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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 839 - 18 A 24 DE SETEMBRO DE 2015

ABM RECORRE AO STF CONTRA LEI DA BENGALA EM ALAGOAS EMENDA APROVADA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ESTENDE AOS MAGISTRADOS A OPÇÃO DE APOSENTADORIA AOS 75 ANOS P/8

Junta investiga festival de atestados médicos no Tribunal de Contas P/10

DESEMBARGADOR: CABO LUIZ PEDRO DIZ “MEU FILHO NÃO ESTAVA SER INOCENTE E QUE NO ACIDENTE QUE MATOU FOI DENUNCIADO ADVOGADO” P/9 POR VINGANÇA P/12

GÁS LIBERADO PELO ANTIGO LIXÃO AMEAÇA SAÚDE DE MORADORES DO SÍTIO SÃO JORGE P/11

TJ DE ALAGOAS É O QUE MAIS GASTA COM SERVIDORES NO NORDESTE

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COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

A casa caiu

anos.

A

São Luiz 1

Indústria da Construção Civil sofreu um novo baque com o corte adicional de quase R$ 5 bilhões no Orçamento da União para 2016 no Programa Minha Casa, Minha Vida. Responsável por 60% dos investimentos produtivos do país, o setor já havia perdido R$ 15 bilhões nesse programa, anunciada anteriormente. A volta da CPMF e a introdução de alíquotas progressivas de até 30% sobre ganhos de capital na venda de imóveis por pessoas físicas também preocupam a construção civil, já marcada por uma elevada carga tributária.

Populares de São Luiz do Quitunde – entre servidores efetivos e prestadores de serviço – prometem ir à próxima sessão do pleno no Tribunal de Justiça (TJ/AL) reivindicar a saída do prefeito Eraldo Pedro. A situação é insustentável e o panelaço na Praça Deodoro já está programado. A população não aguenta mais o desastre administrativo.

Frases da semana

Bancada do zero Nenhum dos nove deputados da bancada alagoana na Câmara Federal integra a lista dos 10 deputados mais bem avaliados pelos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. O Rio aparece com seis dos melhores deputados do país e São Paulo, com dois parlamentares. Nossos representantes não aparecem sequer entre os 100 deputados mais votados.

Classificados O Brasil ganha seu 33º partido político, que tem o sugestivo nome de Partido Novo. É mais um biombo para fazer negócio$ e enganar trouxas.

Condenado “Ela não merece ser estuprada porque é muito ruim, é muito feia. Não faz meu gênero. Jamais a estupraria”. Por esta declaração, o deputado federal Jair Bolsonaro foi condenado a pagar R$ 10 mil à deputada petista Maria do Rosário, por danos morais.

Muleta A chamada PEC da Bengala, aprovada pela Assembleia Legislativa de Alagoas, não passa de uma muleta jurídica sem qualquer base legal. De autoria do deputado Chico Tenório, a emenda constitucional estendeu aos desembargadores e conselheiros do TC a opção de se aposentar aos 75 anos de idade. Por enquanto, a mudança na lei feita pela Câmara Federal só vale para membros de tribunais superiores.

São Luiz 2

“Usar a crise para chegar ao poder é golpe”. Dilma Rousseff

“Golpe é ganhar eleição com dinheiro do crime”. Aécio Neves, em resposta a Dilma

Impeachment

Nem os mortos

A oposição entregou nesta quinta-feira, 17, à Câmara dos Deputados, a nova versão do pedido de impeachment assinado pelo ex-deputado federal Hélio Bicudo. Na peça, o ex-petista acusa Dilma Rousseff de ter cometido crime de responsabilidade em relação à Operação Lava Jato e às contas governamentais de 2014.

Em Paulo Jacinto nem os mortos podem descansar em paz, devido o descaso da gestão atual. O cemitério municipal foi tomado pelo mato e há casos em que corpos foram retirados de seus túmulos, ainda em decomposição, por falta de espaço. Apesar de o Município ter conseguido ampliar o espaço, infelizmente a prefeitura não organizou o terreno e pessoas estão sendo sepultadas no meio do mato, como qualquer objeto.

Vermelho Quatro em cada 10 brasileiros vivem acima do seu padrão de vida, terminando o mês sem qualquer tipo de reserva financeira para emergências ou mesmo no vermelho, mostra pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Naco Governador Renan Filho defende a nova CPMF. Quer a parte do Estado no bolo.

Oba-oba O vereador Dadá Santana destacou que as obras realizadas em Rio Largo são de fachada e não atendem aos interesses do povo. Dadá contou que um bloco de oposição vem sendo montado para Rio Largo sair da mazela administrativa que se meteu nos últimos

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97

Representantes da CGU estiveram nos últimos dias em São Luiz e detectaram uma série de desvios, entre eles no Funbeb. Há quem diga que o montante beira os R$ 2 milhões. A sociedade aguarda que o TJ coloque em votação o afastamento do prefeito Eraldo Pedro.

Desabafo 1 Rui Palmeira questiona o corte no vo-lume de recursos da União em áreas fundamentais, como a Saúde, o que tem penalizado os municípios. “Temos feito um esforço muito grande, mas não tem sido fácil conseguir investir. Temos muitas dificuldades e temos feito economia onde é possível fazer para conseguir os recursos para contrapartidas na área e nesse caso, a nossa foi maior que a do governo federal”.

Desabafo 2 “A União é quem mais arrecada e quem menos investe em saúde. Estamos numa luta grande para fazer os investimentos necessários e entregar as obras. Os trabalhos não podem parar. Não tem sido fácil, mas estamos mantendo as reformas”, disse Rui.

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7248 - 9.9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE SETEMBRO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Meu presídio, minha vida Brasília - O problema do Brasil não se resume à crise econômica, política e financeira. O problema do Brasil é, sobretudo, policial. Isso mesmo, enquanto os meliantes petistas, que vivem pendurados nas tetas do governo, não forem demitidos ou presos, não existe saída a curto prazo para a crise. Chega de dourar a pílula; o Brasil precisa ampliar o sistema carcerário para recolher todos os larápios petistas que roubaram as empresas públicas e que ainda estão agarrados aos milhares de cargos no Estado. Dezenas deles já estão engaiolados no presídio do Paraná, mas muitos ainda serão candidatos ao “Meu presídio, minha vida”, talvez o programa mais bem sucedido e eficiente da presidente Dilma pelo grande alcance que terá dentro do seu partido. Os economistas do PT, que afundaram o país, são figuras patéticas. Foram incapazes de apresentar à nação alternativas para revitalizar a economia do país. A mediocridade começou com o médico Antonio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto, onde respondia a vários processos por falcatruas, logo guindado a gênio pela im-prensa servil. Depois apareceu o outro coveiro, Guido Mantega, consultor de sindicatos petistas. Um cavou o buraco e o outro enterrou a economia. E agora, Joaquim Levy, a raposa no galinheiro, representante do Bradesco, que passa a maior parte do tempo negando que vai deixar o ministério. É o melhor que sabe fazer para acalmar o mercado financeiro. A Dilma, como uma tonta, faz reunião todos os dias. Na última delas, disse que vai enxugar a máquina pública, começando pelos ministérios irrelevantes. Essa estória os brasileiros conhecem. Quando esteve ameaçado de deixar o Palácio do Planalto, Collor também trocou os ministros. Aliás, para melhor. Só que o seu tempo (“O senhor da razão”) acabou com o impeachment quando ele começaria a trabalhar com os novos ministros. A Dilma trilha pelo mesmo caminho, depois que perdeu o controle do Estado e da sua base de sustentação no Congresso Nacional. Quer mudar a cara do governo incompetente, mas também luta como pode para conquistar 170 votos na Câmara dos Deputados que a livrariam da abertura do processo de impeachment. Caiu nas mãos do venenoso Eduardo Cunha, que agora a mantém refém dos sus caprichos. Enquanto isso, a Polícia Federal e o Ministério Púbico apertam o cerco contra os petistas mais gabaritados (?) do PT. Depois de botarem na cadeia Zé Dirceu e os dois tesoureiros petistas, João Vaccari Neto e Delúbio Soares, agora apontam seus mísseis para Edinho Silva, ministro da Comunicação Social, acusado em delação premiada de ser o principal benfeitor do dinheiro roubado da Petrobras para a campanha da Dilma. É esse senhor, com essa folha corrida, que fala em nome do governo. Repreende a oposição e tenta dar aulas de ética e de comportamento. Se não tivesse fórum privilegiado, providenciado por Lula, certamente já estaria também em uma cela da Polícia Federal no Paraná.

Quadrilha Ora, de que adianta corrigir os rumos da economia e da política se os meliantes petistas vão continuar roubando nas empresas públicas? Nada. Limpar a máquina administrativas dessas formigas que devoram a folha de pagamento do Estado, limpar os órgãos públicos dos sindicalistas pelegos, que ocuparam as repartições para formar quadrilhas, e investigar nas centrais sindicais para onde vão bilhões de reais do FAT é uma medida urgente e necessária para passar o país a limpo. Sem essa providência, a tendência é o povo assistir inerte o governo aumentar impostos e dissolver a economia do país com propostas de austeridade para penalizar a população. Os jornais brasileiros, que até então apoiavam esse governo desastroso da Dilma, agora fazem um mea-culpa a julgar pelo editorial de primeira página, no domingo, da Folha de S. Paulo que encerra com um ultimato a Dilma: “O País, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa”.

O roubo

A casa caiu Lula se assustou quando uma jornalista perguntou na Argentina se sabia da notícia de que a Polícia Federal pediu ao STF autorização para ele depor por causa do escândalo da Operação Lava Jato. Reagiu com um misto de ironia e impetuosidade, marcas do seu comportamento com a imprensa desde que as suas digitais começaram aparecer no escândalo bilionário da Petrobras. A notícia chegou quando ele era homenageado em Buenos Aires. Certamente mais uma daquelas comemorações armadas pelo Instituto Lula para manter o chefe no foco internacional.

Poder Lula tentou disfarçar ao dizer que desconhecia o pedido da PF ao Supremo. Mas, na verdade, sabia da notícia. Tanto que aproveitou a ocasião para estocar o juiz Sergio Moro ao falar sobre os problemas argentinos com credores internacionais. Veja que sutileza: Lula criticou o juiz norte-americano que vem obrigando o governo argentino a pagar suas dívidas. Um juiz, sozinho, enfatizou ele, não pode decidir sobre o destino de uma nação. Foi a forma que ele encontrou para criticar o poder do juiz brasileiro que hoje prende, solta, condena e absolve réus da Operação Lava Jato.

PF acusa Lula quer questionar as decisões de Sergio Moro à frente das investigações da Lava Jato. Ele sabe que o juiz tem em mãos um farto dossiê do seu envolvimento nas falcatruas da Petrobras, depois da delação premiada de diretores, empreiteiros e intermediários no roubo da estatal. A própria Polícia Federal, no seu parecer ao STF, já não tem dúvidas quanto ao envolvimento dele com a quadrilha que assaltou a empresa para mantê-lo no poder. Diz a PF: “Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras”. (…)”Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”.

As provas de que Lula se beneficiou com o dinheiro roubado da Petrobras são robustas, como informou Ricardo Pessoa, dono da UTC, ao dizer que entregou R$ 2,4 milhões para a campanha dele em 2006. A Camargo Correa, outra empresa envolvida na Lava Jato, pagou R$ 4,5 milhões ao Instituto Lula e a uma empresa do ex-presidente entre 2011 e 2013, dinheiro comprovadamente surrupiado da Petrobras.

Envolvimento Outro indício do envolvimento do ex-presidente com a quadrilha da Lava Jato ocorreu quando da prisão de Alexandrino Alencar. Quatro dias antes, Lula ligou para o diretor executivo da Odebrecht, seu companheiro de inúmeras viagens internacionais, preocupado com os “assuntos do BNDES”. É que o ex-presidente trabalhou como lobista de luxo para a empreiteira influenciando o banco a liberar dinheiro barato para ditadores africanos e latinos. Em relação a esses empréstimos, a Procuradoria da República do DF abriu investigação para apurar se ele, de fato, praticou tráfico de influência em favor da Odebrecht em troca de “vantagens econômicas”.

Pijama de lista O desespero do Lula e suas patadas em jornalistas se justificam, quando se sabe que ele começa a perder o equilíbrio emocional e assiste sua imagem despencar no Brasil. O “Pelé do PT”, como o apelidou o seu ex-ministro Gilberto Carvalho, na sua contumaz subserviência, parece que não vai entrar em campo para disputar a partida em 2018, caso se constate realmente que ele é o chefe da quadrilha que depenou a Petrobras. Do jeito que as investigações andam, não seria surpresa se, até as eleições presidenciais, Lula fosse escalado como titular de um time que o Zé Dirceu pretende formar no presidio com empreiteiros, lobistas, parlamentares, diretores da Petrobras e os ex-tesoureiros do PT. A dúvida é saber quem vai administrar o dinheiro arrecadado para a compra do uniforme do time. Se depender do João Vaccari Neto, o cartola do time, o escrete vermelhinho vai entrar em campo nu.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE SETEMBRO DE 2015 Cadê eles?

GABRIELMOUSINHO

A população quer saber quem são os felizardos que estarão entre os 120 agraciados com novos cargos na Assembleia Legislativa, num verdadeiro VLT de luxo acionado pela Mesa Diretora da Casa de Tavares Bastos. As nomeações estariam fazendo parte de uma estratégia do presidente Luiz Dantas para se manter no poder.

gabrielmousinho@bol.com.br

Reviravolta em Arapiraca

O fujão 1

Q

uando o governador Renan Filho contrariou sua própria consciência ao nomear um afilhado político do deputado Tarcísio Freire para a Ciretran de Arapiraca, sabia o que estava fazendo. Observando Célia Rocha em visível declínio, está apostando suas fichas no deputado Tarcísio Freire que, se fosse hoje, seria o novo prefeito do município. O governador, profissional no ramo político, não quer nem saber se Célia Rocha dará a volta por cima. Quer saber mesmo de ficar com o apoio de um deputado que pode mudar a história, no voto, do segundo maior município de Alagoas. Esta posição, até o momento, ganha respaldo do seu vice e secretário de Educação, Luciano Barbosa, que não está nem aí com o que pode acontecer com o futuro político de Célia, embora estivessem juntos durante muito tempo. Por enquanto Renan Filho ignora a posição política do pai, que anda muito preocupado com os destinos do país, em Brasília. O único alerta é de que Fernando Collor está do lado de lá, ou seja, de Célia Rocha, e pode vir a ser uma pedra no sapato dos Calheiros caso tenha disposição para isso.

Junto a Freire Ao mudar o comportamento com relação a Tarcísio Freire, a quem tem recebido com certa frequência, ao contrário de outros deputados, o governador Renan Filho dá demonstra-ções claras de que pretende comandar o processo eleitoral no próximo ano e estabelecer uma diretriz forte e comprometida para futuros embates políticos. O que pode ocorrer, e em político pode tudo, é uma reviravolta nessa aproximação de interesses. Ou será que outros não podem oferecer mais e serem mais confiáveis?

Alto lá Alguns jornalistas precisam se dirigir ao governador do Estado com a respeitabilidade que o cargo requer. Em uma das últimas entrevistas, um repórter tratou Renan de você, o que, diga-se de passagem, não é o correto. Mesmo sendo um jovem, o cargo exige pelo menos que ele seja chamado de senhor.

O drama de Almeida O deputado Cícero Almeida não vê a hora de se livrar do PRTB, do conhecido Levy Fidélix, e embarcar noutro trem para disputar no próximo ano a Prefeitura de Maceió. Mas aí é onde mora o problema. Qual partido? Alguns estão na mira do deputado, a exemplo do PSB, embora ele preferisse o PSD desde muito tempo oferecido pelo então deputado federal João Lyra. Na dúvida, Almeida espera ainda a conclusão da reforma política e terá pela frente uns seis meses para decidir como será sua vida política daqui pra frente.

Ninguém comprova, mas o deputado Dudu Hollanda teria realizado uma espetacular fuga do hospital onde estava internado para tratamento de saúde, aproveitando uma brecha dada pela equipe médica de plantão.

O fujão 2 A decisão de Hollanda teria sido em face do seu suplente, Cícero Cavalcante, querer, rapidamente, ficar com seu gabinete e ter o direito de nomear todos os assessores. Informado, Dudu deu no pé e reassumiu o mandato sem ao menos comunicar à Mesa Diretora da Casa. Alguém passar a perna em Dudu parece que ainda está pra nascer.

Mau exemplo O Senado Federal poderia muito bem deixar para depois a farra que está fazendo esta semana, ao levar para a China nada menos do que oito senadores, para fazer o quê ninguém sabe exatamante. Só de passagens foi estimado um custo de mais de 800 mil reais, além das diárias que os senadores terão direito durante uns quinze dias.

Saindo faísca Uma postagem no face de Adriano Soares soou como uma bomba. Ele diz que, lamentavelmente, a fraude fiscal da Santa Casa de Maceió chegou na OAB. ´´Tem conselheiro federal sócio da FFTIC, a empresa de venda de miragens do comerciante Fábio Tenório´´. A denúncia é grave, muito grave e deve ser respondida com urgência pela diretoria da instituição.

Recado de Falcão Uma nota publicada em um dos jornais de maior circulação no Estado no último domingo, fez com que o advogado Fernando Falcão, pré-candidato à presidência da OAB, desse uma resposta dura, direta, sem subterfúgios. Ele afirmou que ´´não sou seu empregado, não lhes devo obediência alguma e não vou me curvar aos seus interesses de manter a OAB de Alagoas omissa nos fatos relevantes do Brasil e do Estado. Sabendo que parte da direção atual da OAB/ AL, inclusive seu presidente, é contratada para defender o senador e seu jornal, fica a dúvida: seria isso mera coincidência ou uma declaração explícita de apoio à candidatura da situação?´´ Fernando Falcão considera que a notícia publicada deve ter como objetivo desacreditar um movimento sério que surgiu exatamente para livrar a OAB da influência política que lhe mantém na mais absoluta inércia. Como se vê, o grupo de oposição demonstra que não se amedrontará com possíveis ameaças e responderá à altura qualquer provocação e buscará na Justiça, a qualquer tempo, reparação de qualquer agressão que receber.

Pesquisas na praça As próximas eleições para a nova diretoria da OAB vão prometer lances curiosos. Além da descoberta de muita coisa suja por baixo dos panos, até pesquisas estão sendo feitas pelos candidatos. A rejeição de alguns candidatos junto ao eleitorado beira a estratosfera.

Não cumpridas Todas as propostas apresentadas na campanha das últimas eleições da Ordem estão sendo minuciosamente pesquisadas. De muitas, algumas delas sequer saíram do papel.

Aposta Muitos dos prefeitos alagoanos não alimentam nenhuma esperança de pagar o 13º salário dos servidores. A crise que já era grande piorou nos últimos meses. Mesmo cortando cargos, vantagens e outras coisas mais, a situação é de penúria.

Não largam o osso Mesmo com a situação crítica dos municípios, muitos deles não querem nem falar em deixar a política. Já estão até em campanha. Fazem o caixa devagarzinho para não despertar suspeitas nem do Ministério Público nem da Polícia Federal.

Explicações Muita gente alta ainda tem que dar muitas explicações pelo derrame de dinheiro nas últimas eleições, principalmente das empresas que estão enroladas até o pescoço na Lava Jato. Parece que ninguém ficou de fora. Os mais complicados são aqueles que receberam a grana em contas pessoais e já rastreadas pela Polícia Federal.

Muita conversa Mesmo que venham trabalhando na surdina, os possíveis candidatos a prefeito de Maceió não querem botar a cara nas ruas. Já tem muita gente que quer o lugar de Rui Palmeira, que continua trabalhando sério, com uma admi-nistração transparente e respeitável.

Zum, zum, zum A classe política de Alagoas espera uma bomba que pode explodir a qualquer momento. Trata-se de uma decisão liminar do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, sobre políticos alagoanos que pode sair muito antes que muita gente espera. Nos bastidores tem gente torcendo para assumir o mandato nos próximos meses. Basta lembrar que o Ministério Público, na denúncia formulada ao Supremo, sugeriu o afastamento de alguns.

Na corda bamba A reforma no secretariado do governador Renan Filho deve acontecer até o final do mês de novembro. Como dezembro é época de confraternização, RF prefere tirar antes aqueles que não se enquadram no seu método de trabalhar. Pelo menos uns cinco auxiliares estão com a corda no pescoço. Eles não têm mostrado serviço, são ineficientes e comprometem o planejamento do governador em fazer a administração dinâmica que ele vem perseguindo desde o primeiro dia de mandato.


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JUSTIÇA EM NÚMEROS

TJ de Alagoas é o que mais gasta com salários no Nordeste Bahia ocupa o 2º lugar mesmo tendo oito mil funcionários a mais do que o tribunal alagoano JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

C

erca de 80% do orçamento do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ -AL), no ano passado,foi gasto com o pagamento de salários, proventos e pensões. O valor deixa o estado em primeiro lugar do Nordeste em remuneração aos funcionários da justiça estadual. É o que mostra o levantamento “Justiça em Números 2015”, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As informações divulgadas nesta semana têm como referência o ano-base 2014. No total, a justiça alagoana custou aos cofres públicos mais de R$ 353,1 milhões, sendo que R$ 280,7 milhões foram destinados às remunerações dos servidores e magistrados. Além desses valores foram pagos ainda R$ 12,6 milhões em benefícios, R$ 7,8 milhões a funcionários terceirizados e R$ 2,2 milhões aos estagiários. Segundo o levantamento, o TJ-AL dispõe de 222 vagas para magistrados, sendo que 135 estão preenchidas. Já dos 1.929 cargos existentes para servidores efetivos, 1.292 estão ocupados. Em comparação a outros estados do Nordeste, nos gastos comsalários, proventos e pensões, Alagoas ficou em primeiro lugar (79,4%). O cálculo foi feito ao considerar

o valor total da remuneração em proporção ao orçamento. O estado que menos destinou recursos ao pagamento de salários, proventos e pensões foi o Maranhão, representando 61,3% das despesas. Porém, a justiça maranhense conta com o dobro de funcionários em comparação à alagoana. São 289 magistrados em exercício mais 3.998 servidores efetivos, gastos que chegam aos R$ 538, 3 milhões. Mas, as surpresas não param por aí.

Depois de Alagoas, os tribunais que encabeçam o ranking de gastos com salários, proventos e pensões são os da Bahia, que destina 67,7% do orçamento para vencimentos, seguido pelo Rio Grande do Norte (67,4%) e Piauí (66,6%).Ainda conforme dados da “Justiça em Números 2015”, a Bahia dispõe de 852 magistrados e 8.986 servidores. Já no Rio Grande do Norte são 230 magistrados e 1.940 servidores. Na lista, o Piauí registrou 188

magistrados e 1.686 servidores. Considerado um tribunal de pequeno porte pelo Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus), o TJ-AL também foi analisado a partir de dados sobre a sua produtividade e a eficiência relativa dos tribunais. Na lista de 12 tribunais de pequeno porte, Alagoas ocupou o oitavo lugar registrando 75,6% de produtividade. Em primeiro lugar aparece o Tribunal de Justiça do Amapá, com 100% de

produtividade, de Rondônia (92,2%) e Roraima (91,2%), respectivamente. O IPC-Jus é calculado a partir de parâmetros de produtividade definidos com base em informações dos próprios tribunais, considerando o fluxo de entrada – número de processos que ingressaram, recursos humanos e financeiros disponíveis, servidores e despesas – e o fluxo de saída, ou seja, os processos baixados.



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LEI DA BENGALA

AMB vai ao STF contra aumento de idade para aposentadoria de magistrados em Alagoas Emenda aprovada pela Assembleia Legislativa fere a Constituição Federal, diz entidade nacional da magistratura JOSÉ FERNANDO MARTINS ESPECIAL PARA O EXTRA

A

ampliação do limite de idade da aposentadoria compulsória em Alagoas desagradou a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, contra a Emenda Constitucional 40/2015 aprovada pelo Legislativo alagoano e cujo projeto é de autoria do deputado Francisco Tenório (PMN). O relator da ação é o ministro Edson Fachin. A informação foi liberada à imprensa na quarta-feira, 16. Votada e aprovada há menos de um mês pela Assembleia Legislativa Estadual (ALE-AL), a proposta altera a aposentadoria compulsória com proventos proporcionais ao tempo de contribuição de 70 para 75 anos de idade no Estado de Alagoas. Com as mudanças constitucionais, os desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ-AL) e os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AL) já podem se aposentar aos 75 anos de idade. Mas, tudo pode mudar. Conforme a alegação da AMB, a alteração do limite de idade para os magistrados somente é possível por meio de lei complementar, prevista no caput do artigo 93 da Constituição Federal de 1988. No caso da magistratura, a lei é de iniciativa do Supremo, o que afasta a possibilidade de alteração por meio de qualquer outra norma. A PEC aprovada pela ALE

Francisco Tenório é o autor da lei aprovada pela ALE e que será analisada pelo ministro Edson Fachin alterou o artigo 57 da Constituição Estadual sobre o limite de idade para a aposentadoria do servidor público em geral, acrescentando ainda dispositivo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitória. Ela segue a linha da PEC da Bengala, como ficou conhecida a Emenda 88/15 promulgada em maio deste ano pelo Congresso Nacional e que altera dispotivo da Constituição Federal que eleva para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória de ministros dos tribunais superiores. No caso dos servidores públicos em geral, a agora Lei da Bengala estabelece a necessidade de lei complementar. POSIÇÃO DA ALE “Até o momento a Assembleia não foi notificada pelo STF, porém, quando o for, o assessor jurídico irá fazer a defesa e argumentar contra a

associação. Contudo, caso a decisão do Supremo prevaleça, o Legislativo fará ajustes na PEC para torná-la constitucional”, destacou o vice-presidente da Casa de Tavares Bastos, Ronaldo Medeiros (PT). A AMB sustenta que o dispositivo questionado é inconstitucioal ao pretender implementar, desde logo, para a magistratura alagoana, novos limites de idade de aposentadoria. Segundo a associação, não há dúvida quanto à violação da Constituição Federal pela EC 40/2015. “Uma vez que o STF já fixou o entendimento de que a aposentadoria compulsória de magistrados é tema reservado a lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo, nos termos de regra expressa contida no artigo 93, inciso VI, da CF, não há que se falar em interesse local ou mesmo qualquer

singularidade que justifique a atuação legiferante estadual em detrimento da uniformização”, destacou. De acordo com a entidade, “enquanto não for editado o novo estatuto da magistratura ou alterada, pontualmente, a atual Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), a idade máxima para aposentadoria compulsória dos magistrados – excetuados aqueles mencionados no artigo 100 da CF – não poderá ser alterada por qualquer estado da Federação”. Dessa forma, a AMB requer que seja deferida a medida cautelar para suspender a eficácia dos dispositivos questionados e, no mérito, solicita que o Supremo julgue a ação procedente para declarar a inconstitucionalidade formal e material dando interpretação restritiva para afastar do seu alcance os magistrados alagoanos, além da reda-

ção alterada na Constituição do Estado de Alagoas. Durante a tramitação da matéria, o deputado Francisco Tenório defendeu sua aprovação sob o argumento de que era importante para evitar as interpretações por analogia em relação à Constituição Estadual e à Constituição Federal. O parlamentar disse ainda que há autonomia dos entes federativos em legislar sobre o assunto e garantiu que a proposta traria economia para os cofres públicos. O jornal EXTRA entrou em contato com o deputado estadual para que ele se posicionasse sobre a ação ingressada pela AMB, mas não foi atendido. EFEITO DOMINÓ O Senado aprovou no dia 1º de julho o texto-base do projeto que estende os efeitos da chamada PEC da Bengala para todos os servidores públicos da União, Estados e municípios. Com isso, a idade da aposentadoria obrigatória no funcionalismo público passa a ser 75 anos e não mais 70, do mesmo jeito que aconteceu com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O autor da proposta, José Serra (PSDB-SP), destacou que, ao postergar a aposentadoria dos servidores, a medida vai trazer uma economia às três esferas públicas da ordem de R$ 1 bilhão. Ele também afirmou que atualmente, com a melhora da expectativa de vida, muitas pessoas querem ter a opção de se aposentar mais tarde para continuar ganhando o salário integral.


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DIREITO DE RESPOSTA

João Luiz Azevedo Lessa, vice-presidente do TJ, afirma que sua família também está empenhada no correto esclarecimento do caso

Desembargador nega participação de filho em acidente com morte André Lessa já estaria em casa no momento da colisão que vitimou o advogado Ítalo Vilela DA REDAÇÃO

O

desembargador vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), João Luiz Azevedo Lessa, divulgou nota em resposta à matéria publicada pelo EXTRA de Alagoas na edição 838, “Filho de desembargador pode estar envolvido em acidente que matou advogado”, afirmando que seu filho, André Lessa, não tem qualquer envolvimento com o acidente ocorrido na madrugada do dia 4 deste mês, na Via Expressa, em Maceió, que teve como vítima fatal o ad-

vogado Ítalo Peterson Vilela de Freitas, 31 anos, e deixou gravemente ferido seus irmãos Ivisson Vilela de Freitas, Perliesus Vilela de Freitas e a cunhada Patrícia (esposa de Ivisson). Na nota, João Luiz Lessa destaca: “Venho esclarecer que, de fato, meu filho esteve no referido bar (Tanque Cheio) com Acácio Oliveira Lima (dono do veículo) na data mencionada. Ocorre que, cerca de uma hora e meia antes da colisão, meu filho havia sido deixado em casa por quatro amigos, dentre eles a pessoa encontrada no veículo Peugeot no

momento do acidente, Acácio Oliveira Lima. Impõese consignar que câmeras de segurança existentes no condomínio em que resido tornam induvidosa minha afirmação”. O desembargador ainda esclarece que de acordo com as imagens, é possível verificar nitidamente que seu filho chega na sua residência, no banco do carona, em seu veículo Corolla, por volta das 03h00, entra no imóvel, enquanto o jovem envolvido no acidente, Acácio Oliveira Lima, posteriormente, entra sozinho em seu veículo Peugeot (que havia sido deixado

na porta da residência do desembargador) e deixa o condomínio. “Percebe-se também que os outros três amigos de meu filho, que moram no mesmo condomínio, a partir dali dirigem-se às suas casas caminhando. Tomei conhecimento de que, após isso, Acácio Oliveira Lima voltou ao mesmo bar, sozinho, e, tempos depois, deixou o local, ocasião em que ocorreu a colisão”, expôs o magistrado. “Portanto, o fato de meu filho ter estado anteriormente com a pessoa envolvida na colisão não o coloca na cena fatídica, mormente quando

há provas irrefutáveis de que ele já estaria em casa quando tudo ocorreu. Vale dizer que meu filho, ao tomar conhecimento da existência do boato acerca de seu suposto envolvimento na colisão automobilística, colocou-se à disposição da autoridade policial responsável pelo inquérito e, inclusive, submeteu-se a exame de corpo de delito, tendo este apontado para ausência de lesões de qualquer natureza. Além disso, as imagens a que me referi foram entregues à autoridade policial, assim como ao Secretário de Segurança Pública deste Estado, rechaçando a suspeita lançada precipitadamente a respeito de meu filho”. De acordo com a nota, a fim de evitar qualquer dúvida acerca da parcialidade das investigações relacionadas ao acidente, o delegado titular da Delegacia de Acidentes de Trânsito de Maceió, Antônio Carlos Lessa, por guardar relação de parentesco com o desembargador, solicitou ao delegado Geral da Polícia Civil a designação de outra autoridade policial para presidir o competente inquérito. “Por oportuno, devo dizer que fiquei consternado com todo o ocorrido, não apenas por ver o nome do meu filho ser associado a um fato do qual ele não participou, mas, também, em solidariedade com as pessoas que estavam nos veículos no momento da colisão e com seus familiares, que certamente sofrem as consequências desse tipo de acontecimento”, destacou João Luiz Azevedo Lessa. Por fim, o desembargador afirma: “Eu e minha família temos muito interesse na apuração, com celeridade, do caso, a fim de que seja demonstrada, pelas autoridades competentes, de uma vez por todas, a inocência de meu filho”.


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE SETEMBRO DE 2015 IMORALIDADE

Servidores do TC abusam de atestados para justificar faltas

Dirigentes do TC discutem com o Cremal combate a irregularidades

Conselho Regional de Medicina também investiga o caso, que pode chegar à Polícia Civil DA REDAÇÃO

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sta semana o presidente do Tribunal de Constas de Alagoas (TC/AL), Otávio Lessa de Geraldo Santos, e o presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando de Araújo Pedrosa, estiverem reunidos para discutir o excesso de atestados médicos concedido a servidores faltosos da Corte de Contas. Há a suspeita de atestados falsos e graciosos para justificar as ausências. Segundo o presidente do Cremal, a Junta Médica do

TC será orientada pelo Conselho para analisar os atestados e identificar os atestados médicos ilegais. Caso seja detectado o crimes o caso será levado para Polícia Civil e para o próprio Conselho Regional de Medicina de Alagoas a fim de responsabilizar os culpados. Otávio Lessa destacou que não irá aceitar desculpas e atestados “irregulares” para o servidor que não queira trabalhar. No mês de abril quase um centena de servidores do TC tiveram os salários cortados por não serem assíduos ao trabalho. Cortes de R$ 2 mil a R$

15 mil foram feitos após a implantação do ponto eletrônico na Corte de Contas. A tecnologia detectou haver um elevado número de funcionários que não trabalhavam. Apadrinhados e parentes de exconselheiros passaram anos sem dar um só dia de serviço. Apenas em dois meses, abril e maio, foi constatado que 35 funcionários efetivos, com base na frequência, apenas recebiam seus vencimentos, sendo que muito deles não davam um dia sequer de serviço. O Tribunal de Contas publicou no Diário Oficial as

providências cabíveis: abertura de inquérito administrativo por abandono de cargo, segundo o despacho do dia 1º de junho assinado pelo diretor de Recursos Humanos do TC, Valter Oliveira Silva. Os servidores infringiram o artigo 140, da Lei número 5.247/91: “Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”. O TC ainda explicou em sua publicação oficial que a lista conta com funcionários que também descumpriram o artigo 141 da mesma lei: “Entende-se

por inassiduidade habitual a falta ao serviço sem causa justificada, por 30 (trinta) dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses”. Os servidores parasitas justificaram de alguma forma suas faltas para não terem configurado o abandono de emprego. Médicos, documentos e servidores agora serão investigados. “A Junta Médica do Tribunal”, disse Otávio Lessa, “está muito preocupada com o volume de atestados recebidos, muitos dos quais deixam de ser acolhidos por total incoerência”.


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PERIGO REAL

Moradores do entorno do antigo lixão denunciam poluição ambiental Gás metano oriundo do extinto sumidouro de Cruz das Almas ameaça saúde de centenas de pessoas VERA ALVES veralvess@gmail.com

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uinze dias após terem bloqueado os dois sentidos da Avenida Josepha de Mello, em Cruz das Almas, moradores da região tiveram ontem uma reunião com dirigentes das secretarias municipais de Meio Ambiente e de Habitação. O objetivo: denunciar o mau cheiro provocado por chorume do antigo lixão de Maceió e problemas de saúde na comunidade devido a inalação de gás metano. Os problemas ambientais na região alvo de intensa especulação imobiliária desde a inauguração do Parque Shopping, contudo, não se limitam a isto. Porta-voz da comunidade, o empresário Alceu Mello afirma que o lençol freático também está comprometido e critica a postura do poder público em ignorar o fato de que toda a região do entorno do antigo lixão foi devastada, sem cumprimento da legislação ambiental que determina a manutenção de uma área verde. O empresário destaca, ainda, que o processo de recomposição da área degradada pelo funcionamento do vazadouro de Cruz das Almas por 37 anos demanda ao menos 25 anos, como atestam todos os estudos ambientais do país sobre o tema. Ainda assim, esta recuperação depende de medidas efetivas que não teriam sido cumpridas em Maceió. Lembrou, ainda, os dois desmoronamentos, em maio, do muro de contenção que estava sendo erguido por uma construtora em volta do extinto

lixãoe que denunciaram a existência de uma enorme quantidade de dejetos e detritos e de material em decomposição na área. A maior preocupação dos moradores da região, hoje, é com os problemas de saúde registrados nos últimos meses. As maiores vítimas são as crianças e idosos, cujos problemas estariam relacionados à inalação de gás metano.Em qualquer pesquisa elementar, a informação existente é de que este tipo de gás – resultado da decomposição de lixo orgânico – pode provocar asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central. Na reunião de ontem, os moradores pediram que a Prefeitura de Maceió encampe um projeto de queima efetiva do gás metano, para evitar que ele se disperse na região, como acontece hoje. “Mesmo morando a 800 metros do antigo lixão estamos sendo atingidos, já que o vento do mar transporta o gás aleatoriamente”, explica Alceu Mello. A devastação da mata existente ao redor do antigo lixão, desativado há cinco anos, é também apontada como agravante da atual situação. Denunciada pelo EXTRA em maio último, ela acabou tornando praticamente desértica uma área de 900 mil metros quadrados que abrange os bairros de Cruz das Almas, Sítio São Jorge e Barro Duro, a partir da AL-101 Norte, no entorno do antigo lixão, até a Avenida Rotary, um verdadeiro crime ambiental que incluiu o aterramento de grotas e a derrubada do que havia de Mata Atlântica na região.

Foto de internauta registrou manifestação realizada no dia 8 deste mês pelos moradores da região

Avenida vai abrigar nova sede do TRE de Alagoas Alvo de polêmica desde sua construção, os 2,2 quilômetros da Avenida Josepha de Mello foram inaugurados em junho do ano passado. Seis meses depois, o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) oficializou a compra de uma área de 10 mil metros quadrados onde será construída sua nova sede. O valor da compra: R$ 6 milhões e 800 mil, de acordo com o Aviso PA nº 113/2014, assinado no dia 31 de dezembro pelo então vice-presidente da Corte, desembargador Sebastião Costa Filho – hoje presidente –, e publicado no Diário Oficial da União de 5 de janeiro deste ano. Esta semana, mais especificamente na terça, 15, o TRE recebeu as propostas para contratação da empresa que fará

serviços de investigação geotécnica para elaboração de sondagem a percussão do terreno situado no número 3A2 da Josepha de Mello e que foi adquirido de Fernando José Hollanda de Mello, Pietro Longo Hollanda de Mello e Paulo Roberto Moreira de Mello. Matriculado sob o número nº 142.494, o terreno é referente à Gleba 03-A, a seroportunamente desmembrada, segundo o aviso publicado no DOU pela Corte. A persistirem os problemas de mau cheiro devido ao chorume e gás metano oriundos do antigo lixão, os servidores da justiça eleitoral podem não ser os únicos a integrarem o rol de afetados. É que terrenos da mesma região estão novamente

sendo ofertados ao Tribunal de Justiça de Alagoas para construção de um Complexo Judiciário que inclui o novo Fórum de Maceió. Em junho último, o TJ recusou as quatro propostas de terrenos que recebeu, sendo que três deles estão localizados na área de 900 mil metros quadrados alvo da devastação denunciada pelo EXTRA. Em agosto último, recebeu propostas da segunda convocação para compra de um terreno com 20 mil metros quadrados e preço máximo de R$ 20 milhões. As propostas e o resultado da análise ainda não foram divulgados pelo TJ, mas há quem afirme que dentre elas estão também terrenos da Josepha de Mello. É esperar para ver!



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ORÇAMENTO

Universidade Federal de Alagoas devolve R$ 42 milhões à União Professor afirma que dados do Siga Brasil demonstram que atual gestão da Ufal tem sido ineficiente REDAÇÃO

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freio nos gastos nas universidades públicas nos últimos tempos tem dado o que falar no meio acadêmico. Mas a polêmica é maior quando se trata de devolução de recursos à União por falta de nota de empenho. É o caso da Universidade Federal de Alagoas que em 2014 teve orçamento de R$ 670.227.768,00, mas no grupo de Investimento, para o qual foram destinados R$ 57.565.858,00 empenhou apenas R$ 14.941.786,13, devolvendo R$ 42.624.071,87 ao governo federal. Vale ressaltar que o orçamento da Ufal compreende o somatório dos três grupos de despesas: Pessoal e Encargos Sociais, para o qual no ano passado foram destinados R$ 497.812.396,00 do total; outras Despesas Correntes ficaram com R$ 114.849.514,00; e, Investimentos contou com R$ 57.565.858,00, totalizando R$ 670.227.768,00. Deste total, 74,28% corresponde às despesas de Pessoal e Encargos Sociais, seguido por 17,14% para Outras Despesas Correntes e, no menor percentual, 8,59 % para Investimentos. Os dados são do portal Siga Brasil- sistema de in-

formações sobre orçamento público, que permite acesso amplo e facilitado ao SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal) e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos, por meio de uma única ferramenta de consulta. Com menos verbas por conta do contingenciamento adotado pelo governo federal, que afeta também o Ministério da Educação, as instituições estão tendo de encontrar maneiras de reduzir os gastos e a ordem em 2015 é economizar. Mas segundo o professor Tiago Zurck, do Centro de Educação do Curso de Pedagogia da Ufal, no caso da Federal de Alagoas, os recursos foram devolvidos à União por ineficiência da atual gestão que não fez o empenho. Segundo ele, embora a Ufal tenha vivido seu momento de expansão, o reitor não soube aproveitar a oportunidade ao aplicar os recursos de forma ineficiente. “O atual grupo no poder é ineficiente. Se devolveu recursos e não soube fazer uso do orçamento, é porque não é eficaz”, criticou Zurck. O professor argumenta que os R$ 57 milhões do grupo Investimentos do orçamento de 2014 eram destinados a

obras e equipamentos, mas a Ufal só empenhou R$ 14 milhões. Outro aspecto questionado é em relação ao custeio que, segundo Zurck, também teve parte do orçamento devolvido. “Essa é uma prática dessa gestão”. Ele disse ainda que a política de expansão da universidade foi criticada devido seu modelo e “esse grupo não aproveitou o tempo em que tinha recursos e aprofundou ainda mais o modelo precário de expansão”. A redução nos gastos são visíveis. Se em 2015 cerca de

R$ 63 milhões foram destinados à construção de prédios e compra de equipamentos, Zurck disse que no próximo ano passará para R$ 29 milhões. “Será uma redução significativa e assim haverá mais dificuldade em implementar a expansão da universidade”, criticou ao acrescentar que “o modelo não oferece condições de ensino de qualidade”, pois se já havia problemas, agora o grupo afundou ainda mais. “A universidade cresceu quantitativamente, mas não cresceu qualitativamente”, acrescenta.

FALTA DE VERBA O pró-reitor de Gestão Institucional, Pedro Valentim, informou que a Ufal enfrenta uma de suas maiores crises em decorrência de contingenciamento e cortes no orçamento desde 2014. Ele explicou que o que é aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Congresso, não é de fato o autorizado no Siafi. “E ainda: o que é autorizado pelo Siafi nem sempre é o que é liberado pelo sistema, ou seja, a Ufal só pode executar aquilo que é liberado”, esclareceu Valentim.


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EDUCAÇÃO

Ufal perde cinco posições no ranking das melhores universidades do Brasil Entre as 10 do Nordeste, Federal de Alagoas fica na nona colocação

REDAÇÃO

N

ão é nada animadora a situação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) quando se trata das melhores do País. Segundo resultado da edição 2015 do Ranking Universitário Folha (RUF), divulgado no último dia 14, a Federal de Alagoas caiu cinco posições (da 38ª para a 43ª). Em relação ao Nordeste, ocupa a penúltima posição entre as 10 melhores universidades federais da região, à frente apenas da Federal do Maranhão. A Ufal obteve nota final 65.31 de 100 pontos. A posição em cada indicador aponta que para Pesquisa foram

29.88 pontos, ficando na 44ª posição; no Ensino 17.13 na 64ª colocação; no Mercado 12.68 no 53º lugar; Internacionalização 3 na 35ª posição e 2.62 no indicador Inovação com a 43ª posição, sendo a nota IGC (Índice Geral de Cursos- indicador de qualidade que avalia as instituições de educação superior) 3 numa escala de 0 a 5. No ranking que lista as 192 melhores universidades do país, a primeira do Nordeste a aparecer na lista é a Universidade Federal de Pernambuco, apontada como a 10ª melhor universidade do país, seguida pela Universidade Federal do Ceará (em 11ª posição), Universidade Federal da Bahia (em 15ª),

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (25º), Universidade Federal da Paraíba (28ª), Universidade Federal de Sergipe (35º), Universidade Federal de Campina Grande (38º), Universidade Federal do Piauí (39º). A Universidade Federal de Alagoas aparece em 43º lugar, à frente apenas da UFMA, em 57ª posição no país. Após a UFAL, a segunda instituição do Estado a aparecer na lista é Uncisal (Universidade Estadual de Ciências da Saúde), em 179ª lugar no ranking nacional, e a Uneal (Universidade Estadual de Alagoas), em 189ª colocação. Se a situação já é complicada para as instituições públicas, na rede privada de Alagoas

nenhuma figurou entre as 192 melhores universidades brasileiras no ranking que leva em conta cinco indicadores: pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado. O número de publicações científicas, pedidos de patentes, nota no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), as opiniões de 726 professores avaliadores do MEC sobre os cursos e de 2.222 profissionais de recursos humanos do mercado são alguns dos quesitos levados em consideração para a elaboração do ranking. De acordo com o Ranking da Folha, a melhor universidade do Brasil continua sendo a USP (Universidade de

São Paulo), seguida da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O RUF (Ranking Universitário Folha) é uma avaliação anual do ensino superior do Brasil feita pelo jornal Folha de S.Paulo desde 2012. Na edição de 2015 há dois produtos principais: o ranking de universidades e os rankings de cursos. De acordo com o Censo da Educação Superior 2012, a Ufal conta com 30.337 alunos, distribuidos em 87 cursos. Além do campus Maceió, existem campi em Arapiraca, Rio Largo, Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia, Viçosa, Palmeira dos Índios e


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HISTÓRIA DE ALAGO-

Cícero Péricles de Carvalho “Alagoas precisa de uma revolução como a francesa de 1789” EDBERTO TICIANELI Jornalista

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esmo sendo uma das maiores referências quando o assunto é economia alagoana, o professor Cícero Péricles de Carvalho nunca deixou de estender o olhar político sobre a realidade de sua terra. Com sólida formação política adquirida na militância estudantil dos anos 70 e 80, o hoje doutor em Economia pela Universidade de Córdoba (Espanha) retorna à pesquisa histórica e publica a 3ª edição do livro Formação Histórica de Alagoas, que foi um sucesso editorial já na 1ª edição em 1982. A nova versão do livro, que recebeu atualizações importantes, ganhou musculatura e um projeto gráfico mais bem elaborado que as versões anteriores, agora com a assinatura de Simone Cavalcante. As ilustrações são de Weber Salles Bagetti e a editora é a Edufal. Na entrevista a seguir, Cícero Péricles explica as razões da reedição do livro e analisa questões importantes da história de Alagoas.

P. O que levou você, 33 anos depois da primeira edição, a relançar o livro “Formação Histórica de Alagoas”? CPC. Quando a Grafitex publicou a primeira edição em 1982, foi uma ousadia da minha parte, principalmente por não ter formação de historiador. Eram notas de leituras elaboradas em um período em que tínhamos muito mais dificuldades que as de hoje para produzir o que quer que seja, tanto o texto quanto a própria produção do livro. Na época, esse livro esgotou e foi reimpresso numa segunda edição. Mas ele tinha limites: os acessos às fontes, de pesquisa e os erros metodológicos. Quando esgotou a segunda edição, eu deixei de ter interesse. Também tive um impedimento profissional. Passei a ensinar no curso de Economia da Ufal, me afastando inteiramente da pesquisa histórica. Nesse intervalo de tempo, uma coisa fica patente nos cursos de graduação da Ufal: uma carência de textos referentes à formação social e econômica do que é Alagoas hoje, não temos. Alagoas tem hoje vários cursos de graduação vinculados à realidade regional, todos demandando textos nessas áreas de conhe-

cimento e nós não tínhamos. Então, dois anos atrás resolvi reelaborar esse texto em função dessa necessidade. É um livro introdutório, como ele já era em 1982, mantendo o mesmo sumário e lógica, mas com alterações em todos os temas, que foram refeitos. Existe hoje muito mais facilidade de acesso às informações, além de ter aparecido nesse intervalo de tempo toda uma releitura de Alagoas nas obras de Dirceu Lindoso, Sávio Almeida, Douglas Apratto, Élcio Verçoza e de jovens pesquisadores como Oswaldo Maciel e muitos outros. Além disso, também há mais facilidade no acesso a revistas, jornais de época, e de livros que antes não se tinha como chegar a eles. P. Sobre a Emancipação de Alagoas, o livro traz alguma releitura? CPC. Há uma divisão na leitura sobre a Emancipação: se Alagoas foi premiada pela traição à Revolução de 1817 em Pernambuco ou foi um reconhecimento pelo seu desenvolvimento social e econômico. São divergências entre autores que vêm de Thomaz Espíndola, que inaugurou a ideia da “adesão ao Império”, até Dirceu Lindoso, que acha, por exemplo, que foi um prêmio ao desenvolvimento. Di-

égues Júnior também assim avalia. Mas há autores que acham que Alagoas se posicionou de forma “corcunda”, referência ao Partido Monarquista da época. Evidentemente que Alagoas era a parte rica de Pernambuco, que tinha um desenvolvimento econômico expressivo. Quando comparado com a Paraíba da época, Alagoas era muito mais desenvolvida. Não se sabe quando, mas Alagoas poderia ter conquistado sua independência a partir dessa base econômica, mas o fato é que a Revolução de 1817 acelerou esse processo de emancipação. Como Alagoas e Pernambuco eram um só corpo, como diz Evaldo Cabral de Mello, a emancipação foi uma cisão traumática para Alagoas, porque passou a ter estatuto independente, e para Pernambuco, porque perdeu toda a sua comarca da região sul. Não existe uma posição fechada nesta polêmica. Manoel Maurício de Albuquerque, que é de Viçosa e era um grande intelectual, coloca de forma duríssima que foi um prêmio à traição. Há os que, como Manuel Diégues Júnior, Dirceu Lindoso e Douglas Apratto entre outros, explicam a emancipação como fruto natural do desen-

Alagoas nunca rompeu com Pernambuco no sentido social e econômico. Permanecemos a vida inteira vinculados ao Recife” volvimento e que o fato político apenas acelerou. P. Você avalia que essa possibilidade de Emancipação como prêmio pela traição pode ter influenciado na formação do povo alagoano, na sua autoestima? CPC. Não. Claro que não. Essa não é uma discussão que esteja popularizada. Esse é um tema restrito a poucos autores e pouquíssimos leitores. Na verdade, a história alagoana nunca foi trabalhada de forma a gerar grandes debates. Nós tivemos aqui em Alagoas o fe-


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FOTO EDBERTO TICIANELI

Obra está na terceira edição

Todos os avanços que Alagoas conseguiu no século XX vieram de fora para dentro, pelas mãos do Estado nacional” nômeno da maior rebelião de escravos da América Latina, no entanto, não é um tema popular; é uma construção muito intelectual que joga para a sociedade. Não há um sentimento popular de identificação com Palmares. Os Cabanos, que acontece no século XIX, é uma revolução que só foi resgatada na segunda metade do século XX. A invasão holandesa, que sempre foi vista pela ótica portuguesa, mostrando a sua superioridade, também foi um tema geral. Nenhum desses grandes fatos formadores da história alago-

ana esteve numa leitura popular a ponto de influenciar cultura ou formação. P. Com a Emancipação, Alagoas passa ser uma capitania independente, mas sem uma capital desenvolvida como era Recife para Pernambuco. Isso pode ser considerado como uma das perdas com a separação? CPC. Alagoas na verdade nunca rompeu com Pernambuco, no sentido social e econômico. Permanecemos a vida inteira vinculados ao Recife. Com a inauguração da ferrovia e da rede de estradas, que estabelece uma ligação mais efetiva com a capital pernambucana, essa relação econômica, social e cultural permanece até os dias de hoje. A importância da Emancipação está na criação de mecanismos políticos e institucionais – como assembleia, poder judiciário e governo autônomo - que possibilitam uma maior

proximidade entre estas instituições e a sociedade da antiga Comarca do sul de Pernambuco. Se Alagoas não avança, é por razões sociais e econômicas. Se continuássemos pertencendo a Pernambuco, não teria alterado essa evolução. Tanto que o sertão e o agreste pernambucano sempre foram atrasados. Entretanto, a região metropolitana de Pernambuco tem um aspecto diferente da formação pernambucana. A região metropolitana sempre se posicionou em apoio à Revolução de 1817, à Confederação do Equador, em 1824, à Revolução Praieira, de 1848 e a todos os movimentos libertários até recentemente, comportandose diferentemente do restante do território pernambucano. Alagoas ficaria muito próxima ao agreste e ao sertão. Seríamos uma área política e socialmente atrasada. Alagoas sempre se posicionou contra os movimentos libertários pernambucanos. P. Alagoas deixou de fazer algum dever de casa para alcançar um patamar de desenvolvimento superior ao que temos hoje? CPC. Alagoas é um território velho. É a primeira parte do Brasil a ser ocupada, diferente das províncias do Sul, que foram colonizadas já no século XIX por outro fluxo migratório, estabelecendo sociedades muito mais democráticas do que a que nós alcançamos aqui. O projeto colonial daqui, durante os séculos XVI, XVII e XVIII, foi muito fortemente baseado numa economia dominada pela monocultura canavieira e a pecuária extensiva, que não permitiam

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Ilustração de Weber Salles Bagetti para o livro do economista

espaços para manifestações de modernidade. Também não tivemos um processo de urbanização acelerada ou expressão citadina no século XIX, porque Maceió não comportava; não houve processo de industrialização, como aconteceu com algumas poucas cidades nordestinas. P. Alagoas cobra uma nova emancipação? CPC. Penso que sim. Bom seria que nós discutíssemos as eleições de 2017 dentro de uma expectativa democrática. Alagoas precisa de uma revolução, uma revolução francesa. Como nós não modernizamos o estado no século XIX, como nós não modernizamos a sociedade no século XX, então temos déficits acumulados na área econômica e social, que 2017 apontaria como meta para toda a sociedade. Ou seja: cobrir toda a sociedade com educação básica, que é uma demanda do século XIX. A Argentina fez a sua revolução educacional em 1860. Estamos em 2015 ainda com a maior taxa de analfabetismo do país. Responder aos desafios da saúde pública, do acesso ao trabalho e à moradia, que são bandeiras democráticas, da cidadania, da justiça social, portanto bandeiras de uma revolução no estilo francês, de 1789. P. O que ou quem impe-

de que isso aconteça? CPC. Primeiro a nossa frágil formação social. Uma sociedade marcada por este tipo de estruturação, com escravidão, latifúndio, monocultura e modelo agroexportador, não gera uma sociedade democrática em canto nenhum do mundo. É como o Haiti, República Dominicana e outras economias marcadas por este modelo. Todos os avanços que Alagoas conseguiu no século XX vieram de fora para dentro, pelas mãos do Estado nacional. A Revolução de 30 fez com que avançássemos na modernização em Alagoas. Nas décadas posteriores, as medidas nacionais tiveram repercussão local. Se dependessemos das forças sociais mobilizadas em Alagoas para obter qualquer avanço, nós estaríamos ainda numa sociedade muito mais atrasada economicamente, subdesenvolvida e violenta da que nós temos hoje. P. Mas temos potencial para nos desenvolvermos? CPC. Sim. Para as nossas possibilidades, temos uma economia que pode avançar muito ainda, mas o modelo central persiste, estabelecendo a assimetria de vida: a desigualdade profunda. Nós somos pobres e, como se fosse um castigo, temos uma distribuição de renda que penaliza mais ainda essa pobreza.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

Lula perseguido. Coitado!

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cara chegou à presidência da República sem emprego, sustentado durante anos pelo PT e com um pequeno patrimônio declarado. Ao deixar o cargo ele e seus filhos e agregados saíram milionários. Bastaram oito anos para que a família de Luiz Inácio Lula da Silva se tornasse uma das mais ricas e poderosas do país. Durante o seu mandato ele e seus filhos foram acusados inúmeras vezes de improbidade, corrupção e enriquecimento ilícito. O dantesco episódio do “Mensalão” escancarou toda a sujeira praticada nos gabinetes do Palácio do Planalto, as tenebrosas transações à sua volta e ele simplesmente sustentava que “não sabia de nada”. Os ministros de sua maior confiança e seus principais aliados foram julgados e condenados. Se desmoralizaram, mas não ousaram citar seu nome fazendo-o escapar do grande escândalo de corrupção, mesmo mostrando as evidências ser ele o principal mentor. Agora supostamente um dos protagonistas principais de outro escândalo bem maior (Operação Lava Jato) que desviou bilhões da Petrobras, tenta mais uma vez sair impune e ainda tem a ousadia de protestar contra a Polícia Federal que o investiga e já chegou a alguns de seus muitos crimes cometidos contra os cofres públicos. Lula diz que essa é uma tentativa de atingi-lo politicamente. Segundo seus interlocutores, ele afirmou que o pedido será usado como munição da oposição. Ainda segundo eles, o ex-presidente reclamou de excessos cometidos por delegados da PF sob a condução do ministro José Eduardo Cardozo. Os delegados da Polícia Federal estão prontos para “limpar o Brasil” sob o comando do ético juiz Sérgio Moro e esta ação que ainda tem muito o que apurar tem deixado o ex-presidente sem dormir, segundo fontes de sua intimidade. O problema é que o pedido de investigação antes de julgado pelo Supremo Tribunal Federal só será avaliado pelo ministro relator, Teori Zavascki, depois de uma manifestação do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que se for contrário, o ministro do STF não irá ouvi-lo. Aí é que mora o perigo!

Decisão equivocada Algumas empresas sem a capacidade técnica e legal para participar da licitação para o transporte público de Maceió resolveram tumultuar o processo que se arrasta por anos e finalmente agora caminha para uma solução com embasamento técnico, voltado para o interesse público e cumprindo todos os ritos processuais exigidos no complicado procedimento licitatório. Tudo ia muito bem até que a conselheira do Tribunal de Contas, Rosa Albuquerque, que não entende de ônibus e muito menos de licitação, determinou a suspensão do processo. Sem ao menos ter base jurídica para justificar sua absurda decisão, ameaçando um grande prejuízo à população de Maceió. O eficiente Ministério Público de Contas, composto por especialistas em direito e altamente responsável pela coisa pública, por seu chefe Rafael Alcântara, se disse surpreendido com a decisão da conselheira e pediu a reconsideração do ato por ser absurdo e inadequado.

Ordem restabelecida

Quem sai e quem fica?

A Prefeitura de Maceió agiu rápido para contestar a desmiolada decisão da conselheira do Tribunal de Contas e encontrou na caneta do juiz Antônio Emanuel Dórea, da Vara da Fazenda Municipal, a resposta adequada com uma liminar mantendo o calendário da licitação dos ônibus. Agora resta a conselheira Rosa Albuquerque conseguir explicar as razões que a levaram a tentar impedir a realização da licitação. Será que vai conseguir?

Um fato já está em andamento e tem gerado muita dor de cabeça em auxiliares diretos do governador Renan Filho. O chefe já avisou que vai dar uma mexida na equipe e a coisa é para logo. Em algumas pastas os resultados não têm correspondido às expectativas e este fato tem incomodado o Palácio do Governo, que vem monitorando e avaliando o desempenho geral principalmente de secretários e presidentes de autarquias.

A queda anunciada Uma história contada por Sebastião Nery É um velho e macabro ritual na historia brasileira. Quando os presidentes da República estão para cair, um jornalão dá o grito em editorial na primeira página. E nenhum tem resistido a essas aves de mau agouro. Foi assim com Getúlio, Jânio, Jango, Collor. Domingo, de alto a baixo da primeira página, em letras garrafais, a “Folha de S. Paulo”, tentando disfarçar, mas indisfarçadamente, anunciou a derrubada de Dilma. Não diz como nem quando. Mas logo: -“Última Chance” – “Não há, infelizmente, como fugir de um aumento de impostos, recorrendo-se a novas alíquotas sobre a renda dos mais privilegiados e à ampliação emergencial de taxas sobre combustíveis, por exemplo. Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade a iniciativas desse tipo. O país, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa”. Dilma tem sido um patético espetáculo de incompetência e atabalhoamento. Diz uma coisa e faz exatamente outra. As palavras bailam em sua boca como vacas bêbadas soltas no pasto. Cada uma para um lado. Finge de espertalhona e faz do governo um ridículo bate-cabeça. O ministro da Fazenda diz uma coisa e logo o do Planejamento diz outra, porque ela mandou. O chefe da Casa Civil já nada diz, porque também não adianta, pois ninguém acredita mesmo nele. Nem ele. Confesso não ter a menor competência para entender Dilma. Ou passa as noites no Alvorada tomando porres homéricos ou endoideceu de vez.

Burocracia que emperra Já se constatou que há uma burocracia excessiva na administração estadual fato que tem gerado queixas e até prejuízos para o tesouro estadual. O rito processual é lento em praticamente todos os setores. A Administração se vê de mãos atadas nas contratações de obras, serviços e compras, pois uma simples licitação ou mesmo dispensa consome o triplo do tempo necessário para sua finalização. Há acusações mútuas entre os diversos órgãos responsáveis pela tramitação processual. Está precisando um “freio de arrumação” que só o governador pode dar.

Investindo no servidor

O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Washington Luiz, tem como meta em sua gestão a modernização e aparelhamento das atividades do Poder Judiciário na capital e no interior. Outro foco á a valorização e oportunidade de capacitação dos servidores. Para tanto, através da Escola da Magistratura, sob a direção do desembargador James Magalhães, estará sendo desenvolvido um projeto de treinamento técnico continuado com a oferta de vários cursos de interesse da classe, motivando o funcionalismo e aperfeiçoando os serviços prestados àcomunidade.

Quem quer ser prefeito?

Não demora muito e estaremos vendo anúncios oferecendo cargos de prefeitos e mesmo assim algumas prefeituras ficarão sem administrador. A situação dos municípios brasileiros, principalmente os menores, é caótica e a tendência é se agravar ainda mais. Culpa maior do governo federal que cria programas enganosos, incha as estruturas dos municípios e depois os faz pagar a maior parte das contas. Em Alagoas a situação do presidente da Associação dos Municípios, Marcelo Beltrão é de desespero e não aguenta mais a pressão dos seus colegas de infortúnio. Esta semana ouvia de um prefeito que mesmo podendo não vai disputar a reeleição: “Estou fora, isto não é coisa para homem de vergonha. Prometi e não vou cumprir, quem votou em mim está decepcionado com toda razão. Larguei minhas atividades profissionais e perdi dinheiro. Quando deixar a prefeitura ainda vão chegar o Ministério Público Federal e a AGU para dizer que roubei esse dinheiro vagabundo que o governo federal manda em migalhas. Vou cuidar de minha vida. Política nunca mais!”.

Entidades cobram decisão

Em documento entregue ao governador do Estado de Alagoas, Renan Filho, o Fórum de Combate à Corrupção de Alagoas (Focco/AL) manifestou preocupação com o preenchimento da vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O Focco/AL defende que o chefe do governo estadual escolha um dos representantes do Ministério Público de Contas para assumir a titularidade do cargo. Segundo representantes do Fórum, instituições dos três Poderes possuem o mesmo entendimento, como se pode ver em manifestações recentes da Procuradoria-Geral do Estado de Alagoas, Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas e do próprio TCE/AL. O que espera o governador?


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ARTIGOS

Pondo as unhas de fora CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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i, na Folha de S. Paulo, extenso artigo de autoria do ministro Ricardo Lewandowski, hoje presidente do Supremo Tribunal Federal. A peça é deveras instrutiva, reveladora das forças em confronto nesse momento da crise brasileira. O ministro debruça-se com vigor sobre a atividade do juiz, a sua isenção, o seu afastamento das questões políticas. Afirma com veemência não ser o magistrado agente político, mas servidor público. O artigo, nota-se, é uma mensagem crítica ao juiz Sérgio Moro, embora o autor tenha o cuidado esperto de, em momento algum, citar o seu nome. A minha certeza quanto ao destinatário do recado é firme, basea-

da no texto e no contexto, até porque o artigo ressoa, fazendo eco a declarações de envolvidos, por si ou por seus defensores, na Operação Lava Jato. Duas coisas prenderam-me a atenção. Quando o ministro diz que juiz não pode ser agente político, a afirmação soa-me como meia-verdade. Será verdadeira se o articulista quis dizer que magistrados não podem participar de política partidária. Isso é inquestionável. Mas soa culturalmente falso, um sofisma, se pretende afirmar que, sendo servidor público, não atua politicamente, considerando-se a Política enquanto ciência. A Política, do ponto de vista estritamente científico, tem como fim precípuo a pacificação de conflitos entre os atores sociais. Assim sendo, todo servidor público, enquanto agente do Estado, é agente político. Outro ponto que me chamou a atenção no alentado artigo foi que, embora falando de forma subliminar do juiz Moro, o articulista parece estar falando de si próprio, exercendo

forte autocrítica. Quem não se lembra das longas sessões da Corte Suprema quando do julgamento do Mensalão? Naqueles momentos, o ministro Levandowisk induvidosamente assumiu viés político, não cientifico, ao ponto de impressionar negativamente a Nação, parecendo exercer defesa intransigente dos acusados, não quanto ao devido processo legal, mas na contramão da Corte, visando desqualificar o trabalho do seu colega de Casa, o ministro Joaquim Barbosa, agora aposentado. Os embates foram memoráveis! O trabalho exercido pelo juiz Sérgio Moro tem sido impecável, tanto que os tribunais superiores vêm mantendo, via de regra, suas decisões. Se, enquanto cidadão e estudioso do Direito, o juiz paranaense é instado a pronunciar-se, em tese, sobre a execução de penas, pode e deve fazê-lo, exercendo dessa forma a sua cidadania. É lamentável, mas o bem escrito artigo parece uma realização do popular ditado: “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”.

O Distritão em Alagoas na eleição de 2014 MAURICIO COSTA ROMÃO*

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o modelo majoritário do distritão para eleição de parlamentares, a circunscrição eleitoral é o grande distrito do estado (deputados) ou do município (vereadores). Nesses grandes distritos os candidatos mais votados do pleito são os eleitos, independentemente de que partido provenham. Em Alagoas, por exemplo, as nove cadeiras de deputado federal e as 27 de deputado estadual seriam preenchidas, ordenadamente, pelos candidatos que tivessem mais votos. Registre-se que no modelo do distritão, focado no indivíduo-candidato, não há votos de legenda nem quociente eleitoral, portanto, as coligações

proporcionais desaparecem, não fazem sentido. Pelo que se desenha na nova configuração de forças da recém-instalada legislatura federal, o modelo majoritário-distritão vai ser protagônico nos debates sobre sistemas eleitorais, pois tem o apoio de alguns partidos, liderados pelo PMDB, e conta com a simpatia de boa parte da grande mídia e de importantes analistas políticos. Se tal mecanismo já tivesse sido aplicado em Alagoas no pleito de 2014, haveria duas mudanças na lista de deputados federais eleitos: Nivaldo Ferreira (PRP), que teve 66.910 votos, entraria no lugar de José Cícero de Almeida (PRTB), que foi sufragado por 64.435 eleitores, e Audival Neto (PRTB), cuja votação foi de 58.095 votos, assumiria na vaga de Paulo Fernando (PT), que conquistou 53.284 votos. As demais sete vagas já foram ocu-

padas pelos mais votados da eleição, havendo assim, para estas vagas, convergência entre os modelos proporcional e majoritário. Já no que diz respeito ao pleito de deputados estaduais, os parlamentares eleitos pelo atual sistema de lista aberta José Ronaldo (PT), David Cabral (PSB), João Luiz (DEM) e Givaldo Gouveia (PROS) dariam lugar a Alesson Cavalcante (PPL), Cícero Cavalcanti (PMDB), Alcides de Andrade (PSD) e Marcelo Gouveia (PRB), na configuração hipotética de que o distritão já estivesse em vigor. As demais 23 vagas de deputado estadual já foram preenchidas pelos mais votados, mesmo no modelo proporcional vigente. Uma das principais características dos sistemas majoritário-distritais é que os partidos fortes tendem a concentrar a maior parte dos votos e dos eleitos, em detrimento da representação das pequenas agremiações,

diminuindo, assim, o pluralismo do Legislativo. Neste exercício com as bancadas alagoanas isso não ocorreu. Mas, tirante uma exceção ali e outra acolá, geralmente os partidos mais estruturados no distrito ou mantém ou aumentam sua representação quando se comparam seus desempenhos na nova modalidade majoritária vis-àvis à proporcional. No distrito de Pernambuco, por exemplo, o PSB, maior partido local, que já havia elegido, em 2014, pelo mecanismo proporcional 15 deputados estaduais (de um total de 49), aumentaria sua bancada para 20 pelo distritão, o que representaria 41% do total de parlamentares. *Ph.D. em Economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau http://mauricioromao.blog.br mauricio-romao@uol.com.br



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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

CRB começa a crescer

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azola Junior monta o CRB precavido e vem dando certo. Aval para a confiança da torcida foi a vitória de terça-feira sobre o América-MG no Trapichão (1x0), gol do zagueiro Audálio. Zé Carlos, artilheiro do Galo e entre os 5 da Série B com 9 gols, não joga há várias rodadas. Se recupera de contusão e não apareceu ainda quem o substitua à altura.

Classificação Com o placar favorável da terça-feira em Maceió, compromisso deste fim de semana do Galo será fora. Vai enfrentar o Macaé e embarca com otimista de melhorar na classificação. Passou na terça-feira de 13º para 11º. O jogo contra o Macaé, próximo a ele na pontuação, é neste sábado.

Pouco treino

O CRB tem plantel bom e Mazola Junior vem bem no comando técnico. Prova? O time vir com 9 titulares, inclusive Zé Carlos, contundidos e sequência de jogos, média de 2 por semana, não deixar tempo para treinos. E cite-se ainda Carlos que, entre os cinco principais artilheiros da Série B, vem contundido há semanas. Ou entra no segundo mês?

Centenário

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) comemora em 2016 o centenário da Copa das Américas. Reuniões, por isso, estão sendo antecipadas para definição e organização do evento. Uma das propostas é transferir a sede dos jogos do México para os Estados Unidos.

Outra questão

O pedido para a sede da Copa América ser nos Estados Unidos teria a ver não só com um escândalo de corrupção no futebol no México, noticiado em 2014, como também com o fato de a Concafaf estar sob interdição. Mas é caso ainda a ser decidido. Os Estados Unidos querem também sediar a Copa do Mundo de futebol em 2018.

Jogos do Brasil

Beach Soccer

Brasil estreia nas eliminatórias da Copa do Mundo dia 8 de outubro e adversário será o Chile, atual campeão da Copa América. É jogo de ida em Santiago, às 20h50 pela rodada da abertura da primeira fase do mundial. Os outros jogos vão ser Argentina x Equador e Colômbia x Peru.

Para agendar: o IV Campeonato Alagoano de Beach Soccer deverá ter neste domingo decisão do título de campeão. Jogos vão ser pela manhã na Praia da Pajuçara e 8 finalistas. Promoção é da Federação Alagoana de Beach Soccer com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes.

Fim do jejum

Flamengo, agora no G-4, libera mais confiança a torcida. Fez travessia da má fase e já começa a ser cotado entre os favoritos ao título da Série A do Brasileiro. Reforça o otimismo a vitória na 23ª rodada sobre o Cruzeiro (2x0). Quebrou jejum de quase 4 anos sem vencer o time mineiro.

Jogos Olímpicos

O Centro Paraolímpico Brasileiro, em São Paulo, terá uma área de 100 mil metros quadrados e as obras já em fase final e localizado no Parque Estadual Fontes do Ipiranga. Motiva otimismo vir a ser usado para treinos dos atletas brasileiros que vão estar nos jogos Olímpicos.

É para o futuro

“A gente está construindo o Centro Olímpico pensando em cada detalhe para ser perfeito e servir às gerações futuras. Vamos também usar o centro no Rio 2020, 2024 e gerações futuras de atletas vão ter muito mais estrutura para treinar que hoje”. Afirmação de Andrew Person, presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB).

Incentivo ao esporte Futebol de luto Clóvis Acosta Fernandes, torcedor-símbolo da seleção brasileira, faleceu quarta-feira, 16, aos 60 anos, em Porto Alegre. O “gaúcho da Copa” era presença recorrente nos jogos da seleção brasileira, em qualquer parte do mundo, aparecendo sempre com um chapéu típico do Rio Grande do Sul, um inconfundível bigode e com uma taça de Copa do Mundo nas mãos.

De bem com a bola

Em Arapiraca tudo corre como a torcida quer. O alvinegro, bem posicionado na Série C, poderá até antecipar classificação para a fase seguinte caso vença o Icasa neste fim de semana, em Juazeiro (CE). Ou quem sabe a sorte não favorece o ASA com placar de outros confrontos da rodada?

Rodada da Série D

O Coruripe, dia 27, joga pelas oitavas de final da Série D em Coruripe e adversário será o São Caetano. O time paulista é candidato forte ao título mas o portal de notícias G1 define o Hulk alagoano como “acostumado a dar trabalho quando o adversário é considerado casca grossa”.

Antônio Moura, secretário Municipal do Esporte: “Essa é uma oportunidade para conhecer mais sobre o beach soccer e aproveitar também para prestigiar os atletas, o que prova que a orla da capital, além de ser um espaço de lazer, também é capaz de receber competições esportivas variadas, num incentivo ao esporte amador alagoano”.

Jardel de volta

De Jardel, tipo desabafo, após o Benfica golear o Belenense (6x0) no Estádio da Luz: “Estava na expectativa de voltar a jogar. A equipe jogando um futebol de excelente nível mostrou que estamos encontrando a nossa melhor maneira de jogar”. Foi o 130º jogo dele pelo Benfica.

Só defender cansa Clubes nesta temporada do Campeonato Brasileiro, Séries A e B, têm planteis bons, mas diante da sequência de jogos, em média 2 por semana, que condições os técnicos têm para planejar e treinar sistemas de jogos? O CRB com 9 jogadores no Departamento Médico não é exemplo?


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Desordem urbana

Dilma é castigo

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O mérito de Dilma Rouseff ter conquistado seu primeiro mandato como presidenta do Brasil foi do ex-presidente Lula, na época com prestígio que elegeria qualquer um a quem apoiasse. Mas Dilma reeleita deixa dúvida se chega ao fim deste novo mandato. Ou o pacote com dor abusiva no bolso do povo também não a deixa sob o fio da navalha do impeachment?

comum em Maceió comerciantes montarem negócios em prédio sem estrutura adequada e invadirem área pública dificultando o pedestre que usa calçada e infernizar a vizinhança em itens abusivos, som alto a qualquer hora do dia ou à noite principalmente. Esta é queixa comum de famílias pelo alheamento à lei do silêncio na cidade. E exceções são poucas.

Esparrela

Consagrado pela crítica teatral nos estados por onde passou, o espetáculo Esparrela, apresentado no sábado passado, às 20 horas, no Teatro Jofre Soares, mereceu o excelente público presente. Foi um monólogo interessante encenado pelo ator, autor e diretor Fernando Teixeira.

Oficina de grafite Foram concluídas na segunda-feira, na Vila dos Pescadores (Sobral) as oficinas de Grafite e Hip Hop. Ministradas por Alan Lima (grafite) e Nando Rozendo (hip hop), alcançaram objetivo no número de participantes e no aprendizado, como demonstram os resultados que começam a ser expostos na comunidade.

Poder de transformar De Alan Lima sobre as oficinas: “Este é o poder transformador da arte. Primeiro, muda as pessoas por dentro e depois muda a realidade em volta delas. É a mudança que queremos provocar. Fazer esses garotos se sentirem valorizados na comunidade é a nossa maior vitória”.

Tuberculose Média anual no Brasil, de pacientes diagnosticados com tuberculose, é de 70 mil casos. Mas há otimismo de até 2023 estar erradicada. É uma doença infectocontagiosa causada por bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas pode ocorrer em outros órgãos do corpo. No caso os ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

Nova aventura Para trocar lado de calçada na Avenida Dona Constança, trecho da parada de ônibus e acesso ao Maceió Shopping (Jatiúca) ou vice versa, as opções são andar uns 600 metros só de ida, pois no ir e vir o semáforo está no portão de saída de veículos do shopping. E motoristas dirigem em velocidade não recomendável para o movimento de pedestres no trecho.

Mais risco de vida Mais problema na região: motorista sem respeitar a faixa de travessia do pedestre no trecho de retorno ao lado do Sam’s Club, à margem de um canal e de ligação com a Avenida Jatiúca. Aliás, outro alheamento é ter calçada. E dúvida é se a irresponsabilidade é do Bompreço ou da prefeitura.

Drogas como pauta Medidas adversas João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, defende medidas adversas ao aumento da taxa de juros e corte nos gastos sociais. Ele não esconde a posição adversa da presidenta petista, mas espera que Dilma mude “enquanto é tempo”.

Impopular Também de Stédile: “Os trabalhadores estão na rua opinando. Todas as pesquisas indicam que o nível de popularidade da presidente baixou para 7%, 8%. Esperamos que ela leia as pesquisas e se dê conta de que isso não é gratuito. O povo quer mudança na política econômica”.

Receita estimada O governador Renan Filho (PMDB) inclui agora, também nas prioridades da sua administração, mas para serem tocadas a partir de 2016, a melhoria da qualidade de vida da população, proteção do meio ambiente e educação ambiental. São propostas inseridas na Lei do Plano Plurianual (PPA) e a serem estendidas para até 2019.

Mudança de hábito Em Maceió o contribuinte do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) começa a mudar de hábito na quitação do tributo. Ao invés de pagar em parcela única, está dividindo o valor em até 10 vezes. E razão comentada tem a ver com incentivos dados pela prefeitura neste ano.

Conselho da Abegás Arnóbio Cavalcanti, reconduzido na presidência da Algás, continua no Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) representando a companhia alagoana no conselho com a Bahiagás e as demais distribuidoras do Nordeste.

Na Assembleia Legislativa deputados movimentaram o plenário na semana passada com pauta especial. Foi sessão proposta pelo deputado Ricardo Nezinho (PMDB) para discutir as drogas em Alagoas. Da boa surpresa a presença de atores que atuam na recuperação de jovens viciados.

É só conversa?

Nomes já aparecem nas ruas insinuando pré-candidaturas às eleições de 2016, a maioria para vereador. É natural em razão do exagerado número de partidos, em torno de 32, a maioria ainda ignorada pelo eleitor. Mas é do jogo o interesse por alianças para depois pegar cargos comissionados.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

El Niño

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eteorologistas confirmam que o fenômeno climático provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico está ocorrendo de forma mais intensa, e deve se sustentar até meados de 2016 para a safra de verão. Em relatório, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) confirmou as estimativas que indicam 85% de chances de o El Niño continuar em atividade até a primavera de 2016 no Hemisfério Norte (Outono no Hemisfério Sul) e o quadro coloca um sinal de alerta para a colheita dos cultivos de inverno. Em excesso, a chuva pode dificultar a entrada das colheitadeiras.

Rios invisíveis Existem 3 mil quilômetros de rios escondidos debaixo de avenidas, ruas e becos da cidade de São Paulo. Estima-se que a capital paulista tenha entre 300 e 500 rios concretados embaixo de casas, edifícios e ruas. São 3 mil quilômetros de cursos d’água escondidos. O movimento Rios e Ruas organiza expedições para que as pessoas encontrem os chamados rios invisíveis da metrópole, que estão debaixo da terra mas ainda podem ser vistos e ouvidos por bueiros e meios-fios.

Energia eólica Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica, existem 281 parques eólicos em 11 estados desde 2009, quando essa fonte passou a integrar a matriz elétrica brasileira. No mês passado, o setor atingiu 7.068,7 GW, o que corresponde a 5% da matriz energética do Brasil. Pelos cálculos do setor, diante das perspectivas de longo prazo, o potencial de produção no país é de atingir 400 GW.

Previsão de raios Um novo sistema desenvolvido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) permitirá prever a incidência de raios com antecedência de 24 horas. As previsões serão apresentadas em um formato simples e claro, gerando diariamente um mapa indicando as áreas onde haverá maior probabilidade de raios no Brasil. Os cientistas do Inpe realizaram pesquisas por cinco anos para criar o novo sistema e os testes mostraram que o nível de acerto das previsões é de 85%. O Brasil é o país com maior incidência de raios no planeta, com 50 milhões de descargas por ano, 80% delas durante o verão. Em média, os raios matam 110 pessoas por ano no país.

Desmatamento em 25 anos Um relatório divulgado esta semana pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelou que 129 milhões de hectares de floresta, o equivalente a uma superfície do tamanho da África do Sul, sumiram do mundo nos últimos 25 anos. De acordo com o relatório, as florestas continuam diminuindo à medida que a população cresce e a demanda por alimentos e terras se intensifica, mas o ritmo anual de desmatamento caiu em mais de 50% nos últimos cinco anos. Segundo o estudo, a maior perda de superfície de florestas ocorreu nos trópicos, especialmente na América do Sul e na África.

Besouro destruidor Em 2001, os freixos de Detroit, nos EUA, foram atacados por besouros verdes cintilantes, nomeados popularmente por broca esmeralda, uma obscura espécie nativa da Ásia Oriental. Pesquisas recentes sugerem que a chave pode estar nas próprias árvores, que para se defender, deixam os tecidos mais difíceis de digerir ou envenenam a madeira e as folhas. Os freixos da América do Norte podem estar morrendo não porque lhes falta um antídoto contra as brocas esmeralda, mas talvez porque não estejam produzindo o equilíbrio certo de defensivos químicos, ou não os estejam produzindo com a rapidez suficiente.

Monte Aso O Monte Aso, vulcão ativo mais extenso do Japão, entrou em erupção nesta segunda-feira (14) e causou a retirada de 30 pessoas da cidade de Kumamoto. O vulcão começou a expelir fumaça e cinzas por volta das 9h43 da manhã e a Agência Meteorológica Japonesa (JMA) declarou nível 3 de alerta e recomendou que todos fiquem ao menos a um raio de 2 km longe da região. Há risco de queda de rochas lançadas pelo vulcão e das emanações de gases tóxicos.

Incêndio Um incêndio atingiu parte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, no município de Andaraí. Por causa do tempo seco e dos ventos, o fogo se alastrou rapidamente pela vegetação. Equipes do Corpo de Bombeiros, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia atuam na região para controlar o fogo. A polícia investiga se o fogo foi colocado propositadamente.



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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Segurança mais accessível

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letrônica de bordo voltada à segurança preditiva – capaz de prever um possível acidente – foi o ponto de partida para as pesquisas que darão vida aos veículos de direção autônoma a partir de 2020. Embora muitas questões precisem ainda ser resolvidas, inclusive de legislação de trânsito e responsabilidade civil, alguns recursos já estão disponíveis e tendem a ser oferecidos não apenas em veículos premium ou de topo de gama. Um exemplo é o controle ativo inteligente de velocidade de cruzeiro (i-ACC, na sigla em inglês) com capacidade de prever e reagir automaticamente no caso de outro carro ameaçar sair da sua faixa de repente, manobra mais conhecida como “fechada”. Quando isso ocorre em uma rodovia pode causar acidentes graves em cadeia, envolvendo vários veículos e colocando vidas em jogo.

pitstop

A Honda anunciou que ainda este ano colocará na versão europeia do crossover médiocompacto CR-V o primeiro dispositivo desse tipo. Utiliza câmera e radar para analisar o tráfego à frente na estrada, como em outros ACCs. O recurso adicional de segurança vem de um algoritmo desenvolvido em situações reais de trânsito por estradas de toda a Europa para prever o que acontece nas faixas de circulação em torno. O i-ACC age cinco segundos antes da efetiva invasão de faixa e aciona levemente os freios por precaução, além de avisar ao motorista por meio de um ícone iluminado no quadro de instrumentos. Se a ameaça se tornar verdadeira e o motorista demorar a reagir, os freios são aplicados para valer, de forma automática, até se restabelecer a distância de segurança prevista no con-

trolador ativo de cruzeiro. A calibração foi desenvolvida para o sistema atuar sem sobressaltos e reduzir praticamente a zero os riscos de colisão, algo essencial no projeto de direção autônoma ou semiautônoma que a maioria, senão todos os fabricantes, pretende oferecer. Outro caminho foi explorado pela Bosch em colaboração com a Land Rover. Desenvolveu-se uma câmera de vídeo estéreo, conjugada a um sistema de frenagem emergencial, que dispensa o uso de radar ou a combinação deste com sensor de vídeo. Lentes sensíveis à luz e tecnologia tridimensional permitem cobrir um campo de visão horizontal de 50 graus e até 50 metros à frente, a fim de evitar acidentes em ambiente urbano. Graças à captação de imagens em 3D, o cálculo para acionar os freios emergen-

XC90 freia se o carro da frente parar Utilitário esportivo da Volvo tem sistema contra motorista desatento

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om um super motor Drive-E T6 de 320 cv, tração integral e transmissão automática de oito velocidades, o Volvo XC90 marca um novo momento da empresa. Esse utilitário esportivo para sete pessoas (todas com bancos individuais) oferece tecnologia semiautônoma de auxílio ao motorista e equipamentos que garantem segurança e tranquilidade no trânsito. Sensores e câmeras monitoram as faixas das vias e controlam a distância do veículo que vai à frente de forma a frear o carro automaticamente em caso de redução de velocidade os parada total do outro.

O computador de bordo comanda a aceleração, a frenagem e o volante, detectando quando o carro vai fazer uma curva. O motorista mantém o total controle da direção, mas os sistemas auxiliares impedem (ou reduzem ao máximo) a possibilidade de acidente, uma vez que “enxerga” o perigo e “toma uma atitude”. O carro detecta um potencial choque e freia para evitar a colisão. O Volvo XC90 conta com alerta de mudança de fixa, que aplica força no volante se

o carro estiver saindo da faixa intencionalmente e um terceiro equipamento alerta o motorista desatento ou cansado. O novo XC90 já está sendo vendido no Brasil, por R$ 319 mil (versão Momentum) e R$ 363 mil (versão Inscription).

RODA VIVA cialmente é mais preciso, independe de outros sensores e também pode identificar pedestres, em uma evolução posterior, para evitar atropelamentos. Outro avanço está nas dimensões compactas inéditas: a distância entre os eixos ópticos das duas lentes é de apenas 12 cm. As unidades de controle de dados e processamento de imagens estão integradas em um único bloco que cabe no interior do espelho retrovisor central, sem afetar o campo de visão normal do motorista. A compacta câmera de vídeo estéreo, antes só disponível em automóveis grandes e caros, agora ficou mais acessível e integra a lista de opcionais do sucessor do Freelander II, o novo Discovery Sport, menor dos crossovers e SUVs da marca inglesa. Este é um dos modelos que serão fabricados no Brasil, em Itatiaia (RJ).

AUMENTO dos estoques totais de veículos de 50 dias (julho) para 52 dias (agosto) continua a preocupar. E enquanto a produção caiu 17% em um ano, o nível de emprego nos fabricantes só se reduziu em 10%, ou seja, ociosidade elevada. Outros 17.000 empregos se esvaíram, resultado de 347 concessionárias parando de faturar (balanço líquido entre aberturas e fechamentos). FIAT decidiu que nova picape média Toro será lançada apenas no início de 2016. Provável causa: flacidez do mercado. Será o primeiro modelo a transportar 1.000 kg em estrutura monobloco e suspensão traseira independente para conforto de marcha superior. Fotos vazadas mostram tampa da caçamba bipartida (menor peso) de abertura vertical. SANDERO R.S. 2.0 resgata o esquecido verdadeiro conceito de esportivo. Aumento de potência (150 cv) foi simbólico, mas altura de suspensão mais baixa e firme, câmbio de seis marchas com relações curtas, volante de menor diâmetro, defletor avantajado de teto e rodas de até 17 pol de diâmetro compensam. Acelerar 0 a 100 km/h em 8 s convence. Preço razoável: até R$ 59.880. INÍCIO de produção da nova fábrica Kia no México, no primeiro semestre de 2016, proporciona rara conjugação dos astros em termos de lançamentos. Afinal, apresentar o hatch compacto Kia Rio, nos dias que precedem ou sucedem as Olimpíadas do Rio, é quase certeza. Modelo tem linhas arrojadas e tudo a ver com o segmento mais importante do mercado. CONFIRMADO o que este espaço previu na edição 806, de 14 de outubro de 2014: Salão do Automóvel de São Paulo muda-se do complexo do Anhembi para o São Paulo Expo (antigo Centro de Exposições Imigrantes, ampliado, climatizado e com maior estacionamento coberto do País). Investimento de R$ 300 milhões é o mesmo aqui antecipado. Data do evento passa para 10 a 20 de novembro.


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ARTIGO

O nosso progresso quebrou e enferrujou!!!!... JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

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u sou funcionário público estadual, enquadrado como engenheiro rodoviário efetivo e aposentado do DER/AL. Dentre todos os servidores estaduais de Alagoas, nós somos os únicos servidores mais mal pagos, inclusive com colegas passando necessidades e fome diante dos baixos salários que recebemos, inclusive, uns recebendo valores inferiores ao mínimo. Nós, do DER/AL, nunca fizemos greve e somos responsáveis pelo progresso do nosso Estado através das nossas rodovias. Temos servidores competentes, dedicados e honestos, muitos deles com cursos de especializações, mas nossos governantes sabem das

nossas situações e só lembram-se do DER/AL quando querem votos e quando querem nossos aplausos nas inaugurações. Temos muito servidores que fizeram cursos de topografia, de mecânica, terraplenagem, de pavimentação, de desenho técnico, de compactação de solos, de trânsito e de recuperação de pavimentos, os conhecidos “tapa-buracos”. Não somos reconhecidos, nem somos valorizados com nossas especializações, porque preferem contratar empreiteiras em lugar dos nossos treinados técnicos. Estamos jogados às baratas, amargando o esquecimento que nos deram, diante das nossas qualidades rodoviárias. Nessas últimas eleições, fomos humilhados como rodoviários honestos e competentes. É que, faltando poucos meses das eleições do ano passado, a sra. Dilma resolveu jogar o rodoviarismo brasileiro no

lixo. Comprou mais de setecentos tratores, mais de setecentas pás carregadeiras, mais de setecentos caminhões, mais de setecentas caçambas e outras caríssimas máquinas e em momentos festivos e eleitoreiros, saiu distribuindo-as para os prefeitos. Ela resolveu afrontar os engenheiros rodoviários brasileiros, os nossos técnicos, os nossos topógrafos, os nossos mecânicos, nossos motoristas e bagunçou o rodoviarismo brasileiro. Para cada prefeito, foram “doados” mais de 4 milhões de reais, sem que a nossa imprensa e os tribunais falassem da falta da concorrência pública. Na época, eu falei nos meus artigos sobre as tais imoralidades, com o título de “Muito dinheiro para o ferro velho” e “Patrulhas Rodoviárias quebradas e enferrujadas”. Nas mãos dos técnicos e funcionários abnegados do DER/AL, essa fortuna que a sra. Dilma jogou no lixo, poderia ter

nos dado excelentes rodovias, não só em Alagoas, mas em outros pontos desse Brasil corrupto. Nós sempre fizemos boas rodovias, tanto para Alagoas como para todo país. O resultado é que, os prefeitos estão sem dinheiro para pagar os “mecânicos de araque”, sem dinheiro para comprar combustível, para comprar pneus e sem condições de fazer reposições de peças, muitas delas importadas. O resultado é que bilhões de reais foram jogados no lixo. O pior é que o Brasil está “afundado” e a sra. Dilma pedindo socorro. O barco afundou e nós estamos mergulhados em incompetência e corrupção. Nem boas rodovias nós temos para nossas fugas!!!... Em tempo – Eu tenho um “leitor de carteirinha” dos meus escritos. É o sr. Givanildo Barbosa, e, como eu, uma das vítimas da corrupção brasileira.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Ampliação do hospital Durante a assinatura de termos de compromisso que ampliaram o aporte financeiro destinado à Rede de Assistência Hospitalar em Arapiraca, a secretária de Estado da Saúde, Rozangela Wyszomirs -ka, anunciou outra boa notícia aos arapiraquenses: a obra de ampliação da Unidade de Emergência do Agreste será concluída em seis meses.

Recursos disponíveis

pacote de incentivos fiscais que vai isentar de juros e multas milhares de contribuintes, para o pagamento de tributos e taxas municipais, será detalhado pela prefeita Célia Rocha na próxima terça-feira (22), durante entrevista coletiva com a imprensa de Arapiraca. O evento está marcado para as 7h30, tendo como local a sala do Gabinete de Gestão Integrada (GGIM), no Centro Administrativo Municipal.

De acordo com a secretária, durante uma reunião com representantes da empresa responsável pela obra, ficou definido que os trabalhos deverão ser concluídos em seis meses, finalizando assim mais um ciclo da construção, que se arrasta há mais de cinco anos. Para isso, os recursos para a conclusão da segunda etapa, na ordem de R$ 3,5 milhões, já estão disponíveis.

Pacote de medidas

Vai acompanhar

Coletiva em Arapiraca

O

O secretário de Economia e Finanças, Lucas Leão, estará ao lado da prefeita Célia Rocha para explicar todos os detalhes do pacote das medidas para recuperação de receitas e enfrentamento da crise financeira que está afetando todos os municípios alagoanos e grande parte dos municípios brasileiros.

Isenção de juros No pacote, está incluída, principalmente, a isenção de juros, multas para pagamento de outros impostos e taxas municipais para proprietários de imóveis que estejam com débitos em atraso, proprietários de escolas, empresas de transporte coletivo municipal e também para a Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), que passa por dificuldades financeiras e precisa da certidão municipal para ter direito a recursos da Caixa Econômica Federal e outras fontes de renda.

“Estaremos realizando novas reuniões no intuito de acompanhar de perto o andamento dos trabalhos e, principalmente, cobrar o cumprimento deste prazo por parte da construtora”, afirmou a secretária Rozangela Wyszomirska.

Solidariedade Andréia da Silva Souza, de 25 anos, está com uma infecção renal grave e necessita urgentemente da colaboração de todos para realizar uma cirurgia que, a princípio, estava agendada para ontem, em Arapiraca/AL.

Contribuições A família da paciente não tem condições financeiras para arcar com o tratamento, que terá início com o procedimento cirúrgico no valor de R$ 4 mil. As contribuições podem ser feitas diretamente na conta poupança: 13.570-4, agência Banco do Brasil (0960-1), em nome de Maria Isabel Silva, mãe de Andréia. A jovem é natural de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas, filha de Maria Isabel Silva e do já falecido João Grilinho. Maiores informações: (82) 9 9955.5365 / 9 9655-4819 (Fernanda ou Isabel).

Encontro

PELO INTERIOR ... “Não tem como Alagoas avançar se a Região Metropolitana do Agreste não estiver inserida neste avanço. Arapiraca é um dos motores de Alagoas. Estamos garantindo o avanço deste importante município. Na política, ninguém faz nada sozinho. Todo mundo precisa de apoio, principalmente no momento que estamos vivendo no Brasil”. ... Foi assim que o governador Renan Filho voltou a destacar o crescimento social e econômico do município de Arapiraca para ajudar no desenvolvimento de Alagoas. ... A declaração foi feita na terça-feira (15), durante solenidade ocorrida no Centro de Referência Integrado de Assistência de Arapiraca (CRIA), no bairro Santa Edwiges.

Os Conselhos Regionais de Contabilidade da Região Nordeste realizarão, de 30 de setembro a 2 de outubro, o 12º Encontro Nordestino de Contabilidade, em Recife (PE). O evento é uma oportunidade ímpar para os profissionais trocarem experiências com um olhar regional sobre a carreira contábil, além de ficarem atentos à produção acadêmica da área.

... Arapiraca continua se destacando nacionalmente pela criação de novas vagas de trabalho de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Profissionais

... A Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC) realiza neste domingo (20) a segunda edição de 2015 do Exame de Suficiência. A aprovação no exame é condição indispensável para obtenção do registro profissional. A prova será aplicada em todos os Estados e no Distrito Federal.

A Região Nordeste conta com 83.212 profissionais da contabilidade, o que representa 15,76% do total de profissionais registrados em todo o País. No NE, a Bahia conta com o maior número de contabilistas, são 22.292, seguida por Pernambuco, com 14.881, e pelo Ceará, com 13.162 contabilistas.

... Em matéria publicada recentemente no site da Revista Exame, com base nos números do CAGED, a cidade já é a sexta no Brasil em saldo de empregos (de janeiro a junho de 2015), com 2 mil 821 postos de trabalho.

... O Exame de Suficiência foi instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2010 e tem como objetivo aferir o conhecimento mínimo para o pleno exercício da profissão. ... “A função da contabilidade é zelar pela sociedade. Para que isso ocorra efetivamente, precisamos garantir que o profissional tenha o conhecimento necessário para o desempenho de suas atividades”, explica José Martonio Alves Coelho, presidente do CFC. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, cheio de paz e saúde. Quanto aos desafetos, que os quintos dos infernos os guiem. Brincadeirinha. Até a próxima edição. Fui!!!!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

Sem anuidade Antes de contratar, é preciso ficar de olho na anuidade, já que os valores tendem a variar bastante. Alguns cartões são isentos dessa tarifa durante o primeiro ano, o que acaba chamando a atenção do consumidor. Contudo, tenha cautela, pois, a partir do segundo ano, é provável que a quantia a ser paga seja bem salgada. Os únicos totalmente isentos são o Hipercard, do Itaú, e o Santander Free, do Banco Santander.

Tarifas Além da anuidade, outras taxas podem ser cobradas pelas instituições. São elas: tarifa para emissão de segunda via do cartão e para a função saque, tarifa para pagamento de contas e por pedido de avaliação emergencial do limite de crédito. A cobrança feita por qualquer outro serviço diferente desses é proibida pelo Banco Central.

Negociando

Não se renda ao cartão!

S

e utilizado de maneira inadequada, o cartão de crédito tende a comprometer a vida financeira de qualquer pessoa. Os juros são exorbitantes, assim como multas e outras taxas. O problema não é só esse. Usuários lidam ainda com a falta de informações, principalmente em relação às taxas, e, muitas vezes, arcam com tarifas que nem sequer poderiam ser cobradas. E os juros! O rotativo é um dos grandes vilões. Atraente em um primeiro momento, ele permite que você pague somente parte do total da fatura, geralmente 25%. Só que, sobre o valor restante, vai pesar o chamado Custo Efetivo Total (CET) e, quanto mais alto ele for, maior será a dívida. Os cartões Ibicard, do Banco IBI, apresentam o mais elevado entre os avaliados por uma pesquisa recente: 617,34% ao ano. O Santander Free, do banco homônimo, vem em segundo lugar, com 560,63% ao ano.

Quando se chega ao fundo do poço, sem condições de quitar a dívida do cartão de crédito, com 100% de sua renda comprometida com ele e outras dívidas, não cruze os braços: Mude seus hábitos de consumo, passe a morar num lugar com aluguel ou condomínio mais barato, tire os filhos de uma escola cara e coloque numa mais barata, venda o carro. Enfim, existem muitas maneiras de economizar e pagar o que deve.

Juramento Depois de “sair do vermelho”, deve jurar nunca mais se endividar e aprender a viver de acordo com o que ganha, separando ainda uma parte da renda para formar uma reserva financeira, que servirá a qualquer emrgência.

Apostando no futuro

S

ebastião Cuscuz, líder político do município de Palmeira dos Índios, meu parente e cabo eleitoral, em 2006, abandonou-me politicamente para apoiar o deputado Marcos Ferreira. Eu perdi a eleição, ficando porém na primeira suplência, com amplas chances de assumir o mandato efetivamente. Cuscuz ligou pra mim: - Alô primo! Estou ligando pra lhe dar a minha solidariedade e o meu pesar, a você cabra véio. Sou seu parente e o sangue quando não ferve de manhã, ferve à tarde. Eu estou choroso com a sua derrota. Eu queria estar no seu lugar pra o seu sofrimento ser pra eu. Se você voltar pra aquele casarão se lembre d’eu, cabra véio. Tô com a casa cheia de moça, precisando trabaiar. Quando você assumir, me avise pra nós comer uma galIinha gorda aqui em casa. É de capoeira, né de granja não, viu ? - Se for de capoeira, eu vou mesmo! - AÍ, eu lhe agaranto primo! Eu não sou homem de embruiar ninguém, inda mais sendo meu sangue, primo! Arrematei: - É verdade, primo, sangue é sangue! Logo estarei por aí.


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CRÔNICA

Quando arranhamos o coração alheio FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

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raia de Jatiúca, primeiro de janeiro de 2015. Ouvi uma mulher gritando: – Vamos sair daqui! Odeio esse menino! Quando reconheci a dona da voz, bastante familiar, pude ter certeza de que toda aquela ira era destinada a mim. Acabara de empenhar inúmeras promessas para o novo ano, fazendo um balanço de perdas e danos, mas o passado, anacrônico como é de seu feitio, deu mostras de que não reconhece bem as mudanças no calendário, nem as que desejamos fazer internamente. Todos nós fizemos algo que gostaríamos de apagar no ano que morreu. E ali estava o motivo do meu arrependimento em 2014: uma mulher que me odiava. Aceitei o rompante com a maior resignação possível, típica de quem tem culpa no cartório, numa espécie de pedido de desculpas em silêncio, pois, pensando rapidamente, vi que ela tinha suas razões. Queria pedir perdão, ainda que sem nenhuma outra intenção, além de obtê-lo. É difícil admitir quando somos algozes na vida de alguém. Dói até. Tentava esquecer a cena, contemplando o mar, quando notei algumas coisas. O show

pirotécnico foi minguado em relação aos anos anteriores. A quantidade de pessoas também minguou. Há quem diga que tudo isso é culpa da tal crise econômica, e não contradigo. Para falar a verdade, o amarelo duelava contra o branco como cor predominante nas vestimentas dos transeuntes. As pessoas pediam prosperidade, dinheiro. E eu pedia perdão. Outro fato diferente dos outros anos foi a tal da selfie. Ninguém era capaz de admirar o momento, muito menos interagir com os familiares. A tal vara metálica que consegue dar maior alcance aos celulares para melhores ângulos fotográficos – o pau de selfie – era vista por todos os lugares, parecendo praga. Uma senhora – vestida de amarelo, por sinal – estava tirando um autorretrato, quando seu rebento tropeçou e caiu na areia, sujando toda a roupa festiva. Na hora de exclamar proteção aos céus, a supracitada disse: “Ai, Meu Deus do selfie!”. O trocadilho, que também pode ser entendido por ato falho na máxima freudiana, desvela os sinais dos novos tempos. Rumei para a festa-ostentação – admito minha incoerência ideológica – escolhida por amigos para iniciar o novo ano, enquanto um homem cambaleava pelas calçadas, confessando em voz alta as agruras de um coração sofrido. Na festa, tudo mais do mesmo. As roupas das garotas eram bem parecidas, e os meninos – inclusive eu – pareciam todos fabricados sob o mesmo molde. Se disser que não me diverti, serei leviano, coisa

que prometi não ser no novo ano. Voltava para casa já de manhã, quando pousei a vista em uma cena curiosa. Duas adolescentes com as maquiagens borradas choravam abraçadas. Aquela situação mexeu comigo. Pude ouvir uma delas reclamando da insensatez do amado, de tê-lo visto com outra mulher. De ter sonhado com um 2015 de amor que já começara com toques cruéis de desamor. Não tinha nada a ver com aquela cena; no entanto, pedi perdão. Pedi perdão por algum motivo interno que desconheço. Talvez pela embriaguez, talvez por ter enxergado ali a moça que hoje me odeia, mas que um dia já me amou. Pedi perdão pelo homem que hoje errou e ainda não sabe o que causou para a garota que chorava. As desconhecidas fugiram, pensando que eu era algum louco que iria importunar aquele momento tão sublime em frente ao mar. Correram tanto que uma delas deixou um dos sapatos. Somente o pé esquerdo. Vermelho, com detalhes dourados. Tentei gritar para avisar, mas já não havia mais jeito. Tive certeza de que pedir perdão dá medo. Jogamos ali todas as nossas fraquezas e admitimos nossas derrotas. Porém, o sapato vermelho, deixado por medo, mostrou-me que perdoar causa mais medo ainda. *Médico formado pela Ufal, alagoano de Maribondo, tem 26 anos e encontra-se fazendo residência em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, Rio de Janeiro. É autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela editora Viva em 2014.


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