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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 827 - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015

TC VAI DEMITIR SERVIDORES QUE GANHAM SEM TRABALHAR P/ 16

ESTADOS E MUNICÍPIOS MAIS POBRES TÊM OS MAIORES GASTOS COM PARLAMENTARES P/ 6 a 9

Decisões de Washington Luiz beneficiaram diretamente Toinho Batista

PRESIDENTE DO TJ ATROPELA RESOLUÇÃO DO CNJ PARA BENEFICIAR ALIADOS POLÍTICOS Vereadores presos por corrupção voltam aos cargos e anulam cassação de prefeito P/5

PROFESSOR DA UNIT É DENUNCIADO POR PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E DIFAMAÇÃO P/ 18


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Parasitas do erário

M

erece aplauso a decisão corajosa do presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, conselheiro Otávio Lessa, de demitir - por abandono de emprego - todos os servidores que recebem sem trabalhar. A lista é grande e entre os parasitas dos cofres públicos estão ex-prefeitos do Interior, filhos de ex-conselheiros do próprio TC e membros de famílias ilustres que sempre confundiram o público com o privado. Vale destacar que esses “servidores” nunca deram um dia de serviço no TC, mesmo recebendo altos salários. A irregularidade vem desde que o tibunal existe e até agora nenhum presidente da Corte havia tido coragem de afrontar esses apadrinhados.

Deu no Antagonista “Habeas Corpus pede que Lula não seja preso por juiz da Lava Jato”. A manchete da Folha de S. Paulo se refere a um documento protocolado na última quarta-feira. O Instituto Lula negou a autoria do pedido, mas ele está aqui:

As manobras para levar de volta ao cargo o prefeito cassado de Joaquim Gomes, Toinho Batista, não puseram fim ao embate entre aliados do prefeito e correligionários de sua vice, Ana Genilda. Até ontem, advogados dela insistiam em que a cassação do prefeito, na quarta, foi ilegal. Toinho Batista foi reconduzido ao cargo numa sessão dirigida pelo grupo de vereadores presos no ano passado depois de serem flagrados recebendo “mensalinho”.

É lamentável que a Unit mantenha em seu quadro de docentes um professor acusado de preconceito, discriminação e difamação. A situação de Raphael Araújo é tanto mais grave por ser ele coordenador do curso de Comunicação Social e que deveria dar bom exemplo aos alunos.

Embate 2 Entre idas e vindas de Toinho Batista, salta aos olhos as decisões do Pleno do TJ, e mais notadamente do presidente da Corte, Washington Luiz, em benefício dos aliados do prefeito. É que elas desqualificam por completo as decisões dos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital, responsável pelo afastamento dos vereadores.

10 anos do CNMP

Aposentados A Câmara dos Deputados aprovou na quarta, 24, por 206 votos a favor e 179 contra, emenda que estende às aposentadorias e pensões o mesmopercentual de aumento do salário mínimo. O projeto segue agora para análise do Senado. Entre os votos contrários, quatro foram da bancada de Alagoas: Arthur Lira, Maurício Quintella, Givaldo Carimbão e Paulão. Cícero Almeida, Ronaldo Lessa e Pedro Vilela votaram a favor. Os nomes dos deputados Marx Beltrão e JHC não constam da lista de votação.

Nosso colaborador, engenheiro José Arnaldo Lisboa Martins, é o mais novo avô do EXTRA. Na quarta, 24, em pleno Dia de São João, nasceu Pietro, filho do advogado Petras Ferreira Lisboa Martins e sua esposa Marcela.

Embate 1

Péssimo exemplo

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) comemorou terça feira, 23, em Brasília, os 10 anos de atividades, homenageando os conselheiros que integraram a primeira composição. O Procurador de Justiça Luciano Chagas da Silva, presente à sessão, único alagoano a integrar o Conselho até agora, foi homenageado e saudado pelo procurador-geral da República e presidente do Conselho, Rodrigo Janot, agradecendo a manifestação em nome dos demais conselheiros.

Em festa

Mudança do Já

Embate 3

A Aliança Comercial de Maceió entidade que representa os lojistas do Centro da cidade, está pedindo ao governo do Estado que reveja a decisão de retirar sua unidade do Já do local. Em nota à imprensa, a Aliança destaca que a mudança vai prejudicar centenas de pessoas que circulam pelo Centro, muitas das quais em busca de resolver pendências nos órgãos do governo e que não dispõem de condições financeiras para estarem se deslocando com frequência a outros bairros.

É de se estranhar as recentes decisões da alta Corte da Justiça estadual diante da defesa veemente que fez da 17ª Vara, ao menos perante a opinião pública, quando da votação do projeto de lei para sua regulamentação na Assembleia Legislativa.

Comércio E por falar em Aliança Comercial, a entidade avisa à população que as lojas do Centro estarão funcionando normalmente nesta sexta-feira. Com chuva ou sem chuva!

CNJ de olho Não custa avisar e que ninguém se engane. O Conselho Nacional de Justiça está atento ao dia a dia do Judiciário alagoano. Há quem garanta que o processo do juiz da Comarca de Marechal Deodoro, Léo Denisson, suspeito de venda de sentença, é só um dentre os vários que estão na mira do CNJ.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Lula quer derrubar a Dilma Rio - O Brasil inteiro pergunta: O que essa senhora faz trepada numa bicicleta pra cima e pra baixo enquanto o país pega fogo? O próprio Lula já respondeu a essa pergunta numa reunião com alguns padres em São Paulo para justificar o porquê do pais está à deriva, ingovernável, no caos, e chafurdando na lama da corrupção. Olha que coisa: Lula afirmou categoricamente que a Dilma mentiu para os brasileiros na última campanha, confirmando o estelionato eleitoral que os brasileiros já desconfiavam. Lula repetiu na palestra o texto que a sua companheira usou na campanha: “Eu não mexo nos direitos dos trabalhadores nem que a vaca tussa. E mexeu. Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano. E fez”. Lula soltou o verbo contra a Dilma na conversa com religiosos no auditório do seu instituto. Criticou a atuação dela no governo e a morosidade em tomar medidas que tire o país do atoleiro. Veja as críticas que ele fez a amiga a quem ajudou em duas eleições, deixando a oposição de queixo caído: “Primeiro: inflação. Segundo: aumento da conta de água, que dobrou. Terceiro: aumento da conta de luz, que para algumas pessoas triplicou. Quarto: aumento da gasolina, do diesel, aumento do dólar, aumento das denúncias de corrupção da Lava-Jato, aquela confusão desgraçada que nós fizemos com o Fies, que era coisa tranquila e que foram mexer e virou uma desgraceira que não tem precedente. E o anuncio de que ia mexer na pensão dos aposentados, na aposentadoria dos trabalhadores”. Gente, quem diz que o Brasil está sendo administrado por uma presidente incompetente é o Lula, parceiro, o homem que apresentou ao país essa senhora como uma executiva competente, a “Mãe do PAC”, a mulher que estaria mais preparada do que ele para prosseguir com os programas sociais e alavancar a economia do país gerando mais emprego e renda. Agora, infelizmente, Lula desdiz tudo como se o Brasil fosse do tamanho de uma birosca de São Bernardo Campo, onde da noite para o dia se trocassem os vasilhames vazios para suprir o estoque. A mea-culpa do Lula mostra o seu próprio despreparo para escolher equipe quando esteve à frente do comando do país, o que resultou no mensalão. A Dilma, pelo que se sabe, já tinha uma experiência fracassada como “gerentona”, como ele alardeava para vender gato por lebre aos brasileiros. Ela conseguiu falir uma loja de R$ 1,99 que instalou em Porto Alegre. Além disso, na presidência do Conselho da Petrobrás foi um desastre ao assinar a compra de Pasadena, no Texas, que provocou um prejuízo de 1 bilhão de reais a estatal. Mas Lula, por arrogância e soberba, não quis ouvir seus companheiros de partido que o alertava sempre sobre a incapacidade dessa senhora de administrar alguma coisa. Contra todas as opiniões em contrário, botou a Dilma de goela adentro dos brasileiros e hoje fica choramingando porque ela segue em direção contrária as suas orientações.

Orientação Lula tinha outras intenções quando indicou Dilma à sua sucessão. Como ele sabia do seu despreparo político, pensou em continuar mandando no governo ao elegê-la presidente. E isso de verdade aconteceu até perceber agora que a Dilma não movimenta uma palha para tirar ele e seus companheiros de partidos do imbróglio dos escândalos. Para Dilma, Lula só deixará de lhe fazer sombra quando for preso. Assim ficaria enfraquecido para impor sua posição dentro do governo. Ela esquece, portanto, a magia de Lula com um microfone na mão, o que ele faz com competência desde que abandonou a fábrica para virar sindicalista. O primeiro sinal de que o criador ensaia devorar a criatura aconteceu nessa reunião com os padres. Com eles, Lula tentou minar sua companheira induzindo os religiosos das pastorais católica a falar mal da Dilma a partir de agora nos seus sermões.

Coroinha Gilberto Carvalho, o interlocutor de Lula com a pastoral , coordenou a reunião da Igreja com o seu chefe. Ficou de alma lavada com as críticas a Dilma de quem não gosta nem ouvir falar o nome, depois de ser expelido de dentro do Palácio do Planalto como o principal espião do Lula lá dentro.

Paciência Com paciência, competência e muita determinação, o juiz Sergio Moro, o homem que, com coragem e destemor, desbaratou a maior quadrilha de bandidos engravatados do país, aproxima-se cada vez mais da cúpula do PT. Não quer agir politicamente como fazem os deputados da CPI da Lava-Jato na convocação dos seus depoentes. Ele atua com o rigor da lei. Tanto é assim que raramente a Justiça relaxa a prisão dos seus investigados quando detidos. Com um trabalho de formiguinha, Moro e sua equipe vão montando o quebra-cabeça do desvio de bilhões de reais da Petrobrás e do BNDES onde os petistas atuavam com liberdade sob o manto da impunidade.

Munição Moro, segundo se sabe, já teria munição suficiente para expedir mandados de prisão para muitos diretores do BNDES, envolvidos com a bandalheira petista nos empréstimos externos que tiraram do banco bilhões de reais para ditadores africanos e governantes da América do Sul, como os chavistas da Venezuela. Mas ele é cauteloso: precisa de provas irrefutáveis que levem à prisão dessas pessoas sem chance de se livrar da cadeia por falta de elementos que comprovem o envolvimento delas com a ladroagem que tomou conta do país.

Empresários A prisão recente de outros empresários, responsáveis pelas duas principais empreiteiras do país, a Odebrecht e Andrade Gutierrez, certamente vai levar o caminho que Sergio Moro precisa percorrer para chegar ao Lula e a equipe que movimentava, sob a sua orientação, bilhões de reais no exterior. O ex-presidente, ao deixar o cargo, virou um lobista de luxo. Vivia pendurado nos jatinhos das empreiteiras e de empresários como do Eike Batista atravessando o Atlântico a caminho dos países africanos, dominados há décadas por déspotas sanguinários.

Lobista Criou o Instituto Lula com o pretexto de ajudar os miseráveis da África, mas, na verdade, o que ele fazia de fato era despejar caminhões e mais caminhões de dinheiro do BNDES em projetos de infraestrutura nesses países. Muito desse dinheiro foi parar no bolso dos ditadores, enquanto no Brasil as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estão paralisadas desde o primeiro governo da Dilma que mantém uma equipe de efeitos especiais para apresentar anualmente um novo programa de infraestrutura para o país, a exemplo do que fez este mês em uma solenidade pirotécnica no Palácio do Planalto.

Desgoverno O Brasil já não suporta mais esse desgoverno petista. A violência está por todos os cantos; a inflação corrói o salario do trabalhador; a inadimplência das pessoas é a maior da última década; os preços dos alimentos nos supermercados e nas feiras estão na estratosferas; os aposentados (como sempre!) vão pagar o pato dessa administração caótica; o país está ingovernável, depois que a presidente fraudou a Lei da Responsabilidade Fiscal para aprovar suas contas; e carros e imóveis estão sendo tomados pelos bancos. O país está deteriorado e desacreditado no mercado externo. Um quadro dantesco!

Impopular Pesquisas mostram que em São Paulo, o estado que concentra a riqueza do país, a rejeição ao PT já alcança os 70%. A popularidade da presidente está no chão. Ela não governa mais. Foi substituída pelo PMDB, partido que se agarra como pode para permanecer no poder. A equipe de governo é despreparada, incompetente, incapaz de formular uma política econômica e social para tirar o país do caos. O ministério da Dilma é rebotalho. É o que existe de mais insignificante do pensamento brasileiro. E depois de tudo isso, fica a pergunta: será que vamos esperar o país afundar de vez para pedir o impeachment da Dilma? Quem sair por último, por favor, apague luz.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 Envolvimentos

GABRIELMOUSINHO

A Operação Lava Jato chega já, já a Alagoas. Algumas empresas que realizam grandes obras no Estado estão com a corda no pescoço. Podem ser detonadas a qualquer momento pelos delatores que não querem se enforcar sozinhos.

gabrielmousinho@bol.com.br

O Governo e a maré

J

á se passaram seis meses e o governo de Renan Filho não avançou praticamente em nada, a não ser a atuação da Secretaria de Defesa Social, que tem no seu comando um promotor de Justiça comprometido com a lei e a segurança. Se não fosse Alfredo Gaspar de Mendonça, que assumiu literalmente o comando da SDS contra o crime organizado, enfrentando os traficantes que exploram, matam e amedrontam os alagoanos, o governo não teria alcançado a diminuição desses índices de criminalidade e passaria quase despercebido pela população alagoana. Nos outros setores, muita conversa e pouca ação. Não se avançou nada na saúde pública, pouquíssimo na educação e nos outros setores só cortes sob a alegação de que não existe dinheiro para isso. Todo mundo sabe que as promessas de campanhas, de todos os candidatos, inclusive de Renan Filho, eram utópicas, como eles estão cansados de fazer. A crise que se instalou no Brasil, consequentemente virou uma bola de neve para os Estados e Municípios. Mas isso não quer dizer de que não haja a mínima solução para os problemas. Cortar gastos, o que o governo atual fez discretamente em alguns setores, não deve resolver o problema de Alagoas. As dificuldades devem ser encaradas de frente, sem ilusões, para que possamos atravessar a marolinha que se transformou numa onda como disse a própria presidente Dilma Rousseff. Que o governador Renan Filho aja, trabalhe com os pés no chão, dialogue com os servidores públicos, que não é lá sua praia, e encontre alternativas, as mínimas possíveis, para atravessarmos o caos que se encontra o Brasil e Alagoas.

Não é por aí 1 O governador Renan Filho fez uma baita reunião na segundafeira última para anunciar recursos de 20 milhões de reais. Contou com a presença do ministro Gilberto Occhi, da Integração Nacional, exatamente indicado pelo Partido Progressista, liderado no Senado por Benedito de Lira, que foi seu adversário nas eleições do ano passado.

Não é por aí 2 O oba-oba contou ainda com a presença de apenas três dos nove deputados federais e três dos vinte e sete deputados estaduais, numa representação pífia para quem está com a bola toda. Mas a mesa estava ainda florida, para demonstrar força, com as presenças do presidente do Tribunal de Justiça, Washington Luis, e do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Otávio Lessa.

Projeto do PSDB Ligeirinho, o PSDB elegeu Teotonio Vilela como seu presidente regional e, na semana seguinte, entregou o diretório municipal ao veterano Virgílio Palmeira. Os tucanos parecem que andam esquecidos de Dalton Dória, um dos esteios do tucanato durante muitos anos e que deu sua grande contribuição ao partido.

Calvário O deputado federal Cícero Almeida vai ter que correr muito para montar uma estrutura que possa viabilizar sua candidatura a prefeito de Maceió no próximo ano. Ele terá que começar tudo outra vez. Reunir amigos, o que não são muitos, e montar uma nova estratégia política que possa voltar a convencer o eleitorado maceioense. Almeida sabe que a tarefa é difícil. Basta fazer uma avaliação de quantos votos obteve na capital nas últimas eleições.

Alto lá O ex-governador Téo Vilela tem o projeto de sair mesmo candidato a senador nas próximas eleições, mas vai ter que superar algumas dificuldades, a exemplo de processos que terão o seu curso normal na Justiça alagoana.

10 a 0 A Câmara de Vereadores de Maceió tem feito bonitinho o dever de casa. Os vereadores têm trabalhado, mostrado serviço, ido ao encontro da população na periferia da cidade e discutindo com a Prefeitura de Maceió o que é melhor para a população. Já a Assembleia Legislativa, bem, deixa isso pra lá.

Decepcionado Um dos melhores quadros políticos de Alagoas, pela sua seriedade, trabalho e responsabilidade, está tomando novos rumos. O engenheiro Judson Cabral, que só fez honrar o Partido dos Trabalhadores, sai decepcionado. Também pudera. Os exemplos não são nada bons.

Sem mordaça O jornalista Bernardino Souto Maior estreia na próxima semana com o seu novo blog no Diário de Arapiraca. Promete notícias em tempo real e independência jornalística. Os leitores de Bernardino aguardam com ansiedade o novo site de notícias.

Com a barriga Não será agora que a Polícia Militar de Alagoas e o Corpo de Bombeiros irão se confraternizar sobre ganhos reais no governo de Renan Filho. Se isso ocorrer vai ser para mais bem longe. As perspectivas de reajustes ou reposições salariais vão além do horizonte.

Promessas não cumpridas Bem que o governador Renan Filho tem interesse de resolver a situação financeira dos trabalhadores estaduais, mas esbarra nas dificuldades. Ele prometeu convocar a reserva técnica da Polícia Militar que começa a ficar velha e defasada, mas diz que não tem dinheiro no momento, dificuldade imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Quer reajustar os servidores das diversas categorias, mas a crise não deixa. Promete resolver os problemas da saúde e educação, mas não tem programação definida. Enfim, bem...

´´Sou eu´´ Na última entrevista concedida pelo governador Renan Filho, os jornalistas ficaram surpresos. Ele próprio fazia as perguntas e respondia de sua maneira. Era como se ali não estivessem entrevistadores e entrevistado.

Inversão Os jornalistas também estão surpresos com as entrevistas concedidas pela Polícia Federal quando é deflagrada uma ou outra operação. Os delegados iniciam os relatos afirmando que não podem divulgar os nomes dos acusados, os motivos para as prisões e outras querelas mais. Assim, não dá.

Chegando As últimas reportagens da revista Veja mostram que o cerco está apertando para autoridades que levaram muita vantagem no escândalo do Petrolão. Os que aguentam cadeia ainda resistem a uma delação premiada. Os outros acostumados a hotéis cinco estrelas, alimentação internacional e viagens de jatinhos pelo mundo afora, além de passeios com iates acompanhados de mulheres bonitas, estão chegando ao limite. Abrem a boca já!

Distância A presença do deputado federal Arthur Lira no Palácio dos Martírios, na última segunda-feira, foi cheia de interpretações. Mas a verdade, dizem amigos do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, é que, ali, estava a maioria dos prefeitos de sua base aliada. O encontro com o governador Renan Filho foi republicano e o filho de Calheiros sabe perfeitamente da importância de Arthur na CCJ da Câmara.

Sem reconhecer Ao receber do ministro da Integração Nacional a informação de que seriam liberados 20 milhões de reais para as áreas mais sofridas com a estiagem, Renan Filho desconheceu de propósito que a ação maior foi do senador Biu de Lira. Preferiu demonstrar que os recursos conseguidos foram uma ação pessoal do governo.

Aproximação zero Quem conhece a malandragem da política em tempo de campanha, sabe que dificilmente haverá uma aproximação entre o grupo do senador Biu de Lira e o grupo dos Calheiros, passando aí pelo prefeito de Maceió, Rui Palmeira. É que, na verdade, quanto melhor os Calheiros tirarem o Biu do caminho, melhor para afagos com o ex-governador Téo Vilela, que terá que responder sobre acusações da Operação Navalha denunciadas anos atrás.

Por trás da cortina Algumas nomeações em nível nacional e local, a exemplo da Administração do Porto de Maceió, são creditadas ao senador Renan Calheiros, que já disse publicamente que está fora dessa empreitada. Mas, indagados sobre as indicações, alguns partidos tiram o corpo fora e atribuem ao presidente do Senado Federal. É o caso de Rosiana Beltrão, do Porto de Maceió.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 -

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JOAQUIM GOMES

Presidente do TJ ignora resolução do CNJ em benefício de aliados

Flagrados recebendo ‘mensalinho’ voltam aos cargos e anulam cassação do prefeito Toinho Batista

VERA ALVES veralvess@gmail.com

O

ito meses após protagonizarem uma das mais deprimentes cenas da política alagoana – serem presos em plena sessão ordinária – os oito vereadores de Joaquim Gomes acusados de receberem “mensalinho” estão de volta à Câmara Municipal, numa operação engendrada com apoio de influentes aliados e que culminou na quarta-feira, 24, com o retorno ao cargo do até então prefeito cassadoAntônio de Araújo Barros, o Toinho Batista. Afastado do cargo a 14 de abril do ano passado, por decisão da Justiça e a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), Toinho Batista havia sido cassado no dia 7 de janeiro deste ano por uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Vereadores. Sobre ele pesam as acusações de atos de improbidade administrativa, por desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e compra e uso de notas fiscais frias. Foi durante o afastamento dele, em outubro do ano passado, que os oito dos 11 vereadores da cidade foram presos juntamente com o secretário de Saúde da gestão de Toinho, Ledson da Silva, numa operação do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), juntamente com as polícias Civil e Militar. A ação, que posteriormente seria divulgada em todo o país, foi fruto de investigações que revelaram que o prefeito afastado pagava uma propina mensal aos vereadores para que se mantivessem como seus aliados. Filmado, o pagamento do “mensalinho”, como a propina ficou conhecida, e que era feito através de Ledson da Silva, foi mostrado para todo o país em reportagem sobre o caso exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, e ainda hoje pode ser visto no Youtube, nos endereços www.youtube.com/watch?v=kyyI-

j2G3HNY (parte 1) e www.youtube.com/watch?v=2nJcuKU7T2w (parte2). Na decisão da última quarta, os vereadores Antônio Gonzaga Filho, Edvaldo Alexandre da Silva Leite, Cícero Almeida Lira, Adriano Barros da Silva, Antônio Márcio Jerônimo da Silva, Antônio Emanuel de Albuquerque de Moraes Filho - o Maninho do Araçá -, Tereza Cristina Oliveira de Almeida e Dionísio Bonifácio Barros anularam a decisão da CEI e reconduziram Toinho Batista ao cargo. Destes, apenas Dionísio não figura na lista dos que foram presos em 2014 por receberem o mensalinho. Os demais, e também o vereador Edivan Antônio da Silva, até pouco tempo também tinham tido afastados dos cargos e posteriormente tiveram seus mandados cassados pela própria Câmara Municipal. Os primeiros a reassumirem os mandatos foram Maninho do Araçá e Márcio Gerônimo, em decisão datada de 28 de abril, por maioria de votos do Pleno do TJ, com base no fato de que já teriam decorrido os 180 dias de afastamento determinado pela 17ª Vara Criminal da Capital – onde tramitam os processos contra os vereadores. Na mesma sessão, contudo, e a despeito de ser alvo das mesmas acusações, os desembargadores por maioria negaram o pedido de retorno a Cícero Lira. Lira só reassumiu o mandato na última quarta, junto com Edvaldo Alexandre da Silva Leite e Edvan Antônio da Silva. Os três ingressaram com mandado de segurançana última segunda-feira (22), quando teve início o recesso do judiciário que termina na próxima terça, 30. Responsável pelo plantão, o desembargador Washington Luiz determinou a volta dos três aos cargos, com o restabelecimento dos respectivos subsídios. E justificou a decisão amparado no que fora decidido pelo Pleno em relação a dois ve-

Aliado político de Inácio Loiola, por quem fez campanha,Toinho Batista foi beneficiado por decisões nos plantões de Washington Luiz

readores e em suas próprias decisões monocráticas, todas de retorno dos cassados aos cargos. No mesmo dia 22, o presidente do TJ já havia determinado o retorno ao cargo do vereador Antonio Gonzaga. No dia 6 deste mês, um sábado, portanto no plantão judiciário do final de semana, a contemplada foi a vereadora Cristina Almeida e, no dia 16, o vereador Adriano Barros.

de busca e apreensão de pessoas, bens ou valores, desde que objetivamente comprovada a urgência; f) medida cautelar, de natureza cível ou criminal, que não possa ser realizado no horário normal de expediente ou de caso em que da demora possa resultar risco de grave prejuízo ou de difícil reparação, e, g) medidas urgentes, cíveis ou criminais, da competência dos Juizados Especiais.

RESOLUÇÃO DO CNJ Ocorre que a análise de mandados de segurança deste teor nos plantões judiciários – finais de semana, feriado e pontos facultativos - vai de encontro à Resolução 71/2009 do Conselho Nacional de Justiça, que estabelece como situações para análise apenas as seguintes: a) pedidos de habeascorpus e mandados de segurança em que figurar como coator autoridade submetida à competência jurisdicional do magistrado plantonista; b) medida liminar em dissídio coletivo de greve; c) comunicações de prisão em flagrante e à apreciação dos pedidos de concessão de liberdade provisória; d) em caso de justificada urgência, de representação da autoridade policial ou do Ministério Público visando à decretação de prisão preventiva ou temporária; e) pedidos

CEI SOBRE TOINHO VIRA EMBATE NO TJ A cassação de Toinho Batista chegou a ser derrubada em fevereiro em liminar concedida por Washington Luiz no plantão da Quarta-Feira de Cinzas a um agravo de instrumento (080054147.2015.8.02.0000) interposto pe -la defesa do prefeito às 17 horas do dia 13 de fevereiro, a chamada sexta-feira do carnaval. A decisão do presidente do TJ contudo, terminou sendo anulada pelo desembargador Fábio Bittencourt no dia 3 de março. Motivo: no mesmo dia 13, só que às 18h40, a defesa do prefeito deu entrada em outro agravo de instrumento (080054317.2015.8.02.0000) e com o mesmo objetivo, o que é totalmente irregular. Segundo os opositores de Toinho Batista, o objetivo era asse-

gurar que o agravo fosse parar nas mãos de Washington Luiz. Antes que a liminar fosse anulada, Toinho Batista chegou a ser empossado de volta ao cargo no dia 25 de fevereiro, mas foi por pouco tempo, apenas algumas horas. No mesmo dia a Câmara aprovou seu afastamento por 90 dias sob a alegação de que teriam surgido novas denúncias de irregularidades contra ele e que seriam levadas ao Ministério Público. O prefeito recorreu e o juiz da Comarca de Joaquim Gomes, Luca Lopes Dória, determinou seu retorno, advertindo a Câmara por estar descumprindo determinação judicial, em referência à liminar de Washington Luiz. Reempossado no dia 2 de março, Toinho Batista saiu no dia 3, com a decisão do desembargador Fábio Bittencourt. O retorno de Batista ao cargo seria uma espécie de agradecimento ao fiel correligionário do deputado estadual Inácio Loiola, irmão do presidente do Tribunal de Justiça. Embora afastado, Toinho Batista se empenhou em angariar votos para o então candidato à reeleição na Casa de Tavares Bastos nas eleições do ano passado. Ele prometeu e cumpriu: Loiola foi o candidato à Assembleia mais votado no município, com 863 votos.

ELEIÇÃO NA CÂMARA Com as dificuldades em obter judicialmente o retorno de Toinho Batista, a estratégia foi levar de volta à Câmara todos os seus aliados e eleger uma nova Mesa Diretora para anular o decreto que cassara o mandato do prefeito, o que também se deu na última quarta, 24, em pleno feriado municipal decretado uma semana antes pela agora ex-prefeita Ana Genilda Costa Couto. Para a presidência, o grupo escolheu Antônio Emanuel de Albuquerque de Moraes Filho - o Maninho do Araçá. Os demais membros são Tereza Cristina de Oliveira Almeida e Adriano Barros da Silva.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 TRANSPARÊNCIA BRASIL

Estados e municípios mais pobres gastam mais em verbas e auxílios parlamentares JULIANA SAKAI BIANCA BERTI

A

Transparência Brasil dividiu estados e capitais em grupos de maiores e menores PIBs per capita e confrontou os tamanhos das economias com os gastos parlamentares – que incluem salários, verbas e auxílios diversos a deputados estaduais e vereadores. O que se revelou foi uma inversão lógica: segundo dados coletados junto a Assembleias e Câmaras, estados mais pobres gastam em média 20% mais do que os ricos; capitais mais pobres, 16% a mais. O Pará, por exemplo, que tem um terço do PIB per capita de São Paulo, gasta 30% a mais por deputado estadual. A irracionalidade é a mesma quando se comparam as capitais: Natal, por exemplo, tem a metade do PIB per capita de Curitiba, mas empenha com seus vereadores o dobro da capital paranaense. Nas 13 capitais com os maiores índices de PIB per capita, a produção de bens e serviços é, em média, R$ 35.306 por ano. Esse montante é mais do que o dobro das 13 capitais mais pobres, cuja média é de R$ 15.953 anuais. No entanto, as Câmaras Municipais destas gastam por vereador 16% a mais com salários, auxílios e verbas indenizatórias do que as capitais com os maiores índices de PIB per capita; enquanto os pobres gastam em média de R$ 25.808 por mês, os ricos gastam R$ 22.332. O mesmo ocorre nas Assembleias Legislativas. Enquanto os 12 estados da base têm PIB per capita de R$ 11.873, seus gastos com salários e verbas são 20% mais altos do que os dos 12 estados do topo – que têm R$ 28.686 de PIB per capita. Em média, são R$ 61.556 mensais gastos com verbas parlamentares nas economias pobres contra R$ 51.318 dos estados mais abastados.

Parlamentares burlam teto constitucional

O

Congresso brasileiro reajustou, no início de 2015, os salários de seus deputados federais de R$ 26,7 mil para R$ 33,8 mil. O aumento incide diretamente nos estados e municípios, uma vez que a Constituição impõe tetos em salários de deputados estaduais e vereadores de grandes cidades com base no que recebem os representantes federais. De acordo com o § 2º do artigo 27 da Constituição, deputados estaduais podem ter vencimentos de no todas as novas legislaturas de Assembleias Legislativas, e em 25 das 27 unidades federativas os deputados estaduais recebem agora o teto de R$ 25,3 mil. Em relação aos municípios, houve também reajuste no salário dos vereadores no início da atual legislatura, em 2013. Com um teto limitado a 75% dos salários de deputados estaduais, que à época recebiam até R$ 20.042, a maioria das Câmaras das capitais do país autorizou o reajuste, e Casas de dez capitais fixaram o salário para seus vereadores no teto de R$ 15.032. No entanto, duas Câmaras

ofereciam salários acima desta quantia antes do reajuste das Assembleias: a de Teresina e a de Natal. Em 2013, foi aprovada uma lei em Natal que define os salários dos vereadores em R$ 17 mil. Na página de Transparência, no entanto, a Câmara natalense apenas informa o salário líquido de R$ 15.019. Já a Câmara Municipal de Teresina, que havia reajustado os salários no início de 2013 no teto permitido, aumentou a quantia novamente em março de 2014, para R$ 15.886.

Nas outras capitais o salário-base se mantém no limite estipulado, mas em alguns casos os próprios vereadores criaram gratificações para cumprir atribuições que já são próprias do mandato. Em Boa Vista, a Mesa Diretora aprovou no início deste ano uma resolução que dá gratificações a membros da própria Mesa e de comissões e estabelece que gratificações não podem ser superiores a 80% do salário. Assim, embora o salário-base esteja estipulado em R$ 10.012,50, um vereador que atue em duas comis-

sões pode vir a desembolsar R$ 18 mil. Nas Câmaras de Curitiba, Recife, Porto Alegre e Florianópolis, os presidentes recebem adicionais que variam de 6% a 50% do salário-base. Essa prática não é exclusiva das Câmaras Municipais. Na Assembleia Legislativa de Roraima, os deputados recebem extras de 55% do salário se forem presidente ou vice-presidente de comissões permanentes, de 65% se forem membro da Mesa Diretora e de 80% se for presidente da Casa. No Mato Grosso do Sul, além do presidente, que recebe extra de 50%, vice-presidente e 1º secretário, que recebem 40%, os outros membros da mesa e lideranças partidárias recebem 20% a mais de salário. Outras Assembleias que dão gratificações aos membros da mesa diretora são as dos estados do Piauí e Amapá. No gráfico G5 podem ser vistos o salário-base (salmão) e a remuneração adicional (laranja) por deputado, além da comparação com a média de todas as Assembleias Legislativas (R$ 27.192) e com a Câmara dos Deputados (R$ 33.763).


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Verbas indenizatórias astronômicas e sem controle

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mbora a Constituição preveja limite salarial dos parlamentares estaduais e municipais, não há determinações a respeito de outras fontes, como a verba indenizatória – que eles têm à disposição para cobrir gastos com escritório, aluguel de veículos, combustível, passagens, contratação de serviços de segurança e consultorias, entre outros. Os legisladores têm cotas mensais para cobrir esses gastos, ressarcidos mediante apresentação de nota fiscal. Como não há regulação federal, as cotas acabam variando bastante em cada estado e município. No caso da Câmara dos Deputados, os parlamentares têm cota que variam de R$ 30.416,80 (para deputados do Distrito Federal) a R$ 45.240,67 (para deputados de Roraima), porque leva em consideração o preço de passagens aéreas para o estado de origem do parlamentar. Se considerarmos que deputados estaduais não têm sua base eleitoral fora do estado – e, logo, não farão voos dispendiosos que devam ser ressarcidos pelo Estado –, não se justificam verbas indenizatórias superiores às dos deputados federais do Distrito Federal. Mas na maioria dos casos as cotas são superiores. A campeã é, de longe, Mato Grosso, cujo teto é de R$ 65 mil por mês. Outros onze estados dão cotas superiores à de

deputados federais, como pode ser visto no gráfico G6. A média de verba indenizatória dentre as Assembleias fica em R$ 31,8 mil. Algumas regulamentações de uso da verba indenizatória são, no mínimo, curiosas. Na Assembleia do Rio Grande do Norte, uma das rubricas que pode justificar os R$ 24 mil mensais é a chamada “Apoio Cultural e a Entidades Sociais”. O deputado estadual pode escolher entidades para realizar doações em seu nome pagos com o dinheiro do contribuinte. Nas Assembleias do Rio Grande do Sul e Paraíba, a verba é cumulativa; assim, caso não tenha gastado toda a cota do mês, o deputado tem uma provisão extra para seus gastos nos meses seguintes. Mas o caso mais absurdo é o de Mato Grosso: além de ter a Assembleia Legislativa com a cota mais alta do país, o pagamento deixou de ser indenizatório. Dessa maneira, os R$ 65 mil são depositados automaticamente na conta do parlamentar, que não precisa mais apresentar comprovantes fiscais antes de receber o dinheiro. Na Assembleia Legislativa do Ceará, o sistema é semelhante e a cota total fica disponível para o gabinete, sem que seja necessária a comprovação de gastos. Assim, os deputados estaduais cearenses recebem mensalmente montantes que variam de R$

29 mil a R$ 36 mil, dependendo de cargos que tenham na mesa, em comissões, ou em liderança de bancada. Algumas Câmaras Municipais resolveram abolir o direito de vereadores receberem ressarcimento mediante apresentação de nota fiscal. Para cobrir despesas do mandato, a Câmara passará a abrir processo licitatório para compras conjuntas, o que facilita o controle de possíveis fraudes. Esses montantes costumam variar bastante por capital: enquanto a Câmara de Florianópolis administra R$ 2,3 mil por gabinete para passagens aéreas, telefonia, serviços pos-

tais, manutenção do escritório e serviços postais, a Câmara de Belo Horizonte disponibiliza R$ 15 mil por gabinete para licitações com vistas à compra de combustível, material de escritório, telefonia e informática. Ainda assim, a maioria das Câmaras mantém a verba, que é em média R$ 14,6 mil, mas varia de R$ 2,3 mil a R$ 25 mil. Em alguns casos, há um sistema misto, como por exemplo na Câmara Municipal de Recife, que provê passagens aéreas, serviços de telefonia e auxílio‐combustível de R$ 2,3 mil mensais por meio de contratos administrativos e ainda oferece até R$

4,6 mil para vereadores pedirem ressarcimento por outras despesas (alimentação, locomoção e contratação de consultorias). Até abril de 2015, a maior verba indenizatória entre todas as capitais era a da Câmara Municipal de Boa Vista, que, com seus R$ 35 mil mensais, superava até mesmo a média das Assembleias Legislativas e a quantia da Câmara dos Deputados. Após recentes denúncias na imprensa, a Casa decidiu diminuir a verba para R$ 14 mil – ou seja, uma redução de 60%. A nova campeã é a Câmara Municipal de Cuiabá, cuja verba de R$ 25 mil excede em 71% a média das Câmaras.


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Verba de gabinete no DF passa de R$ 173 mil

O

s deputados federais têm direito de contratar até 25 assessores comissionados para auxiliá-los em seus gabinetes parlamentares, recebendo um total de R$ 92.053,20. Nas Assembleias, o montante reservado para pagamento de assessores é em média R$ 81,9 mil. Em quatro casos os deputados estaduais gastam mais com assessores do que os federais. Um deles é o de Pernambuco, que disponibiliza R$ 97.200 mensais por deputado. Em São Paulo, os deputados têm R$ 125.996,30 para contratar até 32 funcionários. No Rio de Janeiro e no Distrito Federal, a verba chega a ser quase o dobro da verba federal: R$ 171.491 e R$ 173.265 para contrata-

ção de 20 e 23 funcionários, respectivamente. Nas Câmaras Municipais as disparidades em relação à verba de gabinete para pagamento de funcionários comissionados também são grandes. Em média, os vereadores das capitais dispõem de R$ 37,1 mil para contratação de assessores. A capital paulista é a campeã em verba de gabinete: cada vereador dispõe de R$ 130,1 mil, montante semelhante ao dos deputados estaduais de São Paulo e que chega a ser 41% a mais que o disponível na Câmara dos Deputados. A capital carioca tem a segunda Câmara que mais gasta com assessores parlamentares: R$ 89,9 mil mensais.

Quanto cada Assembleia pesa no bolso em 2015 A

única informação que nenhuma Assembleia consegue ocultar é seu próprio Orçamento, já que o Executivo publica anualmente as despesas orçamentárias de cada órgão da administração pública. Na maioria dos estados, o montante do Orçamento previsto para a Assembleia Legislativa em 2015 é inferior a 1% do PIB estadual, oscilando de 0,07% (em São Paulo) a 0,89% (em Tocantins). Em quatro estados, no entanto, o Orçamento da Assembleia supera 1%. A campeã isolada é a Assembleia de Roraima, que usa o equivalente a 2,3% do PIB estadual para cobrir seus gastos. Roraima é também o estado no qual cada contribuinte gasta mais para manter seu legislativo: R$ 352.

Amapá e Acre também estão no topo dos Orçamentos mais caros, tanto em relação ao tamanho da economia como no que tange a contribuição por habitante.


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Portais de transparência: dificuldades para acesso a informações

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odas as Casas legislativas dispõem de um Portal de Transparência, sítio na internet por meio do qual divulgam (ou deveriam divulgar) informações a respeito de gastos, contratos e remuneração de servidores, entre outros. A abertura de informações públicas de interesse público é um pilar básico para que possa haver um controle social mínimo sobre as Casas. No entanto, as informações a respeito de salários e gratificações, tetos legais de verba indenizatória e verbas de gabinetes estão frequentemente desatualizadas, escondidas e com montantes agregados – ou simplesmente não são publicadas, o que ocorre na maioria dos casos. Apenas a Assembleia Legislativa de Minas Gerais publica as informações de forma prática a respeito de salários e teto de verbas de seus deputados, a exemplo da Câmara dos Deputados. Ainda assim a informação de verba de gabinete está escondida na seção “FAQ”. Outras Casas disponibilizam as informações aos pedaços, como a Câmara Legislativa do Distrito Federal – que publica no sítio da Casa a lei que regulamenta a composição de cargos de assessores comissionados e o decreto que estipula as remunerações de cada cargo. Apenas um cidadão com muita paciência chegaria à informação do montante que o parlamentar dispõe para pagamentos de seus assessores (verba de gabinete). Já a Assembleia da Paraíba, embora explique detalhadamente o uso de verba indenizatória em “dúvidas frequentes”, informa um valor desatualizado. Parte dos sítios das Assembleias ou de seus Portais de Transparência disponibiliza gastos com

parlamentares mês a mês, mas sem explicar claramente a que se referem os montantes pagos – por exemplo, gratificações a membros de comissões e Mesa Diretora. O mesmo ocorre em relação ao teto da verba indenizatória: pode-se acessar facilmente o montante que cada parlamentar recebeu no mês anterior a título de ressarcimento para cobrir despesas com material de escritório, passagens, combustível, hospedagem etc., mas raramente é dada a informação a respeito de como é regulamentado o uso das verbas, bem como seu limite mensal. INFORMAÇÕES DESATUALIZADAS O Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Maranhão, por exemplo, em “despesas com pessoal” informa apenas em montantes agregados o quanto a Casa empenhou com recursos humanos por mês. A última informação disponível é de dezembro de 2014. Na página de transparência da Assembleia Legislativa de Alagoas, há apenas arquivos em PDF dos editais de pregão abertos pela Casa. No sítio da Assembleia Legislativa do Pará, não é possível nem mesmo saber quem são os deputados estaduais da atual legislatura. Na Câmara Municipal de Macapá a situação é a mesma – não estão publicados os nomes dos atuais vereadores, o conteúdo é restrito a matérias da assessoria de comunicação. Em “nossos parlamentares”, por exemplo, há dez imagens com a legenda “Rui Barbosa”. Para contornar a deficiência de abertura de informações, a Transparência Brasil contatou as Casas em todos os estados. Após insistência, parte das Câmaras e

Assembleias forneceram as informações por meio de suas assessorias de comunicação, assessorias legislativas, presidência, setores financeiro e de recursos humanos. Em alguns casos extremos, houve dificuldades até mesmo para conseguir número para contato telefônico. Em Alagoas, por exemplo, os telefones disponibilizados no sítio da Assembleia não existem. Foi preciso pesquisar o telefone particular da assessoria de comunicação para pedir informações. Nos 16 casos em que as assessorias não ajudaram, a Transparência Brasil enviou uma solicitação formal de acesso à informação, fundamentada na Lei nº 12.527 de 2011 – Lei de Acesso à Informação, LAI, na qual o Estado tem até 20 dias para responder (art. 11 § 1º). Apenas um quarto das Assembleias respeitaram a LAI e responderam no prazo, enquanto os outros três quartos (isto é, 12 de 16) não cumpriram a lei federal. Nenhuma das 12 chegou a pedir a prorrogação de 10 dias prevista no art. 11 § 2º. Após cobrança, apenas a Assembleia Legislativa da Bahia respondeu – com quase um mês de atraso. As outras 11 Assembleias não deram qualquer resposta, a saber: Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Amapá, Pará, Acre, Maranhão. Mesmo após continuar com tentativas por telefone, por e-mail e por LAI, cinco Casas não deram informações sobre verbas de deputados estaduais: Acre, Amapá, Pará, Maranhão e Sergipe. No Pará, a assessoria de um deputado estadual colaborou prestando informações; a Assembleia, não.

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ELEIÇÕES 2018

PMDB prepara candidato próprio à sucessão de Dilma Partido comandado pelo vice-presidente Michel Temer vai anunciar durante seu congresso, em agosto, candidatura própria ao Planalto em 2018. Temer, Eduardo Paes e Eduardo Cunha são os mais cotados como presidenciáveis POR FÁBIO GÓIS Congresso em Foco

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PMDB se prepara para anunciar, no congresso nacional da sigla marcado para agosto, que terá candidatura própria ao Palácio do Planalto nas eleições de 2018. A informação foi confirmada aoCongresso em Foco pelo líder do partido na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ). Segundo ele, prevalece na sigla o entendimento de que essa decisão é inadiável. “Esse é um ponto pacífico dentro do partido, de unidade interna. O PMDB precisa – até por razões de manter o partido unido, grande – ter um projeto próprio depois de 24 anos. Acho que agora está maduro este momento”, declarou. A última vez que a legenda lançou nome próprio à sucessão presidencial foi em 1994, quando Orestes Quércia ficou apenas na quarta colocação, com 2,7 milhões de votos. A ideia é definir o lançamento da candidatura própria ainda em 2015, no

evento partidário, para que o PMDB possa discutir um nome competitivo até a próxima disputa presidencial, explica o vice-presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp (RO). Entre os nomes mais cotados pela cúpula partidária para a sucessão de Dilma estão o do vice-presidente da República Michel Temer, o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). “Tenho falado sempre que o PMDB – e talvez seja essa a intenção desse congresso ainda neste ano – tem de lançar um nome dois, três anos antes, para poder preparar [o candidato]. Para poder percorrer o Brasil, conversar ao menos com os diretórios estaduais, com partidos de coligações futuras. Se deixar para a última hora, como sempre aconteceu, vai acabar não tendo candidato. Quem tem três, quatro, não tem nenhum”, disse Raupp à reportagem. Picciani e Raupp ava-

Tapete vermelho: Cunha e Renan são o PMDB no comando do Congresso

liam que, diferentemente de outras oportunidades, quando o partido se dividiu e recuou da intenção de lançar um nome próprio à Presidência, desta vez há uma compreensão maior em torno da necessidade de o partido mirar voo mais alto e solo. Decisão essa que vem atrelada, em parte, ao desgaste aparentemente irremediável com o PT e à força inédita exercida atualmente pelo partido no Congresso Nacional, com o comando da Câmara e do Senado. FAVORITOS De acordo com Raupp,

Eduardo Paes é um dos favoritos para ocupar a vaga de presidenciável do PMDB. “Ele não quer que falem, por achar que é muito cedo – ele tem que realizar as Olimpíadas [Rio 2016], tem que cumprir o mandato de prefeito”, continuou Raupp, apontando as alternativas do partido. “Mas nós temos, dentro no PMDB, nomes de destaque como o presidente [da legenda] Michel Temer. Agora, o Eduardo Cunha, que está também se projetando na Presidência da Câmara, pelo trabalho que vem fazendo. São nomes que poderão muito bem pleitear

essa vaga dentro do partido”, emendou. Raupp diz que Michel Temer, que também é presidente nacional do PMDB, pode ser um presidenciável de peso para 2018. Segundo o senador, uma eventual candidatura Temer não provocaria qualquer mal-estar na relação entre ele e a presidente Dilma, que o alçou à condição de articulador político do Planalto em meio à crise na base aliada – decorrência de um contexto de denúncias de corrupção, mau momento da economia, insatisfação popular e queda na popularidade de Dilma.


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ELEIÇÕES 2018

PT passaria a vice “Não [haveria mal-estar], porque a Dilma não poderá ser candidata à reeleição. Mesmo se [o escolhido] for o presidente Temer, não teria qualquer problema. Se o PT, lá na frente, tiver candidato, tudo bem. Todo partido tem direito a lançar seu candidato”, acrescentou Raupp, para quem seu partido pode fazer um “arco de alianças muito grande”, inclusive com o próprio PT na condição de vice na chapa. “Se o PT não tiver ninguém em condições de disputar, por que não?”, vislumbrou. O senador diz considerar que o nome ideal para a empreitada é aquele com mais condições de agregar não só o próprio partido, internamente, mas de reunir em torno de si o leque de alianças partidárias mais numeroso. Ele lembra ainda que, uma vez mantida a dinâmica da democracia brasileira, entre 35 e 40 partidos poderão já estar constituídos e com o devido registro na Justiça Eleitoral até 2018. Leonardo Picciani diz não haver qualquer “impedimento” no fato de o vice-presidente da República, Michel Temer, responsável pelas relações institucionais de Dilma, também

Atual vice-presidente da República, Temer é cotado a presidenciável

estar nos planos presidenciais do PMDB. “A candidatura não é contra ninguém, mas a favor do PMDB, como qualquer partido deve ter a pretensão de vencer uma eleição nacional, apresentar um nome, um projeto ao país”, acrescentou, sem arriscar imaginar como Dilma receberia o debate sobre sua sucessão já no primeiro ano do segundo mandato, e pelo principal partido aliado. “Aí eu não sei. Tem que perguntar a ela…”, desconversou. O deputado evita adiantar

qual seria o nome ideal do partido para pleitear a Presidência da República, mas apontou alguns. “O PMDB tem vários bons nomes. Eu, particularmente, acho que o prefeito [do Rio de Janeiro] tem todas as condições. É o nome mais citado, hoje, dentro do partido, mas não é a única opção”, observou o parlamentar fluminense, mencionando ainda o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Temer.

INIMIGOS ÍNTIMOS Parceiros no poder desde a eleição, em 2002, do ex-presidente Lula, PT e PMDB têm mantido nos últimos meses uma aliança apenas formal. O próprio Eduardo Cunha disse certa vez, em jantar com correligionários, que os petistas só emplacam alguma vitória em votações quando o blocão liderado pelo PMDB tinha “pena”. Desde a eleição de Cunha para comandar a Câmara, em 1º de fevereiro, o desgaste na relação e as derrotas governistas só aumentam. Recorrentemente criticado pelo PT, o deputado também não tem poupado ataques aos petistas. Um dos exemplos da rebeldia peemedebista foi a aprovação e posterior promulgação da chamada PEC da Bengala (Proposta de Emenda à Constituição 457/2005), que aumentou de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos demais tribunais superiores. Com a mudança na Constituição, Dilma não poderá substituir ao menos cinco ministros do STF que completarão 70 anos até 2018, seu último ano de mandato. Os exemplos são diversos, e ainda estão em curso. Com o aval de Cunha e, em um se-

gundo momento, do presidente do Senado, o também peemedebista Renan Calheiros (AL), temas como a redução da maioridade penal e a revisão do Estatuto do Desarmamento, que têm a objeção do PT e de Dilma, podem significar novas derrotas para o governo impostas pelo seu principal “aliado”. Há quem diga que, diante da impopularidade da presidenta, quem de fato governa o país é o PMDB, com seus principais atores no comando do Legislativo (Renan e Cunha) e no Executivo (Temer), em uma espécie de parlamentarismo extra-oficial. Há duas semanas, no 5º Congresso Nacional do PT, chegou-se a cogitar o fim da aliança com o PMDB, mas a corrente majoritária petista conseguiu manter uma parceria circunstancial, para aprovação de projetos no Parlamento. A aliança, que já havia sido classificada como “capenga” por Renan, também foi atacada por Cunha. “Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da aliança e não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte [sic]”, fustigou o deputado em sua conta no Twitter, depois de saber que foi chamado por petistas, aos gritos de protesto, de “sabotador do governo” e “oportunista de ocasião”.


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APOSENTADORIA

Confira o novo cálculo progressivo que permite escapar do fator previdenciário Nova fórmula, que vale desde o dia 18, muda progressivamente até 2022. Na justificativa da MP, a presidente alega que a medida tem o objetivo de “preservar a sustentabilidade da Previdência Social”. Saiba o que muda CONGRESSO EM FOCO

A

presidente Dilma editou medida provisória (MP 676/15) que cria uma alternativa à chamada fórmula 85/95, proposta pelo Congresso e vetada por ela no último dia 17. De acordo com as novas regras, que começaram a valer um dia depois, o novo cálculo para a aposentadoria terá variação progressiva, até 2022, conforme a expectativa de vida da população. Na justificativa da MP, a presidente alega que a medida tem o objetivo de “preservar a sustentabilidade da Previdência Social”. O governo sofreu pressão do PT e outros partidos aliados e de centrais sindicais para atenuar o fator previdenciário, mecanismo que inibe aposentadorias por contribuição antes dos 65 anos para homens e de 60 para mulheres.

Dilma vetou a fórmula 85/95, que se refere à soma do tempo de contribuição e da idade da mulher e do homem, respectivamente, no momento da aposentadoria, sugerida pelo Congresso. Mas manteve seu princípio na nova MP. Pela nova regra, essa fórmula será acrescida de um ponto, em diferentes datas, a partir de 2017 até chegar a 90/100, em 2022. Na prática, a nova medida abre uma brecha para o trabalhador escapar do fator previdenciário. O tempo de contribuição mínimo exigido, no entanto, segue de 35 anos para homens e de 30, para mulheres. De acordo com a nova regra, um homem que alcançar 95 pontos em 2017 (60 anos de idade e 35 de contribuição) terá de alcançar um ponto a mais, em idade ou tempo de contribuição, para escapar do fator previdenciário. Ou seja, precisará

A ÍNTEGRA DA MP COM FÓRMULA ALTERNATIVA PARA APOSENTADORIAS Na prática, a nova medida abre uma brecha para o trabalhador escapar do fator previdenciário. Cálculo mudará progressivamente de 2017 a 2022 MEDIDA PROVISÓRIA Nº 676, DE 17 DE JUNHO DE 2015 Altera a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no

alcançar 96 pontos. No caso da mulher, essa exigência será de 86 pontos. Já em 2022, para escapar do fator previdenciário, o trabalhador precisará acumular 90 pontos (entre tempo de contribuição e idade), no caso de mulheres, ou 100, no caso de homens. Na prática, a mudança em relação ao texto vetado dificulta o acesso ao benefício de acordo com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Criado no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1999, o fator previdenciário leva em conta a idade do trabalhador, o tempo de contribuição à Previdência, a expectativa de vida do segurado e um multiplicador de 0,31. As datas previstas para o acréscimo de um ponto na fórmula 85/95 são: 1º de janeiro de 2017, 1º de janeiro de 2019, 1º de janeiro de 2020, 1º de janeiro de 2021 e 1º de janeiro de 2022.

uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei: Art. 1o A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I – igual ou superior a noventa e cinco

pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I – 1º de janeiro de 2017; II – 1º de janeiro de 2019; III – 1º de janeiro de 2020; IV – 1º de janeiro de 2021; e V – 1º de janeiro de 2022. § 2º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 1º, serão acrescidos cinco

pontos à soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.” (NR) Art. 2o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 17 de junho de 2015; 194º da Independência e 127º da República. DILMA ROUSSEFF Joaquim Vieira Ferreira Levy Nelson Barbosa Carlos Eduardo Gabas


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LRF

Prefeituras de Alagoas são as que mais descumprem legislação fiscal Estudo divulgado pela Firjan utiliza dados da Secretaria do Tesouro Nacional JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

U

m estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Sistema Firjan) revelou que 66% dos municípios de Alagoas têm descumprido a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Divulgado no dia 18 de junho, o levantamento, que possui como base a prestação de contas de 2013, apontou que 62 prefeituras no estado gastaram acima do teto dos 60% destinados às despesas com o funcionalismo. O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) 2015 é construído a partir dos resultados fiscais das próprias prefeituras com informações de declaração obrigatória e disponibilizadas anualmente pela Secretaria do Tesouro Nacional sobre a receita própria, gastos com pessoal, investimentos, liquidez e custo de dívidas. Em Alagoas, as prefeituras que estiveram em melhores condições quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal para gasto com servidores em 2013 foram: Mata Grande, Santana do Ipanema e Inhapi, respectivamente. Maceió ocupou a 9ª posição. No ranking nacional, Mata Grande está em oitavo lugar quando se trata de enquadrar a dívida com o funcionalismo dentro da verba estipulada pela lei. Segundo o secretário de finanças de Mata Grande, Henrique Lisboa, a cidade conseguiu cumprir a folha de pagamento mesmo diante da crise nacional. “Não está sendo fácil manter os salários em dia e dentro do orçamento”. Se considerado o conjunto de indicadores, as cidades que

obtiveram a maior pontuação no IFGF foram, em sequência: Coruripe, Maceió, Poço das Trincheiras e Inhapi. Já aquelas que estavam, no ano de 2013, em pior situação, tanto em pagamento de funcionários quanto em dificuldades de gestão, foram: São Brás, Maribondo e Campo Grande. O prefeito de São Brás, região do Baixo São Francisco alagoano, Antonio Costa Borges Neto, confirmou que teve de desobedecer a LRF para pagar os vencimentos dos servidores municipais. “Isso aconteceu nos anos de 2013 e 2014. Nossos recursos estão escassos, mas posso dizer que em São Brás funcionário não recebe salário atrasado”, declarou. O EXTRA não conseguiu entrar em contato com os prefeitos de Maribondo e Campo Grande. Para o secretário geral da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Jorge Dantas, o fato de Alagoas aparecer negativamente em mais uma pesquisa nacional não surpreende. “Muitos municípios do Brasil têm dificuldade em se enquadrarem à Lei de Responsabilidade. Nosso caso não é diferente. Somos um estado pobre e que tem que cumprir com as mesmas obrigações das unidades federativas ricas”, defendeu. Também prefeito de Pão de Açúcar, Dantas foi informado pela reportagem que o município que administra ficou em 11º lugar no estado no cumprimento da LRF. Considerando o índice geral (IFGF) em Alagoas, a cidade ocupou o 6º lugar, à frente de Olho d’Água Grande, Santana do Ipanema e Canapi. “A cada dois meses me reúno com os meus administradores

para me inteirar sobre a receita de Pão de Açúcar. Bom saber dos resultados”, disse. Sem ter o que comemorar O índice da pesquisa varia de 0 a 1, sendo que, quanto maior a pontuação, melhor a situação fiscal do município. Cada um deles é classificado com conceitos A (Gestão de Excelência, com resultados superiores a 0,8 ponto), B (Boa Gestão, entre 0,6 e 0,8 ponto), C (Gestão em Dificuldade, entre 0,4 e 0,6 ponto) ou D (Gestão Crítica, inferiores a 0,4 ponto). Levando em conta a pontuação, Coruripe (0,5797), Maceió (0,5694) e Poço das Trincheiras (0,5410), apesar de melhores colocadas em Alagoas, são consideradas cidades em gestão de dificuldade. São Brás (0,1108), Maribondo (0,1295) e Campo Grande (0,1387) estão em gestão crítica. Em ranking das capitais, Maceió ocupa o 20º lugar à frente de Florianópolis (SC), Macapá (AP), Cuiabá (MT) e Goiânia (GO). Conforme o secretário de

finanças da capital, Gustavo Novaes, a pesquisa possibilita uma análise de como aprimorar a administração pública. “Hoje, Maceió tem uma dívida de R$ 350 milhões, com o pagamento de 2% ao ano, um valor relativamente baixo. O gasto com pessoas está cada vez mais difícil e esse aumento estrangula a nossa possibilidade de investimentos. Isso faz com que os novos aumentos de salário sejam inviáveis”, explicou. E embora o município de Mata Grande (0,3813) esteja bem pontuada nacionalmente quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal, no ranking geral alagoano a cidade cai para a 37ª posição também no patamar de gestão crítica. BRASIL AFORA O IFGF revelou que796 cidades brasileiras descumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal. Os piores índices estão no Nordeste, que possui 563 municípios nesta situação. Isso significa que 33,7% das prefeituras

da região comprometem mais de 60% da receita corrente líquida com a folha de pagamento. Além de Alagoas, os estados da região com a maior proporção de prefeituras com este resultado são Sergipe (62,7%), Paraíba (56,2%) e Pernambuco (41,3%). Na região Norte, o percentual de prefeituras acima do limite estabelecido também é alto: 18,8% ou 72 cidades, metade delas no Pará. Em contraste, nas demais regiões do país a proporção de municípios que deixaram de cumprir a LRF não ultrapassou 8%. A melhor situação é observada entre os municípios do Sul, onde apenas 4% (47 municípios) estão acima do limite da LRF. No ranking geral do índice, os municípios mais bem avaliados são Conceição do Mato Dentro (MG), na primeira posição, seguida de Alvorada de Minas (MG), Gramado (RS), Balneário Camboriú (SC), Vitória do Xingu (PA), Abdon Batista (SC), Itatiaiuçu (MG), Maringá (PR), Indaiatuba (SP) e Hortolândia (SP). Com os piores resultados estão São José da Vitória (BA), Massaranduba (PB), Capim (PB), Santa Luzia (BA), Lagoa de Dentro (PB), Araçagi (PB), Itapororoca (PB), Porto da Folha (SE), Paramoti (CE) e Barro Preto (BA), na última posição. O índice Brasil atingiu 0,4545 ponto (situação fiscal difícil), o pior resultado desde o início da série, em 2006, quando o índice foi de 0,4989 ponto. Em relação a 2012 (0,5079 ponto), a piora do resultado foi da ordem de 10,5%, a maior queda anual do indicador desde a crise de 2009. Entre 2012 e 2013, 3.339 cidades pioraram sua situação fiscal.


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AUXÍLIO-RECLUSÃO

União desembolsa R$ 2,8 milhões com detentos de Alagoas Benefício é pago apenas a quem tenha contribuído com a Previdência Social

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

D

e janeiro a junho deste ano, o governo federal destinou a Alagoas aproximadamente R$ 1,4 milhão para o Auxílio-Reclusão, polêmico benefício destinado às famílias de presidiários no estado. Somente no mês de maio, por exemplo, foram 289 auxílios que resultaram no repasse de R$ 237.982,13. Se dividido a quantia com o número de beneficiados, cada família recebe em média R$ 823,46. O pagamento de junho ainda está em aberto, mas de acordo com a Previdência Social em Alagoas, os valores mensais sofrem alterações ínfimas. Sendo assim, é possível estimar que a União desembolse ao Auxílio -Reclusão a verba de R$ 2,8 milhões em 2015 só em Alagoas. Porém, diferentemente do que é propagado nas redes sociais, o benefício não entrega esse dinheiro ao presidiário e nem todos que vão presos têm direito a essa garantia. Segundo a Previdência,

o Auxílio-Reclusão é para os dependentes do segurado cujo salário de contribuição seja igual ou inferior a R$ 1.089,72, independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas. Desde janeiro, o benefício não pode ter valor inferior a R$ 788. Não importa quantos dependentes o segurado possua, o valor pago mensalmente é único. Alagoas registrou em 2015 um aumento de segurados, já que no ano passado, a média era de 260 beneficiários. Mas, durante o ano, tanto os valores pagos pela União quanto o número dos que recebem o dinheiro podem variar. Isso ocorre porque do mesmo modo que novos auxílios podem ser concedidos, antigos podem ser finalizados. “Na realidade, o auxílio pode ser considerado um instrumento de luta contra o crime e de preservação da família, uma vez que com o provedor detido, ficaria sem renda para o sustento”, afirma o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advo-

gados (OAB/AL), Daniel Nunes. “O que dizem pelas redes sociais é falta de informação com dose de má fé. Só aqueles que tiveram vínculos empregatícios ou com o INSS podem receber. Existem familiares que têm o direito do auxílio, mas que não vão atrás por falta de informação. Muito disso por causa de opiniões partidárias e da imprensa”, disse. Sobre o auxílio, Nunes salientou que não se trata de uma assistência, e sim de um benefício previdenciário. Algo parecido com a pensão por morte. Os impostos pagos pelos demais cidadãos não são utilizados para pagar benefícios aos internos. O valor que a família recebe está condicionado à contribuição do preso ao INSS, sendo que a família do beneficiário tem que ser de baixa renda, com teto de auxílio de R$ 1.089. Segundo Mapa da População Carcerária, da Secretaria de Ressocialização do Estado (Seris), até semana passada Alagoas possuía 3.581 presos em regime fechado. Desses, apenas 8% têm direito ao au-

xílio-reclusão. A proporção do estado equivale à média nacional. Atualmente, o sistema carcerário brasileiro é composto por cerca de 580 mil detentos, sendo que 55 mil recebem o auxílio. Ou seja, 8% do total.

lhante, da deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), também pede que recursos do auxílio-reclusão vão para a vítima do crime, quando sobreviver, ou para a família, no caso de morte.

PROJETO DE LEI O deputado federal Diego Andrade (PSD-MG) é o autor de projeto de lei que modifica as regras atuais do auxílio-reclusão por considerar injusto o governo federal amparar a família do criminoso e deixar os familiares das vítimas sem qualquer proteção social e financeira. “Em muitos casos, o detento causa a morte de um chefe de família, cuja ausência impõe difícil sobrevivência aos seus membros”, opinou em plenário. “Assim, nos casos de morte ou quando ocorrerem sequelas irreversíveis ou parciais, deveríamos pagar esse beneficio às famílias das vitimas”, defendeu. Conforme o parlamentar, o governo federal gasta por ano mais de R$ 250 milhões com Auxílio-Reclusão para parentes de presos. Outra proposta seme-

ISENÇÃO Não têm direito ao benefício os dependentes que estiverem recebendo salário da empresa em que o infrator trabalhava ou que já recebam auxílio-doença ou aposentadoria. Os dependentes devem apresentar à Previdência Social a cada três meses um atestado de que o sentenciado continua preso. Em caso de fuga, o benefício é cortado. O auxílio também deixará de ser pago com a morte do segurado, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou cumprimento da pena em regime aberto. Um levantamento do Departamento de Execução Penal (Depen), de 2012, revelou que apesar de as mulheres representarem apenas 7% da de todo o sistema prisional, 64% dos benefícios do auxílio-reclusão são pagos às famílias de mulheres


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REFORMA POLÍTICA

Bancada alagoana se divide quanto à cota para mulheres Proposta derrubada na Câmara teve votos favoráveis de quatro dos nove deputados federais de Alagoas JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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or falta de 15 votos, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou na semana passada, no dia 16, a emenda apresentada pela bancada feminina à reforma política (PEC 182/07, do Senado Federal) que garantia um percentual de vagas no Legislativo para as mulheres. Foram 293 votos a favor do texto, mas o mínimo necessário era de 308. Houve 101 votos contrários e 53 abstenções. Atualmente, Alagoas faz parte dos cinco estados que não têm qualquer representação parlamentar feminina (Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíba e Sergipe). A maior parte bancada alagoana que votou na proposta que reservava 10% das cadeiras para as mulheres na primeira legislatura, passando para 12% na segunda, até chegar a 15%, em 2027, a considerara um avanço à política brasileira, mas o pensamento não foi unânime. Dos nove deputados federais, quatro votaram a favor, dois contra, um faltou à votação e dois se abstiveram. João Henrique Caldas (Solidariedade) se posicionou de forma favorável às cotas. “A proposta apresentada, que seria temporária, esperava potencializar os efeitos dessa política de inserção, trabalhando para que a mulher ocupe maior espaço como representante dentro do

debate político nas esferas municipal, estadual e nacional”, disse JHC. De acordo com o deputado federal Paulão (PT), é importante o Legislativo assegurar a reserva de 15% das vagas para mulheres buscando ampliar a meta futuramente. “O certo é que precisamos ampliar a participação na política daquelas que somam mais de 52% da população e 51% do eleitorado. Apesar disso, as mulheres ocupam hoje apenas cerca de 10% das vagas no Congresso Nacional”. RANKING Dos 28 partidos que elegeram representantes no atual Congresso Nacional, 11 não contam com nenhuma representante do sexo feminino. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está em 124º lugar numa lista de 145 países no tocante à presença feminina nos Parlamentos. Entre os países da América Latina, o Brasil só está em situação melhor que o Haiti em termos de representação feminina. “Um bom exemplo da política de cotas vem da Argentina, que adotou a lista fechada com candidatos intercalados por gênero. O resultado foi um salto na representação feminina de 5% para 37%”, argumentou o petista. Ronaldo Lessa (PDT) fez parte dos parlamentares a favor das cotas. “Quando governador tive um grande secretariado feminino com bons

JHC, do Solidariedade, e Paulão, do PT, votaram a favor das cotas, mas proposta não foi aprovada

resultados. A sociedade só tem a ganhar com a ampliação da mulher na política brasileira. Achei a cota mais do que justa, mas vivemos em um Congresso conservador”. Cícero Almeida (PRTB) também foi favorável. Marx Beltrão (PMDB) não participou da votação devido a outros compromissos políticos, mas segundo assessoria de comunicação, o deputado se diz a favor das cotas para mulheres. Já os que se abstiveram do voto foram: Pedro Vilela (PSDB) e Maurício Quintella (PR). Para Vilela, “é evidente que precisamos de mais mulheres participando da política, mas há uma dúvida quanto à melhor forma de fazê-lo”. Quintella preferiu não votar. Já os deputados federais Arthur Lira (PP) e Givaldo

Carimbão (PROS), que votaram contra o projeto, foram procurados pela reportagem, mas não responderam até o fechamento da edição. MACHISMO POLÍTICO A ex-deputada federal Rosinha da Adefal (PTdoB), hoje secretária de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, considera que, apesar de o Brasil ter uma mulher na Presidência, as decisões políticas do país são inteiramente masculinas. “Lamentei pelo projeto não ter passado porque a desigualdade brasileira faz com que precisemos de ações afirmativas. Os políticos só pensaram na questão partidária e não queriam ceder vagas às cotas. Tenho certeza que todos perdemos com isso”.

Durante justificativa entre os defensores das cotas no plenário, um deputado chegou a dizer que era a favor das cotas porque o plenário ficaria mais bonito e outro disse ser a favor para dar um voto de confiança às mulheres. O discurso, para Rosinha, soou machista e mostrou despreparo. “Beleza não é posicionamento político. É melhor ficar quieto do que falar algo como isso. Mulher não tem que ser enfeite no Legislativo, e sim, ter posição política”, finalizou. Mais de 100 deputados votaram contra o mecanismo, entre eles, o deputado delegado Edson Moreira (PTN-MG). Segundo ele, “não é justo é que uma minoria, pequena e de pouco Trabalho, conquiste uma cadeira que não é fácil”.


16 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 PARASITAS

Servidores efetivos do Tribunal de Contas serão demitidos por abandono de emprego Frequência dos meses de abril e maio comprova que 35 funcionários da Corte recebiam sem trabalhar JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

novo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE/ AL), Otávio Lessa de Geraldo Santos, instituiu recentemente na Corte o ponto eletrônico. A medida visa controlar a entrada e saída de servidores e atestar sua assiduidade no trabalho. Apenas em dois meses, abril e maio, foi constatado que 35 funcionários efetivos, com base na frequência, apenas recebiam seus vencimentos, e muito deles não davam um dia se quer de serviço. A partir daí, o Tribunal de Contas publicou no Diário Oficial (DO) as providências cabíveis: abertura de inquérito administrativo por abandono de cargo. O despacho datado de 1º de junho e assinado pelo diretor de Recursos Humanos do TCE, Valter Oliveira Silva, foi publicado no DO da última terça-feira, 23. Os servidores infringiram o artigo 140 da Lei número 5.247/91, segundo a qual “Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 15

(quinze) dias consecutivos”. O TCE ainda explicou em sua publicação oficial que a lista conta com funcionários que também descumpriram o artigo 141 da mesma lei: “Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço sem causa justificada, por 30 (trinta) dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses”. A lista dos servidores que devem perder seus cargos, por abandono de emprego, conta com três filhos do ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Geraldo Costa Sampaio. São eles: Eugênio Costa Sampaio, Patrícia Costa Sampaio e George Costa Sampaio. Vale ressaltar que o trio recebe polpudos vencimentos. Sem trabalharem há anos, como é de público conhecimento, os Sampaio lesam notadamente o erário. Quem também segue na mesma linha são os ex -prefeitos de Paripueira, Gilberto Leôncio da Silva Júnior, e de Traipu, Marcos Antônio dos Santos. Ambos também terão que responder por abandono de emprego dos seus cargos no TCE, como destaca a Lei número 5.247/91 em seus artigos 140 e 141.

Ex-prefeito de Traipu, Marcos

Irmãos Eugênio e Patrícia Sampaio recebiam sem dar um único dia de serviço, uma prática comum entre muitos servidores da Corte de Contas


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015 -

s Santos, é mais um funcionário público que vive na ‘sombra e água fresca’

m Despacho do DO determina processo por abandono de emprego

TCE constatou que os 35 servidores não trabalham; demissões devem acabar com a mamata

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INTOLERÂNCIA

Coordenador do curso de Comunicação da Unit é acusado de preconceito Raphael Araújo exigiu retirada de vídeo institucional em que estudante de jornalismo era entrevistada por conta de um ensaio fotográfico que ela fizera DA REDAÇÃO

M

ais um caso de preconceito, discriminação e difamação na sociedade. É assim que a estudante de jornalismo Jullyane Caldas de Farias Matos, da Universidade Tiradentes, conhecida por muitos como Fits, classifica a atitude do coordenador do curso de Comunicação Social, Raphael Pereira Fernandes de Araújo, em relação a um ensaio fotográfico que ela realizou. Tudo começou depois que Jullyane foi entrevistada sobre o evento “É culpa da mídia”, que se tornou tradicional entres os estudantes de comunicação da Unit e para o qual, antes da estreia, vários vídeos institucionais são realizados para divulgação. Poucos dias depois de a estudante do segundo período de jornalismo dar o depoimento, o professor Raphael Araújo pediu que o vídeo fosse retirado do ar, sob a alegação de que a imagem de Jullyane não poderia ser “associada” ao evento. Modelo, a estudante havia tido recentemente seu ensaio divulgado numa revista eletrônica internacional. O preconceito acintoso de Raphael Araújo pôde ser constatado em três áudios enviados ao grupo de Whatsapp da organização do evento. Em um dos trechos o educador afirma: “Tudo que a gente não quer é que uma doida que tá dando o

rabo por aí por alguém estrague o evento“. Os termos pejorativos e acintosos contra a jovem não pararam por aí: “[...] é uma garota que tirou fotos pornográficas e está nas redes sociais; aí agora me ligaram da Fits pedindo para que o vídeo fosse retirado para não associar mais uma vez a putaria ao evento e à instituição”. E, ainda colocou: “No vídeo do ‘É culpa da mídia’ que são as pessoas entrevistando, eu preciso que ele seja retirado do ar, devido mais um problema de compartilhamento de fotos de putaria e sacanagem de uma das pessoas que é entrevistada”. Pouco tempo depois o vídeo em que Jullyane falava sobre o evento foi retirado da página institucional do Facebook da Unit. A estudante procurou a ouvidoria da instituição para relatar o desrespeito e infâmias feitas contra sua pessoa. “Espero que a Unit puna exemplarmente aquele que deveria dar o exemplo. Não estou aqui para julgar ninguém. Apenas quero ser respeitada. A minha vida privada não diz repeito a ninguém”, enfatizou. Em um dos trechos da denúncia que encaminhou à ouvidoria, a estudante destaca: “Meu último trabalho foi para revista ‘Nif Magazine’, internacional, e em nenhum momento me senti imoral, por se tratar de um trabalho profissional do qual estou feliz

em ter participado. Informo o ocorrido na esperança de que providências sejam tomadas, uma vez que terei que cruzar com este indivíduo várias vezes durante os meus 4 anos de faculdade”. A estudante revelou que o caso será judicializado. “Já encaminhei todas as provas para minha advogada. O senhor Raphael Pereira Fernandes de Araújo vai ter que responder na Justiça pelos seus atos”.

Raphael (foto de rede social) atacou ensaio sensual de Jullyane

RESPOSTA Procurado pelo EXTRA, Raphael encaminhou a demanda para a assessoria de imprensa da Unit que ontem, por email, afirmou textualmente: “A assessoria de Comunicação da Unit informa em nota, que a direção da instituição já tomou as medidas administrativas cabíveis”. E só!


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

O jogo sujo de Dilma

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m texto publicado no site ABC Politiko (Brasília) o jornalista e escritor Ruy Fabiano faz um relato autêntico e isento sobre o lamentável e desmoralizante episódio envolvendo uma comitiva de senadores brasileiros e a disfarçada ditadura venezuelana. Mostra a patética ação do governo pela proposital fraqueza de uma presidente comprometida com líderes de republiquetas esquerdistas da AméricaLatina, a subserviência do Itamaraty às ordens petistas e um Congresso apático que não agiu na medida da agressão e deixou os “glúteos” de fora. Para Fabyano- O episódio da expulsão oficiosa – outra coisa não foi – da comitiva de oito senadores brasileiros de Caracas, há três dias, é mais um capítulo da luta pela construção da tal Pátria Grande, gestada no Foro de São Paulo.Já não se pratica a diplomacia nos seus termos fundadores, de defesa da identidade, interesses e soberania das nações. A diplomacia brasileira, hoje, é ideológica e partidária. No caso presente, o governo brasileiro viu-se numa encruzilhada: ou silenciar – o que equivaleria a avalizar a truculência diplomática do governo de Maduro – ou protestar. Encontrou um meio termo: a morna nota do Itamaraty, que jogou nas costas de “manifestantes” a responsabilidade pelas agressões. Ora, sabe-se que a militância que lá estava não era espontânea. Mais que militantes, eram milicianos, armados de paus e pedras, agredindo o veículo que transportava a comitiva. A passividade dos policiais confirmava, se dúvidas houvesse, a conivência (ou cumplicidade) oficial. Mas houve mais. A omissão do embaixador brasileiro, Rui Pereira, soma-se às demais evidências de conexão entre os governos brasileiro e venezuelano. O embaixador recebeu os senadores na pista do aeroporto e, em seguida, desapareceu. A presidente Dilma não se indignou com o ocorrido. Indignou-se, isto sim, com os senadores, que, segundo ela, a colocaram numa “armadilha”. Pelo visto, para a presidente da República, um traficante vale mais que o Senado. O episódio que envolveu os senadores brasileiros reclama providências que não virão – entre elas, o afastamento da Venezuela do Mercosul. No Congresso, a tropa de choque da base aliada inverte os fatos e considera infratores os próprios colegas. Maduro está certo – e é um democrata, acham aqueles aliados. Na semana passada, um notável do governo Maduro, caçado pela Interpol por tráfico de drogas, DiosdadoCabello, presidente da Assembleia Nacional venezuelana, esteve no Brasil. Foi recebido por Lula e por Dilma. Não foi molestado e, ao contrário, mereceu tapete vermelho. Dias depois, recepção inversa foi dada aos senadores brasileiros.

Mudanças à vista Nos bastidores palacianos já circulam forte rumores de que o governador Renan Filho efetuará mudanças na equipe antes mesmo de completar um ano de administração. A mira está em algumas indicações políticas que não estão correspondendo ao ritmo e às metas estabelecidas para resultados eficientes na gestão estadual. O governador está perfeitamente afinado com os titulares das pastas cujas nomeações saíram da sua cota de confiança a responsabilidade, o que não acontece com alguns dos “indicados”. Ouvi uma afirmação categórica de um importante personagem do governo: “O governador quer eficiência e compromisso com a administração. Quem não servir será convidado a deixar”.

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Para refletir: ”Escola não tem estrutura para receber desabrigados. Escola é para ensinar, não para abrigar famílias”

(Diretora da escola que receberia as famílias expulsas pela prefeitura da Vila dos Pescadores)

Previsões nebulosas

Jogados à promiscuidade

O pai de santo André de Ogum ( ou Ogundelê), conhecido por suas acertadas previsões e procurado por uma multidão de políticos brasileiros foi provocado e fez um prognóstico sobre as eleições para prefeito em Maceió no próximo ano. Consultando seus orixás vislumbrou a eleição de um político com mandato parlamentar em primeiro turno com uma grande diferença para o segundo colocado. Quanto ao atual prefeito Rui Palmeira foi taxativo: “Se for candidato sofrerá uma grande decepção, mas é possível que desista da candidatura ou até renuncie ao mandato antes de terminar”.

Os agentes da maldade do prefeito Rui Palmeira não tiveram nenhum respeito à dor e ao constrangimento sofridos pelos moradores da “Favela de Jaraguá”, expulsos de seus miseráveis casebrese literalmente jogados à promiscuidade em abrigos insalubres, fétidos e inapropriados até para animais. Não respeitaram a dor dos pais, não atentaram para o desamparo de crianças que se viram literalmente jogadas ao lixo, sem a menor compaixão ou respeito humano. O preposto do prefeito, secretário de governo, deu entrevistas à imprensa mentindo sobre as condições sub-humanas, naturalmente sob a recomendação de seu chefete, que ao que parece carrega um coração de pedra em seu peito arrogante. Mas, como diz a música, “amanhã será outro dia”. Na noite de quarta-feira a prefeitura divulgou uma nota dizendo que “todas as famílias haviam sido alojadas” através do “aluguel social”. Mais mentira, pois ainda há muita gente praticamente desabrigada e outras em situação de extrema precariedade.

Afasta de mim o PT O PMDB se prepara para anunciar, no congresso nacional da sigla marcado para agosto, que terá candidatura própria ao Palácio do Planalto nas eleições de 2018. Prevalece na sigla o entendimento de que essa decisão é inadiável. “Esse é um ponto pacífico dentro do partido, de unidade interna. O PMDB precisa – até por razões de manter o partido unido, grande – ter um projeto próprio depois de 24 anos. Acho que agora está maduro este momento”, declarou uma de suasprincipais lideranças.. A ideia é definir o lançamento da candidatura própria ainda em 2015, no evento partidário, para que o PMDB possa discutir um nome competitivo até a próxima disputa presidencial, explica o vice-presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp (RO).

Lyra ressalta Sistema S O senador Benedito de Lira elogiou o Sistema S pela contribuição na formação profissional, qualificação, saúde, segurança no trabalho e na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Ele destacou a atuação das instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Social da Indústria (SESI) e Instituto EuvaldoLodi (IEL). As ações de educação, saúde, cultura, lazer e assistência social para o bemestar do trabalhador foram ressaltadas pelo senador. O sistema também foi apontado por ele como referencial no ingresso ao mercado de trabalho para várias categorias profissionais.

Um Tribunal melhor A qualquer momento o governador Renan Filho deverá assinar a nomeação do novo conselheiro do Tribunal de Contas após receber a lista tríplice com os nomes dos procuradores de do Ministério Público de Contas, Enio Andrade Pimenta, Gustavo Henrique Albuquerque e Rodrigo Cavalcante. Sem medo de errar qualquer um que for o escolhido está preparado e à altura do cargo a ser finalmente ocupado. O presidente do TC, conselheiro Otávio Lessa, aguarda o ato do governador com expectativa. Sabe que a decisão trará qualificação ao plenário de uma desgastada e desacreditada instituição.

Restaurando a moralidade Na nota anterior citei o Tribunal de Contas como exemplo de instituição vista pela sociedade como desgastada e sem credibilidade. Tudo isto vem de um processo lento e gradual de degradação, fruto de administrações irresponsáveis e sem compromisso com o interesse público. O atual presidente, conselheiro Otávio Lessa, ao que faz parecer, pensa diferente e age assim. Tem tomado medidas austeras, mesmo contrariando alguns de seus pares que preferem os equívocos do passado. Uma das medidas emblemáticas, coisa que nunca aconteceu na história do TC, foi o desconto financeiro no bolso dos que não trabalham e a abertura de processos de exoneração dos “fantasmas”. Se continuar assim marcará sua passagem em uma história positiva no meio de tanta desordem pública,


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ARTIGOS

Somos nós um País sem brios? CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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á quase dois anos, entre a atuação como Advogado, o estudo de línguas e o escrever crônicas e artigos, tenho dedicado espaço significativo do meu tempo ao estudo da ciência política e à pesquisa. Três são os meus objetivos: manter a mente ocupada, o que por certo espantará o “alemão”, digo jocosamente; através do estudo e da pesquisa, aprender mais sobre a mais significativa criação política humana, o Estado; sendo-me concedido tempo, produzir livro sobre os dois últimos temas acima relacionados. A ambiciosa tarefa não é fácil, e a cada dia, a cada estudo, conscientizo-me daquela verdade socrática: o que sei é que nada sei. Não desisto, todavia!

Ao estudo muito ajuda a observação da dinâmica da vida, e por isso inicio os meus dias com a leitura de jornais e o acompanhamento do noticiário nacional, ultimamente tão pródigos na revelação de fatos nem sempre airosos à cidadania. Recente fato chamou-me a atenção, causando-me inquietação e desalento: as agruras porque passaram senadores brasileiros na Venezuela. Aquela comitiva, queiramos ou não, aprovemos ou não os seus objetivos, representava o Brasil, e até agora ninguém disse o contrário ou atribuiu-lhe oficiosidade. Considerando que o deslocamento dos senadores deu-se em avião da FAB, devo concluir ter sido atividade oficial do Senado brasileiro, com o pleno conhecimento dos Governos brasileiro e venezuelano. Mesmo assim, mesmo sendo uma representação brasileira, a comitiva foi hostilizada, brutalmente impedida, em última instância, de desembarcar em solo venezuelano. E não se diga que os manifestantes nada tinham como o governo venezuelano. O simples fato da inércia estatal é desmentiroso. A ocorrência envolve sérias questões de Direito

Internacional. Era uma comitiva oficial de um país soberano, em missão humanitária e, por esses dois motivos, merecedora de respeito e proteção das autoridades locais. Ao contrário, viram-se os senadores desprotegidos até, pasmemos, por um governo brasileiro fraco que, subserviente, já recebera com pompas e circunstâncias políticos daquela mesma Venezuela, enrolados em desrespeitos aos direitos humanos e até com o narcotráfico. Lamentavelmente, do episódio surge um Brasil apequenado, reverencial, incapaz de indignação, um Gigante leniente, apático, acovardado. Um País sem brios. O Brasil? O País? O Estado? A Nação? Não, corrijo-me. Um governo, isso sim. O Brasil, o País, o Estado, a Nação são instituições permanentes, duradouras. O governo é transitório, e a sua fraqueza não conseguirá amiudar-nos, malgrado sejamos nós os culpados finais, como em responsabilidade objetiva, pois não soubemos utilizar os nossos votos, entregando o País a políticos, de qualquer dos Poderes, sem brios. Os brios do País, esses estão intocáveis!

financeira mediante ações que avancem por sobre os remendos anunciados pelo Banco Central, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, ações que de fato superem as políticas de sacrifício dos mesmos setores de sempre, ações que não mais concentrem o custo tributário somente nas costas do trabalhador, do capital não financeiro, sobre o consumo, sobre a produção e circulação de bens e serviços, e deixam enfunados e incólumes os rendimentos astronômicos dos investidores da dívida pública interna. Nada mais justifica o governo continuar sendo perdulário com o dinheiro alheio em proveito de poucos. Assim, considerando que o setor público do Brasil - União, Estados e Municípios - tem uma dívida que ascende acima de dois trilhões de Reais. Cumpre estancar esse sangramento. Pagar. Resgatar a divida líquida pública interna emitindo moeda. Esse é o lado bom da divida interna que deve ser levado em conta. Ser amortizada com a Moeda Nacional. Evidente que, o pagamento de um elevado valor mediante emissão de moeda implicaria excessiva liquidez. A indesejável indigestão financeira. A inflação. No entanto, o concurso das ferramentas de política monetária, emissão de moeda para pagar a dívida - com a arrecadação tributária, desta feita, através de empréstimo compulsório incidente sobre com recursos do próprio setor financeiro, anularia os efeitos deletérios da excessiva liquidez financeira, evitaria a obesidade econômica. Isso mesmo. A direita da equação macro econômica se tem o valor da emissão de moeda suficiente para pagar a dívida pública ou grande parte dela e, igualmente, à esquerda, por sobre a zaga da renda financeira gerada pelos juros especulativos da dívida pública, seria lançado o empréstimo compulsório, a desengorda dos efeitos mórbidos da inflação, de tal sorte que, civilizaria a remuneração dos investidores da dívida pública interna sem inflacionar a economia. Nesse cenário, os agentes financeiros, públicos e privados, receberiam o que lhes são de direito e, ao mesmo tempo, recolheriam, tributariamente, o empréstimo compulsório, nos termos previstos na Constituição da República, em valor suficiente para neutralizar a excessiva liquidez inflacionária, sempre que e tão somente, lancem no mercado creditório novas operações. Bem, os ativos financeiros não seriam desvalorizados, ficariam segredados em caixa, no cofre dos bancos, dentro do “colchão”, de tal sorte que a liquidez excessiva do sistema monetário seria contida não somente pelas ortodoxas taxa de juros e emissão de títu-

los, mas, também, pelo instrumento tributário que neutralizaria o crescimento da divida pública e também neutralizaria esse imoral vai e vem que só um dos lados ganha indo e voltando. Desse modo, os bancos e outros credores, públicos e privados, não perderiam, os ativos dessas instituições ficariam incólumes, a moeda valorizada, preservados da inflação e, as operações de crédito não cairiam no descontrole e não mais incrementariam o endividamento da Nação em níveis estranguladores, preservaria as finanças públicas, a renda do capital financeiro e não financeiro, a renda do trabalho e não estorvaria a previdência e a assistência sociais. A inflação seria reprimida pela emissão de títulos da dívida, taxa de juros - muito menor – e, sobretudo, no primeiro momento, pelo empréstimo compulsório que, embora sendo dívida, não apertaria o pescoço da Nação para remunerar o capital financeiro. É hora de combinar o financeiro com o tributário mediante controle rigoroso, lucro justo do capital financeiro, sem maltratar as curtas pernas da mentira com gigantescas pedaladas. Além do mais, o governo poderia sustentar o desenvolvimento econômico lançando mão de isenções compensatórias do empréstimo compulsório de modo a estimular certas e determinadas operações de crédito voltadas ao desenvolvimento da educação, da indústria e do comércio, com ênfase para as áreas de produção de energia e de infraestrutura, sem desfitar os olhos do mercado de capitais. É verdade que tais medidas implicariam valorização das moedas estrangeiras frente ao Real. No entanto, por outro lado, o sobre preço cambial seria contingenciado pelo crescimento das exportações, pela liquidez financeira internacional e pela rédea curta da tributação extrafiscal do imposto sobre importação de bugigangas e traquitanas, do câmbio e sobre operações financeiras. “Cetiris paribus”, o momento atual ainda está favorável por conta do patamar aceitável das reservas cambiais e do razoável estoque da dívida pública e privada externas. Acaso, essa igualitária octanagem econômica não for suficiente para foguear o crescimento, der errado, nada se tem a perder. Do jeito que o Brasil está, “precisaria ainda melhorar muito para ficar ruim”. Nada pode ser pior para um povo do que um governo clientelista que socializa a miséria dizendo ser pai dos pobres quando, na verdade, é a mãezona dos agiotas.

De igual para igual IRINEU TORRES Diretor do Sindifisco e conselheiro Emérito da Fenafisco Mais dinheiro nem sempre resolve. Morre-se de fome e também de indigestão. Sob o ângulo da macroeconomia a dívida e o excesso de liquidez atrasam o desenvolvimento sócio econômico e o controle da inflação. O poder público endividado desvaloriza o dinheiro emitido na mesma medida com que paga a dívida, posto que, combinam na mesma equação, termos iguais, sinais contrários, em lados opostos. Nessa hipótese se faz imperioso pagar a dívida com recursos tributários ou procedentes de outros meios de financiamento que não seja a emissão de moedas. Acaso o poder público emita moedas como meio de pagamento da divida, deve, ao mesmo tempo, drenar a liquidez em excesso através da emissão de títulos ou pela via tributária, de modo a sustentar o poder aquisitivo da moeda nacional. O governo vem adotando medidas de natureza estritamente fiscal a exemplo do aumento da carga tributária apenas incidente sobre os rendimentos do trabalho e do capital não financeiro. Medidas que transferem os recursos arrecadados para o pagamento dos juros da divida, privilegiam o setor financeiro e não reduzem o montante de uma divida interna bruta que ascende aos dois trilhões de Reais. O ajuste fiscal anunciado é insuficiente, não reduz despesas discricionárias, a exemplo do número de ministérios e do número de cargos em comissão e, o mais grave, é caolho, não visualiza toda a extensão da recessão econômica, teima em se limitar á atividade fiscal isoladamente, divorciada da política monetária, mantém a SELIC tão acima da TJLP ao ponto do Tesouro Nacional ter transferido mais de 480 bilhões de Reais, entre 2008 e 2014, para não incomodar os rendimentos do capital financeiro. É um critério desigual. É injusto. É favoritismo político. Penaliza a produção real de riqueza em proveito do capital financeiro. Os tributos no Brasil já não servem a causa de interesse publico, apenas acumulam capital financeiro. A Nação já não mais cresse, mas sim, encalacrar-se. Basta. Não mais se pode continuar querendo tapar o Sol sem nem uma peneira. A crise impõe medidas restritivas da liquidez


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ARTIGOS

Qual seria a solução? JORGE MORAIS Jornalista

É

i n e g á vel que a questão da segurança em Alagoas deu uma melhorada considerável do ponto de vista operacional. Quem ousar dizer diferente disso ou não quer enxergar uma nova realidade que está se tentando buscar no estado ou é uma pessoa sem crença ou não quer enxergar. Ao mesmo tempo não estou dizendo que, agora, está uma maravilha. Muito pelo contrário, acho que temos problemas até demais para que o poder público possa tentar resolver, em especial, na questão da segurança. Hoje, a polícia no Estado de Alagoas vem agindo da seguinte maneira: bateu, levou; olho por olho, dente por dente; antes ele do que eu; agindo com a mesma moeda. O próprio secretário

de Defesa Social, Alfredo Gaspar de Mendonça, já foi bem claro, e até não bem entendido por parte da população e dos direitos humanos, quando disse que a polícia está preparada para prender, mas, também, para reagir no tamanho da violência da bandidagem. No que ele está certíssimo. Não quero dizer com isso que os policiais saiam atirando ou matando todo mundo ou que eles saiam batendo e prendendo homens e mulheres de bem, como em alguns casos já ocorridos e reclamados. A Polícia Militar precisa está preparada para reagir na hora certa, para defender a população, combater o crime organizado ou não, tornar a cidade mais segura. Não temos muito para comemorar, é verdade. Há bem pouco tempo, a Cidade de Maceió, nas estatísticas, era considerada a mais violenta do Brasil e uma das mais violentas do Mundo. Claro que isso ainda não mudou, mas, provavelmente, ocupamos os mesmos lugares, mas com percentuais menores. É possível. Se assim não fosse, não estaríamos com tantos problemas

agora. Nesse momento, quem acreditaria que, em apenas dois dias, quatro ônibus seriam ou foram incendiados, em Maceió? Isso está parecendo coisa de São Paulo e Rio de Janeiro, cidades grandes. Hoje em dia, o crime organizado não escolhe mais cidades ou vítimas. De dentro da cadeia ou da penitenciária eles mandam cartinhas e, lá do outro lado da rua, os familiares e amigos do crime, cumprem as ordens. Voltemos ao tema do artigo: Qual seria a solução? Nessa hora acho muito difícil que se encontre uma solução rápida, boa e definitiva para o quesito segurança. No episódio dos ônibus incendiados, o secretário de Defesa Social mandou escalar, mesmo que escondidos e misturados aos passageiros comuns, policiais para garantir a segurança de todos, prender e reagir às ações dos bandidos que assaltam e são incendiários. Nessa hora, surgem as primeiras reações da população usuária do transporte coletivo. Alguns acham uma boa idéia e se consideram mais

seguros com a polícia por perto, ou melhor, quase colada. Outros reclamam que, a presença dos policiais nos coletivos, assusta e traz uma grande preocupação. Em outras palavras: não se sentem seguros em caso de reação. Numa possível troca de tiros, pode sobrar alguma bala para quem está viajando naquele ônibus. É aquela história antiga e contada pelas autoridades policias: “A polícia longe faz falta e a polícia perto assusta”. Por isso, repito a pergunta: Qual seria a solução? Nessa hora não me atrevo a opinar mais do que já o fiz. Como leigo no assunto, prefiro esperar e pedir a Deus que os entendidos encontrem uma solução rápida e que, um dia não muito distante, a população possa arrancar as grandes das portas e janelas de suas casas; que edifícios e condomínios sejam realmente seguros; que o povo possa ter o direito constitucional de ir e vir, sem medo de ser feliz e dos assaltos. Essa é a minha proposta, ou melhor, esperança, em relação à pergunta feita. Se você tem a solução, responda.

dele na Avenida Fernandes Lima e apesar de muito jovem, ouvia meu pai comentar os métodos usados por ele nas suas campanhas. Atualmente é difícil saber quem é de direita ou de esquerda, quem se elege por programa de campanha ou se reelege pelo trabalho realizado. E o pior: vivemos em tempos de capitanias hereditárias. O filho é candidato tomando por base as compras de voto do pai ou o trabalho não realizado. Os cabos eleitorais, se o moço for deputado, são os comissionados do Legislativo, pagos com o dinheiro público. Se o candidato não estiver exercendo mandato, vai ter que pagar a eles. Do lado das empresas o jogo é difícil. A campanha é financiada pelos donos delas que se baseiam no ¨é dando que se recebe¨. Eleito, o parlamentar, o Governador, o Presidente ou o Senador terá obrigação de retribuir o favor. Há empresas grandes que financiam vários partidos para não correrem o risco de não receberem de volta tudo gasto, com juros e correção monetária. Em Alagoas havia dois candidatos ao Senado com chances de vitória. E eu sempre dizia como piada: um anda de helicóptero e a outra anda de bicicleta. Claro que o mais gastador ganhou a eleição. Perdeu o idealismo! De ponta a ponta do país inteiro acontece a mesma coisa. Vence quem consegue mais di-

nheiro. Perde quem tenta convencer o eleitor com um bom discurso. Os currais eleitorais existem: são vendidos, loteados ou trocados por algo vantajoso. Graças a Deus, a Justiça Eleitoral está abrindo os olhos e punindo alguns mais sabidos. Ainda falta muito, mas Prefeitos já foram afastados. Não imaginávamos jamais ver dezenas de empresários bem sucedidos, sendo presos, algemados e na cadeia. A corda está esticando e assustando muita gente boa, pois ainda não chegou a vez dos políticos na Operação Lava-Jato. Lula e seus comparsas devem estar tomando muito lexotan. Passa por minha cabeça um filme bem longo que ainda não chegou ao fim. Dos políticos eleitos em 2014, poucos ou quase nenhum tinham condições de serem eleitos com recursos próprios ou verba legal de campanha. Vários já foram citados pela Polícia Federal e outros, nervosos, aguardam sua vez. Daí a nossa preocupação em imaginar o que sobrará no fim de tudo. Empresas castigadas, obras paradas, a inflação subindo, o governo perdido, a crise aumentando e os políticos amedrontados. Um verdadeiro caos! Em 2016 haverá eleições municipais e vai ser difícil conseguir financiamentos. Quero ver como os políticos que sobrarem desse terremoto se elegerão por puro idealismo. Isto é, se escapar alguém!

Quem vai escapar? ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

Q

uanto mais ouço notícias de empresários presos, mais me convenço de que pouca gente escapará das garras da Justiça. De início pensei que os taturanas assombrariam o Brasil inteiro. Aí vêm mensaleiros, lava-jato, fiscais de prefeituras, funcionários da Previdência. Em todas as áreas estouram escândalos de corrupção e nós vamos caminhando para um clima de terror. Há vários anos denunciamos ilegalidades cometidas por parlamentares alagoanos e até agora ninguém foi preso. Já cansei de repetir os absurdos cometidos pelo Legislativo alagoano, sou perseguida, alguns companheiros se assustam e me pedem mais cautela, mas os sabidos políticos continuam praticando arbitrariedades. Não me arrependo de nada que fiz e continuarei denunciando até morrer. Se, a nível de Alagoas nada se resolve, no país as denúncias estão surtindo efeito.

O ex-presidente Lula já demonstra çlaros sinais de preocupação. Critica o PT, ataca o governo da Dilma, percebendo o fechamento do cerco da Polícia Federal e o belo trabalho exercido pelo jovem juiz Moro em torno dele. Eis a resposta ao exagero usado nas campanhas eleitorais. Uma pergunta intrigante: De onde vem tanto dinheiro? Se em Alagoas foram gastos R$ 45 milhões na campanha do Renan Filho, quanto a Dilma gastou para se reeleger? Não consigo enxergar quem foi candidato e não usou dinheiro público legal ou ilegalmente. Já houve alguns progressos depois da proibição de comícios eleitorais, onde os candidatos gastavam rios de reais para contratarem cantores famosos. Hoje, as despesas correm por conta de gastos com cabos eleitorais, material de campanha, programas de rádio e TV. Fora alguns atos praticados por candidatos na compra de áreas dominadas por determinados tipos de políticos. Aí, os sabidos vão perguntar como se pode provar tal ¨negociata¨. Acabou-se o idealismo no Brasil. Lembrome de excelentes políticos que chegaram ao Senado Federal sem comprar votos, sem usar meios escusos. Para não correr o risco de errar, citarei apenas um alagoano idealista: senador Aurélio Viana, nos idos de 1950/60, eleito em final de carreira pelo Rio de Janeiro. Fui vizinha


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Técnicos demitidos

Antes da Copa

a dança dos técnicos, demitidos neste começo do Brasileiro na série A e até a 8ª rodada, o mais recente a ficar desempregado é Hélio dos Anjos. Dispensa do Goiás foi no inicio da semana e o cargo já preenchido. Argumento da diretoria: “Os resultados não ajudaram”.

De Dunga, antes da Copa América: “A Seleção Brasileira sempre entra em campo com a responsabilidade de ganhar. Portanto, para nós essa situação não muda muito dentro do nosso planejamento. Vamos para o campo com o pensamento de fazermos o nosso melhor jogo“.

Zona de risco

E depois

N

A má fase da equipe foi o que mais influenciou a decisão. O Goiás, até a semana passada somou só nove pontos, ficou em 15ª e rondava a zona do rebaixamento, o que fez crescer a pressão dos torcedores e é o técnico quem paga as consequências em trabalho de grupo.

Outros demitidos Antes de Hélio dos Anjos, outros dispensados: Luiz Felipe Scolari (Grêmio), Ricardo Drubscky (Fluminense), Vanderlei Luxemburgo (Flamengo), Marcelo Oliveira (Cruzeiro), Hemerson Maria (Joinville), Marquinhos Santos (Coritiba), Oswaldo de Oliveira (Palmeiras) e Doriva (Vasco) .

Outro lado Dos técnicos dispensados, Marcelo Oliveira e Felipão voltaram ao trabalho. Marcelo agora no Palmeiras, e Luís Felipe Scolari, o Felipão, trabalhando no futebol chinês, no Guangzhou Evergrande.

Recado dado. “O CRB ocupa posição que não pode vacilar no somatório de pontos, nos jogos em casa principalmente. Temos ainda que nos impor usando o fator campo”. Observação foi de Mazola Junior e muito bem entendido pelos jogadores. O Galo deixa a torcida confiante.

Torcedores pós comemoração da vitória na estreia da Copa América, soltaram de vez a confiança na Canarinha também para as Olimpíadas em junho de 2016. O otimismo é também dos torcedores. Comentário de Dunga: “A evolução é algo que a seleção persegue”.

Mudança de hábito? A Copa América, no Chile e com rivais do Brasil pesos-pesados não é momento para Dunga avaliar melhor o plantel visando os jogos olímpicos em junho do próximo ano? Na sul-americana, na abertura o Brasil venceu a Colômbia (1x0) e teve classificação antecipada para a fase seguinte derrotando também a Venezuela.

Novo ídolo? Roberto Firmino, 23 anos sentiu o peso da fama em uma entrevista à mídia internacional que o definiu como o jogador mais tímido do Brasil. Foi na terça-feira (23) com a presença de 70 jornalistas estrangeiros e respostas dele curtas e acompanhadas por sorriso nervoso. Mas da conclusão uma certeza: no campo ele faz a diferença.

De Marta “Se uma equipe teria de vencer este mundial ela seria a do Brasil”. A opinião foi da alagoana Marta lastimando a má sorte da seleção brasileira pela perda da chance de decidir o mundial de futebol feminino, vaga tomada pelas meninas da Australia e que jogam um futebol de excelente nível técnico. Marta atingiu a marca de 15 gols em Copas do Mundo, superando a alemã Birgit Prinz e tornando-se a maior artilheira da história do torneio feminino.

Palavras de Firmino

Sugestão

“Sou tímido, não gosto de dar entrevista. Mas em campo me transformo, não gosto de perder. Esse é o meu maior defeito”. Os jornalistas completaram a reportagem lembrando o gol dele, o segundo da vitória (2 a 1) do Brasil sobre a Venezuela, no domingo (21) e que garantiu vaga da seleção nas quartas de final da Copa América.

No futebol alagoano, se é para somar prejuízos nas bilheterias, qual a razão de as diretorias dos clubes não experimentarem cobrar ingressos com preços mais acessíveis ao bolso do torcedor? Pergunta é de Wellington Fernandes, mas tem sentido?

Firmeza Neste fim de semana a bola vai correr no Coaraci da Mata Fonseca, em Arapiraca, e jogo é do Campeonato Brasileiro com o ASA enfrentando o Cuiabá, às 16 horas. Vica tem o time escalado. É o que vem jogando e o torcedor é otimista para mudar de Série em 2016.

Mais alvinegro Ainda de Arapiraca, mas no rugby, o alvinegro surpreende na Copa Nordeste. Está na segunda fase e nas rodadas recentes venceu o Telleres Club, de Pernambuco, e o Seregy de Sergipe. O ASA é segundo do grupo e neste fim de semana pega o Orixás em Arapiraca.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Maioridade penal

Tem sustentação?

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erou polêmica entre maceioenses aprovação, na comissão especial da Câmara Federal, do projeto de lei propondo a redução da maioridade penal dos 18 para 16 anos e no paralelo casos de crimes hediondos : latrocínio, estupro, homicídio doloso intencional, e lesão corporal grave, seguida ou não de morte, e o de roubo qualificado.

“Votações do ajuste fiscal e da reforma política abalaram o controle de Temer, Renan e Eduardo Cunha sobre os congressistas“. Comentário foi divulgado na revista Carta Capital, coluna Rosa dos Ventos e edição da primeira semana deste mês, mas sem haver resposta.

Audiência pública O Dia do Idoso, comemorado dia 15 último, pautou, mas na segunda, 22, Audiência Pública na Câmara Municipal de Maceió., proposta pela vereadora Fátima Santiago (PP). Além de representantes dos conselhos estadual e municipal e da Pastoral do Idoso e centros sociais, a sessão teve também acompanhando do público nas galerias.

Novos passos Ainda do projeto de lei que reduz a idade penal, que entre setores interessados tramita a passo de tartaruga, quando vier a ser votado, em dois turnos, o primeiro terá que ter 308 votos favoráveis, no mínimo e ter encaminhamento e decisão final no segundo turno. Mas qual a razão da demora ninguém explica.

Previsões sóbrias

Desperdício Mesmo a época sendo de inverno é prudente, também em Maceió, atenção no consumo de água. Da razão, além dos rios com volume baixo de água, não deve chover o suficiente para esbanjo no uso diário. E em conta o princípio do ser “melhor prevenir do que remediar”.

Mais penalizadas Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) também confirma escassez de água em 38 municípios do Sertão e do Semiárido. Prefeitos das cidades mais penalizadas se reuniram com técnicos da Defesa Civil Estadual em busca de apoio para as regiões mais carentes.

Divergentes Alagoanos divergem sobre medidas do ministro Joaquim Levy para minimizar o quadro perverso do momento por que passa a economia no País. Teve até manifesto assinado por professores da Fundação Getúlio Vargas, Insper, Fipe (São Paulo) e da Faap.

Justiça inova Concursos públicos em âmbito federal, mas só para a magistratura, devem reservar 20% das vagas para candidatos negros. A proposta estaria aprovada no Conselho Nacional de Justiça, mas só para a carreira de magistratura e validade no País até 2024. Questão foi divulgada na revista Carta Capital, datada do dia 17 ainda deste mês.

Curiosidade É natural em conversas, e interessante de saber, até quando vai durar e em quanto ficarão os gastos com as investigações da Operação Lava Jato. É parte ainda da curiosidade, e estranheza, que políticos denunciados continuem exercendo mandato.

Nojentos! Em Maceió, nesses tempos de chuvas, é comum ruas alagadas face aos esgotos entupidos. Mas fazer o que diante do mau hábito das famílias emporcalhando ruas por acharem que a responsabilidade da limpeza e da higiene da cidade é obrigação somente da Prefeitura.

“Bem feito” Entre maceioenses teve quem pontuou no “bem feito” ação de venezuelanos impedindo senadores brasileiros de descerem do avião da FAB para se solidarizarem com políticos presos. A indignação teve ainda a ver com o uso de aeronave da Força Aérea Brasileira.

Sem comentários? Conversas em Maceió, se houveram, não repercutiram. Caso em questão uma decisão recente na Câmara Federal sobre a reforma política e propostas discutidas a mais demorada foi a inclusão da fidelidade partidária na Constituição Federal e, outra, “janela” de 30 dias para políticos troca-troca de partidos.

Uma dúvida Ainda da análise, conclusão é que esse tipo de comportamento espalha benefícios para deputados estaduais e vereadores, mas finca dúvida no estímulo para mudanças nas bancadas. PTB e o PROS ficaram com outras propostas de menor repercussão mas possíveis ainda de aprovação.

Da vereadora Fátima Santiago: “Até 2030, mais de 30% da população brasileira será de pessoas com mais de 65 anos, indica o IBGE, e esta é uma situação preocupante, porque significa mais gente precisando de assistência médica e de Instituições de Longa Permanência. Nos antigos abrigos, infelizmente, não vemos uma preparação para esta realidade”.

Concursos Quem abrir o site concursos.com.br se depara com uma gama de propostas Brasil afora e que entusiasma pelas previsões para realização de concurso público neste novo semestre, em vários Estados e vagas para profissionais de várias áreas. Mas um senão: Alagoas, fica fora da listagem?


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Mês mais quente

Aviões elétricos

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ados divulgados pela Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) mostram que em maio as temperaturas médias do ar e da superfície do mar ficaram 0,87ºC mais quentes que a média desse mês no século passado. Segundo a análise da Nasa, desde que foi iniciada a medição, a temperatura média da Terra ficou 0,8°C mais quente, uma tendência provocada em grande parte pelo aumento das emissões de dióxido de carbono e de outros gases pelo homem na atmosfera do planeta.

Baleias mortas O número de baleias mortas desde o fim de maio tem intrigado pesquisadores que normalmente não encontram mais do que uma carcaça de baleia-fin a cada dois anos. Nas últimas semanas, nove baleias dessa espécie ameaçadas de extinção foram encontradas mortas nas águas do Alasca, entre a ilha Kodiak e a Passagem de Unimak. Não tinham sinais de ferimentos e exibiam camadas saudáveis de gordura.

As autoridades da China anunciaram no dia 19 terem concluído a fabricação dos dois primeiros aviões elétricos de passageiros. As aeronaves, que se carregam em duas horas e têm entre 45 minutos e uma hora de autonomia, podem voar a uma altitude de até 3.000 metros e a uma velocidade máxima de 160 km/h. A Universidade Aeroespacial da cidade de Shenyang e a Academia Geral de Aviação da província de Liaoning) são os responsáveis pelo projeto deste avião, que mede 14,5 metros entre os dois extremos de suas asas e que tem capacidade para transportar 230 quilos.

Extinção

Incêndios florestais Nesta semana, incêndios florestais nos Estados Unidos forçaram a remoção de mais de mil pessoas de suas casas. Espalhado pelo vento e agravado pelo clima seco, o fogo já consumiu mais de 100 estruturas no Alasca e ameaçava outras mais na Califórnia e no Arizona, estados afetados pela seca. Cerca de 500 bombeiros, apoiados por tanques aéreos e escavadoras, lutavam contra o fogo, que se alastrava por estimados 3 mil hectares.

O Centro de Conservação da Fauna Silvestre do Estado de São Paulo foi inaugurado na sexta-feira passada (19), em Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo. Com 80 mil m², o centro reproduz o hábitat natural de espécies ameaçadas para favorecer o acasalamento e promover a conservação das espécies no próprio ambiente onde ocorrem ou fora, porém em condições próximas do ambiente natural. As espécies selecionadas inicialmente incluem a arara-azul, mico-leão-preto, mico-leão-dourado, o mico-leão-dacara-dourada e o tamanduá-bandeira, todos ameaçados de extinção.

Onda de calor Uma onda de calor que afeta o Paquistão matou mais de 700 pessoas em três dias. A temperatura alcançou 45 graus e problemas foram registrados na rede de energia elétrica, o que afetou o fornecimento de água. O governo decretou estado de emergência nos hospitais, convocou os médicos que estavam de férias e aumentou os estoques de remédios. Os efeitos da onda de calor coincidem com o Ramadã, durante o qual os muçulmanos praticantes permanecem em jejum entre o nascer e o pôr do sol.

Emergência ambiental Devido aos altos índices de poluição, uma medida paralisará 40% do parque automotivo de Santiago, no Chile. A emergência ambiental é a medida máxima de alerta que a legislação chilena contempla quando os níveis de poluição superam o nível 500 de Material Particulado 2,5. A primeira medida, tomada em 1999, paralisou mais de 3 mil fábricas e outras fontes fixas de poluição. As aulas de educação física serão suspensas em todos os colégios de Santiago e serão habilitadas vias exclusivas de transporte público, entre outras medidas.

Abelhas detectam drogas Um estudo divulgado na revista científica online Plos relata que cientistas da Universidade de Colônia, na Alemanha, descobriram que as abelhas respondiamcom a vibração de suas antenas à concentrações de drogas como heroína e cocaína. Eles dizem que os insetos podem substituir cães farejadores já que são menores, menos caros, mais fáceis e rápidos de serem treinados. As abelhas poderiam ser usadas como biossensores para tipos diferentes de odores e aplicados na detecção de doenças, contaminação alimentar, resíduos explosivos e drogas.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Diesel: vantagem ou problema?

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rimeiro SUV compacto a diesel produzido no Brasil que pode ser adquirido por menos de R$ 100.000 está no mercado. A partir do Jeep Renegade reabre-se a polêmica proposta de liberar o combustível para todos os veículos. Hoje, mesmo no segmento de utilitários esporte há obrigatoriedade de tração 4x4 e caixa de redução, mas a segunda exigência na prática foi contornada por vários fabricantes sem qualquer reação do Denatran. Na realidade, o Brasil continua há décadas dependente de importação de diesel e com o imbróglio das novas refinarias da Petrobrás (dois projetos cancelados) o País voltou também a importar gasolina. Sempre se deve lembrar que não existe alternativa economicamente viável ao diesel para caminhões, ônibus e outros veículos pesados, enquanto etanol pode ser adicionado à gasolina ou substi-

tuí-la em veículos leves. Produção de biodiesel é cara demais e aqui, produzido basicamente a partir de grão alimentício (soja). Apenas uma pitada de 3% (agora está em 7%) e os marqueteiros logo nomearam a mistura de biodiesel. Mas a gasolina padrão brasileira tem 22% de etanol há mais de 20 anos (no momento, 27%) e deveria se chamar de biogasolina por mais forte razão. Veículo a diesel proporciona em média autonomia 20% superior ao de um a gasolina, porém a diferença tende a diminuir com aplicação crescente de injeção direta, turbocompressor e redução de cilindrada. No entanto, um motor a diesel, mais pesado, tem custo até 50% maior do que um de ciclo Otto, o que significa em torno de 10% no preço final. Dependendo do preço dos combustíveis é preciso rodar bastante para amortizar a diferença ao comprar um

carro novo. Quanto mais caro o litro (caso da Europa) menor a quilometragem necessária. Alguns governos da União Europeia decidiram, recentemente, que automóveis a diesel antigos e muitos poluentes precisam sair de circulação. Na França e na Bélgica, por exemplo, dois terços dos automóveis novos usam o mesmo combustível de veículos pesados. Não há propriamente a decisão de bani -los de vez, mas incentivos dados no passado serão retirados. Carros compactos de menor preço em geral rodam menos que os médios e grandes. Assim a maioria vai optar por motores a gasolina. Parece que fabricantes entenderam o recado, meio a contragosto, pois diesel proporciona margens atraentes. A reviravolta surgiu nos últimos salões de automóveis na Europa, pois praticamente todas as novas famílias de motores são

RODA VIVA de ciclo Otto e de consumo bem menor. Emissões de óxidos de nitrogênio são mais controláveis quando se usa gasolina. No Brasil há outros complicadores. Motores a diesel modernos só podem usar combustível de baixo teor de enxofre (S10) e exigem abastecimento separado de solução de ureia quimicamente pura. Em caminhões há casos comprovados de violação dos sistemas eletrônicos que anulam os recursos antipoluição. Controle de potencialmente cancerosas partículas inaláveis finas (número e emissões/ km), típicas do diesel, depende também de plano de manutenção bem feito. Como a inspeção veicular continua emperrada – ao contrário da Europa e outros países onde isto é levado muito a sério – teme-se que avanços técnicos se anulem à medida que a frota envelheça.

pitstop Fiat Palio chega à linha 2016: veja os preços Palio Fire, o carro mais barato à venda no país, a partir de R$ R$ 27.590

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Fiat divulgou nesta segunda-feira (22) os preços da linha 2016 do Palio. A versão Fire, que ainda é de uma geração antiga, continua sendo a mais barata à venda no país. Na linha 2015, custava R$ 27.340, com duas portas, e agora subiu para R$ 27.590. O Novo Palio, como é chamada a geração atual, agora parte de R$ 39.410. Juntos, eles são o carro mais vendido no Brasil desde o ano passado, quando a linhaPalio desbancou o

Volkswagen Gol da liderança que ele manteve por 27 anos. MUDANÇAS DO PALIO FIRE Mantendo praticamente o mesmo conjunto, o Palio Fire 2016 recebeu faróis com canhões pretos, com exceção da versão Way, que continua com faróis de máscara negra. Para todas versões, o painel frontal recebeu cor cinza chumbo e espelho no para-sol do motorista. Seu motor segue o mesmo 1.0 de 4 cilindros e 999 cc, que chega até 75 cavalos de potência máxima. Para o Palio da nova geração, a novidade foi a chegada da cor “Branco Kalahari” ao portfólio do hatch. Além do motor 1.0, o modelo possui opções 1.4 (88 cavalos) e 1.6 (117 cavalos).

SALÃO DO AUTOMÓVEL de Buenos Aires termina no próximo domingo e teve poucos lançamentos de peso, a maioria de produção argentina. Um deles é o novo Focus hatch, apresentado aqui esta semana, que completa a atualização da marca na região só com produtos globais. Versão sedã será mostrada em seguida e ambas estarão à venda ainda este mês. RENAULT apresentou sua picape compacta de cabine dupla – primeira no mercado com quatro portas – já na configuração de produção, a se iniciar no final de julho. Havia expectativa de que o pouco sonoro nome Oroch (rima com Amarok) fosse mudado, mas está confirmado. Sandero RS completa a linha de seu compacto anabolizado, prometendo algo mais que decoração esportiva. RETOQUES na frente e na traseira do hatch 308 e do sedã 408, ambos argentinos, têm potencial de animar um pouco suas vendas nessa disputada faixa de médioscompactos. Apesar disso, não se trata do 308 francês que chegará importado no final do ano em configuração mais cara. Peugeot alega ser caro fabricá-lo no Mercosul, mas Golf e Focus novos estão entrando em produção na região. PICAPE MÉDIA Frontier, produto realmente novo, destacou-se em Buenos Aires. Fabricação não caberá ao Brasil, que continuará com a versão antiga. Como a produção só começa em 2018, resta importá-la por enquanto do México, dentro da (baixa) cota em dólares negociada entre os governos. Argentina responderá não apenas pela Frontier, mas também derivações Renault e Mercedes-Benz.

VEJA OS PREÇOS DO PALIO 2016: Palio Fire 1.0 Flex 2P – R$ 27.590. Palio Fire 1.0 Flex 4P – R$ 29.920. Palio Fire Way 1.0 Flex 4P – R$ 31.190. Novo Palio Attractive 1.0 Flex – R$ 39.410. Novo Palio Attractive 1.4 Flex – R$ 42.740. Novo Palio Essence 1.6 16V Flex – R$ 47.130. Novo Palio Sporting 1.6 16V Flex – R$ 49.460.

PREMIÈRE ainda no salão portenho do Honda CR-V atualizado, outro a vir do México. Mas, a partir de 2016, com inauguração da fábrica de Itirapina (SP), a marca japonesa ganhará espaço em Sumaré (SP) para produzir o CR-V que divide arquitetura com o Civic.


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015

ARTIGO

O extintor de incêndio para automóvel é corrupção!!!! JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

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e carro, eu, a esposa e um dos filhos, já fomos duas vezes ao “circuito das águas” e ao “circuito histórico”, em Minas Gerais. Uma vez, fomos com o colega engenheiro José Luzo, esposa e filho e, em outra vez com o empresário Lizardo Jardim, esposa e filhas. Passamos em São Lourenço, Caxambu, Três Corações, Congonhas do Campo, Sabará, Ouro Preto, Tiradentes, Poços de Caldas e outras cidades. Fomos até o Rio de Janeiro e Campos do Jordão. Poucos anos depois, também de carro, fomos até Fortaleza e conhecemos Juazeiro do Norte. Depois, fui duas vezes a Salvador e

umas 10 vezes ao Recife. Para Paulo Afonso, já viajei umas 5 vezes e para minha terra, Mata Grande, já viajei umas 30 vezes. Durante 18 anos, a serviço da minha micro-empresa, já viajei para centenas de municípios, tanto de Alagoas como de Pernambuco e Sergipe. Até aqui, eu já “andei”, de carro, uns 56.000 quilômetros para os locais já citados acima. Para os deslocamentos entre a minha casa, para o trabalho, para o lazer e para outras atividades, poderíamos somar uns 600.000 quilômetros, portanto, para serem somados aos 56.000 quilômetros já computados acima, num total de 656.000 quilômetros, percorridos de carro. Através desses milhares de quilômetros, eu nunca vi um só carro que tenha sofrido incêndio nas estradas. Também, nunca soube através de parentes ou amigos que seus carros tenham sofrido incêndios. O

que tenho visto, são incêndios de ônibus provocados por assaltantes ou por uma população revoltada com as autoridades e governantes inoperantes. Claro que, na minha vida, eu já soube de alguns poucos carros que sofreram incêndios, porém, nunca soube ou vi falar que um simples extintor de incêndio, tenha servido para debelar as chamas. Muita gente, não sabe, nem, onde ficam os extintores nos carros, mas, se souberem onde eles ficam, não sabem, como manejá-los, pois, não são do Corpo de Bombeiros. Quando eu fui Presidente do Conselho Estadual de Transito de Alagoas- CETRAN -AL, várias vezes eu fiz palestras em Lions, Rotary e Escolas e perguntava se alguém já ouviu falar ou já viu alguém apagar um incêndio num carro. As respostas sempre foram dizendo que nunca ouviram falar ou nunca souberam.

Agora, o CONTRAN, resolveu exigir que todos os automóveis, ônibus, caminhões e carretas, conduzam extintores de incêndio, tipo A, B e C, dependendo os seus pesos. Isso é uma falta de vergonha das autoridades brasileiras, quando enchendo os bolsos dos fabricantes, para distribuírem propinas, como aconteceu na Petrobras. Só alguns poucos países exigem os tais extintores. A Inglaterra, a Alemanha, a França e a Espanha não exigem e, coincidência, só são exigidos pelos países mais corruptos. Estamos diante de mais um grande escândalo neste Brasil e, ninguém grita. Para que servem os senadores e deputados? Em tempo – Eu me tornei vaidoso, ao saber que a dra. Cleonice Calheiros e a meritíssima juíza de Direito, dra. Sônia Thereza Beltrão, são minhas leitoras. Que honra !!!!


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Eleições em Arapiraca

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prefeita Célia Rocha já se articula nos bastidores para garantir a sua reeleição. Até momento pelo menos mais três nomes surgem no cenário político arapiraquense já de olho nas eleições de 2016. São eles: advogado e professor Rogério Teófilo, empresário Adoniran Guerra e o deputado estadual Tarcizo Freire.

Reaproximação Embalada e com novo fôlego depois de superar uma crise em seu governo, fato atribuído à crise financeira e incompetência de alguns auxiliares mais próximos, a prefeita arapiraquense poderá se reaproximar do ex-aliado político Rogério Teófilo, cujo irmão, Ricardo Teófilo é o atual superintendente Municipal de Transportes e Trânsito. Teófilo enfrentou a prefeita nas últimas eleições e perdeu por um pouco mais de seis mil votos.

Festa no interior A cidade de Arapiraca está tomada por festas neste mês de junho. São quatro polos de eventos espalhados pelos bairros, além de 10 arraiais comunitários. Há atividades no segundo maior município de Alagoas desde o dia 12 deste mês, no Mercado do Artesanato Margarida Gonçalves, Praça Luiz Pereira Lima (antiga Praça da Prefeitura), Sesc Arapiraca e, em breve, no Parque Municipal Ceci Cunha, local onde está sendo montada uma cidade cenográfica, representando um regresso ao interior sertanejo.

Acompanhando A imprensa alagoana está acompanhando também, além destes polos, as 10 comunidades habilitadas em 2015 no 13º Concurso de Resgate às Tradições Juninas, levando o arrasta-pé e as quadrilhas para a porta de casa do arapiraquense.

Arraiá Pisoteio

Programação

A jovem estudante Elaine Oliveira foi uma das entrevistadas pelo personagem Zé Caipira, do programa Boletim de Ocorrência, que vai ao ar pela TV Alagoas. “É lindo ver toda essa gente nas ruas, prestigiando o esforço dos quadri-lheiros e dos organizadores destes arraiais”, disse ela, acompanhando o Arraiá Pisoteio, nas Batingas.

No domingo (12), 21h30, Mega City; 22h50, Geraldo Cardoso; 00:10 Dorgival Dantas; e, 2h Flor Do Mandacaru. Ainda durante a festa acontecerão outros eventos como o tradicional Baile do Reencontro, durante todo o sábado. Também será realizado o concurso de arrancada de veículos e o famoso Cavalo De Pau.

Boa escolha O atual bicampeão Arraiá Forró na Roça, da Vila São Francisco, veio este ano com uma temática que relaciona o barro com o sertanejo, indo além: o momento da Criação. O homem, segundo as Sagradas Escrituras, veio do barro e dele tirou seu sustento – artesanato, confecção de casas no interior nordestino, etc.

Fez bonito Na véspera de São João, na terça-feira (23), a comunidade fez bonito participando e interagindo do festejo, em reverência ao 13º Concurso de Resgate às Tradições Juninas. Na cidade cenográfica montada – a partir do barro –, havia uma linda igreja, com os santos juninos, fonte e a casa do fazendeiro, contando com utensílios antigos a dar uma ambiência interiorano ainda maior.

Santana do Ipanema Está tudo pronto para a Festa da Juventude de Santana do Ipanema, cidade localizada no Sertão de Alagoas. A programação já está definida. Confira: a partir das 20h escolha da rainha da juventude 2015, o evento será animado por DJ com tenda eletrônica; sexta (10), às 21h30 abertura do evento com Wallyson Maicon; 22h50, Axé 90; a meia-noite, Samyra Show; e, às 2h Danielzinho. No sábado, 11, às 22h, Galã Do Brega; ás 23h20, Axé 90; a OOh40, Limão Com Mel; e, às 2h30 Amores.com

Palmeira de Fora As festividades juninas começaram pra valer a partir de terça-feira (23) e se estendem até o próximo dia 4 de julho na comunidade de Palmeira de Fora, em Palmeira dos Índios. O clima junino e a tradição da fogueira tomam conta dos moradores do pequeno lugar que se preparam para os festejos de São João. No Arraiá Matuto de Opinião, montado na Praça Lili Barros, haverá apresentação de quadrilhas juninas e apresentação do trio de forró Abanos.

Atrações Na quarta-feira, 24 de junho, houve apresentação de quadrilhas juninas e bandas de forró. Doce Desejo e Trio Supapo, fizeram a festa para os moradores sedentos por forró. “Assim como o carnaval, as festas juninas são muito aguardadas pelos nordestinos. Logo, não podemos deixar de realizar todo ano essa festa em nossa comunidade” destacou o vereador Júlio Cezar.

PELO INTERIOR ... Ainda sobre os festejos juninos de Palmeira de Fora: as festividades na comunidade prosseguem nos dias 27 e 28 (São Pedro) com apresentação de bandas, trios de forró e grupos culturais. Para quem vai levar crianças também haverá castelinho e pula-pula. ... “Vamos até o dia 4 de julho com diversas atrações artísticas e culturais. É uma tradição que não pode acabar porque fazemos isso com muito carinho” disse o presidente da Associação, João Pinto. ... Com a missão de reverter a vantagem do empate da equipe do Murici imposta no jogo de ida, quando foi derrotado pelo placar de 2 a 1, o ASA soube contornar a situação e mostrou o por que de ter sido o time de melhor campanha da primeira fase do Campeonato Alagoano Sub-20. ... Jogando nos domínios arapiraquenses e debaixo de muita chuva, o Gigante Alvinegro começou a partida dificultando a defesa do Murici, o meio-campista Batata distribuía as jogadas para o ataque finalizar. ... O ASA precisava da vitória para avançar na competição estadual da categoria Sub-20 e o técnico Paulo Silva orientava os meninos da melhor forma, dando as coordenadas para chegar ao gol adversário. ... O alvinegro avançava no contra-ataque, quando em uma jogada na lateral esquerda, Batata cruzou uma bola na área para o zagueiro Alex abrir o placar. ... O resultado dava a vaga para o quadrangular final para o ASA, porém, no segundo tempo, o Murici voltou pressionando a zaga alvinegra, acionando o goleiro Diogo em algumas oportunidades. ... O jogo seguia de forma intensa e bastante pegado, os jogadores se procuravam dentro de campo e os lances se tornavam em oportunidades de gols para ambos os lados. ... Milhares de pessoas de diversos municípios vizinhos vêm até Arapiraca para movimentar a economia local, visto que é polo do empreendedorismo. Para dar mais uma alavancada no setor, a Prefeitura lançou este mês a 7ª edição do concurso “Minha Loja, Meu Arraiá”. ... Enfeitando suas vitrines com o clima de São João, as 36 lojas – entre microempresas e empresas de pequeno, médio e grande porte – dinamizam ainda mais o período de festejos. ... O concurso é uma realização da Prefeitura de Arapiraca, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Arapiraca, Federa-ção do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomercio/AL), Sindicato dos Lojistas de Arapiraca (Sindilojas). Aos leitores da coluna desejamos um excelente final de semana com muita paz e saúde. Até a próxima edição. Fui!!!


30 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE JUNHO A 02 DE JULHO DE 2015

REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - ex-deputado estadual

Furto na academia Mais comum do que se imagina, as academais de ginástica são cenário de pequenos furtos entre seus frequentadores. Celular, por exemplo, é um dos ítens que costuma sumir. O que fazer se isso acontecer com você? Na esfera criminal, o papel da academia se limita a acompanhar a vítima até a delegacia e registrar a ocorrência. Já na esfera cível, encontra-se a responsabilidade da academia por prover a segurança dos clientes e de seus pertences, enquanto eles estiverem dentro do espaço da empresa.

Venda casada

Compras via Internet

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o fazer compras pela Internet, siga alguma dicas para evitar fraudes, uso indevido de seus dados, entre outros problemas. Antes de fechar a compra, faça pesquisas em vários sites e no do Procon, no caso para verificar se a empresa tem registro de reclamações. Duvide sempre de produtos muito baratos. E mais: Nunca pague com depósito em conta de terceiros. A conta tem que estar no nome da loja virtual, com o seu CNPJ. Veja nas redes socais se há registros anteriores de reclamações. Também verifique o endereço físico da empresa, telefones, e-mails e quais os procedimentos para reclamação, devolução, garantias. etc. Guarde todos os dados das compras: o nome do site, ítens adquiridos, valores pagos, número do protocolo da compra ou pedido.E exija a nota fiscal.

Montagem de móvel Se você comprou um móvel e o prazo acertado para a montagem não foi cumprido, saiba que tem o direito de cancelar a compra. Isso porque essa situação evidencia desrespeito ao contrato firmado entre as partes. E você também poderá ser indenizado se, durante a montagem, o móvel for danificado.

Essa é uma das práticas mais comuns do comércio. Acontece que uma empresa impõe como condição para fornecer um produto ou serviço a aquisição, por parte do consumidor, de outro produto ou serviço, que normalmente é vendido separadamente. Não aceite e parta para outro local, onde não há essa exigência.

Cuidado com “os pastinhas” São aqueles jovens contratados por financeiras oferecendo “dinheiro fácil” para pagamento em longo prazo e com crédito consignado, ou seja, desconto em folha. Eles agem não só nas agências, mas no meio da rua, na porta do INSS, etc. Os aposentados, por exemplo, são bombardeados por ofertas e muitos contratam tudo, fornecendo documentos, tamanha é a insistência. Evite possíveis prejuízos. Fuja deles, quando precisar, vá ao banco ou mesmo a uma financeira.

Ary Lages regateou Roberto Becker, consagrado artista alagoano, cantor, compositor e showman na década de setenta, era o preferido dos candidatos a cargos eletivos para compor seus gingles. Ary Lages, candidato a deputado estadual, encomendou o seu. Roberto preparou um com o seguinte refrão: Ary Lages tem coragem É um homem de ação Pra votar em Ary Lage Basta ser cidadão. Cobrou, entretanto, um valor exorbitante. Ary sugeriu que ele fizesse um mais barato. Dia seguinte, Becker encostou um carro de som defronte ao comitê do candidato que tocava no maior volume: Pra votar em Ary Lages É preciso ter coragem A coisa tá muito feia Tá de cortar o coração Vai votar em Ary Lages? Sei não! Sei não! Ary Lages ordenou aos seus seguranças que resolvessem aquela situação constrangedora. Dois trogloditas entraram no carro de som, quebraram a fita cassete e levaram um recado debochado para Roberto Becker que, apavorado, encerrou a questão, definitivamente.


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