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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Ano XV - Edição No 560 - R$ 1,50

Porto Alegre, 16 a 30 de abril de 2010

Arquivo pessoal

“Há criaturas como a cana: mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura.”

Ressurreição de Jesus Cristo Voz do Pastor/Página 2

Importância do vínculo afetivo

Jovem tem vez Ana Carolina Marranghello Claro, 30 anos, formada em Direito, fala de seus projetos e emite opiniões sobre política e religião.

Dom Hélder Câmara

Página 9

Minorias étnicas: todos são iguais? Solidário

A ausência de um dos pais na infância do filho dificulta a formação do vínculo.

Página 3

Fato preocupante é a iniciação cada vez mais precoce de meninos e meninas no consumo de álcool. Página 5

Em que pese a palavra de Deus na Bíblia; embora destinos finais idênticos após a morte física; e apesar de todas as evidências científicas, o homem insiste em impor distinções sociais e econômicas a partir da cor da pele ou da origem étnica. A igualdade, em que possam estar incluídas todas as minorias étnicas brasileiras, particularmente indígenas e negros, ainda é uma utopia a ser construída. Uma igualdade que redima, de fato, as tristes páginas da história em que os nativos eram tratados como seres sem alma e os negros eram caçados como animais em suas terras para matéria-prima de verdadeiro holocausto durante a escravidão. Páginas centrais

Dois mil anos de turbulências

Imagens alteradas eletronicamente

Como o adolescente se torna alcoolista

UNHCR/ACNUR

Quão remotos e distantes parecem os desencontros vaticanos para a vida cristã das simples comunidades de hoje e de ontem! Santa e pecadora, a Igreja, desde sempre, se viu às voltas com os mesmos erros e as mesmas injustiças endêmicas e dolorosas. Não foi só luzes. Mas também não só trevas. Porque, sempre esperançosa, foi e continua a ter em Cristo sua ponte para transpor a distância entre o erro e o acerto, entre o rico e o pobre, entre o poderoso e o sem valia, entre o que tem voz e o amordaçado. Página 11

Fiéis preparam festa para Nossa Senhora do Trabalho

Página 11

A Irmandade do Arcanjo São Miguel e Almas patrocina a impressão desta edição


A

2 EDITORIAL

A utopia da igualdade

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texto da lei é claro: somos todos iguais. Contudo, na realidade das relações entre as pessoas, nos projetos políticos, na vida social e, mesmo, em comunidades de fé, a igualdade é um mito. Ou uma utopia a ser conquistada, construída. O Solidário aposta na utopia da igualdade, por isso volta ao tema nesta edição. Não buscamos estimular polêmicas, criar enfrentamentos, ferir melindres, gerar discórdias. Mas quem se dispõe a anunciar a verdade, baseado em fatos históricos e científicos, vai criar situações que entram em atrito ou batem de frente com imaginários culturais e práticas sociais que manipulam, maquiam ou desrespeitam, flagrantemente, a letra e o espírito da lei que afirmam a igualdade universal de todos, mulheres e homens, numa mesma raça comum, a raça humana. Há um texto bíblico que socorre aos profetas que não temem a verdade. É quando Jesus afirma, com todas as letras, que não veio trazer a paz, mas, sim, a espada. A paz, à qual Jesus se refere aqui, é a paz da aceitação passiva, do lavar as mãos como Pilatos para não se incomodar, a paz dos cemitérios, a paz dos que preferem não gritar e ficar no seu canto, no “seu lugar” para não sofrer perseguições, calúnias, marginalizações, morte. E a espada da qual fala Jesus é a espada da justiça, referente de todo o profeta e de todo aquele que vive a coerência de ser cristão. Então, a pergunta: é justo o que aconteceu na história e continua acontecendo hoje com os que a sociedade chama de “minorias étnicas”, particularmente indígenas e negros?! Os indígenas, realmente, são, hoje, uma pusillus grex, um pequeno rebanho, uma “minoria insignificante”. Insignificante porque são pobres, não tem poder aquisitivo (termo definidor de quem é quem na sociedade de consumo), “invisíveis” (não tem “Jesus disse que não espaços na mídia). E isso que já foram referência veio trazer a paz de organização social, de vida comunitária, de (do lavar as mãos), relações solidárias. Mas o verdadeiro holocausto, mas, sim, a espada” do qual foram vitimas indefesas no início da co- da justiça.” lonização europeia, os dizimou e os transformou em grupos errantes em busca de uma vida um pouco mais digna. Já o negro tem outra história, igualmente dolorosa, triste, injusta. Caçados como animais em suas terras, os negros foram trazidos para o Brasil para servirem de mão-de-obra escrava. Mas se multiplicaram como “os filhos dos hebreus” em terras do Egito e seus descendentes são, hoje, maioria neste Brasil continente. Segundo estatísticas, os afro-descendentes somam, hoje, quase 150 milhões de brasileiros. Dom Gilio Felício é uma “raridade” no corpo episcopal: negro, gaúcho de Santa Cruz do Sul, bispo diocesano de Bagé, vive, na pele e na vida, a luta pela igualdade real, não apenas de seus irmãos e irmãs negros, mas de toda a sociedade. Seu depoimento nesta edição do Solidário (página 4) nos coloca bem dentro do projeto utópico de um mundo sem fronteiras raciais, onde todos e todas se gostem e se amem numa fraternidade democrática universal. Dom Gilio cita pronunciamento do Papa João Paulo II, na Conferência dos Bispos em Santo Domingo (1992): De todos é conhecida a gravíssima injustiça cometida contra aquelas populações negras do continente africano, que foram arrancadas com violência das suas terras, das suas culturas e das suas tradições, e trazidas como escravos para a América (...) foram vítimas deste vergonhoso comércio do qual tomaram parte pessoas batizadas que não viveram sua fé. Os que somos amigos do Solidário alimentamos a certeza de que, mesmo na sua simplicidade e sem ter “milhões de leitores”, o jornal cumpre uma missão: a missão de ser uma voz, por vezes “clamando no deserto”, mas sempre uma voz que, a partir da solidariedade que emana dos textos bíblicos, contribui para uma sociedade mais solidária, e por solidária, mais justa, e por mais justa, mais humana e mais conforme com o sonho de Jesus de Nazaré: Pai, que todos sejam um... que se amem e estejam neste amor como eu estou em ti e tu em mim. Ser amigo do Solidário é participar desta missão de ir construindo este outro mundo possível, sonhado por Jesus há dois mil anos. (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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RTIGOS

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O ressuscitado

emos a notícia, única na traído por um dos seus, preso, açoiHistória humana, de um tado, condenado à morte de cruz. homem que ressuscitou, Não haveria razão de dedicar tamatornando-se glorioso. Este fato nha atenção a um evento tão triste aconteceu em Jerusalém, na e pesaroso, não fosse exatamente Palestina, há dois mil anos. Copara ressaltar a grande mensagem: Dom Dadeus Grings nhecemos também seu nome e aquele que foi morto tão ignobilArcebispo Metropolitano o acontecimento, porque nos foi mente está vivo. Ele ressuscitou. de Porto Alegre transmitido através da Igreja, que Não morre mais. É glorioso, junto não deixa morrer sua memória. E mais ainda: do Pai. A condenação à morte não conseguiu elitorna-O presente ao longo dos tempos, em minar seus ideais, nem sua memória nem sua vida. cada lugar. Tem uma mensagem de salvação Aí nova curiosidade nos aguça: afinal quem é e de vida, ou melhor: Ele mesmo é a salvação. este homem tão singular? A Igreja, desde os EvanO nome deste homem singular é Jesus. É gelistas, destaca algumas de suas características. anunciado como ressuscitado. Está glorificado Revela o nome de sua Mãe: Maria. Menciona a junto de Deus. Todos os que creem em seu escolha dos discípulos, em número de doze, que nome e O acolhem sentem sua vida como uma ele enviou como seus apóstolos, após a ressurreirealidade atual. Ele continua entre nós, saído ção. Transmite suas pregações, com ênfase nas daquele sepulcro de Jerusalém, no dia que parábolas; descreve sinais de seu poder sobrecelebramos a Páscoa. Sua presença é mensahumano. Chamamo-los de milagres. gem de paz, de perdão, de reconciliação, de Diante de tudo isto é óbvia a pergunta: quem vida plena. S. João, que o conheceu de perto, é Ele? Jesus faz o teste, inquirindo acerca do que reconhece que nele havia vida e sua vida é a os homens em geral, de seu tempo – e podemos luz dos homens. acrescentar; ao longo dos séculos – dizem dele. Anunciando a existência deste homem, A resposta é que o tinham como profeta. Isto ressuscitado e glorioso, todos sentimos não equivale a dizer que o acolhiam como alguém só a curiosidade, mas também a necessidade enviado por Deus. Fala e age em nome de Deus. de conhecer algo mais de sua personalidade, Era a opinião mais difundida entre o povo. Por de sua história e de sua significação salvífica. outras fontes sabemos que havia também aqueles A primeira notícia que recebemos, ou que o tinham na conta de subversivo, de perigoso, melhor, que nos foi anunciada desde o início de comprometido com os pecadores e, por fim da pregação apostólica, é sua paixão e morte, de blasfemo. Foi inclusive morto por esta última ou seja, o que aconteceu imediatamente antes opinião. de sua ressurreição. Dá, por assim dizer, a raPedro, com a percepção dos sinais e da menzão da ressurreição e explica sua significação sagem de Jesus, o proclama Cristo. Todos o consalvífica. tinuamos a chamar por este título: Jesus Cristo. Para ressuscitar foi necessário que Jesus Pedro, porém, acrescentou, como percepção de morresse. Não morreu de modo natural. Foi uma inspiração divina: és o Filho de Deus. S. condenado à morte e executado impiedosaTomé, após a cruel execução de Jesus quando mente, com toda a crueldade que os homens este lhe aparece, em meio aos demais discípulos, inventaram. Os evangelistas dedicam enorme exclama, reconhecendo-o como seu Senhor e seu espaço de seus escritos a este acontecimento: Deus. É esta certeza que se propaga pelo mundo.

Voz do

PASTOR

Voz do

LEITOR Educação

Admiro o Solidário. Especialmente os artigos sobre educação de Jorge La Rosa. Como avó, devo dizer que neles encontro orientação, apoio e esperança de melhor convívio com meus netos. Nelsa Maria Miola - Professora aposentada Porto Alegre

Aperfeiçoamento

É animador ver o Solidário se aperfeiçoar abrindo suas páginas para receber dos seus leitores, opiniões, críticas e sugestões e tudo o mais que democratize a comunicação. Parabéns! Renita Lourdes Allgayer - Professora aposentada - Porto Alegre

Água

Annie Leonard, a produtora de A História das Coisas, lançou no Dia Mundial da Água o seu novo documentário: The Story of Bottled Water (ou, em tradução livre, A História da Água Engarrafada). O vídeo, com duração de oito minutos, questiona a falta de consciência ecológica dos cidadãos que compram garrafas de água enquanto poderiam beber água tratada. Annie também apresenta o dano que essa prática causa ao planeta, como o aumento da poluição e o mau uso de dinheiro. O vídeo termina com a seguinte afirmativa: "Carregar uma garrafa de água é tão ruim quanto uma grávida fumar cigarro". E conclui: "Nós não vamos mais seguir as demandas do mercado, vamos escolher as nossa próprias demandas, e a nossa demanda será: água limpa e segura para todos". Beber água filtrada é melhor que água engarrafada! Rubens G. Machado - Cirurgião Dentista - P. Alegre Cartas para esta seção até 600 caracteres para o e-mail solidário@portoweb.com.br

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

A importância do vínculo afetivo

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OCIEDADE

3 Gabriella Fabbri/sxc.hu

Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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entando explicar a morte de Isabella, cujo pai e madrasta foram condenados por assassinato, a psiquiatra Idete Bizzi escreveu em Zero Hora do dia 30 de março passado: “Se a psicanálise pode oferecer algo para a prevenção destes casos, é a proposta de encontro. Consigo e com os demais. Vínculos mais fortes e estáveis forjam adultos mais capazes de amar e respeitar a si e ao próximo e mais aptos a conviver, dentro de si, com sentimentos pouco nobres, mas universais, como ciúme, raiva, ódio. O encontro honesto com nossas verdades mais profundas, incluindo o que temos de pior, fortalece sempre o que temos de melhor”. Em tempos de corre-corre, poucos são os “encontros” que nos oportunizamos, seja conosco mesmos, seja com o próximo. E como amar, se não nos conhecemos, e não nos encontramos? Como educar se não convivemos?

A ausência da mãe e/ou do pai na infância do filho dificulta a formação do vínculo Dioclécio Campos Jr. (Correio Braziliense) faz oportuno comentário em relação ao fortalecimento de vínculo mãe-filho-pai e outras pessoas do grupo social : “Algumas mudanças de costumes do mundo moderno revelaram-se inelutáveis. A maior delas se deu na maternidade, alterada pelas novas atribuições que a mulher passou a ter. A função maternal perdeu relevo, dispõe de pouco tempo. O binômio mãe-filho cedeu lugar ao bebê solitário, habitante de creches, cuidado por babás ou pela tia de todos. O aleitamento materno substituiu-se por alternativas artificiais de alimentação. Essa realidade nega direitos à mulher e à criança. Direitos cuja doutrina se fortalece à medida em que a ciência mostra o caráter essencial da relação mãe-filho nos primeiros tempos da existência da criatura. Com efeito, o cérebro humano cresce com

A ausência de um dos pais dificulta a formação do vínculo

velocidade máxima durante os três últimos meses de gestação e nos seis primeiros de vida extrauterina. Se não cumprir as metas desse período, não se desenvolverá normalmente. Para crescer no ritmo apropriado, requer nutrientes e estímulos. Os primeiros abundam no leite materno. Os estímulos vêm com a mãe. O contato corporal com o filho, o som afetuoso emitido a cada carícia, o odor exalado em cada afago, o sorriso de alegria, o olhar radioso, o embalo espontâneo e a cantiga que brota da alma encantada são estímulos maternos que fazem o cérebro da criança crescer, decisivas para o seu desenvolvimento mental. O aconchego resultante de uma interação sensorial tão estreita dá à criança a sensação de pertencimento, referência insubstituível para a estruturação de sua personalidade. Segundo Pedersen, psiquiatra da Universidade de Carolina do Norte, a quantidade e a qualidade dos cuidados maternos nos três primeiros anos de vida determinam a competência social do adulto, a habilidade de lidar com o estresse, a agressividade e mesmo a opção pelo uso de drogas. Há sistemas neuroquímicos, desenvolvidos no cérebro da criança, que operam em sintonia com o afeto materno, reforçando o equilíbrio emocional ou gerando agressividade e outros comportamentos sociais. São sistemas sensíveis aos cuidados com a criança durante os primeiros anos de vida. Seus efeitos dependem do vínculo afetivo que se estabelece entre a mãe, a criança, o pai e a família como primeiro grupo social. Garantem relações estáveis ou podem ser a fonte da violência humana. Por isso, as sociedades que projetam o futuro criam redes sociais de proteção materna, preocupadas com a formação do cidadão”.

Deficientes interações com pais e cuidadores não são os únicos responsáveis pela explosão da agressividade Quando, por uma série de motivos, a vinculação afetiva (o vínculo de pertencimento) não acontece na infância é muito provável que tenhamos um adulto incapaz de vincular-se no casamento e nos grupos sociais, com facilidade para o descontrole das emoções, caminhando para a agressividade. Um tratamento adequado que promova encontros, consigo e com os outros, é caminho para formação de uma personalidade saudável. Tendo em mente que a conquista da sensação de pertença a uma família e/ou a um grupo é um processo que dura uma vida. Outros fatores interferem: Falhas no processo de vinculação durante a infância, somadas a tendências genéticas e/ou a conflitos interpessoais e traumas da vida adulta, são fatores que facilitam a explosão da agressividade em prejuízo à vida, ou ao bem estar próprio e dos outros.


4 João Paulo II e

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o povo negro Dom Gilio Felicio Bispo Diocesano de Bagé

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uitos leitores do Solidário lembram, com imensa alegria e gratidão, das atitudes protagonizadas pelo saudoso e venerável Papa João Paulo II, diante da realidade da população negra, africana e afrodescendente. Alguns até se perguntaram e continuam se perguntando, por que a Igreja permite tanta insistência na defesa da população negra? Não será isto um velado ou explícito racismo moderno? As palavras do próprio Papa explicam as razões de seu proceder e indicam o horizonte do proceder da Igreja que deve evangelizar a sociedade. Além do beijo reverente e penitencial, em cada solo visitado, várias vezes, o Papa João Paulo II proclamou com toda a contundência evangélica a necessidade aguda e urgente da solicitude inculturada e samaritana da Igreja para com o povo negro e todos os pobres, cuja situação “clama ao céu” (cf. EA), desafiando a Igreja a ser “casa e escola da partilha fraterna” (cf. NMI 50), modelo e guia da sociedade que deve se comprometer com os mecanismos caminhos da “globalização da solidariedade”. No contexto da abertura da 4a Conferência de São Domingo, dia 12 de outubro de 1992, João Paulo II fez um pronunciamento dirigido aos afro-americanos que se tornou um ícone pastoral da valorização e promoção, do povo negro. Ali se percebe, pontualmente, que a opção preferencial pelos afrodescendetes e, por óbvio, pelos pobres, é uma decorrência cristológica. “De todos é conheVale dizer, uma atitude necessária do cristão cida a gravíssima injustiça cometida e do autêntico cidadão. Nos destaques que seguem do pronuncia- contra as populações negras do conmento do Papa João Paulo II, percebemos as tinente africano”. razões religiosas e sociais das ações afirmativas de que o povo negro necessita, quer e merece (Cf. Mensagem do Papa João Paulo II aos afroamericanos, in, DSD): A escravidão: “De todos é conhecida a gravíssima injustiça cometida contra aquelas populações negras do continente africano, que foram arrancadas com violência das suas terras, das suas culturas e das suas tradições, e trazidas como escravos para a América (...) foram vítimas deste vergonhoso comércio do qual tomaram parte pessoas batizadas que não viveram sua fé”. O reconhecimento das culturas como verdadeiro patrimônio dado ao continente: “... vemos pujantes e vivas comunidades afro-americanas que, sem esquecer o seu passado histórico, oferecem a riqueza de sua cultura à variedade multiforme do continente.” O encorajamento na defesa da identidade: “...encorajovos a defender a vossa identidade, a ser conscientes dos vossos valores e fazê-los frutificar. A fé não destrói, mas respeita e dignifica as culturas, mesmo com as diferenças”. Os problemas e dificuldades dos afro-americanos: “... a Igreja, consciente, compartilha os sofrimentos e apóia as legítimas aspirações a uma vida mais digna.” Tendo como pressuposto a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo que influenciou, com certeza, a proclamação universal dos direitos humanos, penso que o discurso de João Paulo II permite a gente concluir que a defesa do povo negro passa pelo: 1. Conhecimento, estima e promoção dos seus valores humanos, culturais e espirituais. (Cf.. DSD 251. e Cf. DSD 137 e 138.) 2. Trabalho de superação do racismo, da discriminação racial; 3. Diálogo cultural e religioso; 4. Trabalho de ação afirmativa e 5. Processo de inculturação da ação evangelizadora da Igreja.

PINIÃO

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Viver e morrer com dignidade Antônio Mesquita Galvão Doutor em Teologia Moral*

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bioética, que até há pouco tempo era tida como um terreno exclusivo dos médicos, vem mostrando-se mais ampla e interdisciplinar do que se julgava. Os advogados entraram na questão, trazendo argumentos do biodireito, para opinar e criar debate com os médicos. Em ambos os segmentos constata-se uma ética setorizada, deontológica, uma “ética profissional”, nem sempre universal, nem sempre desinteressadamente ética. De uns vinte anos para cá, a bioética ganhou status de disciplina de interesse social, em cuja mesa participam médicos, biólogos, filósofos, sociólogos, teólogos, antropólogos, advogados, jornalistas e outros especialistas das ciências humanas. A Igreja, e não apenas a católica, mas todo o conjunto cristão, é vista como “especialista em humanidade”, ganhando assento privilegiado nesse debate sobre a vida humana. Se de um lado a eutanásia (no grego, eú, boa + thánatos, morte) é vista como um homicídio ou um suicídio assistido, de outro, a ortotanásia é sinônimo, pois como a anterior, trata-se de “morrer bem”, rapidamente, sem sofrimentos, higienicamente. Não era esta a prática de J. Kevorkian, o “doutor morte” ?

A ciência moderna, na medida em que avança na possibilidade de salvar mais vidas, cria inevitavelmente complexos dilemas éticos que permitem maiores dificuldades para um conceito mais ajustado do fim da existência humana. Hoje falam, equivocadamente, em ortotanásia como o oposto de eutanásia. Os dois verbetes são sinônimos. O contraponto está na distanásia, que ao contrário das outras, é o prolongamento artificial da vida de um paciente terminal sem perspectiva de cura ou melhora. A eutanásia consiste em prover a morte do doente, retirandolhe os equipamentos ou suprimindo a medicação. A distanásia, pelo ingrediente de egoísmo que concentra na atitude, em geral dos familiares, é tão cruel quanto a eutanásia. Assim como não é ético matar alguém, igualmente foge de qualquer parâmetro moral o conservar artificialmente uma vida que esteja comprovadamente fadada à morte. O Papa João Paulo II impediu a distanásia, solicitando que não lhe fosse dada vida artificial. Ele tinha pressa em voltar à casa do Pai. O direito à vida é o valor mais importante do ser humano, pois constitui um princípio referencial às exigências éticas, às normas do direito, às práticas sociais e ao discurso das entidades voltadas para a defesa dos direitos humanos. *Especialista em Bioética e autor do livro “Bioética: A ética a serviço da vida” (Ed. Santuário, 2005)

Drogas e corrupção Célio Pezza Escritor*

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Departamento de Estado dos EUA divulgou em 1º de março seu relatório anual referente ao ano de 2009 sobre a situação das drogas e corrupção em diversos países do mundo. Este relatório é feito com base em informações do próprio sistema de inteligência norte-americano e também considera informações oficiais dos países citados. O maior produtor de ópio do mundo é o Afeganistão, com 5.500 toneladas/ano. O México tem o primeiro lugar na produção de maconha, com 21.500 toneladas/ano. Com relação à cocaína, os maiores produtores são Bolívia, Colômbia e Peru, produzindo um total de 174.500 toneladas de pasta de coca e 705 toneladas de cocaína pura. No caso da maconha, tem um dado da própria Polícia Federal brasileira que estima que um investimento de US$ 11 mil em uma plantação de maconha dá um lucro de US$ 350 mil. Não conheço nenhum negócio no mundo que chegue perto destes ganhos. Diante de tanta droga produzida, fica fácil entender por que a humanidade está passando pelos problemas atuais. Corrupção, crime organizado, destruição de todos os valores, degradação da espécie humana, tudo tem a ver com estes números. E, novamente, tudo bem detalhado, com informações que ao olhar de um leigo seriam mais que suficientes para um combate realmente efetivo. Ao ler este relatório tão minucioso, concluo que é tanto dinheiro envolvido que não interessa nem a quem o elaborou acabar com este mercado. Minha percepção é de que vamos continuar a gerar relatórios cada vez mais completos, cheios de gráficos e informações detalhadas e fazendo reuniões importantes para definir estratégias e planos mirabolantes de longo prazo, sem ter como verdadeiro objetivo acabar com a produção e distribuição das drogas no mundo. Este relatório faz uma análise de cada país e, no caso específico do Brasil, cito alguns pontos:

o Brasil faz fronteiras com os três maiores produtores de cocaína e tem uma importância vital não como produtor, mas como distribuidor. Este relatório mostra que o trânsito ilegal das drogas tem aumentado significativamente através do Brasil. Novamente, eles têm as rotas, as medições das quantidades, etc.. Quanto ao consumo, já temos a segunda posição no ranking mundial, perdendo somente para os EUA, portanto, já podemos comemorar, pois a medalha de prata é nossa. Aparecem também o PCC (Primeiro Comando da Capital – SP) e CV (Comando Vermelho - RJ) como os grandes controladores da droga no Brasil, incluindo a distribuição doméstica e internacional, comercialização, etc. Junto com as drogas também aparecem armas e munições, sequestros e toda sorte de crimes. Já quando falam sobre lavagem de dinheiro e corrupção, aparece o governador de Brasília e até o ex-presidente Sarney como dono de contas ilegais no exterior e fundações com seu nome para receber dinheiro legalizado concedido pelo Estado. Dizem que a corrupção no Brasil é preocupante, escândalos não param de ser revelados pela imprensa e que os processos abertos por crimes de corrupção no governo continuam lentos e poucas condenações foram registradas em 2009. É triste ler um relatório destes tão cheio de informações e saber que no próximo ano será emitido outro mais bonito, com mais gráficos e detalhes, e que muito pouco deverá mudar, em especial aqui no nosso Brasil. Afinal, este ano nada podemos fazer, pois temos Copa do Mundo e eleições. Nos próximos anos também não podemos nos dedicar a estes problemas menores, pois temos que nos preparar para as Olimpíadas. Será que algum órgão do governo fará algum comentário a respeito deste relatório? A propósito, ele está à disposição no site da U.S. Department of State / Policy Issues / International Narcotics Control Strategy Report. (www.cpezza.com) *Com formação acadêmica em Química e Administração de Empresas, natural de Araraquara (SP), mora atualmente em Veranópolis (RS)


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Divulgação (modificada eletronicamente)

Como o adolescente se torna alcoolista Jorge La Rosa Professor universitário, terapeuta de Família

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dolescente está em transição para a vida adulta, deixou de ser criança. Período sumamente importante para seu desenvolvimento, em que família, coetâneos e sociedade têm influência decisiva na estruturação de seus hábitos, valores e objetivos vitais; está descobrindo-se a si mesmo, e o mundo que o rodeia. Um fato clamoroso e sumamente preocupante é a iniciação cada vez mais precoce de meninos e meninas no consumo do álcool. E daí ao alcoolismo é uma caminhada cada vez mais possível. Alguns fatores concorrem para isso.

Influência da família Infelizmente, é preciso reconhecer, a família tem grande responsabilidade no alcoolismo juvenil. De várias formas. Uma delas decorre do consumo excessivo de bebidas alcoólicas nas comemorações familiares, sejam aniversários, festas de fim de ano, vitória do time do coração ou comemorações de vitórias pessoais. É impressionante como facilmente se perde o limite nessas ocasiões: a criança e o adolescente têm sobejas razões para acreditarem que o álcool é elemento importante para produzir alegria e festejar. Aprenderão a lição. Outro ensinamento aprendido no lar decorre do hábito do pai e/ou mãe beberem diariamente o seu uísque, ou outra bebida, depois do trabalho, às vezes repetindo a dose uma, duas, três vezes... Os genitores são os primeiros modelos do filho. Eles transmitem para as crianças a seguinte mensagem: “Nada melhor do que bebida para relaxar”! O ensinamento será absorvido. Terceira situação: muitas residências têm seu “bar” em lugar nobre, ostentando os melhores exemplares de vários destilados e outras bebidas. A importância que se dá à bebida, o lugar de destaque que ocupa, clamam que beber é extremamente bom, fonte de felicidade. O que impele crianças e adolescentes a buscar esses tesouros e fruir de seus prazeres. Muitos pais, pelas razões apontadas, não podem se queixar se o filho ou filha aos 10/11 anos começa a saborear sua “cervejinha”. Tem explicação.

Publicidades e álcool Outro fator importante na disseminação do nossa legislação permite descaradamente sua álcool entre adolescentes é a propaganda ostensiva, propaganda. Por que nossos deputados federais utilizando pessoas de sucesso, especialmente da não aprovam lei que proíba definitivamente a televisão, mas não só, já que o próprio Dunga, veiculação de anúncio de bebidas alcoólicas técnico da seleção, sucumbiu à tentação, e lá está em todas as mídias, como em outros países? ele sendo arauto de conhecida marca de cerveja. Estariam os deputados comprometidos com as Essa propaganda massiva é dirigida especialmente fábricas de bebidas alcoólicas pelas doações aos jovens, já que com o longo futuro que têm que recebem para suas campanhas, se recebem? pela frente, serão consumidores por 40, - Depois alardeamos que estamos “"Nossa legis50 ou mais anos. É preciso conquistar lação permite preocupados com crianças de 10, 11 os adolescentes por essa simples razão descaradamente anos ingerindo sua “cevinha”. Somos econômica, e eles são maleáveis, estão a propaganda de pelo menos ambíguos, dúbios. bebida". forjando suas personalidades, são A questão do alcoolismo adolescente especialmente sensíveis aos modos e é basicamente de prevenção, incluindo aí hábitos de pessoas exitosas. “Quero a família para que reveja e reformule seus ser também como um deles”, projetam os hábitos, quando for o caso, e dos legisladores, para adolescentes. que sejam guardiães da saúde dos brasileirinhos Gritamos que é preciso fazer alguma através de lei pertinente, e não se tornem omissos coisa para evitar o descalabro do crescente neste momento histórico e para essa questão de consumo de álcool por pré-adolescentes, mas saúde nacional.


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EMA EM FOCO

Direitos das minorias étnicas no Brasil

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Solidário

Todos são iguais perante a lei? Quem? Todos?

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erança atávica e ancestral, incorporada na cultura indo europeia – e brasileira por consequência da colonização – a pretensa e histórica superioridade da raça branca e caucasoide, sistematizada pelo antropólogo Johan Friedrich Blumenbach no século 18, continua latente e inconscientemente determina modos de ser do nosso cotidiano. Pelo que, tanto o artigo quinto da Constituição

Federal de 1988, bem com toda a legislação específica de proteção às minorias étnicas não passam, na prática, de mera retórica em muitas ocasiões. Se assim não fosse, não haveria necessidade da instituição do Dia do Índio – 19 de abril. Pois todos os dias seriam ‘dia do índio’. Ou do Dia da Consciência Negra ou do Zumbi dos Palmares – 20 de novembro. Pois todos os dias seriam ‘dia do negro’. Como todos os

dias seriam dias do cigano e de outras minorias.

Somos todos iguais Por mais que as civilizações façam distinções, diante do Criador, diante da morte física e diante da ciência, somos todos iguais. Independente de cor, pátria ou história, do ponto de vista genético e biológico, não existem raças humanas.

Somente 0,01 por cento do genoma humano varia entre dois indivíduos. A cor da pele é determinada pela quantidade e tipo do pigmento melanina na derme e sua variação é controlada por apenas quatro a seis genes – número insignificante no universo de mais de 35 mil genes que existem no genoma humano. Em outras palavras, toda a discussão racial gravita em torno de

0,0005% do genoma humano! A expressão "raça" representa uma construção social, política ou cultural e não uma entidade biológica. E mais, esse punhado de genes a determinar a cor em absolutamente nada influi sobre inteligência, talento artístico ou habilidades sociais. Mesmo assim, as sociedades humanas construíram elaborados sistemas de privilégio e opressão

baseados nessas insignificantes diferenças genéticas. Em suma, somos todos da raça humana e as desigualdades entre os chamados ‘grupos raciais’ são produtos de circunstâncias sociais históricas e contemporâneas e de conjunturas econômicas, educacionais e políticas e impedem a verdadeira democracia racial na prática e não apenas no papel.

A escravatura e seus reflexos atuais

O primeiro migrante

Já que os ‘nativos’ não prestavam para trabalhar, os ‘colonizadores’ optaram por importar mão-de-obra barata comprada como mercadoria a preço vil para trabalhos forçados. Nos quatro séculos que se seguiram ao desembarque de Colombo, cerca de doze milhões de africanos das regiões ao Sul do Saara foram transportados para as Américas. Destes, quatro milhões foram trazidos para o Brasil, sendo a grande maioria deles originários da costa Atlântica (África central e ocidental). Durante o período da escravatura e, especialmente depois, foi a população que mais contribui para a formação da brasilidade. Hoje, segundo estudiosos, os afrodescendentes somam mais de 146 milhões de brasileiros. Mas, ainda lutam por direitos iguais, como o acesso à universidade e preservação de seus espaços de convivência como remanescentes de quilombos.

Agência Brasil

Equivocadamente denominados de ‘índios’, os aborígines encontrados nas Américas pelos navegadores europeus do século XVI foram os primeiros migrantes segundo confiável versão histórica. Teriam chegado há mais de 30 mil anos através do estreito de Behering e somavam mais de 100 milhões de seres humanos. Só no Brasil eram mais de cinco milhões. Aos poucos foram sendo empurrados para dentro do continente e subjugados, pois ‘nem para trabalhar prestavam’ sob o olhar complacente de grande parte da Igreja que concordava que ‘eles não tinham alma’ e não serviam para nada, nem para mão-de-obra escrava. No Sul do país-continente – à época pertencente ao domínio espanhol – os ‘desbravadores’ de novas fronteiras encontraram resistência nas reduções jesuíticas e sob a liderança de Sepé Tiaraju, hoje venerado como São Sepé por admiradores de sua coragem. Hoje, são apenas 250 mil, distribuídos em dezenas de tribos onde se falam 180 diferentes línguas. De maioria étnica, passaram à minoria étnica e representam apenas 0,2 por cento dos demais brasileiros que agora usam a terra que lhes pertencia. Suas reservas ocupam 850 mil quilômetros quadrados – cerca de 10 por cento do território nacional – área sob constante ameaça de invasores e posseiros. A Constituição Federal de 1988 lhes permite reivindicar mais espaços, desde que provem que a terra pretendida tenha pertencido a seus ancestrais e que dela precisam para assegurar sua sobrevivência material e a reprodução de sua milenar cultura. Embora tenham seus direitos fundamentais e históricos ‘protegidos’ pela Constituição e legislação específicas, o Brasil ainda trata seus nativos como mero entrave ao avanço da civilização, não facilitando a demarcação e destinação de terras tradicionais e que preserva sua identidade e, não raro, são vítimas de invasão de grileiros e até de devastação de grandes áreas para construção de estradas e hidrelétricas.

Imagens alteradas eletronicamente

Ou a lei é – deveria ser – igual para todos?

Um bispo gaúcho na luta pelo direito dos negros

Quilombo Família Silva é o primeiro quilombo urbano brasileiro a receber título definitivo de sua terra. E é de Porto Alegre, situado na Rua João Caetano, 117, bairro Três Figueiras e possui 6.510 metros quadrados, pouco mais de meio hectare. O título foi concedido em 24 de setembro de 2009 e serve como paradigma e referência para deferimento de outros títulos pelo Brasil afora. Hoje, o Brasil tem mais de três mil Comunidades Remanescentes de Quilombos reconhecidas. No Rio Grande do Sul são 135, segundo dados do INCRA, mas muito poucos já contam com título de propriedade.

D. Gílio Felício, bispo diocesano de Bagé (leia artigo de sua autoria na página 4), é fervoroso defensor de políticas públicas e de aplicação da legislação brasileira pelos negros. Com frequência participa de reuniões junto a diversos níveis do poder público. Recentemente, esteve em P. Alegre para dois compromissos. “Estive na Assessoria da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para participar de reunião com a Comissão de Mobilização e Articulação das Comunidades Remanescentes de Quilombos. Minha participação teve três objetivos: vigilância e combate para evitar as desocupações em áreas rurais ocupadas por quilombolas e identificar eventuais manifestações de racismo; identificar e fazer valer os direitos dos territórios dos quilombolas; e estimular políticas públicas favoráveis à proteção dos quilombos remanescentes. Também estive no Ministério Público para reforçar a vigilância e cumprimento da lei 10.639 e participar do lançamento da Cartilha destinada a professores municipais para o ensino da história da África, decorrente da citada lei. É uma cartilha que visa à capacitação de professores”.


8 É BOM SABER

Beber todos os dias um copo de suco de hortaliças com baixo teor de sódio fez com que 81 adultos com sobrepeso, risco de doença cardíaca e diabetes perdessem 2 quilos em 12 semanas, enquanto os que fizeram a mesma dieta com pouca gordura mas que não tomar o suco só perderam meio quilo.

Cérebro sarado

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Praticar uma atividade física no dia-a-dia mantém a massa cinzenta trabalhando a toda, sugere um estudo da Universidade da Carolina do Norte. O esporte garante um maior fluxo sanguíneo, estimulando o crescimento de novas artérias e reduzindo o desgaste das já existentes.

* A cada ano, criamos 60 bilhões de animais para comer: 10 animais para cada ser humano na Terra. * Quando se processa o milho para alimentar um bezerro, levando em conta suas necessidades enquanto viver – uso da terra, adubos químicos, inseticidas, antibióticos e água – somos responsáveis por 40 calorias de energia para obter uma caloria de proteína. * Em média, uma pessoa que come carne é responsável por uma tonelada e meia a mais de gases do efeito estufa em relação a que não come.

Saiba o que quer dizer: 1. Funcionais – alimentos que contém benefícios além da nutrição diária (como margarinas com fito esteróis que ajudam na redução do colesterol ruim); 2. 0% de gordura – sem gordura. Não significa light; 3. 0% gordura trans – sem gordura trans. Esse tipo de gordura aumenta o colesterol ruim (LDL) e diminui o bom colesterol(HDL); 4. Não contém glúten – proteína encontrada em cereais que gera efeitos adversos para quem tem intolerância. Os sintomas incluem desconforto e dor abdominal;

Planeta animal

A felicidade é contagiante

“ Provavelmente isso acontece porque a alegria contida no tom de voz e na expressão da face despertam, no outro, a ativação e áreas cerebrais associadas a esse sentimento, funcionando como um espelho”, explica o psiquiatra Geraldo Possendoro, da Universidade Federal de São Paulo.

Visa e Mastercard

JOSY M. WERLANG ZANETTE CRP-07/15.236 Avaliação psicológica

Técnicas variadas Atendemos convênios

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ABER VIVER

5. Diet, ligth e zero – diet e o zero são feitos para quem tem alguma restrição alimentar ( caso de diabéticos que não podem consumir açúcar). O light precisa ter redução de 25% de alguns nutrientes. Nos três casos, a redução de calorias; 6. 0% de lactose – intolerância ao açúcar do leite de vaca. O leite de soja é uma boa alternativa para o problema. Material selecionado por Thais Maria Palharini, jornalista, mat. 14441 DTR/RS

Ofereça o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.

Dicas de

NUTRIÇÃO Dr. Varo Duarte

Médico nutrólogo e endocrinologista

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Relembrando (6)

ontinuamos a descrever as proteínas. Destacamos anteriormente a importância das proteínas na formação de nosso corpo. Salientamos que cada pessoa tem um tipo de constituição diferente, estabelecida no seu DNA. Hoje, é possível, graças à análise de uma célula corporal, determinar a origem familiar, se verdadeiro o pai ou a mãe. Os cientistas conseguem hoje, pelo estudo genético, determinar se uma pessoa foi ou não responsável até por um crime cometido. Muitos condenados por provas circunstanciais tem sido absolvidos, ao determinar-se pelo estudo da composição protéica do individuo, que eram na verdade inocentes. Afirmamos que não podem existir duas pessoas com a mesma confecção genética. O mesmo acontece com os vegetais. Sigamos os ensinamentos do professor Eugenio Carvalho Jr. Além destas proteínas que são de origem animal, utilizamos também as de origem vegetal. O arroz, o feijão, o milho, como os demais cereais, são fontes de proteínas que os pobres ingerem mais. Há uma grande diferença, o que nos parece lógico, entre as duas proteínas em seu valor biológico. As de origem animal, as nossas mais parecidas, são melhor aproveitadas e bem melhor digeridas. As que vem dos vegetais de origem bem diferente, são pior aproveitadas pelo organismo da gente. Aqui devemos chamar atenção: embora muito proveitosas, e por serem mais econômicas, não se pode substituir, sem correção, a proteína animal, pela proteína vegetal. O leite animal, pelo chamado leite de soja. Cuidado com a falsa propaganda comercial. Procure um médico nutrólogo ou um nutricionista para conhecer esta diferença. A razão também, é o mestre Eugenio quem explica: Mas por que esta diferença em seu valor nutritivo? Porque seus amino-ácidos diferem – eis o motivo. Dez deles são importantes, mais úteis que os demais. E por isto são chamados, por nós, de essenciais. Nosso organismo não pode sua síntese fazer. Por isto, todos os dias, nós temos que os receber. Nosso livro Alimentos funcionais, da Editora Artes e Ofícios, demonstra em suas páginas, 22 e 23, o porquê dessas diferenças. A correção, na prática diária, pode ser obtida pela aplicação de nossas três regras básicas: COMA DE TUDO SEM COMER TUDO. COMA BASTANTE FRUTAS E VERDURAS. MEXA-SE.


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SPAÇO LIVRE

JOVEMez tem v

Martha Alves D´Azevedo Comissão Comunicação Sem Fronteiras

“Que os jovens façam o que estiver ao seu alcance para melhorar o mundo”.

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na Carolina Marranghello Claro, 30 anos, formada em Direito, fala de seus projetos e emite opiniões sobre política e religião.

*Quem és tu? Sou uma pessoa muito crítica, de personalidade forte, mas ao mesmo tempo muito amável. *Quais as metas de tua vida? Sou formada em Direito e pretendo ser delegada de Polícia. *Que defeito te incomoda, em ti ou nos outros? Teimosia. *O que consideras positivo em tua vida? Ter tido a oportunidade de fazer a faculdade que eu desejava; minha família. *O que é que te torna feliz? Ter amigos *O que pensas da política? A política está numa fase crítica, de gente gananciosa que só busca fins lucrativos e não ajuda o país a crescer. Assim, tiram o interesse dos jovens em participar, os quais ficam descrentes; para mudar, os jovens deveriam participar para inovar com ideias

construtivas, mostrando que é possível juntar política com confiança. *Qual o maior problema no Brasil de hoje? O maior problema do Brasil hoje é a segurança, devido à grande impunidade. A solução seria termos uma revisão no nosso sistema penal e carcerário. *O que pensas do trabalho voluntário? Acho importante. Participei de Grupo de Jovens levando ajuda para comunidade carente. *Sobre religião? Sou católica, mas não pratico totalmente as diretrizes. *O que pensas de Deus? Deus é tudo, força, coragem, esperança e amor. *Uma mensagem aos jovens. Que os jovens não tenham medo, não se escondam, e façam o que tiver ao seu alcance para melhorar o mundo.

Sofrimentos na Igreja J. Peirano Maciel Médico

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im, por coincidência, por ocasião da Quaresma, passamos por situações lamentáveis, que muitas vezes deixam os católicos, letrados ou não, com sentimentos de dor diante de fatos constrangedores.Com efeito, não é de hoje que enfrentamos em vários países ocorrências de dioceses acusadas de silenciarem diante de casos de pedofilia praticadas por padres. Ora, trata-se de algo inaceitável, mesmo considerando as fraquezas humanas, as possíveis patologias e perversões. Nada produz, em meio às famílias, revoltas e decepções tão profundas. Entendemos o quanto os senhores bispos e superiores, chegando até o Papa, tem sofrido com tais práticas. E o que tem custado em indenizações, questões judiciais e humilhações para as autoridades. O príncipe deste mundo, certamente, se rejubila com ocorrências como as referidas, acrescidas de tantas outras que, diariamente, os

de

Deus

meios de comunicação friamente nos estampam com detalhes.São os pais que abusam de filhas, os crimes passionais incríveis, homicídios praticados por infantes e outras misérias humanas, sem falar nas drogas e sua consequente degradação. Deixemos de lado o terrorismo e os fundamentalismos. Entender, como? Somente sob a presença daquele príncipe, cujos outros nomes não vamos declinar. Não temos medo de falar a verdade factual. A Igreja também não tem. Seu passado de santidade é imenso, e, também, o presente, muitas vezes desconhecido. O maior patrimônio da Barca de Pedro é a solidez milenar dos Santos, de Maria, de Francisco, de Paulo, de Agostinho, de João, e segue-se uma lista sem fim. A História está povoada de grandes homens, diferentes entre si. Porém, aqueles que ocupam os altares são espécies raras, são os que mais se aproximam do que sempre repetimos na Liturgia:-Santo, Santo, Santo, é o Deus dos exércitos! E somente isso nos é pedido!

Idade da ternura

swaldo Guayasamin, pintor equatoriano, nasceu em 1919 e faleceu em 1999, sendo pouco conhecido no Brasil e bastante reconhecido no México e na Espanha, onde viveu alguns anos. Atualmente, suas telas estão em exposição no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Filho de pai índio e mãe mestiça, Guayasamin era o mais velho de dez irmãos, e teve uma infância muito pobre, começando a pintar paisagens com 8 anos para ajudar no sustento da família. Aos 7 anos a guerra civil fez tombar garotos na rua onde morava, “E faz um canto entre eles o amigo Manjarrés, cuja morte de amor para que marcou profundamente sua inspiração os homens se deem artística. Em 1942, produziu Los Niños as mãos por um Muertos, um grito de revolta contra as mundo melhor”. injustiças sociais. Neste mesmo ano, Nelson Rockefeller, em viagem a Guayaquil, visitou uma exposição de Guayasamin e, impressionado com o pintor, além de comprar sete obras, no ano seguinte patrocinou exposições do artista em várias cidades norte-americanas. Ao terminar esta fase de exposições, Guayasamin foi ao México, tornando-se assistente do muralista José Orozco, onde aprimorou a técnica do afresco. De volta a Quito, começou a trabalhar em 103 quadros da coleção Caminho do Pranto. “São quadros cheios de dor e angústia”, declara Pablo Guayasamin, filho do pintor. Guayasamin participou das três principais bienais do mundo, em meados da década de 50, ganhando o prêmio máximo em São Paulo, México e Barcelona. Com parte do dinheiro obtido, viajou pela Espanha e pelos países socialistas, conheceu campos de concentração, e as consequências da guerra, genocídios e ditaduras que marcaram o século 20. Assim nasceu a série Idade da Ira, em que retrata essa violência. “Minha pintura é para ferir, para arranhar e golpear o coração das pessoas, para mostrar o que o homem faz contra o homem”, declara o artista. A terceira série de Guayasamin, Idade da Ternura, é um retorno ao amor, uma homenagem às mães do mundo e, sobretudo, à dele, que morreu com 45 anos. Pablo Guayasamin, curador da mostra em Curitiba, declara: “ Ele recorre a todas as cores possíveis, e faz um canto de amor, uma convocatória para que os homens se deem as mãos e busquem um mundo melhor”.

Suzana Valle de Curtis - 23/04 Edy Adegas - 24/04


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GREJA &

COMUNIDADE

Catequese na pós-modernidade Transcrevemos aqui algumas das reflexões feitas pela teóloga Solange Maria do Carmo, em artigo recentemente publicado na revista Vida Pastoral: Ser cristão não se transmite por hereditariedade ou cultura. Exige iniciação e opção. A fé cristã é resposta pessoal e livre ao apelo de Deus, por meio de Jesus Cristo. Na pósmodernidade torna-se primordial clarificar a originalidade da experiência cristã, de maneira que cada pessoa possa fazer sua opção religiosa com liberdade e convicção. Já não cabe supor que a família, por tradição, tenha passado a fé aos filhos.

catequese deve aflorar o caráter celebrativo da fé: a antiga aula de catequese deve transfigurar-se em encontro com o mistério de Deus em Jesus Cristo pela ação de seu Espírito presente entre nós; e mais: encontro com o mistério da vida humana refletida na presença dos irmãos que partilham conosco essa experiência e de tantos outros que ainda não conhecem esta boa nova. O material didático – giz, quadro, professor, carteira, caderno, catecismo – cede espaço ao material celebrativo – oração, partilha, silêncio, meditação, palavra de Deus. A mistagogia (relativa a mistério) alcança primazia sobre a pedagogia, não a anulando, mas elevando-a à máxima potência. O livro por excelência da Catequese é a Bíblia ou o Catecismo?

CATEQUESE ria Solidá

É atribuição da catequese pós-moderna

favorecer uma experiência vivencial da singularidade cristã, e isto não é algo ensinado, mas absorvido, degustado, experimentado. Na

Cartões com pedidos de graças foram afixados à cruz de seis metros

Sinal da cruz para o novo Santuário de Nossa Senhora de Fátima O Santuário de Nossa Senhora de Fátima, já há algumas décadas, vem se tornando um sinal de fé e de renovação de vida em Porto Alegre. Necessita urgentemente de um espaço maior e mais visível. De fato, o Santuário começou numa localização humilde, quase escondida, mas cresceu de tal forma que hoje não é suficiente para conter adequadamente as manifestações de fé e devoção do povo da região. Uma arquitetura mais religiosa e mais articulada entre o templo e o espaço aberto diante dele para as solenidades maiores, além de situá-lo de frente, de forma bem visível, para a avenida principal da região norte da cidade, exigem, além e antes de recursos materiais, uma “economia da fé”. É a “economia da fé”, a conexão entre os fiéis e Nossa Senhora e a capacidade de construir um espaço de expressão da fé e da devoção mariana, que reuniu o povo de Deus ao redor do Santuário de Fátima, no norte da capital gaúcha, nesta Sexta-feira Santa. Aos peregrinos uniram-se os fiéis das paróquias vizinhas, especialmente da Paróquia Santa Rosa de Lima e Divina Misericórdia. No anoitecer da Sexta-feira Santa, portando as tradicionais imagens do Senhor Morto e de N.Sra. das Dores, os devotos, cada qual com sua tulipa de luz acesa, partiram de diferentes pontos, e encontraram-se em grande multidão numa das avenidas do bairro para então, entre cantos e preces, rumarem juntos, numa imensa procissão luminosa, para o local onde será construído o novo Santuário. No meio da procissão, sobre os ombros de um grupo numeroso de homens, foi levada uma grande cruz de madeira, de seis metros de altura. Este “cruzeiro” seria plantado em meio ao terreno já aplainado para receber o novo templo de Fátima.

E assim, cantando e rezando, levantando suas luzes e renovando seus sentimentos de esperança e devoção, os peregrinos, acompanhados e animados por seus párocos e pelas equipes de liturgia, chegaram ao novo terreno, um lugar privilegiado para o novo Santuário. Depois da homilia, proferida pelo capuchinho e teólogo Frei Luiz Carlos Susin, os devotos foram convidados a escrever suas palavras – uma ação de graças, um pedido, ou simplesmente seu nome ou de algum familiar – em um pequeno cartão, para fixá-lo na madeira da cruz a ser erguida. Todos de braços levantados acompanharam a bênção da cruz, proferida pelos padres das paróquias e do Santuário, Pe. José Antônio Heinzmann, Pe. Flávio Lunkes, Pe. Inácio Luiz Selbach, Pe. José Luiz Schaedler (Reitor do Santuário), sendo pregador Frei Luiz Carlos Susin. Já em plena noite de lua, foi-se erguendo lentamente a cruz de seis metros, fixando-se no lugar em que, desde a Sexta-feira Santa, os que transitam pela principal avenida podem ver com destaque, e podem concluir que ali se trata de um novo lugar para um projeto sagrado. Nessa noite, entre a celebração da paixão e da morte e a celebração da vigília pascal e da ressurreição do Senhor, o povo voltou da procissão luminosa com a certeza de que os seus sofrimentos, como os de Jesus, tem consolo e esperança. O sinal da cruz, repleto de cartões com suas marcas, permanecem lá, no lugar de seus sonhos de um futuro Santuário, visível e belo, onde possam continuar a alimentar seu caminho de fé e de alegria cristã. (Rubens Melo, jornalista)

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Solidário

LITÚRGICO 18 de abril – 3o Domingo de Páscoa (branca) 1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 5,27b-32.40b-41 Salmo 29 (30), 2.4-6.11-13 2a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 5,11-14 Evangelho: João (Jo) 21,1-19 NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: Eles já haviam tido encontros com Jesus na manhã e ao entardecer do dia da ressurreição. Mas ainda não estavam muito convencidos, confiavam, desconfiando, de que era ele mesmo que lhes tinha aparecido, vivo, feliz, próximo, amigo. Quando Pedro diz que vai pescar e alguns dos companheiros, imediatamente, dizem que também vão, ele manifesta esta desconfiança e sua fé ainda débil na ressurreição. Pescadores que eram, eles certamente pensaram: se o Projeto de Jesus falhar, ainda temos nossa profissão para garantir o pão honesto de cada dia. E quando aquela figura na praia lhes pergunta se haviam feito boa pescaria, eles responderam com um seco “não”, pois aquilo até parece gozação com a sua má sorte! Mesmo contrariados, eles aceitam a sugestão de jogarem a rede para o outro lado e, surpresos, encontram mais peixes do que suas frágeis barcas podiam suportar. Esta terceira aparição de Jesus aos seus discípulos tinha dois objetivos claros: mostrar que ele era o mesmo Jesus de antes da condenação e morte na cruz, atencioso e companheiro, compreensivo com a debilidade da fé dos seus amigos e para ter um encontro face-a-face com Pedro. Aquela cena íntima em volta de um assado de peixe e pão lembrava a noite da ceia da despedida, em que Jesus dissera a Pedro: “antes que o galo cante, me negarás três vezes”. E três vezes Jesus pergunta se Pedro o ama. Ao receber a terceira mesma resposta - Senhor, tu sabes tudo, tu sabes também que eu te amo (21,17a) – Jesus, também pela terceira vez, dá a Pedro a missão de ser um bom pastor: Apascenta as minhas ovelhas (21,17b). Ser cristão, discípulo-missionário, não é nunca errar, jamais pecar, mas é, humildemente, reconhecer o erro, confessar que ama a Jesus e assumir, alegre e corajosamente, a missão de anunciar seu Reino de justiça, de paz, da amor.

25 de abril – 4o Domingo de Páscoa (branca) 1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 13.14.43-52 Salmo 99 (100), 2.3.5 2a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 7,9.14b-17 Evangelho: João (Jo) 10,27-30 Comentário: O texto do Evangelho deste domingo, onde Jesus se identifica com um bom pastor, é curto, mas denso e de imenso significado, especialmente neste tempo. Por que neste tempo? Porque a época humana que estamos vivendo se caracteriza por relações pessoais interesseiras em que as amizades verdadeiras e o “Bendita compromisso solidário com alguém estão defasados, utopia, que salvou e salva quando não inexistentes ou, até, ridicularizados. Na atual a humani- sociedade de consumo, as relações, quando não oferecem dade”. retorno de lucro e de consumo, são sumariamente descartadas por muita gente. Jesus, ao assumir-se e apresentar-se como o bom pastor, dá duas características de um bom pastor: ele conhece suas ovelhas e, se for preciso, dá a vida por elas. Conhecer alguém não é apenas saber seu nome, o que faz, onde mora; conhecer alguém é assumir este alguém, ter um compromisso real com toda a sua vida, acolher suas preocupações, vibrar com suas alegrias e sucessos, chorar com suas tristezas e seus fracassos. Esta atitude e disposição de “bom pastor” é fundamental nas relações familiares, sociais e de trabalho; mas é particularmente importante para quem exerce algum ministério na comunidade cristã. O sucesso no ministério está diretamente relacionado com esta atitude e disposição de “bom pastor”, constante, corajosa, desinteressada, capaz de acolher o outro e, se for preciso, dar a própria vida por uma causa, por alguém. É utopia!? Bendita utopia, que salvou e salva a humanidade. (attilio@livrariareus.com.br)


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GREJA &

Divulgação

Ser dizimista é servir a Deus

2000 anos de

TURBULÊNCIAS PARTE I

Rinaldo Alberton Pastoral do Dízimo

A Procissão realizada no ano passado em homenagem a N. Sra. do Trabalho

Fiéis preparam festa para N. Sra. do Trabalho A Paróquia Santuário Nossa Senhora do Trabalho está ulttmando os preparativos para a Novena em louvor à padroeira, que se inicia no dia 21 de abril corrente encerrando-se com a festa no dia 1o de maio. Mais de 5 mil fiéis de diversos pontos da capital e mesmo do interior do Estado estão sendo aguardados para a festa da Padroeira dos Trabalhadores. O único Santuário no Brasil dedicado a Nossa Senhora do Trabalho localiza-se na Av. Benno Mentz, bairro Ipiranga, Zona Norte da capital. A elevação do templo à categoria de Santuário ocorreu a 15 de setembro de 1987, por ato do então Arcebispo de Porto Alegre, Dom Cláudio Colling . O Santuário é atendido pelos religiosos da Congregação Servos da Caridade, fundada por Don Luiz Guanella e que se estabeleceu no Brasil, vindos da Itália, em 1947, iniciando pelo Rio Grande do Sul. No bairro, além do Santuário, os religiosos guanellianos administram o Educandário São Luiz atendendo a 150 crianças carentes da comunidade; a Escola Don Guanella, com cerca de 700 alunos, e o Lar Don Guanella, para idosos. Junto ao Santuário, a congregação tem a sede da Província no Rio Grande do Sul, e ainda, um grupo de seminaristas da Congregação.

A festa da padroeira

A festa do dia 1o de maio será precedida por novena a partir do dia 21, às 18h30m no sábado e domingo, e às 20 horas nos demais dias da semana. O tema central da novena será "Maria, Discípula e Missionária".

Mil Ave-Marias - Na parte religiosa, preparatória da festa, o Santuário promove a reza das "Mil Ave-Marias"(25 terços) marcada para o dia 21 a partir das 7h30min. Carreata - Também para o dia 21 está prevista uma carreata por avenidas e ruas da Zona Norte e do Centro levando a imagem de Nossa Senhora do Trabalho, com saída do Santuário às 14h30m. Esquina Democrática - Já para o dia 16, das 13 às 17 horas, a imagem da Padroeira permanecerá na Esquina Democrática, quando serão distribuídos folhetos sobre a devoção a Nossa Senhora do Trabalho, orações e a programação da novena e da festa. No dia da festa - No dia 1o de maio, às 9horas, haverá procissão e missa festiva presidida pelo arcebispo Dom Dadeus Grings; ao meio-dia, almoço para 2 mil pessoas, seguindo uma tarde de promoções sociais. Os festejos serão encerrados com missa no Santuário às 17 horas. Linhas de ônibus que levam ao Santuário: Educandário, Ipiranga Hospital e Iguatemi (620). Sacerdotes - O Santuário Nossa Senhora do Trabalho e as entidades educacionais e assistenciais são dirigidas pelos seguintes sacerdotes guanellianos: Pe. Ivo Catani, pároco; Pe. Ciro (superior provincial) e os padres Deoclécio. Mauro, Adenilson e Waldemar. (Elvino Remussi, jornalista)

mensagem evangélica “não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24) continua nos chamando à reflexão e à conversão. Não apenas por ser o lema da Campanha da Fraternidade 2010, mas, sim, por ser a Palavra de Jesus Cristo. Somos chamados a viver a nossa fé cristã em Comunidade. Não, em qualquer comunidade, mas em Comunidade de Fé, Igreja de pessoas, onde se pratica o amor a Deus e ao próximo pelo exercício da partilha comunitária, pelo cultivo da solidariedade humana e pela vivência da fraternidade cristã. Para que esses valores cristãos possam ser cultivados em Comunidade, necessitamos de recursos financeiros para o sustento do culto e da missão evangelizadora de nossas paróquias. Todavia, precisamos do dinheiro de origem sagrada, fruto do exercício da generosidade e da gratuidade cristã: o Dízimo Cristão. Porém, apesar do dízimo paroquial, continuamos a buscar o lucro nas promoções, com a venda de cartões nas festas, bingos e bailes, dando um contratestemunho cristão, favorecendo à exclusão, ao vício e à dependência pela venda de bebida alcoólica em muitas de nossas paróquias. A quem servimos em nossas festas e promoções paroquiais? Servimos os que têm cartões, os que têm dinheiro, justamente aqueles que não precisam, e, não servimos aos que precisam, os pobres, os “sem cartões”. Assim, constrangidos, podemos dizer que não servimos a Deus na pessoa dos necessitados, servimos, sim, ao Dinheiro na pessoa dos abastados, os compradores de cartões. Buscar o lucro, acolhendo a lógica do mercado, não é “servir a Deus”, visto que, na compra, paga-se e isso “tira-nos dos lábios o agradecimento e, do coração, o sentimento de gratidão” (CF, p.19), dispensando-se, assim, a generosidade e a gratuidade trazidas por Jesus Cristo em seu Mistério Salvífico. Abandonemos as velhas e mundanas estruturas de sustentação paroquial que favorecem o vício, o prazer e a exclusão. Revitalizemos o DÍZIMO como instrumento bíblico a serviço da evangelização, acolhendo a lógica, não do mercado, mas a lógica da fé, privilegiando as pessoas e os valores cristãos. Ser dizimista justo e fiel é servir a Deus na generosidade e na gratuidade.

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OMUNIDADE

mergulho no tempo Diante do atual quadro de turbulências que envolve a vida da Igreja, o propósito dessa Coluna é mostrar como a Nau de Cristo, ao longo destes 2000 mil anos, não foi só luzes, mas também não só trevas. A Igreja é divina e humana, portanto santa e pecadora. Ao analisar sua trajetória, sob os olhos da fé, conforta ter sempre presente o sábio conselho de Gamaliel, nos Atos dos Apóstolos, capítulo 5, versículos 34 a 39: “Não ponhais as mãos nesses homens. Deixai-os. Se a doutrina deles vem dos homens, ela se acabará por si mesma; mas, ao invés, se verdadeiramente vem de Deus, não conseguireis destruí-la”. A Igreja de Cristo atravessou 20 séculos, passando por muitas perseguições, ciladas, gozou privilégios, teve períodos de paz e glória, mas abrigou e gerou até graves escândalos. Houve tempo em que parecia que ela iria acabar. No entanto, está aí, viva, sempre pronta para anunciar Jesus Cristo neste terceiro milênio, tendo à frente o “Pedro” de nº 265, que se chama Bento XVI. Nos seus ouvidos e nos nossos ainda ecoa a promessa do Mestre: “E as portas do Inferno não prevalecerão contra ela “. (Mat. 16,16s) Convidamos, pois, os leitores do Solidário a fazerem, nas próximas edições, uma viagem através do tempo, mergulhando nele, para ver e refletir sobre momentos vividos pela Igreja ao longo desses 20 séculos, examinando-os, sem preconceitos, em que mostram, talvez, um rosto cheio de rugas, mas, ao mesmo tempo, jovem e belo, porque reflete a presença do Cristo Ressuscitado, que prometeu estar com ela até o fim dos tempos. “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mat. 28,20). (CA/Pesquisa)

ASSINANTE

Ao receber o DOC renove a assinatura. Dê este presente para a sua família.


Porto Alegre, 16 a 30 de abril de 2010

Irmandade do Arcanjo S. Miguel e Almas: solidariedade na hora difícil

Casamento duradouro

Atendimentos

Av. Prof. Oscar Pereira, 400, funcionamento 24 horas com horário de visitação das 8 às 18 horas. Conta com lancheria, segurança, área protegida Unimed, monitoramento por câmeras, amplo estacionamento, capela para Missas (domingos às 9 horas e toda a primeira sexta-feira do mês às 16h30min) e serviço de Encomendação das Almas. Rua Jerônimo Coelho, 102, administração central, atendimento das 8h30min às 12 horas e das 13 às 17h30min. A bicentenária instituição, fundada em Porto Alegre em 1773 – um ano após a fundação de P. Alegre – conta com longo histórico de ajuda e socorro a necessitados de toda ordem. Mas é junto ao Cemitério que exerce seu papel mais preponderante e visível. O primeiro local de sepultamento funcionava no terreno aos fundos da Igreja Matriz (atualmente Catedral) de P. Alegre, onde posteriormente foi edificado por Dom Sebastião Dias Laranjeira, segundo bispo do

Seja amigo do Solidário

Yukio Moriguchi

Sulema Terra

Estado, o antigo Seminário e que atualmente é a Cúria Metropolitana da Arquidiocese de P. Alegre. Desde 1909, o Cemitério está localizado na Avenida Oscar Pereira 400, no morro da Azenha, constituindo o primeiro cemitério vertical da América Latina. Reúne centenas de obras de arte produzidas entre 1820 e 1940, criadas por artistas europeus e locais, que podem ser observadas nos túmulos de personagens anônimos ou de destaque. Foi projetado pelo engenheiro italiano Armando Boni. Como Yukio Moriguchi, Sulema Terra, Flávio José Zanini e outros que dão sua contribuição para a manutenção do Solidário. Jornal que não é sensacionalista, que não explora o apelo sexual para atrair leitores, nem a violência nas suas variadas formas, terá que lutar para sobreviver. É o caso do Solidário. Desde sua concepção, pensado como instrumento de evangelização, para permear o cotidiano das pessoas com mensagem de esperança e incentivar a construção de sociedade mais fraterna – eis os objetivos pelos quais lutamos, e que têm encontrado pessoas que souberam compreender o projeto e apoiá-lo concretamente com suas contribuições – que Deus os abençoe! Mas precisamos de mais amigos, os custos aumentam, os tempos são difíceis, o aporte dos amigos é fundamental para a manutenção do Jornal; sem ele Solidário não sobreviveria. Fazemos, pois, apelo para que outras pessoas se sensibilizem e disponham para dar sua contribuição para que o Jornal continue cumprindo sua missão. A contribuição (qualquer quantia) pode ser mensal, semestral ou anual; pode ser através de boleto bancário, débito em conta ou diretamente na administração (Duque de Caxias, 805, 3º piso – Tel. 51.3221.5041 – solidario@portoweb.com.br (Observação: A Diretoria da Fundação é voluntária; o diretor do Jornal Attílio Hartmann também.)

Reynaldo Mazzola e Gema Armani se olharam, se conheceram, se apaixonaram e namoraram por quase dois anos. O “sim” do amor foi pronunciado na Igreja Matriz São Pedro, em Garibaldi, no dia 29 de abril de 1950. Há 60 anos. Em 1957, vieram morar em P. Alegre, com três filhos pequenos, estabelecendo-se no Bairro Menino Deus. O quarto filho nasceu após 25 anos de casados. Todos casaram e se formaram na universidade. Além de três noras, um genro, Reynaldo e Gema são avós de nove netos e de três bisnetos. A vida do casal de comerciantes está intimamente ligada ao bairro. Após 53 anos estabelecidos no mesmo endereço, são conhecidos por uma grande parcela de residentes neste bairro e frequentadores assíduos da Igreja Menino Deus. Fé, trabalho e paciência, acrescidos de cumplicidade e companheirismo e, principalmente, amor são os ingredientes desse exemplo de união duradoura num mundo de tanta intolerância, incompreensão e desamor. Parabéns ao casal e à família.


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