Jornal EXTRA edição 982

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CRIME ELEITORAL Prefeito Isnaldo Bulhões pode perder o mandato dia 2 por compra de voto P/9

CINEMA O Voo da Borboleta Amarela, novo filme de Jorge Oliveira

extra

P/16 e 17

www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 982 - 27 DE JULHO A 02 DE AGOSTO DE 2018

R 3,00

RENAN E MAURÍCIO TENTARÃO NEUTRALIZAR RODRIGO CUNHA Plano é reeditar a dobradinha de 2002 que garantiu P/5 a vitória de Calheiros e Vilela ao Senado

Família disputa currais eleitorais de João Beltrão

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BARRA DE SÃO MIGUEL

Prefeito é acusado de despejar estaleiro para beneficiar o pai

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GRUPO JOÃO LYRA

Credores da Laginha ameaçam destituir gestor da massa falida

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

Bateu o desespero

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– O Tribunal de Justiça de Alagoas concluiu o julgamento de um processo que mexe com a renda e a vida de um número ainda não conhecido de servidores públicos, muitos deles já aposentados.

(Millôr Fernandes)

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– Trata-se de ação de inconstitucionalidade de três leis editadas pelo então governador Geraldo Bulhões que permitiram o enquadramento funcional de vários servidores públicos estaduais.

Depois do registro dos candidatos a cargos eletivos, a expectativa se voltará para a declaração de bens dos futuros representantes do povo, muitos deles envolvidos em falcatruas e atos de enriquecimento ilícito. Alguns já com mandato ostentam riqueza externa incompatível com seus rendimentos oficiais.

– A inconstitucionalidade das leis de GB foi arguida pelo sucessor Ronaldo Lessa, no início de seu governo. Quase 20 anos depois, o processo é concluído com a derrota dos servidores. – O julgamento, ocorrido na terça, 24, contou com a presença de um grupo de servidores e seus familiares que saíram do tribunal aos prantos.

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– Os responsáveis pelos atos ilegais – incluindo o então governador - nada sofrerão, enquanto o desenquadramento funcional dos servidores marcará suas vidas para sempre.

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– Funcionários que ganhavam R$ 10 mil, R$ 12 mil, muitos deles já aposentados, passam a partir de agora a receber R$ 3 mil, R$ 4 mil por mês. Bateu o desespero.

Fora de lugar

O rumoroso caso do advogado que teria mandado matar o sócio, também advogado, precisa ser melhor esclarecido pela polícia. A rapidez com que o inquérito foi concluído levanta suspeita de interferência externa, o que poderia ter contaminado a investigação policial. Também há pressa em mandar o réu para um presídio, mesmo com direito a prisão especial. O móvel do crime seria uma dívida de R$ 600 mil, mas até agora não se conhece detalhes desse débito nem a confirmação de sua existência. O advogado nega ser o mandante do crime, mesmo sem apresentar fatos que comprovem sua inocência. Entretanto, deu indícios de que a execução do sócio teria motivação econômica. Muitas perguntas continuam sem respostas e alguns fatos estão fora de lugar. As principais indagações são: qual a origem da dívida que teria motivado a morte do advogado e quem se beneficiou do crime?

DA REDAÇÃO

Hora da verdade

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COLUNA SURURU

Arapiraca em guerra

Competência

A coluna abre uma exceção para homenagear a médica Marta Celeste de Oliveira Mesquita pelos relevantes serviços à frente do Hospital Geral do Estado (HGE) e no comando da UTI do Hospital do Usineiro. Especialista em Gestão Hospitalar, com experiência na área pública e privada, Dra. Marta tem desenvolvido excelente trabalho nas duas unidades de saúde, com a promoção de uma maior interação entre o seu público.

As denúncias contra a gestão de Rogério Teófilo se avolumam a cada semana, a ponto de a vice -prefeita desistir da candidatura a deputada estadual para continuar no cargo. Fabiana Pessoa aposta que o prefeito não concluirá o mandato. Na guerra de acusações, as denúncias não atingem pessoalmente o prefeito, que, até prova em contrário, é um gestor honesto. O problema são os outros, ou seja, seus auxiliares diretos.

Impunidade

O ministro Humberto Martins, vice-presidente do STJ, barrou a execução de uma ação civil pública que permite a estados e municípios garfar a União em mais de R$ 100 bilhões. Martins agiu liminarmente no exercício da presidência da corte. O processo trata da complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

O assassinato do empresário Rodrigo Alapenha, em Delmiro Gouveia, faz um ano em agosto, mas até agora o crime não foi esclarecido e os autores continuam impunes.

Frase da semana

“Presidente eleito nenhum consegue tirar Lula da cadeia”. (Reinaldo Azevedo, jornalista)

Agora, vai

O prefeito Rui Palmeira prometeu apresentar uma “chapa forte” para disputar o governo do Estado contra Renan Filho. O problema é quando ele anunciará esse nome, dado que tucano bom não tem pressa em tomar decisões. O risco é demorar demais e quando decidir já tenha passado a eleição de outubro.

Tunga bilionária

Causa própria

Um advogado não pode patrocinar ações contra empresa que o empregou em cargo de confiança caso o processo envolva informações privilegiadas obtidas na época em que prestava o serviço. Esta foi a tese aprovada pela 1ª Turma de ética profissional do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). O texto afirma que tal vedação se faz necessária para que não surja receio de que informações sigilosas sejam utilizadas no curso dos processos.

Herança de GB Ronaldo Lessa não pode ser responsabilizado pela agonia de centenas de funcionários atingidos com a decisão do TJ-AL sobre a inconstitucionalidader de três leis que autorizaram a ascenção funcional de servidores públicos do Estado. O responsável foi Geraldo Bulhões que editou normas ilegais para atender a política clientelista de seu governo. E deu no que deu. Ao assumior o governo, Ronaldo Lessa apenas anulou as leis de GB por inconstitucionalidade e agora a Justiça confirma a ilegalidade dessas leis imorais. A confusão sobrou para os servidores públicos, que agora sofrerão com o desenquadramento funcional.

Ciro ataca a Lava Jato O presidenciável Ciro Gomes disse: “Lula só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”. Depois ele tentou corrigir: “Quando eu disse a gente, eu não quis dizer eu. Quis dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de direito, com o restabelecimento da autoridade, do império da lei que, no Brasil, parece estar completamente deformada”. O ataque de Ciro Gomes à Lava Jato tornou-se ainda pior. Botem o sujeito na caixinha. (O Antagonista)

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

PT no segundo turno? Brasília - Não se surpreenda: o PT, com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, é forte candidato às eleições presidenciais deste ano. Este é, pelo menos, o mais qualificado de todos os integrantes do partido. Não existe mágica nessa estória, existe lógica. Se não vejamos: pesquisas confiáveis (qualitativas e quantitativas) a que tive acesso nesses dias mostram claramente que os votos do Lula aumentaram significativamente nas regiões Nordeste/Norte depois da sua prisão. Na cadeia, vitimizado, ele certamente transfere parte desses votos para o candidato que apontar o dedo como o seu escolhido para disputar a eleição. O Nordeste tem 27% dos votos do país, 38,3 milhões dos eleitores. Depois de preso, a popularidade de Lula cresceu na região, chegando em algumas cidades aos estratosféricos números de 80%. O que ele tem de aceitação o Temer de rejeição, o que justifica em parte o crescimento dele. Como os candidatos que estão no páreo ainda patinam nas pesquisas, se o Lula transferir boa parte dos seus votos para Haddad, este certamente estaria no segundo turno provavelmente com o Bolsonaro, que está virando uma onda, ou outro candidato no desenrolar da campanha. O Nordeste e Norte asseguraram a eleição da Dilma. No Norte, por exemplo, dos sete estados ela ganhou em quatro com mais de 50% dos votos. E no Nordeste, nos nove estados, obteve mais de 20 milhões de votos contra quase 8 milhões de Aécio. Se você acha que os escândalos de corrupção petista diminuíram essa densidade eleitoral nessas regiões pode tirar o cavalinho da chuva. Em alguns estados até aumentou a adesão pelo PT, quando se compara a administração do Lula com a do Temer. Descobre-se, portanto, que o atual presidente é o principal cabo eleitoral petista com o seu governo de terra arrasada. Quando se junta o Norte, Nordeste e Centro-Oeste tem-se um percentual de votos nessas regiões de 42,3% do eleitorado do país, o que inegavelmente empurraria um candidato do PT ao segundo turno se o Lula o abraçar, já que esses locais concentram principalmente os mais carentes pendurados no Bolsa Família. As pesquisas qualitativas mostram um quadro real e pragmático eleitoralmente. Por exemplo: nas classes C e D os votos lulistas se amontoam, desvinculado do PT, desgastado na maioria desses estados pesquisados. Paralelamente, assombra também os votos bolsonaristas por uma razão muito simples: os dois transitam nos extremos da esquerda e da direita. No caso do Bolsonaro, o eleitor ainda o coloca como o salvador, o messias que vai salvar a nação de um naufrágio quando assumir a presidência. Não é apenas nas classes mais baixas que Lula e Bolsonaro aparecem positivamente. Os empresários que se reuniram na Confederação Nacional da Indústria bateram palmas para o capitão sucessivas vezes. Gostavam quando ele dizia que não sabia de determinado assunto e, por isso, passava a bola para especialistas que o acompanhavam. Disse um dos empresários peso pesado presente ao convescote: “Pelo menos ele foi franco, quando não sabia dizia desconhecer o assunto”. Coitado de um país que tem um candidato a presidente aplaudido porque desconhece os problemas do seu país!

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Despirocada

No caso de Lula, há o recall do que ele fez zunindo na cabeça dos mais pobres. Mesmo que tenha atolado o país em corrupção, feito uma sucessora despirocada, abandonado obras pela metade e organizado uma célula criminosa para saquear o país, o eleitor faz cara de paisagem. Acha que com ele, comprava-se carros novos, comia-se melhor e adquiria-se geladeiras e fogões a preços de banana, mesmo que não tivesse dinheiro no final do mês para pagar a primeira prestação e isso custasse ao país bilhões de reais em renúncia fiscal às grandes empresas.

Salve-se

Começaram depois do último dia 20 as convenções que indicam os candidatos a presidente da República. Até agora nenhuma surpresa. Como se esperava, os candidatos estão vazios de ideias e não mostram propostas para governar o país que começa a descer o abismo do caos econômico e social no governo Temer.

Arrumação

Até o final das convenções, candidatos vão desistir quando começarem a perceber que seus partidos não os apoiarão por falta de recursos e de estrutura para preparar a campanha. Muitos desses presidenciáveis estão matando cachorro a grito. É o caso, por exemplo, de Marina, que está apelando para colaboração voluntária de profissionais em áreas diversas, inclusive de jornalistas para montar o seu setor de comunicação social, no momento o mais carente desses profissionais.

Honestidade

O eleitor, pelo que pude observar nas pesquisas, não está condicionando o seu voto à honestidade do político, mas o que ele faz para proteger sua família dos bandidos e para abaixar os preços dos alimentos, do gás, da luz e da água, despesas imprescindíveis à sobrevivência. Quando ele lembra da “fartura” do PT, logo cita o nome de Lula que tirou a barriga da sua família da miséria. É esse pessoal, carente e desenganado com os poderes públicos que aponta para um futuro cor de rosa apoiando o Bolsonaro e/ou um candidato que o Lula apresente para as eleições deste ano. Quem sair por último, por favor, apague a luz.

Arma

Os encontros do candidato Bolsonaro com seus eleitores no Brasil têm sido patéticos. Sem discurso, vazio, sem proposta, o candidato começou a apresentar o símbolo da sua campanha: uma criança fazendo o gesto com a mão de quem vai atirar em alguém. Infelizmente, é esse o ensino pedagógico do capitão na falta de propostas para a educação.

Lambança

É assim que Bolsonaro pretende governar o país se for eleito em outubro próximo: armando a população, ensinando, desde pequeno, as crianças a usarem armas em vez de caneta e caderno, como alertou a candidata Marina da Silva ao observar na rede social a trágica marca de Bolsonaro.

Aperto

Marina, que vem despontando em segundo lugar nas pesquisas, terá séria dificuldade para se apresentar ao eleitor. Com pouco mais de 10 segundos de programa na TV e no rádio, a candidata ainda não tem coligações com outros partidos e, por isso, pode desaparecer na principal mídia eleitoral. Mesmo com esse tiquinho de tempo, se for para o segundo turno aí a estória é outra: cinco minutos para cada candidato.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Sem definição

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alta pouco tempo para a oposição apresentar um candidato ao gover-no para enfrentar Renan Filho nas urnas. Se está difícil arranjar um candidato, imagine um vice. Até agora ninguém emplacou e os partidos preferem fazer surpresas, se é que terá, nas convenções partidárias que acontecerão nos próximos dias. Correndo solto na área, o governador Renan Filho passa a trabalhar mais para a reeleição do pai, senador Renan Calheiros, enquanto a oposição ainda acredita em contos da carochinha e promete apresentar um candidato pra valer. Este quadro faz relembrar a sucessão do governador Téo Vilela, que depois de complicar a vida política do candidato Benedito de Lira, senador que mais ajudou seu governo, preferiu fazer o jogo dos Calheiros e lançar inicialmente Eduardo Tavares e depois o hoje prefeito Júlio Cézar, de Palmeira dos Índios. Pelo visto, será mesmo um passeio a disputa pelo governo de Alagoas. É por isso mesmo que a situação já decidiu que prefere não aumentar o número de alianças, embora tenha gente fazendo fila na porta do Palácio dos Martírios.

Maré baixa

Com a situação difícil que passa o setor sucroalcooleiro de Alagoas, antigos candidatos vinculados à área açucareira sequer alimentam a esperança de disputar as eleições deste ano. A grana sumiu.

De sobra

Enquanto alguns candidatos andam de pires na mão, outros arranjam, ninguém sabe de onde, dinheiro farto para contratar marqueteiros a peso de ouro. Um bom motivo para a Polícia Federal investigar.

Disputados

Três conhecidos e renomados marqueteiros estão sendo disputados por parte de alguns candidatos. São eles Einhart Jácome da Paz, que prestou serviços na campanha de Téo Vilela ao governo, Adriano Gheres, ao MDB, e Rui França. Pelo visto, a campanha majoritária vai pegar fogo, para o Senado, é claro.

Escorrego

A SMTT perdeu uma grande oportunidade de não criar mais problemas para o prefeito Rui Palmeira. Ensaiou mudanças no itinerário dos ônibus que atendem aos conjuntos Graciliano Ramos e Village Campestre I e II, e recuou, depois de reação da população.

Jogo pesado

O senador Renan Calheiros tem sido um crítico contumaz da candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República pelo MDB, mas, na semana passada, o ex-ministro da Fazenda deu o troco ao se encontrar com jornalistas: “ Vamos fazer uma comparação de nós dois. Olha a minha biografia e olha a dele”, sapecou Meirelles.

Fogo cruzado

Enquanto centenas de candidatos disputam as eleições de 7 de outubro para deputado estadual, federal, senador e governador, na OAB a coisa não é diferente. A instituição vai escolher seu novo presidente, diretoria e conselheiros em novembro deste ano e a campanha já começa a pegar fogo. A oposição promete derrubar a atual diretoria que certamente vai concorrer à reeleição.

Ilusão

Se o deputado Maurício Quintella estiver pensando que Marx Beltrão vai transferir milhares de votos de seus redutos para ele, é bom ficar de olho muito aberto. Não tem ninguém, em Alagoas, que garanta transferir 100% dos votos. No mínimo intermediar negociações caras a esta altura do campeonato.

PP de olho

Partidos que apoiam incondicionalmente o governo de Renan Filho, a exemplo do PMN, estão querendo fazer coligações com o PP de Benedito de Lira, para fugir da degola de um chapão da situação. Muitos com mandato podem ficar a ver navios se não encontrarem alternativa para sobreviverem. Resta saber se o PP vai abrigar esta turma.

GABRIEL MOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Mais surpresas

Por baixo dos panos, para reforçar a candidatura de Rodrigo Cunha, estão falando que o ex-governador Téo Vilela pode sair como primeiro suplente para o Senado, o que seria muito ruim para outros partidos da oposição. O nome de Pedro Vilela também está sendo especulado. Isso passaria na possibilidade de Rodrigo Cunha, nas eleições futuras, sair candidato a prefeito de Maceió para enfrentar possivelmente Maurício Quintella. que sonha em administrar Maceió.

Na frente

Da última vez que subestimaram a eleição de Benedito de Lira para o Senado, ele teve mais votos do que Renan Calheiros. Sem alarde e fazendo o que sempre fez na vida, Lira continua mantendo a sua rotina de visitar lideranças políticas pelo estado afora e levando benefícios para as comunidades. Que se cuidem os outros candidatos.

Tendência eleitoral

Os redutos eleitorais de Marx Beltrão não estão respondendo muito bem para votar em Renan Calheiros e Maurício Quintella para o Senado. Pesquisas feitas recentemente indicam que o eleitor de Marx não vota em Renan e Quintella não tem a preferência no segundo voto.

Oposição

O senador Renan Calheiros não tinha outra alternativa a não ser criticar a administração de Rogério Teófilo, em Arapiraca. Sem o apoio do prefeito e outras lideranças, Calheiros fica como franco atirador, se apoiando apenas em Luciano Barbosa que, com isso, garante sair novamente candidato a vice de Renan Filho.

Preocupação nº 1

Mantendo aparentemente sua candidatura à Presidência da República, Fernando Collor não se desliga de Alagoas, principalmente com as eleições de 2022. Não quer brigar com Renan Filho, mas trabalha, por baixo dos panos, para continuar com o seu mandato no Senado, foco principal do governador depois das eleições de outubro.

Nova missão

O ex-secretário Fábio Farias, como é do seu comportamento, está sumido e aproveita para dar uma turbinada nos seus negócios particulares. Mas, para quem conhece Renan Calheiros, Fábio terá missão importante a cumprir. É um dos poucos que merece a atenção especial da família Calheiros.

Risco no trânsito

As vans de transporte alternativo e motociclistas irresponsáveis são os que mais causam apreensão no caótico trânsito de Maceió. Excesso de velocidade e imprudência têm sido as causas principais dos acidentes, principalmente nas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro. Bem que a SMTT poderia apertar a fiscalização.


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

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Renan e Maurício reeditam eleições “siamesas” de 2002

DISPUTA AO SENADO OBJETIVO É NEUTRALIZAR RODRIGO CUNHA; PSOL QUER CÍCERO ALBUQUERQUE NA BRIGA ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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uando Renan Calheiros e Teotonio Vilela Filho resolveram sair abraçados pelo estado, para juntos se elegerem nas 2 vagas ao Senado em 2002, a expressão ‘eleição siamesa’ era bastante adequada naquele contexto. Havia “paz e amor” numa votação aparentemente fácil: os “irmãos siameses” não desgrudaram nos pedidos de votos e, juntos, obtiveram 1,5 milhão de votos. Renan foi eleito com 42,2% dos votos válidos; Téo Vilela, 39,5%. Para se ter uma ideia dos efeitos da parceria, o terceiro colocado foi Eduardo Bomfim, do PC do B: apenas 6,5% dos votos. Dezessete anos depois, Alagoas se prepara para uma nova eleição siamesa. Renan Calheiros mais uma vez, mas agora ao lado do deputado federal Maurício Quintella (PR), ex-ministro dos Transportes. Em quase todos os municípios, a estratégia é idêntica: ambos aparecem juntos e, juntos, pedem votos. Foi assim na semana passada em Paulo Jacinto, no tradicional Baile da Chi-

ta. Também em Santana do Ipanema, ao lado do presidente da União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), Hugo Wanderley; do vicegovernador Luciano Barbosa (MDB), também em campanha para eleger Renan e Maurício ao Senado. E do deputado estadual Isnaldo Bulhões (MDB), cujo pai, Isnaldo, é prefeito de Santana. Isnaldinho quer se eleger federal, com apoio do Palácio República dos Palmares. Quase todo o entorno de Renan Calheiros e do governador Renan Filho (MDB) adotou Maurício como o “dono” da 2ª vaga ao Senado. A estratégia serve, também, para neutralizar uma articulação da oposição. Mira, por exemplo, Rodrigo Cunha (PSDB), que tem garantido apenas o apoio dos prefeitos de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), e de Arapiraca, Rogério Teófilo (PSDB). Cunha também briga pelo Senado. Nesta sexta-feira (27), o PSOL realiza a sua convenção, confirma o professor Basile Christopoulos ao Governo, mas terá Cícero Albuquerque, historiador e professor da Ufal (unidade Palmeira dos Índios) para o Senado. Cícero deve atrair também petistas mais à esquerda do PT, insatisfeitos com o rumo da legenda em Alagoas (não votam nos candidatos ao Senado apresentados ao partido, que são Renan e Maurício), apesar do PSOL não marchar com o PT. Cícero também atrai movimentos sociais de luta pela terra. E busca o voto de opinião- mesmo voto, aliás, disputado por Cunha.

Senador Renan Calheiros e seu pupilo, o ex-ministro e deputado federal Maurício Quintella

Deputado busca se afastar de Téo e Rui

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íder de votos nas eleições em Alagoas na disputa à vaga de estadual, Rodrigo Cunha busca um caminho próprio ao Senado Federal. Ou mais distante de nomes tradicionais do PSDB local. A ideia é também evitar a obrigação de reeleger herdeiros, como o deputado federal Pedro Vilela (PSDB), sobrinho de Téo Vilela, e de atuação tão medíocre em Brasília que suas redes sociais - vitrines da classe política- estão desatualizadas desde abril. Outro ponto que afasta Rodrigo, por exemplo, de Rui Palmeira é o desgaste- cada vez mais ampliado- do prefeito com os servidores públicos em greve, o desgaste da remoção dos camelôs do Centro de Maceió, o fim das articulações para o Maceió de Frente Pra Lagoa (principal promessa na reeleição do prefeito), fracasso na requalificação de Jaraguá (prometida logo quando o prédio-sede da Prefeitura mudasse para a região) etc. Em Arapiraca, após o senador

Renan Calheiros criticar, pela primeira vez e abertamente, a gestão Rogério Teófilo, virou quase obrigação o lançamento de um candidato ao Governo via PSDB ao qual Rogério é filiado. São dois os objetivos: demarcar território dos tucanos, contrários ao governador Renan Filho. E impedir que os problemas administrativos da gestão Teófilo contaminem sua reeleição em 2020. Daqui a dois anos, Renan Calheiros e Renan Filho vão apoiar Ricardo Nezinho, o autor do Escola Livre. Ele disputou e perdeu, para Teófilo, a votação em Arapiraca. O PSDB cogita lançar o vereador Eduardo Canuto ao Governo. Isso implica em uma divisão do palanque dos Canuto: Fátima, mãe do prefeito Renato, de Pilar, sai a estadual mas votando em Renan Calheiros e Renan Filho; Eduardo votaria em si ao Governo, em Rodrigo Cunha ao Senado mas a opção em Renan Calheiros como o segundo voto ao Senado seria contraditória: como votar em Renan se o PSDB busca salvar a gestão Teófilo em Arapiraca, tendo como inimigo os Calheiros? O ex-prefeito de Delmiro Gouveia, Lula Cabeleira, e sua filha,

Ziane Costa, ainda não assumiram se apoiam a reeleição de Givaldo Carimbão (Avante) para a Câmara Federal. É uma decisão importante porque Cabeleira é uma liderança significativa no sertão alagoano, principalmente em meio aos caos administrativo da gestão do atual prefeito de Delmiro, padre Eraldo. Além disso, Cabeleira apoiou Carimbão na disputa pela Prefeitura de Delmiro. Em Maceió, o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, é aguardado para esta sexta-feira (27) para costurar o palanque do ex-presidente Lula, ainda na disputa ao Palácio do Planalto. Os Renans devem estar presentes na recepção a Gabrielli. Ao mesmo tempo, são cada vez mais remotas as chances da oposição apresentar um candidato com chances reais de abalar a reeleição do governador. A incerteza do momento é o senador Fernando Collor (PTC), que insiste na disputa presidencial, mas pode ser lançado ao Governopacote que inclui o apoio de Rui. Ou o movimento “Quero Collor” apenas está nadando, nadando e nadando para, no final, morrer na praia.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Beltrão em dose dupla para a Assembleia

ELEIÇÕES 2018 PARENTES DE JOÃO BELTRÃO BUSCAM LIMPAR NOME DA FAMÍLIA, ASSOCIADO A CRIMES DO PATRIARCA

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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ma das famílias mais poderosas de Alagoas está dividida e seus dois lados brigam internamente para ver quem será o futuro líder do clã. Os Beltrão são herdeiros do capital eleitoral do deputado estadual João Beltrão, personagem polêmico da Assembleia Legislativa e acusado em assassinatos. Raramente uma eleição terá o que será visto este ano: um patriarca vestindo o pijama e no aguardo para ver o resultado das urnas, por óbvio beneficiando os herdeiros. Mas os Beltrão que disputam a cadeira de João - hoje um homem doente - não têm as mãos sujas de sangue e são profissionais da política. A cadeira de João- que anunciou aposentadoria este ano para tratar um câncer- é disputada na família por Yvan e Marcelo. Atrás de cada um deles opera-se uma máquina complexa, produzindo milhares de votos e essencial para definir qualquer eleição majoritária em Alagoas. PERFIS Yvan Reis Beltrão Siqueira é filiado ao PSD. Foi secre-

tário de Saúde em Coruripe, na Prefeitura comandada pelo pai, Joaquim, irmão de João. A vice-prefeita é a mãe de Yvan, Dalva Edith. Joaquim já foi deputado federal. Deixou o posto para apoiar o sobrinho Marx, exministro do Turismo, filho de João. Marcelo Beltrão Siqueira está no MDB. É sobrinho de João. Foi prefeito de Jequiá da Praia, presidiu a Associação dos Municípios de Alagoas (AMA). A madrasta dele, Rosiana, é prefeita em Feliz Deserto. Ela também presidiu a AMA e foi administradora do Porto de Maceió na era Lula. Marcelo tem o irmão, Marcius, prefeito de Penedo. Ao sair do Executivo em Jequiá, Marcelo foi convidado para assumir a Secretaria de Educação em Marechal Deodoro. Pediu exoneração este ano para disputar uma vaga de deputado estadual. “É cada um por si”, diz uma pessoa bastante próxima aos Beltrão. Dividida, a família tem pela frente o desafio de colocar de lado as desuniões para a Assembleia e reeleger Marx Beltrão. Marx era candidato ao Senado, mas acabou desidratado politicamente na disputa e recuou. Para não correr o risco de perder a cadeira em Brasília, optou pela reeleição. Os Beltrão hoje governam, além de Coruripe, Feliz Deserto, Jequiá da Praia e Penedo - a cidade de Piaçabuçu, além de Ilha das Flores, em Sergipe. Somando as 5 prefeituras alagoanas são 102.981 eleitores, pelos dados do mês de junho, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cada um dos lados usa as suas estratégias. Yvan, por exemplo, precisa do pai, Joaquim, nos pedidos de votos para

Yvan Reis Beltrão disputa cadeira de João Beltrão com o ex-presidente da AMA, Marcelo Beltrão

chegar à Assembleia. Depende quase exclusivamente dos eleitores em Coruripe. A cidade tem 38.411 votantes. Marcelo, por sua vez, além contar com o apoio do irmão Marcius, prefeito de Penedo (40.831 eleitores) e da madrasta Rosiana, de Feliz Deserto (3.416 votantes) tem o prefeito Cacau, de Marechal Deodoro (35.900 eleitores), nos pedidos de votos. Em Maceió, fechou apoio com o Sindicato dos Servidores Públicos Federais; também busca eleitores na Barra de São Miguel, Chã Preta (dribla o domínio do deputado estadual Francisco Tenório), Atalaia (costura votos no assentamento Quinta da Serra) e União dos Palmares (garantiu apoio aos feirantes). No final, o prêmio não é só a cadeira de deputado estadual. Mas a afirmação política de quem vai ser o chefe dos Beltrão pelas próximas décadas.

Herdeiros querem ‘limpar’ o nome

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anto Yvan quanto Marcelo buscam novos rumos para os Beltrão, marcados pelo passado de João, que foi condenado, em segunda instância, pela 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça nas investigações da Operação Taturana por atos de improbidade administrativa e obrigado a devolver R$ 213.422,30, com juros e correção monetária, além de ter os direitos políticos suspensos por 10 anos. Foi acusado de tramar a morte do cabo da Polícia Militar, José Gonçalves, em 1997. Cabo Gonçalves fazia parte da “turma do João Beltrão”, em Coruripe, como era chamado. No ano passado o Tribunal de Justiça absolveu o deputado licenciado,

alegando falta de provas. Outra morte a ele atribuída é a do bancário Dimas Holanda, um crime fútil e brutal. Em 3 de abril de 1997, Dimas, 34 anos, casado, pai de dois filhos, havia ido visitar a tia Madalena no conjunto Santo Eduardo - parte baixa da capital alagoana. Entrou no seu carro, um Ford Escort vermelho. Engatou a primeira marcha e, na segunda, teve o carro fechado por outros três: pistoleiros fizeram uma tocaia em uma caminhonete, um Fiat Uno e um Golf, todos de cor escura e abriram fogo. Dimas tentou correr. Morreu no local. Os detalhes do crime foram dados pelo ex-tenente-coronel (líder da Gangue Fardada) Manoel Francisco Cavalcante. Motivo: Dimas teria paquerado uma suposta namorada de João Beltrão, conhecida como Clécia.


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Maioria do eleitorado brasileiro é de mulheres

ELEIÇÔES 2018 ELAS REPRESENTAM 52% DA POPULAÇÃO VOTANTE DO PAÍS MARIA SALÉSIA Com assessoria sallesia@hotmail.com

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eleição 2018 bate a porta e as apostas de quais serão os representantes do povo brasileiro são as mais variadas. Enquanto os números não aparecem nas urnas, dados estatísticos do perfil do eleitorado brasileiro, que integram o Cadastro Nacional de Eleitores, mostram que no país o eleitorado feminino é quem vai dar as cartas no próximo pleito. São 77.319.586 mulheres, ou seja, 52,50% da população votante. O eleitor masculino corresponde a 69.889.046 (47,46%). Já 63.463 pessoas (0,04%) não se declararam. A maioria do público feminino está na faixa etária de 45 a 49 anos, num total de 18.710.832 mulheres. Em seguida, aparecem as mulheres de 25 a 34 anos, que somam 16.241.206. A faixa etária de 34 a 44 anos soma 15.755.020 eleitoras. Os números em Alagoas não são diferentes do resto do país. Segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE -AL) com informações do TSE, mais da metade dos votantes este ano é do sexo feminino. Apesar da maioria de votantes ser mulher, a participação efetiva delas na política, como protagonistas, é baixa e tem preocupado os setores envolvidos. Os dados apontam ainda que houve um crescimento no eleitorado do estado desde a eleição de 2016. Um

dado que chamou a atenção da Corte eleitoral é que teve queda na quantidade de jovens aptos a votar. Entre eleitores com idade entre 16 e 18 anos houve queda desde a última eleição. Em 2016, eram 62.391. Neste ano, o número é de 45.633. Com base em informações do Tribunal Superior

Eleitoral (TSE), o eleitorado de Alagoas cresceu de 2.146.520, em 2016, para 2.187.997, em 2018. Desse total, 1.166.000 são eleitores do sexo feminino. Porém, houve queda entre os eleitores de 18 a 20 anos. O número passou de 160.300, há dois anos, para 156.258 em 2018.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

AVANÇOS Japaratinga comemora 135 anos de emancipação Com muito trabalho e persistência, a cidade de Japaratinga comemorou na última segundafeira, 58 anos de emancipação política. Com hasteamento de bandeiras, missa solene, shows da banda de fanfarra da cidade e inaugurações, o dia foi só de orgulho. A data comemorativa foi encerrada com chave de ouro em um show especial para os munícipes. O prefeito Junior Loureiro, gestor sempre de portas abertas para o povo, falou da importância de trabalhar com credibilidade. “Prezo falar com o cidadão olho no olho para mostrar que podemos fazer a mudança e desenvolver uma cidade mesmo que pequena como Japaratinga. É muito importante a gente trabalhar com credibilidade, para que no final o verdadeiro vencedor seja o povo”. O município de cerca de quase oito mil habitantes sofreu por anos com a improbidade administrativa e tem na gestão do prefeito Junior Loureiro a esperança de avanço. Durante o evento foram entregues um trator, uma ambulância 0 km, uma praça e as reformas de algumas secretarias.


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Prefeito Isnaldo Bulhões pode perder mandato dia 2

CRIME ELEITORAL AUTOR DE DENÚNCIA TEME QUE O TRE DESCONSIDERE DECISÃO DE JUIZ ELEITORAL

Dinheirama

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JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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mandato do prefeito de Santana do Ipanema, Isnaldo Bulhões Barros (MDB), está por um fio. Ou não. É o que teme o advogado José Edson Magalhães Felix (PPS), autor da denúncia e adversário derrotado de Bulhões nas eleições municipais de 2016. O julgamento de recurso do gestor contra a cassação determinada em primeira instância, que deveria ter sido realizado no dia 23 deste mês, foi adiado para o dia 2 de agosto. Caso o Tribunal Regional Eleitoral (TRE -AL) considere os calhamaços de documentos que comprovam o abuso de poder econômico e a compra de votos, o prefeito e a vice Christiane Silva Bulhões Barros (MDB), que é filha de Isnaldo, serão afastados de imediato. Contudo, o que preocupa José Edson é a possibilidade de serem desconsideradas as investigações do Ministério Público Eleitoral e as decisões tomadas pelo juiz eleitoral da 19ª Zona, Fausto Magno David Alves. O magistrado chegou a declarar à imprensa que Isnaldo Bulhões foi beneficiado

Isnaldo Bulhões e o advogado Edson Magalhães foram rivais nas urnas nas eleições municipais de 2016

por uma operação ilegal e bem orquestrada para a compra de votos. O prefeito teria feito uma campanha que enchia o bolso, a barriga e o guarda-roupa do eleitor. Durante apuração da denúncia foi constatada a aquisição de aproximadamente 1.500 camisas por um correligionário do prefeito. “Eram camisas lisas e vermelhas. Também foi comprovado que, além da distribuição da vestimenta, era paga aos eleitores uma quantia de dinheiro com direito a lanche”, contou o advogado e rival político José Edson. Os valores dos votos variavam entre R$ 50 e R$ 200. Conforme publicado no Diário da Justiça Eleitoral, no dia 2 de fevereiro, o juiz Fausto Magno David Alves desconsiderou argumentos da defesa do gestor. Para ele, o que foi repassado foi uma versão falaciosa e dissociada das provas. Entre as desculpas, um dos interrogados ale-

gou que o montante de camisas iguais seria para uso próprio. O julgamento do dia 2 de agosto sobre o processo de cassação do prefeito e vice-prefeita de Santana do Ipanema deve contar com os seguintes magistrados: o presidente do TRE-AL, desembargador José Carlos Malta Marques; vice-presidente e corregedor, desembargador Pedro Augusto Mendonça; relator Orlando Rocha Filho; revisora Maria Valéria Lins Calheiros; o juiz federal José Donato de Araújo Neto. No plenário do TRE todos os membros são denominados desembargadores. No último dia 23, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista formulado pelo desembargador Eleitoral José Donato de Araújo Neto. Antes, o relator votou pelo conhecimento dos recursos eleitorais interpostos para rejeitar as preliminares suscitadas. Conforme o advogado José Edson, o presidente

do TRE, desembargador José Carlos Malta Marques, durante palestra, teria dado sua opinião sobre o que pensa sobre a compra de votos: “Compra de votos deveria ser classificado como delito de organização criminosa”. “Que realmente prevaleça este pensamento nas ações existentes por compra de votos e distribuição de camisetas que tramitam no TRE em desfavor do prefeito Isnaldo Bulhões e da vice Christiane Bulhões”, frisou o advogado e autor da ação. Em decisão do juiz Fausto Magno David Alves, o prefeito e a vice de Santana do Ipanema tiveram seus mandatos cassados pela Justiça Eleitoral. Eles são acusados de abuso de poder econômico durante as eleições municipais de 2016. O magistrado ainda aplicou uma multa de R$ 53,2 mil e declarou a inelegibilidade de ambos por oito anos, sentença que o TRE pode manter ou não.

o começo do ano, o EXTRA revelou que Isnaldo Bulhões ganha mais que o governador. São R$ 27.446,07 recebidos mensalmente por Isnaldo, que é conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AL) e que pela terceira comanda a Prefeitura de Santana do Ipanema. É mais do que recebe mensalmente o governador Renan Filho, cujo subsídio desde dezembro último é de R$ 23.439,02. E os valores não para por aí. Bulhões presidiu por duas gestões o TCE, de onde se aposentou em 2012 e recebe mensalmente R$ 30.471,11 como conselheiro aposentado mais R$ 2.217,40 como auxílio-saúde. A acumulação dos vencimentos – um total de R$ 57.917,18, que se elevam para R$ 60.134,58 com a ajuda para saúde – não fere, contudo, o teto constitucional pelo entendimento adotado em abril do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pela Constituição Federal, o teto equivale ao vencimento de ministro do STF – R$ 33,7 mil no ano passado -, sendo que no julgamento de abril prevaleceu a tese de que o teto vale para cada cargo isoladamente, não para a soma de duas funções. Ainda que não haja inconstitucionalidade no fato de o prefeito de Santana do Ipanema acumular vencimentos de mais de R$ 60 mil, não deixa de ser imoral que um município onde 8.072 famílias – mais de 40 mil pessoas do total de 48.232 habitantes (Censo 2017) - recebem o Bolsa Família, o prefeito receba mensalmente dos cofres públicos R$ 27.446,07.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Credores de João Lyra cobram indenizações

MASSA FALIDA

RESOLUÇÃO TRABALHISTA ESTÁ PRÓXIMA, DIZ ADMINISTRADOR JUDICIAL

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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semana foi de revolta para os credores da Massa Falida da Laginha. Na quinta-feira, 26, diversos ex-funcionários do usineiro João Lyra realizaram um protesto em frente ao antigo escritório da empresa, no bairro de Jacarecica, em Maceió, cobrando o pagamento de seus direitos trabalhistas. O grupo também aguarda uma posição da Justiça de Alagoas que afirmou, em março, que a lista de credores atualizada seria consolidada em abril. Três meses depois ainda esperam por respostas. No entanto, segundo o administrador judicial da massa, José Luiz Lindoso, já acontece a primeira parte de pagamentos. “Com a cooperação estabelecida entre o Juízo Falimentar e o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (Alagoas) e, posteriormente com as Varas do Trabalho de Ituiutaba/MG, estão sendo realizados pagamentos de até cinco salários mínimos a todos os credores trabalhistas com processo judicial”, informou ao EXTRA. Paralelamente, de acordo com Lindoso, estão sendo coletadas contas correntes dos credores sem processo trabalhista para pagamento direto em conta. “Frise-se que ao fim de tal procedimento, do total da ordem de quase 18.000 credores trabalhistas, terão sido quitados mais de 8.000”, destacou. Seguindo os procedimentos estabelecidos na cooperação com a Justiça do Trabalho, a Massa Falida está

José Luiz Lindoso

Ex-funcionários de João Lyra exigem pagamentos; lista de credores está sendo atualizada, diz administrador judicial

recebendo as informações geradas pelas Varas do Trabalho após efetuar os pagamentos até 5 salários mínimos e dando sequência à correção da lista de credores de forma a possibilitar o próximo pagamento. “Portanto, uma vez finalizada a primeira fase de pagamentos e recebidas todas as informações provenientes das Varas do Trabalho será possível prosseguir com o pagamento dos credores trabalhistas em valores substancialmente maior, obedecendo a ordem estabelecida pela lei. Tais medidas são imprescindíveis para o correto pagamento e prevenção de equívocos”. E ressaltou que “a atual administração, em pouco mais de um ano, sob a coordenação da Justiça, já via-

bilizou a venda de dois dos principais ativos da Massa Falida: as usinas localizadas no estado de Minas Gerais. Além disso, já foram iniciados os pagamentos dos credores do processo que tramita desde 2008 sem qualquer pagamento ou venda de ativos até então”. “Fazendo as devidas considerações que o procedimento de falência requer, informamos que se aproxima a resolução definitiva do passivo trabalhista da Massa Falida da Laginha, com a quitação integral dos créditos, observados os parâmetros estabelecidos na legislação”, finalizou. LEILÃO Na primeira semana de dezembro do ano passado, as usinas Vale do Paranaíba fo-

ram vendidas por R$ 206 milhões e R$ 134 milhões, respectivamente. Mas o “adeus” aos bens de João Lyra começou pela concessionária Mapel, cuja compra pela JRCA foi repleta de polêmicas. Realizada em dezembro de 2016, a venda só conseguiu ser efetivada em março de 2017 após impasses judiciais. Credora de Lyra de uma dívida de mais de R$ 40 milhões, a JRCA recebeu o prédio da Mapel como pagamento, além de assumir a intenção de pagar R$ 6 milhões à Massa Falida pela bandeira da Volkswagen. Em agosto de 2017 outros bens já haviam sido leiloados. Em segunda praça, a aeronave EMB-820C foi arrematada por R$ 324 mil; uma sala comercial situada no Edifício Avenue Center por

R$ 95 mil; e um apartamento do Edifício Status, de 231 m², situado na Ponta Verde, por 395 mil. O único empreendimento que não despertou interesse foi a sede do grupo, em Jacarecica, cujo preço atinge os R$ 9,4 milhões. Na ocasião, um dos juízes responsáveis pela massa falimentar, o magistrado Phillipe Melo Alcântara Falcão, informou que a Justiça iria esperar o momento mais adequado para lançar outro edital de leilão. A única usina de João Lyra que está operando, por meio de arrendamento pela Copervales Agroindustrial, é a Uruba, situada em Atalaia. Propostas rondam a Usina Guaxuma, em Coruripe, mas, até o momento, nada se concretizou. Enquanto isso, a Usina Laginha, em União dos Palmares, está ocupada por famílias de sem-terra.


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

CARTA ABERTA

À SOCIEDADE ALAGOANA Damos conhecimento à Sociedade Alagoana do que está ocorrendo em relação à liquidação dos valores devidos aos credores da Massa Falida LAGINHA, principalmente com os ex-trabalhadores. Trata-se de um dos maiores processos de falência no Brasil envolvendo valor de dívida considerável. Entretanto, de solução favorável em razão de os bens valiosos – unidades industriais e terras - encontrarem-se intactos, bem conservados. Outro fator positivo nesse processo é o fato de a Massa Falida ter sua administração judicial facilitada por contar com receita própria advinda do arrendamento da Usina Uruba em Atalaia - AL, desde 2016, garantindo recursos para seu funcionamento e pagamento das despesas. É do conhecimento público que já foram negociadas (vendidas) no dia 04/12/2017, em leilão autorizado pelo Juízo Universal do processo, as 02 (duas) unidades industriais da Laginha, localizadas na região do Triângulo Mineiro no Estado de Minas Gerais. Do negócio, a Massa Falida receberá o montante de R$ 340.000.000,00 (trezentos e quarenta milhões de reais) sendo 25% de entrada e o saldo em parcelas semestrais. Desse total já foram recebidos (até 11/06/2018) cerca de R$ 140.000.000,00 (cento e quarenta milhões de reais), ou seja, 41% do total, já com rendimentos da aplicação financeira.

A Lei 11.101/2015 - que rege a matéria – é clara nos artigos 83 Inciso I e 84 inciso I, onde estabelece a priorização e forma dos pagamentos de créditos dos direitos trabalhistas acima de qualquer outro. Apesar de o atual Administrador Judicial enfatizar que não declina do fiel cumprimento da lei, muito embora tenha realizado o pagamento de 05 (cinco) salários mínimos aos credores trabalhistas, de forma equivocada posto que esse pagamento deveria ter sido feito à época da decretação da falência (fevereiro de 2014), até a presente data não cumpriu o disposto nos artigos acima citados, fato que, por si só, é determinante para o pedido de destituição do Administrador. Apesar de contar com um Comitê de Credores instituído na forma da lei para representar as classes de Credores, este é inerte ao processo. Nós, ex-trabalhadores e credores da Massa Falida Laginha estamos firmes e atentos acompanhando passo a passo a movimentação ao tempo que se constata a lentidão da condução do processo pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. ALERTAMOS E PEDIMOS APOIO E COMPREENSÃO DA SOCIEDADE ALAGOANA para possíveis atos de protestos de nossa parte em rodovias e outros logradouros públicos, infelizmente inevitáveis em face ao aqui exposto.

Maceió, 26 de Julho de 2018 COMISSÃO DE CREDORES TRABALHISTAS DA LAGINHA

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

COQUEIRO SECO Gestão da prefeita Decele Damaso tem 74% de aprovação

A prefeita da cidade de Coqueiro Seco, Decele Damaso, tem muito a comemorar com o alto índice de aprovação durante sua gestão. Em um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa (Ibrape) nos 102 municípios alagoanos, a prefeita da cidade com cerca de 7 mil habitantes teve 74% de aprovação. Com uma gestão caminhando a passos largos, Decele tem melhorado visivelmente a vida econômica e social da região. Com diversas demandas para atender a população, a administração da gestora é voltada para as políticas públicas e para a transformação positiva da cidade. Com reforma de vias, investimentos no turismo, na saúde, educação e fomento à agricultura, a prefeita afirma que o cuidado com as pessoas é o objetivo de seu governo “Nossa gestão está voltada para o cuidar das pessoas e zelo do patrimônio público. Temos uma equipe que se reúne, periodicamente, para planejar e executar as ações em parceria. O município é pequeno, mas os desafios são enormes. O que nos fortalece, neste momento, é saber que os coqueirenses estão compreendendo que temos feito, dentro do que é possível, o melhor para eles”, destaca a prefeita Decele. O levantamento ouviu 75.600 pessoas em todo o estado e apontou apenas 26% de desaprovação para a prefeita de Coqueiro Seco.


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

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Terreno de Marinha é alvo de disputa judicial

BARRA DE SÃO MIGUEL EMPRESÁRIO DE TURISMO ACUSA PREFEITO ZEZECO DE TRAIÇÃO

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Caio Porto Filho luta na Justiça para continuar com estaleiro

ocupação há 16 anos de um lote localizado na Barra de São Miguel acabou em disputa judicial. De um lado está o empresário do ramo turístico Caio Porto Filho, 77. Do outro, a prefeitura da cidade, administrada por José Medeiros Nicolau (MDB), conhecido como Zezeco. No meio, acusações de traição e de ocupação ilegal. A história começa em 2002, durante a gestão do ex-prefeito José Robson dos Santos Vieira, que convidou Porto Filho para investir no município. Empresário e poder público firmaram um contrato de comodato o qual dava a garantia de o primeiro ocupar uma área da Marinha com 20 metros de comprimento por 11 metros de largura, localizada na Rua Manoel Rodrigues de Gouveia. Entre as cláusulas do contrato estava a ordem de que Porto Filho, dono da empresa CaioMar Turismo, teria que

empregar pelo menos três pessoas residentes no município e colocar em funcionamento, em seis meses, uma empresa de construção náutica no terreno em questão. Também estabelecia outras exigências estruturais, como instalações, pavimentação, muros e saneamento. “Cumpri todos os requisitos. Em vez de três pessoas, hoje emprego oito no meu estaleiro. Há 16 anos estou fazendo passeios turísticos na Barra e no Gunga, construindo barcos e fazendo reparos. Tudo devidamente cadastrado na prefeitura, efetivando pagamentos em dia das taxas de localização e funcionamento”, relatou o empresário ao EXTRA. De lá para cá, o contrato de comodato vinha sendo renovado. O último teria vigência até o ano de 2022. “Ao longo de mais de 25 anos, adquiri pequenos lotes em áreas contíguas com o objetivo de implantar uma marina. Porém, sem

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recursos e com minha idade avançada, optei pela venda dessas áreas ao prefeito e ao pai dele, José Nicolau, meus amigos desde que se mudaram para Barra de São Miguel”, contou. Mas, como relatou o empresário, uma notícia iria estremecer esses laços de amizade. Após ver os arredores do terreno passando por dragagens e ampliações de lote, ficou sabendo que a prefeitura estava com a intenção de fazer o replantio de mangues em diversos terrenos de Marinha, ocupados hoje por pescadores e marisqueiros. A desocupação seria perpetrada pelo Serviço de Patrimônio da União (SPU). “O entendimento a nível nacional é que as áreas de marinha, ocupadas em grande parte por pescadores, a partir do momento em que são cadastradas na prefeitura, podem ser utilizadas desde que o pleiteante não pratique danos ambien-

tais. Como pode a prefeitura fazer plantio de mangues em uma área onde se encontra construído um galpão, quando o próprio prefeito cobriu uma imensa área de mangue com o aterro oriundo das dragagens?”, questiona Caio Porto Filho, que entrou com um requerimento explanando a situação ao SPU. Ao recolher garantias sobre seus direitos, o empresário acabou descobrindo que a área sequer havia sido regularizada junto ao SPU pela prefeitura.“Entendemos que diante das informações nosso contrato de comodato é nulo de pleno direito, uma

OUTRO LADO

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rocurado pelo EXTRA para falar sobre a questão, o prefeito Zezeco informou que a desocupação se trata de uma recuperação ambiental e que outros terrenos e áreas passarão pelo mesmo processo. Confira a nota na íntegra. “Esclarecemos que o Município da Barra de São Miguel vem promovendo o ordenamento da ocupação do solo público, envidando esforços no sentido de afastar as ocupações irregulares, sempre pautado nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Como exemplo do processo de promoção do ordenamento do solo público, podemos citar a retomada das margens dos rios, orla marítima etc. Ressaltamos que o processo de retomada de ocupações irregulares é realizado sem qualquer distinção quanto à condição econômica da pes-

vez que a ocupação não foi legalizada e encontramonos, então, na situação de ocupante irregular”, disse, em ofício encaminhado ao SPU o reconhecimento de ocupação. Com pastas e mais pastas de documentos de comprovação do negócio e pedidos judiciais, o empresário, que se sentiu traído pelos amigos, teme, além de perder parte do seu negócio, que a influência política do prefeito interfira nas decisões judiciais. “Tudo isso é para o pai do prefeito poder usar o terreno e construir uma marina”, lamentou.

soa que ocupa irregularmente o solo público. A respeito da notícia veiculada, informamos que a desocupação atende a uma necessidade de replantio de mangue, visando reconstituir a vegetação nativa, em consonância com o processo 13132/2018-MP em tramitação perante a SPU, onde o Município informa o seu interesse na área. É importante mencionar que o imóvel ocupado irregularmente pelo Sr. Caio Porto foi construído pelo poder público municipal, não havendo que se falar na existência do qualquer justo motivo para a manutenção dessa posse ilegítima. Por fim, refutamos veementemente a alegação de que o processo de retomada das áreas públicas ocupadas irregularmente vise a atender uma nova ocupação particular, pelo que reforçamos o interesse público consistente no afastamento de ocupações irregulares”.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Materiais apreendidos de políticos de Alagoas estão em Brasília

LAVA JATO SEGUNDO PERITO DA PF, OPERAÇÃO VAI CONTINUAR APÓS AS ELEIÇÕES JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Operação Lava Jato já dura mais de quatro anos e é conhecida como a maior operação de combate a corrupção do Brasil, com destaque em noticiários nacionais e internacionais. Os desdobramentos da operação já renderam mais de 50 fases, incluindo em Alagoas, envolvendo doleiros, políticos e a estatal Petrobras. Em passagem por Maceió, o professor do Instituto de PósGraduação e Graduação (Ipog) e perito da Polícia Federal, Clênio Belluco, respondeu perguntas do EXTRA sobre a polêmica investigação. Sobre as ações da Lava Jato no estado, Belluco informou que,

PF X PT Enfim, há provas ou não contra o ex-presidente Lula (PT), julgado, condenado e preso em Curitiba? Belluco afirmou que sim. “Os processos envolvendo o ex-presidente Lula estão seguindo seu curso normal. Não conheço o teor de todos os processos, mas no caso do triplex, por exemplo, há no processo dezenas de provas, tanto testemunhais, circunstanciais

apesar de não ter conhecimento profundo dos desdobramentos, houve material apreendido relativo a políticos de Alagoas e inerentes a investigações ainda em andamento. O material coletado pelos agentes federais, geralmente, é devolvido para o presidente do inquérito que em determinada fase remete para Justiça. “No caso da Lava Jato, os materiais ficam em Curitiba (PR), exceto aqueles cujos investigados têm foro privilegiado. Esses são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e os materiais ficam em Brasília. Embora não tenha trabalhado diretamente em Curitiba, apenas em Brasília, posso dizer que tudo surpreende na Lava Jato. A quantidade de veículos

importados, de dinheiro em espécie, de computadores e mídias superando 1,2 petabytes de documentos, de dados financeiros nacionais e internacionais. Tudo é surpreendente”, informou. E o perito ainda acredita na sobrevivência da Lava Jato após as eleições presidenciais. “Não há como parar a maior operação policial de combate a corrupção no mundo. Ainda que haja tentativas nesse sentido, as instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal vêm cumprindo de maneira firme suas competências institucionais. Cabe destacar, entretanto, que a Lava Jato não é permanente, em determinado momento ela vai acabar. Mas já terá cumprido um papel histórico na política do país”.

e documentais como periciais. Esse conjunto de provas foi avaliado e julgado por um juiz competente para tal e ratificado pelo respectivo tribunal. Não há que se falar em falta de provas”. A Lava Jato, muitas vezes, foi acusada de ser contra o PT e uma das responsáveis pela crise que levou o país à recessão. Essa tese também é repudiada pelo perito. “É um absurdo. A operação Lava Jato investiga crimes de corrupção entre outros, e não partidos. O que acontece

é que determinados partidos se envolveram em um esquema bilionário de corrupção, e por isso, os envolvidos serão julgados. Quanto à recessão pela qual o país passou, não tem nada a ver com a Lava Jato, e sim com os desajustes da política econômica e fiscal nos últimos anos. Não faz o menor sentido atribuir a crise econômica a uma atuação legítima das instituições que buscam o combate nocivo da corrupção. É justamente o contrário, a corrupção é que deve ter

Perito da PF, Clênio Belluco passou por Maceió para falar da Lava Jato

contribuído para a crise pela qual passamos”. AVALIAÇÃO Ainda segundo o profissional, a perícia da Polícia Federal está entre as melhores do mundo, estando no mesmo nível que a do FBI, dos EUA. “Nos últimos anos a gestão pericial foi modernizada e conseguimos desenvolver bastante em termos de equipamentos, capacitação e procedimentos”. E finalizou: “Gstaria de desta-

car que a Operação Lava Jato da Polícia Federal é um evento que toda a sociedade brasileira deve apoiar. O objetivo é, e sempre foi, apurar crimes e não perseguir pessoas e partidos. Obviamente que ao apurar crimes se chega aos autores e, no caso, se chegou a políticos e seus partidos também. Cada ente deve ser responsabilizado pelos seus atos com base na lei. A lei é para todos”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

CAMPESTRE

Prefeitura entrega nova frota de veículos para atender demanda da população Gestão de Pino tem 79% de aprovação O prefeito da cidade de Campestre, Nielson Mendes, conhecido como Pino, não mede esforços para ver a satisfação do povo. Como se não bastasse a aprovação de 79% da sua gestão em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa (Ibrape) nos 102 municípios alagoanos, ele ainda entregou na última quarta-feira, 25, uma frota com cinco novos veículos para o povo campestrense. Na área da saúde foram entregues duas ambulâncias e um veículo. “Campestre hoje está de parabéns. É de extrema importância investimentos como esse para dar mais qualidade e melhor atendimento ao povo da nossa cidade”, afirmou o prefeito Pino. A agricultura também é beneficiada e valorizada na atual gestão. Além da construção de drenagens com tubos de concreto e aplicação de piçarra nas entradas vicinais da cidade, um trator foi entregue pelo gestor para reforçar a agricultura familiar da região. O prefeito anunciou ainda, uma reforma no hospital de saúde da cidade e afirmou que todos os novos equipamentos hospitalares já foram comprados.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

Jorge Oliveira começa a filmar este ano

O VOO DA BORBOLETA AMARE

HISTÓRIA DO ESCRITOR RUBEM BRAGA É O TEMA DA MAIS NOVA OBRA DO CINEAS ASSESSORIA

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té o final deste ano o jornalista e cineasta Jorge Oliveira começa a rodar o seu terceiro longa-metragem, O Voo da Borboleta Amarela, que vai contar a história do cronista e escritor capixaba Rubem Braga. As locações, já marcadas, serão em Cachoeiro do Itapemirim, onde ele nasceu, no Rio de Janeiro, onde passou mais tempo da sua vida, e em Braga, no Norte de Portugal, de onde veio a família para o Brasil em 1870. Jorge Oliveira volta ao set de filmagem depois de Olhar de Nise, o documentário que dirigiu sobre a psiquiatra alagoana Nise da Silveira aclamado pela crítica no Brasil e no exterior, detentor de inúmeros prêmios que consagraram o cineasta alagoano que já coleciona mais de 20 prêmios com seus filmes. As notícias sobre o novo projeto do diretor já começam a se espalhar pelos jornais de grande circulação do país, a exemplo do Correio Braziliense (nota nesta página). O cineasta se baseou no seu próprio argumento para se inspirar no roteiro do filme, com previsão para ser concluído até o final de 2019, quando então deve ir para os festivais de cinema e exibição no circuito comercial, a exemplo de Olhar de Nise que acabou de ser apresentado na RTP2 de Portugal para os países de língua portuguesa. O ARGUMENTO A vida do escritor Rubem Braga será abordada neste documentário sob três aspectos: o homem (perfil), o cronista (texto) e o jornalista (ação).

Jorge Oliveira no set de filmagem do Olhar de Nise, seu último filme, ainda disponível no NOW, da Net

Sua história neste filme será narrada em ordem cronológica inversa, a partir da sua morte em 1999, aos 77 anos, até os 15 quando escreveu Lágrima, a sua primeira crônica, publicada em um jornal da escola. Braga nunca deixou de ser um homem do interior. Ainda que tenha vivido como um cosmopolita em grandes cidades pelo mundo como correspondente de jornais e na função de embaixador em Marrocos e cônsul no chile, sempre esteve arraigado às raízes da sua pe-

Sou um homem do interior, tenho uma certa emoção do interior, às vezes penso que eu merecia ser goiano.

quena Cachoeiro de Itapemirim, no Espirito Santo. Jornalista, escritor e, essencialmente, cronista, Rubem Braga manteve-se fiel às suas origens, pois tinha receio que lhe escapasse a sabedoria dos homens simples da roça. O Voo da Borboleta Amarela quer mostrar Rubem Braga, por meio de suas próprias crônicas, descortinando fatos relevantes da vida singular desse escritor de grande importância para a literatura brasileira. No filme, através da janela da fa-

zenda de sua infância, Rubem será o próprio observador da sua vida, revendo os episódios que marcaram sua rica história de cronista do cotidiano. Entre outros fatos, Rubem Braga narra a visita que fez ao crematório de Vila Alpina, em São Paulo, quando foi encomendar a incineração do seu próprio corpo, depois de um diagnóstico de câncer na laringe que o mataria naquele mesmo ano, em 1999. A história do escritor será contada em regressão até a sua infância em Cachoeiro, quando suas cinzas são jogadas no Itabira e se transformam em uma borboleta amarela que se multiplicam em centenas de outras e voam sobre as águas do rio. Baseado em minuciosa pesquisa, o documentário pretende mostrar o cronista em todas as suas fases de vida: correspondente de guerra, cônsul, embaixador, escritor e amigo dos mais notáveis intelectuais e artistas da vida cultural e boêmia do Rio como Chico Buarque de Holanda, Tom Jobim, Danuza leão, Rita Lee, Samuel Wainer, Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Thiago de Melo, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Pablo Neruda, Márcio Moreira Alves, Millôr Fernandes, Carybé, Ana Maria Machado, Tônia Carreiro, Glauber Rocha, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Entre seus interlocutores mais íntimos, o cronista tinha predileção por três: Graciliano Ramos, Vinicius de Moraes e Dorival Caymmi, a quem definiu certa vez com muito graça: “Existem três tipos de velocidades na natureza: rápida, lenta e Dorival Caymmi”. Já no final da vida, Rubem


MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE JULHO 02 DE AGOSTO DE 2018

RELA

ASTA ALAGOANO

Braga continuou a receber os amigos em animadas conversas regadas a bom uísque, na sua cobertura na rua Prudente de Moraes, deitado em sua rede, cercado pelo jardim de Burle Max, o único do gênero implantado no 12º andar de um prédio em Ipanema. O escritor, no entanto, teve a ousadia de transformar o jardim em um pomar repleto de árvores frutíferas, o que lhe valeu o título de Fazendeiro do Ar. Ali, o autor se inspirou para escrever as mais belas crônicas sobre a vida do Brasil e dos brasileiros, traçando uma radiografia de comportamento da política e do cotidiano que transpôs o simples gênero da crônica para um estudo sociológico e antropo-

lógico dos costumes sociais do país. Quando escrevia, Rubem tinha a esperteza de um predador, e, ao lidar com os amigos, a fama de um urso brabo. O documentário começa em Braga, cidade ao norte de Portugal, de onde veio a família para o Brasil, em 1870, como registrou o próprio cronista em um de seus depoimentos: Ao chegar ao Brasil no século XIX, a família dividiu-se entre São Paulo e o Espirito Santo. Os que ficaram no Espirito Santo, atraídos pela cultura do café, escolheram a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, onde Rubem cresceu encantado com a natureza. De lá saiu aos 16 anos de idade para se fazer jornalista e peregrinar

Venho de famílias portuguesas, não digo pobres, mas de condição modesta, gente honrada e trabalhadora que, pelejando através dos séculos no cabo da enxada ou atrás do balcão, nunca teve tempo para se fazer gentleman ou ladies.

entre Porto Alegre, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro. Nesses locais, ele exerceu a função de repórter desde muito cedo na rede dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, a maior cadeia de jornal, rádio e TV do Brasil à época, cobrindo alguns movimentos revolucionários da década de 1930/32. Mas foi no Rio, em meio à intelectualidade, que Rubem Braga desenvolveu a sua vocação para cronista e escritor, descrevendo com rara sensibilidade de arguto observador os movimentos políticos da época e os encantos da beleza feminina e o espírito irreverente do carioca. Deixou uma colossal observação dos costumes do Brasil em um legado de mais de quinze mil crônicas e dezenas de livros publicados. Mesmo sem militância direta na política, foi um dos fundadores do PSB e crítico contumaz do governo Getúlio Vargas a quem sempre tratou como um déspota. Apoiou Jânio Quadros para presidente e ensaiou oposição a João Goulart porque via nele o herdeiro político de Getúlio. Rotulado de comunista, nunca se filiou ao partido, mas convivia de perto com a turma

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do PCB, geralmente figuras envolvidas nos movimentos sociais, no jornalismo, nas artes, na cultura e na politica. A intimidade do cronista com os comunistas começou em casa, depois que se casou com Zora, uma jovem rebelde mineira filiada ao partido. Gostava da polêmica, mas às vezes suas posições políticas o arrastavam para o abismo da incompreensão. Já colecionava uma boa quantidade de adversários como cronista quando condenou o direito ao voto das mulheres no governo de Vargas. Ainda que crítico a esse avanço, Rubem Braga, numa rápida reflexão sobre seus conceitos, reviu sua posição para apoiar a União Feminina do Brasil que tinha entre seus integrantes personalidades como Nise da Silveira e Maria Werneck de Castro. Rubem Braga tornou-se um solteirão convicto depois que se separou de Zora, com quem teve um único filho. Apaixonava-se facilmente por belas mulheres. Porém, satisfazia-se com amores platônicos. Era capaz de contemplar por horas a fio, numa mesa de bar, a beleza de uma mulher por quem acabara de se apaixonar fosse ela solteira ou casada. Homem de pouca conversa – ou quase nenhuma -, flertava em silêncio. O seu olhar intenso era a marca do conquistador misterioso e enigmático. Tinha preferência por mulheres casadas pela certeza de que a noite dormiria sozinho. Contar a história desse cronista, escritor poeta, suas aventuras amorosas e sua influência na política brasileira é o que pretende O Voo da Borboleta Amarela, título inspirado em uma de suas crônicas. Rubem Braga, para muitos, iguala-se a Machado de Assis, Lima Barreto, Antônio Maria e tantos outros cronistas que, com seus olhares atentos e aguçados, deixaram ao Brasil o testamento do que existe de mais puro na literatura e na língua portuguesa.


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Desperta

SAÚDE MENTAL

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.

arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Psicopatia infantil (PI)

Há quem acredite que não existe, mas existe sim, sinais evidentes da conduta antissocial em crianças. A psicopatia infantil está presente em todo o lugar do planeta e inicia nos primeiros anos de vida da criança, isto é, quando ela começa a falar. Também pode começar na fase inicial da adolescência. Um ambiente familiar mais estruturado, ou seja, com afeto, carinho, respeito e com vigilância constante da criança/adolescente, não evita a psicopatia infantil, mas pode inibir que o transtorno se torne mais grave, quando adulta.

PI: o que diz o DMS

O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) expressa que uma criança não pode ser diagnosticada como psicopata e sim com Transtorno de Conduta, já que o Transtorno de Personalidade Antissocial (Psicopatia) só pode ser diagnosticado em pessoas a partir dos 18 anos.

PI: sinais

É perfeitamente normal no processo de desenvolvimento da criança e também do adolescente: mentir, agredir pessoas fisicamente, não ir a aula, estragar as coisas de dentro de casa, como sofá, por exemplo; ficar irritado sem causa, entre outros. Esses comportamentos surgem porque a criança não lida bem com as frustrações do dia a dia. Ela incorpora que tudo tem que ser do jeito dela e na hora que ela quiser. Mas não é bem assim. Outros sinais: pratica agressão física a pessoas e a animais; engana e furta objetos de colegas, quebra carteiras escolares, inicia brigas sem uma razão definida. Os sintomas podem ser confundidos com outros transtornos como Déficit de Atenção e Hiperatividade; Retardo Mental; Episódios Maníacos do Transtorno Afetivo Bipolar ou Esquizofrenia. Portanto, o diagnóstico dever ser bastante estudado para que não haja confusão.

PI: o que fazer?

A criança/adolescente pode ter comportamentos de um antissocial circunstancialmente: discutiu com um colega, foi repreendido pelo professor, entre outros. Nesse caso é extremamente natural que ela reaja. Mas, quando esses comportamentos se tornam constantes e são difusos (sem ter uma causa concreta) é preciso que os pais ou cuidadores procurem ajuda de um psicólogo para investigar a origem.

Depressão ‘maior’

Transtorno Depressivo Maior. Esse é o termo que o DMS-V expressa para os sintomas da depressão mais aguda. Os sintomas são: humor deprimido; perda de interesse ou prazer pela vida; perda de peso; insônia constante; sentimento de culpa excessiva; dificuldade de concentração e pensamentos sobre suicídio. O período desses sintomas pode variar de uma pessoa para outra, mas se ocorrer por mais de duas semanas pode estar sendo instalado o processo depressivo. Dependendo da situação que a pessoa se encontra, o processo psicoterápico pode demorar meses ou até anos. Cada pessoa reage diferentemente, podendo ser ministrado medicamento, através da prescrição do médico psiquiatra. Independente da pessoa estar ou não tomando medicação, a psicoterapia é fundamental para o processo de melhora.

Depressão ‘maior’ II

O termo depressão vem do latim – depressio – e significa um estado patológico que tem natureza orgânica e psicológica em que estão presentes comportamentos de desânimo, desesperança, desamparo, inércia (sem vontade para fazer nada) e, muitas vezes, ansiedade. A depressão altera a maneira com a pessoa vê o mundo, ou seja, para ela nada presta, tudo é cinza, não há nada que possa ter solução. E não é bem assim; sempre há uma solução para a pessoa que está em processo depressivo. O uso abusivo de álcool e outras drogas, além de medicamentos e substâncias, mesmo aquelas ditas fitoterápicas, podem contribuir para o aparecimento do processo depressivo.

Depressão ‘maior’ III

Aos primeiros sinais, não pense duas vezes, procure um psicólogo. A depressão já é a principal causa de afastamento do trabalho em diversas instituições no Brasil e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2030 será primeira causa em todo o mundo.

(Carl Jung)

Sofrimento do outro? Hem?!!!

Quer cometer suicídio?

Está sendo “comum” – o que é lamentável -, principalmente nas redes sociais, a pessoa compartilhar vídeos e pôsteres em que o tema seja o sofrimento do outro, a banalização do suicídio, a desonestidade. Todo mundo já recebeu um. O que fazer com isso? Por que isso acontece? Será que estamos sendo robotizados? A sensibilidade não faz mais parte do ser humano? Em contrapartida as mesmas redes sociais multiplicam vídeos em que animais “sentem amor” por seus donos. Será mesmo, amor? Vários programas de TV de “humor” banalizam o sofrimento dos outros, por mais paradoxal que seja. Será humor mesmo ver pessoas caírem e se machucarem? O que representa a visualização desses comportamentos para uma criança ou para um adolescente que está assistindo? Será que as crises econômicas; de bons comportamentos humanos; a exposição à violência desenfreada, principalmente nos programas televisivos (inclusive novelas); nos filmes de Hollyood, não estão contribuindo para que o sentimento de compaixão e respeito pelas pessoas acabem ou não tenham importância? Quando as pessoas estão deprimidas, com sofrimento psíquico agudo, muitas vezes os amigos, colegas e familiares costumam dizer: “isso é falta de pisa”, isso é frescura; “é besteira”. O sofrimento alheio, parece, está sendo tolice para muitas pessoas, inclusive para os familiares, que não têm tempo de conversar, escutar os filhos, os irmãos, enfim. Num dos vídeos, uma pessoa, com aparência de adolescente tenta o suicídio; consegue se salvar pelas mãos dos pais, depois de gritar. Os familiares presentes, depois de ajudar a salvar a pessoa, em vez de acolherem mais ainda, fazem exatamente o contrário: ‘determinam’ que ela ‘faça de novo’. Com certeza sem intenção do que estão dizendo. O pai, parece, não teve a intenção de prejudica-la, intencionalmente, apenas, talvez, reproduziu aquilo que se vem fazendo, inconsciente, ou seja, ‘incentivando’ as pessoas a repetirem atos de crueldade uns com os outros. A crueldade não é apenas física. Ela pode ser por palavras, por gestos, enfim.

São inúmeros os casos de tentativas de suicídio que ocorrem em todo o mundo. Seja por problemas conjugal, financeiro, no ambiente de trabalho, enfim. Quando o ato ocorre, a pessoa apresenta, pelo menos, três níveis: pensar / falar; planejar e executar. Ao praticar qualquer tentativa concreta, significa que a pessoa já perdeu a esperança, está desamparada, está em desespero e está, realmente, em processo de depressão. Geralmente as pessoas dizem frases como: ‘não vale mais viver’; ‘quer sumir’; ‘é melhor acabar com tudo’ e muitas outras que expressam sentimentos semelhantes.

O que fazer? A primeira coisa a fazer é acolher a pessoa fazendo-a a falar sobre o sofrimento. Não julgar o que ela está dizendo, apenas escutar. Às vezes essa pessoa apresenta algum tipo de comportamento manipulador; mesmo assim acolha (às vezes é por isso mesmo que ela está em processo depressivo). É preciso deixa-la segura e com esperança de que ela pode resolver o problema, o sofrimento, seja ele qual for. Depois disso, faze-la ou convence-la de que precisa de ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra. Não preciso impor. Poderia ser: “Vamos procurar ajuda”; “Estou ao seu lado”; “Vou ajuda-la. ”Você vai resolver o problema”. Essa postura pode ajudar bastante a pessoa que está em processo de sofrimento psíquico, seja ele qual for. A pessoa não é o sofrimento; não é a doença; não é problema, ela simplesmente quer se livrar deles.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP15/4.132. Atendimento virtual pelo site: vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. E-mail: arnaldosanttos@uol.com.br//arnaldosanttos. psicologo@gmail.com Telefone: 9.9351-5851.


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Para refletir: O STF vai sepultar a Lava Jato e enterrar o juiz Sérgio Moro. Quewm viver verá.

PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

O valor do voto

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ais uma eleição se aproxima e, com ela, surgem dúvidas sobre o efeito do voto em branco na contagem final da eleição. O Tribunal Superior Eleitoral esclarece que, ao tornar obrigatório o voto dos maiores de 18 anos, a Constituição ressalta a importância da responsabilidade política do eleitor para o processo eleitoral e para a democracia como um todo. Porém, diante da urna, o eleitor é inteiramente livre para votar como quiser. Votar branco ou nulo significa apenas invalidar o seu voto. Hoje em dia, não há diferença entre votos brancos e nulos. Eles simplesmente são votos inválidos. Os eleitores que votam dessa forma demonstram, com esse ato, o inconformismo e a insatisfação com o modelo, com os candidatos, enfim, com o quadro político em geral. Na prática, o eleitor anula sua participação no processo eleitoral. Porém, a Justiça Eleitoral reconhece esse direito: as urnas eletrônicas trazem a opção do voto em branco; já o voto nulo acontece, por exemplo, quando é digitado e confirmado um número diferente daqueles dos candidatos oficiais. Resumindo: em hipótese alguma, os votos brancos e nulos serão motivos para a anulação de uma eleição. É muito provável que em Alagoas o percentual de votos nulos e em branco somados ultrapasse até a votação majoritária para os cargos de governador e senador. Inconformados com a degradação da política nacional e local, a avalanche de corrupção que atinge praticamente todos os políticos com mandato e a situação desastrosa da Administração Pública, muitos certamente votarão em branco ou anularão seus votos. Há ainda os que não sairão de suas casas para votar. O ruim de tudo isso é que serão beneficiados os mesmos, que continuarão contaminando a política e assassinando milhões pelas vias da corrupção.

O exemplo de Célia

Enquanto muitos pensam em seus próprios umbigos, nas barganhas, artimanhas e embromações políticas, alguém no Agreste alagoano participa do quadro eleitoral com olhar diferente de seus adversários. Em Arapiraca e na região do entorno em época de eleição a moeda de troco é o voto. No vale tudo se envolve prefeituras, cargos, verbas públicas, negociatas espúrias e até a honra, se é que ainda existe. Alianças são feitas tudo com base no lucro político ou financeiro que há de vir. E são esses fatores que degradam e maculam a política e seus atores. Na contramão da onda a maior liderança política da região, ex-prefeita Célia Rocha, não buscou conchavos e “negócios obscuros” com forasteiros. Preferiu apoiar uma candidatura da terra buscando resgatar a tradição de Arapiraca ter sua representação na Câmara. Sai candidata a deputada estadual apoiando o conterrâneo Severino Pessoa para deputado federal. Bom seria se a atitude de Célia fosse imitada por outros, mas é difícil quando só se pensa no bolso e na bolsa (ou mala).

Servidores prejudicados

Refém do Planalto

Confirmado, o acordo do bloco capitaneado por DEM e PP com Geraldo Alckmin (PSDB) abre brecha para o centrão exercer poder de tutela inédito na história recente sobre um mandatário do país. A manutenção do comando da Câmara nas mãos desse grupo está afiançada desde o início das negociações. Mas, no desenho atual, o consórcio indicaria também o vice do tucano e teria número suficiente para eleger o novo presidente do Senado. Se aposta que caberá ao PP apontar o nome. A união dos partidos que compõem o centrão foi forjada em cima da tese da repartição do poder. Somados, eles praticamente garantem a recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara e, a números de hoje, chegam a 32 senadores. PT e MDB se alternaram no comando das duas casas Legislativas de 2003 a 2016. Na Câmara, só houve duas exceções: Aldo Rebelo, à época no PC do B, chefiou a Casa de 2005 a 2007. Foi sucedido por Severino Cavalcanti (PE) que, no PP, segurou-se pouquíssimo tempo no cargo. O MDB controla o Senado desde 2001. Só houve um intervalo, em 2007, quando Tião Viana (PT-AC) assumiu a Casa após renúncia de Renan Calheiros (MDB-AL).

Heloísa Helena

As pesquisas e os “termômetros das ruas” mostram claramente que Heloísa Helena caminha para obter uma consagradora vitória em sua caminhada como candidata à Câmara Federal. Por onde passa é aclamada calorosamente pelo povo, lideranças municipais e deixa em cada lugar a marca de sua integridade, resistência e intolerância com a corrupção e os desvios de finalidade na atividade política. Mas não é unanimidade e certamente desagrada a uma classe poderosa: aos bandidos.

No governo de Teotonio Vilela mais de 5.000 (CINCO MIL) servidores do interior de Alagoas foram capacitados pelo Programa Escola de Administração Pública. Nos últimos quatro anos não aconteceu nenhuma capacitação no interior pela Escola de Governo, que diminuiu de tamanho e ofertas de cursos também na capital. Os servidores públicos se sentem desprestigiados e reclamam que no governo passado muitas oportunidades de melhoria funcional surgiram em decorrência de cursos de aperfeiçoamento levados a todos os municípios do interior, com a consequente melhoria dos serviços prestados às comunidades. Ainda no governo de Teotonio Vilela aconteceu o inovador Programa Cidadania de Recepção a novos servidores, com o objetivo de preparar todos os que foram nomeados após aprovação em concursos - com noções de direitos e deveres do servidor público - cidadania administração pública - motivação psicológica e relações interpessoais.

Os malditos cadastros

Parece que não adianta mesmo toda a luta da sociedade clamando por eleições limpas. Está na índole da maioria dos políticos brasileiros a prática da desonestidade, da corrupção, dos negócios sujos e das eleições compradas. Esse fato não me foi revelado por nenhuma fonte suspeita, mas pelo próprio autor. Um candidato a deputado me revelava que nestas eleições estaria com “um cadastro de eleitores” (não é um simples cadastro, mas um mecanismo eficiente de compra de votos) e por ele sua eleição estaria garantida. E me adiantava: “Se não tiver reduto forte, muito dinheiro, ou isso, não se elege”. Tudo nas barbas da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça, que não possuem mecanismos ou vontade de fazer acontecer alguma coisa. É assim a cada eleição e nunca haverá de mudar, pois somos o que somos.

Mas não ganha

O jovem destemido deputado Rodrigo Cunha tem tudo para desbancar todos os caciques pajés da tribo com uma votação expressiva na capital ao abrir das urnas na busca de uma das vagas para o Senado. Conduta parlamentar exemplar, vigilante quanto ao interesse público, atuante em ações de cidadania, tudo o que o eleitor esclarecido gosta e está carente. Mas vem o interior e ai é que o fôlego vai faltar para o candidato. Afora sua terra natal, Arapiraca, sua densidade eleitoral cai vertiginosamente nos demais municípios ainda sob o domínio da velha e oligarca política. É a regra do jogo e nessa ganha nem sempre o melhor.

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A política como ela é

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m plena Constituinte de 1988 surgia uma das maiores excrescências políticas deste país. Um agrupamento de políticos fisiológicos que se autodenominavam de “Centrão” que usou de forma suja, debochada e perniciosa o lema de São Francisco “É dando A cambada de quase que se recebe” para 300 parlamentares, divulgar com toda a clareza qual seria deputados e senaa forma de se nedores, encalacrados gociar com aquela bandalha que se dina Lava Jato nada congressistas. mais é que o Centrão ziam Descarados fizeram redivivo. Com os a “festa” na Constimesmos métodos de tuinte e ajudaram nos outorgar essa sempre. Barganhas ainsanidade que alpolíticas, conchavos guns ainda chamam de Constituição. com empresários. Uma sopa de retalhos que só protege as castas sugadoras da riqueza nacional enquistadas na máquina governamental. Que inferniza a vida do cidadão de bem, eterno logrado em tudo que diga respeito a ação do Estado a seu favor. Sua ação deletéria fez escola. De

lá que saíram os anões do orçamento, camarilha que usava e era usada pelas empreiteiras e grandes empresas brasileiras e internacionais para moldar o orçamento da Nação aos seus desejos em detrimento de toda a população. Foram bilhões e bilhões de reais aplicados nos projetos indicados pela banda podre do empresariado nacional. De lá até os dias de hoje, surgiram e sumiram vários “Centrões” nas brumas da burocracia cavilosa aderente, e da proteção das castas superiores deste pobre país – porque beneficiárias dos métodos heterodoxos dos ladrões empoleirados no Congresso Nacional. A cambada de quase 300 parlamentares, deputados e senadores, encalacrados na Lava Jato nada mais é que o Centrão redivivo. Com os mesmos métodos de sempre. Barganhas políticas, conchavos com empresários, domínio da comissão de Orçamento (onde se decide de fato onde o país irá investir), compra de votos, nomeações de apadrinhados para roubar em benefício dos seus “patrões”, roubos bilionários nos fundos de pensão estatais (quase todos quebrados), na Petrobras, na Eletrobras, no Cade

Bolivarianismo revela-se totalitário e assassino

O

PPS entrou, lá trás, no FORO DE SÃO PAULO, uma plenária de partidos e organizações de esquerda da América Latina. Quando o bolivarianismo – capitaneado por Cuba e pela Venezuela – se tornou O discurso é o de neste movisempre. Forças do ‘im- hegemônico mento, o PPS o deixou, pério do mal’ e da ‘di- formalmente. De instrumento de reita’, partiram para construção de um pensaderrubar regimes mento amplo de esquer‘populares, democrá- da no subcontinente, o ticos, progressistas, Foro de São Paulo pasa ser uma correia de anti-imperialistas’. sou transmissão de um penO modelo nesses re- samento prototalitário e gimes segue o mesmo populista, revestido de tinturas de esquerda. padrão. Nosso nome, apesar de pedirmos formalmente há mais de uma década, a retirada, ainda consta nesse movimento. Há dias, reuniu-se o Foro São Paulo em

Cuba. Não deu outra. Foi reiterado o apoio às protoditaduras da Venezuela e da Nicarágua. O discurso é o de sempre. Forças do “império do mal” e da “direita”, partiram para derrubar regimes “populares, democráticos, progressistas, anti-imperialistas”. O modelo nesses regimes segue o mesmo padrão. Os limites à reeleição da Presidência da República são abolidos. O Judiciário é subordinado ao Executivo e passa a coonestar as decisões do primeiro-mandatário. O Parlamento, a princípio com certa pluralidade, quando os bolivarianos perdem a hegemonia é simplesmente substituído por outra entidade, um simulacro de Parlamento, este formado diretamente pelos apoiadores do regime. Sem democracia, sem alternância de poder, sem locus apropriado para que os conflitos se apresentem e sejam negociados e arbitrados, instaura-se a rebeldia, de diversas colorações políticas e ideológicas.

Economista

ELIAS FRAGOSO

(ninguém fala e eles até agora conseguiram abafar, mas é nesse órgão desconhecido que o roubo se agigantou. Suspeita-se que a roubalheira ali foi maior que a soma de tudo o que foi surrupiado em todos os demais órgãos federais do país). Para as eleições de 2018, eles se ajuntaram novamente. A mesma turma de sempre: PP (e sua mais de 3 dezenas de deputados envolvidos na Lava Jato e seu presidente indiciado pela Polícia Federal por corrupção e lavagem de dinheiro); PR cujo manda chuva foi condenado no mensalão e já renunciou em duas ocasiões a mandatos de deputado federal para não ser cassado. Este partido, aliás, é “dono” do Ministério dos Transportes (um dos maiores orçamentos do governo federal) desde a época dos tucanos no governo e tem mais de dezena de parlamentares envolvidos com a Lava Jato; PTB, bem, esse consegue ganhar de todos os demais no quesito estripulias de pequeno porte (porque não tem estofo nem “abertura” para entrar no clube do roubo de bilhões). Seu presi-

dente é ex-presidiário condenado, seu secretário viu ser preso dois sobrinhos e alguns assessores por corrupção e desvios de dinheiro do Ministério do Trabalho e também tem outra dezena de parlamentares envolvidos na onipresente Lava Jato; o Solidariedade, presidido por um “sindicalista de resultados” aliado do PTB nas “saliências” do grupo no Ministério do Trabalho é rígido defensor do atraso getulista-trabalhista e também tem seu quinhão de congressistas implicados na Lava jato; PRB, mais recente, é o partido do bispo da Universal. Seu presidente, então ministro da Indústria e Comércio Exterior foi “saído” do cargo recentemente (mais um do desgoverno Temer) por acusações de desvios e corrupção. Essa “turma” que até pouco tempo era aliada do petismo – e disso muito se beneficiou – está aliada ao desgoverno Temer e quer agora eleger o próximo presidente. É bom que todos saibam que votar no candidato do PSDB é votar nos corruptos que o acompanharão no governo. A menos que ele prove o contrário disso. Já.

ROBERTO FREIRE

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Na Nicarágua, Daniel Ortega aboliu os limites à reeleição. A vice-presidência é de sua esposa. Todos os poderes foram subordinados ao Executivo, diga-se, ao ditador. Conflitos normais em uma democracia tornam-se conflagrações contra o governo. 350 cadáveres é o resultado dos conflitos na Nicarágua, parte expressiva deles produzidos por paramilitares apoiadores do regime. No Brasil, os partidos de esquerda irmãos, aliados e amigos dos bolivarianistas do Foro de Sã Paulo ou se calam diante dos acontecimentos da Venezuela e agora, brutais, da Nicarágua, ou partem para o apoio, sempre travestidos das mesmas justificativas, de que a violência estatal se dá em resposta aos eternos “inimigos da pátria”. O lulopetismo brasileiro é cúmplice de

Maduro, na Venezuela. E agora, é parceiro da ditadura de Ortega na repressão assassina aos nicaraguenses que exercem o elementar direito democrático de dissentir. Deixo claro, em nome da Presidência do Partido Popular Socialista, e em meu nome, o repúdio às ditaduras da Venezuela e da Nicarágua, minha solidariedade aos povos desses países pelos seus direitos democráticos. Lamento que o Partido dos Trabalhadores tenha enxovalhado a reputação das esquerdas brasileiras no que toca aos métodos nada republicanos de fazer política e agora, no plano internacional, esteja associado publicamente ao totalitarismo em sua prática de violentar e eliminar fisicamente opositores. (Artigo publicado no site Diário do Poder)


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JORGE MORAES

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

Jornalista

Dar razão a quem não tem

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os últimos dias, a cidade de Maceió viveu alguns momentos de conflitos nas áreas de transporte e convívio social. No primeiro segmento, a população de dois bairros periféricos, mesmo que em pequeno número, parou duas linhas de ônibus contra a unificação do transporte na região. Cada lado brigando pelos seus interesses pessoais, mas cada um alegando seus motivos. Não entro no mérito da questão dizendo quem está com a razão, mas, quando isso ocorre, perde todo mundo. O outro assunto está relacionado ao convívio social, ou seja, a mobilidade urbana. Entendo que uma cidade precisa De repente, a Prefeitu- ser administrada todos. O dira de Maceió resolveu para reito de ir e vir não agir. Fazer cumprir a pode pertencer lei e mandar seus fis- somente a uma cais para as ruas. Pron- classe ou categoto, o mundo desabou. ria profissional. humanamente E sabe o pior? Grande É impossível tranparte daqueles vende- sitar em regiões dores não é cadastrada tumultuadas, com no órgão público. São espaços ocupados pessoas desemprega- por vendedores ambulantes, cardas que resolveram ros estacionados virar ambulantes. em lugares proibidos, calçadas esburacadas e pessoas, idosas ou não, tendo que driblar tudo isso. A Prefeitura de Maceió, por meio de duas secretarias, SMTT e SEMSCS, tentou intervir nas duas questões. No caso do transporte coletivo, o caso chegou até o Ministério Público, na Promotoria comandada pelo promotor Max Martins, que conseguiu definir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o órgão público e a comunidade. Nesta primeira queda de braço, saiu ganhando a população dos dois bairros, que conseguiu abortar o projeto aprovado até que novos estudos ve-

nham a ser feitos em nome da mudança. Quem garante que a população vai aceitar a mudança depois? Minha opinião é que foi dada razão a quem não tinha razão e as mudanças não foram feitas. No segundo caso, a SEMSCS, pelo código de postura do município, resolver agir nos bairros do Benedito Bentes, Jacintinho e Centro da cidade relocando vendedores ambulantes e deixando livre o passeio público para os pedestres e as ruas para os veículos. As áreas destinadas não foram do agrado daquelas pessoas, que mesmo avisadas com antecedência da operação, resolveram enfrentar os guardas municipais, fiscais e a polícia, que estava ali dando apoio operacional. Por diversas vezes, esses ambulantes foram retirados e retornaram ao mesmo local. Era como uma queda de braço. Pois bem, sem querer tirar partido por ninguém, esse verdadeiramente não é o meu objetivo, faço esse comentário para dizer o seguinte. A mídia, sequiosa por notícia, mostrava, quase que diariamente, as ruas centrais de Maceió tomadas por ambulantes. Reclamava da administração pública que não conseguia deixar o calçadão livre para o povo circular. Essa mesma mídia noticiava o descaso das autoridades públicas com o bairro do Jacintinho, em nome de uma população inteira que se sentia prejudicada. De repente, a Prefeitura de Maceió resolveu agir. Fazer cumprir a lei e mandar seus fiscais para as ruas. Pronto, o mundo desabou. E sabe o pior? Grande parte daqueles vendedores não é cadastrada no órgão público. São pessoas desempregadas que resolveram virar ambulantes. Pergunto: quem está com a razão, a parte que cobra uma cidade limpa e boa para todos ou a mesma parte que, em outros momentos, quer uma cidade para os vendedores ambulantes? Descubram a resposta...

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Revendo o Velho Chico

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esolvemos visitar várias cidades banhadas pelo Rio São Francisco:

um grupo de sete pessoas, parentes entre si, com origens em Penedo. Saindo de Maceió, a primeira parada foi Piaçabuçu. Velha cidade localizada perto do encontro do rio com o mar. Atendentes gentis, experientes, orientando-nos amavelmente. Pegamos uma lancha e partimos para o Peba. Para tristeza nossa, o rio está poluído, sujo, cheio de porcarias. Na foz encontramos uma feirinha de artesanato muito pobre, mas cheia de figuras interessantes. Até um baiano estava por lá vendendo pimenta! Coisa linda de se ver: o rio verde escuro se encontrando com o mar verde esmeralda. Só Deus para fazer tanta beleza! Alguns componentes do grupo eram parentes próximos; foram criados em Brasília, São Paulo e deAlguns componentes do sejavam ardentemente voltar às grupo eram parentes origens. Outros, próximos; foram criados como eu, iam a Penedo em Brasília, São Paulo sempre e, na infância, por e desejavam ardente- lá passavam as mente voltar às origens. férias. Ainda no priOutros, como eu, iam meiro dia chegasempre a Penedo e, na mos a Penedo e no Hotel infância, por lá passa- ficamos São Francisco, vam as férias. recuperado recentemente, bem acolhedor. Pouco procurado, mas muito limpo. Notamos que o pessoal do hotel é nativo da cidade, entretanto bem treinado. O único ponto negativo foi a ausência do prato típico da cidade no café da manhã: o cuscuz de arroz. Alguns componentes foram à Casa do Penedo e meu primo José emocionou-se ao ver o retrato do avô, do pai e de meu irmão Sabino Romariz. Modéstia à parte, figuras ilustres da velha cidade. Dia seguinte, continuamos em Penedo. A cidade está linda, bem cuidada, mas o rio está maltratado e sujo. O ponto positivo foi encontrarmos velhos amigos. Jantamos juntos no restaurante “Perto de Casa” e revivemos momentos antigos de nossas famílias. E de lá fomos a Pão de Açúcar, também banhada pelo Velho Chico. Apenas passamos pela parte urbana, pois nossa meta era chegar à Ilha do Ferro. A estrada que nos levou à tal ilha era de barro, cheia

de curvas e sem sinalizações. Operação demorada e complicada. No nosso destino não havia restaurantes abertos, nem farmácia. Graças à gentileza de Vana, Aberaldo e Mariana, conseguimos um almoço e Nádia localizou os artesanatos que tanto desejava visitar. Este terceiro dia de viagem, apesar de complicado, foi cheio de novidades. O grupo se comportou bem, todos procuraram o entendimento e saímos da Ilha do Ferro sãos, salvos e mais sabidos. No fim da tarde rumamos para Piranhas. Linda cidade na beira do rio, muito parecida com uma lapinha. Quanta recordação! Partindo de Penedo, era lá o ponto final da viagem do Vapor Comendador Peixoto, cujo imediato era o meu avô materno; na minha infância, o acompanhei diversas vezes nesse trajeto. Ainda aproveitamos a noite piranhense num aconchegante largo tipo praça de alimentação, à luz do luar, ouvindo o som de um conjunto estilizado de forró e degustando petiscos regionais. Não conheço a prefeita de Piranhas, mas a cidade está limpa, bem cuidada, e cheia de pousadas. Almoçamos num restaurante ribeirinho “Canoa de Tolda”, com um bom atendimento; no entanto a pituzada não estava boa: os pitus eram velhos e pequenos, mas a tilápia e o surubim assados estavam muito gostosos. E no início da tarde voltamos para Maceió: tristes porque o passeio estava acabando e alegres porque tudo deu certo. O motorista era o mais velho do grupo: um velhinho de 77 anos que adora viajar. O copiloto, tímido, calado, de vez em quando falava baixinho: “Se eu fosse você, mudaria de marcha”. E todos riam! A mulher do motorista, sentada na cozinha da van, reclamava das lombadas por ele não vistas, também preocupada com sua responsabilidade. A mulher do copiloto aproveitou a viagem, virou a “Rainha da Ilha do Ferro”. Pagou o almoço, para se redimir da aventura do terceiro dia. O casal anfitrião era bem divertido: a mulher ria demais e curtia bastante a viagem. O marido falou pouco, mas gostou bastante da aventura! O último personagem era uma moça tímida, falando rouco e topando tudo. Reencontramo-nos, convivemos com pessoas queridas que vivem longe, mas com fortes laços de amizade e parentesco datados de um passado longínquo. E... apreciando o correr das águas do Velho Chico. Deus existe! Não duvidem!


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Inglória odisseia

É

verdade inconteste que as correntes migratórias nunca foram interrompidas ou extintas por qualquer força ou obstáculo interpostos em suas rotas. O povoamento da Ilha de Páscoa e Na tentativa de agradar os da Austrália, a transposição do setores reacionários que Estreito de Beo elegeram, o dourado ring, a invasão do Império RoTrump, notório usuário pelos vidos favores de uma certa mano sigodos e, mais ‘lady tramp’, reedita recentemente, campos de concentração as crises dos refugiados nos e ameaça reinventar a africanos, Muralha da China, a qual, países nos dão ideia do como todos sabem, não incalculável poevitou sua invasão pelas der dessa força. As forças hordas mongóis. que movem as correntes migratórias medem-se pela esperança que estão à sua frente e pelos flagelos que

estão na sua retaguarda. As circunstâncias motoras das grandes migrações são, invariavelmente, as guerras, as grandes fomes, hecatombes naturais, radicais mudanças climáticas e, mais recentemente, a insegurança política e econômica vigentes em alguns países. Em sua saga migratória o homem já transpôs geleiras paralisantes, gigantescas cordilheiras, imensos desertos e bravios oceanos; não será agora um reles muro, ou um braço de mar que os irão deter. Na tentativa de agradar os setores reacionários que o elegeram, o dourado Trump, notório usuário dos favores de uma certa “lady tramp”, reedita campos de concentração e ameaça reinventar a Muralha da China, a qual, como todos sabem, não evitou sua invasão pelas hordas mongóis. Do mesmo modo, de nada adianta traficantes de refugiados afundarem barcos de suas vítimas e transformarem o lindo Mar Mediterrâneo ou o histórico

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

Mar Egeu num espetáculo dantesco de macabras vitórias régias formadas por corpos de crianças boiando. O motor que hoje está por trás das grandes massas migratórias do século XXI, impulsionando-as em direção aos territórios de seus antigos colonizadores, é a espoliação e o exaurimento de suas riquezas naturais, levados a efeito por aqueles nos séculos passados, sem qualquer contrapartida na redistribuição dos seus lucros e resultados. A esperança que move e está à frente dessas massas migratórias é a de compartilhar, minimamente, o bem estar e segurança proporcionados pelas riquezas que outrora lhes pertenceram; riquezas estas que agora estão a serviço e dispor de seus antigos colonizadores, materializadas em suas lanchas de patrulhas, seus exércitos de controle de fronteira e na promes-

sa de construção do novo muro das lamentações, pois que sua construção causará lamentos da razão, da inteligência, da civilidade, do bom senso e, mais pragmaticamente, dos contribuintes que ao final pagarão a conta. O Mar Egeu, que um dia serviu de cenário para a narrativa da mais fantástica viagem de todos os tempos, nos mostra hoje uma macabra odisseia, não mais pontilhada pela poesia de Homero nem pelas aventuras e astúcia de um Ulisses, mas apenas pelo triste espetáculo da morte por afogamento de crianças, cujos corpos vão dar nas praias como rejeitos do mar. Nessa nova e trágica viagem, o canto da sereia é a mera busca de condições mínimas de sobrevivência, enquanto o monstruoso e devorador Polifemo é um precário barco à deriva, sem um porto seguro para acolher esses novos e miseráveis Odisseus.


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Contas de energia Nesta sexta-feira (27), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulga a bandeira tarifária que estará em vigor em agosto. Neste mês, a agência manteve a bandeira tarifária no patamar 2 da cor vermelha, o mais alto do sistema. Isso significa que, para cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia consumidos, haverá uma cobrança extra de R$ 5 nas contas de luz. Julho foi o segundo mês seguido com a bandeira tarifária no patamar mais alto. A cobrança extra de R$ 5 a cada 100 kWh começou em junho. Em maio, a bandeira tarifária estava na cor amarela, que tem cobrança extra de R$ 1 para cada 100 kWh.

ECONOMIA EM PAUTA

Vera Alves – veralvess@gmail.com

PIS/Pasep de 2016

O prazo para o pagamento do abono salarial ano-base 2016 foi prorrogado. Desde ontem (26) o benefício está liberado e o dinheiro ficará disponível até 30 de dezembro. Quase 2 milhões de trabalhadores não retirarA Coca-Cola Plus Café Espresso já está à ven- am os recursos, o que corresponde a 7,97% da no mercado brasileiro. O produto lançado no do total de pessoas com direito ao benefício. O valor ainda disponível chega a R$ 1,44 bilhão. Japão no ano passado é a mais nova aposta da multinacional e tem 40% mais de cafeína e O pagamento do abono do PIS/Pasep começou em 27 de julho de 2017 e terminou no últi50% menos açúcar que a Coca-Cola original. mo dia 29 de junho, mas foi aberto um novo Segundo país no ranking dos que mais conperíodo pelo Conselho Deliberativo do Fundo somem café no mundo, o Brasil é o quarto de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Este é o a receber a Coca-Cola Plus Café Espresso, terceiro ano consecutivo em que ocorre prordepois de Japão, Austrália e Vietnã. O preço sugerido para embalagem de 220 ml é rogação. No ano passado, essa mesma medida foi tomada. de R$ 2,00 a R$ 2,50.

Coca-Cola sabor café

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Mobilidade corporativa

Na última semana aconteceu, no innovaBra, em São Paulo, o lançamento oficial do maior evento de mobilidade urbana, o WTM Welcome Tomorrow Mobility 2018. Na ocasião, foram apresentadas todas as novidades da edição, que ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de outubro, no WTC, em São Paulo. Como prévia, os organizadores do evento - Flavio Tavares e Walter Longo - apresentaram uma pesquisa realizada em parceria com a MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital. Um dos pontos de mais atenção do levantamento é que 60% das empresas nunca demonstraram preocupação com o tempo de deslocamento dos colaboradores. Com uma amostragem de 1.500 pessoas de todas as regiões do país, o estudo também aponta que apenas 5% das empresas oferecem crédito mensal em aplicativos de mobilidade (como Uber, Cabify, 99) e 3% oferecem a possibilidade de utilizar espaços de coworking. Em relação ao home office, 77% dos colaboradores revelaram que as empresas não oferecem esta opção. É também constatado que 49% estão dispostos em abrir mão dos benefícios ou mesmo ganhar até 10% a menos se pudessem trabalhar perto de casa. Mais detalhes da pesquisa podem ser vistos na página do Instituto Parar (http://relacionamento.institutoparar.com.br/pesquisa-mobilidade-corporativa).


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RECONHECIMENTO Prefeito Kil Freitas recebe título de cidadão de Juazeiro do Norte, capital da fé nordestina

Como se não bastasse todas as conquistas alcançadas para o povo de União dos Palmares, o prefeito Kil Freitas recebeu título de cidadão de Juazeiro do Norte pelos serviços prestados à cidade. Capital da fé nordestina, a honraria dada ao prefeito é pela representação religiosa e por toda uma contribuição na pauta de regularização dos romeiros, em uma audiência realizada em 2017. Esta é a primeira vez que a Câmara de Juazeiro concede esse reconhecimento a um gestor de outro município. Kil Freitas revelou estar muito honrado em ser reconhecido oficialmente pelo povo juazeirense como seu conterrâneo. Ele disse ainda que este título é um grande privilégio e que aumenta seu compromisso de cada vez mais de fortalecer a fé e prestar serviços à cidade. “Continuar proporcionando condições para que o devoto menos favorecido continue sua peregrinação em busca de conforto espiritual é prioridade; fico muito feliz em ter ajudado nesta causa tão relevante”. A cerimônia de titulação aconteceu na última sexta-feira, 20, no Memorial Padre Cícero, com a presença do prefeito de Juazeiro, Arnon Bezerra. Já em União dos Palmares, a gestão do prefeito tem sido marcada por importantes pautas para o avanço e desenvolvimento da cidade.


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PILAR

Prefeito Renato Filho tem 87% de aprovação Com apenas 18 meses de administração, a gestão do prefeito Renato Filho já tem muito a comemorar em Pilar. Além de inaugurações, reformas e muitos investimentos, para mostrar resultados em benefício de toda população, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa (Ibrape) nos 102 municípios alagoanos apontou o índice de 87% de aprovação da atual gestão. O levantamento que ouviu 75.600 pessoas em todo estado apontou apenas 13% de desaprovação ao prefeito. Renato Filho destacou que esses números são uma forma de motivar ainda mais a continuidade do trabalho que vem sendo realizado. “Isso mostra o resultado de um bom trabalho, com vontade de ser feito. Somos uma gestão próxima ao povo, de portas abertas. Agora vamos acelerar mais nossa missão, que é multiplicar. Nossa meta é atingir todos os bairros do Pilar levando saúde e qualidade de vida a toda população pilarense”, afirmou. Durante sua gestão o prefeito implementou o reajuste fiscal para sobrar recursos para serem investidos na cidade. Na área de saúde três postos já foram reformados e um hospital reaberto. Renato Filho lembrou que esse tipo de investimento não era feito na cidade há mais de 20 anos, e que na farmácia do munícipio por exemplo, não falta mais medicamentos. “Temos contato direto com a população, discutimos problemas diariamente, as pessoas têm a quem reclamar”, finalizou o prefeito que tem como lema de sua gestão a prioridade de cuidar das pessoas e proporcionar melhorias para a cidade.


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Autônomos questionados

O

avanço constante das pesquisas sobre carros autônomos tem encantado os países do hemisfério norte, onde o alto poder aquisitivo dá margem a novas experiências que prometem um trânsito mais seguro e menos danoso ao meio ambiente. Esse cenário dá margem a pensar no melhor dos mundos, ou seja, soluções ousadas como compartilhamento de veículos e alta conectividade entre veículos e infraestrutura viária. Tudo altamente desejável, porém exige esforço financeiro imenso, longo planejamento, mudanças nas vias, reformulação dos códigos de trânsito e, acima de tudo, tempo, muito tempo. Prefeituras de capitais europeias já anunciaram planos de restrições severas, em alguns casos banimento, à circulação de automóveis sem mostrar como a mobi-

lidade rápida estará garantida. Anunciaram datas de implantação sem o menor compromisso com a viabilidade técnica e/ou econômica. Mas há vozes ponderadas também. O professor de Política Pública do King’s College London, Mark Kleinman, em artigo no site The Conversation deu o instigante título: “E se os veículos autônomos nos fizessem mais dependentes dos carros?” Para ele, “é provável que autônomos aumentem – em vez de diminuírem – o uso do carro, pois as pessoas sucumbem ao fascínio da conveniência, saem do transporte público ou fazem mais deslocamentos. Veículos autônomos podem estacionar fora dos centros urbanos, mas ainda precisam estacionar, além de fazerem viagens de retorno para coletar passageiros, acrescentando

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FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br carros vazios às estradas e aumentando congestionamentos.” E continua: “Há muitas perguntas sem respostas. Não está claro como veículos autônomos coexistirão com pedestres e ciclistas. Se estiverem programados para parar sempre que um destes entrar em seu caminho, haverá pressão para que automóveis sejam separados de pedestres e ciclistas. A visão das cidades em 2050 pode começar a parecer cada vez mais com a dos anos 1950. Carros futuristas dominariam o cenário, enquanto atividades de andar e pedalar ficariam relegadas a passarelas e

metrôs sombrios”. Kleinman termina seu artigo advertindo que prefeitos deveriam ser mais cuidadosos no planejamento e convivência com veículos autônomos. Afinal, precisariam saber antes se pedestres estariam dispostos a obedecer a uma política severa de jaywalk (termo em inglês para atravessar a rua sem observar regras de cruzamento). Evitar ao máximo a interferência entre meios de deslocamento com diferentes velocidades é o sonho de qualquer planejador urbano. Isso, por enquanto, está distante de solução prática e barata.

ALTA RODA n FCA pode viver tempos instáveis após a morte de Sergio Marchionne, presidente executivo do grupo ítalo -americano. Ele previa se aposentar em abril próximo, indicando seu sucessor, mas mantendo alto grau de influência pois continuaria acionista e ainda comandaria a Ferrari por mais três anos. Mike Manley, que hoje cuida de Jeep e Ram, é o novo líder. n MANLEY, um executivo inglês, terá muito desafios. A sua divisão, de longe, é a mais lucrativa e novas responsabilidades já tinham sido repassadas para ele por Marchionne. Este, por sua vez, sempre teve bons olhos para a filial brasileira e foi entusiasta da fábrica Jeep em Pernambuco. Isso não deve mudar, mas dependerá do dinamismo da nova administração. n ATUALIZAÇÃO de meia geração do Ford Ka (ano-modelo 2019) demonstra amadurecimento do projeto. Além de retoques estilísticos discretos, chamam atenção a estreia do motor tricilindro, 1,5 L/136 cv (etanol) e nova caixa de câmbio manual. Esta caixa surpreende pela exatidão dos engates e praticidade da ré sincronizada. n COMBINAÇÃO virtuosa no Ka é o novo câmbio automático de seis marchas, oferecido por razoáveis R$ 4.500, e o motor 1,5-L, um dos melhores de aspiração natural do mercado. Ganhou em silêncio a

bordo graças ao para-brisa acústico. Quadro de instrumentos merece, ainda, modernização. Bastante úteis as duas entradas USB de alta amperagem, iluminadas e bem localizadas. n VERSÃO inédita FreeStyle do Ka não exagera tanto nos penduricalhos de pseudo-SUV. Retrabalho nas suspensões é ponto alto do modelo, apesar do preço pouco atraente. Toda a linha recebeu reforços estruturais já esperados. A Ford afirma que preços foram mantidos. Vão de R$ 45.490 a R$ 70.990. n MOTOR turbo de quatro cilindros/2 L/300 cv é a principal novidade do Jaguar F-Type 2019. Desempenho muito

próximo ao V-6 ainda em produção (na realidade, V-8 com dois cilindros ocos) e por preço menor: R$ 339.929 (cupê) e 346.144 (conversível). Ronco do motor, particularmente instigante. Programação automática de ajustes dinâmicos é outro destaque. n BMW e EDP montaram um corredor elétrico (430 km) em seis postos Ipiranga, entre São Paulo e Rio, ao custo de R$ 1 milhão. Iniciativa tem seu simbolismo por estimular o carro elétrico. Mas é bom lembrar que, mesmo com carregador super-rápido, um i3 exige 25 minutos até atingir 80% da capacidade da bateria. Para 100%, leva cerca de uma hora.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Nem Jesus fez tantos milagres

E

sta já é a terceira vez que eu estou escrevendo sobre os “milagres” que são anunciados pelos “novos Jesus” que andam por aí, pintando o sete. Eu me refiro aos senhores Pelo que estou sabendo apóstolo Valdoe vendo pela televisão, miro Santiago, ao missionário R. R. muitos médicos estão desistindo da bonita pro- Soares, ao bispo Edir Macedo e a fissão, já que o Valdomi- outros “papa-diro Santiago ‘está curando nheiro” que se todo tipo de câncer, todo aproveitam do dítipo de cegueira e todo zimo falado pela Bíblia para fatutipo de paralisia’. rarem milhões de reais. A nossa Constituição diz que deve existir “liberdade de crença e de culto” e, por isso, a turma

dos milagreiros se aproveita disso, tornando-se brasileiros milionários, donos de programas de televisões, empregadores de milhares de funcionários, construtores de grande e luxuosos templos e donos dos melhores jatinhos. São figuras que conseguem manter auditórios e cultos cheios, além das arrecadações dos milhões dos dízimos. Jesus Cristo viveu durante 33 anos e só aos 30 anos é que começou sua evangelização, fazendo 35 milagres, como o da multiplicação dos pães, o das bodas em Caná da Galiléia, o do cego, o do leproso, etc, etc. Para os nossos milagreiros, isso é besteira, pois diariamente o nosso Valdomiro está fazendo milagres que nem mesmo Jesus fez em quantidade e em qualidade. O inte-

ressante é que tudo é feito à distância, sem que o milagreiro toque nas pessoas. Pelo que estou sabendo e vendo pela televisão, muitos médicos estão desistindo da bonita profissão, já que o Valdomiro Santiago “está curando todo tipo de câncer, todo tipo de cegueira e todo tipo de paralisia”. Os fabricantes de cadeiras de rodas estão falindo, bem como os fabricantes de óculos e de muletas. Alguns consultórios médicos vão ter que fechar suas portas, pois alguns pacientes do Valdomiro dizem que os médicos os desenganaram, inclusive mostrando radiografias e resultados dizendo que eles teriam poucos dias de vida. O missionário R. R. Soares às vezes perde para o Valdomiro, porque o missionário só cura dor de cabeça,

dor na coluna e enxaqueca. O interessante é que os conselhos de Medicina não se interessam em coibir o uso e o abuso da Medicina, quando desacreditando a ciência. Dá a entender que é verdade tudo que vemos nos espetáculos a céu aberto. Algo precisa ser feito para que fique provado tudo que vemos na televisão. Há casos de pessoas que deviam muito dinheiro e que, com a benção do Valdomiro, hoje são donos de três empresas, carros, fazenda e mais de mil empregados, isso em 3 anos. E pode? No Brasil, podeeeeeeeee!!! . Em tempo – O meu primo, empresário Germano Alves, é um dos leitores dos meus artigos no EXTRA. Agradeço ao primo pelo incentivo que ele me dá.


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ABCDO INTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Entre amigos

Imprensa amordaçada

A

pós um ano e sete meses de administração, o prefeito Rogério Teófilo decidiu “reforçar” a sua assessoria de comunicação e, em uma jogada de “mestre”, contratou o radialista Paulo Marcelo, do site de notícias 7segundos, que tem se destacado pelas críticas à gestão municipal. Paulo Marcelo também apresentava o programa Na Mira da Notícia, uma produção independente que tem à frente a direção do site e que é apresentado diariamente, das 18h às 19h, na Gazeta FM de Arapiraca.

Profissionais cooptados

Mas Paulo Marcelo, que se destacou por sua linha dura em relação ao governo de Rogério Teófilo, não foi o único profissional cooptado pela administração de Teófilo que, navegando em mares revoltos por conta de uma gestão pífia, decidiu investir pesado na mídia, numa tentativa clara de parar as críticas que a cada dia se avolumam diante da inércia do governo que continua capenga e repleto de denúncias que foram parar no Ministério Público de Arapiraca.

O “calote”

Dentre essas denúncias, uma ganhou grande repercussão e está nas mãos do promotor Rogério Paranhos. Trata-se de um suposto calote a uma equipe de auditoria, contratada para fazer uma verdadeira devassa nas contas dos ex-prefeito Luciano Barbosa e Célia Rocha, rivais políticos do prefeito Rogério Teófilo.

Ataques covardes

Em meio a esse intrincado dilema vivido pela incauta população arapiraquense, o prefeito colocou na sua linha de defesa um sujeito maquiavélico, que usa como arma uma tropa de choque paga pelo povo arapiraquense para atacar profissionais de comunicação ou cidadãos que se manifestem contrários à sua gestão. E assim prossegue a vida na sofrida Arapiraca, com o prefeito mais enrolado do que cordão em bolso de bêbado. É vida que segue.

“Capital” do nepotismo

Ao que parece, a pacata cidade de Olho d´Agua Grande está prestes a se transformar na “capital” do nepotismo do interior de Alagoas. E o mérito dessa grandeza vai para o prefeito Zé Adelson, que empregou parentes de primeiro, segundo e terceiro graus, segundo denunciou uma fonte que pediu anonimato com medo de represálias.

Outra grandeza do gestor é abastecer a frota de veículos, inclusive da Educação, na cidade de Campo Grande, que fica localizada a 15 quilômetros. Dois detalhes chamam atenção nessa contenda: Olho d´Água tem um posto de combustível; já o posto de Campo Grande pertence ao prefeito de Girau do Ponciano, David Barros, que nomeou para gerenciar o negócio o primo-vereador Jarbinhas. Pois é. Amizade é tudo, não é não?

Ouviu a comunidade

O parlamentar foi recepcionado por moradores e correligionários políticos a convite de amigos e lideranças. De acordo com Tarcizo, o objetivo das visitas é simplesmente ouvir a comunidade.

Políticas públicas

Durante as visitas, Freire participou de roda de conversa, tendo como pauta políticas públicas voltadas para a juventude e melhorias no atendiA propósito, diante de uma administração pífia, a oposição está se mento à saúde e educação. A população também unindo com a finalidade de apoiar o empresário conhecido como Bru- reivindicou geração de emprego e renda, um ponto no do Posto, irmão do ex-vereador de Lagoa da Canoa, Nenem, para bastante discutido. disputar a Prefeitura em 2020. Bruno já bateu o martelo e anunciou que topou a parada. Pelo jeito, muita água deve rolar na política de Olho d´Água Grande, “É necessário trabalhar na construção de uma uma cidade carente de tudo, inclusive de uma boa gestão para nova política em Alagoas. Para isso, procuro conprosperar. versar e ouvir os anseios dos alagoanos. Entre as inúmeras reivindicações, um dos maiores problemas é a falta de emprego; são milhares de jovens No último final de semana, os municípios de Olho d’água das Flores, desempregados em nosso estado”, falou Tarcizo. Coité do Nóia e Arapiraca receberam a visita do deputado estadual De acordo com o parlamentar o governo precisa Tarcizo Freire (PP), que esteve presente em diversos povoados para se comprometer ainda mais na busca de uma ouvir os anseios da população. solução.

Carente de tudo

Nova política

Diálogo permanente

PELO INTERIOR ... A propriedade do agricultor Fábio Ferreira, em Campo Alegre, recebeu na quarta-feira, 25, um Dia de Campo sobre a Diversificação de Culturas: alternativa viável para agricultura familiar. ... A propriedade tem uma área aproximada de 31 tarefas, e possui uma produção de culturas de maneira integrada, e a experiência foi apresentada para os participantes do evento. ... A propriedade foi escolhida pelo fato da diversificação das culturas, após ter deixado o cultivo da canade-açúcar e ter apostado em novas culturas. O proprietário cultiva a mandioca, feijão, amendoim, batata e abacaxi, entre outros produtos. ... “O local é um bom exemplo de que a diversificação de culturas pode gerar um bom rendimen-

to econômico para o agricultor familiar”, destacou o presidente da Emater, Elizeu Rêgo. ... Para o secretário da Agricultura, Antônio Santiago, o Dia de Campo promovido pela Emater é de grande importância, já que os produtores rurais têm a oportunidade de adquirir conhecimentos sem sair de sua região, com técnicas que vão ajudá-los em suas produções. ... O Dia de Campo é uma metodologia de evento em que os participantes visitam espaços chamados de estações, onde recebem informações sobre determinados temas. ... Na cidade de Teotônio Vilela, uma operação da Polícia Civil prendeu, na manhã de quarta-feira (25), um homem acusado de estuprar a enteada.

... Identificado como Antônio José da Silva Lins, ele era procurado pela Justiça do estado de São Paulo. ... Mais dois suspeitos, acusados por crimes de roubos de motos, também foram presos na mesma operação. Eles foram identificados como Leandro da Silva Santos, de 18 anos, e Luiz Carlos Farias da Silva, mais conhecido como “Bizunga”, de 23 anos. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, repleto de paz, saúde e prosperidade. Aos larápios engravatados que surrupiam dinheiro público, um aviso: o MP está de olho e as celas preparadas para recebê-los. É só uma questão de tempo. ... Até a próxima edição. Fui!!! E volto.


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MEIO AMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Protetor solar no Havaí

O

Havaí se tornou o primeiro lugar do mundo a banir a venda e a distribuição de protetor solar que contenha duas substâncias químicas nocivas aos recifes de coral - a oxibenzona e o metoxicinamato de octila. O governador do estado, David Ige, sancionou a lei no começo deste mês e afirmou: “Ao assinar essa medida hoje, nós nos tornamos os primeiros no mundo a estabelecer esse tipo de legislação dura a fim de proteger ativamente o nosso ecossistema marinho dos químicos tóxicos”. As duas substâncias químicas causam uma série de prejuízos, como a mortalidade de corais em desenvolvimento, o esbranquiçamento dos corais (um sinal de estresse) e danos genéticos. Empresas fabricantes de protetores afirmam que uma medida como esta compromete a saúde, a segurança e o bem-estar de milhões de moradores do Havaí e turistas pois é cientificamente comprovado que a exposição à radiação ultravioleta do sol causa câncer de pele. E usar o protetor solar é uma das formas mais efetivas de se proteger dessa radiação

Cadastro de animais

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que determina a criação do Cadastro Nacional de Animais Domésticos. Pela proposta, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão criar e manter, a partir dos órgãos responsáveis por meio ambiente, saúde pública e produção rural, o Cadastro dos Animais Domésticos sob sua jurisdição. De acordo com o autor do projeto, a criação do cadastro vem atender a diferentes demandas de diferentes setores da sociedade a exemplo de: animais abandonados poderão ter seus donos encontrados, caso sejam portadores de chip que os identifique. O controle de zoonoses será bastante mais eficaz, tendo como um de seus instrumentos o referido cadastro. Os dados poderão alimentar pesquisas científicas sobre as mais diversas áreas e a sociedade, que cada dia mais se preocupa com o bem estar animal, poderá exercer o controle social, detectando irregularidades ou incongruências das informações prestadas.

Sustentabilidade

O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) realizará em Alagoas dois cursos de “Sustentabilidade na Administração Pública - Região Nordeste”. O curso acontece nos dias 16 e 17 de outubro, em Maceió e nos dias 18 e 19 de outubro, em Arapiraca. O objetivo é promover a implementação de práticas de sustentabilidade, visando a proteção do meio ambiente e economia de recursos.

Morte de ambientalistas Animais marinhos

Um golfinho foi encontrado morto no último fim de semana na praia de Sonho Verde em Paripueira. De acordo com Instituto Chico Mendes, o animal teria encalhado e não resistiu. Ainda no mesmo fim de semana uma equipe do Biota esteve na orla da praia Ponta Verde para afastar banhistas que se aproximavam e tocavam em um peixe-boi que nadava próximo à areia. Segundo a coordenação de monitoramento do órgão, o animal corria o risco de encalhar já que os banhistas não deixavam o peixe-boi retornar para as águas mais profundas.

Poda em Rio Largo

A poda drástica em um canteiro central da cidade de Rio foi suspensa no Loteamento dos Eucaliptos. O resultado foi conquistado após a reclamação de moradores que entraram em contato com a Secretaria do Meio Ambiente preocupados com o excesso do corte. O órgão enviou um representante ao local, que pediu que o serviço fosse interrompido. Por meio da assessoria de comunicação, a prefeitura orientou que a poda fosse controlada, de forma a minimizar qualquer agressão ao meio ambiente.

O Brasil é, segundo a organização internacional Global Witness, o país com mais mortes de ambientalistas no mundo com 57 mortes, cerca de 28% do total. No ano anterior, haviam sido 49, pelo mesmo cálculo. Pelo menos 207 ativistas ambientais foram mortos em 2017, segundo levantamento divulgado pela ONG. Foi o ano com mais mortes desde que o estudo começou a ser feito, em 2002. A organização mapeia mortes de defensores do meio ambiente no mundo e observa aumento desses crimes em países em desenvolvimento que ainda mantêm porções significativas de recursos naturais. Os casos compilados são de líderes indígenas, ativistas comunitários e ambientalistas.


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30 ANOS DE ELEIÇÕES EM ALAGOAS

1996

CONTEXTO HISTÓRICO Na eleição municipal de 1996 tínhamos à frente do governo do Estado Divaldo Suruagy (PMDB) e do Município de Maceió, Ronaldo Lessa (PSB)

4) O ex-prefeito Pedro Vieira (PMN) foi o quarto colocado com uma votação de 20.416 votos (9,34%). Começou em primeiro lugar nas pesquisas e ao longo do processo foi 1) Kátia Born (PSB) foi a mais perdendo fôlego. Ainda vinculado à votada com uma votação de 70.271 imagem de Geraldo Bulhões, sem votos (32,15%) e seu vice foi Petrúcio grupo político, a polarização entre Bandeira (PSB). A excelente avaliação Kátia e Heloísa e o crescimento de do prefeito Ronaldo Lessa (PSB) e seu Cordeiro, fizeram a candidatura de empenho sobre-humano para fazer Pedro ir se desmontando ao longo da o seu sucessor, foram determinantes campanha. para a vitória de Kátia. 5) A ex-primeira dama de 2) A deputada estadual Heloísa Alagoas Denilma Bulhões (PFL) foi Helena (PT) foi a segunda colocada a quinta colocada com uma votação com uma votação de 63.548 votos de 13.056 votos (5,97%). Apesar de (29,08%) e seu vice foi Joaquim Brito ter sido candidata por um partido (PT). A excelente votação no primeiro grande, a sua grande rejeição nas turno de Heloísa Helena deve-se a pesquisas em virtude da sua imagem destacada atuação como vice-prefeita estar associada a seu ex-marido e da gestão de Ronaldo Lessa e atuação ex-governador Geraldo Bulhões e o combativa como deputada estadual. abandono das principais lideranças 3) O deputado federal Albérico do seu partido, determinaram o seu Cordeiro (PTB) foi o terceiro colocabaixo desempenho eleitoral. do com uma votação de 41.404 votos 6) O Cabo Luiz Pedro (PPB) foi (18,94%) e seu vice foi o ex-deputado o fenômeno eleitoral com uma votaestadual Dalton Dória (PMDB). O ção de 7.631 votos para a Câmara maior tempo no guia eleitoral, camMunicipal. Sua votação foi obtida na panha propositiva e sem ser criticado periferia da cidade, com a construpelos concorrentes, foram fatores que ção dos conjuntos residenciais sob levaram ao ótimo desempenho do regime de mutirão em que ele estava candidato Albérico Cordeiro. à frente. FATOS IMPORTANTES NO PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES DE 1996 EM MACEIÓ

MARCELO BASTOS

Analista político

FATOS IMPORTANTES NO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES DE 1996 EM MACEIÓ 1) No dia 12-11-1996 foi realizado um debate na TV Gazeta com as duas candidatas. A eleição estava tecnicamente empatada e esse debate foi de grande importância para o eleitor dirimir as suas dúvidas a respeito das propostas das candidatas. Kátia procurou, ao longo do debate, deter-se nas questões da cidade, mostrando que conhecia cada bairro e Heloísa centralizando nas questões nacionais. As provocações foram a tônica do debate e as propostas ficaram em segundo plano. 2) Na véspera do segundo turno, a casa da candidata Heloísa Helena (PT) foi atingida por tiros. Os tiros atingiram a parede externa da varanda e o madeirame de uma das janelas da casa, localizada na Gruta de Lourdes. A candidata Heloísa Helena e seus aliados denunciaram o episódio à polícia qualificando-o de atentado político, enquanto a candidata Kátia Born (PSB) e seu padrinho político, o prefeito Ronaldo Lessa (PSB), qualificaram o atentado como uma grande farsa com claros objetivos eleitorais.

3) Kátia Born (PSB) foi eleita com uma votação de 112.123 votos (50,98%). A grande gestão de Ronaldo Lessa e seu apoio incondicional a Kátia foi decisivo para a sua vitória, apesar de ter sido por apenas 4.347 votos (1,98%). 4) Heloísa Helena (PT) foi a segunda colocada com uma votação de 107.776 votos (49,01%). 5) A aliança partidária e empresarial que detinha o poder no estado, na ampla maioria, se definiu pela candidatura de Heloísa Helena. As razões foram pragmáticas: se Heloísa tivesse sido eleita, seria uma forma de neutralizar a força eleitoral de Ronaldo Lessa, já que o mesmo tinha pretensão de ser candidato ao governo do Estado em 1998.


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