Edição 988

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EM NOME DA MÃE

ELEIÇÕES 2018

Deputado Rodrigo Cunha tem ficha limpa e serviços prestados; não precisa usar morte trágica de Ceci Cunha na campanha

Candidato a governador, Melquezedeque defende comunismo como bandeira de luta em defesa dos operários e dos sem-terra

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 988 - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

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Alagoas assume protagonismo nacional na área judicial Humberto Martins na Corregedoria Nacional de Justiça, Alfredo Gaspar no GNCOC e Lean Araújo no Conselho Nacional de Corregedores

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COLLOR DIZ QUE ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL DE RENAN É UMA MENTIRA Renan Filho rebate: aliados de Collor não ajudam Alagoas; governo de Téo Vilela entra na berlinda P/ 8 e 9


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MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

A mãe do candidato

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- O deputado Rodrigo Cunha já deu provas de seriedade à frente dos cargos públicos que exerceu e agora também como parlamentar. Por isso não precisa usar a morte da mãe como trampolim para chegar ao Senado.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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COLUNA SURURU

- O candidato deve mostrar que é diferente de seus adversários com propostas novas e viáveis para Alagoas e se afirmar como político que tem luz própria para caminhar sem muletas.

Sangue novo

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- Por mais trágica que tenha sido a morte da deputada Ceci Cunha, usar a tragédia como apelo eleitoral não condiz com quem se apresenta com discurso da modernidade.

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- Para enfrentar a velha política alagoana com seus vícios e deformações, também não basta só ter ficha limpa nem romper com tudo e todos. Candidato a cargo majoritário precisa de alianças partidárias e um amplo arco de apoios, mesmo que se tenha de dividir palanque com certas elites do atraso.

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- No anacrônico sistema político ainda em vigor no país, nenhum candidato, sozinho, vai a lugar algum. Muito menos sem dinheiro nem discurso convincente, capaz de seduzir o eleitorado. Desconhecer essa realidade é marchar em aventura quixotesca.

O pai do candidato

Ao contrário de Rodrigo Cunha, o deputado Marx Beltrão renegou o sobrenome do pai na propaganda eleitoral e passou a usar apenas seu prenome, dispensando o famígero Beltrão. A moda foi introduzida em Alagoas pelo deputado João Henrique Caldas, que adotou a sigla JHC para esconder o sobrenome Caldas. Se a moda pega, logo teremos muitos candidatos sem pai. Tanto Marx quanto JHC devem ter lá suas razões para relegarem o sobrenome paterno. Vá lá saber.

Propaganda enganosa

Desde as eleições de 1994 todos os candidatos ao governo de Alagoas e ao Senado têm usado o Canal do Sertão como pano de fundo de suas campanhas eleitorais e promessas nunca cumpridas. Até hoje ninguém lembra do ex-governador Geraldo Bulhões, que iniciou as obras com o aval do então presidente da República Fernando Collor de Mello. Mesmo sendo uma obra de vários governos, não se pode deixar de reconhecer que sem o pioneirismo de GB o projeto talvez nem tivesse saído do papel.

DA REDAÇÃO

Violência no MP

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) deve investigar denúncias contra o promotor Coaracy Fonseca, ex-procurador-geral de Justiça, por agressão à esposa e ameaça de morte ao defensor público Daniel Alcoforado. O caso já foi investigado pela Corregedoria-Geral do MP-AL, mas uma solução doméstica não encerrou juridicamente a questão.

Bolsa de apostas

A bolsa de apostas dos candidatos à Câmara Federal mantém Arthur Lira como provável candidato mais votado nessas eleições, seguido de Marx Beltrão. Independentemente das coligações, os demais possíveis eleitos são JHC, Carimbão, Severino Pessoa, Ronaldo Lessa, Sérgio Toledo, Isnaldo Bulhões e Fernando James. Não necessariamente nessa ordem. É esperar para ver

Senadores

Para o Senado, o mais cotado é Renan Ca-lheiros que estaria com a reeleição garantida. Os candidatos Rodrigo Cunha e Maurício Quintella brigam pela vaga de Biu de Lira, mas nos bastidores diz-se que Benedito preservará sua cadeira de senador.

A região do Baixo São Francisco terá um novo representante na Assembleia Legislativa de Alagoas. É o empresário Moacyr Andrade Fi-lho, o Bola, filho do ex-governador Moacyr Andrade. Nessa missão, ele substitui o irmão Alcides Andrade Neto, o Cidoca, que pretende disputar a Prefeitura de Penedo em 2020. Filiado ao Podemos, Moacyr Filho integra a coligação de Omar Coêlho, Álvaro Vasconcelos, Rafael Tenório e outros governistas. Se eleito, o Baixo são Francisco certamente estará bem representado.

Segundo turno

Alagoas aguarda a divulgação das próximas pesquisas eleitorais para saber se haverá segundo turno entre Collor e Renan Filho. Hoje os aliados de cada um dos candidatos garantem que levarão no primeiro turno.

Bolsa voto

A criatividade na arte da corrupção eleitoral não tem limites em Alagoas. Depois do “cadastro de eleitores” para compra direta de voto no dia da eleição, a novidade agora é o “bolsa voto”. Pela nova modalidade corruptiva, deputados “contratam” famílias um ano antes do pleito e pagam um salário mensal para garantir o voto no dia da eleição. O valor da mesada varia de acordo com o número de eleitores, nos moldes do Bolsa Família. Pelo jeito a PF vai ter muito trabalho nessa eleição.

Erramos

Na edição passada o jornal EXTRA divulgou que o STJ havia recebido nova ação de improbidade contra o desembargador Tutmés Airan. Na verdade trata-se do mesmo processo em que o magistrado é denunciado junto ao CNJ pela advogada Adriana Mangabeira.

Ação penal

O deputado Cícero Almeida foi ouvido quarta-feira, 5, no Supremo Tribunal Federal, na ação penal em que é acusado de denegrir a honra do jornalista Fernando Araújo, do Jornal EXTRA. O processo vai agora para julgamento na segunda turma do STF.

Fantasmas

Dados do IBGE revelam que o município de Belém tem 4.406 habitantes e 4.796 pessoas aptas a votar, ou seja, 390 eleitores a mais que a população local. Jundiá por sua vez tem 4.175 habitantes e 4.185 eleitores, 10 a mais. Pode isso, Arnaldo?

Herança petista

Nos últimos 13 anos o Brasil teve 10.286 pedidos de recuperação judicial e outros 31.128 de falência, segundo dados do Serasa. Nesse período, 8.159 pedidos de recuperação foram deferidos e 13.327 falências foram decretadas. Some-se a essa herança dos governos do PT os 13 milhões de desempregados e outros tantos vivendo de bicos, na informalidade.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

Bolsonaro bateu no teto

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Vitória - Não existem mais dúvidas: Bolsonaro perde no segundo turno para todos os seus concorrentes, segundo pesquisa do Ibope publicada esta semana. Na última aferição do próprio instituto, o capitão ganhava do Haddad, mas agora perde também para ele. O Exterminador do Futuro pode até ir para o segundo turno, mas é evidente que no final de tudo vai morrer na praia, pois bateu no teto. Ou seja: a direita, representada pelo capitão não saiu do lugar nas últimas pesquisas e estacionou com crescimento apenas de 2% em relação à pesquisa anterior. Se continuar patinando ali na faixa dos 22%, logo, logo será alcançado pela Marina que cresce alguns pontinhos para se posicionar como forte candidata no enfrentamento com ele. Ciro cresceu uns pontinhos e nesse momento está empatado tecnicamente com Alckmin, ambos também próximos da Marina. A pesquisa mostra que nenhum desses candidatos ainda empolgou o eleitor. Ate mesmo o PT está encontrando dificuldade para posicionar Haddad, o vice que vai substituir Lula, inelegível pelo TSE. O ex-prefeito de São Paulo aparece com 6% dos votos, longe de Bolsonaro e com a metade do percentual de Marina. Como a campanha é curta, a militância petista e seu principal guru precisam tirar da cartola algo extraordinário que empolgue o povo a tal ponto de levá-lo às urnas sob influência de Lula. O certo é que o povo está entediado com a política. É inacreditável os quase 80% de pessoas que dizem não ter candidato. E os que dizem que vão anular o voto e os que sequer vão chegar perto das urnas para exercer o direito de votar, negando-se ao direito de fazer transformações sociais e econômicas por meio do voto. O eleitor está indignado, frustrado e traumatizado com a política e os políticos. A maioria silenciosa – aquela que se nega a votar – não entende como quase todos os candidatos, pelo menos os mais fortes ao título de presidente – estão envolvidos em escândalos e respondem a processo na justiça. Resiste a compreender que de dentro de um presídio um líder de massa continua dando as cartas, desobedecendo a justiça e ditando as regras do jogo político. Condenado por corrupção, Lula continua atropelando as leis do país e insistindo numa candidatura já descartada pelos tribunais que o julgaram como inelegível para essas eleições de outubro. É difícil entender também como os chefes das organizações criminosa petistas tentam reverter o quadro político apresentando-se como os salvadores de um país que eles enterraram na pior crise econômica e moral. Nessa nossa justiça caduca tudo é possível. É até possí-vel assistir um presidiário usando os programas eleitorais para fazer campanha, mesmo que isso seja uma farsa, pois Lula sabe que pela Ficha Limpa ele não pode disputar as eleições. Mas e daí? Deve perguntar ele de dentro de sua cela. E tem razão quando faz alguns questionamentos no Supremo Tribunal Federal, pois, aqui e acolá, algum ministro vacila quando tem que que dar uma sentença em um dos seus processos.

Contaminado

O STF está contaminado, trabalha em desacordo com o que pensam os brasileiros sobre a conduta de alguns empresários e políticos. De dia, juízes de primeira instância prendem os bandidos que roubam o dinheiro público. Na calada da noite, ministros soltam esses mesmos bandidos comprovadamente ladrões. Dias depois, os mesmos juízes, baseados em investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, prendem novamente os mesmos delinquentes. Contrariando todas as provas, novamente, na calada da noite, um ministro monocraticamente solta os marginais.

Bagunça

Suspeita

O ministro Edson Fachin, até então um cidadão acima de qualquer suspeita dentro do STF, não demorou muito para mostrar sua paixão petista e mostrar a sua gratidão por ter sido levado à Corte pela companheira Dilma. Num parecer estapafúrdio ele deixou perplexo até mesmo petistas enrustidos dentro do tribunal eleitoral, quando votou contra a inelegibilidade de Lula, rasgando a própria lei que deveria preservar. Ele argumentou – que coisa feia! – que a ONU estava certa quando interferiu na soberania do país para dizer que Lula deveria ser candidato. Esqueceu-se o nobre ministro que a recomendação foi feita por dois gatos pingados do órgão e não pelo seu estado maior. Mesmo que fosse uma decisão de cúpula, o Brasil não estaria obrigado a cumprir a determinação.

A volta

O voto de Edson Fachin surpreendeu os brasileiros acostumados a vê-lo agir com rigor contra políticos corruptos. Mas dessa vez o ministro fraquejou, deixou-se levar pelo saudosismo vermelho quando em alguns momentos da sua carreira foi flagrado em palestras fazendo elogios rasgados a Dilma e seu governo, como mostram vídeos de seus pronunciamentos postados na internet.

Não seria exagero dizer aqui que os guardiões da Constituição agem como se ela não existisse. Para soltar políticos e empresários cada ministro do STF tem a sua própria Constituição, interpreta suas próprias leis desde que o seu réu preferido não volte para a cadeia. Muitos abusam de pareceres peculiares para justificar a liberdade de um preso, mesmo que esse preso seja de alta periculosidade como Zé Dirceu, o chefe da quadrilha petista, condenado a mais de 30 anos de cadeia.

Transferência

Hoje não se sabe no país em quem confiar. O Parlamento está infestado de políticos corruptos, o Executivo é dirigido por um presidente envolvido em escândalos de corrupção e a Justiça está contaminada pelo germe partidário que a leva a proferir sentenças nem sempre imparciais. Ora, se a Justiça está contaminada por ministros nem sempre isentos, o que os brasileiros podem esperar desses ministros em julgamentos?

Imoralidade

A imoralidade no país atingiu o ápice e se espalhou por todas as áreas. No Executivo, um presidente faz de conta que governa. Encurralado por denúncias de corrupção, envolvido com empreiteiras atoladas em escândalos, a Polícia Federal anuncia que Temer recebeu dinheiro de caixa dois da Odebrecht, a empresa que mais corrompeu políticos no Brasil e no exterior. Temer, que já é réu em outros processos, agora volta ao noticiário. Se realmente a Polícia Federal investigou e comprovou que o presidente se envolveu em mais um caso de corrupção, não é difícil imaginar que ele vai direto para a cadeia depois que

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Apelação no Guia

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om pouco tempo para uma campanha política de tiro curto, alguns candidatos já estão apelando para o eleitorado com promessas, obras nunca realizadas e até mesmo em composições e alianças estranhas. Também tem alguns relembrando fatos dolorosos, a exemplo do candidato ao Senado Rodrigo Cunha, que fez questão de falar sobre os assassinatos do seu pai e da sua saudosa mãe, Ceci Cunha. Se isso vai funcionar junto ao eleitorado, que a cada dia passa a ser mais exigente, somente se vai saber no dia 7 de outubro. Até lá, porém, o alagoano vai ver de tudo, até desses lances que não interessam a quem vai escolher para votar nas próximas eleições. Alguns candidatos, com pouco tempo de mídia no rádio e na televisão, preferem o corpo a corpo com o eleitorado nas ruas e nas feiras livres, como a ex-vereadora Heloísa Helena, que não vem utilizando a mídia para se colocar como vítima, nem sugestionar o eleitorado com determinados tipos de apelo popular.

De uma vez por todas o exsecretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, está fora de qualquer participação nas campanhas de Renan Filho e Renan pai. Ele não emplacou como vice-governador como se especulava, não foi escolhido como 1º suplente de Renan, foi defenestrado da coordenação da campanha e jamais voltará ao Palácio dos Martírios.

Quem acompanha o governador Renan Filho sabe que ele é voluntarioso, arrogante e prepotente, como tem dito o senador Fernando Collor nas suas andanças pela capital e interior. E tem mais: quem for amigo do pai que saia da frente.

De fora

As pessoas mais ligadas ao senador Renan Calheiros não vêm participando ativamente da campanha do MDB. Sequer são consultadas para opinar sobre esse ou aquele assunto. É o efeito Renan Filho, dizem aliados do palácio.

Apoio democrático

O prefeito Cacau, de Marechal Deodoro, tem mostrado como apoiar candidatos nessas eleições. Fora Sérgio Toledo para federal, seu sogro, Cacau se vira para apoiar para estadual Bruno Toledo, Cibele Moura, Davi Davino, Davi Maia e Marcelo Beltrão.

Credibilidade

Rebeldia

Sem espaço

Estilo próprio

gabrielmousinho@bol.com.br

O Instituto de Pesquisas Vozes vem ganhando muito espaço entre as instituições em Alagoas. Comandado pelo cientista político Aellison Batista, o Vozes tem acertado em cheio em suas análises políticas. Aellison, conhecido como o “Bruxo”, tem demonstrado extrema capacidade de antecipar cenários e tendências. O instituto, que completa 25 anos de atuação, já trabalhou com sucesso nas eleições de Ronaldo Lessa, Cícero Almeida, Téo Vilela e Jackson Barreto, em Sergipe.

Em desgraça

Desde que começou a campanha para a reeleição, o time dos Calheiros deixou de fora gente muito ligada ao senador Renan. Entre eles, além de Fábio Farias, Tito Uchôa, Ricardo Santa Rita e até mesmo o Marcus Vasconcelos, que faleceu recentemente.

GABRIEL MOUSINHO

Só conversa

A promessa do governador Renan Filho de que a gasolina comercializada em Alagoas era uma das mais baratas do Nordeste, não procede. Com o último aumento ela chegou a ser vendida a R$ 4,80 o litro, graças à cobrança de 29% do ICMS, uma das alíquotas mais caras da região.

Bem produzidos

Os programas e inserções do Guia Eleitoral têm sido até agora de muita boa qualidade, onde os candidatos mostram serviços e prometem mais trabalho nos próximos mandatos. Resta saber se o momento de paz e amor vai continuar até o final da campanha política que termina no dia 4 de outubro.

Torcendo

Todos os candidatos a deputado estadual e federal, tanto do governo como da oposição, torcem para que haja um segundo turno nessas eleições. Apostam na valorização e negociação de espaços no futuro governo.

Aos poucos o Guia Eleitoral vai identificando quem são os rebeldes nas coligações que disputam as eleições de 7 de outubro. A vereadora Tereza Nelma, por exemplo, abriu o verbo em um programa de televisão e alertou que não admitia que seus programas fossem alterados. Ela revelou que vota em Rodrigo Cunha, mas não explicou porque deixou de acompanhar o senador Biu de Lira, que até bem pouco tempo era o seu candidato preferido.

É o cara

Mesmo que o senador Renan Calheiros tenha passado os últimos anos batalhando em Brasília e sendo um dos alvos preferidos da mídia brasileira, o seu filho, aqui, diz que praticamente tudo o que Alagoas conseguiu foi graças à sua intervenção em Brasília. O governador, assim, desprestigia os outros dois senadores e os nove deputados federais.

Surpresas nas urnas

As eleições para o governo e o Senado da República ainda vão dar muito que falar. As urnas devem reservar surpresas, conforme pesquisas de opinião pública que estão sendo realizadas em Alagoas.

Hora de prometer

Incomodado com a candidatura de Fernando Collor ao governo, Renan Filho tem prometido tudo durante suas andanças na capital e no interior. Agora, reforça sua intenção de aumentar a segurança com rondas nos bairros. O que já deveria ter feito no Benedito Bentes, cuja população vive momentos de terror com assaltos e assassinatos à luz do dia.

Lição da Jó

A deputada Jó Pereira que pertence à base do governo, está lançando um Plano de Combate à Pobreza no Estado de Alagoas exatamente por que o Fecoep, que deveria exercer esta função social, não o faz. É uma lição para um governo ausente na assistência social, que acabou com a única fábrica de sopa existente e a concessão de cestas básicas para as pessoas necessitadas. O Fecoep, agora, com autorização da Assembleia Legislativa, serve somente para outros projetos de interesse eleitoreiro.

Tá explicado

O governador não perde a pose e o mote para demonstrar para a população nesta campanha eleitoral, que está acima do bem e do mal. Na Casa da Indústria, onde encontrou a revolta e críticas do empresariado alagoano com a forte carga tributária que levam nas costas, Renan Filho saiu-se com a máxima de que “Alagoas se agigantou, enquanto o Brasil está ajoelhado para a crise”. Ah, bom!


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Podemos pede impugnação de filho de ex-governador

REVIRAVOLTA SIGLA DIZ QUE CANDIDATURA DE MOACYR ANDRADE FILHO NÃO FOI POR DECISÃO UNÂNIME

Givaldo Carimbão teria negado candidatura porque prejudicaria a reeleição do filho, o deputado estadual Carimbão Júnior JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

Omar Coêlho se explica

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Podemos de Alagoas pediu a impugnação da candidatura do pecuarista Moacyr Andrade Filho, conhecido como Bola. Estreante nas eleições, o filho do ex-governador Moacyr Andrade disputa, pelo menos até o momento, uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). O pedido de impugnação foi assinado pelo presidente da sigla, o advogado Omar Coêlho, e encaminhado à Justiça Eleitoral na terça-feira, 4 de setembro. Conforme a ação, Moacyr Filho procurou a agremiação partidária no dia 31 de agosto para fazer parte do preenchimento de vaga remanescente para o pleito proporcional de deputado estadual, salientando que seu nome não tinha sido encaminhado em ata da convenção. Então, Coêlho concordou com a indicação se todos os partidos políticos da Coligação Avança Alagoas consentissem por escrito. Sendo assim, seria necessário a coleta de assinaturas de todos os presidentes das outras siglas. “Ocorre que este Órgão Partidário fora surpreendido com o pedido de registro de candidatura do filiado, sem que houvesse,

O Moacyr Andrade Filho conseguiu o ‘sim’ dos líderes partidários Ricardo Lessa, Chico Tenório e Omar Coêlho

para tanto, a concordância de todos os demais partidos políticos, mesmo diante da advertência expressa ao Senhor Moacyr Andrade Filho, a qual condição já tinha sido informada”, explicou Coêlho ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL). A partir do que a sigla entende como ter sido “irregular e viciada” a solicitação de preenchimento de vaga, o Podemos solicita juridicamente a exclusão do filiado no rol de candidatos a deputado estadual da coligação, que conta com o PMN, PDT e o Avante. De acordo com o portal DivulgaCand, Moacyr Andrade Filho ainda aguarda julgamento de sua candidatura pela Justiça Eleitoral tendo declarado um

patrimônio de R$ 857.758,61. O documento para o pedido de candidatura ao TRE, disponível no site do órgão, mostra a assinatura do presidente do PMN, Francisco Tenório; do Podemos, Omar Coêlho; e do PDT, Ricardo Lessa. O único que não assinou a documentação foi o presidente do Avante, Givaldo Carimbão. “Coisa inusitada na política. De manhã você autoriza e a tarde quer suspender. Tenho certeza que isso não prospera. Ainda não fui citado. O juiz ainda tem que analisar o pedido do Omar Coêlho”, disse Moacyr Filho ao EXTRA. Contou, ainda, que “Coêlho ligou a Carimbão dizendo que iria permitir sua candidatu-

ra, mas o deputado federal não concordou e ameaçou desfazer a coligação. O que me surpreendeu foi a mudança de decisão do presidente do Podemos. Na minha visão, algo aconteceu nesse meio. Para mim foi uma punhalada pelas costas”. O candidato ainda acredita que essa “perseguição” não estaria ligada a seu pai Moacyr Andrade e seu passado na política: “Ele foi um governante e deputado exemplar e de ficha limpa”. “Montei uma chapa para deputado estadual com 28 candidatos. Quero eleger pessoas povo, gente simples. Gosto do ‘Bola’, mas não estava na conta de nossa coligação”, disse Carimbão ao EXTRA.

presidente do Podemos, Omar Coêlho, também deu sua versão sobre o caso. Disse que ao fechar as coligações se comprometeu em agir em conjunto e que “está apenas cumprindo sua palavra”. Alegou ainda que se sentiu enganado por Moacyr Andrade Filho pois este protocolou sua candidatura faltando uma assinatura, sendo que lhe tinha sido explicado as condições dos quatro partidos estarem em consenso. Sobre o motivo de Givaldo Carimbão estar em desacordo, Coêlho explicou: “Ele montou a coligação com o objetivo de eleger três candidatos, entre eles, o filho”.

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ENTREVISTA Melquezedeque Farias entrega aos eleitores sua experiência na lida da terra e defesa do comunismo SUA PRINCIPAL BANDEIRA DE LUTA É A DEFESA DA CLASSE OPERÁRIA VALDETE CALHEIROS Especial para o EXTRA

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EXTRA apresenta aos seus leitores, especialmente aos eleitores, mais um aspirante ao cargo de governador do Estado. Nesta edição, entrevistamos Melquezedeque Farias Rosa (PCO). Na disputa ao cargo máximo do Executivo, o candidato apresentou como vice Élcio Lins de Oliveira (PCO). Ambos disseram à Justiça Eleitoral não dispor de quaisquer bens em seus respectivos nomes. Em uma das mais recentes pesquisas realizadas pelo Ibope, entre os dias 13 e 15 de agosto, o candidato Melquezedeque Farias não pontuou. No entanto, a rejeição ao seu nome girou em torno de 19%. A pesquisa foi registrada sob os números 00461/2018 no Tribunal Regional Eleitoral – TRE/AL e 01162/2018 no Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

Quem é Melquezedeque Farias

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elquezedeque Farias tem 45 anos e é filho de um pedreiro negro com uma florista descendente de indígenas. Nasceu em Maceió e morou na Chã do Pilar, Atalaia, Murici. Trabalhou, junto ao pai e irmãos, plantando, colhendo e vendendo o que a terra dava. Ao longo da vida foi limpador de mato, coringa (puxador de boi), cortador de cana. Viu a família ser despejada. Aos 13 anos, quando voltou à capital, dividia o tempo entre os estudos na Escola Rotary, no Tabuleiro do Martins, e na lida juntando ferro velho e garrafas. Melquezedeque também pegava carrego na feirinha do Tabuleiro, vendia picolé, flau, laranja e algodão doce. Foi também servente de pedreiro na adolescência. Aos 14, junto ao pai e a madrasta, entrou para o MST – Movimento Sem Teto. Foi quando conseguiu um terreno no Village Campestre II, quando da fundação daquele bairro. Naquele período, disse ter sido voz ativa na associação dos moradores para trazer infraestrutura, “pois naquele começo, o que tínhamos era apenas uma cidade de lona”. Aos 15, entrou para o movimento secundarista onde ficou até os 21 anos. Participou de ocupações de terrenos no João Sampaio, Benedito Bentes, Santos Dumont e inúmeras outras localidades. Se apaixonou aos 21 anos e trocou, temporariamente, a revolução e as teses de Marx por uma

moça e pelos versos de Vinícius de Morais. Daí em diante trabalhou em hotéis e restaurantes como garçom. Ingressou na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aos 29 anos. No ano seguinte, começou formalmente a carreira como professor, onde está até os diais atuais. Até chegar ao PCO, se aproximou dos trotskysta da Convergência Socialista (corrente do PT que se tornou o PSTU pouco tempo depois). Se manteve bem próximo de “O Trabalho”, outra corrente do PT, mas acabou entrando no PSTU onde ficou 12 anos até ser expulso por discordar da “postura golpista” do partido durante o andamento do golpe que levou ao fraudulento “impeachment” da presidenta Dilma. Em 2014 entrou para o PCO, e começou os esforços para construí-lo em Alagoas. “Graças aos esforços valorosos da nossa militância jovem, estamos finalmente a caminho de consolidar o PCO (Partido da Causa Operária em Alagoas), como uma voz ativa contra o golpe e pelo socialismo. E é nesse atual contexto que lançamos nossas candidaturas. E viva o comunismo”!

EXTRA – Candidato Melquezedeque Farias, por que o senhor resolveu colocar seu nome à disposição para o governo do Estado? Melquezedeque Farias – A minha candidatura foi uma indicação do comitê central do partido, embora, não seja a minha tarefa preferida (sair candidato), procurarei cumpri-la seguindo as orientações debatidas em nossa convenção. EXTRA – O senhor já exerceu algum cargo eletivo? Melquezedeque Farias – Nunca exerci cargo eletivo, e, pessoalmente, meu parlamento é a sala de aula. Minha candidatura é cumprimento de tarefa dentro do partido. EXTRA – Qual foi o critério para a escolha do vice, Élcio Lins de Oliveira? Melquezedeque Farias – Escolhemos o Élcio devido ao nosso comprometimento com os interesses e as necessidades dos trabalhadores e ao acordo que temos com a política do partido. Além da experiência e vivência no campo da esquerda.


MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

EXTRA – Caso seja eleito, como o senhor irá trabalhar pelo estado? Melquezedeque Farias – Trabalharei pelo Estado a serviço dos interesses e necessidades dos trabalhadores, apresentando o programa e propostas do partido, dando-lhes o poder de decidir em todas as esferas. Duas expressões que sintetizam o nosso programa do qual derivam nossas propostas: controle social dos meios de produção nas mãos dos próprios trabalhadores e estatização dos setores estratégicos. EXTRA – O senhor não pensou em iniciar a carreira política disputando outro cargo eletivo que não o de governador? Como por exemplo, vereador? Melquezedeque Farias – Eu faço parte de um partido bolchevique, nele somos preparados para o trabalho braçal (armar barracas, vender jornal, panfletar, etc) e intelectual (ministrar formação, palestra, candidaturas, direção e coordenação de atividades) com o mesmo entusiasmo. O partido não indica nenhum de seus militantes para cumprir uma tarefa sem que esse tenha condições de cumpri-la. Aos 45 anos e 31 de experiência em movimentos, a tarefa para vereador, governador ou qualquer outro cargo eletivo já não faz tanta diferença. Afinal, em meu partido, a gestão é feita coletivamente e não individualmente. E essa gestão leva em conta as propostas que derivam do programa do partido, cabendo aos trabalhadores decidirem sobre elas. EXTRA – Como o senhor pretende se tornar conhecido pelo grande público de eleitores até outubro? Melquezedeque Farias – Eu me tornar conhecido é pouco relevante, o importante é fazer nosso programa chegar aos trabalhadores e ser compreendido por eles. Os nossos esforços começam pela nossa própria imprensa, militância, apoiadores e simpatizantes. Em segundo grau de importância, depositamos nossas expectativas na pequena mídia ou redes de comunicação “não” comprometidos com os grandes meios, tais como mídia independente, rádios, blogs, sites e redes sociais. Em terceiro grau de importância e carregado de indiferença, vem as brechas minúscu-

las que o atual sistema e regime políticos nos oferecem na grande mídia. Apesar do faz de conta, a gente aproveita esse espaço para apresentar nossas ideias, mesmo sabendo que esse espaço serve mesmo é de fachada para disfarçar a esquálida e ilusória democracia brasileira. EXTRA – Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego afetou mais de 17% da população alagoana no primeiro trimestre deste ano, o que mostra um aumento de 2,2% em comparação com os últimos três meses de 2017. Melquezedeque Farias – O desemprego em Alagoas é produto historicamente construído por uma tradição político-econômica suicida mantida por sucessivos governos de direita ligados às oligarquias; essa política sabota o desenvolvimento de Alagoas. Uma política econômica a partir de uma ideia fragilíssima de “vocação por uma determinada monocultura”. É assim que já se justificou a vocação para a cultura da cana, do algodão (até certo ponto), do fumo, de forma localizada na região de Arapiraca; e ainda na agropecuária impulsionada principalmente pelas obras do Canal do Sertão; já se falou também que a alternativa seria o turismo, e, ultimamente, as ilusões andam sendo depositadas no setor de serviços. Mas tudo isso visto sob a ideia de “vocação” não passa de um embuste, um engodo, uma falácia para obnubilar a realidade concreta da situação da economia política alagoana. Por trás disso está um sistema de favorecimento das próprias oligarquias desinteressadas em diversificar a economia alagoana, potencializar a policultura, e gerar condições para uma efetiva industrialização que daria maior dinâmica para o setor de serviços. Nisto, contribuiria ainda mais o setor de turismo, entendido devidamente como complementar e não como central. Esse modelo seria o inverso do que temos. O modelo que vem imperando em Alagoas fez a dívida pública explodir através de sucessivos empréstimos para socorrer os negócios das oligarquias estrangulando o Estado. Empréstimos tomados para socorrer usinas falidas, por exemplo. Empréstimos esses cujas contas são co-

bradas dos trabalhadores através da arrecadação dos impostos e dos cortes de verbas paras os diversos serviços públicos: saúde, educação e outros. Alagoas está quebrada, com mais da metade de sua população abaixo da linha da pobreza, e devido à falta de ampliação da policultura e de falta de indústrias; e a permanência nesse circuito vicioso faz com que nada no horizonte se apresente para mudanças efetivas. Pelo jeito, continuaremos convivendo com o triplo e nefasto número 80 por muito tempo: em torno de 80% das terras nas mãos de 6 a 8 famílias; em torno de 80% das terras mais férteis estão dentro das terras dessas famílias; e, consequentemente, devido ao predomínio de poucas culturas e à falta de indústria, em torno de 80% do que consumimos vem de outros estados, isto é, Alagoas não produz o suficiente nem pra si mesma. O estado vive em torno dos programas sociais do governo federal, principalmente, dos desenvolvidos pelo governo Lula/ Dilma e do que arrecada do setor de serviços. EXTRA – Como o senhor vê a luta pela causa operária? Melquezedeque Farias – A luta pela causa operária representa uma luta internacional pela superação do modo de produção capitalista rumo ao socialismo. Uma luta que tem sido e continuará sendo o grande projeto de minha vida e de todos os companheiros assim comprometidos. Nesse projeto é necessário estar disposto a cumprir as tarefas que se fizerem necessárias, desde as mais braçais às mais intelectuais. EXTRA – Como fazer Alagoas crescer economicamente não apenas através do turismo e das belezas naturais? Melquezedeque Farias – O crescimento de Alagoas não depende da vontade exclusiva de um homem em uma gestão de quatro anos. O problema central de Alagoas não é exclusivamente de gestão ou administrativo; o problema está primordialmente em seu modelo socioeconômico concentrado e sem diversificação. Alagoas tem uma economia distorcida. Um caminho para Alagoas seria estabelecer um plano de desenvolvimento socioeconômico de curto, médio e

longo prazo com metas claras a serem atingidas. Nesse plano de desenvolvimento socioeconômico estaria, como central, o desenvolvimento mais amplo possível da policultura associado ao fomento à indústria em consonância com o que seria produzido. Isso nos leva a pensar em indústria de beneficiamento de produtos primários concomitante com o desenvolvimento da policultura. O desdobramento desse primeiro passo seria o surgimento de outros empreendimentos, e, consequentemente, a dinamização cada vez mais vigorosa do setor de serviços. EXTRA – Recentemente, a União decretou estado de emergência em 38 municípios alagoanos. O sertanejo ainda sofre bastante com a estiagem. O Canal do Sertão será a redenção para essa região? Como fazer para que não só os grandes latifundiários explorem o Canal? Melquezedeque Farias – O Canal do Sertão é apenas parte da resposta à questão do abastecimento de água. É necessário pensar em outras alternativas, tais como já foram apontadas na resposta à pergunta anterior: a construção de barragens subterrâneas e uma usina de dessalinização no litoral. O Ceará já anda debatendo a construção de uma usina de dessalinização, Alagoas deve se interessar por esse caminho e não depender apenas da transposição do Rio São Francisco. Isso é algo que mais cedo ou mais tarde precisará ser feito. Antes cedo do que tarde! Se é que ainda é cedo. Até lá, o Canal do Sertão deve acudir primeiros os pequenos; uma gestão do PCO teria esse olhar maior para o menor. E seria tratado como crime qualquer coação aos pequenos para que eles se desfaçam de suas propriedades em favor dos grandes. E quaisquer denúncias e reclamações nesse sentido, seriam todas investigadas e tratadas com atenção rigorosa. EXTRA – Quais as propostas do senhor para o mandato? Melquezedeque Farias – As propostas do PCO para Alagoas são o que diz o programa do partido: mobilizar os trabalhadores para a construção do socialismo. Isso significa a inversão do modelo socioeconômico. No entanto,

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reconhecemos os limites da via eleitoral e os obstáculos que ela nos coloca. Logo, uma gestão do PCO buscaria pelo menos a inversão da lógica da gestão, construindo políticas públicas que resultassem em ganhos para os trabalhadores, uma gestão que priorizasse a elevação da qualidade de vida deles. EXTRA – Fique à vontade para prestar quaisquer outras informações que julgar relevante. Melquezedeque Farias – Nesse momento o assunto mais relevante para o PCO, mais do que o própria eleição de um candidato nosso, é a luta contra o golpe por que passamos desde a derrubada da presidenta Dilma; um golpe contra o povo brasileiro, já que está mais do que evidente que seu objetivo é a entrega total do patrimônio nacional ao controle estrangeiro. Já tivemos a entrega do pré-sal a americamos, franceses e canadenses, já tivemos a entrega da Embraer à empresa americana Boeing, um episódio em que os códigos de guerra dos caças brasileiros que vigiavam a Amazônia acabaram nas mãos do Pentágono; a entrega de um pedaço do território brasileiro, a Base de Alcântara, ao governo americano; e nenhum brasileiro pode sequer se aproximar, ou seja, a Base de Alcântara se tornou a Guantânamo brasileira. A lista de apropriação externa contra o nosso país é bem extensa para um período de apenas um ano e meio. Há ainda os ataques internos, aqueles cometidos contra os trabalhares: reforma trabalhista, a previdenciária a caminho, a sindical; a prisão sem provas e inelegibilidade do presidente Lula; perseguições aos movimentos sociais; a intervenção militar no Rio de Janeiro e tantos outros ataques podem aqui ser citados. Tudo isso faz da luta contra o golpe em andamento a questão central dos trabalhos do PCO. Os reflexos do golpe atingem Alagoas: redução dos programas federais, congelamento dos salários de servidores públicos por 20 anos através da PEC do teto de gastos, restrição a novos concursos públicos, e por aí seguem várias outras medidas dos golpistas que ameaçam ainda mais Alagoas. Lutar contra o golpe é lutar por Alagoas, é lutar pelo Brasil!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

Renan Filho durante sabatina promovida pela FIEA

Renan Filho: aliados de Collor que estão com Temer “se omitem” sobre Alagoas

SUCESSÃO ESTADUAL PROBLEMA, DISSE O GOVERNADOR, ESTARIA NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM BRASÍLIA ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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epresentantes da bancada federal alagoana, aliados do presidente Michel Temer, se omitem em buscar soluções para os problemas de Alagoas em Brasília, como garantir recursos na saúde e agricultura, como o Programa do Leite, disse o governador Renan Filho (MDB), ao ser sabatinado pelo setor produtivo esta semana, no auditório da Federação das Indústrias (Fiea). Apesar de não citar nomes, a crítica era para o senador Benedito de Lira (PP). O partido do senador é que tem as indicações do Ministério da Saúde. Esta é uma parte da estratégia palaciana de alçar o nome do deputado federal Maurício Quintella (PR) na disputa ao Senado. Quintella, na TV e no rádio, é mostrado como um

agregador, alguém “que cisca para dentro”, com disposição de criar pontes entre os cofres alagoanos e os da União - diferente de Biu de Lira, segundo a propaganda eleitoral. Biu, segundo a pesquisa Ibope, disputa a 2ª vaga ao Senado; a primeira, se as eleições fossem hoje, seria de Renan Calheiros (MDB). Em terceiro está Rodrigo Cunha (PSDB), com 19%, e Quintella, com 18%. Dizem as pesquisas palacianas que, se Quintella “grudar” em Renan Calheiros, existe transferência de votos para o ex-ministro dos Transportes e ele assume a segunda vaga, desbancando o experiente Biu de Lira. RECADOS Ao debater com o setor produtivo, Renan Filho mandou outros recados indiretos, para além de Benedito de Lira: ao

ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) por não usar, segundo ele, todo o dinheiro de empréstimos tomados pelo Estado e que deixaram obras inacabadas e; ao prefeito Rui Palmeira (PSDB), por não assumir a responsabilidade via município em buscar recursos para o Centro de Maceió nem encontrar soluções para o Mercado da Produção. Rui Palmeira e Biu de Lira são aliados do senador Fernando Collor (PTC), que polariza a disputa ao Governo com Renan Filho. “O governo Federal se omite, trabalha contra Alagoas. As pessoas que representam o governo federal e estão aqui feito tartauguinha com a cabeça escondida no casco”, disse o governador. “Usaram todo o dinheiro emprestado e deixaram obras inacabadas, como a estrada de

Mata Grande, o abatedouro de Viçosa”, afirmou. DIVERSIFICAR O debate entre Renan e o setor produtivo falou em diversificar a matriz energética alagoana -proposta é colocar placas fotovoltaicas em unidades do Minha Casa, Minha Vida; atrair startups para o bairro de Jaraguá, através do Polo de Tecnologia que está pronto, segundo o governador, e será inaugurado em 2019. O setor produtivo pediu que Renan Filho transformasse o Programa do Leite em uma política de Estado; o governador voltou a criticar a bancada federal alagoana aliada a Michel Temer “que tem a conta para transferir os recursos do programa e não fez”. Disse que o Estado assume 70% dos recursos do programa. A União? Os 30% restantes.

As parcerias privadas, disse Renan Filho, devem ser usadas para os matadouros regionais (“o setor privado é quem sabe fazer, tudo será licitado e ganha que tiver o menor preço”). A regionalização dos matadouros, disse o governador, está sendo posta em prática, ao mesmo tempo em que o Ministério Público Estadual realiza operações para fechar locais que funcionam sem condições de higiene ou abate irregular da carne. Os produtores argumentam: o abate da carne, sem os antigos matadouros, encarece o produto no estado e inviabiliza o produto final ao consumidor. O governo rebate: se houver parceria com o setor privado detentor da tecnologia - haverá economia aos cofres estaduais na administração destes abatedouros, além de qualidade e higiene. Sobre a carga tributária tema bastante explorado por Collor: reclamação do setor produtivo é que os impostos cresceram, influenciados pelo aumento da alíquota do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) - Renan Filho disse que sim, o Fecoep aumentou, mas argumenta: foi a alternativa encontrada para não reajustar o percentual de ICMS, crescendo o custeio, por exemplo, das secretarias, com combustível. Afirma que o dinheiro do fundo não paga combustível mas vai para a Rede Acolhe (atende dependentes químicos), Programa do Leite, investimento em saúde pública (construção de hospitais que serão administrados em parceria com a iniciativa privada). “Qual o modelo ideal? Estimular a iniciativa privada para aumentar a arrecadação. Antes o avião vinha com tanque cheio para cá. Agora ele abastece aqui porque é mais barato. O segmento atacadista em Alagoas foi o que mais cresceu no Brasil. Nós desoneramos a cadeia produtiva do frango, cerâmica vermelha, carne. Nosso modelo garante condição de sobrevivência e competição regional”, explicou o governador.


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Durante sabatina com empresários, Collor discorre sobre falhas da atual gestão

Collor: “Escola em tempo integral de Renan Filho é uma mentira”

CONTRA-ATAQUE SETOR PRODUTIVO COBROU MÃO DE OBRA MAIS QUALIFICADA PARA ATENDER MERCADO DE TRABALHO ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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s escolas em tempo integral do Governo Renan Filho (MDB) “são uma mentira”, disse o senador Fernando Collor (PTC) esta semana, ao ser sabatinado pelo setor produtivo no auditório da Federação das Indústrias (Fiea). Para melhorar os índices de educação, o setor produtivo cobrou uma mão de obra qualificada para as exigências do mercado de trabalho - mão de obra que deveria vir das escolas públicas Foi aí que Collor denunciou que o modelo de escola de tempo integral do Governo Renan Filho “é uma mentira”.

“Na Escola Geraldo Melo, no Village Campestre, as crianças têm três refeições por dia: café da manhã é bolacha com suco ralo, almoço, macarrão com arroz. A escola precisava ter 50 professores, mas a maioria é monitor”. Collor propôs aquilo que foi adotado por ele, quando era presidente da República: implantar o sistema S nas escolas. Os alunos chegavam pela manhã e saíam à tarde. Além das aulas, também aprendiam cursos ofertados pelo sistema. O governo do Estado alega adotar este modelo: a criança tem três refeições diárias mais curso profissionalizante. 50 instituições funcionam em tempo integral.

TENDÊNCIA Em debate com o setor produtivo alagoano, Collor procurava mostrar uma tendência diferente da adotada na campanha anterior ao Governo, em 2010: ao invés da “mão pesada” no combate ao crime ou soluções que dependessem de munhecadas verbais em Brasília, buscava impressionar o empresariado com números, detalhes de obras, conhecimentos técnicos a respeito do Canal do Sertão, críticas pontuais ao atual governo sem o tom feroz que costumava atacar (ou reagir) nas disputas eleitorais. O senador aposta em uma campanha “tiro curto”. Mesma vantagem que ele conseguiu em 2006, enfrentando o então go-

vernador Ronaldo Lessa (PDT) na disputa por uma vaga ao Senado. Collor venceu Lessa em 28 dias. Mas, segundo o Ibope, se as eleições fossem realizadas há duas semanas atrás, Renan Filho (MDB) estaria eleito e no primeiro turno. SOBRE O CANAL? O Canal do Sertão, segunda maior obra hídrica do país (a primeira é a transposição do rio São Francisco), começou a ser articulado quando Collor era presidente. O primeiro contrato foi assinado em 25 de julho de 1992 (Collor foi afastado da Presidência em 2 de outubro de 1992 e não voltou mais ao poder). O que diziam os produtores? Que as águas do Canal do Sertão precisariam ter um modelo de gestão para não serem caras demais ao chegarem ao produtor (de acordo com a Federação da Agricultura, a água do canal é cara e rica em sais, demandando um sistema sofisticado para evitar a salinização). Collor defendeu um modelo que conjugasse a iniciativa privada e pública, mas em parceria, também, com o governo federal. “O Canal do Sertão precisa de um modelo de gestão. Não vamos resolver nada sem um

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modelo de gestão. Meus sucessores, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, não deram importância ao canal. O programa de irrigação era para estar em pleno vigor”, disse. O senador fala em 10 mil hectares disponíveis às margens do canal para irrigação e asssentamentos, em pequenas glebas, de produtores rurais. Enquanto o governador Renan Filho (MDB) fala em matadouros regionais administrados pela iniciativa privada, mas também com dinheiro público, Collor fala em reabrir os matadouros fechados, segundo ele, pelo governo. “Isso causou mal enorme para a população de baixa renda. A carne ficou 30% mais cara no Sertão”, disse o senador, ao falar da consequência direta do fechamento dos matadouros e a elevação do preço da carne abatida. A respeito do Programa do Leite, Collor responsabiliza o Governo Renan pelo quase fechamento do programa. Porque ele poderia adotar - o senador disse que o fará, se for eleito governador - a construção de uma câmara de compensação, com um valor viável do leite ao produtor, mas livre da variação do preço do mercado quando o produtor ficar mais desvalorizado. “Para que o produtor não fique de fora das condições e não se assustar com a variação do preço quando o leite estiver mais baixo”, explicou. Collor falou o que os produtores gostarem de ouvir: vai baixar “a carga absurda de impostos”, implantada com o aumento de atribuições do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep); e ainda “ouvir mais, deixar de lado a prepotência e arrogância”, recados, por óbvio, a Renan Filho. Propôs ainda um reestímulo para abrir as lojas grandes e pequenas, fechadas com a crise econômica, ao longo da Avenida Fernandes Lima. Entre as empresas estão postos de gasolina. O QG de Collor identifica que os postos foram fechados porque os tributos cobrados pelo Estado inviabilizaram o valor do combustível ao consumidor.


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Flávia e Cibele querem ser as mais votadas

DISPUTA PELA ASSEMBLEIA

NO MEIO DO CAMINHO HÁ OLAVO CALHEIROS, COTADO PELOS PARTIDOS COMO CAMPEÃO DE VOTOS

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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uas jovens brancas disputam quem terá mais votos em uma região onde a maioria da população descende de escravos e quase todo o eleitorado depende do Bolsa Família em tempos de desemprego ou quando as usinas de açúcar e álcool da região suspendem as atividades durante 6 meses. As jovens são Flávia Cavalcante (MDB) e Cibele Moura (PSDB). Flávia já foi deputada estadual e até presidente da Assembleia em curto período; Cibele vai à disputa pela primeira vez para consolidar não apenas seu nome, mas de todo um grupo político que quer expandir seus poderes por toda a região. Flávia é filha de Cícero Cavalcante, ex-prefeito de Matriz de Camaragibe e São Luiz do Quitunde. Ele ajudou a eleger a filha, Fernanda, à Prefeitura de São Luiz; está de olho no filho Fernando Henrique para Matriz de Camaragibe em 2020. Cibele tem uma linhagem mais longeva. O bisavô, Abrahão Fidélis de Moura (1916-1992), era vereador de Atalaia, deputado estadual e deputado federal, cassado pela ditadura militar. Mas, a história dela é mais identificada com o pai, neto de Abrahão, Abrahão Moura, ex-prefeito de Paripueira, que elegeu o sucessor, Haroldo, e emplacou a esposa, Emanuele Moura, em Barra de Santo Antônio, onde a família Farias (do extesoureiro da campanha pre-

Flávia é esposa do candidato a vice na chapa de Collor; Cibele tem o tio à frente da SMTT de Maceió

sidencial de Fernando Collor, Paulo César Farias) mandava e tem hoje esperança de eleger, para 1º suplente de senador o empresário Luiz Romero Farias, irmão de PC e do ex-deputado federal Augusto Farias. Cibele é sobrinha de Antônio Moura, superintendente Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) em Maceió, uma máquina de dinheiro e de prestígio eleitoral. PALANQUES Flávia e Cibele se alfinetam nos palanques do norte alagoano, mas sem citar uma a outra e na condição de inimigas cordiais. Estilo bem diferente do que o povão gosta: recados em tom de baixaria e palavrões respondendo “o outro lado”, animando a multidão.

Elas têm de agir assim por causa dos seus grupos políticos, aliados de Renan Filho (MDB) e Fernando Collor (PTC), que polarizam a disputa ao Governo. Flávia é esposa do presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB), vice de Collor na chapa ao Executivo. Porém, Cícero Cavalcante, pai dela, vota em Renan Filho. Bastante empolgado em campanhas não tão passadas assim - no ataque aos inimigos - Cícero também aderiu a um estilo mais moderado, no pedido de votos para a filha. Isso porque ele tem a promessa de Renan Filho e do senador Renan Calheiros (MDB) para 2020, quando Fernanda - a filha prefeita de São Luiz - disputa a reeleição. Renan Filho ganhou o

apoio de João Cordeiro - inimigo político de Cícero Cavalcante em São Luiz e com todas as fichas apostadas para a eleição de 2020 no lado oposto ao de Cícero. Nas redes sociais, Cícero ameniza: “O governador não pode dispensar votos, por isso tem o apoio de João Cordeiro”. Porém, há laços entre João Cordeiro e Abrahão Moura que podem virar uma aliança daqui a dois anos, alterando a composição dos votos na região norte alagoana. MAIS GENTE NO PÁREO Apesar de Flávia e Cibele se esforçarem não somente para vencer as eleições mas mostrarem mais votos - turbinando as famílias e os aliados para a votação nas prefeituras e Câ-

maras de vereadores- ambas podem ficar em segundo plano. Isto porque o campeão de votos cotado na região norte tem nome, sobrenome e décadas na política: Olavo Calheiros, tio do governador. Ele disputa a cadeira de estadual quase sem sair de casa, em Murici. O estilo Olavo é o mesmo: conversas com prefeitos, que mobilizam suas bases para elegerem o tio do governador e irmão do senador Renan Calheiros. Quem pede votos a ele também tem de ajudar a eleger Isnaldo Bulhões (MDB) a federal. É para garantir uma aliança entre os Calheiros e os Bulhões. Aliança que pode transformar Isnaldo em candidato ao Governo em 2022. Abrahão Moura também está com Renan Filho. E ajuda na eleição de Isnaldo Bulhões a federal e Maurício Quintella (PR) ao Senado. Cícero Cavalcante também pede votos para Renan Filho, Renan Calheiros e Maurício Quintella, mas a deputado federal o acordo é com Marx Beltrão (PSD). Existe ainda um encaixe na disputa, também com peso político: é Sérgio Toledo, que vai para a disputa a federal e busca, pelo menos, 10 mil votos no norte alagoano. Bem próximo aos Calheiros, Sérgio está nas bancas de apostas de todos os partidos como um dos mais votados. Seu estilo é semelhante ao de Olavo: conversas com prefeitos, lideranças-chaves nas cidades e discrição no fazer político. Só que no meio do caminho existem Flávia e Cibele. O jogo e os jogadores não são para amadores.


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Nanicos ganham espaço nas eleições de 2018

PRESIDENCIÁVEIS PT E PSDB PERDEM ESPAÇO APÓS ENVOLVIMENTO EM ESCÂNDALOS NACIONAIS soas parecidas, entre pessoas iguais. Não rompem barreiras sociais como a televisão”, diz. Ainda segundo Felipe Borba, embora as mídias sociais influenciem nessa nova fase das eleições, levando e mostrando candidatos antes sem espaço para todos os eleitores, ainda é muito cedo para falar em fim da polarização eleitoral no Brasil.

BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

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muito cedo para dizer que chegou ao fim a hegemonia de candidatos famosos e com grandes partidos por trás de suas candidaturas. Nas Eleições 2018 muitos nomes, antes desconhecidos da grande massa, começaram a ver suas propostas repercutindo e sendo cogitadas como confiança de voto em rodas de conversas. Pode-se afirmar que todas as eleições que aconteceram no Brasil pós regime militar foram semelhantes em muitos sentidos porque dois partidos polarizavam a disputa. Com exceção da primeira eleição, que elegeu Fernando Collor presidente, de 1994 até 2014 o PT e o PSDB sempre disputaram a hegemonia política. Essa polarização pode, enfim, ser enterrada ou, pelo menos sufocada momentaneamente. A mudança é causada em grande parte pela popularização da internet com o objetivo de expor opiniões políticas e influenciar eleitores, o que antes era quase que totalmente feito por meio da televisão. Candidatos como Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Eymael (DC), Guilherme Boulos (PSOL), Jair Bolsonaro (PSL), João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia (PSTU) começaram a ganhar destaque nestas eleições. Bolsonaro, Daciolo e Amoêdo são os maiores exemplos dessa nova fase da política nacional, em que todos podem expor suas ideias por quanto tempo quiserem e para quem quiserem, pelo menos na internet. João Amoêdo, embora não tenha uma grande carreira política, tem destaque por ser banqueiro de sucesso e ser o can-

MUDANDO A SIGLA

João Amoêdo, Cabo Daciolo e Jair Bolsonaro foram beneficiados pelo desgaste de PT e PSDB

didato à presidência mais rico dessa eleição, fato que gerou vários memes na internet e deu ao candidato uma ‘confiança’ do eleitorado quando o assunto é economia. Amoêdo é um dos principais fundadores do partido político Novo, criado em 12 de fevereiro de 2011, e em 15 de setembro de 2015 se tornou o presidente da legenda. Ele se afastou do cargo em julho de 2017 para concorrer na eleição presidencial de 2018. Cabo Daciolo até pouco tempo atrás era uma figura desconhecida entre a população brasileira. O deputado federal pelo Patriota do Rio de Janeiro roubou a cena no primeiro debate entre presidenciáveis, promovido pela Band, em agosto, por seu tom exaltado, declarações exóticas e menções a Deus. Sua primeira frase foi “Glória a Deus, Glória a Deus” e a última, uma citação da Bíblia. Encerrou boa parte de suas falas com a expressão “pela honra e glória do senhor Jesus”. E, ao comentar sobre segurança pública, afirmou que o principal problema do país é a “falta de amor ao próximo”.

Daciolo também é conhecido por controvérsias. Em setembro de 2017, ainda no PT do B, o deputado defendeu em discurso o fechamento do Congresso e uma intervenção militar no país. Disse que ali só havia corruptos e pediu que os brasileiros estendessem a bandeira do Brasil nas suas janelas e varandas em forma de protesto. O mais polêmico entre os presidenciáveis é o capitão da reserva do Exército Jair Messias Bolsonaro. Marcado por sua atitude agressiva perante entrevistas e no Congresso, sempre com discursos e declarações polêmicas e que em sua maioria não agrada a todos. Em 27 anos como deputado federal, Bolsonaro foi autor de 162 projetos de lei, segundo o portal da Câmara. Apenas dois foram aprovados. O presidenciável também é alvo de ações judiciais por declarações públicas. No Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro é réu em dois processos, por injúria e apologia ao estupro. Essas ações foram abertas depois de ele ter afirmado, em 2014, na Câmara, que não estupraria a deputada Maria do Ro-

sário porque “ela não merecia”. “Esses candidatos ficaram famosos não só por causa da internet, mas também pelas figuras que eles são. A TV ajuda bastante, mas aos poucos está perdendo sua hegemonia. O jeito de falarem e as atitudes fazem os candidatos se autopromoverem sem precisar do esforço por parte de uma equipe de marketing”, explica o cientista político e autor do livro 25 Anos de Eleições Presidenciais no Brasil, Felipe Borba. A hegemonia da televisão ainda é muito grande, de acordo com o especialista. Há pesquisas que mostram que 95% dos brasileiros assistem televisão e boa parte assiste diariamente. A televisão ainda é a principal fonte de informação e de entretenimento. Mas ela começa sim a sofrer competição das redes sociais e das mídias sociais. “No atual pleito as mídias sociais podem ser uma forma de contrabalancear essa falta de espaço na televisão. O que reforça o peso da televisão é que, em geral, as campanhas eletrônicas tendem a circular dentro de uma mesma bolha. Entre pes-

“Os menores estão ganhando mais espaço entre os eleitores após os escândalos de corrupção atribuídos aos dois maiores partidos do país, o PT e o PSDB. A imagem das siglas ficou desgastada perante o eleitorado”, explica o especialista. Não só PT e PSDB estão desgastados. Outras legendas mudaram suas nomenclaturas inclusive com a retirada da palavra “partido”, para se apresentarem como uma nova alternativa e se descolar da atual crise política e se aproximar dos eleitores. O PTN efetivou a troca para Podemos. O PT do B virou Avante. O PSDC se intitula agora Democracia Cristã. O PEN agora é o Patriota e o PMDB resgatou suas origens e voltou a ser MDB, como na época da ditadura, em que fazia oposição ao regime militar. “Essa troca no nome não é por vaidade. Os partidos velhos perderam credibilidade com a população que por sua vez busca novas alternativas. “Essa troca de nome serve para tentar passar para população que existe algo novo, porém com os mesmos ideais antigos” enfatiza Felipe Borba


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CBTU aumenta número de viagens do VLT

OLHA O TREM... Bruno Fernandes

VLT VIRA CARRO-CHEFE DA CAMPANHA DE BENEDITO DE LIRA À REELEIÇÃO

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

Não falta imagens do VLT no guia eleitoral de Biu, candidato à reeleição no Senado; aumento de viagens coincidiu com época de campanha

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a última segunda-feira, 3, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) ampliou a grade horária de circulação do Veículo Leve sob Trilhos (VLT) em Maceió. A melhoria no transporte público coincidentemente se depara com a candidatura do senador Benedito de Lira (PP), que tem como carro-chefe de sua campanha pela reeleição no Senado a instalação do VLT em Alagoas e a melhoria e expansão do transporte férreo para o próximo mandato. A implantação do VLT na cidade de Maceió se deu a partir de um projeto de Biu de Lira implantado em 2011, enquanto deputado federal. As obras foram contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento de Mobilidade. O aumento no número de viagens, segundo o setor operacional do VLT, é para atender com mais eficiência e rapidez a grande demanda de passageiros, especialmente entre as estações de Jaraguá e Bebedouro. As

linhas contam agora com 40 viagens diárias; antes eram 24. A estimativa é que com a ampliação das viagens, mais de 15 mil pessoas circulem diariamente pelas estações. A grade horária nos dias de sábado também foi alterada e conta com mais 10 viagens. Hoje, Alagoas conta com 15 estações funcionando, que ligam Maceió até Rio Largo e outras 4 planejadas para circulação dos trens até o Maceió Shopping, no bairro da Mangabeiras. O EXTRA conversou com passageiros sobre o aumento das viagens e a maioria alegou que o número já era con-

siderado insuficiente e que este aumento demorou para ser implantado. Por acaso, ou não, o anúncio do aumento da grade foi feito na sexta-feira, 31, dia de início do Guia Eleitoral no rádio e na TV, onde o senador do PP utiliza o VLT como destaque de sua propaganda eleitoral. O comerciante Jailson Melquiades, 47, disse que um maior número de linhas ajuda a desafogar os trens que vão cheios nos horários de pico. “Eu pego o trem em horário tranquilo e já vou em pé, imagina na hora que todo mundo sai para o trabalho?”, indagou.

Uma próxima promessa do candidato é que seja iniciada uma etapa que liga o centro da cidade ao Maceió Shopping. Esse investimento seria em torno de R$ 120 milhões. Segundo informações da Prefeitura de Maceió, nos últimos 10 anos já foram investidos R$ 412,7 milhões nas obras do VLT com apoio do candidato à reeleição. Recentemente, Biu de Lira também entregou à população como recurso para viabilizar obras de mobilidade urbana a estação de VLT no Mercado Público, localizada na região central de Maceió. Lucicleide Bernardo, 43, pega o trem todos os dias de Rio Largo até o Centro

e garante que é melhor do que ônibus. “É mais barato, mais fresco, mais confortável e mais seguro. Nem sempre é cheio Aumentar o número de viagens tem ponto positivo para todo mundo, mas já deveria ter sido feito antes”. Em maio deste ano a tarifa do VLT também sofreu alteração. O preço da passagem foi reajustado pela CBTU e passou a custar o dobro, passando de R$ 0,50 para R$ 1. Na época, a empresa disse que o aumento visava recompor as perdas inflacionárias e fortalecer o transporte de passageiros sobre trilhos, além de ser fundamental para a continuidade da operação e manutenção dos serviços prestados à população.


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Ferramenta na internet pode ajudar indecisos

AFINIDADE ELEITORAL VOTOS NULOS E BRANCOS EM 2014 CHEGARAM A 20,3% PARA GOVERNO DO ESTADO

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

Período eleitoral a todo vapor e o dia de escolher o futuro político do país está chegando. Mas nem todo mundo já tem

Confira o posicionamento de cada candidato sobre as 23 questões

seu candidato ou propostas analisadas. Para muitos eleitores essa decisão pode apresentar um alto grau de dificuldade, ainda mais este ano em que o número de candidatos à Presidência da República é o maior desde 1989. A internet, no entanto, pode auxiliar essa tomada de decisão de diferentes formas. Uma delas é um teste que circula na rede desenvolvido por uma equipe de especialistas em políticas públicas — que trabalham com ciência de dados e colaboram com o website O Iceberg. O teste compara as visões e posições políticas do eleitor com as de 10 dos 13 candidatos ao Planalto. Chamada de Calculadora de Afinidade Eleitoral 2018, a ferramenta funciona da seguinte maneira: o internauta aces-

sa 23 questões relacionadas a economia, energia, proteção social, segurança e educação; com questionamentos objetivos as respostas variam entre sim, não e depende; após responder às perguntas uma análise é feita e uma página apresenta a lista de candidatos por ordem de afinidade com o eleitor, baseando-se nos programas de governo. O questionário aborda diferentes temas que têm gerado grande polêmica entre a população. A jornalista e ativista política Lívia Holanda acredita que a ferramenta pode ajudar na instrução e na diminuição dos votos nulos e brancos nas eleições deste ano. “É um incentivo para os eleitores irem atrás das reais propostas de governo dos seus candidatos.

A ferramenta alimenta a curiosidade, além de informar quais aqueles que têm propostas parecidas com os ideais do eleitor que está utilizando o questionário para se informar.” Nas eleições de 2014, os votos brancos e nulos para Presidência somaram 9,64% dos votos totais, e os eleitores que não compareceram às urnas somaram 27.698.199, o que significa 19,39% do total. É necessário informar o eleitor que o voto nulo tem o mesmo efeito do voto em branco por não entrar nas contas na hora da decisão de quem está eleito, por isso é importante não se abster da decisão política de um voto. O cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Emerson do Nascimento considera crucial

o papel do eleitor no futuro da nação. “A participação eleitoral ainda é um dos principais canais de expressão da vontade popular. Nesse sentido, eximir-se do voto, sobretudo num contexto de radicalização política como o que atravessamos hoje no Brasil é, acima de tudo, perder a oportunidade de participar deste debate público, de apresentar suas preferências e discutir os rumos políticos da nação. De nada adianta expor sua insatisfação em relação à esfera pública e aos políticos se você abdica do seu papel enquanto cidadão e eleitor”, ressalta. Em Alagoas, nas eleições de 2014, para governo do Estado, os votos em branco foram de 127.767, (7,92%), e os votos nulos chegaram a 199.638 (12,38%).


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Aplicativos ajudam na definição do voto

CHECAGEM ELEITORAL

ELEITOR TAMBÉM PODE DENUNCIAR CRIMES DIRETAMENTE À JUSTIÇA ELEITORAL

Plataforma indaga candidatos sobre corrupção; muitos não responderam ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão da Redação

F

altando um mês para as eleições, os eleitores têm à sua disposição aplicativos e websites que podem ajudar mostrando a realidade e o passado dos candidatos, facilitando assim a definição do voto. O intuito dos apps é fazer com que a população se conscientize na hora da votação e opte pelo candidato mais adequado. Um dos aplicativos disponibilizado para os votantes é o Pardal. Sua principal função é permitir que o eleitor fiscalize e denuncie infrações na campanha eleitoral dos candidatos. A versão mais atualizada do aplicativo foi desenvolvida pela Justiça Eleitoral é gratuito e está disponível para download nas lojas virtuais Apple Store e Google Play. Com o uso do Pardal o eleitor pode denunciar os políticos

por compra de votos, uso da máquina pública, crimes eleitorais e doações e gastos eleitorais. O objetivo é fazer com que os eleitores atuem como fiscais da eleição e sejam importantes colaboradores no combate à corrupção eleitoral. Outro auxiliar no combate a políticos corruptos é a plataforma online Unidos Contra Corrupção, lançada na segunda-feira, 3, e que tem o apoio da Transparência Internacional. Nela é possível o eleitorado brasileiro checar como os atuais candidatos e candidatas à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal se posicionam em relação à declaração de passado limpo, compromisso com a democracia e apoio às Novas Medidas Contra a Corrupção. O objetivo da plataforma é levar ao eleitorado informação confiável, coesa e precisa sobre quem tem compromisso com uma agenda de políticas públicas de combate à corrupção

e com respeito à democracia. A ferramenta pode ser acessada por meio do site da campanha ou diretamente pelo link unidoscontraacorrupcao. org.br, é gratuita. Até a quarta, 5, o portal contava com 342.291 eleitores inscritos na campanha. Um aplicativo que vem chamando a atenção do eleitorado brasileiro já há algum tempo é o Detector de Ficha de Político, igualmente gratuito. Disponível para Android e iOS, tem como papel mostrar os processos judiciais que os políticos respondem. É uma iniciativa do projeto Vigie Aqui, extensão

Ficha de candidatos pode ser consultada pelo celular; pelo Pardal eleitor tem como denunciar qualquer tipo de crime eleitoral

do programa desenvolvido pelo Instituto Reclame Aqui. É simples e prático de utilizar: basta abrir o aplicativo e fotografar a face do candidato

seja na televisão, revistas, ou em qualquer outro local. Também é possível consultar a ficha judicial digitando o nome do político na seção de busca.


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Tutmés Airan presta depoimento no STJ

JUSTIÇA CASO É REFERENTE À ACUSAÇÃO DE CRIME CONTRA A HONRA DA ADVOGADA ADRIANA MANGABEIRA

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), Tutmés Airan, prestou depoimento no Superior Tribunal de Justiça (STF), em Brasília. A ida do magistrado ao Distrito Federal, na terça-feira, 4, foi referente ao caso da advogada Adriana Mangabeira Wanderley, que o acusa de crime contra honra e de cobrança de propina. Ao EXTRA, Airan informou que a conversa com o ministro Mauro Campbell Marques “foi boa e séria”. O assunto em questão foi o áudio, vazado nas redes sociais, em que o desembargador se refere à advogada com palavras de baixo calão, como vagabunda e desonesta. “Ficou claro que eu agi com a ira dos inocentes. Agi indignado. Agi como qualquer homem de bem agiria. E saquei os adjetivos que enfim veio ao público. Essa é uma hipótese muito óbvia

Tutmés Airan disse que conversa com ministro ‘foi boa e séria’

de descriminalização da conduta. Estou muito tranquilo. O ministro entendeu bem as coisas. Tudo foi bem discutido”, contou. A advogada também acusa o desembargador de pedir propina para dar sentença favorável na ação em que ela receberia honorários da Braskem, empresa do grupo Odebrecht. Em agosto do ano passado,

a denúncia chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e virou sindicância no STJ. Airan, durante toda tramitação do processo, preferiu não comentar o caso. Mas, questionado esta semana pelo EXTRA, o magistrado resolveu resumir sua defesa em poucas palavras: “A conversa dela não

tem nem pé nem cabeça”. No entanto, quando a denúncia veio a público, em 2017, Tutmés encaminhou uma carta à imprensa dando mais detalhes sobre o ocorrido. Disse que “o caso que originou as acusações trata-se de ação de cobrança em que Adriana pedia a condenação da Braskem S/A ao pagamento de honorários advocatícios”. Segundo ele, o processo foi sentenciado no primeiro grau favoravelmente à advogada e, não concordando com o teor da sentença, a Braskem recorreu e a apelação foi distribuída por sorteio, caindo em sua relatoria. “Após reanalisar os autos, identifiquei que o processo foi julgado sem que tivesse sido esgotada toda a fase de produção de prova, o que fere direitos essenciais, como o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa”, declarou na época. Em razão disso, o desembargador determinou bloqueio dos honorários, tendo o valor ficado depositado em juízo. “Julguei indispensável essa medida em razão de a matéria ainda estar sendo discutida, bem como por conta do risco da irreversibilidade da liberação, caso fosse feito o saque do valor. Os demais integrantes da 1ª Câmara Cível também se convenceram da existência da irregularidade e, por essa razão, a sentença foi anulada à unanimidade de votos, decisão que foi mantida, também à unanimidade, no julgamento de embargos de declaração. É bom que se diga que o julgamento não foi feito de maneira individualizada, já que a 1ª Câmara é composta por três integrantes”.

Durante o julgamento dos embargos, Tutmés Airan salientou que foi contrário à aplicação de multa em desfavor da advogada, “conduta que sempre adoto nesses casos, já que entendo que é direito da parte se utilizar dos meios de defesa disponíveis. Contudo, fui vencido e a Câmara decidiu pela imposição de multa, com base no fato de que matéria nenhuma pode ser rediscutida em sede de embargos”. “É importante frisar que o direito da advogada não foi negado, isso porque, com a anulação da sentença, o processo volta para novo julgamento no primeiro grau. Somente com a publicação de nova sentença este Tribunal poderá reanalisar o processo, caso seja apresentado o recurso adequado. Não me surpreende que a denúncia ao CNJ em meu desfavor só tenha sido apresentada depois do julgamento desfavorável à senhora Adriana Mangabeira. Um ato claro e nítido de inconformismo com o resultado do processo”, informou à imprensa na ocasião.

O OUTRO LADO

A

driana Mangabeira também prestou depoimento ao STJ. Segundo informações extraoficiais, os dois chegaram a ficar “cara a cara” com direito a um grande aparato de segurança. O EXTRA entrou em contato com a advogada, que não atendeu a reportagem para dar mais informações sobre a audiência da terçafeira.


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Alagoas comanda importantes órgãos da República

PROTAGONISMO

Gláucio Dett

HUMBERTO MARTINS, ALFREDO MENDONÇA E LEAN ARAÚJO ASSUMEM A CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA, CNGOC E CNCGMPEU MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

pesar de ser um dos menores estados do Brasil, o protagonismo de Alagoas vem de longa data e em várias áreas do conhecimento. O mesmo estado que é exaltado em verso e prosa, que viu nascer Graciliano Ramos, Nise da Silveira, Aurélio Buarque de Holanda, Théo Brandão, Pontes de Miranda e Djavan, entre outros, que carrega na história três presidentes do Brasil e recentemente três ministros de Estado também é protagonista na área judicial com três autoridades que enaltecem seu povo. O ministro Humberto Martins, o promotor de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça e o procurador de Justiça Lean Araújo comandam hoje importantes colegiados de combate à corrupção, criminalidade e atos ímprobos. Para comandar um dos mais importantes órgãos da República, em 28 de agosto último o ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tomou posse como novo corregedor Nacional de Justiça. Martins é responsável pela apuração de denúncias levadas ao CNJ contra magistrados ou servidores do Judiciário por irregularidades no exercício de suas funções. O currículo de Martins o credencia para exercer a função. Com carreira sólida em Alagoas, e em seguida em Brasília, ele foi indicado para o cargo em 21 de março, por aclamação, pelo Pleno do STJ, para o biênio 2018-2020. Em 11 de abril foi aprovado pelo Senado e quatro meses depois assumiu o mandato. Além da função de punir, a corregedoria, que é um órgão do CNJ, atua na orientação, coordenação e execução de políticas públicas voltadas à atividade correcional e

ao bom desempenho da atividade judiciária dos tribunais e juízos do país. “Procurarei exercer o cargo com sabedoria e prudência, buscando o diálogo com a magistratura nacional, valorizando sempre a atuação dos magistrados, que desempenham papel relevante para o exercício da democracia e o alcance da paz social tão desejada pela sociedade brasileira”, disse durante discurso de posse. Outro alagoano que comanda importante órgão da República é o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, que, no último dia 30 tomou posse como presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). Trata-se de colegiado que integra o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), formado por membros dos Ministérios Públicos dos Estados e da União, e tem como foco o combate às organizações criminosas, combate a crimes de corrupção e tributários, lavagem de dinheiro, tráfico e crimes cibernéticos. O novo líder do grupo de combate a organizações criminosas, que foi escolhido pelo colégio nacional de procuradores gerais de justiça do Brasil e Ministérios Públicos Militar e do Trabalho, destacou a importância do MP de Alagoas em ter um representante do estado na presidência nacional do órgão. Segundo ele, todos precisam estar juntos para produzir respostas ao cidadão. O procurador-geral de Justiça de Alagoas destaca que a eleição foi consequência direta do trabalho que Alagoas vem fazendo no combate às organizações criminosas, sejam relacionadas a corrupção, lavagem de dinheiro ou facções criminosas. “Temos atuado fortemente nessas três áreas. Espero que o GNCOC, juntamente com todos os colegas do País, possamos cada vez

mais implementar esse combate de forma unificada e resolutiva para que o cidadão reconheça no Ministério Público um instrumento de solução para os graves problemas que assolam o Brasil”, destacou Gaspar. Ele garantiu que o foco da sua gestão será o combate às facções criminosas e com inteligência e eficiência o Brasil vai mostrar que não irá se submeter ao crime. “O combate a facções criminosas que têm afligido o país vai continuar. Vamos combater o crime em todas as suas vertentes: lavagem de dinheiro, facções criminosas e corrupção”, garantiu Alfredo Gaspar de Mendonça. O doutorando pela PUC (RS) em Direito Constitucional Lean Araújo também é outro alagoano de destaque nacional. Em 1º de janeiro de 2018 foi eleito presidente do Conselho Nacional dos Corregedores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União ( CNCGMPEU), que congrega as corregedorias de todos os estados e quatro integrantes do Ministério Público da União. Criado em 1994 para defender os princípios, prerrogativas e funções institucionais do Ministério Público, promovendo a integração nacional através do intercâmbio de experiências e da elaboração de políticas uniformizadas nas várias instituições, esta é a primeira vez que o Conselho é presidido por um alagoano. Com gestão pautada no diálogo, Araújo argumenta que o mandato de um ano, sem direito a reeleição, é positivo pois dá oportunidade para outros estados. Escolhido por unanimidade para comandar o órgão durante o ano de 2018, Lean Araújo ver como mais uma missão para o estado de Alagoas demonstrar para o Brasil a capacidade de seus membros. E foi o poder do diálogo que o credenciou

Transparência é a palavra de ordem do corregedor Humberto

para tal desafio. Em seu mandato o destaque vai para a construção do canal do diálogo com o Conselho Nacional do Ministério Público e Corregedoria Nacional do MP, que é um órgão do Conselho Nacional. Vale ressaltar que o resultado positivo desse canal aberto foi a criação de uma rede de atuação da Corregedoria Nacional do MP com todas as corregedorias das unidades da federação. Lean Araújo destacou ainda que quando se cria este sistema com a Corregedoria Nacional, criase uma rede de controle, orientação e responsabilização dos membros do Ministério Público do Brasil inteiro. “Quando não se dialogava, as corregedorias atuavam de formas antagônicas e hoje acontece de forma convergente”, comparou o

presidente ao afirmar qu determinados cargos qu capacidade de dialogar. Em sua gestão, Ar dado ênfase aos itens vol as ações como as que de princípios e funções ins do Ministério Público e as tivas de seus membros; q ve a integração das Cor Gerais dos Ministérios Pú estados e da União entr a Corregedoria Naciona selho Nacional do Mini blico; que acompanha e em processos e procedim curso nos órgãos do Min blico e da Magistratura, de interesse das Correge rais do MP, além de edit notas técnicas acerca da relevantes de interesse d


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Bruno Fernandes

Saiba mais sobre eles

o Dettmar-Agência CNJ

Alfredo Gaspar diz que foco é combater facções criminosas em todos os setores

erto Martins

r que só ocupa s quem tem a ar. Araújo tem s voltados para e defendem os institucionais o e as prerrogaos; que promoCorregedorias os Públicos dos entre si e com ional do ConMinistério Púha e intervém edimentos em Ministério Púura, que sejam regedorias-Geeditar cartas e a das questões se do MP.

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HUMBERTO EUSTÁQUIO SOARES MARTINS Humberto Martins é natural de Maceió e atua como ministro do STJ desde 14 de junho de 2006. Foi advogado, promotor, procurador, juiz eleitoral e desembargador, além de ter ocupado outras funções relevantes. O ministro tem formação em direito e administração de empresas, além de especializações nas áreas de direito civil e processual civil e direito do consumidor. Antes de ocupar a vice-presidência do tribunal, integrou a Segunda Turma e a Primeira Seção do STJ, tendo ocupado a presidência de ambos os colegiados. Foi corregedor-geral da Justiça Federal, diretor do Centro de Estudos Judiciários da Justiça Federal, presidente da Turma Nacional de Uniformização (TNU), ouvidor do STJ, ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). Martins iniciou sua carreira como advogado e foi eleito presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas para dois mandatos. Foi promotor de Justiça adjunto em Alagoas no período de 1979 a 1982, procurador estadual de 1982 a 2002 e presidente da Associação dos Procuradores de Estado. Tornou-se desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas pelo quinto constitucional, em vaga destinada à advocacia. Teve destaque também em âmbito acadêmico, como professor da Universidade Federal de Alagoas, de 1992 a 2006, além de ser autor de livros e artigos jurídicos. ALFREDO GASPAR DE MENDONÇA NETO Alfredo Gaspar de Mendonça já compôs o Conselho Es-

Gestão de Lean Araújo é pautada no diálogo e nas ações do Ministério Público

tadual de Segurança Pública (Conseg) e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos. Recentemente, comandou a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Por duas vezes, coordenou o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do MPE/AL, cuja missão principal é investigar organizações criminosas envolvidas com corrupção, assassinatos, assaltos e tráfico de drogas e armas. Pelos trabalhos à frente do Gecoc, o promotor recebeu em 2012 a Medalha de Mérito do Ministério Público. Além da formação acadêmica no curso de Direito, é pósgraduado em Direito Público. Desde 2 de janeiro de 2017 chefia o Ministério Público Estadual de Alagoas e permanecerá no cargo até 31 de dezembro de 2018. No dia 30 de agosto Alfredo Gaspar assumiu a presidência do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas. LEAN ANTÔNIO FERREIRA DE ARAÚJO Lean Araújo é bacharel em direito pela Universidade Federal de Alagoas (1985), mestre em educação pela Universidade Cidade de São Paulo (2012), presidente da Associação do Ministério Público de Alagoas por dois mandatos (1995-1998), procurador Geral de Justiça de Alagoas por duas vezes (1998 a 2002), corregedor-geral do MP por quatro mandatos (20022004;2006-2007), 2008-2010) 2016-2018), professor mestre do Cesmac, especialista em processo e doutorando pela PUC/RS em direito constitucional. Em 1º de janeiro de 2018 foi eleito presidente do Conselho Nacional dos Corregedores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União(CNCGMPEU).


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SAÚDE MENTAL arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Setembro Amarelo ... não apenas ...

... não apenas ... II

Significantes “tronchos”

É através da psicoterapia que o cliente/paciente vai retirando os sentimentos que incomodam e que foram absorvidos durante dias, semanas, meses, anos e que ficaram impregnados de significantes “tronchos” e que podem ser ressignificados. Com uma escuta qualificada e uma boa psicoterapia também é possível prevenir ou amenizar uma ansiedade, uma depressão, uma tentativa de suicídio. Para isso é necessário que se tome o primeiro passo que a pessoa seja escutada, escutada e escutada, num primeiro momento e depois fazer as devidas intervenções. Muitos não chegam nem sequer a ser escutados por receio ou por tabu de que está “louco”.

“Sentimentos-chicletes”

Esses “sentimentos-chicletes” precisam ser retirados todos os dias, toda semana, isto é, são informações e sentimentos de desamparo, desespero e, principalmente, desesperança para que a pessoa não entre num processo depressivo. Ninguém comete suicídio de um dia para outro. O processo de adoecimento psíquico vai surgindo no dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano. A cada adversidade que não foi ressiginificada se torna um “chiclete”, que incomoda; “aperta o coração”; dá um aperto no peito. Enfim, tudo é um processo.

“Você pode saber o que disse, mas nunca o que outro escutou”. (Jacques Lacan)

Saúde M. desejável VI

Nenhuma doença física ou transtorno mental ou qualquer empreendimento, produto ou serviço surge de um dia para o outro. Uma casa se constrói aos poucos: primeiro o alicerce. A concepção de um carro ou de um telefone celular não foi de um dia para outro. E assim por diante. É assim também que surgem as doenças físicas e os transtornos mentais. Aos poucos: dias, semanas, meses e anos. Pois bem, Setembro Amarelo é um movimento mundial que tem o objetivo principal de promover a prevenção do suicídio. É poder falar sobre sofrimento psíquico e como se pode amenizá-lo. O movimento tem apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os principais objetivos são alertar e discutir com a sociedade, especialmente as que lidam com educação, saúde, serviço social, entre outros setores para a prevenção do suicídio, do sofrimento psíquico. Falar sobre o Setembro Amarelo é fazer uma reflexão sobre o que estamos pensando, porque estamos pensando; o que estamos fazendo e porque estamos fazendo. O que estamos sentindo e porque estamos sentido. O Setembro Amarelo também serve para realizar ações preventivas para amenizar os sofrimentos psíquicos, que podem ser executadas por escolas, empresas, instituições, pelos governos municipal, estadual e federal. Mas ainda hoje são parcas. O Setembro Amarelo (amarelo significa atenção) é um alerta de que é possível viver, apesar das dificuldades que a sociedade, muitas vezes, nos proporciona, nos impõe. É possível, sim, falar sobre suicídio que ainda é um tabu. E o mais importante ainda: é poder falar que é possível falar em vida, em ressignificar fatos e viver melhor, apesar das dores cotidianas.

Escutou

Psicoterapia e ressignificação

Os “chicletes” começam a definhar a pessoa e ela começa a se autodestruir, a ver tudo cinza; “nada” tem solução. Pode ser um sentimento de culpa, vergonha, tristeza, raiva, insatisfações, impotência, abandono. Enfim, tudo isso pode levar a pessoa a um processo depressivo, mas que pode ser amenizado, aniquilado. Daí a importância da psicoterapia já nos primeiros sinais de um sofrimento, seja por quaisquer sentimentos ou comportamentos que incomodam. Na psicoterapia a pessoa descobre que é possível tirar os “chicletes” e ressignificar os fatos; sempre. Os amigos ou a família podem tirar os “chicletes”, mas nem sempre conseguem, por isso a importância de um processo psicoterápico.

Setembro Amarelo é ...

Setembro Amarelo é alertar a sociedade de que é preciso falar, sim, sobre suicídio e o mais importante: que é possível prevenir um ato suicida. Como? Fazendo um acolhimento adequado, escutando, empregando as técnicas necessárias para um escutar qualificado e amenizar as angústias. Também são palestras, seminários, simpósios, rodas de conversas. São ações que possam prevenir ou ressignificar o sofrimento, todos os dias e não apenas no Setembro Amarelo.

Saúde M. desejável (Continuação da edição anterior)

Não existem fórmulas para usufruir de saúde mental, mas existem algumas dicas ou atitudes que, se colocadas em prática, podem ajudar a manter a saúde mental e física desejável.

É comum na clínica a pessoa dizer: eu não tenho tempo pra mim. Pois é, é bom começar a ter. É preciso que a pessoa disponha de um tempo para ela, todos os dias. Seja para ler um livro ou revista, assistir ao filme, enfim. Essa atitude ameniza o estresse do dia a dia e contribui para a melhoria da qualidade de vida.

Saúde M. desejável VII Estar de bom humor e dar boas gargalhadas só faz bem, mas tem que ser verdadeiro. As pesquisas indicam que quanto mais as pessoas riem mais elas produzem bem-estar físico e mental. Como? Desenvolvendo a produção de serotonina e dopamina. De que maneira? É preciso tomar Sol todos os dias (meia hora é o suficiente); tenha gratidão por tudo que aconteça; pratique uma atividade física; tenha uma alimentação adequada (muitas frutas, verduras e peixes), além de escutar uma boa música. A serotonina, que é um neurotransmissor, desempenha várias tarefas no organismo, dentre elas: regula o humor, o apetite, o sono, a libido e até as batidas do coração. A falta pode provocar: cansaço, falta de memória e de paciência. Já a dopamina é um neurotransmissor responsável por regular as funções motoras e também as sensações de recompensa e prazer. A falta pode provocar: desmotivação, falta de entusiasmo, procrastinação e dúvidas sobre si mesmo (se é capaz ou não de fazer alguma coisa).

Saúde M. desejável VIII

Sempre que possível mude os objetos da casa. Não precisa comprar novos, apenas mude de lugar ou dê um novo visual, com outra pintura. Se possui algum objeto que não usa, faça doação.

Saúde M. desejável IX

As pessoas estão se alimentando muito mal. Evite todo o tipo de alimentos que sejam desembalados, prefiram os que são descascados. Em vez de salgadinhos e doces, porque não uma maçã, uma banana, uma porção de amendoim, uma pera. Enfim. Tomar água durante todo o dia também faz bem para o bem-estar psíquico e físico da pessoa.

Saúde M. desejável X

Outra dica importante é a pessoa aprender a dizer “não”. Por incrível que pareça, muitas não sabem ou aprenderam a dizer sempre “sim”. Acha que dizendo “não” a outra pessoa vai “deixar” de gostar dela ou que vai ficar chateada ou coisa semelhante. Errado!!! Ninguém vai deixar de gostar de alguém por escutar um “não”. Um “não” para a esposa(o); para o pai/mãe; para o colega de trabalho ou amigo faz com que a pessoa tenha controle de si mesma. Muitas não têm. Mas diga com sinceridade, respeito e tranquilidade.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132 Atendimento virtual pelo site www.vittude.com Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria) Maceió-AL Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / 3025 0788 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com


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Para refletir: Tomara chegue o dia em que a lágrima movimente a luta e movimente com muita coragem e intenso amor”. (Heloísa Helena)

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

A criminosa compra de votos

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les são bandidos travestidos de políticos e nós coadjuvantes desse filme de horror, pois os elegemos. Assim é a realidade do processo eleitoral brasileiro e o resultado é o que temos assistido sempre: corrupção alarmante na administração pública, políticos presos e logo soltos para gastar o que roubou de nós, presidentes da república acusados de atos de marginalidade explícita e o país mergulhado na mais absoluta crise institucional. Ainda é muito comum pessoas transformarem seu voto em mercadoria, trocando-o por benefícios individuais e pouco éticos, muitas vezes até ilegais. Essas práticas são comumente denunciadas pela imprensa, por investigações feitas pela Justiça Eleitoral e ações da sociedade civil para combater o fenômeno. Todos esses casos mostram que a compra de votos é uma prática bastante recorrente em parte do eleitorado. Quem nunca ouviu falar de alguém que trocou o voto por cesta básica, gasolina, materiais de construção… A compra e venda de votos costuma ter sua importância minimizada, uma prática às vezes até já naturalizada em determinados locais. Ao tratar seu voto como uma mercadoria, você ajuda a eleger alguém que usou de métodos imorais e ilegais para chegar ao poder. Sabendo disso, você acha que esse representante não repetirá esse comportamento quando for eleito? Ao colaborar com esse tipo de prática, você ainda abre mão do seu papel de cidadão e permite que um governante corrupto tome decisões que influenciarão sua vida e a de todos. E não é só o representante que se elege de forma corrupta, ao vender seu voto, você se torna uma pessoa corrupta também. Vamos analisar as seguintes situações: entre ganhar um tanque de gasolina agora e um novo hospital na sua região daqui a quatro anos, o que você escolheria? Entre uma cesta básica agora e maiores investimentos em educação nos próximos anos, qual opção você prefere? Nos dois casos, quando você opta pela primeira , está abrindo mão da segunda, já que elegendo uma pessoa corrupta deixa de eleger alguém comprometido com o bom funcionamento dos serviços públicos.

Voto não é mercadoria

Se você não quer que uma pessoa corrupta tenha o poder de decidir seu destino durante quatro anos (ou oito, se for um senador), não venda seu voto. E caso presencie alguma situação de compra ou venda de voto envolvendo outras pessoas, saiba que você pode fazer sua parte de cidadão e denunciá-la. Para quem comete essa infração, a lei prevê algumas medidas: Para os candidatos: cassação do seu registro de candidatura e, caso já tenha sido eleito, pode ter cassada a sua diplomação. Cabe ainda prisão de até quatro anos, pagamento de multa e a possibilidade de tornar-se inelegível por oito anos. A compra de votos e uma das situações que se enquadram nas condições de inelegibilidade apontadas pela Ficha Limpa. Para o eleitor que vende seu voto: cabe como punição o mesmo tempo de prisão (até quatro anos) e multa. Que sejamos todos guardiões de eleições e do voto consciente denunciando ao Ministério Público esses marginais da política que tantos danos causam ao país e que ferem de morte a dignidade do eleitor e a Democracia.

Governo arbitrário

Não tenho dúvida de que a diligente delegada de polícia, Fabiana Leão, agiu movida pelo interesse público ao pedir que a Delegacia de Defesa da Mulher, então sob seu comando, tivesse a ampliação do horário de funcionamento, visando uma melhor prestação de serviços. Não procurou intermediários e foi direto ao “dono” (o governador). Fabiana vinha sendo um exemplo para seus colegas que a elogiavam pela sua maneira de desempenhar o seu difícil papel de guardiã da vida das mulheres ameaçadas pela violência doméstica e os crimes recorrentes nesse setor. Fabiana pagou caro por sua atitude corajosa. O governo entendeu que ela “desrespeitou a hierarquia fazendo contato direto com o governador”, e num ato arbitrário a removeu para uma delegacia do interior. Ato próprio dos pequenos de caráter e covardes. Este fato não aconteceu agora, mas volta à imprensa pelo tramitar de um processo que ela moveu contra sua imoral remoção, bem ao modo do governo estadual. A delegada Fabiana Leão, não vai mais voltar ao seu posto, mas uma coisa fica comprovada: aqui o crime compensa.

Collor avança

Tal qual um furacão a ameaçar a antes situação confortável e vitoriosa do governador Renan Filho, o senador Fernando Collor avança a cada dia em sua efervescente campanha em busca de arrebatar a cadeira principal do Palácio Zumbi dos Palmares. As adesões vão se somando às traições, muitas delas ainda sob rigoroso sigilo, fato que tem certamente trazido algumas noites insones para o arrogante ocupante eventual do cargo, cuja “trupe” insiste em cantar o “já ganhou” para afagar seu imenso e deturpado ego, mas que pode ainda ter uma desagradável surpresa com a verdade dos votos.

Mauricio Quintella

Esta semana participando de um encontro com técnicos do Ministério dos Transportes em Brasília tive a oportunidade de ouvir de um palestrante: “Maurício Quintella foi um dos mais competentes ministros à frente da pasta, mesmo com uma gestão curta e em plena crise financeira”. Ai descreveu algumas de suas ações que trouxeram grandes contribuições para o setor. Ressaltou ainda sua simplicidade, seu espírito agregador e receptividade perante políticos de todo o país. São essas coisas que nos envaidecem diante de tantos descalabros da maioria dos nossos políticos aqui e lá fora. Um detalhe: em nenhum momento da reunião se soube da minha identidade de alagoano.

Mais café e menos cultura

No governo federal, em 2017, o investimento no cafezinho foi maior do que o aplicado no Museu Nacional, incendiado no fim de semana passado e que há muito pedia socorro sem ser ouvido. Para se ter uma ideia do descaso absurdo, no ano passado os gastos com café chegaram a R$ 76 milhões. Já no museu, foram aplicados apenas R$ 643,5 mil. Vejamos alguns gastos do governo além da milionária verba gasta com cafezinhos: Desfile de 7 de setembro (2018) R$ 816.898,00, lavagem de carros oficiais da Câmara dos Deputados, R$ 563.333,56. Tem alguma coisa errada neste país.

Incolor, inodoro, insípido O candidato Geraldo Alckmin realmente não conseguiu mesmo “destravar” sua candidatura e ao que tudo indica poderá amargar um pífio quinto lugar na corrida presidencial. Com o maior leque de alianças, tempo de televisão e recursos financeiros sua campanha é como ele: incolor, inodoro e insípido (não é sem razão que o chamam de “chuchu”). No desespero resolveu bater de frente com o governo do presidente Michel Temer numa tentativa desesperadora de reverter o quadro e recebeu o devido troco. “Eu me lembro que, quando candidato a governador, nas vezes que lhe apoiei, você era diferente. Então, não atenda o que dizem seus marqueteiros, atenda apenas a verdade”, disse Temer em pronunciamento. Aliados do presidente dizem que ele ficou extremamente irritado com os ataques veiculados por Alckmin no horário eleitoral. As peças trazem críticas a políticas de saúde e educação, por exemplo. Fica provado que: marqueteiro, tempo de televisão e apenas dinheiro não dá para ganhar eleição.


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Eleições, pesquisas e mídia fake

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stas eleições que se avizinham têm a mesma cara da de 1989 que elegeu um “outsider” (para certa mídia desinformada que só tem olhos para São Paulo e Rio e olhar vassalo para Estados Unidos e Europa) como presidente da República. Embora os tempos sejam outros e as redes sociais tenham É hora de mudar. mudado quase tudo em termos de comunicação, E isso só acona insistência dos “senhotece se você não res das notícias fakes” reeleger corrup- em tentar desconstruir marra a imagem do tos que só têm um na candidato Bolsonaro e objetivo: manter o com isso influenciar dinas eleições, status quo que só retamente é exemplo claro disso. lhes beneficia e a Como em 1989, quanto todos prejudica. mais batem, mais o candidato fica resiliente. O Olho vivo! povo quer mudanças. E ponto. Os outros candidatos são apenas figurantes. Representam o “velho”. A recente impugnação pelo TSE da

tentativa de candidatura de um criminoso condenado é exemplo de como um factoide criado pelo PT em seu benefício desnuda a parcialidade de certa mídia fake que, histericamente, continua forçando a barra para o que não irá acontecer, retirando espaço para discussão de propostas pelos de fato candidatos, desservindo a Nação e nos envergonhando perante o mundo com suas diatribes a favor da má política. E as pesquisas de opinião? Aliás, quero ressaltar que estamos em boa companhia no tocante aos alertas sobre este tema. Em artigo escrito na Veja desta semana o excelente Roberto Pompeu de Toledo afirma categoricamente: “Lula existe nos institutos de opinião, mas não existe nas ruas”. É o que vê. O PT não ajunta gente nem nas portas de fábricas de São Paulo. Acabou. Reafirmo: não terá 10% dos votos nacionais (se for um pouco mais, a mídia fake que alimenta o criminoso terá cumprido seu papel de vassalagem ao crime). Um alerta àquelas viúvas da corrupção que ainda o apoiam: tomem cuidado para

Economista

ELIAS FRAGOSO

não naufragarem junto. Também merece realce o artigo do excelente William Waack no Estadão que trouxe luzes sobre o momento atual dos quartéis (que não se enganem, estão mais que atentos ao que vem ocorrendo no país) cujo titulo é “Chamada à razão” que teve como subtítulo: Nenhum dos oficiais (com quem ele conversou) antecipa tranquilidade e estabilidade pela frente. Um dos seus interlocutores resumiu bem o espírito da tropa: “Achamos que devemos, sim, alertar em público e em privado, para perigos e chamar à razão pessoas com responsabilidades”. Eles também acham que há um esforço internacional orquestrado e incentivado pelo PT para enfraquecer a soberania nacional. E lamentam a ausência de propostas séria dos candidatos para um projeto de país, “antigamente havia estadistas...hoje, este país é um deserto de lideranças”. Manifestam-se profundamente descrentes da classe política, mas, também, do Judiciário ser capaz de reverter a onda

de insegurança jurídica (que, apontam, vem de um STF fracionado por lealdades políticas e pessoais de todo tipo). E, sim, admitem Bolsonaro presidente embora lhe atribuam pouca sabedoria política. Vêem como positivo a possibilidade dele “parar com a esquerdização do país”. Os quartéis estão inquietos. Finalmente, a economista Zeina Latif, também no Estadão abre as baterias contra o “posto Ipiranga” do Bolsonaro, o também economista Paulo Guedes, colocando uma série de “poréns” à sua proposta liberal. Quase dizendo ser inviável. Inviável cara colega é o mais do mesmo de sempre que mentes brilhantes comprometidas com seus patrões, especialmente do mercado financeiro, vem fazendo neste país há muito tempo. E que só dissabores têm trazido. É hora de mudar. E isso só acontece se você não reeleger corruptos que só têm um objetivo: manter o status quo que só lhes beneficia e a todos prejudica. Olho vivo!


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ALARI ROMARIZ TORRES

JORGE MORAES

Aposentada da Assembleia Legislativa

Jornalista

O Brasil merece outra greve?

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á poucos meses o Brasil enfrentou uma greve de uma categoria que parou o País: a dos caminhoneiros. Neste caso, inclua-se aí todos os tipos de transportes de combustíveis e cargas. O Brasil parou, literalmente. E por que isso? Exatamente porque pararam os caminhões tanques e de transporte de mercadorias; pararam os carros pequenos, sem combustível; pararam algumas viaturas de polícia ou diminuíram a circulação; pararam ônibus e táxis. Finalmente parou todo mundo. Foi um quadro quase que generalizado. Pergunto: de lá para cá o que foi que mudou para caminhoneiros e a sociedade em geral? Não mudou nada. Os combustíveis continuaram aumentando nas Vejo em todos os refinarias e, candidatos, pratica- c o n s e q u e n mente, promessas e temente, nas mais promessas e, na bombas de maioria das vezes, combustíveis. Até o dia da com um discurso vazio. Sincera e ho- eleição, 7 de nestamente não vou outubro próximo, em alguns pregar o voto nulo, postos a gasolinem que você não na deverá checompareça para vo- gar a casa dos tar, mas peço muito 5 reais, o litro. para que analise bem Como existe os candidatos e veja um cartel neso que é melhor para o se sentido, os preços deverão Brasil. ser praticados igualmente entre eles, com reajuste autorizado pelo governo nas refinarias, que praticam valores iguais, os fretes aumentam pelos caminhoneiros e os impostos não são reduzidos. Com isso, quem vai pagar a conta final? O consumidor/eleitor é quem vai pagar essa conta. Vai continuar sendo enganado pelos candidatos, um monte de gente querendo a Presidência da República, se dizendo o “Salvador da Pátria”, que vai reduzir o número de desempregados, que

a inflação vai baixar, que os preços dos combustíveis serão controlados e que não haverá mais abuso, e muitas outras promessas. Com certeza o que está sendo dito, hoje, no Guia Eleitoral e nas inserções políticas em rádio e televisão, vocês já ouviram de muitos candidatos no passado, vitoriosos ou perdedores. É por isso e muito mais que fica difícil acreditar em mais promessas, seja lá de quem for. Agora, a disputa é entre a esquerda, a esquerda radical, direita e direita radical. Resumindo: todos contra um e um contra todos, sem nomear quem é esse um, que pode ser qualquer um deles. Vejo em todos os candidatos, praticamente, promessas e mais promessas e, na maioria das vezes, com um discurso vazio. Sincera e honestamente não vou pregar o voto nulo, nem que você não compareça para votar, mas peço muito para que analise bem os candidatos e veja o que é melhor para o Brasil e não para você, individualmente. Voltando ao título do artigo, esta semana andaram anunciando uma nova greve dos caminhoneiros. De imediato, o governo se apressou em desmentir, cobrou e procurou saber das entidades representativas dos caminhoneiros e tanqueiros de onde surgiu essa notícia. Prometeu, inclusive, punir e levar às barras da justiça quem descumprir seus compromissos. O Brasil suporta uma nova greve agora? Acho que nem agora, nem em qualquer outra época. Só acho que, mesmo assim, é preciso alguém fazer alguma coisa, com greve ou sem greve. Da minha parte não faço nenhuma objeção sobre o que pode acontecer. Se tiver que andar de carro, ando. Se tiver que andar a pé, ando também. Seja lá como for, quero, se pudesse exigia, uma solução. O que não pode é o preço da gasolina chegar a quase 5 reais e ninguém fazer nada. Ah! Isso não. Como consolo, temos em Alagoas a gasolina mais cara do Nordeste e ninguém faz nada. Vai para o inferno com esses governos!

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O jeitinho brasileiro

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omos viciados em dar um jeitinho em tudo. Hoje mesmo, num shopping da cidade, uma caminhonete parou numa vaga prioritária de idosos para descarregar mercadorias. Se perguntássemos por que tomou tal atitude, o motorista responderia incisivamente: “Vou demorar só um pouquinho”. Cansei de encontrar carros de jovens estacionados nas vagas destinadas a idosos e deficientes. Uma amiga com seu marido usuário de cadeira de rodas, procurando uma vaga para colocar seu carro, encontrou uma sendo ocupada por um automóvel cujo motorista, moço, sadio, estava ali almoçando. Pediu que procurasse outro lugar. Rindo, o jovem respondeu: “Só quando acabar”. Eu chamaria um policial. Mas minha amiga resolveu não se aborrecer mais ainda. Outro fato irritante é estacionar em porta de gaOs direitos dos ser- ragem. Na Ponta Verde, onde moro, vidores públicos não acontece constansão respeitados pelos temente. Vários escodirigentes. Eles ‘se transportes lares param em fingem de mortos’ e locais proibidos ou fila dupla. Não não cumprem a lei. em adianta reclamar! Depois que as vítiSempre escutamas vão à justiça, os mos a mesma resposta: “Demorarei algozes resolvem o pouco; aguarde”. No mês passaproblema. Enquanto do, no Recife, desci isso, ganham tempo, do apartamento para pegar meu se apropriando do carro na garagem. dinheiro alheio. Chegando lá, encontrei um veículo estacionado atrás do meu, impedindo minha saída. Procurei saber de quem era o carro. Apareceu uma senhora deficiente e tentou justificar irritada: “Não acertei colocá-lo na vaga ao lado; deixei aí mesmo”. O pior é que são gerados aborrecimentos por causa de atos tolos. As pessoas sabem que estão erradas, podem prejudicar um seu semelhante e insistem em “demorar só um pouquinho”. Os direitos dos servidores públicos não são respeitados pelos dirigentes. Eles “se fingem de mortos” e não cumprem a lei. Depois que as vítimas vão à justiça, os algozes resolvem o problema. Enquanto isso,

ganham tempo, se apropriando do dinheiro alheio. As empregadas domésticas estão ficando sem emprego fixo. A moda agora é utilizar apenas as diaristas. Além de as leis trabalhistas protegerem os empregados, criou-se um vício muito feio: elas trabalham por um ano, ou menos disso; vão à justiça, inventam mentiras já conhecidas pelos juízes e comumente saem com alguma vantagem, assustando os patrões. Uma criança ou um adolescente estuda num bom colégio. Perto do fim do ano entende que não irá para a série seguinte. Os pais, então, procuram um colégio mais fraco, para que o filho não seja reprovado. O danadinho passa de ano, mas não assimila o conteúdo previsto. Moral da história: o jeitinho dos pais não ajuda o filho, só o prejudica. E jovens ocupando vagas de idosos nos transportes públicos? O rapaz finge estar dormindo ou que lê e o velhinho fica sendo jogado pra lá e pra cá, dentro do ônibus ou do VLT. Quem reclama, ouve “poucas e boas” do atrevido moço. Recentemente, um neto de nove anos avisou ao pai que já podia estudar só. Recolhendo os livros, o adulto o liberou para fazer as tarefas. Vez em quando, o malandrinho tentava “pescar” algo nos livros e não conseguia. Até que desistiu e resolveu estudar com o pai. Quando meus filhos eram pequenos traziam algo da escola que foi dado por um colega. Normalmente, fazia com que voltassem e devolvessem o presente. Duas crianças pequenas não têm condições de trocar objetos sem autorização dos pais. Evita-se o fato de alguém dizer que foi fruto de roubo. Por exemplo: se você sair da garagem do subsolo de um edifício e se deparar com outro carro estacionado em frente à sua saída? Por um momento de desacerto acontecerá uma colisão. Se uma criança que leva constantemente pertences de amiguinhos para casa for se acostumando com o fato e, ao crescer, praticar atos mais sérios? Tudo pode acontecer! É o tal jeitinho brasileiro que irrita as pessoas de bem. Nada justifica que o erro de um momento atrapalhe uma vida inteira Enquanto não cumprirmos as mínimas regras que limitam a vida, nosso país jamais será sério. Deus no comando!


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Triste Rio de Janeiro

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erda. Essa é a palavra que vem à mente e daí à nossa pasma boca. Todos encontram-se consternados com a cremação, em poucas horas, dos duzentos anos de nossa ainda jovem história e de parte do acervo que A verba para manupertencia à hutenção do museu não manidade. Tudo chegava a seiscentos d e v i d a m e n t e transformado em mil reais anualmente. cinzas no grande É chocante saber que esquife em que se tornou o Museu shows mambembes são financiados pelo Nacional. Culturalmennosso governo com te ainda próximo quantias muitas vezes de nações tribais maiores. Qualquer du- da África negra pla sertaneja minima- do século XIX, e mente famosa não tem conhecido na Euapenas pelo um cache, por show, ropa exotismo tropical menor que quatrocen- de sua fauna e tos mil reais. flora, o Brasil colonial só passou a figurar no radar das nações minimamente civilizadas a partir da chegada da Corte portuguesa em 1808.

Ao dar um drible inédito em Napoleão, exilando-se junto com sua Corte no Rio de Janeiro, D. João VI, trouxe consigo os primeiros ecos da cultura europeia. Cientistas, pintores, músicos e alguns escritores. Após 13 anos aqui instalado com sua corte, D. João, que chegou acossado pelo Corso, voltou a Portugal pressionado pelo início de um movimento constitucionalista que teve início na cidade do Porto. Ao partir, levava consigo a fama de rei inapetente e deixava seu muito voraz filho Pedro I e parte do acervo que agora se tornou cinzas. Fundado em 1818 com o nome de Museu Real, ao longo de sua existência o Museu Nacional foi consolidando um acervo que, apesar de desconhecido pela maioria das pessoas, era invejável. Basta dizer que possuía uma biblioteca que abrigava 470.000 obras e, dentre elas, cerca de 2.400 raras. O maior meteorito encontrado no Brasil, o Bedengó, com 5,4 toneladas estava abrigado na sua entrada. O fóssil do mais antigo habitante do Brasil também ali se encontrava, sem falar

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

em milhares de outros itens ali catalogados. Com o incêndio do Museu Nacional, não só o Brasil se viu golpeado no seu passado, Portugal, da mesma forma perde muitos de sua história, pois muito do que hoje se tornou pó fez parte da história da família real portuguesa. Essa tragédia é um retrato do descaso com que a cultura é tratada em nosso País. A coices e pontapés., como os que foram dados pelo ministro Marun ao ser entrevistado sobre o fato. A verba para manutenção do museu não chegava a seiscentos mil reais anualmente. É chocante saber que shows mambembes são financiados pelo nosso governo com quantias muitas vezes maiores. Qualquer dupla sertaneja minimamente famosa não tem um cache, por show, menor que quatrocentos mil reais. O fato é que o Brasil, nesse 3 de setembro, acordou culturalmente pobre e sangrando.

As múmias sobreviveram a mais de dois mil e quinhentos anos de intempéries e areias desérticas, os livros raros sobreviveram por longos anos aos cupins e às traças, os fósseis dormitaram por milhões de anos em algum lugar do nosso solo. O meteorito Bedengó atravessou incólume as profundezas abissais do universo. Entretanto, todos pereceram ou restaram danificados diante da incompetência e descaso das autoridades brasileiras e, particularmente, cariocas. Tivesse feito seu poema nos dias de hoje, Gregório de Matos certamente não cantaria: “Triste Bahia...” mas sim triste Rio de Janeiro. Triste povo carioca que ao longo dos últimos anos tem levado ao poder os políticos mais alheios às boas práticas políticas e administrativas, os quais, a exemplo do fogo que consumiu todo o acervo que representava nosso passado histórico, estão tornando pó os sonhos e o futuro das atuais e vindouras gerações.


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QR Code

O

Mercado Pago, fintech do Mercado Livre (Meli), anunciou a criação de uma tecnologia própria de pagamentos para lojas físicas via QR Code. Ele está disponível a qualquer usuário dos apps do Mercado Pago ou do Mercado Livre no celular e será possível realizar pagamentos nas lojas parceiras utilizando o saldo disponível no site ou através de cartões de crédito cadastrados.

ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.maceio.br

Inovação

Nome sujo

As mais de 60 milhões de pessoas que estão com o CPF incluído nas listas de inadimplentes podem renegociar suas dívidas no site Serasa Limpa Nome. Num único endereço é possível verificar o total de dívidas, conferir se o credor possui parceria com o site, renegociar o débito, emitir o boleto, pagá-lo e limpar o nome. As empresas parceiras do site Serasa Limpa Nome são Itaú, Bradesco, Net, Claro, Losango, Ipanema, Tricard e Porto Seguro Cartões.

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Investimentos

Com a taxa básica de juros, a Selic, em seu menor nível da história, o investidor conservador tem de se arriscar mais no mercado caso queira manter a rentabilidade da sua carteira de investimentos. Uma boa alternativa de investimento com risco moderado são os Certificados de Operação Estruturadas (COEs) com valor nominal garantido, distribuídos por plataformas de investimentos, que estão oferecendo bons retornos. De acordo com a plataforma de investimentos Easynvest, alguns cupons de COE estão pagando 277% do CDI.

O mercado de cartões agora ganhou mais uma opção sem anuidade e 100% digital, como já oferecem Nubank, Digio, Banco Original e outras fintechs. A novidade é da Beblüe, que anunciou o lançamento do cartão e diz já ter mais de um milhão de usuários em fila de espera. Ainda que seu produto tenha a mesma proposta das concorrentes, ele tem alguns diferenciais. O cartão não é ligado a bandeiras como Mastercard, Visa ou outra e nem uma versão física. Os clientes que forem usar o cartão para pagar suas compras físicas deverão informar no caixa seu CPF e digitar a senha do cartão para que ela seja aprovada.


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Indignada população cobra prefeito Júlio Cezar

PALMEIRA DOS ÍNDIOS HOSPITAL SANTA RITA, QUE ATENDIA DE GRAÇA, AGORA COBRA R$ 90 PARA ACESSO ÀS SUAS DEPENDÊNCIAS, FORA CONSULTA Hospital Regional Santa Rita foi uma das bandeiras da campanha de Júlio Cezar nas eleições municipais de 2016

GEOVAN BENJOINO Especial para o EXTRA

U

m ano e oito meses se passaram e o prefeito de Palmeira dos Índios (AL), radialista Júlio Cezar, não reabriu o Hospital Regional Santa Rita, que há mais de dois anos cobra R$ 90 para permitir o acesso às suas dependências, fora consulta com especialistas e fornecimento de material específico. Durante sua campanha eleitoral Júlio Cezar, repetidas vezes, prometeu categoricamente reabrir os serviços de emergência e urgência, além do laboratório do referido hospital para atender gratuitamente a coletividade a partir do dia 1º de janeiro de 2017, data de sua posse. Transformada em bandeira de campanha eleitoral, a reabertura do Santa Rita foi decisiva para a vitória de Júlio Cezar, que gravou vídeo na frente do hospital garantindo à popu-

lação que cumpriria a palavra empenhada no primeiro dia de sua gestão. SANTO JÚLIO DAS PROMESSAS Indignada e revoltada a população cobra o cumprimento da promessa. “Infelizmente fomos enganados. Júlio Cezar só queria o nosso voto para conquistar a prefeitura. Estou esperando ele aparecer em minha casa em busca de votos para os seus candidatos para eu refrescar sua

memória e chamá-lo de Santo Júlio das Promessas”, enfatizou o universitário Rogério Gusmão Ferreira Vasconcelos. “O prefeito, que na época era candidato, usou a reabertura do Hospital Santa Rita como instrumento político-eleitoral e a população como massa de manobra, de acordo com suas conveniências e interesses”, acrescentou. O Hospital Santa Rita é uma associação particular sem fins lucrativos, por isso detém o certificado de filantropia am-

parado pela Constituição da República e pela Lei 12.101/09 regulamentada pelo Decreto 8.242/14, que assegura “a comprovação dos serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS)”. O Ministério da Saúde regulamenta os serviços com base nas internações hospitalares, atendimentos ambulatoriais e ações prioritárias. O Santa Rita não paga ISS, ICMS, Imposto de Renda, IPTU e desfruta de isenção tributária sobre a cota patronal correspondente a 32% que teria que pagar ao INSS, entre outros impostos. Em contrapartida, o hospital tem que disponibilizar no mínimo 60% de seus serviços médicos gratuitamente à população por meio do SUS. Um médico, que pediu para não ser identificado, disse que a não cobrança da taxa de R$ 90 inviabilizaria o Santa Rita. Ele salientou que a unidade hospitalar realiza por mês cerca de 700 cirurgias, além de pagar uma folha de pessoal composta de 400 funcionários, cujo montante financeiro ultrapassa R$ 1 milhão.

CAIXA PRETA Tempos atrás, em atritos com a direção do Santa Rita, o então prefeito James Ribeiro disse que o mencionado hospital tinha uma caixa preta. Ribeiro ressaltou que iria provocar o Ministério Público para realizar uma devassa nas contas do Santa Rita e responsabilizar os responsáveis pelo desvio dos repasses financeiros. Revoltado, o então prefeito implantou uma UPA no bairro Vila Maria transferindo os recursos financeiros da unidade hospitalar para a Unidade de Pronto Atendimento. Mesmo assim, o Hospital Regional de Palmeira dos Índios continua recebendo, com certa frequência, verbas de emendas parlamentares, do governo federal e do Estado. Atualmente qualquer pessoa só tem acesso gratuito aos serviços do Hospital Santa Rita se ela for encaminhada pela UPA, mas em caso de extrema necessidade. Dependendo do caso a UPA encaminha também o paciente para a Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca. A população quer voltar a ser atendida pelo Hospital Santa Rita, pois reclama do péssimo atendimento, da falta de profissionais e das deficiências da UPA. “A UPA não nos atende com eficiência, e isso é fundamental numa unidade rápida de saúde. A negligência verificada na UPA de Palmeira dos Índios já provocou a morte de paciente. É revoltante a falta de atenção e respeito ao ser humano”, enfatizou a professora Gerusa Santos Januário. “Votei no Júlio Cezar porque acreditei que ele iria reabrir os serviços que antes eram prestados gratuitamente pelo Hospital Santa Rita à população sem discriminação”, salientou a professora. Inconformada, Gerusa Januário conclui questionando o gestor palmeirense: “Será que na próxima eleição municipal o prefeito Júlio Cezar subirá no palanque e terá coragem de novamente prometer reabrir o Hospital Santa Rita para atender a todos gratuitamente?”.


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Praticidade para usuários

ECONOMIA E TECNOLOGIA APLICATIVO COMPARA PREÇOS DE MEDICAMENTOS E INDICA ONDE PAGAR MENOS

Basta fotografar o código de barras do medicamento para ter acesso à lista de preços; usuários podem ajudar a complementar as informações do aplicativo

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

B

astam dois cliques ou uma leitura de códigos de barras para saber qual estabelecimento tem o menor preço de determinado medicamento. Essa é a facilidade que um aplicativo que divulga média de preços de remédios e onde é possível encontrá-los pode trazer. Com a economia e a praticidade andando lado a lado, a tecnologia ganha espaço e mostra mais uma vez que só tende a melhorar a qualidade de vida dos seus usuários. Se trata de um aplicativo gratui-

to para pesquisar e encontrar medicamentos mais em conta, o MediPreço. A base média de preços é estabelecida através da tabela do Ministério da Saúde disponível na internet, que coloca um “teto” para os valores. O sistema compara na hora o preço do remédio encontrado na farmácia com o montante máximo estabelecido pelo governo. De acordo com os desenvolvedores do app são mais de 75 mil farmácias cadastradas e a ferramenta funciona em todo País. Hoje são em média 343.094 usuários utilizando a rede colaborati-

va, em que eles procuram ou informam o estabelecimento e o preço encontrado. É só fotografar o código de barras do remédio ou digitar o nome do produto que os valores médios e os preços nos estabelecimentos aparecem. Através disso é possível encontrar o menor preço do medicamento naquela região, além de encontrar as farmácias e o valor oferecido por elas. Com a ajuda dessa plataforma a economia pode variar entre 10% e 30% do valor do produto. Em uma pesquisa realizada em duas farmácias da capital utilizando o apli-

cativo, o valor de determinado remédio variou de R$ 18,09 a R$ 20,03. O preço justo do medicamento do mesmo laboratório apresentado pelo app era de R$ 18,09. Em uma das farmácias ele estava custando R$ 19,15 e na outra o preço chegou a R$ 20,03 Além disso, a plataforma também mostra as bulas e tarjas dos medicamentos. Mas lembrando, a iniciativa também depende da colaboração dos usuários. Quanto mais você utiliza e informa o preço que pagou, as médias de preços e locais para compra ficam atualizados. Como o aplicativo é novidade, em Ala-

goas nem todas as farmácias aparecem na busca quando se compara os preços. Alexandre Máximo, um dos idealizadores do app, explica que qualquer farmácia pode ser adicionada à plataforma, e que a o único motivo de só as grandes redes aparecerem é para não congestionar o servidor. Para tirar melhor proveito do uso dessa ferramenta, é interessante sempre que comprar um medicamento, informar o preço pago e o local comprado, assim é possível criar um banco de dados no estado e ajudar outras pessoas.


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EDUCAÇÃO COMO PRIORIDADE

Roteiro obtém o 4º lugar na pesquisa do IDEB

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nvestir em educação, projetos e capacitação são os principais pontos da Prefeitura de Roteiro para desenvolver a economia, melhorar a região e avançar em todas as áreas. Os números não mentem e a cidade alcançou o 4º lugar no ranking dos municípios alagoanos com maior taxa do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em seu segundo mandato à frente do Executivo municipal, o plano do prefeito Wladimir Brito é melhorar a qualidade de vida do cidadão roteirense. Ele acredita que a confiança na sua equipe, o empenho, foco e dedicação sejam as peças chaves para o avanço de Roteiro. “Nossa gestão é feita com responsabilidade, voltada para o bem-estar da população. Agora, a meta de nossa equipe é lutar pelo 1º lugar”, afirmou orgulhoso o prefeito. Com indicador de 6,3 Roteiro superou a meta estabelecida pelo Ministério da Educação, que era de 4,5. Lembrando que o Ideb é o principal indicador de qualidade da educação brasileira. O índice avalia o ensino fundamental e médio no país, com base em dados sobre aprovação nas escolas e desempenho dos estudantes no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Além do salto na educação, a saúde do município também pontua melhorias e conta com

três Unidades Básicas de Saúde, duas construídas com recursos próprios e uma reformada através de emendas parlamentares. E o avanço não para na assistência básica; a saúde do município fornece ainda atendimentos médicos especializados em diversas áreas. O prefeito planeja, ainda, financiar com recursos próprios, plantões semanais de médicos para que a população não tenha que se deslocar e se sinta bem atendida em sua cidade. A prática do esporte também é valorizada em Roteiro. O gestor acredita que a criminalidade e a falta de escolaridade podem ser supridas através do esporte, estimulando o jovem, criança ou adolescente a frequentar a escola. “Temos aqui dois campeões sul-americanos de caratê, e isso mostra o que o esporte pode fazer”, conta ele. Wladimir Brito afirma que os desafios são grandes, mas está empenhado em desenvolver ações que elevem a cidade de Roteiro cada vez mais. “Estes são resultados de uma gestão séria, preocupada e dedicada em dar o melhor para nossa população. A gente busca mecanismos para geração de emprego, aumentar o turismo, melhorar a economia e incentivar a agricultura, para que todos na cidade tenham trabalho, educação e saúde de qualidade”.


MACEIÓ, ALAGOAS - 07 A 13 DE SETEMBRO DE 2018

Da teoria à prática

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gosto não costuma ser mês de desgosto em termos de vendas de veículos, entre outras razões por ter maior número de dias úteis. Julho e dezembro são os outros historicamente bons. Mas o comportamento do mercado superou o esperado. No acumulado dos oito primeiros meses, em relação ao mesmo período de 2017, o crescimento chegou a quase 15%. Especificamente no segmento de automóveis e comerciais leves, que representam 94% do total, o salto foi de 14,1%. O resultado geral, incluídos caminhões e ônibus, foi o melhor desde janeiro de 2015. Os próximos meses, no entanto, terão de ser comparados com 2017, quando houve forte recuperação sobre o ano desastroso de 2016. É possível, portanto, que o crescimento anual do mercado não alcance 14%, porém poderá chegar bem perto disso. Em um ano marcado pela longa greve de 11 dias no transporte rodoviário e as incertezas do jogo político das eleições,

que cortaram as expectativas de crescimento econômico, pode-se antever que a indústria automobilística, sozinha, será responsável por cerca de metade da elevação do PIB em 2018 estimada em 1,5%. As atenções já se voltam para o próximo ano. Sem saber quem de fato vai vencer a corrida presidencial, o perfil do novo Congresso e os rumos da economia brasileira, é difícil estimar como as vendas de veículos se comportarão. Na semana passada, Automotive Business organizou o Workshop Planejamento Automotivo 2019, em São Paulo (SP). Embora um novo crescimento porcentual de dois dígitos no mercado de veículos pareça praticamente certo, poucos ainda verbalizam essa previsão. No entanto, Flávio Del Soldato, do Sindipeças, espera que em 2023 a produção da indústria automobilística (mercados interno e externo) atinja 3,7 milhões de veículos, ou seja, o mesmo volume de 2013. Como esta coluna já

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FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br havia comentado, o quarto ciclo de depressão em mais de meio século do setor se encerraria em uma década. O que se espera depois é um processo de aceleração, em ritmo autossustentável, em torno de 5% ao ano. Em curto prazo, produtos demandados pelos compradores continuarão a sofrer mutações. Pablo Di Si, presidente da Volkswagen, estima que 27% das vendas, já em 2020, serão de SUVs contra 22% atualmente. Embora ele não tenha comentado, nesse percentual estão incluídos os “aventureiros”, segmento também conhecido como pseudoSUV. Di Si limitou-se a confirmar que terá cinco destes modelos até 2020/2021. Esperam-se, na ordem: os nacionais T-Cross e T-

Track (nome em estudo), o argentino Tarek e dois americanos que seriam a nova geração do Atlas e seu derivado Cross Sport de perfil mais baixo. Outro palestrante, Regis Nieto, da consultoria BCG, afirmou que as grandes mudanças em curso no exterior também se aplicam aqui com as devidas adaptações. Segundo ele, não se deve esperar que todas as decisões venham somente das matrizes. O consumidor demandará novos serviços de mobilidade e quem oferecer as soluções certas obterá grandes resultados. Talvez Nieto esteja certo. Mas com tantos desafios simultâneos e dependentes do País entrar nos eixos, passar da teoria à prática não será nada fácil.

ALTA RODA n MEDIÇÕES de consumo e emissões em laboratório devem ser referenciadas no uso em ruas e estradas a partir deste mês na União Europeia. Processo homologatório longo, porém necessário. Antigo padrão NEDC, de 1991, agora é WLTP. Para se ter ideia, um carro elétrico com 560 km de autonomia (NEDC) registra 420 km no WLTP e apenas 385 km no EPA, método usado nos EUA e no Brasil. n FORMA de dirigir ainda é o melhor aliado para economizar combustível. Muitas vezes mudanças de hábitos trazem resultados surpreendentes. Renault diz que mesmo em modelos econômicos, como o Kwid, é possível obter redução de até 20% no consumo. Pode ser checado em relatórios na central multimídia por meio dos programas Eco Scoring e Eco Coaching. n KA SEDÃ melhorou bastante em termos de dirigibilidade graças a reforços estruturais e suspensão revista. Recebe agora o motor de 1,5 L, três-cilindros e 136 cv, o melhor do mercado entre os de aspiração natural.

Forma um conjunto eficiente com câmbio automático de seis marchas. Outro acerto: duas entradas USB (iluminadas) de alta intensidade (2,5 A) e nicho para celular. Regulagem elétrica dos espelhos é incômoda. n CAOA CHERY confirmou cronograma para três produtos novos. O sedã Arrizo 5, a ser produzido em Jacareí (SP), estará à venda no final de outubro com dimensões semelhantes às do VW Virtus. Dois novos SUVs serão fabricados em

Anápolis (GO), dividindo a mesma arquitetura. Tiggo 4 chega às lojas em dezembro e, o Tiggo 7, em janeiro de 2019. n BORGWARNER acredita que sistemas de 48 V permitirão grandes avanços em hibridização e motores a combustão bem mais econômicos. Empresa trabalha com projeções da consultoria IHS, menos otimistas que os governos. Em 2028, 35% a 40% de veículos leves novos, no mundo, seriam híbridos e apenas 6% elétricos. Assim, deve-se pensar mais e delirar menos.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Muita gente está passando fome

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ntes de me formar em Engenharia Civil, já no último ano do curso, eu fiz um estágio na Ceal, sob a presidência do Dr. Benedito Bentes e superintendência do engenheiro Lenine de Melo Mota. Como vocês sabem, a Ceal hoje pertence à Eletrobras, já que Hoje, um engenheiro do os governadores DER está ganhando me- a entregaram políticos até nos do que uma ‘secre- aos que ela entrastária boazuda’, menos se em falência. do que certos ‘doutores Eu já formado, fui convidado e feitos nas colchas’ ou menos do que os presos nomeado pelo Luiz das penitenciárias, com governador Cavalcante para 4 ou 5 filhos. ser engenheiro do quadro do DER-AL. Anos depois, fui convidado pelo Dr. José Alves de Oliveira, então secretário da Administração, para di-

rigir, na qualidade de superintendente, a nova fundação FIAM-Fundação Instituto de Administração Municipal, um órgão estadual, para dar apoio administrativo aos municípios. Passei dois anos na FIAM, porém o governador Lamenha Filho preferiu me nomear como diretor de Planejamento do Detran-AL, sob o comando do coronel Antônio Monteiro, seu diretor geral e o coronel Theodomiro Santos, como seu assessor. Ao voltar para o quadro do DER, eu fui nomeado como diretor da Divisão de Construção e Pavimentação e, depois, como diretor da Divisão de Trânsito, onde permaneci durante 22 anos, até me aposentar. Eu trabalhei no DER numa época em que trabalhavam uns 2.500 servidores, todos honestos, competentes, amantes do trabalho e que muito suaram para deixar Alagoas com boas rodovias. Hoje, o nosso órgão possui,

apenas, uns 400 servidores, pois as empreiteiras tomaram conta das nossas obras, antes sob a administração direta. Agora, os governadores só aparecem para as inaugurações, quando os candidatos são citados nos discursos. Recentemente, eu recebi vários telefonemas de colegas, dizendo que o governador Renan Filho prometeu dar aumento ao DER, logo que fosse eleito. Ora, durante 2 anos, eu, o sindicato e vários colegas, nos reuníamos na casa de uma servidora, na Praça do Skate, exatamente para lutarmos por um salário digno. Quando os colegas falaram nessa reunião, eu disse que já estávamos há 17 anos sem nenhum aumento e que o DER era o único órgão nessa situação. Hoje, um engenheiro do DER está ganhando menos do que uma “secretária boazuda”, menos do que certos “doutores feitos nas colchas” ou menos do que os presos das peniten-

ciárias, com 4 ou 5 filhos. Não sou político e os colegas que estão com esperanças de aumento, “prometido para depois das eleições”, que corram e nos emprestem alguns trocados. Quanto ao Dr. Renan Filho, ele já nos negou várias vezes o tão discutido aumento, inclusive através de rádios. O caso do DER sem aumento há 17 anos está deixando muitos funcionários com fome. Somos servidores injustiçados, mas, mesmo assim desejamos a Sua Excelência o governador Renan Filho um bom resultado para a sua reeleição, embora muitos aposentados e muitas viúvas estejam preferindo rogar praga, o que eu não aconselho. Em tempo - Dr. Orlando Campos, ex -presidente do Clube dos Lojistas de Maceió, é um dos leitores dos meus artigos no EXTRA. Isso é arretado para mim!!!


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ABCDO INTERIOR

“Rombo” em Palmeira

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coordenadora geral de operacionalização do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e de acompanhamento e distribuição da arrecadação do salário educação, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Annelise Ragone de Mattos, protocolou ofício no Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL). O documento informa sobre o relatório da Controladoria Geral da União (CGU) que aponta supostas irregularidades na aplicação dos recursos do Fundeb pelo ex-prefeito e atual candidato a deputado estadual James Ribeiro.

Outros nomes Outros nomes também aparecem no relatório, como dos ex-secretários municipais de Educação na gestão de James. São eles: Maria Aparecida da Costa (30/07/2012 a 27/03/2015); Luiz Lobo (27/03/2015 a 01/09/2016) e Robson Feitosa (a partir de 01/09/2016).

Prejuízos

O relatório da CGU foi realizado pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, entre 01/01/2014 e 31/12/2016. Ele informa que James Ribeiro deu prejuízo ao erário na ordem de R$ 2.843.369, 02 (dois milhões, oitocentos e quarenta e três mil, trezentos e sessenta e nove reais e dois centavos).

Material paradidático

O prejuízo dado pelo ex-prefeito de Palmeira dos Índios envolve compra excedente de material paradidático no ano de 2016, no valor de R$ 976.664,00; transporte escolar com recursos do fundo, no valor de R$ 1.648.705,02; e, pagamento em duplicidade, no valor de R$ 218.000,00 totalizando um dano de quase R$ 3 milhões aos cofres públicos.

Fiscalização do TCE

Relatório foi divulgado no dia 22 de agosto de 2018 no Diário Oficial Eletrônico do TCE-AL, que irá fazer a fiscalização, a apuração de irregularidades, de ilegalidades e, consequentemente, a responsabilização do ex-prefeito James Ribeiro e todos os envolvidos.

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robertobaiabarros@hotmail.com

Polêmica no Sertão

Em Mata Grande, cidade localizada no Alto Sertão e administrada por Erivaldo Mandu, um simples muro de uma creche ganhou grande repercussão no município e se transformou no assunto mais comentado durante toda semana. Não é pra menos. A Prefeitura gastou nada mais, nada menos do que R$ 164.206,99 com a construção do muro da creche Diva Vilar Malta.

Empresa escolhida

Segundo dados divulgados no Diário Oficial do Estado, na seção do Diário dos Municípios, o valor será destinado à empresa D&J Construções LTDA, que foi escolhida para realizar a construção através de licitação. O prefeito Erivaldo Mandu assinou a ordem de serviço da conclusão da obra no último dia 31.

Acredite se quiser

Em razão da polêmica, a Prefeitura de Mata Grande resolveu se posicionar e informou que o valor está abaixo do tradicional para este tipo de obra, visto que, baseando-se pela tabela SINAPI (Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil), o orçamento seria de R$ 230 mil. Esclareceu ainda que orçamento de obras como esta varia de acordo com vários fatores, como tamanho e tipologia do terreno, que exigirá, neste caso, mais de um metro de alicerce.

Equipe capacitada

O Hospital Regional de Arapiraca, referência em saúde em várias especialidades, está investindo na qualificação e reciclagem de sua equipe. Prova disso foi a realização, semana passada, do workshop Treinamento Conexões, desta vez destinado a diretores e equipe administrativa.

Palestras

Durante dois dias, o grupo foi conduzido pela dupla Adriana Albuquerque e Jean Rafael numa maratona que incluiu palestras e formações – tarefas rotineiras da instituição. “As mudanças são constantes tanto na parte ambulatorial, quanto administrativa. Logo, momentos como estes, além de promover a integração, servem de reciclagem e aprendizado”, comentou o diretor Médico, Ulisses Pereira.

PELO INTERIOR ... O Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) recomendou que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deixe de repassar, por meio de movimentos sociais, cestas básicas aos acampados remanescentes da Mata do Gajurú, no município de São Miguel dos Campos. (Com Ascom). ... De acordo com o Inquérito Civil 1.11.000.001533/2016-45, o Instituto realizou, por intermédio do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), distribuição de gêneros alimentícios aos acampados – os quais se intitulam “sem bandeira” - sem o consentimento dos beneficiários. ... Segundo a recomendação, de autoria da procuradora Roberta Barbosa Bomfim, o Incra não se manifestou acerca do problema; requereu apenas prorrogação do prazo para analisar a situação. ... No entanto, mesmo decorrido prazo razo-

ável, a autarquia não acrescentou nenhuma informação aos autos do inquérito. ... Diante dos fatos, o MPF recomenda ao Incra a distribuição das cestas sem o intermédio de terceiros, já que os acampados não pertencem a nenhum movimento social – situação comprovada por perícia antropológica realizada pelo órgão. ... O Portal da Transparência da Câmara Municipal de Vereadores de São Miguel dos Campos apresentou alto desempenho na avaliação realizada pela ENCCLA - Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, coordenada pelo Ministério da Justiça e que congrega mais de 60 órgãos dos três Poderes, Ministérios Públicos e da sociedade civil. ... Considerada como positiva, o presidente Maxwell Idalino atribuiu a posição da

avaliação que deixou a Casa entre as três melhores do estado, e entre as mais bem avaliadas do País, ao trabalho integrado entre a equipe do Poder Legislativo e a 2ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL). ... “Com total orientação da Dra. Stella Valéria, seguimos a recomendação do MP, de modo que o portal cumprisse com o que determina a lei e tornasse as informações mais acessíveis e claras para todos os cidadãos miguelenses”, disse. ... As notas atribuídas pelo MP às Câmaras vão de 0 a 100%, e, segundo o estudo, a Casa de leis de São Miguel dos Campos possui nota 91,5%. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, com paz e saúde. Até a próxima edição!


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56 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

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Messias comemora com inaugurações

m meio a muitas obras e inaugurações, o aniversário de56 anos da emancipação política da cidade de Messias teve que ser comemorado durante quase uma semana. Desde o último dia 3 a prefeitura inaugura obras e espaços para a população. O dia 4 foi marcado pela abertura do ginásio poliesportivo na Escola Municipal Maria da Glória, iniciativa que pretende estimular a prática de esporte e melhorar a qualidade dos estudantes da cidade. Já na quinta-feira, 6, data oficial da emancipação política, as ações foram marcadas por inaugurações para os munícipes. O prefeito Luiz Emílio Duarte de Omena estava satisfeito e orgulhoso por proporcionar tantos benefícios para seu povo. “Estamos muito felizes com tantas realizações. É uma continuidade dos feitos do ex-prefeito Jarbinhas, com um só objetivo: o melhor para nossa cidade e para nossa população”, afirmou. Uma farmácia popular foi entregue junto à Secretaria Municipal de Saúde com um novo veículo para atender as demandas da cidade. Ainda na área de saúde, dois novos con-

sultórios odontológicos foram entregues pela atual administração. Com uma gestão sempre voltada à execução de projetos e obras que priorizam o desenvolvimento da região e a qualidade de vida de seus moradores, Luiz Emílio e sua equipe também entregaram asfaltamento de vias, calçamento do conjunto residencial Teotônio Vilela e o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) em um dos bairros mais afastados de Messias. “Tudo isso é para o povo. O que é público é para eles, por eles, para que eles cuidem, preservem. Nossa administração é marcada pela responsabilidade, com muito compromisso e seriedade”, afirmou o prefeito. Jarbas Omena, ex-prefeito da cidade conhecido como Jarbinhas, esteve presente nas inaugurações comemorando as conquistas e feitos da atual gestão. “A gente assumiu o compromisso de resgatar o brilho das pessoas , a autoestima, trazer para elas uma cidade que pudesse oferecer serviços e qualidade de vida em todos os aspectos. Na educação, saúde., economia. E isso é um trabalho de persistência, em equipe”, destacou Jarbinhas.


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30 ANOS DE ELEIÇÃO EM ALAGOAS

2008

CONTEXTO HISTÓRICO Na Eleição Municipal de 2008, em Maceió, tínhamos à frente do governo do Estado Teotonio Vilela Filho (PSDB) e, do Município de Maceió, Cícero Almeida (PP).

Fatos importantes nas Eleições de 2008 em Maceió

1)

O prefeito Cícero Almeida (PP) foi reeleito no primeiro turno com uma votação de 319.831 votos (81%) e sua vice foi Lourdinha Lyra (PTB). Em todas as pesquisas liderou com mais de 80% a preferência do eleitorado. Com uma gestão de excelente aprovação, a eleição de Cícero foi praticamente uma aclamação. Ele foi o prefeito de capital mais bem votado do Brasil.

2)

O deputado estadual Judson Cabral (PT) foi o segundo colocado com uma votação de 41.948 votos (10%) e sua vice foi Vanda Menezes (PDT). Durante a campanha tentou ligar sua imagem à do sucesso de administrações do PT em prefeituras de outras capitais do País e ao ícone do partido: o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, porém essa tentativa não funcionou. Outros fatores que contribuíram para a inexpressiva votação foram as disputas internas do PT e a falta do engajamento do PDT na campanha. O

ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), a principal liderança do PDT, praticamente não se envolveu na campanha.

3)

A advogada Solange Jurema (PSDB) foi a terceira colocada com uma votação de 23.813 votos (6%) e seu vice foi Regis Cavalcante (PPS). Desconhecida da grande população, nos eventos, muitas críticas e poucas propostas concretas. Nos debates, a candidata mostrou nervosismo, talvez fruto da inexperiência eleitoral e a imagem negativa do governo estadual determinaram a baixíssima votação.

4)

A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) foi a vereadora mais votada. Sua votação foi de 29.516 votos. Sua excelente votação ajudou a eleger o companheiro de partido Ricardo Barbosa com apenas 453 votos. O fato de ser uma política íntegra e coerente ao longo da sua história foi determinante para a expressiva votação.

MARCELO BASTOS

analista político

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