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Porto Alegre, agosto de 2012 - 1a quinzena

Imagem: Julie McAnary/sxc.hu

IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Ano XVIII - Edição N o 615 - R$ 2,00

Crise no catolicismo: o que fazer?

“E vós, quereis ir embora também!?” A resposta de Pedro deve ser nossa resposta: “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna” A secularização atual mudou a visão de mundo e de transcendência. Pelo que, é possível explicar, culturalmente, a diminuição do catolicismo e a ameaça de se tornar religião minoritária no País. Nesse sentido, as manchetes da grande mídia impressa e da televisão sobre a revelação das práticas religiosas, no último Censo, foram, no mínimo parciais e simplificadoras. Não seria mais uma orquestração para diminuir a credibilidade e força de persuasão e de incidência na vida das pessoas? Cabe perguntar: crise de religiosidade ou de institucionalidade? A resposta parece óbvia: a crise é das instituições, das igrejas, não da religiosidade, da espiritualidade, em nível mundial. O que nos cabe? Somente uma sincera conversão para nos tornarmos vigorosos católicos missionários. Páginas 2 (Editorial) e centrais

"É fácil dizer que se ama aos que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar aos que vivem ao nosso lado".

(Madre Teresa de Calcutá)

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RTIGOS

Editorial

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

A crise das instituições

O filho de Deus

diminuição do número dos que praticam uma religião, embora real, não é um fenômeno novo. As migrações de uma religião ou igreja a outra, também vêm acontecendo ao longo do tempo. O próprio cristianismo, em seu início, foi resultado de uma migração de judeus e povos de várias crenças do mundo então conhecido para a crença cristã ou, mais especificamente, para a crença cristã-católica. Agora, se fala em crise da Igreja católica. É uma simplificação da leitura de um fenômeno complexo e que envolve vários aspectos. Desconfia-se, não sem razão, de uma intenção não-revelada na atual publicação exaustiva da diminuição do número de católicos no Brasil. Entre estas, pode-se incluir a intenção de diminuir o “poder” da Igreja no contexto brasileiro: se uma instituição perde em número de membros, perde, também, em poder, perde em credibilidade e, como consequência, diminui sua força de persuasão e de incidência na vida das pessoas. A pergunta que cabe é: vivemos uma crise de religiosidade ou de institucionalidade? A resposta parece óbvia: a crise é das instituições, das igrejas, não da religiosidade, da espiritualidade. O próprio fenômeno da migração religiosa, não é, em si, uma migração de religiosidade, mas de institucionalidade. Passa-se de uma igreja a outra, de uma religião a outra, identificando religião com igreja. Mas não estaria exatamente nesta migração um sinal evidente de que as pessoas buscam novas experiências de religiosidade porque aquela que se vive na sua igreja, esgotou, não lhes fala mais, já não as faz vibrar, não lhes oferece apelo para uma participação real, efetiva e afetiva? Há dois mil anos, muitos seguiam a Jesus também porque percebiam nele um novum que lhes era desconhecido na cultura e nas práticas religiosas tradicionais. Diante deste quadro, o quê? Sem querer oferecer soluções baratas para a deserção atual da Igreja católica para outras igrejas ou, mesmo, para a confissão de um ateísmo passivo ou ativo, a atitude primeira e fundamental está no desafio que Jesus lança aos seus amigos mais próximos: “E vós, quereis ir embora também!?” A resposta de Pedro deve ser nossa resposta: “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna”. Por outro lado, a acomodação ou o domínio pelo maior número de adeptos é sempre anti-evangélica. Jesus nunca se preocupou com o número de seguidores; ele quis e quer homens e mulheres apaixonados pelo Reino, pela utopia de um mundo justo, onde o amor solidário é o mandamento central e a medida das relações entre as pessoas. Diante da atual crise de deserção da Igreja católica, cabe a nós, cristãoscatólicos, ser testemunhas vivas e atuantes deste amor solidário que faz toda a diferença na prática da nossa fé. (attilio@livrariareus.com.br)

escobrimos uma diferença essencial e uma complementaridade indispensável entre a Bíblia e a tradição. Ambas nos levam ao encontro com Jesus Cristo, não num passado distante de dois milênios, mas no presente: aqui e agora. A primeira garante os conteúdos fundamentais, e a segunda proporciona a seiva da vida. A Bíblia é o texto da lição e a tradição, o pedagogo. Ignorar ou distanciar uma da outra é perder o contato com Jesus Cristo.

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Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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O Concílio Vaticano II alargou a visão cristã para o mundo. Falou das sementes da revelação divina, espalhadas pelo universo. No século XXI, Collins, ao desvendar o código genético, fala da arte de decifrar a linguagem de Deus, o mesmo que Kepler, ao contemplar o universo, quatro séculos antes, exprimia ao dizer que ali lia os pensamentos de Deus. A humanidade, em todos os povos e culturas, encontrou sinais de Deus. Solicitamente os recolheu e os transformou em objetos de culto. São Paulo dirá aos atenienses que os homens procuram Deus, em toda parte, como que às apalpadelas. Voltamos, por isso, novamente ao sinédrio de Jerusalém. Tem diante de si uma pessoa, cujo prestígio abalara a opinião pública, não pela força das armas ou do poder, mas pela pregação e pela presença solícita em prol dos mais carentes. Na consciência de ser o órgão supremo para o julgamento das questões religiosas, com o aval de uma aliança com o próprio Deus, deve julgar Jesus de Nazaré. Fá-lo de modo solene. O sumo sacerdote se levanta em meio à assembleia do sinédrio, conjura, em nome de Deus, para obter uma resposta oficial e definitiva de quem é este homem. Não lhe interessa, em primeira mão, o que os homens dizem dele: havia muitas opiniões contrastantes. Não se chegaria nunca a um consenso. Opiniões são opiniões. Não atingem a certeza da verdade. A palavra definitiva será, pois, dele: de Jesus de Nazaré. Jesus, também em tom solene, como a circunstância exigia, confirma, nas duas etapas do interrogatório: primeiro

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

sua missão e, depois, sua natureza. Ele é o Cristo, o que preenche as promessas veterotestamentárias de um Salvador, prometido por Deus, à semelhança de Moisés. É, pois, o esperado das nações. Mas logo acrescenta o inaudito: é o próprio Filho de Deus. Em outras palavras, Deus veio, em pessoa, visitar a humanidade. Mas não como estranho e transcendente. Tornou-se homem, o que se exprime teologicamente por “encarnou-se”. São Tomé, ao vê-lo ressuscitado, prostrou-se diante dele para proclamar: “Meu Senhor e meu Deus”. Reconhece, no ressuscitado, não só o sinal de Deus, mas a própria presença pessoal de Deus. São João, no prólogo de seu Evangelho, exclama: “a palavra se fez carne e habitou entre nós”. Dentro da grande tradição religiosa da humanidade, isto não deveria, a rigor, causar surpresa. Deus como que preparara, não só pela orientação do Antigo Testamento, como também pelas religiões humanas em geral, este grande momento. Um dia ele não apenas se manifestaria por sinais e não só se deixaria descobrir pelas realidades criadas, mas, em pessoa, se tornaria presente e visível entre nós. Satisfaria assim o desejo de toda humanidade, de vê-lo. Moisés expressara-o na montanha sagrada: queria ver a face de Deus. Filipe repete o pedido a Jesus: mostra-nos o Pai e isto nos basta! Recebe, como resposta: “quem me vê, vê o Pai”. Deus se tornou visível entre nós por meio de seu Filho. Vale o provérbio: tal pai, tal filho. Jesus é a imagem do Pai, porque é seu filho. Chegamos ao ápice da história das religiões e ao cume da revelação divina, prenunciada no Antigo Testamento.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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A desconstrução da família Ileno Izídio da Costa Psicólogo, terapeuta familiar, doutor em Psicologia

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família como entidade intermediária entre a sociedade e o indivíduo nunca esteve tão em discussão quanto nas últimas décadas. Na sociedade brasileira, com os assassinatos de pais, maridos, esposas, filhos e avós por pessoas da própria família, com a violência física e sexual, com o roubo e sequestro de crianças, passou-se a questionar o que está acontecendo com os valores morais, afetivos, relacionais e de respeito. O discurso comum afirma insistentemente que a família está decadente. Tragicistas afirmam que é a morte da família. As reflexões psicologistas ou sociologistas não esgotam a complexidade de tais experiências.

Jayanta Behera/sxc.hu

Antes, é necessário afirmar que a família não existe como entidade única, universal, que se aplica a todas as culturas e realidades humanas. Os conceitos e expressões tradicionais sobre família não mais valem para a família moderna. A família patriarcal, tradicional, com papéis masculinos, femininos, direitos e deveres claramente definidos está de fato deixando de existir. Podemos dizer que essa família está morrendo, agonizando... No entanto, a família não se reduz a papéis ou funções predeterminados porque está em constante interação, sofrendo e impondo ações e reações, com os demais sistemas – como o próprio indivíduo, a sociedade, a religião, a escola, a economia. Nesse sentido, é preciso mudar o foco de análise da família como unidade objetiva, precisa, para uma noção mais complexa ou mesmo "pósmoderna". Vejamos como seria isto.

A família é um sistema aberto

A teoria familiar ensina que a família é um sistema aberto composto por subsistemas (conjugal, parental, filial, fraterno). Ela subsiste através de um relativo equilíbrio, mas sofre e gera modificações em suas relações. Embora possamos identificar papéis, limites, fronteiras, segredos, mitos, etc, não podemos generalizar ou querer que determinadas características de uma família sejam padrão para todas. É aqui que se fundamenta a afirmação "não existe uma família universal". São diferentes as manifestações das relações familiares e as famílias movem-se entre saudáveis e doentes, exemplares e disfuncionais, ideais ou simplesmente possíveis. Nesta linha de compreensão, começamos a contemplar todas as possíveis (e imagináveis) manifestações familiares que, hoje, podemos dizer, estão revelando suas facetas agressivas, disfuncionais, doentias mesmo, que sempre existiram. Mas que procuraram esconder, sob a égide da família ideal, todas as mazelas e alegrias inerentes ao relacionamento familiar.

Precisamos trabalhar por um relacionamento do tipo familiar mais saudável e mais feliz!

A família ainda é – e quero crer que não deixará de ser – o lugar privilegiado de crescimento, desenvolvimento de valores, afetos e emoções responsáveis por estruturar os indivíduos e, por fim, a sociedade. Mas, isso não pode significar apenas alegrias, prazeres saudáveis ou amor eterno. É preciso ver o inverso inerente a todo conceito ou

realidade da existência humana. Onde há amor, existe como correlato negativo o ódio; onde há afeto há violência, onde há carinho há negação de existência, onde há idealização há negação e morte. Essas elaborações não apontam para uma visão negativista da família, mas antes para a desconstrução da dimensão que o conceito e a reflexão positiva escondem. Assim, o choque com os últimos acontecimentos nas relações familiares (no mundo inteiro, e não só no Brasil) não passa de uma primeira reação àquilo que era negado, escondido e rejeitado. E apontam para a necessidade de (re) pensarmos as relações familiares não tão somente da ótica da moral imperante, mas também das morais e sofrimentos subjacentes a ela. Podemos afirmar que é preciso pensar a família em termos "pós-modernos", ou seja, contemplar a pluralidade e as complexidades das manifestações familiares, dos sofrimentos e das experiências humanas. Somente assim poderemos começar a

não apenas nos assustar com as diferentes manifestações de relacionamento familiar, mas compreender o que acontece com as múltiplas possibilidades humanas desse vínculo. Daí em diante, poderemos trabalhar por um relacionamento do tipo familiar mais saudável, funcional e, eventualmente, mais feliz!


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4 Maria Amélia Franco

Antônio Mesquita Galvão

Especialista em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana pela PUCPR

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Somos o segundo país onde mais motociclistas morrem vítimas de acidente de trânsito – são sete mortes para cada 100 mil habitantes. E esse índice tem aumentado a cada ano, de acordo com estudo do Instituto Sangari divulgado em maio deste ano, que aponta, também, outra triste realidade: até o fim de 2012, mais 13 mil motociclistas deverão morrer em vias brasileiras e mais de 40% deles no próprio local do acidente devido à violência do impacto. No entanto, culpar apenas os motociclistas pela tragédia que se instalou no trânsito seria no mínimo injusto e, em última instância, desonesto. A responsabilidade passa por quem regulamenta e fiscaliza o trânsito, pelos centros de formação de condutores, por quem oferece infraestrutura e segurança nas vias (ou deveria oferecer), entre tantos outros. Ao comentar especificamente sobre a formação de motociclistas, uma série de dúvidas pode permear o universo do leitor. É realmente possível reproduzir as condições das ruas em circuitos fechados? As 20 aulas práticas de 50 minutos cada são suficientes para garantir a circulação de novos condutores? E como testar as possíveis situações de conflito que os motociclistas podem vivenciar no trânsito? Certamente, há que se avaliar os vários aspectos que circundam a questão. Motociclistas guiam por pistas esburacadas, com obstáculos, desníveis, em corredores de tráfego intenso, entre condutores e pedestres descuidados, além de, muitas vezes, ficarem no ponto cego dos motoristas. Mais do que uma prova de equilíbrio e conhecimento das regras de circulação, o exame prático para a obtenção da habilitação deveria considerar a habilidade (como sugere o próprio nome) e a destreza do condutor, além de treinar a agilidade de reação diante de imprevistos. Por isso, a realização de provas práticas deveria acontecer, também, nas vias de trânsito intenso. Não há dúvida de que as autoridades precisam enfrentar um verdadeiro desafio que é frear a violência no trânsito, especialmente aqueles que envolvem as “vítimas sobre duas rodas”. Desafio que começa com o aumento da fiscalização, com blitzes permanentes e em locais diversificados onde seja possível verificar documentação, itens de segurança e permissão de uso profissional do veículo (motofrete e mototáxi). Ademais, trânsito não é composto apenas por motociclistas. Também é dever dos motoristas respeitar o espaço das motos que, em relação aos veículos, são mais vulneráveis. E essa orientação pode partir de quem forma novos condutores, por meio da revisão dos cursos de formação. Apresentar aos futuros motoristas a nova configuração desse cenário – que nos últimos anos se transformou a ponto de 50% das pessoas que adquirem motos o fazem em substituição ao transporte público e ao carro – tornase essencial para uma convivência menos traumática para todos. Outra mudança fundamental diz respeito ao comportamento dos envolvidos no trânsito que deveria estar vinculada à regulamentação para a formação de motociclistas considerando a vivência prática deles. Voltar-se à melhoria das ferramentas de fiscalização, ao planejamento da infraestrutura viária calculando o crescimento desta frota e ao esforço em campanhas contínuas de educação. Finalmente, seria necessário encontrar formas de melhorar o transporte coletivo tornando-o mais seguro, ágil e acessível para que ele seja uma opção ao usuário que, atualmente, migra para as motocicletas.

PINIÃO

Acordos espúrios

Vítimas sobre duas rodas maior parte tem entre 21 e 35 anos, é homem e optou por este tipo de veículo para substituir o transporte coletivo. Este é o perfil do motociclista brasileiro, que tem chamado atenção não só pela ocupação em massa no trânsito de grandes e médias cidades, como também pelo crescente número de acidentes em que está envolvido.

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Filósofo, escritor e ex-professor de Ciência Política

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epois que Brizola († 2004) afirmou que para ganhar a presidência da República faria “aliança até com o diabo”, a história dos acordos políticos no Brasil parece que jogou a ética e a fidelidade partidária pela janela. O que chocou a opinião pública recentemente foi um acordo entre Lula e Paulo Maluf (PP-SP), para apoiar Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo. Dirigentes do PP afirmam que o deputado Maluf quer participar da formulação do plano de governo do petista. Maluf e Lula eram inimigos ou adversários até o momento da convergência atual de seus objetivos. A busca do poder não cansa de propugnar esse “vale tudo”. Esses acordos, ou conchavos políticos, não são de hoje. O Partido Social Democrático (PSD) foi um partido político brasileiro fundado em 1945, formado sob os auspícios de Getúlio Vargas, de caráter liberal-conservador, reunindo as elites. Getúlio era um latifundiuário. Ideologicamente oposto, surgiu, na mesma época, o PTB, também sob a inspiração de Getúlio, seu maior líder e no bojo do queremismo, movimento popular cuja divisa era queremos Getúlio e que propunha uma Assembleia Constituinte com Getúlio na presidência da República. Se a ideologia do PSD era de apoio ao empresariado e ao latifúndio, o ideário do PTB favorecia o operariado, o homem do campo e os sindicatos. Durante a ditadura (64-85), os militares inventaram os mandatos “biônicos” (senadores e governadores) para obterem poder de governabilidade. Antes disto, a política do café-com-leite foi um acordo firmado entre as oligarquias estaduais e o governo federal durante a “República Velha” (1898-1930) para que os presidentes da República fossem escolhidos entre os políticos, mesmo adversários, de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite), alternadamente. O móvel de tantas alianças está primeiramente

na caça aos eleitores. Por mais desacreditado que esteja, no concerto político nacional, o prestígio de Maluf é capaz de canalizar alguns milhares de votos decisivos para Haddad. Depois da eleição só as alianças podem garantir a governabilidade, pois sem maioria no Legislativo ninguém governa. Nos países adiantados, onde a democracia é fato consumado, depois de corrido o pleito, vencedores e vencidos fecham campanha em favor do país, esquecendo ódios e picuinhas do período eleitoral. No Brasil, com essa pífia vocação que temos para a democracia e um golpismo latente, os perdedores não só torcem como também fazem o possível para que o governo eleito não dê certo, para dar razão aos seus argumentos e preparar um retorno mediato. Mesmo onde a democracia não é top de linha, se observa esse pragmatismo casuísta. Na China, há algumas décadas, na iminência de um acordo comercial com os Estados Unidos, ao ser cobrado por seus pares, o líder Deng Xiaoping († 1997) teria dito: “Para mim não interessa a cor do gato, mas sim que ele cace ratos”. Nas mesmas águas, escutei em tempos pretéritos, um político nordestino afirmar que sua ética começava pelo princípio “perder é feio”. São fins que justificam os meios.

O tijolo Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria

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p re n d i q u e u m h o m e m s ó t e m o d i re i t o d e o l h a r u m o u tro de cima para baixo quando é para ajudá-lo a levantar-se". Um jovem, executivo bem sucedido, dirigia, em alta velocidade, sua nova Ferrari. De repente, um tijolo surgiu e espatifou-se na porta lateral do seu carro. O jovem freou bruscamente e deu ré até o lugar de onde teria vindo o tijolo. Saltou do carro e pegou com raiva uma criança, empurrando-a contra um veículo estacionado e gritou: - Por que isso? Quem é você? Que besteira você pensa que está fazendo? Este é um carro novo e caro. Aquele tijolo, que você jogou, vai me custar muito dinheiro! Por que você fez isto? - Por favor, senhor, me desculpe. Eu não sabia mais o que fazer, implorou o menino. - Ninguém estava disposto a parar e me atender neste local! Lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na direção dos carros estacionados. - É meu irmão. Ele desceu sem freio e caiu de sua cadeira de rodas e não consigo levantá-lo. Soluçando, o menino perguntou ao executivo: - O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas? Ele está machucado e é muito pesado para mim. Movido internamente para muito além das palavras, o jovem motorista, engolindo um imenso nó na garganta, dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cadeira de

rodas. Tirou seu lenço, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem. - Obrigado! E que Deus possa abençoá-lo, agradeceu a criança. O jovem samaritano viu então o menino distanciar-se, empurrando a cadeira do irmão em direção da sua casa... Profundamente emocionado, o jovem fez um longo caminho até a sua Ferrari... Um longo e lento caminho de volta... Após este episódio, nunca mais consertou a porta amassada. Deixou-a assim para se lembrar de não ir tão rápido pela vida e para que ninguém precise atirar um tijolo a fim de obter a sua atenção... Esta história pode nos ajudar a refletir sobre a nossa vida e sobre o quanto prestamos atenção aos necessitados, aos filhos, aos alunos, aos pobres, aos doentes, aos paroquianos... Será que precisamos levar uma tijolada? Será que Deus também precisa nos jogar um tijolo para escutá-lo, para parar um pouco, escutar sua voz, seus apelos e seus sinais de amor em nossa vida? Será que o arcebispo, o clero, as autoridades, os pais e mestres, os jovens também precisam dum tijolo para dialogar, confraternizar, escutar, orar e se converter?


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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A influência dos modelos na educação Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

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omos influenciados por outras pessoas, a moda é um exemplo: aquilo que somos, devemos em boa parte aos outros, porque com eles nos identificamos, ou porque os rejeitamos. O fenômeno da imitação é massivo entre as crianças, elas são o espelho das pessoas significativas que as cercam e dos modelos que lhe são propostos, através de filmes, TV e de outros meios audiovisuais. A influência dos companheiros, entre adolescentes, por outro lado, é marcante. Daí a importância de os pais conhecerem os amigos de seus filhos e estarem atentos a suas possíveis influências. Os adultos, também eles não são infensos à influência dos outros. Veja-se a moda e certos hábitos culturais, como o chimarrão, agora em alta. Foi analisando essas influências que Albert Bandura, um dos clássicos da Psicologia, distinguiu três tipos de modelos: vivos, representativos e simbólicos. Modelo, aqui, não tem o sentido de perfeição, de algo acabado, mas de pessoa que exerce influência em outra.

Modelo vivo

Modelo vivo é aquele que influencia outra pessoa por algum tipo de convivência, supõe-se que haja algum tipo de interação social, o modelo está fisicamente presente. Assim, o pai é modelo vivo para o filho, o professor para o aluno, o amigo para o companheiro. No mundo das relações humanas, todos somos modelos, uns para os outros, no sentido descrito. As crianças são as maiores consumidoras de modelos, justamente porque estão na fase de construção da personalidade e precisam dessa matéria prima. A responsabilidade dos adultos, nesse sentido, é imensa. A consciência desse fato nos levaria a selecionar melhor os modelos para nossos filhos e para as crianças que se encontram nas creches e nas escolas infantis. Parece haver certa inconsciência em relação ao assunto, ou, então, não consumiríamos tanto álcool na presença deles, nem cigarros, e não dirigiríamos de modo perigoso e em velocidade incompatível com a segurança e legislação.

Modelo representativo

Modelo representativo é aquele da televisão, dos filmes, dos meios audiovisuais, aí incluídas as redes sociais, nos quais não ocorre a presença física do modelo. Os modelos, no caso, são representados por personagens que vivem os mais diferentes papéis. Nas sociedades tradicionais, a influência dos modelos próximos e conhecidos era dominante, os quais pertenciam à comunidade imediata do indivíduo. Hodiernamente, contudo, a televisão, o cinema e os meios audiovisuais penetram os rincões mais distantes da aldeia global, e transmitem atitudes, modos de pensar e agir, e de reagir, muitas vezes distintos e até na contramão do que é praticado na comunidade local; e transmitem também, novos estilos de comportamento.

Modelos representativos e sociedade

O emprego crescente desses modelos configura-se como desafio permanente à família, escola e sociedade. Eles propõem, muitas vezes, padrões de comportamento que solapam as próprias bases da família e da sociedade, em formas brutais

de violência e agressão. Muitos são, também, os modelos de corrupção que os mais variados meios disponibilizam, e nas mais diversas áreas, incluindo a política (senador envolvido com bicheiro que é cassado); a magistratura (juiz do Trabalho que deveria promover a justiça e que desvia 169 milhões de reais de obra superfaturada de tribunal de São Paulo); a fiscal (sonegação de impostos), e outras tantas que poderiam ser inventariadas. Esses modelos penetram os lares através dos noticiários televisivos, e também através de novelas. É verdade, por outro lado, que soubemos pela mídia de morador de rua, em São Paulo, que entregou à Polícia 20 mil reais encontrados; também de indivíduos generosos que trabalham gratuitamente para suas comunidades e que são apresentados no programa “Cidadão Legal”, da TV Bandeirantes. Enfim, há muita coisa boa sendo feita por aí e que os meios de comunicação trazem às nossas casas. Quais influências pesarão mais nas crianças e adolescentes? E também nos adultos?

Modelo simbólico

Modelos simbólicos são os encontrados nos livros, textos escritos, desenhos, e que utilizam a forma gráfica. Os modelos simbólicos podem ter sido reais ou não, o que os identifica é a forma através da qual chegam ao indivíduo. A leitura de livro de história, de romance, de conto, de biografia permite o encontro de diversos modelos.

Os fundadores de religião são também modelos. Assim, Jesus Cristo é o modelo dos cristãos, Buda dos budistas e Maomé, dos muçulmanos. É inimaginável a força dos modelos simbólicos: Jesus Cristo inspirou Francisco de Assis, Teresa de Calcutá, Martin Luther King e tantos outros anônimos que buscam nele uma fonte perene de inspiração. Mas há, também, os modelos agressivos e violentos veiculados através das mais diversas revistas, e que são consumidos por crianças e adolescentes de diversas classes sociais. O trabalho do educador, e seu desafio, são motivar as gerações mais jovens para buscarem, na literatura, de modo geral, modelos simbólicos que os ajudem a se estruturarem a partir de padrões de honestidade e generosidade, fundamentos de uma vida digna e que valham a pena.


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EMA EM FOCO

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Catolicismo em crise: crise

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recente divulgação do Censo brasileiro de 2010 sobre o quesito religião agitou a ga parcial ou movida pela permanente necessidade de chocar a opinião pública, esqu cismo recuou como todas as demais religiões institucionalilzadas, especialmente as ser considerado o maior país católico do mundo, a diminuição – Brasil perde por dia quase No de 2010 recuamo

Questão cultural

A religiosidade, enquanto modo de exteriorização espontânea de uma crença, ao lado dos saberes, fazeres, estratégias, ideias, valores, mitos, etc. é uma das formas de expressão cultural. E, como tal, é dinâmica, pois a cultura é dinâmica. Fato que, por vezes, não é acompanhado no mesmo ritmo pelas instituições que ‘domesticam’ certa expressão cultural. Qualquer sistema cultural está em contínuo processo de modificação. Algumas expressões mudam mais lentamente. Outras, de forma mais acelerada, dependendo do grau de agitação cultural do contexto de tempo e espaço em que estão inseridas. E, modernamente, as aceleradas inovações tecnológicas em todos os campos – especialmente nas formas de comunicação e intercomunicação – exercem papel decisivo em mudanças de comportamento, inclusive na religiosidade. E isso faz com que a expressão dessa religiosidade já não se dê através de filiação institucional e, sim, de maneira livre e individual, notadamente nas classes com melhor nível intelectual. Os antropólogos denominam esse proceso de destradicionalização religiosa.

Sem pertença

O proceso desse esvaziamento religioso institucional ocorre há varias décadas, não só no Brasil, bem como nos principais países católicos europeus – Portugal e Espanha. E vem se acentuando desde a década de 1990, período em que a desfiliação de igrejas cristãs históricas refletia diretamente no aumento de filiação nas igrejas evangélicas neo-pentecostais, fenômeno que já não se repetiu na mesma proporção no Brasil, entre o Censo de 2000 e o de 2010. Isto é, conforme apontam avaliações de antropólogos da religião, a ausência dos católicos em suas igrejas não significa, necesariamente, migração para as novas religiões. E isso já estaria preocupando – embora não o admitam – os líderes dessas novas religiões.

Um novo modelo?

Avaliam também os analistas antropossociais que essa desfiliação estaria associada a uma profunda incompatibilidade com a instituição, suas normas e formulações. Mas que a fé continua presente e que não fica também só na teoria: se expressa em ação concreta em benefício das pessoas. Pelo que, o alarde de diminuição do cristianismo, notadamente o catolicismo, feito em cima dos resultados do último censo, carece de análise mais profunda. Porque a religiosidade continua viva. E muito viva! O que está em crise é a religiosidade institucionalizada: os templos estão com menos fiéis, as instituições com menos filiações. Estaria, então, em marcha uma nova forma de religiosidade a permear a cultura atual? Um novo modelo de cristianismo, descolado de igrejas organizadas? Sinal de uma nova forma de relação com o sagrado e seus valores simbólicos?

Falta-nos atitude?

A história lembra que em todas as grandes culturas religiosas que se constituíram desde a mais remota antiguidade oriental até o final da modernidade clássica ocidental as religiões organizadas tiveram seu declínio e retração numérica, processo de que nem o hinduísmo da Índia nem a umbanda – já tida como a religião brasileira por encarnar

a tradição sincrética nacional – escaparam. O que faremos nós, católicos, para estancar esse esvaziamento cristão? Não estaríamos mais seguindo o projeto original que Jes discurso e prática estão ainda de acordo com o que Jesus pregou e qu lhos? Não estaria nossa Instituição mais se assemelhando – em algum todos os defeitos criticados por Jesus na religião de seu povo ao se esquecido que todo o poder perverte e que somente o serviço confere enquanto católicos, devemos agir diante da expectativa de nos to de uma religião minoritária no Brasil? Por qual novo modelo opt propagando a mensagem de Jesus a toda a Terra? Que caminhos es da espetacularização? Pensamos que não, pois Jesus se retirava ao queriam exaltar. Enfatizar mais os movimentos carismáticos e outro tecostal? Uso mais intenso das mídias e das modernas plataformas de social, as denonimadas TI? De qualquer forma, o momento atual – menos que de temor – de nidade. Oportunidade de purificação, busca e fortalecimento de uma a cristã. Redescoberta, refundação de nossa vocação de batizado – e vocações – para ser fermento na massa, seja como sacerdote, religio


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A S ÇÃO

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OLIDÁRIA

e religiosa ou institucional?

ande mídia, mancheteando afoitos títulos sobre o decréscimo do catolicismo no Brasil. Por ueceu-se, essa mesma mídia, de avançar um pouco mais para constatar que não só o catoliconsideradas igrejas cristãs históricas e também as neo-pentecostais. Evidentemente, por e meio milhar de fiéis católicos – salta mais à vista. No censo de 2000 éramos 70 por cento. os para 60 por cento.

o? Falta-nos fervor sus legou? O nosso ue está nos Evangemas situações – com eu tempo? Teríamos e autoridade? Como, ornamos integrantes taremos para seguir scolher? O caminho o silêncio quando O os de tendência pene intercomunicação

eve servir de oportuautêntica identidade estamos no mês das oso, leigo ou casado.

Maior instituição de caridade do mundo Em que pese todo o alarde dos órgãos de formação de opinião pública, não carece entrar em pânico, pois a Igreja Católica é – e continuará sendo, por conta da mensagem de Jesus – a maior ONG de solidariedade do mundo. Milhões e milhões de seguidores – silenciosos e anônimos – vivem intensamente a mensagem central do Evangelho: amai-vos como Eu vos amei. Se a Igreja Católica saísse da África, 60 por cento das escolas e hospitais seriam fechados. Quando a epidemia de Aids estourou nos EUA e as autoridades não sabiam o que fazer, eles chamaram as freiras da Igreja para cuidar dos doentes porque ninguém mais queria fazê-lo. No Brasil, até 1950, quando não existia nenhuma política de saúde pública, eram as casas de caridade que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital. A Igreja Católica mantém na Ásia 1.076 hospitais, 3.400 dispensários, 330 leprosários, 1.685 asilos, 3.900 orfanatos, 2.960 jardins de infância. Na África, 964 hospitais, 5.000 dispensários, 260 leprosários, 650 asilos, 800 orfanatos, 2.000 jardins de infância. Na América, 1.900 hospitais, 5.400 dispensários, 50 leprosários, 3.700 asilos, 2.500 orfanatos, 4.200 jardins de infância. Na Oceania, 170 hospitais, 180 dispensários, um leprosário, 360 asilos, 60 orfanatos, 90 jardins de infância. Na Europa, 1.230 hospitais, 2.450 dispensários, 4 leprosários, 7.970 asilos, 2.370 jardins de infância.

A Igreja e a AIDS

“Onde quer que haja um hospital dedicado à AIDS, tanto na África como na Ásia ou na América Latina, também na Europa, são monjas e padres católicos os que estão à cabeceira da cama para atender os doentes. Nunca encontrei nesses lugares um desses manifestantes que vociferam contra a Igreja. Os missionários e missionárias permanecem à margem dos cartazes e dos discursos políticos. Derramam seu amor sobre os leprosos, os aidéticos, os doentes terminais, os idosos sem teto, os desfavorecidos e desamparados. Mesmo assim, todos os profissionais do jornalismo, sabemos que quando ocorre uma tragédia do tipo das que ocorrem no terceiro mundo, encontraremos com certeza uma missionária ou um missionário, que exercem seu ministério nos lugares mais miseráveis. Nunca falham, essa é a realidade. Obras são amor. Essa é a diferença entre os que vociferam e os que derramam carinho e atenções. Em janeiro de 1967, conheci Teresa de Calcutá, quando ainda não alcançara a celebridade. Passei um dia com ela visitando seus hangares para enfermos terminais. Escutei com atenção o que me dizia. Foi uma lição de quem sabia melhor que ninguém o que consistem as terras duras da fome, o mundo dos desfavorecidos profundos. Soube que estava falando com uma santa. Pois bem, no inferno africano, nas cidades esterqueiras da África, nos povoados de escombros da Ásia, nas favelas brasileiras ou nos paupérrimos povoados peruanos, trabalham para os mais pobres, para os mais desfavorecidos, milhares e milhares de teresitas de Calcutá. Escutei em uma transmissão de rádio, um simpático homosexual falar muito mal do Papa e também contra a Igreja. Resolvi lhe esclarecer: “Dizem que a AIDS está especialmente expandida entre os homosexuais mesmo que já afete os heterosexuais. Certamente, você nunca ficará doente. Mas tenha a certeza de que, se ficar, quem o atenderá com amor e dedicação no hospital será uma monja católica”. Ficou calado o simpático gay, e os participantes da tertúlia se apressaram em mudar de tema”. (Trechos de uma carta de Luis María Ansón - Membro da Real Academia Espanhola).

Imagens: Divulgação

Missões na África

Solidário


8 Cientistas já conseguem detectar

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Alzheimer antes que o mal apareça Um grupo de cientistas norte-americanos desenvolveu uma técnica para detectar sinais do mal de Alzheimer 25 anos antes da doença apresentar seus primeiros sintomas. A pesquisa é a porta de entrada para novos tipos de tratamentos precoces que podem se tornar a melhor chance da medicina para combater a enfermidade. Os cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington selecionaram para o estudo pacientes britânicos, norte-americanos e australianos que possuem risco genético para desenvolver a doença. Dos 128 pacientes examinados, 50% têm chances de herdar uma das três mutações genéticas conhecidas pela ciência que provocam o mal de Alzheimer. O grupo também tem chance aumentada de começar a sofrer da doença a partir dos 30 ou 40 anos – muito mais cedo que a maioria dos pacientes de Alzheimer, que desenvolvem o mal na casa dos 60 anos. Os pesquisadores analisaram os pais dos pacientes para descobrir com que idades eles haviam desenvolvido a doença. A partir disso, começaram a tentar avaliar quanto tempo antes disso era possível detectar os primeiros sinais da enfermidade. Foram realizados exames de sangue, de líquor (fluido espinhal), de imagens do cérebro e também avaliações de habilidades mentais nos pacientes. Os pesquisadores descobriram, então, que era possível detectar pequenas mudanças no cérebro de quem possuía alguma das mutações que no futuro levarão ao surgimento do Alzheimer. Por volta de 15 anos antes do aparecimento da doença, pacientes já apresentavam níveis anormais de uma proteína de células que podem ser encontradas no fluido espinhal. Além disso, imagens do cérebro revelaram encolhimento em algumas regiões do cérebro desses pacientes. Dez anos antes dos primeiros sintomas foram detectados problemas de memória e um processamento anormal da glicose no cérebro dos estudados. Em pacientes que não possuiam as mutações, não foram detectadas alterações nesses marcadores. (Do portal noticias.uol.com.br)

Ângelo Aladino Orofino - 01/08 Dalci Carlos Matiello - 03/08 Cláudio Fröhlich - 06/08 Heloísa Amodeo - 07/08 Aloísio Jorge Holzmeier - 07/08 Olinda T. Costa - 09/08 Ernani M. N. Tavares - 14/08 Maria da Glória M. Costa Beck - 15/08

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ABER VIVER

Cinema e emoções Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

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stou cansada de filmes que deixam as pessoas deprimidas de tantos efeitos especiais. Por que não falam de temas importantes, como o amor e o perdão?”(Jane Fonda, em matéria no “O Estado de São Paulo”, de 17/06/12). Aos 74 anos, ela interpreta uma avó hippie, no filme “Paz, amor e mal entendidos”, que trata de relações familiares, de conflitos entre pais e filhos e da maneira como as pessoas envelhecem. A declaração de Jane Fonda me levou a pensar sobre os filmes que o cinema tem apresentado, alguns dos quais atingem bilheterias milionárias e despertam uma onda de histerismo no público. Isto ocorreu em filmes como os de Harry Potter e os da série dos vampiros, em que jovens, e alguns não tão jovens, postaram-se em filas por dias, para serem os primeiros a ver os filmes em sessões de pré-estreia. Livros e filmes acompanharam as histórias desses heróis, seu crescimento e fãs até esperaram, ansiosos(!) o nascimento do filho de um dos casais de vampiros! Entretanto, o tempo passa, esses jovens amadurecem. Então, até quando eles lembrarão com emoções as aventuras desses personagens? Envolvidos em suas vivências diárias, seus problemas reais, logo esquecem esses ídolos efêmeros. Muitos de nós, porém, lembramos, anos depois, de filmes que despertaram em nós sentimentos de ternura, abnegação, amor. E, também, não esquecemos filmes que nos levaram a “ser”, a refletir sobre o ser humano, suas emoções e sofrimentos, seu dia e sobre a superação da tristeza e da solidão. Há os grandes filmes épicos que contam histórias reais, às vezes com grandes pinceladas de fantasia, mas que ainda hoje encantam os espectadores e as TVs os apresentam nas datas específicas. São filmes, por exemplo, como os ligados aos primórdios do cristianismo, à vida de Cristo ou a episódios famosos que relatam as lutas de muitos países nos períodos de sua formação. São filmes feitos com gente e recursos técnicos da época. Havia filmes de grande beleza em que diretores e produtores sabiam usar a câmera e nos legaram imagens inolvidáveis. Hoje, com a profusão de recursos tecnológicos, temos de tudo: navios entrando na praia, automóveis voando e aterrizando tranquilos, pessoas se transportando pelo espaço, explosões, destruições catastróficas, composições de estranhos ambientes, tudo acentuado por músicas (!) para causar impactos e furar nossos tímpanos! Saímos do cinema com a cabeça estourando, atordoados. Não sei em que medida esse tipo de filme contribui para nos tornar mais relaxados, felizes, em paz conosco mesmos. Mas sei que, felizmente,sempre surgem filmes de diretores sensíveis que direcionam seu trabalho para os seres humanos, tratam de suas emoções, seus dramas e desejos, de suas relações e permitem a todos nós sentirmo-nos parte de uma humanidade que vive, chora, ri, trabalha e busca sua felicidade num mundo real e não virtual. (litamar@ig.com.br)

Atitudes que mudam vidas 1. Mude de hábitos, cuide de seu corpo. Descanso, boa alimentação, hábitos saudáveis, exercícios físicos e o lazer são quiase sempre colocados em segundo plano. A rotina corrida e a competitividade levam à negligência em relação a aspectos básicos para a manutenção da saúde física. 2. Evite pensamentos obsessivos. Não fique remoendo problemas, cansando-se inutilmente e aumentando ainda mais os conflitos. Não basta estar atento ao voluma de pensamentos; é preciso prestar atenção à qualidade deles. 3. Afaste sentimentos tóxicos. Choque emocionais e raiva intensa esgotam as energias, assim como ressentimentos e mágoas guardadas envenenam mente e coração. Mas sentimentos positivos, como a amizade, o amor, a confiança, o despreendimento, a solidariedade, a auto-estima, a alegria e o bom humor recarregam as energias e dão força para empreendermos nossos projetos e superar os obstáculos. 4. Deixe o passado para o passado. As energias são colocadas onde a atenção é focada. Quem se prende ao passado, deixa de viver o presente. Tanto os saudosistas, quanto aqueles que não conseguem esquecer os traumas, colocam suas energias no passado. Por outro lado, quem vive esperando pelo futuro depositando nele sua felicidade e realização, deixa pouca ou nenhuma energia no presente. É somente no hoje que podemos construir um amanhã mais feliz. 5. Perdoe e descubra o segredo da eterna juventude. Perdoar significa soltar ressentiumentos, mágoas e culpas. Libertar o que aconteceu e olhar para a frente. Quanto mais perdoamos, menos bagagem negativa carregamos, gastando menos energia alimentando feridas do passado. Mais do que uma regra religiosa, o perdão é uma atitude inteligente de quem quer seus caminhos livres, abertos para a felicidade. Extraído do Livro da Família

Visa e Mastercard

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TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393

■ A Pastoral da Saúde da Paróquia Santo Antônio do Partenon promoverá, em 15 de agosto, das 14 às 17 horas, uma tarde de oficinas no seu Centro Catequético. Serão abordados os temas "Oficina de Alimentos", com a nutricionista do SESI Andreia Prybysy da Silva Rosa, e "Técnicas de Relaxamento Corporal", com a psicóloga Irmã Lourdes Mantovani. Ingresso: um quilo de alimento não perecível.


O Dízimo e a

Humor

festa do padroeiro

O ladrão e Jesus

Rinaldo Alberton

Um assaltante invadiu uma casa, determinada noite. Ele brilhou sua lanterna ao redor, à procura de objetos de valor, quando uma voz no escuro perguntou: "Jesus sabe que você está aqui?". Ele quase pulou para fora de sua pele, jogando a lanterna fora, e congelou. Quando não ouviu mais nada, ele balançou a cabeça e continuou. Quando puxou o aparelho de som de modo a poder desconectar os fios, claro como um sino ele ouviu: "Jesus está te observando." Apavorado, ele brilhou sua lanterna freneticamente procurando a fonte da voz. Finalmente, no canto da sala, sua lanterna parou em um papagaio. "Você disse isso?", sibilou para o animal. "Sim", confessou o papagaio, que então gritou: "Eu só estou tentando avisar que ele está te observando". O ladrão, relaxado: "Me avisar? Mas quem é você?" "Moisés", respondeu o pássaro. "Moisés?", o assaltante riu. "Que tipo de pessoa daria o nome de Moisés a um pássaro?" "O mesmo tipo de pessoa que dá o nome de Jesus a um rottweiller..."

a Igreja Católica, a festa do padroeiro é sempre uma grande manifestação de fé, onde os fiéis são os convidados de Cristo e, em sua memória salvífica, celebram a Eucaristia, participando do banquete do Senhor.

Advogado

N

Celebrar a festa do padroeiro é congratular-se com os irmãos que, durante o ano, participaram, ativa e assiduamente, da missa dominical, dando testemunho de vivência cristã. Mais, é celebrar a presença viva do Cristo Ressuscitado, que caminha conosco, alimentando-nos com o Pão da Vida e a Palavra do Seguimento Evangélico, como o fizeram os santos padroeiros de nossas igrejas. A festa do padroeiro é celebrada em comunhão com Cristo na oração, no atendimento aos pobres e na sustentação da comunidade pela partilha gratuita de bens, através das ofertas e do Dízimo cristão, como instrumentos bíblicos da Providência Divina. Festejar o padroeiro é colocar Jesus Cristo no centro da festa como procederam os Santos Padroeiros, fazendo a vontade de Deus, a exemplo do Pe. João Maria Vianney, o Cura d’Ars, que se tornou o padroeiro dos párocos. Com muita oração, jejuns e pregação missionária, o Santo de Ars reverteu a vida comunitária e, com a coragem evangélica, terminou com a jogatina e as bebedeiras nos “botecos” da vila. Todavia, com a graça de Deus, promoveu a conversão de muitos e encheu, novamente, a Igreja de fiéis. Na homenagem ao padroeiro, o Espírito Santo se faz presente, irradiando a alegria, paz e fraternidade. Esse mesmo Espírito zela pela coerência cristã, não permitindo a disponibilização da bebida alcoólica, pois não se homenageia o Santo Padroeiro e, muito menos, se faz a vontade de Deus, usando a bebida alcoólica na festa. É verdade que necessitamos de recursos financeiros para o sustento e a missão evangelizadora da Igreja. Todavia, precisamos de dinheiro virtuoso, fruto do exercício da generosidade e da gratuidade, como o é o Dízimo cristão. Contudo, ainda há, entre nós, lideranças que manifestam ser um “mal necessário” o lucro advindo de bingos e da bebida alcoólica. Em comunidade de fé, Igreja de Cristo, nunca um “mal é necessário”. Promover a reflexão missionária, recuperando o sentido da festa, é dever de todos os missionários. Afastar, de vez, a bebida alcoólica das festas paroquiais é fazer a vontade de Deus, pois é uma atitude missionária de proteção à vida, de prevenção ao vício e à dependência alcoólica, especialmente por ser a festa espaço de convivência de famílias, jovens e crianças. Acolhamos a lógica evangélica na celebração da fé e na sustentação paroquial. A partilha, através do dízimo, é comunhão de bens (At2,42-47); mais que bíblica, é uma ação evangélica que expressa a solidariedade, a generosidade e a gratuidade, valores que favorecem a missionariedade e contribuem na recuperação do verdadeiro sentido da Festa, o Dia do Senhor.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 está à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 ou através do e-mail: livrariareus@li-

vrariareus.com.br

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SPAÇO LIVRE

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le

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Agosto de 2012 - 1a quinzena

Crise no Mercosul

“R

ito sumário de destituição do mandatário do Paraguai”, considerado na nota oficial do governo brasileiro”, o impeachment do presidente do Paraguai,Fernando Lugo,criou uma crise na democracia do país e também no Mercosul, no qual o Paraguai é um dos parceiros da primeira hora. Dia 22 de junho último, em julgamento relâmpago no Congresso, o Paraguai destituia seu presidente Fernando Lugo. A Constituição paraguaia prevê a existência do julgamento político do chefe do Executivo. O instrumento permite a deposição do presidente sem que ele tenha necessariamente cometido infração jurídica ou administrativa. Mas, o artigo constitucional que trata do julgamento político não determina seu procedimento. Todas as regras do impeachment são definidas pelos congressistas, os mesmos que movem a acusação. Na semana anterior, o Legislativo determinou que o processo inteiro devia ocorrer em dois dias, de quinta para sexta-feira e, assim foi feito. O novo presidente do Paraguai, Frederico Franco, é do Partido Liberal, que rompeu com Lugo na semana anterior, e na sexta-feira chegou ao poder no País, pela primeira vez desde 1939. Sob intensa pressão internacional, o sucessor de Lugo e ex-vice presidente vem tentando demonstrar que o impeachment não violou princípios democráticos e, portanto, não haveria razão para sanções contra Assunção. As alegações, porém, dificilmente convencerão líderes sulamericanos e parceiros no Mercosul e na Unasul, da legalidade do ato realizado. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil decidiu chamar para consultas o embaixador brasileiro em Assunção. O governo argentino da presidente Cristina Kirchner, ordenou a retirada do seu embaixador em Assunção, uma medida que implica rebaixamento de relações bilaterais e são mais contundentes que a convocação para consultas, como fez o Brasil. Monsenhor Mairo Melarico Medina, bispo de Missiones e Nembuco, afirmou na homilia na missa de domingo, dia de São João Batista, na Catedral, que: “Tiraram Lugo por querer lutar em favor dos pobres, por buscar a equidade social”, e classificou a decisão do Senado como “um golpe do Parlamento”. O juízo político catalogado como um golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo foi condenado por organismos regionais, presidentes dos países da América do Sul e por muitos setores do povo paraguaio. O escritor Adolfo Perez Esquivel declarou em comunicado público: “Convocamos o povo paraguaio e a comunidade internacional a manifestar-se pela defesa das mesmas, já que a intenção do juízo político é visivelmente uma estratégia política, que busca anular as conquistas sociais de vários anos de luta e resistências do povo paraguaio”. A Cúpula do Mercosul, a realizar-se no fim do mês de junho em Mendoza, na Argentina, tentará resolver a mais grave crise até hoje enfrentada. (geralda.alves@ufrgs.br).


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GREJA &

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COMUNIDADE

Catequese Solidário Litúrgico A “disciplina” 29 de julho - 17o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: 2o Livro dos Reis (2Rs) 4,42-44 Salmo: 144(145), 10-11.15-16.17-18 (R/.cf 16) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 4,1-6 Evangelho: João (Jo) 6,1-15 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Ser cristão é repartir, é partilhar. Repartir e partilhar dons e bens, o que somos, o que temos. Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar... ninguém é tão rico que não precise receber nada. Este é o domingo da partilha, do partir e repartir o pão, como cantamos tantas vezes em nossas Eucaristias. Mas... e na vida, será que repartimos e partilhamos o que somos e o que temos!? Muito significativo é o relato do Evangelho deste domingo. A cena: uma multidão, que seguia a Jesus, está com fome. Os discípulos querem despedir aquele povo, não querem assumir a responsabilidade de conseguir alimento para aquela gente toda. Um garoto coloca à disposição os poucos pães de cevada que trazia para seu próprio lanche. Jesus toma aqueles pães, os abençoa, os vai partindo e faz os discípulos repartirem pão para milha-

res de pessoas. E todos comeram, ficaram fartos e ainda recolheram doze cestos das sobras daqueles poucos pães do garoto (cf 6,13). Detalhe: os quatro evangelistas, com características próprias, relatam o que se chama, indevidamente, o milagre da “multiplicação” dos pães. O importante, para os evangelistas, não é a multiplicação dos pães, mas o gesto de abençoar, de distribuir, de partilhar. Aqui, o desafio para o cristão: mesmo sem o dom de fazer “milagres” que multiplicam, todos temos a capacidade de abençoar, de partir, de repartir/partilhar o que somos e o que temos. Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar, para repartir, para partilhar. O que precisam os cristãos brasileiros, vivendo num país rico como o nosso, com enormes recursos em todos os sentidos, é mudança de mentalidade e de vivência concreta da sua fé. Em que consiste mudar de mentalidade e viver, concretamente, a fé? É passar de uma mentalidade egoísta e consumista para uma mentalidade de partilha e passar de uma fé intimista e personalista para uma fé transformadora e de compromisso real com a realidade.. uma disposição da mente e do coração de abençoar, repartir e partilhar. Como Jesus...

5 de agosto - 18o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro do Êxodo (Ex) 16,2-4.12-16 Salmo: 77(78),3.4bc.23-24.25.54(R/.24b) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 4,17.20-24 Evangelho: João (Jo)6,24-35 Comentário: Por que e para que procuramos Jesus? Da resposta a esta pergunta, honesta e sincera, pode depender a verdade ou e mentira de nossa vida de cristãos. Cristãos para si mesmos ou cristãos para os outros, eis a questão. O cristão que não vive uma fé para os outros não deveria chamar-se cristão porque não o é. A fé em Jesus é sempre e necessariamente uma fé a serviço dos demais, de todos os outros e outras que Deus vai colocando em nossos caminhos, em nossas vidas. Jesus, no Evangelho deste domingo, alerta para uma fé imediatista, interesseira, intimista, consumista: Estais me procurando, não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece

até a vida eterna (24,26-27)). Há dois mil anos, multidões seguiam a Jesus pelos caminhos da Palestina: muitos, para ouvir sua Palavra libertadora e transformadora daquela cultura injusta, hipócrita, discriminadora; a maioria, para ver sinais maravilhosos, seus “milagres” e, aproveitando o vácuo de lideranças judaicas, aclamá-lo rei para livrar Israel do jogo romano. E dar ao povo muito “pão” e bens materiais.Por que e para que procuramos Jesus? Para ouvir sua Palavra libertadora e ser, hoje, sua presença transformadora numa sociedade injusta, falsa, discriminadora, onde as relações entre as pessoas são, geralmente, interesseiras e nada solidárias? Ou procuramos Jesus para que ele atenda nossos interesses individuais, imediatistas, que faça sinais maravilhosos em nossa vida, muitos “milagres” espantosos e, principalmente, que nos consiga bens materiais, riqueza, poder, que nos faça “vitoriosos”, aqui e agora? Da resposta a estas perguntas depende a veracidade e a coerência de nossa fé de cristãos e cristãs.

12 de agosto - 19o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: 1o Livro dos Reis (1Rs) 19,4-9 Salmo: 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9(R/.9a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 4,30-5,2 Evangelho: João (Jo)6,41-51 Comentário: Jesus revela aos que o escutavam um dos mistérios de mais difícil compreensão para a gente da sua época e para nosso tempo também: o mistério da Eucaristia. Ao longo dos séculos se discutiu muito sobre o que significava e como se podia entender a “presença” de Jesus no pão “separado”, consagrado. E continuam, também hoje, diferentes compreensões desta presença e que levam a diferentes formas de celebrar a “Ceia do Senhor”. Há dois mil anos, diz o texto bíblico do Evangelho deste domingo, os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus porque ele havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu” (6,41). As diferentes compreensões se transformaram, ao longo da história, em “murmurações”

que passaram a discussões sérias, manifestações de diferente ordem e força, dolorosas separações, por vezes até violentas, a favor de uma ou outra interpretação. Na prática pastoral, que é o que nos interessa aqui, a Eucaristia, ou Santa Ceia, ou Comunhão devem levar o cristão à pratica de, como Jesus, oferecer a sua vida para a vida de muitos. Não é como o maná que o povo judeu comia para alimentar o corpo na peregrinação pelo deserto; o pão eucarístico traz, para quem o come, o compromisso de ser “pão de vida” para na família, na comunidade, na sociedade. Quem come este pão e não o transforma em vida para os demais, come indignamente o pão da Eucaristia, prostitui o sentido mesmo da Comunhão. Celebrar a Eucaristia e comprometer-se com o Projeto de Jesus e viver uma comum união com mulheres e homens bem reais que fazem parte do nosso cotidiano. Isso é dom, isso é graça, que Deus concede a todos os que o amam de verdade. (attilio@livrariareus.com.br)

nos encontros de catequese Álvaro Ginel *

P

ara muitos catequistas, a disciplina durante a sessão de catequese é um grave problema. “Não estão quietos. Não há quem os aguente. Não se concentram”. Temos que reconhecer que este aspecto se converte para muitos catequistas num problema preocupante. Os catequistas sentem que não têm autoridade. Como consequência, realizam pouco do que tinham preparado. Em alguns casos, existem catequistas que abandonam a catequese porque é “mais difícil do que imaginavam”. O abandono pode implicar uma experiência negativa de animação. Outros catequistas não se preocupam e a sessão de catequese converte-se num tempo de jogo, onde se pronunciam “palavras religiosas” sem ambiente apropriado para acolhê-las... Compreender a situação Temos de fazer um esforço para compreender a situação: a) O horário da catequese. Geralmente não estão colocados os encontros nos melhores momentos do dia. Pesa o cansaço da jornada escolar ou é difícil a concentração porque o sábado é “dia de descanso”; a catequese parece que estraga o descanso. b) A situação familiar. Cada criança é uma história bela condicionada pela educação que recebe em casa e pelo carinho e atenção que lhe são prestados. Hoje temos dois extremos: a ausência de carinho e a super-proteção que convertem a criança numa “ditadora” que faz o que quer e não está habituada a por um limite aos seus caprichos. c) Outros fatores. Outros fatores influenciam na disciplina, como sejam: os amigos, o local, o tempo para o jogo e a diversão, a disciplina vivida na família, o colégio... O catequista pode ser o responsável Falar de disciplina é falar também do catequista educador. Não podemos deitar todas as bolas ao campo contrário e dizer que “são eles os que têm a culpa, os que são mal-educados...” O catequista tem muito que ver nisto da disciplina. Se o grupo “percebe ou intui” que o animador tem falta de personalidade, que está perdido, que não sabe sair-se bem das dificuldades normais... então o grupo se aproveita para fazê-lo saber e sentir. E a maneira de dizer ao animador que “vêm dele pouca consistência, pouca formação, pouca profundidade” é comportando-se mal. Dito mais simples: existe indisciplina cuja raiz é o próprio animador. É absolutamente importante que descubras se a indisciplina do grupo é uma palavra que te estão dizendo os membros do grupo. Uma palavra para que sejas mais humano, mais profundo, mais coerente, ou para que te prepares melhor... Ordinariamente onde o grupo intui que existe “um mestre”, “um que sabe e entende” costuma portar-se bem. Um exemplo: põe a ensaiar uma canção uma pessoa que não domina o violão e não sabe bem a canção. Verás que ali ninguém se entende. Depois, ensaie o mesmo canto e com o mesmo grupo uma pessoa que cante bem e que toque bem o violão. Tu mesmo verás a diferença e entenderás o que te quero dizer. *Traduzido do espanhol: Revista “Catequistas”


Agosto de 2012 - 1a quinzena

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SPAÇO DA

RQUIDIOCESE PASCOM

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Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Paróquia Santo Antônio do Partenon sediou Seminário de Liturgia

Dia Nacional do Patrimônio Público será celebrado com entrega do restauro da Cúria Pelo quarto ano consecutivo, a Igreja Católica em Porto Alegre sediará a celebração do Dia Nacional do Patrimônio Histórico, marcado para o dia 17 de agosto, às 8h30min. Em 2012, a Cúria Metropolitana, prédio histórico do século 19 e sede do governo da Arquidiocese de Porto Alegre, terá parte de sua obra de restauro entregue à população em uma cerimônia marcante e singular. Mais do que a inauguração de uma etapa da obra, esta ação vai celebrar a futura entrega de um espaço cultural para os gaúchos, que terão na Cúria Metropolitana um novo local para pesquisas, visitação e turismo religioso no Centro de Porto Alegre. A Cúria Metropolitana é um importante patrimônio do Rio Grande do Sul. Situado na Rua Espírito Santo, atrás da Catedral Metropolitana, o local guarda mais do que 200 anos da história da Igreja, guarda a própria história da origem de Porto Alegre, o passado e contemporaneidade de uma metrópole em evolução. As obras de restauro foram iniciadas em outubro de 2009. As intervenções já realizadas restauraram a sala de audiências e gabinete do Arcebispado, sala da administração, Sala João Paulo II, dormitórios, cozinha, refeitórios, banheiros e fachada. Este trabalho que acontece de forma minuciosa, vai resgatar os traços originais nos três pavimentos do prédio, envolvendo operários, arquitetos e arqueólogos, pois no local foi encontrado

grande número de peças arqueológicas que serão entregues à comunidade. Entre os achados estão restos mortais humanos, utensílios e peças decorativas que datam do século 19. As peças estão sendo catalogadas para pesquisas e os restos mortais terão o DNA pesquisado para identificar gênero e etnia. O restauro total da Cúria terá um investimento da ordem de R$ 15 milhões, viabilizados através das leis de incentivos à Cultura: Rouanet, Pró-cultura e contrapartida da Arquidiocese de Porto Alegre. Segundo o coordenador, Pe. Inácio Ledur, para a conclusão da obra serão necessários mais três anos de trabalho intenso: “A Igreja Católica vai entregar à cidade um local com acessibilidade, museu de artes sacras com obras do século XVII, exposições, biblioteca, arquivo histórico, cafeteria e visitas orientadas ao Claustro, para a Residência oficial do Arcebispo de Porto Alegre, visita ao jardim, localizado entre a Cúria/Catedral e Palácio Piratini” destaca Pe. Inácio. Vale lembrar que, em 2010, a Igreja Católica abriu suas portas para celebrar o Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Na ocasião, parte do restauro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada na Avenida Independência, foi entregue aos porto-alegrenses em solenidade festiva e concorrida. Trata-se de ações que resgatam e valorizam a história dos gaúchos.

Curso de Cuidadores de Idosos na PUC

O objetivo é proporcionar treinamento para o cuidado de idosos em domicílios, clínicas, instituições e hospitais. O conteúdo envolve geriatria clínica e preventiva, odontologia geriátrica, fisioterapia, enfermagem, nutrição, psicologia, terapia ocupacional, entre outros. O curso, com a coordenação do professor Newton Luiz Terra, começa em agosto. As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site www.pucrs.br/ educacaocontinuada ou no Centro de Educação Continuada, sala 112 do prédio 15 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). Informações complementares pelo telefone (51) 3320-3727.

Solidário

A comunidade do bairro Santo Antônio recebeu entre os dias 6 e 8 de julho, jovens e lideranças de equipes de liturgia de todas as dioceses do Rio Grande do Sul. O Seminário Regional de Liturgia foi realizado no Convento dos Freis Capuchinhos (foto abaixo). Em razão da proximidade da Jornada Mundial da Juventude, foi escolhido como tema desta edição: “Juventude e Liturgia”. Esta temática coincide também com o tema da Jornada Nacional de Liturgia, que será realizada em setembro, na cidade de São Paulo. Segundo o coordenador regional de Liturgia, Marlon Ramos, a meta é oferecer aos jovens uma formação qualificada para a prática litúrgica e melhor participação nas celebrações, em suas comunidades. Neste seminário, além de refletir o tema central do evento, os participantes também aprofundaram dois elementos importantes das celebrações: a luz e a cruz. Dentro do próprio seminário, foram realizados momentos celebrativos com foco na presença destes símbolos litúrgicos. Ao final do seminário, foi divulgada uma mensagem aos jovens e a todas as comunidades católicas do Estado. O texto apresenta uma série de motivações e orientações para a juventude. PASCOM

A Bíblia das Crianças Em 1979 foi editada, pela primeira vez, a Bíblia das Crianças – “Deus fala a seus Filhos”, numa iniciativa da organização alemã “Kirche in Not” (Ajuda à Igreja que Sofre) com representação em diversos países, inclusive no Brasil, com sede em S. Paulo. Trata-se de um livrinho, no formato de bolso, com numerosas ilustrações e num estilo adaptado ao público infantil. Agora, a tiragem atingiu a soma apreciável de 50 milhões de exemplares, com distribuição em 140 países, traduzido para 172 idiomas, como o kokomba, em Gana, o mapudunkum, no Chile, o tetum, no Timor Leste. Encantado com o recebimento do primeiro exemplar na língua do seu país, um bispo africano afirmou: “O homem, necessita do pão para viver, mas precisa da Palavra de Deus para querer viver”. N. da R.: O endereço no Brasil é o seguinte: Ajuda à Igreja que Sofre/Caixa Postal 66051/CEP 66051-970 – S. Paulo – SP - Tel: 08007709927)


Porto Alegre, agosto de 2012 - 1a quinzena

Último julgamento sob anonimato? Sem entrar no mérito de ‘culpado ou inocente’, a votação pela cassação do senador Demóstenes Torres (foto abaixo) pode ter sido a última votação secreta da casa. Será? Nem o espírito de corpo foi suficiente para poupar o parlamentar, tal era a proporção das denúncias. Apenas 19 senadores votaram pela absolvição. O evento fez desengavetar proposta de emenda constitucional (PEC), em tramitação desde 2007, que acaba com o voto secreto em episódios de cassação. O eleitor brasileiro espera que Demóstenes Torres não tenha sido apenas um "boi de piranha" para fazer esquecer as investigações sobre as supostas relações de outros parlamentares e políticos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Beatificação de Padre Reus mais perto Etapa histórica do processo de beatificação de Reus é concluída no Brasil

Imagem: Jornal VS

Johannes Baptist Reus faleceu há 65 anos, com fama de santidade, em S. Leopoldo. O processo de beatificação foi instalado em 1953, seis anos após sua morte. Mas a primeira etapa foi concluída apenas agora, no início de julho de 2012, em um Tribunal Eclesiástico, ocorrido a portas fechadas, na sede Episcopal de Novo Hamburgo. (O processo sofreu interrupção em 1974, quando ainda estava vinculado à Arquidiocese de Porto Alegre. E foi retomado em 1993, sob a supervisão da diocese de Novo Hamburgo, através de Dom Osvino Both, e, a partir de 2007, por Dom Zeno Hastenteufel). Dessa reunião em Novo Hamburgo, que durou três horas, participaram Pe. Mark Lindeger, enviado do Vaticano, como representante do Pe. Anton Witwe, postulador da causa do Padre Reus; o vice-postulador, Pe. Guido Lawisch, também reitor do Santuário Sagrado Coração de Jesus em S. Leopoldo; o bispo da diocese de Novo Hamburgo Dom Zeno Hastenteufel; os integrantes da comissão diocesana postuladora e os quatro historiadores convidados, respectivamente Arthur Rambo, Pe. Inácio Spohr, Luiz Osvaldo Leite e Ângela Molin, que apresentaram o resultado de dois anos de estudos da vida do religioso.

Perguntas do Vaticano

Além de entregarem relatórios individuais e um compilado de 30 páginas, os quatro historiadores responderam a 12 perguntas do Papa trazidas pelo Pe. Mark. O representante de Roma saiu da sessão com uma pilha de papéis de um metro de altura, contendo depoimentos e documentos somando 11 mil páginas. “Agora levarei o material para ser analisado por nove historiadores e seis teólogos do Vaticano a fim de se comprovar a fama de santidade do Padre Reus e suas virtudes, entre elas as de fé, esperança e amor”, declarou Pe. Mark.

Sexta Romaria

Quinze mil devotos não recuaram ao frio de quatro graus na manhã de 8 de julho último e caminharam desde a Igreja Matriz, no centro de S. Leopoldo, até o Santuário Sagrado Coração de Jesus, junto ao cemitério dos Padres Jesuítas. A caminhada teve a participação do enviado do Vaticano. "Fiquei muito surpreso e contente com o que vi, vivi e convivi. Me marcou bastante", disse Pe. Mark. Além das observações in loco, o representante do Pe.Anton Witwe, no retorno ao Vaticano, também levou consigo todo o material coletado.

Em busca de um milagre

Pe. Mark Lindeger, enviado do Vaticano

Dom Altieri é o novo arcebispo de Passo Fundo Dom Antônio Carlos Altieri, SDB (foto abaixo) – salesiano – assumirá a Arquidiocese de Passo Fundo em setembro próximo, substituindo a Dom Ercílio Simon, que atingiu o limite de idade. Nascido em S. Paulo em 18 de outubro de 1951, Altieri preside a Diocese de Caraguatatuba desde 5 de novembro de 2006. Em 2007, foi confirmado como bispo referencial do Setor Juventude do Regional Sul-1 da CNBB. Sua indicação para arcebispo em Passo Fundo ocorreu em 11 de julho último e declarou que não conhece o local de sua nova designação. “Espero encontrar muita gente boa e acolhedora, já estou sentindo isso de alguns contatos que fiz por lá”. Antes de vir a Passo Fundo, ainda inaugurará a nova Cúria Diocesana, em agosto, e em 7 de setembro celebrará missa de despedida em sua atual diocese. Altieri é formador e professor em várias instituições de sua congregação. A Arquidiocese de Passo Fundo conta com 54 paróquias, abrangendo um território de aproximadamente 12.200 quilômetros quadrados, território que coincide com o de 47 municípios da região norte do Estado do Rio Grande do Sul.

A legitimação das exigências a partir das observações do histórico deve demorar, no mínimo, cinco anos. Enquanto isso, no Brasil, as atenções estarão voltadas para possíveis milagres. “Se um deles for comprovado, será proclamado beato. No caso de duas grandes graças, como santo, alcançando a canonização”, explicou Pe. Mark. “Até o momento, não se conseguiram provas de nenhum dos milagres atribuídos ao Padre Reus. Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua Tínhamos um em vista, mas foi descartado por falta de família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o registro. Precisamos que vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço um novo e verdadeiro miterceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029. lagre aconteça no Brasil”, complementa Dom Zeno.

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