Edição 1163

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ANO XXIII - Nº 1163 - 16 A 22 DE ABRIL DE 2022 - R$ 4,00

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ELEIÇÕES

Rodrigo Cunha abandona PSDB e desagrada a gregos e troianos

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A atabalhoada decisão de trocar o PSDB pelo União Brasil, do Centrão, vai render muito barulho para o senador Rodrigo Cunha e seu novo guru Arthur Lira. O imbróglio partidário pode ainda deixar a deputada Jó Pereira fora das eleições deste ano. 2

SUPERFATURAMENTO

KITS DE ROBÓTICA LEVAM ARTHUR LIRA PARA AS PÁGINAS POLICIAIS

6 TRIPADVISOR

ABRASEL QUER ACABAR COM FOOD TRUCKS PARA EVITAR CONCORRÊNCIA 16 e 17

TOGA SUJA DEPUTADO ISNALDO BULHÕES QUER RESERVAR ÁREA LITORÂNEA SÓ PARA USO DE HOTÉIS 7

CNJ COBRA DO TJ RESULTADO DOS PROCESSOS CONTRA GIOVANNI JATUBÁ 8

ASCOM

TEOTÔNIO VILELA

PREFEITO DISTRIBUI 12 MIL CESTAS BÁSICAS COM POPULAÇÃO CARENTE 10 e 11


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Traições e espertezas

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- Ao trocar o PSDB pelo União Brasil e se aliar ao PP de Arthur Lira, Rodrigo Cunha deu um cavalo de pau na federação PSDB/Cidadania e um tiro de misericórdia no partido pelo qual se elegeu senador. Atraído pela grana do UB e pela caneta do Centrão, Cunha embarcou no projeto de poder de Arthur Lira e deve sair chamuscado desse embate político, e bem menor do que entrou.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- A tentativa do senador de usar o PSDB como partido de aluguel fracassou, e pode trazer consequências negativas à sua candidatura a governador. Cunha botou a deputada Jó Pereira no PSDB para ser vice em sua chapa, mas o partido reagiu e lançou a candidatura de Régis Cavalcante ao governo, impedindo a participação da deputada na chapa de Cunha.

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- Bem avaliada por sua atuação independente e voltada para os mais necessitados, Jó Pereira pode ser a maior vítima do imbróglio partidário promovido por Rodrigo Cunha e seu novo guru Arthur Lira. Seu futuro político depende agora da boa vontade da direção nacional da federação PSDB/Cidadania, que pode até lançá-la ao Senado ou vice na chapa de Regis Cavalcanti.

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- Até agora quase ninguém entendeu a filiação da deputada Jó ao PSDB, mas vai lá saber os interesses por trás desse estranho arranjo partidário. A menos que o presidente da Câmara Federal esteja empenhado em garantir um palanque para Jair Bolsonaro em Alagoas.

Interesses escusos

A judicialização da escolha do governador-tampão por votação aberta, pelos deputados, não é uma defesa da legalidade, mas tentativa de tumultuar o processo e atrasar a eleição do governador interino. A iniciativa só interessa aos deputados oposicionistas, possivelmente incentivados por Arthur Lira para desgastar o governo e seus aliados.

Aliados

Os senadores Rodrigo Cunha e Fernando Collor não assinaram a CPI do MEC para investigar o “balcão de negócios” instituído no Ministério da Educação. A maioria dos senadores que subscreveram a CPI é de partidos de esquerda, como PT, PDT e Rede, mas há também oposicionistas de legendas de centro, como PSDB, MDB e União Brasil, e até de centrodireita, como o Podemos. Alguém sabe em qual desses espectros políticos atua o senador Rodrigo Cunha? Collor e Renan, Alagoas já conhece.

Venda da Braskem

A possível venda da Braskem ao grupo J&F, do empresário Joesley Batista, deixa apreensivas milhares de famílias vítimas do desastre ambiental provocado pela mineradora em cinco bairros de Maceió. Conhecido no mundo das falcatruas bilionárias, Batista fez oferta de R$ 27 bilhões pela Braskem, mas até agora nada se falou sobre o bilionário passivo da empresa com Alagoas.

Xadrez eleitoral

A entrada do jornalista Regis Cavalcante na corrida ao Governo de Alagoas vai mexer no xadrez das eleições deste ano. Sua candidatura é uma reação da federação PDSB/Cidadania à decisão do senador tucano Rodrigo Cunha de abandonar o partido para cair nos braços de Arthur Lira. Regis tem poucas chances de vitória, mas deve bater pesado na candidatura de Cunha, bancada pelo Centrão.

Reisado mal ensaiado

Os decifradores de enigmas políticos estão analisando a última declaração de Collor sobre as eleições majoritárias em Alagoas. Ao se reunir com produtores rurais do Sertão, o senador classificou a campanha eleitoral como “guerreiro mal ensaiado”. Não se sabe exatamente o que isso quer dizer, mas tratando-se de Fernando Collor, a metáfora do reisado pode significar várias coisas, inclusive sua candidatura ao Governo de Alagoas, até por falta de nomes à altura do cargo. Aliás, essa possibilidade não é descartada por aliados do senador, que jura ser candidato à reeleição.

Do rádio para a rua

Com mais de 40 anos de batente, o radialista Ildo Rafael foi defenestrado da emissora de rádio pertencente à Família Caldas e agora faz seu programa direto das ruas de Maceió, via internet. A nova experiência mostra que os donos de rádios e TVs já não têm mais o monopólio da informação para uso político e outros interesses que não os da comunidade.

Doação

O Tribunal de Justiça de Alagoas foi agraciado pelo governo do Estado com a doação do prédio onde funcionou a Secretaria Estadual de Educação. Não se sabe a destinação que o TJ dará ao imóvel.

Caciques

O ex-presidiário Lula da Silva jantou segunda-feira (11) em Brasília com os caciques do MDB, incluindo Renan, Sarney e Eunício. No cardápio o enterro da candidatura de Simone Tebet e flechadas contra Arthur Lira e a turma do Centrão.

Alô, Arsal

Os moradores de Rio Largo estão revoltados com o aumento de R$ 3,65 para R$ 4 da passagem urbana, e de R$ 5 para R$ 6 no trecho Rio Largo-Maceió. São dois aumentos em duas semanas seguidas, o que é ilegal segundo a Arsal, mas agência e prefeitura estão de braços cruzados.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Azeitando a máquina

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om um governo independente a partir de maio e com poucos compromissos, o deputado Paulo Dantas começa a governar Alagoas de olho nas eleições de outubro. Como bom sertanejo, embora já tenha posições definidas para os futuros embates, Dantas sabe bem navegar nas

Velhos problemas

Como ocorre em todas as administrações, o seu governo vai encarar algumas dificuldades até resolvê-las. Uma das primeiras é desalojar de setores da administração pública apadrinhados de velhos políticos que sequer deram um dia de serviço nesses últimos anos.

Limpando a área

Devagarzinho, o futuro governador já deu carta branca para limpar a área, ou seja, deixar livre alguns espaços ocupados por velhas raposas políticas que somente san-graram o estado nos últimos anos. No IZP, por exemplo, a coisa não foi diferente.

Sequelas

O jornalista Ênio Lins, que aos poucos vinha sendo fritado pelo próprio governo do qual fazia parte, não saiu nada satisfeito do cargo. Com mágoas, o velho camarada sumiu e deve retornar às origens dentro de pouco tempo.

Sem definição

Mesmo que grupos políticos estejam fazendo arrumações com vistas às eleições de outubro, as definições mesmo somente deverão acontecer até agosto, quando ocorrem as convenções partidárias. Até lá, muitas incertezas.

dificuldades. Aos poucos, começou montando sua equipe no governo do desembargador Klever Loureiro e tem agido com inteligência ao escalar o jornalista Joaldo Cavalcante para participar ativamente da transição administrativa. COMUNICAÇÃO/ALE

Prioridade

O futuro governo de Paulo Dantas vai se debruçar sobre as obras inacabadas na gestão de Renan Filho e trabalhar muito para aprontá-las. É o caso, por exemplo, da AL-101 Norte que ainda não passou do Distrito de Guaxuma e não tem nenhuma perspectiva de chegar por esses anos à Barra de Santo Antônio.

Impasse

As informações de que Renan Filho teria como suplente para o Senado a esposa, Renata Calheiros, podem atrapalhar sua campanha política. Vai ser difícil convencer o eleitorado da presença de dois Calheiros em Brasília.

Jogo de interesses

Quem também deverá enfrentar o mesmo obstáculo é o grupo do prefeito JHC. Ao apoiar Rodrigo Cunha para o governo, o prefeito visualiza a possibilidade de sua mãe, Eudócia Caldas, assumir o mandato. A reboque também viria a candidatura do pai, João Caldas, e agora a do irmão, conhecido por Dr. Jac.

Embolado

Embora já existam candidatos declarados ao governo do Estado, certamente a disputa será acirrada. De um lado o grupo de Renan Filho, do outro Arthur Lira e correndo por fora, já que não se comprometeu com nenhum deles, o ex-prefeito Rui Palmeira, que não é nome para ser subestimado.

Incomodando

As obras que Rui Palmeira deixou em construção parece que têm incomodado seus adversários políticos. Sem ter ainda um grupo definido, o ex-prefeito pode fazer a diferença nas eleições de outubro.

Currículo

Deputado estadual, federal e prefeito de Maceió por dois mandatos, Rui é um nome que merece o respeito da população. Durante seus dois mandatos a prefeitura não se viu, em nenhuma oportunidade, envolvida em denúncias de corrupção.

O pecado de Rui

Para quem acompanhou as últimas eleições, observou que aquele não era o momento de o ex-prefeito Rui Palmeira se aliar ao ex-governador Renan Filho, de quem foi adversário durante muito tempo. Vai dar trabalho explicar isso para o eleitorado.

Vapt-vupt

Há quem diga que, na Assembleia Legislativa, somente umas oito vagas de deputado estadual serão realmente bem disputadas nas eleições deste ano. As outras já estariam com endereço certo. É, pode ser.

Bastou o deputado federal Sérgio Toledo não rezar mais na cartilha do governo para que seus indicados fossem destituídos do cargo. Foi o caso do administrador do Porto de Maceió, Dagoberto Omena, que cedeu seu lugar para Diogo Holanda, cunhado de Renatinho, prefeito do Pilar.

Declaração infeliz

Sem susto

Comprometidas

O prefeito JHC chamou Rui Palmeira de irresponsável e incompetente ao inaugurar a Rota do Mar, mas não lembrou que foi o ex-prefeito que concebeu esta via alternativa que em muito vai melhorar o tráfego de veículos na região, além de viabilizar os recursos para sua construção. JHC parece, outra vez, que já está em campanha política.

Como já era esperado, o jornalista Régis Cavalcante volta à cena política anunciando sua candidatura a governador pelo Cidadania. Nos bastidores, adversários de Cavalcante asseguram que ele não assusta nem política, nem eleitoralmente.


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ELEIÇÕES

Esquerda volta à disputa sem chances de vitória Melhor desempenho ao governo foi de Lessa; PT entregou partido aos Calheiros FACEBOOK

Isso significa alta de preços: combustível e comida mais caros e escassos para a maioria dos brasileiros. O preço do tomate subiu 27%. A cenoura, 31%. A guerra Rússia x Ucrânia também mexe nas commodities agrícolas; a era Jair Bolsonaro piora perspectivas positivas para um futuro a curto, médio ou longo prazos e a lista da Forbes, dos bilionários brasileiros, teve mais 77 nomes ano passado, mostrando a hiper concentração do dinheiro no Brasil. Voltando a Alagoas, o último nome da esquerda que conseguiu eleger e se reeleger ao governo foi Lessa. Em 2006, o usineiro “pobre” Teotonio Vilela Filho e o “rico” João

ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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esquerda alagoana se movimenta para lançar candidatos nesta eleição, e, como no passado recente, sem estratégia política e empurrada pela direção nacional das legendas. O PT não terá candidato ao governo, mas já antecipou apoio à reeleição de Paulo Dantas (MDB), que assume em maio o governo-tampão, após votação entre os deputados. Ao menos este é o acordo. Os dirigentes petistas locais abriram mão dos rumos do partido e as decisões estão concentradas no senador Renan Calheiros (MDB), principal canal de diálogo com o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-ministro José Dirceu tentou atrair o desembargador do Tribunal de Justiça Tutmés Airan para a disputa, como vice de Paulo Dantas com anuência do deputado estadual. Mas Airan percebeu resistências a seu nome e desistiu. O deputado federal Paulão (PT) é a única grande expressão da esquerda que sobrou e tenta ser reeleito, mas seu nome não é prioridade entre os Calheiros. O líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões (MDB), e o deputado Sérgio Toledo (PV) tomaram a dianteira nos interesses palacianos. O PDT, do vice-prefeito de Maceió Ronaldo Lessa, apoiará o senador Rodrigo Cunha (União Brasil). Também não vai indicar o vice, que será a deputada Jó Pereira (PSDB). A candidatura é toda guiada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o número 2 na liderança do Centrão e dono da chave do cofre do orçamento secreto. Lessa era cotado para assumir a Prefeitura se JHC renunciasse à administração municipal para disputar o governo. Depois, apostavase que Lessa disputaria mandato à Câmara Federal. Não aconteceu. O PDT local apoia Ciro Gomes na disputa presidencial, mas não

Cícero Albuquerque é o nome do PSOL para governador terá um palanque local para o exministro chamar de seu. O fenômeno é nacional. Ciro tem menos de 10% nas pesquisas e alcançou o seu teto. Além disso, é distante a possibilidade de ele ser o nome da terceira via, tentativa de setores no Brasil de quebrarem a polaridade Lula x Bolsonaro e colocarem no segundo turno um candidato mais alinhado e de fora destes dois campos. O PSOL é o único até agora a apresentar candidato ao governo alagoano. Será o professor Cícero Albuquerque. O partido conversa com a Rede, Unidade Popular e o PCB. Cícero Albuquerque é o principal nome da oposição à prefeita de Atalaia, Ceci Rocha. Sem estrutura de campanha, são quase nulas as chances de Cícero Albuquerque chegar ao segundo turno ou até mesmo alcançar um bom resultado no primeiro. Ou ainda se tornar competitivo num cenário já estabelecido desde 2018, ou seja, Calheiros x Lira. Mesmo assim, o discurso da esquerda é propício neste momento de crise política, social e econômica. Afinal, a inflação teve o pior março desde a implantação do Plano Real.

Lyra disputaram a principal cadeira do Palácio República dos Palmares. Venceu Téo Vilela. O PT lançou Lenilda Lima que obteve 8,27% dos votos, até hoje o melhor resultado da esquerda pós-Lessa na disputa ao Executivo estadual; o PSOL, com Ricardo Barbosa, atraiu 3,94% do eleitorado. Em 2010, nova divisão da esquerda, facilitando a reeleição de Téo Vilela. O PT desistiu de lançar candidato. Mário Agra (PSOL) obteve 1,37% dos votos e Tony Cloves (PCB), 0,65%. Quatro anos depois, Mário Agra (PSOL) conseguiu 4,73% dos votos e Golbery Lessa (PCB), 0,31%. Renan Filho venceu Benedito de Lira, ambos navegando na onda lulista, com perfis bastante semelhantes apesar de ocuparem lados diferentes, como hoje, já que a divisão é entre os Calheiros e Arthur Lira, filho de Biu. Nas eleições de 2018, Basile (PSOL) ficou com 4,34%. Foi a votação do bolsonarismo. Josan Leite (PSL) que se colocava como o nome de Jair Bolsonaro nas urnas alagoanas ficou em segundo lugar, com 11,06% dos votos, superando a esquerda. Renan Filho foi reeleito, com 77,3%.

RETRATAÇÃO O Jornal EXTRA e a jornalista Vera Alves vêm pela presente se retratar publicamente com a pessoa do magistrado Galdino José Amorim Vasconcelos nos termos do acordo judicial celebrado na data de 6 de abril de 2022 perante o juiz Nelson Tenório de Oliveira Neto, do 5º Juizado Especial Cível e Criminal, no bojo do processo nº 0701459-26.2017.8.02.0080, pelo teor da manchete estampada em sua edição de número 899 (25 de novembro a 01 de dezembro de 2016, matéria publicada nas páginas 10 e 11) com o título “Juiz legaliza fraude que levou prefeito e vereadores à prisão”. Tal retratação se dá pelo entendimento mútuo do uso de termo pejorativo na manchete daquela edição e face aos desdobramentos da ação popular em que uma decisão do magistrado Galdino José Amorim Vasconcelos foi equivocadamente questionada, pelo que apresentamos nossas escusas. Maceió, 11 de abril de 2022 Fernando Araújo – editor-geral Vera Alves – repórter


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ELEIÇÕES

Lira ocupa páginas policiais e Renan Filho quer esposa suplente Rodrigo Cunha rejeita apoio de Bolsonaro; Regis entra na disputa

MÁRCIO FERREIRA/AGÊNCIA ALAGOAS

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ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ocupou esta semana as páginas policiais no noticiário brasileiro. Seu nome aparece envolvido em denúncias sobre a compra de kits de robótica para cidades alagoanas, material destinado a escolas sem computador nem internet ou água encanada. Lira escolheu o silêncio no desfile de fotos e documentos pelos jornais, enquanto assistia ao presidente Jair Bolsonaro (PL) lavar as mãos diante de todos sobre os destinos deste dinheiro. O deputado agiu pela boca dos prefeitos. Deu voz em suas redes àqueles que tanto ajudou, gestores eternamente gratos pela distribuição de bondades, com chapéu alheio, via orçamento secreto. Nesta novíssima era, o lirismo despeja milhões de reais nas prefeituras, com pouca chance de fiscalização da execução deste dinheiro, tudo no script do Centrão e seu novo normal, à sua imagem e semelhança. Lira, um dos maiores defensores do semipresidencialismo, sonha com um presidente da República eleito democraticamente mas sem poderes para governar, tarefa que caberá ao primeiro-ministro, eleito pelo Congresso. Um terço das cadeiras na Câmara dos Deputados pertence ao Centrão e Arthur Lira é seu maior representante entre os deputados. Apesar disso, deve ser o deputado federal campeão de votos em Alagoas. Sua posição no cenário é privilegiada: apoia a reeleição de Bolsonaro, tem o senador Rodrigo

Regis Cavalcante deverá ser o candidato do Cidadania/PSDB Renan Filho quer a esposa Renata como sua suplente no Senado Cunha no União Brasil, partido controlado por ele. A vice será a prima de Arthur, a deputada estadual Jó Pereira (PSDB), num grande acordo para salvar a reeleição de Pedro Vilela à Câmara Federal. Nesta chapa existe ainda o deputado estadual Davi Davino (PP) que disputará o Senado e tendo com maior alvo para bater pesado o ex-governador Renan Filho (MDB). Para demonstrar independência em relação a Arthur Lira, Rodrigo Cunha disse ao jornal Valor Econômico que não dará palanque a Bolsonaro em Alagoas. A ideia é esperar o anúncio, em maio, do nome da terceira via presidencial. Pela primeira vez, Rodrigo Cunha marca posição quanto ao presidente da República, apesar de estar cercado de nomes do bolsonarismo, não entrar nas discussões na CPI da Covid que denunciou Bolsonaro pela morte de meio milhão de pessoas na pandemia e, mais recentemente, não assinou requerimento para a criação de uma CPI para investigar o Ministério da Educação. Enquanto isso, Arthur Lira

cerca a candidatura do ex-prefeito Rui Palmeira (PSD) ao governo. Ela deve ter o menor tempo de TV e rádio, ainda não foi escolhido o vice nem o candidato ao Senado. Rui tem aproximação familiar, através do pai Guilherme Palmeira, com o senador Fernando Collor (PTB) e fez as pazes nas eleições do ano passado à Prefeitura da capital com os Calheiros. Collor crê que Rui Palmeira não vai disputar o governo. Porém, nas conversas locais, este é o único caminho para a sobrevivência política da família Palmeira que ocupa cargos públicos desde os tempos do Império. Rui não vai disputar mandato na Assembleia, onde começou a carreira política. Não tem chance de chegar a uma das nove cadeiras a federal e costura acordos com outros parlamentares. Além disso, não elegeu sucessor no maior colégio eleitoral do estado e tinha chances (mas desistiu) de disputar o governo em 2018. O ex-deputado federal Regis Cavalcante (Cidadania) busca se firmar na disputa ao Executivo, próximo dos Calheiros e escolhen-

do Rodrigo Cunha como pandeiro. O Cidadania e o PSDB estão federados. Cunha teve se sair do PSDB do contrário perderia aliados. “Aqui em Alagoas, integrantes do PSDB, e não foi um simples filiado, foi um senador da República, abandonou o PSDB, transferiu-se para o grupo do Centrão e deixou o PSDB à míngua’’, disse Cavalcante. A ideia do ex-deputado é dar trabalho nas articulações de Rodrigo Cunha, apesar de o senador repetir aos mais próximos que não se incomoda com as críticas de Cavalcante. Enquanto isso, Renan Filho promove a esposa, Renata Calheiros, nas redes sociais para a ex-primeira-dama virar suplente dele ao Senado. A estratégia é manjada. Collor em seus dois mandatos ao Senado teve os primos Euclides Mello e Ada Mello como suplentes e Teotonio Vilela Filho escolheu o cunhado João Tenório. Se ganhar o Senado, haverá situação rara: pai e filho serão senadores pelo mesmo estado. José Sarney e a filha Roseana ocuparam o Senado ao mesmo tempo, porém eleitos por estados diferentes.


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PROJETO POLÊMICO AGÊNCIA CÂMARA

Isnaldinho Bulhões quer privatizar 10% das praias de Maceió Proposta de autoria do parlamentar encontra resistência junto a deputados federais de outros estados JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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magine o trecho da orla de Maceió – da Cruz das Almas ao início da Pajuçara – sendo de propriedade privada. Esse trajeto de aproximadamente 4 km corresponde a 10% da faixa litorânea da capital alagoana, que possui 40 km de extensão. A ideia parece absurda ou até impossível, mas não. O Projeto de Lei (PL) nº 4444/2021, de autoria do deputado federal Isnaldo Bulhões Júnior, o Isnaldinho Bulhões (MDB), pode dar brecha para que isso aconteça. O texto apresentado na Câmara Federal não causou polêmica apenas em terras alagoanas. Parlamentares de outros três estados identificaram perigos na proposta do alagoano, ingressando com emendas supressivas a fim de vetar os artigos 16 e 17 do projeto. Quem lê o início da proposta de Isnaldinho nem imagina que aparecerá quase no final do documento. Isso porque o PL vem com a premissa de “criar o Programa Nacional de Gestão Eficiente do Patrimônio Imobiliário

Federal”. O projeto teria dois objetivos: “aperfeiçoar a gestão do patrimônio imobiliário federal” e “ampliar os mecanismos de controle e transparência do uso dos imóveis públicos federais”. Do primeiro artigo até o de número 15, Bulhões descreve a necessidade de ampliar os mecanismos de controle e transparência do uso dos imóveis públicos federais. Também informa que o programa quer identificar imóveis desocupados e direcionar esses, caso possível, para alienação, entre outros trâmites burocráticos. E de imóveis abandonados, o assunto, de um artigo para outro, muda de rumo. “É a União autorizada a destacar ou promover o auto de demarcação das áreas de orlas e praias marítimas, estuarinas, lacustres e fluviais federais, que serão definidas como Zona Especial de Uso Turístico (Zetur) para fins de exploração turística”, destaca o artigo de número 16. Que continua explicando que é o Zetur: “delimitação de, no máximo, 10% da faixa de areia natural de cada município, que poderá perceber restrição de acesso a pessoas não autorizadas,

Isnaldo quer ‘dar’ parte da orla para empresários

limitado o uso a empreendimentos turísticos como hotéis, parques privados, clubes, marinas ou outras que sejam autorizadas pelo Ministério do Turismo, sendo vedada a destinação dessas áreas a propriedades de uso unifamiliar.” O artigo 17 do PL, que sugere a alteração do artigo 10 da Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, também foi considerado problemático pelos opositores. O trecho da lei em vigor deixa claro que: “as praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica”. Mas para Isnaldinho Bulhões, o trecho tem que ser modificado para: “as praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou aqueles de interesse turístico, incluindo as áreas classificadas como Zetur”. REPERCUSSÃO A proposta foi debatida no Plenário Virtual no dia 17 de fevereiro deste ano, mas ainda aguarda vota-

ção final. Conforme dados do Portal da Câmara, o regime de votação está marcado como “de urgência”. Os deputados federais Reginaldo Lopes (PT/MG), André Figueiredo (PDT/ CE) e Bira do Pindaré (PSB/MA) declararam, em emenda, que a aprovação dos artigos considerados problemáticos significa um retrocesso ao livre e franco acesso a essas áreas por toda a população. Durante debate, a deputada Erika Kokay (PT-DF) considerou que o projeto de lei, na realidade, está propondo a privatização de parte da orla brasileira. “Esta urgência visa dar celeridade à venda do patrimônio da União sem critérios claros e definidos, com muita subjetividade. Nós estamos lidando com um governo que está entregando a Eletrobras pela metade do preço. Estamos lidando com um governo que está possibilitando o garimpo, tirando da ilegalidade o que é ilegal. Portanto, nós não podemos permitir critérios subjetivos na venda do patrimônio da União. Para além disso, este projeto permite a privatização das orlas brasileiras, o que significa que um espaço democrático de lazer nas cidades com orlas, que podem traçar seus objetivos, pode ser privatizado”, destacou. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) se uniu ao coro dos críticos da proposta: “Nós orientamos contrariamente à matéria porque ela precisa ser detalhada, analisada com mais profundidade. Infelizmente, ela abre muita brecha para as privatizações, até mesmo a entrega, fácil, do patrimônio da União”. Mas também teve quem a defendesse. “O Brasil não sabe o patrimônio imobiliário, urbano ou rural, que tem. Eu entendo que a criação do Programa Nacional de Gestão Eficiente do Patrimônio Imobiliário Federal vai ajudar muito nosso País. Nós temos vários terrenos, temos imóveis por todo lado, terrenos que são invadidos, terrenos que poderiam servir aos Estados e aos Municípios. A União vai se desfazer desse patrimônio que está sendo perdido dia a dia porque não tem gestão. O governo federal é mau gestor, não tem gestão, não tem governança. Por isso, nosso voto é favorável a este projeto”, argumentou o deputado José Neto (Podemos-GO). O território brasileiro possui mais de 7,3 mil quilômetros de litoral, que se estende do Amapá ao estado do Rio Grande do Sul. Essa extensa área, banhada pelo Oceano Atlântico, apresenta grande diversidade paisagística, como dunas, praias, ilhas, formações rochosas, etc. Com o projeto em vigor, 730 km do litoral brasileiro estariam disponíveis à privatização. O EXTRA procurou o deputado Isnaldinho Bulhões, via assessoria, que preferiu não responder aos questionamentos sobre os trechos polêmicos do projeto.


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NA BERLINDA

CNJ cobra do TJ resultado dos processos contra o juiz Giovanni Jatubá Magistrado é investigado em casos que vão da soltura de presos a rombo no erário JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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volta do juiz Giovanni Alfredo de Oliveira Jatubá à ativa no Judiciário alagoano pode ser temporária. Apesar de ter conseguido na semana passada arquivar o processo administrativo que o aposentou compulsoriamente em agosto do ano passado, sob a acusação de haver reintegrado ilegalmente dois ex-PMs ao serviço público alagoano, tramitam no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo menos outros três processos que podem causar ainda muita dor de cabeça ao magistrado. Um deles é a denúncia encaminhada pelo Ministério Público do Estado (MPE) dando conta de que o nome de Jatubá foi mencionado em investigação deflagrada para apuração de crimes de sonegação tributária e fraudes fiscais. O processo envolve uma distribuidora de alimentos que teve carga de grãos retida pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) por irregularidades fiscais. O caso aconteceu em agosto de 2018, quando o juiz liberou a carga sob justificativa de ser perecível. Porém, na investigação do MPE, o magistrado teria cometido irregularidades ao dar vantagens indevidas à empresa R I Comércio de Alimentos Ltda. O processo, com a polêmica decisão do magistrado, pode ser consultado sob número 0705490-24.2018.8.02.0058. Hoje, o caso está nas mãos do juiz Carlos Bruno de Oliveira Ramos, da 4ª Vara Cível de Arapiraca / Fazenda Pública. Quando houve a suspeita de que Jatubá estaria proferindo decisões mediante interesses próprios, a Corregedoria-Geral da

Justiça de Alagoas (CGJ) acolheu proposta de abertura de processo administrativo disciplinar, essa sugerida pelo CNJ. O último despacho da corregedora Nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, anexado aos autos do processo no dia 7 de abril, cobrando do Tribunal de Justiça informações acerca do resultado do procedimento administrativo que investigou a conduta do juiz. Outro caso que volta a assombrar o magistrado envolve o superfaturamento na aquisição de remédios cobrados por pacientes ao Estado por meio de ações judiciais. Maria Thereza também pediu ao Judiciário alagoano esclarecimentos sobre a investigação local. O fato chegou até à CGJ a partir de representação do procurador de Estado Augusto Galvão. À época, Galvão declarou à imprensa que os procedimentos realizados pelo magistrado – indevidamente chamados de ‘licitações’ – eram absolutamente ilegais. “Sou rigorosamente averso a ilegalidades e esses procedimentos do juiz foram, como disse, integralmente ilegais. Com o poder que o magistrado tem, ele poderia, ao invés de fazer o que fez, determinar o bloqueio das contas do Estado para efetivar a aquisição de medicamentos, com a prestação de contas na sequência”, destacou na ocasião. O prejuízo aos cofres públicos teria totalizado o valor de R$ 885.439,59. Ao CNJ, Jatubá declarou que não realizou licitações alegando que essa foi uma nomenclatura equivocadamente empregada ao Estado de Alagoas. Argumentou ainda que, ao tomar conhecimento de que duas empresas de medicamentos estavam envolvidas

FACEBOOK A VOLTA DO JUIZ GIOVANNI ALFREDO DE OLIVEIRA JATUBÁ À ATIVA NO JUDICIÁRIO ALAGOANO PODE SER TEMPORÁRIA. APESAR DE TER CONSEGUIDO NA SEMANA

Giovanni Jatubá ainda responde a outros processos administrativos com a venda de notas fiscais falsas a diversas prefeituras do interior de Alagoas, determinou a imediata suspensão do fornecimento dos remédios, oportunidade em que a Procuradoria Geral do Estado passou a questionar os preços por elas praticados, suscitando a denúncia de superfaturamento. A ministra também requereu informações atualizadas a respeito dos seis processos em que o magistrado deixou de realizar ato de homologação durante plantão judiciário. Em sua defesa, o juiz alegou problemas com a internet em sua residência. Consta que Jatubá se encontrava de plantão nos dias 29 e 30 de agosto de 2020 no âmbito da 2ª Circunscrição (Anadia, Arapiraca, Boca da Mata, Campo Alegre, Feira Grande, Girau do Ponciano, Igaci, Limoeiro de Anadia, Maribondo, Palmeira dos Índios, Quebrangulo, Taquarana e Traipu). À época, o Tribunal de Justiça já operava em sistema remoto devido à pandemia da covid-19. As ações, que tratavam de prisões em flagrante sobre as quais ele deveria

ter se posicionado são as de números 07000322-37.2020.8.02.0069, 0700323-22.2020.8.02.0069, 0700324-07.2020.8.02.0069, 0700325-89.2020.8.02.0069, 0700326-74.2020.8.02.0069 e 0700327-59.2020.8.02.0069, referentes a crimes no trânsito. Entre os casos está o de Romario Goes da Silva, preso em flagrante pela Polícia Civil acusado de tentativa de homicídio por meio de atropelamento. Outra ocorrência envolve Jailson Barros de Oliveira, acusado de receptação. Como resposta ao pedido de prisão das autoridades, o magistrado escreveu: “Demorado face aos problemas com a internet da minha residência. Distribua-se ao Juízo competente”. Outro crime de trânsito com prisão em flagrante sobre o qual o magistrado não deu qualquer parecer tramita na 4ª Vara de Palmeira dos Índios/Criminal e tem como réu José Gonzaga. A ocorrência é uma das poucas liberadas ao acesso público sem a necessidade de senha. Policiais militares teriam sido acionados para lidar com uma ocorrência ocorrida na Rua Bom Jesus dos Passos, no bairro Vila Maria, em Palmeira dos Índios. Teria sido informado às autoridades policiais que um motorista estaria dirigindo embriagado, um veículo Fiat Palio de cor prata e placa NLG 1919. O réu estaria dirigindo o carro em zigue-zague na rua e forçado um motorista de uma moto que transitava na hora a desviar do seu veículo, o que teria feito com que o condutor da motocicleta colidisse com um outro carro que estava apenas estacionado no local. Os policiais teriam notado que o suspeito aparentava ter ingerido bebidas alcoólicas, razão pela qual o levaram a um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) localizado em Palmeira dos Índios para realizar o teste do etilômetro, que constatou o crime. Outra prisão não homologada foi a de José Carlos dos Santos Vieira, em processo que tramita na Vara de Único Ofício de Girau do Ponciano, também envolvendo comportamento inadequado no trânsito. Após o plantão na qual não teve a prisão decretada, ele acabou pagando fiança no valor de R$ 1 mil. Já o processo de 070032759.2020.8.02.0069, da Vara do Único Ofício de Igaci é referente ao réu Jaelson Ferreira dos Santos, que também teria cometido crime ao volante.


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BOCA DA MATA

Juíza suspende venda do Saae após denúncia de vereadores Projeto liberando concessão do serviço de água foi aprovado sem respeito ao regimento da Câmara GOOGLE MAPS

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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possível venda por 30 anos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Boca da Mata está suspensa. A decisão é da juíza Paula de Goes Brito Pontes. Os vereadores Walter Acioli de Lima Filho, o Valtinho Acioli (PP), e José da Costa Sampaio, o Deca (PMN), ingressaram com mandado de segurança (MS) com pedido liminar que foi acatado pela magistrada na terça-feira, 12. Ao EXTRA, Valtinho relatou que o prefeito Bruno Feijó encaminhou à Câmara projeto de lei pedindo autorização para incluir o Saae no Corseal — Consórcio Regional de Saneamento do Estado de Alagoas, presidido pelo prefeito de Coité do Noia, Bueno Higino. “Quando você adere a esse consórcio é feito um estudo de avaliação técnica financeira para, posteriormente, acontecer o leilão”, explicou. O prefeito também pediu aos vereadores, por meio de outro projeto, autorização para rescindir o contrato que tinha com a Companhia de Água e Esgoto de Alagoas (Casal) com a finalidade de levar o Saae a leilão. Ambos os projetos foram aprovados no dia 6 de abril. “O que foi aprovado é praticamente uma carta em branco para o prefeito fazer o que bem entender”, criticou Valtinho. A dupla de vereadores ainda denunciou à Justiça que toda a análise do projeto de lei foi feita de forma irregular pela Câmara. “O tal projeto foi votado e

TJAL

Juíza Paula de Goes suspendeu projeto aprovado pela Câmara aprovado pela maioria dos senhores parlamentares municipais, nove votos favoráveis e dois contrários, sem respeito às regras previstas no Regimento Interno, sem apresentação de pareceres das comissões legislativas, sem deliberação

sobre pedidos de vistas, sem concessão de tempo hábil para análise”, informaram os parlamentares em juízo. Segundo a magistrada, analisando as provas apresentadas, ficou constatada a violação do regimento, já que

a aprovação do projeto de lei se deu sem abertura de prazo para manifestação de parecer da Comissão Permanente (Comissão de Saúde Pública, Higiene, Bem-Estar Social, Assuntos Urbanos e Meio Ambiente). “A alegação é que o Saae dá prejuízos ao Município, que está quebrado e não tem condições de se manter. Mas solicitamos a prestação de contas para avaliarmos e termos uma conclusão sobre a venda do patrimônio. E não tinha como votarmos sem essas informações”, ressaltou. Sobre o Corseal, o vereador informou que os municípios que estão aderindo ao consórcio fazem parte da Casal e do Saae, que têm cobranças diferenciadas, o que pode causar prejuízo à cidade. Outra preocupação dos vereadores é quanto ao fornecimento do serviço. “Temos visto que tem acontecido em cidades que fizeram a concessão e tememos que aconteça o mesmo com Boca da Mata”, finalizou. O MS está protocolado sob número 070015292.2022.8.02.0005 na Vara do Único Ofício de Boca da Mata.


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PÁSCOA SOLIDÁRIA

MAIS DE 12 MIL FAMÍLIAS RECEBEM CESTA BÁSICA PARA SEMANA SANTA EM TEOTÔNIO VILELA

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compromisso e a gestão do prefeito Peu Pereira encheu a geladeira e a despensa de milhares de famílias na cidade. Isso porque a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, entregou mais de 12 mil cestas básicas na cidade. A ação faz parte do projeto Páscoa Solidária, tradição na cidade há mais de 20 anos, atendendo todas as famílias em vulnerabilidade social e de baixa renda do município. Antes do período de pandemia

da covid-19, essa entrega era de peixes. Mas no ano da pandemia, para evitar aglomeração e ajudar na fartura da mesa do cidadão vilelense, a entrega passou a ser de kits de alimentos ao invés de peixes, como a própria população tem preferido. “É tradição e compromisso para nosso povo em Teotônio Vilela. Estaremos sempre lutando por uma cidade mais igual, por melhorias e qualidade de vida. Foram dias de muito trabalho e organização para entrega dessas cestas, mas todo o esforço


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vale a pena quando as ações refletem diretamente na vida da nossa gente”, afirmou o prefeito. Na semana que antecedeu a Semana Santa, as famílias receberam as fichas com os detalhes sobre a entrega dos kits. A entrega começou na segunda-feira, 11, pelo Bairro Gerais, no Alto da Rosa, Imburi do Inácio e também Matão do Roberto. Já na terça-feira (12), as entregas beneficiaram famílias no Distrito Gulandim, Distrito Água de Menino, Povoado Mutuns e Povoado Sucupira. Quase 4 mil famílias da Zona Rural receberam os alimentos que vão garantir uma mesa farta nesta páscoa. Por fim, as outras 9.500 cestas básicas foram entregues na quarta-feira, 13, no Espaço Multieventos, no Centro de Teotônio Vilela. A população começou a chegar às 3h da manhã para receber as feiras. Para a secretária de Assistência Social, Gizelda Lins, toda mobilização e o trabalho que antecede a entrega é fundamental e gratificante. “É um trabalho grandioso do prefeito e todo o seu secretariado, todos aqueles que trabalharam diuturnamente estão de parabéns. São cestas elaboradas com toda orientação de nutricionistas, com sardinha em lata, arroz, feijão, tudo para garantir alimento de qualidade para todos”.


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POLÊMICA SOBRE O ITBI

Promotor denuncia cobrança inapropriada de imposto pela Prefeitura de Maceió MPAL

Marcus Rômulo diz que Município desconsidera decisão do STJ

O promotor encerra a postagem afirmando que a Prefeitura não pode proceder à avaliação fiscal sem prévio juízo quanto à fidedignidade da declaração do contribuinte”.

ADEMI TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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promotor de Justiça Marcus Rômulo Maia de Mello, da 16ª Promotoria da Capital, denunciou nas redes sociais a cobrança inapropriada pela Prefeitura de Maceió de valores do ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis). Segundo o promotor, o Município tem usado uma avaliação fiscal de ofício para fixar a base de cálculo do imposto, desprezando o artigo 148 do Código Tributário Nacional (CTN), que disciplina os lançamentos tributários. O artigo 148 do CTN, alerta Marcus Rômulo, diz claramente que “nas hipóteses em que o cálculo do tributo tenha por base o valor do bem, caso do ITBI, a autoridade lançadora [Prefeitura] somente arbitrará o preço se o contrato for omisso ou o valor informado não merecer fé”. Na prática, a Prefeitura deveria respeitar o valor da transação com o imóvel informado pelo contribuinte na documentação, como a escritura de compra e venda do imóvel. “Se ela [Prefeitura] discordar do valor por achar que há máfé no lançamento, então deve abrir um procedimento para estipular o valor novo. Porém, o Município de Maceió fez disso [estipular o valor] uma regra e arbitra o valor em todas as transações”, comenta Marcus Rômulo.

O promotor informa que a cobrança do imposto nesses termos tem gerado inúmeros mandados de segurança contra a Prefeitura. Ele lembra que o artigo 159 do Código Tributário de Maceió definiu a base de cálculo do ITBI como o “valor atual de mercado do imóvel”, a ser estabelecido através de “avaliação fiscal efetuada com base em elementos aferidos no mercado imobiliário”, ou seja, a legislatura subverteu essa ordem e “transformou em regra o que deveria ser exceção”. Com isso, o cidadão que compra um imóvel em Maceió e deve regularizar o mesmo através do pagamento do ITBI, tem arcado com valores acima do que deveria ser estipulado com base na negociação. As reclamações são muitas e é comum que esses contribuintes deixem de pagar o imposto, interrompendo a negociação ou entrando na Justiça para contestar o valor cobrado. Segundo postagem do promotor Marcus Rômulo no Instagram, o Superior Tribunal

de Justiça (STJ), em recente tese firmada (Tema Repetitivo 1113), afirma que o valor da transação declarado pelo contribuinte goza da presunção de que é condizente com o valor de mercado, que somente pode ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo administrativo próprios (art. 148 do CTN). “O STJ também cita que o Município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo em valor de referência por ele estabelecido unilateralmente”. “Portanto, a lei municipal contraria o que dispõe o Código Tributário Nacional, que estabelece as normas gerais sobre tributo, e a própria orientação do STJ”, afirma o promotor. “A rigor”, continua Marcus Rômulo, “a base de cálculo do ITBI é o valor do bem alienado, estabelecido no contrato. Se o Município desconfiar que esse valor é irreal, poderá, então, abrir procedimento para arbitrá-lo, assegurando o contraditório ao contribuinte”.

Marcus Rômulo diz que CTN está sendo desprezado

O vice-presidente da Ademi (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas), Hugo Dâmaso, foi ouvido pelo EXTRA e disse que tem acompanhado a polêmica sobre a cobrança do ITBI. Além disso, tem promovido diálogo com a prefeitura sobre a legislação em vigor. Segundo ele, o corpo técnico da prefeitura, incluindo o secretário de Economia de Maceió, João Felipe Borges, concorda com a cobrança do IPTU nos moldes determinados pelo CTN, entretanto, este não seria o entendimento da Procuradoria Geral do Município. O órgão, responsável pelo assessoramento jurídico e técnico-legislativo da Prefeitura (Executivo) e que assiste o prefeito no controle interno da legalidade dos atos da Administração Pública, não reconhece como legítimos os argumentos apresentados na postagem do promotor, segundo a Ademi. O argumento é de que o entendimento do STJ não se aplica ao Município, pois não há dependência funcional. Hugo Dâmaso informa que houve um momento no qual a Prefeitura de Maceió informou ao mercado imobiliário que voltaria atrás em relação à base de cálculo do ITBI, mas isso não foi concretizado. Ele informa que os clientes são impactados com a cobrança do imposto nos termos atuais e boa parte desses clientes afirma que vai recorrer à Justiça.


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ADEMI

Hugo Dâmaso afirma que vários clientes já avisaraem que vão à Justiça

PREFEITURA

Questionada sobre o cálculo do ITBI em vigor, a Secretaria Municipal de Economia (Semec) afirmou que utiliza como critério para a base de cálculo do imposto o valor declarado pelo imóvel e o valor estipulado pela avaliação fiscal realizada pela Prefeitura de Maceió. Entre esses dois valores, a Semec considera o maior deles para a base de cálculo que irá definir o valor final cobrado pelo tributo independente do valor da transação pago pelo comprador do imóvel, conforme art. 159, parágrafo 9, do Código Tributário Municipal. Ainda segundo a Semec, o valor definido pela avaliação fiscal é aplicado tendo como base os critérios do sistema de avaliação desenvolvido pela Prefeitura de Maceió, que considera as negociações realizadas pelo imóvel ou lote e, a partir desses dados, estipula um valor médio que será multiplicado pela área do imóvel. Assim, o Município obtém o valor da avaliação, podendo ele ser maior ou menor do que o valor que foi declarado. “Vale ressaltar que não há nenhuma relação entre o valor venal do imóvel utilizado para o cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e a base de cálculo que define o valor do ITBI, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça”, esclareceu a secretaria em nota ao EXTRA. “Por fim, cabe salientar que caso o contribuinte não esteja de acordo com o valor definido pela avaliação, poderá ingressar com recurso administrativo à Secretaria de Economia”, informou.

STJ

Valor não pode ser sugerido só pelo Município, diz Gurgel de Faria

STJ muda cálculo A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o ITBI, citada pelo promotor Marcus Rômulo, ocorreu em março. O entendimento da Corte foi de deixar nas mãos do contribuinte a apresentação do valor sobre o qual será calculado o imposto, abrindo a possibilidade, segundo especialistas, de redução da carga tributária em algumas situações e de restituição de valores pagos a mais no passado. Os ministros, por unanimidade, definiram três teses: a primeira mostra que a base de cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em condições normais de mercado, não estando vinculada à base de cálculo do IPTU, que nem sequer pode ser utilizada como piso de tributação. A segunda afirma que o valor da transação declarado pelo contribuinte goza da presunção de que é condizente com o valor de mercado, que somente pode ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo administrativo próprio (art. 148 do CTN); Por fim, “o município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo em valor de referência por ele estabelecido unilateralmente”,

como citou o promotor de Alagoas. Em resumo, o STJ permitiu que o cálculo do ITBI, que incide na compra e na transferência de imóveis, seja feito com base no valor da transação que é declarado pelo contribuinte. A base de cálculo do imposto, assim, não pode ser derivada de um valor sugerido unilateralmente pelo Município. Em seu voto, o relator, ministro Gurgel de Faria, ressaltou que ao dimensionar o valor dos imóveis o Município pode não levar em consideração pontos que podem alterar o preço, como o estado de conservação e a existência de benfeitorias. Além disso, elementos como a necessidade de vender o imóvel com urgência podem influenciar no valor da operação. O recurso foi julgado no STJ sob a sistemática dos recursos repetitivos, o que significa que as teses fixadas pela 1ª Seção deverão ser necessariamente observadas pelo Judiciário na resolução de casos idênticos ao analisado pela Corte. Segundo tributaristas, o precedente é positivo por garantir que o ITBI incidirá sobre o real valor da operação. Em alguns casos, de acordo com advogados, poderá ocorrer a redução do total a ser pago pelo contribuinte.


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CIDADE DE TODOS NÓS

Mais de 20 comunidades têm escolas abertas nos fins de semana Comunidade escolar tem utilizados espaços para atividades de lazer, entretenimento e esporte

FOTOS DE CÉLIO JUNIOR

Escolas se tornam palco de atividades comunitárias

ASSESSORIA

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eu tão certo, que a Prefeitura de Maceió ampliou o programa Lugar de Família é na Escola. Desde fevereiro, unidades escolares da capital abrem suas portas para receber a comunidade escolar nos fins de semana. Mais de 20 escolas agora desempenham ações esportivas e de cidadania durante os sábados e domingos. Alunos, pais e demais moradores do entorno das escolas podem aproveitar das 9h às 16h, por exemplo, aulas ou jogos de handebol. André Figueiredo é presidente da Federação Alagoana de Handebol e firmou parceria com o Município para utilizar os ginásios municipais para a prática do esporte e difundi-lo nas comunidades. “É um programa fantástico, pois podemos utilizar um espaço que não temos e a escola fica movimentada durante o fim de semana. Todos ganham”, aprovou o esportista. A diretora da Escola Nossa Lar I conta que já sonhava com algum projeto desta natureza, que envolvesse a comunidade escolar e levasse empoderamento aos moradores e famílias. “Agora temos um espaço de esporte, lazer e socialização”, lembra Gilda Verbênia. As escolas contam com estrutura adequada, entre pátios e quadras cobertos, ginásios e vestiários, entre outros espaços, que ficarão à disposição da população. Há aulas de dança, muito esporte como o futsal, ensaio de quadrilhas juninas, cultos religiosos e palestras. “É mais uma conquista, mais uma ampliação de oportunidades de lazer, cidadania, inclusão e dignidade para toda a comunidade abraçar a escola e fazer dela seu lugar de interação, de desenvolvimento humano, seja através da cultura, da arte ou do esporte”, destacou o se-

cretário de Educação de Maceió, o professor Elder Maia. O coordenador geral do programa, Nycholas Pires, falou sobre a ampliação do projeto que foi abraçado pelas pessoas, que precisavam de espaços e equipamentos públicos para praticarem atividades culturais e esportivas. “Desde o início nós já imaginávamos que a comunidade estava necessitando de espaços e equipamentos públicos para desenvolver tais atividades. Por isso, iniciamos com nove escolas e a comunidade se engajou. Foram diversos projetos desenvolvidos, times de futsal e handebol treinando nas nossas quadras, assim como as maiores quadrilhas juninas utilizando nossos pátios para ensaiarem”, disse. A Secretaria Municipal de Educação ainda deixa à disposição de

outras comunidades um contato direto com a pasta para a solicitação do programa em sua região. Para agendamento de atividades nos espaços das escolas, moradores, lideranças comunitárias e conselheiros tutelares podem entrar em contato pelo e-mail familianaescola@semed.maceio.al.gov. br ou pelo WhatsApp do programa, através do número (82) 9974-7636.

UNIDADES PARTICIPANTES O programa Lugar de Família é na Escola conta, até o momento, com as seguintes escolas: Escola Municipal Paulo Bandeira, no Benedito Bentes; Escola Doutor Orlando Araújo, na Ponta Verde; Antídio Vieira, no Trapiche da Barra; Doutor Baltazar de Mendonça, Eulino

Alencar e Lenilto Alves, no Jacintinho; Pompeu Sarmento, no Barro Duro; Escola Dom Helder Câmara, no Feitosa; e escolas Denisson Menezes, Silvia Celina e Corintho da Paz, todas na Cidade Universitária. A lista continua com as escolas Sergio Luiz Pessoa Braga, na Chã da Jaqueira; Manoel Pedro, no Santos Dumont; Floriano Peixoto, em Ipioca; Maria José Carrascosa, no bairro do Poço; Nosso Lar, na Ponta Grossa; Rui Palmeira, no Vergel do Lago; Natalina Costa, no Tabuleiro; e, Escola Pedro Barbosa Júnior, em Cruz das Almas. A ampliação do programa levou atividades também para Escola Lindolfo Collor, na Ponta Grossa; Hermínio Cardoso, no bairro histórico de Fernão Velho; e Escola Municipal Sérgio Luiz, na Chã da Jaqueira.


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CABO DE GUERRA

Abrasel quer acabar com pequenos negócios de comida de rua Bares e restaurantes da orla desejam eles próprios explorar os food trucks DA REDAÇÃO

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lagoas está sendo palco de uma luta bíblica entre David e Golias. Trata-se da ação desencadeada há alguns meses pela Associação de Bares e Restaurantes de Alagoas (Abrasel) com objetivo de aniquilar os foodtruks situados na orla de Maceió. A Abrasel é uma entidade poderosa que tem no comando donos dos restaurantes e bares mais estrelados da cidade, ricos empresários do ramo da alimentação. Nesta história eles são os Golias; do outro lado estão pessoas simples, a maioria das quais vítimas da maior crise econômica e sanitária (covid-19) dos últimos anos, que roubou seus empregos e enfraqueceu seus negócios. Detentores de algumas habilidades no ramo da gastronomia, essas pessoas resolveram nos últimos

anos apostar seus poucos recursos no segmento da comida de rua, acreditando numa palavra mágica chamada empreendedorismo. A soma de pouco dinheiro e talento culinário deu origem a uma diversificada comida de rua que há tempos encanta maceioenses e turistas. Eles são proprietários dos food trucks que a Abrasel luta para aniquilar. Nesta história eles são os David. Até agora, escorada em seu poderio, com azeitados canais de acesso à Câmara Municipal de Maceió e outros centros de poder local, a Abrasel vem colecionando vitórias. Já do outro lado, pais e mães de família, pessoas simples e trabalhadoras, não conseguem se fazer ouvir, e estão lentamente sendo devorados pelo lobo faminto. Com a mesma facilidade com que a faca entra na manteiga, a

Abrasel vem colecionando decisões cujo único e claro objetivo é dar ao lobo o direito de comer o cordeiro. Dada a velocidade com que suas reivindicações são atendidas pelos poderes municipais, é como se Maceió fosse propriedade desse grupo de abonados empresários e não uma cidade de todos – ricos, pobres e remediados. Já se disse que a justiça não é deste mundo. A luta de David contra Golias que se trava em Maceió parece dar razão ao autor dessas palavras.

Uma história cabeluda

A chamada comida de rua é um fenômeno mundial. Países superdesenvolvidos como Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos têm na comida de rua, vendidas em food truks, um atrativo turístico. Esses microempresários com variados graus de talento culinário costumam receber apoio dos poderes públicos de

suas comunidades. Comida rápida, boa e barata está na ordem do dia mundo afora. No Brasil, grandes cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e outras nem tão grandes como Recife, Fortaleza e João Pessoa também descobriram que os food truks são excelentes opções para movimentar o comércio, com seu cardápio variado e acessível a todos os bolsos. Mais uma vez, Alagoas está na contramão do que se pode chamar de democratização das oportunidades. Tudo começou em 2017, quando o poderoso lobby da Abrasel decidiu investir contra a comida de rua que, sob a forma de food truks, prosperava na cidade. Foi quando a Câmara Municipal de Maceió votou uma lei, sancionada pelo prefeito Rui Palmeira, que proibia food truks a menos de 200 metros de bares e restaurantes. Uma lei feita sob medida para a Abrasel, porque, seja onde for na cidade, há sempre um bar ou restaurante a menos de 200 metros onde se queira instalar um ponto de venda de comida. No Brasil, os grupos que gozam de influência e poder perceberam que a melhor maneira de fazer valer seus interesses é atuando nos legislativos. Faz-se a lei e depois cobra-se o seu cumprimento. É a lei do mais forte. O ponto que chama a atenção nesse cenário particular de atitudes injustas e descabidas é que muitos proprietários de food truks são filiados à Abrasel, o que não impediu que a entidade, ignorando os interesses de uma parcela de seus associados de pleno direito, se voltasse contra essa atividade, man-

Food trucks se espa-lham pela cidade


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Reunião de donos de trucks com a Secretaria de Convívio Social Food trucks se espa-lham pela cidade

dando chumbo-grosso através de um lubrificado esquema de lobby. Em outras palavras, a ética que se dane. É como se uma família decidisse entregar parte dela, no caso os mais fracos, aos leões famintos. Matam-se os fracos para a que os fortes fiquem mais fortes. A lei votada pela Câmara Municipal em 2017, sancionada pelo então prefeito Rui Palmeira, é um anacronismo medieval, uma aberração, um ato de prepotência e ganância. Enquanto o mundo flexibiliza seus mercados e estimula a concorrência, criou-se com essa lei um cartório da área da alimentação, dando aos poderosos filiados à Abrasel o privilégio da não-competição. Com isso, Alagoas inaugura o anti-mercado e a não concorrência, destruindo tudo que ajuda a distribuir a riqueza através das oportunidades. A ação da Abrasel, disfarçada de moralidade, com a conivência do poder público, reforça a cultura de castas e privilégios. Voltamos ao Brasil das capitanias e demos as costas a um mundo que advoga oportunidade para todos. “Querem ficar com todas as áreas nobres, sem deixar nada pra gente”, diz Thiago Pontes, presidente da Associação dos Food Truks. Pontes também contesta o argumento da Abrasel que alega queda de faturamento de seus associados com a chegada da comida de rua. Isso na prática não se vê. Segundo ele, os truks deram novo incremento ao segmento de alimentação da orla, dinamizando o mercado. O fato é que a comida de rua, de gastronomia diversificada, rápida e muito em conta, tem um público diferente daquele que frequenta ba-

Audiência na Câmara debateu divergências com donos de restaurantes res e restaurantes. Sem argumentos mais sólidos que justifiquem a fúria da Abrasel, seu presidente, Brandão Júnior, diz que defende apenas a “legalidade”. Segundo argumenta, a entidade que dirige deseja apenas o que é certo. “Seja velha ou nova, queremos apenas que a lei seja cumprida”, diz Brandão Júnior. O brasileiro vem descobrindo que leis não surgem do nada. São feitas por pessoas e traduzem interesses de grupos de pressão e podem ser justas ou injustas, isso quando atendem diretamente a interesses de parcelas da sociedade, ou até de grupos mais restritos, prejudicando a ordem social, a crença nas instituições e, até, como neste caso, a liberdade do mercado. Numa declaração esclarecedora quanto às intenções da entidade que dirige, o presidente da Abrasel

afirmou: “A sensação que tenho é que a única coisa que o pessoal que colocou os food truks na Pajuçara quer é qualquer lei, desde que fiquem onde estão.” Estas palavras levam ao verdadeiro centro da questão: a Abrasel só tem um objetivo real, a retirada dos food truks da orla de Maceió. O lobo, faminto, quer tudo para si. Às favas com mães e pais de família que botaram dinheiro em seus negócios acreditando no discurso do empreendedorismo. A história é longa, mas merece ser contada. Nos últimos cinco anos, quando apareceram os primeiros truks na orla, donos de bares e restaurantes estrelados não identificaram de imediato risco para seus bares e restaurantes estrelados. E até torceram o nariz, era coisa de jovens inquietos ou pessoas modestas em busca de um

lugar ao sol. Nos anos que se passaram, os food truks se estabeleceram em alguns espaços públicos na orla e surgiram os food parks privados que se tornaram movimentados pontos de encontro para maceioenses e turistas atraídos pela boa comida, preços atrativos e uma boa música. Isso acendeu a luz vermelha na Abrasel. Vários truqueiros defendem e até recomendam a regulamentação do setor, como vem acontecendo. Há que se pôr ordem nos espaços públicos, evitando a proliferação anárquica e a ocupação desenfreada. Segundo a Associação dos Food Truks, isso já vem acontecendo, principalmente na orla de Maceió. Por exemplo, a maioria dos food truks na orla de Pajuçara – onde a Abrasel concentra o fogo de sua artilharia – são inscritos na prefeitura, pagam suas taxas, assinam carteira de seus funcionários, são fiscalizados pela Vigilância Sanitária. Então, por que tanta gritaria por parte da Abrasel? Na cara dura, a Abrasel quer não só acabar com um segmento que oferece opções de comida variada e barata para o público e que vem se mantendo ativo, apesar da crise, mas, o fato é que ela quer ocupar o lugar dos food truks no principal cartão postal da cidade, a orla de Maceió. Simples assim. Depois de acusar os food truks de ocuparem o espaço público da Pajuçara (junto à Feirinha do Artesanato), como se isso fosse um crime, a Abrasel, ou o lobo, como queiram, finalmente, disse a que veio. A Abrasel solicitou e obteve que a Prefeitura de Maceió dê a ela o direito de montar um food park de alimentação no Corredor Vera Arruda. Ou seja, a Abrasel, através de sua poderosa influência junto a um grupo de vereadores, quer criar uma lei impedindo que microempreendedores (food truks) exerçam atividade em espaços públicos da orla de Maceió (cobrando do Ministério Público o cumprimento dessa lei), e, em benefício próprio, obtém da Prefeitura o direito de explorar um espaço público, o Corredor Vera Arruda, criando um food park com o disfarce de feira gastronômica permanente. A esta altura, destruir os food truks virou a parte menor do negócio, a Abrasel quer agora colocar seus próprios food truks nas áreas públicas. O lobo faminto de poder virou um leão insaciável.


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TAPERA

Vereadores são vaiados após aprovarem aumento do salário de prefeito e secretários CORTESIA

Jarbas Ricardo terá reajuste de 25,59% e passará a receber mais de R$ 22 mil MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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s vaias e outros protestos dentro e fora do plenário da Câmara Municipal de São José da Tapera, Sertão alagoano, não intimidaram os parlamentares que, por 12 votos x1, aprovaram reajuste salarial de 25,59% para o prefeito Jarbas Ricardo (MDB), a vice-prefeita Jaria Ricardo (MDB) – irmã do prefeito – e dos secretários. O chefe do Executivo municipal passará a receber R$ 22.606,20, a vice R$ 15.070,80 e os secretários, R$ 5.023,60. Um projeto idêntico de reajuste salarial (projeto de Lei 027/2021) já havia sido encaminhado pelo prefeito Jarbas Ricardo que pedia o aumento do próprio salário baseado na correção da inflação acumulada no período de 2016 a 2021 e de forma retroativa, mas foi barrado em dezembro do ano passado pela juíza Raquel David Torres. Na sentença (070031690.2021.8.02.0070), a magistrada alegou que “vícios de iniciativa, uma vez que o Prefeito não detém competência constitucional para propor o referido Projeto de Lei, que aumenta seu próprio subsídio, bem como, ofensa aos princípios da publicidade, anterioridade, moralidade e impessoalidade”. Em sua decisão, a juíza destacou ainda o Artigo 19 da Lei Orgânica do Município que cita: “A remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, será fixado pela Câmara Municipal no último ano da legislatura, até trinta dias antes das eleições Municipais, vigorando para a legislatura seguinte, observado o dispositivo da Constituição Federal”.

tivo, aumenta para 65 anos a idade mínima para homens e 62 para mulheres para poderem dar entrada na aposentadoria. Segundo informações repassadas ao EXTRA, inconformados com a proposta, dias antes da votação, algumas categorias iniciaram uma “paralisação padrão”, em que comparecem ao trabalho, mas se mantiveram de braços cruzados. No dia da votação, o serviço público praticamente paralisou.

FALA, PRESIDENTE

Servidores se concentraram em frente ao prédio da Câmara durante a votação Porém, pouco mais de três meses após a proibição, o novo projeto, desta vez subscrito pela Mesa Diretora da Câmara, foi aprovado quase que por unanimidade na terça-feira, 12. As mudanças foram poucas. Em vez de 30,3% do projeto de lei 27/2021, o percentual passou para 25,6%, referente ao IPCA acumulado entre os anos de 2017 a 2021 – período em que os cargos de prefeito, vice e secretários não tiveram reajuste. Mas a pauta do dia não envolveu apenas o aumento de salário da cúpula da Prefeitura, que terminou ficando em segundo plano para os servidores, mais preocupados em resolver a situação da aposentadoria. Há relatos de que a gestão ameaçou o servidor que faltasse ao trabalho para participar da manifestação. Outros informaram que nem a antecipação da entrega de “peixe para a Semana Santa” para o mesmo horário da sessão impediu a presença da população no protesto na sede do Legislativo. Atento a toda movimentação, o presidente do Núcleo Municipal do Sinteal, professor José Márcio de Oliveira, afirmou que, os vereadores deram um presente ao prefeito ao aprovarem o reajuste, mas a Justiça foi provocada para saber se o projeto é ilegal. “Já judicializamos a questão para que tudo fique esclarecido”, adiantou o professor.

Mudança nas regras de aposentadoria dos servidores volta à discussão dia 22 O projeto que aumenta o tempo de trabalho e mexe na aposentadoria dos servidores de São José da Tapera, que também esteve em pauta na terça-feira, 12, gerou troca de farpas e acusações entre lideranças, servidores, prefeito e vereadores, o que levou à decisão de sua apreciação em nova sessão marcada para o próximo dia 22. O clima nada amistoso dava a entender que aquela sessão não seria fácil. Logo na entrada da Câmara, servidores municipais concursados colocaram um cordão com fotos dos vereadores e em cada uma havia uma frase indicando que o parlamentar teria “sido comprado” pelo prefeito para aprovar o projeto de lei. O imbróglio se deu porque não ficou claro se o PL atingiria ou não os atuais trabalhadores. Por sua vez, vereadores da bancada governista alegavam que só seria atingido pela medida o servidor contratado após a promulgação do projeto. A fala não convenceu e os trabalhadores municipais exigiam alteração no projeto, descrevendo que “somente quem fosse aprovado em concurso público, após a Lei ser sancionada, seria atingido pela nova Lei”. Como os parlamentares não aceitaram os pedidos dos servidores, a discussão ficou acirrada precisando de reforço na segurança com equipes da Guarda Municipal e guarnições do 7º Batalhão da Polícia Militar. O projeto de lei, de autoria do Exe-cu-

O presidente da Câmara, Marcos Pereira Oliveira, informou que o servidor público municipal pode ficar tranquilo que o projeto que trata da aposentadoria não irá atingir os atuais trabalhadores. Sobre os protestos, disse que “tudo faz parte da democracia”. Quanto ao reajuste salarial do prefeito, vice e secretários, se limitou a dizer que este já foi aprovado. Estiveram presentes na sessão polêmica os vereadores Marcos Pereira Oliveira (MDB), o Marquinhos, presidente da Câmara, Amair Ribeiro, Gordinho do Povo, Felipe Cardoso, professor Edson, Vereadora Il, Cicinha Nobre, Sueliton Fontes, Luciano Maia, Ernandes do Caboclo, Flávio Vieira, José Antonio Pereira e Perete, único que votou contra o projeto.

O CLÃ RICARDO

Um dado que chama a atenção é que a mesma família (Ricardo) comanda a Prefeitura de Tapera há quase 36 anos. Levando-se em consideração que o município tem 63 anos, em metade de sua existência é administrada pelos Ricardo. O domínio começou com Ênio Ricardo Gomes – pai do prefeito atual – que administrou o município por dois mandatos, mas não concluiu o segundo por ter sido assassinado em 1995. Depois, foi a vez da mãe de Jarbas – Edneusa Pereira Ricardo – governar o município por duas gestões seguidas (1997 a 2004). O prefeito seguinte, José Antônio Cavalcante, foi eleito com o apoio da família Ricardo para o período de 2005 a 2008. Em 2008, Jarbas Ricardo foi eleito prefeito pela primeira vez, sendo reeleito em 2012, governando de 2009 a 2016, quando José Antônio foi eleito, mais uma vez, chefe do Executivo. Vale ressaltar que Jarbas Ricardo foi preso em setembro de 2019 pela Polícia Federal, durante a Operação Casa Abandonada. Na ocasião, foi acusado de desviar, em apenas 17 dias, cerca de R$ 5,4 milhões em recursos de precatórios do


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PEDRO OLIVEIRA PARA REFLETIR:

n pedrojornalista@uol.com.br

“Não é a política que transforma homens em corruptos, é votar em bandidos que torna a política suja”.

Perseguindo os food trucks

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credito que Maceió seja a única cidade no mundo onde se persegue pequenos e médios empresários da gastronomia e se aposta no desemprego e prejuízos para o setor, mesmo contrariando a população e os usuários de food trucks que, em qualquer lugar, são incentivados e até recebem incentivos do poder público. Maceió ganhou nos últimos anos a possibilidade alternativa de gastronomia de qualidade, com a chegada dos

food trucks e logo caiu no gosto da população, pela comodidade e também por oferecer alimentação mais barata que os restaurantes tradicionais. Vem agora um promotor de Justiça equivocado a querer implantar terror, sabe-se lá com qual intenção, com a arrogância de quem pensa que manda, para “determinar” o cumprimento de decisões absurdas, que certamente serão invalidadas pelo Poder Judiciário.

OAB nas eleições

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), Vagner Paes, informou que a entidade vai recriar a Comissão de Combate à Corrupção Eleitoral. O grupo terá como principal função dar suporte à Justiça Eleitoral durante as eleições que acontecem em outubro deste ano. “Nós queremos resgatar a atuação histórica da Ordem no combate à compra de votos, ao abuso de poder político e de poder econômico, e a todas as formas de corrupção que possam tolher ou prejudicar a liberdade de consciência do cidadão”, destacou Vagner Paes. O presidente da OAB/AL ressalta que a entidade não pode se furtar a temas de interesse social como o combate à corrupção eleitoral, e que deve cumprir o papel definido pela Constituição, em 1988, que conferiu status diferenciado para a atuação de advogados e de advogadas na defesa do cidadão. É a OAB/AL voltando a cumprir o seu relevante papel na sociedade alagoana.

Mamãe, falei besteira

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou por unanimidade a cassação do mandato do deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei. Durante viagem à Ucrânia, para acompanhar a guerra do país com a Rússia, Arthur do Val fez comentários machistas sobre as refugiadas ucranianas. Os áudios das conversas do deputado em grupo de amigos vazaram. Por unanimidade, o Conselho de Ética considerou que Arthur do Val quebrou o decoro parlamentar. O processo agora seguirá para o plenário, que certamente cassará o deputado. Que sirva de lição.

Exército “armado”

Depois da recente polêmica sobre a compra do medicamento para impotência sexual Viagra pelas Forças Armadas – que já rende discussões até para a criação de uma CPI na Câmara – o Ministério da Defesa entrou novamente na mira de parlamentares de oposição. Desta vez pela compra de 60 próteses penianas infláveis pelo Exército. O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) e o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) decidiram pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal (MPF) informações sobre essa compra.

Cada vez pior

O deputado federal de Pernambuco e presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, será lançado como précandidato do partido à Presidência da República. A informação foi anunciada pelo líder do partido na Câmara, o deputado Elmar Nascimento. O União Brasil – resultado da fusão do DEM e do PSL – é o partido com maior fundo eleitoral na disputa deste ano, com orçamento na ordem R$ 770 milhões. A legenda também possui um dos maiores tempos de TV para propaganda partidária. O partido está negociando com o PSDB, MDB e Cidadania uma candidatura única à Presidência da República, cujo projeto deve ser anunciado no dia 18 de maio. Será que não tinham nada pior para oferecer?

Emendas na mira da PF

Até as eleições a Polícia Federal vai ter muito trabalho, principalmente na Região Nordeste, segundo me revelava fonte bastante acreditada, por se tratar de um conceituado agente da instituição. “O fluxo de operações está sendo montado e o número elevado de alvos é tanto que deveremos adotar o critério de sorteio, salvo alguns casos onde as evidências já mostram, claramente, comprovações de corrupção”. Como não poderia deixar de ser, a motivação está em desvios, superfaturamento, fraudes em licitações e propinas envolvendo emendas parlamentares de deputados e senadores. Quem se lembra da Operação Sanguessuga? Vamos aguardar.

De mal a pior

Pela matemática do voto a renovação de mandatos na Assembleia Legislativa e também a bancada federal não serão significantes, até porque quem está no exercício do cargo tem muito mais vantagem sobre os neófitos, pelos motivos óbvios: exposição, muito dinheiro, emendas parlamentares, cooptação de setores e maior facilidade na compra de apoios. Como se fala no popular, “não há nada ruim que não possa piorar”. E a coisa aparenta que será assim, pelas previsões eleitorais. Podemos ter um Legislativo estadual e uma bancada federal piores do que as atuais. Você duvida?

PÍLULAS DO PEDRO * O médico José Wanderley, em minha opinião, será a melhor opção entre os candidatos a deputado estadual. * Prefeito que faz, mas recebe propina, pratica improbidade e mente descaradamente, não é um bom prefeito, mas apenas um corrupto.


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Sem propostas

ELIAS FRAGOSO n Economista

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stamos nos primórdios de mais uma campanha eleitoral geral, momento e oportunidade para o país discutir seus mais graves problemas e dos candidatos apontarem soluções para, senão resolvê-los em definitivo, ao menos eliminar parte deles. Eleições servem para isso. Para que a cada vez o país e/ ou estados avancem em suas agendas de crescimento. Mas não aqui, onde a compra antecipada dos votos, a corrupção deslavada de emendas parlamentares que todos sabem como são operadas, os conchavos de bastidores para assegurar o mando político e nenhuma, zero, preocupação com propostas competentes

para avançar na solução dos problemas nacionais e estaduais que afetam a sociedade. Em geral, por rigorosa ausência de capacidade técnica da imensa maioria dos candidatos e/ou pela rasa qualificação de suas assessorias para orientá-los ou, o mais provável, porque não querem mesmo se preocupar com essas coisas que só atrapalham seus interesses pessoais. A partir da segunda metade do mês de maio até setembro vamos, nesse espaço, mesclar a análise dos principais problemas de Alagoas e do Brasil que os candidatos deveriam, mas não vão enfrentar em debates públicos para apresentar suas soluções para o país/estado avançar do atraso e subdesenvolvimento em que se encontram. O Brasil, sabemos, não cresce há 40 anos e, nesse interim, já se discutiu de tudo em termos da necessidade de se fazer as reformas da previdência, trabalhista, tributária, administrativa do governo, política e a do comércio exterior (que poderia ser incluída na tributária, mas, por sua grande importância e para facilitar o entendimento

do leitor, incluímos à nossa análise). Sabe-se que o país caminha a passos de tartaruga desde os anos 1980, o que se reflete nos “voos de galinha” do PIB nacional nesses 40 anos (crescimento médio anual: 1%). O mesmo acontece com nossa produtividade, o que impede os produtos brasileiros de serem competitivos no mercado externo. Se o Brasil fizer o dever de casa das reformas, o PIB pode crescer até 8% com a retirada das barreiras alfandegárias que fazem o país ser o segundo mais fechado do mundo; a reforma (completa) da previdência poderia elevar o PIB em até 5%; a tributária, outros 12%; a administrativa, 3%; a trabalhista mais 3%. Ou seja: o país poderia sair desse marasmo econômico e crescer em velocidade similar à da China em sua arrancada inicial de crescimento. E por não acontece? Fazer as reformas significa mexer em vespeiros enraizados na estrutura do Estado brasileiro. Como são eles os mais poderosos lobbies, dá

pra imaginar a “pressão” sofrida por autoridades e congressistas, muitos eleitos com o apoio e o dinheiro destes... De outro lado, a chamada “sociedade organizada”, sindicatos de um lado e corporações do outro, absolutamente reacionários a mexer nos seus “direitos” (leia-se nas bilionárias verbas de que desfrutam e do poder de barganha que têm) freiam quaisquer possibilidades de avanços. Falta a este país gente patriota e competente para mudar esse lastimável quadro. É preciso dizer que é natural que grupos organizados se movimentem em defesa dos seus interesses, o que não se pode aceitar é que senadores e deputados aceitem a “pressão” e se voltem contra o povo que o elegeu em troca de barganhas espúrias, da compra dos seus votos. Portanto, antes de votar, se informe sobre o candidato que poderia ser a sua escolha. Se não se agradar de nenhum, vote nulo. É o único protesto que lhe resta. Mudanças com o time que aí está, esquece.

Portanto, antes de votar, se informe sobre o candidato que poderia ser a sua escolha. Se não se agradar de nenhum, vote nulo. É o único protesto que lhe resta. Mudanças com o time que aí está, esquece.

Praticidade da tecnologia sem fio

JOSÉ RUBENS ALMEIDA n Graduado em ciências da computação e diretor da AGM Automação

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desenvolvimento tecnológico visa a melhora na qualidade de vida e agilidade na resolução de problemas da vida cotidiana de qualquer pessoa e atividade profissional. Dinâmico e prático, a

utilização da tecnologia sem fio é crescente e recorrente no Brasil e no mundo. Esses recursos tornam-se excelentes ferramentas que auxiliam de forma prática, segura e confortável, a experiência de usuários em diversos segmentos, como na área da saúde, segurança e comércio. Empresas têm realizado melhorias e aumentado gradativamente o investimento para a utilização tecnológica, aperfeiçoando o atendimento interno e externo de clientes, funcionários e colaboradores. Atualmente, a tecnologia sem fio usada nos chamadores utiliza a transmissão de sinais por

radiofrequência, eliminando sistemas complexos de fiação e outros processos de transmissão extremamente difíceis. Com a chegada do 5G os resultados do uso tecnológico tendem a ser expandidos e potencializados de forma que a própria logística de um local tenha ganhos positivos também. Uma pesquisa realizada pela consultoria IDC apontou uma alta de 15,5% em investimentos digitais no ano passado. Até 2023 a expectativa é que os investimentos tecnológicos cheguem a aproximadamente 34,4 trilhões de reais. A inovação é um im-

portante meio utilizado para as empresas crescerem no mercado, ofertando tecnologias capazes de auxiliar e aprimorar o desenvolvimento logístico de estabelecimentos dos mais diversos nichos, como hospitalar, alimentício, industrial, comercial, fitness, segurança, entre outros. O avanço nos produtos, além de levarem conforto e praticidade para os clientes, proporciona agilidade no atendimento e otimiza a produtividade do colaborador, gerando um excelente custo-benefício para as empresas, que terá impacto no crescimento financeiro da instituição.

Uma pesquisa realizada pela consultoria IDC apontou uma alta de 15,5% em investimentos digitais no ano passado. Até 2023 a expectativa é que os investimentos tecnológicos cheguem a aproximadamente 34,4 trilhões de reais.


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O poder da inovação para virar o jogo

PATRICK BURNETT n CEO do InoveBanco e

apaixonado por futebol e inovação

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Campeonato Alagoano InoveBanco 2022 terminou no dia 13 de abril, com o querido Clube de Regatas Brasil, o querido CRB, como o grande campeão. Só temos a agradecer por essa jornada em parceria com a Federação Alagoana de Futebol (FAF), os clubes e, principalmente, com a população alagoana.

Quando decidimos patrocinar a competição, nosso objetivo era ir além de uma simples ação de marketing: como eu disse durante o lançamento do campeonato, a missão do InoveBanco é ajudar a movimentar a bola e a economia de Alagoas. Nesse jogo, ainda estamos no 1º tempo, mas entramos para ganhar! Os setores de comércio e serviços do estado resistiram bravamente aos efeitos econômicos da pandemia e a retomada já é uma realidade promissora. Maceió bateu recorde de novos empreendimentos em 2021, de acordo com o governo federal. Só o comércio varejista registrou mais de 17 mil empreendimentos na ativa até o fim do ano passado. É para os empreendedores alagoanos, dos tradicionais aos que estão começando agora, que o poder da inovação pode

virar o jogo e os meios de pagamento fazer cada vez mais diferença em seus negócios. O dinheiro de papel é o novo cheque e sua utilização já é mínima, em comparação ao uso do cartão ou do Pix. Na conta digital do InoveBanco, disponível para todos os alagoanos, o Pix transaciona sem parar e não poderia ser diferente: Alagoas movimentou incríveis R$ 40,4 bilhões desde a implantação desta modalidade de transferências e pagamentos eletrônicos no país. Outro craque que colocamos em campo neste Campeonato foi a InovePay, a máquina de cartão inteligente para pagamentos e recebimentos. Nossa equipe de campo, um time comercial experiente que atende e entende os comerciantes de Maceió, já sente a aceitação

do mercado pela “maquininha que apoia o futebol de Alagoas”. Para nós, isso é um gol de placa. As boas notícias continuam chegando e o fim da obrigatoriedade das máscaras nos estabelecimentos da capital representa, além do reestabelecimento das condições sanitárias, a retomada dos hábitos e da vida na rua, impulsionamento o varejo e o turismo em 2022. A inovação é a chave para o futuro de quem não quer ver suas finanças ou seu negócio ficarem para trás. Seja a grande empresa ou o vendedor de coco da Ponta Verde. O Campeonato Alagoano deste ano chegou ao fim, mas colocamos em campo uma bola que não para de rolar: a inovação. Inove. InoveBanco.

Os setores de comércio e serviços do estado resistiram bravamente aos efeitos econômicos da pandemia e a retomada já é uma realidade promissora. Maceió bateu recorde de novos empreendimentos em 2021, de acordo com o governo federal.

Frentes de luta

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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vida é uma passagem que temos pela terra. Para conquistar seu espaço, o cristão enfrenta vários obstáculos. Desde pequeno luta para conseguir o que quer. O irmão mais velho era bonito, inteligente e muito querido pelos avós maternos. Nasce então, uma loirinha feinha e birrenta. Por sorte, o pai se apaixonou por ela e foram amigos durante 67 anos. No Grupo Escolar, a galega, como a chamavam, sempre quis estar entre os bons alunos e conseguiu. Para glória e honra de Jesus, teve o privilégio de ser aluna do Instituto de Educação. Na

hora de escolher o que queria no nível superior, ingressou na Faculdade de Filosofia. Não deu certo. Apaixonou-se por um militar, casou-se e foi criar os filhos. Encantada com a chegada dos quatro rebentos esqueceuse de fazer outro vestibular. Mas não saía da cabeça daquela mulher teimosa o desejo de estudar e trabalhar. Aos 35 anos prestou os exames para Economia e, depois de formada, voltou para Alagoas, reassumindo suas funções na Assembleia Legislativa. Sua volta coincidiu com o início da luta dos servidores e da fundação de um sindicato. Entendeu ser o caminho a trilhar dali para frente. Juntou-se a um grupo de companheiros corajosos e começou a procurar os direitos perdidos no Legislativo alagoano. Tempo bom, fértil, responsável por grandes vitórias. Através da orientação de Dr. Marcos Bernardes, ingressou com ações na Justiça e foi conseguindo restaurar causas perdidas. Durante nove anos esteve dirigindo o Sindicato da Assembleia como vice e como presidente. Aproveitando o Imposto Sindical, construiu o patrimônio da

entidade: o Clube Legislativo, a sede do sindicato e o prédio da Copamedh. Ainda hoje aparecem ações implantadas pela loirinha feinha e ainda tem forças para fazer campanha para o “velho sindicato”, evitando que ele caia em mãos perigosas. Uma das frentes de luta é olhar pela entidade que praticamente fundou com um grupo de colegas. Entretanto, a velha sindicalista veio morar em Paripueira, bem em frente ao mar. Como a natureza não gosta de ser agredida, o Rio Sauaçuhy ficou zangado por ter sido aterrado e caminha de volta para a cidade. E apareceu outra batalha: o IMA autorizou há três anos uma obra irregular e o condomínio onde mora a pobre coitada foi invadido pelo mar e pelo rio. Novas querelas, aborrecimentos, perda de amigos. O tempo passou e nada foi feito. Ainda não se sabe o fim da história. Para evitar que a velha senhora fique quieta, apareceu um problema familiar. Uma irmã que recebe pensão do pai há 40 anos, premiada com gordos atrasados, não os divide com os irmãos. Mais um motivo para lutar, enfrentar

problemas e não ter sua posição reconhecida. Sem coragem de colocar a irmã mais nova na Justiça, lava as mãos e coloca tudo nos braços de Deus. Finalmente, chega aos oitenta e um anos, inquieta, sofredora, pedindo ajuda dos céus para resolver esses casos. Tudo isso fez com que fosse amada por uns, odiada por outros. Talvez seja o preço a pagar por estar sempre em busca do bem comum. Na primeira batalha, a do sindicato, tem se esforçado para manter na frente da entidade um grupo forte, reivindicando melhores salários e direitos dos companheiros. Na segunda batalha não houve progresso: o rio continua ameaçando, o mar avançando sobre as casas e a proteção irregular erguida por um condomínio vizinho não saiu do lugar. Na terceira batalha, não foi compreendida por alguns parentes e espera a intervenção divina para a irmã malvada. E a “Velhinha das Alagoas” continua lutando, pedindo aos colegas aposentados do Poder Legislativo do estado: no dia 25 de abril, votem na Chapa 1!

Encantada com a chegada dos quatro rebentos esqueceu-se de fazer outro vestibular. Mas não saía da cabeça daquela mulher teimosa o desejo de estudar e trabalhar. Aos 35 anos prestou os exames para Economia e, depois de formada, voltou para Alagoas, reassumindo suas funções na Assembleia Legislativa.


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ARTICULAÇÃO POLÍTICA

AMA DEFENDE REAJUSTE NOS CONTRATOS PARA GARANTIR CONTINUIDADE DA OPERAÇÃO CARRO-PIPA Prefeito Hugo Wanderley pede apoio da bancada federal de Alagoas para atender reivindicação dos pipeiros

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presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), prefeito Hugo Wanderley, pediu o apoio da bancada federal de Alagoas para evitar a paralisação da Operação Carro-pipa por causa da falta de reajuste no repasse dos contratos referentes ao ano de 2022. Em ofício encaminhado ao 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMtz), os pipeiros relatam que as referências usadas para o acordo estão defasadas em relação às altas do óleo diesel. A deputada federal Tereza Nelma se comprometeu a marcar uma reunião com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para viabilizar a continuidade do serviço. Os profissionais pedem um reajuste contratual de 30% baseado no atual preço do diesel, no custo de manutenção e abastecimento dos veículos, para manter os serviços de coleta, transporte e distribuição de água potável no semiárido nordestino. “Os pipeiros já comunicaram a paralisação nos próximos dias. Milhares de famílias podem ser prejudicadas com a suspensão da operação, já que dependem desse serviço para ter água potável de

qualidade para beber, cozinhar e encher as cisternas. Estamos empenhados para que isso não aconteça”, disse Wanderley. Coordenadora da bancada federal alagoana, a deputada federal Tereza Nelma ressaltou o compromisso para levar a pauta ao ministro do MDR e também para a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. “Estamos juntos nessa luta, como aconteceu no ano passado, para que essa operação não seja inviabilizada. Só quem sabe o que é faltar água, é quem vive como a população do semiárido”. A Operação Carro-pipa é um programa possibilitado por meio da parceria entre os Ministérios da Defesa e do Desenvolvimento Regional e executado pelo Exército. Aproximadamente 640 municípios do semiárido brasileiro são atendidos pelo programa.

Em setembro do ano passado, o Exército Brasileiro chegou a comunicar a suspensão da Operação Carropipa nos municípios localizados no semiárido nordestino, Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, apesar da situação de emergência ou calamidade pública, devidamente reconhecidas pelo Poder Executivo. Na ocasião, o presidente da AMA denunciou a suspensão da operação e se reuniu em Brasília com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e a bancada federal para articular a retomada do programa. O Exército havia informado às prefeituras a suspensão, a partir de outubro, afirmando que os recursos previstos para essa finalidade, conforme prevê a Lei Orçamentária Anual, já teriam sido totalmente utilizados. No entanto, a operação foi mantida após aprovação de crédito suplementar no valor de R$ 150 milhões.


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OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES

Maceió lidera ranking de crianças vivendo em casas com renda de até 25% do salário mínimo Vulnerabilidade das famílias aumentou em dois anos com crise e pandemia FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Região Metropolitana de Maceió registrou o maior percentual do Brasil de crianças vivendo em domicílios com rendimento per capita de até 25% do salário mínimo no 4º trimestre de 2021. Os dados fazem parte de um levantamento do Observatório das Metrópoles em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e divulgado na última semana. De acordo com o estudo, as regiões metropolitanas do Nordeste e do Norte lideram o ranking nacional de crianças vivendo em residências com rendimento mensal de aproximadamente R$ 300. Logo atrás da Grande Maceió que, segundo o estudo possui 51,5% das crianças vivendo nessas condições, aparecem a Grande São Luís [49,2%], Manaus [49,0%], Recife [48,1] e João Pessoa [46,6%]. No outro extremo, as regiões metropolitanas que registraram as menores taxas foram, em ordem decrescente, Vale do Rio Cuiabá [20,9%], Goiânia [18,5%], Porto Alegre [16,7%], Curitiba [12,6%] e Florianópolis [11,9%]. Assim como os outros indicadores de desigualdade de renda, no conjunto das regiões metropolitanas localizadas no Nordeste foi registrado aumento elevado entre 2019 e 2020 seguido de um aumento inferior no período seguinte, entre os 4º trimestres de 2020 e de 2021. Em algumas metrópoles, a exemplo da Grande Maceió, contudo, foram registrados aumentos nos dois períodos. Com a exceção das regiões metropolitanas de Macapá, Fortaleza e Porto Alegre, em todas as metrópoles o percentual de crian-

ças em vulnerabilidade no 4º trimestre de 2021 foi superior ao mesmo trimestre de 2019. De acordo com o coordenador do estudo, Andre Salata, professor da PUC-RS e pesquisador do Observatório das Metrópoles, milhares de famílias maceioenses, cujos rendimentos do trabalho já eram insuficientes, estão há dois anos enfrentando uma situação de perda de renda e quanto mais tempo ficam nessa situação, maior a vulnerabilidade. Em termos absolutos, hoje são 1,6 milhão de crianças nessa situação no conjunto das regiões metropolitanas, o que é um número maior que o da população total de regiões metropolitanas como as de Natal, João Pessoa, Maceió e Florianópolis, entre outras. “Os dados são muito preocupantes. Estudos mostram que a vulnerabilidade econômica na primeira infância prejudica o desenvolvimento cognitivo, o aprendizado e, consequentemente, o rendimento escolar. No longo prazo, estamos falando de barreiras à expansão do capital humano no país e, portanto, ao crescimento econômico sustentado”, alertou Ribeiro. Em relação à taxa de pessoas vivendo com rendimentos inferiores a 25% do salário mínimo, ela se manteve mais elevada nas regiões metropolitanas do Norte e Nordeste e mais baixa nas regiões metropolitanas do Sul, Sudeste (com exceção da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) e Centro -Oeste. A Grande Maceió também aparece como a terceira com os maiores percentuais de indivíduos vivendo em domicílios com rendimento per capita de até 25% do salário mínimo no 4º trimestre de 2021. O topo da tabela é ocupado por João Pessoa [40,5%], seguida por Recife [39,8%], Maceió [39,6%], Grande São Luís [37,1%] e Manaus [36,0%], todas regiões metropolitanas do Nordeste ou do Norte. No outro extremo, as regiões metropolitanas que registraram as menores taxas foram, em ordem decrescente, Goiânia [19,2%], Vale do Rio Cuiabá [18,5%], Distrito Federal [18,5%], Florianópolis [17,2%] e Curitiba [16,6%].


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ECONOMIAEM PAUTA DIVULGAÇÃO

Inovação no Rappi

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aplicativo de entregas Rappi anunciou esta semana o lançamento de um projeto piloto para aceitar o pagamento com criptomoedas em sua plataforma. O novo meio de pagamento poderá ser usado para comprar qualquer produto ou serviço oferecido pelo Rappi diretamente pelo app.

Bandeiras na conta de energia

A possibilidade de novas taxas no valor pago pela energia elétrica voltarem a ser ativadas ainda este ano é pequena, informou o Operador Nacional do Sistema (ONS). De acordo com o órgão, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país, começam o período seco, em abril, com 63% de armazenamento de água contra 35% no ano anterior. Em 2021 o subsistema chegou em abril 76% cheios.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Saques do FGTS

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Os saques extraordinários de até R$ 1 mil das contas do FGTS começam na próxima semana, após o feriado da Páscoa. A retirada depende do mês de nascimento da pessoa e tem início no dia 20 pelos nascidos em janeiro. Os nascidos em dezembro só poderão sacar em 15 de junho. O dinheiro vai ser disponibilizado automaticamente na conta do trabalhador pelo aplicativo Caixa Tem.

FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

Taxas para os concorrentes

DIVULGAÇÃO

Se depender do Mercado Livre, seus concorrentes terão que pagar taxas mais altas para vender seus produtos no Brasil e, claro, o valor dos mesmos irão refletir no consumidor final. A informação foi confirmada pela própria companhia esta semana depois que, no final de março, empresas de e-commerce que importam produtos da China, como Shein, Wish, Shopee e AliExpress, foram acusadas de concorrência desleal por um grupo de empresários brasileiros, por obterem benefícios tributários por meio de práticas ilícitas.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

depressão.

Pessoas alegres

Depressão tem cura Depois de dois anos da pandemia de covid-19, boa parte da população mundial está sofrendo com as consequências devido à situação de calamidade econômica, social, psicológica e financeira, especialmente no Brasil. E a depressão é uma das consequências, mas tem cura. Alguns sinais da depressão são: profunda perda da autoestima, tristeza frequente e difusa (sem motivo específico), perda da concentração, ansiedade (geralmente são pensamentos intensos de fatos que ainda nem ocorreram), irritabilidade (frequente), e dores em diferentes partes do corpo (“sem motivo aparente”). Outros sinais mais graves são: insônia persistente, negligência com os cuidados pessoais (higiene), deficit de memória, agitação, ataque de pânico (medo de ter medo - agorafobia), perda de interesse pela vida: escola, trabalho, lazer e anedonia (perda da satisfação e interesse em realizar as atividades do dia a dia). Das dez causas mais incapacitantes para o trabalho, cinco são psiquiátricas e a depressão é a primeira. A pessoa apresenta sentimento de fracasso pessoal e uma intensa baixa autoestima. As consequências são: apatia (sem vontade de fazer nada), hipocondria (pensamentos e sentimentos de que apresenta doença), alcoolismo e transtornos alimentares (anorexia, bulimia, vigorexia). Muitas pessoas “querem” escapar da depressão tendo atitudes que só intensificam a situação, ou seja, vivem de aparência (no Face, no Instagram, ou seja, nas redes sociais), o que gera mais sofrimento futuro. Elas “querem” provar a si mesmas a sua própria existência, e, que está “tudo bem”, pela aparência.

Vazio existencial

Quando a pessoa precisa (intensamente) dos outros (depende do/a outro/a para se ver, ou como referência), é sinal de que está havendo um vazio existencial, que é uma das principais causas da depressão. Na depressão, a pessoa apresenta, geralmente, comportamentos e pensamentos relacionados com algo do passado. Um fato recente também pode impactar a vida da pessoa. A origem da depressão tem um componente genético (predisposição), mas só o genético não é o suficiente para o surgimento do transtorno. O meio ambiente, especialmente o familiar, tem uma participação intensa no surgimento do agravo, mas o local de trabalho, a escola e faculdade também são ambientes com agentes estressores que podem levar a pessoa a desenvolver a

Outros sinais ou fatos que podem surgir num quadro depressivo são: estresse do dia a dia, ou seja, competitividade (no trabalho, escola e na vida social. “Tem-se” o estímulo de ficar em primeiro lugar em tudo), falta de entusiasmo, doenças incuráveis (predispõe o surgimento do agravo), luto não resolvido (Ex.: mãe/pai que guarda tudo do/a filho/a, ou, do ex-cônjuge que faleceu), a pessoa não tem vontade de realizar nenhuma atividade (estudar, trabalhar, etc.), apatia generalizada, uso de drogas, inclusive o álcool. Mas há ‘sinais negativos” da depressão que são aqueles que surgem em pessoas extremamente alegres (disfarçam), ou seja, escondem medo de perder o emprego, amigos, entre outros. Podem surgem transtornos alimentares (anorexia, bulimia) e também o transtorno do corpo – vigorexia –, que é visão distorcida do próprio corpo.

Estatísticas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS-2021), a população brasileira apresenta cerca de 5,8% de pessoas com depressão. Assim, Alagoas tem 195.10 habitantes depressivos e Maceió, 59.833. No mundo são mais de 300 milhões. Os índices indicam que o agravo atinge um homem para cada duas mulheres (46 a 57% menopausa). Nessa estatística, entre 10 a 15% não procuram tratamento, a situação se agrava e pode ocorrer a tentativa de suicídio, que é mais frequente entre a população entre 20 a 50 anos. Rio Grande do Sul é onde se tem o maior número de suicídios no Brasil. Cerca de 10% de pessoas que têm esquizofrenia (sem tratamento, ou sem acolhimento) cometem o suicídio. A estimativa é que 2% da população apresente algum tipo de esquizofrenia.

Prevenir a depressão

Um estudo de um professor de psiquiatria de Harvard provou que para prevenir e até curar

Não tem ... Às vezes não é depressão. É só uma arte de dar às coisas a importância que elas não tem. (Abraatiko) a depressão, a pessoa deve praticar uma atividade física. Meia hora por dia ou uma hora três dias por semana é o suficiente, mas não é tudo. Em outro estudo sobre alimentação e psicologia, descobriu-se que alguns alimentos contribuem para o desenvolvimento da serotonina (neurotransmissor responsável pelo bem-estar físico e mental), que pode reduzir os índices de depressão, e, consequentemente de suicídio Alguns alimentos que ajudam na diminuição da depressão: ômega 3 (peixes, principalmente sardinha); castanha de cajú, castanha do pará, espinafre, abóbora (e também semente de abóbora), banana, chocolate amargo, suco de uva, entre outros. As frituras, os enlatados e o açúcar prejudicam o desenvolvimento da produção da serotonina e dopamina, que são neurotransmissores da felicidade e que podem agravar o quadro depressivo. A psicoterapia é um dos principais aliados para que a pessoa possa sair de uma situação de sofrimento, de depressão ou outros agravos como ansiedade e pensamentos suicidas. É prudente que alguém de confiança da pessoa – que esteja com depressão – a convença da importância de fazer psicoterapia.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Novo visual e motor turbo dão fôlego à Renault Oroch

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epois de sete anos no mercado, a picape Oroch (antes Duster Oroch) exigia mudanças. Embora não se trate de nova geração, o resultado ficou bom em estilo e mecânica. As modificações concentramse na parte frontal com uma solução mais estética para os faróis auxiliares (na versão de topo Outsider), além de grade e para-choque novos. Destaque para o ângulo de entrada de 27,6 graus. Novas rodas de liga leve de 16 pol., apliques nos para-lamas, retoques nas lanternas traseiras, o nome Oroch estampado na tampa da caçamba e um “santantônio” de desenho parrudo completam as mudanças. Interior traz novos materiais, quadro de instrumentos modernizado, ar-condicionado digital, central multimídia flutuante de 8,4 pol. posicionada em posição elevada que permite desviar menos o olhar do trânsito à frente e conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. Carregador de celulares por indução é acessório nas concessionárias. Há câmera e sensores de ré. Houve melhoras ainda em segurança ativa. São de série sistema anticapotagem e controles de estabilidade e de partida em rampa. O volante é novo, porém permanece sem regulagem de distância. A Oroch se posiciona em dimensões entre Strada e Toro, mas é concorrente

mesmo da primeira ao oferecer maior espaço interno, porém distante da segunda neste aspecto, principalmente no banco traseiro. A picape da Renault dispõe agora de um motor turbo flex de 1,3 L, 170 cv (E)/162 cv (G) e 27,5 kgf.m (o mesmo torque da Toro, mas esta entrega potência 15 cv superior). Em primeira e breve avaliação com o novo motor exclusivo da versão de topo e caixa automática CVT de oito marchas as acelerações e retomadas impressionaram muito bem pela favorável relação peso-potência. Aceleração declarada de 0 a 100 km/h: 9,9 s. Supera nitidamente a Strada que só tem motores de aspiração natural e é até um pouco melhor que a Toro (por seu porte maior pesa 238 kg mais). Suspensão independente nas quatro rodas muito boa em curvas. Mas a direção eletro-hidráulica é um pouco pesada, em especial ao estacionar. Preços da Oroch vão de R$ 105.800 a R$ 137.100.

Renovação de frota pode sair do papel Criado por medida provisória, o programa Renovar inicia por caminhões e ônibus de 30 anos ou mais de uso. Caminhoneiros autônomos entregariam o veículo numa empresa de reciclagem (desde que cheguem rodando) e receberiam pelo valor da sucata. Poderão adquirir outro caminhão usado com menos anos de fabricação e ajuda de um fundo específico subsidiado de financiamento. Entretanto faltam regulamentações para se concretizar. Será possível a inclusão de táxis, porém ainda se definirá um

parâmetro sobre idade do veículo. Mais adiante carros particulares também estariam elegíveis, embora essa possibilidade pareça bem distante. Renovação de frota traz benefícios ambientais, segurança de trânsito e economia de combustível. Para isso deveria se criar antes a Inspeção Técnica Veicular (ITV). O problema é que tudo depende de a economia do País crescer a um ritmo maior que daria sustentação à ampliação do mercado automobilístico e à implantação da ITV.

ALTA RODA n PRODUÇÃO de veículos recuou 17% no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2021. Anfavea informou que os números ficaram abaixo de suas previsões. Os estoques totais subiram de 24 dias em fevereiro para 25 em março (normal entre 35 e 40 dias). Apesar de dificuldades para aumentar a produção pela falta de componentes, manteve sua previsão de crescimento de 8,5% das vendas ao final de 2022 sobre 2021. A entidade acredita em pequena redução adicional do IPI em abril. Isso deixa alguns compradores em compasso de espera por menor que seja eventual repasse aos preços praticados ou possibilidade de reajuste abaixo do esperado. n TIGGO 7 Pro tem no interior refinado um dos melhores predicados. Espelho interno convexo amplia a retrovisão e há até alerta de ponto cego também para passageiros do banco de trás. O sistema multimídia é de 12,7 pol., mas a área visível não ocupa toda a largura da tela. Motor turbo (apenas a gasolina, 187 cv e 28 kgf.m) e o câmbio automatizado de 7 marchas entregam o melhor desempenho entre os SUVs médios-compactos graças à boa relação peso-potência de 8 kg/cv facilmente notada na avalição. Outro destaque: porta-malas de 476 litros. Entre itens de segurança ativa faltam frenagem automática de emergência e leitor de faixa de rodagem. n NISSAN entrou no clube das fabricantes que resolveram investir mais no mercado brasileiro. A empresa encolheu nos últimos anos sua linha de produtos aqui produzidos (March, Versa e transferiu Frontier para a Argentina). Ficou apenas com o SUV compacto Kicks VÍRGULA que vende bem. Agora anunciou aporte de US$ 250 milhões (R$ 1,1 bilhão) para modernizar a fábrica de Resende (RJ). Um novo SUV está nos planos. Teria tamanho e preço acima do Kicks. Arquitetura seria compartilhada com a Renault, apesar de a aliança com Nissan-Mitsubishi passar, no momento, por novas rusgas, segundo agências de notícias do exterior.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Com show de Hulk, Atlético-MG vence na estreia do Brasileiro

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atacante Hulk, do Atlético-MG, teve mais uma grande atuação na temporada. Na vitória de 2 a 0 sobre o Internacional, ele fez os dois gols da equipe mineira e chegou ao 13º na temporada. Isso em apenas 11 jogos, o que dá uma média de quase 1,2 gol por partida. Os números impressionantes ainda não convenceram o técnico Tite a DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

convocá-lo novamente para a seleção brasileira. Mas o atacante já caiu no gosto do técnico Antonio Mohamed, argentino que vem comandando o Atlético-MG na temporada e se derreteu em elogios para seu atleta. Hulk também já tinha sido decisivo na final do Campeonato Mineiro, quando a equipe alvinegra atropelou o rival Cruzeiro e foi campeão do Estadual.

CRB VENCE ASA E SE SAGRA CAMPEÃO ALAGOANO DE 2022

FRANCISCO CEDRIM/ASCOM CRB

E chegou ao fim o Campeonato Alagoano 2022. O CRB mostrou o favoritismo e levantou o troféu do estadual após ter vencido o jogo de volta contra o ASA por 2 a 0, o placar agregado da decisão foi de 4 a 1. Quem abriu o placar do duelo foi o camisa 9 do Galo, Anselmo Ramon. Richard chutou cruzado de fora da área, Anselmo Ramon apareceu por trás da defesa alvinegra e mandou pro fundo da rede. Esse foi o oitavo gol dele com a camisa alvirrubra. O segundo gol do Galo foi marcado pelo capitão Gum. Com o título, o CRB chegou à 32ª taça conquistada do Campeonato Alagoano. Agora o Galo se prepara para a disputa da Série B, enfrentando o Vasco na estreia da competição nacional.

CSA APLICA GOLEADA HISTÓRICA E FICA COM O TERCEIRO LUGAR DO ESTADUAL FERNANDINHO DIZ QUE NÃO RENOVA COM O CITY O volante Fernandinho, que disputou duas Copas do Mundo pela seleção brasileira, revelou que não renovará seu contrato com o Manchester City. Sem espaço no clube inglês, o jogador de 36 anos afirmou que pretende voltar ao futebol brasileiro. O Athletico-PR é um dos possíveis destinos do meio-campista. Fernandinho tem contrato somente até o fim da temporada europeia, em junho. Havia expectativa de que ele renovasse por mais um ano, completando a marca de 10 anos no clube. O volante se tornou um dos símbolos da vitoriosa era do City na Inglaterra nesta última década, principalmente sob o comando do técnico Pep Guardiola. Fernandinho chegou ao time de Manchester em 2013, vindo do Shakhtar Donetsk. Desde então, acumulou 12 títulos pela equipe.

ASCOM CSA

Passeio foi o sinônimo do jogo entre CSA e Murici, duelo que garantiu a terceira colocação para o Azulão do Mutange no estadual. O CSA foi o dono do jogo no primeiro tempo. Ficou com a bola e não teve dificuldade para marcar dois gols. Na volta para a segunda etapa o time azul e branco deslanchou, marcou mais seis gols e aplicou uma sonora goleada para cima do Murici. Destaque da partida foi Rodrigo Rodrigues, que marcou quatro gols e assumiu a liderança do Campeonato Alagoano. Didira também teve grande importância no jogo, participou de jogadas relevantes da etapa final. O CSA garante o terceiro lugar e disputa uma seletiva com o Cruzeiro de Arapiraca, campeão da Copa Alagoas, para disputar uma vaga na Copa do Brasil de 2023. Serão dois jogos, com o mando de campo sendo decidido por sorteio.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Mais um capítulo

PELO INTERIOR

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município de Arapiraca se pronunciou na Ação Civil Pública, através da Procuradoria Geral do Município, que trata da suspensão do edital de permuta do Clube dos Fumicultores e da preservação do mural artístico de Ismael Pereira, que é patrimônio cultural. A ação foi ajuizada pela Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Arapiraca. No documento, o procurador Victor Fernandes dos Anjos Carvalho destaca que o Município tem o dever de defender o Mural Artístico de autoria de Ismael Pereira, reconhecido como patrimônio histórico e cultural material da cidade pela Lei Municipal nº 3.408/2020.

Reforça a preservação

O procurador reforça que o mural precisa ser preservado e que o Clube dos Fumicultores deveria ter solicitado ao Município para fazer a remoção das peças ou ter pelo menos notificado para dar ciência do ato. “Diante desse cenário, o Município de Arapiraca manifesta-se pela necessidade de restauração do Mural Artístico no local de origem ou, não sendo jurídica ou tecnicamente possível, em outro local, bem como na responsabilização civil, administrativa e criminal dos responsáveis, caso fique comprovado que a remoção não era necessária e/ou se não foram adotados os procedimentos técnicos para a retirada da obra de arte”, diz o documento.

Pediu apoio

Em um discurso na Assembleia Legislativa realizado na terça, 12, a deputada estadual Ângela Garrote (PP) afirmou que em Igaci está se “matando gente como se mata galinha”. De acordo com a parlamentar, muitos homicídios estão sendo cometidos na cidade e encontram-se sem solução. Ângela pediu o apoio das autoridades competentes na resolução dos crimes. “Está se matando (gente) na cidade de Igaci como se mata galinha ou pinto no terreiro de alguém. Desde o primeiro assassinato desse ano até agora não é investigado e, se é, não está dizendo quem é o assassino, prendendo alguém”, disse.

“Cidade sem lei”

Ainda de acordo com a deputada, Igaci está sem lei e questionou que, se tem delegado na cidade, ele não está fazendo o trabalho. “Os pais estão chorando sem saber porque os filhos foram assassinados. Se tem uma cidade que está sem lei, se chama Igaci. Como é que mata pessoas que não têm envolvimento com nada e ninguém descobre quem matou”?, questionou .

Projeto aprovado

Apesar dos servidores municipais de São José da Tapera, cidade localizada no Sertão de Alagoas, fazerem vários protestos, a Câmara Municipal aprovou em sessão realizada na manhã de terça-feira, 12, o projeto de lei de autoria do Instituto de Aposentadoria, Previdência e Pensões (Iaprev) que prevê aumentar a idade para concessão de aposentadoria a servidores públicos. Segundo o PL, a idade mínima para aposentadoria de homens seria de 65 anos e de mulheres 62 anos.

Protesto pacífico

O projeto de lei precisa ser apreciado e votado em duas sessões distintas. A próxima votação está marcada para o próximo dia 22 de abril. Os servidores ficaram inconformados com a possibilidade deste PL ser aprovado. E em busca de tentar mudar esse quadro de incertezas, um grupo de servidores, liderados pela seccional local do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), realizou um protesto pacífico na sede da Câmara.

“Cavalo de Tróia”

Em um vídeo que está sendo compartilhado nas redes sociais, o presidente do Sinteal em São José da Tapera, Professor Márcio, que também é ex-vereador da cidade, classificou o projeto de lei como um “Cavalo de Tróia”, em alusão ao falso presente dado pela Grécia durante a Guerra de Tróia.

... Buscando proporcionar um trânsito ainda mais seguro e preservar vidas, agentes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) receberam instruções acerca do uso de etilômetro, também conhecido como bafômetro, bem como sobre as formas corretas de abordagens de condutores de veículos, com vista ao respectivo teste em caso de suspeita de ingestão de bebidas alcoólicas.

Lamentam a aprovação

Segundo a procuradoria do Iaprev, o projeto não atinge os atuais servidores públicos, mas apenas aqueles que ingressarem no Município após a aprovação e sanção da lei. A informação é contestada pelo Sinteal, que informa que em nenhum trecho do PL essa informação é colocada às claras. “Lamentamos profundamente a aprovação e seguiremos lutando, junto aos servidores, para que os vereadores mudem de opinião e revertam seus votos na sessão do dia 22”, finalizou o Professor Márcio.

Hospital Chama

Pacientes denunciaram na terça-feira, 12, a superlotação nas salas de atendimento oftalmológico do Hospital Chama em Arapiraca. De acordo com a filha de um paciente diabético, “é lamentável o tratamento que se dá aos idosos”. Segundo ela, a demora no atendimento é tanta que alguns pacientes vão embora sem receber os cuidados médicos.

Gravou as imagens

A mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, gravou as imagens de uma das salas de espera do hospital, onde se nota a lotação. De acordo com ela, alguns pacientes relataram que estavam esperando desde às 6h por atendimento. A denunciante disse que o pai dela, de 72 anos, foi fazer uma simples consulta, mas na sala de espera havia também pacientes que aguardavam a revisão da cirurgia de catarata e ainda em outra sala de espera, idosos aguardavam triagem para agendamento da cirurgia. “Até às 13h ninguém havia sido atendido”, disse.

... O deputado estadual Ricardo Nezinho participou da inauguração de um espaço de lazer e de promoção à saúde na cidade de Coqueiro Seco. Ao lado da prefeita Decele Dâmaso, o parlamentar expôs a felicidade de ver a área, até então abandonada, ser transformada num local que vai beneficiar centenas de famílias, entre crianças, jovens, adultos e idosos. ... Na segunda-feira, 11 de abril, completou exatos 10 anos do desaparecimento e morte da jovem Roberta Costa Dias. Mesmo depois de tanto tempo, a família da jovem ainda aguarda um desfecho do caso, já que as pessoas apontadas como responsáveis pelo crime seguem impunes. ... Roberta Dias, à época com 18 anos, saiu de sua residência na Avenida Wanderlei, bairro de Santa Luzia, em Penedo, para ir a uma consulta pré-natal em uma clínica situada a poucos metros de sua casa e nunca mais foi vista com vida. ... Dezesseis meses depois, uma grande operação foi deflagrada pelas forças ligadas da Segurança Pública de Alagoas e resultou na prisão de pessoas de Penedo, entre elas policiais civis, que, à época, trabalhavam na 7ª Delegacia Regional. ... Para os católicos, a Semana Santa é tempo de reflexão e compaixão. O período que marca a morte e ressurreição de Jesus Cristo é celebrado este ano desde esta sexta-feira (15), que marca a crucificação de Cristo, e no domingo de Páscoa, data que celebra a ressurreição de Jesus. ... A peça celebra, além da ressurreição, a retomada do evento que já é tradicional no complexo teatral e a voltou aos palcos do grupo ATAF após dois anos de pandemia. A Associação de São Miguel encena os últimos passos de Jesus na terra há 24 edições. ... Um ótimo feriadão para os nossos leitores. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

PF

PIXABAY

Perigos do antibiótico

Desmatamento em terra indígena

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Polícia Federal cumpriu esta semana seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Matupá, Guarantã do Norte e Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso, e em Iporá, Goiás. A ação, no âmbito da Operação Escudo de Palha, investiga o desmatamento ilegal na terra indígena Menkragnoti, nas proximidades da aldeia Kotori, no município de Peixoto de Azevedo (MT). Segundo a PF, a investigação teve início em fevereiro de 2022 após denúncia recebida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cuiabá de extração ilegal de madeira na terra indígena. Pela denúncia, nas proximidades da aldeia havia cerca de 2 mil metros cúbicos de madeiras cortadas e prontas para serem retiradas por madeireiros da cidade de Peixoto de Azevedo que teriam cooptado as lideranças indígenas da aldeia Kororoti, ofertando cerca de R$ 70 mil. Com base na denúncia, no mesmo mês foi realizada uma ação conjunta da Polícia Federal, Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Ibama e Delegacia de Meio Ambiente (Dema), que, após sobrevoo de helicóptero, constatou o desmatamento e a existência de madeiras cortadas.

A população mundial está cada vez mais exposta à água contaminada por antibióticos, segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), da ONU. O documento alerta que 90% dos antibióticos são lançados no meio ambiente ainda como substâncias ativas, por meio de esgotos ou por defecação a céu aberto. Os microrganismos resistentes a medicamentos presentes na água podem provocar outra pandemia, segundo a entidade. O relatório da ONU pontua que quanto mais os microrganismos são expostos aos produtos farmacêuticos, maior é a capacidade de adaptação e resistência a eles. Em 2019, as infecções que apresentaram resistência a antibióticos foram associadas à morte de mais de 1 milhão de pessoas. Sem uma ação imediata, de acordo com o levantamento, essas infecções poderão causar até 10 milhões de mortes por ano até 2050. A ONU também chama atenção para os impactos em cadeia que podem se consolidar com o possível surgimento de uma nova pandemia. Para além da saúde, os prejuízos econômicos podem chegar a US$ 3,4 trilhões no PIB mundial a cada ano em que a doença persistir. Além disso, 24 milhões de pessoas podem ser empurradas para a pobreza extrema. MP-MS

Superbactérias em praias

A pesquisa Orla limpa, orla iva - região costeira de Niterói: problemas e soluções, realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), comprovou, após um ano de estudos, a existência de superbactérias nas praias de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. O projeto foi iniciado em março de 2021, em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Fundação Euclides da Cunha (FEC) por meio do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA). O coordenador da pesquisa, professor Abílio Soares, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, explicou que a questão das superbactérias já vem se mostrando um problema crescente no mundo. “Porque a gente começa a ter a falta de antibióticos para tratar certas patologias, exatamente porque essas superbactérias são resistentes ao tratamento com antibióticos. Esse é um problema global”. O professor Soares disse que não é possível dizer, entretanto, que a presença das superbactérias na areia seja um problema em si mesmo. Em outros tipos de matrizes, como a água do mar e em outros lugares poluídos, há a presença de bactérias patogênicas. “Mas, potencialmente, a praia é um lugar em que as pessoas estão muito em contato com esses microrganismos, porque sentam na areia, as crianças brincam na areia”, salientou. “Ela tem potencial tremendo de vir a ser um problema de saúde pública”.

TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

Meio ambiente e Justiça

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) premiará decisões judiciais proferidas em nome da proteção e da promoção do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O direito fundamental, consagrado no Artigo 225 da Constituição Federal, pautará a seleção dos atos judiciais vencedores do concurso nacional. O prazo de inscrições estará aberto até 2 de maio. Poderão ser inscritas decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos proferidos entre 1º de janeiro de 2018 e 28 de fevereiro de 2022. O meio ambiente tem sido uma das prioridades do Poder Judiciário. Quando assumiu a presidência do CNJ e do STF (Supremo Tribunal Federal), em setembro de 2020, o ministro Luiz Fux elegeu a proteção do meio ambiente e dos direitos humanos como um dos cinco eixos da sua gestão. Em novembro de 2020, instituiu o Observatório do Meio Ambiente do Poder Judiciário para buscar, por meio do diálogo entre a Justiça e especialistas, causas e soluções para os gargalos a serem enfrentados na preservação dos recursos ambientais no Brasil.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

O paraíso das águas nos tempos das pragas

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m lugar cheio de lagoas, alagadiços, pântanos e poças de água parada virou preocupação para as autoridades políticas e sanitárias. Foi assim em Alagoas e Maceió, onde a água faz até parte do nome. Rapidamente os mais pobres passaram a ser associados a doenças e falta de higiene, códigos de posturas chegaram a proibir circulação de escravos fora de horários determinados ou mendigos de pedirem esmolas. Tudo parecia sob controle, mas o avanço de duas epidemias de cólera (1855 a 1862), febre amarela (1871) e varíola (1872) mudou alguns conceitos na sociedade local. Até o século 19, os mortos, principalmente de famílias mais privilegiadas, eram enterrados nas igrejas, mais próximos dos santos e das orações dos vivos. Um hábito que passou a ser tratado como ameaça à saúde pública numa época em que doenças mortais rapidamente se espalhavam, principalmente pelo transporte de passageiros nos navios. Enterros nas igrejas foram proibidos, claro com raras exceções. O corpo do ex-governador Fernandes Lima, por exemplo, está enterrado na Catedral Metropolitana, no Centro de Maceió. Em 1866, a Câmara Municipal de Maceió proibiu que os escravos, conhecidos como “tigres”, carregassem pelas ruas enormes barris de fezes da população para serem

Rua do Comércio, no início do século 20

Livro de Oseas Batista

despejados nos córregos e nas praias. A prática era bem comum em Jaraguá. A chegada do navio mercante Defensor, da cidade do Porto (Portugal) a Belém (Pará) em 1855 trouxe o cólera da Europa e ele rapidamente encontrou facilidade para se espalhar. No mesmo ano, os primeiros casos foram registrados em Penedo e Piaçabuçu. Vilas de Piranhas, Porto da Folha, Pão de Açúcar e Povoações de São Braz acumulavam infectados. Porto Calvo, Passo de Camaragibe, Pilar, Santa Luzia do Norte foram tomados pela doença. Em 1856 dizia-se que o cólera havia matado 100 pessoas em Penedo, 31 na Cidade de Alagoas e 136 na Barra de São Miguel.

Em 1857, com a doença sob controle, as autoridades começaram os trabalhos de desinfecção dos prédios públicos e dos locais que abrigaram hospitais e enfermarias provisórias. A segunda onda do cólera veio em 1862. Em 31 de maio, o subdelegado Francisco Braz, de Murici, atentava para o avanço em Vila de Imperatriz (União dos Palmares). Em 16 de julho, os mortos e os infectados tinham nomes. “Trinta pessoas haviam sido afetadas e seriam enterrados no cemitério da região, havendo mais cinquenta infectadas à uma légua, onde era possível identificar entre eles, o capitão Bruno Ferreira, outro habitante de nome Antônio Paulo, seu irmão Francisco Inácio, Manoel Gomes, e uma filha de nome Maria”. Em 10 de maio, o obituário no bairro do Poço em Maceió mostrava as vítimas mais pobres. Todos negros. “Candido José Maria,

pardo 22 anos casado; Maria Pastora, preta, viúva; Maria Joaquina, preta, 14 anos solteira; Maria Tereza de Jesus, 27 anos, viúva preta; Manoel José, 30 anos, solteiro, preto; Josefa Maria da Conceição, preta solteira 40 anos; Felícia Maria de Jesus, 30 anos, solteira, preta; Maria Lisboa, casada, parda 35 anos, branca; Eugenia Maria, parda solteira 30 anos; e Maria escrava, 22 anos, preta viúva.” Mais de 170 anos depois, assistimos em Alagoas aos efeitos da pandemia do coronavírus e quase 7 mil mortos. Como lá atrás, o saneamento básico foi a régua para definir quem morreu mais. E são os mais pobres as maiores vítimas. Hoje temos o SUS. Naquela época, saúde pública era tratada como ação de caridade. O passado não nos abandona. Fonte: Figueira Junior, Oseas Batista. A ordem médica sobre o alagadiço: Higienismo e epidemias na Alagoas Oitocentista (1850-1882) / Oseas Batista Figueira Junior – Curitiba: CRV, 2022.


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