No Entanto - 83ª Edição

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Edição 83 - Dezembro de 2017

Jornal-Laboratório Universidade Federal do Espírito Santo

Foto: GAP - Arquivo pessoal

Foto: Beguin

Trabalho de voluntários pode transformar vidas

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Ao contrário de muita gente, eles não esperam o Natal chegar prara ajudar o próximo

Noite capixaba traz diversas opções de lazer

Projeto incentiva protagonismo feminino no ES

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O que é o período natalino para os não-cristãos PÁG3

Presidente eleito da Desportiva deixa incerto o futuro do time capixaba PÁG9

Foto: Giulia dos Reis

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Segundo pesquisa 90% das mulheres afirmam ter sido assediadas na baladaPÁG7


Editorial No Entanto Jornal Laboratorial produzido pelos alunos do 3º período de Comunicação Social - Jornalismo da Ufes para a matéria Laboratório de Jornalismo Impresso Equipe Álvaro Guaresqui, Felipe Khoury, Giulia dos Reis, José Renato Campos, Kelly Mesquita, Lydia Lourenço e Maria Clara Stecca. Editor Álvaro Guaresqui

Diagramação Álvaro Guaresqui Logo Gabriel Moraes Professor orientador Rafael Bellan

O No Entanto é um jornal que muda toda sua equipe e repensa sua linha editorial a cada seis meses. Todavia, o compromisso principal desse veículo é imutável: oferecer ao leitor um ponto de vista diferente das apurações da mídia tradicional. Todo o fim de ano os jornais não escapam às tradicionais pautas temáticas dessa época. Nem nós. Porém, isso não quer dizer que falaremos as mesmas coisas de todos os outros. Nesta edição, vamos abordar o Natal para além da data sagrada ou do viés comercial. O nascimento de Jesus, a troca de presentes e a caridade são práticas frequentes neste período. Por isso, fomos atrás de pessoas que tem um sentido diferente do senso comum sobre o dia 25 de dezembro: o que é o Natal para os não-cristãos. Você vai ver também quem não espera esse período chegar para tomar atitudes positivas como “ajudar o próximo”, e faz disso um hábito durante todo o ano. Além disso, aproveitando o clima de festas e a alta estação, preparamos um guia da vida noturna capixaba. Lá você vai encrontrar boas dicas para aproveitar o verão com uma programação à sua maneira. Na edição 83, é claro, não vamos deixar de falar sobre assuntos polêmicos como o assédio às mulheres em baladas e a prisão do presidente eleito da Desportiva Capixaba por tráfico internacional de drogas. Estes últimos seis meses foram de um profundo avanço para a equipe que conduziu o No Entanto. Na edição 85, gente nova chega por aqui. Esperamos que prossigam da melhor forma possível com este jornal e que ele continue abordando temas que precisam de cada vez mais espaço na mídia. A você que nos acompanhou até aqui, o nosso muito obrigado. A turma.

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No Entanto Edição 83 - Dezembro de 2017 religião

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Então foi Natal, e o que você fez? Para os cristãos é a comemoração do nascimento de Jesus, mas e para as outras religiões? Entenda o que essa data representa. Felipe Khoury

Foto: Reprodução / Internet

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dia 25 de dezembro é conhecido pela celebração do “Natal”, uma das datas mais esperadas no ano ao redor do mundo, tantos pelas pessoas quanto pelo comércio. Mas, muito além da troca de presentes, o Natal é uma data que em que os cristãos comemoram o nascimento de Jesus Cristo. Apesar disso, os professantes de outras doutrinas religiosas, e até aqueles que não possuem um crença também festejam a data de alguma forma, relacionando-se com o sagrado ou não. Apesar da maioria cristã, no Espírito Santo a presença de diversas religiões com culturas e crenças distintas permite a minefestação do Natal com outras formas. Membro da Associação Nikkei em Vitória, Nobuyuki Kashimoto, diz que o Japão tem como religiões predominantes o shintoismo e o budismo, e que, para os seguidores dessas doutrinas, o Natal é uma data meramente ligada ao comércio, “no Japão por interesse comercial fazem decorações nas grandes cidades e consomem bolos de natal”. O dia 25 sequer é um feriado para os japoneses. Para os judeus, o dia de natal é tratado como um outro qualquer, pois, segundo eles, não existe essa data no calendário bíblico. Assim além de não ser um dia sagrado, também não é comercial. A festa do Chanukah (em hebraico, inauguração), celebra a inauguração do Templo de Jerusalém, é conhecido como Festival das Luzes e acontece quase no mesmo período do Natal cristão, porém não há nenhuma ligação entre eles. Arister Rubim dos Santos,

frequentadora da Sinagoga Rechovot em Vitória, diz que “o dia 25 não possui nenhum significado para os judeus, nós apenas comemoramos festas bíblicas”. Atualmente, o povo judaico está no ano de 5778. Há também quem não tenha religião e enxergue esse dia como mais um feriado, dispensando qualquer tipo de consumo excessivo proposto pelo comércio. A professora e mestre em filosofia Luiza Hilgert, conta que, mesmo sem acreditar em Deus, respeita o Natal como um feriado cristão, mas não concorda com as imposições comerciais que acontecem nessa época do ano. “Há muitos pais e mães agora doando parte da sua vida e da sua força de trabalho para comprar um brinquedo para que seus filhos não fiquem tristes; a alienação que o capital provoca não é culpa desses pais, mães e crianças, mas são eles que a sofrem”, afirma Luiza. Entre crenças e costumes ou indiferença, o dia 25 de dezembro é encarado de forma diferente de indivíduo para indivíduo, mas sempre obervando-se o respeito entre as pessoas. A data pode ser comercial, sagrada ou apenas uma marca no calendário, mas a sua proposta é, em suma, reunir pessoas.


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Foto: Acervo pessoal / Grupo Girassóis

Trabalho voluntário faz bem para quem dá e para quem recebe

Datas comemorativas aumentam a procura pelo voluntariado, porém ele deve ser praticado durante todo o ano Kelly Mesquita

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m sorriso, um abraço, a certeza de ajudar a tornar o dia, ou até mesmo a vida, de alguém melhor. Esse é o pagamento que as pessoas que doam o seu tempo em trabalhos voluntários espera. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, realizada pelo IBGE no ano de 2016, apenas 3,6% da população brasileira com quatorze anos ou mais realiza algum tipo de trabalho voluntário. A publicitária Luciana Farias está entre os brasileiros que reservam um período do seu dia para ajudar o próximo. Ela atua como voluntária há mais de dez anos, e começou lendo para as crianças no Hospital Infantil de Vitória, por conta própria, e há um ano faz parte do Grupo Girassóis, que realiza trabalhos em hospitais e asilos. Luciana conta que o trabalho a faz bem. “Fazer o bem me faz bem. É uma terapia,

a gente acha que está ajudando as outras pessoas, mas elas que estão ajudando a gente”, constata. Outra pessoa que também se dispõe a ajudar a quem precisa, é o ajudante de mecânico automotivo Kelvin Amaral. A curiosidade levou Amaral a se disponibilizar e ajudar pessoas em situação de rua. “Falavam que todo morador de rua era usuário de drogas, juntei um grupo de amigos, e fomos ver a realidade. Fomos de bicicleta distribuir alimento para os moradores de rua”, recorda. A curiosidade de Kelvin, rendeu a criação do Grupo Ajude o Próximo (GAP), que se reúne toda sexta e domingo para distribuir alimentos e produtos de necessidades básicas para os moradores de rua. O grupo está no seu terceiro ano de atividade e hoje conta com aproximadamente vinte voluntários. O trabalho desenvolvido traz recompensas que são difíceis de apagar da memória. Luciana lembra com carinho de um episódio que aconteceu

em um asilo em Vitória. “Uma pessoa com Alzheimer, que já não lembra de nomes, de repente quando te vê, chama o seu, você fica até emocionada. É sinal de que em algum momento eu plantei uma sementinha ali”, descreve a publicitária. Kelvin também se lembra de um momento que para ele foi muito especial. “Um senhor que não tinha nada para comer, quando entregamos o café e o pão, colocou o copo no chão e agradeceu pelo alimento, antes de qualquer coisa”, relembra o auxiliar de mecânico. Outro momento que marcou sua vida, foi encontrar um ex morador de rua que havia sido ajudado pelo grupo. “Ele perguntou se eu lembrava dele, e contou que não estava mais na rua e agora ajudava as pessoas que estavam na situação que ele já esteve”, conta emocionado. Algumas pessoas acham que para ajudar o próximo e fazer a diferença é necessário saber fazer algo grande ou especial. Para a integrante do Grupo Girassóis, é necessário ape-


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nas dar o seu melhor naquilo que mais gosta de fazer. “Não precisa ser coisa grande, ajude alguém que você viu quando passou pela rua, doe sangue. Podemos ainda buscar no meio da gente mesmo, no nosso trabalho”, destaca a publicitária. Ela afirma ainda que o importante é começar de alguma forma e somar. “O que precisa é começar, se ficar deixando pra amanhã, você não começa nunca. Se todos fizerem um pouco, vai crescendo, vai formando uma corrente várias pessoas. “Trabalho venden- precisam ser solucionados.“Muitas do bem”, enfatiza a voluntária. do roupas e complemento a minha vezes o voluntário vai desenvolver renda fazendo os artesanatos que um trabalho, mas amanhã ou deA importância do trabalho aprendi na clínica. Os voluntários pois ele não pode mais dedicar seu dos voluntários iam lá ensinar para a gente”, conta tempo, ele precisa sair, e não temos orgulhosa, a autônoma. mais continuidade do trabalho que Não importa se é uma visita semanal As instituições que recebem ele estava fazendo”, expõe. Ele a um asilo, apenas para escutar as a ajuda de voluntários também inda relata outro problema, a sazohistórias contadas pelos velhinhos; apontam a importância desses tra- nalidade. “Em épocas de festa, de a prestação de serviço gratuito com balhos para o seu funcionamento. datas comemorativas o número de a profissão de dentista, médico, pro- O responsável pelo marketing da voluntários é maior, depois disso fessor; a distribuição de alimentos Fundação Praia do Canto, Tiago do cai”, enfatiza do Val. para quem precisa ou ainda a ajuda a Val, explica como a atuação dessas Quem endossa o relato é a volunuma instituição que cuida de animais pessoas é fundamental. “O traba- tária Luciana que destaca a imporabandonados. O trabalho dessas pes- lho voluntário é sempre bem-vin- tância de fazer do voluntariado uma soas é de extrema importância e es- do, ajuda muito, se não existisse, constante.“Sempre tem algo a se fasencial para quem recebe. muitas instituições nem estariam zer, não deixe só para a época do naA autônoma Ana (nome fictício, de pé, não existiriam.”, constata. tal, dia das crianças. A gente precisa pois ela prefere não ter o nome diTodavia ele ressalta que existem fazer um pouquinho pelo ou menos, vulgado) conta como sua vida foi alguns problemas nessa relação que o ano inteiro”, destaca a publicitária. transformada, graças a pessoas que nem a conheciam, mas se dispuseGirassóis – O grupo não tem uma área de atuação específica. Os ram a ajudar sem pedir nada em projetos são desenvolvidos conforme as demandas surgidas, totroca. “Eu não tenho nem como davia ultimamente está desenvolvendo trabalhos em dois asilos (Vitória e Nova Almeida) e no HUCAM. agradecer o que fizeram por mim. O contato pode ser feito pela página no facebook: Girassóis Ações Eu tinha problemas com drogas, e Solidárias ou pelo e-mail: girassois.amigos@gmail.com um grupo de senhoras me ajudou a conseguir uma clínica”, emocioGAP – Atuam principalmente distribuindo alimentação e material de na-se ao relembrar. Ela conta ainhigiene básica para as pessoas em situação de rua, porém também desenvolvem ações em asilos, orfanatos e clínicas de recuperação. da que seus filhos também foram O contato pode ser feito pela página no facebook: Grupo Ajude o ajudados durante o período em que Próximo ou pelo telefone 99707-5898 esteve internada.“Eles estavam Os dias e horários dos trabalhos estão disponíveis na página do Facebook. com minha mãe, ela não tinha condições, então eles faziam cursos Fundação Praia do Canto – Atuam atendendo as crianças da Grande São Pedro, em Vitória, oferecendo serviço de proteção que eram dados de graça no meu integral. No horário em que não estão na escola, as crianças parbairro para passar o tempo e ficar ticipam de oficinas, cursos profissionalizantes e recebem alimenlonge das ruas”, recorda. tação. São atendidas em média 120 crianças por dia, na faixa etáAna diz que hoje sua vida é bem ria de 07 à 15 anos. diferente, e não sabe como estaria, O contato pode ser feito pelo site da instituição: fbpc.org.br se não fosse a ajuda que recebeu de

Foto: Reprodução / Facebook - GAP

No Entanto Edição 83 - Dezembro de 2017


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No Entanto Edição 83 - Dezembro de 2017 comportamento

Vida noturna capixaba divide opiniões

Foto: Giulia dos Reis

Estilo musical é o que mais influencia a escolha dos entrevistados Giulia dos Reis

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cenário noturno capixaba promove atrações variadas, que vão desde eventos culturais no centro da capital até os grandes bailes periféricos. Os perfis do público desses locais também variam de acordo com a faixa etária, classe social e estilo musical. Em entrevista realizada por este jornal com estudantes da Grande Vitória, cerca de 50% dos entrevistados preferem baladas alternativas. Há diferenças no que motiva a escolha de um local de divertimento noturno em nosso estado, e um dos pontos considerados é a segurança. Para a estudante de veterinária Rafaela Miranda frequentadora de bares do Triângulo, há uma grande movimentação de pessoas na região por ser uma área de concentração de casas noturnas, o que o torna mais seguro, além disso, o local possui policiamento e é um ambiente mais tranquilo “Por ser um lugar onde tem muitos barzinhos, considero um lugar mais calmo e nunca ouvi falar de incidentes de violência ou roubo”, relata a jovem.

Outro critério de seleção dos lugares é o preço e o público frequentador. A Rua da Lama é um dos locais mais movimentados cuja característica do público é de estudantes universitários. Segundo a aluna do curso de direito Paula Born uma das razões pelas quais a Lama é tão popular é o fato do baixo custo e da possibilidade de encontros com conhecidos “Mesmo que você vá desacompanhado, você sempre vai encontrar algum conhecido e ter uma noite legal, além disso, os preços acessíveis são atrativos após um dia cansativo de aulas”, afirma. Conforto, diversidade e falta de segurança são características apontadas pela estudante de publicidade Gabriela Quenupe que é visitante assídua do centro da capital. A futura publicitária afirma que o lugar é uma boa opção para quem gosta de tudo um pouco “O ambiente é calmo e bem confortável com barzinhos bem legais e estilos musicais variados, mas é bom frisar que a falta de segurança do local obriga as pessoas a irem embora mais cedo”, expõe. Além disso, se tratando dos eventos culturais, a estudante conta que um dos pontos altos da noite no centro da

metrópole é o Festival de Cinema de Vitória, evento que ocorre anualmente e é considerando o mais tradicional acontecimento cinematográfico do Espírito Santo que visa apresentar produções recentes do cinema nacional. Quando o assunto é estilo musical os bailes da grande vitória ganham espaço. Eles ocorrem nos bairros localizados no entorno da cidade e o seu grande público é composto por jovens que em sua maioria são fãs do funk, gênero musical predominante nesses eventos. Para o estudante de musica Luan Silva é evidente que há um estereótipo negativo vinculado ao funk, o que para ele é um erro, e isso seria um dos motivos para os bailes funk serem vistos de forma pejorativa. Em entrevista o estudante relata que nesse ambiente noturno existem pontos negativos e pontos positivos como em qualquer outro lugar, mas acredita que é necessária uma desconstrução para que a sociedade possa enxergar esses eventos como um lugar onde a maioria busca apenas por diversão. “Eu como frequentador vejo os bailes das comunidades como ações afirmativas que são fruto da falta de acesso aos equipamentos de cultura e lazer, onde as pessoas querem ter o direito de se divertir e se identificarem com o som do qual escutam”, diz Silva. Apesar dos diferentes segmentos noturnos trazerem consigo variados tipos de público por conta de fatores como gosto musical e condição social uma constância é o perfil do frequentador que em sua maioria é estudante, jovem universitário. RESULTADO DA PESQUISA 34,8% - escolhem o lugar pelo gosto musical 65% - frequentam a rua da lama 73,9% - se classificam como classe média 81% apenas estudam


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1​ 0 em cada 11 mulheres afirmam já terem sofrido assédio sexual na balada Maria Clara Stecca

Foto: Maria Clara Stecca

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ão é novidade que as mulheres sofrem mais que os homens quando o assunto é assédio sexual. Eles são praticados geralmente por pessoas do sexo masculino e podem acontecer nos mais variados ambientes. Na balada não é diferente. De acordo com uma pesquisa desenvolvida por alunas do terceiro período do curso de jornalismo da Ufes, mais da metade das pessoas que responderam o questionário pertencem ao sexo feminino (75%), sendo que todas essas mulheres, exceto duas, responderam que já sofreram algum tipo de assédio. Ao se tratar dos homens, apenas dois dos que responderam o questionário já passaram por alguma situação semelhante. A pesquisa revelou também que a maioria dos assédios - pouco mais de 60%, acontecem em boates, e são, geralmente, praticados por homens entre 18 e 25 anos. Em entrevista, a aluna do curso de Publicidade e Propaganda Gabriela Taline afirma que já foi vitima de assedio sexual na famosa Rua da Lama. “Já aconteceu de um cara fi-

car atrás de mim, ele estava bêbado e eu não queria nada com ele”, relata Taline. Já a estudante de Direito Paula Born, diz que nunca sofreu diretamente com esse tipo de problema nos ambientes noturnos em que frequenta na Grande Vitória. Na maioria dos depoimentos enviados para a pesquisa, as mulheres relatam que já sofreram com investidas forçadas e assédios verbais. No entanto, muita vezes as vítimas de assédio sentem-se acuadas e desencorajadas a denunciar. Mas é importante salientar que, para que o assediador seja punido, é preciso que a vítima procure uma delegacia e faça um boletim de ocorrência para levar o caso às vias judiciais.

RESULTADOS DA PESQUISA Gênero

Já sofreu assédio em ambiente noturno?

Em que lugar?

Masculino

Não

Boate

Outro

Feminino

Sim

Bar

Baile Funk

21,4%

25%

8,7% 75%

78,6%

60,9%

30,4%


sociedade

Elas tramam, cozinham e mostram a força feminina

Foto: Beguin

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Projeto tem como foco o protagonismo da mulher na dramaturgia e sua participação efetiva na sociedade Lydia Lourenço

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m outubro deste ano foi lançado o ebook “Elas tramam - Dramaturgias Tecidas por Mulheres do ES”, no Burlesqueria, casa de eventos do centro de Vitória, fruto do projeto “Elas tramam” idealizado por Nieve Matos. O livro conta com dramas escritos por 15 mulheres, com temáticas a respeito de questões familiares, opressões que vivem as mulheres na sociedade, e outras questões sociais sempre tendo mulheres em papel de destaque. O grupo se formou em maio deste ano com o intuito de difundir textos teatrais produzidos por mulheres no Espírito Santo, tendo como propósito a valorização e o incentivo da produção feminina na dramaturgia capixaba e se reunia na sede do Má Companhia de Teatro,localizado também no centro da capital. O conto dramático “Quem tem medo da monstra?” da designer e dramaturga Alessandra Pin Ferraz, traz questões relacionadas a gênero e construções sociais sobre o feminismo, elucidando o machismo através da abordagem da romantização nas relações. A personagem principal da história é uma adolescente transexual que sofre bullying dos colegas e tenta mudar quem é para se encaixar. Se-

gundo a autora do conto, a transexualidade é tratada através de metáforas, mas por ser um tema universal atinge a todos de maneiras distintas. Para Alessandra a iniciativa do projeto causou impacto em todas as participantes, pois promoveram entre elas um debate sobre feminismo e desconstrução de várias questões de nossa sociedade, atuando como um processo de troca de experiências enriquecedor para todas. “Não tínhamos dado conta de que nossas histórias pessoais seriam tão interligadas e o quanto nos víamos umas nas outras. Nossas histórias pessoais foram surgindo na roda a cada encontro e fomos nos desnudando com toda honestidade e sendo acolhidas da mesma maneira. A própria relação e troca já nos propiciou um lugar de voz e eco”, relata a designer. Além de ajudar no processo de emancipação individual de cada membro da iniciativa, a abordagem das dramaturgias promoveu discussões importantes para o empoderamento de mulheres que muitas vezes não têm voz para falar de suas realidades envolvendo problemas como relacionamento abusivo, abuso sexual e transfobia. Apesar do foco do projeto ser voltado para temáticas que envolvem as mulheres e a relação da sociedade com o feminino,

outros assuntos como racismo, esquizofrenia e mal de parkinson são abordados segunda perspectiva feminina. A idealizadora do coletivo Nieve Matos é escreve para dramaturgia há mais 10 anos e percebeu a pouca representatividade feminina nesse cenário decidiu iniciar o projeto “Fui fazer uma busca rápida na internet e quando coloquei ‘dramaturgas brasileiras’ o google corrigiu para ‘dramaturgos brasileiros’, achei de um desaforo tão grande que me vi impulsionada a fazer algo para dar visibilidade às mulheres que escrevem para o teatro, principalmente no Espírito Santo”, diz Matos. A dramaturga acredita que além da iniciativa, incentivar o protagonismo na dramaturgia também é uma forma de militar na causa feminista de modo geral “Os encontros são muitos potentes, é um local de fala e afirmação feminina”, afirma. A primeira fase do projeto foi concluída com o apoio da Secult (Secretária de Cultura do Espírito Santo), e continua independente em 2018. Após o lançamento as mulheres mantiveram seus encontros, agora mensais, com intuito de pensar ações práticas para fortalecer o coletivo, além de reuniões para compartilhar textos, cozinhar e se confraternizar.


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Foto: Henrique Montovanelli

Presidente eleito da Desportiva é preso e futuro do clube é uma incógnita

Edney Costa, foi preso por envolvimento com tráfico internacional de droga; participação da Locomotiva Grená no Capixabão 2018 é um mistério José Renato Campos

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ma notícia caiu como uma bomba na Desportiva Ferroviária. No começo deste mês, dia 06 de dezmbro, o presidente eleito do clube, Edney Costa, que tomaria posse em janeiro de 2018, foi preso pela Polícia Federal (PF), por envolvimento com tráfico internacional de droga. Durante a operação, foram apreendidos 246 kg de cocaína em um contêiner. A droga estava misturada junto de uma carga de milho, e tinha como destino final a Espanha. A apreensão ocorreu na cidade de Vila Velha. O empresário Edney Costa foi eleito presidente da Desportiva no dia 31 de agosto. O seu mandato teria início a partir do dia 1º de janeiro de 2018 e iria até o dia 31 de dezembro de 2020. Costa participava dos bastidores do clube há 22 anos. Durante o período, ele já desempenhou diversas funções administrativas e diretivas dentro da Locomotiva Grená. Futuro é incerto Apesar de tomar posse apenas em 2018, Costa estava à frente

das ações do clube para a próxima temporada. Ao lado da comissão técnica, ele tinha participado da montagem do elenco para a disputa do Campeonato Capixaba 2018, além de negociar patrocínios para viabilizar recursos para a contratação dos atletas. Dias após a prisão, ele renunciou ao cargo por meio de uma carta divulgada pelo seu advogado Raphael Soeiro. Nela, o agora ex-dirigente se diz inocente e acredita que a justiça será feita. De acordo com Costa, a renúncia se deu pelo pedido incessante da sua família para que ele deixasse o cargo e pelo prejuízo à imagem do clube. Dentro de campo o futuro ainda é incerto. O diretor de futebol, Fabiano Rossato, que tinha assumido o cargo na manhã da prisão de Edney Costa, no dia seguinte ao ocorrido, liberou todos os atletas da pré-temporada para a disputa do Capixabão 2018, que tinha sido iniciada no último dia 04 de dezembro. Uma nova data para a reapresentação dos atletas foi marcada para o dia 02 de janeiro, porém, até lá os jogadores estão liberados para a negociar com outros clubes.

Foto: Henrique Montovanelli


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