Fascículo 09 infográfico

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FASCÍCULOS DE JORNALISMO - COMPREENDER A PROFISSÃO

Artistas da informação

Unir beleza com dados precisos e ricos em detalhes. A infografia é uma especialidade cada vez mais presente na imprensa. É uma área que requer conhecimentos de jornalismo, cartografia, design gráfico, estatística, artes plásticas, multimídia e realidade virtual ENTREVISTA

Rafael Nunes esclarece: “O designer nunca pode esquecer que tem um compromisso com a veracidade da informação visual”

REPORTAGEM

No ambiente digital e web, a infografia multimídia amplia as possibilidades do discurso imagético


Apresentação | Caro leitor

O

Expediente

Imagem + texto + arte = infográfico fascículo Infográfico apresenta aos estudantes de jornalismo a história, os avanços e as técnicas sobre infográficos no jornalismo. A infografia é uma forma de jornalismo através da arte de imagens entralaçadas com informação. Para alguns autores, há registros de infográficos desde a pré-história, mas os primeiros trabalhos feitos em jornais foram nos Estados Unidos e na Europa, no século 17. Temos aqui uma reportagem especial sobre as origens, os avanços e os tipos de infográficos. Se você pensa em trabalhar nessa área, poderá encontrar dicas muito úteis. Curiosidades e infográficos no ambiente web também são temas abordados neste fascículo. Conversamos com diversos profissionais da área, com pesquisadores, com professores. A experiência de cada um deles será uma importante referência para quem deseja se aproximar do mundo da infografia jornalística. Por fim, recomendamos a leitura de obras que são importantes para todo profissional dessa área. São sugestões que podem ajudar você a aprimorar seu conhecimento em infografia. Aproveite e boa leitura!

Seção | Conceito “O termo infografia refere-se ao recurso gráfico que alia imagem e texto para permitir a compreensão de um fenômeno complexo por públicos específicos. Usado com bastante frequência para explicar o funcionamento de algo com fins didáticos, os infográficos são comuns em livros escolares, manuais de aparelhos eletrônicos, guias e cartilhas.” Tattiana Teixeira e Lucas Pasqual, A história da infografia no Brasil – uma análise de edições d’ O Estado de S. Paulo publicadas entre 1986 e 1994, SBPJor 2011, pág. 1

“Somente em alguns casos, este profissional – o infografista – se faz presente no local do fato para coletar informações enriquecendo o infográfico, e quando esta visita torna-se necessária, o mesmo se desloca acompanhado com repórteres e fotógrafos”. Adriana Alves Rodrigues, Infografia na revista Veja: a imagem gráfica como indução do leitor, monografia/Universidade Estadual da Paraíba, pág. 38

“Área de fronteira entre o texto e a imagem, a infografia estudada no livro Infografia de Imprensa – História e Análise Ibérica Comparada é a que diz respeito ao jornalismo. A infografia costuma acompanhar as notícias de ruptura (acontecimentos imprevistos e de grande impacto na vida e na opinião pública) e é produzida por profissionais mestiços (oriundos de áreas como as belas-artes e design publicitário, a que juntam a necessidade do discurso jornalístico), com características específicas de utilidade e visualidade”. Rogério Santos, Blog Indústrias Culturais, post Livro sobre infografia, de 17/03/2008

2 | DOIS PONTOS

Chanceler Alzira Altenfelder Silva Mesquita Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Pró-reitor de Graduação Luis Antônio Baffile Leoni Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Alberto Mesquita Filho Pró-reitoria de Extensão Lílian Brando G. Mesquita Diretor da Faculdade de LACCE Rosário Antonio D’Agostino Coordenação do Curso de Jornalismo Anderson Fazoli

Dois Pontos é um projeto experimental dos alunos de jornalismo (3ACSNJO e 3MCSNJO), desenvolvido na disciplina Jornalismo Impresso, em 2013. Orientação e Coordenação editorial Profa. Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Profª. Maria Cristina Barbosa Diagramação Alexandre Ofélio (MTB 62748/SP) Redação Editora assistente Fabiana Barbante (RA: 201113824) Repórteres Danillo Holanda (RA: 201101785) Marie Raya (RA: 201108266) Sarah Andrade (RA: 201114350) Capa Alexandre Ofélio

Pingue-Pongue | Rafael Nunes

“Imagem também é texto”

Os recursos visuais sempre foram importantes aliados do texto no jornalismo. Os infográficos fazem parte dessas ferramentas que contribuem para tornar uma reportagem mais completa e rica em detalhes

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Por Sarah Andrade egundo alguns pesquisadores, os infográficos surgiram há milhares de anos, mas ganharam esse nome recentemente. Hoje são desenvolvidos por jornalistas ou por designers; ou pelos dois profissionais juntos. Rafael Nunes, 26 anos, é bacharel em artes visuais, formado em 2009 pela faculdade Belas Artes. E neste mesmo ano participou do Programa de Treinamento de Jornalismo Gráfico da Folha de S.Paulo. Trabalhou na Folha como infografista e ilustrador por volta de um ano e saiu para montar o próprio estúdio. Hoje é freelancer para revistas e jornais. Ele conversou com a reportagem do fascículo Dois Pontos e nos contou um pouco sobre o universo da linguagem verbal e não-verbal.

Dois Pontos: O que os designers precisam agregar do jornalismo para desenvolver infográficos? Rafael Nunes: Um infográfico não tem que ser apenas bonito, ele tem que ser, antes de tudo, informativo. Precisa ter informações apuradas e bem-organizadas, que sejam somadas ao texto, que sejam de fácil leitura e acompanhamento. O designer nunca pode se esquecer que tem um compromisso com a veracidade da informação visual. Se um Boeing caiu, não pode retratar um teco-teco. Tem que ser o modelo exato. Um problema muito comum no jornalismo brasileiro são os storyboards veiculados em jornais em casos de assassinato, por exemplo: o artista cria as cenas, com poses e rostos imaginados, o que compromete a veracidade da informação. É esse espírito que deve ser trazido do jornalismo ao mundo do design para fazer um bom infográfico. Dois Pontos: Como está o mercado infográfico no Brasil em relação ao exterior? Rafael Nunes: No Brasil, ainda há algum preconceito com a infografia. É vista como algo que serve apenas para deixar a página mais bonita. Um bom infográfico, a fotografia ou a ilustração sempre servem para acrescentar ao texto escrito e não só para enfeitá-lo. Apesar disso, o Brasil possui ótimos infografistas, que cada vez mais chamam a atenção lá fora. Dois Pontos: Atualmente, infografista é uma profissão ou uma especialidade? Rafael Nunes: Eu vejo como especialidade, mas tem muita gente levando como profissão e a demanda do mercado é cada vez maior. E o termo “infográfico”, que vem de “informação gráfica” provavelmente tem seus dias contados, sendo substituído por “visualização de dados”, que é bem mais abrangente e retrata melhor esse espírito de ser uma linguagem que vem para facilitar a absorção e organização da informação em um mundo que a tem em excesso.

Dois Pontos: Qual o infográfico que mais atrai os leitores? Rafael Nunes: Acho que os melhores infográficos são aqueles que o leitor absorve sem nem perceber que está lendo um infográfico. Que são intuitivos a ponto de sequer serem percebidos conscientemente, que se integram completamente ao texto e ao assunto. Ainda assim, boas ilustrações chamam muito a atenção do leitor, acho.

“Um bom infográfico, a fotografia ou a ilustração sempre servem para acrescentar ao texto escrito e não só para enfeitá-lo”

Alexandre Novaes

Rafael fala sobre a importância da união do jornalista com o designer

Dois Pontos: Tem algum ponto desse trabalho que deseja destacar... Rafael Nunes: Jornalistas, os infografistas são seus amigos. Se os dois se unirem, podem dominar o mundo! Talvez nem tanto, mas é necessária essa união para que a transmissão de informação seja cada vez mais efetiva. O designer sozinho não faz infográficos incríveis, o jornalista sozinho também não. Precisamos dos dois, ou de alguém que tenha conhecimento o suficiente em ambas áreas! DOIS PONTOS | 3


Reportagem | Rotina

Reportagem | Revista

Com a mão na massa

Muito mais que aparência

Por Danillo Holanda

Por Sarah Andrade

Como é feito um infográfico? Conheça os processos e os desafios de uma arte diária

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informação gráfica faz parte da cultura visual do homem desde os tempos das cavernas e as pinturas rupestres seriam uma prova disso. Leonardo da Vinci é apontado como um dos pioneiros da infografia mas, até mesmo como visionário que era, provavelmente não imaginou que esse tipo de arte tivesse uma evolução tão grande na última década. Mário Kanno, formado em Publicidade pela ECA-USP, editor adjunto de arte da Folha de S.Paulo escreveu um dos poucos títu-

los sobre infografia e o único manual sobre o gênero existente no País. Apesar de ter única edição, publicada em 1998, o autor acredita que o livro é atual, mesmo com o passar do tempo e com as mudanças da tecnologia. “Os conceitos básicos são os mesmos usados hoje nos infos interativos. Lógico que a parte de visualização de dados e os recursos avançaram, mas a base é a mesma”, relata Mário.

da redação. “Nós participamos de todas as reuniões que acontecem dentro do jornal, analisamos, sugerimos e até produzimos pautas dentro da Folha”, enfatiza Mário. A primeira reunião de equipe na Folha de S.Paulo acontece às 9h. Este primeiro encontro do dia é para definir o que vai haver em cada pauta: o tamanho, o espaço para imagens, se serão fotografias, ilustrações ou infográficos. “Algumas vezes o jornalista pede, Produção em outras o editor de arte tem que brigar Diferente do que se imagina, a editoria de um pouco”, explica o design gráfico Rafael arte é totalmente interligada com o restante Cerveglieri, bacharel em Artes Visuais pela Faculdade Belas Artes, em São Paulo. Rafael trabalhou na Folha por um ano onde foi ilustrador e hoje é freelancer, porém, ainda presta serviços para o jornal e outros veículos. Reprodução /Mário Kanno No decorrer do dia os profissionais da editoria de arte produzem conteúdo para o site e para a televisão. “Nós temos uma produção muito grande, devemos ser o veículo de comunicação que mais publica infográficos no mundo. Basicamente 20% do espaço editorial da Folha são ocupados com infografia, comparando os jornais que disponibilizam de 2% a 5% do espaço”, explica Mário. Na segunda parte da jornada, às 16h, acontece uma reunião para definir o jornal impresso, demonstrar como está o andamento das matérias e, no caso da parte de arte, apresentar os trabalhos gráficos. Com a larga escala de produção, a parte de arte não tem como cobrir todas as editorias uma a uma, por isso o que se tem dentro do grupo é parecido como uma linha de produção. “Pegamos o texto, e a partir do conteúdo visualizamos e verificamos qual será a melhor representação visual para aquele tipo de matéria e a partir daí temos uma introdução, determinamos o tamanho, visualizamos como ficará na página e, por último, há uma revisão, antes de enviar para a gráfica”, detalha Mário. O que se percebe nas redações é a pluralidade que esse mercado de arte agrega. Pessoas formadas em outras áreas, como história e arquitetura, fazem parte dos profissionais que dividem espaços com jornalistas e designers. Fazer uma carreira na área de infografia é um grande desafio, independente da área original de formação do profissional. Entretanto, o que nossa reportagem conseguiu apurar é que a demanda por essa especialização tem aumentado e isto deve “acender a luz” nas universidades, para que criem uma Infográficos elaborados por Mário Kanno para o jornal Folha de S.Paulo grade especializada nesse segmento.

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Se você tentar lembrar-se de publicações que usam infográficos, com certeza, a Superinteressante estará na lista. A informação visual faz parte da essência da revista

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ntre as suas quase 100 páginas encontramos dezenas de números, histórias, dados, rankings. Nenhuma dessas informações aparece em tabelas formais. O grande trabalho dos designers e jornalistas é repassar todo o conteúdo que possuem, de um determinado assunto, de maneira organizada, criativa, objetiva e informativa. A Superinteressante possui um apreço pela criação gráfica da revista e, para abarrotar os leitores com conteúdo, adere com frequência infográficos. Publicada mensalmente há 25 anos pela editora Abril, a Super passou por muitas reformas do seu projeto gráfico. Foi em 1995 que ela ganhou mais ilustrações, as quais são um dos maiores atrativos da revista. Esse empenho por representações visuais já rendeu muitos prêmios, inclusive o Malofiej, a maior premiação de infografia do mundo organizada pela seção espanhola da Society for News Design em parceria com a Escola de Comunicação da Universidade de Navarra. As páginas Não que as páginas sejam feitas apenas de aparência, que todo ornamento panorâmico em retas, figuras e cores sejam tão somente para fisgar o público pelos olhos. A revista traz muito conteúdo, muito mesmo. Os profissionais coletam muitos dados e têm a missão de transportá-los para uma ou duas páginas de maneira completa e simples. “O ponto mais importante, sem dúvida, é a clareza de informação. Todo o resto é secundário apesar de ser muito importante também. De nada adianta um infográfico lindo que não seja compreensível”, afirma Paula Bustamante, designer da Superinteressante, formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Enquanto a infografia no Brasil é pequena em comparação ao exterior, a Super exporta infográficos. O espaço dedicado à informação visual pode chegar até quatro páginas, dependendo da reportagem. No projeto da revista há uma sessão denominada “infográfico”. É perceptível que os leitores realmente se interessam pela linguagem através dos comentários recebidos na redação. A jornalista Cristine Kirst, repórter da revista, nos conta que às vezes os leitores surpreendem a equipe da Super com a demonstração de interesse pelos infográficos. “Recebemos sugestões. A gente tem bastante retorno. Há alguns meses, publicamos um infográfico

Nas reuniões, tanto os jornalistas quanto os designers podem expor ideias e sugerir pautas chamado Quanto tempo dura um papa. Ficamos impressionados com a quantidade de gente que escreveu, tanto para elogiar quanto para reclamar que tinham muitas ‘bolinhas”, nos conta Cristine. Nas reuniões, tanto os jornalistas quanto os designers podem expor ideias e sugerir pautas. Depois que um repórter apura as informações, o editor de texto e o designer esboçam o conceito. Esse trabalho em conjunto entre os dois profissionais possibilita a criação de um infográfico que completa o texto, e não repete a informação já transmitida. A Super ainda publica infográficos online que fazem bastante sucesso na rede. Paula explica que “quando isso acontece a equipe do site acompanha as reuniões desde o começo e pensamos juntos como usufruir da tecnologia para fazer uma coisa diferente do papel”. É uma verdadeira paixão por essa representação visual de conteúdo. “A Super tem uma preocupação enorme em encher a revista de infográficos e os leitores dão um retorno muito legal”, declara Paula.

Reprodução

Capa Superinteressante, novembro de 2009 Reprodução

Superinteressante, edição 281, publicada em agosto de 2010. Infográfico elaborado por Emiliano Urbim, Thais Sant’anna e Jorge Oliveira DOIS PONTOS | 5


Reportagem | Capa

Das cavernas para as telas A comunicação visual, que teve os primeiros registros nos primórdios da humanidade, hoje está na palma das nossas mãos Por Marie Raya Guilherme Jófili/Creative Commons

As primeiras formas de comunicação por meio da imagem são as pinturas rupestres. Aqui temos uma cena no Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, Brasil

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inda que existam diversos registros das primeiras criações gráficas, não há um comum acordo entre os pesquisadores sobre a origem exata da infografia. É provável que isso ocorra pelo fato de que essa prática remonta à pré-história, uma vez que a tentativa de informar através de desenhos começou com as pinturas feitas nas cavernas. O procedimento feito de forma tão rústica no início foi aperfeiçoado e passou a ganhar traços mais trabalhados à medida que novas técnicas para elaboração de imagens eram inventadas. Esse campo evoluiu e a informação visual está presente em praticamente todos os veículos. Em um tempo onde as pessoas estão sempre muito apressadas, a possibilidade da visualização de dados e da notícia é muito importante para fisgar o leitor. A infografia passa longe de ser meramente ilustrativa. Ela conta histórias por meio de desenhos e gráficos e exige o mesmo rigor na elaboração das informações utilizadas para o desenvolvimento das matérias escritas. Além disso, essa pode ser mais uma área de trabalho para os profissionais 6 | DOIS PONTOS

de jornalismo, como aconteceu com Lucas Tófoli, jornalista da Folha de S.Paulo. “Eu mandava muitos e-mails para o Mário Kanno [editor adjunto de arte da Folha] conversando, pedindo sugestões e opiniões. Então, ele me convidou para fazer um freela como infografista na Folha”, conta Lucas, agora contratado do jornal.

inclusive, as pinturas rupestres espalhadas pelas cavernas dos quatro cantos do mundo que indicaram com maior precisão a existência do homo sapiens. À medida que o tempo e o espaço sofriam transformações, os métodos utilizados para comunicar algo através de imagens também mudaram. Hoje, a elaboração de mapas e gráficos não exige apenas a capacidade de fazer desenhos. Ela envolve jornalismo, cartografia, design gráfico, estatística, artes plásticas, multimídia, realidade virtual e diversas outras áreas. “Para nós, tanto como infografistas, designers ou jornalistas, é imprescindível ter ao menos uma noção dessas áreas”, destaca Lucas. Em contrapartida, algumas técnicas continuam extremamente parecidas com a dos homens pré-históricos. Os bonecos de palitinhos gravados nas paredes das cavernas, agora estão nos infográficos de muitas revistas espalhadas pelas bancas. A diferença é que a arte feita à mão e de forma artesanal pelos nossos ancestrais, hoje tem o apoio de softwares gráficos feitos especialmente para conseguir traços perfeitos. Esses programas, cada vez mais atualizados e completos, permitem que o infografista abuse da imaginação na hora da criação de novos mapas, gráficos ou diagramas. “Hoje eles são mais elaborados, usam mais recursos gráficos e até movimento quando postados na internet. Podem ser infográficos tridimensionais, evolução histórica, espacial e sempre representam imagens reais quando necessário”, conta Iêda Santos, professora de Planejamento Gráfico em Jornalismo da Universidade São Judas. Há também quem diga que os novos recursos tecnológicos têm um lado negativo nessa história. Lucas Tófoli acredita que o excesso de opções gráficas afastou as pessoas do ato de desenhar, como antigamente, e as limitou apenas ao ambiente do computador. “Hoje é difícil o designer desenhar à mão. É sempre muito corrido e o computador é uma opção mais rápida. Ainda acontece, mas é raro”, afirma o jornalista.

Origens históricas Os primeiros rascunhos de desenhos mais elaborados acompanhados de textos explicativos de que se tem notícia na história são de Leonardo da Vinci, que realizou diversos estudos de embriões e de anatomia comparativa utilizando desenhos detalhados, no século XVI. Já em 1626, Christoph Scheiner publicou a obra Rosa Ursina sive Sol, que continha uma grande variedade de gráficos que mostravam sua pesquisa astronômica sobre o sol. No século XVIII, o livro The Commercial and Political Atlas, de William Playfair, tinha um agloA era da internet merado de gráficos de barras que represenO campo da infografia não restringe essa tavam a economia inglesa da época. A informação visual foi a primeira forma área exclusivamente aos jornalistas, muito de comunicação inventada pelo homem. São, pelo contrário. É comum encontrar profis-

sionais de outros setores ligados ao design gráfico trabalhando na produção dos infográficos. Entretanto, isso não significa que o jornalismo deva ser descartado. “Desde o início existiu um profissional de arte ou infografista, mas sempre foi necessário o contato com um jornalista, responsável pela pauta referente ao infográfico, para que pudesse passar melhor a informação e conferir os dados”, afirma a professora Iêda. De qualquer forma, é preciso ter cuidado para que a estética não ultrapasse a informação na hierarquia de prioridades. A clareza da informação é o quesito principal no desenvolvimento dessa ferramenta. Na internet, a informação visual ganha a chance de ser interativa e animada. O gráfico que aparece estático nas folhas dos impressos ganha vida nas páginas online. Todavia, esse processo é ainda mais trabalhoso. “Um infográfico no impresso é visto da mesma forma por todo mundo. Já na internet, você precisa

ter o cuidado para que ele se encaixe em todos os meios. Quem vê pelo celular vê de um jeito, quem vê pelo tablet vê de outro, e assim por diante”, destaca Lucas. O Brasil é um país em crescimento no ramo da infografia, mas ainda tem muito pela frente se comparado aos demais. “Não sabemos de cursos e concursos legais de infografia nacionais, enquanto o Malofiej já existe em Navarra há anos”, afirma Paula Bustamante, designer da revista Superinteressante, referindo-se ao maior prêmio mundial de infografia. Usada desde os primórdios da humanidade, a comunicação visual é uma área que instiga os indivíduos cada vez mais. O ser humano tem urgência de informação, principalmente daquela que está ao alcance da visão. Buscamos inicialmente com os olhos a informação. Herdamos isso dos nossos ancestrais e, com certeza, é algo que passaremos para os descendentes. Reprodução

Reprodução

Estudos de anatomia (músculos e ombros) elaborados por Leonardo da Vinci, possivelmente em 1510 Reprodução

Infográfico elaborado com modernas técnicas de computação gráfica. Nesta imagem temos a reprodução de uma página do jornal O Estado de S. Paulo, no caderno de esportes do dia 16 de setembro/2012, com um trabalho premiado pelo Malofiej em 2013

O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci. Desenho elaborado por volta de 1490. Atualmente faz parte da coleção Gallerie dell’Accademia em Veneza, Itália DOIS PONTOS | 7


Reportagem | Na web

Reportagem | Comparações

Vale mais que mil palavras

Parecido, mas diferente

Por Fabiana Barbante

Por Fabiana Barbante

Quais as características do infográfico no ambiente multimídia?

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em dúvida que uma imagem chama muito mais atenção do que um texto. Especialmente se estamos falando da atualidade, afinal há décadas o ser humano vive sob o domínio do mundo imagético. No ambiente digital jornalístico essa relação não é diferente. Os infográficos na web podem ganhar ainda mais dinamismo porque têm possibilidades de serem interativos. Igor Queiroz, formado em Comunicação Visual pelo Senac e Editor de Arte Sênior no portal Terra, explica o processo de criação de

um infográfico para o ambiente da web. “O infográfico nasce de várias maneiras. A mais comum delas é através de pautas que apostam na audiência em algum acontecimento recente, evento importante ou algum conteúdo complementar. Às vezes, nessas apostas de pautas temos coisas interessantes como os infográficos de sucesso com conteúdo”. Os infográficos estão em todos os ambientes da web, inclusive nas redes sociais, dominantes hoje entre as mídias e entre os jovens, que são assíduos nesse tipo de plataforma. A infografia tem crescido a cada dia nas redes e Reprodução

Infográfico publicado no IG, na editoria de Saúde, em 18 de outubro/2012. Trabalho elaborado por Marcos Veiga e Pedro Ferreira Reprodução

tem dominado as redações. Existem diferentes tipos de infográfico e para a web ele surge de uma discussão sobre as especificidades dos processos de composição da notícia na rede. A comunicação se dá em várias dimensões, com a informação apresentada em diversos formatos, e a infografia multimídia pode ser considerada como uma expressão discursiva em potencial nesse sentido, pois a informação gráfica e visual enfatiza o texto e complementa a notícia, servindo de ilustração ou até como a própria matéria. O infográfico desenvolvido para o ambiente web, ou infografia multimídia, mantém as características fundamentais do utilizado no impresso. Mas, ao ser realizada através de outros processos tecnológicos, agrega as potencialidades do meio. Agrega principalmente interatividade. Diferente da mídia impressa, que utiliza a infografia desde os seus primórdios como forma de explicação e maior clareza, o infográfico é novo no ambiente da web, porém, muito útil. De acordo com Igor Queiroz, as matérias que apresentam arte são mais clicadas do que as que não têm. “Muito da nossa audiência resulta dos infográficos, eles são tratados de maneira especial pelos jornalistas, como uma matéria ilustrada”. O infográfico transmite uma imagem ampla e precisa, o que facilita o entendimento do leitor. A infografia representa boa parte das matérias divulgadas no portal Terra e por meio de fotos, dados e texto é possível compor uma reportagem de forma abrangente e clara, de forma que todos possam compreender e se informar.

Um blog para acompanhar as tendências Se você gosta de infográficos não pode deixar de visitar sempre o http:// visualoop.com/br

Infográfico publicado no Terra. O internauta navega pelo tempo e faz um passeio pela história 8 | DOIS PONTOS

Organizado por um grupo de infografistas e designers brasileiros, o espaço reúne: “O melhor do mundo da Infografia e Visualização de Informação para profissionais, acadêmicos, estudantes e curiosos”. Um ambiente com as novidades do setor, com dicas de eventos, análises de trabalhos publicados na mídia, tendências e entrevistas com os melhores do mercado.

O infográfico pode mudar de acordo com o veículo de comunicação em que ele se apresenta e para o tipo de público a quem ele se destina

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ma tragédia. Uma descoberta científica. Uma lesão de um atleta. Um show de rock. Temas tão distintos para públicos muito heterogêneos. Para criar e editar um infográfico é preciso pensar na linha editorial da publicação e também no público leitor. Cada situação exige um trabalho diferente. O conceito visual também precisa se adequar às características do meio: jornal, revista ou web. Como são essas diferenças entre os tipos de infográficos? As imagens surgem como? Por meio de pesquisa de mercado, por segmentação? Há uma imagem para cada tipo de público e editoria? Estas e outras questões são feitas diariamente por jornalistas que se interessam pela infografia e desejam saber mais sobre o assunto. Formada em Jornalismo e especializada em designer gráfico, a professora Iêda Santos, da Universidade São Judas Tadeu, explica a diferença entre os infográficos de acordo com a mídia. “Num jornal é mais usual um box ilustrativo agregado ao texto, um que mostra fatos rápido e funciona como lead ilustrado, com informações fundamentais da reportagem, infográficos com dados adicionais ao texto, com independência informativa. No jornal pode ser simplesmente uma tabela mais elaborada, um infográfico arquitetônico ou gráficos. Numa revista é comum ver a própria paginação ser um infográfico, como um elemento na página, ou seja, é possível fazer um sem nenhuma matéria relacionada”. Na web a possibilidade de interatividade é que é o grande diferencial. O público da internet exige informação rápida e concisa, em virtude da correria do dia a dia. Já o leitor do impresso ou da revista tem mais possibilidade de se dedicar mais à leitura, o que caracteriza um infográfico que pode conter mais dados e detalhes. Vamos observar as duas imagens ao lado para compreender melhor as diferenças: A primeira imagem (Praça Roosevelt renovada será reaberta amanhã) é da reurbanização de uma praça em São Paulo, publicada na edição do Estado de S. Paulo, de 28 de setembro 2012. A segunda imagem (Os momentos antes da tragédia) é de um infográfico da revista Superinteressante, quando ocorreu o acidente com o avião da TAM em Congonhas, em julho de 2007.

Reprodução

DOIS PONTOS | 9


Reportagem | O leitor

Resenha | Destaque

Criatividade sim, mas com clareza

As múltiplas linguagens contemporâneas

Jornalista escreve para ser lido (e compreendido, não é?). Com a mesma lógica devemos pensar no infográfico. O tratamento claro e preciso das informações é que vai garantir que o trabalho cumpra a missão de facilitar o entendimento de assuntos complexos

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Por Sarah Andrade odas as pessoas provavelmente já viram um infográfico, sabem o que é, chegam a admirá-lo, e a maioria até agradece a sua existência, mas muitos desconhecem que ele tem esse nome. Por ser uma forma de fácil de compreensão, mais dinâmica para explicar detalhes e um jeito de criar arte nas páginas, ele normalmente é bem-vindo. Fica difícil explicar de maneira minuciosa a lesão de um jogador de futebol, por exemplo, para alguém que não é da área de saúde, ou a contaminação de uma doença apenas com textos que são carregados de nomes científicos. A forma ilustrada ou fotografias compostas por dados é uma alternativa de facilitar o entendimento. Não apenas para termos médicos. Na política, na educação, na história, na tecnologia e em outros temas, que muitas vezes abordam pautas complexas, os jornalistas buscam alternativas de serem mais bem compreendidos, o infográfico é uma delas. Além da clareza, a praticidade que eles fornecem também é um atrativo aos leitores. Pois a necessidade de receber informações de maneira rápida os leva a ler essa representação visual em maior escala. Mas essa linguagem não é independente, os infográficos completam os textos, não podem estar juntos e serem exclusivos de atenção do público, os textos devem ter a sua popularidade. Essa comunicação que enriquece a mensagem jornalística, muitas vezes, é o que atrai os olhos atentos. E podemos afirmar que eles são bem atentos. Clarice Albuquerque, estudante de História, é assinante do jornal O Estado de S. Paulo e conta que observa bem todos os dados. “Se no texto eu tenho cautela, nos infográficos mais ainda. Eles são carregados de informações e temos que ser prudentes ao absorver o conteúdo”, afirma Clarice. O importante é saber usar os elementos, transmitir informações, mapas, estatísticas, ilustrações que contêm bem uma história. É importante saber o foco da matéria, porque há um planejamento após a apuração e o mais difícil não é a tecnologia aplicada na imagem, e, sim, o conteúdo que sustenta o infográfico. É preciso detectar qual a essência do assunto, qual a parte da pauta será mais interessante transformar em ilustração. Cristine Kirst, jornalista da Superinteressante, nos disse que “em geral os leitores fazem sugestões para o tema do infográfico, e não para o design em si”. E a Clarice con10 | DOIS PONTOS

corda com essa afirmação. “Eu como leiga no assunto só consigo dizer se determinado infográfico foi importante para compreender o tema e não está confuso. Não tenho como dar opiniões de como deveriam ter estruturado. Eu sempre elogio quando eu entendo plenamente a notícia e posso discutir o assunto com argumentos precisos”, diz a estudante.

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Por Danillo Holanda

Os infografistas precisam lembrar, sempre, como em qualquer conteúdo publicado, que o receptor pode conhecer muito bem a pauta. Dessa forma, os leitores buscam elementos que completem o seu conhecimento. Uma boa apuração é um ponto decisivo para criar um texto completo e é importante pensar o quão compreensível estão determinados dados para quem lê. Reprodução

O infográfico sobre a época certa para comprar as frutas e legumes é um exemplo da utilidade da informação bem planejada. Elaborado por Felipe Van Deursen, Raquel Quick e André Bernardo, foi publicado na Superinteressante, edição de dezembro/2012. Diversos leitores ligaram na redação da revista para elogiar o trabalho e dizer que iriam colar o infográfico na geladeira Sarah Andrade

nfografia e Jornalismo: conceitos, análises e perspectivas, de Tattiana Teixeira, é um dos poucos livros (publicados no Brasil) especializados no “mundo infográfico”. É importante já destacarmos como a autora define o gênero: “a infografia tem como objetivo melhorar a narrativa jornalística e torná-la mais compreensível aos leitores.” A publicação é um grande achado para quem se interessa pela temática e uma importante noção de como a academia e o mercado podem se sintonizar tão bem, a ponto da obra se tornar importante para ambos os campos. O livro representa um trabalho de praticamente quatro anos, desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Linguagens do Jornalismo Científico (NUPEJOC), no Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Jornalismo e infografia está dividido em quatro capítulos: o primeiro discute as diversas versões sobre o inicio da infografia. Uma delas, dá conta que o primeiro infografista do mundo teria sido Leonardo da Vinci com seu

diagrama e manuscrito sobre o desenvolvimento de embriões. O segundo apresenta uma proposta de tipologia do infográfico jornalístico, no qual são demonstrados o crescimento e os recursos utilizados. A autora apresenta os dois grandes grupos, o primeiro sendo o enciclopédico que demonstra semelhança com o que vemos em livros didáticos, já o jornalístico se detém à singularidade dos fatos, idéias ou situações narrados. No terceiro capítulo fixa-se especificamente sobre a utilização da infografia no jornalismo e as formas de produção e, por fim, a autora descreve a experiência do grupo de pesquisa na análise das infografias. A linguagem acessível e os diversos exemplos de infografias de jornais e revistas tornam o livro interessante e curioso a cada página. A obra é relevante e pioneira, uma vez que o tema é ainda pouco explorado pelas editoras no Brasil. Tattiana Teixeira traz elementos importantes sobre uma das atividades mais utilizadas no jornalismo contemporâneo e ressalta a relevância no planejamento e capacidade de síntese do jornalista.

Infografia e Jornalismo: conceitos, análises e perspectivas, de Tattiana Teixeira (2010) Editora da UFBA

Estante fundamental Infoperiodismo – El periodista como creador de infografia, de José Manuel Pablos (Síntesis)

“Relata e leva ao leitor vários aspectos e histórias da infografia, do surgimento à popularização da informação gráfica utilizada pelos jornais. Descreve que a infografia teve gradualmente sua importância aumentada enquanto um complemento para explicar melhor alguns aspectos tratados nos textos.” Beatriz Ribas é jornalista e mestranda em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Facom (UFBA).

O leitor procura o infográfico para compreender melhor um assunto, que seria mais complicado de ser abordado só com o texto

Serviço

Infografia 2.0 – visualización interactiva de información em prensa, de Alberto Cairo (Alamut) “O autor explica os princípios da boa infografia, os principais recursos e profissionais envolvidos na construção de infografias, e dedica um capítulo ao jornal norte-americano The New York Times, responsável por vários exemplos de infográficos precisos.” Tatiana Hirata é graduada em desenho Design Gráfico pela Universidade de Cuiabá (UNIC).

Semiótica, informação e comunicação, de J. Teixeira Coelho Netto (Perspectiva)

Manual de Infografia – Folha de S.Paulo, de Mário Kanno e Renato Brandão (Folha de S.Paulo)

“O autor convida-nos a experimentar uma reflexão mais larga, abordando o significado do que fazemos e vivemos no cotidiano, refletindo sobre a natureza, a estrutura, o alcance e o significado do material que recolhemos, tratamos e apresentamos ao público.”

“Para quem se interessa por esse ramo do design da informação, esse livro é essencial! Com abordagem simples, ele explica a história até o ‘desenvolvimento atual da infografia’.”

Warde Marx, Mestre em Ciência da Comunicação pela USP e professor na Universidade São Judas.

Rafael Nunes Cerveglieri é graduado em Artes Visuais pela Belas Artes, já trabalhou na Folha de S.Paulo e Agora São Paulo como ilustrador. DOIS PONTOS | 11


Crônica | Relato poético

O queridinho da redação. Só que não Por Marie Raya

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á boatos de que meu pai é Leonardo da Vinci, mas oficialmente datam meu nascimento no século dezessete, através de outro sujeito que nem ao certo recordo o nome. Há quem diga também que nasci em alto mar, gerado para controlar as rotas marítimas. Ainda assim, gosto de pensar que sou o possível irmão de Monalisa, mesmo ela sendo mais famosa que eu. Sou órfão de mãe. Quer dizer, sou filho de produção independente. Posso não saber ao certo quem é meu pai, mas hoje já tenho muitas mulheres em minha história. Não posso dizer que sou o mais amado no meu ambiente de trabalho, mas sou o primeiro a ganhar todos os olhares, onde quer que eu esteja. Até mesmo aqueles que estão com preguiça ou apressados demais acabam achando um tempinho para mim. Gramaticalmente falando, eu sou um substantivo masculino. Sempre se refe-

Sou bem simples, uma vez que minha missão é facilitar o entendimento e completar a informação

12 | DOIS PONTOS

rem a mim como “o”, mas posso parecer bastante feminino dependendo de onde você me encontrar. Às vezes, sou pequeno. Às vezes, sou grande. Posso ser um ou posso ser muitos. Posso ser o que você quiser, o que meu criador quiser, mas nunca o que eu quiser. Não mando em mim, sou apenas um meio transmissor de mensagens que espera ser compreendido e ter feito bem o seu trabalho. Normalmente eu sou bem simples, uma vez que minha missão é facilitar o entendimento e completar a informação. Mas também não posso mentir, consigo ser bem complicado vez ou outra. Não reclame comigo, meu responsável é que me complica. É que eu tenho várias faces. Uma para cada pessoa que me lê, ou melhor, que me vê. No rádio você jamais me encontrará. Mas se você ligar a televisão, pegar algumas revistas e jornais ou navegar na internet, é muito provável que me veja. Sou imagem, mas se eu estiver sozinho, provavelmente você não me compreenderá. É por isso que estou sempre acompanhado. Números e palavras me fazem completo. Sou velho, mas não pareço. Estão sempre me reinventando. Colorido, branco e preto, de uma cor só, pouco importa, posso ser mais colorido que qualquer arco íris. Não sou só um “rostinho” bonito, tenho conteúdo. Mas não se engane pela minha idade, estou em todas as mídias sociais. Lá sou mais interativo e dou mais atenção àqueles que param para me conhecer. Sou complemento importante e tenho certeza que você fica feliz em me ver. Apesar de não ser o mais adorado em meu trabalho, todos gostam de usar e abusar de mim. Eles gostam da aparência que dou ao resultado final. Agora, olha só, se descobrem que precisam falar ou fazer um trabalho sobre mim, enlouquecem. Mas só porque não me conhecem bem. Tenho muita história para contar a quem sabe ver. Você já sabe quem eu sou ou vai precisar de um infográfico para entender?


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