Edicao898

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MINADOR DO NEGRÃO

RECONHECIMENTO

Prefeito eleito é alvo de ação de judicial por compra de voto P/12

EXTRA ALAGOAS ganha Prêmio Sincor de webjornalismo

extra

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www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVIII - Nº 898 - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

R 3,00

Estado falsifica matrícula de terra para expandir polo de Marechal Deodoro

Manobra envolve ex-governador Téo Vilela, procuradores de Estado, juiz Léo Denisson e Carph P/8 e 9

TATURANAS

Rombo completa 9 anos marcado pela impunidade

P/6 e 7

VELHO CHICO Mesmo ameaçado, rio não perde sua majestade

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MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

Sem esperança

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e depender da venda da Mapel (concessionária Volkwagen) para serem indenizados, os 10 mil trabalhadores do falido Grupo João Lyra vão ter que esperar muito tempo. Isto porque o único interessado na compra da revenda é também credor da massa falida e propôs fazer um encontro de contas. Com um passivo de R$ 31,4 milhões, a Mapel foi avaliada em R$ 42,7 milhões. Ocorre que a única proposta de compra foi feita pelo empresário paraibano Epitácio Dantas, dono do grupo JRCA Representações Ltda, que alega ter um crédito de R$ 47,4 milhões junto à massa falida. A compensação deve ser recusada pelos administradores judiciais, uma vez que a operação atropelaria os credores preferenciais, que são os trabalhadores. A Justiça deu prazo até 16 de dezembro para oferta de novas propostas, o que dificilmente ocorrerá. Sem capital de giro para tocar o negócio, a Mapel dificilmente sobreviverá, até porque foi duramente afetada pela crise do setor automotivo, que já fechou centenas de revendas país afora. De concreto, sobrará apenas o prédio-sede da concessionária, avaliado em R$ 26 milhões.

Fisco na bronca

Fiscais de tributos estaduais, técnicos de finanças e agentes controladores de arrecadação realizam nesta sexta-feira, 18, a partir das 8 horas da manhã, um café no hall de entrada da Secretaria da Fazenda, em protesto contra o congelamento dos salários das três categorias. Após o protesto, os servidores entregarão ao secretário George Santoro mais um documento ratificando a necessidade das atualizações salariais. No próximo dia 24 os fazendários voltam a se reunir em assembleia geral, desta vez com indicativo de greve.

Em erupção

Chega a ser revoltante o descaso da família Lyra com os ex-trabalhadores do império falido da Laginha. Em meio a impasses e adiamentos, sindicalistas de Minas Gerais perderam dinheiro com o cancelamento da viagem que fariam até Coruripe para a abertura dos envelopes com as propostas de compra das usinas Triálcool e Vale do Paranaíba. Os chefes dos executivos de Canápolis, Diógenes Borges e de Capinópolis, Dinair Isaac, além de membros de outras prefeituras, já vieram até Alagoas para tentar acelerar o processo de venda das usinas. Não deu certo! Enquanto isso, os sindicatos acalmam os ânimos dos ex-funcionários furiosos que dependem dos

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Prestígio zero

Com prestígio em baixa o exprefeito de Junqueiro, Raimundo Tavares, se movimenta para tentar assumir uma secretaria no Governo de Renan Filho. A aliança com a família Pereira quase enterra de vez a vida pública do ex-gestor, que já foi condenado na Justiça Federal por desvio de recursos públicos e que indicou o filho Neto Tavares para o cargo de vice-prefeito numa eleição disputada onde a diferença foram apenas três votos. Se depender dos conselheiros do Palácio o ex-prefeito não será nada.

EXTRA ALAGOAS vence Prêmio Sincor de Jornalismo Site e impresso se destacaram no evento O EXTRA ALAGOAS venceu uma categoria e foi finalista em outra no VII Prêmio Sincor de Jornalismo Alberto Marinho, evento realizado na noite da quarta-feira, 16, no Hotel Jatiúca, em Maceió. Com o foco no mercado de seguros, o Sindicato dos Corretores de Seguro do Estado de Alagoas (Sincor/ AL) premiou o jornalista José Fernando Martins, do site NOVO EXTRA, pela categoria Webjornalismo com matéria “Como o seguro viagem pode livrá-lo de preocupações”. Segundo Martins, o prêmio é um reconhecimento da nova fase do site. “Acredito que o diferencial da matéria foi inserir diversas mídias permitidas no online, como infográficos, fotografias, áudio e vídeo, além de um texto direto e rápido”. Já as jornalistas Vera Alves e Valdete Calheiros foram finalistas na categoria Jornal Impresso com as matérias “Responsabilidade Civil: seguro para cobertura de danos” e “Seguro Educacional”. A premiação é uma parceria do Sincor/AL com o Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas (Sindjornal).

Preferida

Se de um lado Raimundo Tavares tenta se reerguer politicamente do outro a herdeira política do exprefeito de Junqueiro vai caindo nas graças do povo. Morgana Tavares tem a preferência das irmãs Pauline – prefeita de Campo Alegre - e da deputada Jó Pereira para ser a voz ativa da união Pereira/Tavares. Na reforma administrativa que o governador Renan Filho deverá fazer a cúpula política dos Pereiras já decidiu que a indicada será Morgana Tavares.

Minguado

Ao que tudo indica o governo do Estado deve aprovar o orçamento mínimo para área da saúde, os 12% que prevê a Constituição. Já existem movimentações de setores da aérea que irão defender junto ao Palácio uma fatia maior do bolo orçamentário.

Casa nova

O deputado Ronaldo Medeiros deve mesmo fixar residência em Delmiro Gouveia. O motivo: Medeiros desbancou a hegemonia política da região, que tinha como líder Lula Cabeleira, e agora deve ficar mais perto do eleitorado fiel da região sertaneja.

(In)Justiça

No próximo ano o caso Taturana completa dois anos. A fase policial foi realizada com sucesso, mas na hora da justiça ser efetiva um sistema repleto de brechas põe fim a qualquer tentativa de celeridade. A sociedade anda cansada de tanta “impunidade parlamentar”.

Vaquejada

A vaquejada é considerada por muitos uma expressão cultural brasileira. Alguns amam e outros detestam. Um dos argumentos de quem a repudia é a crueldade para com os animais. A solidariedade é válida, mas tem soado como hipócrita em terras alagoanas. De uma hora para outra, o Ministério Público do Estado começou a lutar para coibir a vaquejada, um assunto levantado primeiramente pela Justiça do Ceará. Embora o trabalho seja válido, parece que tudo não passa de uma modinha “judiciária”.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

JORGE OLIVEIRA

A arrogância de um condenado Maceió - Ao trocar a suprema arrogância pela humildade depois de ter sido condenado a quase vinte nos de prisão, Marcelo Odebrecht decidiu mostrar ao juiz Sérgio Moro o mapa do desvio de 7 bilhões de reais que saíram do propinoduto da sua empresa para políticos e afins. Só o Lula, segundo a IstoÉ, meteu a mão em 8 milhões de reais, dinheiro que lhe foi entregue ao vivo e a cores pelo próprio empreiteiro. A Dilma, que agora tenta passar imagem de boa samaritana, é citada 16 vezes na delação do ex-presidente da Odebrecht, que foi ainda mais longe. Disse que ela pediu dinheiro para sua reeleição em 2014 e que o intermediário do caixa dois foi o ministro Palocci, já preso. É a maior delação premiada do mundo de uma empresa que fatura mais de 130 bilhões de reais e que durante anos deu as cartas no país. Não só Marcelo, mas também seus 80 executivos abriram o bico para o juiz Sérgio Moro e sua equipe que prometem, em contrapartida, aliviar a condenação de todos eles. Em compensação, Moro revela para o Brasil o maior esquema de corrupção de uma organização criminosa que se travestiu de partido político para assaltar os cofres públicos. Assustado com o volume de informações obtidas pelos procuradores da Lava Jato que o apontam como o chefe da bandidagem, Lula vociferou contra a Polícia Federal, Sérgio Moro e os procuradores, desafiando-os a mostrar provas da sua participação na quadrilha. Coisa de quem continua acuado. Marcelo Odebrecht chegou à Polícia Federal do Paraná arrotando prepotência. Imaginava que o dinheiro e o poder iriam comprar a consciência dos procuradores e do próprio Moro, como ainda é comum no Brasil. Antes de ser preso, conversou com a Dilma sobre o interesse que tinha na nomeação do ministro do STJ, Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, cuja tarefa, ao ser nomeado ministro do tribunal, seria soltar ele e seus comparsas, como denunciou o ex-senador Delcídio do Amaral. O tiro, entretanto, saiu pela culatra quando os próprios pares de Navarro no STJ desconfiaram da armação e bloquearam o habeas corpus que iria implodir a Lava Jato. Ao se sentir isolado, Marcelo ainda tentou enfrentar Sérgio Moro. Em alguns depoimentos tratou o magistrado com desdém, menosprezo. Achou que a fortuna, que comprou durante anos políticos e presidentes, dava-lhe o direito à impunidade e a confrontar os investigadores da Lava Jato. Por algum tempo não se deu conta de que enfrentava um lado até então desconhecido da justiça brasileira: um juiz e procuradores sem rabo preso que tinham como objetivo apurar o maior escândalo de desvio de dinheiro de empresas públicas. A ficha de Marcelo só caiu quando o martelo implacável de Moro desabou sobre a sua cabeça, condenando-o à prisão.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Os remédios

Homologação

Quando for homologada pelo ministro Teori Zavascki até o final deste mês, a delação de Marcelo Odebrecht não deixará pedra sobre pedra. Um dos alvos, como se saberá lá na frente, também é o BNDES que durante os mandatos do Lula e Dilma foi chefiado por Luciano Coutinho. Marcelo Odebrecht contou aos procuradores na delação que Luciano Coutinho e o ex-ministro Guido Mantega eram os intermediários das doações à campanha de Dilma em 2014 que tinham como caixa o BNDES.

Caixa dois

As empresas que obtinham financiamento do banco para obras no exterior eram obrigadas a fazer doações ao PT. Lula, o lobista de luxo da Odebrecht, já responde a processo sobre sua influência na liberação desses recursos, mas Coutinho e Mantega ainda conseguem sair de fininho da sala da corrupção até agora. É claro que Lula não agiu sozinho. A aprovação desses empréstimos no exterior teve a participação de Coutinho para liberar o dinheiro para Odebrecht que depois voltava para as campanhas petistas.

O roubo

O brasileiro é um cara pacífico, tolerante e, sobretudo, honesto. Talvez por isso ainda não se deu conta de que é roubado diariamente. É incapaz de se defender, de lutar pelos seus direitos quando é espoliado nas compras dos supermercados, nas farmácias, nas passagens aéreas, no transporte público e nas pequenas coisas do cotidiano. Não adere nem mesmo a um boicote para punir o empresário guloso e ganancioso.

Remarcação

O que vem acontecendo com os preços no Brasil é um crime contra a economia popular. Remarca-se os produtos nos estabelecimentos comerciais com tanta volúpia que é como se o país estivesse à beira da falência. Nos aeroportos então o reajuste dos preços beira o assalto. Por exemplo: paga-se por um pão de queijo (Casa do Pão de Queijo), no aeroporto de Brasília, R$ 6,00. Por uma água mineral também R$ 6,00, um suco de laranja (popa) R$ 10,00 e por um café pequeno (pingado) R$ 9,00, sem falar no sanduíche emborrachado de R$ 16,00 e do bolinho da casa R$ 7,00.

Mais caros

Os produtos aqui certamente são os mais caros do mundo. Quando comparados aos preços das economias dolarizadas e eurolizadas, mesmo assim ainda somos os campeões. O empresário aumenta os preços a seu bel prazer porque não existe um órgão competente do governo para combater a usura e a ganância. Em um país que mantém a inflação controlada, não se justifica que as máquinas da remarcação trabalhem freneticamente para subir exageradamente o preço dos produtos de primeira necessidade, a exemplo do que ocorria quando o país vivia sobre o impacto brutal da inflação até o surgimento plano real no governo de Itamar Franco.

Inutilidade

A Anac, agência de Aviação Civil – que deveria vigiar os aeroportos e o abuso das passagens aéreas - na verdade é um órgão ocioso. E quando atua é sempre a favor dos donos das companhias aéreas e dos aeroportos administrados por empresas privadas, como o de Brasília. Não se sabe até hoje de nenhuma medida da agência que teria beneficiado o consumidor. Não faz muito tempo, alguns de seus diretores foram flagrados burlando a lei para ajudar os empresários da aviação. Recebiam em troca passagens de cortesia e outros favores ilícitos para fechar os olhos para os aumentos abusivos dos bilhetes. Não se conhece uma ação da agência que teria beneficiado o passageiro. E quando este reclama das companhias não é ouvido. A agência virou um órgão burocratizado que só serve para empregar os apaniguados dos políticos que indicam seus diretores.

Outro abuso diário acontece com a compra de remédios. As farmácias trabalham normalmente com duas tabelas. Sem que o consumidor peça qualquer tipo de desconto, os preços já caem automaticamente desde que o cliente se submeta a fazer um cartão da rede. Caso contrário, ele é obrigado a pagar o dobro pelo remédio. Um farmacêutico não escondeu de mim a extorsão. Disse que o preço acima da tabela serve para remunerar o vendedor e a própria rede farmacêutica. O que excede do preço normal é dividido entre o patrão e o empregado em forma de comissão.

Mercados Nos supermercados a coisa não é diferente. Começa pelos produtos de má qualidade. Algumas empresas para não remarcarem os preços diariamente optam por reduzir a quantidade do produto, como vem ocorrendo com o leite e outras mercadorias. De uma forma ou de outra, o consumidor está sendo lesado. Como não tem para quem apelar, enxuga o orçamento e diminui nas compras para tentar sobreviver.

Ganância Os empresários agem como se o Brasil estivesse no mesmo nível da Venezuela, onde a inflação está fora de controle. É como se não existisse confiança no governo nem na sua política econômica. Os órgãos de fiscalização que punem essa prática danosa à economia popular estão inertes, assim como os políticos que não compram passagens aéreas e nem vão ao supermercado.

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GABRIEL MOUSINHO

Eleição complicada

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eleição para deputado federal vai ser uma das mais difíceis dos últimos anos. Com dinheiro escasso depois da Operação Lava Jato e a proibição pela Justiça Eleitoral de doações de empresas, quem não tiver bases sólidas feitas ao longo do tempo com certeza terá enormes dificuldades para se eleger. Dos deputados que estão aí, têm amplas possibilidades Maurício Quintella, Arthur Lira, Marx Beltrão, que está aposentando seu projeto de disputar o Senado, Givaldo Carimbão e Pedro Vilela. Os demais vão ralar o joelho para continuar na Câmara Federal. Ronaldo Lessa, Paulão e Cícero Almeida - que desce para disputar uma vaga de estadual - , vão ter que trabalhar muito, principalmente por que não conseguiram fazer nenhum prefeito nas últimas eleições. As composições e a engenharia política já começam a esquentar para 2018. Todos eles sabem que, para sobreviver em tempos de vacas magras, é preciso reinventar a política e apostar num futuro incerto.

Área de risco

O deputado Ronaldo Lessa, sem bases sólidas no interior do estado, vai enfrentar muitas dificuldades para se reeleger, embora já tenha seu nome consolidado na política local. Seus redutos na eleição passada foram frutos de composições para que ele não complicasse a eleição para governador, saindo como candidato. Recebeu apoio e se elegeu deputado federal. Agora, afora Maceió, onde ainda tem votos, Lessa não possui prefeitos eleitos com sua ajuda e isso dificulta sua reeleição.

Fica onde está

O deputado Marx Beltrão, que ampliou seu raio de ação, deve ficar mesmo onde está, ou seja, na Câmara Federal. Prefere não arriscar seu futuro político no momento, disputando uma candidatura difícil para o Senado da República.

Quem manda é Renan

No PSD, que Marx Beltrão comanda atualmente, quem manda mesmo é o senador Renan Calheiros, muito próximo a Gilberto Kassab. Basta lembrar da eleição passada, quando João Lyra era o presidente do partido. Ou JL iria para a coligação do PMDB apoiar o atual governador, ou perdia o PSD. João Lyra não contrariou Renan e o mesmo pode acontecer com Marx Beltrão.

Bola da vez

O deputado estadual Rodrigo Cunha deve topar uma candidatura a federal. Com o apoio de Rogério Teófilo, eleito prefeito de Arapiraca, Cunha deve ganhar musculatura eleitoral para ir para Brasília.

gabrielmousinho@bol.com.br

Reeleição garantida O desempenho do deputado JHC nas urnas como candidato a prefeito de Maceió praticamente garante sua reeleição para a Câmara Federal. JHC sairia com pelo menos 40 mil votos na capital, complementando a votação em Ibateguara, União dos Palmares e municípios adjacentes. Poderia, também, fazer uma composição para vice numa chapa majoritária.

Sem dinheiro

O custo de campanha em 2018, a exemplo da eleição passada, vai cair e muito por aqui. Quem tiver base política, se salva. Quem não tiver joga no escuro e pode ter grande decepção.

Força no Senado

Se não aparecer nenhuma candidatura que venha a atrair o eleitorado, as duas vagas no Senado serão disputadas por Renan Calheiros, Benedito de Lira e possivelmente Téo Vilella. Dos três pode vir dobradinha por aí, o que facilitaria a eleição de dois dos pretendentes.

Sem chances

Está cada vez mais distante uma dobradinha entre Renan Calheiros e Téo Vilella como aconteceu em épocas passadas. O posicionamento do PMDB e do PSDB contribui para isso. Hoje, embora não troquem farpas, Renan e Téo estão de lados opostos, o que começou com a disputa pela Prefeitura de Maceió.

Opção

Caso o prefeito Rui Palmeira seja candidato ao governo em 2018, o que tudo indica que será, Téo Vilela deve fechar um pacto para disputar o Senado junto com Benedito de Lira, ou seja, o primeiro e segundo voto. Renan, nessa eleição, ficaria órfão de nomes de peso, apostando no surgimento de outras lideranças que não lhe atrapalhem.

Esforço redobrado

O governador Renan Filho vai trabalhar dobrado para garantir sua reeleição e a do seu pai. Votar numa mesma eleição em dois Renans não será nada fácil na conjuntura política atual.

Irritação

O caso é sério

Pela primeira vez o PMDB pode perder a liderança eleitoral em Alagoas. Depois da derrota fragorosa em vários municípios chaves como Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Maragogi, Rio Largo, São Miguel dos Campos, Pilar, Piranhas, Marechal Deodoro e outros, o partido acendeu uma luz amarela para as eleições Os puxa-sacos do governador andam es- de 2018. tressados com a reação do chefe depois das eleições para prefeito de Maceió. Renan não deve perdoar a acomodação O deputado da turma durante a campanha de Cícero Sérgio ToleAlmeida. A vitória de Ciço era uma ques- do está com a corda toda tão de honra para o governo do Estado para desempara trabalhar mais sossegado com barcar na Câvistas às próximas eleições. mara Federal. Fiel aos seus redutos eleiRui Palmeira também deverá fazer torais, Toledo alguns ajustes pontais na sua equipe. Mas manterá a base que trabalhou duro, é pule de 10 nas próximas tanto na administração da Prefeitura eleições e tem aumentado o de Maceió, como durante a campanha seu poder de fogo em outros eleitoral. municípios. O senador Renan Calheiros surpreendeu até os amigos mais íntimos com as declarações agressivas contra o prefeito Rui Palmeira tão logo foram encerradas as eleições. Este nunca foi o comportamento do senador, se atribuindo aos problemas que ele vem enfrentando em Brasília e suas perspectivas políticas para 2018.

Aguenta Zé

Sai da frente

Ajustes

Burrice não tem perdão

Agredir o reitor do Cesmac, ex-político de sucesso João Sampaio na campanha eleitoral, foi talvez um dos maiores pecados dos marqueteiros de Cícero Almeida. Se já vinha perdendo votos no Guia Eleitoral com agressões desnecessárias, despencou ainda mais quando agrediram João Sampaio.

Trégua

Tanto o governador Renan Filho como o prefeito Rui Palmeira deram uma trégua nas discussões políticas. Tiraram dez dias de férias cada um para renovar as baterias e voltar com mais fôlego para retomarem as ações já olhando para 2018.


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MPF ainda não denunciou deputados pelo desvio de quase R$ 1 bi

TATURANAS

NOVE ANOS DEPOIS, INVESTIGAÇÕES DO MAIOR ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO DA HISTÓRIA ALAGOANA CAMINHAM PARA A IMPUNIDADE ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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restes a completar nove anos, a Operação Taturana ainda não se transformou em denúncia através do Ministério Público Federal e o tempo vem ajudando deputados, exdeputados, servidores da Assembleia Legislativa e funcionários de bancos envolvidos na fraude a ficarem na impunidade. E não é um crime qualquer. E sim o maior desvio de dinheiro público da história de Alagoas, em um dos lugares mais pobres do mundo, escândalo de corrupção que é pauta obrigatória dos jornais em quase uma década e, mesmo assim, sem que nenhum dos réus esteja preso por terem subtraído quase R$ 1 bilhão da folha de pagamento da Assembleia, em valores atualizados. “Realmente, a sociedade alagoana deseja ver um fim desse processo. Para nós do Ministério Público não é diferente, temos trabalhado para isso e estamos contando com empenho renovado para que chegue ao seu final”, disse o promotor José Carlos Castro, um dos três (os outros são Karla Padilha e Jamyl Amil) que na última quarta-feira (16) ouviu 16 testemunhas convocadas pelo MP. No próximo dia 30, será a vez dos réus comparecerem ao Núcleo de Improbidade do Tribunal de Justiça: os deputados Antônio Albuquerque (PTB), Edval Gaia (PSDB), Cícero Ferro (suplente), os ex-deputados Nelito Gomes de Barros e Maurício Tavares. Além do ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas, afastado pelo Superior Tribunal de Justiça, Cícero Amélio. “Em relação a crimes, isso está sendo tratado no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Importante que a sociedade saiba que cabe ao Ministério Público Federal e STF cuidar destas ações no âmbito penal, que também entendemos necessária a punição desse âmbito criminal. O Ministério Público Federal sequer apresentou a denúncia deste caso, o que é preocupante realmente”, disse o promotor Carlos Castro. Instado a falar do assunto, até o fechamento desta edição, o MPF não tinha encaminhado posição sobre a declaração do promotor do MP alagoano.

Antônio Albuquerque

Edval Gaia

Cícero Ferro

Nelito Gomes de Barros

Maurício Tavares

Cícero Amélio


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Depoimentos de testemunhas são mantidos em segredo

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inda estão guardados, sob segredo, os depoimentos das testemunhas na última quarta-feira (16). Mas, o MP declarou após as nove horas de trabalhos que elas confirmaram o esquema na Assembleia. E a julgar por esta declaração, é possível saber que houve dois principais depoimentos: Luiz de Gonzaga Mendes de Barros e Alari Romariz, servidores mais antigos da Assembleia e que conhecem, como poucos, os corredores da Casa de Tavares Bastos. No inquérito final da Operação Taturana, Mendes de Barros seguiu a própria tradição, conhecida em todo o Brasil na campanha de Fernando Collor à Presidência da República: chamado de marajá por Collor, Mendes de Barros respondia com acusações, ironias e deboches.

Mendes de Barros

Dizia sempre o quisesse, sem papas na língua. Não foi diferente ao abrir o verbo no relatório final, ainda nos depoimentos para a Polícia Federal: uma folha de pagamento onde se pagava uma gratificação sem incidir o pagamento do imposto de renda e INSS;

Alari Romariz

pagamentos em cheque, o que “facilitaria as fraudes”; a existência de uma folha paralela de pagamento, chamada folha108 “onde eram pagos salários que atingiam até R$7.500,00; QUE tal folha 108 não possuía fundamento legal, isto é, não havia legislação que criava o cargo,

tampouco lotações, mas apenas uma lista de pessoas vinculadas a 10 (Dez) Deputados Estaduais nessa legislatura e 14 da legislatura anterior ; QUE há também um número de nomes que são indicações da própria mesa diretora, isto é, não são vinculados diretamente a Deputados Estaduais mas sim a própria mesa diretora;(...)”. O presidente da Casa a que se refere era Antônio Albuquerque, chamado de líder da organização criminosa e que hoje move ações na Justiça contra o EXTRA tentando calar o jornal. NÓ CEGO A Operação Taturana virou hoje um emaranhado de processos com milhares de páginas cada um e sem uma definição exata do quê vai acontecer com cada um dos réus. Apenas na justiça alagoana tramitam seis processos. Um de-

les volta à pauta do TJ no dia 28 de novembro. É o único que tramita na segunda instância do tribunal. Está na 3ª Câmara Cível e a análise foi adiada quatro vezes. Hoje, acumula 15 mil páginasquase todas com documentos anexados pelo Ministério Público Estadual. Chegou a virar uma das estrelas da campanha eleitoral. Porque nele está o candidato derrotado e deputado federal Cícero Almeida (PMDB), principal oponente de Rui Palmeira (PSDB) na disputa pela reeleição. Além de Almeida, Nelito Gomes de Barros, Cícero Amélio, os ex-deputados João Beltrão, José Adalberto Cavalcante, Maria José Viana, Celso Luiz (que se elegeu prefeito de Canapi e foi afastado do cargo em outro escândalo de corrupção) e os deputados federais Paulão (PT) e Arthur Lira (PP).


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Estado é acusado de fraudar matrícula de terreno

IMBRÓGLIO NO POLO JUSTIÇA “SEGURA” PROCESSO DE AGRICULTOR QUE DESDE 2000 PLANTA EM FAZENDAS ALVO DE EXPANSÃO INDUSTRIAL EM MARECHAL DEODORO VERA ALVES veralvess@gmail.com

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m verdadeiro imbróglio judicial envolvendo 135 hectares de duas fazendas na área do polo industrial de Marechal Deodoro se arrasta há pelo menos três anos. Trata-se de uma disputa entre o Estado e o agricultor Jorge Florentino dos Santos que há 16 anos planta cana-de-açúcar nas fazendas Porto Alegre e Calmo, as fornece para a Usina Santa Clotilde e tenta provar na Justiça que a área foi desapropriada de forma ilegal pelo governo. A área em litígio pertencia à extinta Companhia de Desenvolvimento de Alagoas (Codeal) que a repassou para um grupo de exfuncionários para quitação de débitos trabalhistas. O problema é que o Estado desapropriou a área usando para isto uma matrícula imobiliária forjada, num conluio que teria envolvido o Cartório de Registro de Imóveis de Marechal Deodoro, a Procuradoria Geral do Estado e a Comarca de Marechal. E foi com esta falsa matrícula, de número 2.486, que uma das empresas instaladas no hoje denominado Polo Multifabril José Aprígio Vilela – a Indústria de Cimentos de Alagoas Ltda (Cimento Zumbi) – apresentou a escritura do terreno como garantia de empréstimo junto ao Banco

do Nordeste. A certidão cinquentenária fornecida pelo próprio cartório de Marechal atesta que a área em disputa é matriculada sob o número 8 e pertence à Carhp. Não há qualquer registro de averbação de que ela tenha sido desmembrada e entregue ao Estado que, desta forma, jamais poderia tê-la desapropriado a não ser que houvesse pago indenização. O Estado não pagou indenização e em 2013 entrou com ação de reintegração de posse contra Jorge Florentino, acusando-o de esbulho (ato pelo qual o possuidor se vê privado da posse, violenta ou clandestinamente, e ainda por abuso de confiança). Titular da única Vara então existente em Marechal (hoje são duas), o juiz Léo Denisson Bezerra de Almeida deu ganho de causa ao governo e em liminar determinou que o agricultor deixasse as terras. Investigado por suspeita de venda de sentenças e afastado das atividades juridicionais por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Léo Denisson ignorou a denúncia de falso documento e levou apenas 9 dias para a decisão, mas não teve a mesma celeridade na ação de usucapião movida pelo agricultor que deu entrada na Comarca a 13 de março de 2012. No processo de número 0000327-59.2012.8.02.0044 o

Vista aérea da área em disputa e que abriga, dentre outras empresas, a Pointer

Léo Denisson ignorou denúncia de documento forjado

primeiro despacho do juiz data de 20 de março de 2012, determinando a correção do valor da causa (apresentado pelo agricultor como de R$ 5 mil). A 17 de setembro de 2013, ele noticia o desaparecimento dos autos e determina que em 5 dias o autor apresente a documentação necessária para restauração do processo. Um dia depois, contudo, reafirma a necessidade de correção do valor da causa e a 30 de setembro intima a Carhp “para exibição das cópias, contrafés e mais reproduções dos autos e documentos que estiverem em seu poder” também no prazo de 5 dias. Novo despacho somente em 15 de maio de 2015 e para informar às partes sobre a virtualização do processo. A ação somente voltou a ter movimentação no dia 16 de agosto deste ano e pelo juiz Hélio Pinheiro, logo após assumir como titular da 2ª Vara Cível de Marechal e que, em correição, determinou a organização das páginas do processo em ordem cronológica.


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TJ também ignora incidente de falso documento

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juiz Léo Denisson não foi o único a fechar os olhos para a denúncia de documento forjado que envolve a valorosa e disputada área das fazendas Porto Alegre e Calmo. Relator da ação de reintegração de posse movida pelo governo, via Procuradoria Geral do Estado, o desembargador Tutmés Airan também ignorou o incidente de falsidade argumentado por Jorge Florentino no agravo de instrumento 0802287-34.2013.8.02.0900 através do qual o agricultor recursou contra a decisão de conceder ao Estado a posse da área. O agravo foi julgado no dia 4 de novembro do ano passado, tendo sido negado pelo TJ com base no parecer de Airan, que, em determinado trecho, afirma: “Apenas a título elucidativo, ressalto que,

Caso vai parar no CNJ

Agricultor aguarda há um ano por parecer de Tutmés Airan

com relação ao incidente de falsidade proposto pela parte agravante nos autos da ação rescisória, proferi decisão extinguindo o pedido sem resolução do mérito, com base no art. 267, VI, do CPC e revoguei a suspensão da ação rescisória, bem como a realização de exame pericial, por ausência de interesse de

agir, uma vez que o citado incidente de falsidade não trata de documento necessário à resolução do mérito da ação principal (rescisória)”. Jorge Florentino entrou com embargo de declaração contra esta decisão no dia 20 de novembro do ano passado, mas decorrido um ano, o recurso ainda não foi julgado.

Os advogados que representam o agricultor Jorge Florentino estão decididos a levar o caso da disputa que envolve as fazendas Porto Alegre e Calmo ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) diante do que se pode chamar de postura tendenciosa da Justiça, sobretudo diante da insistência em negar as provas documentais que atestam que as matrículas em que estão localizadas algumas das empresas do Polo Multifabril José Aprígio Vilela, dentre elas a Pointer, pertencente ao Grupo Portobello, foram forjadas. O caso, aliás, já está no CNJ. Trata-se de uma Representação Disciplinar contra o juiz Léo Denisson e o presidente afastado do TJ

desembargador Washington Luiz Damasceno, de número 0005387-64.2016.2.00.0000, e protocolada no colegiado no dia 3 de outubro. Washington Luiz está afastado de suas funções desde o dia 28 de junho deste ano por determinação do CNJ que investiga uma série de acusações contra ele, dentre as quais a de favorecimento ao também afastado prefeito de Marechal, Cristiano Matheus, seu exgenro. Matheus também é citado na RD que envolve a disputa das fazendas, além do ex-governador Teotonio Vilela, em cuja gestão teria se dado o suposto conluio para tirar o agricultor Jorge Florentino da área.

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Investimentos para educação em Alagoas podem ser cortados

ORÇAMENTO 2017

DEPUTADO QUESTIONA PRIORIDADES DO GOVERNO DO ESTADO JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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as últimas duas semanas foi exaustivamente divulgado que a Assembleia Legislativa do Estado discutiria com a sociedade o Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) durante audiência pública, mas o que se viu foi uma plenário da Casa “esvaziado”, a despeito da relevância do tema para sociedade no ano de 2017. É durante as discussões que surgem críticas e sugestões para o aprimoramento de áreas estratégicas para o governo do Estado, como educação, saúde, infraestrutura e segurança pública. O Projeto de Lei Orçamentária Anual está orçado hoje R$ 10,242 bilhões. Vale lembrar que dentro desse valor devem ser respeitados os índices constitucionais mínimos no que diz respeito aos investimentos em saúde e educação: 12% e 25%, respectivamente. No atual projeto de LOA, o Estado está destinando o mínimo para Saúde, os 12%, além de R$ 92 milhões do Fundo de Erradicação da Pobreza que será destinado para pasta. A lei veda, no cálculo dos percentuais mínimos a serem destinados à saúde, a inclusão de

gastos com merenda escolar, saneamento básico, limpeza urbana e preservação do meio ambiente. Já a educação tem como perspectiva a aplicação de 26,89% que resultará num montante de R$ 755.126.542,00. No exercício de 2016, a destinação para área foi de R$ 840.569.251,00. Se a Lei Orçamentária Anual for aprovada como está no projeto a Secretaria Estadual da Educação sofrerá um redução de R$ 85 milhões em seu orçamento. O fato gerou a indignação do deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB), que aproveitou a audiência pública para se posicionar. “Uma das mais importantes pastas, onde atualmente existe uma grande carência e deficiência, precisa ser vista com mais atenção. O orçamento precisa ser revisto em diversos pontos, mas chamo a atenção de todos, principalmente do poder público, para este número em especial. Não estamos, no final, lidando só com recursos, mas com a vida e educação de crianças que podem mudar o quadro da nossa sociedade”. O parlamentar lembrou que Alagoas apresenta, historicamente, os piores índices de educação e é preciso que o go-

Rodrigo Cunha denuncia perda de R$ 85 mihões para a área da educação

verno do Estado priorize as áreas mais importantes e que atingem diretamente a população. “Essa redução de investimento é inaceitável para quem quer revolucionar a educação no estado. É dessa forma que o governo mostra quais são suas prioridades?”, destacou o deputado. Por fim, o tucano ainda expôs que haverá aumento de mais de R$ 6 milhões no Gabinete Civil, e mais de R$ 4 milhões na comuni-

cação para 2017. “É uma questão de prioridade. A Lei Orçamentária Anual mostra o que é importante para o governo”. A Comissão de Orçamento, Finanças e Planejamento da Casa de Tavares Bastos é presidida pelo deputado Inácio Loiola (PSB). O parlamentar acredita que em 15 dias o Projeto de Lei Orçamentária Anual deve estar habilitado para ser votado no Plenário.

Dos 27 parlamentares com assento na ALE, além de Rodrigo Cunha e Inácio Loiola, só marcaram presença na audiência pública que discutiu o orçamento do Estado para 2017 os deputados Isnaldo Bulhões (PMDB), Francisco Tenório (PMN), Ronaldo Medeiros (PMDB), Rodrigo Cunha (PSDB), Galba Novaes (PMDB), Leo Loureiro (PPL) e a deputada Jó Pereira (PMDB).


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Prefeito eleito é flagrado “comprando” voto

MINADOR DO NEGRÃO

ÁUDIO TAMBÉM INCRIMINA VICE-PREFEITO ELEITO E UM CANDIDATO A VEREADOR

DA REDAÇÃO

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iteralmente dominado pela família Ferro há vários anos, Minador do Negrão é mais um município alagoano que corre o risco de não ter seu prefeito eleito empossado no dia 1º de janeiro de 2017. É que, tal qual em outras cidades, o vitorioso do pleito de 2 de outubro é alvo de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral por compra de voto. A denúncia levada à Justiça pela coligação do candidato derrotado Josias Soares da Silva (Josias Aprígio, do DEM) tem como principal prova uma gravação de áudio envolvendo Gleysson Cardoso Ferro (PMDB), então candidato a prefeito, seu vice José Emílio Tenório Barros e o candidato a vereador Ivan Terto de Oliveira. O áudio registra a conversa entre os três denunciados e Francisco Antônio de Oliveira, um morador do Sítio Jiquiri, zona rural de Minador do Negrão. Nele há desde a promessa do pagamento mensal de R$ 200 e atendimento médico à disponibilização de um trator para arar a terra

Gleysson Cardoso, em foto de cartaz de campanha, e a transcrição do áudio entregue à Justiça Eleitoral

onde reside o eleitor, ações que caracterizam abuso de poder econômico e captação de sufrágio (voto), crimes previstos na legislação eleitoral. O caso, agora, está sob responsabilidade do juiz John Silas, titular da 46[ Zona Eleitoral.

Eleito com 50,10% dos votos válidos, Gleysson Cardoso é sobrinho da atual prefeita de Minador, Maria Socorro Cardoso Ferro (PSDB), e foi secretário de Transportes do município na gestão da tia, tendo sido posteriormente substituído por Ricardo Cardoso Ferro, também sobrinho

da prefeita. O nepotismo, aliás, é praticado de forma escancarada no município. Além de derrotar Josias Aprígio, Gleysson impôs um dos maiores vexames eleitorais ao suplente de deputado estadual Cícero Ferro (PRTB), que conseguiu apenas 556 votos nas eleições de

2 de outubro, o equivalente a 15,21% dos cotos válidos. A família Ferro é conhecida em todo o estado pela violência dos palanques e protagonizou há até poucos anos episódios sangrentos na disputa pelo poder. O próprio Cícero Ferro foi alvo de emboscada e conseguiu sobreviver.


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Invasões e ameaças marcam trajetória do jornal

18 ANOS DO EXTRA

ATÉ VODU (MACUMBA) FOI FEITO PARA “BARRAR” O SEMANÁRIO MAIS VENDIDO EM ALAGOAS DA REDAÇÃO

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undado em 1998, o EXTRA Alagoas tem resistido a ameaças, invasões, processos e uma gama de empecilhos que só um jornal feito por gente destemida e corajosa é capaz de resistir e atingir a maior idade. E no ano em que completa 18 anos, a equipe buscou resgatar algumas passagens “esquecidas” ou que não foram contadas ou censuradas. Esta semana, o leitor vai reviver ou conhecer um pouco da nossa história e assim ficar por dentro dos bastidores do EXTRA. Sem necessariamente seguir a ordem cronológica, ainda porque em alguns casos não há registro escrito, ou por lapso de memória, um episódio que foi noticiado, à época, e que teve como testemunha ocular três jornalistas e a secretária do EXTRA foi o de um deputado estadual que invadiu com arma na cintura a redação do jornal, ameaçando um jornalista. A ação provocativa aconteceu em janeiro de 2000. A fúria do parlamentar se devia a uma publicação polêmica, na edição de 20 a 26 de dezembro de 1999, que revelava que políticos, empresários e magistrados alagoanos eram citados como suspeitos na CPI do Narcotráfico. Em outras reportagens foram relatados o clima de medo na cidade natal de Cícero Ferro, o então deputado raivoso, no agreste alagoano. Lá, as pessoas eram ameaçadas

caso não comungassem da mesma opinião da autoridade, inclusive brigas e mortes entre parentes faziam parte da rotina interiorana. ARMA À VISTA Como teve sua vida pregressa exposta, o deputado decidiu resolver a questão à força, como costumava fazer sempre que contrariado. E na manhã do dia 11 de janeiro de 2000, por volta das 10 horas, ele chegou à redação do EXTRA, que ficava no 2º andar do edifício Maceió Mall, na Avenida Dona Constança, no bairro da Jatiúca, na capital alagoana. De revólver na cintura, [o deputado] entrou bruscamente na redação do jornal e ficou diante do jornalista autor da matéria que estava sentado junto à mesa da recepção. Sem medir palavras, literalmente “esfregou” o EXTRA na cara do repórter e disse palavras impublicáveis. Depois, ordenou: “Escreva aí que tudo o que você falou é mentira, que sou um médico respeitado, que primo pela vida, e ninguém vai denegrir minha imagem, trate de me respeitar seu cabra”. Cabisbaixo, a cada ordem que ele dava, o jornalista (homem alto, forte, corpulento e no auge de seus 40 e poucos anos) apenas balançava a cabeça e balbuciava “Sim senhor”. E a “tortura” psicológica durou alguns intermináveis minutos ou segundos. Com o coldre à mostra, Cícero Ferro apontava para a pistola e dizia que estava

Manchete de janeiro de 2000: jornalistas denunciam ameaça feita por Cícero Ferro a repórter do EXTRA

Prima de Cícero Ferro apoia jornal e se diz indignada com ação

com um chicote e que não era homem para mandar fazer. Além da ameaça, seus “meninos” (assessores) se dividiram em grupos. Alguns subiram e ficaram junto à porta do jornal e outros na parte térrea do prédio. Deu o recado, foi embora. O jornalista respirou aliviado e apenas conseguiu falar: “Que susto, achei que seria a próxima

vítima”. Os que assistiram à cena, aliás, ouviram as ameaças, na sala ao lado, também agradeceram pela vida. O clima era de choque e ninguém sabia como agir. Passado o perrengue, o fato foi denunciado aos órgãos competentes, e na próxima edição do semanário a cara do deputado estava estampada. Dessa vez, como invasor do jornal. As notas de repúdio e apoio vieram de

todas as partes. Antes, porém, bem no início do EXTRA, então gerido por uma cooperativa, o governador da época, tido como coronel, invadiu o escritório de um cooperado - onde funcionava a sede do jornal - e ameaçou o jornalista que tinha feito matéria sobre ele e o deixara enraivecido. Assim, chegou ao local, deu seu recado, quebrou alguns objetos e foi embora. Nada demais para quem sempre foi acostumado a agir dessa maneira com seus desafetos se a vítima não fosse um jornalista do EXTRA. O episódio deu o que falar e em pouquíssimo tempo de funcionamento, o semanário já mostrava a que veio. Esta foi a primeira vez que a redação foi invadida por desafetos do EXTRA.


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Um “despacho” na encruzilhada Mas nem só de invasões o jornal foi vítima. E o que dizer do período em que o EXTRA funcionava em um casarão no bairro do Farol. A sede do jornal ficava em um cruzamento bastante movimentado. A redação efervescia e muitas denúncias vinham à tona. Dessa vez, não se sabe quem foi o autor, até se tentou descobrir. Certo dia, quando a equipe chega à redação, se depara com um “despacho” na encruzilhada. Como não tinha o nome escrito para quem era o vodu, houve quem esquecesse a maldição e pegasse os cigarros e a cachaça para uso próprio. Outros, porém, fizeram o sinal da cruz e se negavam a passar junto a “macumba”. Os fatos bizarros aconteceram em várias épocas do EXTRA. Em 2010, um grupo de juízes recém-concursados invadiu a redação do jornal, já então localizada no bairro do Poço. Como o espaço é pequeno, alguns ficaram fora da sala, porém com a mesma raiva. Tal fato aconteceu após a publicação de matéria que noticiava que um desembargador mandara nomear candidatos aprovados no concurso da Procuradoria Geral do Estado, inclu-

sive uma enteada do magistrado. O estranho é que alguns foram eliminados e mesmo assim acharam brechas para serem beneficiados. A turma, possessa, chegou à redação e procurou o editor proferindo insultos e afirmando não haver irregularidades em suas nomeações. Como não o encontraram, deram seu recado e foram embora. Na edição seguinte, o seminário foi “obrigado” a publicar “retratação”, pois a Associação Alagoana dos Magistrados (Almagis) e Tribunal de Justiça negaram que os filhos dos juízes tenham sido beneficiados, como o EXTRA havia publicado. Houve ainda ameaça de processo e multa caso descumprisse decisão. As câmeras do edifício registraram a “invasão”, mas como se tratava de Justiça, a injustiça prevaleceu e ficou “por isso mesmo”. Mas uma desembargadora na época, que votou contra a pretensão de um candidato beneficiado na “lista de aprovados”, alertou aos colegas sobre as consequências. “Isto vai acabar nas páginas do EXTRA e vocês se preparem para dar explicações à sociedade”.

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Semanário usa tarja contra censura de Lessa Nos 11 anos do EXTRA, um outro fato chamou a atenção. Com a manchete “PF aperta cerco contra Lessa”, a capa totalmente preta (forma que o jornal achou para protestar) trazia uma tarja com a palavra “censurado” e em seguida “a pedido de Ronaldo Lessa”. Essa foi uma das edições que mais vendeu. Não adiantou muito a censura. Anteriormente, o jornal tinha noticiado “Lessa enrolado na condição de fichasuja” e, em outra edição: “PF aperta cerco contra Lessa”. As tentativas de barrar o EXTRA se deram de várias maneiras ao longo destes 18 anos de labuta. Também merece registro a de um deputado estadual que sempre esteve nas páginas do jornal, tudo graças a sua vida pregressa. Mas embora todas as denúncias procedessem, a autoridade se achava “perseguida” e processos, ameaças verbais e outros insultos eram constantes contra o semanário. Cansado das tentativas frustradas de evitar aparecer nas

Mesmo sob censura, o jornal não deixou de denunciar a arbitrariedade

manchetes, fez a proposta “indecente” de “contribuir com R$ 30 mil mensais” e não se falava mais nisso. Ledo engano. A propina não foi aceita e o assunto ainda foi pauta para próxima edição. E assim, já são 18 anos de um jornalismo sério, que não se dobra ao poderio e sempre pautado em defesa da sociedade. Longa vida ao jornal EXTRA. Que venham mais infinitos anos.


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Bancos de areia e pedras são visíveis no leito do Rio da Integração Nacional

Dunas de Piaçabuçu encantam visitantes por sua beleza e imensidão

Assoreamento do Rio São Francisco preocupa população de Penedo

VELHO CHICO

RIBEIRINHOS LEMBRAM PERÍODO DE ABUNDÂNCIA DE ÁGUA E TEMEM DIAS PIORES MARIA SALÉSIA / TEXTO E FOTOS

sallesia@hotmail.com

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uem visita Penedo, cidade histórica às margens do Rio São Francisco, fica estarrecido com o cenário degradante do Rio da Integração Nacional. O assoreamento acontece em todo o seu percurso, mas por lá as consequências são mais visíveis. Não precisa se aproximar muito para notar os bancos de areia e pedras no leito do Velho Chico. O problema atrapalha ainda a principal atividade dos ribeirinhos: a pesca. Para os moradores, acostumados com a abundância de água, efervescência de pessoas nas embarcações e fartura do pescado, a preocupação é ainda maior. O reflexo da situação não é nada animador e implica em problemas inclusive para as embarcações chegam a ficarem “ilhadas” ou têm suas hélices quebradas no reboco de areia. “Para nós, acostumados a tomar banho no rio e ver a imen-

sidão das águas e o vai e vem de embarcações, pessoas, pescados é muito triste assistir a tudo isso”, comparou a diretora da Radio Penedo FM 97.3, Marta Martyres. A travessia de turistas ou até mesmo de moradores que vivem do outro lado do rio já está ameaçada. O transporte fluvial tende a ser coisa do passado e o rio pode ficar inavegável, o que todos torcem para que nunca aconteça. Mas a ausência de chuvas, além da poluição e desmatamento das margens do rio e a vazão praticada atualmente contribui para o caos na navegação do rio. O problema é caso de estudo e divide opiniões. No artigo “Meu Velho Chico um rio pede socorro”, de Andrea Zellhuber e Ruben Siqueira, publicado em 2009, os autores retrataram a força do Velho Chico. Em um trecho do documento, eles esclarecem que “O Rio São Francisco, pode-se dizer, é um milagre da natureza, pois faz o capricho de correr ao contrário e se estende do Sul mais baixo para o Norte mais alto, devido

à falha geológica denominada ‘depressão sanfranciscana’. Isto o torna muito vulnerável, pois a declividade (média 7,4 cm por km) na maior parte de sua extensão, justamente a que recebe poucos afluentes, favorece o desbarrancamento e o assoreamento”. Mais romântico, porém com mesma preocupação, Ariano Suassuna escreveu certa vez que “Quando o Brasil quer se reencontrar ele precisa voltar ao Vale do São Francisco”. ENCONTRO COM O MAR, ATRATIVO À PARTE O encontro das águas do Velho Chico com o mar, em Piaçabuçu, Alagoas, faz esquecer toda degradação que o rio tem passado nas últimas décadas. O cenário paradisíaco, moldurado por dunas douradas, formando um delta com coqueiros e lagoas de águas azuis leva o visitante a entrar em êxtase. O passeio à foz é feito em barcos, grandes ou pequenos, e não foi diferente com o grupo que a reportagem acompanhou no do-

mingo, 6, de novembro. Carlos, Zenith, Fernando, Ana Flávia, Nuno, Lucas, Juliana, Willames, Ângela, João Neto, Eleneida, Chistiano, José Ronaldo, Salésia, Gilberto, Rebeca e Lena partiram de Piaçabuçu naquela manhã ensolarada em encontro ao mar e as dunas. No caminho, a paisagem encantadora e a mansidão das águas do Velho Chico, em certos momentos contrastava com o barulho das pessoas que passavam em grandes embarcações. Com olhares fixos, foi possível flagrar a elegância das garças na margem do rio, o aceno dos ribeirinhos com um sorriso largo no rosto, o farol abandonado, mata ciliar e lugarejos com seus encantos e histórias contadas pelo guia Fernando. Além do que a trilha sonora composta praticamente por músicas reverenciando o São Francisco permitia dar asas à imaginação. Mas a emoção maior foi no momento do encontro das águas. O sentimento é incomparável, contagiante. Só estando lá para sentir. E neste ambiente mágico,

um fato não passou despercebido e foi motivo de descontração. Um grupo tomava banho na margem do rio e um pouco afastado, um menino, de 4 ou 5 anos, em sua inocência, fazia xixi. Ao descobrir que estava sendo observado pelo grupo, apenas acenou com a outra mão e sorriu. Todos sorriram juntos e o Velho Chico seguiu seu rumo conduzindo seus admiradores e com mais uma história para contar. E como “a natureza não tem pressa, segue seu compasso”, a próxima parada foi nas dunas de Piaçabuçu. O lugar é paradisíaco, com coqueiros e areia fina e quente. Apesar de estacas fixas nas dunas, o que tira um pouco da beleza do lugar e preocupa ambientalistas, tem ainda a opção de se banhar nas águas do Velho Chico. Mas quem preferir pode ficar na embarcação, ou comprar artesanato por lá ou se perder na imensidão das dunas. De volta, tem a opção de desbravar a outra margem do rio e se deliciar com frutas da terra, melancia e abacaxi, cortesia da “casa”.


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Assoreamento do Velho Chico, em Penedo, pode prejudicar navegação

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Na foz: encontro das águas do rio com o mar encanta turistas

Navio Comendador Peixoto ressurge das águas

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endas, coisas que ouvi dizer, histórias de pescador, carrancas e outros assuntos fazem parte da história do São Francisco. Mas o navio Comendador Peixoto é uma daquelas pérolas da navegação que mesmo deixando de ter vida útil nunca são esquecidos. E graças ao baixo volume de água no Rio São Francisco o Comendador Peixoto ressurge das águas, décadas após ficar no fundo do rio. A embarcação, que viveu seu apogeu na década de1950, nos anos 1960 naufragou no porto de Penedo. Diz a história que o navio a vapor foi construído na Inglaterra para navegar no Rio Amazonas e foi incorporado à cidade de Penedo pela Companhia de Navegação Peixoto, passando a fazer parte da navegação do Baixo São Francisco, interligan-

do o porto de Penedo até Piranhas. Segundo moradores da época, nas festas do Bom Jesus dos Navegantes o navio Comendador Peixoto era uma grande atração no cenário das águas. Era ele que nas procissões do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, acompanhado das canoas de toldas, levava a imagem do Santo Padroeiro dos pescadores. Mas seu afundamento se deu devido a furo no casco, “no lado esquerdo da embarcação - sentido popa/proa - por onde houve uma grande penetração de água fazendo-o adornar para o lado do rio e afundar”. No entanto, há quem diga que os proprietários resolveram se desfazer do hotel porque estava ultrapassado.

Catamarãs e barcos transportam centenas pelas águas do rio

VIAGEM DO GOVERNADOR O Comendador contava com camarotes e alas de passageiros. Ainda tinha espaço reservado para carga. E nesta época da pujança do Penedo desenvolvido, a embarcação tinha papel fundamental. Inclusive, serviu de abrigo por alguns dias para o então governador de Alagoas, Luís Cavalcante, e uma equipe de médicos, assistentes sociais, enfermeiros, fotógrafos entre outros profissionais. A equipe saiu de Piranhas pelas águas do Velho Chico atendendo a população ribeirinha que ficava do lado de Alagoas. A expedição terminou em Penedo com uma grande festa promovida pelo major Luís, como era conhecido o governador. Segundo o repórter fotográfico José Ronaldo, que fez parte da comitiva, quando a equipe chegava a vilas, povoados e cidades era uma verdadeira festa. “Sem contar”, diz o repórter, “que o cantor Roberto Beckek (falecido em 2012) foi contratado para animar a viagem”. Mas o navio que subia e descia o Rio São Francisco há anos não passa de morada de peixes e dejetos. Há informações de que até tentaram resgatar o velho navio para fazer um hotel flutuante, mas não passou de tentativa. Agora, com a baixa vazão do rio, parte da embarcação veio à tona. Apesar da

situação caótica, a descoberta atrai moradores e visitantes que tentam desvendar o mistério do Comendador Peixoto. HOTEL SÃO FRANCISCO Marco da arquitetura moderna, o Hotel São Francisco, erguido ao lado do casario colonial no Centro Histórico de Penedo, resiste ao tempo e hoje aos 54 anos oferece o que há de melhor na região. Com vista privilegiada sobre o rio homenageado com seu nome, o hotel foi inaugurado em 31 de janeiro de 1962, sob o comando do Comendador José da Silva Peixoto, responsável pelo investimento mais moderno em hotelaria no Nordeste da época. Muitos famosos já se horpedaram lá, a exemplo do cantor Roberto Carlos, no ano de 1973.

O empreendimento é mantido pela terceira geração da família e apesar da crise continua de portas abertas. O segredo para a resistência, diz José Roberto Peixoto, são as reformas, porém mantendo a preservação do estilo dos anos 60. Assim, quem aportar em Penedo e precisar ficar um tempo por lá a dica é o hotel. Conforto básico, quartos amplos, excelente receptividade de proprietários e funcionários, além de comidas típicas, a exemplo da refeição matinal. De acordo a gerente Aline Peixoto, outro diferencial é a dedicação e história do hotel, que por se só já é um marco para a cidade. “Unimos a tradição e o conforto para que o lazer de nosso visitante seja completo. Venha fazer parte de nossa

Povoados às margens do Velho Chico, um cenário à parte


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Para refletir:

Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça”. (Bertolt Brecht)

A política marginal BRASÍLIA – Esta semana pude assistir um importante pronunciamento no plenário do Senado que obteve grande repercussão em Brasília, mas não teve o merecido destaque na mídia nacional. O senador Álvaro Dias (PV-PR) defendeu a união dos seus pares e do país para impedir que a votação do projeto sobre punições ao abuso de autoridade se torne prioridade no Senado. Ele disse que o Brasil precisa realmente de uma legislação moderna sobre o assunto, mas advertiu que esse não é o momento adequado para esse debate.

A pauta suja

Para o senador, está evidente que a tentativa de acelerar a votação desse projeto visa comprometer a operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ele disse que, na avaliação do presidente da Associação de Juízes Federais, Roberto Veloso, a proposta faz parte de uma campanha contra os juízes, com o objetivo de enfraquecer o Judiciário e paralisar as investigações de corrupção na administração pública. - Não é hora de debatermos abuso de autoridade quando o que se exige é prioridade para a Lava Jato, investigações e valorização das autoridades judiciárias em razão do papel preponderante que desenvolvem neste momento para a construção do Brasil do futuro - afirmou. Segundo Álvaro Dias, há denúncias de que também as tentativas de acelerar os projetos de anistia ao caixa dois e de revisão das normas sobre o acordo de leniência fariam parte de manobras em curso no Congresso Nacional para abafar as investigações da Lava Jato.

Foro para os bandidos

O senador Álvaro Dias ainda defendeu a aprovação da proposta que acaba com o foro privilegiado, dispositivo constitucional que garante a autoridades o direito a julgamento em instâncias superiores e não pela Justiça comum. O senador afirmou que, para ter uma nova Justiça, em que todos sejam iguais perante a lei, o Brasil precisa acabar, de forma radical e cabal, com o foro privilegiado. O senador disse ter observado um movimento forte no Senado pela rejeição da proposta do fim do foro privilegiado. Para evitar que isso aconteça, ele pediu à sociedade que pressione os parlamentares e exija o fim desse privilégio. - São cerca ou mais de 22 mil autoridades nesse país com os benefícios do chamado foro privilegiado. Na Itália, na Alemanha, na França, em Portugal, nos Estados Unidos, não existe o foro privilegiado. Se praticamente em todo o mundo não se adota o foro privilegiado, nós é que estamos certos, eles estão errados? Só com o apoio popular teremos possibilidade de aprovar essa proposição - afirmou. O grande problema reside na falta de coragem e de vontade dos brasileiros em sair às ruas e tomar o Congresso Nacional para impedir que um bando de falsários e oportunistas usem dos podres mandatos para se livrar da justiça e da punição de crimes cometidos contra o país. É hora de acordar, pois do contrário os marginais da política brasileira sairão vencedores mais uma vez.

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

O fim das vaquejadas

O Ministério Público do Estado de Alagoas por meio da Promotoria de Justiça de Pilar ajuizou uma nova ação civil pública, dessa vez para suspender o 14º Campeonato Brasileiro de Vaquejada, organizado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha. O evento estaria programado para ocorrer no período de 23 a 27 de novembro, no Parque Artur Filho, no Município, seguindo o que aconteceu em evento semelhante em Palmeira dos Índios. A ação tem como base a decisão recente do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional a prática da atividade. Os ministros da principal corte do país entenderam que a vaquejada infringe maus tratos e crueldade aos animais. Na ação civil pública, o promotor de Justiça Jorge Dória afirma que, durante a vaquejada, muitas lesões podem acontecer no momento da derrubada do boi, seja ela realizada enquanto uma “caçada livre”, seja realizada em uma situação simulada, como ocorrem nas competições festivas. “Os maus tratos infringidos em decorrência destes movimentos são conhecidos e discutidos há longas datas, mesmo quando as lesões não são facilmente perceptíveis. Todavia, em outras situações, os movimentos, além de maltratarem o animal, também resultam em graves ferimentos e mutilações de fácil aferição como ocorre, por exemplo, quando a cabeça do boi é quebrada ou o rabo extirpado”, explica o promotor de Justiça. “Se depender do Ministério Público alagoano a prática de vaquejada por aqui acabou mesmo e os infratores serão severamente punidos”, me assegurou um destacado procurador de Justiça. A decisão tem apoio de juízes e até do Tribunal de Justiça.

A lei da barganha

Não deveria ser assim, mas assim exatamente é. Também com a representatividade política que temos não poderia ser diferente. A Assembleia Legislativa é o poder menos acreditado e mais exposto a escândalos aqui e em todos os estados do país. Mas costumo dizer: temos os deputados que merecemos, pois fomos nós que os elegemos. Certa vez ouvia de um sábio homem público, hoje afastado da política pela decepção e pelo desencanto com a corrupção e a marginalidade que a domina, sobre a Assembleia Legislativa de Alagoas: “Ali é assim, onde apertar sai pus”. As casas legislativas viraram há muito tempo excrescentes balcões de negócios, sem qualquer compromisso com o interesse público. Eles cuidam deles e o resto que se dane. O governador Renan Filho não tem sido tolerante com as pressões e as barganhas até então surgidas na Assembleia, mas não sei até quando poderá resistir. Não é fácil uma governabilidade plena quando se contraria interesses puramente pessoais e nada republicanos. Para a maioria dos deputados nada pode ser feito de graça e tudo tem um preço. É terrível, mas é assim mesmo. Essa história do Orçamento Impositivo que querem impor através de uma emenda constitucional afronta o bom senso e é uma provocação ao governador. A estapafúrdia ideia não passa nem perto de qualquer ato de grandeza ou interesse social. Eles só pensam “naquilo”.

Marajás da Justiça Levantamentos recentes mostram que a confiança da sociedade no Poder Judiciário está em baixa. O índice de aprovação não chega a 30 por cento segundo apurou pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, mesmo em tempos de Operação Lava Jato e outras ações isoladas de alguns magistrados que cumprem com o seu dever. A grande maioria da população não confia na justiça brasileira diante de tantos desvios de conduta de seus integrantes. Abuso de poder, vendas de sentenças, nepotismo, altos salários e gratificações suspeitas, são alguns dos supostos crimes presentes entre juízes, desembargadores e até ministros de tribunais superiores. Na verdade eles abusam a fazem pouco da sociedade e daqueles que trabalham honradamente e não chegam nem perto dos absurdos e desproporcionais vencimentos que recebem. Outro mal que precisa ser corrigido.

De olho no dinheiro O Tribunal de Contas do Estado mostra preocupação e cuidado com a grana alta que os municípios alagoanos vão receber com os recursos da repatriação e que estão para entrar nos cofres das prefeituras. Temem que alguns gestores em fim de mandato e outros que não elegeram seus sucessores promovam uma farra com o dinheiro público desviando para fins que não sejam aqueles legalmente indicados. Preocupação também demonstra o Ministério Público que vai orientar os promotores de todas as comarcas para acompanhar a entrada do dinheiro nos cofres da administração e rastrear o seu destino. É bom mesmo ficar de olho, pois os meninos são sabidos demais e sempre apostam na impunidade.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

CLÁUDIO VIEIRA

Histrionismo vitorioso

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ou assíduo leitor do Maurício Pitta. Gosto de sua linguagem cultamente simples, sem aqueles rebuscamentos inúteis que apenas satisfazem a vaidade. Aprecio suas crônicas – pena que esporádicas demais – sempre atuais, de finas ironias subliminares bem

Precisamos transmudar a nossa política, e isso só será possível mudando os nossos políticos, elegendo pessoas realmente dignas para nos governar. postas. Apressei-me a ler a última, assim que vi sua assinatura no texto. No rescaldo da vitória de Donald Trump, comentava ele sobre as razões do resultado das urnas americanas, como criticamente visto

pelo cineasta Michael Moore. Pitta conclui com sucinto e sábio comentário sobre aquilo com que nós, os brasileiros, devemos nos preocupar: o próximo 2018. A vitória do histriônico Trump (fico imaginando trocadilho para o Charlie Hebdo: TRUMP-TRAMP) tem arrebatado as opiniões de brasileiros de vários rincões e atividades. Uns, dizendo-se conservadores, alegram-se; outros, os liberais, preocupam-se, assim como economistas de muitos credos. Há também aqueles que, como certo amigo meu, regozijam-se porque o novo presidente americano promoverá, segundo afirma, “o afundamento de vez dos Estados Unidos”. Não sou americanófilo, muito menos americanófobo. Apenas tenho admiração por certas características do povo americano, como o amor a sua história, o egoísmo

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

patriótico, que considero bom pois erige em vontade nacional o crescimento e a grandeza do país. Também a democracia liberal, essa digna de espraiar-se pelo mundo. Incomoda-me, porém, a arrogância, não necessariamente do povo, mas dos governantes daquela nação. Daí, deploro a circunstancialmente pouco inteligente opinião daquele meu amigo, porquanto o naufrágio da nau americana sem dúvidas trará consequências graves em prejuízo do mundo, inclusive do Brasil. De qualquer sorte, se o sistema eleitoral dos Estados Unidos elegeu um presidente pouco ou nada confiável, mesmo sendo isto motivo de preocupação para todos, é problema imediato do povo americano que, por seus representantes na Câmara e no Senado, e na Justiça, hão de

temperar os arroubos nada democráticos revelados pelo candidato eleito durante a campanha. Afinal, o mundo, assim como o conhecemos, já sobreviveu a hecatombes certamente maiores, e, como diria meu pai, “loucura tem limites”. Devemos, então, seguir o conselho do amigo Maurício Pitta: preocupar-nos com o nosso 2018. Vou mais além! A nossa preocupação deve ser a partir de agora, já que não foi de mais tempo. Precisamos transmudar a nossa política, e isso só será possível mudando os nossos políticos, elegendo pessoas realmente dignas para nos governar. Mesmo que seja apenas um sonho, ainda penso que devamos, um dia, ter no Brasil uma epistemocracia, ou governo de sábios, segundo nos ensinaram Platão e Aristóteles.


MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

O prefeito do centenário

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egundo levantamentos e estudos feitos há dois anos, as estatísticas apontam Arapiraca entre as 20 cidades que mais vão crescer nos próximos vinte anos, em todo o Brasil. Essas cidades vão se desenvolver no aspecto urbanístico, em população e no seu desenvolvimento natural. Consequentemente, vão crescer, também, em

Quando se imaginava mais uma derrota para o grupo Teófilo, até pelos números da campanha sempre ocupando o terceiro lugar, surpreendeu, virou o jogo e ganhou a eleição. problemas, caso não comecem a se preparar a partir de agora. Ou melhor: isso já devia ter sido feito nas áreas do saneamento básico, habitação, educação, saúde e segurança pública, pelo menos. Há poucos dias, conversei com o pre-

feito eleito Rogério Teófilo e lembrei o fato de que ele pode ser o prefeito do centenário, já que Arapiraca fez 92 anos, no último dia 30 de outubro, e como ele assume em 2017, mais um mandato lhe dará essa possibilidade. Como resposta, antes daquela gargalhada já muito comum nele, respondeu que é candidato a trabalhar muito pelo município. Disso não temos a menor dúvida. Rogério Teófilo aguardou 20 anos para conquistar esse direito. Nesse período, foi vice-prefeito sem gabinete e não assumiu nenhum dia, viu a dupla Luciano Barbosa e Célia Rocha governar a cidade e ficou só olhando, tentando o cargo algumas vezes, sendo derrotado pelas urnas. Dessa vez foi bem diferente. Quando se imaginava mais uma derrota para o grupo Teófilo, até pelos números da campanha sempre ocupando o terceiro lugar, surpreendeu, virou o jogo e ganhou a eleição. Pelo tempo que levou para ser eleito prefeito, pelos projetos que tem para desenvolver a cidade e pelo desejo de acertar, o que lhe garante um novo manda-

Limpem minha imagem

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stamos lutando há mais de 10 anos para denunciar à sociedade o que se passa nos bastidores da Assembleia Legislativa de Alagoas. Várias Mesas Diretoras por lá passaram e nenhuma demonstra preocupação em tornar o Poder digno do respeito de todos. Nosso sofrimento começou com a vinda do duodécimo implantado pela Constituição de 1989. Antes, os deputados não administravam o dinheiro; ele ficava com o Executivo. Depois, quando eles se viram com milhões de reais nas mãos, o circo pegou fogo. A pobre ALE chegou a ter 5.000 fun-

Os aposentados são perseguidos pela atual Mesa Diretora; seus processos ficam até 12 meses parados com o primeiro-secretário. Foram jogados no Alagoas Previdência. cionários e um duodécimo de 7 milhões e meio de reais no Governo de Divaldo Suruagy. O “reizinho”, um deputado, suposto dono do Legislativo, deitava e rolava. Reclamávamos ao chefe do Executivo e ele dizia: “O Toinho me afirmou que precisava de tanto”.

Os anos foram passando, medidas paliativas acontecendo, mas os dirigentes descobriram que podiam modificar nossos salários. Mecanismos absurdos foram utilizados e as mentes dirigidas para o mal inventavam novas maneiras de manipular o duodécimo. O auge da degradação ocorreu quando o Ministério Público pediu à Justiça o afastamento da Mesa Diretora comandada por Fernando Toledo. Alegria total! Agora, tudo seria resolvido, pensamos! Ledo engano: eles voltaram com mais sede ao pote. E o Toledo virou conselheiro do Tribunal de Contas. Nova Mesa veio e a situação foi piorando. Passaram 18 anos sem pagar o terço de férias. Depois de muita luta, voltaram a pagar. Só que agora, apenas metade do terço e assim mesmo, aos escolhidos. Dezenas de processos sobre férias não pagas dormem na Justiça Não se assustem; vem mais por aí. Através de um projeto de Lei, aprovado em plenário, foi criado um subteto ilegal e centenas de companheiros tiveram, de repente, seus salários cortados. Fomos à Justiça, ganhamos, mas o que saiu de nossos contracheques nunca foi devolvido. Quem não conseguiu pagar advogado ainda hoje recebe com cortes. Os afilha-

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JORGE MORAES Jornalista

to, que seria o do centenário, acredito que ele está muito bem preparado para governar a cidade de Arapiraca. Esse tempo todo buscando essa oportunidade, assumindo cargos no Legislativo e no Executivo, serviu como uma escola, um aprendizado que, agora, terá a oportunidade de poder executar. Mas, vai ser fácil? Claro que não, até porque o que é fácil já foi feito. Ele vai ter que montar uma equipe mais técnica do que política (política quem faz é o prefeito); mandar arregaçar as mangas da camisa; deixar o ar-condicionado dos gabinetes desligados; colocar os pés nas ruas; desenvolver projetos e executá-los. Diferente disso deixará passar o bonde da história (Centenário/2024); decepcionará ao próprio prefeito, que trabalhou para isso durante 20 anos; e, especialmente, o eleitor que acreditou na mudança. A partir de 1º de janeiro de 2017, Rogério Teófilo, obrigatoriamente, passa a incorporar ao seu nome a palavra “trabalho”, o que não deve faltar nesse pri-

meiro mandato, como ele mesmo disse lá no início do texto, que é candidato a trabalhar muito por sua cidade, e quem o conhece mais de perto, sabe dessa sua determinação para tanto, sendo nesse sentido a resposta que precisa levar para os arapiraquenses, que lhe deram uma vitória em uma disputa dada como perdida, contra os grupos do governador Renan Filho, do vice-governador e ex-prefeito de Arapiraca Luciano Barbosa, e da atual prefeita Célia Rocha. Acredito que, com esse artigo, pelo pouco que conheço, reduzo as possibilidades do nome de Rogério Teófilo fazer parte de alguma chapa para o Governo de Alagoas em 2018. Não acredito que uma pessoa que lutou tanto para governar a sua cidade possa, em dois anos, abrir mão desse projeto como ambição ao governo. Então, quem imaginava a dupla RR (Rogério e Rodrigo Cunha) nas próximas eleições, pode começar a fazer uma nova composição na escolha de outros nomes bem diferentes disso. É o que penso.

ALARI ROMA- TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

dos do rei recuperaram seus salários, mas o subteto ilegal continua valendo para os pagãos. De vez em quando aparece uma novidade: imposto de renda não recolhido ou cobrado em duplicidade, previdência descontada de maneira errada, processos administrativos dormindo na sala do primeiro-secretário, aposentados que não recebem o salário de inativos pela primeira vez. Os aposentados são perseguidos pela atual Mesa Diretora; seus processos ficam até 12 meses parados com o primeiro-secretário. Num acordo dúbio com o Executivo, os inativos foram jogados no Alagoas Previdência, com “perna lá e outra cá”. Explico melhor: toda vida funcional dos velhinhos ficou no Legislativo; 33% do valor da folha dos aposentados são pagos pela ALE e 67% pelo Executivo. Em contrapartida, os deputados liberaram 460 milhões de reais da Previdência para que o jovem governador pagasse o 13º salário de 2015 aos servidores estaduais. Pessoas que trabalharam por mais de 40 anos na Assembleia Legislativa serviram de “bu-

cha de canhão”. Dia de pagamento em nossa querida Casa é uma loucura! A Associação dos Aposentados vira um confessionário. Não existe segurança na vida funcional de ativos e inativos. Felizes são os comissionados: cerca de 800 escolhidos com salários dobrados. Infelizmente, correm boatos de que parte dos valores recebidos retorna para os deputados. Como provar? Só eles, os assessores, podem confirmar. É impressionante que até hoje, não tenha aparecido um homem honesto destinado alimpar a imagem do Poder Legislativo de Alagoas. O Brasil vive uma crise sem precedentes, caminha para um futuro incerto, mas os parlamentares de nosso Estado não se abalam com nada. Todos os dias Deputados e Senadores são indiciados, outros tantos se apavoram com a LavaJato, mas Alagoas vive fora da realidade. Quando chegar a hora final poucos vão escapar. Se não pode haver limpeza moral, que se dê um banho de água e sabão na Casa de Tavares Bastos.


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Governo sem rumo, um perigo

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Brasil que chegou a ser a 7ª economia mundial (com projeções para até o final desta década alcançar à 6ª posição) ocupa agora a 9ª posição, resultado de uma queda brutal em apenas 3 anos de nada menos que 25% em nosso PIB fruto dos desgovernos criminosos da era petista. Repito: uma queda de 25% do PIB em menos de três anos! Inacreditável. Do ponto de vista social isso é uma verdadeira tragédia. É o exemplo mais

O povo parece quieto. Mas na verdade está à espreita. Pronto para democraticamente voltar às ruas e fazer prevalecer a constituição. direto possível de quantos estragos a corrupção pode trazer a uma sociedade já que ela atua como um imposto regressivo que apena diretamente as camadas menos favorecidas e assalariadas da população. Os principais responsáveis pela ma-

nutenção do país com um dos mais altos índices de corrupção do mundo são, segundo a ONG transparência Brasil, pela ordem: os partidos políticos, as polícias, o congresso nacional e os órgãos arrecadadores dos impostos. O impeachment do PT (via Dilma) foi medida profilática para se iniciar o processo de mudanças exigido pelo povo e para um basta na criminosa “venezuelização” a que o país estava irremediavelmente sendo encaminhado. Conseguido pela força do povo nas ruas, diga-se de passagem, e não pelos corruptos que habitam nossas casas congressuais (especula-se que a delação premiada da Odebrecht envolve cerca de 300 deputados e senadores). O novo governo liderado pelo PMDB chegou marcado pela inescapável vinculação de 13 anos aos governos petistas pródigo em promessas de distribuir riqueza, incompetente para criá-la, mas absolutamente eficaz em mentir todo o tempo e pilhar o dinheiro do povo. Neles teve ministros e enormes fatias da máquina burocrática. Saiu com suspeita de participação direta no butim sofrido

A educação no combate à pobreza

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País, Estado e Município que possuir altos índices de pobreza têm dificuldades enormes para iniciar e desabrochar processos vigorosos de desenvolvimento, já que pobre é vítima de uma armadilha em forma de ciclo, gerando altos índices de ignorância e, consequentemente, mais pobreza. Assim, nesse movimento circular a ignorância é alta, a educação é baixa, sem qualidade e condições para romper esse ciclo vicioso: pobreza = ignorância=pobreza Nesse movimento pendular onde os dois polos representam a pobreza, à medida que a educação vai avançando a ignorância tende a diminui em proporção exponencial

A democracia, lastreada na educação, é um regime dos mais justos e, dentro de regras preestabelecidas, deve incentivar as iniciativas individuais e coletivas. gerando uma sociedade, aonde a ignorância e a pobreza vão sendo eliminadas, para dar lugar à educação, cultura, inteligência criativa, mobilidade social, alta produtividade e com ela, aumento da renda mediana, assim, ao alcançar esse novo estágio de renda cresceste a sociedade entra em outro círculo virtuoso: pobreza = educação=renda média=desenvolvimento humano Ao gerar esse novo nível econômico, so-

cial e político a população e, especialmente, os trabalhadores, não param mais de estudar: se atualizando, galgando novos postos de trabalho, ao mesmo tempo em que sua renda média se eleva e se expande no seio da população, forma uma ampla classe média, que vai servir de âncora para o desenvolvimento saudável e progressista. A partir desse ponto todas as dificuldades básicas do desenvolvimento, sejam elas financeira ou material, estão sendo superadas pela criatividade e aumento progressivo da produtividade de todos os fatores de produção, em direção à sociedade mais igualitária, evitando desse modo o crescimento econômico desigual e injusto. A sociedade igualitária aumenta com o avanço, em todos os sentidos, do progresso econômico. Já no processo de crescimento sem educação qualificada da população, a distribuição da riqueza gerada é muito frágil e desigual entre as pessoas e entre a micro, macro e grandes regiões. É assim que muitas regiões que parecem ricas, quando ocorre um fenômeno novo, elas sucumbem economicamente, pois seu desenvolvimento não é sustentado no tempo. Nos casos em que a produção de riqueza ultrapassa o nível da pobreza e isso não se dá pelo aumento generalizado da produtividade, a sustentação desse aumento da riqueza é gerado pela grande desigualdade social em toda sociedade. Portanto, ao tentar sair da pobreza por caminhos tortuosos esse crescimento econômico é incerto, de alto risco e, sobre-

ELIAS FRAGOSO

Empresário, economista, ex-secretário de Planejamento do Ministério da Agricultura, prof. da UFAL e da Universidade Católica de Brasília.

pela Nação, e uma enorme dúvida de um “acordão” de bastidores para ajudar a livrar a cara dos encalacrados peemedebistas (e de outros partidos) da Lava Jato. Vivenciamos um momento de ruptura política e de forte tendência de ruptura social que poucos ainda se deram conta da extensão e profundidade. Venho afirmando aqui desde a mudança de governo: o país não sairá da fase mais aguda dessa crise antes de dois anos e só vai superá-la de fato em 10 anos. Se tudo for feito de acordo com o regramento técnico (o que não está acontecendo). É preciso dar ciência ao povo dessa realidade factual. E criar mecanismos para ajudar a amortecer - no que for possível - esse rito de passagem sob pena de vermos, de novo, os mesmos que provocaram essa bagunça voltarem às ruas insuflando o povo pelo seu retorno. É assim que eles agem. Vimos estarrecidos na última segunda-feira o presidente da República colocar ainda mais fogo nessa fogueira ao ex-

plicitar de forma clara e didática “porque não se devia prender o Lula”. Isso vindo de um professor especialista em direito constitucional não apenas é o cúmulo como altamente suspeito. E por que não se pode prendê-lo se está mais que clara a sua participação como chefe do bando de assaltantes do país? Por acaso o presidente da República agora também é juiz e promotor? O que está por detrás dessa fatídica fala? Isso envolve “zerar” a roubalheira via caixa dois para livrar a cara dos políticos ladrões e dos empresários bandidos? É por isso que a Odebrecht ainda não assinou o termo delação? Senhores políticos, não se deve brincar com fogo. Vocês estão perigosamente flertando com o perigo. O povo parece quieto. Mas na verdade está à espreita. Pronto para democraticamente voltar às ruas e fazer prevalecer a constituição. A lei. Que foi feita para todos. Quem roubou deve ser preso e devolver o produto da pilhagem. Não deve haver saídas milagrosas ou escapatórias honrosas para criminosos desse naipe.

FERNANDO LIRA

Pós-doutorado em Economia de empresa em Lyon, na França

tudo, injusto, pela desigualdade de renda, com todas as consequências desumana que daí decorrem. Nesse sentido, a forma mais aceitável de combate ao padrão de crescimento desigual é expressa pela educação que produz crescimento humano, com garantia de todos os direitos e deveres de seus cidadãos, fortalecendo as instituições e as relações civilizadas entre as pessoas e seus negócios. Também cabe à educação eliminar todo tipo de superstição, preconceitos, exploração e as falsas lideranças, que dominam e aliena o povo pobre, fortalecendo o ciclo de pobreza independente do regime que estão submetidos: democracia ou ditadura. No regime de educação plena toda a qualidade das lideranças vai aumentando à medida que se eleva o quantitativo e qualitativo da educação. Uma liderança surgida pelo voto dos cidadãos educados se dá através de uma pauta de reinvindicações que beneficia a todos e fortalece o processo de desenvolvimento coletivo. Nesse caso, não há lugar para aventuras ou espertezas, pois o povo tem consciência do papel que sua escolha desempenha, sobretudo na gestão, criação das leis e novas instituições democráticas. A democracia, lastreada na educação, é um regime dos mais justos e, dentro de regras preestabelecidas, deve incentivar as iniciativas individuais e coletivas. As-

sim sendo, a educação pode ser feita por iniciativa pública e privada, mantendo a qualidade estabelecida por lei. Não importa o caráter público ou privado das instituições de ensino, o que vale considerar é sua missão, objetivos e metas em direção a oferecer para todos educação de qualidade. Muitos países de elevada qualidade de vida utilizaram as duas modalidades de ensino com sucesso, pois mesmo se formando em instituição privada o profissional pode contribuir com o combate a pobreza na mesma proporção. Portanto, a educação por si só aceita o lucro, comoremuneração do capital aplicado, e o elemento basilar desse lucro é, por excelência, a taxa médiade juros dos investimentos em geral. Respeitada essas condições, todos os capitais que desejam investir em educação têm um imenso e nobre espaço aberto, para contribuir com o combate a pobreza e civilização da sociedade. Por outro lado, é importante considerar que esse padrão de desenvolvimento não se alcança no curto prazo e, por isso mesmo, a educação não pode ser considerada gasto desqualificado, mas um investimento do mais produtivo de médio e longo prazo. Não há atalho possível para a formação de um cientista, médico, ou engenheiro, e quando isso for feito perde-se tempo, dinheiro e perspectiva de futuro.


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REPÓRTER ECONÔMICO

Uma dívida sem fim!

Tão fácil quanto pagar uma compra com cartão de crédito é se endividar com ele. Principalmente quando se tem juros de mais de 800% ao ano no crédito rotativo. Essa é apenas uma das constatações de um estudo recente sobre cartões de crédito. Foram encontrados juros altíssimos, cobranças indevidas e comissão da relação de tarifas. As instituições financeiras oferecem dois tipos de cartões: básico e diferenciado. O primeiro é válido para pagamento de contas, compras ou serviço e sua anuidade deve ser menor que a do cartão diferenciado. Este, por sua vez, tem os mesmos benefícios do básico, mas com o adicional de programa de compensações e benefícios. Vale lembrar que quando você se interessa por um cartão de crédito a instituição é obrigada a oferecer o do tipo básico. É nesse momento que deve considerar o custo total que terá com o cartão, lembrando que outras tarifas, além da anuidade, também encarecem a fatura.

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JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Rotativo

Se você pagou só o mínimo da fatura, sobre o valor restante recairão os juros rotativos. A maior taxa encontrada foi de 878,68% ao ano. Nesse cartão, o pagamento mínimo de uma fatura de R$ 1 mil vai gerar uma dívida de R$ 8 mil em um ano.

Saque

É cobrado quando você saca o crédito disponibilizado pelo cartão. É como um empréstimo. Além dele, há uma tarifa para cada saque. E o parcelamento da fatura é quando você decide parcelar o valor total da fatura. É uma maneira de não entrar no crédito rotativo, mas aconselho que não se faça esse procedimento, pois os juros podem chegar a quase 600% ao ano.

Na loja

As parcelar as compras em uma loja, você precisará se certificar de que o local oferece parcelamento sem juros, caso contrário serão cobradas taxas por isso e os juros podem chegar a mais de 400% ao ano.

Anuidade

E falando de anuidade, alguns cartões oferecem isenção dessa tarifa durante o primeiro ano. Mas, o que pode ser atrativo inicialmente, no se-gundo ano virá com valores muito altos.


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Adiamento da venda de usinas de JL frustra cidades de Minas

NEGÓCIO EMPERRADO LOURDINHA E GUILHERME LYRA PÕEM EM XEQUE AÇÕES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA MASSA FALIDA JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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esta semana, quem esperava uma resolução no imbróglio e que se tornou a venda das usinas mineiras Vale do Paranaíba e Triálcool, ambas em Minas Gerais e pertencentes ao império falido do empresário João Lyra, tomou um “banho de água fria”. A abertura dos envelopes com as propostas de compra que eram para acontecer na quarta-feira, 16, foi adiada novamente pelo juiz responsável pelo processo, Nelson Fernando de Medeiros Martins. Lideranças de Capinópolis, Ipiaçu, Canápolis e Ituiutaba, cidades mineiras, já haviam programado a viagem a Coruripe, município alagoano onde ocorreria a audiência. Inclusive, alguns já haviam comprado a passagem aérea. Com a venda das usinas a expectativa de arrecadação era de aproximadamente de R$ 400 milhões, o que quitaria as dívidas trabalhistas. Porém, uma nova data foi agendada: 15 dezembro deve acontecer a abertura das propostas. O motivo do adiamento foi uma Ação Cautelar dos herdeiros do ex-usineiro, os filhos Maria de Lourdes Pereira de Lyra e Guilherme José Pereira de Lyra. O pedido de adiamento foi acatado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), desembargador João Luiz Azevedo Lessa. Além do

adiamento, os filhos, por meio da ação, levantam dúvidas sobre a gestão da massa falimentar, que hoje tem como administrador judicial João Daniel Marques Fernandes e como gestor judicial Henrique Cunha. Conforme a documentação, “os irmãos defendem a necessidade do prosseguimento do processo falimentar, inclusive argumentando que já foram gastos mais de R$ 30 milhões somente com encargos da massa, sem que um centavo sequer tenha sido pago a qualquer credor”. No entanto, Fernandes e Cunha têm data marcada para deixarem seus postos. De acordo com o que já foi noticiado pelo EXTRA ALAGOAS, no mês passado, o juiz destacou nos autos do processo que “diante da notória imensidão dos negócios da falida, além da sua notória relevância social em âmbito nacional, não se pode conceber que a administração judicial fique a cargo de pessoa física”. Sendo assim, tanto o administrador quanto o gestor estarão à frente do Massa Falida do Grupo JL somente até o dia 2 de janeiro de 2017. No lugar podem entrar no processo falimentar empresas chamadas “Big Four”, assim apelidadas por constituírem as quatro maiores empresas (redes de pessoas jurídicas e/ou firmas independentes), todas com atuação, também, no Brasil. São elas: KPMG; PWC; Ernst Young e Deloitte. São elas: KPMG; PWC; Ernst

João Daniel Marques, informou à reportagem que “durante a minha administração nunca houve um aporte financeiro nesse volume. Essa movimentação financeira ocorreu nas administrações passadas. Desde agosto do ano passado esta administração presta contas de sua movimentação financeira em autos conexos ao processo da falência sempre mediante determinação judicial”.

Histórico

Lourdinha Lyra indaga na Justiça sobre destino de R$ 30 mi

João Daniel nega aporte do volume de recursos em sua gestão

Young e Deloitte”. Todas têm o escritório mais próximo em Recife (PE). A KPMG, junto com a PWC, Ernst & Young e Deloitte, é uma das principais envolvidas no escândalo financeiro chamado Luxemburgoleaks, em que grandes empresas evitaram o pagamento de impostos através de um artifício legal conhecido como elisão fiscal. Ainda segundo os filhos de João Lyra, eles “defendem a necessidade do prossegui-

mento do processo falimentar; porém, não a qualquer custo, sem critérios técnicos, e pior, em situação atípica de ativo superior ao passivo”. E ressaltam ainda que o magistrado “já determinou a substituição do Administrador Judicial e do Gestor a partir de janeiro próximo, uma vez que a atuação dos atuais seria questionável”. Sobre os R$ 30 milhões já arrecadados pelo Massa Falida, o administrador judicial,

Inicialmente, o recebimento de propostas de compra das unidades ocorreria no dia 15 de setembro. A data havia sido marcada pelo juiz Kleber Borba Rocha, que atuava no processo antes de ser promovido para a 1ª Vara de Santana do Ipanema, em agosto. Com a mudança de magistrado, houve o adiamento para que o juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins se inteirasse sobre o processo. O magistrado Nelson Fernando de Medeiros Martins, substituto da 1ª Vara da Comarca de Coruripe, determinou, em outubro, a alienação dos imóveis, a concessão da Volkswagen e o fundo de empresa da Mapel Veículos e Peças Ltda. A empresa faz parte da massa falida do Grupo João Lyra. A forma de alienação será por propostas fechadas. A entrega dos envelopes (na forma do artigo 142, inciso 4º, da lei nº 11.101/2005) será feita a partir do dia 6 de dezembro, no horário do expediente da Comarca de Coruripe, na Secretaria da 1ª Vara. A abertura dos envelopes será no dia 16 de dezembro, às 10h.


MACEIÓ, ALAGOAS - 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2016

MEIO AMBIENTE

Poluição Ambiental

A exposição de longo prazo à poluição do ar urbano aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial de acordo com um estudo feito com mais de 41 mil moradores de cidades europeias. Segundo a pesquisa, um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro. A poluição sonora constante - especialmente do trânsito - também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica European Heart Journal.

ANNA ELÍS LAURINDO meioambiente@novoextra.com.br

Pedra gigante

Tecnologia

Cientistas produzem petróleo a partir do esgoto. A tecnologia, chamada de liquefação hidrotérmica, imita as condições geológicas que a Terra utiliza para criar petróleo bruto, usando altíssimas temperaturas e muita pressão. Segundo os pesquisadores do Pacific Northwest National Laboratory (PNNL), associado ao Departamento de Energia dos EUA, o material resultante é semelhante ao petróleo bombeado do solo, com uma pequena quantidade de água e oxigênio misturado. Esse óleo biocru, ou biopetróleo, pode ser então refinado para resultar em etanol, gasolina ou diesel. Além de produzir combustível útil, o processo poderia dar aos governos locais significativas economias de custos ao eliminar virtualmente a necessidade de tratamento, transporte e descarte de resíduos de esgoto.

Desastres naturais

Um relatório publicado na segunda-feira (14) pelo Banco Mundial revela que os desastres naturais atiram para a pobreza 26 milhões de pessoas todos os anos e provocam perdas anuais de 520 milhões de dólares no consumo. Divulgado durante a conferência do clima da ONU (COP22), que acontece em Marraquexe até hoje (18), o relatório sublinha a urgência da adoção de políticas inteligentes em termos climáticos para melhor proteger os mais vulneráveis. Os pobres estão tipicamente mais expostos aos desastres naturais, perdendo mais na proporção da sua riqueza e muitas vezes não têm apoio, seja da família, dos sistemas financeiros ou dos governos.

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Uma pedra de jade, de 174 toneladas e quase 6 metros de comprimento, foi descoberta por mineiros, enterrada a cerca de 60 metros de profundidade no interior de uma montanha no estado de Kachin, uma região do norte de Mianmar. A pedra está avaliada em aproximadamente US$ 5,4 milhões. Mianmar produz a maioria das pedras de jade de boa qualidade do mundo. Trata-se de uma pedra semipreciosa de cor verde que é muito apreciada na China, onde é conhecida como “a pedra do paraíso”.

Ano mais quente

O aquecimento da Terra nos primeiros nove meses de 2016 chegou a cerca de 1,2ºC acima da média pré-industrial e há hoje 95% de chance de que o ano termine batendo o recorde absoluto de mais quente desde o início dos registros. A informação é da Organização Meteorológica Mundial. As temperaturas globais entre janeiro e setembro foram 0,88ºC mais altas que a média do período 19611990, e cerca de 1,2ºC maiores que a média pré-industrial. Em 2015, o planeta atingiu 1ºC acima da média pré-industrial. Em algumas regiões do Ártico russo, as temperaturas chegaram a 7ºC acima da média.

Caça ilegal

Agentes de fiscalização dos parques nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões realizaram operação conjunta de combate à caça ilegal na região do Mosaico Capivara-Confusões, no sudeste do estado do Piauí. Ao todo, foram lavrados 24 autos de infração e apreendidos oito animais silvestres vivos e 12 mortos, incluindo espécies ameaçadas de extinção como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) e a ave zabelê (Crypturellus noctivagus zabele), 12 motocicletas, 15 espingardas profissionais e 45 de fabricação caseira e 305 cartuchos de vários calibres, entre outros utensílios usados para caça. Os animais apreendidos foram soltos no Parque Nacional Serra da Capivara e as armas e munições entregues à Polícia Federal no estado para futura destruição.

Lobo guará

O lobo guará é um animal que pode ser encontrado na América Latina, principalmente no Brasil, Paraguai, na Bolívia e na Argentina. Vem sendo extinto principalmente por causa de doenças transmitidas por cães domésticos, atropelamentos e derrubada das de matas. É um animal de hábitos tranquilos, mas pode atacar para se defender quando se sente ameaçado.

Contaminação

Esfoliantes estão criando uma verdadeira catástrofe ambiental. As pequenas partículas durinhas dentro do produto são minúsculos fragmentos de plástico, de até 5 milímetros de tamanho, que são colocados em alguns cosméticos para causar uma sensação extra de limpeza e tirar impurezas da pele. Um estudo mostrou que 36% dos peixes do Canal da Mancha (entre a Inglaterra e a França) estão contaminados pelas partículas. Cientistas acreditam que o estrago causado por eles é praticamente incalculável, já que eles seguem se fragmentando – e ficando cada vez menores – na natureza, o que torna impossível mensurar o tamanho da contaminação.


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Estudante alagoana vive novela após não realizar prova

ENEM 2016

FAMÍLIA ABRE PROCESSO CONTRA O INEP JUNTO AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

deixaram o local após notarem a presença da polícia.

A

família da estudante alagoana W.P.C, 17, entrou com uma ação no Tribunal Regional Federal da 5ª região (TRF) contra o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O motivo do processo é que a jovem foi impedida de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio, aplicado no dia 5 de novembro. Conforme os autos, o fato aconteceu na Faculdade de Tecnologia de Alagoas (FAT), localizada na Serraria, em Maceió. “A demandante utilizou sua cédula de identidade original, primeira via, para identificarse à fiscal que se encontrava em frente à sala, que analisou e permitiu sua entrada para a realização do exame”. O processo relata detalhadamente o que aconteceu no dia da aplicação da prova. De acordo com os altos, às 13h, a estudante recebeu o caderno de questões com o cartão-resposta, além do cartão para a coleta biométrica. Porém, no momento que a fiscal, identificada como senhora Elísia, dirigiu-se até a mesa da moça e verificou mais uma vez a identidade alegou que o documento seria uma cópia. “A fiscal dirigiu-se em momento posterior para dizer-lhe, em suas palavras, que ‘infelizmente, não se pode fazer a prova com a cópia, somente com a original’. O documento não tinha sido tomado para maiores análises; a conclusão foi tomada sob análise superficial da fiscal, num rápido lançar de olhos”, descreveu a defesa da estudante. A menor foi encaminhada até à coordenação onde foi orientada para que assinasse

um papel para que pudesse fazer a segunda parte da prova que ocorreria no dia seguinte, 6. No outro dia, a jovem junto à sua mãe foi até a FAT para realizar a segunda etapa do exame. Lá foram informadas novamente que a cédula de identidade era uma cópia sem validade. Indignada, entre os pedidos da família à Justiça está indenização por danos morais à adolescente e que ela possa realizar a prova do Enem marcada para dezembro. A POSIÇÃO DO INEP O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) afirmou na última quinta-feira (10) que não houve irregularidade na eliminação da estu-

dante no Enem. De acordo com o Instituto, Waleska portava uma cópia colorida do documento de identidade, que não era válido segundo o edital do exame. Ainda de acordo com as explicações, a estudante foi conduzida até a coordenação, onde foi questionada sobre o documento original e Waleska teria respondido que havia esquecido na bolsa de sua mãe. Em seguida, ela teria assinado o termo de eliminação na presença do certificador do próprio Inep. No dia seguinte, ela teria retornado ao local de prova acompanhada de sua mãe e mais uma pessoa, não identificada pelo Inep, onde teriam se exaltado após nova confirmação de que a estudante não poderia realizar o exame e só

DESABAFO NO FACEBOOK Antes mesmo de toda essa novela judicial, a estudante desabafou no Facebook o ocorrido. “Ainda estou consternada. No sábado, fui fazer o ENEM normalmente. Como estou no terceiro ano do ensino médio, minha pretensão era fazer uma prova tranquilamente, para que pudesse ser aprovada no curso que ainda almejo entrar. Pois bem, fui ao local de prova, na FAT, em Maceió. Entrei na sala de provas, fiz todos os procedimentos necessários: analisaram a identidade e guardei o que era para guardar. Aguardei o início das provas e, quando autorizado, comecei a fazê-la”. Ela ainda detalha como iniciou tudo. “Mais ou menos na questão 75, quando a fiscal foi coletar o cadastro biométrico, ela pegou minha identidade (até então normal) e alegou que era cópia, que eu não poderia fazer a prova portando cópia de documento. A questão é que não era cópia, era a mesma identidade que emiti em 2009 pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, a mesma que usei para emitir o Passaporte pela Polícia Federal, o título de eleitor pelo Tribunal Regional Eleitoral, para viajar aos Estados Unidos, enfim, para tudo. Mesmo dizendo o contrário, ela foi à minha cadeira quatro vezes para insistir que era cópia”. “Interrompia e me atrapalhava, além de me deixar preocupadíssima com a situação. Na quinta vez ela me pediu para que eu a acompanhasse até a coordenação. Lá me fizeram assinar um papel em branco (literalmente em branco, nada escrito), no qual a

coordenadora também assinou, e esta mandou o fiscal ir pegar minhas coisas no local de prova, pois, segundo ela, eu não poderia voltar para lá. Ela me disse que, se eu quisesse ir fazer prova amanhã, eu teria de levar a identidade e um Boletim de Ocorrência” relata. Ainda segundo a estudante, no outro dia ela teria levado os documentos, além do passaporte. “Entrei normalmente na sala novamente. Quando eu estava esperando para fazer as provas, um fiscal veio me chamar para a coordenação, e o acompanhei. Entre muitos fiscais, todos de farda branca, havia um garoto, do qual soube que estava em situação igual à minha. A coordenadora falou para nós: “Estou admitindo meu erro de ter mandado vocês virem hoje. Vocês vão ser eliminados pelos dois dias de prova”. “Estudei para isso. Sem contar que fui treineira nos outros anos. Logo no meu terceiro ano isto me vem acontecer. E sem falar do constrangimento que passei com isso tudo: todos da sala comentando, se perguntando o que podia ter acontecido”. Ela ainda questionou a postura dos fiscais. “Outra coisa terrível foi a ameaça que fizeram ao garoto quando viram que ele queria me ajudar. Disseram que não era o mesmo caso e que ele poderia se prejudicar no ENEM do ano que vem. Será que esses fiscais têm tanta influência assim no ENEM, a ponto de prejudicá-lo se ele decidir abrir a boca? Fiquei pasma, perplexa. Chorei muito em ambos os dias, e ainda me sinto péssima por causa disso tudo. Não quero ter de passar por isso nunca mais. Quero que ninguém tenha de passar por isso”.


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Apelo otimista

O

Salão do Automóvel de São Paulo, que vai até o próximo dia 20, será marcado não apenas pelas novas instalações amplas, modernas e pelo conforto do ar-condicionado (apenas nos primeiros dois dias, para imprensa, houve pane). É uma das edições com maior número de lançamentos, reestilizações, exercícios de criatividade e marcação de tendências. Houve um esforço dos expositores em levantar o moral dos compradores abatidos pela situação política, econômica e do desemprego no País. A mensagem subliminar era que o pior já passou e chegou a hora de levantar a cabeça. Entre os modelos de grande série, destaque para o primeiro SUV compacto da Hyundai. A produção do Creta, em Piracicaba (SP), já começou (vendas, em janeiro de 2017) e surpreendeu pelo espaço interno pois sua base estrutural é a do médio-compacto Elantra. A sul-coreana não revelou pormenores mecânicos do modelo e nem faixa de preço. O novo Renault Captur (produto refinado, a partir do Duster) e os Chevrolet Tracker (repaginado) e Cruze hatch ainda não tinham sido exibidos ao público.

Também houve uma das raras estreias mundiais da história desta exposição bienal. O Honda WR-V, desenhado no Brasil na plataforma do Fit, é um crossover cuja distância entre-eixos é 2,5 cm maior que a do monovolume compacto.

O fabricante escondeu o interior e outras características até o lançamento entre março e abril próximos. Kwid, o inteiramente novo compacto de teto alto da Renault, pôde ser analisado por dentro e por fora. Previsto para chegar no primeiro semestre de 2017, terá motor de 1 litro e três cilindros da geração SCe que estreia em dezembro no Logan e Sandero. Para estes estará disponível um novo quatro-cilindros de 1,6 litro-16V. Nova picape média Nissan Frontier é outro lançamento que chega primeiro

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

do México em março próximo com tudo novo, inclusive motor. Surpresa, a picape conceitual Hyundai STC, desenhada na Coreia do Sul e no Brasil, tem porte da Strada e Saveiro de cabine dupla. A fábrica desconversou, mas é certa sua produção. A Volkswagen disfarçou na forma de conversível conceitual, T-Cross Breeze, as linhas que adotará no seu primeiro crossover compacto. É o segundo produto, depois do novo Gol em 2018, com a mesma arquitetura do novo Polo alemão a estrear na Europa no próximo ano. Depois virão Saveiro

e Voyage. De modo geral chamou atenção a criatividade dos estúdios de desenho que várias marcas instalaram no Brasil. A própria VW com a releitura moderna do Gol GT, além de Citroën (C3 City Ryder), Peugeot (208 Pyrit), Nissan (March Midnight), Renault (Duster Extreme) e Ford (Ka Trail), entre outras. O Levante, primeiro SUV da Maserati que estreou no Salão de Genebra em março último, demonstra que, à exceção da Ferrari, essa onda não para de crescer. A Kia não exibiu o esperado compacto Rio, cuja produção começa agora no México, focando seus holofotes no Cerato. BMW X2 voou direto do Salão de Paris para os 90.000 m² do São Paulo Expo. Em forma de modelo-conceito, o crossover igualmente impressionou o público. Reúne as condições de se tornar o sétimo modelo da marca alemã feito no País a partir de 2018.

RODA VIVA n FIAT continua a enxugar sua linha de produtos no Brasil. Parte pela queda de mercado que inviabiliza a continuidade de modelos com vendas baixas e outra como reflexo das exigências de motores com maior eficiência energética. Freemont não é mais importado e o Punto para de ser produzido em janeiro próximo. Mas haverá estoques para vendas por até seis meses. n JUNHO de 2017 marcará a chegada do substituto do Punto, novo representante entre os compactos de faixa mais alta de preço

produzido em Betim (MG). Nome está sob sigilo mesmo porque também tomará o lugar do descontinuado Bravo. Versão sedã será feita na Argentina, mas é improvável estrear no próximo ano. Por lá o projeto está um pouco atrasado. n PASSAT, importado da Alemanha, fica pouco a dever em relação a modelos premium do segmento de médios-grandes. O preço, de fato, não ajuda, mas o carro passa sensação de alta solidez, tem câmbio automatizado de duas embreagens de funciona-

mento rápido, mas suave nas trocas e motor elástico com sonoridade instigante. Quadro de instrumentos é 100% digital. n NOTÍCIA ruim nesses tempos difíceis. Governo paulista aumentou de forma indireta o ICMS na venda de veículos usados, único segmento a mostrar resistência em meio ao desânimo. A partir de fevereiro próximo, numa operação de R$ 50.000, como referência, o imposto sobe de R$ 450 para R$ 900. Outros estados, ávidos por receitas,

podem seguir o (mau) exemplo. n DISPUTAS acirradas entre 36 equipes de 22 universidades de vários estados marcaram os três dias da primeira Shell Eco-marathon realizada no Brasil. Os vencedores no kartódromo da Granja Viana, na Grande São Paulo, conseguiram ótimas marcas: categoria gasolina (equipe Pé Vermelho), 190,2 km/l; etanol (Feng Eco Racing), 102,9 km/l; elétrico (EcoVeículo), 139,4 km/kWh.


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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

R$ 39 mil por mês é muito pouco!

V

ocês acham pouco o que já fizeram, quebrando o Brasil ? A Constituição Brasileira está completando 28 anos e, depois da sua promulgação festiva, vocês fize-

Agora, já estão querendo uma nova mudança, bastando que os cheques comecem a circular ou que as tais de emendas parlamentares saiam de Brasília. ram uma revisão em 5 dos seus 250 artigos e, em seguida, fizeram outras revisões e dezenas de modificações. Hoje, a coitadinha está tão modificada, tão emendada e tão remendada que, já não sabemos com quantos artigos ela está! Hoje, ela está cheia de manchões, como uma verdadeira col-

cha de retalhos. Eu estou muito bem lembrado do dia das festas da promulgação, em Brasília. O foguetório, o whisky e os shows foram tantos que na madrugada ainda eram encontrados bêbados rondando o Senado e a Câmara dos Deputados, junto a muitos candangos cheios de cachaça. Vocês disseram que a tal Carta Magna era a mais moderna do mundo e eu fui consultar o Google sobre as modificações e emendas e vi que nem os juristas sabem quantas emendas já aconteceram, pois uns dizem que já foram 74 e outros que já foram mais de 80. Antes da Constituição, existiam dois partidos políticos, porém já estamos com 39 partidos, todos eles com nomes esquisitos e que não definem o que eles defendem ou que repre-

sentam. Por sua vez, vocês brincam de ser governo e dizem que existe um Legislativo, um Judiciário e um Executivo, todos independentes, porém, afinados de modo harmonioso. Depois da Constituição de 1988, o mandato de um presidente da República era de 4 anos, mas, o Sr. Fernando Henrique Cardoso, no escuro e em silêncio, conversou com os senadores e com os deputados federais e, pela madrugada, o seu mandato passou para 5 anos, com muito dinheiro envolvido. Parece até que foi nessa época que nasceram as propinas. Como já sabemos, com dinheiro a turma pinta o sete, como fizeram há poucos anos e, o mandato do presidente voltou para os 4 anos. Agora, já estão querendo uma nova mudança, bastando que os cheques comecem a circular ou que as tais de

emendas parlamentares saiam de Brasília. Vocês dizem que a lei é igual para todos. Que coisa linda! Que poesia! Então, por que existe um foro privilegiado para vocês, ministros, senadores, deputados federais e outras autoridades? A lei é, ou não é, igual para todos? Ora, tem alguns coitadinhos que roubaram galinhas dos vizinhos e estão apodrecendo nas cadeias. Enquanto isso, nesta semana, um cara da turma do “lava-jato” que foi condenado a 102 anos, depois de passar apenas, dois anos preso, foi liberado para ficar em casa, tomando whisky. Seria bom que vocês plantassem na Praça dos 3 Poderes um gramado de dinheiro, para abastecimento de todos vocês de Brasília, pois R$ 39.000,00 por mês é muito pouco!


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ABCDO INTERIOR

De olho no quinhão

Passada a euforia pela vitória, o que se discute entre aliados do prefeito eleito de Arapiraca, Rogério Teófilo, é a partilha do quinhão que lhes cabe na futura administração. E, como não poderia deixar de ser, os olhos vorazes estão voltados para três segmentos cruciais no equilíbrio do poder: saúde, educação e finanças.

robertobaiabarros@hotmail.com

Dedinho milagroso

Além do dedinho milagroso do tucano Téo Vilela Filho, três figuras importantes, neste processo eleitoral, que levaram Rogério à vitória no último dia 2 de outubro, aguardam com extrema ansiedade pela bondade do chefe. Mas para quem conhece Teófilo, paciência é a palavra de ordem.

Não pagou

Entenda o caso: os funcionários trabalham para a empresa terceirizada EletroCano, que fornece serviços para a Construtora Humberto Lôbo, vencedora da licitação de saneamento de Arapiraca. Eles afirmam que já entraram em contato com as empresas e realizaram várias paralisações, mas até esta semana não receberam seus respectivos salários.

Prefeitura repassou

Há duas semanas a reportagem do Jornal de Arapiraca entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura e foi informada que não há nenhum débito do Executivo municipal junto à empresa Humberto Lôbo, por isso o atraso nos pagamentos é de única responsabilidade da empresa vencedora da licitação.

Eles são a bola da vez

O empresário Adoniran Guerra e os deputados estaduais Severino Pessoa e Rodrigo Cunha foram cruciais na reta final da campanha que levou a nocaute o candidato da situação, Ricardo Nezinho, e aliados de peso como a prefeita Célia Rocha, senador Renan Calheiros, governador Renan Filho e o vice-governador Luciano Barbosa. Até hoje, por incrível que pareça, continuam de boca aberta e sem saber o que aconteceu. Traição, falta de dinheiro ou sapato alto... Só o tempo dirá.

Fogo amigo

Assim, não resta dúvida que eles merecem a parte que lhes cabe neste latifúndio. Rogério, que de bobo não tem absolutamente nada, deve sim dividir o bolo, mas as principais fatias devem ficar com assessores de sua absoluta confiança, evitando, assim, que seu governo fique engessado com as bênçãos do fogo amigo.

É aguardar

Não resta dúvida de que em se tratando de política, até boi voa. E não será nenhuma novidade que na partilha dos cargos alguém não saia insatisfeito e “bicudinho”. Agora é só aguardar. O jogo está apenas começando.

Calote em Arapiraca

Cerca de 60 funcionários que trabalham nas obras de saneamento básico de Arapiraca ainda continuam com seus salários atrasados e sem receber cinco meses de cestas básicas. Os funcionários, que já haviam, há duas semanas, procurado este colunista para relatar a situação, denunciaram o abuso na manhã de quarta-feira, 16, ao Ministério Público, onde pediram ajuda com a finalidade de receberam seus vencimentos.

Estão em dia

“Todos os contratos com a Humberto Lôbo estão em dia, não havendo, portanto, nenhuma responsabilidade com empresas terceirizadas pela empresa contratada. No entanto, a Prefeitura entrará em contato com a empresa ganhadora do contrato/licitação, a fim de saber sobre essa denúncia, exigindo que os serviços sejam realizados e entregues no tempo acordado”, informou a nota da assessoria.

Prometeu e não cumpriu

A empresa Humberto Lôbo, através de sua gerência comercial, confirmou que os repasses estavam atrasados e que estaria normalizando os pagamentos no último dia 04 de outubro, o que não aconteceu. Mas até o momento os trabalhadores asseguram que dos três meses de salários atrasados, a empresa pagou apenas um.

PELO INTERIOR ... A Defensoria Pública em Arapiraca ingressou com uma ação civil pública na quarta-feira (16), com a finalidade de que os estudantes desocupem as escolas estaduais Isaura Antônia de Lisboa, Lions Club e Senador Rui Palmeira (Premen), ocupadas há cerca de 15 dias. ... Semana passada, estudantes contrários às ocupações buscaram o órgão público relatando que as unidades foram ocupadas mesmo após a decisão da maioria, que votou pela manutenção das aulas. ... Na tarde de quarta-feira (16) cerca de 40 manifestantes realizaram um protesto contra as ocupações das instituições de ensino por outros alunos contra a PEC 241. ... O ‘Desocupa Já’ aconteceu em frente à Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Os estudantes contrários às ocupações afirmam que vêm sendo prejudicados e que a paralisação impede que os professores também contrários às ocupações ministrem suas aulas. ... Os alunos da ocupação, no entanto, ressaltam que estão referendados por assembleia e vão seguir a manifestação. Os alunos aderiram ao movimento de ocupação nacional de

escolas, porque acreditam que a PEC 55 vai prejudicar o ensino brasileiro. ... A medida prevê congelar o teto para os gastos públicos por 20 anos. O grupo também é contra a Lei nº 7.800, conhecida como Lei da Escola Livre. ... O Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Jovem Trabalhador em Alagoas (Fetipat-AL) realizou na quinta-feira, 17, a quarta audiência pública em parceria com a Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social. ... O evento teve como objetivo debater o avanço das Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). ... As audiências são abertas a população e todos poderão contribuir com propostas e ações para a erradicação do trabalho infantil. O Fórum já realizou audiências públicas nos municípios de Piranhas, no dia 8, Santana do Ipanema, no dia 9, e Arapiraca, no dia 10. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana com paz, saúde e prosperidade. Até a próxima edição!


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Mudança em nome de rua causa transtorno a moradores

ENDEREÇO CONFUSO

ANTÔNIO VASCONCELOS, RESIDENTE NA RUA DA MANGUEIRA, NO VERGEL, HÁ 65 ANOS, DIZ QUE FALTA DE PLACA INDICATIVA COMPLICA RECEBIMENTO DE CORRESPONDÊNCIA

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

M

oradores de três ruas no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, vivem o transtorno de mudança de nome. O curioso é que as ruas da Mangueira, Cruzeiro do Sul e Avenida Cruzeiro do Sul todas passaram a ser oficialmente Rua Radialista Clemente Aleluia- comunicador morto em acidente de caminhão, no bairro do Farol, no início da década de 1950. Como se não bastasse, a Rua do Cruzeiro do Sul também é conhecida como Maria Oscarlina, que foi proprietária do bar das Ostras- e Antonio C. de Vasconcelos- Eles reclamam que isso só complica a vida dos moradores, pois mudam sem consultar a população. Segundo o morador mais antigo da Rua da Mangueira, Antônio Gomes de Vasconcelos, 77 anos, que foi morar no local em setembro de 1951, até 2011 não havia

problema. Mas, a partir daquela data, a situação complicou. Para se ter uma ideia do transtorno, para receber o carnê do IPTU ele é obrigado buscar na Secretaria de Finanças por que o documento não chega a sua residência. “Vereadores de Maceió só aprenderam mudar nome de rua e aprovar taxas para gente pagar”, criticou seu Antônio. Para dar um fim a essa confusão de endereço, moradores da rua da Mangueira, que está situada ora no Vergel, ora no bairro da Levada ou na Ponta Grossa- a depender das empresas que enviam correspondência- entregaram um abaixo assinado ao Ministério Público Comunitário do Vergel, que enviou a Câmara dos Vereadores pedindo que a rua volte a ser chamada de Mangueira como sempre foi conhecida. “Três ruas com o mesmo nome, ver se pode”? A mudança é um absurdo. É coisa de vereador que não tem o que fazer”, afirmou

ra dê certo. Nossa parte já fizemos ao recolher as assinaturas. Acredito que agora vai”, comemorou o morador da Rua da Mangueira como faz questão de falar. O QUE É O MP COMUMITÁRIO

Antônio Vasconcelos apela para que nome de rua permaneça

seu Antônio. De acordo com ele, antes de recorrer ao MP Comunitário, por várias vezes que foi à Secretaria de Finanças do Município para pegar o

carnê de IPTU pediu que eles colocassem no antigo nome da rua, mas a resposta foi sempre não. Cansado de esperar, recorreu a outras instâncias. “Espero que ago-

É um programa social do Ministério Público do Estado de Alagoas que tem como objetivo contribuir para a construção coletiva de uma cultura de paz, mediante as ações articuladas em três eixos estratégicos: educação para os direitos, mediação comunitária de conflitos, animação e fortalecimento da rede de apoio social. Diariamente são realizadas mediações de conflitos, orientações jurídicas, sociais e psicológicas, além de encaminhamentos à rede de apoio. O Programa funciona de segunda a sexta feira, das 8h às 13h30 na Rua Marquês de Pombal, S/N, no Bairro Vergel do Lago.


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