2 | Encontro com o Pastor | 10 a 15 de setembro de 2020 |
cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo
E
m breve, teremos eleições municipais em todo o Brasil para a renovação do Legislativo e do Executivo nos municípios, que são a base da organização política do Estado brasileiro. Essas eleições se referem às administrações locais, nas quais o povo percebe melhor e tem mais condições de avaliar o desempenho dos seus governantes e legisladores. Elas são especialmente importantes porque definem as bases de apoio para as instâncias estaduais e federais da vida política. O voto dos eleitores está domiciliado nos municípios. Neste ano, a campanha eleitoral será bastante diferente das anteriores por causa das alterações na legislação eleitoral e da pandemia de COVID-19, que ainda afeta o Brasil. Será, sobretudo, mais breve, menos visível em eventos notórios publicamente e realizada muito mais pelas mídias sociais e meios eletrônicos. O efeito disso no comportamento
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br
Os cristãos e as eleições dos candidatos e dos eleitores ainda é uma incógnita e poderá ser avaliado somente depois que saírem os resultados das eleições. Tudo isso, porém, não diminui a importância dessas eleições e a necessidade de que todos os cidadãos desempenhem bem, por meio da participação ativa no processo político-eleitoral, seu direito e dever de cidadania. E vale também para os cidadãos católicos, que não devem ficar alheios à vida política, mas participar da promoção do bem comum. O Papa Francisco, em certa ocasião, observou que é falso dizer que um bom católico não se interessa pela política. E confirmou: um bom católico deve estar interessado na política e oferecer o melhor de si para que o governante governe bem. Como foi feito em outras ocasiões, também neste ano eleitoral os bispos católicos estão promovendo a orientação política para as suas comunidades. Desde logo, fique claro que não se trata de apoio a partidos ou de recomendação do voto para determinados candidatos: a lei eleitoral brasileira e a própria lei da Igreja vetam esse tipo de atitude dos líderes da Igreja. Trata-se de orientações básicas sobre a organização política do
Brasil, os ensinamentos da Doutrina Social da Igreja a respeito da participação na vida política, os direitos e deveres de cidadãos e governantes e esclarecimentos sobre questões relativas às eleições municipais deste ano. Nas cartilhas disponibilizadas, também se indicam as qualidades de um bom político e o que se espera dele no cargo que pretende ocupar. A Igreja no Brasil, por meio dos bispos reunidos em sua conferência episcopal (CNBB), já promoveu muitas iniciativas esclarecedoras e educativas acerca da participação na vida política. Diversas vezes, a Campanha da Fraternidade abordou tanto temas relativos à vida política no Brasil e à promoção do bem comum quanto a justiça social, a solidariedade e a paz. A Igreja Católica participou ativamente da promoção de leis de iniciativa popular para moralizar a política, como as leis das eleições limpas e da “ficha limpa”. Em inúmeras ocasiões, a CNBB, em nome do episcopado católico, pronunciou-se e tomou posição em relação a questões da vida política, econômica e social do País. Essas manifestações nem sempre são bem compreendidas e acolhidas, sobretudo por quem pensa que a Igreja e seus representantes
devem se ocupar apenas da “vida espiritual” das pessoas. Quando a Igreja Católica se manifesta por meio do Papa e dos bispos sobre questões da vida pública, ela o faz motivada pelo seu dever de servir a comunidade humana e de participar na edificação do bem comum. Suas motivações não são a conquista do poder político, que não lhe compete, e sim suas convicções, baseadas no Evangelho de Cristo e nos princípios morais decorrentes de sua fé. Como instituição presente na sociedade, com reconhecimento público, ela tem o direito e o dever de participar da edificação da sociedade. Em particular, cada católico, como cidadão, tem esse direito e dever, que não lhe pode ser negado pelo fato de praticar e seguir uma fé religiosa. Ele deve ser um sujeito político consciente e interessado na promoção do bem da cidade, escolhendo candidatos idôneos e competentes para o exercício dos diversos cargos políticos. E a cartilha colocada à disposição do povo pelas organizações da Igreja Católica em São Paulo quer ser uma contribuição para que a participação no processo político e eleitoral deste ano aconteça de maneira consciente e responsável.
Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.