Edição 1158

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ANO XXIII - Nº 1158 - 12 A 18 DE MARÇO DE 2022 - R$ 4,00

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CARNAVAL NA ARÁBIA

O desembargador Fábio Bittencourt passou o feriadão de Carnaval em Dubai, a cidade mais cara do Oriente Médio. Alheio à guerra com seus pares no TJAL e aos processos a que responde no CNJ, Bittencourt também fez um safári pelo deserto, com esposa, filhos e noras. 2

BRIGA POR VAGA NO TC VAI SER DECIDIDA NO SUPREMO Cargo de conselheiro é disputado há anos pelo Estado e Assembleia Legislativa 13

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SUCESSÃO ESTADUAL

COLLOR OU O FILHO ARNON PODEM DISPUTAR GOVERNO DE ALAGOAS Previsão é de seus próprios adversários que temem confronto direto entre Renan Filho e o ex-presidente na disputa ao Senado 7

CALOTE

PREFEITO DE MARECHAL COBRA DÍVIDA DEIXADA POR CRISTIANO MATHEUS 8 e 9

CANDIDATURA DE RUI PALMEIRA VIABILIZA 3ª VIA E PODE SER A SURPRESA DAS ELEIÇÕES 2 COLUNA PEDRO OLIVEIRA

PACTO ENTRE RENAN E MARCELO VICTOR CAMINHA PARA DECISÕES FINAIS 19


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COLUNA Desafio de Rui Palmeira 1

- A terceira via para as eleições presidenciais no país está engarrafada e sem saída à vista, sinalizando repetir a polarização do pleito passado. Mas em Alagoas essa opção eleitoral caminha para se consolidar com a entrada de Rui Palmeira na corrida sucessória.

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3 CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- O ex-prefeito de Maceió é forte candidato a governador na disputa com o deputado Paulo Dantas e o senador Rodrigo Cunha. Mesmo sem muita estrutura financeira e partidária, Rui tem densidade eleitoral e certamente garantirá vaga no segundo turno da eleição.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Nos dois mandatos como prefeito de Maceió, Rui Palmeira fez o possível pela cidade, principalmente na área de infraestrutura, mas não deixou grande obra para marcar sua gestão. Sofreu desgaste político, mas saiu limpo, sem pendências com a justiça, e isto conta muito em pleitos majoritários. Poderá ser a grande surpresa dessas eleições.

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- Palmeira enfrentará Paulo Dantas e Rodrigo Cunha, dois pesos-pesados na disputa eleitoral deste ano que contarão com o poder da máquina estatal. Dantas vai à luta na condição de candidato da Assembleia Legislativa com apoio de Renan Filho, enquanto Rodrigo Cunha representará o bloco do prefeito JHC, em aliança com Arthur Lira, que quer a deputada Jó Pereira como vice.

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- Se quiser, Rui pode ser candidato ao Senado ou à Câmara Federal com alguma chance de vitória, mas a disputa ao governo do Estado será decisiva em sua carreira política. Aos 45 anos de idade e com experiência política e administrativa adquirida como deputado estadual, deputado federal e prefeito de Maceió, Rui acredita estar preparado para governar Alagoas. “É agora ou nunca”, dizem seus aliados.

Vice de Arapiraca

As últimas informações de bastidores indicam que Rui Palmeira teria convidado Daniel Barbosa para vicegovernador de sua chapa. Cotado para disputar uma vaga na Câmara Federal, Daniel é filho do prefeito Luciano Barbosa, de Arapiraca, que estaria costurando essa possível aliança em resposta aos processos que sofreu dos caciques do MDB durante as eleições municipais.

Vice de Dantas

A possibilidade de Tutmés Airan ser vice de Paulo Dantas ao governo parece não estar no radar do desembargador, que ainda tem pela frente mais 15 anos de atividade no tribunal. Ligado ao PT, Tutmés já foi testado nas urnas no pleito de 1994 pelo PSB, quando disputou o cargo de vice-governador na chapa de Marcos Vieira, ficando em terceiro lugar com 50 mil votos. Nomeado desembargador em 2008, pelo quinto constitucional com apoio do então presidente Lula, Tutmés tem até 2 de abril para responder ao convite do deputado Paulo Dantas. Mas, com a experiência de uma derrota eleitoral e os compromissos como desembargador, dificilmente aceitará a nova empreitada.

Eleição no TJ

A escolha do novo desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas está marcada para dia 15, terça-feira, no Pleno do tribunal. A promoção por merecimento é disputada pelos juízes Manoel Cavalcanti Lima Neto e Ivan Vasconcelos Brito, que deve ser o vencedor.

Vaga no TC

A disputa pela indicação do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado deve ser decidida nos próximos dias no STF, que acolheu ação ajuizada pela Assembleia Legislativa. A pendenga começou há 15 anos quando o Estado contestou a indicação do então deputado estadual Cícero Amélio para uma vaga no TC. Amélio passou pelo cargo e se aposentou em 2020, mas a pendenga ainda não foi resolvida. Apesar da contestação do Estado, o Supremo deve ratificar decisão anterior reconhecendo que a vaga é da cota do Poder Legislativo. Mesmo após a decisão do STF o novo conselheiro do Tribunal de Contas não será nomeado antes da posse do futuro governador, em janeiro de 2023.

Cunha & Caldas

A indicação da deputada Jó Pereira para vice na chapa de Rodrigo Cunha ao governo de Alagoas deve selar uma aliança política entre Arthur Lira e JHC. Beneficiária direta de uma possível vitória dessa chapa, a família Caldas apoiará a candidatura do senador tucano, que tem como primeira suplente Eudócia Caldas, mãe do prefeito de Maceió. No pacote vai João Caldas, pai do prefeito, e candidato a deputado federal com chances reais de vitória.

Folia na Arábia

Alheio à guerra que trava com seus pares no Tribunal de Justiça de Alagoas e aos processos a que responde no CNJ, o desembargador-corregedor Fábio Bittencourt e família passaram o feriadão do Carnaval em Dubai, que ninguém é de ferro. Após conhecer endereços de luxo da mais cara e mais famosa cidade dos Emirados Árabes, Bittencourt fez um safári pelo deserto em companhia da esposa, filhos e noras. Exímio piloto de jet ski nos mares e lagoas de Maceió, o magistrado também mostrou espírito aventureiro aboletado no lombo de um camelo. As fotos da caravana alagoana na Arábia foram parar nos computadores da ministra Maria Thereza de Assis Moura, do CNJ, que investiga denúncias de improbidade administrativa contra o corregedor-geral de Justiça de Alagoas.

Doutora Rose

A advogada Rosemary Francino, da Carhp, anunciou estar em campanha para disputar a vaga de desembargadora do TJAL pelo quinto constitucional, reservada à OAB Alagoas. Há anos atuando contra os trabalhadores de autarquias extintas, a doutora Rose – como é conhecida – precisa mesmo do cargo no tribunal para se defender de ações judiciais a que deve responder por improbidade administrativa nas transaçõe$ envolvendo a área “B” do polo industrial de Marechal Deodoro. Além de uma indenização milionária imposta ao Estado pela Justiça, a omissão da Carhp pode culminar com despejo judicial de várias empresas instaladas irregularmente no polo de Marechal, a começar pela cerâmica Portobello, a maior e mais enrolada das indústrias ali implantadas.

Movido a álcool

O Brasil tem capacidade instalada para produzir 245 milhões de litros diários de etanol e 122 milhões de álcool anidro. Somando a capacidade atual e as construções de usinas em andamento, o potencial brasileiro de produção de etanol pode chegar a 390 milhões de litros por dia nos próximos anos, sendo 253 milhões de hidratado e 137 milhões de anidro. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Números assustam

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om a perspectiva de muitas surpresas nas eleições proporcionais na Assembleia Legislativa, candidatos com mandato na Casa de Tavares Bastos fazem as contas, programam suas calculadoras, mas já sabem, de antemão, que precisam correr contra o tempo para tentar garantir suas vagas na Casa de Tavares Bastos. Pela experiência de alguns candidatos, garantir

Mesma situação

uma vaga na Assembleia Legislativa vai ser muito difícil de acontecer, já que se projeta uma renovação de mais de 50% nas eleições de outubro próximo. Com a Federação Partidária que inibe algumas composições políticas, o embate fica ainda bem mais difícil, a não ser que, novamente, os mais espertos tentem driblar a legislação eleitoral, o que não será nada fácil. AGÊNCIA BRASIL

Para a Câmara Federal a briga por uma vaga não será diferente da Assembleia Legislativa, muito embora candidatos como Arthur Lira e alguns outros poucos estejam com passaportes carimbados.

Indecisão

Para a única vaga no Senado Federal, os grupos até agora não se entenderam. Se de um lado o PP pretende lançar a candidatura de Davi Davino, por outro Fernando Collor e Renan Filho correm em busca de afirmação e novas alianças. A campanha, que naturalmente começa agora depois do Carnaval, promete lances curiosos.

Divisão

Caso a situação persista, cada um vai escolher para qual lado marchará e se tem poder de fogo para enfrentar os adversários, os quais veem de um lado o presidente Jair Bolsonaro e do outro o ex-presidente Lula. A decisão, por isso, não será nada fácil. PT

Definido

O deputado Paulo Dantas, que deverá mesmo ser o indicado para governador-tampão, já não faz segredo que votará em Renan Filho para o Senado e arrisca marchar com o ex-presidente Lula se não houver intercorrências durante a campanha. Isso, naturalmente, pode afetar outras composições em termos regionais.

Conflitos

Com todas essas arrumações, o que está sendo discutido são as candidaturas majoritárias e proporcionais de outubro. E, pelo andar da carruagem, não houve, pelo menos até agora, um consenso entre os participantes dessa guerra política para a definição de nomes para disputar as eleições.

Definido

Mesmo que ainda não tenha acertado os ponteiros com as grandes lideranças políticas de Alagoas, o deputado Paulo Dantas não faz segredo para ninguém de que é candidatíssimo a renovar o mandato de governador nas eleições de outubro. Se vai ter dificuldades nessa caminhada, ninguém sabe, mas o deputado está disposto a fazer de tudo para ganhar a atenção dos verdadeiros protagonistas nessas eleições.

Panorama confuso

A participação de Renan Filho, Marcelo Victor, JHC, Rodrigo Cunha, Rui Palmeira e naturalmente o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, nas eleições de outubro, mudou o panorama político alagoano. Ninguém sabe mais quem é quem nessa confusão toda. Aliás, aliados de primeira hora já começam a se estranhar.

Divergências Último minuto

Quem circula pelos bastidores do Palácio República dos Palmares acredita de que o governador Renan Filho vai esperar pelo último minuto para anunciar sua candidatura ao Senado, o que deve acontecer no dia 2 de abril. Até lá vai mantendo a força que possui evitando que o governo acabe mais cedo do que o previsto.

Se por um lado Paulo Dantas vota em Renan Filho e apoia o ex-presidente Lula para presidente, no mesmo não se pode dizer do deputado Arthur Lira, que não acompanha os Calheiros, vota em Jair Bolsonaro e com certeza vai tomar outro rumo.

O racha favorece

Os adversários do governador Renan Filho sabem que, se não acertarem os ponteiros, o jogo favorece à família Calheiros. Quanto maior divergência, maior a possibilidade de insucesso.

Disputa acirrada

Para o Senado da República se prevê uma campanha disputadíssima. Respaldado no seu trabalho por Alagoas e seu carisma junto à população, Collor sabe que a parada é dura ao enfrentar Renan Filho e Davi Davino, os pré-candidatos mais falados nos últimos dias.

Ponto fraco

Se de um lado Renan Filho tem a força até agora do seu governo, por outro é bom lembrar que a família Calheiros nunca se deu bem na capital. Em todas as candidaturas que abraçou ao longo dos anos, não ganhou uma em Maceió. Já Davi Davino marcou sua presença com uma boa votação para prefeito da capital, onde JHC se elegeu.

Drama do suplente

Nas rodas políticas o que mais se fala é quem será o suplente de Renan Filho numa provável candidatura ao Senado. O tiro terá que ser certeiro porque, caso Lula seja eleito presidente, Renan Filho poderia ser convocado para uma alta função no governo. Daí a escolha de um nome para a suplência tornou-se um ponto importante na luta poder.

Onde ficará Collor?

Esta é a pergunta que tem circulado nos meios políticos nos últimos dias. Com o cerco apertando e os partidos definindo nomes para as eleições de outubro, até agora não se tem, concretamente, uma direção de para onde vai o ex-presidente. A não ser em uma grande composição política que contemple a todos.


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ELEIÇÕES FACEBOOK

Marcelo Victor, Paulo Dantas e Arthur quando da filiação do segundo ao PP, em fevereiro de 2019

Embate Lira x Victor mexe no quadro eleitoral de Alagoas Presidentes de poderes vazam duelo de forças pelo comando do União Brasil ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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briga entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (União Brasil), pelo comando do União Brasil (UB) em Alagoas chega às instâncias nacionais do partido e promete reflexos nas discussões eleitorais locais. O acordo entre Victor e o governador Renan Filho (MDB) é formalizar o deputado Paulo Dantas no governo-tampão, viabilizar a campanha dele para a reeleição e o MDB indicar o vice. Há ainda outro caminho: Dantas se filiar ao UB desde que o presidente da Assembleia garanta aos palacistas que ele tem mais poder que Lira nesta queda de braço. O União Brasil busca se firmar no campo do conservadorismo liberal, mais no centro-direita. A tendência nacional é seguir os rastros do presidente Jair Bolsonaro (PL) mas a filiação de Dantas pode se revelar problemática: o deputado já adiantou que votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro e fez convite ao desembargador

do Tribunal de Justiça Tutmés Airan para ser seu vice. Airan é um dos fundadores do PT alagoano e próximo de um dos dirigentes nacionais da sigla, José Dirceu. No Nordeste, o UB é da conta dos dois líderes do Centrão: Ciro Nogueira, do Piauí, e Arthur Lira, de Alagoas. Porém o quarto maior eleitorado do Brasil é o da Bahia, onde o ex-prefeito de Salvador ACM Neto é candidato ao governo e tem pela frente o ministro João Roma, seu ex-aliado, também de olho na chefia do Executivo baiano. Roma é do Cidadania, ACM Neto do União Brasil. Não há chance de aproximação com o PT nem com petistas. TEMPO Nos próximos dias, haverá novo pedido de Lira por fidelidade e exigência do cumprimento da palavra com o presidente da Assembleia. Se Marcelo Victor disser não mais uma vez, o valetudo eleitoral é imprevisível. Há quem preveja um embate no tapetão, semelhante ao vivenciado no PROS. Nesta semana, o Tribunal de Justiça do Distrito

Federal destituiu a direção nacional da legenda. O PROS alagoano é comandado por Marçal Fortes e sua permanência nesta posição, até a última quarta, era um mistério. O senador Fernando Collor é o principal filiado e ele deve ficar ou migrar se encontrar obstáculos internos à sua reeleição e Fortes é da linha bolsonarista. Seu irmão Emmanuel é um dos principais defensores do presidente no Conselho Federal de Medicina. Em 2020, defendeu a prescrição do ineficaz kit covid aos doentes porque era da vontade de Bolsonaro, que não é médico nem tem formação na área da saúde. Fora disso, o senador Rodrigo Cunha acompanha estes movimentos e deve enfrentar dificuldades para viabilizar o seu PSDB. Os deputados federais Tereza Nelma e Pedro Vilela discutem deixar o ninho tucano e migrarem para o PDT que discute a candidatura do vice-prefeito Ronaldo Lessa a deputado federal. Se Nelma e Vilela virarem pedetistas, Lessa não deve se candidatar. Do contrário, a orientação nacional é garantir uma cadeira alagoana na Câmara Federal.

Cunha segue sem um nome para vice. Há duas semanas, Arthur Lira fez questão de mostrar encontro com o senador alagoano, o deputado estadual Davi Davino (PP) e o prefeito de Maceió JHC (PSB). A família Pereira, do espectro lirista, pode indicar a vaga. Isso significa que a deputada Jó Pereira, ainda no MDB, pode entrar no PP e viabilizar a aproximação. O senador busca atrair o palanque de Jair Bolsonaro em Alagoas, mas terá dificuldades. O presidente da República tem grande rejeição, Cunha não apoia a reeleição de Fernando Collor e os bolsonaristas tratam o tucano como traidor de suas causas, em especial a miúda defesa da pauta de costumes, pedra angular da estrutura dos conservadores. Nem mesmo o discreto elogio a Bolsonaro esta semana sobre a mudança de posição dele a respeito da distribuição de absorventes foi suficiente para atrair os torcedores mais radicais do atual mandachuva do Palácio do Planalto. O ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) segue sua estratégia de aumentar o preço do seu passe político. Recusou ser o candidato ao Senado de Rodrigo Cunha, mantem-se como nome ao governo e teve encontro com o prefeito de Pilar, Renato Filho (MDB), também cotado ao Executivo estadual. Todos se preparam para enfrentar Paulo Dantas. Ou algum dos lados ceder espaços, em nome da tal governabilidade.


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ELEIÇÕES FACEBOOK

Collor se mantém fiel a Bolsonaro a despeito da grande rejeição do presidente

Palácio acredita que Collor vai lançar Arnon a governador Objetivo do senador seria viabilizar aliança bolsonarista para enfrentar Renan Filho ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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costumado a eleições duríssimas, o senador Fernando Collor (PROS) enfrenta o maior desafio de sua longa carreira na política: manter o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), costurar uma chapa que lhe garanta a reeleição e vencer nas urnas o bem avaliado governador Renan Filho (MDB), que deve renunciar

ao comando do Executivo no final deste mês para disputar a única vaga aberta ao Senado Federal – a de Collor. Este 2022 é ano de datas redondas, com acontecimentos ligados à vida de Collor. Há 70 anos seu pai, Arnon, então governador, comprou a Gazeta de Alagoas e nascia o irmão, Pedro, peça-chave do processo de impeachment que completa 30 anos. Há 40 anos, Elle era eleito deputado federal e há 20 anos

disputava e perdia a eleição ao governo de Alagoas, a segunda (a outra foi para a Prefeitura de São Paulo) que ele participava após cumprir a pena de suspensão dos seus direitos políticos, consequências da ação de impedimento. Os principais grupos políticos de Alagoas rejeitam o senador. Candidato ao governo, o senador Rodrigo Cunha (PSDB) chegou a sondar o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) para apoiá -lo ao Senado, tudo para manter sua imagem longe da de Collor. Rui não aceitou a oferta. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), não quer o senador por perto. Os bolsonaristas locais também não. Deputados estaduais, federais, prefeitos, vereadores esvaziaram os antes concorridíssimos gabinetes Delle em Maceió e Brasília. O senador Renan Calheiros (MDB), sem citar Collor, lembrou que o presidente russo Vladimir Putin adotou medida semelhante ao confisco da poupança no Brasil em março de 1990. “O Brasil já viu esse filme”, disse Calheiros, que na época ainda era da base político-partidária do presidente da República. O futuro partido de Collor é um mistério. Ele deve sair do PROS, hoje comandado pelo calheirismo, mas nada está acertado sobre seu ingresso no PL, legenda de Bolsonaro. Maior problema, segundo os do ramo, é que o senador teria enormes chances eleitorais se fosse aliado de Bolsonaro nas eleições de 2018 quando o cenário favorecia amplamente o então deputado federal. Quatro anos depois, as pesquisas identificam crescimento do presidente da República na corrida pela reeleição, mas grande rejeição também ligada às teorias da conspiração que espalhou sobre a vacina, sua resistência em medidas mais duras na pandemia e a crise econômica encarecendo os produtos nas gôndolas dos supermercados e atingindo o bolso dos brasileiros. Apesar disso, Collor vai para o tudo ou nada e mantém a tá-

tica de dividir espaços e eventos com Bolsonaro e ministros. No lançamento da identidade digital, no final do mês de fevereiro, lá estava o senador emoldurando as fotos com o presidente da República. “Ninguém faz nada sozinho. Junto do presidente Bolsonaro, construiremos um Brasil muito melhor!”, disse o senador, mantendo sua fidelidade político-eleitoral. Na terça, 8, em Coqueiro Seco, levou o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, para a entrega da segunda restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens. Sem citar os parlamentares presentes (deputados estaduais Ricardo Nezinho e Cabo Bebeto; deputado federal Marx Beltrão), rasgou elogios a Bolsonaro e ao ministro. Há dias, o filho mais velho do senador, Arnon de Mello, circula em Alagoas e já é posto no complexo tabuleiro político local. No Palácio República dos Palmares especulava-se que ele seria candidato ao governo para viabilizar uma chapa com Collor disputando a reeleição. Ou ainda o senador disputaria mandato de deputado federal ou ele mesmo seria candidato ao governo. Arnon não atingiu o quociente eleitoral em 2002 quando disputou mandato de federal. Apoiou Rui Palmeira em 2012 nas eleições à Prefeitura de Maceió. Fernando Collor ainda não tem herdeiros na política local. Seu pai, Arnon, foi governador e senador por três mandatos. Collor foi governador, presidente, senador por dois mandatos e quer o terceiro. Houve tentativas para Fernando James disputar eleições em Rio Largo, onde o avô nasceu, mas ele se elegeu apenas a um mandato de vereador, deixou a política e hoje gerencia a área comercial da Organização Arnon de Mello. Desafio para Arnon de Mello Neto. Se ele topar o jogo do voto há uma diferença de 20 anos e uma concorrência apertada, mas indefinida ao governo.


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MARECHAL DEODORO ASSESSORIA

Prefeito Cacau quer que o ex-gestor arque com o pagamento da multa que recebeu

Cacau cobra multa de R$ 56 mil deixada por Cristiano Matheus

Ex-prefeito teria ignorado dívida com a Justiça lesando cofres públicos JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ano ao erário por incidência de multa processual. Apesar de quase seis anos longe da Prefeitura de Marechal Deodoro, o fantasma da gestão de Cristiano Matheus (MDB) ainda assombra os cofres do Município. Chegou ao Ministério Público do Estado (MPE) um ofício encaminhado pelo procurador da República Marcial Duarte Coêlho questionando o órgão fiscalizador quanto à existência de um débito que deveria ter sido quitado por Matheus no valor de R$ 56.220. Quem cobra esse valor é o atual prefeito Cláudio Roberto Ayres da Costa, o Cacau (também emedebista), que, por meio da Pro-

curadoria-Geral do Município, informou à Promotoria de Justiça de Marechal que a dívida ainda persiste em nome da prefeitura, mas que já deveria ter sido paga por Matheus. Conforme parte da ação, à qual o EXTRA teve acesso, o drama financeiro envolve a Ação Civil Pública de número 000231452.2007.4.05.8000, que tramitou na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas. O caso, que transitou em julgado no dia 4 de julho de 2012, tinha como objeto a implementação de medidas ambientais por parte do Município de Marechal Deodoro com a finalidade de dificultar e impedir o lançamento de esgoto sem nenhum tipo de tratamento, ou seja, in natura, na orla marítima, cartão postal de

Alagoas que atrai uma vasta gama de turistas. À época, após instrução processual, a Justiça julgou procedente os pedidos formulados e as denúncias do Ministério Público Federal (MPF) condenando o Município a apresentar planos de prevenção, coibindo o lançamento de esgoto nas praias, além de recuperar áreas afetadas pela poluição. No entanto, no dia 21 de janeiro de 2013, a Prefeitura de Marechal, chefiada por Cristiano Matheus, se manifestou querendo suspender o cumprimento de sentença apresentando ao Judiciário federal os motivos e razões que estariam inviabilizando o combate à poluição das águas litorâneas, bem como regularização do escoamento do esgoto.

COM A INÉRCIA DO EX-PREFEITO, CONFORME ALEGA A PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO, HOJE ENCABEÇADA POR ALESSANDRO JOSÉ DE OLIVEIRA PEIXOTO, FOI APLICADA UMA MULTA DE R$ 1 MIL POR CADA DIA DE ATRASO EM 27 DE OUTUBRO DE 2015.

Sendo assim, o Juízo marcou uma audiência de conciliação no dia 12 de junho de 2013 dando um prazo de 30 dias para que a Prefeitura de Marechal apresentasse proposta objetiva para o cumprimento de sentença, o que não foi realizado. O fato ocasionou um requerimento do MPF exigindo a aplicação da penalidade pecuniária por descumprimento no dia 7 de novembro de 2014. O pedido foi acatado pela Justiça dando um prazo de 45 dias para que a equipe de Matheus cumprisse suas obrigações ambientais, o que também não aconteceu. Com a inércia do ex-prefeito, conforme alega a Procuradoria-Geral do Município, hoje encabeçada por Alessandro José de Oliveira Peixoto, foi aplicada uma multa de R$ 1 mil por cada dia de atraso em 27 de outubro de 2015. “Analisado o cenário exposto, podemos concluir, de plano, que todas as omissões verificadas nos autos ocorreram em gestões conduzidas pelo ex-prefeito Cristiano Matheus, notadamente nos anos de 2012, data em que teve início o cumprimento de sentença, e 2016, período em que foi determinada a aplicação de multa por descumprimento”, destacou a atual gestão da Prefeitura de Marechal à Promotoria de Justiça. E arrematou: “é latente que o representado tinha ciência de sua obrigação e, por sua própria escolha, notadamente havendo descumprimento de decisão judicial com a respectiva intimação do ente público, preferiu se omitir, sobrevindo a penalização ao Município com clara geração de indevido dano ao erário municipal”. A Procuradoria-Geral do Município, após expor as justificativas, pediu à Promotoria para que seja instaurado um inquérito civil público.


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REPRODUÇÃO DO INSTAGRAM

COBRANÇA NO TCE

caminhou resposta informando a existência do Processo Administrativo n. 0720095/2018, instaurado com o objetivo de apurar os eventuais danos causados e promover a Em julho de 2020, o Ministério devida responsabilização. Público de Contas de Alagoas, por meio da sua 5ª Procuradoria de Contas, protocolou uma representação em desfavor do ex-prefeito Cristiano Matheus, em razão de possível dano ao erário causado pela incidência de multa procesAo EXTRA, Cristiano Masual. A representação do MPC foi theus informou que durante julgada e acolhida pela 2ª Câmara sua gestão cumpriu as demando Tribunal de Contas do Estado. das para preservar o litoral O MPC realizou diligências do município, como a Praia para apurar possível dano ao erádo Francês, sendo pioneiro no rio, ficando constatado que o fato setor. Disse que o fato já era gerador da respectiva punição uma demanda do governo anocorreu na data de 18/10/2016, reterior ao seu, mas que cumpriu gistrada em Certidão judicial após o exigido pelo MPF. “Não tem consulta à tramitação do proceslínguas negras no Francês. É o so. Na ocasião, o órgão ministerial único local de Marechal que se notificou Matheus – que hoje ocucobra taxa de saneamento porpa o cargo de secretário Executivo que está saneado”, destacou. de Gestão Interna da Secretaria Declarou ainda não haver de Comunicação do Estado, com pendências a respeito de salário de R$ 10.384,74 –, bem dívida, multa ou processo. como a atual gestão de Marechal “Ano de eleição é sempre isso. Deodoro, para prestar esclareciResgatam situações sem funmentos acerca dos fatos, sendo que somente o atual prefeito endamento”.

O QUE DIZ MATHEUS

Cristiano Matheus atribui cobrança ao período eleitoral


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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

CONCESSÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO GARANTE R$ 1 BILHÃO A 61 MUNICÍPIOS DE ALAGOAS AMA é interlocutora do projeto que vai universalizar água e esgoto em cidades do Sertão, Agreste, Litoral e Zona da Mata em até cinco anos

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projeto de concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de 61 municípios de Alagoas foi concretizado esta semana com a assinatura dos contratos pelo governador Renan Filho, prefeitos e as empresas Águas do Sertão e Verde Ambiental. O projeto envolve municípios do Sertão e Agreste (bloco B) e Litoral e Zona da Mata (bloco C) A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) participou como interlocutora durante as diversas fases de negociação do arrojado projeto que vem sendo desenvolvido pelo governo do Estado desde 2016. A solenidade foi realizada na última terça-feira, 8, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso com a participação dos envolvidos e secretariado estadual. O governador Renan Filho avaliou o processo de concessão e seus efeitos como um salto civilizatório para Alagoas. “As cidades deixarão de viver na Idade Média para colocar os pés no século 21 com esses investimentos que, somados, Região Metropolitana e interior, totalizarão algo em torno de R$ 6 bilhões em investimentos em abastecimento de água e esgotamento sanitário. Isso vai gerar emprego, melhorar a qualidade de vida das pessoas e dá, também, autonomia e independência financeira às prefeituras”, disse na solenidade. Reconhecida como uma das maiores concessões de serviço público do país no ano de 2021, a operação dos blocos B e C tem parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e vai injetar R$ 1,7 bilhão diretamente nos cofres das prefeituras participantes ao longo de 2022, e R$ 2,9 bilhões nos próximos anos. Nesta primeira etapa os municípios já receberam do governo do Estado R$ 1,050 bilhão, entre outorga e indenização.

O presidente da AMA, Hugo Wanderley, falou em nome dos prefeitos. “Foi uma luta árdua o planejamento dessa concessão, o trabalho de convencimento dos prefeitos e, hoje, nós vemos aqui gestores realizados em visualizar os investimentos que serão feitos para a melhoria do abastecimento de água, como também do saneamento. Isso vai proporcionar melhor qualidade de vida, novos investimentos para essas cidades”, disse. Hugo Wanderley é prefeito de Cacimbinhas. Ele informou que o município já recebeu R$ 10 milhões referentes à primeira parcela do contrato e, dentro de seis meses, receberá a segunda, de igual valor. “Nós estamos preparando projetos importantes de infraestrutura, na área da educação, que vão, com certeza, melhorar a qualidade de vida do povo de Cacimbinhas, como de todas as cidades que receberam esse recurso”, afirmou. Alagoas foi o primeiro estado do Brasil a aderir ao Novo Marco Regulatório do Saneamento” do governo federal e abre as portas para a nova era das concessões de serviço de saneamento público no país. A atratividade financeira do setor de saneamento despertou a atenção das empresas vencedoras, Águas do Sertão e Verde Ambiental, que reúnem players novos e outros já atuantes no mercado, inclusive com experiência em Parceria Público Privada (PPPs). De acordo com o projeto, os 61 municípios atendidos terão seu abastecimento de água e esgotamento universalizado em até cinco anos, sendo que, no caso dos municípios da Bacia Leiteira, esse prazo será de até três anos. A universalização do esgotamento sanitário cumpre o prazo definido pelo Novo Marco Regulatório do Saneamento (Lei

Federal 14.026, de julho de 2020), que alterou as regras de prestação de serviço para o setor e permitiu a ampliação da participação da iniciativa privada nesse mercado. O secretário de Estado da Fazenda, George Santoro, falou em “conciliação de esforços” entre os poderes Executivo e Legislativo, e destacou, ainda, a segurança jurídica como fator primordial para o sucesso das concessões. “O importante foi montar um bom projeto, com segurança jurídica. O ambiente de Alagoas, hoje, permite atrair investidores privados. Então, temos um ambiente com segurança, com investimentos. Todo esse conjunto de medidas propiciou isso”, considerou Santoro. O projeto de concessão do saneamento de Alagoas foi desenvolvido pelo governo do Estado em 2016 e contou com o apoio do BNDES. Para a sua realização, o Governo de Alagoas, sob a liderança da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), uniu os esforços da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), da Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), do Instituto do Meio Ambiente (IMA), da Casa Civil e da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Hugo Wanderley afirmou que é uma vitória e uma grande virada para os municípios que aderiram à concessão, pois, além de cumprirem o Novo Marco Legal do Saneamento, estarão proporcionando mais empregos, desenvolvimento e expandindo a universalização da água para todos. “Nós queremos é que a água possa chegar nas torneiras das residências, que os investimentos sejam realizados para que a gente possa criar mais oportunidade para a população dos municípios”, disse.


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EMBATE MPAL

TJAL

Márcio Tenório criticou reclamação feita pelo juiz Guilherme Bohm de ausência de promotores para realização de júri

Corregedoria da Justiça ‘absolve’ magistrado que criticou Ministério Público Juiz lamentou suspensão de audiências e cobrou mais zelo do órgão fiscalizador JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Corregedoria Geral da Justiça de Alagoas (CGJ) negou instaurar processo administrativo disciplinar contra o magistrado Guilherme Bubolz Bohm denunciado pelo Ministério Público do Estado (MPE) por supostamente fazer insinuações contra os trabalhos dos promotores e outros integrantes do órgão fiscalizador. O procurador-geral de Justiça Márcio Roberto Tenório denunciou o juiz à Corregedoria do Judiciário alegando “falta funcional”, afirmando que magistrado teria transbordado de sua competência. Ainda na denúncia, o chefe do MP alegou que Bohm proferiu “descabido juízo de valor acerca da forma de administração do Ministério Público e consequente

realização das designações de seus membros”. A rusga aconteceu durante julgamento de um caso de homicídio qualificado que tem como réu Adonis Lino e Silva, vulgo Matador. O caso tramita na 9ª Vara Criminal da Capital (processo judicial n.° 080019080.2016.8.02.0019). Questionado pela Corregedoria, o magistrado deu sua versão dos fatos informando que a situação se deve a uma leitura “rápida e singela” de um despacho proferido durante a sessão marcada para o júri do acusado, realizada no dia 11 de novembro do ano passado. Na ocasião, o juiz pediu providências à Procuradoria-Geral de Justiça para evitar novos cancelamentos de júris na vara já citada, que estariam ocorrendo sempre pelos mesmos motivos. “O despacho foi fundamentado

e a todo o tempo houve o emprego de linguagem extremamente educada, adequada portanto à natureza do ato”, defendeu-se. No documento da Corregedoria ao Ministério Público, o trecho considerado ofensivo por Márcio Roberto Tenório veio descrito na íntegra, no entanto, o EXTRA irá reproduzir alguns trechos. “O Ministério Público apresentou pedido justificado de adiamento da presente sessão do tribunal do júri, a qual, desde já, é acolhida, tendo em vista as compreensíveis justificativas apresentadas pela douta e diligente promotora de justiça titular, a qual referiu que, em função do acúmulo de funções e da grande quantidade de demanda, não se encontra em condições de participar deste julgamento em específico. Outrossim, informou que noticiou tal fato ao PGJ e que o Ministério Público designou outro promotor de justiça para trabalhar nesta sessão”, diz um trecho. E, continua: “Este, por seu turno, estaria impedido de atuar

porque seu irmão, na condição de desembargador, já teria atuado nos autos em julgamento de recurso e/ou ‘habeas corpus’. Há que se pontuar, nesse contexto, que o processo é antigo, estando incluído na Meta 2 do CNJ; que se trata de processo desaforado e que já houve pelo menos quatro outros cancelamentos de seu julgamento pelo Conselho de Sentença. Tendo em vista tais circunstâncias, bem como que o adiamento da sessão deve ser medida extremamente excepcional, notadamente em função dos enormes custos envolvendo intimações, deslocamentos de réus presos, testemunhas, partes, advogados, defensores públicos, além de todo o enorme trabalho de preparação do júri, inclusive com providência de alimentação para os participantes e de hotel para jurados, oficie-se à PGJ, noticiando tal episódio e solicitando-se providências para que situações semelhantes não voltem a ocorrer, seja nos presentes autos, seja em outros em tramitação nesta 9ª Vara Criminal da Capital”. O juiz ainda destacou ser notório que o promotor José Antônio Malta Marques é irmão do desembargador do TJ, José Carlos Malta Marques. “E que a PGJ, sabendo disso, poderia ter verificado antes se havia, no caso, a situação de impedimento, a qual era provável por se tratar de processo antigo e com réus presos”, criticou. Para o corregedor-geral da Justiça Fábio José Bittencourt Araújo, as declarações do magistrado não são passíveis de investigação, pois demonstrariam vontade de entregar uma prestação de serviço cada vez melhor, cujo objetivo deveria ser compartilhado pelas outras instituições. A decisão foi datada do dia 25 de janeiro deste ano, mas foi protocolada no MPE no dia 2 de fevereiro. O pedido de inquérito foi arquivado pelo MP na última quarta-feira, 9.

O CRIME

O réu Adonis Lino e Silva é acusado de participar de um homicídio no dia 9 de agosto de 2016, no Conjunto Deda Paes, em Maragogi. A vítima foi Ricardo dos Santos, vulgo Cão do Mangue. O crime teria sido motivado por disputa de tráfico de drogas na região.


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CONFRONTO ENTRE PODERES TJ-AL

Embate entre Executivo e Legislativo pelo cargo de conselheiro da Corte de Contas se arrasta há 15 anos e chega agora ao Supremo

STF vai decidir sobre novo conselheiro do Tribunal de Contas

Vaga de Cícero Amélio é disputada pelo governo do Estado e Assembleia Legislativa MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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disputa pela vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCEAL) continua acirrada e, agora, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) decidir quem vai ocupar o lugar deixado pelo ex-conselheiro Cícero Amélio, que se aposentou em 2020. Por um lado, o governador Renan Filho (MDB) entende que a escolha é do Executivo estadual e, do outro, a Assembleia Legislativa do Estado (ALE) garante que cabe ao Legislativo indicar o próximo conselheiro. O confronto está aberto e a tão cobiçada vaga tem causado queda de braço entre os dois poderes. A indicação do futuro conselheiro – cargo vitalício, com direito a excelente remuneração, assessores e outras regalias – não tem data para acontecer. Decisão do juiz federal Luiz Bispo da Silva Neto, do TRF5, no bojo do Mandado de Segurança 007681178.2007.4.05.0000, impetrado

pela Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas contra a indicação de Cícero Amélio pela Assembleia, determina que “subam os autos ao Supremo Tribunal Federal” para decidir a quem pertence a vaga. Para melhor entender a disputa, de acordo com o texto da Constituição do Estado de Alagoas, o TCE/AL tem sete conselheiros. Destes, quatro serão escolhidos com indicações da Assembleia Legislativa Estadual e três pelo governador do Estado, com a aprovação da Assembleia Legislativa, sendo um de livre escolha e dois indicados em lista tríplice organizada pelo Tribunal de Contas, alternadamente entre membros do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas e auditores, conforme critérios de antiguidade e merecimento. Em 2008, a Assembleia Legis-lativa indicou Amélio para o TC, além de Rosa Albuquerque, Maria Cleide Beserra e Fernando Toledo. Desta forma, eles fechariam a cota dos parlamentares.

As outras três vagas estariam na cota do governo: Otávio Lessa (livre indicação), Anselmo Brito (auditor técnico) e Rodrigo Siqueira Cavalcante (procurador de contas). Diante do impasse sobre a qual poder de fato pertencia a vaga para a qual Amélio foi nomeado e como não se chegava a um acordo, ações foram impetradas e o Tribunal Regional Federal da 5ª Região TRF5), com sede em Recife (PE), entendeu que a vaga não seria da ALE e sim do governo do Estado. A outra parte recursou e o TRF5 passou o pepino para que o STF decida, corrigindo, se for o caso, eventual erro na nova indicação. O processo foi distribuído na última segunda-feira ao Supremo e, enquanto isso, a vaga de Amélio continua em aberto. Vale ressaltar que a última vaga de livre escolha do governador foi preenchida pelo conselheiro Otávio Lessa por indicação de Ronaldo Lessa, então governador do Estado.

MAIS POLÊMICAS A polêmica envolvendo o TCE vem de outras datas. Após batalha judicial, em 2017 o governador Renan Filho nomeou o procurador do Ministério Público de Contas, Rodrigo Siqueira Cavalcante, para exercer o cargo de Conselheiro do Tribunal. O novo conselheiro ocupou a vaga aberta com a aposentadoria de Luiz Eustáquio Toledo (falecido). Na ocasião, a vaga foi requerida pelo MPC, e o caso enfrentou um longo processo judicial, até que o STF decidiu, em última instância, que a vaga deveria ser preenchida por um membro do Ministério Público de Contas, e Renan Filho, que pretendia nomear o tio, o deputado Olavo Calheiros, resolveu não apresentar recurso contra a decisão.


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CASA DA MULHER

Instituição também receberá vítimas nos finais de semana Mulheres que sofrem violência doméstica poderão procurar a instituição à noite e também aos sábados, domingos e feriados ASCOM/TJAL Fotos de Caio Loureiro

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Casa da Mulher Alagoana vai poder receber vítimas de violência doméstica à noite e também nos finais de semana e feriados. Elas serão recepcionadas por guardas municipais, que passaram a atuar na instituição desde a última terçafeira (8). “Se chegar mulher aqui durante a noite em situação de vulnerabilidade, ela vai ter a Casa para entrar e ficar durante todo o final de semana ou feriado, para que na segunda-feira, quando os trabalhos começarem, elas já estejam aqui em um local seguro, sem estar correndo risco de vida. A Guarda Municipal vai ser fundamental para isso”, explicou a coordenadora da Casa da Mulher, Érika Lima, que agradeceu ao Tribunal de Justiça (TJAL) e à Prefeitura de Maceió pela parceria. Segundo o presidente do TJAL, desembargador Klever Loureiro, as parcerias firmadas pelo Judiciário tentam minimizar o sofrimento das vítimas de violência doméstica. “Em especial das mulheres carentes, que muitas vezes se submetem a permanecer com o companheiro simplesmente porque não têm para onde ir. Nós temos a Casa da Mulher, que oferece roupas limpas, todo o material e segurança 24 horas. O dia de hoje é um marco realmente para se comemorar”. De acordo com o prefeito JHC, a Guarda está capacitada para,

inclusive, acompanhar o cumprimento das medidas protetivas concedidas pelo Judiciário às vítimas. Os profissionais também poderão auxiliar essas mulheres levando-as ao Instituto Médico Legal (IML) ou à casa delas, para que possam buscar seus pertences. “A Guarda Municipal vai lá e traz para a Casa da Mulher, faz toda a orientação necessária e dá todo o encaminhamento que é preciso para que as mulheres se sintam acolhidas e protegidas fisicamente”, destacou o prefeito. DIA DA MULHER Na terça, a Casa realizou uma série de ações para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Houve distribuição de brindes, rosas e cestas básicas a vítimas de violência doméstica atendidas pela instituição. A Casa arrecadou mais de uma tonelada de alimentos, com apoio de parlamentares, servidores do Judiciário e empresários. Em parceria com o Senac, foi disponibilizado no local serviço de manicure. As mulheres presentes também puderam acompanhar a palestra “Violência contra a mulher: criando caminhos para sair da situação”, com a psicanalista e médica da família e comunidade Lourena Schiavon. De acordo com a coordenadora da Casa, Érika Lima, o objetivo foi criar um momento especial. “É o nosso primeiro Dia da Mulher, porque a Casa começou a funcionar em maio de 2021. Já fizemos mais 500 atendimentos, então

Klever Loureiro destacou parcerias em prol das vítimas de violência doméstica

Instituição leva o nome da médica Nise da Silveira

Casa disponibilizou serviço de manicure na terça-feira com apoio do Senac pensamos em fazer um momento especial para que a mulher perceba que a vida não é só a questão da violência, que a vida delas também terá momentos bons”. No Dia Internacional da Mulher, a mensagem deixada pela coordenadora às vítimas de violência doméstica é: “Não parem de lutar”. “Lutem sempre, não desistam, não achem que tudo está

perdido, porque há sempre uma luz no fim do túnel. Busquem ajuda, busquem a Casa da Mulher. Não desistam de sair do ciclo da violência”. Localizada ao lado da Praça Sinimbu, no Centro de Maceió, a Casa da Mulher Alagoana funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 17h. O telefone da instituição é o (82) 2126.9650.


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SAÚDE MENTAL

A lei é estruturante psíquico

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reud carimbou que a personalidade do ser humano adulto é definida ou formada até os 6 anos de idade. Pela Teoria da Personalidade, o aparelho psíquico está sistematizado em categorias: Id, Ego e Superego. O Id é caracterizado pelos instintos. É primitivo. Funciona por meio de desejos inconscientes. É a fonte de energia psíquica e é formado pelas pulsões (de vida e de morte), instintos, impulsos orgânicos (fome, dor) e desejos inconscientes (prazer e desprazer). O Id funciona de acordo com o princípio do prazer, buscando sempre o que gera prazer e evita o desprazer. O Ego controla os instintos e é racional. A função do ego é tentar conciliar as reivindicações das três instâncias a que serve, ou seja, o id, o mundo externo e o superego. Freud expressa que o ser humano está dividido entre o princípio do prazer (que não conhece limites) e o princípio da realidade (que nos impõe limite, é a lei). O Superego é o responsável pelo julgamento de nossas ações e pensamentos. É o julgador; é o juiz. A lei é estruturante psíquica. Os comportamentos, os pensamentos e as crenças fazem do ser humano um ser carimbado? Será que tudo que sentimos de prazer e desprazer está milimetricamente determinado para o resto da vida? Será? Se um pensamento, um comportamento ou uma crença podem mudar, a personalidade também pode mudar. É a tal da neuroplasticidade ou plasticidade neural, ou realinhamento dos neurônios, quando estes – em grupos específicos no cérebro – carimbam um pensamento, um comportamento ou uma crença. Personalidade no sentido de que Freud expressou mais tarde quando definiu a neurose, a psicose e a

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

perversão. Se um fato da infância (que incomoda quando adulto) for analisado, discutido e conscientizado ou aflorado pelo sujeito, mediado por um psicólogo ou por um psicanalista, é possível que a pessoa possa entender (conscientizar-se) do que ocorreu e mudar os comportamentos, pensamentos e crenças, se ela assim desejar. O raciocínio serve para as estruturas psíquicas: NEUROSES, PSICOSES e PERVERSÕES. Claro que algumas dessas estruturas podem ter um componente genético intenso, e, mesmo assim, é possível ressignificá-los, de acordo com a teoria da neuroplasticidade ou plasticidade neural. O meio ambiente em que o sujeito foi/ou é estruturado pode ser um determinante psíquico, em detrimento da carga genética que ele apresenta. Portanto, o NEURÓTICO suporta a lei (sofre e também tem prazer); o PSICÓTICO ignora a lei (tem os sentimentos embotados emocionalmente) e o PERVERSO burla a lei, conscientemente; ele tem prazer em desrespeitar a lei e o outro sujeito, seja ele/a quem for. O mais danoso para a sociedade e para a humanidade é exatamente o PERVERSO, porque ele goza (tem prazer intenso). Ele ri, fica feliz, fica satisfeito ao enganar, atrapalhar (o sucesso do outro ou acabar com algo material da outra pessoa), ou quando denigre integridade moral de outra pessoa. Um psicólogo ajuda, numa psicoterapia, a pessoa a lidar, melhor, com a lei, e a suportar a não concretização dos infinitos desejos que o sujeito tem, ressignificando cada fato (da infância ou quando adulto) que incomoda, seja comportamentos, pensamentos ou crenças.

FERRO Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”. (Freud)

Quem sabe ... Gente ... Sísifo; não

O homem está se tornando um amontoado de pedras, mas tão pedra que está tombando, pesado, caindo. Envergonhado, está se ajoelhando de dor. Quem sabe essa dor seja o despertar do coração-pedra ... para a transformação de coração-ser-humano ... Quem sabe ... Quem sabe neste momento, ao ajoelhar-se (compulsoriamente), encontre Deus e desperte o querer bem do outro/a e não o seu próprio bem ... Quem sabe... Ao ajoelhar-se quem sabe não desperte o rezar, ou orar, e o conscientizar-se de que é possível não ser pedra ... Quem sabe ... Mas é orar. Orar de verdade. Quem sabe... Quem sabe não se levanta e se torna homem, de carne; de osso, de coração: Gente. Pedra de Sísifo, não! Quem sabe ... (Arnaldo Santtos)

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA PARA REFLETIR -

n pedrojornalista@uol.com.br

“A política é a condução dos negócios públicos para proveito dos particulares.” (Ambrose

O pacto que não existiu

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astou o governador Renan Filho viajar aos Estados Unidos, em companhia do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, para que se criasse histórias mirabolantes sobre o que trataram os dois líderes políticos. A criatividade foi tanta que chegou a

se especular supostas conversas reservadas que os dois tiveram. Daí surgiu o inexistente “Pacto de Miami”, segundo o qual processo de sucessão alagoano foi decidido e fechado. Tudo conversa fiada. Tanto que até o momento nada foi definitivamente “assinado, anunciado ou firmado”.

Um capítulo a cada tempo

Arthur com Rui Palmeira

A sucessão alagoana ainda está caminhando para as decisões finais e nada está consolidado até o momento. O governador Renan Filho vai renunciar em 2 de abril? Vai, por enquanto. Essa questão está 99,9% definida. Porém resta esse tal de 1% que é improvável, mas não impossível. O caminho natural para ele é buscar um merecido mandato de senador, após conquistar, com mérito, o cacife de melhor governador dos últimos tempos, com realizações jamais vistas em todos os municípios e na capital.

O que queria Marcelo Victor

Ser governador por 30 dias, renunciar ao mandato com tempo para buscar a reeleição e emplacar o deputado Paulo Dantas na eleição indireta e também na reeleição. Abordou o governador e seus grupo político com essa ideia. Para esse passo, Renan Filho nunca deu conversa, nem considerou, não é de aceitar barganha, muito menos imposição. Rolou muita fofoca na imprensa e nas redes sociais, mas nunca pelo radar dos Calheiros.

O que quer Arthur Lira

O deputado Arthur Lira tem o seu elevado protagonismo pessoal no próximo pleito e ninguém pode negar. Terá força o lado que ele pender na disputa majoritária, mas não é decisivo. Quis, indicar o vice-governador na chapa encabeçada por Paulo Dantas, mas aí encontrou uma pedra em seu caminho. O governador não abriu mão da indicação e já tem nome de alguém tirado do seu entorno. Lira marca pressão e quer mostrar que tem bala no “bisaco”. A reunião em Brasília, com JHC, Rodrigo Cunha e Davi Filho, foi uma mostra de poder explícita. Quis deixar claro que tem mobilidade ampla, mas o encontro não foi para tratar de sucessão.

No desenho eleitoral alagoano não se deve excluir uma aliança de Arthur Lira em apoio à candidatura do ex-prefeito Rui Palmeira, muito bem avaliado nas últimas pesquisas. Pode se projetar uma frente ampla de oposição ao candidato do governo, com amplas chances de vitória. A inconteste liderança de Lira e suas sólidas bases eleitorais no interior dariam sustentação à preferência de Rui na capital, além de seu destino e vocação política, para vitória.

JHC com Rodrigo Cunha

Outro cenário a ser desvendado nos próximos dias tem foco no prefeito da capital, JHC, e o senador Rodrigo Cunha como candidato a governador. Já é pacifico que o alcaide não será candidato ao governo, por motivos óbvios e bastante claros. Restam algumas dúvidas: diante das composições, federações e arrumações, a legislação lhe permitirá pedir votos para Cunha sem infringir as regras eleitorais? Em podendo, terá capilaridade para transferir os votos suficientes para eleger seu candidato?

A vez de Rodrigo Cunha?

Candidato pela oposição ao governo do Estado, o senador Rodrigo Cunha, que já anunciou sua disposição em encarar a disputa, chega carregado de capilaridade eleitoral e a possibilidade real de ganhar a eleição. Traz na bagagem a liderança da última campanha (2018) quando obteve 314.312 votos apenas em Maceió e no total 895.738, em uma luta contra as maiores forças políticas do estado. Contra sua candidatura nada que atinja sua atuação política no quesito moralidade e legalidade. Apenas a insistência de alguns setores, que consideram seu mandato inexpressivo e aquém das expectativas, mas nada que um bom marketing não resolva. Precisa tratar de mostrar o que fez. Sozinho será uma aventura arriscada, mas com uma frente de apoio consistente, pode competir.

Todos querem, poucos podem

Sempre ouvi falar que quando o cara vira político perde a noção do ridículo e tenho visto essa comprovação frequentemente. Também mostra a história que uma candidatura a governador nunca deve ser pessoal, coisa que fatalmente levará ao fracasso, tem que ser construída naturalmente, pelo seu trabalho, liderança e protagonismo político. Aí está um quadro para se mostrar para as próximas eleições: alguns políticos se lançam candidatos apenas por suas vontades e vaidades excessivas, ou por “tempo de serviço”. Mostram a cara lisa, pagam pesquisas, compram notícias e passam a se julgar competitivos. Temos na disputa para o governo (ou não,) com capilaridade eleitoral o deputado Paulo Dantas, o ex-prefeito Rui Palmeira, o senador Rodrigo Cunha, o prefeito JHC e para por aí. O resto é tudo figuração, para tirar alguma vantagem. Pronto, falei.

PÍLULAS DO PEDRO O fantasma de Arthur Lira tem assustado praticamente todo o mundo político alagoano. Sabe-se que para onde for é peso pesado, medido e contado. Pesquisas mostram que a capilaridade de Rui Palmeira tem crescido a cada dia. O céu está de brigadeiro. Candidatura ou não de JHC tem deixado as arrumações políticas de bastidores travadas.


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Putin, a Ucrânia e o mundo: a grande mentira

ELIAS FRAGOSO n Economista

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mundo assiste atônito à invasão da Ucrânia pela Rússia que há duas semanas se incumbe de destruir uma nação que, para Putin, “pertence” ao círculo político dos soviéticos e, por isso, se acham no direito de reivindicar através da guerra que uma nação livre e democrática se submeta aos desígnios expansionistas do ditador russo. A imprensa mundial vem mostrando não apenas a invasão criminosa, como a diáspora que ela vem provocando no povo ucraniano, expulso de suas casas e de seu país sob o olhar beneplácito das gran-

des potências capitalistas que por décadas incentivaram a Ucrânia à aproximação com o mundo ocidental e que, rigorosamente, nada fizeram de relevante para impedir a chacina daquele país pelos russos (são vários os argumentos utilizados, até o perigo de uma guerra mundial. Se assim fosse Putin não teria avançado o sinal). Somente após o avanço criminoso da Rússia sobre a Ucrânia é que medidas retaliatórias no âmbito financeiro e em outras áreas foram tomadas e, parece, estão começando a surtir algum efeito colateral. Mas não se enganem: nenhuma delas, exceto a suspensão total do fornecimento do gás russo – que não vai acontecer – que representa 40% das suas exportações, poderia fazer com que Putin repensasse sua estratégia de tomar a Ucrânia, depor e provavelmente matar o presidente e, em seu lugar, colocar um títere qualquer para ser comandado por Moscou. Até o momento, se existe um vencedor nessa lamentável

situação, é Putin, que está obtendo os ganhos geopolíticos que estabeleceu sem que ninguém o impeça de verdade. As dificuldades internas do povo russo? Mais repressão e violência, propagandas mentirosas e censura. Daqui a um ano (ou menos), consolidada a tomada da Ucrânia, volta tudo ao que era antes, cada país de mansinho, sob as mais variadas desculpas, vai se reaproximar da Rússia para fazer negócios. Seus oligarcas – ladrões tão bilionários quanto iguais os do Brasil que ostentam e nada sofrem por essas bandas, bandalhas – voltarão a serem paparicados pelo “grand monde” global e pelos mega escritórios jurídicos e de lobby internacionais e pelas principais bolsas do mundo. Que, diga-se, não os abandonaram até hoje (operam por debaixo do pano para não ferir suscetibilidades nesse momento de restrições à Rússia e aos russos ladrões). Basta ver o volume de operações de cada uma delas. Se os rus-

sos tivessem saído de fato, o volume de capitais transacionado nas bolsas teria fatalmente caído. Não aconteceu. Portanto... É tudo um grande circo armado para que suas excrescências mundiais, presidentes de nações ocidentais, dos maiores bancos, das maiores bolsas de valores, das maiores consultorias, dos maiores escritórios de lobby e jurídicos, das maiores empresas globais, deem uma de bons moços e moças para o mundo (e aproveitem do momento para aumentar suas taxas de cobrança dos russos, que ninguém é de ferro). E para que os eternos “influencers” globais se fartem em mesas dos melhores restaurantes do mundo para bradarem gritos de guerra em prol da Ucrânia. É tudo mesmo uma grande farsa. No final só haverá dois grandes perdedores, a Ucrânia enquanto país e o povo ucraniano, abandonado à própria sorte, que vai se tornar mais um povo nômade no mundo. Infelizmente.

seu grande objetivo é entrar para a história como o líder russo responsável por restaurar o status de potência global perdido pela União Soviética com sua queda em 1991. E para isso vale qualquer coisa. O que sei sobre sua biografia me leva a acreditar que, além de ex-espião, Putin é um homem cruel. Em 2001, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, depois de uma reunião com Vladimir Putin, teria dito para um de seus assessores que olhava o líder russo nos olhos e podia “sentir sua alma”, o que lhe causava arrepios. No dia 24 de fevereiro, Putin ordenou a invasão da Ucrânia, após afirmar que jamais tomaria tal decisão. E foi além. Três dias depois, informou ao mundo que tinha colocado sua força nuclear estratégica em “alerta especial”. Pura e irresponsável ameaça. Quem tem uma fortuna estimada em bilhões de dólares, nunca apertará o botão do holocausto. Vai querer viver para aumentá-la

e gastá-la. Fala por maldade e para causar pânico. O que está na prioridade do russo é continuar com a guerra, destruir a Ucrânia e adjacências. Seu maior sonho é se tornar um segundo Stalin, capaz de levar a Rússia à condição de maior potência da terra ainda que tenha de matar pessoas, destruir países e violar leis internacionais. Com força bélica infinitamente maior, Putin invadiu a Ucrânia certo de que liquidaria a fatura em poucas horas. Não levou em conta os mais de mil anos do país agredido. Esqueceu que Kiev já era uma metrópole quando Moscou não passava de um vilarejo. E cometeu seu maior erro: não levou em conta o patriotismo do povo ucraniano, liderado por seu presidente Volodymyr Zelensky. Unidos, estão lutando bravamente em cada centímetro do seu chão. A cobertura jornalística da guerra mostra a extensão do horror vivido pela população ucraniana que a cada dia ganha apoio e solidariedade até

mesmo do povo russo, que protesta nas ruas contra a atitude insana de Putin. Nesse meio tempo, a Otan, correndo por fora, entrou no cenário da guerra com outras armas. Não podendo derrubar aviões caiu em cima da economia russa. E o efeito veio rápido. Sem dinheiro até a guerra anda devagar. Isso deixou Putin, putin da vida. Ainda agora ele esperneia e faz ameaças, mas não adianta: hoje ele não consegue pagar uma dose de vodka com seu cartão de crédito. Essa reviravolta possibilitou nova rodada de conversas que objetivam o fim das hostilidades para dar uma oportunidade de vida à população civil. Mas nem isso avança. Putin é ruim de caráter, humanidade e palavra. Enquanto isso, Zelensky cresce diante de seus compatriotas e do mundo que reza e torce pela sua vitória. Se ela não vier, pode encorajar outros líderes autoritários, como diz o grande professor Yuval Harari. E aí, como sabemos, não é

Guerra e paz

NELSON FERREIRA n Jornalista

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unca gostei do Putin, a começar pelo nome. Se o leitor olhar bem para ele, vai notar que o presidente da Rússia olha de baixo para cima, um sinal típico de quem não merece confiança. Foi Boris Iéltsin, primeiro presidente da Rússia após o fim da União Soviética, que promoveu Putin de chefe de segurança a primeiro-ministro e depois presidente. Ainda assim, o apadrinhado tratou de livrar-se rapidamente do padrinho tão logo tomou o poder. Mostrou o caráter que tem. Sou dos que acreditam que

Seus oligarcas – ladrões tão bilionários quanto iguais os do Brasil que ostentam e nada sofrem por essas bandas, bandalhas – voltarão a serem paparicados pelo “grand monde” global e pelos mega escritórios jurídicos e de lobby internacionais e pelas principais bolsas do mundo.

A cobertura jornalística da guerra mostra a extensão do horror vivido pela população ucraniana que a cada dia ganha apoio e solidariedade até mesmo do povo russo, que protesta nas ruas contra a atitude insana de Putin.


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Neutralidade e equilíbrio

CLÁUDIO VIEIRA

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n Advogado e escritor

guerra da Ucrânia, que Putin diz não ser guerra, mas operação militar, e proibiu os russos de dizerem outra coisa, Bolsonaro declarou o Brasil neutro. Como soe acontecer o pressuroso presidente foi corrigido por seu chanceler, explicando que a neutralidade do presidente significaria equilíbrio. Por que a correção do diplomata? Neutralidade em política internacional seria a posição ausente

de uma nação em relação ao conflito de dois outros países, ou seja, não tenho nada a ver com isso e eles lá que se entendam. Alguém deveria ter explicado ao presidente que no caso atual, quando há um agressor a provocar uma guerra, postar-se neutro significa apoiar o invasor, uma vez que a invasão de um país soberano por outro contraria os cânones atuais de civilidade e da política internacional. Certamente consciente dessa gafe presidencial, o ministério das relações exteriores procurou de logo minimizar o erro de Bolsonaro, e falou que ele pretendera dizer EQUILÍBRIO, método de política internacional observado pela diplomacia moderna, que consiste em equilibrar as forças dos países, de modo que a balança política não penda para um ou para outro. Nesse contexto, o Brasil não estaria

neutro, pois não apoiaria a invasão russa. Adotaria posição equilibrada, discordando de métodos que ensejassem o desrespeito à soberania de uma outra nação, criticando-os ou até condenando-os, como ocorreu com a Suíça, tradicionalmente neutra entre as nações, que não se esquivou de contestar as atitudes do agressor, no conflito em curso, inclusive adotando restrições à Rússia no SWIFT, o acordo de intercâmbio entre bancos. Talvez, em vista dessa correção da diplomacia brasileira, o governo tenha afinal enviado aeronave militar a Varsóvia, não só para repatriar brasileiros, mas também levando donativos para a sofrida Ucrânia. Aliás, a repatriação de brasileiros do cenário da guerra foi em si um parto laborioso. Não sei se todos se lembram dos fatos recentes, quan-

do Bolsonaro declarou que nada podia fazer pelos brasileiros que estavam no país invadido. Logo depois, percebendo a maldade que, como presidente, perpetrava contra seu próprio povo, mandou avisar que os nacionais fugissem para a Polônia, donde seriam expatriados. Claro que deslocar-se em um país em guerra, sendo invadido e sob ataques militares, não é tarefa fácil. Alguém são deve ter alertado o mandatário brasileiro, que corrigiu o rumo de suas atitudes inquietantes e orientou a nossa embaixada em Kiev a providenciar transportes para quem quisesse retornar ao Brasil, levando-os à fronteira da Polônia ou de algum outro país fronteiriço. De lá seriam trazidos à Pátria Amada. Mais uma vez, conclui-se que as atitudes benéficas de Bolsonaro devem ser extraídas a fórceps.

Talvez, em vista dessa correção da diplomacia brasileira, o governo tenha afinal enviado aeronave militar a Varsóvia, não só para repatriar brasileiros, mas também levando donativos para a sofrida Ucrânia. Aliás, a repatriação de brasileiros do cenário da guerra foi em si um parto laborioso.

A força da mulher

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

N

este 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Desde criança vejo o preconceito sofrido por ela no Brasil e, principalmente, no Nordeste. A luta é grande, mas nós, filhas de Eva, vamos insistindo para conquistar e registrar nosso espaço. O primeiro grande fracasso tem sido na política, onde as mulheres não ocupam as vagas a que têm direito no processo eleitoral. Tomemos por exemplo a Assembleia Legislativa de Alagoas e a Câmara Municipal de Maceió; por lá existem mais homens, bem mais, e houve época em que no Legislativo estadual não havia nenhuma representante do sexo feminino. Lembro-me de um momento em que Heloísa Helena era de-

putada estadual e escutei vários parlamentares tramando afastá-la para aprovarem um projeto de interesse do governo. Um deles dizia: “Vamos mandá-la para uma representação fora do estado e aprovaremos a matéria”. E riam! Assim foi feito e, ao voltar, a deputada ficou indignada. Coisas da Assembleia! Em várias profissões a mulher não conseguiu ser maioria, mas em outras, como Psicologia e Medicina, aparece um número satisfatório de Evas. Um fato que me intriga: Alagoas nunca teve uma governadora, mas Maceió já teve prefeita. Está na hora de colocar a Jó Pereira como candidata. A maioria a quer como vice. Não a conheço, mas acompanho seu trabalho e da família desde o tempo do pai dela. São políticos dedicados, aumentando a área de atuação política, conquistando novos eleitores. No sindicalismo há muitas mulheres batalhadoras. Conheço algumas, entretanto não vou citar nomes para não cometer injustiças. Desde quando fui dirigente sindical, convivi com um número considerável delas, representantes de classes trabalhadoras. Na Justiça, também, há mais homens. Destacam-se algumas juízas, promotoras, mas só há uma desembargadora. Outro dia, tive uma experiên-

cia de força negativa com uma juíza. Tinha raiva de mim porque me desentendi com um desembargador, seu marido, e me condenou sem me ouvir. Poucos dias depois, mostrou um documento a uma amiga comum e disse: “Eis porque condenei Alari; ela foi processada por meu marido”. Quer dizer: o fato não era objeto do caso. Rezo todos os dias para que ela caia na real e não condene uma idosa por ter raiva dela. É bom lembrar que o desembargador, já falecido, retirou a queixa quando entendeu a injustiça que seria cometida. Em Alagoas temos muitas médicas maravilhosas. São criaturas abençoadas por Deus que se destacam na profissão e tratam bem seus clientes. Minha homenagem a todas as médicas através de Eleusa e Estela (in memorian). Foram médicas de meu tempo, competentes e gentis. Gostaria de lembrar Nise da Silveira, psiquiatra alagoana, famosa pelo tratamento diferenciado, pioneiro, adotado em pacientes no Rio, ainda capital do país, antes dos anos 60. Engenheiras, arquitetas, economistas, administradoras, comerciantes e executivas, são mulheres ainda lutando com uma maioria de homens. Resistem bravamente e conseguem realizar bons trabalhos. Se formos falar nas donas de casa, aquelas optantes em tomar

conta dos filhos e administrar o lar, enquanto os pais trabalham fora, encontraremos um número bem reduzido. Quando morei na Vila Militar de Garanhuns (PE), em 1978, era a única mulher que trabalhava fora de casa. Estava à disposição da Febem onde adquiri vasta experiência na área social. Recebia muitas críticas por deixar meus filhos adolescentes com as secretárias no segundo horário. Hoje o panorama é outro: a maioria das mães exerce uma profissão. Não conseguimos ainda a tão sonhada liberdade. Alguns acham que é competir com os homens. Esquecem que a mulher exerce o duplo papel de dona de casa e de outra profissão. Se um filho adoece, corre logo a mãe; se acontece algo para resolver, corre a mulher. E as mães que criaram sós seus filhos, fruto de irresponsáveis pais que abandonaram a família? Conheci mães solteiras, viúvas, separadas. O mais interessante foi uma professora de Brasília que resolveu fazer uma produção independente. Teve um filho com um jornalista casado e criou o garoto sozinha. Continuou brilhando profissionalmente. As mulheres do momento atual ganharam um bom espaço e, com o passar do tempo, serão bem mais ativas. Viva a Mulher com sua força!

As mulheres do momento atual ganharam um bom espaço e, com o passar do tempo, serão bem mais ativas. Viva a Mulher com sua força!


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Desigualdade

GERALDO MAGELA PIRAUÁ n Escritor e cronista

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ara a compreensão humana em seus múltiplos aspectos encontrei, no autor russo Dostoiévski, a angústia em seu sentido mais profundo. O personagem Raskólnikov, em Crime e Castigo, personagem central, revelando uma natureza humana excêntrica, matando a machadada a agiota, uma senhora idosa e avarenta, exibindo o conflito existencial, a intensa dor e a contradição humana. Em os Miseráveis, de Vítor Hugo, romance denso, forte, clássico da literatura universal, aí temos, em cores vivas, as injustiças, as desigualdades, a

dicotomia entre o bem e o mal, em seu sentido mais amplo e no significado mais profundo. Em Vidas Secas, clássico do alagoano Graciliano Ramos, observa-se com clareza solar o drama forte da desigualdade social, razão maior do sofrimento da família que, sofrendo as intempéries do clima, vê-se abandonada à própria sorte. Itamar Vieira Júnior, ganhador do Prêmio Jabuti, em Torto Arado, abordando o tema da desigualdade social no meio rural, traz à tona o sofrimento de pessoas simples que, não tendo oportunidades, permanecem oprimidas e infelizes, lutando, elas mesmas, para uma sociedade menos injusta. Em A Revolução dos Bichos, o autor George Orwell, nascido na Índia, educado em escolas de elite, tendo lutado na guerra civil espanhola, descreve de forma genial, nesse pequeno opúsculo, essa fábula, publicada em 1949, em crítica ao socialismo, a tentativa dos bichos em, expulsando os homens, estabelecerem uma sociedade de iguais. Uma sátira ao meu ver, ainda atual. Como corrigir tanta desigualdade? Por que os seres hu-

manos são desiguais? O poeta americano Walt Whitman, em versos memoráveis, em busca da explicação do conflito da existência humana, assim escreve, sobre os animais: “Nenhum deles é insatisfeito, nenhum / enlouquecido pela mania de possuir coisas, / Nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que / viveram há milhares de anos, / Nenhum deles é respeitável ou infeliz em todo / mundo.” Por que tanta desigualdade e infelicidade? Por que as oportunidades não surgem para todos? Por que tanto sofrimento? Por que as guerras? Por que tanta fome? Por que, enfim, tanta desigualdade? Por que países ricos e pobres? Por que tanta desigualdade entre os seres humanos? Só percebi isso já adulto. No meu mundo da infância não percebia e não sentia desigualdade. No ambiente universitário, absorvido nos estudos e no contacto saudável e muito jovem, também não pude percebe-lo. Só um pouco mais tarde, já casado e nos embates da vida, pude observar a existência de estamentos sociais,

a importância, a influência e a efetiva desigualdade existente. Observei a existência do maniqueísmo e comecei a perceber a maldade do homem e o seu mais expressivo egoísmo. Por que, diante de tanta riqueza produzida, existe fome e analfabetismo? Por que ainda há pessoas morando em barracos? Por que ainda existem pessoas drogadas e morando nas ruas? Nós, seres humanos, ainda produzimos guerras entre nações, em que pese as guerras particulares. Será que o ser humano tem jeito? Às vezes imagino que sempre conviverá com isso. Assim sempre foi e sempre será. As guerras sempre existiram. A fome sempre acompanhou a humanidade. As desigualdades atravessaram os séculos. A maldade humana sempre presente. Por outro lado, o homem sempre buscará a paz, almejará a igualdade, sempre regrará seu comportamento pela lei, pelos valores morais e crenças religiosas. Assim sempre será. O mundo sempre viverá esse embate, lamentavelmente.

Será que o ser humano tem jeito? Às vezes imagino que sempre conviverá com isso. Assim sempre foi e sempre será. As guerras sempre existiram. A fome sempre acompanhou a humanidade. As desigualdades atravessaram os séculos. A maldade humana sempre presente.


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SAÚDE

Cigarro eletrônico: vapor proibido e que pode matar

Pneumologista da Santa Casa de Maceió alerta sobre os riscos dos dispositivos muito utilizados por jovens

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em fumaça, só vapor. Cheirinho de melancia, tutti frutti, maracujá ou tradicional. Também não contam com compostos químicos como alcatrão e monóxido de carbono. Mas, assim como os convencionais, os cigarros eletrônicos (vapes) contêm doses de nicotina e podem estar ligados ao aumento de problemas ou complicações cardiopulmonares entre os mais jovens. Muito se fala sobre a ajuda que esses dispositivos podem dar a quem quer parar de fumar. Mas, segundo a pneumologista da Santa Casa de Maceió, Miriã Silva, não há nenhum trabalho que comprove o auxílio na cessação do tabagismo. “Pelo contrário, acontece de muitas vezes o cigarro eletrônico estimular quem nunca fumou a começar a fumar pela falsa sensação de ter um produto que não seria tóxico”. “Dentro dele é colocado um líquido concentrado de nicotina, que é aquecido por uma bateria e depois inalado. Além de nicotina, ele também possui solventes como a água, propileno glicol, glicerina. Esse líquido ainda pode incluir metais pesados (chumbo e cromo), bem como aromatizantes para dar sabor. Qual é a questão? Não temos a descrição exata dos componentes que envolvem a produção desses dispositivos, pois são feitos em outros países com legislações diferentes, e muitos dos componentes são tóxicos e causam câncer”, acrescenta. DOENÇAS Pulmão de Pipoca, nome popular dado à bronquiolite obliterante, é uma condição onde os bronquíolos são danificados e inflamam devido a inalação excessiva de produtos quími-

cos. Os usuários dos dispositivos eletrônicos também podem ter EVALI, doença pulmonar relacionada ao uso do cigarro eletrônico descoberta em 2019 por conta de um surto de síndrome gripal que evoluiu para insuficiência respiratória em jovens americanos. Estudos ainda mostram que os danos causados pelo uso dos cigarros eletrônicos podem afetar a pele ou mucosa da boca: dermatite de contato, queimaduras térmicas e lesões da mucosa oral, como estomatite, são condições constantemente associadas ao uso dos cigarros eletrônicos. “O uso desses dispositivos por parte dos jovens é preocupante. Eles são mais suscetíveis à dependência química do que os adultos e ainda vemos um uso indiscriminado e sem consciência dos males que o cigarro eletrônico pode trazer. Não há tratamento específico quando o agente causador é o vape. Cada doença é tratada seguindo as diretrizes que já existem, como no caso da DPOC e do câncer. No caso da EVALI, o tratamento é muito mais de suporte. É importante termos campanhas informando nas escolas sobre os perigos do produto e ter maior controle sobre as vendas, já que são proibidas”, finaliza a especialista.

Pneumologista Miriã Silva alerta para riscos do cigarro eletrônico

ALERTA A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa: RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009. Essa decisão se baseou no princípio da precaução, devido à inexistência de dados científicos que comprovassem as alegações atribuídas a esses produtos.


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CAPACITAÇÃO EDVAN FERREIRA

Cursos gratuitos do Município pretendem melhorar dia a dia do servidor

Para 2022, Escola de Governo prevê cursos e palestras para qualificar funcionalismo ASSESSORIA

O

s pouco mais de 13 mil servidores públicos municipais da capital terão à disposição para 2022 cursos capacitadores de modo mais fácil e útil para seu dia a dia. A promoção é da Escola de Governo do Município de Maceió. Gestão de Pessoas em Gestão Pública, Português e Informática estão entre os cursos à disposição do funcionalismo de forma gratuita. Segundo a diretora da Escola de Governo, Juliana Ivo, um novo formato de contratação junto às empresas prestadoras de serviços facilitará a aquisição de cursos que possam, de fato, capacitar o servidor e otimizar a produtividade em seu cotidiano. “Estamos investindo para capacitar o servidor e melhorar o dia a dia dele, que, por tabela, qualifica o serviço prestado pelo Município. O cidadão

sente na ponta quando o servidor está bem treinado, bem capacitado. Faz muita diferença”, conta a diretora. A meta da Escola de Governo é promover os três cursos em dois meses. “Estamos planejando novos temas, que impactem diretamente na atuação desde a liderança até o atendimento ao público, a exemplo do curso de Gestão de Pessoas em Gestão Pública. Ele é voltado para cargos de direção como diretores, coordenadores, superintendentes e até secretários”, diz Juliana. “Muitos recebem a missão de gerir equipes e não tem tal experiência. Este tipo de curso pode dar um norte aos gestores”, exemplifica. Nossa programação para 2022 segue sendo formulada”, emendou a diretora da Escola de Governo do Município. “Este quadro de cursos é desenhado em acordo com o que o servidor mais necessita”, conclui.

BEM ME CUIDO Dentro deste pensamento sob demanda, Juliana Ivo apresenta palestras de peso para o mês da Mulher e para os meses seguintes. Nomes como a advogada Gabrieli Prioli, a coach Larissa Bruschinelli e a médica oncologista Cecília Arantes vão compartilhar seu conhecimento em palestras motivadoras e instrutivas. Quem abre este ciclo de palestra é Gabrieli Prioli. A professora universitária e apresentadora televisiva é famosa por seus comentários ácidos e pontuais a respeito do cenário político nacional e mundial. Dia 31 de março, Prioli fala sobre o Protagonismo Feminino para as servidoras da capital. Mas já a partir desta segunda-feira, 14, até a sexta, 18, das 8h às 11h30, a sede da Escola de Governo vai se transformar num verdadeiro

centro de exaltação da beleza feminina. É o Bem Me Cuido Bem me Quero! Juliana Ivo conta que corte de cabelo e escova estão garantidos para as meninas. Um curso de auto maquiagem, revitalização facial e design de sobrancelha também estão na programação. Tudo de forma gratuita e exclusivo para as servidoras do Município de Maceió. Em abril, a influencer Larissa Bruschinelli traz uma proposta de transformação de vida para quem a assiste. A coach corre o país com a palestra ‘O Recomeço: Mulher forte, empreendedora e inspiradora’ e estará na Escola de Governo do Município com datas ainda a serem definidos. Outra palestra confirmada é da oncologista Cecília Arantes. Ela estará na Secretaria Municipal de Saúde, com data também a ser confirmada, para reforçar os cuidados preventivos contra o câncer de mama.


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ECONOMIAEM PAUTA MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL]

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com RENATO ARAÚJO/AGÊNCIA BRASIL]

Prejuízo Cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) apontam que a redução de 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pode custar até R$ 19,1 bilhões anualmente, nos termos do decreto do presidente Jair Bolsonaro. Em Alagoas, segundo cálculos feitos pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), as perdas podem chegar a R$ 355,1 milhões aos municípios entre 2022 e 2024.

Fim do Uber Eats

Combustíveis

A Uber encerrou esta semana seus serviços de entrega de restaurantes no Brasil, o Uber Eats. A notícia já havia sido anunciada em janeiro deste ano por meio de um comunicado para a imprensa. A partir de agora, a empresa deve focar apenas em delivery de compras de supermercados e lojas especializadas, como comércios de bebidas, por exemplo. A decisão foi tomada com base na competição com o rival iFood, que atualmente lidera o mercado nacional de delivery.

DIVULGAÇÃO

Imposto de renda

C

om a diminuição do prazo para declarar o Imposto de Renda este ano, muitos tentaram realizar logo o procedimento nas primeiras horas do último dia 7, mas se depararam com uma mensagem de aviso ao tentar acessar o método de declaração pré-preenchida. Acontece que o modelo só estará disponível no dia 15 deste mês, que é quando termina o prazo para o envio automático dos últimos informes de rendimentos por parte das empresas.

GERALDO FALCÃO/AGÊNCIA PETROBRAS

A disparada do preço internacional de petróleo com o aumento da tensão da guerra da Rússia contra a Ucrânia levou o governo federal a começar a discutir o congelamento temporário do preço dos combustíveis pela Petrobras. O custo de não repassar a alta do petróleo no mercado internacional seria bancado pela estatal e, em última instância, pelos seus acionistas.


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FERNANDO CALMON IPI menor pode abrir espaço para reforma tributária

A

s vendas nas concessionárias em fevereiro cresceram apenas 2,2% em relação a janeiro, mas o primeiro bimestre deste ano foi fraco, com queda de 24,4% sobre o mesmo período de 2021. O ritmo de vendas diárias no mês passado permaneceu baixo, apenas 6.500 unidades. A tendência era de recuperação, mas as notícias de redução das alíquotas do IPI na última semana de fevereiro levaram ao adiamento das decisões de compra. Este mês o mercado começou a reagir. De 1º a 7 de março foram comercializadas em média 8.700 unidades/dia. Se subir para o nível de 10.000/dia neste e nos próximos meses, 2022 será um ano bastante razoável. Anfavea indica que há dois movimentos: um positivo (IPI menor) e outro negativo (invasão da Ucrânia pela Rússia). Há possibilidade de cerca de 80.000 veículos nos estoques das concessionárias serem refaturados para incluir o desconto do IPI. A associação dos fabricantes afirma que os preços são livres e, portanto, cada empresa decidirá o grau de repasse do imposto menor. Em outros termos, pode ser integral, parcial ou nenhum. Mesmo que os carros não caiam de preço nominalmente, os aumentos talvez sigam em ritmo menor. Essa torna-se uma discussão sem grande sentido. Em primeiro lugar porque, feitos os cálculos, a redução limita-se a percentuais bem baixos. Dependendo

de como cada modelo se enquadra a partir de cilindrada, motor a gasolina, flex ou diesel, picape leve ou média, furgões e híbridos ou elétricos o impacto potencial no preço final varia de menos 1,4% a menos 4,1%. O percentual maior só é aplicável em modelos mais caros que representam cerca de 2% do mercado. Assim, fica difícil de saber o que realmente foi ou não repassado, mesmo parcialmente, em um cenário de persistentes aumentos de custos. A Kia, por exemplo, divulgou uma nova tabela de preços com reduções de até 3,7%. Trata-se, porém, de uma importadora com outros custos envolvidos, como a variação do dólar. A redução do IPI tem um aspecto positivo e importante. Trata-se de um raríssimo movimento de diminuição permanente, porém pequeno, da carga fiscal. No passado, houve corte não definitivo das alíquotas. Os preços caiam, compradores antecipavam compras. Depois o imposto voltava a subir e o mercado afundava. Um movimento de vai-e-vem que se provou contraproducente para o planejamento e a geração firme de empregos. O que se espera agora é o início de uma reforma tributária verdadeira e criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), existente em outros países. O sistema atual gera créditos tributários nas exportações que se acumulam sem serem restituídos.

n JORNALISTA

ALTA RODA n RENAULT deu um passo importante para atualizar sua linha de produtos no Brasil. Vai estrear a arquitetura CMF-B, a mesma do Clio hatch europeu. Trata-se de um SUV compacto em estágio avançado de desenvolvimento (projeto HJF para início de 2024) e não tem até agora um modelo correspondente na Europa. Estreará também o motor 1-litro turbo flex, triclindro, que na Europa desenvolve 100 cv/16,3 kgf.m e inclui opção de câmbio automático CVT. Aqui potência e torque deverão ser até 20% maiores, em especial com etanol. n STELLANTIS acredita que o mercado brasileiro de veículos deverá crescer este ano, apesar do começo de ano difícil. Antonio Filosa, presidente do grupo na América do Sul, planeja 16 novos modelos e 28 reestilizações na região até 2025, inclusive mais uma marca importada do grupo. Haverá ainda sete elétricos e híbridos plugáveis, começando pelo Compass 4xe S importado da Itália (240 cv). Um híbrido leve será fabricado em Betim (MG) com motor flex. Picape média Ram (monobloco, como a Toro, porém maior) está nos planos para produção local na faixa de Hilux, S10, Ranger, Frontier, L200 Triton e Amarok.

n PICAPE média de cabine dupla pode atender uma ampla gama de usuários. A Ford enxergou públicos específicos ao oferecer a sexta opção entre os modelos com tração 4x4. Ranger FX4 custa (já com o repasse do novo IPI) R$ 288.990, o mesmo preço da versão XLT. Foi identificado um perfil de comprador focado no fora de estrada, porém mais exigente em requinte e recursos. Como acessório há um snorkel na coluna dianteira direita (mais segurança em superação de alagados até 80 cm). “Santantônio” novo, mais parrudo, tem pontos para amarração de equipamentos. Na caçamba é possível incluir caixas organizadoras com chave e volume de 42 litros cada. n NOVA estratégia mundial da VW, batizada de Accelerate, enfatiza a digitalização de processos produtivos e dos veículos, além de ampliação da meta para vender 70% de modelos 100% elétricos na Europa (antes previa 35%), 50% na China e nos EUA até 2030. Também pretende impulsionar a condução autônoma a partir de 2026, começando no nível 2,5 até chegar ao nível 4 (avançado). Para isso construirá uma fábrica inteiramente nova em Wolfsburg (projeto Trinity). Exigirá investimento de 2 bilhões de euros (R$ 11 bilhões), simplificando sua gama de modelos e versões.


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NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS

PREFEITURA DE COQUEIRO SECO E IPHAN ENTREGAM REFORMA DE IGREJA SÍMBOLO DA CIDADE

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reforma da Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens, localizada em Coqueiro Seco, símbolo da cidade que mobiliza afetivamente a população, foi entregue esta semana após ampla restauração coordenada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Prefeitura de Coqueiro Seco. A intervenção, fruto de parceria do município com a autarquia ligada ao Ministério do Turismo, se desdobrou em três etapas e recebeu um investimento de aproximadamente R$ 2,9 milhões. “Um momento muito esperado por todos os coqueirenses e de grande alegria e emoção que

confirma que Coqueiro Seco está avançando no caminho certo”, afirmou a prefeita Maria Decele Damaso de Almeida ao lado de autoridades locais no momento de cortar a fita de inauguração. Com investimentos de R$ 506 mil apenas na última etapa, foram recuperados elementos artísticos que compõem o acervo da igreja, como o conjunto de altares laterais e colaterais, tribunas, coro e azulejos portugueses do século XIX. O evento também contou com a presença do ministro Gilson Machado Melo, do deputado federal Marx Beltrão, do deputado estadual Ricardo Nezinho, do senador Fernando Collor e da presidente do Iphan, Larissa Peixoto.


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ABCDOINTERIOR Conflitos com mineradora

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inistério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública que trabalham em defesa do cidadão brasileiro estão envolvidos no conflito que mobiliza famílias da zona rural de Craíbas – município do Agreste alagoano – contra a Mineradora Vale Verde (MVV), empresa que extrai minério de ferro e cobre na localidade conhecida como Serrote, nome

Agora vai

No portal eletrônico do MPE Alagoas consta o procedimento preparatório número 06.2022.000000082-7, instaurado em 14 de fevereiro para apurar eventuais danos ambientais e o “temor da população quanto ao vivenciamento de uma Nova Brumadinho e rachaduras nas residências de moradores”, problemas que seriam decorrentes das atividades da Vale Verde em Craíbas. No mesmo documento, de acesso livre, o Ministério Público Federal – por meio de sua representação em Arapiraca – consta como parte do processo que está dependendo de decisão do Conselho Superior do MPE Alagoas. O órgão colegiado analisa se é atribuição do Ministério Estadual agir na questão relacionada ao uso do solo ou se a questão seria exclusiva do MPF.

Defensoria Pública

Além do procedimento que tramita no Ministério Público de Alagoas, a questão também está sendo tratada no âmbito da Defensoria Pública do Estado. Uma comitiva de moradores de Craíbas esteve na sede da DP no último dia 25 e foi recebida por comissão formada pelos defensores públicos André Chalub, Marcos Freire, Fabiana Pádua e Bruna Cavalcante, esta na condição de titular do Núcleo de Tutela Cidadã. (Com informações de Fernando Vinicius)

Aposta de Renan

Aos 23 anos, Lucas Macedo – presidente da Juventude do MDB de Arapiraca e filho do secretário de Articulação Política da Prefeitura de Arapiraca, José de Macedo –, é a aposta do senador Renan Calheiros para a Casa de Tavares Bastos. Lucas se filiou ao MDB com apenas 18 anos e desde então sempre esteve engajado na política partidária ao lado do pai, um dos fundadores do partido em Arapiraca. O detalhe é que o jovem emedebista sempre esteve acompanhando o pai que foi, inclusive, vereador de Arapiraca.

n robertobaiabarros@hotmail.com

que identifica a mina onde a exploração estaria causando danos materiais e psicológicos aos moradores. As denúncias amplamente divulgadas na imprensa, principalmente após a realização de protestos no povoado Lagoa do Mel durante o mês passado, constam em procedimento preparatório instaurado no Ministério Público Estadual (MPE) por meio da 11ª Promotoria de Justiça de Arapiraca, cujo responsável é o promotor Celso Teles.

Família atuante

Em entrevista ao site Já é notícia, Lucas afirmou que foi criado dentro da política, uma vez que a família Macedo sempre foi muito atuante. “Meu avô gostava do meio político, sempre foi um emedebista muito ativo e seus filhos seguiram o exemplo. Foi o caso do meu tio Noel Macedo,que faleceu em decorrência da covid-19 e hoje dá nome à UPA de Arapiraca. Era um grande articulador político”, disse o jovem, para destacar que o pai, José de Macedo Ferreira, está há mais de quinze gestões como presidente do MDB Arapiraca. “Em 2023 ela completa 50 anos de filiação partidária”, completou.

Nome formalizado

Em tempo: o nome de Lucas Macedo como pré-candidato a deputado estadual foi formalizado durante convenção do diretório do MDB Arapiraca na última segunda-feira, 7.

E que rasteira hein?!

De “besta”, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, não tem absolutamente nada. Lira, que é filho do experiente ex-senador Biu de Lira – atual prefeito da Barra de São Miguel –, passou uma rasteira no presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), Marcelo Victor (SDD), que estava mostrando enorme interesse em fazer uma aliança com o governador Renan Filho (MDB).

Causou rebuliço

Para se ter ideia de como funciona os bastidores da política, Arthur Lira (Progressistas) usou o peso do cargo de presidente da Câmara Federal para tirar de Victor o comando do União Brasil (UB) em Alagoas. Com sua atitude, o filho do Biu causou um grande rebuliço em Alagoas. Simplesmente pelo fato de Marcelo Victor ter dado garantia à metade da atual legis-latura de que a chapa que ele formaria garantiria a reeleição de todos aqueles que atendessem o seu chamado.

Ledo engano

Com muita astúcia, Lira destronou o presidente da Casa de Tavares Bastos, que está até agora sem saber o que fazer e como sair dos trilhos sem ser atropelado pelo trem que tem Arthur como maquinista e um destino certo: eleições para o governo de Alagoas. A boca miúda, fala-se que Marcelo já se sentia com o pé dentro do Palácio República dos Palmares. No entanto, com apenas uma movimentação, Lira conseguiu tirar do trono o deputado esta-dual que já mantinha “status de governador”.

I Festival de Cinema

A produção audiovisual arapiraquense vem se profissionalizando cada vez mais e tem levado Arapiraca e Alagoas aos principais festivais de cinema brasileiros. Agora é a vez da capital do Agreste realizar seu I Festival de Cinema, que está com inscrições abertas até o dia 16 de abril. Os filmes poderão concorrer nas três mostras temáticas: Mostra Brasil, Mostra Nordeste e a IV Mostra Navi de Cinema de Formação, que pela primeira vez será competitiva.

PELO INTERIOR ... O pré-candidato à Câmara Federal Daniel Barbosa desmentiu informações de blogs de notícias de que estaria negociando a vaga de vice-governador numa suposta chapa do ex-prefeito da capital, Rui Palmeira (PSD). ... Porém, não revelou em qual partido pretende estar nas eleições deste ano. Por não ter mandato eletivo, Daniel pode escolher sua legenda até seis meses antes das eleições. ... De acordo com o arapiraquense, ele tem conversado com diversos atores políticos sobre chapas proporcionais e afirmou que será candidato à Câmara Federal. Ainda de acordo com Barbosa, o município de Arapiraca precisa de um representante que lute pela região. ... Na segunda-feira, 7, aconteceu em Maceió a convenção estadual do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sem a presença de Daniel Barbosa e do prefeito Luciano Barbosa, ambos filiado ao partido. A ausência de Barbosa chama atenção pela importância do colégio eleitoral que gere e pode indicar rusgas na relação com Calheiros. ... A ex-prefeita de Traipu Maria da Conceição Teixeira Tavares foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), em 1ª instância, e teve decretada a perda dos seus direitos políticos entre outras punições. A ex-gestora recorreu da ação, mas permanece inelegível. Pelo período de cinco anos, ela não pode ser candidata e nem mesmo votar nas eleições. ... A inelegibilidade é uma das penalidades de Conceição Tavares em processo ajuizado em 2016 na comarca de Traipu, em que a ex-prefeita foi condenada pela contratação irregular de artistas para apresentações em eventos promovidos pela prefeitura no ano de 2013. ... Duas empresas, Erica Barbosa de Melo Vilalobos Produções ME e F. de M. Costa Produções e Eventos, também foram condenadas pelo juiz Rômulo Vasconcelos de Albuquerque, em decisão divulgada em 31 de outubro de 2019. ...Além do impedimento de participar das eleições, a ex-prefeita também foi proibida de contratar, receber benefícios, incentivos fiscais ou creditícios do Poder Público, e também condenada ao ressarcimento integral do dano e pagamento de multa, junto com as duas empresas julgadas. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana. Até a próxima edição!


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LIXO COMBUSTÍVEL

ALAGOAS VAI RECEBER PRIMEIRA USINA DE ENERGIA DE BIOGÁS

Gás metano será transformado em energia limpa; inauguração acontece dia 17 de março

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empresa Alagoas Ambiental, responsável pela Central de Tratamento de Resíduos (CTR) localizada no município do Pilar, em Alagoas, se encaixa bem na discrição do ditado popular segundo o qual “tudo que vai volta”. Além da central receber os resíduos, eles são tratados, ganham vida, a exemplo do chorume – o suco do lixo – que após processado vira água, praticamente destilada. As transformações e devolução dos resíduos para a cadeia produtiva são os mais variados. Prova disso é que, no próximo dia 17, a empresa lança a primeira usina de energia de biogás de Alagoas, que vai transformar o gás metano em energia limpa. Genuinamente alagoana, a Alagoas Ambiental, que possui estruturas na cidade do Pilar, Craíbas, São Luiz do Maranhão, e logo aporta em Delmiro Gouveia, aposta em seu novo empreendimento. O espaço e

equipamentos da usina estão praticamente prontos para operar. O motor gerador irá usar esse gás tratado do aterro como combustível que vai gerar energia para a rede da Equatorial e com isso consegue comercializar esta energia através de consórcio de clientes. O motor tem capacidade de, se fosse para fornecer para consumo doméstico, atender de cinco a seis mil residências, mas vai ser direcionado a empresas. A vantagem é que o cliente terá desconto de 10% a 12% na compra sem qualquer investimento, além do que irá usar energia limpa. De princípio, o foco é para baixa tensão e pequena parcela de média tensão. “Dia 17 esperamos as pessoas para conhecer um pouco do nosso trabalho, o que temos para oferecer”, convidou o engenheiro Marnes Gomes, gerente operacional da Alagoas Ambiental. A CTR começou operar em 2015 e com perspectiva de

mais de 20 anos de produção. Diariamente, a central recebe cerca de 800 toneladas de resíduos oriundos de 43 municípios alagoanos e de alguns clientes privados. “Sentimos orgulho do avanço que conseguimos. Nossa busca é constante pelo tratamento diferenciado dos resíduos, pois não é só enterrar e sim oferecer o tratamento correto. O trabalho é contínuo, sempre inovando”, avaliou Marnes Gomes. A educação ambiental é preocupação da empresa que busca desmistificar a ideia de lixão. O espaço agrega valores, é uma central de tratamento de resíduos. E neste ambiente tem espaço ainda para o tanque com peixes saltitantes que até parece que estão saudando o visitante. O parquinho aguarda as crianças e, em dias de visita, é porto seguro para as brincadeiras da garotada. O viveiro com mudas de árvores nativas está à disposição para o visitante escolher a sua. Patos, galinhas, pavão são atrativos à parte e ficam bem próximos dos charmosos bancos fixados embaixo de frondosas árvores à espera das pessoas. O colorido das flores e o verde ao redor contrastam com as estruturas de concretos. É até possível observar, de longe, o gado no pasto. Material para que a primeira usina de energia de biogás de Alagoas seja um sucesso tem suficiente. Mão de obra qualificada também. São cerca de 100 trabalhadores distribuídos nas diversas funções da central do Pilar.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

O plano de salvação dos usineiros no dia que o capitalismo ‘quebrou’

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uando a Bolsa de Valores de Nova York quebrou em 1929, o mundo capitalista estava preocupado com o seu próprio futuro e não seria diferente com os usineiros que assistiam à transição dos engenhos para estas unidades fabris mais sofisticadas. No governo eles buscavam condições mais generosas para pagamento de dívidas e proteção federal da lavoura suscetível à praga, estiagem ou excesso de chuva. Na mudança da Monarquia para a República, Deodoro da Fonseca manteve as garantias de apoio financeiro ao setor. Após a revolução de 1930, que derrubou a República Velha e pôs no poder Getúlio Vargas, as relações com os canaviais se mantiveram. Em 1933 (três anos após a quebra da bolsa americana), a Associação Comercial de Maceió encaminhou pedido de créditos agrícolas ao presidente. E sugeriu que o Brasil adotasse com os produtores o modelo suíço: juros de 2% ao ano, com empréstimos limitados por hectares e subvenção do governo. Na Suíça, cita a Associação Comercial, o devedor esquece o compromisso que tem com o banco porque o banco serve para “auxiliar os que trabalham”(1). Era o embrião do Instituto do Açúcar e Álcool, a autarquia

Usina Leão em 1921- foto do livro Terra das Alagoas retirada do site História de Alagoas

Crack de 1929 deixou milhões de desempregados e fábricas fecharam as portas federal com sede no Rio de Janeiro, fundada pelos usineiros em 1/6/1933, sob exigência de que todos os indicados fossem do e pelo setor. Um ano antes (11/2/1932) era formada a Comissão de Defesa da Produção do Açúcar, que pariu o IAA mais adiante. Segundo identificou a comissão, o maior problema dos canaviais era a superprodução de açúcar e de álcool. Uma das discussões era a compra (pelo governo) do excedente de produção (como fez com o café), aumento das exportações para o mercado estrangeiro e por fim a criação do IAA “para converter em benefício inestimável para a economia nacional o que era até aqui sacrifício do produtor”. Em bom português: dividir os problemas com os brasileiros. O plano de defesa dos canaviais baixava os juros e ainda garantia dinheiro público para obras, escoando a produção. Mas e a condição dos trabalhadores? Recentemente, o EXTRA

Escravos na moenda retratados por Debret em 1835 publicou resenha deste repórter do livro “Mudanças na Agroindústria Canavieira Nordestina 2000-2012”, recentemente lançado pela Edufal e Eduneal e de autoria do professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Ufal, Cícero Péricles. O número de trabalhadores do setor sucroalcooleiro vem caindo ano a ano. E há diferença entre o trabalhador do campo e os especializados ou industriais nas usinas. Os do campo têm uma situação mais precária, representando o maior conjunto de assalariados agrícolas no Nordeste. Gente submetida ao descumprimento dos acordos coletivos firmados pelos empregadores. Nos anos 2000 a pressão das fiscalizações nos canaviais aumentou o número de trabalhadores formalizados e

melhorou os salários, mas sem resolver problemas antigos e graves nas condições industriais. Como no passado, o presente ainda não incluiu uma agenda civilizatória para retirar trabalhadores dos canaviais da era medieval. E os usineiros seguem aproveitando as oportunidades em todos os espaços públicos, com perdão/ flexibilidade no pagamento de dívidas, linhas de crédito generosas e especialíssimas nos bancos públicos e até liminares na justiça para que os alicates da concessionária de luz suspendam os cortes por uma “questão social e humanitária”. Os privilégios continuam. BIBLIOGRAFIA 1. Brasil Açucareiro: Revista Quinzenal dirigida pela Comissão de Defeza da Producção do Assucar (RJ) - 1932 a 1979, ano 1933.


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