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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 822 - 22 A 28 DE MAIO DE 2015

USINAS DÃO CALOTE DE R$ 200 MILHÕES E QUEBRAM 8 MIL PRODUTORES DE CANA P/10

CRIME AMBIENTAL GOLBERY LESSA GENRO DE USINEIRO DEVASTA 300 MIL METROS QUADRADOS DA MATA ATLÂNTICA Órgãos oficiais fazem vista grossa para devastação; conluio envolve empresários e ambientalistas P/ 6 a 9

E A ALAGOAS INDO ALÉM DE UM ‘MAR DE LÁGRIMAS E DESESPERO’ P/ 16 e 17

APOIO


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE MAIO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Predadores

O

s maiores investidores do setor imobiliário no entorno do antigo lixão de Maceió são oriundos do falido setor sucroalcooleiro. Encabeçada por Gaspar Carvalho – genro de João Tenório - a lista de predadores do meio ambiente conta com representantes das famílias Vilela, Maranhão, Affonso de Mello e outros nomes ilustres.

Agiotagem

Reforma

Com suas indústrias falidas, muitos usineiros alagoanos montaram empresas de factoring – oficiais e de fachadas – para extorquir empresários em dificuldade. Cobram 10% ao mês e ainda exigem garantia real. Denúncias de agiotagem chegam aos montes na PF e na Receita Federal.

O deputado federal Givaldo Carimbão aposta que até setembro a reforma política será aprovada. O parlamentar disse que do jeito que as eleições acontecem no País não podem ser mais realizadas. Vamos aguardar!

Pátria de ladrões

O sujo e o mal lavado

Lobby dos cartórios

“Há uma imensa riqueza, controlada por 1% da população. Como é que a sociedade não vai estar com raiva? No Brasil, não há Estado de Direito. No Brasil, há uma classe política corrupta que utiliza o Estado para seus próprios fins”. (Manuel Castelis, sociólogo

“Não há chance de reconciliação com o PRTB. O Adeilson Bezerra é uma boa pessoa, mas não dá para confiar nele”.

Nem o CNJ conseguiu fazer andar o concurso dos cartórios em Alagoas. Venceu o pesado lobby dessas capitanias hereditárias, comandado pelo TJ, Anoreg e sua dissidência.

espanhol, em entrevista à Folha de S. Paulo)

Direto de Bangu “Convocado às pressas para prestar novo depoimento, Fernandinho Beira Mar exasperou-se ao ser confrontado com acusações ainda mais assustadoras. “Eu fui traficante, confesso. Estive envolvido em todo tipo de barbárie. Mas, por favor, não me venham acusar de petismo”. Após uma pausa para conter a emoção, ainda com a voz embargada, completou: “Esse crime eu não cometi”. (Revista Piauí)

A força de Xêpa O ex-prefeito de Olho d’Água do Casado, Wellington Damasceno Freitas, tem sido muito atuante nos processos envolvendo prefeitos afastados ou em vias de perder o mandato. Xêpa, como é conhecido o irmão do presidente do TJ, virou o porto seguro de muitos políticos enrolados com a Justiça.

(Deputado Cícero Almeida ao confirmar sua saída do partido)

Cadê a OAB? A outrora atuante OAB de Alagoas virou trampolim para conquista de cargos nos tribunais e tráfico de influência na Justiça. Um forte grupo de oposição está se mobilizando para retomar o comando da Ordem e reconquistar a credibilidade do órgão perante a sociedade.

Cortina de fumaça Apesar de importante para a sociedade, a discussão sobre a 17ª Vara Criminal virou pano de fundo para esconder os graves problemas vividos pelos alagoanos em todas as áreas.

Advocacia & lobby

Minha casa, minha dívida...

Está se tornando desleal a concorrência dos advogados que têm parentes na Justiça de Alagoas com os demais profissionais. Além da morosidade da Justiça, esses advogados têm que competir com mulher, filho, irmão, sobrinho e até genros de magistrados. Esses privilegiados operam em grandes escritórios, com poderes de deixar alguns juízes constrangidos.

As empreiteiras que atuam na construção de casas populares estão com sérias dificuldades financeiras para concluir as obras. Sem fluxo de caixa, essas empresas dificilmente concluirão os empreendimentos, que podem virar novos elefantes brancos.

Sócio oculto Comenta-se nos arredores do lixão que um dos sócios ocultos dos empreendimentos imobiliários no entorno do Parque Shopping seria um deputado federal.

Barganha A pauta da Assembleia Legislativa do Estado segue trancada. Não por empecilhos administrativos, mas por vontade política. É simples: os cargos de comissão ofertados pelo Poder Executivo aos deputados ainda não saíram do papel, não toda cota pelo menos. O diálogo entre os poderes se estende desde o início do ano e até agora nenhuma ação prática foi tomada para solucionar a celeuma. Nos corredores da Assembleia, há quem diga que os parlamentares “aliados” estão impacientes. Até porque as cobranças são muitas, de diversos os lados, dos correligionários, apoiadores e até de quem depende daquele vencimento para se manter. Os deputados mais experientes tentam contornar a situação, tirar por menos, mas nos bastidores as caretas são visíveis e a insatisfação é geral.

Do zero

O ex-deputado estadual Cícero Ferro vai ser candidato a prefeito em Minador do Negrão. Ferro viveu o auge político na Assembleia Legislativa e hoje tenta se reerguer.

Atentado Moradores da Avenida Silvio Viana, na Ponta Verde, continuam na bronca com adolescentes e jovens que se aglomeram em frente ao restaurante Spettus para consumirem bebida alcoólica e outras drogas. Como se não bastasse a algazarra, eles praticam atos obscenos, num verdadeiro atentado ao pudor.

Aniversário O prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente, vai reunir neste final de semana os amigos e assessores para comemorar idade nova. Para isso, deu uma pausa na sua agenda de trabalho que o transformou em um dos mais eficientes gestores públicos de Alagoas.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE MAIO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Exército vermelho na mídia Estoril, Portugal - Noaldo Dantas, de saudosa memória, não cansava de repetir, para deleite da plateia, quando via um colega com o rei na barriga: “O jornalista é um miserável importante”. Frasista dos bons, não sei se posso atribuir-lhe a autoria dessa pérola mas que é verdade não há dúvida. Lula, quando fala que “se juntar todos os jornalistas da Veja e da Época não dão 10% da sua honestidade”, não quer atingir apenas os profissionais dessas duas revistas, mas também os jornalistas que usaram seus veículos de comunicação para levá-lo ao poder. Fala de cadeira porque muitos ele cooptou para o seu governo. Portanto, conhece a vulnerabilidade de cada um dos seus seguidores. Na verdade, dois candidatos à presidência da república contaram com os teclados submissos e generosos de muitos jornalistas no Brasil: Collor e Lula. O primeiro atraiu muitos colegas de redação com a guerra contra os marajás. Convidava-os em lote para visitar Alagoas, onde uma estrutura de comunicação se encarregava de encantá-los com os projetos de moralização do seu governo garantindo a mídia favorável nos jornais e revistas. O Lula apareceu como líder dos trabalhadores do ABC e logo virou atração de modernidade para a esquerda festiva e burguesa e dos jornalistas deslumbrados que viram no PT a marca da contestação ao regime militar e o rompimento ideológico com antigos partidos, como o PCB, por exemplo. Veja que o vermelho não é diferente do colorido. A prova disso é que ambos estão juntos hoje em dia. E partiu de Lula a iniciativa de se aproximar de Collor para que ele ajudasse o PT a se estabilizar no poder, postura tão diferente daquela quando incentivou o Zé Dirceu e seus militantes caninos a provocar a CPI do PC Farias que terminou com o impeachment do seu atual amigo. Lula não se conformava ter perdido a eleição para Collor em um debate desastroso em que gaguejou durante todo o tempo, mesmo acostumado aos grandes confrontos. Pois bem, Lula fala de cadeira quando direciona seus mísseis para os jornalistas. O único equívoco é quando generaliza. Nem todos os profissionais comem ou comeram no seu cocho de mandioca. Mas uma boa parte sim, diga-se. Com a sua chegada ao governo, muitos dos seus adeptos largaram as redações e seguiram o mestre na sua escalada ao poder. Foram coerentes: defenderam as ideias de Lula nas redações às custas dos patrões que os remuneravam e depois foram se aboletar nas repartições a soldo do erário. Lula aparelhou o estado distribuindo estrategicamente os jornalistas que lhes prestavam obediência nos órgãos estatais. Aos colunistas políticos mais conhecidos, ele deu posição de destaque no seu governo. Entregou a alguns, inclusive, os cargos de comando nas empresas de comunicação do governo. Usou e abusou de todos eles e depois descartou-os como rolete chupado. Muitos, desiludidos e frustrados, hoje estão na oposição. Coisa feia. Cospem no prato que comeram. Uma indelicadeza com o chefe. Agora, doze anos depois, surge uma nova geração de jornalistas independentes nas redações que só conhece de Lula e do PT os atos de corrupção. É para esses jornalistas novos, apartidários, que Lula se lança ao ataque com seu contingente de guerrilheiros vermelhos da comunicação na rede dos blogs chapas-brancas financiados pelos órgãos públicos.

As benesses

Imoralidade Na trincheira de Lula, tentando erguer envergonhadamente a bandeira da moralidade, estão muitos jornalistas medíocres que foram se abastecer nas tetas do governo. São dessas tetas que provêm seus sustentos. Nada seria demais se o trabalho desses profissionais visassem apenas a divulgação isenta da notícia dos órgãos estatais. O que se vê, porém, é a utilização da máquina do governo para difamar e ameaçar autoridades constituídas que investigam a corrupção ou pessoas de bem que divergem do caminho desastroso que os petistas levam o país.

Servilismo É assim, diante dessa submissão e do servilismos doentio de alguns profissionais de imprensa, que vivem à sombra das benesses petistas, que o jornalista brasileiro deixa de ser um miserável importante, para se transformar, infelizmente, apenas em miserável.

Nocivos Já que falamos dos jornalistas cooptados por Lula para o seu exército vermelho da comunicação chapa-branca, nada mais natural do que comentar também sobre os patrões da imprensa, vassalos que vivem a soldo do governo desde que o Brasil é república. Quem resumiu muito bem o caráter dos donos de jornais nas últimas década foi o escritor Graciliano Ramos lá pelos anos de 1950, quando era revisor do Correio da Manhã, no Rio, um dos jornais mais influentes do país à época. Avesso a bajulações, sisudo, conciso, amargo e cortante, como se mostra em seus textos literários, Mestre Graça foi convidado por Paulo Bitencourt, o dono do jornal, para fazer uma saudação em nome dos empregados numa data festiva do periódico.

Sabedoria Graciliano relutou. Dizia modestamente não ter o dom da oratória. Paulo, porém, insistiu que o alagoano falasse para a plateia que se aglomerava no local da festança aos gritos de “fala”, “fala”, “fala”..., quando o autor de Vidas Secas, profundamente encabulado pelo apupo, interrompeu a animação e iniciou suas primeiras palavras: - Paulo, de todos os patrões que já tive, você é o menos filho da puta que conheço...”

A síntese O discurso lacônico do Mestre Graça pode ser a síntese do que o povo brasileiro pensa dos seus empresários da mídia. A história da imprensa no Brasil mostra, pelos menos nas últimas décadas, que alguns donos de jornais foram mais perversos e danosos ao povo brasileiro do que mesmo os tiranos que em momentos diversos ocuparam o poder no país. Veja alguns exemplos: Carlos Lacerda, na Tribuna da Imprensa, espinafrou Getúlio Vargas até levá-lo ao suicídio, enquanto Samuel Wainer o defendia na Ultima Hora, jornal criado com dinheiro do BB facilitado por Vargas; Assis Chateaubriand, criador dos Diários Associados, achacava empresários e governo para manter o seu poderio de comunicação, como revela Fernando Morais no Chatô, o Rei do Brasil; Os Frias, do grupo Folha de São Paulo, mantinham Notícias Populares para empregar policiais da repressão; o Estado de S. Paulo defendeu em seus editoriais a tomada do poder pelo regime militar; e o Roberto Marinho, o mais astuto de todos eles, aliou-se à ditadura para expandir seu império.

Como se vê, cada grupo sempre defendeu interesses próprios. Como a televisão, como força popular e de persuasão, ainda engatinhava, os jornais deram as cartas durante muito tempo com a palavra final da verdade. Enquanto um grupo atacava determinado governo, outro defendia para se abastecer das verbas publicitárias e das benesses do submundo oferecidas tanto por governos militares como civis. Dono de jornal nunca teve ideologia nem partido. Ele se movimenta pela conta bancária. Seu interesse, ao contrário do que pensam os ingênuos, nunca foi o de defender os interesses do povo e nem o de estar ao seu lado, mas expandir seus impérios de comunicação para formar um poder paralelo, como fazem até hoje, em proporções menores, os grupos que dominam a comunicação no país.

A farsa Imprensa independente é balela. A mais independente de todos os tempos, os jornais alternativos editados durante a ditadura, desapareceu com ela. O conteúdo que vendia, a contestação ao regime, acabou. Com o fim do militarismo, a pauta desses jornais se esgotou e eles começaram a ficar iguais à imprensa convencional e, por causa disso, sucumbiram, deixaram de ser alternativos.

Dias contados Mas não devemos confundir imprensa com liberdade de imprensa. Esta deve ser defendida com unhas e dentes contra todas as tentativas de silenciá-la por governos déspotas ou pela esquerda festiva. A imprensa escrita, a do Gutemberg, infelizmente está com os dias contados com o surgimento da globalização que digitaliza a notícia em tempo real. Essa nova geração não quer sujar as mãos com tinta, como faz diariamente o pequeno contingente de velhos e saudosos leitores de jornais.

Manipulação Mas a imprensa brasileira – pelos menos os três grupos mais importantes desse segmento – procura caminhos alternativos ao do papel impresso. E não se engane, durante muito tempo essas organizações ainda vão mandar no país, mexendo no tabuleiro do poder ao seu bel-prazer. E nós, os mortais, ainda seremos manipulados por elas por várias décadas.


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

As doações de campanha

A

campanha eleitoral de 2014 passou, mas os reflexos financeiros das duas maiores candidaturas, no caso de Renan Filho e Benedito de Lira, ainda são motivos para curiosidades e perplexidade. De acordo com a divulgação das doações das campanhas pelo Tribunal Regional Eleitoral, Renan Filho, oficialmente, gastou a bagatela de 45 milhões, 847 mil, 244 reais e 41 centavos, contra apenas 8 milhões, 750 mil, 742 reais e 80 centavos do senador Benedito de Lira. Como se vê nada mais compreensível de que Renan tivesse uma votação superior ao candidato do PP, já que dinheiro na sua campanha não era nenhum problema. Enquanto a doação para o PMDB de Renan Filho foi de 28 milhões, 964 mil, 145 reais e 86 centavos, a de Biu chegou apenas a 7 milhões, 363 mil, 742 reais e 80 centavos. Na contribuição para a pessoa física de Renan Filho, simpatizantes doaram 16 milhões, 883 mil, 98 reais e 55 centavos, dando uma goleada em Biu de Lira que arrecadou apenas para o PP 1 milhão e 380 mil reais.

A disparidade Com essa diferença de recursos, já no final da campanha não se tinha mais dúvidas de que Renan estava na frente. Como dinheiro tudo pode, ou quase tudo, teve município do interior que o candidato do PMDB ficou com a situação, a oposição e os indecisos. Como conseguiu convencer ao eleitorado, fica por conta do leitor.

Oficiais Os números que a coluna está publicando se encontra no site do Tribunal Eleitoral de Alagoas, além dos nomes das grandes empresas, tanto de um candidato como de outro, que estão denunciadas na Operação Lava-Jato. Se tiverem qualquer relação com candidaturas, isso somente o tempo dirá.

As encrencadas 1 Das empresas que fizeram doações para o PMDB de Alagoas, estão encrencadas na Operação Lava-Jato as Construtoras Queiroz Galvão, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Noberto Odebrecht, Serveng Civilsan, Cosan Lubrificantes, OAS e UTC Engenharia, afora outras conhecidas e desconhecidas da população alagoana. Para o candidato pessoa física de Renan Filho, também fizeram doações a OAS, Construtora Queiroz Galvão, Cosan Lubrificantes, UTC Engenharia, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Norberto Odebracht e outras empresas.

As encrencadas 2 As doações para o PP de Benedito de Lira não figuram nenhuma empresa envolvida com a Operação Lava Jato, mas para o candidato pessoa física, constam oficialmente doações da OAS, Queiroz Galvão, Sanco Engenharia, todas através das direções estadual e nacional do Partido Progressista.

Denúncia grave É grave a denúncia do deputado federal Paulão de que 90% dos telefones de parlamentares na Assembleia Legislativa estão grampeados. A revelação foi feita no início da semana e teve a reação instantânea do Ministério Público de que só é grampeado bandido ou quem esteja sendo investigado assim mesmo com autorização da Justiça.

Inferno astral O inferno astral do governador Renan Filho está apenas começando exatamente a partir de agora. Sem dinheiro para conceder reajustes salariais, o secretário da Fazenda, George Santoro, mandou um recado sutil aos servidores: a opção do governo é, pelo menos, garantir em dia os salários. Ou seja, reajuste, pelo visto, nem pensar.

Na campanha vale tudo O governador Renan Filho não economizou promessas durante a campanha eleitoral. Ele prometeu tudo, inclusive um mar de rosas para o funcionalismo e o povo. Com a corda financeira no pescoço, não tem como honrar nada, muito menos os reajustes dos servidores.

Rescaldo de Téo As poucas inaugurações que o governador vem fazendo por aí, são resultados ainda do seu antecessor, Téo Vilela. No mais, só muita conversa e pouca ação.

Até quando? Esta é a pergunta que os servidores estaduais estão fazendo com a crise financeira que não dá esperança de melhores dias. Até quando vamos aguentar? Têm perguntado os trabalhadores.

Esperado A saída dos administradores da massa falida do Grupo João Lyra já era esperada há muito tempo. Eles deixaram as usinas sucateadas, deram prejuízos de mais de 60 milhões de reais somente com as canas das indústrias de Minas Gerais e não agilizaram a venda dos ativos para resolver as pendências com credores e trabalhadores. Afinal de contas, eles estavam bem tranquilos com os gordos salários que recebiam todos os meses da massa, até quando tinha dinheiro.

De fora Com a substituição dos administradores, o que deverá ser feito imediatamente, existe a possibilidade dos filhos de João de Lyra ficar à frente do processo falimentar. O que não deve ocorrer, por hipótese alguma, é JL querer se envolver na venda dos ativos. Isso, com certeza, a Justiça não irá permitir.

Ferro velho Se as usinas de João Lyra não forem vendidas imediatamente para pagar credores e trabalhadores, elas irão virar ferro velho. Pelo menos este é o sentimento de quem espera receber o que ainda lhe deve. Milhares estão à míngua, morrendo de fome na acepção da palavra.

Batalha de Collor O senador alagoano Fernando Collor, depois de pedir o impeachment do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, teve seus sigilos e de algumas de suas empresas quebrados pelo Supremo Tribunal Federal. Collor continua negando ter recebido propinas do doleiro Alberto Yousseff, mas com a quebra dos sigilos tudo deverá ser esclarecido.

Plano Bresser Depois de ganhar em todas as instâncias, centenas de trabalhadores da antiga Ceal, onde muitos já faleceram, se perguntam por que a Justiça não decide sobre o pagamento do débito que já ultrapassa a casa dos 1 bilhão e 500 milhões de reais do Plano Bresser. O processo que voltou para o Tribunal Regional do Trabalho para cumprir decisão da alta corte, parece que dorme em berço esplêndido. Até quando?

Corda bamba O governador Renan Filho faz muito força para salvar a 17ª Vara Criminal, mas não tem como ´´convencer´´ muitos deputados para manter o seu veto. Ele sabe da fragilidade da sua bancada e vê com preocupação a oposição, liderada por Chico Tenório, Antônio Albuquerque e Marcelo Victor, tomar as rédeas da negociação. Sem ter moeda de troca já que o mar não está pra peixe, Renan continua jogando tudo no papo e na sorte.

Pegando fogo 1 Nos bastidores a eleição para a nova diretoria da OAB, em novembro, pega fogo. Já tem muitos candidatos com olho no cargo de presidente, mas em pesquisas para consumo particular tem alguns que a rejeição beira a estratosfera. Também se comenta que o atual presidente, Thiago Bonfim, não seria mais candidato.

Pegando fogo 2 Nos últimos dias até no facebook a OAB foi exposta. Os comentários são de que a Ordem não poderia gastar recursos aleatoriamente com propaganda. No intervalo do Jornal Nacional, por exemplo, algumas inserções foram feitas. Pelo andar da carruagem este será um dos temas principais durante a campanha que já inicia.


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CADÊ MEU DINHEIRO?

Arthur Lira é acusado de dar calote em jornalista Deputado federal tem audiência na Justiça do Trabalho para sanar débito com sua ex-assessora de imprensa JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

deputado federal Artur Lira (PP) é acusado pela jornalista Myla Fernandes de lhe dar calote em prestação de serviços profissionais. O parlamentar contratou os trabalhos de assessoria de comunicação da jornalista em abril de 2014 e até hoje não honrou os compromissos financeiros acordados. Myla destacou que o trabalho era exercido de forma normativa, com dedicação exclusiva, devido às demandas políticas do parlamentar. “Trabalhei com o deputado de abril até setembro. Em relação aos horários e dias de trabalho - estava sempre disponível - finais de semana, viagens. Quem trabalha em comunicação de político sabe que os horários e demandas acontecem muitas vezes em horários alternativos”. Dos seis meses trabalhados pela jornalista apenas três foram pagos e o mais “grave”, segundo a jornalis-

ta “50% do valor”. “Os três primeiros meses foram pagos R$ 4.500,00 quando o acordo seria R$ 9.000,00. Acreditando na boa fé do empregador continuei trabalhando e recebendo as promessas de que as dívidas seriam sanadas”, contou Myla. A jornalista acrescentou que os últimos três meses trabalhados com o parlamentar foram piores que os três primeiros. “No início ele ainda pagou metade dos vencimentos, mas nos outros nem isso; foi um completo calote”, desabafou. Myla revelou ao jornal EXTRA que após se desvincular da equipe do deputado federal Arthur Lira o procurou inúmeras vezes, assim como pessoas de sua assessoria parlamentar, para que um acordo amigável fosse feito para a quitação das pendências financeiras, mas depois de novembro passado o parlamentar não atendeu mais as ligações da ex-assessora de comunicação. “Procurei sempre o diálogo, mas infelizmente fui desres-

Deputado Arthur Lira está sendo acionado na Justiça do Trabalho pela jornalista Myla Fernandes

peitada”, destacou. Depois de todas as tentativas frustradas, Myla ingressou com uma ação trabalhista para que o deputado federal Arthur Lira pague o que é seu por direito. A ação foi distribuída para a 9ª Vara do Trabalho de Maceió no último dia 9 de março; a audiência entre a jornalista e o parlamentar está marcada para o dia 11 de junho próximo. DEPUTADO É A FAVOR DA “PEC DO DIPLOMA” A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 386/09, que restabelece a exigência de diploma de

jornalismo para o exercício profissional continua adormecida na Câmara Federal. Mas vale ressaltar que no primeiro mandato do deputado federal Arthur Lira o parlamentar se colocou em favor da PEC, isso ainda em 2011. “As ações do deputado são contraditórias. Enquanto ele defende uma PEC que teoricamente valorizaria a profissão de jornalista, ele não reconhece quem trabalhou ao seu lado”, comparou Myla. PRESTÍGIO E PODER Arthur Lira foi escolhido em março desse ano para presidir a Comissão

de Constituição e Justiça (CCJ), o colegiado mais importante da Câmara dos Deputados. Lira é apontado como um dos possíveis nomes da lista de políticos envolvidos no esquema da Operação Lava Jato e acusado de agredir a ex-mulher Jullyene Lins. Após a eleição para CCJ, Lira fez um breve pronunciamento e disse que fará da CCJ “um espaço aberto para o diálogo”, principalmente com os juristas. Ele destacou a importância de discutir, entre outros pontos, o Código de Defesa do Contribuinte e projetos que possam melhorar as relações jurídicas na sociedade.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE MAIO DE 2015

CRIME AMBIENTAL

Aterramento de grotas muda a topografia de Maceió

Órgãos ambientais se calam perante devastação de mais de 300 mil metros quadrados de Mata Atlântica na capital

Imagem de satélite na área do shopping mostra efeitos da devastaçao

VERA ALVES veralvess@gmail.com

É

sob o olhar complacente de órgãos ambientais, a inércia de agentes públicos e a morosidade judicial que Maceió caminha a passos largos para um dos maiores desastres ambientais dos seus quase 200 anos de história: a total transformação de sua topografia mediante o desmonte de morros e o aterramento indiscriminado de grotas e que estão fazendo desaparecer mais de 300 mil metros quadrados de Mata Atlântica. Um crime ditado pela especulação imobiliária movida pela ganância de uma classe que persiste em agir acima da lei e cometido diuturnamente à vista de todos. O cenário desta destruição é toda a região que compreende os limites do bairro do Barro Duro com o Sítio São Jorge até Cruz das Almas, no entorno da área aonde por quase 40 anos funcionou o lixão de Maceió. Foi a partir da desativação do lixão, aliás, que a topografia da região começou a ser drasticamente modificada, primeiro para dar lugar

Josefa de Melo,tendo ao fundo área do lixo onde muro desmoronou

No Sítio São Jorge, o processo de aterramento de grotas é contínuo

ao Parque Shopping Maceió e a Avenida Márcio Canuto e depois com a implantação da Avenida Josefa de Melo. Conhecido na fase de obras como o “shopping do lixão”, o Parque Shopping enfrentou grandes resistências tão logo foi anunciado dada a proximidade com o vazadouro de Cruz das Almas. É que a legislação federal estabelece uma distância mínima de 500 metros para qualquer ocupação no caso de aterros sanitários e a que separa o conglomerado

desta aprovação, também se aprovou o mesmo movimento de terras e destruição de área da reserva da Mata Atlântica para dar lugar a empreendimentos imobiliários, atingindo áreas de preservação permanente com declividade superior a 45 graus, numa clara afronta ao Código Florestal brasileiro. Instituído pela Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012, o Código Florestal estabelece que nos topos de morros e montanhas devem ser conser-

de lojas do antigo lixão é de apenas 300 metros. Isto, contudo, não impediu que o projeto recebesse o aval da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) durante a gestão do prefeito Cícero Almeida, hoje deputado federal. Para dar lugar ao novo shopping, a Sempma e demais órgãos da prefeitura autorizaram o corte e desmonte de morros existentes no local para tornar a área plana e dar lugar ao shopping e, no rastro

vadas todas as áreas com altura mínima de 100m e inclinação média maior que 25 graus, e nas encostas, todas as áreas com declividade superior a 45 graus. Para os tabuleiros ou chapadas, devem ser mantidas as bordas até a ruptura do relevo. As regras são válidas para todas as propriedades com vegetação nativa e original e áreas desmatadas ilegalmente após junho de 2008, ano em que foi aprovado o Decreto nº 6.514, que regulamenta a lei de crimes ambientais.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE MAIO DE 2015 - 7

CRIME AMBIENTAL PERSONAGENS DE UM CRIME

Hospital, Carrefour e prédio de luxo no entorno do lixão

A

s etapas do gradativo processo de destruição da Mata Atlântica que está acabando com o verde em pelo menos três bairros de Maceió são relatadas em denúncia levada ao procurador-geral de Justiça Sérgio Jucá. Nela surgem os nomes dos protagonistas do maior crime ambiental já visto na capital. O principal deles é o empresário Gaspar de Almeida Carvalho, genro do usineiro João Tenório e dono da construtora Resulta Investimentos e que adquiriu da Construtora Gafisa a área onde se situa o Parque Shopping e adjacências, num total de 195.032,42 metros quadrados. Já conhecido da mídia no estranho episódio de compra e venda de uma imensa área de terras pertencentes ao Hospital dos Usineiros, Gaspar Carvalho, segundo a denúncia, “teve a brilhante ideia de transformar todas as encostas e grotas da região e que se encontravam preservadas com vegetação, retalhos de Mata Atlântica, em áreas planas passíveis de serem utilizadas para empreendimentos imobiliários”. Surge então outro e não menos importante personagem: o empresário contrata o consultor ambiental Alder Flores, advogado e ex-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, para obter a aprovação de projetos que permitissem o movimento de terras, tendo como pano de fundo a implantação da Avenida Márcio Canuto, “cujo traçado”, afirma o denunciante, um técnico que acompanhou todo o trâmite político e burocrático do processo, “não necessita de 2% do movimento de terras que está sendo feito pela ‘trupe’”. Alinhado ao projeto da prefeitura de implantação de uma avenida ligando o Barro Duro à AL-101 Norte, a Josefa de Melo, coube ao mesmo Gaspar Carvalho a ideia de utilizar o

C

Gaspar Carvalho, genro de João Tenório e mentor dos aterramentos

grande volume de terras retirado do projeto de terraplanagem para aterrar outras grotas, localizadas em terras do empresário Fernando José Hollanda de Mello, aumentando as áreas planas para mais e mais empreendimentos imobiliários. O espírito empreendedor do genro do usineiro João Tenório o levou a outra façanha. Criou um grupo de investidores “constituído de figuras proeminentes da sociedade alagoana, onde cada qual participou com uma grande quantia em dinheiro para comprar as áreas planas pertencentes a Fernando Mello”, relata o denunciante. Ele, Gaspar Carvalho, ficou com as “áreas criadas” por conta do aterro de grotas e encostas, sendo que 25% delas foram dadas em pagamento à empresa responsável pela terraplanagem. Juntas, as áreas totalizam 305.238,71 metros quadrados e grande parte já foi vendida.

LUCRO MILIONÁRIO Os mais de 300 mil metros quadrados que estão sendo alvo de uma das maiores especulações imobiliárias de todos os tempos, patrocinada por criminosos ambientais, pode render até R$ 600 milhões a seus mentores. O cálculo leva em conta os 266.524 metros quadrados de áreas planas e os 305.238 metros quadrados de encostas e grotas que estão sendo transformadas em áreas planas e cujo valor de mercado se situa entre R$ 1 mil a R$ 2 mil o metro quadrado. O “lucro” tem tudo para aumentar. É que, segundo o denunciante,já está premeditado o próximo crime ambiental: a demolição de toda a barreira existente entre o Parque Shopping Maceió e o supermercado GBarbosa para servir de aterro para o restante das grotas e a criação de nova área de especulação imobiliária.

onfirmada no final de abril último, a compra de um terreno pela rede de supermercados Carrefour, uma das gigantes do setor no país, reacende a polêmica sobre o uso da área no entorno do antigo lixão de Cruz das Almas. Além da rede, há também informações de que o local irá abrigar um hospital especializado em tratamento oftalmológico e um edifício de luxo, o Infinity Coast Atlântico, cujas vendas estão a todo vapor. Com duas torres de 20 andares e oito apartamento por andar cada, eles estão sendo comercializados por valores que variam de R$ 266.870,00 (sem varanda) a R$ 347.324,00 (com varanda). A localização dos três empreendimentos é ainda mais preocupante do que a do Parque Shopping, isto porque a área é praticamente contígua àquela onde durante exatos 37 anos funcionou o lixão de Maceió, tecnicamente conhecido como vazadouro de Cruz das Almas. Desativado em abril de 2010, o lixão ainda guarda os resquícios de contaminação provocados pelo descarte de todo tipo de material, seja doméstico ou hospitalar e restos de animais. A alta concentração de chorume, um líquido escuro que contém alta carga poluidora e é proveniente de matérias orgânicas em putrefação, a contaminação do lençol freático e o risco de explosões pela infiltração de gases são uma realidade atestada por qualquer especialista. E são os especialistas que afirmam que ainda serão necessários ao menos 20 anos para recuperar a área e isto se forem cumpridas as etapas do projeto de recuperação acor-

dadas pelo Município com o Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Para quem acompanha o vai-e-vem das máquinas e os outdoors que anunciam a venda dos lotes, a primeira coisa que vem à tona é o receio de ver repetida em Maceió a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro em abril de 2010, no Morro do Bumba. Casas construídas sobre uma área onde 50 anos antes funcionara um lixão foram soterradas pelo desmoronamento de barreira provocado pela explosão de gás metano do material em decomposição. Apenas 48 corpos foram resgatados de um total de mais de 150 mortes admitidas pela Defesa Civil do Rio. Foi pela iminência de uma tragédia similar ou pior do que a do Rio que em outubro de 2011 a Prefeitura de São Paulo conseguiu suspender o funcionamento do Center Norte, na época o segundo maior shopping da capital paulista e por onde a cada fim de semana transitavam mais de 800 mil pessoas. Um mês antes, técnicos da empresa de saneamento ambiental de São Paulo, a Cetesb, identificaram níveis de gás metano com alto risco de explosão. O Center Norte já estava há 27 anos em funcionamento e foi construído em uma área de antigo lixão da cidade. Depois de uma decisão judicial que determinou seu fechamento total, o shopping somente reabriu após a instalação de drenos para extrair o gás metano que se encontrava abaixo do piso. E mais, para continuar aberto, o shopping é obrigado a realizar o monitoramento frequente de gás nas áreas interna e externa.


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CRIME AMBIENTAL

De defensor do meio ambiente a consultor de imobiliárias VERA ALVES VERALVESS@GMAIL.COM

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ano era 2010 e o ambientalista Alder Flores usou a tribuna da Câmara de Vereadores de Maceió para se juntar ao coro dos que temiam a construção de um shopping center nas imediações do antigo lixão de Cruz das Almas, que acabara de ser desativado. Do alto da sua experiência ambiental, falou dos riscos de explosão pelo gás metano acumulado ao longo de quase quatro décadas e reafirmou, como já dissera em outras oportunidades, a necessidade de se executar por pelo menos 20 anos um plano de recuperação da área degradada. Cinco anos depois, o ex-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas voltou à Câmara, desta vez na qualidade de consultor das empresas do setor imobiliário. Há uma semana, os vereadores realizaram uma audiência pública para discutir a queda de um muro de uma obra da Construtora Resulta na área vizinha à do antigo lixão. A queda aconteceu no último dia 7, exatamente cinco anos após a audiência em que o então ambientalista, que também é advogado, falou sobre o risco de construções no entorno do extinto vazadouro de Cruz das Almas. Apontado como o consultor que conseguiu junto à Secre-

Av. Márcio Canuto, antes da Josefa de Melo, e o vale do lado direito

Alder Flores esclarece sua atuação

P Alder Flores nega responsabilidade sobre aterramento das grotas

taria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) a liberação da licença para construção do Parque Shopping Maceió, Alder Flores é autor do “Relatório Sobre os Aspectos e Impactos do Atual Vazadouro de Maceió”, elaborado em 2008, no auge das discussões sobre a premente necessidade de se acabar com o lixão de Cruz das Almas. No estudo, feito a pedido de uma ONG e pelo qual ele teria recebido R$ 50 mil, Flores destaca que “mediante embasamento técnico salientamos que não é recomendado a implantação de unidades habitacionais, empresariais e turísticas no en-

torno do vazadouro de Cruz das Almas enquanto o mesmo não for devidamente desativado, com a consequente implantação e operação do projeto de recuperação da área degradada”. E, conclui: “Destacamos que a execução do projeto de recuperação de área degradada demanda tempo para sua total conclusão, a exemplo do plano de monitoramento previsto para o atual vazadouro, que deverá ser mantido por um período de 20 anos após o seu encerramento, como também a manutenção do isolamento da área e do sistema de drenagem, que deverão ocorrer periodicamente”.

rocurado pelo EXTRA para falar sobre sua atuação para obtenção dos licenciamentos para o aterro das grotas, o consultor e advogado Alder Flores negou que os aterramentos feitos até agora tenham tido sua participação. Confirmou, contudo, que chegou a realizar estudos de impacto ambiental e de drenagem de solo por solicitação de algumas construtoras às quais prestou serviços de consultoria mas o licenciamento não foi aprovado pela Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma). Os estudos feitos por Flores, segundo o mesmo, se limitaram à área cortada pela Avenida Márcio Canuto, numa região de vale existente antes da implantação da Avenida Josefa de Melo. A licença não foi concedida, mas o aterramento se deu quando da construção do viaduto Oscar Fontes de Lima e da nova avenida que liga a região do Barro Duro à AL-101 Norte, desembocando exatamente na lateral do Parque Shopping Maceió. “Toda a obra de aterramento que está sendo feita, pelo que sei, é de responsabilidade da própria prefeitura e se foi aprovada é porque foram feitos os estudos de impacto ambiental, de drena-

gem do solo e de terraplanagem exigidos pela legislação vigente, do contrário não teriam sido aprovados, creio eu”, afirmou. Indagado sobre sua mudança de postura no que tange a construções na área do entorno do antigo lixão, o consultor ambiental e advogado foi enfático em afirmar que sempre se posicionou contrário a qualquer ocupação urbana caso não fosse implementado o projeto de recuperação da área degradada pelos 37 anos de funcionamento do lixão. E ele garante: todo o processo de drenagem de gases, drenagem de chorume e compactação de massa de lixo foi feito e teve o seu acompanhamento. Flores também revelou que nesta sexta-feira, na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), o engenheiro Abel Galindo, responsável pela obra de construção de um muro de contenção que desmoronou no início do mês, vai fazer uma explanação sobre o que levou ao incidente. Segundo o EXTRA apurou, parte do lixo compactado ainda existente na área caiu sobre o solo e provocou uma instabilidade que afetou a fundação do muro que estava sendo erguido. O semanário enviou email à Assessoria de Comunicação do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), que foi ao local após o desmoronamento do muro e anunciou que a empresa responsável pela obra teria cinco dias (expirados no último dia 12) para dar sua explicação para o fato, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.


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CRIME AMBIENTAL

Empresário cria até boi na área do lixão

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nunciada em dezembro de 2012 com toda pompa pela mídia oficial do Estado, a construção de casas e apartamento pelo programa Minha Casa, Minha Vida para as famílias de catadores de lixo que ainda hoje vivem na área do antigo lixão de Cruz das Almas ainda não saiu do papel. E o que é pior, as famílias hoje convivem com o problema das invasões patrocinadas por grileiros e até por empresários. Associadas à Coopvila- Cooperativa dos Catadores da Vila Emater, as famílias aguardam pelo fim do processo de desmembramento do terreno, pertencente ao governo do Estado, pela SMCCU (Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano). Já são dois anos e meio de burocracia e que praticamente invalida a certidão de doação de uma área de 20 hectares entregue à cooperativa em 2012 com a promessa de que, um ano depois, as casas estariam sendo inauguradas. O projeto habitacional, feito por uma equipe de arquite-

Ferreira Hora está sendo denunciado como invasor da área do lixão

tura da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), tinha prazo de quatro meses para começar a sair do papel e os moradores pagariam apenas R$ 25 por mês pelo prazo de 10 anos por suas casas próprias. Mas, ao contrário disto, as famílias de catadores estão perdendo espaço para grileiros e para empresários, o mais notório deles, Ferreira Hora. Candidato derrotado nas eleições de 2012, para vereador, e 2014, para deputado estadual, ele está construindo um galpão em plena área onde funcionava o lixão, sem respeitar o limite mínimo exigido pelos órgãos ambientais e o mais grave, está aterrando o local com a pretensão de erguer um empreendimento imobiliário. Natural de Arapiraca, Ferreira Hora é dono da PacLar,

uma empresas especializada na administração de condomínios, da Apoio Security (segurança patrimonial e empresarial), H2O (fornecedora de água potável), Alô Pipi (aluguéis de banheiros químicos para eventos), PacFestas (festas e eventos), ANAH Casa (artigos de moda) e da Alô Entulho (especializada em remoção de entulhos), presença constante na área do antigo lixão. Embora não seja o único, Ferreira Hora é sem dúvida o invasor com maior trânsito livre na área do extinto lixão, onde mantém, como o EXTRA pode conferir na última terça, 19, algumas cabeças de gado. As invasões, de acordo com os moradores, já foram denunciadas ao Ministério Público Estadual.

Segundo os moradores, invasor está aterrando a área para venda

EXTRA flagrou criação de gado em área cercada pelo empresário

Justiça e Ministério Público: atuação lenta beneficia criminosos

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aceió debatia a necessidade do fim do lixão de Cruz das Almas em 2008 quando o Ministério Público Federal interviu a determinou que a Prefeitura de Maceió agilizasse a implantação de um aterro sanitário. O MPF, representado pela procuradora Niedja Kaspary chegou a ingressar com uma Ação Civil Pública junto à 3ª Vara Federal, que acabou sustada após a assinatura de um TAC- Termo de Ajustamento de Conduta que envolveu também o Ministério Público Estadual. No TAC, que leva a assinatura do então prefeito Cícero Almeida, determinou-se tam-

bém a execução de um plano de recuperação da área do hoje extinto lixão, mas as ações, com poucas exceções, não saíram do papel. Dois anos depois, a notícia de que um shopping iria se instalar na área do lixão provoca uma verdadeira celeuma até se chegar à realidade de que o local era “apenas” próximo. Mas o receio de repetição da tragédia ocorrida no Morro do Bumba, no Rio de Janeiro, levou a então associação que reunia os catadores de lixo a ingressar com uma Ação Popular na Justiça estadual. O Parque Shopping Maceió foi construído, empreendimentos imobiliários

estão prestes a serem erguidos na área contígua à do antigo lixão e o processo, de número 0038733-55.2010.8.02.0001 que tramita na 14ª Vara Cível da Capital, nunca foi concluído. UM NOVO TAC Em junho do ano passado, o Ministério Público Estadual, através da 4ª Promotoria de Justiça da Capital- Defesa do Meio Ambiente, realizou audiência pública para determinar medidas de compensação aos danos ambientais provocados pela construção de empreendimentos imobiliários ao longo da Avenida Josefa de Melo. Entre os convocados, a Resulta do empresário

Gaspar de Almeida Carvalho. Comandada pelo promotor de Justiça Alberto Fonseca, a audiência culminou na definição de assinatura de um TAC em agosto daquele ano contemplando as propostas de compensação feitas pelas secretarias municipais de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) e de Planejamento (Sempla). Em suma, as construtoras ficariam responsáveis por desenvolver, ao longo de 30 anos, ações no valor de R$ 3,2 milhões para compensar os danos ambientais na região. E que ações são estas? Melhorias no Parque Municipal, projeto de arborização da cidade, compreendendo 100 mil mu-

das plantadas na área urbana de Maceió, melhorias na mobilidade urbana, investimento na frota do Batalhão de Polícia Ambiental e a modernização das instalações físicas e equipamentos da Sempma. Nada que determinasse o fim da devastação. Isto, pelo menos, é que afirma release distribuído à época pela Assessoria de Comunicação do Ministério Público Estadual. O EXTRA tentou obter esta semana uma cópia do TAC, mas não obteve êxito, já que toda a equipe de Meio Ambiente do MPE está concentrada na região do sertão do estado participando da FIP- Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco.


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QUEBRADEIRA NO CAMPO

Maioria das usinas de Alagoas dá calote nos produtores de cana Dívida acumulada com os plantadores é referente às três últimas safras e atinge os R$ 200 milhões JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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o andar pelo canavial de sua propriedade no município de Capela, localizado a 61 Km da capital, o agrônomo Luiz Carlos Moraes sente saudades de um passado não tão distante. Filho e neto de produtores rurais, ele lembra quando a safra de cana era sinônimo de dinheiro e investimentos para uma próxima plantação. “Na época do meu pai a palavra valia muito. Vendíamos e recebíamos o pagamento sem dificuldades”, contou. Hoje, a situação de Moraes é a mesma de cerca de oito mil produtores do estado, que de fornecedores de matéria -prima tornaram-se “credores” dos usineiros. Segundo estimativa da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), os empresários do setor sucroalcooleiro devem R$ 200 milhões aos produtores, uma dívida que vem sendo acumulada há três safras, o equivalente a cerca de 3,3 milhões de toneladas. Na segunda-feira, 18, a Asplana se reuniu com aproximadamente 500 associados para discutir uma maneira de renegociação da quantia. “Quando íamos falar com os diretores de usinas sempre diziam para voltar na próxima semana. Agora, fizemos uma comissão para discutir as propostas dos empresários e encontrar uma solução”, explicou o diretor financeiro da associação, Fabiano França. Enquanto isso, municípios produtores de cana como Atalaia, Cajueiro e Colônia Leopoldina sofrem com a economia fragilizada atingindo

economicamente todo o estado. Porém, os motivos que fazem os usineiros não quitarem as dívidas parecem não ter a ver com a falta de dinheiro. “Eles estão dando prioridade em investimentos próprios e em outras unidades fora de Alagoas. Tudo ao custo dos sacrifícios dos trabalhadores e dos pequenos produtores de cana”, destacou França ao EXTRA Alagoas citando Paraíba, Pernambuco e Sergipe como estados que honram os compromissos com a categoria. Informações da associação revelam ainda que 90% dos produtores de cana produzem até mil toneladas ao ano, o que representa, após descontos de custo de produção e despesa com a moagem, lucro de um salário mínimo mensal (R$ 788,00). Em muitos casos, o cultivo envolve toda a família que vê nos canaviais a única fonte de sustento. “Mais de 50 municípios alagoanos têm a cana como economia e há unidade industrial que não paga nem o cortador e os próprios funcionários. Mesmo assim, continua sem pagar impostos e sem os governos federal e estadual tomarem partido ”, denunciou o presidente da Asplana, Lourenço Lopes. Das 19 usinas que ainda funcionam em Alagoas, 11 são consideradas más pagadoras pela associação. Entre os devedores, existem aqueles que não pagam em dia ou pagam a dívida aos poucos. Contudo, não é o suficiente para afastar a crise do setor. E os números tendem a piorar com a proximidade de mais quatro usinas à beira da falência. Além da diminuição de usinas para negociar com os produtores, a Asplana cal-

Desolados, plantadores de cana se reuniram no início da semana para discutir calote de usineiros

Dirigentes da Asplana ainda apostam em diálogo e negociação

cula que cada unidade que fecha as portas leva embora o emprego de 3 mil pessoas. O estado chegou a abrigar 37 usinas na década de 80. De lá para cá, a cada crise, o número foi decaindo. “Quando as usinas não pagam o fornecedor - uma classe com oito mil produtoprs que gera 320 mil empregos - faz com que demissões aconteçam. Eu tinha 35 funcionários, agora estou com 15. A gente também fica sem

dinheiro para adubar e investir em defensivos agrícolas”, considerou o presidente. Sobre os devedores, Lopes disse que os usineiros vivem de maneira fantasiosa devido ao tamanho da dívida que têm nas costas. No mês passado, diretores da Asplana se reuniram com o governador Renan Filho (PMDB) para apresentar os problemas da categoria. As dificuldades financeiras das usinas de Alagoas teriam co-

meçado, segundo os empresários do setor, com a crise mundial de 2008. A partir de 2012, com a seca e a falta de competitividade do etanol ante a gasolina, a situação se agravou, levando à desativação de usinas do estado. Na ocasião, Renan Filho se comprometeu em discutir as demandas da Asplana com a Secretaria de Estado da Fazenda. “Pedimos também ao governador a sensibilidade para a redução do ICMS para o etanol a fim de ser mais consumido pela população, o que acabaria favorecendo a gente. Solicitamos também ao governador que só libere incentivos de etanol para indústrias que estiverem em dia com o pagamento aos fornecedores”. Quanto às projeções para o futuro, o diretor financeiro Fabiano França enviou um recado aos plantadores. “Acredito que no próximo ano teremos melhoras”, frisando que Asplana tem feito sua parte por meio de reuniões e diálogos. “É preciso crer no setor e estamos juntos nessa batalha”, concluiu.


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TECNOLOGIA

Marechal Deodoro recebe creche do programa Pró-Infância Escolas são construídas com tecnologia da MVC que já entregou 57 unidades em várias ciadades de Alagoas REDAÇÃO COM ASSESSORIA

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município de Marechal Deodoro será contemplado com uma creche construída com tecnologia da MVC, que utiliza o revolucionário sistema Wall System e comemora a entrega de 57 escolas somente em Alagoas com mais de 30 mil crianças atendidas. O empreendimento faz parte do programa Pró-infância (Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil) e a meta é, até dezembro deste ano, atender outras 50 mil crianças em todo o Brasil. A construção das primeiras escolas em Alagoas aconteceu em 2011, logo após a destruição ocorrida com as enchentes dos rios Una, Sirinhaém, Piranji, Mundaú e Canhoto. “A aplicação do inédito sistema construtivo Wall System permitiu que fossem erguidas em tempo recorde e atendessem milhares de alunos em diversas regiões do Estado, que passaram a dispor de melhores estrutura física e condições de ensino”, explicou Gilmar Lima, diretor-geral da MVC.. Empresa brasileira líder no desenvolvimento de soluções em plásticos de engenharia e pertencente às empresas Artecola e Marcopolo, a MVC

entregará além da unidade de Marechal Deodoro, mais duas creches na Bahia, que vão atender 120 crianças em período integral ou até 240 distribuídas em turnos matutino e vespertino. A previsão é que até dezembro desse ano, a região Nordeste seja contemplada com 128 novas unidades. Outros municípios alagoanos já foram contemplados com o sistema Wall System. Entre eles, Atalaia, Branquinha, Cajueiro, Capela, Jacuípe, Joaquim Gomes, Matriz de Camaragibe, Murici, Paulo Jacinto, Quebrangulo, Rio Largo, Santana do Mundaú, São José da Laje, União dos Palmares, Viçosa, Maceió e Teotônio Vilela. Vale ressaltar que algumas dessas escolas estão em funcionamento há mais de um ano e transformaram a realidade da região. Exemplos claros são a Escola Municipal João Costa de Oliveira, construída no conjunto Newton Pereira, na cidade de União dos Palmares, e a Escola Estadual Marco Antônio Cavalcanti, no bairro de Benedito Bentes, em Maceió. Ambas funcionam em período integral e demonstram como o local e as condições favoráveis podem influir decisivamente na aprendizagem e na retenção dos jovens no ensino. Segundo a diretora da Es-

cola João Costa de Oliveira, Maria Madalena da Silva, após um ano de funcionamento os alunos estão tendo desempenho melhor, saem menos da sala de aula e até o comportamento melhorou. “São 1.600 alunos da região que antes não tinham onde estudar ou estudavam em locais que não ofereciam as mesmas condições”, destaca a diretora. O diretor-geral da MVC, Gilmar Lima, afirmou que até final do ano serão entregues 128 novas creches em vários estados da região Nordeste, sendo 27 em Alagoas: 68 na Bahia; 6 no Maranhão; 5 em Pernambuco; 11 no Piauí e 11 em Sergipe. Com área construída de 1.058,14 m², as creches possuem em sua composição arquitetônica oito salas de aula (bloco pedagógico), bloco administrativo, bloco de serviços, multiuso e pátio coberto. SISTEMA SEGURO Desde 2004, a MVC já construiu pelo sistema Wall System cerca de 247 mil metros quadrados de conjuntos de escolas, casas, creches e edificações de usos diversos no Brasil e no exterior, em países como Angola, Moçambique, Paraguai, Uruguai e Venezuela, entre outros. Em vez dos materiais tradicionais, são construídas com o sistema Wall System, composto de

Até o final do ano, Alagoas deve receber 27 novas creches

Escolas em funcionamentos mudam realidade das crianças

estrutura de perfil pultrudado (compósito reforçado com fibra de vidro de alto desempenho), e painel sanduíche de lâminas em compósitos (similar ao utilizado em aviões, trailers e barcos) e núcleo especial, que garantem o desempenho térmico, acústico e resistência ao fogo. Entre as vantagens em relação ao processo tradicional, o sistema oferece maior velocidade de construção, durabilidade, resistência, flexibilidade, conforto térmico e acústico, obra limpa e desperdício zero. O sistema construtivo foi homologado sob a norma NBR 15.575/2013, que define os requisitos de desempenho da construção no Brasil, obtendo classificação superior

na maioria dos parâmetros avaliados. SOBRE A MVC É reconhecida internacionalmente como empresa inovadora e de grande capacidade de aplicação de avançados processos e materiais no segmento de plásticos de engenharia. Desenvolve produtos com soluções completas e personalizadas para os mercados automotivo, transporte, agronegócio, energia eólica e de construção civil. Atualmente conta com 1.250 profissionais distribuídos em sete plantas. Em 2014, registrou crescimento de mais de 150% e atingiu faturamento líquido de R$ 670 milhões.


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PÃO DE AÇÚCAR

Prefeitura é multada por manter lixão e Centro de Saúde irregulares Medicamentos vencidos também eram distribuídos aos pacientes REDAÇÃO

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município de Pão de Açúcar foi alvo do noticiário local no início desta semana ao ser multado em R$ 20 mil pela Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco (FPI), apenas no setor de saúde. Como se não bastasse os Centros de Saúde do município funcionarem sem licença ambiental, sem plano de gerenciamento de resíduos sólidos e sem projeto contra incêndio e pânico, medicamentos com data de validade vencidos também eram distribuídos aos pacientes. Mas as irregularidades não param por aí. O lixão a céu aberto é outro problema a ser resolvido pela gestão atual. Embora o caso venha de governos anteriores, também esta semana a prefeitura foi multada em mais de R$ 30 mil. Na verdade, esta situação poderia ter sido evitada se a usina de compostagem de lixo que existia no município não tivesse sido obstruída há alguns anos. E o que dizer do matadou-

ro público que fechou as portas há mais de três anos e, por ser proibido de operar, os animais vendidos no município passaram a ser abatidos em São José da Tapera. O mercado da carne é outro problema à parte. Sem higiene e atuando de forma precária, os fiscais bem que poderiam aproveitar e passar por lá. A visita poderia se estender ao bar da Fumaça, que fica anexo a este mercado e não oferece qualquer condição de funcionamento. O saneamento básico do município de Pão de Açúcar é outro problema que tem deixado a população aflita. Segundo informações de moradores do município, há anos a obra continua “debaixo do chão” e sem previsão de quando o problema será resolvido. PREFEITO REÚNE O SECRETARIADO O prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, se reuniu na quarta-feira, 20, com seu secretariado para detectar a responsabilidade das irregularidades

Jorge Dantas reconhece problemas e diz que ajustes serão feitos

encontradas no município pela fiscalização no início desta semana. Embora reconheça que aconteceram alguns problemas, garante que em outros casos a responsabilidade não recai apenas sobre o município. Segundo ele, a multa de R$ 30 mil referente a materiais hospitalares encontrados no lixão da cidade não deveria ter sido aplicada ao município, uma vez que todo lixo hospitalar das unidades de saúde local é recolhido por uma empresa adequada. Dantas acredita que

este material deve ter sido descartado por laboratórios ou consultórios particulares, mas disse que vai fazer um trabalho com estas pessoas para que adiram à empresa de recolhimento de lixo hospitalar. Dantas afirmou que em 2004 quando era prefeito do município existia a unidade de compostagem do lixo, mas anos depois quando voltou a governar o município a unidade tinha sido desativada e o aterro se transformado em lixão. Ele afirmou que o município parti-

cipa de um consórcio de aterro sanitário em Olho d`Água das Flores, onde acredita que em até quatro meses deve começar a operar. Quanto à multa de R$ 20 mil por encontrar medicamentos vencidos e falta de licenciamento ambiental nos postos de saúde, Dantas se diz surpreso com a exigência da licença, já que nunca soube que seria necessário este procedimento. “Vamos pedir ao IMA a relação de municípios que têm licença ambiental para funcionamento dos centros de saúde. Acredito que ninguém tenha”, disse Dantas. Em relação aos medicamentos com datas de validades vencidas, ele reconheceu que existiu, mas que foi em um número pequeno. Afirmou que entre centenas de itens, apenas uma caixa de medicamento estava vencida. No entanto, garantiu que vai abrir sindicância para apurar a responsabilidade pelo caso, já que se trata de questão de saúde. Ele adiantou que a Casal vai administrar o sistema de água de Pão de Açúcar e que a companhia tem planos para colocar o esgotamento sanitário em funcionamento.


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CULTURA

Gilson Dangel concorre ao título de Patrimônio Vivo de Alagoas Artista nascido no Jacintinho se autodenomina como embaixador da arte, da cultura e do folclore MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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ilson Dangel é daquelas pessoas que não passam despercebidas pela vida. Vestido com as cores da bandeira de Alagoas e o peito encoberto por bottons que representam os principais municípios do Estado, além dos maiores times de futebol alagoanos, ele se orgulha em dizer que é o embaixador da arte, da cultura e do folclore local. Para completar seu estilo folk pop, exibe nos ombros dragonas- como se fosse um verdadeiro marechal- além de conservar na cabeça um cap (boné) branco, com fitas coloridas em homenagem ao guerreiro alagoano. O óculos escuro é outra alegoria à parte. E é esta figura cheia de estilo que busca o título de Patrimônio vivo de Alagoas. Capacidade para carregar esta responsabilidade não falta a este artista genuinamente alagoano, nascido no bairro do Jacintinho, em Maceió. Gilson tem conhecimentos e técnicas suficientes que preservam aspectos da cultura alagoana, além do que participa de atividades culturais há mais de duas décadas e o que mais gosta de fazer é transmitir estes conhecimentos às pessoas. Gilson Dangel se orgulha em

Mestre Gilson percorre escolas para falar sobre malefícios das drogas e enaltecer a cultura alagoana

dizer que se alfabetizou logo cedo e foi escrevendo cartas para pessoas que não sabiam ler, nem escrever em troca de bolo, doces e alguns trocados que surgiu o gosto pela poesia, pela arte. Os gibis e revistas que a mãe trazia das casas em que trabalhava também contribuíram para sua aprendizagem. Mas foi na década de

1980, quando participou de reuniões do Grupo Vivarte que Gilson aprimorou seus conhecimentos. Ele relembra do apoio recebido, na época, de Ricardo Maia, Dalton Costa, Judivam Lopes e Maria Amélia Vieira. Dangel tem dois livros publicados: Estrelas na Lama (livro de poesia de auto-ajuda) e A Nova Alagoas- História de um

paraíso- onde mostra a beleza e reivindica melhorias para o povo sofrido do Estado. Também fez músicas para alguns municípios alagoanos, todas enaltecendo o que de melhor cada lugar tem. E foi após sua passagem pelo Vivarte que decidiu criar o personagem Mestre Embaixador de Alagoas. Ele utiliza este lado para fazer pa-

lestras a jovens em recuperação e outros públicos afins. PALHAÇO DO LIXO Inquieto desde criança, anos depois Gilson incorporou o papel de palhaço educador. O palhaço do lixo, personagem que busca conscientizar as crianças sobre a preservação ambiental, leva sua mensagem pela cidade afora. Ele escreve poemas e músicas sobre a natureza e ensina que educação ambiental deve começar cedo na vida das pessoas. E a maior parte de seu tempo livre faz palhaçadas ecológicas, através da música e poesia. Voluntário, diz que seu maior desejo é levar a música e a poesia para o mundo aprender a preservar a natureza, tudo através desse personagem. A fama do palhaço poeta se espalhou. E o maior orgulho desse personagem que usa peruca e maquiagem carregada e se veste com roupa carregada de materiais recicláveis, tudo encontrado no lixo, é levar sua mensagem simples e direta. “Na escola, conscientizo as crianças sobre educação ambiental para que sejam agentes multiplicadores”, ensinou. Dangel também fez uma música homenageando os 200 anos de Maceió e diz que amizade não tem preço. E como gosta de viver livre, cita um de seus poemas: “Liberdade é fazer tudo aquilo que a consciência não adoeça, acordar no outro dia tranquilo em busca que seus sonhos aconteça”. E na tentativa de um mundo melhor e mais espaço para a arte, o Dangel palhaço ou Embaixador de Alagoas segue sua caminhada. Para mais informações basta ligar para (82) 8744-5344.


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GOLBERY

E ALAGOAS INDO ALÉM DE UM ‘MA ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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omo entender a costura entre Alagoas e a modernidade? Como misturar o passado e o presente, tentando preservar as memórias, os registros, as histórias? Alagoas, na visão de Golbery Lessa, o 10º entrevistado na série “Alagoas, 200”, está inserida em um contexto onde existe a elite e o povo. Pode ser óbvio, mas são dois lados antagônicos que fizeram andar a roda viva do nosso tempo. Alguns exemplos ilustram isso. O Quilombo dos Palmares é retratado por alguns autores como a derrota inevitável. Mas, uma alternativa civilizatória, indo além da narrativa pessimista onde “oprimidos e marginalizados nunca teriam vencido”. A série “Alagoas, 200” entrevista personagens das áreas mais diversificadas tentando traçar um panorama do passado e do presente do Estado. O objetivo do EXTRA é antecipar as discussões sobre o bicentenário do Estado, que acontece em 2017. Veja entrevista com o historiador: Apenas a exploração econômica através da expansão da cana-de-açúcar ajuda a explicar a nossa condição de pobreza material? É a configuração particular

do capitalismo, da modernidade e das instituições pré-modernas em Alagoas que explica a pobreza e a riqueza material, a pobreza e a riqueza cultural e os vários outros aspectos da terra de Zumbi dos Palmares. Focar a explicação da trajetória alagoana no mundo da cana-de-açúcar, na violência das classes dominantes ou nos etnocídios é redutor, termina por gerar, involuntariamente, uma mistificação. Trata-se de um equívoco narrar, por exemplo, a luta do Quilombo Palmares como a marcha de uma derrota inevitável, quando essa experiência revolucionária constituiu-se numa alternativa civilizatória efetiva durante mais de 90 anos. A maior parte dos autores foca apenas na derrota dos Palmares, contribuindo para construir uma narrativa pessimista na qual os oprimidos e marginalizados nunca teriam vencido, jamais teriam sido protagonistas dos rumos da sociedade alagoana, sempre teriam vivido num mar absoluto de lágrimas e desespero. Essa abordagem é empobrecedora e dá um tiro no pé de suas boas intenções. É abordagem infértil para a causa dos oprimidos, pois estes deixam de ser, por um truque historiográfico, sujeitos da história para serem apenas vítimas. O “resgate” das classes populares termina no aniquilamento da imagem destas com

sujeitos sociais, como agentes capazes de mudar a realidade. A chamada “elite”, conceito produzido pela sociologia de direita para negar o de classe, mas que é usado pela referida narrativa, passa a ser o único agente da história. Grande parte da esquerda ainda não percebe que esse tipo de postura historiográfica tem um impacto devastador na autoestima e na reflexão política dos movimentos sociais do presente, desorientando-os. Na verdade, os oprimidos em Alagoas tiveram, em vários momentos, protagonismo e vitórias. Na segunda metade dos anos 1950, para dar um exemplo emblemático da capacidade de resistência ideológica dos setores populares, todas as reuniões do Ciclo Operário Católico de Rio Largo, filial de entidade criada pela Igreja no mundo todo para combater a influência do marxismo entre os trabalhadores, iniciavam com seus membros cantando a Internacional Comunista à capela. Alagoas teve protagonismos positivos fundamentais nos rumos do país que não se relacionam a generais e marechais reacionários. As obras de Graciliano Ramos, Jorge de Lima e Aurélio Buarque de Holanda, por exemplo, são mais decisivas para a literatura brasileira do que os frutos de qualquer outro modernismo estadual, pois estabeleceram

A antropologia é capaz de fertilizar a análise da trajetória das comunidades tradicionais, como as quilombolas, indígenas e ribeirinhas, mas não deve ser usada como fundamento de uma narrativa generalista”

as bases da língua portuguesa no país. As dimensões negativas da trajetória alagoana não devem ser explicadas de modo impressionista e pessimista. A violência urbana atual em Maceió e Arapiraca, por exemplo, não se explica pelo massacre dos caetés no século XVI e muito menos por um atavismo, mas relacionando-a ao caos urbano e ao êxodo rural proveniente do processo de reestruturação produtiva na agropecuária das últimas décadas. A antropologia é capaz de fertilizar a análise da trajetória das comunidades tradicionais, como as quilombolas, indígenas e ribeirinhas, mas não deve ser usada como

fundamento de uma narrativa generalista sobre a história alagoana, uma substituta fora de lugar tentando realizar a função da historiografia e fundamentando uma abordagem que paira sobre os fatos e homogeniza as conjunturas, criando mitos como o de uma Alagoas purgatório, terra de todos os males e nenhuma salvação. No atual estágio do debate, é preciso sublinhar o óbvio: a história do povo alagoano não é o enredo de um grande erro ou de uma absoluta miséria, é uma trajetória tão


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RY LESSA

MAR DE LÁGRIMAS E DESESPERO’ Com a criação do IAA (Instituto Nacional do Álcool), em 1933, a comercialização do açúcar virou monopólio estatal, desarticulando o que restava da burguesia mercantil’

complexa e multifacetada como a de qualquer outro povo. A história diz que Alagoas começou a partir de uma traição, em 1817. O senhor diz que não e mostra que havia uma diferença secular entre o sul e o resto de Pernambuco, que acabou empurrando a emancipação. Que Alagoas é esta, deste período, que “não foi uma dádiva do monarca, foi e é uma construção dos alagoanos”, conforme um de seus textos? Inicialmente, é preciso inda-

gar: quem é essa “história” inserida na pergunta e que sustenta, entre outras, a tese da traição de Alagoas ao movimento dito liberal de 1817? Essa “história” é, na verdade, uma corrente particular composta por um pequeno grupo de autores não alagoanos. Craveiro Costa, por exemplo, um dos mais respeitados historiadores estaduais, tinha uma opinião muito próxima àquela que defendo e que é apoiada por Evaldo Cabral de Mello, talvez, o maior historiador vivo de Pernambuco e do Brasil. As hipóteses da traição e da dádiva vêm da historiografia conservadora de Recife e

são adaptadas pela abordagem presente no senso comum atual de que seria progressista conceber Alagoas como uma miséria total desde sempre. Essa ideia aparece para muitos como crítica e libertadora, Seria uma denúncia contra as classes dominantes no presente. Na verdade, essa linha de raciocínio provoca o efeito contrário ao da sua intenção ética, leva à desconstrução da autoestima do povo alagoano, que produz o desânimo e à paralisia política. A crítica às classe dominantes não pode se transformar na crítica à formação social alagoana como um todo, a todos os seus aspectos e segmentos sociais. Não é tirando artificialmente toda dignidade da história alagoana que se enfrentará eficazmente o status quo. Quem é ou o quê é a elite alagoana? O quê ela quer? Primeiro, é preciso negar o conceito de “elite”, principalmente quando surge substituindo o de classe. A oposição teórica entre “elite” e “povo” foi elaborada pela sociologia de direita para combater a teoria da luta de classes e fazer passar a tese de que toda sociedade precisaria de uma “camada superior” e, portanto, as hierarquias sociais e as assimetrias de poder seriam legítimas. Para não cairmos nessa armadilha discursiva, permita-me reformular a pergunta: “quem é ou o quê é a classe dominante ala-

goana? O quê ela quer?” Este grupo social teve composições diferentes durante a história, não foi sempre o mesmo. Até a última década do século XIX, a burguesia mercantil dominou a economia de Alagoas, submetendo aos seus interesses os senhores de engenhos, pecuaristas, produtores de algodão e outros setores proprietários. A partir do início do século XX, os grandes comerciantes transferiram a maior parte do seu capital para a indústria, principalmente para os setores têxtil e canavieiro. A classe dominante passou a ser formada pelos grandes industriais da tecelagem e do açúcar, entre outros setores existentes à época. Com a criação do IAA (Instituto Nacional do Álcool), em 1933, a comercialização do açúcar virou monopólio estatal, desarticulando o que restava da burguesia mercantil. No final da década de 1950, com a decadência da indústria de tecidos, os usineiros passam a ser a classe mais poderosa e que lidera um sistema de alianças com setores menos expressivos do grande capital localizados em Maceió, no Agreste e no Sertão. O que os usineiros querem? Desejam continuar dominando a economia e a máquina estatal de modo a garantir a reprodução de um capitalismo atrasado e periférico, o único que possibilita a realização dos seus objetivos econômicos.

Quem é? Golbery Luiz Lessa, 48 anos, Possui graduação em História pela Universidade Federal de Alagoas (1990), mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (1999) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Tem experiência na área de História, com ênfase em História das Interpretações do Brasil e História de Alagoas. Pesquisa também sobre políticas públicas e gestão governamental, principalmente as políticas de reforma agrária e de assistência social. Principais livros: - O ciclo do algodão e as vilas operárias. Maceió: Sebrae, 2013. 144p, em parceria com Douglas Apratto Tenório. - Capítulo de livro: Os Principais Momentos do PCB em Alagoas in A Indústria Têxtil: A Classe Operária e o PCB em Alagoas, Maceió, EDUFAL, 2011, p. 91- 130, Alberto Saldanha (org.). - Por Um Programa Agrário Para a Esquerda Alagoana, in Terra em Alagoas: Temas e Problemas, Luiz Sávio Almeida, Josival dos Santos Oliveira e José Carlos da Silva Lima, Maceió, EDUFAL, 2013, p. 309-324. - Escreveu o Posfácio in Trabalhadores, Identidade de Classe e Socialismo: Os Gráficos de Maceió (1895-1905), Maceió, EDUFAL, 2009,p. 191-192, de de Osvaldo Batista Acioly Maciel.


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CULTURA

Jornalista Jair Pimentel lança livro reportagem sobre Alagoas

Do massacre dos índios Caetés aos escândalos políticos da atualidade: uma má notícia

DA REDAÇÃO

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epois de 15 anos do seu primeiro livro: A História de Alagoas - dos Caetés aos Marajás, que teve três edições, com quatro mil exemplares vendidos, o jornalista, professor e escritor Jair Pimentel lançou mais um livro reportagem, com título diferente e atualizado até março de 2015. “Alagoas, uma má notícia” é fruto de um trabalho de intensa pesquisa em jornais e revistas do País. São 118 páginas divididas em 20 capítulos, contando a história “nua e crua” do Estado que é campeão em analfabetismo, mortalidade infantil e violência. Mais uma vez o autor optou por não fazer lançamento, nem vender seu livro em livraria e banca de revista. Como não conta com patrocinador, o pagamento à gráfica é com recursos próprios, fruto da vendagem de seus livros, que já foram quatro em 16 anos. “Ainda pretendo lançar mais um este ano, que será: 1815 (A história de um engenho banguê, que virou povoado, vila e chegou a capital de Alagoas), homenageando os 200 anos de emancipação política de Maceió”, confidenciou o escritor. Segundo Jair Pimentel, depois da aposentadoria ficou mais fácil pesquisar para lançar um livro. “Tenho tempo de sobra para ler, escrever e pesquisar, minhas verdadeiras paixões”, disse, lembrando que dispõe de uma biblioteca com mais de três mil livros, além de hemeroteca, mas ainda tem tempo para pes-

quisar em outros locais. Esse acervo há mais de quatro anos é disponível à comunidade carente do Povoado Bananal, em Viçosa, terra de seus antepassados, onde passa quatro dias por semana, com uma meta: transformar crianças, carentes do saber, em verdadeiros cidadãos intelectualizados, através do livro, da escrita e de suas aulas extraclasse. No capítulo “Comeram o bispo Sardinha”, parafraseando uma peça de teatro de muito sucesso nos palcos, é relatado todo o episódio, com fatos documentados conseguidos em livros e manuscritos da biblioteca da Torre do Tombo, em Lisboa, mostrando que o massacre ocorreu no alto da atual Praia do Gunga, local que existe marcado pelas ruínas de uma igrejinha. A permanência do bispo na então capital da colônia (Salvador) e suas brigas com o governador geral e a fuga para Portugal. O livro envereda pelo século XVII, com a Invasão Holandesa e o Quilombo dos Palmares, seguindo no outro século, com a guerrilha entre índios e brancos, conhecida como Cambinada, chegando ao século XIX, a emancipação de Alagoas e seus governantes nomeados pelos imperadores, para tudo ser transformado em República Federativa, eleições diretas, brigas, escândalos e sempre uma má notícia. EM SE PLANTANDO, TUDO DÁ Nesta obra, Jair deixou espaço para também falar das

belezas naturais do Estado, de seu povo, do folclore, usos e costumes. Enalteceu que são quase 28 mil quilômetros quadrados, entre o Litoral e o Sertão. E embora Alagoas seja o segundo menor Estado da Federação, “da foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu até a do rio Una, em Maragogi, é só beleza. Um mar azul e verde, coqueiros, areia branca e a culinária que encanta a todos: turistas e nativos”. O livro está disponível para venda pelo preço de R$ Jornalista e escritor, Jair Barbosa 20,00, envelopado e autografaPimentel lança novo livro, no qual do pelo autor, na portaria de conta a história “nua e crua” de seu prédio, com pedidos feitos um Estado ainda campeão em pelo Facebook ou e-mail: www. analfabetismo, em mortalidade jornalista.jairpimentel@gmail. infantil e de violência com. É uma obra completa que vale a pena conferir.

O AUTOR José Jair Barbosa Pimentel nasceu na cidade de Viçosa em 1951, onde viveu até a primeira infância. Primogênito do casal Joel Vital Pimentel e Leonilda Barbosa de Souza, foi funcionário público federal, é poeta, violonista e jornalista. Aos 14 anos de idade, já estava escrevendo no jornal onde seu pai era colunista (Jornal de Hoje). De lá prá cá não parou mais, se especializando na área econômica. É casado, pai de dois filhos e avô. Vive entre Maceió e Viçosa, onde mantém no Povoado Bananal um espaço cultural com biblioteca e museu, o que sempre sonhou quando chegasse à aposentadoria. O trabalho é voluntário e com o objetivo de conscientizar crianças e adolescentes da comunidade a gostarem de ler e escrever.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

O equívoco do voto

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o ano de 2012 nas eleições para prefeito Maceió vivia tempos de uma administração municipal com resultados positivos em investimento em infraestrutura, porém miserável na atenção direta à população principalmente a mais necessitada. Índices negativos feriam de morte a autoestima da periferia que não tinha saúde, educação ou o mínimo de assistência digna, obrigada ao poder público. Fora tudo isto uma enxurrada de denúncias de corrupção, desvios de finalidade e atentado aos princípios constitucionais da moralidade e da legalidade. Apesar de outros nomes a disputa mais acirrada foi entre os candidatos Rui Palmeira e o ex-governador Ronaldo Lessa, tendo este sua candidatura dificultada durante toda a campanha culminando com a cassação do registro de sua candidatura às vésperas do pleito. Aí então o deputado Rui Palmeira passou à condição de praticamente candidato único restando contra si fracos e despreparados adversários. Foi eleito em primeiro turno com 230.129 votos, ou 57,41 dos votos válidos. Rui teve uma trajetória meteórica e brilhante antes de sua consagração como prefeito da capital. Em 2006 foi eleito deputado estadual com 21.752 votos e desempenhou um honrado e eficiente mandato em uma Assembleia na qual a maioria era acusada de corrupção, formação de quadrilha e outros tantos crimes contra a administração pública. Saiu inteiro como entrou e partiu em 2010 para uma candidatura a deputado federal quando muitos duvidavam de sua eleição. Obteve 118 mil votos a grande maioria na capital e durante dois anos teve papel de destaque na Câmara dos Deputados. Com uma elogiável postura foi nesse período um dos melhores nomes da bancada alagoana. Interrompeu seu mandato em Brasília para disputar a prefeitura de Maceió. Apresentou-se e foi aceito pela população como “o novo”. O foco de sua campanha foram as “tragédias” do seu antecessore as transformações para uma Maceió com futuro diferente e da maneira que todos desejavam: com saúde para a população, escolas públicas para as crianças pobres, assistência social, valorização do servidor público e total respeito ao interesse público. Tudo mentira! Construiu uma equipe na sua maioria de “amiguinhos” e indicações politicas, sem nenhum preparo para a administração que Maceió merecia e pedia. Blindado por um entorno incompetente politicamente isolou-se e trancou-se dentro de sua arrogância (adquirida com o poder) e aí está o resultado: em dois anos e meio uma das piores administrações da cidade. Rui Palmeira conseguiu com sua melancólica e inerte maneira de governar frustrar as esperanças de milhares de eleitores que viram nele o deslumbrar de um futuro desejado para Maceió. Se as eleições fossem hoje, com certeza seria fragorosamente derrotado. Não acredito que haja tempo de se recuperar, pois falta a ele e sua equipe, humildade, criatividade e eficiência para tanto. Hoje o que se ouve nas ruas são os lamentos e protestos de muitas pessoas que votaram acreditando em suas promessas e se confessam arrependidas pelo equivoco do voto dado.

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Para refletir:

“Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele”. (Charles de Gaulle)

De olho na gastança

Renan sai na frente

Com a intenção de proporcionar mais transparência às suas ações, o Tribunal de Contas da Uniãorealizou esta semana evento de apresentação do Plano de Controle Externo referente ao período até março de 2017. É a primeira vez que o tribunal divulga o plano de controle à sociedade. A programação incluiu apresentações sobre a vinculação do plano de controle com o plano estratégico do TCU e sobre os desafios e as linhas de ação de controle nas áreas social, de infraestrutura, desenvolvimento e dos serviços essenciais ao Estado. O plano contempla 34 linhas de ação, desdobradas em áreas temáticas, que direcionam a atuação do tribunal para questões como: análise das estruturas de governança e gestão, avaliação de aspectos de formulação, implementação e resultados de políticas públicas, redução da burocracia, avaliação dos serviços e da qualidade do acesso à informação ofertada pela administração pública, avaliação da qualidade do gasto, da entrega e da regulação de serviços públicos essenciais e a execução de grandes eventos, como a Olimpíada de 2016 (se houver).

O presidente do Senado, Renan Calheiros, conclamou os governadores à construção de uma agenda positiva para garantir o equilíbrio da federação e superar a crise econômica. Ao abrir encontro sobre o pacto federativo, no Salão Negro do Congresso Nacional, Renan fez um balanço das iniciativas aprovadas e implementadas pelo Legislativo e manifestou sua disposição de ouvir os governadores para definir os próximos passos. O senador citou avanços na questão, como o fim da guerra de ICMS nos portos, proporcionado pela Resolução 13/2012. Essa variante da guerra fiscal prejudicava a competitividade da indústria brasileira e criava conflito entre os estados. Com a presença de praticamente todos os governadores (três faltaram, mas mandaram seus vices) Renan aproveitou para fazer críticas ao governo petista e segundo se comentou em Brasília, Dilma não gostou nada da reunião que por certo lhe trará grande problemas políticos a partir de agora. Na opinião de um experiente senador, “o Brasil agora tem dois presidentes: Renan Calheiros e Dilma Rousseff. Só que o Renan está mais forte com o apoio dos governadores.”

Governo acuado Senadores de cinco partidos anunciaram na quarta-feira (20) apoio a um manifesto apresentado por diversas entidades da sociedade civil contrárias às medidas provisórias (MPs) de ajuste fiscal do governo, que aguardam votação em Plenário. A MP 665/2014 restringe o pagamento de seguro-desemprego e do abono salarial, entre outros benefícios trabalhistas. A MP 664/2014, por sua vez, estipula novas regras para concessão de auxílio-doença, pensão por morte e benefícios previdenciários. Já aprovadas pela Câmara, ambas foram editadas pela presidente Dilma Rousseff com o objetivo de economizar recursos inicialmente previstos em R$ 18 bilhões. Representante do partido de Dilma, o senador Lindbergh Farias (RJ), anunciou que vai votar contra a MP 665/2014. Ele defendeu mudanças na política econômica, mas disse que o governo deve promover a recuperação do emprego. — Para esse governo dar certo tem que mudar a política econômica. Houve desequilíbrio fiscal, e ele aconteceu porque houve desoneração de 100 bilhões [de reais] para as grandes empresas. Não tem nenhuma medida que taxe os mais ricos, os ajustes estão sendo feitos sobre os trabalhadores mais pobres — afirmou.

Quem esconde tem medo A população fica sem entender o apavoramento de alguns deputados que travam luta ferrenha para a manutenção do escabroso “voto secreto” em votações importantes na Assembleia Legislativa. Agora com o episódio da polêmica questão da 17ª Vara Criminal a coisa fica mais evidente diante do posicionamento do Tribunal de Justiça e do Ministério Público contrários a essa aberração desonesta que figuras carimbadas do Legislativo insistem em manter. Qual o interesse de um deputado não desejar que seus eleitores e a sociedade saibam como ele votou?

Dez dias de festa A prefeitura de Maceió anuncia dentro da irresponsabilidade que lhe é peculiar “grandes atrações para as festas de São João”. Uma verdadeira fortuna com bandas famosas, ornamentação e outros duvidosos gastos. Tentando justificar porque as festas são fartas e a atenção à saúde, educação e aos miseráveis não existe, um debochado secretário diz: “as verbas para as festas são específicas e se a gente não gastar tem que devolver”. Como se todo mundo fosse idiota. Então eles só têm disposição de buscar verbas para farras e falta imaginação e coragem ou vontade para fazer a mesma coisa pela melhoria da condição de vida das comunidades mais carentes. É muita hipocrisia e falta de vergonha. Acorda prefeito!

Liberdade de expressão O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que a Casa tem um compromisso com a liberdade de expressão. Cunha disse que a censura travestida de legislação é inaceitável, e condenou qualquer proposta autoritária que reduza o direito à liberdade de expressão. “Seremos sempre oponentes severos a tudo que possa soar como falacioso e dúbio. Para a Câmara, a democracia será sempre um tema central.” Com certeza, o governo e os petistas não gostaram nada das declarações do presidente da Câmara que se chocam com as más intensões de censurar e implantar o controle social das mídias. É um golpe na disfarçada ditadura dos meliantes governistas.


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ARTIGOS

A Democracia e a Democracia à brasileira II CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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izia eu, na crônica anterior, que a palavra Democracia é de uso tão comum no dicionário do cidadão que até se torna vulgarizada. Por dá cá a minha palha, afirmei, a palavra é invocada a propósito de um tudo, mesmo que o seja sem convicção ou sinceridade. Igualmente ao substantivo, o adjetivo tem o mesmo largo uso. Todos somos democratas, ainda que, eventual, quase sempre ou permanentemente, exerçamos o viés autoritário e, mais que isso, arbitrário, seja na família, na empresa, no escritório, ou na política. Aliás, nessa última é mesmo quando o termo é não só vul-

garizado, mas sobretudo maltratado e utilizado como pele de cordeiro em corpo de feras. Vallés (Ciência política, Madrid, 8ª. ed., 2012) enumera seis condições indispensáveis à concreção do sistema democrático: o livre acesso à atividade política; o escrutínio eleitoral livre, equilibrado e periódico; o permanente controle da atuação das autoridades, eleitas ou não, tornando-as responsáveis por sua atuação; a livre associação em organizações autônomas e independentes; a garantia de efetiva liberdade de expressão, e a pluralidade de fontes de informações disponíveis aos cidadãos. Por esse aspecto vê-se que a democracia brasileira formalmente preenche tais requisitos. Assim, o caro leitor há de se perguntar o porquê de o cronista referir uma “democracia à brasileira”. Na verdade, há democracias e democracias, malgrado todas busquem preencher aquelas condições formais. O que as distingue, porém, é a prática

política. O fisiologismo, ou uso do poder em benefício próprio; a enganação demagógica; a surdez às demandas dos cidadãos; o desprezo ao bem-estar da população, tudo isso e mais coisas desvirtuam a Democracia em nosso Brasil. Veja-se, também, que entre nós aquelas seis condições acima citadas de Vallés sofrem sempre alguma ou muita diminuição. Um exemplo: o voto parlamentar aberto, em sessões públicas, é uma exigência democrática, e perfaz a possibilidade de os cidadãos controlarem os seus representantes. Para que isso viesse a acontecer no Parlamento brasileiro foi necessária a intervenção do Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, alguns focos de desdém à publicização resistem, como em nossa Assembleia Legislativa, quando deputados ridiculamente lutam pelo voto secreto em relação aos vetos do Governador no caso da 17ª. Vara Criminal de Maceió, à qual só os delinquentes devem temer. Nesse ponto, não devemos esquecer o

tema recorrente da corrupção, cujos ápices (até agora?) são o mensalão e o petrolão. Em ambos, autoridades apanhadas com as mãos ligeiras nas bolsas do erário apressam-se a desqualificar acusações e acusadores, cada qual com as mais esfarrapadas desculpas, ou infantis atitudes de procurar intimidar os investigadores dos seus malfeitos. E ao fazê-lo aparentam grande seriedade e indignação, como se estivessem acima de todo e qualquer questionamento e controle pelo Povo e pelas instituições, mesmo que as respectivas vidas pregressas não lhes sejam favoráveis e sequer adiantem-se, em satisfação a esse mesmo povo, nas explicações sérias e necessárias. O pior é que essas atitudes encontram eco na população, alheada de que isso representa, ao fim e ao cabo, um estreitamento da Democracia brasileira. Até quando? Naturalmente até quando nós, os eleitores, embevecermonos e enganarmo-nos com o canto das sereias.


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ARTIGOS

Antes ele do que eu JORGE MORAIS Jornalista

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s últimos acontecimentos envolvendo o BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais – passa a impressão para todos nós que o título deste artigo é o lema da corporação. Claramente, não estamos nos referindo diretamente ao fato registrado recentemente, quando um policial atirou e matou um agente penitenciário em um bar, entre os muitos localizados no Centro de Maceió. Fatalidade ou não, alguém perdeu a vida. Certo ou errado não estou aqui para julgar a ação e seu resultado triste e lamentável, onde um cidadão perdeu a vida de uma maneira inesperada. Dos momentos alegres e descontraídos de minutos antes, para a realidade cruel

e definitiva de uma tragédia. Poderia lembrar, por exemplo, mais dois ou muitos casos que ocorrem constantemente com a presença do BOPE. Há pouco tempo, durante uma partida de futebol entre CRB e CSA, no estádio Rei Pelé, uma corporação foi chamada para apaziguar os ânimos entre as torcidas, mas que terminou inflamando ainda mais o ambiente. O resultado todo mundo já sabe, pois, ao serem recebidos com xingamentos e objetos jogados a distância, os policiais responderam com bala de borracha, sem a menor preocupação se estavam ali pessoas inocentes, velhos, mulheres e crianças. Até porque aquele era o local reservado para todos, torcedores do bem e do mal. Dias antes, nos bloqueios promovidos na Avenida Fernandes Lima, o grupo de gerenciamento de crise da Polícia Militar e os manifestantes, trabalhadores de uma empresa de segurança e jovens estudantes, entre eles, crianças, colocadas como escudos do movimento, foram atacados pelos policiais do BOPE, praticamente atropelados, sob

o efeito de bomba de gás lacrimogênio, spray de pimenta, balas de borracha, etc. etc. e etc. Passaria a vida toda trazendo exemplos que são vistos todo santo dia. E isso é coisa de Brasil. A ideia que a gente tem é que o pessoal é treinado e preparado para isso mesmo: atacar. Se você estiver em aglomerações, protestando e reivindicando, quando ouvir falar da chegada do BOPE, quer um conselho, saia rápido, desapareça, se proteja, porque não está chegando coisa boa. Com uma triste realidade, esse é o quadro que temos e observamos em relação ao trabalho desses homens. Para eles, não interessa o que está pela frente. Chegou para resolver o problema que não foi solucionado pelas partes diretamente interessadas naquele momento: manifestantes e autoridades civis (governo) e militares (força pública). Lamentando que seja assim, mas apesar de tudo, o que fazer numa hora como essas? O diálogo não foi suficiente; as palavras não sensibilizaram as pessoas; o direito de ir e vir da população

como um todo, que não têm nada a vê com os problemas ocorridos, não são respeitados; o caos toma conta do ambiente; a baderna passa a ser generalizada; pessoas se aproveitam disso para fazer política e outras arruaças. Como resolver? Nessa hora, chega-se com flores ou balas? Repito: o comentário não é dirigido ao caso mais recente, mas precisa ser cuidadosamente discutido por todo mundo. Brincadeira ou não, por sinal de muito mau gosto, em São Paulo, a ROTA é o grupamento temido pela população e pelos bandidos, e as pessoas costumam dizer que o slogan deles é: “Deus te ama, nós não”. Claro que isso não passa de uma frase construída no calor da emoção e do medo. Não acredito que chegue a tanto, mas precisa ser pensada. Cabe-nos nessa hora discutir os problemas, mudar os conceitos, cobrar e chamar pessoas a responsabilidade. É assim que o BOPE tem que atuar? Não sei. O povo só entende essa linguagem? Também não sei. Só sei que do jeito que vai, não pode continuar.

aparecem histórias interessantes. Quem não se lembra do juiz que levou para casa o piano do réu, o Eike Batista? Aí aparece o quarto Poder, responsável por denúncias famosas. No Brasil os mais recentes foram mensaleiros, lava jato e taturanas. Estou falando, amigos, da imprensa. O jornalismo investigativo é alucinante, emocionante, contagiante. Vários presidentes de países tiveram que renunciar por causa de escândalos descobertos pela imprensa. Em nosso imenso Brasil o mais famoso foi o caso Collor. Depois, foi absolvido em vários processos. Imagino o sofrimento do moço durante os anos em que quis governar sozinho e foi engolido pelas raposas políticas do Sul e Sudeste. O ônus da prova é do denunciante, dizem os juristas. Mas, uma propaganda negativa vale dez vezes mais do que uma positiva e até que a vítima prove não ter cometido o delito, muita água já rolou por baixo da ponte e a pessoa já ficou conhecida no mundo, por erros possivelmente não cometidos. Nesses últimos anos surgiram as redes sociais e aí, diríamos nós, o Quinto Poder. Os principais jornais, emissoras

de rádio e TV, têm sua parte virtual. Fica tudo impresso nas telas de seus computadores, as quais milhares de curtidores acessam com facilidade. Se você quer falar com um político, jurista, governador ou até presidente da República, não precisa marcar hora, passar longos momentos esperando para ser atendido ou não. Basta entrar na internet, em qualquer rede e escrever o que sente. Milhares de pessoas leem o texto e o importante cidadão que não tem tempo para receber um simples mortal, vai tomar conhecimento do seu recado e, sendo inteligente, vai designar um assessor para desempenhar semelhante papel. Resolver ou não o caso é outro problema. Em Alagoas, a nível estadual e municipal, existe o Portal da Transparência. As entidades são obrigadas a usar o mecanismo e dizer à sociedade o que estão fazendo. No momento, saiu na imprensa que o Legislativo tem 30 dias para fazer parte do Portal. Segundo notícias veiculadas é o único órgão que não aderiu à transparência. O importante é saber até que ponto as notícias colocadas na internet são verdadeiras. Por exemplo: a Mesa anterior

da Assembleia Legislativa publicava as folhas de pagamento tão embaralhadas que ninguém entendia. Comissionados, aposentados, ativos, pensionistas, tudo junto e em ordem alfabética. Difícil era descobrir quem era quem naquela bagunça! Atualmente, cobramos pelas redes sociais, direitos que não são respeitados pelos dirigentes. Podemos denunciar má gestão, perseguições, improbidades administrativas, desvio de dinheiro público, etc... O assunto torna-se público e notório. Daí, as autoridades podem tomar as devidas providências. Vi um filme chamado o “Quinto Poder” onde dois rapazes acessavam informações confidenciais e as colocavam na internet. A confusão foi tanta que os dois internautas quase morrem e um deles está asilado numa embaixada de outro país. O Brasil vive uma grave crise por causa de denúncias apresentadas e comprovadas por simples cidadãos. Então, autoridades que usam o dinheiro público indevidamente ou cometem outros crimes, cuidado com o Quinto Poder.

O Quinto Poder ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

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ivemos num país onde funcionam constitucionalmente três Poderes harmônicos entre si: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Um depende do outro, mas a engrenagem é interessante: O primeiro é encarregado de gerir a nação, executar obras, etc... O segundo cria as leis e o terceiro julga o povo baseado na Constituição e em outros dispositivos legais. Muito bonito no papel. Mas, na prática há coisas certas e erradas nos poderes constituídos. O Presidente ou a Presidente da República é humano e comete erros. No Legislativo, centenas de parlamentares, eleitos pelo povo, na sua maioria, se acham semideuses e o resultado, nem sempre é dos melhores. O Judiciário é formado por homens e mulheres, concursados, preparados para agir, de acordo com a lei. Mas, como somos pecadores,


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

CRB na zona da queda?

Realidade

Esporte amador

CRB, goleado na quarta, 19, pelo Botafogo no Engenhão (Rio) caiu na fronteira da zona de queda da Série B. Com 50% de aproveitamento e em 11º já recebe seta indicando estar em queda. Neste sábado pega o Bahia no Trapichão. É difícil, mas não impossível somar três pontos.

Nos clubes de primeira divisão, diretorias reavaliam custos como proposta para montagem dos plantéis de modo a haver equilíbrio nas contratações com o orçamento. A mídia do Sul também começa a analisar a inadimplência com dívidas antigas como “jogo de risco”.

Calcanhar de Aquiles

Dá exemplo

Ainda o Galo da Pajuçara: a folga da semana foi válida para Alexandre Barroso avaliar o plantel, ja que neste começo da Série B tropeços podem ser fatais na proposta de continuar em 2016. Atorcida acha que a defesa não tem atenção nos deslocamentos dos adversários nas jogadas próximas da área.

O Botafogo, na análise do presidente Carlos Eduardo Pereira, tem custo mensal hoje estimado de R$ 1,8 milhão e débito em R$ 5,5 milhões, amontoado desde 2011 e ainda sendo quitado. Neste ano o orçamento é R$1,8 milhão, a dívida trabalhista está em torno de R$ 10 milhões, paga em parcelas, e o quadro de sócios passou de 14 mil para 28 mil.

Do secretário Municipal de Esporte Amador (Maceió), Antônio Moura: “Vi a seriedade dos atletas treinando. Desejo boa sorte aos competidores e reforço nosso apoio”. Compromisso voltado para fortalecer eventos nos bairros da cidade foi no lançamento da Copa At Fight.

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Boa surpresa Ponto de vista de torcedores:“No futebol alagoano a boa notícia da semana foi o empate do ASA com o Confiança em Sergipe, confronto pela primeira rodada da Série C. Já a estreia do alvinegro no Coaracy da Mata Correia acontece neste domingo e adversário é o Botafogo (PB).

Segunda divisão Federação Alagoana de Futebol fixou até o dia16 de junho prazo para clubes inscritos no campeonato da segunda divisão apresentarem o protocolo da solicitação da vistoria nos estádios. É uma recomendação da Polícia Militar com aval do Corpo de Bombeiros e Crea. Tem a ver com a segurança e condições dos estádios.(Com assessoria).

Proibido fumar É rotina no futebol, nos estádios principalmente, serviço de som informando torcedores que é “proibido fumar nas arquibancadas”, mas é comum quem faça “ouvido de mercador” sob pretexto de o “cigarro baixar a tensão pela expectativa produzida pelos lances do jogo.”

Fora do gramado Do técnico René Simões antes do jogo Botafogo x CRB no Engenhão e o Galo tomando goleada de 4x1: “Festa só quero fora do campo. No gramado quero vitória”. Frase teve a ver com uma homenagem a Nilton Santos que no domingo faria 90 anos caso fosse vivo.

Chamou atenção Flagrante da televisão, antes de iniciar o jogo no Engenhão (Rio), foi Maxwel (Botafogo) ajoelhado sobre a imagem de Nilton Santos estampada em uma lona estendida no meio do campo. Os torcedores, pouco mais de 13 mil, fizeram minuto de silêncio nas arquibancadas.

Brasil Olímpico

1 Novo escândalo Para ser convocado para a seleção brasileira não basta só jogar bem futebol. Deve ter aval da empresa Sports Events (ISE), com sede nas Ilhas Cayman, que agenda jogos amistosos da Canarinha, segundo divulgou o Estado de São Paulo do sábado, 16. Acontece desde 2006. O esquema foi feito feito pelo ex-presidente Ricardo Teixeira, que renunciou e avalisado pelos novos comandantes da CBF; José Maria Marin e hoje Marco Polo Del Nero.

Sócio torcedor O São Paulo, fora da Libertadores, adiou lançamento da nova campanha do Sócio Torcedor. “Tivemos que acertar detalhes operacionais e questões do regulamento. Proposta nova é resolver problemas operacionais e engrenar na disputa do Campeonato Brasileiro.

- Conversa entre torcedores pautou Dunga acumulando o comando técnico da seleção do Brasil Sub-20 para as Olímpiadas de 2016 e paralelo o compromisso com a principal, as duas com compromissos oficiais em 2016. Opiniões trazem lembranças da Copa do Mundo no Rio.

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-Palavras de Dunga: ”Para mim foi uma surpresa, mas ao mesmo tempo é um grande desafio. As Olimpíadas são na nossa casa e vamos trabalhar para conquistar essa medalha de ouro. Acho que vai sair no momento oportuno. É no momento um grande desafio para o Brasil e para mim”.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Prevenção

Não acaba aí

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m Alagoas tramita na contagem regressiva fim do prazo para pecuaristas vacinarem o rebanho bovino contra a brucelose e tuberculose. Adeal, coordenadora da campanha, situa como meta a ser alcançada vacinar 10 mil animais com até 12 meses de vida.

Mais advertência sobre o lixão de Cruz das Almas, mas do vereador Silvânio Barbosa: “ O trabalho não acaba nesta primeira reunião”. Diz que vai solicitar mais informações técnicas sobre construções na região. Lamentou ausência de representante das construtoras na reunião.

Saúde Pública

O secretário municipal de Proteção do Meio Ambiente esclarece que licenças só são liberadas atendendo critérios e o “ órgão não faz ação às escuras. Tudo é muito claro, transparente e não devemos esquecer que nestas questões temos a parceria da Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual”.

Licenças concedidas

Chico Filho (PP), vereador em Maceió, teme um caos pré-anunciado na saúde pública no Estado e dá como razão hospitais e casas de saúde sob risco de fecharem. Propõe, por isso, criação de uma Comissão Permanente na Saúde e razão haver muitos pacientes que são sozinhos. Acrescenta: “Eles não têm familiares e nem casa para acolhê-los”.

Só otimismo ? O VLT, no trecho estação central/Jaraguá não surpreenderá sendo realidade neste ano ou até inicio de 2016.Otimismo? Trilhos antigos da estação de Jaraguá retirados recentemente e o senador Benedito de Lira proclamando na televisão, no programa do PP, o VLT como “realidade”.

Reforço Dificuldades das casas de saúde em Maceió estão próximas do caos. Advertência no estilo atenção foi da vereadora Fátima Santiago, feita na Câmara Municipal de Maceió. “Temos informações de pacientes se alimentando há dias de mortadela e cuscuz. Nas camas não há fronhas, nem lençóis. É caso muito grave”.

Sem recursos... Heloísa Helena (PSOL), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Maceió foca os problemas na área da saúde prenunciando o caos se não forem tomadas providências. Dá como razão a redução nos repasses de recursos e valores pagos pelos procedimentos na tabela do SUS que não cobrem os custos reais com pacientes. “A tabela devia ter sido reajustada há muito tempo”, diz.

Festa junina Secretaria Municipal de Cultura investirá no São João de Maceió R$ 1,109 milhão. Proposta é de R$ 345 mil em arraiais nos bairros; R$ 200 mil na cenografia; R$175 mil em estrutura; e, R$ 489 mil na programação musical com 50 trios de forró, de pífano e bandas alternativas.A ideia, segundo o prefeito Rui Palmeira,“ é que esta tradição volte a crescer”.

Frente Parlamentar Deputado Davi Davino Filho (PSB) se reúne sempre com jovens dos bairros de Maceió para debater propostas que estimulem a ampliação da Frente Parlamentar da Juventude (FPJ), criada por ele em março e diretrizes priorizando a educação, saúde cultura, esporte e o lazer. Comenta: “O jovem não representa o passado e nem o futuro, mas o presente”.

Frente da Juventude “Quando assumi o cargo de deputado estadual sentei com técnicos para desenvolver projetos para a juventude, mas percebi que não estava sendo democrático. O ideal seria ouvir os principais interessados, no caso os jovens. Até porque criei a Frente justamente para isso. No caso, aproximá-los do Parlamento”, explica Davino Filho.

Tudo como antes “Diga onde mora e direi quem manda no pedaço”.A frase teve a ver com decisão da Justiça suspendendo projeto da Prefeitura de Maceió para organizar melhor o tráfego de veículos na Avenida Deputado José Lages (Ponta Verde). Comentário entre maceioense foi pautado no “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Meio ambiente AComissão Permanente do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Maceió promoveu uma reunião dia 15 último para avaliar desmoronamento recente na vizinhança do antigo lixão, em Cruz das Almas. Entrou também na pauta obras de terraplenagem no local para provável ocupação com empreendimentos imobiliários.

Ponto de vista Do vereador Silvio Camelo, vice-presidente da Comissão do Meio Ambiente: “Há mais de 40 anos foram jogados resíduos no antigo lixão e o local, apesar de desativado, oferece risco como em anos passados. Mas não se pode negar que algo maior é possível de acontecer. Propostas de ações hoje são meramente preventivas”.

Simulação A Braskem, na quinta-feira, realizou exercício com simulação de acidente na AL-101 Sul, área de Marechal Deodoro e, em paralelo, uma programação social para os moradores da Rua da Palha. A programação constou de peça de teatro e recreação para crianças, atendimento odontológico, medição de glicemia e oficina do Programa Cozinha Brasil - alimentação saudável.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Mata Atlântica

Mudanças climáticas

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Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que o brasileiro está preocupado com as mudanças climáticas e acredita que o governo tem feito muito pouco para enfrentar o problema. Segundo a pesquisa, 91% dos entrevistados acreditam que as mudanças climáticas são causa de muita preocupação com o futuro do planeta e 95% acham que elas já estão afetando o Brasil. Dois terços dos entrevistados disseram ainda que esperam do Brasil uma liderança nas questões internacionais e que ajude no enfrentamento das mudanças climáticas.

Rio de Janeiro foi sede, pela primeira vez, do Encontro Nacional pela Mata Atlântica. O evento, que aconteceu de 9 a 17 de maio, resultará em um documento com metas para a preservação e restauração do bioma, que devem ser colocadas em prática até 2018. A programação incluiu palestras, exposições, atrações culturais e oficinas. Os secretários e representantes do Meio Ambiente dos 17 estados onde existe a Mata Atlântica iniciaram a elaboração do documento.

Uso de agrotóxicos Planta Valiosa Pandas Um estudo relatado pela revista online norte-americana mBio, exa-minou 45 pandas ao longo de um ano e descobriu que os animais pareciam ter um sistema digestivo totalmente diferente de outros herbívoros. Apesar de dois milhões de anos mastigando bambu, o panda gigante ainda mantém um trato gastrointestinal típico dos carnívoros e isso pode influenciar negativamente sua evolução.

Marco da biodiversidade O Marco da Biodiversidade foi aprovado pela Câmara no final do mês de abril e agora vai para sanção presidencial. Ambientalistas pedem veto porque para eles, essa é a verdadeira privatização dos recursos naturais. Além de regular uso do patrimônio genético do Brasil, o marco da biodiversidade visa frear o uso de recursos por parte de empresas estrangeiras. Um dos artigos proíbe que empresas estrangeiras se utilizem dos recursos do país. Caso o marco da biodiversidade seja sancionado, entra em vigor em um mês.

Uma planta identificada recentemente na Libéria, Pandanus candelabrum, tem uma característica singular: aparentemente, só cresce em zonas onde há chaminés de kimberlito, formações rochosas de origem vulcânica que podem abrigar grandes quantidades de diamantes. Pesquisadores acreditam que a planta se adaptou a esses terrenos porque contém níveis elevados de magnésio, potássio e fósforo, que constituem um “fertilizante muito bom”.

Aves mortas Cerca de 1.300 aves teriam morrido ao longo da praia de Lenga, no sul do Chile, após ficarem presas em redes de pesca ou por uma doença incomum. As aves marinhas, da espécie Petrel, foram encontradas mortas e amostras para indicar a causa das mortes já foram coletadas. As autoridades afirmam que em 2010 também foram encontradas centenas de aves mortas na área e, desta vez, foi detectado que elas morreram após ficarem enredadas nas redes de pescadores.

O Dossiê Abrasco – Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde, lançado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) contou que o aumento em toneladas compradas foi de 162,32%. Desde 2009, o Brasil assumiu a posição de primeiro consumidor mundial de agrotóxico. O aumento está diretamente relacionado à expansão da monocultura e dos transgênicos. Entre 2007 e 2014, o Brasil registrou 34.147 casos de intoxicação por agrotóxico. Entre os problemas causados por esse tipo de intoxicação estão má formação de feto, câncer, disfunção fisiológica e problemas cardíacos e neuronais.

África O Banco Mundial exigiu, num relatório intitulado como “Reforçar a Resiliência Climática das Infraestruturas na África”, ações imediatas e a adoção de novas abordagens dos governos africanos para reduzir o impacto das mudanças climáticas. Para eles, a falta de ação não é uma opção. A análise dos peritos do Banco Mundial sugere que os benefícios em termos de redução de riscos podem exceder significativamente o custo de modificar planos de investimentos atuais.

Herbicida cancerígeno O uso do glifosato, que era usado para fumigar as plantações de coca na Colômbia, foi suspenso com a aprovação do presidente daquele país, Juan Manuel Santos. A decisão representa um novo enfoque no combate às drogas. A aspersão se tornou insustentável desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o glifosato pode causar câncer em seres humanos. O desafio agora é conter o crescimento desses cultivos sem o glifosato, que já estava proibido em parques naturais e em parte da fronteira com o Equador.


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SUSTENTABILIDADE

Alga nossa de cada dia Chamadas de sargaço, as “algas arribadas” representam dinheiro levado pela maré JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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ncontrar algas na areia após a maré alta é uma rotina com a qual muitos que curtem praia ainda não se acostumaram. Se por um lado os turistas, empresários e até mesmo moradores de Maceió consideram o sargaço como sujeira e poluição, do outro a professora doutora em Biotecnologia, especialista em algas, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Élica Amara Cecília Guedes vê nas algas um potencial a ser explorado. Mas, para conseguir que as algas tenham reconhecimento é preciso derrubar preconceitos. O primeiro é descartar o uso popular do nome “sargaço”. Segundo a professora Élica, o termo, além de errôneo, remete à palavra “bagaço”, ou seja, algo que deve ir para o lixo. “As algas arribadas, que ficam jogadas pela areia, até contêm o gênero de algas marrons‘Sargassum’, mas não é o predominante. Já encontrei a praia da Pajuçara repleta de algas verdes”, pontua. Uma vez recolhidas e tratadas, as algas podem virar matériaprima para a produção de adubo, ração e até de combustível. E não faltam pesquisas em Alagoas para desenvolver um reaproveitamento lucrativo e sustentável. No caso do adubo, as algas precisam ser lavadas para a remoção da areia e do excesso de sal. O único empecilho é a quantidade de água utilizada nesse processo. “Para tornar-se viável, teríamos que

bolar um sistema para que a água da lavagem fosse reutilizada para o cultivo de peixes e camarão”. As pesquisas de universitários que utilizaram as algas como adubo renderam resultados na plantação de hortaliças tanto na agricultura tradicional quanto na hidroponia. O processo consiste em triturar as algas arribadas após secas e misturar com o adubo convencionalou no solo. No caso da hidroponia, uma solução é preparada com as algas para ser misturada à água. O resultado foi a produção de coentro e alface saudáveis. “As algas têm nutrientes iguais às outras plantas, no entanto, com mais cálcio, cloro e sódio. Isso se torna propício para um adubo in natura de coqueiros, por exemplo. Vi pessoas colocando as algas ao redor dessas árvores, o que é válido”, explica. Além de adubar plantas, a transformação de algas em complemento de ração é mais uma das possibilidades lucrativas ainda pouco explorada. O processo seria semelhante ao adubo, porém sem remover a salinidade. A intenção é de aproveitar o excesso de sal para os bovinos. Embora alimentar animais com algas seja uma atitude incomum no Brasil, em países da Europa a prática perdura há milênios. “Muitas praias europeias não são frequentadas por banhistas por causa do frio. Sendo assim, criadores deixam os animais comerem as algas arribadas à vontade”. A professora Élica também costuma ensinar aos alunos os mais diversos usos de “plantas

Algas arribadas são encontradas rotineiramente na praia da Jatiúca

marinhas”, encontradas em xampús, cervejas e gelatinas. Quem passa pelo curso de Importância Econômica da doutora sabe que, além de estudar as algas, também terá a opção de se alimentar delas. O cardápio é variado: salada, sushi, torta. Tudo feito com algas. “Pessoas que não são acostumadas a comerem algas não acharam nada de estranho. Apenas sentiram um gosto de maresia e até confundiram com camarão”. No entanto, Élica adverte que para o consumo, as algas devem ser colhidas quando ainda fixas nos recifes, pois aquelas que se espalham pela areia podem estar contaminadas com o lixo. “Seria interessante o poder público investir numa associação para um aproveitamento dessas algas que acumulam to-

neladas nas praias de Alagoas. Hoje, estamos fazendo um projeto com foco no cultivo. Existem culturas imensas de algas fora do Brasil e, para vários fins, da confeitaria à cosmetologia”, finaliza a doutora. Conforme a assessoria de imprensa Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), não existe uma periodicidade no recolhimento das algas arribadas nas praias urbanas da capital. Ainda em nota ao EXTRA Alagoas,a pasta ressalta que coleta depende da quantidade e do mau cheiro que causam por causa da putrefação. Todo material é levado ao aterro sanitário. PESQUISA PIONEIRA DA UFAL TRANSFORMA ALGAS EM BIOCOMBUSTÍVEL O tratamento dado às algas

arribadas no Brasil impressiona os estrangeiros. O mestre em Hidrografia da Ufal/Campus do Sertão, Fernando Coelho, conta um episódio quando trabalhava como guia de turismo em Maceió. “Um japonês me perguntou o que nós fazíamos com aquelas algas e quando disse que jogávamos no lixo, ele se espantou. Isso porque no Japão as algas tê um valor cultural e econômico. Foi então que, na época estava estudando os desafios ambientais, surgiu a ideia de transformar essas algas para produzir energia”. Anos depois, o professor Coelho viu a oportunidade de colocar o projeto em prática como doutorando em Tecnologias Energéticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Todo lixo pode ser reaproveitado e ter viabilidade econômica desde que avaliemos o custo dos impactos ambientais, o custo de saneamento para o poder público e relacionemos quais as possibilidades de receita efetiva. Um balanço permitirá avaliarmos quais resultados práticos de caráter socioeconômico podemos obter com a geração de biocombustíveis de algas marinhas”. O estudo consiste em transformar as algas arribadas em lenha ecológica, chamadas de briquetes e pellets. Assim, será o primeiro projeto a nível global que pretende fazer das algas um biocombustível que gerará energia pela queima da massa. A reutilização das algas marinhas diminuiria o descarte no aterro sanitário da cidade, reduziria a poluição do solo provocado por essa matéria orgânica e, também a não contaminação do lençol freático com a poluição da água. “Reduziria ainda a poluição do ar nas praias evitando a queima de gás metano na atmosfera quando essa biomassa aquecida pelo sol começa a entrar em estado de putrefação”, enfatiza Coelho.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Prejuízo Brasil

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eu para notar que, de repente, não se comparam mais preços dos carros no Brasil com os de outros mercados, em especial dos EUA? Na maioria das vezes versões diferentes em equipamentos e motorização dificultavam as avaliações, fora frete e impostos lá cobrados à parte. Esta Coluna sempre citou variações cambiais como causa de aberrações para cima e para baixo. Só há uma certeza: automóvel aqui paga impostos altamente abusivos. A carga fiscal real – diferença entre o custo do veículo e por quanto ele sai da loja após todos os impostos e frete embutidos – é a maior do mundo com exceção da Dinamarca, mercado pequeno e diferente do resto da Europa. Mas essa “primazia” começamos a perder até para a Argentina. Sim, o nosso vizinho criou imposto extra para carros con-

siderados “de luxo”, com preço de tabela acima do equivalente a cerca de R$ 70.000. Corolla vendido na Argentina é idêntico ao brasileiro. O preço lá começa em R$ 81.000 e vai a R$ 138.000 (no Brasil, de R$ 70.000 a R$ 100.000). Poucos reverberaram essa distorção combinada de taxa de câmbio e voracidade tributária. No dia 15 de março último o dólar (câmbio oficial) bateu R$ 3,30. Vamos tomar como exemplo o Cruze sedã americano, modelo igual ao produzido em São Caetano do Sul (SP). Versão de entrada LS tem inclusive o mesmo motor, mas é pouco equipado por disputar compradores de menor poder aquisitivo. Sem frete o modelo custava, naquela data, quase US$ 20.000, ou R$ 66.000. Aqui o mesmo carro, na versão LT, parte de R$ 74.000, mas menos equipado o preço ficaria quase igual, apesar da abismal dife-

RODA VIVA rença de impostos entre os dois países (8% contra 55%). Já uma S10 LTZ Flex cabine dupla 4x2 saía aqui por R$ 98.000 e lá a versão equivalente por R$ 102.000, pois no Brasil picapes são um pouco menos tributadas que automóveis. Segundo a agência Fitch, a cotação do dólar deveria estar em R$ 3,75 só para compensar a diferença inflacionária da última década, sem considerar o chamado custo Brasil. Aí, então, as comparações seriam aberrantes ao extremo. Teríamos ao mesmo tempo os veículos mais taxados e simultaneamente entre os mais baratos do mundo. Também se criou, antes da escalada do dólar, a fantasia chamada “lucro Brasil” que impregnou até redes sociais. Obviamente, pelo mercado de veículos ter dobrado em 10 anos, os fabricantes ganharam muito dinheiro no período 2005-2013.

Lucro operacional – diferença entre preço de custo e de venda – ficou mesmo acima da média mundial, mas isso não explica preços altos como alguns aloprados teorizavam. Afinal, com a cotação do dólar a R$ 1,70 em 2010 a distorção comparativa era enorme e incentivou remessas de lucros para socorrer empresas matrizes na crise financeira das grandes economias. Sem dúvida o País perdeu competitividade industrial por razões mais do que sabidas. E só a desvalorização cambial não resolverá tudo, inclusive baixa produtividade geral. Agora, chegou a era do “prejuízo Brasil”. Segundo o Banco Central, em março passado nenhum centavo foi remetido ao exterior pela cadeia de produção automobilística. E com queda de produção e ociosidade crescente os preços subirão acima da inflação pela primeira vez nos últimos anos. Preparem-se.

pitstop

Novo Focus terá t ecnologias de ponta

Entre as novidades, o carro vem com sistema de frenagem automática

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Ford está investindo no desenvolvimento de tecnologias que possam ajudar no futuro da mobilidade urbana. Grande parte deste trabalho é feito em um centro tecnológico de Palo Alto, no Vale do Silício. EUA. “Depois de desenvolvermos novas tecnologias, temos um trabalho ainda maior, que é conseguir produzi-las em grande escala, com preços acessíveis, para atingir um número grande de pessoas”, disse Marcio, Afonso, diretor de engenharia da Ford. Algumas das novas tecnologias equiparão o novo Focus, que

chega no segundo semestre. O kit multimídia do carro promete ser um dos mais modernos do mercado. O Focus teve também mudanças na grande dianteira, que agora segue o padrão global da marca, e os faróis também foram alterados. Na traseira, o para-choque teve mudanças mínimas, assim como a tampa do porta-malas. O sistema de conectividade do Focus é o Sync com Applink, que permite acesso aos aplicativos de smartphones por comandos de

voz. Apenas com os aplicativos que estão no Applink, o motorista tem acesso a programação de cinema, guia de restaurantes, localização de postos de combustível, entre outras funções. O carro terá outras tecnologias de ponta, como o assistente de emergência, que faz uma ligação automática para o Samu em caso de acidente. Para que o sistema avise o Samu do acidente, basta o celular está conectado ao sistema Sync do carro. Outra tecnologia de ponta é o sis-

tema de frenagem de emergência, que controla o tráfego à frente, com sensores instalados no para-brisa. Ao detectar uma possível colisão, o sistema reduz a velocidade e aciona os freios automaticamente. Este sistema funciona se a velocidade do carro for de até 50 km/h. O carro tem sensores instalados na dianteira, traseira e lateral, que fazem com que o sistema de estacionamento automático funcione para vagas de rua e para as perpendiculares (de shoppings e supermercados).

ESTE tem sido ano excepcional de lançamentos concentrados. Apenas coincidência pois projetos sofrem atrasos em diferentes fases e são difíceis de recuperar. Informantes garantem início de produção do Golf nacional em julho próximo em São José dos Pinhais (PR) e da picape média da Fiat em Goiana (PE) em setembro. Vendas até 60 dias depois. POUCO se sabe ainda sobre Ford GT. Supercarro esporte terá chassi de alumínio e compósito de fibra de carbono. Interior (ainda não exibido) sem alavancas de limpador e setas. Motor V-6 biturbo de 3,5 litros e mais de 600 cv. Produção de 250 unidades/ano e preço superior a US$ 300 mil. Será feito em Ontario, Canadá pela Multimatic. Pronto só em 2016, ao se completarem 50 anos das três primeiras posições do GT 40 original na 24 Horas de Le Mans. BMW 428i Grand Coupé reúne elegância ímpar de um sedã-cupê de quatro portas ao tamanho racional e desempenho alto. Tudo na medida certa e com muitos poucos a desafiá-los no quesito preço-benefício. Janelas sem molduras metálicas conferem toque adicional de esportividade. Mas o teto baixo exige atenção a quem entra no banco traseiro. EXISTE como resolver as 240.000 cotas de consórcios contempladas e não transformadas em vendas. Bastaria voltar às origens: consorciado tinha 90 dias para comprar exclusivamente um carro. Nada de carta de crédito livre para gastar como quiser. Isso mudou na época em que havia ágio para aliviar pressão de demanda. ADIAMENTO de decisões já não surpreende. Contran postergou por um ano as placas veiculares padronizadas do Mercosul para 1º de janeiro de 2017 e não de 2016. Discute-se controle de produção e distribuição. Ou seja, o básico. Então não se deveria marcar data apertada.


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ARTIGO

O inferno é melhor do que o SUS JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br Quem leu o meu artigo da semana passada, com o título de “Eu estive bem perto do inferno”, deve estar lembrado que eu elogiei o Plano de Saúde “Smile”, que elogiei a Santa Casa de Misericórdia de Maceió, elogiei o Dr. Humberto Gomes, seu Presidente, elogiei os Médicos Dr. Jacob Rêgo, o Dr. Fábio Jorge Lima e a toda Equipe Médica com as suas competentes enfermeiras. É que, recentemente, eu fui internado nesse estabelecimento hospitalar, durante doze dias, para ser operado da vesícula. Não me faltou nada!!!!.. Fiquei numa suíte com ar condicio-

nado, televisão, frigo-bar, chuveiro elétrico e cama eletrônica. Médicos e enfermeiras me visitavam constantemente, embora no artigo eu tenha dado à entender o contrário, quando falando no ato cirúrgico, em si, demorado e perigoso, como se eu estivesse no inferno. Como ser humano que sou, no hospital eu pensava muito nos brasileiros que não possuem médicos, hospitais, postos de saúde, ambulâncias ou medicamentos, como eu tinha, á minha disposição. Dentre pouquíssimos brasileiros, eu tive direito à médicos, medicamentos, a apartamento e a outras atividades hospitalares. Mesmo pagando caro pelo meu Plano de Saúde, felizmente, eu pude pagar às minhas caras mensalidades, sem ajuda do Governo ou da Petrobrás, como muito fizeram e fazem, através da roubalheira em

todos os órgãos dos Governos. Eu nem gosto de falar no imoral SUS, através dos quais os brasileiros sofrem, se humilham e morrem. Eu posso me sentir feliz, em não ter sido jogado numa enfermaria imunda, juntamente a 10 ou 15 outros pacientes. Nós, somos testemunhas e já ouvimos falar dos coitadinhos que são acomodados um corredor de Hospital, como animais que são sacrificados para o abate. O Governo da Sra. Dilma, deixou o Brasil sem hospitais, sem médicos, sem medicamentos, sem ambulâncias e sem leitos. Diariamente, os noticiários mostram que falta tudo, para a saúde do povo brasileiro. Operações são marcadas para meses futuros, à medida que os miseráveis vão sendo dizimados. A senhora Dilma, não está nem aí, pois, vai deixando que o povo seja dizimado, como foram os

6 milhões de Judéus, na 2ª. Guerra Mundial. Morrem milhões de brasileiros, por falta de saúde, mas, os crimes cometidos, já se tornaram comuns. O Governo da Sra. Dilma, não está combater, nem a dengue. Ela prefere deixar a Saúde do Brasil, como está, com a falta de tudo para os hospitais. Não existe sensibilidade no Governo! O imoral SUS, não tem dado conta, nem das suas responsabilidades. O SUS é um sistema imoral, desumano e nojento, sem seringas, sem luvas, sem esparadrapos e sem algodões. Enquanto isso, os miseráveis vão sendo jogados nas carrocerias de caminhões, para serem jogados no chão dos corredores. O povo que se lixe!!! Em tempo – O meu amigo Nelson Almeida Filho (Nelsinho BB) é um dos meus leitores do EXTRA. Agradeço a ele, pelo incentivo.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Nova polêmica em Traipu

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ranquilo, o vice-prefeito Erasmo dias, que é conhecido por seus munícipes por Erasminho, aguarda como certo o seu retorno à Prefeitura de Traipu e mantém as denúncias contra a prefeita Conceição Tavares, que, segundo ele, cometeu desmandos administrativos e está sendo acusada de desvios de recursos de áreas prioritárias para a população como saúde e educação.

Sem autorização

Conceição perdeu o mandato por decisão da Câmara Municipal por ter passado 17 dias nos Estados Unidos sem autorização do Poder Legislativo, o que afronta a Lei em vigor. Ela retornou ao cargo e pode ser afastada novamente a qualquer momento. “Confiamos na Justiça e o povo de Traipu terá um prefeito que vai trabalhar com honestidade e voltado para ações que garantam a cidadania e o bem estar de todos”, afirma Erasminho.

Corrupção

“Temos provas e entregamos ao Ministério Público e a Justiça de Alagoas de atos danosos ao patrimônio público perpetrados por essa senhora que tanto mal fez ao nosso município”, disse o vice-prefeito Erasmo Dias que pode retomar o comando da cidade ribeirinha por decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Apicultura

Cerca de 320 famílias em situação de extrema pobreza de municípios do vale do São Francisco alagoano serão inseridas na Rota do Mel de Alagoas na segunda etapa das ações de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria do Governo Federal. Para isso, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) irá identificar, cadastrar e capacitar as famílias, e também estruturar a produção com a implantação de kits de apicultura. Os recursos são oriundos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional.

Caixa de ressonância A AMA não recebe apenas os pleitos dos prefeitos alagoanos para tentar resolver diversas situações administrativas em todo o estado. Secretários de estado, municipais, vereadores, deputados federais e entidades têm procurado a Associação porque conseguem retorno para as suas reivindicações. O argumento é de que a Associação dos Municípios Alagoanos tem dado a importância para os manifestos não somente das prefeituras. Além do mais, o presidente da AMA, Marcelo Beltrão, sempre tem atendido quem lhe procura.

Contradição

Rio Largo é um município que sempre está em evidência por causa das diversas denúncias contra o prefeito Toninho Lins (PSB). O município que é pouco desenvolvido realizou na semana passada um grande evento junino. Apesar de ter sido um ‘sucesso’, houve quem reclamasse da falta de investimentos da prefeitura em saúde, educação e infraestrutura.

Distante

O prefeito de Piranhas, Manoel Audálio (PDT), tem participado timidamente das discussões acerca das dificuldades enfrentadas pelos municípios. Ele tem confidenciado que não deve disputar a eleição para prefeito no próximo ano. Segundo o gestor, a cidade está precisando de muitos investimentos e passa por um momento difícil por causa da seca.

Tranquilo

Esta semana, o ex-prefeito de Piranhas, Doutor Dante (PDT), estava passeando em um shopping de Maceió. Dante aparentava tranquilidade, já que está longe da confusão política e judicial instalada no município. Lembrando que o ex-gestor renunciou ao mandato após sofrer um afastamento por determinação do Judiciário.

Sem espaço

O vereador de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar (PSDB), deve mudar de partido. Sua situação política no município não é das melhores, principalmente porque tem feito uma oposição bastante crítica ao prefeito James Ribeiro (PSDB). O cenário em Palmeira dos Índios já é de eleição e Júlio não quer deixar de concorrer à prefeitura.

Mandatário

No PSDB quem dá as cartas é o deputado federal Pedro Vilela. Já afirmou que será preciso uma grande discussão até para saber quem será candidato a prefeito em Maceió. Naturalmente, o prefeito Rui Palmeira seria candidato pela segunda vez, porém, Pedro Vilela quer uma análise mais ampla. Lembrando que Vilela foi secretário de Esportes antes de sair candidato a deputado federal. Para quem é adepto da prática esportiva, ele não deixou saudades

Cultura

O Long Play (LP), também conhecido como vinil, foi uma das revoluções no mundo da música, quando apareceu na década de 1940. A mídia, confeccionada em material plástico em formato de disco, logo chegaria à casa da maioria das pessoas que tivessem condições financeiras de adquirir uma vitrola.

Vínculo com a música

Nascia aí um vínculo ainda mais físico com a música, com o trabalho autoral de inúmeras bandas Brasil e mundo afora. Pensando na retomada de adeptos ao LP, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), de Arapiraca, idealizou o “Clube do Vinil”, que teve sua primeira edição na quinta-feira (21).

PELO INTERIOR ... Ainda Arapiraca: O evento na Casa da Cultura, que começou às 17h, contou com a participação de Paulo Lourenço da Silva, o “Paulo do Bar”, e funcionará como um happy hour diferente, no Sr. Carranca Café, situado no primeiro andar da Casa da Cultura, na Praça Luiz Pereira Lima, bairro do Centro. ... “Este Clube do Vinil se estende aos amantes e também aos curiosos. Toda esta nova geração teve pouco contato com esta mídia e ninguém melhor que o Paulo do Bar para trazer isso à tona, juntamente com histórias da música de sua época”, diz. ... A Campanha de Vacinação contra a Influenza, que terminaria nesta sexta-feira (22), foi prorrogada até o dia 5 de junho. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (20), depois que a Secretaria de Estado da Saúde detectou que Alagoas atingiu apenas 47% da meta mínima estabelecida pelo Ministério da Saúde de imunizar 640.516 pessoas. ... A campanha tem como público-alvo crianças de seis meses a menores de cinco anos, os adultos com 60 anos ou mais, as gestantes, puérperas de até 45 dias após o parto, trabalhadores da saúde, população indígena, portadores de doenças crônicas, pessoas privadas de liberdade e funcionários do sistema prisional. Para serem imunizadas, essas pessoas devem se dirigir até os postos de vacinação próximos de suas residências, cujos endereços estão sendo divulgados pelas 102 Secretarias Municipais de Saúde alagoanas. ... A propósito, a Secretaria de Estado da Saúde iniciou na quarta-feira (20) o pagamento de débitos com fornecedores contraídos no ano anterior. ... O processo segue a orientação da Controladoria Geral do Estado (CGE), responsável pela auditoria que atesta a legalidade da liquidação das despesas. A secretária Rozangela Myszomirska informou que todas as dívidas serão quitadas obedecendo-se a ordem crescente dos valores acumulados. Os fornecedores serão contatados previamente. ... No caso de dívidas sem o devido trâmite legal, baseada no Decreto Estadual nº 39.456, de 20 de fevereiro de 2015, a Sesau adotará as medidas necessárias para apuração das responsabilidades e posterior responsabilização do agente que deu causa a despesa sem o devido cumprimento do dever legal, com posterior análise da CGE e Procuradoria Geral do Estado (PGE), para que ateste a legalidade da liquidação da despesa, conforme preconiza a legislação vigente. ..... Aos leitores da coluna desejamos um excelente final de semana, com muita paz e saúde. Até a próxima edição.


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

Os planos

Confisco, nunca mais!

E

m 1989, trabalhava como repórter econômico no Jornal Gazeta de Alagoas, exatamente o período da hiperinflação que chegou a 84% ao mês, em fevereiro de 1990, com Fernando Collor eleito presidente da República, anunciando o fim dela, mas garantindo que jamais mexeria na caderneta de poupança, o investimento mais seguro e rentável da época. Assim, acreditava não apenas como jornalista, mas também como poupador. No dia da posse, reunido com seus ministros da área econômica, decretou o Plano Collor com o confisco do mercado financeiro, inclusive a poupança. “O país virou de cabeça para baixo.” Meses depois, com o bolso vazio, a inflação de 84% sem ter sido repassada para a poupança e os salários, procurei o presidente do Sindicato dos Bancos para uma entrevista. Um outro cliente se encontrava conversando com ele, e ao ver o exemplar do dia do jornal, mostrou minha coluna (não existia foto) nem ele me conhecia. E aí desabafou: “Esse jornalista é um mentiroso. Acreditei nele, sempre dizendo que não iria existir mudança na poupança. Perdi tudo e estou aqui minguando um empréstimo”. Fez o desabafo e saiu. Momentos de total constrangimento entre eu e o gerente. Mas a entrevista foi feita e publicada no dia seguinte. A inflação sumiu, mas voltou logo depois, até que dois anos depois, no governo Itamar Franco, foi adotado o Plano Real, sem confisco, sem congelamento e inflação zero.

1986, governo José Sarney, com a inflação disparada, é adotado o Plano Cruzado, saindo o Cruzeiro, moeda criada na década de 1940, no governo Getúlio Vargas. Congelamento de preços e salários, mas nenhuma mudança na caderneta de poupança e demais investimentos do mercado financeiro. A classe média aplaudiu, já que seu dinheiro vinha rendendo juros e correção monetária, permitindo carro novo, viagens, mudança de móveis e utensílios e outros benefícios. Ninguém se preocupava com preços, porque eles estavam congelados, assim como os salários. Só que tinha o rendimento certo da poupança. Só durou pouco mais de um ano. Os preços voltaram a subir, exatamente porque começou a falta mercadorias nos supermercados. 1987, entra o Plano Bresser, alusão ao então ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser. Novo congelamento de preços e salários, mas ninguém acreditando mais. A bagunça começou, com a falta de produtos e só se vendia com preços acima dos tabelados. Não se repassa a inflação para os salários. E o País continuou em crise, desemprego e claro, recessão. Mas a poupança continuava rendendo. E a pobreza aumentando, pois pobre não tinha como possuir caderneta de poupança, já que tudo que ganhava usava na compra de alimentos. 1989, Plano Verão, com o novo ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega. Novo congelamento de preços e salários e o mesmo problema do anterior. Os jornalistas econômicos não tinham mais como dar dicas de economia. Ninguém acreditava no governo. Chegam as eleições presidenciais e claro, que o candidato do Sarney perdeu feio para a esperança dos brasileiros, Fernando Collor de Mello, o mais jovem entre todos os presidentes da República. E o resultado, foi o que se leu no início da coluna. Assim, esperamos que confisco, nunca mais!


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CULTURA

Sociedade Musical de Santa Luzia do Norte promove inclusão social Celeiro de várias gerações de músicos, instituição sexagenária mantém em atividade uma escola de música e uma banda MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

Sociedade Musical Professor Vanderlei (SMPV), do município de Santa Luzia do Norte, é exemplo de perseverança e de sucesso desde 1943, quando foi fundada. São 61 anos formando músicos e promovendo a inclusão social de crianças, adolescentes, jovens e adultos do município. Pioneira no campo da cultura musical, a instituição mantém a Escola de Música Maestro Otaviano Romero “FON-FON” e a Banca de Música Professor Vanderlei. Associação de direito privado, sem fins econômicos e lucrativos, de caráter cultural e assistência social, tem como finalidade a cultura e a assistên-

cia social como instrumento de promoção, defesa e de proteção da adolescência, da juventude e de adultos. Declarada como de utilidade pública municipal pela Lei nº134, de 19/11/1984, com registro no Conselho Nacional de Assistência Social, sob o nº 0000.120444/52-20.00, sua meta principal é formar músicos para dar continuidade à banda de música, bem como a sua profissionalização e inclusão e interação social. A SMPV busca ainda mostrar que através do aprendizado musical é possível estimular diversas áreas do cérebro e desenvolver habilidades como a concentração, criatividade, memorização, raciocínio e coordenação motora. O município é um celeiro

Banda de Música Professor Vanderlei, mantida pela SMPV, é um dos destaques de Santa Luzia do Norte

de bons músicos, muitos renomados, graças ao empenho da Sociedade Musical. Alguns com passagem pelo Exército Nacional, da Polícia Militar, integrantes de bandas brasileiras famosas, entre outros campos musicais. Vale ressaltar que a instituição participa, gratuitamente, dos

eventos cívicos, culturais e religiosos realizados no município, além de divulgar a cultura musical de Santa Luzia do Norte. Quem conhece o trabalho desenvolvido na Sociedade Musical aprova toda a dedicação e competência de seus dirigentes. Quem ainda não teve o privilégio de assistir a uma apre-

sentação, sinta-se convidado a participar dessa verdadeira obra de arte que enche de orgulho a quem ouve e principalmente a quem pratica. Por ser uma iniciativa sem fins lucrativos, qualquer ajuda e incentivo serão bem vindos. Os atuais e futuros músicos agradecem.


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