O São Paulo - 3314

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14 | Papa Francisco | 10 a 15 de setembro de 2020 |

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Nova encíclica, ‘Todos irmãos’, será assinada em 3 de outubro em Assis Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO

A nova encíclica do Papa Francisco será assinada na cidade italiana de Assis, em 3 de outubro. Intitulada Fratelli tutti (“Todos irmãos”, na tradução em português), a encíclica é a terceira de seu pontificado. Deve abordar o tema da “fraternidade humana” e a necessidade de união entre os povos, especialmente na atual pandemia de COVID-19. Circulavam rumores em Roma sobre

a elaboração deste novo texto do Papa. A confirmação, porém, aconteceu apenas no sábado, 5, pelo porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni. Segundo ele, a encíclica será “sobre a fraternidade e a amizade social”. O Papa irá a Assis, dando uma ênfase franciscana ao documento. Celebrará a Santa Missa diante do túmulo de São Francisco de Assis, de forma privada (sem fiéis), e retornará no mesmo dia ao Vaticano. Observadores da Santa Sé esperam que, além de marcar este momento histórico para a humanidade, que enfrenta a

pandemia, a encíclica reúna os principais apelos feitos pelo Papa nos últimos meses. Entre eles está a noção de que “estamos todos no mesmo barco”, como disse na oração de 27 de março, em que estava sozinho na Praça São Pedro, enfatizando a necessidade de a humanidade voltar seu olhar para Deus, que a acompanha em períodos de sofrimento na História. Além disso, Francisco tem falado nos últimos dias sobre o papel das religiões na articulação da paz; a promoção da cooperação internacional para resolver proble-

Descobrir estilos de vida simples após a pandemia Vatican Media/set.2017

A atual pandemia nos forçou a adotar estilos de vida mais amigáveis para com o meio ambiente, disse o Papa Francisco na mensagem para a celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, comemorado em 1° de setembro. “A crise, de certa forma, nos deu a possibilidade de desenvolver novos modos de viver”, escreveu. “Foi possível constatar como a Terra consegue se recuperar se a permiti- Francisco no Parque dos Fundadores, na Colômbia, durante viagem apostólica em 2017 mos repousar: o ar ficou da manutenção das coisas como atitudes, como o consumo de mais limpo, as águas mais transestavam. “Temos que desfrutar parentes, as espécies animais volenergia, produtos, transporte e taram a muitos lugares dos quais deste momento decisivo, para alimentação. “Temos que tirar das haviam desaparecido”, observou. pôr um fim a atividades e finalinossas economias aspectos não dades supérfluas e destrutivas, e Ele acrescentou que “a panessenciais e nocivos, e dar vida demia nos coloca em uma encultivar valores, ligações e projea modalidades frutíferas de cocruzilhada”, dando dois camitos geradores.” mércio, produção e transporte de nhos possíveis: o da mudança e o Isso só é possível mudando bens”, insistiu o Santo Padre. (FD)

mas mundiais; o pedido de cessar-fogo global (fim dos conflitos locais e internacionais); a canalização de recursos da produção de armas, para a saúde e o combate à desigualdade; o perdão da dívida dos países pobres, para que possam se concentrar no combate à pandemia; a destinação da ajuda econômica aos setores que empregam e são ecológicos, sustentáveis; e o apelo do cuidado ao meio ambiente, que ficou em segundo plano, assim como os problemas sociais, como a pobreza, as guerras e o desemprego.

A correção fraterna como ‘remédio’ para as comunidades Quando um irmão ou irmã errar, antes de falar mal é preciso ajudá-lo a melhorar. Esse ensinamento bíblico, da “correção fraterna”, foi o tema central da pregação do Papa Francisco na oração do Angelus, no domingo, 6. A mensagem vem do Evangelho segundo São Mateus (18,15-20), no qual Jesus ensina sobre a vida em comunidade e o respeito pela consciência individual. “Para corrigir o irmão que errou, Jesus sugere uma pedagogia da recuperação”, comentou o Papa. Primeiro, tenta-se alertar a pessoa individualmente, “não para julgar, mas para ajudar a perceber” o erro. Só depois se pode trazer outras pessoas, em privado, para conversar sobre o problema. A maior tentação nesse contexto, para a qual o Papa usa a metáfora da doença, é a fofoca. “Quando vemos o erro do irmão, normalmente a primeira coisa que vamos fazer é contar a outros, fofocar. A fofoca fecha o coração da comunidade, fecha a unidade da Igreja”, disse. “A fofoca é uma peste mais feia do que a COVID”, acrescentou Francisco, pois, em sua análise, “o grande fofoqueiro é o diabo, que sempre vai dizendo as coisas ruins dos outros, porque ele é o mentiroso que procura desunir a Igreja”. (FD)


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