Edição 1160

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ANO XXIII - Nº 1160 - 26 DE MARÇO A 01 DE ABRIL DE 2022 - R$ 4,00

DIVULGAÇÃO

A VEZ DO SERTÃO

Grupo Carlos Lyra inaugura shopping em Delmiro Gouveia

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Empreendimento de R$ 100 milhões vai gerar 400 empregos diretos. Trata-se do Shopping da Vila que ocupará parte da estrutura centenária da antiga Fábrica da Pedra. 2

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CHÃ PRETA

PREFEITO GASTA R$ 4,5 MILHÕES COM PAGAMENTO DE TERCEIRIZADOS 8

CANDIDATOS A GOVERNADOR CORREM PARA ESCOLHER VICES CNJ AFASTA MAIS DOIS TABELIÃES DE ALAGOAS POR FALTA DE CONCURSO 10 e 11

MACEIÓ LIDERA LISTA DAS CAPITAIS QUE MAIS AGILIZAM ABERTURA DE EMPRESAS 14

Paulo Dantas, Rui Palmeira e Rodrigo Cunha apostam em nomes fortes; busca movimenta bastidores política 6

BARES E RESTAURANTES DE MACEIÓ DECLARAM GUERRA AOS FOOD TRUCKS 24


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COLUNA

Dia D de Renan A menos de uma semana do Dia D 1jos-daspartidários decisões políticas e dos arranque darão os rumos das eleições majoritárias deste ano, nada está definido em Alagoas. Até 2 de abril, só expectativa, especulações de bastidores e pesquisas de intenção de voto que não devem ser levadas a sério.

2 3 CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

- Mesmo liderando as pesquisas para governador, o prefeito tem chances reais de marcar sua administração com obras de infraestrutura que mudarão Maceió. O sonho de governar Alagoas pode ser adiado sem prejuízo político, mas uma derrota nas urnas abortará seu projeto de poder.

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- Renan Filho passou no teste de governador e, se as eleições fossem hoje, seria eleito senador. Se ficar no governo até o fim do mandato é bom para Alagoas, mas ruim para seu projeto político. Concorrer às eleições é a decisão mais sensata e é o que deverá ocorrer. Com Paulo Dantas no governo interino Renan tem mais chances de derrotar Collor na disputa ao Senado.

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- Da corrida ao governo do Estado deverão participar também o senador Rodrigo Cunha e o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, além de outros candidatos.

Frases “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, quer voltar à cena do crime”. Geraldo Alckmin, em 2017.

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- No terreno das probabilidades é quase certo que JHC não trocará a prefeitura por uma candidatura a governador. Da mesma forma Renan Filho dificilmente ficará no governo até fim de seu mandato.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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“Lula representa a democracia e é quem melhor interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro”. Geraldo Alckmin, em 2022.

Despejo no polo

A partir da próxima semana uma ação de reintegração provisória de posse vai agitar a Justiça e o governo do Estado. Trata-se da execução de sentença no processo de usucapião de uma extensa área de terra no polo industrial de Marechal Deodoro. Após vários anos de uma disputa judicial envolvendo a Carhp e o posseiro legal do terreno, a pendenga chega ao fim com a reintegração de posse e uma condenação milionária contra o Estado pelo esbulho praticado. O litígio teve origem no governo de Téo Vilela e afeta pelo menos 10 indústrias instaladas no polo de Marechal nos últimos 12 anos e que agora devem enfrentar ações de despejo. Os envolvidos no imbróglio devem responder pelos danos milionários causados ao erário. O processo não transitou em julgado porque a Carph impetrou mais uma medida protelatória na tentativa de salvar a pele de seus diretores. O que não impede a reintegração da posse.

A vez do Sertão

A cidade de Delmiro Gouveia ganhou seu primeiro shopping center, inaugurado dia 25 último pelo Grupo Carlos Lyra, que investirá mais de R$ 100 milhões no empreendimento com recursos próprios e aportes do Banco do Nordeste. Denominado Shopping da Vila, o complexo ocupará parte da estrutura centenária da antiga Fábrica da Pedra e deve gerar mais de 400 empregos diretos.

Janela aberta

O prazo para mudança de partido termina no dia 2 de abril, mas a janela ficará aberta até 15 de abril, último dia para o registro de filiações junto ao TSE. Até lá, ninguém segura o troca-troca de siglas em busca da sobrevivência política de todos.

Olho grande

Arthur Lira não quer apenas ser o deputado federal mais votado nas eleições deste ano em Alagoas. Quer também eleger o governador e o senador, derrotar os Calheiros e assumir o comando político do estado. Na corrida pelo poder os meios podem até ser considerados válidos, mas a esperteza sendo demais acaba comendo o esperto.

Página virada

Com várias ações judiciais pendentes em seu prontuário, o ex-vereador, ex-deputado e ex-prefeito Cícero Almeida tentará sua última cartada nas eleições deste ano. Candidato a deputado estadual pelo PP de Arthur Lira, Almeida ainda não conseguiu escapar dos processos em que é acusado por desvio de recursos públicos na Assembleia Legislativa e na Prefeitura de Maceió. A Operação Taturana e a Máfia do Lixo ainda não foram enterradas; permanecem vivas na memória do eleitor.

Justiça lenta

A ex-esposa de Arthur Lira, Jullyene Lins, decidiu usar suas redes sociais (Instagram e Twitter) para fazer campanha contra o deputado. Há anos ela luta para receber indenização, partilha de bens e pensão de alimentos, mas os filhos já atingiram a maioridade e a Justiça até agora nada decidiu.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Baixa no MDB

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s recentes saídas da deputada Jó Pereira do MDB e do secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar, do cargo, levam a crer que a situação de quem já foi o maior partido de Alagoas não é nada confortável.

Começando

As reações da deputada Jó Pereira na Assembleia Legislativa e que envolveu também o presidente do poder, Marcelo Victor, levam a crer que uma suposta parceria entre as lideranças políticas não foram apenas fogo de palha.

Previsível

Como o deputado Arthur Lira é ligadíssimo à família Pereira, suspeita-se que tem muita coisa no ar além dos aviões de carreira. Mesmo que muita gente não acredite, é possível um distanciamento entre ele e outras lideranças que ultimamente têm aparecido muito ligadas ao governador Renan Filho.

Adversários

Para quem ainda duvidava, o confronto entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e a Família Calheiros, é inevitável nas próximas eleições de outubro. Lira, com o poder nas mãos como presidente da Câmara dos Deputados e ligado ao presidente Jair Bolsonaro. O outro, sem o mandato e naturalmente sem a caneta nas mãos.

Articulação

A oposição trabalha com velocidade para lançar uma chapa majoritária que possa competir com a situação nas eleições de outubro. E o nome do prefeito JHC não está sendo descartado, muito pelo contrário. Se aceitasse, seria o candidato a governador.

pegar ou largar.

Faltando poucos dias para a definição de um rumo definitivo com relação às eleições de outubro, parece que a revoada no MDB é sintomática, fato que vem preocupando os seus dirigentes.

Sem alternativa

Uma das dificuldades do MDB é formar uma chapa proporcional que possa eleger mais de um deputado federal, situação que pode mudar até o dia 2 de abril. Ao que parece, mesmo que haja muitos pretendentes, o compromisso da Família Calheiros é com o deputado Isnaldo Bulhões. Se assim for, a possibilidade é de o partido apenas elegê-lo, o que seria um desastre para a legenda e para as composições políticas.

De fora

O ex-secretário de Segurança, Alfredo Gaspar, não aguentou muito e caiu fora do MDB, ao saber que o candidato preferido dos Calheiros para deputado federal seria de Isnaldo Bulhões. Vai se aboletar, futuramente, no União Brasil e fazer parte de uma frente contra os candidatos da situação.

Muito disputada

As eleições para o governo serão muito disputadas. Se de um lado Paulo Dantas, que será o governador- tampão, anuncia que será candidato à reeleição, por outro deverá enfrentar além de Rui Palmeira o candidato da oposição que poderá ser o prefeito JHC.

Disposição de Collor

O senador Fernando Collor parece não se importar com as projeções de que terá muitas dificuldades para se reeleger. Hábil, discreto e articulador nato, ele, que tem se destacado como o senador que mais trabalha por Alagoas, prepara uma ofensiva e monta um bloco praticamente imbatível para as próximas eleições. Bom de palanque, bom de briga e com um eleitorado cativo, o ex-presidente é pule de 10 nas próximas eleições.

De fora

Se vingar a disposição de uma chapa de oposição com a presença do prefeito de Maceió, JHC, certamente o senador Rodrigo Cunha abandonará a ideia de sair candidato ao governo do Estado. Sem muitas perspectivas, já que se sua candidatura admitida tempos atrás não decolou, a melhor saída para o senador seria apoiar um grupo que teria chances concretas de ganhar as eleições e se preparar para o futuro.

Convencimento

Mesmo que tenha admitido que cumpriria a missão de administrar Maceió, JHC pode rever a posição caso tenha um projeto definido e o apoio de grandes lideranças políticas, como no caso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Esse reforço levaria a dezenas de prefeitos a apoiar uma candidatura alternativa, que seria JHC.

Aguardando

Com JHC concordando em disputar mais uma eleição majoritária, é de se acreditar que o vice, Ronaldo Lessa, engordaria o bloco de oposição, pois ficaria com dois anos de mandato como prefeito de Maceió. No caso, é

Lavando as mãos

Enquanto o deputado Arthur Lira acredita que elegerá pelo PP pelo menos mais três deputados, do lado do MDB a conversa é completamente diferente. Quem estiver no seu bloco vai servir de escadinha para Isnaldo Bulhões, até agora o único compromisso da Família Calheiros.

Novo panorama

Como o União Brasil passou a ser comandado pelo grupo do deputado Arthur Lira, ninguém sabe como vão se comportar os deputados estaduais que admitiam sair do MDB e de outros partidos.

Mergulhado

Mesmo que não estivesse nos seus planos perder o comando do União do Brasil, como foi vaticinado por ele próprio e outras lideranças do Democratas, Marcelo Victor, no seu estilo, evita qualquer tipo de discussão neste sentido.

Novo imbróglio

Ao querer mais R$ 3 milhões oriundos da iluminação pública, a Câmara de Vereadores compra outra briga, agora com os Ministérios Público Estadual e de Contas. Para interlocutores, a Mesa Diretora da Casa de Mário Guimarães é insaciável.

Fim do reinado

O dirigente de futebol Gustavo Feijó levou uma lapada na reunião da última quarta-feira na CPF e saiu esperneando. Ele queria que a eleição fosse adiada com base em uma decisão judicial de primeira instância da Justiça alagoana, mas a CBF não considerou. Agora, Alagoas fica na contramão. Ednaldo Ramos, da Bahia, foi eleito com


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ELEIÇÕES

Busca por vice movimenta QGs de Cunha, Palmeira e Dantas Aposta para ‘nomes fortes’ quebra tradição alagoana e acumula recusas ODILON RIOS Especial para o EXTRA

AGÊNCIA SENADO

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procura por nomes para vice-governador ganhou mais importância esta semana, na esteira da negativa do desembargador do Tribunal de Justiça Tutmés Airan e do prefeito de Pilar, Renato Filho (MDB), em assumir a função na chapa do deputado estadual Paulo Dantas (MDB). Teoricamente os vices não atraem votos, nem representam risco de golpes internos na esteira do poder. Mas nas eleições alagoanas deste ano a regra será inversa: eles podem atrair setores da sociedade para dar fôlego a candidaturas que hoje não animam as ruas. Pesquisa Ibrape divulgada esta semana, contratada pelo MDB, mostra que o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) e o senador Rodrigo Cunha (PSDB) estão tecnicamente empatados com 17% e 15%. A novidade é o senador Fernando Collor (Pros) que aparece compactado na disputa, com 15%. Ele repete que seu foco é a reeleição, não o governo. Paulo Dantas tem 11%. Rodrigo Cunha e Rui Palmeira estão na lista dos interesses do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), cotado para apresentar o vice. Lira deve anunciar nos próximos dias quem vai apoiar na disputa pela principal cadeira do Palácio República dos Palmares. O senador e o ex-prefeito não carregam muitos prefeitos debaixo do braço, artigo que as gôndolas liristas têm fartamente. Os dois foram deputados estaduais, conseguiram mandatos de destaque (o que garantiu continuidade na vida pública) mas não falam a língua que a Assembleia Legislativa gosta de ouvir. Nascido e criado nos corredores da Casa, Lira domina o idioma.

Prováveis adversários na disputa ao governo, Cunha, Palmeira e Dantas se articulam para formar chapa Cunha tem pouco trânsito em Brasília, apesar do Senado. Palmeira aproveita o capital político do pai, Guilherme, que foi ministro do Tribunal de Contas da União e chegou a ser cotado como vice de Fernando Henrique Cardoso na disputa presidencial de 1994. Ele assumiu a direção estadual do PSD porque Gilberto Kassab, dirigente da sigla, tinha boas relações com Guilherme. O senador tucano assiste de camarote ao esvaziamento do PSDB. A deputada federal Tereza Nelma deixou a legenda atirando. Reclamou que tinha atuação cerceada pelas direções nacional e estadual, “que adotam posições políticas incompatíveis com o programa social democrata, que consta no estatuto partidário. Nunca fui chamada para uma reunião do partido em Alagoas. Isso tornou mais difícil exercer meu mandato plenamente”. O deputado federal Pedro Vilela discute sua permanência. Ele é sobrinho do ex-governador, presidente de honra e um dos fundadores do partido em Alagoas

Teotonio Vilela Filho. A deputada Cibele Moura declarou apoiar Paulo Dantas na disputa ao governo e é pressionada a deixar o partido. A deputada Jó Pereira, ex-MDB, aguarda posição do primo Lira. Ela pode ser vice de Rui ou Cunha, mas com o senador a vantagem seria bem maior. O presidente da Câmara facilmente dominaria indicações no secretariado estadual, aproveitando a inexperiência administrativa, os poucos nomes de confiança acumulados na curta trajetória político-eleitoral além dos problemas de Cunha em atrair aliados no próprio PSDB. Na história recente alagoana, os vices foram discretíssimos como Francisco de Melo, de Geraldo Bulhões (1991-1995), fidelíssimos como Manoel Gomes de Barros que assumiu o governo após renúncia de Divaldo Suruagy (1994-1997) ou um paciente e bem disposto ao diálogo Luís Abílio de Souza, no segundo mandato de Ronaldo Lessa (1999-2003). A relação se quebrou no Governo Renan Filho. O hoje prefeito de

Arapiraca, Luciano Barbosa, assistiu à prisão da filha, Lívia Barbosa de Almeida, e do marido dela, Pedro Silva Margallo nas investigações da Polícia Federal dentro da Secretaria Estadual de Saúde, na operação Dama da Lâmpada, que detectou desvios de R$ 30 milhões, via Sistema Único de Saúde (SUS), dinheiro que deveria ser destinado à aquisição de próteses a amputados. As desconfianças de Luciano Barbosa pioraram porque Renan Filho não manifestou solidariedade ao vice e os Calheiros avalizaram aproximação político-eleitoral com o então prefeito de Maceió Rui Palmeira, construindo uma chance para que ele disputasse o governo em 2022 transformando Barbosa num futuro descarte. Todos esses impasses resultaram em uma novela dentro do MDB alagoano para a escolha do candidato à Prefeitura de Arapiraca. Luciano Barbosa tinha como certo seu nome, até que o senador Renan Calheiros, presidente estadual do partido, resolveu intervir. Venceu Luciano Barbosa.


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ELEIÇÕES

Lira toma União Brasil e mira Alfredo Gaspar Ex-SSP vira troféu a ser entregue a Bolsonaro, mostrando fidelidade do presidente da Câmara ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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A movimentação política nacional segue influenciando o quadro eleitoral em Alagoas. Filiado esta semana ao PSB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deve ser indicado a vice na candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alckmin tem um eleitorado mais à direita, porém, além das ligações com os principais setores empresariais no estado com o maior PIB do país, a tentativa é unir opositores em nome da reconstrução nacional, mirando os resultados do Governo Jair Bolsonaro (PL), num país com 12 milhões de desempregados e 4,8 milhões de pessoas em busca de emprego. É uma reedição de 1985 quando houve uma ampla aliança fundamental para a redemocratização, entre PMDB e dissidentes do PDS elegendo Tancredo Neves e José Sarney, pondo fim à ditadura. Em 1989, Mário Covas, do PSDB, e Leonel Brizola, do PDT, declararam apoio a Lula no segundo turno presidencial contra Fernando Collor. Até a noite de quarta-feira, 23, o ministro da Defesa, Braga Netto, era o mais cotado para ser o vice de Bolsonaro. Mineiro, ex-interventor federal na segurança pública no Rio de Janeiro e profundo

conhecedor do funcionamento das milícias no Estado, Braga Netto era interventor quando a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Santos foram mortos a tiros. O autor intelectual do crime nunca foi descoberto. Um dos executores de Marielle, o ex-PM Adriano da Nóbrega foi morto em operação policial no dia 13/2/2020. Cinco dias depois, Braga Netto assumiu a Casa Civil da Presidência da República. O senador Ciro Nogueira, comandante do Centrão, declarou que Bolsonaro dificilmente deve vencer Lula no Nordeste. Mas nas outras regiões, o presidente da República ganhará. Tem como base os números: há uma lenta e gradual recuperação dele nas pesquisas. A perspectiva dos centristas é que ele ultrapasse Lula até as convenções. Nogueira é senador do Piauí. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) é de Alagoas. Os dois cercam os nove estados do Nordeste para que a diferença entre Lula e Bolsonaro seja menor que o esperado pelo PT. Usando seu poder e influência, Lira, um dos mais fortes aliados do presidente da República e segundo na sucessão ao Palácio do Planalto, definiu com ACM Neto, o ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo da Bahia, os rumos do União Brasil em Alagoas. ACM é secretário-geral do

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Alfredo Gaspar pode ser o candidatdos bolsonaristas

AS DÚVIDAS SÃO: ALFREDO VAI VOTAR EM QUEM PARA O SENADO? ATÉ A SEMANA PASSADA, ERA RENAN FILHO. NO GRUPO DE ARTHUR LIRA A ARTICULAÇÃO É O DEPUTADO DAVI DAVINO (PP), QUE DISPUTOU COM GASPAR (E FICOU EM TERCEIRO LUGAR) A PREFEITURA DE MACEIÓ, SER O NOME PARA O SENADO. União e recebeu o apoio do PP baiano, via Lira. Em troca, o União Brasil alagoano ficou com indicados do presidente da Câmara. Isso desmontou a estratégia do presidente da Assembleia, Marcelo Victor, e do ex-vice-governador José Thomáz Nonô, que previam eleger 16 deputados estaduais. Os rumos deste grupo agora são imprevisíveis. Lira ainda procura convencer o dirigente nacional do PSD Gilberto Kassab a retirar o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira da disputa ao governo. Lira procura um nome que reúna o bolsonarismo alagoano. Este nome não é o do senador Fernando Collor (PROS) que está desidratado nas pesquisas. Lira também não é este nome. Alfredo Gaspar de Men-

donça, agora ex-MDB, entregou esta semana a Secretaria de Segurança Pública. Deve se filiar ao União Brasil. Alfredo declarou voto em Bolsonaro e isso dá mais fidelidade ao parlamentar alagoano (segurança pública é uma área que desperta interesse à extrema direita, cujas pautas são ligadas ao avanço das armas na população e medidas mais conservadoras no combate ao crime) na cúpula do poder em Brasília. As dúvidas são: Alfredo vai votar em quem para o Senado? Até a semana passada, era Renan Filho. No grupo de Arthur Lira a articulação é o deputado Davi Davino (PP), que disputou com Gaspar (e ficou em terceiro lugar) a Prefeitura de Maceió, ser o nome para o Senado. No grupo dos Calheiros, já se conta que Alfredo Gaspar não votará em Renan ao Senado. E trata o caso como traição. O ex-SSP é candidato a deputado federal. No MDB alagoano, os Calheiros apostam todas as fichas na reeleição de Isnaldo Bulhões, que é líder do partido na Câmara. Semana passada, Alfredo Gaspar disse que não votaria no deputado Paulo Dantas (MDB), que é o candidato dos palacianos e da Assembleia ao governo. Disse ter afinidades com o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD).


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POLÊMICA

Prefeito de Chã Preta gasta R$ 4,5 milhões em contratos de terceirizados Valor daria para construir mais de 50 casas populares para famílias de baixa renda do município

Maurício Holanda contrata terceirizados ao invés de realizar concurso público

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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m ano eleitoral, o gasto de R$ 4.599.986,20 com contratação de trabalhadores para atuar no município de Chã Preta, na Zona da Mata alagoana, tem chamado a atenção da população que vê a ação como forma de beneficiar os aliados do prefeito Maurício de Vasconcelos Holanda (MDB). O que intriga os chã-pretenses é que um município pequeno, pobre, com um dos mais baixos IDH do Vale do Paraíba, poderia utilizar o recurso e construir moradias populares para famílias de baixa renda do município. Para se ter uma ideia, o montante seria suficiente para realizar o sonho da casa própria de mais de 50 famílias. Outro fato intrigante é que durante a campanha eleitoral para prefeito, Holanda prometia fazer uma gestão austera e enxuta. Porém, diante das evidências da gastança com o dinheiro público, parece que as promessas ficaram apenas no palanque. As informações podem ser conferidas na Ata de Registro de Preços tombada sob o processo nº 0316- 017/2021. Conforme o documento, o prefeito celebrou contrato de prestação de serviços terceirizados com a empresa Moderniza- Cooperativa de Trabalho, Serviços Gerais e Administrativos, inscrita no CNPJ nº 17.524.309-0001/83. De acordo com o processo assinado por Ho-

Trecho inicial da ata de preços landa, o contrato com a empresa é de R$ 4.599.986,20, com validade de apenas um ano. Na ata consta diversos itens a serem entregues ao município de Chã Preta, desde terceirização de serviços de pedreiro no valor de R$ 130 mil, preparador de merenda escolar pagando mais de R$ 531 mil, até a contratação de serviços administrativos, perfazendo apenas para esta categoria mais de R$ 940 mil. Para serviços de carpinteiro o valor foi de R$ 40.130,20; eletricista RS 52.752; pintor R$ 67.824, condutor de veículos leve R$R$

511.192; monitoramento patrimonial R$ 426.360; para pintor R$ 67.824. Para monitoria de alunos o valor é bem mais. O município terá que disponibilizar R$ 954.560. Já jardinagem vai levar R$ 67.824; e, varrição de vias públicas R$ 542.592, entre outros serviços. “É de chamar atenção a exorbitante quantia que sairá dos cofres da Prefeitura de Chã Preta apenas para contratar funcionários neste ano de eleições. O Município é um dos mais pobres do estado de Alagoas, que sobrevive basicamente com repasses do FPM. O IDH é um dos mais baixos do Vale do Paraí-

ba, onde diversas famílias vivem de benefícios sociais e em moradias precárias e sem saneamento básico”, comparou um morador que preferiu não se identificar. Segundo ele, com esse valor daria para construir mais de 50 casas populares e retirar da miséria dezenas de famílias de baixa renda, que atualmente moram nos conjuntos Nossa Senhora da Conceição e Rua Nova. “A aquisição desta mão de obra não se justifica, pois as secretarias do município se encontram superlotadas de funcionários contratados, e que ainda precisam adesivar suas casas com os candidatos a deputados do prefeito Maurício”, completou. Vale ressaltar que Maurício Holanda foi eleito prefeito de Chã Preta com 50,62% dos votos válidos, um total de 2.198 votos. O EXTRA tentou ouvir o prefeito, mas até fechamento desta edição não obteve resposta. O município de Chã Preta está localizado a 98 km da capital alagoana e conforme dados do IBGE, possui população de 7311 habitantes e está situado a 463 metros de altitude. A Princesa dos Montes, como é conhecido, tem no clima serrano seu ponto forte. De beleza exuberante e de um povo hospitaleiro, sua diversidade cultural é um dos pontos fortes do lugar. Chã Preta da cavalhada, do pastoril, do guerreiro e tantos outros folguedos culturais, é o berço do saudoso professor e folclorista Pedro Teixeira, entre outras personalidades chã-pretenses.


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DESENVOLVIMENTO

PREFEITO DE BRANQUINHA RECEBE NOVOS VEÍCULOS E RECURSOS DO GOVERNO DO ESTADO

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gora a cidade de Branquinha conta com diversos novos equipamentos para o desenvolvimento do município. Em parceria com o governo estadual, através do Programa Fortalece Alagoas, o prefeito Neno Freitas entregou novos veículos, equipamentos e recursos para a saúde no último sábado (19). Foram entregues um caminhão compactador, um caminhão-pipa e uma patrol 0km. Já por meio do programa Meu Transporte Novo, a cidade recebeu um novo ônibus escolar. Para o prefeito, a parceria com o governo do Estado é fundamental para o desenvolvimento de Branquinha. “Desde quando assumimos a gestão, os desafios têm sido diários, principalmente para colocar a casa em ordem. Em pouco mais de um ano já fizemos muito e as ações realizadas podem ser sentidas de forma direta pela nossa população. Cuidar da Branquinha em todas as áreas é a nossa maior missão, e graças a parcerias como a do governador Renan Filho, podemos hoje comemorar mais um pacote de importantes benefícios para o nosso povo,

com a chegada desses novos veículos e equipamentos. Agradeço também ao deputado federal Isnaldo Bulhões e ao ex-prefeito de Murici, Remi Calheiros, que sempre estão presentes apoiando e buscando contribuir para as melhorias necessárias para a nossa cidade”, disse Neno Freitas. Na ocasião, o governador também autorizou a transferência de mais de R$ 5 milhões (cinco milhões de reais) para a implantação da sede da Secretaria de Saúde. Também estiveram presentes na solenidade o viceprefeito e secretário de Saúde, Renato Purificação, o presidente da Câmara, Robinho do Bar, vereadores, deputado federal Isnaldo Bulhões, o deputado estadual Paulo Dantas, o vice-prefeito de Murici Remi Filho, o ex-prefeito de Murici, Remi Calheiros, o secretário de Estado da Fazenda, George Santoro, além de secretários municipais. Ainda no sábado, o prefeito levou os participantes do evento para ver o avanço que as obras do programa Minha Cidade Linda proporcionou para os munícipes. Os serviços ainda estão em andamento, e além

das obras de pavimentação, será feita também a implantação de escadarias e passagens para motocicletas, nas vias mais íngremes. “Esta importante obra, que era tão aguardada, já está dando cara nova às ruas, e, de forma direta, já impactou positivamente a qualidade de vida e as melhorias em mobilidade para o povo branquinhense. Obrigado governador Renan Filho por toda parceria e atenção que o governo do Estado tem dispensado ao nosso município”, disse o prefeito. Para Renan Filho, é muito importante ver o quanto as ações em parceria mudam a realidade da população. “Fico muito feliz em conhecer e ver de perto a realidade que hoje vivem os moradores da Branquinha, principalmente para os que moram nas localidades contempladas com o Programa Minha Cidade Linda. Através da parceria com o prefeito Neno, garantimos essas e outras ações transformadoras que se somam aos esforços desse gestor comprometido e atuante. Vamos seguir empenhando esforços para contribuir com o progresso e desenvolvimento do município”, disse o governador.


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MÁFIA DO CARIMBO REPRODUÇÃO DO YOUTUBE

Ministra Maria Thereza, corregedora Nacional de Justiça, teve parecer aprovado por unanimidade

CNJ afasta tabeliães dos cartórios de Chã Preta e Maceió Cargos devem ser preenchidos por concurso público, reafirma colegiado JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deu mais um passo para abolir a máfia dos carimbos em Alagoas. Dois tabeliães vão ter que se despedir das serventias extrajudiciais que ocuparam durante anos sem ter prestado concurso público. A decisão do CNJ envolve o 6º Cartório de Notas da Comarca de Maceió e o Cartório de Registro Civil da Comarca de Chã Preta. Outros cinco estão na mira da corregedora Nacional de Justiça, a ministra Maria Thereza de Assis Moura. A persistência da

magistrada é para fazer valer a determinação de 2010, baseada na Constituição de 1988, que obrigou que todos os cartórios no país realizassem concurso público. Ocorre que Alagoas é o único estado brasileiro que ainda não realizou concurso para a regularização das serventias. Os outros cartórios que, de acordo com parecer de Maria Thereza devem ser considerados como vagos e incluídos no certame são: Cartório de Registro Civil de Lagoinha da Comarca de Rio Largo, 2º Cartório do Tabelionato de Notas e Protestos de Rio Largo, 2º Cartório de Títulos e Documentos

da Comarca de Maceió, 3º Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas da Comarca de Maceió e Ofício do Registro Civil do 2º Distrito-Jaraguá da Comarca de Maceió. A briga pela permanência em cartórios é tradicional em Alagoas. Serventias extrajudiciais têm virado negócio familiar, onde os lucros chegam a ser milionários. Com a decisão de que as serventias deveriam ser preenchidas mediante concurso, os “prejudicados” acenderam o sinal de alerta e começaram a se munir de aparatos judiciais. Em sessão realizada na terçafeira, 22, os componentes do CNJ

resolveram seguir o voto e a conclusão da corregedora quanto aos dois cartórios. A ministra lembrou que, quando estava em vigor a Constituição de 1967, essas serventias eram tratadas como cartórios públicos. Esses eram preenchidos após seleção restrita de pessoas para ocupar esses cargos. “A Constituição de 1988 inverteu a lógica e considerou o serviço extrajudicial como privado sendo necessário que haja concurso público tanto para admissão e remoção”, explicou a relatora. Ocorre que algumas pessoas foram admitidas após o vigor da nova constituição, e até agora, estariam ocupando esses cargos ilegalmente”, destacou a ministra. ENTRAVES Em 2014, o Tribunal de Justiça lançou o edital para o concurso dos cartórios, quando a Corregedoria-Geral de Justiça de Alagoas elencou um total de 198 serventias extrajudiciais vagas. De lá para cá, cada passo para realização do certame encontrava um entrave, desde problemas com a empresa contratada para a aplicação das provas a desembargadores se declarando suspeitos e “tirando o corpo fora” da administração e supervisão do concurso. Percebendo a criticidade da situação de Alagoas, o CNJ passou a missão para o desembargador do TJ de São Paulo Marcelo Berthe, que deu continuidade ao concurso, inclusive fazendo balanço da lista de vacância. Em 2019, o certame foi suspenso por problemas na impressão dos cadernos e, em 2020 devido à pandemia. Para não perderem os cartórios, os envolvidos entraram com recursos junto ao próprio CNJ, tendo vitória momentânea. Em 2019, o então corregedor Nacional de Justiça substituto Emmanoel Pereira, em decisão monocrática, deu parecer favorável aos tabeliães, indo contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que sempre se pronunciou no sentido de que, sob a égide da Constituição de 1988, é inconstitucional qualquer forma de provimento dos serviços notariais e de registro que não por concurso público.


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extra No caso do 6º Cartório de Notas da Comarca de Maceió, a corregedora Nacional destacou que “José Roberto Martins Barbosa não se submeteu a prévio concurso público de provas e títulos para ingresso na atividade notarial e registral, observa-se que não faz jus a ser mantido como responsável titular da serventia”. E completou: o “recorrente nunca exerceu a função de substituto do titular da serventia do 6º Cartório de Notas da Comarca de Maceió, razão pela qual, também por esse motivo, não há como se afastar a vacância da serventia, adequadamente declarada”. Seguiram o voto de Maria Thereza os conselheiros: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Salise Monteiro Sanchotene, Jane Granzoto Torres da Silva, Sidney Madruga e Mário Goulart Maia. Maia, que no dia 22 de fevereiro chegou a pedir vistas, após estudo do caso acabou concordando com o posicionamento da relatora. “Conclui-se, pois, que a permanência de José Roberto Martins Barbosa à frente da titularidade do 6º Cartório de Notas da Comarca de Maceió não se coaduna com a legislação anterior

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6º Cartório de Notas passa à condição de serventia vaga

à CF/88, nem com o atual texto constitucional”, escreveu em sua decisão. Alegações semelhantes também envolvem o Cartório de Registro Civil da Comarca de Chã Preta, sob comando de Sérgio Fernandes de Aguiar Neto, também beneficiado pela decisão monocrática do ex-conselheiro Emmanoel Pereira. “Não há, (...), docu-

mento hábil à prova de que, após 20/10/1988, o senhor Sérgio Fernandes Aguiar Neto tenha sido aprovado em regular concurso de provas e títulos para ingresso (por provimento) no serviço notarial e de registro”, destacou Maria Thereza. E pontuou: “A irregular relação jurídica existente entre a parte recorrente e a serventia extrajudicial que lhe é de interesse,

diagnosticada e tratada em agosto/2019, é similar às mais de 5 mil irregulares relações jurídicas saneadas com vacâncias de serventias, declaradas já no ano de 2010”, afirmou. O voto da relatora foi acompanhado pelos demais conselheiros presentes à sessão da última terça. O julgamento dos demais cartórios foi adiado.


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TRATA BRASIL

Maceió entre os piores municípios em acesso da população ao saneamento básico Sistema de abastecimento registra 59,67% de perdas na distribuição de água tratada TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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os últimos oito anos, Maceió registra uma queda abrupta nos indicadores de saneamento que mostram o acesso da população a água tratada e à coleta de esgoto pesquisados pelo Instituto Trata Brasil (ITB) nos 100 maiores municípios brasileiros. Os dados do relatório do instituto revelam que no ano mais crítico da pandemia pelo novo coronavírus, em 2020, a capital alagoana passou a ocupar o 91º lugar no ranking nacional e foi incluída entre as 20 cidades com pior desempenho em relação à oferta de água potável e esgoto à população. Os dados são retirados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e mostram a lentidão com que avançam os serviços de acesso à água e de coleta e tratamento de esgoto no Brasil. “Evidencia-se que a universalização dos serviços não ocorrerá sem um maior engajamento dos prestadores e sem o comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais”, afirma o trabalho divulgado no dia 22, quando se comemorou o Dia Mundial da Água. Importante esclarecer que a pesquisa é apresentada com base nos dados colhidos dois anos antes e que as notas máximas para os indicadores de atendimento passam a seguir as metas da Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020 (Novo Marco Legal do Saneamento Básico). Isso significa que passam a ganhar nota máxima municípios que alcançam 99% nos indicadores de abastecimento de água e 90% em coleta de esgoto. No estudo do ITB apresentado em 2019 e referentes a 2017, Maceió ocupava a posição 73ª entre 100 cidades onde a pesquisa foi realizada, considerando a posição 100 como o pior desempenho nos indicadores de saneamento (água potável e esgoto). Em 2020, a posição da capital caiu para 80ª; em 2021, caiu para 85ª posição e este ano despencou para 91ª posição uma perda de 6 pontos na lista geral.

O acesso a água tratada contempla 89,61% da população total de Maceió e 89,67% da população urbana, o que é um bom desempenho. Entretanto, quando comparado com as demais cidades pesquisadas, verifica-se um deficit incômodo e que em números representam um grande quantitativo de pessoas consumindo água sem segurança hídrica e grande deficiência em coleta de esgoto e resíduos sólidos. Em relação à oferta de coleta de esgoto, apenas 43,03% da população total são comtemplados.

PERDAS

Um dado impressionante no relatório é o que mostra os indicadores de perdas no sistema. Em relação ao faturamento total, que implica água produzida e não faturada, Maceió registra uma perda em recursos de 54,9%. Outra perda avaliada na pesquisa é na distribuição de água

tratada. Nas 100 maiores cidades do Brasil, a média deste indicador foi de 36,32%, menor do que a média nacional de 40,14%. Em Maceió, no entanto, o indicador é de perda é de 59,67%. Em termos volumétricos, isso significa 732 litros de água por ligação ao dia, duas vezes a média nacional, que é de 343,37 litros por ligação/dia. Segundo dados nacionais do SNIS 2020, aproximadamente 35 milhões de brasileiros têm ausência do acesso à água potável e 100 milhões dos habitantes não têm atendimento à coleta de esgoto. Além desses indicadores, o país ainda tem uma dificuldade com o tratamento do esgoto, do qual somente 50% do volume gerado são tratados. Para ilustrar, o ITB mostra que esse volume representa mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento sendo despejadas na natureza diariamente. O novo ranking de Saneamento

2022 também evidenciou que as melhores cidades com saneamento básico no país investem, em média, 340% a mais do que os piores municípios. O Ranking do Saneamento adotou como critério avaliar a média dos investimentos sobre arrecadação dos últimos cinco anos. Neste indicador, informa o ITB, considera-se não apenas os investimentos realizados pelos prestadores, mas também os investimentos realizados pelo poder público. Quanto maior for essa razão, mais investimentos o município está realizando relativamente à arrecadação, logo, merece uma melhor posição no ranking No caso de Maceió, as informações são de que o poder público e o prestador do serviço investem R$ 21,61 por pessoa na área de saneamento básico. O ITB informa que nos últimos oito anos, 30 municípios distintos chegaram a ocupar as 20 piores posições. Desses, 16 estiveram nas últimas colocações em pelo menos sete edições. Maceió está nessa condição por três relatórios seguidos. Observou-se ainda que 13 municípios se mantiveram desde 2015 dentre os últimos colocados, sendo três localizados no Pará, e três no estado do Rio de Janeiro. Além disso, Porto Velho (RO), Ananindeua (PA), Santarém (PA) e Macapá (AP) estiveram sempre nas 10 últimas colocações dentre as 100 maiores cidades do país. Por outro lado, segundo o ITB, alguns municípios apresentaram relativos avanços ao longo dos anos e já não pertencem mais ao grupo dos 20 piores nas duas edições mais recentes do ranking. Alguns exemplos são: Natal (RN) ocupando a 72ª posição de 2022, Olinda (PE) ocupando a 65ª posição de 2022, Paulista (PE) ocupando a 64ª posição de 2022, e Aparecida de Goiânia (GO), que vem apresentando uma sólida melhora de seus indicadores nos últimos dois anos, tendo saltado 36 posições nesse período e alcançado a 47ª posição de 2022, firmando seu lugar entre os 50 primeiros colocados do Ranking 2022.


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CASAL

A Casal foi ouvida sobre o levantamento do Instituto Trata Brasil e afirma que o governo do Estado está fazendo o maior investimento em esgotamento sanitário da história de Maceió. Segundo a companhia, são quase R$ 500 milhões investidos na implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto que vão beneficiar 360 mil pessoas em bairros como Tabuleiro do Martins, Benedito Bentes e imediações, Farol, Pitanguinha, Gruta de Lourdes, Ouro Preto e adjacências. “Somadas, as obras desses dois grandes sistemas, conduzidas em parceria com as empresas Sanama e Sanema, respectivamente, vão dobrar a cobertura de esgotamento sanitário da capital, chegando a 70% da cidade saneada ainda este ano”, informa. As duas obras somam mais de 300 quilômetros de redes e coletores-troncos, o que deve garantir benefícios não só para as pessoas, mas também para o meio ambiente, de acordo com a Casal. “Assim, em oito anos, o Governo do Estado está fazendo um investimento igual ao que já foi feito desde que a cidade foi fundada, há mais de 200 anos”, diz. A companhia afirma que por meio da Parceria Público-Privada (PPP) entre Casal e empresa Sanama, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) foi construída e já está em operação desde 2019, no bairro Benedito Bentes, com tecnologia de ponta e em consonância com a legislação ambiental em vigor. “Por meio dessa PPP, estão sendo implantadas redes coletoras de esgoto em vários outros bairros e conjuntos, como em áreas do próprio Benedito Bentes e nas diversas localidades que compõem o Tabuleiro do Martins. Além das redes, estão sendo construídas as estações elevatórias, que são as unidades cuja função é bombear esse esgoto para que ele chegue à ETE, onde será tratado. O valor total investido pela PPP é em torno de R$ 289 milhões, com benefício estimado para a saúde e a qualidade de vida para cerca de 200 mil pessoas, além de mais cuidado e proteção com o meio ambiente”. A Casal não fala sobre os números apresentados no relatório do Trata Brasil, mas apresenta investimentos na área de saneamento. Segundo a companhia, o Contrato de Locação de Ativos entre Casal e consórcio Sanema permitirá implantar um sistema de esgotamento sanitário na região média alta de Maceió, que compreende os bairros Farol, Pitanguinha, Gruta de Lourdes, Ouro

Salgadinho é o retrato da falta de saneamento em Maceió

Preto, Canaã, Santo Amaro, Jardim Petrópolis e áreas vizinhas. O investimento é em torno de R$ 185 milhões. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) desse sistema fica situada em uma área por trás do Eixo Quartel. A estimativa é beneficiar com coleta e tratamento de esgoto

cerca de 160 mil pessoas. A ETE segue em fase final de instalação de equipamentos, enquanto que as obras nas ruas para implantação das redes coletoras segue em fase final. A previsão, ainda de acordo com a empresa, é que todo o sistema também entre em operação agora em

2022. Com isso, a Casal e o governo do Estado vão deixar 70% de Maceió atendida com coleta e tratamento de esgoto. Os demais investimentos para universalização serão feitos pela concessionária privada vencedora do leilão, a BRK Ambiental, durante o prazo de concessão do serviço.


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CIDADE DE TODOS NÓS

Maceió lidera ranking nacional de capitais que mais agilizaram a abertura de empresas CÉLIO JUNIOR/SECOM

Resultado é fruto do trabalho de desburocratização realizado pela Prefeitura ASSESSORIA

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m 2021, Maceió se tornou a capital brasileira mais rápida para a abertura de negócios, de acordo com o levantamento Mapa de Empresas, feito pelo governo federal. Segundo o estudo, só no ano passado a capital alagoana realizou o cadastro de novas empresas dentro do tempo médio de 14 horas, 8 horas a menos do tempo registrado em 2020 e quase 7 horas a menos das demais capitais. Esses dados refletem o modelo de desburocratização e da expansão do empreendedorismo seguido pela Secretaria Municipal de Economia (Semec). Para o secretário da pasta, João Felipe Borges, o destaque obtido pela capital coloca Maceió num caminho próspero economicamente. “A retomada da economia em Maceió é um dos compromissos da gestão do prefeito JHC. Esse ranking revela o trabalho que vem sendo realizado pela Prefeitura e pelo comitê da RedeSim e, agora, a missão é tornar o processo de liberação ainda mais desburocratizado e acessível’’ disse o secretário municipal de Economia, João Felipe, que também é presidente do Comitê Gestor da RedeSim Municipal. Além da liderança no tempo médio para criação de empresas, Maceió ainda obteve outros destaques no ranking. Hoje, a capital alagoana é a mais rápida do Nordeste no tempo de resposta das consultas prévias de viabilidade locacional, que é a etapa na qual o Município informa se aquela atividade pode ser exercida no local selecionado pelo empresário. O titular da Semec no Comitê Gestor da RedeSim, Gilberto Meister, conta da satisfação com os resultados e destacou o trabalho contínuo, realizado pela Prefeitura e os membros do Comitê, em viabilizar as áreas de simpli-

ficação dos licenciamentos e melhorar o ambiente econômico em Maceió. “A tendência é ampliar esse trabalho de desburocratização, identificando os problemas e as necessidades junto aos órgãos municipais, ao Sebrae, a Junta Comercial e demais parceiros’’, disse Gilberto Meister. NOVOS NEGÓCIOS Os dados levantados pela Rede Sim, sistema que facilita o registro e legalização de empresas, também revelam que Maceió bateu recorde no cadastro de novos empreendimentos no último ano. Foram mais de 22 mil novos negócios criados, o maior número registrado nos últimos cinco anos. Entre os bairros da capital que mais receberam novas empresas ou empresas transferidas, estão Cidade Universitária (com 2.968 empresas), Benedito Bentes (com 2.218 empresas), Jatiúca (com 2.124 empresas), Tabuleiro dos Martins (com 1.969 empresas) e Jacintinho (com 1.675 empresas) nas cinco primeiras colocações. Os bairros da Serraria, Clima Bom, Ponta Verde, Farol e Poço completam o ranking das dez regiões com mais empresas, registrando uma média de mil empreendimentos em cada um. No levantamento por atividade econômica, os setores de comércio varejista, alimentação, serviços especializados para construção civil, comércio por atacado e educação foram os que mais se destacaram. Só o comércio varejista registrou mais de 17 mil empreendimentos na ativa até o fim de 2021. CENÁRIO PRÓSPERO PARA A ECONOMIA Esse período de mudanças trazido pela gestão municipal é aprovado pela empresária Micheline Galvão, proprietária de

João Felipe Borges afirma que crescimento econômico de Maceió é prioridade LUIZ OTÁVIO/SECOM

Micheline Galvão confirma rapidez na formalização de seu negócio um restaurante no bairro Jatiúca. Ela conta que todo o processo de formalização da sua empresa foi feito de forma rápida e sem muita burocracia, um alívio para um setor que já enfrenta inúmeras dificuldades, principalmente durante os primeiros meses de um novo negócio. “Esse é o meu primeiro negócio e mesmo com os desafios que o empreendedorismo pode trazer, acredito que é um momento propício para a retomada da economia. A ajuda do poder público nessas horas, com a facilidade e acessibilidade nos aspectos burocráticos, é de suma importância’’, contou a

empresária. Ela ainda destaca que os investimentos realizados pela Prefeitura na cidade, especialmente para o turismo, tornam o cenário otimista para investir e gerir novos negócios. “Nossa cidade é uma capital turística e essas transformações realizadas pela Prefeitura têm trazido excelentes resultados e um crescimento notório para o ramo. Esse tipo de visibilidade impacta e muito na economia local e na capacidade de receber novos clientes, de criar novos empreendimentos e gerar empregos’’, completou Micheline Galvão.


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190 ANOS

FEIRA DA PONTE DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS É RETOMADA

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pós dois anos suspensa devido à pandemia do coronavírus, a tradicional Feira da Ponte de São Miguel dos Campos voltará com novidades nos dias 11, 12 e 13 de abril. Esse é um dos maiores e mais longínquos eventos do município, completando 190 anos de realização em 2022. A Feira ganhou uma nova identidade visual, que foi divulgada pela Secretaria de Comunicação e Eventos esta semana. A Feira da Ponte será realizada na Praça Multieventos e contará, durante os três dias, com atrações artísticas e musicais do município, além de estrutura montada para garantir segurança e comodidade ao público. O prefeito George Clemente falou sobre a nova edição da Feira. “Após algumas reuniões, estamos definindo tudo com muito cuidado e pensando nos mínimos detalhes para criar um ótimo ambiente para os feirantes miguelenses, para os feirantes que vêm de fora e para todos que comparecerem a este grande evento. Aguardem que vem uma super Feira da Ponte por aí”, declarou. Segundo os organizadores, conforme a tradição, a Feira do Peixe, que corre em paralelo,

será mantida no pátio do Mercado Público. A Feira da Ponte movimenta a economia local e regional e oferta produtos diversos da agricultura familiar, artesanato, artigos para o lar, de perfumaria e da culinária regional. Desde sua implantação, o evento atrai ao município comerciantes e consumidores da Região Nordeste que buscam variedade, diversão e preços acessíveis. TRADIÇÃO Símbolo da história, cultura e tradição de São Miguel dos Campos, a Feira da Ponte surgiu há mais de um século, quando o Rio São Miguel era a única rota para a escoação e importação de todas as mercadorias comercializadas e/ou produzidas neste município. A Feira, que além de todos os produtos comercializados também reunirá atrações musicais, apresentações folclóricas e culinária, promete resgatar a cultura miguelense durante seus três dias de realização. A Feira da Ponte há décadas é uma referência e faz parte dos grandes eventos de cunho popular do estado, sendo sempre lembrada e aguardada pelos alagoanos.

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INTERNET

Ranking de conectividade revela contraste entre cidades alagoanas Maceió é o único município alagoano citado em estudo nacional sobre tecnologia BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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6ª edição do Ranking Cidades Amigas da Internet, elaborado pela Conexis, substituta da marca do SindiTelebrasil, evidencia um contraste entre as cidades alagoanas. Enquanto Maceió aparece como a 8ª capital brasileira e a 4ª do Nordeste que mais estimula a oferta de serviços de telecomunicações no Brasil, os demais 101 municípios alagoanos sequer são citados no ranking divulgado com dados de 2021. Uma melhor posição no ranking significa que o município está melhorando o acesso à internet para o cidadão e trazendo investimentos para o município, como tem acontecido em Maceió, segundo o estudo. Há duas semanas, por exemplo, a capital alagoana inaugurou 140 novos pontos de acesso Wi-Fi grátis, oferecendo conectividade a comunidades espalhadas por toda a cidade. Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza encabeçam o pódio nacional. O Ranking das Cidades Amigas da Internet destaca entre os 100 maiores municípios brasileiros aqueles que oferecem um ambiente adequado à instalação de infraestrutura de redes de telecomunicações, como antenas Wi-fi e fibra óptica. Por outro lado, o estudo revela que ainda há muitos municípios alagoanos com leis desatualizadas e que demoram mais de um ano para licenciar a instalação de antenas, dificultando o avanço da conectividade. Para a composição do ranking são avaliadas as restrições, burocracia, prazo e onerosidade para a implantação de Estações Rádio Base (ERBs) e Redes (Subterrâneas ou aéreas). O trabalho elaborado pela consultoria Teleco em parceria com a Conexis Brasil Digital e a Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunica-

ções (Abrintel) permite que os municípios verifiquem o seu status e identifiquem os pontos que requerem aprimoramentos. O EXTRA entrou em contato com a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para saber se existe algum projeto para estimular a oferta de serviços de conectividade em municípios do interior alagoano, e por meio de nota, a entidade informou que realiza esse trabalho de interlocução diante das demandas que chegam e, geralmente, com um órgão governamental ou articulador. “Deixando claro que os municípios são independentes para desenvolver seus projetos. A atuação da AMA é de orientar contribuindo para gestões mais eficientes e,

neste momento estamos junto ao TCE capacitando técnicos para adaptações ao novo SIAP, que é um sistema de prestação de contas do tribunal que está usando inteligência artificial como base”, informou. 5G EM MACEIÓ Em fevereiro, o prefeito JHC (PSB) assinou o protocolo de intenções e viabilização de um projeto piloto para a utilização do 5G em Maceió. Com esta tecnologia, Maceió vai se tornar a primeira capital do nordeste e a segunda do Brasil a testar um piloto de infraestrutura própria de 5G, abrindo possibilidade para subir ainda mais nas próximas edições do ranking.

Com o protocolo, a ABDI vai disponibilizar a infraestrutura necessária para fornecimento de 5G e para testar equipamentos inteligentes, tornando Maceió apta para ser um celeiro de teste de novas tecnologias. Com o projeto, serão testados, também, os modelos jurídicos e possibilidades de geração de receita acessória para o município, além de acelerar o processo de chegada do 5G em áreas mais carentes da cidade. A implementação da quinta geração de rede móvel também prevê a construção de pelo menos 10 novas bases de conexão em Maceió. Além disso, estados e municípios deverão alterar sua legislação, permitindo a instalação de mais antenas em locais públicos.


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CIDADES INTELIGENTES Além de aparecer entre as cidades que mais estimulam a oferta de serviços de telecomunicações no Brasil, Maceió também é a única cidade alagoana a figurar no ranking Cidades In-

teligentes, também elaborado pela Conexis e que tem como objetivo identificar os municípios brasileiros com maior oferta de serviços inteligentes para o cidadão, a exemplo do portal federal e-Gov, que disponibiliza um leque de serviços online. O ranking entre as capitais com mais de 1 milhão

de habitantes é liderado por Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba. Maceió aparece na 9ª posição nacional e a 2ª melhor regional, ficando atrás apenas de Recife, no Nordeste. Apesar do bom posicionamento, o estudo ressalta que retirar da legislação municipal condições ou vedações que afetam a qualidade do serviço

prestado que estão em desacordo com a legislação federal e estabelecer um processo centralizado e objetivo, que propicie a obtenção de autorizações em prazos inferiores a dois meses, além de não impor custos adicionais aos da tramitação do processo são alguns dos pontos a melhorar na capital alagoana.


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SAÚDE MENTAL

Mulher: reconhecimento no 8 de março é pouco

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ão resta nenhuma dúvida de que as mulheres tiveram um reconhecimento de seu valor nas últimas décadas. Mas é pouco pelo que elas fazem e desempenham no dia a dia. Ainda é intensa a discriminação que os homens praticam contra as mulheres. Ela ocorre através de piadas de mau gosto (indiscriminadamente), pela cor da pele, pela silhueta do corpo e assim por diante. A maioria delas tem trabalho triplicado: nos afazeres do emprego; como dona de casa e também responsabilidade sobre a educação dos filhos (poucos pais se preocupam, embora essa situação esteja sendo revista). Essa tripla função, depois de um, dois, quatro, oito anos, sobrecarrega as mulheres e podem surgir vários agravos mentais e físicos, principalmente pelo esgotamento físico, o que pode acarretar desequilíbrio emocional e o surgimento de transtornos mentais, como é o caso da Síndrome de Burnout. A síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico (que pode ser por intensas tarefas diárias), e a consequente baixa produtividade no emprego, o que leva ao surgimento de irritabilidade, insônia, enjoos, e outros sintomas físicos, o que caracteriza a Síndrome de Burnout. Resultado de uma pesquisa da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, indica que cerca 74% das pessoas do sexo feminino se sentem estressadas por motivos ligados ao trabalho, em comparação com 61% dos empregados do sexo masculino, referente à síndrome. As mulheres também sofrem de percepção negativa sobre si mesma (inconsciente e distorcida da realidade), muitas vezes devido à imposição de metas inatingíveis, pré-determinadas pelas empresas, ou diversas tarefas, o que favorece, ainda mais, a situação de dúvida sobre si mesma (por se achar “incompetente”) e a consequente intensificação da síndrome, com o surgimento de diversas distorções emocionais sobre si mesma.

“Ser melhor”

Boa parte dessa situação emocional das mulheres poderia ser resolvida se as empresas adotassem um ambiente de trabalho mais colaborativo em vez de competitivo. Este, tão nocivo e presente no sistema econômico a que estamos submetidos, que é o capitalismo, em que, desde cedo, as crianças são instigadas a competir com os coleguinhas, o que é um erro cultural e que intensifica, mais ainda, o surgimento de transtornos mentais no futuro, não só em mulheres, mas em todos os níveis de empregados/trabalhadores de uma empresa. Essa competitividade não ocorre somente no ambiente de trabalho, vai além. Ele pode ocorrer, também, no meio familiar, em que um membro da família se acha mais “rico” ou mais “podero-

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

so” do que outro, ou que sabe mais (tem mais conhecimentos) do que outro. De novo: a “cultura” da competitividade faz as pessoas adoecerem mentalmente. Surgem as ansiedades difusas; agudas, depressão e até tentativas de suicídio. O raciocínio serve para os ambientes ditos harmônicos, ou seja, entre amigos, isto é, nos grupos em redes sociais porque nem sempre esses “ambientes” são saudáveis. Quantas vezes já lemos “brigas” ou “disputas” em aplicativos, como o WhatsApp, ou em plataformas como o antigo Facebook, agora Meta, por um membro “querer ser melhor” do que outro? São raras as empresas que adotam uma postura colaborativa dentro do ambiente de trabalho, ou que fomentam o respeito e a valorização do servidor/colaborado/empregado/ trabalhador. O resultado é previsto em longo prazo: mais trabalhadores com ansiedade aguda, mais deprimidos e também mais pessoas, especialmente, mulheres, que tentam o suicídio. O índice é maior em mulheres do que em homens, é o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem detectando há vários anos.

Frescobol

Fazendo uma breve analogia sobre a cultura colaborativa nas empresas, podia-se ter ou ser instigado um costume igual ao do frescobol, isto é, em que os “jogadores” tenham o objetivo de que, jogando, a bola não caia, ou seja, quanto mais tempo ela fique sendo jogada entre os participantes, mais habilidade e satisfação os “jogadores” têm. Ou seja, não há perdedores e sim a intenção de que os dois ganhem, ao contrário do que ocorre no tênis de mesa ou no tênis de quadra, em que um jogador “é bom” se “derrotar” o outro.

Mesma música É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música”. (Honoré de Balzac)

Todos os dias fazer algo satisfatório para aliviar as tensões e as pressões do cotidiano. Além disso, buscar, também, satisfação naquilo que faz, seja no trabalho ou nos afazeres domésticos. Como? Sugerindo/solicitando ao namorado/ companheiro/noivo/marido compreensão e ajuda para realizar as diversas tarefas do dia ou da semana. É importante ter uma conversa franca, objetiva sobre a situação de incômodo e de que há um desgaste físico e mental. Muitas vezes as mulheres se sentem desvalorizadas ou são chamadas de “incompetentes”, mas analisando todos os aspectos que elas vivenciam no ambiente de trabalho – numa psicoterapia –, descobre-se que têm mais êxitos do que fracassos e o melhor, pode-se, a partir dessa macro visão, recuperar a autoestima necessária que estava camuflada por, muitas vezes, metas inatingíveis da empresa, o que as tornavam “incompetentes”. Bom, não tem como analisar todos os aspectos sobre as incompreensões (às vezes distorcidas) sobre uma pessoa e especialmente as mulheres, sem se submeter a uma psicoterapia. Portanto, aos primeiros sinais de ansiedade, irritabilidade, insônia ou outro sintoma, é preciso buscar ajuda de um profissional da psicologia para investigar as reais causas que estão levando a pessoa a apresentar os sintomas, seja homem ou mulher.

O que se pode fazer?

Se nas empresas as mulheres sofrem mais discriminação e recebem mais pressão dos chefes, é preciso saber lidar com a situação. Primeiro tem que achar algum mecanismo ou alguma forma, todos os dias, para que não se perca o equilíbrio emocional. A mulher precisa valorizar as tarefas que realiza não só no local de trabalho como também nos outros ambientes, junto com os filhos (se tiver) e nos afazeres de casa. Como? Uma dica é presentear-se com um passeio, conhecer uma nova cidade, ir ao cinema, ir à praia, ir ao shopping, ler um livro, escutar uma música, enfim, qualquer atividade prazerosa.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”. (Friedrich Nietzsche)

Paulo, Rodrigo e Rui Salvo fato surpreendente e difícil de acontecer, os candidatos ao governo estão definidos e serão Rui Palmeira, Rodrigo Cunha e Paulo Dantas. Todos com capilaridade eleitoral, jovens e prontos para a briga, que será renhida. Cada um com suas histórias, suas propostas e a vontade de governar Alagoas. A disputa será essa e o resto só figuração. Vão aparecer os “poca-urnas” e um ou outro aventureiro que mereçam qualquer avaliação. Vale agora o apelo das ruas, as forças das coligações e o convencimento do eleitor. Será uma parada dura, talvez a eleição mais disputada dos últimos tempos e de difícil previsão. Não vejo uma

campanha com muitas agressões, até porque os três candidatos têm “folhas corridas” positivas, sem envolvimento com escândalos, violência ou corrupção (todos fichas-limpas). O mesmo não se poderá dizer de seus palanques que deverão abrigar “jacarés, cobras d’água” e outros da fauna da política suja. As más companhias serão mais evidenciadas que os próprios candidatos. Que os marqueteiros estúpidos não tragam para a cena do voto a baixaria odiosa e provocativa, na falta de criatividade para “vender” seus candidatos. Que o voto seja respeitoso, espontâneo e seja eleito o melhor para governar Alagoas. Nós merecemos isso.

O bom Alfredo

Alfredo Gaspar de Mendonça é um dos mais valorosos quadros da política alagoana nos últimos tempos. Revelou-se líder no Ministério Público, onde ocupou o cargo de procurador-geral de Justiça. Com coragem largou a vitoriosa carreira para ser testado nas urnas. Com uma excelente votação foi para o segundo turno e disputou bem a Prefeitura de Maceió. Contra ele agiram um marketing fraco e alguns apoios emblemáticos rejeitados pelo eleitorado. Voltou para a Secretaria de Segurança Pública e consagrou-se na pasta baixando os índices de criminalidade, valorizando as polícias Militar e Civil e agradou a população que o acolhe com entusiasmo na capital e interior. Virou mote e memes nas redes sociais – “Matou? Roubou? Chama o Alfredão que ele resolve”. Ao fechar esta coluna não sei o seu destino político, mas para onde for deverá ter o reconhecimento do alagoano.

O rei Arthur

O deputado Arthur Lira, o todo poderoso líder do Centrão e presidente da Câmara, nunca esteve no protagonismo político local. Construiu sua rota de sucesso em Brasília, onde conhece todos os caminhos das pedras. Exímio negociador, “doutor” em regimento interno da Câmara, não precisou de padrinhos para alcançar a glória do mundo político, mas buscou os apoios certos. É hoje, indiscutivelmente, a maior força política nacional, com autoridade que se estende ao Palácio do Planalto e entornos. Aqui em Alagoas será o condutor do cenário político, com condições de apostar na vitória ao lado que apoiar.

Fecomércio, uma grande gestão

A Federação do Comércio de Alagoas pode contar a sua história em duas partes: o antes e depois de José Gilton Pereira Lima. Empresário conceituado, muito bem relacionado e com uma grande liderança na classe, assumiu a presidência da entidade que não tardou para sair do marasmo e iniciar uma gestão altamente qualificada, empreendedora, colhendo resultados surpreendentes. A Fecomércio cresceu em número de associados, em conceito nacional e teve possibilitada sua expansão na capital e interior. O relacionamento do presidente Gilton Lima com o poder público é superavaliado, tendo recebido prêmios e comendas pela sua atuação exemplar, fazendo a entidade crescer e ser reconhecida. A gestão do presidente só deixou descontentes algumas pessoas, inclusive dirigentes, que foram tolhidos em suas vontades de se locupletar e abusar do poder e do fisiologismo, tão comuns nas entidades classistas.

Santoro é o cara

Da atual equipe do governador Renan Filho, apenas um foi convidado e aceitou ficar para a próxima gestão, pelo menos oficialmente. Alguns até se ofereceram, outros insinuaram “deixar alguém”, mas o deputado Paulo Dantas (futuro governador) foi enfático: “Minha equipe eu escolho”, no que está muito correto. O escolhido não podia ser outro que não fosse George Santoro, o mago da receita responsável e de resultado. Fez um trabalho durante oito anos, a completar em breve, reconstruindo a credibilidade financeira do Estado, escancarando portas para o desenvolvimento econômico e social, dando suporte para que o governador fizesse a mais eficiente administração da história de Alagoas.

O silêncio de Collor

Ouvi de um amigo e coloquei nas redes sociais: “Não tenha medo do barulho de Fernando Collor, mas de seu silêncio”. Aí nas mesmas redes sociais, ele acrescentou – “Não mexa com meu silêncio se não aguenta meu barulho”. O senador é ligeiro, tem coragem e ainda pode surpreender até o momento final da partida. Histórias passadas (e não são poucas) registram momentos surpresas na sua caminhada de sucesso político.

OAB/AL Mulheres no poder

Em iniciativa inédita no país, a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) está 100% presidida por mulheres em março, mês mundialmente consagrado como de luta pelos direitos das mulheres e quebra das barreiras à igualdade de gênero. Todos os cargos de chefia estão ocupados por mulheres, da presidência da Ordem à diretoria das subseções do interior e dos demais órgãos que compõem o sistema OAB em Alagoas. O movimento começou no dia 1º de março, quando o presidente Vagner Paes se licenciou para que a vice, Natália Von Sohsten, assumisse a presidência durante todo o Mês da Mulher. O gesto repercutiu com a adesão voluntária de outros presidentes e diretores homens, que se licenciaram e transmitiram o cargo às mulheres.

PÍLULAS DO PEDRO Em um município do Agreste o custo de construção de um poço artesiano está saindo quase o valor de um poço de petróleo. Cadê o Ministério Público?


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Ventos nebulosos se aproximam

ELIAS FRAGOSO n Economista

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á tivemos oportunidade de alertar para as agruras que o brasileiro irá passar este ano e no ano de 2023 – que juntamente com 2021 foram um “trisal” medonho para o cidadão – com inflação alta, juros nas alturas, a economia estagnada, o desemprego nas alturas, rasa taxa de investimentos. Tudo do jeito que só o diabo gosta. A agressão russa à Ucrânia foi o fel posto no bolo das famílias brasileiras (alguém achou que iria falar da cereja do bolo?), esmagadas por uma estagflação (que alguns economistas teimam em não de-

clarar, utilizando subterfúgios técnicos) que, pelo jeitão das coisas, tende a perdurar neste e no próximo ano pelo menos, e vai colaborando de forma direta para desarranjar no Brasil o que já era um desarranjo fenomenal. Vejam só a que ponto este país chegou após o tsunami petista e o desgoverno Bolsonaro – com um intervalo do governo Temer cuja ação de sua equipe econômica logrou frear o descalabro originado por Lula e Dilma e começou a preparar a economia para ser reorganizada a partir do próximo governo. Que para azar dos brasileiros foi o que aí está. A desarrumação bolsonariana da economia brasileira está sendo tal – e seus números tão sinistros – que, mesmo que o próximo governante viesse a ser além de muito competente politicamente para desatar o nó político que o Centrão deu no Orçamento da Nação, também lograsse fazer um governo austero focado em reorganizar a economia nacional, é certo

que antes de meados de 2024 (mais certo mesmo 2025) nada de bom pode-se esperar dos ventos econômicos nacionais para as famílias brasileiras. Não é o caso de Jair Bolsonaro e sua trupe de disfuncionais ou de Lula e seus asseclas. Ambos dois comprovados demagogos irresponsáveis que colocaram o país nesta situação. A manutenção de um ou a volta do outro será, nas duas hipóteses, uma tragédia para o Brasil e para o povo brasileiro, afinal, o único que sofre de verdade no lombo as consequências das safadezas perpetradas por um e outro no comando da Nação. Ainda mais quando se sabe que os juros americanos vão subir pelo menos 5 vezes mais do atual patamar ao longo dos próximos 12 meses, com as consequências conhecidas para países como o Brasil: a inversão do fluxo de entrada de dólares do Brasil para os EUA e a afetação consequente do mercado cambial, do câm-

bio, limitando a faixa de manobra dos Bancos Centrais de países emergentes, que ficam impossibilitados de promover qualquer suavização da política monetária. Traduzindo para o leigo: juros altos nos próximos anos na economia brasileira, com tudo que isso significa, em termos de aumento do já gigantesco desemprego e perda de qualquer veleidade de crescimento econômico. O quinto dos infernos é o que espera o Brasil. As famílias verão a inflação erodindo a cada dia o seu dinheiro, o acesso ao crédito dificultado até mesmo para liquidação de débitos já contraídos. A estimativa para o crescimento brasileiro – se for um governo responsável – está estimada pelo mercado em 0,5% este ano, 1,4 em 2023 e 2% em 2024. Este país para sair do atoleiro em que se encontra teria que começar a crescer na base de 3,5% a.a., no mínimo. Ventos nebulosos se aproximam.

e avenidas da cidade. O buraco surge quando é feito o recapeamento da via e não se nivela o tampão com o asfalto. Dessa forma, o buraco fica imperceptível para os motoristas que correm o risco de provocar acidentes ao passar sobre ele. As prefeituras não costumam ter cuidados especiais com a malha viária das cidades. Esquecem que é por ela que tudo circula e, dependendo do seu estado de conservação, com mais ou menos segurança. Enfim, como o que é ruim pode piorar, as ruas e avenidas de Maceió estão sob nova ameaça: as obras do saneamento básico da cidade a cargo da BRK Ambiental. Para surpresa de muita gente, a empresa que vem enterrando quilômetros de tubulação pela cidade demonstra não ter o mínimo de conhecimento para tapar os buracos que abre. As ruas traba-

lhadas pela BRK recebem críticas pesadas quanto ao acabamento asfáltico que praticam, deixando muitas delas piores do que se encontravam no início da obra. O serviço efetuado em vias de paralelepípedos ainda é pior. Falta técnica, capricho e fiscalização no trabalho de acabamento da obra. A empresa tem grande dificuldade de unir o asfalto novo com o já existente, o que acarreta vincos que comprometem o visual e o nivelamento das ruas. O resultado final é desconforto ao dirigir e ruas com aspecto de colcha de retalhos. Seria bom que o prefeito JHC conferisse o que está sendo realizado nas obras do saneamento. Estamos em tempo de IPTU e eleições, época em que a população costuma dar uma geral na performance da prefeitura e na eficiência de candidatos.

A manutenção de um ou a volta do outro será, nas duas hipóteses, uma tragédia para o Brasil e para o povo brasileiro, afinal, o único que sofre de verdade no lombo as consequências das safadezas perpetradas por um e outro no comando da Nação.

Buracos nas ruas

NELSON FERREIRA n Jornalista

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estado em que se encontra a malha viária da nossa cidade dá pena. Falhas na pavimentação e buracos de todos os tamanhos estão presentes na maior parte de nossas ruas e avenidas, que parecem uma colcha de retalhos. Capazes de provocar prejuízos e acidentes, esses problemas, que vêm de longe, comprovam o descaso dos nossos gestores. O tapamento de buracos na cidade

é uma atividade que a prefeitura pratica há anos. Os buracos voltam em dobro e alguns no mesmo lugar. Tem gente que acredita que a qualidade do asfalto tem muito a ver com sua duração. O empresário Jorge Coelho, da Único Asfaltos, primeira franquia mundial especializada em elaboração e aplicação de asfalto, diz que as “prefeituras normalmente usam nas operações tapa-buracos métodos convencionais que são indicados para recapeamento e construção de obras viárias, não para tapar buracos de rua”. Independente do uso do asfalto certo, os motoristas em Maceió correm sérios riscos com outro tipo de buraco que é feito pela prefeitura e colocado em lugar marcado: são os tampões de ferro fundido, que dão acesso às galerias subterrâneas e estão espalhados ao logo de ruas

As ruas trabalhadas pela BRK recebem críticas pesadas quanto ao acabamento asfáltico que praticam, deixando muitas delas piores do que se encontravam no início da obra. O serviço efetuado em vias de paralelepípedos ainda é pior. Falta técnica, capricho e fiscalização no trabalho de acabamento da obra.


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Deus e César no governo bolsonarista

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ai a César o que é César, e a Deus o que é de Deus”, respondeu Jesus à provocação dos fariseus, que o queriam implicar em uma eventual rebelião contra Roma. Pode-se interpretar as palavras de Cristo a um chamado à separação da religião dos governos seculares, simbiose que havia naquela época, antes e depois, durante vários períodos da História mundial. Aos poucos, filósofos e políticos foram abando-

nando essa mistura, formando o que se chamou, assim como hoje, o Estado Laico. A religião, então, trata das coisas da Fé; os governos dedicados aos negócios de Estado e da sociedade civil. Assim é o Brasil atual, cuja Constituição estabelece, no inciso VI do art. 5º, a liberdade da prática religiosa ou de culto. Somos um estado laico, então, o que é reforçado pelo teor do inciso I, do art. 19, do texto constitucional, também referente à liberdade religiosa. O governo Bolsonaro, no entanto, vem propositada e indisfarçadamente subvertendo as ordens constitucionais no sentido da laicidade do Estado brasileiro. Por várias vezes apregoa, por palavras, gestos e ações, a prevalência dos cultos evangélicos, antigamente denominados protestantes, uma referência discriminadora à rebelião de Martinho Lutero. Vejamos, por exemplo, as reite-

radas declarações do presidente, incluindo a exigência curricular de os seus nomeados a ministro do Supremo Tribunal Federal professarem um dos credos evangélicos. Outras vezes é a supremacia da chamada “bancada evangélica” nas coisas de Estado. Recentemente o ministro da Educação, louve-se que em reunião pública, apregoou ser impositivo ao órgão especial atenção aos pleitos transmitidos através de dois específicos pastores. Solícito às ordens do chefe, transformou o seu gabinete em sala de despacho dos dois evangélicos, alheio a que não se pode misturar as coisas de Estado a tudo aquilo que não lhe é inerente, nem também utilizar prédios públicos para negociatas particulares. A primeira consequência já se operou, com o Palácio do Planalto desmentindo o ministro, negativa peremptória da existência de qualquer ordem

presidencial ao subalterno no sentido de favorecer os dois pastores. Como sempre, Bolsonaro tira o corpo fora, jogando o pressuroso assessor às feras. A segunda consequência danosa à biografia do ministro Milton Ribeiro também não tardou a se revelar: o procurador-geral, sempre tão preocupado com as coisas relativas aos Bolsonaros, logo representou ao STF contra o ministro. A “fritura” do ministro teve novo andamento: final da tarde de quarta-feira, a bancada evangélica da Câmara lavou as mãos, reiterando que Milton Ribeiro não fora sua indicação. O problema é que, apesar das negativas do presidente, o ministro voltou a afirmar que cumpria ordens de Bolsonaro. Há um resumo figurado para o inferno astral do ministro da Educação: tiraram-lhe a escada, deixando-o pendurado no pincel. Como sempre.

A primeira consequência já se operou, com o Palácio do Planalto desmentindo o ministro, negativa peremptória da existência de qualquer ordem presidencial ao subalterno no sentido de favorecer os dois pastores.

Para onde vamos nós?

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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no de eleições. Os políticos se misturam em blocos heterogêneos. Pulam de galho em galho, procurando vantagens. Não sabemos onde está o idealismo. O que interessa é ganhar as eleições. Em Alagoas está saindo Renan Filho, governador jovem, que fez uma boa gestão. Para os servidores públicos tentou ser justo. Nem sempre conseguiu. No entanto, governou por dois períodos sem atrasar o pagamento da categoria. Construiu alguns hospitais, mas recebe críticas na área da saúde. Não podemos dizer que deixou a educação do Estado em situação melhor. Na pasta da Segurança Pública teve altos e

baixos. Melhorou no fim, graças ao Alfredo Gaspar. Ainda neste ano de eleições deu um banho de asfalto em vários municípios. Quer ser senador e, segundo nossa opinião, tem grandes chances de sair vitorioso. Forma o grupo dos Calheiros com o pai e outros políticos. Quem cresceu muito foi o Arthur Lira. Menino sabido e muito competente no jogo político. Não é simpático como o pai, mas consegue conviver com gregos e troianos. Ainda não revelou quem serão seus candidatos ao governo e ao Senado Federal, mas conversa com muita gente e deve sair com candidatos fortes para enfrentar os Calheiros. Briga boa! De repente, aparece Rui Palmeira, ex-prefeito de Maceió, que andava meio calado. Sendo filho de Guilherme Palmeira, é um bom estrategista, tem experiência no campo e tenta aparecer como a terceira força política do estado. Sua vitória dependerá de futuros aliados. Sinto certa simpatia pelo jovem Rui Palmeira. Não podemos esquecer o atual presidente do Poder Legislativo. Homem sagaz, conquista a maioria dos deputados. Já se elegeu para o cargo duas vezes. Pelo que a imprensa divulga, levou uma rasteira do presidente da Câmara

Federal, seu suposto amigo. Não dá “murro em ponta de faca”, fato que nos leva a crer numa posição política favorável. Não é à toa que se mantém no poder há tanto tempo. Fala-se muito em Paulo Dantas, deputado estadual, filho de Luiz Dantas, para substituto de Renan Filho. Não sei se será a escolha certa, pois não foi um atuante parlamentar e sua família tem uma história complicada nos anais políticos das Alagoas. Mas, por trás disso tudo, deve haver acordos, conchavos, desconhecidos tanto para a imprensa e como para o grande público. Sinto simpatia pela deputada Jó Pereira. Conheci o pai dela, acompanho seu trabalho e a luta da família por espaços políticos. Parlamentar atuante, reage quando magoada e cresce no desempenho de seu mandato. Não merece ser vice de ninguém! Deveria ser candidata ao governo do Estado. Outro nome citado é o a atual prefeito de Maceió, o JHC. Teria grandes chances, entretanto só possui dois anos na Prefeitura. Está fazendo uma boa administração e os eleitores vão ficar frustrados com tão rápida mudança. Espero que o JHC fique no cargo e espere um pouco.

O vice-prefeito Ronaldo Lessa ainda não decidiu para onde vai. Possui uma boa bagagem política e deveria ser candidato a deputado federal. Espero que não se precipite, pois na eleição anterior soube jogar, foi inteligente. Dentro do jogo político atual, poderíamos citar outras figuras: Collor, Rodrigo Cunha. Devem influenciar alguns grupos, mas nem tanto. Os leitores devem estar impressionados com a ousadia da “Velhinha das Alagoas”, mas ela respira política desde pequena e curte a sabedoria de alguns brasileiros como o Ulysses Guimaraes no plano federal, Mário Guimarães no estadual e outros. O povo fica sem saber para onde vai, porque vota num político hoje e amanhã ele muda de posição. Insisto: não há mais idealismo político. Vou dar um exemplo: o Partido dos Trabalhadores vai indicar o vice do MDB. Dá para acreditar? E nós, pobres sofredores públicos, ficamos imaginando em quem votar, em quem acreditar. Ainda existe direita e esquerda? Ou todos ficaram “em cima do muro”, esperando a decisão dos acordos? VIVA O BRASIL!

Outro nome citado é o a atual prefeito de Maceió, o JHC. Teria grandes chances, entretanto só possui dois anos na Prefeitura. Está fazendo uma boa administração e os eleitores vão ficar frustrados com tão rápida mudança. Espero que o JHC fique no cargo e espere um pouco.


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O ar que me falta

GERALDO MAGELA PIRAUÁ n Escritor

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i, quase de um só fôlego, o livro de Luís Schwarcz, a obra intitulada O Ar que me falta. O autor, um dos fundadores da editora Cia das Letras, narra neste livro, de forma corajosa e extremamente lúcida, a saga de sua família. Húngaros, de origem judaica, os horrores vividos durante a guerra, e a separação de seu avô Laio, quando conduzido ao campo de concentração pelos nazistas, de seu pai André. Fosse um romance, que

não o é, seria densamente dramático. Luís, em livro de memória bem explícita, narra como a família chegou ao Brasil, as dificuldades do idioma, o casamento de seu pai, o seu nascimento no Brasil, a descoberta da bipolaridade e a depressão de que foi acometido. Conta, também, o relacionamento com os avós, e como foi a convivência de seus pais, em casamento com alguns problemas. Filho único, e cercado de alguns mimos, recebeu atenção de seu avô materno, que não tolerava o genro, e buscava compreender seu pai que, traumatizado pelos horrores da guerra, carregava a dor de não ter Laios, seu avô paterno, em sacrifício da própria existência, ter lhe salvado. O escritor Luís tem pelo avô paterno, que não conheceu, vítima de uma guerra insana, recordações de amor e heroísmo. O que mais me encantou

no livro de Luís Schwarcz é a história de sua bipolaridade e a depressão. Não se poupa, conta em detalhes. Seu casamento, com a mulher que o compreende, constitui uma âncora indispensável. Narra em detalhes sua doença. Nada esconde. Como a enfrenta e a enfrentou. As dificuldades criadas pela bipolaridade. O temperamento arredio e a impulsividade. Os tratamentos enfrentados. Seu sucesso profissional. Tudo, absolutamente tudo, é narrado. Um livro para quem o ler entender a natureza humana. Compreender a complexidade do existir. Saber, sobretudo, que cada um de nós, seja quem for, tem seus dramas e tormentos e que, apesar de tudo, pode deixar exemplo e um legado a ser seguido. Vencer os medos e enfrentar a realidade é o maior dos desafios. O personagem de um

grande romance, Coivara da Memória, do sergipano Francisco Dantas, “Seu” Justino, excelente carreiro e bom zabumbeiro, bom tomador de “cana” nunca deixou de acreditar “que na vida tudo se remenda”. Tudo tem jeito, portanto, por maiores que sejam os problemas. A vida é dor, luta, enfrentamento. Vida é angústia, prazer, realização. Vida é sucesso, insucesso, também. Vida é entender que o outro, por ser o outro, não é igual a nós. Carrega, como nós, o entusiasmo e a angústia, a certeza e a incerteza, também. Vida é amor, mas é desamor, também. É conflito e harmonia. É guerra e paz, compaixão, também. Na vida, como diz “seu” Justino “tudo tem remendo”, graças a Deus. O livro de Luís, de tão bom, brevemente vou relê -lo.

A vida é dor, luta, enfrentamento. Vida é angústia, prazer, realização. Vida é sucesso, insucesso, também. Vida é entender que o outro, por ser o outro, não é igual a nós. Carrega, como nós, o entusiasmo e a angústia, a certeza e a incerteza, também.


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SAÚDE

Santa Casa de Maceió realiza 4º transplante de fígado

Número de cirurgias poderia ser bem maior, mas ainda esbarra no número baixo de doadores

“O

serviço de transplante está sendo sedimentado em Alagoas. Estamos evoluímos gradativamente”. Essa é a visão do cirurgião Oscar Ferro, que comandou, no último dia 16, a equipe do Programa de Transplante de Fígado da Santa Casa de Maceió no quarto procedimento realizado no hospital, único no estado credenciado pelo Ministério da Saúde para o procedimento. A paciente beneficiada foi uma mulher de 54 anos que sofria com doença policística e aguardava há dois meses na fila de espera da Central de Transplante de Alagoas. O doador era um homem de 42 anos que morreu vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O órgão foi doado após a confirmação da morte encefálica, por meio de três exames de constatação, e a entrevista com a família. O número de transplantes no estado poderia ser bem maior, mas ainda esbarra no número baixo de doadores. “Nosso estado ainda tem poucas doações e isso se dá por fatores como a falta de divulgação de informações sobre o processo de captação do órgão e dúvidas sobre a segurança no diagnóstico de morte cerebral”, disse Ferro. A cirurgia de alta complexidade foi financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), durou cerca de oito horas, e terminou sem intercorrências. Além de Ferro, o procedimento contou com os médicos Felipe Augusto, Leonardo Soltinho, Amanda Lyra, Larissa Borges, Cira Queiroz, além da equipe da UTI e da Enfermagem. A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Da- Cirurgião Oscar Ferro comandou procedimento

niela Ramos, comemorou a realização de mais um procedimento no Estado e ressaltou a importância dos doadores avisarem os familiares do desejo da doação. “A doação foi autorizada na terça e, ainda na madrugada, realizamos o quarto transplante de fígado no Estado. O procedimento foi realizado sem intercorrências e a paciente já se encontra em plena recuperação. É importante ressaltar que doar órgãos é um ato de amor. Por isso reforçamos o pedido que avisem seus familiares do desejo de ser um doador”, disse. A lista de transplantes é única. Quem recebe o fígado primeiro é quem está mais grave e tem a mesma compatibilidade sanguínea. Atualmente, 473 alagoanos estão na fila de espera por novos órgãos: 363 aguardam córneas, 101 esperam por um rim, seis por um fígado e três por um coração. Transplante de Órgãos – O doador vivo pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um único doador falecido pode salvar mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas. No Brasil, para doar um órgão basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que ela possa autorizar posteriormente. Mas a recusa familiar ainda é alta: mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, em 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).


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IMPASSE

Descumprimento de lei põe em guerra restaurantes e food trucks Instalação de enfeites de Natal levaram a mudança de endereço, gerando o problema BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

U

ma lei sancionada pela Prefeitura de Maceió em 2017 e desrespeitada pela mesma em novembro do ano passado desagradou gregos, mas agradou troianos, que agora vivem um conflito de interesses e acusações de influência política de ambos os lados há pelo menos quatro meses. De um lado a Associação de Food Trucks de Alagoas e do outro a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Em novembro do ano passado a Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (Semscs) retirou food trucks da região do antigo Alagoinhas e os instalou na Pajuçara para que a instalação do túnel de Natal pudesse acontecer. Os food trucks foram colocados próximos a restaurantes da região e, embora os novos inquilinos tenham gostado, a decisão municipal não agradou os donos de restaurantes da região que acusam o Município de infringir a lei. A Lei Nº 6633/2017 sancionada pelo então prefeito Rui Palmeira estabeleceu algumas regras para o funcionamento de food trucks em Maceió, a exemplo da distância mínima de 200 metros de qualquer restaurante fixo da capital, além da retirada todos os dias dos veículos comerciais, algo considerado impraticável pela associação, que admite não cumprir tais medidas, principalmente a última citada. Uma proposta do vereador Chico Filho, no entanto, tramita atualmente na Câmara de Maceió e tenta resolver o impasse já que a antiga lei é considerada impraticável. Enquanto a Abrasel quer um distanciamento mínimo de 50 metros de distância

de qualquer restaurante fixo e 80 para os food parks, a Associação de Food Trucks de Alagoas quer uma distância de 10 metros e a anulação da obrigatoriedade de desmontar todo o equipamento ao fim do expediente. “Querem ficar com todas as áreas nobres e não querem deixar nada para a gente, querem o mirante de São Gonçalo, entre outros. Queremos alterar a lei de 2017 e mudar para 10 metros, tirar isso de tirar e colocar foodtrucks. Foi uma transferência pacífica do local, começamos a faturar mais aqui nessa região”, afirma Tiago Pontes, presidente da entidade que representa os food trucks e que defende a permanência no local. Ainda segundo Pontes, os empresários alegam um faturamento reduzido com a chegada dos veículos. “Isso na prática não se vê no dia a dia. Na verdade, até aumentaram o faturamento com a chegada da estrutura que antes não existia. O problema é que os grandes nunca querem que os pequenos cresçam, principalmente em uma parte tão seleta da cidade”, avalia. Do outro lado da problemática está Brandão Júnior, presidente da Abrasel em Alagoas que afirma querer apenas que a lei, seja ela a antiga ou uma nova, seja cumprida. “A lei existe e não está sendo cumprida pela prefeitura e pelos ambulantes. A Abrasel foi chamada para dar a opinião dela sobre uma nova, e mostramos que existem outros lugares na cidade para organizar melhor os food trucks e não só naquela região a 10 metros dos estabelecimentos”, diz. “O pessoal que colocou os food trucks na Pajuçara, a sensação que tenho é que eles querem qualquer lei, desde que fiquem onde estão. Eles estão fazendo esse barulho todo, mas tudo que

PATRICK FERNANDO/SECOM MACEIÓ

Nova localização de food trucks desagrada donos de bares e restaurantes eles querem é ficar no mesmo lugar, eles não estão preocupados com a Praça do Skate, Praça do Tabuleiro, só querem continuar onde estão, mas se levarmos em conta a lei, estão errados”, continua. Brandão Júnior cita também a Prefeitura de Maceió como causadora de todo o problema ao realizar um processo rápido e sem consultar todas as partes. “Foi um processo rápido que não lembrou de obedecer a lei municipal que já existia e deu no que deu. Só queremos seguir o modelo seguido em outras cidades, a exemplo de Recife que estabelece pelo menos 50 metros de distância e não fica colado com a gente”. CORREDOR GASTRONÔMICO PERMANENTE Proposta apresentada pelo vereador Galba Novaes no último dia 21 também tenta resolver o impasse, mas, mais uma vez, não agrada todas as partes. Ele sugere a criação de um corredor gastronômico a ser instalado no Corredor Vera Arruda, próximo à Ponta Verde por meio de parceria público privada com a Abrasel, mas a ideia não agra-

da a Associação de Food Trucks de Alagoas. A proposta, segundo o vereador, tem como objetivo “promover interação e lazer em família, estreitando ainda mais os laços familiares”, mas, para a associação, tudo não passa de mais uma tentativa de influência política para remover os food trucks da Ponta Verde e os instalar em um local distante dos grandes restaurantes. Acusada de ser a responsável pela instauração de tal imbróglio, a Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (Semscs) informou por meio de nota que o reordenamento feito foi uma necessidade para melhor atender a comunidade local, os turistas e os comerciantes da região. “A ação foi realizada em novembro de 2021 e contou com a aprovação dos moradores da região, dos proprietários de food trucks e dos artesãos que trabalham na Feirinha do Artesanato. A Secretaria está acompanhando de perto a proposta do projeto de lei que está em tramitação na Câmara de Vereadores, para que haja uma solução que agrade os proprietários de food trucks e de restaurantes”, informou.


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ECONOMIAEM PAUTA ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Alagoanas no topo

SUMAIA VILELA/AGÊNCIA BRASIL

No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, um estudo realizado pela empresa de inteligência de dados Cortex mostrou que Alagoas é o estado do Nordeste com a maior quantidade de mulheres sendo sócias de negócios voltados para a aprendizagem, com um percentual de 56%. verão a publicidade, por exemplo.

Desmentindo Bosonaro

TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL

MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Passagem aérea

A

s companhias aéreas brasileiras já admitem reajuste no preço das passagens de até 30% e redução no número de voos devido à escalada em seus custos, causada pela invasão da Rússia à Ucrânia e pela subida no preço do querosene de aviação. Levantamento do site Kayak confirma uma tendência ainda maior de alta, de até 45% no preço médio dos voos nacionais e de 17%, nos internacionais nas próximas semanas.

Após o presidente Jair Bolsonaro insistir em defender a redução de tributos sobre a gasolina, apontado por ele como principal fator da alta, o secretário de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, desmentiu o chefe do Executivo e disse que essa “não é uma boa política” porque beneficia principalmente a classe média alta. Colnago, por outro lado, defendeu a redução de impostos sobre o diesel, já aprovada pelo Congresso Nacional que representará uma diminuição de R$ 0,33 nas bombas.

Luz no fim do túnel O pico da inflação no Brasil ocorrerá em abril deste ano, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltando a recuar a partir de então. A análise é do Banco Central divulgada esta semana. De acordo com o órgão, a inflação deve ter alta de 0,99% em março e 0,88% em abril. Para maio, porém, é esperada uma deflação de 0,20%.


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FERNANDO CALMON Automóveis estão muito caros, porém há 30 anos custavam mais As reclamações sobre encarecimento dos veículos são generalizadas e refletem a dura realidade. Porém em fevereiro houve um pequeno alívio no ritmo dos aumentos. Segundo a filial brasileira da consultoria Kelly Blue Book (KBB), os preços no mês passado subiram 0,25% em média em relação a janeiro deste ano. Quando se compara janeiro de 2022 com dezembro de 2021 os reajustes tinham sido de 1,39%. A redução da alíquota do IPI, anunciada pelo governo federal no final de fevereiro, talvez se reflita moderadamente agora em março. Estabelecer quanto encareceram ao longo de décadas é tarefa difícil porque a inflação causa fortes distorções. A começar pelo próprio termômetro, ou seja, o índice mais apropriado para fazer as comparações. Vou tomar como exemplo o carro popular, programa lançado em fevereiro de 1993. Na época, quando se criava o Plano Real, o IPI foi reduzido para simbólico 0,1% e tabelado no equivalente a 7.500 URV ou R$ 7.500 (US$ 7.300 no câmbio da época). Deveria ser mantido, em teoria, até 1996. Mas já em fevereiro de 1995 o IPI passou para 7% e o “popular” saltou para R$ 12.000. Seis produtos se enquadraram no início: Uno Mille, Gol, Chevette Júnior, Escort Hobby, Fusca e Kombi. O critério era motor de 1 litro de cilindrada, embora Fusca e Kombi tivessem motor de 1,6 L. Atualizado pelo dólar o “popular” custaria hoje US$ 14.300 (R$ 70.600). Corrigido desde fevereiro de 1995 pelo IPCA, um dos índices de inflação ao consumidor calculado pelo IBGE, deveria estar em R$ 72.000. Se a correção for

pelo IGPM, que reflete os aumentos de custos das empresas em geral, atingiria R$ 126.000. Para comprar os veículos mais baratos em 1995 eram necessários 120 salários mínimos. Agora o que vale é o conceito do automóvel de entrada no mercado, o mais barato possível de adquirir. Estes giram hoje em torno de R$ 60.000, casos do Kwid e do Mobi. Deve-se frisar, porém, que um carro de entrada atual oferece muito mais em relação há quase 30 anos. Ar-condicionado e direção assistida, por exemplo, passavam bem longe de um “popular”. Também nem dá para comparar os recursos de segurança passiva e ativa. No Kwid o controle eletrônico de estabilidade, quatro airbags e assistente de partida em rampa são itens de série. Houve ainda uma evolução substancial em termos de poder aquisitivo. Os modelos mais baratos de hoje podem ser adquiridos na faixa de 50 salários mínimos. Em 2021 os preços dos carros novos subiram muito acima da inflação em comparação a 2020. Na média os aumentos ficaram em torno de 20%, dependendo da marca e modelo. Isso ocorreu por desequilíbrio causado pela falta de componentes (basicamente semicondutores) e efeitos da pandemia de covid-19. Há uma perspectiva de melhora no fluxo no próximo semestre, mas alguns executivos falam agora em normalização só em 2023. Veículos com até três anos de uso, segundo a KBB, subiram 2,86% em fevereiro sobre janeiro. Nos últimos 12 meses, o crescimento dos preços no mercado de usados como um todo ficou próximo ao observado para os veículos

n JORNALISTA

ALTA RODA n PLANOS da Stellantis para o Brasil até 2030 incluem 20% de modelos híbridos e elétricos, somando as marcas do grupo (Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram), entre nacionais e importados. Além do italiano Compass 4xe que chega em abril, a empresa desenvolve o primeiro flex híbrido em Betim (MG), mas não informou qual produto. Tudo indica que será uma das versões do novo SUV cupê previsto para o segundo semestre deste ano. Hoje, apenas Corolla e Corolla Cross são flex híbridos. n FÁBRICA da Tesla foi inaugurada em Berlim, Alemanha. Investimento alto de US$ 5,5 bilhões (R$ 27 bilhões) para uma capacidade de 500.000 unidades/ano do SUV cupê Model Y de porte grande. Esta produção só será alcançada em dois anos. Inclui uma fábrica de baterias com capacidade anual de 50 GWh. Por exigências ambientais o projeto atrasou cerca de oito meses. Há rumores de que um segundo produto, menos caro, estaria nos planos. DIVULGAÇÃO

n JEEP Renegade recebeu atualizações estéticas já esperadas após sete anos de mercado. Mudanças concentradas na frente, pois o motor 1,3-L turbo de 185 cv (E)/180 cv (G) exige maior captação de ar. Formato semicircular do DRL em LED e lanternas traseiras destacam-se. No interior há um novo volante. Carregar o celular por indução ficou mais fácil com um suporte para fixá-lo e fluxo do ar-condicionado. Desempenho ficou incomparavelmente melhor que o antigo motor de 1,75 L. n ASTON MARTIN aumenta a presença no Brasil com inauguração da concessionária em São Paulo, do grupo UK Motors. Na mesma semana a marca inglesa apresentou o V-12 Vantage, série especial de 333 exemplares, com preço na origem a partir de US$ 350.000 (R$ 1,8 milhão). Pelo menos um destes, de 700 cv, será destinado ao Brasil. Outro modelo especial, Valhalla, cupê híbrido plugável, limitado a 999 exemplares a partir de 2023, tem cinco encomendas para clientes aqui.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Atleta da Adefal no Prêmio Melhores do Ano 2021

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nadador paralímpico Luiz André, Classe S6 da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas – Adefal, será agraciado com o Prêmo Melhores do Ano 2021 ofertado pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). A entrega aconteceu essa semana durante cerimônia em Brasília-DF. O reconhecimento foi conquistado no ano passado durante o desempenho do atleta nos Jogos Universitários

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Brasileiros, que reuniu várias modalidades esportivas. Na ocasião, o atleta alagoano representou o Centro Universitário Mário Pontes Jucá – UMJ. Para Luiz André, que encontrou no esporte a maior ferramenta de inclusão após um trágico acidente que resultou na amputação de um dos membros inferior e superior, o reconhecimento com essa premiação é mais um incentivo para que a cada dia ele possa se superar.

ASCOM CBF

CSA DÁ ADEUS À COPA DO NORDESTE

ASCOM CSA

O sonho azul e branco terminou. O Sport venceu o CSA por 3 a 1 em partida decidida nos pênaltis, válida pelas quartas de finais da Copa do Nordeste. Os times terminaram o tempo normal empatados em 0 a 0. Com o resultado, o Leão avança para as semifinais e leva a bolada de R$ 350 mil. O jogo no Rei Pelé foi prejudicado pela chuva, mas não deixou a emoção de lado. Quem brilhou foi um alagoano, o goleiro rubro negro Maílson que defendeu três pênaltis, confirmando a vitória pernambucana. Agora o Azulão foca nas semifinais do Campeonato Alagoano, enfrenta o maior rival CRB. As datas para os confrontos ainda vão ser definidas, mas a expectativa é que o primeiro jogo seja no dia 2 de abril.

CBF IGNORA JUSTIÇA DE ALAGOS E ELEGE EDNALDO RODRIGUES COMO NOVO PRESIDENTE A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) elegeu o baiano Ednaldo Rodrigues como novo presidente da entidade. Ednaldo se tornou o candidato único do pleito depois que o alagoano Gustavo Feijó não registrou sua chapa, no último dia 18. Ednaldo estava como presidente interino desde agosto do ano passado e foi eleito, na quarta, 23, com 137 votos. O mandato dele começa agora e vai até março de 2026. Ele era candidato único: aglutinou apoio de quase todos os clubes e federações, o que impediu o registro de qualquer chapa de oposição. A eleição que definiu o novo presidente da CBF, no entanto, chegou a ser suspensa pela Justiça de Alagoas, que atendeu a pedido de Gustavo Feijó, um dos vice-presidentes da entidade e opositor de Ednaldo Rodrigues, mas a entidade deu continuidade ao pleito alegando que não havia sido comunicada da decisão.

FELIPE MASSA DIZ ACOMPANHAR ESTADO DE SAÚDE DE SCHUMACHER

INSTAGRAM

Um dos maiores mistérios do esporte atualmente, o estado de saúde de Michael Schumacher é um segredo guardado com rigidez por sua família. São raros os amigos do piloto alemão que recebem informações sobre suas condições físicas. E um deles é o brasileiro Felipe Massa, companheiro do heptacampeão mundial nos anos de Ferrari. Massa admite estar atualizado sobre a recuperação do ex-companheiro de time na Fórmula 1, mas evita revelar informações. “Me mantenho atualizado, sempre tive uma amizade muito grande com ele, mas não tinha contato com a esposa dele. Depois daquilo que aconteceu com ele, eu sempre respeitei a decisão da família, eles tentam proteger o Michael da melhor maneira possível, a cada momento em não o expondo, não falando”.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

A passos de tartaruga

PELO INTERIOR

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naugurado no dia 16 de dezembro último, o Hospital de Amor – Instituto de Prevenção de Arapiraca, “funciona” a passos de tartaruga, realizando raros exames preventivos de mamografia. Na quarta-feira, 23, este colunista esteve no local para obter informações sobre as atividades naquela unidade hospitalar, que tem recebido um crescente número de críticas. Assustada, uma atendente parecia esconder algo, limitando-se a informar que a diretora não estava e que só atendia a imprensa com agendamento.

Uma exceção

Muito estranho

Estranho. Muito estranho. O hospital, que foi construído com recursos federais com a finalidade de prevenir câncer de mama, colo de útero e, já no segundo semestre, de boca e pele, parece hoje um “elefante branco”, que serve até como pano de fundo para propaganda política do senador Rodrigo Cunha, responsável por inaugurar apressadamente uma instituição que foi instalada para ajudar pacientes de 25 municípios da região do Agreste. Pasmem: às 13h de quarta-feira, 23, apenas quatro pacientes estavam aguardando atendimento. Na propaganda da instituição, no entanto, o anúncio é de que serão atendidos mensalmente mais de 9 mil pacientes.

Atuação pífia

Dos três representantes de Arapiraca na Assembleia Legislativa, pelo menos um provou que é desprovido de boas intenções com o desenvolvimento da cidade que o projetou, por meio do voto, no cenário político de Alagoas.

Pelas informações que chegaram à redação, apenas Ricardo Nezinho destinou, com aprovação de emendas impositivas em 2021, um pouco mais de R$ 3 milhões a serem investidos em diversas áreas. Os outros dois parlamenteares tiveram um atuação um tanto “apagada”. Um deles liberou, apenas, R$ 900 mil e o outro, infelizmente, “neca de pitibiriba”, optando por “investir”, estranhamente, em outros munícipios onde obteve uma votação pífia.

Bateu o martelo

Daniel Barbosa, filho do prefeito arapiraquense Luciano Barbosa, bateu o martelo e vai mesmo disputar uma cadeira na Câmara Federal. Com isso deu um pontapé nos rumores que poderia ser candidato a vice-governador em uma chapa majoritária que seria encabeçada pelo prefeito JHC.

Está impedido

No rol das especulações, é importante destacar que Daniel está impedido de entrar na disputa como vice-governador, já que seu pai, o atual prefeito de Arapiraca, foi secretário estadual de Educação do governo de Renan Filho e como era vice-governador chegou a ocupar o cargo de governador interinamente. “Não posso compor uma chapa majoritária por proibição constitucional”, assegura Daniel.

Alto Sertão

A diretora admirativa do Hospital Regional Alto do Sertão (HRAS), Fabiola Marques, concedeu uma entrevista para Rádio Angiquinho, onde falou sobre o processo de organização da unidade de saúde. De acordo com a gestora, uma das dificuldades está na contratação de alguns funcionários.

Vagas disponíveis

De acordo com Fabiola, a dificuldade é levar alguns profissionais específicos para a cidade de Delmiro Gouveia. Ela alerta que há vagas disponíveis. “Estamos em busca de profissionais para que eles possam vir prestar seus serviços em nossa unidade de saúde”, disse.

Dificuldade na contratação

Ainda de acordo com a diretora, apesar da dificuldade na contratação de algumas áreas, o HRAS dispõe de 35 médicos em várias especialidades. “O intuito é a cada dia ampliar nossos atendimentos com a contratação de novos profissionais. A unidade dispõe de um centro de referência nas áreas de Raio-X, ultrassonografia, mamografia, e em processo de início de endoscopia digestiva e colonoscopia”, afirmou. Para finalizar Fabiola, disse que Hospital Regional Alto do Sertão dispõe de equipamentos de última geração.

... O prédio do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho tem ganho melhorias que não passam despercebidas para quem trafega pela Rua São Francisco, em Arapiraca, onde ele está localizado. ... Mas além das mudanças estruturais, o que é mais aparente são os benefícios para quem é atendido na instituição, que funciona há mais de 50 anos no mesmo endereço. ... O acesso da população ganhou alterações significativas com a reforma do espaço e a modernização de móveis e aquisição de novos equipamentos. “O objetivo é a melhoria permanente do atendimento. Costumamos dizer que essa porta nunca fechou: somos a primeira e, muitas vezes, a única esperança para a população”, falou o superintendente médico, Ulisses Pereira. ... A Ordem dos Advogados do Brasil Secional Alagoas (OAB Alagoas) continua com a sua programação especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 e com comemorações durante todo o mês de março. ... Na quarta-feira, 23, a Caravana das Advogadas chegou a Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema para encontros de integração com as mulheres advogadas dessas duas cidades. ... O Conselho de Sentença do 2º Tribunal do Júri de Maceió condenou José Milton Moreira a 20 anos e dez meses de reclusão pelo assassinato de sua esposa, Elizenilda Teodoro Moreira, ocorrido em 2017, na cidade de Igreja Nova. O julgamento foi conduzido, na terça, 22, pela juíza Luana Cavalcante de Freitas, no Fórum da Capital. ... Na decisão, os jurados reconheceram as qualificadoras de motivo torpe, emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de violência contra a mulher na forma da lei específica (feminicídio). A pena deverá ser cumprida em regime inicialmente fechado. ... Com o aumento do preço dos combustíveis no Brasil, os consumidores também aumentaram o número de reclamações. Com isso, o Procon Arapiraca realizou fiscalizações intensas em postos de combustíveis e autuou, na sexta-feira da semana passada, 19, dez postos de combustíveis pelo repasse antecipado do aumento dos preços anunciado pela Petrobras. ... De acordo com o coordenador do órgão, João Pedro, aqueles que receberam os autos de infração terão prazo de 10 dias para apresentar a defesa junto ao órgão. ... Um ótimo final de semana para todos. Até a próxima edição!


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DE ALAGOAS As crianças presas pela ditadura militar em Alagoas

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Voz do Brasil anunciou o fim. Acabaram o sol, as brincadeiras, a comida boa. Ainda não sabem que ficarão presos por 6 meses. Noite, 13/12/1968. Passos no jardim e no quintal. Vozes. Bateram forte na porta e nas janelas: - Abram, aqui é o coronel. - Não abriremos. Estamos sós com as crianças. Gritos. Arrombaram a porta. As crianças acordaram. Mais gritos. Soldados fortemente armados invadiram a pequena casa em Pariconha. Reviraram tudo. Procuravam armas. - Temos ordens, agora tudo é permitido. Foi feito um decreto e tudo o que achamos suspeitos, vamos investigar. Presos. Primeiro em Água Branca, depois Maceió. Rosa (1) ficou em Pariconha com a filha Rita, de 7 anos, e os dois filhos da Maria (2), o André, de 3 anos, e a Priscila, de 2. Maria foi levada a Maceió e, no caminho, ouviu gracejos e perguntas. Exausta, dormiu no mesmo quarto que os investigadores. Eles entravam e saíam o tempo todo, falavam alto, perguntavam pelo Aldo (3). Ficou quatro ou cinco dias em Maceió. Depois, a levaram de volta a Pariconha. Aldo chegou tarde da noite, soube na estrada o que aconteceu.

O INFERNO

Noite, 22/12/1968. Aldo, Maria, as crianças, Gilberto (4) e Rosa, todos presos. Passaram o Natal na cadeia em Água Branca e Maceió. Nos primeiros dias, no Dops (Centro de Maceió). Maria e as crianças na mesma cama e no mesmo quarto dos investigadores. Depois foram transferidos para uma delegacia num bairro de Maceió. - Apesar de a cela ter uma das paredes totalmente de grade, ficávamos sufocados, trancados o dia todo, sem que qualquer brisa ou vento amenizasse o calor, diz Maria. Desidratação, estomatite. A Priscila ficou com difteria, só aceitava leite em pó, às colheradas. O

Dodora aos 28 anos com os filhos André, de 3 anos, e Priscila, de 2, em São Paulo, meses antes de serem presos em Alagoas em 1968

Rita, uma das crianças presas pela ditadura em Alagoas André chegou a ter furúnculos enormes. Nada de tratamento médico. O sequestro durou até o fim de janeiro.

A PROPOSTA DO OFICIAL

Transferência para a Escola de Aprendizes Marinheiros (Pontal da Barra). Ficaram na sala dos oficiais. Uma vez por dia, Maria, André e Priscila desciam para o pátio cheio de ratos e lixo. Certa vez, um oficial se aproximou: - Estive conversando com minha esposa e como não temos filhos, resolvi pedir que a senhora me dê seu filho -, disse, referindo-se ao André. Podemos criá-lo muito bem. Maria petrificou: - Olhe bem para a senhora. Que futuro tem? Seu marido está preso, a senhora está presa, ninguém da sua família apareceu, não vai ter condição nenhuma de educar esta criança.

Maria andou para trás com o André. Dias depois, voltou a ver a Rosa e a filha Rita e outras duas mulheres e três crianças. Ficaram pouco tempo ali. A Marinha não queria se envolver mais.

O QUARTO DOS DESENGANADOS

Transferidos para o hospital da Polícia Militar (Centro de Maceió). Parecia um castelo meio sombrio, cheio de torres. Maria e as crianças ficaram no quarto dos desenganados. Lugar grande, abafado. Aldo estava perto, numa cela no presídio da morte (Cadeia Pública). Maria, André e Priscila saíam do quarto por 15 minutos para as refeições. Conseguiram licença para um banho de sol depois das quatro da tarde no pátio do descarte do hospital, vendo ratos brincando nos restos de braços e pernas de gesso, caixas de remédios vazias, seringas usadas. No quarto-cela, inventaram uma programação rígida de ginástica, brincadeiras, jogos, contar tampas de borrachas coloridas dos vidros de antibióticos, empilhar caixas vazias de remédios. Depois as crianças dor-

n Odilon Rios miam e o tempo que sobrava brincavam em uma banheirinha de plástico, debaixo do chuveiro. Dia de audiência na Auditoria Militar de Recife. André e Priscila fizeram tanta bagunça na sala que o juiz, irritado, mandou que se retirassem. Dra. Lygia disse: - Excelência, estas crianças foram presas em dezembro juntamente com suas mães. Maria e Rosa foram dispensadas da prisão e, de Maceió, voltaram a São Paulo. Aldo e Gilberto continuaram no presídio da morte. Fugiram num dia de jogo do CSA e CRB. Ainda veriam o sol pedindo licença para nascer (5).

Citações 1. Rosemary Reis Teixeira nasceu em 26 de março de 1944, em Goiânia (GO). Em março de 1967, casouse com Gilberto Franco Teixeira, mudaram em abril para Pariconha e adotou o nome Rosa. Atuou na alfabetização de camponeses usando o método Paulo Freire e na politização das mulheres. Em dezembro de 1968, é presa com a filha, o marido, Dodora Arantes e seus dois filhos. 2. Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes - a Dodora, nasceu em 5 de novembro de 1940, em Belo Horizonte (MG). Foi uma das fundadoras da organização Ação Popular (AP) na década de 1960. Em 1968 foi presa em Alagoas junto com os filhos. 3. Aldo Silva Arantes - nasceu no dia 20 de dezembro de 1938, em Anápolis (GO). Em dezembro de 1963 casou-se com a Dodora. Em 1968, foi preso em Pariconha quando realizava trabalho político junto aos camponeses. 4. Gilberto Franco Teixeira nasceu em 18 de junho de 1941, em Goiânia (GO). Foi preso por realizar trabalho de base com os camponeses de Pariconha. 5. Estes depoimentos estão em Infância Roubada, Crianças atingidas pela Ditadura Militar no Brasil/ Assembleia Legislativa, Comissão da Verdade do Estado de São Paulo – São Paulo: ALESP, 2014. Disponível na internet.


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