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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, abril de 2013 - 2 a quinzena

Ano XVIII - Edição N o 632 - R$ 2,00

Ser Igreja no mundo atual Imagem: CNBB

Semana Missioneira 2013: resgate da primeira saga fundante do Rio Grande A ação jesuítica assinala o princípio da história gaúcha. Décio Freitas Se não fosse aniquilada a experiência missioneira, o Rio Grande do Sul estaria não apenas no primeiro mundo, mas em primeiríssimo mundo. - Emiliano Limberger.

A difícil missão do Papa Francisco

Instituída pela lei estadual 13.579/2010, a Semana Missioneira de 2013 conta com várias iniciativas pelo Estado afora. Uma delas ocorre entre 19 e 25 de abril corrente, com atividades em P. Alegre, S. Gabriel, S. Ângelo, S. Borja, S. Luiz, S. Nicolau, Cruz Alta,Vera Cruz, Paverama e Rio Pardo. O ponto alto da programação em P. Alegre é a presença do cantor guarani e jesuita paraguaio, Pe. Irala: dia 19 de abril, 11 horas, apresentação musical na estação central do Trensurb, e às 18 horas, palestra no Colégio Anchieta; dia 21, 10 horas, missa na Catedral Metropolitana, 11h30min, Televisão Educativa; e 18 horas, missa missioneira no Colégio Anchieta

Você sabia que a mágoa é a dor mais cancerígena? A. M. Galvão

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omo seria a Igreja se Jesus voltasse à terra hoje? Estaria satisfeito com a atual organização, formas e métodos de difusão de Sua mensagem? É esse o exame de consciência que se impõe a cada dia para cada cristão batizado, porque também ele é Igreja. Mas, muito mais, é dever indeclinável de quem comanda as instituições encarregadas de continuar e ampliar a obra de Cristo. Certamente, não é fácil, por conta de pressões de quem quer reformas urgentes e inoportunas. Mas, principalmente, por conta de quem quer retroceder a tempos medievais e boicota qualquer iniciativa de atualização. Páginas 2 (Editorial) e 6

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RTIGOS

Editorial Francisco deseja

uitos dos gestos e atitudes do Papa Francisco lembram um outro Papa, diferenciado, profético, que, com bondade e firmeza, mas igualmente, com grande perspicácia e sensibilidade pelo que acontecia à sua volta, teve a coragem de convocar um Concílio, que abriu as portas e janelas da “casa igreja”, fazendo entrar nela o sopro do Espírito: Ângelo Roncalli, o Papa João XXIII, eleito para servir como uma espécie de transição, mas que marcou a história recente da Igreja, proporcionado uma verdadeira revolução. O que era para ser uma simples aragem, uma brisa amena e suave, um sorriso do “papa bom”, se tornou um furacão: o Concílio Vaticano II, que teve em Paulo VI um verdadeiro mártir, pela ferrenha oposição de correntes conservadoras na Igreja, que, acomodados na lareira institucional ou no receio de algo novo, rejeitaram o Concílio e suas propostas, fazendo uma verdadeira guerra aos que, na onda conciliar, queriam uma Igreja que fosse ao encontro das pessoas aonde as pessoas se encontravam. Ad Gentes... uma Igreja para os fiéis e para o mundo. Não deixa de ser significativo que, quando a Igreja celebra os 50 anos da convocação do Concílio Vaticano II (1963), os cardeais elejam um Papa, plenamente identificado com as propostas conciliares e que quer reavivar esta chama que ainda fumega, mas que muitos gostariam de apagar totalmente. Mais: que elejam um Papa que vem do “fim do mundo”, do hemisfério sul, da América Latina, o continente mais católico do planeta. Mais ainda: que pela primeira vez na história, elejam um jesuíta para Papa e que este jesuíta tome o nome que nenhum Papa anterior havia assumido: Francisco. Francisco é mais do que um nome, é um projeto de vida pessoal e que o Papa Francisco quer tomar como paradigma e referencial do ser e do agir de toda a Igreja, de todo cristão-católico. Francisco quer uma Igreja simples, despojada de luxo e ostentação, uma Igreja transparente, uma Igreja com menos poder temporal e mais servidora, uma Igreja pobre, com os pobres, uma Igreja ao lado do homem e da mulher deste tempo, de suas angústias e suas buscas de sentido. Este foi seu projeto pessoal e estilo de vida como jesuíta, depois como bispo e cardeal de Buenos Aires e, agora, ele quer continuar sendo este homem “servo dos servos de Deus”. Vai consegui-lo? Eis uma pergunta que os próximos meses poderão começar a responder. Uma coisa é certa: Francisco vai encontrar resistências ainda mais fortes do que aquelas sofridas por João XXIII e Paulo VI. Já está recebendo ataques ainda mais virulentos do que aqueles que classificaram o Concílio Vaticano II como “coisa do diabo”. Na noite da sua eleição, num gesto de humildade, quebrando protocolos como vêm fazendo desde que foi eleito no dia 13 de março, o Papa Francisco pediu que rezassem por ele. Bem sabia ele que vai precisar, e muito, da oração e da solidariedade de todos os que querem a Igreja, sacramento de salvação... vai precisar, e muito, da oração e da solidariedade de todos os que creem para fazer da Igreja de Jesus Cristo uma Igreja com sentido para os cristãos e para o mundo. Isso não é novo; este é o sonho sonhado há dois mil anos pelo Senhor Jesus, que ousou chamar Deus de Pai e que fez da lei do amor solidário sua única lei (Leia nas páginas centrais desta edição). (attilio@livrariareus. com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

A Igreja que

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Abril de 2013 - 2a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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O domingo da misericórdia

mundo de hoje exaspera-se no clamor por justiça. Depois de qualquer tragédia, procura os responsáveis e promete punição exemplar. Muito mais que os culpados, a sociedade, profundamente materializada, se inspira na lei antiga do Talião. Quer olho por olho e dente por dente.

Esta exigência constitui, sem dúvida, um avanço significativo sobre a vingança que se preconizava antes destas medidas. No fundo, porém, estamos na lei da física: à ação corresponde uma reação exatamente proporcional. Para evitar uma espiral da violência, que recebe o reforço da razão, ao se armar, não só com argumentos, mas também com meios cada vez mais sofisticados, adicionando vingança sobre a reação, criou-se a lei da justiça a ser administrada pela sociedade, tirando-a do domínio particular. Foi melhor ou pior? Os cidadãos se contentam com isto? Cristo veio desfazer um equívoco fatal. O falso pressuposto, que subjaz no clamor pela justiça, é que são sempre os outros os culpados, merecendo um castigo exemplar – por exemplar muitas vezes se entende apenas um castigo bem apimentado – ao passo que cada um se considera inocente e bom, tentando defender todas as suas ações. É famosa a oposição entre bons e maus. Os bons merecem ser premiados, reconhecendo publicamente seus merecimentos, ao passo que os maus devem ser punidos e humilhados, como merecem suas obras. Na parábola do joio e do trigo, esta impressão parece obter confirmação: seria preciso arrancar o joio para que o trigo possa medrar. Jesus, porém, põe um espelho diante de cada um. Garante que, com a medida com que julgar também ele será julgado. E para não deixar dúvidas, diante das acusações que exigiam o apedrejamento de uma mulher surpreendida em adultério, sentencia que quem não tivesse pecado poderia atirar a primeira pedra. E o Evangelho comenta que, diante deste desafio, todos se retiraram, a começar pelos mais velhos. Por muito tempo se discutiu sobre os

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

culpados pela morte de Cristo. A Igreja garante que todos somos culpados, porque todos pecamos. Ele veio pagar por nossos pecados. O mesmo se diga de qualquer tragédia. Não basta procurar bodes expiatórios para eventualmente tranquilizar a consciência. É preciso assumir a responsabilidade pelo bem comum. A sociedade sofre de um vírus que afeta todo seu organismo. Jesus chegou a chamar de hipócritas os que clamam por justiça em relação aos outros e não reconhecem suas próprias falhas. A falta de segurança, de que sofremos hoje, provém da mentira que se espalha em toda parte e torna a sociedade visceralmente falsa e falsificadora. Podemos passar os dez mandamentos e veremos que a sociedade de hoje está longe de cumpri-los. Depois vem a queixa, procurando inculpar os outros. Se a Igreja estabelece uma festa da misericórdia divina e para mostrar aos homens a importância que ela tem para a vida humana no sentido de levar a uma convivência pacífica. Não é porque somos pecadores que devemos viver mal. Mas exatamente porque nos reconhecemos pecadores aceitamos que também outros tenham falhas, estabelecendo com eles uma convivência fraterna e misericordiosa. Deus não nos livra das quedas exatamente para mostrar sua misericórdia para conosco e incentivar o uso dela e o crescimento nela para com todos. Cabe, sem dúvida, ao Estado apurar e punir as irresponsabilidades, e se espera do cidadão, imbuído pela fé em Cristo, uma atitude de perdão e misericórdia. Cristo ensina a rezar: perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Sem esta atitude cristã, jamais teremos paz entre os homens e entre as nações.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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OCIEDADE

As vozes do silêncio Deonira L.Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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odos sabemos o quanto a linguagem do silêncio é capaz de atingir nosso íntimo. Sabemos também que os silêncios podem ser fontes de mal entendidos. Fazer a triagem entre os bons e maus silêncios é caminho andado para resolver conflitos.

O que não ousamos dizer

Grzegorz M/sxc.hu

“Seja mais terno(a)”, “Faça uma dieta de emagrecimento”, “Não me deixe”, contam, segundo recente pesquisa feita na França, entre as frases que, por pudor, não ousamos dizer ao companheiro ou companheira. Abster-se, por amor, de dizer ao outro que engordou, que é muito emotivo ou que não é tão sutil a nossos gostos, é proteger seu narcisismo. Lamentável mesmo é não ousar dizer-lhe mais frequentemente “Eu tenho confiança em ti” ou “Te peço perdão”. Ser valorizado é uma necessidade relacional fundamental. Se meu companheiro se sobrepõe a seu pudor para confiar-me seus complexos ou me comunicar seu amor, eu não tenho o direito de utilizar seus propósitos contra ele, fazendo pouco caso ou julgando-o. Se você deseja acabar com a confiança mútua, jogue a público as confidências íntimas que lhe fez seu marido, ou sua mulher.

O que escondemos

À pergunta: “Há coisas que você esconde de seu companheiro?”, 85% das pessoas interrogadas responderam “não”. Quantas mentem? Difícil dizer. Aquelas que responderam “sim” dizem calar suas dificuldades profissionais (23%), suas aventuras extraconjugais (20%) ou ainda um grave problema de saúde (19%). O psicólogo social Jacques Salomé distingue os “não-ditos” de “não dizer”. No primeiro caso, não escolho, os “não ditos” se impõem a mim, porque são portadores de um perigo ou de uma ameaça real ou fantasiada. Já o “não dizer” é uma escolha minha, eu me posiciono, eu escolho não partilhar as informações que me pertencem, mas que importam muito aos dois. São silêncios que dissimulam as lesões da relação e levam o diálogo à asfixia. Por medo de trair, aquele que carrega o segredo evita cada vez mais as conversas, e o silêncio se instaura. Aquele que não sabe a razão do silêncio imagina o pior.

O que dizemos, sem dizer

Quando o casal pressente que não terá êxito no diálogo, a comunicação não-verbal tornase intensa; cada qual se torna uma torre de controle frente aos menores gestos do outro: suspiros, olhares duros, gestos de violência contida e portas que batem dizem mais do que acusações.

que não exprimimos não é contra ela, mas pertence a nosso jardim secreto. A seu turno, evitar intrometer-se. E não cair na tentação de enquadrar neste quesito o que é importante comunicar.

O que é entendido sem palavras É o sentimento de plenitude depois do amor, de felicidade ao contemplar uma paisagem a dois, de bem estar por não discutir mais ... Quando a relação é justa e equilibrada os parceiros não têm grandes coisas a agregar. Nesta hora os silêncios mostram o quanto os dois estão felizes, e dizem mais que palavras. E se a este silêncio for agregado o toque, a comunicação será intensa.

 A expressão imediata e passageira do rancor (o mais calma e respeitosamente possível) pode promover um alívio. Entretanto, quanto mais esperamos, mais ele se torna explosivo. Se valesse um conselho: “ Nunca durma sobre um ressentimento”.

O que podemos não dizer

Por definição, os casais que, o tempo todo, exigem um do outro uma completa prestação de contas, não têm mútua confiança. Preservar seu jardim secreto – seus pensamentos que não são confiados senão a um terapeuta ou a um confidente – é um direito indiscutível. Mas é por vezes difícil reivindicar isto sem que a pessoa amada se sinta rejeitada. Podemos então dizer-lhe que aquilo


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4 Pelas ruas de Assis Carmelita Marroni Abruzzi

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Após a queda do império romano, Assis sofreu o assédio de vários povos e senhores feudais, até voltar ao domínio da Igreja, quando gozou um período de relativa tranquilidade e de revitalização. Nesse contexto, nasce Francisco em 1.182, filho de uma rica família da qual recebe cuidados e atenção; estudou latim, música e canto; sua juventude foi alegre, com festas e amigos. Capturado na guerra contra Perugia, ficou preso durante um ano. Doente, sua convalescença se transformou num período de reflexão. Depois de outra campanha militar, começou sua conversão e seus dias transcorriam entre a meditação e a solidão nos arredores de Assis. Pressionado pelo pai, optou por renunciar aos bens da família, tornou-se um mendigo, e seus feitos extraordinários se difundiram pela região. Surgem seus seguidores, entre eles Clara de Assis que também renunciou a seus bens e fundou a ordem das “Povere Dama recluse di San Damiano” (Clarissas após a morte da Santa). Começamos nossa caminhada por ruelas pedregosas em busca da Basílica de São Francisco, na verdade, um conjunto, com suas arcadas, suas basílicas superior e inferior e a residência dos frades. A basílica superior foi construída em pedra branca e em estilo gótico. Seu interior, em forma de cruz, com seu jogo de luz e suas pinturas, contribui para o clima religioso que ali se respira. Afrescos na parte superior representam episódios do Antigo e do Novo Testamento; a parte inferior pintada por Giotto e seus discípulos, representa a vida do Santo em 28 cenas. Na basílica inferior, está o túmulo do Santo, numa cripta construída em 1820, após a recognição de seu corpo e redesenhada em 1932. Em Assis, na zona histórica, só circulam carros dos moradores. E, embora cansados, conseguimos retornar à Igreja de Santa Clara e reverenciar o crucifixo especial, com suas cores e suas figuras pintadas e que, segundo a tradição falara com Francisco, na velha igreja de S. Damião e lhe pedira: “Francisco, conserta minha casa, que está caindo em ruínas”. Ligada à história de São Francisco, de sua conversão e irradiação de sua mensagem, está a Porciúncula, a pequena capela que foi testemunha de alguns milagres, como aquele em que o Santo, para fugir à tentação, teria se atirado numa moita de espinhos, que seu sangue transformou em roseiral; esse, com suas rosas sem espinhos, é um dos pontos de atração para os visitantes, aliás, por toda a cidade estão os testemunhos do amor e da bondade do grande santo. Em nossa volta, andando sobre as ruas de pedra, parecia-nos ouvir o som dos passos de S. Francisco, ouvir o eco de suas palavras, sentir as dúvidas que experimentou e receber sua mensagem, que, na sua simplicidade, ainda cala no coração do homem do século XXI: o anseio de paz está presente nos corações daqueles que acreditam ser possível aos povos e às sociedades viverem com respeito e harmonia num mundo sem as barreiras dos preconceitos, dos ódios ou rancores. (debruzzi@ig.com.br)

PINIÃO

A disputa pelo poder na cúpula da Igreja José Lisboa M. de Oliveira

Professora universitária e jornalista

história da cidade, localizada num declive do monte Subásio, remonta ao Século VI A.C. Em 89 A.C. tornou-se município romano e sinais daquela época encontram-se até hoje, em suas muralhas, seus arcos de acesso, esculturas e templos.

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Filósofo. Doutor em teologia*

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disputa pelo poder dentro da Igreja é tão antiga quanto a própria comunidade cristã. Os Evangelhos sinóticos registram o episódio dos irmãos Zebedeu, que instigados por uma mãe preocupada com o futuro de seus filhos, pretendem ocupar o lugar de primeiros ministros no Reino de Jesus (Mt 20,20-28). Ao que tudo indica, trata-se de uma referência ao carreirismo e ao oportunismo já presentes nas comunidades cristãs do final do primeiro século da nossa era. Paulo, em algumas de suas cartas, denuncia e critica o comportamento ambicioso de determinadas lideranças, as quais disputam ferozmente o poder dentro das comunidades cristãs por ele fundadas. O texto mais incisivo é aquele da Carta aos Gálatas na qual o apóstolo denuncia pessoas que estão semeando confusão nas comunidades e anunciando "um evangelho diferente” daquele que ele anuncia (Gl 1,610). Em Corinto, depois de seu esforço evangelizador, Paulo vê a comunidade se dividir em facções (1Cor 1,12; 3,4). Na Carta aos Filipenses (1,12-18) o apóstolo acusa aqueles que na comunidade agem por inveja e por espírito de competição. Tais "cães” e "falsos circuncidados” confiam "na carne” (3,2-4) e adoram o "deus-ventre” (3,19). A situação se agrava ainda mais quando, a partir de 380, com o decreto de Teodósio, o cristianismo passa a ser religião de Estado. Os bispos, os padres e até o próprio Papa vão assimilando o jeito de ser dos imperadores e reis. Qualquer historiador eclesiástico sério sabe muito bem o que isso significou. É hipocrisia tentar negar o óbvio, ou seja, que existam disputas internas no interior da Igreja. Os autores sagrados do Novo Testamento não esconderam isso. Sabemos por experiência que tal disputa se dá ainda hoje, inclusive nas pequenas comunidades. Com frequência vemos lideranças, coordenadores e ministros agarrando-se ao pequeno poder que lhes é concedido pelos cargos. Até a detenção da chave da gaveta do armário da sacristia pode se tornar fonte de poder autoritário, dominador e opressivo. Resta-nos uma única alternativa para reverter tal situação que tem início com a humilde confissão e admissão da existência da disputa pelo poder no interior da Igreja. Admi-

tida esta realidade é indispensável repensar por completo a educação das lideranças cristãs, desde as mais simples até os ministérios ordenados que implica, antes de tudo, a clareza acerca da total incompatibilidade entre o modo de governar dos tiranos deste mundo e o governo eclesial: "Entre vocês não deverá ser assim” (Mc 10,43). O poder na comunidade cristã é exclusivamente serviço, de modo que fique bem evidente que quem não estiver disposto a servir não pode assumir nenhum tipo de liderança na Igreja: "quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês” (Mc 10,43). Não será fácil educar à maneira de Jesus: depor o manto do poder dominador e amarrar na própria cintura a toalha do diákonos, do servidor, do garçom, do empregado que serve à mesa (Jo 13,4). Não há como conciliar o poder serviço com o poder dominação. Quem se recusa a ver a função da liderança como serviço aos outros, se exclui automaticamente da comunidade dos discípulos e discípulas de Cristo (Jo 13,8). Por recusar-se a ser servidor exclui-se automaticamente do discipulado de Jesus: "não terá parte comigo” (Jo 13,8). Na comunidade cristã, de irmãos e de irmãs, o que conta é a capacidade de servir. Se há grandeza em alguém, esta grandeza deve ser medida por sua capacidade de, na humildade, servir aos outros (Mt 23,11-12). O resto é, no dizer do apóstolo Paulo, podridão, esterco, inclusive os "nobres títulos” com os quais algumas lideranças cristãs fazem questão de serem identificadas (Fl 3,1-14). *O autor é também professor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília

O Papa oriundo da América Antônio Estêvão Allgayer Advogado

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Editora Vozes deu à publicidade, sob o título simplificado de OS PAPAS, um livro que no original alemão, da lavra de Rudolf Fischer-Wollpert, se intitula “Lexikon der Päpste” ( Léxico dos Papas). Este título foi mantido inalterado na primeira edição de luxo em língua portuguesa lançado pela Vozes de Petrópolis. Além de referências biológicas a cada um dos papas de Pedro a Bento XVI, o original alemão apresenta um glossário de eventos marcantes dos primórdios da era cristã até hoje. Por amor à brevidade mencionarei apenas o holocausto dos Mártires dos três primeiros séculos, os Concílios Ecumênicos, as Cruzadas, a Inquisição, as Heresias, o Cativeiro Babilônico dos Papas, e personalidades como Agostinho de Hipona, Irineu de Lião, Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Catarina de Sena, Martinho Lutero. No que concerne à tradução do citado livro, vou transcrever o que afirmou Frei Neylor J. Tonin, diretor editorial da Vozes: “Lexikon der Päpste” obteve tradução de alto nível, muito acima das traduções corriqueiras....” Se faço este registro, estou agindo no intuito de induzir eventuais interessados a adquirirem uma obra de incomensurável quilate em seu original alemão. O livro, na versão portuguesa, incluído o glossário, encontra-se à venda na Editora Vozes, Neste passo peço perdão aos que por engano me leem por me afastar do tema de uma eleição papal que transcende de longe o campo da fé religiosa e despertou o interesse de multidões de regra indiferentes a assuntos de Igreja. . Eis que jornais de orientação laica cobriram páginas de incontáveis alusões ao novo Papa, por cristãos católicos praticantes considerado legítimo sucessor de Pedro. O Papa Francisco é simples, humilde e afável. Admira esse outro Francisco, o qual reinventara uma Igreja pobre entre os pobres. Livre da púrpura cardinalícia, sua ndumentá-

ria é de um branco monótono, a cruz peitoral é de ferro e os sapatos são de material escuro e sola de borracha. Foi morar na casa Santa Marta e não nos aposentos reservados para o Papa. É de se esperar que lhe agrade, ao invés da designação de Sumo Pontífice, a de “servo dos servos de Deus”, cunhada pelo Papa São Gregório Magno. O último número da revista TIME dedica ao evento da eleição dez páginas inteiras, com fotos e escritos.Traz na capa os dizeres“New World Pope”(Papa do Novo Mundo),. Ao que tudo indica, Francisco não pretende governar a Igreja sozinho, sem a participação do colegiado dos bispos do universo católico, com estrita observância dos cânones da Constituição Dogmática “Lumen Gentium” do Vaticano II (LG 21). Tal fato confere reforço à ideia de que a nomeação de novos bispos venha a recair sobre pessoas capazes e dispostas a promover mudanças “ousadas e profundamente inovadoras” na Igreja e no mundo, preconizadas pelo Papa Paulo VI na Encíclica “Populorum Progressio”. Rezemos por ele e com ele pela Igreja “santa e sempre necessitada de purificação” (LG 8). E nos lembremos do dito de Bento XVI de que somos “queridos, amados e necessários”. Ratzinger, exímio teólogo que é, legou à Igreja obras escritas de grande valor e, no decurso do seu papado, convidou clérigos da Igreja Anglicana a reintegrar-se na Igreja sediada em Roma, sem a exigência do celibato. Não lhe faltou coragem para inovar...! Nem se pode negar que em seu pontificado aconteceram fatos de inavaliável importância para a Igreja.


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Educação e saúde

Cárie dentária: causas, educação e prevenção Maximiano Ferreira Tovo Professor da Ulbra, doutor em Odontopediatria

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luz do conhecimento atual, pode-se dizer que os procedimentos restauradores contribuem de forma parcial e limitada ao restabelecimento da saúde bucal. Hoje, a educação, a prevenção e a manutenção periódica asseguram ao paciente a condição de saúde, destinando-se ao tratamento cirúrgico-restaurador um papel coadjuvante. Divulgação

Alinhada a este novo paradigma, a Odontopediatria hodierna ampliou sua área de atuação, passando a efetivar ações educacionais e preventivas junto a gestantes e bebês. Com procedimentos simples e eficientes, podemos manter a condição de saúde ou de equilíbrio bucal em relação à cárie dentária dos bebês, através de uma etapa informativa, educativa e motivadora – compartilhada com a gestante durante o período pré-natal – e outra de aplicação e transferência deste aprendizado, logo que o bebê nasce.

Diagnóstico precoce é importante

Como surge a cárie ?

Ao nascimento, a cavidade bucal do bebê – mantida estéril durante a vida intra-uterina – passa a albergar diversos tipos de microrganismos, porém, a bactéria relacionada com a cárie dentária estará presente em níveis consideráveis a partir da irrupção dos dentes decíduos (também conhecidos como dentes de leite, a primeira dentição humana). Embora estas poucas linhas exponham, sumariamente, como nos infectamos, existem outros fatores que interagem no surgimento da doença cárie. As bactérias são ditas fator essencial para o surgimento da doença cárie. Estudos em laboratório comprovaram o fato: em animais livres de germe não ocorre cárie dentária.

Fatores que interferem na produção da cárie

Apesar desta constatação, podemos dizer que são os fatores secundários que modulam o surgimento de lesões de cárie, sejam manchas brancas ou cavidades. Entre eles podemos citar: a dieta, o grau de utilização dos fluoretos (em água de abastecimento, cremes dentais, aplicações profissionais, etc.), a capacidade tampão da saliva (capacidade de remineralizar o esmalte dos dentes) e o padrão de higiene bucal estabelecido (escovação e uso de fio dental). Estando estes fatores em desequilíbrio, ou seja, favorecendo a atividade bacteriana de tal sorte que o ecossistema bucal não consiga impedir as perdas minerais do esmalte dentário, o processo encaminha-se à desmineralização localizada da estrutura dentária, ou

da saliva, facilitando sobremaneira o metabolismo bacteriano. Se, aliado a este quadro, tivermos a presença de um substrato – normalmente o leite, advindo da mamadeira adoçada com açúcar refinado, mel ou achocolatados – e um padrão de higiene bucal insuficiente para remover adequadamente a placa dentária (colônia de bactérias) das superfícies dentárias, teremos a interação necessária entre hospedeiro, microbiota e substrato para o surgimento de uma lesão cariosa.

seja, às lesões de cárie clinicamente detectáveis.

A cárie de mamadeira

A "cárie de mamadeira", por exemplo, é um quadro característico de favorecimento à atividade bacteriana. Especialmente no período noturno, durante o sono, ocorre uma redução do fluxo salivar e uma consequente redução da capacidade tampão

O entendimento deste desequilíbrio que ocorre no ecossistema bucal reforça a necessidade de atenção ao pequeno ser que está em crescimento e desenvolvimento. A cárie dentária ou a doença periodontal (da gengiva) – ambas, doenças de natureza infecciosa – devem ser prevenidas ou controladas, bem como o acompanhamento do desenvolvimento da oclusão dentária e dos ossos da face, devem ser objeto de atenção profissional. Diagnosticadas precocemente, estas alterações tendem a um prognóstico favorável. A Odontologia deste milênio está centrada no modelo de promoção de saúde da população. Sob o ponto de vista social, são procedimentos de menor complexidade e de maior alcance. A valorização da saúde, como essência da prática odontológica, trará benefícios inestimáveis: uma geração de cidadãos brasileiros dentados, que declinem do título de campeões mundiais de cárie dentária.


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EMA EM FOCO

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Deixem Francisco reconstruir a Igreja A

escolha do novo Papa gerou expectativa no mundo católico? Sim! Gerou muita expectativa em todos os quadrantes da terra. Expectativa por quem quer e espera por mudanças, muitas mudanças! E expectativa por quem torce para que o Papa nada mude e, mais ainda, faça anular avanços até aqui concedidos e, de preferência, retroceda ao modelo de Igreja anterior ao Concílio Vaticano II para legitimar, de fato, seu pontificado. Uns e outros podem se frustrar. Com certeza, os segundos se frustrarão, pois não é por acaso que o cardeal Bergoglio escolheu o nome Francisco para seu pontificado. De certa forma, o nome já é uma proposta de projeto. Os segundos, especialmente os apressados, se frustrarão porque toda mudança é um processo, especialmente numa instituição de 2.000 mil anos de história. CNBB

miradores no mundo inteiro. Com certeza, manterá este mesmo jeito despojado, priorizando também as relações pessoais, e até, se preciso for, enfrentar a oposição para proteger os mais vulneráveis.

Inimigos externos

A Igreja sempre teve inimigos externos e inimigos internos. Os inimigos externos já são bastante conhecidos e rezam pela cartilha da cultura secularizada que predomina hoje no mundo. Cultura essa que banaliza a vida e se orienta por parâmetros de praticidade e imediatismo. Cultura que clama pela liberação do aborto em qualquer tempo de gestação, que clama pela liberação de casamentos homossexuais, pela autorização de adoção de crianças para casais homoafetivos. A Igreja condena o erro, o pecado e não o pecador. Mas, com certeza, não terá como atender a esses clamores por contrariarem as leis da natureza, e, portanto, as leis de Deus. Contudo, quem assim pensa continuará a ser visto como filho e filha de Deus e digno de comiseração.

Mudanças possíveis

Reconstruir a Igreja

Francisco, o pobrezinho de Assis, escutou Jesus no crucifixo pedir que ele reconstruísse sua Igreja. E o fez. A humanidade – e a Igreja muito mais – precisa agora de um pastor, de um verdadeiro Pai – 'Pope'/Papa – para reconduzir a Barca de Pedro, desde o seu interior, reconstruir a Igreja por dentro. O Papa Francisco estará atento aos sinais dos tempos. “Não devemos nos fechar para a novidade, porque esta transforma", disse ele na homilia da Vigília Pascal falando na ressurreição de Cristo. E que “os católicos não se resignem, nem percam a confiança, diante das dificuldades”. Nesse primeiro mês de pontificado, ele já mostrou que vai deixar de lado muitas questões protocolares das quais visivelmente não gosta, e estabelecer seu próprio estilo no Vaticano. Retroceder? Quase impossível! As lições de humildade e a mesma profunda simplicidade de seu passado com que se apresenta conquistou ad-

Certamente, o Papa Francisco continuará a estimular a aproximação com outras denominações religiosas. Igualmente, apoiará e facilitará o processo do ecumenismo com as igrejas cristãs históricas. Permita talvez também uma revisão da posição oficial sobre o controle da natalidade e o controle de doenças sexualmente transmissíveis. Poderá rever também – como forma de resgatar o protagonismo feminino tão intenso no cristianismo primitivo – o papel e espaço da mulher na hierarquia da Igreja. Mas não se espera – por precoce – a ordenação presbiteral feminina. No máximo, talvez se cogite a ordenação de diaconisas permanentes – à similitude dos diáconos permanentes homens, novidade que surgiu no Concílio Vaticano II – defendida por considerável parcela de leigos e padres. Outra possibilidade se refere à ordenação presbiteral de homens casados, a exemplo do que já é praxe na Igreja Católica do rito oriental. Mas tudo e sempre segundo um processo em ritmo mais lento que os apressados desejariam.

Inimigos na trincheira!

E talvez seja a esses que fazem resistência, boicotam e combatem a Igreja internamente a

que o agora Papa emérito Bento XVI tenha se referido como uma das justificativas para seu pedido de renúncia em 11 de fevereiro último, surpreendendo o mundo. O Concílio Vaticano II criou diversas dissidências, espécie de ‘pequenos cismas’, verificados em várias partes do mundo. São dissidências que se aglutinam sob o manto de fraternidades, associações culturais, etc. Algumas, mais, outras menos radicais, também são conhecidas como “neoprotestantes”. Vão desde um tradicionalismo anti-Vaticano II moderado até o sedevacantismo radical e a posterior perda da fé. Em comum, a rejeição parcial ou total do Concílio Vaticano II e suas consequências, por julgá-lo infestado pela maçonaria e por seitas anticristãs. Condenam a Declaração referente à liberdade religiosa, a tese do colegiado dos bispos, o rito da Missa aprovado por Paulo VI. E mais, as fraternidades mais radicais afirmam estar vacante a sé papal e aguardam um futuro Papa legítimo. Que depois de Pio XII (1958) não houve mais Papa. Que os que o sucederam não tiveram e não tem legitimidade, atentaram contra cânones e, portanto, apóstatas. Para esses, o Vaticano está vacante. São os chamados sedevacantistas. O Papa Francisco terá que ter muito habilidade para evitar a ruptura definitiva – um novo cisma – entre a igreja pré-conciliar e a pós-conciliar. Terá que fazer o papel de algodão entre cristais.

As fraternidades e organizações anti-vaticanistas

Deixamos de mencioná-las aqui. Ao leitor interessado, sugerimos consultar o "Google", digitando, por exemplo, entre muitas outras possibilidades: Tradicionalismo anti-Vaticano II: o neoprotestantismo ou A negação do Vaticano II e a confusão tradicionalista ou Carta aberta aos defensores da Fraternidade São Pio X ou Carta de Wagner Zucchi sobre a Montfort ou "Católico de verdade" entra em contradição sobre o Vaticano II ou Fedeli contra Fedeli ou O caso Lefebvre ou O Papa permitiu ao Instituto Bom Pastor-IBP criticar ou atacar o Concílio Vaticano II? ou Padre diz que Bento XVI vai cancelar o Vaticano II ou Permissão do Papa para criticar o Concílio Vaticano II? ou Tradicionalismo anti-Vaticano II: uma forma velada de sedevacantismo. Etc.


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A S S

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ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

Francisco: o Papa Bom C

inquenta e cinco anos se passaram desde que o cardeal Angelo Giuseppe Roncalli foi eleito Papa João XXIII. E que foi logo reconhecido como o Papa Bom. Pelo seu passado de padre e de arcebispo em Buenos Aires e pelos gestos e atitudes de seu primeiro mês de papado, o Papa Francisco também já fez por merecer idêntica denominação. “A sua bondade nos dá vontade de também sermos bons”, é frase já ouvida em rodas de conversa entre jovens. “Eu acho que esse será um Papa que nós poderemos amar por sua humildade, por sua evangelização”, opinou o professor de história da Igreja Católica da Universidade Estadual de Nova York, William Cook. Francisco já disse que quer presidir a Igreja na caridade. Esse é o sentido da mais antiga tradição da função de Pedro.

Um jesuíta coerente

O compromisso com os pobres e com os que sofrem faz parte de seu currículo e é coerente com sua simplicidade pessoal. Quando arcebispo de Buenos Aires, escolheu viver num apartamento simples onde ele próprio fazia sua comida, e não no palácio episcopal. Em Buenos Aires também se deslocava de ônibus e metrô para visitar as paróquias e vilas. E que agora, já no compromisso de seu primeiro dia de papado, abre mão da limusine com motorista para acompanhar seus companheiros num micrônibus. Essa mesma coerência, de outro lado, também fez com que insistisse que seus subordinados – quando era provincial dos jesuítas – seguissem fielmente a tradição espiritual de S. Inácio de Loyola e que continuassem seu trabalho nas paróquias e atuassem como vigários em vez de se meterem em ativismo político.

Servir

Há quem diga que o Papa está fazendo demagogia com tantos gestos e atitudes de desapego já nos primeiros dias de papado. Quem assim pensa e fala o faça, talvez, por falta de informação, pois até aqui todos os seus atos indicam o contrário: Francisco é coerente com o discurso e com o seu passado. Com a mesma naturalidade com que, no dia da missa de sua posse, beijou o rosto da presidente Cristina Kirchner, sua adversária no campo das ideias e das práticas, curvou-se também para lavar e beijar os pés de presos numa cadeia italiana na cerimônia do Lava-pés de Quinta-feira Santa num centro de detenção de menores em Roma. Lá, ajoelhado no chão frio sobre um simples pano branco, Francisco lavou, secou e beijou os pés de dez meninos e duas meninas de diferentes nacionalidades, dois deles muçulmanos. Inovou, já nos primeiros dias, pois esta simbólica e tradicional cerimônia sempre foi realizada na basílica de São João de Latrão, e seus protagonistas de outros anos eram padres. "Quem está no ponto mais alto deve servir aos outros", "ajudar os demais", disse o Papa na ocasião, repetindo o costume que, como cardeal, fazia em Buenos Aires, onde inclusive realizou a mesma cerimônia em que os protagonistas foram 12 pacientes de um hospital para tratamento com AIDS.

Em Buenos Aires

Muitos são os testemunhos de histórias de atuação social do Papa Francisco na Argentina.

Lá ficou conhecido por suas visitas a favelas e por reivindicar proteção do poder público para os pobres. “Ele entrava em contato com essas vítimas das injustiças sociais e se comovia com a história delas”, lembra Gustavo Vera, presidente da ONG La Alameda, que luta contra a prostituição, as drogas, o tráfico de pessoas, o trabalho infantil e escravo na capital argentina “Ele costumava realizar missas em lugares públicos onde havia prostíbulos, por exemplo, e denunciava a triste situação por que passa nossa cidade. Bergoglio prestava assistência a todos que viviam em condições vulneráveis e exigia que o estado cumprisse com a lei. Ele falava a verdade que o governo não queria ouvir". Outras vezes, quando o estado não se mostrava apto a garantir a segurança de pessoas que denunciavam situações ilegais e eram ameaçadas de morte, Bergoglio as amparava, se preciso até as recebia como refugiadas nas dependências do arcebispado lembra Vera.

teros procuraram esquecer e rejeitaram um ex-bispo porque resolvera abandonar a carreira para casar-se, Bergoglio estava lá, ao lado da esposa daquele para animar o ex-colega gravemente enfermo no hospital. E ela, Clelia Luro Podestá, hoje com 87 anos, viúva CNBB

Pastor e homem de oração

Conservador, em muitas questões, aos olhos de quem quer avanços, especialmente nas áreas da homossexualidade, da preservação da vida intrauterina e da eutanásia – por contrariarem as leis da natureza, portanto, de Deus – Bergoglio não é um defensor dos privilégios do clero ou um homem insensível às realidades pastorais. Em setembro de 2012, ele disparou um ataque contra os padres que se negavam a batizar crianças nascidas fora do casamento, classificando a recusa como uma forma de “neoclericalismo rigoroso e hipócrita". Tem afiado senso pastoral, inteligência, modéstia pessoal e respeito tanto dos ortodoxos quanto dos moderados. Também é visto como uma alma genuinamente espiritualizada e um homem de profunda oração. “Somente alguém que tenha encontrado a misericórdia, que tenha sido agraciado com a ternura da misericórdia, está feliz e em paz com Deus”, disse Bergoglio em 2001. “Eu peço aos teólogos presentes que não me enviem ao Santo Ofício ou à inquisição; no entanto, forçando um pouco as coisas, ouso dizer que o lugar privilegiado do encontro é a bondade da misericórdia de Cristo sobre meus pecados.”

Bom samaritano

Quando quase todos os amigos e colegas presbí-

de Jerônimo Podestá, outrora bispo de Avellaneda e falecido em 2000, nunca esquece essa solidariedade. "Conheci Bergoglio em 2000, em Buenos Aires. À época, quando Jerônimo estava internado no hospital San Camilo, muitos bispos e padres se distanciaram. O único religioso, absolutamente o único, a visitá-lo foi o cardeal Bergoglio, que lhe rezou a unção dos enfermos. Quinze dias depois, Podestá morreu. E Bergoglio me acompanhou por todos esses anos como se acompanha alguém que está com dor, que está com vontade de chorar. Ele me escutou, me deu conselhos, me ligou. Foi um amigo". Após a morte de Podestá, Bergoglio ainda foi um dos poucos clérigos a reconhecer publicamente suas contribuições à igreja argentina. Para a viúva do ex-bispo, o seu amigo e agora Papa Francisco é um homem “enérgico, forte e humilde, ele será um novo João XXIII para a Igreja. Abrirá as portas do Vaticano".


8 Acomodação Paulo Roberto Gaefke

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ABER VIVER

Nove alimentos para deixar a imunidade nas alturas

ocê já notou como as pessoas se acostumam facilmente com certas situações difíceis e se deixarem, elas vão se adaptando à dor de Transforme-os em aliados tal maneira que, dificilmente, conseguimos distin- e deixe a saúde perfeita guir o que é a pessoa, quais são os sonhos dela e o Sua imunidade anda baiporquê da pessoa viver naquela situação extrema? xa? Ou, melhor ainda, você não quer dar chance para Responda rápido: é mais fácil se adaptar ou se acomodar, diante que nenhum mal afete a sua das coisas alegres e boas, ou diante da dor e da tristeza? Se for para responder sem pensar, às pessoas sempre dirão que saúde? Aposte em um prato as coisas boas e alegres são o “sonho de consumo” de todos os seres de comida bem equilibrado, humanos, mas o que nós vemos por ai, é o contrário, são pessoas principalmente com os ingrevivendo pelas ruas, em casas de palafita, favelas e guetos, em con- dientes certos. dições que chegam a ser revoltantes e mesmo assim, encontram Frutas cítricas, como laaté motivações para permanecerem nesses locais, enfeitam o que ranja, acerola, kiwi, tomate, é feio, se apegam na miséria. além de pimentão verde e verNo campo dos sentimentos, a coisa fica pior ainda, pois aqueles melho são ricos em vitamina que vivem um relacionamento estável, por exemplo, logo caem na C, antioxidante que aumenta rotina e começam a viver por viver, o companheiro ou companheira a resistência do organismo. passa a ser mais um “objeto” da sala de visitas, aquela pessoa que Vegetais verdes escuros “nos pertence”, a “coisa” com quem convivemos, mas, se uma (brócolis, couve, espinafre), traição ou uma separação brusca acontece, as pessoas se martirifeijão, cogumelo e fígado são zam, se apegam à dor como vela de barco e acabam destruindo a alimentos que apresentam própria vida… Será que você não se acostumou ao seu trabalho e não consegue ácido fólico. O nutriente auxilia na formação de glóbulos mais ver a graça dos primeiros dias? Será que o seu amor de anos não virou brincadeira de papai e brancos, responsáveis pela mamãe? defesa do organismo. Será que as suas escolhas não estão sendo realizadas por imCarne, cereais integrais, pulso, por sentimentalismo e até por “piedade”? castanhas, sementes e leSerá que não está faltando luta, desejo de vencer, mais garra guminosas (feijão, lentilha, da sua parte? ervilha, grão de bico), são Não está faltando prestar atenção nos detalhes, ou quem sabe, ricos em zinco, nutriente que você não esteja sendo detalhista demais, cobrando demais, querendo coisas demais de quem só pode oferecer o que já lhe oferece? combate resfriados, gripes Permita-se questionar a vida, os motivos que o levam para e outras doenças do sistema essa ou aquela decisão, o porquê dos fatos, a razão pela qual essa imunológico. Noz, castanha, amêndoa ou aquela situação se apresenta, onde você anda errando e onde deveria focar seus pensamentos, desejos e sonhos, quem sabe você e óleos vegetais são ricos não descobre que está valorizando demais o que não merece tanta em vitamina E. Ela é benéatenção, e, por outro lado, não está prestando atenção a quem lhe fica, principalmente para os pede apenas carinho. idosos, agindo no combate à Seja como for, a vida não é um ônibus com destino fixo, na diminuição da atividade imuverdade, quem o dirige é você, e o roteiro é feito por suas escolhas, nológica por conta da idade. até da estrada que vai seguir viagem. (Fonte: internet)

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Rico em licopeno, o tomate é forte aliado para combater doenças cardiovasculares, removendo radicais livres do organismo. O ômega-3 presente no azeite e no salmão auxilia as artérias a permanecerem lon-

ge de inflamações, ajudando a imunidade do corpo. A castanha-do-Pará e cogumelos (champignon) contêm selênio, um forte antioxidante que combate os radicais livres, melhorando a imunidade do corpo e acelerando a cicatrização do organismo Rico em vitaminas C,

O que devo saber sobre a Vitamina D A deficiência de vitamina D é cada vez mais comum entre as pessoas. Sua importância é fundamental para a saúde, entretanto, ela só age na reposição óssea se o consumo de cálcio acontece na medida certa. Qual é o consumo recomendado de vitamina D por dia? Segundo a U.S. Dietary Reference Intake (DRI), a ingestão de vitamina D deve obedecer a seguinte regra: homens de 13 a 50 anos devem consumir de 5 a 10 mcg/dia; homens de 51 a 70 devem consumir 15 mcg/dia; mulheres de 13 a 50 anos devem consumir 5 mcg/dia e mulheres de 51 a 70 anos, 10 mcg/ dia. Como conseguir a dosagem necessária? • Tomar sol, sem protetor solar, 15 minutos três vezes por semana. • Consumir alimen-

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B6 e com ação bactericida, o gengibre vai além de ajudar a tratar inflamações da garganta e auxilia nas defesas do organismo A pimenta vermelha é fonte de betacaroneto, substância que se transforma em vitamina A, nutriente que protege o organismo de infecções. (www.minhavida.com.br)

Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003

tos como ovos, manteiga, atum e iogurte. • Tomar cápsula de óleo de bacalhau durante as refeições (cem gramas de óleo de fígado de bacalhau têm 250 mcg de vitamina D). Mas o sabor é forte. • Suplementação de vitamina D (gotas ou cápsulas de vitamina D) só pode ser feita após exame de sangue revelando carência. Consulte o médico. Nota importante: Antes de fazer uso de qualquer suplemento alimentar é indicado consultar um médico ou nutricionista. “A vitamina D pode ser tóxica, ingestões excessivas desse nutriente resultam em hipercalcemia, o que causa depósitos de cálcio em tecidos moles, como rins, artérias e coração”, afirma a nutricionista Thais. Além disso, se tomado juntamente com antiácidos à base de magnésio, o suplemento pode elevar a quantidade da substância no sangue a níveis tóxicos. Daí a necessidade de consultar um profissional antes de iniciar a suplementação.


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Humor

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SPAÇO LIVRE

Ordenação sacerdotal

Luiz Carlos Muller

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on

A revolução de Chávez

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revista Time de 29 de agosto de 1999 perguntava: “Que espécie de sociedade está o presidente da Venezuela construindo, enquanto ele demole a antiga ordem?”.

P: Por que a laranja foi pro psicólogo? R: Porque ela sentiu que sua mente estava um bagaço. xxx P: Por que o elefante não pega fogo? R: Porque ele já é cinza. xxx P: O que nós devemos fazer para calar o mundo? R: Tirar o “N”. xxx Certo dia, duas cobras estavam conversando e uma perguntou para a outra: - Será que eu sou venenosa? Perguntou a outra: - Por quê? - É que eu mordi minha língua! xxx

Le

P:Depois que um dentista morre, pra onde ele vai? R: Para o céu da boca. xxx

Felipe Lucena Neto foi ordenado sacerdote a 25 de março passado, dia da festa litúrgica da Anunciação, em Porto Alegre. A cerimônia foi realizada na Paróquia São Martinho, bairro Cristal, com a presença da comunidade, além de amigos, familiares e parentes do presbítero. A ordenação foi presidida pelo arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, e pelo bispo da Diocese de Bagé, Dom Gílio Felício. Além do pároco, Pe. Ladislau Molnar, estiveram presentes diversos sacerdotes e seminaristas. Também foi um momento de emoção, porque, entre os padres presentes, estava o irmão do Felipe, Pe. Gilson Lucena Neto, ordenado no ano passado. Os dois irmãos partilham, portanto, a mesma vocação e decidiram ser sacerdotes. Um momento muito especial para a comunidade porto-alegrense.

Cúmulo da magreza: andar na chuva sem se molhar. xxx Era um rapaz tão preguiçoso que se levantava duas horas mais cedo para ter mais tempo sem fazer nada.

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Hugo Chávez Frias, eleito a 6 de dezembro de 1998 para ocupar a presidência da Venezuela, declarava: “Eu não sou um tirano. Não tenho intenção de concentrar poder. Estou desmontando poder”. Após sua eleição, Chávez anunciou uma mobilização social denominada Plano Bolívar 2000, no qual 50.000 das 90.000 fortes forças armadas estão sendo dirigidas através de 26 guarnições para levar avante teatros de operações sociais. Enquanto outras nações americanas estão tentando atrair indústrias de alta tecnologia, Chávez fala em estender trilhos ao longo do rio Orenoco, através da mais populosa e menos ouvida região. Com típica simples ingenuidade Chávez arvorou-se a tarefa de “conduzir o povo através do deserto”. A questão é, pergunta o repórter Tim McGirk, de Caracas, “quão extenso é o deserto?” Pouco antes de tomar posse, a 2 de fevereiro de 1999, Chávez pediu perdão por seus atos passados – mas os votos de 56% dos venezuelanos e a vitória legítima nas eleições garantiram a Hugo Chávez o apoio de seus correligionários e tranquilizaram seus vizinhos no continente. Uma de suas primeiras decisões foi convocar uma Assembleia Constituinte, que aprovou uma situação de “emergência nacional” e lhe garantiu poderes excepcionais para governar. Eleito para um mandato de cinco anos, o ex-tenente-coronel avisou que pretendia estendê-lo por mais um e depois se reeleger por mais seis — um total de 12 anos no cargo. Depois de uma condução tumultuada dos destinos do país, sendo destituído e reconduzido ao cargo máximo da Venezuela, Chávez seguiu sua trajetória política, com grande número de seguidores, que garantiam sua permanência na direção dos destinos da Venezuela. Capaz de atitudes ora autoritárias, ora democráticas, Hugo Chávez mudou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, em homenagem ao seu grande líder Simon Bolívar. Dia 8 de dezembro de 2012. Chávez anunciou uma recorrência do câncer detectado inicialmente em 2011 e extirpado numa cirurgia realizada em Cuba. Designou pela primeira vez um sucessor, o vice-presidente Nicolás Maduro. A última vez que os venezuelanos viram Chávez foi na manhã de 10 de dezembro de 2012, no aereoporto de Maiquetía, em Caracas, onde se despediu com um: “Hasta la vida siempre!” Desde a operação, o governo venezuelano divulgou periodicamente relatórios sobre seu estado de saúde, mas nunca mostrava fotos do presidente no hospital em Havana. Dia 18 de fevereiro é anunciada a volta de Chávez à Venezuela e seu internamento em um hospital militar em Caracas. Dia 28 de fevereiro, em pronunciamento na TV, o vice-presidente Nicolás Maduro afirma que Chávez “está lutando por sua vida”. Finalmente, dia 5 de março, Nicolas Maduro anuncia na TV a morte do presidente Hugo Chávez Frias. (geralda.alves@ufrgs.br).

16 - Luiz Carlos Tovo - 16/04 André L. Birck - 21/04 Bernardino Conte - 21/04 Suzana Valle de Curtis - 23/04 Edy Adegas - 24/04


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 21 de abril - 4o Domingo de Páscoa Cor: branca

1 leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos, (At)13,14.43-52 Salmo: 99(100), 2.3.5 (R/. 3ac) 2a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 7,9.14b-17 Evangelho: João (Jo) 10,27-30 Comentário: Conhecer alguém não é apenas saber o seu nome, profissão, ter um ou outro encontro com ele ou, mesmo, viver sob o mesmo teto e partilhar momentos comuns. Quantas vezes ouvimos dizer de uma esposa, referindo-se ao seu marido: “Puxa, vivi com ele 28 anos e não o conhecia!”. E a recíproca, infelizmente, é verdadeira. Da sabedoria grega, recolhemos: nosce te ipsum... conhece-te a ti mesmo. Se já é difícil conhecer-se a si mesmo, é muito mais difícil conhecer, realmente, as pessoas que nos cercam. Nos textos bíblicos encontramos o sentido mais profundo da palavra conhecer. Pedro diz aos soldados, referindo-se a Jesus: não conheço este homem. Pedro achava que conhecia Jesus, o Jesus, filho de Maria e José, o Jesus que curava com apenas uma palavra, o Jesus que tinha “estranhas” palavras de vida eterna. Mas este Jesus, humilhado, condenado, cuspia

do, destroçado... este Jesus, Pedro não conhece. E não o conhece porque ainda não penetrou no mistério de Jesus, na intimidade de Jesus, na totalidade do seu ser. E, por isso, não o havia assumido, ainda não era capaz de conhecer e cuidar das “suas ovelhas”, missão que receberia depois da ressurreição do Senhor. E em Mateus, no Juízo Final, a palavra mais dura para os que estiverem à esquerda do Juiz, a palavra mais terrível que alguém pode ouvir: afastai-vos de mim... não vos conheço! Conhecer alguém é penetrar no seu mistério, na intimidade do seu ser e do seu viver e acolhê-lo com amor. A consequência deste conhecer leva, sempre, a um compromisso definitivo com quem se conhece. Só pode dizer que conhece a Deus quem acolhe, assume e vive o projeto de Jesus. E viver o projeto de Jesus sempre leva ao compromisso de conhecer, acolher e mesmo dar a vida por quem se ama. Conhecer, então, não é saber muitas coisas de alguém ou de Jesus, mas praticar a justiça do seu Reino e acolher todas as pessoas que Deus vai colocando em sua vida.

28 de abril - 5o Domingo de Páscoa Cor: branca

1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 14,21b-27 Salmo: 144(145),8-9.10-11.12-13ab R/.cf 1) 2a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 21,1-5a Evangelho: João (Jo) 13,31-33a.3435 Comentário: ”Ama e faze o que queres”. Poderíamos pensar que S. Agostinho “exagerou” quando afirmou isso. Mas ele apenas estava dizendo, em poucas palavras, o que Jesus afirmara há dois mil anos, no contexto da ceia de despedida de seus amigos mais próximos, mais íntimos: Filhinhos... eu vos dou um novo mandamento: amai-vos como eu vos amo. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (13,33-35). Jesus sabia que, quem ama, com amor que conhece, que acolhe o outro e é solidário, jamais fará algo que venha prejudicar a pessoa amada. E Jesus quer que a característica principal... a marca gravada com fogo e sangue no coração de quem for seu discípulo, deve ser o amor. Ama e faze o que queres. Onde há amor, há ternura, há perdão, há esperança, há encontro e reencontro, há justiça, há felicidade, há vida.

E, finalmente, onde há amor, há vida eterna. E o Reino anunciado por Jesus e que ele quer que seus seguidores, como discípulos missionários, construam, aqui e agora, é um Reino de justiça, de perdão e de amor solidário. O amor que Jesus exige de seus discípulos não é construído sobre leis e normas, sobre documentos e práticas institucionais, sempre e apenas meios e instrumentos, indicadores de rumo e rota, mas mutáveis e nunca absolutas. Só há um absoluto na novidade do projeto de Jesus: o amor solidário. Neste projeto uma só lei é totalmente proibida, uma só norma é absolutamente excluída: não amar! Mas o amor que Jesus quer que seus seguidores vivam é um amor exigente, muito exigente. Ele mesmo dá o exemplo deste amor e suas exigências: “amai-vos como eu vos amei”. E o amor com que Jesus ama é um amor que ama os seus e os ama até o fim, até a morte, e morte de cruz. No Reino anunciado e querido por Jesus, o amor é a medida de todas as coisas, de todos os atos, de todas as palavras, de todos os gestos... o amor é a divina medida de tudo. (attilio@livrariareus.com.br)

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Catequese Trabalhando com grupos O grupo é sempre um espaço de comunicação, de convivência, de troca de experiência e lugar de educação, seja para a vida e o crescimento da fé. Toda Catequese necessita passar pela experiência de convivência; ainda que o amadurecimento da fé seja um aspecto individual, sempre precisa da comunidade para expressar e testemunhar vivamente em que acredita. Março/ abril, normalmente, são os meses em que começamos a agrupar catequizandos em preparação à 1a Eucaristia, crisma, perseverança, infantil e também adultos. Aqui vêm algumas perguntas: • Sabemos lidar com estes grupos? • É necessário um conhecimento particularizado de cada participante? • Como Jesus trabalhou com seu grupo? • São importantes as dinâmicas para conhecimento e entrosamento? Para trabalhar com um grupo é impossível ir adiante sem conhecer bem cada participante. Como colaboração, aqui vão algumas dinâmicas para melhor conhecer o grupo. 1. Cada qual pode desenhar-se, respondendo às perguntas: Quem sou? Como sou? a) Em duplas, conversar sobre seu desenho. b) Depois, cada participante apresenta seu colega, através do desenho. 2. Passar uma caixinha de fósforo Ao acender um fósforo, cada participante deverá falar sobre si mesmo, até o mesmo se apagar. 3. Preparar corações em cartolina. a) Cada coração será dividido em dois pedaços. b) A divisão de cada coração deve ser diferente da divisão de outro coração (zigue-zague, um coração dentro do outro, um pedaço pequeno e um grande, etc) c) Cada participante receberá apenas uma parte de um coração. d) Dado o sinal, cada um procurará encontrar e encaixar sua parte no coração do outro. e) Cada dupla descobrirá em conjunto qualidades de seu(sua) colega. f) Apresentar as qualidades das duplas ao grande grupo. 4. Desenhar em papel pardo dois bonecos grandes. a) Motivar o grupo para que escreva, no primeiro, qualidades e no segundo, defeitos. Ex.: bondoso, acolhedor, respeitador, amigo, estudioso, delicado, terno, solidário... Ex.: Egoísta, cabeçudo, teimoso, agressivo, bagunceiro, fofoqueiro. b) cada participante escolhe a qualidade que mais gostaria de vivenciar e o defeito que precisa corrigir. c) Formar uma frase compromisso que será colocada numa cartolina. Ex.: Seremos o grupo mais bonito, porque nele mora a bondade, a amizade... Extraído de publicação de Ir Marilene Bertoldi

EXTINÇÃO DE ASSOCIAÇÃO A Associação Educacional Nossa Senhora de Fátima, CNPJ 08.790.225/0001-09, localizada na Rua Treze, nº 64, Vila Mato Sampaio, Bairro Bom Jesus, Porto Alegre, comunica através de seu Presidente que a Assembleia Geral Ordinária em 07 de abril de 2013 aprovou, por unanimidade, a extinção da Associação, determinando que a Diretoria tome as providências legais e necessárias para efetivar este desiderato. Porto Alegre, 08 de abril de 2013. Jorge La Rosa Presidente


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SPAÇO DA

No dia de São José seminaristas realizam rito de incardinação O rito de incardinação de nove seminaristas maiores, candidatos ao diaconato, comemorou o dia de São José, celebrado no dia 19 de março. A data também marcou o aniversário de 75 anos do Seminário Menor São José. O arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, presidiu Celebração Eucarística na Capela do Seminário, que foi concelebrada pelo bispo auxiliar, Dom Jaime Spengler, e por padres da Arquidiocese. A incardinação dos seminaristas é o rito pelo qual o candidato realiza seu vínculo total com a arquidiocese. Na apresentação ao arcebispo, os seminaristas realizam sua profissão de fé, declaração de liberdade e incardinação, o que atesta o vínculo e a obediência à Arquidiocese e à Doutrina da Igreja. Após este ato, os bispos da Arquidiocese, Dom Dadeus Grings e Dom Jaime Spengler, acolheram os

seminaristas com um caloroso abraço. Foram incardinados os seminaristas Diego da Silva Correa, Diego Jobim Garcia, Fabiano Glaeser dos Santos, Gustavo André Haupenthal, Joel Nievinski Costa, Kauê Antonioli Pires, Lucas Matheus Mendes, Luiz Maria de Barros Coelho Neto e Talis Pagot. Este ato é realizado pelos seminaristas candidatos a padre. O rito inicia a preparação à ordenação diaconal que antecede a ordenação presbiteral. Sobre a incardinação dos seminaristas, o arcebispo classificou o ato de pertença definitiva à Arquidiocese de Porto Alegre como sinal de unidade à Igreja Una, Santa e Católica: “Integrados, somos um em Cristo. Trabalhamos juntos na alegria e também na tristeza para levar a Boa Nova ao mundo, para sentir como é bom ter fé e ter uma razão de vida” enfatizou.

“Alegrar-se em Jesus pela Salvação”, disse Dom Dadeus na Missa da Páscoa do Senhor Diante de Jesus ressuscitado, temos que olhá-lo com gratidão e alegrar-se nEle pela salvação - Este é o conselho do arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, durante a Missa da Páscoa do Senhor, realizada na manhã do domingo, dia 31 de março, na Catedral Metropolitana. Aos fiéis presentes, Dom Dadeus disse que os católicos olham pra Cristo Ressuscitado como o motivo principal da alegria desta festa. Jesus, disse o arcebispo, foi uma pessoa extraordinária que tornou-se conhecido não pelos cargos que ocupou, mas pela aproximação com as pessoas. O metropolita recordou o apóstolo Paulo que afirmou, naquele tempo, que as muitas pessoas que viram Jesus após a crucificação

e davam testemunho de sua ressurreição. Para Dadeus, passados mais de mais de dois mil anos, muitas pessoas continuam a testemunhar Jesus Cristo vivo e presente na Igreja. “Nós, passados dois mil anos, estamos reunidos e podemos dizer a mesma coisa: muitos já morreram nestes dois mil anos e tiveram fé, mas muitos ainda vivem espalhados pelo mundo inteiro, possuem essa mesma fé e podem testemunhar. Por isso nós nos encontramos na Igreja, para nos estimular com essa fé, sentir a fé uns dos outros e viver dessa fé”, enfatizou. O arcebispo encerrou sua homilia acrescentando que, neste tempo pascal, é preciso olhar com gratidão para a cruz e alegrar-se com o Cristo vivo: “Ele está conosco”, finalizou.

Procissão do Encontro reuniu fiéis na Sexta-feira Santa Preces, cantos e reflexões quebraram o silêncio da noite da Sexta-feira Santa no centro de Porto Alegre com a realização da Procissão do Encontro. O evento religioso foi promovido pelas Paróquias da Área Centro e reuniu fiéis que, ao final, acompanharam a pregação do arcebispo Dom Dadeus Grings na Catedral Metropolitana. A procissão iniciou com os homens saindo da Igreja da Conceição, levando a imagem do Senhor Morto, enquanto as mulheres saíram da Igreja Dores, levando a imagem de Nossa Senhora das Dores. Neste ano, a oração e reflexão teve como tema a passagem evangélica de Jesus com os dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24.13-35). As reflexões pautaram para a necessidade dos cristãos de perceberem a presença de Jesus, fortalecer a fé e intensificar a vivência do Evangelho nas comunidades.

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RQUIDIOCESE

Momento emocionante foi o encontro das duas imagens que aconteceu em frente ao Palácio da Justiça. O encontro de Maria e o seu filho morto. O encontro do coração da Mãe enlutada que compreende a ação de Deus para a humanidade. Em sua pregação, Dom Dadeus Grings utilizou o mesmo texto evangélico da procissão para nortear sua reflexão e enfatizou o ato de fé de crer em Jesus. O arcebispo comentou que após reconhecer Jesus no partir do pão, os discípulos sentiram a necessidade de anunciar Jesus Ressuscitado: “Todo aquele que descobre Cristo vivo, sente necessidade de comunicar aos outros. Os discípulos precisavam avisar aos outros colegas. Ninguém mais os retém. É o entusiasmo dos que conhecem Jesus Cristo, dos que vão para as missões, dos que vão para longe anunciar Jesus Cristo vivo, presente entre nós”, disse.

Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Vice-prefeito conheceu obras de restauro da Cúria O vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, realizou visita de cortesia à Cúria Metropolitana de Porto Alegre, no dia 19 de março, conhecendo de perto o projeto e as obras do restauro do prédio da Cúria. Sebastião Melo foi recebido pelo bispo auxiliar, Dom Jaime Spengler, pelos administradores da Cúria e da Obra de Restauro. Acompanhou a visita a comitiva: Wambert Di Lorenzo (assessor da Vice-Prefeitura), Plinio Zaleviski (diretor de Governança da Prefeitura), Glenio Bohrer (coordenador do programa Viva o Centro). Na visita, o administrador do projeto de restauro, Murillo Carvalho, apresentou as áreas restauradas como o andar superior com os aposentos dos padres, sala de audiências do arcebispo, o local onde estava o sítio arqueológico e demais espaços que atualmente passam por intervenções. Murillo destacou que a obra acontece há três anos e, pelo rigor do restauro, todo o trabalho é executado de maneira mais demorada.

Santuário prepara festa para N. Sra. do Trabalho A Paróquia Santuário Nossa Senhora do Trabalho, situada na Av. Benno Mentz, 1560, Porto Alegre, está mobilizando os seus paroquianos em torno da Grande Festa em Honra a Nossa Senhora do Trabalho, que integra o calendário de eventos oficiais da Prefeitura de Porto Alegre. O Santuário é o único no Brasil dedicado a Nossa Senhora do Trabalho, e acolhe, anualmente, durante os festejos, cerca de 10 mil fiéis de diferentes paróquias, que buscam, na Novena que antecede a grande festa de 1o de maio, as graças de que suas famílias tanto necessitam. Com base nisso, a 59a edição da Festa da Mãe do Trabalhador, neste ano, promete ser um evento de ampla divulgação e agregação de grande número de cristãos. Algumas atividades externas e alusivas à devoção de Nossa Senhora do Trabalho vêm ocorendo desde março. Já no dia 14 de abril corrente, a imagem da Padroeira estará no Brique da Redenção, das 14 às 17 horas, para bênçãos, distribuição de orações e da programação dos eventos da 59a Festa. No dia 20 de abril, às 14, haverá uma carreata que, precedida da imagem da Padroeira do Trabalhador, percorrerá ruas dos bairros vizinhos ao Santuário, divulgando a aproximação da novena e Festa em honra a Nossa Senhora do Trabalho.

Programação

Mil Ave-Marias – No dia 20 de abril, as 8 horas, no Santuário, o primeiro evento de reflexão religiosa consistirá na reunião dos fiéis devotos para a oração de “Mil Ave-Marias”, ou 25 terços. Nessa ocasião, a comunidade e demais presentes estarão reunidos em oração em torno das intenções que cada um trouxer e depositar aos pés de Maria. Novena e Quermesse – De 21 a 29 de abril, todas as noites, celebrações de Santas Missas com bênção das Carteiras de Trabalho. Nos sábados e domingos, as Missas ocorrerão às 18h30min. Em dias de semana, segunda a sexta, ocorrerão às 20 horas. Após todas as Santas Missas, no pátio da Paróquia, todos os fiéis são convidados a partilhar e festejar na Quermesse. No dia 1º de maio, dia da Festa da Padroeira do Trabalhador, as atividades iniciarão de manhã e se estenderão até o fim do dia. Às 8 horas haverá procissão com saída do Lar dos Idosos São Guanella (localizado na Av. Ary Tarragô, 1281) em direção ao Santuário de Nossa Senhora do Trabalho. Às 10 horas, com a chegada da procissão, Missa campal, seguida de almoço, tarde de festejos e atividades de recreação. Mais informações através do saite www.paroquianossasenhoradotrabalho.org ou do fone: 3340-3709.


Porto Alegre, abril de 2013 - 2a quinzena

Comunidade de comunidades

M

A nova paróquia

ais de 300 bispos de todas as dioceses brasileiras estão refletindo sobre esse tema durante a 51a Assembleia Geral da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – que ocorre no Santuário Nacional de Aparecida do Norte – SP, entre os dias 10 e 19 de abril. No texto-base que orienta as reflexões procurou-se seguir a proposta de Jesus, quando Ele anuncia que o reino vai ser formado por uma comunidade de discípulos. O documento propõe dois caminhos: a setorização da paróquia e a transformação da paróquia numa comunidade de comunidades. A vivência cristã é uma vivência de comunidade. Ser comunidade faz parte de ser cristão. O texto foi enviado a todos os bispos que agora o discutem em Assembleia.

Papa Francisco conhece proposta desse modelo

Dom Dadeus Grings

“Sim, o tema rede de comunidades foi bem discutido no V Celam em Aparecida (maio de 2007). Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, foi um dos redatores desse texto”. É o que garante Dom Dadeus Grings, arcebispo de P. Alegre. “Ele conhece bem esse documento. E, é claro, a eleição dele como Papa vai perpassar todos os temas e pautas na nossa Assembleia Geral em Aparecida do Norte”.

Escolha do nome é programa de pontificado

“Francisco é o primeiro Papa que vem do hemisfério sul. Para os europeus, nosso hemisfério está lá em baixo, ‘là bas”. O Brasil, a Argentina, ficam ‘là bas, certa conotação da mentalidade de que eles estão lá em cima. E, de repente, vem um Papa lá de baixo. Isto terá uma grande influência. E ainda, por cima, ter escolhido o nome Francisco e dar seu próprio exemplo de simplicidade está mostrando que o atual Papa trabalha mais com símbolos do que com palavras. O nome Francisco dá conotação de simplicidade, de pobreza, de amor ao próximo. Essa escolha significa também um programa de pontificado. Temos, no mínimo, dez santos com o nome Francisco. É um nome muito simbólico. O de Assis foi o primeiro”, diz Dadeus.

Mensagem positiva

Já nos seus primeiros gestos, o Papa Francisco conquistou todos os católicos e também não católicos. “Ele caiu nas boas graças de todos. E a imprensa ajudou muito nisso. Ela foi modelar. Deixou-se também de exigir tanto coisas que vão contra a natureza. Aí é que está – e isto já se aconselhava no V Celam: que não devemos acentuar e ter o foco no negativo. Pois, combater o que há de errado fortalece ainda mais os erros, criam-se anticorpos. E a nada leva. A partir de Aparecida, a Igreja se volta mais a pregar o Evangelho e mostrar o que ela – a Igreja – tem de bom para esse mundo”.

Uma nova paróquia É o que projeta o arcebispo de S. Maria, Dom Hélio Adelar Rubert, a partir da Assembleia da CNBB. "Nos primeiros séculos, as comunidades cristãs eram conhecidas como comunidades que se reuniam na casa dos cristãos. Eram chamadas de “Igrejas Domésticas”. Com o crescimento do número de cristãos, as Igrejas Domésticas foram mudando. A antiga relação igreja-casa se dissolve e se faz a introdução das paróquias territoriais. As paróquias surgiram, portanto, da expansão missionária da Igreja nos pequenos povoados que rodeavam as cidades. Eram originalmente paróquias rurais, que logo se estenderam pelas cidades devido ao crescimento populacional. Com o passar do tempo, paróquia passará a ser essencialmente a Igreja instalada na cidade. Haverá paróquias grandes e pequenas, de acordo com o tamanho das cidades".

Redimensionamento

Dom Hélio Rubert

"O Concílio Vaticano II redimensiona a realidade das dioceses e das paróquias. Na América Latina, o magistério latino-americano assumiu a renovação da realidade paroquial. Há anos, propõe a paróquia como comunidade de comunidades. O recente documento de Aparecida fez uma clara opção pela paróquia e pela sua revitalização. Há necessidade de uma urgente renovação e reformulação de suas estruturas para que sejam rede de comunidades e grupos, capazes de propiciar a seus membros uma real experiência de comunhão com Cristo (cf. DGAE, n. 100). Há necessidade de renovar o ministério do pároco e promover a participação dos leigos e ministérios, bem como a integração das comunidades religiosas, CEBs, movimentos, associações, pastorais e novas comunidades, escolas, hospitais, universidades e comunidades ambientais".

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