EDIÇÃO 1156

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SUCESSÃO ESTADUAL

Indicação do vice trava acordo entre Renan Filho e deputados

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ANO XXIII - Nº 1156 - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2022 - R$ 4,00

Até agora governador e presidente da Assembleia não fecharam acordo sobre as eleições deste ano. Renan Filho quer indicar o vice do governador-tampão, mas o deputado Arthur Lira também reivindica esse direito, travando uma possível aliança política. 2

MUNICÍPIOS DÃO CALOTE DE R$ 24 MILHÕES NA PREVIDÊNCIA Receita encaminha ao MP resultado de auditorias realizadas em Senador Rui Palmeira, Novo Lino e Major Isidoro 10 e 11

ARQUIVO FACEBOOK

IMPUNIDADE

MORTE DE KLEBER MALAQUIAS COMPLETA 19 MESES E CRIME NÃO É ESCLARECIDO Também continuam impunes os mandantes dos assassinatos de Neguinho Boiadeiro e Rodrigo Alapenha. 2

FEDERAÇÃO PODE BARRAR PROJETO DE RODRIGO CUNHA AO GOVERNO Candidatura do senador também vira principal alvo de Renan Filho e Rui Palmeira 3 e 6

SUPERSALÁRIOS

APOSENTADOS DA PGE VÃO À JUSTIÇA PARA RECEBER VANTAGENS DOS ATIVOS


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COLUNA O problema é o vice 1

- O governador de Alagoas vive o drama de entregar o poder à Assembleia Legislativa por não ter um vice para lhe suceder. Se quiser preservar parte de seu legado político, Renan Filho precisa fazer acordo com os deputados, mas, de novo, o problema é o vice.

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- As conversas com o deputado Marcelo Victor até agora não resultaram em aliança, mas o presidente da Assembleia acredita em uma saída negociada. Para isso, Renan Filho quer ao menos indicar o vice do governador-tampão, mas tem encontrado resistência. - Aliado de Marcelo Victor, o deputado federal Arthur Lira – maior adversário dos Calheiros – também quer indicar o vicegovernador. O impasse pode levar Renan Filho a desistir das eleições deste ano e ficar no governo até o último dia de seu mandato.

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EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Aliados tentam convencer o governador de que essa opção é a melhor para Alagoas. Mas Renan Filho também calcula o risco de interromper seu projeto de poder ao passar quatro anos sem mandato, mesmo que consiga eleger o sucessor, o que também não é nada fácil.

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- Concluir o governo pode até ser bom para o estado, mas quem está preocupado com isso? Renan Filho quer ser senador, Marcelo Victor trabalha pela reeleição e Arthur Lira quer enterrar o governador, se manter no comando da Câmara e virar novo xerife de Alagoas.

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- E o povo, onde entra nesse enredo? “O povo é só um detalhe”, diria o humorista.

Amigos para sempre Ao discursar no retorno das atividades da Assembleia Legislativa, Renan Filho destacou a boa relação entre os dois poderes e não economizou elogios aos deputados; só faltou cantar a música “Amigos para sempre”. Sobre sua participação na disputa eleitoral deste ano, não disse sim, nem não, mas ao defender a união entre os poderes, o gover-nador acenou que não entrará em linha de colisão com a Assembleia. “Política se faz somando”, disse Renan Filho ao final de seu discurso. Não é o que pensam os seus adversários políticos comandados por Fernando Collor, Arthur Lira e Cia.

Rastro de sangue

No último dia 15 de fevereiro fez um ano e 7 meses da execução do empresário Kleber Malaquias, em Rio Largo, cujos mandantes continuam na impunidade. Também permanecem em liberdade os responsáveis pelos assassinatos do vereador Neguinho Boiadeiro, de Batalha, e do empresário Rodrigo Alapenha, em Delmiro Gouveia. Três crimes de pistolagem que chocaram Alagoas e certamente deixarão um rastro de sangue e de impunidade no governo de Renan Filho. Com a palavra o secretário de segurança, Alfredo Gaspar de Mendonça.

Primeiro round

Vencida a barreira da idade -limite de ingresso nas cortes superiores, o presidente do STJ, Humberto Martins, enfrentará agora a batalha mais difícil de sua luta para ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Pela legislação a idade máxima de candidatos a ministro do STF é de 65 anos, mas a Câmara dos Deputados aprovou Emenda Constitucional elevando esse limite para 70 anos. A mudança beneficia Humberto Martins, que já passou dos 65 anos e quer encerrar sua carreira jurídica como ministro do Supremo. A próxima batalha do presidente do STJ é ser indicado para uma cadeira no STF e seu padrinho político é Arthur Lira, que precisa saldar pendências judiciais na justiça alagoana.

TJ sob pressão

Pressões externas sobre os membros do Tribunal de Justiça podem tumultuar o já tenso clima no Judiciário alagoano durante a escolha dos novos desembargadores da Corte. Teme-se que o processo seja contaminado pelo ano eleitoral, com vários interesses políticos em jogo.

Vazio político

Apesar dos vários nomes cotados para disputar a sucessão estadual, até agora não surgiu ninguém com potencial para sentar na cadeira de Renan Filho. Além de liderança e densidade eleitoral, o candidato precisa de forte aliança política e um bom programa de governo.

Novas lideranças

Tirando Renan Filho, que deve encerrar seu mandato até final de março para disputar o pleito deste ano, três nomes ascendem à posição de lideranças políticas em Alagoas: Marcelo Victor, Arthur Lira e JHC. Pelo menos até as eleições gerais de outubro próximo.

Contas furadas

Alagoas tem 9 vagas na Câmara, mas nas contas de líderes partidários, pelo menos 12 candidatos a deputados federais estariam com vitória assegurada nas eleições deste ano. O PP de Arthur Lira diz que fará 4 federais enquanto o MDB dos Calheiros prevê a vitória de 3 de seus candidatos. Os demais partidos projetam eleger pelo menos 5 deputados. Inflar projeções de vitória é comum na guerra eleitoral, mas essas contas estão totalmente furadas, e os eleitores, que vão eleger os parlamentares, sequer foram consultados.

Plástico verde

A Braskem anunciou investimentos de R$ 130 milhões em novas tecnologias para eliminar resíduos plásticos gerados na produção de resinas termoplásticas e produtos químicos. A preocupação da companhia com o desenvolvimento sustentável não evitou a tragédia ambiental e social que destruiu cinco bairros de Maceió e atingiu milhares de famílias.


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ELEIÇÕES

Federações bagunçam cenário em Alagoas e podem unir rivais JHC e Rodrigo Cunha em lados diferentes? Sim, é possível

EDVAN FERREIRA/SECOM MACEIÓ

ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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s discussões em Brasília para o avanço das federações partidárias da cabeça da política nacional para os braços nos estados bagunça o cenário eleitoral em Alagoas e pode acirrar os ânimos de polos opostos e inegociáveis, ao menos nas condições atuais. Uma das federações envolve o JHC e o ministro da Saúde de Bolsonaro em evento esta semana em Maceió PT/PSB/PV e PC do B e aparentemente o cenário é tranquilo. Petistas e socialistas negociam a deiros (MDB). Ele deve se filiar ao A FEDERAÇÃO PSOL/REDE céu aberto as candidaturas pro- PT. porcionais, mas a obrigação de Levando em conta essa atual BUSCA SAÍDAS E LIDERatuar em conjunto na legislatura, disposição das peças no tabuleiro ANÇAS PARA SE VIABILIZAR. tanto em 2023 quanto em 2026, político, o PSB e o PSDB locais esexigência das federações, expõe as tarão em posições diferentes. Isso A REITORA HONORÁRIA contradições. O PSB é comandado porque os tucanos discutem fede- DA UNIVERSIDADE FEDERpelo prefeito de Maceió, JHC, que ração com o Cidadania/Podemos AL DE ALAGOAS VALÉRIA não deve pedir votos ao ex-presi- que deve incluir o PDT. dente Luiz Inácio Lula da Silva JHC se elegeu prefeito graças CORREIA É TRATADA COMO e esta semana apareceu ao lado à aliança com o PDT, chefiado por CANDIDATA PELO PSOL E A do minis-tro da Saúde, Marcelo Ronaldo Lessa, que é vice-prefeiQueiroga, tido como negacionista to, e o PSDB, presidido pelo sen- REDE, DA EX-VEREADORA durante a pandemia. Jota não é ador Cunha. Cunha e Lessa têm HELOÍSA HELENA, ASSISTE tratado pelo PT como de esquerda. cordiais relações eleitorais e ano Apesar da distante possibili- passado se tratavam como aliados À MIGRAÇÃO ELEITORAL dade de o prefeito renunciar para na disputa ao governo encabeçada DELA PROVAVELMENTE A se lançar ao governo, o PT local se- pelo senador. Lessa também se BRASÍLIA PARA QUE O PARquer discute a questão por tratá-la coloca como candidato ao Senado. como improvável. O Cidadania é guiado por TIDO SUPERE A CLÁUSULA Além disso, JHC deve apoiar Régis Cavalcante, crítico do presio senador Rodrigo Cunha (PSDB) dente Jair Bolsonaro, chamado de DE DESEMPENHO. na disputa ao governo, situação “trapalhão ridículo” pelo ex-depuque os petistas locais renegam. tado federal alagoano. Cunha é tratado como da ala tucaO Podemos, cuja maior estrela na mais bolsonarista. é o ex-juiz Sérgio Moro, é presidiA reeleição do deputado fede- do pelo deputado federal Severino fake news a respeito da vacinação, ral Paulão (PT) pode ganhar novo Pessoa que negocia deixar a leg- e mais recentemente os ataques à fôlego com o acerto envolvendo enda e migrar para o PSD, para segurança da urna eletrônica. A o pai do prefeito, João Caldas, ampliar sua chance de reeleição. posição pode aproximá-lo de Sérgio Moro, porém o líder da Repútambém candidato a federal pelo Moro é crítico de Bolsonaro. PSB. O deputado e líder do goverJá Rodrigo Cunha evita en- blica de Curitiba não decola nas no, Sílvio Camelo (PV), é tratado durecer suas posições quanto às pesquisas e o Podemos alagoano como pré-candidato do MDB a es- medidas negacionistas do presi- está na cota dos Calheiros, rivais tadual, assim como Ronaldo Me- dente da República, incluindo as de Cunha na votação deste ano.

O presidente de honra do PSDB alagoano, Teotonio Vilela Filho, declarou seu voto a Lula. Cunha deve fazer discreta campanha a Bolsonaro. Aliás, o MDB e o PSDB discutem formar federação e os dois partidos têm muitas dificuldades de buscar um consenso local. O MDB é comandado pelos Ca-lheiros. Renan Filho esta semana disse na Assembleia que sua prioridade é derrotar Rodrigo Cunha. Ao mesmo tempo, os tucanos locais encontram muitas dificuldades na matemática das urnas e veem no senador uma liderança que não lidera nem o próprio partido nem a viabilidade de sua candidatura a governador. Pior é a federação União Brasil/MDB. Há um acordo em Brasília para que o UB seja gerido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), mas executado pelo presidente da Assembleia, Marcelo Victor, de fato filiado à nova legenda, resultado da fusão do PSL com o DEM e aprovada na semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lira e os Calheiros não estão em relação de parceria. O UB se inclina a apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro enquanto o MDB ca-lheirista é pró-Lula. A federação PSOL/Rede busca saídas e lideranças para se viabilizar. A reitora honorária da Universidade Federal de Alagoas Valéria Correia é tratada como candidata pelo PSOL e a Rede, da ex-vereadora Heloísa Helena, assiste à migração eleitoral dela provavelmente a Brasília para que o partido supere a cláusula de desempenho. Também não há consenso na Rede sobre quem apoiar à Presidência da República. Heloísa Helena mantem contatos com Ciro Gomes do PDT; Marina Silva tenta ser atraída pelo PT (ela foi mi-nistra do Meio Ambiente nos anos Lula) mas ela confessa que o partido nunca fez uma crítica pública com pedido de desculpas sobre casos de corrupção denunciados. A discussão continua lançada.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Incertezas na renúncia

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odas as correntes políticas trabalham com a possibilidade de o governador Renan Filho desembarcar do Palácio República dos Palmares até o dia 2 de abril, prazo final para a desincompatibilização do cargo. Mas, nos bastidores, as conversas são completamente diferentes.

Devagar

Muita gente aposta que Renan Filho vai continuar no governo esperando ser aproveitado num possível governo de Lula caso seja eleito presidente do Brasil. Ele e o pai afinados com o ex-presidente, teriam uma fatia generosa do governo, o que faria sentido continuar governador até 31 de dezembro.

Pleno vapor

ALE/AL

O político mais cobiçado nessas eleições é, sem dúvida alguma, o deputado Arthur Lira, que tem se revelado um hábil negociador e cumpridor de compromissos. Em Alagoas, com uma eleição pra lá de garantida, Lira constrói novas alianças e avança para ser o protagonista das próximas eleições.

O comportamento do governador Renan Filho, entretanto, diz exatamente o contrário. Afunda o pé na realização de novas obras, expede ordens de serviços na capital e no interior e oferece ainda mimos para estudantes e outras categorias funcionais.

Não convenceu

Na reabertura dos trabalhos legislativos, o governador Renan Filho deixou várias pistas sobre sua situação política. Não anunciou sua desincompatibilização do cargo até 2 de abril, acenou com uma grande composição entre Paulo Dantas e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, mas deixou para depois sua decisão.

Decisão tomada

Embora não tenha afirmado que disputará a única vaga do Senado, Renan Filho conversou nos bastidores com alguns deputados e teria dito que vai derrotar o senador Rodrigo Cunha nas eleições de outubro. Ou seja, vai trabalhar para reeleger Paulo Dantas pelo menos em um primeiro momento.

Graves problemas

Embora reconheça alguns avanços no estado, o deputado Paulo Dantas disse que ainda há graves e históricos problemas a serem resolvidos em Alagoas. E, naturalmente, vai tentar resolvê-los ou, pelo menos, grande parte deles num provável seu governo a partir do mês de abril.

Cobiçado

Cofres cheios

Navegando

Hábil, inteligente e cumpridor de palavra, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, administrou interesses políticos entre governo e o poder Legislativo nos últimos anos sem maiores atritos. Escolheu o nome de Paulo Dantas em quem deposita total confiança e agradou a gregos e troianos.

Sem opinar

O deputado Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, continua observando o quadro político, mas ainda não bateu o martelo sobre a sucessão governamental, embora num primeiro momento concorde com a indicação de Paulo Dantas. Quanto ao vice, bem, é assunto para depois.

Com os cofres ainda abarrotados de dinheiro, fruto de políticas massacrantes contra a população, como é o caso da cobrança extorsiva de IPVA, o governo ainda coloca o pé no freio para não descongelar o ICMS sobre os combustíveis.

Disputa acirrada

A escolha de um nome pela OAB para concorrer ao Quinto Constitucional da vaga de desembargador do TJ agita os bastidores jurídicos de Alagoas. Pelo menos quinze candidatos irão se submeter ao voto direto dos advogados, mas, para alguns, se arma uma estratégia de anular alguns pretendentes. Pelo menos é o que se comenta nos bastidores da advocacia.

Cavalo de Tróia

Inelegível por ter tido a última prestação de contas de sua candidatura quando era do PSOL rejeitada, Gustavo Pessoa, agora, largou o PT e filiou-se ao PROS. É mais um a formar nos quadros de Adeilson Bezerra. A saída de Pessoa ocorreu na calada da noite sem comunicação aos seus antigos aliados.

As indenizações por parte da Massa Falida da Laginha Agroindustrial continuam muito lentas, reclamam alguns advogados. E o pior: sem interlocução com o administrador para que preste os esclarecimentos necessários.

Pressão

Os moradores do Flexal de Baixo e do Flexal de Cima, na região de Bebedouro, exigem o mesmo tratamento dado a outros residentes no bairro do Pinheiro. Eles alegam sofrer os mesmos efeitos do afundamento de outras regiões, mas não estão sendo reconhecidos pela Braskem.

Sonho de verão

A Prefeitura de Maceió está iniciando a primeira etapa do Salgadinho, mas dificilmente resolverá o problema de uma vez por todas. Será uma meia-sola, têm afirmado alguns técnicos que conhecem de perto o problema.

Risco diário

A SMTT deve, urgentemente, resolver um problema de sinalização próximo a uma concessionária na Avenida Durval de Góis Monteiro para evitar batidas e atropelamentos em frente a um ponto de ônibus. Ultimamente tem sido um Deus nos acuda.

Afastamento

Até o dia 31 de março vários auxiliares do governo do Estado e da Prefeitura de Maceió irão deixar os cargos para disputarem mandatos nas eleições de outubro. Na capital, pelo menos quatro serão candidatos, a exemplo do secretário Thiago Prado, da Segurança Comunitária.


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ELEIÇÕES

Traições rondam candidatura de Renan Filho

MÁRCIO FERREIRA

Governador precisa de deputados após renunciar, mas Collor vira sombra na ALE ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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fato político mais importante da semana foi a abertura dos trabalhos legislativos na Assembleia com a presença do governador Renan Filho (MDB). Este ano é atípico: com as eleições de outubro, o ritmo dos trabalhos na Casa de Tavares Bastos diminui, os parlamentares se espalham por suas bases em busca de votos e inauguram obras bancadas por emendas ao orçamento, aprovadas em plenário. Além disso, todos aguardam a decisão do governador que deve renunciar até 2 de abril para disputar o Senado. Os deputados farão eleição interna para escolher o governador-tampão que administrará o Estado até o final do ano. O deputado Paulo Dantas (MDB) é o nome cotado. Será também o candidato da Assembleia, na busca pela reeleição. Entre os secretários discutidos para este governo provisório estão o jornalista Joaldo Cavalcante, o economista Arnóbio Cavalcanti e o administrador de empresas Marco Antônio Fireman. Dos três, Arnóbio e Marco se comportam como oposição a Renan Filho, incluindo pesadas críticas. Isso revela dificuldades no acordo entre a Assembleia e o chefe do Executivo, podendo dinamitar as pontes que facilitam a renúncia e a candidatura ao Senado de Renan Filho.

Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), faz questão de se mostrar em eventos promovidos pelo governo federal em Alagoas. É um recado às lideranças políticas, em especial ao presidente da Assembleia, Marcelo Victor, que deve ser o novo presidente do União Brasil em Alagoas, com autorização de Lira, o verdadeiro mandachuva da super legenda. Victor garante fidelidade a Renan Filho, mas, após a renúncia do governador, o presidente da Assembleia será pressionado por quem, de fato, manda, além da busca pela reeleição da maioria dos deputados buscando generosos quinhões na máquina estadual. Antes mesmo de renunciar, o governador assiste ao fatiamento da máquina estadual no açougue assembleiano. Em entrevista à CBN Maceió, Paulo Dantas colocou como prioridade a área social. Foi a primeira vez que assumiu a candidatura-tampão. Expôs como prioridades o uso dos recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep) e busca de linhas de crédito para ajudar os pequenos produtores e microempresários. “Com um empurrãozinho do governo é possível reverter essa situação, porque essa é a vontade da população, que quer trabalhar, quer ter o seu dinheiro no fim do mês e poder viver tranquilamente em suas casas”, disse.

Renan Filho abriu ano legislativo falando dos avanços da sua gestão

HÁ UMA ESTREITA APROXIMAÇÃO POLÍTICA, APESAR DE SILENCIOSA, ENTRE O SENADOR FERNANDO COLLOR (PROS) E OS DEPUTADOS. COLLOR DISPUTA A REELEIÇÃO E NÃO PRECISA RENUNCIAR PARA SER CANDIDATO, DIFERENTE DE RENAN QUE NÃO TERÁ MAIS PODERES NEM A CANETA SE RENUNCIAR AO MANDATO. Há uma estreita aproximação política, apesar de silenciosa, entre o senador Fernando Collor (PROS) e os deputados. Collor disputa a reeleição e não precisa renunciar para ser candidato, diferente de Renan que não terá mais poderes nem a caneta se renunciar ao mandato. Em março do ano passado, Collor se fez presente na Assembleia Legislativa. Uma visita disputada e com o claro propósito de enviar, ao governador, um recado. Sim, Elle disputaria a reeleição e Renan Filho era seu principal adversário. Collor faz críticas diárias, sete dias por semana e 24 horas por dia à gestão. Ataca áreas caríssimas e com bons resultados, como Fazenda, Saúde e Segurança Pública. A pesada artilharia é também movimen-

tada pelos poucos deputados da oposição, ainda que a estratégia deles na Assembleia seja muito ruim, infantilizada ou amadora e favoreça mais que atrapalhe o chefe do Executivo. Mas segundo o governador a prioridade, segundo ele disse ao deputado Davi Maia (União Brasil), é derrotar o senador Rodrigo Cunha (PSDB). Em reação, Maia articula se lançar ao governo-tampão. “Estou articulando. Lógico que é difícil, pois a bancada go-vernista é quase hegemônica na Casa, mas votar no que está aí é praticamente aprovar a continuidade do governo Renan Filho, que é uma gestão que eu sempre critiquei por conta dos inúmeros problemas que venho relatando”, disse ao blog do Vilar, do portal Cada Minuto. Na Assembleia, o governador falou sobre vacinação, pandemia, melhoria dos indicadores na segurança pública, saúde e educação, além das reformas administrativas, estruturantes e tributárias que resultaram no equilíbrio fiscal. “Em 2021, a pequenina Alagoas se agigantou. Transformou-se, pela primeira vez no século XXI, no estado que mais investiu recursos públicos no Brasil. É a demonstração clara de que o equilíbrio fiscal que buscamos foi alcançado. Investir significa nada mais do que atender aos anseios da população”, disse.


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ELEIÇÕES FACEBOOK

Rodrigo Cunha também tem participado de eventos por todo o estado, atraindo a atenção de seus opositores

Renan e Rui elegem alvo para abater: Rodrigo Cunha Candidatura de tucano ao governo mexe com lideranças, que negam atuar no mesmo lado ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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senador Rodrigo Cunha (PSDB) é o alvo escolhido pelo governador Renan Filho (MDB) e o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) nas eleições deste ano. Os dois lados negam que estejam em negociações políticas ou unidos no mesmo propósito – derrotar nas urnas o senador que é candidato a governador – mas a construção de um novo grupo político encabeçado pelo tucano movimenta as lideranças além de deixar de fora nomes tradicionais e há décadas no poder como os Calheiros, os Palmeira, os Collor de Mello e os Lira. Por enquanto, além de Rui Palmeira e Rodrigo Cunha, o deputado Paulo Dantas (MDB) é tratado como o nome-tampão ao governo caso Renan Filho

renuncie. Dantas, candidato da Assembleia Legislativa, vai para a reeleição. O prefeito de Pilar Renatinho está no jogo. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o senador Fernando Collor (PROS) ainda não decidiram quem vão apoiar na sucessão estadual. O quadro político alagoano também é discutido em Brasília. O prefeito JHC negocia os rumos do PSB em encontros com a direção nacional da legenda socialista. Jota é cotado a renunciar à Prefeitura de Maceió e disputar o governo. Também a Executiva Nacional recebe informações sobre nomes a deputado federal em Alagoas. Em janeiro, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, incluiu Alagoas no radar das prioridades, com JHC em busca do governo. Rui Palmeira também esteve na capital federal com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Ele trouxe o ex-prefeito para o partido com dois objetivos: o nome dele na disputa pelo Palácio República dos Palmares e alianças e nomes a federal.

“Rui será candidato a governador e constrói estas condições. Está ouvindo lideranças e andando pelo estado”, disse um dos conselheiros do ex-prefeito, Welisson Miranda, que cuida das tratativas eleitorais com lideranças no litoral norte alagoano. No último final de semana, o ex-prefeito da capital almoçou com a Família Moura em Paripueira. Os Moura são liderados pelo prefeito Abrahão que tem a filha Cibele como deputada estadual. Ela negocia se filiar ao PSD deixando o PSDB de Rodrigo Cunha. Nos próximos dias, Rui negocia conversar com a Família Gaia em Murici que faz oposição aos Calheiros. Ao lado de diretores da Associação Comercial, o ex-prefeito se lançou na disputa estadual, gesto idêntico ao do pai, Guilherme, então secretário da Indústria e do Comércio quando foi escolhido para suceder Divaldo Suruagy no governo em 1978. Guilherme tinha 40 anos; Rui tem 46. A diferença está nas mudanças do quadro político: Guilherme quase foi candidato a vice-presidente, representando

o então PFL, na chapa encabeçada por Fernando Henrique Cardoso em 1994. Guilherme falava em enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva. Vinte e oito anos depois, Rui deve subir no palanque de Lula, mais uma vez candidato a presidente da República. Kassab negocia a aproximação do seu PSD com o PT. A deputada Jó Pereira (MDB) negocia ficar no PP e é tida como nome de Arthur Lira para vice de Rui. O ex-prefeito admite conversas com Lira sobre a sucessão estadual, nega que tenha cargos na administração Renan Filho ou acordo com os Calheiros e criticou as candidaturas de Cunha e Dantas. “Dos pré-candidatos que estão postos, um reza meio-dia, de tarde e de noite, pela renúncia do governador Renan Filho. Outro, reza de manhã, de tarde e de noite pela não renúncia do prefeito JHC. Então, o único pré-candidato que não depende de terceiros, nesse momento, sou eu”, provocou. Falando dos primeiros pontos do seu programa de governo, contou ao setor produtivo (Associação Comercial) sobre a retomada da economia em parceria com o mercado “para que mais empresas possam abrir suas portas, criar postos de trabalho e movimentar empregos e renda em nosso estado” e estímulo ao empreendedorismo para inclusão de trabalhadores na formalidade. Na Câmara de Maceió, Rui tem três vereadores aliados: Samyr Malta, que se afastou esta semana do mandato para tratamento de saúde, Joãozinho e Kelman Vieira, ex-presidente da Câmara e secretário de Prevenção à Violência. “Eu acho que o barco do governador Renan Filho está muito cheio. Já tem essa questão da Assembleia Legislativa, já tem muita coisa por trás disto. Vai haver, provavelmente, se o governador renunciar, uma eleição indireta e parece que já fizeram um acordo em Miami. Eu acho que isso aí já está selado entre eles. Continuo dizendo que não tenho arestas com qualquer liderança política, consigo dialogar com Arthur, com o governador Renan Filho, mas independente de apoios, serei candidato ao governo do Estado”, falou Rui.


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PARIDADE

Procuradores de Estado aposentados vão à Justiça para garantir direitos Ação milionária pede retroativos desde 2010, quando a categoria foi excluída do rateio dos honorários de sucumbência

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TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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rocuradores do Estado aposentados entraram com ação na Justiça para garantir o retorno da categoria ao rateio dos honorários de sucumbência, em paridade com os colegas em atividade. Os honorários são recursos provenientes de ações judiciais ganhas pelo Estado, previstos na Lei Orgânica da Advocacia Geral de Alagoas e na Lei Complementar nº 07, de julho de 1991. A exclusão da categoria ao rateio da verba ocorre desde 2010, de forma irregular, determinada através de resoluções editadas pelo Conselho Superior da Procuradoria Geral do Estado, segundo afirma a ação. Os procuradores haviam requerido antes, de forma administrativa junto ao Conselho, a anulação das resoluções (16/2020, 05/2013, 21/2015 e 06/2020) que teriam excluído os aposentados do quadro de procuradores com acesso aos recursos, porém tiveram o pedido negado sob argumento de que a questão [da exclusão] era tema esgotado pois havia sido determinada em assembleia da categoria. Os autores da ação denunciam que o Conselho, cujo presidente é o procurador-geral do Estado, Francisco Malaquias de Almeida Júnior, extrapolou seu poder e criou situação anti-isonômica dentro da categoria. Ao ingressar em juízo contra a Procuradoria Geral do Estado de Alagoas (PGE/AL), a categoria pede, além do restabelecimento do direito aos honorários de sucumbência, o pagamento dos

Marcos Bernardes afirma que Conselho da PGE extrapolou atribuições retroativos, observando os prazos prescricionais. A categoria não fala em valores financeiros, mas a ação é milionária visto que inclui honorários das causas ganhas há 12 anos. O salário atual do procurador do Estado na ativa é de R$ 30.404,42. O procurador aposentado Marcos Bernardes de Mello, que auxiliou na elaboração da ação, informa que o processo foi protocolado na 4ª Vara da Fazenda Pública no mês de dezembro. A argumentação usada no passado pelo Conselho para indeferimento da causa é falsa, segundo ele, não tendo sido a questão objeto de votação em nenhuma assembleia da categoria.

EM 2019, PELO MENOS

R$ 590

MILHÕES FORAM REPASSADOS A ADVOGADOS PÚBLICOS FEDERAIS REFERENTE A HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.

“O direito do procurador aposentado à verba decorre de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e não poderia ser afastado por decisão em assembleia da categoria, o que nem ocorreu”, afirma. “Ato manifestamente ilegal”. Bernardes explica que o “procurador não deixa de ser procurador porque se aposenta, do mesmo modo que os juízes, o promotor de Justiça, o ministro de tribunais superiores não perdem as prerrogativas da categoria”. O procurador esclarece também que o Conselho Superior da PGE tem apenas poder fiscalizatório e regulamentar, não podendo nenhuma resolução por ele editada fugir da competência e discriminar onde a lei não fez. “As resoluções do Conselho, ao limitarem o direito dos procuradores inativos à percepção de honorários sucumbenciais, excederam seu poder regulamentar e afrontaram o princípio da reserva legal, uma vez que a Lei Complementar nº 07/1991 não fez distinção entre procuradores ativos e inativos”, aponta a ação. Em uma ação similar, o STF afirmou que a verba de honorários integra o subsídio, respeitado o teto, o que, segundo Mello, significa dizer que a distribuição dos honorários deve ser igualitária entre todos que recebem o mesmo subsídio, ativos e inativos, sob pena de ferir o princípio da isonomia. O subsídio é do cargo e, portanto, deve ser pago de forma igual para todos, não podendo haver distinção entre procuradores ativos e inativos. Marcos Bernardes lembra que o direito ao rateio dos honorários é uma prática comum em outros estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Minas Gerais, entre outros. Em 2019, pelo menos R$ 590 milhões foram repassados a advogados públicos federais referente a honorários de sucumbência. Os advogados públicos, categoria que inclui advogados da União e procuradores federais, da fazenda nacional e do Banco Central receberam R$ 945 milhões em honorários de sucumbência em 2020. Em 2021, somente até agosto, foram R$ 791 milhões.


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INVESTIMENTOS

PAULO DANTAS DESTACA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO EM ALAGOAS COM O CARTÃO ESCOLA 10 Deputado foi relator do projeto que criou programa que combate evasão nas escolas da rede pública estadual

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deputado estadual Paulo Dantas, durante evento Avança Escola 10, realizado esta semana, comentou sua participação em projetos importantes implantados em Alagoas e que promoveram uma revolução na educação do estado e um aumento de mais de 30% nas matrículas da rede pública. O parlamentar lembrou que foi relator do projeto de lei que criou o Cartão Escola 10 e relator da revisão do Plano de Cargos, Carreira e Salário dos servidores da Educação. Para Paulo Dantas, os projetos de criação do Cartão Escola 10 e de revisão do PCCS revolucionaram a educação em Alagoas e tornaram-se referência no país, destacando que ambos buscam reduzir a evasão escolar e também a valorização dos servidores da educação. “A qualidade no ensino em Alagoas avançou muito e o ano de 2021 foi muito importante para os nossos

estudantes e servidores. Fui relator do PL que criou o Cartão Escola 10, que combate a evasão escolar e incentiva a permanência dos estudantes da rede pública estadual na sala de aula. Isso revolucionou a educação no estado e tornou-se referência no Brasil. Também fui relator da revisão do PCCS dos servidores da educação, onde buscamos valorizar nossos magistrados e demais servidores que trabalham diretamente na educação. Quando trabalhamos em um ambiente tranquilo e ao lado de pessoas comprometidas, faz com que o estado tenha resultados exitosos e positivos”, destacou. O Avança Escola 10 aconteceu no Centro de Convenções e Exposições Ruth Cardoso, promovido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que contou com a participação do governador Renan Filho e do secretário Rafael Brito. Na oportunidade, o governador Renan Filho

destacou a atuação do deputado Paulo Dantas para que o projeto do Cartão Escola 10 fosse aprovado na ALE. “Convidei o deputado Paulo Dantas para estar aqui, hoje, porque ele foi importantíssimo para a aprovação do Cartão Escola 10. Muita gente era contra, porque acusavam o programa de ser eleitoreiro e não queriam que ele fosse aprovado. Com o apoio do Paulo [Dantas], conseguimos aprovar e implantar o programa que beneficia milhares de jovens em todo o estado. É um incentivo para que o estudante não precise trabalhar e abandonar a escola. Agora, ele poderá focar 100% nos estudos, passar no vestibular e conquistar o mercado de trabalho”, concluiu.


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CALOTE PREVIDENCIÁRIO FACEBOOK

Débitos de Major Isidoro deixados pela ex-prefeita Santana Mariano

Receita Federal cobra R$ 24 milhões de três municípios alagoanos MP é comunicado para apurar improbidades praticadas em Major Isidoro, Novo Lino e Senador Rui Palmeira

previdenciária nas GFIP declaradas pelo contribuinte nos anos de 2018 e 2019, além da falta de recolhimento da tal contribuição na época própria”. Para se ter ideia do tamanho do prejuízo para o erário, apenas em multas e juros o município de Novo Lino terá que arcar com R$ 4.535,135. A prefeita atual, Marcela Silva Gomes de BarARQUIVO

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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Receita Federal quer saber onde foram parar mais de R$ 24 milhões que os ex-prefeitos dos municípios alagoanos de Major Isidoro (Maria Santana Em Novo Lino, ex-prefeita Lúcia de Vasco deixou rombo de mais de R$ 8 milhões Mariano Silva Campos), Senador Rui Palmeira (Jeane Oliveira Silva) e Novo Lino (Luciene Maria Alagoas (MPE/AL) representa- Luciene Maria Ferreira, a Lúcia ros, eleita para o mandato 2021Ferreira) deixaram de repassar à ção para fins de apuração de ato de Vasco. Uma auditoria fiscal da 2024, também foi citada na ação Previdência em suas gestões. Até de improbidade administrativa Receita constatou irregularidade como responsável pelo problema. setembro do ano passado, a dívi- cometidos pelas ex-chefes do Exe- no recolhimento das contribuições “O agravamento pecuniário fisda de Senador Rui Palmeira era cutivo municipal. As irregulari- sociais destinadas à Previdên- cal se deu por exclusiva ação dos de R$ 6. 538.379,79, a de Novo dades são de falta de repasse de cia Social e que foram reduzidas agentes políticos ora representaLino R$ 8.179.672,37 e Major Isi- contribuição previdenciária, do contribuições sociais com a não dos, no caso, o gestor da Prefeidoro de R$ 9.582.672,37, totali- Pasep e outras, acumulando débi- informação nas Guias de recolhi- tura municipal de Novo Lino, à zando calote previdenciário de R$ tos milionários. mento do FGTS e informações à época, a prefeita Luciene Maria 24.300,081,03. No caso de Novo Lino, a co- Previdência Social (RGPS). A au- Ferreira, bem como a atual resApós auditoria fiscal, em 26 de brança se refere ao período de ditoria concluiu que “houve grave ponsável pela gestão municipal, janeiro deste ano a Receita enca- janeiro de 2018 a dezembro de omissão de parte significativa dos Marcela Silva Gomes de Barros”, minhou ao Ministério Público de 2019, que tinha como prefeita fatos geradores de contribuição diz a auditoria.


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Valores devidos por Senador Rui Palmeira na gestão anterior da prefeita Jeane Moura Major Isidoro também esteve na mira da Receita Federal e foram detectadas várias irregularidades. Em 08/01/2021 teve início o procedimento fiscal nº0420100.2020.00133 para analisar o período de 01/01 a 31/12/2018 na então gestão de Santana Mariano. A auditoria constatou crimes contra a administração pública que configuram a prática de atos de improbidade administrativa. Inclusive, como resultado da ação fiscal, verificou-se que as folhas de pagamento dos servidores veiculados ao RGPS, apresentadas à fiscalização, não foram integralmente declaradas nas GFIP e, além disso, são inferiores aos valores empenhados nos elementos de despesas; as contribuições previdenciárias dos segurados são superiores aos valores descontados pelo INSS; e, parte das contribuições para o Pasep foi omitida das DCTF. A auditoria chama a atenção para o fato de que se a legislação houvesse sido cumprida e o recolhimento dos tributos feito dentro dos prazos legais, o município não teria que arcar apenas em juros e multas com o valor (atualizado até 09/2021) de R$ 4.890.364,64. “Para que se tenha ideia do prejuízo desnecessariamente suportado pelo município em razão da falta de recolhimento das contribuições devidas nos prazos legais, o total de juros e multas supera toda a receita corrente arrecadada

pelo município em 2018 (R$ 4.678.642,97)”, diz trecho do documento. Em Senador Rui Palmeira não foi diferente. Durante a auditoria fiscal para apurar as irregularidades no período de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2018, no mandato anterior da prefeita Jeane Oliveira Silva, a Jeane Moura (reeleita em 2020), foram encontradas infrações no recolhimento das contribuições sociais destinadas à Previdência Social. Na representação por ato de improbidade administrativa, processo/dossiê Nº 13083.031016/2021-76, o auditor diz que depois de intimado, o município não trouxe à fiscalização documentos suficientes e necessários aos trabalhos da auditoria. E os apresentados, não refletiam a contabilidade do ente estatal. Como consequência da falta de transparência por parte da prefeita, foi acrescido a dívida já existente o montante de R$ 3.106.324,20 em multa e juros. Vale ressaltar que os relatórios da Receita foram enviados no dia 1º de fevereiro deste ano ao Ministério Público Estadual. Procurado pelo EXTRA, o delegado da Receita Federal em Alagoas, Reinaldo Carlos Alves de Almeida, afirmou que não iria comentar as auditorias por se configurarem em dados protegidos por sigilo fiscal que, como tal, não podem ser divulgados.

OS RELATÓRIOS DA RECEITA FORAM ENVIADOS NO DIA 1º DE FEVEREIRO DESTE ANO AO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. PROCURADO PELO EXTRA, O DELEGADO DA RECEITA FEDERAL, REINALDO CARLOS ALVES DE ALMEIDA, AFIRMOU QUE NÃO IRIA COMENTAR AS AUDITORIAS POR SE CONFIGURAREM EM DADOS PROTEGIDOS POR SIGILO FISCAL QUE, COMO TAL, NÃO PODEM SER DIVULGADOS.

OUTRO LADO

Em defesa da ex-prefeita de Major Isidoro, Santana Mariano, a resposta de sua assessoria foi de que ao verificar com os advogados, se percebeu que o documento é uma falsificação grosseira de alguém que pretende extorquir. E acrescentou que ela (Santana) foi a única prefeita/prefeito do país que saiu do seu segundo mandato com mais de 80% de aprovação e deixando nas contas da Prefeitura mais de R$ 36.000.000,00 em espécie. O EXTRA, contudo, confirmou a autenticidade dos documentos expedidos pela Receita ao MP. No caso de Novo Lino, a ex-prefeita Lúcia de Vasco não se pronunciou. O mesmo aconteceu com a gestora de Senador Rui Palmeira, Jeane Moura, que até o fechamento desta edição não respondeu ao EXTRA. A assessoria de comunicação da prefeita de Novo Lino, Marcela Silva Gomes de Barros, esclareceu que a gestão atual não tem participação neste desfalque. “Pelo contrário”, disse, acrescentando que quando ela assumiu, precisou acionar a Justiça para obter as informações dos anos 2017, 2018, 2019 e 2000, para assim poder gerir o município. Quanto ao rombo da Previdência, especificamente, afirmou que o setor jurídico vai entrar, mais uma vez, na Justiça pedindo diminuição dos juros e multas da dívida de mais de R$ 8 milhões deixada pela gestão anterior. Ainda de acordo com a assessoria, apesar de surpresa por ter sido citada no processo, e mesmo não sendo débito dela, a prefeita vai pagar a dívida, de forma parcelada, já que se trata de um município pequeno (cerca de 12 mil habitantes), com assentamento de cerca de 5 mil pessoas. “O Município de Novo Lino, no período da atual gestão, não praticou nenhum ato de improbidade administrativa no tocante às verbas previdenciárias, seja regime próprio ou regime geral. Quando a Marcela iniciou sua gestão, verificou que os prefeitos anteriores deixaram uma dívida milionária no fundo de previdência próprio e no INSS, razão pela qual ações de improbidade administrativa foram ingressadas”, disse a assessoria.


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LAGINHA DIVULGAÇÃO

Neto de JL, que faleceu no ano passado, Fernando Lyra cobra R$ 12 mil a título de indenização trabalhista

Massa Falida destina mais R$ 32 milhões ao pagamento de trabalhadores Quantia será dividida entre 6 mil credores de Alagoas e Minas Gerais

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ais de seis mil credores da Massa Falida da Laginha devem receber, em breve, cerca de R$ 32 milhões referentes a processos trabalhistas. A informação é do administrador judicial Igor da Rocha Telino de Lacerda. Serão contemplados trabalhadores de Minas Gerais e de Alagoas. A quantia já foi encaminhada às varas do Trabalho que deverão fazer a distribuição do valor entre

os processos que estão em tramitação. No caso dos trabalhadores mineiros, 2.674 credores estão mais perto de receber o dinheiro a que têm direito. A quantia destinada para esse grupo é de R$ 14,5 milhões. Em Alagoas serão 3.402 credores que deverão receber um total de R$ 12.305.988. Ainda conforme a administração judicial, esse dinheiro é proveniente da venda das usinas Vale de Paranaíba e Triálcool, localizadas em Minas. Durante quase dois anos essa verba ficou paralisada por uma liminar impetrada por uma participante do certame. No entanto, o impasse foi analisado pela Justiça de Alagoas, que decidiu liberar novamente a quantia para o pagamento dos credores. Uma gama de advogados também será beneficiada com a quantia de R$ 1.898.651,62 para pagamento de honorários. Ainda consta da lista o valor de R$ 2.042.549,47 para credores que tinham reclamações trabalhistas em outras comarcas que não pertencem aos estados de Alagoas e Minas Gerais. E mais R$ 2.184.163,00 para trabalhadores que não chegaram a ingressar com reclamação trabalhista. Quanto ao tão esperado dinheiro do precatório no valor de R$ 690 milhões, já liberado pela Justiça Federal, que deve amortizar um

pouco a dívida de pouco mais de R$ 2 bilhões do falido Grupo João Lyra, o administrador, via assessoria, informa que deverá ter mais detalhes na próxima semana. FALECIMENTOS Alguns credores não conseguiram esperar tempo suficiente para que o imbróglio do pagamento das dívidas se resolvesse. Somente no mês de fevereiro deste ano foram comunicadas a morte de seis exfuncionários da Laginha. Quando isso acontece, a dívida continua, no entanto o valor pertencerá ao espólio. Entre eles está o mineiro de Ituiutaba Eurípedes Valadão da Silva, que faleceu tendo a receber o valor de R$ 79.708,40. Apesar do falecimento em 2019, a substituição de credor por alguém da família só foi oficializada este ano. O falecimento de Eurípedes chegou a receber nota de pesar da Câmara de Vereadores. À época, o parlamentar Marco Túlio Faissol lamentou a perda do “antigo produtor rural de nossa região”. Outro que morreu sem usufruir de seus direitos foi Gilvan Ribeiro de Andrade, que segundo a lista de credores, tinha a receber R$ 243.309,85. Benedicto Peres Drummond faleceu à espera do valor de R$1.334.496,91. E o obituário prossegue: Waldemar Alves do Nascimento (R$394.791,45); Alberto Belo Pereira (R$18.778,97) e Affonso Arinos de Andrade Faissol (valor não revelado).

Credores em família Entre aqueles que estão na lista de credores trabalhistas está Fernando Lyra Affonso Collor de Mello (R$ 12 mil), filho de Thereza Collor e Pedro Collor, e neto do ex-deputado federal e ex-usineiro falecido João Lyra. Também é credor o filho de Lyra e irmão de Thereza, Guilherme José Pereira de Lyra (R$ 167 mil). E até mesmo João Lyra devia a ele mesmo: R$ 293.503,08. No entanto, o falecido configurava na seção de créditos subordinados, que são pagos somente após a satisfação dos outros credores sem qualquer garantia.


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SAÚDE RECONHECIDA

MINISTRO DA SAÚDE VISITA TEOTÔNIO VILELA E AFIRMA QUE MUNICÍPIO É EXEMPLO NA SAÚDE Cidade se destaca pela vitalidade dos atendimentos e inovações

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cidade de Teotônio Vilela, mais uma vez, tem a saúde reconhecida nacionalmente. No último dia 11, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, junto ao deputado federal e presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, esteve na cidade conhecendo mais uma parte da rede de atendimento da população. Na ocasião, o ministro conheceu o Centro de Imagem, instrumento integrado ao Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças e que conta com equipamentos de última geração, a exemplo do tomógrafo. O equipamento trouxe muita facilidade para os munícipes, que não tem mais que se deslocar para outras cidades para realização de exames. “Os avanços na atenção primária à saúde são incontestáveis, tanto é assim que o município foi premiado pelo Ministério da Saúde por ter indicadores muito favoráveis seguindo as regras do Previne. Não é só colocar o recurso, é fazer com que ele chegue na ponta e resulte em melhora nos indicadores de saúde pública. Cada centavo do contribuinte brasileiro tem que ser convertido em políticas públicas. Na última vez que estive aqui, não existia esse Centro de Imagem, isso é formidável porque facilita o acesso das pessoas ao diagnóstico de qualidade”, afirmou o ministro da Saúde. Queiroga também conheceu a ala pediátrica do Hospital, onde aplicou vacina em duas crianças e falou das estratégias em vacinação. “O povo tem direito à vacinação. Não podemos obrigar os pais a vacinarem, mas podemos fazer igual Teotônio Vilela, que tem adotado ações de

mobilização e conscientização, como o carro da vacina”, pontuou o ministro parabenizando a atuação da gestão municipal. A secretária de Saúde do município, Izabelle Pereira, agradeceu o empenho dos profissionais da saúde vilelense. “Esse é o resultado de todo empenho feito por nossa equipe, nossa gestão, em fazer a saúde cada vez melhor para nossa gente. Esse reconhecimento nacional, mostra a resposta de uma gestão comprometida com sua população”. A visita do ministro destacou a vitalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de investimentos feitos pelo prefeito Peu Pereira, empenhado em sempre atender as demandas da população da cidade da melhor maneira.

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BAIRROS AFUNDANDO

Colônia de pescadores com quase 100 anos passa por debandada de associados

Mineração da Braskem retirou pescadores da lagoa e dividiu rua ao meio

Texto e fotos: Bruno Fernandes - bruno-fs@outlook.com

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BAIRROS AFUNDANDO

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e dentro do prédio da associação da Colônia de Pescadores Z4, fundada em 1925, no bairro de Bebedouro, em Maceió, presidida por Mauro Pedro dos Santos há pelo menos 15 anos, é possível notar nos quadros de avisos e imagens que os corredores já foram cheios de homens e mulheres que nasceram na atividade da pesca e que só sabiam fazer aquilo, mas que hoje dão lugar ao vazio e ao eco das salas, por falta de trabalhadores e associados exercendo a atividade. Embora a região do Flexal de Baixo, onde fica localizada a associação, não tenha sido afetada diretamente pelo afundamento causado pela mineração, aproximadamente 200 dos 400 associados tiveram que deixar suas casas. Alguns por risco de desabamento e outros por causa do que as autoridades públicas passaram a chamar de “ilhamento socioeconomico”. Áreas do Flexal de Baixo, Flexal de Cima e parte da Rua Marquês de Abrantes, no bairro de Bebedouro, em Maceió, passaram a ser assim especificadas depois da saída de equipamentos públicos e comércio, além da falta de transporte e de igrejas. A saída do comércio na região e de boa parte da rua Tobias Barreto, onde fica localizada a colônia e que foi literalmente dividida ao meio por casas habitadas e inabitadas, obrigou os pescadores que viviam da pesca na Lagoa Mundaú, localizada há poucos metros da associação, a deixarem o local. Se em sua maioria foi por recomendação da Defesa Civil de Maceió ou da Braskem, para evitar um desastre, outros se mudaram pois não viram saída para a venda de suas mercadorias que, se não forem vendidas frescas, precisariam de um armazenamento adequado para transporte para centros comerciais de outros bairros. “Os pescadores que ainda continuam aqui ficaram ilhados porque aqui não temos mais nada, farmácia, padaria, e está isento de tudo em uma parte totalmente isolada. Não tem nada; fica perigoso para quem foi morar em outro lugar e precisa chegar de madrugada para pescar e é por isso que

muitos que continuam aqui querem sair do bairro”. É essa a visão do presidente da única associação atingida pelo fenômeno em cascata dos afundamentos dos bairros provocados pela mineração da Braskem. Ainda segundo Mauro Pedro, se ao menos 200 famílias de pescadores tiveram que ir para outros bairros e cidades, 100 acabaram deixando de exercer a atividade após a mudança. Quem conseguiu em uma área perto da lagoa, a exemplo do próprio presidente que passou a morar em Fernão Velho e outros que foram morar em Pilar ou em Coqueiro Seco, consegue se manter vivendo da pesca, mas outros que foram para a parte alta da capital, por exemplo, não tiveram a mesma sorte. “Estão vindo aqui pescar com bastante dificuldade porque não tem onde deixar o material. Eles deixam na casa de amigos que ainda residem aqui na região do Flexal de Baixo e outros simplesmente desistiram da atividade porque era algo inviável, viraram pedreiros, serventes ou vivem de bicos, mas é difícil para alguém que cresceu fazendo uma atividade simplesmente ser obrigado a mudar se quiser sobreviver”, explica Mauro ao afirmar que pelo menos quase metade dos associados, hoje, não consegue mais exercer a atividade. “A atividade pesqueira em si caiu muito aqui, porque a pesca, ao contrário de outra atividade, não tem horário para começar ou terminar, vai depender da maré e a pessoa que está morando em regiões distantes não consegue acompanhar os horários e isso dificultou muito”, lamenta. MEDO DA LAGOA Os poucos pescadores que continuam exercendo a atividade na região, morando ou não no bairro, não perderam apenas acesso a antigos empreendimentos comerciais para vender a mercadoria, mas também a uma parte da própria Lagoa Mundaú, sinalizada por boias como região de perigo ou com o desaparecimento de mangues, locais essenciais para a vida marinha e para a captura de caranguejos. Como explica Mauro, o pescador até pode entrar,

Frente da colônia de pescadores que por 15 anos foi presidida por Mauro Pedro

Rua dividida: de um lado, casas habitadas e do outro as desabitadas mas vai com medo ou até nem vai por ter sinalização de que ali é uma área de risco. Os prejuízos da extração do sal-gema, pela Braskem, à atividade pesqueira na região foram revelados primeiramente em estudo específico sobre a situação ambiental dos mangues, realizado pela empresa em outubro do ano passado, mas nada que os próprios pescadores já não tivessem notado. Ao todo, 13 hectares de manguezal estão desaparecendo por conta do afundamento do solo e, consequentemente, o avanço da lagoa. Hoje a margem do mangue que já chegou a ter pouco mais de 15 metros para pegar caranguejo tem apenas 6, porque, segundo os pescadores que dedicaram a vida toda à captura, o solo está des-

cendo e a lagoa consequentemente está subindo. “Pegávamos sururu no mangue e isso também não temos mais, o mangue servia para o refúgio dos peixes, mas isso não existe mais desde que o solo começou a descer e o mangue acabou inundando”, conta Mauro. Vale lembrar que o mangue está na legislação como área de preservação permanente. Isso porque estabiliza as margens, retendo a lama escura do solo que poderia acabar no oceano, afetando posteriormente os recifes de coral. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) teve ciência do caso através de reuniões virtuais. À época, segundo o coordenador de gerenciamento costeiro do IMA, Ricardo César, o manguezal já não teria condições de sobreviver 100% do tempo inundado.


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Moradores pedem relocação; pichações expõem revolta

OS PESCADORES QUE AINDA CONTINUAM AQUI FICARAM ILHADOS PORQUE AQUI NÃO TEMOS MAIS NADA, FARMÁCIA, PADARIA, E ESTÁ ISENTO DE TUDO EM UMA PARTE TOTALMENTE ISOLADA. NÃO TEM NADA; FICA PERIGOSO PARA QUEM FOI MORAR EM OUTRO LUGAR E PRECISA CHEGAR DE MADRUGADA PARA PESCAR E É POR ISSO QUE MUITOS QUE CONTINUAM AQUI QUEREM SAIR DO BAIRRO”.

Local onde os pescadores pedem que seja construído o galpão

Galpão seria alternativa Os cerca de 200 pescadores que mudaram de casa ou abandonaram a atividade continuam inscritos na colônia para não perder a aposentadoria, entre outros direitos adquiridos ao longo dos anos, porém, a situação poderia ser revertida com a construção de um galpão que serviria de dormitório e local para guardar os materiais de pesca em uma área próxima à lagoa, uma apresentada ao Ministério Público de Alagoas no dia 4 de abril do ano passado, mas que até o momento não saiu do papel. Durante reunião entre os pescadores e o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, ficou acertado

que a construção da marina teria início até o dia 30 de abril daquele ano, mas nada foi construído até o momento como constatado pelo EXTRA em visita ao local proposto pelos trabalhadores. “Tivemos a reunião virtual com o Ministério Público de Alagoas e naquele dia nos falaram que o acordo fechado entre eles lá e a Braskem permitiria que o galpão pudesse começar a ser construído naquele mesmo mês e que em breve nos dariam uma resposta sobre isso, mas até o momento só estamos esperando, porque obra nenhuma foi realizada”, conta o presidente da associação ao relembrar a reunião com representantes do órgão fiscalizador. “São canoas, redes e varas de pesca, motores e tantos outros materiais que a gente precisa fazer uso para poder trabalhar. Até pouco tempo, todo mundo se valia da

MAURO PEDRO presidente da Associação dos pescadores

casa de algum vizinho para guardar isso, mas, como cada vez mais, novas casas estão sendo isoladas, estamos ficando sem opção. Por isso a nossa preocupação em buscar uma solução urgente. Esse é o nosso meio de sobrevivência e não podemos ficar sem ele”, disse. Questionada sobre a construção do galpão prometida aos pescadores, a Braskem informou por meio de nota que projetos como a construção de uma estrutura de apoio aos pescadores da região estão sendo avaliados e que na próxima semana a Diagonal, empresa indicada no acordo para elaborar estudos sociais sobre a desocupação nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, realizará uma Escuta Formal Pública para apresentar e receber contribuições da comunidade sobre os diagnósticos e propostas de iniciativas.

“A Braskem está em diálogo com as autoridades para buscar uma solução conjunta que atenda à comunidade do entorno do mapa de desocupação e monitoramento definido pela Defesa Civil de Maceió, por meio de iniciativas nas áreas social, econômica e urbanística. Empresas especializadas e nomeadas no acordo socioambiental firmado em dezembro de 2020 estão concluindo os diagnósticos nas áreas de entorno do mapa para compreender as alterações nas dinâmicas sociais e de mobilidade e sugerir propostas de ações, a partir de escutas da comunidade”, informou. Igualmente procurado, o Ministério Público Estadual não respondeu aos questionamentos do semanário até o fechamento desta edição.

Moradores do Flexal Durante o encontro do EXTRA com o presidente da Colônia de Pescadores Z4, representantes da Prefeitura de Maceió e órgãos como a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil seccional Alagoas (OAB -AL) se reuniram com os moradores do Flexal de Baixo para discutirem a situação da região. A queixa sobre o isolamento social feita pelos pescadores também afeta todos os três mil moradores que ainda permanecem em suas casas. O Flexal de Baixo ainda não está inserido na zona de risco em decorrência das rachaduras, como acontece nos bairros do Bebedouro, Pinheiro, Mutange e Bom Parto. No entanto, os moradores têm vivido com a falta de centros comerciais, transporte entre outras coisas. Durante a reunião, os representantes e os moradores discutiram quais medidas deverão ser tomadas para dar melhor assistência, e entre as propostas apresentadas estava a revitalização da região ou a realocação, essa última, defendida pela maioria dos moradores que também exigem uma revisão no valor pago a título de indenização para deixarem seus imóveis.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

de psicopatia, sociopatia, transtorno de caráter, transtorno sociopático ou transtorno dissocial. Prefiro o termo perverso ou de perversão.

Ganho

Síndrome do ... ?

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o mundo em quem as Bigs Techs estão dominando/impondo os comportamentos da humanidade, a Psicologia, Psiquiatria e a Psicanálise precisam estar atentas, e, quem sabe, desvendar alguns “sintomas” (psicanaliticamente falando) ultra contemporâneos que estão surgindo e também uma ‘nova’ síndrome. Será ... É patente a quantidade de pessoas intelectualizadas, com graduação, mestrado, doutorado tentando argumentar o que é impossível de se argumentar (de tão frágeis os argumentos), com pitadas de ironia, junto com pitadas de inocência. É uma espécie de inocência com cinismo, que não é invisível. Isso é possível? Claro que é. E agora tem, ou deve ter, um nome, deve ser uma síndrome ... Inocência seria a qualidade de quem é incapaz de praticar o mal; é também um estado daquele que não é culpado de uma determinada falta ou crime, ou seja, a pessoa até poderia cometer uma infração, mas não sabe que ele é ilícito. Já o cinismo seria uma atitude ou caráter de uma pessoa que expõe ou se manifesta com descaso pelas convenções sociais e pela moral vigente. Seria uma pessoa que tem um comportamento de impudência, tem desfaçatez ou descaramento quando se expressa. E nesse caso o cinismo é intencional e se mostra inocente. Será que está surgindo um ‘novo agravo mental’ que vai constar no Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM)-VI? Vamos saber, já, já...

Condutopata

Vou destrinchar aqui a condutopatia. O psiquiatra forense, conhecido nacionalmente, Guido Palomba, chama de condutopata os que têm comportamentos antissociais ou psicopatas. E essa conduta patológica tem, também, outras denominações, como, por exemplo, loucura moral e enfermidade do caráter. O cinismo faz parte do pacote dos ingredientes do psicopata ou do condutopata. Embora psicopata seja um termo que a mídia mais utiliza para caracterizar um criminoso cruel (de natureza violenta e agressiva), nem sempre o termo tem esse aspecto. A violência, muitas vezes, é de natureza sutil e indolor. O perverso ou psicopata tem características bastante sutis, no sentido mais amplo da palavra, para praticar crimes, também sutis, mas que têm consequências nefastas a uma população, como é o caso da negação da ciência, das vacinas, enfim. No termo psicopatia, psykhé significa mente e pathós sofrimento. Portanto, o termo usualmente utilizado pela mídia e nos meios coloquiais é inadequado. Por que? Quem tem o agravo já diagnosticado, pode ser “carimbado” de ter o Transtorno de Personalidade Antissocial, denominado também

O psicopata, antissocial ou perverso não sofre quando pratica um ato criminoso, pelo contrário, quem sofre são as pessoas que estão ao seu lado e são suas vítimas. Assim, o melhor termo seria perverso, psicanaliticamente falando. Ou seja, o perverso tem satisfação ou gozo (como diria Lacan) por aquilo que ele faz, geralmente, manipulando pessoas a seu bel prazer para ter um ganho material, social ou sexual.

Características

Muitas são as características do perverso. Geralmente, ele é um indivíduo que não se adapta à sociedade e sente a necessidade de ser diferente. Seu ego está sempre cheio devido às manipulações exitosas que consegue no decorrer da vida. É um sujeito considerado sem caráter, delinquente, mas não explicitamente. Ele é sutil, frio e calculista. Um exemplo claro é aquele que pratica crimes (geralmente são muitos ao mesmo tempo) de colarinho branco, em que a “perspicácia” e a “sutileza” os fazem crer que jamais serão descobertos pelos crimes praticados.

Origem

Psicanaliticamente falando, o perverso não elaborou bem a castração (termo utilizado como sendo a lei para impor limites) e por isso tem a fantasia (e a pratica com comportamentos) de fazer e falar exatamente o que quer e deseja, em todos os aspectos, inclusive sexual. A psicopatia ou perversão inicia-se ainda na fase pós edipiana (Complexo de Édipo), como expressa Freud, ou na pré-adolescência, afetando diretamente a personalidade, tendo consequências nefastas ao indivíduo durante a fase adulta e também a quem convive com ele.

Características

Algumas das principais características são a frieza, a manipulação e a falta de remorso. Esses comportamentos são “apresentados” nas falas, muitas vezes como algo até de sarcástico denegrindo a outra pessoa.

Nada Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada. (Oscar Wilde)

Diversos depoimentos da CPI apresentaram esse comportamento chegando, inclusive, a mostrar nas falas algo como uma “simples” brincadeira, ou seja, sem nenhum senso de humanidade, de sensibilidade. O que se pode deduzir, superficialmente, que pode existir, também uma espécie de má formação de caráter, de moralidade.

... Chaves

O que tem a ‘nova’ síndrome tem algumas semelhanças aos psicopatas, mas não são necessariamente um psicopata e eles não têm ganhos materiais, sexuais ou são manipuladores compulsivos. Eles “apenas” gozam (lacanianamente falando – Lacan, discípulo de Freud) ao achar que o interlocutor é imbecil ou desinformado. Para concluir e tentar fazer uma breve analogia ao diagnóstico já consagrado no DSM-V – antissocial - e numa suposta síndrome – Síndrome do Chaves -, o cinismo é um dos comportamentos prediletos dos antissociais ou, como gosta a mídia de expressar, psicopatas. Bom, e a ‘nova síndrome’, será que ela está sendo processada/carimbada nos neurônios de boa parte da população, principalmente afortunada com o carimbo de Síndrome do Chaves...? Será que juntar uma modéstia/suposta inocência com cinismo seriam os ingredientes (sinais) necessários para carimbar um novo agravo mental: Síndrome do Chaves? Tomara que o humorista Roberto Mario Gómez y Bolaños, já falecido, não fique chateado com a analogia da frase tão conhecida pelo seu personagem Chaves: “Sem querer; querendo”, mesmo porque o conteúdo do programa, como um todo, é realmente de cunho inocente, literalmente falando.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA PARA REFLETIR -

n pedrojornalista@uol.com.br

“A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros”.

George Santoro

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pergunta mais em evidência nos meios políticos e empresariais de Alagoas tem sido esta: caso o governador Renan Filho se afaste para concorrer ao Senado, para onde irá o secretário da Fazenda, George Santoro? Opções são muitas entre elas, ficar onde está, ser candidato ou aceitar um dos convites que tem agendado para gerenciar as finanças de vários estados e em Brasília. Santoro não fez fama de hoje,

Vale quanto pesa

O deputado Arthur Lira fez uma revelação “surpreendente” à imprensa: vai votar em Bolsonaro para presidente. Aproveitou e mandou um recado ao candidato ex-presidente: “Lula está dizendo que vai fazer um monte de coisa, que vai extinguir o teto. São coisas de cada candidato. Só queria lembrar no meio do presidente que será eleito tem o Congresso Nacional. E já deixei bem claro: permanecendo um Congresso de centro-direita, nossa vontade é não retroagir nos avanços que a gente teve”. Ele sabe que, como Bolsonaro os comprou, Lula também comprará e até por um preço menor.

Sem votos e sem dinheiro

Os deputados federais do Podemos querem abocanhar o fundo eleitoral e correr para o lulismo ou o bolsonarismo. Isso já se esperava. A sabotagem, de fato, foi antecipada algumas semanas atrás em no site O Antagonista, e tudo se confirmou Mas há uma questão mais grave: o empresariado tem medo de ser retaliado por Lula e Jair Bolsonaro, por isso evita doar para o partido de Moro. O capitalismo brasileiro, mesmo aquele que defende a terceira via, teme o revanchismo dos dois caudilhos – e é achacado pelo poder estatal. Nos anos do lulismo, a democracia foi corrompida com dinheiro de propina. Agora ela é sufocada pela covardia.

Jornalismo mais pobre

O jornalista Arnaldo Jabor faleceu, aos 81 anos, em São Paulo. De acordo com a família, a morte foi causada por complicações em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que ele sofreu em dezembro do ano passado. Desde então Jabor estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Como cronista político ficou conhecido por comentários polêmicos e de ironias ácidas. Ele foi colunista em alguns dos principais veículos nacionais como O Globo, Estadão e CBN.

pois é conhecido como um dos mais competentes nos setores tributário-fiscal. Operou, com sua equipe, o “milagre da multiplicação” financeira e responsabilidade fiscal, jamais por aqui praticados. Suas ações deram fôlego para o governador Renan Filho realizar a mais competente das gestões da história alagoana. O governador-tampão (se houver) cometerá seu primeiro grande erro se não lutar para o conservar em sua equipe.

Marco Fireman não vai

Anunciado por um site local como secretário do futuro governador-tampão, Paulo Dantas, o engenheiro Marco Fireman reagiu de imediato: “Primeiro gostaria de esclarecer que não serei secretário da Saúde do governo do Paulo Dantas. Nunca foi cogitado, sua fonte está mais uma vez equivocada. Em seguida ainda esnobou do colunista, afirmando: “Segundo, o senhor continua equivocado desmerecendo minha atuação no Ministério da Saúde, pois foi reconhecida internamente como externamente como o melhor gestor que passou pela pasta da Secretaria de Ciências, tecnologia e insumos estratégicos. Recebi uma medalha de mérito do presidente da República e fui convidado pela OPAS para ir trabalhar em Washington”.

CPI sem provas

Em declaração respondendo às insistentes cobranças que lhes são feitas, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que os senadores que integraram a CPI da Pandemia ainda não entregaram as provas sobre as supostas irregularidades cometidas por autoridades durante a crise sanitária provocada pela covid-19. Aras declarou que, no dia 25 de novembro, a PGR recebeu da CPI o relatório das investigações, composto por 1.200 páginas com as descrições das irregularidades e os nomes das pessoas indiciadas, incluindo 12 autoridades com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal (STF). “Naquele momento, a CPI dizia entregar as provas que estariam vinculadas aos fatos de autoria daquelas pessoas indiciadas”, disse o procuradorgeral. “Ocorre que não houve a entrega dessas provas”.

O bicho-papão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista à jornalista Miriam Leitão que diminuiu o temor do “mercado” diante da possibilidade de volta do ex-presidente Lula ao Planalto. O petista lidera as pesquisas de intenção de voto. Miriam questionou Campos Neto se uma eventual vitória de Lula está “precificada”, ou seja, com seus prós e contras calculados, ou se haveria turbulência. “O que a gente pode comentar é o que a gente captura nos preços de mercado. Nos preços de mercado, o que tem acontecido mais recentemente é uma eliminação de vários preços que mostram o risco da passagem de um governo para outro”.

Pesquisando covid

A adesão e o acesso a medidas preventivas à covid-19 são tema de um livro organizado pelo professor e pesquisador da Uncisal, Vagner Herculano. O material, produzido em parceria com Sheyla Fernandes, reúne artigos de pesquisadores de diversas instituições do país e pode ser acessado gratuitamente pelo site da Editora da Universidade Federal de Alagoas.

O papel da primeira-dama

Durante o governo de Renan Filho, sua esposa Renata Calheiros não teve papel apenas de coadjuvante, muito pelo contrário. Abraçou causas sociais e desenvolveu projetos importantes em apoio a comunidades, com ênfase na atenção às crianças mais vulneráveis. No projeto – Criança Alagoana-CRIA, proporcionou a oportunidade de lazer, diversão e aprendizagem para nossos pequenos excluídos. Renata dialogou com as comunidades, sugeriu transformações e colecionou muitos reconhecimentos e carinho desses setores beneficiados com suas ações.

PÍLULAS DO PEDRO Prefeito JHC voltou de Brasília muito animado. Alguém lhe perguntou o motivo e ele respondeu: “Mistérios”.


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Quem avisa...

ELIAS FRAGOSO n Economista

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á duas semanas os controladores da Braskem tentaram vender a empresa e deram com burros n’água. Bastou uma carta aberta da população alertando para o que está ocorrendo em Maceió para que a CVM (a “xerife” do mercado de capitais) abrisse processo para apurar os fatos. O que amplia as dificuldades para a venda da empresa. A Braskem agora sabe que precisa acelerar o passo para indenizar Maceió, os refugiados ambientais e relocalizar sua planta industrial de dentro de Maceió para outro local, se quiser acelerar a sua

venda. Os controladores da empresa foram surpreendidos pela reação do povo de Maceió, a “mãe” que generosamente lhes fornece – sem cobrar royalties, impostos ou cuidados na mineração – suas tetas para que ela mame voluptuosa e incessante por décadas (licença ao escritor Geraldo Magella pela adaptação da sua frase). Descobriram tarde que o povo de Maceió cansou de apanhar. Que não mais ficará inerte às manobras que lhes prejudique. Venham de onde vier. As pessoas perceberam que a empresa não é o que dela se esperou, como políticos e sua propaganda massiva sugerem. A tentativa de sair de “fininho” dos controladores mostram bem sua real faceta, que não é a de uma empresa ESG (enviromental, social, governance) como ela apregoa. E que sua participação na economia alagoana é pífia, e rasa sua fração no PIB do estado (todo setor químico representa menos de 1%!). Ela representa menos de 0,14% dos empregos de Ala-

goas, quase nada arrecada de impostos, se privilegia há décadas de benefícios fiscais, não paga indenização por inviabilizar a economia de todo litoral sul de Maceió. Essa é a verdade escondida dos alagoanos. Está rasgada a espessa camada de tergiversações e fakes que, por décadas, foram impingidas aos alagoanos. Mas, voltemos à tentativa frustrada da sua venda. Os maceioenses querem, anseiam pela saída dos atuais controladores. E esperam que isso aconteça o mais breve possível. Só que antes, NOVONOR E PETROBRAS terão que resolver o mega problema que provocaram em Maceió, destroçando parte significativa da cidade e afetando mais de 55 mil pessoas e 5 mil empresas. E também realocar a planta da Braskem de dentro de Maceió, de onde ameaça potencial e diretamente cerca de 150 mil pessoas. Pelo visto, a população cansada de esperar foi à luta e não quer mais que intermediários atuem nesse processo.

O acordo de 30 de dezembro de 2020 é exemplo disso e as conversas subterrâneas que Braskem e prefeitura vêm encetando também. Serão denunciadas nacionalmente se não forem tornadas transparentes e não for dada participação direta à sociedade organizada. Não há mais tergiversação. A população quer sua cidade de volta. Recentemente, os organizadores da carta aberta ficaram sabendo que a Braskem – após frustrada a venda – está se movimentando para, na próxima semana, aprovar um plano ambiental e urbanístico para Maceió, sem que a prefeitura, a sociedade técnica organizada, vereadores e a população tenham participado de sua elaboração. A autora do apocalipse de Maceió resolveu tirar a máscara e assumir de vez o papel de “prefeita” da cidade tendo a prefeitura da cidade – caladinha – como sua “chefa de gabinete”. Vejam a que ponto o despautério chegou por aqui! Pode não vai ficar barato.

e de projetos estruturais que priorizem a construção ou recuperação de áreas verdes permite que a água da chuva se acumule e provoque os desastres que conhecemos. Sabemos que a chuva sempre chega. Sabemos até em que período ela é mais constante e mais forte. Especialistas em áreas de risco afirmam que culpar a chuva é uma estratégia e uma artimanha política para justificar a incompetência da administração pública. Na verdade, a cada nova tragédia deixada pelas chuvas, autoridades de todos os níveis aparecem para prometer o que não será feito e explicar o inexplicável. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, após visitar áreas alagadas em São Paulo, declarou “que faltou visão de futuro” às pessoas que construíram suas casas em áreas de risco, como se fosse possível terem outra opção. Aqui em Alagoas, a chuva já causou destruição, prejuízos e mortes em diversas ocasiões. A temporada

mais chuvosa em Maceió costuma ser de abril a agosto e todos sabem que a cidade, por seu relevo e habitações existentes em encostas, merece cuidados especiais. O prefeito JHC deve estar atento para uma realidade: as chuvas estão ocorrendo com mais intensidade. Assim, é necessário rever todas as medidas preventivas e o planejamento de apoio à população que mora em zonas de risco. Nenhuma hipótese deve ser desprezada, principalmente as piores. Em São Paulo elas aconteceram. Deslizamentos de encostas são comuns em terrenos onde houve a retirada da cobertura vegetal, assim como desabamentos de habitações ocorrem quando construídas em lugares inapropriados. Maceió conhece de perto esses perigos. Em agosto do ano passado cinco casas foram atingidas por um deslizamento de barreira, uma pessoa chegou a ser soterrada e houve a necessidade de demolir dois imóveis que

ameaçavam desabar. Logo estaremos em março, início do outono, tempo certo para avaliar como a capital está preparada para enfrentar a água que vai chegar. O arquiteto e professor da USP, Nabil Bonduki, alerta que uma série de medidas preventivas devem ser adotadas com antecedência, como a retirada de lixo das ruas e limpeza de bueiros para evitar alagamentos que sempre causam prejuízos e se tornam um perigo para as pessoas. Defende também ser necessário criar um programa de alerta oficial para que a população esteja bem informada sobre os riscos existentes e o que fazer para evitar o pior. Sua recomendação para quem mora em áreas de risco é a saída planejada das famílias antes das chuvas. Depois pode ser tarde demais. Lamentavelmente, a maioria das nossas cidades cresce sem planejamento e o preço pago por esse descaso é sempre muito alto.

Preço alto

NELSON FERREIRA n Jornalista

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odos os anos as chuvas no Brasil alagam, destroem e matam. Segundo o urbanista Gilson Lameira, não é possível afirmar que catástrofes como as que ocorreram nos últimos dias no Sudeste e Nordeste do país estejam relacionadas com as mudanças climáticas. Ele lembra que a água não está aparecendo em nenhum lugar exótico. Somos nós que estamos ocupando o lugar onde ela sempre esteve. Na maioria das cidades brasileiras, a inexistência ou precariedade de sistemas de drenagem, galerias, bueiros

NOVONOR E PETROBRAS terão que resolver o mega problema que provocaram em Maceió, destroçando parte significativa da cidade e afetando mais de 55 mil pessoas e 5 mil empresas.

Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, após visitar áreas alagadas em São Paulo, declarou “que faltou visão de futuro” às pessoas que construíram suas casas em áreas de risco, como se fosse possível terem outra opção.


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Pobreza menstrual e carência de sensibilida-

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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insensibilidade do governo Bolsonaro já é proverbial, e de todos conhecida. As pautas sociais não merecem a menor atenção, seja do chefe do governo, de seus auxiliares de quaisquer níveis, assim como dos seus acólitos. Depois que ele negociou o governo com o chamado Centrão, sentiu-se muito mais seguro para impor suas políticas a um submisso Congresso Nacional, e a oposição não consegue

sair dos discursos políticos e suas querelas para efetivo comprometimento em deter o descalabro presidencial. Há poucos dias, Bolsonaro vetou artigos importantes de projeto de lei aprovado no Parlamento que tratava da denominada pobreza menstrual, ou seja, distribuição gratuita de absorventes íntimos a estudantes de baixa renda, matriculadas em escolas públicas. Outros alvos prejudicados pelo veto foram as mulheres em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema, mulheres apreendidas e presidiárias, e aquelas internadas em unidades para cumprimento de medidas socioeducativas. Fundamentação esfarrapada: não foi indicado no texto aprovado pelas duas Casas do Congresso a fon-

te dos recursos ou medida compensatória, o que, segundo o Palácio do Planalto, viola a Lei de Responsabilidade Fiscal. O veto desconhece que o PL determinava que as ações previstas com a distribuição gratuita dos absorventes correriam nas contas de dotação orçamentária do SUS. Para superar a incongruência do veto, os cérebros malignos do governo acrescentaram que o projeto contraria o interesse público porque cria despesa obrigatória e continuada, e por isso não se adequa aos princípios da universalidade, da integralidade e da equidade de acesso à saúde do SUS, além de que absorvente não se enquadra na classificação de insumos padronizados do Sistema Único de Saúde e não pode constar na Relação Nacional de Medicamentos

Essenciais. Para ler nas entrelinhas, esse fundamento bem cheira ao Centrão e às elucubrações do seu comandante, o já notório Arthur Lira. Sempre que ele fala em público, vem-me à lembrança a figura do vampiro que, enquanto sangra a vítima, abana as asas para aliviar as dores que sua mordida provoca. Não só o Centrão. Políticos outros que gravitam Bolsonaro, alguns sem partido também apoiam o chefete. Aqui mesmo em Alagoas esses apóstolos bolsonaristas apressam-se em armar palanque para a campanha política da reeleição do presidente. Em suma, Bolsonaro conseguiu embotar a sensibilidade dos políticos carreiristas dos quatro cantos deste Brasil varonil. Ou apenas machista.

Aqui mesmo em Alagoas esses apóstolos bolsonaristas apressam-se em armar palanque para a campanha política da reeleição do presidente. Em suma, Bolsonaro conseguiu embotar a sensibilidade dos políticos carreiristas dos quatro cantos deste Brasil varonil.

Não dá para entender

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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esde 1963, vou à missa todos os domingos. Fiz uma promessa ao companheiro, católico por devoção, de que o acompanharia semanalmente. Presto bem atenção às leituras e procuro trazê-las para o dia a dia. Interesso-me pelo recado que Deus nos dá e acho a Bíblia uma leitura difícil de interpretar. Alguns padres valorizam as leituras das missas, outros fazem cursos para os leitores, mas, nem sempre é assim. Muitas vezes a comunidade não entende as mensagens a serem passadas, pela maneira errada como são lidas. O tempo foi passando e por causa da profissão do meu marido, moramos em várias

cidades e frequentamos comunidades diferentes. Vimos erros e acertos nas igrejas por onde passamos. As parábolas constantes da Bíblia são interessantes e nos levam a refletir sobre nossa própria vida. A que mais me impressiona é a do Filho Pródigo. Como não sou católica convicta, não entendo a festa que o pai faz para o filho que pediu sua herança, foi para o mundo, gastou tudo e voltou para casa sem nada. A explicação da igreja é que o filho perdido foi recuperado. Na minha cabeça deveria haver o perdão, mas sem exageros. Alguns amigos meus tentam explicar tal parábola, mas sou meio burrinha e não entendo. Como um só filho recebe a herança do pai, gasta tudo, não divide com os outros e é festejado? Exemplos atuais em várias famílias no mundo de hoje existem e o resultado não é o da Igreja Católica. Brigas por herança são comuns e constantes; nem sempre as soluções são festivas. As leis que determinam as divisões de bens não são justas na maioria dos casos e dependem da decisão de juízes, humanos e falíveis. Há processos que duram dez ou vinte anos, por bens dei-

xados de baixo valor. São anos e anos de brigas na Justiça. O final, contudo, não coincide com os desejos do falecido. Conheço casos de mais de quarenta anos: o pai faleceu, deixou pensão, deixou atrasados e só uma filha recebeu. Mesmo que a lei dos homens não mandasse dividir os atrasados, a lei de Deus mexeria com o coração da herdeira e ela dividiria as quantias atrasadas, nem que fosse com os irmãos doentes. Mas o dinheiro escurece a consciência das pessoas! Se fôssemos citar todos os casos de herança familiar, passaríamos dias e dias, falando de afastamento de irmãos, de filhos, de netos que se apropriam das pensões das mães ou das avós. Recebemos, em nosso “sindicato dos velhinhos”, casos de pensões alarmantes. Tentamos administrá-los dentro da lei, mas a sabedoria dos mais novos vence a fragilidade dos mais idosos. Como a nossa Justiça é lenta, muitas vezes as ações duram anos e anos. A pensionista morre e o caso não é resolvido. Processo vai, processo vem, e a solução não chega. Dá dó ver pessoas de setenta, oitenta anos, ficarem dependendo dos

mais novos e levando até gritos. Vez em quando, perco a paciência e repreendo filhos e netos de um caso desses. Entre a parábola e as histórias da vida real existe uma grande dúvida. Merecem castigo os filhos e netos que se apropriam das pensões dos idosos? Os que passam quarenta anos recebendo atrasados, sem olhar para os irmãos, merecem ser recebidos com festa? Aqueles que cuidam de seus parentes mais velhos, com amor e carinho, devem ser respeitados? Luto muito contra a invisibilidade dos idosos. Você está num local e as pessoas falam de você como se não existisse. Grito logo: estou aqui! Defendo meus direitos, não abro mão do que acredito e já disse a meus filhos: só me tirem do meu lugar quando eu sair do ar! Resta-me pouco tempo de vida, sei, mas vou continuar ajudando os idosos, mostrandolhes seus direitos, repreendendo os jovens sabidos demais. Com tal atitude contrario muita gente, mas entrego tudo ao nosso Deus. Insisto, amigos, não dá para entender a parábola do Filho Prodigo! Deus existe. Não duvidem!

Como a nossa Justiça é lenta, muitas vezes as ações duram anos e anos. A pensionista morre e o caso não é resolvido. Processo vai, processo vem, e a solução não chega. Dá dó ver pessoas de setenta, oitenta anos, ficarem dependendo dos mais novos e levando até gritos. Vez em quando, perco a paciência e repreendo filhos e netos de um caso desses.


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XEQUE-MATE

Estudante de Matemática da Ufal busca patrocínio para participar de torneio de xadrez ARQUIVO_PESSOAL

Fluente em inglês, espanhol, italiano e francês, André Luiz começou a jogar há cerca de um ano e já coleciona vitórias MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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o jogo de xadrez, o enxadrista precisa movimentar suas peças de maneira que consiga deixar o rei adversário sem saída (xeque-mate). Fazendo isso, o jogo chega ao seu final. O estudante do curso de Matemática da Ufal, (Universidade Federal de Alagoas) André Luiz Nunes do Nascimento, 21 anos, não precisou de muito tempo de prática para conquistar vitórias, mas o jovem esbarra na falta de patrocínio para melhor explorar seu potencial. Sem recursos para pagar treinador, aprendeu de forma autodidata e treina diariamente na modalidade online. A persistência e dedicação já lhe renderam frutos e em dezembro de 2021 conquistou a 3ª colocação na disputa individual no nível iniciante da Federação Alagoana de Xadrez. Na semana passada, foi o 1º colocado em torneio promovido pelo curso de Matemática da universidade. André afirma que começou a praticar o esporte há pouco mais de um ano quando descobriu a beleza que há por trás das peças do xadrez e não quis mais parar de jogar. As dificuldades surgiram, mas serviram de alicerces para continuar em busca de novos horizontes. A rotina não é nada fácil. Treina todos os dias, de forma online, pela manhã cedo e no fim da noite. O treino diário é de mais ou menos duas horas e os exercícios são baseados em leitura de livros e técnicas teóricas do jogo. “Descobri o xadrez porque meu irmão mais novo já sabia jogar e ele me ensinou os primeiros movimentos, mas o incentivo maior veio de meu pai, que sempre me incentivou a aprender. Quando aprendi, também descobri a beleza do esporte”, afirma o enxadrista. Entusiasta da modalidade, ele diz que os benefícios do xa-

drez são incontáveis, mas destaca o desenvolvimento do poder de raciocínio lógico e tomadas rápidas de decisões e a capacidade de retardar e atenuar sintomas de doenças neurológicas, como Alzheimer. E por fim, é uma ferramenta de interação social e isso ajuda no desenvolvimento da capacidade de comunicação e até mesmo, conhecer novas amizades por conta do jogo. Como estudante de licenciatura, a rotina de estudos começa com Matemática e após algumas horas debruçado nos conteúdos de seu curso, André vai treinar o xadrez. Em seguida é a vez de revisar os idiomas que fala fluentemente – inglês, espanhol, italiano e francês. Também estuda um pouco de alemão, que é seu mais novo desafio. No período da tarde busca relaxar e aproveita para assistir um filme ou ler um pouco de poesia, pois é muito fã de literatura. À noite, frequenta a Ufal, que está no modo remoto, só com aulas online. O que não pode faltar na rotina do jovem é ouvir música estrangeira praticamente o dia todo. Segundo ele, essa é uma das maneiras que usa para relaxar e treinar ao mesmo tempo os idiomas. “Minha música favorita é a italiana”, entregou. A curiosidade e o gosto pela música estrangeira começou aos 16 anos, bem ao acaso, quando descobriu uma música da Laura Pausini. Se apaixonou pela melodia e interpretação da cantora, mas não conseguia entender uma palavra da canção ‘La Solitudine’. Como não tinha condições de frequentar uma escola de línguas, decidiu tentar aprender por conta própria e foi moldando seu próprio curso e forma de aprender. No fim de 2017, quando completou 17 anos, já era fluente. Levou pouco mais de seis meses para alcançar a meta. Após aprender a primeira língua, as demais vieram com faci-

André busca patrocínicio para participar de novas competições lidade, pois tinha condicionado o cérebro a aprender idiomas e já tinha o método fixo na mente. Daí em 2018, no ano seguinte ao italiano, decidiu enfrentar um desafio que era aprender simultaneamente dois idiomas, inglês e espanhol. Em 2019 foi aprender francês e alcançou a fluência, mas não trabalha com o francês, pois, por enquanto, segundo conta, apenas aprendeu por prazer. “No total, são quatro línguas que falo fluentemente, mas só trabalho com três, oferecendo aulas particulares de inglês, espanhol e italiano”, contabilizou. E acrescentou que de 2020 para cá, apenas está revisando as que fala bem e se aventurando em conhecer um pouco de outros idiomas mais distantes, como russo, grego e um dialeto italiano que se chama napolitano. “As músicas napolitanas são incríveis, por isso decidi aprender o dialeto”, completou. MENTE BRILHANTE Estudante de escola pública desde a infância, o filho do meio da dona de casa Maíra e do téc-

nico de refrigeração, com formação em comunicação social, André, e irmão de Arthur e Adrielle diz que seu foco principal é se graduar em Matemática na licenciatura e lecionar como professor da disciplina, sem, contudo, deixar para trás as línguas e o xadrez. “Pretendo levar essas outras ferramentas que adquiri, comigo e também, de forma paralela, ensinar essas outras ciências”, argumentou. No próximo mês de março, André pretende participar da competição da Federação Alagoana de Xadrez, mas falta incentivo e recursos. Por conta da pandemia, está de volta – temporariamente – a Matriz de Camaragibe, sua terra natal, mas às vezes falta dinheiro para se deslocar até Maceió para competir. O enxadrista sonha em participar de outros campeonatos e se empenha para obter patrocínio que o permita expandir sua experiência no esporte. Quem quiser ajudar este jovem de mente brilhante a conseguir novas conquistas no xadrez, basta manter contato pelo telefone (82) 99685-3118 ou nas redes sociais @profnascimentoandre_luiz.


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió inicia crioablação para tratamento de tumor renal

Hospital amplia leque de técnicas minimamente invasivas; paciente pode receber alta no mesmo dia

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equipe de Rádio Intervenção da Santa Casa de Maceió realizou, no último dia 10, sua primeira crioblação para o tratamento de um câncer no rim. Utilizando técnica minimamente invasiva, o tumor foi congelado e o paciente liberado no mesmo dia do procedimento. Com isso, a Santa Casa de Maceió fortalece seu nome no rol dos grandes hospitais do Brasil que oferecem uma oncologia personalizada e com diversos benefícios ao paciente oncológico. Embora a crioablação seja mais indicada para pequenos tumores renais (até 4cm), ela também pode ser utilizada para o tratamento de alguns tipos de tumores nos pulmões e nos ossos. No procedimento, uma agulha oca, guiada por imagem, é inserida no tumor. O gás argônio que circula pela agulha congela o tumor e uma pequena quantidade de tecido normal ao seu redor. O tumor morre e com o tempo se transforma em tecido cicatricial que é absorvido pelo organismo. É um procedimento ambulatorial que leva em torno de duas horas para ser realizado. O paciente é mantido em observação por três horas e, em seguida, recebe alta hospitalar. O paciente tratado no hospital alagoano tem 75 anos e seu caso atendia aos requisitos exigidos para o procedimento. “Ele já está em casa, recuperado, sem queixas, e sem pontos na pele. Uma das vantagens da técnica é que os pacientes mais idosos se beneficiam muito com esses procedimentos minimamente invasivos. Outro ponto importante é que quem precisava de técnicas avançadas tinha que ir para fora do Nordeste, já que não tínhamos essa tecnologia na região. A Santa Casa de Maceió chegou a esse nível de excelência trazendo os

André Vitório, radiologista intervencionista que participou do procedimento tratamentos mais avançados do mundo para o nosso estado”, disse o radiologista intervencionista, André Vitório. Três meses após o congelamento do tumor, o paciente inicia o controle da doença com exames de imagem (tomografia ou ressonância magnética). Na segunda etapa, o controle é realizado a cada seis meses. Depois segue o controle anual por cinco anos, que é o tempo considerado de cura definitiva. Nas terapias ablativas existem outras indicações além dos tumores iniciais no rim. Uma metástase hepática, por exemplo, pode ser tratada através de ablação por radiofrequência, micro-ondas ou crioablação.

“São procedimentos que vieram para revolucionar a medicina, a oncologia, tudo isso para dar mais opções ao paciente que era tido como terminal. Antes ofertávamos a cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Essa é mais uma opção. A crioablação é um tratamento curativo, sem necessidade de cirurgia para remover o tumor”, comemora o especialista. Os radiologistas intervencionistas da Santa Casa de Maceió, André Vitório e Thiago Costa, junto com o especialista de Salvador, Bahia, Maurício Amoedo, conduziram o procedimento. Por enquanto, a crioablação está à disposição de pacientes conveniados ou particulares.


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VOLTA ÀS AULAS

Comunidade escolar celebra melhorias na alimentação de estudantes

FOTOS DE PED RO COS

Entrega de kits de alimentos da agricultura familiar e desjejum contribuem para democratizar alimentação na rede municipal de Maceió ASSESSORIA

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garantia de uma alimentação de qualidade nas unidades escolares da rede municipal de ensino tem sido uma das prioridades da Prefeitura de Maceió. A entrega de kits de alimentos provenientes da agricultura familiar e o fornecimento de desjejum para alunos do Ensino Fundamental são iniciativas celebradas pela comunidade escolar no retorno às atividades escolares. A ideia que os estudantes desfrutem de uma alimentação balanceada dentro e fora do ambiente escolar tem se cumprido desde a implementação destas ações. A entrega de kit de alimentos provenientes da agricultura familiar tem impactado vidas. Kelly Ferreira é doméstica e mãe de Ketlyn Alessandra e Keila Fernanda, estudantes do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Maria Salete. Emocionada, ela afirmou que a entrega do kit seria de grande ajuda para o fortalecimento da alimentação dentro de seu lar. “Às vezes elas pediam e nós não tínhamos nem fruta em casa, só o básico por estarmos em uma situação muito difícil. Então, esses kits vão nos ajudar muito”,

revelou Kelly. A inclusão dos alunos do Ensino Fundamental no fornecimento do desjejum é mais uma ação que busca garantir a segurança alimentar dos estudantes da rede. Garantida desde o fim de 2021, a ação também garantirá uma alimentação balanceada e nutritiva no retorno escolar. A merendeira Andressa Maria Costa atua na Escola Municipal Paulo Henrique Costa Bandeira há dois anos. Ela destaca a importância do fornecimento do desjejum para os estudantes. “Eles recebem um desjejum antes de ir para a sala de aula e depois a merenda com bastante proteína. É muito importante porque sabemos que a condição social de muitos costuma ser falha, fazendo com que o que ele consome na escola seja essencial até mesmo para o aprendizado dele. Os estudantes têm elogiado as refeições”, contou. O pequeno Miguel Martins, 6 anos, é aluno da Escola Municipal Luiza Oliveira Suruagy e, satisfeito, elogiou o cardápio servido na unidade. “Comer na escola é a parte que eu mais amo. Eu adoro comer batata, macarrão, maçã e banana. Eu fico muito feliz sempre, eu aprendo bem melhor depois que eu como”, disse.

Segundo o secretário Municipal de Educação, Elder Maia, as melhorias contribuirão para uma democratização da alimentação entre os estudantes da rede. “A entrega de kits de alimentos advindos da agricultura familiar e o fornecimento do desjejum para os alunos do ensino fundamental têm como principal objetivo fornecer uma alimentação ampla e adequada para estes estudantes e, portanto, democratizando a expansão da alimentação escolar”, concluiu.

TA E ITAW I ALB UQU ERQ

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ECONOMIAEM PAUTA JOSÉ CRUZ/AGENCIA BRASIL

Sem pânico

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uem não encontrou dinheiro esquecido no Sistemas de Valores a Receber do Banco Central do Brasil, reativado durante essa semana, não precisa se entristecer. De acordo com o próprio órgão, haverá uma próxima fase de liberação de dados em que novos valores serão disponibilizados. Assim, quem consultou a ferramenta e viu que o saldo estava zerado poderá ter mais uma chance a partir de maio. Nesta primeira fase, foram liberados cerca de R$ 4 bilhões para consulta, mas o BC estima haver R$ 8 bilhões a serem devolvidos a pessoas físicas e jurídicas.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL

Inflação em alta

Recorde

Durante todo o governo Bolsonaro, o preço da gasolina e do gás de cozinha aumentaram cinco vezes mais do que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Já o diesel aumentou quatro vezes mais, de acordo com levantamento realizado pelo Dieese e pela Federação Única dos Petroleiros. De acordo com o estudo, desde janeiro de 2019 a gasolina sofreu um reajuste de 116%, o gás de cozinha aumentou em 100,1% e o diesel teve uma alta de 95,5%. Já a inflação nesse período marcou 20,6%.

Mesmo com a pandemia de covid-19 e com a inflação, o Brasil bateu recorde na venda de combustíveis no ano passado, totalizando 139,5 bilhões de litros, o maior volume da série histórica iniciada no ano 2000 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e uma alta de 6% em relação a 2020, primeiro ano da doença. Se levada em conta apenas a soma de etanol, gasolina e o diesel, o resultado também foi recorde, de 118 bilhões de litros, com destaque para o diesel, derivado do petróleo com maior volume de vendas no País, ou 62,1 bilhões de litros.

CBIC

Auxílio gás

MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL

Começaram nesta semana os pagamentos do auxílio gás. Ao todo, mais de 5 milhões de famílias irão receber o benefício do governo federal por meio de transferências que irão até o dia 25 de fevereiro e seguirão um calendário baseado no Número de Identificação Social (NIS) da pessoa cadastrada. O benefício consiste no valor de 50% do preço médio de um botijão de 13kg de gás de cozinha, ou gás liquefeito de petróleo (GLP).


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Picape Maverick surpreende pela agilidade de automóvel

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mercado de picapes no Brasil cresceu ao longo do tempo e se diversificou. Passou também por evoluções. De cabine simples para estendida e dupla; de duas, três e quatro portas; compacta, intermediária, média e pesada. Em 2021, pela primeira vez, o veículo mais vendido foi uma picape, a compacta Strada, em suas várias versões. Em ano atípico de escassez de chips semicondutores, o modelo teve oferta firme e o reconhecimento de sua versatilidade. A Fiat lançou a primeira picape derivada de automóvel (o 147), em 1978 e a primeira intermediária (Toro), em 2016. Esta manteve-se sem concorrentes, mas agora estreia a Maverick que a Ford importa do México. A proposta dos dois modelos assemelha-se: ambas têm construção monobloco. Enquanto a Toro oferece nove versões, a Maverick apenas a de topo, Lariat, com motor a gasolina turbo de quatro cilindros, 253 cv/38,7 kgf.m, câmbio automático de oito marchas e tração 4x4 permanente. Preço: R$ 239.990. O modelo da Ford tem mesma base do Bronco Sport, porém a distância entre-eixos é bem maior: 3,08 m. Isso já garante espaço interno, de fato, generoso. Na frente, do banco ao teto 1,02 m e atrás, 1 m. Também há bom espaço longitudinal para pernas atrás: 0,94 m. Quatro pessoas viajam com conforto, enquanto a posição central do banco traseiro é mais adequada para crianças em razão do túnel da árvore de transmissão e do console que inclui duas portas USB (A e C). Uma característica interessante da Maverick é o rebatimento para trás (90 graus) do assento do banco traseiro. São 73 litros de espaço adicional, de fácil higienização e permite transportar itens molhados. A posição de guiar é a melhor deste segmento com ajustes

elétricos do banco do motorista e regulagem de altura e distância do volante. O apoio de braço central inclui bom nicho para pequenos objetos. Tela multimídia de 8 pol. com Android Auto e Apple CarPlay, duas portas USB (A e C), integração ao aplicativo Fordpass Connect e abertura elétrica do vidro traseiro corrediço da cabine. Do lado de fora é possível abrir as portas por meio de um teclado de combinação numérica, exclusividade da Maverick. No lugar da alavanca do câmbio automático há um botão giratório, fácil de operar. No console estão seis botões: freio de estacionamento eletromecânico, auto-hold, controle de tração, controle automático de descida, seletor dos modos de direção e liga-desliga. São cinco modos de condução: normal, lama/ terra, areia, rebocar/transportar e escorregadio. Pacote de segurança inclui sete airbags, frenagem autônoma com detecção de pedestre e ciclista até 50 km/h, farol alto automático e câmera de ré. Faltou sensor de estacionamento dianteiro. Caçamba tem bons 943 litros, tampa de acionamento leve, três ângulos de abertura, trava elétrica e capaz de suportar 250 kg. A capacidade total de carga é de 617 kg e de reboque, 499 kg. Numa primeira avaliação, chamam a atenção o fácil acesso à cabine, a precisão com que a direção responde e o desempenho. A fabricante indica aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 7,2 s. Passa a sensação bem agradável de, mais do que uma picape, parecer um sedã grande com caçamba pelo modo como se comporta em curvas, acelera e freia.

Renegade reestilizado ganha bastante em desempenho Sete anos depois de ser lançado e liderar o segmento de SUVs compactos, o Renegade 2022 apresenta mudanças estilísticas e novo conjunto mecânico agora apenas com o motor turbo flex (versão Diesel foi extinta). Embora a Jeep não o tenha apresentado como segunda geração, as alterações atingiram o objetivo de atualização. A frente recebeu para-choque e faróis de neblina redesenhados, grade um pouco maior, enquanto os faróis principais agora são de LED em todas as versões e com elementos internos diferenciados. As rodas de liga leve de 17 até 19 pol. são novas e as carcaças dos retrovisores também mudaram. Atrás, para-choque e lanternas evoluíram. Por qualquer ângulo dá para identificar o que mudou. Internamente o volante agora é igual ao do Compass. Carregamento por indução para celulares tem resfriamento por uma

saída do ar-condicionado. Frenagem autônoma de emergência pode evitar ou mitigar colisões, mas não identifica pedestre e ciclista. Também há monitoramento de ponto cego e aviso de tráfego traseiro em manobras de ré. Comutador automático de farol alto e assistência para estacionar são de série nas versões de topo. Há seis airbags de série (sete, nas versões 4x4). O Renegade é a nova referência em termos de desempenho, na sua categoria e até superiores, graças ao motor de 1,3 L, 185 cv (E)/180 cv (G) e 27,5 kgf.m de torque. A fabricante informa aceleração vigorosa de 0 a 100 km/h em 8,7 s com etanol. Consumo, referência Inmetro: etanol 7,7 km/l (cidade) e 9,1 (estrada); gasolina, 11 km/l e 12,8 km/l, respectivamente. Os preços vão de R$ 123.990 a R$ 138.990 (4x2, câmbio automático de 6 marchas). Tração 4x4 e automático de 9 marchas, R$ 163.290.


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RESENHA ESPORTIVA Corinthians ganha a terceira partida seguida no Paulistão

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Corinthians continua com 100% de aproveitamento sob o comando do técnico interino Fernando Lázaro. Chegou à terceira vitória seguida ao vencer o São Bernardo por 3 a 0 na Neo Química Arena. Com o triunfo, chegou a 13 pontos, na liderança tranquila do Grupo A do Campeonato Paulista. Róger Guedes, duas vezes, e Willian fizeram os gols. Depois de um primeiro tempo em que não

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

AGÊNCIA CORINTHIANS

conseguiu articular jogadas, o Corinthians se acertou na etapa final, jogando com mais velocidade e chegou tranquilamente à vitória. O Corinthians encontrou no São Bernardo um time muito bem armado. Posicionado de maneira a encurtar os espaços do campo e marcando forte o jogador adversário que estava com a bola, o time do ABC não dava espaço para a construção de jogadas.

CESAR GRECO/ ASCOM PALMEIRAS

CSA EMPATA COM BAHIA E PERDE GRANDE CHANCE DE ASSUMIR A LIDERANÇA DO NORDESTÃO

ASCOM CSA

Bahia e CSA empataram por 1 a 1 na Arena Fonte Nova em jogo válido pela quinta rodada da Copa do Nordeste. O Azulão abriu o placar logo no começo do primeiro tempo, mas cedeu o empate perto do fim da segunda etapa. O Azulão no momento é o vice-líder do grupo A, com 8 pontos conquistados. Já o Bahia é o terceiro colocado do grupo B com 7 pontos. O empate fez com que o CSA deixasse escapar a liderança do grupo A, que hoje é do Fortaleza. Seria uma grande vitória para os azulinos, visto que o Bahia tem um time qualificado. As chances de vencer o duelo eram grandes, já que o time marujo jogou o segundo tempo inteiro com um jogador a mais.

ABEL DESISTE DA CHEGADA DE CAMISA 9 NO PALMEIRAS O time do Palmeiras sentiu falta de um centroavante na decisão do Mundial de Clubes. E dificilmente terá essa peça tão cedo. O técnico Abel Ferreira nunca escondeu sua vontade da chegada de um novo camisa 9. Com a direção encontrando dificuldade no mercado, o treinador português não quer desprezar quem está no elenco e prefere evitar comentar o assunto. No Mundial, a dupla foi preterida e Rony atuou improvisado no setor, o que deve ser a tônica nos próximos jogos do Palmeiras no Estadual, nas finais da Recopa Sul-Americana contra o Athletico-PR e depois na largada da Libertadores. O “porco” novamente terá série desgastante de jogos pela frente e mais uma vez Abel Ferreira demonstrou seu descontentamento com o calendário do futebol brasileiro.

MARTA MARCA NO FIM E BRASIL EMPATA COM A HOLANDA NA ESTREIA DO TORNEIO DA FRANÇA A seleção brasileira feminina de futebol estreou, na quarta-feira, 16, com um empate, por 1 a 1 diante da Holanda no Torneio da França, em Caen. A veterana Marta, de pênalti, fez o gol brasileiro, aos 41 minutos da etapa final. A técnica Pia Sundhage escalou uma equipe repleta de novidades diante das atuais vicecampeãs mundiais, com apenas a atacante Debinha e a volante Luana consideradas titulares. A seleção brasileira se prepara para a disputa da Copa América, de 8 a 30 de julho, na Colômbia, quando as três primeiras seleções garantirão vaga na Copa do Mundo do ano que vem, a ser realizada na Austrália e Nova Zelândia.

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ABCDOINTERIOR Caso polêmico

Novo comandante

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2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas acatou o agravo de instrumento interposto pela diretoria do Clube dos Fumicultores de Arapiraca, liberando o edital de permuta da instituição, que havia sido suspenso pela juíza Clarissa Mascarenhas, proferida na Ação Civil Pública movida pela Associação dos Aposentados e Pensionistas de Arapiraca. Com a sentença, assinada pelo desembargador Carlos Cavalcante, o contrato de permuta assinado com a Construtora Massaranduba LTDA continuará vigorando normalmente.

Havia sido removido

Segundo o desembargador, a decisão da primeira instância da justiça perdeu o objeto, por ter sido emitida após a data em que o mural artístico – que havia motivado o pedido de suspensão do edital – já havia sido removido da sede do clube. “Registre-se, ainda, que a ação foi proposta em 11/01/2022, quando o bem não mais se encontrava na sede da Agravante”, afirma na ação.

Processo de transição

O desembargador Carlos Cavalcante disse que o mural, de autoria do artista Ismael Pereira, poderia sofrer avarias acaso ali mantido, pelas condições em que se encontra o imóvel e quando retirado foi devidamente preservado no processo de transição da sede do clube. “O objetivo da ação é proteger patrimônio público específico, o que, a meu sentir, ocorreu quando o bem foi retirado do local que se encontra, no qual poderia sofrer avarias acaso ali mantido, pelas condições em que se encontra o imóvel”, diz o desembargador.

Comemorou nas redes

Em nota divulgada nas redes sociais, o advogado Carlos Lúcio, presidente do Conselho Deliberativo do Clube dos Fumicultores, comemorou a vitória na justiça que derrubou a decisão liminar. “A permuta irá possibilitar que o clube quite as dívidas de aproximadamente RS 1,2 milhão, fazendo parte da permuta que também prevê a construção de uma nova sede por parte da empresa contratada”, diz a nota.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Orçamento aprovado

A juíza Ana Raquel Silva Gama decidiu manter como válida a última sessão ordinária da Câmara Municipal de Porto Real do Colégio, realizada no dia 22 de dezembro de 2021. A sessão aprovou o orçamento do município para 2022, a doação de um imóvel da cidade para o Estado, além do orçamento para manutenção do Fundo Municipal e do Conselho da Pessoa com Deficiência.

Pretendem recorrer

Entretanto, os vereadores do município não gostaram da decisão e pretendem recorrer. O vice-presidente da Câmara havia entrado com um requerimento na casa para suspender as deliberações da sessão citada. O argumento era de que convocação da sessão ordinária do dia 22 de dezembro violava o Regimento Interno da Câmara. O presidente do legislativo, José Tiago de Lira, acatou o requerimento e suspendeu o que havia sido decidido. Isso levou o Município a recorrer e a justiça deu o parecer favorável pela manutenção.

O tenente-coronel Luciano Felizardo é o novo comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, que abrange Arapiraca e municípios vizinhos. Ele tomou posse na terça-feira, 15. O militar tem atuação reconhecida no combate ao crime no Agreste e é cidadão honorário de Arapiraca, título que recebeu em 2019 em reconhecimento pela Câmara Municipal.

Programa internacional

A partir deste mês de fevereiro, os 52 municípios que fazem parte da área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) receberão capacitações para aprimorar seu planejamento urbano e promover o desenvolvimento sustentável.

Parceria

A ação é fruto da parceria entre o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, o ONU-Habitat, PNUD e Sudene e abrange a Rede de Cidades Polo (G52) – um grupo de municípios com papel de influência em suas regiões intermediárias segundo critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Alagoas, Arapiraca e Maceió foram os municípios selecionados. Nos dias 21 e 22 de fevereiro, o projeto realiza seu primeiro evento.

Desenvolvimento regional

A oficina “G52: Cidades-Polo ampliando os marcos do desenvolvimento regional” terá o lançamento do projeto de implementação da estratégia territorial do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE) por meio da criação de um espaço de intercâmbio e cooperação com prefeituras e especialistas sobre governança compartilhada, cooperação intermunicipal e gestão em rede.

PELO INTERIOR ... O prefeito de Feira Grande, Flávio do Chico da Granja, assinou na terça-feira, 15, projeto de lei que autoriza o aumento salarial de 12% para todos profissionais da educação do municipio. ... De acordo com o gestor feira-grandense, o projeto será enviado para a Câmara Municipal, para que seja feita uma folha retroativa referente a janeiro, para que esse valor seja pago a todos os profissionais da Educação. ... “Isso mostra a nossa responsabilidade e comprometimento em valorizar os profissionais desta categoria”, disse o prefeito em um vídeo divulgado nas redes sociais. ... A Câmara de Arapiraca aprovou, na última sessão ordinária, a concessão do título de cidadão honorário para os promotores Rogério Paranhos e Lucas Mascarenhas. ... A proposição, aprovada por unanimidade de votos pelos integrantes da Câmara, foi apresentada no parlamento pelo presidente da Câmara, vereador Thiago ML (PROS). ... A Casa vai agendar uma sessão solene para entrega das outorgas aos integrantes do Ministério Público de Alagoas (MPE/ AL). ... O Sindilojas Arapiraca informou aos empresários e à população que o comércio poderá abrir as portas durante o Carnaval. A segunda, dia 28 de fevereiro, e a terça-feira, 1º de março, não integram os calendários de feriados nacional, estadual ou municipal. ... Carnaval não é feriado de acordo com lei federal e, para o governo estadual, os dois dias e a Quarta-Feira de Cinzas, dia 2 de março, são pontos facultativos. A Prefeitura de Arapiraca não se pronunciou sobre a data até o momento. ... A data, no entanto, é considerada feriado bancário de acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Nos dias 28 e 1º, as agências bancárias não terão atendimento ao público. Segundo a Castro Barros Cavalcante, empresa de Advocacia e Consultoria, as empresas não são obrigadas a suspender o funcionamento e liberar os funcionários durante ponto facultativo. ... O Sindicato do Comércio Varejista de Penedo (Sindilojas) divulgou uma nota oficial na quarta-feira, 16, informando que o comércio da cidade ribeirinha estará fechado nos dias de Carnaval. De acordo com o sindicato, o comércio fechará na segunda-feira, 28 de fevereiro, e na terça, 1º de março, voltando a funcionar somente na Quarta-feira de Cinzas. ... Um ótimo final de semana para todos. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE FREEPIK

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

Poluição

A poluição por Estados e empresas está contribuindo para mais mortes em todo o mundo do que a covid-19, mostrou um relatório ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado na terça-feira, 15, pedindo “ação imediata e ambiciosa” para banir alguns produtos químicos tóxicos. O relatório informa que a poluição por pesticidas, plásticos e lixo eletrônico está causando violações generalizadas dos direitos humanos, bem como pelo menos 9 milhões de mortes prematuras por ano, e que o problema está sendo amplamente ignorado. A pandemia de coronavírus causou cerca de 5,9 milhões de mortes, segundo o compilador de dados Worldometer. “As abordagens atuais para gerenciar os riscos representados pela poluição e substâncias tóxicas estão claramente fracassando, resultando em violações generalizadas do direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável”, concluiu o autor do documento, o relator especial da ONU David Boyd.

PIXABAY

Rio de remédios

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poluição dos rios do mundo por remédios e outros produtos farmacêuticos representa uma “ameaça à saúde ambiental e global”, segundo um novo estudo. Paracetamol, nicotina, cafeína e medicamentos para epilepsia e diabetes foram detectados pela Universidade de York, no Reino Unido. A pesquisa está entre as mais extensas realizadas em escala global. Rios do Paquistão, Bolívia e Etiópia estavam entre os mais poluídos. Os rios da Islândia, da Noruega e da Floresta Amazônica se saíram melhor. O impacto de muitos dos produtos farmacêuticos mais comuns nos rios ainda é desconhecido, mas já se sabe que anticoncepcionais podem afetar o desenvolvimento e a reprodução dos peixes. Cientistas temem que o aumento da presença de antibióticos nos rios possa limitar sua eficácia como medicamentos. O estudo coletou amostras de água de mais de mil locais em mais de 100 países. Mais de um quarto dos 258 rios amostrados tinham o que é conhecido como “ingredientes farmacêuticos ativos” presentes em um nível considerado inseguro para organismos aquáticos.

Vieiras e o câncer

SENAI

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras investigam se um composto presente em vieiras pode ser usado no combate a metástases. Com financiamento do Ministério da Saúde, a pesquisa conseguiu estabelecer uma cadeia de produção do molusco – parente das ostras e mexilhões – e uma unidade produtiva piloto para isolar a substância. A próxima etapa é a realização de testes pré-clínicos e clínicos para confirmar a segurança e a eficácia do medicamento proposto em animais e seres humanos. Segundo o professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ Mauro Pavão, testes feitos em laboratório com ratos e camundongos indicaram que o composto heparán sulfato, presente na massa visceral das vieiras, tem potencial para ajudar na prevenção das metástases, processo em que as células cancerosas se espalham pelo corpo e formam novos tumores. Pavão explica que, quando as células se desprendem do tumor inicial e circulam pela corrente sanguínea, interagem com as plaquetas, que se colam a elas, protegendo-as da ação do sistema imune. Nos testes com roedores, a substância foi capaz de inibir essa interação em casos de câncer de pele, próstata e pulmão, deixando as células cancerosas mais expostas às defesas do organismo.

Flor rara

DIVULGAÇÃO

Uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta está no Brasil, a floresta Amazônica. Motivo de orgulho para muitos, mas também de preocupação, pois a exploração desordenada dos recursos do maior bioma do país ameaça até mesmo aquilo que não conhecemos ainda: espécies nativas da floresta que não foram sequer descobertas pelos cientistas. Esse é o caso da Tovomita cornuta, um novo tipo de planta, de tamanho pequeno, com frutos em formato de cornos, que habita locais de vegetação densa, geralmente próximos a um raso curso d’água. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e divulgada pela Agência Bori. A espécie foi encontrada em Manaus e nos municípios vizinhos de Presidente Figueiredo e São Sebastião do Uatumã, em florestas de campinarana, regiões de menor porte que a floresta amazônica, chamadas popularmente de caatinga (seu solo é arenoso e pobre em nutrientes).


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

Palmares: o caso de polícia que humilhou Sua Alteza

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Quilombo dos Palmares era o principal caso de polícia naquele Brasil colonial logo após a expulsão definitiva dos holandeses. Dizia-se que suas terras eram as melhores da capitania; dizia-se que no quilombo havia comida e bebida o bastante para acabar com a fome dos escravos. “Brotam aqui duas colheitas anuais de milho e também feijão, mandioca, açúcar, batata, tabaco, legumes, frutas; são criados porcos e galinhas. Muito mais e melhor comem os negros de Palmares que os habitantes da costa, onde a devoradora cana-de-açúcar, produzida para a Europa, usurpa todo o tempo e todo o espaço de todos” (1). As altas palmeiras protegiam o santuário, as expedições não tinham forças para derrubar uma estrutura invencível. Os canhões e as fofocas serviram para enterrar Palmares. Espalhava-se que os negros eram criminosos, afeitos a malversações. A Serra da Barriga? Um antro de ladrões e assassinos. O ódio atrai seus iguais. A Coroa portuguesa? Além de sua majestade e suas tropas serem desafiadas e humilhadas pelas tantas derrotas antes da destruição definitiva do quilombo, usava-se uma grande quantidade de dinheiro público naquela guerra, certamente menos brioches entre os dedos de Sua Alteza. As expedições cresciam. Palmares resistia e suas

Serra da Barriga na cidade de União dos Palmares

Zumbi

proteções se sofisticavam. A fortaleza não era a mesma desde a expedição do holandês Rodolfo Baro (1644), “uma tranqueira dupla - duas ordens de paliçada protegidas por troncos de árvores, fojos e estrepes”(2). Em 1694, paulistas, alagoanos e pernambucanos tinham diante dos olhos uma cerca com mais de 5 quilômetros de extensão, também formada por grossas toras de madeira, guaritas e tantos outros recursos de defesa. Artífices trabalhavam o ferro no fogo para garantir mais força e capacidade aos palmarinos. Os 20 mil escravos construíram um mundo de liberdade. Francisco tinha 15 anos quando fugiu de Porto Calvo para o quilombo. Anos antes, na Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, recebera o batismo, aprendeu a ler e escrever com o padre Antônio Melo. No quilombo, Francisco virou Zumbi. Não era mais general das armas e sim chefe do quilombo. Um dia viram Zumbi, já adulto,

Palmarinos se unem em defesa do quilombo

descendo a ladeira do antigo engenho Garça Torta, às margens do Rio Mundaú. O caminho ganhou nome. Zumbi (3). Domingos Jorge Velho já estava em Alagoas. O mocambo do Macaco permanecia de pé. Foram 22 dias de cerco. Caiu em 6 de fevereiro de 1694. Zumbi vivia. Num dia, um traidor entregou o esconderijo. A coluna de paulista comandada pelo capitão André Furtado de Mendonça atacou. 20 homens defendiam a lenda. Um sobreviveu. Em 20 de novembro de 1695 um documento encaminhado ao rei informava o dia da morte de Zumbi. O capitão ganhou título de

“valorosa ação” pelo crime. A mais prolongada tentativa de autogoverno dos povos negros no Brasil entrou para a história. “(…) e o sonho sabe que enquanto nestas terras um homem seja dono de outro homem, andará o seu fantasma”(4). Não era um caso de polícia. OBRAS CITADAS 1. GALEANO, Eduardo. Memória do Fogo, volume I: Os Nascimentos. 2. CARNEIRO, Edison. O QUILOMBO dos PALMARES 2.ª edição (Revista), 1958. 3. JUNIOR, Manuel Diegues. A África na Vida e na Cultura do Brasil. Revista do Iphan/RJ, 1997. 4. GALEANO, Eduardo, op. cit.


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