Edicao931

Page 1

extra www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVIII - Nº 931 - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

17 DE JULHO DE 1997

O LEVANTE QUE DERRUBOU SURUAGY E O FRACASSO DOS GOVERNOS QUE O SUCEDERAM P/16 e 17

R 3,00

VOLTA DA MUSA

THEREZA COLLOR ADMITE DISPUTAR UMA VAGA NA CÂMARA FEDERAL EM 2018 P/ 7

FIM DA IMPUNIDADE

TRF MANDA EX-PREFEITO DE TRAIPU PARA PRISÃO n CONDENADO A 19 ANOS POR CORRUPÇÃO, MARCOS SANTOS TAMBÉM RESPONDE A AÇÃO PENAL POR HOMICÍDIO MARECHAL DEODORO

PF FAZ DEVASSA NOS ENDEREÇOS DE CRISTIANO MATHEUS EM BUSCA DE PROVAS DA CORRUPÇÃO P/10

n O FILHO DELE, MARCOS DOUGLAS, QUE INTEGRAVA A QUADRILHA DO PAI, TAMBÉM CUMPRIRÁ PENA NA PRISÃO

P/9

OPERAÇÃO SEPSE EX-PREFEITOS DE GIRAU, MATA GRANDE E PASSO SÃO INVESTIGADOS POR ENRIQUECIMENTIO ILÍCITO P/11


2

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Bandidos à solta

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

1

– Uma liminar da ministra do STJ, Laurita Vaz, está alimentando o sonho de muitos condenados de escaparem da prisão, mesmo já sentenciados em segunda instância.

2 3

- A ministra decidiu que só após o veredito unânime da Ccorte é que o condenado começa a cumprir pena.

- Em caso de um voto divergente, com resultado desfavorável de 2 a 1, a defesa pode apresentar embargos infringentes, o que levará à convocação de outros desembargadores para analisar a questão.

4

- É o princípio do embargo infringente em que um voto a favor do réu significa que existe uma dúvida razoável quanto à condenação e, por isso, o Direito admite o julgamento por um número maior de desembargadores.

Arnon de Mello vem aí

Mesmo ainda sem partidos definidos, Arnon de Mello Neto e Thereza Collor de Mello poderão participar das eleições de 2018 disputando vagas na Câmara Federal. O filho e a ex-cunhada do senador Fernando Collor estão sondando o terreno e ainda este ano deverão desembarcar em Alagoas para os primeiros contatos políticos e definição de candidaturas.

Thereza Collor no páreo

Thereza Collor já vem mantendo uma série de contatos pelo interior de Alagoas, mas ainda não confirmou, oficialmente, nem negou sua pretensão de disputar uma cadeira na Câmara Federal. Arnon de Mello Neto deve desembarcar em Maceió ainda este mês segundo informou a prima Ada Mello em conversa com o jornalista Wadson Regis.

Dupla da pesada

Se sua candidatura se confirmar, Thereza disputará um mandato eletivo pela primeira vez e na condição de herdeira política do pai João Lyra. Já o filho de Fernando Collor disputará o mandato de deputado federal pela segunda vez. A primeira foi no pleito de 2002 quando obteve mais de 51 mil votos, mas, sem coligação, acabou derrotado.

Codevasf: 43 anos

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) completa 43 anos às vésperas de encarar um novo desafio: a operação das obras do Projeto de Integração do São Francisco (Pisf), ação do governo federal que busca proporcionar segurança hídrica a 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente.

(Millôr Fernandes)

Revolução do bambu

COLUNA SURURU

O bambu – de uma hora para outra – entrou no noticiário nacional sem pedir licença. Primeiro foi procurador-geral de encrenca, senhor Janot, que prometeu despachar flechas contra Temer enquanto houver bambu. Como se sabe, Rodrigo Janot cerrou fileira com a Rede Globo na campanha para derrubar o Governo Temer e a flecha de bambu foi a arma escolhida para a essa batalha. Esta semana foi a vez de Alagoas entrar na pauta do bambu ao receber o empresário americano Mark Neeleman, interessado em investir 20 milhões de dólares para instalar aqui uma indústria de beneficiamento dessa planta. Neeleman quer usar o bambu como matéria prima na produção de tecidos e na construção civil. Nativa na maioria dos continentes (menos na Europa), o bambu é uma das famílias das gramíneas e quem sabe pode tirar Alagoas do buraco cavado por outra gramínea conhecida pelo nome de cana-de-açúcar. Pelo menos já tem mercado garantido: fornecer madeira para o MPF de Janot fabricar flechas para derrubar presidentes da República.

Globo demite jornalistas

O portal Gshow, braço do entretenimento da TV Globo na internet, demitiu 21 jornalistas. Foram dispensados 19 profissionais que trabalhavam no Rio de Janeiro e dois de São Paulo, incluindo pelo menos dois repórteres fotográficos e um profissional que atuava como designer.

DA REDAÇÃO

Fim do ciclo do açúcar

Uma queda acentuada nos preços do açúcar e do petróleo nos últimos seis meses está diminuindo as esperanças de recuperação financeira para o setor sucroalcooleiro nacional. A combinação de preços fracos do açúcar e do etanol no Brasil entre 2010 e 2014 causou estragos no setor sucroalcooeiro, levando ao fechamento de dezenas de usinas e forçando muitas outras a buscar recuperação judicial, um processo que está em andamento. Ao mesmo tempo, a atual queda nos preços do petróleo levou a Petrobras a reduzir os preços da gasolina repetidamente no mercado interno, fazendo com que usinas também reduzam os valores do etanol, uma vez que os dois competem na bomba pela preferência do consumidor. A pressão de valores menores para açúcar e etanol pode acabar com a incipiente recuperação financeira de muitas usinas brasileiras iniciada durante o déficit global de açúcar entre 2015 e 2016. Ela também pode desacelerar as negociações entre usineiros e potenciais investidores e levar a mais fechamentos de empresas endividadas no setor sucroalcooleiro. Em Alagoas a situação é mais grave ainda com várias usinas já fechadas e outras quebradas ou em busca de recuperação judicial. Das 27 unidades industriais só 15 devem operar na próxima safra. Sem falar na falência da maioria dos fornecedores de cana, boa parte deles vivendo na penúria extrema. Já os usineiros, nem tanto...

Lula inocente

Quem passou no calçadão do Centro de Maceió na manhã da quinta-feira, 20, se deparou com sindicalistas e simpatizantes do PT que saíram em defesa do ex-presidente Lula e pelo fora Temer. Além da pouca movimentação, o que mais chamou a atenção foi a palavra de ordem de cada companheiro que discursava. Todos diziam que “Lula é inocente”. As pessoas riam e seguiam seu trajeto debaixo de uma chuva fina e no frio inesperado de Maceió.

Olho d´Água

O ex-prefeito de Olho d’Água do Casado, José Gualberto Pereira, encaminhou à redação do EXTRA esclarecimentos sobre o pedido de condenação pelo Ministério Publico Federal em Alagoas (MPF-AL) que o acusa de Improbidade Administrativa. Conforme ele, o processo não foi por desvio de verbas e, sim, pela não prestação de contas. Gualberto afirmou que aconteceu um erro nas prestações de contas entre um convênio firmado entre a Codevasf e a Prefeitura. Ainda segundo o ex-gestor, as prestações de contas foram feitas dentro da lei.

Nota 10 e 0

Nota 10 para a Polícia Federal pela operação que levantou provas sobre a quadrilha encabeçada por Cristiano Matheus em Marechal Deodoro. E nota 0 à Justiça que não fez questão de colocar o

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA

IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

JORGE OLIVEIRA

Rio sangrento

R

io - Confesso que fiquei em dúvida quanto a escolher entre dois temas para escrever. Se gastaria meu tempo para falar sobre o Lula, agora condenado a nove anos e seis meses de cadeia por corrupção, ou da falência financeira e da insegurança do Rio de Janeiro. Achei mais interessante abordar a decadência da Cidade Maravilhosa (?), já que o ex-presidente agora virou literalmente um caso de polícia. Na história republicana já vimos muitas coisas de presidentes: renúncia, suicídio e até impeachment. Mas esta é a primeira vez que um ex-presidente é condenado por suborno. Portanto, o caso de Lula, o chefe da organização criminosa que saqueou os cofres públicos, é agora um problema do sistema penal brasileiro que o receberá em um dos seus presídios. Nunca imaginei escrever um artigo com o título acima sobre o Rio de Janeiro, a cidade que todos os brasileiros aprenderam a amar e apreciar pela sua beleza natural. Habitada por um povo hospitaleiro e amável, o Rio do carioca espirituoso e solidário, é hoje um local em ruína, fruto das más administrações dos últimos quarenta anos. Diria até que não é só isso, mas também da irreverência do carioca quando deixou de levar a sério o voto, tratando-o com desdém como se isso fosse desprezível numa democracia. A prova mais eloquente disso – e até hoje a população paga um preço caro – foi a votação que o macaco Tião, do Zoológico, teve: 400 mil votos, ficando em terceiro lugar na eleição para prefeito do Rio. Vivia-se naquela época, 1988, o voto de protesto pós-ditadura. Tião, de 1,52m e 70 kg, celebridade, teve direito até música de Ed Motta no lançamento da sua candidatura e depois foi parar no Guinness World Records como o chimpanzé a receber mais votos no mundo. Morreu de diabetes, em dezembro de 1996, aos 34 anos, homenageado com luto oficial de três dias no Rio de Janeiro. De lá pra cá, o Rio não se aprumou mais. Naquele mesmo ano, o macaco assistiu de seu gabinete no Zoológico a falência financeira da cidade decretada por Saturnino Braga, e apavorou-se com a incapacidade administrativa e inapetência de seu adversário no cargo de prefeito. O Tião não assumiu a prefeitura porque, como se sabe, ficou em terceiro lugar. Mas se tivesse vencido a eleição, certamente teria feito um papel melhor do que os governantes cacarecos que já passaram por aqui. Até hoje o Rio se ressente disso: de não ter, à época, a tropa do Tião à frente da sua administração. Sou capaz de apostar que o chimpanzé teria sido um governante melhor do que os que passaram por aqui nesses últimos anos: Chagas Freitas, Brizola, Moreira Franco, Marcelo Alencar, o casal Garotinho, Sérgio Cabral e Pezão (Veja só: Pezão!!). Pelo que você viu dessa lista, fica evidente que os eleitores do Rio, infelizmente, só votaram em coisas inúteis nas últimas décadas, depois que se frustraram com a derrota do Tião.

Irreverência

O jeito irreverente do carioca de brincar com o voto não deu certo. O que se assiste agora é o Rio mergulhado numa dramática tragédia, mesmo depois dos bilhões de reais investidos em infraestrutura para o Pan-Americano, a Copa e os Jogos Olímpicos. O ex-governador Sérgio Cabral está preso, acusado de assaltar os cofres públicos, e o Pezão, seu comparsa, decretou a falência do Estado. Os servidores públicos continuam com os salários atrasados, humilhados, mendigando cestas básicas. E a sua principal universidade, a UERJ, desmoronou-se, vive no caos.

Tragédia

Mas se você acha que essa calamidade acima é o fim dessa história, veja mais: a segurança pública faliu, entrou em profunda indigência. Nessa altura do campeonato ninguém sabe quem é polícia ou quem é bandido, contrariando a máxima do assaltante de banco, na década de 1970, Lúcio Villar Lírio, de que “bandido é bandido, polícia é polícia”. Aqui, principalmente na periferia, as crianças são baleadas dentro do útero da mãe, como aconteceu com Arthuzinho, ainda entre a vida e a morte depois de ferido com um tiro na barriga da mãe. Se escapar, coitado, ficará com sequelas para o resto da vida.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Islâmico

E ainda tem gente que se arrepia com os crimes do Estado Islâmico. Bobagem, o povo do Rio vive na mais lamentável guerra civil, onde a atrocidade é um filme com cenas vivas, em preto e branco, nos locais mais carentes do estado sem que nenhuma autoridade mexa um só músculo da cara desavergonhada. Se você ainda não sentiu náuseas lendo esse artigo diante de tanta violência, bestialidade, e abandono administrativo nessa tumba coletiva, segundo estatística da própria Secretaria de Segurança Pública, publicada pelo Globo.

Sangue

Foram registrados 6.494 assaltos contra turistas entre janeiro de 2016 e fevereiro de 2017, isso equivale a um assalto a visitante a cada 1 hora e 34 minutos. Os principais locais mais violentos, cartões postais: Copacabana 2.492 assaltos, Ipanema 1.467 e Centro 741. Nas praias foram cometidos 2.816 assaltos e em via pública 2.263. O turismo no Rio teve uma queda de receita de R$ 768 milhões de janeiro a abril deste ano, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio.

Malefícios

Na entrevista ao Estadão, o procurador faz cara de paisagem para os malefícios que a dupla Lula/ Dilma causou ao país. Em nenhum momento isto o motivou a investigar os petistas que saquearam os cofres públicos, pois para ele o país só começou a ficar pervertido depois que o Temer assumiu o poder e o Aécio pediu R$ 2 milhões ao Joesley, da JBS. Ora, doutor Janot, o senhor sabe muito bem que quase no final dos seus trabalhos houve uma turbulência dentro do próprio Ministério Público. Muitos dos seus auxiliares – que preferem o anonimato – não gostaram que Vossa Senhoria tivesse dado um salvo conduto aos irmãos Batista em troca da delação premiada.

Botija

O senhor esteve com a mão na botija para chegar aos verdadeiros chefes da organização criminosa no Brasil, sob a orientação dos irmãos Batista, e deixou escapar essa grande oportunidade porque considerou que a gravação, a mala do assessor do Temer, e a gorjeta milionária do Aécio eram revelações suficientes para encerrar as investigações. Os irmãos Batista, senhor Janot, enrolaram o senhor e seus auxiliares. Eles são hábeis negociantes. Não à toa, em pouco mais de dez anos, deixaram seus açougues na periferia das cidades de Goiás para se transformar em bilionários internacionais.

Balela

Com a conversa fiada de que o Brasil precisaria de multinacionais no exterior, eles também enrolaram os dirigentes do BNDES e de lá sacaram bilhões para comprar empresas com o Não vamos falar aqui nos quase quinze tiroteios nosso dinheirinho e gerar renda diários, nas balas perdidas (35 mortos este ano), e emprego lá fora. Os que não no tráfico de drogas e no assalto a cargas nas foram iludidos passaram a receestradas. Lamentável, mas é chover no molhado. Quando o senhor diz que ber propinas como intermediários Diante de tanto desmando, será que o carioca das transações para facilitar as ainda não entendeu que o voto não é cacareco? uma das condições dos Batista para delação era negociatas dos irmãos Batista. Ou ainda continua procurando o seu chimpanzé o perdão total dos crimes, Entendeu, doutor Janot? de estimação? Com a palavra os 400 mil eleitoque eles não abriam mão res do Tião. dessa imunidade, está Veja agora os fatos atuais: fazendo uma confissão com a prisão de Geddel, os de leniência. Trocando Li e reli algumas entrevistas de Rodrigo Janot brasileiros sabem agora que os nos últimos dias. Confesso que nada do que ele em miúdos: o senhor irmãos Batista fizeram da Caixa quer dizer que nem a disse me tocou, me sensibilizou em relação ao seu trabalho na procuradoria. O procurador-geral Polícia Federal e nem os Econômica Federal um covil da República tem falado friamente sobre os fatos seus procuradores teriam de bandidos. Do banco, eles que ocorreram na sua gestão à frente do órgão e condição de levar a fundo sacaram mais de R$ 2 bilhões em nenhum momento puxou para si a responsa- as investigações? É isso? para comprar a Alpargatas, bilidade de apurar os crimes da dupla Lula/Dilma. Ora, sabemos todos que aquela das sandálias havaianas. O Geddel era vice da CEF à Fez-se distante dos males que os dois causaram a PF está aparelhada época. Descobre-se, agora, que tecnicamente para desao país, ao contrário do juiz Sérgio Moro que ele facilitou o negócio ao preço cobrir crimes financeiros condenou o ex-presidente a nove anos e meio como poucas polícias do de R$ 20 milhões de propina, de cadeia. Janot falou do Temer, do Aécio e do como denunciou o doleiro Lúcio mundo. E os seus proprocurador Ângelo Goulart, olheiro dos irmãos curadores também estão Funaro em delação premiada. A Batista, preso. Recusou-se a se defender das pergunta é: os Batista, quando insinuações que Temer fez de que ele estaria na na mesma condição de fizeram a delação premiada, eficiência. Portanto, as caixinha da JBS, acusação grave que teria merecontaram essa historinha para cido dele uma resposta à altura de quem não tem suas afirmações, doutor culpa no cartório. Mas o que se viu até agora foi Janot, são frágeis, não se o senhor e seus procuradores? Claro que não, doutor Janot. sustentam. um silêncio inexplicável de Janot.

Tiroteios

Delação

Al Capone

Os fatos

3


4

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

A eleição de 2018

C

orrendo soltos enquanto não existe formalmente um candidato de oposição, o govenador Renan Filho e o senador Renan Calheiros estão fazendo a festa na capital e no interior. É comum se ouvir dizer que o atual governador não tem adversário, mas parece que a oposição está bem articulada para disputar majoritariamente as eleições do próximo ano. Numa reunião recente na residência do ministro Maurício Quintella, em Maceió, ficou bastante claro que a oposição vai enfrentar os Renans nas urnas e o provável candidato seria o prefeito Rui Palmeira. Mesmo sem anunciar qualquer tipo de candidatura, Rui Palmeira, nas pesquisas, está no calcanhar do governador Renan Filho e o quadro eleitoral pode mudar rapidamente quando Maceió investir mais em obras estruturantes que estão em curso, o que já deve ocorrer a partir deste segundo. Os nomes da oposição já estão praticamente garantidos e nessa base está incluído o deputado Ronaldo Lessa e provavelmente o senador Fernando Collor, que não anda muito satisfeito com seu colega de Senado, Renan Calheiros. Para especialistas na área política, é muito cedo para se cantar vitória, mesmo porque as alianças e composições ainda estão em curso e a tendência do eleitoral se resume em um pequeno percentual, e a maioria ainda não sabe para onde vai.

Previsão furada

O governador Renan Filho parece que só tem se preocupado mesmo com sua reeleição e a do pai. Não perde oportunidade para fazer marketing populista, mas às vezes erra na dosagem. Na semana passada, por exemplo, anunciou nas redes sociais a redução do preço dos combustíveis no estado, mas, no dia seguinte, ocorreu exatamente o contrário do que ele prometeu: os preços voltaram a subir.

Oposição

O deputado Bruno Toledo virou mesmo um opositor ferrenho ao governador Renan Filho. Fez críticas contundentes durante suas aparições nas redes sociais quando falava do preço de combustíveis e disse que Renan está usando o populismo para cair nas graças do povo. “Tudo que ele disse sobre redução dos preços de combustíveis é incorreto”, sapecou o deputado.

Arrependimento

Há quem diga que o ex-deputado João Lyra torce a cara quando ouve falar nos Renans. Lyra esperava, quando ofereceu o então seu partido, o PSD, para fazer parte da coligação que elegeu Renan Filho, que a dupla fizesse esforços para ele resolver as pendências das suas usinas. Deu no que deu e agora o governo deseja fazer reforma agrária nas terras da Usina Guaxuma.

Sucateadas

Enquanto isso os novos administradores não conseguiram dar um passo sequer para vender as usinas da massa falida, que estão praticamente sucateadas e sem condições de recuperação. A administração anterior, através do advogado João Daniel, tinha uma programação para venda dos ativos e com grandes perspectivas de pagar aos trabalhadores. Bem que o Tribunal de Justiça poderia rever as providências adotadas até agora.

GABRIEL MOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Sucesso na saúde O senador Benedito de Lira destacou a atual gestão do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que investiu nas últimas semanas mais de R$ 3 bilhões em benefício da saúde pública nos estados e municípios. Lira mostrou que o ministro priorizou o atendimento público à saúde e o investimento de R$ 1 bilhão e 700 milhões que serão aplicados na aquisição de 5 mil novas ambulâncias.

Vale tudo

O inquilino do Palácio dos Martírios fez um discurso no lançamento do novo hospital regional em Porto Calvo e aproveitou para falar da sua atuação no governo. Lembrou que a retomada das obras da BR-101 foi uma atuação sua. De propósito o governador esqueceu o trabalho da bancada federal e do ministro dos Transportes, Maurício Quintella. Renan Filho escolheu, agora, trabalhar politicamente no varejo.

Caso de polícia

Mais uma vez o MST perturba empresários e o turismo na região norte. Desta vez o alvo foi uma área próxima a Maragogi onde cresce assustadoramente a presença de turistas. Alguns integrantes do MST invadiram ruínas de construções e desafiam a Justiça e a polícia para não arredar pé do local. Essa invasão já se tornou uma prática comum no Brasil e particularmente em Alagoas.

Ressentimento

O senador Fernando Collor não gostou nem um pouco de não ter sido convidado para um jantar, em Maceió, na residência do ministro Maurício Quintella, quando foram tratados assuntos relativos às eleições do próximo ano. Pelo indicativo, Collor gostaria de fazer parte desse bloco. Bombeiros entraram em ação e o assunto que desagradou o ex-presidente foi colocado de molho.

Dupla força

Os deputados federais Arthur Lira e Maurício Quintella são dois políticos que mais detêm apoios de prefeitos no interior do estado. Os dois possuem bases sólidas em mais de 50% dos municípios, o que lhes garante com certa tranquilidade a reeleição em 2018.

Em alta 1

A gestão do prefeito Eduardo Tavares, de Traipu, está dando tão certo, que um grupo de alunos da Uneal liderado pela professora Nadja Peixoto foi ao município para tomar conhecimento de como se constrói uma gestão pública, sob a ótica do planejamento e das finanças com resultados tão positivos. Isso, em apenas seis meses de administração.

Em alta 2

Além da Uneal, também esteve em Traipu a diretoria da Associação dos Municípios, que escolheu o município para sediar o projeto “AMA no município”. O presidente Hugo Wanderley foi até lá para colher um resumo dos seis meses de gestão, que inclui, dentro outros méritos, pagamento do servidor dentro do mês trabalhado, saída do município do Cauc, o fim da violência, a troca na rede de abastecimento de água e outras ações pontuais de infraestrutura.

Preso prestigiado

A coluna errou quando disse que o ex-prefeito de Canapi, Celso Luiz, preso suspeito de levar R$ 18 milhões do pobre município, havia sido abandonado pelos amigos. Mas não é bem assim. Celso mantém o controle do Inmeq, órgão que atua como o Inmetro em Alagoas. Além de nomear apadrinhados seus, o presidente da instituição é seu filho Luiz Pedro. O governador Renan Filho é um dos poucos que não se afastaram do ex-presidente da Assembleia Legislativa.

Ação contra Amélio

A ação da Ordem dos Advogados do Brasil que pedia a anulação de Cícero Amélio como conselheiro do Tribunal de Contas parece ter perdido o objeto, com a nomeação de Rodrigo Cavalcante. Mas circulam informações de bastidores de que existe um ministro do Superior Tribunal de Justiça que trabalha 24 horas para tirar Amélio do TC para emplacar um seu pupilo alagoano na Corte de Contas.

Indiferença

A matança de animais por atropelamento ao longo da rodovia entre Maceió e Praia do Francês merece os cuidados do governo. Os bichos, mortos e putrefatos, ficam durante dias nas rodovias sem que o órgão competente do estado recolha os animais, que podem causar acidentes e afetar a saúde da população.

Sombra negra

O senador Renan Calheiros, que não perde mais ações do governo do filho, está às voltas, novamente, com a sombra de novos problemas com a Lava Jato. Agora, de acordo com a imprensa do Sudeste do país, já teriam sido localizadas contas secretas de um acusado de ser um dos principais operadores do senador. Acreditando que todas as investigações de que é alvo serão arquivadas, Renan já responde a mais de dez inquéritos e denúncias na Lava Jato.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

5


6

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

PT condena bloqueio de bens de Lula

VINGANÇA DA TOGA PARTIDO DIZ QUE ATO DO JUIZ MORO É UMA ASFIXIA ECONÔMICA QUE PRIVA EX-PRESIDENTE E FAMÍLIA DE MEIOS PARA SUBSISTIREM POR JOELMA PEREIRA Congresso em Foco

Em defesa do ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) classificou o bloqueio de bens do petista como “vingança” sobre um “inocente”. “Moro decretou uma pena de asfixia econômica que priva o ex-presidente de sua casa, dos meios para subsistir e até para se defender das falsas acusações”, diz a legenda por meio de nota enviada à imprensa. O partido alega ainda que a decisão do magistrado foi “mesquinha”, tramada em segredo ao longo de nove meses com a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. “Moro mostrou mais uma vez que não tem equilíbrio, discernimento nem a necessária imparcialidade para julgar ações relativas ao ex-presidente Lula”, contestou o PT. Ontem (quarta-feira, 20), uma semana após condenar o ex-presidente Lula a nove anos e seis meses de prisão, Moro mandou bloquear R$ 606,7 mil das contas do ex-presidente. Entre os bloqueios pedidos pelo juiz também estão inclusos três apartamentos em São Bernardo do Campo, na Grande São

Para o PT, bloqueio autorizado por Sérgio Moro foi motivado por vingança; ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses de prisão

Paulo. Um deles, inclusive, é a atual residência de Lula. Além disso, o magistrado também estendeu a determinação a um terreno na mesma cidade e dois automóveis – um GM Omega CD ano 2010 e um Ford Ranger LTD ano 2012/2013. Para os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, que fazem a defesa de Lula, a decisão “é ilegal e abusiva”. “A defesa irá impugnar a decisão”, afirmaram. Zanin e Valeska justificam que somente a prova efetiva de risco de dilapidação patrimonial poderia justificar a medida cau-

telar patrimonial aplicada por Moro. “O Ministério Público Federal não fez essa prova, mas o juízo aceitou o pedido mais uma vez recorrendo a mera cogitação”, contesta. (Leia íntegra da nota abaixo) Além disso, os advogados afirmam que a decisão de Moro é contraditória, uma vez que a medida foi efetivada um dia após “o próprio Juízo haver reconhecido que Lula não foi beneficiado por valores provenientes de contratos firmados pela Petrobras” e que não recebeu efetivamente a propriedade do tríplex.

CONDENAÇÃO Lula recebeu condenação de nove anos e seis meses de prisão em sentença do juiz Sérgio Moro. A decisão, em primeira instância, pelo juiz federal, se dá pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É a primeira a ser feita contra o ex-presidente na Operação Lava Jato. A sentença de Moro tem 238 páginas. De acordo com a condenação, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propinas da empreiteira OAS entre 2006 e 2012 em consórcio com a Petrobrás. Ao todo, nas contas da Lava Jato, o esquema

criminoso movimentou R$ 6,2 bilhões em propina, gerando à Petrobras um prejuízo estimado em R$ 42 bilhões. Para o MPF, Lula era o elo entre o esquema partidário e o esquema de governo. Moro, no entanto, não decretou a prisão de Lula. Na sentença, ele afirma que “a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas” e, portanto, “a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

7

No lançamento do livro de Joaldo Cavalcante, Thereza Collor cumprimentou amigos e distribuiu sorrisos; ao lado do jornalista Vannildo Mendes e do filho Fernando

Thereza Collor admite disputar mandato federal

MUSA DE VOLTA FILIADA AO PSDB, VIÚVA DE PEDRO COLLOR REVELA TER RECEBIDO CONVITE DE VÁRIOS PARTIDOS E AFIRMA: “ESTOU SEPARANDO O JOIO DO TRIGO”

DA REDAÇÃO

C

onhecida nacionalmente como musa do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, ocorrido em 1992,Thereza Collor está inclinada a ceder aos apelos para entrar na vida política. Viúva de Pedro Collor, irmão de Fernando, hoje ela é casada com o empresário paulista Gustavo Halbreich. Carismática, Thereza circulou com desenvoltura entre políticos e intelectuais presentes ao lançamento do livro 17 de Julho, do escritor e jornalista Joaldo Cavalcante, na segunda-feira (17). Ela confidenciou a amigos que essa hipótese está mais plausível do que nunca. “Fui convidada por três partidos a me filiar e a concorrer nas eleições em 2018. São projetos muito bem elaborados e bem próximos ao que eu penso ser necessário para o futuro de Alagoas e do Brasil, principalmente nesses momentos de crise política”.

São vários os convites que recebeu para disputar uma cadeira no Congresso Nacional, possivelmente de deputada federal. A dificuldade está em escolher uma legenda, tamanho o grau de promiscuidade da classe política e dos partidos, como demonstrado na Operação Lava Jato. “Um desses projetos já chegou com o aval da direção nacional e com bem mais consistência e, claro, me deixou bastante entusiasmada. Então, acredito que muito em breve posso estar saindo do PSDB, partido que me acolheu por muitos anos, e entrando de corpo e alma numa nova fase de minha vida pública”. Dona de uma beleza marcante aos 54 anos, Thereza Collor conserva o mesmo brilho dos tempos em que acompanhou o marido, Pedro, na cruzada cívica para desmantelar o esquema de corrupção comandado pelo empresário Paulo César Farias, o PC, extesoureiro da campanha presi-

Com Joaldo, autor do livro “17 de Julho”, sobre a queda de Suruagy

dencial. Ela disse que está separando o joio do trigo para fazer uma opção. Preservado até aqui do vendaval de denúncias, o PPS está no páreo e lhe estendeu tapete vermelho. Embora tenha bom trânsito com membros do partido, ela ainda não bateu o martelo. A degradação do meio político e a baixa qualidade da representação alagoana atual, em vez de desanimá-la,

servem de estímulo. Entende que é o momento certo de dar sua contribuição na construção de uma nova era republicana. Ao comparar os episódios do impeachment de Collor com o mar de lama que tomou conta da política atual, ela costuma dizer, melancólica, que o esquema PC Farias, hoje, é visto como “fichinha” e “fica parecendo traquinagem de criança”.


8

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Começa a venda de bens do falido usineiro João Lyra

MASSA FALIDA LANCES PODERÃO SER OFERTADOS A PARTIR DA QUARTA, DIA 26, E ATÉ O DIA 4 DE AGOSTO

ciamento e outros detalhes para providenciar o leilão. “Mas ainda não há prazo para o término dos estudos”.

A antiga sede do Grupo JL, em Jacarecica, é um dos imóveis a serem leiloados JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

N

a semana passada, o EXTRA publicou uma matéria sobre empresa europeia que tentou barrar o leilão de bens da Massa Falida do Grupo João Lyra, que terá início no dia 26 de julho. Segundo a instituição financeira Calyon, que cobra uma dívida de R$ 94 milhões das empresas do ex-usineiro, os leiloeiros nomeados não teriam credenciamento para a condução de leilões judiciais da Justiça Estadual de Alagoas e, por isso, entrou com liminar a fim de suspender a hasta. Porém os magistrados responsáveis pela Massa Falida, José Eduardo Nobre Carlos, Leandro de Castro Folly e Phillippe Melo

Alcântara Falcão, justificaram que o leilão será conduzido por um leiloeiro com registro de matrícula local, enquanto o credenciamento do outro, na Junta Comercial do Estado de Alagoas, estaria em andamento. E destacaram ainda que os indícios obscuros levantados pela empresa não mereceram ser acolhidos. Após publicação, chegou no e-mail deste jornal uma mensagem com indagações sobre os trâmites e a reportagem foi atrás de cada leiloeiro envolvido para tentar sanar essas dúvidas. De acordo com o leitor, os leiloeiros escolhidos Renato S. Moysés e Osman Sobral e Silva não estariam realizando nenhum anúncio oficial e público com as especificações e características dos itens ofertados, o

que dificultaria o interesse de muitos em participar do certame, além do credenciamento dos leiloeiros, que foi posto a xeque. “Alegam que não fui credenciado pelo Tribunal de Justiça (TJ-AL), mas sou leiloeiro público e oficial há quarenta anos e já fiz trabalhos para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Ministério Público. Para o leilão do TJ-AL, acabei sendo descredenciado porque faltou uma certidão, mas foi falha do meu escritório. Mas, esse leilão é da Massa Falida e não da Justiça alagoana, quem diz isso foi o próprio Tribunal”, informou Osman Sobral e Silva. Quanto à divulgação dos itens, Silva destacou que “o trabalho conta com propaganda no país e no exterior”. “O leilão será dia 5 de agos-

to, mas no dia 26 deste mês, será o início do recebimento das propostas. A partir de domingo sairá publicações em jornais de grande circulação de Alagoas, Bahia e Pernambuco sobre informações de como participar do certame”. Já o leiloeiro Renato S. Moysés informou não estar ciente sobre o andamento processual em Alagoas. “Eu simplesmente fui nomeado. Se vão manter a nomeação, isso é com o magistrado. Foram escolhidos dois leiloeiros de São Paulo e Alagoas para dar maior proporção à venda. Mas a atuação de leiloeiro é estadual, por isso existe um de cada estado, trabalhando em conjunto”. Sobre as usinas de Minas Gerais, Moysés disse que está sendo levantado informações de georeferen-

LEILÃO Parte dos ativos da massa falida do grupo alagoano Laginha Agroindustrial, do ex-deputado e usineiro João Lyra, foram colocados a leilão pela justiça de Alagoas. Do dia 26 até o dia 4 de agosto, os itens estarão disponíveis para os interessados na plataforma de leilões online Superbid. A falência do grupo sucroalcooleiro foi decretada em 2012, mas desde novembro de 2008 a Laginha encontrava-se em recuperação judicial. No momento, um dos principais ativos a venda é o terreno e imóvel onde funcionava a sede da Laginha Agroindustrial, uma das principais empresas do grupo, especializada no plantio de cana de açúcar e produção de etanol. O lote está avaliado em R$ 15,7 milhões. Também serão ofertados um apartamento localizado no bairro Ponta Verde, em Maceió, com valor inicial de R$ 650 mil e uma aeronave modelo BEM-820C Carajá, com lance inicial de R$ 340 mil. O valor arrecadado no leilão será utilizado para pagamento de credores, fornecedores de serviços, instituições financeiras e tributos fiscais. O leilão será comandado pelos leiloeiros Renato Moyses e Osman Sobral e Silva. Os lances podem ser realizados por meio do portal Superbid (www.superbid. net).


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

9

TRF manda ex-prefeito de Traipu cumprir pena de prisão

FIM DA IMPUNIDADE DECISÃO ATINGE MARCOS SANTOS E O FILHO MARCOS DOUGLAS, CONDENADOS EM 2012

A denúncia se refere à não prestação de contas de recursos da educação repassados pelo governo federal nos anos de 2009 e 2010 dentro dos programas Brasil Alfabetizado e Programa de Desenvolvimento da Educação, cujos valores totalizam R$ 232.815,85 atualizados até 19 de janeiro de 2015.

Marcos Santos e o filho Marcos Douglas; ex-prefeito também é acusado da morte de ‘Valdão’ (D)

VERA ALVES veralvess@gmail.com

O

ex-prefeito de Traipu Marcos Antônio dos Santos é mais um político alagoano a ser atingido pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de cumprimento de pena provisória de condenação em caso de perda de recurso em segunda instância e ainda que caibam novos recursos. Condenado em setembro de 2012 pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), sediado em Recife (PE), a 15 anos e 6 meses de reclusão, mais 4 anos, 4 meses e 15 dias de detenção, ele teve o pedido de cumprimento da pena aprovado pelo Pleno do TRF que pode expedir a qualquer momento ordem para que seja encarcerado. O pedido foi apresentado pelo Ministério Público Federal e atinge também o filho do ex-prefeito. Marcos Douglas Medeiros dos Santos foi condenado a 13 anos de reclusão mais 3 anos e 9 meses de detenção. Pai e filho foram condenados em ação penal movida pelo MPF acerca de irregularidades na Prefeitura de Traipu durante a gestão de Marcos Santos no período de 2004 a

2007 e investigadas no bojo da Operação Carranca. A ação penal foi instaurada em 2008 na 8ª Vara Federal de Alagoas, em Arapiraca, mas terminou sendo transferida para o TRF-5 por conta do foro privilegiado do então prefeito. Quatro anos depois, pai e filho, além de Eurípedes Marinho dos Santos (ex-assessor parlamentar da Câmara dos Deputados – 4 anos e 6 meses de prisão), Francisco Carlos Albuquerque dos Santos (ex-secretário de administração de Traipu – 8 anos de prisão) e Álbson Pimentel Cavalcante (funcionário da Meca Construções e Comércio Ltda – 5 anos de prisão) foram sentenciados. Marcos Santos – cuja pena total é de 19 anos, 10 meses e 15 dias de prisão, além de multa de R$ 350 mil e perda dos direitos políticos por oito anos – e o filho foram condenados pelos crimes de responsabilidade, fraude em licitação, corrupção, lavagem de dinheiro e quadrilha. As investigações revelaram que Marcos Santos comandava uma organização criminosa montada para desviar verbas públicas federais repassadas ao município de Traipu. Quando exercia o cargo de secretário geral do município, ele criou empresas fictícias em nome de terceiros (os chamados “laranjas”) e manipulava editais de li-

citação para beneficiá-las. Para fraudar as licitações, contava com a conivência de servidores que atestavam o recebimento e entrega da obra, serviço ou produto que não haviam sido efetivamente realizados. O esquema desviou mais de R$ 5 milhões. Sete empresas envolvidas nas fraudes – Alvorada Construções Ltda., Construtora Alagoense Ltda., Metropolitana Construções e Comércio Ltda., Construtora Cavalcante Ltda., Novo Horizonte Construções Ltda., Amazonas Construções Ltda. e Meca Construções e Comércio Ltda. – eram comandadas pelo ex-prefeito e foram constituídas por sócios com os mesmos telefones e endereços, em novembro de 2000, mesmo ano em que Marcos Santos foi eleito prefeito de Traipu. Mesmo tendo recorrido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra as respectivas condenações, Marcos Santos e o filho Marcos Douglas terão de cumprir provisoriamente a pena, de acordo com o TRF-5, cujo Pleno negou recursos impetrados por pai e filho. “Acerca da execução provisória penal, recentemente, nos autos do HC 126.292/SP, o STF modificou o seu posicionamento e passou a entender que a execução provisória de acórdão penal proferido em grau de apelação,

ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF).3. É certo que, na hipótese, em sendo a competência originária do TRF, e, inexistindo sentença de juiz de primeira instância anterior ao julgamento por este Colegiado, tal circunstância, só por si, não impede a aplicação do entendimento da Suprema Corte, uma vez que a análise fático-probatória já está encerrada nos autos da aludida Ação Penal Originária”, afirma trecho do acórdão do TRF-5 no julgamento do Agravo Regimental aceito pelo Pleno da Corte no dia 22 de março último e interposto pelo Ministério Público Federal pedindo o cumprimento da pena de condenação. OUTROS PROCESSOS Este não é o único processo contra Marcos Santos na Justiça federal. Ele é réu em várias ações por improbidade, a mais recente delas acatada em abril último, quando o juiz federal Cristiano de Jesus Pereira Nascimento, da 8ª Vara Federal em Alagoas, acatou nova denúncia de improbidade contra o ex-prefeito na Ação Civil Pública nº 0801145-76.2016.4.05.8001 de autoria do Ministério Público Federal.

Ex-prefeito também responde a ação penal por homicídio Ações de improbidade administrativa não são as únicas acusações contra o ex-prefeito Marcos Santos. Ele é réu em ação penal que tramita na Comarca de Traipu acusado de ser o mandante do assassinato de José Valter Palmeira, ocorrido em 15 de maio de 2011. “Valdão”, como era conhecida a vítima, foi secretário de Turismo de Traipu e amigo pessoal do então prefeito. De acordo com o Ministério Público Estadual, o ex-secretário teria sido morto porque estaria exigindo maior participação na divisão de dinheiro proveniente de propina. A defesa de Marcos Santos, contudo, sustenta que o autor material do crime, Erivan Alves dos Santos, acusou o ex-prefeito em troca de delação premiada e sob coação do policial civil Ricardo Martins Ribeiro. Este último teria ligações com a ex-prefeita Maria Conceição Teixeira Tavares, inimiga política de Santos. Marcos Santos chegou a ser preso e em novembro de 2013 obteve um salvo conduto expedido pelo desembargador Otávio Praxedes – hoje na presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas – que impede que ele seja novamente detido por acusação ligada ao assassinato do ex-secretário. A ação penal por homicídio qualificado não teve continuidade porque ele recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, onde o recurso deu entrada em setembro de 2014 e até hoje não foi julgado.


10

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Cristiano Matheus era líder de quadrilha, afirma PF

A CASA CAIU! EX-PREFEITO É ACUSADO DE DESVIAR R$ 6 MILHÕES DA EDUCAÇÃO DE MARECHAL DEODORO

por exemplo, ele possui uma fazenda e dois postos. Já em Pernambuco, outra fazenda. O restante dos bens está espalhado por cidades alagoanas”, revelou Tenório. No total, a operação contou com cerca de 100 policiais federais. Foram apreendidos documentações, quatro veículos de luxo, a quantia de 11 mil euros, mídias digitais, uma arma e computadores.

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, seria o beneficiário do Bolsa Família mais rico do país. Isso porque Matheus não tem nenhum bem registrado em seu nome, a não ser uma motocicleta. Ou seja, um pai de família sem renda e moradia própria. Mas, mesmo assim, o político goza uma vida de luxo com direito a carros finos, viagens em jatos e coleção de posses, como fazendas, postos de combustíveis e residências. A informação é do delegado da Polícia Federal, de Pernambuco, Márcio Tenório. Matheus foi o alvo da Operação Astaroth (em alusão ao demônio fenício da vaidade), deflagrada pela PF nos estados de Alagoas, Maranhão e Pernambuco, nesta quinta-feira, 20, em busca de provas para comprovar o desvio de R$ 6 milhões da Prefeitura de

Em coletiva, Polícia Federal faz balanço da operação que teve como alvo Cristiano Matheus

Marechal Deodoro, verba que deveria ser investida na educação. Durante coletiva, delegados foram sucintos: “Cristiano Matheus encabeçava uma organização criminosa que lesava o patrimônio público e todos seus bens estão no nome de ‘laranjas’”. Conforme o superintendente da PF, em Alagoas, Bernardo Gonçalves, Matheus ainda pode ser preso durante o andamento das investigações. “A Justiça considerou não haver necessidade de prisão preventiva no momento, mas nada impede que ele seja preso no decorrer dos fatos. A investigação deve ser encerrada em 30 dias, mas há extensão desse prazo”, explicou ao EXTRA. Para o delegado Márcio Tenório, as documentações

Ex-prefeito tinha em seu poder 11 mil euros

apreendidas já formam um rol de provas substanciais. “Nem mesmo ele fora da cadeia poderia fazer algo para reverter tudo que nós já temos e sabemos”, disse. A quadrilha também fa-

zia o esquema de lavagem de dinheiro. Cristiano Matheus teria um patrimônio plural, com terrenos, fazendas, residências e postos de combustíveis em Alagoas e outros estados. “No Maranhão,

DEMÔNIO VAIDOSO A operação cumpriu nove dos 17 mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens em Maceió, Santana do Ipanema, Marechal Deodoro e Pão de Açúcar. A investigação foi para comprovar o desvio de verbas oriundas do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). De acordo com a PF, 14 pessoas, familiares, ex-assessores e funcionários de Cristiano Matheus estavam envolvidos no esquema fraudulento. Matheus governou Marechal Deodoro por quase dois mandados, de 2009 a 2016, sendo que em setembro do último ano, foi afastado do cargo também por denúncia de corrupção. A decisão foi proferida pela magistrada Isabele Carvalho de Oliveira, da 2ª Vara da Justiça Federal, atendendo um pedido do Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL), que também exige o ressarcimento de mais de R$ 102 milhões aos cofres públicos devido a rombo no erário da cidade.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

11

Três ex-prefeitos e um mesmo golpe

OPERAÇÃO SEPSE INVESTIGADOS APRESENTARAM AUMENTO DE BENS EM DECLARAÇÕES À JUSTIÇA ELEITORAL

Operação foi deflagrada em junho

A

Promotores de Justiça do Gecoc revistaram residências de Jacob Brandão e Fábio Rangel

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

U

ma casa, um carro e uma moto, bens que totalizam uma quantia de R$ 300.484,80. Esse foi o valor declarado pelo ex-prefeito de Girau de Ponciano, Fábio Rangel Nunes de Oliveira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL), durante campanha à reeleição no ano passado, na qual acabou perdendo. No entanto, em 2012, Oliveira declarou não ter posses em seu nome à Justiça Eleitoral. Porém, bastou quatro anos para que conquistasse, por exemplo, uma casa avaliada em R$ 250.000. Coincidência ou não, na quarta-feira, 19, essa mesma casa, localizada em Arapiraca, recebeu a “visita” de autoridades do Ministério Público Estadual (MP-AL) e do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc). O ex-prefeito foi preso acusado de participação em esquema que desviou recursos públicos da saúde juntamente a outros ex-gestores de municípios do interior de Alagoas. O valor do rombo: cerca de R$

3 milhões. Entre os investigados a ex-prefeita de Passo de Camaragibe, Márcia Coutinho Nogueira de Alburquerque. Se em 2012 ela não tinha bens para declarar, a candidata à reeleição pela cidade – que também perdeu no ano passado - mostrou uma lista de posses que vão de um capital social de empresa de posto de gasolina a um automóvel e uma fazenda. Na descrição da prestação de contas, a ex-prefeita fez questão de destacar que o veículo, no valor de R$ 70 mil, estava no nome da filha, e que a fazenda seria doação de seus pais. O valor total declarado foi de R$ 149.347,50. Já o ex-gestor de Mata Grande, José Jacob Gomes Brandão, que também teve a prisão decretada pela 17ª Vara Criminal da Capital a pedido do Gecoc, teve um salto de conquistas maior. Se na eleição de 2008 declarou ter apenas um veículo Frontier, na época, um carro do ano, no valor de R$ 100 mil, durante sua reeleição, em 2012, esse número mudou. Ele declarou que tinha 300 cabeças de gado, uma Toyota Hillux dourada, uma caminhonete e outros pertences que totalizavam a quantia de R$ 403.961,49. Diferentemente de Fábio

Rangel, os ex-gestores Márcia Coutinho e José Jacob ainda não foram localizados pelos agentes do Ministério Público. A prisão contra Fábio Rangel Nunes de Oliveira foi acompanhada pelos promotores de Justiça Luiz Tenório e Kléber Valadares. Este último, atual promotor natural de Girau do Ponciano. FORAGIDOS Fábio não apresentou resistência e foi encaminhado à sede do Ministério Público, em Maceió, onde foi interrogado. José Jacob Gomes Brandão e Márcia Coutinho Nogueira não foram encontrados em suas residências. Na casa de Jacob, num condomínio de luxo em Jacarecica, participou da operação o promotor Carlos Davi Lopes e, no imóvel de Márcia, na Ponta Verde, estiveram presentes os promotores Thiago Chacon e Lucas Sachsida. Segundo as investigações do MP, que começaram em março, os ex-prefeitos teriam participado de um esquema criminoso envolvendo suposta compra de medicamentos por meio de notas fiscais fraudulentas. Nas irregularidades apuradas pelo Gecoc, ficou comprovado que José Jacob Gomes Brandão,

Fábio Rangel Nunes de Oliveira e Márcia Coutinho Nogueira assinaram procedimentos licitatórios que beneficiaram a RR Distribuidora, autorizando pagamentos de verbas públicas em favor da referida empresa sem que qualquer mercadoria tivesse sido fornecida ou serviço prestado. O prejuízo causado já ultrapassaria as cifras de R$ 3 milhões. E tal valor foi confirmado ao Gecoc por uma pessoa que aceitou o benefício da colaboração premiada e decidiu revelar o esquema criminoso. Em depoimento prestado, o delator revelou que foi convencido por um empresário a montar uma empresa de fachada com o objetivo apenas de vender notas fiscais frias em troca de uma determinada quantia em dinheiro. Tal empresa deveria fornecer, supostamente, medicamentos para as prefeituras de Mata Grande, Passo do Camaragibe e Girau do Ponciano. No entanto, ela jamais vendeu os remédios, apesar de emitir nota fiscal em valores altíssimos. A operação prendeu ainda uma ex-secretária de Saúde de Girau do Ponciano e um representante da RR Distribuidora, empresa que pertence ao empresário que aceitou colaborar com as investigações.

operação da última quarta-feira é uma continuação da Sepse, desencadeada em junho nessas três prefeituras. Após o cumprimento das medidas cautelares à época, centenas de documentos foram recolhidos e eles serviram de base para que o Gecoc pudesse aprofundar as investigações. Naquela ocasião, o empresário Josimar Campos de Araújo também foi alvo da operação e havia contra ele um mandado de prisão temporária. Josimar é apontado como proprietário da JC Campos Distribuidora, a principal empresa envolvida no esquema. Ele não foi encontrado em sua residência e, até agora, continua foragido, uma vez que o pedido de prisão temporária foi convertido em preventiva em função da fuga do acusado. Com relação às medidas cautelares para fazer buscas nas residências dos investigados, o Gecoc acredita que novas provas possam ser localizadas. O procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, e os promotores do Gecoc, Antônio Luiz dos Santos, Luiz Tenório, Elísio da Silva Maia, Carlos Davi Lopes, Hamilton Carneiro Júnior e Eloá de Carvalho Melo também pediram a indisponibilidade dos bens de todos os acusados no valor de R$ 3 milhões. Com o pedido deferido pela 17ª Criminal da Capital, o Bacenjud (Banco Central do Brasil), o Renajud (Sistema de Restrições Judiciais de Veículos Automotores) e os cartórios imobiliários de Maceió, de Passo de Camaragibe e de Girau do Ponciano deverão receber ofícios para que promovam o devido bloqueio dos bens em nome dos envolvidos.


12

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

COLÔNIA LEOPOLDINA CELEBRA 113 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA O município de Colônia Leopoldina comemorou no último domingo, 16, os 113 anos de sua emancipação política. A festa de aniversário foi celebrada até o fim da noite com apresentações culturais da banda fanfarra da Escola Municipal Zora de Meneses e shows. A programação começou às 8 horas da manhã, com o hasteamento da bandeira do município. Durante a cerimônia, o prefeito Manuilson Andrade, que está em seu terceiro mandado, presenteou diversas autoridades e cidadãos ilustres da pequena cidade localizada a 117 km da capital. Na ocasião, Manuilson anunciou o recebimento de precatórios estimados em R$ 30 milhões. “Se a justiça permitir irei investir 25% na educação, 15% na saúde e 5% na assistência social”. O prefeito revelou também sua disposição em realizar concurso público, cujo edital deve ser lançado até o final de agosto, com aproximadamente 300 vagas para todas as áreas. À noite, a alegria tomou conta da cidade com shows de grandes nomes do forró nordestino como Luan Estilizado, Jorge de Altinho e Galã do Brega.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

13

Justiça suspende licitação milionária em Santana do Mundaú

SOB SUSPEITA

EMPRESA BSM VENCE CERTAME, MAS É DESCLASSIFICADA E TEVE IDONEIDADE CONTESTADA MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

Justiça suspendeu a realização de nova licitação de locação de veículos para o município de Santana do Mundaú. A decisão é da 2ª Vara Civil de União dos Palmares e foi tomada pelo juiz Yulli Roter Maia no último dia 13. O pedido, através de mandado de segurança, feito pela empresa BSM Locação e Serviços de veículos e Máquinas Eireli Epp contesta o pregão nº 18/2017 no qual foi vencedora, mas desclassificada por não ter preenchido alguns requisitos, o que foi contestado. Outra reclamação é que a empresa teve sua idoneidade prejudicada a ponto de não poder participar de outros certames. Em sua decisão, o magistrado além de suspender o pregão, determinou ainda a suspensão do ato administrativo que aplicou sanção de inidoneidade à empresa reclamante. Na notificação, o juiz pede que as autoridades prestem informações no prazo de 10 dias, “bem como junte aos autos cópias integrais do processo licitatório e do processo administrativo sancionador contra a impetrante”, no caso a empresa BSM Locação. De acordo o advogado da empresa, André de Souza Barreto, a licitação apresenta várias irregularidades. Por conta disso, o caso foi enviado ainda a Polícia Federal, ao Ministério Público Estadual e Federal, além de representação ao Tribunal

Prefeito Arthur Freitas terá que acatar decisão do juiz Yulli Roter Maia que suspendeu licitação

de Contas do Estado (TCE). “A empresa não tem mais interesse em participar deste certame, mas existem outras disputas e ver sua imagem arranhada por conta de irresponsabilidades”, disse o advogado ao comemorar a decisão judicial. Na ação, a empresa argumenta que foi vencedora da licitação, mas a prefeitura deu prazo de apenas 48 horas para disponibilizar os veículos para vistoria. Como não recebeu nenhuma solicitação nesse sentido, o prazo não foi cumprido e assim considerada desistente do certame. Com a desistência, diz o documento, o Município atribuiu à empresa reclamante e a outras licitantes a “sanção de inidoneidade”, conforme publicação do Diário Oficial de Alagoas de 28 de junho de 2017. “A sanção causou trans-

tornos à empresa, pois a impediu de participar de licitações e consequentemente de sustentar-se financeiramente”, reclamou o advogado. Vale ressaltar que para esclarecer os fatos, foi requerido cópia do processo administrativo da aplicação da sanção de idoneidade e do procedimento licitatório, mas não foi disponibilizado, com o que, no entendimento da denunciante, houve “violação de diversos princípios, especialmente do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa”. FALTA DE ENERGIA O que chama a atenção é que ao requerer cópia do processo licitatório foi fornecida declaração (feito de próprio punho) de que “torna-se impossível tal cópia em virtude da falta de energia elétrica na cidade”. O do-

cumento assinado por Jadna da Silva, em 3 de julho deste ano, diz ainda que os processos encontravam-se na sala da procuradora. As irregularidades apontadas pela empresa vencedora vão além. No documento, afirma que a comissão licitante foi terceirizada, pois os participantes não dizem respeito a servidores que participam do quadro pessoal do município. “Apesar da nomeação do pregoeiro e corpo de apoio, o certame fora dirigido por Amanda Santos de Oliveira. Para tanto, juntou duas declarações de pessoas que participaram da licitação”. No mandado de segurança com pedido liminar, a BSM Locação reforça que em nenhum momento houve qualquer direito de defesa no processo administrativo de declaração de inidonei-

dade. Questiona-se até a existência do mesmo. “Possivelmente houve sanção sem qualquer formalização do processo administrativo, sendo assim nulo”, argumentou. O pregão nº 18/2017 para locação de veículos para o município de Santana do Mundaú corresponde a quase meio milhão de reais. A Prefeitura, através do prefeito Arthur da Purificação Freitas Lopes, considerou a empresa BSM e outras concorrentes inaptas, mas não ofereceu argumentos suficientes que convencessem sobre sua decisão. Prova disso é que a tentativa de realização de nova licitação milionária foi barrada pela Justiça. “Cinco empresas foram desclassificadas até chegar a que vai ganhar o certame. Se perguntar quem será a vencedora, não sei dizer”, afirmou o advogado da BSM ao acrescentar que está aguardando que o pregão de nº 19 aconteça para entrar com novo mandado de segurança.

O OUTRO LADO O jornal EXTRA manteve contato com a assessoria do prefeito, através de mensagem em espaço disponibilizado no site da Prefeitura, pelo WhatsApp e por telefone. A informação foi de que iria “entrar em contato com o jurídico e retornaria”. Mas até o fechamento desta edição ninguém se pronunciou e nem as mensagens foram respondidas.


14

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Alagoas registra 10 assassinatos de LGBT só este ano

VIOLÊNCIA

SSP APRESENTA ASSASSINOS DA TRAVESTI CARLA E AFIRMA QUE CRIME NÃO TEVE MOTIVAÇÃO HOMOFÓBICA SOFIA SEPRENY Estagiária sob supervisão da Redação

O

assassinato da travesti Carla há um mês, em Maceió, foi somente mais um dos muitos casos de crime brutal contra a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Uma população que vem sofrendo e sendo dizimada pelo preconceito e intolerância. No início desta semana, a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas apresentou a elucidação do caso da travesti José Carlos Viana, conhecida como “Carlinha” assassinada no dia 25 de junho no bairro do Clima Bom.Apesar de divergências nos depoimentos dos jovens suspeitos apreendidos, a polícia acredita que ela foi morta por “guerra entre facções”. Segundo o delegado responsável pelo caso, Eduardo Mero a motivação do crime não foi por preconceito, e sim por uma rixa de facções. Quatro menores entre 13 e 17 anos foram os responsáveis pelo assassinato. Apesar de a polícia não identificar características transfóbicas no crime, a vítima foi brutalmente atacada com golpes de faca. Este foi o 10° caso de morte dentro da comunidade LGBT

Carla, segundo a polícia, foi morta por ‘guerra entre facções’

em Alagoas somente este ano. Além de Carla, os casos mais recentes foram os de Aroldo Flavius Cataldi, comerciante de 46 anos encontrado morto, amarrado e com sinais de estrangulamento dentro de sua residência e embaixo da cama, e o de Jamerson, encontrado morto em sua residência no povoado de Manganzal, município de Porto Calvo, no Litoral Norte de Alagoas . EM SETE MESES, 222 MORTES NO PAÍS Em 2017, só neste primeiro semestre, já são 222 casos de assassinato à pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais no Brasil, devido à discriminação e à orientação sexual. A informação é do banco de dados do portal Homofobia Mata.. O ano de 2016, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), mais antiga associação de defesa dos homossexuais e transexuais do Brasil, foi o ano com o maior número de assassinatos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) desde o início da pesquisa, há 37 anos. Foram 347 mortes. O relatório é feito com base em notícias e informações que chegam ao conhecimento do grupo. A população de travestis

e transexuais correspondeu a 42% das mortes, num total de 144 vítimas. De acordo com a organização, as pessoas trans são as mais vitimizadas. O risco de elas serem assassinadas é 14 vezes maior em relação a gays. Nildo Correia, presidente do Grupo Gay de Alagoas, afirma que é necessário mais atenção para casos como o da travesti Carla. Além disso ele afirma que o grupo LGBT está catalogando todos os assassinados no país. “Desde 2016, o grupo LGBT está catalogando todos os assassinatos, independente de ser homofóbico, transfóbico ou crime passional, todos os assassinatos à comunidade de todos o país estão sendo catalogados com o objetivo de ver mesmo a gravidade da violência e tentar melhorar essa problemática”. Ele afirma também que não é só a segurança pública que deve ter mais atenção. “É necessário mapear esses assassinatos não só para cobrar da segurança pública, mas para também cobrar da secretaria de educação, para cobrar do setor de empregabilidade, de esporte, para que possam estar tirando a população LGBT da margem da linha da violência, como é o caso da prostituição”. afirma Nildo.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

15

Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo O secretário de Segurança Pública do Estado, Lima Junior, afirma que políticas públicas são aplicadas junto à Secretaria da Mulher por exemplo. “Nós temos uma parceria com a Secretaria da Mulher que tem seus conceitos, realizando alguns cursos. O que for preciso nós fazemos, até porque o crime é muito bárbaro quem quer que seja a vítima, assim temos trabalhado a fundo para reduzir estes número no nosso estado”. De acordo com a pesquisa realizada pela Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênero, o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. “A Secretaria de Segurança Pública tem que cobrar das delegacias que estão responsáveis pelos casos da comunidade LGBT, por exemplo, no ano de 2016, foram 21 assassinatos, é necessário ver quantos réus confessos existiram, quantos desses casos foram elucidados, quantos réu confessos na verdade nem existem, nem houve suspeita do assassino. É necessário uma atenção maior da se-

gurança nesse quesito.” conclui Nildo. NOME SOCIAL, UMA CONQUISTA No início desta semana mais um vitória para a comunidade de travestis e transexuais foi garantida. O nome social poderá ser utilizado nos serviços de saúde do Rio. No Rio de Janeiro, está em vigor há seis anos um decreto que garante a travestis e transexuais o direito ao uso do nome social em todos os serviços municipais. Em Alagoas, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aprovou o uso de nome social para documentos internos desde 2016. Já o Centro Universitário Tiradentes (Unit), universidade particular da capital, aprovou o uso de nome social já na matrícula. Em abril de 2016, na semana das Conferências Nacionais Conjuntas de Direitos Humanos, foi publicado o Decreto Presidencial Nº 8.727/2016, que dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal.

DICIONÁRIO TRANS TRANSEXUAL Termo genérico que caracteriza a pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. MULHER TRANSEXUAL Pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher HOMEM TRANSEXUAL Pessoa que reivindica o reconhecimento como homem TRAVESTIS São as pessoas que vivenciam papéis de gênero feminino, mas não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como integrantes de um terceiro gênero ou de um não gênero. Preferem ser tratadas no feminino. Fonte: Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos, de Jaqueline Gomes de Jesus


16

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

O levante que derrubou Suruagy e o fracasso dos sucessores

17 DE JULHO DE 1997 20 ANOS DEPOIS ALAGOAS CONTINUA EM CRISE; UM TERÇO DE SEUS 3 MILHÕES DE HABITANTES VIVE ENTRE A POBREZA E A MISÉRIA

FERNANDO ARAÚJO faraujofilho@yahoo.com.br

H

á 20 anos (17/7/1997) o levante sindical que pôs fim ao governo Suruagy por pouco não acabou em pancadaria e derramamento de sangue em praça pública. Com seis meses de salários atrasados os servidores estaduais ameaçaram invadir a Assembleia Legislativa para forçar o afastamento do governador. Mas antes que os deputados analisassem o pedido de impeachment, Suruagy enviou uma carta ao presidente da Assembleia prometendo renunciar ao cargo e passar o governo ao vice Manoel Gomes de Barros, que concluiu o mandato. O movimento, que precipitou o fim do terceiro mandato de Divaldo Suruagy, resultou de uma série de erros e desacertos de seguidas administrações estaduais, incluindo do próprio

Suruagy, que adotou o clientelismo político como prática de governo. Nos dois primeiros mandatos, Suruagy governou com apoio dos militares e sempre de cofres cheios, mas ao invés de implantar uma política desenvolvimentista para tirar Alagoas da dependência da cana-de-açúcar, optou pelo empreguismo e pelo compadrio. Os 20 anos do quase impeachment do segundo governador do Estado - o primeiro foi Muniz Falcão em 1957 coincidem com os 200 anos da independência política de Alagoas. Dois séculos depois, o Estado pouco ou quase nada tem a comemorar. Com um terço de sua população vivendo entre a pobreza e a miséria, Alagoas pouco avançou na geração de riqueza e inclusão social. Com uma das maiores concentrações de renda do país, Alagoas até hoje não resolveu os graves problemas herdados do Brasil Colônia.

NAUFRÁGIO À VISTA Acordo dos usineiros e Letras do Tesouro

N

as três gestões de Divaldo Suruagy o número de servidores públicos pulou de 20 mil para 75 mil funcionários, muitos deles apadrinhados que sequer compareciam aos locais de trabalho, o que comprometeu ainda mais a saúde fiscal do Estado. Quando assumiu o terceiro mandato, a economia do Estado já dava sinais de naufrágio, agravada ainda mais pelo famigerado acordo dos usineiros, ocorrido no governo Collor e ampliado na gestão de Moacir Andrade. No governo de Geraldo Bulhões os usineiros

receberam mais privilégios, o que agravou ainda mais as já combalidas finanças do Estado. No entanto, mais danoso que o acordo em si - que isentou as usinas de pagarem impostos e ainda receberem de volta o que pagaram nos 10 anos anteriores - foi a execução dessa lei, que estendeu a isenção fiscal a empresas coligadas, pertencentes aos usineiros. Com isso, não só as usinas e destilarias deixaram de recolher impostos, mas também revendas de automóveis, autopeças, empresas agropecuárias, companhias


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

de táxi aéreo e até boutiques usaram os créditos fiscais. E mais grave: os governantes seguintes nunca se preocuparam em definir o valor real dos créditos fiscais reivindicados pelas usinas, aceitando os cálculos feitos pela própria Cooperativa dos Usineiros, com juros e correção nas nuvens. Pior: a Secretaria da Fazenda – por omissão ou conivência – também não acompanhava as operações de compensação fiscal, que eram comandadas pela cooperativa. É como botar a raposa para tomar conta do galinheiro. De cofres vazios e sem o apoio do governo federal, então comandado por Fernando Henrique Cardoso, o Estado entrou em colapso financeiro e Suruagy caiu na armadilha de emitir títulos públicos na ilusão de salvar seu governo. Na aventura, acabou sem poder salvar o próprio pescoço. Sem nenhuma experiência no mercado financeiro, Alagoas emitiu mais de R$ 300 milhões em Letras Financeiras do Tesouro Estadual, mesmo sem ter precatórios a pagar, exigência legal para a emissão de títulos públicos. Para burlar a lei, foi obrigado a fraudar documentos, o que embananou ainda mais a situação política do governador. Para vender esses papéis o Estado teve que colocá-los no mercado por preço inferior ao valor de face, com deságio de 30%, já que poucos investidores acreditavam na capacidade de Alagoas resgatar esses títulos, o que realmente aconteceu, e acabou em calote. A história desses papéis podres só foi (mal) resolvida no governo seguinte, de Ronaldo Lessa, que também se rendeu ao poder da oligarquia do açúcar a quem classificava de “turma do atraso”. Mas o custo do resgate desses títulos saiu muito caro para Alagoas e Lessa elevou a dívida pú-

blica do Estado a patamares insustentáveis. Hoje, esse débito passa de R$ 10 bilhões, o que engessou de vez a combalida economia alagoana. Suruagy tinha garantida sua reeleição ao Senado, mas pagou caro pela vaidade de ser governador de Estado por três mandatos, e com isso se igualar a mitos como Miguel Arraes, para ficar apenas no Nordeste. O vice Manoel Gomes de Barros – que concluiu o mandato – apenas administrou o caos herdado do titular. Seu único trunfo foi mandar prender o todo-poderoso tenente-coronel Manoel Cavalcante, chefe de uma gangue fardada que por anos comandou os crimes políticos no Estado, boa parte deles a mando de parlamentares. Os sucessores de Divaldo Suruagy – Ronaldo Lessa e Téo Vilela – em 16 anos de governo não conseguiram consertar os estragos de uma economia sustentada praticamente na atividade sucro -alcooleira, que há décadas entrou em crise e dificilmente dela sairá. Que o diga a falência de várias unidades industriais e o calote dos usineiros contra milhares de fornecedores de cana, sem falar nos trabalhadores, que até hoje não foram indenizados. Resta aos alagoanos a expectativa em torno do atual governante – Renan Filho – que até agora só tem conseguido pagar a folha de pessoal em dia, fazer o reajuste fiscal e realizar pequenas obras. Com o pai senador e aliado do governo petista de Lula e Dilma Rousseff, Renan Filho despertou no eleitorado a esperança de que Alagoas ganharia projetos e recursos do governo federal capazes de financiar o seu desenvolvimento auto-sustentável. Mas, infelizmente, ainda não foi desta vez: caiu o governo Dilma, assumiu o vice Michael Temer e o resto da história todos conhecemos. E que Deus salve Alagoas!

FATOS PITORESCOS

RAÍZES DA CRISE A elite predadora que se mantém encastelada no poder Aos que querem conhecer as raízes históricas da crise que derrubou Divaldo Suruagy, recomenda-se a leitura do ensaio do professor Douglas Apratto – Geografia, História e Capitalismo no Território Alagoano -, onde ele explica as razões de nossa desgraça ao longo da história. Segundo Apratto, o modelo de desenvolvimento imposto a ferro e fogo aos alagoanos por uma elite predadora só produziu a devastação do território (fauna e flora), deixando, como herança, pobreza e miséria. “A sua concepção capitalista foi de exploração da natureza, do meio ambiente e acabou ativando exatamente o contrário, o subdesenvolvimento e a miséria do povo alagoano”, diz o historiador. Douglas Apratto reconhece que do ciclo do pau-brasil ao da cana-de -açúcar houve períodos de boom desenvolvimentista, mas nenhum avanço em termos de inclusão social. Só a política da terra arrasada. “Nada nessas fugazes eras de ouro que Alagoas atravessou foi de benefícios para a população. A materialização desses períodos de boom desenvolvimentista, e seus discursos falaciosos, industrialização do açúcar, Proálcool, Salgema, etc., foi o discurso do grande capital e de seus áulicos, que na prática redundou apenas em agravar a degeneração dos processos sociais, de uma política de explícita exclusão”. Em seu ensaio, Douglas Apratto destaca ainda que a casa grande continua dominando a vida alagoana. E mais grave: após exaurir todos os recursos naturais, essa elite predadora – mesmo em declínio - se mantém encastelada nos poderes do Estado, usufruindo de benesses e privilégios.

17

Em meio a tensa sessão da Assembleia Legislativa que analisaria o impeachment de Suruagy, a bancada do Agreste protagonizou o inusitado da crise. Em defesa da honra de Arapiraca, o deputado Júnior Leão empunhou uma metralhadora ao primeiro sinal de tiros em frente à sede do Legislativo estadual. Menos afoito, seu colega Cícero Valentim saiu de fininho para tentar fugir da confusão e salvar a própria pele. Mas foi barrado em sua pretensão quando escalava um dos muros da Casa com auxílio de uma peça de corda previamente adquirida para tal uso. Confundido com um impostor, o parlamentar foi impedido de escapar por soldados do Exército que estavam de prontidão e prestes a atirar no fugitivo. Mais comedido, o deputado palmeirense Jota Duarte preferiu preservar sua vida a externar a valentia do conterrâneo Humberto Mendes, que no tiroteio de 1957 escreveu com seu próprio sangue a história do impeachment de Muniz Falcão. No auge da confusão, Jota Duarte procurou um lugar seguro para se abrigar e meteu-se debaixo da mesa das taquígrafas. “Difícil foi tirar o Jota dali, mesmo depois que o perigo havia passado”, relembra o ex-deputado João Caldas, que também participou daquela histórica sessão. Outro fato pitoresco que circulou nos dias seguintes, mas até hoje não confirmado, dava conta de que a deputada Heloisa Helena teria pedido ao colega Cícero Ferro que em caso de tiroteio no plenário ele atirasse na perna dela, para entrar na história como uma das vítimas do quase impeachment de Suruagy. Quem conhece a combativa Heloísa sabe que ela jamais praticaria tal heresia.


18

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Refinaria é suspeita de usar Alagoas para driblar o fisco

MANGUINHOS ESQUEMA INVESTIGADO PELA POLÍCIA E MINISTÉRIO PÚBLICO SERIA LESIVO A TRÊS ESTADOS JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

A

Polícia Civil investiga as ações da Refinaria de Petróleos de Manguinhos em Alagoas. A empresa do notório Ricardo Magro importaria correntes de petróleo por Maceió porque consegue pagar imposto com redução da carga tributária e ainda quitá-lo com precatórios que compra do próprio Estado. A estratégia prejudicaria os cofres públicos não só de Alagoas mas também do Rio de Janeiro e São Paulo. Em decreto recente, o governo federal proibiu a prática do uso de precatórios, mas a Axa Oil, empresa do grupo, obteve liminar para continuar a prática que, para alguns, é uma forma de driblar o fisco. No pedido de suspensão da liminar, o governo ainda alega que o modo de atuação do grupo lesa a arrecadação dos estados envolvidos. Isso porque o produto entra por Alagoas e é remetido para São Paulo, sem comprovação de que vá para o destino correto, a sede da refinaria, no Rio de Janeiro. O Grupo de Atuação Especial em Sonegação Fiscal (Gaesf), do Minisério Público (MP -AL) analisou os negócios da Manguinhos em conjunto com o Núcleo de Inteligência Fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz-AL). Segundo o secretário da

Ricardo Magro, dono da Manguinhos, ao ser fichado pela Polícia Federal em junho do ano passado

Fazenda, George Santoro, a sugestão da Gaesf fez com que um inquérito fosse instaurado. Mas, o secretário foi sucinto: “Este assunto está coberto por sigilo fiscal”. E foi com a mesma discrição que o coordenador do Gaef, o promotor de Justiça Cyro Blatter, e o delegado que encabeça as investigações, Filipe Caldas, evitaram dar mais detalhes ao EXTRA. Abertura de inquérito policial para investigar Manguinhos e a Axa Oil se trataria de crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de organização criminosa. No entanto, nada foi confirmado pelas autoridades. Conforme a Procuradoria Geral do Estado (PGE -AL), a empresa judicializou a questão em face de uma ação da Sefaz e, assim obteve liminar que foi prontamente combatida. “Com tudo isso, surgiu um debate de um acordo judicial - que será fechado a partir da autorização do governador. Vale salientar dois pontos: o primeiro, que Tribunal de Justiça, Ministério Público, Secretaria da

Fazenda e a própria empresa participam dessa discussão em busca de uma saída que possa ser boa para todos. E o segundo, é que este é um processo que tramita normalmente e é público”, informou a assessoria, contradizendo os poderes anteriormente citados. DEU NA VEJA O caso em Alagoas chegou a ser destaque no blog do jornalista Maurício Lima, o Radar Online, da revista Veja. Conforme a postagem do dia 9 de fevereiro deste ano, a “Refinaria de Manguinhos, que deve mais de 2 bilhões de reais em ICMS ao Rio e quase 1 bilhão de reais para São Paulo, faz operação ‘inusitada’”. “No fim de abril, importou mais de 30 mil toneladas de correntes de petróleo via Maceió, o que daria para abastecer de gasolina todo o Estado de Alagoas por dois meses. O produto, no entanto, não foi para consumo local. O navio em seguida tomou o rumo de Santos para descarregar o produto”, escreveu.

“O longo passeio não foi à toa: a refinaria — que, na verdade não refina e só importa — paga o ICMS da internação do óleo bruto usando precatórios do próprio Estado de Alagoas, adquiridos no mercado com enorme deságio. O mesmo expediente já foi utilizado em outras dois Estados a quilômetros do Rio de Janeiro: Rondônia e Tocantins”, finalizou. OUTRO LADO A Refinaria Manguinhos e a Axa Oil encaminharam uma nota de esclareciamento ao EXTRA. Conforme as empresas, por intermédio de seus representantes legais, no intento de demonstrar que todas as suas operações respeitam integralmente a legislação de regência, participaram de diversas reuniões com representantes do Estado de Alagoas, dentre eles um representante da Procuradoria Geral do Estado e o secretário da Fazenda do Estado, George Santoro, contando uma delas com presença do representante do MP-AL, que integra o Gaesf.

CONFIRA Com efeito, em todas essas reuniões, os representantes das empresas esclareceram todos os questionamentos levantados pelos representantes do Estado de Alagoas, demonstrando, por óbvio, a completa licitude das operações realizadas, o que restou absolutamente evidenciado. A propósito, restou evidenciado que as operações de importação realizadas pelas empresas, além de completamente lícitas, não geram qualquer tipo de prejuízo a quem quer que seja. Do contrário, provado restou que prejuízo existiria acaso cessada a operação. Tanto é assim que, na última reunião coletiva (com a presença do eminente representante do Parquet com atuação perante o órgão de fiscalização de crimes tributários - Gaesf) realizada na Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas (dia 15/05/2017), chegou-se a um entendimento acerca da discussão tributária que deu ensejo ao presente inquérito. O EMPRESÁRIO O empresário Ricardo Andrade Magro chegou a ser preso pela Polícia Federal no dia 26 de junho do ano passado. Foi um dos alvos da Operação Recomeço. Ele é amigo e ex-advogado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que atualmente se encontra como presidiário. Ricardo Magro já havia aparecido na lista do Panama Papers. Ele foi acusado de comandar uma rede de offshores pela firma panamenha Mossack Fonseca, especializada em abrir empresas de fachada em paraísos fiscais. Além disso, Magro também é dono da Refinaria de Manguinhos. Além da proximidade com o deputado e com políticos do PMDB do Rio, Magro mantinha relações com Marcelo Sereno, que foi chefe de gabinete de José Dirceu quando era ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Lula.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

EDITAL DE LOTEAMENTO JOÃO BOSCO FERREIRA PEDROSA – Oficial do Registro Imobiliário da Comarca de Viçosa, Estado de Alagoas, na forma da Lei, FAZ PÚBLICO, para ciência dos interessados, cumprindo o que dispõe o Art. 19, da Lei nº 6.766, de 19/12/1979, que por LOTEAMENTO JARDINS DO IPÊ LTDA-ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ/ MF sob nº 24.370.586/0001-44, estabelecido na Fazenda Conceição, zona rural deste município, foi depositado neste Registro Imobiliário, situado na Trav. Vigário Silva nº 03, Viçosa/AL, o MEMORIAL, a PLANTA e demais documentos relativos ao imóvel de sua propriedade constituído no plano de ampliação do LOTEAMENTO JARDINS DO IPÊ, situado na Rodovia AL 210, Km 4, nesta cidade, com a área total de 73.024,10m2, limitando-se com a Rodovia AL 210, Jayme Júnior, Loteamento Jardins do Ipê, matriculado sob nº 10.080, ficha 001, do livro 2, em 07/07/2017, cujo loteamento será composto de onze (11) quadras com 209 lotes e três (03) áreas verde. As impugnações daqueles que se julgarem prejudicados quanto ao domínio do referido imóvel deverão ser apresentadas dentro de 15 dias contados a partir da data da terceira e última publicação do presente edital. Findo o prazo e não havendo reclamações, será feito o registro, ficando os documentos à disposição dos interessados neste registro Imobiliário nas horas regulamentares. Passada nesta cidade de Viçosa/AL, aos sete (10) dias do mês julho do ano de dois mil e dezessete (2017). JOÃO BOSCO FERREIRA PEDROSA Oficial

19


20

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

A Constituição e os privilégios do Parlamento

O

noticiário da última semana sobre a condenação do ex -presidente Lula da Silva foi ofuscado pela celeuma criada com a remessa da denúncia de Michel Temer para a Câmara Federal, onde se decidirá se o presidente será ou

Após tantas indignas peripécias dos nossos representantes, estaremos perdendo a fé na democracia representativa? não processado por crime comum, a primeira vez que um ocupante da cadeira presidencial outorga-nos a vergonha de sermos uma Nação governada por alguém submetido aos rigores do Código Penal. Não será essa, no entanto, a nossa única igno-

mínia. O nosso governo é compartido por mais de 150 deputados federais e 173 dos senadores investigados, alguns já acusados, por delitos previstos na legislação penal. Esse quadro por certo tem atormentado os cidadãos, e mais particularmente aqueles submetidos ao direito-dever de escolher os representantes da Nação, mormente quando se avizinha mais uma democrática corrida às urnas. O que fazer, em quem votar, se muitos ou quase todos desses representantes, já sob a regência do Código Penal, candidatar-se-ão ao voto-cidadão? Por não termos, ao que parece, sadias opções, a nossa dificuldade maior será separarmos o joio do trigo, como na parábola de Jesus. Ao que tenho ouvido de muitos eleitores, a impressão que se coleta é que na política só joios há. Ainda esperançoso, quase sempre estou catando aqui acolá alguém que

Ainda há esperanças

A

cada nova eleição a imprensa registra a “renovação” do Congresso Nacional quase sempre com números que giram em torno dos 40%. São números que por si só poderiam indicar novos ventos na política brasileira. Mas fica só nisso. Números. As promessas de mudanças ou em favor de “mais educação”, “mais saúde”, “mais segurança” e por aí vai, fica nis-

É preciso urgente aproveitar essa energia que emana da nação, do seu povo, revoltado e enojado com esse estado de coisas. O PT quebrou o país; o PMDB agora quer ‘fechar o caixão’. so mesmo: promessas. Eleitos, “novos e velhos” congressistas as esquecem e tratam de, rapidinho, se enturmarem na prática reiteirada de ações não republicanas em prol do seu bolso e dos lobbies empresariais, os seus verdadeiros patrões, em inversão criminosa da missão de um representante do povo. Resultado: até o momento mais de 300 picaretas (das 520 “excelências”) foram

envolvidos no tsunami que se tornou a Lava Jato. E pelo andar da carruagem irão sobrar poucos desta e de outras investigações em andamento. Se tanto uns 50 deputados federais e senadores. Ou seja: apenas uns 10% do Congresso Nacional! No momento eles – como se tivessem feito pouco - estão envolvidíssimos em parir mais uma sinecura que é a tal da reforma política com excrescências tipo distritão (Alagoas toda seria um distrito, por exemplo) que só interessa a quem tem mandato; garantia de que nenhum candidato pode ser preso antes de 8 meses da eleição (uma “cândida” proposta de um deputado do baixo clero do PT visando proteger o chefe da sua gangue); a proposta de transferir do Orçamento para o fundo partidário nada mais, nada menos que 5,6 bilhões de reais, isso mesmo bilhões, para suas “excrescências” torrarem nas próximas eleições, dentre outras inúmeras maldades contra o povo brasileiro. Não se enganem. O que eles querem é “apenas” se perpetuarem no poder. Nenhuma das medidas propostas melhora nada e coisa nenhuma. É só embromação. Ou como diria Tomasi di Lampedusa

CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

aponto digno de um voto cidadão. Em geral ao referir-me a essas ilhas de suposta ética, colho como resposta o desconhecimento a respeito de tais políticos, ou o simplório conceito: esse é igual aos demais! Por que? Ah! porque é político, é a singela resposta. Após tantas indignas peripécias dos nossos representantes, estaremos perdendo a fé na democracia representativa? Lendo essas linhas ainda na digitação, o amigo Epaminondas foi-me logo lembrando o que tenho ouvido de todos os ilustres acusados, na mídia: o princípio da presunção de inocência; a nenhuma credibilidade dos delatores; a comprovada (segundo alegam) honestidade dos acusados; e assim por diante as respeitáveis declarações de tão ilustres pessoas. Fico algo cético ante as palavras do

Êpa mas acabo por me render aos seus argumentos, mormente quando ele faz-me recordar o disposto no art. 53 da Constituição, atribuindo exclusividade às Casas respectivas (Câmara ou Senado) sobre a continuidade de processos criminais contra os próceres do Estado. E acrescenta eloquente o Êpa: lembre-se da teoria do Abade Sieyès sobre o poder exclusivo e insuperável da Constituição. Sem obediência à Carta constitucional, o Estado é um incômodo nada! Afinal, respiro algo aliviado, a observância estrita da norma do art. 53 da Constituição Federal garantirá que deputados e senadores eleitos vejam-se livres da persecução criminal, ao menos durante os mandatos. Ufa! Alagoas manterá atuantes os seus senadores, talvez para desencanto dos suplentes.

ELIAS FRAGOSO

Empresário, economista, ex-secretário de Planejamento do Ministério da Agricultura, prof. da UFAL e da Universidade Católica de Brasília

(1896/1957): “É preciso que tudo mude, para que tudo fique no mesmo lugar”. E o povo?! E a classe média?! Ninguém reage?! Neste país macunaímico, a casta superior sempre governou cleptocratamente porque conta com a complacência da nossa burguesia (que se contenta com as sobras do repasto: um carguinho ali, um favor lá...; da classe média que baseada na meritocracia quer se manter afastada da “imundice fétida e purulenta” da política (justamente o que “eles” querem que aconteça); e da classe popular, semianalfabeta, que não tem a mínima noção do que está acontecendo (quantos de vocês viram pessoas desta classe social nas passeatas e movimentos de rua?). Somos um povo que está ficando craque em se mobilizar e ir para as ruas protestar (antes tarde que nunca), mas que não está sabendo transformar essa energia em concretas ações mudancistas. Como atenuante, sabemos que nossa “maravilhosa” legislação eleitoral antidemocrática (obriga a todos a votar); engessadora (proibe

candidaturas avulsas, o que seria ótimo nestas circunstâncias) e protetora (do status quo), inibe iniciativas nesse sentido. É preciso urgente aproveitar essa energia que emana da nação, do seu povo, revoltado e enojado com esse estado de coisas. O PT quebrou o país; o PMDB agora que “fechar o caixão” mantendo na marra um presidente desmoralizado e sem nenhuma condição de governança no poder pelos próximos dois anos. É hora de se pensar seriamente em nomes novos de fora da política para governar os estados e o país. Antes que os políticos profissionais o enterrem na vala comum das nações inviáveis. E somente novos nomes serão capazes de aglutinar forças para recomeçar tudo. Os próximos governantes só podem assumir um compromisso: reconstruir os estados e o Brasil. Sob novas e sólidas bases. Serão 4 anos muito difíceis mas, somente sem a presença de cleptocratas no poder é que poderemos almejar alguma esperança. Senão...


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

ALARI ROMA- TORRES

JORGE MORAES

Aposentada da Assembleia Legislativa

Jornalista

Um resultado já esperado

Q

uando escrevi no artigo da semana passada que a intervenção do Procon no episódio da queda nos preços dos combustíveis nos postos de abastecimentos em Maceió, especialmente a gasolina, teria sido feito em uma hora errada e atrasada, não estava querendo adivinhar, absolutamente, nada. Era, apenas, uma questão de horas ou poucos dias. E não deu outra. Quando o órgão, na ânsia de fiscalizar e procurar “chifre em cabeça de cavalo”, os proprietários de postos, como numa atitude revanchista, retornaram aos valores anteriores cobrados ou próximos disso. No artigo anterior usei, também, como exemplo o conhecidíssimo ditado popular que diz: “esmola grande de-

Como chamou atenção a mudança, o órgão de defesa do consumidor se achou no direito de querer saber o que teria ocorrido para se chegar a tanta bondade, de uma hora para outra. mais, até o pedinte desconfia”. Existem outros, como: “quem nunca comeu mel, quando prova se lambuza” ou “alegria de pobre dura pouco” ou “não adianta ir com muita sede ao pote, porque o mesmo é de barro e pode quebrar”. Todos esses ditados populares se encaixam no resultado final da redução assustadora dos preços cobrados, repentinamente, em relação ao que se cobrava, por exemplo, há 15 dias. Como o grande defensor dos usuários, o Procon foi às ruas investigar os postos e cobrar explicações para a redução de uma hora para outra nos preços, sem que nenhum fato novo tenha ocorrido. É verdade que o governo reduziu o preço nas refinarias até chegar aos distribuidores, mas nunca na proporção do resultado final encontrado pelos postos nas bombas de abastecimento. Como chamou atenção a mudança, o órgão de defesa do consumidor se achou no direito de querer

saber o que teria ocorrido para se chegar a tanta bondade, de uma hora para outra. Na verdade, o que era doce, acabou-se, como andam dizendo muitos usuários dos postos de abastecimentos, principalmente os profissionais do volante, como táxi, Uber, carros de fretes e tantos outros que se viram com a possibilidade de aumentar um pouco seus lucros nesse momento de crise. Hoje, estão chorando o leite derramado e sem nenhuma explicação convincente das autoridades maiores ligadas ao segmento. Do jeito que o preço surpreendeu e caiu, o preço voltou quase ao patamar anterior e na mesma velocidade. Agora é jogar a poeira para cima, tirar o pé do acelerador e rezar. É o que nos resta fazer daqui para frente, pois o momento que se anunciava como muito interessante para os nossos bolsos, quando milhares e milhares de pessoas acreditaram que tudo aquilo não era só um sonho, não passou de um pesadelo, uma enganação e de uma manobra articulada, não sei por quem, para enganar os bestas daqui do outro lado. A não ser pela descoberta de um posto que vendia combustível adulterado, o que foi mesmo o que aconteceu com todo mundo? Qual foi o resultado da atuação do Procon, senão ajudar no aumento dos preços nas bombas? Se você sabe das respostas, mande para mim alguma coisa nesse sentido, porque estou mais perdido que a atuação do Procon em querer saber o porquê da redução de preços e porque isso ocorreu somente agora, quando, antes, o produto era cobrado lá nas alturas. Sem nenhuma dúvida, esse é o país das desculpas, imagine em Alagoas como é que isso funciona. Acho que o governo estadual tem obrigação de apresentar uma explicação lógica e correta para os fatos ocorridos recentemente. Entendo que a Secretaria da Fazenda é a instituição mais indicada para esse resultado e o secretário George Santoro, como um profissional sério, não pode deixar passar essa oportunidade em branco. O povo exige resposta coerente e não conversa.

21

Alagoas pede socorro

N

osso pequeno estado, localizado no Nordeste do Brasil, está sofrendo demais com as crises política e econômica que se abateram sobre o Brasil. Dos três Poderes, o que menos sofre é o Judiciário. Paga salários em dia, concede reajuste a seus servidores, respeita as leis trabalhistas. O povo reclama da lentidão da justiça, entretanto, não é só a parte estadual. De uma maneira geral, no país todo ocorre a tão criticada lentidão de nossos processos judiciais. O Executivo vai caminhando a passos lentos. O governador e seu pai senador são acusados de uso de propina. Mas o dirigente máximo do Estado faz tudo para não atrasar o pagamento dos funcionários públicos, apesar de ter que fazer estripulias para alcançar tal in-

As consequências desse maldito conchavo duram até hoje e são nefastas. Naqueles dias, a imprensa lembrava que os cofres públicos sofreram um abalo de 65% na arrecadação mensal. tento. A propaganda oficial é maravilhosa! Passa a imagem de que tudo vai muito bem. Não mostra escolas fechadas e destruídas, o caos na saúde e ser Maceió uma das capitais mais violentas do país. Greves se sucedem e o governador dá migalhas a diversas categorias. Mas dá. As polícias não estão satisfeitas, ameaçam parar de vez em quando. O prefeito da capital e o governador não se entendem; ambos já pensam nas próximas eleições. É um tal de toma lá, dá cá, com objetivo de conquistar novos aliados. O Legislativo é o mais sujo dos três Poderes. As Mesas Diretoras que se sucedem cometem irregularidades. Só têm uma finalidade: pagar altos salários a deputados e adicionar assessores à folha de pagamento. Eles recebem em dobro a sua remuneração mensal. Os que dirigem a Casa dos Horrores humilham e perseguem os servidores ativos e inativos. Não existe lei a ser respeitada; tudo ocorre conforme a

vontade do primeiro-secretário. Nem ação judicial ele respeita!!! O governo municipal de Maceió é alvo de críticas terríveis, mas o prefeito gasta fortunas com publicidade para enfatizar sua “excelente” gestão. A Câmara de Vereadores da capital não é muito melhor do que a Assembleia Legislativa. Os edis já anteciparam a eleição da Mesa Diretora (lição aprendida com o Legislativo Estadual). O comércio reclama das vendas, a indústria não vai bem. Os usineiros alagoanos atrasam o pagamento dos fornecedores, estão querendo deixar de pagar impostos, relembrando certo acordo feito entre o Estado e as usinas na época de Collor. As consequências desse maldito conchavo duram até hoje e são nefastas. Naqueles dias, a imprensa lembrava que os cofres públicos sofreram um abalo de 65% na arrecadação mensal. O ensino público em nosso estado é fraco e deficiente. As vagas para as universidades federais são preenchidas por alunos de fora. A classe média alagoana ficou mais pobre; as categorias D e E da sociedade cresceram assustadoramente e os ricos estão mais ricos, pois sabem aproveitar a crise. Funcionários civis e militares tiveram seus salários quase congelados, estão insatisfeitos e lutam para manter um nível de vida abaixo do que tinham nos idos de 80/90. Se falarmos em desempregados é de doer o coração! São milhares de pessoas que querem trabalhar e não conseguem. As empregadas domésticas ganharam várias vantagens nas leis trabalhistas, mas não acham emprego. A moda, agora, é ter apenas uma diarista por semana. Este é o triste retrato de um lindo estado, cheio de lugares bonitos, gente boa e hospitaleira, que, talvez, não tenha sabido escolher seus representantes. Fico pensando com meus botões: até quando Alagoas viverá nas mãos de políticos que usam e abusam do dinheiro público? Continuando nessa crise, até quando sobreviveremos? Insistiremos na tecla de que um deputado estadual pode receber 300.000 reais por mês? Alguém ajuda?


22

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Os depoimentos de quem vive na capital alagoana

GENTE DE MACEIÓ RETRATOS DE ANÔNIMOS SE TORNAM VIRAL NO FACEBOOK E SERVEM DE MOTIVAÇÃO PARA OUTRAS PESSOAS

BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

I

nspirado em iniciativas do perfil norte americano Humans of New York, uma página vinculada ao Jornal EXTRA ALAGOAS foi criada para dar destaque a personagens que são referência para a cidade de Maceió. Simples ou famosos, perfis que caracterizam a capital alagoana. “Sonhos, pensamentos, histórias de vida, enfim, pessoas. A Humans of Maceió é uma coletânea social que reúne depoimentos de quem passa ou mora na capital”. É assim que a página focada em contar histórias de pessoas se apresenta para o público. Os textos curtos contam um pouco da história dos personagens e descrevem a relação que eles têm com a capital. A fanpage conta com quase três mil seguidores. Na última semana, a página ganhou notoriedade e novos seguidores que se interessaram pelos conteúdos apresentados devido à história do um vendedor de amendoim Jho-

Vendedor de amendoim, Jhone ganha bolsa de estudo da FAMA graças à página que também acompanhou drama de Tereza

ne Vicente dos Santos, 29. Com ela, a fanpage recebeu muitos likes e emocionou milhares de internautas . Na postagem, o alagoano relatou como é a sua luta diária, assim como a de outros milhares de brasileiros, para oferecer uma condição de vida melhor para a esposa e filhos. “Compro amendoim no mercado, torro, limpo e ensaco. Tudo com a ajuda da minha esposa. Ela conseguiu concluir a faculdade por causa do meu trabalho informal. Eu investi nela. Ano que vem será minha vez. Vou estudar Direito”,

contou. Visualizada por mais de 115 mil pessoas, a história do trabalhador chamou a atenção do coordenador geral da Faculdade de Maceió - FAMA, Douglas Vieira que ofereceu uma bolsa de 100% do curso desejado. Na página é possível encontrar diversos tipos de depoimentos, de cômicos ao de pessoas aparentemente normais, mas que superam grandes dificuldades diárias. A reação da população ao quadro é positiva. Muitos seguidores agradecem os exemplos e se inspiram nas

pessoas apresentadas. Em cinco meses, o número de seguidores que acompanham as publicações cresceu 40%. Os personagens podem ser sugeridos e eles não precisam ter nascido na capital. “À primeira vista muitas pessoas não possuem nada de interessante para relatar”, diz um dos criadores, porém, histórias como a dos desabrigados da chuva como de Tereza Cristina, 39, que hoje mora em um quartinho e se veste com roupas de doação e como da cantora Wilma Miranda, que teve o tio, o jornalista Jayme Miranda, morto pela ditadura emocio-

nam o público. Um dos primeiros depoimentos da página conta a história do Claudemir Ferreira, 24, que trabalha vendendo sopa e mungunzá desde criança para alimentar os irmãos. Hoje seu objetivo é levar comida todos os dias para seu filho “Às vezes, canso de pedalar o dia todo vendendo o mungunzá, mas quando lembro que tenho uma criança em casa, fico mais motivado”. Para ler mais histórias da página Humans of Maceió basta acessar o endereço eletrônico https://www.facebook.com/humansmaceio/.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Mulheres no poder

O

número de mulheres contratadas com carteira assinada no mês de maio superou em 9.372 o volume das que foram demitidas no período. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram admitidas em maio 473.915 mulheres e demitidas 464.543. No entanto, no acumulado do ano, o saldo entre admissões e demissões femininas está negativo em 6.836.

ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.com

O pior banco

Demissão na Caixa

A Caixa Econômica Federal reabriu na segunda-feira, 17, o programa de desligamento voluntário. Segundo a Caixa, “o objetivo é ajustar a estrutura ao cenário competitivo e econômico atual, buscando mais eficiência no banco”. O período para adesão é até o dia 14 de agosto. A opção pela adesão fica a critério do empregado.

23

Maceioenses endividados

Segundo levantamento elaborado pelo Instituto Fecomércio, cerca de 21,2% da população economicamente ativa de Maceió não está pagando suas contas. A redução de dois pontos percentuais da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de Maceió (PEIC) é fruto da leve recuperação dos empregos no setor de serviços e do FGTS inativo que ainda deve pagar no mês de julho R$ 10 milhões para 12 mil pessoas em Alagoas.

O Banco Central divulgou a lista de bancos com as maiores taxas de reclamações na segunda-feira, 17. Na lista, a Caixa Econômica Federal lidera o ranking de reclamações contra instituições financeiras referentes ao segundo trimestre de 2017. O banco registrou índice de 29,11. Em segundo lugar aparece o Santander (28,58) e, em terceiro, o Bradesco (24,45). Nesta lista, estão os bancos e as financeiras com mais de 4 milhões de clientes.


24

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Hospital Regional do Norte atenderá mais de 7.700 pacientes por mês

SAÚDE EM AÇÃO UNIDADE DE SAÚDE TAMBÉM VAI OFERTAR 7 MIL EXAMES E 110 LEITOS PARA ATENDER POPULAÇÃO

pital Regional do Norte é um marco, pois irá proporcionar que as pessoas da região possam ser atendidas próximo de casa, sem a necessidade de se deslocar para a capital”, exaltou o gestor municipal, durante a assinatura da ordem de serviço da unidade hospitalar.

JOÃO VICTOR BARROSO Foto: Anderson Moreira

O

s alagoanos que vivem na região Norte do estado terão um hospital referência para os atendimentos de urgência e emergência em traumato-ortopedia. Esse novo momento da saúde em Alagoas, que irá assegurar 7.763 atendimentos mensais, vai ocorrer com a construção do Hospital Regional do Norte, localizado na rodovia AL105, em Porto Calvo.

Assinatura da ordem de serviço do Hospital Regional do Norte pelo governador Renan Filho

Com esse novo equipamento, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) terão acesso a atendimentos nas áreas materna e infantil, clínica e poderão fazer cirurgias de pequena e média complexidade. Além dos moradores de Porto Calvo, a nova unidade de saúde irá atender os moradores de Passo de Camaragibe, Maragogi, Japaratinga, Jacuípe, São

Miguel dos Milagres, Matriz de Camaragibe, São Luiz do Quitunde e Porto de Pedras. De acordo com Christian Teixeira, titular da Secretária de Estado da Saúde (Sesau), o Hospital Regional do Norte terá capacidade de realizar sete mil exames de diagnóstico complementares. “Essa unidade hospitalar, que irá contar com equipamentos modernos, vai estru-

turar a saúde na região, uma vez que será possível atender mais 160 mil alagoanos”, salientou, ao destacar que Porto Calvo foi escolhido para sediar o hospital por estar no centro da Região Norte. O prefeito do município, David Pedrosa, agradeceu ao Governo do Estado por ter escolhido Porto Calvo como o local para a construção da unidade hospitalar. “O Hos-

ESTRUTURA O Hospital Regional do Norte terá 110 leitos, divididos em UTI adulto, UCI neonatal, enfermaria canguru e nefrologia, em uma área construída de 8.729,63 m². A unidade foi licitada com um valor de R$ 29.865.062,07, que serão custeados pelo Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep). As obras tem um período previsto de 18 meses para a conclusão. Em uma parceria entre a Sesau e a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Calvo, foram disponibilizados diversos serviços de saúde durante a assinatura da ordem de serviço. Além de vacinas contra influenza, tétano e hepatite B, também foi possível realizar teste de glicemia e aferição da pressão arterial.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

25

Número de mortes infantis em acidentes cai 10% em um ano no Brasil

CRIANÇA SEGURA SUFOCAÇÃO É O ÚNICO TIPO DE ACIDENTE COM AUMENTO NO NÚMERO DE ÓBITOS POR CRIANÇA SEGURA

D

e 2014 para 2015, o número de mortes por motivos acidentais de crianças e adolescentes de zero a 14 anos caiu 10% no Brasil, passando de 4.319 óbitos registrados para 3.885. Essa é a maior queda registrada nesse indicador desde que a Criança Segura começou a atuar no país, em 2001. Ao longo desses 16 anos de atuação, o número de mortes acidentais de crianças caiu 37,24%. “Para a Criança Segura, esses dados demonstram a importância e eficácia do trabalho que realizamos. Mas, apesar da grande redução, sabemos que ainda há muito por fazer, pois 90% dos acidentes podem ser evitados com medidas simples de prevenção”, comenta Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura. As internações de crianças e adolescentes dessa faixa etária, por sua vez, caíram 1,94% de 2015 para 2016, saindo de 119.904 casos para 117.577. Entre os acidentes fatais, os tipos que apresentaram maior queda nos óbitos, em números absolutos, foram os acidentes de trânsito, que passaram de 1.654 mortes em 2014 para 1.389 em 2015 (redução de 16,02%), e os afogamentos, que caíram de 1.045 casos para 943 nesse período (queda de 9,76%). Percentualmente, as maiores reduções foram dos casos de intoxicação e envenenamento (diminuição de 31,18%, passando de 93 casos para 64) e queimaduras (redução de 17,54%, saindo de 268

óbitos para 64). O único tipo de acidente que apresentou aumento no número de mortes de crianças e adolescentes de zero a 14 anos foi a sufocação, que passou de 785 casos em 2014 para 810 em 2015, crescimento de 3,18%. TRÂNSITO De 2001 a 2015, o número de mortes de crianças no trânsito caiu 42%. Apenas de 2014 para 2015, esse número apresentou uma redução de 16,02%. Entretanto, apesar da grande diminuição, essa continua sendo a principal causa de morte acidental entre pessoas de zero a 14 anos no Brasil. Em 2015, os acidentes de trânsito que mais vitimaram crianças dessa faixa etária foram acidentes de carro (34%); atropelamentos (30%); moto (10%); bicicleta (6%) e outros (20%). Em 2014, os números para essas modalidades de acidentes eram de, respectivamente, 34%; 29%; 11%; 6% e 20%. A maior parte das vítimas desse tipo de acidente foram crianças com idade entre 10 e 14 anos. Somente nessa faixa etária, foram 588 mortes, o que representa 42,33% do total de óbitos de crianças e adolescentes registrados no trânsito. É curioso observar que, ao compararmos os dados de mortes no trânsito em todos os grupos etários (incluindo crianças, adultos e idosos) com a média geral de redução desse tipo de acidente de 2014 a 2015 (que foi 12%), podemos observar que as maiores variações, tanto positivas quanto negativas, ocorreram entre as crianças. A faixa etária de menores de um ano foi a que única, dentre todas as idades, que apresentou aumento no número de óbitos. Foram registrados 5% a mais de mortes no trânsito de um ano para outro, sendo que o maior crescimento foi o de mortes de crianças que eram passageiras de veículos, número 11% superior ao mesmo dado em 2014. “Esse aumento pode estar relacionado ao não uso ou uso incorreto do bebê conforto, que é o dispositivo de retenção recomendado até um ano

Quantidade e tipo de acidentes por estado de idade”, alerta Gabriela Guida de Freitas. Por outro lado, a faixa etária de cinco a nove anos foi a que apresentou a maior redução de mortes dentre todas as idades. Foram 26% menos casos fatais de um ano para o outro. Em números absolutos, a maior redução foi da criança nessa idade que perde a vida em um atropelamento, foram ao todo 53 casos a menos que em 2014. Já considerando a porcentagem de redução, a modalidade que mais caiu foi a de crianças que morrem na motocicleta, com redução de 32%. AFOGAMENTO Os afogamentos continuam sendo a principal causa de morte acidental de crianças de um a quatro anos no Brasil e a segunda principal de cinco a 14 anos, apesar da redução registrada de 9,76% no número de mortes até 14 anos de idade de 2014 para 2015. Os afogamentos em águas naturais foram os principais responsáveis pelas mortes de crianças. Em 2015, 411 meninos e meninas de zero a 14 anos perderam suas vidas nesses locais, o que representa 43,58% de todas as mortes por afogamento de crianças dessa faixa etária. As faixas etárias que mais perderam suas vidas em afogamentos foram a de um a quatro anos (354 casos) e de 10 a 14 anos (362 casos),

o que representa, respectivamente, 37,53% e 38,38% do total de óbitos infantis registrados por afogamento em 2015.

aumento de mortes por sufocação foi a de um a quatro anos, com crescimento de 13 casos em um ano.

SUFOCAÇÃO A sufocação foi a única modalidade de acidente que apresentou aumento do número de mortes de crianças de zero a 14 anos no país, subindo 3% de 2014 para 2015. Entre os tipos de sufocações que podem acontecer na infância, as mais fatais foram por inalação de conteúdo gástrico (244 casos), obstrução de vias áreas por ingestão de alimentos (176 óbitos) e os não especificados (252 registros), que representaram, respectivamente, 30,12%; 21,72% e 31,11% do total de mortes por sufocação de crianças em 2015. De 2014 para 2015, somente os casos de morte por inalação de conteúdo gástrico aumentaram 12%. Comparando os dados de 2000 a 2015, apesar de serem menos representativas, as mortes por sufocação ou estrangulamento na cama foram as que mais cresceram: 176%, passando de 21 para 58. A faixa etária de até um ano é a que mais registrou casos de óbitos por sufocação. Foram 611 casos, o que representa 75,43% de todas as mortes registradas desse acidente em 2015 com crianças de zero a 14 anos. Entretanto, de 2015 a 2014, a faixa etária que apresentou maior

Sobre a Criança Segura A Criança Segura é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A organização atua no Brasil desde 2001 e faz parte da rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos, pelo cirurgião pediatra Martin Eichelberger. Para cumprir sua missão, desenvolve ações de Políticas Públicas – incentivo ao debate e participação nas discussões sobre leis ligadas à criança, objetivando inserir a causa na agenda e orçamento público; Comunicação – geração de informação e desenvolvimento de campanhas de mídia para alertar e conscientizar a sociedade sobre a causa e Mobilização – cursos à distância, oficinas presenciais e sistematização de conteúdos para potenciais multiplicadores, como profissionais de educação, saúde, trânsito e outros ligados à infância, promovendo a adoção de comportamentos seguros. Mais informações no site www. criancasegura.org.br


26

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

65ª edição de festa tradicional de Paulo Jacinto acontece dia 29

BAILE DA CHITA

EVENTO SERÁ ANIMADO PELA ORQUESTRA HIGH SOCIETY E FABRÍCIO DO ACORDEON MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

Escolha da Rainha da Chita

N

o próximo dia 29 o município de Paulo Jacinto estará em festa e de braços abertos para receber filhos da terra e visitantes que irão participar e comemorar o 65º Baile da Chita. Festa popular que em 2015 teve seu registro como Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural de Alagoas, atrai pessoas de vários lugares do país e este ano vem com novidades. O mais tradicional baile do estado acontece no Clube Social Recreativo Paulo-jacintense, a partiir das 23 horas e será animado pela Orquestra High Society e Fabrício do Acordeon. Criado em 22 de julho de 1951 por um grupo de amigos que queria ver a então vila emancipada de Quebrangulo, o baile tomou outras proporções e aquela festa criativa e solidária nunca mais deixou de acontecer. E assim, ano após ano, no mês de julho, a cidade se veste de chita, o povo passa a respirar chita e a pacata Paulo Jacinto passa a ser a “capital da Chita”, como bem rotulou o filho da terra, Davi Lima. A economia é aquecida e a cidade se dobra para o evento. O reencontro de várias gerações acontece a cada ano durante o baile. Desfile de roupas do tecido chita faz parte da tradição e é um atrativo à parte. A novidade deste ano é que haverá premiação para o casal que melhor se caracterizar com o traje típico da festa- a chita. É o que garante o presidente do clube, José Barros. Outro membro da presidência, Fleury Barros, neto de Zefinha Barros-

idealizadora da festa, também está bastante animado. Segundo ele, já foram vendidas quase todas as mesas para o baile e quem estiver interessado deve corre para não ficar de fora. Serão oferecidos 172 mesas e a expectativa é de público de quase mil pessoas no clube. A cada ano o Baile da Chita consegue novos agregados, além daqueles fiéis que não perdem uma edição. Para quem é da terra ou assíduo frequentador, um ponto alto do evento é a abertura e o encerramento quando todos soltam a voz e se enchem de emoção para cantar o hino do baile, a música Própria, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. E sem qualquer pudor ou até mesmo ritmo e afinação as pessoas vão ao delírio e cantam que “Tudo que eu tinha deixei lá não trouxe não...e com a Rosinha eu deixei meu coração. Por isso eu vou voltar pra lá não posso mais ficar, Rosinha ficou lá em Propriá. Aiai, uiui, eu tenho que voltar...” para quem nunca sentiu este êxtase ou até para reviver, a pedida é comparecer à terra do Baile da Chita no último final de semana do mês de julho e conferir de perto. Para chegar a Paulo Jacinto, que fica a cerca de 100 quilômetros da capital alagoana é fácil. Ao sair de Maceió é só

pegar a AL-204 passando por Capela, Cajueiro e chegando em Viçosa, são apenas 20 minutos até lá. A paisagem bucólica, com casarios de época, campos verdes, bois no pasto e a companhia do Rio Paraíba acompanha praticamente todo o trajeto. Mas quem preferir pode ir pela BR-316, destino Atalaia e indo em direção a AL-210 de acesso a Cajueiro e em seguida chega em Viçosa, que fica a “um pulo” do local do baile. Já quem vir das bandas de Arapiraca e Palmeira dos Índios a pedida é pegar a BR-316 com acesso a Quebrangulo, localidade também vizinha. ATRAÇÕES O Baile da Chita acontece a partir das 23 horas, mas este ano a festa começa a partir do meio dia na Praça Zefinha Barbosa. Terá apresentação de coco de roda, quadrilha, dança de zumba e forró pé de serra. Serão dois dias de festa. No sábado, às 21 horas, a animação ficará por conta de Maciel Valente, Rafael & Gabriel e Ana Lôbo. No domingo, 30, será a vez da Banda Aero 5, Forrozão das Antigas e Luan Estilizado. TRADIÇÃO DE SEIS DÉCADAS - O Baile da Chita é tradição e enche de orgulho os filhos da terra. A festa teve início na dé-

cada de 1950 com o objetivo de angariar recursos para pagar um advogado que defenderia a Emancipação Política da então vila pertencente ao município de Quebrangulo. Os amigos Josefa Barbosa, José Aurino de Barros e o filho Djalma Barros tiveram a ideia de fazer um baile para obter o dinheiro. Na época, como o tecido chita tinha grande comercialização no vilarejo, os organizadores resolveram dar nome à festa de Baile da Chita e os participantes se vestiram com o tecido. A moda pegou e a tradição de se vestir com chita para ir ao baile continua até os dias atuais. Mas quem preferir, pode usar o traje de sua preferência. A musicalidade foi outra preocupação dos amigos que resolveram escolher como abertura do baile a composição “Própria”, sucesso da época na voz de Luiz Gonzaga. Outra iniciativa foi a de escolher uma jovem bonita como rainha do evento. A vencedora seria a que mais arrecadasse dinheiro. Valderez B. Barros foi eleita a primeira Rainha da Chita. Agora, a escolha é feita pelos associados do clube, que este ano elegeram Érica Vasconcelos, numa votação eletrônica.

A escolha da Rainha da Chita é uma missão árdua e divide opiniões. A torcida por uma jovem da terra, que tenha entre 15 e 18 anos, se espalha de boca em boca e principalmente nas redes sociais. Cada um quer eleger sua rainha, seja parente ou amiga. Mas quem tem mesmo o poder do voto são os sócios do clube que promove o baile. O pedido de voto para sua preferida e defesa da escolha agita a terra do Baile da Chita. Este ano a disputa foi acirrada entre cinco lindas garotas do município. A escolhida foi Erica Vasconcelos que se consagrou Rainha da Chita de 2017. Porém, a coroação acontece durante o baile, onde a contemplada com o título recebe a faixa da rainha do ano anterior. A rainha Érica disse que apesar de trabalhar com sua imagem, pois tem um canal no youtube com 29 mil inscritos, está feliz, porém, ansiosa. “Estou grata e lisonjeada. Vou fazer jus ao título de rainha; temos que valorizar a cultura. O título não é só a faixa, vou levar essa história onde eu for”, afirmou.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Força do querer

P

ode parecer estranho o título desta coluna coincidir com o de uma novela televisiva atual. Foi proposital porque neste mês de julho as notícias eletrizantes sobre a invasão de carros elétricos no mundo se sucederam, como os capítulos dos populares folhetins noturnos de TV. Primeiro foi o estudo divulgado pela equipe especializada em transportes da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), empresa de pesquisa que tem acompanhado a evolução do assunto. O relatório chama atenção para reduções importantes no preço das baterias de íons de lítio que tornarão os elétricos tão baratos como os convencionais. Fala também em cerca de 700.000 veículos leves desse tipo vendidos em todo o mundo em 2016. A equipe agora estima que os elétricos representem 54% de todas as vendas mundiais de automóveis até 2040. Em seguida a Volvo pegou a onda e seu presidente afirmou que depois de

2019 todos os novos projetos dos modelos da marca terão motores elétricos. Passou pouco mais de uma semana e foi a vez do governo francês anunciar o objetivo de em 2040 banir a venda em todo seu território de carros equipados com motores a combustão (diesel ou gasolina). Ao mesmo tempo o elétrico Tesla 3 saía da linha de montagem nos EUA, primeiro “popular” da marca. Seus modelos atuais custam em torno de US$ 100.000, mais que o dobro de um modelo convencional (o “popular” também), mesmo com incentivos governamentais em dinheiro aos compradores. Todo esse enredo, porém, precisa ser mais bem explicado. Afinal, novela é peça de ficção, algumas até inspiradas em fatos da vida real. Apesar de todo o respeito pela BNEF, certas afirmações estão incompletas. É muito comum somar, sem informar, híbridos (de motor a combustão e elétrico, recarregável ou não em tomadas) e elétricos puros. Aquelas

27

ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

700.000 unidades incluem os dois tipos e representaram menos de 1% do que se vendeu no mundo no ano passado. Passar a 54% em apenas 23 anos é grande exercício de otimismo. O preço das baterias já caiu e continuará a cair, como está no relatório. Mas terão de ser substituídas e recicladas depois de 10 anos a um preço que ninguém sabe. Isso não aparece no relatório, e deveria. Volvo pertence à chinesa Geely, fabricante de veículos de capital privado, que deve se enquadrar nas orientações do governo do país oriental. Antes de 2025 o ciclo de modelos atuais da marca sueca não se encerrará e não foi dito se híbridos conviverão com elétricos.

Já o governo francês se enquadra muito bem no título da novela. As intenções são nobres, sem dúvida. Trata-se de um país onde quase toda eletricidade vem da energia nuclear, mas faltou explicar a que custo a infraestrutura de recarga será implantada. E, novamente, como reciclar milhões de baterias que sairão dos carros ainda com 20% de energia residual. Podem em parte ser usadas em “bancos de energia”, mas depois a reciclagem terá que vir. Também falta saber se o lítio se manterá a preço estável ou haverá nova dependência mundial: em vez de óleo, metal. A maioria das novelas mostra um final feliz. O carro elétrico também?

RODA VIVA n INDEPENDENTE da maré elétrica de otimismo, motor Diesel pode ver sua aplicação restringida em automóveis na Europa. Há movimentos fortes em algumas cidades e países para forçar a indústria a uma atualização da frota circulante. Daimler, pressionada na Alemanha, convocará três milhões de veículos a diesel usados depois de alegar que não tinham problemas. n PORSCHE, por sua vez, admitiu agora que até o fim desta década decidirá se continuará a oferecer motores diesel nos SUVs e no sedã Panamera. Marca tem apenas 15% de vendas mundiais com essa motorização e pode substituí-la por híbridos a gasolina. Também investe em um sedã totalmente elétrico. Para 2025, estima que entre 25% e 35% da sua produção será de elétricos. n APLIQUES ajuizados e altura de rodagem elevada em 3,1 cm fazem do Ka Trail um produto adequado na faixa dos pseudoaventureiros. Enfrenta quebra-molas, valetas e buraqueira sem comprometer de

forma preocupante o comportamento em curvas. Retoques no habitáculo são discretos. Motor de 1 litro (3-cilindros) permite ter preço competitivo. n PEUGEOT acaba de anunciar iniciativas de peso na prestação de serviços da sua rede de concessionárias para reconquistar mercado. Revisão em 24 horas (se atrasar, cliente não paga); empréstimo de veículo quando o reparo ultrapassar quatro dias, mesmo em casos fora da garantia; reboque gratuito por oito anos, em eventos de

pane ou colisão. Exemplo a ser seguido. n PRÊMIO Inovação Brasil, do jornal Valor Econômico, demonstra que parte da indústria de autopeças continua a investir em pesquisa e desenvolvimento no País. Na edição deste ano, a Mahle Metal Leve apareceu novamente na segunda posição no ranking de empresas automobilísticas. Possui 140 patentes ativas e seu Centro Tecnológico de Jundiaí (SP) gera uma média de 20 depósi-


28

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Sermões longos, enfadonhos e sem uma boa acústica

E

u escrevi este artigo, no dia 18 julho, dia do meu aniversário natalício, quando fui passar alguns poucos dias com meu cunhado, o engenheiro João Anache, minha irmã Clara

Isso acontece muito em igrejas antigas, nas quais os tempos de reverberação são longos, fazendo com que o som se reflita em vários pontos diferentes dos altares antigos, com suas entrâncias e saliências. Luiza e seu filho Luiz Fellipe, no Leblon- Rio de Janeiro. Mesmo eu já tendo conhecido dez das melhores e maiores capitais da velha Europa, fui curtir momentos bons, tanto com os parentes,

como com aquele alegre povo. Não existe cidade mais bonita do que o Rio. O Criador caprichou na sua natureza e os seus moradores e visitantes se orgulham do que possuem. Algumas coisas envergonham o povo do Rio de Janeiro que são a violência, os assassinatos e a desonestidade dos seus governantes, envolvidos com a roubalheira, pois eles estão vivendo arrodeados de favelas, vizinhas de avenidas e praças. No domingo passado eu vi que o seu povo é muito católico, pois a Igreja de Santa Mônica, no Leblon, estava lotada numa missa das 17 horas, com muita gente comungando. Vendo tudo isso, vou aproveitar a ocasião para algumas observações sobre a nossa Igreja Católica. É que o pároco

da igreja citada não se preocupou com a acústica da igreja, fazendo com que som fosse audível, sem que os ouvintes entendessem o que o celebrante estava falando. Isso acontece muito em igrejas antigas, nas quais os tempos de reverberação são longos, fazendo com que o som se reflita em vários pontos diferentes dos altares antigos, com suas entrâncias e saliências. A boa acústica é muito importante nos auditórios, nos cinemas, nos clubes e nas igrejas. Eu assisti a missa sem entender nada do que estava sendo dito pelo celebrante, principalmente as pessoas um pouco mais distante dos autofalantes. Além de tudo, o sermão foi muito longo, 40 minutos, tornando-se enfadonho e sem a acústica. O pior de tudo foi que o celebrante era es-

trangeiro, misturando português com espanhol. Essa observação que eu estou fazendo é muito importante para os senhores bispos e para os senhores padres. O pároco da Igreja de Nossa Senhora da Rosa Mística, em Mangabeiras, na qual eu assisto as missas aos domingos, às 7h30, felizmente tem um bom sermão de 15 minutos e que não é enfadonho. Só peca devido a má acústica. Ele, o pároco, padre Márcio Roberto, já sabe que seu técnico em acústica não foi bom, mesmo a igreja sendo nova, mas ele vai tomar as providências para melhorar a acústica. Som alto sem uma boa acústica deixa muita gente sem entender os sermões. As igrejas deveriam cuidar para melhorar suas acústicas. Digam isso ao arcebispo!


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

ABCDO INTERIOR

Enfim, a cadeia

Acusado de participar de um esquema envolvendo compra de medicamentos por meio de notas fiscais fraudulentas, o que causou um prejuízo que ultrapassa R$ 3 milhões aos cofres públicos, o ex-prefeito de Girau do Ponciano, Fabinho Aurélio, foi preso em sua casa, em Arapiraca, no início manhã de quarta-feira, 19, durante a Operação Sepse, desencadeada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), com apoio da polícia alagoana.

Fugiram

Também envolvidos no crime, os ex-prefeitos de Mata Grande, José Jacob Gomes Brandão, e de Passo de Camaragibe, Márcia Coutinho Nogueira de Albuquerque, além do empresário Josimar Campos de Araújo, conseguiram fugir e estão sendo procurados. O Gecoc, no entanto, esteve no Centro Administrativo de Arapiraca, e prendeu a ex-secretária de Saúde de Girau do Ponciano, a enfermeira Aruska Magalhães, que é do quadro efetivo da Prefeitura de Arapiraca.

Investigações

De acordo com as investigações do MP, que começaram em março deste ano, ficou comprovado que os três ex-prefeitos assinaram procedimentos licitatórios que beneficiaram a RR Distribuidora, autorizando pagamentos de verbas públicas em favor da empresa, sem que qualquer mercadoria tivesse sido fornecida ou serviço prestado.

Prejuízos

Em colaboração premiada, um homem contou aos investigadores que foi convencido por um empresário a montar uma empresa de fachada apenas de vender notas fiscais frias em troca de uma determinada quantia em dinheiro. Tal empresa deveria fornecer, supostamente, medicamentos para as prefeituras de Mata Grande, Passo do Camaragibe e Girau do Ponciano. No entanto, ela jamais vendeu os remédios, apesar de emitir nota fiscal em altos valores.

Rombo milionário

Fabinho Aurélio, que é filho do também ex-prefeito de Girau, Zé Aurélio, o Zé da Água, foi acusado pelo seu ex-vice-prefeito Severino do Chapéu de desviar milhões dos cofres públicos. Para provar as denúncias, Severino entregou dossiês a instituições como Polícia Federal, Tribunal de Contas de Alagoas, Ministério Púbico Estadual e Federal. De pai para filho - Vale lembrar que Zé Aurélio perdeu o mandato por improbidade administrativa.

Entregou provas

“São provas cabais que incriminam esse cidadão que tanto mal fez ao povo girauense. Essa operação foi muito importante, mas devia ter ocorrido na época em que formulei as denúncias contra o ex-prefeito, familiares e assessores. Acredito nas autoridades e felizmente a Justiça foi feita. Esse rapaz será julgado por suas ações e deverá ficar preso por um bom tempo”, afirmou Severino do Chapéu.

29

robertobaiabarros@hotmail.com

Novas adesões

Sete prefeitos

Prefeito de Feira Grande

Encontro empresarial

O grupo político do governador Renan Filho (PMDB) continua recebendo novas adesões. Na noite desta terça-feira (18), dois prefeitos tucanos assinaram a ficha de filiação ao Partido Social Cristão (PSC), em solenidade ocorrida em Maceió.

Flávio Apóstolo, de Feira Grande, e Manuilson Andrade, de Colônia Leopoldina, deixaram o ninho tucano e oficializaram seus ingressos no grupo de Renan Filho, que esteve presente no ato. O deputado estadual Sérgio Toledo, presidente de honra do PSC em Alagoas, também estava no evento, que reuniu dezenas de lideranças políticas da legenda.

Agora, seis meses depois da eleição, o PSDB já contabiliza a saída de sete prefeitos: Joãozinho Pereira, de Teotônio Vilela , Aldo Popular, de Porto Real do Colégio, Pauline Pereira, de Campo Alegre, Renato Filho, do Pilar, Flávio Apóstolo, de Feira Grande, e Manuilson Andrade, de Colônia Leopoldina.

Na noite da última terça-feira (18), a presidenta da Câmara Municipal de Dirigentes Lojistas de Arapiraca, Tania Nubia, participou do I Encontro Empresarial, realizado no Sesc e promovido pela Prefeitura Municipal com o apoio da CDL, da Associação Comercial e do Governo de Alagoas. O evento contou com a presença do prefeito Rogério Teófilo; do secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ricardo Barreto; e de empresários, contadores e industriais da cidade.

PELO INTERIOR ... Alunos do curso de Contabilidade da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) do campi de Arapiraca tiveram, na terça (18), uma aula diferente.

época, centenas de documentos foram recolhidos e serviram de base para que o Gecoc pudesse aprofundar as investigações.

... Atendendo ao pedido da professora Nadja Peixoto - mestra em Gestão Pública - eles se deslocaram até o município de Traipu, Agreste alagoano, para participar de um bate-papo sobre gestão pública.

... Na ocasião, o empresário Josimar Campos de Araújo também foi alvo da operação e havia contra ele um mandado de prisão temporária. Josimar é apontado como proprietário da JC Campos Distribuidora, a principal empresa envolvida no esquema.

... Durante parte da manhã, o prefeito Eduardo Tavares detalhou para eles como é possível construir uma gestão pública, sob a ótica do Planejamento e da Finanças, com resultados tão positivos, mesmo quando o País está mergulhando numa grave crise. ... “Temos recebido reconhecimento em Alagoas pelo nível de profissionalismo, transparência e respeito ao dinheiro público que temos implementado no município de Traipu. E isso nos deixa muito felizes”, declarou o prefeito Eduardo Tavares. ... Os alunos do 5º período de Contabilidade, da disciplina de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, foram recepcionados pelo prefeito Eduardo Tavares e por todo o seu secretariado. Durante o encontro, que ocorreu no Clube AABB, os alunos e a professora puderam assistir a um vídeo, onde foram apresentadas algumas das ações em andamento no município. ... A operação comandada pelo Gecoc, na quartafeira (19), é uma continuação da Sepse, desencadeada em junho passado em Girau, Mata Grande e Passo de Camaragibe. ... Após o cumprimento das medidas cautelares à

.... Ele não foi encontrado em sua residência e, até agora, continua foragido, já que o pedido de prisão temporária foi convertido em preventiva em função da fuga do acusado. ... Na representação contra os acusados, os promotores destacam a importância de mantê-los presos para que não atrapalharem o andamento do procedimento investigatório criminal (PIC). ... O procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, e os promotores do Gecoc, Antônio Luiz dos Santos, Luiz Tenório, Elísio da Silva Maia, Carlos Davi Lopes, Hamilton Carneiro Júnior e Eloá de Carvalho Melo também pediram a indisponibilidade dos bens de todos os acusados no valor de R$ 3 milhões. ... Com o pedido deferido pela 17ª Criminal da capital, o Bacenjud (Banco Central do Brasil), o Renajud (Sistema de Restrições Judiciais de Veículos Automotores) e os cartórios imobiliários de Maceió, de Passo de Camaragibe e de Girau do Ponciano deverão receber ofícios para que promovam o devido bloqueio dos bens em nome dos envolvidos.


30

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

Meio ambiente global e o Brasil

E

m meio ao debate sobre as mudanças climáticas, o Brasil ganha cada vez mais importância na agenda global em torno do meio ambiente. O professor Bráulio Dias, ex-secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, destaca que o país tem papel fundamental para que a humanidade atinja as metas de proteção ambiental. No território brasileiro já foram catalogadas mais de 160 mil espécies de animais e plantas. A comunidade científica estima que esse número corresponde apenas a 10% de todas as espécies existentes em território nacional. No entanto, existe o risco de que muitas espécies desapareçam sem que sejam descobertas. No orçamento de 2017, o governo federal cortou 43% da verba destinada ao Ministério do Meio Ambiente.

MEIO AMBIENTE Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Desmatamento vai dobrar até 2030

Ao propor o projeto de lei que transforma 27% da Floresta Nacional (Flona) em Área de Proteção Ambiental (APA), o governo federal alegou que a mudança vai conter o desmatamento, ao permitir a regularização fundiária de quem está ocupando a região. Cálculo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) estima, porém, que o desmatamento na região pode mais que dobrar até 2030 com a emissão de 67 milhões de toneladas de CO2 (gás carbônico). O cálculo leva em conta o ritmo do desmatamento dos últimos anos, que já levou a uma perda de 113.737 hectares na área da floresta nacional.

Ligações clandestinas de esgoto em Maceió

As ligações clandestinas de esgoto estão por toda parte em Maceió e, para evitá-las, a Secretaria de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Semds) começou a semana fazendo um trabalho de fiscalização. Várias equipes estiveram nos bairros de Ponta Verde, Jatiúca e Pajuçara onde o número dessas irregularidades é bem alto e vez ou outra modifica a cor do mar. Quem for pego com ligação clandestina de esgoto pode pagar uma multa de R$ 60 mil.

Mutum de Alagoas

Mapeamento de javalis

Considerada uma poderosa praga invasora, os javalis selvagens no Mato Grosso do Sul são tema de pesquisa do biólogo Wagner Fischer. O estudo visa identificar as regiões onde mais ocorrem populações do animal, os motivos da sua presença na região, e as possíveis rotas de deslocamento, caso a invasão de javalis e outras linhagens de porcos-do-mato continuem avançando. Fischer defende que sua pesquisa pode contribuir para o monitoramento dos animais em território sul-mato-grossense. Javalis e outras espécies híbridas dominam amplas áreas em diversos estados do País, trazendo consigo danos e prejuízos não apenas a produtores rurais mas também ao meio ambiente, à saúde e segurança públicas.

Casas de show X lixo

As casas de shows e eventos do Recife poderão se tornar responsáveis pela limpeza das ruas e calçadas em seu entorno. É o que propõe o Projeto de Lei Ordinária 146/2016, de autoria do vereador Benjamim da Saúde, que versa sobre a obrigatoriedade desses estabelecimentos de recolherem o lixo das vias públicas, produzidos durante a realização dos eventos. O parágrafo único do projeto determina que o recolhimento do lixo deverá obedecer o prazo de 24 horas após o término do evento, sob pena de multa de R$ 150 por dia.

Já são quase 30 anos sem registros dessa ave na Mata Atlântica, mas os três últimos exemplares encontrados no município de Roteiro foram criados e reproduzidos em cativeiro e hoje já são cerca de 230. Agora é hora do Mutum de Alagoas voltar para natureza. A ave é uma das mais raras do planeta. É genuinamente alagoana, específica do litoral sul, e começou a desaparecer por causa do desmatamento na região para a plantação de cana-de-açúcar.


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

31


32

MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE JULHO DE 2017

OBRAS DO AEROPORTO DE MARAGOGI DEVEM COMEÇAR ATÉ FINAL DO ANO

M

aragogi passa por um processo de transformação. Conhecida como o Caribe brasileiro, a cidade dei-xará de ser apenas um cartão postal internacional para se tornar um lugar onde a população é tratada com dignidade e respeito pelo poder público. Antes de participar da solenidade de assinatura da ordem de serviço que autorizou o início das obras de expansão do sistema de esgotamento sanitário, na Praça da Juventude, orla marítima de Maragogi, o governador Renan Filho, junto ao senador Renan Calheiros, sobrevoou a área onde será construído o Aeroporto Regional do município. A solenidade aconteceu na manhã de

sexta-feira passada, 14. Renan Filho afirmou que Maragogi é a cidade sem aeroporto que mais recebe turistas no Brasil e com o equipamento instalado a atividade turística vai crescer ainda mais. “Em agosto, o projeto estará pronto; em setembro espero aprová-lo em Brasília para, até o final deste ano, iniciarmos as obras”, revelou. O governador também atendeu outra demanda dos moradores de Maragogi e do trade turístico: o reforço no policiamento. Renan Filho e o secretário de Segurança Pública de Alagoas, Lima Júnior, lançaram o Programa Força Tarefa, que possibilitará o incremento de mais 12 policiais no efetivo diário, com a remunera-

ção para os PMs das folgas traba-lhadas. Três novas viaturas foram entregues ao 6° Batalhão de Polícia Militar (6°BPM). Lima Júnior lembrou os investimentos feitos em segurança pública no Litoral Norte do estado, a exemplo das reformas das delegacias e da implantação já anunciada dos Centros Integrados de Segurança Pública (Cisps) em São Luís do Quitunde, São Miguel dos Milagres e Matriz de Camaragibe. “Em todas as regiões onde essas ama -relinhas (novas viaturas) começam a circular, os índices de violência diminuem. Aqui não será diferente”, salientou Lima Júnior, que já foi comandante do 6°BPM.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.