Edição 984

Page 1

ELEIÇÕES 2018

SINUCA DE BICO

Thereza Collor repudia aliança do PSDB com PTC de Fernando Collor

Deputado Isnaldo Bulhões terá que optar entre trair Renan ou ter a mãe senadora

extra P/2

P/2

www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 984 - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

R 3,00

NOVELA DOS CARTÓRIOS

CONCURSO SERÁ COMANDADO POR DESEMBARGADOR DE SÃO PAULO

Magistrados de Alagoas estão impedidos dessa tarefa por terem parentes inscritos no certame

Lava Jato vai conter os ânimos do debate eleitoral em Alagoas

Senador Fernando Collor de Mello

Governador Renan FIlho

Senador Renan Calheiros

Senador Benedito de Lira

nCandidatos majoritários estão envolvidos no escândalo: “Ninguém pode falar de ninguém”, diz analista político Marcelo Bastos nCandidatura de Collor faz Renan Filho relembrar derrota do pai no pleito de 1990

P/ 5 , 8 E 9

P/ 16 E 17


2

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Briga de caciques

1

- A entrada do senador Fernando Collor na briga pelo go-verno do Estado livrou Alagoas do vexame de reeleger um governador por aclamação.

2

- A disputa é salutar, não apenas por fortalecer a demo-cracia, mas também para legitimar a vitória do vencedor. Ademais, em qualquer circunstância política, a participação de uma oposição ativa é um imperativo democrático.

3

- Mais ainda em Alagoas, cuja escassez de novos líderes ameaça transformar o estado em uma propriedade particular do governador de plantão, seja ele quem for.

4

- E aqui não se trata de definir se Fernando Collor é melhor que Renan Filho, dado que essa tarefa é um direito constitucional do eleitor, cuja escolha será feita nas urnas.

5

- A participação de Collor, além de proporcionar ao alagoano a opção de escolher o que achar melhor, contribuirá também para reduzir o índice de inadimplência eleitoral, que já se aproxima dos 50% em todo o País.

6

- Por fim, quando o tema é sucessão, o melhor para todos é que as duas principais lideranças que restaram em Alagoas estejam em lados opostos. Unidos podem não dar bons resultados e a conta é sempre paga pelo povo.

Bancada governista

Antes de Collor entrar na disputa eleitoral, o governo falava em fazer até 8 dos 9 deputados da bancada alagoana na Câmara Federal. Com elle na briga, os cálculos foram refeitos e agora a previsão caiu à metade. Fará 5, no máximo. Dos 15 candidatos governistas os mais cotados para ir para Brasília são Marx Beltrão, Sérgio Toledo, Isnaldo Bulhões, Carimbão, Ronaldo Lessa e Nivaldo Albuquerque. Assim nessa ordem. Os demais, Rosinha ex-Adefal, Regis Cavalcante, Marcelo Tadeu, Emanuel Fortes, Paulão do PT, Val Amélio, Olívia Tenório, Kívia, Jullyene Lins, Paulinho do Solidariedade e Álvaro Vasconcelos, vão disputar a sobra de votos.

Musa do impeachment

“É muito triste para mim, que cortei da própria carne para combater esquemas nefastos para o Brasil, ver meu partido se aliar a esta candidatura ao governo de Alagoas”. Thereza Collor sobre a aliança entre o PSDB de Alckmin e o PTC de Collor.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Frase da semana “O Brasil herdou a indolência do índio e a malandragem do negro”. General Mourão, vice de Bolsonaro

Hipocrisia nacional

A maioria dos brasileiros deve concordar com o general Mourão sobre a índole nacional, mas ninguém ousa falar isso em público. Nesses tempos do insuportável “politicamente correto”, qualquer bobagem dita se transforma em processo por danos morais. Mas o milico entende de sociologia e está certo.

Dívida da morte

O advogado Sinval José Alves, acusado de mandar matar o sócio, o também advogado José Fernando Cabral de Lima, praticamente já foi condenado por antecipação. Mas até agora não se conhece a origem do móvel do crime, que seria uma dívida de R$ 600 mil que o réu teria com a vítima. Esta é a conclusão do inquérito policial que aponta Sinval Alves como mentor do bárbaro assassinato do sócio. Mas o réu diz que é inocente, mesmo não tendo, até agora, apresentado fatos que avalizem a sua defesa. Para esclarecer essas dúvidas, a polícia judiciária precisa investigar a origem da dívida que teria motivado a execução do advogado e quem teria se beneficiado do crime. A pressa com que o inquérito está sendo conduzido também levanta suspeita de que interesses externos estariam influenciando a condução do processo.

Cidade inchada

Rio Largo tem, oficialmente, 75 mil habitantes, mas estima-se que sua população atual passe de 200 mil considerando os grandes conjuntos habitacionais surgidos nos últimos 10 anos. Segundo o prefeito Gilberto Gonçalves, esta situação gera graves prejuízos para o município que não tem como bancar as demandas sociais de sua população, sobretudo nas áreas de saúde e educação. Como os repasses de verbas federais são atrelados ao número de habitantes, o prefeito irá discutir com o IBGE um possível recenseamento demográfico do município antes de 2020, data do próximo censo nacional.

Não Podemos

A direção nacional do Podemos vetou a participação do new latifundiário Rafael Tenório no chapão do MDB como primeiro suplente do senador Renan Calheiros. Mais do que votos – que Rafael certamente não os tem – Renan perdeu o homem da mala preta.

O deputado Isnaldo Bulhões Filho (MDB) está numa sinuca de bico nessa eleição. Terá de se definir entre apoiar Renan Filho ou Fernando Collor. Se pedir voto para Collor e o candidato vencer, a mãe de Isnaldinho - Renilde Bulhões - ganhará um mandato de 4 anos no Senado, como primeira suplente de Collor. Aliás, ao bancar a candidatura de Isnaldo Bulhões à Câmara Federal, Renan Filho tenta com isso inviabilizar o apoio dos Bulhões ao filho de Collor Fernando James - que também disputará uma vaga de deputado federal. A propósito, Collor não ficou nada satisfeito com a presença de Renilde Bulhões na convenção do MDB ao lado de Renan Filho.

Sem tédio

A única certeza que se tem nesse ano eleitoral em Alagoas é que o eleitorado não será entediado por um pleito apático, sem disputa e de resultado previsível. O espetáculo eleitoreiro será protagonizado por Collor e Renan Filho, os dois principais concorrentes ao governo do Estado.

Decisão

A Primeira Turma do STJ decidiu que são imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público movidas por ex-presos políticos perseguidos pelo regime militar.

Alô, mamãe!

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA

IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 AGOSTO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

A Globo e a ética no jornalismo Vitória - O monopólio da comunicação no Brasil, dominado por uma igreja evangélica e por três famílias - Marinho, Mesquita e Frias – é responsável pelo afunilamento do mercado de trabalho dos jornalistas nas últimas décadas. E para piorar a situação, o mundo globalizado e a era digital contribuem hoje decisivamente para encurtar o tempo de sobrevivência da imprensa escrita, provocando a demissão em massa de jornalistas e submetendo boa parte deles à politica editorial dos seus patrões, amordaçando-os de forma a aprisionar suas atitudes e opiniões. Infelizmente foi o que podemos constatar no debate dos presidenciáveis da GloboNews, que culminou com o vexame da jornalista Miriam Leitão obrigada, pela direção da empresa, a ler, com um ponto no ouvido, como um ventríloquo, um editorial que respondia à pergunta maliciosa de Bolsonaro sobre se o Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, era um ditador ou um democrata por ter apoiado a ditadura militar. Via-se claramente na tela uma jornalista constrangida quando repetia as palavras ditadas ao seu ouvido pelo chefe para responder a Bolsonaro. Percebia-se seu incômodo ao ser obrigada a explicar o inexplicável ao telespectador, pois é sabido de todos que o jornalista Roberto Marinho pôs a sua organização a serviço da ditadura militar e resistiu ao movimento das Diretas Já que pedia eleições livres no Brasil. Não sabemos até que ponto, nós, jornalistas, devemos nos submeter à política editorial dos donos da mídia. Fica difícil julgar onde começa e termina a ética da profissão, quando sabemos que a categoria perdeu a sua legítima representação de classe com seus sindicatos, federação e associações – e até mesmo jornalistas - envolvidos ideologicamente com partidos políticos. Parece-me, muito, que a ética começa a morrer com o tempo de casa do profissional na empresa, quando ele assimila e defende os propósitos do próprio patrão com receio de ficar fora do mercado de trabalho. A Miriam Leitão está sendo criticada por colegas e telespectadores pelo fato de transmitir a Bolsonaro a posição da Organização Globo como se estivesse numa escola repetindo as primeiras lições da sua professora primária. Em alguns momentos a defendi aqui neste espaço por calúnias atiradas contra ela por jornalistas e críticos petistas, que a todo momento tentam apedrejá-la por suas posições anti-PT. Profissional competente e íntegra, dessa vez Miriam pisou na bola ao se submeter à truculência do seu chefe, que poderia ter exibido a resposta oficial da emissora em caracteres na tela depois que ela finalizasse o programa. Certamente a pouparia do vexame de contestar a provocação de Bolsonaro como marionete de um programa em que até então ela comandava.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Desleal

Muitas das críticas à jornalista na internet são pesadas. Mas uma delas, a do jornalista William Waack, é inoportuna. Diria até desleal contra a sua ex-colega de emissora. William, como todos sabem, também foi vítima da truculência da Globo ao ser demitido sob acusação de racismo. Deixou a TV depois de fazer um acordo de R$ 3 milhões para não sair atirando, uma espécie de cala boca que o silencia até hoje de falar sobre os reais motivos do seu afastamento. Pois bem, o próprio William, escorraçado pelo sistema global até bem pouco tempo, disse no seu blog que não está submetido ao ponto – uma espécie de receptor que fica grudado à orelha do apresentador para orientá-lo durante o programa – quando fala ou escreve atualmente.

Fidelidade

William quis ironizar a Miriam Leitão, diminui-la profissionalmente, expor a jornalista como se ela não tivesse autonomia para responder ao seu entrevistado. Ora, essa crítica vem de onde menos se espera. O jornalista esquece os seus 21 anos dedicados com exclusividade às Organizações Globo, submetido, como tantos outros profissionais, aos editoriais do grupo que lia com frequência com ponto ou sem ponto quando a emissora queria defender os seus interesses. Portanto, quando ele aponta o estilingue em direção à ex-colega, no fundo quer responsabilizá-la por uma iniciativa que não foi dela, mas dos patrões que William serviu com fidelidade canina até ser demitido.

Bagunça

Quanto aos debates com os candidatos, infelizmente o que se viu foi um amontoado de jornalistas se atropelando pela melhor posição na foto. Na verdade, o que seria uma série de entrevistas com os presidenciáveis virou um interrogatório policialesco do “salve-se quem puder”, uma coisa tosca em que o entrevistador queria ser mais importante do que o entrevistado. Um modelo que, francamente, não deu certo, pois, no final de tudo, ficamos sem saber o que a maioria dos candidatos pensa sobre o Brasil e quais são as suas propostas para um país melhor. Em compensação, resta-nos o consolo de saber como pensa cada um dos jornalistas do grupo que entrevistou os candidatos. Desinteressante para o telespectador, diga-se.

Mercado

O mercado jornalístico está cada vez mais em queda. Esta semana mesmo, a Editora Abril fechou dezenas de revistas técnicas e demitiu centenas de jornalistas. A tendência é de que jornais e revistas continuem fechando, depois que as notícias impressas começaram a perder espaço para a mídia digital que divulga os fatos em tempo real, enquanto os periódicos publicam fatos com um dia de atraso e as revistas até uma semana depois.

É o fim

Aos poucos os jornais e as revistas vão desaparecendo por falta de leitores que migraram para as redes sociais e usam os celulares para se manterem ligados com o mundo. Além de receberem as informações, as redes sociais ainda servem seus usuários com imagens de vídeos e fotos. Dessa forma, as notícias dos jornais ficaram velhas, pois elas já chegam aos seus leitores como informações do dia anterior.

Decadência

Constata-se também as redações dos jornais vazias de jornalistas, pois a maioria passou a trabalhar com a rede social, onde estão os fatos em tempo real. Centenas de jornais no Brasil e no exterior fecharam suas portas, milhares de jornalistas estão desempregados. Os que não procuraram diversificar o trabalho, usando a rede social como instrumento de trabalho, passaram a ter dificuldades de sobrevivência. Enquanto isso, as universidades continuam despejando centenas de jornalistas no mercado de trabalho anualmente, e muitos desses sequer chegam a conhecer uma redação de jornal, uma coisa a caminho de virar museu.

3


4

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

GABRIEL MOUSINHO

Renan x Collor

O

lançamento do nome do senador Fernando Collor para disputar o governo de Alagoas contra Renan Filho foi como um balde de água fria na situação, que tinha como certa uma reeleição tranquila, sem sobressaltos, depois que o prefeito Rui Palmeira desistiu de concorrer nas eleições. Collor chega polemizando, denunciando, fazendo campanha como ele mais gosta: ir para o embate com seus adversários. Renan Filho também não fica atrás e, durante a Convenção do MDB, bateu forte no presidente Michel Temer e nos governos que lhes antecederam em Alagoas, incluindo aí o seu coordenador de campanha, Ronaldo Lessa. O tom da campanha, até o seu final, ainda terá muitos lances curiosos e o clima do já ganhou do grupo palaciano transformou-se em dúvidas reais. Afinal, o adversário dos Renans conhece como ninguém as nuances da política alagoana e é bom de briga.

Velocidade

Demorou pouco o governador Renan Filho adotar medidas para evitar a desativação do programa do leite em Alagoas. Bastou uma crítica pesada feita pelo senador Fernando Collor durante a Convenção dos Progressistas para que o governo acordasse. Collor também bateu forte na apreensão de milhares de motos “cinquentinha” pelo governo, um instrumento de trabalho para os mais necessitados.

Carne e unha

O ex-governador Téo Vilela fez de tudo até a madrugada de domingo para melar a aliança entre os Progressistas, Fernando Collor, através do PTC, e o seu PSDB que tem como presidente regional o prefeito Rui Palmeira. Nessa mesma madrugada Téo fez um contato com Renan afirmando que havia conseguido tirar Rodrigo Cunha de candidato ao governo e disputar o Senado. Parece que a emenda foi pior do que o soneto. Entrou Fernando Collor na parada.

Nos ares

O deputado Maurício Quintella, candidato ao Senado, já aderiu à fase de utilização de helicóptero para seus contatos políticos no interior. Quase sempre pegam carona na aeronave o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho.

Alguém dança

Constrangimento

Na Convenção do MDB muitos aliados da família Calheiros ficaram constrangidos com os discursos fortes dirigidos ao presidente Michel Temer. Primeiro porque, ao seu lado, estavam os ex-ministros dos Transportes, Maurício Quintella, e Marx Beltrão, do Turismo, que tentam vaga ao Senado e na Câmara dos Deputados. Segundo, o ex-governador e deputado federal Ronaldo Lessa, que embora coordenador da campanha da coligação de Renan Filho, se viu também alvo da ferocidade do governador que disse ter sido o seu governo o mais decente dos últimos anos, o que deixou dúvidas sobre as outras administrações, inclusive do próprio Lessa.

gabrielmousinho@bol.com.br

O governador Renan Filho criou um conselho para coordenar as ações de campanha que será composto por Cristhian Teixeira, Fabrício Marques, Hélder Lima, Dudu Brasil e Rafael Brito. Eles sairão de cargos no governo, mas a questão é saber, depois, quem volta.

Saída lamentável

Declarado

Todo mundo já sabia, mas o ex-governador Teotonio Vilela fez questão de divulgar que não vota em Fernando Collor, como também não vota no senador Benedito de Lira. Os votos de Téo devem ser de Rodrigo Cunha, Renan Filho e Renan pai.

Moeda de troca

O ex-secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, que já previa uma mudança nos seus planos políticos, foi trocado na suplência do senador Renan Calheiros. Estranho que Farias esteja ao lado dessas composições.

Seguindo Collor

Na quinta-feira da semana passada o senador Fernando Collor, como faz comumente, publicou nas suas páginas no Facebook uma foto abraçando pessoas do povo. Pouco tempo depois o governador Renan Filho fez o mesmo no seu perfil. Está imitando bem, o governador.

Racha

Entre os conselheiros da OAB, vários já decidiram marchar agora com a oposição. Não estão satisfeitos com os rumos que a entidade tomou nos últimos anos. Eles defendem uma maior atuação da OAB em defesa das prerrogativas dos profissionais que se sentem cada vez mais abandonados.

Parada dura

As denúncias do deputado Dudu Hollanda contra o prefeito de Marimbondo, Leopoldo Pedrosa, são de uma gravidade inimaginável. Os menores adjetivos soltados pelo deputado foram de ladrão de gado, assassino e estelionatário.

A corrida é grande

Quem não tiver bala na agulha é bom não se meter a disputar um cargo de deputado federal. A briga é grande e muitos candidatos tidos como importantes irão perder as eleições. É preciso muito dinheiro nesta campanha, dizem alguns, que pensam seriamente em abandonar as candidaturas.

A desistência de Eduardo Tavares de concorrer à Câmara dos Deputados mostra como a atual legislação eleitoral é cruel. Alagoas perde, assim, um homem comprometido com a decência, com o trabalho e a honradez. Mas ainda chegará s sua vez.

Previsão

Disputa na OAB

Menino bom

Pelos cálculos feitos pelos candidatos e pelo trabalho realizado ao longo dos anos, o deputado Arthur Lira deverá ser o campeão de votos nessas eleições. Lira, que lidera uma das maiores bancadas na Câmara dos Deputados, foi um dos que mais trabalhou em benefício dos municípios alagoanos nas áreas de infraestrutura, habitação e saúde.

O Movimento Sou Advogado deve lançar em breve uma chapa para disputar a presidência da OAB em novembro próximo. Pela oposição se sobressaem os nomes de Marcelo Brabo, Fernando Falcão e Cacá Gouveia. Pela situação, a atual presidente Marinela pode disputar a reeleição.

O deputado Marx Beltrão tem demonstrado ser um político de muito bom coração. Depois de ser preterido pelos Calheiros, aliou-se ao governo, desistiu de disputar o Senado e agora abriu os braços para apoiar Maurício Quintella, o mesmo que tomou seu lugar na chapa majoritária. Como isso em política é incompreensível, bem que Marx merece um troféu de bom moço no final do ano.

Reação

Depois de muito espernear, o senador Renan Calheiros ficou decepcionado com o resultado em que Henrique Meirelles foi escolhido candidato à presidência da República pelo MDB. Os “pigmeus”, como definiu o presidente Michel Temer, tiveram apenas 62 dos 419 votos obtidos por Meirelles.

O processo contra cerca de quarenta advogados patrocinados pela atual direção da OAB logo após as eleições, há três anos, que restou não dando em nada, tem provocado a reação de centenas de profissionais que querem e desejam mudar a direção da entidade. Campanha é uma coisa, perseguição é outra, afirmam advogados que se sentiram injustiçados e perseguidos.

Fiasco

O palácio tremeu

Mesmo que não queira passar recibo, o Palácio dos Martírios tremeu quando foi anunciada a candidatura de Fernando Collor ao governo de Alagoas. Os calheiristas sabem que o osso é duro de roer e Collor sabe como ninguém tocar uma campanha política.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

5

Candidatos devem ignorar Lava Jato em debates

TODOS ENVOLVIDOS PROFESSOR MARCELO BASTOS DIZ QUE POLÍTICOS VÃO SE COMPORTAR DEVIDO AO “TETO DE VIDRO” DE CADA UM

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

A

s eleições de outubro podem abrir brechas para fatos inéditos na política de Alagoas. Caso o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho, ambos do MDB, sejam reeleitos, os dois poderão se encontrar no Senado em 2023. Filho administraria Alagoas e, no último ano de governo, se candidataria e se elegeria senador ocupando vaga de Fernando Collor (PTC). Renan Calheiros já estaria lá com mais quatro anos de mandato pela frente. Pai e filho fariam parte da bancada alagoana composta por três integrantes no Senado Federal. Essa possibilidade foi levantada pelo professor e analista político Marcelo Bastos. Mas, nesse caso, quem estaria ao lado dos Calheiros em Brasília: Benedito de Lira (PP), Maurício Quintella (PR) ou Rodrigo Cunha (PSDB)? Para Bastos, a disputa ao Senado, em Alagoas está bem equilibrada e cada candidato tem seus pontos fortes e fracos. Lira, por exemplo, não

representaria “o novo” tão procurado por diversos eleitores, mas tem experiência e influência. Quintella seria o mais fraco dos três, mas o fato de estar ao lado dos Calheiros pode render uma boa votação por tabela. Já Cunha, conhecido pela sua postura séria e contra a corrupção, pode perder votos já que faz parte do chapão do senador e ex-presidente impeachmado Fernando Collor. “A candidatura de Collor prejudicou Cunha que sempre levantou a bandeira da honestidade. Ele já disse que fará campanha por si próprio, mas não tem como não o associar a Collor já que estão na mesma coligação. A minha dica para Cunha seria para assumir o jogo que ganharia muito mais. E ao contrário de Cunha, Collor como candidato a governador vai ajudar Benedito de Lira que, até então, estava sem um palanque forte para fazer campanha. Mas acredito que Cunha tem muitas chances de ser eleito junto a Renan Calheiros em outubro”, analisou Bastos sobre a possível dobradinha de RCs (Renan Calheiros e Rodrigo Cunha). Sobre a candidatura de Collor, o analista político disse não ter ficado surpreso. “Diferentemente de Renan Calheiros, Fernando Collor não tem medo de perder nas urnas. Sem falar que o senador não tem nada a perder porque ainda tem mais quatro anos no Senado. Já Calheiros só entra em eleição na qual se sente confortável, nem que seja para derrubar todas as outras peças do xadrez para que isso aconteça. Se Ronaldo Lessa, Téo Vilela e Alfredo Gaspar fossem candidatos ao Senado, com certeza ele tentaria para deputado federal.

NACIONAL

O

Analista político Marcelo Bastos manda recado para Rodrigo Cunha

Calheiros recuaria tranquilamente só para garantir a imunidade parlamentar que tanto precisa”, disse. Também faria parte da estratégia de Collor sentir seu poder em comparação ao filho de Renan Calheiros, uma vez que provavelmente Renanzinho será seu oponente nas próximas eleições ao Senado. Quanto ao governo do Estado, Rui Palmeira entraria em jogo. “Nesse pleito, com a coligação que Collor fez, ele terá quase o mesmo tempo de propaganda que Renan Filho. Os dois terão um tempo significativo, apesar de que a propaganda política na televisão não tem a mesma influência que teve no passado. Li um

estudo que hoje apenas 30% dos eleitores são influenciados pelo guia eleitoral. O fator redes sociais será muito importante. E o candidato terá que saber trabalhar com isso. O governador, por exemplo, fez uso dessas ferramentas nos últimos quatro anos”, destacou. E será que os candidatos a governo de Estado e ao Senado vão partir para baixaria este ano? Segundo Marcelo Bastos, a “guerra” será mais diplomática devido ao “teto de vidro” chamado Lava-Jato. Collor já foi citado por delatores, assim como Benedito de Lira, Renan Filho e Renan Calheiros. “Ninguém vai querer tocar nesse assunto”.

analista político Marcelo Bastos também traçou um panorama sobre as eleições presidenciais em dois cenários distintos: com Lula e sem o petista. Conforme Bastos, o ex-presidente Lula teria chances o suficiente para levar um oponente ao segundo turno encarando Geraldo Alckmin (PSDB) ou Jair Bolsonaro (PSC). Quanto a Marina Silva (Rede), Bastos acredita que ela murche durante a campanha perdendo eleitores. Já Ciro Gomes (PDT), para o analista, tem uma candidatura fraca, ainda mais agora sem nenhuma grande aliança firmada. Se Lula não estiver no páreo, Bolsonaro conseguiria levar Alckmin para o segundo turno com grandes possibilidades de vitória. “O que pesa contra Bolsonaro é o tempo no guia eleitoral que é de sete segundos, mas ele é muito forte nas redes sociais. E ele conseguiu se sair bem nas duas sabatinas recentes na TV Cultura e na GloboNews. Tentaram destruí-lo, mas ele conseguiu se esquivar dos jornalistas. É o antipolítico, tem uma postura bem semelhante a Collor quando ganhou para presidente”.


6

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Ex-prefeitas têm contas rejeitadas

FICHAS-SUJAS MESMO INELEGÍVEIS PELO TCE, ÂNGELA GARROTE E EUDÓCIA CALDAS SE MANTÊM CANDIDATAS

SOFIA SEPRENY

U

ma é candidata a deputada estadual; a outra suplente de um candidato ao Senado. Ambas não tem em comum apenas a ex-gestão de municípios alagoanos e a recorrente aparição no noticiário político-policial no estado: as duas são fichas-sujas declaradas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ângela Garrote, ex-prefeita do município de Estrela de Alagoas, teve seu nome divulgado em uma lista de candidatos com contas reprovadas pelo TCE, tornando-se assim inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Ela foi condenada pela falta de prestação de contas quando gestora, no exercício de 2005 (processo n° 4431/2006). Durante seu mandato, foi afastada da prefeitura pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a denúncia feita ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em agosto

de 2005, ela foi acusada de abuso de poder econômico e divórcio forjado pelo candidato derrotado Francisco José Sobrinho. Na ação, ele alegou que ela disputou a sucessão do próprio marido, Antônio Garrote, que morreu no mesmo ano. A cidade de Estrela de Alagoas, um dos mais novos municípios do estado, com apenas 26 anos, é conhecida como o curral eleitoral da família Garrote, que está no poder há 22 anos. Em 1996 assumiu Antônio Garrote da Silva, falecido em 2005, que permaneceu no cargo até 2003 e passou o comando da prefeitura para a mulher, Ângela Garrote. Depois dela, assumiu o filho Arlindo Garrote, que está à frente da prefeitura. A família é frequentemente alvo de denúncias, mas sempre é eleita para os cargos que disputa. Em 2013, eles voltaram a ocupar as manchetes locais, quando Ângela, já ex-prefeita, foi presa a pedido do antigo Gecoc (Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas), do MPE, sob a acusação de integrar um esquema que desviou quase R$ 1 milhão dos cofres da prefeitura. No esquema também estariam envolvidos cinco ex-secretários, dentre eles o filho hoje prefeito, Arlindo, e que à época dos fatos investigados pelo MPE acumulava os cargos de secretário-geral de Governo e secretário de Administração e Finanças. Nas eleições de 2012, aliás, Arlindo – então candidato a prefeito – chegou a ser preso em flagrante no dia da votação por crime

Ãngela Garrote durante a convenção do PP, no último domingo

eleitoral. Ele permanece no poder de Estrela de Alagoas até hoje. Além dos escândalos de corrupção, Ângela foi acusada de ser a mandante do assassinato de José Roberto Rezende Duarte, em março de 1999. José na época teria denunciado supostas irregularidades que ela e o marido, prefeito à época de Estrela

de Alagoas, teriam cometido à frente da prefeitura. Ele foi assassinado com três tiros em Palmeira dos Índios. Garrote foi absolvida em 2017 por júri popular. Ângela é candidata a deputada estadual pelo Partido Progressista e garante sua candidatura nas eleições em 2018. De acordo com seu advogado, Luis Brabo “a lis-

ta em que o nome de Ângela aparece não é uma lista de candidatos inelegíveis, a lista é de gestores com contas reprovadas e outra infinidade de situações. Nem sequer fomos notificados ainda sobre esta decisão, mas entramos com um pedido na sexta-feira somente para fins de solicitar a cópia integral do processo pois só tínhamos conhecimento da decisão. E essa decisão não traz nenhum apontamento que gere inelegibilidade para ela”. O advogado afirmou ainda que essa espécie de inelegibilidade precisa ser por uma decisão, irrecorrível, que caracterize improbidade, e dolosa, e nenhum destes quatro pontos se verificam na situação de Ângela. “Este pronunciamento não tem caráter de decisão e sim de parecer prévio”. Já Eudócia Maria Holanda de Araújo Caldas, ex-prefeita de Ibateguara, mãe do deputado federal JHC, e esposa de João Caldas, foi citada na lista por três processos de improbidade administrativa quando gestora do município, celeiro eleitoral do marido (processo n° 3958/2008, 4573/2009 e 5656/2010). Ela deixou de entregar uma série de documentos solicitados durante sua gestão à frente da prefeitura e, de acordo com a assessoria do TCE, mesmo pagando as multas, os documentos não foram entregues, caracterizando abuso de poder econômico. Em um dos processos também foi caracterizadA a utilização de bens públicos durante campanha eleitoral e abertura de crédito suplementar sem prévia autorização legislativa.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Além da improbidade quando gestora, ela foi denunciada como funcionária fantasma da Assembleia Legislativa de Alagoas, quando seu filho, atual deputado federal e candidayo à reeleição, tentava candidatura como prefeito de Maceió. O advogado de Eudícia Caldas, João Lobo, diz no entanto que a candidatura está mantida e que o parecer do TCE é técnico e não a deixa automaticamente inelegível. “Essa lista significa que houve alguma decisão administrativa no Tribunal de Contas que ainda não foi sequer submetida a Câmara de Vereadores, o órgão competente para análise”. Lobo afirma, ainda, que a decisão do TCE não torna ninguém inelegível, diferente do TCU: “Eles enviam esse material a título de informa-

O QUE DIZ A LEI DA FICHA LIMPA

A

Família na política: Eudócia com o filho JHC e o marido João Caldas

ção para ser analisada. Em último caso, se a Câmara já tivesse julgado no mesmo sentido que o TCE poderia

trazer uma inelegibilidade. Mas diante disso, ela está completamente elegível”, finalizou o advogado.

Lei 135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, foi sancionada em 4 de junho de 2010 e impede e elegibilidade de quem foi condenado por abuso político e econômico, mesmo que anterior à lei. Quem se enquadrar nela está inelegível por oito anos – antes o prazo era de três anos. A Lei da Ficha Limpa foi aplicada pela primeira vez em 2012. Ela impede e elegibilidade de candidatos que tenham praticado crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública (como corrupção) e o patrimônio público. Além disso, contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais; contra o meio ambiente e a saúde pública, eleitorais e para os quais a lei preveja pena privativa de liberdade de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores; tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e crimes hediondos; trabalho escravo, contra a vida e a dignidade sexual praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

7


8

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Entrada de Collor tempera sopa de chuchu eleitoral

SUCESSÃO ESTADUAL DESAFIO DO SENADOR É DERROTAR A PRÓPRIA REJEIÇÃO

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

L

ançado ao Governo, o senador Fernando Collor (PTC) tem um desafio maior que enfrentar o governador Renan Filho (MDB): atrair o voto de confiança do eleitor de Maceió. Desde quando pôde concorrer às eleições no pós-impeachment - a primeira vez foi em 2000 à Prefeitura de São Paulo, mas teve o registro de candidatura cassado pelo TSE - Collor acumula os seguintes resultados: perdeu as eleições em 2002 ao Governo de Alagoas (disputou com Ronaldo Lessa, então governador); venceu em 2006 ao Senado; perdeu em 2010 ao governo alagoano (enfrentou o então governador Teotonio Vilela Filho); venceu em 2014 ao Senado. Em 2010, Collor chegou a liderar a disputa pelo voto, mas foi perdendo fôlego até encerrar em 3º lugar, fora do 2º turno, naquele ano polarizado entre Téo Vilela e Lessa. Colloridos apontam que o eleitor de Maceió tem grande resistência a Collor. O apelo popular do hoje senador é maior entre os menos alfabetizados e, portanto, mais miseráveis. E elle investe onde se acha em larga vantagem. Na última quarta-feira (8), em suas re-

des sociais, lembrou das casas construídas no Dique Estrada, quando era governador: “Collor construiu o Dique-Estrada, à beira da lagoa Mundaú, e urbanizou o acesso à Vila Brejal, beneficiando milhares de famílias moradoras”, estava escrito em postagem pendurada nas redes sociais. Collor ainda era governador de Alagoas em 1989 quando houve uma cheia na região. E optou-se pela construção das casas. Houve muitas críticas direcionadas ao então chefe do Executivo porque o poder público investiria em habitações numa região considerada inóspita. Mas o intuitivo Collor mediu o próprio taco. Estava ali a oportunidade de ajudar os descamisados que tanto falou ao longo de sua vida pública E os descamisados voltaram esta semana, em sua voz, após a convenção que transformou o senador em candidato ao Governo pela 3ª vez em Alagoas. No discurso, a extinção do Programa do Leite e os motoristas de cinquentinhas, que terão suas motos apreendidas em dezembro. “Quero ser a voz daqueles que desejam que Alagoas cresça na direção correta”, dizia Collor. “Queremos um estado sem a arrogância e a prepotência dos poderosos. Que as autoridades tenham a sensibilidade de perceber o sofrimento do seu povo e, diante disso, busquem saídas que resolvam os problemas enfrentados pela população”, lembrou Collor, ao incluir entre os descamisados os pés descalços. “Que os comerciantes, o empresariado e aquele cidadão que compra sua motocicleta também seja respeitado e não perseguido pelas autoridades. Todos estes são trabalhadores que saem de suas casas em busca do sustento diário. Que haja governantes que vejam nas casas de farinha um meio

Candidatura de Fernando Collor agita as eleições em Alagoas

de vida e não um obstáculo a ser perseguido e fechado por decisões autoritárias, deixando desempregados”, emplacou o candidato. REJEIÇÃO Porém, a realidade é mais desafiadora. Pesquisa do Ibrape - realizada entre os dias 18 e 22 de julho, antes das convenções - mostra que Collor liderava em rejeição na disputa ao Governo. Foram realizadas 2.000 entrevistas. A pesquisa está registrada no TSE com o número 09280/2018. Collor tinha 42% de rejeição no período das entrevistas. A candidatura dele, até então, ainda era uma possibilidade. Quando se perguntou ao eleitor em quem ele votaria nas eleições de outubro, a resposta foi: Renan Filho (51%), seguido de Collor (13%), Eduardo Canuto e Marcelo Palmeira (2%) e Josan Leite (um por cento). Basile Christopoulos não pontuou. Indecisos, branco e nulos somavam 30%. “Collor é um fenômeno das urnas, um homem de altos e baixos na vida pública, mas

é o candidato mais fácil de se concorrer e derrotar porque vai carregar, até a morte, sua própria cruz: um impeachment”, disse um calheirista ao EXTRA. “Collor é um homem incrível. Entra em uma eleição com disposição de apanhar e bater. E como ele apanha! E também revida!”, afirmou um dos colloridos. Mesmo com o altíssimo índice de desprezo do eleitor, Collor influencia bastante uma votação local. Tanto que Renan Filho, no lançamento do seu nome para a reeleição, disse que a disputa em Alagoas não seria uma “sopa de chuchu” algo sem gosto- e não existiria um WO nas urnas. Mas o senador enfrenta um inimigo bem maior dentro do seu grupo político. Apesar do PSDB apoiar seu nome, os tucanos - menos seu vice, o presidente da Câmara, Kelmann Vieira- evitam o selfie com Collor. A começar do presidente estadual do PSDB, Rui Palmeira, que não apareceu na convenção. Um dia depois, o presidente de honra da legenda em Alagoas, Teotonio Vilela Filho,

declarou não votar em Collor. Horas depois foi a vez da vereadora e candidata a deputada federal, Tereza Nelma, seguir o mesmo caminho: nada de fazer campanha para elle. “Desde o primeiro instante, manifestei minha posição contrária à aliança do PSDB com o PTC de Collor, sobretudo pela forma impositiva como ela ocorreu. Os meus correligionários sabem que não voto em Collor em nenhuma hipótese”, explicou Vilela, nas redes sociais. E pode ser bom (ou ruim), mas o PSDB - ao menos na capital alagoana - tropeçou e caiu em uma poça de lama que termina por afastar até os inimigos mais cordiais de um abraço dos afogados. O motivo: a era Rui Palmeira oferece a pior educação do Brasil nas escolas mantidas pelo município, segundo Índice dos Desafios da Gestão Municipal (IDGM) da Educação, desafios da Gestão Municipal 2018, da Macroplan. O estudo foi divulgado na quarta-feira (8). E a análise comparou os 100 maiores municípios brasileiros. Maceió está em último lugar. Este índice analisou 15 indicadores distribuídos em quatro áreas, chamadas de críticas pela consultoria: educação, saúde, segurança pública, saneamento e sustentabilidade. O IDGM Educação mais bem colocado no país é o da cidade de Piracicaba, em São Paulo (0,660); Maceió está com 0,345. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho da cidade. No IDGM Saúde, Maceió ocupa 87º lugar; em segurança, 85º; saneamento e sustentabilidade, 57º. Os resultados mostram os grandes e graves problemas na gestão de Rui. Será que não é uma escolha melhor a distância do ninho tucano?


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

9

Renan Filho mexe na ferida: a “traição” de Collor a Renan

O TEMPO NÃO PARA NAS ELEIÇÕES DE 1990 EM ALAGOAS TRÊS JUÍZES ELEITORAIS FORAM AFASTADOS POR FRAUDAREM VOTOS ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

entrada do senador Fernando Collor (PTC) na disputa ao Governo causou tanta indignação aos Calheiros que Renan Filho, ao lado do pai, na convenção do MDB, antes de chamar Collor de “traidor” e lançar uma saraivada de críticas ao seu opositor, mexeu em uma ferida que completa 28 anos. Renan Filho lembrou do episódio, chamando Collor para o acerto de contas: a derrota do pai na disputa ao Governo de Alagoas, em 1990. O governador disse que aquela eleição foi uma “homérica traição”. E “dois anos depois”, o “traidor saiu escorraçado da Presidência da República”. O “traidor”? Collor. Foi em 17 de novembro de 1990 que Renan Calheiros, então deputado federal pelo PRN e líder do Governo na Câmara, anunciou seu rompimento político com Fernando Collor, então presidente da República, que assumira o cargo oito meses antes: 15 de março. Motivo do rompimento: Collor não apoiou Renan na

disputa ao Governo de Alagoas, mas Geraldo Bulhões, casado com Denilma Bulhões, prima de Rosane Collor, primeira-dama e esposa do presidente. Renan escreveu uma carta de 35 linhas a Collor. Em um dos trechos, a ferida: “Entre tantos enganos, a minha maior decepção foi com a gravidade da omissão de Vossa Excelência diante da mais escandalosa fraude eleitoral da história política brasileira”. A “escandalosa fraude eleitoral” aconteceu em Alagoas: títulos de eleitor falsos, pessoas presas, cestas básicas e roupas distribuídas em troca de voto, o voto carbono, correligionários postos como presidente de mesa, proibição de boca de urna. O voto comprado custava Cr$ 10 mil (R$ 0,003 em valores atuais). O mercado da compra de votos era farto. Nesta época, a pobreza atingia 48 milhões de jovens no Brasil (o país tinha, na época, 58 milhões de jovens). Renan e Geraldo Bulhões trocavam xingamentos nas ruas: “desavergonhado”, “desequilibrado mental”, “enganador”, “dorminhoco desconhecido”. Uma eleição tão impressionante que, ao Jornal do Brasil, em 17/12/1990, o juiz Wilton Moreia da Silva desabafou: “Em 25 anos de Justiça Eleitoral, nunca vi nada parecido”. Três juízes foram afastados das funções, acusados de fraudarem votos. Na Gazeta de Alagoas, em editorial de primeira página publicado em 18/11/1990 (um dia após o anúncio do rompimento), estava na manchete “A marca da ingratidão”. A resposta não vinha do presidente, mas do seu jornal, acusando Renan de ser “um político furta-cor, uma espécie de camaleão que veste as cores que lhe interessam no momento”.

Collor e Renan em foto de dezembro de 1989, ainda comemorando a vitória do primeiro nas eleições presidenciais daquele ano

TURNO AGITADO O primeiro turno estava marcado para 3 de outubro, mas o resultado foi impugnado. Renan Calheiros apontava fraude em todas as urnas. A Justiça Eleitoral entendeu que sim, havia fraude, mas não em todas. O TSE anulou 55 mil votos, e determinou eleições suplementares em 117 urnas espalhadas na capital, mais duas em Flexeiras e todas em Jacaré dos Homens. Data da eleição suplementar: 16 de dezembro. Entre o primeiro turno anulado, em 3 de outubro, e as eleições suplementares de 16 de dezembro, Renan Calheiros passou de líder do Governo na Câmara dos Deputados a inimigo feroz de Collor, alimentando manchetes garrafais e diárias em todos os jornais, em ataques ao presidente. E Collor evitou o bate-boca nas páginas, apesar de bastante provocado por Renan Calheiros. Devolveu as críticas numa frase, escrita em uma camisa com a qual estava vestido, e que entrou para a história: “O tempo é o senhor da razão”. Renan dizia ter sido “vítima

da maior traição da história de Alagoas”. Mandando o recado ao Palácio do Planalto: “Alagoas sabe de onde vem a traição”. A traição vinha do gabinete de Collor, rifada pelo ex-tesoureiro da campanha presidencial, Paulo César Farias, pela primeira-dama, Rosane, e o governador Moacir Andrade, que era vice de Collor quando ele renunciou para disputar as eleições presidenciais. Logo ao romper com o presidente, Renan acusou 3 deputados federais alagoanos de gastarem, cada um, dez milhões de dólares para se elegerem em 3 de outubro de 1990: Augusto Farias, Luiz Dantas e Vitório Malta - todos aliados de Collor. Também atacava a política recessiva de Collor na área econômica e o arrocho salarial. “Eu aponto as contradições desse governo, que diz que o povo aprovou seu programa nas urnas. Ninguém aprovou nas urnas recessão, desemprego e arrocho salarial”. Ao mesmo tempo em que atirava contra o Collor e todo o Governo, torpedeava Geraldo Bulhões, o GB. Durante a conta-

gem dos votos (na época, a cédula era de papel), Denilma, mulher de GB, conhecida pelo pavio curto, acusou Renan de fraudar as eleições com o voto carbono. Calheiros pediu que ela provasse e o caso foi parar na Polícia Federal. GB, por sua vez, acusava o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de favorecer a eleição de Renan. Ele estava com hepatite e ficou a maior parte do tempo longe das ruas, tarefa assumida pela mulher Denilma. Em 17 de dezembro, a apuração do primeiro turno indicava o embate entre Bulhões e Renan, no 2º turno. Renan buscava nacionalizar a disputa. Objetivo era abater GB e derrotar Collor. “Vou reunir todas as minhas forças e a minha garra para enfrentar e derrotar os governos estadual e federal”, disse Renan ao Jornal do Brasil, em 18/12/1990. A estratégia duríssima não funcionou: Renan perdeu a eleição e sustenta, até hoje, que prevaleceu a fraude. Fraude que Renan Filho fez questão de relembrar, como uma carta na manga, a ser usada no guia eleitoral.


10

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

ELEIÇÕES 2018 Conheça os candidatos ao Governo do Estado e Senado Federal JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

F

Governo do Estado

im de mistério. Lançados os nomes dos candidatos para os cargos de governador e senador por Alagoas. O eleitor terá quatro opções de voto para Governo de Estado. Para o Senado Federal, a gama é maior: sete candidatos. Confira quem são eles. Basile Christopoulos (PSOL) – maceioense, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Também é professor da Faculdade Seune, em Maceió, e leciona na Universidade Federal da Paraíba. Tem 33 anos, o mais jovem entre os candidatos. A candidata a vice-governadora é cientista social Danúbia Barbosa, 37.

Fernando Collor (PTC) – Ex-presidente impeachmado, carioca e senador por Alagoas, Collor busca mais uma vez por um cargo no Executivo alagoano. É o mais velho da disputa com 68 anos. Cursou economia na Universidade de Brasília. Traz como vice o presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Kellmann Vieira.

Josan Leite (PSL) – engenheiro com especialização em administração de empresas. Nas eleições de 2016 tentou um cargo na Câmara Municipal da capital. O recifense tem 48 anos e foi líder estudantil. O partido ainda está por decidir o nome para vice-governador. O candidato a vice será o promotor Sérgio Eduardo Simões.

Renan Filho (MDB) – atual governador que busca a reeleição. Manterá o vice dos últimos quatro anos: Luciano Barbosa. Natural de Murici, interior do estado, tem 38 anos, é filho de Renan Calheiros, atual senador por Alagoas e ex-presidente do Senado Federal.

Senado Federal

Benedito de Lira (PP) – com 76 anos, Biu de Lira, como é conhecido, foi eleito pela primeira vez em 1966. Foi vereador de Junqueiro, cidade onde nasceu. É formado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Tenta a reeleição. Como suplente está a médica pediatra Lúcia Rafaele Cajueiro Teófilo.

Renan Calheiros (MDB) – formado em direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o senador tenta ficar mais oito anos em Brasília. Já foi presidente do Senado duas vezes. Em 1998, atuou como ministro da Justiça. Nasceu em Murici e tem 62 anos. Como suplente tem Rafael Tenório, empresário e presidente do time CSA.

Cícero Albuquerque (PSOL) – mestre em sociologia, doutor em ciência sociais e graduado em história. Leciona na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Tem 52 anos e é alagoano de Atalaia. O suplente é Felipe Vasconcellos Cavalcante, advogado e professor concursado do Instituto Federal de Alagoas (Ifal).

Flávio Moreno (PSC) – nascido na capital do Rio de Janeiro, é policial e formado em direito. Tem 43 anos. Preside o Sindicato dos Policiais Federais de Alagoas. Como suplente tem a médica Sarita Lígia Pessoa de Melo.

Osvaldo Maciel (PCB) – professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), doutor pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador da classe trabalhadora. Publicou pesquisa que apresenta novas versões da história do estado. Tem 45 anos e nasceu em Maceió. Seu suplente é o advogado Inaldo Valões.

Maurício Quintella (PR) – Nascido em Maceió, foi eleito vereador em 1996. Em 2000, o advogado ganhou novamente o cargo de vereador. Tem 47 anos. Atualmente, deputado federal, mas ficou afastado quase dois anos para assumir o Ministério dos Transportes. Como suplente está o empresário Luiz Romero Cavalcante Farias. Rodrigo Cunha (PSDB)

– advogado e ficou conhecido ao atuar pelos direitos do consumidor. É ex-superintendente do Procon em Alagoas. Tem 37 anos e filho da ex-deputada federal Ceci Cunha, executada pouco depois de assumir o mandato. Natural de Arapiraca. Foi o deputado estadual mais votado em 2014. Sua suplente é a Eudócia Caldas, mãe do deputado federal JHC.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

TCE/AL e AMA promovem seminário sobre Regime Próprio de Previdência Social

A presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, conselheira Rosa Albuquerque, e o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), prefeito Hugo Wanderley Caju, convocam os prefeitos dos municípios que possuem Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), os procuradores municipais, os gestores dos RPPS e os assessores técnicos para o 1º Seminário de Atualização em Atos de Pessoal – Módulo 1, que trata de atos concessivos, aposentadorias e pensões, no próximo dia 13 (segunda-feira), das 9 às 16 horas, no Auditório da AMA. O seminário será aberto às 9h30 com palestra do procurador Linaldo Freitas sobre “A competência dos Tribunais de Contas para o registro dos atos concessórios”. Às 11 horas a titular da Diretoria de Movimentação de Pessoal (Dimop), Marta Varallo Corte, do TCE/AL, abordará “O trâmite legal para homologação dos atos concessivos”. Na sequência, “Espécies de aposentadorias” será apresentado conjuntamente pelo procurador Linaldo Freitas e pela advogada Michele Araújo, especialista em Direito Público, Direito Previdenciário e auditora processual em RPPS. Os temas “O passo a passo de um processo concessivo” e “Compensação previdenciária – Noções gerais” terão como palestrante a advogada Michele Araújo. As inscrições podem ser feitas no site do TCE: www.tce.al.gov.br.

11


12

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Leopoldo Pedrosa e Severino do Chapéu denunciados por agressão

AGOSTO LILÁS LEI MARIA DA PENHA COMPLETA 12 ANOS E NÃO AMEDRONTA POLÍTICOS ALAGOANOS SOFIA SEPRENY s.sepeny@gmail.com

A

Lei Maria da Penha completou 12 anos na última terça-feira, 8, mas em Alagoas não há muito o que comemorar. Apesar dos avanços no combate a violência contra a mulher, a situação no estado ainda é alarmante. Fora os escandalosos casos envolvendo políticos, somente este ano já foram registrados, em seis meses e somente em Maceió, oito casos de tentativa de feminicídio - assassinatos motivados por ódio contra a mulher - e o registro de mais de 700 queixas. Leopoldo Pedrosa, prefeito da cidade de Maribondo, mais uma vez volta às manchetes nos jornais por outro escandaloso caso de agressão. Segundo o deputado estadual Dudu Hollanda (PSD), o prefeito sequestrou, torturou e espancou a ex-mulher Meiry Emmanuella de Oliveira Vasconcelos, atual namorada do parlamentar. Hollanda relatou o caso em uma postagem que viralizou nas redes sociais, apagada posteriormente De acordo com ele, o sequestro aconteceu na noite de sexta-feira (3), por volta das 23h, nas proximidades de um supermercado de Maceió. Emmanuella teria sido levada por dois homens encapuzados para um cativeiro em local desconhecido, onde permaneceu até a manhã da última segundafeira, 6. Leopoldo utiliza tornozeleira eletrônica desde 2017, quando foi acusado de agredir Emmanuela (então esposa) e a sogra. De acordo com o processo, Meiry Emanuella foi agredida de tal forma que chegou a desmaiar devido aos fortes golpes que levou, bem como sua mãe, Rosineide de Oliveira Vasconcelos, que só não foi agredida com um pedaço de

Leopoldo Pedrosa já foi preso por agredir a ex-esposa e ex-sogra, enquanto Severino do Chapéu foi denunciado pelos filhos

pau porque Jacyara de Oliveira Vasconcelos, irmã da vítima, conseguiu intervir. Como se não bastasse um político já envolvido em situações vexatórias como essa, esta semana o ex-vice-prefeito de Girau do Ponciano também foi denunciado por agressão. Severino Correia Cavalcante, popularmente conhecido como Severino do Chapéu, é alvo de inquérito policial que investiga a agressão a sua esposa, Cícera Correia César. Durante uma briga do casal, ele a teria agredido violentamente com um balde e depois a arrastado pelo chão. Os filhos do casal foram os autores da denúncia. Em decisão judicial assinada pelo juiz de Direito da Vara de Único Ofício de Girau do Ponciano, Allysson Jorge Lira de Amorim, foi determinado que Severino do Chapéu deve manter-se afastado da esposa por uma distância mínima de 300 metros, assim como não utilizar de quaisquer meios de comunicação para manter contato com a mesma.

Números da violência contra a mulher / Fonte: 38ª Promotoria de Justiça da Capital


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Lei Maria da Penha

N

o aniversário de 12 anos da Lei Maria da Penha, Alagoas se depara com dois casos próximos de políticos violentos. No âmbito nacional a data chega em meio a uma se-quência truculenta de feminicídios. Mas para a promotora de Justiça Maria José Alves, titular da 38ª Promotoria de Justiça da Capital, privativa para os feitos da Maria da Penha e violência doméstica, é possível perceber o avanço que a lei proporcionou na capital. “A gente caminhou, avançou um pouco mais, mas acho que todo operador do direito tem que se qualificar e se capacitar continuamente para trabalhar com essas questões. A prevenção é deixada de lado, e deveria ser um trabalho constante porque é preciso mudar postura e comportamento”. A Lei Maria da Penha

é considerada uma das três leis mais avançadas do País. Tem instrumentos e institutos tanto na esfera criminal quanto na esfera cível. “Esses instrumentos são importantes e capazes de fazer a diferença nessa sociedade tão litigante em que vivemos. Nossa sociedade hoje é de muita intolerância, violência”, comentou a promotora. Ela destaca ainda que as medidas protetivas conquistadas através da lei são importantíssimas. “Em 90% dos casos em Maceió tem alguma mudança positiva por conta da medida protetiva. Essa medida realmente faz a diferença na vida dessas mulheres, dessas vítimas de violência”. Maria José Alves cita os casos frequentes que chegam até sua mesa e ressalta que é importante lembrar que a Lei Maria da Penha veio para combater a violência de gênero, e que utilizar a lei para qualquer tipo de crime, como briga familiar, por exemplo,

Promotora de Justiça Maria José Alves enfatiza importância da denúncia

é trivializar ela: “Incidir a Maria da Penha em casos que não são de violência de gênero somente banaliza a lei. E ela esta aí para preencher uma lacuna que não era considerada antes. Pelo machismo e pelo sexismo da sociedade em que vivemos”. A promotora finalizou lembrando da importância da mídia nessas questões. “Não podemos só divulgar o lado obscuro da violência doméstica, da lei. Há de se divulgar também que uma mulher, por

exemplo vítima de violência doméstica, depois da aplicação da lei, da atuação da patrulha Maria da Penha, conseguiu trabalhar, voltar a estudar, criar seus filhos. Só divulgar o lado obscuro da lei não encoraja mulheres a lutarem e procurarem pelos seus direitos”, afirmou. Um caso que a chocou recentemente foi a de um estudante de apenas 7 anos que vivia entrando em confusões na escola. Quando chamado para conversar a respeito

13

destes fatos e ser informado que não poderia agredir as coleguinhas, afirmou que poderia sim, já que o pai batia na mãe dele todos os dias. Maceió conta com um programa de proteção, Patrulha Maria da Penha, que acompanha mulheres vítimas de violência doméstica garantindo um atendimento mais humanizado e possibilitando que a vítima denuncie o agressor com mais segurança. Como reforço, Maria José afirmou que em casos de abuso ou de violência, as denúncias podem e devem ser feitas através do número 180, que é a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Somente nos primeiros seis meses de 2018 a central recebeu 72.839 denúncias em ligações. Mas caso a situação seja de flagrante, ela reitera que a ligação deve ser feita através do 190. Lembrando: para ambos os números a ligação é confidencial e anônima.

Collor e Renan terão 10 confronto direto em 40 anos WADSONREGIS

D

e prefeito biônico a presidente da república. Este é Fernando Collor de Mello. De

presidente do Diretório Central dos EstudanNa disputa do estrategis- tes, na Univerta contra o camaleão só sidade Federal de Alagoas, a será possível conhecer o presidente do vencedor na apuração. Congresso Nacional. Este é Ao final, não tenha dúvi- Renan Calheida, um deles estará morto ros. Os dois polí(politicamente falando). ticos alagoanos expoentes É verdade que pode ter- mais há décadas teminar em empate, mas rão, nestas eleições, o primeiro aí seria uma tragédia confronto direfamiliar. to, após 40 anos de vida pública. Fernando Collor foi nomeado prefeito Biônico, aos 29 anos de

idade, pelo então governador Guilherme Palmeira, para o período de 1º de janeiro de 1979 a 31 de dezembro de 1982. Já Renan, começou a vida pública aos 23 anos, como deputado estadual, no período de 1º de fevereiro de 1979 a 1º de fevereiro de 1983. Perfis - Collor e Renan são os políticos alagoanos mais expressivos do século XXI. Pouca gente sabe, mas quem conhece assina embaixo: Elle é o grande estrategista político de Alagoas. Todos sabem e reconhecem: Renan é cerebral na leitura de cenário, adequando-se às mais diversas adversidades. Gato x Rato - Não é prudente apontar quem é quem. Mas todos sabem que Collor e Renan fazem uma dupla competitiva a Tom e Jerry, o Gato e Rato mais famo-

Jornalista profissional, formado pela Ufal e editor-geral do AL1

sos do mundo. O tão esperado confronto - 40 anos depois de iniciarem na vida pública, numa relação passional extremamente complicada, será a primeira vez que Fernando Collor e Renan Calheiros se enfrentarão diretamente. Como todo caso de drama passional, a relação entre os dois teve altos e baixos, com idas e vindas, cumplicidade e traições para prefeito, Governo do Estado e até no impeachment presidencial. Mas, como assim 40 anos, se Renan Filho só tem 38 de idade? Simples. Por enquanto RF é tão somente um governador com a gestão bem avaliada, na disputa pela reeleição. Enquanto vida

tiver e no exercício do mandato, qualquer um que enfrente o Filho estará confrontando o Renan pai. Em rede nacional – Os alagoanos podem guardar que teremos a eleição mais nacionalizada do país. Estarão em jogo muito mais que cargos políticos, porque para Collor e Renan, chegou a hora do acerto de contas. Na disputa do estrategista contra o camaleão só será possível conhecer o vencedor na apuração. Ao final, não tenha dúvida, um deles estará morto (politicamente falando). É verdade que pode terminar em empate, mas aí seria uma tragédia familiar.


14

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

15

Intervenção municipal não sai do papel

TRANSPORTE URBANO PRESIDENTE DA ARSER DIZ ESTAR NEGOCIANDO PLANO COM AS EMPRESAS

BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

U

m mês se passou e a intervenção parcial no transporte público municipal anunciada por meio de decreto pela Prefeitura de Maceió no dia 11 de julho e publicada no Diário Oficial do Município (DOM) ainda não saiu do papel. Com mais de um mês de atraso, tudo indica que esse processo demore um pouco mais de fato acontecer. Entre as exigências publicadas no documento, está a apresentação do Plano de Ação da Intervenção, a ser executado pelo diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação de Serviços Delegados (Arser), Ricardo Antônio de Barros Wanderley. O interventor teria 15 dias para apresentar seu plano, como exigido no decreto. “O Interventor deverá apresentar, no prazo de até 15(quinze) dias, ao Chefe do Executivo e órgão de Controle Externo, Plano de Ação da Intervenção”, diz o documento. Segundo Ricardo Antônio, estão sendo realizadas algumas reuniões com representantes das empresas Viação Cidade de Maceió Ltda, São Francisco Ltda, Auto Viação Veleiro Ltda e Real Transportes Urbanos Ltda para chegar a um acordo que não prejudique a população. “Estamos tendo algumas reuniões com re-

Empresas continuam mantendo os gaiolões em vários de seus veículos

presentantes das empresas para decidir qual seria a melhor forma de resolvermos esse impasse e decidir sobre como estes planos seriam elaborados a fim de não causar prejuízos aos usuários do transporte público”, informou Wanderley, por meio de sua assessoria. Além do plano de intervenção não ter sido apresentado oficialmente ao Poder Executivo, outros documentos que deveriam ter sido entregues pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) ao Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL) e Ministério Público de Contas (MPC-AL) há mais de 20 dias só foram entregues nesta última semana. De acordo com o Art 8º da sessão III do decreto assinado pelo prefeito Rui Palmeira, caberia à SMTT entregar em até 10 dias, após publicação no Diário, um levantamento atualizado das pendências financeiras das concessionárias. Essas pendências são relativas às obrigações expressas nos contratos de concessão firmados, em especial ao pagamento das outorgas e recolhimento de tributos inerentes à prestação dos serviços. Essa exigência também ainda não foi cumprida. Em maio, um levantamento realizado pelo EXTRA revelou

que Real, São Francisco, Veleiro e Cidade de Maceió deixaram de cumprir com a cláusula financeira relativa ao pagamento das outorgas dos contratos que somam R$ 3,4 bilhões. Desse montante, o débito das empresas junto à prefeitura chegava a quase R$ 21 milhões. Além das outorgas, deveria ser realizado o levantamento atualizado, no prazo de 10 dias, das pendências financeiras do Poder Concedente, relativas às obrigações decorrentes de benefícios conferidos pela legislação, em especial no que se refere os concedidos pela Lei Municipal nº. 4.635/1997, posteriormente alterada pela Lei Municipal nº. 6.384/2015 e Lei Municipal nº. 6.663/2017; e Parecer Técnico sobre o funcionamento do Sistema de Acompanhamento e Controle do Sistema de Bilhetagem Eletrônica. Em contato com a SMTT, foi confirmado que todos os documentos solicitados foram entregues na última terça-feira, 7. Ou seja, 17 dias após o prazo estipulado. “Quem está à frente dos contratos é a Arser e eles que devem responder como interventores; entregamos ao órgão interventor e agora só cabe a eles”, afirmou a SMTT por meio de sua assessoria.

Presidente da Arser, Ricardo Antônio de Barros Wanderley.

Outras pendências

A

lém da intervenção não sair do papel, as empresas teriam que adequar em até 30 dias as catracas de acordo com as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas, sobretudo a NBR 15570, e o item 38.5.9 da NBR 15570, que dispõe da possibilidade de instalar dispositivos que evitem a evasão de passageiros. Essa determinação foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 12 de julho. Porém, passado o prazo, os ônibus da capital continuam circulando livremente com os famosos gaiolões, a exemplo de veículos da linha 603 – Mirante – Vergel da empresa Cidade de Maceió e da linha 704 - Benedito Bentes Ponta Verde da Real Alagoas. Mesmo com todas essas exigências, no final das contas os usuários que pagam uma das passagens mais caras do Nordeste - R$ 3,65 - são obrigados a andar em veículos ultrapassados. Esta semana, MPC e o MPE solicitaram à SMTT informações atualizadas sobre o cronograma de adequação das frotas de ônibus que

circulam na capital, levando em consideração as exigências de idade média da frota e máxima dos veículos, que não vem sendo cumpridas pelas empresas concessionárias. A ação conjunta dos dois órgãos ministeriais é a continuação do trabalho de acompanhamento da execução dos contratos de concessão do serviço público de transporte coletivo urbano de Maceió. MPC e MPE cobram da SMTT a definição de uma data limite para que as empresas concessionárias que operam o serviço de transporte público em Maceió adequem-se aos termos do contrato firmado com a Prefeitura de Maceió, já que o cronograma de adequação apresentado na licitação pelas concessionárias não foi cumprido. E enquanto isto não acontece, é cada vez mais frequente se deparar com ônibus quebrados em meio ao trânsito da capital. Há uma semana, dois carros da Veleiro estavam quebrados no mesmo horário no ponto da Praça Centenário, sentido Centro-Tabuleiro. A empresa é a que mais veículos antigos possui, de acordo com levantamento feito pela própria Arser.


16

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Desembargador paulista comandará concurso de Alagoas

NOVELA DOS CARTÓRIOS DECISÃO É DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA APÓS IMPASSE COM TRIBUNAL DE JUSTIÇA VERA ALVES veralvess@gmail.com

E

m mais um capítulo de uma novela que se arrasta há quatro anos e quatro meses, o concurso público para preenchimento das vagas em 199 cartórios extrajudiciais de Alagoas ganhou novo personagem. Trata-se do desembargador paulista Marcelo Martins Berthe, nomeado pela Corregedoria Nacional de Justiça para presidir a comissão organizadora do certame depois que todos os desembargadores alagoanos alegaram não poder assumir a tarefa pois teriam familiares ou servidores de confiança entre os inscritos. Único estado da federação a nunca realizar concurso para os cartórios, Alagoas acabou se vendo em uma situação insólita, que rendeu comentários nada elogiosos por parte do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) onde desde 2014 tramita um Procedimento de Controle Administrativo (PCA) que já teve três diferentes relatores. O atual, Valdetário Andrade Monteiro, representante institucional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no colegiado, chegou a destacar que as “inúmeras decisões exaradas pelo colendo Conselho Nacional de Justiça jamais puderam supor no ineditismo do caso em análise”. “O Conselho Nacional de Justiça desde sua criação vem reiterando a necessidade do concurso público para ingresso nas serventias. Em junho de 2009, através da

Desembargador Marcelo Berthe comandará concurso alagoano

Resolução nº 80 editou regra na qual declarou ‘a vacância dos serviços notariais e de registro ocupados em desacordo com as normas constitucionais’. Em que pese todo o esforço do Conselho Nacional de Justiça para a realização de concurso público e da regra estabelecida no artigo § 3º, do artigo 236 da Constituição Federal – quase trintenária – que veda a ocupação de vacâncias das serventias sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses, inacreditavelmente, o Estado de Alagoas ainda não realizou qualquer concurso público para tal finalidade. Ora por meio de dezenas de impug-

Quem é Marcelo Berthe

M

arcelo Martins Berthe é graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1977), onde cursou Especialização em Direito Empresarial (1979) e Mestrado em Direito Político e Econômico (2005). É desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, integrando a 5ª Câmara de Direito Público e a 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente. É o coordenador da Área de Direito Notarial e Registral da Escola

nações, inclusive da Associação de Notários e Registradores locais, ora por meio de dificuldades inúmeras, culminando, neste momento na impensável declaração de suspeição e/ou impedimento de todos os Desembargadores do Tribunal de Justiça”. Foi com o despacho acima que Monteiro se viu obrigado a suspender em abril último o concurso que tinha provas definidas para o mês de maio. Suspensão esta que se deu três meses após o CNJ haver liberado a realização do certame, crente de que todos os empecilhos haviam sido transpostos. A suspensão ratificada pelo Pleno do conselho culminou com a decisão de transferir à Corregedoria Nacional de Justiça a indicação de um desembargador para presidir a Comis-

Paulista da Magistratura. Na magistratura, iniciou como juiz substituto em Itapetininga, passando pelas comarcas de Lorena e Porto Feliz, até chegar à Capital como juiz auxiliar. Foi nomeado juiz titular da 19ª Vara Criminal em 1999, e da 1ª Vara de Registros Públicos em 2006. Foi juiz auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça em três biênios, entre 1994 e 2000. Juiz assessor da Presidência do TJ-SP em 2008. Juiz auxiliar da Presidência do CNJ entre 2009 e 2012, período em que também atuou junto à Corregedoria Nacional de Justiça. Trabalhou na elaboração das Resoluções 80 e 81 do CNJ,

são do Concurso Público para Outorga de Delegações de Notas e Registros do Tribunal de Justiça de Alagoas. No despacho de 16 de julho último em que comunica a escolha do desembargador paulista Marcelo Berthe para a tarefa que nenhum dos 15 desembargadores alagoanos quis assumir, o corregedor Nacional de Justiça, João Otávio Noronha, lembra que o descumprimento das decisões da Corregedoria e da Meta 12 do CNJ - que versa sobre o cumprimento do artigo 236 da Constituição - acarretará a abertura de procedimento administrativo próprio, com intuito de apurar eventual responsabilidade dos agentes públicos envolvidos. Ou seja, o TJ corre o risco de ser responsabilizado pelo impasse.

que regulamentam os concursos públicos no país. Foi conselheiro da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo e representante da Corregedoria-Geral na Comissão de Custas e Emolumentos. Foi professor assistente do Mackenzie entre 2002 e 2008. Presidiu a comissão do 9º Concurso de Provas e Títulos para Outorga de Delegações de Notas e Registros do Estado de São Paulo. É membro titular da Academia Brasileira de Direito Registral Imobiliário e da Academia Notarial Brasileira. (Informações do Lattes atualizadas até março de 2018)


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

17

Supremo mantém teto salarial para os interinos

E

nquanto o concurso para provimento dos cartórios extrajudiciais se arrasta em Alagoas, uma outra guerra é travada nos bastidores pelos interinos que buscam a todo custo manter para si os altos rendimentos que algumas serventias proporcionam. Esta semana, o Diário da Justiça Eletrônico do Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe uma decisão da presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia, que pôs um balde água fria na pretensão de seis interinos, ao determinar que eles devem respeitar o teto de salários para o funcionalismo, que é de 90,25% do que percebem os ministros do STF. A questão foi julgada no bojo da Suspensão de Segurança (SS) 5241 requerida em julho deste ano pelo Estado de Alagoas. Em síntese, o Estado pediu e teve deferida liminarmente a suspensão de decisões do desembargador Washington Damasceno Freitas de setembro de 2015 nas quais acatou o pedido dos oficiais interinos de seis cartórios para não se submeterem ao teto. A decisão do desembargador provocou nos últimos três anos um rombo de quase R$ 5 milhões – exatos R$ 4.948.983,27 – por parte de apenas dois dos seis cartórios. São recursos que deixaram de ser recolhidos ao Fundo de Modernização do Poder Judiciário de Alagoas (Funjuris), o que por si só deveria ao menos ter ensejado uma reação por parte do próprio Tribunal de Justiça, o que não ocorreu. Os dois cartórios em questão

são o Serviço Notarial e Registral de Marechal Deodoro, cuja interina, Maria das Dores Gouveia Ribeiro de Lima, faleceu este ano, e o Alagoas Cartório 2º Ofício de Notas de Arapiraca, que tem como interina Maria Sandra Cavalcanti Veras. O primeiro faturou R$ 559.982,33 no primeiro semestre deste ano e R$ 1.158.959,97 em 2017 (média de R$ 96 mil por mês). O segundo teve faturamento de R$ 662.374,35 nos primeiros seis meses deste ano e R$ 1.491.592,09 no ano passado (média mensal de R$ 124 mil). O teto remuneratório de 90,25% dos subsídios de ministros do STF para os interinos foi estabelecido pelo CNJ por meio do Provimento nº 34 de 09/07/2013, posteriormente alterado pelo Provimento nº 45 de 13/05/2015 que manteve o teto. Em cifras atuais, o teto é de R$ 30,4 mil, calculado sobre o atual subsídio dos ministros do Supremo que hoje é de R$ 33,7 mil e que a partir de 2019 deve se elevar para R$ 39,3 mil conforme proposta orçamentária aprovada na quarta, 8, pela Corte. Os demais interinos afetados diretamente pela decisão da ministra Cármen Lúcia são José Manoel da Silva, responsável pela 1ª Serventia Notarial e Registral de Pão de Açúcar (faturamento de R$ 126.457,45 no primeiro semestre deste ano e R$ 191.147,77 em 2017); Djalma Accioly Lindoso Filho, do Único Ofício de Notas e Registro de Imóveis de Maragogi

Em liminar a pedido do Estado, Cármen Lúcia limita ganhos dos interinos de cartórios a R$ 30,4 mil

(faturou R$ 249.948,09 no primeiro semestre deste ano e R$ 552.039,95 no ano passado); Vitor de Lima Sarmento Lins, interino do Alagoas Cartório de Imóveis, Hipotecas, Títulos e Notas de Matriz do Camaragibe (faturou R$ 138 mil de janeiro a junho últimos e R$ 323.220,00 no ano passado); e, Luiz Paes de Fonseca Machado, do 4º Ofício de Notas e Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas de Maceió (faturamento de R$ 714.111,38 no primeiro semestre deste ano e R$ 1.604.873,35 em 2017, média de R$ 134 mil por mês).

Alagoas tem 199 cartórios vagos e apenas 43 providos de acordo com levantamento da Corregedoria Geral de Justiça, órgão responsável pela fiscalização das serventias extrajudiciais, divulgado em janeiro deste ano por força das reiteradas cobranças do CNJ para que se chegasse ao número correto de cartórios vagos no estado. Prestes a completar 30 anos, a Constituição de 1988 é clara em estabelecer que nenhum cartório pode permanecer sem um responsável aprovado em concurso público por mais de 6 meses.

Mas o que deveria ser uma exceção após três décadas, em Alagoas é a regra. Os 199 cartórios declarados vagos são ocupados por tabeliões interinos, em muitos casos pessoas que atuam como testa de ferro de magistrados e de políticos. A situação de ingerência política é mais acentuada no interior do estado, onde as serventias extrajudiciais também se tornaram um negócio que passa de pai para filho, a principal causa da relutância em fazer cumprir a exigência constitucional do concurso público. Coisas de Alagoas!


18

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Mesmo ...

SAÚDE MENTAL

“Honestidade é fazer certo, mesmo que ninguém esteja olhando”.

arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

(Jim Stovall)

Des(honestidade): une des(une) pessoas?

O

que tem a ver justiça, des(honestidade), Psicologia e Psicanálise? Tudo. Será ela – des(honestidade) - um comportamento aprendido ou pode ter um viés biológico? Será comportamento cultural, moral? Alguém pode ser honesto e desonesto ao mesmo tempo? O caráter tem um significado de moral e a des(honestidade) é a formação do caráter, a obediência às regras e às leis. Ser honesto, com amplitude, é difícil? Será que é porque existem convenções sociais que nem sempre são reconhecidas como honestas? A questão ou o ‘sintoma’ da des(honestidade) precisa ser questionado e entendido. Ou seja, ele representa um fato estrutural, muito amplo em que estão envolvidos não somente a formação de um determinado sujeito, mas sim, tudo que estiver relacionado a ele, desde a formação familiar até social, passando pela subjetiva.

Honestidade de Rui

Nascido em 1849 e ingressado na Faculdade de Direito com apenas 17 anos, Rui Barbosa, que também foi jornalista e político, disse: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Não sofrer?

Está em “moda” o termo: “politicamente correto”. Politicamente correto!!!? Ou é correto ou é incorreto. Ou existe a palavra “impoliticamente” correto? O que significa politicamente correto? O politicamente tem alguma conotação que seja politicamente e outra não politicamente? O termo significa dizer ou escrever palavras que não ofendam grupos minoritários, oprimidos, classe social, raça, gênero, orientação sexual, nacionalidade, enfim. E também pode ser usado como um termo “pejorativo”. Enfim, essa polêmica do terno “politicamente correto” é apenas para ilustrar como a humanidade está escamoteando a des(honestidade) ao dizer ou ao escrever as palavras, ou seja, seria camuflar o que, realmente, quer se dizer. Estamos sendo “impedidos” de expressar ou falar honestamente para não sofrer? E quanto aos comportamentos? Ser honesto, entregar a carteira de alguém que deixou cair não é mais um comportamento honesto; é muito mais do que isso; é um comportamento “heroico”. Pois é, heroico. Heroico?

Sofrendo ...

Não estamos, sequer, sabendo dizer (ou se comportando) o que realmente deve ser dito; porque dizendo, realmente, o que se quer dizer, estaria dizendo aquilo que o outro não quer ouvir, e, para agradar (ou não sofrer) o outro e a mim mesmo (sic) se diz outra coisa que não quer se dizer e aí “ninguém sofre”. Será? Dizer, realmente, o que se quer dizer não seria a melhor forma de ser honesto consigo mesmo e com o outro? Para o psicanalista Jacques Lacan, as palavras vão perdendo os significados, ganhando novas significações (significantes). Para ele, o que mais importa é o significante. Ou seja, o que representa uma determinada palavra para o sujeito e não o que ela representa em si mesma (significado). Exemplo: a felicidade para uma pessoa pode significar outra coisa totalmente diferente para uma segunda pessoa. Então, cada sujeito expressa o sofrimento/prazer dependendo de suas experiências, de suas vivências, de sua linguagem. Ninguém, mas ninguém pode entender (psicólogo ou psicanalista) ou dizer (cliente ou analisando), exatamente, tudo sobre um sofrimento ou felicidade, mas pode-se nomear (cliente ou analisando), com palavras, um sofrimento ou uma felicidade.

Como?

A linguagem falada ou escrita não é, e nunca será uma expressão neutra. Ela está carregada de significantes; não tem escapatória. Basta uma boa observação para descobrir, nas entrelinhas, o que realmente quando alguém diz alguma coisa, principalmente quando repetida. E o que significa essa repetição? Sendo um comportamento ou palavra, vai contornando a personalidade que a pessoa apresenta. Daí a importância de interpretar e analisar os significantes e não apenas os significados. E a psicoterapia é caminho para que o sujeito possa nomear a dor e alivia-la. Mas não é apenas isso. É preciso que o sujeito seja honesto consigo mesmo. E ser honesto não é só dizer a verdade; é também não omitir, não dissimular, não querer levar vantagem – numa fala ou num comportamento – sobre a outra pessoa, não mentir e não enganar.

Des(honestidade) e o biológico

A boa notícia é que o cérebro pode mudar as informações, a cultura (de honestidade e de desonestidade) e os desafios cognitivos, que podem ser infinitos. O melhor é que ele pode ser reprogramado; ele tem condições de se transformar através da neuraplasticidade. Independentemente da cultura, honesta ou não. Será que a desonestidade serve para autopreservação? De que? De quem? Será que a desonestidade está servindo para ‘equilibrar’ nossos desequilíbrios emocionais?

Honestamente...

Parece, está sendo mais difícil ser desonesto do que honesto, mas, acredito, a honestidade, tudo indica, é mais saudável, mesmo porque ser desonesto é uma desonestidade consigo mesmo. Por quê? Afinal de contas somos seres racionais, ou não? Para que serve, então, a diferença entre um ser que tem consciência do que é desonesto e o que é honesto? Somos bombardeados de ações desonestas, sejam na relação na família, com amigos, colegas; no ambiente laboral, enfim. Mas, honestamente falando é preciso que cada sujeito, na sua subjetividade, questione e avalie até que ponto a desonestidade é um instrumento de ‘felicidade’. A desonestidade é um ‘sintoma’ contemporâneo mais intenso e mais frequente que em épocas anteriores? Não importa a resposta. Resta perguntar: ela une ou desune as pessoas?

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP15/4.132. Atendimento virtual pelo site: vittude.com Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas E-mail: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com Telefone: 9.9351-5851.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Para refletir: Eleições em Alagoas. Um balaio de gatos ou de ratos?”

19

PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

O preço da honestidade e da ética

O

jovem prefeito de Maceió, Rui Palmeira, paga um alto preço por conta de sua conduta ilibada, seus critérios éticos e sua formação política. Destoa da maioria ou mesmo da quase totalidade dos políticos locais nos quesitos respeito à coisa pública e responsabilidade legal e moral. Não tem a política como aventura ou meio de vida, mas como a ciência social capaz de operar mudanças e trazer resultados positivos para a comunidade em geral. Diferente de seus opositores tem origem digna com árvore genealógica robusta de homens que são exemplo na política e na vida. Desde que se tornou uma ameaça aos que controlam os votos dos alagoanos pelo dinheiro sujo da corrupção e pela violência durante muitos anos, passou a ser alvo de perseguições mesquinhas e covardes de toda natureza em busca de ofuscar o brilho de sua liderança política e sua carreira ascendente. Talvez seus adversários não tenham contado com sua coragem cívica e seu destemor diante das adversidades circunstanciais da política. Enfrentando-os venceu todas e com grande diferença. E venceria de novo se a responsabilidade de terminar o seu mandato como prefeito não tivesse prevalecido em sua decisão de não concorrer ao governo. O pleito que se avizinha será uma guerra suja de ambos os lados, As “folhas corridas” dos candidatos e circunstantes serão escancaradas no horário eleitoral, nos comícios pelo interior e nas redes sociais. O eleitor terá como parâmetro de opção de voto quem é mais sujo que o outro, quem carrega o número de processos por corrupção e de sobra os “chutes na canela” os “podres” de cada família e quem roubou mais. Não é jogo para Rui Palmeira, não será pauta para um político honrado, com passado e com presente respeitados. O jovem prefeito de Maceió não precisa se envolver nessa arenga putrefata, pois não lhe cabe no meio de tanta sujeira que está por vir. Dê o apoio necessário a seus candidatos, selecione aqueles nos quais confia e construa os alicerces do seu futuro político que é vitorioso, íntegro e limpo de origem.

De volta em Delmiro

A péssima administração do prefeito padre Eraldo Cordeiro à frente da prefeitura de Delmiro Gouveia abre frente ampla para o retorno de Lula Cabeleira ou quem ele indicar nas próximas eleições. O reverendo que não é lá tão bom de missa e sempre andou às turras com a igreja à qual deve obediência agora descontenta os eleitores enganados que certamente não repetirão os votos. Lá a administração está travada e a cidade já sente em várias áreas o efeito da incompetência administrativa, O que se fala é que o prefeito é bom mesmo só no quesito traição.

Suspendendo o suspeito

O Ministério Público do Estado de Alagoas, por meio da 4ª Promotoria de Justiça, ajuizou ação civil pública para que, em caráter de urgência, a Prefeitura de Arapiraca suspenda as parcerias firmadas com o Instituto Viva a Vida, a Elo Social de Gestão Pública – ELO e o Centro de Integração Pública e Social. O valor das parcerias soma R$ 21.308.650,84. O município fica proibido de efetuar qualquer repasse às referidas organizações e o descumprimento resultará em multa diária de R$ 20 mil, a ser aplicada pessoalmente ao prefeito Rogério Teófilo. De acordo com o promotor de Justiça Rogério Paranhos, a ação foi proposta porque o município de Arapiraca firmou parcerias sem publicar editais de concurso de projetos, conforme o previsto no Decreto nº 3.100/99, que regulamenta a Lei nº 9790/99 ferindo os princípios da legalidade, da publicidade, da eficiência, da moralidade e da impessoalidade. Mais um imbróglio no qual se mete o prefeito Rogério Teófilo em sua já conturbada administração. Parece que não aprende.

Rodrigo Cunha desabafa

Depois de Tereza Nelma, candidata a deputada federal, foi a vez de Rodrigo Cunha soltar o verbo contra a coligação do PSDB com Fernando Collor para o governo do Estado. Declarou que “antes só do que em péssima companhia”, Se não largar a candidatura no meio do caminho (o que é muito provável) vai caminhar o estado na base do “eu sozinho” em busca de uma eleição praticamente impossível diante do rolo compressor da compra de votos, da barganha do poder e dos “currais podres do interior” que em muito dificultarão sua vida. Na verdade dentro de sua coligação Cunha sofre a perseguição implacável de adeptos da candidatura do senador Benedito de Lira, sob o comando do maquiavélico “capitão do mato” Arthur Lira que, como a pai, teme a desenvoltura política e o nome limpo do jovem Rodrigo Cunha.

Cultura no ralo

O setor cultural alagoano tem todas as razões para não votar no governador Renan Filho e de fato há um movimento silencioso e uma corrente formada por produtores culturais, atores, músicos e outros agentes, liderados por integrantes da cultura afro, pregando o voto contra a chapa de Renan Filho, Entre as razões, o não cumprimento de nenhuma promessa de campanha para o importante segmento e citam algumas: criação de uma lei de incentivo à cultura, criação do Parque Estadual do Mundaú, implantação de programas de interiorização da cultura, pavimentação e revitalização do acesso à Serra da Barriga, edificação do Memorial da Igualdade Racial, implantação de Centros de Artes e Cultura nas diversas regiões do estado. Segundo um líder do Movimento Cultural contra Renan Filho, a única promessa cumprida foi apenas a instituição de uma comissão para comemorar os 200 anos de Alagoas. “O governador jogou literalmente a cultura no ralo”.

A mídia nas eleições

A televisão, dizem os especialistas, continuará sendo o principal meio de difusão de informações, uma vez que é a mídia com maior capilaridade. O grande diferencial deste pleito será a possibilidade, pelas candidaturas, de impulsionar conteúdos por meio de pagamentos. Em 2016 isso não era possível. Além disso, a restrição financeira das campanhas desde o fim do financiamento por empresas pode aumentar o uso de inteligência de dados. Embora uma pesquisa do Ibope de novembro do ano passado tenha mostrado que, pela primeira vez, a internet será o fator mais influente para o eleitor definir o voto à Presidência da República, de acordo com os próprios eleitores ouvidos, marqueteiros são enfáticos ao dizer que as redes sociais não funcionam como uma “varinha mágica”. Segundo o levantamento, 56% dos brasileiros disseram que as redes sociais terão algum grau de influência na escolha do candidato – 36% acham que elas terão muita influência. Uma pesquisa da agência We Are Social e da plataforma Hootsuite mostrou que os brasileiros gastam, diariamente, 9 horas e 14 minutos navegando na Internet, em média. Cerca de 130 milhões de brasileiros utilizam o Facebook mensalmente, 92% deles pelos smartphones. O YouTube é a rede social com maior uso: dos entrevistados pela Global Web Index, entre 16 e 64 anos, 60% declararam utilizar a plataforma de vídeos, contra 59% que falaram que usam o Facebook.


20

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Desesperança 2018, agosto. Foi dada a largada para a corrida dos trilhões. Os “corredores” brigam entre si pela primazia de se alçarem ao butim de sempre. São milhares deles todos “preparados” para defenderem suas posições na frente dos concorrentes, afinal, somente assim Não há direitos. farão jus ao “prêA não ser para os mio”: uma vaga mesmos neste país de deputado, sede Macunaíma nador, governador, presidente. (todos os polítiisso facos implicados no zemE opara diabo como mensalão, o ensaio diria aquela de petista para a Lava um único QI – o defeituoso Jato, já estão soltos, poste – que desgoverindultados por ela, nou este país e a do QI estragado). que, junto com o presidiário e sua gangue petista, levou-nos até onde estamos hoje. Na lama fétida da maior corrupção do mundo, ao maior assalto aos cofres públicos

Economista

de que se tem notícia em todos os tempos, ao domínio do Estado por quadrilhas diversas, que vão – com as exceções de sempre - da casta do funcionalismo público, passa pelos quadrilheiros enquistados no congresso, nos executivos e legislativos estaduais e municipais e chega aos bandos que infernizam a vida diária da população com drogas, roubos de todos os tipos, assassinatos. Note-se que não é possível se chegar aonde chegamos sem muito “trabalho” (sic!) E como a coisa é escrachada, até o Zezinho da esquina sabe da bandalha que virou este país. O povo é roubado ou morto impunemente nas ruas (menos de 3% dos assassinatos são desvendados). No seu trabalho a sanha arrecadadora e fiscalista do Estado obriga a todos – os manés, como nós, claro – a trabalhar quase 6 meses por ano para manter essa súcia desgraçada que sequer garante o mínimo de dignidade ao cidadão. Falta de tudo. Do atendimento de

O dado está lançado

A

historiografia romana narra ter sido a frase latina – alea iacta est – pronunciada pelo general Júlio Cesar em exortação a suas legiões ao cruzarem o rio Rubicão em direção a Roma, dando início à guerra civil Quando da eleição na França, em enfrentavencida por Sarkozy, vi nas mento ao seu ruas de Paris interessantes ex-genro, o gecartazes com todos os candi- neral Pompeu, datos de então, com a seguin- com quem oute indagação: ‘Quem mente trora dividira o governo romamais? Quem mente melhor?’ no, em triunA genial pergunta não parece virato do qual restringir-se apenas à França p a r t i c i p a r a de Diderot, mas a vários paí- também Crasses do mundo, especialmente so. A expressão ao Brasil de Lula. É a infeliz é comumente traduzida como realidade. “a sorte está lançada”, o que significa a mesma coisa, porquanto o

jogo de azar habitual das temidas legiões romanas eram os dados. Encerradas as convenções partidárias por todo o Brasil, inclusive aqui em Alagoas, pode-se dizer, à cesariana, que a nossa sorte está lançada, que atravessamos o nosso Rubicão. O jogo não parece tranquilo, considerados os candidatos aos mais importantes cargos públicos do País. Poucos escapam a uma análise crítica mais isenta. Inquéritos e processos por corrupção, prevaricação, apropriação indébita do erário, e quejandas, são referências usuais nos currículos (folhas corridas?) dos pleiteantes ao governo da nação. Nessas circunstâncias, o quase inútil horário eleitoral gratuito atormentará os nossos dias, uma vez que ao invés de projetos republicanos, seremos forçados a ouvir autoelogios carregados por acusações aos adversários. Há um lado bom nisso, afinal essa briga

ELIAS FRAGOSO

saúde (os pobres estão morrendo aos montes na porta e dentro dos hospitais por falta de tratamento e medicamentos), de segurança (somos um dos países lideres do mundo em violência) ou educação (sempre colocados na rabeira das avaliações internacionais, como o PISA). Não há direitos. A não ser para os mesmos neste país de Macunaíma (todos os políticos implicados no mensalão, o ensaio petista para a Lava Jato, já estão soltos, indultados por ela, a do QI estragado). As próximas eleições servirão para a casta sacramentar os acordos para o “tem que parar a sangria” da Lava Jato, como diria o ilustre senador Romero Jucá. Isso tudo explodiu nos últimos 16 anos quando a aliança PT-PR no governo do presidiário e PT -PMDB no da dona de um único QI passaram a dar as cartas no país

e expuseram as vísceras podres do poder de compadrio que nos governa desde sempre. E sugam todas, ou quase todas as energias vitais deste país impedindo seu desenvolvimento e o bem estar das pessoas. Fecho com frase do José Nêumanne no Estadão: “Neste ano, o sonho das noites de verão era o de que a eleição ungisse o profeta da faxina geral da República imoral. Mas nem um “santo” (codinome do candidato tucano na lista de propinas da Odebrecht) encontrará um pretendente comprometido em combater a corrupção como a Nação deseja. Aí a candidata da Rede, Marina Silva, tem razão ao alertar que todos sinalizam que farão o diabo para fechar a caixa de Pandora aberta pela Lava Jato, o mais rapidamente que puderem. Ora, se o farão!”, disse ele. Caminhamos para perder mais 4 anos de nossas vidas e esperanças.

CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

de comadres revelará e divulgará as sujeiras dos contendores. Da mesma forma os debates entre os candidatos. Quando da eleição na França, vencida por Sarkozy, vi nas ruas de Paris interessantes cartazes com todos os candidatos de então, com a seguinte indagação: “Quem mente mais? Quem mente melhor?” A genial pergunta não parece restringirse apenas à França de Diderot, mas a vários países do mundo, especialmente ao Brasil de Lula. É a infeliz realidade. Andando nas ruas daqui da terrinha, tenho ouvido de várias vozes a insatisfação com a indigência moral dos candidatos que disputam os nossos votos. Um ou outro pleiteante é destacado com referências airosas,

acompanhadas do lamento por não terem eles capacidade para enfrentar os grandes abutres do poder. Isso é mau sinal, se dedicarmo-nos a eleger aqueles que têm mais chances, mesmo que inconfiáveis. Significará que sequer respeitamos o nosso próprio poder de eleitores. Não fiquemos então inertes, vendo os quadrilheiros se agarrarem ao poleiro do poder. Não fiquemos apenas na expectativa do que vier. A filósofa germânica Hannah Arendt, prefaciando a primeira edição do seu Origens do totalitarismo, já advertia em 1950 que o “momento de expectativa é como a calma que sobrevém quando não há mais esperança”. Mantenhamos a esperança, mas para isso devemos garantir cidadania ao nosso voto.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

ALARI ROMARIZ TORRES

JORGE MORAES

Aposentada da Assembleia Legislativa

Jornalista

Realmente um candidato de peso

L

ogo após o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, anunciar que não seria candidato ao Governo de Alagoas, a oposição passou a dizer que o governador Renan Filho, candidato à reeleição, teria um adversário de peso na disputa pelo cargo nas eleições de outubro próximo. Para o pleito deste ano, a oposição demorou para decidir que Rui Palmeira continuaria na Prefeitura e demorou uma eternidade para anunciar a coligação que apontou o senador Fernando Collor de Mello (PTC) como esse candidato de peso. Sem dúvida, um candidato realmente de peso, em um parto que durou até o dia 5 do corrente mês, prazo final para as convenções. Era tudo o que o seApesar da notícia nador Collor queria, ter estourado dupois, a partir de agora, rante a semana, estará em jogo, tam- muita coisa pobém, a eleição para o deria acontecer, Senado da República como, na verdade, Dizem daqui a quatro anos, aconteceu. que, na sexta-feiquando Renan Filho ra (3), o senador aparece como um natu- Fernando Collor ral candidato na briga esteve reunido pela vaga que, hoje, com representanda situação, pertence a Fernando tes entre eles o senaCollor. dor Renan Calheiros, para discutir uma aliança que passaria pelo afastamento de Collor do processo eleitoral deste ano. Dizem, também, que o senador tentou emplacar o primo, Euclides Mello, como vice-governador de Renan Filho, proposta que não foi aceita pelos moradores atuais do Palácio do Governo. Sem acordo, Fernando Collor deixou a reunião decidido que seria o candidato da oposição, uma vez que já havia discutido o assunto com Rui Palmeira (PSDB), Benedito de Lira (PP), José Thomaz Nonô (DEM), João Henrique Caldas (PSB), João Caldas (PSC) e outros partidos sem muito

peso na hora da decisão. Além de garantir o apoio desses partidos, somando aí um bom tempo de rádio e televisão, o senador emplacou o primo como primeiro suplente da candidatura à reeleição do senador Biu de Lira. Agora a oposição para a majoritária tem nome - Fernando Collor - e sobrenome - Benedito de Lira e Rodrigo Cunha. Era tudo o que o senador Collor queria, pois, a partir de agora, estará em jogo, também, a eleição para o Senado da República daqui a quatro anos, quando Renan Filho aparece como um natural candidato na briga pela vaga que, hoje, pertence a Fernando Collor. Nesse negócio de eleição não tem ninguém besta. Segundo o companheiro França Moura - que por sinal está fazendo muita falta no rádio alagoano - o mais tolo come doce sem abrir a lata, tira leite de vaca pintada na parede e dá nó em pingo de éter, porque nó em água todo mundo dá. Agora, o problema é um só: será que tudo isso que ocorreu no domingo, 5 de agosto, vai mesmo valer até o dia 15, prazo final para registro das candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral? Eu mesmo não garanto nada. Já vi de tudo em eleição. Candidato que dorme como cabeça de chapa e deixam o homem fora do processo. Candidato que é candidato e, depois, não é mais nada, por iniciativa própria. Acordo daqui, acordo dali e tudo volta à estaca zero. Mesmo sem garantir que essas coisas não aconteçam, não acredito que esta seja a situação do momento, quando a oposição demorou tanto para se decidir, que ainda possa ter retrocesso nisso tudo. Só acho uma coisa de tudo isso: eleição entre Renan Filho e Fernando Collor é briga grande e feia. Se antes o governador estava reeleito sem sair de casa, agora vai ter que gastar alguns pares de sapatos, mesmo que hoje ainda seja apontado favorito, mas com uma margem bem menor no percentual e na tranquilidade de antes.

21

Pai bom ou pai ruim

E

ra uma vez dois meninos bem pequeninos que perderam o pai precocemente e foram criados por três mulheres que viraram mãe e pai dos pobres coitados. Os dois rapazes lutaram com as intempéries da vida e formaram suas famílias. Cada um teve oito filhos e foram excelentes pais, preenchendo a lacuna de suas vidas, criados que foram sem a figura paterna. Posso falar tranquilamente a respeito deles: um era meu pai. Homem de mentalidade avançada, preocupado com o futuro dos filhos. Lembro-me bem quando ele me disse: “Não deixe seu irmão morrer como indigente; ele não se preocupa com plano de saúde”. E assim aconteceu: pouco antes de adoecer gravemente, tinha tentado sair do plano. Acendeu uma luz de alerta em meu juízo! João Romariz Nós podemos só foi um excelente pai. enaltecer os pais, Quantas crianças entretanto a irres- são cuidadas sem a ponsabilidade de figura paterna! Algumas mães tentam gerar filhos e não cobrir o espaço dela, poder criá-los acar- mas quando a criança reta dificuldades na vai crescendo, procusaber por que seu família e proporcio- ra protetor não aparece na doenças mentais e é preciso explicar o por causa de proble- que ocorre. Famílias hoje são mas não resolvidos. diferentes: mães solteiras, segundo ou terceiro casamento, casas com duas mães ou dois pais. Há casos complicados em que pai e mãe procuram descomplicar a vida dos filhos. Recentemente uma amiga minha me contou que começou a namorar um rapaz. De repente, recebeu um chamado de seu pai: “Acabe com o namoro; ele é seu irmão”. Assustada, a criatura foi embora para a capital. Em minha juventude era comum o homem ter duas famílias na mesma cidade. Havia um velho deputado que escalava o dia em que os filhos da matriz ou da filial podiam comparecer ao seu gabinete. Conheci várias famílias moradoras de uma mesma cidade cujo chefe era o mesmo. Registro de filho só com o nome da

mãe era muito comum. Lá estava escrito: pai desconhecido. E o jovem ou a jovem ficava querendo saber quem seria o homem responsável pelo seu nascimento. A decepção era grande ao saber que não havia interesse do pai em saber a verdade. Não sei por que no interior do estado os casos de família dupla eram mais comuns. Talvez por ser uma vida pacata, sem grandes preocupações. Um caso complicado de paternidade foi o de Gonzaguinha e Gonzagão. Conheci uma mulher do velho, em Recife, e ela dizia: “Ele não pode ter filhos”. Mas o Rei do Baião adotou aquele menino e foi por ele ajudado no fim da vida. Nós podemos só enaltecer os pais, entretanto a irresponsabilidade de gerar filhos e não poder criá-los acarreta dificuldades na família e proporciona doenças mentais por causa de problemas não resolvidos. Intriga-me o fato de se culpar sempre a mãe solteira. Ora, ela não fez o filho sozinha e a sociedade não se preocupa em considerar que o pai estava presente na hora de gerar a criança. “Resolvi fazer uma produção independente; vou criá-la sozinha e ele ou ela não terá pai”, disse-me uma amiga. Tudo muito bom, muito bonito! E quando a criança crescer? Com certeza procurará saber quem é o pai. E aí? Outro caso interessante foi o do filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: apareceu a criança, ele a registrou e quando adulto, descobriu-se que o filho não era dele. Resposta do pai: “Agora já gosto dele como filho”. Não acho justo homenagear só os bons pais. É preciso alertar os mais novos para o risco de gerar filhos inconsequentemente e criar meninos e meninas complicadas, correndo o risco de ficarem revoltadas. Um forte abraço para os homens que souberam organizar suas famílias. Para as mães solteiras que fazem o duplo papel na vida. Para as matrizes que suportam caladas os “pulos” dos maridos. Para as filiais que sofrem o peso da culpa de terem filhos com homens casados. Para quem tem um bom pai: abraços Para quem tem um pai ruim: meus sentimentos. E viva a vida!


22

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Livrai-nos do mal. Amém!

N

este último domingo, c 5 de agosto, com a realização das últimas convenções partidárias cumpriu-se mais uma etapa do calendário eleitoral para as eleições de 2018. Eleições que escolherão presidente da República, governadores estados, dois Ao que parece, frente dos terços do Senado a tamanha pobreza Federal, deputados de valores, frente a federais, estaduais tantas frustrações, ou distritais. Apesar dos noas futuras eleições vos tempos, as ceserão marcadas por nas são as mesmas. Há décadas os algo que há muito personagens innão víamos ou, até terpretam o velho e surrado papel. mesmo, muitos da discursos são nova geração nunca Os mesmos, o comporviram ou mesmo tamento do povo é sentiram. A desespe- o mesmo. As mesmas garotas pagas rança. agitam com cara de paisagem as bandeirinhas dos partidos, outros desfilam como painéis humanos, carregando nas costas e no peito os retratos dos candidatos. Os oportunistas de sempre aproveitam o ensejo para aplicarem as manjadas

e ensaiadas “facadas” e garantirem o sapato novo, a camisa nova ou até mesmo a nova dentadura. Eles, os políticos, fazem o jogo da surpresa, se engalfinham numa tremenda luta de bastidores em busca de coligações que lhes proporcionem um espólio eleitoral aqui, ou uma oportunidade de mais tempo na TV ali. Tiram suas surradas máscaras de sorriso constante do armário, as vestem e passam a frequentar as periferias, consolar crianças que choram de nariz escorrendo, abraçar desdentados, comer tripa, buchada de bode e tomar cachaça em botecos. Em outro segmento, a mídia promove um ciclo de debates e entrevistas com os candidatos à Presidência da República que, ao seu final, nos revela uma verdade que não desejaríamos ver revelada. Não existe candidato com um discurso minimamente consistente ou provido de algum conteúdo. Bem ou mal, todas as eleições havidas nas últimas décadas sempre contiveram algum componente de esperança, quer seja na mudança, como foram as que levaram o malfadado PT ao poder, quer seja de euforia, como o foi no primeiro mandato do presi-

Eixo ou labirinto Não quis precipitar-me comentando sobre o novo Eixo Farol, paralelo à Avenida Fernandes Lima e que viria a facilitar a A Gruta de Lourdes tor- vida de nós todos; até porque se tranou-se um polo econômi- ta de vias e trânco desta região, com dois sito e não queria supermercados, hospi- colocar o “carro na frente dos tais, clínicas e outros bois”. Disse pra grandes negócios, além mim mesmo: vou bastante de ser passagem obriga- usar tempo para poder tória para quem, subindo opinar. Certo que a Durval de Góes Mon- não precisei do fio do novelo de teiro, quer seguir rumo à Ariadne para maregião da Via Expressa e tar o Minotauro e achar o caminho adjacências. de volta do labirinto. Mas que é complicado, isto é. Sei perfeitamente o alto custo que seria fazer desapro-

priações por toda aquela área, porém o emaranhado de ruas, ruelas e até novas avenidas não nos deixa muito confortáveis fazendo tal percurso. Outro problema foi a sinalização que, sinceramente, não sei de quem foram as ideias para serem implantadas naquela área. Subindo o tal Eixo, deparamo-nos, logo no começo com uma incoerência: uma placa de PARE no final da subida da íngreme Ladeira da Moenda. Imaginem fazer uma meia embreagem neste local? A preferência foi dada para quem transita no plano. E essa nova sinalização modificando o trânsito em outras vias é o que vou tentar mostrar após conseguir chegar à Gruta de Lourdes, onde moro. Ali, foi onde se deu o nó! E continua atado, sem que eu entenda porque os entendidos no assunto não notaram ainda. A Gruta de Lourdes tornou-se um polo econômico desta região, com

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

dente Lula, quando se acreditava que o País estava numa boa marcha de crescimento, ou que fosse o presidente o “cara”, como se chegou a apregoar. No entanto, os acontecimentos dos últimos oito anos fizeram cair todo o falso cenário de crescimento e acerto até então vividos. Tudo não passava de um ambiente cenográfico e, pior, a atriz principal não sabia as suas falas ou sequer sabia falar, era quase uma tatibitate. Ao que parece, frente a tamanha pobreza de valores, frente a tantas frustrações, as futuras eleições serão marcadas por algo que há muito não víamos ou, até mesmo, muitos da nova geração nunca viram ou mesmo sentiram. A desesperança. Talvez a desesperança seja um dos sentimentos mais acachapantes e mais paralisantes de uma sociedade. Essa desesperança vem sendo calcada nos infindáveis casos de corrupção. Nos vexatórios casos que se assemelham ou beiram o terror Robesperriano, como o foi o daquele reitor que suicidou-se após sofrer humilhações

e acusações infundadas. Na confusão que faz com que os Poderes da República percam as agulhas de suas bússolas e invadam os territórios uns dos outros. No esquecimento de que nosso sistema penal é garantista. Na proliferação daninha da adoção de princípios que vão dos mais estapafúrdios até mesmo aos abusivos. Do que nos adianta um conjunto de dispositivos positivado em uma Constituição e nos mais diversos Códigos se o que atualmente prevalece é a sanha criativa de princípios, como se todo operador do Direito estivesse continuamente a escrever teses acadêmicas? Frente a tais constatações, o vulgo torna-se confuso e essa confusão termina por o levar à desesperança, e essa desesperança e confusão são mais graves e danosas no momento em que esse cidadão vê-se com a responsabilidade maior de escolher seus parlamentares e dirigentes. Diante de tão sombrio quadro, de tamanha confusão e desesperança, só nos resta recitar o final da oração: livrai-nos do mal. Amém!

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA Economista

dois supermercados, hospitais, clínicas e outros grandes negócios, além de ser passagem obrigatória para quem, subindo a Durval de Góes Monteiro, quer seguir rumo à região da Via Expressa e adjacências ou para quem, fazendo o trajeto inverso, tenta alcançar a Fernandes Lima para descer ou seguir rumo ao Tabuleiro do Martins. As modificações feitas especificamente no miolo da Gruta têm causado engarrafamentos homéricos para quem vem da Durval de Góes Monteiro, adentrando a via tangente ao estacionamento do Walmart. Está engarrafando até dentro do estacionamento para quem quer sair para esse lado. O escoamento que era feito pela Rua Azarias de Carvalho

Gama, dobrando na Rita de Cássia, até atingir a principal, Abelardo Pontes Lima, perfazia um percurso de uns quinhentos metros. Agora, a saída dá-se pela Fernando Junior, num trajeto de no máximo cinquenta metros, onde se quer que comporte a mesma quantidade de carros anterior. Sem falar que transformaram um retorno de quadra em retorno de duas quadras, vê-se que a mistura de duas gestões, municipal e estadual, nas modificações deste local, além de dar a conotação de que panela em que muitos mexem não pode dar comida boa, parece não ter havido a devida aplicação da engenharia de tráfego para conseguirmos transitar por esse complicado labirinto.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

ECONOMIA EM PAUTA

Plano de saúde

Dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que 5% dos alagoanos deixaram de usar planos de saúde. De acordo com os números, até outubro de 2016 mais de 400 mil pessoas contavam com o serviço de saúde em Alagoas, porém, em maio de 2018, esse número caiu para 380 mil.

23

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.maceio.br

Imposto de Renda

Um projeto de lei de autoria do deputado Nivaldo Albuquerque (PTB-AL), em tramitação na Câmara dos Deputados prevê isenção de Imposto de Renda para a pessoa física que doar medula óssea. Segundo o PL 9209/17, o benefício será concedido no ano da doação. O texto muda a Lei 7.713/88, que trata da isenção de Imposto de Renda para pessoas com doenças graves, como câncer, cegueira, hanseníase e tuberculose.

Professores

Ainda falando sobre imposto de renda, uma proposta em análise na Câmara dos Deputados modifica a Constituição Federal para conceder isenção do IR a professores das redes pública e privada de ensino. A alteração consta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 404/18, do deputado licenciado Moisés Diniz (PCdoB-AC). O texto cria uma exceção no artigo constitucional que proíbe União, estados, Distrito Federal e municípios de conferir tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação semelhante

Imóvel

O Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou para R$ 1,5 milhão o valor dos imóveis que poderão ser comprados através do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Antes, o valor era de R$ 950 mil. A medida entrará em vigor em 1º de janeiro de 2019.


24

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Mãe biológica de Carlinhos Maia aparece exigindo dinheiro

CASOS DE FAMÍLIA ALAGOANO DIZ QUE JÁ PROCESSOU FAMILIARES: “GENTE APROVEITADORA” MAIS POLÊMICA

U Carlinhos Maia fez uma homenagem aos pais adotivos no Instagram; influencer digital se diz chocado com “familiares” que reapareceram após alcançar fama JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

youtuber e influencer digital penedense Carlinhos Maia, 27, tem vivido um drama familiar que, conforme ele próprio, é difícil de acreditar. “Quando via casos parecidos de artistas na televisão pensava que era mentira para ganhar audiência”, disse. Adotado aos dois dias de vida, Maia foi criado pelo casal Maria e Virgílio, figuras carimbadas em seus vídeos. Maria, que é deficiente auditiva, arranca risos dos internautas pelo jeito irreverente com que trata Carlinhos. Virgílio é mais calmo e emotivo. Aparece em vários vídeos chorando e já confessou que não gosta de ver o filho viajando com medo de que a maldade do mundo o atinja. Mas Carlinhos não precisou nem sair da cidade para a família Maia entrar em desarmonia. Tudo teria começado desde quando a mãe biológica do humorista apareceu pedindo dinheiro. Em um dos vídeos compar-

tilhados pelo penedense, ele contou que em um primeiro momento ajudou a mulher e pensou em doar uma quantia mensalmente. Mas a mãe biológica voltou a procurá-lo em quinze dias exigindo mais dinheiro. Foi então que soou o alarme da desconfiança. Ele contou ainda o fato de vários irmãos biológicos também estarem aparecendo por conta de sua fama. Tal situação fez com que a família Maia virasse alvo de críticas e ofensas por alguns internautas e cidadãos de Penedo. A mãe adotiva Maria relatou em gravação veiculada no Instagram do filho que teve que passar pela desaprovação de familiares para adotar Carlinhos. “Minha mãe não queria que eu criasse ele por que eu não escutava”, relembrou. Mas, tios e tias de Carlinhos ajudaram na criação do jeito que podiam, tanto com dinheiro ou com leite e fraldas. Esta semana, Ciça, a mãe biológica de youtuber, publicou um vídeo, que é narrado pelo suposto tio de Carlinhos. “Ele fica usando a desgraça dos outros para conseguir alguma

coisa. Ajuda a família [adotiva] dele, os outros, mas não me ajuda. Eu tenho direito ao dinheiro dele!”, reclamou a mãe biológica. O tio diz que a história humilde de Carlinhos é uma farsa e que ele é “prepotente”. “Ninguém gosta dele aqui na cidade, porque ele é um arrogante e prepotente, mentiroso e sem caráter. Ele não é humilde (...). Sem caráter. Ele alega que a mãe dele é a dona Maria. Só que essa senhora aí criou ele malcriado. Minha irmã deu ele, mas ela não abandonou não. Não jogou ele no lixo e nem botou em caixa de papelão e nem adotou. Maria foi pegar ele na casa dela”, disse o tio. E Carlinhos rebateu: “Nunca na minha vida me procuraram na pobreza quando eu não tinha nada, me procuraram agora, eu dei dinheiro. Nem pra minha mãe e meu pai que estão comigo todos os dias eu dou dinheiro assim, porque a gente tem que poupar. Como que pode um negócio desse? Pessoa depois de 27 anos acha que tem direito. Ela acha que devo ajudar com dinheiro”, ale-

gou. No Instagram, aproveitou e fez uma homenagem aos pais adotivos. Carlinhos deixou claro o grande amor que tem pelos pais e disse que não se cansa de agradecer a Deus pela vida deles. “Obrigado por me amarem quando ninguém amou. A vocês eu darei até a vida se preciso for, minha família, sem interesses, apenas amor! Apenas Amor, apenas amor”, escreveu o comediante. Disse ainda que não tem nenhum sentimento pela pessoa que o gerou e disse que iria tomar as medidas cabíveis contra as pessoas que vem ofendendo e desmerecendo seus pais: “Eu seria muito hipócrita agora de dizer que amo e que essa que é minha mãe. Não é! Não sinto amor por uma pessoa que eu não conheço. Poderia até sentir se tivesse chegado da forma certa. Agora querer tirar os créditos de meus pais que ralaram para caramba para me criar? Ah meu amor, não faça isso não! Eu vou lutar com unhas e dentes para que tipo de coisas como essa aí, injustiça de gente aproveitadora, sejam processados e que paguem na cadeia”.

m comentário do modelo e influenciador digital Lucas Guimarães sobre Penedo causou revolta na cidade e também em Alagoas. Lucas declarou que a cidade é “hipócrita” e “nojenta”. Carlinhos foi uma das atrações do programa Altas Horas, da TV Globo, no último dia 28. Foi então que, durante a transmissão da atração, Lucas apareceu ao vivo no Instagram e comentou o sucesso do namorado: “Ele está aí exatamente onde ele sempre buscou estar, porque ele é forte, é corajoso e guerreiro. Enfrentou uma cidade hipócrita, nojenta, onde todo mundo falava mal dele”, criticou o também penedense.

SUCESSO Carlinhos Maia tem o segundo stories do Instagram mais visualizado no planeta, perdendo apenas para Kim Kardashian. Ele é mais visto na plataforma do que nomes como Beyoncé, Harry Styles, Cristiano Ronaldo, entre outros nomes. Os dados são da própria plataforma. Recentemente alcançou a marca de 1 bilhão de impressões do Instagram (número de pessoas que assistiram aos seus stories).


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

25


26

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Eletrobras Alagoas é a segunda pior distribuidora do Nordeste

RANKING DOS PIORES EMPRESA TAMBÉM É CONSIDERADA A 11ª PIOR DO PAÍS BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

P

arece notícia repetida mas não é. Alagoas possui uma das piores distribuidoras de energia elétrica do Nordeste segundo estudo divulgado na última terça-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). De acordo com os dados apresentados pelo órgão, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Piauí foram os estados mais atingidos com quedas constantes de energia na região. O estudo considerou dados de todas as 91 distribuidoras de energia do País que atendem 81 milhões de UCs (unidades consumidoras). Foram feitas análises nacionais e regionais no período de 2011 a 2017 do número de UCs ao longo dos anos, da quantidade de unidades afetadas pela violação dos indicadores de continuidade de serviço - considerando o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) - e do valor limite dos indicadores. Ainda segundo o Idec, que colocou a Eletrobras Distribuição Alagoas como a segunda pior concessionária de energia do Nordeste e a 11ª do País, a interrupção no fornecimento de energia afetou aproximadamente 932.530 consumidores em 2015, tendo uma redução para 763.355 em 2016 e saltando para 969.307 em 2017. Essas interrupções podem ser cada vez mais recorrentes ao longo do tempo. Em outros números, a Ele-

Unidades Consumidoras afetadas por interrupções no fornecimento de energia na região Nordeste de 2011 a 2017

trobras, que deveria assegurar qualidade e continuidade no fornecimento de energia, em conformidade com a legislação vigente, prejudicou cerca de 1.001.311 pessoas com quedas de energia em 2017. Ou seja, apenas no ano passado, cerca de um terço da população alagoana foi afetada por quedas de energia. De acordo com o documento, a análise baseou-se em quantificar as Unidades Consumidoras afetadas pela violação do valor limite dos indicadores de continuidade de serviço de cada conjunto propostos pela própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De forma geral, o levantamento constatou que o Nordeste e o Centro-Oeste sãos as

regiões cuja qualidade do serviço são uma das mais diferenciadas. Ou seja, enquanto um morador de Alagoas pode ficar até 20h seguidas e 13 vezes por ano sem energia, uma pessoa de São Paulo fica, no máximo, sete horas seguidas à luz de velas, seis vezes por ano. Essa não é a primeira vez que Alagoas chama atenção pela baixa qualidade de prestação de serviços elétricos. Ainda este ano, um ranking divulgado pela Aneel revelou que a Eletrobras Alagoas ficou na penúltima posição do ranking que estudou a evolução de 33 empresas de grande porte. O EXTRA manteve contato com a Assessoria de Comunicação da empresa para que se posicionasse sobre o levantamento do Idec mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

Fascínio da mobilidade

D

iscutir o futuro nunca foi tão fascinante como nos tempos atuais. E a indústria automobilística faz parte ao ter sob sua responsabilidade produzir os meios de mobilidade terrestre. Tudo passa por longas discussões e apostas cautelosas ou até radicais. O XXVI Simpósio Internacional organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, semana passada em São Paulo, destacou muitas facetas e soluções. Sobre carro elétrico, espera-se um grande fosso entre o que pode acontecer no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. O Brasil e países de renda média e baixa terão enormes dificuldades para avançar. Aqui, a frota de elétricos a bateria é estimada em cerca de 300 unidades. Em 2016, a China emplacou 350.000 elétricos e híbridos ou 1,4% das vendas totais de 25 milhões de unidades. Já na Noruega os 25.000 elétricos e híbridos comercializados representaram 25% do total. Na Alemanha, França e Japão os alternativos

atingiram 1% das vendas. Portanto, não existe ainda cenário claro. Mesmo países ricos deverão eletrificar-se em ritmo heterogêneo. No entanto, motores a combustão interna ainda receberão várias melhorias em especial com ajuda de assistência elétrica. E também poderão atuar apenas como gerador para carregar baterias mais baratas e aumentar a autonomia. O potencial dessas aplicações mistas é bem razoável, sem contar novos ciclos de combustão (Mazda) ou motores com taxa de compressão variável (Nissan). Luciano Driemeier, da Ford, chamou atenção para o caminho dos veículos autônomos. Ao mesmo tempo em que as pessoas se estressarão menos e usarão melhor o seu tempo em deslocamentos, em países como o nosso as preocupações decorrentes da violência urbana devem ser levadas em conta. Também fazem parte das incertezas as mudanças de legislação e os dilemas éticos em caso de acidentes (matar ou

27

FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br morrer?). Porém, a tecnologia avançará tanto que, tudo indica, nunca se chegaria a uma situação na qual a colisão é a única opção. Em teoria, possível. O engenheiro admite que custos muito altos ainda precisam baixar, sem contar investimentos em infraestrutura e os de interação total veículo-veículo, além destes com as vias. Deu exemplo do Lidar que usa raios laser para detecção e distância com altíssima precisão. No início custava US$ 70.000. Em 2016 já havia abaixado para US$ 250 e pode chegar a apenas US$ 90, além da rápida miniaturização. Especificamente sobre carros autônomos no Brasil, ele traça um primeiro cenário otimista de cinco anos

para as primeiras aplicações práticas. Mas não descarta que esse prazo se estenda por até 20 anos. “As pessoas estão abertas para a ideia de possuir um produto autônomo. Aqui até acima da média mundial, à frente de países que receberão a tecnologia primeiro”, acrescentou. Na opinião dessa Coluna, só após se saber o preço efetivo do “carro à prova de acidente”, algo ainda meio escondido pela indústria, se poderiam fazer previsões mais acuradas de aceitação no mercado. Leimar Mafort, da Bosch, acredita na alta redundância de sistemas e assim se conseguiriam evitar falhas. Desastres envolvendo veículos que dispensam o motorista tenderiam a zero.

ALTA RODA n VENDAS no mercado interno voltaram, no mês passado, ao mesmo bom ritmo de antes da greve dos caminhoneiros: em torno de 10.000 unidades/dia. No acumulado do ano estão 15% superiores a 2017. Estoque total em julho diminuiu para 34 dias contra 36 em junho. Forte queda de exportações para Argentina e México fez produção recuar 4% no mês, mas se mantém 13% acima no ano. n ANFAVEA espera resultados bons este mês na comercialização interna. Mas como o segundo semestre do ano passado foi de recuperação muito forte, trará efeitos estatísticos nos números comparativos de 2018. A entidade mantém sua previsão do início do ano de crescer 11,7% para 2,5 milhões de unidades. Recorde anual é de 2012: 3,8 milhões de veículos. n GOLF GTI é caro, mas deixa o motorista apreciador do prazer de dirigir realmente sem palavras. Muito difícil achar pontos fracos, apesar de puristas preferirem o inexistente, no Brasil, câmbio manual. Conjun-

to transborda alto desempenho e sensações sonoras e de solidez, sem deixar de lado conforto e itens de segurança. Pena que hatches médios, como este, estejam em declínio. n FALECIMENTO aos 66 anos de Sergio Marchionne, presidente da FCA, não foi o primeiro de um alto executivo da indústria automobilística em atuação. Heinrich Nordhoff, que construiu a Volkswagen a partir de ruínas da II Guerra Mundial, comandou a empresa de 1948 a

1968. Faleceu pouco meses antes de se aposentar, com sucessor já escolhido, aos 69 anos. n PROJETO em tramitação no Congresso Nacional cria carteira de habilitação específica para quem utiliza apenas veículos com câmbio automático. O interessado não poderia dirigir com câmbio manual. Há temor de formar maus motoristas, porém isso depende mais de bom treinamento e disciplina. Observar regras de trânsito independe do tipo de câmbio usado.


28

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Parabéns aos nossos pais

Q

uando eu era muito pequeno, começando a falar, minha mãe e meu pai começaram a me ensinar a chamar de “papai” a um cara que eu sempre estava vendo todos os dias, dormindo junto a ele no meu berço, passando minutos brincando com ele, me fazendo sorrir e, às vezes, me consolando para que eu Obrigado, papai, por ter não chorasse. Isso me levado nos seus bra- era todos os dias e eu passei a gostar ços, através de riachos daqueles momene lamaçais. Obrigado, tos maravilhosos da minha vida. Cresci, papai, pelos gostosos ficou mais velho, pirulitos, pelas ximbras, ele como eu, e passei a pelos filmes, pelos pas- gostar dele a cada dia que se passava, seios, pelas festinhas e na sua luta silenpelo futebol. ciosa para criar os filhos e dar a eles o melhor que pudesse. Como ele já faleceu, todos os Dia dos Pais, eu vou ao cemitério para fazer as minhas preces,

acender velas, levar flores para o seu túmulo e para agradecer-lhe por tudo que ele fez por mim e às minhas irmãs. Neste domingo, 12 de agosto de 2018, eu não vou lhe dar um presente, como fazia antes, mesmo neste dia especial. Vou parabenizá-los, como heróis do dia a dia, sejam eles ricos, pobres, pretos, felizes, sofredores, trabalhadores ou desempregados. Hoje, eu vou pedir a todos vocês, leitores dos meus artigos, que deixem eu me dirigir ao meu querido pai, para que através dele eu preste as homenagens que todos eles merecem. Meu querido pai, o senhor é semelhante a todos os mortais, pois já deve ter chorado algumas vezes, já deve ter sorrido e ter defeitos e virtudes que nós temos ou tivemos. Eu sei que o senhor, meu pai, como muitos pais, é bem provável que não tenham recebido presentes neste dia, não tenham podido comprar os alimentos necessários ou não tenham podido comprar os re-

médios necessários para os seus filhos. O senhor, papai, ainda pôde comprar uma bacia para que mamãe me desse banhos, ainda pôde comprar leite para as gostosas mamadeiras, ainda pôde comprar sapatinhos e roupas, ainda pôde comprar brinquedos para os filhos e, ainda pôde comprar uma cartilha do ABC para que eu aprendesse a ler. Muitos, papai, não sabem nem o que é presente e o que são brinquedos. Neste domingo, papai, eu aproveito a oportunidade para agradecer o anel de engenheiro que recebi das mãos de mamãe, no Teatro Deodoro, quando num camarote do teatro, eu vi o senhor com lágrimas nos olhos, refletidas no lustre que iluminava aquela noite festiva. Obrigado, papai, pelos conselhos que o senhor sempre me deu, pelos cuidados para que eu não trilhasse por certos caminhos com drogas e não levasse muitas quedas. Obrigado, papai, por ter me levado nos seus braços, através de riachos e lamaçais. Obri-

gado, papai, pelos gostosos pirulitos, pelas ximbras, pelos filmes, pelos passeios, pelas festinhas e pelo futebol. É papai, este Dia dos Pais é um dia bom para aqueles pais que receberam presentes nos seus apartamentos e nas suas casas, porém muitos pais passarão o Dia dos Pais com fome, nos seus casebres, ou não poderão visitar seus filhos nas prisões imundas, nos asilos e nos hospitais. Muitos de vocês devem estar chorando baixinho, porque seus filhos não tiveram um simples presente para lhes dar. Que o nosso Deus tenha pena desses pais, principalmente dos pais que passam fome, que sentem frio, que choram, que sofrem e que também, merecem ser parabenizados como pais. Em tempo – Um senhor com o nome de Marçal, de Arapiraca, é um dos leitores dos meus artigos no EXTRA. A ele eu agradeço o incentivo!


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

29

ABCDO INTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Está foragido

A Polícia Civil abriu inquérito e está realizando diligências com a finalidade de prender o político, que é aliado do prefeito David Barros. A esposa de Severino do Chapéu, dona Cícera Correia César, relatou aos policiais que durante uma discussão do casal ele a teria agredido violentamente com um balde e depois a arrastado pelo chão.

Nas páginas policiais

O

prefeito de Maribondo, Leopoldo Pedrosa, está sempre na mídia, não por seu desempenho como gestor, mas por transgredir a lei. Pedrosa já foi preso por agredir covardemente a ex-esposa e a mãe dela. E agora ocupa novamente as páginas policiais após ser denunciado pelo deputado estadual Dudu Hollanda (PSD) que o acusa de sequestrar, agredir e estuprar Meiry Emmanuella de Oliveira Vasconcelos, atual namorada de Hollanda.

Denúncia grave

Na quarta-feira, 8, o deputado Dudu Holanda usou as redes sociais e em áudios que cicularam em grupos de WhatsApp fez denúncias gravíssimas contra o prefeito Leopoldo, que até o momento permanece em silêncio. Diante da repercussão do caso, o secretário de Segurança Pública de Alagoas, coronel Lima Júnior, determinou ao delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, que seja instaurado um inquérito para apurar as denúncias.

Ameaças de morte

O deputado Dudu Hollanda também denunciou nas redes sociais que vem sofrendo ameaças de morte por parte do prefeito e por conta disso fez um Boletim de Ocorrência e comunicou os crimes do gestor ao governador Renan Filho (MDB) e ao Ministério Público Estadual.

Não foi oficializado

De acordo com assessoria do Ministério Público, o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar, está fora de Alagoas e as denúncias do deputado não foram oficializadas ao MP. Leopoldo Pedrosa foi preso em junho do ano passado em cumprimento a um mandado expedido pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Otávio Leão Praxedes, por agressão contra a Emmanuella e a mãe dela.

Surra na esposa

O ex-vice-prefeito de Girau do Ponciano, Severino Correia Cavalcante, o Severino do Chapéu, que se tornou conhecido em Alagoas por ter formulado denúncias de improbidade na gestão do prefeito Fabinho Aurélio, está sendo procurado pela polícia por ter agredido covardemente a própria esposa, que procurou a polícia e fez um Boletim de Ocorrência.

Decisão judicial

Numa decisão assinada pelo juiz de Direito da Vara de Único Ofício de Girau do Ponciano, Allysson Jorge Lira de Amorim, foi determinado que Severino do Chapéu deve manter-se afastado da esposa por uma distância mínima de 300 metros, assim como não utilizar de quaisquer meios de comunicação para manter contato com a mesma.

Saúde dos fumicultores

Preocupados com a saúde dos produtores de fumo de Arapiraca, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em ação conjunta com a Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca realizaram, na quarta-feira (8), visitas a propriedades de produtores de fumo na Vila Bananeiras, localizada da área rural da cidade. Visando conhecer a relação dos fumicultores com algumas doenças, o grupo traçou um minucioso mapeamento da comunidade.

Equipe da Fiocruz

Durante o mês de julho, a fundação desenvolveu um projeto piloto de atendimento aos cultivadores do fumo atendidos na zona rural e avaliou a situação deles após os dados coletados. Na quarta a equipe da Fiocruz estudou os agravos que os fumicultores da Vila Bananeiras sofrem em decorrência do processo produtivo para que as Unidades Básicas de Saúde (UBS), através do Sistema Único de Saúde (SUS), possam intervir.

Destaladeiras

Segundo o tecnologista em saúde pública da Fiocruz, Marcelo Moreno, o protocolo proposto pela instituição busca intervir no trabalho para melhorar o processo. O propósito da iniciativa foi atualizar o primeiro levantamento já aplicando o protocolo relacionado à saúde dos analisados. Foram analisados trabalhadores em campo e destaladeiras em salões.

PELO INTERIOR ... Se há algo positivo na chapa de Fernando Collor para governador se chama Kelmann Vieira. O delegado da Polícia Civil está no seu segundo mandado como vereador em Maceió e goza de prestígio com seus pares e com os maceioenses.

... O objetivo do município e do Estado é preparar os povoados para o período de estiagem. As comunidades de Riacho Santo, Lagoa do Mato dos Lopes, Moreira, Caraíba Torta, Lagoa da Tereza e Bonifácio já são assistidas pelo Programa Água Doce.

... Collor tenta reverter sua rejeição na capital com o nome de Kelmann, que poderia tranquilamente ter encabeçado esse grupo.

... O Chorador, Algodãozinho, Cabaceiro, Olho d’Água do Bonifácio e Boa Sorte passam pela implantação do sistema. Já a Serra das Espias, Boa Sorte e Lagoa do Caldeirão são assistidas pelo Programa Água Para Todos.

... Téo Vilela disse que não vota em Collor, mas também não disse que vota em Renan. Infelizmente esse ano não teve como escalar outro nome para disputar o governo. Logo, o WO está suspenso por tempo indeterminado. ... O prefeito Júlio Cezar se reuniu na quarta (8) com representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) para discutir a implantação dos programas Água Doce e Água Para Todos nas comunidades rurais de Palmeira dos Índios.

... A coordenadora estadual do Programa Água Doce, Cristina Azevedo, explicou sobre o trabalho do governo do Estado, em parceria com o governo municipal, na preparação das comunidades rurais para os períodos de estiagem. ... A reunião do Programa de Segurança Viária para Motociclistas (PSVM), no auditório da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Arapiraca (SMTT), na manhã de

quarta-feira (8), começou a definir o planejamento de ações para a Semana Nacional do Trânsito (SNT), que acontecerá de 18 a 25 de setembro deste ano. ... O superintendente da SMTT, Jodelmir Pereira de Souza, deu as boas-vindas às equipes participantes, compostas por representantes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), SMTT, Secretaria Municipal de Saúde (SMS) por meio do Programa Promoção à Saúde, o Sest-Senat, 5ª Gere e Departamento de Estradas de Rodagens de Alagoas (DER). ... Jodelmir de Souza enfatizou o avanço das ações de trânsito por meio das parcerias entre os órgãos estaduais e municipais envolvidos, além do registro de estatística sobre os acidentes com veículos, principalmente envolvendo motos dentro da área do município de Arapiraca. ... Um excelente final de semana para todos, com paz, saúde e harmonia. Até a próxima edição!


30

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 AGOSTO DE 2018

MEIO AMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Canudos de plástico em Maceió

U

m projeto de lei na Câmara de Vereadores de Maceió obriga restaurantes, bares, lanchonetes, barracas de praia, ambulantes e similares autorizados pela Prefeitura a usarem e fornecerem canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individual e hermeticamente embalados com material semelhante. O Projeto de Lei nº 82/2018, de autoria do vereador Silvânio Barbosa, pune quem descumprir a medida. O valor da multa pode ser de R$ 3 mil e, em caso de reincidência, multa de R$ 6 mil. No momento, o projeto se encontra na Comissão de Justiça e, depois, seguirá para votação no plenário.

Rinocerontes-negros

O último dos 11 rinocerontes-negros, uma espécie em perigo de extinção, que foram transferidos há um mês ao parque natural de Tsavo East, no Quênia, morreu, segundo anúncio na segunda-feira,6. Os 11 rinocerontes haviam sido levados no começo de julho do centro do país e do Nairóbi National Park ao parque de Tsavo East (sudeste), dentro de um plano cujo objetivo era criar espaços mais seguros para estes animais em um habitat adequado. A morte dos rinocerontes pouco depois da mudança gerou fortes críticas para o Serviço de Conservação da Flora e Fauna Selvagem do Quênia (KWS), encarregado do transporte. O projeto de mudança teve participação do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

Produção de carne

O aumento crescente de proteína animal, principalmente carne bovina e de aves, é um dos fatores responsáveis pelo aumento do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, biomas severamente impactados pela criação de gado e plantação de soja. O alerta foi feito por especialistas durante debate no Dia da Sobrecarga da Terra, no dia 1º de agosto. A data marca o dia do ano em que a humanidade consumiu mais recursos do que a capacidade regenerativa do planeta.

Guaiamum

As regras que estabelecem medidas, critérios e padrões de ordenamento da pesca de sete espécies marinhas, visando seu uso sustentável e a recuperação de seus estoques, foram modificadas. As espécies são do caranguejo guaiamum e os peixes bagre-branco, cherne-verdadeiro, peixe-batata, garoupa-verdadeira, pargo e gurijuba. A edição dessas portarias promovem a conservação ambiental e estabelecem as regras para pesca das espécies e fornece efetividade à Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014, que reconhece a Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Aquática Ameaçadas de Extinção – Peixes e Invertebrados Aquáticos. A Portaria 445 prevê, ainda, que algumas das espécies nela listadas poderão ter permitido o seu uso sustentável, desde que regulamentado e autorizado pelos órgãos federais competentes e atendendo a critérios técnicos, o que foi feito por meio dos atos do MMA que as declaram passíveis de uso.

Produtor rural

Especialistas acreditam que o produtor rural beneficia toda a sociedade ao preservar o meio ambiente adequando sua propriedade à legislação ambiental. Isso é possível pois, ao adotar práticas de manejo mais conservacionistas, o produtor está provendo também serviços ambientais para a sociedade, além dos produtos agropecuários. O produtor rural também pode ser beneficiado com a melhoria da qualidade e da quantidade hídrica dos cursos de água, redução da erosão, redução da contaminação do solo, ar e água. Segundo o pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Warwick Manfrinato, os serviços ambientais ou ecossistêmicos são como a sociedade se apropria do que a natureza fornece de forma gratuita e transforma isso em benefícios.


MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018

31

30 ANOS DE ELEIÇÕES EM ALAGOAS

2000 Fatos importantes no primeiro turno das eleições em Maceió

1) A prefeita Kátia Born (PSB) foi a mais votada com uma votação de 121.783 votos (43,49%) e seu vice foi o vereador Alberto Sextafeira (PSDB). Em todas as pesquisas do primeiro turno, Kátia liderou a corrida eleitoral em todos os institutos de pesquisas. A divisão da oposição apresentando vários candidatos e com a máquina municipal e estadual a seu favor foram determinantes para uma fácil vitória de Kátia. 2) O deputado federal Regis Cavalcante (PPS) foi o segundo colocado com uma votação de 61.695 votos (22,03%) e sua vice foi Cacilda Sampaio (PDT). Durante o primeiro turno, o candidato Regis apareceu durante boa parte da campanha em terceiro lugar nas pesquisas. Mas com um discurso implacável contra a administração de Kátia, com maior tempo no guia eleitoral do que o segundo colocado e apelando para o eleitor para o voto útil, foram fatores determinantes que alavancaram a sua candidatura e colocaram Regis no segundo turno. 3) O deputado estadual Paulão (PT) foi o terceiro colocado com uma votação de 49.310 votos (17,61%) e seu

CONTEXTO HISTÓRICO Na eleição municipal de 2000, em Maceió, tínhamos à frente do Governo do Estado Ronaldo Lessa (PSB) e do Município de Maceió, Kátia Born (PSB).

vice foi Eduardo Bomfim (PC do B). Tinha nos sindicatos e movimentos sociais sua base eleitoral. Durante o primeiro turno se manteve em quase todas as pesquisas eleitorais em segundo lugar, porém, com um discurso que não conseguiu empolgar o eleitor e com um tempo limitado no guia eleitoral, foi perdendo terreno para o terceiro candidato que era Regis Cavalcante (PPS) e na reta final foi ultrapassado. 4) O deputado federal José Thomaz Nonô (PFL) foi o quarto colocado com uma votação de 26.271 votos (9,38%) e sua vice foi Alari Romariz (PTB). Com seis mandatos consecutivos de deputado federal e sempre um dos mais votados, Nonô amargou uma humilhante votação. Seu tempo de se eleger a um cargo majoritário com certeza ficou no passado. 5) Gerônimo Ciqueira (PPS), mais conhecido como Gerônimo da Adefal, foi o vereador mais votado. Sua votação foi de 11.024 votos. Seu grande trabalho na Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas foi a base para ser o fenômeno eleitoral. 6) O radialista Cícero Almeida (PSL) foi eleito vereador com uma votação de 7.627 votos, sendo o terceiro colocado entre os 21 eleitos. Surgiu, a

MARCELO BASTOS

Analista político

partir daquele momento, Cícero Almeida no cenário político alagoano.

Fatos importantes no segundo turno das eleições em Maceió 1) Um fato marcante no segundo turno foi o tal banho prometido pela candidata Kátia Born (PSB) no Riacho Salgadinho, em que ela afirmava que ações desenvolvidas pela sua gestão conseguiram tornar a Praia da Avenida apta para o banho. “Recuperamos a Praia da Avenida”, disse Kátia. Ela atraiu para si a ira dos oposicionistas e de alguns ambientalistas depois que foi tomar banho na Praia da Avenida. Kátia e o candidato a vice, o vereador Alberto SextaFeira (PSDB), acompanhados por assessores, servidores municipais e cabos eleitorais, tomaram banho na Praia da Avenida e sustentaram que “a praia está aberta para o banho”. 2) A prefeita Kátia Born (PSB) foi reeleita com uma votação de 170.073 votos (61,25%). Continuou liderando todas as pesquisas no segundo turno. Manteve a tática de não participar dos debates para não polarizar com seu concorrente. Só participou do último debate

promovido pela TV Gazeta, na véspera da eleição, em que não alteraria as intenções do voto do eleitor. Com a máquina municipal e estadual a seu favor e a não adesão dos outros candidatos de oposição a favor de Regis, consolidou a vitória de Kátia sem grandes obstáculos. 3) O deputado federal Regis Cavalcante (PPS) foi o segundo colocado com uma votação de 107.560 votos (38,74%). O apoio no segundo turno da senadora Heloísa Helena (PT) e um maior envolvimento do senador Renan Calheiros (PMDB) não foram suficientes para alavancar a candidatura de Regis.


32

MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.