No Entanto - 74ª edição

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Edição 74-Junho de 2017

Jornal Laboratorial Universidade Federal do Espírito Santo

Moradias precárias e desemprego motivam ocupação em Vitória p.3 Foto: Iury Demuner

Foto: Nicolas Alves

‘Suruba’ faz aniversário

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População se mobiliza em prol do meio ambiente na Grande Vitória p.6

Foto: Bernardo Barbosa

Foto: Rebeca Virginia

Empresas ao redor da Ufes adotam descontos para universitários p.8

Nova gestão promove reestruturação no futebol capixaba p.10 Foto: Alice Soares


No Entanto Jornal Laboratorial produzido pelos alunos do 3º período de Comunicação Social - Jornalismo da Ufes para a matéria Laboratório de Jornalismo Impresso Equipe Alice Soares, Ana Carolina Favalessa. Ana Luíza Dias, Andressa Ventura, Artur Meireles, Beatriz de Paula, Carmen Oliveira, Cecília Miliorelli, Daniel Pasti, Daniel Santiago, Isabella Bellumat, Iury Demuner, Kennedy Pezzin, Lucas Santos, Marcus Vinícos Freire, Mariana Cristina, Mariah Friedrich, Matheus Galvão, Nicolas Alves, Paula Romanha, Rebeca Virgínia, Reinaldo Fonseca, Sthefany Duhz, Vinícius Viana, Yvena Plotegher.

Editores Ana Luíza Dias, Daniel Pasti, Sthefany Duhz, Marcus Vinícios Freire, Yvena Plotegher

Diagramação Alice Soares, Lucas Santos, Matheus Galvão, Marcus Vinicios, Vinicius Viana Logo Gabriel Moraes Professor orientador Rafael Bellan

EDITORIAL A última publicação do Jornal No Entanto, produzida pelos alunos da turma 2016/1, trazia como destaque os cortes do Governo Federal sobre a Ufes, questão que afeta diretamente a rotina dos estudantes e dos servidores da universidade. Desta vez, na edição 74, as 12 páginas do No Entanto irão abordar os temas mais ligados à vivência universitária, movimentos sociais, iniciativas populares em prol do meio ambiente e reestruturação do futebol capixaba. A equipe de estudantes de terceiro período de jornalismo se deparou com inúmeras pautas, mas percebendo a importância da linha sócio-política, traz como destaque a ocupação do antigo prédio do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), no centro da capital, por famílias que reivindicam direitos humanos básicos. Acreditamos no compromisso do jornalismo e pretendemos discutir temas relevantes para a sociedade. Nossas matérias vêm com o intuito de mostrar mais de um lado da história, com uma abordagem não convencional. Aos que nos leem, uma boa leitura! A turma. Sigam-nos no Facebook! Para sugestões de pauta, críticas e dúvidas, entrem em contato: fb.com/JornalNoEntanto


No Entanto Edição 74 - Junho de 2017

SOCIEDADE

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Desempregados reivindicam moradia em ocupação no Centro de Vitória Famílias vêm de periferia e denunciam condições de moradia POR: ARTUR MEIRELES, CECÍLIA MILIORELLI, IURY DEMUNER, MARIAH FRIEDRICH E STHEFANY DUHZ

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Militantes do Movimento Alto Grande Vitoria ocupam prédio do IAPI no centro da capital.

erca de 250 pessoas ocupam o prédio do antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), no Centro de Vitória, reivindicando que se cumpra o direito humano e constitucional a uma moradia digna. Famílias que integram o movimento Alto Grande Vitória não conseguem mais custear uma casa por conta do desemprego. Antes da ocupação do IAPI, as famílias estavam na Casa do Cidadão, após terem sido expulsas do terreno da ‘Fazendinha’ no final de abril por policiais da Companhia Independente de Missões Especiais e da tropa montada. Eles saíram da Casa do Cidadão após um acordo com a prefeitura. Elias Toledo, 40 anos, atua na ocupação desde abril e espera que o governo garanta um espaço para que ele e sua família possam residir. Desempregado, pai de uma criança de 1 ano e com uma mulher grávida, mora de aluguel em

Jardim América, Cariacica. “Eu morava num barraquinho, mas o dinheiro estava tão curto que eu optava por comprar comida para minha família ou pagava o aluguel. Para quem nunca teve oportunidade, casa é difícil de arranjar”, desabafa. Foi realizada uma pesquisa que traça o perfil socioeconômico das pessoas que atuam no Movimento Alto Grande Vitória. Todos os entrevistados estão em situação de desemprego. O aluguel compromete significativamente a renda de 92% dos ocupantes. Já 83% das famílias vivem em espaços com concentração maior do que 3 pessoas por quarto. Cerca de 40% vêm de uma habitação precária (estrutura física deficiente) e 16% disseram que dividem moradia com outra família. A pesquisa revelou que a maioria veio de cidades onde predominavam o latifúndio e o agronegócio; locais de desigualdade fundiária e social. Todas as famílias ouvidas na pesquisa viviam em áreas periféricas da Grande Vitória.


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SOCIEDADE

No Espírito Santo, cerca de 20% das famílias estão em situação de déficit habitacional, que é verificada a partir de quatro características da moradia: habitação precária; coabitação familiar; ônus de aluguel urbano (quando compromete mais de 30% da renda); e adensamento excessivo. O cálculo foi feito pelo Instituto Jones do Santos Neves, em 2016, com base nos Programas Sociais do Cadastro Único (CadÚnico).

Organização do Movimento Todos os dias os ocupantes recebem doações de mantimentos, roupas e materiais; é feito um cadastro de tudo que entra e sai do edifício. Na cozinha improvisada por eles, são realizadas quatro refeições por dia, café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta.

Acontecem três reuniões durante o dia, em que o grupo se divide em três equipes e se organizam para a limpeza, comida e controle da convivência no imóvel. As salas são partilhadas com base no tamanho da família. Eles utilizam tonéis para a reserva da água, que vem da

rua, e improvisam salas menores para tomarem banho. O movimento conta com a ajuda de mais de 30 sindicatos e entidades, como os movimentos Brigadas Populares e Movimento Nacional da Luta pela Moradia (MNLM), que direcionam a ocupação.

Famílias exigem respostas do governo A coordenadora do MNLM Maria Clara da Silva, 82 anos, começou sua luta pelo direito de todos os cidadãos a uma moradia digna durante a Ditadura Militar. “Eu despertei para isso depois de ler em um livro que ‘toda lei emana do povo e em seu nome deve ser exercida”, relembra. “Se as autoridades não derem conta de garantir os direitos da população, vai se instalar um caos social. Eu penso nessas crianças, nas pessoas que trabalharam tanto por esse país e têm que passar por isso. Nunca vi tanto homem chorando”, lamenta.


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A militante do movimento Magna de Oliveira, 41 anos, foi recentemente demitida de uma empresa terceirizada que prestava serviços de limpeza. Por não poder pagar mais o aluguel, terá que sair do barraco onde mora. “Eu nunca vou ter condições de ter uma casa, se quando eu era jovem não deu, não vai ser agora com as forças indo embora. E a coisa só vai apertar, porque não tem mais emprego”, expressa.

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“Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.”

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“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”

Brincadeiras e atividades para crianças A ocupação no IAPI recebe o auxílio do Grupo de Apoio Pedagógico, com suporte da professora do Departamento de Educação da Ufes, Ana Carolina Galvão. O grupo recolhe doações de brinquedos

e material pedagógico para atividades e oficinas infantis. A professora enfatiza que a luta por moradia é contrária à retirada de direitos dos trabalhadores, expressa nas reformas trabalhistas e previdenciárias. “A

população, sem esclarecimento, não compreende a importância de realizar esse combate e, como educadora, não deixo de acreditar que a educação escolar tem papel da maior relevância nesse processo”, destaca.


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CIDADES

Iniciativas populares de conservação ambiental ganham força na Grande Vitória

Moradores organizam ações que propagam o cuidado com o meio ambiente

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POR: ALICE SOARES, CARMEN OLIVEIRA, MATHEUS GALVÃO, REINALDO FONSECA E YVENA PLOTEGHER

oradores da Grande Vitória se articulam por meio de projetos de conservação ambiental que atraem cada vez mais adeptos e apoiadores. As iniciativas buscam promover a limpeza de locais degradados, desenvolver senso crítico na população a respeito do meio ambiente a partir de ações coletivas e fomentar uma interação entre a própria comunidade e o local onde vivem.

Articulação pelas redes sociais Um grupo de jovens de Vila Velha criou a Associação Ubuntu, com o objetivo de conscientização a partir de práticas sustentáveis coletivas. Frequentadores das praias, eles tiveram a ideia de criar um projeto que mobilizasse as pessoas não só a reparar os danos já existentes

por meio da limpeza das praias locais, mas também que promovesse a conscientização e a realização de ações individuais. Por uma iniciativa espontânea, criaram um evento no Facebook e em um dia conseguiram reunir 50 pessoas para realizar a limpeza na Praia Secreta, em Vila Velha. “Isso nos motivou de uma forma incrível e, depois desse primeiro evento, a gente tomou paixão e percebeu que se juntarmos nossos esforços de pouquinho a pouquinho, cada um fazendo a sua parte, em conjunto conseguimos uma coisa grande”, contou Lucas Faria, um dos idealizadores do projeto. As ações coletivas da Associação Ubuntu são elaboradas, principalmente, por meio de sugestões que eles recebem nas redes sociais, com fotos e vídeos de locais onde há poluição. Então, é feita uma visita até o local para

avaliação da situação e o convite para que todos participem.

Alunos se mobilizam

Com representantes dos cursos de oceanografia de todo o país, inclusive da Ufes, o projeto Oceano à Vista foca na conscientização da população e não apenas em eventos que irão resultar em soluções momentâneas. “Uma coisa que a gente tenta colocar no projeto é que não seja uma ação pontual, pois isso pode gerar uma melhoria muito minimizada com um aspecto local, enquanto as pessoas vão continuar sujando”, disse Luan Amaral, estudante de oceanografia e representante do Oceano à Vista na Ufes. Outro foco da iniciativa é informar sobre a profissão do oceanógrafo e sua importância para a gestão costeira das praias. “Acho esse projeto importante,


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CIDADES

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porque conseguimos aumentar um pouco a visibilidade da minha profissão, já que a oceanografia não é muito conhecida e as pessoas às vezes não sabem o que nós fazemos, além disso, vamos as conscientizando de pouco a pouco e mudando as suas ideias”, contou.

Pelos olhos do morador

Ao falar dos impactos ambientais no meio urbano e a relação que eles estabelecem com iniciativas de preservação da natureza, é impossível não associar esses dois fatores aos moradores e a importância que dão para mudar o cenário em que se encontram O estudante e residente de Vila Velha, Nicolas Nunes, ao ser questionado sobre o tipo de impacto sofrido pelos moradores, comenta que há uma preocupação com a situação das praias do local, e a sujeira advinda dos navios que trafegam pela área. “Sempre tenho preocupação com a limpeza das nossas praias, porque constantemente vêm resíduos dos navios, que são despejados no mar e chegam à costa. Então sim, somos afetados pela sujeira, mas já foi bem pior” disse Nunes.

Cinema e ação ambiental

também realiza oficinas e cinedebates O presidente do Grupo Nação e membro da Associação de Moradores de Jaburu, Cosme de Jesus , comenta que a ideia para a realização das ações conjuntas surgiu da necessidade de um tratamento periódico da questão do lixo. A exibição dos filmes foi feita justamente para criar um elemento atrativo, e enfatiza que o público que recebe um maior foco é o infantil, devido à necessidade da criação de valores acerca de temas como coleta seletiva e reciclagem. “É uma maneira atrativa de gerar esse debate. Chamar as crianças para trabalhar a questão do lixo é mais fácil que os adultos que já tem um conceito em mente”, comentou Jesus. Cosme diz que o Ecocine mantém parcerias com a Prefeitura de Vitória e outro cineclube em Jardim Carapina. Também diz que pretende expandir o projeto, vendo o impacto que ele pode causar de forma positiva.

Partindo da iniciativa de um grupo de moradores de Jaburu, em Vitória, o Ecocine busca incentivar os moradores da comunidade a participarem efetivamente da limpeza de locais da comunidade e propõe uma Preocupação antiga reflexão acerca do lixo. O Instituto Jacarenema de PesO projeto além de promover mutirões para a limpeza de lo- quisa Ambiental (INJAPA) tem cais em que há pontos de lixo como foco a manutenção da ba-

cia hidrográfica do Rio Jucu, em Vila Velha. Trabalhos no Morro do Moreno, nas ilhas próximas à cidade, e com informação ambiental, por meio de ações de manutenção de áreas naturais, palestras e expedições também são realizados pelo Instituto. O presidente do INJAPA, Petrus Lopes, diz que a ideia para o local surgiu em campeonatos de surf e o contato íntimo com o rio. “Percebemos que deveria haver algo que pudesse reverter esses quadros de degradação do rio, que pudesse gerar informação e condição para a conservação, de atuação na política ambiental”, disse Lopes. Petrus comenta que durante o período de atividades do Jacarenema, já foram realizadas parcerias com várias Instituições, como Universidades e escolas, o Instituto para Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), a Organização não Governamental, Sinhá Laurinha, que tem forte influência em políticas ambientais, a Amabarra, que trabalha com orquídeas na Reserva Ecológica de Jacarenema, e até mesmo com o Governo do Espírito Santo.


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ECONOMIA

Comércio busca fidelizar universitários

Empresas ao redor da Ufes adotam descontos universitários para atrair clientes e estudantes aprovam

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POR: ANA CAROLINA FAVALESSA, ANA LUÍZA DIAS, PAULA ROMANHA, REBECA VÍRGINIA RODRIGUES E VINÍCIUS VIANA.

eguindo uma crescente tendência em vários setores, algumas empresas têm procurado oferecer descontos a alunos matriculados no ensino superior. O objetivo é equilibrar a diferença entre o rendimento e as despesas, contribuindo com a permanência desse público. Além de iniciativas nacionais, como a do aplicativo de streaming Spotify, que anunciou em abril deste ano um desconto de 50% na assinatura para universitários em sua versão Premium, alguns estabelecimentos próximos à Ufes também apostam nessa estratégia. Segundo a professora de Ad-

ministração da Ufes Simone Fernandes a diversidade do público universitário atrai lojas que buscam fidelizar o estudante, já que em algum momento ele deixará a universidade e será inserido no mercado de trabalho. Por, geralmente, não possuir uma renda fixa mensal, esse público é atraído por diversos tipos de promoções feitas para divulgar essas marcas. “As pessoas vivem numa sociedade de consumo, então, muitas vezes compram porque está com desconto. As lojas sabem que o público universitário é grande e que, na maioria das vezes, não possui muito dinheiro. Então, adotam essa forma de divulgação

que ajuda a empresa e ao mesmo tempo o universitário, porque ele pode adquirir tanto o produto quanto o serviço por um preço melhor”, comenta Fernandes. Mas é necessário cautela para que tudo seja bem aproveitado. Segundo a professora, o cliente precisa conhecer bem o desconto e o estabelecimento, avaliando se ele realmente vale a pena. “É legal essa nova leitura que se faz, principalmente em torno das universidades, porque é uma forma de enxergar o mercado com mais uma opção, mas, o consumidor tem que conhecer o que é esse desconto e se ele é um desconto real”, afirma Fernandes.

Isic (International Student Identity Card) A Carteira Mundial do Estudante é válida em mais de 44 mil estabelecimentos em cerca de 130 países, oferecendo descontos e benefícios a estudantes. Com ela, é possível ir a restaurantes, shows, albergues e viajar por preços mais econômicos, incentivando o intercâmbio cultural. Além disso, o documento é o único reconhecido mundialmente e garantido pela Unesco, órgão da ONU dedicado a unir os povos em relação à cultura.


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ECONOMIA

Fisk

em Goiabeiras, até 50% de desconto para universitários;

Cow Fish

na Rua da Lama, até 10% de desconto no buffet;

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Farm

10% de desconto nas lojas.

Comércio e estudantes enxergam oportunidade de investimento Devido à proximidade com o público universitário, alguns estabelecimentos localizados na Rua da Lama, no bairro Jardim da Penha, têm buscado oferecer esse benefício. O restaurante japonês Cow Fish, por exemplo, oferece 10% de desconto para universitários e alunos das escolas ao redor. “Adotamos para aumentar as vendas e atrair mais estudantes para cá. Nós sabemos que estudantes gastam muito com cópias, por exemplo, então, qualquer desconto acaba sendo bem vindo” comenta Cleidison Santana, funcionário do restaurante. Outro exemplo é a franquia de cursos de idiomas, Fisk, que oferece até 50% na redução do preço aos estudantes do campus

de Goiabeiras da Ufes. “Por estar em frente à Universidade, a instituição se vê na necessidade de oferecer algum diferencial aos estudantes do campus, tendo em vista que o inglês hoje é fundamental para a boa formação profissional de qualquer área”, afirma Pierre Navarro, gerente de relacionamento da empresa. De acordo com a professora Simone Fernandes, descontos universitários são boas estratégias para atrair um cliente, por conta do público heterogêneo dentro das universidades. “De alguma forma, essas pessoas estão inseridas dentro de um grupo com opinião muito forte, gerando retorno para aquele negócio, fazendo com que ele seja conhecido e divulgado” afirma Simone.

A aluna de Publicidade e Propaganda da Ufes Giulia Vieira afirma que os descontos oferecidos pelo restaurante ajudam os estudantes em sua economia diária e reconhece que isso os fidelizam como clientes. “O restaurante chama a atenção pelo diferencial do desconto e acabamos voltando sempre lá, pois sabemos que podemos comer com preços razoáveis mesmo para o orçamento estudantil”, comenta Giulia. “É necessário porque, enquanto estudantes, dedicamos nosso tempo para futuramente acrescentarmos à sociedade. Então, o desconto universitário pode ser lido como um investimento do estabelecimento em nós como clientes”, finaliza a universitária.


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ESPORTES

POR: ANDRESSA VENTURA, BEATRIZ OLIVEIRA, DANIEL PASTI, ISABELA BELLUMAT, KENNEDY PEZZIN

Nova gestão da federação promete retorno à elite do futebol Metas para voltar às glórias do futebol brasileiro

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futebol capixaba caminha a passos largos para a reestruturação. Nas décadas de 1980 e 1990, o Espírito Santo possuía representantes em todas as principais divisões do campeonato brasileiro e times competitivos. Porém, a queda de rendimento nos anos 2000 colocou o futebol do estado nos últimos patamares de nível futebolístico no Brasil. Antes presença constante com campanhas de respeito, os times capixabas começaram a cair de divisão rapidamente e hoje amargam o ostracismo. O quadro, porém, está prestes a mudar. O novo presidente, Gustavo Vieira, promete reerguer o futebol do estado, com um plano de gestão que promove uma série de mudanças que vão desde a profissionalização das equipes ao fortalecimento das categorias de base. Um dos principais pilares desta reestruturação passa pela presença de times capixabas no campeonato brasileiro. A assessora de comunicação da Federação de Futebol do Espírito Santo, Ana Mayka Gaudio, falou sobre a gestão de Gustavo Vieira. A utilização do Kleber Andrade e o novo formato do Capixabão são fruto da reforma promovida pela nova gestão e auxiliam bastante no projeto de reestrutura-

Foto: João Brito

ção do futebol do estado. “Em relação à série D, estamos em contato direto com o governo para auxiliar os clubes. O nosso futebol não tem mais tempo para ações de reestruturação à longo prazo. Estamos buscando medidas imediatas”, concluiu. As equipes A caminhada começa com a Associação Ferroviária Desportiva Vale do Rio Doce e o Espírito Santo Futebol Clube, duas equipes muito diferentes entre si. A Tiva é um dos times mais tradicionais do futebol capixaba e segunda maior campeã estadual com 18 títulos e foi novamente campeã em 2016 com uma vitória sobre o Rio Branco na final. Já o Santão, fundado em 2009, é um dos times mais novos do

estado, e fruto de investimentos privados. Teve um período de inatividade entre 2012 e 2013, mas retornou ao futebol para ser campeão invicto da série B de 2014 e, desde então, se consolidar como potência capixaba. Foi campeão da Copa Espírito Santo em 2016 e conquistou a vaga para a competição nacional pela seletiva capixaba para a Série D, disputada entre os semifinalistas da Copa ES. “Tenho acompanhado o trabalho que está sendo feito com bastante seriedade, a começar pelas contratações”, disse Bernardo Barbosa, assessor de comunicação da Desportiva. Ele também comenta sobre o clima leve no vestiário da equipe grená. “O clima é ótimo, os jogadores assimilaram muito


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ESPORTES

bem e estão gostando do trabalho do Rafael. O pessoal está focado no acesso e os jogadores já se conhecem, o que facilita muito no entrosamento do time”, afirmou, ainda comentando sobre a mescla de experiência e jovialidade do elenco. O assessor do Espírito Santo, João Brito também falou sobre o dia a dia do time. “A preparação está muito mais pegada. A série D é um campeonato mais forte e a equipe se reforçou bem”, declarou. João também comentou sobre o método de gestão clube-empresa, do qual o Santão foi pioneiro no estado. “A gestão como clube-empresa é muito organizada, os salários não atrasam, é tudo em dia e isso faz a diferença”, afirmou. Uma boa campanha é esperada e, segundo João, seria um gatilho para o crescimento do futebol capixaba. “A subida à série C abre espaço para mais um time na série D. Abre portas para nós e para as outras equipes”, disse. O jornalista da Rede Gazeta, Richard Pinheiro, falou a respeito da expectativa sobre as campanhas dos times. “Sinceramente, estou bem animado. Vejo que as duas equipes se reforçaram. Já vi a evolução dos times e acredito que pelo menos um passe da primeira fase”, disse. Sobre a evolução do futebol capixaba a partir de uma boa campanha, Richard disse que o objetivo principal deve ser o acesso à Série C. “É necessário bater essa meta por que só assim veremos uma melhora no nosso futebol e é garantia de calendário cheio”, complementou.

Na primeira partida das equipes na competição, a Desportiva, que caiu em um dos grupos mais difíceis, com Portuguesa, Bangu e Vila Nova, perdeu por 1x0 para a Lusa no Canindé, em São Paulo. Agora a Tiva pega o Vila Nova em casa e precisa da vitória para se recuperar. Já o Espírito Santo tem Boa Vista, Caldense e RB Brasil como adversários na primeira fase e, estreando em casa, ficou no 0x0 com o RB. O próximo compromisso do Santão é contra o Boa Vista no Rio de Janeiro e a equipe também precisa da vitória após o tropeço em seus domínios.

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Foto: Reprodução Facebook

Foto: João Brito


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CULTURA

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Monumento Universitário completa 30 anos

Data comemorativa será festejada dia nove de junho

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POR: DANIEL SANTIAGO, LUCAS SANTOS, MARCUS VINICIOS FREIRE, MARIANA CRISTINA ROCHA E NICOLAS ALVES

m dos maiores símbolos artísticos da Universidade Federal do Espírito Santo, o Monumento Universitário, completa 30 anos de sua inauguração, que ocorreu no dia 10 de junho de 1987. A escultura, localizada no Centro de Artes (CAr), campus Goiabeiras, foi planejada e concebida pelo artista plástico José Carlos Vilar Araújo, com participação de alunos e servidores que atuaram como colaboradores. A solenidade do aniversário do Monumento Universitário ocorrerá no dia 09 de junho, no local da obra. O monumento remete a elementos humanos em movimento e representa a mobilização da comunidade universitária. Sua elaboração se deu por meio de um projeto de pesquisa sobre arte em concreto, que envolveu pesquisadores dos centros de Artes e de Tecnologia. O conceito da obra foi proposto pelo professor Vilar e o projeto estrutural por Carlos Augusto Calmon Nogueira da Gama, professor já aposentado do curso de Engenharia Civil. O projeto foi aprovado na época pelo ex-reitor José Antônio Saadi Abi Zaid, que exerceu seu mandato de 1984 a 1988. O professor Vilar conta que, com o fim da ditadura militar, em 1985, a Ufes tomou outros rumos. A agitação política dentro

da universidade e a participação dele em movimentos sindicais foram os fatores que inspiraram a concepção do projeto, que hoje é um dos maiores símbolos materiais da universidade.“Foram dois anos de planejamento e execução da obra. A participação dos diferentes segmentos da comunidade acadêmica, alunos, funcionários, e professores é inegável, e é isso que a estátua busca transparecer: a união entre eles”, afirma Vilar. O professor conta que o fato de a obra estar em um espaço público possibilita uma interação maior dela com a população. “Muitas pessoas não tem tempo de ir a um museu ou às vezes se sentem receosas de visitar um”, ressalta. Dessa interação, e de uma possível conotação erótica dada pelo olhar do observador, surgiu o apelido “Suruba” dado pela comunidade acadêmica à estátua. A escultura ganhou esse apelido, também, devido às festas que aconteciam ao seu redor, frequentadas tanto por estudantes quanto por pessoas de fora da universidade. Mas para a estudante do curso de Artes Visuais Vivian Siqueira o monumento perdeu o seu sentido filosófico ao ser nomeado de “Suruba”. “Infelizmente houve uma banalização da obra em si e o sentido de “suruba” como

algo festivo acabou sobressaindo, assim tirando a carga histórica que a obra contém”, afirma. A Prefeitura Universitária está fazendo uma análise sobre a visibilidade do monumento, que sofre interferência visual por causa das árvores e do mato que ficam ao seu redor. O setor ambiental da universidade estuda a possibilidade de remanejar ou de podar as árvores, e o setor de manutenção está verificando as questões da iluminação e da limpeza do pó de minério que está na escultura.

José Carlos Vilar Araújo, atualmente aposentado, foi professor de escultura e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo por 35 anos. Atuou no campo de pesquisa em arte contemporânea e, durante sua docência, envolveu-se em laboratórios de pesquisa e projetos de extensão, abrangendo os cursos de graduação e pós-graduação. Com relação à arte contemporânea, Vilar é um artista reconhecido em todo o Espírito Santo e um produtor de grandes obras que convidam à reflexão.


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