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Porto Alegre, 16 a 30 de novembro de 2008

TV Aparecida chega a Porto Alegre

Doação e generosidade Livrarias católicas na 54a Feira do Livro Padre Reus, Paulinas, Paulus, Vozes, Edipuc e Unisinos são as seis entidades católicas de edição e venda presentes na 54ª. Feira do Livro de Porto Alegre. A maior feira de livros a céu aberto da América Latina vai até 16 de novembro próximo. A primeira Feira do Livro, inaugurada na mesma Praça da Alfândega em 16 de novembro de 1955, tinha 14 barracas de madeira instaladas em torno do monumento ao General Osório. A deste ano está com 167 expositores livreiros, sendo 122 na Área Geral, 29 na Área Infantil e Juvenil e 16 na Internacional.

Canal 59 em UHF, canal 28 da TV por assinatura e também por antena parabólica e sky são as possibilidades de sintonia da TV Aparecida em Porto Alegre, desde 1º. de novembro último. A emissora, com sede junto ao Santuário da Aparecida, SP, e dirigida pelos Missionários Redentoristas, foi inaugurada em 8 de setembro de 2005 e hoje conta com várias dezenas de torres retransmissoras espalhadas por todo o Brasil.

Clarissas lançam selo de Natal

Foi dia 4 de novembro último, após celebração eucarística no Mosteiro S. Damião, Vicente da Fontoura 498, em P. Alegre. O selo, com motivo natalino, é também comemorativo aos 800 anos do carisma de S. Francisco, nascido em Assis, Itália, no ano de 1182.

Jovem tem vez Alberto Karkow é o entrevistado desta edição. Ele aparece na foto juntamente com seus amigos e colegas que participam de grupo jovem na Igreja. Leia o que ele pensa sobre a família, amigos, problemas dos jovens, religião e outros assuntos. Na página 2

CianMagentaAmareloPreto

Ano XIV - Edição No 526 - R$ 1,50

65a Romaria da Medianeira As ações diretas junto a aglomerados urbanos muito pobres envolvem somente duas turmas de alunos. Mas o projeto mobiliza e contagia alunos de todo o colégio que não vêem a hora de também vivenciar a envolvente experiência. É o exercício da solidariedade desde os bancos escolares, posto em prática no Colégio S. Inês, em Porto Alegre. Página 7

Mais de 200 mil devotos são esperados dia 9 de novembro em Santa Maria para o evento que tem como lema “Maria e a vida” e o lema “Ai de mim se não evangelizar”. A história da Romaria remonta a 1928 e tem no então seminarista jesuíta Fráter Ignácio Rafael Valle seu principal incentivador. Desde a realização da primeira romaria diocesana, em 14 de setembro de 1930, com a participação de 1000 pessoas, não parou mais de crescer. O atual Santuário foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1985 e elevado à categoria de Basílica Menor, pelo Papa João Paulo II, no dia 31 de maio de 1987.


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Cidadania

Jovem

Editorial

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Vida-morte-vida

homem veio do infinito e tem saudade do infinito; é preciso ouvir o silêncio, irmão do infinito, para aliviar a saudade. A frase pode ser ou parecer poética; mas diante da morte, mistério maior do existir humano, a poesia encontra mais respostas do que a razão. Para quem crê a partir da fé cristã, esta saudade está essencialmente unida à dimensão da esperança. E a esperança cristã sempre mira o horizonte da vida que continua na pós-história pessoal... da vida que continua na Casa do Pai. Quando iniciamos o mês de novembro, esta reflexão sobre vida-morte-vida faz parte da nossa própria cultura desde nossos mais antigos ancestrais. A crença na vida depois da morte está presente em praticamente todas as culturas e, inclusive, pode estar desvinculada de fé e religião. Em síntese: o sentimento humano da saudade dos que partiram e se ausentaram da história do tempo é uma face da mesma moeda que traz, no seu verso, a esperança da mesma vida que continua no tempo infinito de Deus. “Consolai-vos, pois, uns aos outros com esta verdade”, lembra o apóstolo Paulo e o Solidário traz como reflexão nesta edição (página 6). A Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora está celebrando seus 175 anos de história. Fundada em Neunburg vom Wald, Alemanha, pela Madre Teresa de Jesus Gerhardinger, a Congregação atua, hoje, em 35 países do mundo inteiro. Para o Brasil, as Irmãs Escolares vieram em 1935 e uma das duas Províncias brasileiras tem sede em Porto Alegre. Nesta edição (página 7), trazemos uma linda experiência solidária, chamada Projeto Voluntariado Ação Social e Cidadania, do Colégio Santa Inês da Capital gaúcha, uma das mais importantes obras de ensino da Congregação. O Projeto envolve todo o corpo docente e discente do Colégio, desde as séries infantis até a 3ª série do ensino médio. Na contracapa desta edição, trazemos a cerimônia da inauguração da estátua do Pe. Paulo de Nadal, junto à sede da Cáritas Arquidiocesana/Mensageiro da Caridade, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. Pe. Paulo de Nadal, além destas entidades de alta benemerência social solidária, é o idealizador e criador da Cidade de Deus, obra que inspirou muitas outras iniciativas do gênero no Brasil inteiro. Destacamos, ainda, na contracapa, a inauguração da nova capela do Hospital Banco de Olhos, parceiro do projeto de nosso jornal há muitos anos; um resumo das 55 sugestões aprovadas pelo Sínodo dos Bispos, realizado recentemente em Roma; a morte de Dom Augusto Petró, bispo emérito de Uruguaiana e a chegada do sinal da TV Aparecida a Porto Alegre. O Solidário, com crescente importância e significado em sempre mais famílias e comunidades, vem cumprindo sua missão de marcar os fatos de uma Igreja, comprometida com a solidariedade e com a vida. Esta vida tantas vezes tão machucada, tão desprezada, tão desvalorizada e que, como alertamos na nota da 1ª pagina desta edição, faz com que, no tempo da superabundância de muitos, ainda há pessoas no mundo inteiro que, neste momento, estão morrendo de fome. Este é um grito que clama aos céus e uma vergonha para a humanidade. attílio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação Conselho Deliberativo Presidente: Dom Dadeus Grings Vice-presidente: José Ernesto Flesch Chaves Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi e José Edson Knob Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Ano XIV – Nº 526 – 16 a 30/11/08 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (voluntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

tem vez Alberto Jean Menezes Karkow, 15 anos, aluno da 1.ª série da Escola Média, residente no Centro de Porto Alegre, é o entrevistado. Planos para o futuro? bem sucedido tanto como cidadão como pessoa. Minhas metas para o futuro são terminar o Um livro segundo grau e cursar a faculdade de Direito ou O Rock das Estrelas. Odontologia e me especializar em uma dessas Um filme inesquecível áreas. A Paixão de Cristo. Sobre a família Um medo Minha família repreMeu medo é que as coisas ruins do senta a principal priorimundo me corrompam fazendo de mim uma dade em minha vida e pessoa má e sem fé. me sinto amado pelos O maior problema dos jovens? meus entes queridos. Os jovens de hoje em dia estão no meio Sobre amigos de um mundo cheio de horrores, preconceiConheço meus amitos e estereótipos. Eu creio que a solução gos mais próximos a cerseja o estudo, a informação e a instrução to tempo. Eles também que muitos deles precisam. são essenciais em minha Sobre a felicidade vida, pois passo bastante Felicidade para mim não é acumular tempo com eles, e conbens materiais nem ter fama e glamour. É sidero-os como irmãos. sim viver a vida sem prejudicar ninguém, O que me admira muito ficar perto de quem te faz bem e sempre ter neles é saber que sempre Deus no coração. posso contar com eles Sobre a religião pra tudo. Sou católico e considero a religião muito Alberto Karkow Amigos virtuais? importante em minha vida; gosto de freqüentar Evito esse tipo de a Igreja e principalmente o grupo de jovens amizade, pode ser meio arriscado: conheço pesdo qual faço parte. soalmente todos meus amigos. Em minha opinião, E Deus? ver e o contato pessoal são essenciais para uma Ao meu ver, Deus tem o poder de modificar nosamizade. sas vidas e também poder sobre o mundo; eu costumo O que consideras positivo em tua vida? fazer uma oração para ter um diaálogo com ele. Em minha vida considero positivo o fato de ter Uma mensagem aos jovens minha família e Deus como suportes. Tenho muitas Jovem, se você souber a força que tem, incenoportunidades como estudar, ter um lar e acesso ao diará o Mundo! lazer: hoje em dia isso é muito importante para ser

Dia Nacional da Juventude Dom Sinésio Bohn

Bispo de Santa Cruz do Sul

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Papa Bento XVI falou aos jovens em São Paulo (maio de 2007): “Os Jovens são os primeiros protagonistas do terceiro milênio. São vocês que vão traçar o rumo desta nova etapa da humanidade”. E acrescentou: “Eu vos envio para a grande missão de evangelizar os jovens e as jovens que andam por este mundo errantes, como ovelhas sem pastor. Sede os apóstolos dos jovens”. E observou: “Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada”. A fim de oferecer um espaço de celebração e de reflexão aos 47 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos, a Igreja Católica do Brasil instituiu o “Dia Nacional da Juventude”. Aqui partilho quatro experiências: Primeira: Celebramos cada ano a Romaria da Santa Cruz. Os jovens criaram a “vigília jovem”. Passaram a noite em oração, em reflexão e partilha sobre os mártires da fé e da solidariedade. A partir do jantar, cada equipe se ocupou com o testemunho de um mártir. Cada mesa tinha seu assessor. Depois celebrouse a Eucaristia: Cristo dando a vida pela salvação da humanidade. A vigília culminou junto à grande cruz da romaria, apesar do frio extemporâneo. De manhã cedo, lá estavam os jovens e as jovens para acolher com alegria e um sorriso nos lábios os romeiros. Segunda: A formação acontece normalmente nos grupos de jovens, nos movimentos de espiritualidade, nos grupos ligados a congregações religiosas. Mas há uma queixa generalizada de que é difícil formar

grupos de jovens. Pois a Paróquia de Venâncio Aires prepara os crismandos em grupos, com a participação dos pais e dos catequistas. Cada grupo escolhe também um crismando – menina ou rapaz - para “assessor jovem”. Feita a crisma, o grupo continua com seu “assessor jovem”. Todos os jovens, liderados pelos grupos de jovens, são convidados a realizar anualmente a CAJOVA (Caminhada Jovem de Venâncio Aires). Costuma ser um sucesso! Terceira: A Diocese criou a Escola de Jovens Rurais (EJR), para jovens do meio rural. A dinâmica de formação acontece com alternância de períodos de concentração para a parte teórica e depois o envio às comunidades rurais, para a prática. Assim, teoria e prática vão se sucedendo. Surgem novas lideranças cristãs com formação agro-ecológica, capacitação técnica, cooperativismo e organização social. Surgem redes de pequenas cooperativas e a esperança de os jovens rurais poderem progredir e serem felizes no campo. Quarta: A Paróquia de Encruzilhada do Sul realizou um dia de formação com mais de 600 jovens, em aliança com o Poder Judiciário, o Executivo, o Legislativo, o Comércio e a Indústria. Depois de uma bela espiritualidade, refletiram em grupos de cerca de 50 jovens vários temas, cada qual com um assessor de certo renome. Depois houve a partilha dos grupos. Finalmente, todos os grupos, com seus símbolos, caminharam alegremente pela principal rua da cidade até o clube. Ali aconteceu uma hora de cultura e a dança da juventude. Pessoalmente, não participei da dança. Mas falei aos jovens: a dança alegre da juventude é uma canção de esperança ao amor e ao futuro da humanidade.


Família e sociedade

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Ética na educação infantil Lara Mendes e Rosane Gomes* Alunas do curso de Direito. Faculdade Jorge Amado

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possível perceber hoje que alguns casais planejam filhos, mas não assumem a responsabilidade de educá-los e esse comportamento não é ético. É de suma importância alertar os pais que é preciso dar amor, arrumar tempo para ficar ao lado do filho, perguntar se está bem e como foi na escola, por exemplo, porque a comunicação no âmbito familiar é essencial para a formação das crianças.

Educamos os filhos para serem éticos?

“Ética é um conjunto de decisões, princípios e valores destinados a guiar e orientar as relações humanas”. Hoje, o papel de transmitir valores morais às crianças passou a ser indiretamente executado pela escola e pela mídia. O que acontece é que os pais trabalham mais e passam menos tempo com os filhos. A mãe, que antes ficava em casa e ensinava valores éticos, agora trabalha fora e, em alguns casos, é quem sustenta a família. Os pais, pelo fato de se sentirem culpados por essa ausência, ao chegarem do trabalho, acabam tornando-se permissivos, deixando de estabelecer limites e mostrar o que é certo ou errado. Muitas vezes, os pais deixam de ensinar seus filhos a agirem com ética, porque, na sociedade contemporânea os valores éticos estão invertidos e eles temem que seus filhos sejam rotulados de “bobos” de maneira que os antiéticos são considerados os mais espertos, logo, os mais privilegiados. Cada vez mais cedo, os pais procuram dar estímulos para o filho não ficar para trás. Isso faz parte de uma sociedade competitiva inserida num mundo globalizado.

Os pilares da educação infantil

A família

Educação se aprende, principalmente, no ambiente familiar. Porém, atualmente, muitos relacionamentos familiares sofrem com conflitos de idéias e mal-entendidos, até o ponto das relações serem profundamente afetadas ou mesmo destruídas. A principal carência dos jovens é a falta de ética dos pais, pois estes deixam de dar amor e atenção aos filhos. Observa-se um dos principais erros cometidos por eles: não ter tempo para os filhos. Os adultos trabalham tanto que no pouco tempo que sobra, eles precisam descansar e acabam evitando as crianças. Os pais esquecem que educar os filhos significa estar com eles e acompanhá-los no dia a dia. A fim de suprir sua ausência na educação dos filhos, os pais assumem comportamentos que acabam por confundir e desestruturar as crianças. Alguns adultos parecem não querer enxergar os problemas. Às vezes, a criança está sendo inconveniente, incomodando a todos com maus hábitos e, mesmo assim, o pai e a mãe não tomam nenhuma providência. Algumas pessoas têm a mania de exibir os filhos como se fossem os melhores, e outras não têm coragem de assumir que cometem erros, pois sentem vergonha de pedir perdão aos filhos. Muitas vezes, os pais agem assim por sentirem-se culpados pelo insucesso do filho que foi gerado e criado por eles, sendo, portanto, um produto dessa criação. Esse produto reflete a (in) competência da família no processo formativo do indivíduo.

A escola

A escola acaba tendo a função de dar educação social e moral, quer pretenda fazer isso ou não, até porque na sociedade atual essa é uma expectativa criada pelos pais. Devido à falta de tempo que as pessoas têm tido para cuidar de seus filhos e lhes ensinar valores éticos, elas acabam por transferir essa responsabilidade para a escola. Sendo assim, o ambiente familiar deixa de estar presente de maneira suficiente na vida dessas crianças, o que tem grande influência no seu desenvolvimento

e formação. É através das interações diárias com os filhos que os pais determinam a natureza do ambiente sócio-moral.

A mídia

A televisão tem um papel fundamental no mundo globalizado. Cada vez mais ganha espaço na maioria dos lares de diversas classes, tornando-se um fenômeno social e cultural. A televisão é uma das principais fontes de informação dos país, e as crianças são, em maioria, o público alvo. A TV supre nelas a falta dos pais, tornando-se uma fonte fundamental de integração social. Elas se identificam com os estereótipos e personagens apresentados, trazendo graves conseqüências para sua formação. Em ambientes familiares deficientes, a TV se torna um atrativo para compensar as carências e frustrações sofridas em casa. Na maioria das vezes, ela é a responsável pela transmissão de valores e conhecimentos que trazem malefícios às crianças, como o amadurecimento precoce e a banalização de assuntos como sexo e violência. São imagens que, a partir de então, passam a interferir na construção da personalidade, do caráter e na maneira do público infantil se ver e entender o mundo a sua volta. Quem decide que programa é bom ou não para a criança é ela mesma. Uma pesquisa feita por Flávio Ferrari revelou que os dez programas de maior audiência entre as crianças de 2 a 9 anos são todos destinados a adultos. Esse grupo etário é um dos que mais assiste à televisão. Dessa maneira, torna-se explícito um dos motivos da má formação infantil nos dias atuais: a mídia.

Para concluir

As pessoas serão mais realizadas se a educação for transmitida às crianças por um processo consciente, principalmente gerado pelos pais, não transferindo essa responsabilidade à escola e, de certa forma, à mídia. *Resumido por Deonira La Rosa


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opinião

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A morte como sentido da vida

Quanto vale a vida? Ir. Hermes José Novakoski, PSDP

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Roberto Kerber

Estudante de Teologia

uitas vezes nos perguntamos sobre o valor que a vida tem, qual seu sentido etc. São perguntas que fazem parte da nossa existência e da nossa compreensão de pessoa humana. O valor que a vida tem é incalculável, pois ela é dom e obra prima do Autor do Universo, da própria Vida. Sua dignidade mereceu a morte do seu Filho amado na cruz. Por Ele fomos resgatados do pecado para viver junto ao Criador. Dias atrás, um fato chamou muito a minha atenção num ônibus em Porto Alegre. Penso ser importante relatar para mostrar que a vida, dom do criador, nem sempre é amada, cuidada, protegida. Naquele dia, subiram para o ônibus três crianças. Como não tinham dinheiro para pagar a passagem, pediram para passar por baixo da roleta. Depois de muito insistirem o motorista deixou. O ônibus, como de costume nas “horas de pico”, estava lotado. Muita gente em pé. Os três irmãos sentaram no primeiro degrau da pequena escada de desembarque. Algumas pessoas reclamavam que não conseguiam descer, porque eles obstruíam a passagem. Foi chamada a atenção e eles tornaram a ficar em pé. De repente, ouço uma discussão. Olhando para o lado vejo um senhor discutindo com eles. O lugar e a ocasião não eram apropriados para tal atitude. O “bate boca” continuou por mais algum tempo. Numa parada, depois de descer uma senhora, aquele senhor disse: “Agora vocês vão descer!” Empurrou, ajudado por um outro senhor, as três crianças porta afora com pontapés. Os três foram forçados a sair do ônibus. Nisso, uma senhora exclamou: “são apenas crianças!” A atitude me fez refletir. O ato de serem postos para fora do ônibus com pontapés foi, no mínimo, grotesco. Isso aconteceu porque eles eram pobres e de pele escura. Independentemente da cor da pele das pessoas e da classe social, ninguém merece ser tratado assim. Diante de Deus, a vida do pobre e a do rico têm a mesma dignidade. Ninguém é mais ou menos por causa da cor da pele. Valemos por aquilo que temos em nosso coração. Trabalho há mais de dois anos no Abrigo João Paulo II e sei que a dor, o sofrimento destas crianças e adolescentes é fruto de um sistema de exclusão imperante na sociedade capitalista atual. Antes de tudo, estes pequenos foram vítimas. Tiveram o direito de nascer e de se alimentarem, mas cresceram violados por uma norma que apenas inclui quem tem dinheiro. O que mais me dói é ver essas vidas despedaçadas, dilaceradas pelo ódio, violência, opressão. São vidas ceifadas pela droga, prostituição, violência, mendicância. Muitos, no seu interior, aplaudiram a atitude daquele senhor tirando aos pontapés aquelas crianças. Outros, como aquela senhora, sentiram a dor daqueles que recebiam pontapés, porque não faziam parte da seleta sociedade culta. E assim, muitos outros pontapés vão acompanhar estes pequenos. Suas vidas, que cedo serão ceifadas, levarão as marcas da rejeição, do desprezo, do desamor. O que eles precisam desde o ventre materno é carinho, amor, ternura, educação, aceitação. Ensina-se amar, amando; ensina-se respeitar, respeitando... Certamente, eles não tiveram alguém que os ensinasse desde pequenos a amar e ser gentil. Aquele senhor, como muitos outros, também não sabem amar e respeitar a vida. Nos pontapés está o reflexo do que há em seu coração. Quanto vale a vida? Muito! Porque é dom do Criador supremo. Ela tem que ser respeitada, cuidada, amada e querida independentemente da cor, classe social ou cultura. O respeito à vida é respeito ao seu autor que é Deus.

Teólogo e Diácono da Arquidiocese de P. Alegre

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morte inquieta-nos e faz-nos perguntar sobre o sentido da vida. É na morte que o ser humano adquire consciência plena de si. Por isso, a morte não é o fim de tudo. A morte é mistério que revela em plenitude o mistério da vida. Nenhum ser humano pode abster-se do evento morte, pois é elemento da própria vida, logo, temos que vivê-la. Eliminá-la da consciência é observar-se uma banalização da morte. E, por conseguinte, da própria vida. O ser humano vive durante a sua vida um permanente antagonismo dialético diante da morte, uma vez que se têm consciência dela como fato da própria vida e, no entanto, a razão não o admite, ou melhor, camufla-o, consciente ou inconscientemente, trazendo para si sensações de alívio. Leva a pensar em ‘não morte’, negando a si mesmo a verdade, enquanto a natureza humana está em processo de finitude desde o nascimento. A morte é uma experiência fundante da existência humana, em si é o mistério inesgotável da vida, impenetrável e ininteligível pela razão humana. O que esperar então da morte, se inevitável? No entendimento cristão da morte, o ser humano toma consciência pela primeira vez de tudo o que fez. Em plenitude. Cremos que o homem encontra-se pela primeira vez, face a face com Deus, no qual tinha fé ou o rejeitou, ou lhe foi indiferente. Para o que crê é elemento fundamental para encontrar o verdadeiro sentido da sua vida, com base na Ressurreição de Jesus Cristo, base de toda a esperança

cristã. Da morte não se pode falar com autoridade plena do saber, porque ninguém a experimentou e dela voltou para relatar a sua própria experiência. A não ser o próprio Cristo que completa pedagogicamente o ensinamento da vitória sobre a morte demonstrando que Deus é o Deus da vida, o Deus que liberta e não o Deus da morte e da finitude, das limitações materiais perecíveis. É uma entrega completa e definitiva. Como fechamento de um processo que aderimos com liberdade ao fato real de um ‘túmulo vazio ao terceiro dia’, e assim nos cresce a esperança, ou seja, a verdadeira vida nasce com a morte. Aos que duvidam, o apóstolo Paulo vai dizer: “Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé”. Ao aderirmos à fé pela razão é o que nos faz buscar o verdadeiro sentido da vida ao considerarmos como norma da vida humana uma busca da verdade em matéria religiosa, a fim de formar prudentemente juízos retos e verdadeiros de consciência. O homem tende a perguntar-se em cada situação concreta, qual a forma de agir correta, o que deve fazer aqui e agora; toda a sua ação é, portanto, uma resposta ao sentido que consiga captar em cada situação de vida. Com uma consciência bem formada fará com que concretamente encontre sentido na lei moral e nos valores universais. O livre assentimento a essa conversão é a realização pessoal que vai dar as razões da nossa fé e assim encontrar o seu sentido na morte como pressuposto de uma vida plena e bem vivida.

“Os cientistas têm de atravessar a neblina das palavras abstratas para chegar à rocha concreta da realidade.” Hermann Weyl

Solidariedade e individualismo Manoel Jesus Professor da UCPEL

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que há de comum entre o motorista irresponsável que trafega em alta velocidade em frente a um colégio, o funcionário de uma loja que varre o lixo para o meio da rua e alguém que diz que não precisa se vacinar? Como diria o Marcus Spohr, “conscientização”. Tem razão: pistas melhoradas juntam o tráfego em alta velocidade, a falta de sinalização adequada e de serviços de segurança, assim como os descuidos próprios da juventude e acidentes, inclusive com a perda de vidas. O funcionário que não recolhe o lixo, achando que a Prefeitura tem a obrigação de fazer este serviço, é o mesmo que, depois, quando estes mesmos resquícios de madeira e papelão trancam os córregos e os motores que bombeiam as águas, reclama das cheias. Aquele que se enche de razão e não quer participar das campanhas de saúde pública porque julga saber mais do que o pessoal técnico da área, está colocando em risco não apenas a sua integridade física, mas também a dos demais, pois perdeu o senso de solidariedade onde o convívio social exige regramentos. Pois aqui está a diferença entre a solidariedade e o individualismo. Embora muitas igrejas

e filosofias façam suas pregações baseadas na solidariedade, a própria sociedade coloca valores no sentido contrário, valorizando o individualismo, especialmente dando razão às opções individuais e às suas “conquistas”, seja por sua capacidade intelectual ou braçal, mas também não descartando certa “esperteza” na sua atuação. Pode parecer um contra-senso, mas não é. Aqueles que vivem e pregam uma religião ou uma filosofia podem ser bem intencionados, mas, hoje, não são a maioria. Buscam deixar uma marca positiva na sociedade, mas já não têm a força que tiveram e que alguns ainda julgam ter. Por outro lado, a sociedade, em especial uma parcela do meio empresarial, quando vê as “virtudes” positivas – lideranças de grupo, capacidade de solidariedade – está focada em interesses próprios e no que pode aproveitar para seus objetivos, colocando a seu serviço a capacidade de liderança e visão mais ampla. Educar tornou-se tarefa difícil, em qualquer nível: família, igrejas, sociedade e escola, porque são muitas as alternativas, em especial pelos meios de comunicação. Encontrar novos caminhos está se tornando uma tarefa árdua, mas não impossível, pois, afinal, o que está em jogo são as nossas futuras gerações. Impossível omitir-se e deixar que falem mais alto contra-valores travestidos de valores e que descartam um princípio básico: o da solidariedade.

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educação e psicologia

Liberdade sexual N

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16 a 30 de novembro de 2008

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Cristian Goes

ossos adolescentes, muito mais que em qualquer época, estão pressionados a entrar na vida sexual mais cedo pelo grupo de iguais, pela escola “avançada”, por “adultos irresponsáveis”, pelas propagandas, etc. Divulgação

O que é liberdade sexual? A revolução sexual dos últimos 30 anos é, para os mais conservadores, um desconforto sem medida. Dificilmente chegam a entender e, muito menos, a aprovar a igualdade das mulheres no campo sexual, a homossexualidade que se tornou pública, inclusive com a possibilidade de se casarem, a nudez, a pornografia cinematográfica e tantas outras mudanças. Estas mudanças, no entanto, do ponto de vista da sociedade, seriam sinal de uma geração mais esclarecida, sem preconceitos e livre da “moral opressora”. Será verdade? Para se entender bem o termo “Liberdade Sexual”, é necessário compreender a necessidade que as pessoas sentiram em soltar as rédeas da moral e da tradição, consideradas injustas e repressoras. A partir deste pensamento, o grande show de rock de 1969, o Woodstock, foi o marco inicial para se afirmar: “Queremos paz e amor”. Acreditavam, e a sociedade moderna quase que consagrou, que qualquer norma, regra ou comportamento que coíbe deve ser banido.

Estamos mais maduros? Estamos mais maduros sexualmente? A resposta pode ser sim e não. • Sim: pelo espaço que a mulher moderna conquistou, pela facilidade com que se tratam de assuntos ligados ao sexo, pelos estudos e compreensão dos desvios de comportamento sexual, etc. • Não: porque crianças de 12 anos já estão iniciando sua vida sexual, relações que não passam de meras aventuras. A liberdade está passando à libertinagem. Nossa sociedade parece um “adolescente” impulsionado pelas paixões que não respeita nem mais as próprias leis da natureza. O resultado está visível nos 12 milhões de casos de DST (Doença Sexualmente Transmissível) ao ano. Outro dado não menos preocupante é a crescente incidência da AIDS na faixa etária de 13 a 19 anos do sexo feminino. Isso é devido também ao início precoce da atividade sexual com homens com maior experiência sexual e mais expostos aos riscos de contaminação por DST e pela AIDS.

Aprendendo a fazer sexo na escola

A mãe pergunta: “Oi, filha, o que você aprendeu hoje na escola?” Responde a filha: “Aprendi a fazer sexo, mãe!”. Parece brincadeira, mas não é. Há um raciocínio hoje de que devemos falar a língua do adolescente e parece interessante desde que não se diga coisas que moralmente são erradas. Falar a língua do adolescente não significa aprovar tudo o que ele reivindica. A experiência

neste caso conta, e muito. É preciso alertar os adolescentes e jovens sobre os perigos de uma gravidez precoce, do contágio de doenças sexualmente transmissíveis, do perigo da AIDS, da frustração amorosa e suas conseqüências. É preciso ter claro que sexo não é somente uma questão de informação, mas muito mais de maturidade. Encontramos, hoje, filhos que são educados somente pelas mãos do Estado. A família, e não só os pais, devem ser os primeiros responsáveis pelo amadurecimento sexual de seus adolescentes. Sem forçar, o diálogo apresenta aquilo que é bom sem medo de ser retrógrado. Este é o melhor caminho.

Educação sexual

Um exemplo: se estiverem assistindo a um programa de televisão e aparecer uma cena de sexo, coloquem para o adolescente o que a sua fé lhe propõe, em que vocês acreditam e dêem pistas de como ele pode encarar essa realidade diante dos amigos e da sociedade. Os jovens e adolescentes também se sentem constrangidos na hora da conversa... Sabemos que o jovem pode achar todo este papo chato e dizer que o assunto é muito mais simples do que parece. Mas sabe por que você pensa assim? O problema é que você não está preparado para as responsabilidades de uma vida adulta: filhos, compromissos matrimoniais e situações de uma relação amorosa complicada. Nós, os adultos que iniciamos todo este movimento de revolução sexual, começamos a notar, não muito tempo depois, as conseqüências disso tudo. O sexo casual era legal na teoria, mas para a maioria de nós não parecia funcionar. Abortos de fundo de quintal, corações partidos, drogas para impedir a dor e um implacável sentimento de desilusão costumavam ser os terríveis resultados. Da mesma maneira que uma comida de qualidade demanda tempo e cuidado, o amor de qualidade exige bom conhecimento de seu parceiro como pessoa. Pode parecer retrógrado, mas a mensagem cristã-católica, de propor o sexo somente após o casamento, é a opção mais responsável para uma adolescência e juventude saudável e madura. Pensem nisso! *Jornal Missão Jovem, nº184


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tema em foco

Vida e morte: os insondáveis mistérios do ciclo existencial

Dai-me um pouco de fé”, teria clamado o professor Darcy Ribeiro na iminência de sua morte. Pensador e intelectual de renome, todo seu conhecimento não lhe foi suficiente na hora extrema de sua vida, quando tudo restou consumado. Embora explicável, a idéia do fim é física e psicologicamente inaceitável – talvez insuportável! Pudéssemos, desejaríamos eliminá-la por completo da nossa consciência. Apenas pela crença na continuação da vida num outro plano, conseguimos a resignação ante a geral e inexorável transitoriedade humana. A morte inquieta-nos. É “a possibilidade de toda impossibilidade”, segundo Heidegger. E, por seu caráter existencial e metafísico, ela é mistério que revela em plenitude o mistério da vida e nos remete à busca de sentido dessa mesma vida. Divulgação

O tema é recorrente e oportuno ao mês de novembro quando celebramos um dia especial para lembrar os que já foram e lembrar-nos que um dia será nossa vez.

A negação e o desespero

Todo ser vivo – racional ou irracional - sofre muito fisicamente na morte. É o embate final entre o instinto de sobrevivência e o fim de um ciclo, marcado pela respiração rouca e crepitante, pelo estertor último. Além da negação física, ao homem acresce o sofrimento psicológico: racionalmente seu fim é impossível de ser aceito. Como toda uma bagagem de experiências, de conhecimentos, estudos, saber e pensar – acumulados durante décadas numa minuciosa teia de neurônios pode se desorganizar e virar pó? Como todos os sonhos pessoais - alguns vividos outros apenas sonhados – deixarão de existir para serem enterrados para sempre? E os afetos? Deixar para sempre os que nos afagaram e os que amamos: os amigos, os irmãos, os pais, os filhos, os netos?

A fé que consola

Concomitante à tomada de consciência (durante o processo evolutivo do homo sapiens) da finitude material, nasceram as religiões. E todas elas tentaram acenar ao homem com a esperança ante a terrível verdade do fim da vida; que há uma vida posterior; que a vida na aqui é uma ‘peregrinação’, apenas uma passagem. Toda a ciência e razão não foram suficientes para assegurar vida após a vida. Apenas a fé – intuição afetiva – para a qual a razão e a ciência pouco conseguem contribuir, permite a crença nessa continuidade. “A fé é antes um ato de confiança, uma entrega e um abandono nas mãos de quem julgamos ser digno de nossa entrega. É somente isso o que se pode no sofrimento que nos coloca na vizinhança da morte e no ato mesmo de morrer”, diz o teólogo Luiz Carlos Susin (IHU on line 27.10.08).

Saudade e esperança

O que resta da vida na morte? A vida! O que resta da vida, após nossa morte? A esperança e a certeza da ressurreição por causa da ressurreição de Jesus. (“Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,12-14). A essência do cristianismo sugere que há uma vida posterior e que tudo nessa vida deve ter em mira essa vida posterior. Aqueles que partem desta vida, não

morrem, realmente, mas passam para uma outra e nova dimensão da mesma vida. Essa é uma verdade essencial à nossa fé: o cristão que não crê na ressurreição e que a vida de cada um de nós continua depois da nossa morte física, não deve chamar-se cristão. A fé cristã está baseada e centralizada na ressurreição. Somos filhos e filhas do Deus vivo, não de um deus de mortos. Mas é uma certeza incomprovável. A fé na ressurreição e na vida após a morte não basta para aplacar a saudade dos que já partiram. Mas dá a certeza de quem morre, não morre, realmente, mas apenas se ausenta da história e do nosso convívio para viver numa outra e nova dimensão. Não importa como chamemos esta nova dimensão da mesma vida: céu, casa do Pai, eternidade, paraíso, descanso eterno, reino da luz, morada da paz; o que importa é crer nesta nova e, para nós, definitiva dimensão da vida.

No céu há lugar para todos

Dia de Todos os Santos e Dia de Finados. Propositalmente, a Igreja colocou as datas em seqüência para lembrar os que já partiram que sempre esperamos estejam na luz do Criador. E quem somos nós humanos para julgar quem foi ou não foi para o céu? Assim como a vida e a morte são mistérios inalcansáveis à mente humana, muito mais insondável é o mistério da infinita misericórdia divina que abre caminhos

de salvação para todos, mesmo os que, nesta vida, talvez não tenham sido exatamente muito santos. Que sabemos das chances reais que tiveram tantas pessoas para serem boas, honestas, justas? Como podemos colocar no inferno um jovem de 16 anos que comete um crime se ele jamais experimentou o calor de um abraço amigo, uma palavra de estímulo, um sorriso honesto , um gesto de amor em sua vida? Que foi odiado pela própria mãe antes mesmo de nascer? Talvez tenhamos uma linda surpresa quando chegarmos ao Paraíso e encontrarmos ali, feliz, aquele jovem! Quem é tão santo e tão justo a ponto de colocar limites à misericórdia do Pai? Jesus afirma, com todas as letras: na Casa do meu Pai há muitas moradas. Deus, justo e santo, tem outras formas para fazer justiça... tem outros caminhos para santificar os não-justos e não-santos. E estas formas ficam no mistério do coração de Deus e na sua infinita misericórdia. A ninguém cabe julgar e muitos menos, condenar alguém.

Você partiu...

“Para você que partiu... Você partiu... partiu pra longe... não sei pra onde, não sei porque. Você partiu... Um dia? Um mês? Um ano? Não sei: importa tão pouco o tempo quando se lembra alguém que se ama e que partiu. Você partiu... E esta lágrima que teima em brincar nos meus olhos parece refletir o céu da tarde em que você partiu. Você partiu... e em meu peito, neste instante, uma paz muito grande: você partiu mas continua comigo. Você partiu... na saudade desta ausência não consigo odiar quem levou você de mim. Aqui dentro, muito dentro do meu peito, até sinto gratidão. Gratidão a Deus porque foi tão bom ter vivido com você. Você partiu. Não: você continua junto a mim porque você está dentro de mim. Você... você não partiu”! (Attílio Hartmann)


ação solidária

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Solidariedade semeada nos bancos escolares

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m ar de contagiante generosidade permeia os ambientes do Colégio Santa Inês, zona leste de Porto Alegre. Desde as séries infantis até a terceira série do ensino médio, ninguém dos 1.412 alunos desconhece ou não tem alguma participação efetiva no Projeto Voluntariado – Ação Social e Cidadania em que dezenas de alunos desenvolvem atividades diretas em dois núcleos populacionais muito pobres da periferia de Porto Alegre. Implantado no início de 2004, hoje, alunos, professores e pais da instituição se mobilizam e participam do projeto, em forma de doações e ações indiretas. “Envolvemos diretamente as oitavas séries e o segundo ano do ensino médio. Trabalham em turnos opostos às aulas. Não ganham nada, nem nota! Mas o entusiasmo e a expectativa são envolventes. Mesmo antes de estar cursando os anos referidos, alguns já querem participar antes. E há outras que fazem questão de continuar depois de mudarem de classe”, define o professor Pedrinho Roman, (foto) destacado pela direção para coordenar a atividade. “Nosso microônibus é para 24 lugares e esse é o limite. Mas fazemos rodízio. A atividade é semanal – numa tarde é feita avaliação e planejamento e na outra a visita. Dá em torno de 25 visitas e outras tantas de reunião aqui no colégio”, resume Pedrinho.

Uma nova cultura Os trabalhos diretos são desenvolvidos às segundasfeiras na Casa de Cuidados Madre Teresa de Jesus, no Morro Santana, por um grupo de alunos da oitava série do primeiro grau e nas quartas-feiras na Creche Comunitária Campo da Tuca, por um grupo de alunos do segundo ano do ensino médio. “Esse trabalho mudou a compreensão de convivência dentro da escola, dentro das famílias, no relacionamento de uns para com os outros. Há maior compreensão, maior respeito, maior participação, maior compromisso. Hoje, os alunos olham o seu semelhante com outra visão”, diz Irmã Veroni Medeiros (foto), diretora do Colégio. “Logo que chegam pela primeira vez, uma lição imediata: em casa têm tudo e não valorizam. Lá no morro vêem outras crianças e adolescentes com sua idade, em geral sem nada nem ao menos comida suficiente. E percebem que suas vidas são um paraíso. Isso muda radicalmente suas posturas cotidianas”, diz Professor Pedrinho.

Atividades

Os alunos das oitavas séries atendem 126 crianças entre sete e 14 anos. “Vão com muito entusiasmo. Chegam com atividades preparadas. Nesse ano, temos muitas crianças com 14 anos e nossos alunos-professores

de oitava estão com a mesma idade. No início, tudo tranqüilo, mas mais adiante, as meninas de lá competem. As nossas têm que ganhar a simpatia e ter essa capacidade de trabalhar. É um desafio. O espaço é pequeno, não tem campo, o pátio é mínimo. Há algumas salas. Desenvolvemos jogos e brincadeiras - corrida de saco, amarrar balões nos pés e conseguir estourá-los, pular corda. Também realizamos gincanas, teatro, contação de histórias, desenvolvemos temas de reflexão atuais através de cartazes, representaçao teatral e musica”, diz Pedrinho. “As atividades lúdicas permitem que essas crianças levantem sua auto-estima, uma das dificuldades, tanto no Morro Santana quanto no Campo da Tuca. Além de não terem o alimento necessário e pertencerem geralmente a famílias desestruturadas, estão com muito baixa auto-estima”, avalia Irmã Veroni. “Se conversa muito com nossos alunos que a presença e o carinho que dão vai ajudar aquelas crianças de serem mais felizes. E isso ajuda os nossos também a melhorar suas qualidades de vida e contribuir para que aquelas crianças possam ter esses momentos de alegria, de interação, de convivência, que são valorizadas, enquanto pessoas”, diz a religiosa.

Mobilização

“No encerramento do ano passado trouxemos 200 crianças do Morro da Tuca para o ginásio daqui para grande festa. Na saída, quando chegaram os ônibus para pegar as crianças, foi uma choradeira geral, dos nossos alunos e dos alunos de lá. Uma emoção que nos contagiou também. Esse projeto iniciou somente para os segundos anos. Neste ano temos mais oito alunos dos terceiros anos que estão o tempo todo atuando com os segundos anos porque não quiseram parar. Há um grupo muito fortalecido. Nos fins de semana, se reúnem na casa da família de um deles para troca de idéias. Agora fazem a noite do voluntáriado. Quando iniciamos alguma campanha específica de doações – fazemos várias durante o ano - não preciso entrar na sala e apresentar uma novidade. Todos os professores já sabem. É um estágio que já ultrapassamos. O tema contagiou. Temos que segurar, porque todas as turmas estão querendo entrar”, resume o professor Pedrinho .

Experiências inesquecíveis “É aprendizado de vida. O que mais importa.” (Karine - 3.º ano, ensino médio) “Conhece-se uma realidade que é diferente da nossa, e aprendi muito, para o resto da vida. Demais...” (Ana Paula - 3.º ano, ensino fundamental) “As crianças têm muito mais a ensinar do que nós a elas. Mexeu comigo, muito, com certeza...mudou em casa, na colégio.” (Fernanda - 1.º ano, ensino médio) “Aprendi a valorizar o que a gente tem e ver as necessidades por que as crianças passam e que se tem muito mais que a gente pensa. A gente tem carinho, é o que mais falta a eles.” (Roberta - 1.º ano, ensino médio) “É uma outra relidade. Isso nos faz pôr os pés no chão. Uma lição para o resto da vida, mais válido para nós que vamos lá do que para elas que estão recebendo, porque nos dão muito mais.” (Caroline - 3.º ano, ensino médio) “A gente aprende com elas e elas aprendem conosco. Estamos lá porque gostamos. Estamos recebendo mais que elas.” (Andressa – 3.º ano, ensino médio).

Irmã Veroni e prof. Pedrinho

Congreação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora A instituição festeja 175 anos de fundação que ocorreu em 24 de outubro de 1833, na cidade de Neunburg vorm Wald, Alemanha, tendo como fundadora Madre Teresa de Jesus Gerhardinger. Hoje conta com mais de quatro mil irmãs e está espalhada em 35 países dos cinco continentes. A Congregação veio para o Brasil em 1935, instalando-se na cidade de Forquilhinha, em Santa Catarina. Hoje conta com duas províncias brasileiras, uma das quais em Porto Alegre, que abrange os três estados do Sul. Em Porto Alegre, além do Colégio S. Inês, tem obras no Bairro Ruben Berta e no centro de Porto Alegre


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Banco de Olhos promove Simpósio de Traumas e Urgências Oculares Estão abertas as inscrições para o 1.º Simpósio de Trauma e Urgências Oculares do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre, que se realizará nos dias 21 e 22 de novembro na instituição sob coordenação do oftalmologista Alberto Luiz Gil. Dirigido a médicos, alunos de medicina, residentes e outros profissionais que atuam no ramo, as vagas são limitadas. Inscrições na secretaria do Hospital, telefone (51) 3018 3100. Entre 9 e 17 horas dos dois dias do Simpósio, haverá 17 palestras de meia hora cada uma, a cargo de 13 médicos do próprio Hospital Banco de Olhos, das Santas Casas de Porto Alegre e São Paulo, PUC Campinas, Instituto Correa Mayer, e Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os temas são: conjuntivites, esclerites e episclerite, herpes simples e herpes zoster, úlcera de córnea, queimadura química e fotoelétrica, urgência em glaucoma e estrabismo, uveítes (toxoplasmose, necrose aguda de retina e oftalmia simpática), hifema e irite traumática, perfuração ocular, catarata traumática, luxação e subluxação do cristalino, trauma retiniano, corpo estranho intra-ocular, papelodema, neurite óptica e NOIA, celulite orbitária e pré-septal, dacriose, dacrioadenite e fratura de órbita, oclusão arterial e venosa, repturas retinianas, descolamento de retina e hemorragia vítrea.

saber viver

CONSELHOS PARA VIVER MELHOR IV Das Universidades Harvard e Cambridge

*Ter um animal de estimação. As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University. Os mascotes fazem você se sentir otimista, relaxado e isso baixa a pressão do sangue. Até um peixinho dourados pode causar um bom resultado. *Colocar tomate ou verdura frescas no sanduíche. Uma porção de tomate por dia baixa o risco de doença coronária em 30%, segundo cientistas da Harvard Medical School. *Reorganizar a geladeira. As verduras em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas, porque a luz artificial do equipamento destrói os flavonóides presentes nos vegetais que combatem o câncer. Por isso, é melhor usar a área reservada a ela, aquela caixa bem embaixo. *Coma como um passarinho: a semente de girassol e as sementes de sésamo nas saladas e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes.

co em fibras e em uma digestão mais lenta. A desaceleração do metabolismo não é interessante para quem quiser passar por uma desintoxicação alimentar. Tanto carne como carboidratos casam bem com vegetais. Quando for inevitável comer um prato de carne com batatas fritas, a dica é consumir uma salada crua antes e uma salada de frutas depois da refeição, para que elas combatam a gordura em excesso e aumentem o número das enzimas que vão trabalhar na digestão. CHOCOLATE AMARGO, COM MODERAÇÃO O chocolate possui vitaminas as A, B, C e D e os minerais potássio, sódio, ferro e flúor. Além disso, pode aumentar o nível do hormônio responsável pela sensação de bem-estar, a serotonina, tornando-se eficaz no combate à depressão e à ansiedade. Os nutricionistas, contudo, chamam a atenção de que o chocolate do qual falam é aquele com alto teor de cacau, e por isso são meio amargos, e contém flavonóides e antioxidantes que reduzem os riscos de doenças cardiovasculares. Os benefícios do chocolate amargo não se aplicam ao tradicional e ao branco que contêm gorduras saturadas, porque a eles são acrescentados o leite. Para diminuir custos, alguns fabricantes também acrescentam gordura hidrogenada. Estes po-

derão ser agradáveis ao paladar, mas não saudáveis. É preciso, ainda, estar consciente que o chocolate é altamente calórico, e deve ser consumido com moderação. COMO RETIRAR MANCHAS DOS TECIDOS Manchas de caneta esferográfica: dilua uma medida de acetona ou álcool em três de água, ponha sobre a mancha, sem esfregar, e aguarde até 10 minutos, no máximo. Após, enxágüe bem. Acetona e álcool resolvem parte das manchas em tecidos claros de algodão e poliéster – cores vivas podem desbotar. Esses produtos também não devem ser usados com a seda, viscose e linho.

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esses casos, a dica é colocar gelo na mancha. Se não der certo, umedeça o local com água e jogue um pouco de detergente. Passe levemente uma escova macia e enxágüe. Em todos os casos, quando a tinta sair, lave a roupa com sabão neutro. Para tirar a auréola que fica no lugar da mancha, deixe a peça por um minuto em uma solução com duas colheres de vinagre e um litro de água. Enxágüe-a e coloque-a em balde com água e amaciante. Enxágüe a roupa novamente e leve-a para secar.

COMBINAÇÕES ALIMENTARES Bife com batata. Unir proteína (carne) e carboidrato (da batata) resulta em um prato fra-

NÃO RECEBEU O JORNAL?

Reclame: 3221.5041 Trata-se de serviço terceirizado


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espaço aberto

Criando um monstro

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que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada? Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes? O rapaz deu a resposta: “ela não quis falar comigo”. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante. Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda. Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça. O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal. Os pais dizem, “não posso traumatizar meu filho”. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque. Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara. Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias. (Autor desconhecido. Texto circula na internet)

Fome no mundo e a Igreja Apesar do aumento da riqueza e do recorde de colheitas em 2007, hoje há 923 milhões de seres humanos que passam fome, 75 milhões a mais do que no ano passado, segundo o último boletim da FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Uma das razões do crescimento de famintos é o aumento médio de 52 por cento dos alimentos entre 2007 e 2008 e de até mais de 200 por cento de alguns produtos básicos, como o arroz. E a essa tragédia se junta o que o escritor José Saramago chama de “crime (financeiro) contra a humanidade”: o cataclismo financeiro, produto do egoísmo e com total impunidade. Pago pelos pobres. Diante disso, é bom ensinar a doutrina social da Igreja; porém, não basta. Faz-se necessária uma profecia estrondosa. A Igreja dos pobres deve fazer ambas as coisas.

ASSINANTE

Ao receber o DOC renove a assinatura. Dê este presente para a sua família.

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Sem fronteiras

Reduzir o desmatamento Martha Alves D´Azevedo

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Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Noruega, país importante da Escandinávia, prometeu US$ 1 bilhão se Brasil reduzir o desmatamento da Amazônia. O que poderia parecer estranho pelo inusitado da promessa, representa a importância que a conservação da Amazônia significa para os países que lutaram para conseguir condições de vida saudáveis para sua população. Oslo, a capital da Noruega, é a mais antiga sede de governo da Escandinávia e sua história retrocede próxima ao ano 900 DC. As condições de vida no país eram muito áridas, pois seu subsolo é constituído de grandes reservas de granito, o que dificultava o desenvolvimento da agricultura. Quando Alfred Nobel (1833-1896), inventor e industrialista sueco, descobriu a dinamite, uma nova perspectiva surgiu para abrir os caminhos do país. Nobel criou cinco categorias do premio Nobel. Quatro deles são entregues aos vencedores, na Suécia. O prêmio Nobel da Paz é entregue ao vencedor na Noruega. Em 1968, o Banco Central da Suécia criou, em homenagem a Nobel, o prêmio Nobel de Economia. A Noruega, país de grandes e antigas tradições, promete agora ao Brasil um prêmio para reduzir o desmatamento de sua floresta. O primeiro ministro norueguês Jens Stoltenberg, em visita ao Brasil, comunicou ao presidente Lula a proposta de seu país de enviar até US$ 1 bilhão, para o financiamento de projetos de proteção ambiental até 2015. Os repasses ocorrerão somente se forem comprovados avanços no combate ao desmatamento. Inicialmente, os recursos noruegueses destinados ao Fundo Amazônia serão de cerca de US$ 130 milhões, em 2009. Stoltenberg declarou que novos recursos para o Fundo Amazônia deverão ocorrer na medida em que forem comprovadas as reduções no desmatamento, o que dependerá basicamente de imagens de satélite. “A atuação do Brasil na luta contra o desmatamento é, portanto, essencial para que os esforços contra o aquecimento global sejam bem-sucedidos’, disse o ministro. O embaixador do Brasil em Oslo, Sérgio Eduardo Moreira Lima, destacou que as relações comerciais entre o Brasil e a Noruega têm crescido gradativamente. “A Noruega é o principal investidor no Brasil entre os países nórdicos”, afirmou o embaixador. A Noruega tem tradição na exploração de petróleo em alto mar (off-shore). Criado por decreto presidencial, assinado no dia 1º de agosto último, o Fundo Amazônia será administrado pelo BDNES, que coordenará a captação de doações e emitirá diplomas reconhecendo a contribuição de doadores. Em outubro o fundo já conta com recurso de US$ 1 bilhão pelo compromisso de doar do governo norueguês- o primeiro doador. A crise econômica beneficia a Amazônia, pois desativa o desmatamento.

Visa e Mastercard

Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2009 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2009. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.

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Catequese solidária

Igreja e comunidade Voz do Pastor

Os sinais dos tempos

A importância da reunião de Pais e Catequistas

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Pe. Jorge Sampaio, C. Ss. R.*

reunião dos catequistas com os pais exige cuidado e preparação, pois é sempre um espaço privilegiado de evangelização e não pode ser improvisada. Nos dias de hoje, muitos adultos necessitam passar por uma nova catequese, e talvez seja por isso que muitos não conseguem ser presença viva na educação da fé das crianças e adolescentes. Portanto, essa reunião não deve ser apenas para tratar dos assuntos práticos de como será a celebração do batismo, da eucaristia ou da crisma, mas é bom que seja um momento formativo para que os pais entendam o significado dos sacramentos para os quais seus filhos se preparam. É uma grande oportunidade para também catequizá-los. Aqui vai minha sugestão para essa reunião: * primeiramente, o convite deve ser feito a todos os pais, de preferência por escrito, pois muitos não participam das celebrações na comunidade; * deve ser enviado com certa antecedência, de preferência a reunião deve ser marcada em dia e horário da semana que possa reunir um grande número de participantes; * um detalhe importante no convite é determinar o horário de início e fim da reunião. Tomados esses cuidados, o grupo de catequistas deve reunir-se para a distribuição das tarefas: * organização do local que comporte todos os participantes; * alguém que se encarregue da acolhida aos pais; * dinamizar a oração inicial que tenha preferencialmente cânticos populares para que todos possam cantar juntos; * alguém que dirija a reunião em seu conjunto e alguém para conduzir a conversa sobre os detalhes práticos, quando a reunião se destina à preparação próxima da primeira eucaristia, ou crisma. Alguém do grupo poderia aplicar com os pais uma dinâmica sobre algum tema que foi tratado com os catequizandos, como, por exemplo: * “A pessoa de Jesus e seu projeto de vida”; ou ainda: * “A Igreja, povo de Deus, somos todos nós”; e somente depois o dirigente da reunião provoca a partilha, colocando de modo claro aos pais a pergunta: – “Para vocês, pais, qual a importância do Batismo de seus filhos? “ (ou outra pergunta relacionada ao tema desenvolvido com os pais). O ideal é permitir que todos dêem sua opinião e, no final, se poderá fazer uma síntese dessa partilha.

Participação na comunidade

Uma reunião assim poderá ajudar muitos de nossos pais a tomar consciência da importância da participação na comunidade, ao invés de reduzir esse momento apenas ao flash das máquinas fotográficas e à agitação. Que essa dica possa contribuir para uma maior dinamicidade na catequese em nossa comunidade. *Revista de Aparecida

Dom Dadeus Grings Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

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esus nos exorta a observar os sinais dos tempos para certificar-nos da ação de Deus em nosso meio. A Conferência de Aparecida traduziu esta atitude no binômio vox Dei e vox temporis. Admoestava a ouvir a vox Dei na vox temporis, o que equivale a dizer que é preciso discernir na voz do tempo a própria voz de Deus, que nos fala e orienta. O Concílio Vaticano II trouxe para o século XX a reflexão acerca dos sinais dos tempos. Na época de Cristo, havia uma preocupação meteorológica, que foi aperfeiçoada pela ciência e pela técnica ao longo dos anos. Referia-se à previsão do tempo, obviamente quanto à meteorologia. Havia uma expectativa que chegaríamos ao ano 2000 com uma garantia de antecedência de, pelo menos, uma semana. Todos sabemos como é importante precaver-se do tempo para não sermos surpreendidos, quer por alguma chuva, quer por algum temporal ou por alguma enchente. Devemos precaver-nos tanto pessoal como socialmente. O mínimo que se exige é levar abrigo para não se molhar. Mas ficaria bastante estranho quem levasse guarda-chuva com tempo bom, ou ficasse amedrontado e reduzido à inatividade por causa de uma falsa previsão. Cairia no ridículo. Mas nós sabemos que o maior problema humano não é a previsão meteorológica. Hoje, há pessoas que aguçam seu sentido de previsão em muitos setores diferentes. Citemos, para ilustrar a situação, a Bolsa de Valores. Não faz muito tempo, havia os especuladores do câmbio e os chamados doleiros. As condições atuais eliminaram essas categorias, mas fizeram surgir outras. Estão atentas aos novos sinais da economia, da política, da mobilidade humana...

Ninguém duvida das mudanças. O problema é não só acompanhá-las, como que correndo atrás do prejuízo, mas preveni-las, ou melhor, prevenir-se não diria contra mas a favor delas. O provérbio diz que os tempos mudam e nós com eles. Não queremos apenas pontualizar alguns aspectos. Precisamos de uma visão de conjunto. Fala-se de uma época de mudanças. E logo há quem prefira inverter ao garantir que nos encontramos numa mudança de época. Tratar-se-ia de um novo modo de pensar, sentir e viver. Para situá-lo no tempo dizemos que adentramos o Terceiro Milênio. Passamos a barreira do ano 2000. Pergunta-se: o que há de novo? Estamos certos de que a novidade não se restringe ao número que assinala a passagem. Há nele algum conteúdo. Muitas coisas mudaram. Nosso modo de viver mudou. Mas não basta constatar o fato. Queremos e precisamos abrir perspectivas. Para onde vamos? Tem sentido, ou seja, existe alguma direção neste movimento? Não parece reduzir-se ao círculo que faz sempre a mesma volta e chega, após muito andar, ao mesmo lugar. Há algo de novo, que nos desafia, não quanto ao passado, mas quanto ao futuro. Falamos, por isso, de perscrutar os sinais dos tempos. Como cristãos, temos um terceiro olho, que abre um horizonte mais amplo. Olhamos o tempo na perspectiva da eternidade. Munimo-nos com o dom da fé, que olha o mundo com os olhos do Criador e do Salvador. Descobrimos, nos acontecimentos que nos sobrevêm, os sinais da presença e do amor de Deus. Falamos, por isso, de História da Salvação. Ela não ocorreu somente no Antigo Testamento. Transparece ainda hoje, de modo mais eminente, em tudo o que nos diz respeito. O pano de fundo nos é apresentado por S. Paulo, como atitude básica de vida: ‘Tudo colabora para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rom 8,28). Descobrir os sinais dos tempos é ler todos os acontecimentos nesta perspectiva.

A fé cristã em busca de razões Urbano Zilles

O

Professor universitário

cristão, como qualquer pessoa, busca “razões para sua fé”. Por isso, procura justificar e defender sua fé contra adversários e perante sua razão crítica. Quando faltam tais justificativas, o crente, ou se torna indiferente, ou cai num fideísmo que pode degenerar em fundamentalismo e fanatismo religioso. Nos primeiros séculos, os cristãos desenvolveram toda uma literatura para justificar sua vida de fé, suas crenças. Essa literatura era, em parte, dirigida aos imperadores e autoridades civis, com o fim de obter tolerância legal; em parte, endereçada a judeus e pagãos, com o objetivo de conquistá-los para a fé cristã; por fim, aos cristãos, para mantê-los firmes na fé, protegendo-os contra superstições de todo o tipo. No tempo em que os cristãos eram perseguidos, no Império Romano, nos séculos II e III, surgiram autores que tentaram responder às principais objeções levantadas contra a fé cristã, no seu ambiente cultural. Esses autores receberam o nome de “apologetas”. Entre esses autores, destacam-se Justino, Taciano, Atenágoras, Tertuliano, Minúcio Felix, Cipriano e Lactâncio. Os cristãos tinham que defender-se contra acusações, que vão desde práticas da superstição até ao ateísmo. Nesse sentido, a anônima Carta a Diogneto (c. 200 d.C.) pergunta em tom de provocação: “Quem são os cristãos?” E o autor responde: “Amam a todos os homens e todos os perseguem, os matam e assim eles conseguem a vida. São pobres e enriquecem a muitos. Carecem de tudo e lhes sobra tudo. São desprezados e nesse desprezo encontram sua glória. O que a alma é no corpo, os cristãos o são no mundo... A alma está presa no corpo, mas é ela que mantém o corpo. Os

cristãos estão presos no cárcere do mundo, mas são eles que mantêm o mundo” (A Diogneto 5,11-6,7). Os cristãos eram os “vilões” de ataques sistemáticos, p. ex. de Celso e, depois, Porfírio. Esse grupo apoiava-se em valores tradicionais do helenismo. Entre os apologetas, alguns, como Taciano e Tertuliano, rejeitaram a cultura pagã em bloco: “Que pode haver em comum, entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a Igreja?” Felizmente, essa não foi a tendência predominante. Para Justino, tudo o que de bom tem o paganismo também pertence aos cristãos, pois toda verdade, de alguma maneira, está relacionada com o Verbo. No século II, houve até uma certa helenização do cristianismo, através da influência de Platão. Uma das fraquezas do catolicismo, hoje, sem dúvida, é a despreocupação com as objeções que lhe advêm do mundo da fria e calculista racionalidade e objetividade da tecnociência. No século XX, houve infelizes tentativas de simples condenação global do “modernismo”, uma condenação que até hoje custa muito caro à Igreja. Karl Adam, teólogo alemão, escreveu uma apologética em defesa do catolicismo, combinando a moderna fenomenologia com o sentido de solidariedade comunitária. O paleontólogo jesuíta Pierre Teilhard de Chardin aderiu a uma visão evolutiva do mundo, procurando realizar uma síntese entre ciência e fé. A tentativa de Maurice Blondel de reconstruir a metafísica, a partir do estudo do dinamismo da vontade humana encontrou continuidade na obra de Henri Bouillard e Karl Rahner, embora esses não compartilhem o voluntarismo de Blondel. Finalmente, houve um discernimento sensato, por parte do Concílio Vaticano II, na relação do cristão com o mundo de hoje, mas sua voz está sendo pouco escutada. Buscam-se soluções mais cômodas. Onde falta o intellectus fidei também o cristianismo está ameaçado pelas superstições.


comunidade e igreja Mensagem da Equipe Vocacional

A importância da reunião de Pais e Catequistas

A

Pe. Jorge Sampaio, C. Ss. R. *

reunião dos catequistas com os pais exige cuidado e preparação, pois é sempre um espaço privilegiado de evangelização e não pode ser improvisada. Nos dias de hoje, muitos adultos necessitam passar por uma nova catequese, e talvez seja por isso que muitos não conseguem ser presença viva na educação da fé das crianças e adolescentes. Portanto, essa reunião não deve ser apenas para tratar dos assuntos práticos de como será a celebração do batismo, da eucaristia ou da crisma, mas é bom que seja um momento formativo para que os pais entendam o significado dos sacramentos para os quais seus filhos se preparam. É uma grande oportunidade para também catequizá-los. Aqui vai minha sugestão para essa reunião: — primeiramente, o convite deve ser feito a todos os pais, de preferência por escrito, pois muitos não participam das celebrações na comunidade; — deve ser enviado com certa antecedência; de preferência, a reunião deve ser marcada em dia e horário da semana que possa reunir um grande número de participantes; — um detalhe importante no convite é determinar o horário de início e fim da reunião. Tomados esses cuidados, o grupo de catequistas deve reunir-se para a distribuição das tarefas: — organização do local que comporte todos os participantes; — alguém que se encarregue da acolhida aos pais; — dinamizar a oração inicial que tenha preferencialmente cânticos populares para que todos possam cantar juntos; — alguém que dirija a reunião em seu conjunto e alguém para conduzir a conversa sobre os detalhes práticos, quando a reunião se destina à preparação próxima da primeira eucaristia, ou crisma. Alguém do grupo poderia aplicar com os pais uma dinâmica sobre algum tema que foi tratado com os catequizandos, como, por exemplo: — “A pessoa de Jesus e seu projeto de vida”; ou ainda — “A Igreja, povo de Deus, somos todos nós”; e somente depois o dirigente da reunião provoca a partilha, colocando de modo claro aos pais a pergunta: — “Para vocês, pais, qual a importância do Batismo de seus filhos? “ (ou outra pergunta relacionada ao tema desenvolvido com os pais). O ideal é permitir que todos dêem sua opinião e, no final, se poderá fazer uma síntese dessa partilha.

Participação na comunidade

Uma reunião assim poderá ajudar muitos de nossos pais a tomar consciência da importância da participação na comunidade, ao invés de reduzir esse momento apenas ao flash das máquinas fotográficas e à agitação. Que essa dica possa contribuir para uma maior dinamicidade na catequese em nossa comunidade. *Revista de Aparecida

Draiton G. Souza - 23/11 José E. F. Chaves - 24/11 Homero F. Martins - 25/11 Alberto Hoffmann - 30/11

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16 a 30 de novembro de 2008

Solidário Litúrgico 16 de novembro – 33o Domingo do Tempo Comum ( ) verde

1 leitura: Livro dos Provérbios (Pr) 31,1013.19-20.30-31 Salmo (Sl) 127(128), 1-2.3.4-5ab (R./ cf 1a) 2a leitura: 1a Carta de Paulo Apóstolo aos Tessalonicenses (Ts) 6,3-9 Evangelho: Mateus (Mt) 25,14-30 Comentário: Os três homens da parábola: um recebeu cinco talentos, outro, dois e o outro, um talento. Os talentos são as qualidades, os dons, as oportunidades que a vida nos oferece. Que são diferentes de pessoa a pessoa. Os três tiveram atitudes diferentes com relação aos talentos... aos dons recebidos do Senhor da Vida. Mesmo com menos dons, ou chances ou qualidades, na hora da prestação de contas pela administração dos dons recebidos, o segundo ouviu do seu senhor o mesmo louvor do primeiro, porque fez render aqueles dois dons e os multiplicou. Ambos enfrentaram os riscos de trabalhar com os dons recebidos, e foram, ambos, igualmente maravilhosos e, por isso, foram igualmente recompensados. O terceiro, com medo, enterrou seu talento, sua qualidade... não assumiu o risco de trabalhar com aquele talento e, por isso recebeu a justa condenação: servo inútil e preguiçoso! A pior condenação que alguém pode receber é ser tido e havido como inútil. Vidas inúteis, amebas, passam pela vida, sem, realmente, viver. No filme A sociedade dos poetas mortos, o professor de inglês era maravilhoso porque colocou todos os seus talentos a serviço dos seus alunos. Por isso, ele transformou aquele grupo de jovens, destinados a serem apenas repetidores de velhas fórmulas e caducas profissões, em homens capazes de enfrentar os riscos de atitudes novas, mas que os fazia sentirem-se maravilhosos. Enfrentar, inclusive, o risco de serem expulsos do colégio e, mesmo, de perder a vida, mas não perder o prazer de realizar algo que era seu talento, sua vocação, seu dom. Há momentos em que é preciso enfrentar o mundo para sermos nós mesmos, autênticos, não amebas copiadoras e repetidoras de velhas fórmulas, clichês, modismos. Nossa vida será maravilhosa se utilizarmos todos os nossos talentos... todas as nossas qualidades para o bem do outro, seja ele quem for. Sempre lembrando: somente uma vida maravilhosa vale a pena ser vivida. a

 Notas Apostolado da Oração - O arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, aprovou a nova coordenação do Apostolado da Oração da Arquidiocese de Porto Alegre, que está assim constituída: casal c o o r d e n a d o r, D a l i l a Conceição Oliveira e Sidnei Oliveira; casal vicecoordenador, Jussara Porto Rosa e Carlos Otávio Rosa; casal secretário, Necy Jardim e Maria Nedi da Silva Jardim; casal tesoureiro, Ana Maria Citadim e Vilson Citadim; e secretária de Comunicação, Mercedes

23 de novembro – Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo ( ) branca

1a leitura: Livro de Ezequiel (Ez) 34,1112.15-17 Salmo (Sl) 22(23), 1-2a. 2b-3.5-6 (R./ 1) 2a leitura: 1a Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (1Cor) 15,20-26.28 Evangelho: Mateus (Mt) 25,31-46 Comentário:.No grande Dia do Senhor, no dia da justiça, dia da verdade, seremos julgados pelo amor solidário que praticamos em nossa vida. Este amor solidário não tem cor, não tem religião, não tem raça, não tem sistema econômico ou político; o amor solidário é o amor com que Deus ama suas criaturas, com amor absolutamente pessoal e único. Também por isso, somente o amor solidário vai ser nossa “moedade-troca”, nossas lâmpadas acesas, nosso estar preparado no Dia do Senhor. Este é o amor solidário do qual fala João quando diz: “Quem diz que ama a Deus a quem não vê e não ama a seu irmão a quem vê, é um mentiroso”. O amor solidário é amor de entrega, é paciente, é bom e puro, perdoa e pede perdão, é acolhedor do outro sem perguntar-se sobre quem é este outro. O amor solidário ama e pratica este amor com quem tem fome, tem sede, é peregrino e migrante, dorme na rua, num banco de praça ou debaixo de uma ponte, não tem com que se vestir ou onde morar dignamente, está doente de muitas enfermidades... está preso de muitas prisões. O amor solidário pratica a política do bem comum... faz o bem porque é bom fazer o bem. E não faz disso uma apologia, autoproclamando-se “gente do bem”. Ele deixa que os outros digam isso dele, que aqueles a quem ele ama como amor solidário, sejam suas testemunhas no grande Dia do Senhor, dia da justiça, dia da verdade. E o Rei, em nome de todos os que foram amados com este amor solidário, dirá: “Vem, bendito de meu Pai, toma posse da felicidade que tu mesmo preparaste porque viveste no mundo meu amor solidário para com estes meus irmãos mais pequeninos” (cf 25, 34.40)

Adelina Bolognesi. Falecimentos - Faleceram no mês de outubro Vera Regina Dreyer e Paulo Renato K. de Souza, ambos amigos do jornal Solidário. Aos familiares enlutados o nosso pesar. Censo anual - A Igreja Católica no Brasil está inovando na realização do censo anual de suas atividades. Pela primeira vez está utilizando o sistema web com a proposta de incluir todas as paróquias e membros, inovando no levantamento de dados e também na formação de uma rede de relacionamentos integrada na rede mundial de computadores. O

attilio@livrariareus.com.br

portal www.guiacatolico. com já está recebendo o cadastramento das mais de nove mil paróquias existentes no país. Tratase de uma ação pioneira para coleta de dados e informações. O trabalho é coordenado pelo Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais(CERIS), que deverá, até o final deste ano, tabular os dados coletados. O sistema de armazenamento e mapeamento de dados foi desenvolvido com linguagem e tecnologia adaptadas às necessidades da Igreja e o universo de suas ações


Porto Alegre, 16 a 30 de novembro de 2008

Novo espaço de oração no Banco de Olhos A inauguração foi dia 27 de outubro último, em celebração eucarística presidida por Dom Dadeus Grings. Em sua manifestação, o arcebispo de Porto Alegre expressou sua admiração pelo novo espaço de oração aberto para pacientes e demais freqüentadores do Hospital. Irmã Fátima Mello, da Congregação das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus e diretora do Hospital, explicou que o lugar “foi cuidadosamente preparado para oferecer um espaço aprazível para a oração e o encontro com Deus”. A capela fica no terceiro andar da instituição. Divulgação

Hospital Banco de Olhos tem nova capela

Sínodo dos bispos divulga resoluções São 55 as sugestões aprovadas na assembléia de bispos, concluída em 25 de outubro último, no Vaticano e que Bento XVI decidiu não manter em segredo antes de sua avaliação criteriosa, como de praxe, e transformá-las em exortação apostólica. Entre as sugestões, os 253 bispos da 12ª Assembléia, que teve como lema “A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, ressaltam a escolha da Igreja pelos pobres, o reconhecimento do papel da mulher no anúncio da palavra, a potencialização do diálogo com judeus e muçulmanos, a melhoria das homilias, a preocupação com seitas, a necessidade da tradução da Bíblia para todas as línguas, bem como que cada cristão tenha a sua e que ela seja divulgada através de todos os meios de comunicação existentes. Os bispos insistiram no diálogo inter-religioso e na importância de que seja assegurada a todos os crentes a liberdade de professar a própria religião, em particular e em público, e que o direito de consciência seja reconhecido. Em relação às seitas, os prelados expressaram uma “profunda preocupação” com o seu crescimento e a “mutação”, oferecendo “uma ilusória felicidade através da Bíblia, muitas vezes interpretada de maneira fundamentalista”. Em relação à Bíblia, propuseram que ela ocupe um papel de destaque nas igrejas, que a palavra de Deus seja proclamada de maneira clara e que a homilia - um dos temas mais tratados no Sínodo - deve ser preparada profundamente, levando em conta o que dizem as leituras proclamadas.

Mensageiro da Caridade inaugura monumento do fundador A inauguração da estátua do Pe. Paulo de Nadal, na esquina da Rua Zero Hora com Av. Ipiranga, em 28 de outubro último, teve a presença de autoridades religiosas, civis e militares e parceiros, amigos, servidores da instituição e de centenas de coordenadores do serviço da caridade nas paróquias. O ato representou o fechamento do ano das comemorações do cinqüentenário do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, fundado por Pe. Nadal, em 1.º de janeiro de 1957. Desde a origem, a instituição atua em três grandes programas: Mensageiro da Caridade, Cidade de Deus e Cáritas Arquidiocesana. O monumento foi esculpido pelo arquiteto e artista plástico Juliano Dalla Corte. Natural de Santa Teresa, município de Bento Gonçalves, Pe. Paulo de Nadal foi ordenado padre em 30 de novembro de 1945, pelas mãos de Dom João Becker. Desempenhou suas funções sacerdotais como vigário cooperador em Minas do Leão e nas paróquias da Tristeza, Igreja Conceição e Nossa Senhora da Piedade, em Porto Alegre. Morreu com apenas 55 anos de idade em 28 de julho de 1976, durante o Seminário Latino-Americano sobre a obra do Mensageiro da Caridade

Divulgação

Arcebispo Dom Dadeus destacou atividades benemerentes do Pe. Nadal

Falecimento de Dom Augusto Petró

Arquivo

Bispo emérito de Uruguaiana desde 1995, Dom Augusto Petró morreu aos 90 anos em 28 de outubro no Hospital das Irmãs de Santa Catarina, em Ivoti, onde estava internado. Seu enterro ocorreu dia 29, após missa de corpo presente na Catedral de Uruguaiana. Dom Augusto era natural de Santo Antônio da Patrulha e foi ordenado padre em novembro de 1944. Trabalhou em diversas paróquias, entre as quais a Paróquia Sagrada Família da Rua José de Patrocínio, em Porto Alegre, antes de ser ordenado bispo em julho de 1958, tendo como lema episcopal “Faze e viverás”. Até 1964, foi bispo de Vacaria e, desde então até sua aposentadoria, presidiu a diocese de Uruguaiana.

CianMagentaAmareloPreto

Dom Augusto Petró


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