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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 837 - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015

BANCADA DE ALAGOAS NA CÂMARA VOTA PELO FEUDO DOS CARTÓRIOS

Ministro do Planejamento sugere a Dilma corte de 15 ministérios P/9

Cooperativa de Alagoas e grupo de São Paulo querem arrendar usinas de João Lyra

SÓ JHC É CONTRA A MANUTENÇÃO DA HEREDITARIEDADE NO COMANDO DAS SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS P/6, 7 e 8

PF indicia deputado Arthur Lira por corrupção e formação de quadrilha P/12

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FILME “OLHAR DE NISE” ESTÁ NO 480 FESTIVAL DE CINEMA DE BRASÍLIA

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2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Sertão sem saúde

P

elos serviços precários que oferece aos usuários do SUS, o Hospital Regional de Santana do Ipanema não faz jus aos recursos que recebe. Construída pelo governo federal, a unidade é administrada por uma Oscip (Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde) e recebe mais de R$ 6 milhões por mês, repassados pela União, Estado e Município. Não recebe pacientes com fraturas nem faz exames de tomografia. E pior: não presta conta a ninguém. Com a palavra, a Secretaria Estadual de Saúde.

Viçosa 2016 O empresário Diego Pedrosa desponta como forte candidato a prefeito de Viçosa, mesmo sem ter ainda manifestado interesse na disputa eleitoral. Terra dos Vilela e berço de muitos intelectuais, a cidade sempre despertou o interesse de muitos políticos da região.

Imbatível Em Paripueira, o prefeito Abrahão Moura vai fechar sua gestão com a urbanização da orla, um sonho dos moradores e veranistas do famoso balneário. Bem avaliado nos dois mandatos, Abrahão ainda não tem candidato à sucessão.

Capital político Em meio à avalanche de corrupção que assola o país, o prefeito de Maceió tem se destacado como gestor sério, sem compromisso com a roubalheira. Na falta de grandes obras, Rui Palmeira certamente empunhará a decência como bandeira de campanha à sua reeleição.

Caça-níqueis Após exaurir os cofres das estatais, o PT agora quer licitar mais de 6 mil casas lotéricas em todo o país para arrecadar alguns trocados. A decisão passa por cima da lei – aprovada pelo Congresso e sancionada pela presidente Dilma – que prorroga os contratos atuais por mais 20 anos.

Comenda

Festa de arromba

Gangue do PT Relatório da PF aponta que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto arrecadou R$ 25 milhões via operador de propinas Milton Pascowitch. Delator da Operação Lava Jato, ele foi peça-chave das acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa contra a gangue do PT que assaltou a Petrobras.

Domicílio eleitoral O Senado acabou com a exigência prevista na Lei 9.504/1997, de domicílio eleitoral na região de disputa de pelo menos um ano antes do pleito. “O candidato, independentemente de ter ou não do-micílio eleitoral, estará sujeito ao escrutínio da população local. Se ele julgar negativa essa circunstância, o candidato será punido com baixa votação”, defende o senador José Serra, autor da emenda.

Até tu, Paulão! Causou surpresa, até mesmo entre seus colegas de bancada, a decisão do deputado Paulão (PT) de apoiar a PEC que mantém os cartórios do país sob regime de capitanias hereditárias. Da bancada alagoana na Câmara só o deputado JHC votou contra a medida. Mas nem tudo está perdido: ainda falta aprovação do Senado e promulgação ou veto da presidente Dilma.

O que a cidade de Pão de Açúcar viveu no último dia 22 foi uma coisa espantosa. O prefeito Jorge Dantas comemorou seus 59 anos com uma festa regada a comida, bebida, banda e tudo mais que teve direito. Enquanto as prefeituras estão enfrentando uma grande crise, ele extrapola com gastos. Há poucos dias, ele viajou e abandonou o município durante 15 dias para lazer. Pão de Açúcar é cognominado de pior cidade de Alagoas. É linda por sua natureza, mas o caos administrativo impera naquele município. O Ministério Público quer saber quem pagou a conta, e o Tribunal de Contas deve fazer uma visita à prefeitura.

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O jornalista e radialista Carlos Miranda é homenageado nesta sexta com a Comenda Francisco Guilherme Tobias Granja pelos relevantes serviços prestados a Alagoas. A homenagem acontece em sessão especial da Assembleia Legislativa. Proposta pelo deputado Pastor João Luiz (DEM), a comenda teve aprovação unânime dos demais parlamentares.

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Natural de Minas Gerais, mas radicado em Alagoas desde 1992, Carlos Miranda é portador de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), doença degenerativa ainda sem cura. Passou por praticamente todas as emissoras de rádio do estado e atuava como apresentador de um programa matutino na CBN quando a doença foi descoberta.

Valores humanos

Te cuida, JHC! O superintendente da SMTT, Tácio Melo, tomou gosto ao assumir a pasta e agora quer enveredar na política. Querendo até pegar força com o deputado federal JHC para tomar a sua sigla para o seu futuro destino político.

Repúdio O professor e sindicalista José Nivaldo Mota destacou que o governo Renan repete os erros de Vilela e investe em monitores ao invés de valorizar os professores que passaram no concurso público e até hoje não foram chamados. Mota, assim como a categoria, defende a valorização de um ensino público e de qualidade.

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A coordenação do programa “Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola” está disponibilizando em seu site todo o material didático com 600 aulas interativas de cinco minutos versando sobre ética, honestidade, não violência, bom convívio, justiça, verdade, igualdade, solidariedade e respeito pelo outro, dentre tantos outros valores tão em falta nos dias atuais.

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O material, que tem o apoio do Ministério da Educação, pode ser acessado por qualquer pessoa, ONG, escolas e empresas com interesse no desenvolvimento do ser humano. O download gratuito do programa, elaborado por uma equipe de educadores voluntários, inclusive um passo a passo para sua implantação, pode ser feito no site www. cincomi-nutos.org.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7248 - 9.9982.0322

FAX - 3317.7245 IMPRESSO - Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

A escória ainda resiste Brasília – Nunca antes na história desse país um governo foi tão recalcitrante, aético e amoral como este da Dilma. A imoralidade bateu às portas do Palácio do Planalto e ali fez sua moradia permanente. É, na verdade, uma casa de esquizofrênicos. É também uma casa onde a corrupção fez o seu ninho mais fértil desde que o Lula botou os pés lá dentro e o seu principal ministro, José Dirceu, saiu algemado para o presídio da Papuda. O sindicalismo, que deu origem ao PT, apodreceu, esfacelou-se nos sucessivos escândalos do mensalão e da Lava Jato. Não à toa, dois dos seus principais homens de finanças foram flagrados roubando os cofres públicos. Delúbio Soares, o primeiro tesoureiro, vive com uma tornozeleira eletrônica, vigiado dia e noite como um bandido comum. O segundo, João Vaccari Neto, está recolhido à penitenciária. Pesam contra ele acusações seriíssimas: a de roubar a Petrobras e acharcar empresários para manter o PT do Lula no poder. A orgia financeira, porém, não acaba aí. Ao lado do gabinete da Dilma, numa sala decorada de estrelas vermelhas, um senhor de barba rala, com cara de assustado, como se estivesse a qualquer momento esperando para ser algemado, é o terceiro tesoureiro da quadrilha. Trata-se de Edinho da Silva, um ex-deputado estadual por São Paulo, inexpressivo na política e na vida social, já denunciado na Lava Jato. De comum entre os três, apenas o fato de não serem expoentes do partido, razão pela qual foram escolhidos a dedo por Lula como boi de piranha para intermediar o assalto às empresas públicas. Os brasileiros vivem hoje uma situação vergonhosa, calamitosa, desastrosa. Os ministros e os ex-ministros do PT são vaiados e até ameaçados. Não podem sair às ruas sem escoltas com medo de serem agredidos ou insultados pela população. A Dilma, empoleirada dentro de um gabinete, só sai de lá para entregar as casas inacabadas do “Minha Casa, Minha vida”, um programa assistencialista adotado por políticos fisiológicos em troca de voto. O Brasil parou. E a presidente, sem iniciativa, entrega ao Congresso Nacional um orçamento que já prevê um déficit de mais de R$ 30 bilhões. A Lei de Responsabilidade Fiscal foi jogada no lixo pelo Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, com o argumento cínico de que ela é omissa quando se refere a um orçamento aleijado como o que eles apresentaram ao Senado Federal. O que se pode entender desse descalabro econômico? Que a Dilma deixou de governar, que não tem paciência para administrar o país, que a lama despejada dentro do Palácio do Planalto já chegou à sua sala. E o pior: vive cercada de ministros corruptos envolvidos na Lava Jato. A Dilma, com a sua incompetência, desmante-lou uma geração de brasileiros que até há pouco tempo vivia gritando em manifestações

Descaminho No início dessa semana, três fatos marcaram a política brasileira e refletem bem a dimensão do descaminho político do Brasil: Zé Dirceu sendo inquirido pelos próprios petistas na CPI da Lava Jato, silencioso, com cara de presidiário; o pedido de impeachment da Dilma feito pelo jurista Hélio Bicudo, 93 anos, um dos fundadores do PT; e a denúncia feita pelo Ministério Público ao primeiro bando da Operação Lava Jato, que inclui, entre outros personagens, o próprio Dirceu e João Vacari Neto, ex-tesoureiro do PT, que sempre viveu à sombra do Lula. E, a julgar pelas palavras do juiz Sergio Moro, a Operação Lava Jato ainda vai chegar ao chefão.

Boia?!

Credibilidade

Já disse e repito aqui: o governo administra o país como a Casa da Mãe Joana. Ninguém sabe quem manda. E, quando alguém manda, ninguém obedece. Eis que de repente, no meio do nada, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, aparece com a ideia estapafúrdia da volta da CPMF. A Dilma, que não sabe nada do que se passa no seu governo, logo encampou a sugestão do seu ministro sem consultar ninguém. Conseguiu a proeza de ver todo o Brasil contra e a reação do PMDB de rejeitar a proposta no nascedouro. Renan, Cunha e Temer, os principais caciques do partido, já disseram não para a nova aventura do governo, uma aventura, diga-se de passagem, esquizofrênica, quando se sabe que os brasileiros dedicam cinco meses do seu trabalho anual para pagar impostos.

A crise brasileira não é só política e ética. É também econômica e de credibilidade. Falta alguém ou um grupo que lidere o país porque o governo está no fundo do poço e dificilmente sairá dele para tirar os pés da lama nesse caos em que se encontra o país. A Dilma, infelizmente, com sintomas de distúrbios mentais (parece que sofre de senilidade precoce), já não consegue raciocinar com lógica, não junta mais coisa com coisa. É por isso que um grupo de peemedebista decidiu abrir um canal de discussão que vai convocar representantes da sociedade brasileira agrupados em entidades como OAB, CNI, CNBB; empresários, políticos, líderes comunitários, sindicatos e centrais de trabalhadores.

Lideranças A ideia de juntar todo mundo partiu de Paulo Hartung, governador do Espírito Santo, e logo prosperou. Ele propôs reunir nesta quarta-feira os sete governadores do PMDB e expressões políticas do partido como Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha para discutir os rumos do Brasil em reuniões no Rio e em Brasília. A sugestão do governador capixaba se espalhou como um rastilho de pólvora e motivou as lideranças para uma discussão ampla em torno de algum projeto exequível visando à retomada do crescimento econômico e à geração de emprego e renda.

Crise econômica

Jogo duro Michel Temer não só se posicionou contra como deixou claro que não aceita mais ser marionete do Palácio do Planalto. Enquanto estava na Fiesp pedindo apoio dos empresários à governabilidade, foi surpreendido com a informação de que o grupo econômico da presidente se movimentava para esboçar a proposta da CPMF e enviá-la para o Congresso Nacional. O vice não gostou. Jogou duro com a Dilma e devolveu todos os desaforos que ouviu dela quando disse que o país estava sem comando. Este é, sem dúvida, o primeiro arranhão sério entre a presidente e o seu vice, que agora procura se posicionar com mais desenvoltura em relação aos trapalhões do Planalto.

Na visão desse grupo peemedebista existem soluções para a crise política. Depende de uma conversa ampla e de um diálogo franco e aberto entre os líderes políticos e o governo. Mas, quanto à crise econômica, o buraco é mais embaixo. O país entrou em recessão econômica depois do PIB negativo em dois trimestres seguidos. Além disso, o governo continua gastando mais do que arrecada; dos 22 mil cargos comissionados, quer cortar apenas 2 mil; anuncia, mas não reduz os ministérios; gasta milhões de reais com os cartões corporativos e outros milhões em viagens e diárias com servidores; promove ajuste fiscal que sacrifica o trabalhador; e, ainda, quer penalizar os aposentados atrasando o 13o salário. Isso sem falar, claro, nos sucessivos escândalos da Lava Jato que derreteram a Petrobras e outras empresas do setor elétrico saqueadas pela quadrilha montada pelo PT e empresários amigos do partido que embolsaram bilhões de reais.

Uma luz A proposta de Hartung de juntar o PMDB para discutir uma saída para a crise pode ser vista como mais uma tentativa de encontrar uma luz no final do túnel. Mas isso só vai avançar se o governo fizer o seu dever de casa. Se isso não ocorrer, não é difícil afirmar aqui que a vaca vai para o brejo antes de tossir.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015 Polarizada eleição na OAB

GABRIELMOUSINHO

Embora existam outros candidatos, parece que a polarização da eleição da nova diretoria da OAB vai ficar mesmo entre Fernando Falcão, apoiado pelo bloco de oposição, e Fernanda Marinela, apoiada pela situação. De um lado apoiando Marinela, o atual presidente Thiago Bomfim, que não vê a hora de entregar a instituição ao sucessor; do outro, Marcelo Brabo, Omar Coelho de Melo e Welton Roberto.

gabrielmousinho@bol.com.br

Calote oficial

O

governador Renan Filho não está tendo conhecimento de um terço do que passa no seu governo. Com muitas secretarias sem acompanhar seu ritmo, uma se destaca: a Secretaria da Mulher, onde funciona o Centro de Referência e Cidadania e Direitos Humanos, programa do governo federal com o governo do Estado, que, num imóvel alugado, faz oito meses que não paga ao seu proprietário. Nem paga nem devolve o imóvel. A situação, além de vexatória e escabrosa, é um péssimo exemplo de quem quer ensinar a respeitar direitos e que diz uma coisa e faz outra completamente diferente. O proprietário do imóvel já peregrinou por gabinetes, esteve com o secretário Fábio Farias, e nada. Ou seja, a secretaria demonstra que não tem nenhum interesse de pagar o que deve. O descaso é tão grande que até mesmo o secretário do Gabinete Civil, que foi acionado para encontrar uma solução, capitulou. Afirmou que não sabia mais o que fazer. Ou seja, a secretária Rosinha da Adefal não está nem um pouco preocupada com a imagem do governo, a quem tanto Renan Filho defende como uma administração de respeito e operosa.

Esforço concentrado O prefeito Rui Palmeira está enfrentando uma das maiores crises financeiras que o Brasil já passou e que atinge diretamente o município de Maceió. A queda do Fundo de Participação dos Municípios e a baixa arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ICMS), além de outros repasses do governo federal, têm deixado o prefeito muito preocupado com a situação. A maior delas, diga-se de passagem, é com o pagamento dos salários dos servidores. A continuar como está, Rui será obrigado a parcelar os salários, última coisa que faria. Mas no momento sem outra solução aparente. A crise é grave e, com certeza, está atingindo não só os municípios brasileiros - e em particular em Alagoas -, mas também os Estados e a própria nação. Num processo recessivo em que estamos vivendo, apertar o cinto é a palavra de ordem. Solução prática para a crise, no momento nem pensar. O aperto vai além do próximo ano, onde teremos eleições para prefeitos e vereadores. Quem sobreviver até lá deve se dar por satisfeito. É por isso que Rui faz um esforço concentrado para poder atender o funcionalismo, sem ter que tomar medidas mais drásticas.

Sem saída Renan Filho está propenso a contratar a reserva técnica da Polícia Militar, que somente este ano deixará de contar com 400 militares, que entrarão para a reserva remunerada. Mas os problemas de caixa, com uma arrecadação pequena, preocupam o inquilino do Palácio dos Martírios. A crise econômica deixa poucas brechas para contratações, mas a segurança pública, pelo menos para o governador e seus auxiliares mais diretos, é prioridade do governo.

Em baixa A Casal, entre outras empresas que prestam serviços à população, é uma das mais ineficientes em Alagoas. Além de contribuir para a poluição da orla marítima e atribuir responsabilidades a outras instituições, a Casal dá um péssimo exemplo para os maceioenses. O prefeito Rui Palmeira, muito discreto como é, não aguentou mais e pediu para que a diretoria da empresa deixe de jogar conversa fora e adote providências para sanar os problemas na capital.

Privatização Mesmo que haja uma reação contrária da classe trabalhadora, o governo pensa seriamente em privatizar a empresa. Faz isso por baixo dos panos para não criar mais uma confusão em momentos de crise. Mas não vê outra alternativa.

Doação legal O senador Benedito de Lira, mesmo tendo sido indiciado pela Polícia Federal, continua argumentando que recebeu doação de campanha legal e declarada à Justiça Eleitoral com relação ao pleito de 2010. O STF vai ouvir o Ministério Público Federal para posteriormente decidir se abre processo ou arquiva as denúncias. “Estou tranquilo. Fiz a coisa certa e nunca tive, durante mais de 40 anos de vida pública, qualquer deslize. A verdade vai aparecer”, disse o senador.

Depoimento Em meio às turbulências do país, com crises econômicas e políticas, o senador Renan Calheiros, discretamente, foi interrogado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O depoimento de Calheiros não foi divulgado, mas sabe-se que ele negou toda e qualquer acusação de recebimento de recursos oriundos da Petrobras.

Congresso da ACDA Se o evento obteve algum sucesso, foi muito importante para a categoria de cronistas esportivos. Mas a ACDA precisa, urgentemente, atualizar os endereços de seus associados e sócios beneméritos. Teve cronista que tomou conhecimento do congresso por ouvir dizer, como nos jantares de final de ano oferecido à categoria, coisa que nunca aconteceu em administrações anteriores. Uma falha imperdoável da atual diretoria.

O povo no bolso De um prefeito do interior sobre a baixa popularidade de seu nome no município: “Isso não é problema. Sei como tratar os eleitores. O que o povo gosta realmente é de dinheiro. E isso a gente resolve quando chegar as eleições”.

MP neles O Ministério Público Estadual e a Polícia Federal devem começar, a partir do início do próximo ano, a monitorar prefeituras e candidatos no interior do Estado. A compra de votos, que passou a ser cultural no Nordeste e especialmente em Alagoas, deve vir com força nas próximas eleições.

Chegando a hora A direção nacional do PRTB não tem gostado nem um pouco das declarações do deputado federal Cícero Almeida. E vai marcar sob pressão se a reforma política não permitir que o ex-prefeito de Maceió possa migrar para outro partido. Se não acontecer, Almeida dificilmente ganhará o apoio para tentar voltar à prefeitura da capital.

Aí tem coelho! A vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas, que ainda não foi decidida pelo governador Renan Filho, ainda poderá ter muitos lances daqui para frente. Nos bastidores já se fala na aterrissagem de outros candidatos, onde se deixaria para trás um representante do Ministério Público de Contas.

Mão de ferro O governador Renan Filho tem dado demonstração de que não abrirá mão de seus princípios para atender aos pedidos políticos que possam inviabilizar setores do governo. Tem sido duro, inflexível. Mesmo que isso tenha lhe custado, nos oitos meses de administração, algumas perdas políticas.

Pegar ou largar Quem pensar que o governador Renan está preocupado com greve no Estado enganou-se redondamente. “Ele é frio, calculista”, confidenciam pessoas próximas a ele. Sobre a greve dos servidores públicos, ele não irá dar nenhum passo atrás. Ou os 5%, ou nada. Os servidores é que irão escolher o que querem.

Sem interferências Sobre a possibilidade de aumentar um pouco mais o reajuste dos servidores, alguns personagens tentaram convencer Renan Filho a fazer um novo acordo. “Nem pensar”, teria argumentado o governador. Para alguns assessores, o percentual de 5% é o máximo que o governo poderia dar neste momento.

Aumento da folha Com uma arrecadação considerada pequena, o governo de Alagoas vai ter que se virar para contratar, como quer Renan Filho, mais quatrocentos homens da reserva técnica da Polícia Militar. Mágica que o governo tem que exercitar.

Em todas A candidata da situação da OAB, Fernanda Marinela, é pau para toda obra. Ela participa de todos os eventos como palestrante e das atividades da gestão como se presidente fosse. A campanha


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IMPÉRIO EM RUÍNAS

Empresas apresentam hoje propostas para arrendar usinas de JL Vencedoras devem ter nomes divulgados ainda este mês pela Justiça JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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o império do ex-deputado federal João Lyra está prestes a ser repartido, pelo menos momentaneamente. Começa nesta sexta-feira a audiência para o arrendamento de três das cinco usinas da Massa Falida da Laginha Agro Industrial. Durante a manhã, o juiz responsável pelo caso, Kléber Borba, analisará as propostas de duas empresas, uma alagoana e outra paulista, dispostas em assinar um contrato para usufruir da Usina Uruba, localizada em Atalaia. Já a audiência para as usinas de Paranaíba e Triálcool, localizadas em Minas Gerais, acontecerá na parte da tarde. Ambas foram sondadas por grupos de São Paulo e Goiás. “Mas a audiência estará aberta para a apresentação de outros possíveis negociadores”, explicou Borba ao jornal EXTRA. Os encontros acontecem no escritório da Massa Falida, no bairro de Jacarecica, em Maceió. As empresas terão que preencher uma série de requisitos para firmar o arrendamento, que vão desde um preço mais justo pelas terras e maquinário até a capacidade de começar a operação de

forma imediata. O valor da negociação será destinado para a manutenção da massa falida com a possibilidade do pagamento de ex-funcionários e credores. A venda das usinas, ainda de acordo com o magistrado, deve acontecer durante o próximo ano. Segundo a avaliação da antiga administração da massa falida, o valor da Usina Uruba é equivalente a R$ 296,2 milhões. As usinas Triálcool e Vale do Paranaíba renderiam, se vendidas a preço justo, R$ 227,7 milhões e R$ 211,2 milhões, respectivamente. A de maior valor é a Usina Guaxuma, chegando a R$ 864,1 milhões. Já a Usina Laginha chega a R$ 297,5 milhões. “O arrendamento, a bem da verdade, dará o alento, hoje necessário, para que o juízo falimentar possa refletir cada passo e seguir, com mais segurança, para a realização do ativo e pagamento do passivo, objetivos reais da falência”, disse Borba. A escolha dos arrendatários se dará reservadamente pelo magistrado, junto à administração da massa, até a próxima quarta-feira, dia 9 de setembro. O perito contador judicial da massa falida, Joel Ribeiro dos Santos Junior, considera o arrendamento das usinas

uma oportunidade para manter os gastos da Laginha. “A empresa escolhida irá tratar da área, cultivar a cana até a etapa da moagem. É importante para que o maquinário não fique deteriorado e não se perda a safra, além da garantia de pagamento dos credores”, afirmou. DISCUSSÃO EM BRASÍLIA

O Comitê de Mediação de Conflitos Agrários do Estado de Alagoas, liderado pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias, e o diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Silva, representantes de oito movimentos sociais e do governo participaram de uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, na última terça-feira, dia 1º, em Brasília. O objetivo do encontro foi discutir a desapropriação das terras da massa falida do Grupo João Lyra, para assentamento das famílias dos movimentos sociais. Segundo a gerente de articulação social do Gabinete Civil, Edenilsa Chagas, representante do governo na reunião, o ministro recebeu a comissão, formada pelos integrantes dos movimentos, a superintendente do Institu-

JL deve designar representante para as audiências desta sexta-feira

to Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Alagoas (Incra), Lenilda Lima, além da articuladora do Gabinete Civil. “A mediação de conflitos agrários quer agilizar os entendimentos acerca da desapropriação das terras da massa falida do Grupo João Lyra e vem fazendo de tudo para que os entraves sejam evitados. O ministro Patrus elogiou a articulação governamental, dialogando com os movimentos sociais, além de garantir uma agenda, o mais breve possível, em Alagoas, para tratar do assunto,” explicou Edenilsa. Tanto a gestão administrativa da Laginha quanto o perito contábil destacaram que ainda é cedo para o governo considerar uma reforma com as propriedades de João Lyra. “Isso porque a massa falida tem uma escala de prio-

ridades. Primeiramente, vêm as causas trabalhistas, depois os créditos extraconcursais, as garantias reais e depois os tributos”, ressaltou o perito contador judicial, Joel Ribeiro dos Santos Junior. HISTÓRICO O grupo industrial João Lyra teve a falência decretada pela Justiça em 2008. Para evitar a crise, o jurídico das usinas solicitou a recuperação judicial do grupo. No entanto, os prazos concedidos pela Justiça, para que a empresa se recuperasse financeiramente, além de pagar os milhares de trabalhadores e credores, foram desobedecidos. Desde então, a dívida do Grupo João Lyra, vem aumentando e, em 2015, chegou a mais de R$ 2 bilhões, incluindo encargos trabalhistas e pagamentos a fornecedores.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015 TREM DA ALEGRIA

Pedro Vilela

Paulão

Arthur Lira

Ronaldo Lessa

Cícero Almeida

Bancada federal de Alagoas mantém feudo dos cartórios OAB vai ao Supremo contra PEC que torna, sem concurso público, tabeliães e filhos em titulares das serventias VERA ALVES veralvess@gmail.com

A

votação na semana passada de uma proposta de emenda à Constituição que transforma em titulares os tabeliães não concursados das chamadas serventias extrajudiciais evidenciou, mais uma vez, o forte lobby que domina o setor, mas não somente isto. Ela deixou clara, também, a posição da bancada de Alagoas na Câmara Federal, onde, dos

nove deputados alagoanos, apenas um – João Henrique Caldas, o JHC – votou contra o projeto que consagra o feudo na atividade cartorial. Um dia após a aprovação, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil emitiu nota afirmando que, se aprovada em segundo turno e pelo Senado, a entidade vai ao Supremo Tribunal Federal arguir a inconstitucionalidade da proposta. Nove anos depois de dar

entrada na Câmara, a PEC 471/2005, de autoria do tucano João Campos, foi aprovada em primeiro turno no último dia 26 com os votos favoráveis de 333 deputados federais. Foram 133 votos contrários e uma abstenção (João Castelo, do PSDB do Maranhão). Por ela, os tabeliães, mesmo os que assumiram os cartórios após a Constituição de 1988 sem concurso público, e seus substitutos, passam a ter direito de permanência como titulares. Em termos práticos, isso significa manter a hereditariedade secular que permeou a atividade cartorária no país desde o século XIX, já que esses substitutos são sempre os filhos e/ou filhas

dos notários. A PEC altera o parágrafo 3º do artigo 236 da Constituição Federal, segundo o qual o “ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses”. Se a proposta for aprovada pelo Congresso, ele passará a vigorar com o seguinte teor: “O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de

remoção, por mais de seis meses, ressalvada a situação dos atuais responsáveis e substitutos, investidos na forma da Lei, aos quais será outorgada a delegação de que trata o caput deste artigo”. A proposta vai de encontro aos esforços do Conselho Nacional de Justiça, que, desde 2010, tenta fazer com que os tribunais de Justiça de todo o país realizem concurso público para as serventias extrajudiciais consideradas vagas. No caso de Alagoas, o forte lobby dos “donos” de cartórios tem conseguido protelar há mais de um ano o concurso cujo edital foi lançado em abril do ano passado pelo TJ.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015 - 7

TREM DA ALEGRIA A VOTAÇÃO Dos nove integrantes da bancada federal de Alagoas na Câmara, o único a votar contra a PEC 471 foi JHC, do Solidariedade, e isto a despeito da orientação de seu partido, presidido nacionalmente por Paulinho da Força Sindical, ter sido pela aprovação da proposta. Antigo militante esquerdista, o deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, do PT, votou a favor da matéria. Ronaldo Lessa, do PDT, também deu seu “sim” à proposta qualificada como “imoral” pelos defensores do concurso público para os cartórios. Conhecida como a PEC do Trem da Alegria dos Cartórios, a proposta teve, ainda, a aprovação dos alagoanos Givaldo Carimbão (Pros), Pedro Vilela (PSDB), Maurício Quintella (PR), Arthur Lira (PP), Marx Beltrão (PMDB) e Cícero Almeida (PRTB). Os três últimos votaram seguindo a orientação de seus blocos partidários.

Maurício Quintella

A NOTA DA OAB Um dia após a aprovação da PEC 471 em primeiro turno, a OAB divulgou nota oficial criticando a postura da maioria dos deputados federais e emitiu nota oficial destacando a inconstitucionalidade da mesma e ressaltando não ser possível

JHC

“que em pleno século XXI uma PEC que não atende aos vários princípios republicanos seja avalizada”. “A matéria não oferece trato igualitário e não garante o acesso às forças públicas pelo mérito, que no caso seria o concurso público. Ela traz critérios que se

Givaldo Carimbão

assemelham a uma monarquia, ao manter a hereditariedade dos cartórios e eternizar direitos e privilégios de pessoas por causa de consanguinidade. Não bastassem tais problemas, do ponto de vista legal a matéria é, inclusive, inconstitucional.

Marx Beltrão

Ela fere o direito daqueles que fizeram concurso público – conforme determina a Constituição – e aguardam o momento de assumirem suas vagas. Por isso, caso aprovada, será objeto de questionamento no STF”, acrescenta a entidade na nota.

Ação contra PEC “dorme” em gabinete de ministro do Supremo Um mandado de segurança impetrado em 2009 contra a votação da PEC 471 pela Câmara dos Deputados até hoje não foi julgado pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal. Impetrado pelo então deputado federal Florisvaldo Fier, o dr. Rosinha, do PT, o MS 28005/DF continua até hoje no gabinete do relator, o ministro Marco Aurélio Mello, que naquele ano negou liminar requerida pelo parlamentar e solicitou informações sobre a proposta ao então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), hoje vice-presidente da República. Os argumentos do dr. Rosinha para barrar a PEC foram os mesmos dos que ainda hoje

consideram inconstitucional a efetivação dos interinos e seus substitutos nas serventias extrajudiciais. “Segundo o impetrante, configuraria tentativa de burla aos princípios democráticos, da igualdade e do livre acesso ao serviço público mediante amplo certame, porquanto estaria a favorecer determinados indivíduos em detrimento dos demais, incluindo os aprovados em concursos, que aguardam nomeação. Assegura deter o direito líquido e certo de não participar e de evitar a tramitação e deliberação em processo legislativo indevido tendente a abolir a incidência das garantias cobertas por cláusula pétrea”,

diz trecho da decisão datada de 15 de maio de 2009 na qual o ministro nega a liminar. Retirada de pauta por diversas vezes, a proposta original de autoria de João Campos foi analisada por uma comissão especial da Câmara que chegou a elaborar um substitutivo que, em votação realizada em 2012, foi rejeitado pelos deputados. E, ao contrário do que foi aprovado na semana passada, que garante a efetivação de todos os tabeliães e seus substitutos, o substitutivo ao menos limitava o benefício aos que tivessem sido nomeados até 1994, a partir da vigência da Lei 8.935, que regulamentou o artigo 236 da Constituição Federal e ficou conhecida como Lei dos Cartórios.

Ação impetrada há seis anos está parada, confirma portal do STF


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TREM DE LUXO

Cartório de Arapiraca lidera ranking nacional de arrecadação Por erro de digitação, faturamento semestral informado ao Conselho Nacional de Justiça passa dos R$ 192 milhões VERA ALVES VERALVESS@GMAIL.COM

U

ma verdadeira mina de ouro. Assim seria o Alagoas Cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis de Arapiraca se fossem verdadeiros os números do faturamento do primeiro semestre deste ano informados ao Conselho Nacional de Justiça. Mais conhecido como Cartório Cyra Ribeiro, ele consta como líder de arrecadação no ranking nacional divulgado pelo CNJ, já que, entre janeiro e junho últimos, teria arrecadado R$ 192.757.711,74 nos 7.752 atos que praticou. Na sequência, com faturamento de R$ 45.053.757,05, está o 9º Ofício de Registro de Imóveis da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Os dados, contudo, não correspondem à realidade, segundo afirma o tabelião substituto Cícero Tadeu Ribeiro. Filho da tabeliã titular, Cyra Ribeiro, nomeada para o cargo no dia 23 de janeiro de 1973 após aprovação em concurso público, ele revela que houve um erro de digitação e que os números corretos da arrecadação no semestre - R$ 1.966.382,46 serão remetidos ao CNJ. Aliás, informações equivocadas sobre as serventias extrajudiciais de Alagoas

não faltam no Conselho Nacional de Justiça, o colegiado responsável pela fiscalização das atividades relacionadas ao Judiciário de todo o país, inclusive os chamados “cartórios”. No caso específico destes, a atividade é monitorada pela Corregedoria Nacional de Justiça – vinculada ao CNJ – e pelas Corregedorias Gerais de Justiça nos estados e no Distrito Federal. E é justamente a ausência de informações confiáveis o mais novo empecilho oficial para o concurso público dos cartórios em Alagoas. No final de julho último, o conselheiro Paulo Teixeira, relator do Procedimento de Controle Administrativo (PCA) 000324206.2014.2.00.0000, acatou pedido de realização de censo administrativo em todas as serventias extrajudiciais do estado para que seja estabelecido em definitivo quais cartórios estão vagos. Presidente da Comissão Organizadora do Concurso, o desembargador Tutmés Airan considera que o censo apenas vai retardar a realização do certame. Segundo ele, a polêmica reside no fato de que não existem documentos sobre a data de criação das serventias mais antigas, apenas sobre sua instalação. “Já sugerimos

Lista dos 100 maiores arrecadadores traz cartório de Arapiraca em 1º

Tabelião luta para provar que nunca foi interino

Tadeu Ribeiro afirma que erro de digitação “inflou” faturamento

que para efeito de critério de desempate seja considerada a data de instalação e ainda aguardamos uma resposta do CNJ quanto à sugestão”, revela. Airan também assegura que o concurso público vai ser realizado. “Pode até demorar um ou dois anos, mas nós vamos realizar este concurso, e ele será um marco entre a monarquia e a república”, afirma, em referência à forma secular, em regime de capitania hereditária, com que os cartórios ainda funcionam em Alagoas, com a gestão passando de pai para filho.

Enquanto há interinos tentando se manter nos cargos e retirar as serventias extrajudiciais que administram da lista das serem providas por concurso público, há também situações contrárias, ou seja, tabeliães nomeados por concurso público que lutam para provar que o cartório que administram está legalmente provido. É o caso de Mauro Jorge Tenório Gomes, que, em março último, ingressou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal contra ato do CNJ que considera vago o 1º Ofício de Registro de Imóveis e Títulos de Capela. Nomeado tabelião e escrivão do 2º Ofício da Comarca de Murici em 1976, após aprovação em concurso público, por ato do então governador Divaldo Suruagy, Mauro Jorge foi removido dois anos depois para Capela. Ocorre que, em 2010, quando o CNJ divulgou a lista de mais de 5 mil serventias de todo o país consideradas vagas e nas quais deveria ser realizado concurso, o cartório que ele administra foi incluído na relação sob o argumento de que ele seria interino. Após comprovar sua real condição dentro de um Pedido de Providências (PP) que tramitou no conselho, ele conseguiu anular a vacância, em

decisão do ministro Gilson Dipp. Em 2011, contudo, um novo PP foi instaurado pelo CNJ com base em informação “equivocada” da Corregedoria Geral de Justiça de Alagoas de que ele seria interino do cartório de Capela. O novo revés foi revertido após a própria CGJ reconhecer o erro, mas em fevereiro último, em decisão da corregedora Nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, o CNJ determina que o cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis e Títulos de Capela seja inserido na lista das serventias extrajudiciais vagas a serem preenchidas por concurso público. A alegação é de que Mauro Jorge Tenório Gomes não optou pelo cargo de escrivão ou de notário dentro do prazo estabelecido pela Lei dos Cartórios, de 1994, e permaneceu como escrivão até se aposentar, em 2012. A defesa dele, contudo, rechaça o argumento, afirmando que a acumulação se deu em virtude de direito adquirido, já que é anterior à Constituição de 1988 e sobretudo porque ele ocupa a função de tabelião titular em decorrência da aprovação em concurso público. A decisão final, agora, caberá ao STF.


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CORTES

Docas, empresas públicas que administram grande parte dos portos brasileiros, e questões relativas a serviços de navegação. “No Ministério dos Transportes, que sempre foi voltado para rodovias e ferrovias, aeroportos e portos ficarão em segundo plano”, disse um técnico do Planejamento ao jornal.

Desenvolvimento e a Cultura voltar para a Educação. De acordo com a reportagem, ainda tendem a perder o status de ministério os seguintes órgãos: Secretaria de Comunicação Social (Secom); Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Secretaria-Geral da Presidência da República, Direitos Humanos; e, Igualdade Racial e das Mulheres. FUSÃO Contudo, assim como ocorOs mesmos integrantes re com o Desenvolvimento do Planejamento revelaram Agrário, há forte resistência que também é estudado a por parte da presidente e fusão entre os Ministérios de vertentes do PT a cortar da Previdência e do Traba- as duas últimas secretarias, lho. As pastas de Turismo e por estarem envolvidas com Micro e Pequenas Empre- a sustentação do governo sas podem migrar para o em movimentos sociais.

Para reduzir número de cargos comissionados, ministro Nelson Barbosa sugere menos ministérios

Ministro do Planejamento sugere a Dilma corte de 15 ministérios Proposta inclui a incorporação do Ministério do Desenvolvimento Agrário à Agricultura ou ao Desenvolvimento Social. Petista resiste à ideia, pois minguaria o apoio que recebe dos movimentos sociais CONGRESSO EM FOCO

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inistro do Planejamento, Nelson Barbosa apresentou estudo com corte de 15 ministérios à presidente Dilma Rousseff, com incorporação do Desenvolvimento Agrário à Agricultura ou ao Desenvolvimento Social e extinção do Turismo. A proposta foi feita após a petista determinar que o corte de

cargos comissionados seja Segundo eles, as pastas maior. No anúncio da se- ainda não concluíram o obmana passada, o corte atin- jetivo para o qual foram insgiria mil dos 22 mil comis- tauradas, no primeiro mansionados da Esplanada. As dato de Dilma. No caso da informações são do jornal O Aviação Civil, a reportagem Globo. aponta que ainda é preciso Entre os órgãos que per- realizar o marco regulatóderiam o status de minis- rio do setor, definir a situatério, estavam cotadas as ção da Infraero e modernisecretarias de Portos e de zar o Código Brasileiro de Aviação Civil, mas técnicos Aeronáutica. Para a Portos, do Ministério do Planeja- ainda está pendente definimento se opõem ao plano. ção sobre as Companhias


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 04 A 10 DE SETEMBRO DE 2015 CABEÇAS PENSANTES

Collor integra grupo seleto dos mais influentes do Congresso Em sua 22ª edição, lista elaborada pelo Diap tem como base o acompanhamento dos trabalhos parlamentares

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senador Fernando Collor (PTB) está, mais uma vez, entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, segundo a lista divulgada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). A seleção leva em consideração a real influência que cada parlamentar exerce nos processos decisórios e sobre os demais parlamentares. Ao longo dos últimos oito meses, Collor pautou, com pronunciamentos no Senado e confecção de estudos, a discussão sobre reforma política e a maioridade penal. Esta é a 22ª edição da seleção ‘Cabeças do Congresso’, e tem como base o

acompanhamento dos trabalhos parlamentares, no período de fevereiro a julho de 2015. Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e o deputado Maurício Quintella (PR) são os únicos alagoanos na lista, formada por 62 deputados e 38 senadores. Entre os senadores, estão Eunício Oliveira (PMDB-CE), Cristovam Buarque (PDT-DF), Aécio Neves (PSDB), Humberto Costa (PT-PE) e Acir Gurgacz (PDT-GO). Os parlamentares que integram esse grupo seleto estão classificados em cinco categorias, de acordo com as habilidades de cada um: debatedores, articuladores/ organizadores, formulado-

Fernando Collor está entre os mais influentes congressistas como formador de opinião, segundo Diap

res, negociadores e formadores de opinião. Collor foi classificado na categoria ‘formadores de opinião’ (isto é, segundo o Diap, parlamentares que, por sua respeitabilidade, credibilidade e prudência, são chamados a arbitrar conflitos ou conduzir negociações políticas de grande relevância). Ainda segundo o Diap, os parlamentares ‘formadores de opinião’ são políticos experientes, com trânsito fácil entre as diversas correntes

e segmentos representados no Congresso e visão abrangente dos problemas do país, cuja opinião sobre o assunto influencia, fortemente, a decisão dos demais parlamentares. “Constituem a elite do Poder Legislativo, embora não precisem, necessária e institucionalmente, estar em postos-chave, como liderança formal ou presidência de uma das Casas do Congresso. São os que podem ser chamados de líderes de

alta patente, respeitados e legitimados pelo grupo ou corrente política que lideram”, reforça o Diap. SOBRE O DIAP O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar é formado por cerca de 900 entidades sindicais de trabalhadores congregando centrais, confederações, federações, sindicatos e associações distribuídas em todos os estados do país, das quais 90 são de Brasília.


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REINCIDENTE

Polícia Federal indicia deputado Arthur Lira por corrupção

Parlamentar já teve o nome envolvido em outro esquema milionário de desvio de dinheiro público TAL PAI, TAL FILHO!

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

deputado federal alagoano e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), teve essa semana seu nome envolvido no esquema milionário de desvio de dinheiro público da investigação da Operação Lava Jato. A Polícia Federal apontou indícios de corrupção passiva do parlamentar. Segundo a PF, Lira recebeu propina no esquema que lesou os cofres públicos da Petrobras. O doleiro Alberto Youssef, um dos mentores do esquema criminoso, garantiu, durante depoimento, que pagou despesas da primeira campanha de Arthur Lira para deputado federal. Youssef ainda revelou que o deputado recebia repasses mensais entre R$ 30 mil e R$ 150 mil da “cota” do PP no esquema de corrupção. O relatório da PF ainda coloca: “Mostra-se inegável que Arthur Lira tinha pleno conhecimento e se beneficiava do esquema criminoso [...] quantias periódicas indevidas, oriundas do pagamento de propinas por empresas que tinham contratos com a Petrobras, em razão do controle pelo Partido Progressista (PP) da Diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto

Arthur Lira é, mais uma vez, alvo de investigação da Polícia Federal

Costa, tudo em troca de votar a favor de projetos de interesse do governo federal”. A PF tem como uma das principais provas contra Arthur Lira a transferência de valores de uma empresa de fachada de Alberto Youssef para a conta de um dos

credores de dívida de campanha do deputado federal por Alagoas. O caso será encaminhado do Supremo Tribunal Federal – por se tratar de um deputado federal – para o Ministério Público Federal, que irá ofertar ou arquivar as denúncias.

Assim como Arthur, seu pai, o senador Benedito de Lira (PP), também foi denunciado pela Polícia Federal. A participação de Benedito na Operação Lava Jato é similar ao do filho, só que, segundo a própria PF, os recursos disponibilizados eram maiores para o senador. Durante as investigações, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em delação premiada, que repassou R$ 1 milhão, por intermédio do doleiro Alberto Youssef, para a campanha de 2010 ao Senado de Benedito de Lira. O relatório da PF apontou: “Solicitado e recebido vantagem indevida, consistente em doações oficiais destinadas a sua campanha eleitoral em 2010, no valor de R$ 400 mil”. As doações oficiais para campanha, na qual Benedito de Lira foi eleito, “tiveram como origem recursos do Grupo UTC em contabilidade paralela, com a intenção de obter indevida manutenção dos contratos superfaturados junto à Petrobras”.

TO

MAIS CORRUPÇÃO E ENRIQUECIMENTO ILÍCI-

Arthur Lira já foi condenado pela 17ª Vara Cível da Capital em uma ação civil de improbidade administrativa resultante da Operação Taturana, na qual é acusado, junto com mais dez deputados

estaduais, de desviar mais de R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas em 2007. O jornalista do O Globo, Chico de Góis, em seu livro “Os Ben$ que os políticos fazem”, afirma que o deputado Arthur Lira tinha um patrimônio de R$ 79 mil, de acordo com sua declaração de Imposto de Renda de 1996, e, após dez anos, esse valor havia pulado para R$ 695,9 mil. Em 2010, a fortuna ultrapassou os R$ 2 milhões. Em seu currículo, ainda pesa o enquadramento na Lei Maria da Penha e denunciado pela Procuradoria da República, tornando-se réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de agredir, com “tapas, chutes e pancadas”, a ex-esposa, Jullyene Cristine Santos Lins. Os defensores do deputado alegaram no Supremo que a acusação feita contra ele é “inverossímil”. O deputado federal Artur Lira foi, ainda, acusado pela jornalista Myla Fernandes de lhe dar calote em prestação de serviços profissionais. O parlamentar contratou os trabalhos de assessoria de comunicação da jornalista em abril de 2014 e não honrou os compromissos financeiros acordados. Myla destacou, na época, que o trabalho era exercido de forma normativa, com dedicação exclusiva, devido às demandas políticas do parlamentar. O caso segue na Justiça do Trabalho.


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CORRUPÇÃO

Câmara vota hoje afastamento do prefeito de São Luís do Quitunde Eraldo Pedro foi flagrado recebendo propina e foi denunciado novamente pelo Ministério Público JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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ais de uma dezena de ações de improbidade administrativa foram realizadas pelo Ministério Público do Estado (MPE) contra o prefeito de São Luís do Quitunde, Eraldo Pedro (PMDB). Dessa vez, Maria da Conceição Santos da Silva, que trabalhava como empregada doméstica na casa do prefeito, recebia seu salário por meio do cargo em comissão de assessora da Secretaria de Administração. A ilegalidade foi confirmada pelo MP; Eraldo está sendo novamente responsabilizado judicialmente. Segundo publicação do MP, a própria Maria da Conceição, em declarações prestadas ao promotor de Justiça, Jorge Bezerra, admitiu que, apesar de ter sido nomeada para o cargo de assessora da Secretaria de Administração, durante três meses, entre janeiro e março de 2013, trabalhou como cozinheira na casa da família de Eraldo. A empregada garantiu em depoimento que recebia R$ 620,00 e posteriormente era obrigada a ir, todos os meses, à tesouraria do Município para receber o salário mínimo, assinar o recebido e deixar o restante do dinheiro nas mãos de Eduarda da Silva Braga Cancio, que era a pessoa quem lhe pagava os vencimentos. Outro fato que chamou a atenção essa semana foi o ví-

Vídeo mostra Eraldo Pedro recebendo propina; prefeito ainda é acusado de pagar sua empregada doméstica com nomeação no município

deo que flagra Eraldo Pedro recebendo propina de pouco mais de R$ 4 mil no escritório de um depósito de ferro velho no município. O jornal EXTRA apurou que o prefeito recebe mensalmente uma “taxa de retorno” de um dos contratos de transporte. Vale destacar que o contrato é de fachada e serve apenas para lesar o erário. Com as constantes denúncias do MP e as contundentes revelações da imprensa, a Câmara de São Luís do Quitunde irá pedir hoje, 4/9, o fastamento do prefeito Eraldo Pedro por 90 dias para apurar as denúncias de corrupção. Os vereadores prometem realizar uma verdadeira devassa nas contas públicas para demons-

trar o caos administrativo dos quase três anos de mandato de Eraldo Pedro. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ainda deve ser instaurada para investigar o dinheiro recebido por Eraldo Pedro em vídeo. O vereador de oposição Cristophones Jacques (DEM), o Tofinho, destacou que essas medidas administrativas visam trazer a “normalidade administrativa e restaurar a legalidade nos atos públicos do executivo de São Luís do Quitunde”. Tofinho salientou que essa é a hora dos homens de bem de São Luiz darem a resposta que a população merece. “O município não pode ser gerido com irresponsabilidade e

falta de transparência. Como legislador, venho atuando e cobrando dos poderes constituídos a saída definitiva de Eraldo, pois as denúncias do MP comprovam as ilicitudes que foram cometidas”. ROUBALHEIRA O procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, ajuizou uma ação contra Eraldo Pedro que relata o dano, em uma única ação, de R$ 1.331.500,00 aos cofres públicos de São Luís do Quitunde. A acusação tem como base a contratação de bandas em festividades nos dois primeiros meses de 2013. Na época, além de Eraldo, outras sete pessoas, entre servidores, secretários e ex-secretários e um empresário, foram

denunciadas. Em outra denúncia apresentada pelo MP, o prefeito é acusado de ter contraído dois empréstimos, cada um no valor de R$ 80 mil, e pago os valores com cheques que seriam vinculados à conta do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A Promotoria de Justiça do município também ajuizou uma ação de improbidade em desfavor do prefeito devido à acusação de irregularidades no repasse das contribuições previdenciárias ao Instituto da Previdência dos Servidores Públicos de São Luís (IPREVSLQ) nos anos de 2013 e 2014, e que teriam causado um prejuízo ao órgão de R$ 4.826.302,96.


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INFRAÇÃO NO TRÂNSITO

Número de apreensão de veículos em Alagoas quadruplica em um ano De janeiro a julho de 2014 foram autuados 4.059 motoristas; no mesmo período deste ano, as infrações ultrapassaram os 15 mil MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

desrespeito ao que estabelece o Código Nacional de Trânsito tem causado transtorno para centenas de motoristas alagoanos. O número de abordagem em 2015 quase que quadriplicou, em comparação a 2014. No ano passado, de janeiro a julho, o Detran autuou 4.059 motoristas pelas mais variadas infrações, contra 15.091 autuações este ano. A diferença nos números tem dividido opiniões e causado polêmica. Para se ter uma ideia do trabalho em conjunto do BPTran, 5º BPM e SMTT, apenas em uma operação realizada no início desta semana no Complexo Benedito Bentes foram recolhidos 30 veículos e 52 autuações por diversas irregularidades no trânsito. Segundo relatório comparativo de estatística da produção operacional do BPTran, em janeiro de 2014 foram 514 autos de infração; em fevereiro do mesmo ano, 502; em março, 460; abril, 421; maio, 550; junho, 1.005; e julho, 607. No mesmo período, 75 veículos foram removidos em janeiro, 58 em fevereiro, 47 em março, 98 em abril, 27 em maio, 18 em junho e 97 em julho; num total de 583. Naquele mesmo período, 220 CNH foram recolhidas. Sendo que 18 em janeiro, 23 em

fevereiro, 45 em março, 33 em abril, 24 em maio, 55 em junho e 22 em julho. Com embriaguez ou recusa, 65 pessoas foram autuadas. Dessas, oito em janeiro, 10 em fevereiro, sete em março, quatro em abril, mais quatro em maio, 22 em junho e 10 em julho. Com armas, apenas três foram encontradas durante as operações. O quadro muda ao comparar com os dados computados até 27 de julho deste ano. Segundo dados da tabela, em janeiro de 2015 aconteceram 1.279 autos de infração; em fevereiro do mesmo ano, 1.721; em março, 2.029; em abril, 2.177; em maio, 2.752; em junho, 2.404; e em julho, 2.729. No mesmo período, 164 veículos foram removidos em janeiro, 173 em fevereiro, 351 em março, 154 em abril, 250 em maio, 158 em junho e 152 em julho; num total de 1.402. Naquele mesmo período, 417 CNH foram recolhidas. Sendo que 69 em janeiro, 61 em fevereiro, 65 em março, 47 em abril, 75 em maio, 43 em junho e 57 em julho. Com embriaguez ou recusa, 208 pessoas foram autuadas. Dessas, 36 em janeiro, 29 em fevereiro, 39 em março, 20 em abril, 38 em maio, 14 em junho e 32 em julho. Com armas, apenas cinco foram encontradas durante as operações. Vale ressaltar que a estatística da Lei Leca não foi compu-

Abordagens e apreensão de veículos e motos em situação irregular foram intensificadas em todo o estado

tada nos dados acima. Mas as multas são geradas seja por proprietários de veículos que foram estacionados em calçadas e jardins, dificultando a circulação de pedestres, seja por irregularidades na documentação e nos vidros, velocidade, entre outras. Sem contar que, dependendo da infração, os proprietários dos veículos são penalizados com pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No caso grave, multa é de R$ 127 e 5 pontos na CNH. Segundo o subcomandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), major Felipe Lins, o trabalho é resultado de ações conjuntas realizadas pela polícia. Ele disse

que não houve incremento no efetivo, mas o diferencial é que o comando está sempre à frente das operações, vai à rua todos os dias e antes não era feita essa fiscalização mais efetiva. E completa que são 20 motos em ação e cinco viaturas diariamente nos mais variados pontos da cidade de Maceió. Sendo que em lugares estratégicos como orla, mediações do Mercado da Produção, no bairro da Levada e na parte alta da cidade existem veículos exclusivos para aquelas localidades. Lins rebate informações de que estão gerando fábrica de multas. Ele garante que a fiscalização é feita de forma responsável, inclusive que as notificações só acontecem durante a

abordagem. E exemplifica que a multa só acontece se o condutor for abordado. É o caso de motos: se não paradas, não acontece a multa apenas por anotar a placa “para não acontecer essa situação”. Ele garantiu que “não queremos fábrica de multa. As abordagens são legítimas, mas quem achar que a notificação é indevida pode entrar com recurso”, orientou Lins. Estacionar em local impróprio, como porta de escolas, rampas, e falar ao celular enquanto dirige são algumas das infrações mais corriqueiras. No entanto, é comum ver fotos postadas em grupos relacionados ao trânsito de pessoas que fiscalizam cometendo a mesma infração.


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EFEITO DOMINÓ

Galvão coloca a “Águas do Agreste” à venda sem comunicar à Casal Negociação é para salvar da falência grupo empresarial investigado pela Lava Jato JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o Extra

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pós uma semana da confirmação de que a CAB Ambiental, empresa que comanda a Águas do Agreste, será vendida para salvar a Galvão Engenharia da falência, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) ainda não recebeu qualquer esclarecimento por parte do grupo investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Já insatisfeita com o contrato, a Casal já estuda mudanças na parceria. Assinado pelo então governador Teotonio Vilela Filho, em 2012, o Contrato de Parceria Público Privada (PPP) estipula que a Águas do Agreste tem obrigatoriedade de realizar a ampliação, recuperação, operação e gestão do sistema produtor do Agreste por 30 anos. Da assinatura do documento até hoje, apenas dois anos se passaram. A decisão da venda da CAB Ambiental pelo grupo Galvão foi durante a apresentação do plano de recuperação judicial aos credores aprovado em assembleia realizada na última sexta-feira, 28 de agosto. “O plano de recuperação judicial foi aprovado, ficando pendente sua homologação pelo juízo da recuperação”, informou a empresa em nota oficial à imprensa. No dia 3 de junho, a Galvão Participações e a subsidi-

ária Galvão Engenharia apresentaram à Justiça do Estado do Rio de Janeiro o plano de recuperação judicial devido à deterioração financeira de empreiteiras do país alvos da Operação Lava Jato. Naquele momento, o pedido de recuperação judicial não incluía a CAB Ambiental, questão que acabou sendo reconsiderada pelo financeiro da empresa. Em Alagoas, a Águas do Agreste presta atendimento às cidades de Arapiraca, Campo Grande, Coité do Noia, Craíbas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Igaci, Lagoa da Canoa, Olho D’água Grande e São Brás. “Não recebemos informações oficiais nem quaisquer explicações por parte da CAB Ambiental sobre decisões envolvendo o Grupo Galvão. Porém, os serviços oriundos da parceria continuam normalmente”, afirmou o diretor -presidente da Casal, Wilde Clécio Falcão de Alencar. “A Casal vem estudando há algum tempo essa parceria e negociando alterações no contrato que possam proporcionar equilíbrio entre as partes, uma vez que, da forma como ele está posto hoje, é desfavorável à companhia”, acrescentou. De janeiro a agosto deste ano, a região do Agreste tem sofrido de interrupções periódicas no abastecimento de água. Nesta semana, nos dias 2 a 4 de setembro, seis municípios ficaram sem água para manutenção de estações.

ETA de Arapiraca quando de sua inauguração; estação é de responsabilidade da CAB Ambiental

SETOR EM CRISE A insatisfação com a CAB Ambiental também permeia em outros Estados. Um exemplo é o que ocorre na capital de Mato Grosso, Cuiabá, em que a prefeitura teme que a venda da CAB Ambiental prejudique a distribuição de água. Conforme o procurador-geral de Cuiabá, Rogério Gallo, o plano de recuperação judicial do grupo Galvão Participações significa que a situação da CAB Cuiabá possa ser redefinida em um prazo de 30 a 45 dias. É o tempo que o juiz Fernando César Ferreira Viana, da 7ª Vara Empresarial do Fórum Central da Comarca do Rio de Janeiro, irá marcar o leilão para a venda da CAB Ambiental. “A venda da CAB Cuiabá poderá trazer para o municí-

pio um novo operador. Entretanto, o novo controlador terá que ter a autorização da prefeitura e mostrar que tem condições de cumprir com as metas que até agora a CAB não cumpriu”, disse. Em Alagoas, a concessionária deve investir na Estação de Tratamento de Água (ETA) em Arapiraca e levar água a uma população de 250 mil pessoas. A CAB Ambiental tem parceria público-privada (PPP) de esgoto com o município paulista de Guaratinguetá e contratos de concessão nos Estados de São Paulo (Palestina, Mirassol, Castilho, Andradina e Piquete), no Mato Grosso (Cuiabá, Alta Floresta, Canarana, Colíder, Comodoro e Pontes e Lacerda), em Santa Catarina (Itapoá e Tubarão), e Paraná (Paranaguá).

O OUTRO LADO Segundo a CAB Ambiental, “os municípios atendidos pela CAB Águas do Agreste não têm motivo algum para preocupação. Até o momento, a CAB Águas do Agreste já investiu cerca de R$ 200 milhões, superando o valor total previsto no contrato de PPP com a Casal, e a população do Agreste já usufrui deste benefício, com água de qualidade o dia todo”. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da concessionária, “o Governo do Estado está informado do andamento das negociações para a troca acionária da CAB e a aprovação da recuperação judicial da Galvão Participações. A troca do acionista não impactará negativamente em nada a atual prestação de serviços à população em nenhuma das operações”.


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HISTÓRIA DE ALAGOAS

CAPITÃO CARLITO A entrevista que abalou o regime militar EDBERTO TICIANELI JORNALISTA

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arlos Roberto Peixoto Lima, ou Carlito Lima, ficou conhecido internacionalmente como escritor após ter lançado o livro Confissões de um Capitão, em 2001, pela Garamond. Entretanto, antes de tornarse celebridade como escritor, Carlito Lima já tinha frequentado a mídia nacional por ter se colocado frontalmente contra a Ditadura Militar em 1979, quando já era capitão da reserva do Exército. O filho do lendário general Mário Lima confessa que nunca imaginou que aquelas entrevistas tivessem tanta repercussão. “Naquela época foi nitroglicerina pura. Soube que a entrevista foi pauta de reunião do Alto Comando Militar”. Carlito Lima explica que a ideia da entrevista surgiu numa conversa informal, de praia, com o jornalista Bernardino Souto Maior. Eles comentavam sobre o decreto do general Figueiredo que proibia militar da ativa ou da reserva de fazer pronunciamento político.

Como já estava na reserva, Carlito disse que tinha todo direito de exercitar sua cidadania e que aquilo eram os últimos suspiros do regime militar. Bernardino, como bom repórter, viu ali a chance de uma entrevista. Numa reportagem histórica, o semanário Desafio convenceu um capitão do Exército a falar contra a Ditadura Militar. O jornal, que marcou época em Alagoas, era formado por jornalistas experientes como Artur Gondim, Devis Melo, Freitas Neto e o próprio Bernardino Souto Maior. A entrevista foi publicada no dia 4 de maio de 1979, no Desafio nº 75. A chamada de capa era “Revolução decepciona capitão do Exército que passa para o MDB”. Foi um impacto na política local. Todos esperavam a reação do governo militar, e a expectativa maior era a que Carlito fosse preso. No mesmo dia da publicação da reportagem, Roberto Vilanova, outro grande repórter do jornalismo alagoano, também entrevistou Carlito para a Gazeta de Alagoas, que, no dia 5 de maio de 1979, publicou chamada na primeira página com foto: “Capitão

do Exército dá entrevista e critica a Revolução”. Na imprensa nacional, a repercussão foi imediata. Os principais jornais do Brasil procuraram Carlito para outras entrevistas. O Jornal do Commercio, por exemplo, deu na primeira página: “Capitão diz que será preso, mas vai para o MDB. O capitão do Exército Carlos Roberto Peixoto Lima, ex-carcereiro de Arraes e Julião, anunciou ontem sua filiação ao MDB e conclamou os militares a voltarem aos quartéis”. Na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, o então deputado estadual Renan Calheiros foi voz solitária em apoio às posições defendidas por Carlito Lima. “Democratas que participaram de sua própria consumação, insatisfeitos com a situação vigente, abandonam as hostes do partido do governo, e o capitão Carlito Lima comprova o alegado”. Sobre a possibilidade de Carlito Lima ser preso, Renan avaliou que não dava para fazer previsão sobre a reação que os militares teriam. “Não acredito, entretanto, que as verdades retratadas por Carlito respaldem em prisão. Se

assim o fosse, já estariam encarcerados vários militares, que não se dobram à ditadura”. Mesmo sendo a previsão de muitos, Carlito não foi preso. O IV Exército enviou para ele um ofício confidencial perguntando se as declarações eram realmente dele. Carlito respondeu, também por ofício: “Respondo afirmativamente”. O Exército não voltou a falar do assunto. VEJA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA Carlos Roberto Peixoto Lima, Carlito, engenheiro, capitão R/1 do Exército, ex-prefeito de Barra de São Miguel, filho do general Mário Lima e descendente do Marechal Floriano Peixoto, figura conhecida na sociedade alagoana, desde a alta roda até os mais humildes, torcedor fanático do Fluminense do Rio e da Escola de Samba Unidos do Poço, onde todos os anos desfila no Carnaval. Cursou a Academia Militar de Agulhas Negras, serviu em quase todas as regiões do Brasil: Ceará, Rio, Bahia, Pernambuco, Roraima, Amazonas, até vir de vez, em 1968, para Maceió, sua terra natal, onde está até hoje.

Francamente, sinto-me acanhado em dizer que pertenço aos quadros da ARENA. Devido às minhas convicções, não posso estar no partido que mantém o poder pela força, pelo regime militar. O poder tem que vir do povo, só a ele pertence”


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O tempo foi passando; aí percebi o que já sabia: aqueles comunistas eram gente como a gente, tinham famílias bonitas e não comiam braços de criancinhas. Um cara como Miguel Arraes, governador e ali preso, comportavase com uma dignidade impressionante”

DESAFIO - Carlito, como é que fica sua situação? Você entrou na política e agora o general Figueiredo, em decreto, proibiu todos os militares, inclusive os da reserva, de se manifestarem politicamente? CARLITO - Não sei. Inclusive penso em ser candidato a vereador em Maceió nas eleições de 80. Como vou dar o recado, se sou pela democracia plena, pelas eleições diretas, a favor da anistia total e irrestrita, e, mais que nunca, tenho a convicção de que a “Revolução” acabou? DESAFIO - E agora, o sr. continua na ARENA ou vai pro MBD? CARLITO - Confesso que, quando me candidatei a prefeito de Barra de São Miguel pela ARENA, vi que era o melhor caminho de ganhar a eleição. Mas, francamente, sinto-me acanhado em dizer que pertenço aos quadros da ARENA. Devido às minhas convicções, não posso estar no partido que mantém o poder pela força, pelo regime militar. O poder tem que vir do povo, só a ele pertence. DESAFIO - Como foi essa sua decisão de deixar o Exército e entrar na política? CARLITO - Bem, depois de 16 anos de vida militar e algumas decepções profissionais e políticas, resolvi sair do Exército. Fazia a Faculdade de Engenharia quando o A1-5, em 1968, determinou a aposentadoria compulsória a todo militar que fosse subversivo, corrupto, pederasta ou eleito para algum cargo político. Foi aí que vi a oportunidade de sair do Exército com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Das quatro opções, preferi a política. Eleito prefeito de Barra de São Miguel, fui automaticamente aposentado e hoje pertenço à reserva remunerada do Exército. DESAFIO - Como se sen-

tiu em sair do Exército, com regalias, mandando, tendo o poder, sendo cortejado, respeitado, para ficar do outro lado? CARLITO - Quero esclarecer uma coisa. Quando rebentou a Revolução em 1964, eu era um jovem tenente crente e entusiasmado com o movimento militar, achava que era a solução para a esculhambação, a anarquia que reinava no país. O propósito era segurar um ano para as eleições gerais em 1965. Servia na 2ª Cia. de Guardas em Recife, tropa de elite do IV Exército. Participei ativamente de várias missões com meu pelotão fortemente armado, eram missões espinhosas. Participei mesmo. DESAFIO - Houve sangue, morte? CARLITO - Onde participei não houve morte, mas muita correria, pedras de um lado, cassetete do outro e prisões. Mas houve sangue e morte em Recife. DESAFIO - Não foi na 2ª Cia. de Guardas que ficaram preso o famoso Julião e outras figuras importantes da política pernambucana? CARLITO — Foi. A 2ª Companhia de Guardas era o centro e o cérebro da Revolução, onde o coronel Ibiapina formou o quartel general dos IPMs. Todos os presos considerados importantes e perigosos ficavam lá. Quando estava de oficial de dia, era também carcereiro dos presos, Julião, Arraes, Gibraldo Coelho, Paulo Freire, Paulo Cavalcanti, Gregório Bezerra, Alfredo Ferreira Filho, Pelópidas da Silveira, entre outros... DESAFIO - Sendo um “revolucionário autêntico”, como era essa relação com os presos políticos? CARLITO - Fui mesmo um revolucionário, era um entusiasmado. O tempo foi passando, aí percebi o que já sabia, aqueles comunistas

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eram gente como a gente, tinham famílias bonitas e não comiam braços de criancinhas. Um cara como Miguel Arraes, governador e ali preso, comportava-se com uma dignidade impressionante. Balançou muito o meu coreto esse relacionamento diário com os presos. Quando ficava de oficial de dia, conversava bastante com os presos políticos. Por formação, por índole, até por circunstância humanitária, sempre dava a atenção devida a todos. Procurava amenizar aquela situação. Nada a ver com convicções políticas. Os colegas oficiais me gozavam. Existia a linha-dura dentro do Exército, diziam que eu era da linha esportiva, colorida. Quarta-feira era dia de visitas aos presos políticos. Recebíamos as famílias visitantes, que eram levadas para uma sala ampla, onde passavam a tarde em reunião familiar, conversando, recebendo comida e carinho, tão necessários numa hora como aquela. Um dia, apareceu a filha de um preso. Começamos uma paquera, veio o namoro. O comandante, quando soube, só faltou implodir. Por essas e outras causas, terminei sendo transferido para a fronteira na Amazônia, entre Roraima e Venezuela, junto aos índios. DESAFIO - E como os excolegas de farda lhe encaram hoje? CARLITO - Quando a gente entra na Escola Militar, ganha uma família, os companheiros de turma que passaram seis anos dormindo e acordando juntos, estudando na mesma sala de aula, tendo os mesmos problemas, ficam amigos para o resto da vida. Mesmo divergindo politicamente, somos amigos. DESAFIO - Vamos agora para a política do estado. O nosso novo governador Gui-

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lherme Palmeira, diga alguma coisa sobre ele. CARLITO - Antes de mais nada, quero esclarecer que Guilherme é um amigo, um companheiro de muitos anos, padrinho de casamento, entre outras coisas. Sei que no fundo é um democrata, um liberal. Ele não pode sair da linha traçada no Planalto, como qualquer outro governador. Mas garanto que torço pelo bom governo de Guilherme, pois, afinal de contas, é um representante de nossa geração e meu amigo. DESAFIO - E o senador Teotônio Vilela? CARLITO - O caso é o seguinte: quando, daqui a alguns anos, bater papo com meus netos, vou dizer para eles: “Conheci e fui amigo de Teotônio Vilela. Teotônio é mais um alagoano que entra para a História do Brasil”. DESAFIO — E Divaldo Suruagy, também entra para a História? CARLITO - Divaldo é um cara inteligente, um político por profissão. Se Maquiavel fosse vivo, teria o que aprender com ele. DESAFIO - E o general Figueiredo? CARLITO - Pode entrar para a História se conduzir a redemocratização e a anistia geral e irrestrita. DESAFIO - E o prefeito Fernando Collor? CARLITO - Minhas relações com Fernando são de amizade, famílias amigas desde a infância de minha mãe. É um homem viajado, inteligente, dinâmico, tem tudo para ser um bom prefeito. Só que está num cargo em que numa democracia, em eleição direta, ele jamais seria eleito. Pois o eleitorado de Maceió é oposicionista, exigente, consciente. Estaria lá na prefeitura um homem com cheiro de povo. E Fernando cheira a Cabrochard, o perfume francês (risos).


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CULTURA

“Olhar de Nise”, de Jorge Oliveira, está na Mostra Panorama Brasil do 480 Festival de Cinema de Brasília

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inalmente, depois de quatro anos de pesquisas e filmagens em Alagoas, Rio de Janeiro e Alemanha, o documentário “Olhar de Nise”, de Jorge Oliveira e Pedro Zoca, começa a ser visto primeiro pelo público de Brasília, no dia 19 deste mês, às 17h, no cine cultural Liberty Mall. O filme está entre outros quatro selecionados para a Mostra Panorama Brasil do 48o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos mais importantes pela sua tradição e reconhecimento no país. Esta é a terceira vez que um filme de Oliveira é escolhido nesse festival. Nas duas primeiras sagrou-se vencedor do troféu candango com “O Poeta e o Capitão” e “Perdão, Mister Fiel”, este detentor de 14 outros prêmios. “Olhar de Nise”, que só foi finalizado depois da inscrição do festival, participa da mostra como filme convidado com mais outros quatro. Segundo os organizadores do festival, a mostra “reúne o que se fez de melhor na cinematografia brasileira este ano no país”. Depois que foi exibido em novembro do ano passado em Maceió, o filme ainda sofreu mudanças e só então foi finalizado este ano. “Olhar de Nise” começa agora a sua carreira de festivais de cinema nacional e internacional, a exemplo do que ocorreu com outros filmes do consagrado diretor alagoano. PSIQUIATRA REBELDE O filme conta a história da primeira mulher alagoana a se formar em Medicina na Bahia.

É a trajetória de Nise da Silveira, alagoana pequenina e valente, que revolucionou a psiquiatria no Brasil utilizando a arte como terapia para o tratamento das doenças mentais em lugar do choque elétrico, lobotomia e outros métodos agressivos. Acusada de comunismo no governo Getúlio, ainda na década de 1940, Nise agitou os meios culturais e artísticos no Brasil com a criação dos ateliês de pintura e modelagem no Hospital Psiquiátrico no Engenho de Dentro, no Rio. Em 1952, Nise criou o Museu de Imagens do Inconsciente, hoje com mais de 350 mil obras. “Olhar de Nise” traz a última entrevista da psiquiatra, dois anos antes de morrer, que faz um contraponto com o artista plástico Almir Mavignier, que mora há 66 na Alemanha. Os dois revelam no filme como foram descobertos no hospital artistas como Fernando Diniz, Adelina Gomes, Emygdio e Raphael, comparados a grandes nomes da pintura universal. O DIRETOR Jorge Oliveira, jornalista e cineasta premiado, escritor com cinco livros publicados, fez seu primeiro documentário em 1992, “O Mestre Graça”, sobre Graciliano Ramos. Alagoano, com inequívoca vocação de se apaixonar pelos personagens de sua aldeia, seguiu a carreira de documentarista sempre contando histórias de seus conterrâneos. Entre seus filmes, o longa-metragem Perdão Mister Fiel, sobre o operário Manoel Fiel Filho, torturado até a mor-

Jorge Oliveira com elenco e equipe técnica de ‘Olhar de Nise’

te nos porões do DOI CODI, recebeu 14 prêmios. O codiretor, Pedro Zoca, formado em cinema, é parceiro de Jorge Oliveira em seus filmes. Em “Olhar de Nise” divide a direção com o pai. Também realiza seus trabalhos autorais a exemplo do curta “Faca Cega” e vários clipes musicais. FICHA TÉCNICA Produção executiva: Ana Maria Rocha e Jorge Oliveira Produção: Rita Andrade Direção de edição: Ana Maria Rocha Montagem: Tuca Oliveira ELENCO: Mariana Infante, Nando Rodrigues, Roberto De Martin, Stela Brandão, Moema Craveiro, Sérgio Higino e Maria Clara Floriano. Participação Especial: Rafael Cardoso

. Direção: Jorge Oliveira Codiretor: Pedro Zoca Roteiro: Jorge Oliveira
 Fotografia: André Lavenere Montagem: Ana Maria Rocha e Tuca Oliveira
 Som: Marcos Manna
 Direção de arte: Andrey Hermuche
 Figurino: Elisa Faulhaber
 Trilha sonora e música original: Cláudio Vinicius Fialho Finalização: Dirceu Lustosa Produtora: JCV - Jornalismo, Cinema e Vídeo

A revolução de Nise

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filme “Olhar de Nise” revela duas grandes surpresas, sobretudo para nós alagoanos, pouco afeitos ao reconhecimento de valores locais; os chamados santos de casa. Assim como Nise - a protagonista -, o diretor Jorge Oliveira é alagoano, e ambos são praticamente desconhecidos em sua terra natal. Integrante do primeiro time da imprensa brasileira, Jorge Oliveira usou a experiência de seus dois prêmios “Esso de Jornalismo” para transformar em um belo filme a história da alagoana mais importante deste século. O longa-metragem mostra como Nise revolucionou a Psiquiatria e mudou os métodos de tratamento de doentes mentais, até então confinados em depósitos de gente. Tratados como animais. O documentário emocionou a todos que tiveram o privilégio de assistir à sua pré-estreia em Maceió e conhecer a fantástica história de vida de Nise da Silveira. No final, o diretor foi aplaudido de pé e aclamado como nova revelação do cinema brasileiro. (FERNANDO ARAÚJO)


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

O alvo foi Collor

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onge de mim tentar fazer a defesa do senador Fernando Collor ou mesmo acusá-lo em função das denúncias de seu envolvimento com recebimento do dinheiro sujo investigado pela Operação Lava Jato. Não me cabe fazer juízo de valores nem tampouco opinar sobre a legalidade dos atos praticados por agentes da Polícia Federal essa semana no cumprimento de mandados de busca de apreensão, de autoria de três ministros do Supremo Tribunal Federal: Teori Savascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Tudo pode ter sido perfeitamente legal, porém não tenho dúvidas sobre um aspecto: o objetivo principal foi atingir em cheio o senador alagoano em extrema rota de colisão com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ator principal foi escolhido a dedo, mas, como o filme precisava de coadjuvantes, se buscou completar o elenco com outros nomes sem a relevância do ex-presidente. A lista de mandados foi numerosa, mas os holofotes buscados intencionalmente pela Polícia Federal foram exclusivamente dirigidos a Fernando Collor. A espetacularização das buscas na Organização Arnon de Mello e no seu apartamento em Maceió, o arrombamento absurdo de seu apartamento funcional, a invasão da “Casa da Dinda” em Brasília e o desfile de seus carrões importados e milionários, adquiridos legal ou ilegalmente, tiveram, sim, o objetivo de humilhar, constranger e desmoralizar o senador. No mesmo dia da operação, Fernando Collor ocupou a tribuna do Senado e foi enfático ao denunciar seus algozes. Disse que não seria intimidado pela ação ( lassificada de “invasiva” e “espetaculosa”) desencadeada pela Polícia Federal, que, segundo ele, “extrapolou os limites legais e feriu a Constituição Federal” enquanto cumpria mandados de busca e apreensão. De acordo com Collor, os policiais arrombaram o apartamento funcional que ele ocupa em Brasília e impediram a Polícia Legislativa de acompanhar o cumprimento dos mandados em dependências que pertencem ao Senado Federal. O senador lembrou, ainda, que não responde a inquérito e afirmou que o Estado recriou o “regime de exceção”. “Na minha residência particular, apreenderam veículos em uma operação espetaculosa e midiática, que contou com dezenas de viaturas e helicópteros”, narrou Fernando Collor, ao lembrar que nunca passou por uma situação semelhante ao longo de sua carreira política. “Depois do que passei, tive que experimentar uma situação jamais vivida. Um extremo desgaste mental e emocional, que jamais passei, junto com minha mulher e minhas filhas. Mas jamais serei intimidado”. Recado dado e repercutido nacionalmente.

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Para refletir: “Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados (vide Milton Campos) pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram.” ( Otto Lara Resende).

A defesa de Renan

Solidários só na morte

Já o senador Renan Calheiros, que, com certeza, teme ser um dos próximos alvos de operação semelhante, presidindo a sessão do Senado, fez críticas severas à ação da Polícia Federal. Segundo ele, “os métodos utilizados pelos agentes beiram a intimidação”. Renan alertou, também, sobre “a necessidade de as instituições públicas garantirem que eventuais suspeitos tenham o direito de apresentar o contraditório, como assegura os dispositivos da Constituição Federal”.

Parodiando o extraordinário jornalista Otto Lara Resende, autor da frase “mineiro só é solidário no câncer”, chego à conclusão e registro também minha frase: “Político alagoano só é solidário na morte”. Vivem a falar uns dos outros, acusam-se mutuamente, mas, se um deles morre, aí passa a ser “amigo querido e político exemplar”. Todos vão ao sepultamento, discursam demagogicamente e até choram “lágrimas de crocodilo”. O imbróglio criado por esses dias, quando a bancada de Alagoas perdeu prazo para apresentação de emendas porque alguns se negaram a assinar, é uma mostra que nossos representantes, em boa parte, não estão preparados para o exercício do cargo. O que ocorreu é um fato inusitado e deplorável. Não existe nenhuma unidade da Federação na qual os deputados e senadores, por mais divergentes que sejam, não estejam unidos no momento para conseguir benefícios para seus estados. Em minha opinião, não temos uma bancada, mas um bando de irresponsáveis.

O risco de ser policial O sargento da Polícia militar Dietmarx José da Silva estava com amigos, em período de folga, em um bar na cidade Santa Luzia do Norte na noite da última quarta-feira. Não integrava nenhuma força tática ou de repressão na sua corporação. Era lotado na Banda de Música, participava de projetos socioeducativos e muito estimado por seus companheiros e pela comunidade. Três bandidos anunciaram um assalto e, ao identificá-lo como militar, o assassinaram fria e covardemente. Os bandidos fugiram com o carro do sargento, que foi socorrido pela ambulância municipal, mas no Hospital Geral do Estado não resistiu à cirurgia e faleceu. O militar deixa viúva e filhos e a revolta de seus companheiros de farda. Hoje é um grande risco ser militar em função da violência crescente e praticamente incontrolável. Um detalhe: estou procurando em todos os veículos uma nota dos que se dizem dos “Direitos Humanos”, que estão sempre prontos para defender bandidos e acusar a polícia.

Decisão arbitrária Concordo com a decisão do procurador-geral de Justiça e a indignação da sociedade diante da decisão da Justiça, que bloqueou R$ 100 mil de conta bancária do secretário de Estado da Defesa Social e Ressocialização, Alfredo Gaspar de Mendonça. Para o procurador, a decisão proferida pelo juiz de 1º grau foi um fato lamentável, visto que o despacho é fruto de uma ação proposta ainda em 2013 e que tramitou morosamente. Ou seja, não se dispensou a devida atenção ao processo em foco. “Agora, o magistrado resolveu aplicar esta sanção, que é esquisita porque seu autor é um juiz de Direito. Quem não sabe que para fazer uma obra se leva mais 30 dias? Existe um processo de licitação, que é algo longo e complexo. Quem proferiu esta decisão ignorou a existência de lei que trata do assunto”. Na verdade ao que transparece o juiz não sabe nada e apenas buscou seu “momento de fama”, só que pelo lado errado.

Farra à vista Por 57 votos a 9, o Senado aprovou o projeto de lei que regula a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. O projeto irá a exame da Câmara e, se aprovado pelos deputados, será encaminhado à sanção presidencial. Outros dois projetos similares foram vetados anteriormente pela presidente Dilma Rousseff, por considerar a iniciativa prejudicial ao erário. No entanto, o autor da proposta, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), disse que o projeto estabelece critérios rígidos para a criação de municípios e atende aos interesses de muitos distritos que reivindicam emancipação. Com a abominável aprovação é possível que mais de 200 municípios novos sejam criados no país, aumentando, ainda mais, a roubalheira e fazendo crescer o “instituto da corrupção”. Coisas da política suja nacional e local.

Cuidado: guarda armado! Um dos projetos com mais prioridade para a gestão do prefeito Rui Palmeira é “armar a Guarda Municipal de Maceió”, segundo declarações levianas proferidas do alto de sua insanidade. Talvez queira mostrar na campanha - se ousar ser candidato em 2016 - como uma de suas principais realizações na falta de algo para prestar contas de seu mandato moribundo. É um perigo uma arma nas mãos de pessoas sem o devido preparo técnico e mesmo emocional. Guardas municipais cuidam dos “monumentos, bens e instalações públicas”, conforme e Constituição Federal. Não pode, nem deve, ter função de policial militar. Ao que parece, a coisa em Maceió está ficando cada fez pior.

Tão bonzinhos O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou qualquer interferência do governo nos inquéritos e nas investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato. O ministro foi convocado pela CPI da Petrobras para dar explicações sobre o caso das escutas clandestinas encontradas na cela do doleiro Alberto Youssef na Superintendência da PF em Curitiba (PR). Cardozo afirmou que é acusado injustamente de instrumentalizar a Polícia Federal a serviço dos interesses do Planalto e de não controlar a instituição. A presidente Dilma Rousseff negou que tenha, em algum momento, solicitado interferências nos processos de investigação ou reclamado de sua atuação à frente da pasta. “Ela é uma pessoa de honestidade ‘inatacável’. Seus próprios adversários reconhecem a honestidade da presidente Dilma. Nenhum fato relacionado à corrupção chegará perto dela”. Pense num povinho honesto!


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ARTIGOS

A lição de um marechal CLÁUDIO VIEIRA Advogado, escritor e membro da Academia Maceioense de Letras

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s novas gerações não sabem, mas a mais alta patente do Exército brasileiro era, até meados do século XX, a de Marechal. Um dos últimos a ostentar as cinco estrelas gemadas do posto foi o presidente Castelo Branco, durante o período militar, considerando-se que, a partir de 1967, só em caso de guerra o título dignificante poderá ser usado pelas nossas Forças Armadas.

A sucinta abertura explica o uso do título entre nós, mas a crônica prestase não ao debate sobre os governos militares, mas à constatação do comportamento honesto de nossos governantes do passado, pouquíssimos, para nossa tristeza, apesar da jactância dos nossos políticos a respeito de sua autodeclarada inocência de propósitos, antes, durante e após o exercício dos cargos para os quais foram eleitos. O querido amigo Lacerda, oficial engenheiro da Aeronáutica, brindoume com o exemplo dado pelo Marechal Castelo Branco quando presidente da República. A história fora originalmente divulgada pelo conhecido jornalista Élio Gaspari. Segundo consta, em

1965, o marechal-presidente lera nos jornais que um seu irmão, funcionário da Receita Federal, fora presenteado, por seus colegas do Fisco com um carro Aero-Willys, em agradecimento aos seus esforços, junto ao governo, pela ajuda que dera à aprovação da lei que organizava a carreira. O marechal telefonara ao irmão, determinando que o mesmo devolvesse o brinde. O argumento do agraciado fora de que, se cada fiscal o presenteasse com uma simples gravata, o valor seria muito maior que o do carro, e, nessas circunstâncias, se devolvesse o mimo estaria ele desmoralizado perante os colegas. Ante a recalcitrância do irmão, o presidente Castelo Brando interrompera-o: “Meu irmão, você não entendeu! Afastado do cargo você já está!

Estamos decidindo agora é se você será preso ou não”. O jornalista relembrava essa história, que lhe fora repassada pelo filho do marechal-presidente, a propósito da defesa que fizera o ex-presidente Lula do seu filho, o notório Lulinha, quando fora divulgado que o seu genial rebento recebera R$ 15 milhões da Telemar para tocar sua empresa, que, nos governos petistas, ascendera à posição privilegiada no cenário empresarial brasileiro. Em tempos de Lava Jato, a história do marechal-presidente e seu irmão vem bem a calhar, demonstrando que, para o homem honesto, seja governante ou não, pau que bate em Chico também bate em Francisco.

Cotas para mulheres no Legislativo não é uma boa MAURÍCIO COSTA ROMÃO*

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Senado Federal aprovou, em primeiro turno, no dia 25 de agosto passado, Proposta de Emenda à Constituição nº 98/2015 que reserva quantidade mínima de vagas, por gênero, nas representações legislativas em todos os níveis federativos. O objetivo por trás da proposta é aumentar a participação feminina na política, considerada muito baixa para os padrões internacionais, em especial nos Parlamentos brasileiros. Aumentar a representatividade feminina nas Casas Legislativas através de cotas é tema controverso, assim como o é, de resto, o estabelecimento de cotas sociais e raciais em geral. Já há uma cota de gênero na legislação eleitoral infraconstitucional. Com efeito, em eleições proporcionais recentes, a grande imprensa nacional deu destaque a três episódios bizarros (retratados no artigo “Millane, Constância e Juvina”, de nossa autoria), envolvendo o cumprimento da regra que a jurisprudência convencionou denominar de “cota eleitoral de gênero”. Essa cota refere-se ao dispositivo da Lei Eleitoral (Lei 9.504/97, art. 10, §3º), que estabelece, verbatim: “...cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo” (redação dada pelo art. 3° da Lei 12.034/09). Note-se que o mínimo e o máximo na redação do §3º se aplicam a ambos os sexos, mas o legislador buscava mesmo era garantir maior participação das mulheres nas eleições, historicamente em número diminuto.

Pois bem, no afã de preencher a cota mínima com o gênero feminino, os partidos saem desesperados à cata de mulheres que se disponham a filiar-se e a candidatar-se por suas cores. Essa varredura é feita, naturalmente, sem nenhum critério de qualquer ordem: vocação, afinidade programática, dimensão eleitoral, etc. O que importa mesmo é preencher a cota e evitar penalidades. Daí a ocorrência dos episódios inusitados acima referidos. Até aí, tudo bem. Trata-se de exigência legal que assegura um piso de candidatura por gênero. Quer dizer, almeja-se que a disputa eleitoral tenha um mínimo de equilíbrio relativo entre sexos, que não haja predominância excessiva de um sobre outro. Agora é diferente: o novo dispositivo constitucional garante vaga no Parlamento por gênero (no caso, pela evidência empírica, para as mulheres), na proporção de 10%, 12% e 16% das cadeiras, nas próximas três legislaturas. Assegurar a presença feminina nas disputas eleitorais, como forma de estímulo à sua participação na política, é uma coisa. Outra coisa é desequilibrar a competição eleitoral reservando vagas parlamentares para as mulheres, independentemente de suas votações. A decisão do Senado é totalmente imprópria**. Primeiro, a vontade do eleitor não é respeitada. Ao substituir homens eleitos por mulheres suplentes para preencher a cota (vide art. 101 das Disposições Transitórias da Carta Magna, introduzido pela referida PEC), viola-se a preferência original do eleitor, que votou em A e não em B; Segundo, transgride-se o princípio uni-

versal da democracia representativa de “um homem, um voto”. No caso, o voto das mulheres vale mais que o voto dos homens; Terceiro, afeta a proporcionalidade da representação no Legislativo. Nos sistemas proporcionais, os estamentos político-sociais se fazem representar no Parlamento em função de sua dimensão eleitoral. A reserva de vaga interfere artificialmente neste alicerce; Quarto, diminui o vínculo entre o eleitor e o parlamentar. O eleitor tinha elos de ligação com o seu representante a quem lhe conferiu o voto, não com seu substituto, em quem não votou. Este, por seu turno, sente-se também distante e descompromissado com o eleitor, que nunca foi seu; Quinto, reduz-se o acompanhamento, a responsabilização (accountability) da atividade parlamentar pelo eleitor. Como o eleitor não se sente representado por alguém a quem não deu o voto, fica também alheio às suas atividades legislativas; Sexto, aumenta a personalização da representação parlamentar. Posto que a ascensão ao Legislativo é por cota legal, não por méritos quantitativos de votos, a mulher sentir-se-á mais independente de orientações e compromissos partidários, bem como de ligações com as bases eleitorais. Sétimo, acirra a competição individual intrapartidária. Com a ameaça de que mesmo eleitos podem ser substituídos por suplentes mulheres, os homens vão intensificar a disputa interna nos partidos por uma maior votação para fugir das últimas colocações, as que serão objeto de defenestração para assegurar o cumprimento da cota. Oitavo, a quantidade de votos da representação é sempre diminuída quando a cota é aplicada. Como as mulheres que

ascendem ao Parlamento são suplentes, elas são, por definição, menos votadas que os homens de quem vão tomar o lugar. Por exemplo, num exercício da aplicação da cota à eleição de 2014 para deputado federal em Pernambuco, trocar-se-ia um homem eleito de 101.452 votos, por um mulher suplente de 1.125 votos. Nono, a alienação eleitoral (abstenção mais votos brancos e nulos) tende a aumentar. A constatação de que há intervenção arbitrária na composição original do Parlamento, tornando incerta a eleição de seus candidatos preferidos, é um desincentivo a mais para o eleitor comparecer aos pleitos e votar em candidatos. Décimo, haverá perda de qualidade produtiva na representação. Aos partidos não importa se as mulheres têm baixa votação ou se são desprovidas de vocação para o exercício parlamentar. O importante é que elas sejam suplentes, condição na qual, eventualmente, podem integrar o Legislativo no processo de aplicação da regra da cota. Uma maior inserção das mulheres na política é, sob todos os títulos, desejável e necessário. Mas isso é uma questão cultural e parte de um processo que requer outros estímulos que não o de amarras legais embutidas nas cotas de gênero. ---------------------------------------------------------*Ph.D. em economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br ** O texto legal do art. 101 da PEC aprovada no Senado é intrinsecamente inconsistente e operacionalmente inaplicável (vide artigo no blog http:// mauricioromao.blog.br.).


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ARTIGOS

Foi dada a largada JORGE MORAIS Jornalista

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e existia alguma dúvida, agora não existe mais. Foi dada a largada para as eleições, e não pensem os senhores que estou me referindo às eleições municipais em 2016. Estou escrevendo sobre a nova largada para as eleições em 2018, quando o ex-presidente Lula, há uma semana, declarou que vai percorrer o Brasil inteiro, fazendo palestras, discutindo política e tirando o foco da administração Dilma Rousseff. Isso é ou não é campanha eleitoral? Claro que sim. E tem mais: está provado que, quando escolheu a Dilma para presidente, Lula estava pensando exatamente nisso: voltar ao Poder, depois de um governo fraco e que ele já imaginava

que seria assim. Mas porque Lula outra vez? Porque o Partido dos Trabalhadores não conta, hoje, em seus quadros, com um nome que possa manter o PT no Palácio do Planalto. E o Partido dos Trabalhadores, depois que sentiu o gosto pela cadeira e o cheiro do dinheiro fácil, não vai deixar escapar essa chance de permanecer mandando e desmandado. Como o melhor nome do PT para disputar uma eleição presidencial, precisaria melhorar muito a imagem do partido e dele próprio para ficar mais ou menos na fita, e esse nome eu não consigo enxergar. Sobrou o Lula de novo. Os principais medalhões do PT, entre eles o José Dirceu, estão presos por esquema de roubo e outras coisas mais; e outros, como Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, e Aloysio Mercadante, ministro da Dilma Rousseff, são antipáticos, o Lula entendeu que deveria vestir a camisa de candidato e viajar pelo país, com a desculpa de tirar o foco dos eleitores, da oposição e da mídia, em relação à imagem desgastada da presidenta. E mais do que isso: o candidato sendo

o Lula já enfraquece o interesse do PSDB, principal partido de oposição ao governo, e do próprio PMDB, que foi escolhido pelo Lula para formar no governo da Dilma. Provavelmente, a saída da articulação política por parte do vice-presidente Michel Temer deve está ligada a esse movimento e desejo do Lula, antecipadamente, em viajar e começar a fazer campanha. O ex-presidente Lula seria, hoje, o único homem a convencer o senador Renan Calheiros e outras lideranças partidárias, entre elas, do PMDB, PDT, PTB, PP e alguns outros partidos, a aceitarem o seu nome como possível candidato para retomar o crescimento do Brasil. Acho isso um absurdo e uma grande bobagem que se comete com isso, até porque minha opinião é que foi no governo do Lula onde tudo começou, e o País chegasse ao quadro em que se encontra. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva já se roubava muito. O presidente dizia que nunca ouviu, nunca soube ou nunca viu nada acontecendo de errado. E olhe que o gabinete do ministro José Dirceu era colado ao do Lula. Sobre tudo o

que era autorizado e acontecia no Brasil, a decisão saía do José Dirceu, mas o Lula nunca viu o “entra e sai” no gabinete de seu principal, mais próximo e mais importante ministro. O Lula ficou rico da noite para o dia. Começou a fazer consultoria, as mais caras do Mundo, pelo exterior; fazia palestras; e viajava por conta dos empresários que estão presos, quase que semanalmente, isso sem falar nos extraordinários empréstimos conseguidos no BNDES para empreiteiras que construíam obras faraônicas, e muitas delas, ainda não saíram do papel, para países pobres africanos e endividados. Portanto, gente, não dá para acreditar nessa história do Lula de, agora, querer salvar o país, tirando o foco da Dilma. Isso tem outros nomes: golpe e enganação. Golpe, porque ele já sabia que isso chegaria ao que chegou, inclusive já andou criticando a presidenta em público. Enganação, porque de conversa mole e de enrolada o eleitor já anda cheio, e não é agora que vai cair, mais uma vez, na lábia do Lula e seus “Lulinhas”.

res ativos e inativos, quando na mesma folha pagam salários dobrados aos comissionados. Não dizem à sociedade para onde foram os milhões que Fernandinho e sua turma desviaram. No Senado Federal já existem 13 senadores indiciados, inclusive os três de Alagoas. O presidente já virou amigo da Dilma, o Benedito de Lira votou a favor do Janot e o Collor, pobre coitado, atira pedras no procurador, devendo pagar por todos eles, os investigados. Já li entrevistas do dono das Organizações Arnon de Mello afirmando que não vai sozinho. Preparem as celas... Na Câmara de Deputados, o escândalo não é menor. Começou pelo presidente da Casa. Procedeu igual ao Collor: saiu atirando para todos os lados. Acalmou-se um pouco. Mas está enroladíssimo. E os corajosos que denunciam a corrupção preparem o juízo. O poder protege, de certa forma, os desmandos. Juntamente com o dinheiro, são capazes de darem força aos indiciados para revirarem os processos contra

seus possíveis inimigos. Tive na minha família um caso grave: três políticos famosos mandaram surrar meu irmão Sabino pelas denúncias que fazia. Nada foi provado, mas, como Deus é poderoso, todos os três respondem processos na Justiça. Um foi preso e saiu de tornozeleira na perna. Quem não se lembra do deputado JHC? Foi valente o suficiente para denunciar os desmandos da mesa do Fernandinho. Foi perseguido. Mexeram com os pais dele, que eram funcionários da Assembleia Legislativa. Pois bem, o povo deu a resposta e o elegeu deputado federal com milhares de votos. De nada adiantou a perseguição dos corruptos. Deus tomou conta do jovem que se arriscou tremendamente ao denunciar velhas raposas da política alagoana. Então o que eles querem: que o povo sofra calado, ninguém denuncie nada e eles continuem sendo eleitos e usando o dinheiro público. Mas ainda existe gente corajosa! Parabéns para Janot e Moro!

O feitiço vira contra o feiticeiro ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

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Brasil é um país interessante: os políticos estão sendo alvos de denúncias de corrupção e, de repente, se viram contra pessoas sérias, responsáveis por uma limpeza na nação e começam a atirar pedras. O primeiro exemplo é o senador Fernando Collor de Mello: ex-presidente, foi afastado por graves acusações, envolveu-se em muitos escândalos, foi absolvido em vários processos. Voltou à política e hoje é senador por Alagoas. Mais uma vez está envolvido em casos de corrupção, na Lava Jato. Como vingança, procura condenar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Xingou publicamente a autoridade. Investigou a vida de sua vítima e expôs até o irmão morto. Não surtiu efeito: Janot foi reconduzido ao cargo.

A luta, agora, é com o juiz Sérgio Moro. Corajoso, tem denunciado empresários e políticos que usavam o dinheiro público para se locupletarem em célebres casos de corrupção. Estão revolvendo a vida do magistrado, procurando saber até do seu salário. Querem fazer o Juiz desistir da Lava Jato. Espero que ele tenha coragem suficiente para persistir. Não desista, por favor, dr. Moro. Em Alagoas acontecem fatos semelhantes: os políticos gastam fortunas nas eleições, nomeiam 600 comissionados com salários dobrados, usam o dinheiro público em mecanismos complicados e, de repente, viram vítimas. No Legislativo foi instalada uma auditoria para fiscalizar a folha de pagamento dos servidores, mexida e remexida pelos próprios componentes das diversas Mesas Diretoras. Não foi instalado nenhum tipo de fiscalização para esclarecer o desvio de milhões de reais praticado pelos dirigentes anteriores. Aí querem os parlamentares descobrir o que está errado com os servido-


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Encontro nacional

Provável novidade

a última terça-feira foi aberto o 5º Fórum Nacional do Esporte no Hotel Grand Hyatt (SP). Na ocasião, estiveram presentes autoridades e representantes da área esportiva envolvidos com os Jogos Olímpicos de 2016. Com cerca de 500 participantes, o evento abordou os esportes nos próximos anos.

Para Helenildo Neto, representante do CSE na federação, será oportuno para que os clubes fomentem o futebol feminino em nosso estado. “Vou conversar com os demais diretores do CSE e avaliar a chance de termos uma equipe de futebol feminino em nossa cidade”, enfatiza.

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Temas debatidos No 5º Fórum Nacional do Esporte também foram debatidos assuntos como “inovação e legado dos Jogos Olímpicos de 2016”, “desempenho do Brasil nos jogos” e “capacidade de mobilizar empresas privadas para apoiar eventos esportivos”, além de palestras de empresários, autoridades e atletas medalhistas olímpicos.

Estrela sobe Segundo o jornal inglês Dayly Mail, o jogador Roberto Firmino, convocado para os amistosos da seleção brasileira que serão realizados nos Estados Unidos, é um dos craques mais bem pagos no mundo. Roberto, que iniciou sua carreira no futebol na base do CRB, joga no Liverpool da Inglaterra e seu contrato é de cinco anos, com salário de £ 560 mil.

Lançamento O radialista Antônio Oliveira analisa uma data para lançar “Histórias de um narrador esportivo”, editado na Gráfica Graciliano Ramos. O livro, que contém 248 páginas, discorre sobre fatos e “causos” do futebol alagoano testemunhados por ele. O preço do exemplar é R$ 25,00. Recomenda-se a leitura.

Futebol feminino A Federação Alagoana de Futebol marcou o início do campeonato alagoano feminino para os meses de novembro e dezembro. O presidente da Federação Alagoana, Felipe Omena Feijó, ainda na reunião com dirigentes dos clubes, analisou uma parceria entre filiados e não filiados. Entre as novidades, o retorno de CSA e Coruripe.

Haja cálculos! O Vasco, com 13 pontos ganhos em 21 partidas da Série A, tem, segundo a mídia carioca, 98% de chances para ser rebaixado da série A em 2016. Mas o técnico Jorginho não perde o otimismo de o time vencer, recuperando-se a tempo neste momento difícil que atravessa.

Rainha Marta Também, durante o encontro na última segunda-feira, foi levantada a proposta de o Campeonato Feminino ser denominado “Copa Rainha Marta”, uma homenagem merecida à alagoana eleita pela Fifa como a melhor jogadora de futebol do mundo no período de 2006 a 2010.

Comparação Jorginho faz figa positiva e lembra o caso do Fluminense, que, em 2009, conseguiu sair da zona do rebaixamento. Ele tenta passar o otimismo para o resto do plantel. Por sua vez, os torcedores se apegam na tese de que “a esperança é a última que morre”.

Média de público A equipe do Fluminense vive um bom momento nos jogos desta temporada do Brasileiro. Além de estar entre os clubes da linha de frente da Série A, o time alviverde consegue levar aos estádios um público bem maior em clássicos em que tem o mando de campo. A média divulgada fica em torno de 18 mil torcedores.

Vôlei sub-23 Alagoas, representado pela equipe masculina do CRB, foi vice-campeão brasileiro. Perdeu na final para o Gabarito/Unipal, Futeel de Minas Gerais. No feminino, outra equipe mineira sagrou-se campeã: Minas Tênis Clube. O torneio, realizado em Maceió, vem sendo organizado pela Liga Nacional de Voleibol desde 2013.

ASA segue no G-4 Os arapiraquenses acreditam que o alvinegro passe à segunda fase da Série C. O time, apesar de ser derrotado na rodada passada pelo Marabá, em Cuiabá, segue no G-4. Neste sábado à noite, em Arapiraca, ele entra em campo com 23 pontos e ocupando a 4a posição na classificação. O adversário é o Dourado, que soma 14 pontos e está em nono.

Proposta da “Liga”

Foi castigo?!

A Liga Nacional de Voleibol tem o mesmo formato de disputa desde 2013, cujos participantes são jogadores da categoria sub-23. A ideia da Confedera-ção Brasileira de Voleibol é fomentar a base futura e, com isso, estimular a revelação de novos atletas.

O CRB, nesta sexta-feira, pega o Fortaleza no Rei Pelé. A torcida deve comparecer, mas faz figa para não passar pela mesma agonia da última quarta-feira, na Fonte Nova. Motivo: o time tomou um gol no finalzinho da partida. Placar final: vitória do Bahia por 3 a 2. Argumentar o quê?!


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Cadê o “Fora, Dilma?!”

Medidas sugeridas

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Para atingir essa meta (poupar R$ 55 bilhões), autoridades da área econômica propõem criar um programa de redução de benefícios previdenciários e sociais. O objetivo é render R$ 18 bilhões ainda este ano. Mas são, no momento, apenas estimativas.

comum no Brasil o administrador público propor sacrifícios para quem trabalha. Sendo assim, não é surpresa a proposta do ministro Arthur Chioro (Saúde) de criar um novo imposto em 2016. Mas não é estranho de essa atitude coincidir com as vésperas das eleições municipais?! Ninguém vai protestar?

Casseta & Planeta “O sutiã é uma espécie de óculos para os peitos. Quando os peitos estão olhando pra frente, tudo bem. Mas, quando começam a ficar vesgos, é preciso usar óculos.” (O avantajado, livro de pensamentos editado pela turma do Casseta & Planeta).

Audiência pública Vereadores de Maceió aprovaram, dentre outros temas, o requerimento da Comissão Permanente de Saúde do próprio Legislativo propondo criar agenda de audiências públicas. A comissão, presidida por Heloísa Helena (PT), é composta também por Antônio Hollanda (PMDB) e Luís Carlos Santana (DEM).

De importância Da vereadora Heloísa Helena (PT) sobre a audiência pública: “São assuntos atuais e de grande relevância. Por isso devem ser debatidos para buscar alternativas que superem as dificuldades e garantam participação dos agentes públicos e privados nos debates”.

CPI é reprise Segundo Inácio Loiola, uma vez instalada, a CPI não será a primeira. Lembra: “Houve uma anterior, presidida pelo deputado Ronaldo Medeiros. É problema seriíssimo que o Brasil enfrenta; e, mais cedo ou mais tarde, tudo pode parar. Não temos mais energia suficiente para atender à demanda da população”.

Dúvida no pedestre Motorista em Maceió tem o hábito em se defender nas ruas pregando contra a existência de uma “indústria da multa”, sendo, inclusive, insistente por ignorar a lei. Já, por sua vez, os pedestres veem a SMTT fiscalizando nas ruas e não escondem a desconfiança de quem livre os infratores da “dor no bolso.”

É natural?

Até tu, Lula?!

O que leva uma instituição amontoar diversos medicamentos em depósitos ao invés de distribuídos à população, conforme o recomendado?! O desperdício foi divulgado recentemente pela imprensa, chamando a atenção de setores organizados da sociedade; além do mais sem nenhum esclarecimento convincente.

A presidente Dilma Rousseff que se cuide ao defender a criação do “Imposto do Cheque,” que maltratou, décadas passadas, a classe média. Mas é aquela máxima: “Triste dos sabidos se não existissem os tolos”. E sobre Lula: quem te viu quem te vê hoje...

Lula preventivo

Pior do Nordeste

Não é surpresa o ex-presidente Lula começar a ocupar espaço na mídia? Ou é apenas uma coincidência a insistência dele em soltar torpedos contra a companheira Dilma, que não pode mais se candidatar à presidência da República?!

O péssimo conceito aplicado pela Eletrobras pelos serviços prestados em Alagoas foi tema de pronunciamento na Assembleia Legislativa pelo deputado Pastor João Luiz (DEM), que propôs uma CPI sobre o assunto. A Agência Nacional de Notícias (Anael) classificou Alagoas como terceiro pior Estado do Brasil quanto à prestação de serviços.

Outros na tribuna O deputados Inácio Loiola (PSB), autor de um pedido para abertura de uma CPI, teve aval de Rodrigo Cunha (PSDB) e Jó Pereira (DEM). Rodrigo Cunha definiu como “uma lástima” a comunicação obscura da distribuidora com usuários. Para ele, “é um comportamento que leva a população a desconhecer os seus direitos”.

Merece o quê?!

Além da perda do mandato, o que merecem os chefes do Executivo que guardam medicamentos em depósitos, ao invés de distribuir com a população necessitada?! Essa observação tem a ver com o hábito de políticos em estocar remédios para as suas campanhas. Lembrando: em 2016 teremos as eleições municipais.

Poupança O governo federal visa poupar R$ 55 bilhões este ano, montante equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (BIB). A proposta ainda pretende quitar os juros da dívida pública e deixar de gastar recursos do superávit primário. É esperar para crer.

Fim de uma época Até onde se pode dar crédito a conversas sobre tempos passados nos quais a indicação de nomes para ocupar ministérios tinha o “dedo do Fundo Monetário Internacional (FMI)?”. E mais: o quadro deve ter mudado após a oposição ocupar o Planalto com Lula presidente.

Joaquim Levy Do ministro Joaquim Levi: “Todos estão envolvidos nessa transformação da economia”. A frase é uma dica para que o consumidor reavalie seus gastos dentro dos limites do seu orçamento. Mas, por trás dessa conversa, existe, na verdade, o interesse dele em reajustar impostos.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

COP21

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epresentantes da sociedade civil e parlamentares discutiram, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), contribuições para a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21). A COP21 começa no dia 30 de novembro, em Paris, e os países participantes devem apresentar, até 1º de outubro, as propostas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Uma posição firme em relação ao desenvolvimento sustentável pode trazer até benefícios ao agronegócio.

Coca-Cola X seca A Coca-Cola e suas parceiras esperam repor toda a água utilizada em suas fábricas até o fim de 2015, para atingir uma antiga meta de conservação cinco anos antes do programado. Esse projeto visa garantir que a companhia terá água suficiente para suprir suas necessidades e também tranquilizar os consumidores que estejam preocupados com a seca. A companhia e suas parceiras devolveram quase 153,6 bilhões de litros de água e reciclaram 126,7 bilhões de litros de água depois do tratamento de resíduos. Juntos, esses números devem atingir a meta da companhia até o fim de 2015.

Análise emergencial de água

Cercas no lago Paranoá A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) iniciou, na semana passada, a derrubada de cercas na orla do lago Paranoá. Vão ser retirados muros, cercas, portões e alambrados localizados em área pública e que impeçam a circulação na margem do lago. A desocupação foi determinada por uma sentença judicial de 2011, em resposta a uma ação civil pública do Ministério Público do Distrito Federal em 2005. Serão mantidos píeres e quadras esportivas construídas pelos moradores na faixa de 30 metros, até a conclusão do plano de uso e de recuperação da área, que será feito pelo governo

O governo da Bahia montou uma força-tarefa com diversos órgãos do Estado para acelerar a coleta e análise da água consumida na região de Lagoa Real (BA), onde foi identificado um poço contaminado com alto teor de urânio. Os trabalhos, que estão sob a coordenação do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), devem adentrar pelo fim de semana até que todos os poços da região tenham amostras de água coletadas. A partir daí, o material será encaminhado para exames em laboratórios em São Paulo, com intuito de verificar o teor de urânio e outros metais pesados encontrados nessa água.

Dia da prece pela natureza O papa Francisco estabeleceu um “Dia Mundial de Prece pelo Cuidado com a Criação” para os católicos, cujo objetivo é atrair atenção para os riscos enfrentados pelo Planeta. O dia escolhido, 1º de setembro, também marca o dia de proteção do meio ambiente para os cristãos ortodoxos, o que dá ao gesto um simbolismo adicional nas relações entre as ramificações do Cristianismo.

distrital.

“Torre Eiffel” amazônica Em meio à Floresta Amazônica brasileira, emerge uma torre de 325 metros (um a mais que a Eiffel de Paris), que servirá de laboratório para estudar as mudanças climáticas da floresta, porque, devido à sua extensão, os processos climáticos que ocorrem ali podem influenciar outras regiões do Planeta. O Observatório de Torre Alta da Amazônia se localiza em meio à reserva ecológica de Uatumá, a 350 km de Manaus, e é acessível após um longo percurso por estradas de terra e navegação por rio. Este trabalho ininterrupto permitirá conhecer melhor a Amazônia. E os resultados também podem acender ou confirmar grandes alertas sobre o futuro do Planeta.

Transposição do São Francisco A transposição das águas do rio São Francisco começou a funcionar na semana passada, quando foram feitos testes na estação de bombeamento 1 em Cabrobó (PE). Acionadas as bombas, foram captadas águas do São Francisco e enviadas pelo canal que chega à Barragem do Tucutu, Eixo Norte da obra. A obra da transposição teve início em 2007 e deveria ter ficado pronta em 2012. A tendência é que esteja completamente concluída até o ano que vem.

Humanos caçadores De acordo com um estudo publicado na revista Science na última terça-feira, os humanos matam outros bichos em uma taxa 14 vezes superior a outras espécies caçadoras. De acordo com os pesquisadores, o mais impressionante no comportamento humano é que costumamos matar animais adultos, diferente do que acontece em todo o reino animal, que prefere presas jovens e mais fáceis de abater. Isso causa taxas de extinção elevadas, pois eliminamos bichos que estão no auge da época reprodutiva. Esse modo de caçar contribui para desequilíbrios ambientais e distúrbios na evolução de


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

União e força

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oberto Scaringella, engenheiro civil e jornalista, falecido em 2013, fundador da Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade de São Paulo, ex-presidente do Contran e conhecido por sua dedicação aos temas de segurança de trânsito, cunhou a frase: “Justiça social não se confunde com a necessidade de Inspeção Técnica Veicular (ITV)”. Ele se referia aos sucessivos adiamentos da ITV, em razão de muitos acharem injusto tirar de circulação veículos velhos, na realidade mal conservados. Seus donos não têm dinheiro para fazer manutenção, evitar acidentes e diminuir a poluição, mas elegem políticos. Em 2015, completam-se 18 anos que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabeleceu a abrangência nacional da inspeção. No 23º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), realizado no final

pitstop

do mês passado em São Paulo, nada menos de 20 entidades pela primeira vez assinaram uma carta aberta, entregue ao representante do Ministério das Cidades, Aílton Brasiliense, sobre a urgente implantação, por todos os Estados, da ITV. Será que a maioridade do CTB agora será respeitada em meio à crise econômica e política? O Simea, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, com mais de 1.200 participantes ao longo de dois dias, foi muito mais que isso. O escopo desta edição, Tecnologia e Conectividade Melhorando a Mobilidade, atraiu cerca de 60 trabalhos técnicos. Uma das apresentações mais interessantes foi da Ericsson com seu projeto de tráfego conectado em nuvem. Trata-se de plataforma de Internet das Coisas para compartilhar, ano-

RODA VIVA nimamente, as condições de trânsito em tempo real entre veículos conectados e administradores de circulação em ruas e estradas, sem desrespeitar a privacidade das pessoas. Para a Microsoft, o telefone celular é o novo painel do automóvel, capaz de informar, controlar e até assumir comandos antes exclusivos dos motoristas. No Brasil, rodovias “pedagiadas” também vão implantar novas tecnologias para se chegar ao ideal de o sistema cobrar por trecho percorrido. No futuro, ainda um pouco distante, as cabines de cobrança poderão ser substituídas por cortina de raios laser que ajudarão na identificação de cada veículo e o uso que fez da estrada. Afinal, espera-se que um dia o carro seja usado mais “a passeio” em viagens e menos nos deslocamentos urbanos. Pensando mais no presente, três empresas de autope-

Hyundai iX35 muda para ampliar a liderança Carro chega na linha 2016 em três versões de acabamento e uma especial na cor laranja A Hyundai Caoa apresentou a nova linha 2016 do utilitário esportivo iX35. Com visual renovado e novas configurações de versões e equipamentos, a montadora espera aumentar as vendas em 25%. Se um carro desses passar por você na rua, certamente ele será identificado. Usando estratégia já comum nos lançamentos de carros pequenos, a Hyundai pintou de uma cor laranja 300 unidades de uma série limitada que já está à venda. Na contramão do mercado, o utilitário esportivo Hyundai segue como um dos preferidos do consumidor. No primeiro semestre de 2015 apresentou alta de 15,9% nas vendas, quando comparado aos seis primeiros meses de 2014, passando de 7.025 unidades

ças apresentaram no Simea um novo sistema universal de partida a frio para motores flex quando usam etanol. Iniciativa da Mahle, criadora do inovador módulo de pré-aquecimento, contou com laboratórios da Continental para testes e gerenciamento eletrônico. Como é mais eficiente que os dispositivos atuais em termos de consumo de energia da bateria, emissões e economia de combustível, surgiu a ideia de incluir novo catalisador de custo menor e para tanto a Umicore participou. Projeto idealizado por engenheiros brasileiros, que dividiram conhecimentos sem visar vinculação entre as três empresas e a preço bastante competitivo, será oferecido a qualquer fabricante de motor com os atuais equipamentos de injeção indireta de etanol/gasolina (mais de 90% dos modelos à venda, hoje). União fez a força.

faróis, retrovisores rebatíveis eletricamente, sensor de ré e repetidores em LED nos retrovisores. para 8.142 unidades, isso num momento de queda de vendas no mercado total. A Hyundai Caoa espera vender duas mil unidades/mês. Seu mix de vendas é de 25% na versão de entrada, 60% na intermediária e 15% na topo de linha. Produzido em Anápolis (GO), o Hyundai iX35 flex traz um desenho mais requintado. A dianteira agora está mais parecida com seu irmão maior, o Santa Fé, com novo conjunto óptico em LED, farol de neblina com molduras que combinam com a grade frontal, novos para-choques e spoiler dianteiro que deixaram o modelo com visual mais esportivo. Na traseira, a mudança ficou por conta das novas lanternas. O motor 2.0 flex foi recalibrado para

atender às novas normas de emissões de poluentes, agora passa a ter 167 cv de potência e 20,6 kgfm de torque com álcool; e 157 cv e 19,2 kgfm. O iX35 anterior entregava 178 cv (álcool). O veículo possui, ainda, câmbio automático de seis marchas com possibilidade de trocas sequenciais. Entrada – R$ 99.990,00 Tem de série sistema de som com CD/ MP3/AUX/USB, bluetooth, bancos parcialmente em couro, rodas aro 18″, chave tipo canivete, ar-condicionado com saída traseira, LED nos faróis dianteiros, apoio de braço central e porta-copo no banco traseiro, freios a disco, encostos de cabeça ativos, barras de proteção contra impactos laterais nas quatro portas, faróis de neblina, sensor de automático dos

Intermediária – R$ 109.990,00 Acrescenta: câmera de ré, GPS, botão Start/Stop para partida sem chave, controlador de velocidade, tela de LCD, central multimídia e entrada para iPOD/USB/AUX e rack de teto. Top – R$ 122.990,00 Acrescenta: bancos, volante e manopla do câmbio em couro, maçanetas cromadas, controle de estabilidade e tração, ar-condicionado de duas zonas, regulagem elétrica do banco do motorista, airbags laterais e de cortina, lanternas traseiras em LED e teto solar panorâmico. Outra novidade é a edição especial “Launching Edition” na cor laranja, limitada a 300 unidades, divididos entre a versão Intermediária e Top. O Hyundai iX35 tem garantia de cinco anos, sem limite de quilometragem.

CONFIRMADO o fim de produção do Celta (antecipada aqui), restam ainda em linha dois “veteranos de guerra”: Chevrolet Classic (praticamente igual desde 1995) e Fiat Palio Fire (de 2006). Aquele sem data de aposentadoria, e este deve parar em 2016 com a estreia do segundo subcompacto da Fiat. Primeiro deste segmento foi o 147, depois o Ford Ka original e agora VW up!. GENERAL MOTORS, em plano mundial, diversifica além dos motores de 3 cilindros de 1 a 1,5 L (aspirado e turbo). No seminário sobre inovações atuais e futuras em junho último, em Detroit, mostrou câmbios manuais de cinco, seis e sete marchas e três tipos de automáticos: CVT, DCT (dupla embreagem) e convencionais (epicíclico) de seis, oito e, em breve, dez marchas. HYUNDAI IX35 recebeu mudanças de meia-geração, basicamente em faróis e lanternas. SUV médio-compacto produzido em Anápolis (GO) agora tem três versões, cujos preços vão de R$ 99.990 a R$ 122.990, o que dá flexibilidade de escolha. Previsão de vendas: 1.800 unidades/mês. Suspensões ficaram mais macias e confortáveis, mas seu curso poderia ser um pouco maior. TERMINOU, depois de três anos e meio, a disputa na Justiça internacional entre Suzuki e Grupo VW. Marca japonesa queria recomprar dos alemães o lote de ações vendidas (19,9% do seu capital) em 2009 porque o acordo de transfe-rências mútuas de tecnologias não funcionou a contento. Tribunal deu ganhou de causa à Suzuki. APROVADA na Câmara dos Deputados, mas ainda depen-dendo do Senado, obrigatoriedade de uso de faróis durante o dia nas estradas. Há dúvidas sobre a exigência em países tropicais. Os EUA, com a maior frota de veículos do mundo e depois de longos estudos, recusaram a proposta. Bom mesmo são luzes de uso diurno (LEDs) que não se


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ARTIGO

O Brasil virou uma zona!!!... JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

E

u admito que uma pessoa que tenha escolhido a política como principal atividade deveria ser honesta, de caráter e com inteligência suficiente para saber o que deve e ou não deve fazer quando no mandato ou exercendo um cargo político. Eu até admito que qualquer dessas pessoas deva ter um grande “jogo de cintura”, sempre preparado para se livrar dos golpes baixos que ela impõe, aos que por ela se apaixonam. Todos que escolheram a política deveriam ser honestos, ter caráter e desistir das possíveis ambições por dinheiro e pelo dinhei-

ro. Por causa da falta de caráter, todo mundo está sendo testemunha do que está acontecendo no Brasil nos últimos anos. É que estamos, lamentavelmente, vivendo num país de mentiras, de “trambicagens”, de engodo, de patifaria, de ilegalidades e de “mutretas”. A cada dia que se passa, estamos nos deparando com situações nunca acontecidas no Brasil no que diz respeito à honestidade e à honradez. O Brasil está repleto de seguidores do “Ali Babá e seus 40 ladrões”. Que eu saiba, não existe na história dos povos nenhum escândalo que seja equiparado ao escândalo conhecido como o da “Lava Jato”. Ele é tão grande e tão imoral que o dinheiro roubado dos cofres do governo, através da Petrobras e da Energia Nuclear, está calculado em bilhões e mais bilhões de dólares. Agora, outro escândalo

estourou, envolvendo bilhões de dólares que foram doados a vários países, onde o sabido Lula mantinha interesses comerciais, tudo com dinheiro desviado do BNDES. Os escândalos são tão grandes que estão querendo que a sra. Dilma extinga 9 dos 49 ministérios, tidos como inúteis, tudo para que ela possa diminuir o rombo nas contas públicas. Gastaram demais, com roubalheira, com desvios, com eleições, com aumentos para os ministros, para os senadores e para os deputados federais, a ponto de o Brasil ficar sem dinheiro para manter as suas bilionárias despesas. Existem várias obras paradas, onde foram contratados serviços superfaturados, e o resultado é que, pela primeira vez no mundo, um país vai aprovar um orçamento com despesas muito superiores às receitas, o que é um absurdo! Ou seja, o

Brasil está quebrado, sem créditos e sem dinheiro para cobrir a roubalheira acontecida nos governos do sr. Lula e da dona Dilma. Uma vergonha!!!... Ainda nessa quinzena, os senadores e deputados federais irão aprovar o orçamento mentiroso. Melhor dizendo, o Brasil está de esmola, tudo por causa da safadeza com o dinheiro público e que, certamente, deverá ter o apoio dos ministros dos Tribunais Superiores, os mesmos que nomearam o sr. Lula e a sra. Dilma. Pode um negócio assim?!... Estamos numa verdadeira Zona!!!... Em tempo – A professora Nadir Oliveira, o promotor Itamar Gama, o professor Radjalma Cavalcante e o engenheiro José Francisco Silva Santos são meus assíduos leitores. A eles, os meus agradecimentos pelos incentivos.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Debate na Câmara

A

pós a sessão ordinária, realizada na última quarta-feira, o presidente da Câmara de Vereadores de Arapiraca, Márcio Marques, abriu o espaço para a Tribuna Livre, onde, a convite da vereadora Gilvânia Barros, o secretário do Meio Ambiente, Ivens Barbosa, e o representante da Empresa Mais Ambiental, Eduardo Lucena Cavalcante, fizessem a apresentação de um Diagnóstico Técnico Participativo do Plano Municipal de Saneamento Básico.

Saneamento básico Durante mais de duas horas, técnicos, vereadores e representantes de lideranças comunitárias discutiram os principais temas da tribuna livre. Os vereadores questionaram o secretário Ivens Barbosa com a finalidade de saber a data em que o Poder Legislativo receberá o projeto sobre o saneamento básico. Como resposta, receberam a garantia de que, até dezembro deste ano, todo o processo de elaboração estará concluído e enviado para a apreciação dos vereadores, prevista para o início de janeiro de 2016.

Maragogi Situado no litoral norte de Alagoas, mais precisamente na região conhecida como “Costa dos Corais”, o município de Maragogi é um importante destino turístico, que encanta seus visitantes com um cenário composto por piscinas naturais, praias paradisíacas de águas claras e mornas e vastos coqueirais, além, é claro, da rica gastronomia.

Festival da lagosta Em sua 6ª edição, o Festival da Lagosta de Maragogi acontece entre os dias 02 e 27 de setembro. Durante o período, os restaurantes participantes elaboram pratos sofisticados que misturam sabores de especiarias a vários outros temperos e ingredientes, que destacam, ainda, mais o gosto da estrela principal: a lagosta. Um cardápio especialmente elaborado para a ocasião, com descontos de 30% a 50%.

Gastronomia

Vale até domingo

Além disso, para esta edição, a Secretaria Municipal de Turismo e a Costa dos Corais Convention & Visitors Bureau, responsáveis pela organização do evento, escolheram como “garoto-propaganda” o premiado chef Wanderson Medeiros, do restaurante Carne de Sol do Picuí, em Maceió. Para a secretária Mariana Gorenstein, a escolha do nome foi em virtude da grande referência em gastronomia, que o profissional representa atualmente não só em Alagoas, mas em todo o país.

A promoção é válida até as 12h do domingo, dia do jogo. Após esse horário, os ingressos voltarão para o valor integral, sendo R$ 20,00 para as arquibancadas inferiores e R$ 30,00 para as superiores, com vendas apenas no Fumeirão. Estudantes, mulheres, idosos e portadores de necessidades especiais terão direito à meia-entrada apenas no dia do confronto, assim como a venda de ingressos para a torcida visitante.

Jogo do ASA

São parceiros

Após a derrota diante do Cuiabá na última rodada, na Arena Pantanal, a Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) voltará a jogar no Estádio Municipal Coaracy da Matta Fonseca neste domingo, quando enfrenta o Águia de Marabá, partida válida pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série C. O apoio da torcida alvinegra é de extrema necessidade para que o ASA volte a vencer e permaneça no G4 do grupo A.

O diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Silva, recebeu, na última quarta-feira, a visita do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Luiz Dantas, na sede do Iteral, em Jaraguá. Na ocasião, Dantas se colocou à disposição para contribuir para o instituto por saber a importância do trabalho desenvolvido pelo Iteral no Estado. Sertanejos da região da Bacia Leiteira, Dantas e Silva são parceiros de longa data.

Ingressos à venda Para mais esta rodada, a diretoria executiva do “gigante arapiraquense” continuará com as famosas casadinhas. As vendas iniciam-se nesta sexta-feira, e os torcedores que forem ao quiosque do ASA, no Arapiraca Gardem Shopping, nas bilheterias do Estádio Coaracy da Matta Fonseca, e na Poly Sports, na Avenida Rio Branco, poderão comprar dois ingressos pelo preço de um, custando R$ 20,00 para as arquibancadas inferiores e R$ 30,00 para as superiores. Ou seja, na compra de um ingresso, o torcedor alvinegro ganhará mais um inteiramente grátis.

Evento esportivo Uma semana após o lançamento do projeto que levará a prática esportiva para mais perto da comunidade, o Programa de Esporte e Lazer da Cidade (PELC), a cidade de Arapiraca vai sediar um importante evento do setor nesta sexta-feira. A partir das 9h, o “Grande Encontro do Esporte Educacional no Agreste” acontecerá no Ginásio Municipal João Paulo II, no Parque Ceci Cunha, bairro do Centro.

PELO INTERIOR ... A previsão é de cerca de 900 crianças e adolescentes de Arapiraca, Igaci e Taquarana neste importante momento da Rede de Multiplicadores do Esporte Educacional, patrocinado pelo governo federal e Petrobras, tendo o apoio da prefeitura, Instituto do Esporte Educacional e O Consolador. ... Segundo o secretário Municipal de Esporte e Lazer (Smel), Nelson Santos Filho, haverá na programação muitas atividades, como vôlei, rugby, futsal, taekwondo e jiu jítsu. ... Serão entregues kits com todo o material a ser utilizado durante o dia, bem como distribuídos brindes e lanches aos participantes. .... A Câmara Municipal de Arapiraca aprovou projeto de lei de autoria da vereadora Gilvânia Barros, denominando de Posto de Saúde dona Paula uma unidade de saúde localizada no Bairro Senador Arnon de Melo. ... Em sua justificativa, a vereadora Gilvânia Barros, disse que o Poder Legislativo, em seu nome, presta uma grande homenagem diante dos relevantes serviços prestados à comunidade arapiraquense por Dona Paula, mulher de conduta ilibada, que dedicou sua vida à família e ao bem comum, com ações que lhe confere o respeito e a admiração desta Casa de Leis. ... Ainda na Câmara arapiraquense, a vereadora Aurélia Fernandes tornou oficial ao solicitar a prefeita Célia Rocha, através de indicação de sua autoria, o envio ao Poder Legislativo do projeto assegurando todos os direitos trabalhistas aos Agentes de Saúde que foram recentemente efetivados. ... A Polícia Federal indiciou o deputado e presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o pai do parlamentar, senador Benedito de Lira (PP-AL), por suspeita de corrupção passiva em um dos inquéritos da Operação Lava Jato. ... O relatório da investigação sobre os dois parlamentares foi entregue, na última segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal (STF) ... Através de nota, o senador Benedito de Lira afirma não ter envolvimento com essas pessoas. O pedido de indiciamento é um equívoco, pois tem como referência uma doação declarada na prestação de contas da campanha eleitoral de 2010. ... O senador aguarda serenamente a decisão do Supremo Tribunal Federal. ... Aos leitores da coluna desejamos um excelente final de semana, com paz e saúde. Até a próxima edição. Fui!!!!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

O mais econômico O responsável pelas compras de supermercado deve ser o mais econômico, levando sempre a lista e só comprando mesmo o que estiver anotado. Jamais ser induzido pelas promoções quando não precisa do produto exposto. Se só usa o sabão em pó OMO, o mais tradicional, e encontra um similar – porém de outra marca e com preço mais baixo – que faz o mesmo efeito, a pessoa não deve contar conversa: deve colocá-lo no carrinho!

Sem importados

Pensando em curto prazo

E

stamos em recessão! É fato consumado e, finalmente, entendido pelo governo brasileiro, que teimava em afirmar a exclusão do país da crise econômica mundial iniciada em 2008 e que afetou o Primeiro Mundo. Agora, o “dragão chinês” (considerado um grande importador do Brasil) está crescendo menos e, consequentemente, comprando menos nossos produtos, afetando em cheio a balança comercial e aumentando, dessa forma, o desemprego e a inflação. Assim, vamos pensar em curtíssimo prazo com a regra básica: reduzir o consumo e não se endividar. Viver de acordo com o que ganha! O primeiro passo para conviver com a recessão é pesquisar preços (nunca comprando na primeira parada); trocar de marcas; reduzir o consumo de energia e combustível; evitar almoçar ou jantar em restaurantes, optando mesmo para casa (com todos ajudando no preparo e não exigindo apenas que a dona de casa fique como encarregada do serviço). A classe média – não a C, D e E do Lula e da Dilma, mas a que quer acompanhar a classe superior (rica) – deve se conformar com o que ganha e não extrapolar os gastos em excesso, como sempre fez.

Com o dólar beirando os R$ 4,00, é impossível o consumidor da classe média se dar ao luxo de continuar comprando vinho português, alemão, francês; o mesmo ocorrendo com o uísque escocês. Deve-se conformar com os similares nacionais, bem mais baratos e que fazem o mesmo efeito etílico.

Pagando em dia Quem tem um cartão de crédito e usa para alguma emergência deve ter certeza de que, um mês depois, deve ter o dinheiro para pagar o valor total da fatura, jamais amortizando, pois os juros, multas e outras taxas formam uma “bola de neve”, que pode levar qualquer um ao fundo do poço. Os juros do cartão de crédito, incluindo multas e outras taxas, chegam a quase 20% ao mês.

Fuja dos agiotas Se você tem seu nome incluído na “lista negra” do SPC/Serasa, mas pode pedir um empréstimo consignado, sem consulta, descontando o valor da prestação do salário, faça isso. Mas jamais recorra a um agiota, que cobra juros até 20% ao mês. Fuja disso!


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CRÔNICA

O terceiro elemento FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

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omem é um ser medroso e essencialmente complexo, ainda que falem sobre o comportamento com forte conteúdo carnal. Em Maceió, tenho um grupo de amigos, o qual, entre as mais diversas funções sociais, delibera acerca das questões sentimentais dos membros. Uma futura namorada é estudada em detalhes pelos elementos. Idade, perfil dos ex-namorados, com quem anda e o que lê. Tudo é detalhadamente investigado e apresentado ao conselho, pois somos indecisos e até certo ponto bobos, partilhando do ideal de amor romantizado. Essa coletivização das decisões ajuda na hora das escolhas. O peso fica menor. A derradeira reunião do grupo aconteceu em maio. O clima estava bem animado no churrasquinho do Kaká, o melhor bar de fim de noite de Maceió. Trocávamos efusivamente elogios e contávamos as peripécias amorosas que as mulheres nos submetiam nos últimos tempos. Caio pediu a palavra e começou a apresentar sua “ficante”, a qual iria ganhar a alcunha de namorada brevemente. Mostrou fotos e a reconhecemos. Os olhares de reprovação começaram a surgir, mas o camarada nem ligou. Continuou argumentando que ela era um bom partido: bonita, cheirosa, frequentava a igreja, cuidava da vovó aos domingos, gostava de bons livros, ou-

via Chico Buarque, andava feito bailarina e era sincera. Caio tinha toda razão. A mulher carregava consigo a doçura para dar sabor à vida de qualquer homem. Porém, sempre há um problema. Os olhares atravessados dos amigos sobre a escolha do enamorado tinha um só motivo: ele seria o terceiro elemento. A moça não tinha namorado, mas tinha um lance mal resolvido, que se resolvia na boca do ex-namorado dela toda vez que se viam. Havia amor na parada, e isso era nítido. Não sabíamos o motivo de eles não retornarem, mas sabíamos que o amor estava ali. No nosso jargão, o terceiro elemento é conceitualmente aquele que entra querendo um amor que já é destinado a outro. Explicamos as nossas razões e deixamos nas mãos do novo apaixonado a decisão. Ele decidiu tentar e sumiu. Ontem, depois de um bom tempo, recebi uma ligação: - Vocês tinham razão. Ela gosta dele. Percebi ontem quando o encontramos. A Suzana mudou, ficou vermelha e gaguejou. Segundo meu amigo, a garota perdeu a graça depois do momento. Ficou insatisfeita com tudo. Caio tentou, com beijos ardentes e propostas picantes, reascender o sol que havia nela. Um sol morto e apagado, que, na melhor das hipóteses, seria capaz de aquecer outras galáxias, mas não a sua. Um sol, antes de tudo, inútil. O amigo tentou se recompor das migalhas do seu ciúme, que, naquele momento, era o que havia de mais seu e decidiu levá-la em casa. De acordo com o camarada, os olhos dela permaneciam ligados ao chão, como se prometessem à terra que um dia eles voltariam por inteiro.

Tive vontade de dizer que havíamos avisado, no entanto pensei não ser prudente. Resolvi só ouvir e não julgar; afinal, quem de nós não quis ser o terceiro elemento? Aquele canal para escoar o amor alheio? Aquele que tomaria de assalto um amor já pronto e destinado? Seguindo a história, ele revelou que Suzana resolveu quebrar o silêncio com frivolidades e disse estar bem. Alegou uma dor de cabeça e que havia visto uma menina olhando para Caio. Por fim, sem que meu amigo perguntasse, disse estar contente. - Você ama seu ex-namorado? - perguntou o camarada. A moça, antes de descer do carro, deu um beijo mais frio que a Noruega no inverno. Confuso, o enamorado apanhou o silêncio gélido da amada. “O silêncio não é falta de resposta. É uma resposta”, dizem os mais sábios. E Cartola já nos disse em Tive Sim: - E vou calar, pois não pretendo amor te magoar. Meu amigo entendeu. O silêncio foi a forma mais elegante responder, confirmando todos os atributos ditos por ele sobre ela. Era meiga, doce, educada e tudo mais. E não era mentirosa. Suzana se entregou à passividade agradável de revelar com o não dito. E para meu amigo só coube o papel da desagradável de admirar o amor alheio, que tanto queria para si. *Médico formado pela Ufal, Fernando Tenório, 26 anos, alagoano de Maribondo, encontra-se fazendo residência em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, Rio de Janeiro. É autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela editora Viva em 2014


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