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ANO XVI - Nº 833 - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015

MACEIÓ - ALAGOAS

STF FRUSTRA EXPECTATIVA DE ALAGOAS RECEBER R$ 680 MILHÕES

Ministro Luiz Fux devolve para a Justiça Federal decisão sobre ação popular

Dinheiro é devido pela União aos municípios como restituição do antigo Fundef P/6

Sucateado, Aeroporto de Maceió funciona só com uma das cinco pontes de embarque P/10

RENAN CALHEIROS CORRUPÇÃO E ROUBALHEIRA TJ DESCARTA TERRENOS ASSUME COMPROMISSO LEVAM SÃO LUÍS DO DE GROTAS PARA CONSTRUÇÃO COM PACTO FEDERATIVO QUITUNDE À DECADÊNCIA DO NOVO FÓRUM DE MACEIÓ P/7

P/ 12 e 13

P/5

JOSÉ DIRCEU RECEBEU R$ 11,5 MILHÕES NO MENSALINHO DA PETROBRAS

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COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Deu errado!

“Barrigada” 1

Frustração

E o Gasparzinho - que fez a festa antecipada da venda milionária de uma área para construção do novo Fórum de Maceió -, deu com os burros n’água. Terreno seria vendido por R$ 25 milhões, mas foi descartado pelo TJ por ser área criada por aterramento de grotas e vales, que a lei manda preservar.

A Revista Veja se viu obrigada a admitir a enorme “barrigada” no episódio em que acusou o senador Romário de possuir uma conta na Suíça e onde estariam depositados o equivalente a R$ 7,5 milhões. Na quarta-feira, o banco suíço BSI comunicou oficialmente ser falso o extrato publicado pela revista e revelou ter denunciado o fato ao Ministério Público de Genebra para que investigue a origem do mesmo.

A alegria do ex-prefeito Cícero Cavalcante durou pouco. É que ele não vai mais ocupar a vaga de Dudu Hollanda na Assembleia Legislativa, que teria desistido da licença para se tratar. Cícero das Cachorras, como é conhecido, fez uma baita festa no final de semana passado. Neste, ele chora!!!

Liderança

Lava Jato

O

ex-ministro José Dirceu recebeu ‘mensalinho’ de R$ 96 mil da Petrobras por dez anos. Segundo os investigadores, os pagamentos ocorreram mesmo durante o período em que o ex-ministro cumpria pena do mensalão. Despacho do juiz Sérgio Moro também afirma que lobista comprou uma casa de R$ 500 mil para uma das filhas do ex-deputado. Somente em “mensalinhos”, Zé Dirceu recebeu algo em torno de R$ 11,5 milhões, de acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

O ex-deputado Joãozinho Pereira é um dos fortes candidatos a prefeito de São Miguel dos Campos. Mas ainda não decidiu disputar a sucessão de George Clemente por respeitar a liderança do empresário Nivaldo Jatobá, candidato natural ao cargo. Com dois irmãos e um primo prefeitos (Campo Alegre, Junqueiro e Teotônio Vilela), Joãozinho quer ampliar sua liderança no estado.

“Barrigada” 2 “Por ter publicado um documento falso como sendo verdadeiro, Veja pede desculpas ao senador Romário e aos seus leitores. Esse pedido de desculpas não veio antes porque até a tarde da última quarta-feira (5) ainda pairavam perguntas sem respostas sobre a real natureza do extrato, de cuja genuinidade Veja não tinha razões para suspeitar. A nota do BSI dissipou todas as questões a respeito do extrato. Ele é falso”, diz a revista em sua página na Internet.

Caso Davi Silva 1 O Ministério Público Estadual denunciou quatro policiais militares pela morte do adolescente Davi Silva, de 17 anos. O jovem desapareceu em agosto do ano passado, no Conjunto Cidade Sorriso, no Benedito Bentes, após ser detido por uma guarnição da Radiopatrulha.

Caso Davi Silva 2

Pauta-bomba A Câmara aprovou, na madrugada de quinta-feira (6), em primeiro turno, por 445 votos a favor, 16 contra e seis abstenções, a PEC 443/09, que vincula os salários da Advocacia-Geral da União (AGU) ao subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), teto do funcionalismo público. A mudança terá um impacto de R$ 2,5 bilhões nos cofres públicos.

Os PMs Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Vítor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade foram denunciados por sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáver. A ação penal foi ajuizada junto à 14ª Vara Criminal da Capital, competência para julgar crimes contra a criança, o adolescente e o idoso.

“Barrigada” 3

Bosque fedido

Impeachment nela! A reprovação da presidente Dilma chega a 71% e supera a de Collor em 1992. O índice de reprovação da presidente subiu seis pontos percentuais, tendo em vista que na pesquisa anterior 65% dos entrevistados reprovaram o Governo. Além disso, 66% dos consultados disseram ser a favor da abertura do processo de impeachment.

Moradores do Condomínio Bosque dos Palmares, no Jardim Petrópolis, estão prestes a processar a Caixa Econômica Federal. Motivo: a omissão diante dos problemas no sistema de tratamento de esgoto. Como ele não funciona, o cheiro de merda tomou conta do condomínio e vizinhança.

Romário, contudo, ainda pretende mover uma ação judicial contra a Veja, que, mesmo após o senador e ex-jogador de futebol ter negado com veemência a titularidade da suposta conta, reafirmava que ela era verdadeira.

Queixas Pacientes de tratamento fisioterápico na Adefal voltam a enfrentar problemas com motoristas de ônibus. É que a maioria se nega a parar no ponto mais próximo da entidade, em frente à Rádio Educativa FM, na Fernandes Lima, sob a alegação de que ele se destina apenas aos portadores de necessidades especiais. A questão é que nem sempre as dificuldades dos pacientes são tão visíveis.

Blitz 1 E, por falar em transporte público, três ônibus da Massayó e Piedade foram apreendidos na última quinta-feira (6) em blitz do BPTran na Avenida Márcio Canuto. Outros 40 veículos, sendo 15 cinquenti-nhas, também foram levados ao pátio do Detran.

Blitz 2

No caso dos ônibus, constatou-se pendências com a Justiça em relação a dois coletivos, que não poderiam estar cicrculando; outro estava com licenciamento atrasado.

Errata O EXTRA errou em sua edição de nº 832 ao identificar como sendo do pistoleiro Nezinho a foto do advogado e jornalista Tobias Granja quando jovem. Aos leitores, ao autor do texto, Edberto Ticianeli, e, acima de tudo, aos familiares do jornalista, assassinado em junho de 1982, nossos pedidos de desculpas.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Cunha, o coronel do parlamento Rio - Do Zé falo depois. Vou escrever aqui sobre o ímpeto selvagem e ditatorial do Cunha, homem que responde a sete processos na Justiça, acusado por um delator da Lava Jato de receber US$ 5 milhões de propina, mas que se acha dono da verdade e do país. O presidente da Câmara está contaminando a bancada de deputados do Rio, a mais inexpressiva de todos os tempos, cheia de paus-mandados, a exemplo do presidente da CPI, Hugo Motta, e do deputado Celso Pansera, defensores intransigentes da sua honra, mesmo que isso custe a desmoralização da comissão, hoje a serviço dos caprichos do presidente da Câmara. Eduardo Cunha não é apenas um parlamentar intempestivo e raivoso. É também ousado, muito ousado. Ele não dá a menor importância às críticas que recebe sobre sua conduta à frente da presidência da Câmara. Considera-se acima do bem e do mal. Prova disso é a contratação da agência de investigação Kroll, uma empresa inidônea, cujos diretores já responderam a processo por formação de quadrilha. Depois de contratar a Kroll por R$ l milhão sem licitação, o presidente agora quer renovar o acordo gastando outros milhões de reais para que seus investigadores “particulares” procurem dinheiro dos delatores em bancos estrangeiros, colocando a agência a serviço de seus próprios interesses. Administrando a Câmara como a Casa de Mãe Joana, o presidente acha que não deve satisfação a ninguém. Nem mesmo a seus pares, que, como bonecos de gesso, subservientes, veem silenciosos Eduardo Cunha fazer suas estripulias no parlamento com mão de ferro como se a Casa fosse o feudo de um coronel. No caso da Kroll, ele recebeu críticas tímidas e reservadas contra a contratação da empresa, mas fez ouvidos de mercador. Depois de vários meses de trabalho, a Kroll entregou à CPI o relatório das investigações, que vai ficar guardado por mais de 20 anos por decisão de Cunha. É de se supor que a agência não apurou absolutamente nada sobre as contas dos envolvidos da Lava Jato lá fora. Caso tivesse descoberto uma informação bombástica, a CPI, certamente, não esconderia não só dos deputados que compõem a comissão como também do contribuinte, de quem sai o dinheiro para bancar esse banquete financeiro. E pasmem: nenhum deputado, dos mais de 500 da Casa, levantou a voz para questionar esse relatório fajuto que agora vai adormecer nas prateleiras da Câmara, esperando que todos dessa legislatura morram sem ter acesso a essa investigação. O colunista Merval Pereira, do Globo, acertou na mosca quando disse que “a contratação da Kroll pela Câmara viola, aparentemente, os princípios da moralidade e impessoalidade, inscritos no artigo 37, caput, da Constituição”.

A guerra

Bagunça Na verdade, o Brasil virou uma bagunça só. Enxerga-se corrupção por todos os lados. Rouba-se dinheiro do povo brasileiro em quase todas as grandes empresas estatais. A mania agora de alguns corruptos é dizer, com a maior cara de pau, que “a minha propina não envolve dinheiro público”, como se o dinheiro roubado das empresas estatais e terceirizado pelas empreiteiras não fosse parte da mesma fonte: os cofres públicos.

Disfarce Outra versão que começa a correr na mídia e nos blogs chapas-brancas é a de que a Dilma é honrada depois que o FHC disse a um jornal alemão que apenas o governo do Lula foi corrupto. Pode-se dizer, também, que todos os empreiteiros presos até então eram honrados (casto, virtuoso, puro, respeitado, segundo o Aurélio), mas nem por isso deixam de ser ladrões. A Dilma tem ao seu lado o ministro da Comunicação Social, Edson Silva, o Edinho, acusado por delatores de despejar R$ 7 milhões roubados da Petrobras na campanha dela. Esse senhor também poderia ser honrado, mas responde por uma acusação tão grave como os exdiretores da Petrobras que surrupiaram os bilhões da empresa.

Ventríloquos Se alguém não frear esse comportamento abusivo de Eduardo Cunha, os deputados vão virar ventríloquos de seu presidente, que, para se livrar da acusação de suborno, vai transformar o parlamento em uma casa de tolerância.

Voo dos aloprados Esses petistas aloprados que governam o país há mais de dez anos não passam de um bando de sindicalistas despreparados e incompetentes com mania de grandeza. À frente de uma empresa privada, esse grupo seria reprovado. Se não fossem demitidos por incompetência, certamente seriam por desonestidade, roubalheira e mau comportamento. O que essa corja está fazendo com o país é um crime de lesa pátria de consequências futuras imprevisíveis. Agora mesmo, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, se vangloria de baixar os juros da compra de 36 caças suecos para Força Aérea Brasileira. Diz ter economizado R$ 600 milhões com a renegociação. E a nossa imprensa idiotizada noticia isso como um grande feito do ministro, um ato patriótico de grande envergadura.

Indignação Nós, os brasileiros, estamos tão acostumados com a rotina de aberrações desse partido que perdemos a capacidade da indignação, da contestação e da luta para evitar que o país continue indo para o fundo do poço com essa presidente caótica e inapta. Ora, por que o Brasil vai gastar US$ 5,4 bilhões na compra desses aviões? Estamos em guerra contra quem? Nos últimos cem anos, a nossa soberania só esteve ameaçada pela Bolívia, que expropriou a Petrobras no seu território. Então, por que investir tanto dinheiro nesses aviões de guerra, que ficarão depois se enferrujando no pátio da aeronáutica até se tornarem obsoletos, como ocorreu com os Mirages?

A história registra que a nossa última guerra foi contra o Paraguai há 150 anos (1864-1870). Lá, o glorioso Exército Brasileiro, montado a cavalo e a pé, desmantelou as tropas de Solano López, que resistiu até ver suas mulheres grávidas, crianças e 90% dos seus jovens dizimados por nossos bravos soldados. O massacre até hoje é polêmico e gera controvérsias. Pois bem, de lá pra cá o Brasil nunca mais se envolveu em um conflito internacional que dependesse de uma esquadra aérea para se defender. Portanto, nada justifica que nesse momento de vacas magras, quando se aprofundam a recessão econômica, o arrocho salarial e o desemprego, que o governo torre mais de US$ 5 bilhões para satisfazer o ego belicista de alguns brigadeiros ufanistas da FAB.

Calote O pior de tudo isso é que a Suécia ainda pode levar um calote, já que os petistas não costumam honrar seus compromissos. Como jogam para a plateia, eles adoram criar factoides para a mídia com os escassos recursos dos contribuintes. No auge da popularidade, Lula trouxe para cá a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos que consomem e consumiram bilhões de reais dos cofres públicos, dinheiro que hoje faz falta. A Copa, pelos gastos, foi condenada por manifestações nas ruas e, no campo, pelos 7 a 1 sofridos da Alemanha. E os Jogos Olímpicos, por onde passam rios de dinheiro sem controle, começam no próximo ano já com ressalvas do Tribunal de Contas da União sobre os gastos.

Transparência O TCU denunciou que é possível perceber que, a exemplo do Pan-Americano e da Copa do Mundo de 2014, novamente “o nosso país falha com relação à transparência e ao planejamento, dificultando, assim, o controle dos recursos públicos”. Além disso, órgãos internacionais denunciam que a competição de Vela está ameaçada pela grande quantidade de dejetos que contaminam a Baia da Guanabara, pondo em risco a saúde dos competidores mesmo depois dos gastos de R$ 10 bilhões para despoluir as águas. O povo brasileiro precisa conhecer melhor a caixa -preta desses Jogos Olímpicos para saber como o seu dinheiro está sendo utilizado por esse monte de aloprados.

Responsabilidade E o Senado Federal, a quem cabe ratificar, nos próximos dias, o acordo da renegociação dos caças suecos, tem que definir quais as prioridades do país neste momento de intranquilidade política e social.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015

GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Está devendo Quem acessa o Portal da Transparência do Tribunal de Contas dá pra observar que o único Conselheiro que ainda está devendo de publicar o seu curriculum é Cleide Brandão, esposa do prefeito de Canapi e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Celso Luiz. Ninguém sabe por que. Manda publicar, Cleide, manda.

A indignação de Olavo

A vez de Renan

O

deputado estadual Olavo Calheiros é conhecido pelas atitudes às vezes radicais, principalmente quando entende que determinado assunto lhe fere o comportamento. Na sessão de quarta-feira na Assembleia Legislativa, o deputado peemedebista disse no plenário o que muita gente tinha vontade de dizer e que se escondia no anonimato. Considerou uma vergonha e uma afronta a Mesa Diretora da Casa, comandada por Luiz Dantas, pedir a cessão de 25 servidores, para, naturalmente, não prestar nenhum serviço à instituição. Sem papas na língua, embora possa ou não desagradar a quem tiver interesse no assunto, Olavo Calheiros deu um exemplo de cidadania e coragem ao dizer que a Assembleia Legislativa é um depósito de funcionários que não querem trabalhar, condenando a direção da Casa, em outras palavras, de fazer uma arrumação de apadrinhamento político. A atitude de Calheiros é digna de figurar nos anais da Assembleia, que, pelo andar da carruagem, mesmo que Luiz Dantas tenha pregado diferente, não terá mesmo jeito. Colocar mais 25 servidores à disposição do Poder Legislativo, oriundos do Tribunal de Contas do Estado que ali não faziam nada, é um acinte e uma provocação para a sociedade alagoana. Se tivéssemos mais alguns Olavos na Assembleia, com certeza a Casa de Tavares Bastos seria outra coisa.

Quem está com a verdade? O prefeito de Maceió, Rui Palmeira, entrou mesmo em rota de colisão com sindicatos e não descarta, entre outras coisas, a colocação de ponto eletrônico para todos os servidores, inclusive os médicos, no PAM Salgadinho. Isso teria gerado um desconforto entre a classe médica. Segundo o próprio prefeito, muitos deles ganham a bagatela, só no município, de R$ 35 mil. Uma pequena fortuna se comparada aos pobres sobreviventes servidores públicos. Mas os sindicatos dos Médicos e da Previdência têm batido forte no prefeito, dizendo que é mentira a sua informação e que o assunto de melhores condições de trabalho não está vinculado ao ponto eletrônico.

Será?! Alguém, nesta história, está faltando com a verdade, mas, pela disposição da Prefeitura de Maceió, através da Secretaria de Administração, muitos médicos, ganham, sim, salários não condizentes com a realidade de Alagoas, mesmo que mereçam. O confronto entre o prefeito e esses servidores já foi instalado, e na arena vamos ver quem vai sair ganhando dessa pendenga. Quanto ao perdedor, vejam só, é o mesmo: a pobre e sacrificada população da capital.

Quase parando A maior parte do secretariado de Renan Filho tem tido desempenho abaixo do esperado, o que vem incomodando o Palácio dos Martírios. A competência do secretariado mede-se pela criatividade nas horas de dificuldades, como agora que a crise apareceu. Com caixa recheado, todo mundo é bom administrador.

Chegando lá Cícero Cavalcante já pode se considerar deputado a partir do próximo mês. Dudu Hollanda está mesmo disposto a pedir licença médica para tratamento de saúde, para uma avaliação médica depois que se submeteu a uma cirurgia bariátrica. Esta rápida licença deve ter sido fruto de acordo com os que defendem a presença de Cavalcante no parlamento e um alívio para o governador Renan Filho.

Folga no caixa? A reclamação geral é que o estado está endividado, não está cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, não tem como atender às reivindicações dos servidores, mas o governador trabalha para receber sinal verde do governo federal para fazer novos empréstimos.

Mudanças É visível o descontentamento do governador Renan Filho com boa parte dos seus auxiliares. O governador tem até evitado reuniões com os que não apresentam resultados e, quando tem, são meteóricas. Mudanças estão previstas para o próximo semestre.

Negócio da China O Tribunal de Contas do estado cedeu 25 servidores para a Assembleia Legislativa, mas não economizou um centavo com essa transação. Vai continuar pagando os robustos salários dos funcionários e recolhendo as suas obrigações sociais. Pelo lado da Assembleia, apenas uma pequena arrumação política. Como diz o velho ditado, entrou por uma perna de pinto e saiu por uma perna de pato.

Alívio Os 120 cargos criados na Assembleia Legislativa, ninguém sabe para que, talvez coloquem um balde de água fria na tendência de alguns deputados se rebelarem contra o governo de Renan Filho. Mais cargos para possíveis e prováveis renovações de mandatos não fazem mal a ninguém. O deputado Olavo Calheiros, que sempre foi avesso a essas benesses, vai ter que se acostumar com o jogo bruto do poder, se quiser ajudar o sobrinho que vive politicamente com a Assembleia momentos de dificuldades.

Circula nos bastidores políticos de que o senador Renan Calheiros vai, aos poucos, se reaproximar da presidente Dilma Rousseff, que depende de sua caneta para lances em defesa da economia brasileira. Mas a conta vem por aí. Renan, o pai, acha que chegou o momento de viabilizar o governo do filho, e nisso aí vale qualquer sacrifício. Ele não quer, por exemplo, fugir da sua posição que foi tomada, mas, no cômputo geral, pode, sim, ajudar o Planalto e, consequentemente, Alagoas.

Em campanha O empresário Adoniran Barbosa, de Arapiraca, parece já estar em campanha para as próximas eleições municipais. Ultimamente tem baixado o cacete no ex-prefeito e atual vice-governador e secretário de Educação, Luciano Barbosa. Entre outras coisas, Adoniran denuncia que Luciano rasgou o compromisso com Arapiraca.

Sem futuro De um observador sobre a violência em Alagoas: “nem com dez Alfredo Gaspar a situação se resolve”. Sem políticas públicas atacando os problemas na raiz, não existe nenhuma perspectiva de melhorar.

Hora errada Já está na hora de algum vereador por Maceió, ou deputado, apresentar projeto de lei que proíba a utilização de aparelhos celulares por profissionais de saúde nas emergências e nas UTIs. Muitas pessoas têm reclamado devido a prática ter se tornando corriqueira na maioria dos hospitais da capital. Entretidos com mensagens pra lá e pra cá, muitas das vezes esses profissionais têm sido alertado por familiares que o paciente está precisando de mais cuidado médico.

Apertou o cerco 1 Não passa desta quinzena o indiciamento do senador Fernando Collor sobre acusações de que teria participado de receber propinas da Petrobras. Collor foi à tribuna do Senado novamente e reagiu forte, atribuindo ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma forma de fazer campanha para a reeleição com seu nome. Pelo que diz a grande imprensa, o Supremo Tribunal Federal deverá acatar a denúncia do Ministério Público e instaurar o devido processo legal. Aí o senador terá a oportunidade de, mais uma vez, provar que não tem e nunca teve nenhuma participação nos desvios de recursos da Petrobras.

Apertou o cerco 2 Integrantes da Operação Lava Jato afirmam que todas as investigações feitas levam, através de suas empresas e de assessores no Senado, ao senador Fernando Collor. Mas em nenhum momento se atribuiu deslizes diretamente ao senador. Ou seja, o vazamento de informações sobre o caso parece um certo exagero e um prejulgamento de uma pessoa que está apenas sendo investigada. Nesse mesmo aspecto, Collor, depois que deixou a presidência, ganhou todos os processos em que era acusado, demonstrando que a precipitação e a pressa são inimigas da perfeição.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015 -

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JUSTIÇA

TJ descarta área de grotas aterradas para a construção do novo Fórum de Maceió Corte recebe até dia 18 novas propostas para compra de terreno que tenha no mínimo 25 mil metros quadrados VERA ALVES veralvess@gmail.com

O

Tribunal de Justiça de Alagoas receberá até o próximo dia 18 novas propostas para aquisição de um terreno destinado à construção do novo Fórum de Maceió e de outras unidades, como o arquivo judiciário e a Turma Recursal. Esta será a segunda tentativa da Corte em conseguir um local com área mínima útil de 25 mil metros quadrados e próximo ao atual fórum, no Barro Duro. Na primeira, em junho, nenhuma das quatro propostas apresentadas atendeu a todos os critérios do edital de convocação. Todas foram reprovadas por uma equipe de seis engenheiros e cinco arquitetos do TJ. Uma das áreas rejeitadas é a pertencente à Canuto Empreendimentos Imobiliários, a empresa de Gaspar de Almeida Carvalho, genro do usineiro João Tenório, também sócio. O problema é que metade do terreno de 28.043,56 metros quadrados localizado na Avenida Márcio Canuto e ofertado ao TJ é formada pelo aterro de grotas, “com problemas futuros relacionados ao adensamento do terreno”, segundo a avaliação dos engenheiros e arquitetos. O terreno da Canuto também contrariou outros critérios técnicos, como o fato de estar em uma área de depressão atravessada por um curso d’água, o Córrego Rego da Pitanga, e ter como limite áreas de encostas e

barrancos que avançaram por uma área de preservação ambiental. O forte odor de gases proveniente do antigo lixão de Cruz das Almas, mesmo estando aterrado, também levou o TJ a rejeitar o terreno de 25 mil metros quadrados pertencente a Cristóvão Aparecido Ferreira, junto com o fato da existência de uma rede de alta tensão da Eletrobras Alagoas e a possibilidade de se criar um problema social com o fechamento do terreno após a construção do complexo judiciário. É que parte da área, localizada na Avenida Josefa de Melo, em Cruz das Almas, é hoje utilizada como acesso a um conglomerado de moradias na região. Também localizado na Josefa de Melo, o terreno de 25 mil metros quadrados ofertado pela MR Consultoria Imobiliária Ltda. foi considerado inadequado para as pretensões do Judiciário, a despeito das facilidades de acesso, devido ao formato irregular e dúvidas quanto à implantação de uma faixa de área verde de 20 metros. A MR não especificou se a faixa comprometeria parte do terreno. Com 34.879,03 metros quadrados, um terreno localizado na Avenida Presidente Getúlio Vargas, na Serraria, foi considerado inapto para a construção do novo fórum e outras dependências do Judiciário porque apenas 21 metros quadrados são de área plana; o restante possui uma declividade gradativa cuja diferença de nível che-

Croqui com as quatro áreas rejeitadas pelo Tribunal de Justiça para instalação do Complexo Judiciário

ga a 19 metros. Pertencente à Construtora Humberto Lôbo, a área também foi rejeitada pelo fato de seu acesso se dar em avenida já com grande fluxo de trânsito e engarrafamentos nos horários de pico, além de conter algumas edificações – galpões, caixa d’água e uma área de lazer com piscina – quando o edital especificava que não deveria haver qualquer tipo de construção no terreno pretendido. MAIS DISTANTE O Tribunal de Justiça pretendia construir o complexo judiciário num raio de até 2 quilômetros do atual Fórum de Maceió, no Barro Duro. Mas, devido às dificuldades de se obter um terreno atendendo a todos

os critérios técnicos especificados no primeiro edital, decidiu ampliar o raio para 3 quilômetros. Ou seja, mais distante do prédio que hoje abriga o fórum e onde o TJ pretende manter em funcionamento alguns setores do Judiciário. Procurado para falar sobre a nova convocação, o presidente do TJ, desembargador Washington Luiz, destacou que a construção de um Complexo Judiciário em Maceió é extremamente necessária, “tendo em vista a enorme demanda judicial que faz parte da nossa realidade atual e que deverá aumentar a cada ano”. “O Complexo Judiciário possibilitará uma melhor estruturação do espaço físico das varas

e implementação de inovações tecnológicas, o que viabilizará uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente, atendendo, ainda, às solicitações dos servidores jurisdicionados e advogados que militam no atual fórum da capital. Faz parte do projeto a disponibilização de ambiente de trabalho e estacionamento com maiores proporções, permitindo um melhor acesso ao Complexo e mais conforto aos operadores do direito e jurisdicionados”, assinala o desembargador em nota enviada por sua assessoria, em que destaca: “É de suma relevância que o processo transcorra na total transparência e que a aquisição obedeça aos rigorosos padrões de exigência que atendam ao interesse público”.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015 FUNDEF

STF frustra expectativa de Alagoas ser ressarcido em R$ 680 milhões Ministro Luiz Fux volta atrás e diz que ação popular deve ser julgada em primeira instância VERA ALVES veralvess@gmail.com

A

guardados com expectativa pelo governo do Estado e as 102 prefeituras alagoanas, os mais de R$ 682 milhões em ressarcimento do extinto Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) cobrados à União desde 2006 não chegarão tão cedo aos cofres públicos. É que uma decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), datada de maio último, devolveu para a primeira instância da Justiça Federal o julgamento de uma ação popular impetrada em dezembro de 2011. A decisão do ministro vai de encontro a uma anterior e dele próprio - de dezembro de 2013, na qual afirmava ser de competência do STF o julgamento da questão, dentro do princípio de conflito federativo, já que a ação popular tramitava na Justiça Federal e tinha como parte acionada a União. O parecer de um ano e meio atrás foi dado na análise da Reclamação 14.609, na qual o governo federal se insurgia contra decisão da 3ª Vara Federal de Alagoas por considerar que esta estaria usurpando a competência do Supremo ao decidir que o juízo federal poderia julgar a ação. Não deixa de ser intrigante que o ministro tenha

voltado atrás, sobretudo porque o parecer de maio último deveria ter sido dado no âmbito do que pedia a ação popular, tendo em vista que a questão da competência – se do Supremo ou da Justiça Federal – já era uma etapa vencida. E tanto era vencida, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao analisar a ação, destaca: “Reconhecida a competência da Suprema Corte para a análise do feito, consoante decisão proferida na Reclamação 14.609/ AL, passa-se ao exame das demais questões – materiais e processuais – relativas à ação e seus consectários”. O parecer de Janot foi emitido no dia 8 de maio deste ano, 20 dias antes da nova decisão do ministro Luiz Fux. Nele, o procurador-geral da República considerou procedente a entrada do Estado como litisconsorte na ação – originalmente ajuizada pelo advogado Luiz Guilherme de Melo Lopes – e o pedido de ressarcimento e opinou “no sentido de ser revista a complementação do Fundef devida pela União ao Estado de Alagoas, no ano de 2006, com base em critério de fixação do VMAA que leve em conta variáveis colhidas em âmbito nacional”. O QUE É COBRADO A partir da Constituição de 1988, Estados, Distrito Federal e municípios passaram

Fux: em um ano e meio, posições divergentes sobre o mesmo tema

a ser obrigados a destinar 25% da receita obtida com tributos na educação. Com a Emenda 14/96, estabeleceuse que deste total, 60% iriam para a formação de um fundo destinado à melhoria do ensino fundamental, com divisão igualitária a partir da recei-

ta prevista e número de estudantes matriculados. Nos Estados e municípios em que o valor por aluno fosse menor que a média nacional, caberia à União complementar a diferença. Os 102 municípios alagoanos e outros 3.261 de

mais 15 estados foram prejudicados pela forma de cálculo do Fundef durante sua vigência, de 1996 a 2006. É que o governo federal teria utilizado a média de cada unidade da federação e não a nacional – como determina a lei que regulamentou a sistemática para cálculo do fundo – para definir o valor mínimo anual por aluno (VMAA), utilizado como parâmetro de complementação dos recursos para estados, DF e municípios. No caso específico da Ação Civil Originária 2.477/AL, são cobrados a título de restituição R$ 682.769.378,10 - em valores de dezembro de 2011 - que deixaram de ser repassados pela União ao longo de 2006 sob o argumento de que Alagoas não faria jus à complementação. A cobrança se ateve ao ano de 2006 porque para os anos anteriores ela já havia prescrito. A partir de 2007, o Fundef foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, ampliando a cobertura do fundo para os demais níveis de ensino, no caso o médio e a educação de jovens e adultos. Pela lei, o Fundeb vigora até 2019.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015 - 7

POLÍTICA

Renan Calheiros reafirma apoio para projetos do Pacto Federativo Movimento Municipalista pede ajuda do Congresso para receber recursos devidos pela União VALDERI MELO

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o primeiro ato de Mobilização pelo Pacto Federativo realizado na quarta-feira (5), membros da Confederação Nacional de Municípios (CMN) visitaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para reforçar pedido de que os projetos relativos ao pacto ganhem celeridade na votação. No encontro, a CNM entregou a “Carta Municipalista” ao presidente Renan, na qual alerta a sociedade brasileira, o Parlamento e a Presidência da República das dificuldades por que passam os municípios com a falta recursos para manter as responsabilidades transferidas pelo governo federal. De acordo o presidente em exercício da CNM, Gladimir Aroldi, os municípios “esgotaram completamente seus recursos, em razão da ausência da União e dos estados na transferência de recursos que servem para manter o equilíbrio financeiro desta Federação”. Os prefeitos cobraram a

Renan Calheiros, presidente do Senado, reafirma apoio para projetos do Pacto Federativo durante reunião com dirigentes da CNM

votação de propostas importantes do Pacto Federativo como financiamento, a prorrogação da Lei de Resíduos Sólidos (lixões), em tramitação na Câmara dos Deputados, a participação da União no pagamento do Piso Salarial dos Professores, entre outros. Já em relação ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a CNM pede “o cumprimento da palavra empenhada pela presidente Dil-

ma Rousseff de transferir a primeira parcela do acordo”, no valor R$ 1,9 bilhão, que deveria ser repassado às prefeituras, e que não aconteceu. Foram repassados R$ 950 milhões relativos ao acordo. O Movimento Municipalista pediu, ainda, ao presidente Renan Calheiros que interceda junto ao governo federal para a liberação dos recursos públicos inscritos na rubrica Restos a Pagar. As prefeitu-

ras deixaram de receber R$ 35 bilhões no período de 2008 a 2014 desses recursos. Renan Calheiros, de pronto, garantiu aos municipalistas total apoio na celeridade na votação dos projetos do Pacto Federativo e salientou que todas as questões já discutidas com prefeitos e governadores estão em andamento. Renan lembrou, também, a conversa que manteve no dia anterior com o ministro da Fazenda,

Joaquim Levy, sobre a necessidade de se criar uma agenda positiva, de crescimento, geração de empregos e a melhoria do ambiente para geração de novos investimentos. Renan Calheiros ressaltou, inclusive, a criação da Autoridade Fiscal e Independente no Parlamento para fiscalizar, realizar estudos e acompanhar o impacto de projetos relativos a despesas da União, estados e municípios.


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PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Prefeito assina projeto que institui o piso salarial de agrônomos e engenheiros Projeto de lei foi assinado no Crea pelo prefeito James Ribeiro e vai ser encaminhado para votação pela Câmara de Vereadores DA REDAÇÃO

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almeira dos Índios é a primeira cidade de Alagoas a criar um projeto de lei que determina o cumprimento do piso salarial para os profissionais vinculados ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL). A boa notícia foi oficializada após o prefeito James Ribeiro assinar, ao lado do presidente do Conselho, Fernando Dacal, o documento que irá beneficiar os servidores públicos municipais. O que é lei precisa ser cumprido. E é essa legalidade que o Crea e a Prefeitura de Palmeira estão buscando. “Estamos cumprindo as leis federais 5.194 e 4.950-A de 1966, que fixam o piso profissional da área tecnológica em seis salários mínimos. Assim, adianto que qualquer município alagoano que tiver a mesma decisão terá o nosso apoio e será homenageado pelo

Crea Alagoas”, falou o presidente Fernando Dacal. Ainda existem mais conquistas. A iniciativa municipal da cidade sertaneja receberá o selo “Prefeitura Legal”, um certificado do Crea Alagoas que garante o reconhecimento do Sistema Confea/Crea com o valor dado ao trabalhador. “O certificado é uma resposta ao valor dado pela administração municipal ao profissional, que agora passa a ser respeitado. Mais uma vez, mostramos a força da nossa profissão, e o resultado está aí, com essa conquista aos profissionais de Palmeira. Essa valorização é uma luta não só do Crea, mas também de todas as entidades e conselheiros do órgão. O prefeito James está de parabéns pela sensibilidade e a atenção disponibilizada a todos os integrantes do sistema”, comemorou Dacal, informando, ainda, que estará presente no dia da votação do projeto na Câmara de Vereadores.

Ao lado de Dacal (D), prefeito assina projeto instituindo o piso de profissionais vinculados ao Crea-AL

O prefeito James já adiantou que, no máximo, até o final de agosto, o Legislativo da cidade deve aprovar o projeto, para, em seguida, ser sancionado. “Nosso objetivo é fazer com que Palmeira seja um município legal, cumpridor da lei. Isso reflete em nossas ações, que objetiva sem-

pre a valorização do servidor público”, disse Ribeiro, destacando a importante participação do Crea na cobrança para que essa iniciativa fosse efetivada. Um dos beneficiados com o projeto é o engenheiro civil Daniel Furtado. Servidor público e representante dos profissio-

nais, Daniel esteve presente à reunião que selou a conquista também para os tecnólogos do município. “É um grande avanço para a categoria que compõe o quadro técnico municipal. Fico muito feliz em ter participado desse momento histórico”, destacou Daniel.


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10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015 CRISE percorrer o caminho burocrático para liberação da rota.

Passageiros são obrigados a fazer a pé o trajeto entre a aeronave e a área de desembarque porque a única ponte disponível pertence à TAM

Sucateado, Aeroporto de Maceió perde voos para o Rio de Janeiro TAM comunica que deixará de oferecer o trajeto a partir de 3 de setembro JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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falta de equipamentos que auxiliam no embarque e desembarque de passageiros no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares virou, mais uma vez, motivo de reclamação. O Extra Alagoas apurou denúncia de que apenas uma das cinco pontes de embarque está funcionando, e ainda ssism só para uso exclusivo da TAM. Passageiros das demais companhias aéreas são obrigados a enfrentar sol e chuva durante as operações de embarque e desembarque. Para se ter uma ideia do desconforto, o aeroporto foi fechado para pouso e decolagens quatro vezes devido ao

tempo instável e chuvoso. A última ocorrência foi registrada no último dia 22. Além do sucateamento da infraestrutura do aeroporto, a crise financeira fez com que o número de voos de Maceió diminuísse. Com a necessidade de reduzir os custos, a TAM pediu à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o cancelamento de 23 voos internacionais e nacionais. Os pedidos, que começaram a ser solicitados em março deste ano, vão refletir negativamente no tráfego aéreo de Alagoas. Apesar de a companhia aérea ter notificado a Anac, a agência reguladora afirmou que não é necessária uma aprovação prévia para o cancelamento. Sendo assim, bastava a TAM informar que não tem interesse na opera-

ção e que deixará de oferecer serviços no trecho. Na lista de pedidos da empresa está o cancelamento do voo de Maceió com destino ao Rio de Janeiro, e vice-versa. Os números dos voos são 3408 e 3409, respectivamente. O fim da operação está datado para o dia 3 de setembro. Porém, Maceió não foi a única capital nordestina a sofrer com os cortes. A TAM também requer a suspensão de voos saindo de Recife, Fortaleza e Natal. Segundo a Anac, embora a operação ou a descontinuação for uma opção comercial de cada companhia, o passageiro não pode ser prejudicado. “Nos casos de cancelamento de voo, a empresa aérea deverá informar com no mínimo 72 horas de antecedência do horário previsto de partida”, disse em nota. Nos casos em que for necessá-

rio fazer alteração nos bilhetes, cabe à companhia reacomodar os passageiros em voos próprios ou de terceiros. A remarcação deve ser realizada em data e horário de conveniência do passageiro e ainda há possibilidade de reembolso integral do bilhete. “Sobre o possível impacto na oferta de voos das outras companhias, cabe destacar que normalmente é observado que, conforme uma empresa reduz as suas operações, as demais tendem a ampliar sua oferta como um movimento natural da concorrência do mercado”, afirmou a Anac. Caso a TAM queira voltar a operar alguns desses trechos, a empresa terá de verificar se ainda há disponibilidade e a empresa terá, novamente, de

FLUXO Segundo balanço da Infraero, no primeiro trimestre do ano, o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares registrou uma movimentação de 553.447 pessoas, o que seria um acréscimo de 7,5% do fluxo de passageiros em relação ao mesmo período do ano passado. Só no mês de março foram registrados 80.345 embarques e 75.867 desembarques. No levantamento do primeiro trimestre, só em janeiro, houve um incremento de 16,5% no fluxo de passageiros no aeroporto. No total, 239.821 pessoas passaram pelo aeroporto no primeiro mês do ano. Já em fevereiro, a Infraero registrou movimentação de 157.082 pessoas. PONTES DE EMBARQUE A assessoria de imprensa da Infraero informou que, das cinco pontes de embarque atualmente existentes no Aeroporto de Maceió, duas apresentam problemas desde a instalação dos equipamentos em virtude de problemas do fabricante. “Em 2012, a Infraero entrou com uma ação contra a empresa fabricante para indenização e reconstituição do objeto, para ressarcir a aquisição dos novos equipamentos. Esse processo continua em andamento”, disse em nota à reportagem. A assessoria informou, ainda, que a Infraero realizou um processo licitatório para a contratação de empresa para fornecimento de novas pontes de embarque. Esse processo está concluído desde o primeiro trimestre deste ano, mas, para a efetiva homologação dessa licitação, a Infraero necessita de alocação de recursos financeiros por parte do governo federal. “É importante destacar, todavia, que o Aeroporto de Maceió conta com três ônibus para realizar o embarque e desembarque dos passageiros. Esses veículos estão à disposição das empresas aéreas mediante solicitação das mesmas”, ressalta.


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SERVIÇO

Choques elétricos mataram 28 pessoas em Alagoas no ano passado Das 627 mortes registradas no Brasil, 180 aconteceram dentro de casa JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

U

m estudo apresentado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) revelou que 627 pessoas morreram em acidentes fatais provocados por choques elétricos no país durante o ano de 2014. O estado com a maior porcentagem de mortes proporcionais ao número de habitantes foi Alagoas, com 8,43 casos por 1 milhão de habitantes, seguido do Piauí, com 8,14/1 milhão de habitantes. Desse total, 180 mortes aconteceram dentro de casa, 79 em estabelecimentos de comércio de pequeno porte e quatro em escolas, entre outros locais. A região que apresentou o maior número de acidentes fatais foi o Nordeste, com 266 ocorrências. O Sudeste teve 123 óbitos; o Sul teve 118 vítimas fatais; o Centro-Oeste, 66; e o Norte foi a região com o menor número de mortes, 54. O estado que mais sofreu com o problema foi a Bahia, com 68 ca-

sos. Em seguida vieram Pernambuco (51), Ceará (35), Alagoas (28), Piauí (26), Paraíba (20), Maranhão (19), Rio Grande do Norte (14) e Sergipe (5). As causas são variadas: problemas com tomadas e extensões, cercas eletrificadas, eletrodomésticos e até chuveiros elétricos. Em relação aos profissionais atingidos em todo o Brasil, o número de pedreiros, pintores e ajudantes supera o de eletricistas: 31 contra 29. Conforme a associação, o ano passado apresentou um aumento de 17,7% no número total de acidentes envolvendo eletricidade em relação ao ano de 2013. Só nos casos de fatalidade em relação ao choque elétrico, o índice subiu mais de 6% ou seja, em 2013 ocorreram 592 casos de acidentes fatais com eletricidade, este ano o número subiu para 627 mortes. Os homens ainda são maioria, com 560 casos contra 67 de acidentes fatais vitimando mulheres. A faixa etária mais atingida é de pessoas com idade entre 31 e 40 anos, com 166 ocorrências.

As crianças também sofrem com os problemas nas instalações elétricas: foram 69 casos fatais em pessoas de 0 a 15 anos. Os acidentes envolvendo eletricidade que, de acordo com o levantamento, somam os choques elétricos aos incêndios por curtoscircuitos e também acidentes envolvendo descargas atmosféricas (raios) foram de 1.222 em 2015 (em 2014, este total foi de 1.038 acidentes). O total de acidentes com choques elétricos foi de 822, sendo 627 fatais. No caso dos curtos-circuitos, foram 311 casos, sendo que 295 evoluíram para incêndio resultando em 20 mortes (todas elas em residências). As descargas atmosféricas foram responsáveis por 89 acidentes, sendo que 46 pessoas perderam a vida. Dos 295 incêndios originados por curtos-circuitos, 136 ocorreram em ambientes residenciais (casas, apartamentos, sítios, fazendas), sendo que 118 ocorreram em residências unifamiliares (casas). Nesses acidentes em residências, 20 pessoas morreram.

PERIGO DENTRO DE CASA

Ainda segundo levantamento, a maioria dos acidentes em

Manutenção da fiação elétrica é essencial para evitar choques

ambientes residenciais se deve ao uso de extensões, benjamins e tomadas, que acabaram vitimando 89 pessoas. Os acidentes envolvendo sobrecargas de energia que evoluem para curtos-circuitos e então para incêndios subiram muito em 2014, e a região Sudeste se destaca neste quadro com 39% das ocorrências. Para se precaver, a rede elétrica da residência, comércio ou indústria deve passar por manutenção a cada dois anos. Peça para profissionais qualificados fazerem a inspeção. Tome cuidado com fios e tomadas, principalmente se houver crianças na casa. Confira se os fios estão bem encapados e tampe as tomadas com protetores encontrados em lojas de decoração e materiais de construção. Nunca ajuste a temperatura do chuveiro elétrico ligado.

Desligue a fonte para isso, pois o banheiro é uma área de muita umidade, o que não combina com energia elétrica. Geladeira ou qualquer equipamento que esteja dando pequenos choques, mesmo aqueles quase imperceptíveis, precisam ser trocados. Equipamentos como chapinha e secador de cabelo não devem ser usados no banheiro. Use-os no quarto ou em um local bem seco. Não os use com o corpo ainda molhado, após sair do banho. Durante raios e trovoadas, não toque em equipamentos que estejam ligados na tomada e não use celulares ou pequenos dispositivos que estejam carregando. Saia de perto das janelas e portas e não utilize o telefone fixo, pois o aparelho também está ligado na rede. Se precisar, use o celular, mas nunca com o carregador na tomada.


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DESCASO

São Luís do Quitunde

em completo abandono pelo poder público

Matadouro segue sem nenhuma utilidade, e carros sucateados servem de “criadouro” de dengue; Eraldo Pedro prefere o silêncio

Além das inúmeras acusações de corrupção, o município convive com o caos na infraestrutura JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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município de São Luís do Quitunde, localizado a pouco mais de 50 Km de Maceió, vive tempos de abandono. A cidade convive com a precária coleta de lixo, falta de medicamento no hospital e nos postos de saúde. Sem falar nas estruturas físicas do local, a constante falta de água é outro problema na parte alta da região, que recentemente vem se agravando por toda a parte. O lixo em São Luís do Quitunde é recolhido por um caminhão sem a devida estrutura de um carro de lixo convencional, o que prejudica o trabalho e causa, ainda, mais sujeira. Sem a devida periodicidade na coleta, é uma constante visualizar montanhas de lixos nas portas dos moradores da cidade. Animais de estimação e para abate são encontrados com frequência se alimentando de restos de alimentos e outras su-

jeiras orgânicas nas estradas. A fedentina e as moscas imperam por todo local, causando o risco de doenças infecto-contagiosas. Outro fato que chama a atenção é o verdadeiro cemitério de carros e motocicletas destroçados que estão abandonados em várias vias. Os moradores reclamam que as sucatas não podem ficar no meio da rua, atrapalhando o ir e vir dos pedestres e colocando em risco a saúde da população. Outro alerta dos munícipes é quanto ao verdadeiro “criatório” de dengue que as sucatas se tornaram; em período de chuva, a água parada se acumula e traz sérios riscos da proliferação da doença transmitida pelo mosquito. Quando o assunto é a falta de água, a população de São Luís do Quitunde se revolta. Há pelo menos 15 dias falta água na parte alta da cidade, o abastecimento também segue carente em outros pontos e o risco de uma seca no município é cons-

tante. O problema tem se agravado devido à falta de pagamento dos trabalhadores da Central de Abastecimento contratados pela prefeitura. Há pelo menos três meses, os funcionários não recebem seus vencimentos, e uma greve branca vem contribuindo para a precária prestação de serviço. A reportagem do jornal Extra tentou falar com alguns desses trabalhadores, que preferiram não se expor para não perderem o emprego, mesmo com mais de 90 dias sem receber seus salários. A reportagem esteve in loco na Central de Abastecimento de São Luís e pôde detectar o mais completo abandono: canos quebrados, matagal, água retida pelas chuvas com lodo e a entrada de animais no local. Insetos e até um sapo boiando dentro de um dos reservatórios foram flagrados. Vale ressaltar que essa obra da Prefeitura de São Luís do Quitunde, em parceria com a Funasa, custou aos cofres públi-

cos R$ 419.619,23. Nos postos de saúde e no hospital foi detectada a falta de remédios e estrutura básica para os trabalhadores exercerem suas atividades. Recentemente, o promotor Jorge Luiz Bezerra da Silva encaminhou um relatório para o poder público legislativo municipal retratando o completo descaso com a saúde. Em um dos trechos, o promotor enfatiza: “Àquele que se afastar de tais princípios (função dos princípios da administração pública) devem ser aplicadas as sanções pertinentes, não se admitindo mais que maus gestores saiam enriquecidos impunemente depois de uma desastrosa administração. A sociedade não mais permite está indignação!”. AS CRATERAS A infraestrutura das ruas de São Luís é um caso à parte em toda a cidade: crateras, desprendimentos dos paralelepípedos que constituem

as vias e incontáveis buracos tornam a dirigibilidade dos motoristas cada vez mais difíceis. Vários acidentes já foram registrados só em 2015. O que também agrava ainda mais a problemática são as recentes chuvas, camuflando os buracos e crateras. A Rua Dr. Francisco de Oliveira Buarque, conhecida como Rua da Areia, é um exemplo da inoperância do poder público. Uma enorme cratera, que antes estava apenas no meio-fio, vem se alastrando pela pista. Há três meses, a população está reclamando na prefeitura e nenhuma providência é tomada. A quadra poliesportiva de São Luís do Quitunde, que antes abrigava crianças e jovens com a prática de esporte, hoje virou um depósito de entulhos. A coberta da quadra desabou recentemente nem sequer as ferragens foram retiradas do local. O mato, a sujeira e a escuridão transformaram o local numa região perigosa para delitos e consumo de drogas.


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DESCASO

Ponte prestes a desabar A Ponte do Quitunde, que fica sobre o rio Quitunde e durante várias décadas foi uma importante obra de mobilidade para os moradores da cidade que vão de uma região a outra, facilitando suas vidas, hoje é um perigo. A falta de reparos e o efeito do tempo transformou a ponte num risco de morte para quem transita pelo local. As madeiras e ferragens da Ponte do Quitunde estão corroendo. Com a passagem de pedestres, motocicletas e carros, os tremores da obra – que antes servia para beneficiar a população e hoje atenta contra a mesma – servem de alerta para o poder público. Mesmo com o risco de desabamento, a população insiste em usar a ponte deteriorada. MATADOURO ABANDONADO Há pelo menos um ano desativado, o Matadouro Público Municipal virou o “elefante branco”. O local, que antes era um comércio com grande fluxo de trabalhadores, atualmente está desativado. A favelização no entorno do local já é visível; casas de lona e taipa estão por toda a parte. A Prefeitura de São Luís do Quitunde até a presente data não se adequou às exigências sanitárias, e o Matadouro Público Municipal segue sem nenhuma função. O local está aberto, sem qualquer tipo de vigilância municipal, e a reportagem do Extra ainda flagrou uma balança dentro do banheiro do estabelecimento. VOZ SOLITÁRIA A reportagem do jornal Extra tentou contato com o prefeito Eraldo Pedro para que ele explicasse todos os fatos narrados, mas até o fechamento da edição não houve êxito. Quem se colocou sobre os temas abordados foi o vereador de oposi-

ção Cristophones Jacques, o Tofinho (DEM), que classificou como “absurdo” o que vem ocorrendo no município de São Luís do Quitunde. “Já fiz inúmeros requerimentos e protocolei documentos junto às autoridades competentes para que as problemáticas fossem solucionadas, mas o que vemos em São Luís é o retrato do completo abandono”. Tofinho disse que as prerrogativas dele como vereador estão sendo realizadas: fiscalizar, propor, solicitar, apurar e escutar os anseios da sociedade. “Infelizmente, o vereador não possui a caneta para executar. São Luís está nessa situação devido à gestão desastrosa do atual prefeito”, sentenciou. PREFEITO ACUSADO DE CORRUPÇÃO O prefeito de São Luís do Quitunde, Eraldo Pedro (PMDB), responde por oito ações de improbidade administrativa. A Promotoria de Justiça do município ajuizou a última ação de improbidade em desfavor do prefeito devido à acusação de irregularidades no repasse das contribuições previdenciárias ao Instituto da Previdência dos Servidores Públicos de São Luís do Quitunde (IPREVSLQ) nos anos de 2013 e 2014, causando um prejuízo ao órgão de R$ 4.826.302,96. Os danos contra a previdência do município vêm acontecendo desde a gestão do ex-prefeito Jean Fábio Braga Cordeiro (PP). Inclusive, desde janeiro de 2009, a Promotoria de São Luís do Quitunde vem ajuizando ações de improbidade administrativa contra os gestores do município. Só Eraldo Pedro responde por oito ações, sendo uma penal. Além de Jean e Eraldo, são responsabilizados os ex-prefeitos Cícero Cavalcante (PMDB) e Antônio da Silva Pedro Júnior (PR).

Ponte do Quitunde está prestes a desabar; pedestres, bicicletas, motos e carros transitam pelo local

Lixo em frente às casas dos moradores de São Luís virou uma rotina

Na ação mais recente, o MP pede a condenação de Eraldo Pedro por ato de improbidade administrativa nos termos da Lei 8.429/92. Para garantir a instrução processual, o promotor de Justiça Jorge Bezerra,

responsável pelo caso, solicitou medida liminar que determinasse novo afastamento de Eraldo Pedro do comando da prefeitura, pedido esse negado pelo juiz da comarca, Willamo Omena Lopes.

MAIS ACUSAÇÕES O procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, ajuizou uma ação contra Eraldo Pedro que relata o dano de R$ 1.331.500,00 aos cofres públicos de São Luís do Quitunde. A acusação tem como base a contratação de bandas em festividades nos dois primeiros meses de 2013. Na época, além de Eraldo, outras sete pessoas, entre servidores, secretários e ex-secretários e um empresário, foram denunciados. Em outra denúncia apresentada pelo Ministério Público, o prefeito é acusado de ter contraído dois empréstimos, cada um no valor de R$ 80 mil, e pago os valores com cheques que seriam vinculados a conta do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).


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RODOVIAS

Estudo para privatização da BR-101 estará pronto em 170 dias Deslocamentos entre Alagoas e Paraíba e de Maceió a Recife terão cobrança de pedágio JOSÈ FERNANDO MARTINS Expecial para o EXTRA

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, a cada dia que passa, está bem próximo a realidade de uma viagem de Alagoas a Pernambuco ou Paraíba ser intermediada por pedágio. O plano do governo federal para a concessão de rodovias federais acaba de entrar em nova fase. As empresas interessadas no leilão, que acontecerá em 2016, já receberam o aval para iniciar os estudos para verificar a viabilidade financeira do investimento. Entre as rodovias analisadas pelo setor privado está parte da BR101 referente a Pernambuco logo após divisa com o estado alagoano. A BR-232, que liga as cidades de Caruaru a Cruzeiro do Nordeste, também está aberta à concessão. Os 564 Km de rodovias do estado vizinho equivalem a uma transação de R$ 4,2 bilhões. No total foram 275 requerimentos de empresas para realizarem um levantamento das rodovias que deverão ser concedidas à iniciativa privada dentro do Programa de Investimento em Logística (PIL). A autorização foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 29 de julho último. Muitas das empresas, relacionadas nas portarias, irão estudar mais de um trajeto. Um exemplo é o caso dos trechos da BR-101 e BR-232, de Pernambuco, que despertaram o interesse de 23 empresas, tendo maior procura parte da BR-364, que liga Mato Grosso e Rondônia, via funda-

mental para a escoação de matéria-prima produzida nesses estados. A empresa vencedora da concessão administrará trecho da BR-101 que liga Alagoas a Paraíba. A implantação de pedágio já foi confirmada pelo Ministério dos Transportes, que, por se tratar de estudos preliminares, alegou a inviabilidade de declarar quais pontos da rodovia o motorista terá que pagar para trafegar. Porém, adiantou que os viajantes de Maceió a Recife ou de Alagoas a Paraíba terão que passar pelo pedágio. Agora resta o prazo final para a elaboração e apresentação dos estudos técnicos de 170 dias, sendo que poderá haver prorrogação, a critério do Ministério dos Transportes, mediante decisão fundamentada. Conforme o documento, as interessadas pelas rodovias BR-101 e BR-232 (PE) são: CCR, CGP Consultoria, Gerenciamento e Planejamento Ltda; Consórcio Ecoplan-Skill; Consórcio KL Engenharia/Strata/ ZGB; Consórcio Setepla/Sener; Consórcio V.E.G.; Construcap CCPS Engenharia e Comércio S.A; Contécnica Consultoria; Dynatest Engenharia Ltda; Ernst & Young Assessoria Empresarial; Infrapar Projetos e Participações; IQS Engenharia e Engimind Brasil; Isolux Corsán + Cinco Engenharia; Logit - Transportation Engineers; MCA Auditoria e Gerenciamento Ltda; OHL Concessões Brasil Ltda; Pavesys - Engenharia de Pavimentos; Pentágono Ser-

BR-101, no trecho de divisa entre Alagoas e Pernambuco, terá cobrança de pedágio após privatização

viços de Engenharia; Planos; Saitec Brasil - Serviços de Consultoria e Auditoria Ltda; Somague Engenharia do Brasil, Sacyr Concesiones, Topocart, GW, JM Terraplanagem, Etec, Conterc, Artec, Basevi e Dinamiza; e UNA Consultoria. O grupo CCR, um dos interessados na concessão, já é responsável atualmente por 3.284 Km de rodovias da malha concedida nacional, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. Também no páreo, a OHL Concessões Brasil, que era a maior concessionária de rodovias no país em termos de quilômetros administrados, vendeu, no ano passado, seus ativos, deixando uma série de investimentos pendentes. A empresa espa-

nhola ficou famosa no Brasil após arrematar concessões de cinco das sete rodovias federais leiloadas em 2007 e descumprir o prazo de várias obras. O governo permitiu que as empresas promovessem estudos técnicos e econômicos sobre concessões no setor de transportes para subsidiar a Secretaria de Fomento para Ações de Transportes na implantação e supervisão da política de concessões do setor de transportes. Após análise, os planos de outorgas serão encaminhados pelas agências reguladoras para desenvolver e avaliar os projetos de concessão, permissão e autorização do setor de transportes. Os trechos do estudo são da BR101 entre a divisa PB/PE e a

divisa PE/AL, incluindo o novo Arco Metropolitano do Recife (de Cabo de Santo Agostinho a Igarassu), e da BR-232, entre o entroncamento com a BR-101 e Cruzeiro do Nordeste/PE. A autorização para a realização dos estudos técnicos não implica, em hipótese alguma, corresponsabilidade da União perante terceiros pelos atos praticados pela empresa autorizada. Das 314 propostas que solicitaram autorização até o dia 11 de julho, 14 não cumpriram as regras previstas no edital, publicado no dia 10 de junho. Ainda estão em análise outras 25 propostas, relacionadas ao lote BR-262/381/MG, também incluído na nova etapa do PIL lançada no início de junho.


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CONSTRUÇÃO CIVIL

Alagoas vai participar da 87ª edição do Enic com 20 construtores Evento acontece de 23 a 25 de setembro, em Salvador, e vai debater energia solar e legislação ambiental MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesia@hotmail.com

E

ste ano, Alagoas irá participar do 87º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic) com 20 construtores. Com o tema “Brasil mais eficiente, país mais justo”, o evento acontecerá entre os dias 23 e 25 de setembro, em Salvador (BA). Na ocasião, serão discutidos os temas “Energia Solar e Propostas para a Indústria da Construção” e “Gestão e Soluções para Escassez de Recursos Hídricos”, entre outras pautas. Segundo o presidente do Sinduscon-AL, Alfredo Brêda, que também é membro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), sete comissões irão se reunir simultaneamente durante o encontro, onde serão discutidos os mais diversos temas relacionados ao setor. Brêda ressalta que os construtores alagoanos que vão participar do evento têm a incumbência de, ao retornar ao estado, apresentar no Sinduscon o que foi discutido e o que evoluiu no setor. A coordenação do evento vai promover painéis que contarão com a participação de renomados especialistas brasileiros e palestrantes internacionais, de países como Colômbia, Portugal e Estados Unidos. Vale ressaltar que esse evento é o único que une toda a cadeia do setor para discutir os caminhos para o futuro da

construção. Na quinta-feira (24/09), os palestrantes irão abordar questões ligadas às iniciativas em energia solar e escassez dos recursos hídricos. Entre elas: “Programas de Energia Solar no Brasil” e “Projetos em Reuso de Água”. Na sexta-feira (25/09), a comissão coordenará os painéis “Desafios da Legislação Ambiental Brasileira para a Indústria da Construção” e “Iniciativas Inovadoras para a Gestão de Resíduos”, apresentados em exposições como “Análise das Legislações Ambientais com Relação às Áreas Urbanas” e “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil”. Além das questões ambientais, temas ligados a recursos e ao desenvolvimento do setor imobiliário e obras públicas serão debatidos no Enic pela Comissão da Indústria Imobiliária (CII) e pela Comissão de Obras Públicas (COP). Entre os assuntos em exposição pela CII, estão os painéis “Fontes de Recursos para o Setor Imobiliário” e “Desenvolvimento Urbano”, que abordarão temas como “Mercado Imobiliário”, “FGTS” e “Mobilidade Urbana”. A COP, à frente dos painéis “Formação de Preços nas Obras Públicas” e “Financiamento de Longo Prazo”, vai ministrar, dentre outras, as palestras “Aspectos Legais na Formação de Preços”, “Participação do Banco do Brasil nos Financiamentos” e “Papel de Investidores Estrangeiros”. “Du-

rante o evento será discutido o futuro da construção no Brasil, e iremos buscar soluções para o setor”, disse Alfredo Brêda. Coordenando o tema, a Comissão de Política e Relações Trabalhistas (CPRT) do encontro, o Fórum de Ação Social e Cidadania da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Fasc/ CBIC) e o Serviço Social da Construção Civil (Seconci) promoverão painéis que discutirão questões como “Cotas de Jovens Aprendizes”, “Cotas de Deficientes” e “Trabalho Análogo ao Escravo”. Além da inclusão com segurança, novidades técnicas, tecnológicas e normativas da indústria da construção serão debatidas no Enic pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat). Entre os assuntos em exposição, destaque para o painel “Modelo Prático para Utilização do BIM” (Building Information Modeling; em português: Modelagem da Informação da Construção), que, entre outras coisas, ensinará aos participantes como transformar um projeto 2D para 3D e como utilizar o 4D de posse do 3D.

ENIC 2015

Principal encontro do setor da construção, o Enic é uma idealização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e este ano a realização ficou por

Alfredo Brêda aposta no crescimento econômico do estado

conta do Sindicato da Indústria da Construção no Estado da Bahia (Sinduscon-BA) e da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Mas, em 2010, o evento aconteceu em Maceió, com grande aceitação por parte dos participantes. Mais informações sobre o encontro no site www.enic.org.br, no facebook.com/ENICoficial, twitter. com/EnicOficial e Instagram (EnicOficial).

CONSTRUÇÃO SOCIAL

O Dia Nacional da Construção Social, o mais importante acontecimento na área de responsabilidade social no setor da construção, vai acontecer no próximo dia 22, das 9 às 16 horas, no Distrito Industrial, em Maceió. Além das atividades gratuitas nas áreas de saúde, lazer e cidadania, será ofertada uma série de cursos técnicos e comportamentais, tudo sem custo.

Presidente do Sinduscon-AL diz que é hora de investir em imóveis de Maceió O presidente do Sinduscon -AL, Alfredo Brêda, disse que, embora a conjuntura econômica do país tenha refletido no setor da construção civil em Alagoas, este momento de dificuldade será superado até meados do ano que vem. Brêda aconselha a quem puder investir que esta é a hora de comprar imóvel em

Maceió. Segundo ele, o setor é forte e também é o primeiro a sair de uma crise. “A indústria da construção tem que ser prestigiada por todos os governos. As pessoas devem acreditar em nosso estado e trabalhar com seriedade. Acredito no governo de Renan Filho e que nossa economia vai melhorar”, destacou.


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HISTÓRIA DE ALAGOAS Uma praça chamada Martírios

Praça dos Martírios na atualidade

EDBERTO TICIANELI

Q

uando, em 1820, José da Silva Pinto cumpriu ordens do presidente da província, Sebastião Francisco de Mello e Povoas, e desenhou uma das primeiras plantas da cidade de Maceió, lá estava o largo que é conhecido hoje como Praça dos Martírios. Era um descampado limitado por algumas poucas casas e pela encosta do Jacutinga, que era responsável pelo acúmulo de lama no local nos períodos de chuva. As mercadorias transportadas por carros de bois para o povoado de Maceió chegavam a esse largo pela Estrada do Interior, passando pela Cambona dos Machados (hoje Rua General Hermes) e pela Rua do Comércio. Quando o destino era o embarque na enseada de Jaraguá, os almocreves continuavam até a Boca de Maceió (hoje Praça dos Palmares), depois percorriam os areais da futura Avenida da Paz até o porto. Em 1836, com a construção

Prédio da Intendência Municipal nos anos 50

de uma capela pela irmandade do Bom Jesus dos Martírios, o descampado passou a ser conhecido como Largo dos Martírios. A capela sobreviveu no sopé do Jacutinga até 1º de agosto de 1880, quando foi demolida para dar lugar à igreja do Bom Jesus dos Martírios, inaugurada em 30 de outubro de 1881. A obra só foi viabilizada graças ao esforço do missionário frei Cassiano de Comacchio. Entretanto, somente no dia 23 de outubro de 1887 é que o Largo dos Martírios foi utilizado pela primeira vez para um fim que não fosse o de estrada de carro de boi. Com o início das novenas do Senhor Bom Jesus dos Martírios, o largo foi ocupado por bazares de prendas, barracas para a venda de gengibirra e outras diversões populares. Era o início da Festa dos Martírios, que, durante décadas, foi uma das maiores festas da cidade, contribuindo decisivamente para a valorização do largo. A segunda grande obra a ser realizada no Largo dos Martí-

rios foi a construção do Palácio do Governo, que teve sua pedra fundamental lançada no dia 14 de setembro de 1893, durante o governo de Gabino Suzano de Araújo Besouro. Com vários atrasos, a inauguração do Palácio do Governo só aconteceu no dia 16 de setembro de 1902. Os primeiros investimentos em melhorias para o Largo dos Martírios tiveram início no dia 30 de março de 1907 e foram autorizados pelo intendente da capital, engenheiro Antônio Guedes Nogueira. Com a presença do Palácio do Governo e da Igreja dos Martírios, o Largo dos Martírios foi reformado para ser uma das mais bonitas praças da capital. Os trilhos de bondes de tração animal foram retirados do centro da praça e deslocados para uma via que ficava em frente ao Palácio dos Martírios. Do outro lado, a Igreja dos Martírios perdeu sua imponente escadaria, cedendo lugar a uma via que era o prolongamento da Rua do Sol, dando acesso a Cai-

Recepção ao presidente Affonso Arinos em 1906

xa D’água (hoje Rua Gazeta de Alagoas). Essa obra foi proposta pelo consagrado pintor Rosalvo Ribeiro, que era o projetista da reforma. Uma galeria de 24 metros foi construída, canalizando as águas pluviais que desciam do Planalto de Santa Cruz pela estreita Ladeira de Santa Cruz, que recebeu calçamento. Somente na década de 1920, durante o governo de Fernandes Lima, é que algumas casas foram desapropriadas e surgiu a Ladeira dos Martírios. O destaque da nova praça era o monumento ao Marechal Floriano Peixoto. A ideia de homenagear o ex-presidente da República foi apresentada pelo jornalista Joaquim Goulart de Andrade, que publicou no jornal Gutenberg, em 28 de janeiro de 1905, um convite para a fundação de uma associação que se encarregasse de promover a construção de um monumento à memória do Consolidador da República. Assim, no dia 2 de fevereiro de 1905, foi fundado o

Centro Cívico Floriano Peixoto, cujo presidente honorário era o senador Euclydes Malta. O monumento foi solenemente inaugurado no dia 11 de junho de 1908 com a presença de muitas autoridades, incluindo Alexandre Peixoto, irmão do homenageado. Para facilitar a presença do público, o comércio fechou às 15 horas, por recomendação do Centro Cívico Floriano Peixoto. Naquela noite, a praça recebeu uma retreta executada pelas bandas do 33 e da Polícia Militar. A Praça dos Martírios foi inaugurada meses depois, no dia 24 de dezembro de 1908, já contando com iluminação elétrica. Para a queima de fogos de artifícios foi contratada uma firma japonesa e, como já se estava em pleno Natal, à meia-noite foi celebrada missa campal pelo monsenhor Silva Lessa. Após as solenidades, o Palácio do Governo recebeu convidados para um concerto e um sarau. Após a inauguração, a praça exibia vinte postes de bronze e


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Vendedor de água no Lago dos Martírios em 1905

40 bancos no estilo “art-noveau”. O jornal Gutenberg, no dia seguinte, descreveu a nova praça. “Constituída de dois planos, sendo um ligeiramente inclinado e destinado à plantação de flores, no centro do qual ostenta-se um estético aquário, tendo aos lados dois elegantes repuxos contornados de simétricos canteiros e gramados de gracioso estilo, apresentando um conjunto rítmico formosíssimo; o outro plano, que não tem aclive, será aplicado a exercícios e evoluções militares, erguendo-se, ao meio deste, o vulto marcial do invicto Marechal Floriano Peixoto, modelado em bronze”. A presença do marechal na praça era tão importante que logo ela deixou de ser dos Martírios para ser a Praça Floriano Peixoto. A Lei Municipal nº 28, de 21 de maio de 1914, foi assinada pelo intendente e farmacêutico Firmino de Aquino

Bonde saindo da Rua do Comércio em 1915

Vasconcelos. O Palácio dos Martírios também foi afetado pela presença do consolidador da República e, em 1947, passou a ser Palácio Floriano Peixoto. A definição se deu pelo Decreto Estadual n° 417, de 17 de outubro, no governo de Silvestre Péricles de Góes Monteiro. A primeira reforma da Praça dos Martírios se deu 1936. No início dos anos de 1960, quando o Luiz Cavalcanti era o governador e Sandoval Caju o prefeito de Maceió, a praça sofreu nova intervenção. Desta feita foi construída a Galeria Rosalvo Ribeiro, cujo cobertura funcionava como palco para espetáculos, além da instalação de uma fonte sonora e luminosa. A inauguração se deu no dia 16 de setembro de 1963. Para que a fonte fosse vista do Planalto de Santa Cruz, várias árvores foram derrubadas. Posteriormente houve a com-

Obras de construção da Praça dos Martírios em 1908

pensação com o replantio de novas mudas. O monumento a Floriano Peixoto foi deslocado e voltado para o antigo prédio da Intendência (esse edifício recebeu a Casal e a sede da Prefeitura de Maceió no governo de Kátia Born). Além da igreja e do palácio, a Praça dos Martírios tem no seu entorno outras edificações importantes, como a antiga sede da Guarda Civil (esquina da Rua Boa Vista), que depois serviu como base para a Radiopatrulha e, já nos anos 70, agência do Produban. Outro edifício importante é o antigo palacete municipal, ou Intendência, uma obra do arquiteto Luiz Lucariny que foi inaugurada em 31 de janeiro de 1910. No outro lado da praça foi construído o palacete de Francisco de Assis, hoje abrigando o Museu Pierre Chalita. Antes recebeu a Rádio Difusora de Alagoas.

Palácio do Governo, também em foto de 1908

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Local da futura Intendência; ao fundo, a sede da Guarda Civil

Praça dos Martírios durante a reforma de 1963

Em 2005 foi concluída a última reforma na Praça dos Martírios. As principais alterações dessa intervenção foram o fechamento da rua que ficava em frente ao palácio, transformada em pátio das bandeiras dos municípios alagoanos, e a demolição da Galeria Rosalvo Ribeiro, que teve o seu local ocupado

por mais escadarias de acesso à praça pela parte superior em frente à igreja. Fonte:

- O Palácio do Governo de Alagoas e História de uma praça, de Moacir Medeiros de Sant’ana - Fotos do Museu da Imagem e do Som de Alagoas

Palácio dos Martírios na década de 1960


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EDUCAÇÃO

Monitores alagoanos reivindicam melhores condições de trabalho Em todo o estado existem cerca de cinco mil profissionais atuando nas diversas áreas educacionais DA REDAÇÃO

O

movimento Pró-monitores do Estado de Alagoas convoca a categoria para participar da luta por melhores condições de trabalho. Fundado há cerca de um mês, o movimento levanta a bandeira sobre seus anseios e, semanalmente, promove reuniões em locais e horários definidos pelas redes sociais. Hoje, são cerca de 5 mil monitores espalhados por todas as regiões do estado. Os representantes do movimento convidam a todos para participarem de uma assembleia, na qual sairá um documento com as pautas de reivindicações que será entregue ao governador do estado, Renan Filho, e ao secretário estadual de Educação, Luciano Barbosa. A data do encontro e local serão divulgados na página do Facebook “professores monitores do estado de alagoas”. Mas

a adesão poderá ser feita através de celular ou no boca a boca. Segundo Jossicler Meneses, membro do pró-monitores, o movimento ainda passa pelo processo de mobilização da classe, mas a adesão tem aumentado a cada dia. Ele reclama que os monitores são vistos como um entrave, e não são levados em conta a dedicação e o trabalho realizado por eles. “A desvalorização do profissional de Educação é grande, e, no caso dos monitores, a situação é gritante. Então, como cobrar sem dar condições?”, questinou Meneses. Quem também faz parte do movimento é Shirlene Batista, monitora de Língua Portuguesa. Ela explica que o contrato tem validade de dois anos, mas a qualquer momento pode ser interrompido caso apareça efetivo ou a direção da escola entenda que o monitor não serve para fazer parte do quadro da

Shirlene Batista e Jossicler reivindicam melhorias para a categoria

instituição. “Trabalhamos como qualquer servidor, mas não somos protegidos pela CLT”, desabafou a monitora. Além da desvalorização salarial, outra questão levantada é que os monitores não têm direito a departamento. Por conta disso, são obrigados a levar para casa trabalho que deveria ser realizado na escola. EM PAUTA A hora/aula de um monitor

na rede pública de Alagoas é de R$ 11,16. Mas esse não é o maior problema. A categoria reivindica reajuste salarial, revisão contratual (com base na CLT), adicional de periculosidade; que receba os vencimentos dentro do mês trabalhado (há casos de atraso de salário de até mais de três meses), sem contar que o contratante tem até o 10º dia útil de cada mês para pagamento. Assim, dependendo do mês, o

repasse acontece até o dia 14, o que atrasa todos os compromissos desses servidores. GREVE ATRAPALHA ROTINA DE MONITORES Em greve desde o dia 16 de julho, os servidores da rede pública da Educação de Alagoas reivindicam reajuste salarial de 13,01%, reclamam da falta de profissionais nas escolas, da estrutura física e das progressões por titularidade e por tempo de serviço. Mas quem também saiu prejudicados foram os monitores que atuam nas escolas que aderiram à greve. Neste caso, foram forçados a ficar em casa, mas, diferentemente dos efetivos, não irão receber seus vencimentos. “Não pedimos para ficar em greve, ainda porque não é reivindicação da categoria, mas estamos preocupados porque no final do mês o monitor que trabalha em escola que fechou não irá receber nada. E nossas contas a pagar como ficam?, reclamou uma monitora. Os monitores dizem que estão desprovidos de qualquer direito; inclusive o Sinteal não abraça a sua causa. “Com essa política educacional, os monitores vão continuar por tempo indeterminado por se tratar de uma mão de obra barata. Temos que nos unir e buscar nossos direitos e não aceitar essa desvalorização”, disse Jossicler Meneses, que faz parte da reserva de monitores e diz que abraçou a causa por se tratar de um pleito social.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

Renan retorna brando com Governo

A

o que parece, o presidente do Senado, Renan Calheiros, voltou do recesso parlamentar mais “ameno” em suas relações com o Palácio do Planalto e diretamente com a presidente Dilma Rousseff, para desgosto e contrariedade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Renan, que encerrou os trabalhos legislativos batendo forte no Governo, retorna com uma agenda branda e tem mantido encontros reservados com as maiores cabeças governistas em Brasília. Esta semana ofereceu um jantar ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e lideranças do Governo, oportunidade em que cobrou uma agenda de interesse do país, com começo, meio e fim. Estiveram presentes à reunião os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Walter Pinheiro (PT-BA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira (PMDB-CE). Os parlamentares conversaram com o ministro sobre as medidas econômicas de ajuste fiscal do Governo e manifestaram o desejo de aperfeiçoar o ajuste com objetivo de criar uma agenda nacional mais ampla em prol do país. Renan disse: “Cobrei do ministro Levy uma agenda de interesse do país, com começo, meio e fim. Tenho feito críticas ao ajuste fiscal. É preciso ir além do ajuste fiscal; que nós tenhamos uma agenda que mobilize o interesse nacional em cima de eixos predefinidos: mais infraestrutura, melhoria do ambiente de negócios, com apoio do investimento privado, e equilíbrio fiscal. Em torno desses três eixos, nós poderemos fazer uma pauta e conversar com a sociedade. É esse rumo que nós precisamos para o Brasil. Temos que ter um fundamento para retomarmos o crescimento da economia. Não há como não apoiar uma agenda de interesse nacional”. Para Renan, um dos caminhos para o país é a reestruturação dos gastos públicos, diminuição do número de ministérios, corte de cargos em comissão, ou seja, uma verdadeira “reforma do estado”, segundo o presidente do Senado. Ele informou, também, que Levy concordou com a avaliação e disse que vai formatar essa agenda nacional, à qual sugeriu a inclusão do eixo social. Com essa reaproximação, o prestígio e a força política de Renan, ao que parece, voltam com força total, contando que, com o isolamento de Eduardo Cunha, vai “reinar” sozinho no Congresso Nacional. Só que ninguém sabe onde isso vai dar.

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Para refletir:

“A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. (Voltaire)

Merenda fraudada

ra”.

Vários gestores escolares estão sendo indiciados pela Polícia Federal e certamente terão que acertar contas com a Justiça mais na frente. São casos de irregularidades na aquisição de merenda com farta comprovação de fraudes em licitações, superfaturamento e desvio de finalidades. Muitos desses gestores agiram de má-fé, mas há também alguns que pecaram por desconhecimento da lei e do procedimento licitatório.

Pode ter sido “armação”

De quem é a culpa?! Para o chefe da AGU em Alagoas, José William Gomes da Silva, o erro está em deixar que a responsabilidade das compras e as licitações sejam das escolas cujos dirigentes não possuem nenhum preparo para gerenciar esse tipo de atividade. Poucos conhecem a Lei de Licitações e muito menos os trâmites necessários à efetivação das contratações… “O Estado de Alagoas e a Prefeitura de Maceió não realizam os processos licitatórios. Eles deixam tudo na mão dos gestores, e isso acaba resultando em irregularidades, seja por falta de conhecimento ou má-fé”.

Precisa preparar Os poderes públicos (estado e Prefeitura de Maceió) já foram advertidos pela AGU com relação a verbas federais usadas na compra de merendas, mas nunca houve a preocupação em preparar pessoal nas escolas para esses tipos de contratações. Já o superintendente da Polícia Federal no estado, Bernardo Gonçalves Torres, é enfático ao afirmar: “O poder público não cria comissões de licitações para tratar das aquisições, sejam com verbas federais ou recursos próprios. Existe uma necessidade de qualificar esses gestores, mas não garante a lisura de um processo. A comissão apenas diminui a possibilidade de corrupção”.

Médicos de ouro A Prefeitura de Maceió divulgou uma lista com os salários dos médicos que “trabalham” no PAM Salgadinho, e os valores causaram espanto geral. São esses profissionais que estão em greve por “melhores condições de trabalho”, quando deveriam estar mais preocupados com a falta de atendimento de miseráveis. Eles ganham, em média, R$ 30 mil por poucas horas de trabalho e, às vezes, nenhuma. Com um salário desses, deveriam trabalhar em tempo integral e dedicação exclusiva, mas, ao contrário, usam a atividade como “bico”. O prefeito Rui Palmeira não está nada satisfeito com essa situação e promete agir com rigor. É assim que se faz.

Descaso do Governo O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) lamentou que o país comece a se acostumar a aplaudir fatos ruins, como a prisão do ex-ministro José Dirceu, e não mais conquistas do povo brasileiro. E isso, na opinião dele, acontece por causa do descaso do Governo com a economia e com o combate à corrupção. Paulo Bauer afirmou que a oposição está aberta ao diálogo, desde que o Governo faça a sua parte e passe a dar mais transparência aos seus atos. “Sem o diálogo, não chegaremos a lugar nenhum. A oposição vai cumprir o seu papel de oposição. Nós não queremos ser adesistas, não queremos favores do Governo, não queremos benefício nenhum. Nós vamos buscar a oportunidade de governar nas urnas. Nós queremos que exista a ética, que exista a governabilidade, que exista a ação administrativa do poder público voltada para os interesses nacionais e para a população brasilei-

Segundo informação que saiu na coluna de Cláudio Humberto publicada em vários jornais, policiais paulistas não acreditam que houve mesmo um “atentado a bomba” na sede do Instituto Lula e apuram, inclusive, se tudo não passou de “armação” de petistas para desviar a atenção da Lava Jato e das manifestações marcadas para o próximo dia 16, em todo o país, contra o governo Dilma. “Não podemos descartar nenhuma hipótese”, advertiu um dos delegados envolvidos na investigação. Policiais desconfiam da bomba, caseira; do local, na calçada; e do horário do suposto atentado: nessa hora já não havia ninguém no instituto. Em março, véspera de outra mobilização nacional contra o governo Dilma, houve “atentado” semelhante à sede do PT em Jundiaí (SP).

Prefeitos de aluguel Há aqui em Alagoas, e não conheço em outro estado, a condenável prática de políticos buscarem a perpetuação no poder usando de artimanhas que, por parecerem legais, afrontam a moralidade, agridem a cidadania e zombam da Justiça Eleitoral. A tática é mudar o domicílio eleitoral para um município vizinho, onde angariou prestígio à custa de dinheiro e negócios suspeitos ou indicar um parente para “cumprir a missão”. O TRE precisa e deve estar de olho nesses sabidões, que não podem viver sem uma prefeitura para “mamar”.

Americanos deixam Alagoas Um grupo de 20 estudantes americanos da Northeastern University, com sede em Boston, Estado de Massachusetts (EUA), deixou Alagoas na última quarta-feira após 30 dias tendo aulas de português e conhecendo nossa cultura, história, política, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. No final do programa, cada estudante apresentou um trabalho sobre tema de livre escolha dentro da programação aqui desenvolvida. Com exceção de algumas críticas (falta de limpeza de nossas praias, deficiência de atendimentos nos serviços e falta de informações do turismo), eles levam uma boa imagem de Alagoas e apresentarão seus trabalhos na universidade americana. No próximo ano, o Instituto Cidadão – entidade coordenadora do programa – deverá receber nova turma de universitários.

O protesto de Olavo Repercutiram bem as declarações do deputado Olavo Calheiros, que contestou a desnecessária e inadmissível criação de 120 cargos comissionados na desgastada Assembleia Legislativa, numa afronta à situação de exposição à qual vive o Poder Legislativo. O parlamentar foi além e também criticou a cessão pelo Tribunal de Contas de vários servidores efetivos para a Assembleia a pedido do presidente Luiz Dantas. Disse Olavo que “A Assembleia virou depósito de funcionários que não querem trabalhar. Não bastassem os servidores daqui que não trabalham”. Em tempo: os servidores cedidos pelo Tribunal de Contas em sua maioria saíram porque não compareciam ao trabalho, mas recebiam seus salários. Negócios da pobre política alagoana.


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ARTIGOS

Onde e por que o ECA é leniente (II) CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

O

último artigo desta série, que está por terminar, dediquei a reflexões sobre a natureza das medidas socioeducativas propostas pelo ECA, bem como sobre o caráter ressocializante do nosso sistema jurídico-penal. Havendo considerado o inegável avanço do ECA, exceto no tocante à política penal, restou discorrer sobre a aplicação das medidas apenantes do Estatuto. É essa ou-

tra debilidade da lei, deixando-nos a sensação de que os seus fautores, abandonando o labor científico em favor do sentimentalismo paternalista, não previram o mal que produziriam com a leniência. Como dito antes, toda pena tem natureza socioeducativa: é punitiva e ressocializante. Com tal natureza, o seu cumprimento visa punir e reeducar o indivíduo que delinque; quanto à sua imposição, deve ter o condão de inibir novos delitos. A tibieza com que o ECA estabelece e impõe a pena ao delinquente juvenil acaba por estimular, o apenado ou outros terceiros, a delinquir. Há uma realidade fática que os legisladores do ECA não auscultaram: a esperteza e maléfica inteligência, e a criatividade dos delinquentes. Certamente por isso a delinquência juvenil tornou-se mais ami-

úde, a marginalidade adulta utilizando adolescentes, e até crianças, na prática de crimes. Seria soberba minha ter a solução para o momento de insegurança por que passa a sociedade. Pensar, todavia, faz parte da vida do cidadão. Dizer o que pensa, também. No tocante ao ECA, parece-me evidente que a sua leniência deve ser eliminada, sendo estabelecidas reprimendas maiores para os adolescentes que delinquem, sem a necessidade de se proceder a qualquer alteração na maioridade penal, bastando que as penas assim majoradas sejam cumpridas até o seu final, independentemente do atingimento dos 21 anos, mas em estabelecimento adequado. Para tanto, porém, impõe-se ao estado a assunção de seu dever ressocializante do indi-

víduo recluso, seja ele maior ou menor de idade. Isso sem falar na atenção efetiva quanto às políticas públicas, promovendo a educação, a saúde, enfim, o bem-estar social. Difícil? Não, se houver vontade política do Governo e da sociedade. Custoso? Claro que sim, porquanto teremos que começar praticamente do zero, uma vez que o Estado brasileiro jamais assumiu efetivo interesse pela população carcerária. Afinal, os votos estão nas obras suntuosas, muitas das quais desnecessárias. A segurança, uma das prioridades do estado, só entra na agenda política quando a violência aos cidadãos de bem atinge níveis insuportáveis, como agora. O aprimoramento do estado é responsabilidade de todos nós, os políticos e, principalmente, os eleitores.

Através de desconstrução das candidaturas concorrentes, falseamento da realidade e propaganda enganosa, a presidente ganhou o pleito, mas as insatisfações que motivaram as inquietudes do ano anterior permaneciam latentes e foram agravadas pelos anúncios da mandatária de medidas que contradisseram praticamente tudo o que afirmara em campanha. Sem credibilidade, a popularidade da presidente atinge seus níveis mais baixos, principalmente no seio do estrato de 2 a 5 SM. Quais as razões das avaliações mais severas desse estrato? Dentre as possíveis respostas, algumas podem ser brevemente aventadas: Primeiro, os avanços das políticas públicas se desaceleraram, frustrando as aspirações do grupo, que esperava continuar galgando patamares mais elevados de acesso a bens e serviços. Ademais, essas famílias sofrem pesadamente os efeitos da política econômica do governo: disparada no custo de vida, renda real em queda, endividamento recorde e desemprego em alta. Tudo isso circundado por serviços públicos de péssima qualidade. Segundo, o núcleo se deu conta de que havia tido mobilidade econômica, mas não mobilidade social. Esta, só se configura com acesso a serviços públicos de qualidade. Como disse Mauro Paulino, do Datafolha: a nova classe média é “bem servida em crediários e mal servida em cidadania”.

Terceiro, por conta de mudanças no perfil da demanda dessas famílias devido à melhoria da escolaridade, aumento de renda média e maior capacidade de consumo, as políticas sociais perderam importância relativamente aos aspectos econômicos, conforme observou o cientista político Alberto Carlos Almeida. Como resultante, os “patrocinadores” de tais políticas são menos reverenciados hoje do que foram no passado, significando que o famoso “legado de 12 anos do PT”, tão alardeado pelos seus adeptos, só encontrará eco nessas famílias se houver, no mínimo, manutenção das conquistas econômicas. Quarto, assim como se dá no resto da sociedade, a sensação do grupo, espremido em meio a várias crises simultâneas, é de incerteza e desesperança. O governo, emparedado, perdeu protagonismo para os demais poderes e se tornou incapaz de sinalizar saídas para a retomada da normalidade. Não sem razão, pois, que ao atribuir notas baixíssimas de avaliação à presidente Dilma Rousseff, a nova classe média nada mais faz do que externalizar o seu protesto com o fato de que as conquistas duramente amealhadas ao longo de anos estão sendo rapidamente dissipadas na atual administração petista.

A ascensão interrompida MAURÍCIO COSTA ROMÃO

A

s pesquisas nacionais de avaliação da administração da presidente Dilma Rousseff têm detectado declínio persistente do índice de aprovação ao governo (popularidade), medido pela soma dos percentuais de ótimo e bom. Essa queda de aprovação se espraia por todas as classes socioeconômicas e geográficas, tais como sexo, escolaridade, renda, idade, região, natureza do município, etc. Dentre essas classes merece destaque a que compreende o conjunto das famílias que ganha de 2 a 5 salários mínimos (Datafolha). Nesse contingente se encontram, grosso modo, 40% das famílias brasileiras, toda a classe D e parte da classe C, bem como boa parte da decantada “nova classe média”. Essas famílias foram, provavelmente, as mais beneficiadas pelo processo de transferência de renda dos governos Lula 1 e 2, e de Dilma 1, sustentado no crédito subsidiado e nos recursos destinados aos programas sociais. Tal política permitiu acesso desses núcleos familiares a bens de consumo duráveis e a certos serviços, antes inacessíveis, promovendo-se aí uma expressiva mobilidade econômica.

Em meio à euforia consumista, a presidente Dilma, eleita com folga em 2010, substituiu a prudência de manejo fiscal e monetário do período Palocci-Meirelles pela intensificação do populismo fiscal, com ênfase na expansão do crédito ofertado pelos bancos estatais a juros baixos. O consumo passa a ser o motor do crescimento. Ao cabo dos dois primeiros anos de governo, a presidente desfrutava de elevado conceito e exibia então ponderáveis índices de aprovação, mas aquele clima de confiança e entusiasmo do período “lulista” havia desaparecido. O descontrole fiscal e monetário, o baixo crescimento do nível de atividade, a inflação beirando o teto da meta, o crescente endividamento das famílias, o dólar em trajetória de alta, a ausência de mobilidade urbana, os problemas nos serviços básicos, etc., davam o pano de fundo a um novo ambiente que se formava, pleno de inquietações, ainda recônditas. O choque de realidade veio com as manifestações de junho de 2013, no decorrer das quais a população saiu do armário e externou suas insatisfações com o status quo, exigindo mudanças nas ações do governo, combate à corrupção, novas práticas políticas, e serviços públicos de qualidade. A popularidade de Dilma sofreu, então, seu primeiro grande abalo em consequência daquelas insurgências das ruas físicas, expandidas nas ruas virtuais.

Maurício Costa Romão, Ph.D. em Economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br


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ARTIGOS

Um Brasil diferente JORGE MORAIS Jornalista

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enho a impressão, impressão não, certeza, de que, se ao longo dos últimos 20 anos, não tivesse havido tantas operações deflagradas pela Polícia Federal, este imenso Brasil seria outro. Seria diferente, pelo menos, em relação à redução de sua pobreza, e que sua população não sofreria tanto como vem ocorrendo, penalizada pela falta de assistência na saúde, sem educação e sem segurança. Diariamente, minuto a minuto, alguns brasileiros ficam sem assistência médica nos hospitais. Morrem crianças, adultos e velhos por falta de médicos e medicamentos, mesmo que o governo federal, por meio de sua presidente Dilma Rousseff, tenha alardeado nos quatro

cantos e ocupado o espaço na mídia para dizer que milhões de brasileiros foram atendidos pelo Programa Mais Médico desde a sua implantação e que, por isso, vai aumentar o programa com a vinda de mais médicos, agora, especialistas. Dentro da linha de raciocínio da impressão que tenho, ou eles estão mentindo ou a imprensa nacional está inventando notícias e criando personagens doentes nas portas dos hospitais. A Rede Globo de Televisão, em especial, está perdendo um grande contingente de excelentes atores, entre eles, os familiares que choram a perda de seus familiares. O que a gente assiste todos os dias são filas e mais filas de doentes reclamando a falta do atendimento, mas a Dilma Rousseff disse que tudo tinha melhorado em relação aos anos anteriores ao programa. Neste caso, se continuasse como antes, a categoria dos chamados pobres ou quase isso, já teria desaparecido. Se o Mais Médico já atendeu a tanta gente, como se explica essa situação nos postos de saúde e hospitais? Por que tanta gente volta reclamando ou morre

sem o atendimento? Feito esse relato, volto ao tema do artigo: Um Brasil diferente. Será que, se o José Dirceu, José Genuíno, Delúbio Soares, todos os tesoureiros do PT, PTB, PP e outras siglas mais, além dos dirigentes da Petrobras e das empreiteiras, não tivessem roubado os milhões e milhões ou bilhões de dólares e reais o Brasil não seria diferente? Já imaginou se todo esse dinheiro surrupiado fosse aplicado na Saúde, Educação e Segurança, o país não seria diferente? Claro que sim. Não faltariam médicos de plantão nos hospitais, e os medicamentos seriam suficientes para atender a população. O governo quebrou em suas ações porque o dinheiro saiu pelo ralo, não chegou ao seu destino, porque foi desviado para as campanhas políticas e para as contas secretas e, também, as contas escancaradas abertas em outros países. Em palavras mais claras: o dinheiro foi roubado. O ex-ministro José Dirceu foi preso mais uma vez. Estava claro que essa operação Lava Jato não deixaria de fora

esse chefe de quadrilha. No governo Lula, em especial, não se fazia nada sem que ele não desse as ordens. A operação Mensalão foi fichinha para a Lava Jato. Se o Zé comandou a outra, não ficaria de fora dessa, mesmo que o Lula diga que nunca soube de nada, nunca viu nada e nunca ouviu nada. Pois bem. José Dirceu está preso novamente, outros, muitos outros, ainda serão nas próximas fases da operação, e de todos os partidos, mesmo que o Partido dos Trabalhadores, presidido pelo senhor Paulo Falcão, tenha ido à mídia para tentar justificar o injustificável. O PT dizer que roubou, porque antes outros roubaram, é muito pior do que o ato. Antes, o PT criticava e condenava sem julgamento. Hoje, quer uma prática diferente. Finalizando, está circulando pelas redes sociais o seguinte texto: “O Zé Dirceu foi preso na época da ditadura, foi preso no esquema do Mensalão e está preso agora. Portanto, três vezes, já pode pedir música no Fantástico”.

Educação e Saúde: ontem e hoje ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

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uando era garota de 9 anos, eu estudei no Grupo Escolar Fernandes Lima, na antiga Rua do Sol. Uma diretora rigorosa, professora exigente e até as auxiliares da limpeza, pessoas boníssimas, cuidavam da escola com muita dedicação. As provas semestrais vinham da Secretaria da Educação, e nossas mestras só tomavam conhecimento dos quesitos na hora em que iniciávamos a resolução dos mesmos. Participávamos de maratonas fora da escola e, ao terminar o primário, fazíamos um exame rigoroso para começarmos o curso de ginásio. Podíamos chamar tudo isso de educação-modelo, e as escolas públicas, tipo Instituto de Educação Liceu Alagoano, eram muito exigentes nas seleções utilizadas para admissão de novos alunos. As professoras do interior vinham

fazer concurso na capital para ingressarem no Quadro de Magistério. Tudo muito rigoroso. Na Saúde havia poucos planos. O nosso era clamado “Patronal”, pois meu pai era fiscal do Iapi. Tínhamos direito a tratamentos hospitalar, dentário, médico. O pagamento correspondia a 10% do que era utilizado. E os profissionais eram os melhores de nossa cidade. Havia um órgão que chamávamos de “Saúde Pública”. Ficava na Praça das Graças, na Levada. Lembro-me que íamos com a professora, da Rua do Sol até lá, em fila, bem-comportados, duas ou três vezes ao ano, tomar vacina. Tudo muito limpo e profissionais da melhor qualidade. Um dia, um menino levado cismou que a enfermeira não havia esterilizado a agulha da seringa e não quis tomar a vacina. Foi uma confusão danada, mas ele insistiu na sua tese. E o garoto rebelde era Rubião Torres, hoje meu marido. Ficou conhecido na Saúde Pública. A Santa Casa de Misericórdia, na época bem menor, não sei se tinha o mesmo nome, possuía dois tipos de atendimento: particular e indigente.

Os planos, como disse, eram pouquíssimos. Visitei muitas vezes uma tia que quebrou a perna e estava na ala pobre do hospital; fiquei impressionada com o atendimento e a limpeza existentes. No mesmo período, fiz uma cirurgia de apêndice e fui levada para um apartamento no lado particular. Dizia minha mãe que a diferença no tratamento era pouca. Desde que me casei (1963), o ensino público começou a piorar. Meus quatro filhos já estudaram em colégios particulares. Para os assalariados, como eu e meu marido, era difícil arcar com as despesas dos filhos na escola. Como moramos em vários estados, sentimos a diferença dos valores cobrados. No Rio de Janeiro, o meu salário ia inteirinho para os colégios dos meninos. Cobríamos as outras despesas com o que meu marido recebia do Exército Brasileiro. Sem contar as aulas que eles frequentavam fora da escola: inglês, judô, natação. Atualmente, vejo o ensino público cada vez pior. Professores mal pagos, escolas arruinadas, greves sucessivas. Um verdadeiro desastre!

Hoje, os planos viraram SUS, e o sistema público de saúde se transformou na antiga indigência. Agora mesmo, o PAM Salgadinho é um pardieiro: as instalações precárias, os aparelhos para exames não funcionam. O prefeito quer colocar ponto eletrônico para os profissionais de Saúde. Esses dizem que não há condições de trabalho, e o povo é a vítima. Para se ser atendido pelo SUS é preciso ter padrinho, falar com alguém. O material caríssimo que o Governo manda para o povo pobre é usado para clientes particulares. Vários médicos não atendem mais pelos planos, só por pagamento de consultas. Os pacientes vivem brigando com as “Unimedes da vida, que não querem cobrir determinados procedimentos. Se for preciso sair de Alagoas para se tratar em outros estados, preparem o bolso ou vendam o apartamento. Só a consulta gira em torno de R$ 1.500 a R$ 2.000. No fim de tudo, ao invés de melhorarem a Educação e a Saúde, tudo piorou. E os pobres morrem nas portas dos hospitais ou em casa mesmo. Brasil dos meus pecados!!!


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ARTIGO

A corrupção e o sistema da dívida

ALDEMÁRIO ARAÚJO CASTRO

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a última sextafeira, dia 31 de julho, tive a honra de proferir a palestra “A corrupção e o Sistema da Dívida” no seminário regional, em Alagoas, do movimento pela Auditoria Cidadã da Dívida (Pública). Afirmei, na ocasião, que a corrupção é, sem dúvida, um dos grandes problemas nacionais. Trata-se da expressão mais perversa da lógica, profundamente incorporada à cultura nacional, de se levar vantagem em tudo, sem preocupações com a licitude ou moralidade. Ademais, assistimos todos a um triste espetáculo de corrupção que nos chega diariamente, pela via da grande imprensa, como capítulos de uma novela de extremo mau gosto. Ocorre que essa grande exposição midiática da corrupção, cuidadosamente operada por veículos de uma mídia excessivamente concentrada, produz pelos menos duas grandes distorções: a maioria da sociedade admite que a corrupção é o nosso maior problema; e essa mesma maioria

acredita que a ausência de serviços públicos de qualidades nas áreas de Educação, Saúde, Transporte, Cultura, Esporte, entre outras, decorre da falta de recursos públicos drenados pela corrupção. Fiz, nas duas últimas semanas do mês de julho do corrente, essas constatações de forma empírica com 90 alunos das minhas turmas no curso de Direito da Universidade Católica de Brasília. 95,5% deles acreditam que o Estado brasileiro arrecada o volume necessário de recursos pecuniários para viabilizar a realização adequada, com eficiência (quantitativa/qualitativa), dos serviços públicos que garantem os direitos sociais fundamentais de educação e saúde. 66,6% dos alunos pesquisados entendem que a corrupção é a principal razão para as deficiências verificadas. 31,1% apontam a ineficiência/incompetência administrativa como a principal razão para a negativa dos direitos aludidos. Na minha modesta avaliação, o maior problema vivenciado pelo Brasil (e pelo mundo) na atual quadra história é a alarmante desigualdade socioeconômica. No caso do Brasil, temos um país que figura entre as dez maiores economias do mundo e ocupa, para espanto geral, os últimos postos na lista de distribuição de renda. Esse triste e paradoxal quadro não é obra da corrupção, embora essa mazela tenha sua cota significativa de “culpa no

cartório”. Para explicar essa discrepância entram em cena mecanismos socioeconômicos cuidadosamente construídos, mantidos e aperfeiçoados por segmentos sociais privilegiados. Destaco os seguintes: câmbio flutuante; metas de superávit primário; metas de inflação; intenso endividamento do Estado; juros altíssimos; desnacionalização do parque produtivo; financiamento externo baseado na exportação de minerais e produtos agrícolas; atração de recursos financeiros oriundos da especulação internacional; sistema tributário profundamente injusto; profunda concentração e elitização da grande imprensa; elevada distorção e deterioração da estrutura político-partidária; considerável descaso com a necessidade de uma profunda e abrangente revolução educacional; baixíssima atenção para com os mecanismos de planejamento e gestão eficiente das ações do Poder Público, notadamente em setores estratégicos; significativo desprezo pelo meio ambiente e o cultivo de uma “cultura” baseada em valores extremamente deletérios, tais como o consumismo, a ditadura da aparência e das mais variadas formas de futilidade e superficialidade e um certo incentivo à violência física e simbólica. De todos esses instrumentos de criação e reprodução de desigualdades sociais, o chamado “sistema da dívida” comparece como o mais relevante. Por ocasião da

palestra aludida foram destacados dois números que a Auditoria Cidadã trabalha como muita ênfase em nível nacional, principalmente pela voz aguerrida de Maria Lúcia Fatorelli, uma incansável batalhadora pelas causas democráticas e populares no Brasil e no mundo. Refiro-me ao montante da dívida pública brasileira e ao tamanho do serviço dessa dívida (juros, encargos, amortizações e rolagem). O primeiro elemento é um número que ultrapassa os R$ 4 trilhões. O segundo elemento é um número que representa algo em torno de 40% do orçamento anual da União. No caso específico do Estado de Alagoas, os dados apresentados pelo combativo professor José Menezes, coordenador do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida em Alagoas e palestrante no evento do dia 31 de julho, também são estarrecedores. Em 31 de dezembro de 1998, a dívida do Estado de Alagoas alcançava R$ 2,38 bilhões. Entre 1998 e 2014 foram pagos (serviço da dívida) cerca de R$ 7,25 bilhões. Em 31 de dezembro de 2014, a dívida de Alagoas estava em R$ 9,73 bilhões. Em suma, em 17 anos, a dívida foi paga três vezes e, atualmente, é quatro vezes maior. Foi anotado com muita ênfase no seminário do dia 31 de julho que a construção de instrumentos de geração de privilégios e desigualdades socioeconômicos, notadamente no campo do “sistema da dívida”,

lança mão da ilicitude (e da corrupção) como ferramentas fundamentais. A demarcação clara da fronteira entre a legalidade e a ilegalidade é conscientemente dificultada em magnitude monumental. Destaquei, diante desses números, a necessidade imperiosa de cumprir a Constituição (art. 26 do ADCT) e realizar a auditoria da dívida pública. Importa pontuar que a OAB ingressou no Supremo Tribunal Federal com a ADPF no. 59 justamente buscando uma decisão da mais alta Corte de Justiça do Brasil que concretize a auditoria da dívida pública (que deveria ter sido realizada até 1989). Não tenho dúvida de que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sem pobreza, marginalizações e discriminações (objetivos inscritos na Constituição) somente será alcançada com o desmonte, pela via da crescente participação popular, desses perversos instrumentos de geração e reprodução de desigualdades socioeconômicas, em especial o “sistema da dívida”.

*Advogado, mestre em Direito, procurador da Fazenda Nacional, professor da Universidade Católica de Brasília e conselheiro Federal da OAB/DF.


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Calcanhar de aquiles

Bom trabalho!

o CRB, torcedores acham que o ataque deve ser mais preciso nas finalizações a gol. Essa observação tem a ver com o desperdício de chances em jogos recentes, a exemplo do realizado contra o Paraná, em Curitiba.

Os Jogos Estudantis de Alagoas (Jeal), no Ginásio Radialista Arivaldo Maia, no Jacintinho, na primeira fase, tem o apoio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. As competições são abertas para o público.

Ainda sobre o jogo

Incentivo

N

A mídia paranaense achou natural o Paraná, em casa, ficar mais tempo com a bola. Contudo, reconheceu que o Galo apresentou uma defesa segura na marcação. O problema é que o ataque regatiano perde muitas chances de gols.

Antônio Moura, da Secretaria de Esportes e Lazer de Maceió, define o Ginásio Arivaldo Maia importante para os moradores, times e as próprias federações no incentivo ao esporte amador.

Jogos fora

Modalidades

Vica não tem problema para o jogo de amanhã contra o Confiança. E a ordem é marcação cerrada. Essa exigência é devido à vitória sobre o Botafogo-PB. Lucas pode voltar, enquanto André, machucado, ainda era dúvida até a quinta-feira.

De José Emanoel, coordenador do Jeal: “Participam 30 escolas particulares, estaduais e municipais, e os atletas estão distribuídos nas categorias infantil, de 12 a 14 anos, e juvenil de 15 a 17 anos”.

Árbitro nacional

Estrelas brilham

Denis Ribeiro Serafim, árbitro alagoano que apitou o jogo entre Salgueiro-PE e Botafogo-PB, que ficou no empate, estreou muito bem. Ponto ainda para Brígida Cirilo, auxiliar e estreante nos quadros da CBF.

José Reinaldo Ferreira, atleta de Arapiraca, defende o Brasil no Europeu de Karatê -2015, em Ravensburg, Alemanha. E o seu é o francês Thierry Leboalt, do Instituto Bujin-Kan Karatê.

É do futebol

Chamou a atenção!

No CRB existe um temor carregado pela torcida. O motivo são os chutões “sem destino” nas finalizações. Entretanto, muitos acham não ter a ver com a qualidade técnica, e sim por causa da precipitação.

A disputa entre Sport e Cruzeiro, no domingo anterior, no Recife, atraiu a atenção não pelo empate sem gols, mas pelos 51 passes errados até os 30 minutos do primeiro tempo. Do total, 31 foram do time da casa.

Distração Lewis Hamilton definiu como “uma distração” o sexto lugar dele no Grande Prêmio da Hungria, realizado em Budapeste e que teve como vencedor o alemão Sebastian Vettel, da Ferrari.

Sem palavras

De Lewis Hamilton, piloto da Mercedes: “Eu estava distraído. Realmente não tenho palavras para o que aconteceu. Tive um desempenho realmente ruim”. O “erro” aconteceu na 10ª corrida.

É campeão!

River campeão

O ASA é campeão alagoano de futebol na categoria Sub20 e irá representar Alagoas na Copa São Paulo de Futebol Junior, em janeiro de 2016. Alguns garotos já são treinados e aproveitados por Vica no time principal.

O time argentino River Plate detonou o rival Tigres, do México, por 3 x 0, na decisão da Copa Libertadores da América, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. O River Plate entra para o seleto grupo de tricampeões da Libertadores.

Jogos Olímpicos

O banco suíço BSI enviou ao senador Romário (PSB-RJ) uma confirmação de que o extrato de uma suposta conta que o ex-jogador teria na Suíça, com saldo de R$ 7,5 milhões, é falso. A instituição financeira comunicou ainda ao senador que abriu uma queixa penal no Ministério Público de Genebra para apurar os fatos, que, segundo o banco, constituem “delitos penais graves”.

O Brasil deve selecionar 400 atletas para os Jogos Olímpicos que serão realizados no Rio de Janeiro, no próximo ano. Mas, segundo a mídia do Sul, talvez esse esse número seja maior.

Tudo falso


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Dias ainda difíceis O Brasil está passando por uma fase difícil, podendo piorar cada vez mais. A previsão é de que não haverá solução em curto prazo para a crise mesmo o Planalto acreditando superar as dificuldades em 2016. Do Financial Times, edição da segunda-feira: “A crise econômica no Brasil ainda irá se agravar antes de melhorar, e uma grande parte dos problemas foi criada pelo próprio país.”

Suicídio de policiais

Merece atenção

F

Alagoanos também não dão, ainda, atenção à necessidade de corrigir hábitos de desperdício no uso de benesses vindas da natureza. Alguns desses exemplos são o desperdício de água e o desmatamento. A advertência tem a ver com dificuldades como as que ocorrem em regiões do Centro-Sul e que começam a ser sentidas no Nordeste, inclusive em Alagoas.

oi discutido no 9º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Rio, o suicídio de policiais militares, civis e federais. O trabalho foi apresentado por Patrícia Constantino, do Centro Latino-Americano de Estudos da Violência e Saúde, da Fundação Getúlio Vargas.

Será mesmo?! O PMDB, em 2018, deve sair da sombra do PT e lançar candidato a presidente da República. A questão, inclusive, já avança nas conversas do dia a dia. Não haverá surpresa caso isso seja decidido pelo partido já neste semestre. O nome provável do candidato é o de Michel Temer.

Ponto de vista Apesar de distantes, as eleições de 2018 já direcionam holofotes para Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Cada vez mais, os dois estão ganhando espaço na mídia mesmo sem se apresentarem como candidatos para presidente. O motivo? Falta de novas lideranças.

Paralisia da economia Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, não vê culpa no Congresso Nacional, pelo que define como “paralisia da economia”, a recessão, os juros elevados e a queda da arrecadação pela situação de descontrole. Acha que na Câmara todas as propostas do ajuste fiscal “foram aprovadas de forma célere”.

Dor no bolso O alagoano deve se habituar a economizar. O motivo tem a ver com o consumo de energia, com cobrança extra de R$ 5,50 por quilowatt gasto. O consumidor, para evitar mais dor no bolso, deve também ficar atento ao vermelho que já aparece no recibo da conta de luz.

Para lembrar “De onde se tira e não repõe acaba forçando o orçamento”. A advertência é outra que tem a ver com o quadro que o trabalhador enfrenta, bem como o resultado exposto nos custos das contas públicas. Dados levantados constatam que o semestre passado foi o pior dos últimos 14 anos.

E mais atenção! Já vigora, em Maceió, a lei que determina multa, conside-rada “gravíssima,” para motorista flagrado na insistência de trafegar pela faixa determinada como exclusiva para ônibus. Mas a dúvida que existe é se essa determinação é extensiva aos táxis, transportando ou não passageiro.

Comentário “O conflito em torno da eleição de 2018 está instalado no PSDB e pode endurecer caso José Serra entre na disputa da eleição presidencial”. A informação foi divulgada na mídia nacional no dia 24 de junho. Mas, como dizem os líderes de partidos em Alagoas, “a questão é que só o futuro tem a resposta”.

Notícias de Maceió Um jovem foi baleado em um assalto na Avenida Gustavo Paiva, no bairro Cruz das Almas, na manhã da última segunda-feira. A notícia, divulgada no mesmo dia como manchete em sites, foi vista como normal entre os leitores. A maioria das manchetes é da área policial. Mas o que fazem os governantes para evitá-las?

Da expectativa Findo o recesso parlamentar, a expectativa agora é para Brasília. Na pauta, a reabertura dos debates por uma definição sobre sim ou não da aprovação da proposta que trata da reforma na polícia. Mas o interesse súbito para vigorar ainda este ano tem a ver com 2018?

Eleições municipais Em Alagoas, é só aparentemente ou estão acontecendo, de fato, nos bastidores entendimentos voltados para as eleições municipais de 2016 e as preparatórias para as de 2018? São algo em torno de 52 partidos regularizados; a maioria deles voltada a apoiar lideranças em Brasília.

Beber na fonte A SMTT atua bem na fiscalização em Maceió, mas deve dar atenção a um vício já comum dos motoristas: além de deixar veículos nas calçadas, eles não respeitam a distância exigida em cruzamentos (3 metros, no mínimo) e a sinalização no todo. O risco de ocorrer um acidente é iminente. Por isso é preciso aplicar multa severas nos infratores.

Sessões reativadas Encerrado o recesso parlamentar, na terça-feira deputados voltaram às suas atividades. Dentre os temas a serem discutidos, o que se destacou foi o emplacamento de moto de cinquenta cilindradas (famosas cinquentinhas), bem como a habilitação dos condutores. A questão foi levantada pelo deputado Tarcizo Freire (PSD).

No Senado O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), definiu na sessão da terça-feira (4) a reabertura dos trabalhos no plenário. Na pauta, com prioridade para votação neste semestre, os projetos do pacto federativo, da reforma política e o que atualiza o Código de Defesa do Consumidor. O atual vigora desde 1990.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

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Comprimido para combater a dengue Um composto desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destinado a combater o mosquito da dengue, está pronto para ser colocado no mercado. A drágea contém um micro-organismo chamado Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), que, quando ingerido pelas larvas do mosquito transmissor da doença, impede sua proliferação. O composto, colocado em um recipiente com água, inviabiliza o criadouro do mosquito por um período de 60 dias. A substância poderia até ser usada em água potável, mas isso ainda depende de aprovação da Anvisa. O preço estimado do produto, na fase inicial, é R$ 30 por dez doses.

Filhote de ariranha O filhote de fêmea de ariranha de três meses que seria a esperança de salvar a espécie de extinção no Paraná morreu essa semana. Antes do filhote, a espécie foi vista pela última vez na natureza em 1998, no Parque Nacional de Ilha Grande. Técnicos do RBV (Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu) suspeitam que o animal tenha morrido por desnutrição crônica, com complicações por baixa imunidade e infecção intestinal secundária aguda. Mas o laudo definitivo da causa da morte ficará pronto em até 30 dias.

Descoberta no Brasil

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esquisadores brasileiros descobriram uma nova espécie de planta carnívora depois que uma foto foi publicada no Facebook por um orquidófilo que caminhava em monta-nhas da cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais. O estudo feito sobre a planta foi iniciado em 2013 e publicado no periódico internacional “Phytotaxa” na semana passada. Foi constatado que é a maior planta carnívora do gênero Drosera, podendo atingir mais de 1,5 m. Por conta disso, a nova espécie recebeu o nome de Drosera magnífica.

O leão Cecil O americano Walter Palmer que matou o leão Cecil, no Zimbábue, está sendo alvo de ataques nas redes sociais. O americano matou o leão de 13 anos de idade, no Parque Nacional de Hwange, no Zimbábue. Acredita-se que o turista americano tenha desembolsado cerca de US$ 50 mil para atraí-lo para fora da reserva natural. Após ter sido morto a tiros, o leão teve sua pele arrancada e depois decapitado. Mais de 265 mil pessoas assinaram uma petição pedindo “Justiça para Cecil”, exigindo punição para os envolvidos com sua morte. Walter Palmer afirmou que não sabia que havia feito nada ilegal e acrescentou que não sabia que Cecil era um animal que vivia sob proteção.

Tomate saudável O sistema Tomatec (tomate ecologicamente cultivado), desenvolvido pela Embrapa, trata-se de um sistema de produção que apresenta cinco princípios diferenciados: conservação do solo, rotação de culturas, fertilizante misturado à irrigação, plantio vertical e um severo controle contra pragas sem a utilização de agrotóxicos. A Embrapa tem hoje cerca de 14 mil pés de tomate produzidos com a técnica Tomatec. O projeto é apoiado pela Secretaria de Estado de Agricultura do Rio de Janeiro.

Tinta “devolve” xixi feito em muros As autoridades de San Francisco estão testando em muros de áreas mais “problemáticas” uma nova tinta repelente que joga o líquido de volta. Qualquer um que tentar urinar contra uma parede tratada com a nova tinta poderá ser atingido pelo líquido. A tinta, chamada Ultra-Ever Dry, cria uma barreira de ar em frente à superfície, que repele completamente quase qualquer líquido. O custo da nova pintura nos muros é mais baixo do que o gasto com equipes de limpeza nas ruas mais atingidas pelo problema.

Maior radiotelescópio do mundo A China deve inaugurar em 2016 o maior radiotelescópio do mundo, chamado Fast (Five-hundred-meter Aperture Spherical Telescope), ou Telescópio Esférico de Quinhentos Metros de Abertura. O instrumento, que começou a ser construído em 2011, já está sendo montado nas montanhas da província de Guizhou, no sudoeste da China. O refletor do telescópio com diâmetro de 500 metros é composto de 4.450 painéis triangulares, cada um com 11 metros de lado. Atualmente, o maior radiotelescópio fixo do mundo é o Radiotelescópio de Arecibo, que fica em Porto Rico, com diâmetro de 305 metros.

Variação de temperatura O Brasil registrou variações bruscas na temperatura na última semana, com oscilações de até 14 graus Celsius (°C) na temperatura máxima de algumas cidades. Com a mudança brusca, é preciso tomar algumas precauções para evitar grandes problemas. É recomendado tomar bastante líquido, consumir alimentos leves e naturais e andar sempre com soro fisiológico para umedecer as vias aéreas. Também é importante evitar aglomerações e lugares fechados, manter a casa sempre limpa e ventilada, usar pano úmido, em vez da vassoura, e limpar frequentemente ventiladores e ar-condicionado.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Focus fecha o círculo

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uando apresentou em 2008 sua estratégia mundial One Ford (Uma só Ford, em português) de fabricar os mesmos produtos em todos os países em que possui fábricas, a empresa Ford arrebanhou alguns céticos. Sete anos depois, o objetivo foi alcançado, inclusive no Brasil, com a chegada dos novos Focus hatch e sedã vindos da Argentina. Não se trata de rigidez absoluta. Afinal, pode haver uma ou outra exceção, como o Escort chinês, além de leves adaptações locais. Sob esse prisma, a empresa é a primeira entre as chamadas Quatro Grandes a alcançar esse objetivo. A GM está mais próxima do padrão, mas, ao se comparar sua linha atual com a europeia, por exemplo, as diferenças são grandes. Há clara divergência entre as duas empresas sobre o melhor, mas o consumidor é soberano para

decidir. Os Focus de quarta geração chegam menos de dois anos depois da terceira, por isso foram oferecidas algumas vantagens para consumidores recentes, como um desconto de 15% na compra do novo modelo, mas limitado a lotes, o que causou ruídos de comunicação. Numa inesperada estratégia, a Ford mudou o nome da versão sedã para Fastback, que tem estilo, de fato, convincente. Isso em razão do encolhimento da participação dos hatches médios-compactos, nos últimos tempos, como reflexo dos avanços dos próprios sedãs e dos SUVs/crossovers compactos. O sedã representa, hoje, pouco mais de um terço das vendas dos Focus e, para alterar esse cenário, começou pelo preço. São apenas R$ 1.000 de diferença para as quatro versões equivalentes: R$ 79.900 a R$ 96.900. Apenas o Fastback

RODA VIVA terá revisões grátis por três anos para os primeiros dois mil compradores de varejo. Em termos reais, no entanto, os Focus ficaram mais baratos por agregar novos equipamentos pelo mesmo preço. A relação é bem extensa e inclui rodas de liga leve de 17 pol, limitador de velocidade, ar-condicionado digital de duas zonas e controle do câmbio automatizado de duas embreagens por borboletas no volante. Versão topo de linha, a Titanium Plus traz assistente de estacionamento para vagas paralelas e perpendiculares, faróis bixenônio adaptativos, câmera de ré e sistema multimídia com tela tátil de 8 pol com navegador e comando por voz, entre outros destaques, como teto solar. O modelo se destaca também nos requisitos de segurança ativa. Inclui uma evolução do controle eletrônico de estabilidade, além do de torque

diferenciado em curvas. Em segurança passiva, ele conta com seis bolsas de ar e ganhou cinco estrelas no Latin NCAP. Destaque na versão superior para o assistente de frenagem autônomo, que mira em placas e lanternas dos veículos à frente para evitar acidente (até 20 km/h) ou diminuir os estragos até 50 km/h. O seguro, neste caso, diminuiu de preço. Dinamicamente, os Focus também evoluíram. Assistência à direção melhorada, suspensões de respostas sempre previsíveis e silenciosas, bons freios, além de suavidade e rapidez nas trocas de marchas. O motor 2 L/178 cv (8% mais econômico com etanol e 4% com gasolina) só perde para o Jetta TSI (turbo). Os acabamentos e materiais são de ótimo nível, mas o espaço para pernas no banco traseiro perde para a maioria dos seus 12 concorrentes diretos.

pitstop HR-V cresce e passa Renegade Carro da Jeep vendeu mais de quatro mil, mas perdeu para o modelo da Honda

O

segmento dos utilitários esportivos segue aquecido. A briga em julho foi acirrada entre os dois maiores protagonistas do segmento. Na primeira quinzena, o Renegade, da Jeep, estava na liderança, à frente do seu principal concorrente, o HR-V, da Honda. Mas, no fechamento do mês, o carro da Honda superou o concorrente e fechou julho na liderança do segmento com 4.429 unidades comercializadas.

O utilitário esportivo da Jeep vendeu 4.028 unidades e ficou em segundo lugar. Os dois novos modelos deixaram para trás os demais concorrentes: Ecosport, Duster e Peugeot 2008. Outro destaque foi a Hilux, da Toyota, que fechou o mês com 3.149 unidades, passando a S10, líder histórica do segmento e também líder no acumulado do ano. A picape da GM vendeu 2.474 em julho. O Focus sedã, também merece destaque, foi o terceiro sedã médio mais vendido da cate-

goria, com 1.192 unidades, atrás do Corolla, da Toyota e do Civic, da Honda. Renovado, o Focus deve manter uma boa posição no ranking dos sedãs e contribuir para manter a Ford com os 12,1% de participação conquistados em julho, a segunda melhor marca da empresa nos últimos dez anos. O Palio manteve a liderança e vendeu 11.312 unidades. A segunda posição é do Onix, da GM, com 10.726 carros vendidos. O HB20, da Hyundai, foi o terceiro, com 9.462 unidades, e o Ka segue mantendo o bom

volume de vendas, aparecendo na quarta posição, com 9.281 unidades. No top 10 tem uma picape (Strada, em quinto lugar) e um sedã, o Corolla, décimo colocado. Todos os outros são hatchs pequenos. Os carros mais vendidos da Volkswagen aparecem na sexta e sétima posição: Fox vendeu 7.329 e o Gol 7.234 unidades. Renault Sandero (6.859) e Fiat Uno (6.189) fecham a lista dos dez carros mais vendidos em julho.

ENTRE os aspectos relevantes das pesquisas frenéticas em torno da tecnologia de carros autônomos ou mesmo semiautônomos está a diminuição de prejuízos em acidentes. Nos EUA, com frota gigantesca de mais de 255 milhões de veículos, ocorrem 6 milhões de acidente por ano ao custo de US$ 160 bilhões. Redução de 10% (potencial é bem maior) traria grande impacto econômico. APESAR de ter assumido a liderança de vendas mundiais de veículos leves neste primeiro semestre, ao superar a Toyota por apenas 20.000 unidades (em um total de 5 milhões), a Volkswagen só conseguirá oferecer uma linha de carros básicos de baixo preço em 2018, na China. Ainda assim será 50% mais cara que a do indiano Kwid, da Renault. Desafio nada fácil. VEÍCULO de baixo custo no Brasil sofre resistências. Indiano Tata Nano, um dos mais baratos do mundo, poderia ser vendido aqui, caso produzido localmente e com os impostos escorchantes de sempre, em torno de R$ 12.000. Como convencer as pessoas de que se trata de um carro de verdade? Percepção de qualidade estaria abaixo desse preço. Até no país de origem... FCA cumpriu o prometido. Já oferece Renegade básico, motor 1,8 flex e câmbio manual de cinco marchas por R$ 68.900. Saíram alarme, comandos de som do volante, faróis de neblina e sensores de estacionamento. Substituíram-se rodas de liga leve pelas de aço com calotas. No Honda HR-V, básico é só 1% das vendas do modelo. Pode alcançar pelo menos 5% no caso do Jeep. QUANDO a gasolina com aditivação básica chegar (após segundo adiamento, daqui a dois anos), não eliminará as gasolinas aditivadas atuais que contém também redutores de atrito. São produtos diferentes, a exemplo de aditivos vendidos em frascos. Em muitos países é um mercado tradicional, aqui representado por Bardahl, STP, Wynn’s e outros.


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE AGOSTO DE 2015

ARTIGO

Um Dia dos Pais sem fome JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

P

ara algumas pessoas, o “Dia dos Pais” é um dia de festas, de presentes, de pedidos de bênçãos e de músicas de “parabéns pra você”. Deram a esse dia o nome de “Dia dos Pais”, mas não se lembraram de que todos os pais deveriam ter os mesmos direitos que são dados aos demais, pelo menos no seu direito de se alimentar e alimentar os filhos. Muitos deles não podem participar de festas, de churrascos, de jantares ou bebidas caras, pois só lhe restam lágrimas, tristezas e muitas frustrações. Nesse dia, muitos

filhos choram, também, por não poderem comprar um presentinho, por mais simples que ele seja, para dar aos seus pais. Nesse dia, milhões deles não podem ir aos restaurantes com suas esposas, filhos, netos, genros e noras. Para muitos, hoje é um dos dias mais tristes do calendário, e melhor seria se fosse um dia comum, como os demais, para que seus sofrimentos não fossem estendidos, também, aos seus filhos, quando não pudendo comprar um simples barbeador manual ou uma sandália japonesa. É provável que, nesta hora, na casa do vizinho, estejam dando vivas a pais felizes, sorridentes, rodeados de presentes, dados pelos seus familiares, muito diferente de um pai que poderia estar chorando, não por falta de presente, mas por não ter tido dinheiro suficien-

te para comprar um simples pão para saciar a fome dos seus filhos neste dia. Hoje é um dia daqueles nos quais vemos carros bonitos conduzindo presentes caros que foram recebidos. Inventaram o “Dia dos Pais”, coisa que deixa alguns deles eufóricos por terem recebido um “notebook” de última geração. Eu sei que a vida é assim mesmo. Porém eu devo ter o direito, pelo menos, de lamentar que ela seja assim, tão injusta, tão desumana e que deixe os governantes roubando descaradamente ao desviar o dinheiro que seria para a merenda escolar de crianças famintas e que não sabem, sequer, que existe o Dia dos Pais. Tomara que vocês não digam que eu estraguei a festa de vocês com assuntos inconvenientes ou com lamentos. Eu, como muitos de vocês, certamente

já demos e já recebemos presentes, tanto no Dia dos Pais como no Dia da Criança, no Dia das Mães, no Natal e nos seus dias de aniversários. Por causa do mundo no qual vivemos, só nos resta lamentar a existência dessas regras sociais, desumanas, cruéis e sem a crença em Deus, que é só bondade. Mesmo lamentando tudo isso, parabenizo todos os pais - pobres, ricos, trabalhadores e injustiçados -, pedindo a Deus que os nossos governantes procurem dar trabalho para todos e possam alimentar os seus filhos. Apesar disso, “parabéns”, senhores pais! Em tempo – O sr. Júlio Bandeira, a sra. Maria Epiphania Costa e o sr. Genildo de Lima Correia me dão a honra de serem meus leitores. Com tantos elogios, eu fiquei vaidoso.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Desvios milionários Após incursões tanto nos municípios quanto em residências na capital alagoana, 130 policiais da Polícia Federal e dez auditores da Controladoria Geral da União (CGU) recolheram documentos que comprovam os desvios.

Foram afastados

Prefeito é afastado

S

egundo o jornalista Guilherme Carvalho Filho, “a decisão do juiz José Braga Neto afasta o prefeito do município de Tanque d’Arca, Roney Tadeu Valença da Silva, de suas atividades durante seis meses. Entretanto, o bloqueio de bens e valores não foi realizado. Uma ação de improbidade administrativa busca a reparação de supostos danos à cidade, em razão da realização de pagamentos irregulares em obras de engenharia”.

Novo gestor Quem assume o cargo é o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Antonio Teixeira de Almeida. Roney Tadeu foi notificado oficialmente no último dia 6. De acordo com o processo, Roney Tadeu contratou trabalhos da Construtora Alternativa, com o objetivo de que uma creche e uma quadra coberta fossem criadas.

Obras paradas Segundo a procuradora-geral do município, Laís Leite, as obras estão paradas desde 2011. Os valores contratados foram de R$ 618.560,72 e R$ 476.006,86, respectivamente.

Operação da PF De acordo com matéria do jornalista Paulo Chancey Junior, “os desvios foram estimados em R$ 5 milhões, podendo ser ultrapassados com o passar da investigação”. Essa foi a primeira avaliação feita pela Polícia Federal, após uma operação denominada “Cabipe”, realizada em em junho de 2013, que desbaratou um esquema de desvio de recursos públicos e fraudes em licitações nos municípios de Piaçabuçu e Tanque d’Arca, que tiveram 26 servidores afastados, inclusive os prefeitos”.

Ao todo, foram expedidos 30 mandados de busca e apreensão e 34 mandados de condução coercitiva. Os prefeitos Dalmo Santana Júnior (PSB), de Piaçabuçu, e Roney Valença (PMDB), de Tanque d’Arca, foram ouvidos, mas liberados. Eles estão afastados por determinação judicial por tempo indeterminado.

Eleições 2016 Com a aproximação do período eleitoral, a cidade de Lagoa da Canoa – a terra do de Hermeto Paschoal, já se prepara para a sucessão do prefeito Álvaro Melo, que já anunciou que vai entrar na disputa para se reeleger. Mas a oposição já está bem articulada com as pré-candidaturas do ex-prefeito Lauro Fonseca – sem partido, que terá como vice-prefeito em sua chapa o ex-presidente da Câmara de Vereadores daquela cidade, Elialdo Alves (PR).

Oposição fortalecida Pelo menos três vereadores já anunciaram apoio aos pré-candidatos da oposição, dentre eles Edilza Alves (PR), a mais votada no pleito passado; Jadielson Tavares (PPS) – o segundo mais votado; e Simonal, este último filiado ao DEM. Em contato por telefone com este colunista, o ex-vereador Elialdo não poupou críticas à atual gestão, a avaliando como a pior já registrada no município, que está localizado a 12 quilômetros de Arapiraca.

“Postura de ditador” “O prefeito tem postura de ditador, e sua gestão está marcada pela incompetência. Todo Estado de Alagoas tomou conhecimento da sua falta de respeito com os servidores da Educação, dentre eles professores, que, pelo simples fato de lutarem por seus direitos e salários dignos, foram chamados de vagabundos, maloqueiros e arruaceiros. Outro problema é o tratamento do prefeito com a área de Saúde, que está abandonada. Para se ter uma ideia da situação, ele (o prefeito) ainda não pagou os salários dos servidores, que só receberão depois do dia 10, quando o prazo correto por lei no que concerne a pagamento de salários é até o quinto dia último do mês subsequente”, afirmou Elialdo.

Cidade violenta “Com relação a obras estruturantes, depois de dois anos e meio de administração, ele está realizando a construção do calçadão em frente à Igreja Matriz da cidade. Mas também não podemos deixar de registrar outro fato preocupante, que é o elevado casos de violência. A bandidagem está se sentindo livre, leve e solta, agindo até na área rural, principalmente nas portas das escolas”, disse o ex-vereador, para lembrar que no próximo dia 28 é data em que se festeja a Emancipação Política do município. “Infelizmente, com essa péssima gestão, a população não tem motivos para comemorar”, completou.

PELO INTERIOR ... Com a presença de dezenas de servidores públicos e convidados, a prefeita Célia Rocha inaugurou, na manhã da última quarta-feira (5), a sede do Instituto Municipal de Previdência (Imprev). ... O prédio está localizado na Rua Padre Jefferson de Carvalho, no bairro Alto do Cruzeiro. ... Os servidores públicos da Prefeitura de Arapiraca têm motivos de sobra para comemorar mais uma importante conquista. ... A solenidade contou com a presença da presidente municipal do Imprev, Lúcia de Fátima Queiroz Cavalcante; da representante do governo federal e coordenadora dos regimes de previdência no serviço público, Márcia Caldas; do procurador de Justiça Geraldo Magela Pirauá; dos vereadores Adalberto Saturnino, Fábio Rogério e Josias Albuquerque; além de secretários municipais e convidados. ... O pastor Silas, da Igreja El Shaday, abençoou as instalações do prédio e, em seguida, fez uma oração com o acompanhamento do público. ... A presidente do Imprev, Lúcia de Fátima Queiroz Cavalcante, revelou que a criação do Instituto Municipal de Previdência garante aposentadoria e demais benefícios previdenciários com vantagens em relação ao regime do INSS, como, por exemplo, não haver carência para concessão de benefícios, e o teto das aposentadorias passa a ser o valor máximo pago pela prefeitura, e não mais o teto do INSS. ... Durante a solenidade, a servidora aposentada Heide Bispo foi homenageada com a entrega de uma placa e um buquê de rosas, em razão dos serviços prestados ao longo de sua vida no serviço público em Arapiraca. ... No evento, Heide Bispo estava acompanhada do esposo, Jurandir Bispo, filhos e familiares, que também reuniu crianças da Fundação de Assistência ao Menor de Arapiraca (Fama). ... Na ocasião, a prefeita Célia Rocha fez questão de destacar o trabalho da equipe de servidores e técnicos da administração municipal, em parceria com a Câmara de Vereadores e do Sindicato dos Servidores Municipais. ... Ainda durante o evento, a prefeita Célia Rocha deu posse aos membros do Conselho Municipal de Previdência, que é formado por 11 integrantes. ... “Esse é um momento importante para todos nós. Esse instituto é mais uma ferramenta da política de valorização do servidor público e do cuidado com as pessoas”, salientou a prefeita. ... O Instituto de Previdência Municipal de Arapiraca vai atender, inicialmente, 1.856 servidores efetivos e pensionistas. ... Desejamos um ótimo final de semana, cheio de paz e saúde para os nossos leitores. Até a próxima edição. Fui!!!!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

Pagando em dia Pague suas contas em dia, evitando juros, multas e ir acumulando dívidas, até chegar ao “fundo do poço”. Também reduza o consumo de energia elétrica, telefone, água. São serviços essenciais, mas que podem proporcionar uma boa economia caso sejam usados em menor quantidade.

Alimentos Os alimentos são itens de consumo que vêm aumentando os preços constantemente em função do clima (chuva, seca), do aumento do dólar, da energia e do combustível. Procure mudar seus hábitos de consumo, trocar de marcas e ir procurando pesquisar preços nos vários pontos de venda. A dica também serve quanto a materiais de limpeza e higiene.

Insisto na poupança

C

ontinuo insistindo na dica de manter o dinheiro na caderneta de poupança, apesar do rendimento mínimo que ela proporciona ao poupador. Mas é sempre superior à inflação (já que paga juros) e proporciona liquidez imediata (podendo ser sacada a qualquer dia) além de ser isenta de Imposto de Renda e outras taxas. E, em caso de falência do banco onde a conta é mantida, existe a garantia por parte do governo federal, via Banco Central, de o poupador resgatar todo o dinheiro investido. Já os fundos de investimento oferecidos pelo mercado financeiro, a exemplo de CDB (Certificado de Depósito Bancário), pagam impostos, têm prazo fixo para ser sacado e não possuem garantia no caso de falência do banco. É um bom negócio para quem possui muito dinheiro, podendo diversificar, aplicando em vários fundos. Mas, tratando-se de pouco valor, o ideal é a poupança mesmo. É melhor do que deixar o dinheiro parado em casa ou numa conta corrente.

Cartão Quanto aos cartões de crédito, evite pagar o mínimo exigido pela administradora, ou seja: 25% do total da fatura. Pague em dia e o valor total, pois, se for amortizando, vai chegar o momento em que o usuário não conseguirá mais pagar a dívida, já que o valor vai triplicando, com os juros de quase 20% ao mês. Evite esse prejuízo!

Dólar Com a recessão que o país vem atravessando (queda na produção, desemprego e aumento de preços), o dólar vem subindo a cada dia em relação ao real, o que significa que os produtos que dependem da moeda americana (universal) aumentam de preços, inviabilizando o uso dos produtos importados (bebidas, alimentos, vestuário e eletroeletrônicos que usam peças importadas). Fuja deles e compre apenas o essencial e, obviamente, necessário a seu consumo, mas genuinamente brasileiros.

São João em cima

E

ra o mês de junho do ano de 2002. Estávamos em plena campanha pela reeleição. Fui procurado por um suplente de vereador do PT em Maribondo Alagoas - que assim se dirigiu: - Deputado, estou precisando muito da sua ajuda. Só o senhor pode me salvar. - O que é que há, Zé?! - A minha mulher e as duas filhas estão em casa, nuas, e São João está em cima, o senhor sabe, né deputado! Só o senhor pode me ajudar. Respondi, maliciosamente: - Não me comprometa. Não quero problema com o santo.


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CRÔNICA

Como um sopro FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

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ma criança enroscando seu corpo ao da mãe tentava driblar minha presença. Vendo o incômodo que eu causava, tentei amenizar: – Bom dia, Paulinho!

Ele não respondeu. Baixou os olhos, pegando o carrinho amarelo de brinquedo para se ocupar. Fui me aproximando e vi uma pele marcada pelas inúmeras perfurações. Uma sonda nasal também estava lá, como marca do calvário que aquela criança atravessara nos últimos tempos. Senti um arrepio quando o menino atirou o boné da Peppa Pig longe, antes de se atirar no colo da mãe. O arrepio surgiu ao ver seus fios de cabelo tão curtos e ralos, resultantes das medicações que estava utilizando. Tentei não demonstrar; todavia, acho que não consegui disfarçar bem. Ele levantou os olhos e me ofereceu um carrinho azul. Parecia querer me consolar. Depois, foi amontoando brinquedos nas mãos pequeninas. Boneco do Neymar, bola de tênis e alguns monstros que devem fazer sucesso com a criançada. De certo modo, queria mostrar o que era seu naquele ambiente tão compartilhado. Eu fui me aproximando, e nossa amizade começou em silêncio. Minhas perguntas eram respondidas com balanços de cabeça dele. Lateralmente era não. Para frente e para trás sinalizava sim. Tive que dizer: – Vamos passear. Vamos conhecer melhor o Rio de Janeiro. O menino me olhou estranhamente, e nada respondeu. Passear não deve fazer parte do vocabulário regular de quem vive há quase seis meses na enfermaria de oncopediatria de um hospital. Expliquei para a mãe que havia sido chamado para levar seu filho até outro hospital e depois trazê-lo, pois um novo exame era necessário e não havia disponibilidade naquele lugar. Tivemos que esperar a quimioterapia findar e depois a morfina correr em suas veias. Enquanto isso, observava a criança e todo o emaranhado de fios ligados ao seu corpo. Ao colocá-lo na maca de transporte, senti seu corpo tremer. Nada mais plausível; afinal, a criança não sabia o que esperar do mundo lá fora. Quando os primeiros raios de luz natural tocaram sua face, Paulinho fechou os olhos com toda a força e resmungou algo. Parecia

uma agressão gratuita a quem nada fazia. Pela primeira vez, ouvi aquela voz leve e baixa, que mais parecia um sopro. Com a mesma força com que apertava os olhos, o menino comprimia os dedos da mão da mãe com sua mão direita, como se, ao fazer aquilo, estivesse protegido de todo mal. Entramos na ambulância. Ele estava deitado na maca, largado, frágil, indefeso. Seus olhos perdidos percorriam as máquinas. O passeio prometido com visões do Rio de Janeiro (que há muito ele não via) agora estava resumido a um ambiente hospitalar que trepidava e balançava após cada curva. Ele começou a chorar timidamente, parecendo um gatinho. Era o mesmo sopro que modulava sua voz. A mãe, tão jovem quanto eu, cerca de 25 anos, tentava consolar seu filho. Pegou o telefone e discou para o marido. Paulinho mudou de feição e, com a voz soprando mais forte, disse ao pai do seu passeio, das saudades que sentia. A mãe falava, e ele repetia. Logo depois, perguntei com quem estava falando e ouvi, nitidamente: – Papai. Continuei a conversa. Dessa vez, descrevendo o mundo que via lá fora e que ele, por estar deitado na maca, não conseguia enxergar. Descrevi as inúmeras casas, as cores dos carros. Ao passar pela Fiocruz, disse que estávamos passando ao lado de um castelo. Sempre achei isso, mas nunca havia revelado para ninguém. Paulinho perguntou baixinho: – Quem mora lá? – Ninguém mora lá, mas muita gente estuda e trabalha lá. A criança não entendeu nada. No seu mundo de fantasia, os castelos são habitados por heróis com superpoderes, reis e rainhas, e não por estudantes e proletários – que são, de alguma forma, também heróis. Eu demoraria a explicar essa similaridade. Então, dei alguma explicação mais fantasiosa e disse que um dia ele poderia, também, trabalhar ou estudar naquele castelo. Um sorriso brotou de sua face. Chegamos ao nosso primeiro destino. Novamente, Paulinho chorou, agora por medo daquela máquina grande. O tomógrafo realmente assusta. Deve ter pensado que a máquina poderia engoli-lo, ou algo assim. Quando foi sedado para o procedimento, descansou e se entregou ao sono. A mãe falou: – Há quatro dias não via o sol. Lágrimas vertiam por seu rosto, enquanto ela

falava da esperança de cura, da distância das outras filhas e das dificuldades dos últimos meses: – Quando vou para casa, só consigo pensar nele. No começo do ano, meu filho corria e jogava bola, e agora tem isso... A minha sorte é que minha patroa não me demitiu e continua pagando meu salário. O problema é que não sei até quando. Vivo da caridade dela. Paulinho voltou ao nosso encontro, só que agora dormindo. Entrou novamente na ambulância para rumar em direção ao hospital, lugar que resumia como seu quarto. No meio do caminho, ele acordou, assustado. Para acalmá-lo, a mãe ligou para a avó. A criança falou: – Sexta eu vou para casa. Quero salpicão, mas sem cenoura. Cenoura crua não pode. O paciente não iria embora na sexta-feira, tampouco comeria salpicão, pois só se nutria pelo conteúdo que passava por sua sonda. No entanto, ainda assim, condicionava seu sonho a uma realidade. Ele sabia que a cenoura crua havia sido proibida da sua dieta. Fiquei pensando que até na fantasia da criança havia um fator limitador. Nem seus sonhos passavam impunes àquele sofrimento. Chegamos até o hospital de origem, e Paulinho ficou contente ao ver seu quarto. Nos despedimos rapidamente, pois o sono dele não permitiu maiores diálogos. Ao sair do quarto, cometi um erro capital. Fui até o posto de enfermagem para saber melhor sobre o tratamento do menino. Ouvi que ele não vem bem e que pouco responde aos medicamentos. Eu poderia guardar Paulinho como quisesse. No futuro, pensaria nele curado e jogando futebol por aí. Mas decidi saber a realidade, e tive que pagar meu preço. Juro que saí arrasado, conjecturando sobre a vida. Buscava explicações de todas as naturezas para o sofrimento daquele menino, e nenhuma delas me confortava. Por fim, pensei que a vida é mesmo como a voz daquela criança: um sopro. Trouxe o menino comigo para casa, ainda que em pensamento, e só consegui racionalizar depois. Em casa, eu só pensava: viva seu sopro de vida, Paulinho, dure o tempo que durar, pois uma brisa pode ser paradoxalmente bem mais intensa que um tornado. Você me ensinou isso. Viva seu sopro de vida, meu filho, com a mesma dignidade mostrada pelos sons emanados do sopro de sua voz.

*Médico formado pela Ufal, Fernando Tenório, 26 anos, alagoano de Maribondo, encontra-se fazendo residência em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, Rio de Janeiro. É autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela editora Viva em 2014.


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