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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 834 - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015

TÉO VILELA VIRA RÉU NOS PROCESSOS DA OPERAÇÃO NAVALHA E DOS KITS ESCOLARES Se condenado, perderá direitos políticos e arquivará projeto de voltar ao Senado P/6

Proposta de Renan Calheiros dá trégua na crise política e sobrevida ao governo P/ 2 e 10

BIU DE LIRA ENTREGA DIREÇÃO NACIONAL DA CBTU AO EX-TUCANO MARCOS FIREMAN P/ 12

PREFEITO DO PILAR SE APOSSA DE TERRAS DOS ÍNDIOS WASSU-COCAL P/11

CANDIDATOS À OAB-AL DEFENDEM MANUTENÇÃO DO EXAME DE ORDEM

EX-DIRETOR DA BR DISTRIBUIDORA NEGA RELAÇÃO COM COLLOR

P/8

P/ 7


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Renan dá o norte

Desrespeito 3

CNJ em ação 1

presidente do Senado Renan Calheiros apresentou a primeira agenda clara de discussões. Fica claro que a trégua política oferecida pela mídia estava amarrada à aceitação dessa agenda. Finalmente, tem-se um norte para começar a se discutir. Poderá ser a saída ou o fim de Dilma Rousseff. Se ela decifrar o pacote, souber incorporar as propostas de racionalização, mas preservar pontos centrais de cidadania, vence. Caso contrário, poderá ser interpretado como adesão integral a uma bandeira política e econômica que não é sua”. (Luis Nassif)

Segundo a vítima, os agentes da SMTT afirmaram que a demora seria devido à falta de veículos que têm a responsabilidade para averiguar esse tipo de ocorrência. Enquanto isso a indústria da multa e as arbitrariedades cometidas pela superintendência e seu comando acontecem dia após dia.

Esta semana, o Conselho Nacional de Justiça instaurou procedimentos contra figurões da justiça alagoana. A medida foi tomada devidos os recentes desmandos e o atual envolvimento do Tribunal de Justiça de Alagoas com a política partidária.

Ciço voltou

CNJ em ação 2

O ex-prefeito de São Luís do Quitunde, Cícero Cavalcante, voltou ao cenário político. Mesmo acusado de uma série de crimes de improbidade, o peemedebista assumiu esta semana a vaga de deputado estadual no lugar de Dudu Hollanda, que segue em tratamento de saúde.

A Corte de Justiça alagoana tornou-se um verdadeiro balcão de negócios, onde salvo-condutos foram banalizados e sentenças contra crimes de improbidade adormecem nas gavetas de alguns desembargadores.

“O

Agenda anticrise Nas últimas horas, Renan Calheiros divulgou uma nova versão da agenda anticrise que havia apresentado na segunda-feira. Além de acrescentar medidas, o senador voltou atrás na proposta de cobrar pelo atendimento no SUS, mas não deixou de sugerir temas polêmicos, como a redução do número de ministérios e até o fim do Mercosul. Aliados de Renan afirmaram que o senador desistiu da proposta do SUS após a medida receber diversas críticas. Na nova versão, Renan fala em “regulamentar o ressarcimento, pelos associados de planos de saúde, dos procedimentos e atendimentos realizados pelo SUS”.

Só falta Cunha Após se reunir com Lula, Renan e caciques do PMDB, o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, afirmou que vai conversar com Eduardo Cunha, presidente da Câmara, em busca de apoio para o pacote de medidas anticrise proposto por Renan Calheiros.

Causa própria O deputado de Limoeiro de Anadia insiste em sua cruzada contra a 17ª Vara Criminal da Capital, mesmo já sendo matéria vencida. Até parece que AA quer legislar em causa própria.

Parasitas Os servidores fantasmas do Tribunal de Contas que buscaram refúgio na Assembleia Legislativa e em outros órgãos não escaparão de processo administrativo que pode culminar com demissão por abandono de emprego. As ações já foram encaminhados à Corregedoria do TC e em breve teremos novidades...

Ditadura no TC O conselheiro do Tribunal de Contas Anselmo Brito é chamado nos corredores do tribunal de “o ditador”. Ele só trata os servidores da casa aos gritos quando deseja qualquer informação de algum setor do TC. No início da semana, dois diretores da Escola de Contas pediram exoneração dos cargos por não suportarem a arrogância do conselheiro Acácio.

Desrespeito Esta semana um veículo de grande porte, um Ford Cargo 815, que realizava operações de troca de lâmpadas próximo à Feirinha do Artesanato, na Ponta Verde, causou acidente de trânsito. Visivelmente alterado, o motorista ainda saiu do automóvel agredindo verbalmente a vítima. A empresa Vasconcelos e Santos, que presta serviços para a Prefeitura de Maceió, deveria selecionar e treinar melhor seus funcionários. Fica a dica!

Desrespeito 2 Como se não bastasse os prejuízos materiais e psicológicos causados pelo funcionário da Vasconcelos e Santos, a SMTT foi acionada para solucionar a problemática, já que os envolvidos no acidente não chegaram a um denominador comum, mas só três horas depois o carro do órgão fiscalizador de trânsito chegou ao local. Um completo desrespeito ao cidadão pagador de caros impostos.

Em alta Os senadores Renan Calheiros, Benedito de Lira e Fernando Collor continuam na base de sustentação do governo Dilma. Com a crise política, a presidente se apega aos mandachuvas para driblar a crise e evitar o pior, que segundo a oposição está mais próximo do que nunca.

Aécio 1 E o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, comanda pessoalmente nesta sextafeira a abertura da campanha nacional de filiação do partido que acontece em Maceió, a partir das 10h, na sede da Associação Comercial. O evento terá transmissão ao vivo por meio de videoconferência e será realizado simultaneamente com as capitais de São Paulo, Goiás, Paraná e Pará.

Aécio 2 Aproveitando o evento, Aécio Neves dará posse ao novo diretório do PSDB de Alagoas, que tem na presidência o ex-governador Teotonio Vilela Filho. O candidato derrotado nas eleições presidenciais do ano passado dará entrevista coletiva tão logo chegue à Associação. Nem precisa dizer o tema central de sua fala!

Tá valendo Os professores das redes pública e privada de Maceió têm direito a meia-entrada, assim como os alunos destes estabelecimentos. O projeto foi idealizado pelo professor Eduardo Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas, e levado até a Câmara de Maceió, que acatou e aprovou a iniciativa. Mais cultura, mais conhecimento. Belo exemplo.

Erosão em Jequiá 1 A Prefeitura de Jequiá da Praia teve de deslocar para outro local uma escola da rede muicipal do Povoado Lagoa Azeda por conta da erosão na área. Várias casas também tiveram de ser desocupadas.

Erosão em Jequiá 2 O município já elaborou e apresentou à comunidade um projeto de contenção da erosão marinha no povoado, onde foi decretada situação de emergência. Para executar o projeto, espera por recursos do governo federal e as licenças ambientais e anuência do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

O Brasil está ingovernável Brasília - Você ainda não viu nada. Espere e verá o que vai acontecer de verdade ao Brasil nos próximos dez anos depois que os petistas pulverizaram a economia e dilapidaram o patrimônio do país saqueando os cofres públicos. Imagine essa turma da república sindical, fora do governo, desempregada, tentando sobreviver no mercado de trabalho com esse intelecto de ameba. Na oposição, Lula e seus guerreiros vermelhos vão liderar as greves e as manifestações de ruas contra o novo governo. E assim, por muito tempo, o país ainda vai sofrer nas mãos dessa pelegada inconsequente. Quem sair por último, por favor, apague a luz, se até lá ela se mantiver acesa. Mesmo à frente do governo, os danos causados ao país pela dupla Dilma/Lula são irrecuperáveis. Eles conseguiram o que até então seria impossível: organizar uma quadrilha, com profissionais do crime, para acabar com a Petrobras e as empresas estatais mais sólidas do Brasil. O PT aparelhou o Estado, o que é notório. A república sindical está enraizada em todas as empresas públicas. Os pelegos ocuparam todos os espaços. Há mais três anos pela frente para liquidar com o que resta do ativo das empresas públicas se o povo brasileiro continuar até lá nessa panaceia indolente de quem assiste ao enterro passar e ainda bate palmas. A Dilma já mostrou que é incompetente para permanecer no cargo. Nos últimos meses, agrava-se mais ainda o seu comportamento débil e idiotizado diante do problema da crise que se agrava a cada dia. Até para ler ela tem dificuldade. E quando tenta o improviso é um Deus nos acuda. Parece mais conversa de bêbado com delegado. É um caso de junta médica. Mais de 70% dos brasileiros, segundo as últimas pesquisas, já disseram não ao seu governo. Com apenas 8% de popularidade, ela tenta reagir inaugurando casas inacabadas para sensibilizar os mais pobres, na verdade os mais penalizados pela inflação e pelo desemprego gerados pelo seu governo. Está cercada de corruptos por todos os lados, os mesmos que encheram o caixa de sua campanha com milhões do dinheiro roubado da Petrobras. É incapaz de reagir para tirar o país da catástrofe. E quando aparece na mídia é negativamente: já gastou, até julho deste ano, quase R$ 40 milhões com o cartão corporativo, aquele que não precisa prestar contas, protegido por uma lei anacrônica que só beneficia os perdulários do dinheiro público. O custo de vida é assustador, mas a inflação não bate à porta do poder e de um bando de sindicalistas e seus asseclas que vivem às custas do contribuinte. São os gigolôs dos recursos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador – dilapidados pelos presidentes das centrais sindicais que torram o dinheiro com amantes e apadrinhados numa devassidão que lembra os grandes bacanais do Palocci em Brasília.

- MACEIÓ, ALAGOAS - MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 -

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Novo figurino Agora, praticamente fora da articulação, Temer precisa trocar de figurino para mostrar que sabe pensar o Brasil com condição de tirá-lo desse caos, pois o que se viu até agora foi um político também desorientado diante de uma crise que parece não ter fim, mesmo com essa vasta experiência de homem público.

Adormecida A opinião dos que conversam com a Dilma nos últimos dias é devastadora. Todos, sem exceção, garantem que o comportamento da presidente diante da crise é de autista. Perdida, isolada, já não tem mais a quem recorrer. Vira e mexe cria factoides para assustar os espantalhos que devoram a sua mente turva e adormecida. Vê se afastar do seu lado os fiéis escudeiros que massageavam seu ego autoritário quando a economia ainda dava sinais de prosperidade. Agora, rejeitada pela população, políticos e empresários, experimenta o vazio do poder e o ostracismo da impopularidade.

Orgia Para quem nunca pensou em chegar ao cargo mais importante da república, Dilma já foi muito longe. Para ganhar o segundo mandato jogou tudo, inclusive a dignidade, quando apresentou um programa mentiroso e irreal. Agora, confrontada com a fraude, está acuada diante das cobranças que pipocam de todos os lados. E o brasileiro, o maior pagador de impostos do Planeta, é obrigado a conviver com essa orgia financeira e sustentar uma presidente que corta os céus do país no avião oficial para inaugurar obras incompletas no intuito de engabelar os incautos, os miseráveis dependentes da Bolsa Família, gerando despesas em um país que está à beira da falência.

Temer fora Michel Temer cansou de dar murro em ponta de faca. Admitiu abertamente que a crise é grave e que o Brasil precisa de “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”. A manifestação do vice, em tom indignado, repercutiu negativamente dentro do governo. Ele demonstrou claramente que o país está sem comando e que a Dilma é uma marionete, não manda mais em nada. Normalmente sóbrio em seus comentários, figura presente na história política do país nos últimos cinquenta anos, Temer desiste da articulação. Chega a conclusão de que o governo é composto por um bando de patetas que vive numa nau à deriva à procura de quem a coloque no rumo certo. E mais: não quer sua imagem associada à dos ministros envolvidos na Lava Jato, como Edinho Silva e Aloizio Mercadante, conselheiros políticos da presidente.

Conspiração A declaração de Michel Temer foi a senha que faltava para que o PMDB entrasse de vez na conspiração para tirar a Dilma da presidência. Para alguns caciques peemedebistas, o desabafo do vice-presidente chega um pouco tarde, mas é oportuno. Quando foi seduzido por Lula a assumir o cargo de articulador político, Temer não pensou que por trás do convite existia uma armadilha para colar a sua imagem na do governo petista que se locupletou do dinheiro roubado da Petrobras. A estratégia simples era mostrar que o vice também não teria condição de administrar o país, no caso de um impeachment da Dilma, se fracassasse na articulação política do governo.

Armadilha Alguns caciques peemedebistas enxergaram longe a artimanha do PT, mas não conseguiram convencer o vice de desistir da empreitada. Até então sem função específica dentro do governo, Temer foi seduzido pela proposta de dividir o poder. Imaginou que teria carta branca para preencher os cargos públicos e fazer a intermediação política dentro do Congresso Nacional. Viu, por dentro, que o governo estava esfacelado e o poder real nas mãos do Lula e do Aloizio Mercadante, este bombardeado seguidamente pelo ex-presidente que não admite conviver com sombra dentro do seu império. Constatou também que a Dilma era quem menos mandava por incompetência e inaptidão política.

Manda-chuvas Ao se familiarizar mais ainda com os mandachuvas do governo, percebeu que ninguém na cúpula petista quer largar o osso e as benesses advindas do poder. Temer ensaiou fazer as nomeações para os segundo e terceiro escalões do governo mas foi peremptoriamente boicotado por Mercadante e os auxiliares mais próximos da Dilma, que insistem no aparelhamento do Estado. Transformou-se em pouco tempo num reles chefe de departamento pessoal enquanto via sua imagem colar na operação Lava Jato, que entrou porta adentro do Palácio do Planalto, como era intenção do PT.

Oposição Na crise que se agravava, Temer ensaiou reorganizar a base partidária do governo no Congresso e trazer de volta o PMDB por inteiro para sustentar a Dilma. Foi surpreendido pela decisão de Eduardo Cunha de se declarar oposição à presidente e ameaçá-la com as pautas-bombas que já começam a explodir na Câmara. De lambuja, Temer ainda viu o PDT e o PTB se declararem independentes, o que significa não seguir mais as orientações da base nas votações do governo.

Bagunça Enquanto ainda tentava reorganizar a bagunça, Temer foi atropelado com a chegada de Jaques Wagner, ministro da Defesa, na posição também de articulador. Percebeu então que não passava de um instrumento de manobra nas mãos dos petistas, liderados por Lula, que o mantinha “prestigiado” para impedir a debandada dos peemedebistas do governo.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 Casa nova

GABRIELMOUSINHO

O empresário João Lyra que ainda sonha em ver suas usinas funcionando abandonou o escritório onde havia sido sede de O Jornal e migrou para um edifício onde fica o Banco do Brasil, em Mangabeiras. Ali, JL fez um escritório nota 10 em três amplas salas, onde passa o dia procurando saber de seus negócios.

gabrielmousinho@bol.com.br

As promessas do governador

O

governador Renan Filho tem demonstrado muita aptidão para conversar, convencer a população e continuar fazendo muitas, muitas promessas, como se estivesse em campanha política. Na semana passada, ao vistoriar o presídio Militar que deverá entrar em funcionamento só Deus sabe quando, aproveitou a imprensa no local e rasgou uma série de providências que teria tomado em seu governo. Falou até das UPA´s que foram ainda construídas no governo de Téo Vilela, mas que não entraram ainda em funcionamento. A do Benedito Bentes, por exemplo, o mato tomou conta do local. O governador, no seu diálogo com a imprensa, não deixa nenhuma pergunta sem resposta, uma virtude sua, mas não convence muito a quem está ouvindo ou assistindo as suas entrevistas. Ele anunciou a chegada de oficiais americanos que atuam na Swat para ministrar cursos de capacitação e qualificação profissional, uma iniciativa maravilhosa, mas esqueceu de que os militares alagoanos precisam, antes disso, e urgentemente, é de armas modernas, coletes à prova de balas, muitos dos quais há algum tempo estavam com prazos de validades vencidos e, acima de tudo, salários dignos para os profissionais que combatem com vigor o crime organizado. No mais o governador vai levando, mas ainda não sabe até quando a corda que já esticou muito nos últimos dois meses vai aguentar.

Revolução na educação Renan Filho não tem poupado o esforço que está fazendo na Secretaria de Educação, mas enfrenta, no corpo operacional, ou seja, com os professores, a indignação de que não são tratados como deviam, com reajustes salariais irreais. Uma revolução na educação como diz o governador, se faz com várias providências: salários compatíveis para os trabalhadores e condições de trabalho, como escolas bem cuidadas, merenda escolar de primeira linha e material didático da melhor qualidade.

Dívida da Eletrobras O governador vai cobrar do governo federal um débito de 1 bilhão de reais pela venda da Ceal que poderia ser abatida na dívida do governo do Estado. Poderia aproveitar para cobrar também o débito que o governo tem com os antigos trabalhadores que ainda hoje mendigam o Plano Bresser, cujo montante já chega a mais de 1 bilhão e 500 mil reais.

Sem crise A crise parece que não chegou ao Estado de Alagoas. Mergulhada em dívidas de outras administrações e deixando em Brasília cerca de R$ 60 milhões dos repasses federais todos os meses, o governador Renan Filho quer ainda tomar empréstimos para marcar sua administração. Ao contrário dos que muitos dizem, Alagoas dá a impressão que vai bem, obrigado.

Janot continua

Goela abaixo Parece que os trabalhadores terão que engolir o que o governo quer: 5% de reajuste salarial e nada mais. A mensagem do governo está sendo levada à apreciação da Assembleia Legislativa que, dificilmente, a rejeitará.

Sem diálogo O deputado Olavo Calheiros anda fulo da vida com o presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Dantas. E não é pra menos. Olavo, que foi seu padrinho na indicação para a presidência do legislativo estadual, está frustrado com as últimas decisões da Mesa Diretora. Começou com a aprovação do projeto que cria mais 120 cargos, uma aberração, segundo Calheiros. A segunda, Luiz Dantas ainda importou do Tribunal de Contas do Estado mais 25 servidores que, por certo, não darão expediente algum na Casa de Tavares Bastos.

Aparando arestas O governador Renan Filho andou tentando minimizar o eventual confronto entre o seu tio, Olavo Calheiros e o presidente Luiz Dantas. Mas não vai ser fácil fazer com que as pazes reinem na Assembleia. Como todos já conhecem, quando Olavo toma uma posição a casa pode cair, que ele não volta atrás. Nem que a vaca tussa...

Recuperando a esperança Depois de silenciosamente fazer concessões de cargos comissionados a alguns deputados, o governador Renan Filho, com uma Assembleia submissa, com raríssimas exceções, pretende não ter surpresa no parlamento daqui pra frente, principalmente depois de aprovada a Lei Delegada, que lhe permite fazer as modificações que quiser sem ouvir os deputados. Mesmo assim, muitos deles não estão nada satisfeitos com o tratamento que têm recebido.

Sem dever favor O suplente de deputado estadual, Cícero Cavalcante, está mesmo assumindo o mandato, mas não ficará devendo favores nenhum ao governador Renan Filho ou aos Calheiros, de quem é amigo de longas datas. A verdade é que Dudu Hollanda está doente mesmo, necessitando de cuidados médicos para superar os problemas de uma cirurgia bariátrica feita anos atrás. Dudu, que está em São Paulo, não cumpriu o dever de casa durante sua recuperação e o seu quadro clínico se agravou nos últimos meses. Cícero Cavalcante assume durante o afastamento de Hollanda na licença de 121 dias, mas continua magoado com a indiferença do governador para que ele assumisse o mandato.

Muitos senadores aconselharam Fernando Collor a não entrar em rota de colisão com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que deverá continuar no cargo. Sua indicação para a renovação do mandato por mais dois anos pela presidência da República, demonstra que Janot está prestigiado por Dilma Rousseff. A reação de Collor contra o Procurador-Geral parece que não tem sensibilizado seus colegas senadores.

Chances remotas O burburinho de que o PP do senador Benedito de Lira pode entrar numa parceria com o PMDB nas eleições municipais em Maceió, não passa de muitas especulações. PP e PMDB, embora na política tudo possa acontecer, é como CSA e CRB. Não deverão se juntar nunca. Pelo menos no momento.

O Téo quer Já o ex-governador Téo Vilela, que sempre foi amigo e fiel eleitor do senador Renan Calheiros, aguarda apenas uma oportunidade para reatar e reviver os velhos e bons tempos. Téo já ronda os gabinetes do PSDB, em Brasília, em especial do tucano Aécio Neves e quer voltar ao Senado em 2018. Com isso, espera o apoio de Renan para derrotar o senador Benedito de Lira.

Atração na OAB Fidalgo, atencioso e como sempre muito tranquilo, o secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, foi uma das atrações no almoço em comemoração ao Dia dos Advogados no Iate Clube Pajuçara na última terça-feira. Acompanhado do presidente Thiago Bonfim, mostrou como se faz política, conversando com antigos companheiros, cumprimentando as pessoas presentes e se inteirando das ações da OAB. Um exemplo a ser seguido.

Contra senso Muitas prefeituras já alertaram que não sabem como pagar o 13º salário do funcionalismo, mas não explicam por que trazer bandas caríssimas para os eventos nos municípios. Se fizessem uma pequena economia, quem sabe se o problema não estaria resolvido?

Só um lado A Assembleia Legislativa fez ampla publicidade no último domingo nos jornais da capital, numa prestação de contas à população, segunda ela. Mas esqueceu de dizer que acolheu 25 servidores do Tribunal de Contas do Estado que não têm o que fazer e está contratando mais 120, num verdadeiro desperdício do dinheiro público. A instituição ainda não pagou o que deve aos servidores e abusa no atraso do recolhimento de obrigações sociais, principalmente do imposto de renda. Uma bomba que fatalmente vai cair nos braços do governo do Estado.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 -

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ELEIÇÕES 2016

PT faz mea-culpa e confirma Paulão candidato à Prefeitura de Maceió Campanha petista não descarta pedir desculpas à população pelos escândalos do Mensalão e Petrobras JOSÉ FERNANDO MARTINS ESPECIAL PARA O EXTRA

A

s estratégias e as apostas para as eleições municipais de 2016 começam a ficar mais claras a cada dia que passa. No caso do Partido dos Trabalhadores (PT), além de trabalhar em cima do deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, para o Executivo maceioense, a sigla tem o desafio de dar uma satisfação aos eleitores quantos aos escândalos de corrupção amplamente divulgados pela mídia. Em um país em que 71% da população votante desaprova o governo da presidente Dilma Rousseff, a tarefa do PT alagoano para devolver a credibilidade ao partido será árdua. Inicialmente, a aposta petista à Prefeitura de Maceió era o sergipano Judson Cabral. No entanto, o candidato contou com 16.960 votos nas urnas no ano passado que não foram suficientes para garantir uma cadeira na Assembleia Legislativa. Já Paulão do PT conquistou 53.284 votos e acabou eleito na nona e última posição das vagas disponíveis para a Câmara Federal. Segundo o presidente do diretório do PT de Maceió, Isac Jacson Cavalcante, a troca de possível candidato foi apoiada por Cabral, que disse não ter ressentimentos com a escolha da sigla. “Ele relembrou as dificuldades que passou na últi-

ma campanha. Sendo assim, acionamos o deputado federal Paulão, que aceitou o desafio”, contou à reportagem do Extra Alagoas. Agora, a tática é fazer com que o eleitorado volte a confiar no PT. “Passaram diversos partidos pela Prefeitura de Maceió e está na vez assumirmos essa cadeira. Já até contamos com um segundo turno”. Para isso, o partido não poupará autocríticas sobre o próprio governo federal com direito a mea-culpa. “Será um desafio com este momento político em que o Brasil está passando, mas vamos conseguir superar nem que seja preciso pedir desculpas à sociedade”, comentou. Ao falar sobre o PT, Cavalcante se lembrou de uma época na qual o partido não podia contar com o financiamento de campanha por grandes empresas. “Éramos mais felizes. Vendíamos camisetas, bonés e broches para juntar dinheiro, sem contar que parcelávamos o pagamento da propaganda política durante as eleições. Atualmente, tudo é diferente. Sabemos que se um empresário ajuda um partido é porque quer algo em troca, resultando, muitas vezes, na falta de ética e corrupção”, desabafou. APESAR DOS ESCÂNDALOS, PT CRESCE EM AL Do Mensalão ao Petrolão, o PT foi citado como um dos

Desempenho eleitoral de Paulão em 2014 pesou na sua escolha

envolvidos em escândalos e esquemas de desvio de dinheiro e pagamento de propina. Entretanto, a sigla registrou um aumento de 50,3% em filiações na última década. De 1.054.671 filiados, em 2005, o partido aumentou em meio milhão o número de colaboradores atingindo 1.582.791, em julho de 2015. Os dados são do Tribunal Supe-

rior Eleitoral (TSE). Em Alagoas, o crescimento foi de 88.4% superando a média nacional. O salto foi de 5.171 para 9.746 filiados. O PSDB foi, no mesmo período, de 9.395 a 12.860 filiados tendo um acréscimo de 36.8%. Já o PMDB, partido do senador Renan Calheiros e do governador Renan Filho, saltou

de 10.645 a 13.627 filiações, registrando um acréscimo de 28%. O aumento de filiados do PT em Alagoas superou também São Paulo, um Estado industrializado com diversas centrais sindicais. De 269.983, em 2005, São Paulo tinha até julho deste ano 388.586 filiados. O aumento é de 43.9%. Em Minas Gerais, Estado governado pelo campo político do senador Aécio Neves (PSDB) nos últimos 12 anos, o PT cresceu 40,7%, pulando de 127.046 filiados, em 2005, para 178.781 em junho deste ano. Em Belo Horizonte, o PT historicamente tem boa penetração, o aumento foi de 44,6%, passando de 14.941 para 21.612 filiados. Em âmbito nacional, da descoberta do esquema do Mensalão até as investigações da Lava Jato, o número de filiados do PT diminuiu em duas oportunidades. De 2005 a 2006, com a repercussão do pagamento de mesada a parlamentares da base do governo Lula, o número de filiados foi de 1.054.671 para 1.047.851, uma queda de 0,65%. De 2014 a 2015, em meio às revelações do Petrolão, o contingente de filiados caiu de 1.586.699 para 1.585.021, uma redução de 0,1%. “A história do PT nos últimos 30 anos sobrevive à crise proferida no país. Nosso legado é maior do que está acontecendo. Espero que o partido busque um novo conceito para recuperarmos a nossa credibilidade”, destacou Cavalcante. O EXTRA tentou contato com o deputado federal e presidente do PT em Alagoas, Paulão, mas não teve retorno até o fechamento da edição.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 IMPROBIDADE

Téo Vilela vira réu em ações penais da Justiça Federal

Vara da Justiça Federal, acusado de, junto a outras 16 pessoas e a empresa WEJ-Livraria e Papelaria Ltda, ter provocado um prejuízo de R$ 1.392.812,11 aos cofres da União. A ação é resultado de auditoria feita pela Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União em Alagoas, à qual uma empresa concorrente do pregão anunciado pela Secretaria de Estado da Educação em 2010 recorreu denunciando a ocorrência de irregularidades. Aprovada pelo Pleno do TCU, a auditoria foi então encaminhada ao Ministério Público Federal, cuja investigação ratificou a denúncia de sobrepreço na aquisição de kits escolares com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação via Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Se condenado na Operação Navalha e por irregularidades na compra de kits escolares, ele ficará inelegível VERA ALVES veralvess@gmail.com

S

em ter conseguido a nomeação para ministro do Tribunal de Contas da União – num acordo que remonta às eleições presidenciais do ano passado – o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) corre o sério risco de não conseguir concretizar o sonho de voltar a ocupar uma cadeira no Senado. Só este ano, o tucano já se tornou réu em dois processos que tramitam na Justiça federal, pelos quais, se condenado, estará inelegível nas eleições de 2018. O processo mais polêmico é o que foi instaurado a partir da Operação Navalha e no qual o ex-governador foi o 32º da lista de 61 pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal ao Superior Tribunal de Justiça em maio de 2008. O inquérito nº 544 foi remetido ao STJ por figurar entre os denunciados, além do então governador de Alagoas, os governadores de Sergipe (João Alves) e do Maranhão (Jackson Lago) e um conselheiro do Tribunal de Contas sergipano.

A Navalha foi deflagrada pela Polícia Federal em 2007, quando foi desbaratada uma quadrilha de fraudadores de licitações e obras públicas nos estados do Nordeste e chefiada por Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama. Em Alagoas, as irregularidades envolveram um convênio no valor de R$ 77.780.000,00 celebrado em dezembro de 2005 entre a União, por intermédio do Ministério da Integração Nacional, e o Estado, sendo R$ 7.780.000,00 de contrapartida do governo estadual. A Gautama fora contratada para as obras de construção da Barragem de Duas Bocas/Santa Luzia, no Rio Pratagy, de adutora e sub-adutora de água tratada, bem como da instalação de proteção de adutora de captação de água bruta. Uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) apontou irregularidades nas obras, dentre as quais erros acobertados de medição. Posteriormente, as investigações da Polícia Federal constaram a ocorrência de fraudes desde a licitação. Segundo a PF e o Ministério Público Federal, o ex-governador Téo Vilela

SIGILOS QUEBRADOS

Teotonio Vilela, os ex-secretários Rogério Teófilo e Adriano Soares e o procurador Marcelo Teixeira respondem a ação na 4ª Vara Federal

teria sido beneficiário de R$ 500 mil dentro do esquema. Mesmo denunciado pelo MPF na ação penal nº 726 que passou a tramitar no Superior Tribunal de Justiça, Vilela não pode ser processado porque a Assembleia Legislativa de Alagoas não autorizou a continuidade da ação contra ele. Em fevereiro deste ano, contudo, o ministro Og Fernandes, do STJ, determinou o desmembramento da ação e remeteu à primeira instância as denúncias contra quem não tinha foro privilegiado, caso do ex-governador desde janeiro último. A ação contra Vilela trami-

ta agora na 13ª Vara da Justiça Federal. Em abril, após analisar a documentação, o procurador da República Marcelo Lôbo reiterou a denúncia feita sete anos antes pelo MPF, na qual o ex-governador é acusado pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e corrupção passiva. KITS ESCOLARES Não bastasse a volta do fantasma da navalha, Vilela sofreu este ano outro revés. Desde março é réu da ação de improbidade administrativa de número 0800970-22 que tramita na 4ª

No final de junho último, o ex-governador teve o sigilo fiscal quebrado por determinação da justiça, que anteriormente já determinara a quebra do seu sigilo bancário e a indisponibilidade de bens em seu nome. E ele não foi o único. Na mesma situação estão outras 16 pessoas, dentre elas o ex-vice-governador José Wanderley Neto, os ex-secretários de Educação Rogério Teófilo, Adriano Soares e Josicleide Maria Pereira de Moura, os procuradores de Estado Marcelo Teixeira Cavalcante e Ricardo Barros Méro e o representante da WEJ, David Batista Pereira, além da própria empresa. De acordo com as investigações e a denúncia do MPF, o governo aderiu a uma ata de registro de preços da WEJ na Prefeitura de Recife (PE), que havia sido ilegalmente prorrogada para além do prazo máximo de um ano, e assinou com a empresa seis contratos sem licitação para a aquisição de kits escolares, num processo que foi referendado pela Procuradoria Geral do Estado.


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DIREITO

Exame de Ordem na berlinda

CCJ da Câmara vai decidir sobre o fim da prova que hoje é exigida para o exercício da advocacia VERA ALVES veralvess@gmail.com

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uatro anos após ter sido considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o Exame de Ordem a que todo bacharel em Direito é obrigado a se submeter para exercer a advocacia volta à berlinda. Na última terça, 11, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) apresentou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara parecer favorável a seis projetos de lei que tratam do fim da exigência da prova e os reuniu em um substitutivo que, se aprovado na CCJ, levará a discussão do tema diretamente para o Senado. Não por acaso, Barros apresentou o parecer no mesmo dia em que as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil de todo o país reuniam seus afiliados para comemorar o Dia do Advogado. As OABs são contrárias ao fim do exame e reafirmam a tese defendida pelo Conselho Federal da entidade segundo a qual a exigência é uma forma de proteger e assegurar os direitos do cidadão. O EXTRA repercutiu o parecer do relator da matéria na CCJ junto a dois advogados alagoanos cujos nomes têm sido ventilados como prováveis candidatos a presidente da OAB em Alagoas nas eleições marcadas para outubro. Fernanda Marinela e Fernando Falcão poderão até estar em lados opostos daqui a dois meses, mas comungam do pensamento de que o Exame de Ordem é na atualidade o instrumento mais eficaz

Fernando Falcão e Fernanda Mirela: rivais na disputa à presidência da OAB mas unidos contra fim do exame

para auferir o conhecimento jurídico dos bacharéis em Direito. Membro da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, Fernanda Marinela rebate os argumentos de que a entidade defende a prova de proficiência por uma questão mercantilista. Opositores do Exame de Ordem, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), afirmam que a OAB chega a arrecadar R$ 75 milhões por ano nas três edições da prova. “O que a Ordem arrecada com as três provas que realiza por ano é inferior à anuidade”, garante a advogada. Ainda segundo ela, a entidade lucraria muito mais se aceitasse em seus quadros todos os bacharéis, sem exigir que atestassem seus conhecimentos. Quanto à qualidade do ensino ministrado nas instituições públicas e privadas, Fernanda Marinela revela que a

OAB tem atuado na avaliação das mesmas, mas nem sempre seu parecer é referendado pelo Ministério da Educação, ao qual cabe o efetivo controle. Embora tenha ressalvas quanto à atuação da entidade no que diz respeito à cobrança da melhoria do nível de ensino dos cursos de Direito, o advogado Fernando Falcão concorda com Marinela na avaliação de que os recursos oriundos do Exame de Ordem são inferiores ao que é arrecadado com a anuidade. Falcão recorre aos números para defender a prova, ao revelar que ela é aplicada em todos os países desenvolvidos. No caso dos 47 países europeus, apenas Andorra não aplica a prova de suficiência. O exame é também obrigatório nos Estados Unidos e no Japão. No caso dos EUA, a diferença em relação ao Brasil é que ele é aplicado pelo poder público e não por uma entida-

de privada. “Há 20 anos o Brasil possuía cerca de 200 faculdades de Direito; hoje são 1.300, mais que o quantitativo de faculdades no restante do mundo, que é de 1.100. No caso de Alagoas, são 17 faculdades atualmente contra as duas de 20 anos atrás”, revela. Ainda de acordo com Fernando Falcão, por conta desta proliferação de cursos superiores, o Brasil tem hoje 3,2 milhões de bacharéis em Direito que não obtiveram êxito no Exame de Ordem, enquanto apenas 800 mil advogados são inscritos na OAB. O EMBATE Há pelo menos três anos o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenta acabar com o Exame de Ordem e já usou de manobras nada éticas para isto ao tentar enxertar em meio à análise de Medidas Provisórias projetos de lei com este objetivo. O peemedebista

é, aliás, autor de um dos 25 projetos apensados pelo deputado Ricardo Barros ao projeto de lei para o qual foi designado relator, o de número 5.054, datado de 2005 e que previa a obrigatoriedade da prova de suficiência também para estagiários e membros da Magistratura e Ministério Público. A maioria dos projetos apensados alterava alguns dos dispositivos da Lei 8.906, de 1994, que institui o Exame de Ordem, mas não o extinguia. O relator, contudo, simplesmente os rejeitou e reuniu em um substitutivo os seis textos que pediam o fim do exame. O projeto proposto por Barros tem lacônicos três artigos e o primeiro já diz a que veio: “Esta Lei extingue o Exame de Ordem para inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil”. Simples assim. Com 133.390 inscritos em sua primeira fase, realizada em julho último, o XVII Exame de Ordem Unificado, cuja taxa de inscriçãofoi de R$ 220, obteve 41,32% de aprovação – 55.130 aprovados–, percentual superior ao de aprovados na prova anterior, que foi de apenas 24%. Os reprovados desta fase e de provas de exames anteriores têm ainda a chance de aprovação na repescagem, mediante o pagamento de taxa de R$ 110. Mas pela legislação em vigor, quem não consegue ser aprovado em três tentativas pode dar adeus ao exercício da advocacia. Se o parecer e o substitutivo de Barros forem aprovados pelos demais membros da CCJ da Câmara, a matéria segue direto para análise do Senado, onde uma nova batalha deverá ser travada pela OAB.


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LAVA JATO

Ex-diretor da BR Distribuidora nega ao Supremo relação com Fernando Collor José Zonis enviou também ao STF

detalhadas informações que comprovam que as movimentações financeiras da sua conta bancária são lícitas DA REDAÇÃO

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m documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor da BR Distribuidora José Zonis rebateu as supostas informações e declarações de delatores que apontam que ele foi promovido na Petrobras por ser uma indicação política do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Zonis, segundo reportagem da Folha, enviou também ao Supremo detalhadas informações que comprovam que as movimentações financeiras da sua conta bancária são lícitas. Zonis apresentou uma série de documentos ao Supremo para justificar suas movimentações financeiras e afirmou que, na época dos fatos, sua renda era formada pelo salário como diretor da BR Distribuidora em torno de R$ 80 mil, além de remu-

neração como conselheiro da Liquigás e da Companhia de Distribuição de Gás Natural. Em relação à movimentação financeira suspeita de R$ 1 milhão identificada pelo COAF, o ex-diretor alegou que se trata de um resgate de um fundo de previdência privada.O dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou em seu acordo de delação premiada que pagou R$ 20 milhões em propina para fechar contratos na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, e que parte disso teria sido destinado a um suposto “grupo” ligado a Collor. O delator não deu nenhum detalhe sobre o tal “grupo”, motivando também reação indignada do senador em discurso na tribuna do Senado Federal. “O ex-diretor não tem nem nunca teve qualquer relação pessoal com o senador Fernando Collor, dele não tendo recebido qualquer espécie de apadrinhamento político”,

Senador Fernando Collor também nega o seu envolvimento com a máfia da Petrobras

diz um trecho do documento do ex´diretor da BR Distribuidora. Pessoa contou aos investigadores que aceitou pagar os recursos porque teve conhecimento de que o então diretor de operações e logística José Zonis seria afilhado político

do senador. A defesa de Zonis afirma que Pessoa mentiu e que “desconhece por completo os motivos, as razões de ordem prática e as angústias psicológicas que levaram o empresário a mencioná-lo em sua delação premiada”. Os advogados admitem que

o ex-diretor teve encontros com Pessoa, mas sustentam que foram todos institucionais. Eles apontam ainda que as promoções profissionais de Zonis foram motivadas devido a sua “destacada atuação, sem qualquer vinculação política”.


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10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 AGENDA ANTICRISE

Proposta de Renan quer regular terceirização e cobrar pelo SUS Agenda Brasil propõe um armistício e uma saída para a crise, mas pode ser um retrocesso de direitos CARTA CAPITAL COM AGENCIA BRASIL

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pós o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), dizer que o impeachment da presidenta Dilma seria “botar fogo no Brasil”, o mesmo parlamentar - que se coloca como defensor do mandato presidencial petista - apresentou uma agenda de medidas para desburocratizar o País. A chamada Agenda Brasil foi apresentada como uma forma de retomar o crescimento econômico e de realizar reformas necessárias para que o Brasil supere a crise. Na opinião de Calheiros, a agenda deve ser ampla a ponto de reunir as forças políticas em torno dela. “Eu acho que agenda tem que tratar de tudo, da reforma do Estado, da coalizão, da sustentação congressual. Esse modelo político, essa coalizão, ela já se esgotou no tempo. É preciso dar fundamento ao ajuste, à agenda da retomada do crescimento, sinalizar claramente com relação ao futuro do Brasil e construir uma convergência com relação a esse futuro”, disse. Contudo, a agenda, que se coloca como uma contrapatida ao apoio do parlamentar ao governo, guarda diversos pontos polêmicos.

Divida em três eixos (Melhoria do Ambiente de Negócios, Equílibrio Fiscal e Proteção Social), a proposta visa transferir para o Senado o papel de “capitanear a retomada da animação econômica”. No entando, os caminhos para a retomada do crescimento são controversos. Entre as propostas da agenda está a regulamentação dos trabalhadores terceirizados. O texto da proposta prevê “regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados melhorando a segurança jurídica face ao passivo trabalhista potencial existente e a necessidade de regras claras para o setor”. A proposta, segundo Renan, não será um “liberou geral’’, como previa o projeto aprovado pela Câmara, mas sim uma regularização de quem já atua sob esta modalidade trabalhista. “O País não pode ignorar que existem hoje 13 milhões de trabalhadores terceirizados’’, afirma o senador. Para ele, enfrentar essa reforma é importante para que o Brasil não perca atratividade e “o grau de investimento que está para ser reavaliado pelas agências de classificação de risco’’. Na área de infraestrutura, a agenda propõe a “revisão dos marcos jurídicos que regulam áreas indígenas“,

Renan Calheiros diz que objetivo é retomar o crescimento do País

visando “compatibilizá-las com as atividades produtivas’’. Além disso, a legislação sobre “investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas“ será reavaliada para “incentivar novos investimentos produtivos’’. Um dos principais entraves vistos pelo parlamentar alagoano é a demora nas licenças ambientais, necessárias para a construção de grandes obras. Por isso, a agenda quer estabelecer prazos mais ágeis para a liberação deste tipo de autorização. Em relação aos programas sociais, o documento sugere mudanças no funcionamento do SUS e da Previdência Social. A proposta pede que se avalie “a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS por faixa de renda”. Ou seja, o sistema que hoje é universal e gratuito para pobres e ricos, indistintamente, passaria a cobrar de quem é mais rico pelos atendimentos oferecidos. Na prática, a medida poderia enfraquecer o sistema ao reforçar a migração da classe média para a saúde privada. Além disso, a medida também propõe “avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS”. Em outras palavras, se a medida se concretizar, hospitais e planos de saúde privados poderiam mais facilmente se livrar de alguns atendimentos aos seus clientes, onerando ainda mais os cofres públicos. Em relação à Previdência Social, o texto é genérico e se resume a “ampliar a idade mínima para aposentadoria“. Também compõem a agenda pautas de interesse do governo, como o imposto sobre heranças com alíquota de 25%, venda de terrenos da Marinha e de edificações militares.


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BATALHA JUDICIAL

Tribo Wassu-Cocal perde território para prefeito de Pilar Disputa envolve Funai, Incra e pagamento de indenização para Carlos Alberto Canuto JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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ndígenas da reserva Wassu-Cocal, localizada em Joaquim Gomes, travam uma batalha judicial com o prefeito de Pilar, Carlos Alberto Moreira Canuto (PMDB), pela fazenda Padre Cícero, atualmente empossada por sem-terra. A disputa, que se estende há seis anos, teve uma recente atualização nos corredores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na segunda-feira, 10, o ministro Sérgio Kukina vetou a ampliação da terra indígena, com área total de 2.788 hectares, e a Primeira Seção do STJ concedeu mandado de segurança preventivo ao prefeito e proprietário da fazenda próximo à terra indígena, que foi demarcada em período anterior à Constituição de 1988. De acordo com o processo, o STJ fixou o entendimento segundo o qual “as terras indígenas já demarcadas, sendo indiferente se antes ou depois da promulgação da Constituição de 1988, não podem ser objeto de ampliação decorrente de revisão do procedimento administrativo demarcatório, tendo em vista o risco que isso acarretaria à segurança jurídica”. Em 2012, a Fundação Na-

cional do Índio (Funai) constituiu grupo de estudo para identificar áreas tradicionalmente ocupadas pelos índios da tribo Wassu-Cocal na região. O relatório concluiu que toda a área do imóvel rural do prefeito Carlos Canuto pertence aos impetrantes como terra indígena e deve ser abrangida pela ampliação da reserva. As conclusões foram aprovadas e comunicadas ao Estado e aos municípios envolvidos. E, segundo o conselheiro tribal, Ígor do Vale Freitas, o mandado de segurança expedido pelo STJ não significa uma derrota para os indígenas. “Quando o estudo é apresentado, os fazendeiros locais têm um período para contestação. Mas nós estamos embasados por um documento de Dom Pedro II que doou um território de 54 mil hectares para a comunidade indígena Wassu-Cocal. O mandado de segurança não nos fará desistir da terra, ainda mais porque a localidade é de importância religiosa e tradicional para o nosso povo. Mas sabemos que todo esse processo é demorado”, explicou. Ao analisar o pedido apresentado no mandado de segurança, o relator, ministro Sérgio Kukina, observou que as

conclusões adotadas pelo relatório “evidenciam o justo receio de que a propriedade rural dos impetrantes seja demarcada como parte integrante da reserva indígena Wassu-Cocal”, o que justifica a impetração do mandado de segurança preventivo. “O antigo proprietário dessa terra, quando soube da demarcação,vendeu a propriedade. Ele nos disse que a compra tinha sido feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para formar um assentamento. Agora é aguardar posicionamento da Funai”. O prefeito de Pilar, Carlos Canuto, confirmou a batalha judicial. “Minha fazenda foi invadida por sem-terra há seis anos e entrei na Justiça para receber indenização do Incra para a desapropriação. O processo estava adiantado, inclusive o dinheiro já tinha sido liberado pelo governo federal”. Porém, a indenização foi barrada, segundo Canuto, devido à tribo declarar que a área fazia parte do território indígena. “Com o mandado de segurança, acredito que o processo de indenização começará a se desenrolar”, explicou ao EXTRA. A Procuradoria Especializada do Incra/AL (PFE/AL) já

Mapa da Funai prova que terras em litígio pertencem aos índios

analisa a decisão do STJ. “O Incra tem interesse no imóvel, mas depende do parecer da PFE/AL, que indicará se a autarquia poderá dar continuidade no processo de obtenção das terras”, informou a partir de assessoria de imprensa. PROCEDÊNCIA O ministro Kukina observou que ainda que se trate de procedimento destinado a adequar o ato à perspectiva atribuída à questão indígena pela Constituição atual, como alegou o Ministério da Justiça, a jurisprudência do STF não reconhece a possibilidade da remarcação. Assim, a segurança

foi concedida para que o ministro da Justiça se abstenha de ampliar a terra indígena Wassu-Cocal. O debate jurídico travado levou em conta o que o STF definiu no julgamento de caso parecido da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, a respeito da possibilidade ou não de revisão, após a Constituição de 88, de terra indígena já demarcada. Kukina alegou que o STF entende que os pressupostos estabelecidos para a validade de demarcação de terra indígena não são direcionados apenas àquele caso específico, mas a todos os processos sobre o mesmo tema.


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PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO

Por ter apoiado Biu ao governo, Marcos Fireman ganha a CBTU Ex-secretário no governo de Teotonio Vilela assume o comando nacional da companhia JOÃO MOUSINHO Joao_mousinho@hotmail.com

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disputa pelo poder em 2014 em Alagoas vai ganhando desdobramentos. Entre eles, cargos e alianças federais que refletem no cenário político local. Na última semana, o colunista da Veja, Lauro Jardim, publicou que o exsecretário de Infraestrutura do governo Téo Vilela, Marcos Fireman, é o novo presidente nacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A companhia é uma empresa de serviços de transporte ferroviário de passageiros ligada ao Ministério das Cidades. Este, por sua vez, está na cota do governo petista em prol do Partido Progressista, que tem como seu principal mandatário o senador Benedito de Lira (PP). Aí está a explicação para Fireman assumir a CBTU nacional. O ex-secretário de Vilela deixou claro seu interesse em 2014 em ser o nome tucano a disputar o governo do Estado. Mas o xadrez político fez com que Vilela decidisse por uma “chapa branca” encabeçada pelo inexpressivo vereador de Palmeira dos Índios, Júlio César. Marcos Fireman se colocou contrário ao PSDB e apoiou a candidatura de Benedito de Lira ao Palácio Re-

pública dos Palmares. O exsecretário colocou, ainda, à disposição sua estrutura de campanha, que vinha sendo montada, às ordens do senador, que foi derrotado ainda no primeiro turno por Renan Filho (PMDB). Daí em diante, a rota de colisão entre Fireman e PSDB já estava traçada, e sua saída da sigla era uma questão de tempo, o que aconteceu este ano. O ex-tucano deixou o comando da executiva municipal e se filou ao PR, partido comandado em Alagoas pelo deputado federal Maurício Quintella. A ida para o PR facilitou a indicação de Fireman para o cargo federal, já que o partido é da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT). Ainda no ano passado, o deputado federal Givaldo Carimbão (Pros) articulou a ida de Fireman para comandar o Ministério da Integração, mas sua ligação com os tucanos dificultaram a articulação, inviabilizando seu sonho. O ex-secretário de Vilela pode ser usado, agora, pelo PP e PR como um possível nome para disputa majoritária em 2016, algo que sempre lhe encheu os olhos. Caso os espaços de Benedito e Quintella se fechem com o prefeito Rui Palmeira (PSDB), devido às imposições de outros figurões do partido, um plano “B” começa a ser articulado.

Fireman foi conduzido ao comando da CBTU por Biu, que teve apoio do ex-secretário na disputa ao governo


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MEMÓRIA

Agosto, um mês de suicídio, renúncia e mortes na história da política brasileira Tiro de Getúlio Vargas no coração, saída meteórica de Jânio Quadros do Planalto, desastre automobilístico de Juscelino Kubitschek e adeus de Eduardo Campos, no mesmo dia do avô Arraes, comoveram o Brasil GUSTAVO VILLELA O GLOBO

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oitavo mês dos calendários juliano e gregoriano poderia ser pulado na política brasileira. Com os seus longos 31 dias, agosto entrou para a História do Brasil marcado por tragédias. O mês viu de tudo: de suicídio e renúncia de presidentes da República até mortes de ícones da política nacional. Entre eles, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e símbolo da esquerda no país, morto no mesmo dia 13 de agosto do seu neto, Eduardo Campos, vítima de acidente de helicóptero no ano passado. Há seis décadas, no dia 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas se matou, no Palácio do Catete, com um tiro desferido no próprio coração. O líder da Revolução de 30, pai dos pobres e fiador da modernização do país, virou mito e adiou, por dez anos, a chegada dos militares ao poder. Uma comoção nacional tomou o Brasil inteiro pela morte de Getúlio, então presidente eleito. Ele voltara nos braços do povo, vitorioso nas urnas em 1950 — embalado pela marchinha “bota o retrato do velho outra vez/ bota no mesmo lugar” —, cinco anos após o fim do seu período de ditador no Estado Novo (1937-1945). Somente em 1964, com o golpe que depôs João Goulart, começaria o regime militar, que se prolongou até 1985.

O caixão com o corpo de Getúlio, que foi sepultado em São Borja (RS), foi levado por uma multidão do Palácio do Catete ao Santos Dumont

Miguel Arraes e o neto Eduardo Campos, que morreu em 2014 vitima de desastre aéreo durante campanha política e no mesmo dia do avô: 13

Por sinal, Arraes, um mito nas ruas de um dos mais politizados estados do país, também voltaria ao poder, numa eleição histórica para governador, em 1986. Após anos de exílio, na verdade, a população estava devolvendo ao avô de Eduardo Campos o que os militares haviam tomado em 1964, quando, governador, fora deposto. Ocupando por três vezes o Palácio

do Campo das Princesas (sede do governo estadual), Arraes morreria em 13 de agosto de 2005. Três anos antes do golpe de 64, uma crise política sem precedentes sacudiu o Brasil. Eleito com o discurso de que varreria a corrupção, Jânio Quadros renunciou à Presidência, em 25 de agosto de 1961, por considerar inviável governar sob

a Constituição de 1946. Ele não tinha apoio das esquerdas, do PSD e, muitas vezes, até da UDN. Alguns historiadores defendem a tese de que, ao deixar o governo, Jânio planejava voltar com o apoio do povo, num golpe branco que não vingou. Em meio a pressões dos militares e à campanha legalista comandada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, Jango assumiu. A solução foi o parlamentarismo, negociado para garantir a sua posse, e com Tancredo Neves como primeiro-ministro. Com poderes reduzidos, Jango trabalhou pela volta do presidencialismo. Um amplo apoio também se firmava pelo “não” ao parlamentarismo no plebiscito: Carlos Lacerda, JK, Arraes e Brizola, por exemplo. Todos interessados em uma eleição em 1965, que não ocorreu devido ao golpe militar. Não foi em agosto, mas quase. Um dos líderes do regime militar e seu primeiro presidente, o

marechal Humberto de Alencar Castelo Branco morreu em 18 de julho de 1967, também num desastre aéreo. Na época ex-presidente (Costa e Silva o sucedera em março no Palácio do Planalto), Castelo Branco estava no avião que se chocou com um jato de treinamento da FAB, em Fortaleza. O acidente ocorreu às 9h45, quando o avião do governo do Ceará fora buscar o ex-presidente em Quixadá, na fazenda da escritora Rachel de Queiroz. Durante os anos de chumbo, um novo desastre abalou o país. No dia 22 de agosto de 1976, o ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu num acidente de carro na Via Dutra. No quilômetro 165 da rodovia, o Opala que o levava de São Paulo para o Rio ultrapassou a mureta divisória e bateu de frente num caminhão. Na época, a polícia chegou a investigar a hipótese de um ônibus, dirigido por Geraldo Ribeiro, ter batido de propósito na traseira do carro. O motorista do coletivo acabou absolvido por falta de provas. Em 1996, o corpo de JK foi exumado, e o laudo oficial concluiu que ele morrera num acidente. Dois anos antes de morrer, JK recuperara seus direitos políticos, cassados após o golpe de 64, e pretendia voltar à vida pública. Para desgosto de multidões que choraram a sua morte pelo país, o sonho havia acabado. No funeral, em Brasília, 300 mil pessoas se despediram do líder mineiro, cantando a música que marcara a sua vida: o “Peixe vivo”.


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TALENTO INTERNACIONAL

Ed Oliveira encanta o mundo com sua arte Artista de Paulo Jacinto pintou primeiro quadro aos 11 anos; autodidata, passeia por vários estilos, mas se considera contemporâneo MARIA SALÉSIA SALLESIA@HOMAIL.COM

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ergulhado no universo de cores desde os 10 anos, Edmilson Silva de Oliveira, o Ed Oliveira, pintou seu primeiro quadro aos 11 anos e de lá prá cá não parou mais. Natural de Paulo Jacinto, Alagoas, o artista plástico passeou por vários estilos, mas se considera um pintor contemporâneo. Não é a toa que criou seu jeito próprio de fazer arte, dando asas à imaginação, quebrando barreiras e paradigmas, indo mostrar o que melhor sabe fazer (arte) pelas bandas da Europa. Autodidata, Ed Oliveira pôde mostrar seu talento de maneira mais ampla aos 17 anos quando aceitou o convite do pároco de sua cidade natal para restaurar o acervo da igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças. E sob as graças da padroeira dos paulo-jacintenses percebeu que poderia trilhar

caminhos mais longo e vencer qualquer desafio. Prova disso é que naquele mesmo ano realizou sua primeira exposição, em Palmeira dos Índios. Sem medo de arriscar, o artista enveredou por várias ramificações e em 1994 foi convidado pela ONG Nordeste Reflorestamento e Educação, com sede em Genebra, Suíça, a ensinar desenho e pintura para jovens na cidade alagoana de Quebrangulo. Naquele ano, participa ainda de três exposições coletivas em Maceió, através do Projeto Alagoas Presente. Após revelar vários talentos e aprimorar sua arte, em 2002 a cultura teve uma baixa com o fechamento da escolinha de pintura. Ousado, e como criatividade é qualidade que não lhe falta, em 2004 ED aporta no Rio Grande do Norte, onde monta seu ateliê e permanece em terra potiguar por um ano. Durante estadia naquele lugar, ven-

Artista plástico Ed Oliveira mostra sua arte para o mundo; em 2011 visita à exposição de Picasso

deu 212 trabalhos para turistas de países como Portugal, Itália, Suécia, Inglaterra e Alemanha. Versátil, em 2005 volta a Alagoas e em parceria com uma ONG vai difundir seu trabalho em Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins. Pelas bandas de lá pinta murais, promove oficinas de pintura, reciclagem com pet, esculturas, entre tantos outros feitos. Mas foi em 2011 que a carreira de Ed deu um salto maior e foi encantar o público europeu. O sucesso foi tanto que durante exposição em Genebra- Suiça- no Salle Communale de Plainpalaisem, em comemoração aos 25 anos da Associação Nordeste, em apenas um dia vendeu 70 obras. O artista aproveitou a estadia na Suiça para visita a exposição de Picasso, na galeria KunsthausZuric e o Museu de H RGiger, na cidade de Gruyère. A aceitação de sua obra foi tanta que em abril daquele mesmo ano, a convite da Association rás Du Rhône, Ed volta à Genebra para confeccionar duas grandes esculturas de

uma coruja e um tucano. Na mesma data, participa de uma conferência apresentando seus trabalhos. MATA ATLÂNTICA Proativo e sem medo de arriscar, em 2005 o artista inicia o projeto de reciclagem utilizando garrafas PET e ferro. E o que de princípio era visto como lixo, Ed transforma em mercadoria de valor, dando vida a esculturas de pássaros nativos e outras espécies da Mata Atlântica. Além de transformar a matéria prima, ele ainda passa a mensagem de preservação ambiental. E quem passeia pelas ruas de Quebrangulo e outras localidades podem esbarrar e se deslumbrar com esculturas gigantes- esculpidas pelas mãos dos aprendizes sob o olhar e orientação do mestre. São tatus, tamanduás, borboletas, corujas, além de uma variedade de pássaros. Vale ressaltar que a inspiração para este trabalho veio da Serra de Pedra Talhada- área de reserva da Mata Atlântica preservada há mais de 20 anos pela Nordeste,

associação ligada a uma ONG Suiça, coordenada pela ambientalista Anita Studer. Além do que, o interesse de Ed por material reciclado surgiu em 2004, incentivado pelo ambientalista suíço, DlanBarckler, quando prestava serviço a Nordeste. Ainda em Quebrangulo, dois bonecos gigantes do grupo folclórico Nega da Costa ganham vida nas mãos do artista. Na praça central, as pessoas podem apreciar as esculturas feitas em 2012 para comemorar os 100 anos do folguedo naquele município. “Tudo que faço é prazeroso. Seja uma escultura, pintura em tela ou murais, tudo me traz alegria”, afirmou Edmilson Oliveira. HOMENAGEM Toda a dedicação do artista durante estadia em Quebrangulo lhe rendeu reconhecimento. Durante o XXIV Festa da Cultura, foi homenageado “pelos relevantes trabalhos prestados à cultura da terra”. Como costuma dizer, “uma cidade que não preserva a sua história e seus valores culturais se perderá no tempo”.


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TALENTO INTERNACIONAL

Arte do pintor pode ser vista em espaço público Quem trafega pelo litoral Sul de Alagoas, precisamente no viaduto do trevo de acesso à praia do Francês, esbarra com a obra de Ed Oliveira. É que desde 2014 um grande mural com o tema A República Nasceu Aqui, foi pintado por alguns artistas e coube a Ed retratar a figura do marechal Deodoro, igrejas e menina recendo a bandeira do Brasil. Mas embelezar espaços públicos é trabalho prazeroso para o artista. No ano anterior, ele aceitou o convite do projeto Alagoas Presente e pintou um mural nos muros do Cais do Porto,

bairro de Jaraguá, Maceió. O trabalho que teve como tema arte popular, continua exposto nos muros para apreciação de quem passa por lá. Ainda em Maceió, os muros do Ministério Público Federal, no bairro de Barro Duro, se encheram de cor e ganharam vida própria. Dono de um talento nato, agora, sua arte dar vida aquele espaço que antes passava despercebido. É impossível passar na Avenida Márcio Canuto e não apreciar o trabalho que retrata diversas atribuições daquele órgão.

Ed Oliveira passeia por vários movimentos artísticos, mas conserva sua marca inconfundível

Mural em relevo encanta população de Paulo Jacinto O município de Paulo Jacinto não poderia ficar de fora da arte de seu filho ilustre. Orgulhosos pelo talento do conterrâneo, os paulo-jacintenses enchem os olhos com os trabalhos de Ed exposto em galerias de arte a céu aberto espalhados por todo lado. O projeto caiu no gosto do povo e sem pedir licença também entrou nas casas das pessoas. É comum em ambientes internos e até em repartições públicas e privadas encontrar traços do artista. Prova disso é que a mais recente obra feita por Ed naquela cidade foi o mural em relevo para o Clube Recreativo Paulojacintense. Na terra do Baile da Chita, o mural de Ed se transformou em atração à parte e virou cartão postal. É comum ver pessoas sendo fotografadas tendo como pano de fundo sua arte. “Gosto desse projeto de murais de relevo e

pretendo espalhar por toda a cidade democratizando a arte, transformando a arte, transformando muros estéreis em uma linguagem artística compartilhada, acessível a todos. Inclusive, pessoas com deficiência visual podem tocar e sentir meu trabalho e isto não tem preço”, comemorou o artista plástico. Filho do agricultor José e da professora Cícera, Edmilson Oliveira busca inspiração em coisas simples do interior, a ponto de trazer resquício de sua infância quando morava na zona rural e se perdia entre o algodão, os rios e a imensidão do verde do mato, durante brincadeiras com as irmãs Elenilda e Eronilde. Segundo ele, no município em que nasceu o carinho dos conterrâneos é gratificante e isto é motivo de incentivo para continuar criando e fazendo

arte. “Penso que uma cidade que não valoriza a sua riqueza cultural perderá para sempre a identidade do seu povo”, profetizou. Se depender do povo de

Paulo Jacinto, a arte do pai do Rafael, do Gabriel, da Clara e da Lara e avô da Sophia e do Pedro será eternizada. Talento você tem de sobra, Edmilson.

Obra em relevo do artista plástico, pintor e escultor vira ponto turístico na Terra do Baile da Chita


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ELEIÇÕES NA UFAL

Começa a disputa pelo cargo de reitor

Chapa 1 defende universidade democrática, autônoma e crítica. Professores Valéria e Vieira dizem que gestão atual representa interesses do governo em detrimento dos anseios da comunidade acadêmica MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

data da eleição para reitor e vice-reitor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) ainda não foi definida, mas a disputa pelos cargos está acirrada. Para os professores Valéria Correia e José Vieira, que representam a chapa 1, o modelo atual de universidade está defasado e o ciclo de 12 anos - da atual gestão - precisa ser interrompido. Diretora da Faculdade de Serviço Social, Valéria Barros acredita que, com um diálogo amplo, igualitário e direto, é possível fazer uma gestão democrática, com gratuidade e planejamento. Para assim, disse, garantir um serviço público e de qualidade. “Com uma trajetória de vida que confirma a luta por esses direitos é que asseguraremos que nosso discurso seja empregado nas nossas práticas, onde provaremos que outra Ufal é possível”, disse ao acrescentar que “o projeto de pseudoexcelência fomentado nesses 12 anos não se materializou qualita-

tivamente”. Defensora do bem público, a candidata a reitora mostra-se contra aos cortes na educação pública. Ela emite carta no site http://www.valeriareitora.com.br/, onde diz que uma universidade pública, gratuita e com qualidade socialmente referenciada é possível e necessária. Os componentes da chapa 1 defendem, ainda, a implementação de Projeto Básico e contratação de obra de edificação do Complexo Cultural da Universidade (Campus A. C. Simões). Outra proposta dos candidatos é a reforma e ampliação do parque de infraestrutura do curso de Comunicação Social, onde será implantando a WebTV e WebRádio Universitária, que terão seu conteúdo gerido pelos docentes, discentes e técnicos administrativos da Udal. Valéria destaca a importância de reafirmar na pauta de reivindicações nacional não só a luta salarial, mas também a defesa da educação e da universidade pública. De acordo com a candidata, existe a possibilidade de professores serem contratados por Organizações Sociais, sem

concurso público, via Processo Seletivo Simplificado, por meio da CLT. Ela critica esse modelo ao afirmar que tal prática resulta “na perda de direitos trabalhistas e previdenciários básicos e na consequente precarização do trabalho docente”, alertou a professora, que defende o concurso público. É do perfil do professor José Vieira, candidato a vice-reitor, o envolvimento, compromisso e sensibilidade para ouvir, consultar e valorizar as pessoas. E são essas qualidades que o credenciam a se comprometer em transformar a universidade, tornando-a mais democrática. Coordenador do Campus Sertão (Delmiro Gouveia), Vieira vem representar um novo grupo, novas propostas e incorpora a demanda de interiorização da Ufal. “Defendemos expansão da universidade, mas com qualidade”, comparou o candidato ao afirmar que o modelo atual está defasado e que as decisões precisam deixar de ser centralizadas (em Maceió) e verticalizadas. Segundo ele, a alternância do exercício do poder é

necessária para o processo democrático. “É preciso outra Ufal. O nosso compromisso é o projeto de universidade que rompe com os laços e as práticas oligárquicas, patrimonialistas e clientelistas, reproduzidas nos espaços de poder da Ufal”. E afirma, ainda, que é preciso “retomar formas coletivas de gerir a universidade de modo que a vida democrática, criativa e inovadora volte a pulsar na formação, na produção do conhecimento, nas relações de trabalho e articulação com a sociedade alagoana”. A adesão a campanha da chapa 1 vem crescendo. Embora a eleição só deva acontecer 30 dias após o final da greve da Ufal, os trabalhos estão avançando. Apoios de peso como a dos médicos do HUPAA (Hospital Universitário) tem consolidado ainda mais a candidatura de Valéria e Viera para reitoria da Ufal. “A decisão é tomada com base em todo histórico de lutas da professora Valéria totalmente condizente com a defesa dos interesses da saúde publica bem como dos servidores que nela laboram”, diz trecho da nota.

VALÉRIA CORRE

Valéria Correia, professora da Ufal na da FSSO (Faculdade Serviço Social) e dire torado em Serviço Social pela UERJ, grad Ufal (1982), mestrado e doutorado em Ser Federal de Pernambuco (1997). Coordeno são Políticas Públicas “Controle Social e M Nacional em Defesa da Saúde Pública.” Nas atividades de ensino, pesquisa e e Políticas Sociais, controle social, política d e financiamento de políticas públicas. Tem com edições esgotadas, e organizou o livr versidade Pública em Questão”, publicado denação do Polus – Observatório de Políti Alagoas, e do Núcleo Alagoano da Auditor coordenou o Projeto de Extensão “Apoio à do Fórum em Defesa do SUS”. Sua relação com a sociedade iniciou a Merece destaque o exercício profissional n se de Maceió, atuando junto aos meninos Pastoral da Juventude, organizando a Pas e no Brasil”. É uma das fundadoras da 1ª A Maceió: Associação dos Moradores do Tab Construiu sua experiência de gestora do coordenou equipes de assessoria de S Estadual de Educação e de Saúde. Partici municipais de saúde e organização de con as e coordenou a III Conferência Estadual 9ª Conferência Nacional de Saúde). Na Uf Faculdade de Serviço Social, coordenou o em Serviço Social e foi Pró-reitora Estudan


REIA

na graduação e Pós-Graduação diretora da FSSO. Tem Pós-Douraduação em Serviço Social pela Serviço Social pela Universidade eno o Grupo de Pesquisa e Extene Movimentos Sociais” e a “Frente .” a e extensão, sua produção é sobre ca de saúde, serviço social, gestão Tem dois livros pela Editora Fiocruz, livro “Reforma Universitária: a Uniado pela Edufal. Participa da coorolíticas Públicas e Lutas Sociais em itoria da Dívida Pública. Também io às mobilizações e funcionamento

ou antes de chegar à universidade. nal na Pastoral do Menor/Arquidiocenos e meninas de rua. “Participei da Pastoral Universitária em Alagoas 1ª Associação de Moradores de Tabuleiro dos Martins. ora desde os anos 1990, quane Serviço Social nas Secretarias rticipou da criação dos conselhos conferências municipais em Alagoual de Saúde (Etapa Estadual da a Ufal, antes de estar diretora da ou o Programa de Pós-Graduação udantil/Ufal, nos anos 2003 e 2004.

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- MACEIÓ, ALAGOAS - 14 A 20 DE AGOSTO DE 2015 -

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O PROGRAMA DE GESTÃO

PROFESSOR VIEIRA Do Campus do Sertão, é doutor em História Social pela Universidade Federal da Bahia (2012), Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (2003) e licenciado em História pela Universidade Federal de Sergipe (1998). Tem desenvolvido atividades de ensino na graduação e pós-graduação, nos cursos de Licenciatura em História do campus do Sertão e no Mestrado em História/PPGH/UFAL/Campus A. C. Simões. Também é líder do Grupo de Estudo e de Pesquisa em História, Sociedade e Cultura GEPHISC/ CNPq e está coordenador de Curso de História. Além de atuar na área da pesquisa e gestão, tem construído ações na extensão: Desenvolveu os Projetos “Olhares de Clio” – Proex/Ufal (2013-2014); Projeto de Educação Básica “Formando Cidadãos Pesquisadores” PEB/Capes/Fapeal (2014), e, atualmente, coordena o Projeto de Pesquisa “Vozes do Sertão nas Tramas de Mnemosine” Capes/Ufal/ Fapeal(2013-2015). Também é membro da Comissão de Altos Estudos do Projeto Memórias Reveladas/Arquivo Nacional (2014-2015) e consultor Ad hoc do Ministério da Educação/ Programa Extensão Universitária. Professor durante cinco anos da Universidade Federal de Sergipe (período de 1999 a 2003 e no ano de 2007). Professor da Educação Básica das redes públicas municipal de Aracaju e do Estado de Sergipe (19982012). Orador e 1º Secretário do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (2009-2012) e foi ainda diretor da Associação Nacional de História/Seção Sergipe (2008-2010), diretor da Associação Nacional de História/Seção Sergipe (2008-2010). Esteve membro do Conselho Consultivo da Associação Nacional de História e membro do Conselho Editorial da Revista Ponta de Lança (2012). Atualmente, faz parte do Conselho Editorial da Revista História Regional (2013-2015) e membro do Conselho Editorial da Revista Perspectiva História (2015).

O programa de gestão da candidatura é longo. Na área de ensino busca induzir, abrigar e apoiar os programas vinculados à graduação, monitoria e outros. Instituir um amplo debate, a fim de desenvolver uma cultura de avaliação da formação acadêmica; valorizar as atividades de ensino na graduação e na pós-graduação; estimular e garantir a autonomia das unidades acadêmicas e de seus cursos para definição e aprimoramento das atividades de ensino, acolhendo e encaminhando suas demandas; fortalecer o Fórum dos Colegiados dos Cursos e de Coordenadores das Licenciaturas; Ampliar o debate acerca da estrutura curricular dos cursos dos Campi fora de sede, a partir do diagnóstico das demandas de cada curso, envolvendo de forma participativa docentes, técnicos e representantes discentes; realizar o levantamento e ampliar o debate acerca da carga horária de ensino (graduação e pósgraduação) visando a uma distribuição equânime entre as áreas e os campi; rever a Política de Regulamentação do Estágio Supervisionado, entre outros. Na pesquisa buscará institucionalizar uma política que garanta a qualidade da pesquisa na Ufal; definir uma política institucional de fomento à pesquisa que respeite a equivalência entre as áreas e que contemple isonomicamente todos os Campi da Ufal; discutir e buscar estratégias para efetivar a política institucional de apoio aos periódicos da

instituição; desenvolver, a partir de ações coordenadas, o apoio à internacionalização dos Programas de Pós-graduação; aperfeiçoar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), melhorando a qualidade das dinâmicas de avaliação dos projetos e dos relatórios; fortalecer o Fórum dos Coordenadores da Pós-Graduação, reconhecendo-o como instância permanente de discussão, proposição, acompanhamento e avaliação de uma política de pós-graduação e pesquisa, assim como de avaliação das ações institucionais relacionadas à pós-graduação; fortalecer as representações da Ufal na Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), entre outros. Na extensão a proposta é aperfeiçoar a descentralização administrativa e financeira dos Campi de Arapiraca e do Sertão; descentralizar as decisões dos campi, observando a política institucional, e adotar um conjunto de medidas que promovam as iniciativas locais; avaliar as condições e definir critérios para a continuidade da expansão da universidade no Congresso da Ufal, a ser realizado até o final de 2016; fomentar a emancipação dos campi do interior com um amplo debate, planejamento estratégico que estabeleça ações, prazos e metas a serem cumpridos; convocar audiência pública, a cada nova oportunidade de expansão; estabelecer diálogo com as demais universidades alagoanas, entre outras.


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MACEIÓ

Prefeitura segue com reforma de Escola Senador Rui Palmeira Serviços estruturais, hidráulicos, sanitários, elétricos e de prevenção de incêndio estão sendo realizados ASSESSORIA

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om 85% da obras concluídas, as mudanças na estrutura já são bem visíveis. Equipes trabalham sem parar, fazendo daquele prédio antigo e desgastado uma nova Escola Municipal Senador Rui Palmeira. A Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), está revitalizando toda a estrutura do equipamento. Uma escola renovada está surgindo. 14 salas de aula, além da sala para alunos especiais e do Programa Mais Educação, uma quadra de esportes ampla com vestiário, refeitório, cantina, pátio coberto para re-

creio, biblioteca, sala de apoio pedagógico, laboratório de ciências, laboratório de informática, sala de vídeo, 11 banheiros, área de recreio ao ar livre, rampa coberta, cozinha com copa e despensa são alguns dos ambientes. Serviços estruturais, hidráulicos, sanitários, elétricos e de prevenção de incêndio estão sendo realizados. Durante uma visita de vistoria, em outubro do ano passado, o prefeito Rui Palmeira afirmou que, por conta do comprometimento da infraestrutura, a unidade está sendo reconstruída e terá a ampliação dos espaços voltados aos professores e estudantes. O gestor também ressaltou que as obras

Rui Palmeira, em encontro com gestores, frisa que vai investir mais de R$ 50 milhões no Escola Viva

estão sendo executadas com recursos da própria Semed. TRADICIONAL De grande representatividade na história do Vergel do Lago e de Maceió, o prédio foi construído na década de 1960 e é um dos maiores e mais tradicionais da capital. A instituição foi uma das cinco contempladas no primeiro lote da série de reformas iniciadas na rede pública de ensino de Maceió. A obra é orçada em R$ 3.646.185,49 e faz parte do planejamento do Executivo Municipal por meio do Progra-

ma Escola Viva, que investirá, ao todo, mais de R$ 50 milhões nos serviços das unidades que serão contempladas. “Desde o início da gestão, o prefeito Rui Palmeira assumiu o compromisso de que a educação de qualidade seria prioridade e assim tem sido. A Prefeitura tem buscado melhorar a rede e a reestruturação das unidades é prova disso, mas também temos aportado recursos e esforços na formação continuada dos profissionais, na melhoria da merenda, na entrega de fardamento e ma-

terial escolar e na formação de parcerias para projetos”, disse Ana Dayse, secretária municipal de Educação. A gestora também ponderou que “o principal, claro, é qualidade e nisso estamos investindo por meio dos projetos pedagógicos. Mas a rede não consegue funcionar bem sem bons laboratórios, salas e bibliotecas estruturadas. É um projeto ousado e resolvemos executá-lo para entregar o ensino com a qualidade que precisa ter e como os maceioenses merecem”, acrescentou.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

Volta como rei

D

e repente há uma transformação radical de um Renan Calheiros (presidente do Congresso Nacional) agressivo, intolerante com o governo e até ameaçando fazer tremer as relações institucionais ao lado do presidente da Câmara Eduardo Cunha, para um grande líder pacificador, com o perfil de “salvador da pátria” cujas ideias são acolhidas pelos “náufragos do Planalto” e louvadas pela presidente Dilma e o seu mentor Lula. Todos vislumbram a luz de uma vela no fim do túnel, mas cuidado, pode ser um trem vindo em direção contrária. Acontece que a agenda positiva proposta por Renan Calheiros para salvar o Brasil e estancar a crise que está aí pode e vai encontrar obstáculos talvez intransponíveis gerados pela oposição e pela ira desmedida do presidente da Câmara, que se sente traído e tem munição para fazer um grande estrago no comemorado projeto de salvação. A chamada Agenda Brasil foi apresentada, na última segunda-feira, 10, aos ministros da área econômica como uma forma de retomar o crescimento econômico e de realizar reformas necessárias para que o Brasil supere a crise. Na opinião de Renan, a agenda deve ser ampla a ponto de reunir as forças políticas em torno dela. “Eu acho que agenda tem que tratar de tudo, da reforma do Estado, da coalizão, da sustentação congressual. Esse modelo político, essa coalizão, ela já se esgotou no tempo. É preciso dar fundamento ao ajuste, à agenda da retomada do crescimento, sinalizar claramente com relação ao futuro do Brasil e construir uma convergência com relação a esse futuro”. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que é “jogo de espuma” o conjunto de propostas apresentado ao governo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, a fim de reaquecer a economia. Para Cunha, falta conteúdo concreto. “A Câmara está disposta a participar de qualquer coisa que seja boa para o país, e esse não é o problema. Precisamos saber que tipo de conteúdo. Até agora, nós vemos apenas um jogo de espuma, sem conteúdo concreto e utilizando parte da espuma que já vem da própria Câmara”, disse um magoado Cunha. O Brasil tem que ter solução com a participação de todos. Não existe solução individual para nada. Vivemos um sistema bicameral, e nada funcionará se as duas Casas não participarem. A grande verdade é que, se tudo der certo, o senador Renan Calheiros será mesmo elevado à condição de “salvador da pátria” e se tornará a figura com maior poder na República (um rei sem trono) e todos estarão sob suas ordens: a presidente, Lula, ministros e todo o governo. Se der errado é apostar quem cai primeiro: Dilma ou Renan?

O ponto eletrônico

O motivo mais “relevante” da greve dos médicos do PAM Salgadinho está perfeitamente detectado e comprovado: o ponto eletrônico. Por que “semideuses” estariam sujeitos à tamanha humilhação se igualando aos mortais servidores que cumprem suas jornadas de trabalho diária no serviço público? Com salários que fogem à realidade aqui ou em qualquer lugar, alguns chegando a ultrapassar mais de R$ 30 mil se negam a cumprir seus confortáveis horários e muito menos a registrar suas entradas e saídas no serviço. O prefeito Rui Palmeira, indignado igualmente toda a sociedade, determinou simplesmente o cumprimento da legislação que os regula. Há deficiências, sim, mas nada que impossibilite o exercício da atividade de salvar vidas a atender aos necessitados. O PAM Salgadinho sempre viveu em situação precária e à base de remendos. Tenho informações de que a ordem é pra valer e quem desejar é só pedir para sair. Duvido que alguém peça.

Vai ter que engolir

A indicação de Rodrigo Janot para mais um mandato à frente da Procuradoria-Geral da República já está definida a consolidada. O atual procurador-geral da República foi o mais votado em eleição no Ministério Público da União (MPU). Além de chefiar o MPU, que abrange os Ministérios Públicos Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito Federal e Territórios, o procurador-geral também preside o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e deve ser ouvido em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (STF). Se depender do presidente do Senado, Renan Calheiros, a aprovação do nome do procurador será rápida e garantida, segundo prometeu à presidente Dilma Rousseff, para desgosto do senador Fernando Collor, desafeto odioso de Janot, que o incluiu na lista dos envolvidos na Operação Lava Jato.

Eu sou você amanhã

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) advertiu que o Brasil não pode “ficar indiferente à crise política da Venezuela”, porque, segundo o senador, o que acontece lá tem efeitos aqui. Ele lembrou que o país vizinho enfrenta também uma séria crise econômica, com desabastecimento de diversos produtos, e que vários opositores do presidente Nicolas Maduro estão presos. Aloysio Nunes espera que seja cumprido o compromisso da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), de enviar uma comissão para acompanhar não apenas para o dia do pleito na Venezuela, marcado para o dia 6 de dezembro, mas todo o processo eleitoral. Para o senador, o Brasil também deve fazer valer seu peso diplomático para garantir que as eleições venezuelanas ocorram em clima de liberdade e transparência.

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Para refletir:

“A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano”. (Voltaire)

Um bom secretário

Desde o inicio do governo, iniciativas que mostram o compromisso da gestão de Renan Filho com a redução da violência têm colaborado para deixar a população alagoana mais tranquila. Na última semana foram prestadas homenagem aos responsáveis por ações que se destacaram nesse processo nos seis primeiros meses de 2015, e nos consequentes resultados positivos que a segurança pública do Estado vem registrando. Na ocasião, o secretário de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), Christian Teixeira, recebeu o reconhecimento pelo trabalho que vem sendo desempenhado nos últimos oito meses, com o sólido desempenho da Mesa de Negociação Permanente do Governo. O canal tem possibilitado o contínuo diálogo com os servidores públicos de Alagoas, incluindo os da segurança pública do Estado. Sem dúvida o jovem secretário Christian Teixeira se consolidou como um dos melhores quadros do governo Renan Filho.

Bom desempenho

O deputado Ronaldo Lessa leva a sério a função de coordenador de bancada, o que nunca aconteceu em legislaturas anteriores. É disciplinado e tem mestrado em articulação, gosta da atividade parlamentar e tem experiência no exercício da política em todas as vertentes. Sem mágoas, sem ressentimentos, pensa grande quando se trata de beneficiar Alagoas. Está empenhado em mobilizar a bancada federal para trazer recursos para Maceió, governada por um seu adversário. Lessa declarou: “A nossa capital é responsabilidade de todos, e é por isso que estamos reunidos. Todos devem estar envolvidos, e vamos trabalhar no sentido de contribuir e responder às necessidades em resposta à confiança outorgada pelo povo”.

O exemplo de Lula

A herança mundial de Lula está no site Foreign Policy, instituição criada para debater a política externa americana. O diferencial desta matéria é que eles observaram que é a primeira vez que se investiga um ex-presidente sobre seus atos praticados já fora da presidência, o que é incomum. Como diz o texto, geralmente as investigações ocorrem sobre atos praticados quando o político ainda está no poder, e o que é cometido já fora do poder passa a ter uma relevância secundária. Elogiam o MP, pois a sua atuação coloca luz sobre o que ocorre no mundo todo, quando políticos passam a se aproveitar do status de ex-presidentes que passaram a ter para influenciar e ganhar muito dinheiro.

Almeida sozinho

A cada dia uma suposta candidatura do ex-prefeito Cíicero Almeida no próximo ano fica inviável. Praticamente sozinho, sem um partido pra chamar de seu, não conta com nenhuma simpatia das grandes lideranças que formam as bases de oposição ou governo. Renan (pai e filho), Benedito de Lira, Ronaldo Lessa, Collor e outros coadjuvantes não confiam nem o apoiam. Para completar seu incerto futuro, ainda lhe sobram algumas ações de improbidade que caminham nos corredores do Judiciário. Almeida, por inexperiência ou vaidade excessiva, ficou isolado e vai pagar um alto preço.

Ninguém entendeu

Parece que os servidores do Tribunal de Contas que não compareciam ao trabalho há anos, ao contrário do anunciado, receberam um prêmio do Conselheiro presidente Otávio Lessa. Por um “acordo de cavalheiros” foram colocados à disposição da Assembleia Legislativa onde certamente continuarão dando o mesmo expediente (nenhum). Um detalhe: todos continuam recebendo pelo Tribunal de Contas. Dá pra entender?!


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ARTIGOS

A quem Janot deve ser grato CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

“N

enhum dever é mais importante que a gratidão”. Como todo pensamento das grandes figuras históricas, esse, de Cícero, é eternizado e sempre atual. Janot, o Procurador-Geral da República, guindado à altura de força motriz da Operação Lava-a-jato, durante vários meses foi hostilizado por aqueles investigados no inquérito capi-

taneado pela Ministério Público Federal. Nesse espetáculo “non sense”, produzido principalmente por políticos acusados na operação da PF, até a digníssima genitora do Procurador-Geral foi ofendida e desrespeitada. Com que propósito? Intimidação, talvez, fosse a intenção original. Pura tolice, na verdade! A Operação Lava-a-jato é institucional e aprovada pela Nação. Dessa forma, dela não é possível recuo. Pirotecnia? Estultice maior que a intimidação, porquanto nada explica sobre os atos dos envolvidos no rolo do “petróleo”, coisa que a Nação espera ouvir de há muito. As agressões, ultimamente intensificadas, visavam, ao que também parece, promover cisma no Ministério Público Fe-

deral, no momento em que Janot pleiteia sua recondução à chefia do Órgão. Pressurosos e afobados, esqueceram os agressores do velho esprit de corps, ou corporativismo, e o resultado foi exatamente o contrário. O candidato Janot obteve expressivos 79% dos votos dos seus colegas, muito mais do que merecera quando da eleição anterior. E mais: se inclusa nas diatribes a pretensão à rejeição do nome de Janot pela Presidente Dilma, na verdade forçaram a mandatária a indicá-lo com a maior rapidez possível, protegendose de qualquer ilação de comportamento antirrepublicano; na sequência, se pretendiam induzir o Senado a não aprovar a indicação de Janot, ao que tudo indica puseram o Órgão em um beco-sem-saída, ou melhor, com a única aceitável, ou seja, a

aprovação, sem delongas, do ProcuradorGeral para um novo mandato, o Presidente da Casa manifestando enfaticamente que o fará. A empreitada, isto é, a desestabilização de Janot, estava fadada ao insucesso, natimorta que era. A essa percepção qualquer pessoa de razoável bom-senso, capacidade de reflexão e controle emocional chegaria. Todavia, quem sabe o desiderato dos agressores do Procurador fosse mesmo ajudar Janot em sua reeleição? Tivesse sido isso ou não, a verdade é que o fato sem dúvida bem serviu à causa da reeleição do Procurador-Geral. Eis os porquês de Janot dever ser grato não apenas aos seus eleitores, mas também àqueles que insensatamente o privilegiaram como vítima.

Cunha, o orgasmo petista PERCIVAL PUGGINA*

S

er petista ficou dureza. Imagina o sujeito que passou a vida exaltando as elevadas qualidades morais e o discernimento com que o PT oposicionista apontava soluções para os problemas do país. Sonhava com o PT no poder. Nas tendas e barracas em que o PT vendia adesivos, distintivos, camisetas do Che e bandeirinhas de Cuba, o cara tinha conta em caderno. Pagava por mês e ainda contribuía para o caixinha do partido. Era fã do Zé, do Genoíno, da Marta. Entrava em surto cívico até nos discursos do Suplicy. Tinha foto com o Lula na parede da sala, adesivo com estrela no carro e bandeirinha vermelha tremulante na janela. A vida era cheia de certezas. Numa delas, o PT salvaria o Brasil de si mesmo porque o partido tinha aquele caráter que parecia faltar ao eleitor brasileiro, esse vendilhão de votos em troca de favores. O PT seria o fim da estrada para a política do “é dando que se recebe”. E, sobre tudo, havia o Lula, o metalúrgico pobretão, apto a mudar o mundo com um megafone. Lula dizia, o PT repetia e a vida confirmava: do outro lado da cena política atuava um bando de patifes. Contados um a um pelo próprio líder maior, eram mais de 300. Entre eles,

o Collor, o Renan, o Maluf, o Sarney, o Barbalho, o Quércia. Santo Deus! Que bênção seria livrar o Brasil do poder dessa gente. E isso só o PT poderia fazer porque só o PT tinha a força moral necessária. Durante os muitos anos em que fui filiado ao PP, os petistas com os quais participava de debates tentavam colocar na minha conta o fato de ser, este, “o partido do Maluf”. E eu me obrigava a dizer que o Maluf jamais pisara na soleira da sede do

partido no Rio Grande do Sul, porque sabia não ser, aqui, benquisto nem bem-vindo. Até que um dia, Lula - quem poderia antever? - abraçou-se com Maluf, o procurado pela Interpol, nos jardins de sua mansão. E sorria, sorria muito o Lula, num sorriso deslavado e encardido. De um ou de outro modo, em diferentes cenários e agendas, o mesmo aconteceu com todos aqueles que, nos tempos de oposição, provocavam arrepios éticos na fina sensibilidade dos

petistas. Passaram-se 13 anos. Dezenas foram condenados, presos e estão sendo processados. Bilhões de reais escoaram para bem enxaguadas contas. Escabrosas histórias envolvendo o partido, seus agentes e parceiros são contadas mundo afora. Sob o governo petista, o país enfrenta um pacote de crises endógenas, todas de produção própria, caseira. Na contramão de uma conjuntura internacional favorável (a economia mundial crescerá 3%), o Brasil é assolado por inflação, recessão, desemprego, descrédito e o PIB cairá 2%. Apenas 9% dos brasileiros aprovam o governo. Mas o PT vive dias de muita comemoração. Afinal, o arqui-inimigo Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, foi acusado de ser pilantra sem que ninguém se surpreendesse. A alegria petista diante desse fato, faz lembrar o Tavares, o canalha rodriguiano, criado por Chico Anysio: “Sou, mas quem não é?”. * Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar.


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ARTIGOS

A crise JORGE MORAIS Jornalista

E

m todas as conversas que tive a oportunidade de participar nos últimos dias, o assunto foi um só: a crise do Brasil. Seja entre empresários ou pessoas comuns, a palavra crise é mais ouvida do que qualquer outra do dicionário. No comércio, a reclamação é que o dinheiro não circula. Por outro lado, quem deveria estar comprando, a reclamação é que só dá mesmo para algumas “coisinhas”, como eles dizem. No Brasil de hoje é crise para todo lado. Crise política; crise econômica; crise financeira; crise com o monstro da inflação, que começa assustar; crise pela falta de emprego e negócios;

crise na Saúde e na Educação. Finalmente, ao pé da letra, o que é crise? Por que se fala tanta nela? Quem causou essa crise? E, aonde vamos chegar com essa crise? Crise, entre os dicionaristas, significa que vem do latim crisis, e quer dizer uma mudança brusca no estado de um doente, causada pela luta entre o agente agressor infeccioso e as forças de defesa. Por isso, os sinônimos de crise são rapidamente conhecidos como transe, aflição, agonia, angústia, aperto, apuro, dor, provação, risco, traspassamento, tensão, carência, insuficiência, conflito, exiguidade, deficiência, instabilidade, desequilíbrio, e por aí vai. Mas, independentemente da crise em relação à saúde do indivíduo, a palavra é aplicada, mundialmente, em vários segmentos, pois temos crise de toda ordem: de identidade, econômica, abstinência, ambiental, fiscal, cambial, razão, existência, ausência, e tantas outras. A nossa brasileira é uma crise política entre os Poderes,

existencial e econômica. Criada por quem? Pelos homens e mulheres de Brasília que ditam as normas e regras do jogo. Nessa hora, pouco está me importando se o problema é da presidente Dilma Rousseff, do presidente do Senado, do presidente da Câmara dos Deputados ou das mentiras ditas na campanha do ano passado. Não quero que a Dilma peça para sair, nem que a coloquem para fora da presidência. Ela e os outros precisam resolver os problemas criados para o país. Ela não pode, graciosamente, sair do Poder e deixar a bomba para outro. Ela tem que sofrer como todos nós, até o final do seu governo. Quem garante que o Michel Temer vai resolver o problema da crise? Com ele, o dinheiro vai aparecer e não teremos mais os problemas financeiros, nem existenciais? Outra eleição, com um impeachment da Dilma, vai resolver o assunto da crise e temos tempo para esperar? O Brasil tem dinheiro para gastar com outra eleição agora?

Quem seria, hoje, depois de quebrado, o Salvador da Pátria brasileira? Com os senhores leitores, as respostas. O Brasil quebrou por culpa deles. O povo brasileiro está assustado, porque alguns deles roubarem e ajudarem a roubar o dinheiro da Educação, da Saúde, da Segurança e do desenvolvimento da Nação. Hoje, quando a presidente estica a mão e pede ajuda, vamos ajudar. Recentemente, a Dilma Rousseff disse que não pode aceitar e acreditar que ainda tenha gente que acredita no quanto pior melhor. Faço a mesma pergunta que ela fez: “Melhor para quem?” Nessa hora, o Brasil sofre com a falta de dinheiro para projetos; tudo aumenta, diariamente; não existe mais o Programa de Aceleração para o Crescimento (PAC); hospitais públicos estão falidos, sem médicos, sem leitos e sem remédios; funcionário público das três esferas sem aumento salarial, e os caras lá em Brasília brigando de “rato escondido com a calda de fora”. Tenha Santa paciência!

A imprensa local, bem como nacional, com pequenas exceções, também tem cooperado nessa limpeza lançada sobre o Brasil, país cansado de tanta sabedoria por parte de políticos e empresários. Em São Paulo, o governo resolveu implantar em todo o Estado uma campanha contra a dengue. Técnicos da Secretaria de Saúde começaram a visitar casas e eram repelidos pelos moradores, com medo de assalto. O governador resolveu, então, pedir auxílio ao Exército; os militares passaram a acompanhar as equipes e foram recebidas sem receio. Desde o início dos governos de Lula e Dilma, as Forças Armadas foram tratadas com descaso, mas o povo mostrou sua confiança em nossos militares. Poderia citar o Congresso Nacional como um ponto positivo da crise, mas tenho grandes dúvidas. Muitos governistas viraram oposição, não por amor ao Brasil, mas com medo de serem incluídos na Lava Jato ou em outras operações. Basta olhar para as eleições passadas e ver a quantidade de dinheiro gasto nas campanhas. Misté-

rio: de onde vinha?! O novo governador de Alagoas, eleito pelo povo num pleito caríssimo, resolveu economizar pelo bem do Estado. Já brigou com aliados, cortou verbas dos outros Poderes, mas não conseguiu se juntar às entidades que se propõem a descobrir o caminho errado do dinheiro público. Não aprendeu, ainda, a usar carros e vender o helicóptero. Vai até o Benedito Bentes pelo ar. O momento aconselha-o a descer do pedestal e sentar numa simples cadeira. E lá vamos nós tentando sair da crise derrubando velhos caciques acostumados a comportamentos diferentes, tipo: uma empresa pagando a pensão de filhos, carros caríssimos em garagens variadas, residências luxuosas em diversos lugares, sobrinhos na Austrália recebendo pelo Legislativo, comissionados com salários dobrados que viram cabos eleitorais. Felizmente, Deus mandou os anjos do bem para nos proteger e mostrar ao povo brasileiro as origens da enorme quantidade de dinheiro utilizado nas eleições. Só Ele mesmo na causa!

Os pontos positivos da crise ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

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prendi, desde pequena, que de toda experiência negativa devemos retirar algo positivo. Passei, então, a refletir sobre a crise por que passa o povo brasileiro: a inflação sobe, o desemprego aumenta, os mais pobres passam fome, a educação amarga perdas irreparáveis, a saúde despenca e por aí vamos nós, rumo ao desastre. Mas a Polícia Federal tem desempenhado um importante papel em todo o país e vem descobrindo de onde vinha tanto dinheiro para as eleições, nas ações conjuntas entre políticos e empresários. Um exemplo excelente é a Operação Lava Jato, que se encontra nas manchetes da imprensa escrita e falada há mais de um ano; sem contar com taturanas, mensaleiros e outras espécies de pessoas operadoras do di-

nheiro público. O Ministério Público Federal também tem sido de suma importância nesse processo de limpeza realizado em vários estados. Vejo procuradores federais, rapazes novos, engajados no descobrimento de outros bichos sabidos. Em Alagoas, não vamos esquecer do nosso Ministério Público Estadual, que conseguiu afastar, mesmo temporariamente, uma Mesa Diretora da Assembleia Legislativa que vinha usando o dinheiro público como se dela fosse. O MP sofreu represálias, inclusive com a redução de seu orçamento, recuperou as perdas, já ingressou na Justiça através de vários processos contra o Legislativo e continua fiscalizando as entidades que saem dos trilhos da legalidade. Na Justiça Federal, o juiz Dr. Sérgio Moro, um moço jovem do Paraná, corajoso, tem mostrado ao Brasil quem são os envolvidos na Operação Lava Jato. Tenho certeza das pressões exercidas sobre o magistrado, mas até agora não esmoreceu. Que Deus lhe dê forças para ir até o fim.


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TRABALHO

Crea propõe que Legislativo crie Frente Parlamentar da Engenharia alagoana Lançamento oficial está marcado para o próximo dia 21 ASSESSORIA

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companhado do deputado e engenheiro agrônomo Inácio Loiola (PSB), o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL), Fernando Dacal, esteve reunido com o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Dantas (PMDB), para propor a criação da Frente Parlamentar da Engenharia no Estado. A parceria entre as duas instituições pretende defender as demandas do Crea. O lançamento da Frente acontece no próximo dia 21, quando acontece o encerramento do Colégio de Presidentes, mar-

cado para iniciar dia 19 deste mês. “Nossa intenção é criar a Frente Parlamentar na presença de todos os presidentes dos Creas. E ainda este mês iremos pautar as demandas da categoria junto aos parlamentares. E uma delas é exatamente a luta pelo cumprimento do piso salarial do profissional”, disse o presidente Fernando Dacal, certo de que a iniciativa vai estreitar laços com o Poder Legislativo alagoano. Formado na área da agronomia, o presidente da Assembleia, Luiz Dantas mostrou interesse em colaborar com os anseios do Crea. “É do nosso interesse fazer essa parceria. Vo-

cês podem contar conosco para a criação da Frente Parlamentar e contam também com o nosso apoio em relação aos interesses da categoria. Estamos aqui à disposição de vocês”, disse Dantas. O presidente da Casa de Tavares Bastos declarou o seu apoio ao colega parlamentar Inácio Loiola, que segundo ele, tem todas as qualidades e competência para assumir o cargo. Inácio destacou o momento histórico vivido pelas duas entidades, que agora vão caminhar juntas, buscando sempre o melhor para os profissionais vinculados ao Crea e, consequentemente, os futuros profissionais.

Presidentes da ALE e Crea no encontro que definiu criação da frente

“Essa reunião entra para história. Pela primeira vez vamos compor essa importante comissão. Tenho certeza que outros parlamentares apoiarão a causa”, falou Loiola. Além

de Dantas e Inácio, o deputado Olavo Calheiros também faz parte dos profissionais da engenharia. O deputado Galba Novaes (PRB) também esteve presente no encontro.


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Esporão afiado

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CRB, neste sábado, às 16 horas, em Maceió, vai pegar o Criciúma no Rei Pelé. Além de Mazola Júnior, o técnico poderá contar com outros titulares liberados pelo Departamento Médico, bem como os que foram punidos com cartões. Zé Carlos, um dos artilheiros da Série B, pode ser um deles.

Que lance! Zé Carlos, vale lembrar, só não fez gol de placa no domingo (famoso “gol de letra”) por sorte do goleiro timbu. Artilheiro regatiano (com 22 gols), ele ocupa a 9ª posição.

Sabor de vitória O ASA, comandado por Vica, está confiante quanto à sua classificação para subir para a série B em 2016. E o empate com o Botafogo (2x2), na Paraíba, foi muito importante para o time alvinegro.

Copa São Paulo Desta vez, CRB e CSA ficam de fora. Os representantes de Alagoas na Copa São Paulo de Futebol Sub-20 (Júnior), que acontecerá de 2 a 25 de janeiro de 2016, devem ser ASA, campeão alagoano deste ano, e o Dimensão Saúde (vice).

Classificação No site da Federação Alagoana de Futebol sub20, os melhores pontuados no estadual foram: 1º, ASA (12 pontos); 2º Desportivo Aliança (10); 3º, CRB (também com 10); e 4º, Dimensão Saúde (3 pontos).

Rodada de abertura

Na mira do Real

O resultado dos jogos do estadual de voleibol feminino, rodada de abertura no sábado anterior, foi este: CRB/Monsenhor 3 x 0 Fênix/ Expoente Oceano/Peixoto; e Beira Mar/São Lucas 3 x 1 PVC/Julieta Ramos.

A semana tem sido intensa para o jovem Luan, do Grêmio. Depois de terminar o Gre-Nal como o grande destaque da partida, com dois gols, o atacante agora é citado como um dos “desejos ocultos” do Real Madrid na janela de transferência, com outros quatro sul-americanos: o centroavante Aguero, o lateral Alex Sandro, atualmente no Porto, Lucas Romero, do Vélez, e Nicolás Gaitán, do Benfica. Inclusive, cita o apelido dado pelos gremistas de “Luanel Messi” para o jogador. O jornal espanhol AS apontou os cinco atletas como objetivos do clube madrilenho ainda para esta janela de transferências.

Curiosidade No jogo entre CRB e Náutico (1 x 0), no domingo anterior, no Trapichão, os torcedores acharam interessante a atitude de um dos auxiliares do árbitro, que, em posição de sentido, prestou continência na hora do Hino Nacional. Foi um ato que o identificou como sendo militar.

Rever dívidas Uma luz para os clubes brasileiros de futebol zerar a dívida de R$ 4 bilhões. Trata-se do financiamento bancado pelo governo e sua inclusão no Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut). O projeto foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff.

Três rodadas Neste campeonato Brasileiro das séries A e B, já prestes a fechar o primeiro turno, o número de técnicos demitidos dá para fazer um time de futebol, e com reservas. Na lista constam estrelas, inclusive até uns que comandaram a seleção brasileira.

Última lista A turma dos dispensados na Série A: Luís Felipe Scolari (Grêmio), Diego Aguirre (Inter), Guto Ferreira (Ponte Preta), Adilson Batista (Joinville), Hélio dos Anjos (Guarani), Wanderley Luxemburgo (Fla), Dorival Júnior (Vasco) e Ricardo Drubscky (Fluminense).

Nova rodada

Terceira vez

Para a 18ª rodada do Brasileiro, primeiro turno, os cinco clubes que entram classificados nos cinco primeiros são baianos: 1º, Vitória; 2º, Bahia; 3º, América-MG; 4º, Botafogo; e 5º, Sampaio Corrêa.

Segundo Adeilson Cassemiro, técnico de Ingrid: “Ela joga na meia-direita e meio-ataque e, apesar da pouca idade, tem qualidades que podem ajudar a seleção brasileira”. Ela realiza seus treinos no Trapichão. É terceira alagoana a estar na seleção. As outras foram Geyse (Pretinha) e Bárbara.

Ingrid na seleção Na seletiva do mês anterior em Maceió, com a presença do técnico Dorival Bueno, da seleção brasileira de futebol feminino, somente Ingryd Fernanda, 17 anos, foi convocada. Integrante da equipe do União Desportiva, ela viajará para o Rio de Janeiro no próximo dia 30.

Futebol de salão A Secretaria Municipal de Esportes está promovendo o Campeonato Futsal Maceió 200 anos no Ginásio Arivaldo Maia, no Jacintinho. São 32 equipes masculinas e 17 femininas inscritas. Os jogos, que acontecem às sextas-feiras, serão disputados de agosto a dezembro. Trata-se de evento comemorativo do bicentenário de Maceió.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Segurança

Sem reajuste

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Rui Palmeira demorou, mas hoje é insistente no promocional da sua administração na Prefeitura de Maceió. É natural. Não seria uma coincidência por 2016 ser época de eleições?

m Maceió, áreas de calçada não oferecem segurança para o cidadão caminhar tranquilo. A falta de confiança estranhou um turista paranaense. Os motivos? Será mesmo preciso dizer? !

Coisas da vida!

Construir presídios como prevenção ante o avanço da violência no país é ato de segurança. Mas qual razão para ignorar ações capazes de reintegrar na sociedade menores sozinhos nas ruas?

Para estressados Do escritor Allan Percy: Livro Nietzchen para estressados: “Se você for magoado por um amigo, diga a ele: ‘eu o perdoo pelo que me fez, mas como poderia perdoá-lo pelo que fez a você mesmo?’” Pega bem como conselho a administradores públicos.

Margem de confiança A bancada de Alagoas no Congresso apoia ou pula do barco da presidente Dilma Rousseff? Na pauta, a insistência dos tucanos pelo impeachment. Petista admitem que 200 votos no Congresso freiam as intenções oposicionistas.

União e força?

Mulher no trabalho

O vereador Kelman Vieira, presidente da Câmara Municipal de Maceió, tem participado de inaugurações de obras ao lado de Rui Palmeira. A mais recente trata-se de um Centro de Educação Infantil.

A Braskem se une à ONU no incentivo à igualdade de gênero e do empoderamento da mulher no trabalho e nas comunidades. O ato foi oficializado no último dia 7 com a presença de representantes da ONU e da Rede Brasileira do Pacto Global.

Outros na solenidade Rui Palmeira, com bancada majoritária na Câmara, teve também ao lado, na inauguração, os vereadores Guilherme Soares (PROS), da Comissão Permanente de Educação, Eduardo Canuto (PV), líder do governo, e Antônio Hollanda (PMDB).

Tempos de Seca O governador Renan Filho (PMDB ) instalou Comitê de Combate à Seca no Agreste e no Sertão. São 38 municípios que enfrentam estiagem prolongada e ações repetitivas de anos anteriores.

Fim da gratuidade No Senado tramita o projeto de lei que extingue “carteirada” da gratuidade nos ônibus, mas de custos repassados para usuários sem o privilégio. A proposta é do senador Romário (PSB).

Extensão Proposta de Romário mexe no Código Penal, principalmente a inclusão de cláusulas punitivas. Uma delas, detenção de três meses a um ano e multa em valor a ser fixado com base no salário mínimo.

Da punição Romário propõe também o fim de benesse às autoridades ou familiares, membros dos três Poderes, comandantes das Forças Armadas e agente público que ameace ou constranja usuários.

Trânsito Vereador Sílvio Camelo (PV) intermedia um entendimento da Prefeitura de Maceió com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Na pauta, ainda o projeto cicloviário da Avenida José Lages, na Ponta Verde.

Apelo de Camelo “Devemos minimizar desdobramentos prejudiciais , sejam para empresários ou moradores.” Frase do vereador Sílvio Camelo tem a ver com o entendimento sobre o tráfego na Deputado José Lages.

Enfim, a decisão! O Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas vai ou não ficar com área anunciada recente como ideal para a construção da sede própria? Ou a decisão se esbarra na questão de o local ter sido considerado área de lixão?

Dois pesos? Reajustar salários em 90,25% para delegados da Polícia Federal, estaduais e procuradores de estados e municípios, cidades com mais de 500 mil habitantes, tudo bem. Mas o salário mínimo de 2016 terá um percentual compatível?


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

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Queimadas de agosto Considerado o mês mais seco do ano, agosto começou registrando baixa umidade do ar e tem média de 20 focos de queimadas por dia nos estados do Sudeste. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que índices de umidade inferiores a 60% não são adequados à saúde. A queda no índice de umidade favorece a ocorrência de queimadas. Entre domingo passado e a manhã de terça-feira, 11, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) flagraram 60 incêndios em matas.

Energia das marés Os governos estão investindo na força das marés como fonte complementar para obter energia. A captação de energia é feita por lâminas que giram sob o mar. As usinas de marés são mais previsíveis do que as movidas a vento, já que o movimento das águas tem precisão de relógio. Elas também fornecem energia mais barata porque a densidade da água é muito maior que a do ar, e as turbinas subaquáticas se movem bem mais lentamente para produzir a mesma quantidade de energia. O governo dos EUA está financiando com US$ 16 milhões o desenvolvimento de projetos para utilizar esse tipo de energia. Um relatório identificou um potencial de geração anual de 1.400 terawatts-hora por ano. Apenas um terawatt-hora é capaz de abastecer 85 mil lares.

Túnel de animais extintos

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esquisadores do Serviço Geológico do Brasil descobriram, no mês passado, a primeira toca de preguiças gigantes da região amazônica, extintas há milhares de anos na América do Sul. A “paleotoca” existe há pelo menos 10 mil anos e tem, no mínimo, 100 metros de extensão. Após contato com pesquisadores da UFRGS e da Unesp, a equipe técnica do Serviço Geológico voltou a campo em busca de evidencias fósseis dos antigos moradores do local. A pesquisa na região faz parte do Projeto Geodiversidade de Rondônia, que busca identificar sítios geoturísticos que podem contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado.

Bicicleta elétrica Em Schweinfurt, na Alemanha, é produzida uma bike que recebeu um prêmio de melhor bicicleta elétrica. Essas bicicletas são conhecidas como S-Pedelec. Os motores têm uma tração elétrica que ajuda o condutor a pedalar até 45 quilômetros por hora. Para utilizá-las é preciso Carteira de Habilitação. As bicicletas que possuem um motor com mais de 250 watts de potência serão sujeitas a novas regras de homologação até ao final de 2015. As estimativas dizem que o mercado pode crescer o triplo nos próximos cinco anos. Os argumentos são convincentes: além de ter um ótimo preço, ela é o transporte urbano menos poluente.

Estrada de plástico reciclado A prefeitura da cidade de Roterdã, na Holanda, está considerando implantar um novo tipo de cobertura para suas ruas. Considerada por seus criadores como uma alternativa mais sustentável ao asfalto, a empresa VolkerWessels apresentou uma superfície feita inteiramente com plástico reciclável, que é recheada de vantagens: pouca manutenção, resistência a grandes variações de temperatura, construção rápida e prática e são mais leves para reduzir o impacto no solo. A empresa espera conseguir construir a primeira estrada completamente reciclada em até três anos.

Cheiro de mar Pesquisadores estão começando a descobrir que os impactos da maresia vão muito além da corrosão de materiais - ela pode influenciar no clima da Terra e até agravar o aquecimento global. A cada onda que quebra, uma nuvem de partículas se desprende do mar e fica suspensa na atmosfera em forma de aerossóis. É o que chamamos de maresia. Uma cientista de San Diego, nos EUA, descobriu que, dependendo da composição e características das nuvens que são formadas, podem até piorar o aquecimento global.

Rio cor de mostarda O rio Animas, no Estado do Colorado-EUA, está interditado desde 5 de agosto, quando cinco funcionários da agência ambiental despejaram, acidentalmente, água tóxica armazenada na piscina da mina desativada Gold King. Chumbo, cádmio, alumínio e arsênico estão entre os metais pesados na água laranja que contamina o Animas. Autoridades têm realizado testes para proteger fontes de água potável, porém mais de mil poços podem ter sido afetados pela água alaranjada, que se espalha por 160 km, até o Estado vizinho do Novo México.

Botos da Baía de Guanabara Os botos-cinza da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, estão entre os animais marítimos mais contaminados do mundo. O boto-cinza é hoje um animal em extinção. De uma população de mais de 800 animais na década de 1970, hoje restam apenas 36. A Baía de Guanabara virou um estacionamento de navios, e a poluição acústica produzida por essas embarcações espanta a fauna. Estão sendo retiradas três a quatro áreas de lama do tamanho do Maracanã, e 30% desse material está contaminado por metal pesado, provenientes dos navios e da produção de petróleo na baía, e isso está acabando com a pesca e com os botos.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Atenção aos vulneráveis!

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ma nova fonte inesperada de problemas para a indústria automobilística surge à medida que aumenta o número de carros conectados à internet por vários aparelhos, do telefone inteligente às centrais de multimídia. Interferências eletromagnéticas há muito tempo são monitoradas em exaustivos testes até se alcançar blindagem contra elas. Quando os automóveis Toyota nos EUA provocaram acidentes em razão de acelerações descontroladas, uma das hipóteses, sem comprovação, foi de frequências exóticas de bases militares. Telefones celulares, em aviões, ainda têm restrições de uso. Em veículos terrestres, esse assunto parece superado. Porém interferências reais por meio de hackers – especialistas em programação de computadores – geram preocupações nos EUA. Os chamados hackers do

pitstop

bem, que descobrem vulnerabilidades em sistemas, demonstraram ser possível controlar um automóvel à revelia do motorista. Fizeram brincadeiras, como colocar o som no máximo volume e até desligaram o motor em um Jeep Cherokee de cobaia. Parecia coisa de ficção, mas não era. A situação ficou séria, pois levou a FCA a convocar 1,4 milhão de unidades para mudar programação do sistema multimídia. A fábrica optou pelo envio de um pen drive de atualização. O órgão de segurança veicular do governo americano (conhecido pela sigla NHTSA) investiga se outros fabricantes poderiam igualmente ser afetados. Anomalias semelhantes, mas sem perdas nos controles de motor, direção e freios, já tinham sido detectadas e solucionadas pela BMW e suas subsidiárias MINI e Rolls-Royce. Até mesmo a Tesla, marca

americana de sedãs elétricos de luxo, sofreu um ataque planejado em baixa velocidade. A empresa se vangloriava de ser mais competente que as outras, mas dois especialistas em segurança cibernética fizeram uns testes. A Tesla reconheceu a vulnerabilidade e corrigiu o problema, embora alegasse que os testes foram executados a bordo, e não a distância. Desculpa fraquinha. Metade dos 75 milhões de veículos leves vendidos em todo o mundo este ano terá algum grau de conectividade. E, daqui a 10 anos, acreditase que serão até 250 milhões, desde os convencionais até os de condução autônoma. Automóveis deverão, também, receber programas antivírus como os computadores pessoais de hoje? Improvável que aconteça. Fabricantes de veículos e de sistemas de informática já estão bem entrosados contra

ações de hackers do mal. Atualizações poderão se tornar eventuais nas linhas de montagem, nas concessionárias ou mesmo por meio remoto e de forma automática, sem necessidade de recall. Mas nunca se sabe... O fato é que nada vai parar os avanços de conectividade. Nem mesmo o primeiro acidente com feridos leves do modelo de condução autônoma da Google nos EUA, apesar de provocado por um veículo comum. Uma prova do interesse crescente nessa tecnologia foi uma rara união de três grandes marcas rivais, Audi, BMW e Mercedes-Benz, para comprar por US$ 3 bilhões a plataforma de mapas digitais Here, da Nokia. Precisão e confiabilidade de rotas são essenciais em um veículo que se autodirige, e também nesse caso atualizações são cruciais para segurança e sucesso desse recurso.

remetem a esportividade. O carro será vendido apenas na versão 4 portas, pois a montadora acredita que o duas portas não seria bem aceito no mercado por questões culturais do brasileiro. Confira o preço e os itens de série de cada versão: Move Up TSI – R$ 43.490,00 – Direção elétrica, distribuição eletrônica de frenagem, ar-condicionado, faróis com máscara negra, vidros dianteiros elétricos, sistema de som com entrada USB, auxiliar e bluetooth. Os opcionais são: sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve e faróis de neblina, que custam R$ 1 mil. High Up TSI – R$ 48.040,00 – Rodas de liga leve aro 15, pneus verdes (com baixa resistência ao rolamento), faróis e lanterna de neblina, bancos com revestimento misto (couro sintético e tecido), volante com preto brilhante, sensor de

estacionamento traseiro e todos os itens da versão acima. Os opcionais são: preparação para receber o sistema Maps&More e o próprio sistema, que custam R$ 1.516,00. Black, Red e White Up TSI – 48.690,00 – Acabamento interno diferenciado com couro sintético, detalhes externos de acabamento, soleira das portas dianteiras em alumínio, rodas de 15 polegadas com desenho diferenciado e todos os itens já citados acima. Os opcionais são: Sistema Maps&More, preparação para instalação e bancos de couro, que juntos custam R$ 2.296,00. Cross Up TSI – R$ 47.030,00 – Os equipamentos são os mesmos da versão High Up, as rodas tem desenho exclusivo, faróis de neblina com acabamento diferenciado, apliques nas caixas de roda e outros detalhes diferenciam esta versão. Os opcionais são: Sistema Maps&More, preparação para instalar e bancos de couro, que juntos custam R$ 2.296,00. Speed Up TSI – R$ 49.990,00 – Os itens de série seguem a lista das versões Black/White/red.

Volks aposta no Up TSI para crescer em 2016

Montadora quer recuperar a participação perdida e, para isso, prepara outras novidades A Volkswagen está preocupada com a queda de participação nas vendas internas este ano, que passou de 17,6% para 15,5% no primeiro semestre. Por isso, já começou a se mexer para tentar recuperar o que foi perdido, e o primeiro passo foi o lançamento do Up TSI, na última sexta-feira (24), em Campina. Durante o lançamento do Up TSI, o novo presidente da empresa na América do Sul, David Powels, comentou a situação do Brasil: “O momento econômico nacional é muito complicado, mas o Brasil tem muito potencial. Nós acreditamos que este ciclo ruim acabará e o país voltará a crescer”. Conheça o Up TSI O carro de entrada da Volkswagen chega

ao mercado com novo motor 1.0 3c TSI, de 105 cavalos, que acelera de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, tem velocidade máxima de 184 km/h e será produzido na fábrica de São Carlos, interior paulista, que receberá investimento de R$ 450 milhões até 2018. Este motor TSI é o primeiro a ser produzido no Brasil. O câmbio é manual de cinco marchas, que passou por algumas mudanças, para alongar as marchas. Uma versão automatizada pode surgir no mercado, mas a Volkswagen guarda este segredo a sete chaves. O Up TSI é 4 cm maior no comprimento, com pequeninas mudanças no para-choque, e a tampa do porta-malas será preta em todas as versões, diferenciando o Up TSI do Up tradicional. Internamente, o acabamento segue o padrão das demais versões do Up, mas trazendo alguns diferenciais, que

RODA VIVA ENQUANTO o índice de confiança dos compradores não melhorar – só no segundo trimestre de 2017, segundo analistas –, vendas de veículos continuarão deprimidas. Julho teve dois dias úteis a mais que junho, e, mesmo assim, estoques diminuíram de 46 para 45 dias apenas. Exportações reagiram 11%, mas produção total até julho ficou 18% abaixo de igual período de 2014. NISSAN chegou a cogitar e desistiu de trazer do México o Note para não prejudicar cota de importação do Sentra. Também não vai produzi-lo em Resende (RJ) devido à má fase do mercado brasileiro, apesar da mesma arquitetura do March. Guarda forças para o crossover Kicks. Fit manterá, então, domínio de 50% dos monovolumes pequenos, embora pareça mais um hatch de teto alto. RENEGADE está próximo em vendas do líder HR-V, mas a luta permanece indefinida. SUV compacto da Jeep tem vantagem de oferecer sete versões, dois motores (flex e diesel) e três câmbios (manual de 5 marchas e automático de 6 e 9 marchas). Suspensões são inigualáveis pela relação conforto/ estabilidade, confirmada no uso diário. Materiais de acabamento interno, também muito bons. REFORÇOS estruturais para desempenho fora de estrada levam o Renegade a pesar mais do que o ideal. Dessa forma, motor flex (principalmente com câmbio automático) é pouco, e versão a turbodiesel de preço elevado até sobra, muito mais pela grande diferença de torque do que de potência. Espaço no habitáculo impressiona bem, porém o porta-malas de 260 litros perde para concorrentes. PORSCHE acaba de instalar filial própria no País. Passo natural para a marca que vê um mercado em expansão, como demonstram as vendas do segmento premium e, mais que isso, o potencial. O fabricante alemão atingiu 200.000 unidades/ano no mundo, crescimento assombroso. Há duas décadas vendia apenas 18.000 carros/ano.


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ARTIGO

Julgadores que vendem sentenças JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

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uando resolvi ser engenheiro, eu já sabia que seria mal remunerado, diferente de muitos “doutores de meia-tigela” que ganham muito mais do que eu e que fizeram seus cursos “a distância” em poucos anos, com direito a estudar por procuração e se formar, mesmo sem ter frequentado às aulas. Meus cinco anos de Engenharia foram em aulas diárias, estudando até altas madrugadas, mas não tenho nenhuma frustração, por ser mal remunerado pelo governo, como funcionário estadual. Meu maior lamento é porque sabemos que outros profissionais ganham muito bem, mesmo faturan-

do através da venda imoral de sentenças, como deve ter feito, recentemente, um “julgador rabo de cabra”, apelidado de desembargador. Não tenho nenhum arrependimento por ter abraçado a minha linda profissão de engenheiro; porém não posso deixar de me sentir injustiçado pelo fato de muitas formaturas terem sido “feitas nas coxas”, depois de certos personagens terem frequentado cursos ou feito certos concursos graciosos. Como vocês souberam, através de toda a imprensa, nesta semana que se passou, um traficante dos mais famosos e processados no Brasil havia sido preso com oito toneladas de cocaína pura, e um mês depois, um desembargador concedeu um “habeas corpus” para libertá-lo. É por isso que o Brasil está todo afrangalhado, devido às leis imorais que temos, como essa que soltam traficantes de oito toneladas de cocaína pura.

Depois dessa notícia, eu resolvi anunciar uma solução para acabar com violência no Brasil e, talvez, no mundo. Nenhum estudioso, por mais especialista que seja no assunto, ainda não descobriu a solução para os grandes problemas nacionais, os quais se referem à recuperação de presos e ao grande problema carcerário. Depois de tantas mentiras que são ditas sobre a recuperação de presos e sobre a diminuição da criminalidade, eu acho que está na hora de dizer o que eu descobri. É que eu vou me empenhar a orientar a todas as autoridades para que possamos diminuir, drasticamente, os índices da nossa criminalidade. Pelo que tenho visto, não serão mais necessárias as penitenciárias que estão sendo anunciadas, e não pensem que eu estou maluco!!!. Repito, vou acabar com a violência e, se alguém não acreditar, pode mandar

me prender como um cientista louco que prometeu acabar com a violência. Tudo que os livros técnicos já disseram e tudo que já foi discutido nos melhores compêndios, nas melhores universidades e através das mais brilhantes teses, será resolvido com a minha descoberta. Basta que façam o que eu estou dizendo e tudo será resolvido em poucos anos. Rasguem o Código Penal, o Código de Processo Civil, a Constituição Brasileira e todas as demais leis, códigos, instruções e tudo que se refira a crimes. Façam o que eu estou dizendo e o Brasil estará livre dos julgadores que vendem sentenças. Basta que acabem com a “impunidade” e prendam o “habeas corpus”.

Em tempo – Eu tenho um amigo que gosta dos meus escritos e sempre está me parabenizando. É o sr. Dagoberto Calheiros.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

O adeus a José Jurandir

A

migos, familiares e lideranças políticas, comunitárias e empresariais do interior alagoano estiveram presentes no sepultamento do jornalista José Jurandir – o JJ, ocorrido na manhã de quarta-feira, 12, na cidade de Maribondo. O corpo do escritor e jornalista foi velado na Câmara Municipal com a presença de diversas autoridades, dentre elas o prefeito da cidade, Antônio Ferreira, prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, deputado estadual Antônio Albuquerque, exdeputado Jeferson Moraes, vereadores e secretários municipais.

Faleceu em Arapiraca José Jurandir faleceu na noite de segunda-feira, 10, no Hospital Regional de Arapiraca, onde estava internado e lutando contra um sério problema de saúde. De acordo com o jornalista Adalberto Custódio, José Jurandir, ou simplesmente JJ, iniciou sua carreira em Palmeira dos Índios como repórter da Rádio Educadora Sampaio. Anos depois foi trabalhar no Rio de Janeiro no jornal Luta Democrática e na rádio Difusora de Duque de Caxias, do então deputado federal Tenório Cavalcanti, que ficou conhecido nacionalmente como o “Homem da Capa Preta”.

Grande profissional De volta a Alagoas, José Jurandir trabalhou nos jornais Gazeta de Alagoas, Jornal de Alagoas, Bastidor, Debate, Momento e no jornal EXTRA, além de passar por várias emissoras de rádio em Maceió. Em Maribondo foi vereador por várias vezes. Paralelo ao jornalismo, JJ também escreveu vários livros e era membro da Academia Maceioense de Letras e da Academia de Letras e Artes de Palmeira dos Índios.

“Corredor da morte” Seu último trabalho foi o livro “Corredor da Morte – Mistério das Alagoas”, que narra crimes de pistolagem de repercussão ocorridos em Alagoas, a exemplo dos assassinatos do professor Paulo Bandeira, de Satuba; do vice-prefeito de Pilar, Beto Campanha; e do empresário Paulo César Farias.

Combate ao crime Uma operação integrada deflagrada na quarta-feira, 12, no Sertão alagoano, resultou na prisão de 13 homens envolvidos com homicídios, tráfico de drogas e roubos. A operação faz parte de uma série de ações definida pelo secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar, o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, e pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Lima Júnior.

Duplicação da AL-220 O governador Renan Filho conseguiu, na noite de terça-feira, junto ao ministro do Turismo, Henrique Alves, a confirmação de que o governo federal dará continuidade à obra de duplicação da AL- 220. O trecho liga os municípios da Barra de São Miguel e São Miguel dos Campos. O ministro assegurou a liberação de R$ 10 milhões para o governo alagoano.

Morte na Canafístula A polícia registrou, na noite desta terça-feira, o homicídio de um menor, de 16 anos, no bairro Canafístula, em Arapiraca. Na semana passada, este menor, conhecido como ‘Cabeça’ e um outro homem estavam em uma moto roubada, quando foram surpreendidos por uma guarnição do Batalhão de Polícia Rodoviária e, na fuga, jogaram fora as duas armas que estavam com eles.

Jogo do ASA E o time do ASA seguiu para o Rio Grande do Norte, na manhã de ontem. Nesta sextafeira, a equipe enfrenta o América, na Arena das Dunas, a partir das 21 horas, em partida válida pela 12ª rodada do Brasileiro da Série C. Amanhã, o técnico Vica comanda a última atividade, como encerramento dos preparativos e para definir o time que sai jogando na sexta-feira.

Polícia Federal Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a última fase da Operação para prender membros de uma quadrilha especializada na concessão fraudulenta de benefícios pagos pelo INSS. Médicos-peritos, contadores e servidores do INSS robusteciam esta quadrilha de fraudadores. Estima-se que os prejuízos aos cofres públicos ultrapassem os 10 milhões de reais.

Maragogi O governador Renan Filho foi à Secretaria de Aviação Civil, na quarta-feira, 12, e deu continui-dade às tratativas para a construção do Aeroporto Costa Dourada, que será construído no município de Maragogi, segundo maior polo turístico de Alagoas. O ministro Eliseu Padilha recebeu o governador alagoano, que foi apresentar o estudo da localização escolhida para a unidade aeroportuária, bem como para instalação da pista para pousos e decolagens.

Turismo O Aeroporto de Maragogi é um dos contemplados por meio do Programa de Aviação Regional da Secretaria de Aviação Civil (SAC) da Presidência da República, que tem como objetivo fomentar o turismo fora das capitais. “A descentralização do fluxo turístico para o avanço da mobilidade aérea de Alagoas é uma das prioridades do Governo do Estado”, garante Renan Filho.

PELO INTERIOR ... Com informações de Claudio Roberto: com os trabalhos dirigidos pelo vice-presidente, Sérgio do Sindicato, e pelo segundo secretário, Ronaldy Vital Rios (Roninho), a Câmara Municipal de Arapiraca realizou sua última sessão da semana na noite de quarta-feira (12). ... Foi aprovada indicação do vereador Josias Albuquerque, solicitando ao governador Renan Filho e à direção do Detran em Alagoas, a construção do prédio para a 5ª Ciretran em Arapiraca. ... De acordo com o vereador, a Câmara Municipal de Arapiraca já aprovou projeto da prefeitura doando um terreno para a construção da 5ª Ciretran e que fica localizado ao lado do Ifal, na AL-115, saída para Taquarana. ... Segundo Josias Albuquerque, o governo do Estado vem pagando cerca de 30 mil reais em várias salas no Garden Shopping Arapiraca, onde não oferece as mínimas condições de acomodação para quem precisa dos serviços daquele órgão. ... Ele disse que não é correto que um governo que fala tanto em cortar gastos, tenha que pagar uma quantia exorbitante, sem que possa oferecer, no entanto, boas acomodações párea seus usuários. ... Por sua vez, o vereador Rogério Nezinho, em aparte, disse que haverá um grande empenho tanto do governador Renan Filho como do próprio vice-governador Luciano Barbosa, para que isso aconteça e aproveitou ainda a oportunidade, para parabenizar o go-vernador Renan Filho, pela nomeação do delegado Robério Lima Ataíde para dirigir a 5ª Ciretran, lembrando, que segundo ele, vai dinamizar mais ainda o trabalho daquele órgão. ... Josias Albuquerque, ao falar sobre os acidentes na AL-220, disse que apesar de ser uma rodovia bastante movimentada, muitas pessoas colocam em risco a própria vida por irresponsabilidade. ... Ele citou como exemplo, que presenciou um jovem que estava andando de patins em plena via da AL-220, como se ali fosse um local para patinação.


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

Só agora o “aperto” O governo, depois de 12 anos de gastos astronômicos, só agora quer mudar e seguir a mesma cartilha do período anterior aos últimos oito anos: arrocho salarial, cortes nas despesas e até privatização de estatais. Se não fizer isso, o país voltará aos velhos tempos da hiperinflação do governo Sarney, que adotou três planos de congelamento e preços e salários. Mas, mesmo assim, ela voltou e chegou ao confisco do mercado financeiro no governo seguinte.

Não adianta reclamar!

O

cidadão tem que se conformar mesmo com o que ganha e procurar economizar ao máximo para atravessar este período de recessão, que já ocorreu em várias oportunidades nos últimos 30 anos. Se países ricos da América do Norte (a exemplo dos EUA e Canadá) e da Europa já passaram por isso, como o Brasil ficaria imune a uma crise econômica que provoca queda na produção, desemprego e quebradeira de empresas? A inflação está crescendo, mas jamais em patamares como os da década de 1980 e início dos anos 90, quando chegou a atingir 84% ao mês. Ainda não chegou aos dois dígitos. Nem chegará, porque os consumidores já aprenderam a economizar, pesquisar preços e só comprar realmente o necessário. O grande problema é que a imensa maioria da população, principalmente a classe média, seguiu o governo, gastando mais do que ganha, diante de tantas facilidades no crédito. Agora se encontra “no fundo do poço” e não sabe como sair. Dica: negocie com o credor, peça dispensa de juros e multas, pague e prometa nunca mais se endividar. Não vivemos na Escandinávia, onde todos são ricos, felizes, sem violência, sem endividamento. O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes e a mais brutal concentração de renda do mundo. Aqui, mais da metade estão endividados. Não caia na tentação do “dinheiro fácil” oferecido pelas financeiras no crédito consignado, ou mesmo das próprias lojas que garantem pagamentos parcelados sem juros, quando, na realidade, embutem esses juros no preço.

Seu orçamento Já estamos no oitavo mês do ano, e seu orçamento doméstico vem seguindo as dicas da coluna desde janeiro? Se não, procure seguir à risca, com a regra básica: minimizar os custos e maximizar os lucros, ou seja, reduzir despesas e deixar parte do salário para uma reserva financeira. As empresas fazem assim, mas o governo não: gasta sempre mais do que arrecada e pede emprestado para cobrir suas despesas. Siga o primeiro exemplo.

Pagando em dia Com os juros nas alturas, qualquer dívida não paga no prazo certo vai crescendo, acrescida das multas, podendo ficar impagável. Portanto, evite isso e pague em dia as contas de energia, água, telefone, prestações diversas, principalmente a fatura do cartão de crédito e o cheque especial usado. Se ficar pagando apenas o mínimo, chegará o dia em que não será possível mais pagar a dívida. Os juros nesse sistema de crédito chegam a quase 20% ao mês. Um verdadeiro “suicídio financeiro”. Fuja disso!

Sem chance Maribondo - Alagoas, setembro de 2000 Lurdes era uma eleitora que participava ativamente da política maribondense. Era conhecida pela transgressão e a irreverência durante o processo eleitoral. Certa ocasião, discutia-se calorosamente sobre quem se elegeria vereador na eleição que se aproximava. Alguém prognosticou : O Val-2000, dessa vez, vai se eleger. E justificou: - Ele está com muito dinheiro guardado e além da família, tem muitos amigos prometendo ajudá-lo. Lurdes saltou com quatro pedras na mão e indignadamente, detonou: - Eu prometo ficar nua no meio da rua. E, num gesto erótico, apontando para a região púbica, acrescentou: - E dou essa aqui ao primeiro que aparecer, se esse otário ganhar a eleição. Val-2000 já havia disputado várias eleições sem jamais passar dos 30 votos em cada pleito. Dias depois, realizaram uma pesquisa eleitoral na cidade. Marcelo, um vizinho de Lurdes, foi ouvido por um dos pesquisadores. Para surpresa dos amigos que estavam presentes, declarou que iria votar em Val-2000 para vereador. Alguém que estava ao lado, admoestou-o - Ô Marcelo, você está doido? Vai mesmo votar nesse candidato m...? E Marcelo: - Você sabe, eleição é uma caixa de surpresas, de repente pode dar a louca nos eleitores e faço questão de comer a Lurdes. É o que mais desejo nessa vida!


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CRÔNICA

Sustentar o não saber virou um ato revolucionário FERNANDO TENÓRIO*

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u já estava com saudades de Mariana, uma grande amiga, quando recebi uma ligação dela. A voz doce não se fazia presente. Havia muita angústia desde as primeiras palavras: – Alô! Preciso desabafar.

Ela me contou sobre sua indecisão entre continuar ou romper um relacionamento de seis anos. Falou da dor e da delícia de estar namorando, das agruras de ver um mundo tão vasto e de sua condição “restrita”. Foi então que ouvi: “Estou indecisa. Dividida. O que faço?”. – Dividida? Espera, e depois decide. – Esperar é não fazer nada. Eu poderia continuar escrevendo sobre os dissabores amorosos de Mariana, mas fiquei com sua resposta ecoando na cabeça: “Esperar é não fazer nada”. Pensei e vi que não existe frase mais contemporânea que essa, um símbolo da nossa era narcísica. Vivemos um período no qual todos pensam saber de tudo. Sustentar o não saber virou uma heresia. Um pecado quase mortal. Dizer que não temos opinião sobre algo e que estamos pensando acerca daquilo nos joga num gueto, no subgrupo dos que não dão passagem ao novo. O sujeito verborrágico, que utiliza pa-

lavras bonitas e desconhecidas para esconder a fragilidade do seu discurso, é símbolo dos nossos tempos. O homem moderno é assim: mesmo que não tenha nada para dizer, não pode ficar calado. O silêncio, coitado, ficou como produto extinto. Esse homem moderno reproduz clichês o tempo todo, sobre tudo o que leu porcamente na internet, e grita, de peito estufado, dentro de um carro cheio de prestações a serem pagas: “Não me arrependo de nada!”. Na modernidade, não há espaço para o arrependimento. O arrependimento pressupõe reflexão, sofrimento e mudança. E tudo isso gasta tempo, produto que menos temos. As informações estão disponíveis a todo instante. Da vida amorosa da dentista do Papa até a macroeconomia. A velocidade é tão grande que não temos tempo de parar, refletir sobre o que lemos e sabemos; ver os interesses que permeiam as reportagens. Sempre que lemos/ vemos uma reportagem, devemos fazer três perguntas: quem vai ganhar dinheiro com isso? Quem vai perder dinheiro com isso? Quem vai ganhar com os ganhos de alguns e as perdas de outros? A verdade é que ninguém faz isso. Compartilhamos e copiamos tudo, sem nem pensar nas consequências. Quem de nós não vive feito máquina com a rotina que nos oprime a comprar, como sinal de felicidade? Viver é um teclado de celular, onde temos que apertar o botão verde para avançar e o vermelho para dizer não. O tempo da pausa, para o hiato reflexivo, virou démodé. A geração

que se habituou a tomar decisões rápidas com os videogames levou isso para o mundo real. O esperar virou não fazer nada, não é mais uma opção. Sempre é tempo de decidir e não há algo mais gerador de ansiedade do que isso. Talvez por essa razão, tanta gente esteja procurando serviços de psiquiatria/psicologia, como sintoma do sofrimento de viver assim, espremido entre o sim e o não, faltando o ar. As pessoas respiram apressadas, andam apressadas, apressam-se para se apressar. Não há tempo para elaborar um luto, o nascimento de um filho, a dor de um amor que já não existe mais. A assustadora venda de remédios para diminuição da ansiedade prova o que falo. Então, querida Mariana, esperar é fazer alguma coisa, sim. É deixar que a desordem interna ganhe alguma ordem. Que a sua divisão escolha um lado. É respeitar o que você é, com contradições e ambivalências. É dizer a um mundo que divide tudo binariamente que você quer fugir dessa lógica. É gritar o seu direito por sofrer, chorar e mudar de verdade. Portanto, dizer ao seu namorado e ao mundo que você não sabe o que quer é um ato revolucionário. Não deixe a pressa engolir seu desejo. Sei que é difícil, pois sustentar o que se deseja é a tarefa mais difícil da vida. *Médico formado pela Ufal, tem 26 anos. Alagoano de Maribondo, encontra-se fazendo residência em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, Rio de Janeiro. É autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela editora Viva em 2014 fernandoatn@hotmail.com


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