FASCÍCULOS DE JORNALISMO - COMPREENDER A PROFISSÃO
Jornalismo & Tecnologia Computador, tablets, internet, bits, digital, informação, memória, acesso, rede, wifi... Você é fascinado por tecnologia? Então, entre neste fascículo. Venha conhecer os detalhes da imprensa que cobre esta área: a opinião de importantes profissionais, a história de grandes veículos e as tendências do mercado de trabalho para futuros jornalistas
Apresentação | Caro leitor
O
Expediente
Um mundo conectado O fascículo Tecnologia apresenta aos estudantes de jornalismo alguns dos principais veículos da área e fala sobre os maiores desafios para quem quer trabalhar cobrindo essa área. Vamos conhecer a rotina da revista INFO, da editora Abril. Mergulhe na história de uma publicação com mais de 25 anos na área, como é o caso da revista Tecnologia e Defesa que passou por várias experiências, quase fechou e hoje é considerada a melhor no seu segmento. Além disso, você saberá a opinião de quem estuda a cobertura jornalística voltada para esse tema. Veja também as principais tendências e uma entrevista com o colunista do jornal O Estado de São Paulo, Renato Cruz. Quer dicas para saber veículos que falam sobre essa área? Está no lugar certo, no fim do fascículo a equipe juntou várias dicas para você ficar por dentro do mundo tecnológico, através de sites, rádios, programas de televisão e livros que discutem o assunto.
Seção | Depoimento Cobertura com agilidade é fundamental “Eu sou Julio Salheb, tenho 25 anos, trabalho como analista de sistemas. Adoro ler sobre tecnologia e inovações. Cresci numa família em que todos são da área de TI, e tenho computador desde 1996 em casa. É parte da minha cultura e das pessoas que me influenciaram, pois estar sempre atualizado me empolga, principalmente quando o assunto é TI. Leio muito a revista INFO. Eu acho que é a mais conhecida e conceituada atualmente no país. Costumo ler mensalmente. Uma coisa que observo na INFO é que a publicação impressa é boa, mas o portal é meio defasado, difícil de encontrar informações. Leio portais de outras revistas on-line, mas não com muita frequência. Não sou especialista em jornalismo, mas percebo que enquanto algumas publicações são mais completas e possuem bastantes detalhes sobre o assunto em questão, outras já falam de forma superficial, o que é péssimo para a área. Se estou lendo sobre um celular, software, aplicativo, independente do que seja, importa e muito as características gerais de um processador e as suas funções. É comum você ler uma matéria e procurar no Google para saber mais coisas que geralmente não estão na matéria que você está lendo. Vejo algo que é comum nos EUA e aqui é quase raro. Quando há um evento de tecnologia acontecendo, os portais internacionais vão postando minuto a minuto as novidades apresentadas nas palestras para que pessoas do mundo todo acompanhem. Aqui no Brasil ainda não achei um portal que faça isso. A notícia sai depois de algumas horas. Acredito que é um atraso em relação aos portais de tecnologia de fora do país. Seria um plus muito bom se tivéssemos isso aqui. O Brasil ainda está engatinhando em tecnologia, inovações e informação. O assunto é recente, mas parece que não há profissionais dispostos a contar essa história.” Depoimento apurado pela repórter Stefani Soares
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Chanceler Alzira Altenfelder Silva Mesquita Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Pró-reitor de Graduação Luis Antônio Baffile Leoni Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Alberto Mesquita Filho Pró-reitoria de Extensão Lílian Brando G. Mesquita Diretor da Faculdade de LACCE Rosário Antonio D’Agostino Coordenação do Curso de Jornalismo Anderson Fazoli
Dois Pontos é um projeto experimental dos alunos de jornalismo (3ACSNJO e 3MCSNJO), desenvolvido na disciplina Jornalismo Impresso, em 2013. Orientação e Coordenação editorial Profa. Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. Daniel Paulo de Souza Diagramação Alexandre Ofélio (MTB 62748/SP) Redação Editora assistente Evelyn Gatz (RA: 201113676) Repórteres Arielle Sanci (RA: 201115283) Guilherme Corrêa (RA: 201101671) Juliana Rodrigues (RA: 201113838) Stefani Soares (RA: 201113884) Capa Produção e foto: equipe de redação
Pingue-Pongue | | Renato Cruz
Informação em várias plataformas
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Sempre atento ao mundo das tecnologias, Renato Cruz fala sobre os desafios do jovem jornalista que pretende trabalhar cobrindo uma das áreas mais dinâmicas e competitivas da atualidade
Por Guilherme Corrêa
enato Cruz é formado em jornalismo pela USP. A busca pelo conhecimento o levou a se especializar em uma das áreas mais complexas para um profissional da imprensa, a tecnologia. Desde dezembro de 2012, é colunista do jornal O Estado de S. Paulo. É também colunista da rádio Estadão. Publicou em 2011, O desafio da inovação – a revolução do conhecimento nas empresas brasileiras, pela Editora Senac. Inovação é um dos seus temas prediletos. Em setembro de 2013, publicou na sua coluna o texto “Os caminhos da inovação”, no qual afirmou que “a inovação acontece em rede. Para melhorar seus resultados a partir do conhecimento, a empresa depende cada vez mais de parcerias com fornecedores, clientes, universidades e centros de pesquisa. O processo ocorre na cadeia de valor, e pode surgir de uma necessidade apontada pelo mercado ou de uma tecnologia desenvolvida fora da empresa, que estava na prateleira à espera de uma aplicação.”
Dois Pontos: Como é trabalhar como colunista para o Estadão? Renato Cruz: Normalmente eu escolho um tema a partir do que aconteceu de importante na semana. Fecho o texto na sexta-feira. Estou fora da rotina cotidiana da redação há mais de um ano e tenho meu escritório. Envio a coluna por e-mail.
moderna, com uma equipe de técnicos, substituem as empresas da onda anterior. Dois Pontos: Qual deve ser o primeiro pasengenheiros e cientistas. so para um jornalista que está entrando no Dois Pontos: Diante das revoluções tecno- mercado de trabalho para transformar o lógicas, o que podemos esperar do mundo meio de comunicação em inovação? econômico, dos investimentos e dos negó- Renato Cruz: Não sei se é o caso de transformar o meio de comunicação em inovação. cios? Renato Cruz: Isso sempre muda. Como Mas o jornalista que está começando deve disse o economista austríaco Joseph estar preparado para trabalhar com as ferDois Pontos: Quando surgiu a ideia de pu- Schumpeter (que também cito no meu li- ramentas tecnológicas disponíveis. Ele deve blicar o seu livro? Qual foi a inspiração? vro), a economia passa por um processo estar preparado para atuar em plataformas Renato Cruz: A ideia surgiu em 2009, depois constante de destruição criativa, em que multimídia, produzir textos, áudio, imagens que eu fiz uma entrevista sobre nanotecnolo- as empresas de uma onda tecnológica e vídeo. gia. A partir dessa conversa, resolvi escrever um livro mais amplo, sobre inovação, que não ficasse somente em tecnologia da informação e comunicações, que são os assuntos sobre os quais eu mais escrevo. Dois Pontos: O que espera da Copa do Mundo? Acredita que nosso país tem condições tecnológicas suficientes para sediar o evento de 2014? Renato Cruz: Não vejo grandes problemas tecnológicos para a Copa. As operadoras estão instalando a rede de telefonia celular de quarta geração (4G) para cobrir os estádios. Essa rede vai estar relativamente livre, já que ainda são poucos os usuários brasileiros. Existe um problema geral de falta de qualidade das telecomunicações brasileiras, independentemente da Copa. É um problema que existe há tempos. Os rankings de reclamações no Procon mostram isso. Dois Pontos: Você cita o inventor Thomas Edison no seu livro. Qual o motivo dessa referência? Renato Cruz: O que eu digo no livro é que, mais importante do que ter inventado a lâmpada, Thomas Edison inventou o primeiro sistema elétrico economicamente viável, com geração, transmissão e a lâmpada na ponta. Ele também inventou o departamento de pesquisa e desenvolvimento da empresa
“O jornalista que está começando deve estar preparado para trabalhar com as ferramentas tecnológicas disponíveis”
Reprodução
Especialista em tecnologia, Renato Cruz mantém uma coluna no Estadão, no caderno de Economia DOIS PONTOS | 3
Reportagem | História
Reportagem | Rotina
Pioneira e desbravadora
Com 30 anos de circulação, a Tecnologia & Defesa cobre os setores de Defesa, Aeroespacial, Tecnologia Militar e Segurança Pública
Por Evelyn Gatz
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Francisco Ferro, diretor da Tecnologia & Defesa, na redação da revista 4 | DOIS PONTOS
Reprodução
Capa da revista Tecnologia & Defesa
Entenda como é o dia a dia da redação de uma revista de cultura digital e os principais desafios para levar ao leitor as tendências no ramo da tecnologia
Por Arielle Sanci
o mercado desde 1983, a revista Tecnologia & Defesa foi uma das poucas desse segmento que conseguiu sobreviver tanto tempo no Brasil. É a maior e mais antiga do país que informa sobre esse assunto. A abordagem desse veículo é baseada nas novas tecnologias de defesas que o Brasil e o mundo oferecem para seus cidadãos. Como conta Francisco Ferro, diretor da revista, que já está há 22 anos no comando da revista. Esse tipo de segmento é bem conhecido na Europa e nos Estados Unidos. Mas no Brasil e em toda a América Latina, é um tema pouco comentado. “Não foi fácil chegar onde estamos”, declara Francisco. “A revista começou em uma fase de transição política, o Brasil saía da ditadura e começava a entrar na democracia. Com isso, o preconceito com o assunto defesa, armamento e afins foi grande. Tudo era comparado com a ação dos militares na época”, lembra. Esse foi um dos desafios que tiveram que enfrentar. Outro citado por Francisco é o fato de o Brasil em um período longo não investir em tecnologia na área de defesa o que dificultou muitas pautas. “As publicações começaram a sair semestralmente. O pessoal teve que procurar outros serviços paralelos. Mas com a entrada do Lula [ex-
Roberto Valadares Caiafa
A máquina da informação
-presidente] no poder essa história se reverteu e em 2008 conseguimos nos reerguer. O governo entendeu que um país, para se tornar forte em vários aspectos, precisa investir em segurança”, completa. De acordo com Francisco, o público-alvo da revista é, principalmente, aquele que trabalha na área militar, mas ela atinge também trabalhadores autônomos e executivos. Ele aponta que muitos jovens entre 16 a 25 anos também têm procurado a revista nas bancas, o motivo é a curiosidade pelo assunto. “Temos dados até da participação das mulheres na leitura da Tecnologia & Defesa”, esclarece Francisco. A tiragem da revista fica em torno de 8 a 10 mil por mês, que eles consideram um bom número comparado às dificuldades enfrentadas no passado. O reflexo desse novo tempo para eles é o fato de serem divulgadores da nova postura militar no País. Como comenta Francisco, certa vez o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o assunto entrou na agenda pública pela contribuição da revista na abordagem das informações. O diretor ressalta que fazem matérias isentas de qualquer ideologia. Um dos colaboradores da revista é o jornalista e fotógrafo Roberto Valadares Caiafa, que está há dois anos fazendo parte da equipe. “Desde menino sempre fui fascinado por esse tema, mas não havia no Brasil veículos impressos que abordassem a tecnologia dentro da área de defesa. Para ficar poWWr dentro do assunto lia sites e revistas importadas”, conta. Quando a Tecnologia & Defesa foi criada, Roberto diz que era a única nacional na época que falava sobre essas questões. “Foi um sonho trabalhar nesse meio de comunicação que fez parte de minha infância”. Roberto diz que a revista tem grande peso. Como prova, ele cita que diversos lugares de várias partes do mundo os chamam para cobrir algum evento. “Nesses dois anos aqui meu passaporte já tem sete carimbos internacionais. São as próprias empresas de fora que, conhecendo nosso trabalho, confiam na gente e investem para cobrirmos certas pautas, como feiras ou algum novo satélite”, explica. Agora com a revista em um período de estabilidade, o principal desafio, como afirma Francisco, é encontrar profissionais que entendam da área. “Não adianta só escrever bem, tem que entender e gostar”, garante.
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ma redação de mídia impressa passa por modificações diárias, nenhum dia é igual ou semelhante a outro, os desafios também são vários. “Mas o que é a vida sem desafios”; é o que a jornalista Katia Militello, diretora de redação da INFO, questiona. De acordo com ela, tudo é um desafio, principalmente conseguir se colocar no lugar do leitor, o que ele quer saber? O que ele não quer saber? O que deve ser publicado e o que não deve? Segundo Katia, “uma redação funciona à base de questões que muitas vezes não possuem respostas pré-elaboradas, além disso, para preparar uma edição, precisamos de planejamento”. A redação da revista INFO conta com uma equipe de aproximadamente 30 pessoas. O que desperta curiosidade é ter um engenheiro na redação. Pois é, na INFO, Luiz Cruz é engenheiro-chefe, e o seu trabalho é invejável. Em um laboratório localizado dentro da redação, o INFOlab, ele testa e fuça todos os acessórios e materiais tecnológicos, inclusive materiais que ainda serão lançados. Os apaixonados por tecnologia fariam qualquer coisa para ter um emprego desses. Luiz Cruz é quem faz um levantamento de dados minuciosos dos aparelhos e passa as informações para o jornalista colocar nas matérias, por exemplo, como é feito o
uso, quais especificações, funções, se há gasto de energia ou economia, para não restar dúvidas e ser o mais esclarecedor possível para os leitores. Todos os aparelhos são testados antes de serem publicados e após a análise todos são encaixotados e retornam para as empresas. “Na edição de agosto deste ano, saiu uma matéria sobre a chamada web profunda que trata de sites que vendem drogas e coisas proibidas, a reportagem levou dois meses para ficar pronta e foi feita pelo editor assistente, Marcus Vinícius, ficou bem bacana, inclusive na edição as páginas vieram lacradas!”, lembra Katia. Esta foi uma das reportagens de maior impacto no público leitor em 2013. As pautas são organizadas por editorias e seções. Como a revista é mensal, são agendadas reuniões gerais da redação uma vez por mês e reuniões semanais para discutir o andamento das matérias até a revista ser concluída. A comunicação interna é cativante e afetiva, todos se comunicam, sugerem pautas e prestam auxilio. Segundo a diretora de redação, “ler é fundamental para um futuro jornalista, pois quem lê escreve bem, fala
melhor e tem argumentos fundamentados”. A apuração funciona a base de pesquisas na internet e com fontes nacionais e internacionais. Toda a comunicação internacional é feita pelo telefone e via e-mail, por isso, não há correspondentes, mas, quando precisa e a matéria pede, são feitas viagens. A revista faz parte da Editora Abril e já existe há 27 anos no mercado. O nome INFO vem da palavra informação. No início, em 1986, o público-alvo eram os especialistas em Tecnologia da Informação (TI) e a linguagem era mais técnica. Em 2011, a revista passou por uma modernização no projeto gráfico e editorial, além disso, a linguagem passou a ser mais simples e de fácil leitura. Hoje é uma revista de cultura digital, voltada a todos que gostam de tecnologia. Atualmente a revista conta com três editorias que são: Ideias, Inovação e Teste. Também existem três seções: Cartas, Enter e Startup-se. No total, a revista circula em média com cerca de 110 páginas e possui tiragem mensal de 150 mil exemplares impressos, sendo 89% para assinantes mensais e com tiragem para todo o Brasil. Os exemplares também estão disponíveis na versão on-line.
Tudo é um desafio, principalmente conseguir se colocar no lugar do leitor Arielle Sanci
Redação da Revista INFO.
Arielle Sanci
Katia Militello, Diretora de redação Revista INFO DOIS PONTOS | 5
Reportagem | Olhar Crítico
Reportagem | Mercado de Trabalho
Caiu na rede é click!
A informação em múltiplas plataformas
Pesquisa revela que tecnologia trouxe também novos comunicadores e receptores de mensagens
Por Juliana Rodrigues
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De que maneira são estabelecidas as conversações entre usuários presentes em Sites de Redes Sociais e como, a partir dessas conversações, é possível entender comportamentos, contextos e valores construídos por um determinado grupo de indivíduos?” Essa é a pergunta central da pesquisa Análise da Conversação em Sites de Redes Sociais: o caso Facebook desenvolvida por Marcel Ayres durante sua graduação em jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho teve a orientação do professor André Lemos. Atualmente, Marcel faz MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e faz parte do Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade (Gits) da UFBA. O Grupo idealizou o SimSocial (Simpósio em Tecnologias Digitais e Sociabilidade), que é um evento de cunho acadêmico destinado a promover debates e circulação da pesquisa produzida sobre as tecnologias digitais e sociabilidade no Brasil e no mundo. De acordo com Marcel, a pesquisa da qual participou em 2011 foi direcionada à análise da conversação em sites de redes sociais, com intuito de compreender o efeito desse fenômeno na prática. Hoje o jornalista é sócio-fundador de duas agências, a PaperCliQ e a SOMMAR-Social Media Marketing, com atuação em Salvador, Brasília e São Paulo. Marcel fez sua viagem corriqueira para São Paulo entre uma reunião e outra concedeu uma entrevista ao fascículo Dois Pontos. “Hoje as mídias sociais permeiam o dia a dia de uma grande parcela da população brasileira, utilizada para diversos fins. Esses espaços de sociabilidade são, também, utilizados estrategicamente por organizações que
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Cobrir a área de tecnologia é muito mais que falar sobre lançamento de produtos e avaliar aplicativos
Por Stefani Soares enxergam neles uma forma de se aproximar e reforçar laços com seus públicos de interesse”, afirma o pesquisador. Os pesquisadores já realizam reflexões sobre a capacidade de interação da rede de internet, mesmo antes dos protestos ocorridos em todo o país, em junho deste ano. O Gits desenvolveu um estudo voltado para o poder do fenômeno facebook, envolvendo análises sobre a Primavera Árabe, as manifestações estudantis no Chile e o comportamento do internauta perante o consumo e a autoapresentação em redes sociais. Mas afinal, porque pessoas passam horas conectadas à internet, e quais são os tipos de conversas desenvolvidas dentro desta rede de fios e chips invisíveis? A faixa etária é diversificada, mas predomina a última geração Z, que é ainda mais nova de que a X, e substitui a Y. Esses jovens possuem smartphones e acessam diariamente ao facebook e e-mails. Nasceram a partir da década de 90 com o advento da internet e possuem ao alcance informações de diversas generalidades. Algumas das pesquisas desenvolvidas no Gits discutem a maneira como os jovens enxergam e interagem com todas as mensagens recebidas. De acordo com o pesquisador, a dificuldade é separar o que é notícia e o que são apenas postagens aleatórias, “No mundo on-line, tudo é notícia, até a vida íntima do indivíduo, a rede também é utilizada como auto apresentação,” explica. A internet é considerada pelos pesquisadores do Gits uma ferramenta que deixa rastros, diferente da ação natural, pois são registros que contribuem tanto de maneira comercial, como também remete a crimes digitais, como exemplo à pedofilia e à pornografia. O consumo integrado é outra questão em debate. Marcel Ayres comenta sobre outras escalas conversacionais e pontua sobre um atual sistema de pesquisa que está elaborando, chamado Social TV, no qual busca caracterizar públicos consumidores através da interação com a televisão e o seu conteúdo, “A experiência socializada de ver TV ganha novas esferas conversacionais que caminham além do ambiente físico do qual se encontram os dispositivos”, afirma. O SimSocial é desenvolvido desde 2011. A terceira edição do evento ocorreu nos dias 10 e 11 de outubro de 2013, com o tema Performances internacionais e mediações sociotécnicas, através dos seguintes núcleos temáticos: Sociabilidade, Consumo e Estratégias de mercado.
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agas de estágios e trainees estão tomando o mercado de trabalho. Esta é uma tendência porque muitas empresas saem em busca de profissionais em início de carreira (ou em formação), para treinar e aperfeiçoar sua equipe. Entretanto, essas oportunidades exigem dos candidatos, muitas habilidades como o pleno domínio da língua portuguesa, raciocínio lógico e habilidades em informática, além do inglês, que é um idioma considerado “quase” obrigatório nos tempos atuais. As exigências, muitas vezes, dificultam a vida profissional dos jovens, pois alguns ainda não possuem o conhecimento de monitorar mídias, plataformas, softwares e redes sociais, avaliar acessos em sites, blogs. Esses conhecimentos específicos que envolvem familiaridade com ferramentas tecnológicas são decisivos para quem busca trabalhar no jornalismo focado em tecnologia. Na comunicação, a capacidade de conduzir essas ferramentas é essencial. “Esse é um assunto que eu sempre acompanhei, independentemente do trabalho. São muitos eventos, muita coisa acontecendo e é importante sempre se manter informado. Eu acho que é uma editoria mais “leve”, mas ao mesmo tempo muito interessante, quase todo dia tem novidades e coisas que influenciam bastante o cotidiano das pessoas”, relata Rafael Romer, jornalista do site Canaltech. A convergência do meio impresso com mídias digitais é uma realidade nas principais redações do país. Jornais como O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, entre outros, têm suas versões online, edições digitais e vários outros formatos. Essa realidade exige que os jornalistas tenham capacidade de lidar com linguagens para diferentes plataformas e tenham também agilidade para trabalhar a informação em tempo real. Já as editoras que trabalham com as revistas segmentadas, lidam com menos pressão da agilidade, mas nem por isso deixam de viver a convergência de vários formatos de linguagens midiáticas. A revista INFO, atualmente a mais conceituada em tecnologia, distribui também a publicação INFO Dicas, que possibilita o conhecimento aprofundado de tudo o que será tendência na área. Inovação é uma palavra que anda de mãos dadas com tecnologia. “Outra tendência que vai revolucionar muito é o Big Data. Acredito muito nessa plataforma”, explica Rodrigo Petry, jornalista da Agência Estado (AE). O Big
Data corresponde a soluções no campo da tecnologia que tenham capacidade de movimentar e organizar dados digitais em volume, diversidade e velocidade em tempo real. Por outro lado, para quem está no mercado de trabalho, as ferramentas tecnológicas facilitam o cotidiano profissional. “Essas tecnologias hoje são essenciais para o trabalho jornalístico. De onde ele estiver, existe a possibilidade de mandar um texto para publicação instantânea. Além disso, muitos dispositivos ajudam no acompanhamento das notícias e para pesquisas”, esclarece Rodrigo. Um alerta importante a ser feito é o risco que o jovem jornalista corre quando ele pensa que o domínio de ferramentas tecnológicas é o suficiente para garantir sua presença no mercado de trabalho. Não importa qual área de atuação do jornalista – texto, imagem, planejamento visual, gerenciamento de conteúdo – as ferramentas não substituem as habilidades do profissional.
Jota Martins
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Seção | Sugestões & Dicas
Para ler INFO
INFOdicas
Revista da Editora Abril, especializada em tecnologia digital. Com reportagens, seções e entrevistas.
É um guia sobre tecnologia de ponta para quem ainda tem dúvida sobre o que comprar. Compara marcas e ajuda a escolher o modelo ideal.
O fascinante império de Steve Jobs, de Michael Moritz O livro conta como Moritz, ex-jornalista da revista Time, obteve acesso aos bastidores da Apple Computer.
Para navegar
Tecnoblog tecnoblog.net Fundado por Thiago Mobilon, tem mais de dez colaboradores. Publica notícias, cobre eventos nacionais e no exterior, analisa produtos.
Dia a dia, bit a bit terramagazine.terra.com. br/silviomeira/blog Blog do pesquisador Silvio Meira. Inteligente e irreverente, traz o mundo tecnológico para uma linguagem acessível.
Giz Modo gizmodo.uol.com.br
Link Brasil – Record News
Olhar Digital – Canal Sony
Deixa o telespectador por dentro das últimas novidades do mundo tecnológico, as inovações, os eventos etc.
Exibido apenas nos finais de semana. Este programa fala sobre tecnologia em geral e inclui games.
Combo: Fala + Joga – Play TV Talk Show que acontece em meio a uma partida de videogame. Os convidados batem papo e participam de uma partida de videogame
O site do portal UOL é um dos mais acessados no Brasil. Há cinco anos a equipe realiza reportagens por todo o mundo.
Para assistir
Para ouvir Pesquisa Brasil – USP FM Programa é uma parceria com a revista Pesquisa Fapesp. Traz informações sobre tecnologia e ciência, com entrevistados convidados. 8 | DOIS PONTOS
Tecnologia da Informação – CBN FM
Game FM www.gamefm.com.br
Boletim traz os principais dados e informações sobre o mundo da tecnológico.
Primeira rádio totalmente dedicada a Game Music do Brasil. Notícias, críticas, vídeos, bate-papos.