Edição 994

Page 1

ARTICULISTA

EXTRA tem novo colunista peso-pesado

CORURIPE

Vereador Henrique Beltrão é acusado de estelionato e tem bens penhorados para garantir dívidas P/13

extra Consultor automotivo Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Ford Brasil, escreve sobre o futuro da indústria automobilística

P/26

www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 994 - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

R 3,00

GOVERNO VAI DECRETAR CAÇA AOS MARAJÁS

APOSENTADOS Recadastramento vai identificar quem ganha aposentadoria ilegal e acima do teto; Estado terá loteria para bancar fundo previdenciário P/8

ALAGOAS TEM JEITO O agronegócio é uma das portas de entrada para o desenvolvimento do estado. É urgente um novo ciclo de modernização do setor açucareiro e organização da cadeia produtiva agropecuária P/15 a 17

CÍCERO ALMEIDA DEVOLVE DINHEIRO ROUBADO DE MARCOS BARBOSA Denunciado à polícia, deputado confessa crime e oferece até carro para escapar de processo P/6 e 7


2

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

Escândalo à vista

1

- Alagoas não para de produzir escândalos de corrupção envolvendo agentes públicos e autoridades dos três poderes. O mais recente foi investigado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal e já desembarcou no Tribunal de Justiça do estado.

(Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

2

- A nova fraude envolve um atuante magistrado, um conhecido advogado, um cartório e seus agregados. Os acusados teriam se unido em conluio para forçar a Caixa a liberar valores milionários através de documentos grosseiramente falsificados.

Briga pelo poder

3

- O golpe começou a tomar corpo com uma liminar judicial exigindo da Caixa Econômica Federal pagamento imediato de quantia milionária em favor de um pretenso herdeiro único de uma rica idosa carioca, que já teria falecido.

4

- Nada de anormal não fosse a liminar conseguida junto a uma Comarca do interior do estado e o interesse do juiz em apressar a liberação do dinheiro, que deveria ser pago em uma agência da CEF também do Interior de Alagoas.

5

- O alto valor da quantia exigida despertou a curiosidade do gerente da CEF, que consultou seus superiores. Descoberta a fraude, a operação foi suspensa, mas os acusados já haviam sacado parte da fortuna.

Investimento

O empresário Rafael Tenório pagou R$ 500 mil para ser primeiro suplente do senador Renan Calheiros, e não R$ 5 milhões como se especula nos bastidores da política. Considerando o custo-benefício do investimento, foi um grande negócio.

Renan, de novo

6

Profundo conhecedor das entranhas do Senado, Renan Calheiros não perde tempo e já negocia sua volta à presidência do Congresso. Para vencer a bancada bolsonarista, Calheiros conta com o apoio de senadores e deputados do PT.

7

Venda de votos

- Fraude idêntica ocorreu há alguns anos no estado e após o processo dormitar nos gabinetes do Tribunal de Justiça, acabou no CNJ, que determinou a aposentadoria do magistrado envolvido na falcatrua. - Pela gravidade dos fatos, esse processo deve ter destino idêntico e cair no Conselho Nacional de Justiça. Nesse caso, o magistrado envolvido dificilmente escapará da pena de aposentadoria compulsória.

Porteiras abertas

Depois de duas derrotas eleitorais seguidas, o deputado Givaldo Carimbão ainda não aceitou a ideia de se aposentar da política e vai ser secretário estadual. Perdeu a eleição para prefeito de Delmiro Gouveia e agora foi derrotado na reeleição para deputado federal. Sua derrocada política começou ao entrar em linha de colisão com o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, que o acusa de usar a Secretaria de Prevenção à Violência como moeda de troca. Mas nem o uso eleitoreiro da secretaria que cuida de drogados foi suficiente para garantir sua reeleição. Parece que os cadastros falaram mais alto e esvaziaram o curral eleitoral de Carimbão e do filho Carimbinho.

Outro que deve pendurar as chuteiras da política é Ronaldo Lessa, grande surpresa entre os derrotados na última eleição. Assim como Carimbão e Cícero Almeida, Lessa teve seu reduto político esvaziado pela compra de votos e dificilmente voltará a disputar um mandato.

Boa derrota

O mais vitorioso dos derrotados nessa última eleição é Maurício Quintella, que ocupará o cargo que quiser no governo de Renan Filho, apesar do risco que representou para a reeleição de Renan-pai. Mas o presente maior é disputar a Prefeitura de Maceió em 2020, com chances reais de vitória, com o decisivo apoio do governador ou do prefeito Rui Palmeira. Como em política tudo pode acontecer, Quintella pode até ganhar o apoio de ambos.

Mal terminou a eleição e já começou a guerra pelo comando da Assembleia Legislativa do Estado, com quatro fortes candidatos até agora. Disputam a presidência da Mesa Diretora os deputados reeleitos Chico Tenório, Antônio Albuquerque, Olavo Calheiros e Marcelo Victor. Já que os poderes não são assim tão independentes, como diz a Constituição, a palavra final caberá ao governador Renan Filho, que certamente não deve privilegiar o tio-deputado.

Fim de carreira

O deputado federal Cícero Almeida preparou – ele próprio – um final melancólico para encerrar sua aventura política na Terra. Cassado pelos eleitores na última eleição, o ex-prefeito de Maceió – de por corrupção – está sendo acusado pelo sumiço de R$ 195 mil roubados de um carro do deputado estadual Marcos Barbosa. O fato é tão escabroso que até seus adversários políticos acham que o deputado desmiolou de vez.

Falcatruas Alguns hospitais de Alagoas estão sendo administrados por Oscips e OS como se fossem supermercados. Na ânsia de faturar cada vez mais, essas entidades dão prioridade ao lucro e não às vidas humanas. E mais grave: denúncias chegadas à coluna alertam que várias dessas organizações estão envolvidas em atos de corrupção e desvio do dinheiro público que deveria ser aplicado na saúde da população.

Curral eleitoral

1

- O primeiro turno desta eleição mostrou que todas as regiões do País votaram maciçamente contra o PT e a roubalheira desenfreada que ele patrocinou juntamente com seus “correligionários” do MDB, PP e PR. O povo brasileiro deu uma limpa geral na maioria dos ladrões que se diziam deputados ou senadores. Ficaram alguns. Não perdem por esperar.

2

- E o Nordeste? Bem, a região é um caso à parte – sempre. Um curral eleitoral dominado pelos coronéis que se renovam no mando e compram impunemente suas eleições por 100 reais o voto em detrimento da miséria absoluta dos “comprados”.

3

- Notável observar que o Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro indica que 8 dos 9 estados da região estão nas últimas posições, que 4 deles detêm os piores índices de pobreza absoluta, 5 são os maiores beneficiários do famigerado Bolsa Família e 7 dos 8 estão entre os piores índices educacionais do Brasil. Alagoas “lidera” quase todos. Um padrão.

4

- Por isso os coronéis locais não querem que nada mude na educação. Querem manter os escravos à disposição para as futuras eleições. Uma luzinha no final do túnel, no entanto, foi acesa: 4 capitais derrotaram o PT. Maceió liderou essa virada. Uma inflexão no padrão?

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA

IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

JORGE OLIVEIRA

Cid Gomes enterra o PT Brasília - Se faltavam os pregos para fechar o caixão do Haddad eles foram doados por Cid Gomes, irmão do Ciro, ao decretar a morte da campanha do ex-prefeito de São Paulo à Presidência da República. No meio de centenas de militantes petistas, chamados a um auditório de um hotel em Fortaleza para reanimar a candidatura de Haddad, Cid Gomes abriu o verbo contra o PT, ressentido com o apoio que faltou ao seu irmão pelos aliados. “Vocês vão perder, babacas”, foi o mínimo que ele disse para uma plateia histérica que clamava pelo nome de “Lula, lá”. E Cid, em reposta, repetia: o “Lula está no presídio, babacas”. Foi tudo preparado para uma grande festa. Cid, eleito senador, foi escalado como primeiro orador para dar as boas vindas ao candidato. O circo estava decorado de vermelho, os militantes gritavam eufóricos os nomes de Haddad e Lula, quando Cid pegou o microfone para dizer que o PT não fez um mea culpa dos seus escândalos de corrupção. Acusou o partido de ter aparelhado o Estado e de se sentir “dono do Brasil”. Pronto, foi o bastante para a casa cair com a militância fazendo o gesto do polegar para baixo e o ex-governador do Ceará esbravejar contra eles. Cid lavou a alma do irmão Ciro que foi para Europa para não apoiar o Haddad, depois de preterido por Lula. Os bolsonaristas – que não são bobos – no outro dia produziram o programa de TV e rádio com a fala do Ciro, decretando, assim, a morte de Haddad e convidando os militantes para a missa de sétimo dia. E para jogar a última pá de cal na campanha de Haddad, Jacques Wagner, ex-governador da Bahia, homem da linha de frente do petismo, disse abertamente que o Lula errou ao escolher o ex-prefeito paulista como candidato. Na sua opinião, o Ciro tinha condições de derrotar o Bolsonaro por ser ficha limpa, nordestino e com mais capacidade de aglutinar mais partidos em torno do seu nome. Os irmãos Gomes são assim mesmo. Não têm papas na língua. Para quem não lembra, Cid passou pouco dias no Ministério da Educação no governo da Dilma, depois que criticou deputados que reclamavam do seu ministério; “Na Câmara dos deputados existem mais de 400 achacadores”, disse ele em palestra numa universidade do Pará. Assim, depois dessa franca e sincera observação, ele tomou o caminho de volta do Ceará. O desabafo do Ciro tem destino: a cela da Polícia Federal onde está o Lula, chefe da organização criminosa. Os irmãos Gomes não se conformam com a traição do ex-presidente. Aliados de primeira hora dos petistas, Ciro sempre achou que o Lula iria apoiá-lo para presidente da República se não conseguisse, ele próprio, ser o candidato. Assustou-se quando viu o Lula se assanhar em torno do nome de Haddad e deixá-lo fora da aliança como cabeça de chapa. Percebeu, tardiamente, que o Lula é um egocêntrico, déspota, que pensa primeiro nele e depois nele mesmo. Não à toa patrocinou a campanha da maluca Dilma que destroçou a economia do país. Lula, na cela, não considerou nem a declaração do Ciro quando disse, no início da campanha, que ele era o único que poderia soltá-lo. Era um recado claro que, se ganhasse a eleição com o seu apoio, poderia indultá-lo, tirando-o de lá de dentro. Foi criticado pela justiça, mas nem por isso deixou de mandar o recado para o ex-aliado em busca do seu apoio. Teimoso, Lula manteve-se candidato até ter a sua candidatura cassada como ficha-suja. Agora, com o seu candidato praticamente enterrado vivo, Lula certamente vai amargar mais alguns anos na cadeia, pois se depender do Bolsonaro e da sua turma, Lula ainda vai ficar um bocado de tempo em cana. Os super-homens são assim mesmo: comuns e mortais quando perdem a capa de proteção que lhe dão plenos poderes.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Os trapaceiros

Estava lá pelas bandas do Espírito Santo e de vez em quando acompanhava as eleições aqui do Distrito Federal. Cheguei dois dias antes da votação. E fui lá na urna e cravei: Rollemberg. Confirmei o nome dele para reeleição com muita convicção. Ao abrirem as urnas descobri porque ele chegou ao segundo turno na rabeira, quase sem fôlego para a nova disputa: o eleitor do Distrito Federal está acostumado a conviver com governadores corruptos ou com aventureiros que se mascaram de novo para acobertar alianças espúrias e corruptas que visam assaltar os cofres públicos.

Os corruptos

Você, eleitor, entendeu bem o que eu falei: governadores corruptos. E a lista é extensa. Ela vai de Roriz, passando por Arruda até Agnelo. Os dois últimos já fizeram faxina em presídios e o outro, com o devido respeito pela ausência, renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por corrupção num escândalo financeiro do BRB. Mesmo se retirando da política, deixou no seu lugar o suplente Gim Argello que até hoje faz rodizio na limpeza da cela que divide com outros larápios lá no Paraná, depois de condenado em vários processos por corrupção.

Os lobos

Nessa altura do campeonato pergunto: nós, os eleitores do Distrito Federal, vamos apostar nessa tal renovação que esconde lobos na pele de cordeiro? Por que não reconduzir o Rollemberg ao governo novamente para proteger os cofres públicos daqueles que se dizem vestais da moralidade, mas que estão em busca do poder a todo custo? Porque, afirmo, passamos mais de vinte anos votando em embusteiros e, pasmem, reconduzindo alguns deles ao poder, infelizmente. É a sina do DF: escolher mal seus governantes.

A honestidade

Não existe no currículo da família dos Rollenberg histórico de trapaças. O governador vem de uma família conhecida e respeitada que chegou em Brasília na década de 1960 vindo de Sergipe. Ao contrário dos seus algozes, é um político decente que honra o seu mandato.

A carreira

Chegou ao governo do Distrito Federal depois de vencer todas etapas políticas como deputado distrital, federal e senador. Formado em história, passou também por órgãos públicos sem sequer um arranhão em sua biografia. No governo tentaram lhe imputar alguns escândalos que não prosperaram, pois a justiça entendeu serem coisas da oposição, essa mesma oposição fisiológica e oportunista que tenta macular a sua biografia.

O abacaxi

Rollemberg já disse com sinceridade que deixou de fazer algumas coisas pelo Distrito Federal por falta de verba. Seu antecessor, o petista Agnelo, deixou as finanças em frangalhos. Comprometeu toda receita do estado ao dar aumento ao funcionalismo público sem o devido lastro financeiro no orçamento para comprometer a administração do sucessor.

Os mercenários

Rollemberg fez mágica para não penalizar o servidor público e deixá-lo sem comida à mesa, como aconteceu no Rio, além de tentar impedir o caos no atendimento aos serviços básicos. Apanhou muito da imprensa local, que não lhe deu trégua para botar a casa totalmente em ordem. Foi vítima de revanchismo porque, sem dinheiro, fechou a torneira que historicamente abastecia a caixinha milionária dessa mídia interesseira, acostumada a mamar na teta do dinheiro público para esconder a omissão de administradores incompetentes.

A escolha

Rollemberg, contudo, cometeu outros erros. O mais acentuado, na minha opinião, foi não saber escolher uma equipe com visão estratégica para explicar à população os acertos – e até mesmo os desacertos - do seu governo. Infelizmente, Rollemberg, um hábil estrategista nessa área, desde que instalava faixinhas nos viadutos com o seu nome, deixou-se levar por comunicadores incapazes de levar o seu trabalho social à população. Mas isso, evidentemente, não tira a sua competência quando se compara o seu governo a de trapaceiros que passaram pelo Palácio do Buriti. Agora, no próximo dia 28, o eleitor que volta para Brasília tem que saber distinguir bem o que realmente quer: um governador honesto, sério e ético, comprometido com as causas sociais, ou um bando de notórios salteadores dos cofres públicos.

3


4

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

O desafio de Cunha

V

encendo a eleição com quase 900 mil votos com grande folga para o segundo colocado, no caso Renan Calheiros, a tarefa do deputado Rodrigo Cunha não será nada fácil quando assumir o mandato de senador a partir do ano que vem. Numa campanha onde se intitulou de ficha-limpa, honesto, decente e contra tudo da velha política que está aí, o senador tucano terá que fazer muito mais do que isso no decorrer do seu mandato. Com um estado pobre e carente de tudo, principalmente de recursos federais, Rodrigo vai ter que encontrar o caminho certo para abrir portas e trazer mais desenvolvimento para Alagoas. Vai ser um trabalho difícil, de peregrinação, a não ser que deseje ser somente um senador de palavras, o que certamente o povo não deseja.

Alagoas perdeu 1

Independentemente do resultado das eleições, Alagoas perdeu muito com a derrota do senador Benedito de Lira. Ele foi, sem nenhuma dúvida, o parlamentar que mais trouxe recursos para Alagoas, inclusive para a construção de mais de 40 mil casas populares para as regiões mais carentes do estado.

Sem entender

Hora dos derrotados

Um dos problemas a ser resolvido pelo governador Renan Filho é como acomodar os aliados que foram derrotados nas últimas eleições, a exemplo de Maurício Quintella, Ronaldo Lessa, Givaldo Carimbão e Cícero Almeida. Com certeza não deverá haver espaço para todos, mas eles não serão abandonados pelo governo.

O fiasco eleitoral de Cícero Almeida ainda é comentado nas rodas políticas. Prefeito duas vezes, vereador, deputado estadual e federal, parece que Almeida encerra sua carreira política. Dificilmente será novamente candidato a qualquer cargo majoritário e o que lhe resta, pelo menos por enquanto, é tentar uma vaga na Câmara Municipal, mas, com 8 mil votos recebidos, ainda é dúvida chegar lá.

Participação

Os novos deputados com certeza irão querer um espaço na Mesa Diretora e contam com parlamentares já experientes. Sílvio Camelo, por exemplo, é vereador por várias legislaturas e conhece bem as entranhas do poder e como conduzir o poder Legislativo. Deverá fazer parte da Mesa Diretora.

O deputado Ronaldo Lessa, que perdeu as eleições, tentou justificar a derrota alegando que entrou por uma terceira via, ou seja, a do então presidenciável Ciro Gomes. Mas ninguém viu, durante o Guia Eleitoral, Lessa pedir votos para o Ciro. O que faltou mesmo foram os votos.

O sentimento é outro

Dever de casa

Reforma do governo

O governo do Estado, de acordo com o Ministério da Fazenda, está entre os quatro que estão em melhores condições econômico-financeiras, incluindo aí Espírito Santo e São Paulo. Os outros sequer pagaram em dia os salários e ainda devem muito às empresas terceirizadas.

gabrielmousinho@bol.com.br

Repercutindo

Alagoas perdeu 2

O Biu ainda trouxe o VLT para Maceió, que deu grande impulso à mobilidade urbana, água e estradas para os municípios, além de estruturar as secretarias de Saúde com equipamentos e centenas de ambulâncias para atender a população mais pobre. Superar o Biu vai ser muito difícil nessa nova legislatura.

GABRIEL MOUSINHO

O governo comemorou a redução da violência em Alagoas, mas com certeza isso não chegou até a população. O sentimento, principalmente na periferia de Maceió, é que os resultados são muito pequenos com relação ao índice de criminalidade.

Anda a passos largos a reforma administrativa que será feita pelo governador Renan Filho até o final do ano, quando serão anunciados os nomes dos mais novos auxiliares para acomodar as alianças feitas durante a campanha eleitoral. Pelo menos 60% dos secretários deverão deixar as vagas para outros.

Entre os dois

Pelo andar da carruagem está entre os deputados Marcelo Victor e Olavo Calheiros a presidência da Assembleia Legislativa. Pelo menos eram os comentários na última terça-feira quando se reiniciaram os trabalhos legislativos. Os dois deputados ligados ao governador Renan Filho são, até agora, os mais fortes para conduzir a Casa de Tavares Bastos.

Sufoco

Quem tiver complicações com a Justiça e foro privilegiado até o final de fevereiro, é interessante ir se preparando com um bom advogado. Os processos devem retornar para a primeira instância.

Só um acidente

Pelas pesquisas que estão sendo divulgadas até agora, só um grande acidente de percurso impedirá a eleição no próximo dia 28 de Jair Bolsonaro para presidente da República. Com mais de 18 pontos percentuais à frente de Fernando Haddad, isto representa quase 20 milhões de votos de diferença, e que seria quase impossível o eleitor mudar de opinião em poucos dias.

Sem comemoração

O Dia do Professor, na última segunda-feira, não teve muito que se comemorar. Pelo menos foi a impressão que os professores deixaram ao fazerem um movimento no calçadão do comércio. Eles reclamam de melhores salários, condições de trabalho e valorização profissional, mas o governo, pelo menos no Estado, diz que a situação para a categoria é satisfatória.

Novos projetos

Afora as eleições de Rodrigo Cunha e Tereza Nelma, o PSDB encolheu sua bancada federal. Em Alagoas vai ter que rever suas posições e avaliar quem será o candidato que irá substituir o prefeito Rui Palmeira em 2020. O MDB, que está com o poder, tem suas vistas voltadas para a vaga de Rui, confesso adversário político dos Calheiros.

Disputa

Como tem um bom relacionamento com o prefeito de Maceió e presidente regional do PSDB, Rui Palmeira, o ex-ministro dos Transportes, Maurício Quintella, pode mudar de ares, dependendo das chances de disputar nova eleição majoritária em Maceió. Vai depender do afago que receber do governador Renan Filho. Afinal, Quintella obteve quase 500 mil votos no estado.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

5


6

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Cícero Almeida é investigado por roubo de dinheiro do CRB

CASO DE POLÍCIA DEPUTADO FEDERAL TERIA PARTICIPADO DE “ARROMBAMENTO” DO CARRO DE MARCOS BARBOSA JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

O

deputado federal e ex-prefeito de Maceió Cícero Almeida (PHS) teve que prestar esclarecimentos à Polícia Federal sobre o arrombamento de um automóvel do deputado estadual e presidente do CRB, Marcos Barbosa (PPS), ocorrido no último dia 1º de outubro. O jornal EXTRA teve acesso ao Termo de Declarações de Almeida e Barbosa, duas versões distintas sobre o mesmo crime. O local da ocorrência foi o Edifício Ilha De Limnos, na Pajuçara, orla de Maceió, onde Almeida reside e onde morou Barbosa, que ainda usa o estacionamento do imóvel. À PF, Almeida contou que estava desconfiado da movimentação em torno de um veículo, um HB20, estacionado na vaga de Barbosa, que fica ao lado da sua. Um dos motivos do estranhamento por parte do deputado federal seria o fato de o presidente do CRB possuir uma BMW preta. Também disse em depoimento que nem a portaria estava sabendo informar quem era o proprietário do veículo que ele qualificou como suspeito. Nesse dia, Almeida, que tinha alugado uma SW4 da Toyota, declarou que chamou o locador identificado como Pedro Henrique para resolver um problema na bateria do automóvel. Ainda segundo o parlamentar, quando Pedro Henrique compareceu ao edifício para arrumar o veículo, comentou com o mesmo sobre sua desconfiança quanto ao carro que estava na vaga de Barbosa. Contou que “por duas vezes tinha visto um indivíduo perto do seu veículo”. Foi quando Pedro Henrique teria perguntado a Almeida se queria abrir o

carro de Barbosa para verificar seu interior. Almeida declarou ter falado que não havia necessidade. Após resolver o problema na bateria do veículo locado, Pedro Henrique teria subido até o apartamento do deputado federal. Afirmou que tinha aberto o veículo “misterioso” e encontrado uma mala com muito dinheiro, um cadeado e duas pastas que só poderiam ser abertas com senha. Após isso, Pedro Henrique teria descido e fechado o carro. Já na noite do dia 2, Cícero Almeida recebeu uma ligação de Marcos Barbosa e os dois se encontraram por volta das 23h. Barbosa, sabendo do suposto envolvimento do parlamentar no arrombamento do carro, disse que queria os R$ 195 mil que teriam sumido de dentro do veículo. Almeida ligou para Pedro Henrique, que também foi ao encontro de Barbosa. Henrique confessou que abriu o veículo, mas afirmou que não levou o dinheiro. O presidente do CRB reafirmou que havia a quantia de R$ 195 mil e que Pedro Henrique teria deixado cair R$ 5 mil durante o furto. Conforme Almeida, Barbosa pediu a devolução do dinheiro para o “assunto morrer”. O deputado federal também disse à PF que não sabia se havia lista de eleitores dentro do carro e se o dinheiro seria utilizado para a compra de votos.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

7

A versão de Marcos Barbosa

O

deputado estadual Marcos Barbosa também deu sua versão à Polícia Federal. Declarou que se mudou do Edifício Ilha De Limnos há dez meses e que o veículo HB20 foi comprado para sua filha, que ainda não tem carteira de motorista. Sendo assim, quem utilizaria o automóvel seria um funcionário por pelo menos três vezes na semana. Disse que o veículo já estava estacionado no local há cerca de três meses. Sobre o fato de ter guardado dinheiro dentro do carro, Barbosa informou à PF que não tem esse costume, apenas guardava medalhas, camisetas do CRB e bolas de futebol. Sobre o valor de R$ 195 mil, o parlamentar afirmou que seriam oriundos dos jogos CRB x Coritiba e CRB x CSA. O dinheiro, de acordo com o cartola, seria destinado ao pagamento de salários dos jogadores e da comissão técnica, o que seria feito no dia 10 de outubro. Disse que nem o Centro de Treinamento nem a sede administrativa do CRB têm condições de segurança suficientes para guardar altos valores em dinheiro. “No dia 1º pedi para que funcionários buscassem três medalhas do CRB para presentear um torcedor que estava em um restaurante. Um funcionário me ligou e avisou que haviam aberto o veículo e subtraído uma caixa pequena e uma sacola verde com o dinheiro”, disse em seu depoimento. Pediu para que o funcionário não mexesse mais no veículo e acionou o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, que designou um delegado para apurar o furto do dinheiro. E como o carro não tinha sinais de arrombamento foi deduzido ter sido aberto por um chaveiro. Contou, ainda, que sua esposa, a vereadora Silvania Barbosa (PRB), esteve com a síndica do condomínio para verificar as câmeras de segurança e viu a movimentação de quatro pessoas perto do veículo da

Carro dado por Cícero Almeida a Marcos Barbosa como garantia é de locadora de veículos beneficiada pela Cota Parlamentar

família. Também no depoimento de Barbosa, consta que o marido da síndica contou às autoridades policiais que um homem chamado Jânio o teria procurado “oferecendo R$ 5 mil se ele permitisse que Pedro Henrique retirasse documentos comprobatórios” do carro de Marcos Barbosa. A negociata não foi aceita. Contou ainda que Cícero Almeida teria pedido para Pedro Henrique abrir o veículo, mas que ambos afirmaram que não viram nenhum dinheiro. Apesar de negar o furto, Almeida devolveu R$ 105 mil a Barbosa, deu um veículo Toyota SW4, placa OYV-3885, como garantia, e se comprometeu a pagar o restante do dinheiro roubado para encerrar a questão e evitar o prosseguimento do processo na Justiça.

Locações suspeitas com Cotão

Cícero Almeida tem alugado carros com frequência, uma mordomia paga pela Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, ou seja, dinheiro público. Em novembro de 2016 ele começou uma “parceria” com a empresa Acqua Jato, localizada no bairro do Farol. De propriedade de Maria Beatriz Farias de Oliveira, a empresa locaria carros a partir de Pedro Henrique Farias de Oliveira, o mesmo envolvido na in-

vasão do automóvel de Barbosa. Em novembro de 2016, Cícero Almeida locou um Renault Sandero por R$ 4.600. O número da nota fiscal disponibilizada na Câmara dos Deputados foi de 173. Em dezembro, o parlamentar voltou a alugar o mesmo veículo pelo mesmo valor. O número da nota: 174. Ou seja, em um mês, a empresa teria expedido apenas mais uma nota fiscal e justamente para Cícero Almeida. Em janeiro de 2017: nota número 184. Já em fevereiro: 189. Novamente: em um mês de trabalho a Acqua Jato teria emitido apenas cinco notas fiscais. De julho a agosto:

seis notas. Só no ano de 2017, Cícero Almeida destinou R$ 68.900 à empresa locadora. Inscrita na Receita Federal com o CNPJ 12.725.158/0001-08, a Acqua Jato tem oito anos de mercado e tem como principal função serviços de lavagem, lubrificação e polimento de veículos automotores. A locação seria uma atividade econômica secundária. Neste ano, o valor pago por Almeida à empresa através do Cotão já está em R$ 61.400. Outro ponto inusitado é o fato de Cícero Almeida ter dado como garantia a Marcos Barbosa o mesmo veículo Toyota SW4 que ele tem alugado durante vários meses pela cota parlamentar. O sumiço do dinheiro está sendo investigado pelo delegado da Polícia Civil Fabrício Lima do Nascimento.


8

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Governo quer loteria para bancar fundo de aposentados

PREVIDÊNCIA QUEBRADA

PROPOSTA NA MESA DE RENAN FILHO DEVE SER IMPLANTADA APÓS RECADASTRAMENTO INÉDITO

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

RECADASTRAMENTO

O

governador Renan Filho (MDB) discute reimplantar a Loteria Social do Estado de Alagoas (Loteal), famosa no início deste século por ofertar prêmios aos alagoanos mediante a compra de bilhetes e com dinheiro, teoricamente, revertido para serviços públicos. Desta vez, os técnicos da administração estadual querem convencer o governador a canalizar todo o dinheiro gerado da nova Loteal para o Fundo Financeiro dos aposentados, que reúne pelo menos 50 mil servidores. Seria uma forma de diminuir as compensações do Tesouro Estadual para o fundo, evitando cortes em áreas como saúde e educação para “bancar” o fundo. O governo enxerga assim: o Rio de Janeiro vincula sua receita de royalties do petróleo, R$ 50 bilhões, para bancar a Previdência. Só que a queda do valor internacional do barril afetou a receita do fundo carioca, “quebrando” as finanças públicas, também afetadas porque o Governo teve de buscar dinheiro no Tesouro para cobrir o buraco da oscilação do preço da commodity. Como o fundo financeiro alagoano não é bancado por nenhum dinheiro novo (como o do Rio, com os royalties), a não ser os aportes do Tesouro Estadual, uma loteria estadual pode incrementar esta receita, mas não só ela. “É um assunto que está nossa pauta. 50% dos servidores estão em condições de se aposentar. Nosso deficit aumenta R$ 100 milhões por ano. E não estamos levando em conta uma reforma da Previdência, que tem de ser realizada no próximo ano, pelo novo presidente da República”, explica Roberto Moisés, presidente do Alagoas Previdência. Há também estudos sobre o uso

Recadastramento deve ser anunciado por Renan Filho na próxima semana

de fundos imobiliários; leilão de imóveis públicos considerados sem utilidade pela administração estadual; dívidas ativas recuperadas e; a venda da Ceal, ainda no limbo por causa de uma liminar do STF barrando o leilão da antiga estatal alagoana e uma decisão do Senado, esta semana, impedindo o avanço das negociações neste sentido. Mas, antes de implantar a nova Loteal, haverá o recadastramento dos aposentados do Fundo Financeiro. E é aí que o governo espera encontrar surpresas. POR QUE SURPRESAS? Nunca o governo fez um recadastramento dos aposentados vinculados ao fundo financeiro e um recadastramento nele significa abrir a caixa preta de todos os poderes- e não somente do Executivo. Interessante a coincidência. Em 1989, Fernando Collor foi eleito presidente. Um dos seus lemas: a caça aos marajás, bandeira que segurou quando era governador de Alagoas. Os “marajás” eram o que esta-

vam no serviço público, alguns deles aposentados, tendo uma vida nababesca numa época de hiperinflação, racionamento de produtos nos supermercados, dinheiro desvalorizado rapidamente. Trinta anos depois, o governador Renan Filho será o primeiro chefe de Executivo estadual em Alagoas a enfrentar o problema dos “marajás”. Diferente de Collor, não será uma tática eleitoral. Mas a pressão de um calhamaço de números expostos pelos técnicos: sem um recadastramento na folha dos aposentados do fundo financeiro, a situação dos cofres alagoanos será ruim a partir de 2023. E existem informações de regalias pagas a servidores estaduais mais graúdos. Alguns deles ganham mais que o governador, apesar de aposentados. Ou seja: são pessoas recebendo acima do teto do funcionalismo público, sem a aplicação do redutor constitucional, com aposentadoria vinculada a gratificações como se estivessem na ativa.

Após uma série de reuniões com representantes de todos os poderes incluindo Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas - Renan Filho publica na próxima semana, via Diário Oficial, decreto obrigando todos os aposentados, via fundo financeiro, a realizarem o recadastramento. O argumento dos técnicos da administração estadual: sem o recadastramento, em 4 anos Alagoas não terá caixa para pagar estes aposentados. Alvos considerados importantes são os aposentados por invalidez. Por isso, atrelado ao recadastramento mais a prova de vida, haverá visitas domiciliares. Existem mais histórias: a filha estava na folha de pagamento. No decorrer dos anos, ela se transformou em esposa para continuar recebendo a aposentadoria do pai-marido. E ela ainda casou com outra pessoa sem que o dinheiro fosse cortado. Ela recebe entre R$ 14 mil e R$ 15 mil por mês. Na lista dos investigados há também delegados, auditores fiscais, procuradores. São os maiores salários pagos pelo serviço público. Há gente recebendo aposentadorias de forma indevida; em outros casos, os cálculos foram feitos, segundo entendimento do governo, sempre para cima, sem nenhuma explicação real ou legal. E existem polêmicas. Mulheres acima de 21 anos, que nunca casaram, mas recebem aposentadoria do pai ou da mãe, desde que ela permaneça solteira. São casos a serem analisados um a um. O governo estima, após este recadastramento, economia de R$ 3 milhões por mês. R$ 36 milhões em um ano. Uma economia muito maior da que foi feita no recadastramento dos pensionistas: R$ 1 milhão/mês (R$ 12 milhões/ano). Somadas, a folha dos aposentados e pensionistas hoje é de R$ 140 milhões/mês.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

9


10

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

ELEIÇÕES 2018

Confira a votação dos eleitos em Alagoas JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

B

aixado os ânimos das eleições estaduais, o EXTRA traz a lista dos eleitos em Alagoas e a votação de cada um deles. São 27 deputados estaduais, nove deputados federais, dois senadores e o governador. Mas as eleições ainda não acabaram. No dia 28 de outubro, brasileiros voltam às urnas para decidir quem deverá ser o presidente do País: Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL). DEPUTADOS ESTADUAIS Jó Pereira – 53.707 votos Ricardo Nezinho – 43.961 Olavo Calheiros – 40.466 Marcelo Victor – 39.422 Davi Davino – 39.342 Antonio Albuquerque – 38.556 Paulo Dantas – 38.397 Cibele Moura – 37.824 Fátima Canuto – 37.151 Yvan Beltrão – 34.403 Jairzinho Lira – 32.165 Cabo Bebeto – 31.573 Gilvan Barros Filho – 31.316 Galba Novaes – 30.481 Flávia Cavalcante – 29.561 Marcos Barbosa – 29.079 Marcelo Beltrão – 28.434

Bruno Toledo – 28.431 Inácio Loiola – 27.828 Leo Loureiro – 27.130 Angela Garrote – 26.845 Breno Albuquerque – 26.355 Francisco Tenório – 25.432 Tarcizo Freire – 24.709 Dudu Ronalsa – 24.095 Davi Maia – 23.748 Silvio Camelo – 15.594

Severino Pessôa – 70.413 Paulão do PT – 60.900 Tereza Nelma – 44.207

DEPUTADOS FEDERAIS

Renan Filho – 1.001.053 votos

JHC – 178.645 votos Arthur Lira – 143.858 Marx Beltrão – 139.458 Sérgio Toledo – 98.201 Nivaldo Albuquerque – 84.956 Isnaldo Bulhões – 71.847

PRESIDENTE – 1º turno

SENADORES Rodrigo Cunha – 895.738 votos Renan Calheiros – 621.562 GOVERNADOR

Fernando Haddad – 687.247 votos Jair Bolsonaro – 528.355 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

11


12

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

TAC firmado com Ministério Público não é cumprido

PORTAL DE TRANSPARÊNCIA CÂMARA DE COITÉ DO NÓIA PODE PAGAR R$ 150 MIL DE MULTA BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

A

Câmara Municipal de Coité do Nóia pode ter de pagar R$ 150 mil em multa por não cumprir algumas ações estabelecidas no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do projeto “Transparência no Legislativo Municipal de Alagoas”, elaborado pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL). De acordo com o inquérito civil público 08.2018.00120101-5, instaurado pelo promotor Márcio José Dória da Cunha, da promotoria de Taquarana, no dia 10 deste mês, o portal da transparência da Câmara Municipal da cidade não apresenta informações básicas, que haviam sido acordadas com o presidente do Legislativo, o vereador José Domício da Silva conhecido como Zé da Salete (MDB). O termo assinado pelos representantes das câmaras dos 102 municípios alagoanos estabelece 15 critérios que necessitam ser cumpridos para que a Lei Complementar nº 131, de 2009, e a Lei nº 12.527/2011, sejam cumpridas. Porém, nenhum dos itens está sendo cumprido pelo Legislativo de Coité do Noia. Entre as informações inexistentes no endereço eletrônico www.camaradecoitedonoia.al.gov.br estão as despesas dos últimos 6 meses contendo informações como valor do empenho, liquidação, favorecido e o valor do pagamento. Além

Legislativo municipal também foi acusado de irregularidades envolvendo licitações

dos critérios estabelecidos no item 4 do acordo, o portal também não apresenta informações referentes à prestação de contas, gestão fiscal, editais de licitação, resultados, contratos, modalidade, data e valores. O EXTRA denunciou a ineficácia do portal em setembro, quando o poder foi obrigado a anular contratos para provimento de obras no prédio em que fica sediada a Câmara após ser aberta uma investigação por suspeita de não realizar licitação. O Legislativo, que também era acusado de irregularidades na locação de veículos, cancelou os contratos com os donos dos veículos alugados sem licita-

ção que prestavam serviço ao município. O presidente da Câmara não realizou procedimento licitatório e não justificou a dispensa do trâmite legal. Vale lembrar que em fevereiro o MP já havia instaurado inquéritos civis públicos para investigar o funcionamento incorreto de aproximadamente 33 Portais da Transparência e, enquanto alguns se adequaram às normas estabelecidas no acordo, como é o caso de Pilar, Belém e Taquarana, o portal da Câmara Municipal de Coité continua entre os piores de Alagoas. Ainda segundo o inquérito, somado todos os itens pendentes no sistema dis-

ponibilizado pelo site, chega-se à quantia de aproximadamente R$ 30 mil fragmentados em várias irregularidades. Porém, como as mesmas passaram a ser constatadas de forma oficial a partir de abril, foi realizado o acuúmulo desse período, fazendo a multa saltar para o valor total de R$ 150.000,00. “Diante do decurso temporal de mais de seis meses de irregularidades vigentes, pleiteia o Ministério Público a execução da pena de multa, que, por ora, totaliza R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) em face da Câmara Municipal de Coité do Noia, em Alagoas e, solidariamente, em face de José Domício da Silva, Presidente da Câmara Municipal, nos termos das cláusulas quinta e sexta do TAC”, estabeleceu o promotor. AVALIAÇÃO O órgão ministerial também apresentou no dia 30 de julho deste ano a avaliação dos Portais da Transparência implantados pelas Câmaras municipais de Alagoas. A análise feita entre os meses de maio e julho deste ano aponta o portal dedicado à cidade com pontuação 23,0, sendo considerada uma avaliação ruim pelo órgão e fazendo o município figurar entre os 20 piores do estado. O EXTRA entrou em contato com o número de final 1204 informado no próprio portal da transparência para questionar sobre quando o TAC passaria a ser cumprido, mas não obteve retorno.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

13

Vereador de Coruripe será ouvido dia 22 na condição de réu

ESTELIONATO HENRIQUE BELTRÃO FOI DENUNCIADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO EM 2015 DA REDAÇÃO

N

a segunda-feira, 22, às 14h30, o vereador pelo município de Coruripe, Alagoas, Henrique Beltrão (PSDB), vai ser ouvido no fórum de Maceió na

condição de réu. Henrique Chicão, como é conhecido, foi denunciado pelo Ministério Público de Alagoas há três anos pelo crime de estelionato (Artigo 171). Ele responde ao processo criminal TJ/AL nº 080000703.2015.8.02.0001 e 0736930-83.2016.8.02.0001, esse com mandado de penhora de seus bens, com valor superior a R$ 33 mil. Após não comparecer às audiências anteriores, alegando motivos diversos como os de que não reside no endereço citado e apresentar atestado médico, o vereador foi encontrado pela justiça em Coruripe e intimado através de carta precatória. Beltrão teria sido denunciado por crime de estelio-

Vereador Henrique Beltrão terá que se explicar à Justiça

nato por ter, supostamente, sustado cheque no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), frustrando a liquidação do saldo devedor na compra de um imóvel à empresa Pacto Engenharia Ltda. No entanto, ele contesta a ação penal. Vale ressaltar que no processo com mandado de penhora de seus bens, o vereador também está sendo executado através de carta precatória. É que mais uma vez não foi encontrado no endereço fornecido. O EXTRA tentou, por várias vezes, falar com Henrique Beltrão através do celular, mas estava desligado. Já assessoria do TJ, até o fechamento desta edição, não respondeu ao pedido de informações sobre o caso.

Autoria fotográfica: GIUSEPPE SILVA BORGES STUCKERT


14

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Maceió ganha app de transporte exclusivo para mulheres

NECESSIDADE DE MERCADO FEMIDRIVER VAI CONECTAR MOTORISTAS MULHERES ÀS PASSAGEIRAS A PARTIR DE NOVEMBRO

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmial.com

O

FemiDrive, aplicativo de mobilidade urbana que une passageiras e motoristas mulheres chega a Maceió em 26 de novembro. A novidade traz ao universo feminino alívio diante do medo de assédio ao se locomover em qualquer tipo de transporte que vai desde olhares invasivos, perguntas se é solteira, número de celular ou o toque sem permissão. Segundo dados do Instituto Maria da Penha, a cada segundo, uma mulher é

vítima de assédio no Brasil. Segundo a idealizadora do projeto, Claucione Lemos, a ideia de negócio surgiu em Pernambuco a partir de relatos de mulheres sobre o assédio nos transportes. Em 2 de maio deste ano a administradora, pós-graduada em gestão de pessoas e advogada, lançou o app nas ruas. A iniciativa deu tão certo que foi expandido para os estados de Minas Gerais, Paraíba e Espirito Santo. Agora, será a vez da capital alagoana e outras localidades como Franca (SP), Uberaba (MG) e demais capitais do Nordeste. Claucione Lemos, CEO da empresa, disse que a receptividade das mulheres nos estados em que o aplicativo exclusivo para a classe está disponível tem sido a melhor possível. A expectativa é que o público feminino de Alagoas também sinta-se seguro, embora a princípio vá funcionar apenas em Maceió. “Entendi que a maioria das mulheres se sente mais segura quando atendidas por outras mulheres e a partir daí, veio a ideia de criar o aplicativo”, afirma. Toda a diretoria da empresa é formada apenas por mulheres. A tarifa da FemiDriver

será de R$ 2,50, mais R$ 1,25 por quilômetro rodado e R$ 0,15 por minuto de deslocamento. O valor mínimo da corrida é de R$ 6,75. O pagamento poderá ser feito em dinheiro ou cartão de crédito. A viagem também poderá ser compartilhada com outras pessoas, garantindo trajeto monitorado.

CADASTRO

Não há tempo determinado para fazer parte do grupo. Basta as mulheres motoristas com interesses em participar do serviço se cadastrar através do app FemiDriver Motorist, disponível para iOS e Android. Para as passageiras o procedimento é semelhante. Porém, para se cadastrar como motorista, as interessadas devem apresentar, no ato da inscrição no aplicativo, CNH com atividade remunerada, comprovante de residência, certidão criminal e documentos do carro. A empresa oferece treinamento para as cadastradas, com informações sobre políticas de prevenção à violência contra a mulher, palestra de boas maneiras no trânsito e esclarecimento de dúvidas com a assessoria jurídica.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

15

Alagoas tem jeito

AGRONEGÓCIO

E

Uma das portas de entrada para o desenvolvimento m 2050, a China dominará o setor industrial, a Índia, o de serviços, e o Brasil o agronegócio, prevê Paulo Hermann, presidente da John Deere no Brasil. O sucesso do modelo do agronegócio brasileiro combina alta tecnologia, foco na exportação, mão de obra qualificada e profissional e presença mínima do Estado. Foi assim que em cinco décadas saímos de quase traço para ser a 2ª maior potência agrícola mundial e único país com capacidade de dobrar a produção (na mesma área plantada) para suprir o desafio de atender a demanda mundial por alimentos. Na crise atual do país, o agronegócio foi o único setor que cresceu. Sinal da pujança do modelo são as mudanças radicais das cidades do interior das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Vigor distante de Alagoas com seu modelo de negócio travado no

início do século passado, na dominante, excludente e em crise monocultura canavieira, na obtusa insistência na prática antieconômica da agricultura de sequeiro de subsistência, na pecuária de baixíssima produtividade, no fragilíssimo setor pesqueiro de subsistência, no quase traço na produção de hortigranjeiros e frutícolas e em estrutura de gestão pública inócua, por ineficaz. O resultado não podia ser outro: importamos quase 90% de tudo que consumimos. É urgente novo ciclo de modernização do modelo de negócio agroaçucareiro, o redesenho da atuação nas culturas de subsistência, a organização da cadeia produtiva agropecuária com enfoque nos polos horticultura, de fruticultura tropical, de floricultura e de grãos para abastecimento local e exportação (in natura e manufaturado). Há espaço físico, demanda e recursos para isso. Falta é decisão política

e expertise para estruturar o modelo, elaborar os projetos, capturar investidores e coordenar a implantação dos polos nos moldes do agronegócio profissional. Ou seja, via iniciativa privada. Nesta edição vamos conhecer a visão e a proposta de mudanças feita pelos economistas Elias Fragoso e Edimilson Veras, dois especialistas no setor. Um desafio e tanto, mormente quando se sabe que teríamos que partir quase do zero. Já passou da hora. Os dois consultores têm passagens pela direção de importantes órgãos do setor agrícola local e nacional (Ancar-AL, Emater-AL, Cepa-AL, Emater-DF, Mafrial e Ministério da Agricultura, pela academia (Ufal, UFPe, Cesmac, Univ. Católica de Brasília) e iniciativa privada. Edimilson é doutor em Economia pela Unicamp e, Elias, especialista, com longa carreira na iniciativa privada. Antes dos arautos do atraso virem com diatribes cabisbaixas de sempre, é preciso dizer: chega de desculpas esfarrapadas para esse brutal atraso que nos agrilhoa. Como na educação (mostrada na edição anterior), temos, sim, amplas condições de dar a volta por cima também no agronegócio.


16

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

ALAGOAS TEM JEITO N

a semana passada, os economistas Elias Fragoso e Edimilson Veras apontaram saída local para a educação básica via modelo vencedor de Coruripe. Nesta edição eles discorrem sobre proposta para inflexionar positiva e radicalmente o setor agrícola através de modelo de agronegócio baseado na criação de polos agrícolas no estado.

Instados sobre a proposta foram incisivos: “Alagoas precisa reagir energicamente ao atraso econômico, pobreza generalizada e falta de projetos viáveis, o agronegócio é um desses importantes caminhos”, sentenciaram. Com situação fiscal mais equilibrada, dizem eles, Alagoas, pode – e deve – caminhar por novas rotas de crescimento ainda não exploradas adequadamente.

DA REDAÇÃO EXTRA - Por que a proposta de polos de agronegócio? Prof. Elias Fragoso - É a forma moderna mais adequada para se dar uma forte inflexão no modelo de negócio agrícola praticado atualmente em Alagoas. É claro que a visão aqui é de médio e longo prazo. Não há mágicas. Mas algumas ações podem ser implementadas e dar respostas inclusive no curto prazo. O modelo sugerido está em linha com atualíssima proposta de responsividade: implantação a partir de hipóteses testadas, forte participação do consumidor na definição do mix de produção, capacidade de resposta rápida às mudanças exigidas pelo mercado consumidor, forte e tecnificada especialização da produção. E métricas que assegurem a vitalidade e mantenham o consumidor no centro do negócio. Uma mudança e tanto. Possível, no entanto. Num segundo momento, no médio/longo prazo, para potencializar ainda mais a geração de valor será utilizado inteligência artificial, avançadas tecnologias agrícolas, TI de ponta e big data no desenvolvimento de produtos de maior valor agre-

gado. Prof. Edimilson Veras - O modelo de agronegócio ajuda a superar as exigibilidades do mercado para melhor atender as necessidades do consumidor na medida em que racionaliza fatores de produção, aumenta a competitividade da cadeia produtiva, reduz custos operacionais, facilita o planejamento estratégico da produção, a gestão qualificada da informação, facilita o processo de comercialização da produção, a articulação com os agentes financeiros e com o mercado em geral. EXTRA- Quais seriam os polos inicialmente implementados? Prof. Elias Fragoso – A proposta é a implantação do polo de horticultura na região agreste (Arapiraca e entorno); o polo de fruticultura tropical na região da mata alagoana (incluso áreas desocupadas da cana de açúcar) e no entorno do Canal do Sertão; o polo de floricultura (na região do entorno da serra da Borborema, Mar Vermelho e municípios circunvizinhos) e na região de Mata Grande e Água Branca, a revitalização do polo

Simultaneamente estaremos realizando contatos com entidades e lideranças representativas do setor agrícola e grandes empresas fornecedoras de insumos para articular a viabilização do programa. ELIAS FRAGOSO Economista

de rizicultura e piscicultura (em Igreja nova, Penedo e entorno), a irrigação de produtos alimentares para consumo interno no entorno do Canal do Sertão em áreas selecionadas, a revitalização do polo da pecuária leiteira de Batalha e região. E a redefinição do modelo do polo agro açucareiro. EXTRA - Qual o impacto disso na economia alagoana? Prof. Edimilson Veras - Potencialmente, a implantação dos polos vai gerar no médio/longo prazo um incremento no valor bruto da produção agrícola da ordem de 50% podendo mais que dobrar no longo prazo. Um número muito significativo para Alagoas. Econômica e

O modelo de agronegócio ajuda a superar as exigibilidades do mercado para melhor atender as necessidades do consumidor na medida em que racionaliza fatores de produção, aumenta a competitividade da cadeia produtiva. EDMILSON VERAS Economista


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

17

infraestrutura, pesquisa, assistência técnica, crédito rural e seguro agrícola, dentre outras. A gestão e operação dos polos segue o modelo vencedor do agronegócio brasileiro: cabe à iniciativa privada.

socialmente (neste caso com a alta geração de empregos no setor). EXTRA - Qual a estratégia a ser adotada para a implantação do projeto? Prof. Elias Fragoso - O modelo é o do agronegócio brasileiro. Já testado e de alta efetividade. Sua implantação será paulatina e, de

acordo com a conclusão dos estudos de viabilidade de cada polo, da alocação dos recursos materiais, humanos e financeiros, das questões legais inerentes ao programa e do desenho final do modelo de relação governo-iniciativa privada. O governo tem papel importante nas ações supletivas do projeto, como

EXTRA - Sabemos que há um forte deficit qualitativo na mão de obra local e que o projeto exige qualificação empresarial e da força de trabalho, como esse problema será contornado? Prof. Edimilson Veras - Veja bem, o modelo é empresarial. Privado. Serão atraídas empresas e empresários com histórias de sucesso no setor em todo o País, no nível técnico, serão centenas de empregos gerados para agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas (após capacitação) e milhares empregos para o trabalhador rural. Pessoas oriundas da agricultura tradicional.

EXTRA - Como e quando será deslanchado esse processo? Prof. Elias Fragoso - O processo se inicia agora. Até o final deste ano, realizaremos seminários em Maceió e nas principais cidades do Estado, simultaneamente estaremos realizando contatos com entidades e lide-

ranças representativas do setor agrícola e grandes empresas fornecedoras de insumos para articular a viabilização do programa. E, claro, tratativas com entes governamentais. Esperamos consolidar esta primeira etapa até o final do primeiro quadrimestre de 2019.


18

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Hoje

SAÚDE MENTAL

“O que vai acontecer amanhã, é amanhã; preocupe-se com o hoje”

arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Sintomas físicos

Ansiedade e os bytes

Q

uem nunca sentiu um friozinho na barriga ao ser convocado para fazer uma nova tarefa, fazer um concurso público ou ir ao primeiro encontro com a namorada que atire a primeira pedra. Essa ansiedade é extremamente natural e saudável. A adrenalina faz impulsionar atitudes, dentro do limite. Pois é, a cada dia as pessoas ficam mais ansiosas e os motivos são muitos: excesso de tarefas no trabalho, na escola ou faculdade (provas, relatórios e outros) e também extra-escolar: curso de inglês, natação, balé, judô, enfim. Será saudável tantas atividades? Será que vai cumprir todas elas? A ansiedade caracteriza-se pela preocupação excessiva de que algo de ruim pode acontecer no futuro. Isso leva a pessoa a se sentir bastante desconfortável a ponto de não conseguir realizar as tarefas do dia a dia, isto é, perde a concentração e tem, muitas vezes, lapsos de memória, entre outros sintomas orgânicos. Ter medo de sair de casa por causa da violência é normal, mas se esse comportamento ocorre com frequência e impede a pessoa de fazer as atividades do dia a dia pode estar instalado o processo de ansiedade e já pode ser considerado como patológico e precisa de tratamento. São inúmeras as causas que podem levar a pessoa a sentir ansiedade, inclusive excesso de informação (bytes). Ver, constantemente, o WhatsApp, por exemplo. Preocupação excessiva sobre o que vai acontecer. É bom ficar atento. Há tratamento.

10 e 6

Levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que no País tem crescido o índice de ansiosos. Enquanto no mundo fica em torno de 7% a 8%, no Brasil ele pula para quase 10%. O mesmo acontece com a depressão (transtorno mais grave, que pode surgir depois de um processo de ansiedade mais intenso), que está em torno de 6% da população brasileira.

Ansiedade: origem

Existe um componente genético, mas não é o preponderante para surgir o transtorno de ansiedade. Os estímulos ambientais estressantes como, por exemplo, pressão no trabalho, na escola e faculdade, com familiares para se resolver um determinado problema, são fatores que podem levar a pessoa a apresentar o transtorno. Estar consciente de que a ansiedade pode estar atrapalhando as tarefas do dia a dia é o primeiro passo para enfrentá-la e superá-la. Fugir do problema pode complicar no futuro. A melhor atitude é reconhecer que está havendo um sofrimento psíquico e que pode, sim, resolvê-lo.

(Arnaldo Santtos)

Sintomas da ansiedade

Vários sintomas indicam que a pessoa está num processo ansioso, entre eles: pensamento agitado, fadiga ao acordar, insônia, diarreia, dor de cabeça difusa, isto é, sem uma causa específica, sensação de que tem pouco tempo para realizar as tarefas, não toma decisão, questiona a própria capacidade intelectual, irritação sem motivo, e o pior: tem um comportamento de evitação, ou seja, receio de procurar ajuda de um profissional psicólogo. Esse comportamento pode levar a pessoa a cronificar os sintomas. O enfrentar o sofrimento é a melhor opção para que ela possa superar o problema. Daí a importância de se descobrir a origem do sofrimento, através de psicoterapia.

Ansiedade e psicanálise

Para a psicanálise, a ansiedade é dos transtornos mais frequentes na população em geral. É uma neurose e o grau de sofrimento costuma ocorrer principalmente na área familiar, social, sexual, profissional e em alguns tipos no estado mental. Embora ocorra uma desconcentração ao realizar as tarefas do dia a dia, a pessoa, ainda assim, conserva, razoavelmente, a integração da autoestima, o que não ocorre quando um processo depressivo é instalado.

Na neurose de angústia, ou somático, algumas alterações orgânicas podem surgir, como taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos, ou seja, acima de cem por minuto), dispneia (falta de ar), “bola” no peito, entre outros. Numa situação mais aguda, chamada de neurose atual, os sintomas podem ser caracterizados por sensação de medo; medo de morrer; medo de enlouquecer; acha que vai ocorrer uma tragédia, principalmente quando a pessoa está em lugares abertos, mas se acha sozinha (agorafobia).

Sintomas físicos II

Outro sintoma bastante comum e a neurastenia, em que neuro significa cérebro e astenia fraqueza, ou seja, a pessoa tem uma sensação de esgotamento mental, estafa, inclusive por causa de intoxicações pelo uso de drogas.

Tratamento da ansiedade

Além de psicoterapia, através de psicólogo ou psicanalista, alguns casos precisam, também, de medicação (ansiolíticos) prescrita por psiquiatra. Alguns comportamentos podem ser associados ao tratamento, como exercício físico diário, pelo menos uma hora (que tem o objetivo de produzir serotonina - sensação de bem-estar), que contribuiu para melhorar o sono.

Tratamento da ansiedade II

Ainda há muito preconceito em procurar a ajuda de um profissional, mas é preciso quebrar o tabu e buscar assim que os primeiros sintomas surgirem. Um tratamento adequado pode evitar que a pessoa possa adquirir vários transtornos, entre Um dos tipos mais comuns da ansiedade é a fobia eles síndrome do pânico (total descontrole de social, que tem como característica principal a timidez, o si mesmo numa situação recorrente – local de isolamento, além de pensamento negativo ou pessimista. um assalto, por exemplo, ou um novo fato); Há também o Transtorno de Ansiedade Generalizada transtorno obsessivo compulsivo, bulimia e (TAG), que se caracteriza por uma preocupação difusa anorexia. A pessoa também pode entrar num e frequente. processo de drogadição, seja por medicamento ou drogas ilícitas.

Tipos de ansiedade

Três a quatro

Caso a pessoa apresente, pelo menos, três ou quatro sintomas, seja comportamental ou físico, indica que pode estar iniciando um processo ansioso. Nesse caso a pessoa precisa dá uma freada nas atividades e repensar sobre o que está fazendo da vida e reprogramar as atividades através de ajuda de um profissional. Não é fácil, mas é necessário para que o processo de ansiedade não passe para sintomas mais graves, ou seja, num descontrole maior sobre si mesma e entre em processo depressivo, o que é mais complexo para reverter o sofrimento.

Tratamento da ansiedade III

Muitas vezes a pessoa não percebe que está com acúmulo de tarefas, acha-se incompetente e aí surge o comportamento ansioso por não conseguir concluí-las. Pode surgir também um sentimento de carrasca de si mesma, inconscientemente. A dica é sempre questionar se a ansiedade não é pelo excesso de trabalho ou por outro motivo específico qualquer; que pode, inclusive, ser por uma situação circunstancial, daí a importância da psicoterapia para se descobrir a origem do transtorno, antes que se transforme em depressão e até mesmo ideação suicida.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Para refletir: O MDB pagou o preço da situação de participar de todos os governos sem ter filosofia própria” (Pedro Simon, sobre as derrotas do partido nas eleições)

19

PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Cassados pelas urnas

P

raticamente em todo o País os resultados das eleições fizeram uma limpeza ética derrotando velhos “coronéis” e oligarquias apodrecidas da política que há anos controlam o poder através da força e do dinheiro sujo da corrupção. Exemplos emblemáticos desse novo quadro da política nacional estão nas derrotas de excrescências como a família Sarney, que reinava no estado do Maranhão há décadas, nas eleições de 2014 sofreu um abalo e agora não elegeu ninguém, perdendo por completo o domínio eleitoral no estado. Em Roraima cai o reinado de Romero Jucá, líder de todos os governos da corrupção, que atribuiu sua derrota aos venezuelanos, à Lava Jato e à imprensa (que bom que venceu o bem). No Ceará perdeu o atual presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira, que declarou sua saída da vida pública, antecipada pelo povo. No Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves não se reelegeu senador. Também em Rondônia as urnas derrotaram Valdir Raupp para o Senado e sua esposa Marinha para a Câmara dos Deputados. Na Paraíba o senador José Maranhão ficou em terceiro lugar para govenador. Praticamente todos os derrotados no pleito estão com o carimbo da Lava Jato com processos de corrupção em julgamento e agora poderão ter suas condenações na justiça após suas cassações pelo povo. Sobre essas velhas lideranças que perderam a eleição e outros assemelhados, que mesmo com mandato renovado aguardam julgamentos de processos de corrupção, disse a maior liderança moral viva da política brasileira, ex-senador Pedro Simon: “O MDB para se reconstruir terá que abandonar essas figuras indignas. Eles acabaram porque foram cassados, estão na cadeia ou vão para a cadeia”.

Alagoas dos currais e rédeas

Diferente do resto do País, em Alagoas praticamente tudo continua na mesma por conta do baixo nível de conscientização do eleitorado no interior e também muito pela indecorosa corrupção escancarada às vistas de todos, inclusive da Justiça e da Polícia Federal, que não possuem mecanismos ou mesmo vontade de intervir. O caso mais significativo é a reeleição do senador Renan Calheiros, a figura política nacional com maior número de processos por corrupção, denunciado pelo Ministério Público e aguardando julgamento. Alagoas teve sua grande oportunidade de se redimir diante do país indignado, mas preferiu dar as costas por conta da ignorância e submissão do eleitor do interior ao cabresto dos “coronéis de araque”. E nós continuamos assim, um povo submetido aos currais e rédeas.

Maltrata que eu gosto

Não adianta inchar o peito com mentiras e enganar dizendo que “está construindo hospitais e UPAS”, enquanto faltam insumos básicos, medicamentos e até profissionais para cuidar da saúde do povo. É uma irresponsabilidade criminosa. Como se justificar o cidadão pobre, à beira da morte, ter que recorrer à Defensoria e Ministério Público para poder ser atendido na rede de saúde? Mas lamentavelmente parece que o povo até gosta de ser enganado, pois quando chega a eleição vota naquele que tudo lhes prometeu e nada lhes deu, avaliando mais quatro anos de afronta à dignidade do cidadão.

Fundef: honorários barrados

Parece que de vez está sepultado o sonho milionário de alguns escritórios de advocacia em relação aos honorários devidos por prefeituras em todo o país nas ações para recebimento dos precatórios do Fundef, cujo julgamento vinha se arrastando em Brasília. A decisão foi aprovada por sete votos a um pelos ministros do Superior Tribunal de Justiça. Segundo entendimento do STJ, a verba deve ser utilizada exclusivamente na educação. O acórdão foi proferido na análise do Recurso Especial n. 1703697/PE e atende a posicionamento do Ministério Público Federal (MPF). Desde o ano passado, o MPF defende que os cerca de R$ 90 bilhões em precatórios devidos pela União a municípios brasileiros a título de repasse a menor do Fundef sejam utilizados apenas na educação.

Pega na mentira

Resolvi desde o primeiro turno das eleições me afastar das redes sociais diante de tanta contaminação ideológica, discussões carregadas de ódios e noticias falsas (as tais fake news) e continuo até o resultado final. Gostei da experiência e pelo clima de beligerância que se anuncia quem sabe permanecerei assim por mais tempo. Lendo um texto do colega Ricardo Mota vejo que temos um pensamento convergente sobre o tema. Ele diz: “Tenho conversado com amigos e familiares, gente que é bem informada, mas que ainda não aprendeu a duvidar uma lição fundamental até mesmo para a nossa sobrevivência física ou para a nossa saúde psíquica. Cheque sempre cada informação que lhe chega pelo whatsapp – que foi invadido por uma turma sem limites, sem nenhum padrão moral ou ético”. Não é sem razão que somos um dos países que mais dá crédito às mentiras nas redes sociais. E ainda reclamamos porque nossos políticos mentem tanto!

Governo novo sem trégua

O novo governo não terá trégua para aprovar as medidas econômicas que julgar imprescindíveis para reequilibrar as contas públicas e retomar o crescimento econômico. Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e cientista político Paulo Kramer, as crises política e econômica reduziram significativamente a tradicional lua de mel que caracteriza a relação inicial entre um governo iniciante e o Parlamento. Integrante de um grupo de intelectuais de Brasília que colaboram para o candidato do PSL, Kramer avalia que um eventual governo Jair Bolsonaro enfrentará resistência no Congresso já em seus primeiros dias, a despeito de o partido ter emplacado a segundo maior bancada da Câmara, com 52 deputados. “Vai ser uma lua de mel curta. Os 100 primeiros dias do Bolsonaro vão começar não a partir de 1º de janeiro, mas a partir do momento em que for declarado o resultado das urnas. A situação do país é muito grave. Ninguém vai ter paciência para esperar”, avalia o professor. Para ele, caso seja eleito, Bolsonaro vai priorizar a aprovação da reforma da Previdência, ainda que a proposta seja analisada pelos parlamentares de forma fatiada. “Se não aprovar no primeiro semestre, não aprova mais”, considera.

Bateu pesado

Em evento esta semana para “comemorar” a adesão do PDT ao candidato Fernando Haddad, no Ceará, ao qual o candidato derrotado Ciro Gomes não compareceu e mandou seu irmão, os petistas passaram por uma tremenda “saia justa”. Visivelmente irritado e interrompido por apoiadores do segundo colocado à sucessão presidencial, Cid Gomes detonou os novos aliados dizendo “Vocês vão perder feio porque fizeram muita besteira, aparelharam as repartições públicas e pensaram que eram donos de um país. E o Brasil não aceita ter donos”. Diante da plateia petista que o vaiava, gritando o nome de Lula, o político cearense completou: “Lula o quê? Lula está preso, babaca. Lula vai fazer o quê? Isto é o PT e o PT desse jeito merece mesmo perder”. E terminou dizendo: ”Vocês vão perder a eleição, babacas”. Com um aliado desse o PT não precisa de adversário.


20

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

JORGE MORAES Jornalista

A urna pune II

N

o artigo da semana passada o tema foi o mesmo, quando me referi ao resultado da eleição no 1º turno para governador, senador e deputado federal em Alagoas. Resumindo, todo mundo que leu sabe que estou me referindo ao passeio que foi a vitória do governador Renan Filho, detonando o grupo de oposição; a derrota do senador Benedito de Lira, o parlamentar que mais conseguiu verbas para o governo estadual e para os governos municipais; e a decepção que foram os deputados federais Ronaldo Lessa, Givaldo Carimbão e Pedro Vilela, que não conseguiram renovar seus mandatos na Câmara dos Deputados. Com o mesmo sentido e o mesmo título, vamos esclareSem dúvida, Cícero cer um pouco Almeida foi a maior a situação nas decepção política das eleições para a Presidência eleições deste ano. Quanto a alguns outros da República e candidatos derrotados aL e gAssembleia islativa para deputado estado Estado de dual, entre eles Carim- Alagoas. No binho, Ronaldo Medei- primeiro caso, ros, Marcos Madeira, a urna puniu Geraldo AlckJudson Cabral, etc. etc. min (PSDB), e etc., tudo dentro da provavelmente a melhor pronormalidade. posta no papel entre todos os candidatos, mas preferiu ficar apenas no ataque a Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, perdendo uma boa oportunidade de atirar somente para um lado e tentar gastar o seu tempo com ideias e propostas. Alckmin, quatro vezes governador do estado de São Paulo, não empolgou o eleitorado brasileiro, inclusive o paulistano. Em relação a Henrique Meireles, nenhuma novidade. Candidato de um partido desgastado, representante do presidente Michel Temer, sem carisma e a linguagem política necessária em um processo político. Gastou

21

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

E o vento levou

seu tempo falando só de economia no Brasil, coisa que o eleitor não conhece essa linguagem. Os demais perdedores não tinham a simpatia dos eleitores, entre eles Ciro Gomes, com o mesmo discurso antigo, a exemplo de Marina Silva, que não empolga nem em sua fala cansada. Restaram, verdadeiramente, os candidatos que mais chamaram a atenção: Bolsonaro e Haddad. Haddad, por sinal, colou no presidiário Lula e se deu mal. Deveria ser ele o candidato e não ser o candidato do ex-presidente. Por isso, vai perder a eleição no 2º turno, principalmente quando trocou o vermelho do PT pelo verde/amarelo do PSL e decidiu tarde largar a barra das calças do Lula. Com certeza, Haddad vai perder, para o bem da Nação brasileira que não suporta mais quatro anos do Partido dos Trabalhadores governando o País. E não se trata de uma briga entre esquerda e direita, mas uma decisão do eleitor em querer mudar e a hora é essa. Finalmente, a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, onde o mais decepcionante foi o deputado Cícero Almeida, que teve menos votos do que o Papa Capim dos Meus Sonhos. Para um político que foi bem votado para vereador por Maceió, deputado estadual, prefeito da capital alagoana por dois mandatos, deputado federal, encerrando o mandato agora, a derrota de Almeida para o prefeito Rui Palmeira na eleição passada e os 8 mil votos conquistados agora, mostram ao político que fez uma trajetória abaixo da expectativa de todos, quando nesse período trocou onze vezes de partidos, não formou um grupo forte de apoio e não sabe fechar grupo eleitoral. Sem dúvida, Cícero Almeida foi a maior decepção política das eleições deste ano. Quanto a alguns outros candidatos derrotados para deputado estadual, entre eles Carimbinho, Ronaldo Medeiros, Marcos Madeira, Judson Cabral, etc. etc. e etc., tudo dentro da normalidade. É certo e sabido que não existem vagas para to-

N

ão posso dizer que fui uma criança pobre. Meu pai, João, era um servidor público federal, tinha outros afazeres e foi pai de oito filhos. Vivíamos bem, morávamos em bairros bons, estudamos em excelentes colégios, fizemos muitos amigos. Meus sete irmãos viraram adultos normais; cuidaram bem de suas vidas. Os ensinamentos de meu pai, mesmo depois de trinta anos de sua morte, ecoam em meus ouvidos; suas regras eram rígidas. Um homem à frente de seu tempo. Casou aos 25 anos. Sua mulher, muito bonita, era mimada por ele; filha única, sempre levou uma boa vida. Com 18 anos já era mãe, mas foi infantil até sua prematura morte aos 60 anos. Após o desaparecimento de ambos, num intervalo de dois anos, ficamos órfãos e procuramos andar juntos. Meus sete irmãos Hoje somos viraram adultos norsete, pois Sabino, o mais; cuidaram bem irmão mais velho, de suas vidas. Os en- morreu com 65 sinamentos de meu anos de idade em pai, mesmo depois 2005. casade trinta anos de sua ram,Todos tiveram morte, ecoam em filhos, netos e meus ouvidos; suas bisnetos. Formaregras eram rígidas. mos uma grande Um homem à frente família, que luta continuamente de seu tempo. pela união de seus membros, fato muito difícil de acontecer. Lembro-me de meu pai dizendo: ”Vou morrer cedo; cuide de seus dois irmãos menores; não os deixe passar necessidades; seu irmão mais velho é muito desligado; não o deixe morrer na indigência”. Quando comecei a trabalhar na Assembleia Legislativa, ele me disse: “Você vai trabalhar num ambiente delicado; cuide de se vestir discretamente e tome cuidado com brincadeiras dúbias; evite -as sempre”. Comecei a namorar com Rubião aos 15 anos e quando queria fazer algo mais adiantado para a época, ele dizia: “Se você não se respeitar, nem ele a respeita-

rá”. Viajei, passeei, noivei, casei, sempre me lembrando dos conselhos do velho. Meus irmãos, João e José, funcionários do Banco do Brasil, casaram, tiveram filhos e netos. Não deram muito trabalho a meus pais, sempre viveram como bancários e hoje têm suas famílias. Maria Salvelina e Vera, duas lindas moças dos anos 70, também foram educadas com rigidez e princípios éticos. Formaram-se, casaram, constituíram suas famílias. Vinícius, o mais novo dos homens, foi um rapaz calmo. Tentou o Banco do Brasil, mas não gostou. Trabalha na área de imóveis. Casou-se, teve um filho e dois netos. Administra sua vida. Aline, a mais nova de todos, quase da idade da minha filha mais velha, sempre foi meio irmã, meio filha. Casouse cedo, teve quatro filhos, cinco netos e hoje mora em Campinas, São Paulo. Lembramo-nos dos conselhos do velho João: “Quando algo ruim acontecer com vocês, procurem um pouco de coisa boa e verifiquem que pior poderia acontecer. Não desanimem”. Hoje, de seus filhos, cinco moram em Maceió, uma em Paripueira e uma em São Paulo. Procuramos estar juntos, na casa de um ou de outro. Os leitores devem estar pensando que tudo é um mar de rosas! Que nada! Vez em quando aparecem doenças, queixas, mal-entendidos. Mas a voz de meu pai me aparece firme: “Administre, não esmoreça; olhe para a frente!” João era auditor fiscal do INSS e comecei a trabalhar com ele aos doze anos. Ele me ensinou a ajudar pessoas e servidores com problemas administrativos ou judiciais. Apesar de não ter feito o curso de Direito, defendo-me judicialmente ou defendo amigos, companheiros e parentes. Não sei se na cabeça de meus irmãos os ensinamentos paternos revivem tão fortemente, mas me lembro deles todos os dias há mais de 30 anos. Lá de cima, olhando todos nós, ele deve estar pensando: “Filhos, não deixem que o vento leve todas as lições que passei para vocês!” Deus existe! Não duvidem!


22

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

O pêndulo

N

ão é “Nós, não”, não são “Eles”, não é “Ele não”, não é “Lula Livre”, não é direita nem esquerda, não é ditadura ou democracia. O que estamos assistindo é um verdadeiro extravasar de opiniões contra condutas e comportamentos que chocaram e vem chocando uma Tais fatos e má sociedade altamengestão, como hoje, te interligada pelevaram milhões las mídias e redes sociais. de brasileiros A sociedade às ruas pedindo brasileira ao longo urgentes mudan- de sua trajetória ças, fossem elas de política, sempre foi tanto quanto que matiz político um alheia a ideologias fossem. ou sectarismos. Na verdade, sempre se posicionou contra abusos econômicos, condutas imorais ou antiéticas e situações que levaram ao esgarçamento do tecido político social. Quem sempre aproveitou tal ânimo de viés ideológico foram, sim, aqueles que sempre tiveram ou usufruíram dos conteúdos ideológicos

que lhes eram convenientes. Em 1964, os militares tocados pelos interesses hegemônicos americanos que entendiam ameaçados, acolheram de bom grado o apoio militar, estratégico e econômico daqueles, para, sem qualquer ideologia, embarcarem no poder e exercê-lo até os meados dos anos 80. A partir de 1985, aqueles que hoje são rotulados de esquerda, da mesma forma e sob os mesmos argumentos, se valeram do enfraquecimento demonstrado pela incompetência dos militares na gestão do governo para também se aboletarem no poder e, a partir daí, traçarem um projeto de domínio e aparelhamento do Estado que não tinha tempo para acabar. A diferença entre um e outro é que os militares, até 1985, geriram o País com a mais absoluta incompetência econômico-financeira e amparados nas facilidades do endividamento externo, condutas que nos levaram à bancarrota. Tais fatos e má gestão, como hoje, levaram milhões de brasileiros às ruas pedindo urgentes mudanças, fossem elas de que matiz político fos-

Entre Scylla e Caribdis

O

título deve parecer estranho e ininteligível a grande parte das pessoas. Culpa da educação moderna, que descura, como inutilidade, da cultura antiga, como por exemplo a mitologia greco-latina. Cuido então de explicar, denBasta ver os apoios tro do possível. Homero, o a ditadores sul-amegrande poeta ricanos que o seu grego da histopartido apoia, desde riografia grega clássica, escreveu o governo Lula; ou dois grandes e a ameaça, sempre majestosos popresente, de controle emas – Ilíada e da mídia, o que fere Odisseia -, este de morte a liberdade último narrando o dificultoso retorde opinião. no à pátria do herói Odisseu após a longa guerra de Troia. Por desígnio dos deuses, seres olímpicos em eterno litígio entre eles, a volta de Odis-

seu, o general grego que a mitologia latina consagrou como Ulisses, foi prolongada ao extremo pelos deuses e deusas protetores de Troia e dos troianos, derrotados na longa campanha militar promovida por Menelau, que visava resgatar sua bela Helena das loas amorosas do príncipe troiano Páris. Uma curta viagem que, por força das divindades em conflito, durou dez anos e fez Ulisses percorrer vários lugares do Mar Mediterrâneo, chegando a levá-lo às costas da Itália. Segundo o bardo grego, no estreito de Messina, que separa a Itália da Sicília, havia dois monstros – Scylla e Caribdis, cada um situado em um dos lados do estreito. Do lado de Caribdis, violentos redemoinhos faziam naufragar os navios, engolindo suas tripulações; do outro, Scylla, mítico monstro de oito cabeças de cachorro e longos tentáculos, devorava tripulações e cargas. Só os destemidos atreviam-se a navegar nessa região.

ISAAC SANDES DIAS

Promotor de Justiça

sem. Assim, sob o pretexto de mudanças e combate à corrupção, esses que são chamados ou confundidos com a esquerda, embarcaram no poder após 1985 com propostas de resgate da ética e moralização, levaram o País a uma crise moral e política que beira atualmente ao caos. Não agora apenas pela incompetência na gestão da coisa pública, mas, principalmente, pela orgia de corrupção, rapinagem financeira que praticaram, deixando como resultado de seus quase quatorze anos de desmandos um País exangue de recursos financeiros e pobre de moral e ética. O descalabro a que chegamos é que, mais uma vez, revolve e fermenta a massa composta da classe média nacional e, mais uma vez, o pêndulo ideológico move-se em direção à direita ameaçando agora, um violento choque com aqueles que se colocam, à falta de melhor definição, à esquerda.

A diferença que vemos agora nesse movimento ideológico pendular é que, antes, as ditas forças de esquerda não estavam tão fortalecidas financeiramente e nem tão aparelhadas ideologicamente quanto estão agora após quase quatorze anos cavalgando o poder. Até então, o movimento ideológico pendular ao oscilar da esquerda para a direita e vice-versa, o fazia com choques poucos significativos do ponto de vista de forças e movimentos sociais. Atualmente, com uma população que beira os duzentos e cinquenta milhões de pessoas, com acesso à internet que chega próximo ao mesmo número e, principalmente, com o enriquecimento das facções de esquerda após quatorze anos de rapinagem, o pêndulo, ao movimentar-se agora para a direita, encontrará uma reação oposta e na mesma intensidade, como bem diz a terceira lei de Newton, que poderá gerar consequências inimagináveis para o até então pacato povo brasileiro.

CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Hoje a arqueologia considera, como representados por esses monstros, os redemoinhos ainda existentes do lado de Caribdis, e os oito perigosos arrecifes que cortavam os cascos das embarcações, sendo essas as oito cabeças de Scylla. A longa explicação pareceu-me necessária para definir o drama que será enfrentado pelo eleitor no próximo dia 28, quando se definirá quem será o presidente da República. Não sei quem possa ser Scylla ou Caribdis, mas ambos os candidatos remanescentes são seres conturbados que, segundo a posição em que esteja o eleitor, representam extremo perigo à democracia. Se um, Bolsonaro, manifesta vieses de autoritarismo, adepto do prendo e arrebento de

outrora, Haddad não lhe fica atrás, apesar de sua melifluidade enganosa. Basta ver os apoios a ditadores sul-americanos que o seu partido apoia, desde o governo Lula; ou a ameaça, sempre presente, de controle da mídia, o que fere de morte a liberdade de opinião. Ademais, seu partido tem sido considerado uma quadrilha de malfeitores da administração pública e, ainda por cima, o candidato não se livra da companhia de pessoas de ética duvidosa, como a notória Gleise Hoffman. De qualquer sorte, malgrado essas situações pouco tranquilizadoras, nenhum deles se atreverá a ferir os ideais democráticos da Nação. Temos de pagar para ver. Afinal, temos uma Constituição, e não há opções outras.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Golpes com senhas

O

Judiciário está mais rigoroso na análise de ações por supostas fraudes em compras com cartões. Os magistrados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm dado ganho de causa aos bancos nos processos em que fica comprovado que os golpistas usaram a senha dos clientes e os cartões com chip. Nas decisões, os juízes afirmam que há negligência ou desleixo dos correntistas com os cartões e as senhas. Especialistas que acompanham casos semelhantes dizem que os clientes não devem registrar esses dados no bloco de notas do celular ou em papéis nas bolsas e carteiras, além de não emprestar o meio de pagamento para amigos e familiares.

Telefonemas de cobranças

Muitos devedores ficam constrangidos porque andam recebendo ligações de cobrança no trabalho, em casa de parentes ou vizinhos. A dúvida que fica é: é obrigatório atender telefonema de cobrança? De acordo com especialistas, não existe uma obrigatoriedade em responder a esses tipos de chamadas, porém é recomendado atender para que seja possível renegociar a dívida. Devido ao período político e econômico que o Brasil está passando, as empresas, principalmente financiadoras, estão dispostas a negociar as dívidas de forma que ambos os lados ganhem.

23

ECONOMIA EM PAUTA

Bruno Fernandes – bruno-fs@outlook.com

Desistir do financiamento

O orçamento está apertado para pagar o financiamento e você quer desistir? A primeira consequência de desistir de pagar o “empréstmo” é que o banco irá continuar cobrando a dívida. O nome do devedor passará a figurar em órgãos de proteção ao crédito e, além disso, a instituição financiadora tomará todas as medidas legais para a tomada do imóvel, sendo posteriormente levado a leilão. Sendo assim, além de ter prejuízo com o nome e o dinheiro investido, o CPF passará a contar no cadastro dos bancos nacionais, diminuindo drasticamente a chance de conseguir um novo financiamento no futuro.

Conservadorismo

Sete em cada dez brasileiros ainda preferem deixar o dinheiro parado na caderneta de poupança a ter que se “aventurar” por alternativas que são mais rentáveis de acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil. Uma explicação para os dados colhidos seria o comportamento conservador dos poupadores e a pouca ou nenhuma familiaridade com a “sopa de letrinhas” dos investimentos, notabilizada por produtos como CDBs, LCIs, CRAs e CRIs.


24

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Mais de 4 mil estudantes desistem do curso em Alagoas

ENGENHARIA

FALTA DE IDENTIFICAÇÃO E CRISE ECONÔMICA SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS DA EVASÃO BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

C

erca de 4 mil estudantes que ingressaram no curso superior de engenharia em 2017 desistiram da graduação em Alagoas. Em contrapartida, apenas 2,4 mil começaram esta “nova etapa da vida”, ou seja, começaram a faculdade. Ao ano são ofertadas 4.359 novas vagas na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e em instituições particulares do estado, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sistematizados pela Associação Nacional de Educação em Engenharia (Abenge). A pesquisa divulgada na última semana considerou cursos como engenharia civil, elétrica, mecânica, computação, química, engenharia de produção, materiais e automotiva. Desses 4 mil desistentes, 129 trocaram de curso, 2.664 trancaram a matrícula e 1.811 simplesmente desistiram do ensino superior. A saída de futuros profissionais da faculdade faz o Brasil figurar entre os países com o menor número de engenheiros. Enquanto a Coreia, a Rússia, a Finlândia e a Áustria contavam com mais de 20 engenheiros para cada 10 mil habitantes, o Brasil registrava, em 2014, apenas 4,8 graduados em engenharia para o mesmo número de pessoas. Em Alagoas, o número de profissionais de Engenharia Civil - tipo mais tradicional nas universidades -, chega a 7100. Ou seja, existe um profissio-

nal para cada 467 alagoanos, segundo dados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (CREA-AL) Segundo o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Vanderli Fava de Oliveira, responsável pela pesquisa, essa evasão ocorre majoritariamente nos 2 primeiros períodos. As causas da evasão se dão por vários fatores. “Dos estudos que fiz, há evidências de que a principal causa é a falta de base do ingressante que resulta em reprovação nas disciplinas relacionadas a cálculo, física, química, algoritmo, entre outras. Os que não evadem levam em média 6 anos e meio para concluírem o curso”, explica o pesquisador. Em universidades federais, entre os prováveis mo-

tivos para tal quantidade de desistência também está a não identificação com o curso. Segundo o ex-aluno do curso de engenharia civil da Ufal Felipe Santana, a falta da sensação de realização foi o principal motivo para deixar o curso. “Eu desisti de Engenharia Civil no 8º período da universidade. Eu não estava satisfeito com a profissão. Quando entrei o mercado estava bem aquecido, então foi mais um incentivo, visto que sobrava vagas de emprego na época, mas não me sentia realizado com a profissão. Isso foi me desestimulando no curso até o ponto em que resolvi parar”, explicou. Enquanto o Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano, a Rússia, a Índia e a China formam 190 mil, 220 mil e 650 mil, respectivamen-

te. Porém, em média, apenas 927 alunos se formam em Alagoas. Apesar do ingresso em cursos superiores ter aumentado, passando de 6,5% para 15,1%, entre 2001 e 2016, a evasão aumentou de 5,1% para 10,6% no mesmo período. Segundo estimativas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o Brasil tem um deficit de 20 mil engenheiros por ano - problema que está sendo agravado pela demanda por esses profissionais decorrente das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC,) do Programa Minha Casa, Minha Vida e do pré-sal. Para o ex-estudante de engenharia civil Jean Alves, a desistência também foi por questão de aptidão. “Percebi que não levava muito jeito,

mas acredito que essa evasão acontece por questão da dificuldade do curso. Eu deixei de frequentar as aulas e, automaticamente, irei perder o vínculo com a universidade”, relatou. Em universidades particulares, a desistência, em sua maioria acontece devido ao momento econômico que o País enfrenta. De acordo com pesquisa do instituto DataPopular, 70% dos estudantes universitários de instituições particulares no Brasil trabalham para manter o ensino superior, e devido ao momento de desemprego em alta, a evasão universitária é mais uma consequência. A situação também foi agravada após mudanças nas regras do programa de Financiamento Estudantil (Fies) aprovadas no final de 2017. Os valores de mensalidades praticadas em Alagoas variam entre R$ 800 e R$ 1.000. Para o coordenador do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Tiradentes (Unit), Felipe Bomfim, a dificuldade do curso não é fator de desistência. “As universidades passaram a adaptar os cursos com disciplinas mais práticas, que possam despertar o interesse do aluno e ajudá-lo a entender melhor as matérias. Pelo que vejo hoje, grande parte dos alunos desistem por dificuldade financeira mesmo, muitos perderam emprego e não conseguiram mais pagar o curso, outros não conseguiram o financiamento estudantil após a mudança nas regras. Acredito que em instituições particulares, esses são os motivos para tal evasão”, explicou.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

Sedetur inaugura Centro Cultural em Capela Também foram entregues as novas instalações do Ateliê João das Alagoas

O governador do Estado, Renan Filho, e o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas, Rafael Brito, inauguraram na última terça-feira, 16, o Centro Cultural Multiuso Vereadora Lêda Valéria, antigo Farinheiro, na cidade de Capela, que completou 128 anos de emancipação política. Essa era uma das reivindicações antigas dos munícipes junto à prefeitura e ao Estado. Além do centro, foram entregues as novas instalações do Ateliê Mestre João das Alagoas. O secretário Rafael Brito lembrou a importância dos investimentos para reestruturação do ateliê do artesão João das Alagoas. “É uma obra de muita simbologia porque muita gente do Brasil todo vem ao ateliê de seu João fazer uma visita, olhar suas obras e comprá-las. Ele é uma referência para o turismo de Capela e da região, por isso é importante que tenha um local adequado para receber a visita dessas pessoas”. O governador Renan Filho também destacou a importância cultural das obras não apenas para a cidade, mas para todo o estado. “São duas entregas muito importantes. Uma é o ateliê, um incentivo para ampliar as vendas e melhorar as condições de trabalho dos dez artesãos que aqui trabalham. O João das Alagoas é um dos principais artistas populares do nosso estado e do País. A outra entrega importante é o antigo Farinheiro, um prédio histórico que serviu para festividades e para o comércio semanal, agora reerguido”, declarou. Para o Farinheiro foram investidos mais de R$ 1 milhão, seno que 98% dos recursos foram provenientes do Estado e 2% da Prefeitura Municipal de Capela. As inauguração fizeram parte das festividades do 128º aniversário de emancipação política de Capela e também contaram com as presenças do prefeito do município, Adelmo Calheiros, da secretária de Estado da Cultura, Mellina Freitas, e da primeira-dama Renata Calheiros. Renato Brito comentou sobre a importância do ateliê para o programa de incentivo ao artesanato no estado, o Alagoas Feito à Mão. “Esse ateliê aproxima os artesãos do mercado consumidor e os capacita. É um exemplo das ações do programa do governo do Estado que dá uma ressonância maior ao nosso artesanato e à nossa cultura popular”, destacou.

25


26

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

O automóvel e a tecnologia por imposição

N

em o francês Nicolas Cugnot, a quem a História credita a invenção do automóvel, em 1769, nem Henry Ford, com o seu Modêlo T, em 1908, através do qual socializou o uso da invenção, nem ainda Alfred Sloan, o criador de “um carro GM para cada bolso e propósito”, imaginariam que essa máquina se tornaria emblemática à mobilidade do ser humano na dimensão imensa em que se inseriu. Neste momento, embora ele ainda o seja, o automóvel tem sido alvo de artilharia mais que darwinista, criacionista, nutrida pelo marketing entorpecido pela tecnologia, que procura vesti-la como uma nova Fênix, gerada sobre as cinzas da letargia que marcou e muito os últimos 100 anos do seu desenvolvimento. E não o faz por menos este novo criacionismo: além

de trazer de volta o motor elétrico, os iluminados do dia ameaçam dispensar a figura de quem sempre teve o automóvel como extensão da própria individualidade - o motorista! Diferentemente dos seus precursores, contudo, a geração mais espontânea e alquímica encabeçada pelos “condotieri” da Tesla, Waymo, Uber, etc., e ainda diversos noviços na área, ou seja, as montadoras de sempre, acham que o mercado voltará a se curvar aos seus desígnios. Assim, todos, sem exceção, se esforçam por fazer do elétrico, do híbrido e do autônomo (este, quando a legislação de segurança e a temeridade do mercado o aceitarem), meros instrumentos de mobilidade sucedâneos, em seletividade, às carruagens somente reservadas à nata representada pelas casas reais e alta burguesia, deles excluído

LUIZ CARLOS MELLO

Ex-presidente da Ford Brasil e especialista em gestão automotiva

o povaréu. Há governos, contudo, ricos, que depois de haverem destruído as suas próprias hileias (com respeitosa licença de Humboldt...) e contaminarem o ambiente com mais do que a flatulência dos seus rebanhos bovinos, oferecem adjutório que rodeia os sete mil dólares para impor aos desassistidos uma opção quase mandatória (na China, pode-se dizer que sim!): a compra de um elétrico. Imaginem só o que farão para implantar o autônomo! Até nós, com orçamentos anuais cada mais inflados para conter o crescente débito fiscal, “premiamos” os carros elétricos e híbridos (por enquanto só importados) com uma redução de 25% para um intervalo entre 7% e 18%, tudo isso dentro do chamado “Rota 2030”, com duração de 15 (!!!!) anos, aprovado pelo go-

verno federal em julho último. E os fabricantes assim o fazem desprezando o fato, por medo uns dos outros, de que ninguém está enxergando o fim do túnel...! Excelentes abordagens quanto a essa miopia (ou cegueira...), gente de olhar estratégico e nada dogmático (Keith Crain, da Automotive News, entre eles) vergasta esse marketing que procura demarcar, à maneira dos leões, os de terra e os marinhos, um determinado território pelo odor indisputável da micção topográfica dos novos machos-alfa. Há muito mais sobre esse tema, o qual – quem sabe? - pode vir a distrair descuidados leitores. Procurarei explorá-lo, na medida em que os diários nobres do Nordeste se dispuserem a abrigá-lo, por falta de algo mais atraente a preencher seus nobres espaços.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

À prova de erros

U

m estudo acaba de ser publicado pela organização não governamental (ONG) Nossa São Paulo sobre o tempo médio de deslocamento na capital paulista: caiu em torno de 10 minutos entre 2015 e 2018. Não representa muito, mas se trata de algum avanço. O dado reflete uma modificação nos hábitos trazida pelos aplicativos de mobilidade como Uber, 99 e Cabify. Esses serviços já se estendem a mais de 100 cidades brasileiras. Os meios de transporte usados pelos paulistanos mudaram em três anos. Ônibus caíram de 47% para 43%, metrô de 8% para 7%. Carros particulares subiram de 22% para 24%; aplicativos e táxis de 2% para 5%. Bicicletas de 1% para 2%. Esse fenômeno tem sido detectado em outras grandes cidades no mundo e começa a preocupar os administradores públicos. Uso menor do transporte coletivo tende a torná-lo mais caro e desestimula investimentos na sua melhoria. Não à toa a prefeitura da cidade de

Nova York entrou em conflito com Uber e seu concorrente principal Lyft para limitar o número de automóveis. Quer poder avaliar melhor o impacto no trânsito e nos custos de transporte público. Essa discussão ainda continua por lá. No Brasil, Uber está introduzindo uma versão mais simples (desenvolvida na Índia) de seu aplicativo, para celulares de poucos recursos, a fim de alavancar a modalidade Pool onde mais de uma pessoa é transportada por veículo. Por outro lado, São Paulo foi a primeira cidade do mundo a lançar o serviço do Waze de carona paga, desde agosto passado. Ideia é oferecer e pedir carona a um preço entre R$ 4 e R$ 25. A empresa destaca se tratar de algo diferente, focado em serviço solidário: motorista só pode oferecer duas caronas por dia. Como se trata de experiência nova, não objetiva retorno financeiro no momento. A checar, no futuro. No levantamento da ONG citada não há referência sobre os aplicativos de rotas

27

FERNANDO CALMON

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br alternativas como fator de melhor uso da malha viária e, por consequência, tempos menores de deslocamentos. De fato, é difícil avaliar esse impacto. No entanto, São Paulo é a cidade com o maior número de usuários do Waze no mundo e o Brasil, como um todo, só perde para os EUA, na mesma comparação. Mas o aplicativo também falha. Há pouco mais de um ano houve um grande engarrafamento em São Paulo porque os usuários foram canalizados, erroneamente, para algumas avenidas. Mais recentemente houve queixas de voltas desnecessárias e roteiros que levavam ao destino informado, porém do lado oposto da rua ou avenida,

causando transtorno e tempo maior de viagem. Outro aplicativo, o Google Maps (Google é dona do Waze, embora sem interação), às vezes indica rotas mais longas em dias e horários sabidamente sem problemas de trânsito. A exemplo de grandes empresas de TI, Google é refratária a dar muitas explicações e Waze, pior ainda. Basta algo de errado acontecer. A Coluna tentou, por dois meses, saber se houve disfunções temporárias, relatadas por uso próprio e leitores, nos famosos algoritmos de roteamento. Google Maps negou qualquer problema e se prontificou a checar o percurso errado. Waze nem ao menos respondeu: deve se considerar à prova de erros.

ALTA RODA n NOVA família de motores de três cilindros virá com os novos Onix e sua versão sedã, Prisma, entre o final de 2019 e o começo de 2020. Conhecida como CSS (sigla em inglês para Estratégia de Conjunto de Cilindros), incluirá versões de 1.000 e 1.200 cm³ tanto de aspiração natural quanto com turbocompressor. Consumo e desempenho surpreenderão o mercado. n EMPRESA inglesa, Camcon Automotive promete para os primeiros anos 2020 um revolucionário avanço para motores de combustão interna (MCI) em termos de consumo e emissões. Micromotores elétricos comandarão digitalmente abertura e fechamento de válvulas, eliminado atuais árvores, balancins, molas e correias. Espera-se sobrevida, antes inimaginável, para os MCI. n APESAR de preço nada camarada na faixa de R$ 400 mil, BMW X3 M40i montado em Araquari (SC) garante fortes emoções. Começa pelo seiscilindros em linha de 360 cv e 51 kgfm: acelera com grande vigor para um SUV desse porte.

Volante de ótima pegada, suspensão bem firme e tração 4x4 complementam-se. Espaço atrás meio acanhado, mas porta-malas é bom. n ESTUDOS da Empresa de Pesquisas Energética (EPE) apontam um fosso abissal entre os hemisférios Norte e Sul em termos de veículos elétricos e híbridos. Por seu alto preço, EPE estima que os dois somados representem apenas 2,5% das vendas em 2026, no Brasil (hoje, 0,2%). Os mais otimistas, no entanto, acreditam em partici-

pação de 30% em 2030. Haja otimismo! n PRIMEIRAS revisões gratuitas eram comuns nos primórdios da produção nacional de veículos, nos anos 1960. Carros menos confiáveis levavam a indústria a estimular passagem pelas oficinas. Depois, caiu em desuso. Essa estratégia tem voltado pontualmente, dessa vez como alternativa aos tradicionais descontos que acabam por desvalorizar, mais adiante, um modelo no mercado de usados.


28

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

O Brasil que eu quero

E

u quero um Brasil que não use as urnas eletrônicas da Venezuela, daquelas que foram idealizadas por um brasileiro e dois venezuelanos, amigos do ditador Maduro, amicíssimo do Lula e que foram aceitas e Eu quero um Brasil que defendidas por não faça o que foi feito em todos os ministros do TSE. 2014, nas eleições deste Eu quero um mesmo ano, ocasião na Brasil que não qual houve uma grande use as urnas eletrônicas adomentira, ao dizerem que tadas pelo TSE, algumas urnas estavam às quais não são defeituosas e que, por isso, aprovadas, aceitas e adotadas deveriam ser trocadas, o que proporcionou uma ma- por países como Alemanha, nipulação das urnas para França, Estados Unidos, Rússia beneficiar a Sra. Dilma. e outros, devido não evitarem fraudes. Urnas que logo no início da votação, milhares delas são

substituídas, já que algumas autoridades autorizam o manejo. De mentirinha, elas apresentam-se com defeitos, a ponto de serem trocadas em pleno processo de votação. São urnas suspeitas, porém defendidas por todos os ministros do TSE, que as consideram como perfeitas e isentas de fraudes. Será que são mesmo? Eu quero um Brasil que respeite a lei aprovada, há três anos, pela Câmara Federal, para que o voto fosse impresso, embora os ministros do TSE não tenham respeitado a lei e realizado as eleições sem o tal de voto impresso. Além disso, eu quero um Brasil no qual os senhores deputados federais não fiquem brincando de legislar, bem como os senhores ministros do TSE não façam de conta que respeitam a Constituição brasileira, pois não adotaram o voto impresso que foi aprovado. Eu quero um Brasil que não adote as urnas eletrônicas que são tidas como fáceis de serem fraudadas, como dizem os mais renomados técnicos em infor-

mática. Eu quero um Brasil que ouça os senhores ministros do Tribunal Superior Eleitoral e não fiquem rasgando as leis eleitorais. Eu quero um Brasil que não faça o que foi feito em 2014, nas eleições deste mesmo ano, ocasião na qual houve uma grande mentira, ao dizerem que algumas urnas estavam defeituosas e que, por isso, deveriam ser trocadas, o que proporcionou uma manipulação das urnas para beneficiar a Sra. Dilma. Quero um Brasil que saiba reclamar quando não estiver havendo uma apuração de votos sem as totalizações corretas, como deveria ser. Eu quero um Brasil no qual não haja trambiques, como aconteceu no 1º turno das recentes eleições, ocasião na qual milhares de urnas foram tidas como defeituosas para serem substituídas, durante a votação, o que beneficiou os candidatos do PT. Eu quero um Brasil no qual não aconteça o que aconteceu, no 1º turno, quando o can-

didato Bolsonaro, no meio da votação, já estava com 48,33 % dos votos e uma coisa estranha aconteceu para que ele não chegasse aos 51 % e ganhasse já no 1º turno. Os votos para ele ficaram sem nenhum acréscimo, para não deixá-lo vitorioso já no 1º turno. Houve esquema e ninguém reclamou. O Brasil que eu quero, é um Brasil no qual no 2º turno das eleições não inventem que milhares de urnas foram trocadas, já que inventaram de trocar urnas, tidas como quebradas. O Brasil que eu quero é um Brasil sem a nojeira das urnas trocadas em plena votação e que elas não sejam substituídas de jeito nenhum por outras. Se quebrou, que sejam imediatamente rejeitadas, pois é nessa troca que existe o esquema e o acréscimo criminoso!!! Em tempo – O advogado Dr. Givan Lúcio Silva lê meus artigos todas as sexta-feitas. Por sinal, já foi meu aluno de Física no Colégio Guido. A ele, meus agradecimentos pelo incentivo.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

ABCDO INTERIOR

Radialista agredido

A

gredido com um soco no rosto na véspera das eleições no interior do Bar do Caldinho, no Alto do Cruzeiro, em Arapiraca, o radialista Ailton Avlis ainda está emocionalmente abalado com o trauma provocado pela violência. O profissional, que apresenta diariamente um programa jornalístico na Pajuçara FM Arapiraca, revela que o agressor é sobrinho do ex-deputado Dudu Albuquerque, mas não prestou queixa na polícia e optou pelo silêncio pensando em sua integridade física e para evitar polêmica com a família do ex-deputado, cujo filho, Breno Albuquerque foi eleito no último pleito para Assembleia Legislativa.

A agressão

“Bem orientado, estou tomando as devidas precauções para que esse ato covarde não fique impune”, disse Aiton para revelar que estava conversando com um amigo, dono de um site, quando foi chamado de filho da p., por um ex-sócio de um grande empresário de Arapiraca que estava em uma mesa próximo à sua. “Dei a minha resposta, mas um cidadão conhecido como Carlinhos, que estava na mesa com o empresário, disse que eu só falava merda, veio em minha direção e me socou. Não tive reação nenhuma, sou da paz. E o que eu fiz foi me retirar do bar e ir para a minha casa”, contou o radialista.

Lixo nas ruas

Durante sessão realizada na terça-feira, 16, o vereador Fábio Henrique convidou o secretário de Limpeza Urbana para explicar o problema do acúmulo de lixo nas ruas de Arapiraca, em virtude da paralisação das atividades por parte da empresa responsável pela coleta. O vereador também quer saber das projeções futuras da limpeza urbana da cidade, que o município pretende executar. Em sua fala, lembrou que Arapiraca é uma cidade de 250 mil habitantes, que não pode ficar sem coleta de lixo. ”Lixo também é saúde pública”, disse. A coleta, no entanto, já foi “normalizada”, depois de um entendimento entre a Prefeitura e a empresa contratada para executar os serviços.

Noção do problema

“O povo pode ajudar não colocando entulhos e lixos nas ruas. Cada um tem que fazer sua parte. O povo tem que ter noção do problema, enfrentando a falta da coleta do lixo e suas soluções para melhoria da vida da população”, disse o vereador, para afirmar que tem certeza que tudo vai ser solucionado.

29

robertobaiabarros@hotmail.com

Apoio de vereador

“A população que votou e acreditou em mim, cobra e me pergunta se eu não estou vendo o absurdo que está acontecendo em nossa cidade e minha resposta é que estou sempre cobrando e ajudando a solucionar esse problema que tanto aflige nossa população”, afirmou o vereador Fábio Henrique.

Vai ajudar

Na oportunidade, Fábio Henrique recebeu, também, o apoio do vereador Léo Saturnino, que se mostrou preocupado com o problema da limpeza urbana de Arapiraca. “Temos certeza que as soluções já estão sendo implementadas”, disse Léo Saturnino. “Vamos estar sempre aqui ao lado do povo e ajudando o nosso município em suas necessidades. Em alguns bairros a coleta e a limpeza das ruas já começaram e estamos de olho em defesa dos interesses da população arapiraquense”, concluiu Fábio Henrique.

Agradeceu

Em entrevistas às emissoras de rádio de Arapiraca, o deputado reeleito Tarcizo Freire (PP) disse que não poderia deixar de agradecer o voto espontâneo e de confiança de cada alagoano. Na ocasião, o parlamentar usou os microfones das rádios Pajuçara FM e Novo Nordeste para agradecer à população pelos 24.709 votos recebidos dos municípios do estado.

Entrevista

“Os arapiraquenses, assim como os alagoanos, acreditaram e apoiaram nossa campanha, me receberam de braços abertos nas ruas, nas casas, nos comércios onde apresentei meu trabalho e minhas propostas para Alagoas. Meu sentimento é de muita gratidão e de um compromisso ainda maior para continuarmos na luta em defesa da população alagoana”, disse ele, parabenizando também os professores pela passagem do seu dia celebrado no último dia 15 de outubro.

Vai retribuir

Freire teve em Arapiraca cerca de16 mil votos e, segundo ele, vai retribuir com esforço, dedicação, cada um deles. Durante as entrevistas foram abordados temas como sua atuação parlamentar, pretensões para 2019 e os serviços de grande relevância do Complexo Tarcizo Freire. O deputado ainda falou que vai percorrer alguns municípios para agradecer.

Congresso

O XII Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação-Connepi, vai ter 18 trabalhos de integrantes do Ifal Arapiraca na programação. Ao todo, serão 125 projetos do Instituto Federal de Alagoas.

Novembro

O Connepi está marcado para ocorrer nos dias 27 a 30 de novembro, em Recife. O evento tem o objetivo de impulsionar e difundir a produção na área de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico.

Tema do Connepi

Nesta edição, o Connepi terá como tema “Os dez anos da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica”, buscando fortalecer os debates sobre o papel dos institutos federais no desenvolvimento social e econômico do País e o caráter estratégico da ampliação dos investimentos na ciência e desenvolvimento tecnológico.

PELO INTERIOR ... Uma ação civil por ato de improbidade ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio das Promotorias de Justiça de Penedo, em desfavor do ex-prefeito José Dirson de Albuquerque Souza e do ex-secretário municipal de Finanças, Carlos José Dantas, ambos daquele Município, foi mantida pela Justiça. ... Eles tiveram o recurso de apelação julgado improcedente pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça. ... No caso foi mantida a condenação dos réus em sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara da Comarca de Penedo, com ressarcimento ao erário, pagamento de multa civil em favor do município, suspensão dos direitos políticos e proibição de contratar com o poder público a partir da decisão. Não cabe mais recursos. ... Após investigação conduzida em robusto

inquérito civil, o MPE/AL apresentou provas eficazes que alicerçaram a ação de improbidade administrativa e, consequentemente, levaram à condenação. ... José Dirson tentou alegar que as contratações ilícitas eram feitas sem seu conhecimento, reportando toda responsabilidade à Secretaria Municipal de Finanças. ... Conforme consta nos autos, o Ministério Público acusou os ex-gestores de realizarem obras fictícias, como reforma de uma quadra inexistente; de superfaturamento de serviços, a exemplo de transporte de material em carroças; de contratação de atos de trato habitual sem licitação, como o de coleta de lixo, dentre outras. ... O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio da Promotoria de Justiça de Girau do Ponciano, expediu recomendação para que a Secretaria Es-

tadual de Educação de Alagoas, no prazo de 30 dias, modifique o nome de a Escola Deputado Gilvan Barros, já que o título homenageia pessoa viva, o que é vedado pela legislação brasileira. ... O documento também determina que seja feita um levantamento para saber se na cidade há outros prédios públicos na mesma situação. ... De acordo com o promotor de Justiça Rodrigo Soares da Silva, da Promotoria de Justiça de Girau do Ponciano, a Lei Federal Nº 6.454/77 proíbe, em todo território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público, de qualquer natureza à União ou às pessoas jurídicas da administração indireta. ... Aos nossos leitores, desejamos um excelente final de semana, repleto de paz e saúde. Até a próxima edição!


30

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

MEIO AMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Cartão x dinheiro

C

onsumidores podem contribuir com o meio ambiente escolhendo efetuar pagamentos com cartão em vez de usar dinheiro, segundo um estudo do banco central da Holanda. A energia consumida por uma transação com cartão de débito pode acender uma lâmpada de 8 watts por 90 minutos e a de uma compra feita com cédulas e moedas acenderia durante duas horas, escreveram os pesquisadores em trabalho publicado na segunda-feira (15). Para a fabricação de moedas por exemplo, são usados cobre e estanho para a produção, caminhões de transporte queimam combustíveis fósseis e os caixas eletrônicos consomem eletricidade. O impacto ambiental das transações com cartões de débito se concentra mais em um único item: as máquinas usadas pelos comerciantes para processar pagamentos respondem por três quartos das emissões.

Carne de frango sem ave

Uma empresa de alimentos em São Francisco, nos Estados Unidos, fabricou nuggets de frango a partir das células de uma pena de galinha. Essa carne não deve ser confundida com os hambúrgueres vegetarianos à base de verduras e legumes e outros produtos substitutos de carne que estão ganhando popularidade nos supermercados. Trata-se de carne real fabricada a partir de células animais. Elas são chamadas de diversas formas: carne sintética, in vitro, cultivada em laboratório ou até mesmo “limpa”. São necessários cerca de dois dias para produzir um nugget de frango em um pequeno biorreator, usando uma proteína para estimular as células a se multiplicarem, algum tipo de suporte para dar estrutura ao produto e um meio de cultura - ou desenvolvimento - para alimentar a carne conforme ela se desenvolve. Seria essa a salvação para saciar o apetite de nove bilhões de pessoas até 2050?

Falta de cerveja

Segundo um estudo publicado na última segunda-feira, 15, os fenômenos climáticos contemporâneos podem acabar com os estoques globais de cerveja. Segundo publicação no periódico Nature Plants, as secas e ondas de calor concomitantes - que andam agravadas pelo aquecimento global provocado pelo homem devem levar a declínios bruscos no rendimento das colheitas de cevada, gramínea cerealífera que é o principal ingrediente da apreciada bebida. Principalmente se os níveis de emissão de carbono continuarem como estão hoje. A perda de produtividade nas colheitas de cevada pode chegar a 17%, o que deve fazer o preço da cerveja dobrar ou até mesmo triplicar em alguns lugares do mundo.

Economia circular Multa

Um condomínio localizado no bairro de Mangabeiras foi autuado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) por lançar, de forma irregular, esgoto direto no Riacho do Sapo, que deságua no mar. O flagrante foi registrado na última terça-feira, 16, e o residencial terá que pagar uma multa de R$ 60 mil por crime ambiental. Primeiramente, os fiscais observaram o lançamento dos efluentes no riacho, do lado de fora, nos fundos do condomínio. A equipe de fiscalização entrou no residencial e iniciou a busca para constatar a existência do crime ambiental. Eles realizaram escavações até encontrar a origem do efluente e inseriram substância pigmentada para confirmar o destino do esgoto.

Dieta

Para limitar o impacto do aquecimento global, da escassez de água e da poluição é possível mudar modelos de produção e consumo de alimentos e começar a aderir à dieta flexitariana. Ela é baseada em comer principalmente alimentos de origem vegetal - como frutas, verduras, legumes, grãos, nozes e produtos de soja - mas não exclusivamente isso. Carnes podem ser consumidas ocasionalmente - é por isso que o flexitarianismo também tem sido chamado de “vegetarianismo casual”, e está se tornando cada vez mais popular - mas isso significa uma grande redução em relação ao que entra no prato atualmente. De acordo com pesquisadores, no caso da carne bovina é preciso haver uma redução de consumo da ordem de 73%. Para a carne de porco, seriam quase 90% a menos. Isso reduziria pela metade as emissões de gases de efeito-estufa da pecuária.

Como meio de incentivo, um edital foi lançado para estimular a criação de projetos, práticas e ideias que tragam soluções aos resíduos da cadeia produtiva da pesca e do sururu. Instituições de pesquisa, entidades da sociedade civil organizada, iniciativa privada e empreendedores individuais podem receber R$ 200 mil para criação destes projetos. Os interessados têm até o próximo dia 31 para participar do Prêmio Inovação em Economia Circular que visa melhorar a qualidade de vida da população que sobrevive da pesca nestas regiões. O edital foi lançado pelo Projeto Maceio Mais Inclusiva por Meio da Economia Circular. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas através do site iabs.org.br/maceioinclusiva/premio


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018

31

Alagoas desponta como promessa na produção da bebida

CERVEJA ARTESANAL MUDANÇAS NO HÁBITO DOS CONSUMIDORES E DO MERCADO IMPACTAM NEGÓCIO MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

mercado de cerveja artesanal é um nicho que foi redescoberto em todo o País e passa por mudanças sucessivas. Alagoas não ficou de fora e entra na disputa com força total. Trabalhar com algo que lhe dá prazer e que seja ao mesmo tempo saboroso e lucrativo é um dos motivos para que o alagoano aposte na fabricação do produto. O setor atrai cada vez mais um público seletivo e sedento por sabores diferenciados. Rodrigo Inojosa, da Hop Bros, diz que a presença da cerveja artesanal só aumenta em Alagoas. O bacharel em Direito e administrador de empresas relembra que tudo começou como uma brincadeira, produzindo a bebida no fogão de casa. A ideia era fazer cerveja de alta qualidade para beber com os amigos. Em 2014/2015 a produção foi aumentada e em 2016, por ver um grande potencial para o mercado, abriu a empresa com amigos. A ascensão foi meteórica e em julho de 2017 começou a produção em escala comercial. Atualmente, são quatro sócios que administram a marca. O investimento varia de acordo de como e onde a cerveja é produzida. Rodrigo compara ao avaliar que se for fabricado em casa é baixo, já industrial é alto. Para se ter uma ideia, em sua marca foram investidos mais de R$ 1 milhão e meio. No entanto, ele vê como um impacto a possibilidade porque existia uma demanda

reprimida já que não tinha produto de qualidade na região. O empresário comemora o crescimento da produção em curto tempo. E faz o comparativo de que em 2017 produzia 3 mil litros de cerveja por mês e atualmente são 16 mil litros por mês. “Estamos satisfeitos. É muita luta, bastante demanda, mas a gente trabalha com algo que traz alegria e isso é muito gratificante”, comemora. Quem também faz parte desse nicho é Bruno Peixoto, fundador da Beermoon, uma confraria dedicada às cervejas artesanais. Segundo ele, a nova fase da cervejaria é mais uma prova de que o público que consome o produto só cresce em Alagoas. Peixoto faz um comparativo ao dizer que o mercado cresceu e teve o renascimento das cervejas no mundo quando os Estados Unidos começaram a recriar a cerveja artesanal, influenciando o mundo ocidental. Alagoas, por sua vez, entrou no clima. Ele acrescenta que percebe-se esse crescimento porque em 2016 existia uma cervejaria alagoana e de lá prá cá são 10 cervejarias, sendo seis fábricas próprias e quatro ciganas. “Quem começa a tomar cerveja artesanal não volta mais a apreciar as outras”, afirmou ao dizer que não se trata

AGENDA CULTURAL

A

Alagoas conta com mais de 20 rotúlos em 10 cervejarias de moda e que a tendência voltou para ficar. Ele relembra que há algum tempo já apreciava esse tipo de cerveja, mas sem se aprofundar. Em 2016 começou a estudar e percebeu que Alagoas tinha carência em ter acesso a cerveja artesanal. A partir daí se juntou a

amigos que gostam de cerveja e fundou a confraria. Nos encontros mensais surgiu a demanda para fazer uma festa nos moldes da Oktoberfest alemã apenas para o grupo e familiares. A primeira versão em 2016 reuniu 150 pessoas e dali surgiu o nome Ôxetoberfest.

Ôxetoberfest é um evento que nasceu dentro da confraria Beermoon em 2016 e reuniu 150 pessoas. O que seria apenas um encontro de confrades, se expandiu e em 2017 conseguiu reunir 700 pessoas. Em sua terceira edição, este ano, a meta é atrair cerca de 2 mil pessoas. A festa acontece no sábado, 20, na Acrópole Hall, em Jaraguá e vai reunir mais de 20 rótulos de todas as 10 cervejarias artesanais de Alagoas. Inspirada nas tradicionais Oktoberfests alemãs, a Ôxetoberfest é um festival de celebração da cultura nordestina. Será um misto de música, gastronomia, danças e manifestações folclóricas. A atração principal será cerveja artesanal genuinamente alagoana. Já os sabores serão os mais variados. Só provando para escolher o preferido, se for possível. Assim, alagoano, nordestino ou não, tem que comparecer na festa de sotaques e sabores. Oxente, vai ser arretada. Duvida? Vai lá conferir a festa com pegada e gosto nordestino. “A ideia é que em um mesmo lugar o turista tenha contato com a gastronomia, música, cultura popular e as cervejas locais. Além disso, a gente busca também uma maior aproximação do público local, com a cultura da região e as cervejarias alagoanas”, afirmou Bruno Peixoto.


32

MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE OUTUBRO DE 2018


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.