Edição 1175

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ANO XXIII - Nº 1175 - 09 A 15 DE JULHO DE 2022 - R$ 4,00

CHUVAS

Enchentes podem provocar doenças graves por água contaminada

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Infectologista alerta para risco de surto de leptospirose e outras doenças de veiculação hídrica entre moradores que tiveram as casas alagadas por conta das chuvas que têm caído em Alagoas. A recomendação é lavar chão e paredes dos ambientes e enxaguar com água acrescentada com água sanitária. 13

PACOTE ELEITORAL

ALAGOAS PERDE R$ 4 BI COM RENÚNCIA FISCAL

n Veja o valor que cada município deixará de arrecadar com redução de impostos e novas despesas 15 a 18 FACEBOOK FACEBOOK

Pesquisas consolidam candidatura de Paulo Dantas ao governo n Collor larga bem na corrida

eleitoral e disputará vaga do 2º turno com Cunha e Rui Palmeira 6 JACINTO SANTOS

BAIRROS AFUNDANDO

ARQUITETA PROPÕE CRIAÇÃO DE PARQUE URBANO NA REGIÃO DO PINHEIRO 4

ASSAÍ E GRUPO MATEUS BRIGAM PARA CONSTRUIR SUPERMERCADO NA PECUÁRIA 11


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COLUNA

Eleição na OAB

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- O Tribunal de Justiça de Alagoas deve completar seu quadro de 18 membros até o fim do ano com a nomeação do representante da classe dos advogados. O nome do novo desembargador sairá da lista sêxtupla escolhida em eleição direta da categoria promovida pela OAB-AL na cota do quinto constitucional.

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- O resultado da eleição deve ser divulgado até segunda-feira, 11, após a contagem dos votos pelas 10 subseções da OAB no estado. Os mais votados irão compor a lista sêxtupla a ser enviada ao Tribunal de Justiça para escolha dos três finalistas. - Vale lembrar que a formação da listra tríplice será da livre escolha dos membros do tribunal, sem levar em consideração a posição dos candidatos na lista sêxtupla. O critério é unicamente político e pesará na escolha dos finalistas a força política de cada postulante.

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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- Não há prazo legal para o TJ definir a lista tríplice a ser encaminhada ao governador, a quem cabe nomear o futuro desembargador. Mas pela pressão política em torno desse disputado cargo, é possível que essa nomeação seja efetivada até as eleições de 2 de outubro.

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- As últimas pesquisas de intenção de voto realizadas por escritórios de advocacia sinalizam que os nomes mais cotados para compor a lista sêxtupla são Fábio Ferrário, Daniel Brabo, Lavínia Cavalcante, Cláudia Lany, Roberto Mendes, Othoniel Pinheiro, Eduardo Campos, Cacá Gouveia e Alberto Maya.

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- A disputa pela indicação do novo membro do TJ envolve Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa; Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados; e, o poderoso ministro do STJ Humberto Martins, que emplacou o último desembargador nomeado – Ivan Vasconcelos Brito – e o próximo presidente da Corte, Fernando Tourinho.

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- O candidato que tiver padrinho mais forte ganhará o cargo de desembargador, com salário vitalício, vários assessores de livre nomeação, carro oficial e motorista, além de penduricalhos que elevam seus vencimentos ao topo da pirâmide social.

Segundo turno

Todas as pesquisas de intenção de voto realizadas nos últimos dias confirmam a tendência de um segundo turno entre Paulo Dantas e Fernando Collor. A entrada do senador na disputa ao governo mexeu no xadrez eleitoral até então vigente, e pode tirar do jogo um dos quatro mais fortes candidatos. Ao manifestarem publicamente o desejo de ir para o segundo turno com Collor, os outros candidatos venderam a ideia de que o senador seria o adversário ideal a ser batido na segunda rodada eleitoral. Mas pelo visto, subestimaram o potencial de Collor, que logo de chegada garantiu o segundo lugar no pódio.

Curral collorido

Desde que ingressou na vida pública como prefeito da capital, deputado federal, senador e presidente da República, Collor conquistou uma boa fatia dos eleitores que até hoje se mantém fiel. Mas só o eleitorado collorido não garante a vitória do senador, que precisa conquistar novos eleitores e consolidar sua candidatura. Garimpando na mesma área explorada pelos candidatos do centro e da direita, Collor espera ganhar eleitores bolsonaristas para garantir vaga no segundo turno.

Dantas X Collor

Além da caneta de governador, do apoio da Assembleia Legislativa e dos Calheiros, Paulo Dantas subirá no palanque do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas também em Alagoas. No palanque de Jair Bolsonaro o único candidato a ter espaço garantido é Fernando Collor. O senador acredita que as eleições deste ano em Alagoas serão nacionalizadas e aposta todas as suas fichas na transferência de votos bolsonaristas.

Os sem-palanque

Já o senador tucano Rodrigo Cunha abandonou o partido, mas continua em cima do muro. O candidato tem dito que não apoia Lula nem Bolsonaro, que lideram as pesquisas no país. O ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira é outro sem-palanque e, pior, sem apoio de uma estrutura partidária. Talvez por isso sua candidatura ainda não decolou e corre o risco de virar pó antes mesmo do pleito de 2 de outubro.

Influência das pesquisas

Todo candidato adora pesquisa de intenção de voto, desde que esteja na frente, e tem mil argumentos em defesa da consulta aos eleitores. Mas quando são esquecidos pelo eleitorado atiram para todo lado e têm dois mil argumentos para condenar as pesquisas. A pesquisa, na verdade, é o espelho do momento e das circunstâncias, mas não se pode negar sua influência na cabeça dos eleitores. No Brasil, duas certezas estão arraigadas à coletividade: eleitor não vota em partido político nem em candidato mal das pernas em pesquisas.

Novo imortal

O advogado Juarez Miguel é o mais novo membro da Academia Alagoana de Letras. A posse será dia 15 próximo, na sede da OAB em Jacarecica.


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CASO PINHEIRO

Arquiteta propõe novo parque urbano em Maceió na região afetada pela Braskem Isadora Padilha propõe que se aproveite o potencial dos bairros afetados pela extração de sal-gema MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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ma das coautoras do livro “Rasgando a cortina de si-

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lêncios”, a arquiteta e urbanista Isadora Padilha propõe a construção de um novo parque urbano em Maceió na região afetada pela Braskem e aponta caminhos para as duas áreas que envolvem a mineradora. A primeira e que está em maior evidência é a que engloba cinco bairros – Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol –, prejudicados pelo afundamento do solo devido à mineração “predatória” de sal-gema e a outra onde se instalou a planta industrial da empresa desde meados da década de 1970, no Pontal da Barra e adjacências. Em “Rotas para uma cidade à deriva”, Isadora Padilha propõe premissas de intervenção urbanística a serem empregadas nes- Isadora Padilha sugere criar parque na áreas afetadas pela mineração sas áreas, que, como arquiteta e articulando com outros parques urbanista, considera que possibi- refere à constituição de um novo parque urbano em Maceió na reexistentes no local e criando um litam aproveitar o potencial desgião afetada, que ajude a contar grande complexo com diversos ses lugares em meio à crise atual a história do que aconteceu com usos hoje pouco acessíveis ou inajudando a constituir uma nova esses bairros, aproveitando o padisponíveis na cidade ou para viurbanidade para Maceió. trimônio cultural lá existente, sitantes como opção de fruição ou Padilha esclarece que sua protrabalhando a revegetação da para o turismo, fazendo uso tamposta não se trata de um projeto área com atenção à flora e implanbém de tecnologias refinadas de de restauração das áreas afetatando uma série de equipamentos visualização, exposição, entre oudas. Segundo ela, as questões culturais, de lazer, entretenimentros”, esclareceu Padilha. relacionadas ao solo, ao futuro to, esportivos, educacionais e amgeológico da área, são essenciais BAIRRO INTELIGENTE para essas premissas poderem bientais. Dessa forma, eles viriam a qualificar sobretudo a parte alta A urbanista afirma que a seser implantadas, mas elas não da cidade e permitir à capital a gunda parte da proposta é relativa são do seu escopo profissional. instituição de estratégias hoje à retirada planejada das instalaDa mesma forma, entende que a presentes no mundo inteiro relações da Braskem da área atualbase jurídica, especialmente em tivas ao sequestro de carbono. mente ocupada por ela no Pontal relação aos moradores da região “Um projeto urbanístico de da Barra e a partir disso a consafetada, precisa ser equacionada, vulto, que vislumbra o estabeletituição de um projeto urbanístico notadamente em termos da posse, cimento de museu com maquete para a área baseado em um plamas essa também não é a sua esda cidade, arenas, quadras, audinejamento ecointeligente, fazendo pecialidade. tórios, teleféricos, mirantes, enuso das tecnologias da Revolução De acordo com a profissional, Digital 4.0 e de rigorosos critérios a primeira parte da proposta se tre muitas outras possibilidades,

de sustentabilidade ambiental, preservando o ecossistema local de margens, dunas e restinga. Um projeto que possa trabalhar conceitos que vão desde escalonamento e restrição de alturas, taxas de ocupação e permeabilidade do solo, fachadas/telhados verdes, construção limpa, autossuficiência energética com base em energias renováveis, mobilidade humana incluindo acessibilidade universal e o emprego de redes Wi-Fi abertas. De acordo com a arquiteta, será um projeto urbanístico cujo DNA traz na essência as teorias mais atuais e ousadas que vêm sendo articuladas e empregadas no mundo inteiro como resposta sobre o papel das cidades no enfrentamento à emergência climática, tais como a Cidade Compacta, a Cidade de 15 Minutos e a Cidade Floresta. “A sugestão é recuperar o potencial dessa área em Maceió, antes da Braskem interditar o seu crescimento, como vetor tanto do desenvolvimento urbano quanto do turismo na capital”, afirmou. O LIVRO “Rasgando a cortina de silêncios- o lado B da exploração do sal-gema” é um livro que faz análise técnica e crítica sobre os bastidores da mineração, denunciando falhas, omissões e más condutas de autoridades na condução dos problemas que levaram ao afundamento do solo de cinco bairros de Maceió. A obra tem a participação do economista Elias Fragoso, do engenheiro civil Abel Galindo, do advogado Cláudio Vieira, do sociólogo Edson Bezerra, do cientista ambiental José Geraldo Marques e da arquiteta e urbanista Isadora Padilha.


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Dantas tem se mantido à frente em todos os cenários, assim como Renan Filho na disputa ao Senado

Pesquisas consolidam candidaturas de Paulo Dantas e Renan Filho Collor tem boa posição de largada, mas precisa superar rejeição do eleitorado ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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s pesquisas eleitorais publicadas esta semana em Alagoas ajudam a montar e desmontar estratégias nas campanhas dos candidatos a governador e consolidam Renan Filho (MDB) na única vaga ao Senado aberta este ano. Sem o senador Fernando Collor (PTB) na disputa pela reeleição, o único opositor que se posiciona melhor é o deputado estadual Davi Davino Filho (PP) que ainda não é tratado como o candidato capaz de unir todos os anti-Calheiros. Suas chances de ultrapassar Renan Filho são mínimas, salvo uma reviravolta nestes três meses que faltam para as eleições. Mas Davi Davino Filho quer eleger a mãe, Rose, deputada

estadual. E disputar, em 2024, alguma Prefeitura, talvez Santa Luzia do Norte, e reeleger o pai Davi vereador de Maceió. Quanto a Collor, que disputará o governo, seu grupo avalia que as pesquisas lhe dão ótima posição de largada apenas duas semanas após sua nova posição político-eleitoral. As pesquisas também reforçam que ele é o mais rejeitado entre todos os candidatos apresentados e perderia as eleições em provável segundo turno. Também não assume a liderança em nenhum dos cenários. Collor ainda não anunciou oficialmente seu vice. O cotado é o vereador Leonardo Dias (PL), tratado como cruzado por católicos ultraconservadores, também eleitores do senador. Mas a procura por um nome de mais peso que agregue uma parcela

do eleitorado da capital, onde a rejeição ao senador é histórica, está na pauta e pode ser decisiva no xadrez montado por ele para a campanha. O vereador Fábio Costa (PP) pode ser este nome. Seu discurso “bandido bom, bandido morto” é mais ligado ao bolsonarismo e pode ser a luva que falta para as mãos colloridas. Há tratativas para alguém mais moderado, mas nomes neste caso seguem sob sigilo. Não está descartada a indicação de alguém do interior, como Arapiraca, o segundo maior colégio eleitoral, caso a rejeição a Collor em Maceió pese decisivamente. Os levantamentos mostram também que o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), cuja vice é a deputada Jó Pereira (PSDB), atingiu seu teto e vai perdendo musculatura para o crescimento da candidatura do governador Paulo Dantas (MDB), cujo vice não será o atual médico cardiologista José Wanderley Neto (MDB), que

disputará uma das 27 vagas à Assembleia Legislativa. Dantas tem duas moedas valiosas nas negociações: a vaga de vice e a de conselheiro do Tribunal de Contas. Um dos principais articuladores nesta costura é o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB). Dantas é governador-tampão, assumiu a administração estadual em 15 de maio e desde 2 de julho está proibido pela lei eleitoral de inaugurar obras ou fazer aparições como nome à reeleição. Foi multado pela Justiça eleitoral por usar a máquina estadual para se promover. Porém as fortes chuvas e dois momentos de enchentes (junho e esta semana) puseram o governador de volta ao papel central e com a obrigação de buscar rápidas soluções aos milhares de desabrigados e desalojados, que precisam de amparo do Estado para as condições materiais de retomada da própria vida. Voltando às pesquisas eleitorais, o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD), também sem vice anunciado, segue como o principal nome com capacidade de definir o segundo turno. Dantas e os Calheiros querem vê-lo por perto; as negociações com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), congelaram e o prefeito JHC (PSB) implodiu as chances de um acordo entre o grupo de Cunha (composto por Lira e o próprio prefeito) de atrair o ex-prefeito; Collor tem dificuldades em ter Rui no seu palanque por questões nacionais: o PSD está mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquanto o senador mais o PTB e o PL estendem tapete vermelho e tratam o presidente Jair Bolsonaro (PL) com toda pompa. A divisão em vários nomes com as mesmas bandeiras não favorece quem está mais posicionado à esquerda. Os professores Cícero Albuquerque (PSOL) e Mônica Carvalho (Solidariedade) pontuam 1% em algumas pesquisas, muito longe de uma virada a poucos meses das eleições. Os dois garantem votos ao ex-presidente Lula, mas as pautas de ambos são diferentes comparadas ao candidato lulista Paulo Dantas. Porém eles podem ser peças importantes em eventual segundo turno, se o atual governador se mantiver à frente nas pesquisas.


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Especialistas garantem não haver motivos para duvidar do sistema de votação brasileiro Livro leva o leitor para uma viagem pela construção da sociedade a partir da evolução do sistema eleitoral brasileiro

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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DIVULGAÇÃO

m ano eleitoral, as atenções estão voltadas para as eleições no Brasil que acontecem a partir de 2 de outubro e eventual segundo turno no dia 30 do mesmo mês. A polêmica envolvendo o tema vem de longa data e no que diz respeito ao sistema de votação brasileira, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão e o juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Daniel Vianna Vargas garantem que não há motivos para Daniel Vianna, um dos autores da obra lançada pela Editora Almedina duvidar do sistema. Autores do livro Eleições Brasileiras, a dupla leva o leitor para uma viagem pela construção da algumas dúvidas sobre o atual eleitoral brasileiro. De acordo com sociedade brasileira a partir da sistema de votação, esquecemos ele, antes da data da eleição, as evolução do sistema eleitoral. como era o sistema anterior. E re- urnas são inseminadas em sessões Para se ter uma ideia da magnitu- lembra que o eleitor comparecia públicas, com a presença de fiscais de do processo, nas próximas elei- no local de votação e escrevia com dos partidos. As urnas são levadas ções serão utilizadas mais de 430 sua própria letra num pedaço de para os locais de votação e são limil urnas eletrônicas nos mais de papel o nome do seu candidato. gadas na rede de energia elétrica. Esse papel era dobrado e inserido As urnas não possuem ligação na 5.500 municípios. Com linguagem acessível a numa urna de lona. Na apuração, rede de internet ou wi-fi. No dia das eleições, a urna imquem quer entender como o siste- as urnas eram abertas, despejadas todas as cédulas de papel em uma prime a “zerésima”, comprovando ma eleitoral brasileiro funciona, o mesa, na qual os escrutinadores que nenhum voto ainda foi inserijuiz Daniel Vargas explica que a Justiça Eleitoral possui uma histó- passavam a ler os votos de forma do no equipamento. Já ao final da ria de 70 anos, tendo passado por individual, em imensos salões ou votação, são impressos os boletins diversas fases da política brasilei- ginásios. Os votos eram anotados de urna (BU), com um relatório ra sem qualquer questionamento em planilhas. As mesas eram cer- analítico de todos os votos deporelevante. “Desde a redemocrati- cadas por fiscais dos partidos que sitados identificando a quantidazação, foram seguidas eleições pelo insistiam que o nome escrito era de de votos para cada candidato atual sistema, inclusive dos atuais de seus candidatos. A apuração e partido político. Cinco vias são mandatários. O sistema eleitoral durava dias. “Temos hoje cerca de impressas, com a fixação de uma é previsto em lei, ou seja, é uma 150 milhões de eleitores. Esse é o delas no local de votação, à vista escolha da sociedade, através dos modelo anterior às urnas eletrôni- de todos. Os fiscais dos partidos seus representantes. A Justiça cas. O Brasil é referência mundial podem solicitar vias adicionais. Dessa forma, disse, confere-se Eleitoral simplesmente cumpre as em relação ao seu processo eleitoregras constitucionais e legais na ral, extremamente ágil e seguro”, publicidade imediata ao resultado de cada urna tão logo encerrado organização, preparação e realiza- afirmou. O especialista explica como o horário de votação. Também no ção das eleições”, justificou. Segundo ele, quando surgem funciona a segurança do sistema dia das eleições, ocorre a “votação

paralela”, uma auditoria da qual participam, além dos juízes eleitorais e representantes do Ministério Público, fiscais de partidos políticos e coligações, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, bem como entidades representativas da sociedade. Após o sorteio de algumas urnas eletrônicas na véspera da eleição, no mínimo 500 cédulas de votação são entregues aos representantes dos partidos políticos. Um capítulo do livro que merece destaque é a abordagem histórica que permite conhecer a evolução da sociedade através do processo eleitoral. “Uma parte que considero relevante é a que conta a história da participação feminina na política. A mulher, maioria da população e do eleitorado brasileiro, tem papel crucial na construção da nossa democracia e ainda enfrenta muita dificuldade na sua participação na política formal, propriamente dita”, destacou o autor da obra.

A OBRA O livro surgiu a partir do convite ao ministro Luís Felipe Salomão e ao juiz Daniel Vianna Vargas para que escrevessem de forma acessível sobre a história das eleições brasileiras. E a dupla, de fato, tem bagagem e competência para falar sobre o assunto. O ministro possui 30 anos de experiência na Justiça Eleitoral, em todos os cargos, e o juiz conta com 20 anos de magistratura, tendo participado de diversas eleições em várias funções. Assim, esse meio século de experiência – no contato com a Justiça Eleitoral – permitiu uma abordagem inteiramente isenta, sem qualquer viés ideológico, passando para o leitor a evolução do sistema eleitoral, desde a chegada dos portugueses, com a primeira eleição em 1532 na Vila de São Vicente, até os dias atuais. Por meio de uma abordagem direta e clara, a obra pretende esclarecer a importância do sistema eleitoral para a democracia e como o cidadão participa do processo de tomada de decisão na sociedade em que vive. Eleições Brasileiras integra a coleção MyNews Explica!, da editora Almedina Brasil.


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PAUTA HISTÓRICA

MOBILIZAÇÃO MUNICIPALISTA RECEBE DE BOLSONARO GARANTIA DE APOIO À PEC QUE ACABA COM SANGRIA DE RECURSOS SEM FONTE DE CUSTEIO

AMA participa de movimento que mostrou unidade entre gestores na luta para garantir direitos aos Municípios

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Mobilização Municipalista em Brasília, realizada esta semana, garantiu do presidente Jair Bolsonaro o apoio para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 122/2015 que proíbe a União de criar encargos financeiros para os entes subnacionais sem previsão de transferência para o seu custeio. A matéria aguarda deliberação do Plenário da Câmara e é considerada essencial pelos gestores para frear “pautas graves dos três Poderes”. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) denuncia através de um estudo que as decisões já aprovadas pelos Poderes vão representar um custo imediato de R$ 73 bilhões por ano para os municípios. “Essa é uma pauta histórica e que, se aprovada, vai estancar a sangria dos Municípios causada por tantas obrigações sem o dinheiro para pagar”, destacou Paulo Ziulkoski, presidente da CNM. A aprovação da PEC foi reforçada em reuniões nas residências dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira. Na última terça-feira, prefeitos de todas as regiões do Brasil iniciaram um movimento de alerta em Brasília. Mais de mil gestores buscaram respostas para medidas que, segundo os chefes de Executivo, não apresentam uma compensação financeira futura, como a limitação do Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS). O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), prefeito Hugo Wanderley, liderou os gestores alagoanos que participaram da mobilização e destacou a importância da unificação do movimento para garantir os direitos dos municípios. “Estar em Brasília, mais uma vez, é entender a importância das pautas e lutar junto à CNM pela manutenção dos direitos dos municípios, que há anos sofrem com o sufocamento por parte da União. Os prefeitos alagoanos estão presentes em mais uma importante mobilização, mostrando o compromisso das gestões com o que é de interesse municipal”, afirmou Wanderley. Ziulkoski citou como pauta bomba a PEC que aumenta o Auxílio Brasil, o Auxílio Gás dos Brasileiros e o projeto que fixou um teto de 17% a 18% para o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) de combustíveis, energia elétrica, transporte urbano e telecomunicações. O limite da cobrança do ICMS representa um custo de R$ 22,06 bilhões aos municípios, segundo a CNM, e diminui a margem para o pagamento de despesas das cidades. Ao todo, Ziulkoski projeta que as prefeituras podem sofrer um impacto fiscal de R$ 73 bilhões se

medidas atualmente em tramitação forem aprovadas. O custo total pode subir para R$ 250,6 bilhões se todas as propostas mapeadas pela CNM receberem aval para implantação. Um dos pontos preocupantes apontados pelo líder municipalista foram as propostas que estabelecem reajustes de pisos salariais de diversas categorias, principalmente da saúde e educação. Ziulkoski enfatizou que o movimento municipalista reconhece a importância dos profissionais e que não é contra o piso, mas que é necessário estabelecer a fonte de custeio. A atuação da CNM para encontrar uma solução junto ao Congresso para viabilizar o pagamento do piso da enfermagem foi pauta de reuniões do líder municipalista com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Sobre essa demanda, o presidente do Senado disse que a Casa está buscando uma solução para o pagamento do piso sem comprometer as finanças e os serviços prestados pelos Municípios à população. “Temos que encontrar uma fonte limpa de receitas”, disse, ao destacar como sugestão uma nova rodada da repatriação e da legalização de jogos. O impacto estimado pela Confederação com o piso salarial é de R$ 9,4 bilhões, segundo estudos da confederação.


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ANUÁRIO DE SEGURANÇA

Uma criança foi estuprada por dia em Alagoas no ano passado

Estado registra 63 óbitos por violência policial

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 expôs mais uma vez o que o brasileiro já sabe: vivemos em um país violento. E Alagoas – embora tenha registrado diminuição no ranking da violência – ainda é refém de crimes sangrentos. Para se ter uma ideia, apenas no ano passado foram 1.042 homicídios, 23 latrocínios, 4 casos de lesão corporal seguida de morte, 3 policiais assassinados e 63 óbitos decorrentes de intervenção policial. Em comparativo, Alagoas registrou mais homicídios dolosos que o Mato Grosso (749), Piauí (736), Santa Catarina (641), Sergipe (560) e Distrito Federal (310). Entre os números mais alarmantes estão os casos de estupros de vulneráveis, que só em 2021, foram 650 casos. Ou seja, um menor de 14 anos foi estuprado por dia em Alagoas. O local da violência também permanece o mesmo: 76,5% dos estupros acontecem dentro de casa. Em âmbito geral, as armas de fogo permanecem como o principal instrumento utilizado para matar, com 98,4% das mortes decorrentes de intervenção policial; 75% dos homicídios dolosos; 65,9% dos latrocínios (roubos seguidos de morte); e 11% das lesões corporais seguidas de morte. Além disso, 35,2% das mortes violentas intencionais de 2021 foram cometidas nos finais de semana, aos sábados e domingos. Homicídios dolosos e latrocínios apresen-

tam, em média, homens como 90% de suas vítimas, sendo mulheres 10%. Já os casos de lesão corporal seguida de morte e intervenção policial com resultado morte são ocorrências que praticamente só vitimam homens, com 96,7% e 99,2% dos casos, respectivamente. Vale destacar que o estado faz parte do chamado Grupo 1, uma forma que o anuário encontrou para medir a qualidade dos registros estatísticos oficiais de mortes violentas intencionais. Com pontuação de 91,34, Alagoas encabeça o ranking de estados que contabilizam seus mortos de maneira exemplar, vencendo todo aparato técnico de São Paulo e Rio de Janeiro, que amargaram a 16ª e 21ª colocações, respectivamente. Ambos fazem parte do Grupo 2 em excelência de estatísticas. Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima são os últimos colocados na lista, formando o Grupo 3. MORTES POR/DE POLICIAIS Em 2020, Alagoas registrou 12 casos de mortes decorrentes de intervenções de policiais civis em serviço. No ano passado, esse número foi de 20 casos. Em contraponto, estaria a Polícia Militar menos violenta? O número de mor-

tes por PMs caiu de 74 ocorrências, em 2020, para 43 óbitos em 2021. No Brasil, mais especificamente, existem 86 corporações policiais atuando sem maior padronização ou coordenação federal. Tanto é que, mesmo entre as Polícias Militares, que são estaduais e as que possuem maiores efetivos, com mais de 406 mil policiais militares na ativa, os padrões e as formas de atuação são muito

diferentes e, geram, por exemplo, situações como a da PM do Amapá, que é responsável por 31,8% de todas as MVI daquele estado em 2021. Ou a do Distrito Federal, onde, em contraposição ao Amapá, a Polícia Militar é responsável por apenas 2,3% das mortes violentas intencionais. O anuário também apontou aumentos significativos de mortes de policiais em alguns estados. São os casos de Rio Grande do Norte (cinco casos em 2020 contra onze casos em 2021, todos por lesões corporais), Rio Grande do Sul (que registrou seis casos contra nenhum em 2020), Bahia, em relação aos policiais militares (um caso em 2020 contra cinco casos em 2021) e Rio de Janeiro (aumento de 45,5%, com 64 casos registrados em 2021 ante 44 em 2020). Em Alagoas, um caso de PM morto foi registrado em 2020 e dois casos em 2021. Apresentam também queda de suicídios de policiais, no comparativo 2020-2021, os estados da Paraíba (dois casos ante nenhum em 2021) e Paraná (11 casos ante seis em 2021), com uma queda de 45,5%. Com menores números absolutos, mas também com um cenário de queda, são encontrados os estados de Alagoas (um caso em 2020), Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rondônia, Roraima e Tocantins.


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ANUÁRIO DE SEGURANÇA

PESSOAS DESAPARECIDAS Em 2021, 503 pessoas desapareceram e foram localizadas em Alagoas, um número bem maior do que o ano retrasado, que registrou 386 casos. Embora o registro de desaparecimento de pessoas seja algo frequente na rotina policial, até hoje não existe um tipo penal previsto em lei para classificação destes casos, que acabam entrando na burocracia policial como “fato atípico”. O desaparecimento de uma pessoa pode ser multicausal. Além da possibilidade de ser voluntário, em algumas circunstâncias pode ser resultado de falhas de proteção de pessoas em situação vulnerável, como pessoas com alguma doença, transtorno mental ou senilidade, que frequentemente tornam o paradeiro de idosos desconhecido; também pode se relacionar com algum desastre, tal qual as chuvas recentes em Pernambuco e Alagoas.

ROUBOS E FURTOS

Só ano passado, em Alagoas, foram registrados 3.132 ocorrências de roubos ou furtos de veículos. Um número maior, mas praticamente similar se comparado a 2020 que registrou 3.126 casos. Já as ocorrências de roubos/furtos de celular são mais elevadas: 9.423 no ano passado e 9.908 em 2020. Os casos de estelionato estão se tornando mais comuns no estado. Se em 2018 foram registradas 4.977 ocorrências, esse número saltou para 15.460 casos no ano passado. Em 2020, foram 11.808 registros. A preocupação pública com os crimes patrimoniais cometidos no ambiente digital ou a partir de meios eletrônicos tem crescido. A digitalização das finanças, de serviços e do comércio, especialmente impulsionada durante o período pandêmico, contribui com a formação de um ambiente propício ao desenvolvimento de modalidades criminais que exploram vulnerabilidades nesses segmentos. Um dos momentos importantes neste contexto parece ter sido o lançamento do PIX como ferramenta simplificada de transferências bancárias. Esse processo tem associado as moda-

lidades de roubos e furtos de celulares aos crimes de estelionato Roubos em estabelecimentos comerciais e a residências também aumentaram nos dois últimos anos. No primeiro caso, foi de 205, em 2020, para 344 no ano passado. E quanto às pessoas que tiveram a casa invadida e roubada, foram 124 casos em 2020 contra 190 em 2021. O anuário também registrou os roubos a transeuntes: 5.763 ocorrências em 2020 e 5.138 em 2021.

MULHERES E CRIANÇAS NA MIRA O levantamento ainda revela casos de feminicídio em Alagoas. Feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero, fatores que também podem

envolver violência sexual) ou em decorrência de violência doméstica. De 2020 para 2021 observa-se um discreto aumento no número de registros de estupro, que passou de 14.744 para 14.921 no país. Já no que tange ao estupro de vulnerável, este número sobe de 43.427 para 45.994, sendo que, destes, 35.735, ou seja, 61,3%, foram cometidos contra meninas menores de 13 anos (um total de 35.735 vítimas).


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ANUÁRIO DE SEGURANÇA

O NEGRO E A VIOLÊNCIA O perfil das vítimas de intervenções policiais no país não tem demonstrado mudanças significativas ao longo dos anos,

com prevalência de homens, adolescentes e jovens, pretos e pardos entre as vítimas. No último ano, 99,2% das vítimas eram do sexo masculino. Em relação à faixa etária, 52,4% das vítimas tinham no máximo 24 anos quando foram mortas, percentual que sobe para 74% se con-

TABELA DA COVARDIA EM ALAGOAS Violência doméstica - 1.233 casos (2020) / 1.492 casos (2021) Tentativas de feminicídio - 27 casos (2020) / 31 casos (2021) Feminicídios consumados - 35 casos (2020) / 25 casos (2021) Estupros - 164 casos (2020) / 189 casos (2021) Estupros de vulneráveis - 641 casos (2020) / 650 casos (2021) Mortes de LGBTQIAP+* - 18 casos (2020) / 16 casos (2021) Racismo - 68 casos (2020) / 272 casos (2021) * LGBTQIAP+ é a sigla de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e de pessoas com outras orientações sexuais e identidades de gênero

siderarmos as vítimas de até 29 anos, ou seja, as vítimas de intervenções policiais são consideravelmente mais jovens que as vítimas de mortes violentas intencionais, em que 74% das vítimas são jovens de até 29 anos. No Brasil, os principais argumentos equivocados giram em torno de três afirmações: a) a de que negros são mais mortos porque são maioria; b) a de que negros são mais mortos não porque são negros, mas porque são pobres, e c) a de que a economia das periferias e favelas, onde há maior concentração de negros, têm por motor a atividade criminosa. Que o item “a” não se repita em outros os países, a exemplo dos Estados Unidos, talvez resulte meramente de a qualidade dos dados referente à autoria criminal ser ruim demais no Brasil para que se possa recorrer ao argumento norte -americano. Contudo, os outros principais argumentos são cen-

trados na raça como variável determinante para a criminalidade, mas não a mobilizam diretamente. O ANUÁRIO O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é uma publicação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de Segurança Pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da área de segurança pública. A publicação é uma ferramenta para a promoção da transparência e da prestação de contas na área, contribuindo para a melhoria da qualidade dos dados. Além disso, produz conhecimento, incentiva a avaliação de políticas públicas e promove o debate de novos temas na agenda do setor. Trata-se do mais amplo retrato da segurança pública brasileira.


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ATACAREJOS EM GUERRA

Assaí e Grupo Mateus brigam por terreno no Parque da Pecuária JACINTO SANTOS

Ação pede suspensão de obras no terreno doado pelo Estado à Associação dos Criadores de Alagoas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

P

arte do espaço de 300 mil metros quadrados do Parque de Exposição de Animais de Maceió, localizado no bairro do Prado, em Maceió, e que por muitas décadas tem sido palco de exposições agropecuárias e shows, virou desde o mês de maio pivô de uma batalha judicial protagonizada por dois gigantes do setor de atacarejo brasileiro. De um lado o Grupo Mateus S/A, um dos maiores atacarejos de fora do eixo Rio-São Paulo, com faturamento de cerca de R$ 10 bilhões anuais e do outro o Assaí Atacadista, que faz parte do Sendas SA e está avaliado em pouco mais de R$ 21,4 bilhões. Os gigantes que lutam para conquistar cada vez mais espaço no setor, protagonizam uma disputa judicial na 16ª e na 31ª varas cíveis da Capital. Em ambas, o objetivo do grupo controlador do Assaí Atacadista é o mesmo: impedir a conclusão da construção de uma nova unidade do Grupo Mateus, que pode se tornar o primeiro entre as duas grandes redes a ter um imóvel na parte baixa da capital alagoana, dominado majoritariamente por pequenas redes. Na ação popular impetrada em maio deste ano, o Assaí alega que o Grupo Mateus não pode locar um espaço no terreno para construção de uma nova unidade pelo fato de o espaço ter sido doado pelo governo estadual à Associação dos Criadores de Alagoas (ACA) sob a condição de não ceder ao local destinação diferente da promoção de atividades pecuárias em Alagoas.

Obras do Grupo Mateus na área em litígio estão avançadas Em suma, o espaço de 300 mil metros quadrados só pode ser utilizado, segundo a alegação feita pelo Assaí, especificamente para exposições de produtos de pecuária ou atividades (shows e outros eventos) que promovam o setor, com base na Lei Estadual 2780/66. Na ação, o Assaí pede a “imediata paralisação das obras atualmente promovidas pelo Grupo Mateus para instalação de um supermercado no imóvel onde se encontra instalado o Parque de Exposição Pecuária do Estado de Alagoas, que foi doado à ACA pelo Estado de Alagoas”. A rede argumenta, ainda que, caso a obra continue, seja expedida uma liminar determinando a anulação da doação do terreno à Associação dos Criadores de Alagoas, com consequente reversão do imóvel ao patrimônio do Estado, ou, ao menos, a manutenção da proibição de utilização do imóvel para fins diversos daqueles gravados na matrícula do imóvel e constantes da lei de 1966. Procurado pelo EXTRA, Domício Silva, presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, afirmou que o

Reprodução da lei que autorizou a doação do terreno para a ACA único objetivo da ação é tumultuar e que foi dada a mesma oportunidade ao Assaí, mas que preferiram deixar a obra paralisada, “assim como têm feito com as lojas que compraram do

supermercado Extra”. “Foi feito um contrato inicial há uns sete anos, mas como eles nunca avançaram resolvemos rescindir o contrato e fizemos um novo, dessa vez com o Grupo Mateus. O que eles querem é impedir que qualquer concorrência entre no estado; eles passaram sete anos e não evoluíram e na hora que fechamos o contrato com a nova empresa eles questionam para não entrar em funcionamento”, afirma o empresário. Ainda de acordo com Domício Silva, o terreno pertence à associação há mais de 60 anos, sendo que na lei de doação feita pelo governo estadual, nunca existiu cláusula de exclusividade para a atividade pecuária e sim que uma das atividades fosse essa. “Existe uma cláusula que ressalta que precisamos realizar uma exposição agropecuária por ano e isso estamos fazendo desde sempre, mas não que a atividade tem que ser exclusivamente pecuária durante todos os dias do ano”, afirmou. “Por ser um grupo regional, com sede no Maranhão, pesou para a gente o fato de comprarem itens de produtores locais, a exemplo da Cooperativa Pindorama”, acrescenta Domício Silva, destacando que a geração de emprego também é um fator importante. “O novo supermercado vai ser inaugurado já no próximo mês e utiliza uma parte mínima do nosso terreno e além de fomentar a economia local vai nos ajudar com a manutenção do terreno”, explica. “Querem fazer o que fizeram com o Extra aqui, que compraram e as lojas estão fechadas”, concluiu. Diferentemente do que diz o presidente da Associação dos Criadores, contudo, a Lei 2780/66, publicada no Diário Oficial do Estado do dia 29 de junho de 1966, em seu artigo 2º, inciso b, afirma que a ACA não pode dar ao imóvel destinação diversa da estabelecida no artigo 1º, “para o fim específico de promoção das atividades pecuárias em Alagoas, especialmente a realização de exposições de produtos de pecuária”. Aprovada pela Assembleia Legislativa, a lei foi sancionada pelo então interventor federal general João José Baptista Tubino. O EXTRA não conseguiu contato com um representante do Assaí em Alagoas, mas a empresa confirma, no processo judicial, que já havia firmado um contrato de locação para a mesma área com a ACA em 2014, argumentando que não construiu nenhum empreendimento por falta de declaração formal do Estado que permitisse a locação da área doada.


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CHUVAS

Mudança climática e urbanização arriscada agravaram danos no NE Conclusão é de estudo realizado por cientistas do Brasil e mais seis países em conjunto com a rede WWA “Mais uma vez, vemos como a combinação de eventos climáticos extremos alimentados pela mudança climática e a alta vulnerabilidade da população pode levar a consequências dramáticas”, diz a pesquisadora Friederike Otto, palestrante sênior do Grantham Institute no Imperial College London e líder do WWA. “Os governos no Brasil e no mundo precisam fazer mais esforços para reduzir rapidamente as emissões globais de carbono, mas também implementar estratégias para reduzir os riscos dos impactos climáticos locais”, frisa.

CLIMAINFO

A

s enormes inundações que atingiram a região Nordeste do Brasil em maio de 2022 foram tornadas mais prováveis e cerca de 20% mais intensas devido às mudanças climáticas. O grande impacto humano e econômico foi agravado pelo número de pessoas vivendo em áreas em risco de enchentes e deslizamentos de terra e pela distância entre o alerta precoce e as ações. Essas são as principais conclusões de um rápido estudo de atribuição feita por uma equipe internacional com mais de 20 cientistas de Brasil, Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos sob a liderança da rede World Weather Attribution. No final de maio, os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe viram quantidades invulgarmente grandes de chuvas fortes. Em menos de 24 horas, algumas regiões experimentaram cerca de 70% da quantidade total de chuva esperada para o mês inteiro. As chuvas fortes causaram deslizamentos de terra e inundações repentinas, levando a 133 mortes só em Pernambuco e mais de 25.000 pessoas desalojadas. Para avaliar a influência da mudança climática – causada por atividades humanas como o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento – sobre as chances desta chuva extrema acontecer, e sua intensidade, os cientistas analisaram dados meteorológicos e simulações computadorizadas para comparar o clima como ele é hoje ¬– cerca de 1,2°C mais quente desde o final do século XIX, com o clima do passado, seguindo métodos revisados por pares. Os cientistas analisaram os níveis de precipitação durante períodos de 7 e 15 dias na região mais afetada, uma área que abrange as áreas costeiras dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Eles descobriram que a mudança climática causada pelo homem tornou a chuva mais provável e mais intensa, embora ainda seja um evento raro no clima de hoje, com apenas uma chance de 1 em 500 a 1 em 1000 de acontecer em um único ano.

Precipitação média observada de 7 dias para 25-31 de maio de 2022 (a) e precipitação de 15 dias para 25 de maio a 7 de junho de 2022 (b) sobre o Nordeste do Brasil a partir do conjunto de dados MERGE-GPM Os autores estimaram que a chuva foi cerca de 20% mais intensa do que teria sido sem o aquecimento causado pelo homem, embora não tenham sido capazes de quantificar o quanto a mudança climática fez com que o evento fosse muito mais provável devido à falta de registros climáticos locais de longo prazo e limitações nos modelos climáticos, que não são capazes de simular com precisão os eventos naquela região em tão pequena escala. “O episódio de chuvas fortes que causou a maior parte dos impactos aconteceu contra o pano de fundo de uma estação úmida relativamente intensa. Foi um evento raro, mesmo sob o clima de hoje, mas à medida que o planeta aquece, podemos esperar ver eventos mais incomuns se tornarem mais frequentes”, diz Thiago Luiz do Vale Silva, meteorologista da Agência de Águas e Clima de Pernambuco (APAC). A análise também constatou que a chuva extrema causou mais danos porque muitas pessoas estavam vivendo em áreas de baixa altitude propensas a inundações e em encostas íngremes com risco de deslizamentos de terra. A redução da exposição ao risco desta população, bem como a melhoria das previsões de chuvas

fortes e a implementação de ações rápidas de prevenção, podem ajudar a lidar melhor com eventos extremos similares no futuro. “Conforme as cidades crescem, os planejadores precisam encontrar maneiras de diminuir a exposição das pessoas a eventos climáticos extremos e aumentar a resiliência. Um projeto urbano eficaz pode reduzir muito os impactos de chuvas fortes e salvar vidas e infraestrutura, assim como melhorar a eficácia dos sistemas de alerta precoce que levam a uma ação rápida antes de eventos extremos”, defende Alexandre Köberle, pesquisador do Instituto Grantham no Imperial College London. “Estas são ferramentas poderosas para se adaptar às mudanças climáticas e seus impactos associados”, destaca. Os resultados são consistentes com o entendimento científico de como a mudança climática, causada pelas emissões humanas de gases de efeito estufa, influencia as fortes chuvas. À medida que a atmosfera se torna mais quente, ela pode conter mais água, aumentando o risco de chuvas torrenciais. Com mais emissões de gases de efeito estufa e aumento contínuo da temperatura, os episódios de chuvas fortes se tornarão ainda mais comuns e intensos.

SOBRE A WWA

World Weather Attribution (WWA) é uma colaboração internacional que analisa e comunica a possível influência da mudança climática em eventos climáticos extremos, tais como tempestades, chuvas extremas, ondas de calor, períodos de frio e secas. Estudos anteriores da WWA incluem pesquisas que constataram que a mudança climática exacerbou tempestades mortais em Madagascar, Malawi e Moçambique no início deste ano e as recentes enchentes na África do Sul. Estudos da WWA também mostraram que a onda de calor do ano passado na região Noroeste Pacífico da América do Norte teria sido “virtualmente impossível” sem a mudança climática, e que a mudança climática tornou as enchentes extremas na Europa em julho de 2021 mais prováveis, mas que não foi o principal motor da crise alimentar de Madagascar em 2021.

SOBRE O CLIMAINFO

O Instituto ClimaInfo é uma organização sem fins lucrativos e tem por objetivo oferecer um ambiente livre de especulações e fake news sobre mudanças climáticas para contribuir com um debate produtivo, baseado em fatos e dados reais, sobre ações e políticas para a mitigação e a adaptação às consequentes mudanças climáticas globais. Mais informações em www.climainfo.org.br


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CHUVAS

Enchentes podem levar a surtos de doenças de veiculação hídrica Infectologista orienta para que população fique alerta ao aparecimento de sintomas da leptospirose WELLINGTON ALVES/SECOM MARECHAL DEODORO

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

Chuvas alagaram ruas e casas em dezenas de cidades alagoanas, a exemplo de Marechal Deodoro recuo das águas de inundações, segundo o médico. “A doença põe em risco grande número de pessoas e pode ser considerada um problema de saúde pública”, diz. Segundo o infectologista, crianças e idosos são as faixas etárias mais acometidas pela infecção. A depender do tempo levado para diagnóstico, a maioria dos pacientes apresenta formas leves. Fernando Maia orienta que as pessoas observem nos próximos 28 a 30 dias após o contato com as águas das inundações, se há presença de algum sintoma da leptospirose e busque consultar um médico. Entre os sintomas estão febre alta, mal-estar, dor muscular, olhos avermelhados, tosse, cansaço, náuseas e diarreia. Há casos de pacientes que apresentam manchas vermelhas no corpo, o que pode ser confundido com sintoma de outras doenças como a dengue. O tratamento, enfatiza o médico, é efetivo e funciona bem, desde

ASCOM/UFAL

A

s chuvas continuam castigando Alagoas e deixando vítimas desabrigadas e desalojadas em mais da metade dos 102 municípios. As principais bacias hidrográficas registram nível elevado das fontes e as inundações afetam zonas rural e urbana. A situação de emergência com esse quadro se estabeleceu desde a sexta-feira, dia 1º de julho, e vem sendo monitorada, mas os profissionais da saúde alertam para outra ameaça à população alagoana: os surtos de doenças de veiculação hídrica, aquelas em que a água é o principal meio de transmissão. O contato “quase” inevitável das pessoas com essas águas que percorrem ruas, carregando todo tipo de resíduos e dejetos de pessoas e animais, além de esgotos domésticos, pode levar ao adoecimento da população por cólera, hepatite infecciosa, leptospirose, amebíase, febre tifoide, gastroenterite, verminoses como esquistossomose e ascaridíase, entre outras patologias. Na avalição do infectologista Fernando Maia, do Hospital Escola Dr. Helvio Auto, em Maceió, a maior preocupação neste momento é o aparecimento de casos de leptospirose. A doença infecciosa é transmitida com a exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira. Nas situações de enchentes, o contato com a água contaminada aumenta o número de casos da doença. Pelo menos 10% dos pacientes com leptospirose desenvolvem a forma mais grave, podendo sofrer lesões renais e sangramentos digestivo ou pulmonar que, a depender da intensidade, podem levar à morte. A bactéria presente na urina dos animais pode estar presente na água em enchentes e também na lama úmida que aparece após o

Fernando Maia alerta para risco do contato com a água das cheias de rios e lagoas “que iniciado em tempo hábil”. A demora no diagnóstico normalmente leva o paciente ao internamento hospitalar. No Sistema Único de Saúde (SUS) os gastos com as doenças de veiculação hídrica são altos em função das contaminações por falta de saneamento básico e enchentes. Em 2017, a incidência de internações no País por esse tipo de doença foi de 12,46 casos para cada 10 mil habitantes, representando uma despesa de cerca de R$ 99 milhões. Em 2019, somente o Nordeste registrou 113.748 internações com 2.743 óbitos decorrentes de doenças de veiculação hídrica, uma mé-

dia de 7,4 mortes por dia, segundo o Instituto Trata Brasil. É preciso levar a sério a possibilidade de contaminação através do contato com essas águas, segundo o médico. Algumas vezes é possível evitar o contato ou reduzir, usando calçados fechados ao andar por locais alagados ou com lama, ingerir água que tenha passado pelo processo de fervura, lavar chão e paredes dos ambientes e enxaguar com água acrescentada com água sanitária, manter a higiene das mãos e outras partes do corpo que teve contato com as águas e evitar comer alimentos expostos.


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CIDADE DE TODOS NÓS

Carta de dona de casa chega ao prefeito JHC e emociona gestor Maceioense fez apelo, exaltou feitos da gestão e, por fim, ganhou oportunidade de trabalho ASSESSORIA

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m tempos de tecnologia avançada que permite a comunicação em tempo real, a dona de casa Edenice Cavalcante de Freitas, moradora do bairro do Prado, em Maceió, resgatou um método antigo para chamar a atenção do prefeito JHC. Ela escreveu uma carta de próprio punho, em maio deste ano e fez de tudo para entregar ao gestor. O principal objetivo da atitude dela era pedir ajuda para resolver um problema que aflige milhares de brasileiros e a atormentava da mesma forma. O desemprego gritou mais alto e Edenice arrumou uma maneira de chamar a atenção do prefeito. Ela contou que mora com o marido e duas filhas e todos estavam sem emprego, cenário que a preocupava bastante. Para arrumar um trocadinho no fim do mês e conseguir pagar algumas contas, a família estava se virando com vendas do que aparecia. E solicitou, pelo menos, uma vaga de trabalho para as meninas. “Aqui no Prado tem um Cras [Centro de Referência em Assistência Social], UPA, escolas, creches, posto de saúde. Algum cantinho que elas possam trabalhar e dar continuidade ao término dos estudos [faculdade], a qual, infelizmente, não posso ajudar”, destacou. Apesar de fazer o apelo, a dona de casa ressaltou que, mesmo não conseguindo ser atendida, seria sempre admiradora da pessoa e do ‘bom trabalho’ que o prefeito faz. No manuscrito, ela cita uma série de ações de JHC que têm beneficiado a comunidade onde está inserida. “Moro aqui no Prado, próximo à Praia do Sobral, e esse trabalho que estás realizando no Riacho Salgadinho [o Renasce Salgadinho] é de grandeza admirável, porque nenhum prefeito anterior, até tempo atrás, tomou a frente para a realização dessa obra. E o senhor [prefeito JHC] teve a coragem de enfrentar esse desafio e presentear a nós, maceioenses, com esse excelente trabalho. Parabéns!”, escreveu. Ela ainda citou, como exemplo, o avanço da gestão na revitalização de praças, o investimento no turismo, na infraestrutura dos bairros e a

Edenice elogiou atuação do prefeito JHC e destacou projeto de revitalização do Salgadinho atenção aos pequenos empreendedores. “O senhor está mudando a visão de Maceió. Lhe sigo nas redes sociais e sempre estou observando o seu trabalho. E sei que, com a permissão de Deus, tu irás realizar ainda muitos projetos. Que Deus te ilumine nessa jornada”, afirmou. A maneira que ela encontrou para se comunicar com a prefeitura já surtiu efeito. A dona de casa foi uma das selecionadas para trabalhar numa das lojas atacadistas do Grupo Mateus, que está chegando na capital. “Estou em treinamento para assumir a vaga de trabalho. Agradeço demais ao prefeito JHC por esta oportunidade que me concedeu de ter um emprego. Valeu a pena ter escrito a carta e feito o apelo para melhorar minha condição de vida”, comentou. A carta chegou às mãos de JHC, que disse ter ficado emocionado pela singeleza do pedido e pelas palavras de incentivo. “Fiquei muito feliz com essa carta da Edenice. Ela estava desempregada e foi contratada pelo Grupo Mateus, empresa que atraímos para Maceió e vai abrir duas unidades. É pela Edenice e todos os maceioenses que faço meu melhor diariamente. Nenhum desafio vai superar a vontade de fazer a diferença na vida da população”, afirmou o prefeito. De janeiro a maio, 2.345 pessoas foram encaminhadas para a seleção de emprego na capital através do Sine Maceió.


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PAUTA GRAVE

Prefeituras de Alagoas vão perder mais de R$ 4 bilhões em receitas Impacto imediato das mudanças no ICMS é de R$ 393 milhões nos cofres municipais VERA ALVES Especial para o EXTRA

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studo técnico realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e divulgado esta semana revela que as 102 prefeituras alagoanas estão prestes a amargar uma perda anual de receita de R$ 4.356.093.183. O levantamento leva em conta as recentes modificações em tributos como ICMS e IPI, a implantação do piso salarial nacional de algumas categorias de servidores e decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal impondo novas obrigatoriedades aos municípios. O impacto imediato da chamada pauta grave – medidas que reduzem a arrecadação e impõem novas despesas – aos 5.568 municípios brasileiros é de R$ 73 bilhões, de acordo com o estudo. Só as medidas recentes que modificaram as regras do ICMS, o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação, vão resultar em perda de R$ 392.828.750 para as prefeituras alagoanas. As mudanças incluem a redução da base de cálculo do imposto e o teto da alíquota de cobrança (Lei Complementar nº 194 de 23 de junho de 2022),

que no caso de Alagoas caiu de 29% para 17%, o que impacta diretamente o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Ao mesmo tempo em que perdem receita, as prefeituras estão tendo aumento de despesas. A mais impactante no caso dos municípios alagoanos, de acordo com o estudo da CNM, se refere à obrigatoriedade de implantação de creches municipais para crianças de 0 a 5 anos e que é objeto do Recurso Extraordinário (RE) 1008166 em tramitação desde 2016 no Supremo Tribunal Federal (STF) e que esta semana teve seu julgamento pelo Plenário marcado para o dia 24 de agosto. O impacto nas finanças dos 102 municípios alagoanos, de acordo com a CNM, será de R$ 1.717.455.167. A chamada pauta grave – que inclui medidas já em vigor e outras ainda em análise pelo Legislativo ou Judiciário – levou os municípios a uma ampla mobilização esta semana em Brasília. O foco dos esforços é pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 122/2015 que proíbe a União de criar novas despesas para Estados e Municípios sem a definição da fonte dos recursos, diante do entendimento de que as medidas já em vigor e as que ainda estão sob análise ameaçam provocar sérios prejuízos no atendimento dos habitantes dos municípios em setores essenciais como saúde e educação. De autoria da ex-senadora Ana Amélia (PSD-RS), a PEC 122/15 já foi aprovada no Senado e desde março aguarda votação, em dois turnos, na

Câmara dos Deputados. Confira abaixo as 10 prefeituras alagoanas com maiores perdas em números absolutos – e qual medida a afeta mais – e as 10 com menores perdas, lembrando que menor

perda em número absoluto não significa que o município não seja duramente afetado. Ao contrário, cada centavo a menos nos cofres da prefeitura prejudica a assistência aos munícipes.

IMPACTO DA PAUTA GRAVE SEGUNDO CNM As 10 prefeituras de Alagoas com maiores perdas Maceió: R$ 1.138.962.486 (PL dos Pisos: R$ 380.996.817) Arapiraca: R$ 300.540.501 (STF-creches: R$ 118.531.987) Marechal Deodoro: R$ 94.671.270 (STF-creches: R$ 38.076.457) Palmeira dos Índios: R$ 90.682.815 (STF-creches: R$ 26.019.239) União dos Palmares: R$ 85.974.526 (STF-creches: R$ 47.042.403) Coruripe: R$ 84.651.820 (STF-creches: R$ 24.626.964) Rio Largo: R$ 84.278.412 (STF-creches: R$ 41.527.011) São Miguel dos Campos: R$ 81.321.061 (STF-creches: R$ 33.205.137) Penedo: R$ 75.922.237 (STF-creches: R$ 39.318.856) Atalaia: R$ 73.380.653 (PL dos Pisos: R$ 12.522.054) As 10 prefeituras com menores perdas Pindoba: R$ 6.452.983 Minador do Negrão: R$ 7.071.004 Jundiá: R$ 7.412.605 Jacaré dos Homens: R$ 7.701.796 Belém: R$ 7.881.496 Jaramataia: R$ 8.153.408 Tanque d’Arca: R$ 8.122.066 Jacuípe: R$ 8.274.197


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PAUTA GRAVE

EXECUTIVO

Impacto imediato (R$ 37,21 bilhões): • Portaria 67/2022: reajuste em 33,24% do Piso do Magistério. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 30,46 bilhões; • Decreto 10.979/2022: renúncia fiscal do IPI em até 35%. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução do FPM) é de R$ 6,75 bilhões;

JUDICIÁRIO-STF

Legenda s sdjsakdj skdjaskjdaskdjaj

Medidas que afetam os cofres municipais e o impacto em todos os municípios brasileiros LEGISLATIVO Aprovadas nas duas casas (R$ 34,58 bilhões) : • LC 192/2022: regra de transição para a cobrança do diesel entre julho e dezembro de 2022 a partir do preço médio ponderado final (PMPF) dos últimos 60 meses. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução da cota-parte do ICMS) é de R$ 1,13 bilhão; • LC 194/2022: alteração do conceito de supérfluo para essencial para a cobrança de ICMS sobre combustíveis, comunicação e energia elétrica. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução

da cota-parte do ICMS) é de R$ 22,06 bilhões; • EC 120/2022: reajuste do Piso de ACE e ACS e a criação do adicional de insalubridade. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 1,97 bilhão; • PL 2.564/2020: instituição do Piso salarial nacional da Enfermagem. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 9,41 bilhões. Aprovada em uma casa legislativa (R$ 20,40 bilhões): • PL 2.337/2022: atualização da tabela do Imposto de Renda. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução de IR dos Municípios e FPM) é de R$ 13,70 bilhões; • PLP 108/2021: mudança da faixa de enquadramen-

to do Microempreendedor Individual (MEI) de R$ 81 mil/ano para R$ 144 mil/ano e possibilidade de contratação de um para dois funcionários. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução da cota-parte do ICMS e da arrecadação do ISS) é de R$ 6,70 bilhões. Ainda em tramitação (R$ 44,10 bilhões): • PL 3.253/2019: instituição de piso salarial para trabalhadores da limpeza urbana. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 2,21 bilhões; • PLs diversos: instituição de pisos salarial para diversas carreiras do funcionalismo municipal. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 41,89 bilhões.

Impacto imediato (R$ 1,21 bilhão):

• ADI 7.164: define que demais combustíveis devem adotar regra de transição similar à do Diesel, de acordo com a LC 192/2022. O impacto anual estimado dos Municípios (via redução da cota-parte do ICMS) é de R$ 1,21 bilhão; Aguarda o Plenário (R$ 113,07 bilhões): • RE 1008166: obrigatoriedade da oferta de creches para crianças de 0 a 5 anos. O impacto anual estimado dos Municípios (via aumento de despesas) é de R$ 90,84 bilhões; • ADI 4.917: suspensão da liminar que impede o cumprimento da Lei dos Royalties (Lei 12.794/2012). A Confederação estima que desde 2013 essa medida retirou R$ 53 bilhões dos Municípios. O impacto médio anual estimado dos Municípios (via conta de Royalties) é de R$ 5,90 bilhões; • ADI 5.835: suspensão do artigo 1º da LC 157/2016 do ISS. A liminar impediu a redistribuição dos recursos do ISS de cartões de crédito e débito, planos de saúde, leasing e outros. O impacto anual é estimado em R$ 16,33 bilhões, que deixam de ser redistribuídos aos cofres de todos os Municípios e se concentram em paraísos fiscais.


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - Voto não é mercadoria para se vender. Se algum candidato vier comprar seu voto, pegue o dinheiro e vote em outro de sua preferência. Ele não vai saber.

TCU, além da conta

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Tribunal de Contas da União se arvorou ao direito de além de suas atribuições constitucionais (fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades públicas do país quanto à legalidade, legitimidade e economicidade), também opinar e decidir sobre o princípio constitucional da moralidade, em se tratando de acusação de abuso sexual, o que me parece esdrúxulo, inadequado e fugindo dos limites de sua competência. Esse papel deve ser executado pelos órgãos próprios dentro e fora da alçada do governo. Ressalto que o TCU tem uma das políticas mais austeras e eficientes em relação ao combate à exploração sexual, cujo projeto tem sido copiado por outras instituições públicas, tendo como seu entusiasta o ministro Bruno Dantas, vice-presidente da Corte. Caberia sim, ao TCU, condenar publicamente o ato do ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e cobrar dos órgãos competentes uma apuração rigorosa, mas fiscalizar, ao meu ver, não, pois não existe atentado ao erário, vícios financeiros ou desvios (a não ser o moral). O Tribunal deveria sim e urgente correr atrás dos desvios e corrupção explícita no Ministério da Educação e outros órgãos do governo nos quais estão sendo praticadas as mais deslavadas ações de roubo ao dinheiro do brasileiro e apurar as denúncias de corrupção até mesmo nos tribunais superiores, que deveriam resguardar a ética, a moralidade e o interesse público.

Um presidente descartável

O pesquisador Mathias Alencastro, colunista internacional da Folha de S. Paulo, afirmou que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, demonstrou a irrelevância de Jair Bolsonaro ao reagir com indiferença ao “vandalismo diplomático” promovido pelo atual ocupante da Presidência da República. Bolsonaro se negou a receber o presidente português porque este também teve agenda com o ex-presidente Lula. “Marcelo reagiu ao vandalismo diplomático com uma soberba indiferença. Aproveitou o final de semana para dar um mergulho numa praia carioca, exaltar a amizade entre os povos e se encontrar com Lula. Seu gesto deixa evidente o desprezo da comunidade internacional por Bolsonaro”, disse.

Paulo Dantas liderando

Para os que não acreditavam na visibilidade eleitoral do governador Paulo Dantas na busca da reeleição, aí estão os resultados das novas pesquisas que não só o colocam no páreo, mas também na liderança, em algumas das verificações. Como a tendência natural é o crescimento, é muito possível que as próximas pesquisas mostrem até um aumento em relação à distância dos demais concorrentes. A situação deve permanecer, com as candidaturas emboladas por um bom tempo, mas se afunilando ao aproximar do pleito.

Rodrigo Cunha desidratando

Nota-se que os índices têm se comportado de forma descendente para o senador Rodrigo Cunha na busca do mandato de governador. Nas primeiras pesquisas seu nome permaneceu no topo, mas vem se desconstruindo a cada rodada de avaliação. Não é um bom sinal, principalmente diante das forças políticas que o apoiam (leia-se Arthur Lira e o prefeito JHC), cujos reforços não estão sendo traduzidos em intenções de votos. Quando se aborda o quesito rejeição, no entanto, Cunha está em positiva posição, se mantendo no páreo. Vai precisar muito esforço e muito cuidado para não “morrer na praia”.

Collor, o furacão chegou

Aconteceu o que todos esperavam e os adversários temiam, com a entrada do senador Fernando Collor na disputa, provocando uma desarrumação nas candidaturas majoritárias ao governo do Estado. Mal chegou e já disputa a liderança em algumas pesquisas na praça. Talvez com a menor estrutura de campanha, diante dos outros e com menos apoios de forças locais, se mostra como o candidato do presidente Jair Bolsonaro, manteve um eleitorado fiel, principalmente no interior, e tem andado muito e distribuído “mimos” por conta do governo federal, o que tem impulsionado sua candidatura.

Renan Filho, melhor que a encomenda

Ninguém tinha dúvida de que o exgovernador Renan Filho teria uma expressiva votação como candidato ao Senado, no entanto os números têm mostrado que a tendência é chegar na reta final sem concorrente, parecido com sua reeleição para o governo. Fez por merecer, ao realizar o melhor governo da recente história política de Alagoas, graças a uma gestão de responsabilidade fiscal austera e eficiente, se colocando à frente dos demais estados do Nordeste. Plantou bem e vai colher o retorno com uma eleição folgada, sem concorrentes e histórica, quando fará dupla com o pai, senador Renan Calheiros, na representação de Alagoas no Congresso Nacional.

Privilégio só para “eles”

Em Brasília os ares das benesses são diferentes, mas não para todos os mortais. Enquanto os servidores públicos em geral estão sujeitos às normas aprovadas pelo STJ, que limitou a cobertura dos planos de saúde ao rol dos procedimentos listados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), uma casta privilegiada como ministros dos tribunais superiores e seus servidores, senadores, deputados federais e dependentes, além servidores do Câmara e do Senado, têm direito a reembolso integral das despesas médicas. O benefício se estende aos aposentados e seus dependentes. No ano passado um deputado (Damião Feliciano) recebeu de ressarcimento a bagatela de R$ 1,088 milhão e um ministro do TCU (Valmir Campelo) recebeu R$ 441 mil. Em Alagoas existe a mesma regra excludente, só que os beneficiários são magistrados, deputados e conselheiros do Tribunal de Contas, ficando de fora aqueles que carregam esses órgãos nas costas, os servidores.

PÍLULAS DO PEDRO Em Palmeira dos Índios campanha política e administração continuam se misturando e o Ministério Público finge que não vê. Já em Maceió, são os velhos e manjados cadastros de compra de votos. Que seguem envolvendo milhões.


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Uma fábula ESG

ELIAS FRAGOSO n Economista

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ra uma vez um país de terceiro mundo, corrupto, governado por gente despreparada e com uma elite corporativa atrasada e insensível socialmente que se achava o ó do borogodó, o suprassumo do empresariado global, mas não passava de copiões mal ajambrados de iniciativas globais modernizantes que por lá sempre chegavam com anos de atraso e eram “adaptadas” para pior à realidade local de atraso, subdesenvolvimento e ao famoso “jeitinho” do país que nada mais era que incompetência técnica e gerencial superior à media global, que os coloca sempre mal posicionados nos

principais índices corporativos mundiais. No empresariado, um setor se destaca ainda mais negativamente por seu modelo predatório dominado por megas corporações globais: o minerador. Tido como um dos mais retrógados do mundo por sua política de terra arrasada onde operam, eis que uma dessas mega estruturas desenhadas para explorar maximamente as riquezas minerais de países do terceiro mundo se destacou ainda mais pelo megadesastre que provocou numa das capitais do país, provocando um prejuízo que se aproxima dos 20 bilhões do dinheiro local, sem que até agora se tenha notícia de que tenha sequer iniciado conversas para pagar o grosso da dívida. Essa empresa, que durante toda a exploração mineral no estado do megadesastre viu aquela unidade da federação, uma das mais pobres e atrasadas do país, se tornar ainda mais pobre e subdesenvolvida com seus principais índices retroagindo fortemente nos últimos 20 anos (PIB REAL = - 46%, renda média per capi-

Nem tudo está perdido

NELSON FERREIRA n Jornalista

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ossos últimos presidentes nunca priorizaram o cuidado e o incentivo à cultura, que tem muitas definições, mas no fim falam da mesma coisa: a alma de um povo. Ao que parece, esses governantes levam essa “alma” ao pé da letra e consideram esse setor como algo do outro mundo. Na verdade, eu creio que cultura é uma realidade bem terrena e deixa claro que ela define a nossa maneira de ser. A cultura possui aspectos tangíveis e intangíveis como objetos, sím-

bolos, ideias, normas, tradições e tudo mais que regula o comportamento das pessoas. Estes aspectos constroem a realidade social dando forma às relações, estabelecendo valores e normas. Todo governante que pretende ficar bem na fita da história deve saber que a cultura é um valor essencial ao desenvolvimento da sociedade. Portanto, tem importância fundamental na formação pessoal, moral e intelectual das pessoas, bem como no desenvolvimento de suas capacidades de relacionamento com o próximo. Sempre que tomo conhecimento de qualquer atitude contra a cultura de um país, temo por ele e pelo seu povo. Quem se volta contra a sua própria cultura, não pode ser um patriota. No Brasil um acontecimento é recorrente: todos os políticos de oposição criticam o governo por não priorizar a cultura e a educação do país. No entanto, quando trocam de lugar, também trocam de opinião. Assim, tudo permanece da mesma forma. É necessário que se entenda que

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ta domiciliar = - 66%, dentre outros), enquanto ela passava de uma empresa de porte regional para ser uma das gigantes do seu setor no mundo, na mais clara comprovação do modelo invertido que a mineração proporciona: à empresa tudo ao estado e seu povo menos que nada. Pois bem essa empresa que arrebentou com a capital do estado, viu o que já era ruim na economia local se tornar uma tragédia enquanto ela surfava em lucros bilionários crescentes, resolveu que mesmo nessas condições, ela se tornaria uma das campeãs ESG do mundo. ESG é a última moda que grandes consultorias globais encontraram para ganhar dinheiro à custa das empresas (já houveram antes vários outros índices). ESG, é bom relembrar, é a sigla em inglês que significa boas práticas em termos de sustentabilidade ambiental, visão social e governança corporativa. É o índice da moda. Que ajuda a capturar investimentos e a abrir portas nos mercados nacional e

a cultura é fundamental no desenvolvimento socioeconômico de um país. Atualmente, países desenvolvidos utilizam a cultura como ferramenta estratégica para a geração de riquezas. É o conceito da Economia Criativa que pode ser definido como o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos. Edna dos Santos, chefe do Departamento de Economia Criativa da Organização das Nações Unidas, afirma que “a Economia Criativa opera em uma área vasta e heterogênea que abrange desde os produtos artesanais até as artes cênicas, artes visuais, os serviços audiovisuais, multimídia, indústrias de software, etc. Seus principais subgrupos são: música e indústria fonográfica; cinema, rádio e televisão; teatro e dança; pintura e escultura; edição e publicidade; indústria digital e jogos de computador; e desenho

internacional. E dá prestígio a quem detém a láurea “vendida” por alguma importante consultoria. Pois bem, a empresa em tela mesmo com tamanha bagagem negativa nas costas e ainda mais sendo uma das maiores fabricantes de resinas termoplásticas do mundo, aparece com um título ESG dado, segundo ela, por uma organização ligada à ONU (não é à toa que essa entidade virou pó em termos de credibilidade no mundo) e exibe tal título juntamente com textos esculpidos para tergiversar sobre a sua real situação na cidade que ela semi destruiu, no estado que ela ajudou a afundar com fakes de que estava promovendo seu desenvolvimento! Mentiras destruídas por dados constantes no livro Rasgando a Cortina de Silêncios. Nesse país de mentirinha é bem capaz da empresa agora partir para pedir ressarcimento pelos prejuízos que causou e vem causando. Afinal estamos na terra onde tudo é possível, inclusive nada. A justiça local que o diga.

em geral que vai desde a arquitetura ao desenho industrial e a moda”. Pergunto ao leitor: quanto de empregos pode gerar um setor da economia que possui essa quantidade de variantes? Na certa, milhares. De recursos, muito dinheiro. Fazer cultura no Brasil é um constante desafio a diferentes dificuldades. Há que se estar sempre alerta aos que jogam contra. Nesta última terça-feira (5) deputados e senadores, em sessão conjunta do Congresso Nacional, derrubaram o veto do presidente Jair Bolsonaro às leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo, de fomento à cultura no período pós pandemia de covid 19. Os parlamentares decidiram votar os vetos em blocos. O placar para a derrubada dos vetos à primeira lei foi de 414 contra 39 na Câmara e de 69 a zero no Senado. Já o resultado para a derrubada dos vetos à segunda foi de 356 a 36 na Câmara e de 66 a zero no Senado. Resultados que mostram que nem tudo está perdido.

ESG, é bom relembrar, é a sigla em inglês que significa boas práticas em termos de sustentabilidade ambiental, visão social e governança corporativa. É o índice da moda. Que ajuda a capturar investimentos e a abrir portas nos mercados nacional e internacional.

Todo governante que pretende ficar bem na fita da história deve saber que a cultura é um valor essencial ao desenvolvimento da sociedade. Portanto, tem importância fundamental na formação pessoal, moral e intelectual das pessoas.


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A palavra é embuste

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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ivendo dias modorrentos de convalescença da minha segunda infecção por covid, o pensamento ocupado com exames de sangue, tomografia, sequelas, etc., estava meio sem inspiração para a crônica semanal neste espaço. Como dizem, o sono é o melhor conselheiro. Acordei na noite e, agora insone, lembrei-me de que não havia ainda visitado o

canal do YouTube mantido por minha filha Cláudia, no qual ela esmiuça palavras, revela suas origens, significado, aplicação, e o que mais necessário a um conhecimento menos corriqueiro dos vocábulos da nossa língua. Aliás, o próprio título do canal é inusual e instigante: Putz, Q Palavras! Vejo que a palavra desta semana é embuste, e como é costume, além de deliciar-me com o estudo proposta pela primogênita, desperto para racionar sobre o mesmo, aplicando-o à realidade fática. De fato, a vida real é tão cheia de embustes, principalmente na quadra atual, que nos obriga a vivermos diuturnamente atentos a eles, às fake news derramadas nas redes sociais e em outras vias de comunicação, às ciladas, às fraudes. Esses pensamentos levaramme ao livro coletivo Rasgando a cortina de silêncios, sendo eu um dos coautores, juntamente

É melhor prevenir...

ALARI ROMARIZ TORRES

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

odo ano no inverno, com a chegada das chuvas, acontecem enchentes, pessoas ficam desabrigadas, outras morrem, algumas famílias perdem tudo. Em pouco tempo, passamos pelas cidades e assistimos o povo voltando para a beira do rio, casas sendo construídas nas barreiras. O governo chega com ajudas: comida, roupas, colchões, tijolos. E começa tudo novamente. Trabalhei numa determinada época no Projeto Viver, em Pernambuco. Era ligado à Sudene e proporcionava aos habitantes da Zona da Mata dois tipos de serviços: construção de agrovilas e ações complementa-

res (drenagem, lavanderias, pequenas casas e energia elétrica). A verba vinha dos Estados Unidos e vários órgãos do governo do Estado de Pernambuco participavam do tal projeto, além do IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool. Nas reuniões para as quais éramos chamados, tudo era bem planejado, mas me preocupava um único fato: não se falava em prevenir a seca ou as inundações no período chuvoso. Vi projetos técnicos que vinham de fora ou eram pernambucanos, tentando viabilizar algo que evitasse as catástrofes. Mas, nem sempre eram executados. Quando havia uma longa estiagem ou um período intenso de chuvas, ocorria o trágico já esperado. Podemos citar em Pernambuco o caso de Petrolina e cidades vizinhas, salvas pela irrigação. Entretanto, na época da seca, em todo o estado aparecem os carros-pipas. Falava-se em juntar água no inverno, para gastar no verão. Contudo, nada de concreto a não ser a dos caminhões. Em Alagoas, as catástrofes se renovam. Chegou o inverno, vem a preocupação. Rios e lagoas inundam suas margens e o povo sofre e morre. Por que

com mais cinco abnegados. A Braskem, antes Salgema, não terá sido um grande embuste do qual a sociedade alagoana foi a principal vítima, desde o início? Como repete à constância o companheiro Elias Fragoso, coautor da obra, essa empresa instalou-se aqui em Alagoas, aí pela década de 1960, com o anúncio ufanoso de ser a redenção da economia do estado. Jamais o foi! Ao contrário dessa proposição da empresa, com os aplausos dos políticos de então, trouxe enormes prejuízos para a toda a nossa sociedade, destruindo o patrimônio de milhares de famílias maceioenses, pondo em risco a sua saúde e segurança. Nem a riqueza cultural, paisagística e turística da cidade escapou. E como via de regra um embuste puxa o outro, engana a todos cantando loas, em suas propagandas, sobre o tratamento que vem dando às áreas danificadas

os técnicos não estudam maneiras de proteger as encostas, evitar que os rios transbordem, tirar os moradores das proximidades dos rios, riachos e lagoas? Com tanta tecnologia, não se encontra uma solução para dramáticos acontecimentos? Já se sabe onde e quando acontecem as tragédias. Sempre nos mesmos lugares, nos mesmos cursos d´água. Durante o verão pode ser feito um trabalho para evitar o desastre. Havia na Jatiúca uma favela ocupada por pescadores. O governo derrubou as casas e removeu os moradores para a parte alta da cidade. Eles voltaram para perto da praia. Perguntei ao Tonho, um pescador que trabalhou na nossa jangada, porque deixou as novas casas. Respondeu ele: “Já viu pescador morar longe do mar”? A Balança de Jaraguá era bem pertinho da praia e alagava tudo com a maré alta nos períodos chuvosos. A Prefeitura construiu outra num lugar limpo, seguro, calçado e organizado. Palmas para a equipe que realizou um bom trabalho. Evitou novos alagamentos! Olhem bem para as barreiras de Maceió: as casas

dos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Trapiche e Pontal, bem como os maus-tratos às famílias prejudicadas, sonegando-lhe indenizações razoavelmente justas. Não serão embuste, também, as propagandas eleitorais, as benesses prometidas pelas autoridades nesse ano eleitoral? Notadamente os candidatos? Quantos se preocupam em defender os habitantes dos bairros arrasados pela atividade deletéria da Braskem? Quantos se aventuram nessa defesa? Não serão embustes as apropriações de obras públicas como se fossem favores e não deveres das autoridades? E tudo feito com dinheiro público, que serve também para locupletações e enriquecimentos pessoais. Bem, de embustes e embusteiros o Inferno está cheio!

são construídas umas em cima das outras. Quando chove, cai tudo de uma vez só. Agora, olhem para o Bolão, uma área que vem do Farol para perto da Cambona. Quando eu era menina, ia lá procurar pessoas para trabalhar em nossa casa. Cuidaram dela e está bem melhor. Em compensação, as ruas que ficam perto das lagoas são invadidas pelas águas em todo inverno. O esgoto corre a céu aberto, o mau cheiro é horrível. Entra prefeito, sai prefeito e nada é planejado para evitar o pior. As ruas que cercam o Mercado Público de Maceió são imundas. Morro de vergonha quando passo por lá com alguém que vem de fora. Choveu, transborda tudo e o caos se instala. O prefeito JHC começou a cuidar do Salgadinho, que era um dos cartões postais negros da cidade. Espero que termine a obra e a Praia da Avenida volte a ser linda. Técnicos do Estado e do Município: mostrem aos gestores o que fazer para evitar o sofrimento do povo alagoano com tantas catástrofes. É melhor prevenir do que remediar!

A Braskem, antes Salgema, não terá sido um grande embuste do qual a sociedade alagoana foi a principal vítima, desde o início? Como repete à constância o companheiro Elias Fragoso, coautor da obra, essa empresa instalou-se aqui em Alagoas, aí pela década de 1960, com o anúncio ufanoso de ser a redenção da economia do estado.

Com tanta tecnologia, não se encontra uma solução para dramáticos acontecimentos? Já se sabe onde e quando acontecem as tragédias. Sempre nos mesmos lugares, nos mesmos cursos d´água. Durante o verão pode ser feito um trabalho para evitar o desastre.


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Uma família feliz

MAGELA PIRAUÁ n Escritor.

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duardo Gianneti, em Felicidade, livro editado pela editora Companhia das Letras, obra profunda, em que o autor, com uma notável inteligência, aborda o tema complexo e instigante, utilizando-se de quatro personagens fictícios: um historiador, um filósofo, um economista liberal e uma estudiosa de ética clássica. O ensaio de Gianneti, imortal da Academia Brasileira de Letras, parte da premissa da relação entre civilização e felicidade. A felicidade é discutida

em seus múltiplos aspectos. Seriam os remédios ou ópios buscados e usados para o bem -estar, afastando o ser humano de qualquer sofrimento, antes mesmo do surgimento do incômodo psíquico, buscando o êxtase e evitando o sofrer humano? A pílula da felicidade, portanto, é a busca humana de, por antecipação, não ter sofrimento e sentir prazer, tão somente. Se “a vida é uma doença incurável”, como afirmou o poeta inglês do século XVII Abraham Cowley, por que não buscar um alívio, como no caso ópio ou remédio, ou “a felicidade consiste apenas em querer ser apenas o que se é”, como declarou o poeta latino Marcial? “Querer ser apenas o que se é”, eis, portanto, um sábio ensinamento do bardo. Aos domingos, uma ou duas vezes por mês, gosto de visitar, pela tarde, uma família que mora no Cavaco, bairro de Arapiraca. Na casa simples, mora “seu” José Barbosa, antigo funcionário do Grupo Coringa, e dona Terezinha, professora

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aposentada. Ali, naquele lar, encontro a família reunida. O casal, os filhos, sobrinhos, genro e noras, sentados à mesa, nos fundos da casa. “Seu” Barbosa, em calma contagiante, e de elevado espírito, congrega em torno de si a serena expressão da satisfação do existir. Dona Terezinha, de sorriso fácil, em que pese a grave doença que a acometeu, é alegria e bondade. Reina naquele ambiente a felicidade em torno daquela mesa e naquele lar. Aquele lar humilde e feliz é ponto de encontro e de hospedagem dos parentes de São Paulo, dona Neuza e “seu” Zezinho, filhos, genros e nora. Todos querem estar naquela residência, alegre e confortável, onde se respira paz e bondade. No lar de “seu” José e dona Terezinha, o riso é farto, a alegria é abundante, a conversa é prazerosa e o alimento é apetitoso. Todos, sem exceção, alimentam o corpo e o espírito, em ambiente de aconchego

e paz. Dona Neusa, quando vem de São Paulo, normalmente em fins de ano com o marido, traz, também, àquele lar, a energia do encanto e a beleza de pessoas que quando se encontram irradiam a magnitude da existência. “Seu” José e dona Terezinha são felizes pelo que são, como diz o poeta, e não pelo que buscam. São felizes e contaminam com o vírus do bem -estar sem a busca da pílula da felicidade tão procurada na farmacopeia nos dias atuais. Naquela mesa, nos fundos da casa, onde a algaravia é a tônica. Onde a voz suave do “seu” José é ouvida com respeito. Onde o riso largo de dona Neuza, no fim do ano, é parte integrante da energia de todos. Onde Valdeir, Jarbas, Miriam, Aristeane, Janixon e Meire, Jarison e esposa, cumprem o ritual da felicidade. Quando ali estou sou simplesmente somente o que se é. Naquela casa encho-me da alegria da existência.

Se “a vida é uma doença incurável”, como afirmou o poeta inglês do século XVII Abraham Cowley, por que não buscar um alívio, como no caso ópio ou remédio, ou “a felicidade consiste apenas em querer ser apenas o que se é”, como declarou o poeta latino Marcial?


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SINDIAERO – SINDICATO DOS AEROVIÁRIOS NO ESTADO DE ALAGOAS Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária O SINDIAERO – SINDICATO DOS AEROVIÁRIOS NO ESTADO DE ALAGOAS, CNPJ 19.539.351/0001-01, com sede na Rua Natanael Honorato, 52, Bairro Prefeito Antônio Lins de Souza, Rio Largo, AL, CEP: 57100-000, por meio de seu Presidente, Sr. Cristiano Calheiros de Lima, CPF: 032.463.164-22, com fulcro no estatuto social e portaria nº 1.486, de 3 de junho de 2022, do Ministério do Trabalho e Previdência, convoca todos os trabalhadores, associados e não associados, de sua base territorial e categorias profissionais representadas, para participarem de uma Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no dia 20 de julho de 2022, de forma itinerante com início às 08:00hs e termino às 18:00hs, nos saguões dos aeroportos da base territorial e locais de trabalho onde existem associados, para tratar da seguinte ordem do dia: a) autorização ou não para o sindicato desfiliar-se da FEDERACAO NAC DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTES AEREOS, CNPJ: 34.273.656/0001-08; b) autorização ou não para sindicato fundar e ou participar da fundação de outra federação profissional; c) deliberações conseguintes. Rio Largo, AL, 7 de julho de 2022. Cristiano Calheiros de Lima, CPF: 032.463.164-22, Presidente.

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TECNOLOGIA ACESSÍVEL

Energia solar chega à atividade agrícola em Porto de Pedras Casa de farinha comunitária é primeiro núcleo de projeto que vai atender a 3,5 mil domicílios

Prefeito Henrique Vilela destaca importância do projeto durante a inuguração

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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uso da energia solar fotovoltaica na agricultura é uma realidade que chegou a Alagoas através de um projeto inovador no município de Porto de Pedras, no Litoral Norte do estado. A energia limpa foi implantada inicialmente numa casa de farinha onde a mandioca beneficiada vem da agricultura familiar e garante o sustento de uma comunidade. A inauguração do projeto aconteceu no final de junho, em cerimônia simples com representantes dos setores envolvidos sob o olhar esperançoso de agricultores. O projeto de criação do Parque Agrícola Solar, quando expandido em sua totalidade, terá capacidade para gerar 6 Mw (megawatts/ hora) de energia, o suficiente para atender a 3,5 mil domicílios no município ocupados por famílias médias (até 4 pessoas) e com custo equivalente a uma taxa social. Além das residências, o projeto vai beneficiar pequenos negócios voltados à agricultura, como a casa de farinha comunitária. A iniciativa é da ONG Abevila, fundada há 32 anos, e conta com financiamento do Fundo Casa Socioambiental, presente em vários países da América do Sul. O prefeito Henrique Vilela abraçou e apostou na iniciativa como instrumento para impulsionar o uso da tecnologia nas comunidades rurais e para o desenvolvimento da agricultura a custos acessíveis para as famílias.

Segundo ele, o uso da energia solar fotovoltaica vai baratear a cadeia produtiva e abrir possibilidades para agregar novos projetos na agricultura e psicultura no município. Moradores serão capacitados ao trabalho com a tecnologia. O prefeito também lembra que o projeto, avaliado em torno de R$ 12 milhões, vai contribuir para estimular a geração de emprego e renda, aprendizado e a inclusão social “especialmente para a população feminina e para

jovens, cuja oportunidade de emprego é um grande desafio”. A primeira etapa do projeto é considerada pequena em termos de capacidade de geração de energia solar, mas muito importante para coletas de dados científicos que devem nortear o avanço do Parque Agrícola Solar. Estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) vão observar aspectos – como capacidade de vento, luz solar, entre outros –, para nortear a construção do

Parque no município. Hortas e culturas tradicionais, como a macaxeira, serão produzidas embaixo dos painéis solares. A minuta do projeto apresentada pelo secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, José Ivaldo Costa Pedrosa, informa que a iniciativa “vai adequar a geração de energia atrelando-a à irrigação de pequeno mandiocal demonstrativo, além de permitir o funcionamento de equipamentos e iluminação do ambiente. Como alternativa substitutiva, teremos a implantação de horta orgânica combinado com geração de energia na localidade conhecida como Capoeira de Tatuamunha, ou ainda, piscicultura em tanques-redes no Rio Manguaba”. A inauguração do projeto na casa de farinha contou com a presença do presidente da Abevila, Juan Maurer Pereja, proponente do projeto, e do presidente da ONG responsável pela captação dos recursos, Russel Davis. A representante da ONG em Porto de Pedras, coordenadora de projetos Edemara Lara (Eda), diz que a iniciativa vai democratizar a energia solar no município.


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ECONOMIAEM PAUTA MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL

Cartão pré-pago

Setor cultural

Vale-Uber

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relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios na Câmara dos Deputados, Danilo Forte (União Brasil-CE), desistiu do “vale-Uber” e outras mudanças após pressão do governo para manter a versão do texto aprovada uma semana atrás pelo Senado Federal, para agilizar o pagamento dos benefícios previstos na matéria. O anúncio representa um recuo do parlamentar em relação às suas primeiras posições e ocorre após o Palácio do Planalto entrar em campo para impedir modificações no texto e possíveis atrasos na implementação dos programas sociais a três meses das eleições.

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Alagoas foi o quarto estado brasileiro que mais subiu no ranking da quantidade de profissionais que trabalham no setor cultural. Com crescimento de 11,4%, ficou atrás apenas de Paraíba (13,6%), Bahia (12,2%) e Piauí (11,8%), segundo dados divulgados esta semana na sétima edição do Mapeamento da Indústria Criativa, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). No Brasil, o número de profissionais que atuam no setor da indústria criativa cresceu 11,7% de 2017 a 2020, com distribuição desigual entre as áreas. AGÊNCIA ALAGOAS

MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL O Banco Central (BC) estuda criar um teto para as tarifas de intercâmbio dos cartões pré-pagos. Com uso maciço desse modelo de cartão nas contas digitais gratuitas, fintechs alegam que a medida provocaria uma perda de receita que inviabilizaria o modelo de negócios do setor e levaria a uma elevação das cobranças sobre consumidores, com consequente golpe no processo de inclusão financeira no país.

WhatsApp grátis

ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

A conta de luz pode ficar A Gol anunciou que está oferecendo desde o dia 1° o acesso gratuito ao WhatsApp em todos os voos operados pela companhia. O serviço, que só permite o envio de mensagens de texto, já que áudios, vídeos e imagens não estão contemplados, é válido para viagens nacionais e internacionais. Além do mensageiro mais popular do mundo, os clientes também podem utilizar o Facebook Messenger e o iMessage de graça. A ação é uma parceria da empresa aérea com a Smiles, que administra o programa de pontos da companhia.


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ITAÚ SOCIAL

Propostas selecionadas pelo Edital FIA poderão receber até R$ 250 mil

Conselhos municipais de Alagoas podem se inscrever em edital que destina recursos a projetos voltados à proteção de crianças e adolescentes

ASSESSORIA

O

s CMDCAs (Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente) de Alagoas, responsáveis pela gestão dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e que estejam com o fundo ativo em seu município, estão elegíveis para inscrever propostas que contribuam para promover proteção, apoio e desenvolvimento integral. Cada projeto pode receber até R$ 250 mil. As inscrições podem ser feitas no site itausocial.org.br/editais até o dia 29 de julho, às 18 horas. “Após um longo período de enfrentamento à covid-19, esperamos que esta nova edição do Edital FIA contribua para fortalecer os CMDCAs e as organizações atuantes

nos municípios, para que continuem firmes no papel de assegurar a proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes em seus respectivos territórios”, destaca a gerente de Fomento do Itaú Social, Camila Feldberg. Serão selecionados projetos que fomentem a garantia do direito à educação, por meio de atividades que ofereçam o acesso a conteúdos de qualidade, atuem pela promoção da vida e saúde, com ações de combate à fome e apoio nos cuidados à saúde física e mental, assim como iniciativas de enfrentamento e prevenção de direitos, que busquem impedir situações de violência como o trabalho infantil e que acolham crianças em situação de rua. PROJETOS APOIADOS Na edição de 2021, três

ações sociais de Alagoas foram selecionadas e receberam R$ 700 mil. Na cidade de Anadia, a cerca de 90 km de Maceió, ocorre o “Projeto Diálogos”, que atua por meio de elaboração do Plano de Ação Municipal. O estudo deve conter as prioridades para o aprimoramento das políticas de atendimento da infância. Também serão realizadas formações para organizações da rede de atendimento de crianças e adolescentes. A iniciativa recebeu R$ 205.305. Outra ação selecionada foi a “Linha de Frente”, da cidade de Campestre, localizada na Micro Região da Zona da Mata Norte de Alagoas. Com o valor de R$ 249.756, o projeto atende 100 adolescentes, filhos de trabalhadores rurais e assentados, que apresentam alguma dificuldade escolar. Está

prevista a realização de cursos profissionalizantes nas áreas de comunicação, informática e mídias digitais. No município de Coruripe, no Litoral Sul de Alagoas, acontece o projeto “Farol da Cidadania”, que oferece atividades educativas para 200 crianças e adolescentes. Com o orçamento de R$ 249.915, o

objetivo da iniciativa é contribuir para reduzir os problemas como aliciamento de adolescentes para o tráfico de drogas e violências sexuais. O anúncio dos projetos selecionados na edição deste ano está previsto para janeiro de 2023. Em caso de dúvidas sobre o processo de inscrição, os interessados podem entrar em contato no telefone (11) 976396455 ou pelo e-mail itausocial -edital@prattein.com.br.

SERVIÇO Edital FIA 2022 Período de inscrição: até 29 de julho, às 18h (horário de Brasília) Cadastro: somente pela plataforma de editais do Itaú Social, no link itausocial.org.br/editais/ Resultado: previsto para janeiro de 2023


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Com mudanças na medida certa HB20 vai consolidar liderança

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yundai HB20 foi lançado em 2012 projetado como um modelo específico para o mercado brasileiro. Ao longo de 10 anos avançou lentamente, mas de maneira firme, entre os hatches compactos que naquela época representavam 60% das vendas e tinha o Gol ainda como líder destacado. Em 2015 recebeu pequenas modificações e em 2019 chegou a segunda geração. Esta recebeu uma grade frontal que não agradou a todos, mas o modelo continuou a crescer. Em 2021 foi o automóvel mais vendido no País. Mudar o HB20, agora quase uma terceira geração, foi decisão estratégia da marca sul-coreana que deve consolidar a liderança confirmada neste primeiro semestre. Já o sedã HB20S só chega em setembro. A grade dianteira do hatch

renovou completamente o visual do hatch para que parecesse mais largo. Na traseira lanternas e luzes de freio de LED estão interligadas por uma barra funcional (como no Tucson e Elantra) e a tampa do porta-malas ficou maior. As luzes direcionais nas extremidades do para-choque não oferecem visibilidade tão boa pela posição muito baixa. No interior não houve tantas mudanças. Porém, as duas versões de topo contam com quadro de instrumentos digital (conta-giros sem ponteiro fica estranho) e partida do motor com climatização interna a distância. Conectividade Bluelink com tela de 8 pol. agora é gratuita por três anos, inclusive para os modelos já em circulação que só tinham seis meses de franquia.

Fenabrave refaz projeções para 2022

Honda HR-V avança em estilo e motorização turbo O desenho ganhou jeito de SUV cupê (embora a Honda não o classifique assim) e representa evolução marcante frente ao HR-V de geração anterior. Frente relativamente discreta e na traseira lanternas de LED são interligadas por uma barra luminosa. As dimensões externas são praticamente as mesmas. Altura diminuída em 2 cm sem afetar o espaço interno que até ganhou 3,5 cm para as pernas no banco traseiro e se manteve o basculamento do assento para cima. Houve, porém, diminuição do porta-malas de 437 litros para 354 litros. Interior foi todo revisto incluindo volante e painel, mas o acabamento em plástico rígido continua. Nas versões EX e EXL o motor de 1,8 litro foi trocado pelo de 1,5 litro de 126 cv e 15,8 kgf.m do City. Embora este seja mais moderno com densidade de potência e torque maiores e um câmbio CVT bem acertado, os mais atentos poderão sentir a diferença de 14 cv a menos, mas no torque a desvantagem cai para apenas 1,6 kgf.m. As duas versões mais caras, Advance e Touring, vão oferecer a partir de outubro desempenho muito melhor porque receberão

A Hyundai avançou em recursos de segurança passiva (todas as versões agora com seis airbags). Adicionou novos itens de segurança ativa como assistentes de permanência e centralização na faixa de rodagem, frenagem autônoma de emergência que também detecta ciclistas e pedestres e alerta de tráfego na traseira com frenagem autônoma. Motores (tricilindros flex de aspiração natural – 80 cv (E) e turbo – 120 cv) e câmbios automáticos de seis marchas não mudaram. Na primeira avaliação, no Circuito Panamericano, da Pirelli, o HB20 Platinum Plus com o motor mais potente demonstrou ter um conjunto coerente, bons freios, direção precisa e com as novas rodas de liga leve de 16 pol. e pneus 195/55 o comportamento em curvas é exemplar. Preços: Sense - R$ 76.690; Comfort - R$ 79.990; Limited - R$ 85.490; Comfort T-GDi MT - R$ 93.790; Comfort T-GDi AT - R$ 99.390; Platinum T-GDi AT - R$ 105.390; Platinum Plus T-GDi AT - R$ 114.390.

turbocompressor, mas a Honda não antecipou potência e torque. Chama atenção o pacote de segurança Honda Sensing. Desde a versão de entrada inclui seis airbags, controle de cruzeiro adaptativo também em baixas velocidades, frenagem para mitigação de colisão, assistente de permanência em faixa e mitigação de evasão de pista, controle de descida e subida em rampa, câmera de ré e sensores de estacionamento (apenas na traseira). Os HR-V EX e EXL chegam em agosto às concessionárias. A empresa só anunciará os preços no final deste mês.

Ao apresentar o balanço dos emplacamentos de veículos leves e pesados no primeiro semestre, a Fenabrave reportou redução de 14,5% em relação a 2021. Para o presidente da entidade, José Andreta Jr., “as fábricas ainda sofrem com a falta de componentes e estão produzindo o que conseguem. Há muitos carros parados nos pátios por falta de peças. Existe um represamento de 500 mil unidades já vendidas, com sinal, e não entregues”. Junho teve um dia útil a menos do que maio, porém a média diária de 8.270 unidades se manteve. Atenta aos resultados do primeiro semestre, a entidade refez suas projeções para 2022. No começo do ano a previsão era de crescer 4,6% sobre 2021. Este cenário mais difícil fez com que a Fenabrave refizesse suas projeções para 2022. “No começo do ano prevíamos crescimento total de emplacamentos de 4,4 % no setor de automóveis e comerciais leves, o de maior volume. Agora, devido aos problemas de abastecimento de peças que paralisam algumas fábricas, revimos nossas previsões. Projetamos números de emplacamentos semelhantes aos do ano passado, incluídos caminhões e ônibus”, concluiu Andreta Jr.


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SAÚDE

Entenda os perigos da confusão mental nas pessoas idosas O delirium é considerada uma emergência geriátrica e precisa de atenção

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om o aumento da expectativa média de vida do brasileiro, boa parte da população pode alcançar idades muito avançadas e vivenciar várias questões ligadas ao envelhecimento. O delirium, ou confusão mental aguda, é uma dessas possibilidades. Mais comum em pessoas idosas, afetando até 80% dos que estão em UTI, o problema aumenta consideravelmente o tempo de internação e as taxas de mortalidade. A coordenadora do Serviço de Geriatria da Santa Casa de Maceió, Helen Arruda, destaca que por se caracterizar como uma alteração aguda do nível de consciência, ela precisa ser identificada e tratada o mais rápido possível. “Dizemos que delirium é uma emergência geriátrica. O paciente com quadro confusional agudo precisa ser avaliado o mais rapidamente possível, pois esse quadro pode ser causado por dor, desidratação, constipação intestinal, infecção (urinária é a mais comum) entre várias outras causas, inclusive infarto e AVC”, disse a especialista. Essa alteração da consciência pode causar sonolência (mais comum) ou agitação psicomotora. Também há alteração no nível de atenção e esses sintomas podem flutuar ao longo do dia. Os diagnósticos diferenciais são em geral com depressão, demência e transtornos psicóticos, sendo que o tempo do início dos sintomas é um fator muito importante para essa diferenciação.

Dor, desidratação e infecções, como a urinária, podem causar delirium

“Pacientes com delirium hiperativo (agitação, agressividade, inquietação) podem ser tratados com antipsicóticos. Enquanto se investiga e depois trata a causa. Desde que a causa seja tratada, o paciente pode se recuperar completamente, por isso a importância do diagnóstico precoce”, ressalta a geriatra. Para ela, é importante que a família e cuidadores (no caso de idosos mais dependentes)

identifiquem qualquer mudança em relação ao basal, para que o médico seja comunicado o mais rápido possível.

HOSPITALIZAÇÃO Pacientes hospitalizados tem um risco ainda maior de apresentar quadro confusional, principalmente em ambientes de UTIs. “Nesses pacientes, em

geral, o delirium é causado por múltiplos fatores. E todos precisam ser corrigidos para que o paciente se recupere mais rapidamente. Algumas medicações, por exemplo, podem causar delirium. Corticoides, derivados opióides (tramadol, codeína, morfina), antibióticos, entre outros. Nesse caso, o geriatra faz o ajuste, com redução de dose ou troca a medicação”, destacou Helen Arruda.


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ABCDOINTERIOR Lula em Arapiraca

CÂMARA

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convite do deputado federal Paulão (PT), de Renan Calheiros, do governador Paulo Dantas e do deputado estadual Marcelo Victor, o ex-presidente e pré-candidato à Presidência do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornará a Alagoas em agosto. Dessa vez, Lula pretende visitar as cidades de Penedo, Arapiraca e Maceió. “Ele irá caminhar nas ruas, ao lado do povo”, disse Paulão. Vale lembrar que o ex-presidente esteve em Maceió no dia 17 de junho. As novas viagens de Lula pelo Nordeste começarão no dia 17 de agosto e finalizam em 5 de setembro.

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São José da Laje

Em São José da Laje, o Ministério Público do Estado de Alagoas recomendou à Polícia Civil que seja instaurado inquérito para apurar as denúncias de que comerciantes do município estão superfaturando preços de produtos considerados essenciais após as enchentes que atingiram a região. A Promotoria de Justiça da cidade quer a responsabilização criminal dessas pessoas. O MP também orienta a Polícia Militar a prender em flagrante delito os proprietários dos estabelecimentos que estiverem cometendo essa prática, considerada crime contra a economia popular.

Inúmeras denúncias

“A Promotoria de Justiça de

São José da Laje vem recebendo inúmeras notícias de populares, informando que alguns comerciantes estão supostamente aproveitando o momento trágico e da escassez de bens para elevar, arbitrariamente, o preço dos produtos comercializados, em especial dos produtos de natureza essencial”, informou o promotor de Justiça Carlos Eduardo Baltar Maia, ao justificar o motivo que embasou a recomendação.

Está bem

Na última terça-feira, 5, o radialista Neno Correia, irmão do ex-deputado e comunicador Alves Correia, foi submetido a uma cirurgia cardíaca decorrente de complicações de um infarto. O procedimento foi realizado com êxito pela equipe do Centro Hospitalar Manoel André (Hospital Chama), em Arapiraca. De acordo com informações de familiares, a cirurgia transcorreu como esperado e a expectativa é de que o paciente tenha uma boa recuperação e alta nos próximos dias.

Estiveram em Brasília

O governador Paulo Dantas (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), estiveram reunidos em Brasília com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Na pauta do encontro, diversos temas relacionados a Alagoas e em nível nacional. Durante o diálogo, também foram discutidos o posicionamento do PSB em Alagoas e o apoio do partido à pré-candidatura de Lula para presidente. Essa reunião com as autoridades alagoanas em Brasília provocou reações na cúpula alagoana do PSB. Agora, é esperar para ver o que acontece.

Nome forte

Pelo andar da carruagem tudo leva a crer que o atual vice-prefeito de Maceió, engenheiro Ronaldo Lessa, deverá ser mesmo o pré-candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Paulo Dantas. Nos bastidores, fala-se que já foi aberto um diálogo permanente entre os dois políticos, com aval do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, e o senador Renan Calheiros.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Vai somar

Político respeitado, querido pelo povo alagoano e com larga experiência em gestão pública, Ronaldo Lessa já provou que é um grande gestor, ocupando cargos de grande importância no cenário alagoano como governador, prefeito de Maceió, vereador de Maceió, deputado estadual e deputado federal. Ronaldo Lessa, sem dúvida, fortalecerá a chapa da situação, sendo um elo de ligação entre o eleitorado de Alagoas que já conhece de perto a sua atuação política em favor dos segmentos sociais do estado.

“Puxão de orelha”

Um político arapiraquense não manteve a palavra e desfez um acordo para apoiar um candidato da região. Não deu outra: teve que levar uns bons puxões de orelha para entender que depois do martelo batido e a ponta virada deve-se honrar compromisso. Mesmo em “depressão”, terá agora que correr para garantir os votos prometidos. Valeu a lição.

Incentivos aos clubes

A primeira reunião presencial envolvendo todos os clubes da Série D do Campeonato Brasileiro com a cúpula diretiva da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contou com a presença do presidente executivo da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), Higor Rafaell. O encontro aconteceu no Rio de Janeiro, e na reunião foram definidos os últimos ajustes relacionados à segunda fase da Série D do Campeonato Brasileiro de 2022. Todos os 64 clubes que integram a competição participaram da reunião, que determinou o apoio de uma quantia de R$ 150 mil às agremiações que

avançarem de fase na competição.

Premiações

De acordo com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, haverá ainda premiação de R$ 120 mil para os clubes que não avançaram para a segunda fase. Ainda segundo ele, a partir da segunda fase o trio de arbitragem dos jogos será composto por profissionais de fora dos estados dos times mandantes. Outra novidade é a presença do Vídeo Assistant Referee (VAR) a partir das quartas-de-final da Série D e as premiações de R$ 500 mil para o campeão e R$ 300 mil para o vice.

PELO INTERIOR ... Pela segunda vez deste ano, os motoristas do transporte alternativo entre os municípios de Coité do Noia e Arapiraca reajustaram o valor das tarifas. Em abril a passagem passou a custar R$ 7 e na segunda-feira, 4, a cobrança passou a ser de R$ 7,50. ... Esse novo aumento gerou diversas reclamações por parte dos passageiros que utilizam o transporte todos os dias entre as duas cidades. .. Primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro olímpica em provas individuais, a ex-atleta Maurren Maggi esteve na cidade de Arapiraca e, no início da tarde de quarta-feira, 6, visitou o Centro Administrativo Municipal, onde foi recebida pelo prefeito Luciano Barbosa. ... Acompanhada do empresário e diretor de Futebol do ASA, Rogério Siqueira, a ex-atleta olímpica brasileira conversou sobre ações, projetos e investimentos na educação e no esporte como importante instrumento de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida de crianças e jovens. ... “Sua presença em nossa cidade é muito importante. Ela provoca um impacto muito positivo nas pessoas, sobretudo em nossos jovens. Sua história de superação é exemplo e lição de vida para todos nós”, destacou o prefeito Luciano Barbosa. ... O Senac Alagoas está oferecendo 125 vagas em cursos técnicos gratuitos por meio do Programa Senac de Gratuidade (PSG), destinado a pessoas de baixa renda – cuja renda familiar mensal per capita não ultrapasse dois salários mínimos. ... As turmas serão realizadas de forma presencial, em Arapiraca, com aulas de segunda a sexta. ... As inscrições serão realizadas de forma presencial, na Unidade Senac Arapiraca (Rua Manoel Ferreira de Brito, 69 – Cavaco), no período da manhã. ... Um ótimo final de semana para os nossos leitores. Quanto aos desafetos que vivem enchendo o “saco”, que vão para os quintos dos infernos. Ô raça perdida. Até a próxima edição. Fuiiii!


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MEIO AMBIENTE Arraial do Cabo

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José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

PIXABAY

PREFEITURA DO RIO

Polícia Federal e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apreenderam uma embarcação que pescava com apetrechos proibidos um espinhel de 8 milhas - na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. Juntamente com a embarcação e os itens de pesca, foram apreendidos 100 kg de pescado. A Operação Garoupa ocorreu entre os dias 16 e 20 de junho com objetivo de coibir crimes ambientais na reserva. O responsável foi autuado e responderá administrativa e criminalmente pela infração cometida. Além disso, terá de pagar multa no valor de R$ 7,4 mil. O espinhel consiste em um aparelho de pesca que funciona de forma passiva, com a utilização de iscas para a atração dos peixes, sendo as mais usadas a sardinha, cavalinha e lula. O espinhel é formado pela linha principal (linha madre), linhas secundárias (alças) e anzóis.

Ar de São Paulo

Um estudo divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) verificou que a qualidade do ar na cidade de São Paulo ficou acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos 22 anos. A nota técnica mostra que, em alguns pontos da cidade, o nível verificado foi quatro vezes maior do que o indicado pela OMS. Além disso, em 2021 nenhuma estação de monitoramento da qualidade do ar da cidade atendeu aos limites estabelecidos pela OMS com relação aos três tipos de poluentes considerados na análise: material particulado (MP2,5 e 10), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2). O material particulado é composto principalmente pela fuligem que sai do escapamento dos veículos. Já o ozônio surge de reações químicas na atmosfera, sobretudo quando os combustíveis encontram a radiação solar, e por isso é mais frequente em dias ensolarados. O dióxido de nitrogênio também é derivado dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel que abastecem carros e caminhões.

PIXABAY

SHUTTERSTOCK

Extinção Responsabilidade

Pesquisa elaborada pela consultoria Walk The Talk by La Maison analisou quais são os problemas atuais mais relevantes que as companhias precisam enfrentar, de acordo com os 4.421 entrevistados (homens e mulheres), de 16 a 64 anos, das cinco regiões do Brasil, das classes ABC. Com a mudança de pensamento da população nos últimos anos, as preocupações ambientais e sociais têm crescido cada vez mais e as atitudes também. Na pesquisa, foi possível mostrar que problemas de ordem político-econômica são hoje os mais relevantes, mas os brasileiros agem mais em relação a problemas sociais e esperam que as companhias, por sua vez, ajam em questões ambientais. Dentre as ações esperadas das empresas estão: desenvolver recursos naturais, fazendo ações como reflorestamento ou neutralização de carbono, mudar produtos ou serviços para serem ambientalmente sustentáveis, não fazer testes em animais e fazer embalagens que sejam melhores para o meio ambiente (ex. reciclável, biodegradável)..

Um estudo conduzido por paleontólogos do Reino Unido e da China indica que a natureza se recuperou vigorosamente após a extinção Permo-Triássica, também chamada de Grande Morte — evento de desaparecimento de espécies em massa ocorrido há mais de 252 milhões de anos. De acordo com a pesquisa, publicada na revista Frontiers in Earth Science, depois desse evento, que é a extinção em massa de maiores proporções que já registrada na Terra, predadores se tornaram mais ferozes, e as presas precisaram se adaptar rapidamente para encontrar novas maneiras de sobreviver. Os ancestrais de mamíferos e as aves tornaram-se animais de sangue quente, podendo se mover mais rapidamente. A Grande Morte aconteceu no fim do período Permiano, quando quase todas as formas de vida do planeta foram aniquiladas, com o desaparecimento de 95% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres. Isso foi seguido por um dos momentos mais extraordinários da história da vida: o período Triássico, de 252 a 201 milhões de anos atrás, que marca um renascimento dramático da vida em terra e nos oceanos.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

A mentira contada por um alagoano que virou golpe de Estado

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história brasileira está recheada de conspirações e conversas mirabolantes infundindo terrores com o objetivo de atrair apoio popular para medidas extremas. E quando está no poder alguém com inspirações nazistas, cercado por integrantes das Forças Armadas dispostos ao vale-tudo, a mentira, por mais absurda que seja, ganha ares de verdade. E nasce um golpe de Estado. Em 30 de setembro de 1937, às 19 horas, na Voz do Brasil, o chefe do Estado-Maior do Exército general Pedro Aurélio de Gois Monteiro (nascido em 12/12/1889 em São Luís do Quitunde/Alagoas) anunciava a descoberta de um plano para derrubar o presidente Getúlio Vargas. Eis a fórmula: o Partido Comunista Brasileiro, em contato com comunistas espalhados pelo mundo, preparava uma invasão ao Brasil. A farsa, narrada com ares de tragédia, detalhava o caos, saques, mortes, fogo em prédios e casas, libertação de presos políticos e ajuda de esquerdistas infiltrados entre operários e estudantes. A onda comandada pela esquerda tinha apenas uma assinatura: Cohen. Béla Kun-Cohen (1886-1939) foi um dos fundadores, com apoio de Lenin, do Partido Comunista da Hungria. O general Góis Monteiro, assim como Getúlio Vargas, se afinava com as ideias de Adolf Hitler. Em 1933, o Partido Nazista subiu ao poder na Alemanha, Hitler virou chanceler e o Parlamento transformou a então República de Weimar em uma ditadura. Vinte e quatro horas após Góis Monteiro narrar o tal Plano Cohen na Voz do Brasil, Vargas pediu ao Congresso a decretação do Estado de Guerra. O Legislativo abria mão da maior parte de suas prerrogativas e as entregava ao presidente da República. Um mês depois (10/2/1937), Vargas fecha o Congresso. Começava a ditadura do Estado Novo. Em 1945, o próprio Góis Monteiro denunciou a farsa: o Plano Cohen, na verdade, foi datilografado pelo militar Olímpio Mourão Filho que confirmou a história e completou: recebeu um pedido da

Getúlio Vargas anuncia a ditadura do Estado Novo

O ‘tenebroso’ Plano Cohen Góis Monteiro Ação Integralista Brasileira. O alagoano se isentou de culpas e disse que o plano foi entregue a ele por Mourão. Mourão, por sua vez, culpou Góis Monteiro de se apropriar indevidamente de documento para uso interno. Vargas caiu em 1945 e continuou sua grande amizade com Góis Monteiro. Olímpio foi inocentado nos tribunais e, mais adiante, ajudou nas conspirações que acabaram no golpe de 1964; Góis Monteiro foi eleito senador em 1947 por Alagoas. O Plano


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