IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, 1o a 15 de março de 2010
Sociedade reconciliada
Ano XV - Edição No 557 - R$ 1,50
Jovem tem vez
“O conflito de interesses entre sua própria família e as necessidades dos outros é um dilema que só a sabedoria e a coragem podem resolver. No caso de seu próprio filho e o filho de um estranho estarem ambos chorando de fome, quem você alimenta primeiro?”
Rafael Goerg, 17 anos, estudante da 3ª série da Escola Média, residente em Porto Alegre, fala de si, de seus projetos e dá a sua opinião sobre diversos assuntos.
O ser humano, dotado de inteligência, vontade e sentimentos, tem uma trajetória cheia de tropeços. Os maiores problemas, bem como os melhores momentos de sua vida, se encontram na convivência. Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Laurence Foremann Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça Voz do Pastor/Página 2 seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 está disponível.
O anônimo trabalho no Mutirão
CF 2010 Modelo econômico em cheque
Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. TambémCompro, o Familienkalendar/2010 logo, existo. está disponível.
Contracapa
Os católicos diminuem
Os católicos representavam 95,3% da população do Brasil, em 1940, e 73,8% em 2000, segundo o IBGE. 600 mil brasileiros anualmente deixam a Igreja, e migram para outras confissões religiosas, especialmente aos pentecostais. Em 2010 um novo censo dirá o número de católicos, mas observações preliminares indicam que seremos ainda menos. Uma pergunta se impõe para quem tem, minimamente, consciência eclesial: por quê?
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Para ser feliz: produzir, vender, comprar lucrar, acumular, consumir. Esta é a lógica decorrente do modelo econômico, completamente incorporado na cultura atual e que é denunciada pela Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010. Mas há um outro modelo de produção que reparte e inclui. Páginas 2, 4, 6, 7 e 11.
Cooesperança, em S. Maria Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor
Filho de Zilda Arns é o coordenador da Pastoral da Criança Nelson Arns Neumann é o novo coordenador internacional da Pastoral da Criança desde 1o de fevereiro último, referendado por Dom Geraldo Majella, arcebispo de Salvador e fundador e membro do conselho diretor da Pastoral da Criança Internacional. Neumann, 44 anos, é casado, pós-graduado em Medicina, mestre em Epidemiologia e doutor em Saúde Pública. Atuou como missionário leigo na diocese de Bacabal (MA), em 1988 e 1989 e desde 1990 é coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança - Organismo de Ação Social da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).
Dia Internacional da Mulher Referencial de equilíbrio e algodão entre cristais no convívio do lar. Serenidade e suave ternura do cotidiano. Fonte e geradora da vida. Esteio infalível em todas as empreitadas. Coragem estóica no desafio ou na desgraça. Presença anônima e silenciosa na Igreja de Jesus Cristo. Essa, a essência da alma feminina, cujo discernimento superior não engendra guerras, não atiça à violência. Mas que ainda espera por reconhecimento pleno de seu papel no mundo dos homens e na caminhada da Igreja.
Divulgação
Nelson Neumann
Quaresma: preparação para o mistério pascal Qual o significado da vida? Temos consciência de nossa passagem transitória e que somos pó e ao pó voltaremos, o que nos é lembrado na Quarta-feira de Cinzas? Pautamos nosso cotidiano na perspectiva da eternidade para o que as paixões do ter, do poder e do prazer nada contam? Pelo contrário: são fonte de infelicidade interior e falta de paz já aqui na terra.
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2 EDITORIAL
Concentração do capital
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ara quem acreditava que o tema Economia e Vida da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) deste ano pudesse ser um tema menor que, possivelmente, passaria despercebido, se equivocou redondamente. A Campanha mexe com as próprias estruturas do poder econômico e deixa claro o que quase todos sabem, mas que a maioria interesseira quer maquiar ou esconder: é a concentração do capital a causa maior da miséria no mundo. Já na Conferência de Puebla/México (1979) os bispos da America Latina e do Caribe alertavam para as consequências funestas deste tipo de economia, adjetivando-a de “capitalismo selvagem”. Em recente palestra pública, comentando o documento de Puebla, o padre José Aparecido Pinto, cidadão curitibano, afirma: “A Carta de Puebla nos traz luz sobre os sinais da pobreza, da miséria, da privação, da agressão dos direitos humanos, da dignidade humana. Por isso, nossa responsabilidade, nosso compromisso é gritar contra as injustiças sociais, denunciar ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres. Esse é o grito da Carta de Puebla. Ela toca na ferida, nas mazelas sobre as quais vive a sociedade latino-americana e caribenha. A opção preferencial pelos pobres significa ter uma meta, significa buscar nessas metas uma preferência. Era necessário gritar, denunciar o capitalismo selvagem, os meios de comunicação massificantes, dirigidos pelas classes dominantes, que provocam a escravidão, a servidão cultural e econômica”. O teólogo e escritor jesuíta João Batista Libanio não coloca “panos quentes” no debate e diz, categórico: “A economia invade todos os setores da sociedade e da vida humana. A partir dela se interpreta a totalidade da realidade social. A economia, a política, a cultura agem diretamente “As pessoas são e sobre ela. A economia atual se identifica com o valem na medida capitalismo neoliberal, cujo evangelho anuncia a e proporção de salvação pelo capital. O capital existe para gerar sua capacidade sempre mais capital. Gerar ou não gerar capital, de consumir”. esta é a questão, diria um Shakespeare capitalista. Significa produzir, vender, comprar, lucrar, acumular. E a alma ideológica dessa máquina se chama consumismo que nos incutiram até o mais profundo do ser. Consumir nos faz cidadãos, nos traz felicidade, nos acrescenta reconhecimento social! Esta é a lógica capitalista: as pessoas são e valem na medida e proporção de sua capacidade de consumir. E é esta lógica diabólica que a Campanha da Fraternidade denuncia e quer contribuir para mudar. Para que a economia esteja a serviço do homem e não o homem a serviço e escravo da economia. Como contra-ponto da lógica capitalista da “você vale quanto consome”, o Solidário traz, nesta edição (página 7), várias iniciativas de economia solidária, a outra economia possível. Estas iniciativas se movem por outra lógica, a lógica do “eu estou bem se você está bem... eu estarei melhor quando você estiver melhor”. E a CFE quer contribuir para esta verdadeira “conversão”, que não fica apenas ao nível pessoal ou familiar, mas amplia sua atuação e a torna social. Mais: quer colaborar para que esta outra lógica possível impregne as relações entre as pessoas, as políticas sociais e econômicas e se transforme, aos poucos, numa verdadeira cultura solidária. Ainda repercutindo o maior evento do gênero já realizado na América Latina, o Solidário traz, na contracapa, o testemunho de doação e voluntariado de algumas pessoas que marcaram o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe. No verdadeiro espírito de mutirão, ofereceram, generosa e alegremente, seu tempo e sua capacidade profissional, colaborando com o sucesso do evento. E foi este um dos aspectos mais considerados e aplaudidos dos participantes: além da profundidade dos conteúdo programáticos, a acolhida às pessoas e a organização das diferentes atividades. O sentimento vivido pelos entrevistados pode ser sintetizado no que expressou a jornalista Nara Soter: Participar do Mutirão foi um trabalho com gosto de estar dando minha contribuição para construir algo em que acredito: que a comunicação pode e deve servir para que tenhamos um mundo melhor e mais justo. (attilio@livrariareus.com.br)
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
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16 a 28 de fevereiro de 2010
RTIGOS
Uma sociedade reconciliada
de água fria tem medo”. ser humano, dotado de inteliCom nossa inteligência podemos gência, vontade e sentimennão só acolher as experiências próprias tos, tem uma trajetória cheia como também aprender com as lições de tropeços. Os maiores problemas, do passado. Colocamos um ideal a ser bem como os melhores momentos de atingido. Procuramos então os meios, sua vida, se encontram na convivênDom Dadeus Grings mais na prática que na teoria. Sabemos, cia. Ninguém vive a sós. NecessariaArcebispo Metropolitano de Porto Alegre mais ou menos, o que vai dar certo e nos mente convive. Deve, por isso, não só conduz à meta almejada, e o que dará construir sua própria vida, mas, acima errado, desviando-nos da rota. de tudo, necessita desenvolver sua convivência. Esta meta, que brota do anseio mais profundo do Conhece pessoas e forma amizades. Sua felicidade coração humano, é a paz. Podemos defini-la como a se encontra no relacionamento carinhoso com as saúde da sociedade. Retrata a harmonia entre todos os pessoas queridas. seus membros e organismos. Seu contrário é a guerra, Além das relações primárias, que podemos exretratada pelo símbolo da doença. Faz sofrer todo o pressar pelo tu-a-tu, ou olho no olho, cultivamos reorganismo social. Há momentos tensos na sociedade, lações secundárias, institucionais, e avançamos para assim como se verificam doenças nos organismos vivos. relações virtuais. Não só vivemos em comunidade, Urge, então, encontrar remédios. Não se resolvem os na família e no bairro, mas também convivemos em conflitos com a força, sufocando aspirações e oprimindo sociedade. Ali, ao longo dos tempos, caminhamos pessoas. para uma organização cada vez mais aprimorada, de Quando as tensões explodem não basta reprimi-las. acordo com os anseios de todos. É preciso buscar a reconciliação. Esta só se encontra Falamos da necessidade da promoção do bem pelo perdão mútuo, a ser pedido e dado. Quando, muitas comum. Ele é tão necessário como o ar que respivezes após graves dissabores, as partes decidem, num ramos. Mas é obra nossa. Daí a necessidade de nos certo contexto de tensões, fazer as pazes, reconciliandoconscientizarmos de como nos organizamos em se, significa que se decide por uma pedra em cima das sociedade. É o tema candente da política. Nossa desavenças do passado. Declara-se assunto encerado. caminhada no tempo, porém, não é homogênea. Não se fala mais. Nem para reivindicar eventuais direitos Temos altos e baixos. nem para exigir punições, por assim dizer, póstumas. Diz-se que a história é a mestra da vida para Enterrou-se o assunto. Só assim se poderá recomeçar significar que devemos aprender com a experiência. com pensamentos de paz, para reconstruir uma socieAquilo que se demonstrou nocivo deve ser evitado dade solidária e pacificada. Estamos no plano da mie o que se comprovou proveitoso deve ser acolhido. sericórdia, que supera a justiça e leva à reconciliação. Até os animais aprendem com a experiência. Não (mitra.poa@terra.com.br) por nada corre o provérbio que “gato escaldado até
Voz do
PASTOR
Atentado contra a criança Luiz Carlos Vaz
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Jornalista
ão cultivamos em casa o hábito de acompanhar novelas, pois as consideramos geradoras da mais pura alienação. Mas, dias atrás, terminado o Jornal Nacional, a televisão ficou ligada na Globo e, de repente, me percebo em meio a uma novela onde uma criança, dos seus sete, oito anos, chantageava outra personagem, casada, afirmando que a tinha visto beijando um homem que não era o seu marido, e frisando algumas vezes: “Na boca...” . A mãe da criança entra na cena e ordena-lhe que pare de falar e que se retire. A menina obedece não sem antes demonstrar toda a sua rebeldia. Entendi, então, que a mãe sabia do triângulo amoroso, e por aí afora. E fico me perguntando: como pretender que os pais deem limite aos filhos se uma novela, que certamente é assistida também pelos pequenos e que poderia ser um ótimo meio de educação e formação se os enredos fossem outros, faz apologia à safadeza e à própria imoralidade de uma criança, sem falar a dos adultos? De modo paticular, o que será dessa criança-atriz em um futuro próximo, após interpretar um papel desses? Na melhor das hipóteses, a emissora deveria proporcionar-lhe um acompanhamento psicológico para que ela possa distinguir, com clareza e precocemente, o certo do errado.
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
Não acompanhei, é claro, por previsível, o desenrolar da trama em capítulos seguintes. Mas fico imaginando quantas crianças haverão de seguir as atitudes dessa personagem-mirim por considerarem normal. Chantagem é normal, mau-caratismo é normal, rebeldia ao extremo é normal, tudo, enfim, numa criança, é normal, e assim por diante. Acho que as entidades de defesa dos direitos da criança deveriam agir no sentido de estarem atentas impedindo que tais atentados aconteçam. As crianças hoje estão deixando a infância cada vez mais cedo para ingressarem em um mundo para elas ainda obscuro da internet, dos jogos eletrônicos, onde a matança generalizada é algo corriqueiro; e dos programas de tv antes destinados apenas ao público adulto. Há cada vez menos limites e agora a criação de uma personagem como essa da novela das 9 vem a estimular o vale tudo. O problema é que os pais têm sido coniventes por não conseguirem impor-se perante os seus filhos, cientificar-se daquilo que eles estão assistindo na tv, dos saites que estão acessando na internet ou dos jogos violentos que estão rolando em seus monitores. Reclamamos muito da censura governamental em outros tempos, realmente algo execrável e que felizmente foi extinta, mas a censura paterna, esta sim, é saudável e pode ser exercida quando o pai ou a mãe sentam com o filho, dizem-lhe que não deve assistir a determinado programa e explicam, numa boa, os motivos. A repetição dessa prática, por certo, pode trazer bons resultados.
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
1o a 15 de março de 2010
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
3 Divulgação
A ética e a moral na educação dos filhos Monica Mlynarz Terapeuta individual e familiar
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á muitos anos, quando meus filhos ainda eram pequenos, assisti a uma cena que trago na memória até hoje. Era um daqueles campeonatos de judô, em que a gente vai para prestigiá-los. Ali pelas tantas, enquanto uma das lutas acontecia no tatame, havia um pai ao meu lado que torcia para o seu filho e, num certo momento, tomado pela emoção, imagino, começou a gritar: "Vamos filho, derruba ele, vai, acaba com ele, mata ele!" Ao ouvir aquelas palavras, me senti profundamente incomodada, até um pouco entristecida, e algumas reflexões vieram à minha mente. Aquela era apenas uma luta de judô entre amigos de uma mesma academia e que tinham de cinco a sete anos. Será que aquele menino teria de ganhar a luta a qualquer custo para atender aos anseios de seu pai? E se ele perdesse a luta, o que, afinal, aconteceria? Muitos de nós, já vivenciamos situações bastante delicadas, quando nossos filhos foram agredidos por outras crianças e ficamos em dúvida quanto ao incentivo sobre "devolver ou não na mesma moeda." E quem de nós já não teve aquele impulso incontrolável de dizer para o filho furar a fila do cinema e dar uma de espertinho?
Se todos fazem isso, por que e para que faríamos diferente? Será que nesse mundo tão desumano vale a pena sermos honestos? Que tipo de valores queremos transmitir aos nossos filhos? Qual será o seu futuro e o futuro de nossa sociedade? Será que não corremos o risco de criarmos filhos indefesos e bobões? Afinal, o mercado de trabalho está cada vez mais difícil e temos de prepará-los para a luta! Vivemos hoje, com certa tristeza, uma crise de valores éticos e morais. Afirmamos o nosso individualismo, acentuamos a nossa competitividade, ficamos cada vez mais isolados nesse mundo selvagem onde prevalece a "lei de Gerson". Penso que é fundamental podermos, como pais, estabelecer os padrões que nortearão nossa conduta educacional, a linha que pretendemos seguir, os valores e crenças nos quais acreditamos, aqueles que valorizamos. Não podemos esquecer jamais da ética e da
“Vivemos hoje, com certa tristeza, uma crise de valores éticos e morais”.
moral!!! O legado moral que passarmos aos O melhor ensinamento nossos filhos poderá, no meu entendimento, é o nosso exemplo determinar futuramente uma mudança de valores na nossa sociedade. Acredito fortemente em efeitos multiplicadores. Se nos alienamos, concordamos. Se, com Se cada pai e mãe se preocupar seriamente carinho – porém, firmemente –, interferimos, esem desenvolver nos seus filhos condutas éticas taremos mostrando-lhes que os nossos valores são de amor e respeito ao próximo, sentimentos de outros, menos individualistas e nem por isso nos justiça social, solidariedade, honestidade, ami- tornamos mais frágeis ou bobões. Esse é o melhor zade, lealdade, o efeito multiplicador desses ensinamento: o nosso exemplo, a nossa forma de princípios poderá levar muitos indivíduos a se viver. Quanto aos outros pais não agirem da mesma preocuparem mais com os seus semelhantes. forma, sempre digo e direi: se nosso vizinho rouba Se, ao contrário, acharmos que para viver ou bebe, iremos fazer também? Se um colega de nesse mundo teremos de incentivar ou até ficar trabalho nos trai, faremos o mesmo? impassíveis frente a situações de agressão, É, na realidade, no dia a dia que as crianças se desonestidade, falta de respeito, com certeza formam, que os melhores e piores exemplos são ase com profundo pesar, estaremos selando o similados. Não podemos, de forma alguma, deixar nosso próprio destino porque os nossos filhos que esses acontecimentos nos tornem pessoas não terão desenvolvido sentimentos positivos mais frias ou desesperançosas com a humanidade. nem mesmo em relação aos seus próprios pais. Precisamos acreditar num mundo melhor, mais O que dizer, então, em relação aos irmãos, justo, pois só com essa crença poderemos agir e amigos, professores, avós e por aí afora. alcançar os nossos objetivos. Não percamos a fé Alguns poderão dizer que estou exagerando no ser humano!!! Não percamos a esperança na ou sendo muito idealista! No entanto, quero nossa capacidade de fazer mudanças efetivas e de dizer que, como pessoa humana e profissional, ajudar na construção de um futuro melhor para os acredito na capacidade do ser humano de se nossos filhos e netos. Coragem! (clicfilhos.com.br) transformar num cidadão cada vez melhor. Conseguir isso não é nada fácil, muito menos rápido. Sabemos bem que crianças muito pequenas Cursos de Especialização batem e mordem movidas por impulsos ou reações de frustração. Claro que elas ainda não têm condições de Conhecimento equilíbrio ou maturidade para pensar no outro. É um comportamento para você chegar até normal em determinadas fases. mais alto. Mas esse fato não justifica que os pais fiquem quietos e deixem passar uma excelente oportunidade para www.pucrs.br/pos trabalhar conceitos éticos importantes, conceitos que não surgem por si só, mas pelo trabalho árduo e incessante.
PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS
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centrada na vida Frei Betto Escritor e assessor de movimentos sociais
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texto-base da CF 2010 reconhece que "um bom número de brasileiros, na última década, saiu do estado convencionalmente definido de pobreza, mas o Brasil confirma hoje a realidade de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis de pobreza. Segundo o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, em 2007 existiam no Brasil 10,7 milhões de indigentes (ou seja, famintos), e 46,3 milhões de pobres (ou seja, sem acesso às necessidades básicas: alimentação, habitação, vestuário, higiene, saúde, educação, transporte, lazer, entre outras), considerando valor dos bens em cada local pesquisado." Na raiz da desigualdade social está a concentração de terras rurais em mãos de poucas famílias ou empresas. Cerca de 3% do total das propriedades rurais do Brasil são latifúndios, ou seja, têm mais de 1.000 ha e ocupam 57% das terras agriculturáveis – de acordo com o Atlas Fundiário do INCRA. É como se a área ocupada pelos “CF convida estados de São Paulo e Paraná, juntos, fiéis a refletirem estivesse em mãos dos 300 maiores pro- sobre a contradição do sistema prietários rurais, enquanto 4,8 milhões de econômico”. famílias sem-terra estão à espera de chão para plantar. E, no Brasil, quem mais paga impostos são os pobres, pois os 10% mais pobres da população destinam 32,8% de sua escassa renda ao pagamento de tributos, enquanto os 10% mais ricos apenas 22,7% da renda. A Campanha da Fraternidade convida os fiéis a refletirem sobre a contradição de um sistema econômico prensado entre cidadãos interessados em satisfazer suas necessidades e desejos, e empreendedores e agentes financeiros em busca da maximização do lucro. Uma importante parcela da moderna economia capitalista é meramente virtual, decorre de vultosas movimentações de capital, não gera bens e produtos em benefício da sociedade, serve apenas para o enriquecimento de uns poucos com o fruto da especulação financeira. A CNBB e o CONIC propõem a realização de um plebiscito no próximo 7 de setembro – data da Independência do Brasil e dia do Grito dos Excluídos – em prol do limite de propriedade da terra e em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar. É preciso que haja leis limitando o tamanho das propriedades rurais no Brasil, de modo a evitar latifúndios improdutivos, êxodo rural, trabalho escravo e exploração da mão de obra migrante, como ocorre em canaviais. O Evangelho, ao contrapor serviço a Deus e ao dinheiro, apela à nossa consciência: as riquezas resultantes da natureza e do trabalho humano se destinam ao bem-estar de toda a humanidade ou à apropriação privada de uns poucos que, nos novos templos chamados bancos, adoram a Mamon, o ídolo que traz felicidade à minoria que se nutre do sofrimento, da miséria e da morte da maioria?
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PINIÃO
Voo espiritual Dom Sinésio Bohn Bispo de Santa Cruz do Sul
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Quaresma, segundo a tradição litúrgica, é tempo dedicado à revisão da vida, ao exame dos valores que me inspiram e orientam. Desde jovem tenho receio de cair na mediocridade, numa vida sem fervor, mesquinha. Uma sociedade que se guia somente por interesses, e não por valores, é presa fácil das paixões desenfreadas. Quem segue Jesus Cristo, quem está inserido Nele pelo batismo, embora mergulhado nos assuntos da terra, tem o coração no céu. Pois o Filho de Deus desceu do céu, assumiu a natureza humana, deu sua vida pela humanidade na cruz e ressuscitou, vencendo a morte e o pecado. E quando o Senhor subiu aos céus, nós, inseridos Nele, subimos também. Lucas notou que, quando o Senhor foi levado para o céu, “os discípulos o adoraram e voltaram a Jerusalém cheios de alegria”. É que a natureza humana, por Cristo, foi elevada a uma incomparável dignidade: Deus Pai uniu a natureza humana à sua própria natureza divina pelo Filho, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Assim, somos salvos por graça, em Cristo Jesus. A tradição cristã une conversão pessoal para Deus com oração, estilo de vida simples e frugal (jejum) e partilha de bens (esmola).
Quanto à oração, não creio em vida de serviço a Deus e ao próximo sem oração. A oração é para o cristão o que são as asas para os pássaros. Sem oração não há voo espiritual. E a partilha? Os miseráveis vivem porque o povo tem coração. Sempre há quem ofereça uma laranja, um pão, para os famintos. Sei que não basta. Mas sei também quantas gerações são necessárias para promover famílias marginalizadas. Jesus colocou como um dos critérios de entrada no Reino o cuidado dos pobres, doentes e presos. Sem questionar a virtude deles. O jejum é arcaico? Parece que, moderado, faz bem à saúde. E faz bem à virtude. Mais que jejum, a Campanha da Fraternidade insiste num estilo de vida não consumista. Como? Isto faz parte da criatividade e da necessidade de cada pessoa. Agora, duas admoestações. Primeira, com Paulo: “Aspirai às coisas celestes, não às terrestres”. Porém, sem relaxar os deveres da terra. Segunda, com Santo Agostinho: “Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade, que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com Ele no céu”? O que o anjo falou a Cornélio, possa dizer a nós hoje: “Tuas orações e esmolas subiram à presença de Deus e foram levadas em conta” (At 10, 4).
Deus e o dinheiro Antônio M. Galvão Doutor em Teologia Moral
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Campanha da Fraternidade nem tinha sido bem lançada e a mídia nacional, nas edições da Quarta-feira de Cinzas já havia publicado vários textos que revelavam uma posição defensiva, quando não antagônica, com o fito de tachá-la de polêmica e até anacrônica, visando desmerecer a reflexão proposta pela Igreja do Brasil, a partir da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A mídia do Brasil, capitalista ou a serviço de grupos econômicos, não admite qualquer reflexão que contrarie seus ideários. Uma chamada de consciência como a da CF 2010 converte-se num insulto, quando não uma ameaça. Nesse esforço se viu muita gente criticando o lema “Ninguém pode servir a dois senhores: a Deus ou ao dinheiro” como egresso de ideologias socialistas, resumo de conclaves, como o “fórum social mundial” ou fruto de outros movimentos, cujas palavras-de-ordem atacam os ricos e o capital. Há, nessas críticas, uma deliberada intenção de ataque (à Igreja) e defesa (do capitalismo), uma vez que sempre que se combate a ganância, a exploração e a exclusão que brotam do mau uso do dinheiro, a oposição, o boicote e a censura evidenciam que se tocou na ferida de adversários poderosos. Na verdade, o “Ninguém pode servir a
dois senhores: a Deus ou ao dinheiro” não brota de nenhuma cartilha de inspiração marxista, mas do Evangelho de Mateus (6,24) e de Lucas (16,13). Os textos originais alertavam para a impossibilidade de servir a Mámon, que no simbolismo palestino apontava para uma divindade cananéia, que se alimentava de dinheiro, indo inclusive ao sacrifício de pessoas humanas para esse fim. Ao proibir os cultos a Mámon, ao invés de a Deus, os antigos repudiavam aquilo que chamavam de idolatria. Hoje, em alguns casos, a idolatria do mercado, o mercantilismo e algumas formas de globalização, por serem excludentes e sectárias, trazem consigo muitas características daquela pantagruélica entidade. A “chave de leitura” do texto básico da campanha está no ato de entender o sentido do verbo servir. Nós servimos a Deus porque é o Senhor e usamos o dinheiro (porque ele é coisa) para nosso bem-estar. As distorções econômicas, sociais e éticas ocorrem a partir do momento em que desprezamos a Deus e nos tornamos ou escravos do dinheiro. Não é crime nem pecado ter dinheiro, como resultado do trabalho e de alguma atividade ética. O ilícito está em acumular a partir da exploração dos outros, da montagem de esquemas espúrios e da entronização do dinheiro em detrimento do crescimento das pessoas. O dinheiro é coisa boa e útil desde que não seja transformado em divindade que exija culto e subserviência.
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DUCAÇÃO &
Educação e fé
SICOLOGIA
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Os católicos diminuem Jorge La Rosa Professor universitário
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s católicos representavam 95,3% da população do Brasil, em 1940, e 73,8% em 2000, segundo o IBGE. 600 mil brasileiros anualmente deixam a Igreja, e migram para outras confissões religiosas, especialmente gigantesca de evangelizar, aí incluídos o anúncio aos pentecostais. Em 2010 um novo censo dirá da palavra de Deus e a celebração da eucaristia. o número de católicos, mas observações preliObservamos, também, que ser evangelizado é minares indicam que seremos ainda menos. Uma um direito do batizado, e que sonegar-lhe o pão pergunta se impõe para quem tem, minimamente, da palavra e o pão da eucaristia se afigura como consciência eclesial: por quê? algo grave, na Igreja. Então, o que fazer? Podemos dar respostas genéricas e dizer que O Movimento Familiar Cristão do Brasil a pós-modernidade ao enfatizar a subjetividade elaborou um documento sobre os Presbíteros induz o sujeito a excluir vínculos institucionais, (www.mfc.org.br), sua formação e perfil, no o que é verdade e explica que os sem religião e qual acolhe o modelo atualmente vigente de ateus no Brasil foram os que mais cresceram nas sacerdote como uma expressão desse perfil, mas últimas três décadas: 356% (eram 1,6% em 1980 não a única; quer dizer, segundo o documento e passaram a 7,3% em 2000) – desse percentual, a instituição eclesiástica deve abrir as portas um número significativo deve ser católico. O para formas plurais de existência presbiteral – aí índice, contudo, é pequeno, e não explica todo o incluído o presbítero casado - o que tem a mais êxodo da Igreja. ampla aprovação do povo de Deus, conforme Então, o que tem acontecido? As religiões pesquisas. O modelo único em vigor é oriundo evangélicas, aí incluídas as pentecostais, dos concílios de Elvira (século IV) e de cresceram; o número de pessoas com “"O número de Trento (séc. XVI), principalmente, e a outras afiliações religiosas também presbíteros é ínfi- lei do celibato para todos os sacerdotes aumentou; os católicos diminuíram. mo comparado à católicos do rito latino foi decretada no Antes de pesquisar as causas é tarefa gigantesca preciso observar que os ex-católicos de evangelizar". século XII. O documento do MFC, por outro lado, postula um olhar sobre o foram batizados – mas não foram Evangelho, às escolhas feitas por Jesus, evangelizados!, quer dizer, não se avesso à uniformidade, mas aberto a diferentes sentiram membros da comunidade nem com ela perfis no que se refere ao corpo apostólico: comprometidos. solteiros, casados, de diversas profissões e de A obrigação de evangelizar é da Igreja, no seu diversos estratos sociais, alguns mais letrados, conjunto, aí incluídos a hierarquia, os religiosos outros menos letrados, com engajamento político e os laicos. Temos falhado, e precisamos pedir perdão – como João Paulo II o fez muitas vezes no seu pontificado. Pedir perdão é necessário, contudo não é suficiente: precisamos ir além, ver as falhas, e como superá-las. Evidentemente um artigo não pretende abordar a complexidade da questão – seria pretensioso. Muitos estudos e muitas análises serão necessários, e feitos por muitos. Uma observação, contudo, é imperativa: o número de presbíteros - os pastores do povo - é ínfimo comparado à tarefa
(Simão, o Zelota) ou sem ele. Todos, sem exceção, comprometidos com o Evangelho – o que parece ser a pedra de toque e o elemento fulcral em toda a questão. Paulo e a Igreja primitiva alinharam-se ao balizamento do Mestre, e não consta que tenham faltado presbíteros nos primeiros séculos da era cristã, ao contrário, o número foi suficiente porque os cristãos cresceram em número e em diversas partes do mundo antigo. Certamente, a questão do êxodo da Igreja não encontra explicação suficiente no pequeno número de pastores, mas é causa importante sem ser a única. Se o povo não tem o pão da palavra e o pão da eucaristia, como encontrar o caminho e perseverar nele? Abandonará o redil, em busca de outras pastagens, quer dizer, em busca de conforto espiritual e de uma palavra de esperança: outras confissões o acolhem, e lhe falam de Jesus, o que é melhor do que permanecer no deserto, errante e sem perspectiva; é melhor do que permanecer nas trevas, sem uma palavra de fé! O Movimento Familiar Cristão dá sua contribuição, instado pela Lumen Gentium (nº 37): “... os leigos... Segundo sua ciência, competência e habilidade, têm o direito e por vezes até o dever de exprimir sua opinião sobre as coisas que se relacionam com o bem da Igreja.”Esperamos, agora, que a contribuição do MFC seja ouvida. (jlarosa@terra.com.br)
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EMA EM FOCO
Economia e vida J. B. Libânio Teólogo, escritor, jesuíta
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temática da Campanha da Fraternidade de 2010 bate em profundidade com a questão central da Encíclica de Bento XVI Caritas in veritate. Em ambas se trata da vida num contexto social. Embora o título economia da CF restrinja o assunto, na realidade não acontece. A economia invade todos os setores da sociedade e da vida humana. Tudo gira em torno do gonzo da vida. E a partir dela se interpreta a totalidade da realidade social. A economia, a política, a cultura agem diretamente sobre ela. A economia atual se identifica com o capitalismo neoliberal, cujo evangelho anuncia a salvação pelo capital. Ele existe para gerar sempre mais capital. Põe a serviço dessa meta a inteligência humana. Descobriu uma lógica bem simples. Depois a veste de cálculos, programas, projetos e planejamentos supersofisticados. Gerar ou não
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Libânio:“Só vale quem consome. E quem consome menos, vale menos”. gerar capital, esta é a questão, diria o Shakespeare capitalista. Solução simples. Ampliar ao máximo o mercado. Significa produzir, vender, comprar, lucrar, acumular. E a alma ideológica dessa máquina se chama consumismo que nos incutiram até o mais profundo do ser. Consumir nos faz cidadãos, nos traz felicidade, nos acrescenta reconhecimento social. O filósofo francês Luc Ferry definiu a sociedade democrática atual com uma simples soma: mercado + direitos humanos. Pediria licença para modificá-la. Deixando os direitos humanos de fora, por estarem sendo muito maltratados, substituí-los-ia por consumo. A nova forma aritmética: mercado livre + consumo. E a liberdade está em função da produção, da comercialização, das jogadas financeiras. O consumo azeita todo o sistema. Apregoa-se em alto e bom som que o Brasil sofreu menor impacto da crise financeira de setembro de 2008 em virtude do crescimento quase explosivo do consumo interno. A olhos vistos, as cidades se entulham de automóveis. O crédito fácil, os financiamentos a longuíssimos prazos permitem que ampla camada das classes populares, muito mais numerosa, tenha acesso aos bens de consumo. Portanto, a economia gira em torno do sol do consumo de bens materiais e simbólicos. E a vida? A Encíclica de Bento XVI e a CF/2010 apresentam-na como o bem maior em perspectiva diferente do capitalismo neoliberal e da ideologia do consumo. A insistência do Papa na articulação entre caridade e verdade afasta a ilusão de pensar a vida, a felicidade como satisfação da sede consumista. Nela não há nem verdade nem amor. A verdade encontra-se na realização do projeto criador de Deus, insiste o Papa. O amor o concretiza nas quatro relações consigo, com os outros, com a natureza e com Deus. Ora, o consumismo infecciona-as. Consigo mesmo, pois ele esconde dentro de si a mesma lógica da dependência da droga. O filósofo citado observa que no consumista funciona mecanismo idêntico ao que atua no drogado. A compulsão para a compra não se sacia com ela, antes aumenta e conduz a mais compra. E para efetuá-la, sacrificam-se os outros valores da existência. Na relação com os outros, o consumismo se perde na disputa de bens, na medição das pessoas pela sua capacidade de consumir. Só vale quem consome. E quem consome menos, vale menos. Quem não consome nada, não vale nada. Somos o que consumimos. Terrível antropologia. A natureza se vê devorada pela onda consumista. Já extraímos da Terra muito mais do que ela consegue repor. Entramos no ciclo da morte de toda a vida do Planeta e isto em nome do desperdício, da sofreguidão de bens, da exaustão de recursos não renováveis. Um mínimo de experiência de Deus relativiza os bens materiais. Para eles vale a regra inaciana do tantum quantum. Quem um dia tocou as fímbrias dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio entende como os bens, vistos neles mesmos, solapam a indiferença e dificultam encontrar a vontade de Deus sobre a própria vida. Economia e vida só funcionam para o bem, se a vida rege a economia e não o contrário.
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A S ÇÃO
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OLIDÁRIA
Servir a Deus ou ao dinheiro?
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chuva molha toda a terra. O brilha para todos. A terra deveria produzir para toda a humanidade. Sim, deveria! Mas o ‘... ide, dominai terra’ do Gênesis foi – e é – interpretado de maneira diversa. Para uns, a riqueza da terra, é fartura de pão para muitos. Para outros tantos, os potenciais da natureza são explorados para concentração e benefício de uns poucos privilegiados. Enquanto um sistema distribui e inclui, o outro concentra e geralmente exclui. Infelizmente é o sistema que estimula e instiga a cobiça humana e raramente tem olhos solidários: só vê dinheiro. E somente é capaz de abrir mão dele para socorrer o próprio sistema, como fez durante a crise mundial de 2008, injetando 18 trilhões de dólares em bancos pré-falimentares, quando apenas um por cento disso teria salvo alguns milhares do um bilhão de famintos no mundo.
Repartir o pão
O filho de Nazaré não condenou o sistema vigente na sua época. Mas criticou impiedosamente as consequências desastrosas de exclusão humana na sua aplicação. E demonstrou claramente – por palavras, atitudes e exemplos – que o sistema deve estar a serviço do homem e não o contrário. Não mandou seus seguidores largarem suas fontes de renda, mas que não se aferrassem ao dinheiro e que repartissem fraternalmente – assim como ele repartiu o pão – seus ganhos entre os que menos tinham. Cooesperança, em Santa Maria
Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor
CF 2010 e utopia
O tema da Campanha da Fraternidade “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt, 6.24) tão logo lançada foi – e continua sendo – alvo de críticas por parte dos protagonistas e promotores desse sistema de produção e sobrevivência, que a qualificam de utópica. Utopia, no entanto, oportuna e necessária para despertar consciências ainda cristãs entorpecidas pelo largo caminho da cultura do consumismo e egoísmo decorrentes do sistema vigente. A CF 2010 – ecumênica pela terceira vez – não condena o capitalismo. A crítica é ao modelo que coloca o lucro – embutido no sistema – acima do ser humano, significando a incompatibilidade entre o amor ao dinheiro e o amor a Deus, presente em todos os seres humanos. E lembra que há outras formas de sobrevivência, que prescindem de bancos, movimentação da economia globalizada, agronegócio. E sugere sistemas de uma outra economia, mais humana, mais cristã.
Economia solidária: a outra economia que dá certo
Horta Santa Tereza
Formatos não capitalistas de sobrevivência são realidade e estão espalhados em todo mundo. Em 2006 foram identificados 14.954 empreendimentos econômicos solidários em 2.274 municípios do Brasil. Em Porto Alegre, as iniciativas de geração de renda são desenvolvidas pelas pastorais sociais de diversas paróquias de igrejas cristãs. Ou em ONGs e associações de inspiração cristã, como exemplo da Pequena Casa da Criança, na Vila Maria da Conceição (www. pequenacasa.org.br), só para citar um exemplo
Horta Comunitária Santa Tereza
A Igreja de Confissão Luterana do Brasil, através da Fundação Luterana de Diaconia, apoia diversas iniciativas comunitárias de economia solidária e de geração de trabalho e renda no Rio Grande do Sul e em outros estados. Um deles é o Centro de apoio ao Pequeno Agricultor – CAPA – programa na área da segurança alimentar, agroecologia, agricultura sustentável e fami-liar. O programa foi criado em 1978 e atende a agricultores familiares, agricultores assentados, quilombolas, indígenas e pescadores profissionais artesanais, organizados em grupos, associações comunitárias e cooperativas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná por meio de equipes técnicas, formadas por profissionais das áreas da agricultura, saúde, administração e comunicação. Outro exemplo paradigmático é a o apoio às Hortas Comunitárias Santa Teresa, na favela do Bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro. O apoio foi intermediado pela Igreja Anglicana de São Paulo Apóstolo e é executado por um grupo de Moradores da favela. Consiste de ‘jardim’ construído com material reciclado no meio de uma arquitetura urbana desordenada onde os moradores plantam, colhem e contemplam o milagre da vida.
Cooesperança – economia solidária e com esperança
É o projeto profeticamente intuído e acalentado por Dom Ivo Lorscheiter, ex-bispo de S. Maria e que, além de servir de modelo a outras inciativas similares, voltou a dar sentido de vida para dezenas de agricultores, artesãos e desempregados da região. Além, é claro, viabilizar o consumo de produtos sem intermediação por parte dos moradores de S. Maria, que incorporaram a tradicional feira semanal de comercialização na cidade,que dá sentido prático à inciativa e reforça a integração do produtor e do consumidor e dos grupos organizados entre si. O programa “Projeto Esperança/Cooesperança” tem seu embrião em 1980. Entre 1982 e 1987 surgiram as primeiras idéias e as primeiras experiências, inspiradas no livro A Pobreza, Riqueza dos Povos, de Albert Tévoédjrè. De 1987 a 1992 ocorre a fundação do Projeto Esperança e a criação do Cooesperança. A partir de 1992, o terminal de comercialização é reaberto e inicia o processo de recuperação e apresenta um destacado diferencial da assim chamada economia popular, por buscar uma melhora na qualidade de vida, desenvolvendo também valores éticos, de solidariedade, onde o capital deixa de ser o agente que determina as relações sociais.
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8 Sabe-se ra que o enDicas pa velhecie não envelhecer... m e n t o é um processo biológico que pode ser controlado. Há uma série de estudos afirmando que um estilo de vida saudável é uma das chaves da longevidade. Confira alguns deles:
BEM VIVER
1. CASE-SE. Segundo estudo publicado no Health Psychology Journal, dos Estados Unidos, as pessoas que se mantêm em longas e bemsucedidas uniões têm uma expectativa de vida maior em comparação àquelas que se casam novamente ou terminam a vida divorciadas (desde que estejam juntas por amor e não por aparência, conveniência ou obrigação social). 2. EXPRESSE SUAS EMOÇÕES. De acordo com o Journal of Clinical Psychology, da Inglaterra, aqueles que manifestam suas emoções por meio de alguma atividade artística, como cantar, escrever e pintar, são mais saudáveis do que as pessoas que não o fazem. 3. TENHA HORÁRIOS. Evite a prática de exercícios entre as 11 da manhã e a 1 da tarde, principalmente em lugares reconhecidamente poluídos. É quando a produção de adrenalina atinge seu pico. O sangue fica mais grosso do que o normal, a pressão arterial sobe e o batimento cardíaco se eleva. Durante essas duas horas, é maior a probabilidade de uma placa de gordura se romperem um vaso, o que pode provocar derrame cerebral ou infarto no coração. 4. SEJA SOLIDÁRIO. Segundo estudo publicado na revista Psychology Science, dar apoio físico ou emocional a outras pessoas reduz em até 60% o risco de morte prematura no idoso. 5. PREFIRA AS COMÉDIAS. O riso espontâneo promove a dilatação dos vasos e melhora o fluxo sanguíneo. Também reduz os níveis de adrenalina e cortisol no sangue e aumenta a liberação
de endorfinas, hormônios ligados às sensações de bem-estar e prazer. Quer mais? Ainda emagrece. Estudos da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, concluíram que dar boas risadas por um período de dez a quinze minutos faz uma pessoa queimar, em média, 50 calorias. 6. USE O FIO DENTAL. De acordo com pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, a inflamação bacteriana da gengiva, causada pelo acúmulo de resíduos alimentares entre os dentes, aumenta em 72% o risco de doença cardiovascular. 7. IMITE OS BRITÂNICOS. Ser pontual é bom, mas beber chá é ainda melhor. De acordo com o jornal Phytotherapy Research, o hábito cultivado pelos ingleses pode ajudar no combate à doença de Alzheimer. Estudos indicam também que o consumo de chá reduz os riscos de câncer. O chá verde é o que promete maiores benefícios. 8. LARGUE O CIGARRO. Fumantes regulares vivem, em média, dez anos menos do que um não-fumante. Cerca de 90% dos casos de câncer nos pulmões, a neoplasia que mais mata no Brasil, estão relacionados ao tabagismo.
Técnicas variadas Atendemos convênios
Relembrando (3) Escorbuto Continuamos nossas reminiscências do tempo en que atendíamos a pacientes desnutridos em nossa atividade médica. Voltamos a lembrar que em nosso livro ALIMENTOS FUNCIONAIS, da Editora Artes e Ofícios, abordamos diversos tipos de enfermidades, fornecendo a relação dos alimentos necessários a uma boa alimentação. Hoje começaremos com as quadrinhas do Dr. Varo Duarte prof. Eugênio Carvalho Médico nutrólogo e endocrinologista Júnior:
Dicas de
NUTRIÇÃO
Não procure nas farmácias Pois estão nos alimentos Devemos comer verduras Elas são ricas em sais
As vitaminas obter; Que você deve comer. E eu vou lhe dizer porque: E tem vitamina C.
Na página 112 de nosso livro, você encontrará a relação dos alimentos auxiliares na prevenção de hemorragias vasculares( escorbuto), alinhados da maior para a menor, que aqui reproduzimos: goiaba, couve, pimentão, abacaxi , laranja, lima, agrião repolho, espinafre, melão, tomate maduro, e hoje relacionamos também o kiwe, e o caju e o limão.. Se você quiser conhecer a história da vitamina C, o remetemos à página 87, onde contamos sua descoberta. O caju é uma fruta Contém vitamina C Na metade de um caju Toda a vitamina C
Que além de ser saborosa Numa taxa fabulosa você irá encontrar De que você precisar Alecsandro Ferreira Melo/sxc.hu
9. TENHA FÉ (Crer com embasamento e não por fé cega). Segundo o International Journal of Psychiatry and Medicine, ter uma crença forte em algo ajuda a combater o stress e problemas emocionais. 10. BEBA COM MODERAÇÃO. Estudos mostram que o consumo diário de até duas taças de vinho deve fazer parte da receita para uma vida longa. Até a cerveja, quando consumida moderadamente, pode trazer benefícios à saúde, apontam pesquisas recentes.
JOSY M. WERLANG ZANETTE CRP-07/15.236 Avaliação psicológica
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ABER VIVER
Andreza Perin
Vitaminas estão nos alimentos, não nas farmácias
Visa e Mastercard
Ofereça o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.
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JOVEMez
Professora universitária e jornalista
H Rafael (ao centro) e amigos
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afael Goerg, 17 anos, estudante da 3ª série da Escola Média, residente em Porto Alegre, fala de si, de seus projetos e dá a sua opinião sobre diversos assuntos.
*Quem és tu?
Eu sou uma pessoa que gosta de estudar, conversar com os amigos, sou muito caseiro, prezo demais a família e os momentos em que fico sozinho (momentos de reflexão).
*O que pensas fazer no futuro?
Fazer uma faculdade (Engenharia Civil ou Matemática), ter um apartamento para morar, um bom trabalho, casar, ter filhos...
*Qual o maior problema no Brasil de hoje?
A educação, estou no terceiro ano do ensino médio e tenho sorte de estar em um dos melhores colégios estaduais da capital, mas vejo que o meu colégio é um dos poucos que consegue “se virar” e passar um ensino de qualidade.
*O que pensas da política?
*Fala de tua família.
A política no Brasil é uma vergonha e ela não mudará até que o povo mude, como disse uma amiga minha: “o Brasil é um país de corruptos querendo um governo honesto”. E os jovens? Conheço alguns movimentos, mas nenhum deles tem grande influência na política do país.
*Por que ter amigos?
*O que é ser feliz?
Porque sem amigos nós viramos chatos! Os amigos servem nas horas boas e nas ruins, pra dar risada e para dividir tristezas, para dar um abraço bem apertado do nada, abraço que muda seu dia, te deixa mais alegre, te da forças para seguir em frente.
É estar de bem com vida, com Deus, com a família, é poder brincar, sorrir, pular, é sair com os amigos, viajar com a família ou dar um pulinho na loja de chocolates, sem acabar culpado por sair da dieta. É viver a vida, assim, do jeitinho que você é.
*O que consideras positivo em tua vida?
*Já fizeste algum trabalho voluntário?
Sou o mais novo de dois irmãos, quando criança vivia agarrado na barra da saia da minha mãe, agora não paro mais em casa, mas os momentos que posso tento ficar junto de minha família, pois são eles que me fizeram ser assim como sou!
Tudo o que Deus, minha mãe, meu pai, meus irmãos, meus amigos e minha namorada fizeram e fazem por mim e tudo o que isso me ensinou.
*Um livro que te marcou. Pai invisível, Kledir Ramil.
*Um filme inesquecível. A viagem de Chihiro.
*Um medo.
Deixar a vida passar.
*Um defeito do qual gostarias de te livrar? Deixar de ser egoísta.
*Qual o maior problema dos jovens, hoje?
O amadurecimento muito rápido das crianças, não se vê mais as crianças brincando como antigamente, não se vê as crianças subindo em árvores, as crianças não são mais crianças, já tem celular ultramoderno, a maioria vive trancada em casa, jogando videogame ou computador.
Leituras e Páginas Impressas Carmelita Marroni Abruzzi
tem v
“A maioria das crianças vive trancada jogando videogame”.
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SPAÇO LIVRE
Sim, eu acho. Não sei muito bem o que pode ser considerado trabalho voluntário, mas ajudei uma vez no Km do brinquedo.
*O que pensas de Deus?
Eu penso que esse é o cara que criou tudo o que conhecemos, me faz ser o que eu sou, me dá forças para continuar, cuida de mim quando eu preciso e quando eu acho que não preciso... é simplesmente tudo, maravilhosamente mais do que tudo...
*Envia uma mensagem aos jovens. Sejam vocês, joguem as máscaras fora, não tenham medo de viver a vida, respeitem
seus pais, são eles e Deus que estarão ao seu lado quando vocês realmente precisarem, não tenham medo de ser crianças, mesmo aos seus 20, 30 ou 40 e tantos anos, vivam e tirem um tempo do dia para refletir, isso ajuda bastante. (rafagoerg@hotmail.com)
á vários anos, os "arautos", defensores de qualquer inovação tecnológica, vem pregando a morte dos livros e dos jornais. Felizmente, parece que seus “vaticínios’ não têm se confirmado, digo isto porque para mim, em matéria de leitura nada se compara com um livro, uma boa poltrona e uma suave música de fundo! Idem em relação ao jornal, quando posso estendê-lo na mesa e folhear suas páginas! Gostos à parte, a anunciada “morte” da leitura impressa não ocorreu, embora surjam novidades a todo momento, como os livros digitais que começam a ser comercializados no Brasil, inicialmente em inglês, mas já com perspectivas de títulos em português, à medida que as editoras brasileiras comecem a digitalizar seus catálogos. Uma livraria, colocará seus e-books à venda com um custo de 30% menor que a edição em papel. Por outro lado, os recursos eletrônicos, colocando a leitura facilmente ao alcance das pessoas, parecem estimular a escrita e, logo, a própria leitura. Os mais jovens através da internet, leem e escrevem mais, embora muitas vezes fiquem soterrados com tanta informação que nem sempre conseguem filtrar e chegar à essência. Nesse sentido, parece que a leitura impressa poderia ajudar mais, pois, por suas características, facilita a reflexão, o aprofundamento. Podemos ler e reler o texto impresso, a qualquer momento, em qualquer lugar, pois não necessitamos o suporte dos meios eletrônicos. Os textos impressos, portanto, podem contribuir mais para a nossa formação, mas textos no sistema eletrônico também nos enriquecem, porque nem sempre encontramos determinados conteúdos impressos ao nosso alcance. Quando se fala em “morte” dos livros impressos, recordo uma aluna que na década de 70 me dizia: – Professora, a senhora (naquele tempo, os alunos nos tratavam assim) se esforça tanto para nos ensinar métodos didáticos que incluem leitura e escrita, mas daqui a poucos anos, com a TV nada disso vai interessar mais! Gostaria de me encontrar hoje com essa aluna e discutir as mudanças que se processaram em sala de aula e se textos impressos foram mesmo descartados! De qualquer maneira, o que tenho observado em relação aos alunos é que eles consultam muito a internet (o que pode ser bom), porém, por vezes, imprimem textos inteiros que nem sempre atendem ao foco do trabalho, e os entregam aos professores sem qualquer adaptação! Para Zuenir Ventura (Zero Hora, 29/12/09), “um mérito da internet foi ter incentivado o ato da escrita, especialmente entre os mais jovens. Mas a linguagem ainda é tão esteriotipada que livros e jornais despertam como salvadores da gramática”, Para ele, a vitória será da necessidade humana da leitura, independente da mudança de suporte. Seja em papirus ou e-books, o homem terá sempre uma vontade interminável de ler, de se comunicar...... Mas Ventura reforça que, segundo os puristas, “a ferramenta digital não consegue oferecer o prazer olfativo de se folhear um livro.” E reforça:“Isso, ainda é insubstituível.” E o 62º Congresso da Associação Mundial de Jornais, realizado recentemente, concluiu que a “indústria dos jornais, está longe do apocalipse”, e, ainda, segundo Ventura, “apesar de oscilações no número de vendas, nada que possa abalar as estruturas”. Saber de tudo isto é muito bom, para nós, do Solidário, porque mostra que estamos no caminho certo: há espaço para bons jornais impressos, num mundo que ainda se tem fé e se acredita na solidariedade. (debruzzi@ig.com.br)
Retiro na Páscoa
A Casa de Retiros Vila Fátima, localizada no Morro das Pedras, em Florianópolis, proporcionará aos interessados o Retiro de Páscoa, de 31 de março a 3 de abril (quarta a sábado). O orientador será o Pe. Mário Sündermann, sj, e o preço por pessoa R$ 250,00, com pensão completa. Mais informações: www.casaderetiros.com. br ou casaderetiros@colegiocatarinense.g12.br . F. 48.3237.9245.
Marlena Biondi - 07/03 Sulema Terra - 14/03
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COMUNIDADE
Catequese e solidariedade
o mundo de hoje aparecem as mais diveré a postura da solidariedade. A solidariedade sas religiões, a cada dia você fica conhemostra-se importante para o diálogo com todos cendo seitas, com as mais nas suas diferentes crenças estranhas denominações. E muita e, ao mesmo tempo, fiel à gente se sente bem transitando identidade cristã. Se, num entre elas, sem se fixar em nenhuprimeiro aspecto, o crisma, ou escolhendo mais de uma tianismo se distingue pela delas para frequentar e tentar asexplícita referência à pessoa sim vivenciar sua religiosidade. e à mensagem de Jesus CrisDeonira L. Viganó La Rosa Frente a este fenômeno, consto, em segundo lugar, torna-se tantes reflexões e questionamentos impõem-se a indispensável dizer quem é o Jesus Cristo que todos, e em especial ao catequista. está sendo anunciado. Por mais difícil que seja entender e julgar esta Num tempo de tantos e tantos discursos questão tão atual, uma certeza temos, e dela não religiosos, com promessas, indicações e mesmo podemos abrir mão em nossa catequese: sabemos confrontos, a SOLIDARIEDADE se tornou que a irrenunciável identidade do cristianismo se canal de comunicação entre todos que desejam encontra na pessoa e na mensagem de Jesus Cristo. ultrapassar os estreitos limites do supermercado Mesmo assim, nem todas as dúvidas se de religiões. eximem. A este respeito, o teólogo Joel Portella De fato, num tempo sobrecarregado de Amado tece comentários interessantes: discursos, o decisivo será o contato exatamente Se a questão é Jesus Cristo, então o caminho com aqueles que, em face do sofrimento, da seria falar nele e reconhecer que, assim propobreza e mesmo da exclusão, não participam cedendo, já estamos fazendo uma experiência dos bens ou da troca a que outros têm acesso. efetivamente cristã? Mas, de qual Jesus Cristo Mais do que ingressar na competição por falamos? O Jesus Cristo que a experiência cristã fiéis, o caminho efetivamente cristão não seria, é chamada a anunciar é somente o provedor de portanto, o do agir gratuito e solidário? milagres, curas, exorcismos e, portanto, de soluExistirá caminho mais explícito para um ções imediatas? Ou seria o caso de, ao estilo dos iniciante do que aquele que, desde os primeiros guetos protetores, anunciar um Jesus Cristo que passos, o coloque em contato com as cruzes dos até quer estar com todos, mas só ficaria mesmo irmãos e irmãs, pedindo deste iniciante uma com os eleitos? postura de fraternidade e gratuidade? O que há O teólogo afirma que há um critério que nos de mais interpelante e significativo para uma dá tranquilidade em relação à identidade cristã. época em que tudo é marketing, consumo e Neste ambiente complexo e desafiador, explica, o retribuição, do que o esquecimento, ainda que caminho do discernimento, o caminho que indica momentaneamente, dos próprios problemas que somos fiéis à identidade cristã, com certeza para se voltar à dor alheia?
CATEQUESE ria Solidá
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Solidário
LITÚRGICO 7 de março – 3o Domingo da Quaresma (
roxa)
1a leitura: Livro do Êxodo (Ex) 3,1-8a.13-15 Responsório: Sl 102 (103), 1-2.3-4.6-7.8 e 11 (R/. 8a) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 10,1-5.10-12 Evangelho: Lucas (Lc) 13,1-9 NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: Uma das mensagens centrais do Evangelho deste domingo é a disposição e atitude de oferecer, alegremente, a “segunda chance”. Ou terceira, ou quarta. Ou, ainda, como diz outro texto bíblico, quando se trata de perdoar e Pedro acha que perdoar até sete vezes já era o suficiente. Naquele texto, Jesus não deixa por menos: não digo até sete vezes mas até setenta vezes sete (Mt. 18:21,22). Na cultura judaica de então e na nossa cultura também a atitude de dar uma nova chance, oferecer uma nova oportunidade para as pessoas que se equivocam, que erram, que pecam é uma virtude e uma disposição quase ausentes na maioria das pessoas, infelizmente. Não é nada difícil perceber e medir isso nas relações sociais, políticas e, mesmo, familiares. O que se nota é o contrário de uma nova chance. A lei do talião, do “olho por olho, dente por dente”, está em pleno vigor. A retaliação grassa nas relações de nossa sociedade, a vingança é moeda corrente, a calúnia e a difamação fazem parte do cotidiano da gente, de muita gente. Na parábola da figueira, que há anos não dava frutos e que recebe uma nova chance, uma nova oportunidade, Jesus acena com uma nova cultura, uma nova forma de relacionamento entre as pessoas, uma nova política de relações entre sociedades e povos. Na “A retaliação palavra do vinhateiro: Senhor, vou cavar em volta da grassa nas árvore, vou cuidar dela e, quem sabe? Ela vai dar relações de fruto (cf 13,8-9) está o espírito desta nova chance: nossa socie- quando uma pessoa não dá os frutos que dela se espera, dade”. em vez de “cortá-la”, destruí-la, difamá-la, a atitude da nova c hance leva a “cuidar” dela, orar por ela, animá-la à conversão e, o mais importante, não julgála apressadamente, mas perdoá-la sempre. Esta é uma atitude divina, a atitude de uma nova chance, a única atitude digna de alguém que se diz cristão.
14 de março – 4o Domingo da Quaresma (
roxa)
1a leitura: Livro de Josué (Js) 5,9a.10-12 Responsório: Sl 33 (34), 2-3.4-5.6-7 (R/.9a) 2a leitura: 2a Carta de S. Paulo aos Coríntios (2Cor) 5,17-21 Evangelho: Lucas (Lc) 15,1-3.11-32 Comentário: A história ou parábola do Filho Pródigo é emblemática da pedagogia do Pai de Jesus no trato com suas criaturas. É mais uma confirmação de um novo tempo que Jesus veio inaugurar: o tempo da misericórdia de Deus. Passou o tempo antigo, tempo do ódio, da retaliação, o tempo do Deus cruel, vingativo, descomprometido com sua criatura. Com Jesus, por Jesus e em Jesus, um novo dia de fé surge no horizonte da humanidade, trazendo esperança, perdão e misericórdia, em lugar do anterior binômio pecado-castigo. Talvez seja necessário passar outra geração até que a catequese da iniciação cristã, a educação na fé e toda a pedagogia de nossas igrejas tenham o Deus-misericórdia como seu referencial. Uma catequese equivocada, nada bíblica, embutiu no imaginário das pessoas um Deus castigador que entrou em nossa cultura ocidental e permeia grande parte da vida de fé dos cristãos. Um Deus que exige sacrifícios e purgações de toda ordem para que se faça ouvir e para atender aos seus filhos e filhas. Que pai é este que parece sentir um prazer sádico com os sofrimento de suas criaturas!? Certamente não o Deus-Pai/Mãe, anunciado por Jesus, e que aparece em tantas passagens bíblicas do Novo Testamento e que os autores sagrados nos repassaram. E, entre tantas, a do Filho Pródigo é, sem dúvida, central e referencial. O filho mais velho, vivendo, ainda, a pedagogia do Deus do tempo antigo, exige do pai que castigue seu irmão por ter abandonado a família e se aventurado pelo mundo afora, gastando tudo o que possuía e envergonhando seus familiares. O pai da parábola, afetuoso, mas firme, anuncia o tempo novo da misericórdia: Filho, vem, vamos festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado (Lc 15,32). attiliohartmann@hotmail.com
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OMUNIDADE
Economia e vida: o espírito
Economia e Vida
do capitalismo e a conversão
Bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira
Jung Mo Sung Professor de pós-graduação em Ciências da Religião
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o passado não tão distante, quando as pessoas se sentiam "impuras" ou, na linguagem mais contemporânea, deprimidas, iam às igrejas ou outros lugares sagrados para rezar ou participar de algum rito. A ida a um lugar sagrado e a participação em ritos sagrados lhes fazia sentir-se mais puras, mais fortes e dignas para enfrentar a vida. Hoje em dia, as pessoas preferem ir a um shopping center fazer compras ou ver vitrines. E o mais interessante é que saem de lá com mais vigor e ânimo para viver. É como se o desejo de viver tivesse sido fortalecido. Não é à toa que a arquitetura dos shoppings tem muitos elementos que nos lembram templos e catedrais. Esse pequeno exemplo nos mostra que há um tipo de experiência espiritual que acontece na vida cotidiana das pessoas através do mundo da economia. Essa experiência econômico-espiritual é tão marcante nos dias de hoje que, mesmo nas igrejas a questão do consumo tem uma presença muito forte. Isso não se dá somente na já bastante conhecida e criticada teologia da prosperidade – presente no mundo protestante, evangélico e católico – que ensina que a bênção de Deus se manifesta
através de ou garante a prosperidade econômica. Mas também em outras manifestações como o orgulho por causa de um padre ou pastor da sua igreja vender muitos CDs ou fazer muitos shows. Padres e pastores de sucesso (espiritual-econômico?) que costumam usar roupas e carros de marcas famosas e caras estão se tornando modelos para novos candidatos ao sacerdócio ou pastorado e também para jovens cristãos. Com isso não estou querendo dizer que frequentar um shopping ou comprar roupa de moda é viver a espiritualidade do mercado. Isso seria cair em outro extremo. O problema não está em comprar algo bom e bonito em um centro de compras (shopping center), mas em sentir-se mais digno e "puro" por causa disso. A questão espiritual não está no ato de comprar ou na mercadoria que compra, mas no sentido mais profundo que encontra e vive nessa experiência. O que esse tipo de experiência espiritual, que acontece em quase todas as partes do mundo hoje, mostra é que esta não é uma questão meramente individual, de algum erro moral ou espiritual de alguns indivíduos, mas tem raiz em uma transformação profunda que ocorreu no mundo moderno capitalista. Max Weber sintetizou isso ao dizer que a obtenção de mais e mais dinheiro se tornou o supremo bem que norteia a vida no capitalismo. Antes, as pessoas trabalhavam e lidavam com as questões econômicas em função da satisfação das necessidades de viver (a dimensão material da vida). Agora, ganhar dinheiro passou a ser a finalidade última da vida. Hoje, com a cultura do consumo, consumir e ostentar o consumo passou a ser o sentido último da vida. Por isso, quando se sentem "perdidas", "impuras" ou "menos-gente", as pessoas vão aos shoppings. Elas não têm consciência do que estão fazendo; isto é, não sabem que
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Dom Demétrio Valentini
estão indo às compras ou ver vitrines para realizar o sentido último das suas vidas. Elas são simplesmente levadas lá por uma força maior. Assim como o capitalista que busca cada vez mais dinheiro para ganhar mais dinheiro também não tem consciência de que faz isso movido pelo "espírito do capitalismo". Da mesma forma, o pobre que se sente como não-humano, sem dignidade, porque não é capaz de consumir o que a sociedade lhe exige para que lhe reconheça a sua dignidade. Essa força espiritual – que Weber chamou corretamente de "espírito do capitalismo – que move hoje as pessoas e a sociedade para essa obsessão pelo consumo e por ganhar dinheiro sem fim é o que o Novo Testamento chama de poderes de destruição ou que Paulo chama de principados e potestades do mal. As pessoas são compelidas a viver a espiritualidade do consumo ou do mercado porque estão imersas no espírito do capitalismo. Mesmo que carreguem externamente símbolos espirituais cristãos ou de outras religiões mais tradicionais, muitos estão mergulhados e movidos pelo espírito do capitalismo. Neste mundo, a conversão cristã, no nível pessoal, significa abrir os olhos para enxergar as mentiras dessa espiritualidade idolátrica (cf Jo 8,44) e perceber que os "shows da fé", por mais grandiosos que sejam, não expressam a fé de Jesus Cristo, assim como a dignidade humana não vem da riqueza ou das marcas caras e famosas. Significa também desejar encarnar o amor de Deus neste mundo, assumindo Jesus como nosso modelo de vida e de ser humano. Só que sabemos que a conversão pessoal é necessária, mas não suficiente. Precisamos também que o "mundo" se converta"! E como isso é possível?
Já é auspiciosa uma Campanha da Fraternidade ecumênica. Ela mostra que é possível as Igrejas se entenderem em torno das questões importantes, que dizem respeito à vida. Uma campanha ecumênica começa fazendo o serviço de casa, advertindo as religiões que elas precisam se colocar a serviço da vida, se querem ter sentido e se pretendem ser acolhidas no seio da sociedade. Colocando-se em função das questões vitais, as religiões aprendem também a relativizar as diferenças, e a minimizar as controvérsias. A fé ilumina a vida, mas a vida motiva e direciona a fé. Juntas, as Igrejas que compõem o Conic - o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - se sentiram animadas a desafiar a sociedade brasileira a olhar de frente a economia, com a convicção de que ela pode ser pensada em função da vida de todos. Daí o tema da campanha: Fraternidade e Economia, com um lema que logo coloca o dedo na ferida: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro!", citando a frase contundente de Jesus. O lema é, certamente, desafiador. Ele logo diferencia o absoluto do relativo. Só Deus é absoluto, o dinheiro não! E por derivação, nada é absoluto na economia, nem a pretensa imutabilidade de suas leis, como se apregoou nos tempos áureos em que o sistema econômico hegemônico no mundo parecia estar com a razão, com a verdade, e com o dinheiro. A recente crise econômica mundial deixou bem claro que a economia precisa estar submetida a critérios que a regulem, a direcionem para suas verdadeiras finalidades, e a tornem viável e adequada às possibilidades reais que a condicionam e a fazem buscar sua racionalidade e sua função no contexto do mundo em que vivemos. A primeira tarefa da Campanha da Fraternidade deste ano é desmontar a pretensa auto suficiência do mercado, expressão cabal do sistema econômico predominante nos últimos séculos. A economia é uma atividade humana, com profundas incidências na vida das pessoas, e que necessita ser guiada por critérios éticos, que lhe deem não só viabilidade prática, mas também finalidade e sentido humano. A campanha não se limita à dimensão macro-econômica, por mais importante que ela seja, e por mais que convoque os governantes para a busca de soluções. Pois a economia, além de sua evidente dimensão global, apresenta também aspectos práticos e cotidianos, que interferem diretamente na vida das pessoas. Por isto, faz parte dos objetivos da campanha explicitar as repercussões cotidianas da economia, para perceber como ela pode se tornar terreno propício para a prática da solidariedade. Neste contexto, recebem motivação e interesse as experiências de economia solidária que poderão ser divulgadas. Estamos diante de uma campanha com evidentes apelos globais, mas também com abundantes oportunidades concretas da prática da solidariedade no exercício da economia. Um bom convite, que chega em boa hora!
Chegou
LIVRO DA FAMÍLIA 2010 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.
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Porto Alegre, 1o a 15 de março de 2010
Mutirão pelo Muticom
S
ilencioso e anônimo mutirão de doação e voluntariado correu paralelo e ajudou a viabilizar o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, recentemente realizado em Porto Alegre, com 15 mil participantes. Dezenas de profissionais abriram mão de seus compromissos e doaram muitas horas além de sua obrigação como fizeram os funcionários do Regional Sul-3 da CNBB e dos especialmente contratados, Amália, Anderson, Bruno, Cynara, Daiane, Dalci, Dionise, Evans, Ir. Nilva, Ivete, Marcelo, Regina, Sandra, Silvane, Tatiane. A lista completa seria extensa e pede-se escusa pela omissão de nomes.
Dedicação gratuita Outros tantos profissionais se somaram e dedicaram generosamente valioso tempo ao Mutirão. E confessam plena gratificação.
“Participar do Mutirão foi muito mais, para mim, que um trabalho voluntário. Nesta caminhada, aprendi, cresci e trabalhei de uma forma diferente, uma forma com sabor de ser parte de algo, e não de apenas estar ali cumprindo tarefas. Foi um trabalho com gosto de estar dando minha contribuição para construir algo em que acredito: que a comunicação pode e deve servir para que tenhamos um mundo melhor e mais justo. Não fui eu, como profissional, quem deu algo para o Mutirão. Mas foi este evento que me deu a oportunidade de me tornar uma pessoa um pouco melhor e de tentar, junto com os demais, fazer a diferença, mesmo que pequena, neste mundo tão carente de solidariedade”. Nara Rúbia Soter – Jornalista voluntária com dedicação semanal há um ano, editando o Jornal do Mutirão e trabalhando em tempo integral durante o evento.
“Não podemos negar que as constantes mudanças no mundo às vezes nos deixam atordoados. Acompanhamos em todo o mundo eventos que nos afetam diretamente, seja a crise diplomática do nosso país, as chuvas que atingiram as regiões sul e sudeste, ou até mesmo a escolha do Rio de Janeiro como cidade sede dos jogos olímpicos de 2016. No entanto, todos esses eventos são uma ótima oportunidade para que possamos construir um mundo melhor. Compartilhar nossos sentimentos, desejos, angústias, fortalecer os elos emocionais que nos permitem entrar em contato com pessoas de diferentes regiões. Ser editorialista do Mutirão tem sido uma experiência inédita e também muito boa, porque é uma possibilidade real de conhecer pessoas diferentes, trocar experiências, aprender e apreender novas culturas, fortalecer os laços de uma cultura solidária. Fico muito feliz em poder contribuir na transformação desse cenário. Danilo Marinho – Comunicador Social – Pernambuco – participante da equipe de comunicação em reuniões prévias e dedicação em tempo integral no evento.
“Minha atuação no Mutirão não foi por acaso. Creio que, por ter espírito missionário e fazer trabalhos voluntários, fui convidada a participar. Minha tarefa era buscar e levar pessoas ao aeroporto, rodoviária, hotéis, pousadas; conduzir aos encontros na PUC; servir de guia turística em Porto Alegre; almoçar e jantar com integrantes do mutirão; participar de mesa-redonda e escrever matéria para o site, além de fotografar momentos importantes. Adorei a experiência, foi um aprendizado magnífico. Ouvi sobre as rádios e TV´s católicas, conheci “celebridades católicas”: arcebispos, bispos, padres e leigos que fazem a diferença no mundo, pois evangelizam, mesmo não tendo os recursos desejáveis. Graças a Deus que existe quem se preocupa com a comunicação verbal e escrita e que não deixa as pessoas desinformadas dos fatos e acontecimentos da vida”. Adriana Muller.
“Eu terminava minha graduação em jornalismo, fazendo uma pesquisa sobre jornais paroquiais, em 1998, no Paraná. Fui a Minas Gerais, para fazer entrevistas durante o 1º Mutirão Brasileiro de Comunicação. Me apaixonei pelo formato do evento, por seu sentido de produção conjunta de conhecimento, de partilha de saberes. Desde então, continuei envolvida com a comunicação de causas e só perdi uma das edições do Mutirão. Tomar parte do evento é, para mim, uma grande satisfação por imaginar que meus talentos se somam a tantos outros para apontar caminhos que ajudem a nós, comunicadores, a fazer um trabalho mais efetivo na construção de um mundo melhor”. Ana Cristina Suzina, Jornalista – coordenadora de mesa de diversos painéis e integrante voluntária da Equipe Acadêmica do Mutirão.