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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 845 - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2015

TJ ANULA DECISÃO QUE MANDOU VENDER USINA DE JOÃO LYRA POR R$ 1 BILHÃO COM ESSA NOVA DECISÃO A USINA GUAXUMA DEIXA DE INTEGRAR A MASSA FALIDA P/11

SERVIDORES DENUNCIAM CAOS NA BARRA DE SANTO ANTÔNIO

ROGÉRIO FARIAS É ACUSADO DE ABANDONAR A CIDADE E DAR CALOTE NO FUNCIONALISMO P/12

JAPARATINGA MESMO AFASTADO PREFEITO MANDA PAGAR CONTRATOS IRREGULARES DE PARENTES P/8

VEREADORES DE TRAIPU QUEREM AFASTAR PREFEITA POR CORRUPÇÃO E NEPOTISMO P/10


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Previdência e calote

O

governador Renan Filho não encontrará resistência para aprovar as mudanças que deseja implantar na previdência estadual. É que os deputados já foram contemplados com 20 nomeações cada um para acomodar parentes e cabos eleitorais em órgãos do Executivo. A única exceção é Rodrigo Cunha, único deputado de oposição, que é contra a ideia de o governo meter a mão nos R$ 300 milhões do fundo previdenciário para pagar servidores inativos do Estado. Mas como uma andorinha só não faz verão, a aprovação do pleito governista é tido como favas contadas. Além do mais, é bem mais fácil tirar dinheiro dos aposentados do que cobrar o calote fiscal dos usineiros.

Zé Pereira 2 Pelo menos até agora, os alagoanos dão provas de confiança no trabalho do Secretário George Santoro, da Fazenda, e seu programa de arrocho fiscal. E tem até gente rezando para que Santoro não seja um Zé Pereira 2, o português-carioca que ajudou a afundar Alagoas com uma dívida pública que se aproxima de R$ 11 bilhões.

Bolsa safadeza Enquanto o governo do PT decide cortar R$ 10 bilhões do Programa Bolsa Família, políticos alagoanos fazem cortesia com chapéu da Viúva. É o caso do deputado estadual Sérgio Toledo (PDT), que incluiu no programa de combate à fome “assessores” de seu gabinete que não se enquadram nas exigências do Bolsa Família. Um desses beneficiários ilegais tem dois empregos e renda superior a R$ 6 mil. E mais grave: seu filho mais novo vai fazer 30 anos.

Vigarice O deputado Beto Mansur (PRB-SP) primeiro-secretário da Câmara, gastou mais de R$ 100 mil da cota parlamentar com pareceres jurídicos reproduzidos da internet, revela a Revista Congresso em Foco.

“Eu vou juntar gente e vou botar vocês pra correr daqui de frente do Congresso. Bando de vagabundos. Vocês são vagabundos. Vamos pro pau com vocês agora” SIBÁ MACHADO líder do PT (AC)

Viva o PT! O Brasil fechou o último trimestre de 2015 com mais de 8 milhões de desempregados e uma taxa de desocupação de 8,7%. É o preço de um governo que transformou o país em balcão de negócios.

Inocentes ou culpados?

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- Foi com a eloquência que lhe é peculiar, que o advogado Nabor Bulhões discursou na terça, 27, perante o Conselho Nacional de Justiça, em Brasília, para defender o desembargador Washington Luiz Damasceno. Segundo Nabor, o desembargador estaria sendo vítima de perseguição e nunca foi ouvido sobre as acusações do MP de benefício financeiro em troca de parecer favorável à empresa SP Alimentação e Serviços.

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- A defesa de Washington Luiz foi feita em resposta ao pedido da corregedora Nacional de Justiça, Nancy Andrighi, de afastamento do cargo de desembargador e instauração de procedimento administrativo disciplinar contra Washington. Para a ministra, há indícios de que o presidente do TJ de Alagoas tenha sido beneficiado pela SP, empresa envolvida com o cartel da merenda escolar em pelos menos três estados.

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- Quem também saiu em defesa do desembargador alagoano foi a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Advogado da entidade, Emiliano Alves Aguiar foi enfático em afirmar perante o CNJ que todas as acusações feitas a WL no caso se deram com base em delação premiada. “Ou seja, fofoca”, completou. O julgamento do caso será retomado dia 10 pelo CNJ.

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- Também no próximo dia 10 o CNJ deve analisar o parecer da ministra Nancy Andrighi sobre a acusação de venda de sentença contra o juiz Léo Denisson, de Marechal Deodoro. O magistrado é defendido pelo advogado Fábio Ferrário que na terça-feira passada estava a postos para fazer a defesa oral na sessão ordinária do conselho.

Acabou a moleza, Lulinha Segundo a Folha de S. Paulo, a PF bateu à porta de seu apartamento depois que ele voltou da festa de aniversário de seu pai, terça-feira. A Zelotes intimou-o a depor nessa quinta-feira no inquérito que apura a compra da MP da CAOA. O episódio, mantido até então em segredo, enfureceu o entorno de Lula, de acordo com Monica Bergamo. (Diogo Mainard - jornalista)

PF de olho Um hotel faraônico está sendo construído no litoral norte de Alagoas à custa do suor de um povo. Quem viu a obra ficou impressionado. O figurão do litoral norte começou a ficar apreensivo porque as denuncias de desvios federais nas áreas da educação e saúde começam aparecer.

E agora Ciço? A executiva nacional do PRTB solicitou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o cargo de deputado federal de Cícero Almeida, que migrou recentemente para o PSD, de Marx Beltrão. Segundo o PRTB, a infidelidade partidária do ex-prefeito de Maceió está configurada e é causa ganha.

Tribuna Os trabalhadores do extinto jornal diário Tribuna de Alagoas irá pedir na Justiça o bloqueio do salário do deputado federal, Ronaldo Lessa, para que as dívidas com os jornalistas e gráficos sejam sanadas. O calote já ultrapassa os R$ 12 milhões.

Mata Grande Enquanto as famílias de Hélio Brandão e de Celso Luiz brigão pelo poder no município de Mata Grande, uma terceira via começa a nascer para as eleições 2016. Figura discreta e equilibrada já avisou que vai colocar seu nome aprova apenas no momento correto. É esperar.

Homenagem Essa semana a Câmara de Maceió homenageou com a comenda Jarede Viana o professor Eduardo Vasconcelos. O presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas foi outorgado comendador devido aos seus relevantes serviços prestado a sociedade alagoana e a luta incansável em defesa da categoria.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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Como nem os donos de segredos de Estado conseguem guardá-los, sabe-se que um dos mais caros cardápios é mantido à margem da contabilidade rotineira de copa e cozinha palaciana: custa R$ 2 milhões anuais o serviço de comida a bordo do avião presidencial. Já foi mais. Em 2006, Lula chegou a gastar R$ 3,7 milhões — mais que a conta dos cinco mil telefones da presidência naquele ano. Ele instituiu um padrão em voos, preservado por Dilma, com variedade de carnes (coelho assado, costeleta de cordeiro, rã, pato, picanha e peixe). O café da manhã a bordo custa R$ 58,60; a bandeja de frutas, R$ 102; cada canapé de caviar sai a R$ 7; camarão ou salmão defumado, a R$ 4,60.

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Dilma, mais cara que rainha Elizabeth Vitória - As viagens da Dilma para o exterior são infrutíferas, não trazem benefícios ao país. Servem apenas para ela fugir das crises e gastar dinheiro dos contribuintes que, como otários, continuam sustentando o luxo da presidente e bancando suas despesas em bons e sofisticados restaurantes lá fora. O jornalista José Casado, do Globo, fez um levantamento minucioso dos encargos financeiros da estrutura presidencial e chegou a gastos espantosos: R$ 9,3 bilhões no ano passado — 210% mais que em 2005, já descontada a inflação, para sustentar a entourage que gira em torno dela com alimentação, vestuário, viagens aéreas, servidores, jardinagem, deslocamentos internos e externos, carros, combustíveis e gastos com cartões corporativos. Apenas esses gastos em um país em crise mostram que a reforma ministerial da Dilma foi pura balela. Como foi também demagogo o corte salarial de 10% nos salários dos ministros. Não se conhece até hoje nenhum resultado positivo para a economia do pais advinda das viagens da Dilma. Na verdade, o que se conhece muito bem são as suas gafes quando fala com a imprensa internacional. A mais recente delas é da tecnologia para “estocar ventos” para gerar energia. Esse tipo de folclore gerado por essa presidente descoordenada tem sido motivo de pilhérias e a descredencia a falar em nome do Brasil. A falta de preparo para enfrentar os problemas da economia, aliada à incompetência para colocar novamente o país nos trilhos do desenvolvimento, é fruto de erros sucessivos que se acumulam nos últimos cinco anos desse desgoverno, que tem na chefia uma presidente que caiu de paraquedas no maior cargo público da nação. A última pesquisa mostra que os brasileiros não querem mais sustentar essa presidente incapaz e inepta. Os números indicam que de dez brasileiros, sete não a querem mais no cargo, índice histórico, jamais alcançado por outro presidente no poder. Além da notória incompreensão dos problemas sociais e econômicos do país, a Dilma tem dificuldades para dialogar com os políticos e empresários hoje órfãos de uma interlocução consistente. É desse vazio de comando que muitos petistas se prevalecem para assaltar os cofres públicos já que não existe um vazio de poder.

Gasto de rainha Vale a pena ler a matéria do José Casado, na íntegra, sob o título: Dilma custa ao Brasil o dobro de Elizabeth II ao Reino Unido: A presidente vai reduzir seu salário, do vice-presidente e dos 31 ministros a partir de novembro. Dilma Rousseff ganha R$ 26,7 mil mensais e deve perder 10%, pouco mais de três salários mínimos.

Demagogia

O corte salarial no topo do poder, porém, é meramente simbólico num governo onde os gastos são crescentes. O caso da Presidência da República é exemplar. Na última década, se tornou um agrupamento burocrático de dezenas de organismos, fundos e secretarias extraordinárias. Gastou R$ 9,3 bilhões no ano passado — 210% mais que em 2005, já descontada a inflação do período.

Luxo

É um volume de dinheiro quase três vezes maior, por exemplo, que o gasto anual do Estado do Rio na manutenção da rede pública de saúde, com 60 hospitais (1.050 leitos de UTI). Ano passado, as despesas do núcleo administrativo diretamente vinculado a Dilma somaram R$ 747,6 milhões, recorde no primeiro mandato.

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Segredo

JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

- MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2015 -

Império

Camareiras

Pouco mais da metade disso (R$ 390,3 milhões) foi usado para pagar assessoria e serviços prestados à presidente nos palácios onde trabalha e reside e durante as viagens, segundo dados da Secretaria de Administração da Presidência disponíveis no Portal da Transparência, do governo federal. Dilma já custa para os brasileiros praticamente o dobro do que a rainha Elizabeth II e a família real para os súditos britânicos. A monarquia consumiu, em 2014, o equivalente a R$ 196,3 milhões, segundo relatório anual da Casa Real, tendo-se como referência a cotação da moeda (libra) no fim de agosto.

Há despesas mais prosaicas, como R$ 9,7 mil para quatro camareiras que lavam as roupas do vice-presidente Michel Temer, sob compromisso de “sigilo de informações”. E R$ 7,8 mil para tratamento semanal da piscina do Palácio do Jaburu, onde Temer mora. Recorrentes mudanças administrativas, produto da instabilidade nas relações da presidente com aliados, levaram à contratação permanente (por R$ 1 milhão por ano) de empresa especializada na montagem e desmontagem de paredes divisórias no Planalto.

Mais que Obama

Numa comparação republicana, o custeio do gabinete de Dilma equivale a 60% do escritório de Barack Obama. O presidente dos Estados Unidos gastou R$ 648 milhões com serviços na Casa Branca e na residência oficial, segundo relatório sobre a execução orçamentária no último ano. Em Washington, como em Brasília, parte das despesas presidenciais acaba dissimulada no orçamento. A diferença fica por conta da credibilidade sobre as contas dos dois governos e a eficácia do controle público.

Desconfiança

Nos EUA, Congresso e organizações sociais mantêm ativa fiscalização. No Brasil, sobra desconfiança, e o controle é rarefeito. “Aqui, além da pouca transparência, o excesso de truques e maquiagens fez crescer em progressão geométrica o descrédito nas contas governamentais”, diz Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas.

Jardins

Em Brasília, a rotina de Dilma fica circunscrita a um raio de 15 quilômetros: trabalha no Palácio do Planalto, mora no Alvorada e passa fins de semana na Granja do Torto, uma casa de campo. Logo cedo, a presidente passeia nos jardins do Alvorada, à margem do Lago Paranoá, entre araucárias e sibipurunas plantadas por Yoichi Aikawa, jardineiro do imperador japonês Hirohito, que doou o projeto paisagístico há mais de meio século. Caminha sobre um tapete vegetal três vezes maior que o Maracanã, com sutil variação de tons de verde derivada das gramas Esmeralda (Zoysia japonica), Batatais (Paspalum notatum) e São Carlos (Axonupus compressus). A irrigação e a jardinagem consomem R$ 4 milhões anuais.

Servidores

Os prédios da Presidência abrigam multidões de servidores públicos, assessores contratados e a mão de obra alugada de secretárias, telefonistas, vigilantes, faxineiros e garçons, entre outros. Os serviços de manutenção somam R$ 220 milhões por ano. Vigilância e limpeza custam R$ 5,7 milhões anuais. Nas portarias, há um batalhão de vigias. Representam uma fração (R$ 1,5 milhão) de uma das maiores despesas do setor público: R$ 3 bilhões ao ano em policiamento privado, com elevada concentração em quatro grupos (Confederal, TBI, Albatroz e Santa Helena Vigilância). Ano passado, esse tipo de gasto superou os investimentos realizados por um conjunto de 33 órgãos, incluídos os ministérios do Esporte, das Comunicações e da Cultura.

Piso de mármore

Cada despesa nova leva uma justificativa pomposa. Exemplo: os R$ 39 mil pagos para encerar o piso de mármore do Planalto têm “o objetivo de manter a nobreza dos ambientes por onde circulam autoridades”, diz o contrato. O esmero burocrático se reflete na mesa do poder, com espaço para opções individuais, como a escolha do chefe de cozinha. Nem sempre dá certo. No governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, um sargento da Marinha foi enviado a Paris com a missão de aprender a cozinhar. Voltou, agradeceu e partiu para a aventura de um negócio próprio.

88 garçons

Nas 28 copas, a prestação de serviços custa R$ 7,4 milhões. Por elas circulam 88 garçons, sempre em camisa branca, calça, paletó de dois botões e cinco bolsos, gravata-borboleta e sapatos pretos. Há 58 copeiras em calças sem pregas, blusa de mangas três-quartos, em microcrepon (do tipo anarruga), sob avental xadrez preto e branco, com viés nas laterais. Os uniformes são exigência contratual.

Homenagens

A intensidade do movimento entre copa e cozinha varia conforme a predileção do governante por festas e homenagens. O governo Dilma foi de comemorações no primeiro mandato: gastou-se R$ 302,7 milhões, 40% mais que Lula em oito anos. Em 2014, foram R$ 77,3 milhões, média de R$ 213 mil por cada dia do calendário da reeleição.

Gastronomia

Luxo e fartura ambientam as cozinhas dos palácios. Paga-se R$ 9 mil por banho restaurador dos utensílios em prata 925 (esterlina, com 92,5% de pureza). Os gastos com alimentação no Planalto somam R$ 16 milhões anuais. Desse total, uma fatia de R$ 1,3 milhão fica reservada para prover a despensa, os cardápios sob encomenda e a adega da presidente, com capacidade para 2.000 garrafas. Quase tudo é mantido em segredo. Aos curiosos, a presidência acena com um decreto (nº 7.724) assinado pela própria Dilma, em 2012, onde se lê: “As informações que puderem colocar em risco a segurança do presidente da República, vice-presidente e seus cônjuges e filhos ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição”.


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Ferve o caldeirão político

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última pesquisa do Instituto Paraná que mostrou indicativos fortes para as eleições para prefeito no próximo ano, fez ferver o caldeirão político em Maceió. Esquecido, mergulhado no anonimato com uma atuação discretíssima na Câmara Fe-deral, Cícero Almeida tomou novo fôlego para disputar o pleito em 2016. Ele teve um desempenho bom na pesquisa realizada, mas sabe que a parada é dura com o prefeito Rui Palmeira que, ao contrário de Almeida, navega ainda em águas turbulentas, tanto com sua saída do PRTB, que pode até lhe custar o mandato, como a dificuldade em aglutinar partido para lhe dar robustez política para disputar a prefeitura de Maceió no próximo ano. Cícero Almeida sabe, mais do que ninguém, que não existe mais um João Lyra para lhe dar sustentação financeira para enfrentar uma campanha desse porte. Sabe, também, que será necessário trazer para perto de si outros partidos, uma vez que, sozinho, não chegará a lugar nenhum. E não espere aí um aceno positivo do senador Renan Calheiros, que, raposa velha na política, tem lá suas preferências que serão somente anunciadas no próximo ano. Já Rui Palmeira faz o dever de casa, trabalha bem em pequenas e médias obras na periferia da cidade e dá um exemplo de como administrar a coisa pública mesmo nesta crise que atingiu todo o Estado brasileiro. Político de invejável honestidade, com um legado de família como poucos, desde seu pai Guilherme como seu avô Rui Palmeira, o prefeito de Maceió não terá muitas dificuldades para aglutinar forças e manter seu potencial eleitoral na capital. E ele sabe fazer isso mais do que ninguém.

Luta de Almeida O deputado Cícero Almeida deu às costas para o PRTB de Levy Fidélix, mas pode ter problemas mais pra frente. Fidélix vai pedir a cassação do mandato de Almeida e isso pode complicar sua candidatura à prefeitura de Maceió, a exemplo do que ocorreu com Ronaldo Lessa num processo eleitoral e que terminou sendo substituído pelo competente médico Jurandir Bóia.

Descartando As últimas movimentações do governador Renan Filho em Arapiraca demonstra claramente que sua candidata nas próximas eleições é mesmo Célia Rocha, descartando a ideia inicial de que o deputado Tarcisio Freire seria a bola da vez. Renan começa a ter uma presença mais constante na ex-terra do fumo.

Crescendo

Sem chances

Os poucos deputados que ainda se mantinham na oposição na Assembleia Legislativa, começam a capitular ante o governo ao se aproximar as eleições para prefeito no próximo ano. Pelos noticiários, Antônio Albuquerque e Marcelo Victor já arrumaram as malas.

É pena que milhares de advogados que não pagaram sua anuidade este ano, estejam preteridos de votar nas eleições da OAB no dia 18 de novembro, o que seria uma grande festa da democracia. Um Provimento impede que mais de 50% dos advogados não vá às urnas.

Em nome da lei? A reação imediata da polícia contra os bandidos que mataram dois militares do Serviço de Inteligência era esperada. Mas não da forma como foi realizada. Esperava-se que os marginais fossem presos e confessassem o crime e dessem detalhes sobre as mortes. Mas foi exatamente o contrário do que a lei exige.

Bola de cristal O Ministério Público de Contas já não sabe mais se terá um dos seus integrantes na vaga de Luiz Eustáquio como Conselheiro do TC. O governador deu marcha à ré e empurrou com a barriga a decisão de sua indicação, que deverá ser eminentemente política. No páreo, o tio do governador, deputado Olavo Calheiros e correndo por foram, o deputado Isnaldo Bulhões. Cargo vitalício, ele é cobiçado por todos.

Judicialização Pelo andar da carruagem, a indicação do novo Conselheiro do TC vai terminar sendo decidida pela Justiça. Pelo menos é o que apontam as conversas de bastidores, onde o clima ferve no Palácio de vidro da Avenida Fernandes Lima.

Enfrentando a crise Economia, redução de custos e arrocho fiscal. Este é o lema do governo de Alagoas, que promete fazer a convocação da reserva técnica da Polícia Militar possivelmente ainda este ano.

Reforma Até o final do ano o governador Renan Filho vai dar ma mexida no seu secretariado. Tem auxiliar que não reza na cartilha do governador. Ou seja, não acompanha o seu ritmo de trabalho nem tampouco mostra resultados. O clima é de tensão nas secretarias.

Aqui, não Sem pedido O governador Renan Filho não tem se impressionado com nas pressões políticas para aproveitar esse ou aquele que esteve com ele na campanha do ano passado. Tem decidido sozinho, sem se preocupar com este ou aquele que venha cobrar fatura de participação na campanha. As posições de Renan Filho têm desagrado até a Renan pai.

Sem esperança O suplente Cícero Cavalcante sumiu da mídia, depois de perder mais uma oportunidade de assumir o mandato com a cirurgia do presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Dantas. Para raposas velhas do PMDB, Cavalcante seria um estorvo no partido, onde só tem importância nos municípios em que foi mais votado e durante as eleições.

Baixando o nível Em toda campanha política existe baixaria. E parece que na OAB não é diferente das demais. Na última segunda-feira o candidato Fernando Falcão foi alvo de agressões verbais desmedidas de adversários que se escondem no anonimato. Queremos crer que seus adversários não tenham participado desse episódio, que só faz enlamear uma categoria nobre como os advogados.

Palmas pra ele O governador Renan Filho foi o mais bem avaliado no Brasil, com 68% de aprovação, pelo Instituto Paraná Pesquisas. É um feito, principalmente num estado pobre com o nosso e que enfrenta dificuldades de décadas. Renan tem imprimido uma gestão própria e principalmente insensível às pressões políticas, talvez o grande fator onde conseguiu caminhar com suas próprias pernas.

Municípios que não rezam na cartilha do governo já começam a sentir dificuldades em pleitos para a população. É o preço que vem sendo pago pelos adversários políticos do poder.

Pegando fogo O governo do Estado tem como seu maior parceiro o Detran. Mas não é assim que pensa o Sindicato dos Trabalhadores do órgão. A entidade denuncia criminalização do movimento indical, além de contratos mi-lionários e dilapidação do patrimônio do Detran. O Sindicato também denuncia a sangria dos cofres do órgão para o Estado.

Recado dado Na carta aberta ao governador Renan Filho, o Sindicato e os servidores dizem que ´´acreditam que num Novo Rumo do Detran é possível e que seu governo reúne as condições morais e políticas de sinalizar este novo caminho´´.

Tempo quente De brisa suave a ventos fortes. Este é o momento que vive a Câmara Municipal de Maceió, depois que o projeto que pode aumentar o número de vereadores na próxima legislatura entrou em pauta. O clima passou de tranquilidade a tenso.

Reação Pode até acontecer, mas a maioria dos vereadores não quem nem ouvir falar em aumentar o número de cadeiras na Câmara. Alguns vereadores não querem dividir o bolo eleitoral com pelo menos mais dez.


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DECISÃO DO SUPREMO

STF mantém condenação de Ronaldo Lessa por calúnia Deputado foi condenado a 8 meses de prisão convertida em prestação de serviços comunitários DA REDAÇÃO COM ASSESSORIA

P

or maioria de votos, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal manteve a condenação imposta pela Justiça Eleitoral de Alagoas ao deputado federal Ronaldo Augusto Lessa Santos (PDT/AL), pelo crime de calúnia eleitoral (artigo 324, combinado com 327, inciso III, da Lei 4.737/1965). Os ministros negaram provimento à apelação interposta pelo parlamentar e mantiveram a pena de oito meses de detenção, convertida em prestação de serviços à comunidade, e 20 dias-multa – fixado o valor de um salário mínimo cada. Com a diplomação de Ronaldo Lessa como deputado federal, o caso foi enviado ao STF e apreciado na Ação Penal (AP) 929, julgada pelo colegiado terçafeira 27. De acordo com os autos, em outubro de 2010, o comitê de campanha do PDT foi arrombado e, na ocasião, foram furtados do local dois computadores. Em entrevista divulgada no jornal Gazeta de Alagoas, Ronaldo Lessa, então candidato ao cargo de govern a -

dor de Alagoas, teria afirmado que o maior suspeito do crime era o governo, referindo-se, de acordo com a denúncia, ao então governador e candidato a reeleição, Teotônio Vilela Filho. DEFESA Para a defesa de Ronaldo Lessa, não houve calúnia. O então candidato, na entrevista, somente teria emitido opinião sobre o acontecido e não teria citado o nome do governador. Da tribuna da Turma, o advogado sustentou que o delito de calúnia pressupõe a imputação de fato criminoso específico, determinado, não o caracterizando acusações genéricas. Além disso, argumentou que o crime de calúnia eleitoral tem como bens jurídicos tutelados a honra da vítima e o equilíbrio do pleito eleitoral. Declarou o advogado que a vítima, Teotônio Vilela, teria afirmado que não foi abalado em sua pessoa física diante do acontecido. Além disso, o equilíbrio do pleito também não teria sido afetado uma vez que Teotônio venceu as eleições. A defesa pediu a absolvição do deputado federal ao sustentar a inexistência de prova idônea nos autos. VOTO DO RELATOR De acordo com o relator da ação, ministro Gilmar Mendes, a alegação da defesa de que as declarações do então candidato à imprensa não levaram à identificação de Teotônio Vilela como ofendido não se sustenta. Para o ministro, Ronaldo Lessa aponta, nas declarações, como o principal ou o maior suspeito do furto “o candidato que é nosso adversário”, na versão publicada, e “o governo”, na gravação.

“Ao mencionar ‘nosso adversário’ ou ‘o governo’, o apelante dirigiu suas declarações ao adversário”, afirmou o relator. Por outro lado, segundo o ministro, não houve na declaração de Lessa atribuição direta do crime, mas de sua suspeita. “No entanto, o tipo penal da calúnia não exige atribuição de certeza à imputação”, afirmou. Pode-se caluniar, de acordo com o ministro, colocando-se em dúvida a autoria de um crime, sem que se diga de maneira explícita. “A atribuição equívoca de fato criminoso é suficiente para configurar o tipo penal desde que, do contexto, a ofensa à honra seja perceptível”, disse. Dessa forma, segundo o relator, o fato é formalmente típico e o dolo está presente diante da demonstrada intenção em ofender a honra do adversário da disputa eleitoral. Também, segundo o ministro Gilmar Mendes, não há nenhum elemento que prove que o ofendido, Teotônio Vilela, tivesse planejado ou executado ação criminosa. “Assim, o apelante não estava em posição para ter fundada crença na responsabilização penal do ofendido”, declarou. Por fim, não se sustenta ainda, para o relator, a alegação de que não houve lesão à honra do ofendido, uma vez que o então governador deu notícia do fato ao Ministério Público e requereu a responsabilização criminal do apelante. “Considerados todos os elementos, tenho por correta a condenação do apelante, devendo a sentença ser mantida em todos os seus termos”, concluiu o ministro ao votar pelo desprovimento da apelação. A ministra Cármen Lúcia, revisora da ação penal, também votou para a manutenção da condenação do réu. Segundo a ministra, o dolo específico foi demonstrado, pois o réu “agiu com ânimo de caluniar”. O ministro Teori Zavascki votou no mesmo sentido.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE

JUDICIÁRIO

Crise pode suspender concursos em andamento e convocações Segundo o presidente do TJ, Washington Luiz Damasceno Freitas, será necessário reavaliar quantidade de cargos JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

D

a suspensão de nomeações de concursados à redução dos gastos com o cafezinho. Essas foram algumas das medidas divulgadas pelos presidentes dos tribunais de Justiça para enfrentar a crise econômica, que também bate às portas do Poder Judiciário. Durante o 105º Encontro do Colégio de TJs, que aconteceu do dia 21 a 23 de outubro, no Rio de Janeiro, o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas, presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), contou que a previsão orçamentária para o tribunal, no ano que vem, é negativa. “Teremos que suspender nomeações e concursos em andamento. Mas temos que compreender que essa dificuldade não é só de Alagoas. É algo que

se abate sobre o Brasil inteiro”, informou Freitas à revista ConJur. A partir da declaração do magistrado, o EXTRA Alagoas apurou quais os concursos a serem afetados pelo achatamento orçamentário. No momento, há três concursos com processo de execução já deflagrado: o concurso para juiz substituto, o concurso para serventias extrajudiciais e o concurso para preenchimento de cargos de servidores para o primeiro grau de jurisdição. Segundo assessoria de imprensa do órgão, o primeiro, para juiz, não há como interromper, pois já ocorreu a primeira fase e assim continuará com as fases posteriores. Sobre as nomeações, o jornal foi informado que é muito cedo ainda para o TJ-AL prever com precisão se haverá fracionamento na programação de nomeações. “Teremos de preen-

cher mais ou menos vinte e cinco vagas. A depender de orçamento é possível que não sejam nomeados todos de uma só vez, mas concluir o certame é inevitável. Dependendo de estudos que estão sendo feitos pelos órgãos técnicos do TJ pode haver a nomeação de todos os aprovados até o limite da necessidade da administração”, declarou em nota enviada ao semanário. Porém, o Tribunal informa que ainda não há alteração no programa de convocações, sendo que até o polêmico e empacado concurso para os cartórios deve continuar normalmente. Esse certame já se arrasta há um ano e meio está à espera de um sinal verde do conselheiro Paulo Teixeira, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ou melhor, esperava. A única movimentação que o concurso teve até agora foi de “mãos”. Quem assume agora o

processo é o conselheiro José Norberto Lopes Campelo. “Com a alteração espero ter mais celeridade na resposta”, informou o presidente da Comissão do Concurso, desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo. Para o concurso dos cargos de servidor para o primeiro grau de jurisdição será necessário reavaliar o quantitativo em razão do achatamento orçamentário previsto para o próximo ano. Mas, nada há ainda de concreto. O orçamento está em fase de discussão e resta a aprovação pelo Legislativo. O que ocorre por conta das dificuldades nacionais é que a proposta orçamentária do TJ para o ano de 2016 foi reduzida pela Secretaria de Planejamento e o percentual proposto pelo Estado gira em torno de seis por cento ao invés dos trinta ou quarenta por cento para os

projetos de crescimento e aperfeiçoamento dos modelos para a melhor prestação jurisdicional. “Não há cortes ainda concretos em projetos específicos e essenciais. Poderão ocorrer, mas depende das avaliações que serão realizadas de forma racional”, informou a assessoria. Cerca de 80% do orçamento do Tribunal de Justiça de Alagoas, no ano passado, foi gasto com o pagamento de salários, proventos e pensões. O valor deixa o estado em primeiro lugar no Nordeste em remuneração aos funcionários da justiça estadual. É o que mostra o levantamento “Justiça em Números 2015”, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As informações têm como referência o ano-base 2014. PELO BRASIL Frederico Ricardo de Almeida Neves, presidente do TJ de Pernambuco, disse que o plano de contingenciamento da Corte envolve a redução dos gastos com diárias, passagens aéreas, contratos terceirizados e pagamento de gratificações. Já Ronaldo Eurípedes, presidente do Tribunal de Justiça de Tocantins, explicou que reduziu tudo o que podia, inclusive os “gastos com veículos” e até com “o açúcar o e café”. “Não reduzimos nas atividades essenciais. Tomamos o cuidado para o corte não trazer prejuízo para a sociedade. Temos que procurar fazer mais com um custo menor. Gerir em tempo de vacas gordas é fácil”. Pedro Carlos Bitencourt Marcondes, presidente TJ de Minas Gerais, disse que 75 juízes aprovados no concurso público do tribunal não poderão ser nomeados em razão dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Também não foi possível aumentar a remuneração de servidores neste ano.


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COISAS DE ALAGOAS

Prefeito afastado de Japaratinga continua a “ditar regras” no município Desembargador nega liminar para que Newberto Neves, que é acusado de improbidade, reassuma prefeitura VERA ALVES VERALVESS@GMAIL.COM

A

cusado de fraude em licitação, enriquecimento ilícito e outros atos de improbidade administrativa, incluindo benefícios a familiares diretos, como a esposa, o sogro e um tio-avô, o prefeito afastado de Japaratinga NewbertoRonald Lima das Neves é quem, de fato, continua a ditar as regras no município. A denúncia é de servidores da prefeitura, segundo os quais a prefeita em exercício, Justina Pacheco, estaria liberando o pagamento de salários a apadrinhados de Neves, enquanto o restante do funcionalismo amarga três meses de atrasos. Esta semana Newbertodas Neves sofreu mais um revés perante a Justiça: o desembargador Pedro Augusto Mendonça negou liminar em que ele pleiteava seu retorno ao cargo. Relator do Agravo de Instrumento n.º 0804222-25.2015.8.02.0000 que tramita na 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, o magistrado manteve, assim, a decisão de primeira instância, do Juizado de Maragogi. “Em que pesem as considerações relacionadas, ressalto que a análise da matéria trazida no presente instrumento impõeuma cautelosa apreciação dos elementos apresentados pela parte, tendo em vista

Apesar de afastado do cargo, Newberto Neves ignora Justiça e se reúne frequentemente com aliados a riqueza de detalhes colacionados, de modo que asuspensão da decisão singular se revela eminentemente temerária, principalmente, em razão dos evidentes prejuízos que podem sercausados à coletividade. Ademais, mesmo ciente das limitações impostas ao agravante, bem como, da condição de excepcionalidade das medidas adota-

das,importante frisar que as determinações de afastamento do ora agravante, de busca e apreensão e de quebra dos sigilos fiscais dos envolvidos restaram bem fundamentadas pelo Juízo singular, demonstrando-se, ao menos neste momento, imprescindível à efetividadeda ação de improbidade administrativa manejada”, afirma o desembargador Pe-

dro Mendonça no despacho publicado na edição da última segunda, 26, do Diário da Justiça Eletrônico. DEPOSTO, MAS NEM TANTO Afastado do cargo no dia 9 de outubro, Newberto das Neves, contudo, continua caçoando da Justiça, tal qual o fez no dia do afastamento quando assegurou a seus

correligionários que em menos de uma semana estaria de volta. E não escondeu de ninguém que para o retorno contaria com a ajuda do deputado Antônio Albuquerque, figura mítica também no litoral norte alagoano. O EXTRA obteve informação de servidores da Prefeitura de Japaratinga, cujos nomes são mantidos em sigilo para evitar perseguições, segundo a qual a vice de Newberto e prefeita em exercício Justina Pacheco tem se reunido com frequência com secretários e vereadores do grupo político do prefeito afastado. O detalhe é que as reuniões são comandadas por Benjamim das Neves. Tio-avô de Newberto e também conhecido pela alcunha de “Beija-Toco”, é ele o dono do trator velho alugado por R$ 84 mil mensais à prefeitura por conta de um contrato suspeito alvo de investigação do Ministério Público Estadual e da Justiça. Nestas reuniões, Benjamim das Neves atua como porta-voz do sobrinho afastado e coube a ele determinar a liberação dos salários de parentes e de servidores suspeitos de serem “laranjas” da família do prefeito, cujos vencimentos variam de R$ 3 mil a R$ 7 mil. Enquanto isto, os funcionários do município permanecem há três meses sem receberem seus salários.


extra COISAS DE ALAGOAS

Entenda o caso

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ewberto das Neves já vinha sendo investigado nos inquéritos civis 001/2015 e 002/2015 que tramitam na Promotoria de Justiça de Maragogi quando o Ministério Público Estadual constatou a existência de contratos suspeitos envolvendo inclusive ônibus escolares com quase 30 anos de uso. O MP decidiu, então, entrar com Ação Cautelar Preparatória de Ação Civil de Responsabilidade e obteve na Justiça o afastamento do prefeito a fim de que não sejam prejudicadas as investigações. No foco do MP está a contratação de veículos para o município, como o Classicde placa NMA 8373 contratado para prestar serviços à Secretaria de Saúde epertencente à esposa do prefeito,

Ana Karoliny Marques de Souza, e ônibus velhos pertencentes ao pai dela, Marcos Paulo Marques de Souza. Em outro contrato, o beneficiário é o tio-avô Benjamin das Neves, ao qual a prefeitura paga R$ 84 mil mensais pelo aluguel de um trator com mais de 30 anos de uso e cujo valor venal é de R$ 10 mil. Com o avanço das investigações, que incluem a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Newberto das Neves, da esposa e familiares e dos suspeitos de serem “laranjas”,avança também a possibilidade de serem efetuadas prisões de envolvidos com o esquema de ilegalidades e enriquecimento ilícito que seria comandado pelo prefeito afastado, de acordo com o MP.

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10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2015 POLÊMICA

CEI relata caos administrativo em Traipu

Prefeita Maria da Conceição Tavares é acusada de cometer uma série de irregularidades nas áreas da saúde e educação JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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ntra prefeito, sai prefeito e Traipu continua no rol dos municípios alagoanos com os maiores índices de denúncias. Dessa vez duas Comissões Especiais de Inquérito (CEI), uma na área da saúde e outra na educação foram criadas pela Câmara de Vereadores para apurar as “aplicações e destinações dos recursos públicos, atos de improbidade administrativa, prática de crimes de responsabilidade e infração político administrativa” por parte da prefeita Maria da Conceição Tavares. A CEI da Educação, presidida pela vereadora Vânia Bezerra Silva Costa (PSC), traz um relatório rico em detalhes contendo mais de 800 páginas especificando uma série de crimes administrativos praticados pela chefe do executivo e pela secretária de Educação, Sandra Cecília Sena Silva. Um dos problemas detectados na CEI é aplicação irregular e desvio dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). O documento ainda reve-

la a prática de nepotismo em Traipu, na linha de 1º grau (pai e filhos da prefeita), em linha colateral de 2º grau (irmãos), 3º grau (tios e sobrinhos) e 4º grau (primos), todos nomeados em cargos na estrutura administrativa do Poder Executivo Municipal. Os vereadores membros da CEI também estiveram averiguando in loco a situação das escolas públicas municipais. Durante as averiguações puderam ser detectadas escolas deterioradas em péssimo estado de conservação, como narra um dos trechos da CEI: “cupim no telhado das escolas, material elétrico exposto, escolas sem água e sem higiene, carteiras quebradas, dentre outras precariedades”. Segundo a presidente da CEI da Educação foi constatado alunos comendo merenda com prazo de validade vencida, atraso no pagamento de funcionários contratados e concursados, atraso no pagamento de locação de veículos para transporte de estudantes. Outras irregularidades trazidas na CEI: “ônibus escolares sucateados trafegando sem manutenção, colocando em risco a vida de estudan-

Vereadores se reuniram inúmeras vezes para construção das CEIs que revelam o descaso na cidade tes e professores, falta constante de merenda nas escolas, principalmente na zona rural e exemplo da escola de educação básica Nossa Senhora do Carmo, localizada no povoado Bengo”. A evasão escolar nas escolas rurais dos povoados Capivara, Piranhas, Bengo e Riacho da Jaconiba é outro ponto que preocupa os vereadores. Existem relatos de pais de alunos que estão transferindo seus filhos para

“Cupim no telhado das escolas, material elétrico exposto, escolas sem água e sem higiene, carteiras quebradas, dentre outras precariedades”. TRECHOS DA CEI

estudarem nas escolas dos municípios de Batalha e Belo Monte porque a Prefeitura de Traipu não disponibiliza diariamente transporte para locomoção dos alunos. A CEI ainda chamou atenção para as perseguições políticas – de professores sendo transferidos de uma escola para outra, até duas vezes ao ano, sem justa causa –, além de vereadores da Comissão sendo intimidados e ameaçados pela pessoa identificada como Lauro, sendo este funcionário da prefeitura. Mais uma chaga da atual gestão: saúde Quando o assunto é saúde pública, a situação também é delicada, segundo os relatos descritos pelos parlamentares de Traipu. A CEI da Saúde, presidida pela vereadora Larissa Késsia Matos Palmeira de Oliveira, indiciou a prefeita Conceição Tavares, o secretário municipal de Saúde, Wegton Erlandres Dias Farias e a diretoria da Casa Maternal Nossa Senhora do Ó, Fabiana Ferreira Bispo, devido às irregularidades constatadas.

Um dos pontos relatados da CEI afirma: “falta de medicamentos dos PSFs, aplicação incorreta dos recursos do FPM na área da saúde, falta de EPIs para profissionais da Casa Maternal, agentes de saúde e agentes de endemias”. A vereadora Larissa Palmeira contou ao Jornal EXTRA que os profissionais da Casa Maternal não possuem estrutura funcional para atender os pacientes, a alimentação dos profissionais é precária e que há morosidade na marcação de exames causando desconforto na população e até o agravamento de doenças. “A diretora da Casa Maternal se mantém ausente do local de trabalho, pois a mesma mora no município de Girau Ponciano; há o descumprimento da carga horária mínima de 40h semanais por parte de vários funcionários. Os problemas são graves, como o lixo hospitalar depositado em local inapropriado e medicamentos vencidos”, expôs Larissa.


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IMPROBIDADE

Prefeita de Traipu se defende de acusações Outro trecho da CEI da Saúde coloca que a Casa Maternal Nossa Senhora do Ó muitas vezes enfrenta a ausência de profissionais na área de saúde: médico obstetra, enfermeira e médico pediatra. Por fim, o documento ainda expõe a precariedade da falta de equipamentos básicos para atuação no trabalho de parto: “sonar, ambu, foco de luz e cilindro de oxigênio”. Os relatórios das CEIs da Educação e Saúde foram encaminhados pelos seus respectivos presidentes para o Ministério Público Federal e Estadual, Polícia Federal, Tribunal de Contas do Estado e Controladoria Geral da União, a fim de que as autoridades competentes tomem as providências cabíveis para punir os gestores

públicos pelos supostos desvios e má utilização do erário. OUTRO LADO A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Traipu classificou as afirmações das CEIs como mentirosas e as denúncias como vazias. E destacou: “As duas CEIs são irregulares e têm caráter unicamente político-eleitoral. Em nenhum momento os vereadores que compõem as CEIs se importaram em verificar os fatos, apenas criaram factoides com o intuito de atrapalhar a administração municipal. Não existe qualquer prova do que é alegado nos relatórios teatrais das CEIs. Os presidentes e relatores das CEIs nunca permitiram à Prefei-

tura ter acesso aos autos do processo, impedindo qualquer chance de defesa, até mesmo após a conclusão do relatório. Isso é ilegal e imoral. E também impediram que os demais vereadores da Câmara tivessem acesso a esses autos. Essa atitude, por si só, já demonstra o caráter da fraudulenta investigação. Ressalte-se que foram realizadas intimações aleatórias e discricionárias, sem qualquer embasamento técnico ou em fatos. Algumas das perguntas fugiam totalmente do propósito das CEIs. O único intuito era intimidar e atrapalhar a administração. Por fim, as atas de reuniões e os depoimentos estão sem assinaturas, o que impossibilita que se comprove a veracidade do que está escrito”.

Conceição Tavares disse através da sua assessoria que as afirmações das CEIs são mentirosas


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Rogério diz que salários estão atrasados, mas que os compromissos serão pagos. Meio ao desespero, população clama por justiça. Faixa no Fórum expõe caos da atual gestão

Prefeito Rogério Farias é acusado de calote

Gestão da Barra de Santo Antônio é marcada pelo caos administrativo e desrespeito aos servidores JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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prefeito da Barra de Santa Antônio, Rogério Farias, administra pela terceira vez o município, mas sua atual gestão vem sendo marcada pelo caos administrativo, com problemas que vão desde a falta de pagamento para servidores efetivos e comissionados, falta de medicamentos e médicos, de ambulância e até merenda escolar. Os professores municipais paralisaram suas atividades devido à falta de pagamento, já que em alguns casos o problema se prolonga há pelo menos quatro me-

ses. Muitos educadores que possuem apenas essa renda já declararamque estão passando necessidades. Uma professora que não quis se identificar,temendo represálias da gestão pública, contou ao Jornal EXTRA: “Tivemos que fazer uma cotinha para um professor fazer uma feirinha essa semana, pois na sua geladeira só tinha uma margarina e uma garrafa de água”. Segundo moradores, o prefeito Rogério Farias é conhecido por intimidar funcionários e usar do seu poder político para retaliar quem vai de encontro à sua gestão. O Sinteal, através dos seus representantes,esteve por várias vezes realizando mo-

bilizações coletivas contra o prefeito. Uma comissão foi formada para negociar o pagamento dos salários atrasados, mas nada foi resolvido. Essa semana foi protocolado no Ministério Público Estadual (MPE) um documento para que o Grupo de Combate às Organizações Criminosas(Gecoc) tome conhecimento da “omissão e prevaricação dos vereadores onde impera o descaso do desgoverno na Barra de Santo Antônio”. Outro trecho do documento encaminhado ao Gecocdiscorre: “É uma afronta à Justiça onde recursos federais não estão sendo destinados ao pagamento dos professores [...] A Prefeitura da

Barra de Santo Antônio está fazendo muita gente passar fome, o povo da Barra implora por justiça”. O posto de saúde São Sebastião é outra chaga da atual gestão, onde faltam médicos em vários horários e a ambulância está ausente quando a população necessita. Muitos moradores quando estão com algum problema seguem para o município de Paripueiraonde são atendidos ou vão para capital por conta própria. PREFEITO EMPREENDEDOR E MAIS PROBLEMAS Em vários discursos, o prefeito Rogério Farias é acusado de enriquecimento ilícito e de que estaria até construindo um hotel de luxo na região, o que vai de encontro à atual situação econômica vivenciada pelos servidores do município. Os conselheiros tutelares da Barra de Santo Antônio também suspenderam os trabalhos por falta de pagamento. O EXTRA apurou que há mais de dois meses os conselheiros não recebem seus vencimentos. “A situação é deplorável”, expôs um

profissional. A CULPA É DA OPOSIÇÃO O prefeito Rogério Farias disse por telefone que a culpa dessa situação na Barra de Santo Antônio é da oposição, que a todo tempo tenta atrapalhar sua gestão. Farias classificou as denúncias como caluniosas e disse que pagará o funcionalismo hoje (30/10). “Passamos por uma crise, vamos pagar setembro na sexta (hoje), então não fica nenhum salário aberto, pois temos até o dia 10 de novembro para pagar outubro. Recebemos o repasse em dobro no mês de novembro, tenho a certeza que tudo ficará em ordem e vamos virar o ano sem dever nada”, garantiu. O jornal questionou o prefeito sobre quem seria essa oposição que estaria criando problemas para ele: “O problema da Barra é esse vice -prefeito mau caráter, Carlos Alexandre, que quer ser prefeito e fica inventando essas coisas e se juntando com o Sinteal”. “Não há problema na Barra, a questão vivenciada hoje é de conotação política”, assegurou Rogério Farias.


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FIM DO PRIVILÉGIO

STJ acaba foro privilegiado nas ações de improbidade administrativa

Deputados e demais autoridades envolvidas em corrupção perdem direito ao foro especial DA REDAÇÃO COM ASSESSORIA

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Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que autoridades processadas por improbidade administrativa não têm direito a foro privilegiado para o julgamento dessas ações. Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Corte Especial estabeleceu que a competência para julgar ações penais não

se estende às ações por improbidade, que têm natureza civil. O caso julgado trata dos ex-deputados estaduais do Mato Grosso José Geraldo Riva e Humberto Bosaipo. Eles já estão condenados pela Justiça estadual por desvio indevido de recursos públicos, por meio da emissão de cheques sacados de conta corrente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso em favor de empresa inexistente.

Bosaipo ocupou cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso, o que lhe conferiu foro especial no STJ para o processamento e julgamento de crimes comuns e de responsabilidade. A defesa ajuizou uma reclamação, na qual pedia que a ação por improbidade fosse levada ao STJ. A reclamação é um instrumento processual que possibilita ao STJ a preservação de sua competência e a garantia da autoridade de suas decisões. Sustentou que a prerrogativa de foro em razão do exercício da função pública não se limitaria às ações penais, de modo que se estende às

ações por improbidade administrativa, uma vez que poderia resultar em perda da função.

NATUREZA CIVIL

Em seu voto, o ministro Salomão destacou que a ação por improbidade deve permanecer na Justiça de primeiro grau. Ele observou que a Constituição não traz qualquer previsão de foro por prerrogativa de função para as ações por improbidade administrativa. Citou o julgamento da ADI 2.797, no Supremo Tribunal Federal, que debateu o tema. De acordo com o relator, a perda da função pública é sanção político -administrativa, que independe de ação penal. “Cabe ao Direito Penal

tratar dos fatos mais graves. (...) As instâncias civil e penal são relativamente independentes entre si, tanto que pode haver absolvição na esfera penal e condenação numa ação civil”, explicou Salomão. O ministro ressaltou que a Constituição conferiu foro privilegiado a autoridades apenas nos casos considerados mais graves, ou seja, naqueles considerados pela lei como crimes. A natureza civil da ação por improbidade permanece mesmo quando há a possibilidade de aplicação da sanção político-administrativa de perda da função ou do cargo, pois esta não se confunde com a sanção penal.


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CINEMA

Olhar de Nise, de Jorge Oliveira, é aplaudido de pé no Cine Odeon no Rio Mais de quinhentas pessoas assistiam ao Olhar de Nise, numa sessão que teve a renda revertida integralmente para a Casa das Palmeiras, clínica criada pela doutora Nise da Silveira, em 1957, que se encontra em dificuldades financeiras.

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lhar de Nise, filme de Jorge Oliveira e Pedro Zoca, sobre a psiquiatra alagoana Nise da Silveira, foi apresentado em sessão única, segunda-feira , no Cine Odeon, no Rio, com renda integralmente revertida para a Casa das Palmeiras, instituição sem fins lucrativos criada por Nise da Silveira, na década de 1950, para o atendimento de pessoas com transtornos mentais. O filme emocionou as mais de 550 pessoas que lotaram o cinema e, no fim, foi aplaudido de pé. A exemplo de Brasília, quando foi exibido no 48º Festival de Cinema, muita gente voltou depois que a bilheteria fechou uma hora e meia depois de começar a vender os ingressos. O filme, que reuniu centenas de pessoas na Cinelândia, no Centro do Rio, começou às 20h20 com a apresentação da produtora executiva e montadora do documentário, a jornalista Ana Maria Rocha, que falou da necessidade de reverter a bilheteria integralmente

para a Casa das Palmeiras pela situação financeira difícil que atravessa a clínica, criada por Nise da Silveira em 1957 para atendimento aberto aos seus “clientes”, como era chamava os seus pacientes. O evento reuniu capixabas amigos do diretor Jorge Oliveira, a exemplo do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, artistas, jornalistas, poetas, fotógrafos, cineastas, pintores, médicos e psiquiatras amigos da doutora Nise numa noite de grande efervescência cultural no principal e mais antigo cinema do Rio. Nise da Silveira, numa entrevista inédita gravada em 1997, dois anos antes de morrer, conta no filme a sua trajetória revolucionária na psiquiatria brasileira e a sua recusa em usar na época os métodos agressivos como o eletrochoque e a lobotomia na cura dos esquizofrênicos. Ela preferiu adotar a terapia ocupacional no tratamento de seus pacientes, que, pela primeira vez, tiveram seus

Público lota espaço para assistir filme sobre a vida da psiquiatra alagoana Nise da Silveira quadros, elogiados pela crítica na época, exibidos em cinema. O filme conta entrevistas de amigos, colaboradores, intelectuais, artistas e expacientes de Nise da Silveira que relembram os episódios da vida da psiquiatra e sua obra marcante. Entre os entrevistados estão Ferreira Gullar, Elke Maravilha, Lula Mello, Agilberto Calaça, Luitgarde Cavalcante, Marco Luchesi, Martha Pires, Bernardo Carneiro Horta, Zoé Chagas Freitas e os ex-clientes da doutora como Milton Freire e Albertina Rocha.

Evandro Teixeira, o mestre da fotografia, amigo


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CINEMA

Obra é motivo de orgulho para idealizadores e público que assiste ao espetáculo

Jorge Oliveira e Ana Maria Rocha comemoram sucesso de documentário ao lado da crítica e de amigos

Um clássico do documentário

Um filme único, sem igual!

VLADIMIR CARVALHO Documentarista

BERNARDO CARNEIRO HORTA Jornalista e escritor autor do livro Nise, Arqueóloga dos Mares

OLHAR DE NISE, de Jorge Oliveira, é um filme de extraordinária força narrativa e fidelíssimo ao colocar o espectador de cinema vis-à-vis com uma das personalidades mais marcantes da cultura e da sociedade brasileira. Nise da Silveira está rediviva ali, de corpo inteiro, inabalável e contagiante em sua ação para transformar práticas clínicas retrógradas, para não dizer violentas e atrasadas, lutando com todas as suas forças para vencer uma mentalidade que não tinha – e não tem – mais razão de ser. Ela ficará na história como uma autêntica revolucionária, como criadora de um método terapêutico por via deste filme que poderá desde já ser considerado um clássico do documentário brasileiro. A pioneira do Engenho de Dentro, lugar de verdadeira virada da psicoterapia do país, permanecerá para sempre na memória de quem a conheceu e com ela conviveu e agora passa a certa imortalidade junto em geral, até onde pode ir as imagens e os sons aliciantes de um filme exibido nos cinemas e na televisão e- esperase – também nas escolas, como uma mensagem de esperança e fé no ser humano.

Documentarista Vladimir Carvalho com cineastas, jornalistas, fotógrafo e escritores na noite do Odeon

Olhar de Nise, documentário de valor extraordinário, Ator Nando Rodrigues e Mariana Infante, Momento especial: família unida comemora sudeve-se ao trabalho, paixão e ator e atriz do Olhar de Nise cesso do filme Olhar de Nise perseverança de Jorge Oliveira e Ana Maria Rocha. Conheci Dra. Nise da Silveira há 28 anos e, desde então, acompanho livros, filmes, documentários, peças teatrais e tantas obras sobre esta brasileira sem igual. Ontem, ao ver pela primeira vez, o filme Olhar de Nise pude perceber com emoção e clareza que Jorge Oliveira e Ana Maria Muitos acertos abrilhanta- a existência de Nise. O filme É fato...Dia após dia, anos, Rocha compuseram uma obra ram Olhar de Nise. A diversi- nos livra dos conflitos interpes- nós – que acompanhamos Nise inteiramente diferente do que dade de entrevistados, confe- soais de seus colaboradores e quando vida e, agora, muito já se viu – não há outra igual. rindo desde a exposição técnica, das esporádicas crises ferozes além da arte e da psiquiatria, o Transcende o documentário passando por revelações pesso- do gênio Nise, deixando-nos, que se estabelece cada vez ais é e nos leva a uma emoção fina ais até momentos de dramas e assim assistir de forma esplên- seu caráter humanista. e contemplativa, numa experi- comicidades. As pinturas esco- dida a mais importante face de Anjo Duro, Caralâmpia, ência em que admiramos o que lhidas e apresentadas em exata sua obra, que reúne profissio- Mestra – inesquecível... Nise viveu e construiu. O filme, tonalidade. As fotos comoven- nalismo, paixão e, sobretudo, Gratidão a Jorge e Ana. A ele próprio, revela a dedicação, tes, incluindo fundamental na humanismo. Um panorama arte os torna e nos torna sua coragem e a força com que trajetória da Dra. A escolha dos extenso e multifacetado da bio- blimes em meioao turbilhão estes artistas se entregaram à atores Nando Rodrigues e Ra- grafia da dama do inconsciente. de nossas existência. Ontem, criação. Esteticamente, belo. fael Cardoso, gerando perforMomento especial, entre dia da sessão única de Olhar Tecnicamente, impecável. O mance e presença lúdica. tantos outros, dá-se quando de Nise no Odeon, foi marco de filme tem padrão internacioE mais: Ana e Jorge, de sen- o escritor Marcos Lucchesi, encontro e luz. nal para difundir vida e obra sibilidade especial, aprende- (grande pessoa humana e granNo mais, pra que mais pade Nise em qualquer país ou ram o universo niseano, reve- de intelectual), afirma que a lavras? Olhar de Nise e suas cultura. A obra é motivo de or- lando-o da melhor maneira, ao obra de Nise da Silveira tange imagens estão aí e vão correr gulho para seus realizadores e neutralizar vaidades e fúrias as obras de Francisco de Assis e mundo. Pude ver. Estou vendo. todos nós. que, eventualmente, permeiam Madre Teresa de Calcutá.


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ECONOMIA

Alagoas contribui com R4 resultado primário do seto

Dados divulgados pela Secretaria da Fazenda superávit de 20,6%, o melhor desempenho d

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pós adotar uma série de ações de readequação de gastos, o estado de Alagoas apresentou o melhor resultado primário entre os demais estados da federação. Nos oito primeiros meses de gestão, o estado alcançou

superávit de 20,6%, totalizando R$ 1,04 bilhão no período. Para chegar ao superávit primário, que consiste no resultado positivo de todas as receitas e despesas estaduais, Alagoas adotou medidas como o contingenciamento orçamentário de mais de R$ 377 milhões, renegociação de contratos que resultaram na economia de R$ 190 milhões, redução de serviços de telefonia e viagens. Também extinguiu cinco secretarias e reduziu 30% de todos os cargos comissionados, garantindo, inclusive, a redução

do índice de pessoal apurado segundo critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), mais um marco alcançado pela gestão entre janeiro e agosto de 2015. De acordo com os dados divulgados pela Sefaz, Alagoas conseguiu reduzir, em oito meses, 0,9% de despesa com pessoal em relação à sua receita corrente líquida (RCL), saindo de 49,71% para 48,81% da LRF, se adequando ao limite estabelecido pela Lei. Foi a segunda maior redução do país, colocando o estado em segundo lugar no

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TJ anula venda de bens da massa falida do Grupo JL Com decisão, fazenda e usina Guaxuma deixam de integrar a massa falida DA REDAÇÃO

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m acórdão publicado dia 28/10/2015, o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas revogou a decisão do juiz Mauro Baldini, da Comarca de Coruripe, que havia determinado a venda da Fazenda Guaxuma e da Usina Guaxuma, arroladas na massa falida do Grupo João Lyra e avaliadas em R$ 1 bilhão de reais. No agravo de instrumento interposto pelo Banco Industrial e Comercial S/A, a instituição financeira assegurou que como tais imóveis encontram-se gravados como garantia a operações de crédito junto a ela contraídas, eles não poderiam ser alienados antes do julgamento do pedido de resti-

ranking, atrás, apenas, do estado do Paraná, que obteve redução de 3%. Confira na tabela. Apenas outros três estados também apresentaram queda na despesa com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida (RCL): Sergipe, com redução de 0,35%; Rondônia, com redução de 0,12%, e Rio de Janeiro, com redução de 0,04%. Os demais apresentaram aumento de gastos, com destaque a Minas Gerais, que apresentou uma expansão na despesa com pessoal em relação à RCL em 5,22%.

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tuição que formulara cujo lastro é a não submissão dos bens alienados fiduciariamente aos efeitos da recuperação judicial. O recurso da instituição financeira foi integralmente provido, à unanimidade, determinando a suspensão de todo e qualquer ato que tenha por escopo a alienação da Fazenda e da Usina Guaxuma, entendendo o Tribunal de Justiça que, ao serem gravados com garantia fiduciária, os bens deixaram de integrar a massa falida, estando afastados do processo falimentar. O Banco Industrial e Comercial S/A foi representado na causa pelos advogados Djalma Silva Júnior e Carlos Souto, integrantes do escritório Sarmento e Silva Advogados Associados. A Fazenda Guaxuma e da Usina Guaxuma, arroladas na massa falida do Grupo João Lyra e avaliadas em R$ 1 bilhão de reais.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

A podridão na política

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ssistindo a sessão plenária da Câmara dos Deputados nessa quarta feira, mais por dever de ofício e jamais por prazer, não me surpreendo com o debate marginal, vergonhoso e com cheiro de podre, travado entre dois deputados da escória política brasileira: João Rodrigues (PSD/SC) e Jean Wyllys (PSOL/RJ), ambos sem qualquer índice de dignidade para o debate ou mesmo para o exercício dos cargos que temporariamente ocupam. Saiu de tudo na baixaria entre os dois parlamentares. De roubo de dinheiro público, a ligação com o narcotráfico e até homossexualidade, por pouco a discussão não acabou em agressão físicano plenário, naturalmente com “puxões de cabelo e mordidas”, bem próprios do “gênero”. O nada exemplar Rodrigues destacou em seu discurso o fato de o deputado doPSOL ter sido eleito apenas por sua exposição no reality show Big Brother, da TV Globo e destacou “ pela sua história ele não merece meu respeito e da maioria dos deputados”. Já o desequilibrado Jean Wyllys afirmou que o deputado catarinense era ladrão de dinheiro público. Disse: “Homens decentes não são condenados por improbidade administrativa, por roubar dinheiro público”. E ainda enfatizou o fato do colega ter sido flagrado em plenário assistindo um vídeo e vendo fotos pornôs. “Qualquer programa de televisão é mais decente do que deputado que rouba dinheiro do povo na sua administração pública. E olha deputado resta saber se seu vídeo pornô era hetero ou homossexual”.

Mais sujeira na sessão indecente Pouco depois do primeiro bate-boca, mais confusão em plenário. Eduardo Cunha chamou a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) para discursar, mas ela diz não ter tido tempo de chegar à tribuna. “Ele não permitiu o tempo de caminhar. Estou há mais de três meses inscrita para falar. Ele (Cunha) sabe que não vou poupá-lo no meu discurso. Ele marcou (sessões) extraordinárias todas as vezes que fui sorteada”, reclamou a deputada, filha do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, ex-aliado e atual desafeto de Cunha. Sem poder falar, Clarissa subiu à Mesa e posicionou-se atrás de Eduardo Cunha com um cartaz em que se lia “Cunha quer trazer o dinheiro sujo da Suíça. Diga não”, em alusão às contas secretas na Suíça atribuídas ao presidente da Câmara e seus familiares. “Estou fazendo essa manifestação em forma de cartaz porque não tem jeito de falar”, disse a deputada, que deixou a Mesa conduzida por seguranças da Casa. Não deu mais para continuar assistindo tamanha podridão e mudei de canal com nojo renovado. Este é o parlamento que temos, mas com certeza não é o que merecemos.

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Para refletir: “A nota divulgada pelo Sindicato é oportunista e descabida. O sindicato escutou o galo cantar, mas não sabe onde”. (Antônio Carlos Gouveia, presidente do DETRAN)

Se recuar é ruim

O DETRAN vai bem

Quando o prefeito Rui Palmeira determinou o “ponto eletrônico” para os médicos do PAM Salgadinho o fez movido pelo seu senso de moralidade e legalidade com a coisa pública. O fato gerou uma greve ilegal, pois o que esse pessoal gosta menos é de trabalhar. Esta semana em reunião com o novo secretário da Saúde, José Thomaz Nonô, a mais contundente reclamação dos profissionais foi mesmo a decisão que os faz cumprir suas jornadas de trabalho contratadas. Com salários de fazer inveja a “marajás” os médicos insistem em trabalhar menos. Por conhecê-lo acho muito difícil que a ordem do prefeito seja revogada pelo novo gestor, conhecido por sua intransigência com este tipo de coisa. Além do mais como ficaria o chefe maior diante da sociedade?

O Sindicato dos Servidores do DETRAN parece que está vivendo em tempo passado e não percebeu que há quase um ano o governo mudou. Especificamente no órgão em questão o governador colocou um cidadão acima de qualquer suspeita. Antônio Carlos Melro Gouveia tem capacidade e honestidade atestadas em sua história a serviço de Alagoas e não é qualquer “bunda suja” que irá manchar sua integra biografia.

Célia: tentando não “morrer”

Não é nada confortável a situação da prefeita Célia Rocha em busca de uma improvável reeleição no próximo ano. Não bastasse a formação de um bloco político de oposição reunindo as principais forças de Arapiraca para tira-la da prefeitura sua administração beira o caos com deficiência em todos os setores, principalmente naqueles mais cobrados e prometidos: saúde, educação e assistência social. A prefeita decepção tem tentado se apegar a todos os “santos” de sua devoção: Renan pai, Collor, Renan Filho e Luciano Barbosa ( governador e vice). Mas está muito difícil.

Dever cumprido

Depois de muitas mudanças equivocadas o prefeito Rui Palmeira parece que tomou gosto pela coisa e vai aos poucos ajustando as pedras do xadrez de sua administração. Depois de muitos desencontros e falta de habilidade a Secretaria Municipal de Recursos Humanos Administração e Patrimônio abriga um titular talhado para o cargo e com preparo a visão suficientes para fazer acontecer uma gestão empreendedora. O secretário Fellipe Mamede tem preparo técnico, capacidade de negociação e foco na valorização do servidor público. Ponto para o prefeito.

A saúde vai piorar

Não nos bastasse as agruras dos que necessitam da Saúde Pública, a crise que se abate em hospitais públicos e privados que dependem do SUS, da falta de recursos para que os municípios banquem a saúde do povo em sua primeira entrevista após assumir o cargo, o novo ministro da Saúde, o médico e deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI), disse que diante da restrição orçamentária, deve atrasar o repasse de recursos para hospitais e programas como o Farmácia Popular já em dezembro deste ano.”O que hoje está ruim vai piorar”, Na entrevista, o ministro defendeu “intensificar” o Mais Médicos e disse que novos programas como o Mais Especialidades, bandeira de Dilma Rousseff na sua campanha, dependerão da liberação de recursos. Acho que dá para perceber que esse malandro está plantando caos para forçar a aprovação da CPMF, imposta pelo governo para cobrir um rombo que não fomos nós que criamos, mas a irresponsabilidade deles.

Defesa dura e certa Em respostas às acusações levianas e sem a mínima consistência feitas por sindicalistas acostumados a preservar mordomias e outros mimos o diretor do DETRAN foi enfático: “A nota divulgada pelo Sindicato é oportunista e descabida. O sindicato escutou o galo cantar, mas não sabe onde”. O presidente do DETRAN ainda declarou que essas denúncias aparecem como forma desestabilizar a sua gestão, diante das parcerias e projetos lançados no órgão. “Os coordenadores de setores estratégicos para a administração do Detran de Alagoas são todos servidores efetivos do órgão. Não trouxe ninguém de fora para estes cargos por entender da importância desses servidores para o perfeito funcionamento deste departamento de trânsito”.

Ponto por ponto Como quem não tem nada a dever ou esconder a nota idiota do Sindicato foi respondida ponto por ponto pelo titular do DETRAN. Estive várias vezes no órgão nesta nova gestão e constatei pessoalmente as mudanças estruturais e morais efetuadas. “Não ficaria um minuto na presidência de um órgão arrecadador, como é o caso do DETRAN, onde faltassem café e papel higiênico. Dizer algo neste sentido é um absurdo”, completou Antônio CarlosGouveia.

As Ciretrans

Contra as acusações levianas sobre o estado das Ciretrans eis a resposta:“A minha surpresa reside no fato de estarmos mudando a situação nas Ciretrans de Alagoas e o sindicato sabe disso porque tem acompanhado nossas ações. Em Girau do Ponciano e Delmiro Gouveia estamos ultimando os preparativos para o início da construção das respectivas Ciretrans. E o sindicato tem acompanhado tudo. Um diretor do sindicato participou dos dois processos”. O presidente disse que em todas as unidades do DETRAN/AL houve melhorias no atendimento e que esses serviços também foram ampliados na Internet. Ele explicou que na Coordenadoria de Engenharia de Trânsito há projetos para construção de sedes para Ciretrans no interior bem como de reformas nas unidades existentes.

Aluguel de galpões

O item do aluguel de galpões que a diretoria do sindicato chamou de “escândalo”, desconhecendo ou mentindo intencionalmente sobre os fatos Antônio Carlos Gouveia deu a resposta adequada. “Neste Governo Renan Filho ainda não pagamos um mês de aluguel. Esta questão está sub júdice na Procuradoria Geral do Estado. Recusamos fazer este pagamento uma vez que há entendimento jurídico de que o Estado tem direito sobre aqueles galpões uma vez que eles foram construídos em terreno pertencente ao Estado. Enquanto esta situação não for resolvida pelo mundo jurídico, esta presidência do DETRAN de Alagoas não pagará um centavo sequer. Nota: Talvez até o Sindicato tenha razão se a data da carta fosse ao governo anterior.


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ARTIGOS

O predestinado CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

O

s políticos brasileiros – não importa se do alto ou do baixo “clero” – tornam fácil a crônica política, seja pela inconsequência, pela arrogância, pela ignorância, ou pelos desatinos. Semana passada, o ex-presidente Lula, indefectível nas asneiras sempre que abre a boca, produziu duas pérolas de pensamentos, que vão do cinismo ao messianismo.

Vamos à primeira. Segundo o prócer do petismo, não é aceitável que ladrões chamem-nos – ao próprio e aos petistas – de ladrões, uma concepção mais direta que aquela do dia anterior manifestada pela presidente Dilma, em linguajar “dilmês”: os sem moral não têm moral para atingir a moral dos outros (a dela inclusive). Certamente, conclui-se: aqueles que não são ladrões e têm moral, poderão chamá-los de ladrões e atingir-lhes a honra? Por outro lado, esqueceram, mentor e discípula, o instituto jurídico, vigente no Brasil graças também a eles, da delação premiada. É certo que esse meio de investigação já existia no ordenamento jurídico brasileiro, em leis esparsas e ex-

travagantes ao Código Penal, desde 1990, mas a presidente Dilma, mui providencialmente, aumentou o espectro da norma, primeiro criando, com a Lei nº 12.529/2011, acordos de leniência em benefício de acusados, pessoas físicas e/ou jurídicas, que colaborassem com investigação de delitos e infrações administrativas, apontando fatos e pessoas outras participantes dos malfeitos, naturalmente indicando as provas respectivas. Dois anos depois, com a Lei nº 12.850/2013, a mesma Dilma ampliou ainda mais o instituto, beneficiando réus delatores de organizações criminosas. Então, amparados por normas legais objetivas, as últimas de iniciativa do governo petista, ladrões podem, sim, chamar

de ladrões outros ladrões, denunciando-lhes a ladroagem. Parodiando antigo dito popular, podemos então dizer que ladrão que denuncia ladrão merece algum perdão. A segunda construção, fruto de excepcional rasgo de inteligência do seu autor, essa é sublimemente messiânica! Disse o ex-presidente, em solenidade petista, usando o “nós” sem explicar se em sentido normal ou majestático: nós nascemos para salvar o Brasil. Os aplausos gerais sublimaram o desatino. Nesse ponto, para o cronista é fácil concluir que, com tal delírio, o caso daquele cidadão só será convenientemente tratado no Instituto Pinel, famoso hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro.

reencontra, agora, com os velhos males da inflação e da recessão. Ao fim e ao cabo, a gestão petista foi melhor? Melhor em quê? 2) O alvará de boa conduta passado pelo PT ao PSDB Pela cartilha petista, escândalo no território inimigo era e continua sendo coisa que ou existe ou se fabrica. Onde houvesse o mais tênue fio de fumaça da suspeita o partido era o primeiro a chegar, com um tonel de gasolina. Apontava o dedo acusador com a suposta autoridade moral de quem jamais contou dinheiro mal havido. Foi assim que o partido, sem muito esforço, diga-se, destruiu moralmente os governos Collor e Sarney. Foi assim que o partido avançou contra o governo FHC, requerendo mais de duas dezenas de CPIs, sempre com apoio da mesma mídia que o PT hoje execra. As investidas foram tantas, tão contínuas e violentas que o prestígio do ex-presidente despencou dos elevados índices a que chegara nos pleitos que venceu. Quanto de verdade havia naquelas acusações? Não pergunte isso ao PT. Sabe por quê? Porque o PT concedeu ao PSDB um atestado de boa conduta. Com efeito, em 2003, com a posse de Lula, os petistas não mais dependiam das CPIs para investigar coisa alguma. Passavam a dispor de todos os meios para isso. Ministério da Justiça, Controladoria-Geral da União, ABIN, Polícia Federal, Receita Federal, eram apenas alguns dentre os muitos instrumentos disponíveis. Sem esquecer, ainda, gavetas e arquivos de todos os ministérios, repartições e empresas estatais do país. Entretanto, surpresa! Empossado

Lula, a inquisição petista deve ter embarcado em Alcântara rumo a algum asteróide distante. Nada foi investigado! O outrora refinado faro não capta mau cheiro sequer quando vem da sola do próprio sapato. Seus sherloques, seus produtores de dossiês, seus assassinos de reputações, que antes pareciam saber de tudo que acontecia na República, foram acometidos de um alheamento, de um autismo em que não apenas ninguém está a par do que acontece na sala ao lado, mas é a própria mão direita a primeira a desconhecer o que a esquerda faz. Sobre essa duplicidade de conduta nada se fala, nada se escreve. Quando não há explicação moralmente aceitável é preferível deixar o dito pelo não dito. E Lula maneja com perfeição a prolongada retórica do silêncio. Se, na oposição, acusavam sem evidências, cometeram crimes de injúria e difamação. Se, no governo, dispunham de meios para investigar e não o fizeram, cometeram crime de prevaricação. Já cansei de escrever sobre isso. E só colho silêncio como resposta. É um silêncio que comprova a tese: o melhor atestado de boa conduta do PSDB é passado pelo PT. O resto é conversa fiada. Não, não sou tucano. Nem idiota.

O Brasil prefere a cigarra PERCIVAL PUGGINA

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odo dia recebo mensagens de petistas. Muitas procedem de gente boa, que tenta justificar moralmente seu voto em Dilma sob a alegação de que “corruptos por corruptos eu fico com os que, na minha opinião, estão conduzin-

do melhor o país”. Tal frase é produto de duas informações falsas. Segundo ela, a) os números do governo petista seriam favoráveis quando comparados com os do governo tucano; b) se o governo petista foi uma infindável sucessão de escândalos, com o alto comando do partido mudando-se para a Papuda, também no governo FHC houve corrupção, “como todo mundo sabe”. Sabe? Veremos. 1) Os números “favoráveis” do governo petista É sempre difícil e impreciso comparar situações sociais, políticas e econômicas em épocas e circunstâncias diversas. Mesmo assim, julgo importante lembrar que os anos de Lula foram mágicos para o Tesouro Nacional e para as contas públicas. Naquele período, o mercado chinês foi às compras com uma voracidade inexcedível em qualquer momento da história. Centenas de milhões de chineses passaram a demandar grandes quantidades de quase tudo que o mundo podia oferecer. Nossas commodities

alcançaram preços antes impensáveis. No governo FHC, o Brasil precisou vencer uma inflação de 80% ao mês e reverter, com severo ajuste fiscal, a má fama brasileira no mercado mundial. O governo Lula surfou na onda chinesa. O estouro dos mercados mundiais de 2008 encontrou o Brasil bem protegido por um ortopédico colchão de divisas, levando a gestão petista a julgar desnecessário adequar-se. Enquanto outros países faziam como a formiga da fábula de Esopo, o PT, deslumbrado pelo que considerava êxitos seus, brincava de cigarra. Por isso, os 12 anos de petismo resultaram desastrosos política, moral, econômica e financeiramente. O PT gosta de comparar certos dados de 2014 com os de 2002 (último ano do governo tucano). Omite, porém, o fato de que nos meses que precederam a vitória e a posse de Lula, o medo tomou conta dos mercados. A bolsa caiu, o dólar disparou e os preços subiram como precaução ante o que aconteceria se o PT, ao assumir, fizesse o que, irresponsavelmente, exigia de seu antecessor. Tal comparação, portanto, alcança requintes de desonestidade: é o PT cobrando de seu opositor o mal que ele próprio causou por ter feito uma oposição perversa e moralmente desonesta. Os fatos divergem do que o PT gosta de proclamar: o Brasil deve muito ao governo de FHC. Agora, sob a gestão petista, apresenta um desempenho muito inferior ao dos países de seu entorno, que foram mais prudentes nas suas contas. O Brasil de Lula e Dilma malbaratou os ganhos herdados e se

* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.


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ARTIGOS

Vamos conviver com novas pedaladas JORGE MORAIS Jornalista

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Anda circulando pelas redes sociais uma Instrução Normativa, de nº 1571/2015, da Receita Federal, que pode trazer muita preocupação e noites mal dormidas para muita gente, que não é o meu caso. É que, a partir de dezembro próximo, todos os seus movimentos financeiros passarão a ser enviados pelos bancos à Receita Federal, automaticamente, inclusive de plano de saúde e outras operações com as quais você se relaciona. O texto que circula começa com a seguinte pergunta: “O que isso significa? Significa que os bancos, seguradoras, planos de saúde, distribuidora de títulos e valores mobiliários e demais institui-

ções financeiras, deverão enviar para a Receita Federal, toda a movimentação financeira dos contribuintes (mês a mês) e (saldos no final de cada ano) de todas as operações que o contribuinte realizou no ano. Importante que não mais interessa somente o saldo em 31.12 de cada ano, pois a informação trará toda a movimentação (mês a mês) de todo valor financeiro que o contribuinte movimentar em suas contas bancárias. O propósito é conhecer a movimentação financeira detalhada de cada contribuinte brasileiro (seja pessoa jurídica ou física) e assim confrontar os valores informados com os declarados pelo cidadão ou pelas empresas (cruzamento fiscal). Obviamente que o contribuinte deverá estar atento, e declarar com precisão sua renda e movimentação de recursos, sob pena de ser intimado a prestar esclarecimentos à Receita Federal. É uma nova fase no cerco aos contribuintes, um “BBB” eletrônico e universal, do qual ninguém escapa. As pessoas físicas deve-

rão adequar-se, de forma imediata, aos novos cruzamentos eletrônicos. A movimentação bancária, por exemplo, precisa estar justificada por rendimentos compatíveis ou devidamente esclarecida por documentos idôneos (como empréstimos bancários). Na discrepância de dados, prevalecerá a presunção de sonegação fiscal, com a consequente atribuição da responsabilidade e penalidades. Como se vê, cerca-se o contribuinte. Esperamos que a qualidade dos serviços públicos melhore na mesma proporção que este torniquete. Será uma devassa mês a mês de toda sua movimentação bancária; dos Planos de Saúde; Cartórios de Imóveis; Instituições Financeiras; Bolsa de Valores; Cartões de Crédito; Aplicações financeiras por CPF; Consignados; enfim, nada mais terá sigilo para a Receita Federal”. Esse é o texto, sem tirar ou acrescentar nada, em relação ao que está circulando. Vou me prender a uma frase: “Esperamos que a qualidade dos serviços públicos melhore na mesma proporção”.

Será que isso, realmente, é possível? Não acredito. Alguém tem que pagar a conta de um país quebrado. E não estou me posicionando contra as novas medidas. No Brasil é assim mesmo: você paga imposto em cima do que recebe e, se não tiver como gastar tudo, paga novamente do que sobrou. É necessária a comprovação entre o que se recebe o que se gasta. Paga, portanto, duas vezes pelo mesmo dinheiro. E é esse dinheiro que vai para o governo e a gente fica sem saber o que é feito depois. O governo diz que investe na saúde, na educação, na segurança e outros serviços. Mas, será? Finalmente, vai ser dado mais aperto para todo mundo. Não discordo que seja feita a cobrança sobre os ganhos financeiros. O que não aceito é tanto aperto, tanta fiscalização para nada. Nada, no sentido de que o dinheiro cobrado sai pelo “ralo” da corrupção desse país, e os benefícios que poderiam ser produzidos por ele, nem sempre chegam à sociedade como se espera. Com certeza, tem gente que vai aprender a pedalar.

originados de nossas contribuições não foram empregados de maneira certa? Só agora, depois de tantos anos, descobriram os cálculos atuariais? E eu parecia uma ET; ninguém me respondia. Apareceu então o AL Previdência. Seria responsável pelo pagamento de aposentados e pensionistas do Executivo e dos outros Poderes. O tempo foi passando e, de repente, a Assembleia Legislativa passa a ser responsável por seus pensionistas e aposentados. Lá, no AL Previdência ficam alguns companheiros ou parentes deles (pensionistas). A ALE não repassava mais os valores necessários ao pagamento das vítimas e foram criadas duas situações: os que lá ficaram sem reajustes, sem paridade, e os aposentados pagos pelo próprio Legislativo. De nada adiantaram as ações na Justiça: a situação permaneceu inalterada. E nós, aposentados da ALE, começamos a ser tratados como peso morto. Chegou ao ponto de um deputado afirmar que pagava mais aos inativos do que ao Imposto de Renda. Mente curta! Quem paga à Receita Federal somos nós, através de descontos em nossos salários. E eles retêm o dinheiro!

A ameaça era constante: “Vocês vão para o AL Previdência e passarão a ser funcionários do Estado. Nossa responsabilidade cessa”. Ilustre parlamentar: nós seremos sempre inativos da ALE, gozando de todos os direitos que cabem aos ativos: reajustes, enquadramentos, 13º salário. Surge um novo projeto de previdência, enviado pelo Executivo. E escutamos dos companheiros: “Há um artigo que autoriza o governo do Estado a usar o dinheiro da previdência da maneira que lhe aprouver”. Endoideci! De novo? Procurei alguns a amigos, li o projeto e continuo preocupada com dois fatos importantes: o repasse a ser feito pela Mesa Diretora para o Alagoas Previdência. Para nossa tranquilidade, a Secretaria da Fazenda já deveria repassar o duodécimo da ALE sem o valor referente a pensionistas e aposentados. O outro fato que nos preocupa são as informações a serem enviadas pela ALE ao órgão previdenciário. Uma pessoa de muita responsabilidade deveria ficar encarregada pelo envio de dados corretos, para evitar deslizes mensais. Aliado a tudo isso, há milhares de processos de servidores inativos, vítimas

de cortes aleatórios em seus cheques-salários. Tudo isso será regularizado ou cairá no esquecimento? O primeiro-secretário já avisou a um companheiro: “O Departamento de Pessoal e a Procuradoria já afirmaram que o servidor tem o direito, mas agora depende de mim. E eu não vou assinar”. Amigos leitores, a Assembleia Legislativa de Alagoas tem o dom de transformar seus dirigentes em “ditadores enfurecidos”. Imaginem vocês, alguns dirigentes já sonham com a volta do Pequeno Polegar, porque, segundo eles, o Isnaldinho enlouqueceu. Mais uma vez estamos entregues à própria sorte! Será a nova autarquia uma entidade séria? Os deputados da Mesa Diretora cumprirão a nova lei ou, como sempre, farão o que quiserem? Nosso dinheiro será investido corretamente? Nossos direitos serão respeitados? Ainda nutrimos uma leve esperança de que o Ministério Público e o Tribunal de Justiça verifiquem as “cascas de banana” da nova lei e peçam ajuda ao STJ. Tudo isso é reprise do filme do Ipasel; nada é novidade. Sofreremos mais uma vez como vítimas de dirigentes egoístas que só pensam em si mesmos.

Reprise ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

S

empre que aparece uma nova proposta do governo com relação ao funcionalismo público estadual, meu coração palpita mais forte, meu juízo ferve, minhas pernas

tremem. O Poder Executivo enviou ao Legislativo o Projeto de Lei número 173/2015, cujo objeto é a nova autarquia responsável pela previdência estadual. Voltamos no tempo e chegamos aos idos de 1960, quando já existia o Ipaseal. Nossa contribuição mensal servia para tudo: empréstimos simples, empréstimos imobiliários, assistência médico-odontológica. Anos depois, já sindicalista, comecei a ser convidada para reuniões no Ipaseal. O assunto era uma nova forma de previdência. Vinham técnicos de Brasília “ensinar” aos alagoanos o que significava “cálculo atuarial”. Intrigada, comecei a fazer perguntas: por que os investimentos


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IMPASSE

Prefeitura atrasa aluguel e camelôs podem ser expulsos de estacionamento Há um ano e nove meses Prefeitura de Maceió não paga o aluguel da área; proprietário entra com ação de despejo MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

proprietário do estacionamento na Praça dos Palmares, no Centro de Maceió, que abriga camelôs desde 2012, entrou na Justiça com ação de despejo contra a Prefeitura de Maceió para que pague o aluguel do espaço locado ou desocupe a área. José Carlos de Melo Pedrosa, um dos oito herdeiros, reclama que há um ano e nove meses deixou de receber o aluguel do imóvel. De acordo com Pedrosa, a ação foi protocolada em 6 de abril deste ano, mas antes de tomar esta decisão tentou por várias vezes resolver o impasse de maneira amigável, mas o jogo de empurra-empurra e a falta de sensibilidade por parte do locatário o obrigaram a buscar outras instâncias. Ele garantiu que a alegação de que demorou a renovar o contrato não procede, pois foram apresentadas todas as certidões e documentos necessários, conforme anexo na ação. Prova disso é que em 22 de abril de 2014 o prefeito Rui Palmeira autorizou a “formalização emergencial de um novo contrato” pelo período de seis meses, mas a secretaria responsável não atendeu a solicitação. Outro despacho feito pela assessoria de contrato e convênio da prefeitura autorizava o pagamento de 12 meses de atraso, no valor de R$ 189.774,72, mas não pagaram.

Pedrosa acredita que o prefeito Rui Palmeira nem deva saber que este impasse está acontecendo, pois sempre trata do assunto com assessores. “Gostaria de que o prefeito nos recebesse e entendesse o nosso lado. “São muitos meses sem receber um centavo e ainda tem a cobrança dos demais herdeiros que eu represento. Não queremos prejudicar ninguém, nem deixar o pessoal sem lugar para trabalhar, mas precisamos que o município se manifeste. Ou pague ou desocupe nossa área”, disse ele. Outras promessas de pagamento foram feitas. Em 4 de março de 2015 o procurador José Cavalcante mandou pagar a dívida. Em 2014 este mesmo procurador deu parecer favorável, mas nas duas ocasiões sem resposta favorável. A área de cerca de 1600 metros foi locada desde março de 2012, mas foi em março de 2014 que o problema começou. A partir desta data não houve qualquer pagamento. Muito embora em fevereiro de 2014 o prefeito Rui palmeira tenha formalizado o termo aditivo de prorrogação do prazo do contrato nº 352/2012 por mais um ano. Segundo Pedrosa, em março desse ano ao completar um ano, automaticamente foi realizado outro contrato. “Com tantas idas e vindas nem o secretário quer nos receber mais”, lamentou. NOTA SEMARHP O processo sobre o contrato de locação do imóvel situado à

Ruas do Centro de Maceió foram tomadas por ambulantes que cobram posição da Prefeitura Rua do Comércio, n°s: 21, 41 e 53, Centro, Maceió/AL espera decisão da Justiça para ser finalizado. O problema começou com o atraso do envio dos documentos obrigatórios para celebração do contrato de locação e, posteriormente, com a decisão dos proprietários de judicializar a relação contratual. A Administração Pública Municipal segue os trâmites burocráticos e preceitos legais e em razão do envio dos documentos de responsabilidade dos locadores/proprietários, não pode concluir o procedimento de renovação do contrato de locação em tempo hábil, realizando pagamento indenizatório que envolve a apuração administrativa própria. A Prefeitura Municipal de Maceió se mantém a disposição dos proprietários/locadores para manter um diálogo, cabendo a este a definição da esfera administrativa ou judicial para solucionar este caso.

CAMELÔS PROTESTAM CONTRA INADIMPLÊNCIA DA PREFEITURA Cansados de esperar por uma resposta concreta da Prefeitura de Maceió sobre o futuro dos ambulantes que comercializam no estacionamento da Praça dos Palmares, no bairro do Centro, em Maceió, foram às ruas na quinta-feira, 29, para protestar e pedir o fim do impasse entre o poder público e a categoria. É que por falta de pagamento do local que ocupam, eles podem ser despejados a qualquer momento. Segundo o presidente da Associação de Camelôs de Maceió, Rosivaldo Moura, os trabalhadores foram colocados no espaço pelo poder público que vinha honrando o compromisso de pagar ao proprietário do estacionamento. No entanto, disse, há cerca de um ano e nove meses o município deixou de honrar seu compromisso ao atrasar o

pagamento. “Não invadimos lugar nenhum. Fomos colocados lá, agora exigimos uma posição do poder público para que possamos continuar trabalhando”, reclamou. Rosivaldo disse ainda que já participou de reuniões com técnicos da prefeitura e o proprietário do estacionamento, mas a promessa fica só na conversa ou proposta inaceitável. “A gente defende o direito de cada um, mas o povo não pode ser penalizado por uma irresponsabilidade de quem deveria honrar seu compromisso”, desabafou. Ele esclarece que o ato é uma forma de tornar público a situação e que a população entenda o lado dos ambulantes. “Muitas famílias dependem daquele espaço para sobreviver. Uns são fixos e outros vieram depois que desocuparam o Centro da cidade. Se perderem este espaço para onde vão?, questionou Moura.


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Contagem regressiva

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este fim de semana o Brasileiro na Série A entra na 33ª rodada e o Corinthians como líder desde o primeiro turno, e 60 pontos somados, oito a mais que o Atlético-MG (vice). E pelo andar da carruagem dificilmente dará chances a uma zebra e pela campanha que faz será merecido.

Jogos Paralímpicos

CRB precisa vencer

O Brasil, no Mundial Paralímpico de Atletismo, no Catar e encerrado dia 26, ganhou quatro medalhas: uma de ouro por Daniel Mendes nos 400m T11; duas prata, Kelly Peixoto arremesso de peso F41 e as duas bronze, Renata Bazone nos 1.500m T11 e Jonas Licurgo, lançamento de dardo F55. O Brasil é 10º na classificação.

Na Pajuçara a preocupação da diretoria não deve ser mais por uma vaga na Série A mas manter o Galo na B no próximo ano. Não é também missão fácil e prova a observação ao tempo que o time não sai do lugar (11º). E mais: o Paisandu tem a mesma proposta.

Copa do Mundo

Formula 1

O Brasil joga dia 12 próximo contra Argentina pelas eliminatórias da Copa do Mundo. É pela segunda rodada e na primeira adversáro é o Peru também perigoso, pois vai jogar em casa. E lembrando: na abertura da fase foi derrotado pelo Chile em Santiago (2x0). A convocação tem mudanças que prenunciam novidades na escalação.

Classificação dos 10 primeiros na Fórmula 1 até o momento desta temporada: 1) L. Hamilton com 327 pontos; 2º Vettel, 251; 3º Rosberg, 247; 4º Raikknen, 123 pontos; 5º Bottan , 111; 6º Massa, 109; 7º Kyyar, 76; 8º Ricciardo, 74; 9º Perez, 64, 10º Verstappen, com 45.

Desfalques

Rafael Tenório, presidente do CSA, é só otimismo de tudo dar certo no Mutange. Fala de contratações com qualidade e salários que não ultrapassem o teto planejado, mas em caso da necessidade de ser feita exceções, transfere confiança nas parcerias. A torcida também não esconde o otimismo e a ansiedade pelo retorno do Azulão às atividades.

Tata Martino, treinador da seleção argentina, deve também ter problema para escalar o time para o confronto contra o Brasil sem contar com Sergio Agüero e Lionel Messi que, contundidos, têm previsão de só voltarem a jogar em novembro. Mas não prevalece a rivalidade?

Sem limite

Das contusões

Conselho Arbitral

Segundo boletim médico, Messi rompeu o ligamento colateral interno do joelho esquerdo há um mês enquanto Agüero sofreu lesão no bíceps femural da coxa esquerda. Mas, mesmo com essas baixas não prevalece, além de haver substitutos à altura, também a rivalidade?

Acontece dia 12 próximo reunião do Conselho Arbitral e da pauta analisar propostas para o campeonato alagoano do próximo ano. Das comentadas uma é que o campeonato tenha 18 datas e os clubes divididos por grupos, uma alternativa espelhada nesse ano.

Copa do Brasil Foi com muito sofrimento, mas o Palmeiras está na final da Copa do Brasil pela quarta vez em sua história. A equipe alviverde venceu o Fluminense por 2 a 1, no Allianz Parque, e depois por 4 a 1, nas cobranças de pênalti, para seguir em busca de seu terceiro título na competição. Como se enfrentasse um time de crianças, o Santos passeou na Vila Belmiro. Venceu o São Paulo com a maior facilidade por 3 a 1 e confirmou o que já se sabia desde a quarta-feira passada, quando fez o mesmo placar no Morumbi: está na final da Copa do Brasil. Os confrontos finais serão nos dias 25 de novembro e 2 de dezembro.

Quem toma? Alagoanos que torcem pelo Corinthians, mas o paulista, estão confiantes de não haver mais espaço para “zebra” na comemoração da temporada do futebol brasileiro, Série A. Faltam seis rodadas do final e o time somou em 32 jogos 21 vitórias, 7 empates, 4 derrotas e marcou 506 gols.

Sete de volta O Sete de Setembro, do Tabuleiro do Martins, recuperou, após 16 anos, vaga na Primeira Divisão do futebol alagoano e participará do campeonato estadual de 2016. Classificação foi com vitória sobre o São Domingos e, paralelo, levantou o título do campeonato da segundona.

Cabeça no lugar Extrapola limite erros de finalizações para o gol pelos jogadores do CRB o que tira a confiança da torcida. São mais erros que acertos e motivo provável se deixar conduzir pela ansiedade ao invés de manter a frieza e finalizar jogadas com precisão. Empate com o Bahia que o diga.

ASA reavalia plantel A diretoria do ASA começa a avaliar propostas para 2016 e primeiro passo, paralelo às férias dos jogadores, uma análise do elenco e prováveis dispensas mas sem desestruturar a base montada por Vica, que deve continuar como técnico. E das estrelas do time Didira é dúvida.

Sob controle Quem no alvinegro conversa com diretores sente o clima de tranquilidade e como cada ano é de nova temporada, a diretoria não esconde questões ligadas à rescisão de contratos mas no grupo tem quem entrou de férias levando proposta de boas-vindas caso queira retornar. O alvinegro já retornou às atividades e saída de Didira é até agora apenas conversa.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Turismo

Sem controle

M

Fazer mais o quê? Pergunta de cidadão foi ante o descontrole do governo sobre a inflação dia a dia e elevando o custo de vida para o trabalhador. Dados divulgados recentemente revelam que bate acima de 7%, não dá previsões de queda e só não afeta “reizinhos nos poderes”.

ovimento de turistas desembarcando no Aeroporto dos Palmares, de janeiro até este mês, bateu em 714.438 passageiros. Dados são do Infraero e confirmam crescimento em torno de 7,8% sobre 2014. Otimistas acham que até dezembro chegar estará acima de um milhão.

Sem extravagância Maceioense teme para este fim de ano a engorda no custo de vida e antecipa avaliações sobre opções mais em conta com o orçamento para antecipar compras. É decisão que situa como razão preços em alta ta

Lava jato Maceioenses, sobre ações ligadas à Operação Lava Jato como episódio policial esclarecido mas ante os nomes acusados não sentem confiança de que cumpram pena nos presídios. Lembram que colarinho branco não vai pra cadeia. Fica em casa preso em tornozeleira.

Fonte IBGE A inflação, período de julho/agosto desacelerou com baixa de 0,62 para 0,22 mas quem se planeja para o fim do ano pressente uma distonia de preços para confiar na estabilidade em dezembro. E especulações têm motivação em conversas sobre reajuste para os combustíveis.,

Seminário Em Piranhas, terminou na quinta-feira (29) o Seminário de Convivência e pauta busca um relacionamento melhor ntre as regiões do semiárido e avaliação de propostas adequadas de inclusão produtiva. Presentes representantes de entidades nacionais e internacionais.

Perda de controle

Dia do Campo Agenda no Estado para comemorar a data ofereceu atividades de Incentivo à Produção de Grãos desenvolvidas pelo governo. Foi meta da proposta apresentar o desempenho de cada unidade experimental de milho a interessados em investir na cultura já na próxima safra.

Concursos Prefeituras de Delmiro Gouveia e de Campestre inscrevem candidatos para concurso e prazo em Delmiro expira dia 22 de novembro. Já em Campestre, funções de nível superior, médio e suplementar, prazo de inscrição vai um pouco mais além. Até dia 28 do mesmo mês.

Velho problema Kelman Vieira, presidente da Câmara Municipal de Maceió, em reunião com Robson Nunes, diretor regional dos Correios, analisou dificuldade para entrega de correspondências na cidade. Da pauta, falta de placas para identificar nomes das ruas na capital.

Déficit alto De Robson Nunes: “A média mensal é de 30%, equivalente a alguns milhões de itens de documentos sem alcançar os destinatários e haver cobrança do maceioense por solução em parceria para reverter o momento”. É comum até em bairros frequentados por turistas.

Segurança Alfredo Gaspar de Mendonça, secretário da Segurança Pública, está confiante de que até dezembro novos investimentos sejam liberados para reforçar a segurança no Estado. E é otimista também de Renan Filho convocar os 87 aprovados no concurso da Polícia Militar.

Comentário Comentário recente de Lula: “Delator passa a delatar até a mãe para poder sair da cadeia.” Não teve, naturalmente, repercussão esperada e a ver suspeição que pesa sobre o PT e que envolve o nome dele e de outros caciques do partido. Mas tem ainda novos capítulos por vir.

Projeto em andamento A Refesa substitui trilhos e recupera o prédio da estação de Jaraguá. É iniciativa para o VLT fazer o trecho entre o bairro e a estação central. Mas um senão: o serviço tem dedo do prefeito Rui Palmeira e não surpreenderá a inauguração ocorrendo ainda este ano.

Haja exploração Supermercados, mas em São Paulo, propõem cobrar pelas sacolas disponibilizada a clientes em compras. Preço sugerido é de R$ 0,30 a unidade. Mas quantas são usadas pelo consumidor nas feiras mensais e quem acha que não estão incluídas nos custos dos produtos?

“Estão cobrando energia até da luz do sol”. A frase foi dita em roda de conversa no café do João, segundo andar do shopping Maceió e base da inspiração a perda de controle do governo sobre a economia. Mas teve também pitadas de ironia pautada na corrupção.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Protegidos até 2023

Fim da sede no mundo

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m tempos de escassez de água, a solução para o problema poderia ser aproveitar a abundância da água do mar para o uso comum por meio da dessalinização. O método tradicional demanda uma grande quantidade de energia, mas está tornando-se algo realizável quando combinado com usinas industriais que produzem calor em seu funcionamento normal. Novas dessalinizadoras da Arábia Saudita estão sendo construídas juntamente com usinas de energia exatamente por esse motivo. O sistema consiste em empurrar a água salgada através de uma membrana que contém orifícios pequenos para bloquear as moléculas de sal.

Trilha Transcarioca Sábado passado aconteceu o segundo grande Mutirão da Trilha Transcarioca, são 180 km de extensão que percorrem oito unidades de conservação na cidade do Rio de Janeiro. Um dos trechos do mutirão, que foi feito para sinalizar e marcar o caminho, foi a Trilha do Quilombo, que fica no Parque Estadual da Pedra Branca. A Trilha Transcarioca é uma prioridade para incentivar a visitação do parque, que detém uma parte histórica muito rica e é desconhecido pelos cariocas.

O gigante e pacífico mero (Epinephelus itajara) será protegido até 2023 porque a moratória que proíbe sua captura e venda, que existe desde 2002, já foi prorrogada três vezes e é uma conquista compartilhada pelo Projeto Meros do Brasil juntamente com a ONG Oceana. Protegido há 13 anos, o mero é um peixe de crescimento lento, que pode chegar a dois metros e meio de comprimento e pesar 400 kg. Como é manso e habita regiões rasas, o animal é um alvo fácil dos pescadores. A facilidade de captura e o crescimento lento da espécie explicam o fato de estar criticamente ameaçada de extinção. 6-Amazonas Climatologistas da Nasa afirmaram no início desta semana que o El Niño este ano vai ser mais intenso do que o registrado entre 1997 e 1998. O boletim mensal do Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam) apresenta os efeitos do fenômeno sobre o clima da região. As chuvas estiveram bem abaixo do que é esperado e devem continuar assim pelos próximos meses. O governo do Amazonas decretou situação de emergência por 90 dias em 12 cidades, entre elas, Manaus, devido aos incêndios florestais. Entre as ações previstas, estão campanhas de conscientização e gastos estimados em R$ 5 milhões para combater o fogo e evitar novas queimadas.

7-Pan-Amazônia Uma Rondônia inteira, ou o equivalente ao território do Reino Unido, foram perdidos entre 2000 e 2013. Ao longo desses 13 anos foram desmatados 222.249 km² nos nove países que integram a floresta Amazônica. Até 2013, a floresta perdeu 13,3% da sua cobertura vegetal. A maior parte dessa perda ocorreu entre 1970 e 2000 (9,7%) enquanto que entre 2000 e 2013, foram desmatados 3,6% da cobertura total da floresta. O número parece pouco, mas esses 3,6% significam quase o tamanho do estado de Roraima inteiro desmatado.

Bahamas O ministro do Meio Ambiente das Bahamas, Kenred Dorset, anunciou a criação de 24 novas áreas marinhas protegidas e a expansão de três parques nacionais existentes. O país conseguiu alcançar metade da meta estipulada pela Iniciativa Desafio Caribe, de proteger 20% dos ecossistemas marinhos e costeiros até 2020. Mais de 3 milhões de hectares serão protegidos. O governo de Bahamas pretende oficializar todas as novas áreas protegidas até o final deste ano.

Capacitação Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), promoveu a web conferência onde foram esclarecidos os conceitos básicos do edital 01/2015, publicado para receber propostas destinadas à recuperação de nascentes. Durante a semana, 100 candidatos apresentaram projetos e participaram, por quatro dias, de aulas de capacitação para elaboração de propostas. Os cursos foram realizados em Brasília, no Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor) do Ibama.

Espécies protegidas Em abril desse ano, o governador do estado do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) tornou inválida a lista vermelha de espécies marinhas do estado e peixes como tubarão-azul, garoupa, bagre e dourado puderam ser comercializados. Mas uma decisão na semana passada revogou o decreto de Sartori e as 33 espécies marinhas voltaram a ser protegidas por uma lei estadual. O decreto foi suspenso a partir de Ação Civil Pública movida conjuntamente pelo Ministério Público (MP) Federal e Estadual contra o Governo do Rio Grande do Sul e a União.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

País do futuro, de novo

F

rases como essas não costumam partir de altos dirigentes da indústria automobilística sobre o cenário desolador atual: “O Brasil precisa de um plano, como uma empresa. Não temos um plano”; “A crise está ligada fundamentalmente à questão política, uma doença degenerativa, uma cirrose, que corrói a economia”; “Brasil precisa de um ajuste ético e político. Enquanto isso não acontecer, a economia e o mercado automotivo não voltarão a crescer”. Até parece orquestração, mas não foi. No Congresso AutoData Perspectivas 2016, semana passada, em São Paulo, parece que todos reverberaram, ao mesmo tempo, o clima de mal-estar

com os rumos de curto e médio prazo do País desde o final do ano passado. Na realidade, as fabricantes do setor muitas vezes “apanham” caladas, mostram-se sempre na defensiva, quer as críticas sejam pertinentes ou impertinentes, justas ou exageradas. Essa nova postura só agora brotou publicamente, em tom de desabafo mesmo. A explicação óbvia vem daquela frase imortal do jornalista Joelmir Beting. Ele dizia que o órgão mais sensível do ser humano é o bolso. Ninguém ignora que a indústria automobilística ganhou muito dinheiro com o crescimento quase explosivo das vendas internas entre 2004 e 2013, alimentadas por demanda reprimida (1999 a 2003),

crédito fácil e descontrolado, aumento do poder aquisitivo dos compradores e estímulos fiscais em momentos difíceis. Geraram-se lucros remetidos às matrizes. O cenário de hoje, exatamente o oposto, atacou o bolso. Os prejuízos começaram já no ano passado e no momento as matrizes estão socorrendo as filiais com empréstimos até para fechar as contas no fim do mês. Afinal, salários na indústria acima da inflação e preços dos carros corrigidos por percentual inferior não dão liga. Essa fase acabou e aumentos reais pioram tudo. Nenhum acionista gosta de saber que perde dinheiro, se antes ganhava, e está agora “devolvendo” parte do que havia embolsado. São da regra econômica os ciclos bons e ruins, mas importa a tendência apontar para cima. Também se ouviram vozes ainda mais pessimistas. O início da tímida recuperação poderia ficar para 2017 e não começar no último trimestre de 2016. Parece haver um desconhecido porão no fundo do poço. Somando-se

veículos leves e pesados as vendas talvez não cheguem a 2,1 milhões de unidades em 2016 ou 16% menos que os prováveis 2,5 milhões deste ano. No rumo contrário, o Instituto Ipsos Brasil disse ter detectado em pesquisa que nos últimos meses cresceu a intenção de compra de carros novos pelos consumidores. Infelizmente, isso não foi confirmado pelos bancos. A associação das instituições vinculadas aos fabricantes (ANEF) reafirmou a procura menor por financiamentos, independentemente da maior seletividade na aprovação de cadastros de interessados. Em meio a interpretações e previsões de alguma forma divergentes, pelo menos há um consenso positivo. Nenhum fabricante admitiu cancelar investimentos. Eles estão mantidos, certamente a um ritmo menor, mas a ameaça de desinvestimento, como já ocorrida no passado, parece descartada. Voltar à condição de país do futuro é algo bem desconfortável, mas é o consolo que restou.

RODA VIVA EMBORA a FCA não tenha decidido sobre a produção – mesmo em regime de montagem de componentes importados (CKD) – do seu novo sedã médio-compacto na fábrica de Goiana (PE), as chances de isso ocorrer aumentaram. O carro existe, recuperou o nome Tipo, dos anos 1990, em alguns mercados, mas nem mesmo isso se confirmaria aqui por problemas do passado. EXEMPLO correto de uso de vidros escurecidos no novo monovolume C4 Picasso (segunda geração): da coluna central para trás. Nas janelas dianteiras eles são apenas esverdeados para garantir visibilidade correta. No Brasil a regulamentação do Contran é exatamente essa, mas quase ninguém respeita. Inexiste fiscalização e, portanto, mais uma lei que não “pegou”. FOCUS FASTBACK vem alcançando resultados superiores de vendas em relação às gerações anteriores do mesmo sedã não apenas por esforço de marketing da Ford. Sua dirigibilidade

ficou melhor, direção mais precisa e suspensão traseira independente multibraço com barra estabilizadora é referência no segmento. Espaço para pernas atrás poderia ser melhor. GOVERNO FEDERAL criou incentivos fiscais para veículos puramente elétricos ou híbridos recarregáveis em tomadas, como em outros países. Desculpa anterior era risco de apagão elétrico, mas a procura por esses veículos é tão baixa que soava ridículo. Tarifa de importação cai de 35% para algo entre 2% e 7% (híbridos) e de 0% a 2% (elétricos), dependendo de sua eficiência. SEGUNDO o Observatório Nacional de Segurança Viária, ao analisar dados oficiais, mais de 15% dos mortos no trânsito são idosos (60 anos ou mais), apesar dessa faixa etária corresponder a cerca de 11% da população. Pedestres representam a maior parte das vítimas. Ou seja, motoristas precisam ficar ainda mais atentos às limitações da terceira idade.


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ARTIGO

Galinha vai criar dente!!! JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

D

esde jovem, eu me habituei a conviver com pessoas sinceras, de vergonha e sem arrodeios. Meus pais não eram perfeitos, porém seus pecados eram os mais corriqueiros. Eu gostava de conviver com eles, com meus parentes e com os conterrâneos. Nessa época eu já sabia o que era ser correto e como deveríamos nos comportar com os professores, com os parentes e com os amigos. Quando eu queria fazer alguma coisa errada, os olhares dos meus pais não deixavam que eu continuasse no erro ou men-

tisse. Mesmo como criança, eu ouvia papai e mamãe nos dizendo como era ser “correto”. Cresci, brinquei, chegou um bigodinho, estudei, viajei, dancei, namorei e me diverti sem os excessos que acontecem hoje em dia. Como jovem, eu já lia Graciliano Ramos, Machado de Assis, Os Sertões, de Euclides de Cunha, bem como a revista “Seleções”. Sempre gostei de ler jornais, ouvir noticiários e assistir as peladas da nossa seleção brasileira, quando ela ainda não perdia para times perna-de-pau. Me acostumei a assistir bons filmes, ouvir boas músicas e ler bons livros, mas nunca me costumei com as mentiras que são ditas principalmente pelos políticos nas rádios, nos jornais e nas televisões. Nos períodos que

antecedem as eleições, as mentiras que são ditas pelos candidatos nos deixam crentes de que, a cada dia que se passa, as eleições são motivo para os candidatos mentirem, quando prometendo o bem estar do povo. Dentre as promessas que são feitas pelos candidatos, algumas sempre se mostraram mentirosas, como estas que vou dizer: Há anos, os nossos candidatos, principalmente, os majoritários, vêm dizendo que Alagoas terá um dos melhores estaleiros do Brasil, em Coruripe, um excelente aeroporto em Maragogi e um VLT começando na Avenida Fernandes Lima e indo ate o Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Rio Largo. No início, como alagoano, eu fiquei feliz com as notícias, mesmo que as promessas

de políticos sempre sejam com o intuito de enganar o povo ou de nos fazer de patetas. Agora, novas eleições estão chegando e com elas as mentiras e as promessas. Parece que os políticos ainda não notaram que o povo ficou mais sabido depois de tantas decepções já sofridas. Eu soube que vai acontecer uma grande festa aqui em Alagoas nas inaugurações do estaleiro de Coruripe, do aeroporto de Maragogi e do VLT entre a Fernandes Lima e o Aeroporto Zumbi dos Palmares. Dessa vez, galinha vai criar dente!!! Em tempo – Eu soube que meus escritos são lidos pelos ilustres desembargadores Dr. Antonio Sapucaia da Silva e o Dr. Estácio Gama Valente. Também soube que o meu colega, Eng. Pedro Anilson e a Sra. Inês Gama, me leem todas as semanas. Para mim, isso é “arretado”.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Abriu a boca

O

vereador Adalberto Saturnino, usou a tribuna da Câmara para denunciar o funcionário do posto de saúde Almir de Almeida, no bairro Boa Vista. Segundo o vereador, o servidor não tem correspondido com suas funções e se negado a atender as pessoas que procuram atendimento naquela unidade de saúde.

Pediu apuração De acordo com Adalberto Saturnino, é preciso que a Secretaria Municipal de Saúde apure as denúncias e, se for o caso, até o transfira para outra localidade. O vereador afirmou que comprou material para o posto de saúde, uma vez que o próprio servidor havia se negado a atender a uma paciente alegando que não tinha o medicamento e que também não tinha tempo de atendê-la.

Tenda acústica

Pesquisas

Grana no bolso

O SESC Arapiraca promoveu, na noite desta quarta-feira, o ‘Dia Internacional de Animação 2015’, na tenda acústica da Praça Luiz Pereira Lima, no Centro. Foram apresentados vários curtas metragens. Essa foi a 12ª edição do SESC Alagoas, que trouxe a Arapiraca o evento realizado simultaneamente em mais de 200 cidades do Brasil. Este é o maior evento simultâneo do gênero. Um dos objetivos da mostra é despertar o senso crítico com relação à arte.

O Instituto Fecomércio/AL de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento (IFEPD) analisou os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta semana, pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Os números são relativos ao mês de setembro e expõem um quadro de recuperação do emprego formal em Alagoas, sendo o segundo mês consecutivo a apresentar saldo positivo. Em setembro, 19.658 trabalhadores foram admitidos de maneira formal, enquanto 8.451 foram desligados dos postos de trabalho.

Cada parlamentar recebe R$ 10.500 por mês para as despesas como alimentação de assessores, compra de material de escritório e de higiene e limpeza, entre outras ações. “É importante ressaltar que todos prestam mensalmente conta desses custos. O que vamos fazer agora é dar transparência a esses gastos, permitindo que a população possa acompanhá-los e fiscalizá-los através do Portal”, disse Kelmann Vieira.

Planetário

Representando o Planetário e Casa da Ciência de Arapiraca, os planetaristas Jhonatan David, Daniella Souza, Luís Carlos, Lilian Nunes, José Carlos e o professor do Clube de Astronomia José Edson Cavalcante, juntamente com a diretora Janice Gomes.

“Apitaço”

Servidores da rede municipal de ensino de São Luís do Quitunde saíram às ruas da cidade, na terça-feira, 27, promovendo um “apitaço”, cobrando a regularização do pagamento dos salários. Segundo o Núcleo Regional do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas, os professores e o pessoal de apoio estão com dois meses de salários atrasados e devem iniciar a greve nesta sexta-feira.

Bom exemplo

O exemplo deve ser seguido pelas Câmaras interioranas: a Câmara Municipal de Maceió vai disponibilizar no Portal da Transparência todos os gastos dos vereadores com a Verba Indenizatória de Atividade Parlamentar (Viap). A medida foi anunciada durante a sessão ordinária desta quarta-feira (28) pelo presidente da Casa, vereador Kelmann Vieira (PMDB), como mais uma ação visando a moralização do Poder Legislativo da capital alagoana.

Encontro

Entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, estarão reunidos em Belo Horizonte, Minas Gerais, no Encontro Nacional de Astronomia (ENAST), professores de Arapiraca que tiveram aprovados trabalhos na área. No evento serão realizadas diversas palestras, apresentações de trabalhos e atividades astronômicas no encontro que reúne astrônomos amadores e profissionais de várias partes do Brasil.

Temas

Eles irão abordar temas sobre poluição luminosa: consequências despercebidas pela população, oficinas astronômicas no planetário: ferramenta para despertar o interesse pela ciência; a cúpula como ambiente de ensino para alunos da educação; a importância do Clube de Astronomia como motivação do ensino e da aprendizagem dos alunos da Escola Senador Rui Palmeira-Arapiraca.

Garantiu apoio

A gestão da prefeita Célia Rocha tem dado total apoio aos representantes de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Educação. O encontro servirá para mostrar o que está sendo feito em Arapiraca, promover a troca de conhecimentos e valorizar o ensino e aprendizagem sobre o uso das novas tecnologias mediante os recursos da astronomia

PELO INTERIOR ... A Prefeitura de Pão de Açúcar, através da SEVOSP, mesmo diante das dificuldades que vem enfrentando, não deixa de fazer a diferença, construindo e inovando. Na Avenida Manoelito Bezerra Lima, no Farol, estão sendo pintados todos os bancos. ... Com esta pintura, as cores estão deixando os bancos mais bonitos e a tinta conservará por mais tempo a madeira. ... Na Praça Nossa Senhora Aparecida, no Alto Zeferino, quatro bancos foram instalados. E agora a calçada está sendo construída para deixar a praça com um visual mais bonito. ”Os moradores da localidade têm expressado satisfação para com estas obras da Prefeitura de Pão de Açúcar”, disse o secretário Cacau Machado. ... Arapiraca: O CAPS Maria Fulô comemorou, durante a manhã desta terça-feira (27), o Outubro Rosa junto aos usuários, oferecendo serviços de manicure, pedicure, escova de cabelo, chapinha e massagem corporal. ... Segundo a coordenadora Tayana Almeida Pauferro, o objetivo desta ação foi levantar a autoestima das usuárias. As usuárias demonstraram muita satisfação durante a realização dos serviços. “Agradeço a esta equipe pelo empenho e disposição”, disse a coordenadora Tayana.


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

Orientando Tanto no jornalismo como no magistério, estou sempre orientando leitores e alunos sobre a necessidade de se transformar numa pessoa criativa no trabalho, pois as empresas estão interessadas sobretudo em quem tem um bom currículo universitário e participa regularmente de cursos de reciclagem - o que demonstra interesse em aprender e em estar bem informado sobre as novidades do mundo acadêmico.

Incentivo

O talento sempre vence!

O

bom profissional sempre será aquele que obtém os melhores resultados financeiros para a empresa. Clientes, colegas, funcionários da empresa e concorrentes estão de olho nesses números, que traduzem o cumprimento de metas. Outros fatores no entanto, podem influenciar a cotação do profissional no mercado, como, por exemplo, a atividade comunitária Cada vez mais, o exercício da cidadania por meio da atuação em organizações sociais ou do trabalho voluntário tem feito a diferença no currículo moderno. As empresas vêem como bons olhos o profissional que se dedicada à prática de esportes e à adoção de hábitos saudáveis. Quem sabe dividir a bolo no jogo de futebol mostra que também sabe trabalhar em grupo e que é um integrador. Estar com o inglês em dia constitui requisito básico para quem quer participar efetivamente da economia globalizada. No caso dos brasileiros, o espanhol também é essencial para os negócios no Mercosul. Já o domínio de uma terceira língua estrangeira - como o alemão ou o idioma do país de origem da companhia, no caso de uma multinacional - pode abrir excelentes perspectivas de carreira.

Na prática, a empresa moderna não quer mais que seus quadros vivam 24 horas por dia em função do trabalho; deseja-se, e incentiva-se, que o profissional cultive interesses e atividades variadas, capazes de ampliar seus horizontes e de transformá-lo numa pessoa mais criativa no trabalho. Quando colegas competem como inimigos dentro de uma mesma empresa, não se cria a sinergia necessária para atingir objetivos comuns. Quem ganha, então, é o verdadeiro “inimigo”, que é o concorrente externo. Há que se ter um olhar romântico sobre a realidade para acreditar que todos vão trabalhar o tempo todo em perfeita harmonia.

A ética Há quem diga que a competitividade funciona como antídoto para o veneno da acomodação. O bom líder estimula a disputa dentro da equipe, mas na medida certa, sem criar hostilidades. As regras não escritas da ética devem fixar o nível da competição no ambiente corporativo. Conchavos e pequenos complôs em geral se revelam ineficazes: a longo prazo, tais atitudes tendem a minar até a mais promissora das carreiras. A conduta antiética desprestigia o profissional diante dos colegas e é um meio seguro de perder credibilidade. A melhor resposta para o adversário vem com o

As Lagostas

2014 - A campanha eleitoral em Alagoas fervilhava. Era o mês de setembro. Os recursos dos candidatos iam se exaurindo. Um conhecido deputado federal, amigo de lobistas, mandou um emissário, devidamente orientado, buscar ajuda junto a parceiros que haviam recebido seus favores políticos. As conversas foram as mais alvissa-reiras, segundo o emissário, que exultante, ligou para o deputado: - Quase todos os contatos foram positivos, chefe! - Ótimo! quando está voltando? -Amanhã. Depois, darei o número do vôo para alguém me esperar no aeroporto. Estou com um bocado de lagostas para você. - Oxe! Lagosta ai em Brasília? - A reeleição está resolvida, chefe! - Do que você está falando rapaz? - Estou falando de duzentas mil lagostas, só de um. - Se continuar falando bobagem, eu desligo o telefone. - Desculpe, chefe, estou falando em código para a gente se proteger. Agora, aquele que o senhor mais botava fé, disse que estava no defeso e não pude pescar nem umazinha! Cabra covarde! - Não me faça perder a paciência. Quer acabar comigo, seu imbecil! Engula as suas lagostas e volte logo para Maceió! - É isso mesmo, quem mais faz menos merece.


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CRÔNICA

Quando o amor vira um sei lá... FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

R

oberto e Aline estavam sentados no sofá, quando algum locutor anunciou o início do jogo de futebol. Roberto levantou-se demoradamente e foi até a cozinha buscar uma cerveja, enquanto Aline continuou a dificílima página do caça-palavras que há dois dias jogava. Era domingo, e o homem não havia ainda tirado a bermuda do pijama, exibindo somente um físico de jogador de gamão e a preguiça tão corriqueira. A rotina parecia roubar-lhes as feições carregadas da felicidade de outrora. Estavam imóveis, um ao lado do outro, mas mais distantes que dois jovens apaixonados e separados pela imensidão do Oceano Atlântico. A moça resolveu quebrar a frieza: – Roberto, vamos ao cinema mais tarde? Ele olhou de esguio, como se surpreendido. Aumentou o volume da televisão e concomitantemente proferiu: – Sei lá... O “sei lá” incomodou. A expressão de dúvida não teve essa finalidade, mas a entonação fala mais que as próprias palavras – e, nesse caso, demonstrou desprezo pelo convite, uma insignificância na presença do outro. Soou mais como um: “fica quieta, estou vendo tele-

visão”. Ainda assim, Aline resolveu quebrar as amarras impostas pelo hábito: – Amor, vamos sair. Estou cansada de ficar em casa. Podemos passear na orla, como antigamente, ou tomar um sorvete. O que você prefere? O homem barrigudo coçou a barba, bocejou, olhou rapidamente a tela do celular, espreguiçou-se e respondeu: – Sei lá... A mulher franziu a testa, passou as mãos nos cabelos pretos e arregalou os olhos cor de jabuticaba. Saiu da sala e foi até o espelho de seu quarto. Lá, teve uma ideia. Fez poses, olhou de forma sensual como se estivesse ensaiando sua última grande cartada. Chegou à sala exibindo a nudez de seu corpo. Esta, tantas vezes revelada, não deixava de ser um dos seus bens mais preciosos. Começou a beijar o marido, fazia da boca uma ventosa a percorrer o corpo tão mal cuidado do homem que escolheu. Roberto estranhava, pois não era do feitio da mulher fazer aquilo. A postura agressiva, lasciva, denotando o controle por parte da mulher o aterrorizava. Pediu para ela sair. Aline chegou próximo da orelha direita dele e disse: – Vamos lá para o quarto? – Sei lá... – ele respondeu. E depois de uma pausa grande, continuou: – Você está muito estranha. Espera o jogo acabar que vou lá. Aline pulou maquinalmente das mãos do marido. Foi para o quarto chorando e de lá só saiu meia hora depois. Trajava um vestido vermelho, um batom ainda mais vermelho e

um olhar que misturava mágoa e vingança. Saiu de casa no carro do marido e só voltou de manhã. Roberto, insone, estava ensandecido: – Onde você estava? Com quem você estava? Estou sentido cheiro de cachaça misturado com perfume de homem. Aline sorriu. O batom borrado, o vestido amassado e os olhos de cansaço falavam por si. Deitou-se na cama, num mergulho, e retrucou: – O que você acha? Tire suas conclusões. O marido olhou-a com desprezo, que foi diminuindo pouco a pouco, e o desejo de tê-la já era o único que tinha em si. Beijou-lhe as mãos, e ela o afastou. Roberto olhou para a esposa e disparou: – Posso até te perdoar, mas quero saber se você me ama. – Não faça perguntas difíceis essa hora. Não sei o que quero. – Você me ama? – Sei lá... Até o amor tem sono, querido. Vamos dormir. Deixemos esse assunto para depois. Roberto apagou a luz, querendo, com todas as forças do seu ser, que o amor de Aline acordasse junto com ela, e não conseguiu dormir. **Médico formado pela Ufal, é alagoano de Maribondo e tem 26 anos. Residente em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, é autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela Editora Viva em 2014.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 30 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO DE 2015


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