Edição 1171

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JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

ANO XXIII - Nº 1171 - 11 A 17 DE JUNHO DE 2022 - R$ 4,00

TUDO DOMINADO

Humberto Martins volta a interferir no TJ para indicar novo presidente

O ministro Humberto Martins volta a interferir nas decisões internas do Tribunal de Justiça de Alagoas, desta vez para mudar as regras do jogo na escolha do próximo presidente da Corte. Por pressão de Martins, o tribunal derrubará suas próprias regras para eleger o candidato do ministro. 2

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DISPUTA ELEITORAL

CRIME DE MANDO HÁ 40 ANOS ADVOGADO TOBIAS GRANJA ERA FUZILADO NA GUERRA DOS CALHEIROS 10 e 11

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Collor rompe protagonismo de Renan Filho e Arthur Lira

Rodrigo Cunha apressa agenda para evitar debandada em prol do adversário apoiado por Bolsonaro

MALHA FINA DO LEÃO PEGA 12 MIL ALAGOANOS NO IMPOSTO DE RENDA 26

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Saída de senador do PTB fortalece candidatura do ex-governador ao Senado 5 a 7

CASO PINHEIRO

ADVOGADO VÊ CONFLITO DE INTERESSES EM NOVA RESOLUÇÃO DO MPF 12 e 13


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Collor vem aí - A entrada de Fernando 1verno Collor na disputa ao gode Alagoas vai mexer

no tabuleiro eleitoral e zerar o jogo político a partir de terça-feira, 14, quando o senador deve oficializar sua candidatura a governador. Até agora os principais jogadores foram Paulo Dantas, Rui Palmeira e Rodrigo Cunha, mas com a chegada de Collor todas as pesquisas de intenção de voto serão zeradas e o jogo começará para valer.

Além de carisma e 2tem-discurso fácil, o senador eleitores de cartei-

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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rinha em todo o estado e contará com o empenho do presidente Jair Bolsonaro em elegê-lo governador. Às vésperas de completar 73 anos, Collor jogará todo o seu capital político nessa que, possivelmente, será sua última batalha eleitoral, quando partirá para o tudo ou nada.

- Além dos fiéis collo3espera ridos, Fernando Collor conquistar boa fatia

do eleitorado independente que apoia Jair Bolsonaro, mas não vota na reeleição do senador. O apoio desse eleitorado viria por gravidade no vácuo da campanha bolsonarista liderada por Collor em Alagoas, sem contar os eleitores indecisos e os que não votariam em nenhum dos pré-candidatos apresentados até agora.

- Nos bastidores da 4Collor política especula-se que estaria costurando

o apoio do prefeito JHC e do deputado Arthur Lira, entusiasta da reeleição de Jair Bolsonaro. As conversas estariam bem avançadas, mas uma aliança nesse sentido só seria oficializada após as convenções partidárias. Até lá, vale a tese do salve-se quem puder.

Roberto Mendes

O procurador de Estado Roberto Mendes concorre à vaga de desembargador pelo quinto constitucional com chances de integrar a lista sêxtupla a ser analisada pelo Tribunal de Justiça. Advogado há 26 anos, Mendes tem visitado escritórios de advocacia da capital e do interior ouvindo os pleitos da categoria. Entre suas propostas está o acesso à advocacia e processo seletivo para escolha de sua assessoria, respeitando a paridade de gênero e quota racial.

Davino vai à luta

O deputado Davi Davino Filho diz estar levando a sério a sua candidatura ao Senado na chapa de Rodrigo Cunha ao governo. Disputará a única vaga de senador com Renan Filho e, possivelmente, com Fernando Collor, caso o senador não se candidate a governador além de outros concorrentes. Apesar de sua provada densidade eleitoral, sobretudo na capital, Davino Filho sabe que as chances de vitória são remotas, e sua candidatura só faz sentido se for para reforçar a campanha da mãe, Rose Davino, que deverá assumir a vaga do filho na Assembleia Legislativa. Na hipótese de Collor disputar o governo, a luta final pelo Senado será travada entre Davi e Renan, que não é nenhum Golias, mas pelas credenciais como governador deve vencer o jovem Davi. Diferente da luta bíblica, desta vez o filisteu alagoano levará a melhor.

Livro-bomba

A coletânea “Rasgando a Cortina de Silêncios”, organizada pelo professor e economista Elias Fragoso sobre a exploração do salgema em Alagoas, será lançada no próximo dia 21, às 19hs, no 3º piso do Park Shopping. A obra tem participação de José Geraldo Marques, Edson Bezerra, Abel Galindo, Cláudio Vieira e Isadora Padilha. Ainda em pré-venda, o livro já vendeu mais que qualquer outro lançamento literário em Alagoas e seus autores estão fechando com editora internacional uma segunda edição para os países de língua portuguesa e, em e-book, para o resto do mundo. Ufa! Nem tudo está perdido por estas bandas.

Toninho Lins

O ex-prefeito de Rio Largo, Toninho Lins, desistiu da pré-candidatura a deputado estadual pelo grupo do prefeito JHC para apoiar o governador-interino, Paulo Dantas, à reeleição. Cassado e condenado a 15 anos de prisão por improbidade administrativa, Toninho Lins logo ganhou liberdade provisória e virou pastor evangélico, mas continua inelegível para as eleições deste ano. Em abril último, a Corte Especial do STJ, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração em que o réu pedia a rediscussão da sentença condenatória. Com isso, Toninho Lins pode voltar à prisão para cumprir sua pena em regime fechado.

Fim de um sonho

Eleito prefeito em 2012, Toninho era promessa de uma nova liderança em meio ao naufrágio moral da elite política do estado à época. O jovem prefeito tinha tudo para despontar no cenário político, mas perdeu-se na ambição desmedida do enriquecimento fácil e enterrou sua carreira política antes mesmo de começar. Ao virar pregador, Toninho Lins busca expiar seus pecados terreno$ e dar algum sentido à vida, mas a credibilidade na política jamais será recuperada. Nem mesmo depois de pagar sua pena por apropriação de bens públicos, falsificação de documentos, fraude em licitações e outros crimes.

Golpe no TJ

O Tribunal de Justiça de Alagoas, pela primeira vez em sua história, vai mudar as regras do jogo na escolha do presidente da Corte só para atender interesses do ministro Humberto Martins. A eleição ocorrerá dia 5 de julho, mas o nome do próximo presidente será definido nessa segundafeira, 13, em reunião dos 17 desembargadores. Por tradição, o tribunal sempre escolheu o mais antigo no cargo, e este ano a vez seria do desembargador Paulo Lima, promovido em dezembro de 1979. Mas quem vai ser eleito é o desembargador Fernando Tourinho, que entrou em setembro de 1992 e é o candidato do ministro Humberto Martins, que também dá as ordens no TRE de Alagoas. Vale lembrar que a escolha do último desembargador do TJ – Ivan Vasconcelos Brito – foi uma imposição do ministro do STJ, que agora escolherá também o futuro presidente da Corte. Martins quer interferir inclusive nos atos administrativos do tribunal, colocando em saia justa boa parte dos desembargadores que têm rabo preso no CNJ e no STJ. Paulo Lima é um dos poucos magistrados alagoanos com ficha limpa e seu nome nunca foi envolvido em falcatruas. A única crítica que tem recebido dos próprios colegas é sua pouca aptidão para o trabalho do dia a dia. É a velha preguiça que o mundo jurídico chama de desídia. Mas nada disso justifica a submissão da Justiça alagoana a ordens externas.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Disputa pelo governo

A

possibilidade de o senador Fernando Collor disputar o governo nas próximas eleições de outubro tumultua o processo eleitoral, que já tem vários candidatos com reais chances de chegar ao Palácio República dos Palmares. Se antes parecia mais fácil uma reeleição

A hora é essa

Bem avaliado nas pesquisas de opinião se decidisse sair candidato ao governo, JHC quer formar um time que lhe dê sustentação política para os próximos embates, muito embora vá depender muito de sua administração à frente da Prefeitura de Maceió. Tirando o corpo fora, como por exemplo deixando para seus auxiliares informarem que Maceió iria ter as festas de São João, JHC não quis se indispor com o Ministério Público, que tem se posicionado contra a realização dos festejos juninos.

Alta temperatura

Depois da possibilidade de o senador Fernando Collor admitir disputar o governo de Alagoas, o meio de campo político embolou de vez. Embora com muito tempo para se definir alianças, o que pode mudar até o próximo mês de agosto, a provável chegada de Collor aumentou a temperatura da campanha política.

Pegando fogo

Collor, Rodrigo Cunha e Paulo Dantas são até agora os nomes mais fortes para disputar o Palácio República dos Palmares, embate que envolve todas as grandes forças políticas de Alagoas e até o presidente Jair Bolsonaro. Como se vê, a campanha está apenas começando e o caldeirão começou a ferver.

Frente de oposição

Com a candidatura do senador Rodrigo Cunha ao governo com apoio do próprio JHC e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, está formada a frente de oposição que brigará com a Família Calheiros sobre a hegemonia da política alagoana.

do governador Paulo Dantas com apoio de grande parte da Assembleia Legislativa, agora a situação se complica com a disposição do senador Fernando Collor de entrar na disputa eleitoral. Além dele, claro, Rodrigo Cunha e Rui Palmeira detêm uma boa fatia do eleitorado alagoano.

Dois é demais

Entre as argumentações do grupo oposicionista, dois representantes da Família Calheiros no Senado é demais e isso pode surtir efeito durante a campanha eleitoral que, discretamente, já começou nos bastidores.

Dificuldade

O governador Paulo Dantas, preveem analistas políticos, começará a ter problemas de caixa a partir do próximo mês de agosto. É tanto que já começou pedindo para a Assembleia Legislativa autorização para remanejamento de verbas do orçamento. Ou seja, o governo de Renan Filho teria raspado os cofres.

Derrapada

Não pegou bem para os deputados federais Marx Beltrão, Severino Pessoa e Pedro Vilela terem votado a favor do projeto de lei que permite bancos tomarem as casas dos seus devedores, mesmo que seja a única que possuam. A esperança é que o Senado barre a pretensão do Executivo.

Vitória da ACEA

Em uma iniciativa do vereador Eduardo Canuto, o prefeito JHC sancionou a lei que torna a Associação dos Cronistas Esportivos (ACEA) de utilidade pública. É um avanço para toda a categoria de cronistas esportivos, segundo o presidente da entidade, Ronaldo da Paz. Canuto é reconhecidamente um defensor permanente do esporte alagoano.

Confuso

Mesmo que muitas lideranças políticas tenham optado até agora pela candidatura de Rodrigo Cunha, a política, como se sabe, é muito dinâmica e o mundo dá muitas voltas, como diz o velho ditado.

Fervendo

O clima na Assembleia Legislativa nos últimos dias parece não ser tão tranquilo como aparenta ser. A briga de bastidores entre situação e oposição vem deixando o presidente Marcelo Victor, que já começou a administrar os conflitos, preocupado.

Bola da vez

A deputada Jó Pereira tem sido uma das vozes ouvidas na Assembleia Legislativa e forma, entre outras lideranças, o bloco de oposição para as próximas eleições para o governo do Estado, que tem Paulo Dantas candidato à reeleição.

Pra valer

Com as candidaturas praticamente postas ao governo, a batalha mesmo começa em julho próximo, passados os festejos juninos. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, prepara uma investida em defesa do seu candidato Rodrigo Cunha, que disputa o governo junto com o próprio Paulo Dantas, Rui Palmeira e agora Fernando Collor.

Disputa

A disputa para quem faz o melhor São João em Maceió passou a ser política. No bairro do Benedito Bentes, por exemplo, Estado e Município já armaram palanques um próximo do outro, imaginando-se quanto barulho as bandas produzirão para satisfação de uns e sofrimento de outros.

Sem somar

A história de que o deputado Pedro Vilela pode fazer uma aliança com o Palácio República dos Palmares está sendo encarada como fake news, muito embora as informações dão conta de que o senador Renan Calheiros trabalha para isso. Se Pedro Vilela irá reforçar o conjunto eleitoral do MDB, ninguém sabe, já que seus redutos eleitorais parecem estar um pouco enfraquecidos.

Preferência

Se depender de votos para a escolha dos candidatos ao quinto constitucional pela OAB, certamente os advogados Daniel Brabo e Fábio Ferrario sairão na frente. Pelo menos é o sentimento de alguns profissionais em contato com a coluna. Além deles, é claro, outros advogados se destacam na corrida por uma vaga no Tribunal de Justiça.


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Na terça Collor se reuniu em Maceió com empresários para articular apoios a seu nome e ao de Bolsonaro

Collor derruba exclusividade de Lira e Renan na eleição estadual Senador atrai bolsonaristas e busca apoio de empresários para reeleição do presidente

ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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anúncio oficial do senador Fernando Collor (PTB) na disputa ao governo, programado para o dia 14, sacode o cenário político local e retira das mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e do senador Renan Calheiros (MDB) o controle absoluto da polarização eleitoral. Isso porque Collor sempre se posicionou como candidato à reeleição, mas as pesquisas mostram o favoritismo quase total de Renan Filho para a vaga de senador. Na iminência de uma derrota, Collor altera a estratégia, se lança na disputa pela principal cadeira do Palácio da República dos Pal-

mares e transforma este ato em um acontecimento nacional, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL). Collor também atrai os insatisfeitos com Arthur Lira. O núcleo do Centrão está no Nordeste, dividido entre Lira e o senador Ciro Nogueira, do Piauí. Mesmo com o orçamento secreto e ministérios, os dois não entregam popularidade ao presidente da República na região e optam por atender aos próprios e paroquiais interesses. A rejeição de Bolsonaro no Nordeste se aproxima dos 70%. Há também prefeitos, vereadores, empresários e lideranças que não votam em Rodrigo Cunha (União Brasil), Rui Pal-

meira (PSD) e Paulo Dantas (MDB) para a chefia do Executivo. O senador abre brechas, tendo como argumento “o nome de Bolsonaro na eleição alagoana”. De fato, o presidente da República não tem palanque estadual. Rodrigo Cunha rejeita o mandachuva do Palácio do Planalto; Rui Palmeira tenta espaços entre os eleitores “nem Cunha nem Dantas”, enquanto o PSD nacional se ajusta ao campo mais lulista que nunca foi do ciclo ideológico de Palmeira. Paulo Dantas é o nome do ex-presidente Lula em Alagoas. A partir de sua escolha, Collor resolve dois problemas: tira a exclusividade do Centrão no bolsonarismo e amplia o palanque presidencial no Nordeste. A proposta fortalece o PL alagoano, resumido a pautas ultraconservadoras e difusor de teorias da conspiração. A legenda ganha novo destaque e anima fanáticos religiosos, antes com a expectativa quase concreta de derrota de Bolsonaro. Na busca por um vice, o vereador Leonardo Dias (PL) surge como nome mais provável. Seu eleitor é o da capital e é em Maceió que o senador registra maior rejeição. Collor agrega também parte do eleitor do prefeito de Maceió JHC (PSB) que é evangélico, cujas lideranças compram espaços nos meios de comunica-

ção da família Caldas e sempre garantiram votos a Jota. O senador se reuniu com o prefeito esta semana para anunciar sua decisão. Outro nome atraído para o palanque é o do vereador-delegado Fábio Costa (PP), apesar de estar filiado ao partido comandado por Arthur Lira, apoiador de Rodrigo Cunha na disputa estadual. Costa foi o vereador mais votado em Maceió nas eleições municipais. Seu lema estilo tropa de elite (bandido bom, bandido morto) tem muitos adeptos. Outro nome garantido nos apoios é o do deputado estadual Cabo Bebeto (PL), parlamentar estadual mais bem votado em Maceió. Ele disputa espaço com outros bolsonaristas sem mandato, maioria policiais, como Bebeto. Os pais do prefeito JHC, a suplente de senadora (hoje no exercício do cargo) Eudócia Caldas (PSB) e o candidato a deputado federal João Caldas (PSB) podem surgir como surpresas. A escolha de Collor resolve a estratégia fracassada de atacar Renan Filho, tática sem resultados desde 2018 quando desistiu de disputar o governo. Ao invés de enfraquecer Renan, Collor ampliou o raio de alcance dos Calheiros. Também reforça apoio financeiro do Governo Bolsonaro à Organização Arnon de Mello, em recuperação judicial e atolada em dívidas que chegam a R$ 390 milhões, 19 vezes o patrimônio declarado por Collor à Justiça eleitoral. Os prédios da TV Gazeta, afiliada da Rede Globo, e da Gazeta de Alagoas estão próximos de serem leiloados, faltando apenas definir a data, bastante adiada por decisões judiciais. Há também uma questão prática: a imunidade do cargo. Fora da política, o senador corre risco de prisão. Ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O processo tramita há 5 anos no Supremo e aguarda pedido do presidente Luiz Fux para entrar na pauta.


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Cunha reforça agenda para evitar debandada pró-Collor Senador pode perder apoio de Arthur Lira, pressionado por Jair Bolsonaro

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ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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senador Rodrigo Cunha (União Brasil) tem atuado como nunca para evitar o risco de debandada do seu palanque principalmente com o senador Fernando Collor (PTB) na disputa estadual. Na análise dos grupos do governador Paulo Dantas (MDB) e do ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) – ambos também disputando o governo – a entrada de Collor prejudica a candidatura de Cunha, um movimento também direcionado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). O entendimento é que Lira vai romper com Cunha até as convenções, também por pressão dos prefeitos que se recusam a apoiar o senador ao governo, e virar Collor. A posição do presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ser o fiel da balança. Em 2018, Lira apoiou Collor na disputa ao governo, o senador não cumpriu acordos e o deputado abandonou o palanque. Collor desistiu da corrida ao Executivo pouco tempo depois. Na prática, pequenos abalos vão sendo sentidos. O prefeito de São Sebastião, Zé Pacheco, pulou do palanque de Cunha para o do ex-presidente da República. Em 4 de junho, Pacheco era Rodrigo Cunha desde criança; no dia 6, colloriu. O prefeito de Limoeiro de Anadia, Marlan Ferreira, resiste em apoiar Cunha. O gestor divide fotos e sorrisos com Collor. Ferreira é um dos 44 prefeitos do grupo de

Rodrigo Cunha e Arthur Lira em evento em Satuba há um mês

Quem manda no União Brasil em Alagoas é Arthur Lira que não tem plano B para vice de Cunha: é Jó Pereira quem se comporta nesta posição. A parlamentar veste a roupa da oposição, cutuca o “governador-tampão” Paulo Dantas (MDB) e incomoda o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB). Arthur Lira. Também estão neste grupo Celino Rocha (Anadia) e Geraldo Cícero (Taquarana). Eles adiantaram para Lira que não votam no senador tucano. Renato Filho (Pilar) e Ceci Rocha (Atalaia) votam pela reeleição de Arthur Lira, mas estão

com o governador Paulo Dantas (MDB). Cunha conseguiu para si um prefeito calheirista: Bruno Feijó (Boca da Mata). Tem ainda JHC (Maceió) e, até o meio da semana, Luciano Barbosa (Arapiraca), insistentemente sondado pelos Calheiros. Nas redes sociais, Cunha intensifica os esforços para mostrar prefeitos e vereadores que aderiram ao projeto do seu grupo; nas entrevistas, procura acalmar os ânimos como a tentativa do senador Renan Calheiros (MDB) e do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) de afiarem os bigodes, levarem os tucanos para o ninho medebista, implodindo as chances da deputada Jó Pereira (PSDB) ser indicada como vice de Cunha. Para o senador, a parceria Calheiros e Vilela é fake news e blefe. Além de incoerente porque o ex-governador Renan Filho (MDB) sempre criticou o antecessor Téo Vilela. Não é isso o que acontece na

prática. Calheiros e Téo conversam sobre o futuro político do deputado federal Pedro Vilela (PSDB), com grandes chances de perder a reeleição. Dois espaços são discutidos: vice de Paulo Dantas ou suplente de senador de Renan Filho (MDB). Pedro é sobrinho de Téo. PSDB e Cidadania estão federados o que dificulta a interlocução entre tucanos e o União Brasil. O Cidadania, comandado por Regis Cavalcante, quer Jó Pereira disputando vaga de federal, o que pode eleger Regis, também postulante à Câmara. Quem manda no União Brasil em Alagoas é Arthur Lira que não tem plano B para vice de Cunha: é Jó Pereira quem se comporta nesta posição. A parlamentar veste a roupa da oposição, cutuca o “governador-tampão” Paulo Dantas (MDB) e incomoda o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB). É jogo sendo jogado. Entre os governistas, a orientação é que Paulo Dantas intensifique a agenda e guarde para mais adiante as respostas que deverão ser dadas ao grupo lirista, incluindo Rodrigo Cunha. Enquanto isso, o senador intensifica as atividades. Promete implantar, se for eleito governador, um programa que garante Carteira Nacional de Habilitação aos inscritos no Cadastro Único, ou seja, àqueles considerados na pobreza ou extrema pobreza. “Vamos isentar estas pessoas da taxa fazendo justiça social, garantindo condições de empregabilidade e ajudando a dinamizar nossa economia”, disse. Também presta contas das verbas que consegue, como senador, para cidades alagoanas. Em Olho d’Água das Flores, destinou R$ 1,3 milhão; R$ 287 mil para melhorias no mercado de carne de São Sebastião e R$ 68 mil para a implantação de pontos de internet Wi-Fi de acesso gratuito; R$ 600 mil para Coité do Nóia, sendo R$ 368 mil na aquisição de equipamentos para o desenvolvimento econômico, R$ 30 mil para instalação de pontos de internet Wi-Fi grátis e outros R$ 200 mil para ações de combate à pandemia da covid-19.


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ELEIÇÕES 2022

Renan Filho disputa vaga com Lessa e Davi Davino Filho Sem Collor, ex-governador é quase invencível na disputa ao Senado ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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ex-governador Renan Filho (MDB) será o próximo senador por Alagoas, salvo um acidente de percurso na política local. Todas as pesquisas mostram que ele estaria eleito e com ampla vantagem sobre Fernando Collor (PTB), que desistiu da reeleição e vai concorrer ao governo. Sobraram no páreo o vice-prefeito de Maceió Ronaldo Lessa (PDT) e o deputado estadual Davi Davino Filho (PP). Ambos estão no mesmo grupo, do presidente da Câmara Arthur Lira (PP), mas o lado ideológico é diferente. E os objetivos também. Lessa reúne o que sobrou da esquerda além da boa aceitação do eleitorado da capital alagoana ao seu nome. Davi Davino tem fiéis seguidores entre religiosos, em especial os evangélicos, e foi o terceiro mais votado nas eleições para a Prefeitura de Maceió em 2020. Aos 34 anos, está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa. Seu pai, Davi Davino, é vereador há 7 legislaturas e a família tem antepassados na política. A mãe, Rose, disputará cadeira de deputada estadual. É provável que o parlamentar esteja “estadualizando” seu nome para disputar, mais uma vez, a Prefeitura de Maceió em 2024 ou reúna apoios para ser prefeito de Porto de Pedras ou

Santa Luzia do Norte, onde foi o deputado mais votado em 2018. Seu principal mote é a saúde. Sua família preside a Funbrasil que funciona há 14 anos e é uma unidade de alta complexidade em oftalmologia. “O ex-governo foi de muito cimento e pouco sentimento com as pessoas. A saúde das propagandas é bem diferente da vida real. Os profissionais da saúde são os verdadeiros heróis. Conseguem fazer milagre com a estrutura que têm de verdade”, disse o parlamentar. Ele faz oposição aos Calheiros. O ex-governador Ronaldo Lessa busca mais espaço na administração municipal e no grupo político. Hoje o PDT tem a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer e a Superintendência Municipal de Energia e Iluminação Pública (Sima). Concorrer ao Senado é uma resposta a Arthur Lira, que descartou Lessa das composições, ao senador Rodrigo Cunha (União Brasil), que trocou Lessa pela deputada Jó Pereira (PSDB) nas discussões para vice ao governo, e à família Caldas para que o vice seja o escolhido na concorrência pela reeleição de JHC, em 2024. Aos 73 anos, Ronaldo Lessa completa 40 anos de vida pública. Começou como deputado estadual, eleito pelo MDB em 1982. Disputou o governo pela primeira vez em 1986 e ficou em terceiro. Em 1989 venceu para vereador da capital.

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Renan Filho com o pai e Marcelo Victor no dia em que deixou o governo

Davi Davino tem fiéis seguidores entre religiosos, em especial os evangélicos, e foi o terceiro mais votado nas eleições para a Prefeitura de Maceió em 2020. Aos 34 anos, está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa.

A reviravolta veio em 1992. No rastro do impeachment de Fernando Collor que desarticulou os apoiadores do então presidente da República em Alagoas, Lessa se elegeu em 1992 prefeito de Maceió e 7 anos depois ganhou o governo, derrotando o grupo de Divaldo Suruagy. Collor estaria no caminho de Lessa em 2002. O ex-presidente disputava sua segunda eleição pós -impeachment (a primeira foi para a Prefeitura de São Paulo) e perdeu. Quatro anos depois, ambos voltaram a se encontrar, em lados opostos e na disputa pelo Senado. Collor venceu em uma campanha que durou 28 dias. O ex-governador foi vitorioso

ao concorrer a deputado federal em 2014, mas perdeu ao tentar a reeleição. Foi lançado para a Prefeitura de Maceió em 2020, porém o PDT nacional vetou bancar a campanha de Lessa e orientou que o partido se aliasse ao PSB, do então deputado federal JHC. Lessa virou vice de Jota e a chapa foi vitoriosa. Já o favorito ao Senado é Renan Filho, com 42 anos e que começou a carreira na política em 2005 como prefeito de Murici. Em 2010 foi o deputado federal mais votado e venceu o governo em 2014. Renunciou em abril de 2022 por exigência da lei eleitoral, para disputar o Senado. Se vencer, repete o que aconteceu com José Sarney e Roseana Sarney, ambos senadores, mas por estados diferentes: Amapá e Maranhão. Os Calheiros devem ficar com duas das três vagas por Alagoas ao Senado. Em 2026, serão duas vagas abertas, uma delas de Renan Calheiros. Arthur Lira se prepara para vencer Renan ou conquistar a outra cadeira, hoje ocupada pela suplente no exercício do mandato Eudócia Caldas, mãe do prefeito JHC. Se Rodrigo Cunha vencer o governo, Eudócia fica definitivamente no Senado pelos próximos quatro anos “esquentando” a cadeira para Lira ou quem sabe para JHC, se nos seus planos estiverem voos maiores.


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BATALHA

CPLA INAUGURA PRIMEIRA FÁBRICA DE LEITE DA PECUÁRIA FAMILIAR

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município de Batalha volta ao topo do cenário econômico de Alagoas não apenas como o maior produtor de leite, mas como ponto de partida para a revitalização da Bacia Leiteira no estado. O fato que marca essa histórica retomada do setor é o funcionamento da unidade da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), empreendimento inaugurado na última segunda-feira, 6, e que vai beneficiar, aproximadamente, cinco mil produtores da pecuária familiar e cooperativas de atividadesbase no Sertão e Zona da Mata. A fábrica ressurge, após 12 anos inativa, com uma proposta grandiosa de desenvolver socialmente os produtores de leite, escoar a

produção e efetivar a produção de qualidade e em grande escala dos produtos lácteos. Segundo Aldemar Monteiro, presidente da CPLA, o empreendimento concluído implica um investimento de R$ 60 milhões, sendo que R$35 milhões já foram empregados. No

parque industrial, projetado para suprir um grande aumento da demanda, a própria CPLA investiu R$ 5 milhões. A inauguração da fábrica ou Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL) marcou o início da produção de leite ensacado, leite em


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Unidade é ponto de partida para revitalização da Bacia Leiteira de Alagoas, beneficiando cinco mil produtores

pó, manteiga, bebida láctea, queijo, achocolatado e outros produtos que virão paulatinamente, em diferentes fases de abertura. O governador Paulo Dantas, que no passado foi presidente da antiga Fábrica Camila, acionou o botão para começar o processo produtivo. “Quis o destino que, justamente um governador batalhense, tivesse o prazer de reabrir esta fábrica que vai ofertar um novo horizonte para os associados da CPLA, que adquiriu em suas instalações o que há de mais moderno em tecnologia para torná-la, em breve espaço de tempo, uma das maiores do Nordeste”, disse em discurso. O antigo parque industrial da Camila, que encerrou as atividades em 2009, foi arrematado em leilão pelos cooperados da

CPLA. Há treze anos os produtores encaram desafios para transformar o espaço numa indústria competitiva. Nesta primeira etapa, a unidade vai produzir leite pasteurizado, creme de leite, manteiga, iogurte e bebidas lácteas. Dentro de dois meses, entra na linha de produção o leite em pó e o leite condensado. A UBL começa com capacidade de processar 100 mil litros de leite pasteurizado e 35 mil litros de iogurte, bebidas lácteas, leite fermentado, além de 40 toneladas de manteiga por mês. “A UBL será a redenção da Bacia Leiteira, graças ao apoio que a CPLA recebeu do governo do Estado com os aportes e contrapartidas para que o sonho se tornasse possível”, avaliou Aldemar.

A cadeia produtiva do leite é a principal atividade econômica em 20 municípios alagoanos. Segundo o presidente da CPLA, a parceria com o governo ajudará a “aquecer não apenas o mercado de leite, mas vai promover também a geração de emprego no estado”. O chão da fábrica abre, inicialmente, 60 empregos diretos e pode dobrar esse quantitativo.


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CRIME DE MANDO Tobias Granja discursa no julgamento do cabo Henrique

Assassinato de Tobias Granja completa 40 anos Jornalista e advogado tombou no cumprimento do exercício profissional durante a guerra Omena x Calheiros MARIA SALÉSIA Fotos: portal História de Alagoas

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m um final de tarde do sábado 15 de junho de 1982, o jornalista e advogado Francisco Guilherme Tobias Granja tombava com um tiro na nuca, quando saia de seu escritório de advocacia na Rua Ladislau Neto, Centro de Maceió. Dono do ambiente, mestre da frase e da fala, profissional respeitado em Alagoas e nacionalmente, Tobias não matou ninguém, não tinha intenção contra ninguém. Tobias tombou no exercício da profissão por combater o crime organizado, por clamar por justiça, por ser uma mente brilhante, por lutar contra a prepotência de famílias que tinham o poder de mando e desmando. E assim, há

40 anos, os assassinos Napoleão José da Silva e Manoel Pedro dos Santos (Nezinho), a mando do empresário Dagoberto Calheiros, calaram, aos 37 anos, um grande homem, uma vida em formação. O crime foi encomendado porque a vítima, que tinha chegado recentemente do Rio de Janeiro, ingressou no processo de defesa do ex-cabo da PM, José Henrique da Silva (o cabo Henrique) e de seus irmãos que estavam envolvidos em conflito sangrento com integrantes da Família Calheiros. Com oratória brilhante e competência, o então advogado Tobias Granja se destacou durante o julgamento do cabo Henrique, que foi absolvido pela morte de Ernesto Calheiros. A partir daí, Granja acendeu a fúria daqueles

que passaram a ser seus inimigos pessoais a ponto de lhe tirarem a vida em uma emboscada. A morte de Tobias Granja não foi em vão. A partir daquela tragédia sangrenta a reação se generalizou. A sociedade indignada clamava por justiça. A imprensa local e nacional cobrava respostas. A cruzada jornalística e a pressão da Ordem dos Advogados do Brasil foram fundamentais para a elucidação do que poderia ser mais um crime impune. Passaram a ser denunciados o clima de insegurança e a pistolagem institucionalizada. As cobranças surtiram efeito e menos de um mês após o assassinato, os envolvidos foram denunciados como autores do homicídio qualificado. Ainda com voz embargada, apesar de quatro décadas depois, o juiz aposentado Diogénes Tenório, então advogado de defesa dos Omenas, relembra de quando Tobias Granja entrou no caso. Com o afastamento do outro advogado

Fernando Tourinho, se juntaram a ele Freitas Neto e Hermes Brandão. Tempos depois, ao chegar do Rio de Janeiro, Granja ingressou no processo. Mas foi naquele julgamento, no antigo Tribunal Júri da Rua Senador Mendonça, que Tobias Granja usou toda sua eloquência a ponto de comover júri e centenas de pessoas que se aglomeravam pedindo Justiça. “Foi um misto de competência e audácia naquele tribunal. O problema envolveu família, morte, travou-se uma guerra entre familiares e advogados”, revela Tenório. Diante de tanta atrocidade, a sociedade alagoana pedia paz, não podia mais viver tão amedrontada por uma família que mostrava todo seu poder deixando rastro de sangue, cobrava do Estado. Muitos viam no cabo Henrique a sua voz. Diógenes Tenório diz que Tobias não merecia uma morte tão sinistra. E se angustia ao dizer que não foi fácil ter o amigo atuando como assistente de acusação e pouco tempo depois se juntar aos advogados Nabor Bulhões e Diógenes Tavares para pedir justiça por ele. “A recordação é angustiante. Embora a atuação da OAB, junto à força da imprensa, tenha sido fundamental na condução do processo, foi preciso morrer muita gente. A lição foi dolorosa para familiares e sociedade. Uma demonstração de que o crime não compensa”, afirmou Tenório. E acrescentou que tanto os Omena, quanto os Calheiros sofreram. Houve morte dos dois lados. E naquela batalha sangrenta, quem não foi embora de Alagoas, morreu. Quem ficou e não morreu, foi pura sorte. Os assassinos de Tobias Granja tiveram penas diferentes. Dagoberto foi condenado a 13 anos de prisão – embora sempre tenha negado qualquer participação –, Nezinho a 16 anos e Napoleão a 18. Quanto ao “mito Henrique” existem algumas versões. Há quem diga que ele foi embora do estado e faleceu de morte natural nos anos de 1990. Outros, que foi morto em 1987, no Mato Grosso, quando tentava negociar com garimpeiros inconformados com a proibição da exploração de minério.


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O POLÍTICO TOBIAS GRANJA Natural de Palmeira dos Índios, Alagoas, Tobias Granja, logo após o golpe militar de 1964, foi tentar a sorte no Rio de Janeiro. Em 1966, aos 21 anos, voltou a Alagoas para lançar-se candidato a deputado estadual pelo MDB. Não conseguiu se eleger, mas teve boa votação. De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou em alguns importantes veículos de comunicação como O Jornal, as revistas Manchete e Cruzeiro. Em 1967 iniciou o curso de Direito na capital fluminense. Em 1974 foi candidato a deputado federal, pela Arena, sem sucesso nas urnas. Em Alagoas, tinha coluna no Jornal de Alagoas e foi assessor do governo Suruagy. Quando morreu, era candidato a deputado estadual pelo MDB. A guerra entre os Calheiros e os Omena começou em 1978 com mortes de ambos os lados. O cabo Henrique teve seu pai (Silvino Henrique da Silva) assassinado

por Ernesto Calheiros em uma propriedade na cidade do Pilar e a partir daí começou a sede de vingança e o derramamento de sangue. Horas depois do crime, cabo Henrique assassinou Ernesto que estava em sua camionete, em um bar no Trapiche da Barra. Reza a lenda que neste dia o ex-cabo se escondeu em uma funerária próxima ao arcebispado, no Centro de Maceió. Assistia dentro de um caixão o vai e vem da polícia que estava a sua caça. Só se entregou a um coronel de sua confiança que o levou para o quartel. Tempos depois, “fugiu” de lá com ajuda de uma corda improvisada. Em 1º de junho de 1981 o fazendeiro Paulo Calheiros foi assassinado, no centro de Maceió, por Ailton da Silva, irmão do cabo Henrique. Na manhã seguinte ao crime, Ailton foi metralhado, também em Maceió. Em 1º de janeiro de 1984, o segundo irmão do cabo Henrique (Evanildo Omena da Silva) foi assassinado dentro do posto da Polícia Rodoviária Federal, em Maceió. Quando o

Diógenes Tenório integrou júri dos assassinos de Tobias

advogado Tobias Granja foi assassinado, o cabo Henrique não esperou pela Justiça. Fez justiça com as próprias mãos. Vingou a morte de seu advogado menos de um mês da morte de Granja. No

Destino do cabo Henrique ainda hoje é uma incógnita

dia 13 de julho de 1982, o tenente Cavalcanti Lins (da família Calheiros) foi morto dentro de seu fusca na Praça Montepio, a poucos metros do quartel-geral da Polícia Militar.


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CASO PINHEIRO

Laudos contra Braskem serão bancados pela própria mineradora Advogado aponta conflito de interesses em resolução do MPF

ASCOM MPF

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

U

ma resolução do Ministério Público Federal (MPF) a respeito da desocupação das áreas de risco afetadas pela mineração da Braskem tem causado revolta entre moradores e polêmica com entidades. O documento, publicado na primeira semana de junho, traz elementos adicionais quanto à (re)adequação no valor das propostas de indenização apresentadas aos afetados no âmbito do Programa de Compensação Financeira (PCF). Segundo resolução, que teve a participação da Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) e a Defensoria Pública do Estado (DPE), nos casos em que o atingido apresentar uma avaliação particular do imóvel e houver divergência superior a 20% entre esta e o valor constante na proposta da Braskem, ele poderá solicitar parecer técnico a ser elaborado por uma das empresas contratadas. No trâmite serão analisados os elementos objetivos em ambos os documentos – particular e da Braskem – e o atingido terá ciência do resultado. Sendo apontados dados que indiquem a necessidade de ajuste na proposta já ofertada, uma outra será apresentada pela Braskem, não podendo ser em valor inferior à anterior. Para o advogado Alexandre Sampaio, que representa movimentos de moradores e de empresários das áreas atingidas, a resolução do MPF vem de modo tardio,

MPF e Defesa Civil disutem em reunião efeitos das chuvas na região

Trecho da resolução que está sendo questionado comprometida e viciada. “Tardio porque já se passaram dois anos e meio e onze mil imóveis já foram indenizados, a maioria de famílias reclamando de valores irrisórios. E viciada porque quem vai contratar a empresa independente é a Braskem”, destacou. A crítica faz referência ao trecho da resolução 25 que “garante que os custos serão integralmente suportados pela Braskem, assegurando ainda que a Braskem não terá gestão técnica ou operacional sobre a empresa, prevendo a sua total independência”. “Como é que você entrega

para empresa que cometeu um crime a possibilidade de corrigir os valores apresentados a partir de um terceiro laudo?”, questiona o advogado em vídeo que circula nas redes sociais. Ele ainda ressaltou: “Esses motivos mostram mais uma vez o MPF fazendo o jogo da mineradora e, não das vítimas”. Ainda conforme Sampaio, o MPF teria ignorado outro conflito: a falta de critérios objetivos sobre o processo de indenização dos negócios, empresas e empreendedores. “Até agora, apesar da nossa associação há mais de um ano ter protocolado um pedido

de autocomposição e também critérios objetivos para que ajudasse mediar os conflitos com a Braskem, o MPF não fez nada. Tem 4.500 empresas nos bairros afetados e só 2 mil foram indenizadas. As outras fecharam, saíram e não estão aceitando as indenizações da Braskem que faz o que quer com a omissão dos órgãos de controle”, pontuou. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil em Alagoas (CAU-AL) também foi às redes sociais se pronunciar quanto à resolução do MPF. Fernando Cavalcanti, presidente da entidade no estado, informou que o CAU não foi consultado pela resolução do MPF ou de qualquer documento. Disse ainda que o CAU não foi participante e não é indicador de empresas para elaborar laudos para Braskem. No mês de maio, representantes do conselho nacional vieram a Maceió para o seminário do Caso Braskem. Em nota publicada no site do conselho, o CAU comparou a desocupação dos bairros como um cenário de horror e de cidade fantasma questionando qual será o destino dessa grande área que vai estar nas mãos da Braskem, uma vez que a petroquímica tem adquirido os imóveis. “É fundamental que exista um certo equilíbrio entre as extrações minerais e o ambiente natural do planeta. Assim como espera-se que a arquitetura tenha intrinsecamente relações harmônicas com o meio ambiente natural e a paisagem, é necessário que a mineração esteja situada em locais apropriados sem acarretar riscos para a população e danos massivos para os ecossistemas”, destacou o conselho em nota.


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CASO PINHEIRO DESPEJO

Em março do ano passado, a comunidade do Pinheiro questionou a nomeação do presidente do SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, como coordenador adjunto na Defesa Civil Municipal. Vasconcelos atuou como ativista contra a Braskem em busca dos direitos dos prejudicados pela mineração. No entanto, hoje sua assinatura aparece em ordens de despejo de famílias que ainda resistem e residem na região. O EXTRA recebeu cópia da notificação para saída de um dos imóveis reocupados emitida pela Prefeitura. O advertido em questão seria um morador que não teria como se manter com a ajuda de custo oferecida pela petroquímica. Ronaldo Ferreiro Barbos, morador do Bebedouro, tem até o dia 13, segunda-feira, para deixar a residência. Localizado em área crítica, o imóvel já foi tamponado pela Braskem. Caso Barbos não saia do local até às 18h do dia 13, a polícia será acionada para a remoção dos ocupantes. A notificação é assinada pelo coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil, Abelardo Pedro Nobre Júnior, e por Geraldo Vasconcelos. Questionado sobre as críticas que tem recebido, Vasconcelos afirmou que foi contratado pela Prefeitura justamente por ter sentido na pele o drama do Caso Pinheiro, sendo assim, teria sensibilidade para lidar com ordens de despejo, além de trabalhar com a conscientização no local quanto a acordos. Disse ainda que existem onze deslocamentos (despejos) que foram permitidos a partir de decisão judicial. “Temos que cumprir. Algumas pessoas já receberam o auxílio, mas voltam à área de risco. Sempre vou até eles e explico a situação. Tento fazer da forma mais harmoniosa possível”, frisou. O MPF afirmou que não iria comentar o questionamento, mas destacou que a resolução não é do órgão apenas, mas de todas as instituições que a assinam, o que inclui o MP Estadual e as Defensorias Públicas da União e do Estado e a Braskem.

Notificação dá prazo até a próxima segunda-feira para que morador deixe o imóvel

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BARRA DE SÃO MIGUEL

Moradores vão ao Ministério Público contra Equatorial após queda de poste

REPRODUÇÃO/TV PAJUÇARA

Luiz Davi está com paralisia cerebral: abaixo o poste que caiu

Estrutura ficou quase uma semana inclinada até cair durante a madrugada da segunda-feira BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

A

Equatorial Energia pode mais uma vez ser acionada pelo Ministério Público de Alagoas a prestar esclarecimentos sobre problemas estruturais em seus serviços que poderiam ter causado acidentes fatais. Desta vez, moradores do Loteamento Barra Mar II, no município de Barra de São Miguel, pretendem acionar a empresa por meio do órgão fiscalizador após um poste cair e levar consigo outros dois, depois de vários avisos da população sobre o perigo. A estrutura instalada próximo ao posto de combustível Elite, na AL-101 Sul, estava ameaçando cair desde o dia 31 de maio, quando os moradores acionaram a empresa para que o problema fosse resolvido e evitar que um acidente até fatal pudesse acontecer, mas segundo os moradores nada foi feito. “Dia 31 eu avisei que o poste da foto poderia cair a qualquer momento. A resposta é que iriam ver, mas não tomaram providências [...] Depois pediram para os moradores fazer protocolo (25095725) e mesmo assim não foi resolvido”, explica Valtenor Leôncio, presidente da Associação de Moradores do loteamento. O poste caiu e derrubou outros dois na madrugada do dia 6 para o dia 7, e só então a empresa, segundo os moradores, compareceu

ao local. “Ficamos quase 24 horas sem energia para que pudessem trocar os postes, mas o problema foi detectado e avisado a eles uma semana antes. Só não morreu gente porque foi durante a madrugada e não tinha quase ninguém passando”, afirma Leôncio. Além da passagem de veículos pela rodovia estadual, próximo à estrutura também transitam pedestres que se deslocam para o trabalho, moradores a caminho de mercados e até turistas em direção às pousadas da região. “Acredito que até a próxima semana vamos acionar o Ministério Público pois muita gente teve prejuízo mesmo depois dos avisos [...]. Eles pedem para o morador entrar com processo caso tenha perdido eletrodomésticos, mas eles [Equatorial] deixam anos na gaveta até que a gente consiga algo”, completa o líder comunitário. Procurada, a Equatorial Alagoas informou ao EXTRA que uma equipe técnica esteve no local no último sábado, 4, para executar o serviço, mas que devido às fortes chuvas e o alagamento na localidade, não foi possível realizar os trabalhos. “A Distribuidora lamenta os transtornos e reforça que equipes técnicas retornaram ao local na última segunda-feira, 6, realizaram a recomposição da rede danificada e normalizou o fornecimento de energia para os clientes que foram afetados pela ocorrência”, informou por meio de nota.

HISTÓRICO DE ACIDENTES

Em menos de um ano, pelo menos duas crianças foram vítimas fatais de acidentes ocasionados por supostas falhas na estrutura da empresa. Em janeiro deste ano a Polícia Civil concluiu o inquérito e responsabilizou a Equatorial Energia pela morte de Janice Santos de Vasconcelos, de 13 anos, eletrocutada na praia da Sereia, Litoral Norte de Maceió, em agosto de 2021. O inquérito segue em tramitação no Ministério Público de Alagoas. No dia 29 de janeiro, outra criança morreu eletrocutada após pisar em um fio de poste que estava caído no chão no bairro de Riacho Doce, em Maceió. Lucas Antônio de Jesus, de 8 anos, chegou a ser socorrido por uma equipe da própria empresa, que estava na mesma rua para fazer um reparo em uma residência, mas não resistiu. Também em janeiro, no dia

23, um menino de 10 anos foi eletrocutado na Praça dos Martírios, em Maceió, após tocar em um poste da praça. À época, a Equatorial Energia informou que o poste não é de responsabilidade da companhia elétrica, mas a justificativa não impediu o juiz Antônio Emanuel Dória Ferreira, da 14ª Vara Cível da Capital, de determinar no mês seguinte o pagamento de indenização à família por parte da empresa, algo que não foi cumprido. Por descumprir a decisão, o Ministério Público do Estado (MP -AL) se manifestou favorável ao bloqueio das contas da empresa por descumprimento. Desde o acidente, o menino Luiz Davi Dias dos Santos vive em uma cama por ter desenvolvido paralisia cerebral e sua mãe não consegue mais trabalhar. A Equatorial informou, por meio de nota, que tomou conhecimento do processo judicial e da decisão liminar proferida e que está exercendo o seu direito de recurso. A empresa disse ainda, que, conforme informado à época, a estrutura não é de responsabilidade da distribuidora.

PESCADORES PERDEM MERCADORIA

Moradores do povoado Lagoa Azeda chegaram a fechar na tarde de terça-feira, 7, a AL-101 Sul em protesto pela falta de energia que já durava três dias depois que um coqueiro caiu sobre a fiação. A Equatorial chegou a ser acionada, mas devido à instabilidade do solo e da chuva, segundo afirmou, não realizou o reparo da fiação. A população em sua maioria de pescadores que precisavam da energia elétrica para manter os peixes congelados perdeu a mercadoria.


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CIDADE DE TODOS NÓS

Melhoria da iluminação pública muda realidade de comunidades em Maceió Localidade no Santos Dumont vive novos dias com trabalho da Sima ASSESSORIA

FOTOS DE GABRIEL MOREIRA

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uem passa à noite no Loteamento Caribe III, no bairro Santos Dumont, parte alta de Maceió, dificilmente vai saber que a comunidade já foi conhecida pelo breu noturno e que, por anos, os moradores denunciaram descaso da Prefeitura por conta da iluminação. A triste realidade, felizmente, ficou no passado. O Loteamento Caribe III teve toda a estrutura de iluminação ampliada e requalificada para a tecnologia em LED pela Superintendência Municipal de Iluminação Pública (Sima), ação que beneficiou as mais de 400 famílias que moram na comunidade. Moradora da comunidade, Juliana Marques dos Santos conta que a melhoria da iluminação pôs fim a uma onda de assaltos na região. “Antes a iluminação aqui era muito precária e a gente não tinha sequer coragem de ficar na porta conversando ou de deixar as crianças brincando à noite”, lembra dona Juliana. A mudança no Caribe III foi possibilitada após um estudo luminotécnico e posterior implantação de aproximadamente 100 luminárias em LED, informou o superintendente de Iluminação Pública de Maceió, João Folha. “Foi um dos nossos primeiros trabalhos, uma forma de reparar os anos de negligência nas gestões anteriores. Nós entendemos que iluminação pública é fundamental para a segurança, para o lazer e bem -estar do cidadão. E, conforme orientação do prefeito JHC, estamos trabalhando para levar esse serviço para o máximo de

maceioenses e focando, sobretudo, na parcela da população que mais precisa”, pontuou João Folha. Na Grota do Andraújo, em Garça Torta, a situação era semelhante e os moradores não tinham muito do que se orgulhar à noite. Os dias de reclamação, no entanto, já não existem, depois que a comunidade recebeu 182 luminárias em LED. “Mudou completamente a nossa rotina, a dinâmica das nossas moradas. Antes, sem iluminação, não existiam opções de lazer no período noturno, não tínhamos boa visibilidade e era arriscado até manter os estabelecimentos abertos, mas agora está diferente e para melhor”, assegura Patrícia Costa, que tem uma mercearia na comunidade.


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CRIA

BATALHA RECEBE INVESTIMENTOS DO INAUGURA CRECHE-MODELO EM EDUC Programa busca universalizar a educação e levar Alagoas a uma das maiores coberturas educacionais na primeira infância

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clima no mês de junho colocou à prova as aptidões dos gestores públicos para adoção de medidas urgentes de assistência às vítimas das chuvas torrenciais em Alagoas. Programas instituídos pelos governos foram reforçados para garantir suporte à proteção social nos municípios. O Programa Criança Alagoana (CRIA), coordenado pela primeira-dama Marina Dantas e que foi realinhado no mês de maio para ter maior abrangência, está desempenhando neste momento crítico um papel essencial para famílias em situação de vulnerabilidade com a busca ativa para ampliar o número de assistidos. As obras para implantação de creches também começam a ser aceleradas. No município de Batalha, Sertão alagoano, o programa que envolve as pastas da Assistência

Social e Educação, entregou a Creche CRIA Antonielle Soares para atender a 200 crianças entre 0 e 3 anos de idade. Foram investidos na unidade R$ 4,5 milhões de recursos próprios do governo. Porém, o programa conta com a construção simultânea de 80 creches, um investimento de R$ 350 milhões. Segundo o governador Paulo Dantas, cinco creches-modelo já foram entregues no estado

e até o final da execução do programa, que prevê 200 unidades, mais de R$ 805 milhões serão injetados. Além das creches, o CRIA inclui um programa de transferência de renda, através do Cartão CRIA, que atende a cerca de 130 mil beneficiárias em todo o Estado com uma ajuda de custo no valor de R$ 150. Em Batalha, a inauguração da Creche Cria foi acompanhada por outras entregas, como


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S DO CRIANÇA ALAGOANA E DUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL

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dois caminhões (pipa e compactador de lixo) para o município, além de equipamentos e ambientação com a identidade do CRIA nas Centrais de Parto Normal. “Isso vai significar boas práticas obstétricas e neonatais para o atendimento humanizado, o que beneficiará não só a população de Batalha, mas também os municípios aqui do entorno”, explicou o governador. A programação incluiu a realização do Arena CRIA para um público estimado em três mil pessoas. O evento reúne diversas ações e prestação de serviços. A Prefeitura de Batalha entregou kits enxoval para gestantes. “Este é um programa maravilhoso que cuida das pessoas, e nós daremos continuidade, porque este governo vai continuar cuidando da nossa gente, sobretudo os que mais precisam dos serviços do Estado”, destacou Marina Dantas. A Arena CRIA é um espaço destinado à população mais vulnerável, mediante a oferta de serviços comunitários. Em articulação com outros órgãos estaduais, a Arena ofertou emissão de 1ª e 2ª vias de RG, consulta e emissão de 2ª via de CPF, consulta de Certidão de Nada Consta, emissão de Carteira de Trabalho e consultorias de dívida trabalhista, entre outros serviços.

CAMPUS IFAL Também na Arena, o governador Paulo Dantas e a secretária de Estado da Educação, professora Roseane Vasconcelos, assinaram o convênio para repasse de recursos para construção da nova sede do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) Campus Batalha. O evento contou com a presença do diretor do Instituto Tecnológico de Alagoas, Carlos Guedes de Lacerda, que foi comunicado do início imediato das obras do campus no município de Batalha, com aporte de R$ 5 milhões. A nova sede do Ifal contará com 12 salas de aula, 2 laboratórios de informática, auditório, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de vivência, quadra poliesportiva coberta e laboratórios especiais, beneficiando cerca de 500 alunos batalhenses e de municípios vizinhos. Todos os eventos foram realizados na última segunda-feira,6, com a participação de secretários de Estado e do Município, além de convidados, como o ex-governador Renan Filho.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

ela começa a apresentar irritação, falta de concentração, desânimo e sensação de fracasso.

Pode causar ... II

A síndrome pode deprimir e matar

V

ocê pode estar sofrendo e não sabe. É uma das síndromes mais comuns da atualidade. Pois é, estou falando da Síndrome de Burnout. Estima-se que no Brasil cerca 30% dos profissionais são atingidos com a Síndrome de Burnout. Não deixe que a síndrome fique aguda, aos primeiros sinais, procure ajuda de um psicólogo. A tese que defendi na faculdade de psicologia, para conclusão de curso, foi exatamente o sofrimento no trabalho. Título: PSICANÁLISE E O SOFRIMENTO NO TRABALHO: INTERFACES. Aqui, um resumo da SÍNDROME DE BURNOUT, já informando que existe tratamento adequado para a síndrome. Mais de um... Quem hoje em dia tem apenas um emprego? Quase ninguém. Ter dois ou três empregos tem levado muita gente a entrar num processo de sofrimento devido ao excesso de atividade, de trabalho, certo? Mas a síndrome não surge porque a pessoa tem mais de um emprego. Se em apenas um emprego há muito trabalho a fazer, metas a cumprir, a síndrome também pode se instalar. Qualquer pessoa pode ter tido, num momento da vida, uma experiência de exagerar nas tarefas, querer fazer muito, fazer tudo; seja em casa ou numa empresa, o que é extremamente natural. O problema começa a surgir quando há um exagero, ou seja, trabalhar, trabalhar e apenas trabalhar, esquecendo-se de fazer outras atividades prazerosas. Quando isso acontece pode estar sendo instalada a SÍNDROME DE BURNOUT, que é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de ESGOTAMENTO FÍSICO E MENTAL INTENSO. Seria um estado de esgotamento físico e mental, cuja causa está ligada à vida profissional da pessoa, um exagero em trabalhar. Várias são as consequências nefastas, comportamentais e físicas.

Pode causar...

Quando a síndrome está instalada pode causar: cansaço intenso, isto é, falta absoluta de energia, esgotamento físico. Justamente na pessoa que tinha tanta energia, chega um momento que ela começa a não ter mais vontade de trabalhar. A pessoa que era considerada competente, se tornou “negligente”, “desleixada” e “incompetente”. O resultado é que

Estresse intenso, sudorese, taquicardia, insônia, irritabilidade, entre outros sintomas orgânicos e também sintomas comportamentais: sensação de incompetência, frustração, culpa (por não ter feito tudo que era para fazer) E COMEÇA A TER BAIXA AUTOESTIMA, sem a percepção do que realmente está acontecendo. Ou seja, inconscientemente.

Pode causar ... III

A pessoa pode apresentar: incapacidade, o que pode provocar absenteísmo (afastamento do trabalho) e também presenteísmo (está no local, mas com a mente fora, pensando noutras coisas), sem concentração.

Pode causar ... IV

Quem tem atividade intelectual pode reduzir, drasticamente, a quantidade de serviço que produzia. Quem executa atividade braçal pode levar a acidentes, principalmente quem trabalha com máquinas. Nos dois casos a redução do trabalho é uma consequência devido o desgaste mental ou físico. É preciso que haja o diagnóstico correto, que nem sempre é preciso. Muitas vezes confunde-se com depressão.

Pode causar ... V

Também pode leva-la a ter pensamentos de incompetência e ideação suicida. Daí a importância de se SUBMETER A UMA PSICOTERAPIA para descobrir a origem dos sintomas. Será que é excesso de trabalho ou muita pressão da empresa para se atingir metas, que muitas vezes, são inatingíveis?

Pode causar ... VI

Na parte física a pessoa pode apresentar: fraqueza, dores de cabeça, náuseas, alergias, queda de cabelo, insônia, gripes constantes, falta de memória e diminuição do desejo sexual. Na parte emocional PODE APRESENTAR, TAMBÉM, DESESPERANÇA, SOLIDÃO, RAIVA, IRRITABILIDADE, BAIXA AUTOESTIMA

...nem um dia... Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida. (Confúcio) E DEPRESSÃO.

Origem

Geralmente, as pessoas que sofrem da SÍNDROME DE BURNOUT apresentam-se como perfeccionistas, ou querem o sucesso exageradamente, ou seja, não medem esforços para atingi-lo. São pessoas com baixa autoestima e controladoras. A pessoa com a SÍNDROME DE BURNOUT influencia as pessoas que trabalham com ela a ter os mesmos comportamentos (trabalho exagerado). Essas pessoas são muito cobradas. Elas também têm necessidade, exagerada, de controlar as situações, além de dificuldade para tolerar frustração, delegar tarefas e trabalhar em grupo.

Atinge mais ...

A síndrome pode atingir qualquer atividade laboral, inclusive aquelas em que se determinam metas para cumprir (vendedores); mas ocorre mais entre os ENFERMEIROS (E TAMBÉM TÉCNICOS DE ENFERMAGEM), PSICÓLOGOS, PROFESSORES, POLICIAIS, BOMBEIROS, CARCEREIROS, OFICIAIS DE JUSTIÇA, ASSISTENTES SOCIAIS, ATENDENTES DE TELEMARKETING, BANCÁRIOS, ADVOGADOS, EXECUTIVOS, ARQUITETOS E JORNALISTAS.

Tratamento

A síndrome é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e é caracterizada como doença ocupacional. A DOENÇA É CONFUNDIDA, MUITAS VEZES, COM DEPRESSÃO, O QUE DIFICULTA O DIAGNÓSTICO E O PRÓPRIO TRATAMENTO. Daí a importância de se submeter a um processo psicoterápico para descobrir a real origem. Dependendo da intensidade, a prescrição de medicamento por um psiquiatra é necessária.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - “A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. (Voltaire)

Rodrigo atingi-

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PSDB confirmou, esta semana que o partido deve apoiar a candidatura presidencial da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Desde a retirada da candidatura do ex-governador de São Paulo João Doria especulava-se que o partido poderia lançar outro nome e sair da terceira via – o grupo é formado pelo PSDB, Cidadania e MDB. O anúncio oficial do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, foi feito na quinta-feira. O anúncio vai causar repercussão e interferir bastante na política de Alagoas, mexendo nas candidaturas majoritárias. Se houver alinhamento local com a decisão nacional, o que é muito provável, o grande prejudicado será o candidato Rodrigo Cunha, que sofrerá danos irreparáveis em sua base de apoio. No entanto, novos e emocionantes capítulos ainda estão por vir.

Deus ainda é brasileiro

O secretário George Santoro comemorou, com toda razão, um importante acontecimento esta semana, que certamente trará grande visibilidade para o estado. O governo fechou contrato de patrocínio para a realização do filme “Deus ainda é brasileiro”, no valor de R$ 6 milhões. Dirigida pelo imortal da Academia Brasileira de Letras, o alagoano Cacá Diegues, a continuação de “Deus é Brasileiro” (2003) será estrelada por Antônio Fagundes e será gravado totalmente em Alagoas e contará com a equipe na sua maioria daqui mesmo do estado. Por recomendação expressa do governador Paulo Dantas, Santoro foi o responsável por costurar a concretização do importante apoio, inclusive indo buscar no empresariado reforço para que o filme pudesse ser rodado em Alagoas.

Moro, além de queda, coice

O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro está impedido de disputar uma vaga ao Senado pelo estado de São Paulo nestas eleições. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado não reconheceu o domicílio eleitoral do filiado do União Brasil. O juiz da Lava Jato que tentou ser candidato a presidente, depois ao Senado, já fala em tentar uma vaga para disputar no Paraná. Acontece que as candidaturas já estão postas no estado onde dificilmente caberá sua candidatura. Acho que o moro vai ter que esperar para ser candidato a vereador em Curitiba.

AGÊNCIA SENADO

Crime eleitoral em Palmeira

Para o Ministério Público está muito evidente que o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, comete crime eleitoral ao misturar a administração pública com atos de campanha política e ainda mais em favor de sua esposa, Karla Cavalcante, candidata a deputada estadual. Para os agentes do MP, que estão munidos de fartas provas e evidências, o administrador está usando a máquina administrativa criminosamente em período eleitoral, beneficiando a primeira dama palmeirense. Veículos a serviço da Prefeitura de Palmeira dos Índios estampam adesivos da primeiradama Karla Cavalcante e de Marx Beltrão, pré-candidata a deputada-estadual e federal da preferência do prefeito.

Crime eleitoral em Palmeira II

Esta semana o Tribunal Superior Eleitoral começou a julgar um caso idêntico ao do prefeito de Palmeira dos Índios, acontecido na cidade de Itabaiana (SE) onde o TRE/SE condenou pai e filho (prefeito e deputado estadual) com cassação e inelegibilidade pelos mesmos motivos apontados pelo Ministério Público palmeirense. Um pedido de vista do ministro Carlos Horbach interrompeu o julgamento do recurso que trata da cassação e da inelegibilidade do deputado estadual por Sergipe Talysson Barbosa Costa, e da inelegibilidade de Valmir dos Santos Costa, ex-prefeito do município de Itabaiana (SE). Eles são, respectivamente, pai e filho e teriam cometido abusos durante a campanha eleitoral de 2018. Os políticos recorreram ao TSE para tentar reverter decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, que condenou o parlamentar à perda do mandato e estabeleceu inelegibilidade de oito anos aos dois. Conforme a decisão do regional, o prefeito teria participado em “excesso” da campanha do filho, então candidato à Assembleia Legislativa do estado. O relator do caso no TSE, ministro Sérgio Banhos, votou no sentido de manter a decisão do regional, uma vez que os fatos comprovados nos autos caracterizam a prática de abuso de poder político e econômico, com uso de propaganda irregular e uso da máquina administrativa municipal, o que trouxe desequilíbrio à disputa.

Atacando jornalistas O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos, criticou a falta de ação do governo federal na investigação e enfrentamento dos ataques direcionados a jornalistas durante a gestão Bolsonaro. O parlamentar deu como exemplo as ameaças de morte direcionadas aos jornalistas Lucas Neiva e Vanessa Lippelt, após a veiculação de uma matéria denunciando um fórum virtual em que há produção em massa de fake news em favor de Jair Bolsonaro para as eleições. A imprensa tem sido constantemente atacada pelo próprio presidente da República, que chega a incentivar seus seguidores a essas agressões.


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Quem defende as atitudes da Braskem em Alagoas?

ELIAS FRAGOSO n Economista

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Braskem, do grupo Odebrecht, esteve envolvida até o pescoço nas falcatruas apuradas na Operação Lava Jato aqui e nos EUA. Para se livrar dos malfeitos na terra do Tio Sam (aonde corruptor vai mesmo pra cadeia), gastou milhões de dólares para livrar a cara dos dirigentes e continuar atuando por lá, prometendo passar a operar com ética e transparência corporativa. Mal saída dos acordos no Brasil e EUA, a empresa “voltou com tudo” vendendo ao mercado a fake de que é uma corporação ESG, a sigla da moda no mundo dos negócios que serve para indicar empresas com negócios sustentáveis,

com ações socialmente responsáveis e gestão corporativa transparente e cidadã. Logo ela, que acabou de se livrar de condenação ao custo de muitos bilhões, que é uma das maiores fornecedoras de matéria-prima para a produção de plástico, a maior praga poluidora do planeta, e uma empresa que acabou com uma região inteira de Maceió, e cuja gestão, definitivamente, não é transparente, ética ou cidadã. Daí a “partir com tudo pra cima” de Maceió foi um pulo, engendrando um acordo altamente contestado (é voz corrente entre juristas a necessidade da sua ampla reformulação) com o MPF, que só a ela interessa. Acordo, diga-se, sem a presença da Prefeitura de Maceió, do governo do Estado e dos representantes dos 55 mil expropriados. Pode isso, José? O acordo a fez “prefeita de Maceió” sem ser. Com responsabilidade para planejar ambiental, social e urbanisticamente o futuro das áreas atingidas (atribuição privativa da Prefeitura de Maceió que, além de não contesta-lo, recentemente aderiu ao mesmo de forma escandalosamente secreta). O tal “acordo” com o MPF é utilizado pela

Braskem como escudo para as diatribes que comete contra Maceió e seu povo. E nesse sentido ela não tem limites. Uma das “pérolas” do tal acordo: a Braskem não apenas desconsiderou as empresas locais, como – pasmem! – indicou nominalmente cada empresa que iria confeccionar os planos socio-urbanísticos e socioambientais e, achando pouco, estipulou valores multimilionários a elas pagos (dezena de vezes maiores que os cobrados pelas melhores consultorias do mundo por serviços semelhantes). Uma vergonha, um despautério! Mais à frente, outra arapuca da empresa, que ela chamou de “escuta pública” para aprovar o “trabalho” feito a toque de caixa por suas contratadas (rechaçado pela prefeitura pela rasa qualidade técnica, antes de estranhamente aderir ao acordo). Só parou quando flagrada ao tentar realizar reunião “biônica” com claque própria para aprovar o tal “plano socio-urbanístico” Frustrada na maracutaia, não se deu por vencida. Semana passada de forma cavilosa insinuou-se em reunião da Fe-

deração da Indústria de Alagoas e apresentou – disfarçada sob outro nome – a mesma proposta socio-urbanística já refugada por inepta pela prefeitura. Próximo passo? Enfiar goela abaixo dos maceioenses – como fato consumado – mais esta trolha, e comunicar ao mercado que cumpre o acordado com o MPF, sempre usado indevidamente como escudo. No fim da reunião, a FIEA conclamou os presentes a fechar apoio em torno da Braskem – batendo de frente com os interesses de Maceió e dos maceioenses. A Braskem representa menos de 1% do PIB do estado; sempre recebeu incentivos fiscais (mesmo faturando 100 bilhões de reais) da pobríssima Alagoas; destruiu uma região de Maceió e não pagou; quase não paga impostos (menos de 1% da receita total do estado), emprega apenas 0,14% da força de trabalho ativa e há 4 anos não paga o que deve a Alagoas e às pessoas expulsas de suas casas e empresas. Mesmo assim, é defendida pela parte tosca do empresariado e por boa parte dos políticos. Quintas-colunas! Tá na hora dos nomes...

Frustrada na maracutaia, não se deu por vencida. Semana passada de forma cavilosa insinuou-se em reunião da Federação da Indústria de Alagoas e apresentou – disfarçada sob outro nome – a mesma proposta socio-urbanística já refugada por inepta pela prefeitura.

Abre as asas sobre nós

NELSON FERREIRA n Jornalista

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Jornal Nacional na última terça-feira homenageou a liberdade de imprensa de uma forma inédita e criativa. Os apresentadores do noticiário, Heraldo Pereira e Renata Vasconcellos, permaneceram calados por cerca de um minuto logo após a sua vinheta de abertura. Essa

atitude tinha os objetivos de demonstrar que o silêncio incomoda, que na democracia o cidadão tem direito à informação e também comemorar mais um aniversário do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Em 7 de junho de 1977, um manifesto assinado por mais de 3 mil jornalistas exigia o fim da ditadura militar, a volta da democracia e a liberdade de imprensa no país. Um tempo que está no passado, mas que jamais será esquecido. O Brasil é feliz com a Democracia que, no entender do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, “é a pior forma de governo à exceção de todas as demais”. A liberdade de imprensa constitui o cerne de uma sociedade livre que optou por essa excêntrica forma de governo. A Constituição de 1988 am-

pliou o conceito de liberdade de imprensa para liberdade de informação jornalística, determinando que não há limitação de veículos em matéria de jornalismo. Isso quer dizer que a informação que vem pela TV Globo ou pela rádio comunitária tem o mesmo valor e importância, além de proibir qualquer forma de censura de natureza política, ideológica ou artística, seja previamente ou a posteriori. Isso traduzido quer dizer que não cabe a intervenção proibitiva, que impeça a divulgação da matéria, por motivos extrajurídicos e que se baseiem na qualidade moral do conteúdo apresentado. Essa garantia está clara no art. 220, §2º, da Constituição. O povo brasileiro sabe e reconhece que a liberdade de imprensa é necessária

na construção e solidificação de uma sociedade livre. Os brasileiros viveram dias sombrios fora da democracia. Eram tempos de medo e desconfiança. Ninguém quer tê-los de volta. Além do mais, eles nada têm a ver com nossa maneira de ser. A história já nos mostrou como governos autoritários procuram desacreditar a imprensa. Donos da verdade e ungidos de Deus são os primeiros a executar essa missão. Os professores de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt em seu livro “Como as Democracias Morrem” afirmam que um dos primeiros sintomas de falência democrática sobre uma nação é o desprezo aos veículos de comunicação e à liberdade de imprensa. Calar um país é como matar o seu povo.

O povo brasileiro sabe e reconhece que a liberdade de imprensa é necessária na construção e solidificação de uma sociedade livre. Os brasileiros viveram dias sombrios fora da democracia. Eram tempos de medo e desconfiança.


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Quem será o vencedor Alagoas?

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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eleição para o governo de Alagoas traz o mesmo componente de incertezas que tumultuam o pleito à presidência do Brasil. Talvez pior, porquanto embora se fale na candidatura de fulano ou sicrano, apenas dois pretensos candidatos estão declaradamente empenhados na eleição específica, pelo que é referido pela imprensa. Os demais são incógnitas, pois, ainda deten-

tores de mandatos políticos, limitam-se a divulgar a sua excelência no exercício dos cargos que ocupam, supostamente sempre em favor do Estado. Quem quiser, acredite nas propagandas políticas. Ocorre que tais propagandas tanto poderão servir para a reeleição nos cargos atuais, como para uma candidatura a outro posto, inclusive governador. No caso, os alardeios de feitos, nem sempre comprovados, podem servir tanto para a reeleição ao cargo que se esvai, como para nova situação. Como disse, apenas dois são declaradamente candidatos: o atual governador e um ex-prefeito. Há ainda um senador, que não necessita agora de eleição, pois seu mandato ainda se estenderá por mais quatro anos. Seja como for, a questão alagoana se resumirá na prevalência do atual presidente da República, de recondução complicada, ou do senador Renan Calheiros,

nome de grande peso no estado e no País. No entanto, parece que eventual candidato de Bolsonaro ainda não foi definido, apesar de algum vir dando o “ar de sua graça”, para usar expressão popular. Já o atual governador, Paulo Dantas, recebe a proteção e apoio do senador Renan, que, por ter vida política extremamente complicada, talvez não seja grande eleitor. Malgrado isso, Dantas certamente é o candidato de Renan Filho, o ex-governador, com reais possibilidades de ser um grande apoio, graças ao seu trabalho à frente do governo estadual. De fato, Renan Filho realizou bom trabalho em Alagoas: o pagamento do funcionalismo passou a ser feito no mesmo mês de trabalho, o que de há muito não era praticado pelo ocupante do Palácio dos Martírios. Evidente que os servidores não vão querer um

retrocesso. Isso, todavia, foi o mínimo: escolas, hospitais, estradas perfazem as atividades do ex-governador em favor da população alagoana, com a vantagem de tudo vir sendo implementado desde o início do seu mandato. Ademais, em um País de complicada seriedade dos políticos, nada há que desabone Renan Filho. Malgrado tudo isso, Bolsonaro terá palanque em Alagoas; ao menos isso lhe será propiciado pelo atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira. A questão principal, então, é se Bolsonaro ou Lira têm cabedal suficiente para transferir votos a seu candidato, mormente se esse tiver alto índice de rejeição. Em tal situação, considerando que eleições são, via de regra, incógnitas, a pergunta título prevalece: quem vencerá as eleições em nosso estado?

Seja como for, a questão alagoana se resumirá na prevalência do atual presidente da República, de recondução complicada, ou do senador Renan Calheiros, nome de grande peso no estado e no País.

Maceió dos meus amores

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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m 1950, fomos morar na Avenida Fernandes Lima, no Farol. Era um bairro aconchegante, cheio de ruas arborizadas, boas casas, trilho do bonde de um lado no barro e o outro lado asfaltado. Foram anos felizes, com certa liberdade. Meu pai procurava fazer amizade com o condutor e o fiscal do bonde, para que fôssemos bem tratados. Éramos quatro irmãos indo para a Rua do Sol, onde ficava o Grupo Escolar. O resultado de tanta atenção era descermos em frente à escola, apesar de o ponto de parada ficar bem antes. Dizia o Sr. Lira: “Cuidado, meninos”! O Convento dos Capuchinhos era um ponto de referência para nós, crianças e

adolescentes do bairro. Os meninos jogavam futebol, eram coordenados pelo frei Cassiano que, vez em quando, almoçava na nossa casa. As meninas jogavam voleibol e eram dirigidas pelo frei Egídio, sábio e culto homem. Aprendemos muito com eles, frades, filhos de Deus. No fim do ano, as festas natalinas culminavam com o Pastoril, que ia até o começo de janeiro. O local do evento era o auditório do próprio convento. Em 1952, os bondes deixaram de circular e surgiram os ônibus, desempenhando semelhante papel. Íamos ao colégio neles e conhecíamos amigos de escolas diferentes. Havia certo preconceito com os estudantes de colégios públicos, mas não nos incomodávamos com tal fato, pois orgulhávamo-nos de estudar no Instituto de Educação. Repito sempre em meus artigos a excelência do ensino público naquela época. Os professores eram catedráticos e selecionados através provas e defesa de tese. O exame de admissão para o Liceu Alagoano e o Instituto de Educação era um pequeno vestibular. Preparávamo-nos o ano todo para prestar o tal concurso. Infelizmente, houve um processo de queda no ensino público em Alagoas e na fase dos meus

filhos não valia a pena estudar nos colégios municipais e estaduais. Não sei exatamente o que aconteceu, mas atribuo a culpa aos governantes que deixaram o ensino público piorar consideravelmente. De 1955 para frente, já com 14, 15 anos, entrei na adolescência, ainda morando no Farol. Anos felizes, cheios de amigos, encontros na Feirinha da Santa Rita e na festa da Igreja da mesma santa. Meu pai era adepto da liberdade vigiada e tínhamos hora para chegar em casa. Dia seguinte, procurava conversar conosco, saber das novidades e com quem nos encontrávamos. Homem inteligente. Em 1956, fiz 15 anos e minha vida mudou. Comecei a namorar um alagoano que estudava no Ceará. Passava o ano esperando chegar dezembro para curtir o amor e as festas. A fidelidade extrema ao namorado era uma característica da jovem estudante, que ficou cinco anos vivendo de forma diferente: cinema e praia com as amigas. Nada de festa ou flerte com outros rapazes. Quando conto essa história para meus netos, eles riem e dizem: “Isso não existe mais, vovó”! Lembro-me quando a Avenida Fernandes Lima foi as-

faltada do lado direito até o quartel do 20° BC. Vieram engenheiros de São Paulo e as ruas laterais foram abertas. Mudou tudo e o Farol passou a ser um bairro mais barulhento com a vinda do progresso. Andar de bicicleta pelas ruas ficou complicado. Em 1957, o Instituto de Educação e outros colégios públicos foram reunidos no famoso CEPA. Nosso pai vendeu a casa e fomos morar no centro da cidade. Tomar ônibus para ir à escola era difícil. Saía de casa às 12 horas, com duas irmãs menores e só chegávamos no ponto final às 13 horas. O diretor do Instituto conseguiu com as empresas que os ônibus entrassem no CEPA. No local da nova morada, a vida era mais animada, fazíamos tudo a pé, mas as lembranças do Farol eram fortes demais. Jogar bola, andar de bicicleta era impossível. Tentei dar aos meus filhos uma infância e uma adolescência felizes, para que pudessem contar aos meus netos os bons momentos vividos. Acho que consegui. Atualmente, os tempos são outros, cheios de violência, de competições, de políticas desarrumadas. Só Deus para nos salvar.

No local da nova morada, a vida era mais animada, fazíamos tudo a pé, mas as lembranças do Farol eram fortes demais. Jogar bola, andar de bicicleta era impossível. Tentei dar aos meus filhos uma infância e uma adolescência felizes, para que pudessem contar aos meus netos os bons momentos vividos. Acho que consegui.


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Se eu fosse o prefeito....

MAGELA PIRAUÁ n Escritor.

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e eu fosse o prefeito, imaginemos uma cidade qualquer, não me preocuparia tanto com o estético, faria, não só em época de frio, que as pessoas não dormissem nas ruas, mas que tivessem um lar, mesmo que fosse pequeno. Se eu fosse prefeito da cidade imaginária, minhas preocupações seriam com o

emprego, tão escasso e em falta, pois entendo imprescindível, não só à economia, mas à própria dignidade humana. Se eu fosse o alcaide, líder da cidade que imagino, buscaria que todas as crianças fossem à escola e que esta tivesse, quer na estrutura física, quer na funcional, o melhor. Se eu fosse o dirigente da cidade que sonho, todas as ruas seriam asfaltadas e lutaria até o último instante para a urbe ter esgotamento sanitário. Na cidade que idealizo, se chefe fosse, a saúde seria prioritária, objetivando que todos, sem distinção, tivessem um atendimento digno, cuidando de seu bem-estar físico e psíquico. Pensaria, também, nos abrigos, onde pessoas idosas pudessem encontrar paz e conforto. Não esqueceria as

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casas de tratamento para os dependentes químicos, escravos de si mesmos, e portadores de intenso sofrimento, proporcionando, nestes casos, uma terapia de profundo sentimento humano, e local acolhedor. Os jovens, na escola de tempo integral, teriam esporte e teatro. Se recursos ainda sobrassem, bem, neste caso, com zelo e estética, cuidaria das praças, fazendo-as imponente e belas para as pessoas passearem. Seriam ajardinadas, floridas e limpas. Mandaria construir teatros em todos os bairros, se possível. A literatura seria estimulada e os contos e poemas seriam lidos em praça pública, aos domingos. As artes seriam incentivadas em suas múltiplas facetas.

Nos logradouros públicos mandaria erguer bustos das pessoas que em suas existências contribuíram para o soerguimento da cidade. Nesta cidade imaginária o índice de desenvolvimento humano seria medido pelo bem estar físico, psíquico e social, refletindo a felicidade. Imaginei essa cidade, dela ser gestor. Meu entusiasmo cessou. Acordei do sonho. Só me restou a lembrança de que na tarde e noite anterior participei da real alegria do companheirismo rotariano que, entre cervejas, roda de pagode, e excelente feijoada, ao lado de bons amigos, me fez dormir uma noite prazerosa e sonhar um bom sonho, utópico, é bem verdade. Ah, se um dia um eu fosse prefeito.

Imaginei essa cidade, dela ser gestor. Meu entusiasmo cessou. Acordei do sonho. Só me restou a lembrança de que na tarde e noite anterior participei da real alegria do companheirismo rotariano entre cervejas, roda de pagode, e excelente feijoada, ao lado de bons amigos.


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ECONOMIA

Pernambucanas mantém expansão e anuncia que terá 20 lojas em Alagoas Meta da varejista centenária é encerrar o ano com ao menos três unidades no estado DIVULGAÇÃO

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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nova loja da Pernambucanas inaugurada em Arapiraca esta semana é apenas um pequeno passo do plano de expansão da marca em Alagoas após quase 30 anos longe do estado. A meta da varejista centenária é abrir ao menos 20 lojas nos próximos anos e movimentar cerca de R$ 200 milhões por ano na economia local. Com investimento médio por loja estimado em R$ 4 milhões, a empresa, que pertence ao mesmo grupo do Hotel Jatiúca, tem planos concretos para abrir pelo menos mais duas unidades em Maceió até o final do ano, sendo uma no Shopping Pátio, no bairro do Benedito Bentes, entre novembro e dezembro, e outra no Centro da capital. A estimativa é de geração de ao menos 65 empregos diretos e indiretos por loja. Com apenas 80 lojas em que é proprietária dos imóveis, a dificuldade em encontrar locais viáveis para o projeto de expansão nos municípios alagoanos, com tamanho adequado, valor do aluguel do imóvel, entre outros fatores, é o que tem dificultado que o processo seja desenvolvido de forma mais rápida, explica o presidente do grupo, Sérgio Borriello. “Quando analisamos a possibilidade dos locais para abrir as lojas, por uma razão de sorte ou destino, Arapiraca foi escolhido para ser o primeiro município a receber a primeira unidade da loja em Alagoas pois tinha o imóvel mais pronto e regularizado para a gente começar. Foi por oportunidade e por isso o município foi escolhido como o primeiro”, conta Borriello. Ainda segundo ele, “nada impede de abrirmos mais, vai depen-

Sérgio Borriello esteve esta semana em Arapiraca para inaugurar a primeira de 20 lojas que a rede quer em Alagoas der da disponibilidade dos locais. Atualmente um lugar viável é a maior dificuldade que encontramos para expandir como realmente queremos”. Após um ano da chegada da marca Nordeste, a Pernambucanas soma 17 unidades na região, das 40 que a empresa prevê totalizar até o final de 2022. A varejista possui hoje 11 unidades na Bahia, 3 em Pernambuco, 2 em Sergipe e 1 em Alagoas. Com uma cesta de produtos que vão de vestuário a eletroeletrônicos, as novas lojas reforçam a estratégia batizada de “fígital” – misto de físico e digital -, com o “Clique e Retire”. Pela tática, os estabelecimentos são, além de lojas, ponto de retirada de produtos comprados online nas plataformas digitais da Pernambucanas. Sobre o diferencial da marca para concorrer com varejistas que

ocuparam o espaço deixado pela empresa com sua saída de Alagoas no começo da década de 90, a empresa aposta no que chama de “atendimento afetivo”, além da entrega rápida atrelada à variedade de produtos disponíveis. “Temos um diferencial das concorrentes que é a memória afetiva gerada pelo nosso atendimento nas lojas, além de oferecer um leque enorme de produtos para toda a família. Somos uma oferta integral, masculino, feminino, infantil, informática, além de diferentes canais para comprar como o próprio WhatsApp, que permite retirar o produto em uma unidade escolhida em até duas horas após a aprovação do pagamento”, reforça Borriello. SAÍDA DE ALAGOAS A empresa deixou de operar em Alagoas no começo da década

de 90 após anos no estado. Apesar das operações serem interrompidas em vários estados, Sérgio Borriello explica que a marca nunca deixou de existir de fato. “Três empresas administravam a marca Pernambucanas. Duas por questão de gestão acabaram falindo ao longo dos anos, fazendo com que a rede de lojas fosse paralisada, mas sem deixar de existir. Apenas uma das empresas continuou ativa e por meio dela estamos restabelecendo a marca nos estados onde já possuímos história com o público”, explica. Com a inauguração da loja em Arapiraca, a companhia totaliza 477 lojas no Brasil, chega a 11 unidades abertas no país somente em 2022, das mais de 50 que serão inauguradas até o final do ano, dando continuidade ao plano de expansão da empresa.


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ECONOMIAEM PAUTA Demissão em massa

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

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Fim do frete grátis

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A Shopee, que ganhou boa parte do mercado de marketplace no Brasil em poucos meses devido ao frete grátis oferecido em vários produtos, deu início neste começo de junho a uma nova política de benefícios para os consumidores, dentre eles a eliminação do benefício sem valor mínimo. No mês passado a empresa já havia feito algumas mudanças nesse sentido, aumentando de R$ 20 para R$ 29 o valor mínimo para que o cliente tivesse frete grátis em produtos com selo. No caso de compras sem o selo promocional, o valor tinha passado de R$ 50 para R$ 59.

Supremo Tribunal Federal decidiu que a negociação prévia entre empresas e sindicatos é obrigatória nos casos de demissões em massa. Por 6 votos a 3, a Corte definiu a tese de repercussão geral no julgamento de uma ação na qual a Empresa Brasileira de Aeronáutica contestou uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho.

Bilhões em jogo

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O pacote para reduzir o preço dos combustíveis neste ano de eleições deflagrou uma guerra de números em Brasília e aumentou as incertezas para as contas públicas depois de 2022. A Confederação Nacional dos Municípios estimou esta semana que entidades federativas e municípios perderão R$ 115 bilhões somados para estados e prefeituras, sendo R$ 27 bilhões apenas nos governos locais sem a devida compensação, o que deve provocar impactos sociais aos cidadãos mais vulneráveis em áreas como saúde e educação.

Fantasma da fome

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Atualmente 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer no Brasil, 14 milhões a mais do que no ano passado, e a fome no país voltou a patamares registrados pela última vez nos anos 1990, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19. A pesquisa anterior, de 2020, mostrava que a fome no Brasil tinha voltado aos patamares de 2004.


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IR 2022

Mais de 12 mil alagoanos já caíram na malha fina

AGÊNCIA BRASIL

Quase 300 mil declarações já foram processadas em Alagoas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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om o fim no dia 31 de maio do prazo de entrega das declarações de Imposto de Renda Pessoa Física, a Receita Federal em Alagoas constatou até o momento 12.260 ocorrências de pessoas que caíram na malha fina neste ano de um total de 297.900 declarações processadas. Apenas 51% do processo havia sido concluído até essa semana. A malha fina é uma análise mais criteriosa por parte da Receita Federal e, enquanto se faz essa análise, o pagamento da restituição, caso o contribuinte tenha direito, também fica retido até que as inconsistências sejam esclarecidas. Caso sejam constatados erros os contribuintes precisam ajustar sob risco de pesadas multas, que poderão ser debitadas da própria restituição e em outros casos responder à justiça. O total de 287.900 declarações, no entanto, foi acima do um total previsto de 269.200, ou seja um acréscimo da previsão, revela o delegado da Receita Federal no estado, Reinaldo Almeida. “Esse aumento é em decorrência da facilidade das pessoas para declararem, em fazer a declaração retificadora e um aumento de renda

no país, além da não correção da tabela do Imposto de Renda que faz com que um número maior de pessoas sejam obrigadas a declarar”. Dos 4,6% de pessoas que tiveram o nome incluído na malha fina, os principais motivos para tal foram omissões de rendimento e a falta de informações sobre deduções de despesas médicas e em alguns casos de forma deliberada. “Falta de informações sobre o rendimento, até mesmo de forma deliberada, e deduções de despesas médicas para determinados parâmetros, deduções com dependentes e livro caixa. Esses são os principais motivos em Alagoas”, detalha Almeida. Para saber se há inconsistências na Declaração do Imposto de Renda e se, por isso, caiu na malha fina do Leão, ou seja, se teve o IR retido para verificações, é necessário acessar o extrato da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física de 2022, disponível no portal e-CAC da Receita Federal. No Brasil, das mais de 33 milhões de declarações do imposto de renda 2022 recebidas até o último dia disponível, a Receita Federal constatou 2,01 milhões declarações com algum tipo de pendência, segundo dados compilados pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN).

ITAWI ALBUQUERQUE/TJAL

Reinaldo Almeida: número de declarações entregues superou estimativa Vale ressaltar que quem deixou para entregar o documento no último dia e ainda não apareceu nenhum erro neste momento, não garante que esteja tudo certo, pois a Receita ainda tem cinco anos para analisar a declaração e buscar inconsistências. Assim, mesmo que não tenha aparecido nada agora, se o contribuinte souber que ocorreu erros, é preciso ajustar. MALHA DÉBITO Além do status de processada ou malha fina, existe também a malha débito, que não tem relação direta com pendência de informações e sim com débitos a pagar para o Leão, sejam eles por multa ou outros tipos. Se uma Declaração de Imposto de Renda está em “Ma-

lha Débito”, significa que ela foi processada e resultou em imposto a restituir, mas foram detectadas dívidas em aberto. Neste caso o contribuinte pode abater a dívida tributária com os valores de restituição. “Nesse caso é por constar débito no nome da pessoa junto à Receita Federal e isso em si já impede a restituição de ser processada’’, explica Reinaldo Almeida. Nesse caso o contribuinte deve aguardar o recebimento da Notificação para Compensação de Ofício ou compensar a dívida por conta própria acessando o extrato da declaração pelo sistema Meu Imposto de Renda, disponível no e-CAC. Lá ele poderá realizar a compensação de ofício, ou seja, abater os débitos ou discordar da compensação.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Frota brasileira de veículos corre risco de encolher

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e acordo com recente relatório anual do Sindipeças sobre a frota circulante, em 2021 havia 46.581.912 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil. O crescimento sobre 2020 foi de apenas 0,7%, mesmo percentual de variação no período 2019/2020. Dependendo do desempenho de vendas em 2022, a frota pode encarar o primeiro encolhimento em décadas. A idade média de oito anos e cinco meses em 2013 subiu para dez anos e três meses em 2021. É a frota mais antiga dos últimos 25 anos. Tanto do ponto de vista de segurança quanto ambiental esses dados preocupam. Nos últimos 10 anos as exigências introduzidas por leis de emissões e de segurança ativa e passiva seguiram em constante evolução. A frota de automóveis representa quase 80% do total, mas cresceu apenas 0,2% entre 2021 e 2020. Veículos comerciais leves (picapes e furgões) e caminhões apresentaram desempenho melhor no mesmo período: mais 3,5% e mais 2,9%, respectivamente. Os ônibus em circulação encolheram 0,9%. O rejuvenescimento da frota circulante só acontecerá quando houver crescimento robusto nas vendas de modelos novos. E isso vai demorar. Países de renda maior do Hemisfério Norte implantaram planos de renovação por meio de estímulos financeiros aos motoristas, mas a situação fiscal brasi-

leira limita bastante ações nesse sentido. O governo federal teve uma iniciativa modesta este ano em relação aos caminhões que representam a frota mais envelhecida (11 anos e 11 meses). Pelo menos é um ponto de partida. Ao incluir as motos (12.870.983) a frota total de veículos atinge 59.425.895 de unidades, segundo o estudo do Sindipeças. A entidade não revela a taxa de sucateamento anual, mas pelos padrões internacionais varia entre 4% e 5%, além de 0,5% em perdas totais em acidentes e 0,5% desmanchados legalmente. Esse número contrasta fortemente com os 111.446.870 informados em 2021 pela Senatran, que são irreais, apesar de contabilizar cerca de 3 milhões de semirreboques e reboques para caminhões. O problema é a grande dificuldade de dar baixa em veículos registrados em termos burocráticos e financeiros. Carros ao fim de vida são em geral abandonados em desmanches clandestinos e poucos ficam com colecionadores. Uma resolução do Contran, de 1998, previa a baixa automática de veículos com mais de 25 anos de registro e documentação atrasada há mais de 10 anos. Era uma tentativa de “limpar” o cadastro que só tem certidões de nascimento (Renavam) e muito pouco de “óbitos”. Acabou revogada pela deliberação 225, de 25 de março último.

Mercado e produção reagem em maio Números divulgados pela Anfavea no balanço do mês de maio foram bastante positivos. Vendas de 187.100 unidades deram um salto de 27% sobre abril; produção de 205.790 unidades teve recuperação de 10,7%. Porém, no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano o mercado mostrou números fracos em relação ao mesmo período de 2021. Os 740.000 veículos leves e pesados comercializados em 2022 representaram um recuo forte de 17%. As vendas em maio atingiram a média de 8.500 unidades/dia, ligeiramente superior à média de 8.400 ao longo de todo o ano de 2021. Márcio Lima, presidente da Anfavea, afirmou que “será feita uma revisão das previsões para 2022 no final de junho, mas acredito que não estará muito distante dos 8,5% de crescimento anual que previmos em dezembro último”.

Entre janeiro e maio deste ano houve perda estimada de produção de cerca de 150.000 veículos em razão da guerra Rússia-Ucrânia e confinamentos na China pela Covid-19. Isso manteve os estoques baixos que recuaram de 21 dias em abril para 20 dias em maio. A indústria trabalha em situações normais com 35 a 40 dias de estoque para não perder clientes. Há também um movimento na direção a modelos de maior valor agregado em detrimento daqueles de menor valor que sofrem mais com a alta das taxas de juros e diminuição de poder aquisitivo em razão da inflação. A demanda das locadoras e frotistas vai ditar o ritmo da recuperação do mercado este ano. Dependerá do crescimento do PIB em 2022 que pode se aproximar de 2%, segundo previsões revistas para cima por alguns economistas.

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Creta N-Line aposta na esportividade Hyundai ampliou as opções de seu SUV compacto, o segundo mais vendido este ano no segmento. A marca sul-coreana criou a grife N Line em 2019. Esta estreia no Brasil com cuidado especial nos equipamentos e estilo. Grade frontal tem acabamento em tom escuro e luzes de seta triangulares. Rodas de 17 pol. diamantadas são exclusivas. Na traseira, moldura lateral da coluna na cor grafite e ponteira de escapamento dupla funcional. Há sensores de estacionamento traseiros e dianteiros. No interior, alavanca de câmbio automático e volante são exclusivos. Os pedais têm acabamento em metal e o teto solar panorâmico é de série. Além dos serviços de carro conectado (Bluelink) pelo celular, este pode ser recarregado por indução. Central multimídia de 10,25 pol. Molas, amortecedores e caixa de direção têm respostas mais firmes. Motor 1-litro turbo de 120 cv/17,5 kgf.m não foi alterado. Preço: R$ 159.490, próximo ao do Creta Ultimate 2.0.


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RESENHA ESPORTIVA

ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

Copa dos clássicos

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s oitavas de final da Copa do Brasil serão um prato cheio para quem gosta de clássicos. O sorteio realizado pela CBF estabeleceu quatro confrontos do tipo, sendo dois paulistas: Corinthians x Santos e São Paulo x Palmeiras. Também tem duelo entre os dois últimos campeões brasileiros: Flamengo x Atlético-MG. O sorteio chamou a atenção justamente pelo número de clássicos: metade dos confrontos opõe rivais. Não havia divisão de potes, de modo que todos os 16 classificados poderiam se enfrentar. O primeiro duelo sorteado foi o de Corinthians e Santos, seguido já por São Paulo x Palmeiras e pouco depois por Goiás x Atlético-GO e Fortaleza x Ceará. Havia a chance de ainda mais clássicos nos últimos três confrontos, afinal restavam três mineiros e três cariocas no pote, mas desta vez as bolinhas definiram confrontos entre times de estados diferentes: Fluminense x Cruzeiro, América-MG x Botafogo e Flamengo x Atlético-MG.

ARI FERREIRA/ASCOM BRAGANTINO

GALO PERDE SEQUÊNCIA DE TRÊS JOGOS SEM DERROTA

CRISE SEGUE NO MENGÃO Com um gol de Luan Cândido, o Bragantino derrotou o Flamengo por 1 a 0 no Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro. Após esta derrota o rubro-negro permanece com 12 pontos e vê aumentar a pressão sobre o técnico Paulo Sousa, que tem tido o trabalho muito contestado pela torcida. Já o Massa Bruta chega aos 13 pontos e se afasta do Z4. O único gol da partida saiu aos 16 minutos do primeiro tempo, quando o atacante Artur levantou a bola na área adversária em cobrança de falta, Andreas Pereira desviou de cabeça e a bola sobrou para Luan Cândido, que não perdoou. A tendência é que Paulo Sousa seja demitido o quanto antes. Um nome que agrada a diretoria rubro negra é o Cuca.

ASCOM CRUZEIRO

O Cruzeiro conquistou sua nona vitória consecutiva na temporada diante do CRB no Mineirão, pela 11ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Esta é a maior sequência de triunfos do time celeste na era pós-rebaixamento. Líder isolado, tem o melhor início da história do torneio e larga vantagem frente aos concorrentes. Com 28 pontos, manteve seis pontos para o Bahia, segundo colocado, e 11 para o Grêmio, em quinto lugar. Em relação ao derrotado, o time não atuou bem e acabou sendo derrotado pelo líder. O Galo voltou a perdurar a zona de rebaixamento, aparece na 17ª colocação, e com o técnico Daniel Paulista busca fugir o quanto antes da zona da degola.

VACILO AZULINO CUSTOU CARO O CSA vencia a Chape por grande parte dos noventa minutos, mas faltando um para acabar o jogo e o Azulão sair de casa com os três pontos, o desastre aconteceu. A Chapecoense fez um gol aos 48 do segundo tempo, marcado pelo meia Pablo, e empatou com o CSA por 1 a 1, no Estádio Rei Pelé, pela 11ª rodada da Série B. Empate com gosto de derrota. O CSA continua na 11ª colocação, agora com 13 pontos, e a Chapecoense está em 16º lugar, com 12. O time catarinense chegou a entrar na zona do rebaixamento nesta rodada, mas saiu com o gol no fim do meia Pablo. Se o técnico Mozart não tivesse recuado tanto, o resultado poderia ter terminado em favor do time de Alagoas.

ASCOM CSA


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ABCDOINTERIOR Senador “caroneiro”

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o senador Rodrigo Cunha se revelou um esperto “caroneiro”, aquele sujeito que pega “bigu” para não pagar passagens e se aproveita da bondade alheia na maior cara de pau. Vejamos: a deputada federal Tereza Nelma fala sobre a utilização do Hospital de Amor como propaganda política do senador Cunha, que circula em toda Alagoas. Nos outdoors, peças publicitárias e posts das redes sociais, o slogan de seu Cunha é: “Você pode não saber, mas o trabalho de Rodrigo Cunha você vê”. E em seguida coloca uma minguada lista de ações realizadas durante seu mandato de senador, interrompido para que o mesmo possa disputar o cargo de governador de Alagoas.

Pega de surpresa

Força do rádio

Entre elas, a unidade do Hospital de Amor, referência de combate e tratamento do câncer de mama e de útero de Barretos. Segundo a deputada, ela foi pega de surpresa com o apagamento da sua contribuição, já que ela é responsável por toda negociação com a diretoria do hospital para trazê-lo para Alagoas.

As notícias das ações do governo do Estado, pelo rádio, estão ecoando nos quatro cantos de Alagoas. É o reflexo do ótimo trabalho realizado pela Secom/AL e seu departamento de radiojornalismo. O secretário Joaldo Cavalcante acertou na mosca promovendo o retorno do jornalista e radialista Jorge Henrique para comandar este setor. Borjão conta com o apoio dos repórteres Warner Oliveira, Luiz Filho e Renata Bertolino para levar as notícias do governo para diversas emissoras de rádio em todas regiões de Alagoas.

Agiu de má fé

Arapiraca em alerta

“Eu pensava que conhecia o senador. Ele nunca trabalhou com pessoas com câncer em seus mandatos, muito menos mulheres. Mas para minha surpresa, ele articulou, sem meu conhecimento, a inauguração do hospital para o dia do aniversário da morte de sua mãe – vítima de um violento crime político, mas sem relação com o câncer. E na inauguração, em frente ao hospital e por Arapiraca afora, ele espalhou outdoor agressivos: ‘Arapiraca precisava, Rodrigo fez’. Na inauguração, quando o nome do senador foi anunciado, para o constrangimento geral, pipocaram quase dez minutos de fogos de artifício. Para os outros, nem um traque. Uma pirotecnia planejada com má fé”, disse a deputada Tereza Nelma.

Arapiraca vem registrando em 2022 um aumento de casos de dengue. Neste primeiro semestre do ano, foram registrados mais de 553 casos na capital do Agreste. As fortes chuvas que a cidade vem registrando preocupam as autoridades sanitárias, uma vez que o mosquito Aedes aegypti, agente condutor de doenças como a dengue, chikungunya e zika, se prolifera em ambientes com água parada. A Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou uma lista dos bairros que mais registraram casos até agora. São eles: Cacimbas, Padre Antônio Lima Neto, Capiatã, Manoel Teles, Olho d`Água dos Cazuzinhas e Jardim Esperança.

Controle da doença

Segundo o coordenador Municipal de Arboviroses, Júnior Saad, a população pode contribuir no controle da doença, cuidando do espaço familiar para que não tenha o acúmulo de água parada, uma vez que o mosquito se reproduz em larga escala quando encontra ambiente propício.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Sem casos

Até então, Arapiraca ainda não confirmou nenhum caso de chikungunya e zika. Desde janeiro a prefeitura vem realizando ações para conscientizar e combater o mosquito e a expectativa é que esse trabalho se intensifique nos próximos dias. “Estamos em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses, Unidades Básicas de Saúde e Secretaria de Serviços Públicos realizando ações de prevenção e conscientização sobre o Aedes Aegyti, em todos os bairros do município”, conta o profissional de saúde.

Lançamento da campanha

A preparação para o lançamento da campanha já está a todo vapor com possível lançamento pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), na próxima terça-feira, 14. Segundo bastidores da política, Collor já acordou com a arapiraquense Célia Rocha para compor sua chapa.

Possível vice

Célia Rocha é uma antiga aliada do senador. Na última semana, ela recebeu ligações e esteve presente em encontros com Collor, tudo para deixar amarrado o convite do senador para que ela seja sua candidata a vice.

Obra inacabada

Assinada pela então prefeita Fabiana Pessoa, em outubro de 2020, através do Processo 12842/2019, a ordem de serviços para as obras de esgotamento sanitário está provocando muitos transtornos aos moradores do bairro Brasília, na cidade de Arapiraca. As valas abertas para o início das obras foram deixadas para a próxima gestão e hoje prejudicam os moradores do bairro. A chegada das chuvas aumentou ainda mais os problemas enfrentados pelos moradores, que estão sendo obrigados a conviver com buracos e muita lama.

PELO INTERIOR ... A Câmara Municipal de Arapiraca aprovou, em sessão ordinária na terça-feira, 7, o projeto de lei de autoria do Executivo que permite a criação do programa Arapiraca+Cidadã, que consiste no pagamento de auxílio de R$ 150 às famílias arapiraquenses em situação de vulnerabilidade. ... O projeto de lei teve a relatoria do vereador Rogério Nezinho e foi aprovado de forma unânime, durante a sessão ordinária. ... Para o presidente da Câmara, Thiago ML, o projeto garantirá uma melhor qualidade de vida aos moradores de baixa renda, visando, assim, o crescimento sócio-econômico municipal para o atendimento das necessidades legítimas das famílias carentes. ... Comerciantes do centro de Arapiraca se reuniram na noite de terça-feira, 7, com o secretário municipal de Ordem Pública, Ênio Bolivar. ... O encontro teve o objetivo de apresentar o novo modelo de segurança que será executado pelo poder público, além de ouvir as demandas e ideias dos empresários. É uma das primeiras ações da secretaria, que foi criada em maio deste ano pelo prefeito Luciano Barbosa. ... Estiveram reunidos empresários de todos os setores que compõem o conjunto lojista do centro, além do presidente do Sindilojas Arapiraca, Wilton Malta. ... O grupo definiu, em conjunto com a cúpula da segurança municipal, alguns pontos prioritários que devem ser implantados em curto período para a melhoria da segurança de comerciantes e também de clientes. ... O 3° Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Arapiraca, realizou, na quarta-feira, 8, uma solenidade de homenagens alusiva aos 35 anos de implantação do Pelotão de Operações Policiais Especiais (Pelopes) da unidade. ... O evento aconteceu no Sesc, no bairro Santa Edwiges, em Arapiraca, no Agreste de Alagoas, e contou com a presença do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Amorim. ... Aos nossos leitores, um final de semana bacana e com muita saúde. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE REPRODUÇÃO TV BRASIL

José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

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Retrocesso ambiental

Junho Verde

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Senado aprovou projeto de lei que cria a Campanha Junho Verde de conscientização sobre conservação dos ecossistemas e controle da poluição e da degradação ambiental. O projeto tem como objetivo despertar consciência ambiental na população. Agora, o texto segue para sanção presidencial. A Junho Verde nasceu de uma proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para que ações em prol do meio ambiente sejam tomadas durante todo o mês de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, para haver mobilização nacional nesse sentido. Segundo o projeto, a campanha ocorreria com participação do poder público, em parceria com escolas, universidades, empresas públicas e privadas, igrejas e entidades da sociedade civil. Segundo o relator, Reguffe (União Brasil-DF), a campanha se inspira em outras campanhas já consolidadas, como o Outubro Rosa, em atenção ao câncer de mama, o Maio Amarelo, que remete à segurança no trânsito, e o Novembro Azul, para lembrar os cuidados de prevenção do câncer de próstata.

Restando cerca de seis meses para o encerramento da atual legislatura, a Frente Parlamentar pelo Meio Ambiente divulgou o balanço dos resultados alcançados pela bancada e pelo país ao longo da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Na avaliação dos seus líderes, a Câmara aprovou, em grande parte, projetos nocivos ao meio ambiente. De acordo com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), o Brasil “regrediu 30 anos em três” na pauta ambiental. Conforme o líder da frente, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), os dois primeiros anos da legislatura (2019 e 2020) não foram de saldo inteiramente negativo para o meio ambiente na Câmara. “Conseguimos impedir a aprovação de vários retrocessos aqui, como o desmonte do licenciamento ambiental, o projeto da grilagem de terras [reforma fundiária], o pacote do veneno [marco legal dos agrotóxicos] e tantas outras iniciativas”, relatou. O ponto crítico para a legislação ambiental, para Molon, foram os dois últimos anos. “Nesse ano e meio, estamos apresentando o contrário aqui na Câmara: tudo aquilo que conseguimos represar, os retrocessos, (…) infelizmente vêm sendo aprovados contra o nosso voto aqui na Câmara”..

Urbanização Redes sociais

PIXABAY

Faltando pouco mais de quatro meses para as eleições, os principais nomes da corrida presidencial de 2022 demonstram dar pouco espaço para o meio ambiente em suas pautas prioritárias. É o que mostra um levantamento realizado pela Vert.se, empresa especializada em dados de redes sociais, divulgado esta semana. Segundo dados do Observatório das Eleições 2022 – Especial Meio Ambiente, entre 1º de junho de 2021 e 1º de junho de 2022, os quatro principais pré-candidatos à Presidência da República falaram apenas 35 vezes sobre questões ambientais em suas redes sociais. Lula (PT) foi o presidenciável que mais tocou no tema, mencionando questões ligadas ao meio ambiente 12 vezes no Twitter e três no Instagram. Ciro Gomes (PDT) aparece em segundo lugar no ranking, com sete menções no Twitter e duas no Instagram. Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, abordou temas ambientais sete vezes durante o período do monitoramento, sendo três em postagens no Twitter e quatro no Instagram. Simone Tebet (MDB) aparece na última posição, tendo falado apenas quatro vezes sobre meio ambiente, ambas no Instagram. O levantamento ainda mostra que, na maioria das vezes, as postagens possuem tons mais genéricos e sem muito aprofundamento no tema.

CAPES

Cientista ambiental formada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fernanda Ramos Fernandes de Oliveira faz doutorado em Evolução e Diversidade na Universidade Federal do ABC (Ufabc) e no Laboratório de Ecologia e Gestão Costeira (Legec) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Sua pesquisa estuda a biodiversidade da macrofauna de praias arenosas. Bolsista da CAPES desde o mestrado, Fernanda analisa o impacto da urbanização na biodiversidade dessas regiões litorâneas, dentro do que se denomina, no universo científico, de Ecologia das Praias. “Entender como a urbanização afeta a biodiversidade de praias vem dessa consciência ecológica e, com a minha pesquisa, eu busco obter dados que mostrem os impactos negativos de alguns distúrbios causados pela urbanização, justamente para mostrar a importância de se conservar as praias arenosas. Meu foco na área de Ecologia de Praias se deu no mestrado, quando eu, de fato, comecei um projeto dentro dessa temática. Mas meu interesse vem desde a graduação, período no qual comecei a juntar o que eu aprendia em sala e em campo com o que eu via no dia a dia. Foi aí que eu passei a enxergar que os impactos que temos nas praias podem ter consequências muito negativas para a biodiversidade e que é essencial que busquemos proteger esse ecossistema”, disse.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

Os encantos privatistas na terra da pobreza anunciada

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acilmente muitas pessoas se encantam com a ideia de que a gestão do público por vias de sua privatização vá rapidamente resolver o preço dos combustíveis, melhorar a qualidade e baratear os serviços de água, esgoto e energia elétrica, pondo o interesse do povo acima de tudo. Alagoas assistiu ao leilão de serviços antes oferecidos exclusivamente pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Companhia Elétrica de Alagoas (Ceal), o anúncio da construção de um mega estaleiro nas praias de Coruripe, tudo isso combinando o mesmo discurso de “geração de emprego e renda” ou “redenção econômica de Alagoas”. De uma forma ou de outra, medidas salvacionistas envolvendo “a coisa” pública através do ambiente privado estão presentes em nossa história. E até agora isso não significou a superação dos nossos problemas. Em “A Formação Histórica de Alagoas (I): Rotas de Acumulação do Açúcar”, de Luiz Sávio de Almeida, mostra-se que o poder local construiu nas instituições e no imaginário da sociedade práticas de mando através da relação bem específica entre patrimônio/terra e cargos/mando, mantendo assim o prestígio. Interesses paroquiais se transformam em necessidades públicas, atendidas pelo privado cujo objetivo não é exatamente social (apesar do rótulo desta embalagem conter

Sávio Almeida, autor de A Formação Histórica de Alagoas

Ruínas da Usina Vitória do Cacaú em Atalaia

Maria Fumaça de 1929 - Foto da CBTU Alagoas.

esta propaganda) mas tão somente o lucro. Um dos primeiros elementos para povoar Alagoas era o engenho, com iniciativas individuais e interesses da Coroa Portuguesa, agregando muita terra, mão de obra escrava, produção de açúcar e cachaça, os olhos da casa grande, as vigiadas senzalas, o cerco aos invasores franceses e holandeses. Os engenhos, via poder público, atraíram as estradas de ferro com tecnologia inglesa. E depois vieram as usinas, nascidas e crescidas com amplo financiamento público, a juros amigáveis. O algodão costura este meio tempo, dividindo a luz do sol antes exclusiva para a cana-de-açúcar, porém tanto as fábricas quanto as usinas disputavam o poder de mando, o controle do Estado e mantendo as mesmas práticas escravagistas, mesmo após a extinção – ao menos pela lei – da escravidão. E vieram as estradas construídas por empresas contratadas em licitações públicas, levando o turismo e os turistas a grandes empreendimentos financiados por bancos públicos, a juros camaradas, abrindo novos horizontes econômicos do litoral às belezas do Sertão. Pendurada nas janelas dos engenhos, trens a vapor ou dos modernos ônibus de luxo está a velhíssima miséria, tão antiga e tão atual, impregnada e combatida a conta-gotas. Exclusivamente a eles, os pobres alagoanos, a frase de Nietzsche: “Quem tem um porquê suporta qualquer como”. O salvacionismo permanece numa longa espera.


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