FASCÍCULOS DE JORNALISMO - COMPREENDER A PROFISSÃO
Jornalismo & Esportes Força, garra, bravura, companheirismo, superação, competição, dedicação, conquista, informação, realização... Você ama esporte? Então, entre neste fascículo. Venha conhecer os detalhes da imprensa que cobre esta área: a opinião de importantes profissionais, a história de grandes veículos e as tendências do mercado de trabalho para futuros jornalistas
Apresentação | Caro leitor
Expediente
Muito além do futebol
O
fascículo Esportes apresenta aos estudantes de jornalismo os detalhes da cobertura das mais diferentes áreas esportivas. Nesta edição, trazemos uma entrevista exclusiva com o editor de esportes do jornal O Estado de S. Paulo, Luís Augusto Monaco, que fala sobre as exigências da profissão e as principais experiências conquistadas ao longo da sua carreira. O leitor encontrará a matéria sobre o processo de apuração de uma reportagem, o atual panorama do mercado de trabalho e a rotina de redação do segmento esportivo. A edição apresenta um leque de temas que podem ser abordados pelo jornalista para ampliar o conhecimento do aluno sobre todas as vertentes do processo de construção de uma notícia esportiva.
Chanceler Alzira Altenfelder Silva Mesquita Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Pró-reitor de Graduação Luis Antônio Baffile Leoni Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Alberto Mesquita Filho Pró-reitoria de Extensão Lílian Brando G. Mesquita Diretor da Faculdade de LACCE Rosário Antonio D’Agostino Coordenação do Curso de Jornalismo Anderson Fazoli
Seção | Depoimento “O esporte precisa se ajudar” “Meu nome é Erick Castelhero. Hoje sou diretor executivo d’A Gazeta Esportiva. Em 1983 fui convidado pelo diretor do jornal A Gazeta Esportiva a trabalhar na redação. Quando comecei a escrever sobre tênis, eu já praticava o esporte, então uni o útil ao agradável. Minha preferência sempre foi o futebol, mas passei a ter uma familiaridade jornalística com o tênis, os jogadores, treinadores, empresários e apreciadores do esporte. Para melhorar meu desempenho, estudei a história do tênis e suas regras. Fiz o curso de arbitragem e lia diariamente noticiários de jornais, sites, revistas, livros e bibliografias. Hoje no Brasil há muita gente que entende da modalidade. Mas na época que eu era repórter de A Gazeta Esportiva, e o Gustavo Kuerten conquistou Roland Garros pela primeira vez em 1997, contava nos dedos das mãos os jornalistas brasileiros na categoria. O acesso à internet era precário e as informações não eram abundantes como agora. Eu recebia telefonemas de redações de todo Brasil para ajudar colegas de outros veículos. As falhas de comunicação são as mesmas que acontecem em outras modalidades ou editorias. A falta de apuração e a confiança das pessoas induzem ao erro. O jornalista não precisa ser um especialista, mas deve se preparar para uma cobertura esportiva, estudar ao máximo para se informar sobre a sua modalidade. A conclusão do seu trabalho é levado ao leitor e ele não pode ter dúvida do que está publicado. Para melhorar a cobertura esportiva, no Brasil, o esporte precisa se ajudar. Na maioria dos casos, o talento nasce com o atleta, mas ele não tem apoio para se desenvolver, como acontece nos EUA, Espanha e Argentina, onde existem programas de base até a categoria profissional. Se não há tenistas que estejam obtendo conquistas, o veículo não vai dar espaço. Na época do Kuerten tinha uma página e meia e as reportagens sempre rendiam chamadas de capa.” Depoimento apurado pela repórter Zenildes Motta
Dois Pontos é um projeto experimental dos alunos de jornalismo (3ACSNJO e 3MCSNJO), desenvolvido na disciplina Jornalismo Impresso, em 2013. Orientação e Coordenação editorial Profa. Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. Daniel Paulo de Souza Diagramação Alexandre Ofélio (MTB 62748/SP) Redação Editor assistente Yago Lozano (R.A. 201104221) Repórteres Larissa Lima (R.A. 201010452) Luana Hoepers (R.A. 201110141) Tatiane Teixeira (R.A. 201110057) Taynara Cristhine (R.A. 201106968) Zenildes Mota (R.A. 201110040) Capa Andy Rogers/Flickr (Creative Commons)
2 | DOIS PONTOS
Pingue-Pongue | Luís Augusto Monaco
“A recompensa é participar da cobertura de grandes eventos” Com mais de duas décadas de experiência no jornalismo esportivo, Luís Augusto Monaco analisa as transformações dessa área
P Por Luana Hoepers
ara seguir a carreira de jornalismo é preciso ter vocação? Dúvidas podem surgir sobre a escolha pela profissão, mas é importante lembrar que a área abrange diversos segmentos, como: política, economia, saúde, cidadania, educação, esportes e entretenimento. O editor de esportes, formado pela Cásper Líbero em 1988, Luís Augusto Monaco, do jornal O Estado de S.Paulo, apresenta um panorama da profissão na editoria de esportes e reconta as experiências vividas pela profissão ao longo dos seus 24 anos de trabalho.
Dois pontos: Conte um pouco da sua experiência no jornalismo. Luís Augusto Monaco: Sempre trabalhei com a editoria de esportes. Primeiro no jornal Notícias Populares – que deixou de existir em 2001. Depois no Diário Popular – atualmente Diário de S. Paulo – e posteriormente no Jornal da Tarde, onde fiquei até o final de 2012. Agora trabalho com a parte de edição e escrevo textos sobre futebol europeu no Estadão. Dois pontos: Como é a abordagem da mídia brasileira sobre esporte? Luís Augusto Monaco: As modalidades esportivas precisam ter mais destaque. Por exemplo, quando o atleta Guga, jogador de tênis, estava no auge da carreira, havia um espaço maior destinado para esse assunto. A Fórmula 1 é um dos assuntos mais abordados, o leitor gosta de acompanhar os campeonatos e o desempenho dos competidores. Os eventos importantes têm um espaço maior no jornal.
Dois pontos: Quais modalidades esportivas estão em maior destaque no Brasil? Luís Augusto Monaco: O evento Ultimate Fighting Championship (UFC), porque o público que acompanha o Mixed Martial Arts (MMA) cresce constantemente. Há muito espaço na TV que aborda esse assunto, então os jornais seguem a tendência. Os campeonatos de vôlei são transmitidos pela TV, mas quando temos um evento como o UFC, o vôlei fica mais diluído. Dois pontos: Qual a sua perspectiva da editoria de esportes? Luís Augusto Monaco: A grande diferença atualmente é a internet, pois muitos sites falam de esportes, mas é preciso se adaptar a essa nova realidade para não divulgar a mesma notícia que outros sites já publicaram. É importante buscar algo que enriqueça a matéria, porque as notícias ficam velhas rapidamente. Dois pontos: Quais os requisitos exigidos para trabalhar com o jornalismo esportivo? Luís Augusto Monaco: O profissional precisa gostar de esportes, acompanhar todos os assuntos relacionados a essa área, ter conhecimento sobre as regras de cada modalidade esportiva e a história vivida por esse esporte, quem são os times em maior destaque atualmente, atletas em destaque e acompanhar as notícias internacionais sobre esportes.
Dois pontos: Como é a rotina do jornalista de esporte? Luís Augusto Monaco: O editor analisa a pauta do dia – selecionada pelo pauteiro –, compara com o espaço permitido para inserir no jornal, a partir do assunto mais importante. Os repórteres fazem a cobertura da notícia e escrevem o texto, que é passado pela análise dos editores antes de ser publicado. Quando o assunto é mais polêmico todos os Dois pontos: Qual a matéria que mais marrepórteres colaboram. cou sua carreira? Dois pontos: Quais os cuidados que o jornalista deve ter para elaborar uma notícia? Luís Augusto Monaco: Deve se preocupar com a qualidade do texto e da informação. Para conseguir destaque na matéria é preciso se atentar a todas as versões do fato e acrescentar informações que segure a atenção do leitor.
Arquivo Pessoal
Luís Augusto Mônaco no Centro de Imprensa do Estádio de Yokohama, no Japão, em 2011 Luís Augusto Monaco: Acredito que a grande recompensa de todo jornalista que trabalha na área de esportes é participar da cobertura de grandes eventos. Eu consegui cobrir três copas do mundo, em 1994, em 1998 e 2006. Participei também de duas copas américas e acompanhei jogos no Japão em final de Copa Mundial de Clubes.
“É preciso se atentar a todas as versões do fato e acrescentar informações que segure a atenção do leitor” DOIS PONTOS | 3
Reportagem | História
Reportagem | Rotina
O gigante das paixões
Que comece o jogo!!
Por Taynara Cristhine
Por Larissa Lima
Um jornal que nasceu para falar dos esportes que fazem o coração do brasileiro bater mais forte. A Gazeta Esportiva está há mais de seis décadas no mercado, mas atualmente somente meio digital
H
oje com 66 anos de tradição e influência no jornalismo esportivo, A Gazeta Esportiva, mesmo não sendo mais um jornal impresso, mostra que não importa a plataforma do veículo, mas sim passar a notícia visando informar para ser um meio com credibilidade. O jornal lançou sua primeira edição em 10
Um jornal que fez história cobrindo diariamente, com equilíbrio, os diversos eventos esportivos do país
Reprodução / Acervo d’A Gazeta Esportiva
Com inovação, a primeira capa marca o início da historia do jornal A Gazeta Esportiva 4 | DOIS PONTOS
de outubro de 1947, e sua circulação foi encerrada em 2001. Atualmente está disponível apenas na versão on-line. Considerado o jornal impresso esportivo mais popular e conceituado, A Gazeta Esportiva fez história cobrindo diariamente, com equilíbrio, os diversos eventos esportivos do país, destacando também campeonatos colegiais e populares. Criado pelo jornalista Cásper Libero e pertencendo até hoje a fundação com seu nome, o jornal nasceu como um suplemento distribuído semanalmente, no formato tabloide. Logo em seguida, tomou forma de standard e passou a circular diariamente, tornando-se um jornal pioneiro no assunto. Em 1953 foi lançada A Gazeta Esportiva Ilustrada, uma revista que continha notícias sobre o cenário do esportivo tanto nacional quanto internacional que complementava o jornal e suas matérias principais. Ela deixou de circular em 1967. Sob a direção de Carlos Joel Nelti, foi lançada uma edição especial do jornal em homenagem à vitória do Brasil na Copa do Mundo de 70, o que rendeu um recorde de tiragem Foram vendidos naquele dia exatos 534.530 exemplares. “A Gazeta Esportiva fez escola no jornalismo esportivo brasileiro, o jornal era reconhecido em todo o Brasil. Teve seu auge até o inicio dos anos 80”, disse Vladimir Francisco
de Miranda Filho repórter do Diário do Comércio, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e comentarista sobre futebol para as rádios Globo e CBN. As capas eram sempre marcantes, destacando diversos esportes, entre eles Fórmula 1, Boxe e qualquer outra modalidade em que se apresenta um brasileiro como personagem principal, que esteve presentes nas principais conquistas na área do esporte. Pode-se ver a importância do veículo quando foram cobrir os Jogos Pan-americanos em Buenos Aires, em 1951. A equipe do jornal era formada por 10 repórteres. Impressionado com a delegação de jornalistas, o presidente Juan Domingo Perón recebeu a equipe da A Gazeta Esportiva em sua casa. “Eu trabalhava de manhã na rádio Gazeta. Como precisava aumentar a renda, fui do jornal procurar emprego. Yoshihiro Watanabe mandou que eu começasse imediatamente. Fui por muito tempo o repórter que fazia a cobertura dos jogos da Seleção Brasileira”, disse Vladimir. A paixão pelo jornal é o que move muitos profissionais. O prazer de trabalhar em um jornal que era reconhecido nacionalmente e tinha um prestigio único, que se destacava do restante, fez com que A Gazeta Esportiva reunisse um time de excelência no jornalismo brasileiro.
Reprodução / Acervo d’A Gazeta Esportiva
Reprodução / Acervo d’A Gazeta Esportiva
Edição especial d’A Gazeta Esportiva que teve tiragem recorde com mais de meio milhão de exemplares vendidos em 1970
Capa d’A Gazeta Esportiva destaca a conquista de Ayrton Senna do título de Campeão Mundial de Fórmula 1, em 1988
Com suas peculiaridades, o jornalismo esportivo possui regras que devem ser seguidas antes mesmo da entrada na universidade. Mas, quais são essas regras? Vamos conhecer o cotidiano de quem cobre essa área
P
oucos sabem que a equipe de uma redação de esporte não é composta por simples admiradores ou simpatizantes do tema. E muitos desconhecem a importância de adquirir os conhecimentos específicos a cada dia, cultivados naturalmente, muitas vezes desde a infância. Para aqueles que almejam fazer história na cobertura dos grandes eventos esportivos, ser apenas um aluno nota 10 não basta! Frequentar estádios e ler apenas o caderno de esporte aos finais de semana não são as únicas atividades que contribuirão para a formação e o desempenho de um profissional de sucesso. Para Ronildo Silva, chefe de reportagem da redação esportiva do canal Bandeirantes, gostar e conhecer é o que faz a diferença. “Se amanhã ou depois ele tem a oportunidade de falar sobre um grande astro, a história deve estar muito fresca na memória. Seja um atleta do passado ou atual. O conhecimento básico é muito importante para seguir no jornalismo esportivo”, diz Ronildo. Atualmente, não há mais espaço para o preconceito contra as mulheres que desejam seguir o jornalismo esportivo. É fato que o gênero masculino sempre sai na frente, devido à cultura que está muito mais presente na rotina dos meninos, tanto na infância quanto na adolescência. O estudante que não tem essa cultura do esporte em sua rotina
encontrará barreiras na vida profissional. A proporção é de 6 vagas (masculino) para 3 vagas (feminino). Para Ronildo, o preconceito está presente no próprio meio feminino. “A regra que vale para a mulher também é válida para o homem. E repito: é importante que a pessoa não apenas goste de esporte, mas também conheça, e isso pode ser mais difícil para a mulher, pois na maioria dos casos, as meninas não se interessam por esses assuntos na infância. Chegar a uma redação e não saber quem é o Cafú, ou que é o Marcos, não pode’’, explica o chefe de reportagem. De acordo com Ronildo, o factual é sempre mais difícil. Quando surgem os burburinhos de uma notícia que possa vir a ser um furo de reportagem, se os envolvidos acharem que nada deve ser dito, nada será dito. Logo, a preocupação do jornalista esportivo é apurar muito para não cometer erros. Seja por internet, telefone ou no cara a cara. Para a cobertura dos grandes eventos esportivos é sempre importante pensar o seguinte: Por que será interessante para o telespectador assistir a essa matéria?
Evidentemente quando o assunto é Brasil, qualquer pauta atrairá seu telespectador, mas não devemos esquecer que a equipe brasileira não é a única participante. Para aqueles que pretendem seguir esse caminho, a dica é única: Leia muito! Só com a leitura o estudante é capaz de obter bagagem cultural e assim se destacar. “O estudante deve ler de tudo, romance, boas revistas, jornais. Só assim você aprende a escrever bem’’, completa Ronildo. Outra dica importante é ter um blog, mesmo que sem nenhuma visualização, pois esse é um excelente portfólio para qualquer aluno. Gabriel Alves Freitas, estudante de jornalismo, sempre quis trabalhar com o tema e em fevereiro de 2013 conseguiu sua grande oportunidade. “Gosto muito de esportes e na época da escola os blogs eram uma febre. Por isso adquiri um conhecimento básico para a vaga. Passei pelos testes de português, mas na hora da entrevista com o gestor mostrei exatamente o que eu queria. Acredito que isso me destacou’’, relembra Gabriel. Não existe formula mágica, apenas com muita dedicação e estudo é possível conseguir a medalha de ouro.
Para aqueles que pretendem seguir esse caminho, a dica é única: Leia muito! Larissa Martins
Redação de jornalismo esportivo da TV Bandeirantes
Larissa Martins
Gravação do programa Jogo Aberto (TV Bandeirantes) DOIS PONTOS | 5
Reportagem | Olhar Crítico
Reportagem | Mercado de Trabalho
15 dias em Paris
Grandes eventos e muita competição
Jovem estudante de jornalismo passa duas semanas na Cidade Luz fazendo uma cobertura esportiva e transforma o material em livro-reportagem. A obra é um manual para futuros profissionais da imprensa
Por Yago Lozano
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cobertura esportiva no jornalismo deve ser feita com todo o cuidado que é feita com coberturas de fatos cotidianos. No mundo do esporte os acontecimentos podem ser quentes e frios, como é dito no jornalismo, podendo o jornalista escrever uma notícia inédita ou fazer um relato com maior apuração e produzir trabalhos maiores, como reportagens e documentários. Uma das formas de documentar detalhadamente fatos esportivos é com reportagens longas ou livros-reportagens, como no caso de Le Grand Slam - Aventura de um tenista repórter em Paris, de Matheus Martins Fontes, subeditor da revista Tênis. O livro, resultado de uma pesquisa e apuração para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), aborda o maior campeonato de tênis do mundo, que foi realizado entre os meses de maio e junho de 2012 em Paris, na França. “Eu estagiava na revista Tênis e eles me deram a oportunidade de fazer a cobertura do evento em Paris. Aí decidi escrever um livro-reportagem para ser meu TCC para a Unesp de Bauru. Graças ao meu trabalho eu consegui fazer todo o trabalho de apuração”, explica Matheus Martins. O livro serve também como manual de instruções para uma apuração de notícias esportivas, o tema selecionado foi escolhido através da oportunidade que a empresa,
Por Tatiane Teixeira
O livro aborda o maior campeonato de tênis do mundo
a qual ele trabalha até hoje desde o dia que começou a estagiar, lhe concedeu. Segundo Matheus, o estudante de jornalismo deve procurar algum tema que o envolve e que tenha interesse para que a apuração seja feita com profundidade. “Eu já gostava de tênis e praticava. Como eu trabalhava em um veículo sobre esse esporte, eu aproveitei a oportunidade para fazer o meu livro, isso me ajudou muito em experiência pessoal e profissional e espero que o meu trabalho seja, um dia, inspiração para estudantes de jornalismo”, completa Matheus. O Brasil é famoso por seu futebol, porém o segmento de esportes não envolve somente isso. No país, vários outros esportes são Acervo pessoal / Matheus Martins
Le Grand Slam, o livro que relata a experiência de um jovem jornalista em um grande evento esportivo é também manual de apuração 6 | DOIS PONTOS
Os campos de atuação, a qualidade profissional e a demanda de vagas para o jornalista que pretende atuar no segmento esportivo
importantes e conhecidos mundialmente, dentre eles o vôlei, natação e o próprio tênis, porém, atualmente o último não está mais nas mídias. “Escrever sobre tênis seria algo inédito na faculdade, eu sabendo disso procurei fazer o máximo que eu pude na minha estadia na França, tentei mostrar ao máximo para as pessoas como é fazer uma boa cobertura esportiva em um evento grande, mostrar que é possível produzir um produto baseado nas suas experiências como jornalista”, afirma Matheus. O livro conta como foram as aventuras de um jovem repórter fazendo a cobertura do maior evento de tênis, dentre elas a de apuração de notícia para a revista para a qual Matheus trabalhava. As entrevistas com grandes jogadores e técnicos, dentre eles muitos brasileiros, ajudaram na produção de muito conteúdo do livro-reportagem. A obra tem um tom de manual de apuração e entrevistas e um conteúdo para auxiliar o jornalista a focar em entrevistas coletivas. Além dessas explicações o livro aborda assuntos éticos e morais na área do jornalismo esportivo. O trabalho de apuração durou aproximadamente 15 dias in loco e mais dois meses e meio de edição e revisão de matérias, até a impressão e apresentação do TCC. Matheus Martins pensa em lançar o livro futuramente para seguir a ideia de manual de cobertura de reportagens esportivas. Acervo pessoal / Matheus Martins
Matheus Martins segura o troféu, que é o sonhado livro-reportagem feito como Trabalho de Conclusão de Curso
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estudante de jornalismo possui um leque de possibilidades para atuação no mercado de trabalho. Para o segmento esportivo, existem diferentes plataformas nas quais ele poderá trabalhar. São elas: redação de jornais e revistas impressos, sites de notícias, televisão e rádio. O aluno deve ficar atento às vagas de estágios que são divulgadas pelo curso de graduação e sites de empresas. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, o piso salarial para quem já está formado é de R$ 2.076,00 (5 horas diárias em jornais ou revistas da capital); R$ 2.337,83 (assessoria de imprensa na capital). Quando um aluno se identifica com o jornalismo esportivo, deve procurar saber o que é necessário para ingressar nesse mercado. Segundo Michel Castellar, repórter do diário LANCE!, entrar no jornalismo esportivo é mais fácil através dos programas de estágio que algumas empresas oferecem, mas antes o aluno deve gostar de esportes, porque na hora da entrevista isso faz a diferença. O editor de conteúdo web e repórter do Globoesporte.com, Gabriel Flicker, informa que para ser um jornalista de esportes, em primeiro lugar, precisa entender que não se trata de uma opinião especialista. “Entrar para o jornalismo esportivo não é difícil, a fase mais complicada é conseguir algo bom na área. Existem empresas que fazem jornalismo de boa qualidade, mas que não oferecem uma boa remuneração. O que vale a pena é arriscar, pois dessa forma se aprende mais”, relata. O jornalista bem-sucedido deve agir como pede a profissão, ou seja, os conceitos aprendidos na faculdade não mudam de figura só porque se está no cenário do esporte, que pode parecer mais informal, mas não deixa de ser jornalismo. “Para o jornalista obter sucesso na carreira, seja no segmento esportivo, cultural ou econômico, precisa ter ética profissional, ser desconfiado e não ter preguiça para apurar”, diz o editor executivo do jornal LANCE!, Daniel Bortoletto. A demanda para o jornalismo esportivo é muito grande e existem poucas vagas. “Certamente há muito mais procura do que vagas. Mas a questão é que também falta especialização aos profissionais, que muitas vezes se contentam com a formação universitária. É preciso se preparar melhor. E, nesse caso, não vai ter tantas dificuldades em achar uma vaga”, orienta Gabriel. Atualmente, com a baixa venda dos jor-
O aluno deve ficar atento às vagas de estágios que são divulgadas pelo curso de graduação e sites de empresas
nais impressos, os alunos de jornalismo encaram grandes transformações, e os jornais de esporte também enfrentam essa crise das mídias. Porém, ao passo que as oportunidades estão diminuindo em veículos impressos, a demanda no meio virtual cresce cada vez mais. “O jornal LANCE! em 2012, obteve um bom crescimento nas mídias virtuais, apesar de regredir no impresso”, comenta Michel. Além disso, os jornalistas aguardam os anos de 2014 e 2016 para mais contratação de jornalistas esportivos. “O momento é bom no Brasil por conta das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Lá fora só se fala nisso e todos querem saber do assunto. Agora o Brasil vive um grande momento no jornalismo esportivo e a Copa das Confederações já mostrou isso”, informa Gabriel. Ele ainda diz que o momento também está propício para os freelances (serviços profissionais autônomos) que serão chamados para cobrir os grandes eventos esportivos.
Jota Martins
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Seção | Sugestões & Dicas
Para ler Folha de S.Paulo
Diário de São Paulo
O Estado de S. Paulo
Coluna Rodolfo Lucena sobre Atletismo publicada no caderno de Esporte da Folha. Rodolfo é maratonista e também formado em jornalismo.
O caderno de Esportes do Diário de São Paulo traz informações sobre o que acontece nas diversas modalidades esportivas no Brasil e no mundo.
Na edição do caderno de Esportes, aos sábados, veja a coluna de Reginaldo Leme com a abordagem dos circuitos da velocidade.
Blog Marcius de Azevedo blogs.estadao.com.br/ marcius-azevedo
Blog Eder Reis foxsports.com.br/blogs/ eder-reis Para entender o MMA, acompanhe o trabalho do jornalista Éder Reis em seu blog. Ele é narrador oficial do Canal FOX.
Para navegar
Blog Flávio Gomes f lav iogomes.warmup. com.br Um espaço de informações sobre velocidade no portal MSN, seção Grande Prêmio. Flávio Gomes tem um blog lá.
C onteúdo sobre o basquetebol, com o atleta e jornalista Marcius de Azevedo.
Para assistir
Esporte Espetacular Rede Globo
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Última Palavra – Fox Sports
Sportv News – SportTV
Um talk show que apresenta um convidado do ramo esportivo para debater os assuntos do momento.
Telejornal que traz notícias, entrevistas e reportagens do mundo esportivo em modalidades diferenciadas e informações atualizadas.
Esporte de Primeira – Transamérica
Esporte e Aventura – CBN Brasília
De Primeira – Bradesco Esporte FM
Uma programação que abre espaço para uma variedade esportiva sobre notícias e comentários interativos com o público.
Programa sob o comando de Weimar Pettengill. Fala sobre diversas modalidades esportivas e muita aventura.
Ricardo Capriotti (SP) e Jorge Eduardo (RJ) fazem comentários esportivos dos principais assuntos do dia.
É uma revista eletrônica semanal de esportes exibida desde 1973. É apresentado nas manhãs de domingo.
Para ouvir
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