatamente como aconteceram as agressões, só sei que Cleiton Xavier e seus amigos resolveram fazer justiça com as próprias mãos e quando vi estavam no chão, minha comadre, meu esposo e eu, aquele monte de homens socando e chutando um bêbado, que sequer podia sair, porque deslocaram a perna dele”,

contou a vítima ao EXTRA. Antes disso, como a própria vítima relatou em depoimento para confecção do Boletim de Ocorrência, o casal passou a tarde em um aniversário e decidiram parar em um bar para finalizar a noite antes de ir para a casa e no local encontraram o ex-jogador, com quem já tinham se desentendido durante a final da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo, cerca de dois meses antes, no dia 27 de novembro do ano passado. “Sai da mesa e fui falar com um primo, ao retornar estava em minha mesa Cleiton Xavier, sendo que em uma outra ocasião já havia tido um atrito entre ele e os amigos com meu marido, quando, por conta de um mal entendido, quiseram bater nele. Quando cheguei na mesa começou uma discussão entre ele e eu, eu já havia bebido muito, me alterei, porém nada de agressão física, resolvemos pagar a conta para sairmos de lá, porque eu fiquei muito nervosa com a situação, os ânimos estavam muito alterados, pagamos a conta e íamos embora quando tudo aconteceu”, explica, afirmando não saber ao certo o que teria sido o estopim para o início das agressões. Para proteger o marido que não conseguia se levantar das agressões, Maria José da Silva resolveu se jogar na frente dos supostos agressores acreditando conseguir interromper a violência por evitarem bater em uma mulher, algo que, segundo a vítima em depoimento à Polícia Civil, não teria acontecido. Na confusão, o celular quebrou, um óculos foi perdido e os documentos danificados. “Viemos

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Cleiton Xavier disse que seu advogado explicaria o caso

Vítimas expõem marcas da agressão para casa, eu em choque só sabia chorar, e ele muito embriagado e machucado apagou por conta das dores. Passei o dia seguinte apavorada, até que na segunda resolvemos fazer o BO, porém sem sucesso; nos mandaram retornar na terça, fomos, nos mandaram ir quarta, fomos na quarta, e nos mandaram fazer online depois de muito tempo”, explica. Embora afirme não lembrar de muita coisa daquela noite, os relatos de testemunhas e amigos ajudam o casal a entender por meio de flashes o que teria de fato acontecido, já que as imagens das câmeras de segurança do local que poderiam esclarecer todo o fato ainda não foram periciadas. A defesa do casal, no entanto, afirmou que vai entrar com um pedido na Justiça solicitando

imagens das câmaras municipais e do estabelecimento onde tudo teria acontecido. O EXTRA entrou em contato com o ex-jogador, que hoje se dedica à escolinha de futebol que montou em Tapera para cerca de 80 garotos, para que pudesse explicar seu lado da história, mas Cleiton afirmou não poder comentar o assunto e que só se posicionaria através de seu advogado, algo que não aconteceu até o fechamento desta edição.


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SÃO MIGUEL DOS CAMPOS

PREFEITURA INICIA CONSTRUÇÃO DE NOVA REDE DE ÁGUA PARA ABASTECER PARTE ALTA DA CIDADE Obras foram iniciadas esta semana para substituir antiga rede que estava desgastada e não supria necessidades da população

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Prefeitura de São Miguel dos Campos iniciou esta semana a construção de uma nova rede adutora de água para atender a população que reside na parte alta da cidade. Com a obra, o abastecimento será reforçado e o produto chegará às residências com qualidade. Segundo o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Alfredo Ferro, a atual rede sofre seguidos rompimentos por vários fatores, principalmente porque é muito antiga, tem mais de 20 anos de uso, e também se encontra sob a rede de energia elétrica de alta tensão, o que não é recomendado. A nova tubulação é composta por canos de ferro, que é um material mais resistente e de melhor qualidade. De acordo com o SAAE, a tubulação de ferro tem durabilidade e evita estouro de canos e a consequente falta de água nos bairros. “O objetivo com esse investimento é dar melhor qualidade na tubulação e diminuir a falta de água causada pela quebra de canos”, confirma Alfredo Ferro. “Após vários rompimentos na rede adutora de água que abastece a parte alta da cidade, causado por tempo de uso mais de 20 anos, e a nossa rede se encontrar sob uma rede de energia de alta tensão da Equatorial e vários imóveis, resolvemos construir uma nova rede. Desta vez, com tubo de ferro para resolver de uma vez problemas com vazamentos e melhorar o atendimento à população da parte alta da cidade”, explicou. O prefeito George Clemente falou sobre a obra e garantiu que, em breve, o serviço será concluído. “Vale ressaltar que a nova tubulação permitirá um maior fluxo, e o novo material pode chegar a mais de

SINALIZAÇÃO

50 anos de vida útil, sendo mais resistente e evitando desgastes e possíveis faltas d’água com o estouro dos canos, como vem acontecendo. Queremos garantir a saúde e segurança da população”, afirmou.

Além da rede de abastecimento, a Prefeitura, através da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), está realizando um trabalho de sinalização horizontal de lombadas e faixas de pedestres em diversos pontos do município. O trabalho foi iniciado no Centro da cidade reforçando a pintura de várias áreas. O reforço da sinalização é para garantir a segurança de condutores de veículos e, principalmente, de pedestres. Segundo a SMTT, a previsão é que o trabalho continue em outras ruas e avenidas. Com a contribuição de agentes de trânsito para monitorar o tráfego no local, as equipes de Trânsito têm trabalhado à noite, quando a circulação de veículos é menor que durante o dia, o que evita o congestionamento nas vias da cidade.


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MARECHAL DEODORO

PROGRAMA MERENDA DA TERRA RECEBE NOVOS INVESTIMENTOS DA PREFEITURA Kits de irrigação e aradora vão beneficiar agricultura familiar e garantir produção farta para alimentação na rede escolar

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Programa Merenda da Terra, implantado para fomentar e estimular a agricultura familiar no município de Marechal Deodoro, recebeu novos investimentos para aumentar a produção, hoje cultivada em 50 hectares de terras arrendadas pela Prefeitura e cedidas aos pequenos produtores. O programa vai distribuir kits de irrigação para os cadastrados, além da entrega de uma aradora. O Merenda da Terra foi implantado no final de 2021 com a parceria da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). A ideia surgiu como alternativa para evitar que os pequenos agricultores locais usassem de forma irregular as propriedades privadas para o desenvolvimento de suas atividades. A Prefeitura arrendou terras e sublocou a área para que os agricultores cultivassem em espaço com segurança e garantia da colheita. A produção tem garantia de compra pela prefeitura e é destinada à merenda escolar na rede municipal. Através da iniciativa, a Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento, Agricultura, Pesca e Aquicultura viabilizou a emissão das DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf) aos agricultores deodorenses. O documento de identificação da agricultura familiar garantiu acesso das famílias às políticas públicas na área, a exemplo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além de acesso a crédito. Segundo o prefeito Cláudio Roberto Ayres da Costa, o Cacau, o programa seguirá promovendo ações que impulsionem ainda mais os agricultores. Além da aquisição de novos materiais e apoio técnico,

ele afirma que continuará buscando por alternativas que desenvolvam a agricultura familiar no município. Em parceria com o deputado federal Sérgio Toledo, um trator foi entregue aos agricultores para ajudálos no plantio. Para trazer completude à iniciativa, a Prefeitura realizou também a entrega de uma grade aradora, que proporcionará um acabamento mais fino e uma estrutura mais adequada do solo. “O retorno positivo de todo o investimento na agricultura familiar é gigantesco. Desde o momento em que entregamos o respeito merecido a esses trabalhadores, temos visto o crescimento manifestado em atividades com a compra dos alimentos destinados para a merenda escolar. Sei o valor do trabalho e valorizo o nosso deodorense que sempre colabora com o nosso desenvolvimento como Município” afirma o prefeito. Os kits de irrigação, que vão contemplar inicialmente 15 agricultores, são compostos por duas caixas d`água para 3 mil litros do produto, 200 metros de mangueira e fita de gotejo. O gotejamento é a forma mais eficiente de fornecer água e nutrientes

à plantação, pois entrega as quantidades ideais de acordo com as fases do seu cultivo, no momento certo e diretamente na raiz da planta. Uma das principais raízes cultivadas nas plantações é a macaxeira, o carro-chefe da produção de Dona Josefa. Ela é agricultora na região há muitos anos e acompanha a gestão desde as primeiras iniciativas de incentivo à agricultura familiar. A agricultora conta que suas expectativas são cada vez mais altas quanto ao plantio e colheita. “Daqui para frente, vai melhorar bastante. Com a chegada da grade aradora, muitos vão poder preparar sua terra rapidinho. Eu estou muito feliz, pois o trator veio como uma grande ajuda para nós. Como alguém que cuida da terra desde pequena, sei o valor da água no desenvolvimento da plantação. Olho para nossa história e vejo o quanto avançamos: temos água, equipamentos e muita vontade de trabalhar. Hoje, a agricultura familiar encontrou o respeito que merece”, declara Josefa. O Merenda da Terra contempla 68 famílias de pequenos produtores.


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CIDADE DE TODOS NÓS BARBARA WANDERLEY E ITAWI ALBUQUERQUE

Parque da Mulher está prestes a ser entregue aos maceioenses Prefeitura de Maceió pretende entregar aparelho multifuncional ainda neste primeiro semestre ASSESSORIA

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ais de 700m² de lazer, com quadras poliesportivas, parques infantis, ciclovias e espaço cultural. Tudo isso estará disponível para os maceioenses a partir do mês de abril. É o Parque da Mulher que está sendo instalado no canteiro central da Av. Empresarial Carlos Nogueira, na Jatiúca. A obra simboliza o reconhecimento às mulheres que sempre cuidaram do local e mantinham um espaço de convivência entre os moradores do bairro. Sheila Alves é uma das moradoras do bairro que cuida e usa o espaço diariamente. Ela conta que, inicialmente, a motivação era não deixar que o local se tornasse um ponto de descarte irregular de lixo. “E aí fomos gerando uma relação afetiva com o lugar”, explica a moradora. Para o prefeito JHC, a construção deste aparelho público

representa o respeito da gestão municipal para com as moradoras da Jatiúca, que dedicaram suas vidas por mais de quatro décadas para terem um espaço de interação comunitária. “Essa conquista é de todos, principalmente desse povo maravilhoso que há tanto tempo lutava para ter um espaço digno e agora ele sai do papel e se transforma em realidade”, afirma o prefeito JHC. O projeto foi construído pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), com a participação ativa da comunidade, que apresentou as demandas da população para o uso do espaço. Agora, a obra está sendo monitorada por uma equipe de mulheres, da Secretaria Municipal de Infraestrutura. “É um orgulho representar todas as mulheres envolvidas direta e indiretamente na concepção dessa obra. Em minha equipe de fiscalização formada por mulheres, tenho visto dedi-

cação, conhecimento técnico e a vontade de realizar o melhor para os moradores da Jatiúca”, destaca a engenheira Diana Castellar. O Parque da Mulher já está com 413 metros lineares de ciclovia e 3.770m² de área de passeio devidamente concre-

tados. O passeio também está recebendo o piso tátil (que auxilia a caminhada de deficientes visuais) e o piso intertravado. A previsão é que o aparelho seja entregue em abril de 2022.


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PANDEMIA

Nova variante da covid-19 e influenza impactam construção civil em Alagoas Quase 60% das obras em andamento no estado sofreram atrasos devido ao afastamento de trabalhadores BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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variante ômicron do coronavírus aliada ao surto da influenza tem impactando a indústria da construção em Alagoas, revela uma pesquisa realizada pela Comissão de Políticas de Relações Trabalhistas (CPRT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgada no final de janeiro. De acordo com o levantamento realizado entre 14 e 21 de janeiro, pelo menos 1,24% dos canteiros de obras montados em Alagoas foram impactados pela nova onda de covid-19 ou pela Influenza. Embora não pareça um número assustador, quase 60% das obras do setor que movimentou R$ 1,74 bilhão em Alagoas no ano de 2019 acabam atrasando seus prazos por conta do afastamento de funcionários. O levantamento feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, que tem como objetivo diagnosticar a incidência das duas doenças nos canteiros de obras e os impactos no setor, contou com a participação de 482 empresas de todo o país. Nesse cenário, Alagoas ocupa a terceira colocação no Nordeste dos estados menos impactados pelas doenças e o sétimo no Brasil. Na região, Bahia (5,39%), Pernambuco (4,98%) e Ceará (3,53%) dividem o pódio

dos mais impactados economicamente, principalmente no setor da construção civil, infraestrutura, obras Industriais e serviços especializados enquanto São Paulo, Paraná e Minas Gerais aparecem em primeiro, segundo e terceiro respectivamente nacionalmente. Ainda de acordo com a pesquisa, nos últimos 30 dias, 43,36% das empresas no Brasil identificaram casos de covid-19 e Influenza; 30,8% registraram casos de covid-19; 10,58% identificaram casos de Influenza na empresa e 15,98% não identificaram nenhum caso das doenças. Como consequência, 86% das empresas do setor declararam que tiveram afastamentos nos canteiros de obra por infecção. Cerca de 68% dos entrevistados disseram ter funcionários afastados do escritório por infecção. Já 32% declararam ter pedidos para trabalho em home office. Mesmo com o avanço dos casos, o percentual de empresas que exigem o ciclo de vacinação completa ou teste negativo da doença ainda é considerado baixo, já que apenas 58,30% das empresas disseram fornecer ou exigir teste de covid-19 de seus trabalhadores. Cerca de 41,70% não fazem esta exigência. Já sobre imunização, 51,24% exigem comprovação de vacinação completa, contra 48,76% que não o fazem.

Em 2019 setor gerou R$ 1,7 bi em incorporações A indústria da construção alagoana gerou R$ 1,74 bilhão em valor de incorporações, obras e serviços em 2019, último ano em que o levantamento foi realizado em “tempos normais”, antes da pandemia, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram que, em 2019, Alagoas tinha 291 empresas ativas que empregavam 13.062 trabalhadores. Naquele ano, foram pagos a esses trabalhadores R$ 264,6 milhões em salários e remunerações. Em todo o País, a indústria da construção gerou, em 2019, R$ 273,8 bilhões em obras e serviços (95,1%) e R$ 14,2 bilhões em incorporações (4,9%), o que ocasionou a criação de 244.755 vagas.


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Alta de casos coloca em xeque presença de torcida nos estádios Estados vizinhos começam a adotar medidas restritivas diante da iminência de um novo pico BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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o momento em que cientistas e infectologistas apontam para um novo pico do coronavírus no Brasil e no mundo, dessa vez causado pela variante ômicron, algumas federações de futebol e governos estaduais começam a impor o retorno de algumas medidas restritivas a torcedores em estádios neste início de temporada e colocam em xeque a segurança do retorno total dos mesmos às praças esportivas também em Alagoas. CSA e CRB, por exemplo, disputam neste início de temporada o Campeonato Alagoano, Copa do Nordeste e se preparam para a Copa do Brasil, levando alguns milhares de torcedores ao Rei Pelé ao longo da semana. No primeiro clássico do ano disputado no último dia 5 entre as equipes, por exemplo, pouco mais de 6 mil torcedores estiveram presentes na vitória do Azulão pelo Alagoano. Estados como Pernambuco, São Paulo e Goiás anunciaram na última semana algumas medidas para conter o avanço da nova variante e que afetam diretamente os torcedores. No estado vizi-

nho, o governo de Pernambuco anunciou a diminuição do público máximo permitido em locais abertos, como os jogos de futebol, que poderiam ter até 3 mil pessoas e agora só poderão ter 500. Em Goiás, a prefeitura de Goiânia também alterou a capacidade liberada para uso de locais destinados à prática de esportes e competições esportivas. Não há citação de “estádios”, mas o município informou que praças esportivas também estão na restrição, que passa a ser de 60% da capacidade. Em Alagoas, embora a Federação Alagoana de Futebol só permita a entrada de torcedores com o ciclo vacinal completo ou com o teste negativo para a covid-19 feito com até um dia de antecedência, o médico infectologista Fernando Maia explica que o momento é de cautela e que o estado também deveria seguir o exemplo de outras unidades da federação para evitar uma disseminação maior da doença. “Acho cedo voltar a torcida aos estádios nesse momento com o pico da pandemia como entramos agora novamente. Acho que deveríamos esperar um pouco mais, porque tudo indica que se essa variante ômicron ti-

ver aqui o mesmo comportamento que teve em outros lugares, provavelmente dentro das próximas semanas nós já teremos uma queda importante no número de casos”, explica o especialista sobre o que até o momento aconteceu em outras regiões. Ainda de acordo com Fernando Maia, o momento é de cautela mesmo seguindo todas as recomendações de segurança para adentrar nos estádios, principalmente pelo número de casos estarem em um patamar considerado alto. “Poderemos voltar a ter atividades deste tipo após o pico, e com mais segurança”, frisa. Alagoas está registrando pouco mais de 500 novos casos diários todos os dias há pouco mais de uma semana, com destaque para o dia 4 deste mês, quando o número de casos em comparação ao dia anterior subiu de 572 para 5.174, um aumento de 804%. As medidas de restrição em estádios do Brasil está aliada ao risco de uma explosão de casos também no período de Carnaval, confirmando a percepção que profissionais de saúde já vinham apontando. De acordo com uma pesquisa da Associação Médica Brasileira (AMB), que ouviu 3.517 profissionais entre 21 e 31 de janeiro, 96,1% dos médicos que atendem em locais que recebem pacientes com covid-19 observaram tendência de alta no número de casos. Além disso, 40,5% deles detectaram aumento na quantidade de mortes. Em Alagoas, o governador Renan Filho publicou em outubro do ano passado o decreto com regras para o retorno das torcidas nos estádios em jogos pela Série B. Antes disso, a última partida com presença de torcida no Trapichão foi no dia 15 de março de 2020, na qual o CSA enfrentou o Freipaulistano, pela Copa do Nordeste. O EXTRA entrou em contato com a Federação Alagoana de Futebol e com a Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas e as questionou sobre a possibilidade de novas medidas restritivas para a presença de torcedores nos estádios alagoanos, mas nem a pasta estadual e nem a entidade esportiva responderam ao questionamento.


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SAÚDE MENTAL

Ninfomania: prazer sem prazer

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termo ninfomania tem origem na mitologia grega e simboliza divindades e personalidade femininas que habitam os campos, as florestas e os mares. Elas são associadas à fertilidade, personificando a fecundidade da Natureza. São as ninfas. Hoje, na literatura, a ninfomania é caracterizada por um desejo sexual hiperativo de uma mulher. É caracterizada por um desejo excessivo por sexo, sem que, no entanto, haja alterações hormonais. Ninfomania refere-se à hipersexualidade feminina ou transtorno do comportamento sexual compulsivo e pode estar relacionada à ansiedade e à depressão. Há um comportamento sempre insatisfeito, no dia a dia (por semanas, meses e anos), e por isso elas procuram o sexo como forma de “escape”. O transtorno faz com que as mulheres não consigam controlar seus desejos sexuais e mesmo após o sexo, elas não conseguem ter prazer satisfatoriamente (a ansiedade é tão intensa que não conseguem ter prazer), além de se sentirem culpadas pelos atos. A ninfomania é considerada um vício, como ocorre na compulsão por compras (oniomania), comida ou bebida. Principais sintomas: diversos parceiros sexuais; excesso de masturbação; fantasias sexuais intensas; uso de objetos sexuais em demasia; visualização de pornografia exagerada, e ausência de ter prazer no ato sexual.

“Ah, se eu tivesse feito psicoterapia antes...” Curiosidade; ninfomaníaca

Os pais estavam separados há mais de cinco anos e Betânia morava com o avô e a avó maternos, que eram idosos. Betânia era esperta, curiosa e gostava de estudar; tinha até professora particular para aprimorar os conhecimentos. Os pais pagavam os estudos e moravam longe; muito longe. A professora, segundo Betânia, era dedicada e gostava que tudo ficasse esclarecido, seja qual fosse a disciplina:

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

matemática, português, ciências... A professora era uma espécie de babá educacional. Nenhuma pergunta podia deixar de ser respondida. Bastante curiosa e inteligente, Betânia, numa aula de ciências quis saber sobre o que era fazer sexo e o que era um beijo romântico. A professora se espantou com a pergunta de uma garota tão jovem. Tentou explicar, superficialmente. Num primeiro momento respondeu. Betânia não se contentou a apenas a ouvir as respostas – o que era fazer sexo ou o que era um beijo romântico –, ela queria mais; ela queria entender melhor e sentir, realmente, o que significavam aqueles termos. Betânia é uma mulher bonita. Betânia dizia que a professora era muito bonita. Certo dia, nas aulas, por insistência de Betânia, a professora “demonstrou”, de leve, na prática, o que era um beijo romântico. A professora ficou empolgada com a aula prática que deu a Betânia e continuou a “demonstrar” mais e mais aulas práticas. Um dia ultrapassaram os beijos românticos e tiveram uma espécie de romance secreto. A professora era cerca de 15 anos mais velha do que Betânia. Betânia, no final da adolescência começou a namorar um menino; depois outro e depois outro. Alguns anos mais tarde, teve também uma namorada. Já na primeira fase adulta, dizia não saber o que era. Quase que semanalmente, Betânia se referia aos pais como muito longe. Não tinha afeto, abraços, mas tinha tudo que ela precisava materialmente. Também dizia que tinha muita “confusão na cabeça”. “Meus pais também não me ajudaram em nada, para tirar as minhas dúvidas”, disse mais ou menos assim. Alguns anos mais tarde, Betânia estava namorando um menino e também uma menina ao mesmo tempo. “Claro, faço

Amor e sexo Amor é um livro / Sexo é esporte / Sexo é escolha / Amor é sorte / Amor é pensamento, teorema / Amor é novela / Sexo é cinema / Sexo é imaginação, fantasia / Amor é prosa / Sexo é poesia... (Rita Lee) de tudo para não descobrirem. Eu gosto de ‘agradar’ quem está comigo, mesmo que seja amigo ou amiga, por isso não penso nas consequências”, disse Betânia numa sessão. Em praticamente toda sessão semanal, Betânia, tinha uma, duas e até três aventuras sexuais para contar. Às vezes se sentia vazia e nessas ocasiões, bebia, ou fumava um “baseado”. Muitas vezes se arrependia das atitudes. Com o passar dos tempos “se esforçava” em ter um relacionamento com “uma menina”, mas ela não me entendia: eu queria prazer e ela não; então eu ... Quando na sessão, ela “ouvia a própria voz” sobre a quantidade de parceiros, esquecia de ir à sessão da semana seguinte ... Depois de quase dois anos de psicoterapia, Betânia dizia que estava selecionando mais os parceiros, mas não se importava em sair com “menino ou menina”. Ela dizia que preferia menina, mas já se apaixonou por menino e isso estava confundindo a cabeça dela. “Sinceramente, não sei com quem ficar no futuro, se menino ou menina”. Betânia descobriu, na psicoterapia, que é preciso fazer uma reflexão sobre os comportamentos compulsivos que ela demonstrava e se implicar na vida com responsabilidade. Faz oito meses que ela está num relacionamento com uma “menina”.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é preciso nenhuma preparação. (Robert Louis Steven-

A dúvida do governador

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governador Renan vive talvez o momento de mais tensão de sua trajetória política, diante da decisão de deixar ou não o cargo, antes do tempo regulamentar, para concorrer ao Senado. Não deveria ser assim, pois fez um dos maiores governos das últimas décadas, serviu a todos os municípios do interior, independente de partidos políticos, realizando obras e serviços nunca vistos em gestões anteriores. Por mérito deveria concorrer ao cargo de senador e obter a maior votação de nossa história, mas aqui a coisa não é bem assim. Na política não conta quem merece, mas sim “quanto pesa”. Quando

Ronaldo Lessa

O vice-prefeito Ronaldo Lessa já decidiu que vai postular uma disputa majoritária nas próximas eleições, preferencialmente o Senado, caso o prefeito não saia candidato a governador. Ficam aí duas alternativas para ele: 1) virar prefeito caso JHC venha a concorrer, 2) não precisa renunciar para concorrer, basta não assumir o cargo de prefeito dentro do período vedado pela lei eleitoral. Em sua história Ronaldo Lessa sempre teve melhor desempenho quando enfrentou maiores dificuldades. Foi assim para prefeito e para governador. Tem destino e vocação política, muita disposição e um nome bem avaliado em todo o estado. Irá enfrentar o maior desafio de sua trajetória política, mas é disso que ele gosta. Quem sabe dá certo?

Fecomércio em alta

Nunca a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL) teve um protagonismo como nos últimos dois anos, sob o comando do presidente Gilton Lima, que tem se mostrado não apenas um grande líder de classe, mas também o administrador eficiente e empreendedor. A relação da Fecomércio melhorou sensivelmente principalmente com os seus associados e foi além com todas as esferas do poder público, principalmente com os municípios, onde foram construídas parcerias importantes para desenvolvimento de programas e benefícios às populações. A permanência de Gilton Gomes à frente da entidade é uma necessidade para que sua gestão exitosa continue.

poderia ter uma eleição tranquila e com o merecido protagonismo, o governador tem que encarar uma Assembleia Legislativa com uma maioria não confiável, que talvez espere apenas que ele deixe o cargo para mostrar realmente como o jogo deve ser jogado, sem lealdade e com revanches. É lamentável que seja desse jeito, mas reafirmo, nem todos são assim. Não me atrevo a dar conselho ao governador, mas deixo para ele uma frase que gosto muito – “Nenhum homem merece uma confiança ilimitada - na melhor das hipóteses, a sua traição espera uma tentação suficiente”.

Primeiro turno

A Quaest Consultoria divulgou nova rodada de pesquisa feita por encomenda da Genial Investimentos. A nova rodada mantém no mesmo patamar tanto o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. E indica a possibilidade de vitória de Lula ainda no primeiro turno. Além disso, Lula aparece como vencedor em todos os cenários simulados para o segundo turno. No primeiro cenário testado pela Quaest, com um número maior de candidatos, Lula aparece com 45% das intenções de voto, mesmo percentual da rodada anterior. E todos os demais candidatos somam juntos 42%. Se as eleições fossem hoje, nesse cenário, Lula seria eleito no primeiro turno.

Alagoas crescendo

O estado registrou a segunda maior taxa de abertura de empresas do País em 2021, segundo o Mapa das Empresas, divulgado na quarta-feira (9), pelo Ministério da Economia. De acordo com os dados, no ano passado o estado abriu 42.681 empresas, um crescimento de 39,2%, na comparação com o ano anterior. O Amapá aparece em primeiro lugar do País, com um crescimento de 40,9%. Os números mostram que mesmo em tempos de crise, causada pela pandemia, graças aos investimentos do governo estadual com incentivos e facilidades para instalação de novas empresas Alagoas continuou crescendo.

Rodrigo Cunha vai

Segundo o blog do Ricardo Mota (Cada Minuto), o senador Rodrigo Cunha está mesmo decidido a encarar a candidatura ao governo do Estado, mesmo que vingue a aliança com o prefeito da capital em função de impedimentos se houver a formação de uma federação. Não quer perder a oportunidade e conta com alguns pontos a seu favor: não corre risco de perder o mandato, caso não seja eleito; até o momento os prováveis candidatos não se mostram competitivos; suas duas últimas eleições não contaram com apoios expressivos e saiu vitorioso. O que pesa contra pontualmente é o desempenho de quatro anos no Senado, com uma atuação considerada fraca.

O bom prefeito

O bom prefeito não pode ser considerado aquele que apresenta muitas obras e ações de sua gestão, também não aquele de ações midiáticas e que vive pendurado nas redes sociais, parecendo um locutor de rádio do interior. O bom prefeito deve, antes de tudo, cumprimento aos princípios da eficiência, legalidade, moralidade e finalidade, ditados pela Constituição. O bom prefeito não “negocia”, não transforma seu gabinete em um balcão de tratativas espúrias. O bom prefeito não pode trocar serviços por dinheiro no bolso sujo de propinas. O bom prefeito cumpre sua palavra, honra seu mandato e serve ao povo, não a seus amigos e sua família. Sei que é difícil encontrar um bom prefeito, mas é possível sim e temos alguns.

PÍLULAS DO PEDRO Prefeito JHC continua a grande incógnita na política alagoana. Vai ou não vai? Deputado Marx Beltrão deverá ser o mais votado para federal em Palmeira dos Índios. Carnaval chegando e logo após os anúncios das candidaturas começam. Deus nos proteja!


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Um balanço da carta aberta

ELIAS FRAGOSO n Economista

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uando a sociedade se rebela em reação à anomia e/ou prevaricação das autoridades, é sinal claro da falência do pacto político vigente e do esgarçamento moral dos que estão no poder. Ao avocar para si, premida pelas circunstâncias, o papel de protagonista, a população desnuda o vácuo existente entre ela e seus delegados e sinaliza a necessidade de mudanças. De pessoas e procedimentos. Alagoas está nesta etapa. Não vê quem não quer. O senso comum da delegação da política aos políticos e das questões públicas aos gestores públicos recentemen-

te foi contestado em Maceió, pelas razões elencadas acima. A sociedade se viu obrigada a lançar uma carta aberta preventiva à venda da Braskem, endereçada aos cidadãos de Alagoas, à Bolsa de Valores (B3), à CVM (que já abriu processo administrativo para averiguar as denúncias), à bolsa de New York e à SEC (a CVM americana) e aos investidores. A ideia era alertá-los sobre o megapassivo de Maceió – pouco conhecido – decorrente do megadesastre ambiental que a Braskem provocou na cidade e que os atuais controladores estariam deixando para trás após sua venda. A carta provocou enorme repercussão entre os alagoanos e a atenção da mídia nacional e de sites especializados em finanças, levando à suspensão da transação prevista para 31/01. Uma enorme vitória para Maceió e da cidadania! Na quarta-feira, dia 9/2, o site especializado Scoop by Mover, que abriga a maior comunidade de investidores da América latina, informou que a empresa está estudando transferir a venda para o segundo

A cor da pele

NELSON FERREIRA n Jornalista

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e você acredita ser possível escravizar alguém por ter a pele escura, deve admitir a possibilidade de se tornar escravo de quem tem a pele mais clara que a sua. Essa frase revela muito do que penso sobre o racismo e sobre o erro de avaliar o ser humano com base na sua cor ou etnia. O sentimento de superioridade que certas pessoas nutrem em relação a outras por conta do racismo é de tamanha periculosidade que pode causar riscos à saúde do corpo e da

alma dos atingidos por essa chaga. Combatê-la não é tarefa apenas para os humilhados. É de todos nós, que com informação e educação conseguiremos, com certeza, eliminar esse sentimento cruel, fruto sobretudo da ignorância. Em pleno século XXI é necessário entender que eventuais diferenças de qualquer origem não são justificativas para segregação e afastamento das pessoas. O racismo é um câncer que tem tratamento e começa pelo reconhecimento de que somos todos seres humanos. Como cidadãos temos os mesmos direitos e deveres. Tenho conhecimento da exis-

semestre. Outro ponto para o movimento. Sinal de que o “rolo compressor” da empresa em relação a Maceió foi obstado. A Braskem precisa negociar os prejuízos de Maceió antes da próxima rodada de vendas, para não correr novo risco de fracasso. Este é um desses momentos em que se avalia que, a despeito de tudo, a frase da socióloga Margaret Mead nunca se fez mais atual: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo”, ou uma situação qualquer... Os governantes locais que nos últimos 4 anos se esmeraram em se omitir do protagonismo em defesa de solução dos interesses de Maceió e dos refugiados ambientais no caso do megadesastre ambiental, e que há quase 5 décadas nada fizeram para relocalizar a planta industrial da Braskem de dentro da cidade, de onde ameaça centena de milhares de pessoas, agora terão que enfrentar, queiram ou não, esses temas. A carta desnudou suas anomias e trouxe

de volta ao palco as novas e velhas suspeitas de corrupção no trato com a empresa. Os cidadãos estão preparados para lidar diuturnamente com a questão neste ano eleitoral até a solução dos dois passivos: o de Maceió (relocalização da planta industrial e indenização dos prejuízos do megadesastre; e o dos refugiados ambientais. Não é demais lembrar que, maior a demora, maior será o desgaste político e da empresa. A pressa agora mudou de lado. A sociedade de Maceió agora sabe e não mais está disposta a engolir lorotas, discursos vazios e desculpas rasas ou esfarrapadas de políticos. Tampouco comunicados tergiversantes esculpidos milimetricamente com intuitos diversionistas. Nem entrará em barganhas criminosas. Daqui em diante desmentirá qualquer fake. De autoridades ou da empresa. E exige participar das negociações. Por mais lisura e transparência no processo negocial. E quer Maceió de volta, depois do sítio da Braskem.

tência de estudos, projetos e uma infinidades de ideias que procuram combater o racismo, mas creio que sem coração generoso avançaremos pouco. Somos todos iguais. A pele pode ter cor, a alma não. Há poucos dias, no Rio de Janeiro, Moïse Kabagambe, um jovem africano que fugiu para o Brasil por conta da violência disseminada em seu país, a República Democrática do Congo, foi morto a pauladas por três pessoas negras como ele. Esse crime ganha um novo horror por ter sido testemunhado por diversas pessoas que nada ou pouco

fizeram para evitá-lo. Nos primeiros momentos da investigação policial foi cogitado que ele poderia ter motivação racista, o que não parece impossível. O racismo vai na contramão da sensatez e humanidade. O certo é que não devemos estigmatizar ninguém. Perseguir e humilhar as pessoas por conta da cor da sua pele ou etnia é irracional e incompreensível. A persistência desse e de outros tratamentos condenáveis mostra o quanto a humanidade ainda precisa evoluir em valores como fraternidade e igualdade. Um mundo sem discriminação de qualquer natureza e oportunidades mais igualitárias fará com que todos possam viver em paz. Todas as vidas importam e todos merecem ser tratados com dignidade. Seres humanos devem ser respeitados pelo que são e nunca pela cor da sua pele.

Não é demais lembrar que, maior a demora, maior será o desgaste político e da empresa. A pressa agora mudou de lado. A sociedade de Maceió agora sabe e não mais está disposta a engolir lorotas, discursos vazios e desculpas rasas ou esfarrapadas de políticos.

Somos todos iguais. A pele pode ter cor, a alma não. Há poucos dias, no Rio de Janeiro, Moïse Kabagambe, um jovem africano que fugiu para o Brasil por conta da violência disseminada em seu país, a República Democrática do Congo, foi morto a pauladas por três pessoas negras como ele.


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Queiroga e o osso, ou o osso de Bolsonaro

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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Ministério da Saúde tem sido um osso para Jair Bolsonaro, assim como para o povo brasileiro. Para a população porque o presidente desdenha da ciência e da saúde de todos, menos da dele, lógico. Para Bolsonaro já foi um osso, quando era comandado por Henrique Mandetta que agia conforme todo o Brasil conhece, Bolsonaro à parte em questões de saúde. Com Nelson Teich não chegou a ser, porquanto

o ministro recusou a canga imposta pelo presidente, e afastou-se célere das proximidades do bolsonarismo. Com Mandetta foi dureza para Bolsonaro, pois o ministro agia mais sob o viés científico, médico que é, apesar de político. Mandetta foi embora, Teich na sequência, e então assumiu o general Pazuello, o sujeito do “um manda, o outro obedece”, para gáudio do presidente e seu séquito. Ainda hoje me intriga o fato de os militares terem suportado tamanha ignomínia de um dos seus. Mas deixemos esse assunto para a agenda das Forças Armadas. Interessa-nos agora o Queiroz, nascido na Paraíba masculina, mulher macho, como na homenagem de Luiz Gonzaga ao brioso estado do Nordeste. Quando assumiu ele o Ministério da Saúde, fiquei entre pasmo e esperançoso, os dois senti-

mentos baseados na formação acadêmica do novo ministro. Ou o Bolsonaro havia tomado juízo, nomeando um sujeito de formação científica, ou Queiroga era dialético o suficiente para convencer o presidente de políticas corretas na área da saúde, ou ainda tinha sangue nos olhos para “peitar” o chefe. Afinal não aconteceu nada disso. O paraibano tornou-se tão subserviente quanto o militar carioca. O que o presidente manda fazer, ele faz independentemente das razões científicas. É o chefe que está mandando, então o Queiroga mente, engana, distorce fatos, cria raciocínios tortuosos para justificar as ordens recebidas, agride a imprensa igualmente ao Bolsonaro. A mais recente é a sua má vontade (eco do chefe) em aceitar a vacinação de crianças de 5 a 10 anos e mais, chegando a afirmar, sem qualquer em-

basamento jurídico, que os pais não podem obrigar suas crianças à vacinação. É desconhecer não apenas as leis, que impõem aos pais a responsabilidade pelos filhos, sua saúde e bem-estar, mas também o dever de todos de preservar a saúde pública. Queiroga é um caso perdido. Médico de formação, vangloria-se de ter vacinado 15% das crianças de 5 a 11 anos, como se isso fosse percentual significativo no contexto dessa pandemia de tantas internações e mortes. Cardiologista, nega as consequências danosas ao tal kit covid do Bolsonaro, mormente a quem sofre de males cardíacos e outros. Dizendo-se cientista, é negacionista sem razão. Ou melhor, sua razão está no osso que o chefe lhe jogou. Ele resiste em largá-lo. O curioso é saber o que espera do futuro e da História.

horas difíceis”. Mais uma lição aprendida! Na minha vida profissional, conheci uma menina nova, que parecia corajosa. Começamos a trabalhar juntas e abrindo caminho para ela ser presidente do nosso sindicato. E no momento certo, foi eleita para o tão sonhado cargo. Entre muitas dificuldades, está no segundo mandato e se preparando para outros voos. Deus sabe a hora para chegar em nosso auxílio. Encontrei no Rio, em janeiro passado, uma velha amiga de meu pai, que foi ajudada por ele para fazer concurso. Quando consegui para minha irmã a pensão de meu pai, o processo foi para Brasília e caiu nas mãos dela. Fez o certo, devolveu o documento e há 40 anos o caso está resolvido. Um anjo bom em nossas vidas, que mora no Rio e está perto dos noventa anos. Outro dia, uma amiga me avisou que o presidente da Assembleia disse não ter raiva de mim. Achei engraçado porque nele só me irritam as injustiças cometidas com os velhinhos do Legislativo. Se o encontrar na rua, não sei quem é. Quando tratar os inativos com dignidade, terá de mim todo o respeito e poderei, até, chamá-lo de anjo bom.

Na política conheci pessoas maravilhosas. Sem medo de errar, direi que o deputado José Bernardes, que nos ajudou a fundar a Copamedh, foi a melhor de todas. Homem rústico, com enorme coração! Quando o procurava e dizia que precisávamos ajudar alguém, ele ria e me pedia que eu contasse o fato. A partir daí, juntos, resolvíamos o problema. Deus o tenha em bom lugar! Não poderia deixar de falar na Dione Camerino. Conhecemo-nos há muito tempo, mas não éramos tão amigas. Com a chegada do Sindicato dos Inativos, passei a ajudá-la no que fosse possível. Sou sua “Assessora Para Assuntos Resolvidos”. Hoje, diria com firmeza, somos amigas. Entre altos e baixos nessa nossa passagem pela terra, tivemos a sorte de encontrar anjos bons que nos ajudam sempre. Lutando por dias melhores para nós, servidores do Legislativo alagoano, enfrentei muita gente e sei que alguns anjos maus não gostam de mim. Mas, hoje é dia de alegria, de luta pela saúde, de pedir a Deus que nos ajude. Então, VIVA OS ANJOS BONS!

O paraibano tornou-se tão subserviente quanto o militar carioca. O que o presidente manda fazer, ele faz independentemente das razões científicas. É o chefe que está mandando, então o Queiroga mente, engana, distorce fatos, cria raciocínios tortuosos para justificar as ordens recebidas, agride a imprensa igualmente ao Bolsonaro.

Os anjos bons da vida ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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uando saímos de casa para resolver algo, mantemos contato com pessoas boas ou más. Hoje, não vamos falar de coisas ruins. Falemos de pessoas boas. Estivemos na Caixa Econômica do Farol e chegamos antes das 10 horas. O vigilante avisou que podíamos entrar. Descobrimos, então, que das 9 às 10 da manhã os clientes preferenciais podem entrar. Conversamos com Kátia, uma funcionária, e fomos muito bem atendidos. Mais uma vez, meu marido precisou do Posto de Saúde de Paripueira. Lá foi novamente bem medicado. Um dos rapazes me disse: “O coronel Rubião é muito querido nesta cidade. Sempre ouço falar bem dele”.

Fiquei contente. Moramos há 23 anos nesta pequena praia pertinho de Maceió e plantamos bem. Estamos colhendo bem. Falei do prefeito Abraão Moura, por não aceitar críticas construtivas. Até já me processou por causa da Braskem. Agora, quero dizer de público que o sistema de saúde em Paripueira está funcionando bem. Tomamos, eu e meu marido, todas as vacinas aqui nesta cidade E o Posto de Saúde já tem remédios. A Santa Casa elogiou bastante o atendimento de urgência que Rubião recebeu antes de ser encaminhado para lá. Grau dez! Deparamo-nos com outro anjo no nosso plano de saúde, o Fusex. Uma capitã dentista me ouviu com atenção e resolveu o problema das requisições. As salas estavam muito cheias e meu velho ainda em recuperação. Nota dez! Nesses dias de sofrimento, ficamos emocionados com a quantidade de amigos que ligaram para nossa casa. Todos preocupados e se oferecendo para nos ajudar. Nessas horas, sabemos com quem podemos contar. Independente de ter raiva ou estar afastado, na hora da doença o verdadeiro amigo chega. Meu pai já dizia: “Amigo de festa não é amigo; o verdadeiro chega nas

Entre altos e baixos nessa nossa passagem pela terra, tivemos a sorte de encontrar anjos bons que nos ajudam sempre. Lutando por dias melhores para nós, servidores do Legislativo alagoano, enfrentei muita gente e sei que alguns anjos maus não gostam de mim.


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Quem somos nós?

GERALDO MAGELA PIRAUÁ n Escritor e cronista

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omo este Brasil começou? Como os brasileiros surgiram? Que identidade nós temos? Temos ou não um complexo de vira-latas? Pelos registros históricos o termo brasileiro, para designar os que aqui nasceram, criando, portanto, um espírito de nacionalidade, só surgiu no final do século XVII e início do XVIII. Os brasileiros, assim denominados, eram os apelidos dos portugueses que exploravam o pau-brasil, enriquecendo às custas das terras ocupadas. Os aqui nascidos, resultado do cruzamento dos portugueses com as índias nativas ou as escravas afri-

canas, período iniciado a partir da metade do século XVI, eram denominados de “mazombos” que, na língua africana, originária de Angola, quer dizer: “iletrado, grosseiro, bruto, atrasado”. Os mazombos, portanto, foram os primeiros brasileiros nascidos aqui. Eram abandonados à própria sorte. Expatriados em sua própria terra. O que mais desejavam era deixar de ser mazombos e arribarem para a Europa. Não gostavam da terra em que haviam nascido. Aí a origem do desapego ao seu próprio berço natal. Tudo que vem do exterior, quer no plano material, quer no intelectual, é melhor que o nosso. Adoramos outros povos, veneramos outros intelectuais alienígenas, queremos, ainda hoje, nos europeizar, esse processo identificado por Nelson Rodrigues, em crônica de 1958, de complexo de Vira latas. Nelson Rodrigues, escritor pernambucano, radicado no Rio de Janeiro, em memorável crônica de 1958, sobre a seleção brasileira

rumo à copa da Suécia, desacreditada para ganhar o mundial, escreveu: “Qualquer jogador brasileiro, quando desapega de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção: - temos dons em excesso” e arrematava o grande teatrólogo e cronista: “O nosso grande inimigo e único inimigo residia no que posso chamar de complexo de vira-latas”, acrescentando que complexo de vira-latas “é a inferioridade que o brasileiro se coloca , voluntariamente, em face do resto do mundo, isso em todos os setores”. Quem somos nós? Somos brasileiros a partir do século XVIII. Somos miscigenados. Somos um povo alegre e único no mundo. Temos um sincretismo religioso que nos orgulha. Somos indolentes e ufanistas. Somos, sim, idealistas e arrebatadores. Cantamos o canto livre, em vários tons e musicalidade, extasiando a nós mesmos e o mundo. Realizamos, quando dese-

jamos, cinquenta anos em cinco, rompendo barreiras e modernizando o país, que o diga Juscelino Kubitscheck. Por que, como afirma Giannetti, esse narcisismo às avessas, às vezes perdendo o entusiasmo e esquecendo que somos bons, adotando um complexo de vira-latas como na copa de 54. Temos, sim, vocação e talento, sendo um povo único, sem que precisemos copiar o que os estrangeiros fazem, nem invejá-los, nem a eles sermos subalternos. Podemos realizar, fazer, conseguir. Somos brasileiros, tropicalistas. Criativos e criadores. Somos únicos e bons. Somos brasileiros com muito orgulho. Somos Caetano, no canto; Graciliano, na literatura; Pelé, no futebol; Juscelino, na política; Aleixadinho, nas artes; somos um povo livre e feliz, com alguns problemas, é claro. Somos brasileiros, únicos no mundo com o nosso modo de ser.

Temos, sim, vocação e talento, sendo um povo único, sem que precisemos copiar o que os estrangeiros fazem, nem invejá-los, nem a eles sermos subalternos. Podemos realizar, fazer, conseguir. Somos brasileiros, tropicalistas. Criativos e criadores. Somos únicos e bons. Somos brasileiros com muito orgulho.


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CONJUNTURA

Miséria e riqueza do açúcar dividem o mesmo espaço em Alagoas

Novo livro de Cícero Péricles decifra os segredos das relações sociais da principal cultura do estado ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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oucos assuntos são tão silenciados ou intencionalmente esquecidos em Alagoas quanto as atividades da indústria sucroalcooleira, principalmente no que se refere às relações de trabalho. A imprensa local geralmente tem pautas fixas, como se fossem obrigatórias: dar voz às reclamações dos usineiros ou grandes plantadores de cana sobre projetados prejuízos na safra por questões climáticas ou pragas; na safra, mostrar Alagoas no topo dos estados que mais empregam no país, sem discutir a qualidade e os salários desta mão de obra nos canaviais; e os lucros e exportações, comprovando a robustez da cultura secular. Há décadas, o mesmíssimo discurso está em voga: usineiros querem dividir os prejuízos, conversando com governadores, deputados federais e/ou ministros do planalto central em busca de perdão/flexibilidade no pagamento de dívidas, linhas de crédito generosas e especialíssimas nos bancos públicos e até liminares na justiça para que os alicates da concessionária de luz suspendam os cortes por uma “questão social e humanitária”. Isso também é um direito de agir e se fazer obedecer. O poder dos canaviais elege quem faz jus à

sua grandeza. Qualquer alagoano deveria ler o mais novo livro do professor Cícero Péricles, “Mudanças na Agroindústria Canavieira Nordestina 2000-2012”, recentemente lançado pela Edufal e Eduneal. São 189 páginas que podem ser divididas: 1) como o setor sucroalcooleiro conseguiu chegar ao que é hoje, com apoio estatal (via Instituto do Açúcar e Álcool), modernização do maquinário, alto padrão genético da cana, estratégias de exportação, falências e diminuição das áreas plantadas e lucros extraordinários, combinados a produções recordes e; 2) crueza das relações de trabalho “refletindo-se no atual padrão de desenvolvimento humano dos seus municípios”, passivo ambiental e saúde pública (queimada da palha para corte e colheita). O número de trabalhadores

do setor sucroalcooleiro vem caindo ano a ano. E há diferença entre o trabalhador do campo e os especializados ou industriais nas usinas. Os do campo têm uma situação mais precária, representando o maior conjunto de assalariados agrícolas no Nordeste. Gente submetida ao descumprimento dos acordos coletivos firmados pelos empregadores. Nos anos 2000 a pressão das fiscalizações nos canaviais aumentou o número de trabalhadores formalizados e melhorou os salários, mas sem resolver problemas antigos e graves nas condições de trabalho na área industrial. Dificuldade também é a escolaridade do pessoal que trabalha no setor sucroalcooleiro: é a mais baixa entre todos os setores industriais de Alagoas. Por que a modernização do setor e a humanização do trabalho canavieiro ocupam polos opostos? Afinal, quando será encerrada a queimada da cana em Alagoas, vigendo desde o século 16? A mecanização da cana vai chegar às plantações locais. Isso aumenta o rendimento da cana crua, com maior teor de açúcar, dispensa o uso de água usada na lavagem e mantem a umidade do solo, permitindo aproveitar a pa-

lha como combustível adicional ao bagaço da cana. Mas para onde vão os trabalhadores substituídos pelas máquinas? Nenhum dos candidatos ao governo nos últimos 20 anos e nenhum dos governadores propôs colocar este assunto como questão política e econômica. Nos tempos do IAA, por exemplo, o apoio estatal foi fundamental para que áreas arenosas ou inclinadas fossem artificialmente rentáveis, mesmo que anos depois fossem arruinadas. É comum que em algumas antigas áreas de plantação de cana o solo esteja tão pobre de nutrientes que outras culturas, como plantação de caju, manga, graviola sejam inviabilizadas, mesmo com adubação e uso do esterco animal. A área plantada da cana recuou, mas as terras foram ou são usadas para a criação de gado, sem a mudança agrária com a agricultura familiar “com suas plantações diversificadas”. Sem apoio estatal, a modernização da estrutura fundiária e do sistema de produção na zona da mata continuam sendo um sonho. E pode-se observar que a pecuária vai garantindo a sua força pelas bancadas que elege na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, é um dos maiores criadores de gado do Nordeste e escoa sua produção para prefeituras. Nas terras, voltando ao livro de Cícero Péricles, prevalece o predomínio da agricultura vinculada à produção canavieira e pecuária extensiva, reduzindo a possibilidade de diversificação da agricultura familiar. Saindo das páginas do livro e passeando pelas feiras na zona da mata, vemos o seguinte fenômeno nas bancas: os produtos da agricultura comercializados são de outros estados mais próximos. Talvez seja a hora de incluir usinas e agricultura familiar na pauta dos candidatos. No país que assiste ao avanço da pobreza, da fome e do desemprego, soluções estão à vista. Resta saber quem dirá isso aos donos da cana. Quem se habilita?


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ECONOMIAEM PAUTA MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Combustíveis

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om a alta do câmbio e dos preços de referência da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional, a defasagem dos preços praticados pela Petrobras no mercado interno já atinge 12%, informou nesta semana a Associação Brasileiras dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A Petrobras está há 27 dias sem aumentar a gasolina e o diesel, apesar de o presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, ter afirmado na semana passada que a estatal precisa acompanhar o preço de paridade de importação para não dar prejuízo.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Investimento bilionário

Perfil do investidor IBOVESPA - FOTOS PÚBLICAS

A Origem Energia, empresa controlada pelo fundo de investimento PSS Energy Fund, gerido pela Prisma Capital, compradora do Polo Alagoas por R$ 1,5 bilhão, anunciou que pretende construir a primeira termelétrica a gás do estado e deve investir pelo menos a mesma quantia na expansão da operação com objetivo de dobrar a produção de gás natural já no primeiro ano e aumentar em mais de 60% a produção diária de barris de petróleo. PETROBRAS

A imagem do milionário que “aposta” quantias exorbitantes no mercado financeiro não pode estar mais distante da realidade do novo perfil de investidor na B3, a Bolsa brasileira. Com a redução da idade média das pessoas físicas com conta na Bolsa, o pequeno investidor passou a dominar. Hoje, 56% dos clientes da B3 têm renda mensal de até R$ 5 mil e só aplicam R$ 50 no primeiro aporte em suas carteiras.

Salário mínimo MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O salário mínimo necessário em janeiro para atender uma família com dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 5.997,14, mostra a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos divulgada esta semana pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O valor é 4,95 vezes maior que o piso nacional vigente, que é de R$ 1.212. Mensalmente, o Dieese estima qual seria o salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e a família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.


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FERNANDO CALMON Mercado vai melhorar, apesar do início fraco

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primeiro mês do ano apontou números fracos em vendas internas de automóveis e comerciais leves e pesados: 126.500 unidades. Em relação a janeiro de 2021 a queda foi 26,1% explicada por uma combinação de fatores que vão além da sazonalidade observada normalmente. A dificuldade mundial na cadeia de suprimentos e o avanço da variante Ômicron da covid-19 voltaram a afetar também mercados no exterior com quedas da ordem de 20% na França, Itália e Coreia do Sul. A produção caiu um pouco mais (27,4%), enquanto exportações apresentaram leve alta de 6,6%. No Brasil, especificamente, houve outros acontecimentos como chuvas acima da média e alagamentos em diversas cidades. Também ocorreram pequenos atrasos nos emplacamentos com a consolidação do Renave (Registro Nacional de Veículos em Estoque). Esse sistema, aperfeiçoado pela nova Secretaria Nacional de Trânsito (antigo Denatran), torna mais seguras as transações em concessionárias e lojas independentes. Agora em fevereiro está normalizado. Estoques totais nas fábricas e concessionárias continuam baixos (apenas 17 dias) e assim levam também a adiamento da decisão de compra por falta de modelos específicos. O principal fator inibidor do crescimento das vendas continua sendo a escalada das taxas de juros, na faixa de 27% ao ano, semelhante ao nível de janeiro de 2016. Trata-se de um remédio amargo, porém incontornável para controle da inflação. Os preços dos veículos tiveram trajetória de alta em 2021 e isso significa fator inibidor de vendas. Entretanto, tanto Anfavea quanto Fenabrave mantêm suas previsões de crescimento este ano frente a 2021: mais 8,5% e mais 4,6%, respectivamente. A Fenauto, que reúne lojistas independentes de todo o País no mercado de veículos seminovos e usados, também reportou queda nas vendas de 29% na comparação com janeiro do ano passado. Porém, mantém cautela

com viés otimista para 2022, sem arriscar uma previsão. A pandemia continua a afetar o crescimento econômico do País. Em 2021 o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu em torno de 4,5% sobre 2020 porque a base comparativa era muito baixa. Este ano as primeiras projeções de economistas apontam para crescimento de apenas 0,5%, o que realmente não ajuda a vender mais automóveis e comerciais leves. No entanto, três fatores indicam que 2022 terá vendas de razoáveis a boas. As pessoas não puderam viajar de férias ou a lazer em 2020 e 2021 e vêm redirecionando a economia forçada para trocar de carro. Esse comportamento ainda mostrará reflexos positivos este ano. Aplicativos de mobilidade em cidades grandes estão menos competitivos em preço e as queixas sobre cancelamentos e demora para atender as chamadas aumentaram. E, por fim, há maneiras indiretas, se necessário, de comprimir a rentabilidade sobre as vendas das fabricantes de veículos sem mudar os preços sugeridos. Isso acontece com planos de financiamento especiais que incluem carência para o início de pagamento e juros um pouco menores. Um desconto disfarçado para estimular o consumidor, além dos bônus tradicionais. Cerca de 60% das vendas no Brasil são financiadas. Por tudo isso, crescimento de até 10% sobre o ano passado, mais do que provável, é factível. cobalto e menos sensíveis a variações de temperatura ambiente. Com amplos recursos de conectividade (incluindo a nova internet 5G), de condução semiautônoma e até de reconhecimento facial (numa segunda fase) os preços serão altos, mas bastante competitivos frente ao que oferecerão em termos de alta tecnologia e equipamentos de série. A rede de concessionárias da GWM começará com 30 pontos no País, porém aumentará gradativamente até 130 conforme a demanda.

n JORNALISTA

ALTA RODA n SÃO PAULO MOTOR EXPERIENCE, de 6 a 14 de agosto próximos, será o evento que substituirá o Salão do Automóvel tradicional, cuja primeira edição foi em 1960. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea “está fora de cogitação a volta às exposições estáticas em grandes estandes”. Ainda em fevereiro a RX Brazil (mais conhecida como Reed Alcântara) anunciará os pormenores. O local é o autódromo de Interlagos com foco em testes abertos aos visitantes em diferentes traçados, inclusive para carros elétricos. Há rumores de adesão de algumas fabricantes, mas ainda não se sabe quais.

n STRADA manteve em janeiro sua posição de veículo leve mais vendido, como já ocorria desde o ano passado. É a primeira picape a conseguir esse feito. A Fiat mostra confiança no sucesso do produto com a oferta do câmbio automático CVT de sete marchas, que responde por cerca de 20% das vendas com tendência de alta. Versão de cabine dupla Ranch tem comportamento ágil, mesmo perdendo cerca de 3% de potência e torque para se enquadrar nas regras do Proconve PL7. Agora são 98 cv (G)/107 (E). O modo Sport torna o motor mais responsivo e é ainda mais útil quando a picape está carregada. Permanece o controle de tração acionado por botão para trechos de terra não tão desafiadores. n BATERIAS de estado sólido podem consolidar os carros elétricos, sem as limitações atuais, embora em prazo ainda indefinido. As baterias de íons de lítio têm melhorado, mas a produção em alta escala traz desafios desde a mineração dos metais até os custos que não caem no ritmo esperado. Pelo contrário, a maior fabricante atual, a chinesa CATL, aumentou os preços em 20%. Há outra dificuldade e mais bizarra: falta de engenheiros suficientes, no mundo todo, para ampliar pesquisa e desenvolvimento.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

CRB empata e Allan Aal aparece na corda bamba

CAMPINENSE

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CRB voltou a apresentar dificuldades ofensivas e apenas empatou com o Campinense por 1 a 1, pela Copa do Nordeste. Sem organização do meio para frente, o time levou mais perigo nas bolas paradas. Em Campina Grande, o técnico Allan Aal mudou a formação e apostou no meio-campo com Marthã, Rafael Longuine e Diego Torres. Claudinei e Jean Patrick saíram da equipe. Na frente, o treinador escalou Richard, Marcinho e Anselmo Ramon, mas não deu liga. No segundo tempo, o adversário foi melhor e criou três chances. O CRB caiu de ritmo e, a rigor, levou perigo numa finalização de Diego Torres, de fora da área, e outra de Gustavo Apis. SÃO PAULO FC

COB

DANIEL ALVES PEGA DOIS JOGOS DE GANCHO POR EXPULSÃO CONTRA O ATLÉTICO DE MADRID O lateral-direito brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, foi suspenso por dois jogos no Campeonato Espanhol devido à expulsão no clássico do último domingo contra o Atlético de Madrid, no estádio Camp Nou, em Barcelona. A decisão foi tomada na quarta-feira, 9, pelo Comitê de Competição da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF, na sigla em espanhol), o órgão responsável por questões disciplinares na Espanha. O brasileiro, que marcou um gol na vitória do Barcelona por 4 a 2, foi expulso após dar uma entrada dura no atacante belga Yannick Carrasco, aos 23 minutos do segundo tempo. O árbitro da partida, Gil Manzano, só mostrou o cartão vermelho após recorrer ao VAR (árbitro de vídeo). Havia a expectativa de que ele pegasse apenas um jogo de gancho, mas a interpretação do Comitê foi de que Daniel Alves deve cumprir duas partidas de suspensão.

ROGÉRIO CENI DIZ QUE SÃO PAULO PRECISA MELHORAR BASTANTE

NFL BUSCA UM NOVO ÍDOLO PARA OCUPAR O LUGAR DA LENDA TOM BRADY

Com cara de poucos amigos, voz baixa e sem conseguir esconder a tristeza, o técnico Rogério Ceni não viu motivos para celebrar a primeira vitória do São Paulo no ano. Na visão do comandante, o 1 a 0 sobre o Santo André conquistado nos acréscimos, no Morumbi, mostrou que a equipe ainda deve muito. Mesmo ganhando uma trégua da torcida e até vendo seu nome cantado em coro, Ceni precisou explicar o abatimento. “Não é isso, a cara não é boa porque ganho pouco. Não dinheiro, ganho poucos jogos aqui, e isso não me deixa satisfeito”, explicou. “O que faz você ficar de bom humor é a vitória e não estou somando muitas, infelizmente. Com poucas vitórias não tem como eu chegar aqui sorrindo. Que eu possa voltar a sorrir”. Sobre possíveis problemas com jogadores e funcionários do clube, Rogério Ceni não escondeu que pode estar em rota de colisão com alguns setores do clube, mas explicou que tudo o que vem fazendo é para o bem da instituição São Paulo.

O anúncio da aposentadoria de Tom Brady encerrou uma era do esporte nos Estados Unidos. O quarterback do Tampa Bay Buccaneers, que jogou a maior parte da carreira no New England Patriots, protagonizou uma história digna de filme de Hollywood em sua carreira de 22 temporadas. Saiu da condição de reserva totalmente desconhecido, no ano 2000, para atingir o status de mais vitorioso e premiado jogador de futebol americano de todos os tempos. Os números são definitivos: com sete troféus de campeão do Super Bowl, Brady supera não somente qualquer outro jogador na história, mas também todas as equipes da NFL. As mais vitoriosas, Pittsburgh Steelers e New England Patriots, levaram seis vezes a taça – ou seja, menos que ele. No caso dos Patriots, todos os triunfos tiveram o próprio Tom Brady como comandante no gramado.

DIVULGAÇÃO


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ABCDOINTERIOR Polêmica em Arapiraca

Eleições 2022

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ma obra de arte que representa a mola propulsora do crescimento de Arapiraca, a cultura fumageira, está no cerne de mais uma questão movida na justiça contra o Clube dos Fumicultores. A instituição social foi obrigada, por meio de decisão liminar, a suspender o processo de permuta lançado por meio concorrência pública que já tem vencedor definido e etapas em andamento.

Quitação de débitos

A paralisação do prosseguimento do que está previsto no edital lançado em dezembro do ano passado coloca em risco o planejamento feito pela diretoria do Clube dos Fumicultores para quitar os débitos da entidade e reconstruí-la em novo local, conforme informações passadas a este colunista.

Centenário de Arapiraca

Situação do clube

Waldson Kleber Ernesto Bezerra, presidente atual do Clube dos Fumicultores; Carlos Lúcio, presidente do Conselho Administrativo; Fabrízio Almeida, presidente da Comissão Especial da Concorrência Pública responsável pela publicação do edital; e o advogado Ricardo Leite, concederam entrevista a este colunista e à repórter Lyssane Ferro. A comissão expôs a situação do clube fundado em 1949 que contava até pouco tempo com cerca de 50 sócios adimplentes e uma renda mensal de aproximadamente três mil reais. De fato, é quase nada diante do que a entidade representa para o Agreste alagoano, mas a decadência dos clubes sociais não poupou o espaço que tem lugar especial na memória afetiva dos arapiraquenses.

Dívidas e sede interditada

Ainda de acordo com os dados apresentados, a soma de todas as dívidas do Clube dos Fumicultores ultrapassa um milhão de reais (R$ 1.150.000,00) e o patrimônio tem valor equivalente a R$ 8.120.000,00 (oito milhões e cento e vinte mil reais). Sem apoio dos associados e com a sede interditada pelo Corpo de Bombeiros devido ao risco de desabamento, a diretoria iniciou um trabalho que pretende preservar a entidade, mesmo que em outro local. O plano que preserva a entidade, com a proposta de permuta, foi apresentado e discutido em assembleias gerais, tudo feito de acordo com o estatuto, asseguram os diretores. (Com Fernando Vinicius)

n robertobaiabarros@hotmail.com

Por meio de decreto, o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, instituiu oficialmente no último dia 28 de janeiro, em seu gabinete, a Comissão para propor o Marco Histórico do Primeiro Centenário da cidade, que é composta por José de Macedo Ferreira, Ismael Pereira Azevedo, Eli Mário Magalhães Moraes, Maurício Fernandes dos Santos, Manoel Ferreira Lira, Roberto Baía e Barros e Rosangela Benigna de Oliveira Carvalho.

Primeira reunião

De acordo com o decreto, o prazo para entrega e apresentação do projeto será no dia 30 de maio de 2023, um ano e meio antes do momento celebrativo, tempo suficiente para a produção física da proposta acatada pelo chefe do Poder Executivo. A primeira reunião com os membros da Comissão será no dia 21 deste mês no Centro Administrativo Antônio Rocha.

Com 140 mil eleitores, Arapiraca está sendo o centro das atenções dos políticos da capital e do interior, que trabalham nos bastidores para garantir uma fatia dos votos dos arapiraquenses. É importante lembrar que políticos como Arthur Lira, Paulão e Sérgio Toledo liberaram recursos para obras estruturantes através de emenda parlamentar. Mais de R$ 80 milhões estão sendo injetados na economia da terra do fumo.

Foram condenados

Os matadores do estudante Hudson Melanias, 25 anos, foram condenados a mais de 22 anos de reclusão, durante júri popular realizado na terça-feira, 8. O jovem era filho do ex-secretário de Educação e Esportes de Arapiraca, Jânio Melanias. Os réus Jackson de Souza e Ednaldo Santos Silva confessaram o crime. “Seninha” foi preso no dia 3 de janeiro de 2020 e Ednaldo na manhã do dia seguinte.

O assassinato

De acordo com relato dos criminosos, a morte de Hudson ocorreu em 29 de janeiro de 2019, e teria sido motivada por uma discussão entre a vítima e os réus. A alegação de que foram “humilhados” pela vítima não convenceu o júri. O corpo de Hudson foi encontrado no povoado Sapé, zona rural da cidade de São Sebastião, dias após a família ter noticiado seu desaparecimento. No dia 2 de fevereiro de 2020 o corpo do jovem foi identificado por familiares no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca.

Deve renunciar

O prefeito de Coité do Noia, Bueno Higino, está mais perdido do que cego em tiroteio, graças a uma atitude inaceitável. Pasmem: o gestor se envolveu com a nora de um colega prefeito. Na cidade, perdeu totalmente a confiança da população que reagiu indignada diante do seu envolvimento com uma jovem casada, fato que só veio à tona depois que a porta de sua casa foi alvo de tiros. Graças à sua irresponsabilidade, encontra-se sumido e não recebe convite nem para participar de aniversário de boneca. Numa linguagem nada convencional, ele simplesmente lascou-se politicamente. Há quem ache que ele deve renunciar.

PELO INTERIOR ... Na manhã de quarta-feira, 9, profissionais da Educação da cidade de São Sebastião realizaram uma passeata pelas ruas do centro da cidade. Ao ver os professores reivindicando os seus direitos, o prefeito Zé Pacheco, pegou seu carro e foi embora sem sequer falar com cerca de 90 profissionais. O ato do prefeito revoltou os professores. ... A Secretaria de Educação indicou a possibilidade de negociação e os profissionais aguardam posições concretas sobre as reivindicações. São elas: reajuste salarial, retroativo de progressões, concessão de novas progressões por escolaridade e tempo de serviço, rateio de possíveis sobras do Fundeb e pagamentos dos precatórios do Fundef. ... Nesta sexta-feira, 11, as atividades letivas foram paralisadas e na próxima segunda-feira, 14, às 13h, será realizada uma nova assembleia, possivelmente na Câmara de Vereadores. ... Devido a pendência de individualização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de empregados e ex-empregados das prefeituras de São Sebastião e Igreja Nova, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas moveu uma ação contra as instituições públicas. ... As ações, ajuizadas em janeiro de 2022, ocorrem após o MPT ter identificado que os municípios estão na lista dos órgãos públicos e empresas que já depositaram o FGTS junto à Caixa, mas não individualizaram os valores nas contas dos trabalhadores. ... Em caráter liminar, o MPT pediu à Vara do Trabalho de Penedo que os municípios sejam obrigados a efetuar a correta individualização do FGTS no prazo de 90 dias a partir da decisão. ... Caso não haja documentação necessária para identificar os titulares dos valores, os municípios deverão publicar edital de convocação dos trabalhadores com os quais manteve vínculo de emprego e publicar a convocação em veículos de comunicação. ... O Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, continua avançando na oferta de melhorias na área da saúde no interior de Alagoas. A unidade hospitalar oferece novidades no Processo Seletivo Unificado de Residência Médica de Alagoas – 2022.2. ... Pela primeira vez no interior do estado serão oferecidos programas de Medicina de Emergência e de Medicina de Emergência para Crianças e Adolescentes. O processo seletivo, organizado pela Comissão Estadual de Residência Médica (CEREM-AL), fica com as inscrições abertas até o dia 21 deste mês e também oferece vagas em outras instituições de saúde de Alagoas. ... Um ótimo final de semana para todos. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE PLANVERD

ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Indenizações em Mariana

Contagem de árvores

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a araucária, na América do Sul, ao eucalipto azul, da Tasmânia, na Austrália, dos baobás de Madagascar às sequoias gigantes da Califórnia, o mundo é abençoado com abundância de espécies de árvores. Quantas? Um novo estudo tem a resposta. Pesquisadores revelaram, na segunda-feira (31), a maior base de dados florestais do mundo, compreendendo mais de 44 milhões de árvores individuais em mais de 100 mil locais de 90 países - ajudando-os a calcular que a Terra tem cerca de 73,3 mil espécies de árvores. Esse número é 14% maior do que as estimativas anteriores. Do total, estima-se, com base em modelos estatísticos, que existam cerca de 9,2 mil espécies que ainda não foram identificadas pela ciência, com grande proporção na América do Sul. A região, que abriga a floresta amazônica, de enorme biodiversidade, e as vastas florestas andinas, tem 43% das espécies de árvores do planeta e o maior número de espécies raras, cerca de 8,2 mil.

Girafas no Brasil

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

EBC

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro notificou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a iniciar os procedimentos necessários à devolução de 15 girafas importadas ilegalmente da África do Sul pelo Zoológico do Rio de Janeiro (BioParque).O órgão recomendou à presidência e à diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama que suspendam o andamento de todos os processos de importação de animais de fauna exótica ainda não concluídos. A recomendação vale até que haja a revisão dos protocolos administrativos internos de emissão de autorizações. A ação foi tomada após a importação ilegal de 18 girafas da África do Sul por parte do BioParque, ligado ao Grupo Cataratas. Três girafas morreram após fugirem do local cercado em que foram presas, no Hotel Resort Safari Portobello, em Mangaratiba (RJ). As outras 15 estão confinadas desde o dia 11 de novembro de 2021 em baias de 30 metros quadrados, no mesmo local.

As indenizações e auxílios financeiros emergenciais pagos pela Fundação Renova por danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, atingiram mais de R$ 8,71 bilhões até o fim do ano passado e atenderam cerca de 363,5 mil pessoas. Desse total, cerca de R$ 5,64 bilhões foram liberados em 2021. Segundo a Renova, o valor é 182% superior ao previsto inicialmente para aquele ano, R$ 2 bilhões. Em 5 de novembro de 2015, o rompimento de barragem da mineradora Samarco causou a morte de 19 pessoas e gerou impactos em dezenas de cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo localizadas na Bacia do Rio Doce. De acordo com a gerente de Gestão Integrada de Soluções Indenizatórias da Fundação Renova, Mariana Azevedo, o processo de indenizações ganhou velocidade com o uso do Sistema Indenizatório Simplificado. O sistema foi implementado em agosto de 2020, após decisão da 12ª Vara Federal, atendendo a reivindicações das famílias atingidas, que pediram para reduzir o tempo para o pagamento das indenizações.

Arqueologia

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL

Análises laboratoriais realizadas em amostras de parte dos vestígios arqueológicos recentemente encontrados em Montes Claros de Goiás, a cerca de 270 quilômetros de Goiânia, confirmam que a região já concentrava atividade humana há pelo menos 3,5 mil anos. Entre o material encontrado na atual área de cultivo de cana-de-açúcar pertencente ao Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia de Montes Claros de Goiás estão restos ósseos, porções de carvão e artefatos de pedra e cerâmica, tais como ferramentas de corte e fragmentos de raspadores e vasilhas. Ao todo, foram identificados e recolhidos 3.229 artefatos arqueológicos que estavam espalhados por uma área de 7.640 metros quadrados, escavada a profundidades de até 2,5 metros em alguns pontos. No local, um abrigo rochoso que recebeu o nome de Toca da Anta, também foram encontrados paredões com pinturas rupestres.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

O triste fim do primeiro governo republicano de Alagoas

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posse do primeiro governador republicano de Alagoas, Pedro Paulino da Fonseca (assumiu em 2/12/1889), parecia ser ótima estratégia política naquele Brasil que assistia, sem um único tiro, à derrubada da monarquia e à ascensão dos militares ao poder central, celebrando a República. Pedro Paulino era irmão do novo presidente-marechal Deodoro da Fonseca. De 15/11/1889, dia do golpe republicano, até a posse do novo governador, nomeado pelo presidente Deodoro, passaram-se 17 dias e Alagoas teve dois governadores: 1) Pedro Moreira Ribeiro que abandonou o governo na tarde de 15/11 e pegou a primeira embarcação no porto de Jaraguá em direção ao Rio de Janeiro e; 2) Tibúrcio Valeriano, nomeado por uma junta governativa em 19/11, mas que nem teve tempo de gozar as delícias do poder quando chegou a Alagoas Pedro Paulino. Alagoano de nascimento e há décadas fora da terra natal, o quarto filho dos Fonseca era tenente reformado do Exército, estatístico e o escolhido pelos irmãos para cuidar da matriarca Dona Rosa da Fonseca. Foi um dos articuladores do golpe republicano. Tinha de manter o ânimo da tropa

Marechal Deodoro: golpe republicano alçou o irmão ao Governo de Alagoas

Pedro Paulino, irmão do presidente Deodoro, mandou arrebentar jornal e descreveu elite alagoana: ‘Muito egoísmo e inveja’

poupando o irmão Deodoro da Fonseca que sofria com graves crises de dispineia. Todos se preocupavam com o pior: a morte do marechal. Heróis não são de bronze. Pedro Paulino chegou desatualizado a Alagoas numa solução caseira: na monarquia, os governadores nomeados não eram alagoanos; com a República, o primeiro deles não apenas era filho da terra, mas irmão do generalíssimo presidente. Será que desta vez Alagoas entraria na rota do desenvolvimento? Douglas Apratto Tenório, em seu livro Metamorfose das Oligarquias, mostra que as eli-

tes rapidamente abandonaram as vestes rotas da monarquia e exibiam-se republicanas no dia da proclamação. O bloco da bajulação estava à solta. Pedro Paulino imaginava que a política era um quartel. Não gostou das pornografias publicadas pelo O Orbe e mandou destruir a redação do jornal. Paparicado pelos agora republicanos de carteirinha, o novo governador era coberto de jantares e como não existe bajulação gratuita, Pedro Paulino se viu às voltas com o serpentário da elite alagoana. “Nota-se muito egoísmo e inveja entre os homens, também o prazer do descrédito, da calúnia, do pasquim e das cartas anônimas”, desabafou o governador mais adiante, em seu testamento político, arrependido de ter aceito o governo. Num dos jantares, tudo era indigesto: imensos pedaços de carne assada em uma mesa gigantesca, discursos políticos com ajustes de contas e provocações, fofocas e baixaria. Quando tomou pé das contas públicas, viu cofres vazios e dívidas gigantescas. Conseguiu pouco: melhorou a Levada, “foco de lixo e miasmas”, construiu a Praça da

Intendência (hoje Martírios). Aterrou o pântano Sobral e instituiu a comissão para elaborar a primeira constituição republicana. Os trabalhos terminaram em 15 de setembro de 1890 e foi indicada a bancada alagoana para o congresso nacional: 3 senadores e 6 deputados escolhidos. Um dos senadores era Floriano Peixoto. Pedro Paulino aguentou dez meses e uns dias no governo. Renunciou enquanto os jornais publicavam que ele acumulava a função de governador e senador. Abriu mãos das duas sinecuras e conseguiu uma indicação num cargo de último escalão na era Floriano Peixoto, logo após a renúncia do presidente Deodoro. “Morreu pobre, vivendo os últimos dias com as suas muitas lembranças e as amarguras que registrou em seu testamento político”, anota o historiador Douglas Apratto. Pedro Paulino morreu em 1902. Dez anos depois, seu filho, o coronel do Exército Clodoaldo da Fonseca, assumiu o Governo de Alagoas. As agruras do poder fizeram bem aos herdeiros da família.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 12 A 18 DE FEVEREIRO DE 2022


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