Edição 985

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MESTRE GRAÇA

PACTO RACHADO

Alagoano Graciliano Ramos é citado como “farol em meio à neblina densa que antecede mais uma eleição”

Senador Fernando Collor pediu pouco e nada recebeu, ficou furioso e decidiu rachar com os Calheiros

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 985 - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

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PESQUISA IBOPE/ALAGOAS

75 50

46% 22%

25 0

Deputado Antônio Albuquerque

Deputado João Beltrão

Deputados envolvidos em corrupção e pistolagem colocam seus herdeiros políticos na disputa pelo voto; partidos apostam em novatos como puxadores de votos

COLLOR

1%

JOSAN LEITE

0%

CHRISTOPOULOS

MELQUEZEDEQUE

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Deputado Francisco Tenório

OLIGARQUIA MANTERÁ PODER NA ASSEMBLEIA DE ALAGOAS P/ 8 a 10

RENAN FILHO

2%

Renan Filho diz que dobradinha com o pai é bom para Alagoas P/6 e 7 LAGINHA

Credores de João Lyra querem afastar gestor da Massa Falida P/14 e 15


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MACEIÓ, ALAGOAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

Farol das Alagoas

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- No deserto de ideias em que se revela o embate pela Presidência da República, um alagoano ilustre é citado como exemplo de como gestores públicos devem se comportar. Trata-se dos relatórios de gestão que Graciliano Ramos enviou ao governo de Alagoas em 1929 e 1930 quando foi prefeito de Palmeira dos Índios.

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- Em artigo publicado no dia 9, na Folha de S. Paulo, o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues recorre a Graciliano Ramos para enxergar alguma luz “em meio à neblina densa que antecede mais uma eleição”.

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- Intitulado “O país de Graça”, o artigo lembra que o relatório do prefeito Graciliano Ramos ilumina o que “o Brasil poderia ser”, mas acabou impraticável em meio à corrupção e falta de ética da política brasileira.

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- “No gesto radical de um homem público inusitado e incorruptível, vislumbra-se um Brasil ideal, impraticável, mas em meio à neblina densa que antecede mais uma eleição, o país de Graça brilha como um farol”, conclui o jornalista.

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– Pena que nem os gestores municipais de Alagoas aprenderam a lição de Mestre Graça. Que o diga o atual prefeito da mesma Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, que se vestiu de imperador e esqueceu o sofrido sertanejo que o elegeu.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU

Renovação

Analistas políticas acreditam que o Legislativo Estadual deve renovar pelo menos um terço de seus deputados. Dos postulantes, os possíveis novos inquilinos da Assembleia serão Paulo Dantas, Cybele Moura, os primos Marcelo e Yvan Beltrão, Célia Rocha, Fátima Canuto, Sílvio Camelo, Lobão e Cícero Almeida. Trata-se de renovação de nomes, não necessariamente de ideias, dado que a maioria deles representa a continuidade do poder oligárquico que manda em Alagoas desde as capitanias hereditárias.

Frase da semana “Não há salvação com o modelo político que vigora no Brasil”. Luís Roberto Barroso – ministro do STF

Bancada federal

Dos 9 deputados da bancada alagoana na Câmara Federal, 7 irão disputar a reeleição, sendo 4 pelo chapão de Renan Filho e 3 pela coligação de Fernando Collor. Dos 2 restantes, Maurício Quintella disputará uma vaga de senador e Cícero Almeida tentará uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Bancada estadual

Dos atuais 27 deputados estaduais, apenas 3 deles estão fora da eleição deste ano: João Beltrão, Luiz Dantas e Marquinho Madeira. JB e Dantas serão substituídos por seus herdeiros políticos e Madeira tentará eleger o pai. Ao todo, 24 deputados estaduais disputarão a reeleição e 3 tentarão vaga na Câmara Federal: Severino Pessoa, Isnaldo Bulhões Filho e Sérgio Toledo. Já o deputado Rodrigo Cunha disputará uma vaga de senador.

Pedidos de Collor

O senador Fernando Collor não pretendia rachar com os Calheiros e muito menos disputar o governo de Alagoas. Só o fez após ter dois pedidos negados. Collor queria encaixar o filho Fernando James em uma coligação que permitisse disputar uma vaga de deputado federal com alguma chance de vitória. O outro pleito dizia respeito à vaga de vice-governador. Collor não queria impor um nome, mas pediu que Luciano Barbosa não fosse o indicado. No entanto, o pano de fundo desse racha é a eleição de 2022, quando Renan Filho pretende ocupar a vaga de Collor no Senado. Como titular do mandato, Collor não abrirá mão de sua reeleição.

DA REDAÇÃO

Boa briga

Na briga entre Collor e Renan não se sabe quem será o vencedor, mas seja qual for o resultado, a democracia sairá ganhando e o povo beneficiado. Afinal, em eleição majoritária sem disputa todos perdem, inclusive o candidato único, cuja vitória precisa ser legitimada pelas urnas.

Projeto de poder

Em seu obstinado projeto de poder, Renan Filho vai driblando possíveis adversários de amanhã e deixando pelo caminho um rastro de mágoas e inimizades. Além de quebrar a aliança com Collor, Renanzinho deu rasteira em Fábio Farias, que foi afastado do governo para ser vice-governador. Não será o candidato nem voltará ao governo. Em sua maratona rumo ao poder, Renan Filho, se reeleito governador, quer chegar ao Senado em 2022 e ao Planalto em 2026. Só falta combinar com os eleitores.

Mandacaru

Assessores mais próximos avaliam que Renan Filho é da escola de Lessa e Suruagy, que não fizeram aliados nem herdeiros políticos. É o chamado político-mandacaru, que não dá sombra nem encosto para ninguém.

Sangue hebraico

A disputa ao governo de Alagoas foi incrementada com a participação de dois nomes históricos de ascendência bíblica: Christopoulos, do Psol, e Melquezedeque, do PCO, ambos de origem hebraica. O primeiro foi lutador grego integrante dos Jogos Olímpicos de Verão de 1896 e o segundo representa a figura do “rei da justiça”.

Discutindo o Brasil

Maceió vai receber, entre os dias 21 e 24 de agosto, a 75ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia de Alagoas, o maior evento de profissionais da engenharia, técnicos e tecnólogos do País, que traz o tema “Engenharia e Ética na reconstrução do Brasil”. Entre as atrações de destaque estão o escritor e filósofo Clóvis de Barros Filho, o professor e difusor de conceitos e atividades ligadas a inovação Gil Giardelli e uma sabatina com candidatos à Presidência da República. As inscrições podem ser feitas por meio do site www.soea.org.br ou presencialmente no Centro de Convenções Ruth Cardoso.

A sabatina

Com o objetivo de dar suporte na formação da intenção de voto de seus profissionais neste ano de importantes eleições é que a 75ª Soea promoverá a sabatina presidencial. Entre os convidados estão os candidatos Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

Retomada

O Salão do Imóvel 2018 bateu recorde de vendas com R$ 80 milhões em negócios consolidados. “É a retomada do mercado imobiliário tocado pelo aquecimento da economia”, diz Jubson Uchôa, presidente da Ademi.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

Um Brasil indecente Vitória - O PT virou o país de ponta cabeça. Quem imaginaria, antes do advento dos petistas na política, que um dia um candidato pudesse ditar as regras do jogo de uma eleição dentro do presídio. Pois é, o que está ocorrendo no Brasil é surreal. Lula movimenta-se dentro da sua cela, recebe correligionários e militantes do partido no presídio para movimentar as eleições deste ano. Tudo isso, claro, com o apoio dos seus seguidores que o querem novamente na presidência da Rrepública depois que ele chefiou a organização criminosa que saqueou o país. Ora, vamos ser francos, esses eleitores do Lula não podem reclamar do caos na economia, da falta de hospitais, do aumento da miséria, de roubalheira, de patifaria, de honestidade e de corrupção, pois todos são cúmplices da bandalheira generalizada. Achar normal que um candidato dirija sua campanha dentro de um presídio, onde se encontra condenado a doze anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, é compartilhar com ele da decadência política e da imoralidade que assolou o país. Transformá-lo em guia das mudanças sociais é uma aberração. Trazê-lo de volta à cena do crime é um escárnio que só acontece em um Brasil despudorado, anárquico e aético. O surgimento da direita raivosa, radical e incendiária sob orientação de Bolsonaro é fruto dessa esquerda esquizofrênica. Esquerda que se acumpliciou com Lula e Dilma para dilapidar o patrimônio. Essa esquerda que gerou políticos corruptos como Zé Dirceu e tantos outros que estão na cadeia porque se organizaram em grupo e com empresários para roubar a Petrobras e tantas outras estatais. É a esquerda do baderneiro Stédeli que tenta parar a nação com a desordem pública, a esquerda dos sindicalistas pelegos que vivem às custas do dinheiro público. É a esquerda da Dilma que destroçou o país e agora tenta se eleger senadora em Minas Gerais no mesmo palanque de Fernando Pimentel, o governador, envolvido em processos de corrupção. O Rio de Janeiro é fruto dessa esquerda da Benedita, petista que tenta se reeleger. A esquerda que apoiou Sérgio Cabral e Pezão que levaram os funcionários públicos à falência, à degradação, à fome. Que destroçou a economia carioca, aumentou a criminalidade e transformou a Cidade Maravilhosa em um covil de bandidos políticos condenados, em uma máfia siciliana, onde as facções criminosas de dentro dos presídios dominam a cidade e seus moradores. A esquerda petista é responsável também pela imoralidade na política, pela falência do Judiciário e do Legislativo. É tutora do Temer, o presidente mais impopular do mundo, vice duas vezes na chapa da Dilma, hoje às turras com os processos a que responde por corrupção. Ou você não acha uma excrescência um cara como Zé Dirceu, condenado a 30 anos, ser solto pelo seu ex-empregado Dias Toffoli, ministro do STF, para frequentar hotéis de luxo como um magnata? Fazer reuniões políticas, não usar tornozeleira e não ter nenhum impedimento enquanto se mantém em liberdade?

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Natural

Para os seguidores de Lula, tudo isso é natural. Para esses que querem levá-lo de volta ao poder, a miséria, o roubo, a imoralidade, a desonestidade e a corrupção fazem parte do cotidiano de cada um. E quando você, indignado, pergunta a alguns deles se não sentem vergonha de ainda defender a petezada, a resposta é imediata: “Todos roubam, Lula não é uma exceção!” Pois é, estamos no fundo do poço. Tão fundo que hoje você pode roubar acobertado por uma justificativa imoral, salafrária, para dar um voto a um condenado por corrupção.

E agora?

O brasileiro – aquele que vota no PT – não pode reclamar de assaltos, de assassinatos, de feminicídio, da violência em geral, pois quer trazer de volta para o poder um partido que patrocinou tudo isso durante quatorze anos e agora quer transferir responsabilidade para seu sucessor. Não deve reclamar de salários, de desemprego e nem protestar nas ruas porque continua atrelado às propostas do PT que dizimou o país e o levou ao pico da imoralidade.

O general

Não pode, inclusive, reclamar do general Mourão, vice do Bolsonaro, que chamou índios de indolentes e negros de malandros. O surgimento dessa espécie de gente no cenário político também é fruto da esquerda que levou o país à desesperança.

Indecência

Mesmo sabendo que Lula é inelegível, seus seguidores continuam, como fanáticos, criando grupos para forçar a justiça a soltá-lo como se a lei não o alcançasse, fosse feita só para os mais desvalidos. Como se ele fosse intocável. Ora, Lula está preso por corrupção, condenado em segunda instância. Tem que ficar na cela cumprindo a pena de 12 anos imposta pelos tribunais.

O vice

Lula é um cara que pensa nele primeiramente, depois nos outros. Ao insistir na candidatura a presidente, mesmo sabendo da inelegibilidade, ele atrapalha a eleição dos seus filiados no Brasil. Deputados estaduais e federais, candidatos a governador e a senador estão sem a cabeça de chapa, isolados nas suas campanhas. Se ocorrer um retumbante fracasso petista nas urnas em outubro deste ano, o partido certamente está ameaçado de perder a sua hegemonia política no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas dos estados.

Comum

Lula não quer abrir mão da candidatura porque enquanto não for declarado oficialmente inelegível, pode desfrutar de boas acomodações na cela que ocupa na Polícia Federal. No momento em que o tribunal impedir a sua candidatura, ele pode ser reconduzido para um presídio comum e dividir a cela com outros presos, pois não tem imunidade parlamentar nem curso superior para gozar de privilégios.

Debates

No momento, o PT não participa de debates, pois o Lula não pode sair algemado de Curitiba para confrontar seus adversários em programas. O prazo para ele ser considerado impedido de ser candidato acaba esta semana, quando certamente o Tribunal Superior Eleitoral vai se pronunciar sobre a legalidade ou não da sua candidatura. Até lá, ele continua divulgando seu nome como um dos pretendentes ao cargo de presidente.

Abuso

É difícil imaginar – coisa rara no país – que um condenado em segunda instância tenha sua fotografia na urna de votação, pleiteando uma candidatura presidencial. Que o eleitor aperte o 13 no botão das urnas para eleger um presidente que vai governar dentro do presídio. Mas como nesse país tudo é possível, vamos aguardar o que vai acontecer nas próximas 24 horas.

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GABRIEL MOUSINHO

Realidade eleitoral

A

entrada do senador Fernando Collor de Mello na disputa pelo governo de Alagoas contra Renan Filho modifica completamente o quadro eleitoral existente, onde em que o governador liderava com bastante folga nas pesquisas de opinião. Agora, é diferente. Collor na disputa movimenta a campanha política, oxigena a democracia e permite que o alagoano escolha o melhor para conduzir os destinos de Alagoas por quatro anos. As pesquisas iniciais demonstram que a entrada de Collor assanhou a disputa, vez que o ex-presidente é comprovadamente uma liderança inconteste no panorama político alagoano e brasileiro. Agora, o governador Renan Filho tem com o que se preocupar. Se uns gostam ou não de Collor ou de Renan Filho, só as urnas, no dia 7 de outubro, irão dizer. A verdade é que a disputa para o governo já não é mais aquela, que parecia uma nomeação do atual governador por não haver um adversário à altura para disputar as eleições. Agora é Collor que está na parada e isso mostra que o Palácio dos Martírios passou a se preocupar de verdade com essa disputa. Bom para todos, eleitores e a democracia. Talvez não seja tão bom para o inquilino do Palácio do Governo.

O outro lado

Sem a propaganda oficial, na qual o governo do Estado despontava com uma das melhores administrações do Brasil, agora vai ter que rever suas estratégias, principalmente pelas notícias contrárias que devem aflorar nesse período de campanha. Além da demora em anunciar apoio sobre a distribuição do leite, projeto ameaçado por falta de recursos, o governo tem que explicar por que sua gasolina é a segunda mais cara do Nordeste em face da cobrança de 29% do ICMS.

Mudando o tom

Depois que os partidos de oposição lançaram o nome de Fernando Collor ao governo, as estratégias do grupo situacionista mudaram radicalmente. Agora, nas conversas de bastidores, o governador Renan Filho já vem atendendo telefonemas e lideranças políticas em encontros reservados.

Segundo turno

O que antes era coisa do outro mundo, agora a situação já trabalha com a possibilidade de um segundo turno entre Renan e Collor. O ex-presidente já começou os contatos na capital e no interior e tem colocado em prática seu carisma pessoal que o levou até a Presidência da República.

Não dá pra acreditar

Pesquisas que rolam por aí, na sua maioria com uma tendência incrível para certos candidatos, não convencem o eleitorado. Uma delas, por exemplo, diz que Renan Filho está com mais de 50% na preferência, mas é bom lembrar que Fernando Collor entrou na parada agora, no dia 5 de agosto.

Dobradinha

gabrielmousinho@bol.com.br

Área de risco

A disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados tem movimentado os bastidores políticos. O ex-governador Ronaldo Lessa não tem tanta segurança de que continuará em Brasília. Seus redutos foram minados e, para amigos de Lessa, as contas não fecham.

Perdeu Delmiro

Mudança radical

Tido como um dos ministros à época de maior aproximação com o presidente Michel Temer, Maurício Quintella virou mesmo o disco. Além de se passar para o grupo dos Calheiros, acabou de decidir em quem votará para presidente da República: Geraldo Alckmin, contra, naturalmente, o candidato do presidente Michel Temer, Henrique Meirelles.

Por outro lado, as pesquisas divulgadas também mostram que Renan Calheiros está à frente na corrida pelo Senado, seguido de Benedito de Lira e Rodrigo Cunha. Isso depende, inclusive, das áreas onde foram realizadas as pesquisas, mas, mesmo assim, Renan e Biu de Lira aparecem sendo os mais cotados para o Senado.

Desconforto 1

Perguntar não ofende

Desconforto 2

O vereador Antônio Holanda vai votar mesmo em quem para governador de Alagoas? Em Renan Filho ou em Collor pelo qual foi prestigiado e chegou até a ser secretário de Saúde do seu governo?

Aliados do grupo de oposição estão questionando o espaço de Maurício Quintella na Prefeitura de Maceió. Eleitor dos Calheiros e candidato ao Senado, ele domina duas importantes secretarias no município.

Nos bastidores, se comenta de que o prefeito Rui Palmeira poderá substituir a qualquer momento os secretários e servidores indicados por Quintella na prefeitura. Afinal de contas, Maurício passou a ser um dos maiores aliados do grupo palaciano e concorrente de Biu de Lira e Rodrigo Cunha que disputam o Senado.

Voo solo

Rodrigo Cunha subestima mesmo o grupo político que lhe deu a chance de disputar o mandato de senador. Não vota em Collor e não quer aproximação com outras lideranças políticas. Quer seguir o mesmo caminho de Heloísa Helena, com uma única diferença: Heloísa é uma candidata nata de oposição e nunca esteve atrelada a político A ou a político B.

O prefeito de Delmiro Gouveia, padre Eraldo, já decidiu em quem votar para o Senado da República: Renan Calheiros e Benedito de Lira. A lógica, depois da saída de Marx Beltrão que transitava bem na região, seria o apoio a Maurício Quintella, mas o padre Eraldo preferiu o Biu.

Arrumação

As obras inacabadas que o governo faz em Alagoas têm preocupado a cúpula do Palácio dos Martírios. Enquanto hospitais estão sendo construídos na capital e no interior, os que já existem estão carentes de tudo. Desde medicamentos a equipamentos e pessoal.

Na ferida

Experiente, o ex-presidente Collor sabe onde atinge seus adversários. Nos últimos encontros com lideranças políticas tem insistido na perseguição que comerciantes vêm sofrendo do governo do Estado, na apreensão indiscriminada de motos cinquentinhas que servem à população mais humilde e numa proposta positiva de governo. Pressão e mais imposto não irão resolver os problemas de Alagoas, diz o ex-presidente.

Força de Kelmann

Em poucos dias o presidente da Câmara e candidato a vice-governador, Kelmann Vieira, disse a que veio. Conseguiu, em tempo recorde, um bloco de treze vereadores para trabalhar pela eleição de Collor-Kelmann. Mais quatro vereadores também deverão aderir ao apoio ao ex-presidente nos próximos dias.

Pra boi dormir

Andaram dizendo por aí que Renan Filho teria o apoio de 100 prefeitos. Calma, pessoal. Também não cheguem a tanto. Que o governador tem grande apoio, isso ninguém tem duvida, mas esse número é criado pela farta imaginação dos conhecidos bajuladores do Palácio.


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ENTREVISTA

Quem é Renan Filho

Candidato à reeleição, Renan Filho afirma que tirou o nome de Alagoas do cenário negativo nacional

VALDETE CALHEIROS Especial para o EXTRA

N

o primeiro domingo de outubro, dia 7, os 2.187.966 eleitores alagoanos irão às urnas para escolher novos presidente, deputados federais e estaduais, senadores e governadores. Em Alagoas, cinco candidatos disputam a cadeira do Executivo. Em ordem alfabética são Basile Christopoulos (PSOL), Fernando Collor (PTC), Josan Leite (PSL) Melquezedeque Farias (PCO) e Renan Filho (MDB). Cada um deles quer disputar voto a voto a preferência do eleitorado, cuja maioria é formado por mulheres (53,29%). Os homens são 46,71% dos votantes. Em Maceió, estão 595.513 das pessoas aptas a votar, ou seja, 27,21% do total de eleitores do Estado. Os números foram extraídos do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) e representam a realidade do mês de junho, última atualização disponível nas estatísticas do órgão. O EXTRA se antecipa aos debates da corrida ao governo do Estado e, na tentativa de ajudar aos leitores e eleitores alagoanos, publica, a partir desta edição, uma série de entrevistas com todos os candidatos. O primeiro candidato ouvido é o governador Renan Filho (MDB). A declaração de bens feita à Justiça Eleitoral soma R$ 1.198.591,27. Renan Filho tem como candidato a vice o atual vicegovernador, engenheiro Luciano Barbosa (MDB), cuja declaração de bens foi de R$ 954.705,03. A ordem de publicação das respostas é aleatória e se deu de acordo com o retorno dos assessores aos pedidos de entrevistas.

EXTRA – Candidato Renan Filho, o senhor resolveu colocar seu nome à disposição novamente para o governo do Estado. O que o senhor fez por Alagoas que o credencia a assumir a chefia do Executivo por mais quatro anos? RF - Desde de 2015, conseguimos avançar em áreas essenciais, que antes manchavam o nome de Alagoas no noticiário nacional. Na Segurança Pública, assumimos a responsabilidade e, com investimentos, o aumento de efetivo e estratégias inovadoras como a Força Tarefa, os Centro Integrados de Segurança e o Ronda no Bairro, conseguimos tirar Alagoas do topo dos rankings de violência no país, onde o Estado havia permanecido por mais de uma década. Maceió também deixou o primeiro lugar entre as capitais brasileiras mais violentas, recuando oito posições. Tudo isso possibilitou o crescimento do turismo e a instalação de novas indústrias.

Na Saúde, estamos vivendo o maior ciclo de investimentos da história de Alagoas, com cinco hospitais em construção. Na Educação, colocamos 50 escolas em tempo integral em funcionamento. A gente também não pode esquecer dos mais de mil quilômetros de estradas e acessos implantados e reconstruídos em todas as regiões do Estado, colocando a malha viária de Alagoas entre as melhores do Brasil. Dessa forma, com as contas em dia e com a estrutura fortalecida em todas essas áreas, podemos fazer Alagoas avançar muito mais nos próximos quatro anos e é por isso que estamos pedindo uma nova oportunidade ao alagoano. EXTRA- No primeiro mandato, a gestão do senhor teve como foco principal o combate à violência. Qual será a prioridade no segundo governo? RF - Como afirmamos an-

José Renan Vasconcelos Calheiros Filho nasceu em 8 de outubro de 1979 em Murici (AL). Filho mais velho do senador Renan Calheiros e de Verônica Calheiros, é casado com a administradora Renata Calheiros e o casal tem dois filhos, Davi e João. Estudou no Colégio Marista de Maceió, concluiu o ensino médio no Distrito Federal e aos 18 anos ingressou no curso de Economia da Universidade de Brasília (UnB); fez estágio em consultoria empresarial e graduou-se em 2003. De volta a Alagoas, em 2004 foi eleito prefeito de Murici, reeleito em 2008 com 70% dos votos. Em 2010, foi eleito deputado federal pelo PMDB de Alagoas com a maior votação da história política do estado: 140.180 votos. Na Câmara dos Deputados foi membro das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Constituição, Justiça e Cidadania e de Turismo e Desporto. Em 2013 foi presidente da Comissão Especial da Lei Geral da Copa do Mundo. Em outubro de 2014 Renan Filho foi eleito governador de Alagoas em primeiro turno, com 670.310 votos, correspondentes a 52,16% dos votos válidos. teriormente, o foco do nosso governo não foi apenas a Segurança, mas todas áreas que mais precisavam de atenção. A Segurança, principalmente a redução no número de homicídios, esteve e sempre estará entre essas prioridades, assim como a melhoria da qualidade do ensino público e dos índices de aprendizado, a ampliação e aperfeiçoamento dos serviços de saúde, a redução das desigualdades e a geração de emprego e renda.


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Governador acredita que avanços na segurança, saúde, educação e infraestrutura o credenciam a conquistar a maioria do eleitorado Nossas metas principais para o próximo governo podem ser conferidas em nosso Plano de Governo, já protocolado na Justiça Eleitoral e disponibilizado aos alagoanos no site do Tribunal Regional Eleitoral na internet. EXTRA- Investir em escolas em tempo integral é o segredo para combater os índices negativos que Alagoas amarga na educação? RF - A escola em tempo integral é uma ferramenta indispensável para garantir a redução da evasão escolar, para fazer com que o aluno se aproprie da escola como alternativa para a transformação da sua realidade. Mas não é somente a escola em tempo integral que garante o avanços dos índices da Educação. O que implementamos a partir de 2015 foi uma nova mentalidade, uma nova maneira de enxergar a escola, o aluno e o professor. Hoje, escolhemos os gerentes regionais de ensino com base na meritocracia, entre os diretores das escolas com melhores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. O programa Escola da Hora, por exemplo, valoriza o poder de decisão dos diretores enviando recursos direto para a escola, para pequenos reparos, aquisição de material básico, entre outras coisas, acabando com a burocracia que fazia com que uma porta ou uma torneira no banheiro da escola ficasse quebrada por meses ou

até anos. Pela primeira vez, garantimos o fardamento de toda a rede estadual de ensino, enviando o modelo das camisas e o dinheiro para que elas fossem produzidas em cada cidade, aquecendo também a economia. Fizemos o mesmo com a internet na rede estadual, com o Escola Web. O Escola 10 trabalha diretamente com alunos e professores na preparação para avaliações como a Prova Brasil e o Enem. Outro ponto crucial é o investimento na estrutura das unidades. Desde 2015, reformamos 164 escolas e construímos cinco novas unidades, construímos 54 ginásios e reformamos outros 19. Isso garante que o aluno e o professor tenham um novo olhar sobre a escola e passem a zelar cada vez mais por esse patrimônio, percebendo que o Estado tem se dedicado a cuidar dele. Já tivemos um ótimo resultado na Prova Brasil e o Ideb a ser divulgado nos próximos dias vai mostrar o quanto avançamos. EXTRA- A dobradinha, no melhor sentido da palavra, Renan pai e Renan Filho foi benéfica para Alagoas? RF - Sim. Ter um representante forte como o senador Renan, em Brasília, fez com que Alagoas avançasse e se desenvolvesse ainda mais nos últimos quatro anos, sobretudo em áreas importantes como a saúde, agricultura, Canal do Sertão e infraestrutura viária, com grande destaque, entretan-

to, para renegociação da dívida do Estado. Alagoas devia mais do que a soma total da dívida de todos os estados do Nordeste e entre os cinco estados mais endividados do Brasil. Alagoas possuía o maior débito com a União, mais de R$ 10 bilhões. Com a articulação do senador Renan na presidência do Congresso Nacional e da bancada federal, em Brasília, a dívida foi renegociada, aumentando, assim, a receita do Estado e melhorando os indicadores fiscais de Alagoas. Somente em 2015, Alagoas economizou R$ 1,2 bilhão com a renegociação da dívida. Então, podemos dizer a marca do senador Renan está em todas as ações que conseguimos executar com essa economia. EXTRA- Essa semana, a União decretou estado de emergência em 38 municípios alagoanos. O sertanejo ainda sofre bastante com a estiagem. O Canal do Sertão será a redenção para essa região? Como fazer para que não só os grandes latifundiários explore o Canal? RF - Hoje, o Canal do Sertão tem 110 quilômetros com água tratada, beneficiando diretamente mais de 200 mil alagoanos. No final de 2014, a água não chegava a 70 quilômetros. Toda nossa proposta de aproveitamento produtivo do Canal do Sertão é voltada para a agricultura familiar, para melhoria da qualidade de

vida de quem esperou décadas por essa obra. Em março deste ano, validamos o Estatuto Social Associação Gestora do Canal do Sertão, uma construção coletiva que resultou na formação de um grupo que reúne cooperativas e associações de pequenos produtores, prefeituras, câmaras municipais, Estado e instituições de ensino. São representantes de oito municípios e de 200 comunidades rurais que deverão acompanhar as ações relacionadas à utilização da água do Canal. Qualquer desapropriação será feita apenas para operacionalizar os perímetros irrigados estabelecidos pela Codevasf. Não há possibilidade de retirada de pequenos agricultores para alocação de empresários nas áreas beneficiadas pelo Canal do Sertão. Se houver interesse, esses empresários terão que comprar as terras, mas só de quem estiver disposto a vender. EXTRA- Ha décadas a capital não recebia investimentos em hospitais públicos. O Hospital da mulher é um exemplo desses investimentos. O alagoano poderá esperar mais em um segundo mandato? RF - Neste ciclo inédito de investimentos na saúde alagoana, o Hospital da Mulher e o Hospital Metropolitano são os primeiros a serem construídos na capital em quase 50 anos e temos os hospitais regionais de Porto Calvo, União dos Palmares e Delmiro Gouveia, com obras já iniciadas. Essa interiorização da

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saúde surtirá efeitos diretos no atendimento do Hospital Geral do Estado, que também deixará de produzir manchetes negativas porque trabalha muito além de sua capacidade. Nossa ideia é dar continuidade a esse processo com o fortalecimento da Atenção Básica em Maceió e no interior, a ampliação da Rede de Urgência e Emergência com a construção de novas UPAs tipo III em Maceió e Arapiraca e facilitar o acesso dos usuários do SUS em Alagoas às especialidade médicas com as UPAs Especialidades, também na capital e no interior. A relação completa das nossas propostas para a Saúde também estão no nosso Plano de Governo e serão debatidas com a população alagoana no decorrer da campanha, porque queremos a participação da sociedade no aprofundamento das questões mais relevantes para o Estado. EXTRA- Quais as propostas do senhor para o novo mandato? RF - Nossa principal proposta para os próximos quatro anos é manter Alagoas no caminho certo, no rumo do desenvolvimento econômico com justiça social, voltado à redução das desigualdades que ainda são enormes em nosso Estado. Fizemos ajustes importantes e necessários no primeiro governo, encontramos o ritmo e fizemos mudanças estruturais que permitem esses avanços. Agora, precisamos pensar no futuro, avançar mais na educação e no desenvolvimento social e na saúde. Nesses quase quatro anos, realizamos alguns sonhos que o alagoano não acreditava mais que podiam ser realizados. O alagoano não sonhava mais. Agora, graças a Deus, o alagoano está começando a sonhar novamente. Quando o alagoano começar a sonhar com o que nunca imaginou alcançar, estaremos bem perto de construir uma Alagoas digna e decente para todos nós. É isso que me motiva.


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Renan lança campanha no domingo; Collor publica programa de governo

SUCESSÃO ESTADUAL QGS DOS CANDIDATOS QUE POLARIZAM DISPUTA AO EXECUTIVO REVELAM ESTRATÉGIAS ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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s eleições para valer começam neste final de semana, dois dias após a divulgação da pesquisa Ibope ao Governo, que se tornou referência na arrancada dos candidatos em direção ao Palácio República dos Palmares. Os comitês estão liberados desde quinta-feira (16) para a campanha nas ruas. Mas o governador Renan Filho (MDB) é quem larga na frente. O lançamento dele será no domingo, no Iate Clube Pajuçara, na orla de Maceió. Os detalhes da festa são mantidos em segredo. O senador Fernando Collor (PTC) saiu na frente espalhando pelas redes sociais o jingle da campanha. Ao som do forró, é chamado de esperança, diz que novamente o alagoano terá orgulho de ter nascido nesta terra. “Onde Collor for eu vou correndo atrás”, diz trecho da música. Collor ainda não definiu a data do início da campanha. Mas também foi o primeiro a publicar sua “carta ao povo”, mostrando seu programa de governo. Quer um programa “que tenha os alagoanos como princípio e fim de suas ações”, unindo “competência técnica na gestão do Estado” e “sensibilidade em relação às pessoas, principalmente aquelas socialmente mais vulneráveis”. Explica ainda: “Estamos submetidos a um arrocho fiscal que penaliza, indiscriminadamente, todos os atores sociais, tratando desiguais como iguais”. Reclama do cres-

Renan Filho e Fernando Collor polarizam a disputa em Alagoas

cimento de 25% das alíquotas tributárias estaduais em 13 anos “sobre o consumo de bens e serviços para as famílias alagoanas.” Fala ainda do arrocho “de 2015” (sem citar Renan Filho), elevando “para 31% o total da tributação sobre o consumo de itens essenciais à sobrevivência das famílias, como energia elétrica, gasolina, gás de cozinha, internet e outros”. Após mostrar os números sociais negativos alagoanos, Collor promete “um amplo programa de agricultura irrigada nos 10 mil hectares marginais ao Canal do Sertão”. E vai trabalhar “para reverter o assoreamento do Velho Chico, recuperando suas matas ciliares, de modo a torná-lo um vetor de crescimento econômico e social. “ PÓS-IBOPE No QG de Renan Filho, após a publicação da pesquisa

Ibope na disputa ao Governo que definiu o “tamanho” de Collor na arrancada da campanha, a tática é aumentar a visibilidade das operações na área da Segurança Pública e gerar discurso para neutralizar os colloridos. E a tática já começou. No início desta semana, nas redes sociais, o governador falou sobre os investimentos na segurança, em novas viaturas, concurso público. Para calheiristas, Collor lida com um problema mais complexo, ponto na campanha palacista. Apesar de sua estrutura de comunicação - a Organização Arnon de Mello (OAM) - estar bastante abastecida com uma artilharia pesada e direcionada ao Governo, o PSDB se tornou o pior inimigo Delle neste início da disputa. De São Paulo, Thereza sua ex-cunhada - promete usar e abusar do sobrenome Collor

(ela disputa uma vaga a deputada federal), “limpando” o famoso sobrenome no defunto do marido Pedro, ao lembrar que ele revelou um esquema de corrupção que chegou ao Palácio do Planalto e derrubou Fernando da Presidência da República. Isso foi em 1992, Pedro morreu em 1994, mas Thereza Collor, filiada há anos ao PSDB, sabe que terá balas na agulha para falar do ex-cunhado na campanha paulista. E ela foi informada, também, que o PSDB nacional quer a aliança com Collor em Alagoas mas sem autorização para mostrar tucanos de plumagens valiosas, como Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Teotonio Vilela Filho

e até o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, ao lado do senador. Rui – inclusive - se esquiva de revelar seu voto ao Governo, não quer selfie com Collor e permitiu apenas o uso do tempo de TV e rádio do PSDB para o senador desenrolar sua campanha. O problema com Rui é o mesmo no Agreste. O prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, também tucano, ficará constrangido caminhando lado a lado ao senador por causa de Célia Rocha, antecessora de Teófilo, bastante criticada pelo atual prefeito por causa da “herança maldita” recebida na gestão municipal. Como explicar ao eleitor que, até outubro, as desavenças estão congeladas?

CONSTRANGIMENTO Para o lado de Collor, também existem constrangimentos no palanque de Renan Filho. A costura da reeleição do governador não tem um candidato fechado para a Presidência da República, mas uma “salada eleitoral”. Maurício Quintella (PR), candidato ao Senado, vota em Geraldo Alckmin, do PSDB, e Quintella vota em Renan Filho. O PP, do senador Benedito de Lira, vota em Collor e em Alckmin para presidente. O PPS, de Régis Cavalcante, também é Alckmin; assim como o PSD, de Marx Beltrão. Mas, votam em Renan Filho, que vota no candidato que o ex-presidente Lula definir na disputa presidencial. O PSB, do deputado federal JHC, vota em Collor. Na campanha presidencial decidiu não apoiar formalmente nenhum dos candidatos. A régua da disputa promete nivelar os dois lados. E deixar alguns detalhes “esquecidos” do grande público.


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Reeleitos têm, no currículo, acusações de corrupção e pistolagem

ASSEMBLEIA ESTADUAL E AINDA TERÃO HERDEIROS NA DISPUTA PELO VOTO; AA BUSCA O 6º MANDATO ODILON RIOS Especial para o EXTRA

De Lira também na Assembleia

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ão poucas as chances de uma renovação quase completa dos deputados estaduais após as eleições. O histórico da Assembleia Legislativa de Alagoas é que mostra isso. Levantamento realizado pelo EXTRA aponta que, de 1994 a 2018, os mesmos sobrenomes ou rostos se repetem na Casa de Tavares Bastos. E não importa o currículo do parlamentar: os recordistas são acusados de corrupção e pistolagem. Três deputados se repetem em mandatos na Assembleia: Antônio Albuquerque (PTB), Francisco Tenório (PMN) e João Beltrão (PRTB). Dos três, dois são os únicos que emendam eleições e reeleições há 24 anos. Albuquerque disputa em 2018 seu 6º mandato na Casa e deve ganhar nas urnas. É a aposta de todos os partidos. Será o único, em 2019, com mais de 2 décadas na Assembleia. E ainda pode eleger o filho, Nivaldo, a deputado federal. JB se aposenta este ano: 5 eleições consecutivas, mas apoia a 2ª geração no Legislativo estadual: os sobrinhos, Yvan e Marcelo. O filho, Marx, foi ministro do Turismo, é deputado federal, ensaiou o Senado e vai em busca de votos para permanecer onde está. Chico Tenório foi eleito em 1994, mas no ano de 2006 interrompeu as sucessivas reeleições porque venceu para deputado federal. Perdeu em 2010 a tentativa de bis na Câmara, mas não demorou a voltar à ribalta em Brasília porque era suplente de Célia Rocha, eleita

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Antônio Albuquerque, Francisco Tenório e João Beltrão querem manter seu poder de influência na Assembleia

deputada federal em 2010, dois anos depois vitoriosa à Prefeitura e, assim, renunciando ao seu mandato federal para dar lugar a Chico. Preso logo após perder o foro privilegiado, voltou à Assembleia em 2014. Disputa a reeleição e apoia a filha, Olívia, a federal. No currículo de AA, JB e Chico, ao longo dos anos, acumulam-se acusações de corrupção, assassinatos e prisões por crimes atribuídos a eles, tudo costurado pela proteção do foro privilegiado. Nenhum deles corre risco de perder o mandato nem de serem “julgados” pelos seus pares ou afastados pela Justiça. FAMÍLIAS TÊM ‘COTAS’ NA ASSEMBLEIA Desde 1994, sobrenomes de peso na vida política local se repetem na Assembleia. Gilvan Barros, por exemplo, só se “aposentou” em 2014. No lugar, assumiu Gilvan Barros Filho.

Lucila Toledo, hoje prefeita de Cajueiro, também foi deputada. Em 2002, fez campanha para o marido, Fernando, que foi presidente da Assembleia e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas. Saiu da Assembleia, mas para fazer campanha do filho, Bruno, que busca a 1ª reeleição com o discurso do “novo”. Outro Toledo, Sérgio, também construiu uma segunda cota da família na Assembleia. Sérgio chegou ao legislativo estadual em 2002. Desde então, nunca perdeu uma eleição. Muda a direção da curva política este ano, quando disputa mandato a federal. Washington Luiz Damasceno Freitas- hoje desembargador do Tribunal de Justiça- foi deputado estadual até 1998, quando foi nomeado para o TJ. Em 2006, a cunhada foi eleita: Cathia Lisboa Freitas. Hoje, o marido dela, Inácio Loiola, está na Assembleia e disputa a reeleição. A família Holanda tam-

bém tem sua cota na Assembleia. Em 1982, Antônio, hoje vereador em Maceió, foi eleito deputado estadual. Em 1990, disputou e ganhou para federal. Tentou o Senado quatro anos depois. Perdeu. E buscou retomar os espaços na Assembleia. Em 2006, elegeu o filho, Dudu, cassado pela Justiça Eleitoral. Em 2010, o irmão Dudu, também chamado Dudu, foi eleito; em seguida, reeleito em 2014. Busca sua 3ª chance de imunidade parlamentar. O outro lado dos Holanda, com Chico, disputa a eleição com chances de vitória. Ele chegou a assumir o lugar do pastor João Luiz, que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, mas devolvido pelo TSE. Gervásio Raimundo virou deputado em 1998, reeleito em 2002. Saiu como entrou da Assembleia: sem ser notado. Porém, elegeu o neto, Marcelo Victor, em 2006, reeleito até hoje e disputando o 4º mandato.

enedito de Lira, hoje senador, também passou pela Assembleia. Em 1998, conduziu o filho, Arthur, para a Casa. Reeleito em 2002 e 2006, disputou e ganhou em 2010 a federal. Busca o 3º mandato em Brasília, com apoio de Michel Temer. Isnaldo Bulhões - eleito pela 1ª vez em 1998 - representa um passado interessante. Ele é sobrinho de Geraldo Bulhões, deputado federal de 1971 a 1991. Eleito governador, encerrou a vida pública em 1995. Indicou o irmão, Isnaldo, para o Tribunal de Contas, hoje aposentado e prefeito em Santana do Ipanema. Isnaldinho, eleito em 1998, completou 5 mandatos a estadual. Sai agora para federal - recompondo, portanto, um espaço que, por 20 anos, foi do tio, Geraldo, na capital federal. Luiz Dantas, atual presidente da Assembleia, foi eleito em 2010, reeleito em 2014. Antes era deputado federal (1991-2004). Deixa a vida pública para que a história continue com o filho, Paulo. A família Pereira teve seu representante na Assembleia em 2010. Era Joãozinho, que fez campanha para a irmã, Jó, eleita em 2014 e hoje em busca da reeleição. A família Madeira quer substituir Marquinhos por Marcos, ex-prefeito de Maragogi. É uma herança ao contrário: o filho cede o mandato ao pai. Mudança para tudo continuar do mesmo jeito.


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PM, médico, ex-presidiária:quem tem chances de ser deputado estadual?

BRIGA PELO PODER LOBÃO E CÍCERO ALMEIDA SÃO MAIORES APOSTAS; ÂNGELA GARROTE TEM CHANCE ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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berta a temporada de apostas para os possíveis candidatos sem mandato e com chances de chegar à Assembleia Legislativa. Os partidos buscam esticar seus quadros com nomes de forte apelo popular, mas, principalmente, com votos suficientes para puxar outros “vagões”. Lobão, vereador de Maceió, e o deputado federal Cícero Almeida são os que mais circulam entre os engenheiros de coligações, profissionais especialistas na montagem de chapas. Expectativa é que cada um “puxe” dois ou três deputados. Também há chances para o sargento Ramalho (teve 13.593 votos a deputado estadual, em 2014); Ronaldo Luz (hoje vereador e médico); Alcides de Andrade Neto (Cidoca), hoje 1º suplente. Lobão é bastante festejado nas redes sociais, exatamente por não cumprir a função de vereador, mas prefeito de Maceió: ajudando eleitores a erguer casas na altura da Avenida Senador Rui Palmeira, no Dique Estrada; pintando faixas de pedestres; inaugurando banheiros no Centro de Maceió. E por aí vai. O vereador foi campeão de votos nas eleições de 2014, com uma campanha barata, levando em conta os números milionários investidos por candidatos-herdeiros do patronato alagoano. Sem sobrenome famoso,

BUSCANDO RETORNO Vereador Lobão e deputado Cícero Ameida são apontados como puxadores de votos

sem parentes na política, e com R$ 19.726,26 investidos pelo PR (do deputado federal Maurício Quintella) e da campanha de Rui Palmeira à reeleição na Prefeitura da capital, Lobão obteve 24.969 votos para a Câmara. Expectativa dos partidos? Que ele dobre esta quantidade para a Assembleia. Cícero Almeida segue a mesma linha. As chances de se reeleger a federal são pequenas, avaliam interlocutores do ex-prefeito de Maceió. Na Assembleia, Almeida pode reconstruir sua popularidade acachapante como gestor municipal, mas que ficou no passado: eleito com 81,49% dos votos há 10 anos, na reeleição à Prefeitura da capital. Seis anos depois, em 2016, ele disputou com Rui Palmeira e perdeu com 39,73%; Rui, indo para a reeleição, aplicou um chocolate eleitoral em Almeida: 60,27% reconduziram o prefeito.

Aposta do Norte alagoano

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utra aposta é Flávia Cavalcante, esposa do presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Kelmann Vieira, candidato a vice-governador de Fernando Collor. Flávia se apoia no prestígio do pai, o ex-prefeito de Matriz de Camaragibe e São Luiz do Quitunde, Cícero Cavalcanti, impedido pela Justiça de disputar o mandato de deputado estadual. Nas eleições de 2014 para a Assembleia, ele obteve 22.524 votos. Ficou na 1ª suplência. Assumiu algumas vezes a titularidade, no lugar de Olavo Calheiros. A eleição de Flávia tem três simbolismos: 1) Kelmann Vieira pretende lançar candidatos a prefeito em Paripueira e Barra de Santo Antônio para fazer frente a Abraahão Moura,

que “administra” as duas cidades, mesmo elas tendo, cada uma, prefeitos eleitos e; 2) o presidente da Câmara pretende evitar que, em 2020, São Luiz do Quitunde passe para a oposição (hoje a irmã de Flávia, Fernanda, é a prefeita) e em Matriz de Camaragibe o grupo político encontre um candidato para vencer Anderson Boulevard, atual prefeito (mas a cidade é administrada mesmo pelo ex-prefeito da cidade, Marquinhos). O terceiro motivo de Kelmann é a Prefeitura de Maceió. Ele busca votos para ser o candidato à sucessão de Rui Palmeira. Por isso, a projeção de uma eleição ao Governo traz vantagens ao presidente da Câmara: diminui a histórica rejeição de Collor na capital e; aumenta as chances de ser mais conhecido. Por isso, agregou 13 dos 21 vereadores à campanha do senador.

Judson Cabral é outro cotado para voltar à Assembleia Legislativa. O ex-petista (hoje no PDT), obteve em 2014 16.960 votos a deputado estadual. Sua principal base são os professores. Ângela Garrote, ex-prefeita de Estrela de Alagoas, também está na lista das que podem vencer as eleições e ocupar uma cadeira na Assembleia. Ângela é mãe do prefeito de Estrela, Arlindo, e do vereador de Palmeira dos Índios, Toninho. Em Palmeira, ela ganhou o apoio do prefeito, Júlio Cezar, de olho na reeleição em 2020 e temendo que Toninho ou a própria mãe do vereador fosse o candidato da oposição. Os Garrote têm histórico de acusações de corrupção e assassinato. Em 2017, Ângela foi julgada e absolvida pela morte de José Roberto Rezende Duarte, crime ocorrido em março de 1999; anos antes, em 2013, ela e o filho, Arlindo, foram presos acusados de desviarem R$ 1 milhão dos cofres de Estrela. O vereador Toninho Garrote responde por homicídio. É acusado de matar o estudante Diego Florêncio, em 23 de junho de 2007. Foi condenado pelo crime em 1ª instância no dia 14 de maio de 2014; em 28 de fevereiro deste ano, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça anulou o júri e determinou a realização de outro, ainda sem data para acontecer. Pai do deputado federal João Henrique Caldas e marido da candidata à primeira suplência ao Senado, Eudócia, João Caldas busca voltar à política-partidária, mas com mandato. É candidato a estadual. Em 2014 teve 12.092 votos.


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Paulão obteve no STJ suspensão da inelegibilidade por 10 anos a que foi condenado em segunda instância

MP reage à candidatura de Paulão

TATURANAS

DECISÃO MONOCRÁTICA DO STJ EM FAVOR DE PETISTA VIOLA LEI DA FICHA LIMPA VERA ALVES veralvess@gmail.com

O

Ministério Público Estadual de Alagoas aguarda para os próximos dias uma posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao Agravo Interno que interpôs contra a decisão monocrática do ministro Og Fernandes que suspendeu os efeitos da inelegibilidade do deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão. O petista obteve na semana passada o mesmo benefício concedido em abril último pelo vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Celyrio Adamastor, que suspendeu os efeitos das condenações de outros três taturanas, os igualmente deputados federais Arthur Lira e Cícero Almeida e o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, Cícero Amélio da Silva. Paulão, Lira, Almeida e

Amélio integram o grupo de nove deputados e ex-deputados estaduais que em 2016 tiveram confirmada em segunda instância a sentença de condenação por atos de improbidade administrativa pelo uso de verba pública para pagamento de empréstimos pessoais contraídos junto ao Banco Rural no período de 2003 a 2006. Todos ficaram conhecidos como taturanas em alusão à operação deflagrada pela Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público Federal e Estadual, em dezembro de 2007, que culminou na descoberta de um esquema que deu prejuízos estimados em quase R$ 300 milhões aos cofres do Legislativo. Onze anos depois, nenhum deles foi responsabilizado penalmente graças à morosidade da justiça e o vai-evem acerca da instância competente para processá-los. Condenados inicialmente

em dezembro de 2012 no bojo da Ação Civil de Improbidade Administrativa nº 004268860.2011.8.02.0001 que tramitou na 18ª Vara Cível da Capital / Fazenda Estadual, eles tiveram negados os recursos impetrados contra as respectivas sentenças e confirmadas as condenações pela 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas em novembro de 2016. Condenações estas que incluem pagamento de multa, devolução de recursos ao erário, perda do cargo ou função pública e perda dos direitos políticos pelo período de 10 anos. Ocorre que em abril último o vice-presidente do TJ acatou o pedido de suspensão das condenações no julgamento de recurso especial de Cícero Almeida, Arthur Lira e Cícero Amélio. A competência para análise do referido recurso é do presidente do TJ, no caso o desembargador Otávio Praxedes, mas este alegou suspeição por motivo de

foro íntimo e o caso foi para Celyrio Adamastor. Paulão não teve a mesma sorte de ter o recurso especial acatado porque ingressou posteriormente com o pedido. No entendimento do MP, de acordo com as alegações do Agravo Interno assinado pelo subprocurador-geral Judicial Sérgio Jucá e pelo promotor de Justiça Carlos Omena Simões, o petista teria de ter entrado com o pedido de efeito suspensivo até 29 de março de 2017, mas somente o fez em julho último, motivado pela proximidade das eleições de outubro, como evidencia o ministro Og Fernandes, relator da Petição nº 12269/AL: “No que tange ao periculum in mora, salienta o interessado que (e-STJ, fl. 16), “em relação ao segundo requisito para a concessão da medida buscada, o periculum in mora mostra-se patente neste caso, pois a decisão prolatada poderá causar prejuízos irreparáveis ao autor, caso não seja suspensa. É que, em outubro do corrente ano, serão realizadas eleições para diversos cargos de destaque no cenário nacional, inclusive para o Poder Legislativo federal. O autor, como já noticiado, ocupa, pelo segundo mandato consecutivo, uma das cadeiras da Câmara Federal pelo Estado de Alagoas, tendo sido eleito no último pleito com mais de 55 mil votos, e pretende disputá-la novamente. Tendo em vista a expressiva votação que recebeu e a qualidade dos serviços prestados em prol da população alagoana (v.g., a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara), há grandes chances de ser eleito novamente para o parlamento. Ocorre que a condenação em comento traz grandes chances de que o registro de candidatura do autor seja impugnado pelo MP por conta da chamada ‘Lei da Ficha Limpa’ (LC 135/2010), que alterou dispositivos da LC 64/90. Aliás, cumpre esclarecer que, após o julgamento em segundo grau, o MP/AL requereu a inclusão dos réus no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa e Inelegibilidade do Conselho Nacional de Justiça, o que foi deferido pelo Exmo. Desembargador Relator

e já efetivado”. Og Fernandes destaca ainda, que, em “reforço à sua tese, pontua, ainda, o requerente que “[...] os litisconsortes Cícero Amélio da Silva e José Cícero Soares de Almeida, que recorreram com fundamentos idênticos, tiveram o efeito suspensivo concedido pelo Tribunal a quo (Documento 16, fls. 5/8 e 13/14)” (e-STJ, fl. 9). No aspecto, esclarece também que ‘o peticionário pleiteou a extensão do benefício (Documento 17), posto que os fundamentos do seu recurso eram os mesmos, mas o Exmo. Desembargador Vice-Presidente do Tribunal de Justiça alagoano proferiu despacho no sentido de que sua competência para tal desiderato havia se encerrado com a disponibilização do despacho de admissibilidade (Documento 17, fls. 4/9)’”. Mas o Ministério Público assevera que o recurso de Paulão não poderia ter sido admitido pelo STJ, estaria precluso de acordo com o artigo 26-C combinado com o artigo 3º da Lei Complementar nº 135/2010, a Lei da Ficha Limpa. “A razão do art. 26-C é justamente viabilizar a mudança moralizadora, para por fim ao antigo quadro de impunidade institucionalizada. Sua nobre função é evitar retrocessos para o regime anterior, dificultando a indiscriminada obtenção de decisões suspensivas de causas de inelegibilidade, após a improbidade administrativa ser confirmada em grau de apelação”, reforça o Ministério Público Estadual no agravo. COLEGIADO O MP também argumenta que a inelegibilidade definida por órgão colegiado com base na Lei da Ficha Limpa somente poderá ser suspensa pelo “órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso”. Em síntese: a suspensão da inelegibilidade de Paulão não poderia ter sido concedida por meio da liminar em decisão monocrática do ministro Og Fernandes. A regra é clara. Cumprir é outra história.


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Chico Tenório será o primeiro a ser julgado em ação penal

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andidato à reeleição, o deputado estadual Francisco Tenório está na iminência de ser o primeiro parlamentar taturana a ser responsabilizado penalmente pelo uso de verba pública para pagamento de empréstimos pessoais. A ação penal instaurada em maio de 2011 (000282086.2011.4.05.8000) inicialmente tramitou na 4ª Vara da Justiça Federal de Maceió e subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2013 em função do foro privilegiado de deputado federal. Em fevereiro de 2016, a relatora da Ação Penal (APE) 241/AL, ministra Rosa Weber, declinou da competência do STF e remeteu o processo para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). Decisão do desembargador federal Carlos Rebêlo Júnior, do TRF-5, transferiu o processo para Tribunal de Justiça de Alagoas em julho do ano passado, onde tramita desde então tendo como relator o desembargador José Carlos Malta Marques. “Ocorre que o objeto da denúncia diz respeito a dois empréstimos contraídos pelo acusado junto ao Banco Bradesco: o primeiro no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e o segun-

do no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), que teriam por finalidade falsear a origem do dinheiro, ambos quitados de forma ilegítima com cheques de titularidade da Assembleia Legislativa de Alagoas, com recursos da verba de gabinete. Portanto, o ato ilícito em exame envolve a malversação de verba pública estadual”, assinalou o desembargador Carlos Rebêlo ao justificar a incompetência do TRF-5 para processar Chico Tenório no caso dos taturanas. A despeito de se tratar de uso indevido de verba pública por quem exerce atividade pública paga com dinheiro do contribuinte, a ação penal corre em segredo de justiça no TJ e não há qualquer indicativo de que esteja próxima de algum desfecho ainda que tenham transcorridos sete anos desde que foi instaurada. Há de se destacar que na esfera cível o deputado é réu na Ação Civil de Improbidade Administrativa nº 0500658-16.2012.8.02.0001, que tramita na 16ª Vara Cível da Capital / Fazenda Estadual e nela já foi condenado em primeira instância, em 2012, estando agora em fase de apreciação de recurso perante o TJ.

Tenório é processado por empréstimo pessoal de R$ 190 mil pago com dinheiro público

A empresa Bompreço Supermercados do NE LTDA solicita que o empregado PAULO MAX LEITE SANTOS CTPS 2299, RG 30855217 compareça a loja HIPER JATIUCA – Localizada na Av. Gustavo Paiva 2650 A, Bairro Mangabeiras, CEP 57037-532, CNPJ 13.004.510/0144-81, para retorno ao trabalho em 48 horas da publicação.


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Credores pedem destituição de administrador judicial

GRUPO JOÃO LYRA

PETIÇÃO DESTACA POSSÍVEIS ERROS COMETIDOS NA MASSA FALIDA DA LAGINHA

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

disponibilizados em caixa”.

nsatisfeitos com a demora de pagamentos, credores trabalhistas da Massa Falida da Laginha pediram à Justiça de Alagoas a destituição do administrador judicial, José Luiz Lindoso. Uma petição encaminhada à Vara de Coruripe, no dia 3 de agosto, relatou que a atual administração não estaria cumprindo com as regras falimentares e, quando indagada, sempre responderia de forma furtiva e invasiva aos interessados. “Não existindo espontaneidade, muito menos na intenção em resolver as pendências consideradas urgentes, a exemplo da quitação dos créditos trabalhistas”, diz o documento. Um dos pontos que mais revolta a categoria é a ausência de indicação do dia exato do pagamento dos antigos funcionários do ex-deputado federal mais rico do Brasil, João Lyra. Isso porque, segundo a comissão de credores, Lindoso está há um ano consolidando o quadro geral daqueles que têm dinheiro a receber. A petição também denuncia que bens da massa falida, que poderiam ser comercializados para garantir o pagamento dos credores, estão se deteriorando e sendo corroídos pela maresia. “Em virtude da alienação da Mapel para uma empresa que era considerada credora da massa falida, foi necessária a remoção dos referidos bens daquele estabelecimento e, para tanto, providenciada a retirada dos veículos para outro local. O administrador judicial, por seu turno, resolveu estacionar todos os veículos no imóvel sede do antigo escritório central localizado na praia de Jacarecica, ou seja, à beira mar. O fato é que os veículos estão literalmente ‘jogados’ ao relento sem que haja a devida conversação necessária ou, até mesmo, manutenção, fato que, por si só, já demonstra que a atual admi-

O pagamento de cinco salários mínimos para os credores da Laginha também foi alvo de críticas. “O administrador judicial não vem cumprindo a contento com as suas obrigações, especificamente porque em um passado bem próximo, fez lançar o nome de diversos credores trabalhistas em sua lista contemplando os cinco salários mínimos quando, na verdade, certo quantitativo destes supostos credores jamais poderia ser beneficiado/agraciado com o referido adiantamento”, destacou o documento. “É que foi constatado pelo setor responsável pelo pagamento dos créditos trabalhistas (Justiça do Trabalho) que uma gama de supostos credores já tinha satisfeitos os seus créditos quando da ruptura do contrato de trabalho ou até mesmo decorrente de acordos trabalhistas formalizados e quitados na ocasião oportuna. Com o intuito de demonstrar a má condução do processo falimentar e lançamento incorreto de valores em sua lista, o Juiz do Trabalho da 1ª Vara de Ituiutaba (MG) noticiou a necessidade de exclusão de vários nomes diante da quitação e o que é mais grave, quando se faz referência de que a exclusão decorre, pasmem Excelência, de processos que tramitam em juízo diverso”. E a comissão apontou que “a informação trazida por Juízo do Trabalho demonstra que o administrador judicial não possui qualquer controle do passivo trabalhista da massa falida. Não se concebe, como já dito, o transcurso de um ano na ‘preparação’ do quadro geral de credores e, quando supostamente finalizado, deparar-se com erro grosseiro e que se não fosse à intervenção da Vara do Trabalho de Ituiutaba (MG), certamente que esse crédito seria repassado para quem já tinha recebido o valor em momento anterior”.

I

CINCO SALÁRIOS

Carros que eram da Mapel, segundo comissão de credores, estão abandonados e sendo corroídos pela maresia na antiga mansão de João Lyra

nistração judicial não vem tendo o zelo necessário nos bens da massa falida”. Para os credores, a conduta do administrador fere a atribuição que lhe foi confiada. “É bom que se diga que diversas manifestações já foram realizadas pelos credores trabalhistas a fim de que o administrador judicial apresente uma data em que será realizado o reinício do pagamento, no entanto, as informações não são dadas

de forma clara e quando assim o faz, noticia que será dado início somente na segunda quinzena do mês de dezembro de 2018”, informou a comissão à Justiça. Ainda de acordo com a petição, muitos credores “estão em situação considerada como de miserabilidade, alguns deles necessitando de recursos financeiros para tratamento médico, pagamento de débitos relativos a cartão de crédito, enfim, uma infinidade de tormentos

que poderiam ser evitados se o pagamento já tivesse sido consolidado”. E reforçou: “Frise-se que o administrador judicial não possui qualquer bom senso ou responsabilidade com a coisa alheia (...). Quanto à forma como vem conduzindo o processo falimentar deixa clara que a sua conduta é negligente, irresponsável e furtiva, pois, como dito em linhas passadas, não se justifica delonga de tempo para quitação de valores que já estão


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Outro lado Em resposta ao pedido de destituição, o administrador judicial José Luiz Lindoso encaminhou o seguinte texto ao EXTRA: Inicialmente, cumpre esclarecer que a administradora judicial Lindoso e Araújo Consultoria Empresarial Ltda foi nomeada no processo falimentar da Laginha em março de 2017, bem como que, sob o comando da Comissão de Juízes formada para atuar no referido processo, foi possível já em dezembro de 2017 realizar a venda de duas usinas (Vale do Paranaíba e Triálcool, ambas localizadas em Minas Gerais), de apartamento, sala comercial, aeronave, e vários outros bens, cuja arrecadação de valores possibilitou o início do pagamento dos milhares de credores trabalhistas da Laginha. Dentre as atividades já desenvolvidas, destaca-se também que foi na gestão desta administradora que foi iniciada e está em andamento a conso-

lidação da lista de credores da Laginha, publicada em 31 de julho de 2014, que conta com mais de 18.000 credores trabalhistas, na qual se constatou a existência de erros materiais (duplicidade de lançamentos, ausência de dados, etc.), sem mencionar a análise dos milhares de pedidos de habilitações e impugnações de créditos ocorridos após a publicação da referida lista, cujas correções são necessárias para que o pagamento dos credores ocorra de forma correta, para evitar prejuízos. Com relação a lista de credores, deve ser ainda destacado que a atual administração judicial expôs, antes da apresentação da lista, graves equívocos da relação de credores anteriormente publicada. Dentre os equívocos apontados pela administradora judicial, deve ser destacado que os maiores credores trabalhistas – com créditos milionários – que trabalharam após a decretação da

falência estaria recebendo integralmente com antecedência aos credores trabalhistas de pequeno valor. Destaque-se, ainda, que, após a correção 9.000 credores trabalhista de menor valor estão sendo quitados integralmente com o pagamento de 5 (cinco) salários mínimos. Outro grave equívoco que fora corrido se refere aos credores trabalhistas que laboraram durante a recuperação judicial, cujos créditos excedentes a 150 salários mínimos não foram classificados como extraconcursal (art. 84), pois foram incluídos como credores concursais (art. 83). Quanto ao pedido de destituição formulada de forma isolada por credores da Laginha, a administradora judicial informa que houve manifestação do Comitê de Credores posteriormente a tal pedido, o qual reputa infundada a alegação de má-administração formulada pelo credor, notadamente diante do êxito até aqui alcan-

O administrador José Luiz Lindoso pede a compreensão dos credores

çado no desempenho das atividades desta administradora, diante da enorme responsabilidade que é auxiliar uma das maiores falências do País. Por fim, essa administradora judicial ressalta que desempenha seu trabalho com transparência e zelo, colocan-

do-se sempre à disposição dos credores para os esclarecimentos que se fizerem necessários, entendendo ser imprescindível que todos aqueles que de algum modo participe do processo falimentar da Laginha aja com boa-fé e cooperação para o seu desfecho em tempo razoável.


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Justiça convoca perito de outro estado para demarcar Duas Bocas

GRILAGEM URBANA FAMÍLIA COBRA HÁ 40 ANOS DIREITOS POR TERRAS INVADIDAS POR ÁLVARO VASCONCELOS SOFIA SEPRENY s.sepeny@gmail.com

P

arece não ter fim a luta pelas terras da Fazenda Duas Bocas, no Benedito Bentes, entre os herdeiros do agricultor Antônio Cândido e o empresário e candidato a deputado federal Álvaro Vasconcelos. Com mais de três décadas de atraso, o processo judicial tramita no Judiciário alagoano desde 1984, e após diversos peritos alagoanos nomeados, agora o juiz Ayrton de Luna Tenório selecionou um perito de Sergipe, Lucas Araújo Berro, para realizar o levantamento topográfico das terras e apresentar laudo pericial com a nova linha demarcatória. A última profissional responsável para demarcação de terras, Gabriella Paiva de Andrade, foi destituída por falta de celeridade e movimentação. Ela foi escolhida em setembro de 2017, mas não havia apresentado nenhum estudo até o momento. Apesar de toda a demora e dificuldade, um dos herdeiros da propriedade de 155 hectares acredita que a ação do juiz fará justiça e o considera “o Sérgio Moro das Alagoas”. Ele afirma que a celeridade do processo não acontece por conta da influência política do empresário. Antônio Cândido teve suas terras invadidas em 1984, pequeno agricultor na época, não tinha dinheiro para pagar bons advogados. Ao continuar tentando a restituição de posse das suas terras até 2001, Antônio faleceu desiludido, após perder a esperança na Justiça. A partir disso, os filhos inconformados, apelaram da sentença e deram seguimento ao processo.

Álvaro Vasconcelos disputa uma vaga na Câmara Federal

Esse processo passou pelas mãos de vários juízes e desembargadores e todos eles se julgaram suspeitos de atuar no caso por amizade pessoal ao réu. No Tribunal de Justiça, a ação foi analisada pelos desembargadores Adalberto Correia de Lima (falecido), Estácio Gama de Lima (aposentado), James Magalhães (falecido), José Fernandes de Holanda Ferreira (aposentado) e Antônio Sapucaia (também aposentado). Depois da apelação dos herdeiros, o processo foi parar nas gavetas dos magistrados. Em maio de 2009, o escândalo veio a público durante a primeira audiência pública do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Maceió, quando o descaso foi denunciado ao ministro Gilson Dipp, então cor-

regedor Nacional de Justiça. Segundo o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), o processo em questão continua aguardando a realização de uma perícia. “Já houve a manifestação das partes, que apresentaram seus assistentes técnicos. De acordo com a assessoria da 4ª Vara Cível da Capital, o processo é antigo porque já havia sido encerrado, mas houve uma outra decisão que anulou sua sentença. Com isso, o processo voltou a tramitar”, informou a assessoria de comunicação.

Entenda o caso

Em 1984, após denúncia de invasão de terras, o juiz Danilo Antônio Barreto Accioly nomeou dois peritos para demarcação de terras, Cláudio

Amaral e José Arnaldo Lisboa Martins Em 1986, o perito José Arnaldo Lisboa Martins pediu destituição do cargo. Um outro perito foi nomeado, Amilton Sarmento. Em 1988 Amilton Sarmento alegou motivo de foro íntimo e não quis continuar no caso. Outro perito, Roberto Menezes, foi nomeado e o termo de compromisso de Claudio Amaral foi reduzido. Assim que o processo foi instaurado, em 1984, Álvaro Vasconcelos entrou com pedido de usucapião nas terras. Mas antes da audiência o dono das terras vem a falecer. Em 2001 o juiz Antônio Emanoel Dória Ferreira julgou a ação improcedente. A fase de demarcação foi estagnada. Em 2011, o juiz Ayrton de Luna Tenório assume o caso. Em 2017 - 15 anos depois - o juiz Ayrton Luna Tenório anulou a sentença de Emanoel Dória e determinou a demarcação das terras do empresário Álvaro Vasconcelos, e nomeia a perita Gabriella Paiva de Andrade A perita, conforme os autos do processo na ocasião, tinha 60 dias para fazer um levantamento topográfico das terras e apresentar laudo pericial com a nova linha demarcatória. O prazo começaria a valer assim que ela fosse intimada e aceitasse a realização do laudo. Porém, foi só em março deste ano, nove meses depois que ela foi intimada para apresentação de proposta de honorários. Por falta de celeridade no processo, neste mês de agosto de 2018, Gabriela é destituída do cargo e um perito de Sergipe é nomeado. Lucas Araújo Berro é da cidade de Propriá.

Vasconcelos reafirma ter documentos que provam a posse da terra

O

empresário Álvaro Vasconcelos alega ter a escritura e a posse das terras com aval da justiça. Quanto à nomeação de um novo perito, disse: “Nenhum perito até hoje conseguiu identificar a existência dessa área. Estão querendo extorquir algo meu. Já ganhei na justiça essa causa três vezes”. Ele lembrou ainda que quando comprou a fazenda ao agricultor Antônio Cândido que era rendeiro da propriedade e tinha prioridade na compra do imóvel, mas ele não cumpriu o prazo de venda estabelecido pela justiça. Expirado esse prazo, Álvaro Vasconcelos alega que comprou as terras, tomou posse da escritura e ainda assim fez um contrato com Antônio Cândido para ele continuar na fazenda por um determinado tempo para colher as canas que havia plantado. “Ele era a única pessoa que não poderia fazer isso, porque eu ainda fiz um contrato com ele. No final, ele é que me devia pelo arrendamento das terras”, afirma o ex-secretário de Agricultura. Álvaro Vasconcelos disse, ainda, que após comprar o imóvel rural, alguém vendeu a mesma terra para o senhor Antônio, passando inclusive a escritura. “O que a Justiça determinar eu vou cumprir, mas no primeiro processo ela já determinou que a posse da terra é minha”, afirmou. “Eu não quero nada de ninguém, mas também não quero que tirem o que é meu”, finalizou o empresário.


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População pede ação do MP no Hospital Regional do Sertão

CAOS NA SAÚDE PÚBLICA UNIDADE DE PÃO DE AÇÚCAR ATENDE A MAIS DE 20 MUNICÍPIOS DA REGIÃO

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

MP NELES

H

á 12 anos, o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, em Santana do Ipanema, é referência para o Sertão e Alto Sertão de Alagoas. Porém, o desmando tem tomado conta da unidade hospitalar a ponto de ser chamado de matadouro humano. As reclamações são as mais variadas e há quem diga que se não forem tomadas providências cabíveis em breve poderá chegar ao colapso. A informação aponta que o hospital que seria de referência deixa pacientes de 7 a 10 dias na maca, com fratura, AVC, infarto, entre outros problemas de saúde sem que seja tomada providência. Por falta de assistência, pacientes morrem à mingua. Outros, são reencaminhados às suas origens sem resolver o problema de saúde. A prática de negar ou mascarar atendimento é constante naquela unidade hospitalar. Prova disso é que nos dias 25 a 27 de julho deste ano, Maria José Rodrigues de Brito, paciente encaminhada pelo hospital de Pão de Açúcar no dia 25 daquele mês com fratura de clavícula, hipertensa, transtornos mentais, diabética, dedos amputados e mesmo assim foi reencaminhada no mesmo dia para seu município de origem. E o mais grave: sem qualquer redução de fratura ou atendimento que justificasse a prática desumana. E o que dizer do caso de Maria Dolores Bezerra da Silva, a “Dolorosa”, 83 anos, que foi encaminhada pelo município de Pão de Açúcar no dia 25 de julho ao hospital de Santana do Ipanema com infarto e problemas circulatórios, mas naquele mesmo dia a enviaram de volta a seu município. Ela não resistiu e no dia seguinte faleceu. O ato desumano, cruel e negligente causou revolta da população. O descaso com quem precisa dos serviços de saúde do Hospital do Sertão é gritante. O paciente do município de Senador Rui Palmeira, José Vicente Jacaranda, 66 anos, também foi vítima da negligência no hospital de Santana. Portador de insuficiências hepática e renal, além de pneumonia e escaras, ficou 15 dias sem banho, sem alimentação adequada chegando à desnutrição. Mesmo assim, foi devolvido para seu município que não possui hospital. Comovidos, profissionais de saúde de Senador Rui Palmeira pediram arrego a Pão de Açúcar que acolheu o idoso por oito dias. Com a melhora do estado de saúde foi encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE) em Maceió. No dia 30 de julho o paciente Wilson Barroso foi enviado de Pão de Açúcar para o refe-

Hospital gerenciado por Oscip coleciona denúncias de descaso contra pacientes; administração nega

Negligência teria ocasionado a morte de Maria Dolores; infartado, Wilson Barroso não foi atendido

Equipe médica é conhecida por “empurrar” enfermos para outros municípios; descaso revolta famílias rido hospital. Apesar de estar infartado, ser hipertenso e diabético, lhe foi negado atendimento. A informação é que o médico plantonista Fábio Pedrosa não aceitou o paciente por ter sido transferido por ambulância da Samu. A alegação foi de que só receberia o paciente infartado em ambulância do município, apesar de o veículo não ter condições necessárias. O ato errôneo revoltou o médico regulador do Samu Regional de Arapiraca. Tal prepotência do médico tem acontecido corriqueiramente e há quem diga que tem o aval da

Secretaria Municipal de Saúde de Santana do Ipanema. Como se não bastasse a falta de respeito com os pacientes, o médico Fábio Pedrosa é acusado, ainda, de colocar para fora das dependências do hospital o enfermeiro Paulo e retirar colchonete da ambulância do hospital de Pão de Açúcar. Esta não é a primeira vez que o médico age de forma inadequada. Inclusive, já responde a processos na Justiça por negligência, negativa de atendimento e falta de respeito à dignidade humana dos pacientes.

A população revoltada com a falta de comprometimento com a saúde pública dos pacientes que recorrem ao atendimento pede interferência do Ministério Público para que o órgão obrigue os gestores daquela unidade de saúde a oferecerem atendimento humanizado, com serviços médicos hospitalares adequados. O impasse no hospital do Sertão não se resume apenas a atendimento de saúde. Desde sua criação, a administração tem causado polêmica, a ponto de parar na Justiça. É que com a municipalização da saúde, o hospital teve sua gestão e gerenciamento repassados para a Oscip IPAS- Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde (entidade sem fins lucrativos). Porém, a parceria não vingou e depois de muitas confusões o contrato foi rompido e passado a gerência para outra Oscip, a Insaud, dessa vez do Rio de Janeiro. Denúncias de falta de medicamentos, macas quebradas, atrasos salariais também fazem parte da história daquele hospital de urgência e emergência. A unidade também foi alvo de investigação do Ministério Público que apurou denúncias de danos ao meio ambiente, como o lançamento de resíduos sólidos, líquidos, gases e detritos em desacordo com as exigências estabelecidas em lei. O hospital foi inaugurado em 2004 e em agosto de 2010 chegou a realizar mais de 12 mil procedimentos por mês, englobando atendimentos em urgência/ emergência, ambulatório, internação, cirurgias, obstetrícia, exames complementares, ultrassonografia, radiologia e laboratório de análises clínicas. O EXTRA entrou em contato com a administração do hospital, que negou todas as acusações. Convidou a reportagem para averiguar as instalações in loco para tirar as próprias conclusões. Citou ainda que os pacientes são bem tratados, alimentados e que as informações da matéria não condizem com a realidade. O médico Fábio Pedrosa também conversou com a reportagem. “Gostaria que vocês (EXTRA) viessem para conhecer nosso serviço realizado, o que fazemos, como fazemos, as dificuldades para fazermos e os resultados obtidos”, respondeu.


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Mesmo ...

SAÚDE MENTAL

“Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo”.

arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

(Albert Camus)

Culpa? Tem não! Tem certeza?

O

sentimento de culpa está presente em todo lugar do mundo e em todas as pessoas. Em um determinado momento da vida a pessoa deve ter tido esse sentimento, que está em ricos, pobres, negros, brancos ... O que ele representa no dia a dia? Sentimento de culpa é aquela sensação em que a pessoa se sente mal por algo que fez ou que deixou de fazer. Ele fica penetrando na cabeça da pessoa horas, dias, meses, anos. O que fazer? Para Freud, pai da Psicanálise, o sentimento de culpa manifesta-se pela tensão entre o ego (que significa “eu” em alemão; tem o objetivo de permitir que os impulsos da pessoa sejam eficientes) e o superego (que é responsável para conter ou reprimir os instintos primitivos) Para o psicanalista Winnicott, no sentimento de culpa implica que o ego está conseguindo relacionar-se com o superego.

Origem da culpa

Quem nunca fez uma chantagem emocional que atire a primeira pedra! Pois é. Muitas vezes, inconscientemente, a pessoa diz mais ou menos assim, principalmente para as crianças: - Se você não fizer isso o seu pai/mãe não vai gostar; - se não comer isso sua mãe vai ficar triste. Coitada da criança. Se não fizer o que se propôs, poderá desenvolver, no futuro, um processo de culpa agudo. Em outras palavras, a pessoa “aprende” que tem que fazer o que uma outra pessoa deseja, e quando não faz pode se sentir culpada, por desagradar a outrem.

Instigar a culpa

Tem pessoa perita em instigar culpa nos outros. São manipuladoras que, percebendo a fragilidade de uma determinada pessoa, usa-a para adquirir alguma vantagem, seja emocional ou material. Esse sintoma é o que caracteriza, melhor, uma pessoa com transtorno de personalidade/conduta, ou antissocial, ou ainda, como alguns gostam de chamar, psicopata. A pessoa é insensível, sádica, manipuladora. Fuja dela. Se não puder, aprenda a ser indiferente; com ela.

Se ...

Quando surge o sentimento de culpa, a pessoa geralmente pensa: - Se eu tivesse feito isso; - se eu não estivesse naquele local; - se eu não estivesse dito aquilo. E assim por diante. Esse sentimento de culpa não vai modificar o fato que a pessoa fez ou deixou de fazer. Essa indagação de si mesmo não contribui em nada para melhorar o sentimento, pelo contrário, pode se tornar um tormento. No consultório é comum a pessoa dizer: - Se eu não tivesse dito aquilo a situação poderia ser diferente. A pessoa não precisa sentir-se culpada.

Culpa: o que fazer?

Primeiro: o “se” é passado e passado não se pode modificar, mas pode ser ressignificado. Então não precisa se sentir culpada. Precisa ser está consciente de que havendo esse sentimento, nada melhor do que aprender a desaprender.

Desaprender

A vida é um aprendizado constante. Todos os dias aprendemos algo. Se o que se aprendeu (pensamento ou comportamento) está deixando a pessoa sem condições de realizar as tarefas diárias, como trabalhar, se divertir, enfim, viver, pode ser o início de um processo ansioso ou depressivo, e, portanto, precisa desaprender. Desaprender é muito mais complexo, demorado, e, muitas vezes é preciso para amenizar e aniquilar o sofrimento. E nada melhor do que uma psicoterapia.

Depressão

Depressão é um transtorno que compromete a vida familiar e social da pessoa. É um estado sintomático e não uma categoria de patologia; ele necessita ser prevenido, diagnosticado e devidamente tratado por psicólogo e psiquiatra. Sintomas: apatia, irritabilidade, perda de interesse pela vida, tristeza profunda, atraso motor ou agitação, ideias agressivas, ideação suicida, insônia, fadiga e anorexia ou compulsão alimentar. Aos primeiros sinais procure um psicólogo.

Anedonia?

No consultório, o que mais surge são pessoas com sintomas da anedonia, ou seja, a perda da capacidade de sentir prazer no dia a dia. Para a pessoa, nada tem sentido; nada presta; tudo está cinza; os problemas não tem solução, enfim. Muitas vezes apresenta um estado de ansiedade (preocupação excessiva com o futuro) e muitos sinais de depressão. Alguns deles: não consegue se concentrar numa tarefa; tem irritabilidade difusa (sem uma causa específica); tem, às vezes, taquicardia, negligência com a higiene pessoal, enfim. Aos primeiros sinais desses sinais procure um psicólogo.

Psicanálise e o suicídio

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cada 40 (quarenta) segundos uma pessoa comete o suicídio. E para cada suicídio há, pelo menos, nove a dez tentativas de suicídio. Os índices aumentam a cada ano e os motivos são diversos. O ato suicida/tentativa pode ter origem genética, ambiental e social. No Brasil, o estado onde mais comete o suicídio é o Rio Grande do Sul.

Para o pai da Psicanálise, Freud, a perda real de um objeto refere-se ao luto, mas o sujeito mantem o senso de autoestima. Enquanto na melancolia/ depressão, o objeto perdido é mais emocional que real e neste caso há uma profunda perda da autoestima, autoacusação e culpa, e neste caso pode haver uma ideação suicida. O suicídio resulta no deslocamento de desejo destrutivo em relação a um objeto internalizado que é dirigido contra o self (a própria pessoa). É preciso ter uma escuta qualificada do sujeito para que embotamento afetivo contra si mesmo possa ser amenizado. Para isso, nada melhor do que uma psicoterapia.

Está; e não está

No mundo da tecnologia, em que o telefone celular, o tablet, o computador pessoal e outros equipamentos, parece, estão nos dominando, ou seja, nada é feito sem consulta-los. É preciso muito cuidado na hora de fazer alguma tarefa; qualquer tarefa. Pois é, muita gente está num local e ao mesmo tempo não está. As pessoas estão perdendo a capacidade de se concentrar naquilo que, realmente, estão fazendo. Ou seja, está conversando com alguém e ao mesmo tempo teclando no telefone. Isto é: está; e não está. É bom tomar cuidado porque a desconcentração pode ser o início de uma ansiedade.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. E-mail: arnaldosanttos@uol.com.br//arnaldosanttos.psicologo@gmail.com Telefone: 9.9351-5851.


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Para refletir: Na política não existem amigos, apenas conspiradores que se unem”.

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

O ridículo discurso de Carimbão O deputado Givaldo Carimbão expôs todos os alagoanos ao ridículo nacional em audiência pública esta semana na Câmara Federal ao ofender de maneira deselegante e marginal o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que ali estava como convidado. A desastrosa fala de Carimbão aconteceu ao fazer críticas sobre um evento patrocinado com dinheiro público, utilizando os benefícios da Lei Rouanet, durante reunião da Comissão de Segurança Pública e Controle do Crime Organizado, da qual faz parte. Enquanto falava, o deputado Carimbão, que faz parte da Frente Parlamentar Católica da Câmara, fez críticas às diversas obras de arte de cunho religioso, entre elas uma que mostra um homem urinando na cabeça de Jesus e de Maria. Ele afirmou que queria ver a mãe do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, exposta “com as pernas abertas”, como é retratado nas obras. – “Eu queria que fosse com a mãe dele. Eu queria que fosse com a mãe do ministro. mijando na cabeça dela. Pegando a mãe do ministro, porque Maria é minha mãe. Maria é minha mãe. Maria é minha mãe. Eu queria pegar a mãe do ministro e colocar com as pernas abertas como está aqui nessas fotos, como pastor Eurico mostrou. Se ele gostava. Pegasse sua filha”. – afirmou o descontrolado deputado. A tresloucada fala de Carimbão não apenas indignou seus colegas, a imprensa e a assistência presente à audiência, mas toda a sociedade brasileira educada e respeitosa. As reações contrárias à má conduta parlamentar vieram de vários segmentos, inclusive da Igreja Católica, que Carimbão acha que é sua propriedade.

Uma resposta educada

O Ministério da Cultura, que teve o seu titular agredido pela verborragia do desequilibrado Carimbão, em nota respondeu com educação as aleivosias. A seguir alguns trechos da nota: 2) Em sua fala, o ministro tratou da posição do Ministério da Cultura em relação a exposições artísticas realizadas recentemente em Porto Alegre e São Paulo, e prestou os esclarecimentos pedidos pelos deputados; 3) Sá Leitão reforçou a posição do MinC favorável à extensão da classificação indicativa para exposições de artes visuais; 4) O ministro respondeu com serenidade a todas as perguntas e compartilhou as informações pedidas, reafirmando sua convicção de que o assunto deve ser tratado com equilíbrio e racionalidade; 5) Em determinado momento da audiência, houve colocações ofensivas dirigidas ao ministro, sem qualquer relação com o objeto ou com o tom do conjunto da audiência. Diante das repetidas ofensas, o ministro encerrou sua participação; 6) Após o incidente, o deputado Alberto Fraga, da Comissão de Segurança, ligou para o ministro Sá Leitão e pediu desculpas em nome da Comissão e dos deputados que a compõem. O deputado Thiago Peixoto, presidente da Comissão de Cultura, fez o mesmo; 7) O ministro reitera seu respeito a todos os parlamentares e ao Congresso Nacional, e seu desejo de construir um debate amplo e respeitoso, fundado no verdadeiro diálogo, que possa contribuir de fato para o fortalecimento da cultura, da democracia e do estado de direito em nosso país.

Terceirizando a negligência

As mudanças de Toffoli

O ministro Dias Toffoli, que assumirá a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 13 setembro, enviará ao Congresso propostas para acabar com os feriados que só existem para o Judiciário. Pelo menos três deles devem ser extintos: o de 11 de agosto, em comemoração ao Dia da Criação dos Cursos Jurídicos no Brasil, o de 1º de novembro, Dia de Todos os Santos, e a Quarta-Feira Santa para juízes federais, a Páscoa começa neste dia da semana e vai até domingo.  O magistrado está dialogando com entidades de classe para um acordo em torno da medida. O fim das férias duplas para magistrados também está em estudo. Segundo fonte ligada ao ministro (tido como petista), ele pretende “limpar sua barra diante da sociedade e afastar de vez sua vinculação ao partido do ex-presidente Lula que o fez ir para o STF”. Acontece que nem tudo o que quiser poderá fazer o futuro presidente, uma vez que em se tratando de um colegiado, a maioria das decisões, mesmo administrativas, depende de uma maioria. Se conseguir muito poderá ganhar o carcomido e execrado Poder das Togas.

Collor avança

A surpreendente candidatura do senador Fernando Collor ao governo de Alagoas, quando os palacianos já comemoravam vitória em WO, não apenas mudou os sintomas da eleição, mas também começou a gerar intranquilidade dentro do Palácio Zumbi dos Palmares. Bem articulado, corajoso e destemido, o candidato que surge possui um potencial explosivo de destruição do adversário, fato já comprovado em outras eleições que participou. Com elevado poder de convencimento, tem recebido em seu gabinete, em Maceió, um impressionante número de lideranças do interior com o desejo de se engajar em sua campanha, muitos inclusive que já haviam se comprometido com o govenador Renan Filho (a velha história de quando o barco começa a fazer água). Não bastasse a sua versatilidade e poderosa imagem de marketing, conta a seu favor com os meios de comunicação mais poderosos do estado, com um poder destrutivo de uma “bomba nuclear”. Tem total apoio do governo federal na construção de sua candidatura e mais, enquanto os Calheiros (pai e filho) se limitam a uma aliança com o presidiário Lula, Fernando Collor tem em mira o provável candidato vencedor para a presidência de República.

Não é a primeira vez, nem segunda, tampouco terceira que casos de negligência acontecem na unidade de atendimento denominada UPA, em Palmeira dos Índios. Já houve registro comprovado de ocorrência de óbito em decorrência do precário e irresponsável atendimento à população do município (caso narrado pelo odontólogo palmeirense Antônio Laurentino Belo de Almeida, que teve um membro de sua família morto e culpa o atendimento inadequado na unidade de saúde). O prefeito do município, Júlio Cezar, nunca teve uma ação efetiva com relação à administração terceirizada do setor, se limitando a cada caso emitir uma nota pífia e que nada esclarece diante da população com assistência ameaçando suas vidas. O que há de estranho nessa “parceria” que mesmo com motivos óbvios não se desfaz o contrato?

Crimes eleitorais

Em conversa com um influente integrante do Ministério Público, este me dizia que há um compromisso ético e institucional entre todos os promotores e procuradores com olhos na lisura e rigor no cumprimento da legislação com vistas ao próximo pleito. Desde quando ainda eram pré-candidatos, os postulantes aos cargos majoritários e proporcionais estão em permanente investigação já havendo sido apontados vários casos que estão em apuração. Adiantava a fonte que o governador Renan Filho, por enquanto, está sendo o “campeão na pauta de investigações judiciais” em decorrência de supostos crimes eleitorais cometidos. Temos tido casos em que o governador ganhou, levou, mas teve que devolver o cargo (Amazonas e Tocantins). “A meu ver o governador Renan Filho tem cometido não apenas um, mas uma série de crimes eleitorais”, adiantava o membro do parquet estadual.


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Estamos fritos

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proposta de emenda à Constituição que limitou o teto dos gastos orçamentários à inflação do ano anterior foi uma das poucas, raras, boas medidas que este governo implantou (houve um excesso no tempo de duração O ex-presidente da - 20 anos - que República Fernando pode ser ajustado logo à frente). Henrique Cardoso Ela é o freio que profetizou: ‘O Brao país necessita para frear o sil precisa não de da candidatos, mas de crescimento dívida pública. E líderes que tenham subjetivamente visão de estadistas’. forçar ajustes no prioEsses que aí estão se Orçamento rizando despeapresentado como sas, e suprimindo presidenciáveis não penduricalhos diversos de nenhutêm. ma eficácia que entram e jamais saem da Lei de meios. Seria um ciclo virtuoso que se inicia. Seria, porque, em uníssono, as castas de servidores públicos, os mais diversos lobbies que sobrevivem à custa de verbas públicas e os políticos, já se movimentam abertamente para revogar a Lei

Economista

que mal foi implantada. E por que? Ora, simples. Como esses grupos se apropriam cada vez mais do Orçamento da Nação, mantida a Lei do teto de gastos, logo, eles chegam ao teto possível de apropriação dos recursos disponíveis. E aí não teriam como con-

tinuarem se locupletando ainda mais. E o que vai acontecer? Na verdade, já está quase acontecendo. O orçamento federal para 2019 reserva tão somente mísero 0,5% para investimentos. Com todas as implicações que isso representa de negativo para este país e seu povo. Quanto mais eles se apropriam, menos recursos sobram para educação, saúde, estradas, pesquisas,

ELIAS FRAGOSO

etc. E aí tem um problema, dizem entre si: a plebe pode se revoltar. É preciso deixar alguma migalha para esses desgraçados... Essa é a razão única para estarem se organizando em discurso soletre contra a lei. Se aproveitando da fragilidade deste governo que aí está, e das posições covardes dos candidatos à presidência, para derrubá -la (se não agora, no início do próximo governo). O Orçamento está tomado por uma infinidade de despesas obrigatórias. Quase todas paridas por estes grupos de maganos da Nação. Que para continuarem com suas vantagens imorais precisam revogar a Lei do teto de gastos, já que não há margem para quase mais nada. E eles não querem parar, claro. Prova disso é o recente caso do Supremo que quer espetar uma conta de 4 bilhões de reais para nós arcarmos com o aumento dos seus (e mais uma in-

finidade de autoridades) “míseros” salários de mais de 30 mil reais, sem contar os penduricalhos. Some-se a isso a irresponsabilidade deste Congresso malsão que vem aprovando seguidas bombas fiscais que irão explodir no colo do novo presidente. Se a situação já é muito ruim, quase ingovernável mesmo, vai ficar ainda pior. Em artigo recente no Estadão, Gabeira resume bem o grau de apreensão que temos com relação ao nosso futuro. “É com este olhar preocupado que sigo os candidatos à Presidência... Quem achar que pode ir tocando o barco sem mudanças pode desembocar numa crise mais grave (que a atual). E quem achar que tira proveito dela para voltar ao poder vai se perder mais no caminho”. Já o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso profetizou: “O Brasil precisa não de candidatos, mas de líderes que tenham visão de estadistas”. Esses que aí estão se apresentado como presidenciáveis não têm. Estamos fritos.

A grilagem das sentenças

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mentira na política tem eficiência, visto que, nos parlamentos, a incoerência, a ambiguidade e, até mesmo inverdades, podem Os políticos nunca se ser superadas vendem. No máximo se ‘alugam’. Cada mandato através das eleiPorém, pode ter, e tem, financia- ções. a confiança do dores, rótulos partidários e até eleitores diferentes. povo em seus juízes é de crisNo Judiciário, em razão tal. O respeito do de sua natureza técnica e, sobretudo, em nome do povo aos parlaideal de justiça, a corrup- mentares flutua ção é irreversível por longo amoldado pela política partidádo tempo. ria. No Judiciário a mera incoerência causa indig-

nação e ódio. A deliberação política tem por base as crenças e opiniões alheias. As sentenças judiciais, porém, têm como reduto final a consciência de cada juiz. Não há como comparar a prestação jurisdicional com as ações levadas a efeito pelos Poderes partidarizados do Estado. Os políticos nunca se vendem. No máximo se “alugam”. Cada mandato pode ter, e tem, financiadores, rótulos partidários e até eleitores diferentes. No Judiciário, em razão de sua natureza técnica e, sobretudo, em nome do ideal de justiça, a corrupção é irreversível por longo do tempo. Decerto, na política as dúvidas são relativas.

IRINEU TORRES

Diretor do Sindifisco.Conselheiro Emérito da Fenafisco

No Judiciário a dúvida flagela a Justiça. O erro judicial é o mais desumano dos erros e a mentira do juiz é a mais diabólica. O Judiciário instrumentalizado por partidos políticos só tem a perder. Suas porteiras são abertas, fica à mercê das invasões exteriores e partilhas interiores. Grilado e encampado, o Judiciário dança ao ritmo das tessituras partidárias, vicia a própria jurisprudência, perde o caráter e a personalidades. Governos, naturalmente, têm suas

bancadas nos parlamentos. Porém bancadas políticas nos tribunais são trágicas, imorais, vestem as Cortes de infâmia, entronizam o arbítrio, consolidam ditaduras e fazem do cárcere o derradeiro abrigo da dignidade humana. O Poder Judiciário é a parcela irredutível do estado de direito, palavra final da República que, acaso incerta, derroga a democracia e a paz. Um senador da República apelidado de “Justiça” é a mais deslavada das infâmias.


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JORGE MORAES Jornalista

É hora de fazer as contas

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pós as convenções partidárias e o registro das candidaturas no último dia 15, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), partidos e candidatos começam a fazer as contas em relação aos possíveis eleitos no pleito do próximo dia 7 de outubro. Só para os cargos de presidente e de governador é que pode-se esperar uma eleição em segundo turno, pois é isso o que determina a legislação eleitoral. Para os demais cargos senador, deputado federal e deputado estadual - o processo acontece em um único turno e, já na metade da noite do dia da eleição, os eleitos são divulgados depois de uma votação e uma apuração eletrônicas. Em Alagoas, a campanha para o governo do Estado caminhava para uma quase aclamação, com Hoje, a grosso o governador Remodo, dizem que o nan Filho bastanconfiante nes‘chapão’ de Renan te sa possibilidade, Filho faz 5 deputa- tudo fruto do trados federais: Marx balho que vem fazendo nesse seu Beltrão, Sérgio primeiro mandato e, até então, Toledo, Isnaldo indefinição de Bulhões, Givaldo da um nome forte Carimbão e Ronal- por parte da oposição, que anundo Lessa. ciava um nome de peso, mas que demorou muito a aparecer. Na reta final, faltando de três a quatro dias para o prazo final, isso no futebol representa 44 minutos do segundo tempo, surgiu esse nome, o do senador Fernando Collor de Melo. Fernando Collor oferece à oposição uma cabeça de chapa, que só tinha corpo e pernas, composta por Benedito de Lira e Rodrigo Cunha para o Senado da República, e alguns nomes para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa. Com Collor na briga, podemos garantir que não haverá aclamação e que o governador Renan Filho vai ter que gastar solas de sapatos percorrendo o estado, se possível, algumas vezes, mesmo que, hoje, ainda

leve uma vantagem diante de seu principal adversário, que precisa organizar seu grupo, colocar o carro na estrada, abraçar o eleitor e pedir o seu voto, coisa que Renan Filho já faz há um bom tempo. Para as duas vagas de senador, quatro nomes brigam mais diretamente entre todos os candidatos apresentados: Renan Calheiros e Maurício Quintella - ligados a Renan Filho - Benedito de Lira e Rodrigo Cunha - do lado de Fernando Collor -. Neste caso, o último que se meteu a entender de política e falar de favoritos está internado há anos no Portugal Ramalho. Claro que Renan e Biu levam alguma vantagem, mas não devem deixar de olhar pelo retrovisor, sob pena de serem atropelados pela juventude e a vontade dos outros dois candidatos, Cunha e Quintella. É como se diz: todo cuidado ainda é pouco nessa hora. Neste momento, conta mesmo para valer estão fazendo para deputado federal e deputado estadual. Para esses dois cargos são mais de 300 candidatos brigando por 9 vagas (federal) e 27 vagas (estadual) e, com cada um que você tenta conversar, o discurso é um só: todos estão eleitos. Não sei como, já que estão em jogo, apenas, 36 vagas para as duas situações. Hoje, a grosso modo, dizem que o “chapão” de Renan Filho faz 5 deputados federais: Marx Beltrão, Sérgio Toledo, Isnaldo Bulhões, Givaldo Carimbão e Ronaldo Lessa. No “chapão” da oposição estariam eleitos três deputados: Arthur Lira, JHC e Severino Pessoa. Somando esses nomes já atingimos 8 vagas e a nona vaga vai para quem? Sozinha, se atingir o coeficiente em torno de 140 mil votos, a vaga é de Heloisa Helena. Caso contrário, quem vai ficar com a vaga é a soma de votos que pode ficar entre Coronel Do Valle, Fernando James, Tereza Nelma, Zé Luiz dos Anjos e Eduardo Canuto, entre outros de um lado; ou Val Amélio, Paulão, Nivaldo Albuquerque, Regis Cavalcante, Rosinha da Adefal, e mais alguns. E ai, depois desse quadro, quem vai levar essa vaga?

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ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

Valorize seu voto Vivemos no Brasil uma crise sem precedentes! Os políticos nos últimos vinte anos acabaram com o nosso país. Em todos os recantos deste imenso rincão só se fala em desemprego, fome, inflação, violência e, principalmente, corrupção. Precisamos pensar numa maneira de sair do atoleiro! E só há um caminho: saber votar. Escolher homens e mulheres de bem que tenham condições de administrar crises. Qualquer um que chegar ao poder terá imensa dificuldade de mudar a maneira de governar sem o célebre conceito “é dando que se recebe”. Não adianta querer saber quem são os culpados de tanto roubo, de tentar administrar a coisa pública como se particular fosse. Agora é partir para recuperar o tempo perdido. Estou cansada de perguntar: o que é verba de camOs escândalos se suceO que dem. O Poder já foi fecha- panha? é propina? E do duas vezes pela Justiça não é por ignoe tudo continua do mesmo rância; sei disÉ porjeito. Pensem bem antes tinguir. que está tudo de escolher o seu depu- tão misturado, tado estadual: analisem que os dois se a vida da criatura, vejam confundem. Existe algo se está ligada às velhas mais vergoraposas políticas. É bom nhoso do que Partieleger novos, sem sujeiras Fundo dário? O Conno currículo. gresso aprovou tal absurdo em benefício próprio, pois lá estão os “donos dos partidos”. No fim, vão voltar os mesmos, reeleitos com o nosso dinheiro. Não quero falar para meus leitores de direita ou de esquerda, porque no Brasil acabou-se o idealismo. É uma troca eterna de partidos e, vez em quando, tomo um susto vendo pessoas de um lado ou do outro que já passaram por diversos partidos políticos. Quero falar de homens e mulheres de bem que não estão ricos, indiciados, acusados em vários processos. São poucos, mas ainda encontraremos alguns. O que mais me assustou recentemente foi Collor querer voltar ao Governo de Alagoas! Lembro-me, de forma

perfeita, quando ele saiu de nosso estado para ser presidente da República: raspou os cofres estaduais, fez um acordo com os usineiros, pagou os atrasados a alguns afilhados e nos deixou na miséria. O escândalo estourou nas mãos de Divaldo Suruagy, que chegou a atrasar sete meses o pagamento do funcionalismo público estadual. Com o célebre acordo, os usineiros deixaram de pagar o imposto sobre a cana própria e a arrecadação caiu em 65%. Foi um Deus nos acuda! Isto que estou narrando aos leitores, ninguém me contou. Vivenciei tudo! Vi companheiros vendendo casa, telefone, carro, para sobreviverem. Um policial militar suicidou-se e um servidor da extinta Cohab morreu de ataque cardíaco ao ver seus filhos não serem atendidos nas necessidades básicas. Um horror!!! Daria um conselho aos colegas funcionários do Estado: não votem em Collor nem em seus seguidores! Se já estamos sofrendo com a crise atual, iremos para o fundo do poço! Quando se fala em deputado estadual, a cena é tão degradante quanto o retorno de Collor. Temos um Legislativo fraco, dirigido por homens que usam o dinheiro público para se locupletar e pagam salários dobrados a novecentos comissionados, transformando-os em cabos eleitorais e em fonte de renda, com a devolução de parte de seus salários ao “patrão”. Os escândalos se sucedem. O Poder já foi fechado duas vezes pela Justiça e tudo continua do mesmo jeito. Pensem bem antes de escolher o seu deputado estadual: analisem a vida da criatura, vejam se está ligada às velhas raposas políticas. É bom eleger novos, sem sujeiras no currículo. Para presidente da República estamos diante de um quadro complicado e precisamos pensar bem, ouvir as propostas dos candidatos, para votar conscientemente. Senadores e deputados federais com mandato, em sua maioria, estão envolvidos em escândalos, cheios de processos, com uma longa ficha de delitos. O servidor público das Alagoas e seus familiares já sofreram demais, alguns perderam o emprego, o salário cresceu muito pouco. Mas se votar em Collor, tudo vai piorar. Meu caro leitor: use sua arma: o seu voto!


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Rir de quê?

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igo o computador, abro a página inicial do meu provedor e está lá notícia de que youtuber compra jatinho e diz não à TV. Espantado, me pergunto: como não ficariam pasmos os nossos grandes humoristas, a exemplo Aristóteles abordou de Chico Anysio, Jô o riso no Livro II da Soares, Golias, Ary Toledo, Costinha e Poética, livro esse tantos outros que definitivamente per- viveram os grandes dido, cujo assunto momentos do huserviu de tema para morismo no Brasil. Não tenho notícia o livro O Nome da que, qualquer um Rosa, de Humberto de deles, tenha chegaEco. Entendia ele que do mais perto de um o riso não signifijatinho particular, a cava nem dor, nem não ser, quiçá, como fretante em situadestruição e o via ções de emergência. com específico do Ainda pasmo, homem. procuro saber a fonte do riso e do humor que levou a esse espasmo de ostentação do noticiado youtuber. Acesso o YouTube pra ver a causa e a fonte de tanto sucesso. Deparo-me

com um quase adolescente que a título de fazer humor produz vídeos que necessitam de cócegas para provocar meu riso. Me esforço pra rir e frustrado ao final me pergunto, rir do quê?? Sentindo-me incapaz do riso no momento, procuro material literário sobre o riso e me deparo com a obra de Georges Minois – História do Riso e do Escárnio - Minois, Georges, 1946 – tradução Maria Helena O. Ortiz Asumpção – São Paulo - Editora Unesp, 2003 e com um interessante trabalho sobre o riso, de Camila da Silva Alavarce, ALAVARCE, CS. A ironia e suas refrações: um estudo sobre a dissonância na paródia e no riso [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 208 p. ISBN 978-85- 7983-025-9. Nelas vejo que o tema do riso vem sendo tratado seriamente desde a antiguidade clássica até nossos tempos. Platão, em A República e Filebo, entendia que o riso era um falso prazer, experimentado pelos medíocres, uma vez que afastava o homem da verdade. Aristófanes usou e abusou do riso em suas comédias, principalmente em Lisístrata a Guerra dos Sexos, As Ves-

Conviver com os espinhos

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reocupa-me, sobremaneira, a atitude tomada pela ou pelas torcidas organizadas do Clube de Regatas Brasil Espero que o ocorrido que, além de invadirem e picharem com o Clube de Redependências do gatas Brasil não sirva Centro de Treinade exemplo para que mento, chegaram ao desplante de outros componentes de agredir, covardeagremiações venham mente, a jogadores clube. Como sadescarregar suas frus- do bem, militei no futrações e insatisfações tebol durante um naqueles que estão ali, bom tempo de minha vida no Centro uns por paixão, outros Sportivo Alagoano e, sinceramente, por profissão. não trago, daquele tempo, qualquer recordação que se assemelhe ao acontecido esta semana, em qualquer dos clubes com os

quais travamos renhidas e homéricas disputas. A admiração que se tinha pelo seu time era traduzida pelo amor e paixão que dedicavam a todos que compunham suas diretorias e elencos. Inimaginável àquela época, tamanho desrespeito a essas instituições. E isso acontecia até com os próprios adversários. Involuímos de tal forma que, na sociedade “evoluída” em que nos transformamos, não se pode entrar num estádio com o símbolo maior de seu clube, pois o mastro da bandeira converter-se-á em arma. Um exemplo que já citei em artigo foi quando, nos idos de 1973, nossa diretoria comprou pares de solados de tamancos, apenas a madeira, para a torcida utilizar no gesto de bater palmas. O envolvente ruído ecoava por todo o estádio. Em nossos dias seria difícil conter a chuva de tamancos que se transformaria no primeiro desentendimento

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

pas e As Nuvens, onde ria até mesmo de Sócrates. Aristóteles abordou o riso no Livro II da Poética, livro esse definitivamente perdido, cujo assunto serviu de tema para o livro O Nome da Rosa, de Humberto Eco. Entendia ele que o riso não significava nem dor, nem destruição e o via com específico do homem. Daí, chegamos até Cícero que o utilizou como recurso retórico e, da mesma forma, Quintiliano. Demócrito, intitulado o filósofo que ri, talvez tenha sido aquele que melhor o definiu e o usou, pois achava que o riso era fruto da insensatez humana e devia ser usado para o homem rir de si mesmo, frente à sua insignificância e desconhecimento de tudo. Na Idade média, frente ao domínio da igreja, o riso passou a ser demonizado e a sofrer grande condenação e censura ética. Do Renascimento aos tempos atuais, o riso foi tema abordado por Laurent Joubert, Thomas Hobbes,

Kant, Bergson, Freud e Schopenhauer. Cada um fazendo sua análise dele de acordo com o momento e o contexto sociocultural de suas épocas. Hoje, diante da constatação de que o riso ganhou novo status e conceito, me assombro com o caráter insípido e pueril que alcançou na mídia e redes sociais. Assombro-me mais ao identificar as causas que levaram ao repente de ostentação do jovem youtuber, são os vinte e cinco milhões de seguidores que, massificados pelas redes sociais, passaram a cultivar o riso midiático, o qual demonstra que, talvez entre todos os estudiosos do riso, o mais acertado foi Baudelaire, que afirmava que a força do riso estava em quem ri e não no objeto do riso, pois nada é cômico em si mesmo e que o riso cômico nasce da intenção maldosa daquele que ri. Ou seja, não adianta me perguntar: rir do quê, uma vez que a força do riso despertado atualmente não se encontra no engraçado em si mesmo, mas sim na estultícia dos novos ridentes.

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA Economista

com a torcida adversária. Porém estamos em outros tempos. Se não viéssemos acompanhando essa “evolução” desastrada, iríamos ter o mesmo choque do cidadão, na estória relatada em novela atual, que passou cento e poucos anos congelado e, de repente, acordou para conviver com hábitos e costumes totalmente inadequados à sua época. Principalmente no trato com as mulheres, onde o desmanche do emblemático “sexo frágil” vem permitindo ao homem abandonar seus gestos de carinho, respeito e cavalheirismo, tão marcantes em tempos passados. Ainda trago, arraigada em mim, muito dessa coisa que chamam de cafona. Não chego ao extremo de meu pai, que usava dois lenços para

a possibilidade de alguma mulher necessitar de um, perfumado, mas, levantar-me quando uma delas se aprochega de minha mesa, deixar que passem na minha frente, e até quando entro em restaurante, se não puxo a cadeira para que ela se sente, obrigatoriamente, espero que se acomode primeiro. Espero que o ocorrido com o Clube de Regatas Brasil não sirva de exemplo para que outros componentes de agremiações venham descarregar suas frustrações e insatisfações naqueles que estão ali, uns por paixão, outros por profissão, para nos proporcionarem, unicamente, alegria em suas vitórias. E lembrar que nem tudo são flores. Existem os espinhos.


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Loterias online

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Caixa Econômica Federal lançou um portal de apostas dos jogos lotéricos, o Loterias Online. O site, que tinha previsão para lançamento em 2017, tem como objetivo oferecer mais comodidade ao apostador e alcançar um novo público que não frequenta as lotéricas. Para apostar, o usuário precisa ser maior de 18 anos, realizar um cadastro prévio com dados pessoais, concordar com o termo de adesão ao serviço, selecionar os números ou palpites nos volantes virtuais e inseri-los no carrinho de apostas.

Etanol

Alagoas foi um dos poucos estados do Brasil que registrou alta no preço médio do etanol na última semana. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas, o estado registrou a maior alta no preço do biocombustível, de 2,58%. Na média dos postos brasileiros pesquisados pela ANP houve queda de 1,67% no preço do etanol na semana passada. Em São Paulo, principal estado produtor e consumidor, a cotação média do hidratado recuou 2,52%.

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ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.maceio.br

Nagem

Salário ideal

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o valor de R$ 3.674,77 seria suficiente para “para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”. O valor do salário mínimo “suficiente” representa 3,85 vezes o valor do salário mínimo nominal, que é de R$ 954. O cálculo é feito mensalmente desde 1994 com base no valor da cesta básica mais cara, atualmente a de São Paulo (R$ 437,42).

De olho num arrojado plano de expansão para 2018, que inclui operações em novas praças do Norte e do Nordeste, a Nagem, uma das maiores varejistas de tecnologia, abre a sua primeira loja em Alagoas. O estabelecimento que promete fortalecer o setor econômico tecnológico e fixar uma nova concorrência com lojas mais tradicionais da capital ficará no Shopping Pátio Maceió, no Benedito Bentes. O local de aproximadamente 620 metros quadrados terá itens distribuídos nas linhas de telefonia, eletrônicos, informática, eletrodomésticos, eletroportáteis, games e papelaria.


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Alagoas caminha para era da cirurgia robótica

SAÚDE E TECNOLOGIA EM 50 ANOS DE PROFISSÃO, ANTÔNIO DE PÁDUA REALIZOU MAIS DE 5 MIL CIRURGIAS BARIÁTRICAS MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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le veio lá da Viçosa, interior de Alagoas, para cursar Medicina na primeira turma da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Filho de farmacêutico por formação, o cirurgião Antônio de Pádua M. de Carvalho tem 50 anos de prática médica e já realizou mais de cinco mil cirurgias no estado. Especialista em bariátricas e metabólicas, alerta que o procedimento por si só não faz milagre e que após cirurgia o paciente precisa ter acompanhamento de outros profissionais, incluindo atividades físicas. “Não é à toa que após cinco anos, mais de 20% das pessoas que passam pelo processo voltam ao peso de antes”, afirmou o profissional. Vale ressaltar que a cirurgia metabólica só foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em dezembro de 2017, mas o cirurgião alagoano já atendeu a mais de 200 pacientes através desse mecanismo. Segundo Pádua, o procedimento é igual ao da bariátrica, porém com objetivos diferentes. Enquanto as operações bariátricas são indicadas quando o indivíduo tem problemas relacionados ao ganho de peso, mas não possui outros

menos invasiva. As vantagens de o paciente passar por operações através desse procedimento vão desde menor permanência no hospital -geralmente recebe alta em até 48 horas -, menor perda de sangue, retorno ao trabalho mais rapidamente - podendo voltar às atividades em 15 dias, menos dor, e sem necessidade de ir para UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Cirurgia com o robô Da Vinci garante mais precisão na operação; Antônio de Pádua recebe reconhecimento nacional

problemas metabólicos como o diabetes e a hipertensão, a metabólica é aplicada para a melhora dos componentes da síndrome metabólica – pressão, glicemia e colesterol. “O foco da cirurgia metabólica não é o peso, mas o controle de doenças como a diabetes tipo 2”, explicou o cirurgião.

Em cinco décadas de profissão, o médico confessa que um marco importante em sua vida de cirurgião foi a chegada do método laparoscópico, que aperfeiçoou as técnicas. “O que você fazia acompanhando os pacientes com grande sofrimento, de repente chega este benefício. Para quem possui mais de cin-

co mil cirurgias nas costas tem mesmo que comemorar”. Pádua se refere à videolaparoscopia, técnica que utiliza uma microcâmera de vídeo, através de uma pequena incisão ao invés de corte maior. Através de um monitor, o cirurgião leva a câmera por entre os órgãos do paciente a fim de efetuar as correções de maneira

Operação por robô a caminho de Alagoas “Você tem medo de ser operado por robô? Essa pergunta é constante quando se fala em cirurgia realizada por uma “máquina”. O assunto não é surreal e Alagoas prepara equipe para implantar cirurgia robótica no estado. No Brasil, existem cerca de 30 robôs para esta finalidade e segundo o cirurgião Antônio de Pádua, defensor da técnica, a perspectiva é que o alagoano em breve possa contar com a cirurgia robótica. O especialista argumenta que com o robô cirúrgico Da Vinci- The Da Vinci Surgical System -(em homenagem a Leonardo Da Vinci) o cirurgião trabalha sentado e que não há o que temer, pois a máquina obedece ao profissional. “Só faz algo com o comando do cirur-

gião”. O da Vinci possui quatro braços, sendo que um deles carrega a câmera, enquanto os outros três ficam livres para portar instrumentos cirúrgicos, como pinças, tesouras e bisturi. O ato cirúrgico é guiado por imagens fornecidas pela câmera introduzida no corpo do paciente. A câmera tem capacidade de ampliar em até dez vezes uma imagem, o que mantém a nitidez e a percepção de profundidade sem a abertura do abdômen ou do tórax. O médico realiza a cirurgia a partir de uma mesa de controle. A movimentação dos instrumentos se faz pelo manuseio de dedais delicados. À medida que move as mãos e os dedos, o robô reproduz seus movimentos

dentro do corpo do paciente. Se o médico tirar o rosto da tela de controle, o robô para automaticamente. Além de um cirurgião no controle, outro fica ao lado do paciente para eventuais necessidades auxiliares. O cirurgião Antônio de Pádua afirmou que o robô Da Vinci é ideal para cirurgias de câncer de bexiga, tumor de próstata, câncer de cólon e outros tipos da doença, cirurgia geral, do aparelho digestivo, cabeça e pescoço. Com as vantagens de que tem menos risco de infecção, menor dor pós-operatório, rápida recuperação, ausência de tremor por ser fixo, maior amplitude nos movimentos, melhor conforto para o cirurgião e facilidade na utilização de novas tecnologia.

CIDADÃO DO MUNDO

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implicidade em pessoa e de conhecimento ímpar não apenas do que mais sabe fazer: cirurgia, Antônio de Pádua é cidadão do mundo e busca e leva experiência pelo planeta afora. Seja no Havai (nos Estados Unidos), onde participou do Diabetes & Obesity Summit , congresso internacional sobre diabetes e obesidade; seja em Fortaleza como debatedor durante o XIX Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, ou em suas andanças por São Paulo acompanhando cirurgias robóticas. Ainda carrega em seu currículo o feito de, em 2016, operar um paciente com obesidade mórbida que tinha os órgãos invertidos (situs inversus totalis). Quando é indagado sobre quando pretende parar de realizar cirurgias, apenas sorri e diz : “Pretendo operar enquanto tiver couro e osso e um coração batendo”. Que esse coração do menino curioso que pendeu desde cedo para o lado da cirurgia continue batendo ainda por muito tempo e salvando vidas. Alagoas e o mundo agradecem.


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Reaprender é preciso

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elacionamento entre quem compra e vende veículos passa por grande transformação. A transição não será tão rápida, mas há necessidade de manter flexibilidade para evitar que o mundo digital se sobreponha de maneira fria ao contato pessoal. Este foi o lema do 28º Congresso da Fenabrave, realizado ao longo de dois dias em São Paulo (SP), semana passada, tendo como pano de fundo o segundo ano consecutivo de recuperação de vendas. Duas reivindicações do setor de concessionárias ainda patinam, sai ano, entra ano, e interessam também aos compradores: renovação de frota e inspeção veicular. O País precisaria de recuperação econômica consistente para dar sustentação a esses dois programas. Para complicar o Renave (Registro Nacional de Veículos em Estoque), que traria mais segurança jurídica e menores custos nas transações de carros usados, depende de integração entre todos os Detrans do

País. Passados dois anos, ainda patina, como lembrou Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave. Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, chamou a atenção sobre o avanço do compartilhamento ou cobrança pelo uso. Vão exigir custos maiores de manutenção, pois os veículos deverão rodar até quatro vezes mais do que hoje. Sobre o crescimento avassalador dessa modalidade há dúvidas, já lembradas por essa coluna. No exterior, pesquisas apontam certa insegurança dos usuários sobre a forma como o carro foi guiado ou “abusado” anteriormente. Se o carro é seu, você sabe tratá-lo. Um estranho teria o mesmo cuidado? De qualquer modo, novas ferramentas de comercialização chegaram para ficar. De acordo com o diretor do Itaú Unibanco, Rodnei Bernardino, o assistente digital apresentado no evento e disponível agora em setembro é um exemplo. “Um robô interage com o cliente por meio de perguntas e respostas.

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FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br Assim, consegue captar praticamente todos os seus desejos por meio do aplicativo no PC ou smartphone. Da cor do veículo às condições do financiamento, a qualquer hora, nos sete dias da semana. Facilita a vida do comprador e agiliza o trabalho do vendedor na loja”, explica. Para o CEO da plataforma iCarros, Ricardo Bonzo Filho, nenhum cliente ficará desassistido mesmo quando transações totalmente on line tornarem-se corriqueiras. “O atendimento presencial nunca deverá ser negligenciado”, defende. As mudanças atingem também quem prefere vender o veículo usado numa transação direta entre particulares, sem participação de lojistas ou concessionárias. A internet abriu

novas possibilidades e impressiona o número de sites em que é possível anunciar ou procurar o modelo desejado. Apenas um deles, OLX, que nasceu na Argentina e hoje de propriedade do grupo sul-africano Naspers, afirma ter 20 milhões de usuários por mês no Brasil e responder por mais de 25% do total de carros seminovos e usados comercializados. Tamanha concentração, em poucos anos de atuação, chega a assustar. O jeito é se render ao pensamento de Alvin Toffler, escritor e futurista americano, falecido há dois anos: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

ALTA RODA n AGITAÇÃO nos EUA sobre carros elétricos. Apple contratou ex-engenheiro chefe da Tesla, Doug Field, o que levou a interpretações de volta ao interesse em produzir veículos. Embora a gigante de US$ 1 trilhão nunca tenha anunciado o projeto, continua a investir em tecnologia para autônomos. Quanto à Tesla, fechará seu capital. “Cansou” de expor vexaminosos prejuízos... n ANFAVEA e Secretaria Nacional do Consumidor ampliam o esforço para mais motoristas atenderem às campanhas de revocação (recall) e assim corrigir itens de segurança defeituosos. Índice atual é inferior a 50%, na média, e em alguns casos, abaixo de 40%. No site da entidade agora há um link para dados específicos e atualizados: www. anfavea.com.br/recall.html. n SEGUNDA geração de lâmpadas em LED da Philips abrange 80% da frota e sua durabilidade é quatro vezes superior às halógenas convencionais. Capacidade de iluminação é quase três vezes maior com um facho branco que descansa

a vista. Custa aproximadamente o quádruplo de uma lâmpada convencional. Deve-se registrar a modificação no Detran. n MAIOR fabricante de rodas de aço e de liga leve do mundo é uma empresa multinacional brasileira. Iochpe-Maxion completa um século de fundação em novembro próximo. Empresa de origem gaúcha diversificou sua atuação ao longo do tempo, até se concentrar em rodas (adquiriu marcas consagradas no exterior), que representam 80%.

Chassis e longarinas são 20%. n DIVERSIFICAR também é estratégico na Cummins, fabricante de motores pesados e geradores. Sabe-se que veículos comerciais serão os últimos a migrar para a eletrificação, embora ônibus e caminhões urbanos tendam a ser elétricos. Investe ainda em gás natural (transforma ciclo Diesel em ciclo Otto), biocombustíveis e produção de baterias. Marca americana completa 100 anos em 2019.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Candidatos que só sabem roubar

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mundo está louco! Pelos sinais que aos poucos estão aparecendo nós já estamos bem perto do fim do mundo. Vejam que as grandes florestas estão sendo consumidas pelo fogo, como aconteceu na Itália, na O papai e a mamãe já Grécia e nos Estanão existem, já que não dos Unidos. Milhares de pessoas estão sabemos quem é o pai sendo queimadas ou a mãe. Quando os pelo fogo, além das filhos adotados souberem mansões, casas, matas, animais e que seu pai é uma Tudo está ‘bicha’ ou um ‘sapatão’, parques. sendo devorado pevão acontecer fugas, las chamas infervinganças, rejeições ou nais, com labaredas Aviões crimes. Vai ser o fim do gigantes. com substâncias mundo. químicas e fortes jatos de água já não conseguem apagar logo as chamas. Os bombeiros que sempre estão preparados para enfrentar o fogo, se sentem

sem equipamentos e sem treinamentos para dominá-lo. Tudo faz crer que estamos no fim do mundo. Paralelamente a tudo isso, está faltando água para o povo beber, como no Nordeste e no Sul do Brasil, com as secas que antes não existiam. Está faltando água nos grandes reservatórios para movimentar grandes turbinas das hidroelétricas. Estamos no fim do mundo! Além do fogo, as enchentes estão aparecendo em todas as partes, como aconteceu no dilúvio. Recentemente, vimos monumentos, casas, árvores e carros serem carregados pelas águas e pontes caírem. Muitas pessoas estão sendo mortas e carregadas pelas águas, com enchentes nunca vistas, antes. Nos últimos dias, aconteceu uma enorme enchente na França, com castelos, mansões, casas, monumentos e carros sendo levados pelas correntezas. Estamos sem condições de barrar as forças da natureza.

Antes a gente ouvia bonitos boleros, sambas, valsas, pagodes e baiões, mas já não existem bonitas músicas e nem bonitas letras. As rádios e as televisões já não apresentam as músicas como antigamente, pois, até nas danças, a gente só ouve gritarias e muitas safadezas com mulheres seminuas e letras nojentas. Acabou-se o que era bonito para vermos e aproveitarmos dos divertimentos que existem. Até a música que, antes era sublime, acabou-se, dando lugar a desmantelos e presepadas. Os pagodes são sem ritmos e sem artes. O forró já não é o mesmo, animado como antes. Inventaram ritmos loucos! Já estamos na era da bagunça, com mulheres casando com mulheres e homens casando com homens. Já não sabemos numa casa quem é o dono ou a dona da casa ou se são duas mulheres ou dois homens. Antes, era muito bonito sabermos que um pai e uma mãe possuíam vários filhos e várias filhas,

porém, hoje em dia, não sabemos se os filhos são dos dois homens ou das duas mulheres. O papai e a mamãe já não existem, já que não sabemos quem é o pai ou a mãe. Quando os filhos adotados souberem que seu pai é uma “bicha” ou um “sapatão”, vão acontecer fugas, vinganças, rejeições ou crimes. Vai ser o fim do mundo. Sei não!!! Estamos num mundo muito diferente do mundo de anos passados. Até os estilos de governos estão diferentes, pois existiam os reinados, as ditaduras e as democracias, mas as democracias passaram a ser “roubalharias”, quando o povo escolhe seus representantes para que eles roubem o dinheiro do povo que o elegeu. Hoje em dia são roubos, roubos e roubos!!! Em tempo – A senhorita Sílvia Ataíde de Melo disse que continua me lendo todas as sextas-feiras, no EXTRA. Que bom! Obrigado, ilustre leitora!


MACEIÓ, ALAGOAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

ABCDO INTERIOR

Cabeça a prêmio

S

e depender de, pelo menos, cinco vereadores em Arapiraca, o superintendente da SMTT, coronel Jodelmir Pereira, não vai fazer falta se deixar o comando do órgão. Na sessão ocorrida na Câmara Municipal, esta semana, o vereador Fabiano Leão (MDB) cobrou a construção de um ponto de parada de ônibus na AL-110, próximo ao acesso do Povoado Poção.

robertobaiabarros@hotmail.com

Angústia

O sofrimento e a angústia continuam marcando a vida de 190 ex-funcionários do Hospital Real Santa Maria, um dos maiores estabelecimentos de saúde da cidade de Arapiraca. De propriedade da família do ex-deputado federal Talvane Albuquerque - que cumpre pena pelo assassinato da ex-deputada federal Ceci Cunha, a unidade de saúde fechou suas portas no ano de 2012, por conta de uma grave crise financeira.

Sem dinheiro

O problema afetou diretamente os funcionários, que ficaram vários meses sem receber os seus salários. Alegando falta de recursos financeiros, a direção do hospital decidiu fechar as portas, encerrando uma história de mais de 30 anos de serviços prestados à população de Arapiraca e de cidades vizinhas.

Leilão Insatisfação

O vereador disse estar surpreso com a retirada do ponto de parada de ônibus, que teria sido colocado em outra comunidade. Fabiano Leão disse que o superintendente da SMTT não sabe o que está fazendo no cargo, afirmando que o gestor sabe mesmo é colocar os agentes nas ruas para multar os motoristas.

Mais críticas

Por sua vez, o vereador Willomaks da Saúde (PRP) também criticou o superintendente, afirmando que a SMTT é uma autarquia que mais arrecada impostos no município, mas dá pouco retorno à população. Os vereadores Jario Barros (PRP), Fábio Henrique (PC do B) e Léo Saturnino (MDB) também fizeram duras críticas ao trabalho do coronel Jodelmir.

Licença paternidade

A Câmara de Arapiraca aprovou o projeto de lei da vereadora Aurélia Fernandes (PSB) que altera a lei municipal da licença paternidade dos servidores municipais. O prazo foi prorrogado de cinco para vinte dias. O documento agora segue para o prefeito Rogério Teófilo (PSDB) vetar ou sancionar a lei.

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Os funcionários acionaram a Justiça do Trabalho, que deu ganho de causa aos trabalhadores para o pagamento de uma dívida de mais de R$ 3 milhões. O prédio avaliado em R$ 7 milhões está em leilão e, passados mais de seis anos de expectativas, até o momento ninguém arrematou o prédio, o que aumenta ainda mais a aflição dos 190 trabalhadores e suas famílias.

Igaci

O município de Igaci deve receber, nos próximos dias, em parceria com o Governo de Alagoas, uma moderna ambulância para o atendimento à população. Além disso, o prefeito Oliveiro Torres aguarda com expectativa o anúncio das obras de pavimentação asfáltica da entrada da cidade até o fórum, bem como o abastecimento de água do Povoado Lagoa do Capim e Assentamento Unidos pela Terra.

Coité

A Prefeitura de Coité do Nóia informa que já iniciou a obra de pavimentação de mais duas ruas: Santa Rita e Travessa João Sebastião. Por outro lado, a Rua João Sebastião receberá mais um complemento. Em parceria com o Governo de Alagoas, a prefeitura está elaborando novos projetos para pavimentação de outras artérias da cidade.

PELO INTERIOR ...A cidade de Arapiraca vai ganhar, em breve, mais um campus universitário, com a construção da sede própria do Cesmac. ...O campus será edificado em terreno de 2.500 metros quadrados e localizado no Condomínio Urbis Perucaba, em área nobre da cidade. ....Os serviços de terraplenagem estão em fase final para a autorização do alvará por parte da prefeitura e IMA. ...O campus vai abrigar os cursos de Direito, Engenharia Civil e Psicologia, além de cursos de

educação à distância. ...O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), em audiência pública ocorrida esta semana, em Cacimbinhas, implantou três conselhos municipais de segurança pública em cidades do alto sertão. ...A iniciativa, proposta pelo órgão ministerial, aconteceu em parceria com as prefeituras de Cacimbinhas, Minador do Negrão e Dois Riachos. ...A implantação dos conselhos de segurança contou com o apoio das polícias Civil e Militar de cada um desses municípios.

...A população de Cacimbinhas está recebendo o maior investimento em saúde pública, com o lançamento do Programa Mais Saúde. ...A ação inclui a entrega de três ambulâncias, construção de três Unidades Básicas de Saúde e atendimento médico 24 horas no Centro de Saúde. ...Os moradores ainda terão acesso a exames e consultas não agendados pelo SUS, bem como a doação de cadeiras de rodas e fraldas a pessoas acamadas e que necessitam de cuidados permanentes.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

MEIO AMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Projeto Amitis

U

m time de estudantes da Ufal ganhou o prêmio Alimentação em Foco 2018. Os alunos implantaram hortas hidropônicas inteligentes no cenário urbano de Alagoas, desenvolvidas em três vertentes: hortas comunitárias, escolares e módulos domiciliares. Buscando a sustentabilidade em todas as etapas do projeto, o Amitis promove a melhoria nutricional de comunidades e novas oportunidades de geração de renda. Para o projeto, foi usado o sistema desenvolvido pelo engenheiro Mário Calheiros, composto por uma base suspensa de pallets em que garrafas PET viram canaletas para o cultivo. A técnica permite uma redução em consumo de água de até 90% e implantação em comunidades vulneráveis com áreas degradadas e solos inférteis.

Elefante de gelo

Uma escultura que representa um elefante de gelo de quase três metros de altura, com um coração imenso pulsando dentro dele, foi instalada na Avenida Paulista em São Paulo. Foi este o jeito que a ONG internacional Wildlife escolheu para lembrar aos passantes sobre a comemoração internacional do Dia do Elefante. Mas a data não é festiva. Hoje, a cada 15 minutos, o planeta perde um elefante para a caça ilegal e, se este quadro não mudar, em 20 anos eles vão desaparecer da natureza. A escultura levou sete horas para ser esculpida, foi feita em iniciativa conjunta com a marca Amarula e, exposta à temperatura ambiente, é claro se derreteu. Assim foi possível chamar atenção para a situação desses bichos, que tiveram a má sorte de terem nascido com presas de marfim, matéria que passou a interessar ao homem, que se transformou, assim, num de seus mais cruéis predadores. Esses animais são os maiores da atualidade e muito importantes para o ecossistema florestal: são capazes de dispersar sementes em um raio de 1km a 57km.

Pneus sem uso

Alguns materiais não podem ser descartados no lixo doméstico em função do grau de agressão ao meio ambiente. Os pneus inservíveis, por exemplo, estão na categoria dos chamados resíduos especiais, cuja coleta e destinação final não são de responsabilidade da Prefeitura. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos estabelece que a destinação desse material seja feita pelo fabricante, distribuidor ou comerciante. É a chamada logística reversa. Em Maceió, existe um ponto licenciado para o recebimento desse material: a Van Borracharia, que dá a correta destinação ao resíduo. O local fica na Av. Djalma Fragoso de Alencar, 19, Jardim Petrópolis II, quadra F-2, Chã da Jaqueira e o telefone para contato é (82) 98748-5885.

Produção agroecológica

Já existem diversos exemplos de produção de alimentos em larga escala a partir da agricultura orgânica no Brasil. Os debates em torno do Projeto de Lei 6670/2016, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA), têm evidenciado experiências de produção sustentável em diversos contextos: assentamentos rurais, pequenas, médias e grandes propriedades, além de grandes indústrias. É fundamental inverter a lógica que elevou a monocultura com uso intensivo de agrotóxicos à condição de modelo dominante no país.

Amazônia

Um estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution aponta que, entre 2000 e 2011, 68% do dinheiro vindo do exterior que abasteceu as indústrias da soja e da carne, que operam na Amazônia, chegaram ao país via paraísos fiscais. Boa parte do dinheiro escondido nesses lugares acaba financiando a pesca ilegal e o desmatamento amazônico. É o que mostra o estudo que analisou os escassos dados públicos existentes sobre os movimentos desse capital opaco e seu impacto ambiental. Os resultados mostram que a maioria dos pesqueiros investigados por exaurir os mares tinha bandeira de conveniência. Enquanto isso, boa parte do investimento estrangeiro na pecuária e no cultivo de soja que estão desmatando a Amazônia procede de paraísos como o Panamá, ilhas Cayman e Bahamas.

Energias renováveis

Ainda que o petróleo seja, hoje, o rei da produção energética mundial, essa é uma tendência que não deve se manter nas próximas décadas. Pelo menos essa é a opinião de analistas do banco de investimento suíço UBS, que apontam que os custos decrescentes de implantação e emprego de estruturas alternativas de produção de energia, bem como o aumento no volume de adoção das mesmas nas casas das pessoas, devem tornar a energia renovável “praticamente gratuita” até 2030.


MACEIÓ, ALAGOAS - 17 A 23 DE AGOSTO DE 2018

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30 ANOS DE ELEIÇÕES EM ALAGOAS

2002

CONTEXTO HISTÓRICO Na eleição estadual de 2002, em Alagoas, tínhamos à frente do Governo do Estado Ronaldo Lessa (PSB) e, do Município de Maceió, Kátia Born (PSB).

Fatos importantes nas eleições de 2002 em Alagoas

O governador Ronaldo Lessa 1) (PSB) foi reeleito no primeiro turno com uma votação de 553.035 votos

(52,93%) e seu vice foi Luís Abílio (PSB). A avaliação positiva da sua gestão, a aliança com os senadores Renan (PMDB) e Teotonio (PSDB), com a estrutura da máquina do município de Maceió e do Estado e o voto anti-Collor, foram determinantes para a sua vitória. O ex-presidente Fernando 2) Collor (PRTB) foi o segundo colocado com uma votação de 419.741

votos (40,17%) e seu vice foi o deputa-

do estadual Cacalo (PTB). A Frente de Oposição que dava sustentação à candidatura de Collor, ao longo do processo eleitoral, foi desagrupando-se. A maioria dos candidatos da Frente passou a pensar nas suas candidaturas e esqueceram o candidato majoritário. A Frente de Oposição também não teve competência de lançar candidatos com potencial de votos para o Senado. O único candidato ao Senado foi o exgovernador Geraldo Bulhões (PFL) com uma inexpressiva votação de 67.998 votos (3,52%). Estes fatores e o voto anti-Collor levaram o ex-presidente Fernando Collor (PRTB) à derrota.

MARCELO BASTOS

Analista político

O senador Renan Calheiros 3) (PMDB) foi o candidato mais votado com uma votação de 815.136 votos (42,27%) e o senador Teotonio Vilela Filho (PSDB) foi o segundo colocado com uma votação de 762.675 votos (39,55%). Sem adversários à altura e a aliança com o governador Ronaldo Lessa (PSB), fizeram Renan e Teotonio se reelegerem senadores.

4)

O vereador Cícero Almeida (PDT) foi eleito deputado estadual com uma votação de 27.866 votos, sendo o quarto colocado entre os 27 eleitos. Cícero Almeida estava construindo

uma trajetória política de sucesso. Nas eleições municipais para Prefeito de 2004, foi eleito prefeito de Maceió.

Rui Palmeira (PFL) foi can5) didato a deputado estadual e não foi eleito. Sua votação foi de 12.148 votos. Surgiu, a partir daquele momento, Rui Palmeira no cenário político alagoano.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE AGOSTO DE 2018


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