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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 818 - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015

CORRUPÇÃO: PREJUÍZO DA PETROBRAS É O MAIOR DESDE 1986 P/ 2 e 7

Irmão de prefeito ganha casa destinada às vítimas de enchentes P/14 e 15

BANCADA DO CRIME QUER ACABAR COM A 17ª VARA DESMONTE DO ÓRGÃO ESPECIAL DA JUSTIÇA SÓ BENEFICIA BANDIDOS DO COLARINHO BRANCO P/2 e 5

JORGE VIEIRA

DA GUERRA SANTA CONTRA CAETÉS À DEMARCAÇÃO DAS TERRAS DOS XUCURU-KARIRI P/ 16 e 17 APOIO

Grupos políticos abrem disputa pelas eleições municipais de 2016 P/10


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COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Em causa própria

Japaratinga

s deputados que são contra a atuação plena da 17ª Vara Criminal da Capital estão legislando em causa própria. Há os que, publicamente, defendem o fim do órgão colegiado, enquanto outros tentarão esconder a covardia por trás da votação secreta que decidirá o destino da 17ª Vara. A maioria deles integra a “bancada dos taturanas” como ficou conhecido o grande golpe dos R$ 300 milhões na folha da Assembleia Legislativa, crime que até hoje continua na impunidade. Há ainda um grupo menor, formado pela famigerada “bancada da bala”, que teme a atuação dos magistrados contra o crime organizado. No fundo, todos eles temem as algemas da polícia e o rigor da lei, ações que têm caracterizado o trabalho da 17ª Vara.

O prefeito de Japaratinga, Newberto Neves, tem tudo para ser prefeito de apenas um mandato. Seu desgaste é grande, já que simplesmente não está cumprindo os compromissos políticos assumidos. Lideranças políticas históricas do município já lhe aconselharam dizendo que política se faz cumprindo a palavra.

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Código de Trânsito O artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que tipifica como crime a conduta do motorista que foge do local do acidente para não ser responsabilizado penal ou civilmente deverá ser declarado inconstitucional pelo STF. Ação nesse sentido foi ajuizada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele entende que o dispositivo legal impõe ao motorista a obrigação de colaborar com a produção de provas contra si, o que ofende os princípios constitucionais da ampla defesa e da não autoincriminação. Por esse entendimento, os tribunais de Justiça de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina, assim com o Tribunal Regional Federal da 4ª Região têm declarado a inconstitucionalidade do artigo 305 do CTB.

Frase “A terceirização não pode ser ampla, geral e irrestrita”.

Renan Calheiros ao admitir que o Senado pode “engavetar” o projeto aprovado pela Câmara.

Utopia “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para não deixar de caminhar”. Eduardo Galeano

Corrupção A Petrobras perdeu R$ 6,2 bilhões só com corrupção. Com meses de atraso, a petrolífera divulgou o balanço que revela prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, sendo R$ 6,2 bilhões debitados na conta da roubalheira. Trata-se do primeiro resultado anual negativo desde 1991.

Procura-se O setor de pessoal do Tribunal de Contas do Estado quer saber quem é Ana Cláudia de Souza Reis M.M. de Lima. A servidora nunca compareceu ao trabalho, mesmo embolsando R$ 3.500,00 por mês.

É assim... Estreou na quinta-feira, 23, o novo portal de notícias em Alagoas, o “é assim”, que tem como principais colunistas os competentes jornalistas Marcelo Firmino, Fátima Almeida e Bleine Oliveira.

Lista maldita O senador Biu de Lira ocupou a tribuna da Câmara para falar sobre o envolvimento de seu partido (PP) na roubalheira descoberta pela PF na Lava Jato. Falou, falou, falou e não explicou como o seu nome e o do filho Arthur Lira foram parar na famigerada lista de Janot.

Luta renhida O prefeito Celso Luiz, de Canapi, está de malas pronta para desembarcar em Mata Grande, onde disputará a prefeitura local contra os Malta. Pelo andar da carruagem, o pleito será renhido.

Bruxaria

Japaratinga 2 Enquanto o prefeito Newberto Neves de Japaratinga afunda, o povo pede a volta “dos Loureiros”. Atualmente, o nome mais bem avaliado em Japaratinga é o de Júnior Loureiro. O garoto é pura simpatia, ao contrário da arrogância de Newberto, que vem tentando ser um sósia do deputado Antônio Albuquerque.

Paulo Jacinto Alguém sabe por onde anda o prefeito de Paulo Jacinto, o Nildo do Jaime? É que enquanto o município se afunda no mar de lama, o gestor não estar nem aí. Prova disso é que esta semana os servidores da Educação paralisaram as atividades sem data para retornar ao batente.

Paulo Jacinto 2

E por falar em abandono, muitos opositores de Nildo aproveitam a má administração para formar palanque em defesa própria. Antigos aliados, desafetos e até quem vivia em cima do muro, agora são verdadeiros salvadores da Pátria. Falsas promessas fazem parte do cotidiano desses futuros candidatos.

Na falta do que fazer, a ex-primeira dama Rosane Collor voltou a dar entrevista para televisão repisando o manjado tema da magia negra na época do Governo Collor. Jovem e saudável, Rosane faria melhor se arrumasse uma ocupação para seu ócio remunerado.

Efeito retrô Dezenas de decretos do gover-nador Renan Filho publicados ontem no DOE trazem exonera-ções com efeitos retrativos a até nove anos. É o caso de Isael Fonseca dos Santos. Vigia da Secretaria de Educação, sua exoneração vigora a partir de 16 de novembro de 2006.

Retrô 2 Na lista de exonerados tardiamente, mas a pedido, figura Ottemberg Holanda Fonseca Paranhos. Ex-vereador de Maceió, Berg Holanda, como ele é conhecido, era agente da Polícia Civil. Sua exoneração retroage a 26 de junho de 2013, conforme o Decreto 40.309, de 22 de abril de 2015 assinado por Renan Filho.

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Os decretos assinados por Renan Filho também tratam da exonerações de profissionais da saúde e da educação, inclusive médicos e professores. Mas não explicam o por quê de somente agora eses servidores terem tido seu afastamento oficializado.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Brasil acordou mais honesto Paris, França – O depoimento cínico do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, à CPI que apura a corrupção na Petrobras, a sua permanência na função e as provas de que ele era o intermediário do dinheiro roubado da empresa pesaram na hora do juiz Sergio Moro decidir sobre a sua prisão. Pelo menos é isso que se pode deduzir da entrevista do magistrado para explicar o recolhimento do tesoureiro ao xadrez da Polícia Federal: “Não se trata aqui de exigir seu afastamento voluntário ou o afastamento pela agremiação partidária, presumindo a culpa antes do julgamento, mas constatar que, mesmo diante de acusações graves, persistiu ele, sem abalo, na referida posição de poder e que lhe confere grande influência política.” Amparado por uma liminar do ministro do STF, Teori Zavascki, que o desobrigava de falar a verdade, Vaccari debochou dos parlamentares quando negou todas as acusações das propinas que teria recebido ao longo dos últimos anos para financiar as duas campanhas da Dilma, segundo confessaram à Justiça os diretores da empresa na delação premiada. Preso, Vaccari já foi entregue às traças pelos companheiros que o destituíram da tesouraria do partido. Mas a cúpula do PT está preocupada quanto as revelações do tesoureiro no processo que apura o desvio do dinheiro roubado da Petrobras para a campanha da presidente. Fragilizado com a prisão que envolveu também a sua mulher e a cunhada acusadas de enriquecimento ilícito, não se pode prever até onde vai a lealdade de Vaccari ao partido já que agora está sozinho. Se não suportar a pressão do MP e da PF e resolver abrir o bico, suas revelações podem alcançar a Dilma e engordar as provas de que o dinheiro roubado foi parar realmente nas contas da campanha da presidente, indícios que ainda faltam para provocar o início do processo do impeachment. Ao contrário do que ocorreu com Delúbio Soares, o primeiro tesoureiro do PT condenado por corrupção, dessa vez o caso é mais sério. Vaccari envolveu a família – a mulher, a filha e a cunhada – nas suas trapaças. Para proteger os familiares, pode facilitar o trabalho do Ministério Público confessando o que todo mundo já sabe: o dinheiro roubado da Petrobras foi parar na campanha eleitoral da Dilma. Delúbio segurou o tranco porque recebeu a garantia dos companheiros de que voltaria ao PT, mas aos poucos se afasta definitivamente do partido que o deixou a pão e água dentro do presídio, a exemplo do que faz com todos os outros que caem em desgraça.

Mafiosos Os petistas flagrados com a mão na botija, têm agido como verdadeiros mafiosos. Em troca do silêncio recebem benefícios indiretos dos companheiros que ocupam cargos no governo. Assim, os chefes da organização criminosa podem gozar de liberdade e da impunidade enquanto a configuração atual do STF lhes for favorável. Isso, porém, pode acabar. O juiz Sergio Moro aproxima-se estrategicamente dos cabeças da máfia, apertando o cerco de todos os lados. A prisão de Vaccari deixa os chefes nervosos e apreensivos. A qualquer momento a Polícia Federal pode bater à porta deles, inclusive na de alguns que já foram condenados no mensalão, como o Zé Dirceu, por exemplo.

Arrogância A exemplo dos mensaleiros, que se achavam acima do bem e do mal quando estavam aboletados em cargos no governo ou no parlamento, Vargas é mais um dos quadros petistas que é arrancado de casa pela Polícia Federal para a residência provisória da cadeia no Paraná. Antes, porém, foi humilhado pelos companheiros que o jogaram na sarjeta cassando-lhe o mandato de deputado. O ex-deputado que lutou pelo “volta Lula”, contrariando o desejo de Dilma, agora precisa esclarecer à Polícia Federal suas relações com as agências de publicidade, o marketing da Caixa Econômica e outros órgãos do governo de onde ele e seu irmão recebiam as propinas.

CPI de araque A prisão do tesoureiro do PT deixa outra certeza: a CPI instalada para apurar o desvio bilionário do dinheiro da Petrobras até agora não contribuiu em nada para abrir a caixa preta dos subornos. O trabalho que está passando o Brasil a limpo é o do juiz Sergio Moro e da sua equipe, homens públicos, desassombrados, que pretendem chegar ao fim da linha salvaguardando os interesses do povo brasileiro que viu uma quadrilha ocupar o governo e dilapidar o patrimônio público para se perpetuar no poder. As CPIs, como já disse aqui, servem apenas para alguns manipularem o governo em troca das benesses que o poder oferece. O resto é conto da carochinha. A verdade é que com a prisão do tesoureiro do PT, o Brasil acordou mais honesto.

Destaque nas TVs A imprensa europeia não gasta muito espaço com a crise brasileira. Uma vez ou outra faz menções à crise econômica ou à corrupção que derreteu os ativos da Petrobras sob o comando do PT. Mas no último final de semana as TVs francesas deram um bom destaque às manifestações de ruas que pediam o impeachment da Dilma com imagens do Rio e de São Paulo. Pela primeira vez, os comentaristas políticos e os correspondentes dos jornais não acusaram a direita pelo “Fora Dilma”, certamente convencidos de que os movimentos contra o governo do PT – que já alcançaram os 3,5 milhões de pessoas - têm sido espontâneos.

Mais um petista A notícia que mais repercutiu por aqui foi a prisão do ex-secretário de Comunicação do PT, o ex-deputado cassado André Vargas, que teve seus cinco minutos de fama quando ergueu os punhos para afrontar o ex -presidente do STF, Joaquim Barbosa, que participava de uma solenidade quando Vargas era vice-presidente da Câmara dos Deputados. Ele pretendia constranger o ministro, responsável pelo processo que levou os mensaleiros para a cadeia.

Guerreiro André Vargas é mais um exemplo de como o PT administra o país e como escolhe seus integrantes para ocupar funções dentro do partido. O ex-deputado sempre esteve à frente da comunicação petista com o apoio de Lula. Aguerrido, defendeu com unhas e dentes todas as ações do PT dentro e fora do parlamento até cair em desgraça e se sentir sozinho. Quando a guilhotina foi armada para decepar seu pescoço, ainda tentou uma reação ameaçando botar pra fora os podres que conhecia dentro do partido, quando foi silenciado pelo golpe mortal da cassação que o deixou vulnerável às garras da Justiça.

PT acabou É assim que funciona o PT sob a orientação de Lula. Se não fizer a coisa bem feita, vai para o pelourinho. Pouca gente prestou atenção às declarações do presidiário João Paulo Cunha, mensaleiro, ex-presidente da Câmara dos Deputados, ao ser beneficiado com a prisão albergue – aquela que o preso trabalha de dia e volta para dormir no presídio. Ele disse com todas as letras que o “PT acabou, precisa ser reinventado”. Isso mesmo, um dos principais quadros do partido anuncia a sua extinção por considerar a sua agremiação um risco à estabilidade política do país. João Paulo sabe o que fala. Foi condenado como um dos homens que articulava a corrupção com o empresário Marcos Valério que curte uma condenação de 40 anos.

Na cadeia Esses petistas, que até então gozavam de imenso prestígio dentro do partido, a exemplo de João Paulo Cunha e Zé Dirceu, só foram para a cadeia porque o Ministério Público não se acovardou, como vem fazendo também com a Lava Jato prendendo políticos e empresários até então intocáveis. Se os brasileiros dependessem das CPIs instaladas pelos parlamentares para ver esses senhores na cadeia, jamais assistiriam tal cena. Essas comissões, na verdade, servem para os aliados chantagearem o governo. Sempre foi assim e assim será desde que existe parlamento, não é Cunha?


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

A história se repete

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inte e três anos depois, a história volta a se repetir. Era o ano de 1992, quando à época, o tesoureiro da campanha do atual senador Fernando Collor de Mello, empresário Paulo César Farias, foi preso, acusado de se beneficiar de um esquema que beneficiaria também o então presidente da República. Na semana passada a quarta-feira amanheceu com a notícia de que havia sido preso em São Paulo, em sua residência, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, acusado de receber mais de 200 milhões de dólares da corrupção que se instalou em alguns setores da Petrobras. É bom lembrar que o episódio de 1992 terminou com o impeachement do então presidente Collor, cuja maior acusação era de ter ganhado um veículo Elba, da Fiat. Collor foi afastado e somente anos depois provou no Supremo Tribunal Federal sua inocência em vários episódios fabricados, inclusive pela mídia nacional. Agora, João Vaccari Neto é preso e as investigações apontam para esquemas de desvio de recursos do governo para agências de publicidade para abastecer os cofres do PT e consequentemente de campanhas políticas. Da maneira como as teias de aranhas vão se entrelaçando, ninguém pode mais prever o que virá pela frente. Se Collor sofreu um processo de impeachement, tudo pode acontecer daqui pra frente.

Absurdo O aumento triplicado de verbas do fundo partidário, que passou de 289 milhões para mais de 750 milhões de reais, foi uma provocação à sociedade brasileira. Até o presidente do Senado, Renan Calheiros, considerou um exagero a sanção da presidente Dilma no Orçamento Geral da União. Com um país em visível recessão, onde os aumentos de energia, combustíveis, serviços em geral e alimentos atingem diretamente a população, os partidos irão nada em dinheiro neste ano de 2015.

Lira aprova proposta O deputado Arthur Lira, presidente da Comissão de Constituição e Justiça, enfrentou uma parada dura na quarta-feira passada. Conseguiu aprovar a proposta de Emenda Constitucional de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, limitando em 20 o número de ministérios que o Poder Executivo pode criar e manter. Tema polêmico, a proposta foi aprovada com 34 votos favoráveis e 31 contra.

Perigo O governador Renan Filho apostou na recuperação da economia e prometeu contratar a reserva técnica da Polícia Militar até o final do ano. Na Secretaria de Educação a esperança é a mesma. A promessa é um risco que Renan corre, uma vez que as despesas poderão ultrapassar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Eu quero o meu O primeiro suplente de deputado, Cícero Cavalcante tem confidenciado a amigos que não está nada satisfeito com o tratamento que tem recebido do governador Renan Filho, embora sua filha tenha sido nomeada para o Procon. Esperava já ter assumido o mandato na Assembleia Legislativa ou ser agraciado com uma secretaria de Estado. Até agora, nem uma coisa nem outra.

Dever de casa Embora não tenha em andamento nenhuma obra de grande porte na cidade, o prefeito Rui Palmeira vem fazendo o dever de casa. Melhorou o tráfego nas principais avenidas, deu maior atenção à saúde e a educação e continua pavimentando ruas nos bairros da capital. Afora isso, tem demonstrado eficiência no trato da coisa pública, sem nenhum caso de desvio de conduta nos primeiros dois anos de mandato.

Sinal da cruz Muitos deputados foram manifestamente contrários à manutenção do veto para manutenção da 17ª Vara Criminal. Alguns acham que projeto deveria sofrer mudanças e ser mais debatido, principalmente porque existem deputados que chegaram este ano à Assembleia Legislativa. Outros acreditam que assinar um cheque em branco para a 17ª Vara Criminal não é grande negócio.

Retraído

Confiança O senador Benedito de Lira disse ontem que o depoimento irá esclarecer tudo sobre os recursos que lhes foram destinados na campanha em 2010. Para ele, tudo está de acordo com a legislação eleitoral e os recursos foram informados ao TRE, durante prestação de contas da campanha naquela época.

Sinuca de bico O governo do Estado vai enfrentar problemas sérios com o governo federal, se a Assembleia Legislativa não cumprir com os repasses de obrigações federais, a exemplo do INSS. Ficará impossibilitado de assinar novos convênios e receber até repasses estabelecidos por lei. Já a Assembleia Legislativa, além do INSS, também é devedora do Imposto de Renda.

Sem prazo Mesmo que alguns deputados insistam em definir o espaço em cargos federais, em Alagoas, parece que somente no próximo mês o vice-presidente Michel Temer definirá quem é quem no jogo político. Ele prefere não desgostar quem quer que seja, para não refletir no apoio à presidente Dilma neste segundo mandato.

Segurança moderada

O prefeito Cícero Almeida não nega a ninguém que tenha vontade de voltar à prefeitura de Maceió, mas esbarra numa situação delicada: não tem um partido em que possa mandar e desmandar. Almeida também não esconde seu descontentamento por não ter participação no atual governo, onde foi pra rua pedir voto para Renan Filho.

Moradores de diversos bairros da capital, inclusive do Conjunto José Tenório, estão pedindo a volta do policiamento em motos, para evitar assaltos que voltaram com a carga toda nos últimos dias. Mesmo com a polícia jogando duro contra assaltantes, roubos e furtos de veículos têm acontecido todos os dias na grande Maceió.

Assunto do dia

Dificuldade

Faltando mais de um ano para as eleições municipais, já aparecem vários candidatos para tentar tomar a reeleição do prefeito Rui Palmeira. Até agora já apareceu uns seis candidatos e pode chegar mais a medida que o tempo vá encurtando.

Seguro O vice-prefeito Marcelo Palmeira continua confiante numa reeleição e afirma que a dobradinha PSDB-PP vai continuar forte em 2016. Palmeira tem destacado o governo de Rui Palmeira pelo trabalho que vem realizando e mostrando o respeito que a administração pública tem tido com os recursos públicos que estão sendo investidos na capital.

Interrogatório Os políticos alagoanos investigados na Operação Lava-Jato começarão a depor na próxima semana. Eles poderão escolher hora e lugar para prestar esclarecimentos dos recursos recebidos por ocasião de campanhas políticas. Os interrogatórios serão feitas pela Polícia Federal atendendo recomendação do Supremo Tribunal Federal.

O deputado Ronaldo Lessa, com esse rolo todo da Operação Lava-Jato e da atuação da Câmara Federal, tem tido dificuldade de reunir a bancada alagoana. Muitos dos deputados e senadores sequer justificam ausências nos encontros que estão cada vez mais rareando.

Exemplo Bem que o governador Renan Filho, em crise financeira do Estado, deveria seguir o exemplo do prefeito de Maceió, Rui Palmeira, que vai à Brasília em aviões comerciais e sem seguranças. Seria um alívio para as combalidas finanças do Estado, que paga deslocamentos do governador em jatinhos fretados.

Tristeza Quem viaja pelo nordeste observa quanto o Estado de Alagoas está longe do desenvolvimento de Pernambuco e até mesmo da Paraíba. São empresas de grande porte que se instalaram por aí e todos os meses aparecem mais. Aqui, parece que tudo é mais difícil.


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EM FOCO

Deputados podem beneficiar o crime organizado com desmonte da 17ª Vara Rodrigo Cunha defende fortalecimento do Judiciário e pede voto aberto na sessão que irá analisar veto JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

A

legislatura passada da Assembleia Legislativa de Alagoas continua dando dor de cabeça para os atuais parlamentares e para sociedade. No dia 31 de dezembro de 2014 os deputados estaduais votaram um Projeto de Lei (PL) que continham três emendas – uma modificativa e duas aditivas – onde uma delas anula o poder da 17ª Vara Criminal da Capital de processar e julgar crimes cometidos por gestores públicos. Na prática a Assembleia retirou os poderes da Vara que sempre combateu o crime organizado em Alagoas. Mas após tomar posse, o governador Renan Filho (PMDB) resolveu vetar as emendas do Poder Legislativo e o PL retornou para Casa de Tavares BastosXTRA, onde o tema foi debatido exaustivamente e continua emperrado. Alguns deputados aproveitam a oportunidade para voltar ao tema da inconstitucionalidade da Vara e outros assuntos, que já são matéria vencida. Essa semana os deputados apresentaram o pedido de vista coletivo ao parecer da comissão, com isso, a polêmica matéria só poderá ser votada na próxima semana. O deputado Rodrigo Cunha (PSDB) disse ao jornal EXTRA que o que deve ser discutido e apreciado,

Voto dos deputados deve ser dado com transparência, segundo Rodrigo Cunha; limitação da 17ª é criticada por José Carlos Malta Marques

independe de qualquer discussão, são os vetos do governador que mantém o poder de processar e julgar crimes cometidos por gestores públicos da 17ª Vara Criminal da Capital. “Há uma cortina de fumaça em torno desses vetos, isso é perigoso. Temos que votar em favor do fortalecimento do judiciário”, destacou Cunha. O parlamentar adiantou que o PL “veio redondo do Tribunal de Justiça e chegando na Assembleia foi modificado”. Rodrigo foi questionado a quem interessa o enfraquecimento e o fim da atuação do combate ao crime organizado: “A impunidade é a mãe de muitos problemas. Com uma justiça enfraquecida os atos de corrupção por

agentes públicos certamente ficarão esquecidos em todos os poderes”. CAMPANHA Rodrigo Cunha diz que está fazendo uma espécie de campanha para que no momento da votação da matéria da 17ª Vara o parlamentar apresente seu voto ao público presente e às câmeras da TV Assembleia. “Essa é uma forma de cada deputado demonstrar transparência e mostrar para população como se comporta diante de cada questão”, explicou. DESEMBARGADORES Após a decisão dos deputados em limitar atuação da 17ª, o desembargador José Carlos Malta Marques expôs

seu descontentamento com o Projeto de Lei que disciplina e regulamenta a Vara: “Fizeram uma emenda que esvazia totalmente aniquila a 17ª com a densidade que a gente quer para ela. Deixam uma vara coletiva encarregada de julgar o batedorzinho de carteira”. O presidente do TJ, Washington Luiz, também fez o uso da palavra para defender a atuação e manutenção do poder da 17ª Vara Criminal da Capital. “Eu não conheço a redação final que ficou o Projeto de Lei (na época da citação). A minha opinião é que a 17ª possa continuar atuando com sua plenitude”, enfatizou. 17ª DE OLHO EM DEPUTADO CRIMINOSO O então deputado Cícero

Ferro esteve preso em 2009 na sede da Polícia Federal, em Maceió, após a determinação da 17ª Vara Criminal da Capital. O ex-deputado foi acusado de arquitetar a morte do vereador Fernando Aldo, de Delmiro Gouveia. O juiz Antônio Emanuel Dória, na época, declarou: “Decretamos a prisão do deputado Cícero Ferro para a garantia da ordem pública e a conveniência da instrução criminal”. A 17ª Vara Criminal da Capital ficou notabilizada em Alagoas por combater os crimes de mando e contra o erário em diversos municípios. O próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) avaliou que a 17ª Vara é um exemplo a ser seguido no País.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 SEMIÁRIDO

Ministério reforça parceria para universalizar acesso à água em municípios de Alagoas Convênio entre MDS e municípios do sertão já entregou 5,4 mil cisternas a famílias inscritas no Cadastro Único; mais 3 mil unidades estão previstas até 2016 ASCOM / MDS

O

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio para o Desenvolvimento da Região do Ipanema (Condri), em Alagoas, já entregaram, em parceria, mais de 5,4 mil cisternas de água para beber em municípios do Semiárido do estado. Mais 3 mil cisternas de água para consumo humano estão previstas para a região até 2016. Com estas unidades, a parceria garantirá, em sete cidades, a universalização do acesso à água para a população rural inscrita no Cadastro Único. No final de março último, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, participou de evento promovido pela Condri nas comunidades Saco do Ramalho e Barro Vermelho, em Poço das Trincheiras, para comemorar os resultados e planejar as próximas ações de acesso à água. “Já mudamos a face do Semiárido com a entrega das cisternas para a convivência com a estiagem”, afirmou a ministra. “Com estas ações estamos dando condições para os mais pobres melhorarem de vida”. Os municípios alagoanos que alcançarão em breve a universalização de entregas de cisternas são: Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar e Poço das Trincheiras. No total, o governo federal já efetuou o re-

passe de R$ 14,2 milhões para a construção de 8 mil cisternas nestes e em outros seis municípios, que também receberão 1,6 mil cisternas até 2016. Por meio de parcerias com a Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), com o governo estadual e com as prefeituras, outros 11,4 mil reservatórios de água para beber foram entregues na zona rural de 18 municípios localizados na região do Ipanema, no semiárido alagoano. No total, em todo o estado, desde 2003, mais de 30 mil cisternas para o consumo humano foram entregues. Além disso, até fevereiro deste ano, 5,5 mil tecnologias sociais de água para a produção foram construídas com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Petrobras e do Banco do Brasil. ÁGUA PARA PRODUÇÃO O convênio entre o MDS e o Condri também prevê a entrega de mais 4 mil tecnologias sociais de captação de água para a chuva para a produção. O convênio prevê o repasse total de R$ 61,7 milhões para esta ação. Até o momento, 1,9 mil tecnologias que auxiliam os agricultores familiares da região já foram construídas. Durante o encontro para apresentar os resultados da parceria entre o MDS e do Condri, os gestores municipais dos 18 municípios da região do Ipanema também estão discutiram a tramitação de leis orgânicas

Alagoas também será contemplado com implantação de cisternas escolares, como as de Itapipoca (CE)

municipais de segurança alimentar e nutricional. A convivência com o Semiárido depende do acesso à água nos períodos de estiagem, principalmente nas áreas rurais. Nos últimos 12 anos, o governo federal, em parceria com os governos estaduais, prefeituras e entidades do terceiro setor, desenvolve diversas iniciativas para garantir água para consumo e para produção na região, além de fortalecer as atividades dos agricultores familiares. Até o momento, já foram instaladas 59,3 mil cisternas para captar água da chuva e ser usada para consumo das famílias mais pobres durante os períodos de estiagem. Além disso, foram implantadas 5,5 mil tecnologias sociais – de baixo custo e fácil utilização – que armazenam as águas pluviais para serem usadas na produção agropecuária. O secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos, lembra que, com o acesso à água, outros desafios se apre-

sentam na região. “As tecnologias de água para produção são prioridade. Temos que avançar mais na construção desses reservatórios e integrar essa ação a outras políticas de apoio à agricultura familiar, como assistência técnica rural, fomento, crédito e acesso aos mercados, tornando mais efetiva e sustentável a inclusão das famílias”. Além dos reservatórios, 9,8 mil agricultores familiares alagoanos recebem assistência técnica especializada, sendo que, destes, 1,4 mil já estão recebendo recursos para investir nos projetos produtivos. O governo federal também está implantando 28 Bancos Comunitários de Sementes Crioulas no estado. O secretário nacional destaca que o projeto é mais uma etapa da rota de inclusão produtiva rural das famílias do Semiárido. “As sementes, combinadas com a garantia de água para consumo e produção, juntamente com assistência técnica, recursos de fomento e apoio à comercialização terão efeitos surpreendentes na vida dessa população para a convivência

com a seca”. A convivência com a estiagem também tem lugar nos bancos escolares, onde milhares de crianças e jovens estão diariamente e a água é um bem essencial. Parceria do MDS com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) vai construir 310 cisternas para captação de água da chuva em escolas públicas de Alagoas até 2016. A cisterna escolar é construída nos mesmos moldes das cisternas de água para consumo familiar. Feitas com placas de cimento, a cisterna escolar tem capacidade maior de armazenagem (52 mil litros) e pode garantir o acesso à água por oito meses (contando 20 dias de aula por mês). “Elas ampliam o acesso à água no ambiente escolar, servindo para consumo e preparo dos alimentos servidos nas escolas. Os reservatórios evitam a contaminação por verminoses e doenças, contribuindo para que as crianças entendam como conviver com a seca. A água é um direito delas”, destaca o secretário nacional.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 - 7

LAVA JATO

Prejuízo da Petrobras é o maior desde 1986 Estatal não apresentava prejuízo desde 1991 e só não distribuiu lucros aos acionistas no ano de 1992 IG SÃO PAULO

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prejuízo da Petrobras em 2014 é o maior desde 1986 entre empresas de capital aberto brasileiras, segundo levantamento da consultoria Economatica. Com valores ajustados pela inflação é o terceiro pior resultado. A empresa não apresentava prejuízo desde 1991. O levantamento da Economatica mostra que, desde 1986, a Petrobras só registrou prejuízo nos anos de 1991 e 2014. O prejuízo no ano de 1991 ajustado pela inflação medida pelo IPCA até 31 de dezembro de 2014 foi de R$ 1,16 bilhão. O maior lucro registrado pela empresa foi no ano de 2008 com R$ 46,2 bilhões. Desde 1986 a Petrobras só não distribuiu dividendos no ano de 1992, após o prejuízo de 1991 e agora no ano de 2015 devido ao prejuízo de 2014. O prejuízo da Petrobras de R$ 21,58 bilhões

no ano de 2014 é o pior resultado já atingido por uma empresa de capital aberto desde 1986 em valores nominais (início da base histórica de dados da Economatica). Dos 10 maiores prejuízos nominais históricos 5 são de empresas estatais. OGX teve o segundo pior resultado da história com o resultado de 2013.

co Nacional no ano de 1995 com R$ 23,9 bilhões, resultado este registrado quando da falência do banco. O segundo maior prejuízo histórico com ajuste pela inflação pertence ao Banco do Brasil no ano de 1996 com R$ 22,4 bilhões, quando reconheceram as perdas com os créditos de exercícios anteriores. O prejuízo de R$ 21,58 bilhões da Petrobras no ano de 2014 AJUSTES PELA INFLAé o terceiro maior do períÇÃO odo analisado.

A Economatica ela- OPERAÇÃO LAVA JATO borou o mesmo estudo com os valores ajustados O prepela inflação medida pelo juízo líquiIPCA até o dia 31 de dezembro de 2014. Nessas condições o maior prejuízo das empresas de capital aberto brasileiras pertence ao Ban-

do de R$ 21,6 bilhões da companhia foi impactado, principalmente, pela perda de ativos imobilizados, no total de R$ 50,8 bilhões – composto pela desvalorização dos ativos, calculada em R$ 44,6 bilhões - após ter reavaliado uma série de projetos, principalmente a Refinaria Abreu e Lima e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - , enquanto a baixa referente a gastos adicionais capitalizados indevidamente em decorrência da Lava Jato foi de R$ 6,2 bilhões. O valor da receita ope-

racional líquida registrado em 2014 foi de R$ 44,6 bilhões, enquanto a receita com vendas chegaram a R$ 337,3 bilhões. A estatal fez investimentos no valor total de R$ 87,1 bilhões, enquanto o Ebtida ajustado ficou em R$ 59,1 bilhões. A dívida líquida da empresa em 31 de dezembro de 2014 era de US$ 106 bilhões. Segundo a divulgação dos resultados na quarta-feira (22), o balanço utilizou metodologia baseada no conteúdo das investigações do Ministério Público Federal – valores apurados pela Operação Lava Jato que se referem a 3% do valor de contratos com 27 empresas membros de um esquema de cartel que teria atuado na empresa entre 2004 e 2012.


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ASSEMBLEIA

Ações da nova Mesa Diretora expõem marasmo de legislaturas anteriores Implantação do Programa Interlegis e reorganização dos departamentos já caracterizam o estilo de presidir do deputado Luiz Dantas DA REDAÇÃO

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Mesa Diretora da Assembleia Legislativa começou a semana inspecionando e aprovando o espaço onde já funciona a Escola Legislativa, fruto de parceria firmada com o Senado Federal, ao qual o Programa Interlegis é vinculado. O objetivo do Programa é avançar na modernização e na integração dos parlamentos federal, estadual e municipal. Agora restaurado, o espaço da Escola, que acaba de aplicar o primeiro curso para os servidores da Casa, havia se transformado nos últimos anos num depósito abandonado de material inservível. “O Programa Interlegis é um compromisso firmado pela nova Mesa Diretora. Vamos levar adiante o projeto de modernização e integração do Parlamento com o cidadão alagoano”, disse o presidente da Casa, deputado Luiz Dantas (PMDB), ao ressaltar a decisão do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, de garantir celeridade à vinda de uma

representação do Programa para Alagoas. A recuperação do espaço destinado à Escola já contrasta com a herança recebida por Dantas, em primeiro de fevereiro último, quando assumiu o comando da Casa de Tavares Bastos. Os próprios servidores já observam a diferença. Um deles, que é do quadro permanente da Assembleia há 30 anos, admitiu expor seu ponto de vista, mas com a condição de não ser identificado: “Olha, o que está ocorrendo agora é uma esperança de que a Assembleia tome novo rumo. Esse espaço aí da Escola, recuperado e equipado em menos de 60 dias, era um depósito de entulho imprestável”, revelou o funcionário. A Mesa também pretende contratar a Fundação Getúlio Vargas para auditar a folha de pagamento. “Queremos apenas extrair todas as dúvidas. O compromisso é com a legalidade”. É em nome desse princípio que a Mesa busca melhorar a desgastada imagem do Legislativo. Um exemplo é a reorganização dos departamentos, com

Fruto de parceria com o Senado, Interlegis é tema de curso para os servidores na Escola Legislativa

Espaço que abriga escola foi encontrado totalmente abandonado pela nova Mesa Diretora da Assembleia

implantação de novos métodos compatíveis com a administração pública, como os procedimentos licitatórios. Entre as metas previstas para este semestre, está a recuperação física da Casa, com ênfase no prédio-sede, que compõe o sítio histórico da praça Dom Pedro II. As dependências do Poder carregam os sinais do abandono a que foram submetidas nos últimos tempos. Outra meta é a conclusão das principais etapas de implantação do Programa Interlegis, cujo objetivo central é a modernização de todo o processo legislativo, com digitalização

de dados e uso de tecnologia de informação de última geração. “Com o Interlegis, vamos operar o novo Portal da Informação para cumprir o compromisso com a transparência”, destacou Luiz Dantas. De acordo com o presidente da Escola Legislativa, Willian Giulliano dos Prazeres, a Escola será fundamental para a Assembleia Legislativa, já que chega num momento onde a Mesa Diretora está com novas propostas para a Casa e para seus servidores. “A Assembleia Legislativa fez uma parceria com o Senado, através do Interlegis, para sis-

tematizar e informatizar toda a Casa. Isso irá facilitar o controle dos fluxos, além de estarmos em conformidade com a Lei de Acesso a Informação”, afirma Giulliano. Em relação ao primeiro cursodoInterlegis, o presidente da Escola Legislativa, William Giulliano disse que dois módulos aplicados trataramdo Portal Modelo, que é o sistema de gerenciamento de conteúdos na internet e o Sistema de Apoio ao Processo Legislativo. “A ideia é qualificar os servidores para que possam exercer o papel multiplicador dentro da própria Assembleia Legislativa”, concluiu Giulliano.


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 ELEIÇÕES

Grupos políticos começam a rivalizar disputa por prefeituras Do litoral ao sertão, nomes para 2016 começam a ser colocados nas ruas JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@htmail.com

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s disputas para prefeito e vereador serão apenas em 2016, mas nos bastidores da política só se fala em alianças, nomes de possíveis candidatos e até supostas traições. O litoral norte de Alagoas é uma das primeiras regiões a sentir o clima das eleições. As cidades de Paripueira e Barra de Santo Antônio estão marcadas pela forte influência política de dois grupos que devem rivalizar o controle dos executivos locais. Em Paripueira Abrahão Moura (PP) não pode ser mais candidato a prefeito, já que exerce o segundo mandato. Porém o grupo político encabeçado pelo gestor tem dois nomes que podem sucedê-lo: Alexandre Mendonça, atual presidente da Câmara, e Haroldo Nascimento, seu vice-prefeito. O atual prefeito de Paripureira considera os dois nomes de qualidade e gabaritados para continuar sua gestão, que ele avalia como positiva. Os adversários políticos e outros grupos que detêm o poder em outras partes do litoral norte parecem também se interessar pelo balneário, como é o caso do prefeito da Barra de Santo Antônio, Rogério Farias (PSD).

Rogério ainda não assumiu publicamente o interesse em disputar a Prefeitura de Paripueira, mas um nome do clã é especulado para concorrer em 2016: Simony Farias, uma das filhas do prefeito. Paripueira seria mais uma cidade dominada pela família Farias, que atualmente também lidera Porto de Pedras, com a prefeita e filha de Rogério, Camila Farias (PSC). Durante os festejos de Semana Santa a filha de Rogério foi vista em Paripueira, circulando, promovendo encontros sociais, um indicativo de que mais uma filha do prefeito da Barra pode estar de fato com interesses em uma candidatura majoritária. Quem teria implodido a “boa relação” entre os atuais prefeitos foi Rogério ao tentar repetir o êxito de Porto de Pedras, mas dessa vez em outro município. O contra-ataque de Abrahão Moura foi rápido: a empresária e esposa do prefeito, Emanuella Moura, que pediu votos para deputado na última eleição na Barra de Santo Antônio. Sua disposição política e trânsito com os populares a fez almejar o cargo de prefeita na localidade, onde é benquista. O jornal EXTRA falou com a empresária, que disse que estava com uma semana

Rogério Farias pretende estender o domínio da família a Paripueira, hoje comandada por Abrahão Moura

corrida e colocou Abrahão à disposição para falar sobre eleições. “Emanuella é um bom nome para Barra, uma pessoa trabalhadora. Se o povo quiser e houver uma unidade em torno de sua candidatura não vejo dificuldade para ela se lançar”, destacou Abrahão. O prefeito de Paripueira foi questionado se há rivalidade, uma rixa entre ele e Rogério: “Sou muito light quanto a isso. Paripueira, Barra, nenhum município tem dono. Quem quiser pode ser candidato aqui

(Paripueira) ou lá (Barra de Santo Antônio); a população simplesmente vai avaliar as gestões e votar no que entender que é melhor”, salientou. CLIMA QUENTE NO SERTÃO O prefeito de Canapi e vice-presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Celso Luiz (PMDB), não esconde de ninguém o desejo de comandar novamente o município de Mata Grande. A cidade sertaneja é comandada atualmente

pela família Brandão, que tem como prefeito Jacob Brandão (PP). Em sua primeira eleição, ele foi o chefe de executivo municipal mais jovem a ser eleito no pleito de 2012 em Alagoas. O clima de acusações e denúncias tomam conta do Sertão alagoano, como numa pré-campanha já declarada entre Celso e os Brandão. A disputa promete ser polarizada e o discurso inflamado já toma conta do eleitorado e dos caciques políticos locais que começam a costurar suas alianças.


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NOVELA SEM FIM

Um ano depois da abertura de edital, concurso dos cartórios ainda é incerto Tribunal de Contas do Estado pede novos esclarecimentos da Justiça sobre certame JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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a novela do concurso para os cartórios de Alagoas ainda não tem data para terminar. O entrave de agora é a decisão da conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) Maria Cleide Costa Beserra que desconsiderou a possibilidade do certame, pelo menos até o momento, acontecer sem licitação como sugerido pelo Tribunal de Justiça (TJ-AL). De acordo com publicado no dia 17 deste mês no Diário Oficial Eletrônico do TCE, após exame detalhado de toda documentação, a conselheira observou que há ilegalidade dos procedimentos preparatórios entre o TJ-AL e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). A questão é que o edital do certame publicado em 14 de abril de 2014 teve como signatário o então chefe do Poder Judiciário Alagoano, que na ocasião era o desembargador José Carlos Malta Marques. Hoje, o cargo máximo da justiça do Estado pertence ao desembargador Washington Luiz. “Sendo assim, levando-se em consideração que a celebração do contrato (...), a condição de representado estabelecida no pólo passivo deverá recair sobre a pessoa do Chefe do Poder Judiciário, tendo este a

legitimidade e a titularidade para representá-lo nos termos do dispositivo retro citado, razão pela qual se constitui inadequada a presença do presidente da Comissão do Concurso, Desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo na condição de Representado”, especificou Maria Cleide. Ao ser informado sobre a decisão, Airan destacou que a decisão não passa de uma burocracia que só atrapalha o andamento do certame. “Eles querem que o presidente do Tribunal de Justiça se posicione sobre o caso. É só ele repassar o que escrevi para o TCE”, disse à reportagem. PONTUAÇÃO Além dos entraves burocráticos, os concurseiros que aguardam o certame dos cartórios poderão ter novas especificações no edital. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu no dia 17 deste mês medida cautelar em Mandado de Segurança para suspender ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que alterou os critérios de contagem de títulos em concurso público para outorga de delegações de atividades notariais no estado do Rio de Janeiro. Com a decisão, os efeitos do ato do CNJ ficam suspensos até o julgamento final do processo pelo STF. De acordo com os autos, o edital do concurso conti-

em serviço notarial ou de registro até a data da primeira publicação do edital do concurso. Presidente da Comissão do Concurso dos Cartórios, o desembargador Tutmés Airan ficou de analisar a decisão do STF para ver se afetará o edital em Alagoas. HISTÓRICO

nha na seção referente à prova de títulos dois incisos. O primeiro fixava critérios de pontuação por exercício de advocacia ou de cargo ou função pública privativa de bacharel em Direito, por no mínimo três anos, e o segundo dava diretrizes para pontuação pelo exercício de serviço notarial e de registro por mais de 10 anos, para não bacharel em Direito. Ainda segundo o processo, depois da divulgação dos resultados, diversos candidatos questionaram os critérios de avaliação de títulos. Embora o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tenha interpretado o edital de forma a computar os pontos em três hipóteses distintas, o exercício da advocacia,

o exercício de delegação de notas e de registro e o exercício de cargo, emprego ou função privativa de bacharel em Direito, o CNJ fixou entendimento de que o exercício das atividades notariais não seria passível de contabilização por não serem privativas de bacharel em Direito. Ao conceder a medida cautelar, o relator salientou que a interpretação conferida pelo CNJ ao edital é incompatível com dispositivos da Lei dos Cartórios (artigos 14, inciso V, e 15, parágrafo 2º, da Lei nº 8.935/1994), que admite a delegação da atividade notarial para bacharéis em Direito e também para os que, mesmo sem formação jurídica, tenham completado 10 anos de exercício

As inscrições do Concurso de Provimento e Remoção na Atividade Notarial e de Registro do Estado de Alagoas começaram no dia 23 de abril de 2014 e foram suspensas quase dois meses depois. Após suspensão, o certame reabriu as inscrições do dia 7 de novembro até o dia 8 de dezembro, no site da Comissão Permanente de Vestibular (Copeve). Os candidatos que se inscreveram para concorrer as 199 vagas para o cargo de notário em ambos os períodos permanecem com as inscrições válidas. O valor da inscrição era de R$ 200. Em outubro do ano passado, Airan destacou que o tribunal alagoano estaria disposto a cumprir com todas as determinações do CNJ, mas tem esbarrado no fato de que a lista de serventias extrajudiciais é “muito volátil”. De lá para cá, o concurso esbarra em questões burocráticas e jurídicas e está por enquanto emperrado tanto pelo Tribunal de Contas quanto no Conselho Nacional de Justiça.


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SEGURANÇA PÚBLICA

Policiais do Bope denunciam trabalho abusivo e falta de alimentação Entidade encaminhou nota pedindo respostas das autoridades sobre excessos de horas trabalhadas que não teria como confirmar o recebimento da nota, assim como a Sedres. As reclamações sobre o excesso de trabalho também não chegaram até a Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal). “A escala da PM, ao longo dos anos, sempre foi de 24h por 48h, que significa dois dias de folga. Nesse momento, em que a Polícia Militar está com baixo efetivo, ampliar a folga dos integrantes é diminuir o policiamento nas ruas. Sei que a folga é importante e a escala 24h por 72h é praticada no estado. Acho que a denúncia não confere e caso aconteça alguma irregularidade, oriento o PM a avisar a Assomal”, destacou o presidente da associação, major Wellington Fragoso.

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

O

s integrantes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de Alagoas estão desde o começo do mês de abril trabalhando com a carga horária abusiva e sem direito à verba de alimentação. Essa é a denúncia da Ordem dos Policiais do Brasil (OPB), subseção estadual, que encaminhou nota a diversos setores da segurança pública especificando a suposta ilegalidade. Conforme o conselheiro da OPB e agente federal Flávio Moreno, policiais entraram em contato com a entidade para relatar o acúmulo trabalhista. “Uma tropa que vinha trabalhando em escala de 24 horas de serviço por 72 horas de folga agora sofre por passar a trabalhar 24 horas por 48 horas de descanso”, explicou Moreno à reportagem do EXTRA Alagoas. Ainda segundo documento, a devida verba para alimentação não está sendo paga nos dias extras trabalhados. “A escala abusiva aparentemente está sendo feita às escondidas. Nisso, o Estado se omite a indenizar o gasto extra do policial. Salientamos que o Bope convoca seus policiais de folga para trabalhar de forma inadequada assim que os emprega”, concluiu o denunciante. A convocação seria realizada até por mensagens de texto trocadas em aplicativo de aparelhos celulares, o popularizado Whatsapp, e por outros meios não oficiais. Sen-

OPB do assim, a OPB pediu para que as autoridades fiscalizem, apontem e corrijam as eventuais posturas no sistema de segurança. De acordo com o contracheque dos policiais militares de Alagoas, a carga horária semanal é de 40 horas. A nota também descreve que “sabendo do descumprimento, o Comando da Unidade não segue os protocolos de praxe para a legalização do emprego dos novos horários fazendo com o que os policiais chamam de ‘escala de boca’”. Em anexo, a associação enviou cópias de duas escalas diferentes e um contracheque pedindo a regulamentação da jornada de trabalho dos profissionais garantindo o exer-

cício do direito à convivência familiar e comunitária. O ofício datado no dia 15 de abril chegou às mãos do presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg), Maurício Brêda. Por meio da assessoria de comunicação, o juiz informou que fará um levantamento para checar a veracidade da denúncia e que terá mais embasamento para se pronunciar sobre o caso a partir da próxima semana após reunião do conselho que ocorre às segundas-feiras. Já a Polícia Militar de Alagoas negou a situação e informou que o Bope tem mantido as escalas de 24h por 72h e que só há alteração nesse es-

quema em casos de extrema necessidade. Sobre a falta de pagamento para a alimentação, a corporação declarou desconhecer qualquer prejuízo causado aos policiais. As declarações são do tenente-coronel Marcos Sampaio Lima, do Comando do Policiamento da Capital (CPC). A denúncia foi encaminhada à Defensoria Pública do Estado de Alagoas, Ministério Público Estadual (MPE-AL) e Secretaria de Estado da Defesa Social e Ressocialização (Sedres). Segundo a Defensoria, o material em pauta ainda não chegou à unidade. Já o MPE informou que a nota, até chegar aos promotores, passa por análise de outros setores e

A Ordem dos Policiais do Brasil (OPB) tem por objetivo congregar, de forma associativa, profissionais da segurança pública do país, que, dentro de suas esferas de atribuição, exercem ou estão em vias de exercerem a atividade policial, visando à defesa de interesses e prerrogativas e a criação de instrumentos institucionais de representatividade. A associação é formada por agentes de trânsito, agentes penitenciários, bombeiros, guardas municipais, guardas portuários, policiais civis, policiais militares, policiais federais, policiais ferroviários federais, policiais legislativos e policiais rodoviários federais.


14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 MINHA CASA, MINHA VIDA

Caixa Econômica pode retomar mais de 200 imóveis em Paulo Jacinto MPF constatou irregularidades em conjunto destinado a vítimas da enchente de 2010; irmão do prefeito e conselheiro tutelar ganharam casas DA REDAÇÃO

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conjunto Residencial Santa Inês, construído no município de Paulo Jacinto para abrigar 442 famílias atingidas pela enchente do Rio Paraíba em 2010, está na mira da Justiça e mais de 200 imóveis podem ser retomados pela Caixa Econômica Federal. Uma investigação do Ministério Público Federal e que resultou na Recomendação 07/2015 encontrou inúmeras irregularidades desde a época do cadastro até casas já vendidas, outras transformadas em ponto comercial, invasão de espaço público ou reformadas. São 244 unidades em situação irregular e os proprietários desses imóveis têm prazo de 15 dias para se justificar. Erguido dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida, o Santa Inês foi criado para beneficiar as vítimas da enchente. Mas desde a época do cadastro que acontece a polêmica. Segundo denúncia enviada ao MPF, alguns beneficiários não teriam direito a uma casa, mas como eram eleitores, amigos ou parentes de autoridades do município foram contemplados. O relatório do MPF traz a numeração das casas que

estão em situação irregular e devem ser retomadas pela Caixa por sofrerem modificações ou outros motivos, o que é proibido pela legislação que regulamenta a construção de moradias para atingidos por catástrofes. O que chama a atenção é que alguns contemplados nunca foram morar no residencial. De acordo com o documento do MPF, seis casas estão desocupadas, uma vendida e 21 ocupadas por famílias que não foram atingidas pela catástrofe. É o caso de um conselheiro tutelar do município, de nome Ely. Outro beneficiado que deixou a população indignada foi José Iranildo Pereira do Nascimento, irmão do atual prefeito, Ivanildo Pereira do Nascimento, o Nildo do Jaime, que na época da enchente residia no estado do Maranhão, mas foi contemplado com a casa de nº 4, na Quadra S. Segundo a denúncia enviada ao MPF e constatada na investigação, muitas residências deram espaço a ponto comercial. Percorrendo o empreendimento é possível constatar a irregularidade. Por toda parte do conjunto várias unidades habitacionais foram modificadas. Muros erguidos, puxadinhos invadiram espaço público e é comum encontrar

Moradores do conjunto ignoram regulamento ao mudarem características originais das casas

algumas lojinhas espalhadas no local. Vão desde salão de beleza, passaporte, espaço de material de construção e até uma sede de associação do bairro. Esses proprietários não veem qualquer irregularidade nesse caso. “Estou trabalhando de forma legal. Aproveitei o espaço para colocar meu comércio que já funcionava na minha antiga morada”, disse um comerciante que não quis se identificar. O documento aponta que Paulo Jacinto foi um dos 17

municípios alagoanos atingidos pela enchente de 2010 e diante da “extensão da catástrofe, a União repassou recursos para atender a situação de emergência, bem como foram destinados recursos visando garantir moradia aos desabrigados, a partir do Programa da Reconstrução” e como esse programa foi viabilizado a partir do já existente Programa Minha Casa, Minha Vida, com alguns ajustes, “foi dispensado a participação financeira dos beneficiários, nos ermos do art. 8º. §3º, III, do Decreto nº

7.49929,ex vi: “Serão dispensadas a participação financeira dos beneficiários de que trata o inciso I do caput e a cobertura a que se refere o inciso III do caput nas operações com recursos provenientes da integralização de cotas do FAR, quando essas operações (...) III- forem destinadas ao atendimento, nos casos de situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecidos pela União, a famílias desabrigadas que perderam seu único imóvel”. (Incluído pelo Decreto nº 7.795,


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MINHA CASA, MINHA VIDA

No Residencial Santa Inês, casas foram modificadas, outras transformadas em ponto comercial e associação de bairro; até áreas verdes foram invadidas por alguns moradores

O MPF revela que foram realizadas diligências de campo, conforme Relatório de Missão 06/2014- fls.58/96, e identificadas diversas pessoas que, “mesmo não tendo sido efetivamente vítimas das enchentes de 2010, receberam unidades habitacionais” como: Quadra D- casa nº 01, Quadra F- casa 02; Qd.G -casa 04; Qd. H- casas 01, 27, 03 e 13 (nas duas últimas os beneficiários não foram identificados); Qd. H, a casa 01 não identificado o proprietário e a da Qd. H1 casa 01. Praticamente em todas as quadras foram detectadas irregularidades. A lista é grande e com as mais diversas razões. Na quadra I estão com pendências as casas de nºs 19, 12 e 10. Na J a de nº 1; Qd. L a 13 e 28;

Qd. G, casa nº 4 foi vendida e reformada, desocupadas vendidas ou utilizadas para finalidade comercial. O que chama a atenção é que na Quadra A várias casas se encontram nesta situação. É o caso das de nº 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 24, 27, 28, 29, 31, 32 e 33. Nas quadras L, M e O são 16 residências irregulares, em cada. E o que dizer da quadra S, onde 24 unidades apresentaram pendências? Durante a visita ao residencial, identificou-se ainda que algumas pessoas foram “efetivamente vítimas das enchentes, mas não foram incluídas no cadastro de beneficiários.” Por fim, o documento diz

que o não acolhimento da recomendação “poderá gerar responsabilidade e ensejar a propositura de pertinente ação pública. Por outro lado, o acolhimento da presente não afasta a responsabilização por eventuais atos de improbidade administrativa e infração penal”. E mais: os destinatários têm prazo de 15 dias para informar formalmente ao MPF se acolherão a Recomendação, bem como as providências que estão sendo adotadas para seu atendimento, juntando documentos que comprovem tais medidas, nos termos do art. 6º, XX, da Lei Complementar nº 75, de 1993”. A RECOMENDAÇÃO No dia 19 de março último

a procuradora da República Roberta Lima Barbosa Bomfim, enviou a Recomendação de nº 07/2015 ao prefeito do município, Ivanildo Pereira do Nascimento, e a Maria Aparecida Oliveira Berto Machado, gerente regional da Caixa Econômica Federal de Alagoas, na qual pede providências sobre inúmeras irregularidades encontradas no residencial Santa Inês. Como se trata do último recurso extra-oficial antes de ajuizar uma ação civil pública, a Recomendação aponta as falhas e dá um prazo para que a situação seja resolvida. Segundo informações do MPF, as irregularidades não foram encontradas apenas em Paulo Jacinto. Vários municípios

atingidos pela enchente de 2010 encontram-se em situação semelhante e passam pelo mesmo processo. A reportagem do jornal Extra manteve contato com o gabinete da procuradora responsável pelo caso, mas Roberta Lima Barbosa Bomfim está de férias. De acordo informações de um funcionário, assim que voltar ao trabalho, ela retomará o caso. Porém, como se trata de uma recomendação, irá analisar se as respostas são satisfatórias, ou não para assim decidir se será necessário entrar com ação. “As falhas foram encontradas em vários municípios atingidos pela catástrofe. Agora, resta aos responsáveis resolver o problema”, disse o funcionário.


16 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015

JORGE VIEIRA:

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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o extermínio dos índios caetés (por devorarem o bispo Sardinha) até a decisão da Justiça Federal que devolve terras de Palmeira dos Índios aos Xucuru-Kariri, em 2015. A história dos índios é feita de construção e destruição, onde o principal elemento é o colonizador. A série Alagoas, 200 entrevista esta semana o professor Jorge Vieira. Ele define o seu lado: o dos índios. E a partir deles mostra como a História de Alagoas move uma guerra santa contra estes povos. Desde que devoraram o bispo, no século XVI. O que ficou deles? E como ficou esta herança? VEJA ENTREVISTA:

A história de Alagoas registra o extermínio dos Caetés nos anos 1600 e, nos anos 2000, a ação judicial que faz os Xucuru -Kariri tomarem conta de uma Palmeira dos Índios que era deles. Chegou a hora do acerto de contas? A história de Alagoas é marcada por grandes acontecimentos dramáticos para a vida dos povos indígenas e seus descendentes. Ainda no século XVI, o numeroso e

DA GUERRA SANTA CONTRA CAETÉS À DEMARCAÇÃO DAS TERRAS DOS XUCURU promissor Caeté foi completamente dizimado em razão de ser um grande empecilho para as frentes de colonização portuguesa entre Recife e Salvador. O conflito político e religioso entre as autoridades resultou no naufrágio da comitiva do primeiro bispo do Brasil, dom Pero Fernandes Sardinha, sendo declarada a famigerada guerra santa sobre a população indígena. Entre conflitos com a colonização, expulsão dos territórios, espoliação dos seus bens, perseguição, assassinatos, confinamento nas missões e escravização, no século de XIX, o presidente da Província, Luiz Rômulo Peres Moreno, decreta a extinção dos grupos indígenas de Alagoas. Durante praticamente um século no anonimato, persistindo a referência dos Kariri-Xokó, em Porto Real do Colégio, e, em Palmeira dos índios, os Xucuru -Kariri, no final da década de 1970 e início de 80, ressurgem os grupos Tingui-Botó, em Feira Grande, Karapotó, em São Sebastião; WassuCocal, em Joaquim Gomes, e em

Pariconha, os Geripankó. Uma década depois, emergem os Kalankó, em Água Branca, Karuazu e Katökinn, Pariconha; Koiupanká, em Inhapi; nas primeiras décadas do século XXI, aparecem reivindicando o reconhecimento da identidade étnica o grupo Aconã, em Traipu, e, em Delmiro Gouveia, Pankararu. Nesse contexto, na base das reivindicações dos povos indígenas em Alagoas, estão os direitos históricos, tradicionais e constitucionais à terra, assistência à saúde, educação e projetos de desenvolvimento. Como outros povos, os Xucuru -Kariri lutam pela demarcação do território desde o século XIX. Em razão da morosidade do Estado brasileiro e dos interesses políticos e econômicos que perpassam sobre as terras indígenas, o Ministério Público Federal decidiu entrar com ação na Justiça Federal pedindo a agilização do processo demarcatório da terra Xucuru-Kariri. A decisão da Justiça Federal

em favor do povo Xucuru-Kariri tem um caráter reparador de uma injustiça praticada durante esses mais de 500 anos de colonização no Brasil. A história registra Zumbi como herói, Calabar como traidor e os marechais Deodoro e Floriano em postos de poder. Os índios são heróis ou vilões da nossa história? Os indígenas, dentro dos 515 anos de história do Brasil, nem são vilões e nem heróis. Ao contrário, em determinados momentos reagiram, em outros negociaram ou se submeteram estrategicamente ao domínio do colonizador e dominador, como também se aliaram aos negros e populares. Ao contrário desta bipolaridade, identifica-se que se colocaram como sujeitos históricos diante do diferente, reagindo ou aliando-se de acordo com a leitura que fizeram da realidade ou dos interesses que estavam postos.

obras? Primeiro, do meu ponto de vista, o Estado de Alagoas ainda não se encontrou com as suas raízes históricas. Na origem de sua história se encontram os grupos étnicos; com a colonização, amplia-se a diversidade étnica com os grupos europeus e africanos. Contrariamente a esse tecido social diverso, a história de Alagoas tem sido mostrada a partir do olhar oficial da classe dominante, deixando à margem as suas raízes culturais, religiosas e étnicas. Em vista dessa classe dominante não ter interesse em encontrar a própria história do Estado, porque a memória histórica é perigosa e revolucionária, o caminho foi decretar a ocultação dos sujeitos históricos. Colocar no cenário os povos que ainda permanecem vivos, indígenas e quilombolas, é reconhecê-los como sujeitos originários e donos da terra de onde foram expulsos e massacrados.

Que é a Alagoas nas suas

No ensaio “Os povos indíge-


extra

A decisão da Justiça Federal em favor do povo Xucuru-Kariri tem um caráter reparador de uma injustiça praticada durante esses mais de 500 anos de colonização no Brasil” nas e a colonização europeia”, o senhor diz que os índios buscam seu caminho de volta na cultura, nos valores, nas tradições. Em tempos de globalização, estamos preparados a aceitar o que sempre foi negado ou renegado? Comparando o antes da década de 1970 e o depois da década de 1980, observa-se, do ponto de vista cultural, que houve uma mudança significativa no cenário alagoano. No século XIX, os documentos históricos registram 20 aldeias na Província de Alagoas. Com o decreto de 1872, essas populações entraram no anonimato, hordas perambulando pelo semiárido e sertão, acusados por fazendeiros de meliantes e ladrões de roças e animais; outros tornaram-se mão de obra barata nos serviços públicos e fazendas da região; enquanto que outros se esconderam em caatingas, serras e nas margens do rio São Francisco, ocultando os rituais dos Encantados no poró e no Ouricuri – lugar-

sagrado. Com o processo de redemocratização do Brasil e a organização dos setores democráticos e populares, os povos indígenas também se organizaram em assembleias e organizações para reivindicarem o reconhecimento étnico e seus direitos constitucionais. Nesse processo de ressurgimentos, é importante destacar o apoio das entidades não governamentais, a exemplo das personalidades acadêmicas – sociólogos, historiadores e antropólogos - e a criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) da Igreja Católica. Portanto, compreende-se que a afirmação da identidade e garantia dos direitos dos grupos étnicos são conquistas dos sujeitos históricos, aliados populares e entidades de apoio diante da sociedade ocidental, que é imperialista, monocultura e homogeneizadora. Até porque, o opressor é incapaz de reconhecer aos oprimidos os seus direitos e a sua autonomia.

Diante disso, com o advento da globalização, chegou a ser anunciado o fim das minorias étnicas e das localidades. Ocorreu o contrário, emergiu a diversidade étnica, reivindicando o respeito às suas diferenças. E, portanto, em Alagoas já são doze povos indígenas, enquanto que no Nordeste são 96 etnias. O senhor fala ainda neste ensaio que houve a tentativa, na história, da aculturação do índio, integrá-lo à “civilização”. Qual imagem que o índio tem de si e da “civilização”? Entendo que esta pergunta seria mais apropriada para o próprio indígena respondê-la. Entretanto, como observador e estudioso da temática, interpreto que o indígena tem uma profunda consciência sobre si mesmo. Nesse contexto, uma jovem liderança indígena Antônio Kalankó disse de si mesmo comparando com o não indígena: “Eu posso ser você, mas jamais você poderá ser eu”. Isto representa bem a compreensão que os indígenas têm sobre os dois mundos, até onde chegaram a ter um claro entendimento do mundo deles e sobre o nosso. O historiador francês Serge Gruzinski soube muito bem definir a relação entre o mundo indígena e o europeu. Pesquisando sobre o México do século XVI, identificou que os indígenas se apropriaram do mundo dos europeus, trouxeram para o seu mundo e ressignificaram os costumes, tradições, culturas, línguas e ofícios. Os indígenas de ontem e os de hoje sabem dialogar com o conhecimento do outro, ou reconhecendo sua importância para a sua aprendizagem ou tirando proveito para a sua própria habilidade e movimento dentro mundo do outro. Quem venceu na história de Alagoas? O índio herói constru-

- MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 -

ído em O Guarani, de José de Alencar, ou os Xucuru-Kariri e a ação judicial pela posse de terras em Palmeira? Todos perderam! Os indígenas que tiveram suas vidas ceifadas, dizimadas e suas terras espoliadas. Mas também os colonizadores, que autodestruíram como seres humanos, se animalizaram. O Guarani de José de Alencar é puramente uma construção literária ficcional, como Graciliano Ramos que tratou os Xucuru-Kariri em sua obra Caetés como remanescentes bêbados perambulando pela periferia de Palmeira dos Índios. Ao contrário de todas as invenções e ficções imagéticas e literárias, os xucuru-kari-

Quem é?

J

orge Luiz Gonzaga Vieira, 54 anos, Graduado em Jornalismo, UFAL (2000). Especialização em Realidade Brasileira a Partir dos Pensadores Brasileiros, UFMS (2004). Mestrado em Desenvolvimento Local, UCDB (2004). História, CESMAC (1997). Extensão universitária em Curso de Formação Básica em Indigenismo, CIMI (2003). Curso de Capacitação, UCDB (2004). Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, UFAL (2006). III Encontro Pedagógico - Formação Continuada, CESMAC (2011). Professor da Arquidiocese de Maceió (desde 2005), do CESMAC (desde 2005), da Congregação das Irmãs Franciscanas de Santo Antônio (2006), FFPP (200709), da FECOM (2009) Na sua produção intelectual, transita entre a História, o Jornalismo, costurando o entendimento dos índios e o mundo. PRINCIPAIS OBRAS: - Karuazu, o Mais Novo Povo em Alagoas, in Outros 500: Construindo uma

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ri da decisão judicial são os sujeitos históricos que foram secularmente espoliados e execrados de seu território, que a partir da memória de seus antepassados emergiram reivindicando seus direitos tradicionais e constitucionais. E coube a justiça reconhecer esses direitos originários.

Nova História, Saulo Feitosa, Egon Heck, Roberto Liebgott, Lídia Luz e Benedito Prezia (orgs.), São Paulo: Editora Salesiana, 2001, p. 165-165. - Comunidades Indígenas no Sertão de Alagoas e a Economia Capitalista: Etnodesenvolvimento na Perspectiva de Autonomia das Economias Indígenas, in Índios de Nordeste: Etnia, Política e História, Luis Sávio de Almeida; Amaro Hélio Leite da Silva (orgs.), Maceió, EDUFAL, 2008, v. 10, p. 175-202. - História Kalankó na Memória de Uma Experiência Indigenista: Confinamento, Diáspora e Resistência Étnica, juntamente com Kalankó, in Índios de Alagoas: Cotidiano, Terra e Poder, Luiz Sávio de Almeida; Amaro Hélio Leite da Silva (orgs.), Maceió: EDUFAL, 2009, v. XI, p. 47-58. - A Prática do Jornalismo em Alagoas e a Diversidade Cultural: Monoculturalismo e Etnogênese Koiupanká, juntamente com João Daniel Batista Maia, in Revista Brasileira de Sementes, 2008, v. 3, p. 33-40. - Os Povos Indígenas e a Colonização Europeia: Do Anonimato à Afirmação Étnica, in Diálogo, São Paulo, SP, 01 fev. 2009, p. 20 - 23.


18 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 ABRIL VERDE

Segurança no trabalho é alvo de campanha

Grupo Prevencionistas-AL promove ações para marcar Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho ASSESSORIA

A

28 de abril é comemorado o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho. Para marcar a data, diversas ações serão realizadas pelo Grupo Prevencionistas-AL, formado por técnicos de Segurança do Trabalho da

indústria da construção civil. Neste domingo, 26, será realizada uma caminhada na orla da Pajuçara, a partir das 8h, com concentração em frente à feirinha de artesanato. A ação faz parte da campanha Abril Verde e terá como tema “Caminhada pela Saúde e Segurança no Trabalho”.

Na segunda, 27, acontecerá o Diálogo Diário de Segurança, em empresas de vários segmentos, relembrando as vítimas de acidentes e doenças do trabalho. No dia 28, terça-feira, o Grupo Prevencionistas-AL realizará diversas ações em semáforos da Avenida Fernandes Lima, com exibição de faixas e distribuição de panfletos. Neste dia, auditores fiscais da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE) farão visitas a canteiros de obras. Um estande será montado no

Maceió Shopping para orientar a população sobre os acidentes de trabalho. Ainda na terça acontece o Seminário Abril Verde, das 14h às 18h, no auditório da Casa da Indústria, com o painel “Segurança Comportamental, qualidade de vida, saúde mental e ligação com acidentes e doenças do trabalho”. O evento também contará com palestra sobre os avanços da segurança do trabalho na construção civil. A campanha Abril Verde é uma realização do Grupo Prevencionistas-AL, Cerest, SR-

TE-AL e Sesi-AL e conta com o apoio do Sinduscon-AL, Maceió Shopping, Braskem, Ademi-AL, Sindticmal, Unicompras e Fonoclin. O GRUPO O Grupo Prevencionistas-AL foi criado em 2013 e é formado por técnicos de Segurança do Trabalho da Indústria da Construção Civil. Ao longo de quase dois anos, as ações realizadas trouxeram mudanças significativas para quem vive o dia a dia de um canteiro de obras no Estado.


extra

“Os vices são como ciprestes; só crescem à beira do túmulo”

pedrojornalista@uol.com.br

Na noite da última quarta-feira (22), a Câmara dos Deputados, sob o comando de seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apunhalou os trabalhadores e suas conquistas históricas aprovando a emenda que autoriza a terceirização em atividade-fim nas empresas do País – até agora, a terceirização só podia ser feita nas atividades-meio, como segurança e limpeza. Ao todo, 230 deputados votaram favoráveis à emenda e 203 contra. A proposta foi apresentada pelo relator do projeto, o deputado federal Arthur Maia (SD-BA). O PT apresentou uma proposta que impedia terceirização nas atividades-fim, mas ela não foi sequer apreciada. Além da terceirização em atividade-fim, a Câmara também aprovou a emenda que reduz de 24 para 12 meses, a quarentena que o ex-funcionário de uma empresa deve cumprir para que possa prestar serviços por meio de uma terceirizada. Apesar dos deputados terem piorado o Projeto de Lei 4330, com muito mais prejuízos para a classe trabalhadora, o presidente da CUT continua confiante na capacidade de mobilização e luta dos/as trabalhadores/as, até mesmo porque a aprovação na Câmara não encerra a tramitação do projeto. “A luta não acaba com a votação na Câmara, o projeto ainda passará no Senado. Nós estaremos na rua e teremos um 1º de maio de muita luta e mobilização em todo o País. Vamos ampliar as mobilizações, fazer novos dias de paralisações e, se necessário, uma greve geral para barrar esse ataque nefasto e criminoso aos direitos da classe trabalhadora brasileira”, declarou.

Coisas da província Esta semana lia o blog de um colega que criticava o uso do helicóptero do estado ou de aeronaves fretadas para os deslocamentos do governador Renan Filho. Fiquei a analisar e a me perguntar quando nós da imprensa vamos sair desse provincialismo caboclo e deixar de se prender a coisas miúdas e sem o menor sentido, quando temos uma pauta altamente positiva para explorar? Parece-me até que há a imposição do “dever da crítica”. “Se haygobiernosoy contra”, coisas de um ultrapassado e arcaico Che Guevara. As mesmas críticas eram feitas ao governador Teotônio Vilela, que nunca se deu ao trabalho de responder. É preciso que os arautos da moralidade “tupiniquim” entendam que a agenda de um governador não é a de um jornalista. Os deslocamentos, muitos são inesperados ou urgentes, e também deve se levar em conta a privacidade que faz parte da liturgia do cargo. Logo vão querer que o governador faça seus deslocamentos de ônibus. Coisas de Alagoas.

Renan bate forte Ainda repercutem as duras críticas do senador Renan Calheiros sobre a manutenção no Orçamento Geral da União de 2015, pela presidenta Dilma Rousseff, da verba destinada ao Fundo Partidário. Durante a tramitação da proposta o valor foi triplicado pelos parlamentares passando de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões. Segundo Renan, que não anda nada amigável com o palácio do Planalto, “Aconteceu o que de pior poderia acontecer. A presidenta sanciona o fundo partidário com aumento muito grande e desde logo anuncia que vai contingenciar. Ela, sem dúvida nenhuma, escolheu a pior solução, ela deveria ter vetado como muitos pediram, porque aquilo foi uma coisa que foi aprovada no meio do orçamento sem que houvesse debate suficiente, de modo que aconteceu o pior.”

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Para refletir:

PEDROOLIVEIRA Contra os trabalhadores

- MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015

Sebastião Nery

Governo imprensado O Senado decidiu adiar a votação do projeto que obriga a União a colocar em prática o novo indexador das dívidas dos estados e municípios. Não há acordo sobre a mudança sugerida pelo governo, de adiar a aplicação até janeiro de 2016 e depois devolver aos estados e municípios o que tiver sido pago a mais. Outras mudanças também serão analisadas

na próxima semana. Mesmo que o governo use todo o tempo para promover a negociação, ao final deste prazo, 31 de janeiro de 2016, terá que fazer encontro de contas. Aquilo que foi a maior, terá que ressarcir aos estados e aos municípios — explicou o senador Walter Pinheiro (PT-BA), relator da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A troca do indexador é reivindicação antiga de estados e municípios, cuja dívida chega a crescer até 20% ao ano. O texto que altera a indexação virou lei em 2014, mas o governo adiou a regulamentação em nome do ajuste fiscal.

Contra a corrupção A Polícia Federal está incomodada e os sinais são evidentes diante da grande movimentação de delegados e agentes buscando o apoio da sociedade e da imprensa à procura de tornar a instituição mais autônoma, com melhores mecanismos para investigar a corrupção e reduzir a impunidade, sem qualquer tipo de ingerências políticas. Esse é o principal objetivo da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que se encontra entre as propostas apresentadas para combater a corrupção e o crime organizado no Brasil. Os Delegados Federais elaboraram uma série de medidas para valorizar e fortalecer a Polícia Federal. Para a ADPF, o combate à corrupção só será possível com o fortalecimento das estruturas destinadas a apurar o desvio de recursos públicos. O governo petista é contra qualquer ampliação de autonomia e independência para a Polícia Federal. As razões não precisam ser explicadas.

As escolhas de Rui Não dá nem para imaginar as dificuldades que o prefeito Rui Palmeira terá que enfrentar em seus dois últimos anos de administração. Em minha opinião, para não ter uma grande decepção, deveria terminar seu mandato, largar a política e cuidar de sua competente e conceituada condição de advogado em Brasília, de onde nunca deveria ter saído. Rui começou a errar na escolha do seu vice, um nome despreparado, sem votos, sem destino nem vocação política. Ainda bem que por não confiar, quase não lhe dá chances de assumir. Escolheu mal o seu entorno político e jurídico o que poderá lhe trazer muitos problemas futuros. Não vejo tempo para mudanças, não vejo tempo para reparos, não vejo também chance de reeleição. É uma pena, mas apenas honestidade e boas intenções não elegem ninguém.

Uma vergonha É uma vergonha para Alagoas constar mais uma vez da “lista negra” dos maus pagadores perante a União. E o pior: por “apropriação indébita”. Os vilões: Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas (os de sempre) que apesar de recolherem de seus servidores não repassam verbas previdenciárias e débitos com a Receita Federal. O secretário estadual da Fazenda mostra-se indignado, talvez por não conhecer direito as manias e os vícios das duas instituições. Tanto na Assembleia como no Tribunal de Contas ao que parece é sempre assim: mudam as caras, mas a alma é sempre a mesma. Onde está o Ministério Público de Contas?

A “faixa azul” acabou Não precisou nenhuma determinação judicial, nem tampouco vontade política da prefeitura para que acontecesse o fim da faixa exclusiva de ônibus na Avenida Fernandes Lima, fato comemorado por muitos e também lamentado por outros. A péssima qualidade dos serviços públicos realizados, a falta de fiscalização e acompanhamento dos problemas que só a prefeitura não vê, fizeram com que em pouco tempo a faixa pintada na cor azul delimitando o corredor de ônibus fosse quase que completamente apagada. Resultado: se ninguém vê ninguém obedece à sinalização que deve ter custado uma fortuna dos bolsos do contribuinte.

O negócio é “mamar” O cidadão não era ninguém até assumir um importante cargo no governo passado. Com uma gestão carregada de críticas e suspeitas “largou o osso” no último momento e ainda tentou emplacar uma candidatura ridícula, sem consistência ou votos. Encantou-se com o poder, para o qual nunca esteve preparado, e agora bateu saudade. Por um cargo qualquer se oferece para mudar de partido e muda até a “cor dos olhos” se for preciso, contanto que lhe seja dado algo em troca. Como dizia Noaldo Dantas (o pai): “É uma questão de caráter.”

Mesa de bar Jornalista gosta de conversar em dois lugares: na redação e em mesa de bar (preferencialmente). Reuni-me com quatro colegas esta semana no “Bar do Lula” para um papo e entrou o diabo da política no meio. Fizemos uma enquete para 2016 e vejam o resultado: todos votaram em Rui Palmeira na última eleição. Na próxima dois votariam em Ronaldo Lessa, dois em Cícero Almeida e o meu voto ainda falta um tempo para decidir, mas muito dificilmente repetirei o meu candidato. A mesa vizinha também quis se pronunciar e o resultado foi muito parecido. A pauta: o preço das promessas não cumpridas.


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ARTIGOS

Miragem de náufragos CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

P

arece que tive, com os títulos da última crônica e desta, inspiração na minha vida de velejador oceânico. Apenas parece, pois velejador algum jamais irá ao mar pensando em naufrágio, malgrado esteja sempre pronto para as eventualidades. A verdade, porém, é que acontecimentos relativos ao poder brasileiro sugerem naufrágio da nau governista em particular, e do petismo no geral, provocando nos náufragos a ilusão das miragens. As manifestações das ruas no dia 15 de março e no 12 de abril provocaram duas reações antagônicas dos petista e dos seus acólitos. Quando da primeira, que incluiu panelaços, o sentimento foi de alarme, até mesmo de desespero, dois ministros escalados para depreciar a importância da voz das ruas. Na miragem dos governistas, a manifestação era mera propaganda oposicionista, os manifestantes apenas membros de uma classe média incomodada com a ascensão dos sem-privilégios aos

bens de consumo, às escolas e às universidades. A pesquisa de opinião que se seguiu, dando conta da brusca queda de aprovação da governante e da rejeição ao PT, fê-los despertar da ilusão. A segunda manifestação trouxe novo alento ao petismo, que a consideraram um fracasso, haja vista a pouca afluência de manifestantes, embora tenha sido ela maior, muito maior, do que aquelas nada espontâneas pró-governo. Houve respiros de vitória, os áulicos do petismo apressurando-se em comentar que o encolhimento das manifestações demonstrava o que afirmavam: tudo não passava de manobras oposicionistas e de uma retrógrada classe média. Ambas as reações são miragens de náufragos, porquanto, pretendendo fazer análise dos dois momentos políticos, elaborou-se proposital equívoco, grotesco porque deixa de examinar circunstâncias periféricas, mas necessárias a uma interpretação realística desse despertar do povo brasileiro. Como a primeira reação, atribuindo apenas à classe média a voz das ruas, já foi suficientemente desmoralizada pela pesquisa de opinião subsequente, pensemos na segunda que, por ter a participação de menor número de manifestantes, foi considerada derrota dos opositores do dilmismo, do lulismo e do petismo. Anote-se que às vésperas da manifestação notas em jornais diziam de

prontidão do tal exército Lula-Stédile, preparado para intervir. A informação talvez teve o condão de retrair eventuais participantes dos movimentos populares. Por outro lado, essa era a segunda manifestação em apenas 30 dias, e até os próprios organizadores já esperavam número menor de participantes. Mesmo assim, a manifestação teve apoio significativo, seja, nas redes sociais, seja nas ruas, até porque o número de cidades brasileiras que aderiram ao “Fora Dilma” e outros apelos foi muito maior do que o anterior. Ademais, a nova pesquisa, justo às vésperas da manifestação, mantinha incólume o quadro de rejeição. Há uma lição teimosamente não aprendida pelos petistas e seus acólitos: a reeleição de Dilma é devida ao que o cientista político Marcos André Melo denominou de qualunquismo (do italiano qualunque = qualquer um), ou seja, relativo ao voto daqueles que apoiam qualquer um que esteja no Poder e que lhes assegure a mantença das benesses já atribuídas. De igual forma, os qualunquistas tendem a tirar o apoio anteriormente outorgado se perdem aquelas benesses, o que já

ocorreu segundo as pesquisas. Então, a votação da Presidente Dilma, como as anteriores do Lula, está longe de significar que o Brasil virou petista. Nada, pois, para o petismo comemorar.

A admirável mordida do Sapo Barbudo IRINEU TORRES Diretor do Sindifisco Conselheiro Emérito da Fenafisco

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este mundo não existe animal para gostar mais do dinheiro alheio do que o lulopetista “et caterva”. Espécime maligno. Há pelo menos 12 anos espalha corrupção como gonorreia nas vísceras e nos olhos do Brasil. O notório Vaccari é um genuíno e exemplar espécime lulopetista. Puro de origem. Fissurado, aficionado por dinheiro alheio. Confessa

que passou recibo e contabilizou no PT o produto do roubo praticado na Petrobras. Fez do partido intrujão. Mas, não cogita devolver um único centavo. Põe em risco o registro do PT Nacional junto ao TSE. Ser preso em flagrante. Há crime continuado. Mas, vale tudo. “O Diabo”. Exceto devolver o dinheiro roubado. Paulo Roberto, Barusco e outros estão devolvendo o produto do roubo. Sub-raça lulopetista. Têm sequelas de caráter. Mas, um lulopetista de raça nunca abre o bico para dizer a verdade. Mesmo sob a mais infame das torturas não devolve dinheiro roubado. Para não ter caráter foi treinado. Portanto, não nos enganemos. O PT pode ter o registro eleitoral

nacional cassado. A presidenta, em surto agudo de acanhamento, renunciar. Vaccari ser preso. Impeachment. Mas, salvo degeneração do espécime lulopetista, o dinheiro não será devolvido. O PT não tem fastio. Chupa para arregaçar o saco! Suga a Nação dos “mortos aos que vão morrer”. Chupa até o pré-sal. A vaca tosse. O Sapo Barbudo nunca cospe. Morde. Engole. Não adianta o sino tocar. Tudo culpa de FHC. Não privatizou a Petrobras e todas as outras estatais. Deixou uma trilionária herança jacente. Petrobras! BNDES! Eletrobrás! BB! Caixa! ECT! Antes privatizadas do que servidas aos canalhas.

A terceira alma do PT MAURÍCIO COSTA ROMÃO*

E

m março de 2013 o Datafolha detectou que a percentagem dos eleitores brasileiros que tinha preferência pelo PT era de 30%. Dois anos depois, em março de 2015, esta taxa caiu para 9%, o menor nível desde 1989. A que se deve esse desgaste da sigla que foi referência para a democracia brasileira e sempre esteve na vanguarda das lutas sociais e políticas do país desde sua fundação? O PT surgiu da base sindical do operariado paulista do fim da década de 70 e angariou protagonismo e admiração como um grande partido de esquerda que pregava o socialismo democrático como forma de organização social. Com apoio de grande parte da população brasileira, em especial dos movimentos sociais, dos intelectuais de esquerda, dos católicos ligados à Teoria da Libertação, dos dirigentes sindicais e dos estudantes, a agremiação chegou ao poder em 2002, elegendo Lula presidente. Os especialistas consideram a assunção do PT ao poder como o ponto de inflexão de sua exitosa trajetória. O partido deixa de ser de ruptura, programático, ideológico, e assume valores e práticas que se contrapõem à sua formação (André Singer fala da “segunda alma” do PT e Demétrio Magnoli, da “segunda fundação”). Uma vez instalado no poder, o partido, embalado que foi no pragmatismo de resultados sindicais, logo aderiu à lógica capitalista, adotando uma política econômica de cunho ortodoxo. A guinada seria justificada para os militantes à luz da doutrina econômica leninista: fazer uso dos mecanismos puros de mercado, mas sem relegar os fundamentos socialistas. Daí prá frente, a permanência no poder a qualquer custo presidiu a ação política e eleitoral da sigla, que estendeu seus tentáculos patrimonialistas sobre a máquina pública, aparelhando-a de tal sorte que em algumas instâncias os símbolos nacionais e petistas se confundiam. A conseqüência natural desse l’état c’est moi foi a associação da sigla a grandes escândalos de corrupção. Não sem razão que os 12 anos de governos petistas, meritórios nos avanços de inclusão social, estão sendo agora revistos criticamente pelo eleitor. Ademais, a estrela vermelha está cada vez mais arranhada em face do desprestígio da presidente Dilma Rousseff. As razões de sua débâcle são conhecidas: anúncios e/ou implementação de medidas contrariando o discurso de campanha, piora dos ambientes econômico e político do país e a roubalheira da Petrobras. A situação de desalento com o PT chegou a tal ponto que o partido perdeu pela primeira vez, na série histórica do Datafolha, a liderança de preferência para o PSDB no segmento que mais lhe devotava admiração: os jóvens (16 a 24 anos). Pelo jeito, o PT vai precisar de uma “terceira alma”, ou uma “terceira fundação”, para ressurgir das cinzas. *Ph.D. em Economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau http://mauricioromao.blog.br. mauricio-romao@uol.com.br


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 -

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ARTIGOS

Em nome do Pai JORGE MORAIS Jornalista

É

como vai ser dirigida a Federação Alagoana de Futebol daqui para frente. Lamentavelmente, o filho, Felipe Feijó, colocado lá pelo pai, vai mandar muito pouco. Até porque, como o presidente menino vai enfrentar Marcos Barbosa (CRB) e Euclides Mello (CSA)? São duas “feras” que não se deixarão levar pelos caprichos do filho, que vai precisar da ajuda do pai, sempre. Saiu o “todo poderoso” Gustavo Feijó. Estarão enganados aqueles que acreditam na possibilidade dele ficar de fora das grandes decisões. Com certeza, vai ficar trabalhando e agindo sorrateiramente para alcançar seus objetivos, principalmente no campo da política. Em alguns segmentos o assunto está

sendo tratado com desdém pelas pessoas. Imaginava-se que, nepotismo, só existia na política, mas também chegou ao futebol. Para fugir de uma possível ação na justiça, fruto da falta de prestação de contas durante todo esse último mandato, Gustavo tinha uma carta guardada na manga: colocar o filho em seu lugar. O presidente-menino, como está sendo chamado, é até gente boa, diferente do pai que é um “cidadão” arrogante, autoritário e centralizador. Quando eu era presidente da ACDA – Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas – nunca cumpriu na sua totalidade a palavra empenhada, e a federação durante meses se apoderou do dinheiro da nossa entidade. Lá, todos sabem disso, mas ninguém ousou contrariar o “xerifão”. Se com Felipe muda alguma coisa, não posso garantir. Até porque, o pai mandando no futebol alagoano, o filho pouco ou quase nada vai conseguir fazer. Acho, no entanto, que se o garoto quiser, até torço por isso, pode aprender e encontrar um caminho diferente do que foi tra-

çado pelo pai até hoje. Os dirigentes do Corinthians Alagoano podem falar melhor sobre isso, em relação ao passado. Reconheço que, ultimamente, o prefeito de Boca da Mata, Gustavo Feijó, não vinha muito animado com a presidência da FAF. No momento, o que ele não queria mesmo era deixar a entidade nas mãos de seus adversários ou qualquer pessoa. Manter o controle dentro de casa é mais fácil para ele, que só pensa “grande”, entre aspas mesmo. Agora, o cidadão é vice Presidente da CBF no Nordeste. Quando me lembro que esse cargo na Confederação Brasileira de Futebol já foi ocupado por um cidadão chamado José Sebastião Bastos – o Dr. Bastinho -, que chegou a assumir a presidência da CBF e honrou o estado e o futebol de Alagoas, me dá até vontade de chorar, quando vejo o Gustavo Feijó ocupado esse cargo, que poderia muito bem ser outro o escolhido. E o futebol alagoano, como vai? Numa pendenga só. Os clubes vivem com a ajuda das prefeituras, como a de Boca da Mata do presidente/prefeito, e de al-

guns outros investidores no futebol. O dinheiro das transmissões dos jogos pela televisão é uma merreca. Dirigente nenhum participou das negociações e o que é liberado para os clubes não cobre as despesas diárias e com as concentrações durante o mês. Enquanto isso, mensalmente, a CBF manda dinheiro para que as federações honrem seus compromissos. As mais ricas não precisam dessa esmola, mas as outras, como a nossa, vivem com o pires nas mãos esperando o dinheiro chegar do Rio de Janeiro, sede da entidade maior do futebol. Com essa grana, a FAF paga salários dos colaboradores e de seus dirigentes, que hoje são remunerados. O pior: No passado, a FAF possuía uma sede própria, adquirida com muito esforço pelo ex-presidente Heider Silveira, que foi perdida em um leilão por um preço cinco o mais vezes menor do que valia a área de sua localização. Reconhecemos que a dívida não foi só da gestão Gustavo Feijó, mas também de muitos outros presidentes. Mas, cada um, tem o presidente que merece.

numa empresa ou num órgão público. É legal e moralmente irretocável sua conduta. A Lei Anticorrupção estimula a existência desses canais de denúncia, que atuam como medidas preventivas ou reparatórias de condutas irregulares dentro das empresas. O problema: de quais garantias ele desfrutaria? Teria alguma recompensa pelo seu ato? Na Inglaterra há lei de proteção contra represálias ao denunciador (Barry Wolfe, Valor 17/3/15). Ele não pode ser demitido. Nos EUA o estatuto do whistlebower vai mais adiante: quem denuncia uma irregularidade à SEC (órgão encarregado de apurar crimes de corrupção nas grandes corporações) pode receber recompensa em dinheiro (até 30% do valor da multa). É uma forma de suavizar as graves consequências (para o denunciador) decorrentes da “deduragem”. É chegada a hora de passar a cultura brasileira da corrupção a limpo. Ou nunca deixaremos nosso estágio

de país subdesenvolvido, onde manda a “lei de Gerson”, onde o malandro é o admirado, onde muitos escondem coniventemente as irregularidades alheias por medo, onde a meritocracia cede espaço para a “malandrocracia” (presente em todas as classes sociais, de modo particular nas mais altas, porque seus ladrões roubam bilhões). É preciso por um fim na crença bestial de que ser honesto seria coisa de “otário”. Impõe-se estender a proteção da Lei 9.807/99 (lei de proteção às vítimas e testemunhas) ao denunciador, fazendo-se os ajustes necessários para tutelar especificamente o denunciador externo, que é imprescindível num país cleptocrata que abandona a ética para privilegiar a roubalheira, que dispensa a concorrência para promover o capitalismo cartelizado. A certeza do castigo existe para tornar tudo isso desinteressante. A corrupção tem que ser afugentada da nossa cultura para que possamos superar nossa etapa de país subdesenvolvido.

República dos delatores LUIZ FLÁVIO GOMES

P

aulo Roberto da Costa e Alberto Youssef, por ora, são os detentores do título de delatores-gerais da república cleptocrata chamada Brasil (país governado por tecnocratas e ladrões). Com base nas delações deles dezenas de pessoas estão sob investigação. Agora, no escândalo do Carf (corrupção para promover a sonegação de tributos), dizem que incontáveis auditores fiscais, que não participaram desse crime organizado, querem delatar tudo que sabem a respeito do órgão fiscal citado e de todas as grandes empresas que gastaram milhões em corrupção para sonegar bilhões em impostos. Chama-se delator externo (em inglês, whistleblower - literalmente apitador) quem deseja prestar infor-

mações sobre o que sabe a respeito de crimes ocorridos dentro de uma empresa ou de uma repartição pública. O Brasil jamais deixará de ser um país deploravelmente subdesenvolvido enquanto não aprimorar seriamente seus mecanismos de controle da corrupção, especialmente a promovida por meio do crime organizado. Necessitamos de um estatuto jurídico para a whistleblowing, que consiste no ato de delatar um crime sem dele ter participado. Nisso o whistleblowing se distingue da delação premiada, que acontece como fonte de provas em um processo criminal, recebendo o delator (dos seus comparsas) “prêmios” pela sua colaboração com a Justiça. Esse delator não é inocente. Ao contrário, é duplamente reprovável: faz parte de um grupo criminoso e, além disso, trai seus companheiros no empreendimento criminoso. O whistleblower é inocente (em princípio), não participou do crime e se dispõe a denunciar conduta imprópria


22 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 AGRICULTURA

Perímetros irrigados da Codevasf produziram R$ 1,97 bi em 2014 Áreas irrigadas mantiveram 76.692 empregos diretos e 115.038 empregos indiretos ao lono do ano

O

s 35 perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) situados na bacia hidrográfica do Rio São Francisco alcançaram R$ 1,97 bilhão em valor bruto de produção no ano de 2014. Quase metade desse desempenho (46,7%) corresponde à produção agrícola familiar. Juntos os perímetros produziram 3,23 milhões de toneladas de itens agrícolas, sobretudo frutas, em 108 mil hectares. Essas áreas irrigadas mantiveram 76.692 empregos diretos e 115.038 empregos indiretos no ano. Os dados fazem parte do balanço 2014 da agricultura irrigada realizado pela diretoria de irrigação da Companhia. “Os resultados são bastante expressivos, mesmo com a crise hídrica que estamos vivendo. A Codevasf tem executado obras de revitalização dos perímetros, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para que a agricultura irrigada se desenvolva. Estes investimentos são de fundamental importância, pois propiciam em última instância a redução de custos de operação e manutenção, e, assim, de custos de produção, o que promove aumento da renda do agricultor”, afirma o diretor da Área de Irrigação da Codevasf, Solon Braga Filho. De acordo com o diretor, a Codevasf tem atualmente R$ 500 milhões em ações de modernização contratadas para

os perímetros irrigados, sendo que mais de R$ 250 milhões já foram pagos. Os recursos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os projetos irrigados localizam-se nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Dos 35 perímetros, 25 foram implantados pela própria empresa ao longo de sua história e dez foram implantados pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) na década de 1990 para compensar famílias que residiam na área onde se formou o lago da usina hidrelétrica de Luiz Gonzaga (PE) – estes são identificados conjuntamente como Sistema Itaparica. Na maioria dos perímetros a operação e a manutenção das estruturas é delegada pela Codevasf a organizações de produtores. Essas organizações arrecadam as tarifas de água para rateio das despesas. Por ser a proprietária da infraestrutura de uso comum – canais, estradas, drenos, estações de bombeamento etc. –, a Codevasf periodicamente realiza investimentos em modernização e economia de água, com vistas à redução dos custos de operação e manutenção. Além disso, a Companhia provê assistência técnica aos produtores ocupantes dos lotes familiares dos perímetros. Na opinião de Braga Filho, os resultados dos perímetros nos próximos anos poderão

Irrigação elevou o nível de produção de frutas e verduras, e com isto a renda, na região da bacia hidrográfica do São Francisco

ser ainda melhores. Entre as novas ações da Codevasf está o desenvolvimento de projetos executivos de intervenções que promovem economia de água nos lotes de agricultores dos perímetros Curaçá, Maniçoba e Tourão, localizados em Juazeiro (BA), e Bebedouro, situado em Petrolina (PE). Os projetos são a extensão de uma experiência piloto bem sucedida realizada no perímetro Mandacaru, em Juazeiro, que chegou a receber prêmios nacionais como modelo de uso eficiente da água. Serão atendidos com os projetos executivos, concluídos em 2014, 528 produtores, em área total de 4.042 hectares. “Esses projetos podem promover economia de até 63% no volume anual de água bombeado do rio São Francisco para as áreas beneficiadas, o que representa 79 bilhões de litros de água do rio economizados anualmente. Há ainda a expectativa de que com

esse modelo de irrigação haja aumento de produção, redução de processos erosivos e de salinização dos solos, aumento da área plantada e redução do consumo de energia em estações de bombeamento”, explica o diretor da Codevasf. LAGOA GRANDE O perímetro Lagoa Grande, situado no município de Janaúba (MG), obteve resultados especialmente positivos na comparação com o ano anterior e alcançou 29,88 mil toneladas produzidas em 2014, com valor bruto de produção de R$ 36,19 milhões. O perímetro é responsável por cerca de 2,8 mil empregos diretos e indiretos e suas principais culturas são a banana, a manga e o caju. Na avaliação do gerente de irrigação substituto da 1ª Superintendência Regional da Codevasf (MG), Marcos

Egídio, os produtores têm buscado meios de aumentar sua eficiência produtiva e minorar os efeitos da escassez de água. “O perímetro de Lagoa Grande, abastecido com água da Barragem do Bico da Pedra, passou por uma grande restrição de fornecimento de água no período. O que os produtores fizeram para lidar com a situação foi trabalhar intensamente para aumentar a produtividade. Com o insumo água bastante restrito, eles aplicaram com mais eficiência outros insumos de produção”, afirma. Mesmo com redução da área cultivada – de 1.153 hectares para 1.112 –, o perímetro conseguiu aumentar sua produção em mais de 30% entre 2013 e 2014 – de 22,25 mil toneladas para 29,88 mil toneladas – e registrou alta no preço médio da tonelada comercializada. “Quando a produção não subiu, como ocorreu em outros perímetros de Minas Gerais, os produtores buscaram desenvolver estratégias de comercialização alternativas, de modo a garantir sua remuneração nesse momento de escassez de recursos hídricos”, afirma Marcos Egídio.


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Hora do rush

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ogos de campeonatos nas várias séries do Brasileiro deixam uma interrogação: vão ser suspensos ou continuam no paralelo ao calendário dos jogos da Copa América, no Chile, em junho? E lembrando agenda: A seleção fará amistosos dia 7 de junho, no estádio do Palmeiras, contra o México e no Beira-Rio, no dia 10 de junho, contra Honduras. Na Copa América, o Brasil estreia contra o Peru, no dia 14 de junho. Antes dos amistosos, o time de Dunga vai passar pelo menos uma semana treinando na Granja Comary.

Jogos do alagoano O campeonato alagoano se encaminha para a fase final e, no paralelo encontrar um pouco de tempo para respirar de modo que os representantes do Estado nas séries do Brasileiro tenham o desempenho que as torcidas almejam. Ou não é tempo de Alagoas ter time na elite da Série B?

Roda de conversa Futebol, ao menos no Brasil, dá sinais de queda de público nos estádios. Foco da observação ocorreu no clássico carioca no fim da semana, Botafogo x Fluminense, com público apenas de 13.958 pagantes.

Alegria em dobro Botafogo, campeão do primeiro turno, não surpreendeu. Já o atacante Billy sim, pois além de sair do jejum de 13 jogos sem balançar rede, entrou no segundo tempo e na cobrança dos pênaltis, bateu e converteu em gol. Festejou em dose dupla: a classificação para a final e fim do jejum de gols. O adversário será o Vasco da Gama.

Depois de 18 anos O último clássico final do carioca com Botafogo e Vasco no gramado havia sido em 1997 e neste ano o confronto começou fora do campo com a imposição, em arbitral e dentre outras questões, a redução de preços de ingressos que apimentou o desentendimento.

Meio campista

Consciente

O Botafogo montou um time competente e mostrou o seu bom momento no campeonato carioca. Mas para o Brasileiro ainda procura por reforços. Tem Jeferson Paulista, que não foi aproveitado bem no campeonato carioca e continua fora dos planos de René Simões para o Campeonato Brasileiro. Mas quem sabe não possa se transferir para o futebol paulista?

Craque da bola se aposenta hoje numa faixa etária alta. Exemplos do quanto mais experiente melhor são habituais e base do princípio de que, no gramado não é o jogador, mas a bola quem tem de correr. Exemplos são muitos e puxa a questão Ronaldinho Gaúcho, 35 anos acertando a renovação de contrato com o Atlético-MG .

Haja jejum O Vasco, que tinha esquecido o último ano que ganhou um campeonato carioca, conseguiu, enfim, a volta por cima no domingo, vencendo o Flamengo. A classificação saiu na cobrança de pênalti (que dizem não existiu) . Mas valeu pelo desempenho dos jogadores.

Momento de crise? Neto Baiano, Willie e Nino Paraíba foram dispensados do Vitória (BA) e a mídia liga o ato à eliminação na Copa do Nordeste. De Raimundo Viana, presidente do clube: “Venho sempre dizendo que a fila anda e vem andando desde que tomei posse”. E ainda manda recado: “Podem acontecer novas dispensas e contratações. Tudo é possível”.

Tem motivo? Veterano Elias comemorou recentemente uma marca no futebol brasileiro. Foi a de 200 partidas com a camisa do Corintinhans e presenteou a torcida com um gol. Além dos aplausos das arquibancadas, foi também homenageado pela diretoria do clube.

Novo momento

Ganso, domingo na Vila Belmiro, foi vaiado pela torcida, não a do São Paulo, onde joga, mas pelos santistas e razão foi ele ter jogado no Santos. O adversário além de derrotado em casa, teve Ganso como um dos “bons artistas do espetáculo”. Será que algum dia ganha chance na seleção brasileira?

Classificação

Felipe Omena, um dos nomes da equipe de Gustavo Feijó na Federação Alagoana de Futebol, não pretende mexer em decisões tomadas na gestão anterior e que estejam dando certo. Já outras, com o que chama “equívocos identificados,”aí sim, correções vão ser providenciadas.

A semana foi de rodadas importantes para selar o destino dos clubes na classificação para a segunda fase do estadual. Das surpresas, o CRB na corda bamba e ter pela frente confrontos difíceis. Torcedores insistem que o “Calcanhar de Aquiles” do time vem sendo a defesa.

Prestando contas

Contra o tempo

Gustavo Feijó há sete anos presidente da Federação Alagoana de Futebol, tem serviços prestados que merecem destaques. Foram quatro vagas na Copa do Brasil, dois clubes na Série B em 2012 e Alagoas, segundo assessoria da FAF, estar bem pontuada no ranking nacional.

Neste fim de semana, o domingo em especial, as rodadas dos campeonatos são de definições em vários estados e razão as tabelas elaboradas de modo a evitar choques de datas com os nacionais e de início proposto já para maio. O Brasileiro nas várias séries, principalmente.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Taxa de pedágio

Jaraguá

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O prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho passam por Jaraguá? Se for só no trecho da orla tudo bem, mas pelas ruas Sá e Albuquerque e Barão de Jaraguá vão se envergonhar. O bairro, tombado como “Patrimônio Histórico” não é recomendável para visita de turistas.

governo federal tem o propósito de implantar nos próximos 90 dias reajuste na taxa de pedágio nas rodovias federais. A decisão, já divulgada na imprensa do Sul, teria a ver com a Lei dos Caminhoneiros. Dúvida é se teria a ver com a greve recente da categoria.

Merece atenção Do ministro da Fazenda, Joaquim Levy: “Não é hora de ter medo, mas de fazer o que deve ser certo”. Advertência foi recente e ele se mostrou aberto a conversa e confiança no apoio das classes produtivas. Mesmo sabendo haver insatisfação em alguns segmentos empresariais.

Dor no bolso Caminhão que trafegue sem carga, segundo consta da proposta, não ficará isento do pedágio e a cobrança será pelas rodas no chão e isento só o de eixo suspenso. Mas, na contrapartida, permitirá o transporte de carga pesando mais que o permitido antes de a lei vigorar.

Tempos de moagem O setor sucroalcooleiro em Alagoas se recupera neste período de moagem, isso em relação ao ano anterior. Observação é de plantadores de cana satisfeitos com dados confirmando que nesta temporada foram cortadas 23 milhões de toneladas de cana contra 22 milhões no ano anterior. Nesta safra são 19 usinas moendo e na anterior 20.

Manutenção Moradores da Ponta da Terra se queixam da ausência de manutenção nos esgotos. Um deles no cruzamento das Ruas Domingos Lordsleen, principal do bairro, com a Santa Sofia, trecho próximo a Igreja do Santuário de Fátima. O incômodo tem a ver com o persistente mau cheiro.

Festa junina Desde o último dia 15 e até o dia 30 estão abertas inscrições para instalar arraiais juninos nos bairros. O atendimento a interessados está sendo na Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU). Para pedir “ajuda de custo” o prazo expira dia 15 de maio.

Argumento forte

Ação policial Deputado Antônio Albuquerque (PRTB) em pronunciamento na Assembleia Legislativa sobre a segurança pública em Alagoas: “O Estado não pode tratar bandido com flores”. Uma frase que tem a ver com a postura policial e transferindo confiança neste início do governo de Renan Filho.

Argumento

Heloísa Helena (Psol) defende a importância de os vereadores obterem informações necessárias para votarem propostas do Executivo com mais convicção. Posicionamento dela teve a ver com a solicitação da Prefeitura para aval a um empréstimo de R$ 170 milhões.

“Os bons resultados da segurança pública não são frutos de milagre operado pelo secretário de Defesa Social, Alfredo Gaspar de Mendonça, mas de uma postura mais firme da polícia. Não podemos tratar bandido com flores. Deve ser tratado como bandido”, falou Antônio Albuquerque.

Minha casa...

Esculhambação

O governo federal está confiante na proposta de, até o fim do ano, o Programa Minha Casa. Minha Vida entregar 1 milhão de casas. Projeto propõe imóveis com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e condomínios com áreas de lazer e recreativas. Dúvida é se alcança Alagoas

Todo cuidado é... O cidadão que na mesa de bar senta com companhia desconhecida, corre risco de ser dopado e depois ficar sem saber o que aconteceu. É habitual e no popular ganha a pecha de “otário”. Caso foi recente no Recife mas é comum por esses lados. É esse tipo de descuido que lembra um dito popular bem conhecido: “O... de bêbado não tem dono!”

Do jornalista José Simão no livro Esculhambação Geral da República: “Traficantes invadem o Morro dos Macacos. Até aí normal. Piada pronta é o percurso: um grupo foi pela avenida Martin Luther King, o outro pela avenida Dom Helder Câmara e se encontraram na Praça Mahatma Gandi. E um jornalista espanhol ficou sob mira de fuzil na favela Nelson Mandela”.

Congresso petista O Partido dos Trabalhadores (PT) agenda para junho um congresso nacional e questões prioritárias para debates estão em avaliação no momento. Do lado político adverso, dos tucanos principalmente, ansiedade é saber se vão avaliar a corrupção no governo de Dilma.

Idade penal “Se reduzirmos a idade penal para 16 anos, os bandidos irão usar menores de 15 ou 14 anos para cometer os crimes”. A observação do deputado Galba Novaes teve sustentação na análise dessa proposta que não deu certo em outros países, a maioria mais desenvolvidos que o Brasil.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

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Maior ameaça ao planeta O presidente americano, Barack Obama, afirmou que as alterações climáticas são “a maior ameaça ao planeta”, acrescentando que espera que os piores efeitos disso possam ser evitados pela união das maiores economias do mundo em torno do tema, citando a reunião de cúpula que será realizada em dezembro, na cidade de paris, seis anos após o fracasso da Cúpula de Copenhague. De acordo com levantamentos, o ano de 2014 foi o mais quente da história desde que os registros de temperaturas começaram a ser feitos, em 1880. O presidente lembrou de sua aposta nas “energias limpas” e exaltou o fato de as emissões de carbono nos EUA terem caído 10% desde 2007.

Ambientalistas em perigo O relatório da organização Global Witness publicado nesta semana conclui que o Brasil é o país com maior número de assassinatos de ativistas do meio ambiente, com 29 homicídios só em 2014. A América Latina lidera o ranking com 87 homicídios. Além do Brasil, a Colômbia ocupa o segundo lugar, com 25 mortos e Honduras o quarto, com 12 assassinatos. Em terceiro lugar estão as Filipinas, com 15 mortes. No total, 116 pessoas morreram em todo o mundo por lutar contra projetos que ameaçam a preservação da Terra, 20% a mais que em 2013.

Desertos gerando energia limpa

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Vistoria nas piscinas naturais

ma ideia visada por cientistas propõe o aproveitamento dos desertos para gerar eletricidade através do sol, porque opções como o vento e o efeito fotovoltaico são muito instáveis e requerem grandes extensões de terreno. A planta funciona de forma que os raios do sol se concentram mediante espelhos que atingem enormes temperaturas, um calor que se utiliza para gerar vapor, que movimenta uma turbina e produz a eletricidade. O acúmulo de pó nos espelhos e a escassez de água para limpá-los, seria o principal problema a solucionar, já que a eficiência do sistema diminui com a sujeira.

O IMA realizou vistoria e monitoramento das Piscinas Naturais da Pajuçara e os estudos para transformar as piscinas em uma zona de exclusão serão apresessssntados na próxima reunião do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (Cepram). A área de recifes tem cerca de 42 hectares e dependendo do resultado, pesca, visitas e mergulhos serão proibidos. Isso deve facilitar a reprodução de organismos marinhos que ali habitam e um possível repovoamento de outras piscinas localizadas na enseada da Pajuçara. A equipe verificou se os usuários estão respeitando as orientações de não atracar embarcações nos recifes, não levar organismos como souvenir e não alimentar os peixes.

Carona Virtual

Barreiras contra tsunamis

A Tripda é uma plataforma online de compartilhamento de caronas que tem como proposta, oferecer uma alternativa de transporte sustentável e acessível para todos os viajantes do Brasil. A empresa tem como objetivo compartilhar e reduzir custos com transporte; conectar pessoas e gerar vínculos de amizade; ter menos veículos nas ruas, consumindo menos combustível. Os motoristas e passageiros recebem benefícios usando o aplicativo, como vale gasolina e sorteio de ingressos de shows, fora o benefício usual. Fundada no Brasil, está presente em mais 11 países: Argentina, Chile, Colômbia, EUA, Filipinas, Índia, Malásia, México, Paquistão, Singapura e Taiwan.

Pesquisadores japoneses desenvolveram uma barreira que se eleva automaticamente sobre as estruturas tradicionais, através da força das ondas e proporciona uma altura adicional, amortecendo o impacto. O sistema é acionado quando o nível do mar sobe e a força da água é suficiente para a formação do novo bloqueio. Os muros construídos com esse objetivo no litoral japonês são eficazes para suportar ondas de até 10 metros, mas geraram certa rejeição da população por causa do impacto sobre a paisagem. Apesar dos testes positivos, os pesquisadores japoneses afirmaram que ainda não contam com nenhum projeto concreto para instalar as novas estruturas.

Proteção das nascentes A organização ambiental WWF-Brasil lançou uma petição pedindo a adesão da população à proposta de criação do Plano Nacional para a Proteção de Nascentes. As soluções de infraestrutura apresentadas pelos governos para a crise, não contemplam a proteção das nascentes e a recuperação das que estão degradadas. Temos visto que só chuva não enche reservatório, porque as nascentes dos rios que abastecem os mesmos, já foram todas degradadas. A petição ficará à disposição da população até junho. A meta é garantir, pelo menos, 50 mil adesões.

Sereias As fotógrafas Angelina Venturella e Chiara Salomoni viajam pelo mundo transformando ativistas, celebridades e gente comum em criaturas míticas do oceano. Segundo o site do projeto, o objetivo do Project Mermaids (projeto sereias) é a conscientização da importância das praias e dos oceanos, para que mantenhamos esse ambiente limpo e saudável. Metade dos lucros com as fotos será destinada ao projeto Save Our Beach (salve nossa praia), uma pequena organização sem fins lucrativos que há 16 anos limpa praias e leitos de rios na Califórnia. As imagens são feitas em piscinas, oceanos, praias, árvores e cachoeiras.

Inovação O projeto do casal de engenheiros americano Julie e Scott Brusaw, Solar Roadways, propõe a instalação de painéis solares super resistentes no lugar do asfalto para captar a energia e transformá-la em eletricidade. Além de dar suporte à sinalização e descartar o uso de pinturas de forma eficiente, a energia gerada iluminaria as casas e abasteceria carros elétricos. Com isso, postes de energia perderiam importância e em dias de neve, os painéis aqueceriam e resolveriam o problema do acúmulo de gelo. Segundo o site Indie GoGo, até junho do ano passado, eles arrecadaram mais de US$2 milhões para custear a próxima fase do projeto.


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DIREITO DE RESPOSTA

Direção da Arsal diz que Tropical deixou de operar linha Maceió/Rio Largo por recomendação do MPE Decisão da Justiça diz que suspensão de atividade “resguardará a segurança e acessibilidade dos usuários que utilizam o serviço público” DA REDAÇÃO com assessoria

N

a última edição do jornal EXTRA o empresário Antônio Monteiro Filho, proprietário da empresa de ônibus Tropical, falou sobre a perda da concessão pública para operar a linha Maceió/Rio Largo. O empresário falou de suas insatisfações e fez duras críticas à Agência

Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal), que enviou sua posição ao semanário. Em relação à matéria “Empresário acusa Arsal de beneficiar Veleiro na linha Maceió/Rio Largo”, veiculada no semanário EXTRA, a Arsal esclarece que, a suspensão das atividades da Tropical LTDA ocorreu após a concessão de diversos prazos para que ela adequasse

sua frota às exigências legais e por recomendação do Ministério Público Estadual (MPE/AL). Nos referidos prazos concedidos antes da suspensão, a empresa continuou operando normalmente as linhas intermunicipais Maceió/Rio Largo (via Mata do Rolo e via Gustavo Paiva), Maceió/ Cruzeiro do Sul e Maceió/Aeroporto Zumbi dos Palmares (via Ponta Verde e via Terminal Rodoviário João Paulo II). Portanto, não procede a alegação de que a não adequação de sua frota em relação à idade, conservação e acessibilidade ocorreu devido à falta de faturamento. A Auto Viação Veleiro foi contratada em caráter emer-

gencial, por 180 dias, por apresentar todas as condições de assumir as linhas e atender a todas as exigências legais, não havendo beneficiamento algum em relação à empresa. Na verdade, os beneficiados com tal contratação foram os cerca de 20 mil passageiros transportados diariamente no Sistema Rodoviário Intermunicipal de Passageiros Convencional e Complementar da região. Entre 2014 e 2015, uma das principais reclamações registradas na Ouvidoria da Arsal na área de Transporte Intermunicipal foi em relação à frota de ônibus intermunicipal de Rio Largo e adjacências, sem contar

com os reiterados pleitos de representantes de pessoas com deficiência e restrição de mobilidade. No começo de janeiro deste ano, a decisão da Agência Reguladora pela suspensão das atividades da Tropical foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/ AL), “para resguardar a segurança e acessibilidade dos usuários que utilizam o serviço público de transporte da empresa permissionária”. A Arsal reforça sua atuação dentro da legalidade e visando, prioritariamente, o interesse dos usuários dos serviços regulados, e se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Ordem em casa

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iscutir consumo de combustível em automóveis sempre traz dúvidas, não raro calorosas discussões. Trata-se de um tema espinhoso e, de certa forma, difícil de explicar. Há vários critérios de medição, inclusive os das publicações especializadas em automóveis ao redor do mundo. Fator mais importante, por qualquer método, é a repetibilidade: comparar dados exatamente sob os mesmos parâmetros e que possam ser repetidos de modo a aferir um mesmo veículo depois de melhorias técnicas ou em relação a um concorrente. Esse assunto se tornou ainda mais importante porque o único meio de reduzir emissões de CO2 – um dos gases do efeito estufa e suas mudanças climáticas – é diminuir o consumo, no caso de combustíveis fósseis: gasolina, diesel e gás natural (etanol, quase neutro no ciclo

fechado produção-consumo). Referências confiáveis, só em laboratórios sobre rolos dinamométricos. Os ciclos de medição em cidade e estrada são regulamentados pelos governos. Critérios, porém, não são universais. Há metodologias diferentes na Europa, Japão e EUA. O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) executado pelo Inmetro segue a norma americana, inclusive no rigor técnico, embora a Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês) dos EUA disponha de muito mais recursos. O Brasil adotou, inclusive, o fator de correção introduzido pela EPA há três anos para acabar, praticamente, com as diferenças entre laboratório e uso no mundo real. O PBEV ainda não abrange todos os modelos à venda porque é voluntário, mas se acredita que em 2018 se torne obrigatório. Alguns fabricantes discor-

RODA VIVA dam do enquadramento nas categorias e outros pormenores, mas terão que se adaptar. Em 1996 foi criado o Novo Ciclo Europeu de Condução (NEDC, em inglês) considerado muito brando e, portanto, com números de consumo bem atraentes. Independentemente das diferenças entre os combustíveis lá e aqui e do nível tecnológico dos motores e dos carros, não existe fator de correção. Assim, é incorreto compará-lo ao PBEV ou ao EPA. A União Europeia diz que seu ciclo se aproxima do uso médio no continente, mas as acelerações de simulação são bem camaradas, talvez por refletir motores de menor cilindrada. Em plena era dos turbocompressores isso não faz tanto sentido. As regras, porém, são para todos os fabricantes. A Volkswagen, por exemplo, desenvolveu o híbrido diesel

-elétrico plugável em tomada XL1 que, pelo critério NEDC, pode atingir consumo médio de 111 km/l. Na prática, como ocorre também em modelos comuns, não consegue reproduzir e isso vem sendo cada vez mais questionado por organizações independentes. Agora há o esforço de uma comissão das Nações Unidas para tentar achar uma metodologia que coloque ordem na casa. Discute-se o WLTP (em inglês, Procedimento Mundial Harmonizado de Teste para Veículos Leves) e os europeus prometem adotá-lo em 2017. Os ciclos não seriam mais divididos em cidade/estrada e sim em velocidades: baixa (57 km/h), média (77), alta (97) e extra-alta (133). O tempo total do teste de 26m40s e a distância de 22,7 km continuarão em laboratórios e sob condições controladas. Falta decidir o critério para acelerar.

pitstop Com o 2008, Peugeot quer voltar entre as “dez mais” Terceiro lançamento no segmento em menos de um mês, o crossover francês começa custando R$ 67.190

A

briga no segmento de utilitário esportivo pequeno ganhou mais um participante. Depois do Honda HR-V e do Jeep Renegade, agora foi a vez da Peugeot apresentar o seu crossover 2008. O 2008 é o segundo carro global da marca fabricado em Porto Real (RJ) e o primeiro da marca a ter equipes em vários países envolvidas no projeto: Brasil, França (produção em Mulhouse) e China, onde também é fabricado, em Wuhan. De olho nesse segmento onde a crise passa

longe, a Peugeot espera emplacar as vendas do 2008 e voltar a figurar na lista das dez marcas mais vendidas, mesmo sabendo que terá uma forte concorrência, tanto dos novos modelos quanto do Ecosport e Duster, que até hoje dominaram as vendas no segmento. A Peugeot fechou o ano passado na décima segunda posição, atrás da Citroën e da Mitsubishi, mesma posição que ocupa este ano. O 2008 tem um desenho sofisticado, com linhas esportivas. A dianteira tem linhas marcantes e os faróis possuem refletores e luzes diurnas em led. Na traseira, destaque para aerofólio, acabamento na moldura dos vidros e para-choque com detalhes em preto

fosco e luzes de neblina e de ré embutidas. O acabamento é refinado, os materiais utilizados são de boa qualidade, como os detalhes cromados ao redor das saídas do ar-condicionado e nas portas. Os bancos são reguláveis em altura, profundidade e inclinação e o volante multifunções é revestido de couro, regulável em profundidade e altura e direção elétrica progressiva. No quesito segurança o jipinho é recheado de equipamentos, pena que a maioria só está disponível na versão topo de linha. O carro tem controle de tração, controle de estabilidade, assistente de arranque em subida, assistência à frenagem de urgência e distribuidor de frenagem. O 2008 tem ainda o inédito sistema de tração Grip Con-

trol: criado pela PSA e disponível na versão THP flex, ele otimiza a tração do 2008 em condições de baixa aderência e permite ao motorista escolher entre os cincos modos de utilização disponíveis: normal, neve, barro, areia e ESP off, que oferece ao motorista a possibilidade de desligar totalmente o controle. O Peugeot 2008 está disponível em três versões de acabamento: Allure e Griffe, equipadas com o motor 1.6 16V flex de 122 cv com câmbio manual ou automático e a topo de linha Griffe THP, que tem motor 1.6 turbo flex de 173 cv, (o mesmo que equipa o hatch 308) e câmbio manual de seis marchas (para essa versão não esta disponível câmbio automático).

FINALMENTE a era do motor turbo chega com força ao mercado mesmo nos modelos de marcas de massa aqui fabricados, fora do tradicional apelo esportivo. Além do Citroën C4 e do novo Peugeot 2008, VW up! terá o primeiro três-cilindros turbo. Golf, A3 sedã, também ainda este ano, e novas gerações do Cruze (argentino) e do Civic, ambos em 2016, receberão motores turbo. Ford prepara EcoBoost três-cilindros. MENOS notado esse pormenor, em um veículo inteiramente novo e com algumas primazias, Jeep Renegade avançou também no plano de manutenção. Agora o motorista só precisa de um ano ou 12.000 km, em uso normal, para troca de óleo e revisão. Em média, o brasileiro roda 1.000 km/mês ou algo além, com gasolina menos cara. CHERY aposta na relação custo-benefício no primeiro produto nacional: Celer hatch (R$ 38.990 a 40.990) e sedã (R$ 39.990 a 41.900). Esses preços não atraem tanto como antes. Motor de 1,5L/114 cv/15,5 kgfm (etanol) é bem dimensionado, porém para melhorar consumo o câmbio foi alongado demais. Painel e quadro de instrumento têm linhas desnecessariamente rebuscadas. MESMA aposta de preço competitivo faz a JAC com o T6: R$ 69.900 a 75.670, ou seja, SUV médio a custo de compacto. Chama atenção pelo estilo. Interior bem desenhado, apesar de parafusos à mostra. Suspensões independentes nas quatro rodas destacam-se. Engates do câmbio manual poderiam ser mais silenciosos. Motor flex de 2 litros/160 cv é bom, porém sem elasticidade desejável. Interessante é usar aplicativo de navegação Waze (só celular Android) na tela multimídia. ACESSÓRIO batizado de Smart Light Evolucar é uma lanterna extra com sensor de última geração que detecta movimentos do veículo. Ativa automaticamente luz própria direcional, de freio e de ré independentemente da ação do motorista. Custa de R$ 120 a R$ 140. Para ver como funciona há um filme em: http://evolucaracessorios.com .


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 29 DE ABRIL DE 2015 CRÔNICA

A coitadinha mais parecia um formigão de roça JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

N

ós já fomos testemunhas de parte da nossa História Contemporânea, quando registrando fases da nossa política, no que fiz respeito às diversas mudanças de governadores de Alagoas e de prefeitos de Maceió. Já soubemos quais foram os melhores, os mais ou menos e os piores, dentre eles. Já passamos por eleições, reeleições, intervenções e, até por omissão, como a que aconteceu num terceiro mandato de um deles. Já testemunhamos posses e saídas e já ficamos sabendo quais foram os honestos, os mais ou menos honestos e os desonestos e que já deveriam estar presos. Já ouvi o povo fa-

lar bem deles e quais os que decepcionaram o povo. Já sabemos como foram suas administrações e quais são seus defeitos. Se fizermos uma gradação sobre suas atuações, alguns ficarão aprovados, enquanto outros poderão ser jogados no lixo que eles mesmos deixaram de recolher. Na realidade, nós alagoanos e maceioenses, já vimos de tudo um pouco. Já vimos governadores e prefeitos de Maceió que acabaram logo com todas as verbas de propaganda; já vimos e ouvimos muitas mentiras, muitas promessas não cumpridas e, até “conversa mole”, quando não admitindo erros e omissões. O pior de tudo, é que uns acham que deram “sho” nas suas administrações e que foram importantes para Alagoas e para Maceió. Já vimos secretários e outros auxiliares desonestos, inúteis, escolhidos por critérios puramente, políticos e, também, já testemu-

nhamos escolhas estranhas, tanto da área estadual, como da área municipal. Já vimos secretários e outros auxiliares, antes meus amigos, se transformarem em “cabras bestas”, só porque passaram a vestir paletós amarrotados ou andar em carros oficiais. Já vi alguns fazendo de conta que não estavam me vendo e já vi cara, só faltando perguntar ao governador ou prefeito de Maceió se queriam que eles fizessem as feiras das suas esposas. Já fui testemunha de uma cena, dessas que a gente não pode deixar de registrar. Eu estava numa fila para comprar pão, quando me deparei com uma dessas “socialites ou vips”, usando um enorme óculos escuros, mais parecendo um formigão de roça, que, também, ia comprar pão. Eu até fiquei sem acreditar, como uma dama tão especial tinha a coragem de nos ver comprando pão, um alimento para

pobres, já que ela deveria ser uma dessas pessoas que dizem ter maridos que só compram carnes especiais, sejam da “friboi” ou “filet mignon” da Argentina. Pois bem, a tal figurinha não entrou na fila e disse à vendedora que estava apressada e que seu maridinho ia para Barra do São Miguel, para sua casa na praia e que ele já estava com o carrão oficial esperando-a. A figurinha fura-fila foi mal educada, metida a “cocô colorido de papagaio”, querendo demonstrar ser pessoa importante. Essas cenas podem acontecer com qualquer um de nós, quando pessoas com “cara-de-pau” e especiais, se escondem para dizer que não comem pão, por ser alimento para pobre. Em tempo – Meus amigos da pracinha do Alagoinhas, nos domingos, o Dr. Edgar Pedrosa e o Dr. João Aurélio Calado, são meus leitores e inimigos da “lei seca.”


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Escassez de água

Sem ajuda

PELO INTERIOR

E por falar em Girau, o publicitário Thales da Costa, 32 anos, está percorrendo sua terra natal - Girau do Ponciano- para denunciar às autoridades o drama por que passam milhares de famílias com a escassez de água no município.

Thales da Costa também concedeu uma entrevista recentemente para o radialista Ivan Nunes, na Rádio Progresso, em Girau do Ponciano, transmitindo aos ouvintes toda a situação que presenciou em seu município. Espero que as autoridades adotem alguma providência, porque não é possível que a população continue vivendo sem ajuda de quem poderia fazer alguma coisa por elas”, acrescentou o jovem publicitário.

... Começou na terça-feira (21), o mutirão de limpeza do rio São Francisco, na cidade de Pão de Açúcar.

Situação preocupante

Será um “miau”?

E

m Girau do Ponciano, cidade administrada pelo jovem prefeito Fabinho Aurélio, um misterioso “gato” vem atormentando usuários do Sistema Único de Saúde que precisam marcar exames na sede da Secretaria de Saúde, onde a Eletrobrás em uma fiscalização de rotina detectou roubo de energia elétrica e emitiu uma multa. Detalhe: o prédio é alugado.

Novo “mistério” Agora surge um novo mistério: está faltando energia em dois blocos do prédio há pelo menos uma semana e o mais penoso para a população do município é que atingiu justamente o setor do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), responsável pelo serviço do Sistema único de Saúde - SUS. Trocando em miúdos: os usuários que procuram assistência médica, acabam voltando para casa com a sensação de impotência, de que estão sendo enganados. E o que é pior: sem tratamento, continuam doentes. Pode uma coisa dessas?!

Outro lado A Secretária de Saúde do município, Aruska Magalhães, tratou de informar que não houve corte de energia elétrica, conforme boatos que surgiram na cidade e justificou a falta de energia a resultado de uma pane elétrica que só pode ser resolvida pela Eletrobrás. Ela disse que a administração municipal vai adotar medidas judiciais contra a Eletrobrás.

Thales da Costa já ouviu o relato de centenas de moradores da área urbana e, principalmente, de dezenas de povoados. “A situação é muito preocupante. Após percorrer todos esses lugares, pude acompanhar de perto o sofrimento das pessoas que sobrevivem com seus filhos de uma forma desumana”, salienta.

Mendigando água De acordo com o jovem publicitário, o município de Girau do Ponciano tem mais de 40 mil habitantes, mas a maioria, ou seja, mais de 20 mil pessoas, vivem mendigando água para viver de forma digna com seus parentes e amigos.

Via-crúcis “A maior parte das cisternas está com apenas três palmos de água. O drama é muito grande. Conheci uma dona de casa que nunca tomou banho de chuveiro e vive diariamente com três litros de água”, lembra o publicitário Thales da Costa, que já fez um pronunciamento este ano na Assembleia Legislativa Estadual relatando a via-crúcis dos moradores dos povoados e da cidade.

Região Norte Na quarta-feira (22), a Prefeitura de Maragogi, com apoio das Secretarias de Comunicação e Turismo, instalou na entrada “do carvão”, como é popularmente conhecida, uma placa modelo “Front Light”. Segundo o Prefeito Henrique Madeira, após a conclusão da obra da pavimentação asfáltica, a entrada, que se tornou o principal acesso de entrada e saída de veículos ao centro do município, merecia algo que simbolizasse não somente o turismo, mas o quanto o município fica feliz em receber seus visitantes. “Na semana em que Maragogi completa 140 anos, instalamos essa sinalização turística que simboliza as boas vindas dos maragogienses aos turistas de toda parte do país e do mundo”, relata.

Riquezas naturais A estrutura da placa conta com refletores, que durante a noite, promete chamar ainda mais atenção para a imagem da bela Praia de Antunes, que cercada por coqueiros, possui um mar calmo e de águas cristalinas, representando assim, as demais riquezas naturais do município.

... Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Cícero Alves da Silva, a iniciativa da Prefeitura Municipal de Pão de Açúcar através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos conta com o apoio de pescadores, “lancheiros”, donos de bares e restaurantes e de outros voluntários. ... Segundo Cícero Alves, a ação tem como objetivo retirar algas e materiais que estão submersos no rio, o que vem prejudicando a vida do Velho Chico e atrapalhando os banhistas. ... Redes e outros instrumentos serão utilizados nesta operação de limpeza das águas do antigo Opara. O mutirão não tem hora marcada para terminar. ... Nas últimas décadas é gritante a agressão contra o Velho Chico, o que tem provocado resultados catastróficos, principalmente sérios impactos ambientais e dentre esses, a aparecimento de algas verdes (vegetação) no fundo do Velho Chico, prejudicando muito a navegação e os banhistas . ... O presidente do Senado, Renan Calheiros, voltou a defender na quarta-feira (22), a proposta que permitirá estados e municípios utilizarem parte dos recursos de depósitos judiciais e administrativos. ... Na avaliação de Renan, trata-se de uma “solução criativa” para melhorar a situação financeira dos estados e municípios, sem comprometer o ajuste fiscal. ... A proposta (PLS 183/2015) é de autoria do senador José Serra (SP) e pode ser incluída na discussão da regulamentação do novo indexador da divida dos estados e municípios, que o Plenário do Senado deve retomar nesta quarta-feira (22). ... Renan lembrou que os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já tem acesso a recursos de depósitos judiciais e administrativos: ... “Precisamos espalhar isso para todos os estados do Brasil”, defendeu Renan. ... A escritora alagoana Marta Eugênia de Oliveira lançou na quinta-feira (23) seu primeiro livro de poemas “Quanto Tanto”, a partir das 19h30. ... Além da noite de autógrafos justamente neste Dia Mundial do Livro, houve o lançamento com as performances das bandas de soul Gato Negro e de rock O Louco, com declamações nos intervalos. ... O evento, aberto ao público, teve apoio da Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur). ... Por sua vez, a publicação faz jus ao nome: tanto pela intensidade dos escritos – que estampam nossas janelas da alma – quanto pelo tempo que ele levou para ser “gerado”. Uma gestação desejada e influenciada pela irmã da autora. ... Aos leitores da coluna desejamos um ótimo final de semana cheio de paz, saúde e entretenimento. Até a próxima edição. Fui!!!!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

Competindo

O bom profissional

É

sempre aquele que obtém os melhores resultados financeiros para a empresa. Clientes, colegas e concorrentes estão sempre de olho nesses números, que traduzem o cumprimento de metas. Outros fatores, no entanto, podem influenciar a cotação do profissional no mercado, como, por exemplo, a atividade comunitária. Cada vez mais, o exercício da cidadania por meio da atuação em organizações sociais ou do trabalho voluntário, têm feito a diferença. Grandes empresas, como Ford e IBM, vêm criando no Brasil cargos específicos para quem gerencia sua responsabilidade social. A frequência e a continuidade dessa ação são obrigatórias. Não comece algo que não poderá ser incorporado a sua agenda - em vez de ajudar, isso pode comprometer sua imagem. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que 60% das empresas privadas desenvolvem algum tipo de ação social no Brasil.

Contando pontos As empresas vêem com bons olhos o profissional que se dedica à prática de esportes e à adoção de hábitos saudáveis. O mesmo vale para a experiência internacional. Quem já morou no exterior, ainda que não necessariamente por motivos profissionais, tem mais chance de destaque. Mas a formação acadêmica é outro pré requisito de peso, pois as empresas sempre estão interessadas em quem tem um bom currículo e participa regularmente de cursos de reciclagem.

Com a globalização da economia, competir por novos mercados ou se defender da concorrência é a palavra de ordem para empresas de qualquer porte. A competição é própria do ser humano. O modo de lidar com ela, porém, é o que diferencia um profissional do outro. Para começar, lembre-se: o colega que tenta “puxar seu tapete” age mais em benefício próprio do que para prejudicar você pessoalmente. Uma forma saudável de encarar a disputa profissional,é fazer uma autocrítica e suprir as próprias deficiências.

Ser líder Talento e um certa dose de sorte podem ajudar o empregado a chegar a liderança. No entanto, a escalada para o sucesso sempre passa por fatores de outra natureza, que dependem muito mais de empenho pessoal. Fato concreto: ninguém chega a líder se a empresa não apresentar bons resultados. Cumprida essa premissa, assume a liderança aquele que tem metas e objetivos claros e habilidade para implementá-los.

Déficit O Banco Central (BC) projeta déficit de US$ 84 bilhões, 4,42% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) nas contas externas brasileiras em 2015. A autoridade monetária alterou a previsão em relação à edição anterior, em função da adoção de nova metodologia de cálculo, de acordo com manual mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Antes da mudança, a estimativa era que as chamadas transações correntes encerrariam o ano com déficit perto de US$ 80 bilhões.


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