Edição 990

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DOIS PESOS

DESASTRE À VISTA

Justiça Eleitoral libera candidatura de taturanas e impede Ronaldo Lessa de concorrer à reeleição para Câmara

Jorge Oliveira: Brasil corre risco de eleger um nazifascista ou um aliado da organização criminosa que dilapidou os cofres públicos

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 990 - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018

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DISPUTA AO SENADO AINDA INDEFINIDA

Renan aposta na experiência, Biu em obras; Quintella e Rodrigo pregam mudança P/ 8 e 9

ALAGOAS TEM JEITO

Empresários e políticos defendem pacto para tirar estado do atoleiro social

P/15 a 18

MP cobra do TJ ação para barrar candidatura de taturanas P/7

Julgamento de Luiz Pedro é adiado e o condenado permanece livre P/13


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MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

Lessa não é taturana

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- Ao impedir a candidatura de Ronaldo Lessa e abrir as portas para os deputados-taturanas condenados no maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia na história de Alagoas, o TRE leva o cidadão a duvidar da seriedade da Justiça Eleitoral.

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- Ronaldo Lessa chegou ao poder empunhando a bandeira da moralidade contra as “forças do atraso”, personificadas na classe dos usineiros e de seus apadrinhados políticos, sempre bancados pelo doce dinheiro do açúcar.

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- Lessa governou Alagoas por dois mandatos, respondeu a processos por improbidade administrativa e acabou de braços dados com a mesma oligarquia açucareira que sempre condenou.

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- Não foi o melhor governador, mas também não foi dos piores, apesar de deixar o Estado endividado com a negociata das Letras podres emitidas pelo antecessor. Poderia estar no Senado, mas foi derrotado pela soberba.

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- Como parlamentar, no entanto, Lessa honrou os mandatos na Assembleia Estadual e na Câmara Federal e nada o iguala aos deputados-taturanas beneficiados por uma liminar monocrática concedida por um magistrado de plantão.

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- Condenado por injúria e calúnia eleitoral no pleito de 2010 contra o então governador Téo Vilela, Lessa agora é impedido de disputar a reeleição de deputado federal. Uma grande perda para Alagoas, já tão achincalhada por seus próprios políticos.

Venda de sentença

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a aposentadoria compulsória do desembargador Carlos Rodrigues Feitosa, do TJ-CE, por venda de sentenças em plantões judiciários. O magistrado comandava um esquema de venda de liminares pelo WhatsApp e Facebook para libertação de presos e cobrava até R$ 500 mil para cada decisão favorável. Deve ser terrível viver em um estado onde juízes enriquecem com a venda de sentença.

Pinto de Luna

O alagoano está curioso para ver no mesmo palanque o candidato a governador, Pinto de Luna, o deputado Arthur Lira e outros taturanas denunciados pelo ex-delegado federal que comandou a investigação na Assembleia Legislativa.

(Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Erro político

Ao festejar a saída de Collor da disputa majoritária em Alagoas, Renan Calheiros cometeu o erro político de xingar o adversário mesmo já fora da campanha. Fantasiado de vaqueiro em um alegre palanque sertanejo, Renan chamou Collor de “velhaco” e foi aplaudido por puxa-sacos e calheiristas de plantão. O senador sequer foi original ao tentar ofender o ex-aliado político. A frase foi dita por Ulisses Guimarães na campanha de 1989 em resposta a Collor que o chamou de velho. “Velho, sim, velhaco, não”, rebateu Ulisses.

Velhaco e caloteiro

Renan não se limitou a tripudiar de Collor e jogou o senador Biu de Lira no mesmo balaio de “velhacos”. Diplomata, Collor não passou recibo, mas o deputado Arthur Lira publicou um vídeo em que chama Renan de velhaco e caloteiro. “Velhaco é quem paga a amante com dinheiro de empreiteira envolvida na Lava Jato. Renan já traiu Collor, FHC, Dilma, Lula e Temer. É professor na arte de mentir e de enganar. Renan é velho e velhaco e ainda carrega com ele o velhaco júnior”. O vídeo de Arthur Lira bombou nas redes sociais. Com todas as dificuldades que enfrenta em busca da reeleição, é tudo que Renan não precisava. Até porque em 2022 os três poderão estar abraçados no mesmo palanque.

Fala, Marina!

“Lula está pagando pelos erros que cometeu. É preciso acabar com essa história de rouba mas faz. A banalização da corrupção não pode acontecer no Brasil”. (Marina Silva, candidata a presidente da República)

Coringa de Renan

O advogado Christian Teixeira, que atualmente comanda a Secretaria Estadual de Saúde, é nome certo para o primeiro escalão do segundo mandato de Renan Filho. Pela eficiente atuação nas diversas áreas em que atuou como gestor, Christian é cotado para qualquer cargo no próximo governo.

O crime compensa

O Tribunal de Justiça adiou mais uma vez o julgamento de apelação do Cabo Luiz Pedro, condenado a 26 anos por homicídio qualificado e formação de quadrilha. Julgado em 2015, Luiz Pedro continua solto, aguardando o julgamento de recurso ao TJ, que não se sabe quando ocorrerá. Não à toa diz-se que a impunidade é a mãe da criminalidade.

Mourão está certo Sonhando alto

Lula encaminhou uma carta para o general Mourão. Ele disse: “General Mourão, não julgue avós e mães pobres pelo seu conceito medíocre sobre a espécie humana. Se o senhor já pensava assim não deveria ter chegado a general e muiFala-se nos bastidores da campanha eleitoral que a to menos querer ser vice-presidente. saída de Collor da disputa majoritária sacramentou Eu e sete irmãos fomos criados por a reeleição de Renan Filho e Renan-pai. De quebra, uma mulher analfabeta chamada dificultou a vida do senador Biu de Lira e dos candi- Dona Lindu e duvido que exista alguém na sociedade brasileira que datos proporcionais da oposição. educou os filhos melhor do que ela. Pode ter igual, melhor nunca. General, um conselho, faça um Erra quem apostar na aposentadoria do senador curso sobre o Humanismo”. Fernando Collor ao final de seu mandato, em 2022. Mourão disse que filho de mãe Em política, 4 anos é muito tempo para se fazer solteira têm mais probabilidade de qualquer projeção de futuro. Sobretudo quando o cair no crime. Lula é a prova de que assunto é Collor de Mello. o general está certo. (O Antagonista)

Aclamação

Aliados de Renan Filho estão convictos de que o sonho maior do governador é chegar ao Planalto sem passar pelo Senado. Acreditam que nesse segundo mandato Renanzinho irá transformar o estado para apresentá-lo ao país como exemplo de governança moderna. Alagoas, que já deu três presidentes da República, quem sabe, possa fazer mais um.

Futuro de Collor

Fantasia petista

“Ao invés de esclarecer os fatos e os motivos que o levaram à prisão, Lula refugia-se na condição de vítima de imaginária perseguição política”. (Juiz Sérgio Moro)

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

O facismo e a conta petista Vitória – Vejam, senhoras e senhores, a que ponto chegamos: estamos entre escolher um candidato nazifascista e um aliado de uma organização criminosa que dilapidou os cofres públicos. Hadadd, representante dos petistas – muitos deles cumprindo penas em presídios, inclusive o seu chefe Lula – está próximo de ir para o segundo turno com o capitão Bolsonaro, o Exterminador do Futuro que defende armar a população e que tem como marca de campanha o gesto de um fuzil. Em algumas pesquisas Bolsonaro está próximo da casa dos 30%, o que lhe garante o segundo turno. No seu encalço aparece Hadadd que saiu dos tímidos 5% para próximo dos 20%, deixando para trás outros candidatos que se apresentam como de esquerda – Ciro e Marina. E lá embaixo, patinando, os candidatos de centro, representados por Alckmin. O desastre da esquerda, que assaltou os cofres públicos, e a violência acelerada no país, fez ressurgir a direita à paisana, agora liderada pelo capitão Bolsonaro. E assim, dessa forma, o eleitor indeciso, aquele que não faz parte das duas seitas ideológicas, ficou encurralado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Movidos por promessa vãs, vazias, os dois candidatos tentam passar a ideia de que vão salvar o país da corrupção, do caos econômico e da violência. Hadadd apresenta-se como seguidor cego do lulismo. É prisioneiro das palavras honestidade e moralidade. Não pode falar em nenhuma delas porque seu principal cabo eleitoral, o Lula, está trancafiado no presídio cumprindo pena de doze anos por corrupção e lavagem de dinheiro. Quanto ao seu principal concorrente, Bolsonaro, não existe proposta de governo. Ninguém sabe quais as suas pretensões, seus planos econômicos e muito menos seus métodos para administrar e acabar com a violência, como ele se propõe. Sabe-se, sim, dos seus pronunciamentos truculentos e descabidos para a segurança pública. O Brasil está entre a cruz e a espada. Ameaçado de viver o tormento da corrupção desenfreada com Hadadd chegando ao poder, pois os militantes petistas estarão novamente no paraíso do dinheiro fácil, dos cargos comissionados, na direção das empresas públicas e no comando do sistema financeiro estatal. Com indulto presidencial, os brasileiros vão ter que se acostumar com a presença do Lula condenado ocupando uma sala especial como ministro ao lado de Haddad, e do Zé Dirceu dando as cartas novamente, pois recebeu carta branca do STF para articular a volta do PT ao palácio do Planalto. Estaremos diante de um país anárquico, sem lei e sem gerenciamento, como já ocorre hoje, só que em maior escala, em proporção gigantesca de imoralidade. O Zé Dirceu, condenado em segunda instância já dispõe de um farto espaço na mídia. Alardeia que costura um acordo do PT com o MDB para o segundo turno. E quer puxar também os tucanos para o seu ninho. Ora, se isso acontecer, estaremos diante de outra imoralidade, pois o Temer poderá também ser indultado dos seus crimes com as bênçãos dos petistas do PT como recompensa pela futura aliança. Aí, então, meus amigos, a Lava Jato vai pro brejo.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Risco

Com um desses candidatos – Hadadd ou Bolsonaro – na presidência, o brasileiro corre o risco da repetição de um cenário político de triste memória. Depois da ditadura, o país já foi governado por três vices e teve dois presidentes expurgados de Brasília. Tirar do poder um civil é mais fácil do que um militar. No caso de Haddad, a sua vice Manuela, uma bonita moça, assumiria a presidência no caso do afastamento dele, uma incógnita. Se houver uma ameaça ao cargo de Bolsonaro, os militares, provavelmente, tentarão mantê-lo no poder a todo custo, rasgando a Constituição. Assim, sob o pretexto da ordem pública, os militares poderiam levar o país a um golpe militar.

Intervenção

Atenção: essa intervenção militar poderia ocorrer mais cedo se os militares ficarem insatisfeito com os resultados das urnas que dariam a vitória ao candidato do PT. Diante desse quadro tão devastador para a democracia, o que resta para nós, brasileiros? Votar na organização criminosa ou no capitão nazifascista? Com a palavra você, caro eleitor. Faça suas apostas.

Apagão

O Brasil está próximo de um apagão político, onde ninguém sabe onde vai parar. Observa-se agora que os valores morais já não têm tanta importância na escolha de um candidato. Exemplo disso é que o principal cabo eleitoral de Haddad é um presidiário que o recebe frequentemente na cela para passar instruções sobre a sua campanha.

Outro

Outro presidiário, Eduardo Cunha, que cumpre pena em um presídio em Curitiba, de lá de dentro também trabalha na campanha da filha, candidata a deputada no Rio de Janeiro. A moça visita o pai, a quem pede auxílio para continuar pedindo votos pelo interior do estado. Evidentemente que tem uma eleição garantida, pois o eleitor brasileiro, infelizmente, não distingue mais ladrão de honestos. Virou uma mixórdia geral.

Honestidade

O que há, de verdade, é um povo anestesiado diante de tanta bagunça, tanta desarrumação na economia e tanto roubo. Nunca o slogan do velho Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo, esteve tão atual: “Rouba mas faz”, usado também por Maluf quando foi prefeito e governador de São Paulo.

O eleitor

O eleitor, decepcionado e indignado, vota como um robô. Muitos pelo dinheiro do Bolsa Família e outros, a maioria, pela alienação política. Ao mesmo tempo em que diz que quer renovação na política, apoia o candidato do Lula e seu bando, responsáveis pelo maior saque aos cofres públicos. A desculpa é sempre a mesma: “Eu era feliz na época do Lula”. Desconhece por conveniência a roubalheira, o caos na economia, a miséria e a infelicidade geral que tomou conta da população.

Reflexão

É até impossível pedir reflexão num momento como esse tão crucial para a nossa democracia, pois não existe uma opção quando os dois candidatos da extrema direita e da esquerda aparecem para um provável duelo de votos no segundo turno. A poucos dias das eleições, o que enxergamos, infelizmente, é um acontecimento imprevisível para o país com a eleição de um ou de outro desses candidatos extremados.

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Desespero dos candidatos

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s últimos acontecimentos viralizados nas redes sociais demonstram a apreensão e por que não dizer o desespero de alguns candidatos à medida que se aproximam as eleições. As agressões pessoais deram lugar à discussão de projetos, sugestões e o que seria qual a melhor alternativa para o estado de Alagoas. No início da semana, por exemplo, saindo de seu habitual equilíbrio, Renan Calheiros agrediu com palavras agressivas durante um comício seu colega de Senado, Benedito de Lira, o que motivou uma resposta dura e imediata do deputado federal Arthur Lira, ambos utilizando adjetivos fortes e relembrando até fatos policialescos. Este clima revela a apreensão nesta campanha política da luta onde os 4 candidatos mais fortes, com Renan, Biu, Rodrigo e Quintella se engalfinham pelas duas vagas no Senado Federal. Até o dia 4 de outubro outros lances deverão chegar ao conhecimento da opinião pública, que irá decidir quem mandará para o Senado, ou seja, os dois que serão os mais votados nas próximas eleições.

GABRIEL MOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Absolvido

Finalmente, depois de vários anos, o senador Renan Calheiros foi absolvido da denúncia feita pelo Ministério Público sobre o caso Mônica Veloso. A decisão foi da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. Renan, que responde a outras investigações, tem dito que todas elas serão arquivadas. Ele tem razão.

Subindo Vai piorar

A tendência, com a aproximação das eleições, é aumentar ainda mais o clima político, principalmente na disputa das duas vagas para o Senado Federal. Cabe aos juízes eleitorais se anteciparem para evitar lavagem de roupa suja no Guia Eleitoral que nada interessa ao eleitorado alagoano.

Contra a corrupção

O agora candidato ao governo de Alagoas pela oposição, Pinto de Luna, deve explorar no Guia Eleitoral sua atuação como delegado da Polícia Federal, quando prendeu diversos deputados ao desencadear a Operação Taturana.

Embora o candidato a presidente Jair Bolsonaro venha liderando a pesquisa de intenções de votos, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, vem subindo vertiginosamente depois que ligou seu nome ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba. Num eventual segundo turno Haddad pode até vencer as eleições.

Antigo aliado

Nestas eleições Pinto de Luna, do PROS, está exatamente do lado contrário quando das eleições de 2010. Candidato à época a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, o xerife fazia parte da coligação na qual o então PMDB reinava absoluto.

Fundo de problema

O Fundo Eleitoral instituído pelo Congresso Nacional tem sido um dos grandes problemas para os partidos em Alagoas. O dinheiro é difícil de chegar e os compromissos batem à porta dos candidatos. O desgaste tem sido grande para os candidatos proporcionais e majoritários.

Situação tensa

A demora em pagar as indenizações trabalhistas de ex-funcionários do Grupo João Lyra pode terminar em casos mais graves. Esta semana um inquérito foi instaurado pelo delegado de Atalaia onde possíveis trabalhadores fazem ameaça de incendiar canaviais e impedir a entrada de pessoas e veículos na Usina Uruba. A situação, grave, já chegou ao Tribunal de Justiça e à OAB, que por sua vez pede que o administrador José Lindoso cumpra com suas obrigações como manda a lei.

Ventilador

Depois de pedir a desistência de sua candidatura, o deputado Dudu Hollanda parte agora para responsabilizar integrantes do Tribunal de Justiça de Alagoas. Para quem conhece Dudu, ele agora que ver o circo pegar fogo.

A briga tá feia No embalo

Em plena campanha, embora tenha tido seu registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, Ronaldo Lessa também sai atirando para todos os lados. Ele relembra fatos e atinge todos à sua volta. É o clima de campanha, dizem seus aliados.

Compra de votos

Pelas informações chegadas até à coluna, a compra de votos no interior, especialmente no entorno de Maceió, corre à solta, mesmo que a Polícia Federal esteja atenta para a corrupção nesta época de campanha. Em Marechal Deodoro e adjacências, principalmente nas regiões mais pobres, o cadastro rola solto.

Os mesmos

Para observadores políticos, basta a polícia analisar direitinho quem faz a prática de compra de votos que será muito fácil identificar os candidatos acostumados a essa prática. Em Maceió a situação não é muito diferente da do interior.

Não é bem assim

O Sindifisco tem denunciado que os reajustes salariais dados pelo governo não cumprem a legislação e os servidores públicos estão com os aumentos defasados. Mas o governo diz que não.

Mesmo com um programa de televisão sofrível, o deputado Rodrigo Cunha vem subindo nas pesquisas para o Senado. Tem incomodado tanto Renan Calheiros, como Benedito de Lira e Maurício Quintella. É uma onda que cresce a cada dia, dizem seus simpatizantes.

Candidato de oposição

Advogados decidiram na última terça-feira apresentar o nome de Fernando Falcão como o candidato da oposição nas eleições que serão realizadas para a presidência da OAB no próximo mês de novembro. Falcão já foi candidato e agora, com o apoio das oposições e dissidentes da atual gestão, é novamente candidato. As pesquisas feitas até hoje mostram Fernando Falcão disparado na frente de outros candidatos.

Sem esperanças

O Dia das Crianças está se aproximando, mas o comércio não aposta em vendas acima do normal. A crise continua, diz um empresário, que reclama do governo pelo pagamento extorsivo do ICMS, que também incide sobre o preço dos combustíveis em especial a gasolina, que já ultrapassou R$ 5,00 o litro.


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Maceió terá protesto feminino contra Bolsonaro

Eles dizem sim a Bolsonaro

#ELE NÃO MULHERES REAGEM À AÇÃO DE HACKERS SIMPATIZANTES DO PRESIDENCIÁVEL

DAYAN ALVIM, estudante de Direito, 20 anos Bolsonaro não é corrupto. Essa qualidade faz dele melhor candidato dentre os demais com chances reais de vitória, me refiro aos da esquerda. Outro ponto é a ideologia de direita, pois as ideias esquerdistas destroem a sociedade tornando um caos tanto economicamente quanto socialmente, resumindo são pensamentos falidos e ultrapassados. Também voto nele pelo direito defendido pelo candidato que todo cidadão deve ter porte de arma, defesa da família e por que ele vai trazer de volta a moral que acabou no Brasil.

ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão da Redação

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o próximo dia 29 Maceió será palco de protestos contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). O evento acontece na Praça Centenário, às 14h, no bairro do Farol. A manifestação é organizada por mulheres que integram o grupo do Facebook ‘’Mulheres Unidas contra Bolsonaro’’. O grupo é uma resposta aos discursos não muito agradáveis do presidenciável Jair Bolsonaro e atos classificados como machistas e homofóbicos divulgados pela mídia nacional. Até a tarde da quarta-feira, 19, o grupo contava com 2.501.710 membros, e vem ganhando novas adeptas todos os dias, com tendência de crescer cada vez mais até o 7 de outubro, dia de votação do primeiro turno das eleições. Na descrição da página mostra que a principal função é lutar contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores. Além disso o grupo apresenta algumas regras: é destinado apenas para mulheres (cis ou trans), não pode ter nenhum discurso de ódio ou bullying, deve haver respeito mútuo entre todas participantes, entre outras determinações estabelecidas pelas administradoras. Há uma semana, o grupo foi vítima de um ataque cibernético, com a página sendo invadida por hackers que alteraram seu nome para ‘’Mulheres com Bolsonaro’’. Após a invasão, os hackers fizeram diversas postagens no grupo com conteúdos ofensivos às participantes. Logo após o ataque o grupo reagiu criando a hashtag ‘’Ele não’’ que está tendo bastante repercussão nas redes sociais.

LUCAS BARBOSA, 17 anos, estudante do Ensino médio Eu apoio o candidato Jair Bolsonaro pelo fato de ser um político com ficha limpa, por defender os valores da família brasileira e favorável à liberação de armas. Ele também trata adequadamente o assunto da criminalidade no Brasil, além disso é a favor da privatização de várias empresas e quer colocar um fim nos privilégios desnecessários dos políticos.

Eles dizem não a Bolsonaro Diminui a simpatia entre os jovens pelo candidato

O eleitorado jovem do estado de Alagoas vem diminuindo e cada vez mais os jovens ficam desinteressados em votar e consequentemente não participam das eleições. No ano de 2016, 445.811 jovens entre 16 e 24 anos em todo o estado estavam aptos para votar na eleição municipal. Agora, em 2018, o número reduziu para 412.397 jovens que devem movimentar o cenário eleitoral de Alagoas. Faltando pouco mais de 15 dias para as eleições, os candidatos à Presidência da República reforçam suas propostas e buscam mais a atenção do eleitor. Em relação às mídias sociais, o candidato do qual mais se fala é Jair Bolsonaro (PSL), que sempre esteve presente no cenário midiático com suas entrevistas e declarações bastante agressivas, e que desde o ano passado vem

crescendo e liderando as pesquisas com apoio dos jovens. Na pesquisa divulgada ontem, 20, pelo Datafolha, Jair Bolsonaro aparece com 28% das intenções de voto. Fernando Haddad (PT) está isolado em segundo lugar com 16%. Ciro Gomes (PDT) aparece com 13%. Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 9% e Marina Silva (Rede) é a candidata de 7% dos entrevistados. Álvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Novo) marcam, cada um, 3% das intenções de voto. Henrique Meirelles (MDB) tem 2%. Estão empatados Guilherme Boulos (PSOL) e Vera Lúcia (PSTU), com 1% cada. João Goulart Filho (PPL), Cabo Daciolo (Patriota) e Eymael (DC) não pontuaram. Desde as primeiras pesquisas realizadas no ano passado constatou-se que 60% dos votos de Bolsonaro são de jovens, sendo que 23% deles têm entre 16 e 24 anos. A dúvida é: quais os argumentos que levam os jovens a votar no polêmico candidato?

DEIVID CAVALCANTE, vestibulando, 18 anos Bolsonaro tem minha rejeição não por ser esquerdista, até porque não sou. Não voto por apresentar atitudes extremas em relação a homossexuais, por falta de respeito à mulher quando por exemplo disse que Maria do Rosário, deputada federal, não era digna de ser estuprada, por defender o porte legal de armas em uma sociedade despreparada psicologicamente para tal atitude e também pelo receio de colocar um militar extremista novamente no poder depois de ter acontecido tantas coisas ruins durante o período em que militares subiram ao poder, ou seja a ditadura militar. CARLOS RODRIGUES, estudante de Direito, 18 anos Sou contra o Bolsonaro porque ele não representa o novo da política como ele se auto intitula, pois tem 27 anos de Congresso, teve apenas dois projetos aprovados e nunca fez nada pela segurança do Rio de Janeiro. Também não sou a favor por ele utilizar o fenômeno da pós verdade, que é quando o candidato se aproveita da emoção do povo em crise para que a população acredite nas suas mentiras.


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Ministério Público aciona TJ para barrar candidaturas

TATURANAS MP ESTADUAL E FEDERAL QUEREM ARTHUR LIRA, CÍCERO ALMEIDA E PAULÃO FORA DAS URNAS JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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ontinua a luta do Ministério Público do Estado (MPE) contra a impunidade dos taturanas. Os deputados federais Cícero Almeida (PHS), Arthur Lira (PP) e Paulo Fernando dos Santos – Paulão (PT) – tiveram suas candidaturas liberadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL) mesmo condenados em segunda instância e considerados fichas-sujas. Essa situação foi resultado de uma decisão monocrática, proferida em abril, pelo vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), desembargador Celyrio Adamastor, que suspendeu os efeitos das condenações dos envolvidos no escândalo do desvio milionário de recursos da Assembleia Legislativa. Os nomes dos taturanas já estavam incluídos desde fevereiro no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Atos de Improbidade Administrativa e Inelegibilidade, acervo de responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a pedido do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto. O MPE agora aguarda o julgamento de um agravo interno que busca a reparação dos efeitos suspensivos concedidos pelo desembargador, o que pode inviabilizar as candidaturas dos parlamentares aos olhos do TRE. “O Ministério Público, há uma década, vem lutando para a condenação daqueles que temos convicção que efetivaram os desvios dos recursos públicos. Fizemos isso em primeiro

Arthur Lira, Cícero Almeida e Paulão foram condenados em segunda instância; procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar cobra julgamento de agravo

e segundo grauu, batemos à porta do Superior Tribunal de Justiça e agora peticionamos ao TJ para que leve a plenário esse agravo interno. Vamos pedir que priorize esse julgamento”, informou Mendonça Neto ao EXTRA. O processo está pronto para ser pautado e resta o relator, desembargador Celyrio Adamastor, também autor da suspensão dos efeitos, pedir pauta para o julgamento. “Para nós, independentemente da suspensão dos efeitos da condenação, esses são réus que estão inelegíveis. Essa nossa concepção foi defendida pelo Ministério Público Federal. Dois desembargadores do TRE acompanharam essa inelegibilidade. Estamos percorrendo o caminho para derrubar essa decisão monocrática que suspendeu os efeitos da condenação. Já enviamos dois recursos: um foi improvido pelo STJ, que disse

que não houve usurpação de competência por parte do desembargador. O outro é o TJ que vai ter que se manifestar sobre o agravo”, explicou. Ainda segundo o procurador-geral de Justiça, é essencial que o agravo interno seja julgado pela Justiça alagoana antes do dia 7 de outubro: “Temos plena convicção de que o eleitor tem o direito de conhecer a condição jurídica do candidato de forma segura antes das eleições”. O agravo interno foi impetrado no dia 27 de abril solicitando a modificação da decisão de Adamastor. Arthur Lira e Paulão são candidatos à reeleição pela Câmara Federal. Cícero Almeida quer sair de Brasília direto para Assembleia Legislativa. IMPUGNADOS Dos nove candidatos impugnados pelo Ministério Público Eleitoral, apenas dois tiveram as candidaturas inde-

feridas pela Justiça Eleitoral de Alagoas. O primeiro a ser vetado pelo Pleno do TRE foi o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), condenado por calúnia eleitoral contra o ex-governador Teotonio Vilela durante as eleições de 2010. Lessa, que tenta se reeleger, anunciou em coletiva de imprensa na terçafeira, 18, que irá recorrer da decisão. Disse ainda que irá continuar sua campanha e que a Justiça terá “que o engolir”. Antônio Jorge Gomes, o Jorge da Sorte (PRTB), também teve a candidatura indeferida. O candidato a deputado estadual tem nas costas uma condenação criminal pela prática de uso de documento falso para fins eleitorais. Já Eduardo Antônio Macedo Holanda, deputado estadual Dudu Holanda (PSD), preferiu desistir da reeleição. Ele teve os direitos políticos suspensos após condenação criminal transitada em julgado por morder a

orelha do ex-vereador por Maceió Paulo Corintho, agressão que aconteceu em 2009. Já o pastor João Luiz (PRTB), acusado de abuso econômico; os taturanas Arthur Lira, Paulão e Cícero Almeida; e o condenado por participação na Máfia dos Sanguessugas, João Caldas (PSC), tiveram as candidaturas deferidas. João Luiz e João Caldas buscam uma vaga na Assembleia Legislativa. Até o fechamento desta edição, o TRE-AL não tinha julgado a candidatura de Jair Lira Soares, o Jairzinho Lira (PRTB), candidato a deputado estadual que já teve contas desaprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A procuradora Regional Eleitoral, Raquel Teixeira, anunciou que recorrerá nos casos de Arthur Lira, Cícero Almeida, Paulão e João Caldas no sentido de manter a inelegibilidade de todos com


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Guerra das biografias agora é no Senado

JOGO DO PODER

NÃO HÁ DEFINIÇÃO SOBRE QUEM FICARÁ 8 ANOS EM BRASÍLIA

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

desistência do senador Fernando Collor (PTC) na disputa ao Governo de Alagoas consolida a quase certa reeleição do governador Renan Filho (MDB). Quase certa porque ainda existe uma longa estrada eleitoral até o dia 7, mesmo faltando duas semanas para o dia D. Tudo pode acontecer- inclusive nada. Collor foi substituído pelo delegado aposentado da Polícia Federal, José Pinto de Luna, o “xerife” da Operação Taturana, que em dezembro de 2007 mostrou que deputados estaduais torraram R$ 300 milhões, da folha de pagamento da Assembleia Legislativa, devorados pelo próprio bolso. Ao menos por enquanto, a guerra das biografias apenas mudou o polo: sai do Governo e vai para o Senado. São duas vagas em jogo, disputadas por quatro candidatos com chances reais nas urnas. E bancados quase que integralmente por seus partidos. RENAN E SEU CURRÍCULO EM JOGO Renan Calheiros (MDB), Rodrigo Cunha (PSDB), Benedito de Lira (PP) e Maurício Quintella (PR) estão espalhados em Alagoas em busca de eleitores mas também com o objetivo de influenciar as pesquisas. Números a postos para serem exibidos, como troféu, no guia eleitoral, e diminuindo os índices de votos brancos, nulos ou os indecisos. A última pesquisa saiu nesta quinta-feira (20), mais de 1 mês após o Ibope divulgar o pri-

Candidatos à reeleição, Renan e Biu de Lira se autoproclamam como melhores para Alagoas

meiro levantamento no estado. Os partidos creem que o jogo pode ser alterado, mesmo apontando-se uma vantagemmomentânea - aos dois primeiros colocados. Renan Calheiros aposta na experiência: 28 anos na capital federal, a maior parte deles no Senado, presidindo a Casa 4 vezes. Esta semana, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu Renan da acusação, assinada pela Procuradoria-Geral da República, de peculato. A PGR, de acordo com o Supremo, não conseguiu provar

“De todos os avanços, de todas essas leis que me honram, a principal é ter protagonizado a votação da Lei Maria da Penha” RENAN CALHEIROS

que Renan desviava valores de aluguel de carros para seu gabinete no Senado no pagamento de pensão alimentícia para uma filha do senador com a jornalista Mônica Veloso. “Foram longos 11 anos de injustiças”, disse Renan, ao comentar a decisão do STF. “Foi um massacre pessoal, familiar, moral, psicológico e institucional”. Renan era, na época, presidente do Senado. E ficou de fora da linha sucessória à Presidência da República por ser réu nesta ação. O senador organizou esta semana um encontro com mulheres, capitaneado por Verônica, esposa dele, e Renata, mulher de Renan Filho. Mostrado como “pai” de muitas obras locais, o senador também foi apontado, nesta reunião, como “protagonista” na aprovação da Lei Maria da Penha. “De todos os avanços, de todas essas leis que me honram, a principal é ter protagonizado a votação da Lei Maria da Penha (...) nós também

aprovamos a Lei do Feminicídio, ela não estava no nosso Código Penal e esse também foi um avanço considerável para o nosso país”, disse Renan. BIU, O RIVAL EM OBRAS O inimigo mais direto de Renan é Benedito de Lira, que usa estratégia semelhante à do outro lado: “pai” de centenas de milhares de reais em obras, emendas, reformas, construções. Apesar do plágio, Biu incrementa a campanha com a dancinha que o elegeu em 2010; é ainda personalidade favorita entre os prefeitos e o seu jeito popular alegra as periferias mais pobres, rostos certos na TV, com depoimentos sobre as realizações do senador. Esta semana foi chamado de “velhaco” por Renan, que vestia um chapéu típico dos sertões do Nordeste. Disse Renan sobre Biu de Lira: “Eu não estou ficando mais velho, tô ficando mais experiente. A velhice é natural

pra cada um. O que a gente não pode ficar na vida é velhaco como os nossos adversários, como o Collor, como o Benedito de Lira”. O vídeo de Renan rodou as redes sociais. Assim como a resposta do deputado federal Arthur Lira (PP), filho de Biu: “Velhaco é quem paga amante com dinheiro de empreiteira envolvida na Lava Jato”, remexeu Arthur, somando ao desabafo que Renan não trouxe realizações a Alagoas. Esta semana, Biu mostrou o tamanho do prestígio que goza em Brasília. O partido dele, o PP, é “dono” do Ministério da Saúde. Biu e Arthur detêm a posse da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a estatal bilionária do governo federal. “Não me canso de trabalhar por Alagoas. Meu objetivo é conseguir muito mais casas para as famílias que precisam. Não podemos aceitar que alagoanos vivam em situação de risco, em barracos e muitas vezes embaixo de lonas”, diz Biu, acrescntando que mandou recursos para a construção de 40 mil casas em Alagoas. Também comemorou recursos federais para a reforma da Universidade de Ciências da Saúde em Alagoas (Uncisal): R$ 2,9 milhões.

“Não me canso de trabalhar por Alagoas. Meu objetivo é conseguir muito mais casas para as famílias que precisam” BENEDITO DE LIRA


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Quintella tem mapa da mina; Cunha é vítima de robôs

PODER EM JOGO EX-MINISTRO DE TEMER AGORA É HADDAD; TUCANO TEM ELIAS VILELA NA CAMPANHA ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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x-ministro dos Transportes da era Michel Temer, o deputado federal Mauricio Quintella (PR) fala do passado ocultando alguns termos. Ficaram as lembranças dos tempos do ministério e são banidas as credenciais temerárias. Cobre o santo para descobrir o outro. O atual presidente nem sequer é mencionado no guia eleitoral. Agora no palanque de Fernando Haddad (PT) em Alagoas, Quintella, aliado do governador Renan Filho (MDB) e do senador Renan Calheiros (MDB) busca agregar seu nome ao siamês emedebista e continuar na disputa. Diz ser da “nova geração” na política, mesmo estando no cenário há 20 anos. “É preciso dinheiro para levar luz para a casa das pessoas, água, ambulância. É preciso saber buscar recursos em Brasília”, diz Quintella, na tentativa de convencer o eleitor que tem o “mapa da mina” na capital federal. E terá mais sucesso ao lado dos Renans. A disputa parece estar se tornando mais dura para Quintella. E ele vem sentindo a dificuldade neste ritmo. Em todos os palanques onde estão

Quintella garante saber como trazer recursos para o estado, enquanto Cunha defende novo modelo de prática política

os Renans, Quintella aparece. Há alguns dias, voltou a grudar seu rosto ao da família Beltrão, atrás dos votos no Litoral Sul, aumentando ainda mais sua aparição. Agora, além dos Renans, anda para baixo e para cima ao lado de Yvan Beltrão, candidato a deputado estadual e filho do prefeito de Coruripe, Joaquim. Mostra o caminhão de dinheiro que despejou de Brasília em Alagoas, “fruto de muito trabalho, muito empenho”, e tantos mais adjetivos que o dicionário comporte para se autoqualificar, preparado em cavar novos tesouros na capital federal. No guia eleitoral, dirige um carro e leva, como passageiro, o típico estereótipo do pobre alagoano: o semianalfabeto, com olhos de eternamente grato e louvando uma das tantas estradas asfaltadas em sua gestão no Ministério dos Transportes,

mesmo que aquilo não signifique quase nada na vida daquele homem simples.

Rodrigo e a batalha contra os robôs Rodrigo Cunha se apoia no DNA político, herdado da mãe, Ceci, mais sua passagem pelo Procon “em busca de Justiça e cidadania”, como diz. A mãe de Rodrigo foi assassinada em 16 de dezembro de 1998 - o crime completa 20 anos este ano. Havia sido diplomada deputada federal horas antes, em cerimônia no Fórum do Barro Duro. Na Chacina da Gruta (porque o crime aconteceu na casa dela, no bairro do mesmo nome), também foi morto o pai de Rodrigo, Juvenal Cunha. Talvane Albuquerque, o suplente derrotado nas urnas por

Ceci, foi julgado e condenado pelo crime. Os comitês não diminuem a importância do candidato. Pesquisas internas analisam seu potencial e ele não é pequeno. Rodrigo vem sendo alvo de notícias falsas, espalhadas nas redes sociais. Ele denunciou o caso ao Ministério Público Eleitoral. “O uso de robôs para atacar inocentes é um artifício de quem não tem coragem de se apresentar para isso. Denunciar ao Ministério Público Federal é o melhor caminho para acabar com esse tipo de procedimento. Alagoas exige uma campanha limpa, sem ataques gratuitos e sem fundamento”, diz, nas redes sociais, o “senador das mudanças”. Há quem diga que a renúncia do senador Fernando Collor (PTC) na disputa ao Governo inviabilize o sonho de Cunha

virar senador. Mas, há quem acredite que o deputado estadual não sinta os efeitos disso por não andar lado a lado a Collor na disputa, apesar do senador votar no tucano, como disse alguns dias antes de renunciar na corrida ao Executivo estadual. Cunha usa militância gratuita - recurso bastante raro nas campanhas - e busca convencer o eleitorado através das Casas Reaja, espalhadas em Alagoas, responsáveis por espalhar a mensagem do seu QG. “Escolhi ser candidato ao Senado por saber que posso contribuir ainda mais para a vida das pessoas e por ter a certeza que assim como eu, muitos eleitores não se sentem representados por quem lá está. Podemos ver isso diariamente nos telejornais quando as pessoas gravam vídeo sobre o ‘Brasil que quer’: Ninguém diz que quer que continue como está. Então, o que eu posso garantir é que sou ficha limpa, tenho serviços prestados e estou à disposição para mudar a forma como a política está sendo feita”, diz Cunha. Um dos propósitos do tucano é ajudar a transferir votos a Pedro Vilela, candidato a deputado federal, sobrinho do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e filho de Elias Vilela. Depoimento do ex-executivo da Odebrecht Alexandre Biselli diz que Elias Vilela participou de uma das reuniões onde se discutiu propina da construtora para pagar dívidas de campanha. Elias foi um dos principais costureiros do acordo milionário que transformou um dos escritórios da Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool em Alagoas - o Sindicato dos Usineiros - em sede da Prefeitura de Maceió, tudo aceito pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB), logo após o final da campanha à reeleição do chefe do Executivo municipal.


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Partidos investem fortunas para eleger candidatos

DI$PUTA ACIRRADA DINHEIRO AJUDA A “COMPRAR” EMOÇÃO E MÃO DE OBRA BARATA PARA COMITÊS

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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empos de dinheiro curto, desemprego, dívidas a perder a vista. Combine isso com eleições, partidos políticos cheios de dinheiro e uma massa de esfaimados balançando bandeiras, entregando adesivos nos sinais de trânsito e candidatos em busca do poder. Por trás disso, estão os comitês, arrebanhando gente ganhando uns trocados. Enquanto os candidatos acenam e abraçam a multidão, uma fila de carros de luxo encanta lugares miseráveis; helicópteros emocionam gente de chinela de dedo emendada ou pé na lama; programas eleitorais cheios de efeitos especiais e músicas embalando a emoção. Os partidos investem pesado para elegerem seus escolhidos. Quase sempre os candidatos não retiram pouco dinheiro do próprio bolso. E existem muitos casos curiosos. O deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB), por exemplo, recebeu, exatos R$ 45.937,54 do filho, Nivaldo Albuquerque (PTB), que disputa a reeleição para a Câmara Federal.

Chama a atenção que AA não gasta um centavo de sua fortuna - pouco mais de R$ 2 milhões- nesta eleição. Dos R$ 425,9 mil recebidos até agora, 89% são do PTB estadual: R$ 380 mil. Do que recebeu, gastou R$ 360,5 mil - maior parte do dinheiro em programas de rádio e TV. Chico Tenório (PMN) é outro destes casos que merecem um estudo. Sua maior doadora é a filha, a candidata a deputada federal Olívia Tenório: R$ 77,6 mil. Só que ao contrário de Nivaldo Albuquerque, que acumula uma fortuna de R$ 1,7 milhão aos 30 anos de idade, Olívia Tenório (PMN) tem apenas um carro como bem (valendo R$ 108 mil, segundo declaração que apresentou à Justiça eleitoral). De onde ela tirou R$ 77,6 mil para a campanha do pai? Curiosidade a respeito dos herdeiros de AA e Chico: arrecadaram uma pequena fortuna dos partidos: dos R$ 630,7 mil arrecadados na campanha de Olívia, 63,4% (R$ 400 mil) vieram do PMN; outros R$ 200 mil do MDB, do vice-governador Luciano Barbosa, tão amplamente criticado pelo pai de Olívia na Assembleia Legislativa num passado não tão distante; R$ 13,2 mil, a candidata tirou do próprio bolso; o pai abriu a carteira e tirou R$ 7 mil. Já a campanha de Nivaldo recebeu R$ 1,2 milhão: 92% (R$ 1,1 milhão do PTB nacional); outros R$ 100 mil do MDB alagoano. O pai Antônio não contribuiu.

Os De Lira

Fiadores da era Michel Temer em Alagoas, o deputado federal Arthur Lira (PP) e o pai dele, o senador Benedito

Nivaldo Albuquerque é o maior doador do pai, AA; Heloísa Helena tem apoio nacional da Rede

de Lira (PP) estão nestas condições: R$ 1,7 milhão para a campanha de Arthur (95,5% do PP Nacional, R$ 1,6 milhão); R$ 2,1 milhão na reeleição do senador Benedito de Lira (98,3% da direção nacional do PP ou R$ 2,1 milhão). E falando na eleição dos senadores, o PSDB nacional tem fortíssima presença na campanha de Rodrigo Cunha. Dos R$ 898,3 mil arrecadados, R$ 866,7 mil são dos tucanos; Renan Calheiros, apesar da forte oposição que faz ao presidente Michel Temer, lhe rendendo algumas discussões acaloradas com o presidente nacional do MDB, Romero Jucá, e sem apoiar o candidato presidencial da legenda, Henrique Meirelles, tem grande apoio da legenda via nacional: dos pouco mais de R$ 2 milhões arrecadados até agora, 99% são do MDB. Apenas R$ 15,6 mil da direção local do partido; outros R$ 3,9 mil do governa-

dor Renan Filho (MDB). Também a eleição ao Senado tem forte investimento do PR, comandado em Alagoas pelo deputado federal Maurício Quintella: R$ 2,8 milhões arrecadados, 99% deste dinheiro do partido com um pé na era Temer e outro nos palanques de Fernando Haddad, pelo menos em Alagoas.

Rede quer Heloísa na Câmara Projetando uma eleição com mais de 100 mil votos, Heloísa Helena está nas ruas e conta com boa estrutura financeira da Rede. Dos R$ 737 mil recebidos até agora, R$ 725 mil são da direção nacional, maior parte gastos nos guias para TV e rádio. A campanha de Ronaldo Lessa (PDT) - que esta sema-

na teve a candidatura cassada pela Justiça eleitoral, enquadrando calúnia na lista de inelegibilidade da ficha limpa - também conta com apoio do PDT nacional, embora com menor volume ao se comparar com a de Heloísa Helena: R$ 539,3 mil recebidos até agora; 92,7% (R$ 500 mil) da direção nacional. Para reeleger Paulão, a direção nacional do PT banca 100% da campanha: R$ 900 mil. O deputado federal conseguiu uma liminar para não ter a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Isso porque Paulão foi condenado por improbidade administrativa, pelo Tribunal de Justiça nas investigações da Operação Taturana - o desvio de R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa. É a mesma liminar que mantém Arthur Lira na campanha à reeleição. Coisas da nossa Justiça.


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CAVALGADA JUNTEO

Junqueiro mantém tradição que reúne centenas de cavaleiros Evento marcou passagem dos 201 anos da Emancipação Política de Alagoas

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radição é tradição”, é assim que muitos cavaleiros e amazonas definiram a 3ª edição da Cavalgada Junteo realizada pelo prefeito de Junqueiro, Carlos Augusto, com apoio do prefeito de Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira. O evento aconteceu no último domingo, 16, marcando a passagem dos 201 anos de Emancipação Política de Alagoas. Com muita alegria e satisfação, a população dos dois municípios e de cidades vizinhas aproveitaram toda a programação planejada pelas prefeituras e parceiros. A concentração aconteceu às 11 horas na cidade de Junqueiro, com muita alegria, festa e cultura. Após o almoço, os participantes desfilaram pelas ruas da cidade e seguiram até a cidade de Teotônio Vilela. “É muito importante essa harmonia, para confraternizar, essa união de família, de cultura da região. População satisfeita é população feliz. Nós temos que manter essa tradição na terra da paixão, e através de muitas parcerias conseguimos proporcionar isso para nossa população”, contou satisfeito o prefeito Carlos Augusto. A secretária de Cultura e Juventude de Teotônio Vilela, Marcela Vilela, participa da cavalgada desde a primeira edição e enfatiza sua importância. “É uma cavalgada que arrasta a maior quantidade de vaqueiros de Alagoas, gerando renda, gerando emprego. Além do mais é um resgate a cultura, importantíssimo para nossa região. As prefeituras parceiras estão de parabéns por realizar esse evento tão grandioso”. Toda a festa é gratuita, com alimentação e bebidas para os participantes. O prefeito disse ainda que todo

ano o número de participantes aumenta, e lembrou que a festa é para todos. “É impressionante como, a cada ano, mais pessoas querem participar desta cavalgada, uma festa popular que integra esses dois municípios, de um povo querido e trabalhador”. O prefeito de Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira, destacou que a cavalgada é um marco importante para a região. “É uma tradição para nosso povo. Além da confraternização é possível fazer negócios durante a cavalgada, em uma conversa ou outra. É uma cultura deste povo, do Nordeste. “ Durante o percurso de aproximadamente 21 quilômetros todos entram em clima de festa e diversão com a animação de um trio elétrico. E para encerrar a festa em grande estilo, foi realizado um show no espaço multi-eventos de Teotônio Vilela.

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MUDANÇAS NA AL-220

Novas demarcações ameaçam Santuário de Nossa Senhora da Conceição

Igreja é contra alterações em projeto original

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nsatisfeitos, moradores do município de Limoeiro de Anadia realizaram um protesto na sexta-feira, 14, contra a alteração do projeto de duplicação da AL-220 que dá acesso ao município. O traçado, que originalmente passaria pela Fazenda Espírito Santo, de propriedade do deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB) foi alterado, segundo denúncias, pela vontade do próprio parlamentar e agora ameaça a entrada do santuário dedicado a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade. O protesto aconteceu após reunião entre engenheiros responsáveis pelo projeto, o diretor presidente do Departamento de Estradas de Rodagem de Alagoas (DER-AL), Helder Gazzaneo Gomes, representantes da empresa S.A Paulista, empresários e políticos do município para que se chegasse a um acordo sobre o novo trajeto, mas não houve consenso. O encontro foi marcado para que fossem expostas soluções que não alterasse o santuário que virou símbolo da cidade e é o maior de Alagoas, com uma imagem de aproximadamente 11 metros de altura. A discussão foi iniciada após publicação de denúncia pelo EXTRA na edição 988 que detalhou como ocorrerá a alteração do traçado inicial.

Segundo o empresário Robson Calixto, os engenheiros responsáveis pela obra estão irredutíveis em aceitar um acordo. “Estivemos na reunião, mas, pelo que deu para entender, já estão decididos a fazer a mudança”. Ainda de acordo com empresário, a atitude não passa de perseguição política por parte do deputado. “Ele já tentou comprar minhas terras há algum tempo, mas eu neguei a venda e apresentei o projeto que tenho em mente para o futuro das minhas terras. Agora ele viu a oportunidade de me prejudicar e está fazendo isso, demarcando por conta própria minhas terras e alterando um projeto de duplicação”, relatou Calixto. Além do Executivo e do Legislativo já terem se posicionado contra o novo projeto e argumentarem que a alteração vai contra os interesses da população, a Igreja Católica também resolveu se manifestar. De acordo com o padre Marlúcio Luiz, da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, a alteração pode afetar a fé da população do município, visto que a imagem da santa virou símbolo de orgulho para todos. “Quando construímos o santuário, já sabíamos que existiria a duplicação, mas pelo que nos foi comunicado, a obra passaria pela fazenda que se encontra no outro

lado da rodovia que é do deputado Antônio Albuquerque. Por isso vimos que não teria problema em concluirmos a obra”, explicou o representante religioso do município. O santuário foi inaugurado em 8 de dezembro de 2016, enquanto o projeto de duplicação da rodovia foi aprovado e teve a ordem de serviço assinada pelo governador Renan Filho (MDB) e pelo secretário de Estado de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, pouco mais de 1 ano depois, em 27 de janeiro deste ano. Ainda segundo padre Marlúcio, “um acordo é sempre viável, mas o local é um marco da cidade. Nossa Senhora da Conceição é a padroeira e se tirarem ou modificarem o santuário estarão tirando um pouco da cultura do povo”. O padre explica também que a devoção a santa é mais antiga que a própria cidade, enquanto o município possui 137 de emancipação política, a devoção tem mais de 150, quando a região ainda era um povoado. “Então é injusto mexer nisso, porque mexe na fé do povo que é o que eles têm de mais simples”, frisou. A DENÚNCIA O trecho de 32 quilômetros ligando

Campo Alegre a Arapiraca através de duplicação, com um custo estimado em R$ 67 milhões, apresentado pelo DER em 2017, e a ser executado pela empresa S.A. Paulista, deveria passar por dentro da Fazenda Espirito Santo. Porém, denúncia realizada pelo empresário Robson Calixto relata que o deputado Antônio Albuquerque alterou por conta própria um trecho de retorno na AL-220. O local alterado dá acesso ao município de Limoeiro de Anadia, no Agreste de Alagoas. Segundo a denúncia, as demarcações foram movidas para o outro lado da rodovia, invadindo aproximadamente 17 metros da propriedade que tem seis hectares de terra. No terreno, o empresário proprietário da Calixto e Falcão Empreendimentos Investimentos Imobiliários e Participações LTDA está construindo um loteamento registrado em cartório como Vista da Serra e que já possui compras efetuadas. A ação além de prejudicar o empreendimento, também ameaça prejudicar o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, um dos maiores do interior de Alagoas. Fica situado em um pequeno terreno dentro do loteamento que foi doado pelo empresário à prefeitura do município.


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TJ adia julgamento de apelação de Luiz Pedro

IMPUNIDADE SEM FIM

EX-DEPUTADO CONDENADO POR ASSASSINATO CONTINUA LIVRE JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail

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agente de portaria Carlos Roberto Rocha Júnior, 25, lembra da última conversa que teve com o pai, Carlos Roberto Rocha Santos, assassinado por homens integrantes da milícia do ex-cabo e ex-deputado estadual Luiz Pedro da Silva. Foi um dia antes da execução, que aconteceu no dia 12 de agosto de 2004. “Filho, irei te levar para jogar sinuca comigo”, disse. Um convite que nunca se realizou. Hoje, ele segue a vida tendo que lidar também com a morte dos avós, que definharam na luta para a condenação de Luiz Pedro. A condenação de fato saiu. O ex-parlamentar foi levado a júri popular e condenado a 26 anos e cinco meses de prisão em setembro de 2015, mas ainda está em liberdade. “Foi o que matou meu pai”, conta Sérgio Rubens Santos, 42, irmão da vítima e filho de Sebastião Pereira dos Santos, que fez de tudo para ver os assassinos de Carlos Roberto na cadeia. “Meu pai começou a morrer quando viu Luiz Pedro condenado saindo pela porta da frente do Fórum de Maceió”, relembra. Júnior e Sérgio estiveram na quarta-feira, 19, no auditório do Tribunal de Justiça. Estava marcada a análise pela Câmara Criminal do recurso de apelação do ex-cabo contra sua condenação. Mas, a dupla voltou

Carlos Roberto Júnior e Sérgio Rubens: família clama por justiça

para a casa com o gosto amargo da impunidade provocada pela morosidade jurídica brasileira devido o processo ter sido retirado de pauta. O assassinato de Carlos Roberto Rocha Santos desestruturou toda a família. A filha caçula da vítima nem chegou a conhecer o pai. Júnior, à época, tinha apenas 11 anos, além de uma irmã mais nova. Apesar da dor, os jovens continuam suas vidas, mas os pais do servente de pedreiro assassinado não tiveram a mesma estrutura. Sebastião Pereira morreu em junho do ano passado por diversos problemas de saúde. Partiu sem sequer poder velar e enterrar o corpo do filho que desapareceu misteriosamente do Insti-

tuto Médico Legal (IML). A dona Maria Tereza Rocha de Oliveira, esposa de Sebastião, faleceu há oito anos. “Não aguentou o sofrimento de ver a luta do meu avô. Gerou uma depressão profunda. Com o tempo precisou ser internada e, debilitada, ficou ainda mais abalada psicologicamente”, conta o neto. A morosidade da Justiça também proporcionou momentos de tensão e medo à família de Carlos Roberto. “Chegamos a encontrar com os assassinos do meu irmão. Uma vez, foi na rua de casa quando um deles foi entregar uma encomenda ali por perto. Fingimos que não nos conhecíamos, mas ficamos com medo”. Em 10 de dezembro de 2008, quatro integrantes da mi-

lícia do ex-deputado, Laércio Pereira de Barros, Naelson Osmar Vasconcelos de Melo, Leone Lima e Adézio Rodrigues Nogueira foram condenados em julgamento popular. Adézio, Leone e Naelson foram condenados a 16 anos de reclusão. Já Laércio – réu confesso do crime – foi condenado a 25 anos de prisão. Um quarto acusado, Valter Paulo dos Santos, foi absolvido. Em abril de 2016 Adézio, que estava em regime semiaberto desde 2009, morreu de infarto. Um ano antes, em abril de 2015, Naelson de Melo, que era ex-policial militar, foi executado no bairro do Vergel do Lago com pelo menos 19 tiros, dos quais 12 foram deflagrados contra sua cabeça. Ele tinha 51 anos e também estava no regime semiaberto. Leone Lima obteve a progressão para o semiaberto em 2012, enquanto Laércio, de acordo com as últimas informações disponibilizadas no portal do TJ e que datam de 2013, permanece preso no Baldomero Cavalcanti. E mesmo com a família menor, a luta continua. Sérgio Rubens Santos fez questão de comparecer ao Tribunal de Justiça com uma camiseta estampada com o rosto do irmão. “Quando voltar a julgamento estaremos aqui novamente. Não vamos desistir de lutar contra a impunidade”, afirma Santos. Segundo a assessoria de comunicação do TJ, a análise da

apelação foi retirada de pauta devido ao afastamento do desembargador José Carlos Malta Marques, revisor do processo, que também é presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL). Ainda não foi marcada uma nova data.

O ASSASSINATO

Carlos Roberto Rocha Santos foi levado de dentro de casa por homens pertencentes à milícia de Luiz Pedro na noite do dia 12 de agosto de 2004. O servente de pedreiro era apontado como uma pessoa que se negava a cumprir com as ordens do ex-deputado, um conjunto de regras para os moradores de todos os seus conjuntos e que incluía a proibição do uso de drogas. Conforme o Ministério Público, “o assassinado da vítima Carlos Roberto Rocha Santos se deu por motivo abjeto, torpe, sendo a resolução homicida motivada pelo fato do ofendido não se dobrar às arbitrariedades e caprichos do esquadrão macabro”. Registrou ainda que “a organização criminosa tinha como escopo a eliminação de pessoas usuárias de drogas, buscando assim, através do extermínio delas, promover a ‘limpeza’ da área dominada pelo líder do bando. Todavia, é de se relatar que a vítima, embora usuária de substância entorpecente, nunca foi relacionada à prática de crimes ou de violência”.


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A face cruel de nossos indicadores precisa ser admitida, enfrentada e vencida; chega de culpar o passado colonial excludente de nossa economia; o estado clama por um projeto de desenvolvimento de verdade

Alagoas tem jeito

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momento é grave o suficiente para não o aproveitarmos. O país pós-eleição vai passar – não importa quem ganhe – por um verdadeiro freio de “arrumação da casa”. Alagoas tem oportunidade ímpar para inflexionar sua curva de subdesenvolvimento, desde sempre descendente. Somos um dos Estados mais pobres e atrasados do país. Todos sabem disso à exaustão. Até aqueles que por obrigação de ofício precisam dourar a pílula para se elegerem. Nossos infames indicadores – todos da pior qualidade – gritam isso centenariamente. É a face cruel da nossa realidade, sempre tangenciada. Que, de uma vez por todas, precisa ser admitida, enfrentada e vencida. Não cabem (e não há) mais justificativas ou explicações. Esgotaram-se por excesso de uso. Chegou a hora de deixar de lado diagnósticos edulcorados culpando “nosso passado colonial”, o “modelo excludente da economia do açúcar”, a “fragilidade da economia de Alagoas”, a “desigualdade social”, “está melhorando” e que tais, usados à larga por quase todos. É urgente e impostergável refundar os pilares do Estado. Alagoas clama desesperadamente por um projeto de desenvolvimento de verdade. Não o dos palanques, por inexequível, mas emergido do consen-

so das diferentes visões de sua sociedade. Um marco desenvolvimentista apartidário e de longo prazo, tecnicamente consistente e politicamente viável. Um pacto pelo desenvolvimento de Alagoas. Que só será possível com a união das forças vivas da nossa sociedade e respaldada por políticos que – agora sim – têm a oportunidade ímpar de se mostrar a seus eleitores e à sociedade como ferramentas imprescindíveis da engrenagem da democracia, e não como sujeitos passivos a serviço de seus interesses. O momento é único. Não é justo com o cidadão, não é inteligente por parte das elites, nem socialmente aceitável, continuarmos nessa eterna lengalenga, nesse mais do mesmo interminável que só nos trouxe, secularmente, atraso, submissão e miséria. Não se constrói uma sociedade equânime quando a renda média do cidadão sequer alcança o miserável salário mínimo de 937 reais (é de tão somente desmoralizantes 658 reais). Não existe progresso

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com educação de padrão comparável aos mais atrasados países do mundo. Esse modelo tem que ser alterado. Exemplos de estados e países em situação até pior que a nossa que em menos de 6 décadas se tornaram desenvolvidos estão aí para nos mostrar o caminho. Servirem de farol. Aliás, a própria entidade que realiza o PISA – programa internacional de avaliação de alunos e coloca o Brasil na rabeira do mundo, realizou estudo que concluiu que se o país alcançar a média (não é a máxima) nota do IDEB em 2030 teria condições para em 65 anos ter um PIB igual ao atual dos EUA. Estaríamos ricos. Tal qual ocorreu na Coreia do Sul – um país arrasado pela guerra de 1955 e que tinha 80% de analfabetos e hoje se tornou uma potência econômica mundial (claro que outras ações muito bem-sucedidas nas áreas industrial, do agronegócio e dos serviços, complementaram o processo de desenvolvimento daquele país). Sonho? Nada disso. Para a educação temos exemplo aqui nas Alagoas; duas escolas públicas de Coruripe e Jequiá da Praia obtiveram, respectivamente, notas 9,9 e 7,8 no IDEB recém-divulgado. Mesmo com todas as limitações ultrapassaram, e muito, a média preconizada e – no caso de Coruripe – a maior nota do Brasil. Se as outras escolas alagoanas tivessem o mesmo desempenho, estaríamos entre os primeiros lugares do país e no longo prazo com renda de país desenvolvido. Simples assim. Podemos fazer sim. Esse pequeno e rico exemplo mostra isso. Mas tem que ser “fora da caixa” estatal (agências regulam e fiscalizam e o setor privado executa). É papel dos nossos futuros governantes ter visão de estadista, postura de liderança inquestionável, para aproveitarmos desse momento único que junta a crise que terá que ser resolvida com a nossa enorme vontade de sairmos do atoleiro do subdesenvolvimento. Alagoas aguarda com enorme ansiedade o primeiro passo. Quem dará?


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PACTO POR ALAGOAS Lideranças dos mais diversos segmentos apresentam sugestões

EMPRESÁRIOS E POLÍTICOS ESTÃO PREOCUPADOS COM OS ÍNDICES NEGATIVOS DO ESTADO VALDETE CALHEIROS Especial para o EXTRA

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o mês do aniversário da Emancipação Política de Alagoas, empresários, políticos e personalidades dos mais importantes e variados segmentos da sociedade estão ainda preocupados com os rumos do estado. O EXTRA ouviu vários alagoanos cujos cargos ou realizações mostram capacidade técnica para discutir o tema. Mais de 200 anos – 201 completados no último dia 16 – depois de ter deixado de pertencer a Pernambuco, Alagoas ainda detém índices sociais que recheiam as estatísticas como um dos piores do Brasil. E que em nada lembram a estrofe “Alagoas, estrela radiosa que refulge ao sorrir das manhãs. Da República és filha donosa maga estrela entre as estrelas irmãs”, escritas por Luiz Mesquita e com música de Benedito Silva. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de Alagoas (IBGE), é de Alagoas, o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Numa escala que vai até 1, o alagoano alcança 0,631 num número que avalia a qualidade de vida. A Terra dos Marechais, tão cantada em versos e prosas, ocupa o penúltimo lugar em renda per capita (valor que cada pessoa ganha por mês, uma média de R$ 658,00). Some-se isso e o resultado é uma conta matemática cujo resultado é negativo e mostra uma importante dependência dos recursos federais. A dívida pública do Estado com a União é de 10 bilhões. O problema não é de hoje. Arrasta-se há mais de dois séculos. A população alagoana, de 3,3 milhões, tem 200 mil fora do mercado de trabalho e mais de um milhão abaixo da linha de pobreza, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad), enquanto a taxa nacional de desempregados gire em torno de 12,9%, no Estado é de 17,7%. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) esteja crescendo nos últimos anos, muita coisa ainda precisa mudar para que os alagoanos possam ter com mais qualidade de vida.

DOUGLAS APRATTO

LUIZ DANTAS

PRESIDENTE DA ASSEMBL

OTÁVIO LEÃO PRAXEDES

ESCRITOR, HISTORIADOR E VICE-REITOR DO CESMAC

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

O vice-reitor do Centro Universitário – Cesmac, professor Douglas Aprratto, afirmou que nesta era de turbulência e radicalização, vivemos o mais profundo e significativo evento do século iniciante. “Uma eleição que norteará as próximas décadas: a espera de soluções no país e no estado das Alagoas, nossa amada esfinge radiosa, com angústias acumuladas e contradições centenárias. O que for feito para o nosso estado terá também muito de nossa relação com o Poder Central e com suas políticas com as unidades federativas, pois hoje há uma dependência enorme de nossa economia em relação a Brasília”, pontuou. Ele acredita que cada um deve fazer sua parte e “deixar a condição de coitadinhos, deixar ou reduzir essa dependência com nossas atitudes proativas, governo, empresários, políticos, trabalhadores, sociedade. Que Alagoas queremos? Que podem fazer governo e sociedade para melhorar nossa condição e qualidade de vida?” indagou. Segundo ele, a resposta não é atrair indústrias e outras miragens que nunca deram certo, como a antiga Salgema, estaleiro, açúcar, parques industriais e outros sonhos de uma “noite verão”. Na opinião do professor doutor é uma só: educação, educação e mais educação. “Ela é a prioridade das prioridades e junto dela, siamesamente agarradas, estão a ciência, tecnologia, pesquisa, inovação, empreendedorismo. Incentivo também a pequena e média propriedade, aumentar nossa produtividade nas cadeias tradicionais da economia, o turismo, a indústria cultural, o artesanato, o apoio ao sentimento de pertencimento de ser alagoano, sociedade mestiça, de saberes esquecidos, atuar na pós-graduação stricto, incorporando as camadas mais desiguais, o funcionalismo, investindo nas energias alternativas, no reuso e no aproveitamento da agua, melhorando a produtividade”, ensinou. Douglas Apratto afirmou que é preciso começar a construir uma sociedade do mérito, do trabalho, do saber, e enterrar ou reduzir as desigualdades, olhando o negro e o índio. “Eleger políticos com vida íntegra e que sirvam ao público e não servir-se. Um estado de maior inclusão, sempre de maior inclusão, com a educação como força motriz. Não podemos continuar achando que os índices sociais negativos são herança da colonização portuguesa. Não podemos perpetuar a visão de coitadinhos”, ponderou.

Impulsionar o desenvolvimento de Alagoas depende, em alguma medida, de um cenário nacional favorável, política e economicamente. No Brasil, de um modo geral, os índices de desenvolvimento humano e social não são dos melhores, quando comparados com outros países. Buscar a melhoria desses índices é um dever de todos nós – autoridades públicas, empresários e sociedade em geral. É preciso estarmos inseridos em um ambiente que propicie às pessoas viverem com dignidade. E isso não se restringe apenas à renda por elas auferida, refere-se, também, à valorização do ser humano como tal, dando-lhe oportunidades para desenvolver suas potencialidades. Para isso, afigura-se imprescindível que autoridades públicas planejem e gerenciem, com zelo e eficiência, os geralmente escassos recursos disponíveis, de modo a viabilizar uma oferta de serviços públicos de qualidade, como educação, saúde, segurança e transporte. Apesar do cenário nacional não vislumbrar qualquer indicativo de crescimento econômico e social, reconheço o esforço do chefe do Poder Executivo estadual, notadamente no enxugamento da máquina pública, priorizando os parcos recursos nas áreas de educação, saúde e segurança pública. Como tais serviços, em última análise, dependem de disponibilidade orçamentária, é necessário que todos – empresários, gestores públicos e sociedade civil –, realizem um esforço concentrado no sentido de apoiar o setor produtivo e estimular o crescimento da economia, pois tais ações têm o potencial de gerar mais emprego e renda, elevando a qualidade de vida da população e reduzindo as desigualdades sociais. Em suma, o desenvolvimento do estado é um dever das autoridades públicas, mas também uma obrigação de todos nós cidadãos.

de Alagoas. O sentid unidade de todos os s sentativos da socieda um objetivo: proporcio qualitativo no process mento do Estado. “Alagoas chega aos de existência ainda uma herança dramát respeito aos seus ind senvolvimento, não ob e as conquistas registr tempos”, avalia Luiz D à vontade de compart do pacto, pois sempre timento do Poder Legis buir com o processo d social e econômica do E Como exemplo, cita madas pelo Poder Exe tir o equilíbrio das con Legislativo participou todas elas, examinan debatendo em audiênc votando em plenário, c para realização da re trativa”.

KELMANN VIEI

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MACEIÓ

lhorar os índices socia necessário investir em cas de incentivo à ger go e renda, não só defi captação de médios e mentos para o estado, do, no desenvolvimen os micro e pequenos e desde a agricultura fam que vivem nas perifer entre outros medidas.


AS

SEMBLEIA LEGISLATIVA

Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Dantas (MDB) vê com simpatia a ideia de estabelecer um pacto em defesa entido é estimular a os segmentos repreciedade em torno de orcionar grande salto ocesso de desenvolvi-

ga aos seus 201 anos ainda contabilizando amática, no que diz s indicadores de deão obstante o esforço gistrados nos últimos uiz Dantas. Ele se diz mpartilhar a proposta mpre externou o senLegislativo de contrisso de transformação a do Estado. o, cita as medidas tor Executivo de garanas contas públicas. “O cipou ativamente de minando as matérias, udiências populares e ário, como a delegação da reforma adminis-

VIEIRA

MARA EIÓ

Na opinião do presidente da Câmara Municipal de Maceió, vereador Kelmann Vieira (PSDB), para reduzir as desigualdades e mesociais de Alagoas, é ir em políticas públià geração de empreó definindo linhas de ios e grandes investitado, como, e sobretuimento de ações para nos empreendedores, ra familiar às pessoas eriferias das cidades, idas.

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JOSÉ CARLOS LYRA DE ANDRADE

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra de Andrade, o estado enfrenta um momento de incertezas em relação às eleições e ao ajuste das contas públicas, situação que dificulta a recuperação econômica. “Para nós, empresários, a indefinição sobre o ajuste permanente das contas públicas, o adiamento da reforma da Previdência e a falta de definição do quadro eleitoral é a fonte dessas incertezas”, detalhou. Para José Carlos Lyra, os levantamentos feitos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do País deve crescer 2,6%, com expansão de 3% do PIB industrial. “Os números de nossa economia indicam que, ao final do ano, os investimentos aumentarão 4% e o consumo das famílias, 2,8%. A taxa média de desemprego deverá ficar em 11,8%. Apesar da queda da inflação e da redução dos juros, o ritmo de recuperação da economia é moderado”, explicou. O presidente da Fiea disse ainda que o fim da crise depende de governantes com capacidade de realizar as reformas necessárias ao desenvolvimento. E completa: “O grande desafio do Brasil é aumentar a produtividade, com equilíbrio fiscal, a reforma da Previdência, a reforma tributária, financiamento de longo prazo, redução da burocracia, segurança jurídica e modelos de regulação eficientes, entre outras medidas”. “Para isso, é preciso ter o aval da sociedade, que anseia pela recuperação de nossa economia. Neste sentido, o Brasil conta com o setor produtivo, a maior alavanca para o desenvolvimento e a geração de riquezas que garantem emprego, bens, renda e serviços”, alertou. Para José Carlos Lyra, essa realidade se repete em Alagoas. “Como um dos menores da federação, nosso estado sofre os efeitos da crise político-econômica que o Brasil atravessa. Para superá-la, precisamos de mais emprego, mais renda, mais saúde, mais educação e mais segurança. A luta das entidades do setor produtivo é por um estado economicamente desenvolvido e socialmente justo. Somente assim conseguiremos trilhar o caminho da paz social que todos almejamos”, concluiu.

GIVAGO TENÓRIO

SENADOR E EMPRESÁRIO

Para o empresário e senador Givago Tenório (PP), de fato e, lamentavelmente, Alagoas apresenta os menores índices sociais e econômicos do País. “Diante dessa realidade”, diz ele, precisamos criar estratégias para o crescimento e para o fortalecimento da economia através da geração de emprego e renda. “Com certeza, o empresariado alagoano e os investidores têm um papel fundamental para o desenvolvimento econômico, social e humano, mas para isso o poder público do Estado precisa atuar de forma mais eficiente na promoção e na gestão de políticas que estimule as áreas potenciais do nosso estado, por meio de ações de incentivos, de desburocratização, de melhoria nas condições de infraestrutura e outras ações que visem o fortalecimento do setor produtivo”, alerta. Na opinião do senador, sem dúvida, com desenvolvimento econômico, teremos uma melhoria em todos os índices que tanto maltratam os alagoanos. De acordo com Givago Tenório, é nesse contexto que se destaca o papel dos políticos e da boa política com ética e compromisso com os interesses públicos, atuando no sentido de dialogar com a sociedade organizada e apresentar soluções para os problemas econômicos e sociais existentes em Alagoas. “Neste particular, tenho convicção de que a educação representa o principal mecanismo para reduzir as desigualdades sociais em nosso estado, pois é o melhor caminho para alcançarmos uma sociedade mais justa e igualitária. A responsabilidade é de todos nós, empresários e políticos”, assegurou.

ÁLVARO ALMEIDA

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA EPECUÁRIA

Na avaliação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Arthur Lopes de Almeida, ao longo da história de Alagoas, mesmo sem qualquer incentivo governamental em determinados momentos, os empresários contribuíram com o seu desenvolvimento socioeconômico, e poderão continuar a fazê-lo caso seja implantada uma política tributária atraente, que incentive a instalação de novas empresas e a reabertura de outras que foram fechadas em decorrência da crise financeira. “Aos políticos cabe garantir ao setor produtivo a segurança jurídica necessária, no sentido de se preservar a atividade agropecuária em níveis de produção de riquezas pelo menos iguais aos que sempre foi”, sentenciou.

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MILTON PRADINES

GERENTE DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA BRASKEM

O gerente de relações institucionais da Braskem, Milton Pradines, explica que a melhoria dos indicadores sociais econômicos do estado está diretamente relacionada com uma política de educação moderna, centrada na oferta de creches na primeira infância, na escola em tempo integral com a incorporação de novas tecnologias e valorização do professor. “É preciso entender que a capacidade de geração de emprego pelo Estado é hoje restrita. Em razão disso é preciso incentivar o setor privado, através da criação de um ambiente de negócio, que priorize a segurança jurídica, a diminuição da burocracia, do incentivo legal, da comunicação transparente. Esse ambiente permitirá a formação e consolidação de uma cultura que permita a atuação conjunta do poder público e da iniciativa privada. E que valorize a presença das empresas privadas em operação no Estado, que geram cada vez mais emprego e renda”, detalhou.

ALFREDO BREDA

PRESIDENTE DO SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

O presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas), Alfredo Breda, diz que, inicialmente, “devemos focar na educação, pois um país, um povo que não tem educação, com baixo índice de escolaridade, não tem como se desenvolver e melhorar seus indicadores, portanto temos como primeiro ponto investirmos em mais professores, em cursos técnicos, sendo a educação a base para tudo”, destaca. Conforme Alfredo Breda, é preciso investir fortemente em saneamento básico, ou seja, esgotamento sanitário, abastecimento de água, drenagem e limpeza urbana, pois com isso diminuirá o número de doenças, melhorando de forma considerável a qualidade de vida de nossos cidadãos. “Temos que também passar pela saúde, claro que com o saneamento básico diminuiremos muito o número de pessoas doentes, contudo o investimento em médicos e hospitais se faz necessário, ajudando muito para atingirmos os índices desejados. Com educação, saneamento e saúde, juntando a isso investimento em infraestrutura em nosso país, teríamos uma grande geração de empregos, o que acarretaria em uma melhora considerável nos altos índices de desemprego, gerando mais renda para o nosso Brasil, o que faria com que viessem mais investimentos, lembrando que com tudo isso, levaríamos a melhorar a segurança, pois como as pessoas estariam ocupadas, trabalhando, filhos nas escolas, com saúde, diminuiríamos a violência, tornando assim o Brasil muito melhor”, enumerou. Ainda conforme o presidente do Sinduscon, Alagoas precisa de uma simplificação tributária para facilitar que as empresas possam pagar melhor e com mais eficiência os impostos. “Desta forma, investiríamos mais e com mais segurança. Na verdade, precisamos que simplesmente haja mais respeito com as pessoas de nossa nação, dando-lhes educação, saúde, emprego e segurança”, concluiu.


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Alagoas no caminho da aprendizagem *CAMILA PEREIRA E **GUILHERME ANTUNES

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aprendizagem nas escolas brasileiras anda a passos lentos. É o que apontam as análises feitas por especialistas e pela imprensa após a divulgação do Ideb, o índice que mede a qualidade da educação no país. Mas existem exceções dentro do universo de estagnação verificado em grande parte do país. O estado de Alagoas resolveu acelerar e está quase deixando no passado níveis insuficientes ou básicos de aprendizagem. O resultado desse empenho foi expressivo. As crianças do 5º ano tiveram um crescimento na aprendizagem quase três vezes maior do que a média verificada nos outros estados brasileiros. No Ensino Fundamental 2, Alagoas está entre os oito estados que atingiram a meta para 2017 e, nos anos iniciais obteve 4,9, acima dos 4,6 estabelecidos como meta prevista para esta etapa e este ano. O Ideb é calculado com base em resultados de provas (Saeb) e em taxas de aprovação dos alunos nas redes de ensino. A missão do país é alcançar a média 6, a mesma de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), até 2022. Para chegar lá é preciso esforço, determinação e vontade de mudar o cenário educacional. Essas médias dizem respeito à rede estadual de educação, que tem 184 escolas no Ensino Fundamental regular e mais de 53 mil alunos, ou mais de 10% dos alunos de Ensino Fundamental de Alagoas. São muitos os prováveis fatores para os avanços percebidos. Dentre as muitas ações desempenhadas pelos profissionais da rede, a necessidade de tempo de planejamento coletivo periódico entre os professores ou de políticas de reforço escolar para os alunos foram desafios enfrentados com a ajuda do Formar. O programa, realizado pela Fundação Lemann em parceria com a Secretaria de Educação, identifica prioridades e investe na garantia da aprendizagem, com acompanhamento, formação e apoio ao trabalho

de todos os profissionais envolvidos, da Secretaria às salas de aula. Em um trabalho conjunto com a rede pública estadual de Alagoas, temos atuado juntos para sanar as principais lacunas de cada escola. Parte delas, por exemplo, introduziu o reforço escolar e o planejamento de ações para melhorar a qualidade do ensino. Os números da rede devem ser comemorados. E perceber que podemos contribuir com esses avanços é algo que nos anima a prosseguir em parceria, especialmente sabendo que é preciso e possível ir ainda mais longe. Nos anos finais, os estudantes de Alagoas percorreram 20% da trajetória necessária para alcançar a aprendizagem adequada em Matemática e cerca de 60% em Língua Portuguesa. Podemos melhorar esses percentuais, por exemplo, ajudando as equipes a cuidarem da formação pedagógica do corpo docente e apoiar a secretaria no processo seletivo de diretores, só para citar duas iniciativas centrais em busca da melhora de qualidade. Vale também mencionar que um dos maiores desafios da educação brasileira é o da equidade, ou seja, que todos os alunos tenham os mesmos direitos e oportunidades cumpridos e proporcionados na rede pública. Em algumas regiões brasileiras é como se, ao final da educação básica, os alunos ricos aprendessem o equivalente a até 4 anos a mais que os pobres, embora tenham frequentado a escola pelo mesmo tempo. Num país de desigualdades tão latentes, buscar a equidade começa pelo apoio à gestão das redes públicas de ensino. É na parceria entre vários setores da sociedade que se delineia a força de mudança. Alagoas mostrou que com vontade e mais um conjunto de ações focadas na melhoria da qualidade nas escolas será possível, em um futuro próximo, dar boas oportunidades para todos os estudantes. *Diretora de Educação da Fundação Lemann **Gerente do Programa Formar na Fundação Lemann

Por uma nova Alagoas! ELIAS FRAGOSO

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ara se fazer uma análise de Alagoas, não é preciso citar mais qualquer dado. São todos sobejamente conhecidos. E da pior qualidade. O Estado é, desde sempre, um dos mais pobres, atrasados e defasados do subdesenvolvido Brasil. E ponto. E chega de lamúria, de lamentações. É preciso sair dessa lengalenga, do jogo de faz de conta, reconhecer o problema, enfrentá-lo, vencê-lo. É urgente. Prioritário. Estados e países mundo afora o fizeram, inclusive em situação e condições piores que a nossa. São exemplos inspiradores e factíveis a seguir. Se eles fizeram, por que nós não podemos fazer?! Nos anos 1980, Melbourne a capital da Austrália era tida por muitas como inabitável. Hoje é a melhor cidade do mundo para se viver. Ah! Bom, alguém pode contrapor: a Austrália é um país rico. Pode fazer isso. E a Coréia do Sul? De terra arrasada na década de 1950 passou a um dos países de maior desenvolvimento econômico do mundo a partir dos anos 1990. O País tinha renda per capita 3 vezes menor que a do Brasil à época, hoje é 4 vezes maior. Outro exemplo para fechar: Europa e Japão arrasados na segunda guerra mundial tiveram ajuda americana para se reerguer e, em menos de 3 décadas suplantaram até o status quo anterior. Estão hoje dentre as Nações mais desenvolvidas do mundo. Sabem quanto foi o investimento per capita em uma década para isso? Dei-me ao trabalho de converter os valores para o dólar atual: meros 2 mil dólares! (é claro que alguma infraestrutura havia sobrevivido e que o nível educacional europeu, assim como a tenacidade e capacidade de fazer oriental, foram diferenciais notáveis. E claro: bons projetos com foco em modelo de desenvolvimento privado - o Estado atuando tão somente – e como deve ser – como indutor do processo). Não é uma questão de poder. É de querer. E de saber fazer. Com ética, expertise técnica e visão de longo prazo. O momento é agora. Essa enorme crise que imobilizou o país e fez a renda média de Alagoas retroagir a 2012 terá um novo capitulo de ajustes pós-eleições. Que pode ser ainda mais pernicioso para o Estado. É preciso reagir. Refundar as bases para a Alagoas do futuro. É hora de um pacto por Alagoas. Que redesenhe nosso modelo de crescimento e leve ao desenvolvimento sustentável obtido por estados e países que migraram do sub para o desenvolvimento econômico pleno. Uma inflexão de 360º na economia alagoana a partir de marco de longo prazo ( com metas inter-

mediárias de curto e médio prazo). Calcado no turismo de maior volume, mas introduzindo e consolidando, o de maior valor agregado como eixo central de desenvolvimento do setor; No agronegócio via polo tecnificado de alta produtividade de hortigranjeiros para abastecimento interno (importamos mais de 90%) na região agreste, e de fruticultura tropical para exportação em áreas antes ocupadas pelo açúcar e ao longo do projeto de transposição do rio São Francisco. Ambas operadas exclusivamente pela iniciativa privada, nos moldes do agronegócio da soja. As culturas de subsistência e seu modelo arcaico e alimentador do ciclo de pobreza, sumirá do mapa. Sua mão de obra – reciclada- será incorporada nos polos mais dinâmicos ou pela agricultura irrigada de produtos alimentares. A pecuária será de alta performance, com pacotes na fronteira tecnológica do setor . Afinal, quem não é o maior pode ser o melhor. O modelo industrial redesenhado terá definitivamente uma guinada total no sentido da consolidação do polo cloro químico, vocação natural do Estado, desde sempre, sabotado por interesses menores ou exógenos aos interesses de Alagoas. E, finalmente, um salto qualitativo rumo à economia 4.0 de quem estamos a uma distância de 70 anos. O polo de inteligência artificial de Alagoas, ponta de lança para colocar o Estado na vanguarda tecnológica do país. Via iniciativa privada. Os recursos existem. Tudo permeada transcendentalmente por uma virada na educação. Dos últimos lugares no ranking nacional para a liderança. Sonho? Que nada. Hoje já temos a escola mais bem avaliada do Brasil no IDEB recente. Está em Coruripe. Nota 9,9! E outra em Jequiá da praia, com nota quase 8. Mesmo a despeito do mar de incompetência que domina o setor em Alagoas, se encontram oásis que podem e devem servir de exemplos a todos. Principalmente aos céticos de nossas possibilidades. Nós podemos fazer acontecer. Em todas as áreas e projetos aqui citados. Nada aqui é sonho de uma noite verão. É produto de estudos sérios. De gente séria e competente. Não é achologia ou diagnostiquês, tão comuns por estas paragens. Implementá-los (e a outras coisas que não couberam aqui) levará esse Estado no mínimo a outro patamar. Certamente bem superior ao atual. Nos próximos meses, o Instituto Alagoas 2048, em formação, realizará seminários sobre o tema em cidades polo do Estado e em Maceió, para agregar sugestões ao projeto. É hora de unir forças em prol do bem comum.


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60 ANOS

Cacimbinhas comemora emancipação política com melhorias na saúde, infraestrutura e abastecimento d’água

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m meio às dificuldades da região do Sertão alagoano, a cidade de Cacimbinhas prospera através da gestão do prefeito Hugo Wanderley, e a cidade tem muito a comemorar. Nos seus 60 anos de emancipação política, festejados na última quartafeira, 19, vários feitos da atual administração foram entregues para a população. Hugo Wanderley acredita que uma gestão próxima dos seus munícipes é o segredo de uma prefeitura à altura da esperada pelo povo. “Eu faço uma gestão próxima das pessoas, convivendo com elas, com as lideranças comunitárias, com os vereadores. Quando você conhece as pessoas, quando conhece os problemas de cada povoado, você sabe onde agir, e como agir. Aí é que a comunidade confia em você”, declarou o prefeito satisfeito. “É uma grande honra representar este povo. Entregar essas realizações para nossa cidade é gratificante. São ruas asfaltadas, poços artesianos, sistemas de dessalinização, unidade básica de saúde, é disso que nossa cidade precisa”. As comemorações tiveram início pela manhã, com hasteamento da bandeira, missa de ação de graças na Paróquia Nossa Senhora da Penha, celebrada pelo padre Damião, entrega do sistema de dessalinização no Sítio Novo e o asfaltamento da Rua Teodoro de Menezes que levantou a autoestima dos moradores da localidade. Na saúde, dando continuidade à ampliação do atendimento para a população, foi inaugurada a Unidade Básica de Saúde no Loteamento Maria Gonzaga.

O prefeito anunciou ainda que Cacimbinhas contará agora com a emissão de Carteiras de Trabalho na cidade, para que sua população não tenha que se deslocar para obter o documento. Além disso, anunciou que até ano que vem a emissão de carteiras de identidades também será realizada no município. Durante a tarde as festividades continuaram com um desfile cívico. Autoridades e ex-prefeitos como Roberto Wanderley e Sebastião Batalha também estiveram presentes para prestigiar e parabenizar a cidade de Cacimbinhas. Para finalizar o dia de comemorações, à noite houve shows do cantor Devinho Novaes, Farra da Gordinha e Geninho Batalhar que levaram centenas de pessoas à cidade.

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Major Izidoro comemora com a população seus 69 anos de emancipação política

om tantas realizações, não foi possível comemorar o aniversário de emancipação política de Major Izidoro em apenas um dia, por isso foram três dias de festa e inaugurações para festejar os 69 anos da cidade. Os eventos começaram no último dia 15 com um torneio de futsal no ginásio de esporte no bairro de Fátima. No dia 16, a população acompanhou a prefeita Santana Mariano na entrega dos calçamentos de quatro ruas da cidade. Na segurança, a prefeita implementou a nova iluminação em LED do município, e a iluminação do trevo de São Marcos. Já no esporte, Santana entregou um ginásio no povoado Capelinha. Também foi inaugurada a encanação de água de Major Izidoro para o bairro de Santa Luzia. E no dia oficial em que se comemora o aniversário de emancipação, 17, foram entregues outras obras, como calçamentos de ruas e reforma de secretarias, entrega de 4 novas ambulâncias e novas praças para a população, além do anúncio de novas obras. Santana afirmou que todos esses feitos a estimulam para trabalhar ainda mais pelo seu povo. “Estou muito feliz com os resultados e com ainda mais disposição para trabalhar pelo meu povo”. A festa continuou à noite com shows das bandas Alves Correia, Adriano Estigado e Mano Valter com a presença de mais de 10 mil pessoas.


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JORGE MORAES Jornalista

Começou errado, terminou pior

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stava escrito mas estrelas que a formação de um grupo de oposição ao governo do Estado, do jeito como ela foi constituída, a tendência era que terminaria pior do que a emenda, como terminou acontecendo. Em primeiro lugar, a demora do prefeito de Maceió, Rui Palmeira, em anunciar que não seria esse candidato. Depois disso, alguns nomes foram divulgados aleatoriamente, até que se chegou ao nome do senador Fernando Collor de Melo (PTC), em uma coligação que tinha o vereador Kelmann Vieira (PSDB) como o vice e o apoio de vários outros partidos, entre eles PP (do senador Benedito de Lira), o DEM (do José Thomaz Nonô), o PSB (do deputado João Henrique Caldas) e por aí vai. O senador Collor foi indicaDe repente, não do aos 44 minutos se sabe quais os para terminar o político, ou verdadeiros moti- jogo seja, nas vésperas vos, alguns dizem das convenções que foi a quebra partidárias. Chede compromissos gou, inclusive, a conversar com pesfinanceiros, ouda situação, tros afirmam que soas bem próximas ao os números não governo do Estaestavam empol- do, entenda-se o gando o candida- governador Renan to, Collor renun- Filho, candidato à cia à condição de reeleição, para ficar com um grupo candidato. diferente. Como não houve entendimento, o senador Benedito de Lira, principal responsável pela formação do grupo de oposição com cabeça e pé, fechou o acordo para que Collor fosse esse candidato. Como a oposição anunciou o tempo todo que teria um candidato de peso, não poderia ser melhor esse choque na situação. Fechados os compromissos, Renan Filho continuou sendo o favorito e apertou o pé no acelerador para ganhar logo no primeiro turno, se aproveitando da maior rejeição que tinha no processo o nome do senador Collor. Em seus discursos e falas no

Guia Eleitoral e inserções no rádio e na TV chegava a dizer que, em Alagoas, não havia mais espaço para o passado. Por outro lado, Collor prometia um novo estado e que o seu povo seria o maior beneficiado se apostasse em suas propostas de campanha. De repente, não se sabe quais os verdadeiros motivos, alguns dizem que foi a quebra de compromissos financeiros, outros afirmam que os números não estavam empolgando o candidato, Collor renuncia à condição de candidato. E agora José? Tudo voltou à estaca zero e a oposição ficou sem o seu candidato de peso, que era anunciado há meses por todos. Como um remendo, foram anunciados o delegado aposentado da Polícia Federal, Pinto de Luna (Pros), tendo como vice o exvereador por Maceió, Jorge Sexto, o tapa-buraco do PSDB, pela renúncia também do vereador Kelmann Vieira. Se com o senador Fernando Collor o governador Renan Filho poderia até ser reeleito no primeiro turno, agora vai ser um passeio. Se quiser, Renan pode até ficar no seu gabinete, gravando para os programas políticos, conversando com assessores do que falta concluir nesse mandato e já preparando o caixa para os próximos quatro anos. Sem dúvida, a eleição em Alagoas voltou a esfriar. Dizem que, antes do anúncio do nome do Collor como candidato, o governador Renan Filho já estava meio descansado no processo e mais preocupado em reeleger o seu pai, senador Renan Calheiros, para mais um mandato. Inclusive já não recebia muita gente, entenda políticos, no seu dia a dia, que só apareciam para pedir. Depois, mudou e colocou o pé na estrada, mostrando o que fez e o que poderia fazer em mais um governo de quatro anos. Agora, fica a dúvida: Renan Filho vai manter o ritmo da campanha, ganhando logo no primeiro turno e com facilidade, ou vai tirar o pé do acelerador? Acho que ele vai pensar mais no Renan pai e no Maurício Quintella do que nele mesmo. Quem viver, verá.

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ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

A educação pede socorro!

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enho falando há muito tempo a respeito da educação pública no Brasil. Até os anos 60 as escolas federais, estaduais e municipais funcionavam muito bem. De lá para cá o declínio do ensino público em todo o País cresceu vertiginosamente. Estudei no Grupo Escolar Fernandes Lima no início dos anos 50. Fazíamos exame de admissão para cursar o ginásio no Instituto de Educação (meninas) e no Liceu Alagoano (meninos). Nem sempre os alunos eram aprovados na primeira vez. Era difícil! Alguns repetiam, fazendo o 5º ano e tentavam fazer um novo exame no ano seguinte. A partir daí, os governos perderam o interesse pela educação de base e o ensino médio. Meus filhos já começaram a estudar em colégios particulares. Nos doze anos da era PT a educação foi Nos doze anos da era decaindo até atingir níveis PT a educação foi baixíssimos nos decaindo até atingir levantamentos níveis baixíssimos nos nacionais e internacionais. levantamentos nacio- Ninguém acrenais e internacionais. ditava mais nas escolas oficiais. Ninguém acreditava Surgiu enmais nas escolas ofi- tão um fenômeciais. Surgiu então um no interessante: fenômeno interessante: só os adolescentes que estudasó os adolescentes que vam em colégios estudavam em colée cursos caros, bem caros, gios e cursos caros, eram aprovados bem caros, eram apro- no vestibular. vados no vestibular. O governo, ao invés de voltar a investir na educação de base, criou um sistema de cotas. A grande maioria de negros e jovens oriundos de escolas públicas ingressava nas faculdades. Só que, tendo uma base escolar muito fraca, ficava despreparada para acompanhar o curso superior. Recentemente, uma neta que estuda na Ufal comentava comigo: “Vovó, meu amigo é do interior do estado, veio de escola pública e não está acompanhando o curso”. Não sou contra o sistema de cotas; critico o governo por não ter investido nos ensinos fundamental e médio para

dar uma base sólida a nossos estudantes. Outro fator negativo é a remuneração baixa dos professores. A categoria vive numa luta eterna para regularizar seus salários. E aí ensinam em vários colégios para ganhar um pouco mais. Foi criado um novo sistema de aprovação nos vestibulares: o Enem. Acompanho a vida escolar dos netos e fico assustada com o resultado dessa nova maneira de ingressar no ensino superior. Adolescentes do Brasil inteiro se submetem ao tal exame e disputam vagas com concorrentes de todos os rincões desse nosso imenso país. De vez em quando ouço de um pai ou de uma mãe: “Minha filha passou no Acre ou no Rio Grande do Sul. Como vou poder mantê-la estudando tão longe? Ela não vai”. Por que não voltar ao sistema antigo, onde cada estado fazia o seu vestibular? O aluno que quisesse estudar fora, concluía o segundo grau em outro lugar e lá ingressava na faculdade. Com tal modalidade de vestibular, perdem as universidades públicas, ganham as faculdades particulares. Com o aparecimento de várias universidades pagas, os jovens não aprovados nas federais correm para as particulares. Sai mais barato estudar numa escola superior paga em seu estado, do que numa pública em outros lugares. Recentemente, uma filha me ligou chorando de alegria: “A Escola Mãe Vitória, em Petrolina, Pernambuco, tirou o primeiro lugar no IDEB em todo o Estado!” A vitoriosa escolinha fica na periferia da cidade e uma promotora pública resolveu aplicar um projeto de ajuda ao grupo escolar. Há três anos aplica o projeto e há dois anos seguintes, alunos e professores se saem muito bem no IDEB. Em Coruripe, Alagoas, outro estabelecimento de ensino fundamental, tirou 9,9 no IDEB! Professores e coordenadoras disseram que não inventaram nada, apenas investiram no conteúdo aplicado. São dois exemplos dignos de receber louvações! Pergunto eu: por que os governantes não investem nos ensinos básico e fundamental? Para onde vai o dinheiro da Educação? O alicerce de um país sério é construído com educação, saúde e segurança. Será que só as duas escolinhas de periferia descobriram isso?


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No ponto

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uma atitude típica de sua militância, que tem como pressuposto o entendimento de que todos os demais são parvos e que só seus membros são espertos ou safos, o Partido dos TrabaFrustrada a tentati- lhadores insistiu na candidatura de va da candidatura seu líder populista até o fechamento xadrez, passou a dos portões eleitopor em prática a rais. Na sua insiscandidatura somtência de criança bra, trazendo à luz a mimada que não limites, sombra da ex-candi- conhece ou do louco com datura Lula o agora ideia fixa, dessa não procurou o candidato Fernando vez bispo, pois que, os Haddad. bispos e a Igreja, decepcionados com a apropriação e uso indevidos de sua Teologia da Libertação, pelo partido, até o presente momento não manifestaram o santo apoio de sempre. Teve então que recorrer à ONU, numa clara tentativa de tentar provocar uma interferência política inadequada e atrabiliária

e, mais uma vez, fazer uso de sua tática mestra, a de subverter para confundir. Exemplo disso é o fato de que no Sudeste e, portanto, no ABC paulista, berço do nosso bebê de Rosemary político, a preferência do eleitorado pelo partido conta apenas com o percentual de 20%, contra 34% do Nordeste, beneficiário da esmola funcional do programa Bolsa Família. Frustrada a tentativa da candidatura xadrez, passou a por em prática a candidatura sombra, trazendo à luz a sombra da ex-candidatura Lula o agora candidato Fernando Haddad. Pior é que, numa demonstração do culto devotado à personalidade de Lula, fez-se o milagre ótico. A sombra brilhou na luz. Fernando Haddad que chafurdava no rodapé das pesquisas, em poucas semanas passou a ser considerado na disputa do segundo turno. Possibilidade essa motivada pela grande rejeição de que goza o candidato Bolsonaro, primeiro colocado na corrida presidencial. Talvez a vaidade provocada

Uma fábula do galo

A

lguns dias hospitalizado retemperaram-me a confiança – jamais de todo abandonada – na solidariedaLições que a vida nos de humana. propicia, se somos bons Família, parentes, amientendedores, tal como gos e o corpropedêutico costume do po médico Hospital Senado romano de receber do Memorial seus vitoriosos generais, Arthur Raque voltavam das guerras mos – médicos, ende conquistas e entravam f e r m e i r a s , gloriosos em Roma, com técnicos e técnicas em honrarias de desfiles e enfermaaplausos. gem - foram abundantes em cuidados, carinhos e gentile-

zas desinteressados. Volto ao batente com uma fábula que ouvi de uma das técnicas em enfermagem. Permito-me transmitir admirável ensinamento: “Vistoso galo divulgava entre os seus iguais que comandava o Sol e a Lua. Ao amanhecer, cantava soberbo e despertava o Sol para que este viesse brilhar no dia. Ao entardecer, novamente cantava e determinava ao Sol recolherse, dando lugar à romântica Lua. Aos que o ouviam, a aparência de verdade os convencia do singular poder da bela ave. E ele próprio, vaidoso, realmente acreditava no que apregoava. Certo dia, após ordenar ao Sol que desse lugar à Lua, e a esta que pressurosa trouxesse sua suave luz a iluminar o céu noturno,

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

pela subida nas pesquisas tenha ofuscado a humilhante condição de boneco de ventríloquo em que se transformou a sombra que brilha. Suas constantes idas e vindas ao cárcere de nossa torre de Londres tupiniquim em busca dos gestos e da fala do dia é a prova dessa assertiva. O sucesso do estratagema tem dado certo, o “ Ghost candidate” encerrado na torre, que um dia elegeu por duas vezes aquela que nos levou ao fundo do poço, ao dirigir diariamente, como um Federico Fellini, falas, postura e marcação do seu novo projeto, lhe deseja “merde” e reza para que não incida em buracos nem crie cacos embaraçosos, pondo a perder um dos seus feitos mais admiráveis no mundo político: a possibilidade de, mediante transferência de votos, eleger por três vezes dois presidentes da República, façanha nunca antes vista e quase certa de não mais se repetir

historicamente. Assim, em sua faina diária que consiste no perigoso exercício de falar, praticar gestos, assumir posturas e compromissos que não seus, enfim, agir como boneco de venriloquo, a sombra que brilha cresce nas pesquisas e ruma para ocupar um lugar numa possível disputa no segundo turno, onde veremos pela primeira vez uma eleição ser decidida não pela preferência mas sim pela rejeicão. O único risco é o de que, sendo uma candidatura que está literalmente no ponto, as tensões e inconvenientes de quem transcreve um ditado levem o candidato, em algum momento, a esquecer sua fala ou improvisar um caco que ponha tudo a perder. Quando alguém que tem personalidade deixa de ser ele mesmo e passa a ser um repetidor de ponto, o momento se torna tenso. Que o digam os engasgos da nossa querida Mirian Leitão. Ponto final.

CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

o galo literalmente “caiu na noite” e na esbórnia, insaciável de suas conquistas, atraídas por seu suposto poder. Exausto, dormiu na madrugada sono profundo. Ao acordar, constatou que a Lua de há muito se pusera, e o Sol já brilhava alto no céu, independentemente do seu canoro comando. Descobrindo o seu nenhum poder, voltou cabisbaixo, algo depressivo, ao velho poleiro”. Resumo da ópera: pessoas há tão imbuídas de soberbia que se consideram senhores do Sol, da Lua, do Tempo, assim como da Razão. Afinal evidente a sua arrogância à primeira circunstância adversa, acordam para a sua incô-

moda igualdade a todos os demais seres humanos, recolhendo-se ao vazio da sua mesmice. Lições que a vida nos propicia, se somos bons entendedores, tal como propedêutico costume do Senado romano de receber seus vitoriosos generais, que voltavam das guerras de conquistas e entravam gloriosos em Roma, com honrarias de desfiles e aplausos, mas sempre fazendo-os acompanhar, em suas bigas (carruagens), de jovens vestidos de túnica branca segurando sobre a cabeça dos heróis coroa de louros, repetindo-lhes incessantes aos ouvidos singular apelo à humildade: sic transit gloria mundi.


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Empréstimo com FGTS

Trabalhadores da iniciativa privada poderão contar com uma novidade até o final do mês. O empréstimo consignado com uso do FGTS como garantia passará a ser oferecido a partir do dia 26 de setembro. A linha de financiamento, que estará à disposição de 36,9 milhões de brasileiros, terá juros de no máximo 3,5% ao mês, com prazo de pagamento de até 48 meses. Os valores emprestados dependerão do quanto os trabalhadores têm depositado na conta vinculada do FGTS.

ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.maceio.br

Controle de gastos

Pasep

Quem ainda não sacou suas cotas do Pasep no Banco do Brasil e não é cliente da instituição receberá seu dinheiro automaticamente em sua conta de outro banco. O pagamento automático é fruto de um acordo de cooperação entre o Banco do Brasil e outros bancos, intermediado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Os cotistas do Pasep não vão pagar nada por isso, independente do valor a receber.

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Compras internacionais

O Nubank anunciou que acabará com a flutuação cambial para compras internacionais feitas por clientes de seu cartão de crédito. A partir de agora, gastos realizados em moeda estrangeira serão cobrados com o valor da mesma no dia da transação e não mais no do fechamento da fatura. A novidade vai de acordo com uma permissão do BC de 2016, que passou a permitir que as instituições financeiras realizassem a cobrança neste formato.

Muitas pessoas têm problemas para fechar as contas no fim do mês. Entre dívidas e a má organização da vida financeira, o que pode também estar atrapalhando o orçamento são os gastos diários. De acordo com educadores financeiros, 20% da despesa mensal dos brasileiros são excessos. Dívidas como serviços por assinatura, estacionamento, tarifa de celular, ingressos e passagens aéreas podem ser contornadas e podem ajudar a diminuir a dívida total na hora de fechar a conta no fim do mês.


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TJ manda apreender CNH de devedor de honorários

JUSTIÇA

DECISÕES IDÊNTICAS TÊM GERADO POLÊMICA EM TODO PAÍS MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

retenção da carteira de motorista de um devedor para forçá-lo a quitar seu débito tem gerado dúvidas e divide opiniões. Recente decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas de apreensão de CNH em virtude de não pagamento de honorários devidos a um advogado em uma ação de indenização que tramita há cinco anos tem causado polêmica. Essa foi a primeira vez que o Tribunal de Justiça de Alagoas suspendeu habilitação até que o devedor pague a dívida. No dia 24 de agosto último, o relator do processo, desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, embora tenha admitido que estava diante de uma discussão embrionária por se tratar de medidas judiciais atípicas que necessitam ser interpretadas com cautela, determinou a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) até a “satisfação do crédito exequendo”. A notícia tem deixado algumas pessoas apreensivas, porém existe decisão em que impede tal medida quando se trata de não pagamento de pensão alimentícia. É que recentemente a 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal proferiu decisão em que argumenta ser inútil suspender habilitação de pessoa que deve pensão alimentícia. Nesse caso, a decisão foi dada num processo de execução de alimentos, ou seja, uma ação que procura fazer o devedor (no caso, o marido) pagar a dívida de pensão que deve em relação às pessoas a quem devia. Ele corre em segredo de justiça, mas desde já é possível dizer que o processo só tem efeitos para as partes dele (autoras e réu). Por serem processos que só afetam as partes, tanto a de-

cisão da 7ª turma do TJ/DF quanto a decisão do STJ de junho apenas sinalizam um entendimento dos tribunais sobre o tema, sem vincular outros juízes. Imediatamente, o efeito que a decisão da Turma tem é de possibilitar Recurso Especial para o STJ, uma vez que o Tribunal do Distrito Federal contradiz uma decisão tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, III, c, da Constituição). Ou seja, o STJ deverá ser provocado a se manifestar novamente, mas dessa vez em um processo cuja decisão tem a condição de se tornar vinculante para todos os tribunais. Vale lembrar também que

essas decisões também mostram discordâncias na interpretação do Código do Processo Civil (CPC), art. 139, que possibilita ao juiz “determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”. A questão é saber

se vale aos juízes determinarem até a apreensão da CNH para compelir o devedor a cumprir a ordem? Na realidade, tribunais e juízes divergem e isso acontece porque eles interpretam as leis de maneiras diferentes. Se não houver uma decisão ou súmula vinculante, não há nada que impeça juridicamente juízes de interpretarem a lei diferentemente. Especificamente em relação à não apreensão da CNH quando se trata de dívida comum, a Constituição prevê claramente

que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;”

(art. 5º, LXVII). “O que essa discussão mostra é que o ordenamento brasileiro é bem claro em proibir qualquer prisão em caso de dívida. A ideia de recolher a CNH se assemelha à prisão no sentido de ser uma restrição de direitos. Estender uma ideia à outra é natural: para forçar o devedor a pagar a sua dívida, o instrumento que a Justiça tem é ir atrás do patrimônio (conjunto de bens de valor) do devedor”, explicou o professor da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (SP) e especialista em Direito Constitucional, Guilherme Forma Klafke. O especialista disse ainda que na sua concepção, a ideia que vem ganhando força de recolher a CNH não é uma medida adequada. Primeiro, ela supõe que os devedores não pagam porque não querem, o que não é necessariamente verdade. “Ainda assim, tenhamos um devedor que não queira realmente pagar a sua dívida. Nesse caso, a Justiça pode simplesmente congelar as contas e os bens, obter esse patrimônio e dar de pagamento ao credor. Mas digamos que, ainda assim, o devedor consiga esconder seus bens e que a Justiça não seja capaz de encontrar nenhum bem para satisfazer a dívida. Nesse caso, já afastando a hipótese de que a pessoa realmente não tem como pagar - e aí, não importa o que fazer, não tem medida que faça a pessoa pagar - devemos pensar que ela está escondendo seus bens. Neste caso, configura fraude à execução da sentença e o direito tem instrumentos para impedir isso também, como, por exemplo, obter os bens das pessoas que os receberam em fraude”. Ele argumentou ver o uso da apreensão da CNH, para fins de dívida civil, como uma forma

de fazer o devedor pagar mais rápido, o que é discutível. “Se a pessoa tem CNH, mas não tem carro, já que se tivesse ele seria penhorado, por que recolher o documento?” Vale ressaltar que segundo a opinião do STJ, apreender a CNH não fere o direito de ir e vir, porque a pessoa pode continuar se locomovendo com outros meios. “Esse argumento me parece verdadeiro na maioria dos casos, já que a liberdade de ir e vir não é uma liberdade de ir e vir de carro. É claro que pode haver casos em que isso não se aplica - por exemplo, se o carro é essencial para que a pessoa possa se tratar no hospital em outra cidade”, acrescenta. Pelo critério do STJ, sempre que for desproporcional, não razoável ou inadequada, a medida não pode ser tomada. Isso acontece quando a violação ao direito for muito maior do que o que se deseja atingir.

DECISÃO DO STJ Em junho deste ano, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça autorizou o recolhimento da carteira de motorista (CNH) para pressionar réus inadimplentes a regularizar os débitos. Na mesma decisão, porém, os ministros da Turma rejeitaram autorizar a apreensão do passaporte por considerarem que a medida seria desproporcional e viola o direito de ir e vir. A decisão foi tomada na análise de um caso específico, mas, como o STJ é o tribunal responsável por uniformizar o entendimento do Poder Judiciário, o processo servirá de precedente para casos semelhantes.


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Criatividade

SAÚDE MENTAL

“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade”

arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

ao real.

Setembro Amarelo e a ressignificação

Esquizofrenia

O

ser humano é dotado de sentimentos: raiva, tristeza, inveja, ódio, amor, alegrias, rancor, gratidão, empatia e assim por diante. Mas existem muitas resistências para que a pessoa assuma essas emoções. É “mais confortável” dizer que “está tudo bem”, mesmo que não esteja. Por que isso acontece? Ninguém admite que está com tristeza, com raiva, com rancor. Mas um dos princípios básicos da cura de um sintoma que provoca algum tipo de sofrimento psíquico é exatamente admitir que tal sentimento/emoção incomoda. Quando a pessoa não assume esses sentimentos há uma distorção dos sentimentos sobre si mesma e neutraliza uma possível capacidade de procurar ajuda. Quando não admite que o problema existe cria-se a ilusão de que é “normal” estar com aquele sofrimento. O profissional de psicologia não vai tirar o sofrimento da pessoa. Na psicoterapia ela vai entender que apesar daquele sofrimento é possível viver melhor. Assim, é fundamental que nesse Setembro Amarelo seja discutido, em todos os ambientes, seja escolar, na empresa, na família entre outros, que é preciso falar, sim, sobre sofrimento e sentimentos porque eles fazem parte do dia a dia, mas que podem ser ressignificados e evitar que dezenas, centenas de pessoas possam entrar num processo depressivo, evitando possíveis suicídios que estão ocorrendo todos os dias no mundo inteiro.

A raiva faz bem?

É paradoxal, mas a raiva, apesar de poucas pessoas assumirem, pode ser um sentimento benéfico. Como? Num primeiro momento pode haver uma explosão de gestos/comportamentos e xingamentos verbais, quando o ego foi atingido, foi ameaçado, foi ferido. Mas, mesmo que a explosão ou o xingamento sejam concretizados, se depois foi percebida a “falha” de não ter o controle suficiente, é possível que essa raiva seja um aprendizado e a partir daí a pessoa possa controlar-se melhor quando ocorrer um fato semelhante, o que é extremante saudável. Afinal de contas não se pode impedir que uma pessoa possa fazer algum tipo de xingamento. A questão é como a pessoa que foi xingada absorveu o fato. Portanto, a raiva pode fazer bem, se ela for percebida depois que ocorreu o comportamento e a pessoa se reconciliou ou pediu desculpas pelo fato ocorrido.

Faz mal

Somos dotados de sentimentos/emoções, nada melhor do que expô-los para as pessoas com quem a pessoa mais convive, seja a esposa (os), filho (a), colega ou amigo (a) enfim. Não assumir ou camuflar esses sentimentos pode nos tornar mais superficiais diante do que se apresenta no dia a dia, ou seja, de que poderemos ter, num mesmo dia, alegrias, tristezas, raivas e assim por diante. A raiva faz mal quando a pessoa não consegue controlá-la mesmo que saiba o porquê de ela existir. Somente um processo psicoterápico vai permitir que a pessoa descubra as reais causas daquela emoção. Alguns sintomas físicos podem se apresentar, especialmente no aparelho digestivo (mal-estar)

(Nise da Silveira, psiquiatra alagoana)

ou taquicardia.

Esquizofrenia social?

“Queria que ela adoecesse para eu não ir com ela para a Igreja”. Embora essa frase seja incoerente do ponto de vista racional, ela pode servir de alerta sobre o que estamos vivenciando, ou seja, as contradições cotidianas; e são muitas. Fazer piadas e replicar posts de frases e imagens contraditórias, parece, está sendo algo “comum” nas redes sociais. O que isso representa para a mente, principalmente dos adolescentes? O certo é o errado e o errado é o certo. E o que é o certo e o que é o errado? Quem está dizendo que é certo; quem está dizendo que é errado? Se for algo palpável como estatísticas, ainda assim pode-se questionar se os dados não estão sendo manipulados. Enfim. O que se observa é que a cada dia a sensatez, a razão, o raciocínio estão ficando em segundo plano; não estão sendo discutidos. E numa dimensão geométrica o humor está servindo para descaracterizar, desmontar, desconstruir uma ideia, um pensamento, uma certeza. Essas frases ou comportamentos instigam que cada vez mais estamos muito mais superficiais, frios – de sentimento – diante do outro, diante do sofrimento do outro e isso pode levar a uma esquizofrenia coletiva, em que o reale fantasia se sobrepõe à racionalidade,

Muitos falam que a população está ficando “esquizofrênica.” Será? O que significa o termo? Para a psiquiatria é uma doença cerebral que afeta cerca de 1% da população mundial, principalmente na fase entre 15 e 35 anos. Os sintomas podem incluir delírios, alucinações, raciocínio ilógico, desconcentração na fala e falta de motivação. Todos esses sintomas podem ser tratados e a maioria das pessoas que procura ajuda de profissionais melhora muito com o tempo. O “ápice” da doença é quando a pessoa perde o contato com a realidade. Vive na ilusão ou na fantasia, muitas vezes criada por ela mesma ou por delírios e alucinações, às vezes imposta pela mídia. Ela não consegue distinguir o real do ilusório. São vários os sintomas que a pessoa pode apresentar, dentre ele estão os delírios (o real é troncho; ver sempre “defeitos” em tudo); pensamento confuso ou pouco claro; alucinações auditivas (alguém fala com ela e pede para praticar algum tipo de ação); isolamento social; não expressa emoções (choro, riso, tristeza), além da anedonia (perda da capacidade de sentir prazer, estado depressivos agudo). Muitas vezes os sintomas da esquizofrenia são confundidos com os da depressão que, entre seus sintomas também apresenta irritabilidade, anedonia, negligência com a higiene pessoal, desconcentração para fazer as atividades diárias, além de isolamento social.

Causas

Não existe uma única causa para o surgimento da doença, pode ser fator genético (algum parente apresentou ou apresenta os sintomas), ambientais (são aqueles principalmente na família, ou seja, não há uma harmonização de comportamentos/ pensamento entre os parentes). O estresse no trabalho e na escola/faculdade também pode contribuir para o surgimento da doença. Pressão de professores ou do chefe para entregar uma tarefa, por exemplo. Outro fator que pode acelerar o surgimento da doença é o uso de drogas, inclusive álcool e maconha. Alguns estudiosos também indicam que a má nutrição durante a gravidez pode levar a pessoa a ter a doença.

Fora do padrão

A literatura também indica que a doença afeta (vai afetar) entre 0,3 e 0,7% da população em um determinado momento da vida, depois dos 35 anos. A esquizofrenia é mais prevalente em homens do que em mulheres.

Outros fatores

A esquizofrenia pode ser potencializada por fatores ou problemas sociais, como desemprego, pobreza/riqueza, abandono de familiares, entre outros.

Tratamento

Apesar de uma corrente de profissionais achar que o uso de medicamento é fundamental no tratamento, há outros que discordam, isto é, ministra-se o mínimo possível . Em ambos os casos um processo psicoterápico é fundamental para investigar as origens e os fatores que levaram a pessoa a apresentar a doença e com isso amenizar o sofrimento. ***** Na próxima edição mais sobre esquizofrenia. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com


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Prudência com os elétricos

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rganizar, desde 2002, uma exposição focada apenas em carros elétricos em um país que dispõe de frota registrada de cerca de 400 unidades movidas a bateria, somente a partir dos últimos quatro anos, é realmente demonstração de persistência. Assim mesmo, Ricardo Guggisberg continua animado e abriu esta semana em São Paulo, em parceira com a Nürnberg Messe Brasil, a 14ª edição do que pode se chamar simplificadamente de Salão do Veículo Elétrico. Nos dois primeiros dias, dos três do evento, um congresso debateu os cenários atual e futuro no Brasil e no mundo. Como esta coluna tem enfatizado é preciso separar bem híbrido de elétrico. O termo híbrido elétrico (plugável) deve se aplicar apenas aos veículos que possuem motor a combustão e outro elétrico de baixa autonomia (50 a 60 quilômetros). Sua bateria bem menor e, portanto, menos cara pode ser recarregada tanto pelo motor convencional quanto numa tomada. Gran-

de vantagem é abastecer em postos de combustível e eliminar ansiedade causada pela descarga da bateria. Existe ainda o que se classifica de elétrico híbrido. Tração puramente elétrica, silenciosa e de ótimo desempenho, mas um gerador acionado por motor a combustão provê autonomia extra. Exemplos: BMW i3 Rex vendido aqui e Nissan Note e-Power, no Japão. Entre as várias previsões feitas durante o congresso não ficou muito claro como os compradores dividirão suas preferências no futuro. Híbridos convencionais, como Toyota Prius e praticamente toda linha Lexus, deverão crescer em curto prazo. Os chamados híbridos plugáveis podem se transformar na tecnologia de transição mais prudente até se chegar ao automóvel elétrico puro. Mas ao se estimarem números há muita desinformação e uso inadequado do termo “eletrificado” que coloca no mesmo balaio soluções bastante diferentes.

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FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br Até no Brasil há confusão quanto à diminuição de carga tributária, dentro do programa Rota 2030, para incentivar os meios alternativos de propulsão. Um híbrido básico (Prius), por exemplo, só recebeu um ponto percentual de desconto de IPI. No caso do i3 Rex esse imposto chegou até a subir. A legislação criou faixas de taxação que combinam peso e eficiência energética de forma difícil de ser atendida por um veículo elétrico a bateria. Mesmo na Alemanha a calibragem dos incentivos falhou. Metade dos fundos alocados no orçamento federal para compensar em parte o alto preço dos carros elétricos “encalhou” pela ausência de compradores. A frota alemã de elétri-

cos e híbridos somados atingiu 110.000 unidades no ano passado. A meta era de um milhão só de elétricos em 2020, longe de ser alcançada, mesmo que as vendas estejam crescendo hoje a partir de bases comparativas muito baixas. Estudo recente da consultoria Bloomberg explica os problemas decorrentes de investimentos pesados em fábricas de baterias de íons de lítio. Elas podem deixar de ser a solução definitiva pelo custo da matéria-prima, apesar de seu preço ter caído 80% em oito anos. Insuficiente, porém, para baratear o automóvel elétrico de forma atraente. Ainda devem em peso, volume, densidade energética e cargas rápidas contínuas sem comprometer sua durabilidade.

ALTA RODA n PLACAS de veículos padrão Mercosul estrearam no Rio de Janeiro este mês e, no restante do País, previsão é até dezembro. Preço manteve-se em R$ 214,57 (o par), mas um penduricalho prejudica os donos de veículos. Trata-se do brasão do município, não previsto no padrão acordado. Obrigará comprar novo par de placas nas transferências entre cidades. Uma vergonha. n COLEÇÃO de automóveis antigos e clássicos de alto nível de Og Pozzoli, falecido em novembro do ano passado aos 87 anos, terá sua integridade e preservação garantidas. Fundação Lia Maria Aguiar adquiriu todo o acervo e construirá um museu em Campos do Jordão (SP) exclusivamente para esse fim. Inauguração prevista para 2020. Exemplo a ser seguido. n KA FREESTYLE destaca-se como o mais discreto entre os pseudoutilitários. Há relativamente poucos apliques externos. Altura livre do solo razoável para enfrentar quebra-molas, valetas e buraqueira de sempre. Acabamento interno podia ser menos

simples. ESP, conjunto de seis airbags e motor tricilindro 1.500 cm³ de 136 cv (etanol) destacam-se. Porta -malas perde para concorrentes. n SISTEMA conhecido como Mercado Pago, que proporcionou segurança às compras online em geral do site Mercado Livre, inspirou ferramenta semelhante na comercialização de veículos. Webmotors acaba de lançar o Autopago no intuito de aumentar confiança nas transações entre quem vende e quem compra, além de evitar fraudes. Algo

burocrático (cinco etapas a vencer), porém seguro. n EMPRESA petrolífera da Malásia, a Petronas, inaugurou na semana passada um centro de pesquisa e tecnologia em sua sede de Contagem (MG). Investimento de R$ 20 milhões, iniciado em 2015, levou três anos para maturar. No Brasil produz lubrificantes para veículos de todos os segmentos e também para uso industrial. Assim, deve-se pensar mais e delirar menos.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

Pesquisas eleitorais mentirosas e safadas

E

u desafio o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou qualquer instituto de pesquisas a provar que o resultado de uma pesquisa eleitoral esteja certo ou errado. Por que a exigência do TSE, para que uma pesquisa Essa conversa de dizerem eleitoral seja registrada? Por que o erro é de 2% para que e para que mais ou para menos, é o registro? Será para justificarem os erros que irão sair que são cometidos quando por aí perguntando a a cada as urnas são abertas. um dos eleitores se eles, realmente, votaram no Bolsonaro ou no Haddad? Ora, senhor TSE, o registro não evita que o resultado ou a pesquisa seja mentiroso ou safado! Se não for perguntar a cada um dos eleitores, nin-

guém é capaz de saber quem votou, qual a cidade e os seus endereços. E o voto não é secreto? Eu já disse a vocês que, depois de ter me aposentado no DER-AL, eu fiz um estágio no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio Vargas, antes de criar uma microempresa, denominada DICA´S, para fazer pesquisas eleitorais, comerciais e de opinião. Eu fiz pesquisas em Alagoas, em Pernambuco e Sergipe, mas, neste ano, eu fechei o escritório depois de 19 anos. Alguns dos meus clientes foram o ex-governador Suruagy, Manoel Gomes de Barros (Mano), o senador Renan Calheiros, Lula Cabeleira, Joaquim Beltrão, ex-prefeito Manuilson Andrade, ex-prefeito Jorge Dantas, deputado. Ronaldo Medeiros, Dra. Ceci Cunha e dezenas de outros clientes. Foram mais de 1.500 pesquisas, Nesses 19 anos

deu para saber quais são os institutos safados que vendem resultados aos políticos e aos partidos. Nos últimos dias foram divulgados 3 resultados, todos com resultados diferentes entre si. Um deles disse que foram entrevistados 2.240 eleitores, em 2 dias, em 176 cidades. Que mentira! Ora, se foram ouvidos 2.240 eleitores em 176 cidades, é porque foram ouvidas apenas 12 pessoas e “um pedaço de uma pessoa” em cada uma das cidades. Outra coisa estranha, é só terem sido ouvidas 12 pessoas, numa capital como São Paulo com um eleitorado de 8 milhões de eleitores e Belo Horizonte com quase 2 milhões de eleitores. Só foram entrevistados 12 eleitores em Recife, 12 em Maceió, 12 em Fortaleza etc. etc. etc. Em 2 dias, os entrevistadores foram em jatinhos ou fizeram as 12 pesquisas por telefone, nas 176 cida-

des ? Essa conversa da pesquisa ter 95% de acerto é a teoria que diz todos os manuais estatísticos. Essa conversa de dizerem que o erro é de 2% para mais ou para menos, é para justificarem os erros que são cometidos quando as urnas são abertas. Os erros são grosseiros e vocês vão ver, caso queiram checar os resultados, como sempre eu fiz. Então, existem institutos e resultados sérios, ou não existem? Existem, mas, pelo que vejo, a safadeza é muito grande, nas barbas do TSE! Depois das eleições, vocês vão ver! Em tempo - O promotor de Justiça Dr. Coaracy Oliveira da Fonseca disse que meus textos “são de excelência”. Já o Sr. João Jorge Góes Lobo disse ser “meu leitor assumido”. Que bom!


MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018

ABCDO INTERIOR

A cruz do “dançarino”

A

baixa popularidade do prefeito Rogério Teófilo (PSDB) e os recentes escândalos na administração municipal, como a greve dos garis e o atraso no pagamento de salários de servidores, estão refletindo negativamente na campanha do senador Biu de Lira (PP) em Arapiraca. Pesquisas de consumo interno mostram uma tendência maior de crescimento dos outros concorrentes ao Senado.

Tentativa inútil

Biu de Lira não avançou e a aliança com Rogério Teófilo, que era para ser um reforço de campanha, virou um pesadelo para o senador dançarino. Na tentativa de conseguir os votos no segundo maior colégio eleitoral de Alagoas, Biu de Lira colocou a esposa de Teófilo, a médica Lúcia Teófilo, como sua primeira suplente, mas a estratégia está sendo sufocada pelas trapalhadas da gestão tucana.

Desespero

Reprovado por quase 80% dos moradores de Arapiraca, o prefeito tucano resolveu arregaçar as mangas e sair às ruas com a esposa para pedir votos para Biu de Lira. Atrás de Renan Calheiros (MDB), que até o momento lidera a corrida para o Senado, segundo as mais recentes pesquisas, Biu de Lira não consegue deslanchar em Arapiraca e, na reta final de campanha começa a ser pressionado por Rodrigo Cunha e Maurício Quintella na disputa pela segunda vaga.

Conflitos internos

Além do desgaste visível da administração de Rogério Teófilo, a presença de Fernando Collor (PTC), que acabou renunciando da candidatura ao Governo de Alagoas, também gerou muitas divisões e conflitos internos na base de apoio de Biu de Lira em Arapiraca. Exemplo disso é o caso do jovem candidato a deputado estadual Breno Albuquerque (PRTB). Bem cotado para assumir uma das 27 vagas na Assembleia Legislativa Estadual, Breno, que é filho do ex-deputado estadual Dudu Albuquerque, saiu da base de Teófilo para apoiar a reeleição de Renan Filho (MDB) e Luciano Barbosa (MDB) ao Governo de Alagoas.

Mais estragos

A próxima pesquisa eleitoral, prevista para ser divulgada neste fim de semana em Alagoas, deve mostrar o prejuízo da aliança feita entre Biu de Lira e a desgastada administração do prefeito Rogério Teófilo em Arapiraca.

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robertobaiabarros@hotmail.com

Radialistas “vagabundos”

E o secretário de Educação de Arapiraca, Janeo Melanias, foi a “sensação” das redes sociais dessa semana, mas, infelizmente, por uma atitude agressiva e covarde. Esse senhor, que segundo relato de testemunhas e registro policial, em 2007 atropelou e matou um pai de família em Arapiraca, aparece em um vídeo, gravado durante reunião com ex-servidores das Oscips que estão com salário atrasado, onde afirma que 90% dos radialistas de Arapiraca são “vagabundos”.

A vítima

A vítima de Melanias foi o jovem comerciante Edvaldo Jacinto da Silva, de 28 anos. Janeo conduzia um Fiesta Sedan MVA-6676. O caso aconteceu na AL-220, em trecho que corta a cidade de Arapiraca e o atual secretário apresentava sintomas claros de embriaguez.

Mais ataques

Sobre as denúncias, o secretário criticou a oposição e disse que havia pessoas que eram contratadas só para falar das coisas erradas ou “inventar”. A declaração continua com um ataque direto aos veículos de comunicação e aos profissionais. “90% do pessoal da imprensa trabalha desse jeito. Isso é radialista. Conheço meia dúzia que trabalha direito. O resto é vagabundo”, afirma Janeo no vídeo. No vídeo, Janeo diz que a gestão se desorganizou porque houve muitas denúncias e que o Ministério Público achou por bem solicitar ao juiz o cancelamento dos contratos. (Com Oscips).

Nota da prefeitura

A Prefeitura de Arapiraca se manifestou por meio de nota oficial, onde “esclarece, sobre vídeo com a fala de um secretário municipal, que o conteúdo não reflete o pensamento da administração pública acerca dos profissionais de imprensa ou veículos de comunicação. A relação da prefeitura e seus funcionários com jornalistas e radialistas sempre foi pautada no respeito mútuo, na ética e na transparência. A fala do secretário expressa uma opinião pessoal e não representa o pensamento do Poder Executivo Municipal”. Trocando em miúdos: o secretário não será punido e continua trabalhando como se nada tivesse acontecido. Tem jeito uma coisa dessas???!!!

Nota do Sindrádio

O Sindrádio (Sindicato dos Radialistas) também se manifestou, meio que acanhadamente. O sindicato pede ao secretário para nominar os profissionais e lembra que é papel dos comunicadores “servir como porta-vozes da população”. Esqueceu, no entanto, um principio básico que acusar sem provas é um crime e também “esqueceu” se informar que vai entrar ou não com ação na Justiça buscando punição para os danos causados aos profissionais arapiraquenses. Pode uma coisa dessas???!!!

PELO INTERIOR ... O presidente do ASA, Isve Leão, deve renunciar à presidência do clube, ainda neste ano, devido à precariedade financeira do clube. ... O time, que há seis anos venceu o Palmeiras na Copa do Brasil, está totalmente falido e defendendo apenas o Campeonato Alagoano deste ano. ... O Conselho Estadual de Saúde e o Ministério Público de Alagoas encerram nesta sexta-feira os dois encontros macrorregionais de saúde destinados a promotores, conselheiros municipais de saúde, secretários municipais de saúde e prefeitos, nas cidades de Arapiraca e Maceió, que foi iniciado no dia de ontem (quinta-feira). ... O presidente do CES, Jesonias da Silva, fez a primeira palestra, destacando a necessidade da organização dos conselhos municipais para atuarem em defesa de políticas públicas de saúde. ... Em seguida, o promotor de justiça do Núcleo de Saúde Pública do MP AL, Paulo Henrique Carvalho Prado, falou sobre o protagonismo dos conselhos na parceria com o Ministério Público. ... O objetivo é aproximar o MP e o controle social, além de qualificar os conselheiros e gestores, acerca do papel que cada um exerce na política municipal de saúde e como o Ministério Público, como órgão de controle externo, pode contribuir na garantia da implantação dessas politicas.

... Um carro de som, tipo trio elétrico, bateu na base do semáforo no cruzamento das ruas Estudante José de Oliveira Leite e João Ribeiro Lima, no Centro de Arapiraca. Mas o superintendente da SMTT, Jodelmir Pereira de Souza, determinou as providências de reparos de imediato. ... A ação civil pública com obrigação de fazer, ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio da Promotoria de Justiça de Taquarana, para que o município de Belém disponibilize transporte escolar adequado e seguro para os estudantes locais, foi acatada pelo juiz Lucas Tenório de Albuquerque. ... O promotor de Justiça Márcio José Dória da Cunha havia requisitado que, em caráter urgente, o município se abstivesse de usar “pau-de-arara”. ... De acordo com o promotor de Justiça, após inspeção in loco aos veículos que transportam os estudantes do município de Belém, foi constatado o descumprimento do Código de Trânsito Brasileiro, colocando em risco a vida de crianças e adolescentes. ... Sem expectativas de receber salários atrasados, funcionários municipais de Arapiraca seguem com as atividades paralisadas. Na manhã de quarta (19), profissionais da Creche Sebastiana Bezerra Guimarães, situada no bairro Mangabeira, e da Creche Deusdeth Barbosa da Silva, localizada no bairro Brisa do Lago, decidi-

ram manter as portas fechadas. ... O site arapiraquense 7Segundos tem noticiado a ‘saga’ desses profissionais, que tiveram os contratos cancelados com as Oscips e em razão do longo atraso no pagamento dos salários decidiram cruzar os braços. ... Na terça (18), os motoristas de ônibus escolares e cuidadores de alunos também paralisaram as atividades. “Se eu não pagar a pensão do meu filho até dia 20, eu vou ser preso”, desabafou um dos funcionários. ... Uma dupla foi presa na noite de terça (18), na cidade de Delmiro Gouveia, em ação que uniu as polícias Civil e Militar do estado. Os suspeitos vinham sendo procurados por diversos assaltos na região. ... A pista final que levou os agentes até os acusados tem relação com roubos de telefones celulares levados das vítimas momentos antes da prisão dos suspeitos. ... A identidade dos suspeitos não foi revelada e foram levados à Delegacia Regional de Delmiro Gouveia (1ª DRP). Existe ainda um terceiro comparsa que está sendo procurado pela polícia. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018

Cantor alagoano volta ao estado para gravar novo CD

CULTURA

EVER SANTOS LANÇARÁ ESCOLA DA VIDA DIA 30 DE OUTUBRO EM CUIABÁ ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão da Redação

O

cantor e compositor Ever Santos de 52 anos volta a Alagoas para gravar seu novo trabalho. O CD intitulado Escola da vida retrata traição, ambição e um pouco da vida do artista nas músicas que compõem o álbum. Conhecido em todas as regiões do país, o artista nascido em Anadia, Zona da Mata do estado, aproveita a estadia em Alagoas para divulgar seu trabalho e visitar amigos e familiares. Depois de dois anos morando fora do estado, Ever Santos, voltou à terra natal com o compromisso de gravar o novo CD a ser lançado em Cuiabá, cidade onde o cantor mora. Todas as composições são autorais e terá algumas regravações de músicas mais antigas. O lançamento do trabalho será no dia 30 de outubro, no Recanto dos Artistas, em Cuiabá (MT). Em 30 anos de carreira o cantor já lançou seis CDs e quatro LPs. também foi homenageado com a comenda Luiz Gonzaga-Rei do Baião pelos serviços prestados em favor da cultura no estado de Alagoas. No ano de 1994 Ever Santos gravou o pri-

Ever Santos aproveita visita a Alagoas para gravar novo CD

meiro LP, mas não conseguiu patrocinador. Em 1996 gravou outro LP e apesar de ser divulgado em quase todo o Brasil não houve tanto sucesso. Persistente, em seu atual projeto terá no álbum músicas como Escola da vida, Noites vazias, Não diga nada, Minha felicidade, além de outras compostas pelo autor. Ever Santos disse que o mo-

tivo de ir morar em Cuiabá foi por falta de apoio cultural. Mas “como tenho vários amigos espalhados nesse mundo, um empresário me levou pra Cuiabá e lá todos me tratam com muito respeito’’, comparou. Ele acrescentou que o estado do Mato Grosso o acolheu com carinho, garantindo seu espaço no mercado artístico de Cuiabá. Apesar da receptividade dos mato-

grossenses, o artista afirmou que sente falta das raízes alagoanas e por isso decidiu voltar e gravar o CD em Alagoas. Romancista do brega, Ever Santos relembra que desde os 10 anos batalhava para manter os dois irmãos e a mãe. Antes de ingressar no mundo artístico, foi marceneiro, servente de pedreiro, trabalhador da roça e faxineiro.

Contatos para shows: (82) 99840-2839 Email: cantoreversantosever@gmail. com Instagram: @cantor_ever_santos Twitter: @cantor_ever Facebook: Cantor Ever Santos


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30 ANOS DE ELEIÇÕES EM ALAGOAS

2012 Fatos importantes nas Eleições de 2012 em Maceió

1)

A decisão do juiz da Primeira Zona Eleitoral de Maceió, Erick Costa Oliveira, de indeferir o registro da candidatura do candidato Ronaldo Lessa (PDT) para prefeito – mantida pelo Pleno do TRE - foi determinante para o candidato despencar nas pesquisas. Na pesquisa do Ibope, em agosto, Rui aparecia com 30% e na de setembro saltou para 48%, enquanto Ronaldo despencou de 28% para 22%.

O prefeito Cícero Almeida 2) (PEN), com mais de 78% de aprovação do eleitorado, era

um dos principais trunfos para alavancar a candidatura de Ronaldo Lessa, porém não pôde mais aparecer no guia eleitoral do rádio e da TV por determinação da Justiça Eleitoral. Como o partido do prefeito não fazia parte da coligação do Chapão, ele ficou impedido de aparecer no guia

CONTEXTO HISTÓRICO Na Eleição Municipal de 2012, em Maceió, tínhamos à frente do governo do Estado Teotonio Vilela Filho (PSDB) e, do Município de Maceió, Cícero Almeida (PP).

eleitoral de acordo com o Artigo 43 da resolução 23370, do Tribunal Superior Eleitoral, de 2011. O juiz Domingos Araújo Neto, que estava à frente da propaganda eleitoral de Maceió, explicou: “A resolução afirma que só podem participar da Propaganda Eleitoral do rádio e da TV os filiados aos partidos que compõem a coligação em apoio ao candidato”. O prefeito Cícero Almeida trocou o Partido Ecológico Nacional (PEN) pelo PSD e voltou a aparecer no guia eleitoral.

O registro da candidatura do 3) ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) foi negado por unanimidade

pelo Pleno do TSE, no dia 4 de outubro, faltando exatamente três dias para a eleição. Com a saída de Lessa do pleito, a preferência dele era que o vice Mosart Amaral (PMDB) assumisse o seu lugar, porém o PMDB, em nota publicada no dia 5 de outubro, deixava claro que não haveria possibilidade de assumir a candidatura para prefeito a menos de dois dias das eleições. Essa decisão do PMDB causou ressentimentos no excandidato Ronaldo Lessa (PDT). O

ex-deputado federal Jurandir Bóia (PDT) passou a ser o candidato a prefeito e o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) o vice.

O deputado Federal Rui 4) Palmeira (PSDB) foi eleito no primeiro turno com uma votação

de 230.129 votos (57,41%) e seu vice foi o vereador Marcelo Palmeira (PP). Ele simbolizava o novo e significava mudança; enquanto o seu principal adversário simbolizava o velho e significava o atraso. Essa foi a tônica da sua campanha e o registro da candidatura de Ronaldo Lessa sendo negado pelo TSE decretou a sua vitória.

5)

O ex-deputado Jurandir Bóia foi o segundo colocado com uma votação de 50.874 votos (12,7%). Essa votação é consequência dos erros de percurso do Chapão ao longo do processo eleitoral.

O vereador Galba Novaes 6) (PRB) foi o terceiro colocado com uma votação de 41.615 votos

(10,4%). Sem conseguir ampliar a sua base eleitoral, limitada no Tabuleiro do Martins, o candidato

MARCELO BASTOS

Analista político

não teve uma boa performance no pleito.

O deputado estadual Jeferson 7) Moraes (DEM) foi o quarto colocado com uma votação de 40.015 votos (9,98%). Acreditando que poderia ser um novo Cícero Almeida, Jeferson não entendeu que o cenário era completamente diferent;, não tinha a mesma presença de Cícero e quando despencou nas pesquisas foi abandonado pelos correligionários.

Alexandre Fleming (PSOL) 8) foi o quinto colocado com uma votação de 20.561 votos (5,13%).

Em todas as pesquisas ele aparecia com uma média de 2% das intenções de votos, porém a boa performance no guia eleitoral, caindo na graça da simpatia do eleitorado jovem, e com os votos que migraram do ex-candidato Ronaldo Lessa, determinaram o seu crescimento na reta final.

A deputada federal Rosi9) nha da Adefal (PT do B) foi a sexta colocada com uma votação de 10.022 votos (2,5%). Nas eleições

municipais de 2008, Rosinha da Adefal foi candidata a vereadora e obteve 8.698 votos e foi a quinta entre os vinte e um eleitos. Na eleição de 2010 foi candidata a deputada federal e obteve 90.021 votos e foi a sexta entre os nove eleitos. Na eleição de 2012 foi candidata a prefeita e obteve apenas 10.022 votos (2,5%). Rosinha não fez a leitura de que o momento era inadequado para ser candidata à Prefeitura de Maceió. Amargou uma humilhante votação.

) A vereadora Heloísa He10 lena (PSOL), apesar de não repetir a mesma performance da

eleição de 2008, mais uma vez foi a vereadora mais votada, com uma votação de 19.216 votos.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE SETEMBRO DE 2018


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