Edição 1159

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MACEIÓ - ALAGOAS

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TJAL

ANO XXIII - Nº 1159 - 19 A 25 DE MARÇO DE 2022 - R$ 4,00

ELEIÇÕES 2022

Tutmés Airan deve aceitar convite para ser vice de Paulo Dantas O magistrado está disposto a renunciar ao cargo de desembargador do TJAL para ser vice de Dantas na disputa ao governo do Estado. No tribunal, a pergunta é: o que levaria Tutmés a deixar o cargo, tendo ainda 15 anos de atividade pela frente? 2

CAMPANHA DE SENADOR CUSTA MAIS QUE A DE GOVERNADOR Pesquisa diz que última disputa ao Senado custou R$ 3,2 milhões contra R$ 3 milhões da campanha ao governo 16 e 17 FACEBOOK

MÁRCIO FERREIRA/AGÊNCIA ALAGOAS

GOVERNADOR CHEGA AO FIM DO MANDATO ISOLADO E NA MÃO DOS DEPUTADOS Renan Filho não terá direito sequer de indicar o vice do governador-tampão e sua eleição depende da Assembleia. 2

Rodrigo Cunha (PSDB)

INSTAGRAM

Paulo Dantas (MDB)

SUCESSÃO ESTADUAL

DESEMPENHO DE PRESIDENCIÁVEIS MEXE COM ELEIÇÕES EM ALAGOAS Candidatos a governador tentam marcar espaço em várias frentes de ação 6


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COLUNA Jogo pesado 1

- Até o dia 2 de abril nada muda no tabuleiro do jogo político-eleitoral em Alagoas. Nessa data expiram os prazos da desincompatibilização de agentes públicos e fechamento da janela partidária para o troca-troca de siglas.

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CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- Até agora, Renan Filho tem dado sinais de que irá renunciar ao governo para disputar o Senado, mas se decidir por continuar no cargo até o fim do mandato, todos os arranjos já costurados voltarão à estaca zero.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- A prevalecer o senso da sobrevivência política, o governador deve sair dia 2 de abril para tentar a única vaga de senador no pleito deste ano. Nesse caso, o deputado Paulo Dantas será o sucessor interino com direito à reeleição e o apoio da Assembleia Legislativa e do próprio Renan Filho.

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- Além de Paulo Dantas, o senador Rodrigo Cunha e o ex-prefeito Rui Palmeira devem disputar o governo na condição de candidatos com chances de vitória. Também existe a possibilidade de Collor e JHC entrarem na briga, mas tudo fica no campo das especulações.

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- Até lá a curiosidade dos próprios políticos é saber quem vai trair quem para ficar com quem. Nos bastidores especulase até a possibilidade de um pacto entre os principais caciques políticos de Alagoas para nada mudar e tudo ficar como dantes. Ou será dantas?

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- Nesse terreno movediço a única certeza é que esse jogo é pesado, com traições, caneladas, golpes abaixo da cintura e com poucos jogadores de elite. Mas o prêmio é compensador e ao vencedor às batatas e o que mais restar dos despojos.

Vice de Dantas

Tutmés Airan está disposto a aceitar o convite para ser vice de Paulo Dantas, candidato a governador bancado pela Assembleia. Com 15 anos de atividades pela frente como desembargador, o que levaria o magistrado a renunciar ao cargo para entrar numa disputa política de resultado incerto? Na hipótese nada desprezível de uma derrota nas urnas, o que o compensaria por tão extremo gesto?

Lições da história

Por não ter vice-governador, Renan Filho vai entregar o Estado a Assembleia Legislativa sem direito a indicar sequer o vice do sucessor interino. Mas tem a garantia de apoio dos deputados à sua candidatura ao Senado, mesmo que isto provoque um racha entre Marcelo Victor, presidente da Assembleia, e Arthur Lira, presidente da Câmara Federal. Com fama de centralizador e autossuficiente, o governador passou sete anos no poder sem formar um grupo político para chamar de seu. E chega ao fim do mandato praticamente sozinho, tendo que entregar os anéis e os dedos à oposição em troca da promessa de apoio no pleito deste ano. Seu avalista é o deputado Marcelo Victor, que apesar de maltratado pelo Palácio dos Martírios, deve honrar a promessa de não desconstruir o trabalho de Renan Filho e suas alianças com os prefeitos alagoanos. O presidente da Assembleia ganhou prestígio entre pares pela fama de honrar os compromissos assumidos. Vale lembrar que o então governador Ronaldo Lessa já trilhou esse caminho e seu deu mal. Nas eleições de 2006 Lessa até tinha um vice de sua confiança, mas sem um grupo político na retaguarda seu projeto de chegar ao Senado foi abortado pelos eleitores, que optaram por Fernando Collor. E Collor está aí de novo no páreo em busca de seu terceiro e, possivelmente, último mandato de senador.

Custo da derrota

A probabilidade de JHC renunciar à prefeitura para disputar a sucessão estadual é a mesma de Renan Filho ficar no governo até fim do mandato. Ou seja, 0,0001%. Em comum, os dois políticos jovens já pesaram e mediram o preço de uma decisão errada, com possibilidade de derrota e o fim prematuro de seus projetos de poder.

Questão de honra

Consultados pela coluna, três fontes ligadas a Fernando Collor garantem que o senador não abre mão da disputa à reeleição. “Derrotar Renan Filho nas urnas é questão de honra para Collor”, dizem seus aliados.

Palanques

O crescimento das candidaturas presidenciais vai influenciar a disputa majoritária em Alagoas, seja ao Senado ou ao governo. Quem subir no palanque certo levará vantagem eleitoral e deverá ser o sucessor de Renan Calheiros.

Edgar vem aí

Após ser disputado por vários partidos, o empresário Edgar Pedrosa decidiu se filiar ao Patriota, que vai apoiar a candidatura do ex-prefeito Rui Palmeira. Dono da marca Tomatão, Pedrosa disputará com Collor e Renan Filho a única vaga de senador nas eleições deste ano. O ex-deputado Nenoí Pinto e o empresário Arthur Coutinho serão seus suplentes, com assessoria jurídica do advogado Mendes de Barros, o famigerado ex-marajá de Alagoas.

Crime eleitoral

No “mundo cão” da política alagoana cargos comissionados são usados como moeda de troca a serviço de políticos inescrupulosos. É o caso da Secretaria Estadual de Prevenção à Violência, comandada por Kelmann Vieira, que estaria forçando os servidores a usar o adesivo de campanha da esposa, a deputada Flávia Cavalcante. Deve ter feito escola com Tereza Nelma, que abusou dessa prática na Associação Pestalozzi para se eleger deputada federal e à filha vereadora por Maceió.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Jogo iniciado

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Arrogância

s composições para as eleições de outubro correm de vento em popa e o embate já foi instalado pelas lideranças políticas de Alagoas. Como já era esperado, a disputa maior vai girar entre o grupo do governador Renan Filho, que perdeu muito tempo pensando que era o rei do pedação, e Arthur Lira, que joga com toda a sua força

Alvo preferido

Ao se preocupar em atirar contra Arthur Lira, o governador demonstra que não está nada confortá-vel na luta que travará em buscas de novas conquistas. Talvez o seu afastamento da grande maioria política do estado seja o resultado do seu comportamento contra uma das maiores lideranças dos últimos anos.

Desespero

Quem conhece bem os subterrâneos da política em Alagoas sabe que, para Renan Filho sair atirando contra o presidente da Câmara dos Deputados, está receoso de não ter o sucesso esperado na campanha que na prática já começou.

Peso político

Administrando crises recorrentes na Câmara dos Deputados, Arthur Lira tem se revelado um político hábil, negociador e com força suficiente para dar as cartas nas próximas eleições. Desde já e como todo mundo já sabe, não existe composição política que faça Lira se aproximar da Família Calheiros, embora mantenha a relação institucional, importante para o estado de Alagoas.

Especulação

Enquanto crescem as especulações sobre um suposto rompimento político entre o deputado Artur Lira e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, os dois, nos bastidores, avançam em novas composições e se fortalecem para as eleições de outubro deste ano.

para mudar o panorama eleitoral cheio de surpresas. No decorrer da semana passada já se viu um governador em fim de mandato partir para o ataque contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, antecipando uma disputa política que pode fragilizar a candidatura de Renan Filho ao Senado da República.

Armação

Para pessoas ligadas a Arthur Lira e Marcelo Victor, uma suposta crise entre os dois são engrenagens da oposição para tentar desestabilizar uma das maiores parcerias políticas feitas até hoje. Victor e Lira jogam, pelo menos até agora, no mesmo time.

Outra história

Mesmo que o deputado Paulo Dantas já tenha revelado o seu desejo de concorrer às eleições de outubro ao governo, nos bastidores a conversa é outra e podem acontecer surpresas nos próximos dias. Afinal de contas o jogo é de profissional.

Nova aliança

Nos bastidores, os comentários são de que um grupo de oposição vai fazer frente à Família Calheiros para derrotar Renan Filho nas urnas caso ele seja mesmo candidato ao Senado da República. A nova força política indicaria JHC como candidato ao governo, a deputada Jó Pereira como vice e o ex-presidente Fernando Collor para o Senado, com o apoio do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Apoio

Como a política é dinâmica, tudo pode acontecer até o dia 2 e abril, até mesmo nada. Mas o sentimento de oposição vem crescendo a cada dia e o prefeito JHC, bem avaliado, poderia ser a opção. Esta pretensa chapa contaria inicialmente com o apoio de doze deputados estaduais.

Sem entusiasmar

Mesmo que já tenha anunciado que seria candidato ao governo, o senador Rodrigo Cunha não tem entusiasmado aliados e grande parte do eleitorado. Desde quando se habilitou a disputar as eleições de outubro que o senador não tem alcançado grandes picos de aceitação.

Pedra no caminho

Com a oposição se movimentando, o deputado Paulo Dantas, que admite uma reeleição no cargo de governador-tampão, pode sofrer abalos políticos. Enfrentaria, a princípio o rolo compressor do deputado Arthur Lira, adversário político declarado da Família Calheiros.

Pacotão

Embora não tenha agradado a gregos e troianos, o pacotão de bondades do governo para os servidores públicos atendeu 100% a algumas categorias, a exemplo dos fiscais de Renda que irão receber seus proventos equiparados aos dos desembargadores. Outras categorias, entretanto, ficam vendo a banda passar.

O comportamento do governador Renan Filho em certas oportunidades, muito diferente do pai, tem contribuído para uma certa rejeição entre as lideranças políticas estaduais. Por isso mesmo não é tempo de andar dizendo por aí que a eleição está ganha.

Serviço ruim

A BRK Ambiental, juntamente com a Equatorial, são campeãs de reclamações da população. Se a primeira não entrega a água tão necessária para as comunidades, a segunda deixa muito a desejar no atendimento das reclamações por falta de energia.

Conversa fiada

A Braskem tem massificado na mídia que está avançando muito para a solução dos problemas nos bairros atingidos pela mineração, mas não explica o impasse na negociação de muitos imóveis cujos proprietários se sentem prejudicados.

Reprimenda

O governador Renan Filho levou um puxão de orelha do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, quando reclamou do tratamento dado ao Canal do Sertão. Não disse, porém, conforme o próprio Marinho, que a aprovação da 5ª etapa contratada ainda em 2010 não foi pra frente por ter o Tribunal de Contas da União encontrado no processo licitatório um sobrepreço de apenas R$ 50 milhões.

Empenho de Lira

A propósito, o ministro revelou que o governo federal já destinou a Alagoas nesses últimos anos por interferência da bancada federal, e especialmente do deputado Arthur Lira e do ex-senador Benedito de Lira, a bagatela de R$ 3 bilhões.


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ELEIÇÕES

Cunha sai da mesa para campanha; Paulo Dantas investe em chavões Senador ainda esconde Lira e Bolsonaro; futuro governador-tampão ainda não apresentou plano FACEBOOK

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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senador Rodrigo Cunha (PSDB) está disposto a sair do escritório e encarar o público cara a cara. Líder nas pesquisas ao governo, acumula bons resultados nestas tentativas tímidas e ainda escondendo seus principais aliados: os presidentes da República Jair Bolsonaro (PL) e da Câmara, Arthur Lira (PP). No dia 11 lotou o auditório da Casa da Indústria em debate sobre os termos e os problemas do leilão da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) para a concessão da BRK Ambiental. O Governo Renan Filho (MDB) pouco toca neste assunto e Cunha encontrou a brecha que precisava para associar a falta de água nas torneiras, incluindo protestos nas ruas, ao nome do chefe do Executivo. “Um ano e meio depois, a concessão dá indícios de que piorou o saneamento básico da Grande Maceió. Além disso, o Estado recebeu 2 bilhões de reais da outorga do saneamento da Região Metropolitana e não repassou um centavo sequer a nenhuma das cidades da região. As prefeituras são parceiras na hora de cuidar do fornecimento de água e esgoto. Na hora de compartilhar os recursos, esses municípios não existem?”, disse o senador. Para inserir a estratégia nas eleições deste ano, teve encontro para aparar as arestas com Arthur Lira, alguém que sempre estava fora da nuvem de apoios do tucano. Também neste encontro,

Rodrigo Cunha durante debate sobre direitos do consumidor na Uninassau

o prefeito de Maceió, JHC (PSB), e o deputado estadual Davi Davino (PP). As críticas à BRK, mas principalmente a divisão do dinheiro da concessão, dominaram as conversas. Ação do PSB nacional que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) questiona esta partilha. O governador reuniu 61 prefeitos em almoço no Centro de Exposições. Cidades que fazem parte dos dois blocos e receberam PIX nas contas municipais de R$ 1.050 bi. É mais uma etapa para atrair prefeitos e demarcar território. Prestes a ser eleito governador-tampão, o deputado Paulo Dantas (MDB) busca ganhar destaque até as convenções de agosto, discute migrar para o União Brasil, associa seu nome ao do ex -presidente Luiz Inácio Lula da Silva e faz campanha pa-

ralela na Assembleia: assumiu a relatoria dos projetos que reajustam salários e reestruturam as carreiras do funcionalismo público estadual, aprovados esta semana pelos deputados. Alagoas tem 70 mil servidores públicos, incluindo inativos, aposentados e pensionistas. O pacotaço de Renan abrange 16 mil. A maioria deles está em Maceió, o maior colégio eleitoral do estado e onde Paulo Dantas ainda não ultrapassa, segundo as pesquisas, os também candidatos ao governo Rui Palmeira (PSD) e Rodrigo Cunha. É evidente que Dantas usará as realizações da era Calheiros mais a popularidade de Renan Filho para ser maior que seus opositores. Até três meses antes das eleições ele pode inaugurar obras públicas e algumas delas se-

rão deixadas pelo atual chefe do Executivo. O impacto disso deve dar ao parlamentar a vantagem que ele espera nas pesquisas, ganhando viabilidade eleitoral e chegando ao segundo turno. Por outro lado, Dantas está prestes a assumir um governo com os cofres cheios de dinheiro, avanços em obras públicas e o cenário nacional: combustível mais caro, inflação maior e enormes custos sociais e econômicos. Alagoas na lista dos estados mais pobres do Brasil e fora de outra lista: a dos lugares que se destacaram na redução da pobreza. Sem um plano claro para administrar o Estado, usa chavões que atraem seguidores nas redes sociais e emojis: “Não tem sentido ser feliz sozinho! Entrei na vida política para ajudar as pessoas que mais precisavam de atenção, foi lutando por elas que percebi que poderíamos fazer pela boa gente! O meu objetivo é um Estado 100% justo, em todos os alagoanos possam ter uma alimentação segura, acesso à educação, segurança e saúde”. Rui Palmeira usa a tática do colar-colou. Há expectativa que Arthur Lira possa indicar um vice, caso o ex-prefeito de Maceió dispute o governo. Filiou possíveis pré-candidatos nas proporcionais ao PSD, reuniu-se com representantes da Federação das Indústrias (Fiea) e tem apenas na sua cabeça um calhamaço de informações sobre o que fazer em eventual governo. As discussões sobre esta conjuntura ainda se arrastam entre os integrantes de sua equipe.


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ELEIÇÕES

Recuperação de Bolsonaro e demora de Lula alteram quadro eleitoral em Alagoas FACEBOOK

Collor aproveita crescimento do presidente nas pesquisas e Renan Filho aguarda PT ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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lenta recuperação da popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a diminuição da distância entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas influenciam o cenário político alagoano, principalmente a disputa ao Senado. O governador Renan Filho (MDB), apoiado por Lula, acelera visita a municípios, repete o nome do ex-presidente e tenta puxar votos na disputa ao Senado, além de observar os movimentos de Fernando Collor (PROS) que disputa a reeleição. Collor amarra ainda mais sua imagem à de Bolsonaro; Renan Filho encontra dificuldades de fazer o mesmo com Lula porque ainda aguarda o lançamento da candidatura presidencial – nos dias 9 ou 16 de abril – além da apresentação do vice que deve ser Geraldo Alckmin que saiu do PSDB e está a caminho do PSB. Bolsonaro cresce nos grotões do Brasil e ao mesmo tempo convive com o desgaste diário. Anunciou medidas que impactam o orçamento familiar das classes C e D, as mais castigadas pelo aumento da inflação e dos combustíveis: antecipação do 13º aos aposentados, liberação de parcela do FGTS e discussão com a equipe econômica para reajustar o valor do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família. E aos poucos o cenário eleitoral vai se afunilando. O governador João Dória (PSDB) não decola nas pesquisas nem o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). O ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) cai nos levantamentos (chegou a atingir 14%) e hoje não passa de dois dígitos. O presidente do Senado,

Rodrigo Pacheco (PSD), desistiu de concorrer também porque seu nome não encontrou viabilidade. O PSD aguarda o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ex-PSDB, que deixou o partido após ser derrotado nas prévias internas por Dória. Nome do MDB, a senadora Simone Tebet não tem o apoio nem do seu partido e está com menos de 5%. É diante de um presidente que se exime de responsabilidades sobre os problemas do país que Renan Filho e Fernando Collor assistem o acirramento do cenário político. Em Rio Largo, cidade do prefeito lirista GG (ex-Gilberto Gonçalves), Lula foi citado por Renan Filho e também o senador Renan Calheiros (MDB), desta vez chamado de pai pelo governador, parentesco apenas revelado em ocasiões muitíssimo especiais, como as eleições. O governador prepara sua carta-renúncia. O prazo limite para deixar o comando da administração estadual é 2 de abril, segundo determina a lei eleitoral. Seu destino é conhecido: será candidato ao Senado e, se ganhar, dividirá com o pai o espaço na câmara alta do Congresso Nacional, um acontecimento político inusitado e acompanhado de perto não apenas por Collor, mas também pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Lira é a mais nova força política em ascensão. Chegou mais longe que o pai, Benedito de Lira, hoje prefeito da Barra de São Miguel. A ascensão de mais um Calheiros a Brasília representa maior dificuldade de Lira para consolidar interesses e pressão nas eleições futuras. Com Collor é diferente. Tratado como aliado do Planalto, assim

Renan Filho tem levado Paulo Dantas (D) a todos os municípios alagoanos FACEBOOK

Collor treina tiro em Boca da Mata

como o presidente da Câmara, ele é peça importante do bolsonarismo alagoano. Ainda que os carolas seguidores do presidente da República torçam o nariz para ambos, porém serão facilmente convencidos de que eles se juntarão aos movimentos mais conservadores de preservação da família, da moral e dos bons costumes, além de mais apoio no Congresso às pautas do mercado. Em Boca da Mata e empunhando um revólver .357 Magnum, Collor reforçou seu apoio à modalidade do tiro esportivo e a Concessão de Certificado de Registro (CAC) para pessoa física que coleciona armas de fogo ou tiro desportivo ou caça. Armas para todos é uma das pautas de Bolsonaro e apoiadores.

E mostrando ainda mais intimidade com o presidente da República, dividiu solenidade cuja pauta interessa aos agricultores endividados com bancos públicos: medidas provisórias que criam o “marco da securitização”. “A ‘securitização’ é o ato de transformar dívidas em títulos, que são vendidos ao mercado e garantem o pagamento antecipado do débito ao credor. Esse era um antigo pedido do Agro brasileiro, que foi atendido pelo presidente. Durante a solenidade, Bolsonaro recordou a nossa decisão, como presidente da República, de abrir as fronteiras do Brasil para, entre outros avanços, garantir a modernização da frota de automóveis do país”, disse Collor.


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MERCADO

COOPERATIVA PINDORAMA INICIA VENDA DIRETA DE ETANOL A POSTOS DE COMBUSTÍVEIS Modalidade permite a redução dos preços ao consumidor final

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Usina Pindorama conseguiu alcançar, pela segunda safra consecutiva, a marca de 1 milhão de toneladas de cana moída, viabilizando a produção de 1 milhão de sacos de açúcar de 50 Kg e 487 milhões de litros de álcool. O presidente do grupo, empresário Klécio Santos, atribuiu o bom desempenho ao trabalho em equipe e disse que o alinhamento de objetivos consolida o potencial produtivo da cooperativa. Além disso, este mês, a Usina Pindorama iniciou a comercialização direta do etanol que produz com postos de combustíveis no estado, dispensando a figura intermediária das distribuidoras para reduzir custos e levar o produto mais barato ao consumidor. A comercialização com essa modalidade, autorizada por decreto do presidente Jair Bolsonaro, começou no sábado, dia 12. A primeira empresa a receber o etanol direto da usina foi o Posto Pindorama, que fica localizado à margem da Rodovia AL-105, um ponto de intersecção entre os municípios de Coruripe e Penedo. De acordo com Márcio Anacleto, gerente do posto, a venda direta do etanol permitiu reduzir o preço do combustível em quase 6% em relação ao valor praticado anteriormente. O etanol saia da Usina Pindorama, passava por distribuidora e retornava ao posto da própria cooperativa, quando era vendido ao preço de R$ 5 o litro.

“Em meio a esse caos do mercado, devido aos inúmeros repasses no aumento do combustível, a Pindorama iniciou a prática da venda direta da usina para o posto, o que gera um alívio para o bolso do consumidor, passando o litro do etanol, aqui no posto da cooperativa, de R$ 5 para R$ 4,70, uma redução de R$ 0,30 por litro”, destacou em matéria da assessoria. “As constantes oscilações dos valores do petróleo têm gerado muitos prejuízos, aumentando de forma preocupante os preços da gasolina e do diesel. Essa venda direta vem desafogar um pouco essa situação, aliviando as contas do consumidor final e permitindo que as famílias continuem usufruindo das benesses de seus veículos com um

preço de combustível mais justo, no caso do etanol”, avaliou Klécio Santos. No caso dos preços praticados no Posto Pindorama, o valor do etanol gira em torno de 64% do preço da gasolina, percentual abaixo daquele apontado por especialistas como economicamente necessário para o abastecimento com o etanol valer a pena. Outro ponto que torna o abastecimento com etanol mais vantajoso é o fato de ser proveniente de fonte renovável e limpa, uma vez que a queima do álcool emite muito menos poluentes ao meio ambiente, além de dar mais potência aos motores dos veículos, por ter um poder de volatilidade maior, sendo um combustível mais leve e menos denso.


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HORA DO LEÃO

Especialista tira dúvidas sobre IR e Bolsa de Valores Número de investidores na B3 chegou a 4,2 milhões em 2021 BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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epois de duplicar de 2018 para 2019 e chegar a 1,4 milhão, a base de investidores na Bolsa de Valores do Brasil manteve seu crescimento vertiginoso mesmo em meio às incertezas econômicas que a pandemia de covid-19 trouxe desde o início de 2020. Desse período até o fim de 2021, o aumento total foi de 200%, e a B3 chegou a 4,2 milhões de investidores. Em 2022, o número total já superou 5 milhões, revela pesquisa da B3 divulgada esta semana. O que muitos novos investidores não sabem, no entanto, é que tudo deve ser declarado no Imposto de Renda e cada tipo de investimento tem sua particularidade. Para ajudar quem passou a ter investimentos na Bolsa no último ano e vai fazer a declaração do IRPF 2022 pela primeira vez, o EXTRA ouviu o especialista Diego Figueiredo, COO da Grana Capital, que esclareceu eventuais dúvidas para a declaração de Imposto de Renda 2022, cuja entrega teve início no último dia 7 e vai até dia 29 de abril. O programa gerador da declaração está disponível na página oficial da Receita Federal, e é possível fazer o download do programa no computador, smartphone ou tablet. Uma novidade deste ano é que agora é possível indicar a chave Pix do tipo CPF para pagar as cotas do IR, assim como receber a restituição. Até o ano passado era possível informar apenas contas bancárias. Tem algum valor mínimo em investimentos que obrigue a pessoa a declarar no Imposto de Renda? Não. A apresentação da declaração anual é obrigatória para todos os contribuintes que realizaram operações em bolsas de valores, de futuros e assemelhadas em 2021.

Mesmo que tenha tido prejuízo ou que tenha comprado pouco, só de brincadeira ou para aprender. Isso quanto à declaração. Já o pagamento do imposto é diferente. Para quem investiu em ações na Bolsa de Valores, só incide imposto se teve vendas acima de R$ 20 mil por mês, com lucro. Para ETFs, BDRs ou FIIs, no entanto, não existe isenção; vendas em qualquer valor, com lucro, terão incidência de IR. Existe diferença no momento de declarar o Imposto de Renda de uma pessoa com investimentos e uma pessoa sem? Sim. A diferença fundamental está no fato de que, na maior parte da declaração, os dados já vêm prontos da fonte (banco, corretora, empregador etc); já na parte de investimentos em renda variável, é o próprio contribuinte quem precisa calcular se teve lucro tributável, aplicar a alíquota correta, verificar se teve prejuízos a compensar e se certificar se a operação é isenta ou não de imposto. Como é feita a declaração de investimentos na Bolsa de Valores no programa da Receita? Os dados devem ser lançados em quatro telas diferentes do programa da Receita Federal: Rendimentos isentos e não tributáveis; Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva; Bens e direitos; e Operações comuns/Day Trade. As três primeiras telas estão dentro do item “Fichas da declaração”, no menu principal do programa. A última está em “Renda variável”. Em “Rendimentos isentos e não tributáveis”, o investidor declara, quando for o caso, os “lucros e dividendos recebidos” (código nº 09 da lista “Tipos de rendimento” nessa mesma tela), “incorporação de reservas ao capital / bonificações em ação” (item 18), “Fundos de Investi-

mento Imobiliário” (item 26) e ganhos com ações em vendas de até R$ 20 mil por mês (item 20). O cálculo dos valores deste último item é de responsabilidade do contribuinte. Em “Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva”, o contribuinte declara os juros sobre capital próprio, no código número 10. Os valores estão nos informes de rendimentos que o investidor recebe da sua corretora. Para o ano de 2022 a Receita fez algumas alterações na forma de declarar ativos da Bolsa. Novos grupos e códigos foram acrescentados à ficha de “Bens e Direitos”. No item “Bens e direitos”, o investidor, primeiramente, deverá selecionar uma classificação entre os nove grupos disponíveis para, então, escolher o código correspondente. Para FIIs, por exemplo, é preciso escolher o grupo 07 e o código 03. Para ETFs, grupo 07 e código 09; Fiagro, grupo 07 e código 02. BDRs estão no grupo 04 e código 04. Já as ações ficam no grupo 03, código 01. O valor declarado é o preço médio de compra multiplicado pela quantidade do ativo. É de responsabilidade do contribuinte calcular esses dados. Também em “Bens e direitos”, é necessário informar os créditos a receber, que são os proventos que a empresa já provisionou e anunciou que vai distribuir aos acionistas mas não o fez até o final de 2021. Finalmente, na tela “Operações comuns/day trade” são declarados os resultados líquidos (ganhos ou prejuízos) de cada mês, além do valor do Imposto de Renda Retido na Fonte e do imposto pago. Esses dados também ficam a cargo do contribuinte calcular. Em todos os casos em que o cálculo fica a cargo do contribuinte, ele pode recorrer a um contador ou a um aplicativo especializado em au-

xílio no IRPF de ações, de modo que não precise resolver tudo na mão. O processo de declarar FIIs é similar ao de ações e ETFs, mas, no item “Renda Variável”, o investidor deve acessar a tela “Operações em FII ou Fiagro” no programa da Receita Federal. E, então, deve preencher a tabela com os dados “Resultado líquido do mês”, “Imposto Retido no Mês” e “Imposto Pago” referentes a cada mês. A obtenção desses dados é de responsabilidade do contribuinte, que pode buscá-los com sua corretora, contar com o auxílio de um contador ou recorrer a um aplicativo especializado em IRPF de renda variável. O modelo pré-preenchido da declaração ajuda novos investidores? Em relação a investimentos na Bolsa, o modelo pré-preenchido é basicamente a cópia da declaração do ano anterior, então ajuda o investidor se não operou ao longo do ano ou manteve os mesmos ativos na carteira, pois é só repetir os ativos e alterar valores se houve alguma nova transação com os mesmos. Já para um investidor muito ativo que opera com frequência ao longo do ano, o modelo ajuda menos, pois ele ainda terá o trabalho de manter todas as transações mensais calculadas e organizadas para poder inserir os resultados, mês a mês, na declaração. Esse modelo facilita bastante em outras partes da declaração, com a busca por notas fiscais que podem ser descontadas, como plano de saúde e afins. Existe diferença na multa para quem deixa de declarar os investimentos em relação a uma pessoa que deixa declarar e não tem investimentos? Não tem diferença. A mesma penalidade que vem para quem investe, vem para quem não investe.


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HOMENAGEM

Prêmio Selma Brito contempla 25 personalidades em Alagoas Em sua 7ª edição, evento acontece dia 23 de março no Teatro 7 de Setembro, em Penedo MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmsil.com

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7ª edição do Prêmio Selma Brito- Instrumento de Desenvolvimento, Empreendedorismo e Cultura acontece na próxima quarta-feira, 23, a partir das 19 horas, no Teatro 7 de setembro, no município de Penedo, Alagoas. Este ano, o evento será de forma presencial apenas para convidados e irá homenagear 25 personalidades de diferentes segmentos. Consagrado no calendário cultural do estado, o acontecimento é uma iniciativa dos produtores culturais Marcus Assunção e Fafá Rocha, da Eventurs/ltda. Apesar dos dois anos de enfrentamento à pandemia de covid-19, o prêmio cresceu e foram agregados os segmentos de gestão e indústria, tornando o evento mais forte. Além do que, todos os contemplados receberão a homenagem por méritos e foram escolhidos através de uma comissão técnica. Este ano, grandes personalidades da região do Baixo São Francisco serão prestigiadas. Fazem parte deste grupo nas categorias Modelo de Gestão: Otávio Lessa (presidente do Tribunal de Contas de Alagoas); Desenvolvimento do Turismo: Marcius Beltrão (secretário estadual de Turismo); Destaque Alagoano: Renata Calheiros, primeira-dama do Estado (Projeto Alagoas Feito a Mão); Modelo de Gestão Pública: Fábio Farias (Secretário do Gabinete Civil); Turismo e Desenvolvimento: Fernan-

do Sérgio Lira (prefeito de Maragogi); Cultura Popular: Tereza Machado, superintendente da Secult/ AL; Empreendedorismo: Ronaldo Lopes (prefeito de Penedo); Desenvolvimento: Jó Pereira, deputada estadual; Cooperativa: Klécio Santos (presidente da Cooperativa Pindorama); de Produção: Giusseppe Pino (superintendente da Ibratin Nordeste); de Moda Alagoana: Francisco Acioli (presidente do Sindvest ); Política Alagoana: Paulo Dantas (deputado estadu-al); Gestão Ambiental: Pedro Vieira (secretário de Desenvolvimento Territorial de Maceió); Meio Ambiente: Hugo Wanderley (presidente da AMA e prefeito de Cacimbinhas); Cultura: Mellina Freitas (secretária de Cultura do Estado); Redes Sociais: Carlinhos Maia, influenciador digital e embaixador do turismo); Artesanato: Tim Maia (artesão de Penedo); Esporte e Lazer: Charles Hebert (secretário da Selaj/AL); Gestão Pública: Marcelo Victor (presidente da Assembleia Legislativa); Indústria e Desenvolvimento: José Carlos Lyra (presidente da FIEA); Saúde Pública: Alexandre Ayres (secretário de Saúde do Estado); Marketing e Comunicação: Luiz Dantas, da Engenho Publicidade; Saúde: Arthur Gomes, pneumologista; Turismo: Milton Hélio de Vasconcelos (presidente do Maceió Convention Bureau); Gestão Saúde Municipal-Destaque: Guilherme Lopes, secretário Municipal de Saúde de Penedo.

Arthur Neto

Fábio Farias

Fernando Sérgio Lira

Jó Pereira

Marcius Beltrão

Milton Hélio Vasconcelos izadores acreditarem no desenvolvimento da cidade e na atual gestão empreendedora do prefeito Ronaldo Lopes. “Um dos nossos objetivos é movimentar a economia local, prestigiado o comércio, turismo e cultura” afirmou.

SOBRE SELMA BRITO Otávio Lessa

Ronaldo Lopes

Para realização de um evento de tamanha grandeza para Alagoas, os ideali-zadores contam com o apoio da Sedetur/AL, Secretaria de Estado da Cultura, AMA (Associação dos Municípios de Alagoas ), Sebrae, Cooperativa Pin-

dorama, Selaj/AL, Fiea/ AL, jornal e portal EXTRA ALAGOAS e Fiat Grade Rio Segundo Marcus Assunção, a escolha de Penedo para sediar o Prêmio Selma Brito 2022 se deu, dentre outros fatores relevantes, por seus ideal-

É uma importante pianista alagoana que há mais de 65 anos estuda música clássica e faz disso sua rotina. Seu legado vai além de sua performance ao piano. A artista também destaca-se por sua dedicação ao fomento e difusão da música em Alagoas.


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MOBILIDADE E DESENVOLVIMENTO

PREFEITO PEU PEREIRA E GOVERNADOR RENAN FILHO INAUGURAM RODOVIA AL-105

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gora o trecho da AL-105 entre os municípios de Teotônio Vilela e Coruripe está mais curto. Garantindo a mobilidade urbana, segurança viária e o progresso das duas regiões, o prefeito de Teotônio, Peu Pereira, inaugurou junto ao governador Renan Filho 25km de pavimentação. A obra que faz parte do programa Pró Estrada, realizado pelo Governo do Estado, teve um investimento de cerca de R$28 milhões e deve melhorar ainda mais o escoamento da produção agrícola das cidades Para o lançamento da via, a prefeitura criou um passeio ciclístico percorrendo a rodovia para que toda a população pudesse prestigiar o novo trecho que deve beneficiar mais de 100 mil moradores de Teotônio Vilela e de Coruripe. Na avaliação do prefeito Peu Pereira, a entrega dessa reconstrução vai impulsionar a economia municipal. “Poder entregar esta obra para nossa população é a realização de um sonho, não só para mim, mas para todos em Teotônio Vilela. Hoje a mobilidade é melhor, a segurança vai ser maior e eu só tenho a agradecer ao governador Renan Filho por estar com a gente nessa parceria”.

A reconstrução deste trecho é uma reivindicação antiga da população da cidade. Antes o percurso era feito por estrada de terra e agora está totalmente reconstruído, incluindo a ponte de 80 metros sobre

o Rio Coruripe, no povoado Poção. Além da inauguração da rodovia, diversos equipamentos foram entregues em benefício da população como dois caminhões compactadores, três ônibus escolares, uma máquina patrol e ainda um veículo para o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Participaram das atividades em Teotônio Vilela o superintendente da Codefasf, Joãozinho Pereira, o vice-prefeito Márcio Vilela, e o secretário de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, entre outras autoridades.


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DIGNIDADE MENSTRUAL

Programa assegura absorvente higiênico para 12 mil alunas da rede municipal de ensino Uma em quatro meninas já deixou de frequentar a aula por não ter condições de comprar o item de higiene pessoal

ASSESSORIA Fotos de Edvan Ferreira

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empoderamento feminino passa diretamente pelo respeito e acolhimento do Poder Público. E a Prefeitura de Maceió está abraçando 12 mil alunas da rede municipal de ensino com a entrega de absorventes higiênicos de forma gratuita. As palavras de Lauriane Correia de Lima, 13, estudante do 5º ano da Escola Professora Natalina Costa Cavalcante, resumem o sentimento de todas: “Não temos dinheiro para comprar absorvente. Pedíamos emprestado ou dávamos um jeito”. Trata-se do Programa Dignidade Menstrual, iniciativa inédita em Alagoas, que vai distribuir absorventes a alunas em vulnerabilidade social. No total, serão beneficiadas, mensalmente, 12.304 mulheres com idades entre 10 a 50 anos, incluindo a Educação de Jovens Adultos e Idosos (Ejai). “Isso vai facilitar a minha vida e das minhas colegas. Quando não tinha como ter, minha tia me dava, eu pedia emprestado a ela. Agora, não vai precisar mais”, testemunhou Lauriane Correia. Emily Vitória Ferreira da Silva, colega de Lauriane passou pelo mesmo perrengue que a

amiga. Quando não tinha como ter o item de higiene, se virava com o que parentes e familiares cediam a ela. “Muito legal esse programa, pois antigamente eu tinha que pedir ajuda. E quando eu recebia, também ajudava outras amigas. Compartilhava. Tive dificuldade e com essa economia o dinheiro vai servir para comprar comida pra minha casa’, contou Vitória. Segundo o prefeito JHC, a cessão destes absorventes é um marco na gestão pública alagoana. “Com o programa, vamos garantir que esse ciclo não se torne um transtorno na vida dessas meninas. Esse é um tema que durante muito tempo foi tabu, mas é necessário que façamos a discussão correta, porque, afinal de contas, vamos beneficiar milhares de meninas e mulheres”, disse JHC. Dados da Secretaria Municipal de Educação dão conta de que uma em quatro meninas já deixou de frequentar a aula por não ter condições de comprar absorventes no período menstrual, deixando para trás trabalhos e atividades escolares. DIGNIDADE MENSTRUAL O Programa Dignidade Menstrual é fruto de uma ação

Lauriane e Emily estão entre as beneficiadas pelo programa da Prefeitura

Estudantes recebem o absorvente com compomisso de frequentar aulas

Itens de higiene serão distribuídos com mais de 12 mil alunas

conjunta do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres e da Secretaria de Educação do Município de Maceió. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que está organizando as ações de entrega e conscientização, além da abordagem de vários assuntos pertinentes como Saúde Menstrual, Prevenção da Gravidez na Adolescência para Adolescentes e Jovens estudantes da Rede Pública Municipal de Ensino. O secretário de Educação explicou que a distribuição de absorventes passa a ser essencial como a distribuição de alimentação e materiais didáticos nas escolas. Elder Maia assegura que apenas as alunas que estão frequentando as aulas terão direito ao benefício. “Essas alunas precisam se sentir seguras, confortáveis e incluídas, e com isso, ficarão mais

aptas para o desenvolvimento escolar e para aprender com mais segurança e tranquilidade”, disse o secretário. A coordenadora do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres, Ana Paula Mendes, disse que o programa não é só a entrega de absorventes, mas uma iniciativa de políticas públicas. “Nós vamos levar informações sobre o ciclo menstrual, quebrar tabus e preconceitos que estão vinculados com a menstruação, tudo isso por meio de rodas de conversas. Também falaremos sobre a gravidez na adolescência para garantir que elas tenham acesso à primeira consulta com a ginecologista, que na prática isso não ocorre”, afirmou. Além disso, o programa também vai promover rodas de conversa, reuniões, aulas interdisciplinares, palestras e cursos, entre outras ações.


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UNIÃO DOS PALMARES

PRIMEIRA-DAMA LIDERA MOVIMENTO DE EMPODERAMENTO FEMININO NAS COMUNIDADES

Gabriela Yasmine se firma como liderança das causas femininas na região e promete intensificar movimento

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egundo o IBGE, União dos Palmares possui uma população com mais de 33 mil mulheres, ainda assim, no dia a dia nos perguntamos: onde estão estas mulheres na política, no comércio, nas relações empresariais, nos grandes e importantes cargos, na vanguarda das grandes ações? “Foi com este questionamento que surgiu o Movimento Eu Faço Acontecer, frente os desafios do último pleito eleitoral. Identificamos a necessidade de unir estas mulheres, muitas delas anônimas, mas que fazem um trabalho incrível em suas comunidades por meio de associações, igrejas, com vizinhas e amigas ou por conta própria”, comentou a primeira-dama Gabriela Yasmine. O Movimento Eu Faço Acontecer tem o propósito de reunir essas mulheres, garantir o espaço e a oportunidade para que sejam ouvidas, participem, entrem em ação e sejam protagonistas das mudanças que elas querem ver em suas comunidades.

“Atuamos para fomentar o empoderamento feminino, desenvolvendo escuta, encontros e soluções para as problemáticas apontadas por elas em sua rua, no seu convívio social (escola, posto de saúde) e na sua comunidade. E vamos

intensificar ainda mais essas ações”, afirma a primeira-dama. A caravana do Movimento Eu Faço Acontecer já esteve na comunidade Várzea Grande, Newton Pereira e, em breve, estará em Rocha Cavalcante e outras localidades.


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ELEIÇÕES

Campanha ao Senado é a mais cara em Alagoas Pesquisa revela quanto é necessário investir para vencer nas urnas JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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arantir uma vaga para o Senado Federal por Alagoas é mais caro do que para o governo do Estado. É o que constatou pesquisa desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). O estudo se baseou em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às prestações de contas dos candidatos que disputaram e venceram a eleição de 2018 para governador, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Os valores foram corrigidos pelo índice de inflação do período (IPCA acumulado de outubro de 2018 a janeiro de 2022). O levantamento traça um panorama de gastos de todos os estados brasileiros. Em Alagoas, as campanhas para o governo estadual custaram, em média, R$ 3.041.930,42. Ao Senado, esse valor foi pouco mais elevado: R$ 3.188.399,22. Vale lembrar que em 2018 os candidatos se digladiavam por duas vagas no Senado. Neste ano, 2022, a disputa será mais ferrenha: apenas um será vitorioso. A campanha para deputado federal por Alagoas também alcançou valor milionário, uma média de R$ 1.407.267,75. Já para a Assembleia Legislativa, o partido e candidato

tiveram que desembolsar R$ 302.227,21 em média. Ainda conforme o estudo, na campanha para governador, a publicidade em materiais impressos está ficando obsoleta. Na questão de custos, ocupou a quarta posição em gastos. Em primeiro lugar aparecem gastos com serviços terceirizados, representando 32,75% da campanha. Outros 15,93% dos custos foram destinados à produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. As atividades de militância na rua ficaram em terceiro lugar, com 13,98%. Já as papeladas, como santinhos e jornaizinhos, representaram 10,32% dos gastos. A natureza agradece. Por outro lado, o mesmo não acontece nas campanhas para deputado federal e estadual. Panfletos ainda são os maiores investimentos para conseguir votos, atingindo, respectivamente, 22,53% e 24,59% dos gastos. Quanto ao Senado, o uso de impressos também perdeu o valor e, assim como a campanha ao governo estadual, ficou na quarta posição de despesas, com 10,59% dos gastos. No entanto, a campanha a senador se difere das demais no quesito “doações financeiras a outros candidatos partidos”. Foi a que mais investiu no apoio de aliados, configurando o primeiro lugar em gastos: 20,51%. A pesquisa ainda traçou, sem citar nomes, os gastos

máximos das campanhas. Quem gastou mais para conquistar uma das 24 vagas do parlamento estadual desembolsou R$ 797 mil, 79 vezes mais do que a pessoa que gastou o menor valor, R$ 10 mil. À Câmara dos Deputados, o candidato que gastou menos desembolsou R$ 970 mil, e o que gastou o valor máximo, R$ 2,1 milhões. Ao Senado, o gasto máximo da campanha chegou a R$ 3,4 milhões. E com um único vencedor, a campanha vitoriosa ao governo, de Renan Filho (MDB), foi de R$ 3 milhões. Em valores não corrigidos, em 2018 quem menos gastou em campanha a governador foi o candidato Basile, do Psol: R$ 60.771,73. Josan Leite (PSL) investiu R$ 44.100,15 e Pinto de Luna (Pros) R$79.815,49. Já a campanha de Filho foi de R$ 2.511.832,48. Esses valo-

res são do site DivulgaCand, não sendo corrigidos pela inflação. Rumo ao Senado, foram nove candidatos. Os vencedores Renan Calheiros (MDB) e Rodrigo Cunha (PSDB) fizeram investimentos de R$ 2.438.465,62 e R$ 2.827.088,57, respectivamente. As outras campanhas custaram: Benedito de Lira (PP), R$ 2.628.811,37; Flávio Moreno (PSL), R$ 62.503,00; Maurício Quintella (PR), R$ 2.989.988,52; Osvaldo Maciel (PCB), R$ 13.948,15; Cícero Albuquerque (Psol), R$ 18.441,75; Sérgio Cabral (Patriota), R$ 5.513,55; e Flávia Melo (PCO), que não declarou os gastos. O interessante é que o exdeputado federal Maurício Quintella teve o maior gasto de campanha mas acabou não se elegendo senador.

Gastos para Câmara Federal * valor não corrigido Arthur Lira (PP) - R$ 1.765.947,26 Pedro Vilela (PSDB) - R$ 1.356.815,09 (suplente de JHC) Sérgio Toledo (PR) - R$ 1.355.557,26 JHC (PSB) - R$ 1.298.680,16 (hoje prefeito de Maceió) Marx Beltrão (PSD) - R$1.049.678,50 Paulão (PT) - R$ 1.000.000,00 Isnaldo Bulhões (MDB) - R$ 953.000,00 Severino Pessoa (PRB) - R$ 841.497,40 Tereza Nelma (PSDB) - R$ 801.056,80

Gastos para Assembleia Legislativa Fátima Canuto (PRTB) - R$ 658.616,89 Angela Garrote (PP) - R$ 566.527,36 Jó Pereira (MDB) - R$ 519.202,82 Tarcizo Freire (PP) - R$ 499.922,91 Cibele Moura (PSBD) - R$ 468.536,01 Antonio Albuquerque (PTB) - R$ 419.207,53 Flávia Cavalcante (PRTB) - R$ 325.438,09 Yvan Beltrão (PSD) - R$ 259.022,02 Davi Maia (DEM) - R$ 258.704,55 Galba Novaes (MDB) - R$ 239.319,91 Davi Davino (PP) - R$ 233.698,99 Ricardo Nezinho (MDB) - R$ 229.213,26 Marcelo Beltrão (MDB) - R$ 224.785,96 (eleito prefeito de Coruripe em 2020) Breno Albuquerque (PRTB) - R$ 221.893,72 Léo Loureiro (PP) - R$ 218.810,00 Dudu Ronalsa (PSBD) - R$ 214.511,79 Bruno Toledo (Pros) - R$ 207.883,29 Olavo Calheiros (MDB) - R$ 168.600,73 Ronaldo Medeiros (MDB) - R$ 149.791,27 (suplente de Marcelo Beltrão) Francisco Tenório (PMN) - R$ 141.735,18 Marcelo Victor (Solidariedade) - R$ 128.880,00 Gilvan Barros Filho (PSD) - R$ 118.769,52 Paulo Dantas (MDB) - R$ 103.000,00 Marcos Barbosa (PPS) - R$ 97.055,00 Inácio Loiola (PDT) - R$ 73.009,90 Jairzinho Lira (PRTB) - R$ 69.781,38 Silvio Camelo (PV) - R$ 63.583,38 Cabo Bebeto (PSL) - R$ 8.409,44


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NORDESTE

Na Bahia, para se eleger ao governo do Estado é preciso investir R$ 9 milhões. A média de gastos para se eleger para o Senado é de R$ 2 milhões, para a Câmara de Deputados é R$ 1,3 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 310 mil. No Ceará, a campanha vitoriosa mais barata foi de um concorrente à Assembleia Legislativa, sem mandato, que desembolsou R$ 9119,62. A média de gastos para conquistar uma das 46 vagas da Assembleia foi de R$ 408 mil e o gasto máximo, R$ 1,2 milhão, 131 vezes do que a campanha mais barata. Na corrida para a Câmara, a diferença de investimentos entre concorrentes à reeleição e concorrentes sem mandato também chama a atenção. Enquanto um candidato com mandato precisou desembolsar R$ 2,4 milhões para se reeleger, um entrante investiu R$ 73 mil, 32 vezes menos

recursos. A pesquisa mostra ainda que a campanha vitoriosa ao governo do Estado custou R$ 10,1 milhões. E a média de gastos para se eleger ao Senado foi de R$ 3,4 milhões e para a Câmara, R$ 943 mil. No Maranhão, terra da Família Sarney, a campanha vitoriosa para o governo do Estado chegou a R$ 9,3 milhões e ao Senado, R$ 2,6 milhões. Para se conquistar uma das 18 vagas para a Câmara do Deputados, o investimento médio foi de R$ 1,2 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 390 mil. Segundo o estudo do IBPAD, o vencedor que mais gastou para se eleger ao Senado, investiu 2,4 vezes o valor gasto por quem conquistou a outra vaga: R$ 3,8 milhões contra R$ 1,5 milhão. Na disputa pela Câmara dos Deputados, a distância entre quem gastou mais e quem gastou menos também é significativa: o investimento máximo foi de R$ 2,9 milhões, 42 vezes o valor do investimento mínimo, de R$ 69 mil.

Na Paraíba, para se eleger ao governo do Estado é preciso investir R$ 5,3 milhões. A média de gastos para se eleger para o Senado é R$ 2,7 milhões, para a Câmara de Deputados é R$ 1,3 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 268 mil. Em Pernambuco, a corrida para governador custou R$ 10,6 milhões, uma das maiores do país. A média de gastos para se eleger para o Senado é R$ 2,5 milhões, para a Câmara de Deputados é R$ 1,5 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 439 mil. No Piauí, para se eleger ao governo do Estado é preciso investir R$ 3,7 milhões. A média de gastos para se eleger para o Senado é R$ 2,7 milhões, para a Câmara de Deputados é R$ 1,4 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 461 mil. Conforme o IBPAD, na disputa para o Senado, o candidato à reeleição investiu 1,6 vezes mais do que o candidato vencedor que não possuía mandato. Entre os candidatos sem mandato que conseguiram se eleger, a diferença de gastos entre quem mais gastou e quem menos gastou foi de 6,6 vezes: R$ 1,1 milhão, contra R$ 172 mil. No Rio Grande do Norte, conquistar uma das 24 vagas para a Assembleia Legislativa custa em média R$ 328 mil. Mas teve candidato que garantiu o seu mandato com apenas R$ 13,1 mil reais. Para vencer o governo do Estado, foi preciso desembolsar R$ 8,4 milhões. Já a média de gastos para o Senado foi de R$ 668 mil e para a Câmara dos Deputados, R$ 1,4 milhão. Em Sergipe, o gasto máxi-

mo na disputa ao Senado foi de R$ 1,4 milhão. Já o gasto mínimo foi de R$ 94,6 mil, 15 vezes menor. Na corrida para a Câmara dos Deputados, a diferença entre a candidatura que consumiu mais recursos e que consumiu menos também é enorme: R$ 1,2 millhão contra R$ 17,6 mil.

BRASIL De acordo com a pesquisa, quem pretende disputar um cargo para as Assembleias Legislativas, por exemplo, precisará desembolsar em média R$ 373 mil. Esse foi o custo médio de uma campanha vitoriosa em 2018, em valores corrigidos pela inflação acumulada no período. Mas esse gasto pode variar muito dependendo da região ou estado em que o concorrente está, se vai disputar a reeleição ou não. O estudo mostra que no Espírito Santo, onde houve a menor média de gastos de um vencedor, o investimento foi de R$ 154 mil. A disputa pela mesma vaga em São Paulo, onde houve a maior média, custou quase 3,5 vezes a mais, um investimento de R$ 537 mil para quem se elegeu. Já quem sonha com uma das 513 vagas da Câmara dos Deputados será necessário gastar em média R$ 1,3 milhão. Mas quando se faz a comparação por estados, novamente há variações. Quem conquistou uma das cadeiras da bancada do Rio de Janeiro, o estado com a menor média de gastos, investiu R$ 914 mil. Mas para ser dono de um dos mandatos de deputado federal por Goiás, o estado com a maior média, o investimento foi quase duas vezes maior, de R$ 1,6 milhão. Outro dado interessante da pesquisa Quanto Custa Ganhar Uma Eleição: nem sempre concorrer à reeleição significa gastar menos dinheiro. No Amazonas, por exemplo, quem se reelegeu deputado federal gastou em média R$ 2,1 milhões, enquanto quem não tinha mandato investiu em média R$ 831 mil, ou seja, um terço do valor de quem já era dono de uma cadeira no Congresso.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”. (Rui Barbosa)

Emendas “pra lamentar”

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m inquérito encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) relata ter encontrado indícios de que deputados do Partido Liberal (PL), liderados pelo deputado federal Josimar Maranhãozinho (MA), utilizaram-se de grupos armados e extorsões para movimentar emendas parlamentares. As informações são do jornal O Globo. Segundo informações da própria Polícia

Federal, esse foi apenas o início de uma série de investigações que estão pautadas para os próximos dias, desvendando um grande esquema de corrupção na compra de tratores, máquinas agrícolas, ônibus, caminhões que estão sendo distribuídos por políticos em praticamente todos os estados. Trata-se de um volumoso esquema de desvios de muito dinheiro de emendas parlamentares, principalmente as chamadas “secretas”.

Quem não lembra o escândalo das ambulâncias?

O escândalo dos sanguessugas, também conhecido como máfia das ambulâncias, foi um escândalo de corrupção que estourou em 2006 devido à descoberta de uma quadrilha que tinha como desviar dinheiro público destinado à compra de ambulâncias. Entre seus principais envolvidos estavam vários parlamentares, prefeitos e assessores. Em 4 de maio de 2006 a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sanguessuga para desarticular o esquema de fraudes em licitações na área de saúde. De acordo com a PF, a quadrilha negociava com assessores de parlamentares a liberação de emendas individuais ao Orçamento da União para que fossem destinadas a municípios específicos. Com recursos garantidos, o grupo – que também tinha um integrante ocupando cargo no Ministério da Saúde – manipulava a licitação e fraudava a concorrência valendo-se de empresas de fachada. Dessa maneira, os preços da licitação eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de mercado. O lucro era distribuído entre os participantes do esquema. Dezenas de deputados foram acusados.

Crimes eleitorais

Nas próximas eleições o crime eleitoral será tratado com rigor e isenção, pelo que diz respeito ao Ministério Público. O tema será tratado pelo promotor Marcus Rômulo Maia Mello, um dos melhores quadros da Procuradoria Geral de Justiça, titular da 54ª Zona Eleitoral, promotor da Defesa do Patrimônio Público de Maceió, mestre em Direito, com um destacado trabalho profissional em combate à corrupção e desvios nas administrações públicas. Que os espertinhos, acostumados às fraudes e todos os tipos de crimes eleitorais fiquem atentos. Marcus Rômulo não é de brincadeira e vai botar, com sua eficiência e compromisso com o interesse público, muita gente em situação difícil. Espera-se que os juízes eleitorais sigam o exemplo.

O povo que paga

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou a alta dos preços dos combustíveis no país. Ele disse que o Congresso Nacional tem levantado algumas discussões no sentido de exigir a “participação” da Petrobras para reduzir esse impacto, na condição de empresa que tem “função social”. As declarações de Pacheco foram dadas durante participação dele em evento com o setor empresarial, em Belo Horizonte. “A Petrobras tem hoje uma lucratividade na ordem de três vezes mais que suas concorrentes, dividendos bilionários. Óbvio que é muito bom que isso aconteça, mas não pode acontecer em prejuízo da população brasileira que abastece seus veículos ou que precisa de transporte coletivo”, disse, ao lembrar que a empresa possui participação da União.

Sempre os mesmos

O Poder Judiciário, antes bastião da democracia e da aplicação da Justiça, vem decaindo na avaliação dos brasileiros a cada episódio deplorável e vergonhoso praticado por seus integrantes, desde a mais alta corte aos juizados inferiores país afora. É uma vergonha a cada gesto de nepotismo, corporativismo e muito de corrupção. Fico a imaginar Rui Barbosa, o patrono da advocacia, que em seu tempo já abominava os vícios da magistratura brasileira em sua frase antológica: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Uma proposta indecente

A Câmara dos Deputados aprovou, em dois turnos, proposta de emenda à Constituição que permite a permuta de local de trabalho de juízes da Justiça estadual de estados diferentes. A matéria foi enviada ao Senado. Se trata de mais um casuísmo da magistratura em afronta aos milhares de servidores públicos estaduais, que uma vez nomeados por concurso em determinado ente da federação, não poderão nunca usar de tal artificio indecente, mesmo que sua família resida fora da área geográfica onde presta serviço. Vê-se na manobra apenas mais um golpe dos senhores magistrados, com a complacência do Poder Legislativo, tão sujo e viciado, ambos abominados pelos brasileiros indignados.

Estatuto das vítimas

A secretária nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Mariana Neris, disse aos deputados do Grupo de Trabalho do Estatuto das Vítimas que ainda este mês o governo deve apresentar decreto para instituir uma Política Nacional dos Direitos das Vítimas de Violência. E sugeriu que o estatuto especifique melhor o conceito de vítima para não dificultar a execução da norma. A deputada Tia Eron (Republicanos-BA), coordenadora do grupo, disse que o objetivo da lei é justamente ampliar o conceito de vítima; abrangendo não somente vítimas de crimes, mas de desastres naturais e calamidades. O ministro da Justiça, Anderson Torres, na mesma audiência ressaltou: “Mudar esse absurdo, essa verdadeira inversão de valores que a gente vive em nosso país há muitos anos, onde muitas vezes o criminoso é tratado como um coitado”.


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5% são sérios. O resto é estrume

ELIAS FRAGOSO n Economista

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ão há dúvida que o Brasil é mesmo para especialistas. Há mais de um ano o brasileiro vem sofrendo com a alta da inflação, o desemprego altíssimo, o subemprego recorrente, uma pandemia que não passa, a estagnação com cara de estagflação que imobiliza o país, a queda crescente do investimento público, os juros nas alturas, o Orçamento da Nação apropriado pelos lobbies encrustados no poder público e pelo Congresso entregue ao Centrão. Com um presidente que não governa cercado pela fina flor dos assaltantes do dinheiro público, agora ministros

ou presidentes de partido que ora acolhe a excrescência presidencial, ora, também, políticos do mesmo naipe e de rasa qualificação em suas hostes partidárias. Com executivos e legislativos estaduais e municipais entretidos em estranhas transações milionárias, algumas bilionárias, este país está tomado pela fina flor da bandidagem. Eleitos pela população para defender os interesses do povo, dos municípios, estados e país, parlamentares e governantes ao assumirem seus mandatos, automaticamente se transmutam em defensores dos seus próprios interesses, de chefes de facções, de gangues das drogas, da volta dos viciantes jogos, de orçamentos secretos, das votações apressadas de sinecuras. O mundo político está tomado pelos piores. E os políticos no Executivo não fogem a essa triste regra. Por detrás de cada decisão “a favor do povo” escondem-se transações indecorosas, se não criminosas. Quase nada é feito visando – de fato – o interesse público. Agora, todos se avexam em – de novo e na maior cara

de pau – paparicar (ou comprar com 100 ou 200 reais) o eleitor, o mesmo cidadão da periferia que nada recebeu do Estado que não migalhas, passou 4 anos levando cacete da polícia (quando não tiro) ou sendo ameaçado ou morto pelas gangues que tomaram conta dos bairros periféricos e ameaçam entrar também nos bairros de classe média e alta deste país. Da mesma forma que ofendem o cidadão da classe média – cada vez mais espremido pelo despautério dos preços que andam nas alturas, enquanto seu salário é corroído por uma inflação implacável que destrói seu poder de compra – com lorotas e promessas escrotas que jamais cumprirão. E os idosos que acabam de sofrer uma enorme derrota no Supremo em uma causa que dorme lá há 21 anos sem que nenhum político assuma a sua defesa: a devolução do dinheiro que foi roubado dos aposentados pelo governo desde 1999. São uns sem vergonha. Mas o “esforço” certamen-

te vale para eles: o custo de um congressista neste país em 2018 era de 37,1 milhões de dólares (agora deve ser muito mais com as tais emendas do relator, orçamento secreto e outras safadezas) algo em torno de R$ 194 milhões/ ano, R$16.400.000,00 a cada mês! A fonte da informação é a União Interparlamentar Mundial. Sem falar no prejuízo que causam com o dinheiro sujo recebido de lobbies para defenderem causas indefensáveis contra a sociedade. São esses mesmos sujeitos que aqui em Alagoas se escondem a quatro anos do enfrentamento necessário às questões inerentes ao megadesastre que a Braskem provocou em Maceió. Fogem do tema como o diabo da cruz. A ponto de obrigar grupos de cidadãos a assumir o papel deles, políticos, e lutar por Maceió. Vota quem quiser nessas figuras. Mas vota sabendo o que são, o que não fizeram pela população e o que irão fazer em prol deles mesmos nos próximos anos. Uns 5% são gente séria. O resto é estrume.

primeira vítima é a verdade vale certinho para nossas campanhas eleitorais, um festival de promessas e lorotas. As promessas quase sempre são as mesmas, mas as mentiras, hoje em dia, têm nova dimensão e novo nome: fake news ou notícias falsas. Elas são informações que não representam a realidade, porém são compartilhadas na internet como se fossem verídicas, principalmente através das redes sociais. Seu efeito pode ser devastador. As fake news ganharam notoriedade nas eleições americanas em 2016, quando Donald Trump usou e abusou da técnica de usar inverdades para conquistar votos. Trump teria tido uma competente assessoria de profissionais russos na preparação das fake News de sua campanha. Parece que a moda pegou e vamos ter repeteco nas eleições de outu-

bro. As notícias mentirosas, produzidas por profissionais, não vão dar para quem quer. Estão sendo mais esperadas do que a própria campanha na TV. Os partidos estão se preparando. O jornalista Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, aposta que Carlos Bolsonaro foi à Rússia para colocar em dia o que há de mais moderno em ataques digitais e manipulação de eleições. É bom que o eleitor vá se preparando para ver e ouvir barbaridades nas telinhas dos celulares. É bom não acreditar de pronto nessas mensagens. Tem como saber se a notícia é verdadeira ou fake news. Investigar é melhor do que se deixar enganar. A eleição constrói nosso futuro e o voto não deve ser trocado por mentira bem contada. Lembre-se: em rio de piranha, jacaré nada de costas e macaco toma água de canudinho. Fique de olho.

E os idosos que acabam de sofrer uma enorme derrota no Supremo em uma causa que dorme lá há 21 anos sem que nenhum político assuma a sua defesa: a devolução do dinheiro que foi roubado dos aposentados pelo governo desde 1999. São uns sem vergonha.

Fique de olho

NELSON FERREIRA n Jornalista

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os últimos dias, os mais diversos veículos da imprensa nacional têm dado amplo espaço para questionar a inclusão do vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, na comitiva do governo brasileiro que viajou à Rússia a convite do presidente Vladimir Putin. Na verdade, a curiosidade da mídia tem sentido. Carlos Bolsonaro é um político carioca e não faz parte do governo federal. Sua notoriedade se deve ao

fato de ser filho do presidente da República. Só isso. No entanto, a foto da reunião de Jair Bolsonaro com autoridades russas para tratar de detalhes das interações russo -brasileiras, tanto na política externa quanto em assuntos de segurança, mostra o filho 02 sentado à direita do pai na posição de um importante interlocutor, em detrimento dos ministros Braga Neto, da Defesa, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Luís Eduardo Ramos, chefe da Secretaria-Geral, e Carlos França, das Relações Exteriores, que se distribuíram ao longo da mesa. Independente da cadeira que ocupava, com certeza Carlos Bolsonaro não foi fazer turismo na Rússia. Tem gente acreditando que ele teria encontros marcados com pessoas ligadas ao governo russo, especialistas em criação e distribuição de mentiras. A antiga citação de que na guerra a

O jornalista Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, aposta que Carlos Bolsonaro foi à Rússia para colocar em dia o que há de mais moderno em ataques digitais e manipulação de eleições. É bom que o eleitor vá se preparando para ver e ouvir barbaridades nas telinhas dos celulares.


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A história nas ruas e praças da cidade

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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sta semana recebi de uma amiga postagem de WattsApp que lembra fatos da vida conhecidos e vividos por nós, os setentões, notadamente no tocante ao desenvolvimento da civilização. Outro amigo enviou-me mensagem com entrevista de parentes seus, irmãos educadores com vida dedicada ao ensino e à educação, pelas mãos de quem passaram várias gera-

ções de alagoanos. Esses dois fatos fizeram-me esquecer as trapalhadas da política e de políticos, daqui e d’alhures. Na minha infância e adolescência a história de Maceió, de Alagoas, enfim, do Brasil, era contada também pelos nomes das ruas, monumentos das praças, e até por edifícios públicos. Por exemplo, a rua em que nasci, no bairro do Poço, tinha o prosaico nome de “Rego da Mata”. Ainda infantil, descobri que o nome do logradouro era Av. Cel. Pedro Paulino, um dos militares Fonseca que fizeram a história do Brasil, seja na Guerra do Paraguai ou na República. Outras ruas do bairro contavam a história brasileira, como a Carlos Gomes, a Praça Guimarães Passos, o Largo 13 de Maio. Não só no Poço, mas essas significações ocorriam em todos os bairros da

cidade. Andar por nossas ruas era passearmos pela História, além de deliciarmo-nos com os nomes mais antigos, prosaicos todos, como Rua do Arame, Rua do Sossego, Rua da Alegria, Rua da Praia, Boa Vista, Beco das Sete Facadas, e tantos mais que as gerações novas não conheceram. Houve um prefeito que mandou apor em casa rua ou praça a placa do nome mais antigo, e com o nome do homenageado histórico. O bom exemplo não foi seguido. De um tempo para cá esse costume foi perdido. Hoje ruas e praças têm nomes de pessoas, em homenagens bem pessoais dos nossos vereadores, seja pela amizade com ditas pessoas, ou porque de alguma forma elas ajudaram sua eleição com votos e contribuições. Nada contra esses cidadãos anônimos, até porque

sou um deles. Mas quando as crianças perguntam aos pais quem aquele foi fulano que identifica sua rua, não se sabe responder, muito menos onde encontrar as informações respectivas. Por que fui acometido dessa nostalgia? Ocorre que a postagem do meu amigo rememorava três dos seus tios, dois dos quais foram meus professores e educadores, assim como de gerações. Viveram uma vida totalmente voltada para a educação, e com isso não amealharam fortuna, mas o prazer de ver seus alunos progredirem intelectual e socialmente. Trato de dois irmãos Barros, Padre Teófanes e a Professora Maria Teônia. Junto com outros membros da família, seus irmãos Teobaldo e Maria Teomirtes, tornaram possível a evolução da cultura alagoana. Ficarão eles esquecidos no tempo?

Na minha infância e adolescência a história de Maceió, de Alagoas, enfim, do Brasil, era contada também pelos nomes das ruas, monumentos das praças, e até por edifícios públicos. Por exemplo, a rua em que nasci, no bairro do Poço, tinha o prosaico nome de “Rego da Mata”.

Eternos sofredores

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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oda economia que o país precisa fazer, passa sempre pelo servidor público. Vantagens já incorporadas ao salário são modificadas. Um belo exemplo é o desconto para a Previdência. Havia leis que protegiam os idosos doentes e foram modificadas para pior. Estados e municípios acompanharam as reformas e cada um aprovou normas a seu bel prazer. Em Alagoas, o governo perdeu uma eleição para prefeito de Maceió porque aumentou para 14% o desconto previdenciário e ainda utilizou apenas um teto do INSS. Para idosos doentes tentou reverter o quadro, mas já era tarde. Outro mal praticado pelo

governo federal foi a perda da estabilidade para funcionários. Criaturas aprovadas em concurso, com emprego assegurado, viram de repente tudo acabar. Para que estudar, fazer concurso e não adquirir a estabilidade funcional? Mais uma desilusão! Os dirigentes se esqueceram do direito adquirido. O profissional se aposenta com as vantagens amealhadas ao longo de trinta anos ou mais e vem uma nova lei, mudando tudo. Foi o caso da Previdência! As regras mudaram e o salário ficou menor. Lembro-me que meu pai era funcionário do INSS e tínhamos direito à Patronal, seu plano de saúde, sem grande desconto. Hoje os planos são caríssimos e, nem sempre, o salário dos servidores cobre os descontos com saúde. Na Assembleia Legislativa de Alagoas vários colegas estão desistindo da Unimed. Não podem pagar porque sua receita mensal não permite. Outro desastre foi unificar todas as vantagens do funcionário num só valor. Ninguém sabe o que é tempo de serviço ou gratificações incorporadas. Tudo fica em um “soldão”, como se diz no Exército. Antigamente, se alguém tivesse uma gratificação por dois anos seguidos ou quatro intercalados, incorporava a tal vantagem ao sa-

lário. Passaram para quatro anos seguidos ou oito intercalados. Nem sei se ainda existe. Quem fizer concurso público e for nomeado, não tem mais estágio probatório; pode ser demitido a qualquer momento. A insegurança é grande. Há empresas públicas em que as gratificações são maiores do que o próprio salário. O pobre servidor vira refém da vantagem. Existem ações judiciais contra empresas exigindo do trabalhador excesso de produção para atingir determinada cota. Conheço casos de afastamento do serviço causado por problemas mentais advindos de tal exigência. No Legislativo alagoano as férias que deveriam ser pagas de acordo com a lei, são esquecidas. É preciso que o líder sindical procure a Mesa Diretora e “negocie” as férias. Há mais de dez anos não existe um planejamento legal para pagar as férias anuais. Eu mesma me aposentei e perdi cinco períodos. Na área federal ainda existe certo respeito pelos direitos dos servidores. Nas Forças Armadas os militares não sofrem tanto. Entretanto há milhares de processos na Justiça e se a pensionista ou seus dependentes fizerem alguma reinvindicação, há demora para a

decisão final. Outro grande sofrimento para os trabalhadores do Legislativo é conseguir administrativamente qualquer direito. O processo é arquivado ou engavetado. Caso haja reclamação aos dirigentes, eles respondem taxativamente: JUDICIALIZE! E lá se vão os coitados para a Justiça, como sempre, lenta demais. O servidor morre e não resolve a questão. Outro fato preocupante é o excesso de comissionados nos três poderes, nos níveis federal, estadual e municipal. São pessoas contratadas, sem concurso e por tempo determinado. No Brasil todo está ocorrendo essa prática. Toda vez que muda o governo e assumem novos ministros, a preocupação é economizar diminuindo a renda dos servidores. Corta daqui, corta dali, muda a lei tal e lá vem a cacetada na categoria. Se os dirigentes fossem indenizar o que devem aos sofredores públicos, estes ficariam ricos. Ainda por cima, na hora de acompanhar os processos é necessário ter padrinhos que ajudem no andamento da questão. Um conselho preciso dar aos companheiros do serviço público: escolham bem seus líderes sindicais, pois o panorama atual é muito negro.

Toda vez que muda o governo e assumem novos ministros, a preocupação é economizar diminuindo a renda dos servidores. Corta daqui, corta dali, muda a lei tal e lá vem a cacetada na categoria.


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JÚLIO CEZAR REÚNE AGRICULTORES E GARANTE AMPLIAR COMPRAS DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

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prefeito Júlio Cezar se reuniu na segundafeira (14) com os secretários municipais de Educação, Agricultura, Desenvolvimento Ecomômico e Turismo, coordenadora de alimentação e lideranças rurais para discutir a ampliação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O encontro aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Dentro do objetivo da ampliação, o projeto prevê a inserção de novos produtos no cardápio da merenda escolar, além de oportunidades aos produtores rurais da região. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Leonardo Correia, este é um momento de organizar os produtores e tirar dúvidas. “Foi necessário nós reunirmos com todos os agricultores que produzem alimentos no campo. Uma das maiores dificuldade é comercializar os produtos. Precisamos nos organizar, enquanto associação, e sociedade enquanto prefeitura. Nunca se viu esses momentos de diálogo com gestão, por isso é importante essa união, para fazer crescer a agricultura familiar”, afirmou Leonardo Correia. De acordo com o prefeito, a ideia é incentivar o pequeno produtor e oferecer um alimento de

qualidade aos alunos da rede municipal. “Nós somos um governo voltado para a agricultura. O PNAE tem dinheiro e por que não beneficiar mais gente, comprar mais dos indígenas, quilombolas, das associações e dos que aqui estão? Em três dias a prefeitura paga. Vender é muito bom e ter a certeza que vai receber é melhor ainda. Nunca deixamos de cumprir um compromisso sequer, por isso que estamos aqui hoje e queremos comprar mais de

vocês. Agora, precisamos ainda mais da agricultura familiar. Com os nossos alunos em tempo integral eles irão receber cinco refeições diárias, mais merenda nas escolas e mais compra do agricultor” declarou o prefeito.


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SAÚDE

Profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Maceió falam sobre conquistas e desafios

MÊS DA MULHER: Conciliar é verbo condutor na rotina das mulheres

Santa Casa tem mais de 3 mil colaboradores que atuam em diversas áreas; cerca de 2500 são mulheres

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olange Novelli, Daniela Broad e Fabrícia Araújo são mulheres que escolheram a área da Saúde para trabalhar. Todas atuam na Santa Casa de Maceió e neste Mês da Mulher representam exemplos de sucesso e dividem os desafios e as conquistas das profissões escolhidas: médica, enfermeira e fisioterapeuta. “Sempre falava para minha mãe que quando eu crescesse que queria ser médica “pe-di-á-tri-ca”. Realizei esse sonho e acredito que a mulher tem uma sensibilidade maior para as exigências desse trabalho. Claro que existem exceções, mas a natureza feminina é mais delicada, pois traz consigo o instinto maternal. E maternar é isso: cuidar, apoiar, e proteger”, contou a médica paulistana, Solange Novelli, que mora em Maceió há 21 anos e atua na UTI Neurológica do hospital, sen-

do responsável pelos boletins médicos e contato com os familiares do paciente. O maior desafio? Conciliar tudo o que faz dentro e fora do ambiente de trabalho. “De uns anos para cá, a parte financeira pesa muito e hoje a mulher entra com uma contribuição importante na manutenção da casa, especialmente quando se pensa nas mães solo, cuja responsabilidade é muito grande. Além de médica, sou mãe e mulher, então preciso gerenciar esse tempo para que ele seja de qualidade”, disse a profissional. Daniela Broad atua na Santa Casa de Maceió desde 2004, quando iniciou como estagiária. Atuou como enfermeira assistencial, foi supervisora de unidade, assumiu a coordenação, e, posteriormente, a Gestão de Enfermagem. “Ainda é um desafio para as mulheres se

destacarem no mercado de trabalho competitivo. Estamos deixando de ser aquela que, exclusivamente, permanece em casa, cuidando de filhos e desenvolvendo atividades domésticas. Atualmente, conseguimos terceirizar estas atividades, porém, ao concluir a jornada de trabalho, desempenhamos uma outra jornada: a de ser esposa, mãe, amiga, filha…”, afirmou. Para Daniela Broad, em relação aos cargos estratégicos, o momento vem se mostrando cada vez mais favorável. “Nos últimos anos estamos buscando, de maneira mais acentuada, a equidade na sociedade. Acerca do ambiente hospitalar, não era comum mulheres assumirem cargos estratégicos para tomada de decisão. Hoje, diversas mulheres possuem voz ativa frente às definições e gerenciamento dos processos. Orgulho-me de assumir um desses cargos. Ain-

da temos um longo caminho para percorrer, entretanto, já é possível vislumbrar um progresso”, disse. A Santa Casa de Maceió tem pouco mais de três mil colaboradores. Destes, cerca de 2500 são mulheres. “Muitas vezes, conciliar a vida profissional com a pessoal não é fácil, mas sou apaixonada pelas duas rotinas e o equilíbrio entre elas é fundamental”, destacou a fisioterapeuta Fabrícia Jannine Torres Araújo, coordenadora do Núcleo de Reabilitação, que está na instituição desde 2004. Para ela, o gerenciamento do tempo na busca de se manter constantemente atualizada profissionalmente, sem perder a magia do dia-a-dia familiar, é um dos maiores desafios. “Isso faz com que tenhamos a necessidade de nos dedicarmos mais. Mas o mercado está melhorando e conquista-


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CULTURA

Projeto da Academia Alagoana de Letras contempla crianças da capital e do interior “Letras Alagoanas, preparando para o futuro” revela talentos dos próximos imortais do estado MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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academia Alagoana de Letras abriu suas portas para crianças alagoanas de 8 a 11 anos mostrarem seus talentos e aprimorar o gosto pela leitura, escrita e outras artes. O projeto “Letras Alagoanas, preparando para o futuro” conseguiu juntar os possíveis mais novos imortais oriundos da capital e interior do estado. Uniu cores, classes sociais, gostos, promoveu inclusão, deu oportunidades, fez o público se emocionar. Para abrir os trabalhos, apresentou Lídia Jordana, 9 anos, de Maceió, Down, que esbanjou talento, conhecimento e nos ensinou que somos diferentes, mas iguais. Em seguida, aportaram, lá de Paulo Jacinto, da Terra do Baile da Chita, para apresentar a obra literária da escritora Maria Isabelle Barbosa, os habilidosos Maria Valentina Ramos e Silva Freire e Daniel Jhonson Nascimento. A organista e artista plástica Milena Correia de Amorim fez brilhar seu talento, seja dedilhando uma canção, seja apresentando suas aquarelas. Na verdade, foram tantos talentos juntos que transbordaram além do vídeo e encheramm de emoção os olhos e corações de quem os assistiu. Lídia, a Lili, brincou com as palavras, recitou, nos fez conhecer um pouco mais de Aurélio Buarque de Holanda. Foi ao encontro do mestre e nos apresentou o mar de Ponta Verde, que estava bem ao lado de seu homenageado. E o que dizer da garotada do interior alagoano que fez bonito em sua estreia. Maria Valentina se vestiu de chita, o traje de gala de quem é da Terra do Baile da Chita. Com sua desenvoltura e charme, nos apresentou um pouco da obra de Isabelle Barbosa, “A princesa e o Plebeu”. Neste livro interativo, a autora instiga a curiosidade do leitor do começo ao fim. E assim, Valentina deu vida aos personagens criados por Isabelle. Seduziu aos que acompanharam a narrativa e os transportou para um reino tão, tão dis-

Lídia com o mestre Aurélio Buarque de Holanda tante chamado Encantado. De fato, Valentina encanta com sua arte de contar história, leva o público a participar da trama, a torcer pela princesa e o plebeu. Mas, para não entregar o final da trama de bandeja, surpreende e encerra a história com um “colorin colorado, este conto está terminado”. Para a estudante que ama ler, escrever, desenhar e cantar, participar do projeto da Academia Alagoana de Letras foi um aprendizado. “A história é muito legal, emocionante. Gosto de contar histórias, gosto de ler e espero que mais pessoas conheçam e sintam vontade de ler”, confidenciou Valentina. E nem bem Valentina se despediu do mundo de contos de fada, Daniel convocou o público para uma história do mundo real. Também vestido de chita, disse logo que entrou por uma de pato e saiu por uma de pinto e quem quiser que conte mais cinco e já emendou com a história que fala de um Planeta Azul, também de Isabelle. Essa trama é real, se passa ali mesmo, em Paulo Jacinto, porta de entrada do Agreste alagoano. A narrativa chama a responsabilidade para a conservação da natureza. Mas será que foi possível despoluir o Rio Paraíba, que corta a cidade bem ao meio? “Ah, isso você só irá saber se ler a obra”, desafia Daniel. Milena é puro talento. A organista mostra sua desenvoltura com o instrumento musical – o órgão que

Valentina e Daniel contaram as histórias escritas por Isabelle

Milena, além de organista, é artista plástica ganhou da mãe. Dedilha, encanta com sua sutileza e delicadeza. E ainda apresentou seu ateliê, sua arte nas lindas aquarelas expostas em um lugar especial da casa. “Fico muito feliz quando estou tocando ou desenhando. Foi muito bom participar desse projeto”, garantiu a tímida artista.

AVANTE, ISABELLE

Maria Isabelle é daquelas pessoas que ama escrever, ler, se aventurar pelo universo da literatura. Prova disso é que publicou duas obras – A Princesa e o Plebeu e O que o mundo precisa – e já tem outros projetos em mente. A menina

prodígio começou sua jornada literária aos 8 anos de idade e no dia em que completou 9 anos lançou sua obra, um livro dois em um. Segundo ela, qualquer pessoa pode realizar seus sonhos, basta acreditar. Fã de William Shakespeare, tem uma frase do poeta que leva para a vida. “Não se deixe levar pela distância entre seus sonhos e a realidade. Se você é capaz de sonhá-los, também pode realizá-los”, acredita Isabelle. O projeto está apenas começando e muitas crianças ainda vão mostrar seus talentos. Aproveite e se inscreva no canal Youtube da Academia Alagoana de Letras e nas outras redes sociais da entidade.


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ECONOMIAEM PAUTA FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com REPRODUÇÃO

PL das Fake News

O Projeto de Lei 2630/2020, mais conhecido como PL das Fake News, pode ser colocado para votação em breve e isso preocupa as empresas de tecnologia. Com o objetivo de instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, as novas regras podem tornar pagos serviços que são gratuitos, a exemplo do GPS. Isso porque o texto pretende mudar a forma com que a publicidade — que é uma das principais fontes de receita dos serviços online — é feita. O texto da lei deixa os anúncios muito menos direcionados, fazendo com que uma empresa não possa escolher um bairro onde os usuários verão a publicidade, por exemplo.

IPI Reduzido

Segurança pública

O presidente Jair Bolsonaro afirmou durante um evento no Palácio do Planalto nesta semana que o governo pode ampliar a redução do IPI para os setores de automóveis, motocicletas e linha branca, depois de uma redução geral de 25% aprovada há duas semanas. Durante o discurso, o presidente afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria aberto a possibilidade de uma nova redução, ainda sem data para acontecer.

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Calculadora de combustíveis

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EXTRA lançou esta semana uma ferramenta que ajuda o motorista alagoano a calcular online qual tipo de combustível compensa abastecer a depender do preço mostrado na bomba. O que determina se vale a pena ou não é a chamada paridade dos preços, uma espécie de regra usada no mercado que diz que, para valer a pena, o etanol deve custar até 70% do preço da gasolina, que rende mais no motor. A ferramenta pode ser acessada no www.novoextra.com.br/calculadora.

ASCOM PMAL

A Câmara dos Deputados aprovou, na terçafeira, 15, a Política Nacional de Valorização das Mulheres na Área de Segurança Pública. A medida destina pelo menos 20% das vagas para mulheres em concursos públicos na área de segurança pública. A proposta também estabelece a promoção de estratégia para enfrentamento ao assédio e à violência contra as mulheres no âmbito do ambiente de trabalho. A matéria segue agora para o Senado.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Stellantis faz dupla aposta nos próximos lançamentos

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ulse Abarth e Compass 4xe têm objetivos de mercado bem diferentes, mas indicam que a estratégia da Stellantis é oferecer todas as alternativas. A volta da grife Abarth ao Brasil, agora como marca, resgata a imagem de uma tradição de esportividade. Entre 2002 e 2008 o Fiat Stilo Abarth foi oferecido com motor de cinco cilindros de aspiração natural, 2,4 litros e 167 cv. Havia apenas um discreto adesivo na tampa traseira para identificá-lo. Pouco mais de 4.000 unidades foram vendidas em seis anos. De 2014 a 2015 veio do México o 500 Abarth, dessa vez sem o emblema Fiat. Previsão de lançamento do Pulse Abarth é no último trimestre deste ano. O escorpião estilizado substitui o logo da Fiat na frente e, na traseira, o nome Abarth aparece em destaque. Nada foi adiantado sobre a parte mecânica, porém se considera como certo o motor 1,33 L turbo provavelmente com a mesma potência de 185 cv (E)/180 cv (G) do Renegade, Compass, Commander e Toro. Altura da suspensão poderia ser levemente diminuída, mas as fotos de divulgação não indicam isso. Outra dúvida: discos substituiriam tambores de freio nas rodas traseiras? Todas as mudanças serão feitas em Betim (MG). Concessionárias Fiat selecionadas vão comercializar até três modelos Abarth. O

segundo produto chegará no próximo ano, tendo como base o novo SUV que a marca italiana prepara para o segmento mais disputado do mercado brasileiro. O terceiro modelo, se confirmado, deverá ser importado da Itália. Trata-se do Abarth 595 com motor 1,4 L de 165 cv. Este é o mesmo motor mas com 176 cv da Fórmula 4, categoria internacional de base, prevista para estrear em 15 de maio, no autódromo Velocittà (Mogi Guaçu – SP). Quanto ao Compass 4xe é um híbrido plugável que a Jeep confirmou para o segundo trimestre. Importado da Itália tem um motor dianteiro de 180 cv (G), igual ao produzido no Brasil, e um traseiro elétrico de 60 cv. A potência total é de 240 cv com tração nas quatro rodas. Alcance em modo elétrico é de até 50 km. Carregador de parede repõe em no máximo duas horas a energia total da bateria de 11,4 kWh.

Afinal, qual é o alcance de um veículo elétrico? Da mesma forma que o consumo em motores convencionais pode não refletir exatamente os mesmos resultados no uso diário que são homologados pelas fabricantes de acordo com critérios oficiais, essas mesmas dúvidas surgem com carros elétricos. O alcance destes em geral é melhor em trechos urbanos do que em estradas, exatamente o oposto do que ocorre com os motores a combustão. Há o fator climático também envolvido que afeta os elétricos. No site especializado https://ev-database.org que apresenta 226 modelos com minuciosas especificações técnicas, o alcance dos elétricos é indicado

conforme as condições climáticas. No melhor caso, o site considera temperatura ambiente de 23 °C e ar-condicionado desligado. No outro extremo, temperatura de menos 10 °C e aquecimento ligado. São condições comuns na Europa. Entre estes dois parâmetros a diferença de alcance chega a 90%. Em veículos com bateria parruda, de 110 kWh, a exemplo do Mercedes-Benz EQS 580, o alcance pode variar de 450 km (em rodovias) a 850 km (em cidade) apenas por conta das variações climáticas entre inverno e verão no Hemisfério Norte.

ALTA RODA n VENDAS de carros elétricos em todo o mundo atingiram 4,2 milhões de unidades em 2021. O dobro do registrado em 2020, ano atípico em razão da pandemia. Significaram 6% do mercado contra 3,1% no ano anterior, segundo a consultoria Jato Dynamics. A China é dominante e manteve subsídios para atrair compradores. Na Europa vários países continuam a subsidiar. A penetração nos EUA, em torno de 3%, permaneceu abaixo da média mundial. Em outros mercados vendas são simbólicas ou inexistentes. No Brasil, 0,1%; Argentina, 0,01%. n KWID Intense 2023 ganhou presença com as modificações na dianteira: grade, para-choque, rearranjo de faróis e lanternas, além de DRL. Rodas de liga leve ajudam a melhorar o visual. Mudanças no motor incluíram sistema start-stop e um ganho pequeno de desempenho quando utilizando etanol. Consumo melhorou, de acordo com o Inmetro. No dia a dia, se o trânsito é muito lento, há de fato economia. No interior destaque para a tela maior (8 pol.) do multimídia. Controle de estabilidade (ESC) e de partida em rampa são de série. n ALUGUEL de um carro por horas ou até minutos, oferecido via aplicativos, tem vantagens. Encontrar o veículo em local conveniente, destravar a porta pelo celular, sair guiando e devolver onde achar melhor. Mas em caso de avaria pode se tornar um problema. A IturanMob desenvolveu um programa capaz de avaliar danos a partir de fotos do celular que o próprio locatário providencia. No entanto, é necessário apanhar e devolver em locais fixos. Dependendo de confiança entre as partes envolvidas pode ser dispensada a presença de um inspetor, dando maior grau de liberdade para quem aluga.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

CSA aplica goleada e avança à terceira fase da Copa do Brasil

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CSA conquistou a classificação para a terceira fase da Copa do Brasil, com uma goleada para cima do Paysandu. Werley abriu o placar no primeiro tempo. Na segunda etapa, Danrlei empatou, mas depois só deu Azulão, com Werley novamente, Yann Rolim e Lucas Barcelos para vencer por 4 a 1. Agora o CSA aguarda o sorteio da CBF que

ASCOM CSA

será no dia 28 de março. O evento está marcado para às 15h, no auditório da CBF, no Rio de Janeiro. A última vez que o Azulão conseguiu chegar nessa fase da competição foi em 2009, no fatídico ano em que eliminou o Santos de Neymar e companhia. Na próxima rodada o CSA recebe o Altos, pela última rodada da Copa do Nordeste, às 17h45. Já o Paysandu

ASCOM AMÉRICA-MG

VAGA NA FASE DE GRUPOS RECHEIA COFRES DO AMÉRICA-MG Não é só dentro de campo que se comemora uma classificação inédita para a fase de grupos da Libertadores. Os cofres do clube também podem fazer festa. Afinal, o avanço do Coelho na competição garante cerca de R$ 15 milhões às contas americanas. A Conmebol ainda não divulgou o valor da premiação por partida em casa na fase de grupos, mas na última Libertadores, cada time recebia a quantia de US$ 1 milhão por jogo como mandante. Na fase de grupos são seis rodadas, sendo três em casa. Com isso, cada time recebe cerca de 3 milhões de dólares (R$ 15, 3 milhões). A premiação neste início de Libertadores fez o Coelho praticamente igualar o que faturou na temporada passada, com a vaga inédita para a competição continental. O sorteio da fase de grupos da Libertadores é no dia 25 de março. A expectativa é que o primeiro jogo seja na primeira semana de abril.

RETA FINAL DO ALAGOANO PODE CONTAR COM USO DO VAR

CBF

Os quatro finalistas do Campeonato Alagoano já foram definidos e tem novidade sendo estudada pela Federação Alagoana de Futebol (FAF). Mas a marcação das datas vai ter de esperar o desempenho de CSA e CRB na fase final da Copa do Nordeste para definir os confrontos decisivos do Alagoano 2022. Em reunião técnica, a FAF já apresentou dois esboços de datas para a reta final do Alagoano. Os jogos das semifinais, ida e volta, serão entre CSA e CRB, e do outro lado, ASA e Murici. Na Copa do Nordeste, CSA e CRB estão classificados para o mata-mata. Faltando uma rodada para o encerramento da primeira fase, a equipe azulina aparece na vice-liderança do Grupo A, com 11 pontos. Os regatianos também ocupam a segunda posição da chave B, com 14. De acordo com a federação, membros da diretoria de arbitragem viajaram para São Paulo para alinhar os detalhes para que seja anunciado oficialmente o uso do VAR na reta final do Alagoano.

FLUMINENSE PERDE NOS PÊNALTIS E DÁ ADEUS À LIBERTADORES

DIVULGAÇÃO

O Fluminense perdeu a oportunidade de disputar a fase de grupos da Copa Libertadores, pois foi superado pelo Olimpia (Paraguai) na disputa de pênaltis, no estádio Defensores del Chaco, em Assunção (Paraguai). Com isto, a equipe das Laranjeiras terá que se contentar com a participação na Copa Sul-Americana. Como venceu a partida de ida da terceira fase prévia da competição continental por 3 a 1, o tricolor chegou ao confronto em solo paraguaio com uma vantagem considerável, podendo se classificar de forma direta mesmo com uma derrota por um gol de diferença. Ao Olimpia restava ao menos vencer por ao menos dois gols de diferença para disputar a classificação nos pênaltis. E foi isso que a equipe da casa fez. Nas penalidades, Felipe Melo e Willian erraram as cobranças.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Ainda sem partido

PELO INTERIOR

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ré-candidato a deputado federal, Daniel Barbosa, filho do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, continua sem definir o partido para as eleições que ocorrem em outubro deste ano. Enquanto aguarda o prazo para filiação partidária, Daniel continua realizando visitas aos eleitores que residem em cidades do Agreste, Sertão e Baixo São Francisco. Assessores informam que ele está empolgado com a receptividade por onde passa.

A propósito

Aos navegantes de olho nas eleições de outubro próximo: janela partidária, entre 3 de março e 1º de abril, quando os deputados podem trocar de partido para concorrer às eleições sem perder o mandato; registro de estatutos no TSE: 2 de abril; criação das federações partidárias, 31 de maio; transferência/solicitação de título de eleitor, 4 de maio. Nesse caso, o pedido é feito no site do TSE.

Ato pela Paz

O Movimento Pela Paz e Maceió Voluntário convida a todos os alagoanos a se somarem nesse pedido pela paz no mundo todo. O ato acontecerá neste domingo, às 17h30, no Maceió Shopping, em frente ao Magazine Luiza. No manifesto divulgado, os grupos pedem a paz mundial e também o fim imediato da invasão da Rússia na Ucrânia. “Acreditamos na real necessidade de cada um de nós contribuirmos com pensamentos e ações para fortalecer cada vez mais a cultura de paz, começando em nós mesmos, em nossos lares e se estendendo às comunidades e instituições das quais participamos. Precisamos mais e mais a cada dia sentir, pensar, meditar e agir em favor da paz”, diz trecho da nota.

Fim da guerra

Segundo um dos idealizadores da manifestação, promotor Rogério Paranhos, a ideia do ato surgiu do MovPaz e do Maceió Voluntário, entidades que defendem a paz e o controle de armas na sociedade. “O ato terá a participação de músicos e líderes religiosos, onde iremos cantar, vibrar, sentir e orar pela paz entre os povos, pois entendemos que somos todos irmãos. A mensagem é de união de todos pelo fim imediato da guerra na Ucrânia e pela paz entre os povos”, afirma. Há possibilidade de que mais atos como esse aconteçam em Alagoas, informou o promotor.

Nezinho confiante

Aliado do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor, o deputado estadual arapiraquense Ricardo Nezinho entrou de corpo de alma na campanha pela reeleição. Filiado ao União Brasil (UB) – deixou o MDB dos Calheiros –, Nezinho intensificou às visitas em cidades interioranas, principalmente localizadas no Agreste. Nas últimas eleições, Ricardo obteve 20.321 votos em Arapiraca. Na cidade de Craíbas, também obteve uma votação expressiva: 3.195 votos. Nas eleições que ocorrem em outubro, coordenadores da campanha acreditam que ele terá uma boa votação já que conta com o apoio do prefeito Luciano Barbosa.

Caos no trânsito

O principal trevo de Arapiraca, onde está localizada a rotatória da Polícia Militar, no entroncamento das AL-220, 115 e 110, se transformou em um verdadeiro caos para os motoristas, em virtude do movimento intenso de veículos naquela área. Acidentes e até atropelamentos têm sido registrados, o que preocupa as autoridades policiais. Até agora, nada foi feito para amenizar o problema, apesar das reclamações de motoristas e pedestres.

Disputará uma vaga

Em entrevista ao “Jornal da Viva”, da Rádio Viva FM 92,5 na quarta-feira, 16, o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar (MDB), disse que a primeira-dama, Karla Cavalcante, irá disputar uma das cadeiras do parlamento alagoano em 2022. De acordo com o gestor, a odontopediatra Karla Cavalcante está pronta para assumir uma das cadeiras na Casa Tavares Bastos.

“Cidade órfã “

Ainda em entrevista, o prefeito disse que a cidade está órfã de um parlamentar e que só tem conseguido administrar graças ao apoio e parceria com o governo do Estado e com o deputado federal Marx Beltrão. “Se não fosse o apoio do deputado federal Marx Beltrão para lutar pelo Hospital, obras que o Estado colocou no município, e os convênios, a gente tava aqui ‘chupando dedo’, sozinho, isolado”, destacou Júlio.

Foram “traídos”

Júlio Cesar afirmou que o povo de Palmeira dos Índios foi ‘traído’ por parlamentares da região. De acordo com o prefeito, a deputada Ângela Garrote é um deles. Em quatro anos de mandato, ela enviou “apenas” R$ 500 mil para a cidade.

Caso MVV

A Comissão de Meio Ambiente e Urbanismo da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/ AL) vai acionar a mineradora Vale Verde, a Prefeitura de Craíbas e a Defesa Civil após o aparecimento de rachaduras supostamente provocadas pela atividade de mineração na região Agreste. Integrantes do colegiado estiveram no município de Craíbas e ouviram relatos de moradores sobre problemas ambientais próximos à Mina Serrote.

... Moradores de Craíbas afirmam que, desde a instalação da mineradora MVV, têm sido afetados pelo barulho e pela poeira gerada pelas explosões que ocorrem na mina. ... As explosões, segundo os relatos, acontecem no período da madrugada e também estariam provocando rachaduras em imóveis residenciais, além de estar prejudicando a criação de animais e ocasionando prejuízos à saúde física e mental das pessoas que moram na região. ... Segundo relato de moradores, no momento de instalação da mineradora houve divulgação do planejamento de desapropriar e indenizar os proprietários das casas que estão a uma distância de até 600 metros do perímetro da mina. Porém, apenas a área onde está sendo feita a exploração teria sido desocupada. ... A presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Arapiraca (Sindetranscar), Sislane Oliveira, disse que diante do aumento do diesel, o valor das passagens no transporte coletivo pode sofrer reajuste em Arapiraca. ... Segundo Sislane Oliveira, o sindicato se reuniu para ver o que pode ser feito a respeito, mas a resposta é a mesma: “A categoria precisa do poder público, porque só as empresas e a população não conseguem arcar com essa crise”. ... A Sociedade Musical Penedense, entidade fundada há 77 anos, está com inscrições abertas para novas turmas. Os interessados em aprender música devem procurar a instituição de segunda à sexta-feira a partir das 14h para fazer as inscrições, garantindo dessa forma, a participação no curso. ... De acordo com o presidente da instituição, maestro Welington Mota, o único critério exigido para a realização da matrícula é que o aluno saiba ler e escrever. ... A Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri-AL) reuniu agricultores familiares, representantes de comunidades, movimentos e cooperativas para o lançamento da 2ª Edição do Planta Alagoas, nesta sexta-feira, 18, no Parque Ceci Cunha, em Arapiraca. ... Esse ano o Planta Alagoas conta com o investimento de R$ 20 milhões – recurso oriundo do Fundo Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza (Fecoep) – que vai auxiliar na produção e renda de 70 mil famílias alagoanas. ... 102 municípios de Alagoas vão receber cerca de 1.500 toneladas de grãos de milho, sorgo, feijão e arroz e, entre elas, sementes crioulas, solicitadas por comunidades, movimentos e cooperativas. A inclusão das sementes crioulas, neste ano, foi um pedido feito diretamente ao secretário Maykon Beltrão. ... Um excelente final de semana para todos. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE PETROBRAS

Petróleo e CO2

REPRODUÇÃO

Extinção

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íder mundial de captura e armazenamento de carbono em alto mar (offshore), a Petrobras já reinjetou 30 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) no reservatório, e até 2025 vão ser mais 10 milhões de toneladas, totalizando 40 milhões de toneladas reinjetadas. A informação foi dada esta semana pelo diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves Santos, durante apresentação do Caderno de Mudança do Clima, com o posicionamento e iniciativas da companhia “sustentável e comprometida” com a transição para um mundo em descarbonização. Na área do refino, a meta é chegar a 30 quilos de CO2 equivalente por carga processada em 2030, contra 39,7 quilos em 2021. Em relação à meta de metano, que era de 0,39% para 2021, a Petrobras conseguiu atingir média de intensidade de metano na produção de 0,33% no ano passado, metade do que era produzido em 2015. Para 2023, a meta se acha em revisão.

Projetos ambientais

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

O Brasil passou a contar com mais 700 animais na lista de ameaçados de extinção. O número de espécies em extinção dobrou em oito anos. Em 2014, ano do último levantamento, eram 698. Hoje, a lista preparada pela Comissão Nacional da Biodiversidade, Conabio, tem 1.399. Entraram na lista este ano 701 animais. Uma nova espécie de boto-cor-de-rosa, a do Araguaia, da região Amazônica, recentemente descoberta, é um deles. O guaiamum, um caranguejo muito conhecido no Nordeste, é mais um animal sob ameaça. Outro caranguejo, o amarelo, encontrado na ilha de Fernando de Noronha, também está na lista, além da Piabanha, peixe que era visto com frequência na região Sudeste, e a ave surucuá-de-murici, de Alagoas. A lista elaborada pela Comissão Nacional da Biodiversidade ainda vai passar pela avaliação do Ministério do Meio Ambiente antes de ser oficialmente publicada. (Com Jornal Nacional) USP

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) publicou no dia 14 no Diário Oficial da União (DOU) edital que destina R$ 4,2 milhões para projetos relacionados a emergências climáticas, eventos extremos e acidentes ambientais. A inscrição dos projetos começou no dia 16 e prossegue até 3 de maio. Pelo edital, serão contempladas até 12 projetos, com previsão de bolsas para docentes e pesquisadores, com foco na prevenção e enfrentamento de emergências, a exemplo do que ocorreu em Petrópolis, em fevereiro, quando fortes chuvas deixaram mais de 230 mortos. O objetivo é buscar soluções que possam ser aplicadas a cada região atingida por este tipo de evento. No total, serão concedidas até 72 bolsas, sendo 24 de mestrado, 12 de doutorado e 36 de pós-doutorado, destinadas a docentes e pesquisadores vinculados a programas de pós-graduação stricto sensu acadêmicos, na área de abrangência do edital, recomendados pela Capes.

Microplásticos

Biólogos que estudam a presença de microplástico na vida marinha no litoral do Rio de Janeiro descobriram que o impacto da poluição de plástico é muito pior do que temiam. Os biólogos vestem trajes de mergulho e usam cilindros de oxigênio para mergulhar nas águas cariocas para colher amostras de vida marinha do oceano. Eles então medem a quantidade de microplástico encontrado dentro dos organismos em um laboratório. Objetos plásticos que acabam no oceano se partem em pedaços menores e podem uma hora terminar dentro de peixes e outras criaturas, como os ouriços estudados pelos biólogos. “Em me assustei. Na verdade eu já acreditava que eu iria encontrar (microplástico), só não achava que eu iria encontrar tanto”, disse Raquel Neves, bióloga marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que encontra os microplásticos com ajuda de um microscópio.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

Penedo, o grande mercado de escravos do Baixo São Francisco

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casario da cidade de Penedo ergue suas mãos invisíveis para os céus. Barros e tijolos apoiados em ombros e açoites transformaram lágrima e morte em uma joia no Baixo São Francisco. A Igreja de Nossa Senhora da Corrente proíbe as águas de avançarem em sua pintura à ouro. O Oratório da Forca plasmou nas paredes os últimos desesperos dos condenados à morte. Penedo tem prestígio, poder. Abrigou Maurício de Nassau e Dom Pedro 2º. Em 13 de maio de 1888, em frente ao Paço da Câmara Municipal, o povo comemorou o fim da escravidão. Dona Maria da Anunciação, moradora de Traipu, buscou o filho José por toda a província alagoana. Sequestrado em 1832 num tempo de mais fome e miséria que o nosso, José virou Felipe e foi vendido ilegalmente para um senhor de Anadia. Por dez anos Felipe gritava que era José, filho de Maria da Gaga da Barra do Panema. Prenderam as mãos e as pernas do menino e lhe arrancaram, a sangue seco, 400 chibatadas. Tão bruto o açoite que a notícia viajou aos ouvidos de dona Maria e ela correu na direção dos gritos para salvar o filho. Dona Maria chegou tarde. O seu José foi vendido para outro senhor na Bahia. Embarcariam à força em Penedo que desde 1840 era referencial do comércio interprovincial de escravos. Ela viajou para a joia do Baixo São Francisco onde vapores levavam cativos de Alagoas para o Sudeste, alguns deles pela segunda, terceira vez, apenas com a roupa do couro ou uns pertences enrolados numa trouxa. Do ponto de vista estratégico, o comércio de escravos servia para ampliar a rede de negócios da

Reprodução de escravos sendo castigados

Livro relata comércio escravocrata elite penedense. Do ponto de vista crítico, o mercado da carne humana incluía castigos físicos, violência sexual, a dor da separação. Orientada por uma rede de solidariedade, dona Maria da Anunciação entrou na Justiça. Ouviu do juiz a própria sentença de morte: não havia provas de que Felipe era José. “(...) provavelmente tenha sido mais uma criança nas estatísticas de escravos exportados pelo porto são franciscano”. Uma lágrima trincou a rocha mais dura de Penedo. Morreu em 26/12/1879 o doutor José Maria Gonçalves Pereira, português, grande empreendedor, homem ativo e inteligente. Negociador de escravos, o maior de todos os penedenses naquele século, influente dos sertões da Paraíba aos salões do Rio de Janeiro. Benedito tinha oito anos quando foi sequestrado de Ouricuri (Pernambuco) por Francisco Pedro da Silva e levado à força até Penedo, vendido ao doutor José Maria que já tinha um vendedor do Rio de Janeiro à espera da criança. O promotor de Ouricuri refez

Comemoração da assinatura da Lei Aurea em frente ao Paço da Câmara Municipal de Penedo em 1888 o rastro do dinheiro. Perdoaram o doutor. Traficaram o Benedito. Penedo esqueceu deste homem rico e famoso. Nem a rua mais cheia de lama ou a pedra mais vulgar da cidade tem o nome de sua Excelência. O tenente-coronel Joaquim José dos Santos Patury Júnior, eminente cruzado quando da epidemia de cólera (1856), um dos que recebeu o imperador na cidade (1859), dono de duas casas comerciais instaladas na Rua da Praia, escolhia dois chapéus para dois escravos. Cortês, o chapeleiro aproximou-se e ofereceu-lhe uma menina para vender. Já era do ramo do comércio de escravos. Interessou-se e enquanto conversava com o chapeleiro, apalpava os seios daquela mercadoria cheirando a coisa nova, atestando a qualidade do produto. Comprou também a Adriana de Jacinto Vergueira Costa, a Thereza, a Benedicta, o Pedro. Dos negócios

para a política. Foi presidente da Câmara Municipal, delegado, juiz. Doutor Patury Junior era uma das principais lideranças conservadoras do Baixo São Francisco. Como um magistrado pode se dedicar a atividades comerciais de gente tão sujas e ilegais? Mentira, disse o doutor Patury. Ele provou que comprava, mas não vendia escravos. Quem fazia isso era o filho, Francisco Villas Boas Patury. Uma grande figura da política e da economia não poderia ser chamada de comerciante de escravos, apesar de sê-lo. Os conservadores respiraram aliviados por mais uma calúnia arquivada.

FONTE: Todas estas histórias contadas aqui estão em Teixeira, Luana. Negócios da Escravidão em Alagoas: o comércio interprovincial de escravos em Maceió e Penedo (1842-1881)Maceió: Fapeal: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2017.


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