Edição 1176

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ANO XXIII - Nº 1176 - 16 A 22 DE JULHO DE 2022 - R$ 4,00

LISTA TRÍPLICE

Governador deve nomear logo novo desembargador do TJ

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O governador Paulo Dantas deve escolher logo o novo desembargador do TJAL na vaga da OAB para evitar pressões externas e desgaste político em ano eleitoral. 2 FACEBOOK

MASSA FALIDA

MACEIÓ - ALAGOAS

JOAQUIM BELTRÃO É DESTITUÍDO DO COMITÊ DE CREDORES

www.novoextra.com.br

ARQUIVO

n Ex-prefeito de Coruripe

é acusado de invadir terras da Usina Guaxuma 7

SUCESSÃO ESTADUAL

CRIME DE RIO LARGO

ASSASSINATO DE KLEBER MALAQUIAS FAZ DOIS ANOS E MANDANTE FICA IMPUNE 8 e 9

CANDIDATOS NÃO TÊM PLANOS DE GOVERNO n Até agora só ideias genéricas e promessas vazias n Prefeitos demoram a oficializar apoio aos candidatos majoritários 2 e 5

ARQUIVO PESSOAL

Ex-mulher de Arthur Lira quer legenda para disputar eleições n Vítima de violência doméstica, Jullyene Lins usará tema como bandeira de campanha 10


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA Corrida ao interior

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- A dois meses e meio das eleições de 2 de outubro os pré-candidatos a governador aceleram a corrida ao interior do estado em busca de apoio de prefeitos, vereadores e demais lideranças municipais. Na história de Alagoas, os prefeitos nunca foram tão disputados quando no pleito deste ano.

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CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros e Maurício Moreira

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Grafmarques preimpressao@grafmarques.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

- Em outra frente os candidatos ao governo investem em pesquisas para detectar a intenção de voto dos eleitores, captar índices de rejeição e identificar as regiões mais sensíveis para então elaborar o mapa estratégico de campanha.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- O assédio político a essas lideranças municipais é intenso, mas até agora poucos prefeitos assumem publicamente apoiar um candidato. Até porque dois deles – Paulo Dantas, candidato de Renan Filho; e Fernando Collor, apoiado por Bolsonaro –, destinaram aos municípios recursos a rolo oriundos do Estado e da União. Arapiraca é o exemplo maior dessa cobiça eleitoral e da dinheirama derramada pelos candidatos.

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- O apoio público dos prefeitos só deve ocorrer em agosto, após as convenções partidárias com a definição de quem é quem na disputa majoritária. Até lá, cada candidato tem o caminho das pedras, mas falta encontrar o mapa da mina.

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- Até agora, Paulo Dantas é o candidato com maior apoio tácito de prefeitos. O comando de sua campanha garante que o governador interino conta hoje com mais de 65 prefeitos, ou 66% dos 102 municípios.

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- Em segundo lugar vem Rodrigo Cunha, que teria o apoio de pelo menos 16 prefeitos, o equivalente a 15% do total, seguido de Rui Palmeira, com 10 prefeituras, quase 10% de todo o interior.

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- Fernando Collor, último a entrar na corrida ao governo do Estado, é o candidato de maior capilaridade eleitoral, com eleitores fiéis em todos os 102 municípios. Mas até agora só quatro prefeitos assumem publicamente apoiar o senador, pouco menos de 5% dos gestores municipais.

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- Esses índices, no entanto, mudarão depois das convenções partidárias, quando os prefeitos devem oficializar apoios e subir no palanque de seus candidatos.

Novo desembargador do TJ

O governador Paulo Dantas deve seguir o Tribunal de Justiça e nomear o novo desembargador do TJ o mais rápido possível para evitar pressões externas e desgaste político em meio à guerra eleitoral. Alinhado com a Assembleia Legislativa e com o próprio Poder Judiciário, o governador interino não terá dificuldade em escolher um dos três advogados que disputam o cargo e certamente manterá a prática de nomear o mais votado da lista.

Sai de baixo

Jullyene Lins, ex-mulher do deputado Arthur Lira, e filiada ao MDB, mandou carta à direção do partido comunicando seu interesse em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Dizendose vítima de violência doméstica e alienação parental, Jullyene deve movimentar a campanha e esquentar o horário eleitoral.

Mudança de foco

Em queda livre nas pesquisas, o senador licenciado Rodrigo Cunha muda a estratégia e começa a atacar o senador Collor que, em um mês, já está na vice-liderança e disputa a preferência do eleitorado com o governador Paulo Dantas.

Jó Pereira é escalada

Sem carisma junto ao povo e à classe política, Rodrigo Cunha escalou a vice, deputada estadual Jó Pereira, na tentativa de frear sua queda e atrair novos ares para a disputa majoritária. A deputada tem se esforçado, inclusive com apoio da sua família na cidade de Campo Alegre, base do reduto eleitoral.

Em busca do vice

O senador Fernando Collor segue sua luta na busca de encontrar um vice que traga partidos de peso e densidade eleitoral. O vereador Léo Dias, bolsonarista de carteirinha, já declarou seu voto no parlamentar e atua para trazer o Partido Liberal para o lado do ex-presidente.

Não deu, João! Reconhecido como bom articulador político, o ex-deputado João Caldas vai ficar sem mandato. Colocou o filho, Dr.JAC para disputar uma cadeira na Câmara Federal. Caldas levou uma rasteira dos Calheiros e Lula, que ameaçaram tirar o PSB das mãos do prefeito de Maceió.

Resultado em aberto As bolsas de apostas apontavam para dois a três eleitos no partido União Brasil na disputa pela Câmara Federal. Com a saída de Caldas, a dúvida é: o UB faz um ou dois? Quem será eleito: Alfredo ou Marcius? As contas estão sendo refeitas pelas lideranças do União Brasil.

Trapaça O processo judicial em que Marcilene Costa é acusada de trapaça na venda de uma mansão na Barra de São Miguel pode ter desdobramento para a ex-tesoureira da Prefeitura de Maceió. O caso chegou à PF, que deve investigar suspeita de sonegação e enriquecimento ilícito. Vale lembrar que Marcilene Costa, assim como o então prefeito Cícero Almeida, saiu da prefeitura acusada de improbidade administrativa. Almeida ainda responde judicialmente por desvios de recursos públicos na chamada Máfia do Lixo.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Hora de alianças

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em bem abriu o prazo para a realização das convenções partidárias previstas para a próxima quartafeira, dia 20, os candidatos enfiam o pé no acelerador para definir alianças e novas composições políticas na capital e no interior.

Pegando fogo

A escolha do futuro desembargador pelo quinto constitucional está dando o que falar nos bastidores políticos. A disputa da indicação de um dos três nomes que será escolhido pelo governador Paulo Dantas depois de passar pelo Tribunal de Justiça, já motivou atritos na cúpula de partidos da situação.

Influência

De fora, mas ainda com muito poder de fogo, o ex-governador Renan Filho está disposto a dar as cartas, mas esbarra na pretensão do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Victor, o mentor da candidatura de Paulo Dantas ao governo.

Sem rumo I

Mesmo tendo exercido os cargos de governador, deputado estadual, federal e prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa tem se revelado um ineficiente dirigente partidário. Nas últimas eleições o PDT sequer elegeu um só vereador na capital, ao tempo em que o vice de JHC vive reclamando do tratamento que tem recebido da prefeitura.

Sem rumo II

Embora Ronaldo Lessa tenha dito em certa época que não queria mais conversa com a Família Calheiros, leia-se o senador Renan e o ex-governador Renan Filho, o que se vê são grupos internos apostando no seu apoio ao governador Paulo Dantas, candidato à reeleição.

Te cuida, Vieira

Inconformado com a nomeação no governo passado do secretário de Turismo e da Educação, o conselheiro Otávio Lessa agora está de olho no Sebrae para tirar o arquiteto Marcos Vieira e colocar no seu lugar o genro Rafael Brito.

Com apenas a deputada Jó Pereira sendo anunciada como vice do senador Rodrigo Cunha, os outros candidatos trabalham para escolher o vice até o dia 5 de agosto, prazo final para as atas serem enviadas para o Tribunal Regional Eleitoral.

Na mira

Apesar do artigo 70 da Constituição Estadual proibir participação de conselheiros do Tribunal de Contas em atividade político-partidária, Otávio Lessa articula para seu irmão Ronaldo Lessa passe a apoiar o candidato à reeleição Paulo Dantas.

Articulação

O conselheiro Otávio Lessa, hábil negociador, tem feito pressão para que seu irmão participe do projeto de Paulo Dantas. E por isso mesmo tem armado barraca na Assembleia Legislativa, tentando o apoio do presidente, deputado Marcelo Victor.

Desfalque

Sem jogo político para administrar a permanência nos quadros do PDT, o ex-deputado Judson Cabral e o atual deputado Inácio Loiola procuraram outro porto para atracar. Perde assim o partido duas referências na política alagoana.

Repulsa

O projeto de lei do deputado Felipe Carreras, do PSB de Pernambuco, que trará grandes prejuízos para emissoras de rádio e profissionais da crônica esportiva, recebeu a repulsa da Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil, endossada pelo presidente da ACEA em Alagoas, Ronaldo da Paz. A diretoria da instituição diz que é inconcebível usurpar o direito dos profissionais na fiscalização do exercício da profissão.

Pressão

Nem bem começou a campanha eleitoral, políticos-empresários já começaram a receber pressão pelas redes sociais. Uma delas foi uma denúncia de que a Vital Segurança, que teria a participação do deputado Francisco Tenório, estava devendo salários e obrigações sociais dos seus funcionários.

No páreo

A comunidade de São Miguel dos Campos e outras regiões convenceu a advogada Marly Ribeiro a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ela será candidata pelo Partido Progressista e terá o apoio do presidente do PP, Arthur Lira. Marly tem uma grande folha de serviços prestados na Zona da Mata.

Não desiste

O ex-prefeito Rui Palmeira, que tem feito algumas alianças discretas até agora, não abre mão de sair candidato ao governo de Alagoas. Ele e JHC se estranharam nos últimos dias pelas redes sociais num aperitivo do que será a campanha no guia eleitoral.

Projeto de família

O prefeito JHC está jogando pesado nessas eleições. Quer eleger seu irmão Dr. JAC a deputados estadual, aposta na eleição do seu pai João Caldas para federal e ainda por cima quer efetivar sua mãe Eudócia Caldas no Senado Federal.

Furto em estacionamento

A direção do supermercado Bompreço da Fernandes Lima deveria ter mais cuidado com seus clientes. Ultimamente pessoas têm sido vítimas de ladrões que atuam no estacionamento, onde o supermercado sequer tem câmeras de monitoramento. Esta semana surrupiaram um notebook de dentro de um veículo e, como sempre, ninguém está nem aí.

Polarização

O maior objetivo dos candidatos ao Governo de Alagoas é polarizar a eleição durante a campanha eleitoral. Quem conseguir, chegará ao 2º turno e aí as alianças acontecerão naturalmente entre situação e oposição.


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Pré-candidatos a governador, Rodrigo Cunha, Rui Palmeira, Fernando Collor e Paulo Dantas não apresentam propostas concretas de governo

Candidatos seguem com poucas propostas ao governo Dantas, Collor, Cunha e Palmeira têm ideias genéricas ou de difícil execução

ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

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oucos dias antes do início das convenções partidárias e os quatro pré-candidatos a governador mais bem situados nas pesquisas seguem com poucas propostas ou apresentam ideias genéricas e de execução duvidosa no enfrentamento dos maiores e mais antigos problemas de Alagoas: o acesso à saúde e educação públicas, de forma digna e de qualidade. Por outro lado, as costuras dos projetos de poder estão quase prontas, garantindo acordos a curto, médio e longo prazos: para 2022, 2024 e 2026. O governador Paulo Dantas (MDB) busca a reeleição e apoia o ex-governador Renan Filho (MDB) ao Senado. Representam o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Alagoas. O senador Fernando Collor (PTB) arrisca a chefia do Executivo para se manter com mandato e é convencido a apoiar o deputado Davi Davino Filho (PP) ao Senado. O senador Rodrigo Cunha (União Brasil) mira o governo para manter Eudócia Caldas (PSB) no

Senado. Hoje ela é suplente. Eudócia é mãe do prefeito de Maceió, JHC (PSB). Apoia a reeleição de Arthur Lira a deputado federal. Lira é presidente da Câmara Federal e busca renovar o mandato em fevereiro de 2023. Para presidente da República, Cunha transita entre os palanques de Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União Brasil). O ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) vai para o governo, mas busca ser competitivo também para as eleições à Prefeitura de Maceió daqui a dois anos, enfrentando JHC que quer a reeleição. Não vai declarar apoio presidencial neste primeiro turno. O prazo das convenções será de 20 de julho (próxima quarta-feira) até 5 de agosto. O cenário não é dos melhores. Os casos de covid-19 estão aumentando assim como a quantidade de mortos (ver mais nesta edição). As convenções podem ser virtuais, mas é provável que todos apostem em eventos presenciais e de grande proporção, exibindo, cada um, “seus” deputados, prefeitos, vereadores, líderes comunitários e apoiadores. Como fez Rui Palmeira no últi-

mo domingo. Para espantar o disse-me-disse sobre sua desistência em disputar o governo, refez o discurso: é o candidato nem Renan Calheiros nem Arthur Lira. Se apresenta como independente, “liso” e enfrentando “os poderosos da política”. Sua principal proposta na educação é investir na educação profissionalizante. Segundo ele, 6% dos alunos da rede municipal está em cursos técnico-profissionalizantes. É uma resposta ao empresário que quer uma mão de obra mais qualificada mas com tempo de formação menor. Também para atender a demanda do turismo que pede trabalhadores com está condição. Na saúde, Rui tomou para si uma proposta do então candidato a prefeito da capital Alfredo Gaspar de Mendonça, em 2020: policlínicas (com especialidades médicas e espalhadas pelo estado) e telemedicina, modalidade usada por planos de saúde privados. O senador Fernando Collor (PTB) promete retomar os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs), instituídos em 1991 quando era presidente da República. Os centros têm proposta semelhante às escolas em tempo integral, oferecendo ensino integral, lazer, ali-

mentação. Na saúde, “menos cimento e mais sentimento”, com implantação de pequenas unidades de saúde “para a população se sentir mais à vontade e mais confortável”. Quer também dar mais atenção ao Hospital Geral do Estado, acabando com as cenas de superlotação. Rodrigo Cunha quer retomar a construção das creches que estão paradas, todas do governo federal e que as mães possam, no mesmo espaço, receber cursos de capacitação “para não repetir o ciclo de miséria”. Para diminuir os índices de evasão escolar, Cunha propõe incentivos, incluindo financeiros, para manter os alunos na escola completando o ciclo básico da Educação. Paulo Dantas quer ampliar as escolas em tempo integral, terminar a construção de 200 creches pelo programa Cria, abrindo 40 mil novas vagas para crianças e 10 mil novos empregos. Na saúde, quer levar adiante programa que já existe: Maratona de Exames “para diminuir a demanda reprimida pela pandemia”, e abrir concurso público para cobrir a demanda dos quatro novos hospitais em construção.


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Amigos da Periferia também distribui roupas com as famílias carentes da região do Benedito Bentes

Ameaças de morte, fome e covid-19: o cenário das convenções em Alagoas Prazo começa na próxima quarta e partidos se preparam em clima de medo e expectativa ODILON RIOS odilonrios@hotmail.com

A

s convenções partidárias começam na próxima quarta-feira em meio à escalada dos casos de covid-19 em Alagoas, investigação determinada pelo governador Paulo Dantas (MDB) de ameaças de bolsonaristas contra petistas e o avanço da fome, obrigando os alagoanos a disputarem ossos e pele de frangos. O Instituto Amigos da Periferia, no bairro do Benedito Bentes, cadastra famílias para receberem, além dos ossos e peles de frango, ossos de boi doados por açougues do mercado público. Atende 350 pessoas.

A crise também é nacional. Trinta e três milhões de brasileiros passam fome enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), buscam cortar recursos da arrecadação do ICMS sobre o combustível nos estados e mostrar protagonismo federal com a PEC kamikaze reajustando benefícios sociais até o final do ano. Porém a quantidade de dinheiro que circula nos governos estaduais incomoda as duas lideranças. Somente Alagoas, o terceiro estado mais pobre do Brasil e líder em analfabetismo e desemprego, vai perder R$ 4 bilhões dos cofres públicos com os cortes do ICMS, restringindo ações do Executivo aos mais pobres. A escalada de casos de covid-19, potencializados pelas festas juninas, pressiona a saúde pública. Em 18 de junho, por exemplo, Alagoas não registrou novos casos da doença. Quase um mês depois, 12 de julho, são 470 novos casos. Esta semana o Comitê de Atenção à Saúde do Tribunal de Justi-

ça determinou o uso de máscaras pelos funcionários durante todo o expediente de trabalho “tendo em vista a alta dos casos de Covid-19 em Alagoas”. Há duas semanas, a Secretaria Estadual de Saúde alertou para o crescimento de casos da doença e mortes. O governo voltou a ampliar a quantidade de leitos, insiste na cobertura vacinal (as quatro doses da vacina) e a testagem para covid-19. O uso de máscaras voltou a ser discutido, mas existe pressão da classe política exatamente porque as aglomerações são regra nas convenções partidárias. Mês passado, a rede privada de ensino determinou o retorno do uso da máscara por professores, alunos e funcionários. Escolas voltaram ao regime remoto de aulas, para evitar aglomerações no ambiente de ensino. Também é nacional o clima de violência e ameaças de bolsonaristas a petistas, pressionados pelas pesquisas que apontam vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todos os cenários, preju-

dicando a reeleição de Bolsonaro. A escalada de ameaças preocupa o governo alagoano. Esta semana, na orla de Maceió, uma mulher foi ameaçada de morte por um policial militar porque ela caminhava vestida com uma camisa estampada com a foto do ex-presidente Lula: “Depois não sabe porque leva um tiro”, disse o PM. O caso foi denunciado nas redes sociais, mas a mulher decidiu não encaminhar para as autoridades, temendo represálias. Afinal o bolsonarismo opera dentro das forças de segurança e não raro policiais exibem armas nas redes sociais, acompanhadas de palavras de ordem a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Sabemos que atitudes como a ameaça feita a essa senhora que passeava na praia partem de uma minoria que não sabe conviver com o estado democrático de direito e a liberdade de cada um manifesta sua opção eleitoral como neste caso. Mas é fundamental que o governo estadual esteja atento a esse tipo de situação, que vai muito além da provocação. Afinal, houve uma ameaça”, disse Ricardo Barbosa, presidente estadual do PT. Pessoas próximas a Ricardo – e ele mesmo – foram ameaçadas. “Hoje existe um público novo, gente em que a discussão política transborda sem limites, não admitem oposição”, explicou. O filho dele foi fechado no trânsito por uma caminhonete. E o motorista freava o carro, tentando simular um acidente. No vidro do veículo, o filho de Barbosa tinha um adesivo com o nome de Lula. Uma amiga da família, preocupada, falou com a mãe do presidente do PT. Pediu que Ricardo Barbosa se expusesse menos. “Eu estava outro dia em um bar no Stela Maris e um policial federal bêbado ficava me provocando, passando pela minha mesa, indo e vindo”, resume. Estes episódios são mais próximos do petista. Existem outros, como carros arranhados (e todos tinham adesivos do PT no para -brisa) e petistas que carregavam bandeiras e foram atacados por ovadas.


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MASSA FALIDA DA LAGINHA

Joaquim Beltrão é destituído do Comitê de Credores

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Denunciado por invasão de terras, ex-prefeito de Coruripe é acusado de lesar patrimônio que pertenceu a JL JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ex-prefeito de Coruripe Joaquim Beltrão foi destituído do cargo de representante da classe de quirografários do Comitê de Credores da Massa Falida da Laginha. A decisão é da juíza Emanuela Bianca de Oliveira Porangaba e foi proferida no último dia 13. A magistrada acatou pedido da atual administração judicial do processo falimentar. O motivo seria a participação de Beltrão em ocupação ilegal das terras da Usina Guaxuma, pertencente à Massa Falida e localizada em Coruripe. Tanto é que foi necessária uma ação de reintegração de posse para a evacuação dos invasores. Segundo os autos do processo, o ex-prefeito teria agido como esbulhador das terras antes pertencentes ao conglomerado do falecido ex-deputado João Lyra. Após denúncia, a administração judicial, hoje encabeçada pelo advogado Igor Telino, acendeu o alerta após analisar que se Joaquim Beltrão se mantivesse no cargo poderia trazer perigo ou dano ao processo. Em relatório do oficial de justiça está narrado que Beltrão estava invadindo as terras da massa falida causando prejuízos que poderiam repercutir no pagamento dos credores os quais representa. “Embora o contraditório seja diferido nesta etapa inicial, verificamos que os fatos narrados são de extrema gravidade, uma vez que a Lei de Recuperação

e Falência enumera os deveres dos membros do comitê de credores”, destacou a juíza. Que acrescentou: “Não pode jamais quem causou dano à Massa Falida permanecer em postura de influência frente aos credores, já que pode viciar atos do comitê”. Conforme a legislação, os membros do comitê responderão, inclusive, pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa. Isso após deliberação do comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. Trata-se de responsabilidade civil, decorrente da prática de ato ilícito por dolo ou culpa.

Após denúncia, a administração judicial, hoje encabeçada pelo advogado Igor Telino, acendeu o alerta após analisar que se Joaquim Beltrão se mantivesse no cargo poderia trazer perigo ou dano ao processo. Em relatório do oficial de justiça está narrado que Beltrão estava invadindo as terras da massa falida causando prejuízos que poderiam repercutir no pagamento dos credores os quais representa.

Joaquim Beltrão foi afastado por lesar credores que ele representava “Por todo exposto, fica patente que, são causas de destituição do membro do comitê de credores a prática de ato ou omissão negligente, ilegal ou lesiva à devedora ou a terceiro, assim, deferimos a tutela de urgência, para determinar a destituição de Joaquim Beltrão Siqueira como membro representante da classe de credores quirografários do comitê de credores, ao passo que convocamos o suplente do membro destituído para integrar o comitê de credores na função a partir de então vacante”, finalizou a magistrada. O CASO Em julho do ano passado, foi ingressada no Judiciário alagoano uma ação contra Joaquim Beltrão e as Usinas Reunidas Seresta, a Impacto Bionergia Alagoas e a Usina Coruripe, todos suspeitos de participarem de invasões de terras e furto de cana-de-açúcar produzidas em fazendas da Usina Guaxuma. Na ocasião, advogados da Família Lyra informaram que

as terras teriam sido invadidas, juntando ainda à denúncia fotografias e filmagens das áreas mostrando a presença de diversos ônibus, inclusive escolares e caminhões de propriedade da Prefeitura de Coruripe, situação que demonstraria suposta participação do ex-gestor de Coruripe nos atos de invasão às terras. O processo de número 070077057.2021.8.02.0042 de reintegração, manutenção de posse, turbação e ameaça tramita sob segredo de Justiça. A invasão teria sido constatada após diligências na região, nos meses de setembro e outubro de 2020 (quando Joaquim Beltrão era prefeito de Coruripe), flagrada por meio de uma análise de campo em tempo real via drone, resultando em vídeos com fortes indícios de que as terras da Guaxuma eram exploradas sem qualquer resistência há muito tempo. Fotos e prints de vídeos, bem como a denúncia, também foram registrados em cartório.


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IMPUNIDADE

Assassinato de Malaquias completa dois anos sem solução Empresário foi atraído por “amigos” para comemoração de aniversário JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ar da Buchada, Mata do Rolo, Rio Largo. Esse foi o cenário de um dos crimes de mando mais misteriosos da história recente de Alagoas. Afinal, quem mandou matar o empresário Kleber Malaquias? Assassinado a tiros no dia 15 de julho de 2020, o crime completa dois anos com seis acusados de participação presos, mas o nome do mandante ainda continua preservado. Malaquias se foi, mas a família ficou. Traumatizada, saiu de Alagoas com medo de represálias. Hoje, a mãe do empresário, Evany Malaquias, vive à base de remédios. “Dois anos de muito sofrimento e muita dor e os mandantes ainda na impunidade rindo de nossas caras”. A Polícia Civil evita falar sobre as investigações, que correm em segredo de Justiça. No site do Judiciário alagoano, o que tramita à vista da população são apenas quatro processos envolvendo Malaquias, entre eles, um de crime contra a honra. O prefeito Gilberto Gonçalves (PP) acusava o empresário de calúnia e difamação. Uma audiência de conciliação estava prevista para o dia 1º de setembro de 2020, encontro que nunca aconteceu. Não era

Durante as investigações, após a realização de quebras de sigilo e perícias, segundo denúncia do Ministério Público, foi possível se chegar a provas contra cada um dos denunciados na trama que culminou com a execução da vítima em plena luz do dia, em uma das vias mais movimentadas de Rio Largo, a Avenida Teotônio segredo que Malaquias tinha adversários, para não dizer inimigos. Outro processo contra o empresário foi ingressado pelo ex-prefeito de Rio Largo Toninho Lins, esse protocolado em 2011. Kleber Malaquias também chegou a aparecer no Fantástico, programa dominical da Rede Globo, acusando o desembargador Washington Luiz Damasceno de Freitas, do Tribunal de Justiça de Alagoas, de ter encomendado a morte do juiz, hoje aposentado, Marcelo Tadeu. No hall de acusações, ele também fez denúncias contra o ex-prefeito de Marechal Deodoro Cristiano Matheus e o ex-prefeito de Mata Grande Jacob Brandão de calote. A execução de Malaquias foi bem elaborada e contou com informantes, ex-militares e espiões. Apesar de tramitar em segredo, o passo a passo do assassinato foi publicado pelo Diário da Justiça

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Kleber Malaquias foi morto no dia em que completava 41 anos Eletrônico (DJE) no dia 9 de junho deste ano. Essas informações são de livre acesso à população. Os detalhes publicados foram minuciosos, chegando a contabilizar quantas ligações os participantes do crime fizeram entre si no dia do assassinato. Confira a seguir os principais trechos.

PREPARAÇÃO Durante as investigações, após a realização de quebras de sigilo e perícias, segundo denúncia do Ministério Público, foi possível se chegar a provas contra cada um dos denunciados na trama que culminou com a execução da vítima em plena luz do dia, em uma das vias mais movimentadas de Rio Largo, a Avenida Teotônio Vilela, determinando-se o papel que cada um desempenhou para o pleno êxito da empreitada. Para burlarem a dificuldade de acesso à vítima, os ex-militares Marcelo José Souza da Silva e Fredson José dos Santos, responsáveis pela execução de Malaquias, contaram com a ajuda de Marcos Maurício Francisco dos Santos e Jefferson Roberto Serafim da Rocha que, no dia do crime, teriam monitorado o empresário passando para os executores in-

formações sobre o ambiente e condições em que poderia ocorrer o assassinato, além dos passos da vítima até o Bar da Buchada. Jefferson e Marcos Maurício ainda teriam contado com o apoio de José Mário de Lima Silva e Edinaldo Estevão de Lima (Galeguinho do Som), este último atraindo e levando a vítima até um posto de gasolina em Rio Largo, avisando Marcos Maurício e Jefferson para que estes pudessem se juntar à dupla. Conforme relatório da Polícia Federal, nos dias 5, 9 e 13 de julho de 2020, Marcos Maurício e José Mário mantiveram contato por telefone. Nesse meio tempo, Marcos Maurício ligou para Malaquias tentando, sem êxito, marcar um encontro com o empresário. Diante da dificuldade de conseguir convencer a vítima a sair de casa, José Mário orienta Edinaldo a entrar em contato com Malaquias para marcar um encontro. Desta forma, ele envia inúmeras mensagens à vítima via aplicativo em dias diversos, a fim de convencer Malaquias a encontrá-lo, afirmando que o sargento Mário, como é conhecido José Mário, policial militar e, à época dos fatos, pré-candidato a vereador, queria conversar sobre questões políticas.


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IMPUNIDADE REPRODUÇÃO DE VÍDEO DIVULGADO PELA POLÍCIA

CONVENCIMENTO

Edinaldo Estevão insiste, até que Kleber Malaquias concorda com o encontro, tendo o denunciado prometido pagar duas caixas de cerveja Heineken em comemoração ao aniversário da vítima de 41 anos. No dia seguinte, dia 15 de julho, data do crime, ainda conforme a denúncia do Ministério Público, Edinaldo usou o telefone celular por dez vezes para manter contato com Marcos Maurício e Jefferson Serafim. Nesse mesmo dia, por volta das 10 horas, Edinaldo apanha Malaquias na Praça Manoel Vieira, em Rio Largo, levando-o até sua casa, de onde se dirigiram - cada um em seu veículo - para uma loja de conveniência em um posto de combustível localizado à margem do viaduto de acesso ao aeroporto. Avisados por Edinaldo Estevão, os denunciados Marcos Maurício e Jefferson Roberto dirigem-se a Rio Largo no veículo Renault/Sandero, placa NMI 7479, sendo seguidos pelos executores materiais do crime, Fredson José e Marcelo José, que se encontravam no automóvel VW/ Gol, cinza, placa alterada HMK 0718. Marcos Maurício e Jefferson Roberto chegaram ao posto de combustível por volta das 11 horas, quando se juntaram à vítima e também a Edinaldo, para ingerirem bebidas alcoólicas. Por volta das 13 horas, a vítima leva seu veículo para casa, retornando ao posto de combustíveis de mototáxi, tendo permanecido naquele local até por volta das 13h50m, quando foram ao Bar da Buchada, na Mata do Rolo, no Renault/ Sandero de um dos denunciados. Pouco depois, câmeras captam a passagem de um veículo Gol (HMK 0718), guiado por Marcelo José, tendo no carona Fredson José, seguindo o carro em que estava a vítima.

EXECUÇÃO

Por volta das 14h10m, chegam ao Bar da Buchada Fredson José e Marcelo José Souza, quando então sentam em uma mesa no canto esquerdo do bar e perguntam onde seria o banheiro, tendo ido até aquele cômodo para,

Executores chegam ao bar minutos após Malaquias entrar

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Sargento Mário, um dos envolvidos na emboscada ao empresário

Edinaldo convenceu vítima a sair de casa e a levou até posto de gasolina

logo em seguida, pedirem refrigerantes. Enquanto permanecem no bar, os dois dirigiram-se à entrada do estabelecimento comercial, de onde ligaram ou simularam fazer ligações telefônicas, sendo suas imagens captadas pelas câmeras de segurança. Por volta das 14h59m, Kleber Malaquias pediu a conta e foi ao banheiro, sendo seguido por Fredson José, o qual, armado com uma pistola, surpreendeu a vítima e alvejou Malaquias com um disparo no abdome e, em seguida, com a vítima já prostrada ao solo, efetuou mais um disparo na têmpora da vítima que faleceu no local. Ao se dirigir à entrada do bar, Fredson José deparou-se com uma testemunha fazendo um gesto para que ele permanecesse em si-

em silêncio. “É de se concluir que o homicídio de Kleber Malaquias foi um crime de mando, sobretudo quando se tem em mente o fato de que a vítima angariou muitos inimigos nos últimos anos e, ainda, diante do fato de não haver sido encontrado qualquer outro aparente motivo que pudesse ter levado os denunciados a desejarem e planejarem, de forma tão ardilosa e minuciosa, a morte da vítima. No entanto, não restou possível, até o momento, identificar acima de qualquer dúvida razoável a autoria intelectual do referido homicídio, razão pela qual prosseguem as investigações justamente com esse fim”, destaca o MP no relatório publicado no Diário da Justiça Eletrônico.

lêncio. Ele saiu do local junto com Marcelo José, entrando no veículo utilizado na fuga, sendo seguidos por uma camionete Toyota branca guiada por Vanildo Rufino dos Santos, mesma cor de camionete que levantara suspeitas da vítima quando esta ainda se encontrava no posto de combustível. Vanildo Rufino é vereador de Rio Largo que teve mandato cassado por compra de votos. Até o momento, Rufino não foi preso como suspeito, mas seu nome continua nas investigações. Interrogados, os denunciados José Mário, Edinaldo Estevão, Jef-ferson Roberto e Marcos Maurício negam envolvimento no crime, enquanto Fredson José e Marcelo José lançaram mão do direito constitucional de permanecerem


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ELEIÇÕES

Ex-mulher de Arthur Lira quer ser candidata contra violência doméstica

ARQUIVO PESSOAL

Jullyene Lins pede ao MDB para disputar cadeira da Assembleia DA REDAÇÃO

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MDB alagoano poderá ter mais uma candidata para brigar pelos direitos da mulher, principalmente contra a violência doméstica. Jullyene Lins, que já é filiada ao partido há algum tempo, entregou carta à direção da legenda em Alagoas solicitando a legenda para ser précandidata a deputada estadual nas eleições de outubro. Jullyene foi casada com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ela afirma que sua bandeira

de luta não é apenas retórica: ela sofreu na própria carne a violência doméstica durante e depois do seu casamento, além de ser punida com alienação parental (perda da guarda dos dois filhos que tem com Arthur Lira). “Cansei de ser omissa, de me sentir fraca e conivente com tudo que vem acontecendo comigo, com outras mulheres e com os vulneráveis”, diz ela na carta ao MDB. “Venho há muitos anos sendo perseguida e lutando pelos meus direitos roubados por homens que dizem ser os salvadores da pátria, paladinos da moral, conservado-

Jullyene enviou carta ao MDB pedindo apoio para a eleição res e defensores da família”, prossegue ela. “São apenas homens que defendem seus interesses particulares, (...) capachos de outros que andam de moto e defendem Deus acima de tudo, pensando que Deus não vê as mentiras e os crimes que cometem”. Jullyene Lins conta, na carta, que foi “vítima de grave violência doméstica e de alienação parental”. Diz também que tem observado a violência contra mulheres

crescer nos últimos anos e “a intolerância sendo algo comum”, e chama atenção para a falta de representatividade feminina na política. Por isso, decidiu-se a entrar na política e tentar o mandato estadual pelo MDB, “um partido plural”, segundo avalia, ao qual já era filiada. Ouvido pelo EXTRA, o MDB de Alagoas informou que na próxima semana vai convocar reunião da Executiva Estadual para discutir e decidir sobre o pedido de Jullyene Lins. O partido adiantou que o MDB “tem tradição de acolher todas as mulheres e as minorias que lutam por seus direitos, e incentiva que entrem na política para dar exemplo”. Atualmente o MDB tem três representantes femininas na Assembleia Legislativa de Alagoas, as deputadas estaduais Fátima Canuto, Flávia Cavalcante e Cibele Moura. Além delas, que são pré-candidatas à reeleição, a chapa feminina emedebista para as eleições deste ano tem pré-candidatas oriundas dos movimentos populares, dos movimentos negros e uma transexual que também vai disputar mandato.


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UM NOVO TEMPO

JUNQUEIRO COMEMORA 75 ANOS COM ENTREGA DE VEÍCULOS, INAUGURAÇÕES E SHOWS ARTÍSTICOS

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unqueiro, no Agreste alagoano, comemorou esta semana seus 75 anos de Emancipação Política com entrega de veículos, inaugurações e shows de artistas da terra e de renome nacional. Durante abertura das festividades, o prefeito Leandro Silva destacou a importância de uma gestão séria e comprometida com o bem público e social. Prova disso é que em apenas um ano e meio de governo, e mesmo diante da pandemia, o município tem avançado e vai continuar pisando no acelerador para trazer tudo o que a população merece, através do trabalho, desenvolvimento, dedicação e compromisso em todas as áreas, principalmente na saúde, educação e assistência social. Com cerca de 26 mil habitantes, Junqueiro se destaca neste novo tempo que vivencia. A parceria do prefeito Leandro Silva e do vice Tiago do Neto aponta para um futuro próspero que já começa a despontar na Terra do Junco. E Tiago, ao lembrar sua origem humilde, agradeceu por fazer parte de uma gestão que coloca Junqueiro no trilho do desenvolvimento e é motivo de orgulho. O prefeito Leandro agradeceu o comprometimento de sua equipe, dos servidores municipais, dos vereadores parceiros e todos que fazem o governo Novo Tempo. E foi em clima de emoção que ele anunciou a assinatura de ordem de serviço de algumas obras, com destaque para a creche modelo que será construída com tecnologia avançada e padrão nunca

visto na região. A obra, que será erguida com recursos próprios, vai atender a cerca de 250 crianças que receberão uma educação de excelência em sua base. O anúncio da construção do Mercado Verde também foi bastante comemorado. A obra vai trazer mais conforto e qualidade de vida para feirantes e consumidores. O prefeito também anunciou que a Praça do Goiti e o Centro Gastronômico, obra esperada por vários anos, agora se tornará realidade. A apresentação dos veículos que irão reforçar a frota do município foi igualmente comemorada. É a primeira vez nestes 75 anos que o município adquire duas caçambas, máquinas importantes que irão prestar serviços para melhorias dos junqueirenses. A Secretaria de Saúde foi contemplada com quatro veículos e as secretarias de Agricultura e a de Transporte receberam, cada uma, um veículo modelo Strada. Quem chega para ficar e de roupagem nova é o programa social Renda Mais Junqueiro, que vai distribuir mais de 2 mil cestas básicas ao mês, garantindo a quem mais precisa alimentação direto na mesa. Outro feito é a Casa da Sopa que atendia a 300 beneficiários e atualmente são mais de 600, ação esta que foi estendida à zona rural do município. Já com o Programa do Leite são quase 1.200 famílias assistidas. Junqueiro também saiu na frente no que diz respeito à educação. Além de rendimento compatível com os cargos que ocupam, todos os meses os

servidores recebem seus salários antecipados. A cultura do município também foi contemplada com a entrega de instrumentos musicais que irão atender a juventude e trabalhos sociais desenvolvidos pela secretaria. Teve, ainda, inauguração do Centro de Atendimento Educacional Laysa Sophia, do Complexo Esportivo José dos Santos, entrega de casa no Povoado Cinzeiro e a reinauguração do Clube do Retiro e da Praça Antônio dos Santos, no povoado São Benedito.

SOLIDARIEDADE As fortes chuvas que deixaram centenas de desabrigados e desalojados em Alagoas serviram de pano de fundo para campanha solidária promovida pelo município de Junqueiro. Durante os shows artísticos, o público contribuiu com alimentos não perecíveis que serão distribuídos para localidades atingidas.


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É FRAUDE

Golpe do emprego no WhatsApp oferece vagas tentadoras; veja como não cair Criminosos utilizam nomes da Amazon, Aliexpress e Magazine Luiza para atrair vítimas BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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ma proposta de emprego quase irrecusável com salário de até R$ 5 mil por dia, para trabalhar apenas meio período, sem precisar sair de casa e em empresas de renome internacional como Amazon, Aliexpress e Magazine Luiza. Você se lembra de ter se candidatado a essa vaga? Não? Então cuidado, é golpe!. “Olá, você foi selecionado para um trabalho de meio período online, com salário diário de R$ 500 - R$ 5000. Entre em contato comigo pelo link...”. Em alguns casos, o golpista entra em contato anunciando a seleção para uma vaga, mas pede um pagamento, supostamente para a realização de um exame admissional ou de um curso necessário ao trabalho. Esse tipo de proposta tentadora, que não passa de uma fraude, tem chegado a todo instante via Whatsapp e SMS para muita gente, sempre utilizando o nome de grandes empresas e atraído vítimas em um momento em que o Brasil acumula pouco mais de 10,6 milhões de desempregados, segundo dados divulgados em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mensagem vem acompanhada por um link encurtado e sem muitos detalhes, que é onde mora o perigo. Ao clicar nele o trabalhador pode ter o celular infectado por vírus ou ter os dados pessoais roubados pelos estelionatários. O jornalista Josué Seixas é um dos milhares de brasileiros que passaram a receber desde o final de maio mensagens des-

te tipo quase todos os dias. E, embora não acredite nas ofertas, a insistência dos golpistas é o que mais tem o chateado. “É um golpe absurdo, porque tem muita gente desempregada aqui no Brasil. Eu já tinha visto sobre ele nas redes sociais, mas demorou muito até que começassem a me mandar mensagens. Agora recebo pelo menos uma vez por semana, só mudando a empresa”, conta. Casos semelhantes ou de pessoas que chegaram a cair no golpe começaram a chegar na Delegacia de Crimes Cibernéticos de Alagoas, sendo que é quase impossível rastrear quem praticou a fraude e onde foi parar qualquer valor depositado na conta dos criminosos, explica o delegado Sidney Tenório. “A nossa orientação é não clicar em nada, não iniciar essa negociação. Geralmente a pro-

posta do criminoso é no sentido de que a vítima faça uma reserva de valor para garantir uma futura vaga que na verdade não existe”, diz. “Caso a vítima caia no golpe, ela deve procurar imediatamente a delegacia do bairro, a Central de Flagrantes ou registrar um Boletim de Ocorrência por meio da internet e aí a gente vai tentar auxiliar o distrito policial a tentar chegar aos criminosos, mas dificilmente aquela vítima vai conseguir recuperar o dinheiro. [...] Não façam esse tipo de depósito, ou Pix, porque depois que o dinheiro vai para a quadrilha ele é espalhado em várias contas para dificultar o rastreamento do dinheiro”, explica. Tenório afirma ainda que nenhuma grande empresa faz seleção de emprego via Whatsapp e que a maioria dos golpistas estão dentro de presídios.

De acordo com o portal Vagas. com.br, um dos mais especializados no mercado de trabalho no Brasil, algumas medidas podem ser tomadas em caso de desconfiança como: nunca fazer transferências de dinheiro ou pagamentos para pessoas ou empresas que dizem cobrar esses valores para participação em processos seletivos, além de não passar informações ou dados pessoais. Caso já tenha aberto o link, a primeira ação que pode ser feita é realizar uma varredura com o antivírus para descobrir se o smartphone foi infectado por algum tipo de malware. Para descobrir se seus dados foram expostos de alguma maneira, sites como Serasa Experian, SCPC e SPC Brasil podem ajudar. Os serviços apontam se há inadimplências ou irregularidades por meio do CPF.


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ANUÁRIO DA SEGURANÇA

Casos de racismo aumentam 300% em Alagoas População negra está mais consciente de seus direitos, diz advogada JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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m novembro do ano passado o vendedor Luís Felipe Mesquita denunciou à polícia que sofreu injúria racial durante quatro meses, sempre no horário de trabalho, na loja Centauro do Parque Shopping, em Cruz das Almas, Maceió. A vítima, que é negra, relatou que o momento mais grave foi quando o agressor, branco, entrou na loja, puxou seu cabelo black power e falou: “Se eu tivesse um fósforo, eu tocaria fogo em você”. O acusado, o professor Lauro Farias Júnior, foi processado por ameaça em ação que tramita na 6ª Vara Criminal da Capital. Já em novembro de 2020, outro caso veio à tona. Um jovem negro, de 19 anos à época, contou que foi espancado por seguranças do supermercado GBarbosa após ser acusado de furto de celular. A vítima, que estava com dinheiro no bolso para comprar o celular, prestou queixa contra o estabelecimento. Casos como esses foram contabilizados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, que revelou o aumento do crime de racismo e injúria racial em Alagoas. Se em 2020 foram 68 casos de racismo registrados, esse número saltou para 272 em 2021, registrando um aumento de 300% de ocorrências racistas. Apesar dos númeeros já alarmantes, para Emilly Vieira, advogada e membra da comissão de igualdade racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), a maioria das ocorrências são subnotificadas. Ou

seja, ainda há casos de racismo que não são denunciados, muito menos expostos pela imprensa. “Inicialmente é válido ressaltar que embora a crescente seja expressiva, sem dúvidas não abarca o real número de casos, uma vez que a maioria das ocorrências são subnotificadas”, disse ao EXTRA. De acordo com o Anuário, opiniões racistas sustentam que a ideologia ditatorial brasileira ainda permanece viva e alcança os mais altos cargos do Executivo federal, como comprova a fala do atual vice-presidente Hamilton Mourão, na declaração: “Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. (...) a malandragem é oriunda do africano”. “A fala sobre as populações negras explica o recurso à Lei da Vadiagem como dispositivo de perseguição de pessoas negras, enquanto o cansado estereótipo do índio preguiçoso e inapto para o trabalho alimentado pelo vice-presidente desembocou no período ditatorial. Não por acaso, o tirocínio policial, que pode ser traduzido enquanto essa capacidade de ‘farejar’ criminalidade no cotidiano e escolher os alvos dos enquadros/abordagens/baculejos policiais segue partindo de estigmas e estereótipos racistas”, destaca o estudo. No entanto, a advogada Emilly Vieira ressalta que os negros estão mais esclarecidos de seus direitos, fazendo com que não fiquem mais calados. “Acredito que a motivação para a crescente nos casos de racismo se dá por um conjunto de fatores: informação, por exemplo. As discussões relacionadas à temática sendo exploradas pela mídia, bem como materiais sobre a questão encontrados com mais facilidade na internet, levam a sociedade a conhecer, entender e reivindicar. Além da criação de canais que dão o suporte devido aos casos, como por exemplo a

comissão de igualdade racial da OAB/AL. Essa crescente também é um sinal de que a população negra está cansada do desrespeito e não se calará. Enfim, a tendência é essa: mais denúncias, lutas e cobranças”, analisou. O Anuário da Segurança Pública também mostra que casos de injúria racial aumentaram no estado. Foram 70 em 2020 e 99 casos em 2021. Vale destacar que há diferenças entre racismo e injúria racial. A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo

3 do Código Penal, sendo caracterizada pela conduta discriminatória direcionada a um indivíduo em razão da cor, raça, religião e até mesmo quanto à sua origem. Por sua vez, no crime de racismo, tipificado na Lei 7.716/89, a discriminação é dirigida a uma coletividade, não existe especificação do ofendido. A existência de um crescente debate em torno do racismo faz com que aumente a esperança das vítimas de terem sua reivindicação por não discriminação devidamente formalizada e atendida pelos sistemas de segurança pública e justiça. Para denunciar, o governo federal tem o Disque Direitos Humanos - Disque 100, em que é possível apresentar denúncias de racismo e discriminação. Se o crime estiver acontecendo naquele momento, a vítima pode chamar a Polícia Militar por meio do Disque 190. O crime de injúria racial também deve ser denunciado em delegacias para confecção de boletins de ocorrência.


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CIDADE DE TODOS NÓS

Município estuda novo cadastro de feirantes para reordenar espaços Feiras livres na capital são tradicionais locais de comércio diário e clientela fiel ASSESSORIA

FOTOS DE JOÃO FERRO

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s feiras livres preservam a tradição e a qualidade de produtos fresquinhos e uma boa troca de conversa entre quem comercializa e a clientela. Entretanto, mais do que a sobrevivência de um espaço popular dentro de grandes centros urbanos, como Maceió, as feiras livres garantem renda para as famílias e muitos empregos. Prefeitura realizará cadastro para otimizar espaços na capital. Dona Maria Edineide Ferreira, 43, já é famosa na Feirinha da Jatiúca. Sua tradição são os temperos de toda a natureza. Suas origens são sertanejas e como as raízes que comercializa são fortes e bem fixadas na comunidade. Neide possui uma banca na Feirinha da Jatiúca há 17 anos e comercializa condimentos, especiarias e utensílios para o lar. O ponto alto da ‘Neide Temperos’ são as fabricações artesanais dos produtos Sal de Ervas e Tempero Baiano. “O Sal de Ervas é uma receita da minha avó, que fazia socando tudo no pilão e só usava esse tempero. Hoje, eu uso a máquina de moer e passei a comercializar durante a pandemia, quando as pessoas começaram a cozinhar mais”, conta a feirante. O espaço de comercialização é ponto convencional para moradores da parte baixa da cidade. A Feira da Jatiúca, que funciona todos os dias, é a preferida dos moradores do bairro e da vizinhança, como Pajuçara e Ponta Verde. O local é familiar e tem barracas de primos, tias, mãe e filha. São pessoas como dona Neide que devem realizar este novo cadastro. A Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária, que administra mercados e feiras na capital, planeja realizar um novo cadastro dos feirantes e o recadastramento de permissionários para organizar e reordenar os espaços na capital. O titular da Semtabes, Maurício Filho, explica que a necessidade da iniciativa parte de conseguir ter a dimensão de feirantes nos equipamentos públicos e definir políticas

Prefeitura quer saber número exato de feirantes e suas necessidades

públicas direcionadas para os comerciantes. “Sabemos que as feiras livres da capital têm um papel importante na valorização das comunidades onde estão instalados esses espaços de comercialização. Elas são mais tradicionais e geralmente o trabalho nas bancas envolve a mobilização de toda a família”, explica o secretário. Maurício Filho completa dizendo que pelo motivo apresentado é preciso este tipo de trabalho organizador. “Por isso, a necessidade de conseguir realizar um cadastro para direcionar políticas públicas para essas comunidades”, justificou Maurício Filho.

INCENTIVO A Semtabes também tem em andamento o projeto de instalação de novas feiras livres organizadas em Maceió, a exemplo do Rio Novo e do conjunto Paraíso do Horto. “Queremos melhorar esses espaços e estimular a geração de emprego e renda na capital. E contamos com o apoio da população para se fazer presente e prestigiar nossas feiras e mercados públicos locais”, atentou o secretário Maurício Filho. Para conferir a localização e horário de funcionamento das feiras livres e mercados públicos da Prefeitura de Maceió, basta acessar o site www.maceio.al.gov.br/semtabes.

Neide comercializa na Feira da Jatiúca há 17 anos


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TRAGÉDIA URBANA

Registro fotográfico foi apresentado pela estudante

Larissa registrou o abandono do bairro

Afundamento do solo em Bebedouro vira tema de Trabalho de Conclusão de Curso da Ufal

Situação causada por exploração irregular de sal-gema levou a êxodo de moradores ASCOM UFAL

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azio, silêncio e dor. Essas são algumas das palavras que podem se transformar em sentimentos para as pessoas que visitam, hoje, Bebedouro, um dos quatro bairros afetados pelo maior desastre ambiental já registrado no Brasil e causado pela exploração irregular de sal-gema. O fato chamou atenção da estudante de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Larissa Lopes, que preparou um ensaio fotojornalístico como

seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “O ensaio pensado para este trabalho procura reforçar e transmitir a necessidade de manter esse caso em pauta. Em cada foto, o sentimento parte para a mesma direção de vazio, silêncio e dor. A busca para serem vistos e ouvidos é constante e alguns dos que já não residem mais ali retornam ocasionalmente para ver a situação em que seus antigos lares se encontram no momento”, escreveu Larissa, em seu relatório. Para o trabalho, intitulado Bebe-

douro silenciado: Um ensaio fotográfico do bairro maceioense depois do afundamento do solo causado pela mineradora Braskem, Larissa fez o registro de mais de 630 fotos, selecionando 30 delas para a criação de um fotolivro. Todas as imagens foram feitas a partir de um smartphone em visitas de Larissa ao bairro durante os meses de maio e junho. “Escutei de um amigo uma frase que ficou e permaneceu em minha mente durante todo o desenvolvimento do trabalho. E foi ela: ‘O bairro de Bebedouro ajudou a fundar Maceió e não a afundar!’ Mesmo tendo nascido em Maceió e sendo moradora da cidade, nunca havia visitado Bebedouro e conhecê-lo na atual situação foi de uma profunda tristeza”, complemen-

tou a estudante. SOBRE A DEFESA O trabalho, orientado pela professora Janayna Ávila, foi defendido de maneira remota na manhã do último dia 8 e contou ainda com as participações do também docente do curso de jornalismo da Ufal Vitor Braga e de Eduardo Leite, jornalista e pesquisador da área da fotografia. Ambos fizeram diversos apontamentos e considerações técnicas durante o processo de avaliação do trabalho. Para Eduardo Leite, o olhar de

O vazio do silêncio que ficou


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a estudante no último dia 8 Imóveis foram lacrados pela Braskem

O vazio do silêncio que ficou

Larissa sobre o bairro de Bebedouro, no que se refere ao ocorrido, se faz relevante pelo fato de a maior lembrança ao se falar no assunto ser direcionada, na maioria das vezes, ao bairro do Pinheiro, local onde o tremor de terra ocorreu em março de 2018, dando início a toda esta situação. “Esse é um trabalho de grande relevância por se tratar de um bairro que não é só o Pinheiro. Quando a gente fala dessa situação, só se fala mais nele, mas os outros vários bairros afetados não são muito falados. Você trazer esse olhar para Bebedouro é algo de grande relevância. Quan-

do eu passei por Bebedouro, a situação me chocou mais, mesmo sendo o mesmo absurdo [ocorrido nos outros bairros]. E é importante trazer esses lugares à tona”, contou o pesquisador. O professor Vitor Braga recordou momentos de sua infância vivida na região do Sanatório, ligeiramente afetada pela tragédia ambiental. “Eu desci muito a Ladeira do Calmon andando de bicicleta, ali tinham padarias, mercados, a minha avó foi uma das pessoas que recebeu a indenização da Braskem, minha tia tinha loja de construção lá... Então, foi uma coisa que me tocou voltar aqui e olhar para um local que teve uma presença muito forte na minha vida, na minha infância, enfim, eu poderia contar aqui várias histórias que vivi na região”, refletiu. A orientadora Janayna Ávila reiterou as palavras de Vitor ao parabenizar Larissa pela produção em um curto intervalo de tempo. Ela destacou ainda a importância de fazer com que esse trabalho circule para que, assim, possa alcançar ainda mais pessoas – um dos objetivos listados por Larissa, inclusive, em seu relatório: “O que eu gostaria de destacar é que a Larissa fez um trabalho, principalmente o ensaio, que foi de extrema importância e contribui para essas narrativas sobre a tragédia. Acho fundamental circular esse trabalho porque vai fazer com que outras pes-

soas possam ter um olhar sobre um único bairro, que é mais esquecido no contexto dessa história toda. Eu já tinha orientado alguns trabalhos sobre o problema, mas não sobre Bebedouro exclusivamente”, disse a professora. IMAGEM E INFORMAÇÃO Ao resgatar pontos importantes da história de Bebedouro, como um dos primeiros bairros da capital alagoana, que reunia os festejos do início do século 20, citando sua importância para a história do esporte e até do transporte ferroviário, Janayna apontou que o trabalho desenvolvido por Larissa se destacou também por contribuir para que a situação que ocorreu – e continua ocorrendo – em Maceió não seja esquecida. “Cada vez mais a gente vê pessoas se interessando em fazer documentos a respeito do que aconteceu. Documentos videográficos, fotográficos, enfim, quanto mais se faz, mais essa documentação vai sendo enriquecida. Essa é uma tragédia que a gente ainda não sente os efeitos dela porque... Estamos muito próximos do acontecimento. É algo que, com certeza, vai afetar a dinâmica da cidade. E é superimportante que isso seja documentado”, refletiu. Janayna destacou também que o meio utilizado pela estudante

para documentar a situação do bairro, o fotojornalismo, enriqueceu ainda mais a proposta do trabalho. “O fotojornalismo, desde que surgiu uma testemunha ocular da história, a fotografia é um olho pensante e no fotojornalismo ainda mais porque através da fotografia você constrói narrativas jornalísticas em imagens. Isso só enriquece ainda mais o trabalho da Larissa”, explicou. O professor Vitor Braga complementou a fala de Ávila ao destacar que o trabalho atingiu a proposta ao mostrar, dentre outras coisas, a sensação de vazio, trazendo um misto de comoção, indignação e interesse em saber mais sobre a situação atual do bairro depois da tragédia provocada pela ação da mineradora. “Eu acho que essa sensação do vazio é muito latente no seu trabalho, ele tem uma potência muito forte, você conseguiu cumprir bem. Foi um trabalho feito em um tempo muito curto, mas tem uma qualidade muito boa no texto e também no ensaio em si. O texto está bem escrito, é um texto fluido, a pessoa fica interessada em saber da história. O que você conseguiu desenvolver nesse tempo é uma coisa louvável”, completou Vitor. MISSÃO CUMPRIDA Após considerações feitas pelos avaliadores na banca, o trabalho de Larissa foi devidamente aprovado e trouxe, além da alegria, duas importantes sensações para a estudante: a de alívio e a de missão cumprida. “Conseguir concluir essa jornada foi muito gratificante, principalmente pelo tema e pela proposta do trabalho, pois se trata de um assunto necessário e importante. Conseguir essa aprovação foi muito. Foi incrível. Então, eu estou muito feliz com essa conquista”, confessou Larissa Lopes, que já tem uma graduação em relações públicas e agora deixa a Ufal com a segunda graduação, no curso de jornalismo.


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SAÚDE MENTAL

O medo nosso de cada dia, faz bem?

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uem nunca sentiu algum medo durante a vida, que atire a primeira pedra. O medo é uma inquietação a um perigo real ou a um perigo imaginável. Muitas vezes não é fácil distinguir um do outro. Medo na medida certa faz bem e é uma proteção para o próprio sujeito; é uma questão de sobrevivência do ser humano. Num tiroteio, procura-se abrigo. O medo serve também como freio para evitar a barbárie. Sem ele seríamos violentos, cruéis ou perversos ao extremo. O medo de ser punido(a), através da lei, também é um freio para evitar a incivilidade. O problema em si do medo não é, necessariamente o medo, e sim o excesso dele. Especialmente, os medos não-ditos ou os medos não-vistos pelo próprio sujeito, que podem ser detectados através de um processo psicoterápico. A aflição constante do não ter feito (era para fazer mesmo?) ou do que está errado (será que estava errado mesmo?), ou seja, o seu excesso desencadeia conflito interno permanente no sujeito, fazendo-o escravo do

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

próprio medo. Por isso a importância do sujeito em descobrir, através de psicoterapia, onde, como e por que estão os medos e também as ansiedades. A nossa mente é uma supermáquina, é ampla, multiforme e apresenta uma infinidade de cenários, reais e imaginários. Está consciente do que ocorre, transforma o ser humano em ter um superpoder, sim, superpoder. Ele pode aprender a ter autodomínio sobre seus pensamentos, comportamentos, seus medos. Identificar o que causa os gatilhos e pensamentos que causam ansiedade e medo; perceber e entender as estratégias para amenizá-los é fundamental para se ter o equilíbrio emocional necessário para se adquirir saúde mental. Isso só é possível através de um processo psicoterápico, às vezes longo. Mas pode ser breve, depende da capacidade do sujeito em absorver o que ele traz de conteúdo no processo psicoterápico.

Viver dá trabalho

Entender, identificar e perceber os medos e as adversidades que a vida impõe, dá trabalho. Muitos preferem colocar a culpa no pai, na mãe, no governo, no vizinho. Outros preferem entrar

nas drogas, se prostituir; outros ganhar dinheiro, enfim. Ter que enfrentar problemas quotidianos não significa que algo errado está acontecendo com a pessoa, mesmo porque ninguém está livre das adversidades. O mais importante é a pessoa não puxar uma cadeira para elas “morarem na casa”. Elas sempre existirão, sim, fora da casa e tem que ser enfrentadas. Quando a pessoa está com medo ou ansiedade pode achar que seja um perigo real, e aí ela pode se transformar numa “doença”, mas não é. O ser humano não é uma doença. E nem toda emoção “ruim” (medo, tristeza, raiva, ciúme ...) é doença.

Próprio eu

Todos, todos podem sentir tristeza, medo, raiva, ciúme, ansiedade e isso é inerente ao ser humano. Não existe super-humano. Olhar para si mesmo é um desafio. “Conhece-te a ti mesmo”, Sócrates. Mas não é uma transformação imediata, de um dia para o outro. É um processo. É um processo psicoterápico. É um mergulho no seu próprio eu. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: +55 (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também on-line, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@gmail.com


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrojornalista@uol.com.br

PARA REFLETIR - Se a escalada da violência política não for detida, as eleições de outubro poderão ser de sangue.

Um general fanfarrão

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então ministro da Defesa, Walter Braga Netto (hoje pré-candidato a vice-presidente de Bolsonaro), ameaçou a realização das eleições, quando da não aprovação do voto impresso e auditável, em recado ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, que não levou em conta a idiota fanfarronice e agora recentemente em reunião com um grupo de empresários em São Paulo voltou a insistir com sua ameaça golpista no mesmo tema. Ressalta-se que a ala pensante, nas Forças Armadas, que é maioria, não aceita qualquer retrocesso institucional e não se submeterá aos arroubos ditatoriais do presidente Jair Bolsonaro. Conflito entre poderes não cabe às Forças Armadas mediar ou se intrometer, mas à própria democracia resolver.

Quem fala demais...

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou que o ex-presidente Lula, líder nas pesquisas, “pode não ter o respeito” das Forças Armadas, mas os militares ainda saudariam o petista caso ele derrote Jair Bolsonaro. Em entrevista à revista Veja, Mourão declarou: “Ele (Lula) pode não ter o respeito, mas vamos dizer assim, como vou dizer… ele tem o cargo. A gente quando faz continência para um superior, a gente não saúda a pessoa, a gente saúda o posto. Ele será saudado pelo posto que irá ocupar”. Confesso que há muito não vejo tanta idiotice em uma declaração de alguém que se arvora de concorrer a um cargo político.

Ronaldo Lessa

O velho e sábio Magalhães Pinto (1906/1996) já dizia “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e está e ela já mudou”. O ex-governador Ronaldo Lessa tem história política positiva na capital e interior. Seu nome ajudou muito na eleição de JHC, na condição de vice-prefeito. Não tem tido o espaço merecido na administração, que perde sua experiência exitosa e na composição política para as próximas eleições seu nome não foi levado em conta por seus supostos aliados. Sentiu-se traído e partiu para uma candidatura solo, que desperta os interesses de outras forças políticas que veem nele um razoável potencial eleitoral. As conversas estão evoluindo e logo teremos surpresas.

Arthur Lira

O deputado Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, pediu respeito à democracia e à garantia da defesa de posições partidárias, diante do clima de violência que o país tem assistido, no confronto entre as duas principais candidaturas a presidente da República. “A Câmara dos Deputados repudia qualquer ato de violência, ainda mais decorrente de manifestações políticas. A democracia pressupõe o amplo debate de ideias e a garantia da defesa de posições partidárias, com tolerância e respeito à liberdade de expressão”. “A campanha eleitoral está apenas começando. Conclamo a todos pela paz para fazer nossas escolhas políticas e votar nos projetos que acreditamos. Esta é a premissa de uma democracia plena e sólida, como a nossa”.

Por um pacto de paz

O assassinato do dirigente do Partido dos Trabalhadores Marcelo Aloizio de Arruda levou também o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a condenar a violência política. Ao manifestar seus sentimentos pela “barbaridade” ocorrida em Foz do Iguaçu, o parlamentar chamou atenção para a responsabilidade dos líderes políticos. Ele se referiu diretamente aos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, e cobrou tanto consciência dos cidadãos quanto um trabalho eficiente das forças de segurança.

Rodrigo Cunha: ‘Sofri na pele’

O senador Rodrigo Cunha, pré-candidato ao governo, também se mostrou indignado com o episódio de violência política que culminou em um tiroteio entre apoiador de Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula. Cunha perdeu seus pais em um ato de violência política (1998). “O episódio com morte em Foz do Iguaçu choca o país. Uma pessoa matar outra por pensar diferente. Já senti na pele a violência política. Há gente em Alagoas que se perpetua no poder por conta dela. Não se constrói nada com isso. Tá na hora de fazer diferente. O caminho é o diálogo”.

Atendimento ‘Já’

Todas as centrais de atendimento “Já” vão passar por adequações e mudanças significativas, visando um melhor atendimento e a consequente eficiente prestação de serviços aos usuários. A competente secretária de Planejamento e Gestão, Renata Santos, determinou pressa e toda atenção na elaboração das mudanças, objetivando nas adequações modernidade, facilidade e comodidade para o cidadão.

O sucesso incomoda

Os delegados Thiago Prado e Fábio Costa são dois profissionais visíveis e proativos na Polícia Civil de Alagoas. Nas redes sociais mostram o bom trabalho de investigação e prisões, protegendo a sociedade com suas ações de resultado. Ambos têm grande numero de seguidores e admiradores. Por conta disso tramita uma descabida proposta na Assembleia Legislativa buscando proibir o uso de imagens de seus trabalhos e divulgação das operações. O deputado autor da “obra prima” deveria mostrar o que está fazendo em seu mandato e não investir contra quem trabalha com competência.

PÍLULAS DO PEDRO “Não podemos permitir que bandidos travestidos de políticos retornem ao poder. A responsabilidade é de cada um de nós”. (Jorge José da Rocha Guaranho, assassino do petista, dias antes no Twitter)


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Inflação, Alagoas, eleições...

ELIAS FRAGOSO n Economista

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enho alertado há mais de um ano sobre os perigos da volta da inflação no país e, no caso de estados depauperados como Alagoas, daestagflação que já tomou conta. Debalde. A nível nacional, sob a “batuta” deste governo federal, a inflação voltou com tudo ao comando da pauta econômica sob o olhar beneplácito das autoridades e políticos que se beneficiam com o aumento inflacionário dos impostos para cobrir a bandalha que tomou conta deste país. A inflação está levando o país a um crescimento fake de 2% para este ano – que não resiste a qualquer aná-

lise séria; à crise de grandes proporções para 2023; ao aprofundamento da estagflação nos estados do Norte-Nordeste; à perda real de renda dos assalariados e a volta da fome e da extrema miséria. Aqueles com menos de 40 anos não sabem direito o significado da inflação alta graças ao Plano Real, de 1993, que eliminou essa praga da vida dos brasileiros. Que agora volta com tudo num patrocínio especial do (des) governo Bolsonaro. A população já sente no bolso os efeitos deletérios de uma inflação que já anda na casa dos 13% e não dá sinais concretos de que vai arrefecer (deve aumentar até às eleições). E Alagoas com isso? Rezam os manuais que economias fragilizadas como a alagoana são as primeiras a sofrerem os efeitos deletérios das crises econômicas nacionais. E as últimas a se livrarem do problema. E por aqui se sente isso desde sempre, embora – até recente – de modo intuitivo, vez que não havia dados que indicassem o tamanho do buraco da economia local.

Quem ganhar, leva

NELSON FERREIRA n Jornalista

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assassinato de Marcelo Arruda, agente municipal de segurança e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, é uma tragédia anunciada. Em entrevista concedida à BBC News, o pesquisador, professor e doutor em Direito Fábio Aristimuho Vargas relatou que durante um seminário para jovens sobre como combater a violência, realizado em maio na cidade de Foz de Iguaçu, conversando com Marcelo, pales-

trante no evento, notou que o agente se mostrava preocupado pelo fato de ser um guarda municipal ligado ao PT, o que poderia ser considerado um agente de segurança da esquerda. Portanto, um inimigo. No seu entender esses profissionais seriam as primeiras vítimas a caírem numa eventual escalada autoritária no país. Ele temia sofrer atos violentos por sua preferência política, divergente da praticada pelo atual governo. Casos de violência contra lideranças políticas vêm ocorrendo Brasil afora de forma assustadora. De acordo com o Observatório da Violência Política e Eleitoral, formado por pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, o número de ocorrências de atos violentos contra essas lideranças, no primeiro semestre deste ano, já é maior do que os acontecidos durante todo o ano passado. Para o cientista político Felipe Borba qualquer

O que foi suprido com o livro Rasgando a Cortina de Silêncios no capítulo que trata do desempenho da economia alagoana nos últimos 50 anos e mais especificamente nos últimos 20 anos. Diferentemente das propagandas oficiais que insistem em enganar os alagoanos com lorotas, lá se encontram os números reais – e ruins, muito ruins – da economia alagoana que em meio século conseguiu a façanha negativa de ver o seu PIB reduzido ainda mais em relação aos estados brasileiros e sair do 18º lugar do ranking para o 20º! Num rumo pior que o do nosso tradicional caranguejo (que ao menos anda para os lados). Tem outros números ainda piores. Mas deixemos ao leitor conhecê-los e se indignarem com os mesmos, comparando-os às fakes que veem sendo cantadas em prosa e verso sobre um desenvolvimento inexistente no estado há meio século. E que só piora. Nas próximas eleições, até onde se sabe, são três ou

ato de violência contra uma liderança política é muito grave, porque mina a democracia e ainda fere a liberdade de expressão. Na minha observação pessoal tenho notado que a polarização das eleições, muito comum no Brasil, está tomando um rumo diferente e perigoso para a eleição deste ano. Noto em amigos próximos e até mesmo em parentes que o assunto política, antes tratado com conversas, agora é discutido rispidamente. Tem gente que está rompendo velhas amizades por conta de Lula ou Bolsonaro. Tudo isso é muito grave. Não faz sentido e bem ao coração. Por conta desse clima pesado, as pessoas tendem a se afastar e o espaço que fica é preenchido pelo medo e pelo ódio. A política existe para melhorar a vida das pessoas e as eleições para que o cidadão exerça seu direito de escolher

quatro os candidatos ao governo do Estado. E, até onde se observa, com as mesmas propostas de mera platitudes, nada que tire Alagoas do buraco em que se encontra (também com os “assessores” que desfilam por aí...). Alagoas é o 2º estado mais atrasado do país, a educação pública é uma tragédia. Temos uma das menores renda per capita domiciliar média, nossa indústria, com raras exceções (e um quadro dirigente que cheira a naftalina) é traço nacional; na agricultura importamos mais de 90% dos alimentos que consumimos, e a agricultura não passa de traço nas estatísticas. O estado tem um dos maiores níveis de desemprego (crônico) do país e do ponto de vista fiscal está literalmente quebrado. Sobrevive às custas de favores do governo federal que há muitos anos vive “empurrando de barriga” a dívida do estado. E isso é só uma banda da tragédia alagoana. E preciso enfrentá-la. Ou daqui a meio século outros vão estar tratando do quão pior ficou em relação a 2022.

seus governantes. Cabe ao eleitor votar no seu candidato que, se eleito, deve ser cobrado do que prometeu. O Brasil é um país reconhecido e respeitado por sua ampla representatividade democrática. É dever dos brasileiros lutarem para que essa imagem, conquistada com sacrifícios, seja preservada. Uma nova campanha eleitoral está começando e há muita apreensão sobre como ela vai terminar. Tem gente acreditando que ela será o estopim da bomba, mas há os que têm certeza de que ela consagra nossa democracia. O que se espera é que esse tempo seja vivido em um clima de tranquilidade e paz, ideal para que os brasileiros possam eleger os governantes do país. O mundo está de olho no nosso país. Não vamos desapontá-lo. Aqui, como em qualquer democracia no mundo, quem ganhar, leva.

Nas próximas eleições, até onde se sabe, são três ou quatro os candidatos ao governo do Estado. E, até onde se observa, com as mesmas propostas de mera platitudes, nada que tire Alagoas do buraco em que se encontra (também com os “assessores” que desfilam por aí...).

Uma nova campanha eleitoral está começando e há muita apreensão sobre como ela vai terminar. Tem gente acreditando que ela será o estopim da bomba, mas há os que têm certeza de que ela consagra nossa democracia.


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Maniqueísmo político

CLÁUDIO VIEIRA

n Advogado e escritor

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título de hoje é um tanto inadequado para jornal. Com alguma boa vontade, vamos concluir que artigos em jornais certamente servem também para provocar o pensamento, o raciocínio dos leitores. Assim, malgrado alguma técnica jornalística desaconselhe o uso de temas muito culturais, os artigos e crônicas bem podem estar livre dessa limitação, ao menos vez em quando.

Maniqueu, filósofo persa do século III, criou escola, que veio a se chamar maniqueísmo, baseada no dualismo por ele observado no mundo e na vida. No início, a escola maniqueísta, de conotação religiosa, resumiu a vida em batalha entre o Bem e o Mal. Essa teoria foi admitida pelos romanos e, afinal, chegou à civilização ocidental, adotada por estudiosos e filósofos cristãos. O problema é que o mundo, ou a vida, não é simplesmente dual. Outro problema é que os políticos, mesmo sem saberem quem foi Maniqueu ou o seu pensamento, ou o alcance da sua doutrina, adotam a sua filosofia por intuição egoística e arrogante. Essa dualidade não é de aplicação nova na política, mas ninguém no Brasil a havia feito tão explícita quanto o Lula do “nós e eles”. Mesmo assim, o petista estava explicitando o “quem não está comigo,

está contra mim”, apregoado por Mateus. Por que Jesus dissera isso, senão para advertir que apenas aqueles que O seguissem entrariam no Reino dos Céus, uma verdade cristã inarredável? Mal comparando, já Lula, o ateu, pretendeu, como ainda pretende, afirmar que só a sua política é a certa, e sem ela o Brasil estará perdido. Não há, para o petismo, o Caminho do Meio, ensinado por Confúcio. Agora, com Bolsonaro, já se apregoa que o bolsonarismo seja o Bem, e os demais o Mal. Embora Bolsonaro se aproprie do Bem, onde está a garantia de que ele seja o lado bom da política? E quem está autorizado a demonizar todos os demais, Lula inclusive? Não haverá outros candidatos que possam realizar bom governo, que trabalhem com seriedade, que pensem no povo brasileiro como o fim último

da governança, que reverenciem a Pátria, a família, e o Deus de todos nós? As eleições são momentos de indagações, de reflexões, de análise crítica. Essas atividades intelectuais são absolutamente necessárias à boa escolha dos nossos mandatários, isto é, aqueles que nós entregamos um mandato para que eles decidam por nós o que for dos interesses da Nação. Dificilmente iremos fazer boas escolhas se baseados apenas na propaganda política, que aliás devia ter limites mais restritos, inclusive quanto ao financiamento público, um absurdo que sai, às torneiras abertas, do bolso dos cidadãos. A história recente e atual nos ensina o perigo que isso representa. Já sofremos tantas decepções com políticos que é hora de pensarmos melhor em nossas escolhas.

Não haverá outros candidatos que possam realizar bom governo, que trabalhem com seriedade, que pensem no povo brasileiro como o fim último da governança, que reverenciem a Pátria, a família, e o Deus de todos nós?

As eleições vêm aí

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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m 1988 foi aprovada nova Constituição Federal no Brasil. Em 1989, Alagoas aprovou também a sua. Nós, servidores estaduais, obtivemos algumas vitórias. Dentre elas, passamos a ter direito de possuir nosso sindicato. De março de 87 a maio de 89, era governador de Alagoas um moço chamado Fernando Collor. Tinha sido prefeito de Maceió e chegou com ideias mirabolantes. A primeira atitude tomada foi demitir milhares de servidores que segundo ele, não eram concursados. Alguns depois retornaram por terem padrinhos ligados ao governador. Contou ao Brasil e ao mundo a novela dos chamados

“marajás”, fruto de um desavisado que afirmou, num bar em Copacabana, morar no Rio e trabalhar em Maceió, recebendo alto salário. Foi o necessário para o chefe do Executivo punir e perseguir alguns servidores do Estado que recebiam excelentes remunerações, expondo todos eles à execração pública. Ainda no Governo Collor existia algo chamado URP, gatilho e trimestralidade, criados por ele no âmbito estadual. Não cumpriu o prometido, dando origem aos famosos precatórios. Ainda hoje milhares de companheiros não receberam o que lhes era devido. Tudo isso gerou um processo complicado que depende de empresas comprarem tais dívidas. Na realidade as vítimas desse impasse quando recebem algo, não ultrapassa 20 ou 30% dos valores a serem ressarcidos pelo Estado. Mas, o pior do Governo Collor foi o famigerado Acordo dos Usineiros. Uma classe rica deixou de pagar ao Estado os impostos sobre a cana própria. No final, Alagoas perdeu 65% da arrecadação mensal. Em maio de 89, Moacir Andrade recebia o governo de Collor com um Estado pobre, enfraquecido e com as finanças corroídas. São essas as lembranças que

tenho de 87 a 91, quando Geraldo Bulhões se elegeu governador, graças a uma traiçoeira manobra do então presidente Collor. Foi a eleição mais divertida que já vi. Até a última hora, Renan era o governador de Alagoas. Quando abriram as urnas, GB foi eleito. Não consigo lembrar algo de bom que Bulhões fez pelo funcionalismo, mas sei que em 1997, Divaldo Suruagy recebeu o Estado falido, cheio de dívidas. Sofreu para recuperar as finanças, atrasou o pagamento do funcionalismo por sete meses e teve que renunciar, deixando Mano como chefe do Poder Executivo. Sem saída, Mano aplicou o Plano de Demissão Voluntária, o PDV, de triste memória. Milhares de companheiros se iludiram com a ideia de receber 20 ou 30 mil reais e ficar sem emprego. Se a criatura tivesse direito a mais de cem mil reais não poderia aderir ao plano. No Legislativo, os colegas esperaram sete meses, sem salário, até concretizar o utópico sonho. Depois de erros e acertos, Mano entregou o governo a Ronaldo Lessa. Continuava o Acordo dos Usineiros e as finanças estavam ainda diminuídas de 65% do valor total

a ser arrecadado. Depois de muita luta na Justiça, Lessa conseguiu cancelar o horrível acordo e a arrecadação do Estado voltou à normalidade. Em março de 2006, entrou Luiz Abílio e já encontrou Alagoas sem beneficiar os usineiros. É preciso valorizar mais Ronaldo Lessa! Veio Teotonio em 2007, passando para Renan Filho em 2015, que pagou o funcionalismo em dia, equilibrou as contas do Estado, construiu hospitais e estradas, cuidou da segurança. Não foi tão bom na educação e passou Alagoas para Paulo Dantas sem grandes problemas. Estou fazendo esta retrospectiva conforme vi e vivi desde 1987. Os servidores estaduais sofrem bastante e são vítimas dos governantes, pois, para eles, toda economia passa pelo corte de salário do funcionalismo. As eleições vêm aí em outubro. Precisamos escolher candidatos que não maltratem nossa categoria. Eu, do alto dos meus 81 anos, não vou votar, principalmente para governador, em alguém que não me respeita. Vocês, caros leitores, escolham com cuidado, olhem para o passado dos candidatos.

As eleições vêm aí em outubro. Precisamos escolher candidatos que não maltratem nossa categoria. Eu, do alto dos meus 81 anos, não vou votar, principalmente para governador, em alguém que não me respeita.


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Visão humana

MAGELA PIRAUÁ n Escritor.

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empre haverá, assim creio, um mundo injusto e desigual. O que me inquieta, no entanto, é se é preciso ser tão injusto e desigual. Sei, e tenho convicção plena, que somos, individualmente falando, muito desiguais, no entanto, o que me assusta, são as desigualdades sociais que nos desumanizam. Os países, em que pese o pleno desenvolvimento na era do alvorecer da quarta revolução industrial, são muito desiguais. Não podemos comparar, exceto para observar as

distâncias sociais, os da Europa Ocidental e os africanos. O fosso social existente no mundo me assusta. No livro Sem Data Venia, de Luís Roberto Barroso, extraí informações alarmantes: 836 milhões de pessoas no mundo vivem em extrema pobreza; 10% das pessoas mais ricas do mundo retém 82% da riqueza global. Deste mesmo grupo referido, 1% com riqueza acima de um milhão de dólares possuía 44% da riqueza. O Brasil é o sétimo mais desigual do mundo, à frente apenas de alguns países da África. Dos 28 países mais pobres do mundo 27 ficam na África Subsaariana. Bauman, em seu festejado livro Modernidade Líquida, afirma: “O segredo de ser humano permanece tão impenetrável como no começo da jornada”. Na sociedade líquida, difusa, fluida, de que fala Bauman(1925/2017), o poder “navega para longe da rua e do mercado, das assembleias e do parlamentos, dos governos locais e nacionais, para a e extraterritorialidade das redes

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sociais”. As redes sociais, portanto, são a nova ágora, as novas praças de discussões, onde surgem os debates sem soluções, imperando, sobretudo, não a cidadania, que seria a busca de soluções em prol do conjunto social, mas o individualismo sem freios, sem amarras, exalando o sofrimento individual, a revolta e a angústia da existência inerente em cada um de nós. Buscamos, e sempre será assim, o governo perfeito, na grande utopia existencial; almejamos, também, um mundo de paz, cheio de fraternidade, grande ilusão; desejamos, nesta existência provisória, a erradicação da miséria, meta que entendo possível, em horizonte que não consigo visualizar; idealizamos, também, um mundo cheio de amor, desconhecendo, neste caso, a natureza intrínseca do ser humano. Amor e ódio sempre permanecerão. O inconformismo faz parte do indivíduo. A busca do ser feliz sempre será meta. O transgredir

convenções, regras, e convivência, sempre coexistirão. A arte, como afirma Nietzsche, sempre trará um momento de quietude ao ser humano. A tecnologia, na amplitude em que se apresenta, entrará na fase da quarta revolução industrial, atingindo patamares impressionantes. O ser humano, em que pese tudo isto, continuará com os seus dramas existenciais não resolvidos. O existir humano é um mistério que transcende a própria compreensão humana. Nas religiões, envolvendo todas as crenças, sempre haverá conflitos. O ser humano, como disse o filósofo, é um fim em si mesmo. O sofrimento, a ganância, a vaidade, nunca desaparecerão da natureza humana. Não há, e alguns pensadores pensam assim, desenvolvimento civilizatório que produza um mundo em plena paz, quer no sentido individual, quer coletivo. Assim sempre foi e sempre será.

Amor e ódio sempre permanecerão. O inconformismo faz parte do indivíduo. A busca do ser feliz sempre será meta. O transgredir convenções, regras, e convivência, sempre coexistirão. A arte, como afirma Nietzsche, sempre trará um momento de quietude ao ser humano.


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BRASILEIRÃO MORGANA OLIVEIRA/CSA

ANDRÉ JONSSON/OFEC

CSA e CRB terminam 1 turno frustrando torcidas 0

Times ficam longe de campanhas memoráveis na competição

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com CSA e CRB trocaram suas respectivas presidências, entrando Omar Coêlho e Mário Marroquim nos lugares de Rafael Tenório e Marcos Barbosa, respectivamente, mas o resultado esperado pelos torcedores ainda não é o melhor, principalmente ao final do primeiro turno da Série B do Brasileirão marcado para a tarde deste domingo. O Galo venceu o Azulão e conquistou o Campeonato Alagoano deste ano, mas de lá para cá as equipes têm amargado desclassificações e oscilações, principalmente na tabela do Campeonato Brasileiro que muito se diferencia da campanha realizada por ambas no ano passado. O CRB foi eliminado da Copa do Brasil logo na primeira fase ao ser derrotado pela Portuguesa por 1 a 0. O CSA, por outro lado, durou apenas até a terceira fase e foi derrotado pelo placar agregado de 5 a 0 pelo América-MG. Na Copa do Nordeste o Azulão foi eliminado pelo Sport nas quartas de final do torneio. Já o CRB foi o que chegou mais longe, mas também foi derrotado pelo Leão da Ilha na semifinal por 3 a 1. Independente de vitória ou

derrota na 18ª rodada do torneio nacional, as equipes terminam o primeiro turno atrás da marca alcançada na mesma fase da competição no ano passado. Se no ano passado a equipe alvirrubra terminou a primeira fase da competição na 2ª colocação, com 32 pontos e conquistando o “título” de postulante ao acesso à primeira divisão, o CSA terminou na 11ª, na segunda página da tabela com 25 pontos, bem longe da degola na qual se encontra hoje. Vencendo ou perdendo para o Vila Nova na partida de ontem, 15, a equipe azulina viraria o turno no máximo na 14ª colocação, com 19 pontos, ante 11ª (25 pontos) do ano passado. O Galo, por sua vez, entra em campo na tarde deste sábado, 16, contra o Brusque. Caso saia vencedor do confronto, alcança no máximo a marca dos 26 pontos e chega à 5ª colocação, ante a 2ª da temporada anterior.

CSA DESISTE DO ACESSO

Nas redes sociais, os torcedores pedem a saída de Omar Coêlho e a volta de Rafael Tenório – hoje senador – ao comando do clube. No setor de futebol, o

ex-presidente do Conselho Deliberativo Raimundo Tavares está de volta ao comando do departamento de futebol marujo após a demissão de Felipe Ximenes. Em vídeo publicado pela comunicação do CSA, Tavares afirmou que ninguém falará sobre acesso e deixou claro que o objetivo do clube na Série B do Campeonato Brasileiro é brigar pela permanência. “A partir de hoje, com a nossa chegada, quero deixar bem claro que ninguém aqui falará em acesso, nosso foco é a permanência. Para isso, vamos trabalhar a partir de hoje para nos reforçarmos e fazermos um grande segundo turno buscando a permanência, que é o nosso foco maior”.

CRB SALTA NA TABELA O início ruim do CRB no Brasileiro, no entanto, foi decisivo para a atual colocação da equipe e a consequente saída do técnico Marcelo Cabo. Em sete rodadas, o time somou apenas quatro pontos e estava na última colocação da Série B quando ele foi demitido, no dia 14 de maio. A partida contra o Criciúma na qual a equipe perdeu por 3 a 0 evidenciou os

problemas da equipe. Sem força, o CRB foi batido com facilidade em Santa Catarina. Contratado no dia 14 de maio para substituir Marcelo Cabo, Daniel Paulista tem se saído bem no comando técnico da equipe. Desde que chegou ao Ninho do Galo, a equipe soma cinco vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Um aproveitamento de 63% dos pontos disputados até o momento.

CAMPANHAS MEMORÁVEIS No ano passado, o CRB fez a melhor campanha de sua história em um primeiro turno da Série B do Campeonato Brasileiro. Com 33 pontos conquistados em nove vitórias, seis empates e quatro derrotas, foi a primeira vez que a equipe conseguiu tal feito desde que a segunda divisão do Brasileirão passou a ter 38 rodadas, em 2006. Até então, apenas 20 jogos eram disputados na primeira fase e os oito melhores times se classificavam para uma fase de grupos. Com 33 pontos conquistados, o time ficou apenas um ponto abaixo da campanha do CSA em 2018, ano que o time azulino assegurou o acesso para Série A e fechou os jogos de ida somando 34 pontos, o que é considerado a melhor campanha de um alagoano até o momento. Naquele ano, o CSA contabilizou dezenove jogos disputados com nove vitórias, sete empates e apenas três derrotas, atingindo um percentual de 59,6% de aproveitamento dos pontos disputados. O CRB, por outro lado, teve um saldo positivo de pontos em torno de 57%.


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ECONOMIAEM PAUTA Frete mais caro

GERVÁSIO BATISTA/AGÊNCIA BRASIL

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Congresso Nacional prorrogou por mais 60 dias a vigência da medida provisória que permite a revisão da tabela do frete para caminhoneiros sempre que houver oscilação superior a 5% no preço do óleo diesel em relação ao valor de referência. Anteriormente, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deveria reajustar a tabela do frete a cada seis meses ou quando a variação do preço do diesel fosse igual ou superior a 10%. A prorrogação da MP 1.117 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

Ricardo Eletro A Justiça reverteu esta semana a decretação de falência da Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro. No último dia 5 a empresa havia recebido a decisão judicial informando sobre a segunda decretação de falência em apenas 26 dias. A empresa tem dívida de R$ 4 bilhões, sendo que R$ 2 bilhões são do Santander e do Bradesco. O argumento da empresa é de que a maioria dos credores aprovou o plano de recuperação judicial.

DIVULGAÇÃO

n Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Terapia sem limite

AGÊNCIA BRASIL. A Agência Nacional de Saúde Suplementar aprovou o fim da limitação do número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. A medida, decidida em reunião extraordinária pela diretoria colegiada da agência deve impactar diretamente o bolso dos usuários dos planos e é válida para qualquer doença ou condição de saúde listada na OMS que precise de tais tratamentos.

Novidade no PicPay

DIVULGAÇÃO

O PicPay entrou oficialmente no mercado de criptomoedas, que incluirá, em breve, a criação de uma exchange e a chegada de várias novidades para os usuários do app de pagamentos. Uma delas será a possibilidade de comprar e vender moedas digitais na plataforma. Com estreia prevista para agosto, a compra de criptomoedas no app da fintech vai incluir, a princípio, Bitcoin e Ethereum, os dois principais criptoativos do mercado no momento.


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CINEMA

O Voo da Borboleta Amarela é ovacionado pelos capixabas

Filme de Jorge Oliveira emocionou as centenas de pessoas que compareceram à pré-estreia em Vitória ASSESSORIA

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oi uma noite especial que os capixabas organizaram para receber O Voo da Borboleta Amarela, filme dirigido pelo cineasta Jorge Oliveira, que conta a história do escritor Rubem Braga. Nas duas sessões que ocorreram nos dias 7 e 8 deste mês, no Teatro do Sesi, em Vitória

(ES), centenas de pessoas ovacionaram o filme, aplaudindo-o de pé calorosamente. Além do diretor, estavam presentes o codiretor Pedro Zoca, a produtora Ana Maria Rocha e os três atores Roberto de Martin, Lauro Moreira e David Landeiro, que interpretam o Rubem Braga em três fases da sua vida: aos 70 anos, aos 50, aos 30 e aos 13 anos, respectivamente.

O filme, patrocinado pelo Sesi, foi rodado em Braga (Portugal), Espírito Santo e Rio de Janeiro, onde o cronista passou a maior parte da sua vida. A trilha do maestro João Ventura arrancou choro da plateia que se emocionou com as cenas finais do filme. Depois da pré-estreia o filme segue o caminho dos festivais na Europa e nas Américas, com convite para exibição no

principal festival de cinema de Lisboa. No Brasil, tem convite para vários outros festivais, inclusive o FAN, de Santa Catarina, um dos festivais mais prestigiados do país. No próximo ano estará no circuito comercial e será exibido pela RTP2 de Portugal e em todos os países de língua portuguesa pela própria rede portuguesa.


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FERNANDO CALMON

n JORNALISTA

Briga acirrada entre SUVs compactos no semestre

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inda sem atingir a normalidade da produção pela falta de chips e atrasos na cadeia global de logística, o primeiro semestre do ano mostrou que os SUVs ocuparam 37% do mercado brasileiro de veículos leves. Foram vendidas 315.362 unidades em quatro segmentos. Os compactos, com dois segmentos, somaram 266.481 unidades (31%). Somandose os 54.563 hatches subcompactos aos hatches e sedãs pequenos a participação sobe para 38%. Entre os 14 segmentos que dividem o mercado dois modelos se destacaram. O HB20 firmou-se na liderança entre os hatches compactos, deslocando para segunda posição o Onix que ainda enfrenta dificuldades de produção. Outra mudança aconteceu entre os SUVs compactos. Com 212.739 unidades comercializadas representaram 25% do mercado total. O T-Cross liderou pela primeira vez, mas a disputa foi tão acirrada que apenas 1 ponto percentual de diferença separou os primeiros cinco colocados. Renegade, líder em 2021, caiu para a quarta posição. Um modelo que chegou, viu e venceu foi o Commander entre os SUVs médios-

grandes. O Corolla alcançou participação recorde de 70% com a saída de cena do Civic, que voltará como híbrido importado e, assim, com pouca força de vendas. Mas nada se compara aos 87% da picape Strada. Foram entregues 50.945 unidades, individualmente o veículo mais vendido no Brasil, ressalvando que só há três produtos nesse segmento contra 16 entre os hatches compactos e 20 entre os SUVs compactos. Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e maior importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK. Hatch subcompacto: Mobi, 58%; Kwid, 42%; E-JS1, 1%. Mobi com mais folga Hatch compacto: HB20, 26%; Onix, 20%; Gol, 14%; Argo, 13%; 208, 9%; Yaris, 7%; City, 4%; Sandero, 3%; Polo, 1%. HB20 novo líder. Sedã compacto: Onix Plus, 26%; Cro-

nos, 16%; HB20S, 15%; City, 12%; Voyage, 8%; Yaris, 7%; Logan, 5%; Versa/VDrive, 4%; Grand Siena, 3,9%; Virtus, 3%. Onix avançou Sedã médio-compacto: Corolla, 70%; Cruze, 16%; Civic, 7%. Ampliada a vantagem do líder Sedã/cupê médio-grande: BMW Série 3/4, 78%; Audi A4/S4, 7%; Mercedes Classe C, 6%. BMW consolidado Sedã/cupê grande: Taycan, 43%; Panamera, 26%; BMW Série 5/6, 13%. Único elétrico a liderar Cupê esportivo: Mustang, 53%; BMW M3/M4, 33%; Camaro e Challenger, 5%. Mustang tranquilo Cupê esporte: 911, 49%; 718 Boxster/ Cayman, 23%; Corvette, 9%. Inabalável o 911 SUV compacto: T-Cross, 15%; Creta, 14%; Tracker, 13%; Renegade, 12%; Pulse, 11%; Kicks, 8%; Nivus, 7,8%; C4 Cactus, 5%; Duster, 4%. A disputa mais apertada SUV médio-compacto: Compass, 44%; Corolla Cross, 31%; Tiggo 7, 6%. Sem ameaças ao Compass SUV médio-grande: Commander, 33%; SW4, 23%; Tiggo 8, 15%. Commander, novo líder SUV grande: BMW X5/X6, 29%; XC90, 14%; Cayenne, 13%. Líder avançou Picape pequena: Strada, 87%; Oroch, 7 %; Saveiro, 6%. Strada ainda mais à frente

Anfavea espera enfraquecimento nas vendas

Volkswagen planeja autônomos sob demanda

O desenho ganhou jeito de Previsões para o mercado brasileiro em 2022 estão em baixa segundo a Anfavea, em linha com que a Fenabrave anunciou no começo deste mês. Em dezembro de 2021 a associação das fabricantes estimava para este ano expansão de 8,5% nas vendas internas, 9,4% na produção e 3,6% nas exportações. Cerca de 170.000 veículos deixaram de ser produzidos no Brasil até agora. A inflação puxou os juros para cima e afastou parte dos consumidores, embora ainda exista forte demanda reprimida. Estoques nas fábricas e concessionárias subiu para 24 dias ainda longe do mínimo de 35 dias considerados normais. Márcio Leite, presidente da Anfavea, prevê agora crescimento de apenas 1% no mercado interno, de

Tecnologia para veículos autônomos avança, apesar de acidentes recentes com carros de teste no tráfego. Em um aspecto não há evolução: preço continua proibitivo. Em entrevista à Bloomberg, Dick Hilgenberg, líder da Cariad, subsidiária da VW para softwares, afirmou que atualizações remotas não servirão apenas para melhorar o desempenho dos carros. “Existe um novo modelo de negócios – assinatura ou função sob demanda – quando você pode dirigir de forma autônoma, se quiser, pelos próximos 100 quilômetros, por exemplo”, afirmou o executivo. Essa seria uma forma de ajuda aos motoristas que se sintam cansados ou preferem adiantar alguma tarefa antes de chegar ao destino.

4,1% na produção e alta expressiva de 22,2% nas exportações. Leite não comentou, porém, o mercado externo pelo visto foi priorizado por dois motivos claros: desvalorização do real tornou os modelos nacionais mais competitivos e vendas perdidas no exterior ficam mais difíceis de recuperar. O presidente do Sindipeças, Claudio Sahad, é mais cauteloso: produção de autoveículos teria leve retração de 0,7% este ano.


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RESENHA ESPORTIVA Arrascaeta brilha e Flamengo bate o Atlético mineiro

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ARTHUR FONTES arthurfontes425@gmail.com

MARCELO CORTES/ASCOM FLAMENGO

Flamengo fez valer o fator casa e venceu por 2 a 0 o Atlético-MG, no Maracanã. Com o resultado, os rubro-negros se classificaram para as quartas de final da Copa do Brasil. O Flamengo dominou o primeiro tempo e abriu o placar nos acréscimos, com Arrascaeta. Na etapa final, o Atlético-MG equilibrou as ações, mas viu novamente Arrascaeta marcar o segundo para dar a classificação aos cariocas. Agora as duas equipes passam a focar no Campeonato Brasileiro. O Flamengo encara o Coritiba, em Brasília. Já o Atlético-MG segue no Rio de Janeiro, onde enfrenta o Botafogo. O Flamengo esboçou uma pressão nos primeiros minutos, mas o Atlético-MG logo conseguiu controlar a posse de bola. No entanto, os rubro-negros só abriram o placar no finalzinho do primeiro tempo com uruguaio Arrascaeta. DIVULGAÇÃO

PIA NÃO SE ILUDE COM AS DUAS VITÓRIAS DA SELEÇÃO NA COPA AMÉRICA DIVULGAÇÃO

As vitórias por 4 a 0 sobre a Argentina e 3 a 0 diante do Uruguai na Copa América, disputada na Colômbia, já fazem parte do passado para a técnica Pia Sundhage, da seleção brasileira. A sueca demonstrou, na quarta-feira, preocupação para corrigir falhas na equipe antes do duelo de segunda-feira, frente à Venezuela. “Gostei do resultado, marcamos três belos gols e não cedemos nenhum, mas não estou satisfeita com o nosso desempenho. Há margem para melhora, o ataque poderia ter sido mais eficiente e não gostei da partida que fizemos. O Uruguai fez um bom trabalho em dificultar as coisas para nós, mas acho que poderíamos ter nos saído melhor”, disse Pia. A técnica não teve receio em expor o maior problema detectado no time diante das uruguaias. “Existe uma expressão em português da qual eu gosto muito, que é ‘fica com a bola’”.

BRASILEIRO TEM BOA ATUAÇÃO NO WARRIORS CONTRA OS CELTICS Com 12 pontos e oito rebotes, o brasileiro Gui Santos teve uma boa atuação pelo Golden State Warriors na derrota diante do Boston Celtics por 103 a 92, em mais uma rodada da Summer League da NBA. O jogador atuou por 23 minutos na partida. Gui Santos deve retornar à quadra contra o Oklahoma City Thunder, em mais uma rodada desta competição que serve para testar novos jogadores ou recuperar outros que passaram por lesões ou tiveram pouco espaço na temporada passada. Além do brasileiro, Jonathan Kuminga (29 pontos) e Moses Moody (21) foram os destaques da equipe do Golden State. Justin Jackson (24 pontos), J. Begarin (21), Mfiondu Kabengele (20) e Bodric Thomas (18) foram os melhores marcados da equipe de Boston. O jogador mais observado pela mídia especializada foi James Wiseman, segundo draftado (escolhido) em 2020.

ASA TERÁ 3 DESFALQUES PARA CONFRONTO DA SÉRIE D ASCOM LAGARTO

O ASA terá três desfalques para o jogo da última rodada da primeira fase da Série D. Contra o Atlético-BA, às 16h, o técnico Jota Guerreiro não vai poder contar com o zagueiro Cristian Lucca, o meia Roger Gaúcho e o atacante Júnior Viçosa. Lucca e Viçosa receberam o segundo cartão amarelo na vitória contra o Santa Cruz, por 2 a 0, no Municipal de Arapiraca, no sábado passado. Já Róger Gaúcho foi expulso direto de campo, aos 31 minutos do primeiro tempo. Segundo o árbitro da partida, Alisson Sidnei Furtado, do Tocantins, o meio-campista alvinegro cometeu uma conduta violenta contra o atacante Matheuzinho. Com 22 pontos, o ASA ocupa a vice-liderança do Grupo 4 da Série D. A equipe arapiraquense está a dois pontos do Lagarto-SE, que enfrenta o Santa Cruz, no Estádio do Arruda, no fechamento da primeira fase do Brasileiro.


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ABCDOINTERIOR Luciano com Rodrigo Cunha

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ais uma vez, o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, e os Renans estão em lado opostos. Além de não apoiar Paulo Dantas para o governo, Barbosa não apoiará a candidatura de Renan Filho para o Senado. Na quarta, os bastidores do Centro Administrativo Antônio Rocha fervilharam, quando o gestor anunciou que para as eleições de outubro próximo vai apoiar Rodrigo Cunha para governador e Davi Davino Filho para o Senado. Pois é. Como diz o velho ditado popular: em se tratando de política, até boi voa.

Dantas em Arapiraca

O governador Paulo Dantas, pré-candidato à reeleição, esteve em Arapiraca nesta sexta-feira, 15. Sua assessoria informou que Dantas se reuniu no início da manhã com o deputado estadual Ricardo Nezinho. O encontro foi na casa do deputado. Em seguida fez uma visita a representantes de diversos segmentos sociais e comunitários.

Expectativa em Arapiraca

O atual presidente do Diretório Municipal do MDB, José de Macedo Ferreira, deverá mesmo ser o primeiro suplente de Renan Filho para o Senado. Além da amizade de longa data com o senador Renan Calheiros, Macedo sempre se destacou pela dedicação ao MDB, partido que ajudou a fundar em Arapiraca.

Só tem a ganhar

Outro detalhe importante é que Macedo é de Arapiraca e representa uma parcela conside-rável da população do Agreste. Ele sempre esteve trabalhando junto ao senador Renan para conseguir a liberação de verbas que foram imprescindíveis para o desenvolvimento da segunda cidade mais importante de Alagoas, dentre elas a revitalização do Lago da Perucaba. Com Macedo na primeira suplência, caso Renan Filho seja eleito em outubro próximo, Arapiraca só tem a ganhar.

O grito do desespero

Um vídeo divulgado nas redes sociais com o pré-candidato ao Governo de Alagoas Fernando Collor de Melo, gritando repetidas vezes o nome de Bolsonaro, repercutiu junto ao eleitorado arapiraquense. Internautas ligados ao ex-presidente, é claro, elogiaram o “discurso” do senador. Por outro lado, causou perplexidade aos eleitores de outros pré-candidatos.

Sem receber

Até que ponto chegou Collor de Mello, um cidadão que não respeita sequer os ex-funcionários do complexo de comunicação Arnon de Mello, que foram demitidos e até agora não viram a cor do dinheiro a que têm direito.

Confisco da poupança

Pelo que se vê, Collor com sua postura política decepciona “gregos e troianos”. A propósito, quem não lembra do confisco da poupança dos incautos brasileiros. Muitos perderam a vida por decisões erradas na área econômica. E, sem exagero, esse achaque deve-se ao ex-presidente Collor de Melo.

Levou ao suicídio

Vale lembrar que o confisco da poupança foi anunciado pelo Governo Collor no dia 16 de março de 1990. Com isso, cerca de 80% do dinheiro aplicado nos bancos ficou retido. Em síntese, o intuito era controlar a hiperinflação da época. Mas o tiro saiu pela culatra, e centenas de milhares de brasileiros tiveram prejuízos incalculáveis. Nos quatro cantos do País a quebradeira provou a morte de muitos pais de famílias que com dinheiro retido tiraram a própria vida.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Espaços de lazer

Os moradores da segunda maior cidade de Alagoas receberam, nos últimos dias, mais dois importantes espaços de convivência urbana. O prefeito Luciano Barbosa entregou aos moradores do bairro Santa Esmeralda, no último dia 7, a Praça da Bíblia com uma série de equipamentos públicos para o lazer e a integração das famílias que residem na localidade. A obra era um antigo sonho dos moradores aguardado há mais de 30 anos.

Nova estrutura

A praça possui área permeável, piso intertravado com espaço acessível, piso tátil e rampas de acessibilidade para as pessoas com dificuldades de locomoção. Além disso, o espaço recebeu a escultura de uma bíblia simbolizando a fé dos moradores do bairro. A praça também conta com um playground e Casa Suíça, gangorra, área de vivência com bancos, moderno sistema de iluminação em LED e paisagismo completo, incluindo a preservação das árvores antigas do lugar.

Projeto de lei

Na quarta-feira, 13, o prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes assinou o projeto de lei que institui o pagamento do piso nacional para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE). O ato administrativo foi acompanhado pelo secretário Municipal de Saúde, Epitácio Correia, e os vereadores Bili Marques, Ro-drigo Regueira, Marcelo Pereira, Val da Banana, Rogério dos Peixoto, Derivan Thomaz, Irmão João e Roberto da Farmácia. Jânio Oliveira, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Penedo (Sindspem), também participou da solenidade, assim como a comissão liderada pelo ACS Márcio Monteiro, junto com rep-

PELO INTERIOR ... A Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima de Arapiraca, encaminhou um ofício à Prefeitura de Arapiraca comunicando o desligamento da instituição no acolhimento a pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS). ... O ofício informa que o empreendimento tem sido comprometido devido ao subfinanciamento do SUS. ... Neste sábado, 16, o Sindicato do Comércio Varejista de Arapiraca (Sindilojas Arapiraca) comemora 30 anos de existência e de importantes conquistas para o setor e para a economia local. ... Ao longo das últimas três décadas a entidade prestou relevantes serviços defendendo os empresários e contribuindo ativamente para o desenvolvimento do comércio da segunda maior cidade de Alagoas. ... Pioneiro em Alagoas na implantação de um Serviço de Inspeção de forma consorciada, o Consórcio Intermunicipal do Agreste Alagoano (Conagreste) segue realizando visitas a produtores dos municípios que o integram e que aderiram ao serviço. ... O intuito das visitas, que acontecem após serem devidamente solicitadas pelas secretarias municipais de Agricultura, junto aos próprios produtores, é conhecer as estruturas, as práticas e a produção dos estabelecimentos, apontando as adequações necessárias, mediante as leis sanitárias vigentes, para a efetiva implantação do Serviço de Inspeção e, posteriormente, a concessão do selo. ... Na semana passada, a equipe do SIM/ Conagreste foi a dois municípios consorciados, que aderiram ao serviço, Craíbas e São Sebastião. O coordenador administrativo do SIM, Antônio Jatubá, e a médica veterinária Taíne Soares visitaram produtores de ambas as cidades. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana. Até a próxima edição!


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MEIO AMBIENTE Reconhecimento

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José Fernando Martins josefernandomartins@gmail.com

VINÍCIUS MENDONÇA/IBAMA

FREEPIK

ara uma empresa ter sucesso atualmente não é necessário somente que ela seja lucrativa. Ela precisa também se relacionar de forma sustentável com seus clientes, investidores e com a sociedade de uma forma geral. Por isso, as empresas estão preocupadas com questões ambientais, sociais e de governança. Essas questões podem ser medidas pela Environmental, Social and Governance (ESG), que pode ser traduzida para o português como Ambiental, Social e Governança, e que está cada vez mais presente no universo corporativo. O ESG é uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas e avaliar se essas empresas são investimentos sustentáveis. Dessa forma, as empresas que desenvolvem ações visando a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento da sociedade como um todo e que praticam boas políticas de governança são mais atrativas.

Incêndios

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Alvaro Pereira Leite, disse no início deste mês que os dados de maio deste ano sobre incêndios não refletem a realidade do governo. Nesse período, a Amazônia brasileira teve o pior número de queimadas desde 2004, enquanto o cerrado também teve recorde para o mês. O ministro foi ouvido no dia 6 na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Leite foi questionado por deputados sobre os incêndios no Brasil, com base em reportagens veiculadas pela imprensa. O deputado Leo de Brito (PT-AC) citou texto do jornal Folha de S.Paulo que aponta números piores do ministro em relação ao antecessor, Ricardo Salles. “Eu vou começar um pouco sobre os dados. Eu acho importante lembrar que mensurar a gestão por um dado do mês de maio de incêndios das reportagens que foram citadas aqui não traz a realidade da ação do governo federal. O governo federal tem sido mais rígido no controle de produtos florestais”, disse Leite. MMA

Tatuagem em animais

ALESP

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado aprovou dois projetos de lei (PLS), entre eles um que pune tatuar e colocar piercings em cães e gatos. O texto segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O PL 4.206/2020, do deputado federal Fred Costa (Patriota-MG), recebeu parecer favorável do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O texto acrescenta um parágrafo ao artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de 1998) e estabelece detenção de três meses a um ano e multa a quem realiza ou permite a realização dessas práticas estéticas. “Não estamos aqui querendo cercear o direito de o proprietário dispor livremente de seu bem, no caso, o animal de estimação, ou o exercício de sua liberdade de expressão. Ocorre que a ‘coisa’ ou o bem em questão adquire um status especial, conforme reconhece o próprio direito civil, de modo que não é ilimitado o direito do dono de usar, gozar, dispor ou usufruir do animal”, explicou Izalci Lucas em seu parecer.

Extinção

A Portaria do Ministério do Meio Ambiente nº 148, de 7 de junho

de 2022, incluiu a o Pseudoplatystoma corruscans, popularmente conhecido como “Pintado”, na Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção, na categoria Vulnerável (VU). O Pseudoplatystoma corruscans refere-se apenas ao peixe da espécie de Pintado que ocorre nas Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco, Paraguai, Paraná e Uruguai. No entanto, as proibições se aplicam para todo o território nacional. Para outras espécies popularmente conhecidas como Pintados e Surubins (Pseudoplatystoma punctifer e Pseudoplatystoma tigrinum) não houve proibição de pesca, devendo ser respeitadas apenas as legislações vigentes quanto ao defeso e ao tamanho mínimo de captura. As espécies constantes da lista ficam protegidas de modo integral, incluindo, entre outras medidas, a proibição de captura, transporte, armazenamento, guarda, manejo, beneficiamento e comercialização. A nova lista, bem como as proibições associadas, entra em vigor no dia 6 de setembro de 2022.


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DE ALAGOAS

n Odilon Rios

Ladislau Netto: vitrine e vidraça da ciência brasileira

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ma carta assinada por um certo Joaquim Alves da Costa fez brilhar os olhos do alagoano Ladislau Netto (nascido em Maceió em 1838). Relatava a descoberta de quatro pedaços de pedra, em pleno Sertão nordestino, com uma mensagem que ninguém conseguia decifrar. Os escravos de Joaquim localizaram as pedras em Pouso Alto, às margens do Rio Paraíba. O filho dele desenhou as inscrições num papel e mandou para o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, no Rio, chegando às mãos do botânico Ladislau Netto, naquela época o cientista mais influente do país e também consagrado na Arqueologia. Ele não teve dúvidas: eram inscrições fenícias, traçadas há três mil anos. Sim, os fenícios, os maiores navegadores do mundo antigo, exploraram o Brasil muito antes de Cabral. Traduzida, a mensagem dizia que passaram por ali os filhos de Canaã, de Sidon, a cidade do rei. Embarcaram em 10 navios, permaneceram no mar por dois anos. Uma tempestade dividiu a esquadra; 12 homens e 3 mulheres aportaram naquele lugar. A descoberta causou sucesso e incendiou a fértil imaginação daqueles primeiros arqueólogos, entre eles Ladislau Netto. O imperador Dom Pedro 2º, ele próprio um colecionador de antiguidades e raridades, fantasiava um passado heroico para o Brasil, crendo que por aqui passaram os exércitos do rei Salomão, os antigos orientais, os primeiros habitantes do México, todos cheios de segredos e, quem sabe, em busca de tesouros escondidos ou escondendo algo. Havia quem decifrasse nos livros de Isaías e Ezequiel, da Bíblia, referências cifradas aos caminhos para o Brasil pelo Oceano Atlântico através da costa africana: remeiros conduzindo embarcações pelas “grandes águas” e ventos do Oriente quebrando no “coração dos mares”. Mesmo Ladislau Netto via os achados arqueológicos como ele e o imperador sonhavam que fossem, não como de fato eram. Por isso a suposta mensagem dos fenícios na carta escrita em 1872 por aquele Joaquim da Paraíba

Panorama do Museu Nacional no Paço de São Cristóvão em janeiro de 2011 carregava tanto encantamento. Só que nem Joaquim nem as inscrições fenícias existiram. O desenho era uma fraude e Ladislau Netto havia sido enganado. Em 1875, ele mesmo escreveu e denunciou a farsa ao Jornal do Commercio. De vitrine virou vidraça. Até a sua morte (1894) e bem depois dela, ele seria vítima da fúria, da inveja e defesas fervorosas nos jornais. Por incrível que pareça, as falsas inscrições fenícias tornaram Ladislau Netto ainda mais famoso e prestigiado. Todos os seus passos eram acompanhados com lupa pelos jornais e pela sátira. A Europa perdoou o erro e lhe dava medalhas em reconhecimento dos seus esforços; o imperador não viu má intenção e lhe dedicou ainda mais confiança. Tanta que em 1876 ele foi nomeado diretor do Museu Nacional e deixou a função por conta própria em 1893. Excêntrico e vaidoso, Ladislau Netto atiçava o fogaréu das críticas. Ele era o próprio assessor de imprensa: redigia aos jornais longos elogios a ele mesmo, mas dividia a própria vaidade, informando iniciativas de sua equipe e levadas adiante pelo Museu Nacional. Não raro promovia cursos de graça sobre Botânica, Zoologia ou Arqueolo-

gia, todos nas dependências do Museu Nacional, um local que deveria atrair o povo pela curiosidade. Escrevia diretamente ao rei pedindo dinheiro para o museu. Usou seu prestígio e fama para atrair pesquisadores do Brasil e do mundo para a primeira exposição antropológica em 1882, a primeira da América do Sul. Os jornais espinafravam Ladislau Netto. A Revista Ilustrada diz que, nos trabalhos arqueológicos, ele era chamado para atestar que as ossadas encontradas eram de pessoas que já morreram. Mas a revista também se curvava às investigações realizadas na Ilha de Marajó, no Pará, em torno das tribos primitivas do Amazonas ou os vestígios da invasão dos piratas franceses no Rio de Janeiro em 1711. Relatórios e livros sobre os trabalhos e estudos do Museu Nacional eram todos publicados sob supervisão de Ladislau Netto e levados pessoalmente por ele aos jornais. Não há registros de que ele revidava os críticos ou respondia nos jornais aos ataques. A esposa Laurentina Muniz Freire Netto também escrevia para as revistas científicas do museu. Para alguns, Ladislau Netto é considerado o pai da arqueo-

Ladislau Netto logia brasileira. Outros diziam que o título era um exagero. Mas ele foi o primeiro a organizar com critério científico os achados sobre o passado longínquo brasileiro em grandes coleções arqueológicas no Museu Nacional, um presente para as futuras gerações. Sonhos e histórias destruídos pelo fogo em 2 de setembro de 2018, no grande incêndio que reduziu o Museu Nacional a pó.

Fontes - Martins, Gabriela. Apontamento para uma História da Arqueologia Brasileira. - Netto, Ladislau. Investigações sobre a Archeologia Brazileira. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Volume VI. Ano: 1885.


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