Edicao977

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 977 - 22 A 28 DE JUNHO DE 2018

PENEDO Acusado de corrupção, irmão de prefeito tenta barrar processo no TJ

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CAMINHO DE VOLTA Afastado há 2 anos, desembargador Washington Luiz prepara volta ao cargo P/2

CONDENADO A 26 ANOS DE PRISÃO EM 2015, CABO LUIZ PEDRO CONTINUA SOLTO

Recurso contra sentença está engavetado

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Candidato corrupto pode ter registro negado pelo TSE Ação popular pede que envolvidos em roubalheira tenham registro impugnado

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ARAPIRACA LARGADA Rogério Teófilo entrega comando da Prefeitura para Biu e o filho Arthur Lira

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PIOR DO PAÍS Comerciantes e clientes reclamam do abandono do Mercado da Produção P/15 a 17


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MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE JUNHO DE 2018

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

Manobra no TJ

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- Condenado em outubro de 2015 a 26 anos e 5 meses de prisão por homicídio qualificado, o cabo Luiz Pedro continua solto e no pleno exercício da atividade política.

(Millôr Fernandes)

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- Dono do maior curral eleitoral urbano do estado (com a conivência do poder público), o ex-deputado domina os votos nos seis conjuntos residenciais que ele comanda a ferro e a fogo. Nessa condição pode influenciar no pleito de outubro.

Na ausência do poder municipal – até por falta de recursos – o Estado está investindo pesado nas grotas de Maceió, com obras de infraestrutura. Das 76 grotas existentes na capital, 36 delas já receberam melhorias habitacionais e de mobilidade urbana e mais 5 serão beneficiadas com o programa Vida Nova nas Grotas. Mais do que disputar espaço político com o prefeito de Maceió, o objetivo de Renan Filho é ganhar apoio da periferia e reduzir a rejeição dos Calheiros na capital. E pelo jeito, logo será coroado rei das grotas.

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- É o caso do desembargador José Carlos Malta Marques que ainda não analisou a apelação do réu, cuja condenação fará 3 anos em outubro.

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Ronaldo Lessa

No encontro em Brasília com Carlos Lupi, dono do PDT, Ronaldo Lessa descartou qualquer possibilidade de disputar o governo de Alagoas contra Renan Filho. Depois de pesar os prós e os contras, Lessa decidiu seguir a sabedoria popular, segundo a qual “quem tudo quer, fica sem nada” e “melhor uma pomba na mão que duas voando”.

Nepotismo

O Ministério Público Estadual deu prazo de 30 dias para que o prefeito de Dois Riachos exonere todos os parentes lotados em cargos comissionados. Se essa moda chegar a Coruripe só vai escapar o prefeito Joaquim Beltrão.

DA REDAÇÃO

Rei das grotas

- Luiz Pedro devia estar cumprindo pena em regime fechado não fosse a lentidão de alguns membros do Tribunal de Justiça que usam o pedido de vista como expediente para manter o processo ad infinitum.

- A lei fixa prazo de 10 dias para devolução dos autos após pedido de vista, sob pena de o presidente do TJ mandar apreender o processo. Mas parece que o Código Penal ainda não chegou ao País das Alagoas, onde autoridades criam dificuldades para vender facilidades.

COLUNA SURURU

Caminho da volta

Após dois anos afastado por denúncias de improbidade, o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas arruma as malas para voltar ao cargo e reassumir suas funções no Tribunal de Justiça de Alagoas. Washington Luiz deverá ser absolvido, por unanimidade, na próxima sessão do Conselho Nacional de Justiça, marcada para terça-feira, 26, quando o CNJ concluirá o julgamento da última das várias acusações ao desembargador. Mesmo fora do poder e das badalações sociais, Washington Luiz não descuidou de suas atividades como líder político do Sertão e sua volta ao cargo significa a derrota de seus adversários, alguns deles colegas de toga no próprio TJ-AL. Como dizia o mestre paraibano José Américo de Almeida, ninguém se perde no caminho da volta. Mais ainda um alagoano vivido e calejado nos embates políticos do Sertão.

Ciro é um “prostituto”

O vice-líder do DEM, Sóstenes Cavalcante, chamou Ciro Gomes de “prostituto”: “É público e notório que esse pretenso candidato, além de racista e homofóbico, tem como prática chamar as pessoas de termos pejorativos. Ele é um prostituto de partido. Esse homem que gosta de atacar a honra alheia, fui olhar na dívida ativa e ele está positivado. Ele é um caloteiro querendo ser presidente do Brasil”. (O Antagonista).

Equipe da bala

Lula lá, na cadeia

Atravessadores 1

Morte na prisão

O juiz aposentado José Firmino de Oliveira, de Arapiraca, é o campeão de tiro do 48ª Campeonato Norte/Nordeste, realizado em São Luiz do Maranhão. A competição reuniu 200 atletas de 10 estados e Firmino ganhou medalha de ouro na modalidade carabina, junto com o conterrâneo Christophe de Gonçalves. Devem estar se preparando para as eleições de outubro na desgovernada Arapiraca.

Após duro discurso do senador Renan Calheiros contra os atravessadores do mercado de etanol, o Senado aprovou terça-feira, 19, projeto de decreto legislativo que autoriza a venda de álcool carburante direto das usinas para os postos de combustíveis. O texto agora vai para a Câmara.

Atravessadores 2

O argumento de que a venda direta facilita fraudes e sonegação de impostos é desculpa dos atravessadores. Hoje, além das grandes como Petrobras, Exxon, Shell e Ypiranga, existem várias distribuidoras de fundo de quintal que operam como laranjas. Para o fisco, esses atravessadores têm mais chances de praticar fraudes que as usinas.

A Segunda Turma do STF não deverá conceder efeito suspensivo da condenação para que o ex-presidente Lula aguarde em liberdade o julgamento dos recursos, como pede a defesa. É que foi exatamente isso que o plenário do Supremo já negou em abril, no julgamento de habeas corpus requerido por Lula. E a Segunda Turma não tem o poder de reformar decisões do plenário da Corte. (Diário do Poder).

O presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) disse à IstoÉ que se eleito dará indulto ao presidiário Luiz Inácio Lula da Silva. Se depender dessa vitória, Lula morrerá na prisão.

Luto no jornalismo

A morte do jornalista e doutor José Marques de Melo na quinta, 20, deixa ainda mais pobre o jornalismo praticado no Brasil O alagoano de Palmeira dos Índios era um dos maiores expoentes do jornalismo, respeitado e reconhecido dentro e fora do País. Junho também levou consigo dois outros notáveis, Alberto Dines e o também alagoano Audálio Dantas.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE JUNHO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

Misericórdia! O coração da esperança já não bate na Santa Casa Maceió - O doutor Wanderley, como todos conhecem, é uma espécie de unanimidade, uma celebridade em Alagoas. Sério, competente, humilde, é um profissional a serviço do bem. Já abriu o peito de mais de vinte mil pessoas, realizou mais de vinte transplante e preparou cerca de 80 especialistas na arte da cirurgia cardíaca. Suas intervenções médicas não distinguem rico de pobre, até porque o coração – felizmente – não tem raça, credo, nem cor ideológica. Este homem, José Wanderley Neto, que até então todos os alagoanos consideravam intocável pela sua contribuição à ciência brasileira e por sua altivez, honestidade, caráter, sofreu um revés na sua vida: foi desrespeitosamente despejado da Santa Casa de Misericórdia. Veja: eu falei misericórdia, que no mestre Aurélio quer dizer: clemência, bondade, comiseração, compaixão, doçura, humanidade e indulgência. O que teria levado Wanderley a ser exortado da Santa Casa de Misericórdia, perguntar-se-iam os mais desavisados? Ou para ser mais direto, os mais de vinte mil pacientes de Wanderley que passaram pelas suas mãos delicadas de cirurgião e viram renascer uma nova vida. Inveja de uns, perseguição política de outros? Ou simplesmente arrogância e prepotência de uma entidade que não está apta a conviver com o contraditório dos questionamentos profissionais? No dia 14 (quinta-feira), quando um vídeo escapuliu do controle do doutor Wanderley e foi parar na internet, o povo alagoano ficou entorpecido com a notícia. Viu um doutor de semblante tranquilo, como é da sua natureza, calmo e sereno, como é do seu estilo, avisar a população que havia sido despejado da Santa Casa de Misericórdia. O coração de todos nós bateu em descompasso. Ninguém quis acreditar que Wanderley mostrava-se à população para avisar que seu bisturi já não estava a serviço da Santa Casa. Numa carta em que se dirige aos alagoanos, depois da trágica notícia, o doutor Wanderley disse: “Durante esse período não medimos esforços para salvar vidas e acalentar os corações dos que mais necessitam de assistência, o alagoano pobre e dependente do SUS. São pessoas que precisam da essência filantrópica do hospital e abnegação de sua equipe médica. Estivemos sempre, eu e toda a minha equipe de médicos e demais profissionais de saúde, superando os desafios e obtendo conquistas para a cardiologia alagoana, e, agregando ensino, pesquisa e assistência. (...) Colocamos Alagoas no mapa científico do Brasil ao realizar contribuições relevantes e originais que serviram de modelo para o país, a exemplo do programa de transplante de coração, iniciado há 25 anos, com histórias de vida emocionantes. Mas, revestido com a falácia Financeira, o espírito original e norteador das ações clínicas e institucionais da Santa Casa, que é a filantropia, se perdeu com o comando ditatorial de uma gestão predatória, que busca eliminar os que não concordam com o afastamento da instituição do seu motivo SER, definido desde quando foi fundada há mais de 150 anos, que é cuidar dos mais desfavorecidos e prestar um serviço de excelência e humanizado para toda população alagoana”. (Carta, na íntegra, na rede social).

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Casta

Marca

Doutor Wanderley sempre foi a marca registrada da Santa Casa de Misericórdia quando se discutia excelência no tratamento cardíaco. Infelizmente, desde a semana passada, o coração da esperança já não bate mais naquela casa hospitalar. E, por isso, essa referência acaba melancolicamente em um centro de saúde que precisava de uma grife para se diferenciar dos outros hospitais com qualidade e eficiência.

Wanderley, inegavelmente, é peça do desmonte Brasil, constituído por uma linhagem de empresários privilegiados que pensam primeiro em seus interesses pessoais. Não é preocupação desses egocêntricos um médico como Wanderley que se preocupa com a medicina, que usa a ciência em prol dos mais pobres, dos mais necessitados, daqueles marginalizados pela sociedade. Para essa casta, insensível, que visa apenas o dinheiro da medicina mercantilista, Wanderley é um ponto fora da curva.

Um guia

O doutor Wanderley é referência nacional e internacional pela sua qualidade profissional e pelo desempenho na sua especialidade. O doutor Jatene, ex-ministro da Saúde, e um dos papas em cardiologia, tinha em Wanderley um confidente, com quem se comunicava frequentemente para trocar ideias e informações sobre o avanço da medicina cardíaca no mundo.

Simplicidade

Mas o nosso notável cardiologista não é apenas um médico que atravessou as fronteiras de Alagoas e do Brasil. Ele tem o seu nome lembrado entre os melhores cardiologistas do mundo. O doutor Wanderley também tem outras qualidades. Uma delas, a mais essencial, é o seu olhar social para a medicina, a sua simplicidade e a criatividade para transformar coisas difíceis em coisas simples, parte do seu êxito como médico respeitado e admirado.

Interior

Estudante pobre do Colégio Guido, onde chegou com bolsa de estudo, nascido em Cacimbinhas, pequeno município de Alagoas, o doutor Wanderley já fez incursões na política. Foi vice-governador de Alagoas e candidato a prefeito de Maceió. Acreditava, como acredita até hoje, que a política, quando exercida com honestidade e seriedade, é instrumento de transformação. Ademais foi também secretário da Saúde e é professor universitário. Prefere, portanto, dedicar-se à medicina acrescentando à sua lista de pacientes do SUS, normalmente pessoas marginalizadas, desenganadas e esquecidas em hospitais públicos.

Lastimável

A estreita visão de quem comanda uma casa de saúde como a Santa Casa é que leva ao perigoso caminho da “gestão predatória”, como assinala Wanderley em sua carta de despedida. O estado de Alagoas, contudo, é pródigo em desprezar e até esquecer seus personagens que contribuem para a ciência, literatura e para cultura geral. No caso do doutor Wanderley pode-se atribuir essa indiferença ao seu trabalho na saúde a uma visão medíocre e tirânica de quem está no pedestal da mediocridade. Ou aqueles gênios que não voltam mais à garrafa. São normalmente pessoas absolutistas que negam a capacidade de seus auxiliares para permanecerem no topo da intolerância e do poder.

Jogo baixo

Desesperados com a repercussão, a administração da Santa Casa apelou. Jogou baixo ao colocar imagem na rede social da invasão da casa de Wanderley por policiais federais, uma operação de rotina que só demonstrou a honestidade e a lisura do cirurgião em uma investigação arquivada. E pensar que o doutor ainda prestava serviço a essa casa de dedos duros é, no mínimo, uma falta de bom senso.

E agora José?

Como na poesia de Carlos Drummond de Andrade (“E agora José?”) e na música de Paulo Vanzolini (“Levanta sacode a poeira dá a volta por cima volta por cima”), o doutor Wanderley não tem dúvidas do que é capaz. É um homem arrojado e perseverante. Por isso mesmo o alagoano vai sempre contar com os seus serviços. Pena me dá dos medíocres e prepotentes. Esses, sim, são irrecuperáveis. E quando caem, não tem Vanzolini que os levantem.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE JUNHO DE 2018

Última chamada

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lagoas pode perder, nas próximas eleições, três grandes políticos da chamada ala jovem por simplesmente não terem paciência e simplesmente escolherem cargos que poderiam ser disputados mais pra frente: Maurício Quintella, Marx Beltrão e Rodrigo Cunha. Com uma reeleição para deputado federal garantida e a chance de voltar novamente a ser ministro pelo bom trabalho realizado, Quintella e Marx se entusiasmaram com o canto da sereia e arriscam suas belas carreiras políticas ao disputarem uma vaga de senador onde estão instaladas duas velhas raposas, Renan Calheiros e Benedito de Lira. Já Rodrigo Cunha com um histórico político respeitável, é instado pelo PSDB e se aventurar também para o Senado, quando uma candidatura a deputado federal seria a mais inteligente no momento. A esta altura do campeonato depois de negociarem suas bases eleitorais, não resta outra coisa a Quintella, Marx e Rodrigo a não ser trilhar pelos caminhos da dúvida e da certeza de que poderiam evitar vexames e prejuízos nas próximas eleições.

Projeto adiado

O deputado Maurício Quintella tinha tudo para fazer uma programação política de sua vida pública. Se reelegendo deputado federal estaria com o passaporte para ser prefeito de Maceió. Iludido com a falsa pretensão de se tornar senador, parece dar adeus ao projeto de ser prefeito da capital.

Isolamento

Quintella já deve ter percebido que a atuação dos Calheiros em prol de sua candidatura ao Senado não tem surtido o efeito desejado. E anda preocupado, embora sinta que a maré não está pra peixe. O que Renan pai quer é sua reeleição. Os outros, inclusive Maurício, bem, deixa isso pra lá.

Esforço

Sabendo que praticamente ninguém toma sua reeleição já que não existe candidato de oposição, o governador Renan Filho agora entrou pra valer na campanha de reeleição do pai. Ele tem feito apelos para que o senador continue no Senado, mas não tem lá feito tanto esforço no segundo voto para Maurício Quintella.

Dificuldade

A situação eleitoral de Maurício Quintella realmente não é lá esse ouro 18. Nos maiores colégios eleitorais, a exemplo de Maceió, Arapiraca, Rio Largo, Palmeira dos Índios, União dos Palmares, Penedo, São Miguel dos Campos e Coruripe, Quintella não tem nenhum prefeito lhe apoiando.

GABRIEL MOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Chances

O vereador Sílvio Camêlo, do PV, dotado da arte de fazer política, é um dos nomes mais fortes de sua coligação para chegar à Assembleia Legislativa. Vereador por várias legislaturas em Maceió, Sílvio tem a simpatia de amigos e um legado de trabalho em defesa da população. O Partido Verde acredita na sua eleição de deputado.

A coisa tá feia

Sumiu

Quando era ministro dos Transportes, Maurício Quintella tinha grande visibilidade. Depois, sumiu e o Renan sabe que ele não ameaça nem o primeiro nem o segundo candidato ao Senado.

Estratégia

Raposa velha na política, Renan Calheiros trouxe Maurício e o primo Ronaldo Lessa para o governo somente para enfraquecer a oposição. Mas depois de tudo acertado colocou os dois no ostracismo, completamente isolados.

Meia volta

Ronaldo Lessa passou no centro das atenções da mídia durante muito bom tempo, mas já sabia que não iria topar a parada para disputar o governo pela oposição. Por último conversou com Rui Palmeira e abriu da parada. Vai continuar candidato a deputado federal.

Morrendo na praia

Com um discurso de oposição invejável e uma conduta política irrepreensível, Heloísa Helena parece morrer na praia nas próximas eleições. Querendo fazer carreira solo e insistindo em não se aliar com partidos e políticos tradicionais, Heloísa deverá ser muito bem votada, mas dificilmente atingirá o coeficiente eleitoral para ser conduzida à Câmara Federal.

Perdeu a vez

O deputado Ronaldo Lessa atropelou sua história política ao se aliar aos Calheiros e tem sua reeleição ameaçada. Perdeu a grande oportunidade de disputar, com reais chances, uma vaga para o Senado. Iludido com as promessas e com participação no governo para não causar problemas para a reeleição de Renan Calheiros, Lessa tem tudo para se arrepender depois.

Fora de rota

A coluna aposta que Marx Beltrão não sairá candidato ao Senado nas próximas eleições. Deve renunciar nos próximos dias ao seu projeto e disputar a reeleição. Para alguns aliados de Marx ele gosta mesmo de sofrer. Colocado em escanteio por Renan pai e Renan Filho, Marx Beltrão parece mesmo não se importar com nada.

Poder de fogo

Enquanto Maurício Quintella e Marx Beltrão abandonam as bases, o deputado Arthur Lira aumenta o poder de fogo no interior e se prenuncia como o mais votado nas próximas eleições. A confiança é tanta, que em Brasília é o nome mais comentado para substituir Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados.

Pelo menos seis PMs podem ser presos a qualquer momento por estarem envolvidos na matança de nove menores, segundo o Ministério Público. Uma notícia triste, quando o governo prega a melhora na segurança dos alagoanos. O governador Renan Filho já lavou as mãos. Quer uma investigação profunda e condena grupos de extermínio parta de onde partir.

Apelação

Com receio de que Benedito de Lira tome a dianteira na capital e bata mais uma vez Renan Calheiros nas urnas, o governador mergulha para desviar a atenção na periferia de Maceió. Anuncia agora a construção de mais escadarias no Flexal, Bom Parto, Bomba, Alegria II e Mocambo II. Eita vontade danada de ser prefeito da capital.

Aqui, não

Nos bastidores, até o senador Fernando Collor entrou na jogada. Ele tentou uma composição para que Maurício Quintella deixasse a disputa pelo Senado e fosse candidato a vice na chapa de Renan Filho. Recebeu um delicado e sonoro não.

É de Fábio

Só se der zebra, mas o candidato a vice-governador é mesmo Fábio Farias, o único em que os Calheiros confiam. Pelo projeto de Renan Filho, somente alguém como Farias para deixar o governo e receber apoio total quando disputar o mandato de senador com Fernando Collor.

Sem surpresas

De um conhecido político sobre as eleições para o Senado: “Mais uma vez ninguém toma as vagas de Benedito Lira e Renan Calheiros”.


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TJ mantém engavetado recurso contra condenação

CABO LUIZ PEDRO

EX-DEPUTADO FOI SENTENCIADO A MAIS DE 26 ANOS DE PRISÃO HÁ TRÊS ANOS

VERA ALVCES veralvess@gmail.com

D

ez meses após ter começado a ser julgado pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas, o recurso de apelação do ex-cabo Luiz Pedro da Silva contra sua condenação a mais de 26 anos de prisão continua parado. Em 2015 ele foi sentenciado pelo Tribunal do Júri da 8ª Vara Criminal da Capital por homicídio qualificado, sequestro e formação de quadrilha, crimes que tiveram como vítima o ajudante de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos. Luiz Pedro da Silva, uma figura emblemática que já ocupou assento na Assembleia Legislativa de Alagoas e personagem ainda temido nos seis conjuntos residenciais que levam seu nome, foi levado a julgamento em setembro de 2015. A acusação: sequestro e assassinato de Carlos Roberto. O servente de pedreiro então com 31 anos foi levado à força de sua casa por homens que integravam a milícia do ex-deputado no dia 21 de agosto de 2004. Seu corpo nunca foi encontrado. Em abril de 2016 Luiz Pedro ingressou com a apelação na Câmara Criminal do TJ contra a sentença de 26 anos e 5 meses em regime fechado proferida no dia 23 de setembro de 2015. O recurso, que tem como relator o desembargador Sebastião Costa Filho, somente começou a ser analisado 11 meses depois, mais precisamente no dia 30 de agosto do ano passado, mas o julgamento

Pedido de inclusão em pauta foi feito no dia 14 de julho do ano passado

do.

Condenado 11 anos após assassinato de servente, Luiz Pedro continua solto

acabou sendo suspenso por um pedido de vistas do desembargador José Carlos Malta Marques. Revisor da apelação, Malta Marques não emitiu qualquer parecer até hoje. De acordo com a assessoria de comunicação do TJ, o gabinete do desembargador informou que ele ainda não elaborou o voto e que ainda não há previsão para o julgamento. Tal demora contraria de

forma flagrante a Resolução 202 do Conselho Nacional de Justiça, que em outubro próximo completa três anos. Trata-se de um resumido conjunto de regras que disciplinam o pedido de vistas no âmbito do Judiciário em todo o País. Em síntese afirma a resolução que o prazo máximo para apresentação do voto por parte do magistrado que pediu vistas deve ser de 10 dias, podendo ser prorrogado por igual perío-

Se decorrido o prazo o magistrado não tiver apresentado seu voto, cabe ao presidente do colegiado – no caso a Câmara Criminal – designar um substituto. Mas no caso do recurso de apelação de Luiz Pedro – expulso da Polícia Militar onde entrou sem concurso público e que continua a ser chamado de cabo – nada disto foi feito após 10 meses do pedido de vista feito pelo desembargador José Carlos Malta Marques. Se Malta peca por manter engavetado o recurso, peca também o presidente da Câmara Criminal, o desembargador João Luiz Azevedo Lessa. Ambos, assim, corroboram a impunidade contra a qual lutou por mais de 11 anos o aposentado Sebastião Pereira dos Santos. Pai de Carlos Roberto, ele morreu em 16 de agosto do ano passado sem ver atrás das grades o homem que tirou a vida do filho que ele jamais pode enterrar. A inércia do desembargador chama também a atenção pelo fato de ele próprio,

na qualidade de revisor, haver solicitado a inclusão do recurso de Luiz Pedro na pauta da Câmara Criminal do ano passado. De acordo com os autos do processo de apelação nº 001531161.2004.802.0001, o pedido foi feito no dia 14 de julho do ano passado, quando Malta Marques assinalou ter concordado com o relatório do desembargador Sebastião Costa Filho. Neste relatório, que viria a ser lido na sessão da Câmara Criminal do dia 30 de agosto do ano passado, Costa Filho votou pela negativa ao recurso do ex-deputado estadual. Manteve, assim, a condenação em regime fechado de 21 anos e 10 meses pelo crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, 2 anos e 4 meses pelo crime de sequestro e 2 anos e 3 meses pelo crime de formação de quadrilha. Total da pena de Luiz Pedro: 26 anos e 5 meses. Se ele vai cumprir ou não cabe agora ao Tribunal de Justiça.


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Ação popular pede eleições sem investigados

MAIS FICHA LIMPA ADVOGADO QUER “TOLERÂNCIA ZERO” CONTRA CORRUPTOS

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

U

ma ação popular encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode limar grande parte da classe política das eleições de 2018. A iniciativa, que é do advogado alagoano Richard Wagner Cavalcanti Manso, reclama a necessidade de afastar da administração pública cidadãos alvos de inquéritos policiais ou judiciais e também que enfrentam processos por atos de corrupção. O mesmo vale para a candidatura a cargos eletivos: quem é acusado de roubar dinheiro dos cofres públicos não poderá dar as caras nas urnas eletrônicas em outubro. E não importa se for corrupção passiva ou ativa. Atos de improbidade administrativa e crimes de responsabilidade de agentes públicos “não passarão”. Apesar de ser uma ação audaciosa, o motivo é mais do que nobre. “Intervir para evitar a perpetuidade de danos ao erário e ao Estado Democrático de Direito, evitando, destarte, danos aos Estados, danos à Nação e danos aos Municípios, e seus órgãos”, enfatizou o advogado, que também é conhecido por sua luta árdua contra a privatização da Eletrobras. A ação cita o artigo 37 da Constituição Federal, reclamando urgente medida que efetive por parte dos poderes constituídos a proteção dos princípios fundamentais da administração pública, incluindo-se os de probidade dos seus administradores. “A ação é uma das formas de

Cícero Almeida (PHS) é condenado por participar da Máfia das Taturanas

Fernando Collor (PTC) é investigado na Operação Lava Jato

Renan Calheiros (MDB) é sempre citado em delações premiadas

Advogado Richard Manso quer o fim de corruptos nas eleições

manifestação da soberania popular, que permite ao cidadão exercer, de forma direta, uma função fiscalizadora, e um de seus traços mais característicos é a defesa, não de um interesse pessoal, mas da coletividade e da probidade na administração pública, para evitar danos ao erário”, citou o documento. Ainda conforme a Constituição, para que uma pessoa, um cidadão, possa ser votado, faz-se necessário que preencha todas as condições exigidas em lei. Para reforçar seu ponto de vista, Manso destacou a polêmica investigação temida por vários políticos: “A Operação Lava Jato, e outras realizadas nos anos de 2016/2017 e no ano em curso, revelam que no âmbito do Congres-

so Nacional e de outros poderes é grande a realização de manobras para proteção própria, buscando blindagem, inclusive através de reeleição e novas candidaturas para tanto”. A ação é uma versão mais rigorosa da Lei da Ficha Limpa, que impede que condenados por órgão colegiados (formados por grupos) sejam candidatos. Em Alagoas, por exemplo, três deputados federais caíram nas garras dessa lei: Arthur Lira (PP), Cícero Almeida (PHS) e Paulão (PT), todos “taturanas” e condenados em segunda instância que buscam nas brechas jurídicas uma saída para se candidatarem. O deputado estadual licenciado João Beltrão (PRTB) também se encontra na mesma

situação. Mas se não levarmos em consideração o julgamento em segunda instância, a lista dos fichas-sujas no estado tem mais de 140 nomes, dentre os quais a ex-prefeita de Maceió Kátia Born, a secretária de Estado de Cultura Mellina Freitas, o ex-prefeito de Canapi Celso Luiz Tenório Brandão e outras figuras carimbadas da política alagoana. Isso segundo dados da lista de inelegíveis do Tribunal de Contas da União (TCU). Caso o TSE acate a ação popular de Manso, a disputa ao Senado em Alagoas, daria uma reviravolta. Renan Calheiros (MDB) e Benedito de Lira (PP), citados na Lava Jato, estariam de fora. Marx Beltrão (PSD) já foi alvo de investigação quando prefei-

to de Coruripe e Maurício Quintella (PR) é acusado de peculato. Fernando Collor (PTC) não poderia nem sonhar com um cargo público. Já a Câmara Federal e Assembleia Legislativa veriam mais rostos novos do que alguns que fizeram a vida na política. No documento datado do dia 20, quarta-feira, Manso pede que o TSE julgue “procedente a ação popular para proibir o registro de candidatura de cidadãos natos ou naturalizados, que estejam sendo alvo de inquéritos e procedimentos judiciais criminais por crimes de corrupção a qualquer título e de atos de improbidade administrativa perante os Tribunais Pátrios”.


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Rogério Teófilo entrega comando da Prefeitura para Biu e Arthur Lira

ARAPIRACA LARGADA PREFEITO BUSCA ASSEGURAR APOIO PARA CANDIDATURA DO FILHO À ASSEMBLEIA

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om mais de 70% de rejeição, sem o apoio do grupo político que o elegeu e com uma virtual maioria na Câmara, onde vereadores se dizem situação apenas para garantirem benesses financeiras, o prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo (PSDB), não teve outra escolha senão entregar o comando da Prefeitura à família De Lira (diga-se o senador Biu e o deputado federal Arthur), que já estão mandando e desmandando no Centro Administrativo Antônio Rocha, mais conhecido como Casa Azul. Desgastado e responsável

De olho em suas reeleições, Benedito de Lira e Arthur Lira marcam presença em Arapiraca e prometem ajudar filho de Rogério se eleger

por uma gestão marcada por inércia, perseguição e graves denúncias de improbidade administrativa, a única esperança de manter o nome da família Teófilo vivo na política é a difícil tentativa de eleger o filho, Moacir Teófilo Neto, que a exemplo do pai, ainda não conseguiu emplacar junto à população. Há quem diga que Rogério não se elege mais nem pra presidente de associação de bairro em Arapiraca. Ao perceberem o isolamento do prefeito tucano, Biu e Arthur usaram de suas artimanhas e da habilidade de anos na política

para seduzirem Teófilo e, em troca, oferecerem vantagens a exemplo do apoio ao desconhecido Moacir Teófilo. Pra quem não lembra – pelo visto nem o prefeito lembra – Arthur e Biu são os mesmos que pediram a cabeça de Teófilo da Secretaria de Estado da Educação, na gestão do então governador Teotônio Vilela. E assim aconteceu. Hoje, a caneta poderosa da família De Lira está nas mãos do super-secretário Antônio Lenine Pereira Filho que, juntamente com o prefeito Teófilo, vem sendo investigado pelo Ministério Públi-

co e Polícia Federal por vários crimes de improbidade administrativa. Quem é que não se lembra do pagamento feito a uma empresa de auditoria com dinheiro de uma construtora pertencente a Lenine, e o recente escândalo das carteiras escolares que sumiram. Com a reforma administrativa também veio a mudança no secretariado. Na Agricultura, por exemplo, os De Lira tiraram Roberto Amaral, que é cunhado do prefeito, para colocarem o vereador por Feira Grande, Flávio Maurício, a principal liderança dos De Liras na-

quela cidade do Agreste. Na bagagem Flávio trouxe um “caminhão de assessores” que foram imediatamente contratados com o aval do secretário Lenine. Fica a pergunta: o secretário vai trabalhar para os agricultores arapiraquenses ou visando apenas sua campanha em 2020? Ao que parece, Rogério não perdeu apenas o comando da Prefeitura de Arapiraca, mas também perdeu o rumo e acaba de enterrar sua história política. Biu vira tratorista do prefeito


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Irmão de prefeito tenta extinguir processo na Justiça

PENEDO

MARCOS BELTRÃO É ACUSADO PELO MPE DE OMITIR DADOS PÚBLICOS

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ex-secretário de Gestão Pública e Finanças de Penedo, Marcos Beltrão, tenta fazer com que a Justiça de Alagoas tranque a ação penal que o acusa de omissão de dados técnicos quando era servidor daquele município. O pedido da defesa foi à pauta de discussão na quarta-feira, 20, na Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), que decidiu adiar o veredito para 4 de julho. O trancamento da ação penal, requerido por meio de Habeas Corpus, acontece nos casos em que a Justiça concorda que a denúncia em questão é inepta, há falta de justa causa ou se tem a ausência de um pressuposto processual. O caso envolve repasses financeiros que estariam sendo cobrados judicialmente pelos bancos Cruzeiro do Sul e Panamericano. O contrato que comprovaria essa transação, segundo denúncia, não chegou a ser disponibilizado pelo ex-secretário Marcos Beltrão, irmão do prefeito da cidade, Marcius Beltrão (PDT). Em conversa com o EXTRA, Marcos Beltrão informou que o Ministério Público Estadual (MPE) requereu a documentação em ofício em setembro de 2016. “Mas esse ofício não chegou às minhas mãos. E no dia 23 de janeiro do ano passado, a Prefeitura recebeu um novo ofício pedindo os mesmos papéis referentes a um contrato de consignação de verbas do ex-prefeito Israel Saldanha envolvendo os bancos”, explicou. Disse ainda que não pôde re-

Ex-secretário de Gestão Pública e Finanças, Marcos Beltrão é irmão do prefeito do município de Penedo, Marcius Beltrão

passar os valores solicitados por não ter nenhuma documentação que comprovasse tal débito. “Foi então que o jurídico das empresas entraram em contato com a Promotoria do município”, declarou o ex-secretário. Segundo os autos do processo, Marcos Beltrão foi acionado “nas sanções previstas no art. 10 da lei nº 7.347/85, que cita a recusa, retardamento ou omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público”. No entanto, conforme a advogada de defesa Juliana Pinheiro Damasceno, o ex-secretário não cometeu crime de qualquer natureza “apresentando, posteriormente, em resposta à acusação, documentos

comprobatórios das alegações defensivas, que, se examinados, culminariam, de plano, com a rejeição da denúncia, ou, inevitavelmente, conduziriam à absolvição do paciente”. “No dia 25 de janeiro preparei uma resposta à Promotoria e protocolei no dia 30. Mas um dia antes, o MPE propôs uma ação alegando que eu não estava fornecendo a documentação para propositura de ação civil contra Israel Saldanha”, acrescentou Marcos Beltrão. No ano passado, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Penedo (Sindspem) também chegou a acionar o MPE para conseguir obter dados da prefeitura. Conforme notícias veiculadas à época, o sindicato solicitou o

envio mensal das folhas de pagamento do magistério e de trabalhadores ao então secretário, Marcos Beltrão. A exigência estava fundamentada na Lei de Acesso à Informação e na transparência municipal tão cobrada pelo Ministério Público Federal (MPF -AL). EXONERAÇÃO Marcos Beltrão deixou de ser secretário na gestão do irmão no dia 12 de junho do ano passado. Ele foi exonerado da pasta dando lugar a Arlindo Salvador de Oliveira, analista de compras do governo municipal. Marcos, no início do segundo mandato de Marcius Beltrão, chegou a acumular três pastas:

Assistência Social, Gestão Pública e Finanças e Educação. Ele também esteve envolvido em outra polêmica: o recebimento de R$ 31 mil dos cofres públicos de Penedo. O valor seria referente a saldos rescisórios relativos às férias de 2014, 2015, 2016 e 2017. Marcos também foi secretário no primeiro governo do irmão. Sobre a polêmica relativa às férias, na ocasião, o prefeito explicou que “o saldo rescisório são aquelas verbas que não foram pagas pelo contratante ao contratado que venha a prestar serviços a um empregador. O saldo é devido e tem que ser pago e se acumula quando deixa de pagar o terço de férias, quando a pessoa trabalha as férias que teria direito e deixou


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PAF

De origem portuguesa, doença genética pode afetar milhares de brasileiros ALAGOANO FAZ ALERTA SOBRE IMPORTÂNCIA DA DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A DOENÇA

POR MAÍRA YURI HIROSE

Portador de PAF, Jucá diz que é preciso falar mais sobre a doença

enética e hereditária, a polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), ou paramiloidose, é uma doença irreversível que provoca a perda progressiva dos movimentos, levando o paciente à morte dez anos após os primeiros sintomas se não houver tratamento adequado. De origem predominantemente portuguesa, a PAF passou a integrar a lista de doenças raras prioritárias para o governo brasileiro em 2015. Para conscientizar e disseminar informações sobre a doença, há três anos foi instituído no Brasil, em 16 de junho, o Dia Mundial da PAF (Polineuropatia Amiloidótica Familiar). A data foi estabelecida inicialmente em Portugal, onde os registros históricos apontam ser o ponto de origem da doença e local com alta prevalência de casos, chegando a um a cada 500 habitantes em algumas regiões. No entanto, a doença se tornou especialmente importante para o Brasil, que abriga um número de descendentes de portugueses maior do que a própria população de Portugal. Degenerativa e com elevado potencial incapacitante, a PAF costuma se manifestar inicialmente por meio de formigamentos e perda de sensibilidade à temperatura nos membros inferiores. Posteriormente, esses sintomas evoluem para braços e mãos, levando à atrofia e perda gradual dos movimentos. Geralmente, os pacientes iniciam os sintomas entre os 30 e 40 anos de idade, no auge da vida produtiva. Contudo, alguns pacientes podem desenvolver a doença preco-

cemente, como é o caso do empresário alagoano Guilherme Jucá, 39 anos, diagnosticado com PAF aos 27 anos. Além de Jucá, outros membros de sua família também

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desenvolveram a enfermidade. Os primeiros a receberem o diagnóstico correto foram a mãe e a tia do empresário. Alguns anos depois, os primos, os dois irmãos

Sobre a PAF

homens podem ainda apresentar quadros de disfunção erétil.

ob o ponto de vista da genética, a PAF é uma doença neuromuscular autossômica e dominante, ou seja, o filho de um paciente apresenta 50% de risco de também ser portador da mutação que causa a enfermidade, sendo a V30M a mais comum no Brasil. Nesses pacientes, essas mutações ocorrem em uma proteína do corpo chamada transtirretina. (TTR), que é produzida principalmente pelo fígado. No paciente com PAF, a mutação leva à produção de proteínas TTR instáveis, que se depositam em vários tecidos do corpo, interferindo em seu funcionamento. A progressão da doença é variável entre os pacientes, mas normalmente há uma combinação de sintomas, envolvendo diferentes órgãos. Podem ocorrer alterações gastrointestinais, episódios alternados de diarreia e constipação, insuficiência renal e cardíaca, além de perturbações visuais, como glaucoma e olho seco. Desmaios ou tonturas, geralmente ao se levantar ou mudar de posição bruscamente, também compõem o quadro. Pacientes

TRATAMENTO NO SUS Em janeiro de 2018 foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), a decisão do Ministério da Saúde de incorporar à lista de produtos distribuídos na rede pública de saúde o medicamento Vyndaqel (tafamidis), primeiro e único tratamento específico para pacientes com polineuropatia amiloidótica familiar (PAF). O produto deve estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) até o final deste ano.

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O CAMINHO DO GENE Conhecida em Portugal como “doença dos pezinhos”, considerando que um dos primeiros sintomas costuma ser a perda de sensibilidade nos pés, a PAF foi identificada pela primeira vez em 1939 pelo neurologista português Corino de Andrade. Ao tratar uma mulher de 37 anos, residente em Póvoa de Varzim, na região do Porto, o médico desconfiou de uma síndrome neurológica ainda não descrita e se aprofundou nos

e o próprio Jucá também começaram a apresentar os primeiros sintomas: sensibilidade e formigamento nos membros inferiores. Amante dos esportes náuticos, Jucá descobriu a PAF na época em iniciou as práticas de kitesurf (uma mistura de windsurf, wakeboard e surf, na qual o praticante desliza sobre a água em uma prancha, puxado pelo kite, uma espécie de pipa), contudo, após o diagnóstico da doença em 2005, os planos do esportista foram duramente interrompidos. Em pouco tempo, com 14 kg de massa muscular a menos, o empresário foi perdendo a força nas pernas e nos braços e os movimentos dos dedos dos pés. Foi quando ele se viu obrigado a deixar o esporte e buscar tratamento. Na época, mudou-se para Fortaleza, no Ceará, para passar por um transplante de fígado, em 2006, única opção disponível naquele momento no Brasil para impedir a progressão da doença. estudos procurando eliminar algumas outras hipóteses de diagnóstico, tais como hanseníase, toxicoses e outras doenças degenerativas hereditárias. Em 1952, o neurologista publicou os primeiros artigos que descrevem a polineuropatia amiloidótica familiar (PAF). De fato, os registros históricos apontam que Póvoa do Varzim é o ponto de origem mais provável para a PAF em Portugal, como afirma o historiador Manuel Couto, professor da Universidade do Porto. “Pela alta concentração de famílias acometidas pela doença nessa região, provavelmente este é o berço de todos os casos portugueses de PAF. Posteriormente, consideramos que a mutação deva ter seguido ao longo da costa portuguesa, acompanhando as viagens dos pescadores, para depois chegar ao interior do país, seguindo as transações comerciais e agrícolas”, explica. Os estudos sobre a origem da doença apontam que a PAF teria começado a se espalhar mundialmente há pouco mais de 500 anos, a partir do crescimento e do deslocamento da população portuguesa, especialmente para o Brasil.

Anos após o diagnóstico, Jucá relembra sua trajetória de luta. “Receber um diagnóstico de PAF não é nada fácil, os pacientes sofrem muito porque a doença lhes tira de uma condição de vida normal para um estado degenerativo muito crônico, levando algumas pessoas à depressão por acharem que não há vida com a doença”, diz. Segundo o paciente, a disseminação da informação é primordial para mudar esse cenário de desinformação que envolve a doença. “Como a PAF ainda é pouco conhecida no Brasil, algumas pessoas ainda não conseguem ter a real dimensão do impacto que a doença causa na vida do paciente. Por isso, levar informação de qualidade é essencial tanto para os pacientes, quanto para médicos e sociedade em geral’, alerta Jucá que, em conjunto com a Pfizer, está participando de uma série de ações com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença.

SOBRE A PFIZER A Pfizer investe fortemente no desenvolvimento de terapias que ajudem a prolongar e a melhorar a vida das pessoas. Os esforços se concentram na manutenção de um elevado padrão de qualidade e segurança durante os processos de pesquisa, desenvolvimento e manufatura de uma variada gama de produtos para o cuidado com a saúde. Seu portfolio global inclui medicamentos e vacinas, além de alguns dos produtos isentos de prescrição mais conhecidos no mundo. A cada dia, seus profissionais trabalham em prol do bem-estar, da prevenção, dos tratamentos e da cura para muitas das mais importantes doenças da atualidade. Como uma das principais companhias biofarmacêuticas e inovadoras do mundo, por mais de 150 anos a Pfizer vem colaborando com os profissionais de saúde, governos e comunidades locais para apoiar e expandir a atenção e o acesso à saúde, trabalhando para fazer a diferença na vida das pessoas. Para mais informações visite o portal www.pfizer.com.br e as redes sociais da companhia: Twitter, Facebook e YouTube.cocemente.


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Saúde chega à Região Norte Prefeitura de Maragogi recebe ambulância

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Prefeitura de Maragogi conta agora com mais uma ambulância para beneficiar a população e auxiliar a saúde da família no município. A entrega foi feita durante solenidade de abertura do Centro de Segurança Pública (CISP) em São Miguel dos Milagres, no último sábado, 16. O governador Renan Filho entregou a chave em mãos ao prefeito Fernando Sérgio Lira, que garantiu que o equipamento vai elevar os atendimentos na área de saúde. “A gente fica sensibilizado com todas as pessoas que participaram da solenidade, contribuindo para a melhoria de toda a Região Norte. Acho que Alagoas está numa fase em que não há egoísmo, onde se entende que Maragogi capitaneia toda a região. É evidente que são necessários cuidados especiais no tocante à sua infraestrutura”, destacou o prefeito, agradecendo ao governador pela atenção dada ao município de Maragogi. A ambulância, segundo Lira, vai completar o atendimento dado na Unidade de

Pronto Atendimento (UPA) da cidade e, principalmente, irá atender as necessidades de locomoção dos paciente para hospitais referências, agora de forma mais completa. O veículo dispõe de equipamentos como monitor multiparâmetros, ventiladores mecânicos, bombas de infusão e medicações específicas como trombolíticos, além de todo material e equipamentos para imobilização. Além de entregar a ambulância, Renan Filho anunciou a vinda do ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro, a Alagoas para assinar o termo de compromisso autorizando o repasse dos recursos destinados à construção do Aeroporto Regional de Maragogi. Participaram da solenidade a secretária de Saúde de município, Elba Vasconcelos, os deputados federais Marx Beltrão e Maurício Quintella, os estaduais Dudu Holanda e Cícero Cavalcante, e o presidente do Costa dos Corais Convention e Visitors Bureau (CCCV&VB), Luiz Cláudio Gonçalves, dentre outras autoridades.

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Parque Tecnológico de Alagoas permanece no papel

EMPERRADO REUNIÃO PARA DECIDIR FUTURO DO PROJETO ESTÁ MARCADA PARA JULHO SOFIA SEPRENY s.sprepreny@gmail.com

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om quase seis anos de início do projeto, o Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços de Alagoas parece que vai demorar muito ainda mais para sair do papel. Ele faz parte do Parque Tecnológico de Alagoas, composto por três polos de tecnologia, dois agroalimentares em Batalha, região do Sertão e Arapiraca, Agreste, e o de Tecnologia da Informação, na capital alagoana, no bairro do Jaraguá. De acordo com Lairson Giesel, superintendente da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) a obra está em fase final, mas ainda faltam alguns ajustes estruturais junto à empresa ganhadora da licitação. “Só faltam alguns detalhes em relação a acabamentos, obras de engenharia, correções. Quando dizemos que não saiu do papel é porque o projeto ainda não está funcionando, mas paralelo a isso temos coisas essenciais para que tudo funcione”. O empresário João Kepler afirma que há falta de apoio na pasta da tecnologia, no quesito da valorização de startups, na economia gerada pelo empreendedorismo digital e que o estado deixa a desejar quando o assunto é reconhecimento. “Em todos os estados e municípios que têm esses parques tecnológicos, a gente percebe que as secretarias de Tecnologia não trabalham somente como prestadores de serviços e representando o go-

Maquete do Polo de Informação, Comunicação e Serviços

João Kepler, empresário

Professor Josealdo Tonholo

verno; elas trabalham e vivem em função do ecossistema da comunidade. Aqui em Alagoas você tem eventos locais, por exemplo, de grande proporção, que a secretaria não está presente, e isso é muito ruim, pois a comunidade percebe”. O empresário relata ainda que se não há apoio e inovação no ramo, os grandes empreendedores saem do estado e acabam gerando renda, emprego e desenvolvimento em outro lugar. “Esse apoio deveria ocorrer independente de estrutura física. E o polo além de mostrar que tudo acontece em um só local, que tudo está concentrado em um lugar de apoio ao empreendedor, poderia fornecer diversos serviços às empresas, como mentoria, um auditório para eventos grandes”. Segundo o superintendente da Secti, além da burocracia, o lançamento do parque esbarrou na ativação de serviços essenciais. “Primeiro é necessário os serviços básicos para funcionamento, como manutenção, limpeza, segurança armada, manutenção de bombas, geradores, ar-condicionado e a maioria desses processos são realizados através de licitações”, detalha Giesel, afirmando que é necessário atender algumas questões burocráticas, em termos de referência, para o início do funcio-

ço na tecnologia onde o objetivo maior é aglomerar diversas empresas dos mais variados segmentos, mas que têm a tecnologia como ponto focal de seus negócios. Os investimentos no parque, desde sua criação, ultrapassam 28 milhões de reais, oriundos de recursos públicos, de fontes do governo do Estado e do governo federal. Polos tecnológicos se aproximam de um distrito industrial, mas com uma gestão voltada à inovação, que estabelece estratégias para integração entre as empresas, com as instituições de ensino e pesquisa, além de serviços especializados para apoiar a competitividade e inovação das residentes neste ambiente. Lairson Giesel afirma que um polo tem que funcionar como uma tríplice hélice, havendo sinergia entre os setores, e por isso a demora do projeto em sair do papel. “Estava havendo uma divergência, um conflito de interesse para a ocupação deste polo, os acordos não foram frutíferos naquela época. Hoje a situação do polo é legal e foi determinada através de decreto federal, o que trouxe uma situação um pouco diferente. O decreto fez uma varredura em aproximadamente nove leis que ajudaram o andar do processo. Agora temos várias possibili-

dades jurídicas, flexibilidades, inclusive de licitações quando a finalidade é inovação, além da formalização de parcerias, com institutos, com empresas”, relata o superintendente. Josealdo Tonholo, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) reafirma que inovação é sinônimo de desenvolvimento, econômico principalmente. “Se você não tem empresa competitiva, suficientemente qualificada e inovadora, você não cresce, fica na subsistência. Quem ajuda essas empresas a fazerem isso com melhor qualidade são os habitats de inovação, os parques tecnológicos”. Ainda segundo o superintendente da Secti, os polos integrantes do Parque Tecnológico de Alagoas têm papel relevante na economia do estado, através de ambientes que propagam inovação. As empresas de base tecnológica podem se cadastrar no Parque Tecnológico e expor suas atividades, produtos e serviços. “É um desafio muito grande você estabelecer um polo de tecnologia no Brasil, então temos acompanhado as iniciativas em outros estados. Nossa equipe já foi a Pernambuco e Santa Catarina, estamos muito confiantes na retomada desse modelo de gestão, e esperamos que seja um sucesso para funcionar bem”.

namento. Ele disse ainda que em julho haverá uma reunião para finalização de alguns ajustes e que uma consultoria externa, para trabalhar no modelo de gestão, de ocupação do polo, justamente para entender como que vão ser feitos os processos de ocupação pelas empresas, foi contratada. Já João Kepler pontua que este atraso é resultado da falta de esforço e dedicação na área. “A princípio esse atraso para ficar pronto um prédio mostra que não existe nenhum esforço e dedicação pra essa área. Quando não se tem foco nisso se perde desenvolvimento, renda, criação de empregos, pois esses jovens vão embora para gerar tudo isso em outros lugares. O que falta é apoio, o que falta é incentivo”, finaliza o empresário considerado um dos maiores, investidores em capital e conhecimento em startups no país. Uziel Barbosa, dono da startup Doyti, acredita que o polo consegue tornar um ambiente tecnológico em um meio de incentivo e inovação. “É bom as empresas estarem unidas, aguçando a competitividade e fomentando a área de tecnologia de informação”. O parque tecnológico em Alagoas faz parte de um avan-


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OAB quer expulsar Janadaris de seus quadros

PROCESSO ADMINISTRATIVO Bruno Fernandes

ENTIDADE DIZ QUE RÉ SE TORNOU MORALMENTE INIDÔNEA PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

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Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Alagoas, abriu um processo Ético Disciplinar para suspensão preventiva do exercício profissional da advogada Janadaris Sfredo. Ela é acusada de mandar matar o também advogado Marcos André de Deus Félix, morto em março de 2014. Janadaris recebeu a intimação no dia 1º de junho e será julgada no dia 13 de julho pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB. O processo tem como base o art. 34, e seus incisos XVII, XXV, XXVII e XXVII do Estatuto da Advocacia e da OAB. De acordo com os incisos, a advogada, que ainda não foi julgada, violou, sem justa causa, o sigilo profissional, manteve conduta incompatível com a advocacia, tornou-se moralmente inidônea para o exercício da profissão e praticou um crime. Procurado pelo EXTRA, seu advogado, Anderson Taveiros, declarou que o processo vai contra a presunção de inocência e presunção de culpa estabelecidas pelo Art. 5, inciso. LVII da Constituição Federal de 88 que diz que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. “Foi um choque

2ª Via da carteira de associada da Ordem dos Advogados do Brasil

Janadaris durante sua transferência para presídio em Maceió Bruno Fernandes

Advogado afirma que julgamento vai contra Art. 5 da constituição

para ela, já que o judiciário ainda não a julgou, então por que a OAB, tomou essa decisão?”, questionou o advogado. Ainda de acordo com Anderson, que não pode revelar muitos detalhes, já que o processo se encontra em segredo administrativo, tudo teve como base notícias veiculadas na mídia, e pelo próprio EXTRA, visto que a acusada ainda não foi julgada. “Ela mesmo recebeu a intimação para comparecer no dia 13 de julho ás 10h na Sala do Conselho da OAB/AL. Ela tinha como opção me mandar como

representante, mas afirmou que quer estar presente pessoalmente para realizar sua defesa oral”, explicou. O semanário também entrou em contato com a OAB, que, por meio de sua assessoria, afirmou que não irá se pronunciar, uma vez que as informações de cunho ético-disciplinar não podem ser fornecidas por possuírem caráter sigiloso, conforme prevê o artigo 72, parágrafo 2° do Estatuto da OAB, que diz “o processo disciplinar tramita em sigilo até o seu término só tendo acesso às suas informações

as partes, seus defensores e autoridade judiciária competente”. E afirmou que o sigilo tem como objetivo resguardar o profissional que responde a processo no âmbito da instituição. Ainda segundo a Ordem, os processos disciplinares são instaurados pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED) que dentre algumas medidas, pode adotar a suspensão cautelar preventiva da carteira de um advogado, “em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender à notificação”, segundo consta no artigo 70, parágrafo 3º. A assessoria destacou ainda que o Tribunal garante o direito à ampla defesa, conforme descrito no artigo 73, parágrafo 1º. PRISÃO Passados sete meses de sua transferência de uma penitenciária do Rio Grande do Sul para Alagoas, a advogada, acusada de homicídio, continua sendo mantida presa em uma cela inapropriada. De acordo com vistorias realizadas pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, em 17 de janeiro deste ano, a cela não oferece ambiente apropriado para um advogado e é considerada desumana para qualquer pessoa passar mais de um mês no

local por ser uma cela apenas para castigos de presos. “A permanência na cela de isolamento 01 do Presídio Santa Luzia, nas condições em que se encontra, não é adequada para nenhum ser humano, independentemente de sua condição disciplinar”, explana o relatório feito pela própria entidade

O CASO

Segundo o Ministério Público, a morte do advogado Marcos André de Deus Félix, assassinado a tiros na Praia do Francês, em 2014, foi encomendada por Janadaris. No dia do crime, o advogado tentou se salvar correndo para se esconder dos atiradores Álvaro Douglas dos Santos e Elivaldo Francisco da Silva. Ambos foram condenados, respectivamente, a 18 e 21 anos de prisão. Dias depois, a polícia prendeu o casal Sfredo, dono da pousada onde aconteceu o crime, mas Sérgio, marido de Janadaris, terminou sendo impronunciado. Segundo a polícia, a relação entre a vítima e a advogada passou a ficar complicada depois que travaram disputas judiciais.


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RUBAO É negão. Não deu torci demais por você o destino não foi justo com a esperança doeu demais. nao é correto tentar esquecer a lembrança. você jamais pode imaginar a falta que vai fazer e a intensidade do nosso amar. Rubão, você é nosso mestre muito mais que um amigo você é a presença da alegria você ultrapassa o marista você confundiu um mundo de fantasia com áurea e versos de amizade dignos de uma eterna poesia. Você nos chamava de tristeza com uma alegria tão descomunal que a tristeza ficava tão alegre que confundia o racional. O mauro e todos sentimos demais lembra das nossas brincadeiras

dos jogos, das asneiras, das vitórias que sempre serão nossas companheiras. Agora estamos todos em nosso encontro é o primeiro sem sua presença todos estamos muito emocionados chorosos ou chorando saudosos , tristes e abalados. Se deus estava tão apressado nos levou um cara incrível e digo, que é impossível substituir o insubstituível. Enfim, vamos parar as lágrimas estão evidentes está difícil de escrever. Imagine de ler você sempre será lembrado pela lealdade, amizade e coração onde você estiver. obrigado valeu. Amigo e eterno Rubao. Flávio Doria (Tutinha)


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O PIOR DO BRASIL

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

S MERCADO DA

PRODUÇÃO COMERCIANTES RECLAMAM DO ABANDONO E DO JOGO DE EMPURRA-EMPURRA POR PARTE DA PREFEITURA DE MACEIÓ E GOVERNO DO ESTADO

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ão temperos, aromas, cores e sabores. Do peixe fresco e frango abatido quase que na hora aos artigos de couro e madeira, tudo isso e mais uma gama de variedades pode ser encontrada nos labirintos dos corredores do Mercado da Produção de Maceió. Ponto de encontro de gerações que há mais de três décadas vão ao local para comprar mercadorias fresquinhas e com preço acessível, reúne um misto de sentimentos de quem frequenta ou negocia na área. A sujeira e o abandono são nítidos e as reclamações e pedido de socorro são constantes. As autoridades fazem vistas grossas e o jogo de empurra-empurra revolta a quem paga impostos e tem que conviver com a degradação dia após dia. Localizado no bairro da Levada, o Mercado de Maceió é rotulado como um dos piores do Brasil. Em período de chuva a situação fica ainda mais complicada. Além das ruas que dão acesso ao centro de comércio, o interior do local fica tomado pela água, lama e dejetos. Apesar do contratempo, muita gente se arrisca a fazer compras, enfrentando o incômodo dos corredores alagados. O EXTRA esteve no local esta semana e constatou, além da sujeira, várias lojas fechadas. Em algumas alas, inclusive, os estabelecimentos quase em sua totalidade estavam desativados. E foi diante desta solidão que a equipe encontrou Everaldo Gomes Lira, 60, que negocia calçados há 35 anos e está naquele ponto há 5 anos. O gato ao lado era a sua única companhia. Questionado se seria seu companheiro de estimação, contou que as pessoas abandonam os animais ali e os vendedores terminam “se apegando”.


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Crise e falta de manutenção levam lojistas a abandonar estandes

Degradação e vandalismo se confundem; até torneira foi roubada

Sem condições de higiene, mosca pousa em

MERCADO DA PRODUÇÃO

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m dias de chuva, a área em que seu Everaldo trabalha não alaga, mas molha bastante. Segundo ele, o teto parece uma peneira. Quanto ao movimento, argumentou que diante da crise está fraco como em qualquer lugar, mas dá para sobreviver. “O movimento está devagar, mas dá pra sobreviver. Hoje está bem deficitário e abandonado. Deixa muito a desejar “, reclamou ao sugerir que o ideal seria a reconstrução, mas “onde recolocar o pessoal se as famílias dependem disso aqui?”. Na ala de carnes e peixe o cheiro forte denuncia a falta de higiene. Para Maria do Carmo, 72 anos, que comercializa frango há mais de 26 anos, o mercado público de Maceió está “às pancaretas”. Reclama que não tem mais limpeza, o banheiro foi fechado por falta de água e até as torneiras que ficam junto aos balcões são roubadas.“ “Estamos abandonados e o movimento está quase parando. Nosso pedido de socorro vem de muito tempo, mas ninguém ouve a gente”, criticou. Marcelo de Oliveira mostrou-se indignado com a situação e criticou autoridades e quem deveria fiscalizar. “O mercado aqui está saturado e o poder público tem obrigação de reformar. Entra verba, sai verba e não se faz nada. Os vereadores só aparecem aqui na época de eleição e depois somem. O Ministério Público vem, mas não é jogar o problema, é resolver. Cadê o prefeito que não faz sua parte e o Estado também?”, reclamou em tom de descrédito. Zuleide Batista vende verduras desde a criação do espaço. “O problema é que Estado e município ficam jogando um para o

outro. Aqui precisa reformar tudo. Melhorar estacionamento, água e até segurança tiraram”, reclamou apontando para a “piscina” ao lado do Mercado, onde sujeira, mal cheiro, água empoçada se juntam a pessoas que descarregam mercadorias no espaço. E foi neste ambiente que o jornal flagrou uma pessoa descarregando camarões em meio ao descaso. Sem ter para onde escorrer, a água se acumula e se junta a todo tipo de dejeto. Como os carros ficam impedidos de transitar, as pessoas se arriscam para entregar as mercadorias que vão ser comercializadas. Quem frequenta o mercado para fazer compras também diz que o ambiente não é nada agradável. É o caso da dona de casa Alda Maria, 58 anos. Ela reclamou da estrutura do mercado, da falta de higiene e do abandono por parte do poder público. Apesar de tantos problemas disse que frequenta o local desde criança quando acompanhava o pai e continua devido ao preço das mercadorias serem mais acessíveis. “Eu vinha com meu pai pra cá e era mais arrumado. Agora, quando chove ninguém consegue andar. Venho mais atraída pelo preço”, revelou. Outro frequentador assíduo é Leonardo Dias, 43 anos. Dono de um pequeno comércio na parte alta de Maceió, Léo disse que o preço dos produtos ainda compensa qualquer sacrifício. “Isso é um verdadeiro descaso com quem vende e com quem compra. Como comercializo almoço e lanche em casa, o preço das carnes e verduras daqui ainda compensa”, disse.

Interdição pedida pelo MP é ignorada

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s problemas crônicos do Mercado da Produção têm incomodado a muita gente, inclusive a órgãos fiscalizadores. Devido à falta de condições higiênicas e sanitárias para comercialização de alimentos, em 2017 o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP) entrou com uma ação civil pública pedindo interdição total e reforma do mercado. A exigência foi de que a interdição acontecesse num prazo de 10 dias. Passaram-se vários meses e tudo continua do mesmo jeito, ou pior. O documento diz que caso a determinação não fosse cumprida, os gestores das secretarias de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) e de Trabalho Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes) e da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum) teriam que pagar uma multa pessoal no valor de R$ 20 mil por dia. Já para a prefeitura, o valor da multa diária deveria ser de R$ 40 mil. O jornal EXTRA manteve contato com a assessoria do MP, mas o promotor responsável está de férias. A informação é de que a ação se encontrava na Justiça. Já a assessoria do TJ afirmou que não teve acesso ao processo. Na Vigilância Sanitária de Maceió o responsável estava em reunião e pediu para ligar mais tarde. A ligação foi retornada, mas ele não atendeu. Vale ressaltar que de acordo com relatórios do Corpo de Bombeiros, o mercado não possui nenhum tipo de prevenção contra desastres como incêndios, situações de pânico e desabamentos, além de não ter cuidado com o meio ambiente, como o descarte irregular de resíduos, que causa degradação ambiental.

Zuleide reclam

Marcelo critica


ousa em peixe que está à venda

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Bruno Fernandes

Por falta de cliente, Everaldo divide a solidão com gato que foi abandonado

reclama do descaso e pede reforma urgente

critica gestão e diz que local está saturado

Maria do Carmo reclama que foram esquecidos pelo poder público

Mercados que são modelo no País

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Mercado Público de Maceió deixa muito a desejar em todos os aspectos. Mas em muitos lugares do Brasil o espaço é motivo de orgulho e vale a pena uma visita. Eles carregam riquezas gastronômica, histórica e cultural. Além do que, é lá que o visitante pode sentir o gosto do local. Diferentemente do mercado da capital alagoana, nas principais capitais brasileiras os grandes mercados servem de ponto de encontro da população local e visitantes. Verdadeiras atrações turísticas enchem os olhos de quem visita. Exemplo claro é o Mercado Municipal de São Paulo, ou simplesmente o Mercadão de SP, ponto de encontro do paulistano e programa imperdível para visitantes. Polo gastronômico e cultural da capital paulista, o prédio de estilo neoclássico com toques góticos impressiona pela beleza. São cerca de 280 boxes e mais de 50 mil visitantes semanais. Entre os menus dos bares e restaurantes do local, aparecem o popular e gigante sanduíche de mortadela e o pastel de bacalhau. O Mercado Ver-o-Peso, em Belém (PA), é o verdadeiro ícone cultural da capital paraense. Há quem diga que ainda há muito a ser feito por lá, mas dá para passar o dia passeando.

Situado às margens da Baía do Guajará foi um dos primeiros mercados públicos do Brasil, sem contar que é o maior mercado a céu aberto da América Latina, com um complexo arquitetônico e paisagístico de 35 mil metros quadrados. Apenas a beleza do prédio do Mercado Público de Porto Alegre já vale a visita. Patrimônio Histórico e Cultural da cidade, é ponto de encontro dos gaúchos e seus visitantes. Funciona como um grande shopping center, com seus 110 estabelecimentos comerciais. A gastronomia não poderia ser mais variada, indo da cozinha japonesa à macrobiótica e portuguesa, passando por bares e lanchonetes com petiscos populares. O vão central do Mercado Público de Floripa (SC) é palco de apresentações de artistas locais e merece destaque. Com mais de um século de história mantém seu charme e continua um dos mais agradáveis pontos de encontro na capital catarinense. Além de funcionar como centro de comércio e gastronomia – diversos bares e restaurantes oferecem o melhor da culinária local, como o famoso pastel de berbigão – o mercado é um grande palco de cultura e lazer. Frutas, carnes e produ-

Vera Alves

Mercado Público de São Paulo é modelo de qualidade e conservação

tos orgânicos à venda no movimentado Mercado Municipal de Curitiba (PR) dão as boas vindas a seus visitantes. Nenhuma visita à capital paranaense é completa sem uma passada por lá. As lojas comercializam de tudo – temperos, queijos, frutas, verduras, doces, chocolates, em-

butidos, carnes exóticas, roupas, eletrônicos, artesanato, artigos para casa e por aí vai. E o que dizer dos vários quiosques e restaurantes, onde pode-se provar as delícias locais, como o barreado ou a carne de onça, além do expresso no Café do Mercado.


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Para refletir: O primeiro método para estimar o caráter de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta (Maquiavel)

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

O novo velho BRASÍLIA - Dois pesquisadores brasileiros, Eduardo Cavaliere e Otávio Miranda, resolveram levantar e analisar os números relativos à renovação do Congresso de 1986 a 2014 - o que eles chamam de “renovação orgânica” do Legislativo. O estudo mostrou fatos pouco conhecidos e levanta questionamentos a certas premissas do discurso dos movimentos renovadores, como o primado da ética ou a ideia de que candidaturas mais jovens seriam mais adequadas ao país. Vejamos: - No Congresso, reeleição não é regra, mas exceção; 75% dos deputados federais não ultrapassam o segundo mandato. - O excesso de nacionalização do debate público negligencia a complexidade da política local. Erros de avaliação do desempenho dos partidos levam a conclusões equivocadas sobre o Congresso. Por exemplo, apesar do bom resultado em eleições presidenciais, ao longo da história o pior desempenho eleitoral do PT, por regiões, é no Nordeste. O partido, aliás, elegeu mais deputados federais que o PSDB em São Paulo. - Um número muito baixo (2,88%) de deputados federais venceu eleições majoritárias seguintes ao mandato no Legislativo. - Não existe nenhum exemplo concreto na história brasileira em que o fortalecimento conjunto de jovens, figuras inexperientes e ativistas tenha desaguado em imediata melhora qualitativa na resolução dos principais gargalos da vida pública. A pesquisa realizada por dois técnicos altamente competentes, com reconhecimento internacional, coloca por terra, por exemplo, o equivocado programa de um determinado “Partido Novo”, que se lança como a “vestal política” das próximas eleições, quando nada tem de diferente dos demais, a não ser uma acentuada leva de “inexperientes”, buscando o que os outros buscam: os votos. Dizem os pesquisadores que temos um dos Legislativos mais rotativos do mundo. Em relação a democracias consolidadas, a renovação do Congresso brasileiro está acima da média de países comparáveis. Em 2014, 53% dos deputados federais brasileiros foram reeleitos, enquanto que 95% dos congressistas americanos, 90% dos britânicos, 88% dos espanhóis, 80% dos australianos e 72% dos canadenses se reelegeram. A baixíssima renovação em cada um desses países é razão de atraso ou ausência de progresso nacional? Improvável.

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O novo suspeito

A ansiedade que marca este ano eleitoral não é incomum, diz ainda a pesquisa. Basta folhear a história brasileira desde a queda do império para perceber que momentos de instabilidade reduzem as barreiras para novos entrantes. Assim nasceu boa parte dos movimentos de renovação política. Historicamente eles pegam carona em narrativas pouco contestáveis, como o fim de privilégios ou o combate à corrupção, para se apresentarem como alternativas ao que está posto. “Varre, varre, vassourinha” de Jânio em 1960. Collor, o “caçador de marajás”, em 90. Mas o que há de novo nesses grupos pela renovação? Na verdade, esse perfil de discurso que ocupa – ciclicamente – o debate público brasileiro não é novo, mas releitura de algo conhecido na política nacional. Está claro que a maioria desses movimentos aproveitadores ocasionais que pregam “mudanças” e “moralização” na política brasileira, nada mais são que os oportunistas de sempre, mas que nunca conseguiram êxito em suas intenções dúbias – o povo os identifica por suas repetições e sempre alcançam desempenho desmoralizante nas eleições – que o diga o “Partido Novo”, que nada tem de muito novo, por ser exatamente igual.

Novo, sério, mas frágil

Na disputa eleitoral o jogo é bruto e não há lugar para amadores. Nem sempre a novidade é ruim ou oportunista, mas as chances do novo vencer o velho são remotas, principalmente nas regiões menos desenvolvidas como o Nordeste, onde prevalece o voto oportunista, negociado e com “donos”. Não que grandes estados, a exemplo de São Paulo, sejam excluídos desse cenário, mas a proporção é bem menos acentuada. Para mostrar um exemplo emblemático desse quadro temos a candidatura do jovem deputado estadual Rodrigo Cunha para o Senado. Um brilhante parlamentar, que se tornou exceção dentro de uma Assembleia Legislativa apodrecida pela corrupção e desvio de conduta da maioria de seus membros. Bem avaliado nas pesquisas de votos teve a coragem de abrir mão de uma eleição certa (para a Assembleia ou Câmara Federal) para disputar uma improvável vaga no Senado Federal. Vai ser bem votado, mas perde eleição, pois ainda não é profissional do ramo. É novo, é bom, mas será derrotado.

O Lobo bom

Ao ser eleito como o mais votado para a Câmara Municipal de Maceió o vereador Lobão surpreendeu positivamente, colocando pra “engolir poeira” políticos profissionais e candidatos com fortes redutos eleitorais. Fez uma campanha pobre, com ajuda de amigos e colhendo o resultado de um trabalho de assistência social no Vergel do Lago e bairros do entorno. Depois de eleito só uma coisa mudou em sua rotina: o trabalho redobrado estendido para outros bairros e regiões da capital. É disparado o mais atuante, com uma dianteira acentuada entre seus colegas. Seu trabalho tem incomodado a um bando de vagabundos e sugadores do interesse público, que se sentem incomodados com a privilegiada posição do combativo vereador. Alguns desses incomodados chegaram ao absurdo de ir à tribuna da Câmara criticar os “privilégios” do Lobão, que nada tem de mau. Com a humildade que lhe é peculiar, Lobão deu a resposta adequada aos que lhe criticaram por trabalhar: “Eu quero dizer o seguinte: o meu tamanho como vereador é o mesmo de todos. De repente, o que existe aí é uma questão própria: eu me entreguei ao mandato. O mais votado tem a obrigação de fazer mais. Eu tiro da carne. Eu não tenho carro próprio, moro na mesma casa e com a mesma mulher. Eu só comprei para mim um ar-condicionado para dormir melhor e trabalhar melhor. Eu me entreguei à missão de fazer tudo o que prometi e estou sempre focado. As coisas que eu faço são coisas básicas”.

Ensino à distância suspeito

A questão da atuação de algumas escolas e instituições que oferecem “ensino à distância” tem sido um grave problema que precisa ser enfrentado com rigor pelos órgãos de fiscalização, o Ministério Público e a Polícia. Milhares de estudantes alagoanos estão prejudicados e não se tem notícia de uma ação efetiva para acabar com essas “fábricas de diplomas falsos” que hoje atuam na capital e interior, apenas com o objetivo de ganhar muito dinheiro desonestamente. Até agora apenas medidas paliativas foram adotadas e a “máfia dos cursos à distância” continua atuando. Enquanto não começar a prender essas pessoas e fechar os irregulares, a farra vai continuar fazendo vítimas.


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Obscena realidade

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ste país avança em marcha batida por uma senda que tem tudo para nos levar ao abismo. Ao fundo, do fundo do poço. Uma crise econômica que não passa, se bem que modestamente a gente aqui avisou que estávamos (e continuamos) num voo de galinha. Que o PIB não passaria do 1,5% no final deste ano, apesar do otimismo de expoentes da O eleitor faz a sua economia e do parte. O problema mercado, bancos, são as barreiras que inclusive, terem previsto 3%; a os sabidos colocam roubalheira que para se garantir no continua; os mesmo de sempoder, embora os números mostrem pre como candidatos sem chanque ainda assim a ces para o novo; imensa maioria tem o desemprego vida breve no Con- que é estrutural não diminui, e gresso. quando ocorrer não voltaremos sequer a médio prazo a índices aceitáveis; as reformas que o país tanto precisa, postergadas. “Ficam para o próximo governo”, dizem políticos e autoridades confiantes em suas promessas de engana bobo.

Economista

A chusma de candidatos a presidente que aí está nada mais é que mais do mesmo. Alguns piores até. O cidadão comum desesperançado se apega a salvadores da pátria de direita ou a demagogos da esquerda que prometem o que jamais irão entregar. Os que se dizem de “centro” se escondem por detrás de discursos anacrônicos e acéfalos. Todos se arvoram em nos representar, mas estão ou estiveram – dá no mesmo – ligados ou vinculados à infâmia que tomou conta deste país representado pelas três escórias: PT, PSDB e MBD (os demais não passam de sinecuras satélites destes monstrengos políticos). E não se pense que o cidadão não tenta mudanças. Não só pensa como realiza através do voto (o problema é que entra um, sai outro e a coisa só piora). Pesquisa recente realizada por Eduardo Cavaliere e Otávio Miranda mostrou que entre 1986 e 2014, 75% dos deputados federais não passaram do segundo mandato e apenas 21% dos senadores foram reeleitos. E que, de 1990 a 2014, dos 1.889 deputados eleitos, apenas 103 conseguiram se eleger senadores, prefeitos ou governadores. Pouco

Utilidades inúteis

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título é um paradoxo. Proposital, diga-se de passagem, mas paradoxos, incongruências e contradições são bem próprias do nosso Brasil brasileiro, ou como dizíamos, com sabor alencarino, na minha adolescência: dessa Ultimamente a ANP Terra dos brasís. E vem povoando os pesa- não se diga que só delos do consumidor enxergo misérias no País, pois são as brasileiro. Os aunossas incongruênmentos constantes de cias que, em passacombustíveis, assaltos do ainda próximo, nos fizeram felizes aos bolsos dos cidacom carnaval, futedãos, não têm como ser bol, praias e feriajustificados, até porque dões, mesmo diancausam insegurança à te de uma inflação perto dos 90%. Que vida das pessoas. povo de país democrático conseguiria façanha tal? Anotei, como mais alguns paradoxos bem brasileiros, as nossas

agências reguladoras. Anatel, Aneel, Ancine, Anac, Anteq, ANTT, ANP, Anvisa, ANS, ANA, ANM, são as nossas utilidades inúteis, umas mais outras menos. E não deveriam ser as inutilidades que são. A ideia de regulamentação é inquestionavelmente boa, ante a necessidade de o Estado, sem ferir princípios democráticos de mercado livre, controlar a ganância humana, assegurando ao hipossuficiente todas as garantias dos bons serviço que necessita. Também não é ideia nova, criada nos Estados Unidos já em 1887. No Brasil, como tudo que oferece controle, poder de barganha política, ou outras coisas assim, existe em número excessivo, são onze ao todo, servindo às patranhas partidárias. Não importando isso, deveriam ter o hipossuficiente como seu principal objetivo protecional. Não é isso que tem acontecido. Escolhamos dentre o largo rol brasileiro de agências apenas duas, a ANP e a ANS,

ELIAS FRAGOSO

mais de 5%. O eleitor faz a sua parte. O problema são as barreiras que os sabidos colocam para se garantir no poder, embora os números mostrem que ainda assim a imensa maioria tem vida breve no Congresso. Vivem enganando, mas, pegos, são destronados. No máximo, passam a viver nas tetas do Estado a puxar o saco de algum político que o “acolheu” em seu desterro. Tristes figuras. Num momento de alta instabilidade como o atual, a barreira de entrada para novos postulantes se reduz. Mas não sobra espaço para o novo de verdade. O eleitor terá que aguentar ouvir mais uma vez promessas vazias de mais educação para um povo semianalfabeto que ainda engole essas patranhas, mais saúde para uma população que morre miseravelmente sem acesso, mais segurança, quando nunca na história deste país a população viveu tão ameaçada e insegura. Falar de coisas sérias nestas eleições? Nem pensar! Discutir a crise fiscal que corrói o Estado e pe-

naliza a todos? Menos ainda. Ou porque somos obrigados a carregar este Estado injusto e ladrão nas costas entregando 34% do que ganhamos, para quase nada receber em troca? Imagine! Também não vão tratar de medidas para reduzir o fosso social, onde o 1% mais rico detém quase 60% da riqueza nacional, ou porque os mais de 44 milhões de brasileiros que vivem da esmola do famigerado e execrável Bolsa Família tem a eles destinados tão somente 0,5% do PIB, enquanto algumas poucas empresas recebem benefícios fiscais superiores a 3,3% do PIB. Nenhum deles quer discutir o que está de profundamente errado nas nossas finanças ou nas políticas sociais. Na nossa baixíssima produtividade. Na não educação que está levando nossa juventude ao crime e às drogas, por falta de capacidade para competir no mercado de trabalho. Essa obscena realidade em que vivemos precisa ser discutida. Agora. Já. Não há mais tempo. Rebelião social é fruto direto da anomia fiscal, tributária e social do Estado. Estamos à beira dela.

CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

porque essas estão hoje em grande evidência na revolta dos cidadãos brasileiros. Ultimamente a ANP vem povoando os pesadelos do consumidor brasileiro. Os aumentos constantes de combustíveis, assaltos aos bolsos dos cidadãos, não têm como ser justificados, até porque causam insegurança à vida das pessoas. O genérico “porque a variação cambial do dólar está na raiz dos aumentos”, já soa insincero, pois nem todo o custo do nosso monopólio é dolarizado. Aliás, diz-se, sem resposta apropriada, que apenas menor parte dos custos da Petrobras são calçados no dólar americano. Soa mais apropriada – da mesma forma injustificável – a explicação de que a extorsão serve para recuperar o rombo da petroleira estatal resultante

dos roubos dos nossos políticos, A ANS não é menos uma utilidade inútil do que a ANP. Existente para ensejar ao cidadão uma saúde suplementar de qualidade e acessibilidade, mais serve aos donos dos planos de saúde, incongruentemente protegendo o hipersuficiente do hipossuficiente. Constata-se a inversão de valores quando apenas controla os planos de saúde individuais, assim mesmo permitindo reajustes anuais muito acima da inflação. Já o coitado que é obrigado a aderir aos planos coletivos, esses estão mesmo ao Deus dará. Seremos extorquidos este ano em mais de 18%, sob o manto obsequioso da ANS estendido sobre os danos à saúde nacional. Já a saúde pública, nem vale a pena criticar mais. É puro homicídio.


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JORGE MORAES Jornalista

Em nome da impunidade

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spero que o comportamento de um grupo de torcedores brasileiros na Rússia não seja mais um a entrar na estatística daqueles que não são punidos nunca, no mínimo viram manchetes na mídia, são defendidos por advogados bem pagos, conseguem inverter os fatos ocorridos, as vítimas é que são culpadas e, por fim, nunca presenciamos ou ficamos sabendo da aplicação das punições, isso quando não são transformadas em trabalhos comunitários e sociais. Pelo visto, esses torcedores se juntaram aleatoriamente com o objetivo de se divertir e torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. Se juntaram na sua insanidade mental para fazer “graça” em um país que não faz graça com ninguém. Os Se o vídeo mostrado a partir fosse o contrário, com russos, de seu presirussos no Brasil faltando dente, Vladicom respeito a uma mu- mir Putin, não lher brasileira, usando é de perdoar ou deixar para as mesmas palavras, Pelo menos hoje eles estariam pre- lá. é assim nas sos e, provavelmente, se- suas questões riam expulsos do nosso políticas ou país, deportados sem di- de relações inreito a defesa, com uma ternacionais, agem condenação ou próximo quando com mão de disso nas costas. ferro e até com uma polícia violenta no combate à baderna. Mais do que justificar o ato como uma brincadeira, por sinal de muito mau gosto, os brasileiros foram indelicados, desrespeitosos, violentos em sua ação, e, mais do que nunca, sabiam que estavam ofendendo não só uma mulher, mas todas as mulheres e todo um povo. A repercussão no Brasil foi a pior possível, maior do que na própria Rússia, onde o lado mais frágil de qualquer questão ainda demora muito a ser digerido. Acredito, sim, que após o fechamento desse artigo fatos novos tenham surgido em torno

dessa questão, com decisões diplomáticas tomadas entre os dois países. Se o vídeo mostrado fosse o contrário, com russos no Brasil faltando com respeito a uma mulher brasileira, usando as mesmas palavras, hoje eles estariam presos e, provavelmente, seriam expulsos do nosso país, deportados sem direito a defesa, com uma condenação ou próximo disso nas costas. Espero, sinceramente, que isso tenha ocorrido com os brasileiros e que não fique apenas nas notas de repúdio da OAB, dos discursos de políticos no Congresso Nacional, dos governos e da justiça brasileira. Espero muito, não sei o quê, mas espero. Quando escrevia este artigo, comecei a receber mensagens dizendo que este caso não foi único na Rússia nos últimos dias. Muitos outros vídeos estão sendo espalhados nas redes sociais ou, pelo menos, comentados. Tive a oportunidade de fazer algumas transmissões internacionais, inclusive Copa do Mundo, Copa das Confederações e Copa América, testemunhando fatos estarrecedores com o envolvimento de torcedores brasileiros em países estranhos. Não são todos, claro, mas uma boa parte dessa gente que apronta e, depois, tenta se passar por vítima. Em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, cheguei a ser testemunha de uma ação violenta em um dos bares da cidade, me obrigando, depois, a testemunhar contra os conterrâneos, pela violência e falta de respeito com os anfitriões, pelo simples desejo de levar vantagem. Não podia ficar calado e concordar com aquilo. Em Lyon, na França, caso idêntico, inclusive com a conivência de alguns colegas cronistas de outros estados, que só faziam dar risadas. Não estou dizendo que os brasileiros não sofrem também, mas eles estão na terra dos outros e muitos de nós não temos limites para as coisas. Uma resposta dura precisa ser dada, senão isso continuará ultrapassando barreiras, como agora na Rússia.

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ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

Para que servem os velhos? No Brasil o valor dado aos idosos é mínimo! Quase sempre estão sentados numa cadeira de balanço e sua presença é ignorada pela maioria das pessoas! Lembro-me de Ulisses Guimarães, um político sábio! Sua idade pouco aparecia quando se dirigia às massas: vibrava e fazia os ouvintes acreditarem em suas palavras. Um amigo nosso morreu recentemente com noventa anos. Fui à missa de sétimo dia e me emocionei ouvindo filhos e netos falarem sobre sua humildade e sabedoria. Antes de expirar pediu ao neto que não se esquecesse dos menos favorecidos! Temos o prazer de conviver com uma aposentada da Assembleia que começou servindo cafezinho. Teve uma única filha. Criou-a com cuidado e, com tristeza, viu sua morte ainda jovem. Sofreu demais e se dedica aos dois Outro político famoso netos. Agora com foi Tancredo Neves, de oitenta anos, nossa amiga ainMinas Gerais. Homem da vai dançar calmo, sabido, inteli- no Iate e quangente. Faleceu quando do nos visita no Sindicato está ia assumir a Presidên- sempre alegre e cia da República e foi cheia de ¨tortelesubstituído por Sarney. tes¨ para as colegas. Saudável a Deve estar inquieto no nossa Marinete! túmulo com os escânProcurou-me dalos em que se envol- esta semana um companheiro idoveu seu herdeiro. so que prestava serviço ao Legislativo há vinte e um anos. ¨Dona Alari, estou sem receber salário; já se vão dois meses; dizem que a firma faliu; o que faço amiga?¨ Fiquei emocionada e muda de raiva! Como se brinca com a vida de um homem que há tanto tempo presta serviços na Casa de Tavares Bastos? Uma grande amiga nossa que foi diretora de um órgão público ajudou a muita gente, boa filha, boa mãe, está muito doente. As notícias são sempre tristes a respeito de tão querida pessoa! Coisas da vida! Uma velha tia de meu pai, que ajudou minha avó a criar dois órfãos, era uma criatura sábia. Na minha adolescência gostava de conversar com ela e ¨beber sabedoria¨, como dizia um antigo conhecido. Contou-me que era casada

com um senhor mais velho do que ela. Um dia, o marido ameaçou bater nela. Ela ficou calada, arrumou seus pertences e foi morar com a irmã. ¨Por que?¨, perguntou o marido. ¨Hoje você ameaçou, amanhã você me bate¨, respondeu minha tia. E foi criar dois sobrinhos, loucos por ela. Um deputado idoso, bem doente, encontrou-me certa feita. Chamou-me para conversar. ¨Estou mal, morrerei logo; criticava você por suas denúncias. Hoje sei que está certa; meus companheiros não me respeitam, cortam meu salário¨. Morreu pouco depois. Encontrei-me com seu filho nesta semana e recordei o fato. Outro político famoso foi Tancredo Neves, de Minas Gerais. Homem calmo, sabido, inteligente. Faleceu quando ia assumir a Presidência da República e foi substituído por Sarney. Deve estar inquieto no túmulo com os escândalos em que se envolveu seu herdeiro político, o senador Aécio Neves. Que vergonha!” Quando comecei a trabalhar, tive uma chefe maravilhosa, bem mais velha do que eu. Ensinou- me muito, e quando me agitava no auge de minha juventude, chamava-me para perto dela, dizendo: ¨Calma, Alari, você está lidando com políticos¨. Meus respeitos saudosos a uma mulher que foi minha mestra nos idos de 50/60: Yolanda Moura. Deus a tenha em ótimo lugar. Recentemente uma neta, de fora, veio estudar na Ufal e pensei que poderia ser útil. Os pais acharam que não daria certo ela morar com os avós; daria muito trabalho. Pensei com meus botões: estamos velhos, não confiam mais em nós. Fiquei triste, acordava pela madrugada, lamentava, chorava um pouco, adormecia. O tempo foi passando, a melancolia desaparecendo e cheguei à seguinte conclusão: Deus escreve certo por linhas tortas; Ele tomará conta dela e nós ficaremos na retaguarda. Daí, meus amigos, penso numa velhice sadia. Gosto de ser útil, de ajudar. Emociono-me quando sinto que estou chegando ao fim da vida e não sirvo mais para muita coisa. De repente, lembro-me de Deus. Ele me deu tanta felicidade, tive uma boa vida ao lado de minha família. Não posso querer mais do que recebi. Tenho uma única certeza: morrerei lutando!


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A feira

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omente quem nasceu e viveu numa pequena cidade de interior poderá entender a imensa riqueza do conceito traduzido na palavra feira. Não a feira no sentido moderno, que consiste em lançamentos de produtos e tecnologias, mas sim aquela feira à antiga, destinada a prover de alimentos e bens básicos as populações interioranas. Quem leu Vidas Secas Enfim, na pequena jamais esquecerá as cidade a feira dava experiências vividas por Fabiano e sua fao alento para mais mília no dia da feira. Naquele microum ciclo de sobrevicosmo foram ambienvência. Para aqueles tados os mais belos simplórios viventes, escritos regionalistas seus planos e proje- de nossa literatura. Pintados na riqueza tos de vida sempre se de cores, cheiros, perresumiam a um ciclo sonagens e fatos que são sua alma. de feira. Em tempos idos, a feira, de tão importante, até transformava o dia que a antecedia. Seu ar de véspera já deixava antever toda agitação do dia seguinte. Cozinheiras armavam suas toldas, acendiam a lenha dos fogões e se preparavam para alimentar aquela cosmopolita turba. Os mais diversos odores invadiam a noite, vindos das

borbulhantes panelas de barro, reacendendo apetites e gulas. Lá num ponto afastado, no improvisado curral do matadouro, na instintiva antevisão do triste fim, o gado ensaiava um réquiem de mugidos e lamentos. Na rua, garis montavam as gastas bancas anunciando a ruidosa chegada dos feirantes. Por seu caráter festivo e lúdico, a feira da pequena cidade era verdadeira terapia, afastando, com seu ar vivo, qualquer sombra de tristeza do dia. Em regra, a impopular segundafeira é o dia mais indesejado da semana. Em minha infância ele tomava ares e tons de uma tela impressionista, pois era o único a ter cheiro e cores. Quem não lembra dos cheiros de sua infância? Cheiro de frutas maduras, frutas estragadas, tira gostos vendidos a céu aberto, gente suada, animais e seus excrementos e, o mais marcante deles, o cheiro que emanava dos eixos queimados dos carros de bois, e o agridoce cheiro dos bois. Não há odores mais marcantes do que os de uma feira. Já na alta madrugada o doce cantar dos carros de bois abria a rica sinfonia de sons que iriam embalar aquele dia. O lânguido sussurro de vozes matutas com seus mais diversos sota-

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

ques e cantares entravam pelas frestas da camarinha nos chamando para um alegre despertar. Fechando o belo rosário de sons, apitos de lanchas, ronco de carros de frete, buzinas de vendedores e os crescentes e alegres gritos dos feirantes e meninos, compondo um definitivo ar de festa. Tais sons e cheiros emprestavam à pequena cidade uma dimensão que ela não tinha no dia a dia, transformando o patinho feio da folhinha num dia festivo. Apenas um fato poderia entristecer o sertanejo naquele dia. Não dispor “do dinheiro da feira”. Para a criança que eu era, o único fato que causava desconforto era ver aquela procissão de cabeças baixas, almas humilhadas e chapéus na mão, que se formava na porta do poderoso chefe político local, numa silenciosa súplica. Humilhação suportada com resignação por todos aqueles desvalidos, apenas para evitar a triste visão dos olhinhos famintos, daqueles que deixaram em casa num esperançoso aguardo. A mágica daquele evento sintetizava, no decorrer de um único dia, o universo de toda uma comunidade.

Na feira, bêbados afogavam suas mágoas; dívidas eram pagas ou velhacos consolidados; velhas intrigas eram resolvidas à tapa ou faca; prostitutas enchiam as burras; esmolés coletavam reservas; matutos renovavam os estoques de chita, fustão e azulão; namorados se acertavam; a cadeia ganhava movimento extra; os cinemas lançavam as “novidades”; camelôs berravam seus milagres. Enquanto, de minha parte, era o momento adequado para trocar e vender os gibis que iriam garantir o cinema e o acerto de contas com a velha doceira. Enfim, na pequena cidade a feira dava o alento para mais um ciclo de sobrevivência. Para aqueles simplórios viventes, seus planos e projetos de vida sempre se resumiam a um ciclo de feira. Para o sofrido povo sertanejo, sonhos e projetos nunca poderiam se dar ao luxo de se estenderem para além daqueles sete dias. Como o voo de uma galinha, os projetos do sofrido povo sertanejo eram breves e rasteiros. Jamais ousariam se estender mais do que o ciclo e uma feira.


23 BB no Whatsapp e Twitter

Os clientes do Banco do Brasil já podem realizar consultas a saldos e extratos de conta corrente e poupança, saldo de Certificado de Depósito Bancário (CDB), extrato de fundos de investimento, rastreio e fatura de cartão pelas redes sociais. Basta o cliente adicionar o número 4004-0001 em seu celular e iniciar uma conversa pelo Whatsapp. No Twitter, o correntista poderá fazer consultas de saldo e extrato, além de tirar dúvidas e requerer atendimento no serviço de atendimento ao cliente (SAC).

ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.com

Cartão sem anuidade

O Banco do Brasil anunciou o lançamento do cartão Ourocard Fácil, isento de anuidade caso o cliente gaste um mínimo de R$ 100 na função crédito. Caso gaste menos que isso, fica sujeito ao pagamento de parcelas mensais da anuidade, de R$ 60, algo semelhante ao praticado pelo Santander com o cartão Universitário. O cartão oferece pré-vendas, descontos e parcelamentos na compra de ingressos de shows de grandes artistas patrocinados pelo BB.

Planos de saúde CPF do Imóvel

A Receita Federal começa a implantar até o fim deste ano o Sistema Nacional de Gestão de Informações Territoriais (Sinter), que tem como objetivo integrar os cadastros de imóveis urbanos e rurais de todo o país. Cada propriedade terá um número único apelidado de “CPF do imóvel”. O Sinter é um projeto do Ministério da Fazenda, mas é gerido pela Receita Federal.

A Justiça determinou que a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) aplique a inflação do setor de saúde como teto para reajuste dos planos de saúde individuais e familiares em 2018. Dessa forma, a correção desses planos fica limitada a 5,72%. A decisão foi dada após relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que aponta distorções, abusividade e falta de transparência na metodologia usada pela ANS para calcular o porcentual máximo de reajuste.


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Comoção marca despedida de sócia do Bar da Pata

LUTO NA GASTRONOMIA SOCORRO ALVES MORREU VÍTIMA DE CÂNCER; CENTENAS FORAM DAR ADEUS À EMPRESÁRIA ALAGOANA

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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chuva fina que teimava em cair no final da manhã do domingo, 17, deu lugar ao sol para que irradiasse seus raios sob a empresária Socorro Alves, 68 anos, cujo corpo foi sepultado em clima de comoção no cemitério Parque das Flores, em Maceió. Lágrimas, homenagens, flores, orações e um misto de sentimentos uniram as centenas de pessoas que foram prestar a última homenagem à sócia do famoso Bar da Pata, situado no bairro do Farol, na capital alagoana. Socorro Alves lutava há cinco anos contra um câncer de pulmão e mesmo no período mais crítico da doença fazia questão de cumprimentar os clientes - que para ela eram amigos. O sorriso, a simpatia e o carisma eram a marca registrada da guerreira que no sábado, 16, não resistiu e faleceu em sua residência. A lacuna que Socorro deixou jamais será preenchida. Falar do Bar da Pata sem ela é quase impossível. E para homenagear a amiga de longas datas, de décadas, de quase 50 anos, alguns clientes amigos, conterrâneos e familiares abriram seus corações ao EXTRA, que traz alguns depoimentos daqueles que mesmo com muita tristeza e já com bastante saudades conseguiram falar. Outros, as palavras não saiam e alguns respondiam com lágrimas. Foi o caso do garçom Luís que há vários anos trabalha no Bar da Pata. Para Glaucia Torres a tia foi exemplo de mulher grata a Deus, solidária e que conseguiu reunir e unir a família. “Foi exemplo de amor, o esteio da família. Uma guerreira que tinha uma força que vinha de dentro dela. Ela dizia que tudo estava bem, quando estava difícil”, disse a assistente social. Companheira de longas datas, cúmplice, amiga e sócia de Socorro, a tímida Osvolusia de Andrade Pontes, a Lu, estava desolada. Quando questionada sobre o destino do Bar da Pata e de como seria a vida com este vazio, disse que ainda não tinha parado para pen-

Familiares e amigos compareceram ao sepultamento de Socorro Alves

sar. “Estou cansada, não sei ainda o que fazer, mas Deus vai me orientar”, adiantou. Para o médico Paulo Pimentel faltaram palavras para expressar seus sentimentos. Cliente e amigo de Socorro há mais de 30 anos, disse que não tinha muito o que falar. “Ela gostava de mim e eu gostava dela. Era mais amigo que cliente e durante a doença tudo o que ela pedia eu providenciava. Erámos amigos mesmo”, afirmou. O professor e empresário Marcelo Bastos, frequentador do Bar da Pata desde 1987, relembrou que a amiga sempre o recebia com alegria e esta característica era o segredo para a legião de clientes assíduos. “É o nosso senadinho. Um lugar em que fomos muito acolhidos e se alguém não comparecia ela tinha a prática de ligar para a pessoa e querer saber o que aconteceu e ainda intimava a voltar. Ela tinha muito zelo por seus amigos. Ela não vai morrer em nosso coração, em nossa memória. Vai continuar viva”, disse com bastante tristeza. A professora Lúcia Porto era amiga de Socorro de longas datas e não conteve a emoção ao falar da amizade de mais de 40 anos. “Era uma pessoa guerreira, lutadora e que sempre foi em busca de seus sonhos. Vai deixar uma lacuna muito grande. Era amiga de seus

amigos, otimista, alegre e mesmo doente estava animada, dizia que iria ficar boa e que estava bem”, confidenciou Lúcia, que foi vizinha da família de Socorro e acompanhou sua convivência com os parentes. O empresário Anselmo Melo é outro amigo antigo frequentador do Bar da Pata e ainda citou os amigos professor Marcelo Bastos e o jornalista Fernando Araújo. Mesmo diante da dor, fez questão em elogiar um dos bares mais antigos e histórico da cidade ao afirmar que o espaço é uma festa permanente e parte deste sucesso era fruto da simpatia e companheirismo da Socorro. “Ali praticamente a gente atravessava a madrugada. Ela estava sempre presente e fazia questão de ir em todas as mesas. Era tipicamente um bar com todo um diferencial”, elogiou Melo, ao acrescentar que Socorro deixa muitas saudades. Ricardo Vasconcelos também fez questão de dar o último adeus a Socorro e falou do convívio de vários anos de “uma família que se reúne “seja para se confraternizar, se deliciar com a boa culinária, a exemplo da patinha de caranguejo que, segundo ele, é insubstituível. “Ela sempre foi atenciosa. Se não fosse essa atenção não teria sobrevivido por mais de 40 anos”, profetizou.

O empresário João Jatobá, amigo e conterrâneo de Socorro, era só emoção. Assíduo frequentador do Bar da Pata desde o começo da casa, apesar do vazio que estava sentindo com a partida da amiga fez questão em falar da importância do bar por se tratar de um ícone da gastronomia alagoana. “A Socorro nunca vai morrer em nossas memórias e a torcida é que esse legado permaneça por pelo menos mais uns 40 anos”, profetizou. E naquele momento de comoção um outro amigo da Socorro chega com um vaso de margaridas nas mãos. Se aproxima do corpo, faz uma oração, coloca as flores e se junta a tantos outros. Era o professor Alexandre Pontes que foi dar o último adeus à amiga. “Dona Socorro foi um divisor de águas em Alagoas. De uma pequena garagem conseguir reunir tantas pessoas e manter um empreendimento por tantos anos só mesmo por mérito. Deixa muita saudade, mas vai nos dar força e paz. Ela representou isso: força e paz”, afirmou. Crisogono Araújo Cavalcante, que além de amigo é sogro do sobrinho da Socorro, também deu seu depoimento e deixou o sentimento florir. Disse que o Bar da Pata é um estabelecimento super considerado por excelência. “As pessoas o frequentam há déca-

das e nunca houve problema nenhum. Mérito das proprietárias e a Socorro era responsável por esta harmonia. É uma casa especial”, comentou. A jornalista Nide Lins era só elogio para a amiga que se foi. Falou da amizade, das reportagens sobre o bar em seu blog e das receitas cedidas para seus dois livros de gastronomia. Inclusive, confidenciou que a receita “Ova do Sertão”, especiaria da casa, vai fazer parte do seu terceiro livro que será lançado no próximo dia 25. “As duas construíram um patrimônio gastronômico incomparável. A Socorro era fundamental nas boas vindas de quem por lá aportava. Vamos torcer para que o Bar da Pata continue”, afirmou. Israel Lessa disse que o Bar da Pata sempre foi uma referência e revelou que Socorro, além de amiga, é prima de seus filhos. “Nos encontrávamos no bar e em reuniões de família. Ela irradiava alegria e estes momentos de amizade íntima se encerraram com a sua partida. O espaço vai ficar em nosso pensamento, sem contar que a Socorro era ícone da culinária alagoana”, disse. Dono de outro ícone da noite maceioense - o Bar da Maré- Antônio Carlos Gama fez uma viagem ao tempo ao dizer que começou a frequentar o Bar da Pata em 1975 quando entrou na faculdade. O espaço funcionava em outro endereço e quando se mudou ele veio junto. “O estabelecimento e atendimento são tão bons que mesmo possuindo um bar com as mesmas características do Da Pata nunca o deixei de frequentar. A Socorro vai fazer muita falta”, comentou. BAR DA PATA- Pelo Bar da Pata já passaram bastantes pessoas em seus quase 50 anos de existência. Anônimos, professores, profissionais liberais, empresários, advogados, jornalistas, políticos e várias celebridades nacionais. Para se ter ideia da importância do espaço, todos os ex-governadores de Alagoas nos últimos 30 anos e o atual também já provaram as famosas patolas de caranguejo e outras iguarias do Bar da Pata.


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MAIS SEGURANÇA NA ROTA ECOLÓGICA São Miguel dos Milagres inaugura Centro Integrado de Segurança Pública Rota ecológica, águas azuis e um dos principais pontos turísticos de Alagoas, a bela São Miguel dos Milagres agora pode seguir a linha de tranquilidade que suas paisagens paradisíacas proporcionam. Isso porque o governador de Alagoas, Renan Filho e o prefeito da cidade, Rubens Felisberto de Ataíde Júnior, conhecido como Bureco, inauguraram no último sábado, 16, o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) do município. A garantia de segurança melhorou com a implantação do centro que vai funcionar 24 horas a serviço da população e dos turistas na região. “A escolha de São Miguel dos Milagres foi estratégica; é um polo turístico, de grande movimento, além de fortalecer os municípios próximos. A rodovia principal, AL-101 Norte, é distante daqui, então esse reforço vai melhorar a segurança pública no estado como um todo através do aumento de efetivo em cerca de 200%, a implantação da Força Tarefa e o registro de boletins de ocorrência que vai funcionar 24 horas”, relatou o secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Lima Júnior, que esteve presente na inauguração. A solenidade ainda reuniu os deputados federais Mauricio Quintella e Marx Beltrão, o deputado estadual Dudu Holanda, os prefeitos das cidades de Maragogi, Fernando Sérgio Lira, Passo de Camaragibe, Vânia Câmara, e de Porto de Pedras, Henrique Vilela , dentre outras autoridades. Além da criação de 30 empregos diretos, a solenidade também marcou o início do programa Força Tarefa na região. A localização do CISP na entrada do município foi estratégica para atender também as demandas de cidades próximas como Passo de Camaragibe e Porto de Pedras. A obra também foi possível graças ao hoteleiro Nilo Bulgarelli, que cedeu o terreno para a construção do centro. O prefeito Bureco Ataíde diz que essa solicitação antiga só tende a melhorar o município de São Miguel dos Milagres: “Esse centro representa a confiança, a segurança que São Miguel dos Milagres precisava. A solicitação é antiga e ver ela se concretizando é gratificante”. O evento foi finalizado depois de o governador apresentar internamente todo o CISP para a população do município. Ele disse que a região do Litoral Norte tende a crescer e se desenvolver cada vez mais, e que a segurança segue sendo reduzida no estado. “A inauguração do 13° Centro Integrado de Segurança Pública funcionando em Alagoas é algo muito significativo para um estado que tem como grande objetivo continuar diminuindo a violência. Agora com as novas viaturas e o CISP a tendência é essa, de avanço”, enfatizou Renan Filho.

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CONQUISTAS

Japaratinga ganha melhorias na saúde Município recebe ambulância do governo

Agora com transporte adequado, a Prefeitura Municipal de Japaratinga poderá atender ainda melhor a população quando se trata de saúde. Isso porque o munícipio recebeu no último sábado, 16, uma ambulância completa, de simples remoção, do governador Renan Filho. A aquisição do veículo, segundo o secretário de Saúde do município, Antônio Joaquim, vai ajudar no transporte básico de pacientes, e na qualidade no atendimento para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). “Como Japaratinga é um município há 120 km de Maceió temos algumas dificuldades de loconoção, quando se trata de urgência e emergência principalemnte. Agora com a aquisição desta ambulância vai beneficiar muito a saúde na região”. A chave do veículo foi entregue para o secretário Antônio Joaquim, o secretário de

Transportes, Lucas Vasconcelos, e o assessor de Gabinete Hugo Rodrigues, representando o prefeito Júnior Loureiro, durante a cerimônia de inauguração do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) em São Miguel dos Milagres. O prefeito Júnior Loureiro faz questão de frisar que uma saúde pública de qualidade é uma das suas prioridades de governo. Também estiveram presentes no evento os deputados federais Marx Beltrão e Maurício Quintella; os estaduais Dudu Holanda e Cícero Cavalcante; o presidente do Costa dos Corais Convention e Visitors Bureau (CCCV&VB), Luiz Cláudio Gonçalves; e, os prefeitos das cidades de Maragogi, Fernando Sérgio Lira, Passo de Camaragibe, Vânia Câmara, Porto de Pedras, Henrique Vilela, e São Miguel dos Milares, Bureco Ataíde, dentre outras autoridades.


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Tempo para pensar

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ode-se afirmar que o anúncio – acaba de ser feito – de um protocolo de intenções para uma aliança estratégica entre os grupos Volkswagen e Ford está longe de representar surpresa. A indústria automobilística mundial passa por desafios imensos e alto grau de incerteza sobre rumos a tomar. Nos últimos 20 anos houve forte tendência de consolidação com alianças e fusões. Algumas não deram certo como a DaimlerChrysler; outras se expandiram como Renault-Nissan-Mitsubishi. O quadro ainda vai se alterar. Essa aproximação entre o gigante alemão e a segunda maior fabricante dos EUA ainda está por ser mais bem esclarecida. A empatia entre eles não é novidade. Em 1986 a Ford esteve perto de se retirar do País em meio à chamada década econômica perdida. Houve uma fusão regional anunciada naquele ano, batizada de Autolatina e com 51% das ações de posse da VW. O processo se conclui em 1987 e o “casamento” não

resistiu à crise dos sete anos: em 1994 se anunciou o divórcio. Durou mais dois anos até a separação total, porém ambas aprenderam o que deu certo e também o que não funcionou. Quase um quarto de século depois as duas matrizes se reaproximam. Alianças costumam ser fases transitórias. A franco-nipônica, citada acima, tem dado muito certo, porém deverá acabar mesmo em fusão. Só não aconteceu até agora porque o governo francês resistiu até com malabarismos intervencionistas no mercado de capitais. No caso do grupo germânico e do americano é previsível que a aliança se expanda bem além da linha de veículos comerciais anunciada na nota oficial conjunta do dia 19 último. As marcas da Volkswagen concentram-se em automóveis (incluem-se SUVs), o maior segmento do mercado mundial de veículos. Nesse setor a empresa, controlada pela família Porsche com 52% de suas ações, já lidera há

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br cerca de 10 anos, mas ao se somarem veículos comerciais (picapes, furgões, ônibus e caminhões) sua liderança é mais recente (últimos quatro anos). A Ford anunciou recentemente que pretende se concentrar em picapes e SUVs, diminuindo sua presença em automóveis, embora essa estratégia esteja focada mais nos EUA. Apesar de ser uma empresa de capital aberto, a família Ford continua a dar as cartas. Já o Grupo VW tem quase 20% das ações com o governo do estado da Baixa Saxônia São situações societárias e estatutárias complicadas para uma futura fusão. Essa hipótese, porém, não se pode descartar. A complementariedade das linhas de produtos, a necessidade de investimentos pesados em

alternativas de propulsão, conectividade, direção autônoma e serviços de compartilhamento levam essa hipótese ao patamar de algo presumível, talvez até ao nível de quase certeza. Se tudo caminha para esse desfecho, é bom olhar o que acontece em volta. Outras fusões, preconcebidas de início apenas como alianças, não podem se descartar. A GM, por exemplo, que já foi o maior conglomerado automobilístico do mundo por sete décadas, possivelmente terá que se movimentar nesse xadrez complicado. Talvez a fusão com a FCA, tão almejada por seu atual CEO Sergio Marchionne, não seja tão descabida. Ou, quem sabe, a Toyota (empatia existe). Tempo para pensar.

RODA VIVA n TOYOTA já trabalha em três turnos na fábrica de Sorocaba (SP), onde produz o Etios e agora o Yaris, ambos nas versões hatch e sedã. Ainda assim pode perder alguma fatia do mercado total por falta de capacidade produtiva se vendas da indústria continuarem a subir em 2018 e 2019. A marca japonesa até prefere essa situação a investir e arriscar ter ociosidade. n PASSO audacioso da Jaguar: primeiro crossover 100% elétrico do Grupo JLR disponível na Europa. O I-Pace, de tração 4x4, dispõe de um motor de 200 cv para cada eixo. Dimensões avantajadas com quase três metros de distância entre eixos e 4,68 m de comprimento. Produção terceirizada será muita pequena. Algumas unidades virão para o Brasil, na faixa de R$ 400 mil. n TRACKER, na versão de topo agora rebatizada

como Premier (sigla LTZ, substituída nos EUA, o será aqui também), foca em itens de segurança como ESC (controle de estabilidade) e avisos de colisão frontal e de saída de faixa. Esse SUV compacto mexicano destaca-se pelo motor turboflex (1,4 L/153 cv com etanol), caixa automática 6-marchas, boas posição de dirigir e suspensões. n GOLF 2019 recebeu

pequenas mudanças estilísticas – para-choques, grade, faróis, lanternas – e melhorias internas com quadro de instrumentos digital no GTI que ganhou 10 cv, agora 230 cv. Fim do câmbio manual e de motor aspirado. Preços: R$ 91.700 a R$143.790. Station Variant inclui as mesmas atualizações. Porta-malas excelente de 605 litros. Preços: R$ 102.990 a R$113.490.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

O EXTRA é o jornal mais lido de Alagoas*

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u já fiz uma pesquisa de opinião cujos resultados disseram que milhares de leitores de jornais consideraram o EXTRA, o melhor jornal de Alagoas. Como vocês já devem saber, eu escrevo em jornais há mais de 50 anos e comecei no velho Jornal de Alagoas, na “páO bom do EXTRA gina dos municíé que eu nunca fui como correscensurado pelo jor- pios”, pondente de Mata nal e nunca ‘corta- Grande. Meu priram’, sequer, uma meiro artigo teve o título “A velhice vírgula dos meus de um ônibus”. textos. Daí em diante escrevi durante 22 anos na Gazeta de Alagoas. Deixei de escrever nesse conceituado jornal quando um dos “puxa-sacos” do senador Fernando Collor começou a censurar meus artigos, dizendo que

eles estavam muito apimentados e, por isso, o Dr. Fernando deveria me chamar a atenção, devido às matérias pesadas! Já escrevi no Correio de Maceió; no semanário Desafio; no semanário O Repórter e na Tribuna de Alagoas. Há 19 anos eu venho escrevendo no jornal EXTRA, portanto, desde que o jornal foi inaugurado, há 19 anos. O bom do EXTRA é que eu nunca fui censurado pelo jornal e nunca “cortaram”, sequer, uma vírgula dos meus textos. Já fui multado sem que tivesse passado pela rua da multa, perto da Av. Fernandes Lima e já fui “advertido” por um secretário de Segurança por fuxico de um “puxasaco” que hoje está aleijado. Como eu gosto de fazer meus desabafos jornalísticos, muitos amigos e leitores gostam do que eu escrevo, a ponto de eu ficar obrigado a agra-

decê-los, ao encontrá-los nas ruas. Vejam que, em muitos artigos, eu faço agradecimentos aos amigos e leitores no fim dos textos. Para mim, isso é muito gratificante, embora, alguns metidos a “artoridades” façam de conta que não me conhecem. Dou banana para todos eles. Eu já fiz críticas a certos órgãos, inclusive, dizendo que eles estão roubando e que logo, logo vão perder a “boquinha”. O jornal EXTRA é um jornal sério que já completou 19 anos e que diz verdades, faz denúncias e divulga as notícias. Possui um Conselho Editorial que tem como presidente o Dr. Luiz Carnaúba, o Dr. Mendes de Barros, o empresário Maurício Moreira e esse cara de Mata Grande, que sou eu. Ele é composto das figuras do editor geral, o grande Fernando Araújo, a chefe de Redação, a Sra Vera Al-

ves, o diagramador Paulo Holanda e o “dono das artes”, Fábio Alberto. O EXTRA possui os melhores colunistas de Alagoas, como são Gabriel Mousinho, Jorge Oliveira, Pedro Oliveira e o Roberto Baía, além dos melhores artigos ou crônicas, do Elias Fragoso, Cláudio Vieira, Jorge Moraes, Alari Romariz, Maurício Breda e da minha pessoa. Na sexta-feira, logo cedinho, saí o EXTRA e nele são encontradas ótimas reportagens de Vera Alves, José Fernando Martins, Maria Salésia e dos estagiários Sofia Sepreny e Bruno Fernandes. É ou não é o melhor jornal de Alagoas? Em tempo – O grande jornalista João de Deus Cunha e o Dr. Deraldo Palmeira dizem que gostam dos meus textos. Que bom!!! A eles, meus agradecimentos. *Reproduzido por incorreção


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ABCDO INTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Próprio cuspe

Hora da verdade

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m meio a um avalanche de denúncias que vão de calote, improbidade, servidores fantasmas e incompetência administrativa, o prefeito de Arapiraca, Rogério Auto Teófilo, parece alheio a uma realidade que pode culminar com o fim da sua carreira política e problemas mais graves com a Justiça.

Não reage

O mais incrível, que deixa o incauto cidadão arapiraquense confuso, é que o prefeito assiste a tudo passivamente, sem esboçar qualquer reação. Rogério continua com o discurso de austeridade e costuma invocar seu patrimônio maior que é o nome da família Teófilo, mas pelos fatos que ocorrem em seu governo, parece que fecha os olhos e deixa os assessores praticarem estripulias inimagináveis com o dinheiro público que, sem sombra de dúvida, devem acabar em prisões. E, pelo jeito, é só uma questão de tempo.

Compra milionária

E em meio a esse emaranhado de denúncias e mais denúncias de falcatruas, está o esdrúxulo caso da compra de 38 mil carteiras escolares, fato denunciado pela ex-secretária de Educação, Mônica Pessoa.

Aquisição escabrosa

Essa aquisição escabrosa já está nas mãos do Ministério Público, que leva em consideração o fato de Arapiraca possuir 31 mil alunos de diferentes faixas etárias. Outro fato “curioso”: 1.800 carteiras foram “encontradas” em um depósito alugado pelo Poder Executivo. Daí surgem algumas inevitáveis perguntas: será que Rogério não sabia dessas coisas? Será que o setor de Licitações agiu sem o seu conhecimento? Bom, o MP com certeza terá as respostas e tomará as providências cabíveis.

A verdade e que Rogério Teófilo que lutou durante longos 20 anos para ser prefeito da segunda cidade mais importante de Alagoas está com água está o pescoço e se afogando com o próprio cuspe. Mostrou que não tem pulso para demitir corruptos safados que envenenam a sua administração e que, lamentavelmente, já é apontada como a mais desastrosa, mesmo levando em conta que ele só tem um ano e seis meses a frente do governo.

Que assim seja...

Outra verdade é que Rogério Teófilo está escancarando as portas da administração, preparando terreno para o retorno triunfal dos seus adversários políticos que comandaram o município por exatos 20 anos. Se de fato o prefeito quer tirar o peso da cruz que carrega, que o faça. Melhor do que continuar permitindo a bandalheira e terminar seus dias numa cela fria do Presídio Baldomero Cavalcante. Que assim seja.

Atitude certa

Pelo andar da carruagem, o deputado estadual Severino Pessoa acertou quando rompeu politicamente com o prefeito Rogério Teófilo. Percebeu que não havia comando e diante da comprovação da inércia administrativa e suposta prática de improbidade teve a atitude de tirar do governo familiares e aliados políticos.

Foi traído

Em tempo: Severino Pessoa é reconhecidamente responsável pela vitória de Rogério Teófilo nas eleições municipais. Mesmo assim foi traído pelo prefeito que preteriu a sua pré-candidatura à Câmara Federal, anunciando apoio à reeleição do filho de Biu de Lira, o deputado federal Arthur Lira. Diga aí, pode uma coisa dessas???!!!

Foram presos

O ex-prefeito de Viçosa, Flaubert Torres Filho, e o ex-secretário de Finanças do município, Maxwel Carnaúba Passos, foram presos na tarde da quarta-feira, 20. Eles são acusados de comandar um esquema de desvio de recursos públicos através de concessões de diárias para viagens que nunca existiram.

“Farra das diárias”

O esquema ficou conhecido como a “farra das diárias”. As prisões foram efetuadas em cumprimento a mandados de prisão expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, após denúncia do Ministério Público Estadual (MP/AL).

Processos forjados

De acordo com o MP, a fraude foi comprovada com depoimentos colhidos e farta documentação acostada à ação. Os processos das diárias foram forjados para que parecessem legais.

As prisões

Flaubert Filho foi preso no município de Atalaia, Região Metropolitana de Maceió, e Maxwel Carnaúba em Viçosa. A ação foi realizada de forma conjunta entre o Grupo de Ação Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e a Promotoria de Justiça. Também participaram agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar. (Com Cadaminuto).

PELO INTERIOR ... Realizado há 16 anos, o Concurso de Resgate às Tradições Juninas de Arapiraca tinha tudo para ser uma grande festa popular. ... Mas a desorganização e falta de comunicação entre a Prefeitura de Arapiraca e os líderes comunitários estão prejudicando a festa e as apresentações das quadrilhas juninas nas comunidades. ... Desde o início do mês de março que os moradores aguardavam a publicação do edital, mas o documento com as regras do concurso só foi lançado há pouco mais de um mês pela Secretaria Municipal de Cultura. ... Devido ao excesso de burocracia, a verba da ajuda de custo, no valor de R$ 4 mil, não chegou em tempo hábil para que as comunidades pudessem organizar a festa, com a montagem dos seus arraiás. Nas comunidades onde o dinheiro che-

gou, o recurso foi liberado em pequenas parcelas. ... No Residencial Vale da Perucaba e no Povoado Itapicuru, por exemplo, o dinheiro chegou a poucos instantes da festa. ... “Nunca imaginei uma coisa dessa. Se for desse jeito, não faço mais nunca. Não era assim que a gente queria”, desabafou um morador. ... Quem entra na Escola Estadual Senador Rui Palmeira (Premem), na cidade de Arapiraca, percebe de imediato o grau de compromisso dos alunos com o cuidado e a preservação do patrimônio público. ... Localizado no bairro Capiatã, o prédio escolar foi construído no ano de 1979 e, recentemente, recebeu melhorias em sua estrutura física, com obras de ampliação, pintura, reforma da quadra de

esportes, nova rede de energia elétrica, tela de proteção, serviços de jardinagem e expansão da biblioteca, que é aberta à comunidade. ... Desde o ano passado que a escola funciona com ensino integral. Em Arapiraca, além da Escola Premem, outras duas unidades já adotam o projeto pedagógico inovador: Escola Professora Izaura Antônia Lisboa (Epial) e Lions Club. ... Os mais de 1.300 alunos matriculados têm acesso a disciplinas específicas do Ensino Médio, como também a disciplinas eletivas que enriquecem, ampliam os conhecimentos dos jovens e também mobilizam os estudantes no cuidado com a preservação do patrimônio público. ... A todos, um excelente final de semana, repleto de paz, saúde e prosperidade. Até a próxima edição. Fui!!!


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José Marques de Melo era uma referência mundial

PERDA NO JORNALISMO ALAGOANO FOI O PRIMEIRO BRASILEIRO COM DOUTORADO NA ÁREA

Atualmente, era titular da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional na Universidade Metodista de São Paulo. Foi impedido por anos de exercer a docência em universidades públicas em razão da ditadura militar, reassumiu sua cátedra na USP após a anistia. Em 1989, foi escolhido pela comunidade acadêmica para exercer o cargo de diretor da ECA, função ocupada até 1993, quando se aposentou na instituição. Em 2009, coordenou o processo de revisão das diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo, que foi implementada pelo então ministro da Educação Fernando Haddad (PT).

JOSÉ FERNANDO MARTINS Com agências

A

pós 22 dias da morte do jornalista e escritor Audálio Dantas, 88, foi a vez de José Marques de Melo, 75, deixar saudades à família, amigos, alunos e admiradores. Ambos saíram do interior de Alagoas e ganharam o país mostrando um jornalismo com responsabilidade social e crítico. Fizeram a diferença na literatura, nas redações de jornais e influenciaram o ensino da profissão em universidades. Assim como o colega de trabalho Audálio Dantas, o jornalista José Marques também faleceu numa quarta-feira, no caso, 20 de junho. Ele sofreu um infarto fulminante na residência onde morava na capital paulista. Natural de Palmeira dos Índios, o professor era referência em estudos na área da comunicação. A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) publicou nota informando o falecimento. O sepultamento foi realizado na quinta-feira, 21, no Cemitério do Morumbi. For-

José Marques de Melo foi o primeiro brasileiro doutor em Jornalismo

mou-se em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, durante a década de 1960, antes de se transferir para São Paulo. José Marques de Melo foi o primeiro doutor em jornalismo titulado por universidade brasileira e fez seu pós-doutorado, com bolsa da Fapesp, nos Estados Uni-

dos, onde realizou estudos avançados de comunicação. Atuou ainda como pesquisador/professor visitante em diversas outras universidades estrangeiras, nos Estados Unidos, México, Argentina, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Chile. Em 1977, idealizou e foi um dos fundadores da Intercom, onde atuava como presidente de honra e membro do Conselho Curador.

ALAGOAS EM LUTO O secretário de Estado da Comunicação, Ênio Lins, lamentou profundamente a perda de um dos principais acadêmicos de Jornalismo no Brasil. “Sem dúvida nenhuma, como acadêmico e jornalista, ele deixa uma história que ainda precisa ser contada, que ainda precisa ser reconhecida. Alagoas está de luto!” lastima. Para o primo e desembargador José Carlos Malta,

esta não foi apenas uma perda familiar. “É uma tristeza para o Estado, que perde um de seus mais ilustres filhos”. Ressaltou também a dedicação pela Comunicação e o Jornalismo brasileiros. “Ele estava produzindo até seus últimos dias. José Marques foi mais que um jornalista, ele é inspiração para todos acadêmicos da Comunicação”, reforçou o desembargador. A antropóloga Luitigarde Cavalcanti, amiga e companheira de projetos, destacou o pesquisador como sendo um ícone para a juventude da Comunicação. “José Marques foi mais que um professor; ele é uma inspiração para todos da Comunicação no Brasil”. Ela também frisou o homem cheio de vida que distribuiu conhecimento por todo o país. Entre suas principais obras estão Comunicação Social: Teoria e Pesquisa, Estudos de Jornalismo Comparado, Sociologia da Imprensa Brasileira, A Opinião no Jornalismo Brasileiro, Comunicação e Modernidade, Fontes para o Estudo da Comunicação e Teoria da Comunicação: Paradigmas Latino-Americanos.


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30 ANOS DE ELEIÇÕES EM ALAGOAS

1988 FATOS IMPORTANTES NAS ELEIÇÕES DE ALAGOAS EM 1988

1) Fernando Collor (PMDB) foi el 1) A eleição de 1988 foi uma eleição de apenas um turno. 2) O senador Guilherme Palmeira (PFL) venceu as eleições com uma votação de 67.830 votos. Seu vice foi João Sampaio. O desgaste da gestão de Djalma Falcão no período de 1986 a 1988 à frente da Prefeitura de Maceió foi o principal fator para a sua vitória. Quando Guilherme assumiu a Prefeitura, quem assumiu o mandato de senador no seu lugar foi o industrial João Lyra. 3) O deputado federal Renan Calheiros (PSDB) foi o segundo colocado nas eleições com uma votação de 51.481 votos. Seu vice foi Sabino Romariz. Com uma coligação que reunia 12 partidos e ter sido na Constituinte de 1988 um parlamentar nota 10 pelo DIAP, não foram suficientes para a vitória de Renan, sua imagem vinculada a gestão caótica de Djalma Falcão foi o principal fator para a sua derrota. 4) O deputado estadual Dilton Simões (PSB) foi o terceiro colocado, com uma votação de 27.706 votos. Seu vice foi Fernando Barreiros. Com uma administração marcante como prefeito de Maceió

CONTEXTO HISTÓRICO Na Eleição Municipal de 1988, em Maceió, tínhamos à frente do governo do Estado Fernando Collor (PMDB) e do Município de Maceió, Djalma Falcão (PMDB)

no período de 1975 a 1979 e uma imagem construída ao longo do tempo de homem público ético e honesto, não foram suficientes para alavancar a sua campanha. A polarização entre Guilherme e Renan deixou Dilton sem chance de vitória. 5) Pedro Verdino (PT) foi o quarto colocado, com uma votação de 896 votos. Com uma posição sectária e sem conseguir atrair outros partidos de esquerda, fez o candidato do Partido dos Trabalhadores amargar uma insignificante votação.

6) Mendonça Neto (PMN) foi o quinto colocado, com uma votação de 552 votos, depois de ter sido o deputado estadual mais votado em 1982, com uma votação de 25.692 votos e com uma votação espetacular para o Senado em 1986 de 202.428 votos, onde por pouco não se elegeu senador da República, mostrou que seu isolamento político e se abrigando em um partido nanico (PMN) foram fatores determinantes para uma votação inexpressiva. 7) Francisco Holanda foi o

MARCELO BASTOS

analista político

vereador mais votado, com uma votação de 4.885 votos. Oriundo de uma família tradicional na política, em que seu pai, Otacílio Holanda foi vereador por Maceió e com um trabalho assistencialista junto às comunidades mais carentes o credenciou a uma expressiva votação. 8) Ronaldo Lessa depois de ter sido deputado estadual atuante e candidato derrotado ao governo do Estado em 1986, com uma votação de 30.073 votos (3,97%), renasceu para a política se elegendo vereador por Maceió.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 22 A 28 DE JUNHO DE 2018


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