No Entanto edição 72

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Edição nº 72 Dezembro 2016

Jornal Laboratório Universidade Federal do Espírito Santo

Brasil (ou o mundo) aos seus pés págs. 06 e 07

Assistência estudantil: um direito em risco págs. 03 e 04

Além da sala de aula pág. 10

Centro de Línguas: interação, cultura e aprendizado pág. 05 Terceirização da Ufes pág. 11

Brasil (ou o mundo) aos seus pés págs. 06 e 07

Rádio universitária: por nós e para nós págs. 12 a 13

Universidade e religião: amigas ou inimigas? págs. 08 e 09

Mídias pág. 14


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Editorial Nessa edição figuram temas únicos para tornar a vivência na Universidade ainda mais rica e possível, uma universidade de todos e para todos. Em um período de tanta intolerância, desamor e ódio o No Entanto vem mostrar que há espaço para todas as religiões, credos e personalidades na Universidade Federal do Espírito Santo, que é possível (e necessário!) conviver pacificamente apesar das diferenças. Continuamos com a série de matérias que abordam o processo de entrada e permanência na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que nessa edição foca na assistência estudantil, um direito do aluno e um dever da universidade. Mostraremos que há oportunidades que vão além do campus, que há oportunidades para quem quer enriquecer sua formação, fazendo intercâmbios, aprendendo novas línguas ou participando de grupos de estudos. Porém não esqueçamos o momento de mudança no qual estamos, é importante que as nossas vozes sejam ouvidas e que há ferramentas na Universidade para isso. Para nós, o fim, ao No Entanto, um recomeço. Aqui, nós da turma 2015/2, encerramos nossa participação, com a sensação de dever cumprido e a esperança de que as novas turmas venham colaborar intensamente na construção desse jornal, que é herança, história e futuro da comunicação social. Aos leitores, parceiros e colaboradores o nosso mais sincero obrigado. E uma boa leitura! A Turma.

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No Entanto

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Jornal experimental do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo. Produzido por alunos do 3º período. Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. Professor Orientador: Rafael Paes Henriques. Edição: Géssica Loureiro, Jerusa Gomes, Silvia Fonseca. Diagramação: Ângelo Parrella, Caroline Kobi, Silvia Fonseca. Fotografia: Matheus Andreatta. Equipe: Ana Julia Chan, Ana Luísa Monteiro, Ângelo Parrella, Bernardo Barbosa, Bruna Pereira, Camila Nascimento, Carol Kobi, Carolina Moreira, Daniel da Gama, Daniella Camilo, Danielle Gonçalves, Eliza Rebeca Frizzera, Gessica Lopes, Henrique Mascarenhas Andreão, Isabela Marquezi, Israel Magioni, Jerusa Gomes, Lorraine Paixão, Luana Dangelo, Lydia Spinassé, Marina Amorim, Matheus Andreatta, Nelson Aloysio, Olga Samara, Paulo Marcos, Richele Ribeiro, Silvia Fonseca, Thais Marchesi, Thaísa Côrtes, Thamara, Vinicius Nery.

Críticas, sugestões, elogios? /JornalNoEntanto noentantojornal@gmail.com


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Política de Acesso e Permanência

Assistência Estudantil: um direito em risco O programa que auxilia na permanência de estudantes em vulnerabilidade socioeconômica na Ufes, sofrerá em 2017 uma redução de cerca de 10,28% nos investimentos.

Ana Luísa Monteiro, Bruna Pereira e Carolina Moreira.

O Programa de Assistência Estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) é um direito que precisa ser conhecido pelos estudantes. Estabelecido desde 2007, é responsável por garantir a permanência de 4.327 alunos na Universidade. O Programa, diante do cenário político turbulento que envolve cortes na educação, pode sofrer inúmeras consequências e até mesmo deixar de existir. É muito importante que, além de procurar saber mais, os estudantes defendam e lutem por esse direito. É o que confirma o diretor de Departamento de Cidadania e Direitos Humanos, Gabriel Weichart Monteiro: “A assistência estudantil não é uma lei, é algo que o Ministério da Educação pode a qualquer momento decidir cortar por não ter quantidade suficiente de recursos para manter o Programa”. O Ministério da Educação pode inclusive optar por cortar algumas políticas de assistência para fazer o repasse de recursos. É o que temem muitos estudantes da Ufes, como é o caso da estudante Giovana Martins Araújo do curso de Ciências Sociais, “O auxílio tem total importância para que eu consiga concluir a minha graduação”. A Assistência Estudantil é uma política de permanência para os estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Os auxílios oferecidos, como o de moradia, transporte, material de consumo e o desconto no Restaurante Universitário (RU), que pode ser de 50% ou 100%, contribuem para que os estudantes consigam se manter na Universidade. Para solicitar o auxílio é muito fácil, basta estar frequentando regularmente o curso escolhido e possuir renda bruta mensal per capita igual ou inferior a 1,5 salários mínimos. É preciso lembrar que para consolidar realmente a democracia, é necessário a redução das desigualdades socioeconômicas. É por isso que devem existir ações dentro das Universidades que garantam esses direitos a todos os estudantes de gradu-

Passei na Ufes! E agora? Segundo o Plano de Assistência Estu dantil da Ufes, anexo da Resolução Nº 03/2009 - CUn, a Constituição Federal de 1988 significa um avanço em termos de legislação, porque abre caminho para o reconhecimento da educação enquanto direito social. A educação passa a ser considerado dever do Estado e da família, tendo como princípio a igualdade de condições de acesso e permanência na escola. É fato que existem cursos que exigem muito esforço do estudante de maneira que ele seja obrigado a deixar o emprego, por não conseguir conciliar trabalho e a Universidade e para o di-

Gabriel Weichart Monteiro, diretor de Departamento de Cidadania e Direitos Humanos.

retor Gabriel Monteiro, são graças a essas políticas de assistências que eles podem continuar. “É importante que a Universidade seja preenchida por esses públicos também, que ela não seja um lugar só de pessoas que têm dinheiro, o acesso não pode ser restrito a nenhum tipo de pessoa. Essas políticas existem para isso, para que esses estudantes que não possuem condições de estarem aqui sozinhos, ainda assim permaneçam. Porque isso é direito deles”. Uma aluna do curso de Publicidade e Propaganda da Ufes, que preferiu não se identificar para não se expor, faz parte do grupo assistido pelo programa estudantil. Ela, que veio do interior do estado, é beneficiada pelo Auxílio B (material de consumo e moradia), totalizando R$ 250 por mês, além do desconto de 100% no Restaurante Universitário. “Apesar de ser pouco, se não tivesse o auxílio eu provavelmente não estaria aqui, porque somos eu e minha irmã que viemos para Vitória estudar. Não seria possível para minha mãe manter nós duas com todos os gastos que temos dentro da Universidade”. Késia Gomes da Silva, estudante do curso de Letras, recebe o auxílio C no valor de R$118,00 por mês, desde o primeiro semestre de 2015. Ficou um ano na Universidade sem receber, pois estava juntando os documentos necessários. Para ela, ficar na Universidade sem o auxílio era impossível. Késia teve problemas com a burocracia, dificuldades de conseguir alguns documentos específicos por depender de outros. “Aconselho aos estudantes que desejam ingressar na Ufes que solicitem o auxílio desde o primeiro período, de modo

que não fiquem sofrendo para permanecer na Universidade, até porque o auxílio é um direito nosso. Antes mesmo de sair o edital, já busquem juntar os documentos necessários para que não percam o prazo”. Késia Gomes, além de receber o auxílio, trabalha na Secretaria Integrada de Departamentos, onde ganha uma bolsa de quatrocentos reais, contribuindo assim para a sua permanência na Universidade.

? ? Cortes

O Diretor do Departamento de Projetos e Acompanhamento ao Estudante, Jaimel de Oliveira Lima afirma: “a gente sabe que o auxílio hoje não supre as necessidades de uma forma geral, e a gente tem essa preocupação, porém, aumentar a quantidade de auxílios ou aumentar o valor do auxílio significa que eu vou ter que diminuir a quantidade de auxílios ou a quantidade de assistidos, isso é matemática, porque o recurso é limitado”. A Ufes sofreu uma redução de 35,15% nos valores destinados a investimentos, e 10,28% nos recursos a serem gastos com despesas correntes no próximo ano em relação ao orçamento de 2016. “O nosso número de assistidos, desde quando nós começamos o programa, sobe anualmente cerca de 25%. Para este ano, dos 16 milhões, foram destinados 12 milhões só para esses auxílios pecuniários (que são depositados na conta do estudante). Em 2017, nós teremos esse valor um pouquinho reduzido, dos 16 milhões que vieram em 2016, virão 17 milhões e 700 mil em 2017 (um valor aproximado disso). Isso quer dizer que eu vou ter que faze a


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Política de Acesso e Permanência

mesma coisa que eu fiz em 2016, considerando que teremos 25% a mais de estudantes sendo cadastrados na assistência estudantil, com o mesmo dinheiro”. Segundo o Diretor Gabriel Weichart Monteiro, para o ano que vem, já foi feito todo o planejamento do orçamento, uma vez que ele já foi enviado e aprovado. O mesmo valor deste ano permaneceu para o ano que vem, não houve cortes nas bolsas e nos auxílios. Não se sabe, no entanto, sobre os anos seguintes. Desde que o Programa se iniciou, nunca existiu um limite de pessoas que poderiam receber o auxílio. Porém, com todas essas políticas de cortes, foi colocado um teto, que ainda não foi preenchido. Se esse teto for alcançado, chegar ao limite de estudantes auxiliados, o que vai ser feito é uma seleção entre aqueles que mais precisam. Para isso, foi feita uma classificação por necessidade. Os que mais precisam serão os primeiros a serem assistidos. Cartazes em protesto contra a PEC 241 no Campus da Ufes em Goiabeiras.

Saúde E como o estudante não vive só de grana, além dos auxílios, o Departamento de Cidadania e Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) dedica-se a ações afirmativas para os grupos minoritários, buscando trabalhar as relações dentro da Universidade com intuito de criar um ambiente menos agressivo para os estudantes e também oferece atenção psicossocial para alunos que apresentam problemas de ansiedade, depressão, dificuldade de dar conta dos estudos e de lidar com o dia a dia na Universidade. O diretor Gabriel Weichart Monteiro afirma que há uma equipe de psicólogos e assistentes sociais que dão esse suporte aos estudantes. “Qualquer estudante, auxiliado ou não, tem direito a ter atendimento psicológico do Departamento”. Para atendimento Psicológico, o estudante poderá comparecer a recepção do Departamento de Atenção à Saúde (DAS) para se informar sobre os horários do plantão psicológico. Há também o projeto Saúde da Mulher, que promove ações como consultas ginecológicas e realiza exames que facilitam a prevenção e a descoberta de possíveis doenças na saúde feminina.

que também aderiram ao movimento vêm ocupando cada vez mais seus locais de aprendizado. A luta em prol da educação não para. “Eu aconselho a quem for ingressar na Universidade e que precisa do auxílio para permanecer que brigue por essa política. Se ela tende a acabar, é importante a participação dos estudantes para que se mobilizem e lutem contra isso. A política só pode ser mantida através da voz popular” declara o diretor Gabriel Monteiro. A Assistência Estudantil, do modo que é hoje, é uma conquista e vitória para os estudantes auxiliados. É preciso lutar para que essa política só melhore e não retroceda com os cortes na educação brasileira. A situação para os estudantes auxiliados da

Os auxílios estão agrupados em A, B, C ou D.

Auxílio A: Material de Consumo, Moradia e Transporte = $ 318,00

Luta

Auxílio B: Material de Consumo e Moradia = $ 250,00

Diante desse cenário de negligência quanto à educação e de, muitas vezes, não ter representatividade política, estudantes, militantes e secundaristas de todo o Brasil têm protestado e ido às ruas mostrar suas indignações. Uma das principais formas de oposição e manifesto à PEC 241 têm sido as ocupações em escolas de Ensino Médio, Institutos e Universidades Federais. Durante a ocupação são promovidas palestras e debates sobre as possíveis consequências da nova PEC com o intuito de conscientizar, alertar e promover o senso crítico em relação ao Governo que tem nos liderado nos últimos dias. “Eu acho que a gente tem que ocupar esses espaços, tem que vir pra Universidade e se for o caso, ocupar mesmo a Reitoria, entendendo que a luta não é só na Ufes, é muito maior que isso e é um direito do estudante” manifestou o Diretor Jaimel Lima.

Auxílio C: Material de Consumo e Transporte = $ 118,00

No dia 24 de outubro, os estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo organizaram um ato e vieram de caravana juntamente com servidores e alunos de outros campi para o Centro de Vitória ocupar as ruas da região. Somado a isso, diversas escolas estaduais

Auxílio D: Material de Consumo = $50

Material de consumo: O auxílio material de consumo é um apoio financeiro para que o estudante possa custear o gasto com material didático (xerox, por exemplo) Transporte: É um auxílio financeiro para compra do passe escolar, para que assim o estudante possa se deslocar de sua residência até a Universidade. Moradia: O auxílio moradia serve para custear parte das despesas com aluguel (caso de estudantes que saem de sua cidade natal para estudar em outras cidades)

Universidade é sim temerosa, pois o futuro da assistência estudantil é incerto. Porém, segundo o Diretor Jaimel de Oliveira Lima, “a última coisa que a gente tem que ter nesse momento é medo de entrar na Universidade, porque foi uma conquista muito grande para os estudantes. Nós já temos as políticas de ingresso, e por mais que elas não consigam resolver o problema de uma forma geral, elas contribuem muito”. O sistema de Reserva de Vagas permite que o estudante ingresse na Universidade com o intuito de diminuir a desigualdade socioeconômica e racial no acesso. O programa de permanência existe para dar suporte a esses estudantes, com ajuda financeira, psicológica e muitos outros serviços, mas não como um favor, e sim como um direito, afinal, a Universidade Federal do Espírito Santo é aberta incondicionalmente a todos e todas.

Projetos incluídos no Plano de Assistência Estudantil Auxílio moradia Auxílio transporte Auxílio alimentação Auxílio aquisição de material de consumo Acesso ao estudo de língua estrangeira Recepção de estudantes calouros Reforço e acompanhamento escolar Inclusão da pessoa com deficiência Empréstimo estendido de livros Saúde da mulher Projeto sorriso Atenção psicossocial Movimento corporal – “Prata da escola” (Projeto Monitoria) Incentivo financeiro à participação em eventos Programa de Bolsa Permanência (PBP)

Constituição de 1988: Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (...)”


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Extensão

Centro de Línguas: interação, cultura e aprendizado Localizada no campus de Goiabeiras, a escola oferece diversos cursos de idiomas com descontos para estudantes e preços acessíveis para a comunidade.

Camila Nascimento, Danielle Gonçalves e Marina Amorim

como resultado dos projetos de extensão do Departamento de Línguas e Letras. Atende aproximadamente 7.000 alunos, sendo 10% de suas vagas destinadas gratuitamente a estudantes da Ufes, bolsistas de programas de pós-graduação, de iniciação científica e de projetos de extensão, e mais

idioma depois de viver um tempo na Itália. Além da troca cultural, idiomas são grandes aliados na carreira. Mais que isso, são fundamentais para uma boa inserção no mercado de trabalho. O contato cada vez mais comum com empresas estrangeiras torna o domínio de idiomas muito importante. Qualificação é o cerne da questão quando se trata de mercado, e saber se comunicar com outras partes do globo é essencial. Para mais informações acerca dos cursos ofertados, etapa de matrícula e outros, acesse o site do Centro de Línguas: www.clinguas.org.br.

Idiomas sem fronteiras Desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) por intermédio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) em conjunto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) tem como principal objetivo incentivar o aprendizado de línguas, além de propiciar uma mudança abrangente e estruturante no ensino de idiomas estrangeiros nas universidades do País. O Programa IsF mantém ofertas regulares de cursos de língua inglesa e oferta piloto para as línguas alemã, italiana e japonesa. Recentemente incluiu também a oferta do idioma espanhol. 10% aos cadastrados nos programas de assistência estudantil. Os idiomas oferecidos são alemão, espanhol, inglês, italiano, francês e português para estrangeiros. O Centro também já ofertou, em 2015, o curso de chinês por um único semestre.

A linguagem é uma das for-

mas que temos de nos comunicar com o mundo. É por meio dela que nos comunicamos com diferentes pessoas, de diversos lugares do mundo, com diferentes costumes. O intercâmbio cultural é o combustível para o mundo globalizado, pois por meio da língua nos comunicamos e trocamos experiências. Promovendo o intercâmbio cultural por meio dos idiomas, o Centro de Línguas da Ufes existe desde 1997, surgido

Julia de Miguel é da Espanha e está fazendo intercâmbio na Ufes, e entre todas as experiências que a Universidade apresentou está o curso de inglês no centro de línguas, no qual conheceu mais colegas estrangeiros. O curso durou pouco - dois meses, e as aulas eram ministradas em português. “Estou satisfeita com a experiência de interagir com outro idioma e também de aprendê-lo por meio do português e não do espanhol, que é minha língua nativa”, acrescenta. A designer de moda Hellen Bellato estudou italiano no Centro de Línguas e conta que o curso foi muito importante para que ela pudesse construir uma nova vida em Milão. Ela afirma que o curso é bom, mas falta prática de conversação em outros idiomas além do inglês, e que somente dominou o

O Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) foi elaborado com o objetivo de proporcionar oportunidades de acesso ao estudo dos idiomas estrangeiros para a comunidade acadêmica, como base estruturante do processo de internacionalização das universidades brasileiras. Para atender tal demanda, suas ações incluem a oferta de cursos a distância e cursos presenciais, além da aplicação de testes de proficiência. Fonte e mais informações no site:

www.isf.mec.gov.br


Cursos

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BRASIL (OU O MUNDO) AOS SEUS PÉS Dentro das Universidades Federais há programas que possibilitam estudar em outras universidades por todo o Brasil e também fora do país. Por Ana Julia Chan, Richele Ribeiro, Thaísa Côrtes e Vinícius Nery

Você sempre teve aquela louca vontade de sair de casa, curtir novas culturas, conhecer pessoas diferentes, comer comidas diferentes, visitar museus, praias, rios, montanhas e falar outras línguas? Saiba que o esforço de passar em uma Universidade Federal poderá ser recompensado e muito, caso você queira ter essa vivência fora da sua cidade ou fora do seu país, é só conhecer o Programa de Mobilidade Acadêmica. E não há critérios rigorosos para que isso aconteça. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), há o Programa de Mobilidade Acadêmica (PMA), coordenado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) que possibilita os alunos estudarem em outras universidades pelo país. E, caso a vontade seja de conhecer outros países e outras línguas, a Secretaria de Relações Internacionais (SRI), é a secretaria que poderá ajudar a realizar esse objetivo. Aquele que pretende solicitar a mobilidade acadêmica, precisa, primeiramente, verificar se a Universidade para qual se deseja ir possui vínculo com a instituição na qual estuda. Segundo informações do PMA, é obrigatório que o aluno tenha concluído o primeiro ano letivo do seu curso; ter no máximo duas reprovações acumuladas nos dois semestres letivos que antecedem o pedido de mobilidade; ter o coeficiente de rendimento igual ou superior a 5,0 (cinco) e estar matriculado no semestre do requerimento de ingresso. “Não tem uma quantidade de vagas certa. O colegiado precisa aprovar e deferir o processo. Ele avalia as ementas e a equivalência entre as disciplinas para ver se o aluno se encaixa ou não em seus requisitos”, acrescenta Gustavo Teixeira Cardoso, assistente de administração e diretor da divisão de estágios da Prograd. O PMA começou no primeiro semestre de 2011 e até hoje, segundo semestre de 2016, só teve 244 pedidos de Mobilidade Acadêmica.

Quanto à baixa procura, Patrícia Helmer Falcão, técnica

em assuntos educacionais da Prograd acredita que se deve ao fato de ele ser pouco divulgado: “A Universidade tem tanta coisa boa que a gente não dá conta. Essa é a verdade. Mas eu acho que tem que divulgar mais. É uma experiência muito rica. O aluno pode ir tanto para o Sudesquanto para o Nordeste”, comenta. Além disso, o programa ainda conta com um auxílio oferecido pelo Banco Santander, que disponibiliza 5 (cinco) bolsas por ano. O auxílio é no valor de 3 mil reais, que é dividido entre os primeiros seis meses de mobilidade. A escolha dos bolsistas é feita por meio de sorteio, promovido pela própria Prograd. “Numa tentativa de fazer justiça foram divididas 3 bolsas para o primeiro semestre e 2 bolsas para o segundo”, esclarece Patrícia. te

Uma das sorteadas foi a estudante do curso de Música da Ufes, Joyce Sá Gomes, que decidiu explorar os solos gaúchos, ao optar pela mobilidade acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde reside no momento. O programa lhe foi apresentado por duas colegas do Rio Grande do Sul (RS), durante um congresso. A jovem juntou a vontade de estudar em uma das faculdades referência em educação musical e a de conhecer melhor o estado: “A mobilidade acadêmica foi uma forma de realizar cadeiras que não são ofertadas no currículo do curso da Ufes, e pra mim, além disso, foi uma maneira de conhecer um estado que sempre me encantou e a universidade que eu pretendo cursar mestrado. O programa também possibilitou conhecer grandes nomes da educação musical do Brasil, estes, que por sua vez, hoje são meus professores”, relata a estudante. Joyce contou que o fato de ter se planejado bastante antes de iniciar seu intercâmbio entre federais foi um fator importante para não ter dificuldades financeiras durante o programa. “A minha mobilidade foi planejada com muita antecedência, o que me possibilitou encontrar as melhores maneiras de organizar o programa. Estou morando na casa do estudante, comendo de graça no Restaurante Universitário (RU) e trabalhando na UFRGS graças a essa organização”. A única dificuldade que a capixaba encontrou foi em adaptar-se ao clima da cidade. O inverno foi sofrido, segundo ela. To d a v i a , o mais surpreendente

para a universitária foi em como a música é tratada por lá (RS), o que fez com que tivesse que se esforçar bastante para acompanhar o ritmo dos colegas. “A música aqui é tratada com muito mais seriedade do que no Espírito Santo, e isso reflete drasticamente no ensino da universidade. Imagino que estudo muito mais que meus colegas para conseguir compreender o que eles consideram simples”. E um dos únicos motivos para não tentar transferência é a questão do possível atraso de período: “Foi a melhor escolha que já fiz. Só não me transfiro pra cá porque estou indo para o 6º período na Ufes, e isso me atrasaria bastante”, lamenta a estudante. Já a vontade de vivenciar a mobilidade acadêmica para o capixaba Daniel Souto Cheida, surgiu após conhecer sua atual namorada, em Vitória, cidade natal do estudante, durante as férias de dezembro do ano de 2014. O estudante de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até então só conhecia o programa de transferência permanente oferecido pelas faculdades. “Eu já tinha dois anos de faculdade. Vim passar as férias, como eu sempre fazia, e aí eu conheci minha namorada e resolvi ficar em Vitória, porque eu queria ver até onde aquela história ia dar. Falei com meus pais que queria fazer a transferência e eles aceitaram”. Mas foi em um grupo de discussão da própria UFRJ que Daniel viu uma publicação sobre o Programa de Mobilidade Acadêmica e decidiu procurar mais a respeito. Ao pesquisar, percebeu que o programa atenderia suas necessidades naquele momento, já que a transferência definitiva não era algo que ele desejasse tanto. “A transferência não era uma ideia tão fácil, porque sempre tive um carinho muito grande pela minha faculdade”. Segundo Daniel, sua maior dificuldade foi a parte burocrática. Ele acredita que isso se deve ao fato do programa de mobilidade ser pouco divulgado para os universitários. “É difícil você conseguir juntar todos os documentos e ter tempo hábil para conseguir a análise de todas as matérias que você quer fazer na outra faculdade”, lamenta. Na adaptação dentro da Universidade, comentou ter tido dificuldade em relacionar-se com as pessoas. “Não que as pessoas não fossem simpáticas, mas eu não me sentia à vontade. Cheguei no 5º período e as pessoas já tinham grupos formados. Então, eu tive uma dificuldade maior em me enturmar”. Apesar disso, uma das melhores surpresas para Daniel foi a especialidade da faculdade ser justamente a área a qual mais simpatiza dentro do seu curso, a de Processo Civil. “Eu tive professores muito bons, que com certeza poderiam dar aula em qualquer universidade do Brasil. Foi muito produtivo, academicamente falando. Eu tive aulas de processo civil que eu não teria na UFRJ, porque o nível dos professores da Ufes é muito alto. Os professores são conhecidos nacionalmente”, relembra o estudante.


Cursos

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E LÁ PRA FORA, COMO É? Com as mudanças ocorridas no Programa Ciências Sem Fronteiras, que possibilitou, segundo o Governo, cerca de 92.880 alunos do Ensino Superior brasileiro ter a possibilidade de estudar em diferentes países, as oportunidades de intercâmbio estão ficando reduzidas, mas não acabaram. Na Ufes, a Secretaria de Relações Internacionais (SRI) é a responsável por formular a política de internacionalização da universidade. E um dos seus objetivos é oferecer oportunidades de mobilidade para o exterior à comunidade universitária. Esse tipo de mobilidade ocorre exclusivamente por meio de Editais e em cada edital há as resoluções de exigências a respeito dos exames de proeficiências, isto é, o quanto da língua estrangeira será cobrado dos estudantes. São, atualmente, 78 instituições conveniadas à federal capixaba. Países da Europa, América Latina, assim como os EUA, Canadá e Austrália mantêm vínculos e parcerias para receber alunos da Ufes, oferecendo aos estudantes a chance de adquirir mais conhecimentos longe de casa. Sendo que o contrário também ocorre, alunos dessas faculdades vêm à Vitória em busca de novas experiências e muitos acabam escolhendo a cidade pela proximidade com o mar e por ser considerada uma cidade pequena. Foram por esses motivos que o francês Maxime Tanfin, veio cursar Engenharia de Produção, como conta abaixo.

FRANÇA x BRASIL O francês Maxime Tanfin veio para o Brasil em busca de novos conhecimentos e para validar o seu diploma como engenheiro. Max, como é chamado pelos amigos brasileiros, informou que em sua faculdade, a École Nationale Supérieure d’Arts et Métiers, em Paris, é obrigatório que os alunos tenham vivência fora do país, por pelo menos dois meses, seja para estudar, passear ou trabalhar. Há pouco mais de dois anos em Vitória, Max contou que escolheu a cidade por inúmeros motivos, mas destacou o fato de ser uma cidade pequena, onde o custo de vida seria menor que o Rio de Janeiro, por exemplo, e a proximidade com o mar, como definitivas para a sua escolha: “Porque eu tinha passado um tempo em Paris, que é uma cidade grande. Aí eu pensei que se fosse para o Rio, ia pagar muito caro para viver lá. Mas eu queria ir para praia e para uma cidade pequena. E é gostoso de se viver aqui. E eu conheci uma pessoa de Vitória quando estava estudando em Paris. Ele era intercambista também e falava muito bem de Vitória e eu quis ver”. O francês afirmou que o mais complicado, no início, foi adaptar-se à língua portuguesa: “Quando eu cheguei eu não sabia muita coisa não. Foi bem difícil. Até para pedir uma cerveja em um bar era complicado”. Fora a questão da língua, ele contou que uma das diferenças entre a sua universidade e a Ufes foi com a relação aluno-professor e criticou o fato do seu curso haver mais questões teóricas que práticas: “Senti diferença dos professores querendo ser mais próximos das pessoas. Professores discutirem mais. Na engenharia aqui os alunos conversavam muito com o professor como se

Vinicius Tomaz (direita) estudou na Universidade

fossem amigos mesmo. Lá na França não tem isso. Professor é professor. Lá tem essa distância entre os dois. Outra diferença é que achei que aqui eu tive muita teoria, muitos livros. Lá é mais prática, o que eu prefiro”, ressaltou. Com o visto renovado até o segundo semestre de 2017, Max acabou de conseguir a colação de grau pela sua universidade de origem e aguarda o diploma da Ufes. O jovem francês faz planos de permanecer em Vitória e arranjar um emprego: “Tenho e vou tentar. Consegui o visto até 2017. Quero conhecer mais do Brasil, as pessoas que conheci aqui são muito bacana e estou com a minha vida aqui agora”, concluiu Max.

BRASIL x ITÁLIA Aluno do último período de Ciências Sociais, Vinicius Tomaz aproveitou a divulgação de um edital no segundo semestre de 2015 para vivenciar novas experiências longe do Brasil. O edital referente à Universidade de Veneza abriu vagas para alunos da graduação e da pós-graduação da Ufes e possibilitou a permanência deles, por meio de uma bolsa, o que os ajudavam a custear a moradia, alimentação, transporte e demais gastos. Vinicius disse ter conseguido, dentro da Ufes, experimentar de tudo um pouco. De monitoria, à pesquisa acadêmica e aos projetos de extensão. Faltava só a questão da mobilidade. Motivado em ter novas experiências, assim que soube do processo seletivo, começou a estudar italiano e para sua surpresa, foi aprovado. E segundo o aluno, a prova de línguas o qual realizou não pedia fluência em italiano. Foram cinco meses na Itália, vivenciando matérias do curso de História, Letras, Filosofia, de Ciências da Sociedade e do Serviço Social, além das aulas de italiano em uma escola fora da faculdade, onde Vinicius pôde ter contato com alunos de diversas partes do mundo. “Eram pessoas das Filipinas, Bangladesh, Kosovo, países da América Latina. Conhecer a face da imigração foi um experiência cultural muito rica, que era muito diferente dos círculos italianos que eu tinha encontrado na universidade”. Ao listar os aspectos positivos e negativos que encontrou ao longo da viagem, Vinicius apontou como positivo a oportunidade de conhecer novas culturas, uma nova instituição de

ensino e de poder viajar. Citou a experiência de cuidar de uma casa, morar sozinho, fazer supermercado como novidade em sua rotina. Outros pontos positivos para o jovem foram em relação às dinâmicas dentro da universidade, como a pontualidade e respeito com as aulas: “Muita pontualidade nos horários. Os estudantes entram antes dos professores e só saem depois dos professores. Não tem essa cultura de sair a hora que quer, chegar na metade da aula. Isso é muito raro”. O curioso para ele foi a relação professor e aluno: “Os professores são muito impessoais, eles não costumam conversar depois da aula. Professor não te conhece pelo nome, não te cumprimenta fora da sala. E quando conversa com ele, com horário marcado, eles te tratam na linguagem formal e você deve falar assim com eles”, contou. O que menos gostou foi o fato de ter ficado sem a bolsa durante o primeiro mês. Vinicius contou que devido às informações erradas passadas pela SRI, o perrengue foi grande e que se não fosse a ajuda de brasileiros residentes na cidade, a situação teria ficado complicada: “No começo foi realmente muito ruim, mas acho que a SRI falhou um pouco com a gente no contato. Tudo bem que nós fomos os primeiros estudantes a ir e a SRI não soube muito bem operacionalizar. E a gente acabou ficando em uma situação bastante delicada lá. A nossa sorte foi que um cara aqui do meu curso que tinha ido para a Itália, mantinha contato com amiga brasileira que residia lá e ela nos acolheu dentro de sua casa por duas semanas, até a gente pegar dinheiro emprestado para alugar uma casa”, comenta o estudante sobre as dificuldades enfrentadas em Veneza, junto ao aluno de pós-graduação que também havia sido selecionado para o intercâmbio. Vinícius garantiu que as dificuldades ficaram para trás, diante dos aspectos positivos que pode vivenciar. Além disso, o estudante afirmou não ter voltado ao Brasil com vontade de retornar à Europa e que prefere o seu país. E finalizou fazendo uma crítica muito válida em relação à produção acadêmica brasileira: “A nossa produção acadêmica é excelente, muitos autores brasileiros nas bibliotecas de lá: Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Ricardo Antunes. Tem muita coisa boa nossa que é produzida e é lida lá. Eles vão tentar te convencer que estão mostrando a civilização pra gente. Mas o estudante que for pra lá tem que ter essa clareza de que as coisas não funcionam bem assim”.


Movimento Estudantil

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Universidade e religião

amigas ou inimigas? Ciência e fé são comumente colocadas uma contra a outra e consideradas visões antagônicas. Entretanto, ambas convivem dentro das universidades públicas brasileiras. Afinal, isso é possível ou não?

Henrique Mascarenhas Andreão, Eliza Rebeca Frizzera, Isabela Marchezi, Matheus Andreatta

Universidade e religião nunca aparentaram ser grandes amigas, não é verdade? Enquanto o estudo científico prevalece nas universidades, as religiões utilizam livros sagrados ou ensinamentos passados ao longo dos anos para formar a crença, postura e caráter das pessoas. Apesar disso, ambas compartilham dos mesmos espaços públicos, incluindo o ensino superior, afinal, a universidade é um lugar de vasta aquisição de ideias, e toda forma de conhecimento é válida. As universidades públicas brasileiras são de livre acesso a qualquer pessoa, independentemente de cor, etnia, classe social ou religião. A universidade é um dos principais espaços que permitem ter contato com diferentes povos, línguas, nações e culturas. É também no meio acadêmico que os estudantes devem se abrir para o aprendizado e respeito por essa miscigenação, a fim de criarmos uma sociedade mais respeitosa com as diferenças. Além disso, todas repartições públicas são vinculadas à Federação, e portanto devem ser laicas. Isso quer dizer que nenhuma instituição oficial deve ser regida por uma posição religiosa, e portanto, a tomada de decisões nesses espaços não deve ser guiada por nenhum tipo de devoção. Deste modo, o espaço público é livre para qualquer pessoa poder manifestar sua crença e opinião na universidade! Para o psicólogo e doutor em ciência da religião, Reinaldo da Silva Júnior, a universidade é o espaço ideal para se ter grupos das mais

diversas opiniões, inclusive religiosos. O caráter laico do Estado não delimita o espaço público unicamente ao pensamento científico. “A universidade é o espaço onde se constrói o diálogo entre as diversas possibilidades de compreensão que o homem produz sobre a realidade, sobre si mesmo e o mundo. A laicidade do Estado é a condição para que a diversidade religiosa possa existir, sem ser recriminada e sem sofrer nenhum tipo de discriminação ou repressão por conta das suas particularidades”, afirma. Entretanto, essa liberdade de expressão religiosa não significa que as universidades deixarão de produzir conhecimento científico. Segundo ele, a prática religiosa na universidade não intervém naquilo que é destinado ao meio acadêmico. “A manifestação da cultura e a legítima presença da tradição religiosa nesses espaços não significa dizer que essas tradições, com seu valores e morais, vão ser norteadores da prática dentro desses espaços. Quem determinará isso é a possibilidade do diálogo e da livre expressão de todas as culturas e de toda a diversidade. São duas coisas diferentes: uma é essa religiosidade se manifestar como traço que marca a cultura de um povo na sua diversidade; outra é uma tradição religiosa se colocar como parâmetro delimitador das discussões que devem organizar e pautar a relação social das pessoas”, argumenta. Reinaldo ainda diz que a sociedade deve-

IBGE 2000

ria incentivar a participação desse tipo de grupo na universidade para que se possa produzir mais conhecimento: “Não devemos achar estranho quando a religião, de forma organizada, culturalmente falando, se apresenta e se mostra nos espaços públicos sociais. Muito pelo contrário, devemos achar essa manifestação interessante, e devemos construir possibilidades para que ela se dê dentro da sua diversidade e da liberdade possível que se deve ter na manifestação de suas produções”.

De acordo com o Censo Demográfico feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, 63,5% dos jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, consideram-se católicos; enquanto 21,78% se identificam como evangélicos; 1,63% espíritas; 0,3% umbandistas ou candomblecistas; outras religiões somam 2,60%; e aqueles que se consideram sem religião são 10,15% dos jovens. Apesar do número alto, o número de jovens que se identificam como católicos diminuiu 2,5 milhões em relação ao Censo Demográfico feito em 2000. Na relação, o catolicismo foi o único que perdeu fiéis. Os evangélicos seguiram outro caminho, aumentando cerca de 4 milhões, enquanto aqueles que não possuem religião aumentaram seu número em quase 1 milhão. As outras religiões tiveram aumento de menos de 1%.

IBGE 2010

Católicos 73%

Católicos 63%

Evangélicos 21%

Evangélicos 15% Outras religiões 2% Sem religião 9%

Espíritas Umbandistas/Ca 1% ndomblecistas 0%

Sem religião 10%

Outras religiões 3% Espíritas 2%

Umbandistas/Ca ndomblecistas 1%


Movimento Estudantil

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OPINIÃO Para o libanês Hadi Ahmed Khalifa, líder da comunidade muçulmana do Espírito Santo, o Ocidente errou ao separar fé e razão por causa de algumas linhas de pensamento: “A fé e a razão na cultura ocidental foram separadas, postas numa relação de briga. Algumas religiões não gostam dos cientistas porque eles fazem perguntas e questionam os dogmas. Daí surgiu essa relação de raiva e ódio entre as duas”. Apesar desse antagonismo entre fé e razão, Hadi conseguiu um espaço na Capela Ecumênica da Universidade Federal do Espírito (Ufes), onde os muçulmanos podem fazer encontros religiosos. Ele relata dificuldades em abordar essa questão religiosa fora da capela: “Podemos falar de religião apenas neste espaço. No restante do campus temos que abordar a cultura e língua árabe. Apesar de podermos praticar, as pessoas não nos deixam discutir nossa religião”. Entretanto, ele conta que a comunidade tem um bom convívio com a Ufes: “Todos foram bem acolhedores. A nossa relação com a Ufes é muito boa, nunca entramos em conflito ou atrito com alguém, até pelo fato de precisarmos ter essa diversidade de pensamento. Católicos, evangélicos, budistas e hare krishna vêm aqui fazer oração nos seus horários e respeitamos todos. Convivemos pacificamente. É um ambiente bonito”. Para a estudante de Ciências Sociais, Byanca Figueiredo, 24 anos, a laicidade do país contribui para que muitos não tenham religião definida, e se acomodem para não procurar uma, mas deixa claro sua opinião: não é dever de nenhuma instituição estimular tal interesse. “Cada um deve se descobrir sozinho, e assim, procurar sem influências, aquilo que mais se identificar, seja uma religião ou a descrença de uma”, conclui. O pastor José Vieira, 47 anos, afirma que a religião é extremamente importante para a vida de qualquer estudante, tendo ele uma definida ou não, desde que seja apresentada de uma forma organizada na universidade, sem interferir diretamente nos estudos. “Aqueles que já possuem uma religião, vão apenas se fortalecer mais. Enquanto aqueles que não possuem, terão uma visão mais ampla sobre cada uma, podendo assim, discutir com todas as opções apresentadas, e não apenas uma”, argumenta. Para o estudante de Nutrição, Gabriel Koehler, de 19 anos, a presença da religião na universidade é importante, mas também deve-se ter respeito mútuo entre quem é a favor e quem é contra essa convivência. “A religião é presente na vida de muitas pessoas, a maior parte do Brasil é religioso. É importante ter um lugar para as pessoas irem e professarem o que elas acreditam. Vivemos em uma democracia, então todos têm o direito de fazer isso”.

Religioso usa espaço cedido pela Ufes (Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta)

Grupos religiosos na UFES Seguindo essa lógica da diversidade religiosa presente no meio acadêmico, muitos jovens estão ocupando lugares da universidade para encontros religiosos, onde professam sua fé. Aquilo que parecia ser um local que servia unicamente para produzir conhecimento científico está se tornando um conjunto de opiniões, que a pouco tempo atrás eram consideradas divergentes. Na Ufes, os universitários realizam encontros abertos a todos nas áreas comuns de lazer, e também participam de orações na Capela Universitária, de acordo com a religião que seguem. Capela Universitária – Localizada no Centro de Vivências do campus de Goiabeiras, a capela é ecumênica, e portanto aberta a qualquer religiosidade. Além de ser livre para as pessoas frequentarem em qualquer horário, alguns dias são específicos para grupos religiosos. Muçulmanos – Sexta-feira, a partir das 13h. Católicos – Terça-feira, a partir das 17h30. Evangélicos – Quinta-feira, a partir das 15h. Grupo de Oração Universitário (GOU) – Encontro de oração feito por católicos da Ufes. Átrios do Senhor – Segunda-feira, às 12h10, no Centro Tecnológico (CT) 1. Resgatados pelo Amor - Terça-feira, às 20h, no Centro Acadêmico Livre de História (Calhis).

Anuncia-me - Quinta-feira, às 12h30, no Elefante Branco. Aliança com o Senhor - Quinta-feira, às 18h, na Capela Universitária. Intrumentos do Amor - Sexta-feira, às 11h10, Ed. VIII no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE). Universitários em Cristo (UEC) – Grupo de jovens que se encontram na Ufes para dialogar sobre a Bíblia. Os encontros são realizados todas as quartas-feiras, a partir das 12h40, na sala 04 do Anexo do IC2. Movimento Haja Luz - Grupo universitário cristão que nasceu no curso de Direito da Ufes. O grupos seu reúne todas as sextas-feiras às 11h na sala 706, ED-VII no CCJE. Aliança Bíblica Univeritária Vitória (ABU) - Movimento estudantil cristão espalhado por várias faculdades no Brasil. Ocorrem rodas de conversa sobre a bíblia. Os encontros são realizados às terças e quintas, no campus de Goiabeiras, próximo ao Restaurante Universitário (RU), a partir das 12h20.


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Comunidade

Além da sala

aula

Grupos de estudos na Ufes permitem debates e pesquisas que vão além dos muros da academia. Por Lorraine Paixão, Luana Pessoa, Olga Samara e Nelson Aloysio

O

processo de aprendizado pode até parecer de início algo demorado e entediante. Estudar, dedicar-se a um assunto, a uma disciplina é muitas vezes cansativo. No entanto, quando o processo acontece em grupo, ele se torna muito mais dinâmico e até divertido. A participação em grupos de estudos permite vantagens ao estudante se comparado à rotina de estudo individual. Isso porque o processo de aprendizagem coletiva permite trocas de experiências, vivências e discussões enriquecedoras com pessoas de diferentes locais, com diferentes valores. A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mantém dezenas de grupos de estudos que são abertos à comunidade. Qualquer pessoa interessada pelo tema, seja estudante ou não, pode participar. São grupos oferecidos por diversos núcleos e áreas na instituição, como o Grupo de Estudos em Processos de Apropriação da Língua Portuguesa (Gepalp) que estuda os processos de apropriação da Língua Portuguesa; e o Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Mobilizações Sociais (Organon), que pretende discutir, fomentar pesquisa e debater sobre gênero e sexualidade, efeitos de grandes projetos, juventude, participação e direitos humanos. Os grupos de estudo oferecidos pela Ufes são cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil que mantém um

banco de dados constantemente atualizado pelos pesquisadores da instituição. Estes dados podem dizer com precisão o perfil da atividade das pesquisas científicas no Brasil. Geane Damasceno faz parte Gepalp desde 2016 e conta que encontrou uma experiência enriquecedora com o grupo de estudo: “Diferente do que ocorre na sala de aula, lá, encontro pessoas com objetivos semelhantes e os debates são enriquecedores”. Geane também cita o respeito entre os membros e a orientação dos professores como parte da experiência de estudo em grupo, e que a participação no grupo se tornou parte importante para sua formação pessoal e acadêmica. “Os grupos de estudos são extremamente importantes para o processo de aprendizado, possuindo ou não vínculo com a universidade”, conta Ana Caroline Sá, integrante do grupo de estudos Organon. “A troca de informação, o debate, as discussões levantadas e os múltiplos apontamentos levantados após a leitura de um texto são fundamentais na concepção das nossas pesquisas, do nosso desenvolvimento social, intelectual”, pontua. Além do desenvolvimento intelectual, os grupos de estudos e pesquisas proporcionam espaços para debates que se estendem também para temas da atualidade, é o caso do Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades (GEPSs) e

do Grupo de Estudos em Feminismo Negro Interseccional, que trabalham com a desconstrução de preconceitos e a produção de conhecimentos que contribuam aos processos formativos. Eliane Quintiliano faz parte do Grupo de Estudos em Feminismo Negro Interseccional e explica a importância social do grupo de estudo, que surgiu a partir do Coletivo Negrada para se aprofundar nos debates sobre racismo e interseccionalidade com o feminismo. “A ideia foi mesmo nos fortalecermos, termos autonomia e pesquisar nós mesmas as nossas referências de resistência feminina tanto na militância tradicional quanto na militância acadêmica. A representatividade importa muito”, conta.

Ficou interessada ou interessado em algum desses grupos? Veja no box os horários e locais que acontecem os encontros de cada grupo.

Grupo de Estudos em Feminismo Negro Interseccional Os encontros retornam em Março, e são realizadas na sala 21 do IC III toda terça das 16h às 18h.

Gepalp Os encontros são realizados a cada 15 dias, das 18h às 21h. Data e locais ainda não foram definidos.

GEPSs - Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades Os encontros são realizados semanalmente, sempre às quartas-feiras, das 18h às 21h, no Núcleo de Estudo e Pesquisa em Sexualidade. Centro de Educação IC IV.

Organon - Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Mobilizações Sociais

Reunião do Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades (GEPSs)

As reuniões têm lugar na sala do Organon localizada no prédio Bárbara na Ufes, com horário e data marcados antecipadamente, e são colocadas no site do núcleo Organon http:// organon.ufes.br.


Política Universitária

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Terceirização na Ufes Thamara Machado, Thais Costa, Israel Magioni, Daniel da Gama

A Universidade Federal do Espírito Santo depende de dois tipos de serviço, o público e o privado. Os de ordem pública são os prestados pelos técnicos administrativos e professores. Já os privados contemplam os serviços de cantina, limpeza, manutenção, livraria e segurança. Essa é uma forma que o governo encontrou para não sobrecarregar sua folha de pagamento, deixando alguns serviços sob a responsabilidade de empresas particulares, que são escolhidas por meio de licitação. Em compensação, esses contratos acarretam a instabilidade do trabalho e salário baixo aos terceirizados em relação aos setores públicos. Os contratos podem ser feitos por meio de prestação de serviço, nesse caso a empresa oferece apenas o serviço e a licitação deve ser feita a cada 12 meses. É o caso do Resturante Universitário (RU), que produz cerca de seis mil refeições diárias. Ainda existem as cessões, que são espaços da universidade que são cedidos aos locatários para comercialização de seus produtos, entre eles destacam-se a livraria e as cantinas, com prazo de duração de 5 anos para cada contrato. Outro tipo de contratação são os comodatos, que são espaços maiores que as cessões, eles podem ser locados por até 20 anos, como é o caso da Casa do Cidadão, em Maruípe, que oferece serviço social para a comunidade. A livraria SBS International, se enquadra na cessão de locação, ou seja, espaços cedidos pela Universidade geridos e financiados por terceiros. No caso da livraria, o gestor atual Nelson Costa conta que a empresa está na Ufes desde 2011 e portanto, está na segunda licitação. Ele ainda diz que a importância da renovação dos contratos é a de preservar o público que já cativaram ao longo do tempo e por isso a necessidade de permanecer no local. A SBS atende o Centro de Línguas da Ufes e a comunidade, ela também possui outra filial em Vitória, na Praia do Cantro. O grande problema, para Nelson e para outras empresas, como as cantinas e restaurante, são os periódos de férias. “A gente acaba tendo um número menor de estudantes e transeuntes na Universidade, o que acaba prejudicando o andamento da livraria”.

O restaurante universitário passa por licitação anual para funcionar.

As vantagens desses contratos são a possibilidade da Universidade ter o poder de cobrar e escolher qual serviço será melhor realizado e poder encerrar o acordo imediatamente, caso não esteja sendo cumprido o combinado, além do terceirizado ter que buscar uma maior produtividade para manter seu emprego. Outro benefício é a divisão das responsabilidades trabalhistas entre as duas entidades. Por outro lado, as terceirizações são um processo de constante instabilidade. Segundo o gerente de segurança e justiça Anival Luiz dos Santos, atualmente, o setor de limpeza, por exemplo, é composto por cerca de 160 colaboradores, contudo no próximo ano a quantidade será reduzida. “Com base na lei 8.666-93 o contratante pode efetuar corte de até 25% no contrato e até 50% mediante a negociação, e, na atual situação da universidade, nós criamos uma comissão de estudos para avaliar onde podemos enxugar es-

A lanchonete do cinema metrópolis e a livraria SBS são espaços geridos por teceiros na UFES.

ses gastos” explanou Anival. Nos setores de cessão, os cortes se dão por meio da não renovação de licitação, o que faz com que algumas atividades sejam encerradas ou ocasiona a redução no número de funcionários, como o que aconteceu com a copiadora do Centro de Vivências, que foi fechada, e como é o caso do quadro de funcionários terceirizados da SBS International, que hoje se resume a apenas dois funcionários. Para 2017 está previsto um corte severo nos setores de prestação de serviço, o RU deve sofrer com o reajuste de 1 milhão de reais, assim como o orçamento reservado pela Proplan para manuntenção do espaço físico da universidade. Ainda existe a possibilidade de fusão entre os tipos de serviços que prestam atividades similares, como a segurança, que possui dois contratos: vigilância com homem armado e vigilância de monitoramento.


Cultura

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Rádio Universitária: por nós e para nós Conheça um pouco da história da104,7 FM e como ela continua viva e relevante dentro da comunidade universitária

Lydia Spinassé, Paulo Marcos Loyola, Bernardo Barbosa e Daniella Camilo

Um símbolo de luta, que surgiu ainda na ditadura militar, fruto da determinação de estudantes e professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Estamos falando da NOSSA, sim nossa com letra maiúscula e toda propriedade, Rádio Universitária FM, uma emissora que já nasceu causando. A rádio foi uma conquista dos alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade de 1987, conta o professor Cleber Carminati, chefe do departamento de Comunicação Social da Ufes. Segundo Carminati, havia a necessidade dos alunos de explorar a linguagem radiofônica, porém o estúdio que funcionava no centro pedagógico era precário. Assim, impulsionados pelo movimento de rádios livres (pirata), os alunos correram atrás e conseguiram montar uma antena e um transmissor que foi instalado na cabine 8 da Biblioteca Central. Esse grupo do movimento estudantil ficou consagrado como “A Turma do Balão Mágico”, eles elaboraram o conceito da rádio, inicialmente denominada de TX 107.3 como projeto de extensão para a disciplina de Radiojornalismo, da professora Glecy Coutinho. A concessão oficial saiu no ano de 1989 e o canal foi dado à Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA), uma instituição de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento tecnológico, que tinha como seu principal objetivo apoiar e incentivar as atividades da Universidade. Com uma proposta ousada e programação eclética, a 104,7 FM se diferenciava das concorrentes da época e se tornou uma emissora de destaque entre os jovens. Um dos profissionais formados na Ufes que estagiou na Rádio Universitária é Rodrigo Rangel, hoje editor da revista Veja e que já ganhou prêmios como o Esso e o Prêmio Abril de Jornalismo. Ele conta que a rádio marcou sua carreira. “Ainda estudantes, cobríamos os principais assuntos do dia, com flashes ao vivo, e fazíamos entrevistas” conta o ex-aluno. “Estávamos sempre nas principais coberturas, seja de política, seja de outros assuntos relevantes”. Ele ainda fala que, na época, as coberturas feitas pela rádio disputavam a audiência ponto a ponto com os demais órgãos de imprensa, igualmente críticas, e os estagiários já saíam de lá com alto índice de empregabilidade. Após o fechamento da Fundação Ceciliano Abel de Almeida, por ordem judicial em 2014, a Ufes já solicitou a transferência da concessão, e hoje a rádio funciona com ajuda de alguns professores e alunos da Universidade. Diante dessa situação, estudantes se mobilizaram para manter o seu funcionamento. A estudante de Publicidade e Propaganda, Júlia Couto, é uma das integrantes do Bandejão, que deixou de ser um Projeto de Extensão e passou a ser uma optativa ofertada pelo departamento de Comunicação Social. O programa está no ar desde 2004 e essa foi uma das medidas adotadas para que o projeto continuasse. Júlia ainda falou como o programa é produzido. “Nós fazemos de tudo, cuidamos das redes sociais, definimos a programação e fazemos reuniões de pauta toda semana”. Segundo Rogério Borges, secretário da cultura da Ufes, essa situação faz com que a rádio fique mais próxima aos cursos, “A rádio é o laboratório, a extensão da sala de aula do curso de Comunicação”, diz ele. Atualmente os

dois únicos programa da rádio, são O Soy loco por ti e o Bandejão, que vai ao ar de segunda a sexta, entre 13h e 14h, e a programação continua eclética e rica. Estevão de Paula Lopes, estudante do primeiro período do curso de Cinema e Audiovisual, faz parte da equipe do programa e contou que diariamente traz um ou dois quadros fixos, entre eles o “Papo Cabeça”, no qual é escolhida uma pauta mais séria sobre um assunto que precisa ser discutido e é realizada uma mesa redonda com professores e profissionais da área. “Tem um quadro muito legal de dois intercambistas, um colombiano e uma espanhola, que fala da diversidade cultural dos países, tem um de poesias e crônicas. Além da parte jornalística tem música mesmo que a gente toca. A gente toca o que a gente gosta e toca o que os ouvintes pedem, é bem gostoso de fazer” conta o estudante. Segundo o professor Carminati, a rádio é uma importante ferramenta para o curso de Jornalismo, pela linguagem própria. “A linguagem radiofônica é uma linguagem sonora com grande poder de comunicação e de penetração que só o rádio dispõe, visto que ele atinge uma área meio periférica e fundamentalmente serve de laboratório de prática de experimentação para os alunos.

Historicamente a rádio sempre teve um grande número de estagiários de jornalismo, configurando-se como local em que vários profissionais foram formados. Nos anos 90, a emissora tinha uma estrutura muito forte de apoio ao jornalismo, como carro para deslocamento da equipe. Já nos anos 2000 a rádio passou por um processo de disputa política e de interesse pelos cargos e acabou se transformando em uma emissora convencional. O professor Victor Gentilli, coordenador do curso de Jornalismo, tem opinião semelhante à do professor Carminati. “Eu vejo a rádio Universitária precisando fazer parte das atividades dos conjuntos no campo da música, jornalismo esse é um campo muito amplo. Tem que se montar uma grade legal, tudo isso é possível, não necessariamente vinculado ao curso de Jornalismo, mais muito vinculado ao projeto de extensão e ao estágio. Como estágio eu acho uma coisa muito importante essa aproximação do curso com a rádio, mesmo quando a rádio ficar vinculada a universidade, o grosso do jornalismo será feito por estagiários, principalmente quando chegar lá pelo 6º período quando tiver estágio supervisionado, aí sim a rádio será muito útil”.

Em 2016, a Rádio Universitária FM ganhou uma cara nova após reofrna.


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Cultura

Andreia Lopes, hoje secretária de Estado de Comunicação, Carolina Veiga (Assessora de comunicação da Secult ES) e Fernanda Couzemenco (Atualmente tem uma coluna no Jornal Online Século Diário). Andreia e Carol também foram trabalhar na CBN na sequência. Fernanda Queiroz, âncora e editora da CBN Vitória, Gustavo Alves (que mais tarde foi trabalhar no Estadão e, depois, foi coordenador do jornal O Globo), Daniela Abreu e Mário Bonella (São apresentadores na TV Gazeta em Vitória ES), entre muitos outros.

A Rádio Universitária e o programa Bandejão promovem desde 2006 o Festival Prata da Casa, que reúne bandas independentes do Espírito Santo. A última edição aconteceu em 2014 e a edição deste ano depende do resultado do edital da Secretaria de Cultura do Governo do Espírito Santo (Secult).

104.7 FM

{

Rádio Universitária 104.7 FM Av: Fernando Ferrari, 845 Ufes Goiabeiras, Vitória ES Cep: 29075 015 Contatos www.universitariafm.ufes.br www.twitter.com/1047 www.facebook.com/Universitaria104.7 Tel: 27 3335 7913 (Estúdio) 27 3335 7914/ 27 4009 2383 (Redação


Mídias

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MÍDIAS SOCIAIS Universo Ufes

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