Acordes

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DEZEMBRO 2014 | N. 1


GENTE FONE

4. Shows inesquecíveis - Rock 8. FM’s pelo mundo

MICROFONE

10. A diversão musical de três amigos 12. Música e ensino superior 14. Eles vivem de música ---

TERAPIA CRIANÇA

VITROLA

18. Melodia para os bebês

JOVENS

20. Musicoterapia ---

ESTILOS ROCK

22. O conceito Inner Giants 24. Mulher curte rock, sim!!! 28. A simbologia da guitarra 30. Paul, John, Ringo e George!!! 34. Eles sabem o que é Ramones?

SAMBA

36. Irmãos na vida e no samba

GOSPEL

38. Mais que adorar

SERTANEJO

40. “Faturanejo”


VERTENTES &

CORRENTES

M

úsica. Claro que todo mundo sabe o que é. Caso conheça alguém que não goste (se isso for possível) não recomende a Acordes, mas sim um médico. Depois disso, mostre para ela a nossa revista, um remédio para esses que sinceramente não devem existir. Imagina o quão sem graça seria a vida sem a bendita música. Música. Não é só aquilo que você escuta ou, não é só aquilo que você canta/toca. Há várias vertentes e correntes nisso. A música não é só feita pelos ídolos que aparecem na TV, mas também por aqueles que estão bem perto, mas você nem percebe. A música local merece respeito. Serve como um hobby, uma diversão, mas dá para ganhar uma “graninha” ainda. Música é talento e dom e mesmo assim, nada (ou seja, o preconceito de alguns) pode impedir alguém de cursar música em uma universidade. Consumir a música. Ver o teu ídolo frente a frente, naquele que se torna um show inesquecível. Histórias e mais histórias. Consumir a música pelo fone de ouvido e internet, ouvindo rádios FM de outros países com propostas diferentes. Essa tal música. Que também serve para acalmar as crianças e os jovens. Musicoterapia. Estilos são muitos. O rock e a guitarra? Irmãos. Enquanto vemos meninas com a camisa do Ramones sem saber do que se trata, há mulheres que vivem o rock. Ainda tem o sonho de Guilherme e as vertentes dos Beatles. Mas também tem samba, sertanejo e gospel. Tem música. Tem Acordes. Dê play na vitrola!!!

DIRETOR GERAL Amaury Antônio Meller DIRETORA ACADÊMICA Elza Korneiczuk Meller DIRETOR DE ENSINO Célio Raniero COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Anderson Rocha COORDENAÇÃO E SUPERVISÃO DE CONTEÚDO Ronaldo Nezo EDITOR Felipe Augusto PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Felipe Augusto Maria Antônia Junqueira REVISÃO DE TEXTO Andrea Sakugawa REPORTAGENS Amanda Machado Andressa Santos Andrea Sakugawa Beatriz Vieira Everton Liberto Felipe Augusto Felipe Conti Jaíne Valenciano Kaique Augusto Kélen Henn Maria Antônia Junqueira Michelle Muniz Milena Maieski Vanessa Herrmann William Souza FACULDADE MARINGÁ Av. Prudente de Moraes, 815 - Maringá/PR Fone: (44) 3027.1100 www.faculdadesmaringa.br

Q U E M S O M O S


GENTE

F O N E

I LOVE ROCK 'N ROLL Ah, o rock, com sua guitarra, baixo e bateria. Ouvir pelo fone de ouvido já é empolgante, mas nada se compara aquele show. Você frente a frente com seu ídolo, ouvindo cada nota do vocalista daquela banda que marca sua vida

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AMOR ESCANCARADO VANESSA HERRMANN

Q

uando me apaixonei pelos Beatles, há muitos anos atrás, não imaginava que um dia poderia ver um deles ao vivo. Uma das bandas de maior sucesso de todos os tempos, o Fab Four. Há tempos cantarolava as músicas pensando em como teria sido para as pessoas que viram de pertinho um show dele. Paul era o músico que tinha sensibilidade para fazer melodias com tons apaixonantes, que falam do coração humano; John, com rebeldia própria e discurso engajado e denunciador; George, com curiosidade mística, melancolia e acordes vibrantes de arrepiar em sua guitarra; e Ringo, um baterista despojado e alegre, a criança do grupo. Deles todos, certamente Paul foi o mais carismático, por ter músicas mais melodiosas e fáceis de entender. Em 2013, um desses ex-integrantes do quarteto, Paul McCartney, anunciou que faria shows no Brasil. Três opções de cidades: Salvador, Goiânia e Belo Horizonte. Nenhuma das cidades é perto de Maringá. Mas, para ver um Beatle, o esforço da viagem e os gastos valiam a pena. O desespero já começou antes mesmo de comprar o ingresso – um show do McCarteney é disputadíssimo. A venda começava a partir da meia-noite, mas meia hora antes disso eu já estava com o site de vendas aberto. Não podia correr o risco de perder lugar

para o espetáculo. Depois de muitas atualizações no site fora de ar, consegui efetuar a compra com sucesso. Agora só precisava esperar o dia do show. Quando cheguei em Belo Horizonte, fui direto para o estádio. Era meio-dia, teria que esperar até às oito para o grande momento. Isso não foi um problema. Eu estava feliz com a oportunidade. Oito horas em ponto Sir Paul McCartney entra no palco. Ele é britânico, não se atrasaria. Pessoas de todas as idades entraram em delírio; de crianças até os mais velhos. Eram 53 mil fãs ali para assisti-lo, e eu era uma delas, numa multidão ensandecida. Não há palavras para explicar o quão maravilhoso é o sentimento de ver e ouvir de perto algo que te faz bem. Melodias que tocam o coração. Parece coisa boba, mas quando a gente gosta mesmo de algo, fica assim. Aos 70 anos, ele esbanjou disposição em duas horas e meia de show. Emocionou muita gente. Era difícil conter as lágrimas. A energia era palpável: todos cantando juntos num coro. No dia seguinte, após eu escrever esta crônica, ele fez um show em São Paulo. Mesmo já tendo visto uma vez, me dói saber que não assisti novamente. Até porque nunca é igual. Cada chance é única. E caso consiga, irei de novo, e de novo.

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A primeira vez que eu escutei Behind Blue Eyes no meu quarto, a sensação de estar conversando com o Roger durante Pinball Wizard. Foi foda porque é como se realmente eu estivesse conversando com a música numa arena enorme lotada. É como se eu estivesse ouvindo história. A minha história no caso. Foi mais emocionante que entrar no Louvre.

Essa banda faz parte da minha vida desde a infância. Me lembro quando meu irmão mais velho tinha uma banda de fundo de quintal, aquelas de criança e ficava cantando as musicas deles. Foi aí que me apaixonei. Fui no show deles no ultimo rock in rio. Lá fui pedida em casamento ao som de “I could die for you” e nos casaremos ano que vem. Foi inesquecível.

Descobri o som deles há uns seis anos atrás. Desde então nunca mais parei de ouvir e adoro absolutamente todas as músicas deles. Viajei durante 12 horas para chegar no Festival e mais 12 horas para voltar pra casa. Mas foi, sem dúvida, um dos melhores dias da minha vida, uma emoção que não consigo descrever. Agora o amor é ainda maior!

Gian Lucas Valiatt, 19. Show The Who, em Abu Dhabi.

Paola Paschoal, 23. Show Red Hot Chilli Peppers, no Rio de Janeiro.

Daniele Sitko, 22, Show Kings of Leon, em São Paulo

Copão de cerveja na mão, da décima quinta fileira. Você sente cada respiração de Bob Dylan. Nota as dancinhas discretas do bardo judeu. E o melhor? O canalha sorria.

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Alexandre Gaioto, jornalista, e a sensação de ver Bob em São Paulo


Quando soube que ela tocaria no Brasil prometi pra mim mesma que iria, nem quem fosse sozinha. Dito e feito, confesso que cheguei perdida no festival, senti um vazio e um pouco deslocada, até ouvir o primeiro som da sua voz. Foi como se aquele timbre todo preenchesse minha mente e alma. Eu só conseguia pensar “é a voz mais bonita que eu ouvi pessoalmente”.

A espera foi grande. Já era a segunda vez que ia ver Josh Homme, mas dessa vez o show era inteiro dele. Área Vip, poucos metros do palco. Dava pra fazer contato visual. As bolhas que meu all star fizeram no meu pé só senti no dia seguinte. A música batia no peito e cantei tudo do início ao fim. Fiquei sem voz por três dias, mas foi a recompensa de um show bem curtido!

Eu era jovem de tudo, minha mãe me levou, era uma das minhas bandas favoritas. Eu achava que era impossível porque eu era molequinho. Cria toda aquela expectativa de oito horas de viagem para chegar até lá. Uma arena gigante, diferente de tudo o que eu já tinha visto. Foi o único show que viajei para São Paulo, era criança, tinha 13 para 14 anos. Me senti num mundo surreal.

Gabriela Tranjan,23. Show Amy Winehouse, em São Paulo

Lívia Fernandes, 31. Show Queens of the Stone Age, Porto Alegre.

Rodolfo Peres Oliveira, 22 anos. Show do Simple Plan, em São Paulo

Que show. Entre músicas consagradas, como Into the Void, apareciam algumas do novo álbum. Pareceu-me estranho o concerto acabar tão cedo, porém parece razoável quando considerada a idade dos integrantes. O mais novinho e mais cheio de vida era o baterista, que não era o original, infelizmente. Enf im, uma experiência única. Artur Soriani Alves, estudante, e a sensação de ver Black Sabbath em São Paulo

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rtl 102,5

101,5 FM Lite

COMERCIAL A rádio foi ao ar pela primeira vez em 1948 como WWPB-FM. Em 1969 ganhou o nome de “WLYF” e foi apelidada por “Life”. Dois anos depois, se tornou “Lite FM”. Transmitida em Miami, Gardens e Flórida, a Lite tem uma programação voltada para mulheres de 25 a 54 anos. Destaca-se por um formato diferente de apresentação, deixando a programação mais interativa. Com o slogan Refrescante! trabalha com hits e adulto contemporâneo.

Criada em 1979, na Espanha, a emissora se expandiu por vários países: Austrália, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Panamá, Argentina e Paraguai. Com o estilo pop e pop/rock, faz sua programação no formato top 40, que concentra músicas atuais e populares. A lista muda a cada semana e é definhada conforme a participação dos ouvintes pelo site da rádio.

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Criada em 1979, é a rádio mais ouvida de Portugal e conta com 24 emissoras espalhadas pelo País. Com o slogan A Melhor música de 2000 em diante, esta emissora trabalha apenas com sons do início deste século até os atuais. O estilo de programação O estilo de programação é baseado, prioritariamente, em pop e pop rock. O diferencial da rede é a interatividade com os ouvintes que, de hora em hora, participam e pedem músicas ao vivo. Além disso, a emissora conta com 24 boletins diários, também em tempo real.

los 40 principales

FM’s pelo mundo


Foi criada em 1975, na Itália, como Radio Transmission Lombarde. A ideia inicial era tocar os sons das discotecas. O diferencial da emissora é um sistema de transmissão de rádio na televisão, ou seja, uma “rádio TV”. Além de o ouvinte acompanhar imagens “ao vivo” do estúdio, são inseridas imagens de videoclipes ou apresentações de shows dos artistas que estão tocando na playlist. E no momento de vinhetas e comerciais o conteúdo visual continua, mantendo assim a visibilidade da marca.

N

ão podemos negar que o rádio faz parte da vida de quem gosta não só de música, mas também de informações, diversão e companhia. Segundo um recente estudo realizado pelo Ibope Media, o rádio é ouvido por 90% dos brasileiros. Destes, 70% preferem escutar músicas. Aonde quer que você vá, terá uma emissora para ouvir. Já parou para pensar quantas emissoras existem no Brasil? De acordo com o Ministério das Comunicações, em funcionamento, são 2.664 emissoras FM. São muitas. Imagine pelo mundo afora (!). Para ficar por dentro do que está rolando, a Acorde listou algumas rádios que valem a pena conhecer.

mix austrália

EVERTON LIBERTO

Na era da internet, rádios inovam e continuam firmes por todos os cantos do mundo

É uma rede de rádios disponível em Melbourne, Brisbane, Adelaide e Canberra. Com o slogan Da Austrália mais ampla, variedade de música (traduzido), a programação é definida conforme pesquisas de região. Ou seja, a programação de uma emissora não é igual às demais. Por exemplo, a Mix 101,1 (Melbourne) e Mix 97,3 (Brisbane) tocam Hit adulto contemporâneo. Enquanto a Mix 102,3 e 106,3 (Adelaide e Canberra respectivamente) tocam adulto contemporâneo. A partir de 2015, o nome da rede deve mudar para: Kiis FM.

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~ PAIXAO & HOBBY WILLIAM SOUZA

Dentista, marceneiro e estudante adotaram a música, que hoje ganhou quatro horas diárias de atenção

WILLIAM SOUZA

M I C R O F O N E


WILLIAM SOUZA

WILLIAM SOUZA

WILLIAM SOUZA

O

s instrumentos que existem em qualquer consultório odontológico, em sua maioria não produzem sons. Claro, tem a maquininha que é o espanto de muitos pacientes. Na marcenaria, serra, formão, furadeira fazem uma barulheira daquelas. O colégio por si só, é quase um coral, mas sem ritmo algum, todo mundo fala ao mesmo tempo (principalmente no intervalo) e o resultado acústico não é lá aquelas coisas. Esses sons podem até não formar melodia, mas quem faz parte do cotidiano desse cenário, sim. Um dentista, cunhado de um marceneiro que é pai de um estudante, decidiram se unir pra colocar em prática uma paixão: a música. Clodoaldo Isaias Franco, 44, desde de ‘moleque’ sempre dedilhou o violão. Danilo Barbosa Franco,17, começou a fazer aulas do mesmo instrumento. Já Lídio Carreteiro Ramalho, 47, nunca escondeu o gosto por bateria, tinha um cajón (instrumento de percussão que lembra as vibrações de alguns elementos da bateria), também decidiu se aprofundar na música e entrou nas aulas de bateria. Na chácara, onde funciona a marcenaria de Clodoaldo, havia uma velha casa desabitada, mas logo o ritmo musical passaria a morar ali. Com muito esforço, depois da escola, do trabalho, Clodoaldo e Danilo passaram a fazer um estúdio musical, o revestimento claro, com matéria prima da marcenaria, unido aos movimentos de mãos experientes, junto aos traços do aluno que pretende cursar arquitetura deram forma a um estúdio musical, que liga o quarto do garoto ao refúgio do trio nos fins de tarde. Aos poucos, tudo foi sendo equipado com amplificador, mesa de

áudio, microfones, caixas de som e isolamento acústico. O violão deu espaço à guitarra, o cajón saiu de cena e entrou uma bateria novinha em folha, o baixo também compôs o ‘grupo’ de instrumentos. Investimento de pelo menos 20 mil reais. Uma terapia. “Pra gente é como se fosse entrar no consultório de uma psicóloga, é relaxante”, afirma Isaias. Pode até parecer que o valor é alto, mas tudo foi feito devagarinho. Com estudo, prática, e dedicação o toque dos instrumentos ganharam forma. O gosto pela música ficou próximo “É muito bom tocar. Pra gente é realmente um hobby, uma paixão mesmo”, diz Danilo. Mas esse hobby, já rendeu até alguns showzinhos. Em um bar bub, foram convidados pelo professor de música de Danilo a ‘tirar um som’ “Foi logo depois de um show do grupo deles, mas também já tocamos em Curitiba, num evento de formatura, o pessoal curtiu nosso som”, relata Ramalho. Para chegar a esse nível de entrosamento e segurança, são 4 horas diárias de muito ensaio e dedicação, logo depois do expediente o ‘oásis’ do trio é o estúdio, que já passou para o papel duas músicas, o estilo que eles adotaram é pop-rock e blues, as duas composições foram destes ritmos “A gente começou a escrever, fizemos a letra e depois a melodia”, conta Barbosa. “Já teve vezes de a gente ficar até umas seis horas ensaiando. Saímos de lá muito cansados”, confessa Lídio. Este é um exemplo de que quando a música pulsa mais forte na veia, ou está no DNA é possível, cansaço não é nada pra eles, se comparado ao prazer de simplesmente, tocar.

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O ESPAÇO do

MÚSICO

MILENA MAIESKI

Na cidade canção, a profissão de músico ganhou seu espaço no mercado, seja em escolas, projetos ou corais

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DIVULGAÇÃO / UEM

q e r y a h


DIVULGAÇÃO / UEM

DIVULGAÇÃO / UEM

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aringá respira música. Por isso, graças ao compositor Joubert de Carvalho, é conhecida como “Cidade Canção”. A Universidade Estadual de Maringá – UEM não fica fora desse mundo de sons e notas. Desde o início dos anos 1970, a instituição se empenha na implantação de cursos voltados à Arte, mais especificamente para a Música. O curso de Música possui cinco vertentes, o bacharel em canto; em vigência de coral; composição; educação musical e instrumental como piano, violão, flauta-transversal, violino, viola e violoncelo. O vestibular do curso acontece apenas no verão, e cerca de dois meses antes é realizada uma prova de habilidades específicas eliminatórias. “Nesta prova são avaliados os conhecimentos de teoria, percepção musical e habilidades do candidato em algum instrumento ou canto”, explica o professor Pedro Ludwing. Atualmente, o músico encontrou espaço no mercado. Mas há alguns anos, as pessoas não entendiam que tocar era sinônimo

de trabalhar. Semaias Reis, formado em música com bacharelado em violino pela UEM há sete anos, conta que sofreu com essa realidade. “A dificuldade que existia era o não reconhecimento como profissional. Hoje isso já mudou bastante.” De acordo com a professora da UEM, Cássia Virgínia, em Maringá, “a atuação do profissional na cidade fica restrita, pois existe a desvalorização do músico. Eles recebem pouco”. Ao final do curso, o músico pode atuar como professor de instrumentos; seguir carreira acadêmica; lecionar em redes municipais e estaduais e prestar concursos para orquestras. “A área de atuação depende da vertente cursada”, completa Cássia. Por fim, Semaias afirma que é possível viver de música. “Além de dar aulas em colégios, algumas instituições privadas estão investindo em formação e manutenção de orquestra. Além disso, alguns parceiros do Governo, como o Sesc, estão criando departamentos específicos com a contratação de profissionais capacitados para a realização de projetos sociais”.

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vivendo de

MÚSICA

AMANDA MACHADO

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GENTE DAQUI QUE FAZ MÚSICA DE UMA MANEIRA MAIS ARTÍSTICA UNINDO TRABALHO E CRIATIVIDADE tações. O objetivo é ressignificar os grandes sucessos sem copiar o jeito do artista. Cleber Carioca, 31 anos, também se descobriu na música muito cedo. Em 1980, ainda no Rio de Janeiro, começou a ouvir os vinis da mãe. Embalado por Queen, Beatles e, principalmente, Elvis Presley, descobriu a profissão da sua vida. Os primeiros ídolos que marcaram a infância foram e continuam sendo grandes referências para o crescimento profissional. A carreira começou quando Karioca foi convidado a entrar em uma banda de baile. Logo se mudou para Maringá. Embora a Cidade Canção tenha aberto portas para o artista, o começo não foi fácil. Os integrantes receberam novas propostas e cada um seguiu seu caminho. “Longe de casa e dos nossos pais, tínhamos que ‘dar os pulos’ e cada um acabou entrando em uma nova banda”, conta. Seu principal instrumento de trabalho é a voz. No entanto, Karioca também toca violão e gaita. Afinal, para sobreviver nesse meio, é preciso ser criativo, dinâmico, inovador e multifuncional. Além da banda, que é o ganha-pão, ele leva um projeto solo chamado “Acústico, violão e voz”. Cleber e Paulinho têm algo em comum: a vontade de continuar vivendo da música e levar alegria ao público. Mas quem pensa que vida de artista é só glamour, está bem enganado. Para ser reconhecido, é preciso ser

RAFAEL MORAES

I

nstrumentos afinados, microfones testados, som ok. E que comece o show! Quem dera fosse tão simples. A música mexe com a imaginação e com as emoções do ser humano. Isso é inegável. Mas viver dela não é fácil. O músico é uma espécie de agente ativo da vida cultural da sociedade e, em tempos de capitalismo, precisa demostrar habilidades para ser um empreendedor de si mesmo. Já dizia Aristóteles: “é fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”. Assim, aprendendo a se reinventar dia após dia, os próprios músicos são responsáveis pela formação e desenvolvimento da classe. Paulinho Schoffen tem 37 anos e se apaixonou pela música ainda menino, aos 10 anos. A profissão surgiu muito antes da graduação. Começou a carreira com 16 anos e sempre teve incentivo dentro de casa para tocar. Djavan, Tom Jobim, Chico Buarque... Aprendeu a ouvir MPB com o pai. “Tudo vai muito da educação de dentro de casa. Você passa por fases, mas o que fica é o que você aprendeu”, destaca. Depois de 27 anos, ele tem uma meta: trabalhar muito mais. Além de compor, tocar e cantar, Schoffen faz e respira arte. Por isso, desenvolveu um projeto no qual não faz cover de artistas, mas tributos – uma forma de propagar a boa música através das interpre-

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RAFAEL MORAES

ESCONDERIJO (Paulinho Schoffen) Mostro pouca luz, contorno só o que seduz, Ao olhos.. Confundo o que sou, sem elo Nada de uma “soul” Revelo Fico aqui sem nada, em casa Escondo o meu azul, Castelo... Então tiro a roupa, revelo O pouco do que sou Duelo (Onde) é o meu lugar, eu não te trago aqui O calor é meu, é o meu lugar, eu não te trago aqui O calor é meu, só me olhe aí Pra eu respirar, faço cena Sem a expectativa, A dor amena... Assim você me vê, completo Crie a sua cena afeto

Mas não sou assim, vazio Vou pro meu lugar Sozinho Me escondo num canto vazio Mostro pouco a luz No ninho (Onde) é o meu lugar, eu não te trago aqui O calor é meu, é o meu lugar, eu não te trago aqui O calor é meu, só me olhe aí


“trabalhar com música é viável, mas nao de maneira artísica.”

visto. “O músico é um profissional liberal, como qualquer outro. Noventa por cento dos que eu conheço trabalham, guardam seu instrumento, vai pra casa e depois voltam ao trabalho”, diz Paulinho. Alguns ainda deixam a paixão em segundo plano para tentar a sorte em outra profissão. “Muitos artistas perdem espaço para o sertanejo universitário. A grande mídia marketista e burocrática está interessada apenas em ganhar dinheiro e não dá espaço para os outros estilos”, argumenta Karioca. Como diz Zeca Baleiro, “nada vem de graça, nem o pão nem a cachaça”. Por isso, o bom profissional precisa dedicar tempo para estudar e se aperfeiçoar. “As pessoas criam muita fantasia em torno do músico. Tem que ter muito trabalho e criatividade. É o que o artista tem de melhor”, afirma Schoffen. Como planos para o futuro, ele vai trabalhar no projeto autoral “O Som do Olhar”, em parceria com o fotógrafo Rafael Sales. Rafael baseou suas fotos em algumas composições dele. Em contrapartida, Schoffen, dentro das próprias

experiências, compôs canções com base nas fotos. “Trabalhar com música é viável, mas não de maneira estática”. O trabalho vai além dos dois. O espectador é o terceiro olhar; ouve, vê e tem uma visão própria da obra. Cleber Karioca está com o projeto de transformar sua banda no cover oficial do Nazareth e, paralelamente, quer tentar fazer carreira em São Paulo. “Aqui no Paraná é impossível ser visto e reconhecido.” Está nos planos do artista se inscrever no reality The Voice Brasil no ano que vem e, quem sabe, aparecer na mídia e conquistar o grande público. Os músicos independentes sempre passaram e sempre vão passar dificuldades. Até a banda U2 teve seu disco recusado por uma gravadora, que não considerava o som “adequado” para a empresa naquele momento. Mas os irlandeses não desistiram. No ano seguinte lançaram o primeiro dos 12 CD’s de sucesso. Fica provado que o que realmente importa é o talento, a força de vontade e o trabalho árduo. Resta-nos torcer para que a boa música sempre prevaleça.

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TERAPIA

C R I A N Ç A

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A D N A R I C a h n i d n cira

MARIA ANTÔNIA JUNQUEIRA

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA PRIMEIRA INFÂNCIA

| Maria Antônia Junqueira

Quem não se lembra daquela música que marcou a sua infância? A primeira música que escutamos na vida não é cheia de acordes ou notas musicais, é apenas um chiado barulhento como um secador de cabelo ou uma coifa, e por estar sempre no mesmo ritmo, é capaz de nos relaxar e nos confortar, esta canção que nos apresenta ao universo dons sons é o útero. Um lugar sem luz, sem espaço, apenas com um simples shhh... A vida começa e com poucos dias de vida os bebês já conseguem, de alguma forma, ter a percepção de pequenos ruídos, e a voz da mãe é a mais bela canção que podemos identificar nesta fase. Um estudo chinês prova que bebês que ouvem música com alguma regularidade têm menores possibilidades de sofrer de estados depressivos, estresse e ansiedade e, por este motivo, pediatras, psicólogos e pedagogos recomendam a útilização da música no cotidiano da criança.

expressivos, táteis e visuais, estimula a formação de uma grande quantidade de sinapses - conexões neurais cerebrais – que se encontram em sua fase mais fértil de formação, de 0 a 3 anos de idade. Já os momentos de relaxamento e massagem com canções e músicas de expressão mais calma, criam para bebês, mães e pais, momentos de entrega e confiança, juntamente com a audição e percepção da vibração musical em todo o corpo em pleno desenvolvimento do bebê, inclusive órgãos internos, bem como órgãos dos sentidos. Alain Souza e Talita Garuti são pais do pequeno Miguel de apenas dez meses, e freqüentam aulas de musicalização infantil. “Percebo que o Miguel passou a lidar melhor com as emoções a partir da música”, conta a mãe. “Ele sorri e se empolga com alguns timbres e se acalma com outros”, complementa o pai.

Musicalização

A intensificação do contato mãe-pai-bebê é um ponto fundamental dessa atividade musical-sensorial. Durante a aula, há momentos de cantigas, em que mães e pais podem aprender para vivenciar com o bebê em casa, são momentos que levam à sensação de confiança e segurança, além de promover a redução dos níveis de estresse na corrente sanguínea dos bebês, o que traz inúmeros benefícios ao seu desenvolvimento físico e emocional. Olhinhos brilhando, um sorriso, a alegria do novo. Um pequeno ser repleto de portas e janelas abertas para conhecer este mundo em que agora habita cheio de som.

Lúdica, sonora, colorida e cheia de novidades, a musicalização para bebês traz aos participantes dessa atividade um momento especial de interação entre mães, pais e bebês. A professora e psicóloga Renata Frossard explica que por meio de canções e movimentos, cirandas e massagens, os bebês descobrem sons e timbres diferentes que intensificam a conexão mãe-bebê e pai-bebê. Nesse processo, o estado de alerta em que a criança se encontra diante de novos estímulos sonoros,

Aula de música

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BEATRIZ VIEIRA

J O V E M

Música afeta as emoções e até ajuda no tratamento de doenças

BEATRIZ VIEIRA

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Q

uem nunca gritou de alegria quando começou a tocar sua canção preferida? Ou então se sentiu mais animado depois que ouviu aquela música alegre? Ou ainda colocou uma musiquinha calma só para relaxar? Pois é, dá para sentir que a música faz bem para a alma. O legal é descobrir que também faz bem para o corpo e ajuda inclusive no tratamento de várias doenças. É isso que faz a musicoterapia, cujo objetivo é pesquisar a relação do homem com os sons para transformar esse conhecimento em métodos terapêuticos. “Já sabemos que a atividade musical envolve quase todas as regiões do cérebro”, explica a musicoterapeuta Maristela Barbosa. Dá para sentir no corpo as alterações que a música causa. Dependendo do ritmo, a respiração se torna mais calma ou mais ofegante, a pressão sanguínea aumenta ou diminui, os batimentos cardíacos se tornam mais fortes ou mais leves. Isso já foi comprovado em muitos estudos, como os divulgados pela American Music Therapy Association – AMTA e pela World Federation of Music Therapy – WFMT. A música está ligada ao sistema límbico do cérebro (região responsável pelas emoções, pela motivação e pela afetividade) e contribui para a socialização e até


mesmo para o aumento da produção de endorfina. Por isso, pode ser usada no combate à depressão, ao estresse, à ansiedade; no alívio dos sintomas de doenças como hipertensão e câncer; e no tratamento de pacientes com dores crônicas. Quando uma música emociona, a estrutura do cerebelo – que modula a produção e a liberação dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina – é ativada, assim como a amígdala cerebelosa, a principal área do processamento emocional no córtex cerebral. Já quando acompanhamos uma canção, acessamos o hipocampo, região responsável pelas memórias. Assim, a música é capaz de influenciar não só o estado mental como também o físico. “O corpo tem uma tendência a seguir o ritmo ouvido, tanto em sua velocidade, quanto em sua altura e intensidade”, diz Maristela. Consequentemente, os sons podem afetar as frequências cardíaca e respiratória, a pressão arterial, a contração muscular e até o ritmo do metabolismo. “Eles também podem ajudar a intensificar e a reduzir os estímulos sensoriais, como a dor”, explica a musicoterapeuta. No combate ao câncer, por exemplo, o método já vem sendo utilizado e tem bons resultados. “Nesse caso, a musicoterapia, além de trabalhar funções emocionais presentes, como a redução do estresse e da ansiedade, também contribui para o aumento dos circuitos neurais responsáveis pela diminuição da dor crônica”, finaliza Maristela. Terapia da música A partir do poder terapêutico da música, surgiu a musicoterapia. A prática, que utiliza músicas, sons e movimentos, já é adotada em diversos hospitais, clínicas e centros de reabilitação para a integração física, psicológica e emocional. “No Brasil, a maioria das APAEs e Centros de Reabilitação utilizam a musicoterapia como parte de seu trabalho. Ela vem sendo implantada nos Centros de Referência de Assistência Social e nos Centros de Atendimento Psiquiátrico para adultos e crianças, e também nos Hospitais e Centros de Neurologia, em ONGs, clinicas de reabilitação para dependentes químicos e em escolas especiais”, aponta a psicóloga Fernanda Machado. A musicoterapia ainda é utilizada em empresas para melhorar o desempenho dos funcionários, em spas para auxiliar na redução da ansiedade, em escolas, ajudando na concentração e no aprendizado dos alunos e em centros de atenção aos idosos, contribuindo para a socialização e para a prevenção e tratamento de doenças.

Música vs. prevenção de drogas O uso de drogas atinge o indivíduo, a família e a comunidade. As crianças, normalmente, se envolvem por curiosidade. Por isso, é importante que façam atividades sadias como esportes, música e cultura. Foi pensando nisso que a Associação Maringá Apoiando a Recuperação de Vidas (Marev) criou o projeto de prevenção ao uso de drogas com a aplicação da música. A instituição oferece aulas gratuitas para adolescentes de treze a dezessete anos do bairro Conjunto Requião. As aulas acontecem duas vezes por semana e os inscritos no curso aprendem a tocar diversos tipos de instrumentos, como violão, viola, guitarra, baixo, teclado, entre outros. “Essa é uma forma de prevenção, porque ao invés de os adolescentes estarem nas ruas fazendo coisas indevidas, estão ocupando a mente com uma atividade muito boa, que é a música”, declara o professor de música Maicon Missao. Durante o curso são trabalhadas diversas áreas da vida dos adolescentes, como família e escola. Existe uma interatividade muito grande entre o professor e os alunos. “Eles acabam contando fatos da vida e do cotidiano deles e nós ajudamos com conselhos e acompanhamentos.” O projeto de prevenção às drogas da Marev atende um aluno que tem câncer. Segundo a equipe do projeto, houve uma melhora significativa no quadro de saúde do adolescente depois que ele começou a se interessar pela música. “Quando ele chegou aqui pela primeira vez, sua aparência era de uma criança abatida, sem nenhum ânimo para continuar a viver. Conforme o passar do tempo, fez amizades e sua aparência melhorou demais. Ele vinha para as aulas mais alegre e, embora estivesse passando por momentos difíceis com a doença, nunca desistiu da música. Esse é um dos motivos que me faz continuar com o projeto”, conta Missao, orgulhoso.

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ESTILOS

R O C K

DIVULGAÇÃO / INNER GIANTS

GIGANTES 22

INTERIORES

FELIPE CONTI

O rock é a vida de de Guliherme. Desde pequeno, ele queria ter uma banda. E aí está, a Inner Giants


Qual a origem do nome da banda? Inner Giants surgiu de um conceito. Toda pessoa carrega dentro de si um gigante interior, esse gigante é a perseverança, a dedicação, a força de vontade de fazer a diferença neste mundo. Daí surgiu o nome, gigantes interiores. Por que a opção pelo rock and roll? O rock já estava presente desde a infância nos quatro integrantes da banda, a formação foi de forma espontânea, natural, pela necessidade de formar na Cidade Canção, um grupo que tocasse suas próprias músicas.

A

trajetória de Guilherme Silva na música começa na infância, onde conheceu o rock por meio dos primos mais velhos. Ele tentou iniciar diversos projetos musicais com os amigos conterrâneos de Marumbi/Paraná, mas acabaram não dando certo. Ao terminar os estudos no ensino médio, mudou-se para Maringá e prosseguiu com a tentativa de formar um grupo de rock para tocar na cidade, que, diferente de Marumbi, aparentava dar maiores oportunidades para o estilo. Após algum tempo, conseguiu reunir e consolidar uma banda que tocava covers clássicos dos anos 1960 e 1970. Na Eco Estático, junto com os amigos da faculdade de Publicidade e Propaganda, se apresentaram em cidades como Maringá, Cianorte, Umuarama, Campo Mourão, Foz do Iguaçu, Marialva, entre outras. Depois de muito sucesso, a banda se dissolveu. Foi aí que houve um hiato musical na vida de Guilherme. Preenchido apenas com o projeto “Jimi Hendrix Experience Revival”, fazia releituras das canções clássicas do guitarrista. Mas nem tudo estava perdido. Foi em um dos últimos shows da Eco Estático que uma ideia surgiu: uma nova formação com dois integrantes do Bandidos

O que quer dizer cena música independente? É uma organização de bandas que tocam música autoral para produção de eventos em prol da divulgação das músicas dessas bandas, para que a massa jovem possa conhecer melhor o gênero, e independente, porque todos os custos de material audiovisual , de produção são arcados pelos próprios elementos que as compõe. Também podemos citar cover versus autoral, que nada mais é que a representação musical de canções já existentes de artistas consagrados. O autoral é composto de músicas próprias, compostas pelos membros da banda.

Molhados, outra banda de Maringá. Assim, a Inner Giants surgiu com a proposta de tocar rock, precisamente tendendo-se para o estilo stoner rock, amplamente trabalhado por consagrados como Queens of the Stone Age e Kyuss. As atividades começaram no início de 2013, mas o material das músicas autorais só foi registrado em setembro/outubro de 2013. Era então chegada a hora de preparar a estratégia de lançamento das canções. Para isso, foi realizada uma parceria com quatro artistas plásticos da região. Com as artes em mãos, foram confeccionados cartazes que levavam junto o nome da banda e um código Q.R. A iniciativa foi aprovada pelo público-alvo, sendo divulgada em diversos meios de comunicação, como o jornal O Diário e em blogs especializados de música. A banda, embora com pouco tempo de estrada, realiza apresentações esporádicas nos bares de Maringá e já tem músicas para compor o disco físico. A gravação não tem data marcada, mas os integrantes garantem que estão trabalhando para que o resultado final seja surpreendente e agrade ainda mais os fãs.

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ROCK NÃO É SÓ PARA O SEU NAMORADO KÉLEN HENN

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Empoderamento feminino já era tratado nas letras da banda de punk rock Bulimia, formada no final da década de 1990. A frase “Punk rock não é só pro seu namorado” revela a insatisfação das mulheres quando o rock é tratado somente como um meio masculino, excluindo ou deixando de lado as bandas e o público feminino. do underground da região.

“Você sempre quis tocar Você sempre quis andar de skate...”

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O Fotodocumentário, produzido para a disciplina de Fotojornalismo do curso teve como objetivo retratar as mulheres que também compõe a cena do rock em Maringá. As fotos foram todas tiradas no Tribos Bar, casa de shows que foi palco de apresentações de várias bandas do underground da região.

“...Você que sempre quis, quis, quis Você não é um enfeite Punk Rock não é só pro seu namorado”

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a D co

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Que todo instrumento musical é especial nós sabemos, mas com toda certeza apenas um conseguiu atravessar o tempo sendo tão influente e agregando e criando gêneros musicais, essa é a guitarra

KAIQUE AUGUSTO

, a

r r o h a t in i r u g ca m o

D

esde quando apareceu no mundo moderno, ela nunca esteve em baixa. Consagrou nomes, criou deuses, uniu povos, arrastou multidões e nunca mais fez a música ser a mesma. Que nos desculpem Bethoven, Bach, Vivaldi, Mozart, Chopin e todos os artistas clássicos, mas a guitarra é o símbolo da evolução do homem. Evolução que ultrapassou as linhas sonoras e que atingiu a forma de se ver e construir o mundo, dentro e fora da música. Devemos a ela a sua melhor criação: o Rock’n’roll. Quando os negros norte-americanos e os camponeses do sul dos Estados Unidos se juntaram para fazer música, eles mal sabiam que estavam dando o ponta pé inicial para aquele seria o ritmo musical mais popular no século XX. Mas para que a música adentrasse as veias daquele povo, era necessário um diferencial. Este que foi apresentado por Chuck Berry, lá no meio da década de 1950. De lá para cá, as coisas só “desandaram”. Na fria Inglaterra, quatro rapazes que usavam terno e um corte de cabelo pra lá de diferente expandiam o som do Rock. Os Beatles apresentaram mais do que letras amorosas. Abriram as portas para o psicodelismo,

gênero que se dissolveu junto ao rock e evidenciou nomes que mais tarde se tornaram entidades sagradas, como Eric Clapton e Jimmi Hendrix. Hendrix, que mesmo 44 anos após a sua morte continua sendo a inspiração para jovens guitarristas. O maringaense Guilherme Oliveira Peres, 17, encontra nos solos de Hendrix a melhor forma de se expressar. “O jeito que ele tocava era incrível. Me arrepia e dá mais ânimo para tocar.” Seja para os ingleses, que consideram Clapton um deus, ou para Guilherme, que se inspira em Hendrix. Todos devem concordar que a mistura do rock com a guitarra apresentou instrumentalistas fantásticos, como David Gilmour, nas décadas de 1970 e 1980, com o Pink Floyd. Ou até em subgêneros e derivados do rock, como Tony Iommi do Black Sabbath e Jimmy Page com o Led Zeppelin. E até personalidades de fora, em determinados momentos, abriram espaço para invasão mística da guitarra, como no caso da música Beat It, de Michael Jackson, que contou com a participação de Slash para a gravação do solo da canção. O fato é que o mundo da música nunca mais foi o mesmo depois da invenção da guitarra. O instrumento nada simplista apresentou nas últimas décadas – e vai continuar apresentando – surpresas agradáveis. Oremos para que os deuses do rock continuem abençoando os praticantes da guitarra, e que estes continuem “expressando o que a alma sente”, como define Guilherme. Afinal, como canta o Queen em uma de suas canções, “O show não deve parar”.

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Galera A

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yeah yeah yeah! 30

POR: KAÍQUE AUGUSTO


Por mais de dez anos eles formaram o quarteto mais popular da musica moderna. Arrastaram multidões por onde passaram, criaram a febre da “beatlemania”, venderam milhões de discos. E ainda hoje continuam embalando as novas gerações. Mas “o sonho acabou” e cada um seguiu seu rumo. Nas próximas linhas mostraremos o que de melhor cada beatle fez em carreira solo

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JOHN LENNON Ainda quando ainda fazia parte dos Beatles, John já estava em fase de experimentação de outros gêneros musicais. Muito dessa nova fase de experimentação se deve a Yoko Ono. Tanto que ano de 1968, Lennon e Ono lançaram o polêmico álbum Unfinished Music No.1: Two Virgins. Após a separação dos Beatles, John levou a sério a parceria com Yoko. E se adentrou no grupo Plastic Ono Band. Por lá lançou algumas músicas de sucesso, como: “Woman”, “Mother”. E também regravou algumas canções famosas como “Stand By Me”. Mas seu maior sucesso solo está contido no álbum “Imagine”, do ano de 1971. A canção que levou o nome do álbum talvez seja tão popular quanto suas composições da época Lennon/McCartney. E se tornou um hino de referência à paz. O álbum também apresentou a música "Jealous Guy", que havia sido composta durante o ano de 1968, quando Lennon ainda fazia parte dos Bealtes. Imagine ainda também reservou espaço para a música "How Do You Sleep?”. Onde John faz críticas indiretas à Paul McCarteney. O único ex-beatle que ajudou na elaboração deste álbum foi George Harrison.

RINGO STARR É fato que Ringo nunca foi um grande compositor, e um baterista mediano. Durante os dez anos que passou junto aos Beatles, Starr só conseguiu emplacar duas músicas de sua autoria, With a Little Help from My Friends e Yellow Submarine. E participou como co-autor nas canções, What Goes On, Don’t Pass Me By e Octopus’s Garden. Após a dissolução dos Beatles, Ringo se dedicou na criação de filmes, mas não esqueceu as baquetas. Lançou alguns álbuns. Nada que conseguisse atingir o mesmo sucesso da época do Fab Four. Seu maio produto de destaque foi o álbum que levou seu sobrenome, “Ringo”, que foi lançado no de 1973. Este foi primeiro álbum após o fim dos Beatles que conteve composições dos ex-beatles. Lennon é o autor da primeira música, “I’m The Greatest” foi dada como um presente a Ringo. McCartney participa com a canção “Six O’ Clock”. E Harrison aparece em parceria com Ringo na música “Photograph”. Musica que se tornou a composição mais famosa de sua carreira solo e de maior destaque. Após este álbum, Ringo seguiu na sina, onde seus álbuns que se destacavam era apenas aqueles que continham uma parceria, e os álbuns puramente solo considerados um fracasso.

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PAUL MCCARTNEY Logo após as atividades com os Beatles serem encerradas, Paul caiu de cabeça em produções solo. No ano de 1971 lançou o álbum, que assim como Ringo, levaria seu sobrenome como título. McCartney fez pouco sucesso, e não foi muito bem recebido pela crítica musical. Durante os anos de 1971 até 1979, Paul fez parte de outro grupo, os Wings. Que eram encabeçados por ele, e por sua mulher Linda McCarteney. Durante este período Paul e seu grupo fizeram algumas turnês, alcançado um modesto sucesso musical. Porém o grupo chegou ao fim no ano de 1980. No ano seguinte Paul, já em carreira solo, lançou o álbum “Tug of War”. Com canções muito mais voltadas ao público pop. O álbum contou com algumas parcerias interessantes, como Stevie Wonder, na música “What’s That You’re Doing?” e “Ebony and Ivory”. Carl Perkins na música “Get it”, e Ringo Starr tocando bateria na música “Take It Away”. Mas a melhor composição do álbum certamente é a música “Here Today”. Que foi feita em homenagem ao seu ex-parceiro musical John Lennon, que foi assassinado no ano de 1980. Em “Here Today”, Paul relembra os períodos de atividade conjunta com Lennon.

GEORGE HARRISON O beatle quieto tinha muito a falar. E pôs tudo para fora naquele que é considerado o melhor trabalho solo de um ex-beatle. No ano de 1971, Harrison lança o álbum “All Thing Must Pass”. Anteriormente, quando ainda era um membro dos Beatles, George, já havia produzido trabalhos individuais, como Wonderwall Music, para o filme Wonderwall, e o álbum Electronic Sound, ambos sem sucesso algum. Mas quando iniciado os trabalhos para a gravação daquele que seria sua grande obra prima, Harrison não hesitou em colocar suas antigas composições, como a primeira musica do álbum “My Sweet Lord”, que havia sido composta no ano de 1967, e descartada pelos outros membros dos Beatles. Neste trabalho George também apresenta a música “If Not For You”, resultado da interessante parceria com Bob Dylan. Embora ainda estivesse muito influenciado pelo hinduísmo, George não apresenta a cultura indiana neste álbum. Embora o disco seja repleto de espiritualidade, como na canção “Hear Me Lord”. Para fechar com chave de ouro, Harrison apresenta o seu desabafo sobre os anos de loucura com os Beatles com a música que leva o nome do álbum, “All Thing Must Pass”.

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EM NOME DO

RO ou C K da

modinha? ANDREA SAKUGAWA

Camisetas do Ramones em todos os cantos da Terra. “Qual álbum você mais gosta?” A criatura punk não sabe responder. Diz que gosta de Heavy Metal, e a única banda que conhece é Iron Maiden. O mais alternativo que pode chegar é ao som de R.E.M.. Adora o grunge e chora sangue pelo suicídio de Kurt Cobain. O som ao fundo é ‘Smells Like Teen Spirit’. Unhas pretas, botas e óculos escuros para compor o visual. Andar com uma espécie de “gangue” gera respeito. Dizer que funk não é música nem arte traz status. Conversar com o sujeito “da onda” é a mesma coisa que perguntar a uma porta qual a direção do mercado mais próximo.

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A moda é ser Rock’n’Roll. A moda é ser superficial. Que tema batido! Virou modinha falar de modinha. Para os olhos e mentes cansados, disponho uma síntese de tudo o que já existe. Antes de tudo, não tratamos a modinha aqui como um gênero de canção popular brasileira. É, na realidade, a falta de personalidade que assola a humanidade. A mania de se apropriar de tudo, jogar no liquidificador e “criar” algo sem fundamento nenhum. Graças aos céus, essa não é a essência do rock. Rapidamente, um pouco de história. O gênero musical surgiu nos Estados Unidos no fim da década de 1950 e unia a música negra do sul e o country. Os jovens se identificavam com o estilo rebelde dos cantores e das bandas, que criavam um som acompanhado pela guitarra elétrica, bateria e baixo. Sobre o nome, teve origem na expressão “rocking and rolling”, que quer dizer “balançar e rolar” (no sentido não literal, “dançar” ou “fazer sexo”). Bill Halley, Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard eram os queridinhos da época. O rock então marca presença. Na década de 1960, ganha um caráter político e contestatório nas letras de Bob Dylan. Os Anos Rebeldes foram marcados por movimentos pacifistas contra a Guerra do Vietnã. Os Beatles estouram nas paradas da Europa e EUA e o mundo enlouquece diante dos quatro jovens de Liverpool. Começa também o império do Rolling Stones. Mais para frente, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, surgem outras bandas que são base para a modinha do século XXI. Led Zeppelin, Black Sabbath e Pink Floyd, por exemplo. Se anos atrás o rock era desprovido de uma vaidade exagerada, hoje, os adeptos entendem – ou não – o gênero


| Maria Antônia Junqueira como um ritual de integração a um grupinho formado. Esse grupinho é composto por pessoas que não sabem de nada sobre o rock. Não têm conhecimento sobre as origens e muito menos sobre os diversos subgêneros (Hardcore, Rockabilly, Medieval Metal e nossa, até Punk Cristão), mas são munidos de discursos prontos e de guarda-roupas sem identidade própria. Criticar outros estilos também faz parte, e tudo que existe fora do “mundo rock” simplesmente não presta. Em decorrência da ignorância dos sabidos surge o ódio por algumas bandas. “Aquela banda é modinha.” A culpa não é da banda, é de quem a transforma em produto. Não que os grandes grupos musicais desprezem o sucesso e o lucro. No entanto, é inconcebível rebaixar consagrados como Ramones e Iron Maiden a camisetas e pôsteres na parede. Exagero? Rock in Rio 2013. O jornalista André Naddeo, repórter do Terra, vai ao festival fazer algumas perguntas ao pessoal que lá andava. Título da reportagem: ““Modinha”, camisetas do Ramones são banalizadas no Rock in Rio”. Linha fina: “De todas as “fãs” consultadas pelo Terra, nenhuma sabia dizer um disco, ou sequer uma música da maior banda punk de todos os tempos”. A “admiração” pelo desconhecido virou adereço que acompanha o restante do jeito patricinha de ser. O universo do it rock girl ofende as veteranas que têm o autêntico rock pulsando nas veias, assim como pirralhos com palavrões na boca e pulseiras de couro no braço irritam os marmanjos de cabelo comprido que

não fingem saber tocar guitarra. É fato que desde o surgimento do rock, parte do caráter inicial do gênero se perdeu. Isso se deve também pela mudança de gostos do público. Atualmente, o espaço no mercado da música é concorridíssimo, e todos os dias bandas e cantores solos pipocam em busca de espaço e visibilidade. A maioria se enquadra no estilo pop/rock, linha em que cantoras como Taylor Swift e Demi Lovato – segundo os fãs – se encaixam. Sim, Taylor Swift e Demi Lovato. É só pop, não rock. Percebemos certa deficiência na capacidade de diferenciar os gêneros músicas. Mas isso exige um estudo mais aprofundado, quem sabe com ressonância magnética para identificar alguma anomalia cerebral. Os ‘rockistas’, como são chamados, se enfiam numa bolha de aparências e “discussões” vazias. Adolescentes, principalmente, se atêm a questões que não Junqueira | Maria Antônia estão de acordo com um verdadeiro rock’n’roller. Preocupação exagerada com a moda do “preto e rebite” sem um gostar de acordo, discursos de ódio e preconceito contra os demais gêneros musicais – sem mesmo entendê-los – e desconhecimento sobre os fundamentos do rock formam a figura Maria-vai-comas-outras. Exterminar é cruel, torturar é animalesco, aguentar é insuportável, conversar é impossível. Ainda não existe uma solução para o fim dos malditos rockistas. Aos bons e legítimos fãs do rock, continuemos nossa jornada de contra-ataque silencioso. Sem derramar sangue. Só sangue nos olhos.

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S A M B A

SAMBA de IRMÃO Dupla maringaense enfrentou dificuldades e caminha para vencê-las

MICHELLE MUNIZ

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oderia ser uma história triste de um menino vindo de família pobre, que lutou para ficar famoso. Mas não é. É apenas o registro de uma família brasileira que enfrentou as dificuldades para criar três filhos, dar estudo, valores morais e uma casa. Essa é a história de dois irmãos, amantes da música e apaixonados pela vida. Vinícius e Arielson Santana são filhos de Zenaide e Amarildo. O casal batalhou para criar os meninos. A vida mudou quando Zenaide descobriu que estava grávida de gêmeos. Eles já tinham Arielson e a notícia veio como uma bomba. Rene e Vinícius possuem a mesma aparência, mas o primeiro seguiu o caminho do esporte. Assim, Vinícius tomou gosto pela paixão do irmão mais velho: a música. A caminhada dos dois bem poderia ter como trilha a canção

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“Samba de irmão”, de Martinho da Vila. “É madrugada, mas virá nosso amanhã... Por maior que seja a escuridão. A noite tem acabar...” Sem carro, os dias de chuva eram os piores. Nas madrugadas, antes de ir trabalhar, Zenaide levava a pé os três meninos para a creche. O marido trabalhava a noite para complementar a renda da família. Os primeiros dias na escola também não foram fáceis. Os meninos não queriam ficar. Apesar de todas as situações adversas, os momentos bons compensaram. Passar de ano na escola e assistir o primeiro show de pagode, por exemplo, foram acontecimentos que trouxeram alegria para a família. Tudo isso com direito a comemoração com bolo e refrigerante. Apesar de difíceis, as circunstâncias transformaram meninos em homens responsáveis com um “quê” de poesia na vida.


ARQUIVO PESSOAL

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A dificuldade de comercializar e viver de música

JAÍNE VALENCIANO

EDUARDO OLLIOTTI

G O S P E L


As bandas resistem às dificuldades, sendo alimentadas pelo amor à música que fazemos e principalmente o amor a Deus.

Felipe Félix, sobre o que o mantém cantando

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esde o fim dos anos 1990, o mercado de música enfrenta uma crise sem precedentes. No Brasil, de acordo com dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), 45% das músicas são consumidas a partir de downloads ilegais e 52% dos discos vendidos são piratas. Mas há no cenário pouco animador uma ilha de bonança: o mercado gospel. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), o gospel é o segundo gênero musical mais consumido no país, atrás apenas do inquebrantável sertanejo, abocanhando uma parcela significativa dos 500 milhões de reais movimentados anualmente com a venda de CD’s. A música não está ligada apenas ao lazer, está presente também em esferas mais íntimas, podendo tornar-se instrumento de meditação e também de louvor. Em Maringá, muitos grupos apostam nesse novo som. O objetivo é justamente levar uma mensagem para quem ouve. Na Cidade Canção, contudo, são poucos os músicos que sobrevivem da carreira. Um exemplo é a banda evangélica General Sky, que está na estrada há cinco anos. Segundo o baterista Felipe Félix, “na região a força gospel é grande. Porém, para as bandas, infelizmente não é possível pensar em sobreviver do ministério, pois muitas igrejas não colaboram como deveriam. Mas nós resistimos às dificuldades”.

A música e as bandas e/ou cantores precisam estar sempre andando juntos com a modernidade e o que há de novo no mercado. Um grande aliado desse segmento tem sido as redes sociais, que traz o público para mais perto do trabalho que está sendo realizado. “Para uma banda permanecer no cenário hoje, não basta somente saber tocar, mas também ter uma visão publicitária do trabalho para que as pessoas possam conhecê-lo”, afirma Félix. O pastor Wesley Santos também é cantor gospel. Ele explica como é o cenário fonográfico na cidade de Maringá. “Pelo que tenho visto, o maringaense gosta de estar mais próximo, ou conhecer o ministério da pessoa ou grupo em questão, para então investir. O bom relacionamento com aqueles que reúnem as pessoas pode abrir portas para uma maior eficiência nesses assuntos.” Mesmo com o mercado fonográfico em queda, ainda assim, as bandas e cantores trabalham na divulgação e na comercialização de suas autorias por meio dos CD’S e DVD’S. O foco inicial é na distribuição dos mesmos, para que o público tenha acesso. Sendo assim, fazer com que estes matérias possibilitem arrecadação de direitos autorais. “A comercialização do trabalho da banda é o que possibilita ela se manter. Por isso, pra quem acha grupos musicais do ramo gospel não precisam de dinheiro, está totalmente enganado”, encerra Félix.

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S E R T A N E J O

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FATURANEJO ANDRESSA SANTOS

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magine que você queira abrir um restaurante. Você observa os que já existem, faz uma pesquisa de mercado e descobre quais os pratos e “estilos” culinários são mais consumidos. Entretanto, não gosta daquilo e prefere seguir suas preferências, criando novas receitas e desenvolvendo inovadores métodos de produção. Mas o que isso tem a ver com música? Tudo! Afinal um compositor fica um bom tempo pra fazer uma canção e, quando fica pronta, ele apresenta ao público, nas não faz sucesso, porque não é a realidade do povo. Segundo o cantor e compositor Sorocaba da dupla Fernando e Sorocaba, “se você compor algo muito rebuscado, não dá certo. Mas produzir algo muito popular, é bobinho. Então você precisa ir afinando”. Ele sabe muito bem o que está falando, afinal, segundo o ECAD – Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, Sorocaba lidera o ranking dos compositores brasileiros há três anos, seguindo do também sertanejo Victor Chaves da dupla Victor e Léo. Juntos, eles são os compositores que mais arrecadaram na música brasileira nos últimos seis anos. Falando em arrecadação, o gênero sertanejo é uma verdadeira mina de ouro. Dados apresentados quadro “Bem Sertanejo”, apresentado por Michel Teló aos

domingos no Fantástico, apontam que os dez principais artistas sertanejos fazem em média 180 shows por ano, com uma média de 18 milhões pessoas/ano. Cada show é vendido em média por 175 mil reais, ou seja, só os dez principais movimentam 300milhões/ano. Assim, você precisa entender que escolhendo cozinhar com receitas diferenciadas, você vai produzir para um público restrito e com critérios particulares. Muita gente acredita que o sertanejo é modinha, não vejo assim. Para o IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística, somos um país motivado pela música, em especial pelo sertanejo, já que 58% das canções veiculadas nas rádios são desse gênero. Algumas especificações do gênero, como o sertanejo universitário, podem até passar, todavia vai demorar, porque suas bases são sólidas e conversam com a realidade do ouvinte. Já que não é a música que constrói as atitudes das pessoas, mas sim a postura das pessoas que se refletem nas canções. Portanto, se você fosse abrir um restaurante, casa de show ou até mesmo se lançar no mercado da música, a aposta mais segura seria voltada ao sertanejo, porque ideologia não enche barriga e pior, ainda não paga as contas e infelizmente precisamos ganhar dinheiro.


Duas revistas. Duas ideias. Duas propostas. A mesma qualidade. AutĂŞntico e Tabu.


COWBOY FORA DA LEI Raul Seixas Mamãe, não quero ser prefeito Pode ser que eu seja eleito E alguém pode querer me assassinar Eu não preciso ler jornais Mentir sozinho eu sou capaz Não quero ir de encontro ao azar Papai, não quero provar nada Eu já servi à Pátria amada E todo mundo cobra minha luz Oh, coitado, foi tão cedo Deus me livre, eu tenho medo Morrer dependurado numa cruz Eu não sou besta pra tirar onda de herói Sou vacinado, eu sou cowboy Cowboy fora da lei Durango Kid só existe no gibi E quem quiser que fique aqui Entrar pra história é com vocês!


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