Jornal NoEntanto - Edição 98

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NO ENTANTO Jornal Laboratório - UFES | edição maio - 2019

Imóveis abandonados não cumprem função soCIAL NO CentrO DE Vitória De acordo com a legislação, imóveis ociosos podem ser multados e até mesmo desapropriados p. 6

Cultura

Leis de incentivo fomentam a produção cultural capixaba p. 3

Educação

Ufes acolhe mais de 6 mil alunos estrangeiros na última década p. 4

sOCIEDADE

Comerciantes falam sobre a interdição do mercado da capixaba

Contraponto

p. 9

Governo cria grupo de trabalho para avaliar Educação redução da tributação projetos de extensão p. 10 do cefd se destacam entre a comunidade

Crônica: “Velhinho do 506” por Izabela Toscano

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Expediente edição, arte e diagramação Beatriz Heleodoro Gabriela Brito Eduardo Carvalho Esther Mendes Hérick Coutinho Marcus Vinícius Reis Newton Assis Rafael Sguerçoni

Redação

Eduardo Carvalho Isadora Fadini Mylena Ferro Myllena Viana Newton Assis Noélia Lopes Rafael Sguerçoni Teresa Breda

digital e mídias sociais Aline Almeida Anderson Barollo Andressa Antunes Arthur Chiesa Beatriz Bessa Beatriz Heleodoro Camila Borges Eduarda Moro Esther Mendes Gabriela Brito Hérick Coutinho Izabela Toscano João Paulo Rocha João Vitor Castro Luisa Cruz Marcus Vinícius Reis

logo Gabriel Moraes

Professor orientador Rafael Bellan

editorial Um novo ciclo NO ENTANTO começou. Agora, nós, da turma de jornalismo 2018/1, que assumimos o compromisso e a responsabilidade de levar informações e notícias com criticidade, continuamos o nosso trabalho trazendo para você, leitor, nesta edição número 98, novos assuntos e temas para refletir, como a situação dos estudantes estrangeiros na UFES, sem deixar de apresentar nosso contraponto com relação às pautas discutidas pela mídia tradicional. Desta vez, o jornal traz mais temas sobre sociedade e educação, com uma abordagem social das ocupações de prédios no centro de Vitória e o papel da universidade com os projetos de extensão ofertados pelo CEFD UFES, mantendo algumas das nossas demais editorias (com exceção de política, saúde e esportes), e o nosso toque literário das charges e crônicas. Além disso, nesta edição, falaremos um pouco mais do ambiente cultural, tentando abordar a existência ou não de leis de incentivo à cultura capixaba, a temática da diminuição sobre os impostos do cigarro e da situação dos comerciantes após a interdição do Mercado capixaba. Assim, nós esperamos que aproveitem a leitura. Um abraço! Turma de Jornalismo 2018/1

Noe nas redes facebook.com/jornalnoentanto @jornalnoentanto

No Entanto

Jornal laboratorial produzido pelos alunos do 3º período do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo , da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras | Vitória, ES Email: noentanto@gmail.com Telefone: (27) 4009-2603

@noentantojornal


No Entanto Maio, 2019

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Leis de incentivo fomentam a produção cultural capixaba Lei Rouanet e Lei Rubem Braga são os principais recursos de financiamento de projetos culturais no estado. Por Mylena Ferro

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Foto: Reprodução

Para os produtores Daniel e Simone, ainda não é possível prever quais serão os impactos desses cortes na produção cultural capixaba, uma vez que os projetos locais raramente ultrapassam o teto de R$1mi. Segundo eles, as áreas que mais sofrerão com esses cortes serão os grandes circuitos de teatro e os projetos musicais. Já Papel, ao ser perguntado sobre o assunto, afirmou que tais medidas são mais uma falcatrua contra a cultura. “Os governantes dormem e sonham com formas de ir reduzindo os investimentos na cultura, pelo prazer de dominar as massas e que o governo Bolsonaro é uma tragédia para as artes”, afirmou.

Lei Rubem Braga foi sancionada em junho de 1991

projeto seja aprovado e chegue a captar recursos, é necessário que se passe por diversas etapas. Na esfera estadual, a produtora cultural Simone Maçal afirmou que a Lei Rouanet não age com tanta força, pois as grandes empresas preferem patrocinar projetos do eixo Rio-São Paulo, uma vez que esses dão mais visibilidade à marca. “A lei se tornou uma ferramenta de marketing de empresas”, analisa. Já as pequenas empresas, segundo Maçal, ficam com medo de se envolver na Lei Rouanet e, por isso, de serem fiscalizadas com mais rigor.

Foto: Reprodução

principal mecanismo público de incentivo à cultura capixaba é a Lei Rubem Braga, que é municipal e funciona fornecendo isenção fiscal no ISS (Imposto Sobre Serviço) às empresas que patrocinam projetos culturais. Embora seja um importante mecanismo, já está há quatro anos sem abrir editais para aceitar projetos. Segundo o produtor cultural Daniel Morelo, está previsto para que aquela volte a atuar em 2019, no entanto com um orçamento 6 vezes menor e com novas regras, o que, provavelmente, vai afetar a vida cultural do estado. Tal mecanismo divide opiniões tanto no meio artístico, quanto entre os produtores. O cantor e compositor Carlos Papel, por exemplo, ao ser questionado sobre a Lei Rubem Braga, afirmou que ela é uma ótima saída para quem quer apenas produzir o trabalho, mas não disponibiliza instrumentos para competir em igualdade de mercado, além de ter poucos recursos. “A lei serve de oxigênio para quem está começando, no entanto não ajuda muito quem já tem um tempo de carreira maior”, explica. Já para Morelo, a lei é de suma importância para a fomentação da cultura local. Outro dispositivo atuante no âmbito cultural é a Lei Rouanet. Embora muito famosa, há uma grande parte da população que desconhece como ela realmente funciona. A Lei Federal de Incentivo à Cultura, apelidada de Lei Rouanet, utiliza-se do sistema mecenato, no qual o governo abre mão de receber parte de um imposto federal de alguma empresa, para transformá-lo em investimento na cultura. Ela é válida em todo o território nacional e para que um

TROCA DE GOVERNO

Com a recente troca de governo, a cultura brasileira vem sofrendo duras perdas. Para além do fim da independência do Ministério da Cultura, a lei Rouanet, principal mecanismo público de incentivo à cultura do país, teve um corte de 98% em seu teto.

A Lei Rouanet foi criada em 23 de dezembro de 1991


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UFES acolhe mais de 6 mil alunos estrangeiros na última década Brasil investe na internacionalização do Ensino superior através de parceria com países, em sua maioria, africanos e latino-americanos. Por teresa breda

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m busca de um ensino superior de qualidade, estudantes estrangeiros procuram universidades brasileiras e são acolhidos em mais de 100 Instituições de Ensino Superior de todo o país. Apenas na última década, o Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G), responsável por amparar os estudantes estrangeiros e ofertar para estes tratamentos e condições semelhantes aos demais, acolheu mais de 6 mil selecionados. A maior parte destes acadêmicos advém de países do continente Africano como Cabo Verde, Guiné Bissau e Angola, e passaram por um processo seletivo em seu país de origem, além de apresentarem proficiência na Língua Portuguesa. Estão sendo frequentes nos últimos anos cortes na área da educação, principalmente superior e técnica. Entretanto, de acordo com o atual administrador da Secretaria de Relações Internacionais da Universidade Federal do Espírito Santo e Mestre no PEC-G, Frederico Luiz Rigoni e Silva, o governo compreende a necessidade do Programa e não cortou qualquer verba para o PEC-G. “A internacionalização é um fator muito importante no ambiente acadê-

Mestre no PEC-G enfatiza que a internacionalização é um elemento que agrega na formação acadêmica do estudante universitário.

mico, acredito que o Governo tenha compreendido isso”, diz. Melinda Udeagu, está no primeiro período do curso de Medicina da Ufes. “Eu queria um lugar com mais oportunidade e como meu governo estava com muito corrupção, a faculdade as vezes não recebia o dinheiro completo deles. Por isso eu me mudei”, diz a estudante nigeriana. “Queria muito mais do que o que meu país tem”, complementa.

“Queria muito mais do que o que meu país tem” Melinda Udeagu, estudante nigeriana de medicina da UFES.

Joelma Évora veio de Cabo verde para cursar Economia pela UFES e se formou em 2012, hoje é ex-aluna do PEC-G. Na época, ela conta que as universidades de seu país não ofertavam o curso de Economia e se motivou para buscar no Brasil um bom ensino na sua área. A cabo-verdiana relata que nunca passou por problemas financeiros para se sustentar no Brasil, pois tinha ajuda da família, mas notava a diferença de tratamento de seus colegas. “Saí do curso e teve colegas que nunca conversei, sequer um bom dia...mas teve uma vez que houve uma aluna de intercâmbio dos EUA e vi que o tratamento era diferente...eu era a africana”, relata.


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5 Programas voluntários Criado em 2015, o Programa voluntário ANJOS é um projeto da Secretaria de Relações Internacionais da UFES formado por membros da comunidade acadêmica - estudantes, professores e servidores - que promove uma interação com os estudantes estrangeiros e se responsabiliza em aproximá-los, ajudá-los, informá-los e orientá-los dentro do espaço acadêmico. A “Construção de cidadania por meio da língua: Curso de Língua Portuguesa e cultura brasileira para estrangeiros e refugiados” é um projeto de extensão que, em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais e outras instituições, ensina Língua Portuguesa para refugiados e estudantes em mobilidade. Laís Bussular Romão, formada em Letras-Português no segundo semestre de 2018, trabalhou um ano e meio no projeto. “Acho que não só a internacionalização da Língua Portuguesa mas a vinda desses estrangeiros e a troca cultural que acontece é muito grande”, conta. Ela coloca que a maioria dos estrangeiros que vêm para cá se sentem perdidos e sem voz. “É muito importante que a língua seja um acolhimento que, no país em que eles estão chegando, se sintam acolhidos”, afirma. Mesmo tendo feito curso de Língua Portuguesa antes de vir para o Brasil, Melinda diz que sua maior dificuldade no início era a língua. Meses após sua chegada, a nigeriana sente-se mais segura ao se comunicar e

não participa de nenhum curso no momento, mas enfatiza que acha importante a existência de projetos como este na universidade. “Acho que não só a internacionalização da Língua Portuguesa mas a vinda desses estrangeiros e a troca cultural que acontece é muito grande”. Laís Romão trabalhou como professora no projeto de línguas

Experiências fora do PEC-G Mesmo conhecendo o programa, há imigrantes que vêm por conta própria para o Brasil e decidem estudar e se deparam com muitas dificuldades e, apesar disso, conseguem estudar e passar nas provas de vestibular. Como é o caso de Brayan David Rios Oliveiros, venezuelano que está no Brasil desde 2012. Ele conta que veio para o Brasil e ingressou na Universidade de Vila Velha, mas não concluiu o curso, pois passou na UFES em Educação Física. Meses depois, estudou e conseguiu se transfe-

rir para o curso de Medicina. Atualmente, o venezuelano está no sexto período do curso e possui três trabalhos distintos. “Tenho que trabalhar para sobreviver”, complementa. Mesmo com as dificuldades, Brayan não se arrepende de ter vindo para o Brasil e está feliz pelo seu curso e seus trabalhos. Sua mãe de 72 anos veio recentemente da Venezuela para morar com o filho e está desempregada. No entanto, ele sofre com a situação atual de seu país: “Sou grato por ter vindo cedo para o Brasil e ter conseguido o que tenho hoje. Espero que o sofrimento dos venezuelanos acabe”. Mesmo com as dificuldades, o Brasil continua sendo um destino para os estudantes e referência em estudos das diferentes áreas de conhecimento.

“Sou grato por ter vindo cedo para o brasil e ter conseguido o que tenho” Brayan, estudante venezuelano de medicina

Estudante da venezuela relata a necessidade de trabalhar, mesmo com os horários de estudos apertados.


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Imóveis abandonados não cumprem função soCIAL NO CentrO histórico DE Vitória De acordo com a legislação, imóveis ociosos podem ser multados e até mesmo desapropriados

Fonte: Vitor Taveira

Por Isadora Fadini

Fachadada Ocupação Chico Prego, localizada no Centro da Capital

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atos, pombos e baratas. Foi o que a moradora da ocupação Resistência Urbana, Marlucia Abade, relatou ter encontrado quando ela e cerca de quarenta famílias ocuparam um dos mais de 100 prédios abandonados no Centro de Vitória. Os dados são de um estudo feito em 2018 pela Defensoria Pública do Espírito Santo. O estudo levou em consideração municípios com mais de 90 mil habitantes e tinha como objetivo verificar o cumprimento do Estatuto das Cidades no que se refere à fiscalização da função social da propriedade. “A Constituição Federal assegura que todo imóvel deve cumprir sua função social e também

garante instrumentos para fiscalizar e penalizar proprietários que violem a Lei, como o IPTU progressivo, por parte dos municípios e até mesmo a desapropriação desses imóveis”, explica o defensor público e membro do Núcleo de Defesa Agrária e Moradia da Defensoria Pública Estadual, Vinícius Lamego. Lamego aponta que nos munícipios analisados pela Defensoria, a fiscalização não ocorre por falta de interesse do poder público e os verdadeiros prejudicados são às pessoas que não tem condição de pagar por uma moradia. Levantamentos realizados pelas prefeituras das cidades localizadas na região metropolitana de Vitória

apontam que mais de mil pessoas vivem atualmente em situação de rua, sendo cerca de 700 delas só na capital. O defensor público acredita que muitas dessas pessoas poderiam ser beneficiadas se as políticas públicas fossem efetivamente implementadas, garantindo com que imóveis ociosos fossem utilizados para moradia popular. Por conta da ineficiência no cumprimento da Lei, uma alternativa que muitas pessoas encontram é recorrer às ocupações, que hoje sobrevivem com a ajuda de movimentos sociais. Esse foi o caso de Abade. Atualmente ela vive em uma casa com mais quatro famílias no Centro.


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A moradora reclama do descaso da prefeitura e do governo do estado. “A nossa relação com a prefeitura é nenhuma. Já tentamos vários diálogos com o prefeito Luciano Rezende, mas ele nunca apareceu. É um absurdo a forma como somos tratados pela polícia. O antigo governo enviava tropas e a cavalaria para tirar imediatamente as pessoas que ocupavam prédios pertencentes ao estado”, conta. No prédio onde vive, estão mais de cem pessoas, entre elas crianças, idosos e deficientes. “A gente também sofre preconceito da população porque a mídia nos retrata como baderneiros, desocupados e invasores. Nós não somos invasores, somos ocupantes. Temos toda uma organização e conscientização com as famílias que vivem aqui”, relata a moradora.

Segundo dados da Fundação João Pinheiro, o Espírito Santo possui cerca de 171 mil domicílios em condição se serem ocupados ou em construção, sendo 140 mil localizados em áreas urbanas. Em 2018, o déficit habitacional foi tema de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e reuniu representantes dos legislativos estaduais e municipais, bem como representantes de movimentos sociais e demais entidades civis ligadas à questão da moradia. Na ocasião, foi montada uma comissão para tratar sobre o assunto e elaborado um documento a respeito das demandas da população. Contudo, de acordo com Lamego, nenhuma ação prática efetiva foi concretizada.

Déficit habitacional no Brasil Os dados da Fundação João Pinheiro sobre a realidade nacional são ainda mais alarmantes. Em 2015, o número de imóveis vagos no Brasil ultrapassou 7,2 milhões, 6,35 milhões das quais em condições de serem ocupados e 886 mil em construção ou reforma. Em 2008, o déficit habitacional quantitativo – que representa o número de pessoas que não tem casa – chega a 22 milhões de brasileiros. Já o déficit qualitativo, que traz o número de pessoas que vivem em situação extremamente inadequada atinge 53 milhões de pessoas. Juntos, os números representam 1/3 da população brasileira.

Crédito: Isadora Fadini

Déficit habitacional absoluto por região em 2015.

Dados: Fundação João Pinheiro


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Projetos de extensão do CEFD UFES se destacam entre a comunidade O Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da UFES reafirmam o papel da universidade com atividades oferecidas para o público externo. Por NOÉLIA LOPES

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Questionado sobre a razão do destaque entre o público externo, principalmente crianças e adolescentes, o coordenador de extensão, Ubirajara de Oliveira, cita que todas as universidades têm projetos de extensão, que não é uma particularidade da Educação Física, mas ela aparece mais porque são atividades práticas, que as pessoas gostam”. A maioria das ações contemplam crianças, jovens, e universitários, mas, há também espaço para a participação dos adultos, da terceira idade de pessoas portadoras de alguma deficiência, que também são atendidos em projetos como o ANDORA (dança), a Hidroginástica e o LAEFA, atividades desenvolvidas para um trabalho de transformação da condição física. Ao citar o papel de transformação dessas ações, de acordo com a professora Raielly Dias “a

prática de atividade física traz resultados com o tempo e é gratificante depois de um tempo você observar melhoras na pessoa, e vê que é algo importante”. Segundo registros da Coordenação de Extensão, o CEFD conta hoje com 700 alunos matriculados no controle de dados, número que pode ser maior, pois muitos projetos ficam por responsabilidade e autonomia dos professores. Com relação ao caráter educativo dessas atividades, além de possibilitarem as práticas dos próprios alunos da UFES, oferece também um espaço para socialização entre universidade e comunidade externa de forma efetiva. Pois para o coordenador, o papel da Universidade é de atender ao público do entorno, e a Educação Física é um curso de extensão. Foto: Reprodução do Facebook

s projetos de extensão são ações oferecidas pelas universidades com o objetivo de compartilhar os conhecimentos adquiridos com a comunidade externa, que em parceria com o ensino e a pesquisa constitui os três pilares de sustentação da instituição federal. Dentro desse contexto, na UFES, as atividades desenvolvidas pelo Centro de Educação Física e Desportos estão entre os mais procurados pelo público. O funcionamento e a organização da universidade quanto a esses projetos são gerenciados pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), que fica responsável pelo registro, certificação, cadastro de bolsistas, editais de fomento, divulgação das ações de extensão e manutenção desses projetos, e pela Câmara de Extensão (um grupo de professores que fazem a avaliação dessas ações). No CEFD, as atividades ficam sob supervisão da Coordenação de extensão. Atualmente o CEFD possui 42 projetos (sendo 33 registrados, segundo a coordenação responsável por eles). Atividades como danças, esportes (futsal, handebol, basquetebol, vôlei), hidroginástica, natação, etc., práticas voltadas para a movimentação e o exercício corporal.

Projeto Andora UFES este ano estará na espanha para apresentações.


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“eles falaram que iam fechar tudo e nós iamos sair” afirma comerciante Desde Junho de 2017, o ponto histórico encontrava-se em situação de abandono até a sua eventual interdição, deixando comerciantes desalojados. por newton assis

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Foto: Mylena Ferro

osé Cabral, 62 anos, é um dos comerciantes afetados pelo desalojamento do Mercado da Capixaba, um dos principais patrimônios culturais do Centro Histórico de Vitória. Cabral começou a trabalhar no local há cerca de 30 anos quando seu irmão, Gilmar Cabral, conseguiu o alvará da prefeitura de Vitória para montar seu negócio dentro do prédio. Os irmãos e cerca de mais seis artesãos utilizavam o espaço para vender artesanatos e peças de fabricação própria, além de reunir a produção de artesãos de outras áreas, sendo a principal fonte de renda deles. O prédio foi interditado pela Defesa Civil Municipal e pelo Corpo de Bombeiros sob o pretexto de desabamento, sem nenhuma autorização para atividades no interior do imóvel. No entanto, Cabral afirma que não é essa a real situação. “O prédio não está caindo, isso é mentira! O que o prédio precisa é de restauração!” afirma. Para a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade (Sedec), o prédio não corre risco de cair, porém a reforma seria um fator necessário. Todos os comerciantes, incluindo Cabral, tiveram seus contratos encerrados e recebe-

Atualmente, José Cabral vende suas mercadorias perto do mercado.

ram intimações para desalojar o estabelecimento. Uma multa era gerada a partir de cada dia que o local continuasse aberto. Um comerciante que prefere não ser identificado disse que as multas chegavam ao valor de R$ 855. “Multa teve, nós ficávamos abertos e a multa vinha. A prefeitura simplesmente mandou fechar e falou que íamos embora” declara. Essas multas estão coladas numa das paredes no interior do prédio, sendo um total de 12 multas recebidas. Cabral ainda comenta que a prefeitura de Vitória não ofereceu nenhuma assistência para os comerciantes dispensados do mercado e ainda expressou sua

indignação com o governo atual. “O dono do mercado já tinha 40 anos aqui dentro, a prefeitura simplesmente falou que ia lacrar tudo e que a gente ia embora”. A “descentralização” e situação de abandono do Centro de Vitória também é um tópico que os comerciantes alegam prejudicar suas vendas. A chegada de shoppings e comércios mais atraentes nos outros bairros da cidade é um potencial fator para o esquecimento contínuo do centro e, consequentemente, do Mercado da Capixaba. Cabral fala que isso junto com a falta de incentivo tanto cultural quanto econômico do estado colabora para as coisas estarem como estão.“Tudo está indo para o lado de lá e aqui centro de Vitória - está ficando vazio. O real porque eu não sei, mas acredito que seja má administração. Esse problema causa danos a todos nós, danos não só financeiros” conclui. Em entrevista à Gazeta Online, o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória, Leonardo Krohling, afirma que com a reforma do mercado o entorno do Centro fique mais movimentado e traga mais oportunidades de trabalho e investidores, sanando o problema dos comerciantes.


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GOVERNO CRIA GRUPO DE TRABALHO PARA AVALIAR REDUÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DOS CIGARROS Mídia se mostra preocupada com o foco da medida sobre os cigarros

Crédito: Rafael Sguerçoni

Por RAFAEL SGUERÇONI

Fonte: Vigitel Brasil 2011 a 2017: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico.

E

m Março de 2019, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, criou um grupo de trabalho (GT) para avaliar a redução da tributação sobre os cigarros fabricados no Brasil. De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial, a proposta é “diminuir o consumo do cigarro estrangeiro de baixa qualidade, o contrabando e os riscos à saúde decorrentes do produto.” Com o aumento desses impostos sobre o cigarro, a taxa de fumantes caiu de 14,8% em 2011 para 10,1% em 2017, perdendo de 11 a 12 bilhões de reais em arrecadação da venda do produto. Assim, a indústria tabaqueira vem pressionando por uma revisão desses impos-

tos com o argumento de que a medida estimula o comércio ilegal de cigarros estrangeiros no Brasil. Segundo o ministro da Justiça, quase metade do mercado tabagista do Brasil é dominado pelos cigarros paraguaios, cuja qualidade é inferior comparado aos cigarros nacionais que têm um maior controle de segurança. Mas uma questão que parece ser bem pertinente é a seguinte: existe cigarro de melhor qualidade? Existe câncer de pulmão de melhor qualidade? A mídia se mostra receosa quando questiona as consequências da diminuição desses impostos, por ser contrário ao que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e invalidar tudo o que já foi

conquistado durante esses anos podendo, assim, agravar ainda mais o que já é um problema de saúde pública, principalmente entre a população de baixa renda. Afinal, quanto mais barato um produto, mais fácil o acesso a ele. Mas esses veículos ignoram a hipótese de Moro não estar focado na saúde com essa medida. Se fosse o caso, o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não afirmaria que só soube da criação do grupo de trabalho na data de publicação da medida no Diário Oficial da União. Além disso, por que reduzir os impostos sobre cigarros, enquanto mantém os altos impostos sobre medicações? Vale apontar o fato de que políticas de monitoramento das fronteiras a fim de impedir o contrabando poderiam ser propostas para investir, visto que no ano passado, o Paraguai demonstrou intenção de atuar de forma mais ativa em controle do tabaco e no combate ao contrabando de cigarros. Portanto, se olharmos essa medida pelo viés econômico, a criação desse GT pode ser vista como um sinal do governo à reivindicação dos fabricantes dessa indústria. De qualquer forma, o grupo de trabalho tem um prazo de 90 dias para entrega de um relatório final desses estudos.


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Charge BALBÚRDIAS:

POR GABRIELA BRITO

CRÔNICA

vELHINHO DO 506 Num ônibus lotado ninguém repara muito no que acontece a sua volta. Até porque num lugar onde o espaço individual é limitado, qualquer mínima interação com outro ser humano desconhecido é considerada invasiva. Por isso, me atenho a olhar o trânsito, os borrões da estrada, meus próprios pensamentos manchados e eita, tô encarando aquele cara. Desvia o olhar...desvia o olhar... A graça está em burlar essa convenção social da brincadeira do sério e conversar com a pessoa do seu lado. Basta uma pergunta ou um “bom dia” para perceber o quão fascinante pode ser a individualidade de cada ser humano. A menina chorando por problemas familiares, o professor aposentado por invalidez, o cara que sabia tudo sobre poços artesianos, a mãe levando a filhinha pro trabalho toda quarta-feira...

POR IZABELA TOsCANO Mas nesse caso, foi o velhinho que puxou conversa comigo. Andava todo santo dia três quilômetros de estrada de chão para ir para escola com seu caderninho na mão. Voltava da escola direto pra roça onde morava, brincava e trabalhava. Ô se trabalhava. Fazia de tudo: cortava cana, colhia café, batata, laranja... Ainda criança, trocou o verde pelo cinza indo para Vila Valério. Estudou mais um pouco e parou na quinta série. Veio para Grande Vitória se assentar numa casinha aqui na Serra e resolveu ficar. Sabe que tem uma prima em algum lugar de Vitória, mas só a viu quando foi visitar a tia doente em Vila Velha. Filhos? Uma estudou num colégio adventista em São Paulo depois foi para Argentina, mas resolveu fica no Brasil mesmo. Ele acha que eu deveria estudar num colégio adventista também,

porque segundo ele eu ia me dar bem. Sinceramente, não sei o que isso quer dizer. Já viajou bastante pra São Paulo só pra ver a filha, mas não mora lá de jeito nenhum. Gosta da casinha dele aqui. Ah, tem outro filho em Portugal com netinhos e nora. Ele mesmo disse “quando a gente fica velho, perde a graça de tudo”, quando perguntei se gostava de futebol. Não lê jornal, só assiste. Não sei se faz palavras cruzadas, mas sei que não tem espaço para fazer uma horta em casa. Na verdade eu acho que ele nem quer ter uma... Hoje é aposentado e tirou o dia para levar sua amiga no dentista. Quando perguntei seu nome ele me disse que era “um nome de menina”. Ele segurou minha bolsa e eu retribui com uma boa conversa. Saí do ônibus feliz com um ponto a mais para pensar. A individualidade dele, agora faz parte da minha.


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